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Corpo de Bombeiros Militar da Bahia

CBM-BA
Aluno-Soldado do CBM-BA

OT029-N9
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OBRA

Curso de Formação de Soldado da Polícia Militar

Edital De Abertura De Inscrições - Saeb - 02/2019, De 15 De Outubro De 2019

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Raciocínio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil
Ciências Naturais - Profº Heitor Ferreira
Atualidades - Profª Leticia Veloso
Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto
Igualdade Racial e de Gênero - Profª Bruna Pinott
Direito Constitucional - Profº Ricardo Razaboni
Direito Administrativo - Profª Bruna Pinotti
Direito Penal Militar - Profº Rodrigo Gonçalves
Direitos Humanos - Profº Ricardo Razxaboni

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho
Christine Liber

DIAGRAMAÇÃO
Victor Andrade
Thais Neves
Renato Vilela

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos............................................................................................................................................... 01


Tipologia textual e gêneros textuais........................................................................................................................................................ 08
Acentuação gráfica........................................................................................................................................................................................ 14
Classes de palavras........................................................................................................................................................................................ 17
Sistema gráfico: ortografia; regras de acentuação; uso dos sinais de pontuação................................................................... 86
Uso do sinal indicativo de crase................................................................................................................................................................ 54
Sintaxe da oração e do período................................................................................................................................................................. 58
Pontuação......................................................................................................................................................................................................... 69
Concordância nominal e verbal................................................................................................................................................................ 71
Regência nominal e verbal.......................................................................................................................................................................... 79
Significação das palavras............................................................................................................................................................................ 85

RACIOCÍNIO LÓGICO
Noções de Lógica.......................................................................................................................................................................................... 01
Diagramas Lógicos: conjuntos e elementos......................................................................................................................................... 01
Lógica da argumentação............................................................................................................................................................................. 01
Tipos de Raciocínio....................................................................................................................................................................................... 01
Conectivos Lógicos........................................................................................................................................................................................ 01
Proposições lógicas simples e compostas............................................................................................................................................ 01
Elementos de teoria dos conjuntos, análise combinatória e probabilidade............................................................................ 32
Resolução de problemas com frações, conjuntos, porcentagens e sequências com números, figuras, palavras.... 32

CIÊNCIAS NATURAIS
1. Visão unificada do mundo físico, químico e biológico, com base nos aspectos do funcionamento e da aplicação de 01
conhecimentos às situações encontradas na vida cotidiana..............................................................................................................
2. Estabelecimento de relações entre os vários fenômenos e as principais leis e teorias da Física, relacionando o 01
conhecimento e a compreensão de seus princípios, leis e conceitos fundamentais à vida prática........................................
3. Identificação de compostos químicos, correlacionando estruturas, propriedades e utilização tecnológicas........ 53
Aplicações modernas de materiais e de substâncias químicas.................................................................................................... 53
Realização de cálculos envolvendo variáveis, tabelas, equações, gráficos, a partir de leis e de princípios de 53
conhecimentos químicos relacionados à vida diária......................................................................................................................
6. Compreensão da organização da vida em seus diferentes níveis de expressão. Interpretação da biodiversidade 89
manifesta as estruturas especializadas de plantas e de animais.................................................................................................
Análise do potencial de utilização de ecossistemas naturais........................................................................................................ 89
Os fundamentos da ecologia: a biosfera, a grande teia da vida................................................................................................... 89
As estratégias ecológicas de sobrevivência......................................................................................................................................... 89
Interferência do homem na dinâmica dos ecossistemas................................................................................................................. 89
12. Saúde e vida: epidemias e endemias no Brasil................................................................................................................................ 111
13. Natureza mutável e o contexto de transformações contínuas.............................................................................................. 116
A tecnologia a serviço do desenvolvimento social e da manutenção da vida no planeta............................................. 116

ATUALIDADES
Globalização: conceitos, efeitos e implicações sociais, econômicas, políticas e culturais.............................................. 01
Multiculturalidade, Pluralidade e Diversidade Cultural.............................................................................................................; 05
Tecnologias de Informação e Comunicação: conceitos, efeitos e implicações sociais, econômicas, políticas e
culturais.............................................................................................................................................................................................................................. 09

INFORMÁTICA
Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos (Word, Writer), planilhas (Excel, Calc),
apresentações (PowerPoint, Impress); Microsoft Office (versão 2007 e superiores), LibreOffice (versão 5.0 e
superiores)............................................................................................................................................................................................................ 01
Sistemas operacionais Windows 7, Windows 10 e Linux................................................................................................................... 27
Organização e gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas......................................................................... 27
Atalhos de teclado, ícones, área de trabalho e lixeira.................................................................................................................................. 27
Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à
Internet e intranet.............................................................................................................................................................................................. 40
Correio eletrônico............................................................................................................................................................................................. 40
Computação em nuvem.................................................................................................................................................................................. 54

IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Constituição da República Federativa do Brasil (art. 1°, 3°, 4° e 5°)......................................................................................................... 01


Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”)........................................................................................................................... 10
Lei federal n° 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial)........................................................................................... 10
Lei federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) e Lei
federal n° 9.459, de 13 de maio de 1997 (Tipificação dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor)............... 18
Decreto federal n° 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as
formas de discriminação racial)......................................................................................................................................................................... 19
Decreto Federal n° 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação contra a mulher).......................................................................................................................................................................... 25
Lei federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) e alterações propostas pelas Leis nº 13.827/2019,
13.871/2019 e 13.882/2019................................................................................................................................................................................... 31
Código Penal Brasileiro (art. 140)........................................................................................................................................................................... 42
Lei federal n° 9.455, de 7 de abril de 1997 (Crime de Tortura).................................................................................................................. 42
Lei federal n° 2.889, de 1 de outubro de 1956 (Define e pune o Crime de Genocídio)........................................................................... 42
Lei federal nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó)..................................................................................................................... 44
Lei estadual n° 10.549, de 28 de dezembro de 2006 (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial), alterada pela Lei
estadual n° 12.212, de 04 de maio de 2011...................................................................................................................................................... 45
Lei Federal nº 10.678, de 23 de maio de 2003, com as alterações da Lei federal nº 13.341, de 29 de setembro de 2016
(Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República).................................. 45

DIREITO CONSTITUCIONAL
Constituição da República Federativa do Brasil: Poder Constituinte....................................................................................................... 01
Dos princípios fundamentais........................................................................................................................................................................... 04
Dos direitos e garantias fundamentais: Dos direitos e deveres individuais e coletivos, Da nacionalidade, Dos direitos
políticos.................................................................................................................................................................................................................... 07
Da organização do Estado: político-administrativa, Da União, Dos Estados federados, Do Distrito Federal e dos
Territórios.................................................................................................................................................................................................................. 18
Da administração pública: Disposições gerais, Dos servidores públicos, Dos militares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios.................................................................................................................................................................................................... 24
Da organização dos poderes: poder Legislativo, Congresso Nacional, atribuições do Congresso Nacional, Da
Câmara dos Deputados, Do Senado Federal, Do Poder Executivo, Do Presidente e do Vice-Presidente da República
(atribuições do Presidente da República)..................................................................................................................................................... 32
Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional......................................................................................................... 43
Do Poder Judiciário: disposições gerais, funções essenciais à Justiça.............................................................................................. 44
Ministério Público.................................................................................................................................................................................................. 44
Da defesa do Estado e das instituições democráticas: estado de defesa e do estado de sítio, Forças Armadas,
segurança pública.................................................................................................................................................................................................. 47
Constituição do Estado da Bahia: servidores públicos militares, segurança pública estadual....................................................... 49

DIREITO ADMINISTRATIVO
Administração pública: conceito e princípios............................................................................................................................................ 01
Poderes administrativos...................................................................................................................................................................................... 03
Atos administrativos: conceito, atributos, requisitos, classificação, extinção........................................................................... 10
Organização administrativa: órgãos públicos (conceito e classificação), entidades administrativas (conceito e 17
espécies), ...................................................................................................................................................................................................................
Agentes públicos (espécies).............................................................................................................................................................................. 28
Lei estadual nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001 (Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia) 33
Lei estadual nº 13.202, de 09 de dezembro de 2014 (Institui a Organização Básica do Corpo de Bombeiros 68
Militar da Bahia).......................................................................................................................................................................................................
Lei estadual nº 12.929, de 27 de dezembro de 2013 (Dispõe sobre a Segurança Contra Incêndio e Pânico nas 77
edificações e áreas de risco no Estado da Bahia, cria o Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
(FUNEBOM) que altera a Lei estadual nº 6.896, de 28 de julho de 1995, e dá outras providências............................
Decreto estadual nº 16.302, de 27 de agosto de 2015 (Regulamenta a Lei estadual nº 12.929, de 27 de 84
dezembro de 2013, que dispõe sobre a Segurança contra Incêndio e Pânico e dá outras providências)..................
DIREITO PENAL MILITAR

Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar: motim, revolta, conspiração, aliciação para motim ou revolta...... 01
Da violência contra superior ou militar de serviço...................................................................................................................................... 02
Desrespeito a superior........................................................................................................................................................................................... 02
Recusa de obediência............................................................................................................................................................................................. 02
Oposição à ordem de sentinela.......................................................................................................................................................................... 03
Reunião ilícita............................................................................................................................................................................................................ 03
Publicação ou crítica indevida............................................................................................................................................................................. 03
Resistência mediante ameaça ou violência................................................................................................................................................... 03
Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar: deserção, abandono de posto, descumprimento de missão,
embriaguez em serviço, dormir em serviço.................................................................................................................................................... 04
Crimes contra a Administração Militar: desacato a superior, desacato a militar, desobediência, peculato, peculato-
furto, concussão, corrupção ativa, corrupção passiva, falsificação de documento, falsidade ideológica, uso de
documento falso...................................................................................................................................................................................................... 06
Dos crimes contra o dever funcional: prevaricação................................................................................................................................... 09

DIREITOS HUMANOS

Precedentes históricos do Direito Humanitário: Liga das Nações e Organização Internacional do Trabalho (OIT)......... 01
A Declaração Universal dos Direitos Humanos/1948................................................................................................................................. 06
Convenção Americana sobre Direitos Humanos/1969 (Pacto de São José da Costa Rica) (art. 1° ao 32)............................ 06
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 1° ao 15)............................................................................ 07
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos/1966 (art. 1° ao 271)............................................................................................. 07
Declaração de Pequim Adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres: Ação para Igualdade,
Desenvolvimento e Paz........................................................................................................................................................................................ 16
Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio............................................................................................... 18
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos........................................................................................................................................................... 01


Tipologia textual e gêneros textuais.................................................................................................................................................................. 08
Acentuação gráfica................................................................................................................................................................................................... 14
Classes de palavras................................................................................................................................................................................................... 17
Sistema gráfico: ortografia; regras de acentuação; uso dos sinais de pontuação........................................................................... 86
Uso do sinal indicativo de crase........................................................................................................................................................................... 54
Sintaxe da oração e do período........................................................................................................................................................................... 58
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 69
Concordância nominal e verbal.......................................................................................................................................................................... 71
Regência nominal e verbal..................................................................................................................................................................................... 79
Significação das palavras....................................................................................................................................................................................... 85
Compreender significa
COMPREENSÃO E Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. O texto diz que...
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
O narrador afirma...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Erros de interpretação
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e
relacionadas entre si, formando um todo significativo • Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade contexto, acrescentando ideias que não estão no
de codificar e decodificar). texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
pela imaginação.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para um texto é um conjunto de ideias), o que pode
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa ser insuficiente para o entendimento do tema
interligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento desenvolvido.
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
de seu contexto original e analisada separadamente, contrárias às do candidato, fazendo-o tirar
poderá ter um significado diferente daquele inicial. conclusões equivocadas e, consequentemente,
errar a questão.
Intertexto - comumente, os textos apresentam
referências diretas ou indiretas a outros autores através Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas
em uma prova de concurso, o que deve ser levado em
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação consideração é o que o autor diz e nada mais.
de um texto é a identificação de sua ideia principal.
A partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou Coesão e Coerência
fundamentações), as argumentações (ou explicações),
que levam ao esclarecimento das questões apresentadas Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
na prova. relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
• Identificar os elementos fundamentais de uma pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
argumentação, de um processo, de uma época que se vai dizer e o que já foi dito.
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
os quais definem o tempo). eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome
• Comparar as relações de semelhança ou de oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
diferenças entre as situações do texto. aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com também de que os pronomes relativos têm, cada um,
uma realidade. valor semântico, por isso a necessidade de adequação
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. ao antecedente.
• Parafrasear = reescrever o texto com outras Os pronomes relativos são muito importantes na
palavras. interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros
de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração
Condições básicas para interpretar que existe um pronome relativo adequado a cada
circunstância, a saber:
Fazem-se necessários: conhecimento histórico- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), mas depende das condições da frase.
leitura e prática; conhecimento gramatical, estilístico qual (neutro) idem ao anterior.
(qualidades do texto) e semântico; capacidade de quem (pessoa)
observação e de síntese; capacidade de raciocínio. cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído.
LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretar/Compreender como (modo)


onde (lugar)
Interpretar significa: quando (tempo)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. quanto (montante)
Através do texto, infere-se que... Exemplo:
É possível deduzir que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
O autor permite concluir que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... aparecer o demonstrativo O).

1
Dicas para melhorar a interpretação de textos

• Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral EXERCÍCIOS COMENTADOS
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
muitos candidatos na disputa, portanto, quanto 1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística –
mais informação você absorver com a leitura, mais AOCP-2015)
chances terá de resolver as questões.
• Se encontrar palavras desconhecidas, não O verão em que aprendi a boiar
interrompa a leitura. Quando achamos que tudo já aconteceu, novas
• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas capacidades fazem de nós pessoas diferentes do que
forem necessárias. éramos
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma IVAN MARTINS
conclusão).
• Volte ao texto quantas vezes precisar. Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acredito
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um gosto
as do autor. especial.
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transformou.
compreensão. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A cidade,
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia.
cada questão. Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
• Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
geralmente mantém com outro uma relação a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
de continuação, conclusão ou falsa oposição. insuspeitada.
Identifique muito bem essas relações. Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, parece, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato
a ideia mais importante. que, mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
inteiramente.
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra
hora da resposta – o que vale não somente para
descoberta temporã.
Interpretação de Texto, mas para todas as demais
Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
questões!
num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia
da flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia
principal, leia com atenção a introdução e/ou a
Brava, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente
conclusão.
consegui boiar.
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os
etc., chamados vocábulos relatores, porque oito anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso
remetem a outros vocábulos do texto. e esforço, vocês que não mais se surpreendem com a
sensação de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas
SITES vocês se esqueceram de como tudo isso é bom.
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/09- montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
provas> água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. isso, curiosamente, não é fácil.
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. Essa experiência me sugeriu algumas considerações
html> sobre a vida em geral.
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/ Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
cursinho/questoes/questao-117-portugues.htm> ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente,
de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre
incorporando novidades que nos transformam. Somos
geneticamente elaborados para lidar com o novo, mas
não só. Também somos profundamente modificados por
LÍNGUA PORTUGUESA

ele. A cada momento da vida, quando achamos que tudo


já aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de
nós uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa
capaz de boiar é diferente daquelas que afundam como
pedras.
Suspeito que isso tenha importância também para os
relacionamentos.

2
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação. acontecer.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar- Resposta: Letra A
se tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria Ao texto: (...) tudo se aprende, mesmo as coisas simples
frustração e a nossa fúria, em permitir que o parceiro que pareciam impossíveis. / Enquanto se está vivo e
floresça, em dar atenção aos detalhes dele. Penso, relação existe, há chance de melhorar = sempre há
sobretudo, em conquistar, aos poucos, a ansiedade e tempo para boiar (aprender).
insegurança que nos bloqueiam o caminho do prazer, não Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para tentar
apenas no sentido sexual. Penso em estar mais tranquilo relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com
na companhia do outro e de si mesmo, no mundo. mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas precisam menos medo = correta.
ser aprendidas. Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar relacionamentos amorosos para que eles não
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você se desfaçam = incorreta – o autor propõe viver
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode intensamente.
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tempo, Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas se criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles
combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, a sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos
relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada objetivo nos relacionamentos.
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos novas, inclusive agir com o raciocínio nas relações
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada amorosas = incorreta – ser mais emoção.
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
e relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
forma relaxada e consciente um grande amor. pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez não pensando em algo ruim.
rapidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coisas 2. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV-2018)
do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações Observe a charge a seguir:
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo
se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam
impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de
melhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
pode tentar boiar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/
noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html
A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “Todos destacando o fato de o cientista:
os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de
a) ter alcançado o céu após sua morte;
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar b) mostrar determinação no combate à doença;
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal- c) ser comparado a cientistas famosos;
ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
medo. e) localizar seus interesses nos estudos de Física.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona-


mentos amorosos para que eles não se desfaçam.
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio- Resposta: Letra D
so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam Em “a”: ter alcançado o céu após sua morte; = incorreto
vividos intensamente. Em “b”: mostrar determinação no combate à doença;
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in- = incorreto
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incorreto
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante;

3
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física. a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.
= incorreto b) proteger os bens dos clientes de bancos.
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que c) impedir que os bancos fossem à falência.
estávamos esperando”. d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
e) preservar as economias das pessoas.
3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
Resposta: Letra D
Lastro e o Sistema Bancário Ao texto: (...) Com o tempo, os banqueiros se deram
[...] conta de que ninguém estava interessado em trocar
Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro depositado dinheiro por ouro e criaram manobras, como a reserva
nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade de fracional, para emprestar muito mais dinheiro do que
ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse realmente tinham em ouro nos cofres.
metal é limitado, isso garantia que a produção de dinheiro Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro =
fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros se incorreta
deram conta de que ninguém estava interessado em Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos =
trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a incorreta
reserva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises, incorreta
como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos, correta
deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas Em “e”, preservar as economias das pessoas = incorreta
economias seguramente guardadas.
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão- 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e A leitura do texto permite a compreensão de que
principalmente de valores em contas bancárias, já não
tendo nenhuma riqueza material para representar, é a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
criado a partir de empréstimos. Quando alguém vai até b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imaginário.
o banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
sua conta é gerado naquele instante, criado a partir de d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
uma decisão administrativa, e assim entra na economia. e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados.
Essa explicação permaneceu controversa e escondida
por muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do Resposta: Letra A
Bank of England de 2014. Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo bancos = correta
é criado assim, inventado em canetaços a partir da Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
concessão de empréstimos. O que torna tudo mais imaginário = nem todo
estranho e perverso é que, sobre esse empréstimo, Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
é cobrada uma dívida. Então, se eu peço dinheiro ao clientes = deve ao banco, este paga/empresta a outros
banco, ele inventa números em uma tabela com meu clientes
nome e pede que eu devolva uma quantidade maior Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
do que essa. Para pagar a dívida, preciso ir até o dito mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
“livre-mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear, para mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
conseguir o dinheiro que o banco inventou na conta Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes
de outras pessoas. Esse é o dinheiro que vai ser usado endividados = desde que não paguem a dívida
para pagar a dívida, já que a única fonte de moeda é
o empréstimo bancário. No fim, os bancos acabam com 5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
todo o dinheiro que foi inventado e ainda confiscam os GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge
bens da pessoa endividada cujo dinheiro tomei. abaixo, publicada no momento da intervenção nas
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma atividades de segurança do Rio de Janeiro, em março de
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. 2018.
Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante
porque é gerada pela simples manipulação de bancos
de dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e
poder sem precedentes: um mundo onde o patrimônio
de 80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde
LÍNGUA PORTUGUESA

o 1% mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.


[...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventando-dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema


bancário, a reserva fracional foi criada com o objetivo de

4
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO
pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a Resposta: Letra A
seguinte informação: Em “a”: a criação de uma dependência tecnológica
excessiva;
a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; =
cometidos no Rio; incorreto
b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem- Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto
feita; Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto
c) a linguagem do personagem mostra intimidade com Em “e”: a falta de contato entre membros da família. =
o interlocutor; incorreto
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da Através da fala do garoto chegamos à resposta:
charge; dependência tecnológica - expressa em sua fala.
e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a
presença do Exército. 7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo
Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse
Resposta: Letra D termo denota, além da agressão física, diversos tipos
de imposição sobre a vida civil, como a repressão
política, familiar ou de gênero, ou a censura da fala e
do pensamento de determinados indivíduos e, ainda,
o desgaste causado pelas condições de trabalho e
condições econômicas”. A manchete jornalística abaixo
que NÃO se enquadra em nenhum tipo de violência
citado nesse segmento é:

NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a a) Presa por mensagem racista na internet;
seguinte informação: b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
crimes cometidos no Rio = inferência correta d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
sendo bem-feita = inferência correta
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimidade Resposta: Letra C
com o interlocutor = inferência correta Em “a”: Presa por mensagem racista na internet =
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local como a repressão política, familiar ou de gênero
da charge = incorreta Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam venezuelana = como a repressão política, familiar ou
a presença do Exército = inferência correta de gênero
Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa
eletrônico = não consta na Manchete acima
6. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Observe Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
a charge abaixo. Rússia = como a repressão política, familiar ou de
gênero
Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do trabalho
escravo = o desgaste causado pelas condições de
trabalho

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –


ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)

Oportunismo à Direita e à Esquerda


Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem
LÍNGUA PORTUGUESA

devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,


No caso da charge, a crítica feita à internet é: conforme estabelecido na legislação.
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos
a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva; caminhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo,
b) a falta de exercícios físicos nas crianças; da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados
c) o risco de contatos perigosos; em se beneficiar do barateamento do combustível.
d) o abandono dos estudos regulares; Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
e) a falta de contato entre membros da família. para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de

5
eleição, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não contextos. A cultura da paz tem de procurar soluções que
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para advenham de dentro da(s) sociedade(s), que não sejam
desgastar governantes e reforçar seus projetos de poder, impostas do exterior.
por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o que Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado
está delimitado pelo estado democrático de direito, em sentido negativo, quando se traduz em um estado
defendido pelos diversos instrumentos institucionais de de não guerra, em ausência de conflito, em passividade
que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público, e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese,
Forças Armadas etc. condenada a um vazio, a uma não existência palpável,
A greve atravessou vários sinais ao estrangular as difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concepção
vias de suprimento que mantêm o sistema produtivo positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a prática
funcionando, do qual depende a sobrevivência física da não violência para resolver conflitos, a prática do
da população. Isso não pode ser esquecido e serve de diálogo na relação entre pessoas, a postura democrática
alerta para que as autoridades desenvolvam planos de frente à vida, que pressupõe a dinâmica da cooperação
contingência. planejada e o movimento constante da instalação de
O Globo, 31/05/2018. justiça.
Uma cultura de paz exige esforço para modificar o
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos pensamento e a ação das pessoas para que se promova
caminhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, a paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
se beneficiar do barateamento do combustível.” Segundo esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” é temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso,
a ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. palavras e conceitos que anunciem os valores humanos
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. que decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A
c) lastrear leis e regras na Constituição. violência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
d) punirem-se os responsáveis por excessos. dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
e) concluírem-se as investigações sobre a greve. social. É hora de começarmos a convocar a presença da
paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à gestão
Resposta: Letra D de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencialmente
Em “a”: manter-se o direito de livre expressão do violentos e reconstruir a paz e a confiança entre pessoas
pensamento. = incorreto originárias de situação de guerra é um dos exemplos mais
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = comuns a serem considerados. Tal missão estende-se às
incorreto escolas, instituições públicas e outros locais de trabalho
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incorreto por todo o mundo, bem como aos parlamentos e centros
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. de comunicação e associações.
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as
= incorreto desigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem sustentado e o respeito pelos direitos humanos,
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, reforçando as instituições democráticas, promovendo
conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa a liberdade de expressão, preservando a diversidade
acontecer... = precisa acontecer a punição dos cultural e o ambiente.
excessos. É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento
— direitos humanos — democracia” que podemos
9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – vislumbrar a educação para a paz.
CESPE-2018) Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas: desafios
para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc. Educ. (Impr.) v. 6, n.º
Texto CG1A1AAA 1. Campinas, jun./2002 (com adaptações).
A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos
independentemente de idade, sexo, estrato social, “gestão de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser
crença religiosa etc. é chamado à criação de um mundo concebidos como
pacificado, um mundo sob a égide de uma cultura da a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
paz. b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
LÍNGUA PORTUGUESA

Mas, o que significa “cultura da paz”? c) irrelevantes na construção da cultura da paz.


Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças d) etapas para a construção da cultura da paz.
e os adultos da compreensão de princípios como e) consequências da construção da cultura da paz.
liberdade, justiça, democracia, direitos humanos,
tolerância, igualdade e solidariedade. Implica uma Resposta: Letra D
rejeição, individual e coletiva, da violência que tem Em “a”: obstáculos para a construção da cultura da paz.
sido percebida na sociedade, em seus mais variados = incorreto

6
Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da 11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR –
paz. = incorreto VUNESP-2015) Leia a tira.
Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
= incorreto
Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
= incorreto
Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido
refere-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar
erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
para construção da paz.
(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)
10. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE
JUSTIÇA AVALIADOR – FGV-2018) Com sua fala, a personagem revela que
a) a violência era comum no passado.
b) as pessoas lutam contra a violência.
c) a violência está banalizada.
d) o preço que pagou pela violência foi alto.

Resposta: Letra C
Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto
Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto
Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. =
incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violência está
banalizada, nem há mais “punições” para os agressivos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR


[INTERIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

O humor da tira é conseguido através de uma quebra de


expectativa, que é:

a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;


b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho; (Pancho. www.gazetadopovo.com.br)
e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
É correto associar o humor da charge ao fato de que
Resposta: Letra B
Em “a”: o fato de um adulto colecionar figurinhas; = a) os personagens têm uma autoestima elevada e são
incorreto otimistas, mesmo vivendo em uma situação de
Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não completo confinamento.
esportivos; b) os dois personagens estão muito bem informados
Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = sobre a economia, o que não condiz com a imagem
incorreto de criminosos.
Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos
LÍNGUA PORTUGUESA

pelo filho; = incorreto personagens, pois eles demonstram preocupação


Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o com a aparência.
contrário. = incorreto d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema os personagens, que estão acostumados a pagar caro
incomum: assuntos sociais. por eles nos presídios.
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes
para os personagens, dada a condição em que se
encontram.

7
Resposta: Letra E
Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada
e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS
completo confinamento. = incorreto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem
informados sobre a economia, o que não condiz com a
imagem de criminosos. = incorreto TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida
dos personagens, pois eles demonstram preocupação A todo o momento nos deparamos com vários textos,
com a aparência. = incorreto sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não
do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
surpreende os personagens, que estão acostumados
que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
a pagar caro por eles nos presídios. = incorreto
interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
relevantes para os personagens, dada a condição em em um texto escrito.
que se encontram. É de fundamental importância sabermos classificar
Pela condição em que as personagens se encontram, o os textos com os quais travamos convivência no nosso
aumento no preço dos cosméticos não os afeta. dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos
textuais e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
JUSTIÇA AVALIADOR – FGV-2018) opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre
Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
as figurinhas da Copa nessas situações corriqueiras que classificamos os
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração,
Descrição e Dissertação.
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais As tipologias textuais se caracterizam pelos
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos aspectos de ordem linguística
jornaleiros estão levando seus estoques para casa Os tipos textuais designam uma sequência definida
quando termina o expediente. Pode parecer piada, mas pela natureza linguística de sua composição. São
há até boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais,
espalhados por mensagens de celular. relações logicas. Os tipos textuais são o narrativo,
descritivo, argumentativo/dissertativo, injuntivo e
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa expositivo.
adequada é: A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
ação demarcados no tempo do universo narrado,
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do
como também de advérbios, como é o caso de an-
celular e da carteira nos roubos urbanos;
tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à cartei-
carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
ra como alvo de desejo dos assaltantes;
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que sa, resolveram...
vendem as figurinhas da Copa; B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa descrevem características tanto físicas quanto psi-
nas bancas de jornais; cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin- objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
cipal dos ladrões. no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
Resposta: Letra B C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
Em “a”: as figurinhas da Copa passaram a ocupar o um assunto ou uma determinada situação que se
lugar do celular e da carteira nos roubos urbanos; = almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das ra-
incorreto zões de ela acontecer, como em: O cadastramento
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portan-
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes; to, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros benefício.
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto
LÍNGUA PORTUGUESA

D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de


Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da uma modalidade na qual as ações são prescritas de
Copa nas bancas de jornais; = incorreto forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
alvo principal dos ladrões. = incorreto Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular até criar uma massa homogênea.
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também
passaram a ser alvo dos assaltantes.

8
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar- - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do
cam-se pelo predomínio de operadores argumen- ambiente.
tativos, revelados por uma carga ideológica cons- - Utilize o computador no modo espera.
tituída de argumentos e contra-argumentos que Fique ligado! Evite desperdícios.
justificam a posição assumida acerca de um deter- Energia elétrica.
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ- A natureza cobra o preço do desperdício.
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
neros estão em complementação, não em disputa. Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
positiva e injuntiva.
Gêneros Textuais
( ) CERTO ( ) ERRADO
São os textos materializados que encontramos em
nosso cotidiano; tais textos apresentam características Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: apresenta tal característica.
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
blog, etc.
A escolha de um determinado gênero discursivo ORTOGRAFIA OFICIAL.
depende, em grande parte, da situação de produção,
ou seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são
os locutores e os interlocutores, o meio disponível para
veicular o texto, etc.
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a ORTOGRAFIA
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, A ortografia é a parte da Fonologia que trata da
editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação correta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
científica são comuns gêneros como verbete de dicionário devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, língua são grafados segundo acordos ortográficos.
conferência. A maneira mais simples, prática e objetiva de aprender
ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
– São Paulo: Saraiva, 2010. etimologia (origem da palavra).
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – Regras ortográficas
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
A) O fonema S
SITE
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/ São escritas com S e não C/Ç
redacao/tipologia-textual.htm> • Palavras substantivadas derivadas de verbos com
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
EXERCÍCIO COMENTADO submergir - submersão / divertir - diversão / im-
pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE – sentir - sensível / consentir – consensual.
2015)
São escritos com SS e não C e Ç
Ouro em Fios • Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-
nem em gred, ced, prim ou com verbos termina-
dos por tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir
LÍNGUA PORTUGUESA

A natureza é capaz de produzir materiais preciosos,


como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA. - impressão / admitir - admissão / ceder - cessão /
O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: compromisso / submeter – submissão.
- Desligue as luzes nos ambientes onde é possível • Quando o prefixo termina com vogal que se junta
usar a iluminação natural. com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
- Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado. trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.

9
• No pretérito imperfeito simples do subjuntivo. • Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir,
Exemplos: ficasse, falasse. mugir.
• Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
São escritos com C ou Ç e não S e SS surgir.
• Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar. • Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter-
• Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, minado com j: ágil, agente.
Juçara, caçula, cachaça, cacique.
• Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, São escritas com J e não G
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, • Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
caniço, esperança, carapuça, dentuço. • Palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia,
• Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / manjerona.
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. • Palavras terminadas com aje: ultraje.
• Após ditongos: foice, coice, traição.
• Palavras derivadas de outras terminadas em -te, D) O fonema ch
to(r): marte - marciano / infrator - infração /
absorto – absorção. São escritas com X e não CH
• Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi,
B) O fonema z xucro.
• Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
São escritos com S e não Z lagartixa.
• Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs- • Depois de ditongo: frouxo, feixe.
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: • Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, prin- Exceção: quando a palavra de origem não derive de
cesa. outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
• Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
tamorfose. São escritas com CH e não X
• Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
quiseste.  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
• Nomes derivados de verbos com radicais termina- chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
dos em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / em-
preender - empresa / difundir – difusão. E) As letras “e” e “i”
• Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. • Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
• Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
• Verbos derivados de nomes cujo radical termina • Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue.
– pesquisar. Escrevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
-air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.
São escritos com Z e não S
• Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje- Há palavras que mudam de sentido quando
tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície),
• Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
origem não termine com s): final - finalizar / con- / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
creto – concretizar. estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
• Consoante de ligação se o radical não terminar com Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à
“s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ortografia de uma palavra, há a possibilidade de consultar
Exceção: lápis + inho – lapisinho. o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP),
elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra
C) O fonema j de referência até mesmo para a criação de dicionários,
pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o
São escritas com G e não J significado). Na Internet, o endereço é www.academia.
• Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, org.br.
gesso.
• Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, Informações importantes
gim.
LÍNGUA PORTUGUESA

• Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com Formas variantes são as que admitem grafias ou
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, pronúncias diferentes para palavras com a mesma
bege, foge. significação: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/
Exceção: pajem. quatorze, dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/
gérmen, infarto/enfarte, louro/loiro, percentagem/
• Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, porcentagem, relampejar/relampear/relampar/
litígio, relógio, refúgio. relampadar.

10
Os símbolos das unidades de medida são escritos ONDE / AONDE
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, Onde = empregado com verbos que não expressam
20km, 120km/h. a ideia de movimento = Onde você está?
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
Na indicação de horas, minutos e segundos, não que expressam movimento = Aonde você vai?
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três MAU / MAL
minutos e trinta e quatro segundos).
O símbolo do real antecede o número sem espaço: Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
barra vertical ($). mau elemento.

Alguns Usos Ortográficos Especiais Mal = pode ser usado como


1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE “logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
POR QUE (separado e sem acento) mal na prova?
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
É usado em: pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
1. interrogações diretas (longe do ponto de não compensa.
interrogação) = Por que você não veio ontem?
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
que faltara à aula ontem.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
Cochar - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
POR QUÊ (separado e com acento)
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Usos:
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
Você faltou. Por quê? Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por Saraiva, 2002.
quê?
SITE
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
aulas/portugues/ortografia>
Usos:
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale Hífen
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na
escrita (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
ponto final) = Compre agora, porque há poucas para ligar os elementos de palavras compostas (como ex-
peças. presidente, por exemplo) e para unir pronomes átonos
2. como conjunção subordinativa causal, substituível a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
porque se antecipou. uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
compa-/nheiro).
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
Usos: Ortográfica:
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, 1. Em palavras compostas por justaposição que for-
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
LÍNGUA PORTUGUESA

“razão” ou “motivo”, admitindo pluralização


(porquês). Geralmente é precedido por artigo = que se unem para formam um novo significado:
Não sei o porquê da discussão. É uma pessoa cheia tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
de porquês. -coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.

11
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
ro, recém-casado. inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
gumas exceções continuam por já estarem con- o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, coedição, coexistir, etc.
queima-roupa, deus-dará. 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte noção de composição: pontapé, girassol,
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas paraquedas, paraquedista, etc.
combinações históricas ou ocasionais: Áustria- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”:
-Hungria, Angola-Brasil, etc. benfeito, benquerer, benquerido, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
per- quando associados com outro termo que é Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- correspondentes átonas, aglutinam-se com o elemento
-racional, etc. seguinte, não havendo hífen: pospor, predeterminar,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di- predeterminado, pressuposto, propor.
retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccioso,
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, humano, super-realista, alto-mar.
etc. Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
10. Nas formações em que o prefixo tem como se- autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he-
pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano, REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
semi-hospitalar, super-homem. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
prefixo termina com a mesma vogal do segundo
elemento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, SITE
auto-observação, etc. Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
aulas/portugues/ortografia>
O hífen é suprimido quando para formar outros
termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.

#FicaDica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Ao separar palavras na translineação
(mudança de linha), caso a última palavra a 1. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
ser escrita seja formada por hífen, repita-o Assinale a alternativa em que as palavras estão grafadas
na próxima linha. Exemplo: escreverei anti- corretamente.
inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório” a) Extrovertido – extroverção.
(hífen em ambas as linhas). Devido à b) Disponível – disponibilisar.
diagramação, pode ser que a repetição do c) Determinado – determinassão.
hífen na translineação não ocorra em meus d) Existir – existência.
conteúdos, mas saiba que a regra é esta! e) Característica – caracterizasão.

Resposta: Letra D
B) Não se emprega o hífen: Em “a”: Extrovertido / extroverção = extroversão
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em Em “c”: Determinado / determinassão = determinação
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas Em “d”: Existir / existência = corretas
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização
LÍNGUA PORTUGUESA

microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.


2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo 2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
termina em vogal e o segundo termo inicia-se com I – CESGRANRIO-2018) O termo destacado está grafado
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, portuguesa em:
plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.

12
a) O estagiário foi mal treinado, por isso não desempe- a) Descoberta a conspiração, enquanto os outros não
nhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas pelos procuravam outra coisa se não salvar-se, ele revelou
seus superiores. a mais heróica força de ânimo, chamando a si toda a
b) O time não jogou mau no último campeonato, apesar culpa.
de enfrentar alguns problemas com jogadores des- b) Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da profissão
controlados. que lhe valera o apelido.
c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificul- c) Não obstante, foi ele talvez o único a demonstrar fé,
dade em assimilar conceitos mais complexos sobre os entusiasmo e coragem na aventura de 89.
temas expostos. d) A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da Cos-
d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de ta, Alvarenga eram homens requintados, letrados, a
mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sempre
na véspera. lutara pela subsistência.
e) Os participantes compreendiam mau o que estava e) Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, enfren-
sendo discutido, por isso não conseguiam formular tou a pena última.
perguntas.
Resposta: Letra A
Resposta: Letra A Em “a”: Descoberta a conspiração, enquanto os outros
Mal = advérbio (antônimo de “bem”) / mau = adjetivo não procuravam outra coisa se não salvar-se (senão se
(antônimo de “bom”). Para saber quando utilizar um salvar) , ele revelou a mais heróica (heroica) força de
ou outro, a dica é substituir por seu antônimo. Se a ânimo, chamando a si toda a culpa.
frase ficar coerente, saberemos qual dos dois deve ser Em “b”: Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da
utilizado. Por exemplo: Cigarro faz mal/mau à saúde profissão que lhe valera o apelido = correta
= Cigarro faz bem à saúde. A frase ficou coerente – Em “c”: Não obstante, foi ele talvez o único a
embora errada em termos de saúde! Então, a maneira demonstrar fé, entusiasmo e coragem na aventura de
correta é “Cigarro faz mal à saúde”. 89 = correta
Vamos aos itens: Em “d”: A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da
Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta Costa, Alvarenga eram homens requintados, letrados,
Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último a quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes
campeonato = mal sempre lutara pela subsistência = correta
Em “c”: O menino não era mal (bom) aluno = mau Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim,
Em “d”: Os funcionários perceberam que o chefe enfrentou a pena última = correta
estava de mal (bom) humor = mau
Em “e”: Os participantes compreendiam mau (bem) o 5. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA
que estava sendo discutido = mal INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017)
Estabeleça a associação correta entre a 1.ª coluna e a 2.ª
3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – considerando o emprego do por que / porque.
CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográficas (1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas
da língua portuguesa as palavras mulheres [...].”
(2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque
a) admissão, paralisação, impasse são mulheres.”
b) bambusal, autorização, inspiração ( ) Faltei _____________ você estava doente.
c) consessão, extresse, enxaqueca ( ) Todos sabem _____________ não poderei estar presente.
d) banalisação, reexame, desenlace ( ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento.
e) desorganisação, abstração, cassação ( ) Este ponto de vista é _________não há manifestação de
outro pensamento.
Resposta: Letra A
Em “a”: admissão / paralisação / impasse = corretas A sequência está correta em:
Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização / a) 1, 1, 1, 2
inspiração b) 1, 2, 1, 2
Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse / c) 2, 1, 1, 2
enxaqueca d) 2, 2, 2, 1
Em “d”: banalisação = banalização / reexame /
desenlace Resposta: Letra C
Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração Faltei porque você estava doente. = conjunção causal
LÍNGUA PORTUGUESA

/ cassação Todos sabem por que não poderei estar presente. = dá


para substituir por “a causa pela qual”
4. (MPU – ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA – Não se sabe por que realizou tal procedimento. =
ESAF-2004-ADAPTADA) Na questão abaixo, baseada substituir por “a causa”
em Manuel Bandeira, escolha o segmento do texto que Este ponto de vista é porque não há manifestação de
não está isento de erros gramaticais e de ortografia, outro pensamento. = conjunção causal
considerando-se a ortodoxia gramatical. Teremos: 2, 1, 1, 2

13
6. (TJ-SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR – FGV- Os acentos
2018) “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele
só usava meias vermelhas”. Nesse segmento do texto 1 A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
há um erro gramatical, que é: e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas
letras representam as vogais tônicas de palavras
a) empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe cercaram”; como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o”
b) haver vírgula após a expressão “Um dia”; indica, além da tonicidade, timbre aberto: herói –
c) usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o perguntaram”; céu (ditongos abertos).
d) grafar-se “porque” em vez de “por que”; B) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras
e) escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”. “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
fechado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs .
Resposta: Letra D C) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
“Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
usava meias vermelhas” D) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi
Em “a”: empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe totalmente abolido das palavras. Há uma exceção:
cercaram”; = está correto, pois o “o” funciona como é utilizado em palavras derivadas de nomes
objeto direto (sem preposição) próprios estrangeiros: mülleriano (de Müller)
Em “b”: haver vírgula após a expressão “Um dia”; = está E) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam
correto, pois separa o advérbio no início do período vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
Em “c”: usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o
perguntaram”; = está correto (o “lhe” é objeto indireto Regras fundamentais
– perguntaram o que a quem)
Em “d”: grafar-se “porque” em vez de “por que”; A) Palavras oxítonas:acentuam-se todas as oxítonas
Em “e”: escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”. terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não
= correto, pois se invertermos haverá mudança de do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
roupa). Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
que”, já que se trata de uma pergunta indireta. Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo

B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas


ACENTUAÇÃO GRÁFICA terminadas em:
i, is: táxi – lápis – júri
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
ACENTUAÇÃO l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
fórceps
Quanto à acentuação, observamos que algumas ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
palavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
ora se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
outra. Por isso, vamos às regras!
#FicaDica
Regras básicas
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
A acentuação tônica está relacionada à intensidade esta palavra apresenta as terminações das
com que são pronunciadas as sílabas das palavras. paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO.
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas Assim ficará mais fácil a memorização!
com menos intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são
classificadas como: C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre quando a sua antepenúltima sílaba é tônica
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – (mais forte). Quanto à regra de acentuação:
papel todas as proparoxítonas são acentuadas,
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima independentemente de sua terminação: árvore,
paralelepípedo, cárcere.
LÍNGUA PORTUGUESA

sílaba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível


Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúltima
sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus Regras especiais

Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré. de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.

14
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos,
FIQUE ATENTO! formando hiato quando vierem depois de ditongo (nas
Se os ditongos abertos estiverem em uma paroxítonas):
palavra oxítona (herói) ou monossílaba
(céu) ainda são acentuados: dói, escarcéu. Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
Antes Agora feiúra feiura
assembléia assembleia Sauípe Sauipe

idéia ideia O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi


geléia geleia abolido:
jibóia jiboia
Antes Agora
apóia (verbo apoiar) apoia
crêem creem
paranóico paranoico
lêem leem
Acento Diferencial vôo voo

Representam os acentos gráficos que, pelas regras enjôo enjoo


de acentuação, não se justificariam, mas são utilizados
para diferenciar classes gramaticais entre determinadas
palavras e/ou tempos verbais. Por exemplo: Pôr (verbo) X
#FicaDica
por (preposição) / pôde (pretérito perfeito do Indicativo do Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
verbo “poder”) X pode (presente do Indicativo do mesmo verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
verbo). que não recebem mais acento como antes:
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas: CRER, DAR, LER e VER.
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada, Repare:
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, O menino crê em você. / Os meninos creem
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição. em você.
Os demais casos de acento diferencial não são Elza lê bem! / Todas leem bem!
mais utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos
(substantivo), pelo (preposição). Seus significados e que os garotos deem o recado!
classes gramaticais são definidos pelo contexto. Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
Polícia para o trânsito para que se realize a operação Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! /
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, Eles vêm à tarde!
conjunção (com relação de finalidade).

As formas verbais que possuíam o acento tônico na


#FicaDica raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
Quando, na frase, der para substituir o “por”
por “colocar”, estaremos trabalhando com
um verbo, portanto: “pôr”; nos demais casos, Antes Agora
“por” é preposição: Faço isso por você. / apazigúe (apaziguar) apazigue
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui
Regra do Hiato
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, pessoa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles
segunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, vêm (verbo vir). A regra prevalece também para os verbos
conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm,
haverá acento: saída – faísca – baú – país – Luís
ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
LÍNGUA PORTUGUESA

– eles convêm.
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
estiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.

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SITE Resposta: Errado
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/ O emprego do acento gráfico nas palavras “metálica”,
gramatica/acentuacao.htm> “acúmulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma
regra de acentuação.
metálica = proparoxítona / acúmulo = proparoxítona /
imóveis = paroxítona terminada em ditongo
EXERCÍCIOS COMENTADOS
4. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
1. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – EXATUS-2015) CESGRANRIO-2018) A palavra que precisa ser acentuada
Assinale a alternativa em que a palavra é acentuada pela graficamente para estar correta quanto às normas em
mesma razão que “Bíblia”: vigor está destacada na seguinte frase:

a) íris. a) Todo escritor de novela tem o desejo de criar um


b) estórias. personagem inesquecível.
c) queríamos. b) Os telespectadores veem as novelas como um espelho
d) aí. da realidade.
e) páginas. c) Alguns novelistas gostam de superpor temas sociais
com temas políticos.
Resposta: Letra B d) Para decorar o texto antes de gravar, cada ator rele
“Bíblia” = esta é acentuada por ser uma paroxítona sua fala várias vezes.
terminada em ditongo. e) Alguns atores de novela constroem seus personagens
Em “a”, íris = paroxítona terminada em i(s) fazendo pesquisa.
Em “b”, estórias = paroxítona terminada em ditongo
Em “c”, queríamos = proparoxítona Resposta: Letra D
Em “d”, aí = regra do hiato Em “a”: Todo escritor de novela tem = singular (não
Em “e”, páginas = proparoxítona acentuado)
Em “b”: Os telespectadores veem = correta - plural
2. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – FADESP-2018) dobra o “e” (perdeu o acento com o Acordo)
A sequência de palavras cujos acentos são empregados Em “c”: Alguns novelistas gostam de superpor =
pelo mesmo motivo é correta
Em “d”: Para decorar o texto antes de gravar, cada ator
a) público, função, dói. rele = relê (oxítona)
b) burocráticos, próximo, século. Em “e”: Alguns atores de novela constroem = correta
c) será, aí, é, está.
d) glória, exercício, publicação. 5. (TJ-SP - ANALISTA EM COMUNICAÇÃO E
e) hábito, bancário, poética. PROCESSAMENTO DE DADOS JUDICIÁRIO –
VUNESP/2012) Seguem a mesma regra de acentuação
Resposta: Letra B gráfica relativa às palavras paroxítonas:
Em “a”, público = proparoxítona / função = o til tem
função de nasalizar (indicar som fechado) / dói = a) probatório; condenatório; crédito.
monossílabo formado por ditongo aberto b) máquina; denúncia; ilícita.
Em “b”, burocráticos = proparoxítona / próximo = c) denúncia; funcionário; improcedência.
proparoxítona / século = proparoxítona d) máquina; improcedência; probatório.
Em “c”, será = oxítona terminada em ‘a” / aí = regra do e) condenatório; funcionário; frágil.
hiato / é = (verbo) monossílabo tônico terminado em
“e” / está = (verbo) oxítona terminada em “a” Resposta: Letra C
Em “d”, glória = paroxítona terminada em ditongo Vamos a elas:
/ exercício = paroxítona terminada em ditongo / Em “a”: probatório = paroxítona terminada em ditongo
publicação = o til indica nasalização (som fechado) / condenatório = paroxítona terminada em ditongo /
Em “e”, hábito = (substantivo) proparoxítona / crédito = proparoxítona.
bancário = paroxítona terminada em ditongo / poética Em “b”: máquina = proparoxítona / denúncia
= proparoxítona = paroxítona terminada em ditongo / ilícita =
proparoxítona.
3. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR – Em “c”: Denúncia = paroxítona terminada em ditongo
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) O emprego / funcionário = paroxítona terminada em ditongo /
LÍNGUA PORTUGUESA

do acento gráfico nas palavras “metálica”, “acúmulo” improcedência = paroxítona terminada em ditongo
e “imóveis” justifica-se com base na mesma regra de Em “d”: máquina = proparoxítona / improcedência
acentuação. = paroxítona terminada em ditongo / probatório =
paroxítona terminada em ditongo
( ) CERTO ( ) ERRADO Em “e”: condenatório = paroxítona terminada em
ditongo / funcionário = = paroxítona terminada em
ditongo / Frágil = paroxítona terminada em “l”

16
Observe outros exemplos:
6. (TJ-AC – TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA
- CESPE/2012) As palavras “conteúdo”, “calúnia” e de águia aquilino
“injúria” são acentuadas de acordo com a mesma regra
de acentuação gráfica. de aluno discente
de anjo angelical
( ) CERTO ( ) ERRADO
de ano anual
Resposta: Errado de aranha aracnídeo
“Conteúdo” = regra do hiato / calúnia = paroxítona de boi bovino
terminada em ditongo / injúria = paroxítona terminada
de cabelo capilar
em ditongo.
de cabra caprino
7. (TRE-AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre de campo campestre ou rural
as frases que seguem, a única correta é:
de chuva pluvial
a) Ele se esqueceu de que? de criança pueril
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui- de dedo digital
lo entre os presentes.
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas. de estômago estomacal ou gástrico
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos de falcão falconídeo
funcionários. de farinha farináceo
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
de fera ferino
Resposta: Letra E de ferro férreo
Em “a”: Ele se esqueceu de que? = quê? de fogo ígneo
Em “b”: Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu
para distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes. de garganta gutural
Em “c”: Embora devêssemos (devêssemos), não fomos de gelo glacial
excessivos nas críticas.
de guerra bélico
Em “d”: O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às
reivindicações dos funcionários. de homem viril ou humano
Em “e”: Não sei por que ele mereceria minha de ilha insular
consideração.
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS. de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
CLASSES DE PALAVRAS
de madeira lígneo
1. ADJETIVO de mestre magistral
de ouro áureo
É a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, de paixão passional
concordando com este em gênero e número. de pâncreas pancreático
As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de porco suíno ou porcino
(plural e feminino, pois concordam com “praias”). dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução adjetiva
de sonho onírico
Locução = reunião de palavras. Sempre que são de velho senil
necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a de vento eólico
LÍNGUA PORTUGUESA

mesma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição


+ substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a de vidro vítreo ou hialino
Locução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). de virilha inguinal
Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
de visão óptico ou ótico
freio (paixão desenfreada).

17
Observação: Flexão dos adjetivos
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo
correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas O adjetivo varia em gênero, número e grau.
da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
Gênero dos Adjetivos
Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função referem (masculino e feminino). De forma semelhante
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, aos substantivos, classificam-se em:
atuando como adjunto adnominal ou como predicativo
(do sujeito ou do objeto). A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o
masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau
Adjetivo Pátrio (ou gentílico) e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. feminino somente o último elemento: o moço norte-
Observe alguns deles: americano, a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
Estados e cidades brasileiras:
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o
Alagoas alagoano masculino como para o feminino: homem feliz e
mulher feliz.
Amapá amapaense Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no
Aracaju aracajuano ou aracajuense feminino: conflito político-social e desavença político-social.
Amazonas amazonense ou baré
Número dos Adjetivos
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense A) Plural dos adjetivos simples
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
Cabo Frio cabo-friense
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Campinas campineiro ou campinense substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e
ruins, boa e boas.
Adjetivo Pátrio Composto Caso o adjetivo seja uma palavra que também
exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja,
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro se a palavra que estiver qualificando um elemento for,
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma
erudita. Observe alguns exemplos: primitiva. Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um
substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento,
África afro- / Cultura afro-americana funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo:
camisas cinza, ternos cinza.
germano- ou teuto-/Competições Motos vinho (mas: motos verdes)
Alemanha
teuto-inglesas Paredes musgo (mas: paredes brancas).
américo- / Companhia américo- Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
América
africana
belgo- / Acampamentos belgo-
Bélgica B) Adjetivo Composto
franceses
É aquele formado por dois ou mais elementos.
China sino- / Acordos sino-japoneses Normalmente, esses elementos são ligados por hífen.
Espanha hispano- / Mercado hispano-português Apenas o último elemento concorda com o substantivo
Europa euro- / Negociações euro-americanas a que se refere; os demais ficam na forma masculina,
singular. Caso um dos elementos que formam o adjetivo
franco- ou galo- / Reuniões franco- composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo
França
italianas composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa”
Grécia greco- / Filmes greco-romanos é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver
qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um
LÍNGUA PORTUGUESA

Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o


Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:
Camisas rosa-claro.
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.

18
Observação: • Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, • Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
vestidos cor-de-rosa. exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois
elementos flexionados: crianças surdas-mudas. Observe alguns superlativos sintéticos:

Grau do Adjetivo
benéfico beneficentíssimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a bom boníssimo ou ótimo
intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do comum comuníssimo
adjetivo: o comparativo e o superlativo.
cruel crudelíssimo
A) Comparativo difícil dificílimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica doce dulcíssimo
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais
características atribuídas ao mesmo ser. O comparativo fácil facílimo
pode ser de igualdade, de superioridade ou de fiel fidelíssimo
inferioridade.
B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
No comparativo de igualdade, o segundo termo da seres. Essa relação pode ser:
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto • De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
ou quão. todas.
• De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de todas.
Superioridade
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
Inferioridade antepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob duas
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de formas: uma erudita - de origem latina – e outra popular
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. - de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
São eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/ radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo
superior, grande/maior, baixo/inferior. ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; a popular é
constituída do radical do adjetivo português + o sufixo
Observe que: -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
• As formas menor e pior são comparativos de Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
superioridade, pois equivalem a mais pequeno e com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os
mais mau, respectivamente. terminados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo,
• Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas cheio – cheíssimo.
(melhor, pior, maior e menor), porém, em
comparações feitas entre duas qualidades de um REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
mesmo elemento, deve-se usar as formas analíticas CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno.
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
Por exemplo:
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
elementos.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
Português: novas palavras: literatura, gramática,
duas qualidades de um mesmo elemento.
redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de
Inferioridade
Sou menos passivo (do) que tolerante. SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
secoes/morf/morf32.php>
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Superlativo
O superlativo expressa qualidades num grau muito
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou 2. ADVÉRBIO
relativo e apresenta as seguintes modalidades:
Compare estes exemplos:
B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a O ônibus chegou.
qualidade de um ser é intensificada, sem relação com O ônibus chegou ontem.
outros seres. Apresenta-se nas formas:

19
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o embaixo, externamente, a distância, à distância de,
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e ao lado, em volta.
do próprio advérbio. B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio antes, doravante, nunca, então, ora, jamais,
(bem) agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve,
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um constantemente, entrementes, imediatamente,
adjetivo (claros) primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às
vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Quando modifica um verbo, o advérbio pode quando, de quando em quando, a qualquer momento,
acrescentar ideia de: de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior,
Tempo: Ela chegou tarde.
depressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às
Lugar: Ele mora aqui.
claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Modo: Eles agiram mal.
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Negação: Ela não saiu de casa.
geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Dúvida: Talvez ele volte. vão e a maior parte dos que terminam em “-mente”:
calmamente, tristemente, propositadamente,
Flexão do Advérbio pacientemente, amorosamente, docemente,
escandalosamente, bondosamente, generosamente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
apresentam variação em gênero e número. Alguns efetivamente, certo, decididamente, deveras,
advérbios, porém, admitem a variação em grau. Observe: indubitavelmente.
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
A) Grau Comparativo de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente,
modo que o comparativo do adjetivo: provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por
• de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- certo, quem sabe.
nato fala tão alto quanto João. G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em
• de inferioridade: menos + advérbio + que (do excesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
que): Renato fala menos alto do que João. quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
• de superioridade: nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
extremamente, intensamente, grandemente, bem
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato (quando aplicado a propriedades graduáveis).
fala mais alto do que João. H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão,
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato somente, simplesmente, só, unicamente. Por
fala melhor que João. exemplo: Brando, o vento apenas move a copa das
árvores.
B) Grau Superlativo I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente,
também. Por exemplo: O indivíduo também
O superlativo pode ser analítico ou sintético:
amadurece durante a adolescência.
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio:
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
Renato fala muito alto.
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
aos meus amigos por comparecerem à festa.
de modo
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala Saiba que:
altíssimo. Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
Observação: o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são tarde possível.
comuns na língua popular. Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
Maria mora pertinho daqui. (muito perto) em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
A criança levantou cedinho. (muito cedo) calma e respeitosamente.

Classificação dos Advérbios Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido


LÍNGUA PORTUGUESA

De acordo com a circunstância que exprime, o Há palavras como muito, bastante, que podem
advérbio pode ser de: aparecer como advérbio e como pronome indefinido.
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.

20
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a
#FicaDica locução adverbial desempenham na oração a função
de adjunto adverbial, classificando-se de acordo com as
Como saber se a palavra bastante é circunstâncias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou
advérbio (não varia, não se flexiona) ou ao advérbio. Exemplo:
pronome indefinido (varia, sofre flexão)? Se Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto
der, na frase, para substituir o “bastante” por adverbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
“muito”, estamos diante de um advérbio; se Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de
der para substituir por “muitos” (ou muitas), intensidade e de tempo, respectivamente.
é um pronome. Veja:
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
(estudei muitos capítulos) = pronome – São Paulo: Saraiva, 2010.
indefinido AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Advérbios Interrogativos Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? SITE


por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: secoes/morf/morf75.php>

Interrogação Direta Interrogação Indireta 3. ARTIGO


Como aprendeu? Perguntei como aprendeu O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Onde mora? Indaguei onde morava se como o termo variável que serve para individualizar ou
generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Por que choras? Não sei por que choras
(masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Aonde vai? Perguntei aonde ia Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as
Donde vens? Pergunto donde vens variações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns]).
Quando voltas? Pergunto quando voltas
A) Artigos definidos – São usados para indicar seres
Locução Adverbial
determinados, expressos de forma individual: O
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
Quando há duas ou mais palavras que exercem
muito.
função de advérbio, temos a locução adverbial, que
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres
pode expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam
de modo vago, impreciso: Uma candidata foi
ordinariamente por uma preposição. Veja:
aprovada! Umas candidatas foram aprovadas!
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
para dentro, por aqui, etc.
Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois
em geral, frente a frente, etc.
do numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
conteúdo.
hoje em dia, nunca mais, etc.
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
Janeiro, Veneza, A Bahia...
o adjetivo e outro advérbio:
Quando indicado no singular, o artigo definido pode
Chegou muito cedo. (advérbio)
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Joana é muito bela. (adjetivo)
No caso de nomes próprios personativos, denotando
De repente correram para a rua. (verbo)
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O
Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
LÍNGUA PORTUGUESA

Pedro é o xodó da família.


mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
No caso de os nomes próprios personativos estarem
Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
os Incas, Os Astecas...
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é
advérbio: Cheguei primeiro.
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.

21
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) Classificação da Conjunção
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
(qualquer classe) De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
facultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma isolamento, no entanto, não acarreta perda da unidade
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve de sentido que cada um dos elementos possui. Já no
ter é uns vinte anos. segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
O artigo também é usado para substantivar palavras conjunção depende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
porquê de tudo isso. / O bem vence o mal. Podemos separá-las por ponto:
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
Há casos em que o artigo definido não pode ser
usado: Temos acima um exemplo de conjunção (e,
consequentemente, orações coordenadas) coordenativa
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas – “mas”. Já em:
conhecidas: O professor visitará Roma. Espero que eu seja aprovada no concurso!
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a
presença do artigo será obrigatória: O professor visitará Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
a bela Roma. a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria temos uma oração subordinada substantiva objetiva
sairá agora? direta (ela exerce a função de objeto direto do verbo da
oração principal).
Exceção: O senhor vai à festa?
Conjunções Coordenativas
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o
São aquelas que ligam orações de sentido completo
candidato cuja nota foi a mais alta.
e independente ou termos da oração que têm a mesma
função gramatical. Subdividem-se em:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
– São Paulo: Saraiva, 2010. não), não só... mas também, não só... como também,
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: bem como, não só... mas ainda.
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. A sua pesquisa é clara e objetiva.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Não só dança, mas também canta.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
Cochar - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform. expressando ideia de contraste ou compensação.
– São Paulo: Saraiva, 2010. São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
no entanto, não obstante.
SITE Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
gramatica/artigo.htm> C) Alternativas: ligam orações ou palavras,
expressando ideia de alternância ou escolha,
4. CONJUNÇÃO indicando fatos que se realizam separadamente.
São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer,
Além da preposição, há outra palavra também seja... seja, talvez... talvez.
invariável que, na frase, é usada como elemento de Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
ligação: a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou
duas palavras de mesma função em uma oração: D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e que expressa ideia de conclusão ou consequência.
São Paulo. São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito. conseguinte, por isso, assim.
LÍNGUA PORTUGUESA

Marta estava bem preparada para o teste, portanto


Morfossintaxe da Conjunção não ficou nervosa.
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
As conjunções, a exemplo das preposições, não
exercem propriamente uma função sintática: são E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
conectivos. que a explica, que justifica a ideia nela contida. São
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.

22
Não demore, que o filme já vai começar.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! #FicaDica

Conjunções Subordinativas Você deve ter percebido que a conjunção


condicional “se” também é conjunção
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma integrante. A diferença é clara ao ler as
delas dependente da outra. A oração dependente, orações que são introduzidas por ela. Acima,
introduzida pelas conjunções subordinativas, recebe o ela nos dá a ideia da condição para que
nome de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já recebamos um telefonema (se for preciso
tinha começado quando ela chegou. ajuda). Já na oração: Não sei se farei o
O baile já tinha começado: oração principal concurso. = Não há ideia de condição
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração
ela chegou: oração subordinada principal (sei) pede complemento (objeto
direto, já que “quem não sabe, não sabe
As conjunções subordinativas subdividem-se em algo”). Portanto, a oração em destaque
integrantes e adverbiais: exerce a função de objeto direto da oração
principal, sendo classificada como oração
Integrantes - Indicam que a oração subordinada subordinada substantiva objetiva direta.
por elas introduzida completa ou integra o sentido
da principal. Introduzem orações que equivalem D) Conformativas: introduzem uma oração que
a substantivos, ou seja, as orações subordinadas exprime a conformidade de um fato com outro.
substantivas. São elas: que, se. São elas: conforme, como (= conforme), segundo,
Quero que você volte. (Quero sua volta) consoante, etc.
O passeio ocorreu como havíamos planejado.
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
exerce a função de adjunto adverbial da principal. De E) Finais: introduzem uma oração que expressa
acordo com a circunstância que expressam, classificam- a finalidade ou o objetivo com que se realiza a
se em: oração principal. São elas: para que, a fim de que,
que, porque (= para que), que, etc.
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da Toque o sinal para que todos entrem no salão.
ocorrência da oração principal. São elas: porque,
que, como (= porque, no início da frase), pois que, F) Proporcionais: introduzem uma oração que
visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde expressa um fato relacionado proporcionalmente
que, etc. à ocorrência do expresso na principal. São elas: à
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. medida que, à proporção que, ao passo que e as
combinações quanto mais... (mais), quanto menos...
B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa (menos), quanto menos... (mais), quanto menos...
ideia contrária à da principal, sem, no entanto, (menos), etc.
impedir sua realização. São elas: embora, ainda O preço fica mais caro à medida que os produtos
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por escasseiam.
mais que, posto que, conquanto, etc.
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo. Observação:
São incorretas as locuções proporcionais à medida
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica em que, na medida que e na medida em que.
a hipótese ou a condição para ocorrência da
principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, G) Temporais: introduzem uma oração que
a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. acrescenta uma circunstância de tempo ao fato
Se precisar de minha ajuda, telefone-me. expresso na oração principal. São elas: quando,
enquanto, antes que, depois que, logo que, todas as
vezes que, desde que, sempre que, assim que, agora
que, mal (= assim que), etc.
A briga começou assim que saímos da festa.

H) Comparativas: introduzem uma oração que


LÍNGUA PORTUGUESA

expressa ideia de comparação com referência à


oração principal. São elas: como, assim como, tal
como, como se, (tão)... como, tanto como, tanto
quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem,
que (combinado com menos ou mais), etc.
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.

23
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, puxa: interjeição; tom da fala: decepção
de modo que, sem que (= que não), de forma que, de
jeito que, que (tendo como antecedente na oração As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo
tamanho), etc. alegria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do interessante!
exame. B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
minha frente.
FIQUE ATENTO!
As interjeições podem ser formadas por:
Muitas conjunções não têm classificação • simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
única, imutável, devendo, portanto, ser • palavras: Oba! Olá! Claro!
classificadas de acordo com o sentido que • grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
apresentam no contexto (destaque da Zê!). Deus! Ora bolas!

Classificação das Interjeições


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Comumente, as interjeições expressam sentido de:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Atenção! Olha! Alerta!
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
– São Paulo: Saraiva, 2010. C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Ânimo! Adiante!
SITE
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
secoes/morf/morf84.php>
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen-
te! Essa não! Chega! Basta!
5. INTERJEIÇÃO
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei-
ra Deus!
Interjeição é a palavra invariável que exprime
emoções, sensações, estados de espírito. É um recurso da J) Desculpa: Perdão!
linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
decorrente de uma situação particular, um momento ou Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
um contexto específico. Exemplos: N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! Puxa! Pô! Ora!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
hum: expressão de um pensamento súbito = Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
interjeição Deus!
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
O significado das interjeições está vinculado à maneira R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o
sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto Saiba que:
em que for utilizada. Exemplos: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não
sofrem variação em gênero, número e grau como os
Psiu! nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
contexto: alguém pronunciando esta expressão e voz como os verbos. No entanto, em uso específico,
na rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te algumas interjeições sofrem variação em grau. Não se
chamando! Ei, espere!” trata de um processo natural desta classe de palavra, mas
tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
LÍNGUA PORTUGUESA

Psiu! Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.


contexto: alguém pronunciando em um hospital;
significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça Locução Interjetiva
silêncio!”
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
puxa: interjeição; tom da fala: euforia Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!

24
Toda frase mais ou menos breve dita em tom As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
exclamativo torna-se uma locução interjetiva, final e penúltimo também indicam posição dos seres,
dispensando análise dos termos que a compõem: mas são classificadas como adjetivos, não ordinais.
Macacos me mordam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté- C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe) quintos, etc.
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
classes gramaticais podem aparecer como inter- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora!
Francamente! (Advérbios) Flexão dos numerais
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
Fique quieto! duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique- cardinais são invariáveis.
-taque! Quá-quá-quá!, etc.
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo «ó» Os numerais ordinais variam em gênero e número:
com a sua homônima «oh!», que exprime admira-
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois
do «oh!» exclamativo e não a fazemos depois do primeiro segundo milésimo
«ó» vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie- primeira segunda milésima
dosa e pura!” (Olavo Bilac)
primeiros segundos milésimos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS primeiras segundas milésimas
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do
- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática esforço e conseguiram o triplo de produção.
– volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
SITE triplas do medicamento.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
secoes/morf/morf89.php> número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
duas terças partes.
6. NUMERAL Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
Numeral é a palavra variável que indica quantidade É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa de sentido. É o que ocorre em frases como:
determinada sequência. “Me empresta duzentinho...”
Os numerais traduzem, em palavras, o que os números É artigo de primeiríssima qualidade!
indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se trata de segunda divisão de futebol)
numerais, mas sim de algarismos.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem Emprego e Leitura dos Numerais
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
palavras consideradas numerais porque denotam Os numerais são escritos em conjunto de três
quantidade, proporção ou ordenação. São alguns algarismos, contados da direita para a esquerda, em
exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena. forma de centenas, dezenas e unidades, tendo cada
conjunto uma separação através de ponto ou espaço
Classificação dos Numerais
correspondente a um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar


A) Cardinais: indicam quantidade exata ou
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
determinada de seres: um, dois, cem mil, etc.
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
Alguns cardinais têm sentido coletivo, como por
No português contemporâneo, não se usa a
exemplo: século, par, dúzia, década, bimestre.
conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
ou alguma coisa ocupa numa determinada mil novecentos e noventa e dois.
sequência: primeiro, segundo, centésimo, etc. Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

25
Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua
utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.
LÍNGUA PORTUGUESA

26
Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


Um Primeiro -
Dois Segundo Dobro, Duplo Meio
Três Terceiro Triplo, Tríplice Terço
Quatro Quarto Quádruplo Quarto
Cinco Quinto Quíntuplo Quinto
Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
Sete Sétimo Sétuplo Sétimo
Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
Nove Nono Nônuplo Nono
Dez Décimo Décuplo Décimo
Onze Décimo Primeiro - Onze Avos
Doze Décimo Segundo - Doze Avos
Treze Décimo Terceiro - Treze Avos
Catorze Décimo Quarto - Catorze Avos
Quinze Décimo Quinto - Quinze Avos
Dezesseis Décimo Sexto - Dezesseis Avos
Dezessete Décimo Sétimo - Dezessete Avos
Dezoito Décimo Oitavo - Dezoito Avos
Dezenove Décimo Nono - Dezenove Avos
Vinte Vigésimo - Vinte Avos
Trinta Trigésimo - Trinta Avos
Quarenta Quadragésimo - Quarenta Avos
Cinqüenta Quinquagésimo - Cinquenta Avos
Sessenta Sexagésimo - Sessenta Avos
Setenta Septuagésimo - Setenta Avos
Oitenta Octogésimo - Oitenta Avos
Noventa Nonagésimo - Noventa Avos
Cem Centésimo Cêntuplo Centésimo
Duzentos Ducentésimo - Ducentésimo
Trezentos Trecentésimo - Trecentésimo
Quatrocentos Quadringentésimo - Quadringentésimo
Quinhentos Quingentésimo - Quingentésimo
Seiscentos Sexcentésimo - Sexcentésimo
Setecentos Septingentésimo Septingentésimo
Oitocentos Octingentésimo Octingentésimo
Nongentésimo ou
Novecentos Nongentésimo
Noningentésimo
Mil Milésimo Milésimo
LÍNGUA PORTUGUESA

Milhão Milionésimo Milionésimo


Milhão Bilionésimo Bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.

27
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.
SITE Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ artigo; o segundo, preposição.
secoes/morf/morf40.php>
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
7. PREPOSIÇÃO lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
apostila. = Nós a trouxemos.
Preposição é uma palavra invariável que serve para
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
normalmente há uma subordinação do segundo termo por meio das preposições:
em relação ao primeiro. As preposições são muito
importantes na estrutura da língua, pois estabelecem Destino = Irei a Salvador.
a coesão textual e possuem valores semânticos Modo = Saiu aos prantos.
indispensáveis para a compreensão do texto. Lugar = Sempre a seu lado.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tipos de Preposição Tempo = Chegarei em instantes.
Causa = Chorei de saudade.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Fim ou finalidade = Vim para ficar.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Instrumento = Escreveu a lápis.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Posse = Vi as roupas da mamãe.
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Autoria = livro de Machado de Assis
com. Companhia = Estarei com ele amanhã.
Matéria = copo de cristal.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes
Meio = passeio de barco.
gramaticais que podem atuar como preposições,
Origem = Nós somos do Nordeste.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria:
Conteúdo = frascos de perfume.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segun-
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
do, senão, visto.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
lendo como uma preposição, sendo que a última
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de, locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, prepositiva por trás de.
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
cima de, por trás de. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + – São Paulo: Saraiva, 2010.
a = pela. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Essa concordância não é característica da preposição, literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com SITE
outra palavra pode se dar a partir dos processos de: Disponível em: <http://www.infoescola.com/
• Combinação: união da preposição “a” com o artigo portugues/preposicao/>
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos.
Os vocábulos não sofrem alteração. 8. PRONOME
• Contração: união de uma preposição com outra pa-
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fone- Pronome é a palavra variável que substitui ou
ma: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, de acompanha um substantivo (nome), qualificando-o de
+ aquele = daquele, em + isso = nisso. alguma forma.
• Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- O homem julga que é superior à natureza, por isso o
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal homem destrói a natureza...
do pronome “aquilo”). Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
LÍNGUA PORTUGUESA

superior à natureza, por isso ele a destrói...


O “a” pode funcionar como preposição, pronome Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” termos (homem e natureza).
seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
para determiná-lo como um substantivo singular e Grande parte dos pronomes não possuem significados
feminino: A matéria que estudei é fácil! fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar

28
a referência exata daquilo que está sendo colocado até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem
por meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na
exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os língua formal, devem ser usados os pronomes oblíquos
demais pronomes têm por função principal apontar para correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”,
as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- “Trouxeram-me até aqui”.
lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
dessa característica, os pronomes apresentam uma forma Frequentemente observamos a omissão do pronome
específica para cada pessoa do discurso. reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. formas verbais marcam, através de suas desinências, as
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? boa viagem. (Nós)
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
fala]
B) Pronome Oblíquo
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
sentença, exerce a função de complemento verbal
se fala]
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores.
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras (objeto indireto)
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência Observação:
através do pronome seja coerente em termos de gênero O pronome oblíquo é uma forma variante do
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. a função diversa que eles desempenham na oração:
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da pronome reto marca o sujeito da oração; pronome
nossa escola neste ano. oblíquo marca o complemento da oração. Os pronomes
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância oblíquos sofrem variação de acordo com a acentuação
adequada] tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
[neste: pronome que determina “ano” = concordância
adequada] B.1 Pronome Oblíquo Átono
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = São chamados átonos os pronomes oblíquos que
concordância inadequada] não são precedidos de preposição. Possuem acentuação
tônica fraca: Ele me deu um presente.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, Lista dos pronomes oblíquos átonos
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. 1.ª pessoa do singular (eu): me
2.ª pessoa do singular (tu): te
Pronomes Pessoais 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
1.ª pessoa do plural (nós): nos
São aqueles que substituem os substantivos, 2.ª pessoa do plural (vós): vos
indicando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer FIQUE ATENTO!
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes o, os, a, as assumem formas
Os pronomes pessoais variam de acordo com as
especiais depois de certas terminações
funções que exercem nas orações, podendo ser do caso
reto ou do caso oblíquo. verbais:

A) Pronome Reto 1. Quando o verbo termina em -z, -s ou


Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, -r, o pronome assume a forma lo, los, la
exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores. ou las, ao mesmo tempo que a terminação
Os pronomes retos apresentam flexão de número, verbal é suprimida. Por exemplo:
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa fiz + o = fi-lo
última a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do fazeis + o = fazei-lo
discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é dizer + a = dizê-la
assim configurado:
1.ª pessoa do singular: eu 2. Quando o verbo termina em som nasal,
o pronome assume as formas no, nos, na,
LÍNGUA PORTUGUESA

2.ª pessoa do singular: tu


3.ª pessoa do singular: ele, ela nas. Por exemplo:
1.ª pessoa do plural: nós viram + o: viram-no
2.ª pessoa do plural: vós repõe + os = repõe-nos
3.ª pessoa do plural: eles, elas retém + a: retém-na
Esses pronomes não costumam ser usados como tem + as = tem-nas
complementos verbais na língua-padrão. Frases como
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu

29
B.2 Pronome Oblíquo Tônico B.3 Pronome Reflexivo
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre São pronomes pessoais oblíquos que, embora
precedidos por preposições, em geral as preposições a, funcionem como objetos direto ou indireto, referem-
para, de e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e
exercem a função de objeto indireto da oração. Possuem recebe a ação expressa pelo verbo.
acentuação tônica forte.
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: Lista dos pronomes reflexivos:
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo lembro disso.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo =
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Guilherme já se preparou.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.
Observe que as únicas formas próprias do pronome
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
caso reto. com esta conquista.
As preposições essenciais introduzem sempre 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
do caso reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o
uso da língua formal, os pronomes costumam ser usados
desta forma: #FicaDica
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. O pronome é reflexivo quando se refere
Não há nenhuma acusação contra mim. à mesma pessoa do pronome subjetivo
Não vá sem mim. (sujeito): Eu me arrumei e saí.
É pronome recíproco quando indica
Há construções em que a preposição, apesar de reciprocidade de ação: Nós nos amamos. /
surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir Olhamo-nos calados.
uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, O “se” pode ser usado como palavra
o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um expletiva ou partícula de realce, sem ser
pronome, deverá ser do caso reto. rigorosamente necessária e sem função
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. sintática: Os exploradores riam-se de suas
Não vá sem eu mandar. tentativas. / Será que eles se foram?

A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”


está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”. C) Pronomes de Tratamento
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil São pronomes utilizados no tratamento formal,
para mim! cerimonioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor
(portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na
A combinação da preposição “com” e alguns terceira pessoa. Alguns exemplos:
pronomes originou as formas especiais comigo, contigo, Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
consigo, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
tônicos frequentemente exercem a função de adjunto Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e
adverbial de companhia: Ele carregava o documento religiosos em geral
consigo. Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: professores de curso superior, ministros de Estado
Ela veio até mim, mas nada falou. e de Tribunais, governadores, secretários de Estado,
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de presidente da República (sempre por extenso)
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de
prova, até eu! (= inclusive eu) universidades
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
LÍNGUA PORTUGUESA

por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários
são reforçados por palavras como outros, mesmos, de igual categoria
próprios, todos, ambos ou algum numeral. Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
Você terá de viajar com nós todos. de direito
Estávamos com vós outros quando chegaram as más Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
notícias. cerimonioso
Ele disse que iria com nós três. Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus

30
Também são pronomes de tratamento o senhor, Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” singular)
são empregados no tratamento cerimonioso; “você”
e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são Número Pessoa Pronome
largamente empregados no português do Brasil; em
algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em Singular Primeira Meu(s), minha(s)
outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito Singular Segunda Teu(s), tua(s)
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
Singular Terceira Seu(s), sua(s)
Observações: Plural Primeira Nosso(s), nossa(s)
Plural Segunda Vosso(s), vossa(s)
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Plural Terceira Seu(s), sua(s)
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
dos em relação à pessoa com quem falamos: Es-
pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este Note que:
encontro. A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
a que se refere; o gênero e o número concordam com o
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram naquele momento difícil.
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli-
ca, agiu com propriedade. Observações:

3. Os pronomes de tratamento representam uma for- 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo- tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex- obrigado, seu José.
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à
excelência que esse deputado supostamente tem 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
para poder ocupar o cargo que ocupa. posse. Podem ter outros empregos, como:
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita anos.
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
possessivos e os pronomes oblíquos empregados lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
reconhecidos. celência trouxe sua mensagem?

5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-


ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhida livros e anotações.
inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos
a chamar alguém de “você”, não poderemos usar 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
terceira pessoa. seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)

Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
teus cabelos. (errado) prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
para que não ocorra redundância: Coloque tudo
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos nos respectivos lugares.
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Pronomes Demonstrativos
ou
São utilizados para explicitar a posição de certa
palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos


teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.

Pronomes Possessivos A) Em relação ao espaço:


Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical pessoa que fala:
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo Este material é meu.
(coisa possuída).

31
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
pessoa com quem se fala: Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
Esse material em sua carteira é seu? indiquei.)

Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está • mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s):
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com variam em gênero quando têm caráter reforçativo:
quem se fala: Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
Aquele material não é nosso. Eu mesma refiz os exercícios.
Vejam aquele prédio! Elas mesmas fizeram isso.
Eles próprios cozinharam.
B) Em relação ao tempo: Os próprios alunos resolveram o problema.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
relação à pessoa que fala: • semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
Esta manhã farei a prova do concurso!
• tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado,
porém relativamente próximo à época em que se situa 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
a pessoa que fala: eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um à mencionada em primeiro lugar.
afastamento no tempo, referido de modo vago ou como 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
tempo remoto: irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Naquele tempo, os professores eram valorizados. 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se falará
deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
ou escreverá):
que estava vendo. (no = naquilo)
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se
Pronomes Indefinidos
falará:
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática,
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso,
ortografia, concordância.
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende quantidade indeterminada.
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais plantadas.
desejamos!
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
Este e aquele são empregados quando se quer fazer de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser
termo referido em primeiro lugar e este para o referido humano que seguramente existe, mas cuja identidade é
por último: desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:

Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o


Paulo; este está mais bem colocado que aquele. (= este lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres
[São Paulo], aquele [Palmeiras]) na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
ou beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda?
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Quem avisa amigo é.
Paulo; aquele está mais bem colocado que este. (= este
[São Paulo], aquele [Palmeiras]) B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
invariáveis, observe: certa(s).
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), Cada povo tem seus costumes.
Certas pessoas exercem várias profissões.
LÍNGUA PORTUGUESA

aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Note que:
Também aparecem como pronomes demonstrativos: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora
pronomes indefinidos adjetivos:
• o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito,
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), muitos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum,
aquilo. nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),

32
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, Note que:
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
vários, várias. sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
Menos palavras e mais ações. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
Alguns se contentam pouco. seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
variáveis e invariáveis. Observe: a qual)
• Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, quais)
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, as quais)
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
• Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
algo, cada.
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo (que podem ter várias classificações) são pronomes
querer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra relativos. Todos eles são usados com referência à
cujo plural é feito em seu interior). pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de
determinadas preposições: Regressando de São Paulo,
Todo e toda no singular e junto de artigo significa visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado.
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: O uso de “que”, neste caso, geraria ambiguidade. Veja:
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) me deixou encantado (quem me deixou encantado: o
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) sítio ou minha tia?).
Trabalho todo dia. (= todos os dias) Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, utiliza-se o qual / a qual)
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
ou outra, etc. O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda
Cada um escolheu o vinho desejado. com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o
consequente (o ser possuído, com o qual concorda
Pronomes Relativos em gênero e número); não se usa artigo depois deste
São aqueles que representam nomes já mencionados pronome; “cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais,
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem das quais.
as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Existem pessoas cujas ações são nobres.
um grupo racial sobre outros. (antecedente) (consequente)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre
outros = oração subordinada adjetiva).
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do
pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui!
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
(referiu-se a)
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o “Quanto” é pronome relativo quando tem por
pronome demonstrativo o, a, os, as. antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações)
Não sei o que você está querendo dizer. e tudo:
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
expresso. Emprestei tantos quantos foram necessários.
Quem casa, quer casa. (antecedente)

Ele fez tudo quanto havia falado.


LÍNGUA PORTUGUESA

Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os (antecedente)
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas. O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. precedido de preposição.
É um professor a quem muito devemos.
(preposição)

33
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui que eu estava fazendo.
antecedente e só pode ser utilizado na indicação de B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
lugar: A casa onde morava foi assaltada. mim o que eu estava fazendo.

Na indicação de tempo, deve-se empregar quando REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
morávamos no exterior. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Podem ser utilizadas como pronomes relativos as Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
palavras: – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
• como (= pelo qual) – desde que precedida das literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
palavras modo, maneira ou forma: CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Não me parece correto o modo como você agiu semana Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
passada. Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
• quando (= em que) – desde que tenha como
antecedente um nome que dê ideia de tempo: SITE
Bons eram os tempos quando podíamos jogar Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
videogame. secoes/morf/morf42.php>

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações Colocação Pronominal


numa só frase.
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
esporte. pronomes oblíquos átonos na frase.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode #FicaDica


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
gente que conversava, (que) ria, observava. Pronome Oblíquo é aquele que exerce a
função de complemento verbal (objeto). Por
Pronomes Interrogativos isso, memorize:
São usados na formulação de perguntas, sejam OBlíquo = OBjeto!
elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes
indefinidos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo
impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual Embora na linguagem falada a colocação dos
(e variações), quanto (e variações). pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas
Com quem andas? normas devem ser observadas na linguagem escrita.
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és. Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada:
O pronome pessoal é do caso reto quando tem
função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso • Quando o verbo estiver precedido de palavras que
oblíquo quando desempenha função de complemento. atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia jamais, etc.: Não se desespere!
lhe ajudar. B) Advérbios: Agora se negam a depor.
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” quem tudo!
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce esforçou.
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. nidade.
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
LÍNGUA PORTUGUESA

para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não


sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe). • Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
lhe disse isso?
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou • Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, se ofendem!
diferentemente dos segundos, que são sempre • Orações que exprimem desejo (orações optativas):
precedidos de preposição. Que Deus o ajude.
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o

34
• A próclise é obrigatória quando se utiliza o prono- Chame-o agora.
me reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o Deixei-a mais tranquila.
material amanhã. / Tu sabes cantar?
• Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
verbo. A mesóclise é usada: (Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou • Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em,
futuro do pretérito, contanto que esses verbos não ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para
estejam precedidos de palavras que exijam a próclise. no, na, nos, nas.
Exemplos: Realizar-se-á, na próxima semana, um grande Chamem-no agora.
evento em prol da paz no mundo. Põe-na sobre a mesa.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo
“realizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração
alguma palavra que justificasse o uso da próclise, esta #FicaDica
prevaleceria. Veja: Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que
nessa viagem. significa “antes”! Pronome antes do verbo!
(com presença de palavra que justifique o uso de Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/
próclise: Não fossem os meus compromissos, EU te (end, em Inglês – que significa “fim, final!).
acompanharia nessa viagem). Pronome depois do verbo!
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. verbo
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
• Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Quando eu avisar, silenciem-se todos. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
• Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
era minha intenção machucá-la. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se Cochar - Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
inicia período com pronome oblíquo). – São Paulo: Saraiva, 2010.
Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h. SITE
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/
• Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo gramatica/colocacao-pronominal-.html>
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
• Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro- 9. SUBSTANTIVO
posta fazendo-se de desentendida.
Substantivo é a classe gramatical de palavras
Colocação pronominal nas locuções verbais variáveis, as quais denominam todos os seres que existem,
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
• Após verbo no particípio = pronome depois do fenômenos, os substantivos também nomeiam:
verbo auxiliar (e não depois do particípio): • lugares: Alemanha, Portugal
Tenho me deliciado com a leitura! • sentimentos: amor, saudade
Eu tenho me deliciado com a leitura! • estados: alegria, tristeza
Eu me tenho deliciado com a leitura! • qualidades: honestidade, sinceridade
• ações: corrida, pescaria
• Não convém usar hífen nos tempos compostos e
nas locuções verbais: Morfossintaxe do substantivo
Vamos nos unir!
Iremos nos manifestar. Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
• Quando há um fator para próclise nos tempos do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
LÍNGUA PORTUGUESA

do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
Não vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto
preocupar”). ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais
Emprego de o, a, os, as e de adjuntos adverbiais - quando essas funções são
desempenhadas por grupos de palavras.
• Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os
pronomes: o, a, os, as não se alteram.

35
Classificação dos Substantivos se duas palavras no plural. No terceiro, empregou-se
um substantivo no singular (enxame) para designar um
A) Substantivos Comuns e Próprios conjunto de seres da mesma espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Observe a definição: Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
mesmo estando no singular, designa um conjunto de
Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas seres da mesma espécie.
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma Substantivo coletivo Conjunto de:
cidade (em oposição aos bairros).
assembleia pessoas reunidas
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas alcateia lobos
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será
acervo livros
chamada cidade. Isso significa que a palavra cidade é um
substantivo comum. trechos literários
antologia
selecionados
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de arquipélago ilhas
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
banda músicos
homem, mulher, país, cachorro.
Estamos voando para Barcelona. desordeiros ou
bando
malfeitores
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da banca examinadores
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de batalhão soldados
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
B) Substantivos Concretos e Abstratos
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa cacho frutas
o ser que existe, independentemente de outros cancioneiro canções, poesias líricas
seres. colmeia abelhas
Observação: concílio bispos
Os substantivos concretos designam seres do mundo congresso parlamentares, cientistas
real e do mundo imaginário. atores de uma peça ou
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, elenco
filme
Brasília.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, esquadra navios de guerra
fantasma. enxoval roupas
falange soldados, anjos
B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres
que dependem de outros para se manifestarem ou fauna animais de uma região
existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si feixe lenha, capim
só, não pode ser observada. Só podemos observar
flora vegetais de uma região
a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela. A
beleza depende de outro ser para se manifestar. frota navios mercantes, ônibus
Portanto, a palavra beleza é um substantivo girândola fogos de artifício
abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, horda bandidos, invasores
qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais médicos, bois, credores,
junta
podem ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: examinadores
vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade júri jurados
(sentimento).
legião soldados, anjos, demônios
• Substantivos Coletivos leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
LÍNGUA PORTUGUESA

malfeitores ou
outra abelha, mais outra abelha. malta
desordeiros
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. manada búfalos, bois, elefantes,
matilha cães de raça
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi
molho chaves, verduras
necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra
abelha, mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram- multidão pessoas em geral

36
insetos (gafanhotos, Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
nuvem feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
mosquitos, etc.)
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja
penca bananas, chaves estes títulos de filmes:
pinacoteca pinturas, quadros O velho e o mar
Um Natal inesquecível
quadrilha ladrões, bandidos
Os reis da praia
ramalhete flores
rebanho ovelhas Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
peças teatrais, obras A história sem fim
repertório
musicais Uma cidade sem passado
réstia alhos ou cebolas As tartarugas ninjas
romanceiro poesias narrativas
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
revoada pássaros
sínodo párocos 1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
talha lenha mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
tropa muares, soldados 2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
turma estudantes, trabalhadores forma, que serve tanto para o masculino quanto
para o feminino. Classificam-se em:
vara porcos
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
Formação dos Substantivos se faz mediante a utilização das palavras “macho”
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
A) Substantivos Simples e Compostos macho e o jacaré fêmea.
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes
terra. a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste-
O substantivo chuva é formado por um único munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in-
elemento ou radical. É um substantivo simples. divíduo.
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
único elemento. colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja a artista.
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois
elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivos de origem grega terminados em ema
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
sintoma, o teorema.
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-
flor, passatempo.
• Existem certos substantivos que, variando de gênero,
B) Substantivos Primitivos e Derivados variam em seu significado:
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
de nenhuma outra palavra da própria língua (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro)
portuguesa. O substantivo limoeiro, por exemplo, é e a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma
derivado, pois se originou a partir da palavra limão. (cabeleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina aumento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética;
de outra palavra. conclusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).
Flexão dos substantivos
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
O substantivo é uma classe variável. A palavra é
variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino, Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
por exemplo, pode sofrer variações para indicar: - aluna.
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: • Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
LÍNGUA PORTUGUESA

meninão / Diminutivo: menininho ao masculino: freguês - freguesa


• Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
A) Flexão de Gênero de três formas:
Gênero é um princípio puramente linguístico, não 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
devendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
respeito a todos os substantivos de nossa língua, quer se 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
refiram a seres animais providos de sexo, quer designem Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
apenas “coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. sultana

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• Substantivos terminados em -or: A palavra personagem é usada indistintamente
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora nos dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-
troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz se acentuada preferência pelo masculino: O menino
descobriu nas nuvens os personagens dos contos de
• Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: carochinha.
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino:
- poetisa / duque - duquesa / conde - condessa / O problema está nas mulheres de mais idade, que não
profeta - profetisa aceitam a personagem.
• Substantivos que formam o feminino trocando o -e
final por -a: elefante - elefanta Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
• Substantivos que têm radicais diferentes no fotográfico Ana Belmonte.
masculino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
• Substantivos que formam o feminino de maneira Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras (pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
anteriores: czar – czarina, réu - ré maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o
proclama, o pernoite, o púbis.
Formação do Feminino dos Substantivos
Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
Epicenos: libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
São geralmente masculinos os substantivos de origem
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma,
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
forma para indicar o masculino e o feminino.
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
tracoma, o hematoma.
para designar os dois sexos. Esses substantivos são
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exceções,
palavras macho e fêmea.
nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Preto. /
A cobra macho picou o marinheiro.
A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Alegre. / Uma
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza. Gênero e Significação
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo Muitos substantivos têm uma significação no
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse masculino e outra no feminino. Observe:
caso, nem o artigo nem um possível adjetivo permitem o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
identificar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
A criança chorona chamava-se João. frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão),
A criança chorona chamava-se Maria. a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do
Outros substantivos sobrecomuns: corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta),
boa criatura. a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
Marcela faleceu (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
Comuns de Dois Gêneros: na administração da crisma e de outros sacramentos),
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. a crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco),
a cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? estepe (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma guia outras), a guia (documento, pena grande das asas
LÍNGUA PORTUGUESA

vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. das aves), o grama (unidade de peso), a grama (relva),
A distinção de gênero pode ser feita através da o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor
análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de
substantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
repórter francês - repórter francesa nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o

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pala (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, Plural dos Substantivos Compostos
anteparo), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora),
o voga (remador), a voga (moda). A formação do plural dos substantivos compostos
depende da forma como são grafados, do tipo de
B) Flexão de Número do Substantivo palavras que formam o composto e da relação que
Em português, há dois números gramaticais: o estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem
singular, que indica um ser ou um grupo de seres, e o hífen comportam-se como os substantivos simples:
plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/
característica do plural é o “s” final. pontapés, malmequer/malmequeres.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
Plural dos Substantivos Simples são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – A) Flexionam-se os dois elementos, quando
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). formados de:
Exceção: cânon - cânones. substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural perfeitos
em “ns”: homem - homens. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural homens
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

Atenção: B) Flexiona-se somente o segundo elemento,


O plural de caráter é caracteres. quando formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam- palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; alto-falantes
caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
cônsul e cônsules. recos
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras: C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis quando formados de:
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
Observação: substantivo + preposição oculta + substantivo =
A palavra réptil pode formar seu plural de duas cavalo-vapor e cavalos-vapor
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). substantivo + substantivo que funciona como
determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de o tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
duas maneiras: bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã,
1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o peixe-espada - peixes-espada.
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
invariáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural saca-rolhas
de três maneiras.
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações Casos Especiais
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o louva-a-deus e os louva-a-deus
Observação: o bem-te-vi e os bem-te-vis
Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam o bem-me-quer e os bem-me-queres
dois – e até três – plurais:
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião –
LÍNGUA PORTUGUESA

anciões/anciães/anciãos
charlatão – charlatões/charlatães corrimão – Plural das Palavras Substantivadas
corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/ As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
vilões/vilães classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
O aluno errou na prova dos noves.
o látex - os látex.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.

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Observação: Singular Plural
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos Corpo (ô) Corpos (ó)
seis e alguns dez. Esforço Esforços
Fogo Fogos
Plural dos Diminutivos
Forno Fornos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” Fosso Fossos
final e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
Imposto Impostos
Olho Olhos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
Osso (ô) Ossos (ó)
animai(s) + zinhos = animaizinhos
Ovo Ovos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
Poço Poços
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
Porto Portos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
Posto Postos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
Tijolo Tijolos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
flore(s) + zinhas = florezinhas Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
mão(s) + zinhas = mãozinhas esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
Observação:
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
funi(s) + zinhos = funizinhos molho (ó) = feixe (molho de lenha).
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
pai(s) + zinhos = paizinhos norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
pé(s) + zinhos = pezinhos Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
pé(s) + zitos = pezitos Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
Plural dos Nomes Próprios Personativos bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas com sentido de plural: Aqui morreu muito negro.
sempre que a terminação preste-se à flexão. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Os Napoleões também são derrotados. improvisadas.
As Raquéis e Esteres.
C) Flexão de Grau do Substantivo
Plural dos Substantivos Estrangeiros Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres.
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” Classifica-se em:
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside-
shorts, os jazz. rado normal. Por exemplo: casa
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os nho do ser. Classifica-se em:
chopes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os Analítico = o substantivo é acompanhado de um
garçons, os réquiens. adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Observe o exemplo: Este jogador faz gols toda vez que Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo
joga. indicador de aumento. Por exemplo: casarão.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
Plural com Mudança de Timbre
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do ser. Pode ser:


Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
Certos substantivos formam o plural com mudança que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). indicador de diminuição. Por exemplo: casinha.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza dos verbos com o conceito de acentuação tônica,
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. percebemos com facilidade que nas formas rizotônicas o
– São Paulo: Saraiva, 2010. acento tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam,
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, amo, por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira tônico não cai no radical, mas sim na terminação verbal
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – (fora do radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
São Paulo: Saraiva, 2002.
Classificação dos Verbos
SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ Classificam-se em:
secoes/morf/morf12.php>
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical
10. VERBO inalterado durante a conjugação e desinências
idênticas às de todos os verbos regulares da
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número, mesma conjugação. Por exemplo: comparemos os
tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o verbos “cantar” e “falar”, conjugados no presente
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo do Modo Indicativo:
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno Canto Falo
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
Cantas Falas
Estrutura das Formas Verbais Canta Falas
Cantamos Falamos
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
os seguintes elementos: Cantais Falais

A) Radical: é a parte invariável, que expressa o


significado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; #FicaDica
fal-ava; fal-am. (radical fal-)
Observe que, retirando os radicais, as
desinências modo-temporal e número-
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
pessoal mantiveram-se idênticas. Tente fazer
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
com outro verbo e perceberá que se repetirá
exemplo: fala-r. São três as conjugações:
o fato (desde que o verbo seja da primeira
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
conjugação e regular!). Faça com o verbo
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
“andar”, por exemplo. Substitua o radical
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que
andar). Viu? Fácil!
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que alterações no radical ou nas desinências: faço, fiz,
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o farei, fizesse.
número (singular ou plural):
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam Observação:
(indica a 3.ª pessoa do plural.) Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais
FIQUE ATENTO! alterações não caracterizam irregularidade, porque o
O verbo pôr, assim como seus derivados fonema permanece inalterado.
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª
conjugação, pois a forma arcaica do verbo C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
LÍNGUA PORTUGUESA

pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver jugação completa. Os principais são adequar, pre-
desaparecido do infinitivo, revela-se em caver, computar, reaver, abolir, falir.
algumas formas do verbo: põe, pões, D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito
põem, etc. e, normalmente, são usados na terceira pessoa do
singular. Os principais verbos impessoais são:

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1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
realizar-se ou fazer (em orações temporais). É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Existiam) • Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo,
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) seguidos da conjunção que.
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão) Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz) à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo) vejo. (Sujeito: que não a vejo)
Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci. F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou
Estava frio naquele dia. mais formas equivalentes, geralmente no particípio,
em que, além das formas regulares terminadas em
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, (particípio irregular).
trovejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado
se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular
“amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo é empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser,
impessoal, empregado em sentido figurado, deixa ficar e estar. Observe:
de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
conjugação completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu) Particípio Particípio
Infinitivo
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) Regular Irregular
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu) Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
tempo: Já passa das seis. Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
“de”, indicando suficiência: Corrigir Corrigido Correto
Basta de tolices. Dispersar Dispersado Disperso
Chega de promessas.
Eleger Elegido Eleito
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Envolver Envolvido Envolto
Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem Imprimir Imprimido Impresso
referência a sujeito expresso anteriormente (por
exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, Inserir Inserido Inserto
classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, Limpar Limpado Limpo
tais verbos, pessoais. Matar Matado Morto
7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente Misturar Misturado Misto
de “ser possível”. Por exemplo: Morrer Morrido Morto
Não deu para chegar mais cedo.
Murchar Murchado Murcho
Dá para me arrumar uma apostila?
Pegar Pegado Pego
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, Romper Rompido Roto
conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do
singular e do plural. São unipessoais os verbos Soltar Soltado Solto
constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os Suspender Suspendido Suspenso
que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar, Tingir Tingido Tinto
miar, latir, piar).
Vagar Vagado Vago
Os verbos unipessoais podem ser usados como
verbos pessoais na linguagem figurada: Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o
Teu irmão amadureceu bastante. particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
O que é que aquela garota está cacarejando? dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Principais verbos unipessoais: G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um


radical em sua conjugação. Existem apenas dois:
• Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (sou, sois, fui) e ir (fui, ia, vades).
ser (preciso, necessário):
Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação
bastante) dos tempos compostos e das locuções verbais. O

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verbo principal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo
auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Pret. mais-que- Fut. do


Presente Pret. Perfeito Pret. Imp. Fut.do Pres.
perf. Pretérito
Sou Fui Era Fora Serei Seria
És Foste Eras Foras Serás Serias
É Foi Era Fora Será Seria
Somos Fomos Éramos Fôramos Seremos Seríamos
Sois Fostes Éreis Fôreis Sereis Seríeis
São Foram Eram Foram Serão Seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


LÍNGUA PORTUGUESA

ser ser eu sendo sido


seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

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ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres Fut.do Preté
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR Modo Subjuntivo – Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
LÍNGUA PORTUGUESA

hajas houvesses houveres há hajas


haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

44
HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

• Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a
reflexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de
reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e
respectivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

• Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre
ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com
LÍNGUA PORTUGUESA

os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.

45
Há verbos que também são acompanhados Quando o gerúndio é vício de linguagem
de pronomes oblíquos átonos, mas que não são (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do
essencialmente pronominais - são os verbos reflexivos. gerúndio:
Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se 1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando
encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem futebol.
funções sintáticas. Por exemplo: 2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me
(objeto direto) – 1.ª pessoa do singular Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada,
pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no
Modos Verbais momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que
a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção
pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. “verificarei” ou “vou verificar”.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu C) Particípio: quando não é empregado na formação
estudo para o concurso. dos tempos compostos, o particípio indica,
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: geralmente, o resultado de uma ação terminada,
Talvez eu estude amanhã. flexionando-se em gênero, número e grau. Por
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: exemplo: Terminados os exames, os candidatos
Estude, colega! saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem
Formas Nominais nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda pela turma.
formas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de
modo vago e indefinido, podendo ter valor e
função de substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta) (Ziraldo)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
Tempos Verbais
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por Tomando-se como referência o momento em que
exemplo: se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em
É preciso ler este livro. diversos tempos.
Era preciso ter lido este livro.
A) Tempos do Modo Indicativo
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do colégio.
singular, não apresenta desinências, assumindo a Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona- num momento anterior ao atual, mas que não foi
se da seguinte maneira: completamente terminado: Ele estudava as lições quando
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu) foi interrompido.
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós) Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) num momento anterior ao atual e que foi totalmente
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) terminado: Ele estudou as lições ontem à noite.
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato
ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara
B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
adjetivo ou advérbio. Por exemplo: Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
LÍNGUA PORTUGUESA

advérbio) atual: Ele estudará as lições amanhã.


Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo) Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
ocorrer posteriormente a um determinado fato passado:
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação Se ele pudesse, estudaria um pouco mais.
em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

46
B) Tempos do Modo Subjuntivo
Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
No próximo final de semana, faço a prova!
faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

3.ª conjugação
1.ª conjugação 2.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S


cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

47
Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

Desinên. Pessoal Des. tem


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.poral
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
LÍNGUA PORTUGUESA

cantE vendA partA E A Ø


cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

48
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Imperativo Presente do


Indicativo Afirmativo Subjuntivo
Eu canto - Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
LÍNGUA PORTUGUESA

Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

49
Imperativo Negativo Vozes do Verbo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
a negação às formas do presente do subjuntivo. ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
as vozes verbais:
Que eu cante -
Que tu cantes Não cantes tu A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
ação expressa pelo verbo:
Que ele cante Não cante você
Ele fez o trabalho.
Que nós cantemos Não cantemos nós sujeito agente ação objeto (paciente)
Que vós canteis Não canteis vós
B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo
Que eles cantem Não cantem eles a ação expressa pelo verbo:
O trabalho foi feito por ele.
• No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª sujeito paciente ação agente da passiva
pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois
uma ordem, pedido ou conselho só se aplicam C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
razão, utiliza-se você/vocês. O menino feriu-se.
• O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente:
sê (tu), sede (vós).
#FicaDica
Infinitivo Pessoal
Não confundir o emprego reflexivo do verbo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
CANTAR VENDER PARTIR
Nós nos amamos. (um ama o outro)
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
Formação da Voz Passiva
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS A voz passiva pode ser formada por dois processos:
cantarDES venderDES partirDES analítico e sintético.
cantarEM venderEM partirEM A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte
maneira:
• O verbo parecer admite duas construções: Verbo SER + particípio do verbo principal. Por
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução exemplo:
verbal) A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos:
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito os alunos pintarão a escola)
oracional, correspondendo à construção: parece gostarem O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)
de você).
Observações:
• O verbo pegar possui dois particípios (regular e
irregular): • O agente da passiva geralmente é acompanhado
Elvis tinha pegado minhas apostilas. da preposição por, mas pode ocorrer a construção
Minhas apostilas foram pegas. com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cer-
cada de soldados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa • Pode acontecer de o agente da passiva não estar
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
LÍNGUA PORTUGUESA

• A variação temporal é indicada pelo verbo auxi-


– São Paulo: Saraiva, 2010. liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras: transformação das frases seguintes:
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
SITE O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito
Disponível em: http://www.soportugues.com.br/ perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da
secoes/morf/morf54.php voz ativa)

50
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
indicativo)
SITE
Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) secoes/morf/morf54.php>

• Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as-


sume o mesmo tempo e modo do verbo principal
da voz ativa. Observe a transformação da frase se- EXERCÍCIOS COMENTADOS
guinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) 1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
CESGRANRIO-2018)
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética -
O ano da esperança
ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª
pessoa, seguido do pronome apassivador “se”. Por
exemplo: O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos
Abriram-se as inscrições para o concurso. desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás
Destruiu-se o velho prédio da escola. do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações
de amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o
Observação: dinheiro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava,
O agente não costuma vir expresso na voz passiva com a consciência de que era uma doação. A situação
sintética. foi piorando. Os argumentos também. No início era para
pagar a escola do filho. Depois vieram as mães e avós
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva doentes. Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso.
Ajudava um rapaz, que não conheço pessoalmente.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar Mas que sofreu um acidente e não tinha como pagar a
substancialmente o sentido da frase. fisioterapia. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas
internações, remédios. A situação piorando, eu já estava
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) encomendando missa de sétimo dia. Falei com um amigo
Sujeito da Ativa objeto Direto médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso
gratuitamente. Surpresa! O doente não aparecia para
A apostila foi comprada pelo concurseiro. a consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se
(Voz Passiva) consultava ou eu não ajudava mais.
Sujeito da Passiva Agente da Passiva Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo emprego após o suposto acidente. Foi por isso que me
tempo. deixei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde
Os mestres têm constantemente aconselhado os
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As
alunos.
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a
Os alunos têm sido constantemente aconselhados
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar.
pelos mestres.
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos
Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim. aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão surgir.
Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: consciência para votar. Como? Num mundo em que as
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva, cada história a meu respeito que nem sei o que dizer.
porque o sujeito não pode ser visto como agente, Já inventaram casos de amor, tramas nas novelas que
escrevo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por
LÍNGUA PORTUGUESA

paciente ou agente paciente.


que isso ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS a trama. Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa mentira da internet.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Duvidam. Acham que estou mentindo.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017, p.97.
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. Adaptado.
– São Paulo: Saraiva, 2010.

51
No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo”, a colocação a) impregna a vida cotidiana / impregna-a;
do pronome átono em destaque está de acordo com a b) entender os debates / entendê-los;
norma-padrão da língua portuguesa. O mesmo ocorre c) ganha destaque / ganha-o;
em: d) supõe um conhecimento / supõe-lo;
e) marcaram sua história / marcaram-na.
a) Não se perde nem o dinheiro nem o amigo.
b) Perderia-se o dinheiro e o amigo. Resposta: Letra D
c) O dinheiro e o amigo tinham perdido-se. Em “a”: impregna a vida cotidiana / impregna-a =
d) Se perdeu o dinheiro, mas não o amigo. correta
e) Se o amigo que perdeu-se voltasse, ficaria feliz. Em “b”: entender os debates / entendê-los = correta
Em “c”: ganha destaque / ganha-o = correta
Resposta: Letra A Em “d”: supõe um conhecimento / supõe-lo = supõe-
Em “a”: Não se perde = correta (advérbio atrai o no
pronome = próclise) Em “e”: marcaram sua história / marcaram-na = correta
Em “b”: Perderia-se = verbo no futuro do pretérito:
perder-se-ia (mesóclise) 4. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
Em “c”: O dinheiro e o amigo tinham perdido-se = VUNESP-2014) Considerando-se o uso do pronome e
tinham se perdido a colocação pronominal, a expressão em destaque no
Em “d”: Se perdeu = não se inicia período com trecho – ... que cercam o sentido da existência humana...
pronome oblíquo/partícula apassivadora (Perdeu-se) – está corretamente substituída pelo pronome, de
Em “e”: Se o amigo que perdeu-se = o “que” atrai o acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, na
pronome (próclise): que se perdeu alternativa:

a) ... que cercam-lo...


2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR –
b) ... que cercam-no...
CESGRANRIO-2018) Segundo as exigências da norma-
c)... que o cercam...
padrão da língua portuguesa, o pronome destacado foi
d) ... que lhe cercam...
utilizado na posição correta em:
e) ... que cercam-lhe...
a) Os jornais noticiaram que alguns países mobilizam-se
Resposta: Letra C
para combater a disseminação de notícias falsas nas Correções à frente:
redes sociais. Em “a”: que cercam-lo = o “que” atrai o pronome (que
b) Para criar leis eficientes no combate aos boatos, o cercam)
sempre deve-se ter em mente que o problema de Em “b”: que cercam-no = que o cercam (“no” está
divulgação de notícias falsas é grave e muito atual. correta – caso não tivéssemos o “que”, pois, devido a
c) Entre os numerosos usuários da internet, constata-se sua presença, teremos próclise, não ênclise)
um sentimento generalizado de reprovação à prática Em “c”: que o cercam = correta
de divulgação de inverdades. Em “d”: que lhe cercam = a posição está correta, mas
d) Uma nova lei contra as fake news promulgada na o pronome está errado (“lhe” é para objeto indireto =
Alemanha não aplica-se aos sites e redes sociais com a ele/ela)
menos de 2 milhões de membros. Em “e”: que cercam-lhe = que o cercam
e) Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo mais
eficaz para que adote-se a conduta correta em relação 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014)
à reputação das celebridades. Considerando apenas as regras de regência e de colocação
pronominal da norma-padrão da língua portuguesa, a
Resposta: Letra C expressão destacada em – Ainda assim, 60% afirmam que
Em “a”: Os jornais noticiaram que alguns países raramente ou nunca têm informações sobre o impacto
mobilizam-se = se mobilizam ambiental do produto ou do comportamento da empresa.
Em “b”: Para criar leis eficientes no combate aos – pode ser corretamente substituída por
boatos, sempre deve-se = sempre se deve
Em “c”: Entre os numerosos usuários da internet, a) ... nunca informam-se sob o impacto...
constata-se um sentimento = correta b)... nunca se informam o impacto...
Em “d”: Uma nova lei contra as fake news promulgada c) ... nunca informam-se ao impacto...
na Alemanha não aplica-se = não se aplica d) ... nunca se informam do impacto...
Em “e”: Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo e)... nunca informam-se no impacto...
LÍNGUA PORTUGUESA

mais eficaz para que adote-se = que se adote


Resposta: Letra D
3. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – Por eliminação: o advérbio “nunca” atrai o pronome,
ARQUITETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Se teremos próclise (nunca se). Ficamos com B e D. Agora
substituíssemos os complementos dos verbos abaixo por vamos ao verbo: quem se informa, informa-se sobre
pronomes pessoais oblíquos enclíticos, a única forma algo = precisa de preposição. A alternativa que tem
INADEQUADA seria: preposição presente é a D (do = de+o). Teremos:
nunca se informam do impacto.

52
6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL Indicativo
– VUNESP-2013) Considerando a substituição da Em “c”, Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfeito
expressão em destaque por um pronome e as normas da do Indicativo
colocação pronominal, a oração – … que abrem a cabeça Em “d”, Quase meio século separa = presente do
… – equivale, na norma-padrão da língua, a: Indicativo
a) que abrem-a. Em “e”, para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
b) que abrem-na. elas)
c) que a abrem.
d) que lhe abrem. 9. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC-
e) que abrem-lhe. 2016)
Precisamos de um treinador que nos ajude a comer...
Resposta: Letra C O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
sublinhado acima está também sublinhado em:
Primeiramente: o “que” atrai o pronome oblíquo,
então teremos que + pronome. Resta-nos identificar
a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as
se o pronome é objeto direto (a) ou indireto (lhe).
amas...
Voltemos ao verbo: abrir. Quem abre, abre algo... abre b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
o quê? Sem preposição! Portanto: objeto direto = que c) ... país que transformou a infância numa bilionária in-
a abrem. dústria de consumo...
d) E, mesmo que se esforcem muito...
7. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO e) Hoje há algo novo nesse cenário.
ESPECIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO
TRABALHO – FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui Resposta: Letra D
chegando à constatação de que todo perfil de rede que nos ajude = presente do Subjuntivo
social é um retrato ideal de nós mesmos. Em “a”, que conseguissem = pretérito do Subjuntivo
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra Em “b”, que proliferaram = pretérito perfeito (e
alteração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser também mais-que-perfeito) do Indicativo
substituído por: Em “c”, que transformou = pretérito perfeito do
Indicativo
a) ademais. Em “d”, que se esforcem = presente do Subjuntivo
b) conquanto. Em “e”, há algo novo nesse cenário = presente do
c) porquanto. Indicativo
d) entretanto.
e) apesar. 10. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC-
2016) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
Resposta: Letra D com a norma culta na seguinte frase:
Contudo é uma conjunção adversativa (expressa
oposição). A substituição deve utilizar outra de mesma a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
classificação, para que se mantenha a ideia do período. não poderia receber qualquer tipo de retificação.
A correta é entretanto. b) Os documentos com assinatura digital disporam de
algoritmos de criptografia que os protegeram.
c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
8. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO -
contar com a proteção de uma assinatura digital.
ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016)
d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
... para quem Manoel de Barros era comparável a São fado deve saber que comprometerá sua integridade.
Francisco de Assis... e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
comprometer a integridade dos documentos.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
frase acima está em: Resposta: Letra E
Em “a”, Para que se mantesse (mantivesse) sua
a) Dizia-se um “vedor de cinema”... autenticidade, o documento não poderia receber
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no qualquer tipo de retificação.
espaço... Em “b”, Os documentos com assinatura digital
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e disporam (dispuseram) de algoritmos de criptografia
Charles Baudelaire. que os protegeram.
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Em “c”, Arquivados eletronicamente, os documentos
poderam (puderam) contar com a proteção de uma
LÍNGUA PORTUGUESA

Barros na literatura...
e) ... para depois casá-las... assinatura digital.
Em “d”, Quem se propor (propuser) a alterar
Resposta: Letra A um documento criptografado deve saber que
“Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do comprometerá sua integridade.
Indicativo. Procuremos nos itens: Em “e”, Não é possível fazer as alterações que
Em “a”, Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo convierem sem comprometer a integridade dos
Em “b”, Porque não seria = futuro do pretérito do documentos = correta

53
11. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - 13. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
as seguintes frases: – SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010)
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!

Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos


empregados nessas frases está em destaque em:

a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem


com que o cérebro humano não considere útil gravar
esses dados...
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
número de informações.
c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele...
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em
que morou quando era criança?
e) É o que mostra também uma pesquisa recente
conduzida pela empresa de segurança digital Disponível em: http://www.acharge.com.br/index.htm (acesso:
Kaspersky... 03/03/2010)

Resposta: Letra D A palavra “oposição”, da charge, é classificada


Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperativo
morfologicamente como:
(expressam ordem). Vamos aos itens:
Em “a”, ... o acesso rápido e a quantidade de textos
a) Substantivo concreto.
fazem = presente do Indicativo
b) Substantivo abstrato.
Em “b”, Na internet, basta um clique = presente do
c) Substantivo coletivo.
Indicativo
d) Substantivo próprio.
Em “c”, ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
e) Adjetivo.
= presente do Indicativo
Em “d”, Pense rápido: = Imperativo
Em “e”, É o que mostra também uma pesquisa = Resposta: Letra B
presente do Indicativo O termo “oposição” é classificado – morfologicamente
– como substantivo abstrato, pois não existe por si só
– depende de outro ser para “se concretizar”.
12. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a palavra
em destaque na frase pertence à classe dos adjetivos USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.
(palavra que qualifica um substantivo).

a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu-


tanásia... CRASE
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
a morte. idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
d) Ela é proibida por lei no Brasil,... com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente
e) E como seria a verdadeira boa morte? aos pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s),
aquilo e com o “a” pertencente ao pronome relativo a
Resposta: Letra E qual (as quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se
Em “a”, Existe grande confusão = substantivo demarcada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele,
Em “b”, o médico ou alguém causa ativamente a àquilo, à qual, às quais.
morte = pronome O uso do acento indicativo de crase está condicionado
Em “c”, prolonga o processo de morrer procurando aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e
LÍNGUA PORTUGUESA

distanciar a morte = substantivo nominal, mais precisamente ao termo regente e termo


Em “d”, Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
Em “e”, E como seria a verdadeira boa morte? = que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
adjetivo termo regido é aquele que completa o sentido do termo
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
contratada recentemente.

54
Após a junção da preposição com o artigo (destacados A letra “a” que acompanha locuções femininas
entre parênteses), temos: (adverbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela grave:
contratada recentemente. • locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
pressas, à vontade...
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, • locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre cura de...
nos referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da • locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
preposição a + o artigo feminino (à) e com o artigo que.
feminino a + o pronome demonstrativo aquela (àquela).
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem
Observações importantes: a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos Eu adoro a noite!
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns: Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
• Substitui-se a palavra feminina por uma masculina preposição.
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
crase está confirmada. Casos passíveis de nota:
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. • A crase é facultativa diante de nomes próprios femi-
ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
• No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se • Também é facultativa diante de pronomes posses-
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
expressão “voltar da”, há a confirmação da crase. empresa.
Faremos uma visita à Bahia.
• Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fi-
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)
cará aberta até as (às) dezoito horas.
• Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
Não me esqueço da viagem a Roma.
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:
jamais vividos.
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
moda de Luís XV)
FIQUE ATENTO! • Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Nas situações em que o nome geográfico verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, ob-
se apresentar modificado por um adjunto servamos a queima de fogos a distância.
adnominal, a crase está confirmada. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O
de suas praias. pedestre foi arremessado à distância de cem metros.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ;
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: • De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
Vou a Campinas. = Volto de Campinas. -, faz-se necessário o emprego da crase.
(crase pra quê?) Ensino à distância.
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) Ensino a distância.

• Em locuções adverbiais formadas por palavras


Quando o nome de lugar estiver especificado, repetidas, não há ocorrência da crase.
ocorrerá crase. Veja: Ela ficou frente a frente com o agressor.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo Eu o seguirei passo a passo.
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado. Casos em que não se admite o emprego da crase:

A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Antes de vocábulos masculinos.


aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
regente exigir complemento regido da preposição “a”. Esta caneta pertence a Pedro.
Entregamos a encomenda àquela menina.
LÍNGUA PORTUGUESA

(preposição + pronome demonstrativo) Antes de verbos no infinitivo.


Ele estava a cantar.
Iremos àquela reunião. Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)
Antes de numeral.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando O número de aprovados chegou a cem.
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança) Faremos uma visita a dez países.
(preposição + pronome demonstrativo)

55
Observações:
• Nos casos em que o numeral indicar horas –
funcionando como uma locução adverbial EXERCÍCIOS COMENTADOS
feminina – ocorrerá crase: Os passageiros partirão
às dezenove horas. 1. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -
• Diante de numerais ordinais femininos a crase SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) O acento
está confirmada, visto que estes não podem ser indicativo de crase está empregado corretamente em:
empregados sem o artigo: As saudações foram
direcionadas à primeira aluna da classe. a) O personagem evita considerar à internet responsável
• Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando por suas atitudes.
essa não se apresentar determinada: Chegamos b) O personagem reconheceu que já tinha uma propen-
todos exaustos a casa. são à jogar o tempo fora.
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto c) O personagem tinha um comportamento indiferente à
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos qualquer influência da internet.
exaustos à casa de Marcela. d) O personagem refere-se à uma maneira de se portar
com relação ao tempo.
• Não há crase antes da palavra “terra”, quando e) O personagem revelou à pessoa com quem conversa-
essa indicar chão firme: Quando os navegantes va que jogava o tempo fora.
regressaram a terra, já era noite.
Contudo, se o termo estiver precedido por um Resposta: Letra E
determinante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá Aos itens:
crase. Em “a”, evita considerar à internet = a internet (objeto
Paulo viajou rumo à sua terra natal. direto)
O astronauta voltou à Terra. Em “b”, tinha uma propensão à jogar = a jogar (sem
acento grave indicativo de crase antes de verbo no
• Não ocorre crase antes de pronomes que requerem infinitivo)
o uso do artigo. Em “c”, tinha um comportamento indiferente à
Os livros foram entregues a mim. qualquer influência = a qualquer (antes de pronome
Dei a ela a merecida recompensa. indefinido)
Em “d”, refere-se à uma maneira = a uma (antes de
• Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos artigo indefinido)
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, Em “e”, O personagem revelou à pessoa com quem
o uso da crase está confirmado no “a” que os conversava que jogava o tempo fora = revelou o quê?
antecede, no caso de o termo regente exigir a que jogava o tempo fora; revelou a quem? à pessoa
preposição. (objeto indireto, com preposição) = correta.
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
2. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
• Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado Assinale a alternativa que preenche, correta e
em sentido genérico ou indeterminado: respectivamente, as lacunas do texto a seguir.
Estamos sujeitos a críticas. Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de
Refiro-me a conversas paralelas. atendimento _____ presos da Casa de Detenção, em São
Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella chega ao
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa “Estação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que
Cochar. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. trabalham no sistema prisional, Varella agora faz um
– São Paulo: Saraiva, 2010. retrato das detentas da Penitenciária Feminina da Capital,
também na capital paulista, onde cumprem pena mais de
SITE duas mil mulheres.
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/ (https://oglobo.globo.com. Adaptado)
gramatica/o-uso-crase-.html>
a) à … às … a
b) a … as … a
LÍNGUA PORTUGUESA

c) a … às … a
d) à … às … à
e) a … as … à

56
Resposta: Letra B Resposta: Letra A
Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de Em “a”, O leitor aludiu à escrita = correta (regência do
atendimento a (preposição – regência nominal de verbo “aludir” pede preposição)
“atendimento”, mas sem acento grave por estar diante Em “b”, A escrita deve levar o texto à uma riqueza = a
de palavra masculina) presos da Casa de Detenção, uma (antes de artigo indefinido)
em São Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella Em “c”, De parte à parte = parte a parte (entre palavras
chega ao fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. repetidas)
Depois de “Estação Carandiru” (1999), que mostra as Em “d”, Existem aquelas pessoas que chegam à
(objeto direto do verbo “mostrar”) entranhas daquela conclusões = a conclusões (antes de palavra no plural
que foi a (artigo definido) maior prisão da América e o “a” está “sozinho” = somente preposição)
Latina, e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários Em “e”, Estamos nos referindo à pensamento = a
que trabalham no sistema prisional, Varella agora faz pensamento (palavra masculina)
um retrato das detentas da Penitenciária Feminina da
Capital, também na capital paulista, onde cumprem 5. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRUZES-
pena mais de duas mil mulheres. SP - AUXILIAR DE APOIO ADMINISTRATIVO -
Teremos: a / as / a. VUNESP-2018)
No começo do século 20, a rápida industrialização nos
3. (CÂMARA MUNICIPAL DE DOIS CÓRREGOS-SP Estados Unidos deu origem _______ algumas das maiores
- OFICIAL DE ATENDIMENTO E ADMINISTRAÇÃO – fortunas que o mundo já viu. Famílias como os Vanderbilt
VUNESP-2018) Assinale a alternativa em que o acento e os Rockefeller investiram em ferrovias, petróleo e
indicativo de crase está empregado corretamente. aço, obtendo um grande retorno, e passaram _________
ostentar sua riqueza. O período ficou conhecido como
a) Algumas pessoas com supermemória chegam à sofrer Era Dourada. A desigualdade nunca foi tão grande – até
com dores de cabeça. agora. É o que mostra um relatório da UBS, companhia de
b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à episó-
serviços financeiros, feito em parceria com a consultora
dios de nosso passado.
PwC.
c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito di-
Para os autores do documento, a primeira Era Dourada
fícil à determinadas pessoas.
aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual
d) Ela referiu-se à vontade de esquecer completamente
começou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10
os momentos dolorosos.
a 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico da
e) Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconsidera-
Ásia e de negócios ligados ________ tecnologia.
mos o que ela traz de bom.
(IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado)
Resposta: Letra D
Aos itens: Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do
Em “a”, chegam à sofrer = a sofrer (antes de verbo no texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
infinitivo não se usa acento grave)
Em “b”, que nos fazem voltar à episódios = a episódios a) a … a … a
(palavra masculina e no plural) b) à … à … à
Em “c”, pode ser uma tarefa muito difícil à determinadas c) a … à … à
= a determinadas (palavra no plural e presença só da d) à … à … a
preposição) e) a … a … à
Em “d”, Ela referiu-se à vontade = correta (quem se
refere, refere-se a algo ou a alguém) Resposta: Letra E
Em “e”, Ao nos atermos à uma experiência = a uma Vamos aos trechos:
(antes de artigo indefinido) a rápida industrialização nos Estados Unidos deu
origem a algumas das maiores fortunas = antes de
4. (IPSM-SP - ASSISTENTE DE GESTÃO MUNICIPAL - pronome indefinido
VUNESP-2018) De acordo com a norma- -padrão, o e passaram a ostentar sua riqueza = antes de verbo
acento indicativo da crase está corretamente empregado no infinitivo
em: e de negócios ligados à tecnologia = regência nominal
de “ligados” pede preposição
a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de
talento: quem não tem, não vai nunca aprender. 6. (CÂMARA MUNICIPAL DE COTIA-SP – CONTADOR -
b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada VUNESP-2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
LÍNGUA PORTUGUESA

pela clareza e precisão, afastando o leitor da confusão emprego do acento indicativo da crase.
ou tédio.
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como um a) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor. chegam à um grande público devido à rapidez da in-
d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões se- ternet, é favorável à formação de ondas de credulidade.
melhantes, no entanto elas seguem pelo lado oposto. b) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
e) Também não estamos falando só de correção gramati- chegam à muitas pessoas devido a rapidez da internet,
cal e ortográfica. Estamos nos referindo à pensamento. favorece que se formem ondas de credulidade.

57
c) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
chegam a muitas pessoas devido à rapidez da internet, (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
é favorável à formação de ondas de credulidade. sujeito e predicado.
d) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais O sujeito é o termo da frase que concorda com o
chegam a um grande número de pessoas devido à ra- verbo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
pidez da internet, é favorável as ondas de credulidade algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é
que se formam. a parte da frase que contém “a informação nova para o
e) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais ouvinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
chegam a muitas pessoas devido a rapidez da internet, constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
favorece à formação de ondas de credulidade. Quando o núcleo da declaração está no verbo (que
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo
Resposta: Letra C significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o
Acertos entre parênteses: núcleo estiver em um nome (geralmente um adjetivo),
Em “a”, as quais chegam à um (a um) grande público teremos um predicado nominal (os verbos deste tipo de
devido à rapidez (ok) da internet, é favorável à predicado são os que indicam estado, conhecidos como
formação (ok) verbos de ligação):
Em “b”, às quais (as quais) chegam à muitas (a muitas) O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet (predicado verbal)
Em “c”, as quais chegam a muitas pessoas devido à A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o
rapidez da internet, é favorável à formação = correta núcleo é “fácil” (predicado nominal)
Em “d”, às quais (as quais) chegam a um (ok) grande
número de pessoas devido à rapidez (ok) da internet, Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
é favorável as ondas (às ondas) por uma ou mais orações, formando um todo, com
Em “e”, às quais (as quais) chegam a muitas (ok) sentido completo. O período pode ser simples ou
pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet, composto.
favorece à formação (a formação)
Observação: quanto à regência verbal de “favorecer” Período simples é aquele constituído por apenas
= pede complemento verbal direto (favorece o quê? uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
favorece quem?); já a regência nominal de “favorável” Chove.
pede preposição (favorável a quem? a quê?). A existência é frágil.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.

Período composto é aquele constituído por duas ou


SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO. mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.

FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO Termos da Oração


SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
TERMOS DA ORAÇÃO Termos essenciais
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
O sujeito e o predicado são considerados termos
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
estabelecer comunicação. Normalmente é composta para a formação das orações. No entanto, existem
por dois termos – o sujeito e o predicado – mas não orações formadas exclusivamente pelo predicado. O
obrigatoriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: que define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o
Trovejou muito ontem à noite. termo que estabelece concordância com o verbo.
O candidato está preparado.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação Os candidatos estão preparados.
em verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e
nominais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”.
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a “Candidato” é a principal palavra do sujeito, sendo, por
partir de seu sentido global: isso, denominada núcleo do sujeito. Este se relaciona
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem com o verbo, estabelecendo a concordância (núcleo no
formula uma pergunta: Que dia é hoje? singular, verbo no singular: candidato = está).
LÍNGUA PORTUGUESA

B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou A função do sujeito é basicamente desempenhada


faz um pedido: Dê-me uma luz! por substantivos, o que a torna uma função substantiva
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es- da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer
tado afetivo: Que dia abençoado! outras palavras substantivadas (derivação imprópria)
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A também podem exercer a função de sujeito.
prova será amanhã. Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo,
substantivo)

58
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
exemplo: substantivo) o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
Bateram à porta;
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: Andam espalhando boatos a respeito da queda do
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do ministro.
sujeito.
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
Um sujeito é determinado quando é facilmente ou composto:
identificado pela concordância verbal. O sujeito Os meninos bateram à porta. (simples)
determinado pode ser simples ou composto. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
A indeterminação do sujeito ocorre quando não
é possível identificar claramente a que se refere a B) com o verbo na terceira pessoa do singular,
concordância verbal. Isso ocorre quando não se pode acrescido do pronome “se”. Esta é uma
ou não interessa indicar precisamente o sujeito de uma construção típica dos verbos que não apresentam
oração. complemento direto:
Estão gritando seu nome lá fora. Precisa-se de mentes criativas.
Trabalha-se demais neste lugar. Vivia-se bem naqueles tempos.
Trata-se de casos delicados.
O sujeito simples é o sujeito determinado que Sempre se está sujeito a erros.
apresenta um único núcleo, que pode estar no singular
ou no plural; pode também ser um pronome indefinido. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
Abaixo, sublinhei os núcleos dos sujeitos: de indeterminação do sujeito.
Nós estudaremso juntos.
A humanidade é frágil. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo
Ninguém se move. predicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal.
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma A mensagem está centrada no processo verbal. Os
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo) principais casos de orações sem sujeito com:
As crianças precisam de alimentos saudáveis.
• os verbos que indicam fenômenos da natureza:
O sujeito composto é o sujeito determinado que Amanheceu.
apresenta mais de um núcleo. Está trovejando.
Alimentos e roupas custam caro.
Ela e eu sabemos o conteúdo. • os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
tempo em geral:
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a Está tarde.
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o Já são dez horas.
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo Faz frio nesta época do ano.
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido Há muitos concursos com inscrições abertas.
pela desinência verbal ou pelo contexto.
Abolimos todas as regras. = (nós) Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
Falaste o recado à sala? = (tu) informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado
primeira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com
segunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os exceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo
pronomes não estejam explícitos. o que difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito Chove muito nesta época do ano.
na desinência verbal “-mos” Houve problemas na reunião.
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na
desinência verbal “-ais” Em ambas as orações não há sujeito, apenas
predicado. Na segunda oração, “problemas” funciona
Mas: como objeto direto.
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
LÍNGUA PORTUGUESA

Vós cantais bem! = sujeito simples: vós As questões estavam fáceis!


Sujeito simples = as questões
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - Predicado = estavam fáceis
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
contrário, teríamos uma oração sem sujeito. Sujeito = uma ideia estranha
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser Predicado = passou-me pelo pensamento
indeterminado de duas maneiras:

59
Para o estudo do predicado, é necessário verificar No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
considerar também se as palavras que formam o um verbal e outro nominal.
predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
sujeito da oração.
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
de opinião.
Predicado Termos integrantes da oração

O predicado acima apresenta apenas uma palavra Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se complemento nominal são chamados termos integrantes
ligam direta ou indiretamente ao verbo. da oração.
A cidade está deserta. Os complementos verbais integram o sentido
dos verbos transitivos, com eles formando unidades
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere- significativas. Estes verbos podem se relacionar com
se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como seus complementos diretamente, sem a presença
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o de preposição, ou indiretamente, por intermédio de
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = preposição.
predicativo do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo diretamente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Queremos sua ajuda.
Chove muito nesta época do ano.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre
Compraste a apostila?
principalmente:
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
referentes a pessoas:
processos.
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
(o objeto é direto, mas como há preposição,
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo denomina-se: objeto direto preposicionado)
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou
estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a outro de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
nome da oração por meio de um verbo (o verbo de cansar a Vossa Senhoria.
ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao (sem preposição, o sentido seria outro: O povo
predicativo, indicando circunstâncias referentes ao prejudica a crise)
estado do sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, O objeto indireto é o complemento que se liga
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como indiretamente ao verbo, ou seja, através de uma
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele preposição.
relacionadas. Gosto de música popular brasileira.
Necessito de ajuda.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. Objeto Pleonástico

O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto). objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à
LÍNGUA PORTUGUESA

significativo, indicando processos. É também sempre por repetição que se dá o nome de objeto pleonástico.
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
o termo a que se refere. “Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçalves
O dia amanheceu ensolarado; Dias)
As mulheres julgam os homens inconstantes.
objeto pleonástico

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Ao traidor, nada lhe devemos. A) explicativo: A linguística, ciência das línguas
humanas, permite-nos interpretar melhor nossa
O termo que integra o sentido de um nome chama- relação com o mundo.
se complemento nominal, que se liga ao nome que B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
completa por intermédio de preposição: coisas: amor, arte, ação.
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e
palavra “necessária” sonho, tudo forma o carnaval.
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo” D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes,
fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
Termos acessórios da oração e vocativo
O vocativo é um termo que serve para chamar,
Os termos acessórios recebem este nome por serem invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético,
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o não mantendo relação sintática com outro termo da
adjunto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o oração. A função de vocativo é substantiva, cabendo
vocativo – este, sem relação sintática com outros temos a substantivos, pronomes substantivos, numerais e
da oração. palavras substantivadas esse papel na linguagem.
João, venha comigo!
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica Traga-me doces, minha menina!
uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função Períodos Compostos
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei Período Composto por Coordenação
a pé àquela velha praça.
O período composto se caracteriza por possuir mais
O adjunto adnominal é o termo acessório que
de uma oração em sua composição. Sendo assim:
determina, especifica ou explica um substantivo. É uma
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
função adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções
oração)
adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na
Estou comprando um protetor solar, depois irei à
oração. Também atuam como adjuntos adnominais os
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.
orações)
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
amigo de infância.
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
orações).
O adjunto adnominal se liga diretamente ao
substantivo a que se refere, sem participação do verbo.
Já o predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
um verbo. entre as orações de um período composto: uma relação
O poeta português deixou uma obra originalíssima. de coordenação ou uma relação de subordinação.
O poeta deixou-a. Duas orações são coordenadas quando estão juntas
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
adjunto adnominal) de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
O poeta português deixou uma obra inacabada. Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
O poeta deixou-a inacabada. (Período Composto)
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo Podemos dizer:
do objeto) 1. Estou comprando um protetor solar.
2. Irei à praia.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se Separando as duas, vemos que elas são independentes.
relaciona apenas ao substantivo. Tal período é classificado como Período Composto por
Coordenação.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, Quanto à classificação das orações coordenadas,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, Sindéticas.
LÍNGUA PORTUGUESA

segunda-feira, passei o dia mal-humorado.


Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de A) Coordenadas Assindéticas
tempo “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente São orações coordenadas entre si e que não são
ao termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: ligadas através de nenhum conectivo. Estão apenas
Segunda-feira passei o dia mal-humorado. justapostas.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
valor na oração, em:

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B) Coordenadas Sindéticas A análise das orações continua sendo a mesma:
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas “Quero” é a oração principal, cujo objeto direto é a
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção oração subordinada “ser aprovado”. Observe que a
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo
orações coordenadas sindéticas são classificadas em (ser). Além disso, a conjunção “que”, conectivo que unia
cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas
e explicativas. cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo,
gerúndio ou particípio) são chamadas de orações
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção! reduzidas ou implícitas (como no exemplo acima).

• Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas Observação:


principais conjunções são: e, nem, não só... mas As orações reduzidas não são introduzidas por
também, não só... como, assim... como. conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia. eventualmente, introduzidas por preposição.
Comprei o protetor solar e fui à praia.
A) Orações Subordinadas Substantivas
• Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: A oração subordinada substantiva tem valor de
suas principais conjunções são: mas, contudo, substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção
todavia, entretanto, porém, no entanto, ainda, integrante (que, se).
assim, senão.
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. Não sei se sairemos hoje.
Li tudo, porém não entendi! Oração Subordinada Substantiva

Temos medo de que não sejamos aprovados.


• Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:
Oração Subordinada Substantiva
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora;
quer...quer; seja...seja.
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde,
• Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
como).
suas principais conjunções são: logo, portanto,
por fim, por conseguinte, consequentemente, pois O garoto perguntou qual seu nome.
(posposto ao verbo). Oração Subordinada Substantiva
Passei no concurso, portanto comemorarei!
A situação é delicada; devemos, pois, agir. Não sabemos quando ele virá.
Oração Subordinada Substantiva
• Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a Classificação das Orações Subordinadas
saber, na verdade, pois (anteposto ao verbo). Substantivas
Não fui à praia, pois queria descansar durante o
Domingo. Conforme a função que exerce no período, a oração
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos. subordinada substantiva pode ser:

Período Composto Por Subordinação 1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do


verbo da oração principal:
Quero que você seja aprovado!
Oração principal oração subordinada É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito
Observe que na oração subordinada temos o verbo
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular É fundamental que você compareça à reunião.
do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por Oração Principal Oração Subordinada
conjunção. As orações subordinadas que apresentam Substantiva Subjetiva
verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas FIQUE ATENTO!
por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
LÍNGUA PORTUGUESA

Observe que a oração subordinada


explícitas. substantiva pode ser substituída pelo
pronome “isso”. Assim, temos um período
Podemos modificar o período acima. Veja: simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Quero ser aprovado.
Oração Principal Oração Subordinada Desta forma, a oração correspondente
a “isso” exercerá a função de sujeito.

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Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
oração principal: Oração Subordinada
Substantiva Objetiva Indireta
• Verbos de ligação + predicativo, em construções
do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece 4. Completiva Nominal = completa um nome
certo - É claro - Está evidente - Está comprovado que pertence à oração principal e também vem
É bom que você compareça à minha festa. marcada por preposição.

• Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube- Sentimos orgulho de seu comportamento.
se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi Complemento Nominal
anunciado, Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
Sentimos orgulho disso.)
• Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - Oração Subordinada
importar - ocorrer - acontecer Substantiva Completiva Nominal
Convém que não se atrase na entrevista.
As orações subordinadas substantivas objetivas
Observação: indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, que orações subordinadas substantivas completivas
o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir
singular. uma da outra, é necessário levar em conta o termo
complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto e o complemento nominal: o primeiro complementa um
do verbo da oração principal: verbo; o segundo, um nome.

5. Predicativa = exerce papel de predicativo do


Todos querem sua aprovação no concurso.
sujeito do verbo da oração principal e vem sempre
Objeto Direto
depois do verbo ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
Predicativo do Sujeito
querem isso)
Oração Principal Oração Subordinada
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso
Substantiva Objetiva Direta
desejo era isso)
Oração Subordinada
As orações subordinadas substantivas objetivas Substantiva Predicativa
diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:
• Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e 6. Apositiva = exerce função de aposto de algum
“se”: A professora verificou se os alunos estavam termo da oração principal.
presentes. Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
• Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às Aposto
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
do carro importado. Oração subordinada
• Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às substantiva apositiva reduzida de infinitivo
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso. (Fernanda tinha um grande sonho: isso)

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
do verbo da oração principal. Vem precedida de
preposição. B) Orações Subordinadas Adjetivas
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Meu pai insiste em meu estudo. valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale.
Objeto Indireto As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste
LÍNGUA PORTUGUESA

nisso) Esta foi uma redação bem-sucedida.


Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Objetiva Indireta
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
Observação: “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
oração.

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Esta foi uma redação que fez sucesso. No período acima, observe que a oração em destaque
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”:
trata-se de um homem específico, único. A oração limita
Perceba que a conexão entre a oração subordinada o universo de homens, isto é, não se refere a todos os
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é homens, mas sim àquele que estava passando naquele
feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou momento.
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
uma função sintática na oração subordinada: ocupa o Exemplo 2:
papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no
caso, “redação” é sujeito, então o “que” também funciona O homem, que se considera racional, muitas vezes
como sujeito). age animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
FIQUE ATENTO! Agora, a oração em destaque não tem sentido
Vale lembrar um recurso didático para restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade,
reconhecer o pronome relativo “que”: ele apenas explicita uma ideia que já sabemos estar contida
sempre pode ser substituído por: o qual - no conceito de “homem”.
a qual - os quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta Saiba que:
oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno A oração subordinada adjetiva explicativa é separada
o qual estuda. da oração principal por uma pausa que, na escrita,
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas
vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
Quando são introduzidas por um pronome
relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou C) Orações Subordinadas Adverbiais
subjuntivo, as orações subordinadas adjetivas são Uma oração subordinada adverbial é aquela que
chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração
orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não principal. Assim, pode exprimir circunstância de tempo,
são introduzidas por pronome relativo (podem ser modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
introduzidas por preposição) e apresentam o verbo numa desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio). subordinativas (com exclusão das integrantes, que
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. introduzem orações subordinadas substantivas).
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução
conjuntiva que a introduz (assim como acontece com as
No primeiro período, há uma oração subordinada coordenadas sindéticas).
adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração Oração Subordinada Adverbial
subordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há
pronome relativo e seu verbo está no infinitivo. A oração em destaque agrega uma circunstância de
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos
acessórios que indicam uma circunstância referente, via
Na relação que estabelecem com o termo que de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial
caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem depende da exata compreensão da circunstância que
atuar de duas maneiras diferentes. Há aquelas que exprime.
restringem ou especificam o sentido do termo a que Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
se referem, individualizando-o. Nestas orações não minha vida.
há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
adjetivas restritivas. Existem também orações que realçam minha vida.
um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente,
que já se encontra suficientemente definido. Estas orações No primeiro período, “naquele momento” é um
denominam-se subordinadas adjetivas explicativas. adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
LÍNGUA PORTUGUESA

“senti”. No segundo período, este papel é exercido


Exemplo 1: pela oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma
oração subordinada adverbial temporal. Esta oração é
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção
passava naquele momento. subordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva modo indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo).
Seria possível reduzi-la, obtendo-se:

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Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de Principal conjunção subordinativa condicional: se.
minha vida. Outras conjunções condicionais: caso, contanto que,
desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por certamente o melhor time será campeão.
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). Caso você saia, convide-me.

Observação: D) Concessiva = indica concessão às ações do


A classificação das orações subordinadas adverbiais verbo da oração principal, isto é, admitem uma
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos contradição ou um fato inesperado. A ideia de
adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela concessão está diretamente ligada ao contraste,
oração. à quebra de expectativa. Principal conjunção su-
bordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam-
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda
Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais
que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto
que, apesar de que.
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
Só irei se ele for.
àquilo que provoca um determinado fato, ao moti-
A oração acima expressa uma condição: o fato de
vo do que se declara na oração principal. Principal “eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
conjunção subordinativa causal: porque. Outras Compare agora com:
conjunções e locuções causais: como (sempre in- Irei mesmo que ele não vá.
troduzido na oração anteposta à oração principal),
pois, pois que, já que, uma vez que, visto que. A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
forte. A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
Já que você não vai, eu também não vou. concessiva.
Observe outros exemplos:
A diferença entre a subordinada adverbial causal e Embora fizesse calor, levei agasalho.
a sindética explicativa é que esta “explica” o fato que Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse /
aconteceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela embora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
apresenta a “causa” do acontecimento expresso na
oração à qual ela se subordina. Repare: E) Comparativa= As orações subordinadas adver-
1. Faltei à aula porque estava doente. biais comparativas estabelecem uma comparação
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. com a ação indicada pelo verbo da oração princi-
pal. Principal conjunção subordinativa comparati-
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) va: como.
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a Você age como criança. (age como uma criança age)
oração sublinhada relata um fato que aconteceu depois,
já que primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram • geralmente há omissão do verbo.
vermelhos.
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequência,
para a execução do que se declara na oração
é efeito do que se declara na oração principal. São
principal. Principal conjunção subordinativa
introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
conformativa: conforme. Outras conjunções
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
conformativas: como, consoante e segundo (todas
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. com o mesmo valor de conforme).
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que Fiz o bolo conforme ensina a receita.
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou direitos iguais.
concretizando-os.
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
Reduzida de Infinitivo)
LÍNGUA PORTUGUESA

se declara na oração principal. Principal conjunção


subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe finais: que, porque (= para que) e a locução
como necessário para a realização ou não de conjuntiva para que.
um fato. As orações subordinadas adverbiais Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
para que se realize - ou deixe de se realizar - o fato
expresso na oração principal.

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H) Proporcional = exprime ideia de proporção, SITE
ou seja, um fato simultâneo ao expresso na Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
oração principal. Principal locução conjuntiva aulas/portugues/frase-periodo-e-oracao>
subordinativa proporcional: à proporção que.
Outras locuções conjuntivas proporcionais: à
medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), EXERCÍCIOS COMENTADOS
quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto 1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018)
menos...(mais), quanto menos...(menos). “Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio) A
À proporção que estudávamos mais questões forma de oração desenvolvida adequada correspondente
acertávamos. à oração sublinhada acima é:
À medida que lia mais culto ficava.
a) relembrarmos este dia;
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato b) a relembrança deste dia;
expresso na oração principal, podendo exprimir c) que relembremos este dia;
noções de simultaneidade, anterioridade ou d) que relembrássemos este dia;
posterioridade. Principal conjunção subordinativa e) uma nova lembrança deste dia.
temporal: quando. Outras conjunções
subordinativas temporais: enquanto, mal e Resposta: Letra C
locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as Em “c”: que relembremos este dia;
vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde Em “d”: que relembrássemos este dia;
que, etc. Em uma oração desenvolvida há a presença de
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. conjunção. Ambos os itens têm, mas temos que fazer
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando a correlação verbal com o período da oração reduzida
terminou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) (o verbo nos dá uma hipótese – talvez seja bom
relembrar). Portanto, a forma correta é: Talvez um dia
Orações Reduzidas seja bom que relembremos este dia.

As orações subordinadas podem vir expressas como 2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE


reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas LEGISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Ou seja,
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem foi usada para criar uma desigualdade social...”; se
conectivo subordinativo que as introduza. modificarmos a oração reduzida de infinitivo por uma
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo oração desenvolvida, a forma adequada seria:
É preciso que se estude = oração desenvolvida
(presença do conectivo) a) para a criação de uma desigualdade social;
b) para que se criasse uma desigualdade social;
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam c) para que se crie uma desigualdade social;
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. d) para a criatividade de uma desigualdade social;
É preciso estudar = oração subordinada substantiva e) para criarem uma desigualdade social.
subjetiva reduzida de infinitivo
É preciso que se estude = oração subordinada Resposta: Letra B
substantiva subjetiva Em “b”: para que se criasse uma desigualdade social;
Em “c”: para que se crie uma desigualdade social;
Orações Intercaladas Desenvolvida = tem conjunção. Ambas têm. A
diferença é o tempo verbal. A ação aconteceu (foi
São orações independentes encaixadas na sequência usada para criar): Ou seja, foi usada para que se criasse
do período, utilizadas para um esclarecimento, um uma desigualdade social.
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou
travessões. 3. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
Nós – continuava o relator – já abordamos este – FGV-2017) Uma manchete do Estado de São Paulo,
assunto. 10/04/2017, dizia o seguinte: “Atentados contra cristãos
matam 44 no Egito e país decreta emergência”. As duas
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA orações desse período mantêm entre si a seguinte
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa relação lógica:
LÍNGUA PORTUGUESA

Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.


CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, a) causa e consequência;
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira b) informação e comprovação;
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – c) fato e exemplificação;
São Paulo: Saraiva, 2002. d) afirmação e explicação;
e) tese e argumentação.

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Resposta: Letra A Resposta: Letra D
Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país O verbo “dar” é bitransitivo (transitivo direto e indireto):
decreta emergência = devido aos atentados (causa), Quem dá, dá algo (direto) a alguém (indireto). No
o país decretou emergência (consequência). caso: resposta (objeto direto) / lhe (objeto indireto =
a ele[a])
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO GABARITO OFICIAL: D
– FGV-2017) “Com as novas medidas para evitar a
abstenção, o governo espera uma economia vultosa no 7. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA
Enem”. A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode ADMINISTRATIVA – AOCP-2015) Em “Ele diz que vota
ser adequadamente substituída pela seguinte oração desde os 18, quando ainda era jovem e morava em Minas
desenvolvida: Gerais, sua terra natal...”, a expressão em destaque

a) para que se evitasse a abstenção; a) exerce função de vocativo e não pode ser excluída da
b) a fim de que a abstenção fosse evitada; oração por tratar-se de um termo essencial.
c) para que se evite a abstenção; b) exerce função de aposto e pode ser excluída da oração
d) a fim de evitar-se a abstenção; por tratar-se de um termo acessório.
e) evitando-se a abstenção. c) exerce função de aposto e não pode ser excluída da
oração por tratar-se de um termo essencial.
Resposta: Letra C d) exerce função de adjunto adnominal, portanto é um
Em “a”: para que se evitasse a abstenção; termo acessório.
Em “b”: a fim de que a abstenção fosse evitada; e) exerce função de adjunto adverbial, portanto é um ter-
Em “c”: para que se evite a abstenção; mo acessório.
Desenvolvida tem conjunção. O período traz “para
evitar a abstenção” = hipótese. A forma correta é: “com Resposta: Letra B
as novas medidas para que se evite a abstenção”.
A expressão destacada exerce a função de aposto
– uma informação a mais sobre o termo citado
5. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
anteriormente (no caso, Minas Gerais). É um termo
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) Assinale a opção em que
acessório, podendo ser retirado do período sem
o termo sublinhado funciona como sujeito.
prejudicar a coerência.
a) “Em um regime de liberdades, há sempre o risco de
8. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
excessos”.
b) “Sempre há, também, o oportunismo político-ideoló- INFORMÁTICA – FCC-2014)
gico para se aproveitar da crise”. Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava
c) “Não faltam, também, os arautos do quanto pior, me- uma sala...
lhor, ...”. O verbo que exige complemento tal como o sublinhado
d) “A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias acima está em:
de suprimento que mantêm o sistema produtivo fun-
cionando”. a) A capacidade de computação duplicou a cada 18
e) “Numa democracia, é livre a expressão”. meses nos últimos 20 anos ...
b) ... que deriva da informação.
Resposta: Letra C c) ... que reduz as barreiras ao acesso.
Em “a”: há sempre o risco de excessos = objeto direto d) ... do que era nos anos 70.
Em “b”: “Sempre há, também, o oportunismo político- e) ... atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma
ideológico = objeto direto camisa.
Em “c”: “Não faltam, também, os arautos do quanto
pior, melhor = sujeito Resposta: Letra C
Em “d”: que mantêm o sistema produtivo funcionando “Ocupava uma sala” = transitivo direto
= objeto direto Em “a”: A capacidade de computação duplicou =
Em “e”: é livre a expressão = predicativo do sujeito verbo intransitivo
Em “b”: que deriva da informação = transitivo indireto
6. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO Em “c”: que reduz as barreiras = transitivo direto
JUDICIÁRIA – IBFC-2017 - ADAPTADA) “A resposta que Em “d”: do que era nos anos 70 = verbo de ligação
lhe daria seria: ‘Essa estória não aconteceu nunca para Em “e”: atualmente, 200 gigabytes cabem = verbo
que aconteça sempre... ’” O pronome destacado cumpre intransitivo
LÍNGUA PORTUGUESA

papel coesivo, mas também sintático na oração. Assim,


sintaticamente, ele deve ser classificado como: 9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) “Tenho
comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da
a) adjunto adnominal. internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação
b) objeto direto. específica que coíba não somente os usos mas os abusos
c) complemento nominal. deste importante e eficaz veículo de comunicação”. Sobre
d) objeto indireto. as ocorrências do vocábulo que, nesse segmento do
e) predicativo. texto, é correto afirmar que:

67
a) são pronomes relativos com o mesmo antecedente;
b) exemplificam classes gramaticais diferentes;
c) mostram diferentes funções sintáticas; PONTUAÇÃO
d) são da mesma classe gramatical e da mesma função
sintática;
e) iniciam o mesmo tipo de oração subordinada. PONTUAÇÃO

Resposta: Letra D Os sinais de pontuação são marcações gráficas que


“Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, servem para compor a coesão e a coerência textual, além
os usos da internet, que (= a qual) se ressente ainda da de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
falta de uma legislação específica que (= a qual) coíba Um texto escrito adquire diferentes significados quando
não somente os usos mas os abusos deste importante pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
e eficaz veículo de comunicação” = ambos podem depende, em certos momentos, da intenção do autor do
ser substituídos por “a qual”, portanto são pronomes discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente
relativos (pertencem à mesma classe gramatical); o 1.º relacionados ao contexto e ao interlocutor.
inicia uma oração subordinada adjetiva explicativa; o
2.º, adjetiva restritiva. Principais funções dos sinais de pontuação

10. (TRE-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA A) Ponto (.)


ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017) Analise as
afirmações apresentadas a seguir. • Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
I. Em “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, a cerrando o período.
oração sublinhada é uma oração subordinada adjetiva
explicativa. • Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
II. Em “[...] tem surgido, cada vez mais frequente, o panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
diminutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua de período, este não receberá outro ponto; neste
como sujeito da locução verbal “ter surgido”. caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
III. “Não pense que para por aí [...]”, a oração sublinhada de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
é uma oração subordinada substantiva objetiva direta. ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)
IV. Em “[...] se te chamarem de ‘queridinho’, querem é
que você exploda.”, a oração destacada é uma oração • Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
subordinada adverbial causal. ponto, assim como após o nome do autor de uma
citação:
Estão corretas apenas as afirmativas Haverá eleições em outubro
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão
a) I e II. Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
b) II e III.
c) III e IV. • Os números que identificam o ano não utilizam pon-
d) I, II e IV. to nem devem ter espaço a separá-los, bem como
os números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.
Resposta: Letra B
Em “I” - “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, B) Ponto e Vírgula (;)
a oração sublinhada é uma oração subordinada
adjetiva explicativa = substituindo “que” por “a qual”, • Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
continua com sentido, então é pronome relativo – importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os
presente nas adjetivas, mas no período em questão ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos genero-
temos uma restritiva = incorreta sos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão
Em “II” - tem surgido, cada vez mais frequente, o pelo pão a alma...” (VIEIRA)
diminutivo do gerúndio.”, a expressão destacada
atua como sujeito da locução verbal “ter surgido” = • Separa partes de frases que já estão separadas por
correta vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
Em “III” - “Não pense que para por aí [...]”, a oração tros, montanhas, frio e cobertor.
sublinhada é uma oração subordinada substantiva
objetiva direta = correta • Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
Em “IV” - se te chamarem de ‘queridinho’, a oração tivos, decreto de lei, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

destacada é uma oração subordinada adverbial causal Ir ao supermercado;


= adverbial condicional (“se”) = incorreta Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia;
Reunião com amigos.

68
C) Dois pontos (:) C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto
• Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio Cou- é, não querem abrir mão dos lucros altos.
tinho trata este assunto:
• Antes de um aposto = Três coisas não me agradam: 2. Para marcar inversão:
chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite. A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
• Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es- ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo portas fechadas.
a rotina de sempre. B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
• Em frases de estilo direto C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
3. Para separar entre si elementos coordenados
D) Ponto de Exclamação (!) (dispostos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
• Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e
susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me ca- animais.
sar com você!
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós
• Depois de interjeições ou vocativos queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
Ai! Que susto!
João! Há quanto tempo! 5. Para isolar:
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra-
E) Ponto de Interrogação (?)
sileira, possui um trânsito caótico.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
• Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur
Observações:
Azevedo)
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da
expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”,
F) Reticências (...)
seria dispensável o emprego da vírgula antes dele.
• Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis, Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige
canetas, cadernos... que empreguemos etc. predecido de vírgula: Falamos de
• Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero política, futebol, lazer, etc.
dizer... é verdad... Ah!” As perguntas que denotam surpresa podem ter
• Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este combinados o ponto de interrogação e o de exclamação:
mal... pega doutor? Você falou isso para ela?!
• Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
depois, o coração falar... Temos, ainda, sinais distintivos:
• a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), separa-
G) Vírgula (,) ção de siglas (IOF/UPC);
• os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
Não se usa vírgula pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
Separando termos que, do ponto de vista sintático, opção aos parênteses, principalmente na matemá-
ligam-se diretamente entre si: tica;
• o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
1. Entre sujeito e predicado: nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
Todos os alunos da sala foram advertidos. um nome que não se quer mencionar.
Sujeito predicado
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2. Entre o verbo e seus objetos: CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform.
V.T.D.I. O.D. O.I. – São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
LÍNGUA PORTUGUESA

Usa-se a vírgula: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

1. Para marcar intercalação: SITE


A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua Disponível em: <http://www.infoescola.com/
abundância, vem caindo de preço. portugues/pontuacao/>
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
produzindo, todavia, altas quantidades de alimen- gramatica/uso-da-virgula.htm>
tos.

69
No texto 1, os termos inseridos nos parênteses – na
Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista de
EXERCÍCIOS COMENTADOS Mussolini – têm a finalidade textual de:

1. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) a) enumerar os sistemas políticos fechados do passado;


O enunciado em que a vírgula foi empregada em b) destacar os sistemas onde se originaram os regimes
desacordo com as regras de pontuação é trabalhista e previdenciário;
c) criticar o atraso político de alguns sistemas da História;
a) Como esse metal é limitado, isso garantia que a pro- d) condenar nossos regimes trabalhista e previdenciário
dução de dinheiro fosse também limitada. por serem muito antigos;
b) Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão- e) exemplificar alguns dos nossos erros do passado.
-ouro.
c) Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é Resposta: Letra B
criado assim, inventado em canetaços a partir da con- Arquitetados de início em sistemas políticos fechados
cessão de empréstimos. (na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália
d) Assim, o sistema monetário atual funciona com uma fascista de Mussolini) = os termos entre parênteses
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. servem para se referir aos sistemas políticos fechados,
e) Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e abun- exemplificando-os.
dante porque é gerada pela simples manipulação de Em “a”, enumerar os sistemas políticos fechados do
bancos de dados. passado = incorreta
Em “b”, destacar os sistemas onde se originaram os
Resposta: Letra E regimes trabalhista e previdenciário = correta
O enunciado pede a alternativa em desacordo: Em “c”, criticar o atraso político de alguns sistemas da
Em “a”, Como esse metal é limitado, isso garantia História = incorreta
que a produção de dinheiro fosse também limitada Em “d”, condenar nossos regimes trabalhista e
= correta previdenciário por serem muito antigos = incorreta
Em “b”, Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o Em “e”, exemplificar alguns dos nossos erros do
padrão-ouro = correta passado = incorreta
Em “c”, Praticamente todo o dinheiro que existe no
mundo é criado assim, inventado em canetaços a 3. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
partir da concessão de empréstimos = correta DADOS – FGV-2010) Assinale a alternativa em que a
Em “d”, Assim, o sistema monetário atual funciona vírgula está corretamente empregada.
com uma moeda que é ao mesmo tempo escassa e
abundante = correta a) O jeitinho, essa instituição tipicamente brasileira pode
Em “e”, Escassa porque só banqueiros podem criá- ser considerado, sem dúvida, um desvio de caráter.
la, (X) e abundante porque é gerada pela simples b) Apareciam novos problemas, e o funcionário embora
manipulação de bancos de dados = incorreta - a competente, nem sempre conseguia resolvê-los.
vírgula pode ser utilizada antes da conjunção “e”, c) Ainda que os níveis de educação estivessem avançan-
desde que haja mudança de sujeito, por exemplo (o do, o sentimento geral, às vezes, era de frustração.
que não acontece na questão) d) É claro, que se fôssemos levar a lei ao pé da letra, mui-
GABARITO OFICIAL: E tos sofreriam sanções diariamente.
e) O tempo não para as transformações sociais são ur-
2. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO gentes mas há quem não perceba esse fato, que é
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) evidente.

Texto 1 Resposta: Letra C


Indiquei com (X) os lugares inadequados e acrescentei
Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018, a pontuação que faltou:
com o nome Erros do passado, o articulista Paulo Em “a”, O jeitinho, essa instituição tipicamente
Guedes escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e brasileira , pode ser considerado, sem dúvida, um
previdenciário brasileiros são politicamente anacrônicos, desvio de caráter.
economicamente desastrosos e socialmente perversos. Em “b”, Apareciam novos problemas , (X) e o funcionário
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados , embora competente, nem sempre conseguia resolvê-
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista los.
de Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos Em “c”, Ainda que os níveis de educação estivessem
LÍNGUA PORTUGUESA

programas socialdemocratas, são hoje armas de avançando, o sentimento geral, às vezes, era de
destruição em massa de empregos locais em meio à frustração.= correta
competição global. Reduzem a competitividade das Em “d”, É claro , (X) que se fôssemos levar a lei ao pé da
empresas, fabricam desigualdades sociais, dissipam em letra, muitos sofreriam sanções diariamente.
consumo corrente a poupança compulsória dos encargos Em “e”, O tempo não para , as transformações sociais
recolhidos, derrubam o crescimento da economia e são urgentes , mas há quem não perceba esse fato,
solapam o valor futuro das aposentadorias”. (adaptado) que é evidente.

70
4. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – De acordo com a norma-padrão, no primeiro quadrinho,
CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão na fala de Hagar, deve ser utilizada uma vírgula,
da língua portuguesa, a pontuação está corretamente obrigatoriamente,
empregada em:
a) antes da palavra “olho”.
a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quando b) antes da palavra “e”.
atendem, de forma voluntária, aos funcionários e c) depois da palavra “evitar”.
à comunidade em geral, pode ser definido como d) antes da palavra “evitar”.
responsabilidade social. e) depois da palavra “e”.
b) As empresas que optam por encampar a prática da
responsabilidade social, beneficiam-se de conseguir Resposta: Letra C
uma melhor imagem no mercado. “Não posso evitar doutor” = no diálogo, Hagar fala com
c) A noção de responsabilidade social foi muito utilizada o doutor (vocativo); portanto, presença obrigatória de
em campanhas publicitárias: por isso, as empresas vírgula após o verbo “evitar”.
precisam relacionar-se melhor, com a sociedade.
d) A responsabilidade social explora um leque abrangente 6. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO – SUBSTITUTO –
de beneficiários, envolvendo assim: a qualidade de VUNESP-2018) No trecho do primeiro parágrafo
vida o bem-estar dos trabalhadores, a redução de do texto – Nas escolas da Catalunha, a separação da
impactos negativos, no meio ambiente. Espanha tem apoio maciço. É uma situação que contrasta
e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem com outros lugares de Barcelona, uma cidade que vive
a ideia de que: o objetivo das empresas é o lucro e hoje em duas dimensões. De um lado, há a Barcelona
a geração de empregos não a preocupação com a dos turistas, que se cotovelam nos pontos turísticos da
sociedade como um todo. cidade, … –, empregam-se as vírgulas para separar as
expressões destacadas porque elas
Resposta: Letra A
a) acrescem às informações precedentes comentários
Assinalei com (X) as inadequações e destaquei as
que lhes ampliam o sentido.
inclusões:
b) sintetizam as ideias centrais das informações prece-
Em “a”: O conjunto de preocupações e ações efetivas,
dentes.
quando atendem, de forma voluntária, aos funcionários
c) apresentam informações que se opõem às informa-
e à comunidade em geral, pode ser definido como
ções precedentes.
responsabilidade social = correta
d) retificam as informações precedentes, dando-lhes o
Em “b”: As empresas que optam por encampar a correto matiz semântico.
prática da responsabilidade social, (X) beneficiam-se e) estabelecem certas restrições de sentido às informa-
de conseguir uma melhor imagem no mercado. ções precedentes.
Em “c”: A noção de responsabilidade social foi muito
utilizada em campanhas publicitárias: (X) ; por isso, as Resposta: Letra A
empresas precisam relacionar-se melhor, (X) com a É uma situação que contrasta com outros lugares
sociedade. de Barcelona, uma cidade que vive hoje em duas
Em “d”: A responsabilidade social explora um leque dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas,
abrangente de beneficiários, envolvendo , assim: (X) , que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade
a qualidade de vida , o bem-estar dos trabalhadores, Os períodos destacados acrescentam informações aos
(X) e a redução de impactos negativos, (X) no meio termos citados anteriormente.
ambiente.
Em “e”: Alguns críticos da responsabilidade social
defendem a ideia de que: (X) o objetivo das empresas é CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
o lucro e a geração de empregos , não a preocupação
com a sociedade como um todo.
GABARITO OFICIAL: A CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
5. (PC-SP - Investigador de Polícia – Vunesp-2014) Os concurseiros estão apreensivos.
Concurseiros apreensivos.

No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra


na terceira pessoa do plural, concordando com o seu
LÍNGUA PORTUGUESA

sujeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo


“apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
e número (plural) com o substantivo a que se refere:
concurseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
(Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado) número e gênero se correspondem. A correspondência
de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
ser verbal ou nominal.

71
Concordância Verbal D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou
seu sujeito. “de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
Sujeito Simples - Regra Geral pronome pessoal.
Quais de nós são / somos capazes?
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
em número e pessoa. Veja os exemplos: Vários de nós propuseram / propusemos sugestões
inovadoras.
A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular Observação:
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
Os candidatos à vaga chegarão às 12h. inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada
fizemos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso
Casos Particulares não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão Nos casos em que o interrogativo ou indefinido
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade estiver no singular, o verbo ficará no singular.
de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) Qual de nós é capaz?
seguida de um substantivo ou pronome no plural, o Algum de vós fez isso.
verbo pode ficar no singular ou no plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram que indica porcentagem seguida de substantivo, o
proposta. verbo deve concordar com o substantivo.
25% do orçamento do país será destinado à Educação.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos 85% dos entrevistados não aprovam a administração
dos coletivos, quando especificados: Um bando de do prefeito.
vândalos destruiu / destruíram o monumento. 1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova.
Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a • Quando a expressão que indica porcentagem não
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
aos elementos que formam esse conjunto. com o número.
25% querem a mudança.
B) Quando o sujeito é formado por expressão que 1% conhece o assunto.
indica quantidade aproximada (cerca de, mais
de, menos de, perto de...) seguida de numeral e • Se o número percentual estiver determinado por
substantivo, o verbo concorda com o substantivo. artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-
Cerca de mil pessoas participaram do concurso. se-á com eles:
Perto de quinhentos alunos compareceram à Os 30% da produção de soja serão exportados.
solenidade. Esses 2% da prova serão questionados.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas
últimas Olimpíadas. F) O pronome “que” não interfere na concordância;
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa
Observação: do singular.
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos Fui eu que paguei a conta.
que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais Fomos nós que pintamos o muro.
de um colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um És tu que me fazes ver o sentido da vida.
ao outro) Sou eu quem faz a prova.
Não serão eles quem será aprovado.
C) Quando se trata de nomes que só existem no
plural, a concordância deve ser feita levando-se G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem assumir a forma plural.
LÍNGUA PORTUGUESA

artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais
no plural, o verbo deve ficar o plural. encantaram os poetas.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Estados Unidos possui grandes universidades.
Alagoas impressiona pela beleza das praias. • Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
As Minas Gerais são inesquecíveis. dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. singular:

72
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Observação:
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Quando o sujeito é composto, formado por um
elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele),
• Quando “um dos que” vem entremeada de é possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
substantivo, o verbo pode: (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa de “tomaríeis”.
o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que
faça o mesmo). C) No caso do sujeito composto posposto ao
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão verbo, passa a existir uma nova possibilidade de
poluídos (noção de que existem outros rios na concordância: em vez de concordar no plural com
mesma condição). a totalidade do sujeito, o verbo pode estabelecer
concordância com o núcleo do sujeito mais
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o próximo.
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. Faltaram coragem e competência.
Vossa Excelência está cansado? Faltou coragem e competência.
Vossas Excelências renunciarão? Compareceram todos os candidatos e o banca.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
de acordo com o numeral. D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a
Deu uma hora no relógio da sala. concordância é feita no plural. Observe:
Deram cinco horas no relógio da sala. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Soam dezenove horas no relógio da praça. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Baterão doze horas daqui a pouco.
Casos Particulares
Observação:
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
• Quando o sujeito composto é formado por núcleos
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
singular.
Soa quinze horas o relógio da matriz.
Descaso e desprezo marca seu comportamento.
A coragem e o destemor fez dele um herói.
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do
singular. São verbos impessoais: Haver no sentido • Quando o sujeito composto é formado por núcleos
de existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que dispostos em gradação, verbo no singular:
indicam fenômenos da natureza. Exemplos: Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um
Havia muitas garotas na festa. segundo me satisfaz.
Faz dois meses que não vejo meu pai.
Chovia ontem à tarde. • Quando os núcleos do sujeito composto são unidos
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural,
Sujeito Composto de acordo com o valor semântico das conjunções:
Drummond ou Bandeira representam a essência da
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao poesia brasileira.
verbo, a concordância se faz no plural: Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.

Pai e filho conversavam longamente. Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de


Sujeito “adição”. Já em:
Juca ou Pedro será contratado.
Pais e filhos devem conversar com frequência. Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima
Sujeito Olimpíada.

B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da no singular.
seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por • Com as expressões “um ou outro” e “nem um
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja: nem outro”, a concordância costuma ser feita no
LÍNGUA PORTUGUESA

Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão. singular.


Primeira Pessoa do Plural (Nós) Um ou outro compareceu à festa.
Nem um nem outro saiu do colégio.
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós) • Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Pais e filhos precisam respeitar-se.
Terceira Pessoa do Plural (Eles)

73
• Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”, o Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e
um mesmo grau de importância e a palavra “com” indiretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética.
tem sentido muito próximo ao de “e”. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da
O pai com o filho montaram o brinquedo. oração. Exemplos:
O governador com o secretariado traçaram os planos Construiu-se um posto de saúde.
para o próximo semestre. Construíram-se novos postos de saúde.
O professor com o aluno questionaram as regras. Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
O pai com o filho montou o brinquedo.
#FicaDica
O governador com o secretariado traçou os planos
para o próximo semestre. Para saber se o “se” é partícula apassivadora
O professor com o aluno questionou as regras. ou índice de indeterminação do sujeito, ten-
te transformar a frase para a voz passiva. Se
Com o verbo no singular, não se pode falar em a frase construída for “compreensível”, esta-
sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez que as remos diante de uma partícula apassivadora;
expressões “com o filho” e “com o secretariado” são se não, o “se” será índice de indeterminação.
adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como Veja:
se houvesse uma inversão da ordem. Veja: Precisa-se de funcionários qualificados.
“O pai montou o brinquedo com o filho.” Tentemos a voz passiva:
“O governador traçou os planos para o próximo Funcionários qualificados são precisados (ou
semestre com o secretariado.” precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se”
“O professor questionou as regras com o aluno.”
destacado é índice de indeterminação do
sujeito.
Casos em que se usa o verbo no singular:
Agora:
Vendem-se casas.
Café com leite é uma delícia!
Voz passiva: Casas são vendidas. Constru-
O frango com quiabo foi receita da vovó.
ção correta! Então, aqui, o “se” é partícula
apassivadora. (Dá para eu passar para a voz
Quando os núcleos do sujeito são unidos por
expressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não passiva. Repare em meu destaque. Percebeu
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, semelhança? Agora é só memorizar!).
o verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Nordeste. O Verbo “Ser”
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
notícia. A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo
e o sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa
Quando os elementos de um sujeito composto são concordância pode ocorrer também entre o verbo e o
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância predicativo do sujeito.
é feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da Quando o sujeito ou o predicativo for:
apatia.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
na vida das pessoas. SER concorda com a pessoa gramatical:
Ele é forte, mas não é dois.
Outros Casos Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos.
O Verbo e a Palavra “SE”
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há plural, o verbo SER concordará, preferencialmente,
duas de particular interesse para a concordância verbal: com o que estiver no plural:
A) quando é índice de indeterminação do sujeito; Os livros são minha paixão!
B) quando é partícula apassivadora. Minha paixão são os livros!
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” Quando o verbo SER indicar


acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na • horas e distâncias, concordará com a expressão
terceira pessoa do singular: numérica:
Precisa-se de funcionários. É uma hora.
Confia-se em teses absurdas. São quatro horas.

74
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
quilômetros. seguintes regras gerais:
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
• datas, concordará com a palavra dia(s), que pode se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
estar expressa ou subentendida: denunciavam o que sentia.
Hoje é dia 26 de agosto. B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
Hoje são 26 de agosto. a concordância pode variar. Podemos sistematizar
essa flexão nos seguintes casos:
• Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade
e for seguido de palavras ou expressões como • Adjetivo anteposto aos substantivos:
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER O adjetivo concorda em gênero e número com o
fica no singular: substantivo mais próximo.
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Duas semanas de férias é muito para mim. Encontramos caído o prendedor e a roupa.

• Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
for pronome pessoal do caso reto, com este parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
concordará o verbo. As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
No meu setor, eu sou a única mulher. Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Aqui os adultos somos nós.
• Adjetivo posposto aos substantivos:
Observação: O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural
representados por pronomes pessoais, o verbo concorda se houver substantivo feminino e masculino).
com o pronome sujeito. A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
Eu não sou ela. A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
Ela não é eu. A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
• Quando o sujeito for uma expressão de sentido
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no Observação:
plural, o verbo SER concordará com o predicativo. Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
A grande maioria no protesto eram jovens. pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos
O resto foram atitudes imaturas. dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
no plural masculino, que é o gênero predominante
O Verbo “Parecer” quando há substantivos de gêneros diferentes.
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o
locução verbal (é seguido de infinitivo), admite duas adjetivo fica no singular ou plural.
concordâncias: A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).
• Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho. C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo
• A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água é
sofre flexão: bom para saúde.
As crianças parece gostarem do desenho. O adjetivo concorda com o substantivo, se este
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho for modificado por um artigo ou qualquer outro
aas crianças) determinativo: Esta água é boa para saúde.

Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica no D) O adjetivo concorda em gênero e número com
singular. Por exemplo: As paredes parece que têm ouvidos. os pronomes pessoais a que se refere: Juliana
(Parece que as paredes têm ouvidos = oração subordinada encontrou-as muito felizes.
substantiva subjetiva).
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
LÍNGUA PORTUGUESA

Concordância Nominal neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição


DE + adjetivo, este último geralmente é usado
A concordância nominal se baseia na relação entre no masculino singular: Os jovens tinham algo de
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se misterioso.
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um função adjetiva e concorda normalmente com o
termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal. nome a que se refere:

75
Cristina saiu só. Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
Cristina e Débora saíram sós. Quite
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e
Observação: número com o substantivo ou pronome a que se referem.
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou Seguem anexas as documentações requeridas.
“apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto, A menina agradeceu: - Muito obrigada.
invariável: Eles só desejam ganhar presentes. Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Seguem inclusos os papéis solicitados.
Estamos quites com nossos credores.
#FicaDica
Bastante - Caro - Barato - Longe
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Estas palavras são invariáveis quando funcionam
Se a frase ficar coerente com o primeiro, como advérbios. Concordam com o nome a que se
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se referem quando funcionam como adjetivos, pronomes
houver coerência com o segundo, função de adjetivos, ou numerais.
adjetivo, então varia: As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
Ele está só descansando. (apenas (pronome adjetivo)
descansando) - advérbio Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
As casas estão caras. (adjetivo)
Achei barato este casaco. (advérbio)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
“só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e Meio - Meia
descansando) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
G) Quando um único substantivo é modificado por meia porção de polentas.
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser Quando empregada como advérbio permanece
usadas as construções: invariável: A candidata está meio nervosa.
• O substantivo permanece no singular e coloca-se o
artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa. #FicaDica
• O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
portuguesa. saberei que se trata de um advérbio, não
de adjetivo: “A candidata está um pouco
Casos Particulares nervosa”.

É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É


permitido Alerta - Menos
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
• Estas expressões, formadas por um verbo mais sempre invariáveis.
um adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a Os concurseiros estão sempre alerta.
que se referem possuir sentido genérico (não vier Não queira menos matéria!
precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Em certos momentos, é necessário atenção. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
No verão, melancia é bom. Cochar. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
É preciso cidadania. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Não é permitido saída pelas portas laterais. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
• Quando o sujeito destas expressões estiver AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
determinado por artigos, pronomes ou adjetivos, literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
tanto o verbo como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças. SITE
LÍNGUA PORTUGUESA

Esta salada é ótima. Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/


A educação é necessária. secoes/sint/sint49.php>
São precisas várias medidas na educação.

76
Resposta: Letra D
Em “a”: Alimentos saudáveis e prática constante de
EXERCÍCIOS COMENTADOS exercícios são necessárias (necessários) para uma vida
longa e mais equilibrada.
1. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – Em “b”: Inexistência de esgoto em muitas regiões e
CESGRANRIO-2018) A forma verbal em destaque está falta de tratamento adequado da água são causadores
empregada de acordo com a norma-padrão em: (causadoras) de doenças.
Em “c”: Notícias falsas e boatos perigosos não
a) Atualmente, comercializa-se diferentes criptomoedas deveriam ser reproduzidas (reproduzidos) nas redes
mas a bitcoin é a mais conhecida de todas as moedas sociais da forma como acontece hoje.
virtuais. Em “d”: Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos
b) A especulação e o comércio ilegal, de acordo com al- da Região Nordeste foram elogiados por suas
guns analistas, pode tornar as bitcoins inviáveis. propriedades alimentares = correta
c) As notícias informam que até hoje, em nenhuma par- Em “e”: Profissionais dedicados e pesquisas constantes
te do mundo, se substituíram totalmente as moedas precisam ser estimuladas (estimulados) para que se
reais pelas virtuais. avance na cura de algumas doenças.
d) De acordo com as regras do mercado financeiro, criou-
-se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos anos. 3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR
e) O valor dos produtos comercializados seriam determi- – CESGRANRIO-2018) A concordância do verbo
nados por uma moeda virtual se a real fosse abolida. destacado foi realizada de acordo com as exigências da
norma-padrão da língua portuguesa em:
Resposta: Letra C
Em “a”: Atualmente, comercializam-se diferentes a) Com a corrida desenfreada pelas versões mais atuais
criptomoedas mas a bitcoin é a mais conhecida de dos smartphones, evidenciou-se atitudes agressivas e
todas as moedas virtuais. violentas por parte dos usuários.
Em “b”: A especulação e o comércio ilegal, de b) Devido à utilização de estratégias de marketing, de-
acordo com alguns analistas, podem tornar as bitcoins senvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a posse
inviáveis. de novos aparelhos eletrônicos é garantia de sucesso.
Em “c”: As notícias informam que até hoje, em nenhuma c) É necessário que se envie a todas as escolas do país ví-
parte do mundo, se substituíram totalmente as deos educacionais que permitam esclarecer os jovens
moedas reais pelas virtuais. = correta sobre o vício da tecnologia.
Em “d”: De acordo com as regras do mercado d) É preciso educar as novas gerações para que se redu-
financeiro, criaram-se apenas 21 milhões de bitcoins za os comportamentos compulsivos relacionados ao
nos últimos anos. uso das novas tecnologias.
Em “e”: O valor dos produtos comercializados seria e) Nos países mais industrializados, comprovou-se os
determinado por uma moeda virtual se a real fosse danos psicológicos e o consumismo exagerado causa-
abolida. dos pelo vício da tecnologia.

2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL Resposta: Letra B


I – CESGRANRIO-2018) A concordância da palavra Em “a”: Com a corrida desenfreada pelas versões mais
destacada atende às exigências da norma-padrão da atuais dos smartphones, evidenciou-se (evidenciaram-
língua portuguesa em: se) atitudes agressivas e violentas por parte dos
usuários.
a) Alimentos saudáveis e prática constante de exercícios Em “b”: Devido à utilização de estratégias de
são necessárias para uma vida longa e mais equili- marketing, desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de
brada. que a posse de novos aparelhos eletrônicos é garantia
b) Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta de de sucesso = correta
tratamento adequado da água são causadores de do- Em “c”: É necessário que se envie (enviem) a todas as
enças. escolas do país vídeos educacionais que permitam
c) Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam ser esclarecer os jovens sobre o vício da tecnologia.
reproduzidas nas redes sociais da forma como acon- Em “d”: É preciso educar as novas gerações para que
tece hoje. se reduza (reduzam) os comportamentos compulsivos
d) Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos da Re- relacionados ao uso das novas tecnologias.
gião Nordeste foram elogiados por suas proprieda- Em “e”: Nos países mais industrializados, comprovou-
des alimentares.
LÍNGUA PORTUGUESA

se (comprovaram-se) os danos psicológicos e o


e) Profissionais dedicados e pesquisas constantes preci- consumismo exagerado causados pelo vício da
sam ser estimuladas para que se avance na cura de tecnologia.
algumas doenças.

77
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO – que assegurem o controle recíproco entre eles para o
FGV-2017) Observe os seguintes casos de concordância advento de um cenário de equilíbrio e harmonia nas
nominal retirados do texto 1: sociedades estatais. A concentração do poder em um só
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e in- órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício
dependente. da liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo
2. A agenda pública é determinada pela imprensa tra- homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai até
dicional. onde encontra limites. Para que não se possa abusar do
3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder
conteúdo independentes. limite o poder”.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza
A afirmação correta sobre essas concordâncias é: as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
a) os dois adjetivos da frase (1) referem-se, respectiva- separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a forma
mente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’; de sistema coerente, as consequências de conceitos
b) os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural por diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
referirem-se a dois substantivos; situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
c) na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ se re- de origem baconiana, não abandonando o rigor das
fere a ‘imprensa’; certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
d) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está correta- refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
mente no plural por referir-se a ‘empresas’; idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
e) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria estar explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’. civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
Resposta: Letra D Ministério Público em função da proteção dos direitos
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p.
18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
independente.
2. A agenda pública é determinada pela imprensa
A flexão plural em “eram identificadas” decorre da
tradicional.
concordância com o sujeito dessa forma verbal: “as
3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de
esferas de abrangência dos poderes políticos”.
conteúdo independentes.
Em “a”: os dois adjetivos da frase (1) referem-se,
( ) CERTO ( ) ERRADO
respectivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e Resposta: Certo
independente = apenas a “jornalismo” (...) Até Montesquieu, não eram identificadas com
Em “b”: os adjetivos da frase (1) deveriam estar no clareza as esferas de abrangência dos poderes
plural por referirem-se a dois substantivos; políticos = passando o período para a ordem direta
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e (sujeito + verbo), temos: Até Montesquieu, as esferas
independente = a um substantivo (jornalismo) de abrangência dos poderes políticos não eram
Em “c”: na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ identificadas com clareza.
se refere a ‘imprensa’;
A agenda pública é determinada pela imprensa 6. (PC-RS – ESCRIVÃO e Inspetor de Polícia –
tradicional = refere-se ao termo “agenda pública” Fundatec-2018 - adaptada) Sobre a frase “Esses alunos
Em “d”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está que são usuários constantes de redes sociais têm um risco
corretamente no plural por referir-se a ‘empresas’; 27% maior de desenvolver depressão”, avalie as assertivas
Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de que seguem, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
conteúdo independentes = correta ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado para
Em “e”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer
deveria estar no singular por referir-se ao substantivo ajustes para fins de concordância.
‘conteúdo’ = incorreta (refere-se a “empresas”) ( ) Mais da metade dos alunos que usam redes sociais
podem ficar deprimidos.
5. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015) ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais desen-
volverem depressão constante extrapola o índice
Texto I dos 27%.

Na organização do poder político no Estado moderno,


LÍNGUA PORTUGUESA

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de


à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a cima para baixo, é:
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir a
desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco a) V – V – V.
da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige b) F – V – F.
a existência de um poder institucional. Mas a conquista c) V – F – F.
da liberdade humana também reclama a distribuição do d) F – F – V.
poder em ramos diversos, com a disposição de meios e) F – F – F.

78
Resposta: Letra C A voluntária distribuía leite às crianças.
Esses alunos que são usuários constantes de redes sociais A voluntária distribuía leite com as crianças.
têm um risco 27% maior de desenvolver depressão
Em: ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado
para o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto
ajustes para fins de concordância. (objeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
Esse aluno que é usuário constante de redes sociais direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto
tem um risco 27% maior de desenvolver depressão adverbial).
= (verdadeira = haveria quatro alterações) Para estudar a regência verbal, agruparemos os
Em: ( ) Mais da metade dos alunos que usam redes verbos de acordo com sua transitividade. Esta, porém,
sociais podem ficar deprimidos. não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de
= falsa (o período em análise não nos transmite tal diferentes formas em frases distintas.
informação, apenas afirma que usuários constantes
têm um risco 27% maior que os demais) A) Verbos Intransitivos
Em: ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
desenvolverem depressão constante extrapola o importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
índice dos 27%. aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
= Falsa (“depressão constante” altera o sentido do
período) Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos
adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL usadas para indicar destino ou direção são: a, para.

Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar

Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Ricardo foi para a Espanha.


que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome Adjunto Adverbial de Lugar
(regência nominal) e seus complementos.
Comparecer
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
entre os verbos e os termos que os complementam último jogo.
(objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam
(adjuntos adverbiais). Há verbos que admitem mais B) Verbos Transitivos Diretos
de uma regência, o que corresponde à diversidade Os verbos transitivos diretos são complementados por
de significados que estes verbos podem adquirir objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
dependendo do contexto em que forem empregados. para o estabelecimento da relação de regência. Ao
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses
contentar. pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos,
agrado ou prazer”, satisfazer. nas (após formas verbais terminadas em sons nasais),
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de objetos indiretos.
“agradar a alguém”. São verbos transitivos diretos, dentre outros:
abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar,
O conhecimento do uso adequado das preposições acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar,
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar,
verbal (e também nominal). As preposições são capazes defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir,
de modificar completamente o sentido daquilo que está prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar,
sendo dito. ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
Cheguei ao metrô.
LÍNGUA PORTUGUESA

como o verbo amar:


Cheguei no metrô. Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Amo aquela moça. / Amo-a.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no Amam aquele rapaz. / Amam-no.
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.

79
Observação: Agradeço aos ouvintes a audiência.
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos Objeto Indireto Objeto Direto
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
adnominais): Paguei o débito ao cobrador.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Objeto Direto Objeto Indireto
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua
carreira) O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau com particular cuidado:
humor) Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
C) Verbos Transitivos Indiretos Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Os verbos transitivos indiretos são complementados Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos Paguei minhas contas. / Paguei-as.
exigem uma preposição para o estabelecimento da Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
relação de regência. Os pronomes pessoais do caso
oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como Informar
objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
complementos de verbos transitivos indiretos. Com os Informe os novos preços aos clientes.
objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os
pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) novos preços)
em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
Consistir - Tem complemento introduzido pela Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos
preposição “em”: A modernidade verdadeira consiste em preços.
direitos iguais para todos. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
sobre eles)
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus
complementos introduzidos pela preposição “a”: Observação:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. A mesma regência do verbo informar é usada para os
Eles desobedeceram às leis do trânsito. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Responder - Tem complemento introduzido pela Comparar


preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
indicar “a quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação: Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
O verbo responder, apesar de transitivo indireto na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz de pessoa.
passiva analítica:
O questionário foi respondido corretamente. Pedi-lhe favores.
Todas as perguntas foram respondidas Objeto Indireto Objeto Direto
satisfatoriamente.
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus Objeto Indireto Oração Subordinada
complementos introduzidos pela preposição “com”. Substantiva Objetiva Direta
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que A construção “pedir para”, muito comum na
governam para uma minoria privilegiada. linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado
na língua culta. No entanto, é considerada correta
D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos quando a palavra licença estiver subentendida.
LÍNGUA PORTUGUESA

Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em


Os verbos transitivos diretos e indiretos são casa.
acompanhados de um objeto direto e um indireto.
Merecem destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
e pagar. São verbos que apresentam objeto direto uma oração subordinada adverbial final reduzida de
relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
pessoas.

80
Preferir No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial
indireto introduzido pela preposição “a”: de lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. numa conturbada cidade.
Prefiro trem a ônibus.
Chamar
Observação: Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado solicitar a atenção ou a presença de.
sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá
vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo chamá-la.
prefixo existente no próprio verbo (pre). Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.

Mudança de Transitividade - Mudança de Chamar no sentido de denominar, apelidar pode


Significado apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere
Há verbos que, de acordo com a mudança de predicativo preposicionado ou não.
transitividade, apresentam mudança de significado. O A torcida chamou o jogador mercenário.
conhecimento das diferentes regências desses verbos é A torcida chamou ao jogador mercenário.
um recurso linguístico muito importante, pois além de A torcida chamou o jogador de mercenário.
permitir a correta interpretação de passagens escritas, A torcida chamou ao jogador de mercenário.
oferece possibilidades expressivas a quem fala ou
escreve. Dentre os principais, estão: Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
Agradar
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer Custar
carinhos, acariciar, fazer as vontades de. Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
Sempre agrada o filho quando. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
Aquele comerciante agrada os clientes. Frutas e verduras não deveriam custar muito.

Agradar é transitivo indireto no sentido de causar No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
introduzido pela preposição “a”. reduzida de infinitivo.
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou. Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
O cantor desagradou à plateia.
Custou-me (a mim) crer nisso.
Aspirar Objeto Indireto Oração Subordinada
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
(o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
A Gramática Normativa condena as construções que
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
ter como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. pessoa: Custei para entender o problema.
(Aspirávamos a ele) = Forma correta: Custou-me entender o problema.

Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, Implicar


as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= implicavam um firme propósito.
Aspiravam a ela) B) ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
Assistir
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar Como transitivo direto e indireto, significa
assistência a, auxiliar. comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista em
LÍNGUA PORTUGUESA

As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. questões econômicas.


As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
presenciar, estar presente, caber, pertencer. quem não trabalhasse arduamente.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.

81
Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois anos.

Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto:
Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.

Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.

Proceder
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.

Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
LÍNGUA PORTUGUESA

Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

82
Importante:
A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
completiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
LÍNGUA PORTUGUESA

Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Duvidam. Acham que estou mentindo.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017, p.97.
Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. Adaptado.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro me-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. lhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e con-
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: servando-se o conteúdo informacional, o trecho acima
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. está corretamente reescrito em:

SITE a) Podemos esperar para um futuro melhor


Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ b) Podemos esperar com um futuro melhor
secoes/sint/sint61.php> c) Podemos esperar um futuro melhor
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor
e) Podemos esperar todavia um futuro melhor
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra C
1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- Em “a”: Podemos esperar para um futuro melhor = po-
GRANRIO-2018) demos esperar o quê?
Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po-
O ano da esperança demos esperar o quê?
Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me-
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás lhor = sentido de “porque”
do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor =
amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinhei- conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada
ro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a anteriormente)
consciência de que era uma doação. A situação foi pio- A única frase correta – e coerente - é podemos esperar
rando. Os argumentos também. No início era para pagar um futuro melhor.
a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes.
Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. Ajudava 2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que so- GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança-
freu um acidente e não tinha como pagar a fisioterapia. mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re-
Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações, sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores
remédios. A situação piorando, eu já estava encomen- desses produtos”. A utilização da preposição destacada
dando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico, a é obrigatória para atender às exigências da regência
no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamen- do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da
te. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma
que o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu preposição antecedendo o pronome que destacado em:
não ajudava mais.
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que qua-
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca
se ninguém possui, recém-lançado no mercado, pas-
conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter
sam a ter uma sensação de superioridade.
caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o em-
b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre
prego após o suposto acidente. Foi por isso que me dei-
trazem novidades que justifiquem seu preço elevado
xei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As em relação ao modelo anterior.
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. realizou foi importante para mostrar que o vício em
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur- d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova sentirem recompensadas.
consciência para votar. Como? Num mundo em que as e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites do que o seu orçamento permite em aparelhos que
LÍNGUA PORTUGUESA

servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram elas não necessitam.
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre- Resposta: Letra E
vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso Em “a”: Os consumidores, ao adquirirem um produto
ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama. que (= o qual) quase ninguém possui, recém-lançado
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da no mercado, passam a ter uma sensação de superio-
internet. ridade.

84
Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem Resposta: Letra C
sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem Em “a”: Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o
seu preço elevado em relação ao modelo anterior. amigo comentou de (X) que = comentou que
Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando
qual) o pesquisador realizou foi importante para mos- livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao
trar que o vício em novidades tecnológicas cresce Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer
cada vez mais. seria sair para jantar = correta
Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá- Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a
vel por causar sensações de prazer que (= as quais) que
levam as pessoas a se sentirem recompensadas. Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo
Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui- se ateve = ao qual/ a que
to mais do que o seu orçamento permite em apare-
lhos de que (= das quais) elas não necessitam. 5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA)
GABARITO OFICIAL: E Na passagem – ... e ausência de candidatos para preen-
chê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por concor-
rer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se:
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
A pobreza é um dos fatores mais comumente respon- a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas.
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas.
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes.
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso d) … e ausência de candidatos para concorrê-las.
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer.
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga Resposta: Letra A
crianças e adolescentes a participarem do processo de Vamos por exclusão: “à elas” está errada, já que não
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem temos acento indicativo de crase antes de pronome
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de pessoal; quando temos um verbo no infinitivo, pode-
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do mos usar a construção: verbo + preposição + prono-
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil me pessoal. Por exemplo: Dar a eles (ao invés de “dar-
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, -lhes”).
ele continua sendo grave problema nos países mais po-
bres.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações). SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS.

O emprego de preposição em “a participarem” é exigido


pela regência da forma verbal “obriga”.
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
( ) CERTO ( ) ERRADO
Semântica é o estudo da significação das palavras
e das suas mudanças de significação através do tempo
Resposta: Certo ou em determinada época. A maior importância está em
(...) o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia)
obriga crianças e adolescentes a participarem = e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
quem obriga, obriga alguém (crianças e adolescentes –
objeto direto) a algo (a participarem – objeto indireto: Sinônimos
com preposição – no caso, uma oração com a função São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
de objeto indireto). - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar -
abolir.
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013) Duas palavras são totalmente sinônimas quando
Considerando as regras de regência verbal, assinale a al- são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto
ternativa correta. (cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas
quando, ocasionalmente, podem ser substituídas,
a) Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o amigo uma pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e
comentou de que o livro estava acabando. esperar).
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Enquanto seu amigo continua encomendando livros


de papel, o autor aderiu o livro digital. Observação:
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair A contribuição greco-latina é responsável pela
para jantar. existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
armazenar livros e CDs. contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve transformação e metamorfose; oposição e antítese.
foi o número de estantes.

85
Antônimos O hiperônimo impõe as suas propriedades ao
São palavras que se opõem através de seu significado: hipônimo, criando, assim, uma relação de dependência
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; semântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de
mal - bem. hiperonímia com carros, já que veículos é uma palavra de
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
Observação: Veículos é um hiperônimo de carros.
A antonímia pode se originar de um prefixo de Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e utilização correta dos hiperônimos, ao redigir um texto,
discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista evita a repetição desnecessária de termos.
e anticomunista; simétrico e assimétrico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Homônimos e Parônimos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
• Homônimos = palavras que possuem a mesma gra- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
fia ou a mesma pronúncia, mas significados dife- Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
rentes. Podem ser – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
rentes na pronúncia: XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.)
e denuncia (verbo); providência (subst.) e providen- SITE
cia (verbo). Disponível em: <http://www.coladaweb.com/
portugues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-
B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e paronimos>
diferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmo- Polissemia
nizar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
sela (arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
paço (palácio) e passo (andar). um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou dentro de seu próprio campo semântico.
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pro- Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo
núncia: percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo). se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
• Parônimos = palavras com sentidos diferentes, ocorrência da polissemia:
porém de formas relativamente próximas. São O rapaz é um tremendo gato.
palavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta O gato do vizinho é peralta.
(receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
e sesta (descanso após o almoço), eminente Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
(ilustre) e iminente (que está para ocorrer), osso sobrevivência
(substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo O passarinho foi atingido no bico.
e/ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo),
comprimento (medida) e cumprimento (saudação), Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
autuar (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
pena) e infringir (violar), deferir (atender a) e comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emitir de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
apropriar-se de), tráfico (comércio ilegal) e ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato é o formato quadriculado que têm.
(procuração) e mandado (ordem), emergir (subir à
LÍNGUA PORTUGUESA

superfície) e imergir (mergulhar, afundar). Polissemia e homonímia


A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
Hiperonímia e Hiponímia comum. Quando a mesma palavra apresenta vários
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem significados, estamos na presença da polissemia. Por
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo outro lado, quando duas ou mais palavras com origens
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o e significados distintos têm a mesma grafia e fonologia,
hiperônimo, mais abrangente. temos uma homonímia.

86
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode SITE
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
é polissemia porque os diferentes significados para a gramatica/polissemia.htm>
palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma
palavra polissêmica: pode significar o elemento básico Denotação e Conotação
do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de
um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes Exemplos de variação no significado das palavras:
significados estão interligados porque remetem para o Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido
mesmo conceito, o da escrita. literal)
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
Polissemia e ambiguidade figurado)
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma As variações nos significados das palavras ocasionam
interpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
colocação específica de uma palavra (por exemplo, um (conotação) das palavras.
advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada A) Denotação
frequentemente são felizes. Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
Neste caso podem existir duas interpretações apresenta seu significado original, independentemente
diferentes: do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado
As pessoas têm alimentação equilibrada porque mais objetivo e comum, aquele imediatamente
são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro
equilibrada. significado que aparece nos dicionários, sendo o
significado mais literal da palavra.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, A denotação tem como finalidade informar o receptor
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito caráter prático. É utilizada em textos informativos, como
importante saber qual o contexto em que a frase é jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de
proferida. medicamentos, textos científicos, entre outros. A palavra
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, um pedaço de madeira. Outros exemplos:
comicidade. Repare na figura abaixo: O elefante é um mamífero.
As estrelas deixam o céu mais bonito!

B) Conotação
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes
interpretações, dependendo do contexto em que esteja
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
significação mediante a circunstância em que a mesma
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico.
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-cabelo-e- conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau),
pinto. Acesso em 15/9/2014). reprovação (tomei pau no concurso).
A conotação tem como finalidade provocar
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, sentimentos no receptor da mensagem, através da
mas duas seriam: expressividade e afetividade que transmite. É utilizada
principalmente numa linguagem poética e na literatura,
Corte e coloração capilar mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras
ou de música, em anúncios publicitários, entre outros.
Faço corte e pintura capilar Exemplos:
Você é o meu sol!
LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Minha vida é um mar de tristezas.


CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Você tem um coração de pedra!
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

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a) tinta indelével / que não se apaga;
#FicaDica b) ação impossível / que não se possui;
c) trabalho inexequível / que não se exemplifica;
Procure associar Denotação com Dicionário: d) carro invisível / que não tem vistoria;
trata-se de definição literal, quando o termo e) voz inaudível / que não possui audiência.
é utilizado com o sentido que consta no
dicionário.
Resposta: Letra A
Em “a”: tinta indelével / que não se apaga = correta
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Em “b”: ação impossível = que não é possível
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Em “d”: carro invisível = que não se vê
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Em “e”: voz inaudível = que não se ouve
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
São Paulo: Saraiva, 2010. 3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis
SITE pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e- origem de uma série de mazelas, algumas das quais
denotacao/ proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso do
trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
EXERCÍCIOS COMENTADOS crianças e adolescentes a participarem do processo de
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) Um
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte:
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil
“Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado,
Mestrinho) O vocábulo sublinhado, composto do radical-
ele continua sendo grave problema nos países mais
logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do meio
pobres.
ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo radical,
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).
que tem seu significado corretamente indicado é:

a) Antropologia: estudo do homem como representante A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida
do sexo masculino; social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a
b) Etimologia: estudo das raças humanas; “pobreza”.
c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros sobre
a Terra; ( ) CERTO ( ) ERRADO
d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das mu-
lheres; Resposta: Errado
e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza. (...) É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra
terreno = refere-se a “trabalho infantil”.
Resposta: Letra D
Em “a”: Antropologia: Ciência que se dedica ao estudo 4. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CARGO
do homem (espécie humana) em sua totalidade 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio –
Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem CESPE-2013)
das palavras procurando determinar as causas e Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a
circunstâncias de seu processo evolutivo edição de biografias à autorização do biografado ou
Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos descendentes. As consequências da norma são negativas.
atmosféricos e das suas leis, principalmente com a Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar
intenção de prever as variações do tempo. para a posteridade a vida de personagens importantes
Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
mulheres = correta Permite-se a interdição de registros de época, em
Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
orgânicas pelas quais a vida se manifesta Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato da
LÍNGUA PORTUGUESA

vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Mário de


2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no jornalismo quanto
LEGISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Na verdade, na literatura não pode haver censura prévia. Publicada a
todos os anos a imprensa nacional destaca os inaceitáveis reportagem (ou biografia), os que se sentirem atingidos
números da violência no país”. O vocábulo “inaceitáveis” que recorram à justiça. É preciso seguir o padrão existente
equivale ao “que não se aceita”. A equivalência correta em muitos países, em que há biografias “autorizadas” e
abaixo indicada é: “não autorizadas”.

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Reclamações posteriores, quando existem, são
encaminhadas ao foro devido, os tribunais.
O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil HORA DE PRATICAR!
para justificar o veto a que a historiografia do país seja
enriquecida, como se não bastasse o fato de o poder 1. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Profissional
de censura concedido a biografados e herdeiros ser um Nível Médio - Oficial Administrativo
atentado à Constituição. Considere os enunciados a seguir: I. Angélica
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações). conquistou amigos, sinceros companheiros e uma
nova família em seu novo local de trabalho. II. Angélica
A palavra “sonegado” está sendo empregada com o conquistou amigos sinceros, companheiros e uma nova
sentido de reduzido, diminuído. família em seu novo local de trabalho.
Analise as afirmativas e dê valores Verdadeiro (V) ou
( ) CERTO ( ) ERRADO Falso (F).
( ) No 1° enunciado, o vocábulo “sinceros” exerce a função
Resposta: Errado de adjunto adnominal do substantivo “companheiros”.
(...) Permite-se a interdição de registros de época, em ( ) No 2° enunciado, o vocábulo “sinceros” exerce a função
prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro. de complemento nominal do substantivo “amigos”.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o ( ) A diferença de sentido entre os dois enunciados deve-
relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos se à posição da vírgula em cada uma dessas frases.
escritores Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o ( ) A alteração na posição da vírgula alterou o tipo de
sentido é o de “impedido”. predicado. Em I, tem-se predicado verbal e em II, verbo-
nominal. Assinale a alternativa que apresenta a
5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) O sequência correta de cima para baixo.
termo destacado na passagem do primeiro parágrafo –
Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na hora a) F, F, V, V
da compra. – tem sentido equivalente a b) V, F, F, V
c) F, V, F, V
a) impetuosidade. d) V, F, V, F
b) empatia.
c) relutância.
d) consentimento. 2. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Profissional
e) segurança. Nível Médio - Oficial Administrativo
Assinale a alternativa em que o uso de letra maiúscula
Resposta: Letra C está incorreto.
Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na
hora da compra. a) Para aqueles que estudam, Julho e Dezembro são me-
Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto ses de lazer e descanso.
Em “b”: empatia = incorreto b) No sábado, a jovem recebeu um belo buquê de flores
Em “c”: relutância (resistência). porque era o Dia dos Namorados.
Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto c) Avenida 15 de Novembro, 1025. Este é o endereço do
Em “e”: segurança = incorreto curso de Administração gratuito.
A substituição que manteria o sentido do período é d) O Sistema Único de Saúde passa por vários problemas.
“ainda há relutância”. Faltam médicos e equipamentos.

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Leia a charge a seguir e assinale a alternativa incorreta.
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a) O texto faz uso da prosopopeia, ou seja, da perso- O guarda-chuva tem resistido. Suas irmãs, as sombrinhas,
nificação de objetos inanimados para representar as já se entregaram aos piores desregramentos futuristas e
mudanças tecnológicas. tanto abusaram que até caíram de moda. Ele permaneceu
b) O vocábulo “moleque”, que aparece no balão da direi- austero, negro, com seu cabo e suas invariáveis varetas.
ta, é o sujeito da oração. De junco fino ou pinho vulgar, de algodão ou de seda
c) O vocábulo “moleque”, que aparece no balão da direi- animal, pobre ou rico, ele se tem mantido digno. [...]”
ta, é o vocativo da oração. Rubem Braga
d) O vocábulo “moleque”, que aparece no balão da direi-
ta, alude à novidade tecnológica. Analise o trecho: “Suas irmãs, as sombrinhas, já se
entregaram aos piores desregramentos futuristas e
tanto abusaram que até caíram de moda”. Assinale a
4. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Profissional alternativa que apresenta a classificação sintática da
Nível Médio - Oficial Administrativo expressão em destaque.
Assinale a alternativa em que as palavras estão
acentuadas corretamente. a) aposto.
b) sujeito.
a) Há pesquisas sobre robôs inocuos que instalarão teles- c) predicativo.
cópios na Lua para observar a galáxia. d) vocativo.
b) Naquela manhã, Pedro saiu taciturno para a sala re-
côndita após a conversa com o pérfido homem de 7. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT -
chapéu. Profissional Nível Médio - Oficial Administrativo
c) Aproximo-me suavemente do momento em que os fi- Leia o texto para responder a questão.
lósofos e os imbecis tem o mesmo destino.
d) A Secretaria de Segurança Pública intervem, sempre Coisas Antigas
que necessário, em favor da população.
[...] “Depois de cumprir meus afazeres voltei para
5. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Profissional casa, pendurei o guarda-chuva a um canto e me pus a
Nível Médio - Oficial Administrativo contemplá-lo. Senti então uma certa simpatia por ele;
Analise o enunciado: “Todo esforço tem a sua meu velho rancor contra os guarda-chuvas cedeu lugar a
recompensa”. Assinale a alternativa que preencha um estranho carinho, e eu mesmo fiquei curioso de saber
correta e respectivamente as lacunas abaixo. qual a origem desse carinho.
A expressão “todo esforço” funciona como _____ da Pensando bem, ele talvez derive do fato, creio que já
oração; o termo “tem” é um _____ que é complementado notado por outras pessoas, de ser o guarda-chuva o
com um _____ representado pela expressão “a sua objeto do mundo moderno mais infenso a mudanças. Sou
recompensa”. apenas um quarentão, e praticamente nenhum objeto de
minha infância existe mais em sua forma primitiva. De
a) predicado / verbo intransitivo / complemento nominal. máquinas como telefone, automóvel etc., nem é bom
b) substantivo / verbo de ligação / complemento verbal. falar. Mil pequenos objetos de uso mudaram de forma,
c) predicativo / verbo transitivo indireto / objeto indireto. de cor, de material; em alguns casos, é verdade, para
d) sujeito / verbo transitivo direto / objeto direto. melhor; mas mudaram. [...]
O guarda-chuva tem resistido. Suas irmãs, as sombrinhas,
6. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Profissional já se entregaram aos piores desregramentos futuristas e
Nível Médio - Oficial Administrativo tanto abusaram que até caíram de moda. Ele permaneceu
Leia o texto para responder a questão. austero, negro, com seu cabo e suas invariáveis varetas.
De junco fino ou pinho vulgar, de algodão ou de seda
Coisas Antigas animal, pobre ou rico, ele se tem mantido digno. [...]”
Rubem Braga
[...] “Depois de cumprir meus afazeres voltei para Leia o trecho: “pendurei o guarda-chuva a um canto
casa, pendurei o guarda-chuva a um canto e me pus a e me pus a contemplá-lo”. Assinale a alternativa
contemplá-lo. Senti então uma certa simpatia por ele; que apresenta a regra correta que justifica o uso da
meu velho rancor contra os guarda-chuvas cedeu lugar a expressão pronominal em destaque.
um estranho carinho, e eu mesmo fiquei curioso de saber
qual a origem desse carinho. a) Próclise – uso do pronome após o verbo em enuncia-
Pensando bem, ele talvez derive do fato, creio que já dos afirmativos no pretérito imperfeito.
notado por outras pessoas, de ser o guarda-chuva o b) Ênclise – uso do pronome após o verbo no infinitivo
LÍNGUA PORTUGUESA

objeto do mundo moderno mais infenso a mudanças. Sou impessoal regido por preposição.
apenas um quarentão, e praticamente nenhum objeto de c) Mesóclise – uso do pronome após o verbo em enun-
minha infância existe mais em sua forma primitiva. De ciados afirmativos no presente do indicativo.
máquinas como telefone, automóvel etc., nem é bom d) Próclise – uso do pronome após o verbo em enuncia-
falar. Mil pequenos objetos de uso mudaram de forma, dos afirmativos no pretérito perfeito.
de cor, de material; em alguns casos, é verdade, para
melhor; mas mudaram. [...]

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8. IBFC - 2019 - SESACRE - Contador 9. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
Leia com atenção trecho do texto “O que é algoritmo?” Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica
de Ana Paula Pereira (TecMundo) para responder à o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
questão a seguir. ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
(adaptado) um adjetivo.

Nos dias atuais e com a evolução galopante da tecnologia, a) ... um câncer de boca horroroso, ...
dificilmente encontramos pessoas que nunca tenham b) Ele tem dezesseis anos...
utilizado um computador. Os propósitos podem variar c) Eu queria que ele morresse logo, ...
bastante, seja para edição de textos, jogos ou atividades d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
mais complexas. Já é difícil de imaginar nossas vidas sem mílias.
o uso dessa ferramenta. e) E o inferno não atinge só os terminais.
Nessa atividade tão comum ao nosso cotidiano,
você algum dia deve ter parado para pensar como os 10. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
programas funcionam. Você deve ter feito a si mesmo NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
esta pergunta: como é que o computador faz todas as “que” em destaque funciona como pronome relativo.
tarefas exatamente da forma que você pede? A resposta
é mais simples do que parece: ele segue as instruções a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente
que você passa. tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
Mas, para que ele consiga entender o que você fala, ele b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
precisa de uma linguagem mais específica. Para fazer c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
essa interpretação entre homem e máquina, foram d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
desenvolvidas as linguagens de programação. Para que influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
essa interação seja possível, eles são fundamentais: os e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
algoritmos. votar”.
Um algoritmo nada mais é do que uma receita que
mostra passo a passo os procedimentos necessários para 11. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR-
a resolução de uma tarefa, como a receita de um bolo. MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro
Ele não responde à pergunta “o que fazer?”, mas sim explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis
“como fazer”. Em termos mais técnicos, um algoritmo creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e
é uma sequência lógica, finita e definida de instruções das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome
que devem ser seguidas para resolver um problema ou relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo
como ocorre em:
executar uma tarefa.
Embora você não perceba, utiliza algoritmos de forma
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos
intuitiva e automática diariamente quando executa
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura.
tarefas comuns. Como estas atividades são simples e
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem
dispensam ficar pensando nas instruções necessárias
que índio não sabe nada.
para fazê-las, o algoritmo presente nelas acaba passando
c) O branco está preocupado que não chove mais em
despercebido.
alguns lugares.
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
De acordo com o texto e a Gramática Normativa da
trajetória.
Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta.
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono.
a) Segundo o texto, graças ao desenvolvimento tecnoló-
12. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR
gico, o uso do computador está amplamente difundi-
– CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014-ADAP-
do na sociedade e atende a atividades de diferentes
TADA)
graus de complexidade, o que torna plausível a vida
sem esse recurso tecnológico.
A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar
b) A expressão “nada mais”, no trecho “algoritmo nada
mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em so-
mais é do que uma receita”, é uma forma pejorativa de
ciedade. Ao longo da história, os mais diversos artigos
caracterizar os algoritmos dada sua vasta utilização na
foram usados com essa finalidade, como o chocolate,
sociedade contemporânea.
entre os astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegue-
c) Para explicar o conceito de “algoritmo”, a autora utiliza
ses, tendo cabido aos gregos do século VII a.C. a criação
como estratégia didática uma linguagem figurada an-
de uma moeda metálica com um valor padronizado pelo
LÍNGUA PORTUGUESA

tes de fazer uma definição mais técnica.


Estado. “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o
d) De acordo com o texto, algumas atividades cotidianas,
acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo
por serem tão fáceis e automatizadas, dispensam o
de dinheiro e a coleta de impostos – coisas muito difíceis
uso, mesmo inconsciente, dos algoritmos para serem
de fazer quando os valores eram contados em bois ou
realizadas.
imóveis”, afirma a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano,
da Universidade de São Paulo. A segunda grande revo-
lução na história do dinheiro, o papel-moeda, teve uma
origem mais confusa. Existiam cédulas na China do ano

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960, mas elas não se espalharam para outros lugares e 15. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
caíram em desuso no fim do século XIV. I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às
As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo exigências de concordância da norma-padrão da língua
– em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de portuguesa em:
crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma
terceira revolução monetária. “Com a informática, o di- a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários pa-
nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis, íses as notícias falsas.
livres do espaço, do tempo e do controle de governos e b) A recomendação de testar a veracidade das notícias
corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da precisam ser seguidas, para não prejudicar as pesso-
Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América. as.
Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações). c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re-
sultaram na criação de serviços especializados.
A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para d) Os boatos causam efeito mais forte do que as notícias
medir riquezas e trocar mercadorias”. reais porque vem acompanhados de títulos chamati-
vos.
( ) CERTO ( ) ERRADO e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
67% das pessoas consultam os jornais diariamente.
13. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Por outro lado, 16. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM-
nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)
ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumen-
to da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada Texto I
para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam
alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se Portugueses no Rio de Janeiro
complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz:
O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-
a) uma informação sobre o significado de um termo an- guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
teriormente empregado; do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
b) a explicação de uma expressão de difícil entendimen- mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
to; de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam-
c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mes- -se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis,
ma coisa; como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
antes; de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais
e) a ênfase de algo que parece importante para o texto. variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
14. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa- construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor- bebidas.
retamente empregado em: A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró- ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
poles importante papel no desenvolvimento da eco- zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
da hierarquia urbana. significativo de patrícios e algumas associações de por-
b) Conforme o grau de influência e importância interna- te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
cional, classificou-se as 50 maiores cidades em três Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
diferentes classes, a maior parte delas na Europa. de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi- como a Casa de Portugal e um grande número de casas
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne- regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
gócios e a cultura. periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
d) Em centros com grandes aglomerações populacionais, formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
realiza-se negócios nacionais e internacionais, além bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
de um atendimento bastante diversificado, como jor- vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
LÍNGUA PORTUGUESA

nais, teatros, cinemas, entre outros. área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci- preferida pelos mais abastados.
dades globais como verdadeiros polos de influência PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
internacional, devido à presença de sedes de grandes ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES,
empresas transnacionais e importantes centros de Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
pesquisas. de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.

92
O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es- a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema
tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito.
papel gramatical está repetido corretamente em: b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do
a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem texto literário.
da cidade. c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina-
b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fi- ção, a que a linguagem literária apela constantemente.
cariam ricos. d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à
c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências adaptação de uma obra depois de as terem lido, para
na cidade. não ser influenciadas.
d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações
empregos. para o cinema, as quais tende a compor seu repertório
e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer- de leituras.
tas de trabalho.
20. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
17. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
– CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
destacada foi realizada de acordo com as exigências da aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à
norma-padrão da língua portuguesa em: escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados.
a) Com o crescimento da espionagem virtual, é necessá-
rio que se promova novos estudos sobre mecanismos a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
de proteção mais eficazes. supressão do advérbio “a” com o pronome feminino
b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas “a” que acompanha os substantivos “relação” e “es-
cola”.
de grande porte permite que se suspeitem dos ha-
b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
ckers responsáveis.
nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti-
c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é
vos “relação” e “escola”.
preciso que se destinem à pesquisa tecnológica mui-
c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi-
tos milhões de dólares.
nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da
vos “relação” e “escola”.
guerra virtual pela informação, necessitam-se de es-
d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
tudos mais aprofundados. supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a”
e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro- que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
porção incontrolável, é aconselhável que se estabele- e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
ça novas restrições de utilização pelos jovens. junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
18. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As
normas de concordância e a adequada articulação entre 21. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO
tempos e modos verbais estão plenamente observadas DE DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar
na frase: a postura brasileira apenas à ausência de educação
adequada” foi corretamente empregado o acento indi-
a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos do cativo de crase.
cotidiano que o escritor resolvesse analisar e interpre-
tar, apesar das dificuldades que encerram tal desafio. Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua se está corretamente empregado.
marca autoral inconfundível, elas terão deixado de
constituir textos clássicos desse gênero. a) O memorando refere-se à documentos enviados na
c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, ta- semana passada.
lentos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
alcançado uma relevância jamais vista. cia urgente.
d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar com
cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de pessoas já desestimuladas.
sua experiência pessoal com os de sua comunidade. d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe- consta na lista.
LÍNGUA PORTUGUESA

recer matéria para uma boa crônica, desde que não e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
falte ao cronista recursos de grande imaginação. flexível e são responsáveis.

19. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018) 22. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
A concordância está em conformidade com a norma-pa- De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor-
drão na seguinte frase: bitante carga tributária a que estão submetidas as empre-
sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase,
devendo ocorrer o mesmo na frase:

93
a) Entregue o currículo as assistentes do diretor. 26. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
b) Recorra a esta empresa sempre que precisar. NESP-2014)
c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência. A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo
d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da com- especialistas, quase metade delas está associada _____
panhia. bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com-
e) Transmita confiança aqueles que observam seu de- bate efetivo _____ embriaguez ao volante.
sempenho. As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e
respectivamente, com:
23. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da a) às … a
língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve b) as … à
ser empregado na palavra destacada em: c) à … à
d) às … à
a) A intenção da entrevista com o diretor estava relacio- e) à … a
nada a programação que a empresa pretende desen-
volver. 27. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De
b) As ações destinadas a atrair um número maior de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o acen-
clientes são importantes para garantir a saúde finan- to indicativo de crase está corretamente empregado em:
ceira das instituições.
c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi- a) A população, de um modo geral, está à espera de que,
ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
do mercado formal de trabalho. b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-
d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi- rem a sua postura.
nanceiras consideram que vale a pena investir na nova c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à puni-
moeda virtual.
ções muito mais severas.
e) Os participantes do seminário sobre mercado financei-
d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
ro foram convidados a comparar as importações e as
dos demais motoristas e de pedestres.
exportações em 2017.
e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
nova lei para que ela possa funcionar.
24. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo
28. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
de crase está de acordo com a norma-padrão em:
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018)
a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens
Texto 1 – Guerra civil
à esmo.
Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia.
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou
O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
à prazo.
blica, mostrando o crescimento das mortes violentas no
d) Devido à interferências do público, pode haver mu-
Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram
danças na trama.
61.619 pessoas que perderam a vida devido à violência.
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse
Outro dado relevante é o crescimento da violência em
à emissora.
alguns estados do Sul e do Sudeste.
Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca
25. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
os inaceitáveis números da violência no país. Todos se
GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão
assustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato.
da língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase
Tem sido assim com o governo federal e boa parte das
deve ser empregado na palavra destacada em:
demais unidades da Federação. Agora, com a crise, o ar-
gumento é a incapacidade de investimento, mas, mesmo
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam,
em períodos de economia mais forte, pouco se viu da im-
em geral, pequena variação de funções quando com-
plementação de programas estruturantes com o objetivo
parados a versões anteriores.
de enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa
de equipamentos, viaturas e novas tecnologias são medi-
junto a crianças do ensino fundamental para ver como
das essenciais, mas é preciso ir muito além. Definir metas
elas se comportam no ambiente virtual.
e alcançá-las, utilizando um bom método de trabalho,
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor-
deve ser parte de um programa bem articulado, que per-
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme
LÍNGUA PORTUGUESA

mita o acompanhamento das ações e que incentive o


o depoimento de professores.
trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da
d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho-
União e das guardas municipais.
ras na fila para serem os primeiros que comprarão os
novos lançamentos.
O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor
e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão
adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é:
de crédito para não serem surpreendidas com valores
muito altos.

94
a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul dando toda a volta, se tornou imprevisível.
e do Sudeste”; (César Aira. In: Marco M. Chaga, org. Pequeno
b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de- manual de procedimentos. Tradução: Eduardo
corre de fato”; Marquardt. Cuuritiba: Arte & Letra, 2007, p.49-51)
c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte * bricoleur: aquele que faz qualquer espécie de trabalho
das demais unidades da Federação”;
d) “...viaturas e novas tecnologias”; Em “havia donos de automóveis que se gabavam”
e) “Definir metas e alcançá-las...”. (1º§), considerando o contexto, a palavra em destaque
pode ser entendida como sinônimo de:

29. IBFC - 2017 - SEDUC-MT - Técnico Administrativo a) vangloriavam.


Educacional b) sustentavam.
Quando era novo, em Pringles, havia donos de c) provocavam.
automóveis que se gabavam, sem mentir, de tê-los d) prejudicavam.
desmontado “até o último parafuso” e depois montá- e) organizavam.
los novamente. Era uma proeza bem comum, e tal como
eram os carros, então, bastante necessária para manter 30. IBFC - 2017 - SEDUC-MT - Técnico Administrativo
uma relação boa e confiável com o veículo. Numa viagem Educacional
longa era preciso levantar o capô várias vezes, sempre Quando era novo, em Pringles, havia donos de
que o carro falhava, para ver o que estava errado. Antes, automóveis que se gabavam, sem mentir, de tê-los
na era heroica do automobilismo, ao lado do piloto ia desmontado “até o último parafuso” e depois montá-
mecânico, depois rebaixado a copiloto. [...] los novamente. Era uma proeza bem comum, e tal como
Na realidade, os bricoleurs* de vila ou de bairro não se eram os carros, então, bastante necessária para manter
limitavam aos carros, trabalhavam com qualquer tipo uma relação boa e confiável com o veículo. Numa viagem
de máquinas: relógios, rádios, bombas d´água, cofres. longa era preciso levantar o capô várias vezes, sempre
[...] Desnecessário dizer, assim, que desde que os carros que o carro falhava, para ver o que estava errado. Antes,
vêm com circuitos eletrônicos, o famoso “até o último na era heroica do automobilismo, ao lado do piloto ia
parafuso” perdeu vigência. mecânico, depois rebaixado a copiloto. [...]
Houve um momento, neste último meio século, em que Na realidade, os bricoleurs* de vila ou de bairro não se
a humanidade deixou de saber como funcionavam as limitavam aos carros, trabalhavam com qualquer tipo
máquinas que utiliza. De forma parcial e fragmentária, de máquinas: relógios, rádios, bombas d´água, cofres.
sabem apenas alguns engenheiros dos laboratórios [...] Desnecessário dizer, assim, que desde que os carros
de Pesquisa e Desenvolvimento de algumas grandes vêm com circuitos eletrônicos, o famoso “até o último
empresas, mas o cidadão comum, por mais hábil e parafuso” perdeu vigência.
entendido que seja, perdeu a pista há muito. Hoje em dia Houve um momento, neste último meio século, em que
usamos os artefatos tal como as damas de antigamente a humanidade deixou de saber como funcionavam as
usavam os automóveis: como “caixas-pretas”, com um máquinas que utiliza. De forma parcial e fragmentária,
Input (apertar um botão) e um Output (desliga-se o sabem apenas alguns engenheiros dos laboratórios
motor), na mais completa ignorância do que acontece de Pesquisa e Desenvolvimento de algumas grandes
entre esses dois polos. empresas, mas o cidadão comum, por mais hábil e
O exemplo do carro não é por acaso, acredito ter sido entendido que seja, perdeu a pista há muito. Hoje em dia
a máquina de maior complexidade até onde chegou o usamos os artefatos tal como as damas de antigamente
saber do cidadão comum. Até a década de 1950, antes usavam os automóveis: como “caixas-pretas”, com um
do grande salto, quando ainda se desmontavam carros Input (apertar um botão) e um Output (desliga-se o
e geladeiras no pátio, circulava uma profusa bibliografia motor), na mais completa ignorância do que acontece
com tentativas patéticas de seguir o rastro do progresso. entre esses dois polos.
[...] O exemplo do carro não é por acaso, acredito ter sido
Hoje vivemos num mundo de caixas-pretas. Ninguém se a máquina de maior complexidade até onde chegou o
assusta por não saber o que acontece dentro do mais saber do cidadão comum. Até a década de 1950, antes
simples dos aparelhos de que nos servimos para viver. do grande salto, quando ainda se desmontavam carros
[...] e geladeiras no pátio, circulava uma profusa bibliografia
O que aconteceu com as máquinas é apenas um indício com tentativas patéticas de seguir o rastro do progresso.
concreto do que aconteceu com tudo. A sociedade inteira [...]
virou uma caixa-preta. A complicação da economia, os Hoje vivemos num mundo de caixas-pretas. Ninguém se
LÍNGUA PORTUGUESA

deslocamentos populacionais, os fluxos de informação assusta por não saber o que acontece dentro do mais
traçando caprichosas espirais num mundo de estatísticas simples dos aparelhos de que nos servimos para viver.
contraditórias, acabaram por produzir uma cegueira [...]
resignada cuja única moral é a de que ninguém sabe “o O que aconteceu com as máquinas é apenas um indício
que pode acontecer”; ninguém acerta os prognósticos, concreto do que aconteceu com tudo. A sociedade inteira
ou acerta só por casualidade. Antes isso acontecia apenas virou uma caixa-preta. A complicação da economia, os
com o clima, mas à imprevisibilidade do clima o homem deslocamentos populacionais, os fluxos de informação
respondeu com civilização. Agora a própria civilização, traçando caprichosas espirais num mundo de estatísticas

95
contraditórias, acabaram por produzir uma cegueira Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
resignada cuja única moral é a de que ninguém sabe “o aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Unidos
que pode acontecer”; ninguém acerta os prognósticos, são assim – e até onde se sabe poucos retornaram ao
ou acerta só por casualidade. Antes isso acontecia apenas modelo de espaços tradicionais com salas e portas.
com o clima, mas à imprevisibilidade do clima o homem Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder
respondeu com civilização. Agora a própria civilização, até 15% da produtividade, desenvolver problemas graves
dando toda a volta, se tornou imprevisível. de concentração e até ter o dobro de chances de ficar
(César Aira. In: Marco M. Chaga, org. Pequeno doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
manual de procedimentos. Tradução: Eduardo estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de
Marquardt. Cuuritiba: Arte & Letra, 2007, p.49-51) organização.
* bricoleur: aquele que faz qualquer espécie de trabalho Desde que se mudou para o formato tradicional, Na-
gele já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem
Dentre as ocorrências do emprego do pronome sentir falta do estilo de trabalho do escritório fechado.
oblíquo átono abaixo, destacadas do texto, assinale “Muita gente concorda – simplesmente não aguentam o
a alternativa incorreta de colocação considerando a escritório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e
Norma Culta. é preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
É improvável que o conceito de escritório aberto
caia em desuso, mas algumas firmas estão seguindo o
a) “havia donos de automóveis que se gabavam” (1º§).
exemplo de Nagele e voltando aos espaços privados.
b) “´até o último parafuso’ e depois montá-los” (1º§).
Há uma boa razão que explica por que todos ado-
c) “os bricoleurs* de vila ou de bairro não se limitavam”
ram um espaço com quatro paredes e uma porta: foco.
(2º§).
A verdade é que não conseguimos cumprir várias tarefas
d) “Ninguém se assusta por não saber o que acontece”
ao mesmo tempo, e pequenas distrações podem desviar
(5º§).
nosso foco por até 20 minutos.
e) “dando toda a volta, se tornou imprevisível.” (6º§).
Retemos mais informações quando nos sentamos em
um local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental
31. IBFC - 2019 - MGS - Auxiliar Administrativo e design de interiores.
Leia: “Campanha da Polícia Rodoviária Federal visa (Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos
fazer com que o motorista reflita, porque o próximo podem ser ruins para funcionários.” Disponível em:<-
carro a ser exibido pode ser o dele [...]”. Assinale a www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adap-
alternativa que tenha a reescrita incorreta do trecho tado)
em destaque:
32. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
a) “[...] objetiva fazer com que o motorista reflita, porque DIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são aspectos
o próximo carro a ser exibido pode ser o dele”. desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos compar-
b) “[...] tem o intuito fazer com que o motorista reflita, tilhados
porque o próximo carro a ser exibido pode ser o dele”.
c) “[...] destina-se fazer com que o motorista reflita, por- a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri-
que o próximo carro a ser exibido pode ser o dele”. ção à criatividade.
d) “[...] impõe fazer com que o motorista reflita, porque o b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a
próximo carro a ser exibido pode ser o dele”. transferência de atividades para o lar.
c) a dispersão e a menor capacidade de conservar con-
(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO teúdos.
- VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res- d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
ponder às questões a seguir: colegas e chefes.
e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos execu- constante dos chefes.
tivos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transfe-
riu sua equipe para um chamado escritório aberto, sem 33. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
paredes e divisórias. DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará-
ele queria que todos estivessem juntos, para se conec- grafo apresenta concordância de acordo com a norma-
tarem e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco -padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos
tempo ficou claro que Nagele tinha cometido um grande executivos no setor de tecnologia já tinham feito.
LÍNGUA PORTUGUESA

erro. Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e


os nove empregados estavam insatisfeitos, sem falar do a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes
próprio chefe. para o chamado escritório aberto, como feito por
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança Chris Nagele.
para o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi-
pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com
para um espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu pró-
Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
prio espaço, com portas e tudo.

96
c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
equipes para escritórios abertos, também foi feito por d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial.
Chris Nagele, faz cerca de quatro anos. e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.
d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi 38. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
transferido por muitos executivos. I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala-
e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o que vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da
já tinham sido feitos por outros executivos do setor. língua portuguesa é:

34. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- a) admissão, infração, renovação


DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão b) diversão, excessão, sucessão
– até então –, em destaque no início do segundo pará- c) extenção, eleição, informação
grafo, expressa um limite, com referência d) introdução, repreção, intenção
e) transmissão, conceção, omissão
a) temporal ao momento em que se deu a transferência
da equipe de Nagele para o escritório aberto. 39. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava a FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e
equipe de Nagele antes da mudança para locais aber- econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em
tos. um só vocábulo, a forma adequada será
c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o exem-
plo de outros executivos, e espacial ao tipo de escri- a) sociais-econômicos.
tório que adotou. b) social-econômicos.
d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do c) sociais-econômico.
setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias. d) socioeconômicos.
e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem- e) socioseconômicos.
poral às mudanças favoráveis à integração.
40. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL
35. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- E TRANSPORTE – CESPE-2015)
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão
– contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece TEXTO II
uma relação de sentido com o parágrafo
A partir de uma ação do Ministério Público Federal
a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das (MPF), o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2)
empresas que adotaram o modelo de escritórios aber- determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 ho-
tos. ras, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconcei-
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção to, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz
do modelo de escritórios abertos. africana, e fixou multa diária de R$ 50.000,00 em caso de
c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública,
base em resultados de pesquisas. a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/
d) anterior, introduzindo informações que se contra- RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não
põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos. apenas a obrigação do Estado em respeitar as liberdades,
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for- mas também a obrigação de zelar para que elas sejam
mato tradicional de escritório fechado. respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.
Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos vídeos
36. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA- da Internet restauraria a dignidade de tratamento, que,
TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em nesse caso, foi negada às religiões de matrizes africanas.
relação à ortografia dos pares. Corroborando a visão do MPF, o TRF2 entendeu que a
veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e fomen-
a) Atenção – atenciozo. tadores do ódio, da discriminação e da intolerância con-
b) Aprender – aprendizajem. tra religiões de matrizes africanas não corresponde ao
c) Simples – simplissidade. legítimo exercício do direito à liberdade de expressão.
d) Fúria – furiozo. O tribunal considerou que a liberdade de expressão não
e) Sensação – sensacional. se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifesta-
ções dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no
LÍNGUA PORTUGUESA

37. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010) próprio exercício de outros direitos fundamentais.
As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).
diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre-
tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adul-
da palavra sublinhada está igualmente correta. terar” está sendo empregada com o sentido de alterar
prejudicando.
a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial.
b) A paralização da equipe técnica demorou bastante. ( ) CERTO ( ) ERRADO

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41. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO a) andróide, odisseia, residência
BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO- b) arguição, refém, mausoléu
LICIAL MILITAR – VUNESP-2010) Analise a charge. c) desbloqueio, pêlo, escarcéu
d) feiúra, enjoo, maniqueísmo
e) sutil, assembléia, arremesso

44. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-


TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras
abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe
com acento gráfico é:

a) história;
b) evidência;
c) até;
d) país;
e) humanitárias.

45. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS DA


(www.arionaurocartuns.com.br) AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo com
seu significado, o conjunto de características formais e sua
A palavra só, presente na fala do personagem, tem o posição estrutural no interior da oração, as palavras podem
mesmo sentido em: pertencer à mesma classe de palavras ou não. Estabeleça a
relação correta entre as colunas a seguir considerando tais
a) Só vence quem concorre. aspectos (considere as palavras em destaque).
b) Mariana veio só, infelizmente.
c) Pedro estava só, quando cheguei. (1) advérbio
d) A mulher, por estar só, sentiu-se amedrontada. (2) pronome
e) O marujo, só, resolveu passear pela praia. (3) conjunção
(4) substantivo
42. (MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERO-
NÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁU- ( ) “Não há prisão pior [...]”
TICA EXAME DE ADMISSÃO AO CFS-B 1-2/2014) Rela- ( ) “O lugar de estudo era isso.”
cione as colunas quanto às regras de acentuação gráfica, ( ) “E o olho sem se mexer [...]”
sabendo que haverá repetição de números. Em seguida, ( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]”
assinale a alternativa com a sequência correta. ( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me es-
(1) Põe-se acento agudo no i e no u tônicos que pantou.”
formam hiato com a vogal anterior.
(2) Acentua-se paroxítona terminada em i ou u segui- A sequência está correta em
dos ou não de s.
(3) Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas. a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2
(4) Oxítona terminada em e ou o, seguidos ou não de b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
s, é acentuada. c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3
( ) íris
( ) saída 46. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
( ) compraríamos Assinale a alternativa em que o termo destacado é um
( ) vendê-lo pronome indefinido.
( ) bônus
( ) viúvo a) “Ele não exige fatos...”.
( ) bisavôs b) “Era um ídolo para mim.”.
c) “Discordo dele.”.
a) 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 1 – 4 d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”.
b) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 1 – 4 e) “O bom humor está disponível a todos...”.
c) 4 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 2
d) 2 – 2 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3 47. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”,


43. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – os termos destacados são, respectivamente,
CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às a) artigo e pronome.
regras de acentuação todas as palavras em: b) artigo e preposição.
c) preposição e artigo.
d) pronome e artigo.
e) preposição e pronome.

98
48. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO 24 E
– FGV-2017)
25 E
Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo- 26 D
roso e independente. A agenda pública é determinada
27 A
pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele-
vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo 28 B
de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as 29 A
redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as-
sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é 30 E
sempre das empresas de conteúdo independentes”. 31 D
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
32 C
O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto 33 C
de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos 34 A
por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
35 D
a) independente = com dependência; 36 E
b) pública = de publicidade; 37 E
c) relevante = de relevância;
d) sociais = de associados; 38 A
e) mobilizador = de motivação. 39 D
40 CERTO
41 A
42 A
43 B
GABARITO 44 E
45 A
1 D 46 E
2 A 47 A
3 B 48 C
4 B
5 D
6 A
7 B
8 C
9 A
10 A
11 D
12 CERTO
13 D
14 C
15 E
16 E
17 C
18 C
LÍNGUA PORTUGUESA

19 C
20 E
21 D
22 B
23 A

99
ANOTAÇÕES

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LÍNGUA PORTUGUESA

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100
ÍNDICE

RACIOCÍNIO LÓGICO

Noções de Lógica.......................................................................................................................................................................................... 01
Diagramas Lógicos: conjuntos e elementos......................................................................................................................................... 01
Lógica da argumentação............................................................................................................................................................................. 01
Tipos de Raciocínio....................................................................................................................................................................................... 01
Conectivos Lógicos........................................................................................................................................................................................ 01
Proposições lógicas simples e compostas............................................................................................................................................ 01
Elementos de teoria dos conjuntos, análise combinatória e probabilidade............................................................................ 32
Resolução de problemas com frações, conjuntos, porcentagens e sequências com números, figuras, palavras.... 32
É importante ressaltar que objetivo fundamental de uma
NOÇÕES DE LÓGICA. proposição é transmitir uma tese, que afirmam fatos ou
DIAGRAMAS LÓGICOS: CONJUNTOS E juízos que formamos a respeito das coisas.
ELEMENTOS. Sabendo disso, uma questão importante tem que ser
LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO. respondida: como realmente podemos identificar uma
TIPOS DE RACIOCÍNIO proposição? A única técnica direta que temos é verifi-
CONECTIVOS LÓGICOS car se podemos atribuir o valor de verdadeiro ou falso a
PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES E elas. Entretanto, existe uma técnica indireta que facilita
COMPOSTAS. muito o trabalho de identificação de uma proposição e é
frequentemente cobrada em concursos públicos.
A técnica consiste em sabermos o que não é pro-
CONCEITO FUNDAMENTAL posição e por eliminação, achar a proposição. A seguir,
seguem exemplos do que não é proposição e a reco-
A Preposição mendação é que se memorizem esses tipos para facilitar
na hora da prova:
No ensino fundamental, nos ensinam que os seres i.) Sentenças Imperativas: Todas as declarações que
humanos são diferentes dos outros animais e a justifica- remeterem a uma ordem não são proposições.
tiva é que os humanos pensam e os animais não pensam. Ex: “Apague a luz.”, “Observe aquele painel”, “Não
Porém, temos animais com inteligência suficiente para faça isso”.
serem treinados a executar tarefas, como os chimpanzés
e os golfinhos. Assim, qual é o real motivo que nos dife- ii.) Sentenças Interrogativas: Perguntas não são defi-
renciam de todos os outros seres vivos? nidas como proposições:
A resposta envolve não somente o ato se pensar Ex: “Olá, tudo bem?”, “Qual a raiz quadrada de 5?”,
como também o de se comunicar. Primeiro, aprendemos “Onde está minha carteira?”
a falar, depois, a escrita dividiu nossa existência em Pré-
-História e História. Os registros por escrito guardaram iii.) Sentenças Exclamativas:
os pensamentos de nossos antepassados, proporcionan- Ex: “Como o dia está lindo!”, “Isto é um absurdo!”,
do as gerações futuras, dados importantíssimos para se “Não concordo com isto!”
ir além daquilo que já foi feito.
Porém, acabou surgindo o grande desafio que nor-
iv.) Sentenças que não tem verbo:
teou a disciplina de lógica: Como interpretar esses re-
Ex: “A bicicleta de Bruno”, “O cartão de João”.
gistros?
A grande diferença do ser humano em relação aos
v.) Sentenças abertas: Este tipo de sentença possui
outros seres vivos está nesse ponto, pois tão importante
é o ato se interpretar uma informação quanto é elaborar uma grande quantidade de exemplos e os exem-
a mesma. Assim, nossa mente é capaz de receber dados plos são importantes para sabermos identifica-las:
e deles extrair uma conclusão. Essa habilidade está dire- Ex: “x é menor que 7 ou x < 7” – Essa expressão por
tamente ligada ao raciocínio lógico. si só é genérica pois não temos informações de x
Muitos pensam que essa disciplina está voltada ape- para saber se ele é ou não menor que 7.Entretan-
nas para as pessoas de “exatas”, mas ela é voltada para to, caso seja atribuído um valor a x, essa sentença
o público em geral e aqui seguem alguns exemplos que se tornará uma proposição, pois será possível atri-
provam nosso conceito: buir VERDADEIRO ou FALSO a sentença original.
- Um advogado reúne todas as informações dos au- Assim, a expressão “Para x=5, tem-se que: 5 é me-
tos do processo e através do Raciocínio Lógico, nor que 7” é uma proposição e é VERDADEIRA. Por
elabora sua tese de acusação ou defesa; outro lado, “Para x=9, tem-se que: 9 é menor que
- Um médico ao estudar todos os exames consegue a 7” é uma proposição mas é FALSA.
partir de raciocínio lógico, elaborar um diagnostico Ex: “z é a capital da França” – As sentenças abertas
e propor um tratamento; não necessariamente são números, como mostra
- Um CEO de uma empresa, através dos relatórios o exemplo. Se substituirmos “z” por “Toulouse”, a
mensais consegue definir o plano de ação para es- sentença virará proposição e será FALSA. Se z =
timular o crescimento da companhia. Paris, a proposição será VERDADEIRA.

Todos os exemplos acima mostram como será o estu- Valores Lógicos das proposições – Leis de Pensa-
do da disciplina, onde receberemos informações e delas mento
extrairemos respostas ou em outras palavras, conclusões. Definido o que é preposição, podemos aprofundar
RACIOCÍNIO LÓGICO

No Raciocínio Lógico, essas informações terão uma o conceito apresentando as leis fundamentais (axiomas)
particularidade: Elas sempre serão declarações onde po- que norteiam a lógica:
deremos classificá-las de duas maneiras, VERDADEIRA
ou FALSA. Essas declarações serão chamadas de PRO- 1) Princípio do Terceiro Excluído: “Toda proposição
POSIÇÕES. ou é verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sem-
As proposições são a base do pensamento lógico. pre um destes casos e nunca um terceiro”.
Este pensamento pode ser composto por uma ou mais
sentenças lógicas, formando uma idéia mais complexa.

1
Pode parecer óbvio, mas às vezes as pessoas se con- As sentenças compostas dos exemplos acima não são
fundem em questões de concursos públicos quan- ligadas apenas pela conjunção “e”, podem ser ligadas
do aparecem as alternativas “VERDADEIRO”, “FAL- por outros CONECTORES LÓGICOS (Capítulo 2). Seguem
SO” ou “NENHUMA DAS ANTERIORES”. Qualquer alguns exemplos para iniciar sua curiosidade pelo próxi-
proposição lógica será verdadeira ou falsa, não mo capítulo:
existe uma terceira opção. T – Osmar tem uma moto OU Tainá tem um carro.
U – SE Kléber é asiático ENTÃO eu sou brasileiro.
2) Principio da identidade: “Se uma proposição é
verdadeira, então todo objeto idêntico a ela tam-
bém será verdadeiro”. FIQUE ATENTO!
Esse principio coloca que se duas proposições que As proposições compostas irão nortear seus
apresentam a mesma informação mas são escritas estudos nos próximos capítulos, então aten-
de maneiras distintas, devem possuir o mesmo va- te-se a saber como dividir as proposições
lor lógico. Por exemplo, “Bruno é 5 anos mais velho compostas em duas ou mais proposições
que João” e “João é 5 anos mais novo que Bruno”. simples!
As duas proposições dizem a mesma coisa mas de
maneira diferente. Portanto se uma delas é verda-
deira, a outra deve ser.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
3) Princípio da não contradição: “Uma proposição
não pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo tempo”
Esse axioma é importante, pois a partir do momen- 1. (SEFAZ-SP – AGENTE FISCAL DE TRIBUTOS ESTA-
to em uma proposição recebe um valor lógico, ele DUAIS – FCC – 2006) Das cinco frases abaixo, quatro
deve ser carregado em toda a análise para evitar delas têm uma mesma característica lógica em comum,
contradições. enquanto uma delas não tem essa característica.

Tipos de proposições I. Que belo dia!


II. Um excelente livro de raciocínio lógico.
Existem dois tipos de proposições: Simples e Com- III. O jogo terminou empatado?
postas IV. Existe vida em outros planetas do universo.
As proposições simples são aquelas que não con- V. Escreva uma poesia.
têm nenhuma outra proposição como parte de si mes-
ma. São, geralmente, designadas por letras minúsculas A frase que não possui essa característica comum é a
do alfabeto (p,q,r,s,...). Uma definição equivalente é de
uma proposição que não se consegue dividi-la em partes a) I
menores, de tal maneira que as partes divididas gerem b) II
novas proposições. Exemplos: c) III
p – O rato comeu o queijo; d) IV
q – Astolfo é advogado; e) V
r – Hermenegildo gosta de pizza;
s – Raimunda adora samba. Resposta: Letra D. Podemos interpretar do exercício
que o mesmo quer a identificação da proposição. As
Já as proposições compostas são formadas por uma alternativas A,B,C e E são respectivamente sentenças
ou mais proposições que podem ser divididas, formando exclamativas, sem verbo, interrogativa e imperativa, o
proposições simples. São, geralmente, designadas por que não as caracterizam como proposições. Já a al-
letras maiúsculas do alfabeto (P,Q,R,S,...).Exemplos: ternativa D é uma sentença que pode ser classificada
P – O rato é branco e comeu o queijo; como verdadeira ou falsa, caracterizando uma propo-
Q – Astolfo é advogado e gosta de jogar futebol; sição.
R – Hermenegildo gosta de pizza e de suco de uva;
S – Raimunda adora samba e seu tênis é vermelho. 2. (NOVA CONCURSOS – 2018) Assinale a alternativa
que representa um não cumprimento das 3 leis de pen-
Veja que as proposições acima podem ser divididas samento da lógica
em duas partes. Observe:
a) Se Abelardo é mais alto que Hormindo, pelo princípio
da identidade posso dizer que Hormindo é mais baixo
que Abelardo.
RACIOCÍNIO LÓGICO

b) A proposição “Choveu está manhã na cidade” pode


ser considerada “meia verdade” se apenas uma leve
garoa atingir a cidade.
c) O réu no processo afirmou que não estava dirigindo
embriagado, porém o mesmo foi encontrado sentado
no banco do motorista durante a abordagem policial,
caracterizando uma contradição.

2
d) Eu sou milionário pois tenho patrimônio acima de 1 O exemplo acima já usa os conceitos vistos no capí-
milhão de reais. Josevaldo possui menos que 1 milhão tulo 1, onde temos uma proposição simples e chamare-
e não pode ser considerado um milionário. mos essa proposição com uma letra minúscula “p” (Lê-
e) Não estava presente para afirmar que foi o gato que -se “proposição p”). Vamos agora negar essa proposição
derrubou o vaso. usando os dois símbolos possíveis:
~ p : A secretária não foi ao banco esta tarde.
Resposta: Letra B. Não existe “meia verdade” dentro ¬ p : A secretária não foi ao banco esta tarde.
da lógica. As proposições receberão apenas dois valo-
res lógicos: Verdadeiro ou Falso. Os símbolos “~” e “¬” são os símbolos que indicam
negação. É Importante frisar que os símbolos de negação
não indicam a presença da palavra “não” na frase. Obser-
CONECTIVOS LÓGICOS ve este outro exemplo:
q : Bráulio não comprou detergente
Como visto rapidamente no capítulo anterior, os co-
nectivos lógicos são estruturas usadas para formar pro- Observe que a proposição q possui a palavra “não” e
posições compostas a partir da junção de proposições quando negarmos a mesma, ficaremos com a frase afir-
simples. As proposições compostas são linhas de raciocí- mativa:
nio mais complexas e permitem se formular teses lógicas ~ q : Bráulio comprou detergente.
com vários níveis de pensamento. Observe o exemplo a ¬ q : Bráulio comprou detergente.
seguir:
“Otávio gosta de jogar futebol e seu irmão não gosta
FIQUE ATENTO!
de jogar futebol”
Facilmente conseguimos separar essa sentença em No Raciocínio Lógico, pode-se existir a “ne-
duas: “Otávio gosta de jogar futebol” e “O irmão de Otá- gação da negação” que chamaremos de
vio não gosta de jogar futebol”. Entretanto, ao invés de Dupla Negação e veremos isso mais adiante
tratarmos as duas proposições simples separadamente, no capítulo 4. O que você precisa saber nes-
ligamos as mesmas com a palavrinha “e”, que é um dos te momento é que negando uma negação,
conectores lógicos que iremos estudar a seguir. voltaremos a uma frase afirmativa, ou na lin-
Logo, com esse vínculo, poderemos estudar se a pro- guagem coloquial: “O não do não é o sim”.
posição composta é inteiramente verdadeira ou inteira-
mente falsa, dependendo do valor lógico de cada propo-
A CONJUNÇÃO – Conectivo “e”
sição simples, ou seja, cada proposição simples interfere
O próximo conectivo lógico certamente é um dos
no valor a ser atribuído na proposição composta.
mais usados dentro do raciocínio lógico e é também um
As seções a seguir irão estudar os cinco conectivos
dos mais conhecidos. O “e” também é chamado de con-
lógicos, apresentando suas características principais e as
junção e segue a mesma classificação da própria língua
combinações possíveis entre duas proposições simples.
portuguesa.
Diferentemente do conectivo “não”, a conjunção irá
A Negação – Conectivo “Não” relacionar duas proposições simples, formando uma pro-
O primeiro conectivo a ser estudado é o mais sim- posição composta. Vamos ao exemplo:
ples de todos e remete a negação de uma proposição. p : Carlos gosta de jogar badminton.
A importância deste conectivo se dá na ligação entre o q : Pablo tomou suco de maçã
valor lógico VERDADEIRO e o valor lógico FALSO pois a
negação de um valor lógico será exatamente o outro va- Temos acima duas proposições simples e podemos
lor lógico, ou seja: formar uma proposição composta usando o conectivo
i) Se uma proposição for VERDADEIRA, sua negação “e”:
será FALSA. 𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo
ii) Se uma proposição for FALSA, sua negação será tomou suco de maçã.
VERDADEIRA.
Seguindo as definições do capítulo 1, a proposição
Aqui conseguimos observar a importância do “Prin- composta será indicada com uma letra maiúscula, neste
cípio do terceiro excluído”, explicado no capítulo 1. Se caso, R. O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒indica a conjunção, ou seja, quando
tivéssemos mais do que dois valores lógicos, a negação ele aparecer, estaremos usando o conectivo “e”.
se tornaria impossível pois não conseguiríamos criar um Se invertermos a ordem das proposições simples, for-
vínculo de “ida e volta” entre os valores lógicos. maremos outra proposição composta:
O conectivo NÃO possui dois símbolos e recomenda- 𝑺 = 𝒒 ∧ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã e Carlos gosta
RACIOCÍNIO LÓGICO

-se que o leitor conheça ambos pois as bancas de con- de jogar badminton.
cursos não possuem um padrão em qual símbolo usar.
Observe o exemplo a seguir: No caso da conjunção, o valor lógico da proposição
p : A secretária foi ao banco esta tarde. composta não se altera com a inversão das proposições
simples, mas outros conectivos que veremos a seguir po-
dem ter alterações dependendo da ordem das proposi-
ções simples.

3
Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí- Comparando com a conjunção, observa-se que hou-
veis para uma proposição composta formada pelo co- ve uma certa “inversão” em relação as combinações das
nectivo “e”. No capítulo 3 aprenderemos sobre as tabe- proposições simples. Enquanto na conjunção precisáva-
las-verdade e elas ajudarão (e muito!) na memorização mos de todas as proposições simples VERDADEIRAS para
das combinações possíveis dos conectivos lógicos. Por que a proposição composta ser VERDADEIRA, no ope-
enquanto, vamos enumerar todos os casos para familia- rador “ou” precisamos de apenas 1 delas para tornar a
rização: proposição composta VERDADEIRA.
i) Uma proposição composta formada por uma con- No caso do valor lógico FALSO também há inversão,
junção será VERDADEIRA se todas as proposições onde no conectivo “e” basta 1 proposição simples ser
simples forem VERDADEIRAS. FALSA e na disjunção, precisamos de todas FALSAS.
ii) Uma proposição composta formada por uma con- Assim:
junção será FALSA se uma ou mais proposições 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
simples forem FALSAS. tomou suco de maçã.

Recuperando o exemplo anterior: Termos que R será VERDADEIRO se uma (ou as duas)
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo proposição (ões) sejam VERDADEIRAS e R será FALSO se
tomou suco de maçã. p e q forem FALSOS.

Termos que R será VERDADEIRO somente se p e q A DISJUNÇÃO exclusiva – Conectivo “OU exclusi-
forem VERDADEIROS. Se uma (ou as duas) proposições vo”
simples for (forem) falsa(s), R será FALSO. O conectivo “ou” possui um caso particular que nor-
malmente é cobrado em concursos públicos de maior
A DISJUNÇÃO – Conectivo “OU” complexidade, porém é importante que o leitor tenha
O conectivo “ou”, também conhecido como disjun- conhecimento do mesmo pois pode se tornar um dife-
ção, segue a mesma linha de pensamento que o conec- rencial importante em concursos públicos de maior dis-
tivo “e”, relacionando duas proposições simples, forman- puta.
Este caso particular é chamado de “ou exclusivo” pois
do uma proposição composta. Vamos manter o exemplo
implica que as proposições simples são eliminatórias, ou
da seção anterior:
seja, quando uma delas for VERDADEIRA, a outra será
p : Carlos gosta de jogar badminton.
necessariamente FALSA. Veja o exemplo:
q : Pablo tomou suco de maçã
p: Diego nasceu no Brasil
q: Diego nasceu na Argentina
Temos acima duas proposições simples e vamos for-
mar agora uma proposição composta usando o conecti-
Temos duas proposições referentes a nacionalidade
vo “ou”: de Diego. Fica claro que ele não pode ter nascido em
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
dois locais diferentes, ou seja, se p for VERDADEIRO, q
tomou suco de maçã. é necessariamente FALSO e vice-versa. Assim, quando
montarmos a disjunção, temos que indicar essa questão
O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒indica a disjunção, ou seja, quando ele
e será feito da seguinte forma:
aparecer, estaremos usando o conectivo “ou”. Observe 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen-
que ele é o símbolo do conectivo “e” invertido, então, tina
muita atenção na hora de identificar um ou o outro.
Se invertermos a ordem das proposições simples, for- A leitura da proposição lógica acrescente mais um
maremos outra proposição composta: “ou” no início e o restante é como se fosse um operador
𝑺 = 𝒒 ∨ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã ou Carlos gos- “ou” convencional (que para diferenciar, é chamado de
ta de jogar badminton. inclusivo), porém, o símbolo é sublinhado para indicar
exclusividade:
𝑹=𝒑∨𝒒 . Os casos possíveis para o “ou exclusi-
No caso da disjunção, o valor lógico da proposição vo” são:
composta também não se altera com a inversão das pro- i) Uma proposição composta formada por uma dis-
posições simples (igual a conjunção). junção exclusiva será VERDADEIRA se apenas uma
Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí- das proposições for VERDADEIRA.
veis para uma proposição composta formada pelo co- ii) Uma proposição composta formada por uma dis-
nectivo “ou”. Novamente vale lembrar que no capítulo 3 junção exclusiva será FALSA se todas as proposi-
aprenderemos sobre as tabelas-verdade e elas ajudarão ções simples forem FALSAS ou se as duas proposi-
(e muito!) na memorização das combinações possíveis ções forem VERDADEIRAS.
dos conectivos lógicos. Por enquanto, vamos enumerar
RACIOCÍNIO LÓGICO

todos os casos para familiarização: Perceba que a diferença é sutil entre os casos inclusi-
i) Uma proposição composta formada por uma dis- vo e exclusivo e ela se dá no caso das duas proposições
junção será VERDADEIRA se uma ou mais proposi- simples serem VERDADEIRAS. No caso exclusivo, isso é
ções forem VERDADEIRAS. uma contradição e assim a proposição composta deve
ii) Uma proposição composta formada por uma dis-
ser FALSA. Usando o exemplo:
junção será FALSA se todas as proposições simples
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen-
forem FALSAS.
tina

4
Temos que R é VERDADEIRO se p for VERDADEIRO e Pegadinhas da condicional
q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO. R é FALSO se p e
q forem ambas VERDADEIRAS ou ambas FALSAS. Este tópico é uma análise complementar da condi-
cional. Em concursos mais apurados, sobretudo de en-
A CONDICIONAL – Conectivo “SE...ENTÃO” sino superior, existem certas “pegadinhas” que testam a
O conectivo “Se...então”, conhecido como condicio- atenção do candidato em relação ao seu conhecimento.
nal não é tão conhecido quanto o “e” e o “ou”, porém é Existem quatro formas de raciocínio que envolvem a con-
o que normalmente gera mais dúvidas e o que contém dicional que merecem destaque.
as famosas “pegadinhas” que confundem o candidato i) Modus Ponens: Essa linha de raciocínio é o básico
durante a prova. A principal característica dele é que se da condicional onde considera a mesma VERDADEIRA e
você inverter a ordem das proposições simples, o valor no caso da ocorrência de p, podemos afirmar com certe-
lógico da proposição composta muda, o que não acon- za que q ocorreu:
tecia na conjunção e na disjunção. Vamos recuperar o
mesmo exemplo das seções 2.2.3 e 2.2.4:
p : Carlos gosta de jogar badminton.
q : Pablo tomou suco de maçã
Temos acima duas proposições simples e vamos for-
mar agora uma proposição composta usando o conecti- Exemplo:
vo “Se...então”:
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
tão Pablo tomou suco de maçã.

Observe que agora temos uma condição para que


Pablo tome o suco de maçã. A frase em si pode parecer ii) Falácia de afirmar o consequente: Pode-se dizer que
sem nexo, mas no Raciocínio Lógico nem sempre fará é a pegadinha mais clássica da condicional pois induz a
sentido a conexão de duas proposições e até por isso pessoa a considerar que se o consequente ocorreu (q),
nós montamos esses exemplos para o leitor ficar mais pode-se afirmar que o antecedente (p) também ocorreu:
familiarizado com essa situação!
O símbolo
𝑹 = 𝒑“ → ”𝒒 indica a condicional, mostrando que Esse raciocínio está INCORRETO. Para justificar, lem-
a proposição da esquerda condiciona o acontecimento bre-se dos casos em que a condicional é VERDADEIRA.
da proposição da direita. As combinações possíveis para Em um desses casos, se o antecedente (p) for FALSO, não
esse conector são: importa o valor lógico de q, a proposição com condicio-
i) Uma proposição composta formada por uma condi- nal será VERDADEIRA. Assim, se q ocorrer não é garantia
cional será VERDADEIRA se ambas as proposições que p também ocorreu:
forem VERDADEIRAS ou a proposição a esquerda
do conector for FALSA.
ii) Uma proposição composta formada por uma con-
dicional será FALSA se a proposição a esquerda
(antecedente) do conector for VERDADEIRA e a
proposição a direita (consequente) do conector for iii) Modus Tollens: Nessa linha de raciocínio, estamos
FALSA. negando que o consequente (q) ocorreu e se olharmos
os casos possíveis da condicional, isso só será possível se
Observe agora que a posição da proposição em rela- o antecedente (p) também não ocorrer:
ção ao conector lógico importa no resultado da proposi-
ção composta. Considerando os casos observados, certa-
mente deve haver dúvidas do leitor em relação a situação
onde a proposição a esquerda do conector ser falsa e
isso implicar que a proposição composta seja verdadeira.
A explicação é a seguinte: Na condicional, limitamos Exemplo:
apenas ao caso da proposição da esquerda do conector
em si e não em relação a sua negação, ou seja, quan-
do montamos 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 , estamos condicionando apenas ao
caso de p ocorrer, ou em outras palavras, p ser VERDA-
DEIRO. Se p for FALSO, não há nenhuma condição para
q, ou seja, não importa o que acontecer com q, já que iv) Falácia de negar o antecedente: Novamente um
RACIOCÍNIO LÓGICO

p não é VERDADEIRO. Assim, define-se 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 sempre erro de pensamento referente aos casos possíveis da
VERDADEIRO quando p for FALSO. Logo: condicional. Se você nega o antecedente (p) não é ga-
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en- rantia que o consequente (q) não irá ocorrer pois a partir
tão Pablo tomou suco de maçã. do momento que temos ~p, o valor lógico de q pode ser
Temos R VERDADEIRO se p for FALSO ou se p for qualquer um e a condicional se manterá VERDADEIRA:
VERDADEIRO e q VERDADEIRO e R é FALSO apenas se p
for VERDADEIRO e q FALSO.

5
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PREFEITURA DE SARZEDO, MG – TÉCNICO ADMI-


Exemplo: NISTRATIVO – IBGP, 2018) “Cecília comprará ou o vesti-
do azul ou o vestido preto.”
Com base na estrutura lógica, assinale a alternativa COR-
RETA.

a) 𝑝∨𝑞
b) 𝑝∧𝑞
FIQUE ATENTO! c) 𝑝∨𝑞
As pegadinhas da condicional nem sempre d) 𝑝→𝑞
são cobradas em concursos mas se você ob-
servar os exercícios resolvidos deste capítu- Resposta: Letra C. Provavelmente muitos devem ter
lo, verá o quanto é importante este conector pensado que este era um caso de “ou exclusivo”, mas
lógico e o conhecimento de todos os casos observe que o verbo em questão é “comprar” e não
possíveis. “vestir”. Cecília pode muito bem comprar os dois ves-
tidos, não há nada lógico que impeça isso, porém se a
proposição fosse “Cecília vestirá ou o vestido azul ou
A BI-CONDICIONAL – Conectivo “SE E SOMENTE o vestido preto”, aí teríamos o caso de “ou exclusivo”
SE” pois ela não poderia vestir os dois vestidos ao mesmo
tempo.
O conectivo “Se e somente se”, conhecido como bi
condicional elimina justamente o limitante da condicio- 2. (EMATER-MG – ASSESSOR JURÍDICO – GESTÃO
nal de não ser possível inverter a ordem das proposições CONCURSO – 2018) Considere as proposições compos-
sem perder o valor lógico da proposição composta. Ago- tas abaixo, identificadas como P e Q.
ra, os dois valores lógicos serão limitantes, tanto se a
proposição a esquerda do conector for VERDADEIRA ou P: Se faz frio, então bebo muita água.
FALSA. Novamente vamos ao mesmo exemplo: Q: Se estudo e trabalho no mesmo dia, fico muito can-
p : Carlos gosta de jogar badminton. sado.
q : Pablo tomou suco de maçã
Sabendo-se que as duas proposições citadas no enuncia-
Temos acima duas proposições simples e vamos for- do são falsas, é verdade afirmar que
mar agora uma proposição composta usando o conecti- a) Fico muito cansado ou bebo muita água
vo “Se e somente se”: b) Não estudo e trabalho no mesmo dia e faz frio
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e c) Não fico muito cansado e não bebo muita água
somente se Pablo tomou suco de maçã. d) Se faz frio, então não estudo e trabalho no mesmo dia

Resposta: Letra C. O enunciado nos diz que as duas


O símbolo
𝑹=𝒑↔𝒒 indica a bi condicional, ou seja, os dois condicionais são falsas, ou seja, podemos afirmar que
sentidos devem ser satisfeitos. Em outras palavras, a bi “Faz frio” e “Estudo e trabalho no mesmo dia” são
condicional será VERDADEIRA apenas se os valores lógi- VERDADEIRAS e “Bebo muita água” e “Fico muito can-
cos das duas proposições forem iguais: sado” são FALSAS, pois é a única combinação possível
i) Uma proposição composta formada por uma bi para as condicionais serem FALSAS. Logo, a letra A é
condicional será VERDADEIRA se ambas as propo- FALSA pois ambas são FALSAS e a disjunção será FAL-
sições forem VERDADEIRAS ou se ambas as propo- SA, a letra B é FALSA pois ‘Não estudo e trabalho” é
sições forem FALSAS. FALSO o que faz a conjunção ser FALSA. A letra C é
ii) Uma proposição composta formada por uma bi VERDADEIRA pois as duas negações geram proposi-
condicional será FALSA se uma proposição for ções VERDADEIRAS que combinada em uma conjun-
VERDADEIRA e outra for FALSA e vice-versa. ção, formam uma proposição VERDADEIRA. E por fim
a letra D é FALSA pois “Faz frio” é VERDADEIRO e “Não
Assim: estudo e trabalho no mesmo dia” é FALSO e combina-
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e dos em uma condicional, gera uma proposição FALSA.
RACIOCÍNIO LÓGICO

somente se Pablo tomou suco de maçã.


A proposição R será VERDADEIRA se p e q forem VER- 3. (COLÉGIO PEDRO II – ANALISTA DA TECNOLOGIA
DADEIROS ou p e q forem FALSOS e R será FALSO se p for DA INFORMAÇÃO - 2018) Considere as seguintes pro-
VERDADEIRO e q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO. posições P e Q, sendo que P é falsa e Q é verdadeira;

P: Se o monitor está funcionando, então a placa de vídeo


não está com defeito.    

6
Q: A placa de vídeo está com defeito se, e somente se, a 𝒓 ↔ (𝒑 ∨ 𝒒) : Neste caso, com a presença da
memória não apresenta defeito. proposição r, temos três proposições simples distintas,
p,q e r.
Logo, é verdadeira a proposição: A segunda informação, que é o número de linhas
da tabela verdade, deriva do número de proposições
a) Se o monitor não está funcionando, então a memória simples que a estrutura composta possui. Usando essa
não apresenta defeito. conta simples:
b) Ou o monitor está funcionando ou a memória não
apresenta defeito. 𝐿 = 2𝑛
c) O monitor não está funcionando ou a memória apre-
senta defeito. Onde L é o número de linhas da tabela-verdade e n
d) O monitor está funcionando e a memória apresenta é o número de proposições simples que ela possui. Ou
defeito. seja, para duas proposições simples, temos 4 linhas na
tabela-verdade, para 3 proposições simples, 8 linhas
Resposta: Letra A e B (Anulada). Como P é uma na tabela e para 4 proposições simples, a tabela possui
condicional FALSA, temos que “O monitor está fun- 16 linhas. Além disso, para o caso de uma proposição
cionando” é VERDADEIRO e “A placa de vídeo não simples, pode-se aplicar a fórmula também, e teremos
está com defeito” é FALSO. No caso de Q temos duas duas linhas na tabela-verdade.
possibilidades: “A placa de vídeo está com defeito” e Esses valores são derivados da organização da tabela,
“A memória não apresenta defeito” são ambas VER- para que tenhamos todos os casos possíveis avaliados.
DADEIRAS ou ambas FALSAS. Entretanto, como vimos Com essa informação, podemos organizar a tabela e isso
em P que “A placa de vídeo está com defeito” é VER- será apresentado caso a caso nas seções seguintes.
DADEIRO, só teremos um caso, onde “A memória não
apresenta defeito” também é VERDADEIRO. A alter- TABELA-VERDADE DE PROPOSIÇÃO SIMPLES:
nativa A é VERDADEIRA pois temos uma condicional NEGAÇÃO
e a proposição “O monitor não está funcionando” é Nós iremos seguir a ordem do capítulo anterior e
FALSA, o que faz a condicional ser VERDADEIRA. A al- apresentar a montagem das tabelas-verdade para os
ternativa B é VERDADEIRA também pois “O monitor operadores lógicos descritos. Inicia-se pele negação, que
está funcionando” é VERDADEIRO e isso já basta para é uma proposição simples e terá apenas duas linhas na
uma disjunção ser VERDADEIRA, além disso, “A me- tabela-verdade:
mória não apresenta defeito” também é VERDADEIRA.
A alternativa C é FALSA pois “O monitor não está fun-
p ~p
cionando” é FALSO e “A memória apresenta defeito”
também é FALSA, sendo o único caso da disjunção ser V F
FALSA. Por fim, a alternativa D também é falsa pois “A F V
memória apresenta defeito” é FALSA e isso na conjun-
ção já caracteriza uma proposição composta FALSA. Observe que a tabela possui duas colunas. A primeira
contém os valores possíveis para a proposição simples,
que pela fundamentação da lógica, é o VERDADEIRO (V)
TABELAS VERDADE e o FALSO (F).
Já a segunda coluna possui o operador lógico
A tabela-verdade é um dispositivo prático muito negação. O operador foi aplicado em casa linha da
usado para a organizar os valores lógicos de proposições tabela, gerando o resultado correspondente. Ou seja, se
compostas pois ela ilustra todos os possíveis valores a proposição p é V, sua negação será F e vice-versa.
lógicos da estrutura composta, correspondentes a todas É importante frisar que as operações da tabela-
as possíveis atribuições de valores lógicos às proposições verdade ocorrem de linha em linha, ou seja, se na
simples. primeira linha temos que a proposição p é V, esse valor
Para se construir uma tabela verdade, são necessárias permanecerá assim até que todas as operações daquela
três informações iniciais: O número de proposições que linha correspondente tenham terminado.
compõem a proposição composta, o número de linhas
que a tabela-verdade irá ter e a variação dos valores TABELA-VERDADE PARA 2 PROPOSIÇÕES
lógicos. SIMPLES
A primeira informação é puramente visual, basta olhar Chegamos as seções onde a tabela-verdade fará mais
a proposição composta e verificar quantas proposições sentido, pois ela é aplicada em proposições compostas.
simples a compõem, contando a quantidade de letras Iniciando com uma estrutura de duas proposições
RACIOCÍNIO LÓGICO

distintas que existem nela, vejam os exemplos: simples, vamos primeiramente explicar a organização
𝒑 ∧ 𝒒 : Temos as proposições simples p e q, ou seja, a destas proposições.
proposição composta possui duas proposições; Como já sabemos que são duas proposições simples,
(𝒑 ∧ 𝒒) → (~𝒒 ↔ 𝒑) : Esta estrutura possui duas
que chamaremos de p e q, temos que a tabela-verdade
proposições simples também, p e q. Não se deve terá quatro linhas:
considerar a repetição das proposições que no caso de p
e q, repetiram duas vezes;

7
p q p q
V V
V F
F V
F F

No caso da conjunção, temos que ela é VERDADEIRA


FIQUE ATENTO! apenas se as duas proposições compostas, p e q, forem
Observe que além das linhas corresponden- VERDADEIRAS, caso contrário, ela será FALSA. Usando
tes da tabela-verdade, nós inserimos uma li- essa informação, vamos preencher a tabela:
nha inicial indicando qual a proposição que Na primeira linha, temos que p é VERDADEIRO e
estamos atribuindo o valor lógico. Isso é de q é VERDADEIRO, logo, a conjunção nesse caso será
suma importância para se dominar esse con- VERDADEIRA por definição:
teúdo.
p q
Agora temos que combinar os dois valores lógicos V V V
possíveis entre as proposições, formando as quatro V F
linhas. Para isso, recomenda-se que sigam os seguintes
passos: F V
F F
i) Na coluna da primeira proposição, atribua o valor
de V para a primeira metade das linhas e F para a A segunda linha possui p = V e q = F. Para a conjunção
segunda metade. Ou seja, as duas primeiras linhas é necessário que as duas proposições sejam V para ela
são V e as duas últimas são F: ser V, logo, ela será FALSA:

p q p q
V V V V
V V F F
F F V
F F F

ii) Para a segunda coluna, repita o mesmo Seguindo o mesmo raciocínio, a terceira linha possui
procedimento dentro de cada valor lógico atribuído p = F e q = V, o que faz a conjunção ser FALSA:
para a coluna anterior. Ou seja, como temos V nas
duas primeiras linhas de p, vamos colocar V na p q
primeira linha e F na segunda. Da mesma forma,
V V V
vamos fazer o mesmo procedimento para as duas
linhas de p que contém F: V F F
F V F
p q F F
V V
Finalmente, a quarta linha possui as duas proposições
V F
simples com valor lógico FALSO, o que faz a conjunção
F V ser FALSA também:
F F
p q
Pronto, a tabela-verdade para duas proposições foi V V V
organizada e agora podemos passar para as proposições
compostas. V F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

F V F
Tabela Verdade da Conjunção (“e”)
F F F
Seguindo a ordem do capítulo anterior, temos o
operador lógico “e”, ou a conjunção. Para atribuir valores
Esta é a tabela-verdade para conjunção é deve ser
lógicos a essa expressão, cria-se uma terceira coluna na
memorizada ou resolvida de forma rápida no caso de
tabela-verdade e insere no título qual proposição lógica
tabelas maiores.
iremos tratar, desta maneira:

8
Tabela Verdade da Disjunção (“ou”) p q
Passando agora para o próximo conectivo, que é
a disjunção (“ou”). Esse operador possui a definição V V V
contrária a conjunção, onde ele só será FALSO no caso V F F
de as duas proposições simples serem FALSAS, caso
contrário, será sempre VERDADEIRO. F V V
Montando a tabela: F F V

p q Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)


O último operador é o Bicondicional (“Se e somente
V V
se”) e a tabela será montada da mesma forma:
V F
F V p q
F F V V
V F
A primeira, segunda e terceira linhas possuem ao
menos 1 valor lógico VERDADEIRO, ou seja, condição F V
suficiente para o operador lógico ser VERDADEIRO: F F
p q
V V V Montaremos a tabela usando sua lógica simples:
Ele será VERDADEIRO se as duas proposições simples
V F V tiverem o mesmo valor lógico e FALSO se tiverem valores
F V V diferentes:
F F
p q
Já a última linha, possui ambas proposições simples V V V
com o valor lógico FALSO, o que faz a disjunção ser
FALSA também: V F F
F V F
p q F F V
V V V
Com essas informações memorizadas é possível
V F V montar QUALQUER tabela-verdade.
F V V
Montagem de tabelas usando mais de um
F F F
operador lógico
Esta é a tabela da disjunção é também deve ser Obviamente que as seções acima introduziram as
memorizada. tabelas-verdade fundamentais, que vão auxiliar na
montagem de tabelas mais complexas. Vamos apresentar
Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”) um exemplo onde isso será aplicado. Considere a
O próximo conector lógico é a condicional (“Se... seguinte proposição composta:
então”) e montaremos a tabela-verdade do mesmo jeito
(𝒑 ∧ 𝒒) ↔ ~𝒑 ∨ 𝒒
que os anteriores:
Observe que a proposição possui duas proposições
p q simples mas possui três operações lógicas. Para montar
V V a tabela-verdade desta proposição, deveremos fazer
combinações dos resultados fundamentais vistos
V F anteriormente.
F V Iniciando, vamos montar a estrutura inicial, com as
colunas de p e q:
F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

O princípio deste operador lógico está na relação p q


entre o antecedente (p) e o consequente (q). Ele será V V
FALSO apenas se 𝑝 = 𝑉 e 𝑞 = 𝐹 , o que ocorre na
V F
segunda linha. Nos outros casos, ele será VERDADEIRO.
Em caso de dúvidas deste operador, recomenda-se a F V
releitura do capítulo 2. F F

9
Agora, vamos analisar a expressão: temos dois p q ~p
parênteses separados por uma bicondicional, portanto,
teremos que saber os valores lógicos de cada parêntese V V V F V
antes de resolver o “se e somente se”. Para isso, vamos V F F F F
criar colunas específicas na tabela para cada informação
e depois agrupá-las. F V F V
Começando com a conjunção no primeiro parêntese F F F V
e atribuindo os valores lógico de cada linha, cria-se uma
terceira coluna a partir da primeira e da segunda: Na terceira linha, temos ambos VERDADEIROS, o que
faz a disjunção VERDADEIRA:
p q
p q ~p
V V V
V V V F V
V F F
V F F F F
F V F
F V F V V
F F F
F F F V
Agora, vamos resolver o segundo parêntese. Para
isso, precisaremos da negação de p para fazer uma E na quarta linha, temos a quarta coluna VERDADEIRA
disjunção com q. Logo, vamos criar primeiro uma coluna e a segunda coluna FALSA, o que faz a disjunção ser
da negação e depois faremos a disjunção: VERDADEIRA:

p q ~p p q ~p

V V V F V V V F V

V F F F V F F F F

F V F V F V F V V

F F F V F F F V V

Observe que esta quarta coluna é a negação da


primeira, como deve ser, já que estamos negando a FIQUE ATENTO!
proposição p. Criaremos agora uma quinta coluna, onde Fizemos uma disjunção entre a quarta e a
faremos a disjunção de ~p (quarta coluna) e q (segunda segunda coluna, NESTA ORDEM. No caso
coluna): da disjunção, se fizéssemos invertido, não
haveria problemas, mas nem sempre isso
p q ~p acontece. A recomendação é que se mante-
nha a ordem da operação lógica.
V V V F
V F F F Finalmente, vamos criar a sexta coluna que será a
bicondicional da terceira e quinta colunas:
F V F V
F F F V p q ~p

Nós temos que utilizar os valores lógicos da quarta V V V F V


e segunda colunas em cada linha correspondente da V F F F F
tabela. É aqui que muitos candidatos se confundem e
F V F V V
acabam usando colunas diferentes. Na primeira linha,
temos que a quarta coluna tem valor F e a segunda F F F V V
coluna tem valor V, assim a disjunção entre elas será V:
Na primeira linha, temos a terceira coluna VERDADEIRA
e a quinta também, que pela bicondicional, gera um valor
p q ~p VERDADEIRO:
V V V F V
RACIOCÍNIO LÓGICO

V F F F p q ~p
F V F V V V V F V V
F F F V V F F F F
F V F V V
Na segunda linha, temos a quarta e a segunda coluna
com valores lógicos FALSO, o que faz a disjunção FALSA: F F F V V

10
Na segunda linha, temos ambas as colunas FALSAS, p q r
que pela bicondicional, gera um valor VERDADEIRO:
V
p q ~p V
V V V F V V V
V F F F F V V
F V F V V F
F F F V V F
F
Na terceira e quarta linhas temos o mesmo caso, com
a terceira coluna FALSA e a quinta VERDADEIRA, o que F
gera um valor FALSO na bicondicional:
Na segunda coluna, vamos subdividir cada bloco da
primeira coluna em dois novamente, colocando VERDADEIRO
p q ~p na primeira parte e FALSO na segunda, desta maneira:
V V V F V V
V F F F F V p q r
F V F V V F V V
F F F V V F V V
V F
Pronto, esses são os resultados possíveis da
proposição composta, variando os valores lógicos das V F
proposições simples p e q que a compõem. F
F
TABELA VERDADE PARA 3 PROPOSIÇÕES SIMPLES
F
Vamos agora aumentar a complexidade do problema F
inserindo uma terceira proposição, que chamaremos de
r. Pela relação de número de linhas da tabela, teremos Veja que o primeiro bloco da primeira coluna, que é
então L=23=8 linhas. A tabela fica na seguinte forma: VERDADEIRO foi dividido em dois blocos de duas linhas
cada, em um, colocamos duas linhas VERDADEIRO e nas
p q r outras duas linhas, FALSO. Fazendo o mesmo para o
bloco seguinte:

p q r
V V
V V
V F
V F
F V
F V
Para organizar todas as combinações possíveis dos F F
valores lógicos, vamos usar o mesmo artifício visto na
tabela com duas proposições simples. Primeiro, vamos F F
dividir a primeira coluna em dois blocos de 4 linhas, onde
o primeiro bloco será VERDADEIRO e o segundo, FALSO: A terceira coluna é mais simples, basta subdividir
cada bloco de duas linhas em uma linha cada, colocando
V e F intercalado, montando assim todas as combinações
possíveis:
RACIOCÍNIO LÓGICO

11
p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F

Como exemplo, vamos montar a tabela-verdade da seguinte proposição composta: ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 ↔ 𝑝 ∨ 𝑟 . Com a


tabela acima, vamos organizar quais informações precisamos para montar a expressão final. Observando o primeiro
parênteses, precisaremos da negação de p, ou seja, ~p. Criando uma quarta coluna e preenchendo em função da
primeira:

p q r ~p
V V V F
V V F F
V F V F
V F F F
F V V V
F V F V
F F V V
F F F V

Agora precisaremos fazer a conjunção entre q e r no primeiro parênteses para poder combinar com a negação de
p. Montando a quinta coluna com , que é a combinação entre a segunda e a terceira coluna, temos que:

p q r ~p 𝒒∧𝒓

V V V F V
V V F F F
V F V F F
V F F F F
F V V V V
F V F V F
F F V V F
F F F V F

Interessante observar que ficamos apenas com duas linhas com o valor lógico VERDADEIRO e isso não é nenhum
problema, pois quando se realiza operações lógicas não teremos sempre a divisão de 50% VERDADEIRO e 50% FALSO.
Combinando a quarta e quinta colunas, podemos formar o primeiro parênteses, que é ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 :
RACIOCÍNIO LÓGICO

12
p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓

V V V F V V
V V F F F V
V F V F F V
V F F F F V
F V V V V V
F V F V F F
F F V V F F
F F F V F F

Antes de montarmos a bicondicional entre os dois parênteses, precisamos montar a coluna relativa ao segundo
parênteses da expressão. Colocando a conjunção a partir da primeira e terceira colunas:

p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓

V V V F V V V
V V F F F V V
V F V F F V V
V F F F F V V
F V V V V V V
F V F V F F F
F F V V F F V
F F F V F F F

Finalmente, a oitava coluna é montada a partir da combinação entre a sexta e a sétima colunas:

p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 ↔ 𝒑∨𝒓

V V V F V V V V
V V F F F V V V
V F V F F V V V
V F F F F V V V
F V V V V V V V
F V F V F F F V
F F V V F F V F
F F F V F F F V

O resultado é interessante pois apenas a sétima linha da proposição completa possui valor lógico FALSO. Isso pode
ser facilmente uma questão de concurso, onde pergunta-se quais são os valores lógicos para que a proposição acima
seja FALSA. A resposta correta é p e q FALSOS e r VERDADEIRO.

TABELA VERDADE PARA 4 PROPOSIÇÕES SIMPLES

Os problemas envolvendo 4 proposições simples são mais trabalhosos pois envolvem 16 linhas de análise. Entretanto,
RACIOCÍNIO LÓGICO

a resolução é a mesma dos problemas de duas ou três proposições simples. Considerando as proposições p, q, r e s, a
tabela fica da seguinte maneira:

13
p q r s p q r s
V V
V V
V V
V V
V F
V F
V F
V F
F V
F V
F V
F V
F F
F F
F F
F F

A primeira coluna é dividida em dois blocos de oito A terceira coluna subdivide a segunda em blocos de
linhas, atribuindo V ao primeiro bloco e F ao segundo. duas linhas, intercalando V e F:

p q r s p q r s
V V V V
V V V V
V V V F
V V V F
V V F V
V V F V
V V F F
V V F F
F F V V
F F V V
F F V F
F F V F
F F F V
F F F V
F F F F
F F F F

A segunda coluna subdivide a primeira novamente


em dois, formando blocos de quatro linhas, intercalando
RACIOCÍNIO LÓGICO

os valores V e F:

14
A quarta coluna basta intercalar V e F: Aplicando a condicional entre a terceira e quarta
colunas:
p q r s
V V V V p q 𝑝𝑝∧∧𝑞𝑞 →→ 𝑝𝑝∨∨𝑞𝑞 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞

V V V F V V V V V
V V F V V F F V V
V V F F F V F V V
V F V V F F F F V
V F V F
O resultado da proposição composta mostra que
V F F V
todas as linhas geraram um valor lógico VERDADEIRO.
V F F F Assim, podemos classificar essa proposição composta
F V V V como Tautologia.
F V V F
F V F V FIQUE ATENTO!
F V F F O exemplo de tautologia foi com duas pro-
posições simples mas considere que a clas-
F F V V sificação é válida também para três ou mais
F F V F proposições simples.
F F F V
F F F F Contradição
A contradição é exatamente o contrário da tautologia,
onde todos os resultados lógicos da operação da proposição
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES SEGUNDO A composta devem ser FALSOS. Observe o exemplo:
TABELA-VERDADE Tabela verdade para 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞)..
Após a montagem de qualquer proposição composta Antes de montarmos a proposição composta,
na tabela-verdade, podemos classificar seu resultado de precisaremos montar a negação de q, a bicondicional do
três maneiras: primeiro parênteses e a disjunção do segundo, assim:

Tautologia
A tautologia ocorre quando todas as linhas da p q ~q 𝑝𝑝↔
↔~𝑞
~𝑞 ∧∧(𝑝
(𝑝∧∧𝑞).
𝑞).
coluna correspondente a proposição composta seja
VERDADEIRA. Ou seja, não importa os valores lógicos V V F F V
das proposições simples, a proposição composta terá V F V V F
sempre o valor lógico V. Observe o exemplo:
F V F V F
Tabela-verdade para a proposição 𝑝 ∧ 𝑞 → 𝑝 ∨ 𝑞 .
São duas proposições simples, o que formará quatro F F V F F
linhas na tabela:
Combinando a quarta e quinta colunas para montar a
p q disjunção entre os dois parênteses:

V V
p q ~q 𝑝𝑝 ↔
↔ ~𝑞
~𝑞 ∧∧ (𝑝
(𝑝 ∧∧ 𝑞).
𝑞). 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞).
V F
F V V V F F V F

F F V F V V F F
F V F V F F
Inserindo os dois parênteses na terceira e quarta
F F V F F F
colunas:
Como todas as linhas do resultado final são FALSAS,
RACIOCÍNIO LÓGICO

p q 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞 temos uma contradição.

V V V V Contingência
V F F V A contingência é o caso mais simples de todos
pois são as tabelas-verdade que não são tautologia ou
F V F V contradição, ou seja, possui os dois valores lógicos (V e
F F F F F) no resultado final.

15
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (EMATER, MG – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – GESTÃO CONCURSO, 2018) Para Alencar (2002, p.14), “na tabela
verdade figuram todos os possíveis valores lógicos da proposição composta, correspondentes a todas as possíveis
atribuições de valores lógicos às proposições simples correspondentes.” Considerando duas proposições identificadas
como p e q, deseja-se construir a tabela verdade da proposição composta , conforme descrito na tabela a seguir.

Os valores lógicos da proposição composta , descritos de cima para baixo na última coluna da tabela, serão,
respectivamente,

a) (F);(F);(F);(F)
b) (F);(V);(F);(F)
c) (V);(V);(V);(V)
d) (V);(F);(V);(V)

Resposta: Letra D. O exercício já auxiliou deixando a tabela com todas as colunas organizado. A “pegadinha” é se
você esquecer de fazer a negação final, que faria você marcar a alternativa B e não a D.
p q ~q
V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V

2. (EMATER, MG – ASSESSOR JURÍDICO – GESTÃO CONCURSO, 2018) Considere que temos três proposições,
identificadas como p, q e r. Objetiva-se construir uma tabela-verdade para avaliar os valores lógicos que a proposição
composta 𝑝 𝑣 ~ 𝑟 → 𝑞 ᴧ ~ 𝑟 .A esse respeito, avalie as afirmações a seguir.

I. A tabela-verdade, nesse caso, terá seis linhas.


II. A tabela-verdade, nesse caso, terá oito linhas.
III. Haverá apenas três linhas da tabela-verdade na coluna correspondente à proposição composta p v ~ r → q ᴧ ~ r, que
assumirá o valor verdadeiro.

Está correto apenas o que se afirma em

a) II
b) III
c) I e III
d) II e III

Resposta: Letra A. Antes de montarmos a tabela-verdade, já podemos verificar que a afirmação I está errada e a
II está certa pois está relacionado com o número de linhas da tabela, que é uma função apenas da quantidade de
proposições simples, neste caso 3. Montando a tabela verdade e respeitando a ordem de resolução dos operadores
lógicos, pois não temos parênteses (negação primeiro, depois as conjunções e disjunções e por fim a condicional),
você verificará que a linhas 2,5,6 e 7 são VERDADEIRAS, tornando a afirmação III incorreta pois ela afirma que são 3
RACIOCÍNIO LÓGICO

linhas que são VERDADEIRAS.

3. (CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA – AGENTE ADMINISTRATIVO – IBFC, 2017) De acordo com o raciocínio
lógico proposicional a proposição composta [𝑝 ∨ (~𝑞 ↔ 𝑟)] → ~𝑝 é uma:

a) Contingência
b) Tautologia

16
c) Contradição
d) Equivalência

Resposta: Letra A. Construindo a tabela verdade:

p q r ~p ~q[𝑝 ∨ (~𝑞 ↔ 𝑟)] →𝒑 ∨~𝑝


(~𝒒 ↔ 𝒓) 𝒑 ∨ ~𝒒 ↔ 𝒓 → ~𝒑

V V V F F F V F
V V F F F V V F
V F V F V V V F
V F F F V F V F
F V V V F F F V
F V F V F V V V
F F V V V V V V
F F F V V F F V

PROPOSIÇÕES LÓGICAS

As proposições categóricas são formadas basicamente por três palavras: Todo, Nenhum e o Algum. Desta última,
deriva-se também o “Algum Não” para completar as quatro proposições fundamentais. Assim, vamos interpretar e
representar as seguintes expressões:

Todo A é B
A primeira proposição categórica é bem conhecida e facilmente interpretada. Ela afirma que todos os elementos
que pertencem ao grupo (ou na nossa linguagem, conjunto) A também pertencem ao conjunto B. Para este caso, temos
duas representações possíveis:

O primeiro caso talvez seja o que a maioria das pessoas pensam quando se diz que “Todo A é B”, ou seja, o
conjunto A sendo subconjunto do conjunto B. Entretanto, quando ambos os conjuntos são coincidentes, ou sejam,
são exatamente iguais, a proposição ainda é válida, com todos os elementos do conjunto A pertencentes também ao
conjunto B.

FIQUE ATENTO!
Observe que quando falamos que “Todo A é B” não é necessariamente verdade que “Todo B é A” pois o
primeiro caso da figura acima justifica que nem todos os elementos de B podem pertencer ao conjunto
A.”.

Nenhum A é B
A segunda proposição categórica é a mais simples de se observar através do diagrama de conjuntos pois quando
RACIOCÍNIO LÓGICO

falamos que “Nenhum A é B”, conclui-se que nenhum elemento do conjunto A pertence ao conjunto B, ou seja, são dois
conjuntos distintos sem nenhuma intersecção:

17
Algum A não é B
Análogo a proposição anterior, a proposição “Algum
A não é B” estabelece que há ao menos um elemento de
A que não pertence ao conjunto B. Novamente não se
estipula quantos elementos de A não são de B (e podem
ser todos eles inclusive), mas sim que não temos todos os
elementos de A pertencendo a B, algum necessariamente
não será. São três diagramas para representar essa
proposição categórica:

Diferentemente da proposição “Todo A é B”, dizer


que “Nenhum A é B” é logicamente equivalente a dizer
que “Nenhum B é A”, ou seja, permite-se a inversão dos
conjuntos sem prejudicar o raciocínio.

Algum A é B
As próximas duas proposições também são
categóricas, mas não casos extremos como as anteriores
em que ou temos todos os elementos de A pertencente
a B ou não temos nenhum. A expressão “Algum A é
B” estabelece que ao menos um elemento pertence
também ao conjunto B. Ela não fala quantos elementos
de A pertencem a B (podem ser todos inclusive), o que ela
descarta é o fato de nenhum elemento de A pertencer a B,
e essa consideração será importante quando estudarmos
a negação das proposições categóricas.
Além disso, são quatro diagramas possíveis para
interpretar essa proposição:

No primeiro caso, como temos elementos exclusivos


de A e B, esses elementos exclusivos satisfazem a
proposição. No segundo caso, temos B como subconjunto
de A sem serem coincidentes, o que também deixam
alguns elementos de A não pertencendo a B. Finalmente
o terceiro caso, onde A e B não possuem intersecção
(coincidente com “Nenhum A é B”), temos que os
elementos de A não pertencem a B, bastava apenas 1
mas nesse caso foram todos.

CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS


As quatro proposições categóricas também
possuem nomes formalizados que são de importante
conhecimento para se interpretar enunciados de
Os dois primeiros casos remetem ao conjunto A ser concursos que utilizarem essas definições. Vamos a elas
subconjunto de B ou vice-versa. Em ambos conseguimos
afirmar que existe ao menos um elemento de A que Proposição Universal Afirmativa
pertence a B. O terceiro caso é o mesmo de “Todo A é B” A proposição universal afirmativa é equivalente
pois, como dissemos, essa proposição afirma que temos a expressão “Todo A é B”, ou seja, todo o universo do
no mínimo um elemento de A que está em B, então conjunto A pertence a B.
logicamente todos os elementos de A pertencerem a
B atendem a “Algum A é B”. E o último caso é aquele Proposição Universal Negativa
onde temos termos exclusivos de A e B, mas uma região A proposição universal negativa é equivalente a
de interseção onde há elementos pertencentes aos dois expressão “Nenhum A é B”, ou seja, todo o universo do
RACIOCÍNIO LÓGICO

conjuntos, satisfazendo a proposição. conjunto A não pertence a B.


Além disso, é possível inverter os conjuntos de
posição e manter a lógica correta, ou seja, se falarmos Proposição Particular Afirmativa
que “Algum A é B”, pode-se afirmar que “Algum B é A” A proposição particular afirmativa é equivalente a
expressão “Algum A é B”, ou seja, algum caso de todo o
universo do conjunto A pertence a B.

18
Proposição Particular Negativa Se é verdade que “Alguns A são R” e que “Nenhum G
A proposição particular negativa é equivalente a é R”. então é necessariamente verdadeiro que:
expressão “Algum A não é B”, ou seja, algum caso de a) Algum A não é G
todo o universo do conjunto A não pertence a B. b) Algum A é G
c) Nenhum A é G
RELAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS d) Algum G é A
As proposições categóricas possuem relações entre si e) Nenhum G é A.
para aplicarmos valores lógicos quando necessário. Para
ajudar na memorização, construiu-se um diagrama com Observem neste caso que temos 3 conjuntos: A,R
as definições apresentadas abaixo: e G e eles estão relacionados através de proposições
categóricas. Para resolver esse tipo de problema, temos
que utilizar dos diagramas de conjuntos para entende-
lo. A ordem de aplicação das proposições determina seu
êxito no exercício, onde recomenda-se começar pelas
proposições universais e depois partir para as particulares.
Iniciando então por “Nenhum G é R”, o diagrama fica da
seguinte forma:

As proposições que são contraditórias entre si, ou


seja, aquelas ligadas pela diagonal do problema serão
justamente as negações lógicas da proposição categórica
considerada, ou seja:
Nesse caso, G e R não possuem intersecções. Feito
- A negação de “Todo A é B” é “Algum A não é B”
isso, deve-se analisar a proposição “Algum A é R”, que
- A negação de “Nenhum A é B” é “Algum A é B”
possui 4 casos distintos. Além disso, não sabemos se A
- A negação de “Algum A é B” é “Nenhum A é B”
intersecta ou não o conjunto G, portanto teremos que
- A negação de “Algum A não é B” é “Todo A é B”
considerar ambos os casos:
Ou seja, nas proposições categóricas, negar uma
proposição universal é transformá-la em uma proposição - A é subconjunto de R: Nesta primeira situação, A
particular de afirmação contrária e vice-versa. Isso reforça não poderá intersectar G pois está dentro de R e nenhum
o que foi dito no início do capítulo que a negação de R é G:
“Todo A é B” não é “Nenhum A é B” e agora fica fácil
de entender pois para que “Todo A é B” seja falso, basta
apenas um único elemento de A não pertencer a B, o
caracteriza a proposição “Algum A não é B”.

No caso das relações “subalternas”, quando temos o


valor lógico definido da proposição universal, podemos
expandi-lo para a sua correspondente proposição
particular, ou seja:
- O valor lógico da proposição particular afirmativa
será o mesmo que o da proposição universal
afirmativa. - R é subconjunto de A: Nesta primeira situação,
- O valor lógico da proposição particular negativa será podemos ter A intersectando G ou não:
o mesmo que o da proposição universal negativa.

ANÁLISE COM MAIS DE UMA PROPOSIÇÃO


RACIOCÍNIO LÓGICO

CATEGÓRICA ENVOLVIDA
Os problemas envolvendo proposições categóricas
podem ser simples de se revolver como visto no
exercício comentado acima, porém, existem casos mais
elaborados, onde pode haver 3 ou mais conjuntos para
serem analisados. Observe esse exemplo extraído de - A e R são coincidentes: Neste caso, A não cruza G
uma banca que aborda muito o raciocínio lógico, a ESAF: pois nenhum R é G;

19
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PC-ES – PERITO CRIMINAL – FUNCAB, 2013).


A negação de “Todos os padeiros dessa cidade são
talentosos” é:

a) Todos os padeiros dessa cidade não são talentosos.


b) Somente um padeiro dessa cidade é talentoso.
- A e R possuem intersecção com elementos c) Não já padeiro talentoso nessa cidade.
exclusivos: Neste caso, pode-se haver intersecção ou não
de A em G: d) Existe algum padeiro dessa cidade que não é talentoso.
e) Não há padeiros nessa cidade.

Resposta: Letra D. A negação de uma proposição


universal afirmativa será uma proposição particular
negativa, ou seja “Algum A não é B” que nesse caso é
“Algum padeiro dessa cidade não é talentoso”.

2. (SERPRO – ANALISTA – ESAF, 2001). Todos os alunos


de Matemática são, também, alunos de Inglês, mas
nenhum aluno de inglês é aluno de História. Todos os
alunos de Português são também alunos de informática,
e alguns alunos de informática são também alunos de
história. Como nenhum aluno de informática é aluno de
inglês, e como nenhum aluno de Português e aluno de
História, então:

a) pelo menos um aluno de Português é aluno de Inglês


b) pelo menos um aluno de Matemática é aluno de
História
c) nenhum aluno de Português é aluno de Matemática
d) todos os alunos de Informática são alunos de
Matemática
Portanto são 6 casos para se analisar e verificar qual e) todos os alunos de Informática são alunos de Português
alternativa atende todos simultaneamente:
a) Algum A não é G: Se observarmos os 6 casos, Resposta: Letra C. São muitos diagramas para
sempre há ao menos um todos os elementos de se montar, porém quase todos são proposições
A que não pertencem a G, ou seja, não há nenhum universais de fácil entendimento. Unificando todas as
caso onde todos os elementos de A estão dentro informações, monta-se o diagrama e se observa que
de G. Logo esta alternativa aparenta ser a correta. nenhum aluno de Português é aluno de Matemática.
b) Algum A é G: No primeiro, terceiro, quarto e sexto
casos, nenhum elemento de A pertence a G, logo
esta alternativa não é a correta.
c) Nenhum A é G: No segundo e quinto casos,
há elementos de A que estão em G, logo esta
alternativa não é a correta.
d) Algum G é A: Os casos onde A e G não se cruzam
eliminam esta alternativa da mesma forma que na
alternativa b
e) Nenhum G é A: Da mesma forma que as alternativa
b e d, os casos onde A e G possuem intersecção EQUIVALÊNCIA LÓGICA
são suficientes para eliminar esta alternativa.
A equivalência lógica é a relação entre duas proposi-
RACIOCÍNIO LÓGICO

Logo, encontramos a alternativa correta. O que é ções lógicas que serão ditas equivalentes, ou seja, ao se
importante observar é que problemas envolvendo mais montar a tabela-verdade de ambas, a distribuição dos
de uma proposição categórica podem ser complicados e valores lógicos será a mesma.
requererem uma análise aprofundada de todos os casos. O domínio desta teoria passará ao candidato a se-
gurança de se manipular expressões lógicas, buscando
a equivalência correta nas alternativas da questão. Na
maioria das vezes, os enunciados das questões de equi-

20
𝑝𝑝 ∧∧ 𝑞𝑞 =
= 𝑞𝑞 ∧∧ 𝑝𝑝
valência lógica, usando frases simples como: “A negação 𝑝𝑝 ∨∨ 𝑞𝑞 =
= 𝑞𝑞 ∨∨ 𝑝𝑝
da expressão ... é:” ou também “A expressão logicamente
equivalente a ... é:”. 𝑝𝑝 ↔
↔ 𝑞𝑞 =
= 𝑞𝑞 ↔
↔ 𝑝𝑝
Para resolver esses exercícios, o candidato deverá re-
conhecer na expressão original que tipo de equivalência
pode ser usada e é isso que iremos apresentar nas seções Ou seja, para a disjunção, conjunção e bicondicional é
a seguir. possível inverter a ordem das proposições simples, man-
tendo o resultado final da proposição composta. Usando
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS NOTÁVEIS novamente frases como exemplo, temos que se p = “An-
Iniciando pelas equivalências mais simples, apresen- dei 5km” e q = “Tomei um suco”:
taremos os cinco primeiros casos de relações lógicas: Andei 5km e tomei um suco = Tomei um suco e andei 5 km
Andei 5km ou tomei um suco = Tomei um suco ou
Dupla Negação andei 5 km
A dupla negação já foi introduzida quando se definiu Andei 5km se e somente se tomei um suco = Tomei
o operador lógico negação, ou o “não” e se apresentou um suco se e somente se andei 5 km
que “a negação da negação é a própria afirmação”. Em
outras palavras, a dupla negação anula dois operadores
“não” que estão juntos, como no exemplo a seguir: FIQUE ATENTO!
O leitor mais atento percebeu uma poten-
~ ~𝑝 = 𝑝 cial “pegadinha” nesta propriedade pois ela
não vale para o operador “Se...então” que é a
Ou seja, os dois operadores lógicos “~” são retirados, condicional. Muita atenção quando for utili-
restando apenas a proposição simples. zar essa propriedade!

Idempotência Associação
A idempotência trata de duas relações, uma com o A propriedade associativa também tem a mesma ca-
operador “e” (conjunção) e outra com o operador “ou” racterística encontrada na matemática, onde você pode
(disjunção). A idéia básica é mostrar que quando se apli- inverter a ordem das operações lógicas. Isso só pode ser
ca esses operadores na mesma proposição simples, o re- feito caso tenhamos APENAS disjunção e conjunção nas
sultado é a própria proposição. Vejam os casos: operações, observe:

𝑝∧𝑝=𝑝 𝑝 ∧𝑝 ∧𝑞 ∧𝑞𝑟∧ 𝑟= =𝑝 ∧𝑝 𝑞∧ 𝑞∧ 𝑟∧ 𝑟

𝑝∨𝑝=𝑝 𝑝 ∨𝑝 ∨𝑞 ∨𝑞 𝑟∨ 𝑟= =𝑝 ∨𝑝𝑞∨ 𝑞∨ 𝑟∨ 𝑟

Essa equivalência é fácil verificar na tabela-verdade: O que a propriedade nos mostrou é que podemos
fazer a operação entre p e q antes de realizar a operação
entre q e r.
p 𝑝∧𝑝=𝑝 𝑝∨𝑝=𝑝
Distribuição
V V V A propriedade distributiva também segue a analogia
F F F da propriedade vista na matemática, sendo conhecida
também como a propriedade “chuveirinho” onde a partir
Tanto na tabela-verdade da disjunção e da conjunção, de um operador lógico externo aos parênteses, faz-se a
quando ambas as proposições são VERDADEIRAS, o re- distribuição nos elementos internos, desta forma:
sultado é VERDADEIRO e quando ambas são FALSAS, o
resultado da proposição composta é FALSO.
𝑝 ∧𝑝 ∧𝑞 ∨𝑞𝑟∨ 𝑟= =𝑝 ∧𝑝𝑞∧ 𝑞∨ (𝑝
∨ (𝑝 ∧ 𝑟)
∧ 𝑟)
Usando frases nas proposições, essa propriedade nos
permite dizer que se p = “João é professor”, temos que: 𝑝 ∨𝑝 ∨𝑞 ∧𝑞𝑟∧ 𝑟= =𝑝 ∨𝑝𝑞∨ 𝑞∧ (𝑝
∧ (𝑝 ∨ 𝑟)
∨ 𝑟)
João é professor e João é professor = João é professor
João é professor ou João é professor = João é pro-
fessor Observe novamente que essa propriedade também é
válida APENAS para os operadores disjunção (“e”) e con-
Comutação junção (“ou”), sendo incorreto aplicar na condicional e na
A propriedade comutativa da equivalência lógica é bicondicional. Usando frases como exemplo, considere
RACIOCÍNIO LÓGICO

análoga a propriedade de mesmo nome da matemática. que: p = “Almir é biólogo”, q = “Joseval é escritor” e r
Ela descreve que podemos mudar a ordem das propo- = “Arlequina é bandida”, assim:
sições simples sem afetar o resultado final. Existem três A propriedade 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟) nos
casos: permite dizer que a proposição: “Almir é biólogo, e Jo-
𝑝 ∨ 𝑞 ∧é 𝑟bandida”
seval é médico ou Arlequina = 𝑝 ∨ 𝑞é ∧equivalente
(𝑝 ∨ 𝑟)
𝑝∧𝑞 =𝑞∧𝑝 à proposição: “Almir é biólogo e Joseval é escritor, ou
𝑝∨𝑞=𝑞∨𝑝 Almir é biólogo e Arlequina é bandida”

𝑝↔𝑞=𝑞↔𝑝

21
𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟)

Já a propriedade 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ 𝑟 = 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ (𝑝 ∨ 𝑟) nos permite dizer que a proposição: “Almir é biólogo, ou Joseval


é médico e Arlequina é bandida” é equivalente à proposição: “Almir é biólogo ou Joseval é escritor, e Almir é biólogo
ou Arlequina é bandida”

NEGAÇÃO DOS OPERADORES LÓGICOS


Este tópico provavelmente é o mais importante deste capítulo pois apresentará as negações das proposições lógi-
cas mais utilizadas: “Disjunção”, “Conjunção”, “Condicional” e “Bicondicional”

Negação da conjunção – Regra de De Morgan


As negações da conjunção e da disjunção são conhecidas como Regras de De Morgan e são fáceis de memorizar
pela sua estrutura simples:
∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞

A regra nos diz que ao negar uma conjunção, podemos negar individualmente cada proposição simples trocando o
operador “e” por um operador “ou”. A prova desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:

p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 =~~𝑝𝒑∨∼
∧ 𝒒𝑞 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞

V V V F F F F
V F F V F V V
F V F V V F V
F F F V V V V

Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equi-
valência.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Eu sei nadar” e q = “Eu sei correr”, a negação correta de
“Eu sei nadar e sei correr” será “Eu não sei nadar ou não sei correr”

Negação da disjunção – Regra de De Morgan


A negação da disjunção também é conhecida como Regra de De Morgan:
∼ 𝑝 ∨ 𝑞 = ~𝑝 ∧∼ 𝑞

A regra nos diz que ao negar uma disjunção, podemos negar individualmente cada proposição simples trocando o
operador “ou” por um operador “e”. A prova desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:

p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝
~ 𝒑∨∼
∧𝒒𝑞 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞

V V V F F F F
V F V F F V F
F V V F V F F
F F F V V V V

Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equi-
valência.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei de bicicleta” e q = “joguei futebol”, a negação cor-
reta de “Eu andei de bicicleta ou joguei futebol” será “Eu não andei de bicicleta e não joguei futebol”.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Negação da Condicional
A negação da condicional é uma expressão que vem derivada de outras duas equivalências lógicas: Regra de De
Morgan e Implicação material (apresentada nos tópicos seguintes). Como a idéia não é apresentar deduções, vamos
mostrar a equivalência e prova-la através da tabela-verdade:
∼ 𝑝 → 𝑞 = 𝑝 ∧∼ 𝑞

22
Montando a tabela-verdade:

p q 𝒑→𝒒 ~ 𝒑→𝒒 ~q 𝒑 ∧∼ 𝒒

V V V F F F
V F F V V V
F V V F F F
F F V F V F

Comparando a quarta e sexta colunas, podemos observar que todas as linhas possuem os mesmos valores lógicos,
comprovando a equivalência desta negação.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Fiz muitos gols” e q = “Sou o artilheiro”, a negação correta
de “Se fiz muitos gols então sou o artilheiro” será “Fiz muitos gols e não sou o artilheiro”.

Negação da Bicondicional
Certamente a negação da bicondicional é a expressão mais difícil dentre as apresentadas na equivalência lógica. Ela
não é simples de deduzir e usaremos a mesma abordagem da negação da condicional, que é apresentar a expressão
e provar com a tabela-verdade:
∼ 𝑝 ↔ 𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)

Montando a tabela-verdade:

p q∼ 𝑝 ↔ 𝑞 =∼(𝑝𝑝∧∼
↔ 𝑞) ~p
𝑞 ∼∨=(𝑞
𝑝
(𝑝↔ 𝑞~q𝑞)
∧∧∼
~𝑝) =∨(𝑝(𝑞∧∼
∧ ~𝑝)
𝑞) ∨∼(𝑞𝑝∧↔
~𝑝)
𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
V V V F F F F F F
V F F V F V V F V
F V F V V F F V V
F F V F V V F F F

Observando a quarta e nona colunas, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equiva-
lência lógica.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Passei de ano” e q = “Tirei 10 na prova”, a negação correta
de “Passei de ano se e somente se tirei 10 na prova” será “Passei de ano e não tirei 10 na prova ou tirei 10 na prova e
não passei de ano”.

EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS DA CONDICIONAL E BICONDICIONAL


Além das negações dos operadores lógicos condicional e bicondicional, existem outras equivalências lógicas impor-
tantes que estatisticamente são cobradas com certa frequência nos concursos públicos e serão apresentadas a seguir:

Implicação Material
A implicação material é uma equivalência lógica aplicada ao operador condicional que transforma esse operador
em uma disjunção (“ou”):
𝑝 → 𝑞 = ~𝑝 ∨ 𝑞

Montando a tabela-verdade:

p q ~p
𝑝 → 𝑞 𝑝 =→~𝑝
𝑞 ∨=𝑞~𝑝 ∨ 𝑞
RACIOCÍNIO LÓGICO

V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

23
A terceira e quinta colunas possuem os mesmos valores lógicos em todas as linhas, podendo afirmar que são, por-
tanto, proposições equivalentes.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei distraído” e q = “Tropecei na calçada”, uma expres-
são equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Não andei distraído ou tropecei na calçada”

Transposição
A transposição, como o próprio nome diz, é aplicada ao operador condicional, trocando de posição as proposições
simples, algo que não é permitido diretamente pela propriedade comutativa apresentada anteriormente. A equivalên-
cia é a seguinte:
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝

Ou seja, nega-se e inverte-se as proposições simples para formar a equivalência. Comprovando pela tabela-verdade:

p q ~p →𝑝 ~𝑝
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 →~q𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝

V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V

Assim, como a terceira e sexta colunas são idênticas, temos a equivalência lógica comprovada.
Usando as frases da implicação material como exemplo novamente, se considerarmos p = “Andei distraído” e q
= “Tropecei na calçada”, uma expressão equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Se não
tropecei na calçada, então não andei distraído”

FIQUE ATENTO!
Sempre que no enunciado de um exercício de equivalência tivermos o operador condicional, desconfie se
não será aplicada as regras de implicação material ou transposição, normalmente elas que serão utilizadas
para resolver a questão!

Equivalência Material
A equivalência material é a última relação que veremos neste capítulo e envolve o operador bicondicional que sem-
pre irá proporcionar expressões maiores para memorização. Além disso, são dois casos para se analisar: O primeiro,
transforma-se a bicondicional em duas operações condicionais:
𝒑↔𝒒 = 𝒑→𝒒 ∧ 𝒒→𝒑

Intuitivamente essa expressão não é difícil pois o próprio nome “bicondicional” já se refere a “duas condicionais”.
O importante é lembrar que as duas condicionais são ligadas por um operador “e” e não por um operador “ou”. A
tabela-verdade fica:

p q 𝒑𝒑 ↔
↔ 𝒒𝒒 =
= 𝒑𝒑 →
→ 𝒒𝒒 ∧∧ 𝒒𝒒
𝒑→→
↔𝒑𝒑𝒒 = 𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒒 → 𝒑
V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V
RACIOCÍNIO LÓGICO

Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma expressão
equivalente para “A bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “Se a bolsa é azul então o estojo é vermelho
e se o estojo é vermelho então a bolsa é azul”.
O outro caso de equivalência material é a conversão da bicondicional em operadores “ou” e “e”:
𝒑 ↔ 𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒

24
Essa expressão não é tão intuitiva como o primeiro caso mas dá para se criar um raciocínio imaginando que a bi-
condicional foi separada em duas conjunções das afirmações e negações ligadas por uma disjunção. A tabela-verdade
fica desta maneira:

p q 𝒑 ↔ 𝒒 = ~p
𝒑𝒑→↔𝒒~q
𝒒∧ =𝒒 𝒑
→∧𝒑𝒒 ∨ ~𝒑
𝒑↔∧ ~𝒒
𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒

V V V F F V F V
V F F F V F F F
F V F V F F F F
F F V V V F V V

Com a terceira e oitava coluna idênticas, temos a equivalência comprovada. Usando as mesmas frases como exem-
plo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma outra expressão equivalente para “A
bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “A bolsa é azul e o estojo é vermelho ou a bolsa não é azul e
o estojo não é vermelho”.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (EMSERH – PSICÓLOGO – FUNCAB, 2016). Dizer que não é verdade que Francisco é dentista e Tânia é enfermeira,
é logicamente equivalente a dizer que é verdade que:

a) Se Francisco não é dentista, então Tânia não é enfermeira.


b) Francisco não é dentista e Tânia não é enfermeira.
c) Se Francisco não é dentista, então Tânia é enfermeira.
d) Francisco não é dentista ou Tânia não é enfermeira.
e) Francisco é dentista ou Tânia não é enfermeira.

Resposta: Letra D. Aplicando a regra de De Morgan, a negação da conjunção será a disjunção das negações, então
nega-se ambas as proposições e aplica-se o operador “ou”.

2. (TJ-SP – ESCREVENTE – VUNESP, 2017). Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:

a) Se João é rico, então Maria é pobre


b) João não é rico, e Maria não é pobre
c) João é rico, e Maria não e pobre
d) Se João não é rico, então Maria não é pobre
e) João não é rico, ou Maria não é pobre

Resposta: Letra B. Aplicando a regra de De Morgan, a negação da disjunção será a conjunção das negações.

3. (PREFEITURA DE MARILÂNDIA – AGENTE ADMINISTRATIVO – IDECAN, 2016). A negação da proposição com-


posta “Se goleia o rival, então é campeão” é equivalente a:

a) Não goleia o rival e é campeão.


b) Goleia o rival e não é campeão.
c) Não goleia o rival ou é campeão.
d) Nem goleia o rival, nem é campeão.

Resposta: Letra B. A negação da condicional é uma conjunção da primeira proposição com a negação da segunda,
o que aparece na alternativa B.
RACIOCÍNIO LÓGICO

4. (TJ-PR – ANALISTA JUDICIÁRIO – PUC-PR, 2017). Arno, especialista em lógica, perguntou: qual a negação de “hoje
é carnaval se, e somente se, for 8 ou 9 de fevereiro”?

A resposta CORRETA é:

a) Hoje não é Carnaval se, e somente se, não for 8 ou 9 de fevereiro


b) Hoje não é Carnaval e não é 8 nem 9 de fevereiro

25
c) Hoje não é Carnaval e é 8 ou 9 de fevereiro ou hoje é 7. (PMRJ – ADMINISTRADOR – PMRJ, 2016). A propo-
Carnaval e não é nem 8 e nem 9 de fevereiro sição equivalente para “A lua é um satélite natural se e
d) Hoje é Carnaval e é 8 de fevereiro somente se Saturno ter anéis” é:
e) Hoje é Carnaval e é 8 ou 9 de fevereiro ou hoje não é
Carnaval e não é nem 8 e nem 9 de fevereiro a) Se a Lua é um satélite natural, então Saturno tem anéis
ou Se Saturno tem anéis, então a Lua é um satélite
Resposta: Letra C. Questão trabalhosa mas possível. natural
Considere p = “Hoje é Carnaval” e q = “É 8 ou 9 de b) Se a Lua é um satélite natural, então Saturno não tem
fevereiro”. Aplicando a negação da bicondicional, te- anéis e Se Saturno não tem anéis, então a Lua é um
mos que: = Hoje é carnaval e não é nem 8 e nem 9 satélite natural
de fevereiro ou é 8 ou 9 de fevereiro e não é carnaval. c) Se a Lua é um satélite natural, então Saturno tem anéis
Usando a propriedade comutativa onde podemos in- e Se Saturno tem anéis, então a Lua é um satélite na-
verter a ordem das proposições, conseguimos montar tural
a alternativa C. d) Se a Lua não é um satélite natural, então Saturno não
tem anéis e Se Saturno tem anéis, então a Lua é um
5. (ANAC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF, 2016). satélite natural
A proposição “se o voo está atrasado, então o aeroporto
está fechado para decolagens” é logicamente equivalen- Resposta: Letra C. Aplicando a equivalência material
te à proposição: que transforma a bicondicional em duas condicionais,
temos que “Se a Lua é um satélite natural, então sa-
a) o voo está atrasado e o aeroporto está fechado para turno tem anéis e se Saturno tem anéis, então a Lua é
decolagens. um satélite natural”.
b) o voo não está atrasado e o aeroporto não está fecha-
do para decolagens.
c) o voo está atrasado, se e somente se, o aeroporto está LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO
fechado para decolagens.
d) se o voo não está atrasado, então o aeroporto não Tanto o argumento, quanto a proposição, formam as
está fechado para decolagens. bases para o estudo da lógica. Todavia, a proposição ain-
e) o voo não está atrasado ou o aeroporto está fechado da continua sendo o elemento fundamental, pois a partir
para decolagens. dela que são construídos os argumentos. Mas afinal de
contas, o que é um Argumento? Essa definição é impor-
Resposta: Letra E. Como a questão envolve condicio- tante para o seguimento do capítulo e será apresentada
nal, devemos pensar em aplicar a implicação material a seguir.
ou a transposição. Olhando as alternativas, temos ape- Um argumento é feito de uma composição de duas
nas uma delas que é condicional, então provavelmen- ou mais proposições. Diferentemente de uma proposi-
te será melhor aplicar a implicação material primeiro, ção composta, o argumento apresenta as proposições
que gera o seguinte resultado: “O voo não está atra- de maneira separada, classificando-as em dois tipos:
sado ou o aeroporto está fechado para decolagens”. Premissas e Conclusão. As premissas são as bases e as
informações que irão nortear a Conclusão (que é única,
6. (PMRJ – ADMINISTRADOR – PMRJ, 2016). Uma apenas 1 proposição pode ser a conclusão). Assim, a es-
proposição logicamente equivalente a “se eu não posso trutura básica de um argumento é: Premissas Conclusão.
pagar um táxi, então vou de ônibus” é a seguinte: Normalmente, os argumentos são apresentados na
forma vertical, separando as premissas e a conclusão por
a) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi um traço, desta maneira:
b) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus
c) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
d) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar um
táxi

Resposta: Letra A. Como todas as alternativas são


condicionais, provavelmente o exercício se resolve As três premissas informam que há uma caracterís-
aplicando a transposição. Negando as duas proposi- tica genética de olhos azuis na família, onde seu pai e
ções e invertendo a ordem, temos que “Se eu não vou você possuem olhos azuis. Dadas essas informações,
de ônibus, então posso pagar um taxi”. Observe que concluiu-se que seu filho terá a mesma característica, ou
já temos uma negação na frase original e na hora de seja, olho azul.
RACIOCÍNIO LÓGICO

negarmos, faremos uma dupla negação, eliminando Como este argumento é mais genérico, vamos a um
os dois “não”. mais direto que vocês irão lidar em seus concursos:

26
A argumentação apresenta que o grupo denominado Diagramas de Conjuntos (Euler)
“brasileiros” pertence em sua integralidade ao conjunto A análise de argumentos usando os diagramas de
“devedores”. Assim, se eu pertenço ao grupo dos “brasi- conjuntos só é efetivamente vantajosa se os argumentos
leiros”, naturalmente estarei no grupo “devedores”. forem montados com proposições categóricas (capítulo
Um ponto importante a se ressaltar neste exemplo 5). Ou seja, as premissas devem conter as expressões que
é a estrutura particular dele. Quanto tivermos um argu- designam este tipo, como todo, nenhum, algum e al-
mento composto por 2 (duas) premissas e a conclusão, gum não. Algumas variações podem existir, como pelo
ele será considerado um caso particular e terá o nome menos um e cada um, mas sempre serão remetidas as
de silogismo. proposições que aprendemos no capítulo anterior.
Ambos os argumentos foram conclusões verdadei- Este método prevê que desenharemos as premissas
ras das premissas que consideramos. Neste caso, iremos dentro de cada conjunto correspondente, procurando as
classifica-los como argumentos válidos, ou seja, as pre- interseções entre eles. Após a construção do diagrama,
missas levam a esta conclusão. verifica-se a validade do argumento.
A oposição disso é justamente uma ou mais premis- Exemplo:
sas falharem na conclusão, e isso tornará o argumento
inválido, pois não atende integralmente todas as premis-
sas.
Outro caso de argumentos que podem ser cobrados
são aqueles que envolvem conectivos lógicos, como por
exemplo, neste exercício que caiu em um concurso:
O ponto chave da lógica da argumentação é verificar
se a conclusão é uma consequência lógica das premissas.
Isso será feito neste caso usando os conjuntos. A primei-
ra proposição diz que todas as mulheres são morenas,
assim o conjunto “mulheres” está dentro ou é coinciden-
te ao conjunto “morenas”:
Se considerarmos as proposições:

Ou seja, toda a argumentação é montada sob propo-


sições compostas ligadas pelos conectivos lógicos. Nos
concursos públicos, isso pode aparecer diretamente, ou
em forma de frases onde o leitor deverá convertê-la para
expressões lógicas. Para verificar se o argumento é válido
ou não, usaremos as técnicas apresentadas a seguir.

ANÁLISE DA VALIDADE DOS ARGUMENTOS


Normalmente quando os argumentos são analisados,
a primeira estratégia pensada é o uso dos diagramas de A segunda proposição diz que nenhuma morena can-
conjuntos, ou conhecidos também como diagramas de ta, ou seja, não há intersecção entre esses conjuntos:
Euler. Essa estratégia será a primeira a ser apresentada
nesta seção, porém, é importante que fique claro que
ela funciona em alguns casos específicos e que em casos
onde o argumento foi construído sob conectivos lógicos
(exemplo anterior), sua praticidade não é encontrada.
Logo, serão apresentadas 4 estratégias definitivas para
se resolver qualquer problema de argumentação.

FIQUE ATENTO!
Vocês encontrarão exercícios onde mais de
RACIOCÍNIO LÓGICO

uma técnica pode ser usada para sua reso-


lução. Esta apostila será uma referência para
sugestão de qual técnica utilizar. Caso con- Assim, a conclusão torna-se válida pois o conjunto
siga resolver por outra técnica, é um ponto mulheres também não possui intersecção com o conjun-
a mais no seu aprendizado. tos “cantoras”, tornando assim o argumento válido. É im-
portante frisar que sabemos que parte das mulheres não
são morenas mas isso não pode interferir na validade do

27
argumento. A única coisa que devemos ver sob o ponto
de vista lógico é que se as premissas forem verdadeiras,
temos que ter a conclusão verdadeira.
Vamos agora com um exemplo de argumento inváli-
do. Observem:

Repetindo a estratégia do exemplo anterior, temos ou


que a primeira premissa nos mostra que o conjunto
“convidados” está dentro ou é coincidente ao conjunto
“parentes”:

A conclusão nos fala que Roberto não é parente, o


que é verdade na segunda e na terceira possibilidade.
Na primeira, ambas as premissas são atendidas mas a
conclusão é falsa, já que Roberto está dentro do conjunto
ou
parentes.
Quando uma ou mais das possibilidades falha, não
temos garantia integral do argumento, tornando-o invá-
lido.

Premissas verdadeiras
A segunda estratégia já envolve premissas que não
tenham as proposições categóricas. Ela é eficiente quan-
do ao menos uma das proposições é simples, ou seja,
não há nenhum conectivo lógico com ela ou se temos
uma das premissas com uma conjunção, pois assim con-
seguimos valorar logicamente as proposições simples
que a compõe.
A segunda premissa nos mostra que Roberto não é Para avaliar a validade do argumento, basta adotar
um convidado. Neste caso, veja que temos três possi- que todas as premissas são verdadeiras e a partir da pro-
bilidades, duas no primeiro caso da premissa e um no posição simples, verificar se a conclusão mantém-se ver-
segundo caso. A posição de Roberto está indicada com dadeira.
um “X”: Se o resultado da conclusão for verdadeiro, o argu-
mento é válido, caso contrário, se a conclusão for falsa
ou se você não conseguir definir seu valor lógico, ele será
inválido.
Vamos a um exemplo:
RACIOCÍNIO LÓGICO

Esse argumento está montado apenas com os valores


lógicos e temos uma proposição simples no terceiro ar-
ou gumento. Assim, vamos adotar a estratégia de premissas
verdadeiras, ou seja:

28
Na terceira proposição, temos que R é verdadeiro e a partir disso, para a segunda premissa ser verdadeira, temos
que ter ~Q=V, ou seja Q=F.
Esse resultado implica na primeira premissa, pois se Q=F, para a condicional ser verdadeira, precisaremos ter que P
seja falso, ou seja, P=F .
Com os três valores lógicos, podemos avaliar a conclusão, onde se P=F, temos ~P=V, tornando a conclusão verda-
deira e o argumento válido.
Se após essas associações tivéssemos encontrado ~P=F, teríamos uma contradição, o que tornaria o argumento
inválido.

Tabela verdade
O método de resolução do argumento por tabela verdade é utilizado quando não se consegue resolver pelos dois
métodos anteriores, ou seja, quando não temos proposições categóricas ou quando não temos premissas sob a forma
de proposições simples ou uma delas sendo uma conjunção. Entretanto, mesmo para o caso onde o método de pre-
missas verdadeiras é aplicável, a tabela verdade pode ser utilizada, tornando um método mais genérico.
A resolução se baseia na construção da tabela verdade e temos que olhar as linhas correspondentes a todas as
premissas possuírem o valor VERDADEIRO. Se nessa linha, a conclusão também for VERDADEIRA, temos um argumento
válido, caso contrário, ele será inválido.

FIQUE ATENTO!
Lembre-se que a quantidade de linhas da tabela-verdade é calculada em função da quantidade de propo-
sições simples que formam as premissas. Quanto maior o problema, mais trabalhoso será a sua resolução!

Vamos analisar um exemplo passo a passo:


Analise o argumento a seguir e verifique se ele é válido
Se Pablo é ator e Irene é médica, então João é carpinteiro.
João não é carpinteiro ou Irene é médica.
Logo, Pablo não é ator ou Irene não é médica.
Passando para a linguagem lógica, temos que:

Observe que este argumento possui duas premissas e uma conclusão, porém é formado por três proposições sim-
ples. Assim, a tabela-verdade terá 8 linhas e não 4. Construindo a base da tabela:

p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
RACIOCÍNIO LÓGICO

F F V
F F F

As próximas duas colunas serão correspondentes à primeira premissa:

29
p q r

V V V V V
V V F V F
V F V F V
V F F F V
F V V F V
F V F F V
F F V F V
F F F F V

As duas colunas seguintes são correspondentes à segunda premissa:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒

V V V V V F V
V V F V F V V
V F V F V F F
V F F F V V V
F V V F V F V
F V F F V V V
F F V F V F F
F F F F V V V

Agora, as próximas três colunas se referem a conclusão:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒
~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒

V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V

Com a tabela construída, temos que identificar as linhas que possuem ambas as premissas verdadeiras, ou seja, te-
mos que analisar a quinta e sétima colunas, procurando as linhas em que ambas são V. Se observarmos, encontraremos
a primeira, quarta, quinta, sexta e oitava linhas nesta configuração:
RACIOCÍNIO LÓGICO

30
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒

V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V

Observando essas cinco linhas, temos que a conclusão (última coluna) é VERDADEIRA em quatro delas, excetuan-
do-se apenas a primeira linha, onde a conclusão, assim, como nem todos os casos foram atendidos, o argumento é
inválido. Vale lembrar que basta 1 caso FALSO para o argumento não ser válido.

Conclusão Falsa
Para os casos onde temos um número de proposições simples maior (acima de 3), uma alternativa ao invés de se
aplicar uma tabela verdade que terá muitas linhas será o método da conclusão Falsa, ou seja, considera-se o valor ló-
gico FALSO na conclusão além de considerar as premissas VERDADEIRAS. Se este caso existir, teremos um argumento
inválido, caso contrário, ele será válido. Este método funciona bem quando a conclusão é uma condicional ou uma
conjunção, pois conseguiremos atribuir valores lógicos a todas as proposições simples que a compõe.
Observe o exemplo a seguir, extraído do livro Raciocínio Lógico Simplificado, de Sérgio Carvalho e Weber Campos,
um dos livros que usamos como referência para montar esta apostila:

Temos 4 proposições simples formando o argumento, o que faria a tabela-verdade ter 16 linhas. Se tentarmos pelo
método de premissas verdadeiras, teríamos muitos casos a analisar, uma vez que as mesmas são condicionais. Para
facilitar, vamos então adotar também a conclusão FALSA, o que para a condicional, tem-se apenas um caso, que é a
proposição da esquerda VERDADEIRA e da direita FALSA, assim temos que 𝑨 = 𝑽 e ~𝑫 = 𝑭 ⟹ 𝑫 = 𝑽.
Com esses valores lógicos definidos, podemos ir para a segunda premissa, onde sabemos o valor de ~𝑨 = 𝑭 . Para
essa premissa ser verdadeira, teremos que ter 𝑩 = 𝑭. Na primeira premissa, a condicional será verdadeira, dado que
𝑨 = 𝑽 se 𝑩 ∨ 𝑪 = 𝐕. Como 𝑩 = 𝑭., temos que ter 𝑪 = 𝑽 para atender a primeira premissa. Finalmente, como
𝑫 = 𝑽 , temos que ter ~𝑪 = 𝑽 ⟹ 𝑪 = 𝑭 , mas isso contradiz a primeira premissa que determinou que 𝑪 = 𝑽 .
Como houve falha em provar que a conclusão é FALSA com as premissas VERDADEIRAS, temos que a conclusão é
VERDADEIRA o que faz o argumento VÁLIDO!

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (TCE-RS – ENGENHEIRO – CESPE, 2004). A seguinte afirmação é válida:

Premissa 1: Toda pessoa honesta paga os impostos devidos


Premissa 2: Carlos paga os impostos devidos
Conclusão: Carlos é uma pessoa honesta

( ) CERTO ( ) ERRADO
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: Errado. Montando as premissas dentro do diagrama de Euler, se o conjunto “pagam impostos” e “hones-
tos” não forem coincidentes, não há como garantir que Carlos está necessariamente dentro do conjunto “honestos”.
Portanto, o argumento torna-se inválido.

31
2. (TCE/AC – ANALISTA – CESPE, 2008). Considere que - Se a conta fica no vermelho muito rapidamente, então
as seguintes proposições são premissas de um argumento: a alegria dura pouco
- As contas chegam.
1. César é o presidente do tribunal de contas e Tito é um
conselheiro Pressupondo que as premissas apresentadas acima se-
2. César não é o presidente do tribunal de contas ou jam verdadeiras e considerando as propriedades gerais
Adriano impõe penas disciplinares na forma da lei dos argumentos, julgue os itens subsequentes:
3. Se Adriano é vice-presidente do tribunal de contas, en- A afirmação: “Começo do mês é tempo de receber salá-
tão Tito não é o corregedor. rio, porém a alegria dura pouco”, é uma conclusão válida
a partir das premissas apresentadas acima.
Com base nas definições apresentadas no texto acima,
assinale a opção em que a proposição apresentada, junto ( ) CERTO ( ) ERRADO
com essas premissas, forma um argumento válido:
A afirmação: “Se as contas chegam, então a alegria dura
a) Adriano não é o vice-presidente do tribunal de contas pouco” é uma conclusão válida a partir das premissas
b) Se César é o presidente do tribunal de contas, então apresentadas acima.
Adriano não é o corregedor.
c) Se Tito é o corregedor, então Adriano é o vice-presi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dente do tribunal de contas.
d) Tito não é o corregedor Resposta: Certo e Certo. Chamando de p: Começo
e) Adriano impõe penas disciplinares na forma da lei do mês é tempo de receber salário, q: As contas che-
gam; r: O dinheiro (salário) sai, s: A conta fica no ver-
Resposta: Letra E. Utilizando o método de premissas melho muito rapidamente e t: A alegria dura pouco,
verdadeiras, a primeira premissa já nos garante que vamos resolver a primeira afirmação (𝑝 ∧ 𝑡) utilizan-
César é o presidente do tribunal de contas e Tito é um do apenas premissas verdadeiras: Como q=V na quin-
conselheiro. Na segunda, como temos uma disjunção ta premissa, a segunda premissa só será VERDADEI-
e a primeira proposição é falsa, já que César é o pre- RA se r=V. Isso vale para a terceira premissa, fazendo
sidente do tribunal, temos que ter que Adriano impõe s=V e na quarta premissa, fazendo t=V. Assim, como
penas disciplinares na forma da lei, o que é exatamen- a primeira premissa é o valor lógico de p=V, temos
te a alternativa E. Para completar, a terceira premissa que 𝑝 ∧ 𝑡 = 𝑉 . Na segunda afirmação, vamos usar a
fica indefinida sob o ponto de vista lógico, uma vez conclusão FALSA, ou seja, 𝑞 → 𝑡 = 𝐹 . Como a quinta
que não temos informações suficientes para determi- premissa é q=V, temos que ter t=F, mas isso contradiz
nar se Adriano é ou não vice-presidente do TCE, mas justamente a quarta premissa, onde t=V, mostrando
isto não afeta a escolha da alternativa correta. que há contradição na conclusão FALSA, tornando-a
VERDADEIRA ou um argumento válido.
3. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). A sequência de pro-
posições a seguir constitui uma dedução correta:

Se Carlos não estudou, então ele fracassou na prova de ELEMENTOS DE TEORIA DOS
Física. CONJUNTOS, ANÁLISE COMBINATÓRIA
Se Carlos jogou futebol, então ele não estudou. E PROBABILIDADE. RESOLUÇÃO DE
Carlos não fracassou na prova de Física PROBLEMAS COM FRAÇÕES, CONJUNTOS,
Carlos não jogou futebol PORCENTAGENS E SEQUÊNCIAS COM
NÚMEROS, FIGURAS, PALAVRAS
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Considerando as três primeiras li-


TEORIA DOS CONJUNTOS
nhas como premissas e a última como conclusão, cha-
maremos de a: Carlos estudou, b: Carlos fracassou na O conceito de conjunto é um conceito primitivo e,
prova de Física e c: Carlos jogou futebol. Construindo portanto, não existe uma definição clara para tal. Porém,
a tabela-verdade com a ordem estudada nesta apos- conjuntos fazem parte do dia a dia de todas as pessoas
tila, teremos que apenas a linha 4 terá as 3 premissas nas mais diversas situações: conjunto de pessoas, con-
VERDADEIRAS simultaneamente e nesta linha temos junto de objetos, conjunto de arquivos em um computa-
também a conclusão VERDADEIRA. Logo, este argu- dor, conjunto de fotografias.
mento é válido. Considere, em uma empresa, uma equipe de trabalho
RACIOCÍNIO LÓGICO

com 4 membros. Essa equipe nada mais é do que um


4. (SEGER-ES – TODOS OS CARGOS – CESPE, 2011). conjunto de pessoas, onde cada um dos membros é um
elemento desse conjunto.
- Começo do mês é tempo de receber salário.
- Se as contas chegam, o dinheiro (salário) sai.
- Se o dinheiro (salário) sai, a conta fica no vermelho mui-
to rapidamente.

32
CLASSIFICAÇÃO DE CONJUNTOS

Conjunto Finito
Um conjunto finito é um conjunto que possui um
número limitado (finito) de elementos. Por exemplo, o
conjunto dos números naturais, ímpares e inferiores a 10.
Esse conjunto contém apenas os elementos 1, 3, 5, 7 e 9.
O conjunto é expresso por: A={1, 3, 5, 7,9}

Note que o conjunto é expresso por uma letra maiús-


cula e os elementos são apresentados entre colchetes

Conjunto Infinito
Um conjunto infinito é um conjunto que possui um RELAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E CONJUNTOS
número ilimitado (infinito) de elementos. Por exemplo, o Aqui são apresentadas as relações: entre elemento e
conjunto dos números naturais e pares maiores do que conjunto e entre conjuntos.
1. Não há um número limitado de números naturais e
pares, começa com 2, 4, 6... e assim sucessivamente. O RELAÇÃO ENTRE ELEMENTO E CONJUNTO
conjunto é expresso por: B={2, 4, 6,8...} Quando se analisa a relação entre um elemento e um
conjunto há duas possibilidades: ou o elemento pertence
Conjunto Vazio ao conjunto ou não pertence ao conjunto. A essa relação,
Um conjunto vazio é um conjunto que não possui ele- dá-se o nome de pertinência. Abaixo, um exemplo:
mentos. Por exemplo, o conjunto dos números múltiplos Conjunto X={1, 5, 10, 15, 20}
de 10, maiores do que 1 e menores do que 2. Como é O elemento 1 pertence ao conjunto X. O símbolo que
possível notar, não há nenhum múltiplo de 10 entre 1 e indica essa relação é: ∈ . Assim, a relação é expressa por
9, portanto esse conjunto não possui elementos. O con- 1 ∈ X:
junto é expresso por: 𝐶 = 𝜙 ou 𝐶 = { } O elemento 4 não pertence ao conjunto X. O símbolo
que indica essa relação é: ∉ . Assim, a relação é expressa
Conjunto Unitário por: 4 ∉ X.
Um conjunto unitário é um conjunto que possui um
único elemento. Por exemplo, o conjunto dos números RELAÇÃO ENTRE CONJUNTOS
pares maiores do que 3 e menores do que 5. Nota-se que Quando se analisa a relação entre dois conjuntos, há
o único número par maior do que 3 e menor do que 5 é duas possibilidades: ou um conjunto está contido em
o número 4 e, portanto, é o único elemento do conjunto. outro ou não está contido. A essa relação dá-se o nome
Assim, o conjunto é unitário e expresso por: D={4}. de continência. Para explicar essa relação, é necessário
definir o conceito de subconjunto. A seguir um exemplo:
REPRESENTAÇÃO Sejam dois conjuntos Y={1, 2, 3} e Z={1, 2, 3, 7, 8, 9}.
Há três formas principais para representar conjuntos:
Nota-se que todos os elementos do conjunto Y per-
compreensão, extensão e diagrama de Venn. Cada uma
tencem ao conjunto Z. Assim, diz-se que Y é um subcon-
delas possui características específicas.
junto de Z e, portanto, Y está contido em Z. O símbolo
que indica essa relação é: ⊂ . Assim a relação é expressa
Compreensão
por: Y ⊂ Z.
Nesse tipo de representação, o conjunto é expresso
Sejam, agora, dois outros conjuntos W={1, 3, 5} e
de modo a apresentar uma característica dos seus ele-
T={1, 2, 3, 8, 10}.
mentos. Por exemplo, o conjunto dos números pares,
nessa representação é expresso por: E={y|y é um número Nota-se que nem todos os elementos do conjunto
par} onde y representa qualquer elemento do conjunto. W pertencem ao conjunto T. Assim, W não está contido
em T (pelo menos um elemento de W não pertence a T).
Extensão O símbolo que indica essa relação é: ⊄ . Assim, a relação
é expressa por: W ⊄ T.
Nesse tipo de representação, o conjunto é apresen-
tado com todos os seus elementos. Os elementos são
apresentados entre chaves e separados por vírgulas. Por FIQUE ATENTO!
exemplo, o conjunto dos números naturais, ímpares e
A relação de um conjunto unitário e outro
menores do que 10: F={1, 3, 5, 7, 9}
conjunto é de continência e não de perti-
RACIOCÍNIO LÓGICO

Diagrama de Venn nência. Seja: A={2, 4, 6,}, diz-se que {4} ⊂ A


Esse tipo de representação, nada mais é do que uma e não que {4} ∈ A..
representação gráfica onde os elementos do conjunto
são apresentados dentro de uma forma geométrica. Por
exemplo, o mesmo conjunto apresentado acima (núme- Subconjuntos
ros naturais, ímpares e menores do que 10), pode ser ex- Da definição de subconjunto, decorrem três premis-
presso em um diagrama de Venn: sas

33
a) Todo conjunto é subconjunto de si mesmo, ou seja, Quantidade de elementos no conjunto união
X ⊂ X. A quantidade de elementos, ou número de elemen-
b) Se X ⊂ Y e ,Y ⊂ X então 𝑋 ≡ 𝑌 tos, de qualquer conjunto é denotado da seguinte forma:
c) O conjunto vazio é subconjunto de todo e qualquer n (X) representa o número de elementos do conjunto . O
conjunto, ou seja: 𝜙 ⊂ 𝑋 número de elementos do conjunto união é calculado por:

Igualdade de conjuntos 𝑛 𝑋 ∪ 𝑌 = 𝑛 𝑋 + 𝑛 𝑌 − 𝑛(𝑋 ∩ 𝑌)


Diz-se que dois conjuntos são iguais se e somente
se ambos possuem os mesmos elementos. Se houver ao
menos um elemento diferente em um dos conjuntos, não Ou seja, o número de elementos do conjunto união
se pode dizer que ambos são iguais. A seguir, um exem- consista na soma do número de elementos de cada um
plo: dos conjuntos subtraído do número de elementos da
Sejam os conjuntos: X={1, 2, 3, 4}, Y={1, 2, 3, 4, 5,} e intersecção entre os dois conjuntos. Como os elemen-
Z={1, 2, 3, 4} tos em comum a ambos pertencem aos dois conjuntos,
Os conjuntos X e Z possuem os mesmos elementos é necessário subtrair 𝑛 𝑋 ∩ 𝑌 para não contar esses
e, portanto, são iguais: 𝑋 ≡ 𝑍 . Já o conjunto Y não é elementos duas vezes.
igual a nenhum dos outros dois, pois tem um elemento
diferente de ambos (elemento 5). DIFERENÇA ENTRE CONJUNTOS
Para explicar a diferença entre conjuntos, será dado
OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS um exemplo. Sejam dois conjuntos X={10, 20, 30, 40} e
Y={30, 40, 50, 60}. A diferença entre esses dois conjuntos,
UNIÃO DE CONJUNTOS nessa ordem (ou seja, X-Y), resulta em um terceiro con-
Para explicar a união de conjuntos, será utilizado junto, Z, que é expresso por: Z={10, 20}. Note que o con-
um exemplo. Sejam dois conjuntos X={10, 20, 30, 40} e junto Z contém todos os elementos que pertencem tanto
Y={30, 40, 50, 60}. A união desses dois conjuntos resulta ao conjunto X excluídos os elementos em comum com
em um terceiro conjunto, Z, que é expresso por: Z={10, o conjunto Y. Essa operação é representada por: Z=X-Y.
20, 30, 40, 50, 60} . Note que o conjunto Z contém todos Se a diferença fosse Z=Y-X, o resultado seria .Z={50,
os elementos de X e Y, sem repetir os elementos em co- 60}. Em resumo, o conjunto diferença contém todos os
mum. Essa operação é representada por: 𝑋 ∪ 𝑌 . elementos do primeiro conjunto excluindo-se os ele-
É possível visualizar a operação utilizando o diagrama mentos em comum com o segundo conjunto.
de Venn: Se o segundo conjunto (Y) for um subconjunto do
primeiro (X), a diferença é expressa por CXY, onde lê-se
complementar de Y em relação a X.

PROBLEMAS
É comum encontrar em diversas provas problemas
que precisam de noções de conjuntos para serem resol-
vidos. São problemas que requerem o uso do diagrama
de Venn e têm uma mecânica característica de solução. A
seguir será apresentado um exemplo:
INTERSECÇÃO DE CONJUNTOS Uma pesquisa foi feita com os funcionários de uma
Para explicar a intersecção de conjuntos, será o exem- empresa, para ver quais eram as preferências alimentícias
plo anterior. Sejam dois conjuntos X={10, 20, 30, 40} e de cada um deles. Para isso, foi perguntado se o funcio-
Y={30, 40, 50, 60} . A intersecção desses dois conjun- nário come carne vermelha, frango, peixe ou não come
tos resulta em um terceiro conjunto, Z, que é expresso nenhum tipo de carne. Após entrevistar os 200 funcioná-
por: Z={30, 40}. Note que o conjunto Z contém todos rios, chegou-se aos seguintes resultados:
os elementos que pertencem tanto ao conjunto X quan- 110 funcionários comem carne vermelha
to ao conjunto Y. Essa operação é representada por: 100 funcionários comem frango
𝑍 =𝑋∩𝑌 . 80 funcionários comem peixe
É possível visualizar a operação utilizando o diagrama 44 funcionários comem carne vermelha e frango
de Venn: 43 funcionários comem frango e peixe
41 funcionários comem carne vermelha e peixe
15 funcionários comem carne vermelha, frango e pei-
xe
RACIOCÍNIO LÓGICO

De acordo com a pesquisa, quantos funcionários não


comem nenhum tipo de carne? Quantos funcionários co-
mem somente carne vermelha?
O primeiro passo é montar o diagrama de Venn do
problema, onde cada circunferência representará um
conjunto. Há três conjuntos: carne vermelha, frango e
peixe.

34
Os próximos passos consistem em preencher os ou-
tros espaços que há em comum entre os conjuntos.
110 funcionários comem carne vermelha. O número
de funcionários que comem somente carne vermelha
corresponde a: 110-29-15-26=40 funcionários.
100 funcionários comem carne frango. O número de
funcionários que comem somente frango corresponde a:
100-29-15-28=28 funcionários.
80 funcionários comem peixe. O número de funcio-
nários que comem somente peixe corresponde a: 80-28-
15-26=11 funcionários

Agora, coloca-se todos os valores encontrados no


diagrama:
O próximo passo é preencher os campos do diagra-
ma. Quando houver o dado, o primeiro espaço a ser
preenchido é a intersecção dos três conjuntos. Nesse
caso, corresponde à quantidade de funcionários que co-
mem os três tipos de carne.

A quantidade de funcionários que não comem carne,


pode ser encontrada somando-se todos os valores que
44 funcionários comem carne vermelha e frango. constam no diagrama e, em seguida, calcula-se a dife-
Dessas 44 pessoas, 15 comem carne vermelha, frango e rença entre o total de funcionários e a soma encontrada.
peixe. Então, 44-15=29 pessoas comem somente carne Assim: 200-(40+29+15+26+28+28+11)=23 funcionários.
vermelha e frango. Assim:
43 funcionários comem frango e peixe. Dessas 41
pessoas, 15 comem carne vermelha, frango e peixe. En-
tão, 43-15=28 pessoas comem somente frango e peixe.
41 funcionários comem carne vermelha e peixe. Des-
sas 41 pessoas, 15 comem carne vermelha, frango e pei-
xe. Então, 41-15=26 pessoas comem somente carne ver-
melha e peixe.

Agora, coloca-se todos os valores encontrados no


diagrama:

Assim, analisando o diagrama final é possível respon-


der às duas perguntas do problema:
23 funcionários não comem carne
40 funcionários comem somente carne vermelha
RACIOCÍNIO LÓGICO

35
FIQUE ATENTO!
Sempre confira se a soma de todos os nú-
meros que constam nos espaços dos dia-
gramas corresponde à quantidade total do
problema. Se não corresponder, há um con-
junto dos que não se encaixa em nenhum
dos conjuntos do problema (no caso acima,
é o conjunto dos que não comem carne).

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (AFAP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC,


2019). Foi feita uma pesquisa entre todos os funcio-
nários da empresa X e constatou-se que 50 deles fala-
vam inglês, 45 espanhol e 15 falavam as duas línguas.
Verificou-se também que 5 dos funcionários não falavam
nenhuma língua estrangeira. Então, o número de funcio-
nários da empresa X é

a) 95
b) 75
c) 85
d) 80
e) 90

Resposta: Letra C. O diagrama de Venn do problema


é o seguinte

Depois, você veste a bermuda verde e varia as três


Assim, o total de funcionários da empresa é igual a: camisetas:
35+15+30+5=85 funcionários.

A NÁLISE COMBINATÓRIA

A análise combinatória surgiu na matemática para re-


solver um problema que pode parecer banal no começo,
mas é de suma relevância no dia a dia: “Aprender a con-
tar”. O leitor pode achar que é uma brincadeira, já que
aprendemos a contar quando ainda somos pequenos.
Porém, vamos provar para vocês que “contar” pode se
tornar complicado.
Imagine o seguinte problema: Você possui 3 camise-
RACIOCÍNIO LÓGICO

tas (vermelha, preta e verde) e 2 bermudas (azul e verde).


Quantas maneiras distintas você pode se vestir?
A resolução é simples, primeiro você veste a bermuda
azul e varia as três camisetas:

36
Resolução: O princípio da contagem depende forte-
mente de uma organização do problema. A sugestão é
sempre organizar cada caso em traços e preenchendo a
quantidade de possibilidades. Como temos 4 casos dis-
tintos (salada, carne, bebida e sobremesa), iremos fazer
4 traços:

Agora, preencheremos a quantidade de possibilida-


des de cada caso:

Finalmente, multiplicamos os números:

Assim, João tem 180 possibilidades diferentes de se


montar um prato.

Agora que aprendeu o princípio multiplicativo, você


consegue resolver o exemplo das camisetas, bermudas e
tênis da seção anterior?
Se temos 5 camisetas, 3 bermudas e 3 tênis distintos,
Como são 3 casos para cada bermuda, temos um to-
a quantidade de jeitos de se vestir será 5𝑥3𝑥3 = 45 .
tal de 6 possibilidades.
Os problemas de princípio multiplicativo são simples
Até este ponto, o leitor acha que contagem é fácil,
quando os grupos são fáceis de se identificar e se retira
mas agora, vamos “complicar” um pouco.
apenas 1 elemento de cada grupo. Agora, vamos apro-
Imagine que agora você tenha 5 camisetas diferentes,
fundar um pouco mais, considerando que podemos tirar
3 bermudas diferentes, além de 3 tênis diferentes, quan-
mais de um elemento por grupo. Veja o exemplo do res-
tas maneiras distintas você poderá se vestir?
taurante novamente, mas com uma pergunta diferente:
É possível resolver este problema com o procedimen-
“João foi almoçar em um restaurante no centro da
to anterior mas levará um bom tempo para contar todas
cidade, ao chegar no local, percebeu que oferecem 3 ti-
as soluções. Mas, se nós queremos apenas a quantidade
pos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas diferentes e
total, sem a necessidade de lista-las, será que não tem
5 sobremesas diferentes. De quantas maneiras distintas
um meio mais fácil?
ele pode fazer um pedido, pegando 1 salada, 1 carne, 1
A resposta é sim e você verá a seguir.
bebida e 2 sobremesas diferentes? ”
Resolução: Agora, a montagem do problema ganha
PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO
uma atenção especial pois não iremos retirar apenas 1
O princípio fundamental da contagem permite quan-
elemento do grupo sobremesa, e sim 2. Neste caso, a
tificar situações ou casos de uma determinada situação
montagem fica desta maneira:
ou evento. Em outras palavras, é uma maneira sistemáti-
ca de “contar” a quantidade de “coisas”.
A base deste princípio se dá pela separação de ca-
sos e quantificação dos mesmos. Após isso, uma mul-
Temos que adicionar uma linha, referente a segunda
tiplicação de todos estes números é feita para achar a
sobremesa e diferenciar da primeira, já que o enunciado
quantidade total de possibilidades. O exemplo a seguir
fala que são sobremesas diferentes. Em relação aos valo-
irá ilustrar isso.
res a serem colocados, os grupos salada, carne e bebida
“ João foi almoçar em um restaurante no centro da
seguem a mesma linha do exercício anterior, tirando 1
RACIOCÍNIO LÓGICO

cidade, ao chegar no local, percebeu que oferecem 3 ti-


elemento de cada, logo:
pos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas diferentes e 5
sobremesas diferentes. De quantas maneiras distintas ele
pode fazer um pedido, pegando apenas 1 tipo de cada
alimento? ”
Para a primeira sobremesa, temos a 5 disponíveis,
logo:

37
n! = n ⋅ n − 1 ⋅ n − 2 ⋅ n − 3 … 3 ⋅ 2 ⋅ 1

Ou seja, o fatorial de um número é caracterizado pelo


Já para a segunda sobremesa, devemos ficar atentos produto deste número e seus antecessores, até se chegar
ao enunciado pois ele trata as mesmas como diferentes, ao número 1. Vejam os exemplos abaixo:
ou seja, a que foi retirada anteriormente não pode entrar
na contagem, assim, ao invés de 5 possibilidades, a se- 3! = 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 6
gunda sobremesa terá 4, logo: 5! = 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 120

Assim, basta ir multiplicando os números até se che-


gar ao número 1. Observe que os fatoriais aumentam
Com tudo organizado, basta aplicar o princípio mul- muito rápido, veja quanto é 10!:
tiplicativo: 10! = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 3628800

Já estamos na casa dos milhões! Para não trabalhar-


mos com valores tão altos, as operações com fatoriais
são normalmente feitas por último, procurando fazer o
Ou seja, 720 maneiras de se montar um prato. maior número de simplificações possíveis. Observe este
Outra variação dos problemas de princípio multipli- exemplo:
cativo são os que possuem alguma restrição, ou seja, al- 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
guns casos devem ser descartados por não atenderem Calcule =
7! 7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1
algum critério dado no enunciado. Veja o exemplo:
Resolução: Ao invés de calcular os valores de 7! e 10!
“Uma empresa de propaganda pretende criar panfle- separadamente e depois fazer a divisão, o que levaria
tos coloridos para divulgar certo produto. O papel pode muito tempo, nós simplificamos os fatoriais primeiro.
ser laranja, azul, preto, amarelo, vermelho ou roxo, en- Pela definição de fatorial, temos o seguinte:
quanto o texto é escrito no panfleto em preto, vermelho 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
=
ou branco. De quantos modos distintos é possível esco- 7! 7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1
lher uma cor para o fundo e uma cor para o texto se, por
uma questão de contraste, as cores do fundo e do texto Observe que o denominador pode ser inteiramente
não podem ser iguais? ” cancelado, pois 10! Possui todos os termos de 7!. Essa
é uma particularidade interessante e facilitará demais a
Resolução: O problema parece seguir o mesmo pa- simplificação. Se cancelarmos, restará apenas um produ-
drão do princípio multiplicativo, onde se separa os gru- to de 3 termos:
pos e faz a multiplicação. Porém temos uma restrição
10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
onde não podemos ter papel e letra do texto iguais. Para = = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 = 720
resolver este problema a estratégia é simples: Calcula- 7! 7 ⋅6⋅5 ⋅4⋅3⋅ 2 ⋅1
-se o total de casos, sem restrições, depois quantifica a
quantidade de casos que não podem ser contabilizados Essa operação é muito mais fácil que calcular os fato-
e realiza-se a subtração. Veja como fica: riais desde o começo!
Para casos onde temos mais de um fatorial no deno-
minador, a estratégia é mesma e a dica é simplificar o
fatorial do numerador com o maior fatorial que temos no
denominador. Veja o exemplo:

Sem restrições, temos 18 possibilidades. Olhando as Calcule 8!


=
8⋅7⋅6⋅ 5⋅4⋅3⋅2⋅1

cores dos papéis e dos textos, percebe-se que não se 5! 3! 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 ⋅ 3!

pode escolher o papel preto com o texto preto e o papel Vamos abrir os fatoriais de 8 e 5:
vermelho e o texto vermelho, o que totaliza 2 restrições. 8! 8⋅7⋅6⋅ 5⋅4⋅3⋅2⋅1
Logo, o número de casos possíveis será o total subtraído 5! 3!
=
5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 ⋅ 3!
das restrições: 18-2=16.
Simplificamos os termos comuns e ficamos com:
FATORIAL
RACIOCÍNIO LÓGICO

8! 8⋅7⋅6 8⋅ 7⋅6
Antes de definirmos casos particulares de contagem, 5! 3!
=
3!
=
3⋅ 2⋅1
= 8 ⋅ 7 = 56
iremos definir uma operação matemática que será uti-
lizada nas próximas seções: o fatorial. Define-se o sinal Essa estratégia será muito utilizada quando abordar-
de fatorial pelo ponto de exclamação, ou seja, “!“. Assim, mos as seções seguintes, que envolvem fatorial em suas
quando encontrarmos 2! Significa que estaremos calcu- operações.
lando o “fatorial de 2” ou “2 fatorial”. A definição de fato-
rial está apresentada a seguir:

38
PERMUTAÇÃO

Permutação sem repetições de elementos


As permutações são definidas como situações onde o
número de elementos é igual ao número de posições em
que podemos posicioná-los. Considere o exemplo onde
temos 5 pessoas e 5 cadeiras alinhadas. Queremos saber Entretanto, temos a repetição da letra A. Veja o que
de quantas maneiras diferentes podemos posicionar es- acontece quando montarmos um anagrama qualquer da
sas pessoas. Esquematizando o problema, chamando de palavra:
P as pessoas e C as cadeiras:

Não conseguimos saber qual letra “A” foi utilizada nas


posições C1,C3 e C5. Se trocarmos as mesmas de posição
entre si, ficaremos com os mesmos anagramas, caracte-
rizando uma repetição. Assim, para saber a quantidade
de anagramas com repetição, corrigiremos a fórmula da
Em problemas onde o número de elementos é igual permutação da seguinte forma:
ao número de posições, sempre teremos uma permuta-
ção. A fórmula da permutação, considerando que não há n!
Pna =
repetição de elementos é a seguinte: a!
Pn = n!

Ou seja, calcula-se a permutação de “n” elementos


Ou seja, para permutar 5 elementos em 5 posições, com “a” repetições. Considerando que MARIANA tem 7
basta eu calcular o fatorial de 5: letras (n=7) e a letra “A” se repete 3 vezes, temos que:
P5 = 5! = 120

Logo, eu posso posicionar as pessoas de 120 manei- 7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1


P73 = = = 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 = 840
ras diferentes na fileira de cadeiras. 3! 3⋅2⋅1
Observe que a fórmula geral da permutação é utiliza-
da quando não há repetição de elementos, mas e quan- Assim, a palavra MARIANA tem 840 anagramas pos-
do temos elementos repetidos? A seção seguinte tratará síveis.
disso. Outro exemplo para deixar este conceito bem claro,
é quando temos dois elementos se repetindo. Por exem-
Permutações com repetição de elementos plo, vamos calcular os anagramas da palavra TALITA:
A fórmula da permutação com repetição terá uma
complementação, para desconsiderar casos repetidos
que serão contados 2 ou mais vezes se utilizarmos a fór-
mula sem repetição.
O exemplo mais comum destes casos é o que chama-
mos de Anagramas. Os anagramas são permutações das
letras de uma palavra, formando novas palavras, sem a
necessidade de terem sentido ou não. Usando primeira- Observe que a letra “T” repete 2 vezes e a letra “A”
mente um exemplo sem repetição, veja quantos anagra- também repete duas vezes. Na fórmula da permutação
mas podemos formar com o nome BRUNO: com repetição, faremos duas divisões:
Montando a esquematização:
n!
Pna,b =
a! b!
Ou seja, se houver 2 ou mais elementos se repetindo,
a correção é feita dividindo pelas repetições de cada um.
Como ambos repetem duas vezes:
6! 6.5.4.3.2.1 6.5.4.3 360
P62,2 = = = = = 180
Ou seja, temos que posicionar as letras nas 5 casas 2! 2! 2.1 .2.1 2.1 2
correspondentes e neste caso, é um problema de permu- Assim, a palavra TALITA tem 180 anagramas.
RACIOCÍNIO LÓGICO

tação sem repetição como já foi visto: Esse mesmo tipo de problema pode ser feito com nú-
P5 = 5! = 120 meros e segue o mesmo princípio.
Logo, podemos formar 120 anagramas com a pala- PERMUTAÇÃO CIRCULAR
vra BRUNO. Agora, vamos olhar o mesmo problema, mas A permutação circular é um caso bem especifico e
com a palavra MARIANA. Ela possui 7 letras, logo tere- normalmente suas questões são diferenciais entre os
mos 7 posições: candidatos em concursos públicos. Para entender melhor

39
o conceito, observe o exemplo a seguir: Suponha que 5 Finalmente, vamos repetir esse processo mais 3 vezes:
amigos, A,B,C,D,E vão se sentar em uma mesa circular de
5 lugares conforme esquema a seguir. De quantas ma-
neiras eles poderão se dispor na mesa?

Cada um destes casos está contabilizado dentre os


120 casos que calculou-se anteriormente. Mas agora
observe bem cada uma destas 5 configurações: O ele-
mento A tem sempre a sua esquerda o elemento B e a
sua direita o elemento E, não importa a configuração que
esteja. Da mesma forma podemos ver os mesmos pa-
drões para os elementos B,C,D e E, ou seja, em casos de
meras rotações nas posições, a disposição dos elementos
é a mesma, tornando-as disposições repetidas. Isso vale
para qualquer uma disposição destes 5 elementos, assim,
como temos 5 repetições, temos que dividir o valor total
A primeira vista, o leitor interpreta que este é um pro- de 120 por 5, chegando a resposta correta de 24 possi-
blema de permutação sem repetição, já que o número bilidades.
de elementos é igual ao número de posições e simples- Em outras palavras, na permutação circular, o número
mente calcula o número de possibilidades utilizando a de configurações distintas é dado por:
fórmula P5=120.
Mas este resultado está INCORRETO. Vamos utilizar PnC = n − 1 !
como exemplo a configuração mais simples, colocando
os elementos em ordem alfabética na direção horária: Onde “C” indica que a permutação é circular.

COMBINAÇÃO SIMPLES
A combinação simples, juntamente com o arranjo
simples, se difere da permutação por serem casos onde
o número de elementos é maior que o número de posi-
ções para serem ocupadas, ou seja, restarão elementos
que não serão posicionados.
Assim, não se pode aplicar simplesmente a formula
𝑃𝑛 = 𝑛! . Porém, é possível a partir dela, deduzir a fór-
mula da combinação. Vamos considerar um problema
onde temos n elementos distintos para se posicionar em
n posições:

Agora, vamos colocar cada elemento na sua cadeira a


esquerda, desta maneira:

Agora, se posicionarmos p elementos nas p posi-


ções, sobrará n-p elementos para fora. Na combinação
simples, a disposição dos elementos não importa e por
isso as configurações repetidas devem ser descartadas.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Lembrando o problema de permutação com repetição,


teremos portanto dois casos para descartar: Os n-p ele-
mentos que não foram posicionados e os p elementos
que estão posicionados, assim:
𝒑,𝒏−𝒑 𝒏!
𝑷𝒏 = 𝑪𝒏,𝒑 =
𝒑! 𝒏 − 𝒑 !

40
Logo, a combinação simples nada mais é do que uma A diferença agora é que a única parte onde a ordem
permutação com elementos repetidos. Para facilitar, bas- não importa é nos n-p elementos que sobraram. Assim, a
ta ter em mente que em casos onde o número de ele- permutação com repetição fica:
mentos é maior que o número de posições e a ordem da 𝑛!
disposição dos elementos não importa, o problema deve 𝑃𝑛 𝑛−𝑝 = 𝐴𝑛,𝑝 =
𝑛−𝑝 !
ser atacado como uma combinação.

Outra abordagem é considerar que o problema de


Arranjo é simplesmente um problema de combinação,
EXERCÍCIO COMENTADO permutando os elementos que foram posicionados, logo:
𝑛! 𝑛!
6. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO - FCC, 2019). Ana e 𝐴𝑛,𝑝 = 𝐶𝑛,𝑝 � 𝑃𝑝 = � 𝑝! =
𝑝! 𝑛 − 𝑝 ! 𝑛−𝑝 !
Beatriz são as únicas mulheres que fazem parte de um
grupo de 7 pessoas. O número de comissões de 3 pes-
soas que poderão ser formadas com essas 7 pessoas, de
maneira que Ana e Beatriz não estejam juntas em qual-
quer comissão formada, é igual a
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) 20
b) 15 1. (UNESP-SP – VESTIBULAR – VUNESP, 2009). Uma
c) 30 rede de supermercados fornece a seus clientes um car-
d) 18 tão de crédito cuja identificação é formada por 3 letras
e) 25 distintas (dentre 26), seguidas de 4 algarismos distintos.
Uma determinada cidade receberá os cartões que têm L
Resposta: Letra C. Problema envolvendo restrição como terceira letra, o último algarismo é zero e o penúl-
onde a estratégia é a mesma, calculando o total de timo é 1. A quantidade total de cartões distintos ofere-
possibilidades e subtraindo a quantidade de ca- cidos por tal rede de supermercados para essa cidade é:
sos restritos. O total de comissões de 3 pessoas que
podem ser formadas a partir de um número de 7 é a) 33600
7! b) 37800
= 35 . Os casos que não podem são
C7,3 =
3! 7 − 3 ! c) 43200
as comissões formadas por Ana, Beatriz e mais uma d) 58500
pessoa dentre as 5 possíveis, ou seja, 5 grupos. Logo: e) 67600
35-5=30.
Resposta: Letra A. Como são algarismos e letras dis-
tintas, temos que ter atenção na hora de avaliar quan-
tas possibilidades terão em cada grupo. Na parte das,
ARRANJO SIMPLES como L já é a terceira, a primeira letra terá 25 possibi-
O arranjo simples segue a mesma linha de pensa- lidades e a segunda 24. Nos algarismos, como temos 1
mento que a combinação simples, onde a quantidade e 0 preenchendo as últimas casas, restam outras duas,
de elementos a serem dispostos é maior que o número que terão 8 e 7 possibilidades respectivamente. Assim:
de posições possíveis. Entretanto, a diferença entre com- 𝑁 = 25𝑥24𝑥8𝑥7 = 33600
binação e arranjo se dá na questão da disposição dos
elementos nas posições. Enquanto na combinação a or-
dem da disposição dos elementos não importa, para o 2. (ESFCEX – PROFESSOR – ESFCEX, 2006). Para 𝑛 ≥ 2, a
expressão 𝑛 − 2 !. 1 − 𝑛 vale:
1
arranjo ela é considerada e isso muda completamente o
resultado.
Partindo da mesma dedução que a combinação, em a) 𝑛!
um grupo de n elementos, vamos posicioná-lo em p po- b) 𝑛 − 1 !
sições: c) 𝑛 + 1 !
d) 𝑛 ⋅ 𝑛 + 1 !
e) 𝑛 − 2 !

Resposta: Letra A. manipulando o parênteses, che-


ga-se a 𝑛 , onde o “n” do denominador é cancelado
𝑛−1
RACIOCÍNIO LÓGICO

usando n2. Resta, portanto 𝑛. 𝑛 − 2 ! ⋅ 𝑛 − 1 que rear-


ranjando fica 𝑛 ⋅ 𝑛 − 2 ! ⋅ 𝑛 − 1 = 𝑛 ⋅ 𝑛 − 1 ⋅ 𝑛 − 2 ! = 𝑛!

41
3. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). Na sequência cres- P4C = 4 − 1 ! = 3! = 6 . Porém, o grupo das três amigas
cente de todos os números obtidos, permutando-se os pode permutar internamente, já que a restrição diz
algarismos 1, 2, 3, 7, 8, a posição do número 78.312 é a : apenas que elas devem estar juntas e não especifica
uma ordem. Assim, as 3 amigas permutam 3 posições
a) 94ª no grupo, chegando a 𝑃3 = 3! = 6 . Multiplicando os
b) 95ª resultados pelo principio multiplicativo, chega-se a 36.
c) 96ª
d) 97ª 6. (AGU – TÉCNICO - IDECAN, 2019).
e) 98ª Considerando os algarismos 1, 2, 3, 5, 7 e 9, quantos nú-
meros pares podem-se formar com 5 algarismos diferen-
Resposta: Letra B. Deve-se contar todos os números tes?
anteriores a 78312. Iniciando com 1_ _ _ _, temos 4 es-
paços, ou seja 4! = 24 números; iniciando com 2 _ _ _ _ a) 720
temos outros 24 números, assim como iniciando com b) 120
3_ _ _ _. Depois temos os números iniciados com “71_ _ c) 240
_” que são 6 (3!), assim como os iniciados em “72_ _ _” d) 1
e “73_ _ _”. Depois aparece o iniciado com “781_ _” que e) 0
são 2 números, assim como o “782 _ _”. O próximo já
será o 78312. Somando: 24+24+24+6+6+6+2+2=94. Resposta: Letra B. Como o número de 5 algarismos
Logo, ele será o 95° número deve ser par, então a posição das unidades só poderá
ser ocupada pelo número 2. Nas outras 4 posições,
4. (PUC-RS – TODOS OS CARGOS – PUC-RS, 2008) O temos 5 algarismos distintos para posicionar e a or-
número de Anagramas da palavra CONJUNTO que co- dem é relevante uma vez que trocando um algaris-
meçam com C e terminam por T é: mo de posição, o número final é diferente. Assim:
5!
a) 15 𝐴5,4 =
5−4 !
= 120.
b) 30
c) 180
d) 360
e) 720 PROBABILIDADE
Resposta: Letra C. Trata-se de um problema de per- No estudo de probabilidades em todos os casos es-
mutação com repetição, além de termos restrições em tudados serão considerados experimentos aleatórios, ou
algumas posições. Como as letras C e T estão travadas seja, experimentos no qual o resultado não seja conhe-
na primeira e última posições, sobram as 6 posições cido previamente. Diz-se que o resultado é imprevisível.
entre as duas. Dessas 6 posições, temos que colocar
Há alguns exemplos clássicos como o lançamento de um
as letras O,N,J,U,N,O, onde temos a letra O repetindo
dado (qualquer número pode ser o resultado), retirada
duas vezes e a letra N repetindo duas vezes também.
6! da carta de um baralho completo, lançamento de uma
Calculando a permutação: = 180 .
2! 2! moeda (cara e coroa), entre tantos outros exemplos.
Para iniciar o estudo de probabilidades é necessário
definir alguns conceitos fundamentais que serão utiliza-
5. (OBM – OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA – OBM,
dos em todos os tópicos desse capítulo. São eles: espaço
2014).
amostral e evento.
Um grupo de 6 crianças decide brincar de ciranda e para
isso elas devem das às mãos umas às outras e formar
Espaço amostral
uma roda. Dentre elas estão Aline, Bianca e Carla. De
O espaço amostral é definido como o conjunto uni-
quantas maneiras esta roda pode ser formada sabendo
verso de um experimento aleatório qualquer. Em resu-
que estas três são muito amigas e decidiram ficar sempre
mo, é um conjunto que contém todas as possibilidades
juntas?
de um experimento. Por exemplo, em um lançamento de
uma moeda há duas possibilidades, apenas: cara ou co-
a) 6
roa. Portanto, o espaço amostral do lançamento de uma
b) 12
moeda contém dois elementos (cara e coroa). O espaço
c) 18
amostral é denotado pela letra S, e o número de elemen-
d) 24
tos por n(S). Assim, nesse caso do lançamento de uma
e) 36
moeda tem-se que: S={Cara, Coroa} e n(S)=2.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Considerando um outro exemplo, o lançamento de


Resposta: Letra E. Atenção a este problema pois ele
um dado não viciado (ou seja, no lançamento todo nú-
não envolve apenas permutação circular. Quando
mero tem a mesma chance de ser o resultado), o espaço
se tem a restrição que as amigas devem ficar juntas,
amostral é: S={1, 2, 3, 4, 5, 6} e, portanto, n(S)=6.
podemos considera-la um grupo só, restando assim
4 elementos (outras 3 pessoas mais o grupo) para 4
posições. Sendo uma permutação circular, calcula-se

42
Evento
Evento é um subconjunto do espaço amostral, ou FIQUE ATENTO!
seja, é uma das possibilidades do experimento aleatório. A resposta de uma probabilidade pode ser
Considere o primeiro exemplo da seção anterior, o lança- dada tanto na forma de uma fração ou de
mento de uma moeda. Após o lançamento há duas pos- uma porcentagem.
sibilidades: cara e coroa (espaço amostral). Diz-se, então,
que “sair cara” é um evento do experimento aleatório
“lançar uma moeda”. Já no lançamento de um dado, “sair Veja um outro exemplo.
3” é um evento desse experimento. Assim como “sair 4”, Considere um baralho completo (52 cartas, 13 de
e todos os outros números. cada naipe – paus, espadas, ouros e copas). Desse bara-
Geralmente, em um exercício de concurso público o lho será sorteada uma carta qualquer. Calcule as seguin-
objetivo é encontrar a probabilidade da ocorrência de tes probabilidades:
um evento. Se o exercício pede para calcular a proba- a) probabilidade da carta sorteada ser o número 6
bilidade de “sair 5 em um lançamento de um dado”, o Solução:
evento desejado será “sair 5”. O espaço amostral corresponde a todas as cartas do
O evento é denotado por E e o número de eventos baralho (não serão todas escritas aqui para não
possíveis é denotado por n(E). Seguindo no exemplo do poluir o texto). Ou seja, n(S)=52, que é o total de
lançamento de um dado, deseja-se saber a probabilida- cartas do baralho. Já o evento (carta ser igual ao
de de “sair um número par”. Os eventos possíveis são número 6), pode ter quatro possibilidades pois em
E={2, 4, 6} e, portanto, há três possibilidades para esse um baralho completo há 4 cartas de cada número
evento. Logo, n(E)=3. ou letra, sendo uma de cada naipe,, n(E)=4. Logo, a
probabilidade pedida é igual a:
Probabilidade de um Evento Qualquer
A probabilidade da ocorrência de um evento qual- 𝑛 𝐸 4 1
quer representa a chance de ocorrência desse evento.
𝑃 𝐸 = = =
𝑛 𝑆 52 13
Seja um evento E, contido em um espaço amostral S. A
probabilidade de ocorrência de E é definida por:
b) a probabilidade da carta sorteada ser uma letra
𝑛 𝐸
𝑃 𝐸 = Solução:
𝑛 𝑆 No baralho há cartas com números e letras, sendo
elas J, Q e K (valete, rainha e rei, respectivamen-
É possível ver a aplicação dessa fórmula em situações te). Para cada naipe há três cartas que são letras
simples. Considere o lançamento de um dado não vicia- e como há quatro naipes no baralho, o total de
do. Calculam-se as seguintes probabilidades: cartas que são letras é igual a 4 � 3 = 12 . Assim,
a) probabilidade do resultado do lançamento ser n(E)=12 e a probabilidade pedida é igual a:
igual a 5 𝑛 𝐸 12 3
b) probabilidade do resultado do lançamento ser um 𝑃 𝐸 = = =
número ímpar 𝑛 𝑆 52 13

Solução: Probabilidade de eventos independentes


Para ambos os casos, o espaço amostral é S={1, 2, 3, Eventos são independentes quando a ocorrência de
4, 5, 6} e, consequentemente, n(S)=6. No item a), para um não interfere na chance do outro ocorrer. Por exem-
o evento (resultado do lançamento ser igual a 5) há so- plo, ao lançar um dado não viciado duas vezes consecu-
mente uma possibilidade. Portanto, E={5} e, n(E)=1. As- tivas, o resultado do primeiro lançamento não interfere
sim, nesse caso, a probabilidade do resultado do lança- em nada o resultado do segundo lançamento. Assim,
mento ser igual a 5 é: dois lançamentos de um mesmo dado são eventos in-
dependentes.
𝑛 𝐸 1 Aqui tem origem o cálculo de probabilidades de
𝑃 𝐸 = = = 0,166 … = 16,67%
𝑛 𝑆 6 eventos independentes e a regra para esse cálculo é
conhecida por “regra do produto”. Sejam dois eventos
Já no item b), para o evento (resultado do lançamento independentes A e B. A probabilidade da ocorrência de
ser um número ímpar) há três possibilidades, E={1, 3, 5} ambos é denotada por 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = e o𝑃 seu
𝐴 �cálculo
𝑃 𝐵 é dado
e, n(E)=3. Assim, nesse caso, a probabilidade do resulta- por:
do do lançamento ser igual a 5 é:
𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵
RACIOCÍNIO LÓGICO

𝑛 𝐸 3
𝑃 𝐸 = = = 0,5 = 50%
𝑛 𝑆 6

43
possibilidades para o evento é igual a n(B)=4. A proba-
FIQUE ATENTO! bilidade de uma bola sorteada no segundo sorteio ser
amarela é: 𝑃 𝐵 = . .
4
Geralmente utiliza-se essa regra quando no 8
enunciado há o conectivo “e”, quando se
deseja calcular a probabilidade de que am- Assim, a probabilidade de que ambas as bolas sor-
bos os eventos ocorram. teadas sejam amarelas é igual a:

5 4 20 5
𝑃 𝐴∩𝐵 =𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 = � = =
A seguir um exemplo. 9 8 72 18
Considere um dado não viciado. Qual a probabilida-
de de que, em dois lançamentos consecutivos, os dois
números sejam pares? PROBABILIDADE COM UNIÃO E INTERSECÇÃO
DE EVENTOS
Solução Nesse caso, serão considerados dois eventos e de
O enunciado deseja calcular a probabilidade de que um mesmo espaço amostral . É possível que entre es-
o primeiro número seja par e o segundo, também (note ses eventos haja algum elemento em comum ou não. A
o destaque no conectivo “e”). Assim, são considerados probabilidade de ocorrer a união desses dois eventos é
os dois eventos: calculada por:
A: resultado do lançamento ser um número par 𝑃 𝐴∪𝐵 = 𝑃 𝐴 + 𝑃 𝐵 −𝑃 𝐴∩𝐵
B: resultado do lançamento ser um número par

Nesse caso, ambos os eventos são iguais então basta FIQUE ATENTO!
calcular a probabilidade de um deles para utilizar a re- Geralmente utiliza-se essa regra quando no
gra do produto. Vale destacar que não necessariamen- enunciado há o conectivo “ou”, quando de-
te as probabilidades dos eventos independentes serão seja-se calcular a probabilidade de ocorra
as mesmas, afinal não é sempre que os eventos serão um evento ou o outro.
iguais.
Como já visto em exemplos anteriores, o espaço
amostral no lançamento de um dado é S={1, 2, 3, 4 ,5, A seguir um exemplo.
6} e n(S)=6. Já para o evento “resultado ser par”, tem-se Considere um baralho completo. Qual é a probabili-
A={2, 4, 6} e, portanto, n(A)=3. Logo, a probabilidade da dade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um valete
ocorrência do evento A (e consequentemente do even- ou um ás?
𝑛 𝐴 3 1
to B) é igual a: 𝑃 𝐴 = = = . Agora, aplica-se a
𝑛 𝑆 6 2 Solução:
regra do produto, para calcular a probabilidade de que Os eventos considerados são os seguintes:
ambos os eventos ocorram: A: carta ser um valete
𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 =
1 1 1
� = = 0,25 = 25% B: carta ser um ás
2 2 4
Nesse caso, os eventos não possuem elementos em
A seguir, um outro exemplo. comum pois é impossível que a carta sorteada seja, ao
Considere uma urna com 4 bolas verdes e 5 bolas mesmo tempo, um valete e um ás. Assim, na fórmula
amarelas. Uma pessoa irá retirar duas bolas dessa urna, apresentada acima, o último termo é nulo, 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = 0 .
sem reposição, ou seja, após retirada a bola não retorna Portanto a probabilidade pedida será, simplesmente:
para a urna. Calcule a probabilidade de, em um mesmo 𝑃 𝐴 ∪ 𝐵 = 𝑃 𝐴 + 𝑃(𝐵)
sorteio, ambas as bolas sorteadas serem amarelas.
Em um baralho de 52 cartas (n(S)=52), há 4 valetes
Solução (n(A)=4) e 4 ases (n(B)=4). Assim, a probabilidade de
Problemas com sorteio de objetos são comuns. Aqui cada um dos eventos será igual a:
é sempre importante saber se há ou não reposição entre 𝑛 𝐴 4 1 𝑛 𝐵 4 1
um sorteio e outro pois isso afeta diretamente o cálcu- 𝑃 𝐴 = = = e𝑃 𝐵 = = =
𝑛 𝑆 52 13 𝑛 𝑆 52 13
lo. Nesse caso não há reposição e, portanto, o espaço
amostral muda para cada evento. O exercício deseja sa-
Portanto, a probabilidade pedida será igual a:
ber a probabilidade de que a primeira bola seja amarela
e a segunda, também. Para o primeiro sorteio, há 9 bolas 1 1 2
RACIOCÍNIO LÓGICO

𝑃 𝐴∪𝐵 = + =
na urna e, portanto, n(S)=9. O total de bolas amarelas é 13 13 13
igual a 5. Logo, a probabilidade de, no primeiro sorteio,
𝑛 𝐴 5
a bola sorteada ser amarela é igual a 𝑃 𝐴 = = . Agora, um outro exemplo.
𝑛 𝑆 9
Considere um baralho completo. Qual é a probabili-
Para o segundo sorteio, como não há reposição, há 8
dade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um rei ou
bolas na urna sendo 4 delas amarelas. Assim, o espa- uma carta de espada?
ço amostral desse evento é igual a n(S)=8 e o total de Os eventos considerados são os seguintes:

44
A: carta ser um rei
B: carta ser de espadas

Analogamente ao exemplo anterior, em um baralho


de 52 cartas (n(S)=52), há 4 reis (n(A)=4) e 13 cartas de
espadas (n(B)=13). Assim, a probabilidade de cada um
dos eventos será igual a:
𝑛 𝐴 4 1 𝑛 𝐵 13 1
𝑃 𝐴 =𝑛 𝑆
= 52 = 13 e 𝑃 𝐵 = 𝑛 𝑆
= 52 = 4
Sejam os eventos
Mas nesse caso, os eventos têm um elemento em co- A: ter especialização em marketing
mum pois, ao sortear uma carta é possível que ela seja ao B: ter especialização em finanças
mesmo tempo um rei de espadas e, portanto, pertence
aos dois eventos simultaneamente. Nesse caso, o tercei- A probabilidade de que um membro possua ambas a
ro termo da expressão para o cálculo da probabilidade especializações é dada por:
com união de eventos, não é nulo e deve ser calculado.
2 1
Nesse caso, como há somente um rei de espadas em 52 𝑃 𝐴∩𝐵 = =
cartas, a probabilidade da ocorrência simultânea entre os 20 10
1
eventos A e B é igual a 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = . Assim, a proba-
52 A probabilidade de que ele tenha especialização em
bilidade de carta sorteada ser um rei ou uma carta de
finanças é igual a
espadas é igual a:
8 2
1 1 1 16 4 𝑃 𝐵 = =
𝑃 𝐴∪𝐵 = 𝑃 𝐴 +𝑃 𝐵 −𝑃 𝐴∩𝐵 = + − = = 20 5
13 4 52 52 13
Assim, a probabilidade de um membro ter especiali-
zação em marketing sabendo que ele possui especializa-
PROBABILIDADE CONDICIONAL
ção em finanças é dada por:
Entende-se por probabilidade condicional a probabi-
lidade da ocorrência de um evento, sabendo-se que um 𝑃 𝐴∩𝐵 1⁄10 1 5 5 1
outro evento dependente já ocorreu. Sejam os eventos 𝑃 𝐴⁄𝐵 = = = � = =
A e B, a probabilidade do evento A ocorrer sabendo-se 𝑃 𝐵 2⁄5 10 2 20 4
da ocorrência de B é denotada por P(A|B) e lê-se “proba-
bilidade de A dado B”. O cálculo dessa probabilidade é
dado por:
𝑃 𝐴∩𝐵 EXERCÍCIOS COMENTADOS
𝑃 𝐴⁄𝐵 =
𝑃 𝐵
1. (AL-RO – ASSISTENTE LEGISLATIVO – FGV, 2018).
Em uma caixa há 4 cartões amarelos e 6 cartões verme-
Um problema que envolve o cálculo de uma proba- lhos. Foram retirados, aleatoriamente, 2 cartões da caixa.
bilidade condicional pode ser resolvido com o auxílio do A probabilidade de os dois cartões retirados serem ver-
Diagrama de Venn. A seguir, um exemplo: melhos é de
Em uma equipe, todos são formados em administra-
ção, porém cada um tem uma especialização diferente. a) 1/2
Dos 20 membros da equipe, 12 possuem especialização b) 1/3
em marketing, 8 possuem especialização em finanças e 2 c) 1/4
possuem ambas as especializações. Calcule a probabili- d) 1/5
dade de um membro da equipe que possui a especializa- e) 1/6
ção em finanças também possuir em marketing.
Resposta: Letra B. Os sorteios, de cada um dos car-
Solução: tões, são eventos independentes. Como não haverá
É um problema de probabilidade condicional pois de- reposição, após o sorteio do primeiro cartão vermelho
seja-se saber a probabilidade de um membro da equipe restarão 5 cartões na caixa. A probabilidade pedida é
possuir a especialização em marketing sabendo que ele 6 5 30 1
igual a 𝑃 = � = = .
possui especialização em finanças. Para auxiliar, monta- 10 9 90 3
RACIOCÍNIO LÓGICO

-se o diagrama de Venn do problema:

45
2. (UPE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – IAUPE,
2017). Uma loja pretende dar um brinde aos dois primei-
ros clientes do dia. Qual a probabilidade de esses clientes
serem do mesmo sexo?

a) 25%
b) 5%
c) 100%
d) 20%
e) 50% Assim, considerando os 650 moradores que conso-
mem queijo manteiga, desses 650, nota-se que 150
Resposta: Letra E. Há duas possibilidades nesse caso: também consomem queijo de coalho. A probabilidade
ou ambas as clientes são mulheres ou ambos são 150 3
pedida é, então igual a: 𝑃 = 650 = 13. .
homens. A probabilidade de um cliente ser homem
ou mulher é de 50%, ou .Assim, a probabilidade de
1 1 1
ambas serem mulheres é 𝑃 = 2 � 2 = 4 , que é a mes-
ma probabilidade de ambos serem homens. Como NÚMEROS RACIONAIS: FRAÇÕES, NÚMEROS
não é possível que um cliente seja homem e mulher DECIMAIS E SUAS OPERAÇÕES
ao mesmo tempo, a probabilidade pedida é igual a
𝑃 = 𝑃 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑛𝑠 + 𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 .→ 𝑃 = + = = → 𝑃1.=Números
1 1 2 1
4 4 4 2 Racionais
0,5 = 50%.
1 1 2 1
+ 𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 → 𝑃 = + = = → 𝑃 = 0,5 = 50%.
4 4 4 2 Um número racional é o que pode ser escrito na for-
m
ma n , onde m e n são números inteiros, sendo que n
deve ser diferente de zero. Frequentemente usamos m
3. (CÂMARA DE CURRAIS NOVOS – AGENTE – COM-
para significar a divisão de m por n . n
PERVE, 2017). Em uma pesquisa realizada com 1.100
Como podemos observar, números racionais podem
moradores da cidade de Currais Novos, identificou-se
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros,
que 650 consomem queijo manteiga e 600 consomem
razão pela qual, o conjunto de todos os números racio-
queijo coalho. Sabendo que nesse grupo de moradores
nais é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na
existem aqueles que consomem os dois tipos de quei-
literatura a notação:
jos e que todos os pesquisados consomem pelo menos
um dos tipos, ao se escolher aleatoriamente um morador
que gosta de queijo manteiga, a probabilidade de que
Q= { m
n
: m e n em Z,n diferente de zero }
ele também consuma queijo coalho é de
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjun-
tos:
a) 3/22 ∗
• 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos;
b) 3/13
• 𝑄+ = conjunto dos racionais não negativos;
c) 3/10
• 𝑄+∗
= conjunto dos racionais positivos;
d) 3/25
• 𝑄− = conjunto dos racionais não positivos;
• 𝑄−∗ = conjunto dos racionais negativos.
Resposta: Letra B. Trata-se de um problema de pro-
babilidade condicional pois deseja-se saber a proba-
Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto
bilidade de um morador consumir queijo de coalho
que representa esse número ao ponto de abscissa zero.
sabendo-se que ele gosta de queijo manteiga. O
diagrama de Venn do problema é o seguinte (não é 3
3 3 3
Exemplo: Módulo de - 2 é 2 . Indica-se − =
conhecida a quantidade de moradores que consome 2 2
ambos os queijos): 3 3 3 3
Módulo de+ é . Indica-se = 2
2 2 2
3 3
Números Opostos: Dizemos que− 2 e 2 são núme-
ros racionais opostos ou simétricos e cada um deles é
o oposto do outro. As distâncias dos pontos− 3 e 3 ao
ponto zero da reta são iguais. 2 2
RACIOCÍNIO LÓGICO

1.1. Soma (Adição) de Números Racionais


Como há 1100 moradores:
Como todo número racional é uma fração ou pode
650 − 𝑥 + 𝑥 + 600 − 𝑥 = 1100 → 1250 − 𝑥 = 1100 → ser
𝑥 =escrito
150 na forma de uma fração, definimos a adição
a c
600 − 𝑥 = 1100 → 1250 − 𝑥 = 1100 → 𝑥 = 150 entre os números racionais e , , da mesma forma que
b d
. Atualizando o diagrama de Venn: a soma de frações, através de:

46
a b
a c a�d+b�c - Elemento inverso: Para todo q = b em Q, a di-
q−1 =
+ = ferente de zero, existe em Q: q � q−1 = 1, ou seja,
b d b�d a b
×a =1
1.1.1. Propriedades da Adição de Números Racio- b
nais - Distributiva: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b + c ) = ( a
∙ b ) + ( a∙ c )
O conjunto Q é fechado para a operação de adição,
isto é, a soma de dois números racionais resulta em um 1.4. Divisão de Números Racionais
número racional.
- Associativa: Para todos em : a + ( b + c ) = ( a + b ) + c A divisão de dois números racionais p e q é a própria
- Comutativa: Para todos em : a + b = b + a operação de multiplicação do número p pelo inverso de
- Elemento neutro: Existe em , que adicionado a q, isto é: p ÷ q = p × q-1
todo em , proporciona o próprio , isto é: q + 0 = q De maneira prática costuma-se dizer que em uma di-
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em visão de duas frações, conserva-se a primeira fração e
Q, tal que q + (–q) = 0 multiplica-se pelo inverso da segunda:
a c a d a�d
1.2. Subtração de Números Racionais ∶ = � =
b d b c b�c
A subtração de dois números racionais e é a própria
operação de adição do número com o oposto de q, isto Observação: É possível encontrar divisão de frações
a
é: p – q = p + (–q)
c.
da seguinte forma: b . O procedimento de cálculo é o
1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racionais mesmo.
d

Como todo número racional é uma fração ou pode 1.5. Potenciação de Números Racionais
ser escrito na forma de umaa fração, definimos o produto 𝐧
de dois números racionais b e d , da mesma forma que o
c
A potência q do número racional é um produto
produto de frações, através de: de fatores iguais. O número é denominado a base e o
número é o expoente.
n
a c a�c q = q � q � q � q � . . .� q, (q aparece n vezes)
� =
b d b� d
Exs:
O produto dos números racionais a e b também pode
a)  2  =  2  .  2  .  2  =
3
8
ser indicado por a × b, a.b ou ainda ab sem nenhum sinal 125
entre as letras. 5 5 5 5
b) − =  − 1  .  − 1  .  − 1  = 1
3
Para realizar a multiplicação de números racionais, 

1 
 −
devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em  2   2  2  2 8
toda a Matemática: c) (– 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25
(+1)�(+1) = (+1) – Positivo � Positivo = Positivo
(+1)�(-1) = (-1) - Positivo � Negativo = Negativo d) (+5)² = (+5) � (+5) = 25
(-1)�(+1) = (-1) - Negativo � Positivo = Negativo
(-1)� (-1) = (+1) – Negativo � Negativo = Positivo
1.5.1. Propriedades da Potenciação aplicadas a nú-
meros racionais
#FicaDica
Toda potência com expoente 0 é igual a 1.
O produto de dois números com o mesmo
sinal é positivo, mas o produto de dois 0
números com sinais diferentes é negativo.  2
+  = 1
 5
1.3.1. Propriedades da Multiplicação de Números
- Toda potência com expoente 1 é igual à própria base.
Racionais 1
 9 9
−  =−
RACIOCÍNIO LÓGICO

O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é, 4


 4
o produto de dois números racionais resultaem um nú-
mero racional. - Toda potência com expoente negativo de um núme-
- Associativa: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b ∙ c ) = ( a ro racional diferente de zero é igual a outra potência que
∙b)∙c tem a base igual ao inverso da base anterior e o expoente
- Comutativa: Para todos a,b em Q: a ∙ b = b ∙ a igual ao oposto do expoente anterior.
- Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q ∙ 1 = q

47
Ex:
 3
−2
 5
2
25 0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 .
−  = −  = Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se
3
0,216 = 0,6 .
 5  3 9
- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo Assim, podemos construir o diagrama:
sinal da base.
3
2 2 2 2 8
  =   .  .   =
 3   3   3   3  27

- Toda potência com expoente par é um número po-


sitivo.
2
 1  1  1 1
−  = −  .−  =
 5   5   5  25
FIQUE ATENTO!
- Produto de potências de mesma base. Para redu- Um número racional, quando elevado ao
zir um produto de potências de mesma base a uma só
quadrado, dá o número zero ou um número
potência, conservamos a base e somamos os expoentes.
racional positivo. Logo, os números racio-
2 3 2+3 5 nais negativos não têm raiz quadrada em Q.
 2  2  2 2 2 2 2  2 2
  .   =  . . . .  =   = 
 5  5 5 55 5 5 5 5 O número −
100
não tem raiz quadrada em Q, pois
910
- Quociente de potências de mesma base. Para redu- tanto −
10 como + , quando elevados ao quadrado, dão
100 . 3 3
zir um quociente de potências de mesma base a uma só
9
potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes.
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no
3 3 3 3 3 conjunto dos números racionais se ele for um quadrado
5 2 . . . . 5− 2 3 perfeito.
3
   3 2 2 2 2 2 3 3
:
    = =   =  
2 2 3 3 2 2 O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não
. 3
2 2 existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de
potência a uma potência de um só expoente, conserva- 2. Frações
mos a base e multiplicamos os expoentes.
Frações são representações de partes iguais de um
todo. São expressas como um quociente de dois núme-
x
ros , sendo x o numerador e y o denominador da
y
fração, com y ≠ 0 .

1.6. Radiciação de Números Racionais 2.1. Frações Equivalentes

Se um número representa um produto de dois ou São frações que, embora diferentes, representam a
mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente
número. Vejamos alguns exemplos: a outra quando pode ser obtida multiplicando o nume-
rador e o denominador da primeira fração pelo mesmo
Ex: número.
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz
quadrada de 4. Indica-se 4 = 2. Ex: 3 e 6 .
RACIOCÍNIO LÓGICO

5 10
Ex: A segunda fração pode ser obtida multiplicando o
1 1 1 1
2 numerador e denominador de 3 por 2:
Representa o produto . ou   . 5
9 3 3 3 3�2
=
6
1 1 1 1 5 � 2 10
Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
3 9 9 3

48
Deste modo, é importante lembrar que na adição e
6
Assim, diz-se que é uma fração equivalente a 3 na subtração de duas ou mais frações que têm os deno-
10 5
minadores diferentes, reduzimos inicialmente as frações
2.2. Operações com Frações ao menor denominador comum, após o que procedemos
como no primeiro caso.
2.2.1. Adição e Subtração
2.3. Multiplicação
Frações com denominadores iguais:
Ex:
Ex: De uma caixa de frutas, 4 são bananas. Do total de
Jorge comeu 3 de um tablete de chocolate e Miguel 2 5
8 bananas, estão estragadas. Qual é a fração de frutas
5
desse mesmo tablete. Qual a fração do tablete de cho- 3
8 da caixa que estão estragadas?
colate que Jorge e Miguel comeram juntos?

A figura abaixo representa o tablete de chocolate.


Nela também estão representadas as frações do tablete
que Jorge e Miguel comeram: Representa 4/5 do conteúdo da caixa

3 2 5
Observe que = =
8 8 8
Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa.
Portanto, Jorge e Miguel comeram juntos 5
do table-
te de chocolate.
8
Repare que o problema proposto consiste em calcular
2
Na adição e subtração de duas ou mais frações que o valor de de 4 que, de acordo com a figura, equivale
3 5
têm denominadores iguais, conservamos o denominador
a 8 do total de frutas. De acordo com a tabela acima, 2
comum e somamos ou subtraímos os numeradores. 15 3
Outro Exemplo: 2 4
de 4 equivale a � . Assim sendo:
5 3 5

3 5 7 3+5−7 1 2 4 8
+ − = = � =
2 2 2 2 2 3 5 15
Ou seja:
2.2.2. Frações com denominadores diferentes:
2 de 4 2 4 2�4 8
= � 5 = 3�5 = 15
Calcular o valor de 3 + 5 Inicialmente, devemos re- 3 5 3
8 6
duzir as frações ao mesmo denominador comum. Para O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo
isso, encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) en- numerador é o produto dos numeradores e cujo deno-
tre os dois (ou mais, se houver) denominadores e, em se- minador é o produto dos denominadores das frações
guida, encontramos as frações equivalentes com o novo dadas.
denominador: 2 4 7 2�4�7 56
Outro exemplo: � � = =
3 5 9 20 3 5 9 3 � 5 � 9 135
mmc (8,6) = 24 = = =
8 6 24 24
#FicaDica
24 ∶ 8 � 3 = 9
24 ∶ 6 � 5 = 20 Sempre que possível, antes de efetuar
a multiplicação, podemos simplificar as
frações entre si, dividindo os numeradores
Devemos proceder, agora, como no primeiro caso, e os denominadores por um fator comum.
simplificando o resultado, quando possível: Esse processo de simplificação recebe o
RACIOCÍNIO LÓGICO

9 20 29 nome de cancelamento.
+ =
24 24 24

3 5 9 20 29
Portanto: + = + =
8 6 24 24 24

49
2.4. Divisão 3.1. Operações com Números Decimais

Duas frações são inversas ou recíprocas quando o nu- 3.1.1. Adição e Subtração
merador de uma é o denominador da outra e vice-versa.
Vamos calcular o valor da seguinte soma:
Exemplo
5,32 + 12,5 + 0, 034
2 é a fração inversa de 3
3 2
Transformaremos, inicialmente, os números decimais
5 ou 5 é a fração inversa de 1
em frações decimais:
1 5

Considere a seguinte situação:


532 125 34 5320 12500
5,32 + 12,5 + 0,034 = 100 + + 1000 = + 1000 +
Lúcia recebeu de seu pai os 4 dos chocolates con- 10 1000
tidos em uma caixa. Do total de5chocolates recebidos,
Lúcia deu a terça parte para o seu
5,32namorado. Que fração
+ 12,5 + 0,034 =
532
+
125
+
34
=
5320
+
12500
+
34
=
17854
= 17,854
dos chocolates contidos na caixa recebeu o namorado 100 10 1000 1000 1000 1000 1000
de Lúcia?
A solução do problema consiste em dividir o total de Portanto: 5,32 + 12,5 + 0, 034 = 17, 854
chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja,
4 Na prática, a adição e a subtração de números deci-
5
:3 mais são obtidas de acordo com a seguinte regra:

Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1 - Igualamos o número de casas decimais, acrescen-
desse algo. 3 tando zeros.
- Colocamos os números um abaixo do outro, deixan-
Portanto: : 3 = de 4
4 1 do vírgula embaixo de vírgula.
5 3 5 - Somamos ou subtraímos os números decimais
como se eles fossem números naturais.
Como
1 4 1
de 5= 3
4
� =
4

1
, resulta que - Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vír-
3 5 5 3
gula dos números dados.
4 4 3 4 1
:3 = : = �
5 5 1 5 3 Exemplo

3
Observando que as frações e são frações inver-
1 2,35 + 14,3 + 0, 0075 + 5
1 3
sas, podemos afirmar que:
Disposição prática:
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a pri- 2,3500
meira pelo inverso da segunda.
14,3000
4 4 3 4 1 4
Portanto :3 = ∶ = � = + 0,0075
5 5 1 5 3 15
5,0000
Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu 4
do total de
chocolates contidos na caixa.
15 21,6575

4 8
Outro exemplo: : = . 2 =
41 5 5 3.1.2. Multiplicação
3 5 3 8 6
Observação:
Vamos calcular o valor do seguinte produto:
Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão
2,58 � 3,4 .
3 1
Transformaremos, inicialmente, os números decimais
: em frações decimais:
2 5

258 34 8772
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
Portanto 100 10 1000
RACIOCÍNIO LÓGICO

Portanto 2,58 � 3,4 = 8,772


3. Números Decimais

De maneira direta, números decimais são números


que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587;
0,004; etc.

50
Ex: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48
#FicaDica
Disposição prática:
Na prática, a multiplicação de números
decimais é obtida de acordo com as
seguintes regras:
- Multiplicamos os números decimais como
se eles fossem números naturais.
Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim
- No resultado, colocamos tantas casas
sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quocien-
decimais quantas forem as do primeiro fator
te é exato.
somadas às do segundo fator.
Ex: 9,775 ∶ 4,25
Exemplo:
Disposição prática:
Disposição prática:
652,2  1 casa decimal

X 2,03  2 casas decimais


19 566
Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero.
Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada
1 304 4 e o quociente é aproximado.

1 323,966  1 + 2 = 3 casas decimais Se quisermos continuar uma divisão aproximada, de-


vemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir dividin-
1.3. Divisão do cada número obtido pelo divisor. Ao mesmo tempo
em que colocamos o primeiro zero no primeiro resto,
colocamos uma vírgula no quociente.

Vamos, por exemplo, efetuar a seguinte divisão: Ex: 0,14 ∶ 28


24 ∶ 0,5
Inicialmente, multiplicaremos o dividendo e o divisor
da divisão dada por 10.

24 ∶ 0,5 = (24 � 10) ∶ (0,5 � 10) = 240 ∶ 5 Ex: 2 ∶ 16

A vantagem de tal procedimento foi a de transformar-


mos em número natural o número decimal que aparecia
na divisão. Com isso, a divisão entre números decimais
se transforma numa equivalente com números naturais.

Portanto: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48 2. Representação Decimal das Frações


p
Tomemos um número racional q tal que p não seja
#FicaDica múltiplo de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta
RACIOCÍNIO LÓGICO

efetuar a divisão do numerador pelo denominador.


Na prática, a divisão entre números deci-
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
mais é obtida de acordo com as seguintes
regras:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
- Igualamos o número de casas decimais do
um número finito de algarismos. Decimais Exatos:
dividendo e do divisor.
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão
como se os números fossem naturais.

51
2 2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada;
= 0,4 para tanto, vamos apresentar o procedimento através de
5
alguns exemplos:
1
= 0,25
4 Ex:
35
= 8,75 Seja a dízima 0,333...
4 Façamos e multipliquemos ambos os membros por
153 10:
= 3,06
50 10x = 0,333
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se pe- Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade
riodicamente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas: da segunda:
1 3
= 0,333 … 10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
3 9
3
1 Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
= 0,04545 … Ex: 9
22
Seja a dízima 5,1717...
167
= 2,53030 … Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . .
66
Subtraindo membro a membro, temos:

FIQUE ATENTO! 99x = 512 x = 512⁄99


Se após as vírgulas os algarismos não são pe-
512
riódicos, então esse número decimal não está Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
contido no conjunto dos números racionais. 99
Ex:
Seja a dízima 1,23434...
3.Representação Fracionária dos Números Deci-
mais Façamos
x = 1,23434 … ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …
Trata-se do problema inverso: estando o número ra-
escrevê-lo… ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …
x = 1,23434
cional escrito na forma decimal, procuremos
na forma de fração. Temos dois casos:
Subtraindo membro a membro, temos:
1º) Transformamos o número em uma fração cujo nu-
merador é o número decimal sem a vírgula e o denomina- 990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222
dor é composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros
quantas forem as casas decimais do número decimal dado: 1222
990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222 x =
9 990
0,9 =
10 Simplificando, obtemos x =
611
, a fração geratriz
da dízima 1,23434... 495
57
5,7 =
10 Analisando todos os exemplos, nota-se que a idéia
consiste em deixar após a vírgula somente a parte pe-
76 riódica (que se repete) de cada igualdade para, após a
0,76 = subtração membro a membro, ambas se cancelarem.
100
RACIOCÍNIO LÓGICO

348
3,48 =
100

5 1
0,005 = =
1000 200

52
O número 3 é numerador
EXERCÍCIOS COMENTADOS 3
a) Na fração 5
1. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das
páginas de um livro numa semana. Na segunda semana, O número 5 é denominador
leu mais 2/3 de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta)
páginas do livro, então o total de páginas do livro é de: O número 3 é antecedente

b) Na razão
3
a) 300 5
b) 360
c) 400 O número 5 é consequente
d) 450
e) 480 Ex. A razão entre 20 e 50 é = já a razão entre 50
20 2
50 5 50 5
e 20 é = . Ou seja, deve-se sempre indicar o antece-
Resposta: Letra D. 20 2
dente e o consequente para sabermos qual a ordem de
montarmos a razão.
Mara leu 1 2 3+10 13 do livro.
+ = =
5 3 15 15 Ex. Numa classe de 36 alunos há 15 rapazes e 21 mo-
Logo, ainda falta 1 −
13 15−13 2
= 15 = 15 para ser ças. A razão entre o número de rapazes e o número de
15 moças é 15 , se simplificarmos, temos que a fração equi-
lido. Essa fração que falta ser lida equivale a 60 pá- 5
21
valente 7 , o que significa que para “cada 5 rapazes há 7
ginas moças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapa-
2 1 zes e o total de alunos é dada por 15 = 5 , o que equivale
Assim:  60 páginas. Portanto,  30 36 12
a dizer que “de cada 12 alunos na classe, 5 são rapazes”.
páginas.15 15 Razão entre grandezas de mesma espécie: A razão
entre duas grandezas de mesma espécie é o quociente
Logo o livro todo (15/15) possui: 15∙30=450 páginas dos números que expressam as medidas dessas grande-
zas numa mesma unidade.
2. Em uma caixa de ferramentas, 4/5 são chaves de fen- Ex. Um automóvel necessita percorrer uma estrada de
da. Do total das chaves, 2/3 estão enferrujadas. Qual é 360 km. Se ele já percorreu 240 km, qual a razão entre a
a fração de chaves da caixa de ferramentas que estão distância percorrida em relação ao total?
enferrujadas? Como os dois números são da mesma espécie (dis-
tância) e estão na mesma unidade (km), basta fazer a ra-
Resposta: 8/15 zão:
O problema proposto consiste em calcular o valor de 240 𝑘𝑚 2
2/3 de 4/5, que equivale a 8/15 do total das chaves. 𝑟= =
360 𝑘𝑚 3

No caso de mesma espécie, porém em unidades diferen-


RAZÃO tes, deve-se escolher uma das unidades e converter a outra.

Quando se utiliza a matemática na resolução de pro- Ex. Uma maratona possui aproximadamente 42 km de
blemas, os números precisam ser relacionados para se extensão. Um corredor percorreu 36000 metros. Qual a
obter uma resposta. Uma das maneiras de se relacionar razão entre o que falta para percorrer em relação à ex-
os números é através da razão. Sejam dois números reais tensão da prova?
a e b, com b ≠ 0,define-se razão entre a e b (nessa or- Veja que agora estamos tentando relacionar metros
𝑎
dem) o quociente a ÷ b, ou . com quilômetros. Para isso, deve-se converter uma das
unidades, vamos utilizar “km”:
𝑏

A razão basicamente é uma fração, e como sabem,


frações são números racionais. Entretanto, a leitura des- 36000 m=36 km
te número é diferente, justamente para diferenciarmos
quando estamos falando de fração ou de razão. Como é pedida a razão entre o que falta em relação
ao total, temos que:
3
a) Quando temos o número 5 e estamos tratando de 42 𝑘𝑚 − 36 𝑘𝑚 6 𝑘𝑚 1
RACIOCÍNIO LÓGICO

𝑟= = =
fração, lê-se: “três quintos”. 42 𝑘𝑚 42 𝑘𝑚 7

3 Ex. Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse compri-


b) Quando temos o número e estamos tratando
5 mento é representado num desenho por 20 cm. Qual é a
de razão, lê-se: “3 para 5”.
razão entre o comprimento representado no desenho e
o comprimento real?
Além disso, a nomenclatura dos termos também é
Convertendo o comprimento real para cm, temos
diferente:
que:

53
20 𝑐𝑚 1 Ex. Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L
𝑒= =
800 𝑐𝑚 40 de gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros per-
corridos pelo número de litros de combustível consumi-
dos, teremos o número de quilômetros que esse carro
#FicaDica percorre com um litro de gasolina:
A razão entre um comprimento no desenho 83,76 𝑘𝑚 𝑘𝑚
𝑐= = 10,47
e o correspondente comprimento real, cha- 8𝑙 𝑙
ma-se escala
#FicaDica
Razão entre grandezas de espécies diferentes: É
possível também relacionar espécies diferentes e isto A razão entre a distância percorrida em rela-
está normalmente relacionado a unidades utilizadas na ção a uma quantidade de combustível é de-
física: finida como “consumo médio”

Ex. Considere um carro que às 9 horas passa pelo qui- Proporção


lômetro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilô-
metro 170. Qual a razão entre a distância percorrida e o A definição de proporção é muito simples, pois se tra-
tempo gasto no translado? ta apenas da igualdade de razões.
Para montarmos a razão, precisamos obter as infor- 3 6
mações: Na proporção = (lê-se: “3 está para 5 assim
5 10
como 6 está para 10”).
Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km Observemos que o produto 3 ∙ 10=30 é igual ao pro-
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h duto 5 x 6=30, o que caracteriza a propriedade funda-
Calculamos a razão entre a distância percorrida e o mental das proporções
tempo gasto para isso:
140 𝑘𝑚 70 #FicaDica
𝑣= = = 70 𝑘 𝑚 ⁄ℎ
2ℎ 1 Se multiplicarmos em cruz (ou em x), tere-
mos que os produtos entre o numeradores
Como são duas espécies diferentes, a razão entre elas e os denominadores da outra razão serão
será uma espécie totalmente diferente das outras duas. iguais.

#FicaDica 2 6
Ex. Na igualdade = , temos 2 x 9=3 x 6=18, logo,
3 9
A razão entre uma distância e uma medida temos uma proporção.
de tempo é chamada de velocidade.
Ex. Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se
a seguinte dosagem: 7 gotas para cada 3 kg do “peso” da
criança. Se uma criança tem 15 kg, qual será a dosagem
Ex. A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, correta?
Rio de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de Como temos que seguir a receita, temos que atender
927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes, a proporção, assim, chamaremos de x a quantidade de
aproximadamente, segundo estimativas projetadas pelo gotas a serem ministradas:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o
ano de 1995. Qual a razão entre o número de habitantes 7 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑥 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠
e a área total? =
3 𝑘𝑔 15 𝑘𝑔
Dividindo-se o número de habitantes pela área, obte- Logo, para atendermos a proporção, precisaremos
remos o número de habitantes por km2 (hab./km2): encontrar qual o número que atenderá a proporção.
66288000 ℎ𝑎𝑏 ℎ𝑎𝑏 Multiplicando em cruz, temos que:
𝑑= = 71,5
927286 𝑘𝑚² 𝑘𝑚2
3x=105
RACIOCÍNIO LÓGICO

#FicaDica 105
𝑥=
A razão entre o número de habitantes e a 3
área deste local é denominada densidade x=35 gotas
demográfica.
Ou seja, para uma criança de 30 kg, deve-se ministrar
35 gotas do remédio, atendendo a proporção.

54
Outro jeito de ver a proporção: Já vimos que uma d) Diferença dos antecedentes e consequentes: A
proporção é verdadeira quando realizamos a multiplica- soma dos antecedentes está para a soma dos con-
ção em cruz e encontramos o mesmo valor nos dois pro- sequentes assim como cada antecedente está para
dutos. Outra maneira de verificar a proporção é verificar o seu consequente:
se a duas razões que estão sendo igualadas são frações 12 3 12 − 3 9 12 3
equivalentes. Lembra deste conceito? = → = = =
8 2 8−2 6 8 2
FIQUE ATENTO!
FIQUE ATENTO!
Uma fração é equivalente a outra quando
podemos multiplicar (ou dividir) o nume- Usamos razão para fazer comparação entre
rador e o denominador da fração por um duas grandezas. Assim, quando dividimos
mesmo número, chegando ao numerador e uma grandeza pela outra estamos compa-
denominador da outra fração. rando a primeira com a segunda. Enquanto
proporção é a igualdade entre duas razões.

4 12
Ex. e são frações equivalentes, pois:
3 9
4x=12 →x=3 EXERCÍCIOS COMENTADOS
3x=9 →x=3
1. O estado de Tocantins ocupa uma área aproximada de
4
Ou seja, o numerador e o denominador de quan- 278.500 km². De acordo com o Censo/2000 o Tocantins
3
do multiplicados pelo mesmo número (3), chega ao nu- tinha uma população de aproximadamente 1.156.000 ha-
merador e denominador da outra fração, logo, elas são bitantes. Qual é a densidade demográfica do estado de
equivalentes e consequentemente, proporcionais. Tocantins?
Agora vamos apresentar algumas propriedades da
proporção: Resposta : A densidade demográfica é definida como
a razão entre o número de habitantes e a área ocu-
a) Soma dos termos: Quando duas razões são pro- pada:
porcionais, podemos criar outra proporção soman-
do os numeradores com os denominadores e divi- 1 156 000 hab.
d= = 4,15 ha b⁄k m²
dindo pelos numeradores (ou denominadores) das 278 500 km²
razões originais:
2. Se a área de um retângulo (A1 ) mede 300 cm² e a
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14 área de um outro retângulo (A2 ) mede 100 cm², qual é o
= → = → =
2 4 5 10 5 10 valor da razão entre as áreas (A1 ) e (A2 ) ?
ou
Resposta : Ao fazermos a razão das áreas, temos:
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
= → = → = A1 300
2 4 2 4 2 4 = =3
A2 100

b) Diferença dos termos: Analogamente a soma, te-


mos também que se realizarmos a diferença entre Então, isso significa que a área do retângulo 1 é 3 ve-
os termos, também chegaremos em outras pro- zes maior que a área do retângulo 2.
porções:
3.(CELESC – Assistente Administrativo – FEPESE/2016)
4 8 4−3 8−6 1 2 Dois amigos decidem fazer um investimento conjunto
= → = → =
3 6 4 8 4 8 por um prazo determinado. Um investe R$ 9.000 e o ou-
ou tro R$ 16.000. Ao final do prazo estipulado obtêm um
lucro de R$ 2.222 e decidem dividir o lucro de maneira
4 8 4−3 8−6 1 2 proporcional ao investimento inicial de cada um. Portan-
= → = → =
3 6 3 6 3 6 to o amigo que investiu a menor quantia obtém com o
investimento um lucro:
c) Soma dos antecedentes e consequentes: A soma
RACIOCÍNIO LÓGICO

dos antecedentes está para a soma dos conse- a) Maior que R$ 810,00
quentes assim como cada antecedente está para o b) Maior que R$ 805,00 e menor que R$ 810,00
seu consequente: c) Maior que R$ 800,00 e menor que R$ 805,00
d) Maior que R$ 795,00 e menor que R$ 800,00
12 3 12 + 3 15 12 3 e) Menor que R$ 795,00
= → = = =
8 2 8+2 10 8 2

55
Resposta : Letra D. Ambos aplicaram R$ 9000,00+R$
A B A − B 60
16000,00=R$ 25000,00 e o lucro de R$ 2222,00 foi so- = = = = 12
bre este valor. Assim, constrói-se uma proporção en- 8 3 5 5
tre o valor aplicado (neste caso, R$ 9000,00 , pois o
exercício quer o lucro de quem aplicou menos) e seu Segue que A=96 e B=36
respectivo lucro:
Divisão em várias partes diretamente proporcio-
9000 25000
= → 25x = 19998 → x = R$ 799,92 nais
x 2222
Para decompor um número M em partes X1, X2, ... , Xn
4. Há, em virtude da demanda crescente de economia de diretamente proporcionais a p1, p2, ... , pn, deve-se montar
água, equipamentos e utensílios como, por exemplo, as um sistema com n equações e n incógnitas, sendo as so-
bacias sanitárias ecológicas, que utilizam 6 litros de água mas X1 + X2 + ... + Xn = M e p1 + p2 + ... + pn = P
por descarga em vez dos 15 litros utilizados por bacias
sanitárias não ecológicas, conforme dados da Associação x1 x2 xn
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). = =⋯=
Qual será a economia diária de água obtida por meio da p1 p2 pn
substituição de uma bacia sanitária não ecológica, que
gasta cerca de 60 litros por dia com a descarga, por uma A solução segue das propriedades das proporções:
bacia sanitária ecológica?
x1 x2 xn x1 + x2 + ⋯ + xn M
Resposta: Se x for o número de litros de água despe- = =⋯= = = =K
jadas pela bacia ecológica, tem-se que: p1 p2 pn p1 + p2 + ⋯ pn P
15/60=6/x → 15x=6∙60 → 15x=360
Logo: x=360/15=24 litros. Ex. Para decompor o número 120 em três partes A, B
Então, a economia de água foi de (60-24) = 36 litros. e C diretamente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar
um sistema com 3 equações e 3 incógnitas tal que A + B
+ C = 120 e 2 + 4 + 6 = P. Assim:
DIVISÃO PROPORCIONAL

Para decompor um número M em duas partes A e B A B C A + B + C 120


= = = = = 10
diretamente proporcionais a p e q, montamos um siste- 2 4 6 P 12
ma com duas equações e duas incógnitas, de modo que
a soma das partes seja A+B=M, mas:
Logo: A = 20, B = 40 e C = 60.

A B
= Ex. Determinar números A, B e C diretamente propor-
p q cionais a 2, 4 e 6, de modo que 2A + 3B - 4C = 120.
A solução segue das propriedades das proporções:
A solução segue das propriedades das proporções:
A B A+B M A B C 2A + 3B − 4C 120
= = = =K = = = = = −15
p q p+q p+q 2 4 6 2 � 2 + 3 � 4 − 4 � 6 −8

Logo A = -30, B = -60 e C = -90.


#FicaDica
O valor de K é que proporciona a solução, Divisão em duas partes inversamente proporcio-
pois: 𝐀 = 𝐊 � 𝐩 e 𝐁 = 𝐊 � 𝐪 nais

Para decompor um número M em duas partes A e


Exemplo: Para decompor o número 100 em duas par- B inversamente proporcionais a p e q, deve-se decom-
tes A e B diretamente proporcionais a 2 e 3, montaremos por este número M em duas partes A e B diretamente
o sistema de modo que A+B=100, cuja solução segue de: proporcionais a 1/p e 1/q, que são, respectivamente, os
A B A + B 100 inversos de p e q.
= = = = 20 Assim basta montar o sistema com duas equações e
RACIOCÍNIO LÓGICO

2 3 5 5 duas incógnitas tal que A+B = M. Desse modo:

Segue que A=40 e B=60. A B A+B M M�p�q


Ex. Determinar números A e B diretamente propor- = = =
1⁄p 1⁄q 1⁄p + 1⁄q 1⁄p + 1⁄q
=
p+q
=K
cionais a 8 e 3, sabendo-se que a diferença entre eles é
60. Para resolver este problema basta tomar A-B=60 e
escrever:

56
O valor de K proporciona a solução, pois: A = K/p e A B C 2A + 3B − 4C 10 120
B = K/q. = = = = =
Exemplo: Para decompor o número 120 em duas par- 1⁄2 1⁄4 1⁄6 2⁄2 + 3⁄4 − 4⁄6 13⁄12 13
tes A e B inversamente proporcionais a 2 e 3, deve-se
montar o sistema tal que A + B= 120, de modo que: Logo A=60/13, B=30/13 e C=20/13.

A B A+B 120 120 � 2 � 3 FIQUE ATENTO!


= = = = = 144
1⁄2 1⁄3 1⁄2 + 1⁄3 5⁄6 5 Pode haver coeficientes A,B e C como nú-
meros fracionários e/ou negativos.
Assim A=72 e B=48.
Exemplo: Determinar números A e B inversamente
proporcionais a 6 e 8, sabendo-se que a diferença entre Divisão em duas partes direta e inversamente pro-
eles é 10. Para resolver este problema, tomamos A - B= porcionais
10. Assim:
Para decompor um número M em duas partes A e B
A B A−B 10 diretamente proporcionais a c e d e inversamente pro-
= = = = 240 porcionais a p e q, deve-se decompor este número M
1⁄6 1⁄8 1⁄6 − 1⁄8 1⁄24
em duas partes A e B diretamente proporcionais a c/q e
d/q, basta montar um sistema com duas equações e duas
Assim A=40 e B=30. incógnitas de forma que A+B=M e, além disso:

Divisão em várias partes inversamente proporcio- A B A+B M M� p�q


nais = = = = =K
⁄ ⁄ ⁄ ⁄ ⁄ ⁄
c p d q c p+d q c p+d q c�q+p�d
Para decompor um número M em n partes inversa-
mente proporcionais a X1, X2, ... , Xn basta decompor este O valor de K proporciona a solução, pois: A=Kc/p e
número M em n partes diretamente proporcionais a 1/ B=Kd/q.
p1, 1/p2, ... , 1/pn. Exemplo: Para decompor o número 58 em duas partes
A e B diretamente proporcionais a 2 e 3, e, inversamente
A montagem do sistema com n equações e n incógni- proporcionais a 5 e 7, deve-se montar as proporções:
tas, assume que X1+X2+...+ Xn=M e, além disso: A B A+B 58
= = = = 70
x1 x2 xn 2/5 3/7 2/5 + 3/7 29/35
= =⋯=
1⁄p1 1⁄p2 1⁄pn
Assim A=(2/5)∙70=28 e B=(3/7)∙70=30

Cuja solução segue das propriedades das proporções: Exemplo: Para obter números A e B diretamente pro-
porcionais a 4 e 3 e inversamente proporcionais a 6 e 8,
x1 x2 xn x1 + x2 + ⋯ + xnsabendo-se que M a diferença entre eles é 21. Para resol-
=
1⁄p1 1⁄p2
=⋯= = ver este
= problema basta escrever que A-B=21 resolver as
1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ 1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ + 1⁄pn
proporções:
A B A−B 21
xn x1 + x2 + ⋯ + xn M = = = = 72
4⁄6 3⁄8 4⁄6 − 3⁄8 7⁄24
=⋯= = =
2 1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ 1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ + 1⁄pn

Assim A=(4/6)∙72=48 e B=(3/8)∙72=27.


Ex. Para decompor o número 220 em três partes A, B e
C inversamente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar Divisão em n partes direta e inversamente propor-
um sistema com 3 equações e 3 incógnitas, de modo que cionais
A+B+C=220. Desse modo:
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn
diretamente proporcionais a, p1, p2, ..., pn e inversamente
A B C A+B+C 220
= = = = = 240 proporcionais a q1, q2, ... , qn, basta decompor este núme-
1⁄2 1⁄4 1⁄6 1⁄2 + 1⁄4 + 1⁄6 11⁄12
ro M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais
RACIOCÍNIO LÓGICO

a p1 / q1, p2 / q2, ..., pn / qn.


A solução é A=120, B=60 e C=40. A montagem do sistema com n equações e n incógni-
Ex. Para obter números A, B e C inversamente pro- tas exige que X1 + X2 + ... + Xn = M e além disso:
porcionais a 2, 4 e 6, de modo que 2A + 3B - 4C = 10,
devemos montar as proporções: x1 x2 xn
= =⋯=
p1 ⁄q1 p2⁄q 2 pn⁄q n

57
A solução segue das propriedades das proporções:PORCENTAGEM
x1 x2 xn xn + x2 + ⋯ + xn
= =⋯= = A⋯definição
p1 /q1 p2 /q 2 pn/q n p1 /q1 + p2/q 2 + + pn/qden
porcentagem passa pelo seu próprio
nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou
x2 xn xn + x2 + ⋯ + xn seja, é uma fração de denominador 100. Representamos
= =⋯= = porcentagem pelo% e lê-se: “por cento”.
p2 /q 2 pn/q n p1 /q1 + p2/q 2 + ⋯ + pn/q n
50
Deste modo, a fração 100 ou qualquer uma equiva-
Ex. Para decompor o número 115 em três partes A, B
e C diretamente proporcionais a 1, 2 e 3 e inversamente lente a ela é uma porcentagem que podemos represen-
proporcionais a 4, 5 e 6, deve-se montar um sistema com tar por 50%.
3 equações e 3 incógnitas de forma de e tal que:
A B C A+B+C 115 A porcentagem nada mais é do que uma razão, que
= = = = = 100 representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos
1/4 2/5 3/6 1/4 + 2/5 + 3/6 23/20 como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que:
𝑝
Logo A=(1/4)100=25, B=(2/5)100=40 e 𝐴= .𝑉
C=(3/6)100=50.
100
Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o
Ex. Determinar números A, B e C diretamente propor- todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta-
cionais a 1, 10 e 2 e inversamente proporcionais a 2, 4 e gem se resumem a três tipos:
5, de modo que 2A + 3B - 4C -= 10.
A montagem do problema fica na forma: Cálculo da parte (Conheço p e V e quero achar A):
Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, bas-
𝑝
A B C 2A + 3B − 4C 10 100 ta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja, 100
= = = =
1⁄2 10⁄4 2⁄5 2⁄2 + 30⁄4 − 8⁄5 69⁄10
=
69 por V. Assim: 𝑝
P% de V =A= 100 .V

A solução é A=50/69, B=250/69 e C=40/69 Ex. 23% de 240 = 23 .240 = 55,2


100
Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que
67% de uma amostra assistem a certo programa de TV.
EXERCÍCIO COMENTADO Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas
assistem ao tal programa?
1. Os três jogadores mais disciplinados de um campeo- Aqui, queremos saber a “parte” da população que as-
nato de futebol amador irão receber o prêmio de R$: siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e
3.340,00 rateados em partes inversamente proporcionais o total, basta realizarmos a multiplicação:
ao número de faltas cometidas em todo campeonato. Os
67
Jogadores cometeram 5, 7 e 11 faltas. Qual a premiação 67% de 56000=A= 56000=37520
a cada um deles respectivamente? 100
Resp. 37 520 pessoas.
Resposta:
Do enunciado tiramos que: Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero
p1 = K . 1/5 achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o va-
p2 = K . 1/7 lor de p e apenas precisamos rearranjar a mesma:
p3 = K . 1/11
p1 + p2 + p3 = 3340 𝑝 𝐴
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100
Para encontrarmos o valor da constante K devemos 100 𝑉
substituir o valor de p1, p2 e p3 na última expressão: Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos.
Qual foi sua porcentagem de vitórias?
Portanto: Neste caso, o exercício quer saber qual a porcenta-
p1 = 7700 . 1/5 = 1540 gem de vitórias que esse time obteve, assim:
p2 = 7700 . 1/7 = 1100
p3 = 7700 . 1/11 = 700 𝐴 10
𝑝= . 100 = . 100 = 62,5%
A premiação será respectivamente R$ 1.540,00, 𝑉 16
RACIOCÍNIO LÓGICO

R$ 1.100,00 e R$ 700,00.
Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos.
Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou
48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário
acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi
aprovado?

58
Para sabermos se o candidato passou, é necessário
p
calcular sua porcentagem de acertos: VD = V – .V
100
𝐴 48
𝑝= . 100 = . 100 = 60% > 55% Fatorando:
𝑉 80
p
Logo, o candidato foi aprovado. VD = (1 – ) .V
100
p
Calculo do todo (conheço p e A e quero achar V): Em que (1 – ) será definido como fator de des-
100
No terceiro caso, temos interesse em achar o total (Nosso conto, que pode estar representado tanto na forma de
100%) e para isso basta rearranjar a equação novamente: fração ou decimal.

𝑝 𝐴 𝐴 Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de


𝐴=
100
. 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100
𝑉 𝑝 janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de au-
mento. Se a empresa deseja que o salário desse funcio-
nário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário
Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus deve admiti-lo?
tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros, Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
quantos tiros ele deu no total? saber o valor de V, assim:
Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale p
o “todo”, assim: VA = ( 1 + ).V
100
40
𝐴 15 3500 = ( 1 + ).V
100
𝑉 = . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠
𝑝 75 3500 =(1+0,4).V

Forma Decimal: Outra forma de representação de 3500 =1,4.V


porcentagens é através de números decimais, pois to- 3500
dos eles pertencem à mesma classe de números, que são V= =2500
1,4
os números racionais. Assim, para cada porcentagem, há
um numero decimal equivalente. Por exemplo, 35% na Resp. R$ 2 500,00
forma decimal seriam representados por 0,35. A conver-
são é muito simples: basta fazer a divisão por 100 que Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar
está representada na forma de fração: em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um de-
les é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação?
75 Aqui, basta calcular o valor de VD :
75% = = 0,75
100
p
Aumento e desconto percentual VD = (1 – ) .V
100
20
Outra classe de problemas bem comuns sobre por- VD = (1 – ) .250,00
100
centagem está relacionada ao aumento e a redução per-
centual de um determinado valor. Usaremos as defini- VD = (1 –0,2) .250,00
ções apresentadas anteriormente para mostrar a teoria
VD = (0,8) .250,00
envolvida
VD = 200,00
Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial
Resp. R$ 200,00
V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor. Cha-
memos de VA o valor após o aumento. Assim:
p FIQUE ATENTO!
VA = V + .V Em alguns problemas de porcentagem são
100
necessários cálculos sucessivos de aumen-
Fatorando: tos ou descontos percentuais. Nesses ca-
p sos é necessário ter atenção ao problema,
VA = ( 1 + ) .V pois erros costumeiros ocorrem quando se
100
calcula a porcentagens do valor inicial para
Em que (1 + p ) será definido como fator de au- obter todos os valores finais com descon-
RACIOCÍNIO LÓGICO

100
mento, que pode estar representado tanto na forma de tos ou aumentos. Na verdade, esse cálculo
fração ou decimal. só pode ser feito quando o problema diz
que TODOS os descontos ou aumentos
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial são dados a uma porcentagem do valor
V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Cha- inicial. Mas em geral, os cálculos são feitos
memos de VD o valor após o desconto. como mostrado no texto a seguir.

59
Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos Este problema clássico tem como finalidade concei-
um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer tuar esta parte de aumento e redução percentual e evitar
dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor o erro do leitor ao achar que aumentando p% e dimi-
após o primeiro aumento, temos: nuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o que
𝑝1 aprendemos, temos que:
V1 = V .(1 + ) 𝑝1 𝑝2
100 V2 = V . 1+ . 1–
100 100
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja, 𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜
após já ter aumentado uma vez, temos que: 20
20
𝑝2 V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100
V2 = V1 .(1 + )
100 V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 )
Como temos também uma expressão para V1, basta
substituir: V2 = V .(1,2) .(0,8)
96
𝑝1 𝑝2 V2 = 0,96.V= V=96% de V
V2 = V .(1 + ) .(1 + ) 100
100 100 Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e não
Assim, para cada aumento, temos um fator corres- 100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se assi-
pondente e basta ir multiplicando os fatores para chegar nalar a opção ERRADO
ao resultado final.

No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V


um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois EXERCÍCIOS COMENTADOS
descontos sucessivos de p1% e p2%.
1. (UNESP) Suponhamos que, para uma dada eleição,
Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos: uma cidade tivesse 18.500 eleitores inscritos. Suponha-
𝑝1 mos ainda que, para essa eleição, no caso de se verificar
V1 = V.(1 – ) um índice de abstenções de 6% entre os homens e de 9%
100 entre as mulheres, o número de votantes do sexo mas-
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja, culino será exatamente igual ao número de votantes do
após já ter descontado uma vez, temos que: sexo feminino. Determine o número de eleitores de cada
𝑝2 sexo.
V2 = V_1 .(1 – )
100 Resposta: Denotamos o número de eleitores do sexo
Como temos também uma expressão para V2, basta femininos de F e de votantes masculinos de M. Pelo
substituir: enunciado do exercícios, F+M = 18500. Além disso, o
𝑝1 𝑝2 índice de abstenções entre os homens foi de 6% e
V2 = V .(1 – ) .(1 – ) de 9% entre as mulheres, ou seja, 94% dos homens
100 100 e 91% das mulheres compareceram a votação, onde
Além disso, essa formulação também funciona para 94%M = 91%F ou 0,94M = 0,91F. Assim, para deter-
aumentos e descontos em sequência, bastando apenas minar o número de eleitores de cada sexo temos os
a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V seguinte sistema para resolver:
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um
F + M = 18500
aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%. �
Sendo V1 o valor após o aumento, temos: 0,94M = 0,91F
0,91
𝑝1 Da segunda equação, temos que M = 0,94 F . Agora,
V1 = V .(1+ ) substituindo M na primeira equação do sistema en-
100 contra-se F = 9400 e por fim determina-se M = 9100
Sendo V2 o valor após o desconto, temos que:
𝑝2
V2 = V_1 .(1 – )
100
Como temos uma expressão para , basta substituir:
RACIOCÍNIO LÓGICO

𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100
Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois
sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará
ao seu valor original.

( ) Certo ( ) Errado

60
5. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – IBFC– 2017) As
expressões E1: (𝑝 ∧ 𝑟) ∨ (~𝑝 ∧ 𝑟) e E2: (𝑞 ∨ 𝑠) ∧ (~𝑞 ∨ 𝑠)
HORA DE PRATICAR! são compostas pelas quatro proposições lógicas p, q, r e
s. Os valores lógicos assumidos pela expressão 𝐸1 ∧ 𝐸2
1. (PREFEITURA DE SARZEDO-MG – TÉCNICO ADMI- são os mesmos valores lógicos da expressão:
NISTRATIVO – IBGP – 2018) Analise o trecho e assina-
le a alternativa que completa CORRETAMENTE a lacuna: a) 𝑟 ∨ 𝑠
“___________ são declarações às quais pode ser atribuído b) ~𝑟 ∧ ~𝑠
ou valor verdadeiro ou valor falso.” c) ~𝑟 ∨ 𝑠
d) 𝑟 ∨ ~𝑠
a) Proposições e) 𝑟 ∧ 𝑠
b) Conjunções
c) Permutações 6. (EBSERH – MÉDICO – IBFC– 2017) Sabe-se que p,
d) Afirmações q e r são proposições compostas e o valor lógico das
proposições p e q são falsos. Nessas condições, o va-
2. (PREFEITURA DE SARZEDO-MG – TÉCNICO ADMI- lor lógico da proposição r na proposição composta
NISTRATIVO – IBGP – 2018) Acerca das proposições, {[𝑞 ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)] ∨ 𝑟} cujo valor lógico é verdade, é:
analise.
a) falso
I. A árvore é vermelha. Pode-se dizer que essa afirma- b) inconclusivo
ção ou é falsa ou é verdadeira. Portanto, trata-se de uma c) verdade e falso
proposição. d) depende do valor lógico de p
II. Bom dia! Trata-se de uma saudação. Não podemos di- e) verdade
zer que a frase é falsa, nem mesmo que é verdadeira.
Portanto, a frase não é uma proposição. 7. (SEFAZ-RS – TÉCNICO TRIBUTÁRIO – CESPE – 2018)
III. As informações das proposições possuem valor lógico A negação da proposição “O IPTU, eu pago parcelado; o
totalmente verdadeiro ou totalmente falso. Nunca uma IPVA, eu pago em parcela única” pode ser escrita como
proposição será verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
a) “Eu não pago o IPTU parcelado e não pago o IPVA em
Está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmativa(s). parcela única”
b) “Eu não pago o IPTU parcelado e pago o IPVA parce-
a) I apenas lado”
b) III apenas c) “Eu não pago o IPTU parcelado ou não pago o IPVA em
c) I e II apenas parcela única”
d) I, II, III d) “Eu pago o IPTU em parcela única e pago o IPVA par-
celado”
3. (EMATER-MG – ASSESSOR JURÍDICO – GESTÃO e) “Eu pago o IPTU em parcela única ou pago o IPVA
CONCURSO – 2018) Avalie as afirmações a seguir a res- parcelado”
peito das proposições e de seus valores lógicos.
8. (PREFEITURA DE MARICÁ – ORIENTADOR PEDAGÓ-
I. A frase “2 + 3 > 7” é uma proposição verdadeira. GICO – COESAC – 2018) A negação lógica da afirmação
II. A frase “Josimar é alto e Cleiton é magro” é uma pro- condicional “se Ana adoece, então Pedro fica triste” é:
posição composta.
III. A frase “Belo Horizonte é a capital do estado de São a) Se Ana não adoece, Pedro não fica triste.
Paulo” é uma proposição. b) Se Ana adoece, então Pedro não fica triste.
c) Ana adoece ou Pedro não fica triste.
Está correto apenas o que se afirma em: d) Ana adoece e Pedro não fica triste.
e) Se Pedro fica triste, Ana adoece.
a) I
b) II 9. (PREFEITURA DE CONCHAS. – ASSISTENTE ADMI-
c) I e II NISTRATIVO – METRO CAPITAL SOLUÇÕES – 2018)
d) II e III Sabe-se que Heloísa dança ballet e fala italiano, a nega-
ção desta proposição então é:
4. (EMATER-MG – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
GESTÃO CONCURSO – 2018) Das frases abaixo, a única a) Heloísa não dança ballet ou não fala italiano.
RACIOCÍNIO LÓGICO

que representa uma proposição é: b) Se Heloísa dança ballet, então não fala italiano.
c) Heloísa não dança ballet, e não fala italiano.
a) Que frio! d) Heloísa fala italiano ou não dança ballet.
b) Você foi a aula ontem? e) Heloísa não fala italiano ou dança ballet.
c) Carlos é um menino alto.
d) Ele trabalhou durante todo o evento ontem.

61
10. (PREFEITURA DE NITERÓI. – AUDITOR MUNICI- 13. (CEMIG – ANALISTA – FUMARC – 2018) Analise os
PAL – FGV – 2018) Considere a sentença: “Se Arlindo é seguintes argumentos:
baixo, então Arlindo não é atleta”. Assinale a opção que
apresenta a sentença logicamente equivalente à senten- I. Se estudasse todo o conteúdo, então seria aprovado
ça dada. em Estatística. Fui reprovado em Estatística. Concluímos
que não estudei todo o conteúdo.II. Todo estudante gos-
a) “Se Arlindo não é atleta, então Arlindo é baixo”. ta de Geometria. Nenhum atleta é estudante. Concluímos
b) “Se Arlindo não é baixo, então Arlindo é atleta”. que ninguém que goste de Geometria é atleta.
c) “Se Arlindo é atleta, então Arlindo não é baixo”. III.Toda estrela possui luz própria. Nenhum planeta do
d) “Arlindo é baixo e atleta”. sistema solar possui luz própria. Concluímos que nenhu-
e) “Arlindo não é baixo e não é atleta”. ma estrela é um planeta.

11. (TRT 15° REGIÃO – ANALISTA – FCC – 2018) Consi- Considerando os argumentos I,II e III, é CORRETO afir-
dere os dois argumentos a seguir: mar que:

I. Se Ana Maria nunca escreve petições, então ela não a) apenas I é válido
sabe escrever petições. Ana Maria nunca escreve peti- b) apenas I e III são válidos
ções. Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições. c) apenas II e III são válidos
II. Se Ana Maria não sabe escrever petições, então ela d) I, II e III são válidos
nunca escreve petições. Ana Maria nunca escreve peti-
ções. Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições. 14. (IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico)
Comparando a validade formal dos dois argumentos e Considere as afirmações sobre lógica propositiva e sua
a plausibilidade das primeiras premissas de cada um, é análise por meio de tabelas-verdade. Analise as afirmati-
correto concluir que vas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).

( ) A conjunção (e, ∧) entre duas proposições P e Q, só é


a) o argumento I é inválido e o argumento II é válido,
verdadeira se ambas forem verdadeiras.
mesmo que a primeira premissa de I seja mais plausí-
( ) A disjunção (ou, ∨) entre duas proposições P e Q, só é
vel que a de II.
verdadeira se ambas forem verdadeiras.
b) ambos os argumentos são válidos, a despeito das pri-
( ) A disjunção (ou, v) entre a negação de duas proposi-
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis.
ções falsas é verdadeira.
c) ambos os argumentos são inválidos, a despeito das
primeiras premissas de ambos serem ou não plausí- Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta
veis. de cima para baixo.
d) o argumento I é inválido e o II é válido, pois a primeira
premissa de II é mais plausível que a de I. a) V, F, V
e) o argumento I é válido e o II é inválido, mesmo que a b) V, V, F
primeira premissa de II seja mais plausível que a de I. c) F, F, V
d) F, V, V
12. (PC-SP – ESCRIVÃO – VUNESP – 2018) De um argu-
mento válido, sabe-se que suas premissas são: 15. (IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico)
A lógica proposicional emprega um conjunto de símbo-
I. Se a investigação é feita adequadamente e as provas são los que possibilitam expressar de maneira sintética um
consistentes, então é certo que o réu será condenado. conjunto de proposições lógicas relacionadas por conec-
II. O réu não foi condenado. tivos. Considere a tradução simbólica mais comum re-
presentada na tabela.
Dessa forma, uma conclusão para esse argumento está
contida na alternativa:

a) A investigação não foi feita adequadamente e as pro-


vas não foram consistentes.
b) A investigação foi feita adequadamente ou as provas
foram consistentes.
c) A investigação não foi feita adequadamente, mas as
provas foram consistentes.
d) A investigação não foi feita adequadamente ou as pro-
RACIOCÍNIO LÓGICO

vas não foram consistentes. A proposição composta: “Se João mentiu e Jorge não fa-
e) A investigação foi feita adequadamente mas as provas lou a verdade então Jonas não mentiu ou Joaquim estava
não foram consistentes. confuso”, pode ser decomposta em quatro proposições
simples: P, Q, R e S, onde: P = João mentiu; Q = Jorge não
falou a verdade; R = Jonas não mentiu; S= Joaquim esta-
va confuso. Assinale a alternativa que representa simbo-
licamente a proposição composta.

62
a) P ∨ ~Q → R ∧ S 20. (IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico)
b) P ∧ ~Q → R ∨ S O resultado de um jogo conta com a seguinte distribui-
c) P ∧ ~Q → ~R ∨ S ção de apostas em um bolão mantido por uma casa de
d) P ∧ Q → R ∨ S apostas.

16. (IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico)


“João amava Teresa e Teresa amava Raimundo”, a nega-
ção desta proposição lógica composta, baseada no pri-
meiro verso de Quadrilha de Carlos Drummond de An-
drade é, corretamente indicada, na alternativa:

a) João não amava Teresa e Teresa não amava ninguém


b) Tereza não amava João e João amava Raimundo
c) João não amava Teresa e Teresa não amava Raimundo Cada aposta tem sempre o mesmo valor unitário. O pa-
d) João não amava Tereza ou Tereza não amava Raimun- gamento segue a regra: 20% é da banca (ou seja da casa
do de apostas) que organiza o bolão, e o restante é dividido
igualmente entre cada cota de aposta vitoriosa.
17. (IBFC - 2017 - SEDUC-MT - Técnico Administrativo Assinale a alternativa que indica o ganho de capital
Educacional) (descontado o valor investido, portanto) promovido por
Carlos fez a seguinte afirmação: quem acertar o empate será de:
Algum funcionário faltou ao serviço, mas todo o trabalho
foi realizado. a) 320%
A afirmação feita por Carlos é falsa se, e somente se, for b) 220%
verdadeira a seguinte afirmação: c) 120%
d) 52%
a) Um funcionário faltou ao serviço e algum trabalho não
foi realizado 21. (IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico)
b) Todos os funcionários faltaram ao serviço e algum tra-
Um supermercado realizou uma pesquisa sobre o con-
balho não foi realizado
sumo de arroz em sacos de 5kg na qual verificou que
c) Todos os funcionários faltaram ao serviço, mas algum
40% dos clientes compravam o produto da marca A, 10%
trabalho não foi realizado
compravam da marca A e B, e 30% compravam da marca
d) Todos os funcionários não faltaram ao serviço e ne-
B. Assinale a alternativa que indica corretamente o espa-
nhum trabalho foi realizado
ço nas prateleiras que deve ser dedicado aos demais sa-
e) Todos os funcionários não faltaram ao serviço ou al-
cos de arroz de outras marcas caso se queira respeitar a
gum trabalho não foi realizado
proporção estatística do consumo verificada na pesquisa.
18. (IBFC - 2019 - MGS - Auxiliar Administrativo)
Dentre as alternativas, a única incorreta é: a) 10%
b) 20%
a) o elemento neutro da multiplicação de números intei- c) 30%
ros é o número 1 d) 40%
b) o elemento simétrico da adição de números inteiros é
o número 0 22. IBFC - 2017 - SEDUC-MT - Técnico Administrativo
c) o conjunto {-4, -2, -1, +1, +2, +4} representa o conjun- Educacional
to de todos os divisores inteiros do número 4 De acordo com a lógica proposicional, a negação da fra-
d) o conjunto de todos os múltiplos inteiros do número se “Se a lei foi cumprida, então o réu não foi solto” é
4 é infinito equivalente a:

19. (IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - a) A lei não foi cumprida ou o réu foi solto
Técnico de Enfermagem ) b) A lei não foi cumprida e o réu não foi solto
Considerando a sequencia lógica A, C, F, J, O, ... e o alfa- c) A lei foi cumprida e o réu foi solto
beto de 26 letras, então a próxima letra da sequencia é: d) Se o réu foi solto, então a lei não foi cumprida
e) A lei foi cumprida se, e somente se, o réu foi solto
a) T
b) U 23. (IBFC - 2019 - MGS - Auxiliar Administrativo)
RACIOCÍNIO LÓGICO

c) S Paulo recebeu seu 13º salário no valor de R$ 1.800,00 e


d) V dividiu aos seus 3 filhos de forma diretamente proporcio-
nal às suas idades. Se as idades dos filhos de Paulo são 8,
12 e 20 anos, então é correto afirmar que:

a) o filho mais novo recebeu R$ 540,00


b) o filho mais velho recebeu R$ 1080,00

63
c) o filho mais velho recebeu o mesmo valor que a soma
dos valores recebidos pelos outros dois filhos mais
novos GABARITO
d) a soma dos valores recebidos pelos dois filhos meno-
res é maior que o valor recebido pelo filho mais velho 1 A
24. (IBFC - 2019 - MGS - Auxiliar Administrativo) 2 D
Maria trabalha em um supermercado e no final do dia 3 D
contou o dinheiro que havia no caixa, conforme quadro:
4 C
5 E
6 E
7 C
Nessas condições, ¾ do valor total que havia no caixa
corresponde a: 8 D
9 A
a) R$ 776,00
b) R$ 194,00 10 C
c) R$ 582,00 11 E
d) R$ 291,00 12 D
25. (IBFC - 2018 - Prefeitura de Divinópolis - MG - 13 B
Técnico de Enfermagem) 14 A
Ana tem 2/9 do valor necessário para comprar um pro- 15 D
duto. Se com mais R$ 252,00 ela compra o produto,então
o valor que Ana possui é igual a: 16 D
17 E
a) R$ 72,00
18 B
b) R$ 324,00
c) R$ 252,00 19 B
d) R$ 56,00 20 B
21 D
22 C
23 C
24 C
25 A
RACIOCÍNIO LÓGICO

64
ÍNDICE

CIÊNCIAS NATURAIS

1. Visão unificada do mundo físico, químico e biológico, com base nos aspectos do funcionamento e da aplicação de 01
conhecimentos às situações encontradas na vida cotidiana............................................................................................................................
2. Estabelecimento de relações entre os vários fenômenos e as principais leis e teorias da Física, relacionando o 01
conhecimento e a compreensão de seus princípios, leis e conceitos fundamentais à vida prática................................................
3. Identificação de compostos químicos, correlacionando estruturas, propriedades e utilização tecnológicas......................... 53
Aplicações modernas de materiais e de substâncias químicas....................................................................................................................... 53
Realização de cálculos envolvendo variáveis, tabelas, equações, gráficos, a partir de leis e de princípios de conhecimentos 53
químicos relacionados à vida diária.........................................................................................................................................................................
6. Compreensão da organização da vida em seus diferentes níveis de expressão. Interpretação da biodiversidade 89
manifesta as estruturas especializadas de plantas e de animais....................................................................................................................
Análise do potencial de utilização de ecossistemas naturais......................................................................................................................... 89
Os fundamentos da ecologia: a biosfera, a grande teia da vida.................................................................................................................... 89
As estratégias ecológicas de sobrevivência........................................................................................................................................................... 89
Interferência do homem na dinâmica dos ecossistemas.................................................................................................................................. 89
12. Saúde e vida: epidemias e endemias no Brasil.............................................................................................................................................. 111
13. Natureza mutável e o contexto de transformações contínuas................................................................................................................ 116
A tecnologia a serviço do desenvolvimento social e da manutenção da vida no planeta................................................................ 116
1. VISÃO UNIFICADA DO MUNDO FÍSICO, QUÍMICO E BIOLÓGICO, COM BASE NOS ASPECTOS
DO FUNCIONAMENTO E DA APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS ÀS SITUAÇÕES ENCONTRADAS
NA VIDA COTIDIANA. ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES ENTRE OS VÁRIOS FENÔMENOS E AS
PRINCIPAIS LEIS E TEORIAS DA FÍSICA, RELACIONANDO O CONHECIMENTO E A COMPREENSÃO
DE SEUS PRINCÍPIOS, LEIS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS À VIDA PRÁTICA.

Prezado candidato, a seguir você confere princípios físicos, químicos e biológicos em seus conceitos e conheci-
mentos básicos a serem levados nas situações da vida cotidiana
No estudo da Física, as grandezas são as maneiras de quantificar os fenômenos observados na natureza. Basica-
mente, existem dois tipos:

- Grandezas Escalares: Necessitam apenas de sua magnitude para serem caracterizadas. Exemplos: Massa, Tempe-
ratura, Energia.
- Grandezas Vetoriais: Necessitam de três informações para serem caracterizadas: magnitude (módulo), direção e
sentido. Exemplos: Velocidade, Força, Campo Elétrico, Campo Magnético.

#FicaDica
Quando estiver estudando os diversos tópicos de Física e as grandezas forem apresentadas, procure se
questionar se as mesmas são escalares ou vetoriais, isso facilitará o entendimento da matéria.

Sistemas de Unidades
As grandezas, além quantificar os fenômenos observados, também são adjetivadas com “unidades”, ou seja, um
nome que irá caracterizar aquela grandeza. Diversos sistemas de unidades foram elaborados ao longo da história e
para padronização, criou uma convenção internacional, chamada de “Sistema Internacional de Unidades”, ou SI. A ta-
bela a seguir apresenta as principais grandezas com as suas respectivas unidades:

Grandeza Unidade SI (nome por extenso)


Comprimento m (metro)
Massa kg (kilograma)
Tempo s (segundo)
Força N (Newton)
Temperatura K (Kelvin)
Pressão Pa (Pascal)
Energia J (Joule)
Potência W (Watt)
Corrente Elétrica A (Ampere)
Potencial Elétrico V (Volt)
Campo Magnético T (Tesla)
Frequência Hz (Hertz)

Existem outros dois sistemas de unidades que são bastante utilizados, que são o CGS e o MKS. Algumas unidades
são diferentes e são apresentadas a seguir:

Grandeza Unidade CGS (nome por extenso) Unidade MKS (nome por extenso)
CIÊNCIAS NATURAIS

Comprimento cm (centímetro) m (metro)


Massa g (grama) utm (unidade de massa)
Tempo s (segundo) s (segundo)
Força dyn (Dynar) kgf (kilograma-força)

1
kgf/m² (kilograma-força por metro
Pressão dyn/cm² (Dynar por centímetro quadrado)
quadrado)
Energia erg (“erg”) kgfm (kilograma-força-metro)
kgfm/s (kilograma-força-metro por
Potência erg/s (erg por segundo)
segundo)

As relações entre as unidades da tabela acima, com as unidades do SI são as seguintes:


1 N = 105 dyn
1 kgf = 9,8 N
1 utm = 9,8 kg

#FicaDica
Para o estudo de sistema de medidas, não há segredo, a memorização é o melhor caminho. Essas unida-
des ficarão naturalmente na sua memória conforme o aprendizado dos conteúdos de Física.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (SABESP – Técnico em Sistemas de Saneamento - FCC/2014) No sistema Internacional (SI), a grandeza de massa
específica é expressa em:

a) kg/m³
b) utm/m³
c) g/cm³
d) kgf/m³
e) dyn/cm³

Resposta: Letra A - Para resolver esse exercício, é necessário saber que massa específica é a relação entre a massa
de um corpo e o volume ocupado por ele. No SI, a unidade de massa é kg e o volume é expresso em m³ (metros
cúbicos), já que a unidade de comprimento é o metro. Assim, dividindo um pelo outro, chega-se a kg/m³.

Outras unidades de medida


Conforme dito anteriormente, o sistema internacional buscou padronizar as unidades, de maneira que cientistas do
mundo todo pudessem trabalhar sob as mesmas medidas, facilitando a troca de informações. Entretanto, ainda existem
outras unidades que são utilizadas. A tabela abaixo apresenta seus nomes, bem como suas conversões em relação as
unidades mais conhecidas:

Unidade Símbolo Conversão com unidade conhecida


Polegada in 1 in = 25,4 mm
Pé ft 1 ft = 0,3048 m
Milha mi 1 mi = 1,609 km
Litro L 1 L = 1 dm³
Libra lb 1 lb = 0,4536 kg
Onça oz 1 oz = 28,35 g
Eletrovolt eV 1 eV = 1,6.10-19 J
Atmosfera atm 1 atm = 101.325 Pa
Milímetro de Mercúrio mmHg 1 mmHg = 1/760 atm
CIÊNCIAS NATURAIS

ANÁLISE DIMENSIONAL

NOTAÇÃO CIENTÍFICA
Como a Física estuda todos os fenômenos da natureza, desde a expansão do universo, até os movimentos dos
átomos, é de se esperar que a magnitude das unidades tenha uma variação grande. Como o sistema internacional
determina uma unidade para cada grandeza, podemos ter no caso de estudo de distâncias entre planetas, valores na

2
casa de 1.000.000.000 metros e se estivermos estudando NOMENCLATURA DAS POTÊNCIAS DE 10 - PREFIXOS
tamanhos de moléculas ou até mesmo átomos, o valor
fica na casa de 0,0000000001 m. Algumas potências de 10 possuem nomenclaturas es-
Buscando novamente a padronização, foi estipula- pecíficas, com a função de contrair ainda mais a notação
da uma notação, chamada de notação científica. A ideia científica através de prefixos, antes das unidades. A tabe-
central é buscar escrever todos os números sob um mes- la a seguir apresentam as principais
mo formato. Utilizou-se a notação decimal (base 10),
para montar essa convenção, e ela é da seguinte forma: Nome (prefixo cor- Potência de 10
α.10β respondente) correspondente
Onde α é um número entre 0 e 10 e β é o expoente
que indicará a potência de 10 daquele número. Usan- pico (p) 10-9
do a magnitude das distâncias estelares, temos que micro (µ) 10-6
1.000.000.000 corresponde a 109. Assim, podemos es-
mili (m) 10-3
crever esse número a seguinte maneira:
kilo (k) 10+3
1.000.000.000 m=1.109 m mega (M) 10+6
Da mesma forma, podemos fazer com o tamanho das giga (G) 10+9
moléculas, mas nesse caso, temos que 0,0000000001 m tera (T) 10+12
corresponde a 10-10, assim:
Observando a tabela, podemos ver a presença do kilo
0,0000000001 m=1.10-10 m (k), e essa nomenclatura já é de conhecimento da maioria
Veja que os dois números foram escritos no mesmo das pessoas, quando trata-se a unidade de massa como
formato e o expoente do número 10 que diferenciou os sendo o kilograma (kg). Como sabemos que 1 kg = 1000
mesmos. g, tem-se que:
1000g = 1.103 g = 1 kg
#FicaDica Outro exemplo, temos da unidade de comprimento
Na notação científica, números grandes te- milímetros (mm), que 1 mm = 0,001 m, logo:
rão exponentes de 10 positivos e números
pequenos terão expoentes de 10 negativos. 0,001 m = 1.10-3 m = 1 mm

Quando sintonizamos estações de rádio, em alguns


Vamos analisar um outro número agora, por exem- casos, vemos a frequência em MHz (Mega Hertz) ou seja, .
plo, a distância entre São Paulo e Rio de Janeiro, que é
de aproximadamente 435 km. Como vamos escrever esse
número no sistema internacional e sob notação científi- FIQUE ATENTO!
ca? Primeiramente, temos que converter a unidade para Muitos erros em exercícios de Física estão
o sistema SI, que no caso de comprimento, sabemos que relacionados ao desconhecimento dessas
é o metro. Provavelmente você sabe que 1km = 1000 m, nomenclaturas ou as vezes por falta de aten-
assim, a distância entre as cidades será de 435.000 m. ção na leitura do enunciado.
Como utilizamos a base 10, temos agora que observar
entre quais potência de 10, esse número de encontra.
Se observamos, podemos ver que 435.000 é maior que
100.000 (105) e menor que 1.000.000 (106). Sabendo dis-
so, vamos usar sempre a menor base, ou seja, 100.000. Se EXERCÍCIO COMENTADO
dividirmos 435.000 por 100.000, chegamos a 4,35. Logo:
435.000 m=4,35 x 100.000 m=4,35.105 m 1. (UEG – ASSISTENTE DE GESTÃO ADMINISTRATIVA
– FUNIVERSA/2015) Todas as grandezas físicas podem
ser expressas por meio de um pequeno número de uni-
#FicaDica dades fundamentais.
Mesmo que o exercício não peça, para prati- A escolha das unidades-padrão dessas grandezas funda-
car, procure colocar os números em notação mentais determina o sistema de unidades. No caso, o sis-
científica, em muitos casos, os cálculos ficam tema mundialmente utilizado na comunidade científica
até mais fáceis, pois você simplifica as potên- é o chamado Sistema Internacional (SI). Nele a unidade
CIÊNCIAS NATURAIS

cias de 10 usando as regras de expoente da fundamental para o comprimento é o metro (m), para o
matemática. tempo é o segundo (s) e para a massa é o quilograma
(kg).
Tipler e Mosca. 5.ª ed. v. 1 (com adaptações).
Acerca do Sistema Internacional (SI), assinale a alter-
nativa correta.

3
a) Os múltiplos e submúltiplos das unidades do SI podem CENTRO DE MASSA
ser obtidos por meio do uso de prefixos das potências
de 10. Desse modo, o prefixo “mega” representa . Um dos mais importantes conceitos de Física, que
b) O sistema decimal com base no metro é chamado de envolve diretamente o estudo dos corpos, é o que se de-
sistema decimétrico nomina como centro de massa. Uma definição simples
c) 1.000.000 watts corresponde a 1 megawatt (MW) e direta deste conceito é um ponto onde se podem re-
d) A unidade da grandeza física força, no SI, é expressa sumir todas as forças aplicadas no corpo, bem como ser
por kg.m/s o ponto de referência para a movimentação do mesmo.
e) No SI, a unidade fundamental para a temperatura é Observe a figura a seguir:
grau Celsius.
Resposta: Letra C.
Pela regra dos prefixos das potências de 10, temos
que o mega corresponde a 106, ou seja, 1.000.000.
Logo, 1 MW = 1.000.000 W

SISTEMA MLT – MASSA, COMPRIMENTO, TEMPO


No sistema internacional, SI, temos diversas unidades
que caracterizam as grandezas físicas. Dentre elas, as uni-
dades de Massa (M), comprimento (L) e tempo (T) por Veja que o cilindro está descrevendo um movimento
exemplo são chamadas de unidades primitivas, pois não giratório, mas há um ponto que não gira e descreve exa-
derivam de outras unidades para serem determinadas. tamente o movimento parabólico do corpo. Esse ponto,
Há também as unidades derivadas, que podem ser rees- é o centro de massa. Sob ele, um corpo livre sempre irá
critas em função das unidades primitivas. girar.
Como primeiro exemplo, vamos considerar a mas-
sa específica de um corpo. Pelo sistema internacional, a
unidade será kg/m³, ou seja, é uma relação entre duas #FicaDica
unidades primitivas, massa (kg) e comprimento (m). A Todos os corpos com massa, possui um
tabela a seguir irá apresentar as principais relações entre centro de massa. No caso das pessoas, esse
as unidades derivadas e suas correspondentes primitivas. ponto localiza-se próximo ao umbigo, va-
riando um pouco, em função da altura e da
Grandeza Unidade SI Sistema MLT distribuição de gordura da pessoa.
Velocidade m/s m/s
Aceleração m/s² m/s² Para se calcular o centro de massa, dependendo da
complexidade do corpo, é necessário um computador
Força N kg.m/s²
para avaliar sua localização. Todavia, para concursos e
Energia J kg.m²/s² vestibulares, é cobrado o cálculo de figuras mais simples
Potência W kg.m²/s³ e homogêneas, ou seja, com a distribuição de massa uni-
forme. Assim, a localização é mais simples de ser obtida.
Pressão Pa kg/m.s²
Veja alguns exemplos:
Conceito de Partícula • Quadrado: Cruzamento das diagonais.
É chamada de partícula a qualquer parte ou corpo
muito pequeno de algo. Entre os exemplos de partícu-
las podemos encontrar os grãos minerais e as partículas
subatômicas.
No caso do grão é porque toda sua estrutura está
composta por pequeníssimos elementos, os grãos e
aqueles que são quase imperceptíveis para o olho hu-
mano. O tamanho do grão ou partícula pode variar de
tão pequeno como os nanômetros até vários milímetros, • Retângulo: Cruzamento das diagonais
mas nunca superior a esta média. As praias dão um bom
exemplo sobre isto, pois elas estão compostas por milha-
res de partículas (grão) soltas, embora à distância e em
uma visão global dão essa sensação compacta. Quando
CIÊNCIAS NATURAIS

nos aproximamos e tocamos nelas podemos comprovar


esta questão.

4
• Triângulo: 1/3 da altura relativa a base.

• Círculo: Centro Observe que a figura em formato de “T” não é ne-


nhuma das figuras conhecidas, onde o centro de massa
é determinado facilmente. Nesse caso, será importante o
leitor ficar atento e decompor a figura em formas conhe-
cidas. Se observar bem, essa figura é uma composição de
dois retângulos:

Outro tópico cobrado sobre esse conceito é o cálcu-


lo do centro de massa usando coordenadas cartesianas,
dado um conjunto de pontos com diferentes valores de
massa. Veja o exemplo a seguir:

Se conhecermos a área de cada um desses retângulos


(A1 e A2) e também sabermos as coordenadas dos cen-
tros de massa de cada um deles (C1 e C2), o centro de
massa da figura inteira será:

𝑥1 . 𝐴 1 + 𝑥2. 𝐴 2
𝑥𝑐𝑚 =
𝐴1 + 𝐴2
𝑦1. 𝐴 1 + 𝑦2. 𝐴 2
𝑦𝑐𝑚 =
𝐴1 + 𝐴2
Seja um conjunto de pontos P=(P1,P2,…,Pn ) com suas
respectivas coordenadas cartesianas e cada um com sua
respectiva massa m=(m1,m2,…,mn), pode-se determinar
o centro de massa comum entre eles, CM, que terá as #FicaDica
coordenadas determinadas através da seguinte relação:
A decomposição de figuras conhecidas é um
𝑥 . 𝑚 + 𝑥2 . 𝑚2 + ⋯ + 𝑥𝑛 . 𝑚𝑛 critério subjetivo, ou seja, cada um pode di-
𝑥𝑐𝑚 = 1 1 vidir a figura composta como quiser. Procure
𝑚1 + 𝑚2 + ⋯ + 𝑚𝑛
𝑦1. 𝑚1 + 𝑦2. 𝑚2 + ⋯ + 𝑦𝑛. 𝑚𝑛 apenas ter criatividade e tentar simplificar o
𝑦𝑐𝑚 = problema.
𝑚1 + 𝑚2 + ⋯ + 𝑚𝑛

Ou seja, as coordenadas do centro de massa são uma


CIÊNCIAS NATURAIS

média ponderada das coordenadas de cada ponto, usan-


do as massas como “pesos” no cálculo.
Há ainda outra aplicação, usando os dois conceitos
apresentados acima (figuras conhecidas e média ponde-
rada), que trata de cálculo de centro de massa de figuras
compostas. Veja o exemplo a seguir:

5
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (NOVA CONCURSOS/2018) Considere a distribuição de pontos materiais de massa igual a m no plano cartesiano,
conforme a figura a seguir:

As coordenadas do centro de massa CM(xcm,ycm), em cm, serão:

a) (3,4; 3,6)
b) (3,4; 3,4)
c) (3,6; 3,6)
d) (3,6; 3,4)
e) (3,5; 3,5)

Resposta: Letra D.
Aplicando a média ponderada nas coordenadas x e y, tem-se que:

x1 . m + x2. m + x3 . m + x4 . m + x5. m 2. m + 2. m + 3. m + 5. m + 6. m 18𝑚


xcm = xcm = = = 3,6 𝑐𝑚
m + m+ m +m + m 5m 5𝑚
y1 . m + y2 . m + 𝑦3. m + 𝑦4 . m + 𝑦5. m → 2. m + 6. m + 5. m + 3. m + 1. m 17𝑚
ycm = ycm = = = 3,4 𝑐𝑚
m + m+ m +m + m 5m 5𝑚

2. (NOVA CONCURSOS/2018) Determine o centro de massa da placa abaixo, que possui espessura constante e dis-
tribuição de massa homogênea.

a) (0,87a;0,55a)
b) (0,87a;0,82a)
c) (0,87a;0,92a)
d) (1,17a;0,82a)
e) (1,17a;0,92a)

Resposta: Letra E.
Dividindo a figura em duas partes (quadrado de lado 2a e retângulo de lados a e 0,5a), temos que os centros de
CIÊNCIAS NATURAIS

massa dessas partes tinham as seguintes coordenadas: (a;a) e (2,5a;0,25a). As áreas de cada figura são respectiva-
mente 4a² e 0,5a². Assim: .
x1 . m + x2 . m + x3. m + x4 . m + x5. m 2. m + 2. m + 3. m + 5. m + 6. m 18𝑚
xcm = xcm = = = 3,6 𝑐𝑚
m + m+ m +m + m 5m 5𝑚

y . m + y2 . m + 𝑦3. m + 𝑦4 . m + 𝑦5. m 2. m + 6. m + 5. m + 3. m + 1. m 17𝑚
ycm = 1 ycm = = = 3,4 𝑐𝑚
m + m+ m +m + m 5m 5𝑚

6
VETORES • Vetores de módulos diferentes, mas mesma di-
reção e sentido:
Quando se estuda grandezas físicas, sabe-se que há
dois tipos: Escalares e vetoriais. A primeira, basta apenas
uma única informação (valor) para ela ser determinada.
Já as grandezas vetoriais, necessitam de três informa-
ções, valor, direção e sentindo.
Vamos tomar como exemplo a velocidade de um
carro. Normalmente, fala-se apenas do seu valor, por
exemplo, 100 km/h, considerando uma rodovia. Mas,
essa informação é suficiente? Se considerarmos que só Conforme dito anteriormente, o tamanho do vetor é
queremos saber o quanto o carro está rápido, este valor ligado ao seu módulo. Nesse caso, pode-se afirmar que o
é suficiente, mas se quisermos saber para onde o carro módulo do vetor é menor que o módulo do vetor
está indo? Um carro andando a 100 km/h para o norte é
a mesma coisa que andar a 100 km/h para o sul? • Vetores com módulo e direção iguais, mas sen-
Fisicamente, não é a mesma coisa, e dizemos que nos tidos diferentes:
dois carros, temos sentidos opostos, ou seja, cada carro
está indo no movimento diametralmente oposto ao ou-
tro. Assim, grandezas vetoriais precisarão de mais infor-
mações para ser totalmente determinadas.
Para colocar todas as informações organizadas, te-
mos a seguir a caracterização das três informações que
compõe um vetor:
• Módulo (ou magnitude): É o valor da grandeza
em si e irá determinar o tamanho de um vetor, ou seja,
vetores maiores terão módulos maiores. Aqui temos dois vetores que possuem uma única di-
• Direção: Descreve o plano onde o vetor se loca- ferença: Estão apontados para sentidos opostos. Caso
liza. Por exemplo, uma pessoa andando em uma rua pla- esses vetores fossem forças, uma anularia a outra, resul-
na, tem direção horizontal, no caso de uma rua inclinada, tando em uma resultante nula.
o ângulo de inclinação indicará a direção.
• Sentido: É a informação complementar da dire- • Vetores com módulo iguais, mas direção e sen-
ção, uma vez que para cada direção, temos dois sentidos tido diferentes:
possíveis. Por exemplo, em um plano horizontal, pode-
mos estar indo para esquerda ou direita; na direção ver-
tical, para cima ou para baixo, etc.
Com as três informações caracterizadas, define-se
agora a geometria de um vetor, que está apresentada na
figura a seguir:

Nesse caso, temos dois vetores com o mesmo tama-


nho, mas apontado para direções diferentes, o que por
consequência gera direções diferentes.

Geometricamente, o vetor é uma seta, onde seu ta-


manho indicará o módulo e há as indicações de dire- #FicaDica
ção e sentido. Nesse caso, temos um vetor de direção
horizontal, e sentido para a direita. Vejam agora outros Vetores são utilizados principalmente em Di-
exemplos. nâmica, quando se trata de equilíbrio de for-
• Vetores de mesmo módulo, direção e sentido: ças. As operações vetores descritas a seguir
serão fundamentais para o entendimento
desta parte da Física.
CIÊNCIAS NATURAIS

OPERAÇÕES COM VETORES


Agora que são conhecidas as características dos veto-
res, serão descritas as operações que são possíveis com
essas grandezas.
Neste exemplo, os vetores e são idênticos, pois pos-
suem as três informações iguais.

7
Soma e subtração de vetores
Em concursos e vestibulares, as operações mais co-
bradas são soma e subtração de vetores. Para iniciar, va-
mos apresenta-la de uma maneira simples, dois vetores
com módulos diferentes, mas com direções e sentidos
iguais:

São dois vetores com módulo, direção e sentido di-


ferentes, como soma-los? A estratégia é simples: Como
estamos fazendo (𝑎 + 𝑏) , vamos copiar o primeiro vetor,
Se pensarmos esses vetores como forças, é fácil per- ou seja, 𝑎⃗ :
ceber que se tivermos uma força 𝑎⃗ valendo 10N e uma
força 𝑏 valendo 5N, a soma será de 10+5 = 15N. Ve-
torialmente, como o tamanho é diretamente ligado ao
módulo do vetor, assim:

Após isso, coloca-se o início do vetor 𝑏 , no final do


vetor 𝑎⃗ , conforme visto a seguir:

O vetor soma (𝑎 + 𝑏) será justamente o vetor formado


pelo início do vetor 𝑎⃗ e o final do vetor 𝑏 :
O vetor (𝑎 + 𝑏) foi formado a partir da junção dos
dois vetores. Agora, e se quisermos subtrair os vetores,
como fica a operação 𝑎 − 𝑏 ? Se pensarmos novamente
em força, temos uma força 𝑎⃗ de 10 N apontado para a
direita e uma força 𝑏 de 5N apontada para a esquerda,
resultando uma força de 10 - 5 = 5N para a direita. Ve-
torialmente:
Esse método também vale para a soma de três ou
mais vetores:

Seguindo a mesma metodologia, os três vetores uni-


dos ficam:

O vetor (𝑎 + 𝑏) também foi formado a partir da jun-


ção dos dois vetores. Observe que nas duas operações, o
início do vetor 𝑏 foi colocado no final do vetor 𝑎⃗ . Esse
é um dos métodos para se calcular a soma ou subtração
de dois ou mais vetores e ele pode ser extrapolado para A mesma regra vale para subtração. Para seguir a
vetores de direções diferentes. Veja o exemplo a seguir: mesma metodologia, temos que fazer a seguinte consi-
CIÊNCIAS NATURAIS

deração matemática:
𝑎 − 𝑏 = 𝑎⃗ − 𝑏 = 𝑎⃗ + (−𝑏�
Ou seja, a subtração de vetores será uma soma do
primeiro vetor com o oposto do segundo, veja na figura
a seguir:

8
Novamente temos dois vetores 𝑎⃗ e 𝑏 . Para aplicar o
método, primeiro temos que montar o vetor - 𝑏 , que é o
mesmo vetor 𝑏 , mas de sentido contrário:

Agora basta aplicar o método, colocando o início do Os pontos de cruzamento das linhas pontilhadas
vetor - 𝑏 no final do vetor 𝑎⃗ : com os eixos marcam os finais das componentes 𝑎𝑥 e
𝑎𝑦 . Para construir os vetores, inicia-se do mesmo ponto
onde o vetor 𝑎⃗ está desenhado:

#FicaDica
Existe um outro método de soma e subtra-
ção de vetores chamado método da poli-
gonal. Como ele é específico para soma de
apenas dois vetores, optou-se por apresen-
tar apenas o caso geral, que funciona em
qualquer exercício.

Decomposição de vetores
A decomposição de vetores é uma ferramenta impor- #FicaDica
tante aplicada na Física, pois permite que se separe um
vetor específico em diferentes componentes, que pode Você pode verificar que 𝑎⃗ = 𝑎𝑥 + 𝑎𝑦 usando
facilitar o entendimento de alguns fenômenos ou para o método de soma de vetores apresentado
estudar casos específicos. A idéia consiste em dividir o anteriormente.
vetor em dois (em problemas no plano) ou três (em pro-
blemas tridimensionais) componentes paralelas aos ei- As magnitudes das componentes, serão em função
xos de coordenadas. Veja o exemplo a seguir: do ângulo 𝜃 . Como esse ângulo é formado entre o ve-
tor principal e o eixo x, então o vetor 𝑎𝑥 terá a magnitu-
de proporcional ao cosseno do ângulo:
𝑎𝑥 = 𝑎. 𝑐𝑜𝑠𝜃

Já a componente y, será proporcional ao seno do ân-


gulo:
𝑎𝑦 = 𝑎. 𝑠𝑒𝑛𝜃

FIQUE ATENTO!
A figura apresenta um vetor 𝑎⃗ localizado no plano xy, Observe sempre qual eixo está formando o
formando um ângulo 𝜃 com o eixo x. Em certos proble- ângulo 𝜃 . Se ele estivesse formado pelo ve-
mas da Física, principalmente os relacionados com equi- tor 𝑎⃗ e o eixo y, as proporcionalidades de
líbrio de forças, é conveniente decompor esse vetor em seno e cosseno se inverteriam.
CIÊNCIAS NATURAIS

uma soma:
𝑎⃗ = 𝑎𝑥 + 𝑎𝑦

Onde 𝑎𝑥 é um vetor paralelo ao eixo x e 𝑎𝑦 é um


vetor paralelo ao eixo y. Para fazer essa decomposição,
basta traçarmos linhas pontilhadas paralelas aos eixos x
e y, partindo do final do vetor, conforme visto na figura:

9
EXERCÍCIOS COMENTADOS a)

1. (FUNDEP 2017) Durante um estudo de deslocamento,


um estudante encontra três vetores, como os represen-
tados na figura.

b)

Suponha que cada quadrado da figura represente uma c)


distância de 1,0 cm de aresta.
Nesse caso, o vetor deslocamento resultante terá módu-
lo, direção e sentido indicados em:

a), diagonal, nordeste


b) , diagonal, sudeste
c) , diagonal, nordeste
d), diagonal, nordeste
d)
Resposta: Letra C. O exercício não passou a direção
do norte, mas o bom senso deve prevalecer e ado-
taremos o norte para cima. Chamando os vetores de
a,b e c conforme a figura e aplicando o método da
soma, chega-se a direção diagonal para o nordeste. O
módulo fica fácil de calcular usando teorema de Pitá-
goras, chegando a 5cm.

e)

Resposta: Letra D. As condições de equilíbrio para


corpos extensos são vetor força resultante igual a zero
e o momento resultante dessas forças também seja
zero. As dobradiças realizam forças verticais para cima
para equilibrar o peso da porta, satisfazendo a primei-
ra condição de equilíbrio, força resultante na porta
igual a zero. A porta tende a girar no sentido, logo
2.(ENEM 2012) O mecanismo que permite articular uma
as dobradiças devem realizar forças na horizontal que
porta (de um móvel ou de acesso) é a dobradiça. Nor-
gerem momento no sentido anti-horário para satisfa-
malmente, são necessárias duas ou mais dobradiças para
zer a segunda condição de equilíbrio. Portanto a do-
CIÊNCIAS NATURAIS

que a porta seja fixada no móvel ou no portal, permane-


bradiça superior deve fazer uma força horizontal para
cendo em equilíbrio e podendo ser articulada com faci-
a esquerda e a inferior para a direita. A força resultan-
lidade.
te exercida por cada dobradiça é representada pela
No plano, o diagrama vetorial das forças que as dobradi-
soma vetorial das componentes vertical e horizontal,
ças exercem na porta está representado em
conforme a figura.

10
#FicaDica
É possível converter uma velocidade em
km/h para m/s e vice-versa. Para converter
uma velocidade de km/h para m/s basta DI-
VIDIR por 3.6. Já para converter uma veloci-
dade de m/s para km/h basta MULTIPLICAR
por 3,6.

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME


CINEMÁTICA ESCALAR
Movimento retilíneo uniforme (MRU) é o movimento
Denomina-se cinemática escalar o ramo da Física que no qual o corpo (móvel) percorre uma trajetória reta com
estuda o movimento dos corpos. Para tal, é importante velocidade constante. Ou seja, em um mesmo intervalo
conhecer algumas grandezas que caracterizam os movi- de tempo ele percorre distâncias iguais.
mentos e ajudam a estuda-los. São elas a) Classificação do Movimento Retilíneo Uniforme
O MRU pode ser classificado em dois movimentos
DESLOCAMENTO ESCALAR distintos, a saber:
- Movimento Progressivo: denomina-se movimen-
O deslocamento escalar é a diferença entre os pon- to progressivo o movimento no qual o corpo se
tos finais e iniciais de um espaço (trajetória). É denotado movimenta no sentido positivo da trajetória. Por
por Δ𝑆 . Para calculá-lo basta fazer a diferença entre a sentido positivo, entende-se o sentido no qual a
posição final (Sf) de um corpo e a posição inicial (S0) do posição da trajetória aumenta. Por exemplo, recu-
mesmo. Por exemplo: um carro parte de uma cidade A perando o exemplo do carro que vai da cidade A
em direção à cidade B. Olhando no mapa rodoviário a para a cidade B, como a cidade A está na posição e
cidade A encontra-se no quilômetro 20 de uma rodovia a cidade B está na posição , nota-se que de A para
e a cidade B encontra-se no quilômetro 140 da mesma a B a posição aumentou. Portanto, o sentido da
rodovia. Se um carro se desloca de A para B, ele parte da trajetória é positivo de A para B. Em um movimen-
posição S0= 20 km e chega em Sf = 140 km. Logo o seu to progressivo diz-se que a velocidade é positiva,
deslocamento foi de Δ𝑆 =.140 - 20 = 120 km Conclui-se ou seja v>0.
que o deslocamento é calculado por: - Movimento Retrógrado: denomina-se movimento
progressivo o movimento no qual o corpo se mo-
Δ𝑆 = 𝑆𝑓 − 𝑆0 vimenta no sentido negativo da trajetória. Por sen-
tido negativo, entende-se o sentido no qual a po-
VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA sição da trajetória diminui. Novamente utilizando
o exemplo das cidades A e B. Nota-se que A está
A velocidade escalar média (Vm) é a razão entre o na posição e a cidade B está na posição , nota-se
deslocamento escalar (Δ𝑆 ) e o tempo transcorrido ( Δ𝑡) que de B para a A a posição diminuiu. Portanto, o
para realizar esse deslocamento. Ou seja: sentido da trajetória é negativo de B para A. Em um
movimento retrógrado diz-se que a velocidade é
A unidade de velocidade média no Sistema Interna- negativa, ou seja v<0.
cional é . Porém, é possível expressá-la em outras uni-
dades. A mais comum delas é o . Voltando ao exemplo
FIQUE ATENTO!
anterior do carro que se desloca entre as cidades A e B,
sabe-se que ele realizou esse deslocamento em . Logo, a Velocidade positiva significa que o corpo
velocidade média do carro nesse trajeto foi de: está se deslocando no sentido positivo da
trajetória e velocidade negativa significa que
Δ𝑆 120 o corpo está se deslocando no sentido ne-
𝑣𝑚 = = = 60 𝑘 𝑚 ⁄ℎ gativo da trajetória. Velocidade negativa não
Δ𝑡 2
significa que o corpo está “freando”!
Note que o deslocamento foi calculado em km e o
tempo transcorrido em h e, portanto, a velocidade foi a) Função Horária do Espaço (posição)
calculada em km/h. É a função que permite obter a posição do corpo em
movimento uniforme em função do tempo transcorrido.
CIÊNCIAS NATURAIS

É dada por:
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. ∆𝑡
Onde:
S= Posição do móvel em função do tempo
S0=Posição inicial do móvel
v= Velocidade do móvel

11
Δ𝑡=Intervalo de tempo transcorrido
b) Gráficos do Movimento Retilíneo Uniforme #FicaDica
As grandezas do movimento retilíneo uniforme são
expressas na forma de gráficos. São eles: Para MRU o gráfico S×t é sempre uma reta
Gráfico S×t (crescente ou decrescente) e o gráfico v×t
é sempre uma reta horizontal (acima ou
abaixo do eixo x)

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(ENEM 2016) Dois veículos que trafegam com velo-


cidade constante em uma estrada, na mesma direção e
sentido, devem manter entre si uma distância mínima.
Isso porque o movimento de um veículo, até que ele pare
totalmente, ocorre em duas etapas, a partir do momento
em que o motorista detecta um problema que exige uma
freada brusca. A primeira etapa é associada à distância
que o veículo percorre entre o intervalo de tempo da
detecção do problema e o acionamento dos freios. Já a
segunda se relaciona com a distância que o automóvel
percorre enquanto os freios agem com desaceleração
constante.
Considerando a situação descrita, qual esboço gráfico
representa a velocidade do automóvel em relação à dis-
tância percorrida até parar totalmente?
No movimento progressivo, a gráfico Sxt é crescente,
ou seja, conforme aumenta o tempo, o valor de S aumen- a)
ta. Por outro lado, no movimento retrógrado, o gráfico
Sxt é decrescente, ou seja, aumentando o tempo, o valor
de S diminui.
Gráfico v×t

b)

c)
CIÊNCIAS NATURAIS

Em ambos os movimentos, a velocidade é constante


e forma uma linha horizontal. A diferença é que no movi-
mento progressivo, o valor da velocidade é positivo e no
movimento retrógrado, é negativo.

12
d) MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VA-
RIADO

Movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV


ou MUV) é o movimento no qual o corpo (móvel) per-
corre uma trajetória reta com velocidade não constante.
Mais do que a velocidade não ser constante (o que carac-
teriza apenas um movimento variado), a velocidade varia
de maneira uniforme, ou seja, a velocidade aumenta à
e) uma taxa constante. À taxa de variação da velocidade dá-
-se o nome de aceleração (), calculada por:

Onde:
vf= velocidade final do corpo no trecho considerado
v0=velocidade inicial do corpo no trecho considerado
Δ𝑡= intervalo de tempo transcorrido no trecho con-
siderado

Resposta: Letra D. O tempo de reação é o tempo en- Quando a aceleração é positiva ( 𝑎 > 0 ) significa
tre o motorista avistar o perigo e pisar o freio. Durante que a velocidade do corpo aumenta com o tempo. Já
o tempo de reação, o veículo permanece com a mes- quando a aceleração é negativa ( 𝑎 < 0 ) significa que a
ma velocidade. Em seguida, o movimento retardado velocidade do corpo diminui com o tempo.
provoca uma redução de velocidade, que é dado pela O MRUV pode ser classificado de acordo com duas
equação de Torricelli. V²=Vo² + 2a.Δ𝑆 . (o gráfico fazia grandezas (velocidade e aceleração) e dentro de cada
relação V x d ) uma delas de duas maneiras diferentes:
Isso faz com que a relação entre velocidade e distância - Movimento acelerado ou retardado: diz respeito ao
não seja linear, mas quadrática. sinal da aceleração do corpo. Quando a aceleração
é positiva o movimento é dito acelerado e quando
2. (NUCEPE 2015) João, que é um atleta de tiro ao alvo, a aceleração é negativa o movimento é dito retar-
dispara um projétil horizontalmente com uma velocidade dado.
de 200 m/s em direção a um alvo. João escuta o impacto - Movimento progressivo ou retrógrado: segue a
do projétil no alvo, 2.7 s depois do disparo. Sabendo que mesma classificação do MRU. O movimento é dito
a velocidade do som no ar é 340 m/s, a distância de João progressivo quando o corpo se desloca no sentido
ao alvo é de: positivo da trajetória e retrógrado quando o corpo
se desloca no sentido negativo da trajetória.
a) 74 m
b) 125 m
c) 200 m FIQUE ATENTO!
d) 340 m Há 4 classificações possíveis para o MUV:
e) 540 m progressivo e acelerado, progressivo e retró-
grado, retardado e progressivo ou retardado
Resposta: Letra D. Note que há dois momentos que e retrógrado.
devem ser considerados, o trecho do projétil assim
que é disparado até o alvo e a propagação do som
do alvo até o ouvido de João. Chamando de Δt1 o Função Horária do Espaço (posição)
intervalo de tempo transcorrido entre o disparo e o
projétil atingir o alvo, de ΔS, a distância de João até É a função que permite obter a posição do corpo em
o alvo, vale: v=ΔS/Δt→200=ΔS/(Δt1 ). Logo, tem- movimento uniforme em função do tempo transcorrido.
-se que: ΔS=200Δt1 (I). Considerando agora a pro- É dada por:
pagação do som do alvo até o ouvido de João, vale: 1
340=ΔS/(Δt2 ), onde Δt2 é o tempo que o som demo- 𝑆 = 𝑆0 + 𝑣0. 𝑡 + 𝑎𝑡 2
ra para percorrer a mesma distância ΔS. Assim, vem: 2
ΔS=340Δt2 (II). O tempo total entre o disparo e João
ouvir o impacto do projétil é de 2,7s que é exatamen- Onde:
te igual à somatória dos intervalos Δt1 e Δt2, ou seja: S= posição do móvel em função do tempo
CIÊNCIAS NATURAIS

Δt1+Δt2=2,7→Δt1=2,7-Δt2. S0= posição inicial do corpo


Como a distância percorrida pelo projétil até o v0= velocidade inicial do corpo
alvo é a mesma distância percorrida pelo som t= tempo transcorrido
do alvo até o ouvido de João, pode-se fazer a= aceleração do corpo
(I)=(II)→340Δt2=200Δt1. Substituindo Δt1=2,7-Δt2 na
primeira equação, vem que: Δt1=1,7s e Δt2=1s. Assim,
ΔS=340Δt2→ΔS=340×1→ΔS=340 m.

13
FUNÇÃO HORÁRIA DA VELOCIDADE Os gráficos Sxt são parábolas, onde o movimento
É a função que permite obter a velocidade do corpo acelerado (boca para cima) tem parábola crescente e o
em movimento uniforme em função do tempo transcor- movimento retardado tem a parábola decrescente (boca
rido. É dada por: para baixo)
𝑣 = 𝑣0 + 𝑎. 𝑡
Gráfico v×t
Onde:
v= velocidade do corpo
v0= velocidade inicial do corpo
t = tempo transcorrido
a= aceleração do corpo

EQUAÇÃO DE TORRICELLI
Equação que relaciona distância percorrida com velo-
cidades inicial e final e aceleração, sem relacionar expli-
citamente com o tempo. Costuma ser utilizada quando o
tempo no qual o corpo realiza o movimento é desconhe-
cido. É a seguinte equação:

𝑣 2 = 𝑣02 + 2. 𝑎. Δ𝑆

Onde:
v= velocidade do corpo
v0 velocidade inicial do corpo
ΔS = deslocamento
a= aceleração do corpo

GRÁFICOS DO MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFOR-


MEMENTE VARIADO

As grandezas do movimento retilíneo uniformemente


variado são expressas na forma de gráficos. São eles:

Gráfico S×t Os gráficos vxt são retas, onde o movimento acele-


rado é caracterizado por uma reta crescente. Já o movi-
mento retardado é caracterizado por uma reta decres-
cente.

Gráfico a×t

Gráfico
CIÊNCIAS NATURAIS

14
c)

d)

#FicaDica
Para MRUV o gráfico é sempre uma parábo-
la (concavidade para cima ou para baixo), o
gráfico S×t é sempre uma reta (crescente ou
decrescente) e o gráfico v×t é sempre uma
reta horizontal (acima ou abaixo do eixo )

EXERCÍCIO COMENTADO e)

1.(ENEM 2012) Para melhorar a mobilidade urbana na


rede metroviária é necessário minimizar o tempo entre es-
tações. Para isso a administração do metrô de uma gran-
de cidade adotou o seguinte procedimento entre duas
estações: a locomotiva parte do repouso com aceleração
constante por um terço do tempo de percurso, mantém a
velocidade constante por outro terço e reduz sua velocida-
de com desaceleração constante no trecho final, até parar.
Qual é o gráfico de posição (eixo vertical) em função do
tempo (eixo horizontal) que representa o movimento
desse trem? Resposta: Letra C. Vamos dividir o gráfico em 3 par-
tes:
1° parte: Inicialmente o enunciado diz: “a locomotiva
a) parte do repouso com aceleração constante por um
terço do tempo de percurso”. Logo o movimento é
uniformemente acelerado, como temos um gráfico
de posição x tempo nas alternativas, devemosat usar
2
a equação correspondente (S = S0 + V0t + ),
2
que é uma equação do 2° grau. Então teremos a
forma de um arco de parabolas nessa parte.
2° parte:Em seguida o enunciado diz: “mantém a ve-
locidade constante por outro terço”. Nesse caso,
temos um movimento uniforme, onde a equação
que descreve esse movimento 𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. ∆𝑡 ) é
uma equação do 1° grau. Então teremos a forma
crescente uniforme.
b) 3° parte: Por fim o enunciado diz: “reduz sua veloci-
dade com desaceleração constante no trecho final,
CIÊNCIAS NATURAIS

até parar.”. Já que a velocidade esta variando, vol-


tamos para a situação de um movimento unifor-
memente acelerado, porém, ele é retardado (a ve-
locidade diminui). Fazendo uso da mesma equação
da 1° parte (mas para o caso retardado). Porém,
quando o trem para, a o gráfico ficará constante já
que a posição não muda com o tempo.

15
2.(IBFC 2017) Um carro trafega a uma velocidade de 36 a) Equações do movimento
km/h. Quando freado, para somente após percorrer 25 Na horizontal, como apresentado, o movimento é
metros. Nessas condições, a aceleração introduzida pelos uniforme com velocidade v0x. Assim, a equação horária
freios será de: do espaço será dada por:

a) 5 m/s2 𝑆 = 𝑆0 + 𝑣0𝑥 𝑡
b) -5 m/s2 que é a mesma equação apresentada para o movi-
c) 2 m/s2 mento retilíneo uniforme. O subscrito “x” significa que é
d) -2 m/s2 a velocidade horizontal (direção x). É possível simplificar
e) -4 m/s2 essa equação. Considerando que o lançamento se inicia
a partir do momento que o corpo inicia o movimento
Resposta: Letra D: Como o tempo não é conheci- composto (no exemplo é o momento em que a bola dei-
do, será utilizada a equação de Torricelli. A velocidade xa a mesa), o espaço inicial S0, é igual à zero. O espaço
final é nula pois no instante final o carro estará parado. A percorrido , recebe o nome de alcance do lançamento,
velocidade inicial foi dada mas deve ser convertida para denotado por A:
𝑚/𝑠: 3,6 = 10 𝑚/𝑠 :.Assim, vem:
36

𝐴 = 𝑣0𝑥 . 𝑡
𝑣2 = 𝑣02 + 2𝑎Δ𝑆 → 02 = 102 + 2. 𝑎. 25 → 𝑎 = −2 𝑚/𝑠²
Na vertical, valem as equações do movimento unifor-
memente variado:
LANÇAMENTOS
Para estudar lançamentos, que são movimentos mais
complexos, é importante conhecer e utilizar o princípio
da composição de movimentos. Segundo Galileu, todo
movimento complexo pode ser decomposto em diversos 𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 + 𝑎. 𝑡
movimentos mais simples de serem estudados. Pensan-
do em lançamentos, há dois tipos: lançamento horizontal 𝑣𝑦2 = 𝑣02𝑦 + 2. 𝑎. Δ𝑆𝑦
e oblíquo. Como lançamentos são movimentos comple-
xos, para estuda-los cada um desses lançamentos será
O subscrito “y” significa que as grandezas são verti-
decomposto em dois movimentos conhecidos.
cais (velocidade vertical, deslocamento vertical – direção
). Para simplificar as equações, vale o que foi adotado
LANÇAMENTO HORIZONTAL
Nesse movimento, um corpo é lançado de uma deter- para o movimento horizontal (S0=0) e também que a ve-
minada altura com velocidade horizontal (V0) constante. locidade inicial do corpo na vertical é nula. Por fim, sabe-
Por exemplo, uma bola de tênis rolando sobre uma mesa -se que, na vertical, a aceleração é igual à aceleração da
com velocidade constante. Até a borda da mesa, a bola gravidade g. Ao espaço percorrido na vertical, chama-se
realiza um movimento retilíneo e uniforme. Porém, ao de altura do lançamento H. Com essas simplificações as
abandonar a mesa, o movimento realizado é um lança- equações ficam dadas por:
mento horizontal. Veja a figura a seguir

𝑣𝑦 = 𝑔. 𝑡
𝑣𝑦2 = 2. 𝑔. H

FIQUE ATENTO!
O tempo é a única grandeza que é comum
aos dois movimentos. Ou seja, o tempo que
o corpo leva para realizar o movimento hori-
zontal é o mesmo gasto para realizar o mo-
O lançamento horizontal é a composição de dois mo- vimento uniforme.
vimentos, um movimento na vertical e outro na horizon-
tal. Consideremos o exemplo da bola de tênis. Analisando
apenas o movimento horizontal, desprezando a resistên- LANÇAMENTO OBLÍQUO
CIÊNCIAS NATURAIS

cia do ar, a velocidade na direção horizontal da bola de


tênis se mantém constante, portanto na horizontal a bola O lançamento oblíquo também é a composição de um
de tênis realiza um movimento retilíneo e uniforme. Já na movimento uniforme (na horizontal) e uniformemente va-
vertical, quando a bola começa a cair ela está sob ação da riado (na vertical). O que o caracteriza como oblíquo é o
gravidade e, portanto, realiza um movimento acelerado. fato da velocidade inicial do movimento ser diferente de
Assim conclui-se que, na vertical o movimento realizado zero na vertical e na horizontal e o vetor velocidade formar
é uniformemente variado. uma ângulo com a horizontal, conforme figura abaixo:

16
a) 1s
b) 2s
c) 3s
d) 4s
e) 5s

Resposta: Letra B: Trata-se de um lançamento oblí-


quo, com posição inicial igual a 10m. A aceleração é
negativa e vale -10 m/s2, pois o corpo irá subir e de-
pois descer. A velocidade inicial do movimento vertical
(MUV) vale 𝑉0𝑦 = 𝑉0 sen 30° = 10.0,5 = 5 𝑚 ⁄𝑠 . Assim,
função horária do espaço é: 𝐻 = 10 + 5𝑡 − 10𝑡 Ao che-
2

2
gar ao solo, a posição do objeto será
𝐻 = 0 → 0 = 10 + 5𝑡 − 5𝑡 2 → 𝑡 = 2 𝑠 .

Conhecendo o ângulo e o módulo de velocidade ini- 2. (ENEM 2016) Para um salto no Grand Canyon usan-
cial , é possível obter o valor das velocidades iniciais dos do motos, dois paraquedistas vão utilizar uma moto cada,
movimentos horizontal e vertical: sendo que uma delas possui massa três vezes maior. Foram
construídas duas pistas idênticas até a beira do precipício,
𝑣0𝑥 = 𝑣0. cos 𝜃 de forma que no momento do salto as motos deixem a
pista horizontalmente e ao mesmo tempo. No instante em
𝑣0𝑦 = 𝑣0. sen 𝜃 que saltam, os paraquedistas abandonam suas motos e
elas caem praticamente sem resistência do ar.
Para os movimentos vertical e horizontal, valem as As motos atingem o solo simultaneamente porque
equações apresentadas anteriormente para o movimen-
to horizontal sem a simplificação de que a velocidade ini- a) possuem a mesma inércia.
cial na vertical () é nula, pois no lançamento oblíquo ela b) estão sujeitas à mesma força resultante.
não é. As equações são: c) têm a mesma quantidade de movimento inicial.
d) adquirem a mesma aceleração durante a queda.
𝐴 = 𝑣0𝑥 . 𝑡 e) são lançadas com a mesma velocidade horizontal.

Resposta: Letra D: As motos atingem o solo ao mes-


mo tempo porque partem de uma mesma altura H
com velocidade horizontal e ficam sujeitas à mesma
𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 + 𝑔. 𝑡 aceleração vertical, que é a da gravidade. O tempo de
queda não depende da velocidade horizontal nem da
𝑣𝑦2 = 𝑣02𝑦 + 2. 𝑔. H massa da moto.

MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME


Movimento circular é definido como todo movimento
#FicaDica no qual a trajetória descrita pelo móvel é circular. Um
O lançamento oblíquo tem duas etapas: su- satélite em órbita em torno da Terra, o movimento de
bida e descida. Na subida o corpo se move rotação de uma roda de bicicleta, são exemplos de mo-
no sentido contrário à gravidade e, portanto, vimentos circulares.
nas equações para o trecho de subida deve-
-se utilizar g= -10 m/s2. Já para a descida GRAUS E RADIANOS
g= 10 m/s2 No Sistema Internacional de Medidas (SI), a unidade
de medida para ângulos é o radiano. A definição de ra-
diano é a seguinte: medida do ângulo que determina um
arco de comprimento igual ao raio. É importante que seja
conhecida a correspondência entre ângulos e radianos,
EXERCÍCIOS COMENTADOS para conversão de valores. A equivalência é a seguinte:
CIÊNCIAS NATURAIS

1. (IFB 2017) Um objeto é lançado obliquamente de


𝜋 𝑟𝑎𝑑 = 180°
uma altura de 10m do solo. A velocidade de lançamento
é de 10m/s e o ângulo de lançamento é de 30°. Pode- Assim, é possível obter outros ângulos notáveis em
mos afirmar que o tempo de voo do objeto até chegar radianos, tais como:
no solo é de: 𝜋 𝜋 𝜋 𝜋
90° = ; 60° = ; 45° = ; 30° =
2 3 4 6

17
Para outros ângulos, basta utilizar a equivalência VELOCIDADE ANGULAR
apresentada e encontrar o outro ângulo utilizando regra A velocidade angular de um movimento circular uni-
de três. forme, denotada por , é calculada por:

Deslocamento Linear (Espaço) Δ𝜑


𝜔= Δ𝜑
Um móvel percorrendo uma trajetória circular com Δ𝑡 𝜔=
raio , descreve um ângulo e percorre um espaço , que é onde Δ𝜑 é o ângulo descrito pelo móvel e Δ𝑡 é
calculado por: 𝜔 = de tempo transcorrido. Considerando uma
o intervalo
Δ𝑡
volta completa, na qual o móvel percorre 360° (ou 2𝜋
𝜔 = T, a
radianos) e o tempo transcorrido é igual ao período 𝑇
velocidade angular pode ser expressa por:
2𝜋
𝜔=
𝑇

VELOCIDADE LINEAR
A velocidade linear de um movimento circular unifor-
me, denotada por , é calculada por:
Δ𝑆
𝑣=
Δ𝑆 = 𝜑𝑅em radianos.
Δ𝑆 = 𝜑𝑅 sendo
Δ𝑡 Δ𝜑
𝜔=
onde Δ𝑆 é o deslocamento linear e Δ𝑡 é o tempo
Período e Frequência 𝑣=
transcorrido.
Δ𝑡 Considerando uma volta completa onde o
Em movimento circular uniforme, o tempo gasto para móvel percorre uma volta completa, o deslocamento é
o móvel completar uma volta é constante. Ou seja, a cada igual ao comprimento da trajetória circular que é calcu-
intervalo de tempo fixo, o móvel completa uma volta. A lado por Δ𝑆 = 2𝜋𝑅 . Novamente, em uma volta completa,
esse intervalo de tempo fixo, dá-se o nome de período, o tempo transcorrido é igual ao período e, consequente-
denotado pela letra T. Se um satélite leva 50h para dar mente velocidade linear pode ser expressa por:
a volta na Terra, diz-se que o período desse satélite é
2𝜋𝑅
T=50h. Um movimento com período constante, é cha- 𝑣=
mado de periódico. 𝑇

Em um movimento periódico, dá-se o nome de fre- FIQUE ATENTO!


quência à grandeza que mede a quantidade de eventos
(voltas) ocorridas em um intervalo de tempo. É denotada Há uma relação entre as velocidades line-
pela letra f. Por exemplo, o motor de um carro produz ar e angular. Analisando as duas fórmulas
2400 rotações por minuto. Note que foram 2400 eventos nota-se que a relação entre elas é dada
(voltas, rotações) em um intervalo de tempo (minuto). por 𝑣 = 𝜔𝑅
Assim, diz-se que a frequência do motor é f= 2400 rpm.
No SI, a unidade de frequência é s-1ou Hz que corres- ACELERAÇÃO CENTRÍPETA
ponde a rotações por segundo. Embora o movimento seja uniforme, ele possui uma
aceleração na direção do centro da trajetória, que ocorre
em virtude da variação da direção do vetor velocidade
#FicaDica durante a trajetória. A essa aceleração dá-se o nome de
Para converter um frequência em rotações por aceleração centrípeta que é calculada da seguinte forma:
minuto (rpm) para rotações por segundo (Hz), 𝑣2
basta dividir a quantidade de rotações por 𝑎𝐶𝑃 =
𝑅
minuto por 60. No exemplo do motor, a fre-
2400
quência em Hz é igual a 𝑓 = = 40 𝐻𝑧 . TRANSMISSÃO DO MOVIMENTO CIRCULAR – COR-
60
REIAS E ENGRENAGENS
É possível realizar a transmissão de movimento circu-
Período e frequência estão relacionados, da seguinte lar entre dois discos, rodas, engrenagens, polias, etc. Um
forma: fT=1, ou: exemplo prático é a transmissão entre as duas catracas
da bicicleta, que é feita por uma corrente metálica.
CIÊNCIAS NATURAIS

1 1
𝑓 = 𝑇 ou 𝑇 =
𝑓

Pelas expressões acima, nota-se que o período é o


inverso da frequência e vice-versa.

18
Por qual montagem o açougueiro deve optar e qual a
justificativa desta opção?

a) Q, pois as polias 1 e 3 giram com velocidades lineares


iguais em pontos periféricos e a que tiver maior raio
terá menor frequência.
b) Q, pois as polias 1 e 3 giram com frequências iguais e
a que tiver maior raio terá menor velocidade linear em
um ponto periférico.
c) P, pois as polias 2 e 3 giram com frequências diferentes
e a que tiver maior raio terá menor velocidade linear
em um ponto periférico.
d) P, pois as polias 1 e 2 giram com diferentes velocida-
des lineares em pontos periféricos e a que tiver menor
raio terá maior frequência.
e) Q, pois as polias 2 e 3 giram com diferentes velocida-
Considerando dois pontos A e B, cada um em uma des lineares em pontos periféricos e a que tiver maior
engrenagem ou disco, vale a seguinte relação: raio terá menor frequência.
𝑣𝐴 = 𝑣𝐵 Resposta: Letra A. Já que o açougueiro quer diminuir
Assim: 𝜔𝐴 𝑅𝐴 = 𝜔𝐵 𝑅𝐵 ↔ 𝑓𝐴 𝑅𝐴 = 𝑓𝐵 𝑅𝐵 a velocidade linear da serra, a frequência entre as po-
lias 2 e 3 devem ser a menor possível. Lembrando que
as polias tem velocidades lineares iguais e frequências
inversamente proporcionais ao raio. Na montagem P,
EXERCÍCIOS COMENTADOS as polias 1 e 2 possuem a mesma velocidade linear, já
que estão ligadas por uma correia. O mesmo acontece
1. (CESGRANRIO 2018) Um veículo de passeio movi- com as polias 1 e 3 na montagem Q. Porem, o raio da
menta-se em linha reta a uma velocidade de 36 km/h. polia 3 é maior, logo, a montagem que devemos esco-
Considerando-se que não haja deslizamento entre o lher deve usar a polia 3 ligada a 1, para que tenhamos
pneu e a pista, e que o diâmetro do pneu seja de 50 cm, uma menor velocidade linear.
a rotação da roda, expressa em rad/s, é de
LEIS DE NEWTON E SUAS APLICAÇÕES
a) 10
b) 20 1. Explicando as causas dos movimentos
c) 40
d) 50 Durante muito tempo a humanidade se perguntou
e) 80 por que determinados objetos se movimentavam. A ex-
periência diária mostrou que, para deslocar um objeto
Resposta: Letra C A roda descreve um movimen- que estivesse parado, era necessário aplicar uma força
to circular uniforme com velocidade linear igual a sobre ele. Por isso, chegou- -se à conclusão de que, para
. O raio da trajetória é igual a 25 cm, ou manter um movimento, também seria necessária a ação
36
= 10 𝑚 ⁄𝑠
3,6
0,25 m. A velocidade linear se relaciona com a rotação de uma força. Mas, durante o período conhecido como
em rad/s por meio da fórmula: Renascimento (séculos XIV-XVI), o físico italiano Galileu
Galilei modificou a pergunta inicial e passou a se questio-
𝑣 = 𝜔𝑅 → 10 = 𝜔. 0,25 → 𝜔 = 40 𝑟𝑎 𝑑 ⁄𝑠 nar: Por que os corpos em movimento param de se mo-
vimentar? O que é necessário fazer para que um corpo
CIÊNCIAS NATURAIS

em movimento pare? Galileu realizou então uma série de


2.(ENEM 2013) Para serrar ossos e carnes congeladas, experimentos com um plano inclinado e uma bola.
um açougueiro utiliza uma serra de fita que possui três
polias e um motor. O equipamento pode ser montado de
duas formas diferentes, P e Q. Por questão de segurança,
é necessário que a serra possua menor velocidade linear

19
Ele percebeu que, quando soltava a bola do alto do plano inclinado, ela descia e, após atingir o plano horizontal,
deslocava-se por mais um trecho e depois parava. Em seguida, ele poliu a bola e o plano e percebeu que a bola ia mais
longe.
Depois, lubrificou ambos e se deu conta de que, quanto menor fosse o atrito entre a bola e o plano, mais longe ela
iria. Então, concluiu que, se não houvesse atrito entre a bola e o plano, ela rolaria infinitamente, sem parar; ou seja, era
a força de atrito, contrária ao movimento, que fazia a bola parar.
Com base nessa e em outras ideias do séc. XVII, o físico Isaac Newton formulou uma teoria, que ajudou a humani-
dade a explicar uma série de fenômenos conhecidos naquela época, mas que não tinham ainda uma explicação física,
baseada em observações, experimentos e novas hipóteses.
Essa teoria, conhecida como mecânica de Newton, ou mecânica clássica, está estruturada sobre três leis, chamadas
leis de Newton, em homenagem a esse cientista inglês.

2. 1ª lei de Newton – Princípio da inércia

A primeira lei de Newton, também conhecida como princípio da inércia, afirma que se nenhuma força agir sobre um
corpo, ou se a soma das forças que agirem sobre ele (chamada de força resultante) for nula (igual a zero), então ele não
muda de velocidade, ou seja, permanece com sua velocidade vetorial constante. Em outras palavras, para que a velo-
cidade de um corpo seja alterada, e, consequentemente, o movimento, é necessário que alguma força atue sobre ele.
Visualização da força resultante e suas consequências Chama-se de força resultante a soma de todas as forças que
atuam em um corpo.

No caso representado na figura, como as forças aplicadas pelas pessoas na corda têm a mesma direção (horizontal),
mas sentidos opostos (a força de 80 N tem sentido da direita para a esquerda e a de 100 N, da esquerda para a direita),
a força resultante é de 20 N, na direção horizontal e com sentido para a direita.
Note que, se as duas forças tivessem a mesma intensidade, a força resultante entre elas seria nula e, consequente-
CIÊNCIAS NATURAIS

mente, nada se moveria.


A tendência que um corpo tem de manter sua velocidade é chamada de inércia. Por isso, uma pessoa que se mexe
pouco ou que tem pouca iniciativa é chamada de inerte.

20
Essa propriedade da matéria pode ser observada em várias atividades cotidianas. Ela explica por que, por exemplo,
quando se está parado no interior de um ônibus e ele começa a se movimentar, se tem a sensação de estar sendo
jogado para trás, ou, quando um veículo está andando e para repentinamente, se tem a sensação de ser lançado para
frente, ou mesmo quando o automóvel em que se viaja faz uma curva, e você pode sentir que está sendo lançado para
fora dele.

Por isso é muito importante o uso do cinto de segurança. Ele evita que seu corpo continue em movimento, para
frente ou para o lado, e que você se machuque, caso o veículo faça movimentos muito bruscos.

2. 2ª lei de Newton

Você viu na 1a lei de Newton o que acontece quando a força resultante sobre um corpo é nula. Mas o que acontece,
então, quando a força resultante não é nula, ou seja, o que acontece quando há uma força resultante aplicada em um
corpo?
Se não há força resultante agindo em um corpo, sua velocidade permanece constante; portanto, quando houver
uma força resultante, sua velocidade vai variar.
É isso o que afirma a 2ª lei de Newton. Mais do que isso, ela diz o quanto a velocidade vai variar. Imagine duas caixas
de mesmo tamanho.
Uma delas está vazia e a outra cheia de tijolos. Sendo assim, a caixa vazia está muito mais leve do que a outra. Qual
delas será mais fácil de movimentar? O que a 2a lei de Newton afirma é que a mudança na velocidade de um corpo
depende de sua massa.
Quanto maior a massa, maior a sua inércia, ou seja, maior será a dificuldade de modificar a velocidade do corpo.
Sendo assim, é mais fácil movimentar a caixa vazia do que a caixa cheia de tijolos, não é mesmo? Em linguagem mate-
mática, diz-se que a mudança na velocidade é inversamente proporcional à massa do corpo.
Para uma força de mesma intensidade, quanto maior a massa, menor será a variação da velocidade. Como a gran-
deza física que mede a variação da velocidade é a aceleração, pode-se escrever que:

Sabendo que a variação da velocidade dividida pela variação do tempo é igual à aceleração do corpo é
possível escrever a 2ª lei de
CIÊNCIAS NATURAIS

Newton, em sua formulação matemática, desta maneira:

21
Por exemplo, se uma força resultante de 400 N for
aplicada em um carro de 1.000 kg, ele vai adquirir qual
aceleração? Utilizando a 2ª lei de Newton, tem-se:

Outro exemplo que se pode analisar é o de um carro


se movimentando a 100 km/h, quando colide contra um
muro. Qual é a força que atua sobre uma pessoa de 80 kg
que estiver em seu interior?

Se duas pessoas empurram um bloco de 100 kg sobre


uma superfície com atrito desprezível na mesma direção,
mas em sentidos opostos, com a da direita atuando com
uma força de 70 N, e a da esquerda, com uma força de 50
N, qual será a aceleração adquirida pelo bloco?

A situação é a seguinte: esse carro, que estava em


movimento, parou subitamente. Ele foi de 100 km/h a 0
km/h em aproximadamente 0,2 s. Inicialmente, é preciso
Note que, nesse caso, as forças têm sentido contrário; transformar a unidade da velocidade de km/h para m/s:
então a força resultante sobre o bloco será de 70 – 50 100 km equivalem a 100.000 m, e 1 h equivale a 3.600 s.
= 20 N, para a esquerda, já que a pessoa da direita está Então:
aplicando mais força. Portanto, de acordo com a 2ª lei de
Newton, tem-se que:

Ou seja, o carro vai de 28 m/s a 0 m/s (Δv = 28 m/s)


Porém, se os dois empurrarem na mesma direção e em 0,2 s. Portanto, sua aceleração é de:
sentido, com as mesmas forças citadas anteriormente, a
resultante será 70 + 50 = 120 N, e calcula-se a aceleração:
CIÊNCIAS NATURAIS

Como a massa da pessoa é de 80 kg, a força aplicada


pelo carro nela, durante a colisão, é de:

22
Essa força equivale a colocar um bloco com pouco Utilizando a 2a lei de Newton, é possível perceber que,
mais de 1 tonelada (t) sobre essa pessoa. como a massa da bola é bem menor do que a da parede,
a maior variação de velocidade acontece na bola, que
3. 3ª lei de Newton – Princípio da ação e reação acaba voltando, enquanto a parede praticamente não se
move.
Você já percebeu que para subir uma escada você faz A mesma coisa acontece quando uma pessoa anda.
força para baixo com as pernas? Que para fazer exercícios Sua ação é a de empurrar o chão para trás, então o chão
em uma barra você “puxa a barra para baixo”, mas acaba reage e a empurra para frente. Embora a força aplicada
subindo? E que, ao andar para frente, você faz força com no chão seja exatamente a mesma que o chão aplica nos
os pés para trás, como se estivesse empurrando o chão? pés, a resultante não é nula, pois, conforme foi dito ante-
Essas situações parecem contraditórias, pois, ao fazer riormente, não se podem somar forças que estão atuan-
força em um sentido, desloca-se para o sentido oposto. do em corpos diferentes. Uma pessoa aplica uma força
Como é possível explicar isso? no chão (ação da pessoa no solo) e o chão aplica uma
A resposta para essa questão é dada a partir da 3ª lei força nela (reação do solo sobre a pessoa). Como a mas-
de Newton, que afirma que as forças sempre aparecem sa do chão, ou seja, da Terra, é muito maior do que a de
aos pares. Ela estabelece que a toda ação corresponde uma pessoa, ele permanece praticamente com a mesma
uma reação. Essa reação possui a mesma intensidade e velocidade (parado), enquanto a pessoa vai para frente.
direção, mas sentido contrário. Ou seja, se um corpo A
aplica uma força sobre um corpo B, então o corpo B tam- 4. Lei da gravitação de Newton
bém aplica uma força no corpo A, de mesma intensidade,
mesma direção, mas em sentido contrário. Newton sabia que um corpo jogado para cima subia
durante certo tempo e depois caía. Se ele fosse lançado
para cima e para frente, como uma bala de canhão, além
de subir, ele iria para frente, descrevendo uma trajetó-
ria parabólica. Percebeu, então, que a bala caía na Terra
como se estivesse sendo atraída para ela por uma força.

Observe o exemplo a seguir, no qual uma bola bate


na parede. Note que as forças de ação e reação possuem
as seguintes características:

Imaginou, portanto, um experimento no qual atira-


va a bala do canhão com velocidades cada vez maiores.
Como a bala era atraída pela Terra para baixo, ela acaba-
va caindo, porém, cada vez mais longe.
Newton avaliou que, se a bala fosse lançada cada vez
com mais força, cairia cada vez mais longe, e que, se ela
fosse lançada com certa velocidade, seria atraída pela
Terra e “cairia” em direção ao solo, mas nunca chegaria
nele, como se ficasse caindo para sempre, sem alcançar o
chão. Dessa forma, a bala ficaria girando, em órbita, em
volta da Terra.

Têm a mesma intensidade (a força que a bola apli-


ca na parede tem o mesmo valor da força que a parede
aplica na bola);
têm a mesma direção (as duas forças são horizontais);
CIÊNCIAS NATURAIS

têm sentidos opostos (a bola “empurra” a parede para


a esquerda e a parede “empurra” a bola para a direita).

Um par de forças de ação e reação nunca se equilibra


(nunca se anula), pois as forças de ação e reação estão
aplicadas em corpos diferentes. No caso acima, a bola
exerce uma força na parede e a parede faz força na bola.

23
Assim, ele pôde concluir que o mesmo acontecia com ainda estarem presas a ela e não caírem: a força da gra-
a Lua. Ao mesmo tempo em que ela caía em direção à vidade entre a Terra e as pessoas (e tudo o que está em
Terra, ela andava para o lado, de tal maneira que nunca sua superfície) é suficientemente grande para mantê-las
encontraria o solo terrestre, ou seja, ela não colidiria com presas ao solo.
a Terra porque tinha movimento lateral. A Terra exerce uma força sobre o que está em sua
Se ela parasse de girar em torno do nosso planeta, volta, puxando tudo “para baixo”, ou melhor, para o seu
a Lua cairia no solo terrestre como uma pedra qualquer centro. Por isso, não faz sentido pensar que estamos de
abandonada no alto de um precipício. Newton então ana- cabeça para baixo em relação aos moradores do Japão,
lisou o movimento dos planetas e satélites, e observou por exemplo, pois, num planeta redondo, todos estão
que todos eles se moviam em torno de um corpo central “do lado de cima” da Terra, relativamente ao centro do
(os satélites em torno do planeta e os planetas em torno planeta.
do Sol), concluindo que todos deviam se atrair com uma
força chamada força gravitacional, que dependia:

- diretamente da massa dos corpos envolvidos: quan-


to maior a massa deles, maior seria a força de atra-
ção; e
- inversamente da distância: quanto mais afastados
estivessem os corpos, menor seria a intensidade
dessa força.

Isso também permite diferenciar os conceitos de


massa e peso. A massa é uma característica do corpo que
tem um valor universal, ou seja, tem o mesmo valor em
qualquer lugar do espaço. Mas o peso não. O peso é uma
força; é a força que a Terra aplica em um corpo que esteja
suficientemente próximo dela, ou seja, o peso é a força
com que um planeta (no caso, a Terra) puxa um corpo
Utilizando os dados disponíveis, ele percebeu que a para o seu centro.
relação com a distância é quadrática, ou seja, a força gra- Portanto, embora a massa de uma pessoa qualquer
vitacional varia com o inverso do quadrado da distância não mude se ela circular em diferentes astros, seu peso
entre os corpos envolvidos. Essa força atua sobre todos pode se alterar. Na Lua, por exemplo, ela será seis ve-
os corpos que têm massa, sejam eles celestes ou terres- zes mais leve, mas, em Júpiter, duas vezes e meia mais
tres. Em linguagem matemática, pode-se escrever que: pesada, embora sua massa não se altere. A força gravi-
tacional, junto com a rotação da Terra, também ajuda a
entender o fenômeno das marés.
Como a água é fluida, ela pode se deslocar sobre a
superfície da Terra de acordo com a ação da força gravi-
tacional tanto da Lua quanto do Sol, além da gravitação
terrestre. A força gravitacional “puxa” a água que se con-
centra na direção do Sol e da Lua. Quando eles estão ali-
Isso explica por que, quando o planeta está mais pró- nhados, acontecem as marés altas mais altas (chamadas
ximo do Sol, essa força aumenta e ele passa a se deslocar maré de sizígia) e, quando estão em quadratura, ou seja,
mais rápido enquanto esse aumento de aceleração agir formando um ângulo de 90º (com a Terra como vértice),
sobre ele. acontecem as marés altas menores.
Da mesma forma, quando o planeta está mais longe,
ele se move mais lentamente em torno do Sol. Isso expli-
ca a 2ª e a 3ª leis de Kepler1 e por que os planetas mais
distantes como Marte, Júpiter e Saturno têm períodos de
translação maiores do que a Terra, mas Mercúrio e Vênus
têm períodos menores.
CIÊNCIAS NATURAIS

Por meio da lei da gravidade, Newton conseguiu ex-


plicar como a Terra pode ser redonda e estar em movi-
mento e mesmo assim as pessoas, em qualquer lugar,
1 Concluiu que as órbitas não eram circulares como se pensava,
mas sim elípticas (ovais). Além disso, concluiu que a velocidade or-
bital dos planetas não era constante e que existia uma relação ma-
temática entre a distância a que um planeta está do Sol e o período
de translação dele.

24
A lei da gravitação universal de Newton permitiu
prever a existência de novos planetas no Sistema Solar.
Com o desenvolvimento de lunetas e telescópios cada
vez mais potentes, também foi possível mapear suas
trajetórias com mais precisão e descobrir outro planeta,
batizado de Urano. Porém, Urano nunca era encontra-
do onde as leis de Kepler previam, e alguns astrônomos
começaram a desconfiar da existência de outro planeta
que, com sua força gravitacional, estaria modificando a
trajetória de Urano. Utilizando as leis de Newton sobre
gravitação, o astrônomo francês Le Verrier calculou onde
deveria estar o astro que modificava a trajetória de Ura-
no, e outros astrônomos localizaram um novo planeta,
Netuno, apontando seus telescópios para o local indica-
do pelo cientista francês.
Com isso, as leis de Newton ganharam definitivamen-
te o status de teoria válida para explicar o movimento
dos corpos. Com a evolução tecnológica, muitas novida-
des foram descobertas no céu.
Atualmente, sabe-se que o Universo é muito maior EXERCÍCIOS COMENTADOS
do que aquele conhecido pelos gregos, e mesmo pela
humanidade, até a época de Copérnico, Galileu, Kepler 1.(ENEM 2009) O ônibus espacial Atlantis foi lançado
ou Newton. O modelo heliocêntrico é válido para o Sis- ao espaço com cinco astronautas a bordo e uma câme-
tema Solar, ou seja, o Sol é uma estrela entre muitas ou- ra nova, que iria substituir uma outra danificada por um
tras e tem seu sistema planetário formado pelos planetas curto-circuito no telescópio Hubble. Depois de entrarem
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e em órbita a 560 km de altura, os astronautas se aproxi-
Netuno, cada um com sua(s) lua(s), exceto por Mercúrio maram do Hubble. Dois astronautas saíram da Atlantis e
e Vênus, que não as têm. se dirigiram ao telescópio. Ao abrir a porta de acesso, um
Por sua vez, o Sol faz parte de um conjunto muito deles exclamou: “Esse telescópio tem a massa grande,
grande de estrelas que formam uma galáxia, chamada mas o peso é pequeno.”
Via Láctea. Esta, por sua vez, é uma entre muitos bilhões
CIÊNCIAS NATURAIS

de galáxias espalhadas pelo Universo, tudo isso interliga-


do por meio da força gravitacional.

25
c) Menor que P, enquanto o elevador sobe do primeiro
ao quinto andar.
d) Igual a P durante todo o trajeto.
e) Igual apenas no instante em que o elevador chega ao
quinto andar.

Resposta: Letra A. Ótima questão teórica, que nos faz


lembrar a primeira e segunda lei de Newton. Para o
elevador sair do repouso até sua velocidade de subi-
da constante, é necessária uma aceleração, da mesma
forma que para parar no quinto andar, será necessária
uma desaceleração. Assim, nessas situações, pela se-
gunda lei de Newton, deverá existir uma força resul-
tante maior que P no primeiro andar (para o elevador
acelerar para cima) e menor que P no quinto andar
(para ele parar). Durante o período de velocidade
Considerando o texto e as leis de Kepler, pode-se afir- constante, pela primeira lei, a resultante é nula e assim
mar que a frase dita pelo astronauta a força do elevador será igual a P.

a) se justifica porque o tamanho do telescópio determina TIPOS DE FORÇAS E O PLANO INCLINADO


a sua massa, enquanto seu pequeno peso decorre da No estudo da mecânica clássica, existem diversos ti-
falta de ação da aceleração da gravidade. pos de forças de diferentes naturezas. É importante saber
b) se justifica ao verificar que a inércia do telescópio é as características de cada uma elas, para saber se a mes-
grande comparada à dele próprio, e que o peso do ma está aplicada ou não em um corpo. A seguir, seguem
telescópio é pequeno porque a atração gravitacional os diversos tipos de forças existentes:
criada por sua massa era pequena.
c) não se justifica, porque a avaliação da massa e do FORÇA PESO
peso de objetos em órbita tem por base as leis de Ke- A Força Peso, geralmente representada pela letra P, é
pler, que não se aplicam a satélites artificiais. de natureza gravitacional, ou seja, existe devido a atração
d) não se justifica, porque a força-peso é a força exercida de dois corpos com massa. Um deles normalmente é o
pela gravidade terrestre, neste caso, sobre o telescó- planeta Terra, onde vivemos, mas isso pode ser diferen-
pio e é a responsável por manter o próprio telescópio te se os problemas forem no espaço. Neste caso, existe
em órbita. um conteúdo da Física específico, chamado gravitação
e) não se justifica, pois a ação da força-peso implica a universal.
ação de uma força de reação contrária, que não existe Nos problemas de mecânica, a força peso será sim-
naquele ambiente. A massa do telescópio poderia ser plesmente um vetor, posicionado na direção vertical e
avaliada simplesmente pelo seu volume. para baixo. Seu módulo é calculado a partir do produto
da massa do corpo pela aceleração da gravidade g, as-
Resposta: Letra D. A sensação de ausência de peso sim:
dita pelo astronauta não é causada pela falta de gra-
vidade, mesmo porque nesta região (560 km de altu-
ra) é de 90% da gravidade na superfície terrestre. O
que acontece é que o astronauta sente o peso apa-
rente do telescópio, resultante da subtração da força
peso (centrípeta) pela centrífuga gerada pela rotação 𝑃 = 𝑚𝑔
do telescópio em torno da Terra. Portanto o peso do
telescópio não é pequeno e a frase não se justifica.
Cada corpo terá sua própria força peso, assim, quan-
2.(CESGRANRIO 2017) Uma carga é colocada em um do o problema tiver mais de um corpo, quando o diagra-
elevador, que está parado no primeiro andar de um pré- ma de corpo livre de cada um for montado, deve-se con-
dio. Esse elevador sobe do primeiro ao quinto andar com siderar as forças peso individualmente em cada um deles.
velocidade constante, sendo acelerado ao iniciar seu mo-
vimento no primeiro andar e desacelerado ao chegar ao FORÇA NORMAL OU DE CONTATO
quinto andar até parar. A Força Normal só perde para a Força Peso em ter-
Se a carga conduzida pesa P newtons, a força que ela mos de popularidade, mas apresenta uma característi-
CIÊNCIAS NATURAIS

exerce no piso do elevador é ca interessante em relação a sua direção de aplicação.


Primeiramente, vamos explicar a sua natureza: As Forças
a) Maior que P no instante em que o elevador começa a Normais aparecem quando há contato entre dois corpos
subir, no primeiro andar. ou entre um corpo e uma superfície. Vejam os exemplos
b) Maior que P no instante em que o elevador chega ao a seguir:
quinto andar.

26
#FicaDica

I) II) Neste segundo caso, observa-se claramente


a terceira lei de Newton, já que as forças de
contato entre os blocos A e B são de mesma
natureza e são devidas ao contato entre eles.

No quarto caso, temos os dois blocos apoiados no


plano horizontal, assim cada um terá sua força normal
correspondente com a superfície. Além disso, como há
III) IV) V) o contato entre eles, também aparecerá uma normal nos
blocos, na direção horizontal, já que o contato desta vez
Tem-se 5 casos: Corpo apoiado em superfície hori- é no plano vertical.
zontal, corpo apoiado em plano inclinado, dois corpos Por fim, o quinto caso, que mantém a verdade da for-
um sobre o outro, apoiados em superfície horizontal, ça normal ser aplicada perpendicularmente a direção de
dois corpos apoiados na superfície e encostados e por contato. Como desta vez o contato é no plano vertical, a
último, um corpo apoiado em uma superfície vertical. normal deverá ser aplicada no plano horizontal e com a
Agora, vejam como fica a aplicação apenas das forças direção de separação do contato, ou seja, para a direita,
de contato nos diagramas de corpo livre dos exemplos: nesse caso.

#FicaDica
É por causa dessa força normal e do atrito na
parede que conseguimos segurar um corpo
I) II) III) apoiado na parede, exercendo uma força
horizontal.

FORÇA TRAÇÃO
A Força de Tração tem a natureza de existência devi-
do a presença de um fio ou um cabo. Geralmente esse
IV) V) cabo é inextensível, ou seja, não se deforma, e possui
massa desprezível. Logo, a tração é apenas uma força
Observando os 5 casos, é possível verificar que a na- transmitida pelo cabo e terá sempre a direção do mes-
tureza da força normal será sempre perpendicular ao pla- mo. A diferença estará no sentido, que deve ser sempre
no de contato entre os corpos ou superfícies. na idéia de “puxar” o corpo. Veja os exemplos:
No primeiro exemplo, temos o contato entre o corpo
e a superfície no plano horizontal, assim, a força normal
será aplicada na perpendicular (vertical) e na direção de
afastamento das superfícies, ou seja, como a superfície
está abaixo do bloco, então a normal deve ser para cima,
para afastá-los. I) II)
Para o caso do plano inclinado, a questão principal
permanece, será perpendicular ao plano de contato, as-
sim, a força normal também se inclina junto com o plano,
diferentemente da força peso que será sempre vertical e
para baixo.
No terceiro caso, temos mais de uma força normal.
A primeira, para o bloco A é idêntica ao primeiro caso, III) IV)
com contato na superfície horizontal, já a segunda, vem
do contato dos blocos A e B. Como o plano de contato
também é horizontal, as duas forças são verticais. A dife-
rença está no sentido pois a convenção é sempre aplicar
no sentido dos corpos se afastarem.
V)
CIÊNCIAS NATURAIS

No primeiro caso, temos um corpo suspenso por um


fio na vertical. Já o segundo, é um corpo preso a um fio na
horizontal; o terceiro caso é um corpo preso a outro, atra-
vés de um fio; o quarto caso é um corpo preso a um fio no
plano inclinado e no quinto, um corpo preso a dois fios.
Vejam como ficam as forças de tração aplicada aos corpos:

27
I) II) III)

No caso da mola estendida para a direita, a força de


restauração será para a esquerda. Já no terceiro caso,
IV) V)
com a contração sendo para a esquerda, a força elástica
será para a direita, restaurando o comprimento original
Observando os diagramas de corpo livre, percebe-se
do primeiro caso.
a característica fundamental da Força de Tração, que é
a força estar aplicada exatamente na direção do fio. O Para se calcular a força elástica, considera-se sempre
sentido, por convenção será com a intenção de puxar o por hipótese, que a mola tem comportamento linear, ou
corpo. No primeiro caso, como o fio está na vertical e seja, o quanto se estende ou se contrai da mesma é pro-
suspende o corpo, a tração será aplicado ao corpo no porcional a força elástica. Essas duas variáveis são ligadas
sentido para cima. No segundo, como está prendendo através da constante da mola, que é um parâmetro em
o corpo na horizontal, ela irá impedir que o mesmo vá função da geometria e do material que é feito o dispo-
para a direita, assim, a força será para a esquerda. No sitivo. Com isso, define-se a Lei Hooke para o cálculo de
terceiro caso, temos diferentes situações para os corpos uma força devida ao estímulo de uma mola:
A e B. Como o corpo A está pendurado, sua força será 𝐹𝑒𝑙 = 𝑘𝑥
vertical para cima e o corpo B por estar sendo puxado
pelo fio preso a A, terá sua tração apontada para a di- Onde Fel é a força elástica, k é a constante da mola e
reita. No quarto caso, temos um plano inclinado, onde x é o quanto a mola se estendeu/contraiu em relação ao
a força segue a direção do fio e por fim, o quinto, onde comprimento original.
cada fio tem sua força de tração particular apontada para
a direção dos mesmos, apresentará duas forças inclina-
das que deverão ser decompostas nas direções vertical e FIQUE ATENTO!
horizontal para serem solucionadas. O erro mais comum quando se estuda força
elástica é achar que x é o comprimento total
FORÇA ELÁSTICA da mola, mas não é. Supondo uma mola de
A força elástica é caracterizada pela presença de uma 10 cm de comprimento e foi contraída para
mola. A mola é um dispositivo armazenador de energia, 7 cm. Nesse caso, x= 10-7= 3cm, ou seja, a
devido a seu poder de contração e extensão. Quando a mola contraiu 3 cm.
mola é estimulada a um desses movimentos, ela armaze-
nará a energia, para depois devolvê-la no sentido con-
trário, ou seja, se a mola se estender, ela terá a tendência
FORÇA DE RESISTÊNCIA – ATRITO
de se contrair para restaurar o comprimento inicial; já o
As forças de resistência tem por característica funda-
contrário, se a mola se contrair, ela terá a tendência de se
mental, como o próprio nome diz, resistir ao movimento
estender, até restaurar o comprimento inicial. Vejam os
do corpo. O atrito é um exemplo dessas forças e será
exemplos a seguir:
sempre contrário a tendência do movimento. Além dis-
so, o atrito possui duas naturezas, estático e dinâmico,
vamos a elas:
Atrito estático. Neste tipo de atrito, a força tem a ten-
dência de manter o corpo em repouso, ou seja, parado.
O atrito estático, equilibra com a força que está sendo
aplicada ao corpo, deixando a resultante nula. Veja o
exemplo:
Temos três casos, sendo de cima para baixo, a mola
CIÊNCIAS NATURAIS

em sua posição original, no meio, a mola estendida e


embaixo, a mola contraída. No primeiro, a Força Elástica
será nula, uma vez que a mola não sofreu contração ou
extensão, já no segundo e terceiro casos, vejam o diagra-
ma de corpo livre: Na figura, temos um bloco em uma superfície com
atrito, com uma força F aplicada ao mesmo. Observa-se
que o corpo permanece em repouso. O que ocorre?

28
Neste caso, para o corpo permanecer em repouso, a
primeira lei de Newton deve valer, ou seja, a resultante
das forças deve ser nula. Para isso, existe uma força de
mesma magnitude de F, mas em sentido oposto. Essa
força é o atrito estático:

Como praticamente todos os problemas estudados


na mecânica clássica estão localizados no planeta Terra,
a força peso (gravitacional) sempre aparecerá. Adicional-
Porém, o atrito estático tem um limite, que é calcula- mente, devido ao contato entre o corpo e a superfície,
do da seguinte maneira: aparece uma força Normal. Além disso, deve-se indicar a
𝑓𝑎𝑡𝑒 = 𝜇𝑒 . 𝑁 força F aplicada na horizontal.
Este foi um exemplo simples, agora vamos considerar
Onde 𝜇𝑒 é o coeficiente de atrito estático, dado em um mesmo problema, mas com 2 blocos, A e B
função da superfície e N é a força normal do corpo com
a superfície de contato.
Se F ultrapassar o limite do atrito estático, o corpo
irá se movimentar. Porém, o atrito não deixará de existir,
apenas mudará de natureza, passando de atrito estático
para atrito dinâmico. Neste caso, temos a força F aplicada ao corpo A que
O atrito dinâmico é calculado pela mesma fórmula do por sua vez irá empurrar o corpo B. Considerando nova-
atrito estático, com a diferença que seu coeficiente é di- mente a superfície horizontal sem atrito, veja como fica
ferente, assim: os diagramas de corpo livre dos elementos A e B:
𝑓𝑎𝑡𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁

Onde
𝑓𝑎𝑡 é o coeficiente de atrito dinâmico, que sempre
𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁
é menor que o atrito estático 𝜇𝑒 . . Devido a esse fato que
quando estamos arrastando um móvel, é mais difícil reti-
rá-lo do lugar do que continuar empurrando o mesmo.

#FicaDica
Se observarmos os dois diagramas, certamente não
O atrito estático pode variar de valor, haverá dúvidas sobre as aplicações das forças normais e
até chegar ao limite que é calculado por peso. O que pode gerar alguma confusão é a presença
𝑓𝑎𝑡𝑒 = 𝜇𝑒 . 𝑁. Após esse limite, o corpo irá das forças 𝐹𝐴𝐵 e 𝐹𝐵𝐴 e o fato da força F não estar apli-
se movimentar e o atrito será o dinâmico, car no corpo B.
que será constante e igual a 𝑓𝑎𝑡𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁 . A explicação é simples. Primeiramente, uma força
aplicada ao corpo é única e exclusivamente aplicada a
DIAGRAMA DE CORPO LIVRE ele, ou seja, qualquer corpo em contato não irá receber
No estudo de forças aplicadas a um corpo, pode ha- necessariamente a força F como consequência do movi-
ver casos onde a quantidade de vetores é alta e isso pode mento. Assim, o corpo A irá aplicar uma força diferente
gerar alguma confusão. Para evitar esse tipo de proble- em B, que é a força 𝐹𝐴𝐵 . Mas e a força 𝐹𝐵𝐴 ?
ma, criou-se uma estratégia, chamada Diagrama de cor- Se você recordar o enunciado da terceira lei de Ne-
po livre. A idéia baseia-se em isolar o corpo de superfí- wton, quando um corpo aplica uma força em outro, ele
cies e corpos e nele colocar apenas as forças que estão recebe de volta a mesma com direção oposta. Logo, Se A
sendo aplicadas ao mesmo. Veja o exemplo a seguir: aplica uma força em B, receberá como reação, a mesma
força em sentido contrário, assim: 𝐹𝐴𝐵 = −𝐹𝐵𝐴 .
Dados esses exemplos, o diagrama de corpo livre se
mostra importante justamente para avaliar se a pessoa
consegue identificar corretamente as forças e aplica-las
Na figura, temos um corpo apoiado em uma superfí- nos corpos corretos. Se esse procedimento é bem domi-
cie plana horizontal, sem atrito. Uma força F está sendo nado, a aplicação da segunda lei de Newton para calcular
aplicada nele na direção horizontal. Neste caso, o dia- a aceleração dos corpos se torna trivial.
grama de corpo livre será apenas do corpo, sem a super-
CIÊNCIAS NATURAIS

fície horizontal, e serão indicadas as forças atuantes nele:

29
a) 120
#FicaDica b) 180
Muitas questões do Enem e concursos pú- c) 240
blicos podem tratar sobre sincretismo na d) 288
cultura brasileira, que não quer dizer apenas e) 324
aspectos religiosos, mas cultural como um
todo. Resposta: Letra D. Essa questão remete exatamente
o que foi discutido no conceito do diagrama de cor-
po livre. Montando o diagrama de corpo livre dos três
PLANO INCLINADO blocos, temos:
Em um corpo apoiado sobre um plano inclinado, sem
atrito, atuam as seguintes forças, conforme figura abaixo:

É comum decompor a força Peso em duas compo-


nentes: uma componente paralela ao plano inclinado
e uma perpendicular a ele. São elas, respectivamente,
(peso tangencial) e (peso relativo à normal). As compo-
nentes estão exibidas abaixo:

Com as massas dos corpos, pode-se calcular suas


forças peso e igualá-las as forças normais, uma vez que
na vertical, temos equilíbrio, assim: N_P=P_P=120N, N_
Q=P_Q=180N e N_R=P_R=300N. A partir das forças nor-
mais e com os coeficientes de atrito, pode-se calcular as
Cada uma delas pode ser calculada da seguinte forma: respectivas forças: fat_p=μ.N_p=24 N, fat_Q=μ.N_Q=36N
e fat_R=μ.N_R=60N. Como não temos os valores das for-
𝑃𝑡 = 𝑃. sen 𝜃 ças de contato entre os corpos, não é possível achar a
aceleração do conjunto isoladamente. Será necessário
𝑃𝑛 = 𝑃. cos 𝜃 um sistema de 3 equações e 3 incógnitas, lembrando que

Para um corpo apoiado sobre um plano inclinado


tem-se que: N=Pn
e :
Observação Importante: Quando um corpo está
apoiado sobre um plano inclinado, a força normal não
é igual à forma peso, mas sim à componente normal da
força peso, Pn.
e :

EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resolvendo, tem-se que ,
1.(CESGRANRIO 2014) Considere três blocos que se
movem sobre uma superfície horizontal em virtude da a = 4m/s 2, FQP = 288 N e FRQ = 180N.
ação de uma força horizontal de módulo 360 N, como
mostra a Figura abaixo. 2.(IBFC 2017) Um corpo de massa 10 Kg desce um plano
inclinado que faz um ângulo α (alfa) com o plano hori-
zontal. O coeficiente de atrito entre as superfícies é de
0,4. Dados g = 10 m/s² , sen α = 0,8 e cos α = 0,6. A ace-
CIÊNCIAS NATURAIS

leração do corpo é igual a:

As massas dos blocos P, Q e R valem, respectivamente, a) 1,4 m/s2


12,0 kg, 18,0 kg e 30,0 kg, e o valor do coeficiente de b) 2,8 m/s2
atrito cinético entre os blocos e a superfície é 0,200. O c) 5,6 m/s2
módulo da força de interação entre os blocos P e Q, em d) 7,2, m/s2
N, é () e) 8,3 m/s2

30
Resposta: Letra C: A resultante de forças que atua sobre o TRABALHO DA FORÇA PESO
corpo é igual a : 𝐹𝑅 = 𝑃𝑡 − 𝐹𝑎𝑡 = 𝑃. sen 𝜃 − 𝜇𝑁 . Como
Quando um corpo de massa está em queda livre, ou
a força normal é igual à componentes normal da força peso, desloca-se sobre um plano inclinado, ou em trajetórias
nas quais ele realize algum deslocamento vertical (come-
vem: 𝐹𝑅 = 𝑃. sen 𝜃 − 𝜇𝑃𝑛 = 𝑃. sen 𝜃 − 𝜇𝑃. cos 𝜃 ço e final do movimento em alturas diferentes) há reali-
Substituindo valores, a força resultante é zação de trabalho pela força peso. A força peso é uma
força conservativa, ou seja, o trabalho dela independe da
𝐹𝑅 = 10.10.0,8 − 0,4.10.10.0,6 = 80 − 24 = 56 𝑁 . trajetória do corpo e depende somente dos pontos final
Aplicando a segunda lei de Newton: e inicial da trajetória. Nesse caso, importa apenas, para
o cálculo do trabalho da força peso, a altura inicial e a
𝐹𝑅 = 𝑚. 𝑎 → 56 = 10. 𝑎 → 𝑎 = 5,6 𝑚 ⁄𝑠 ² altura final.

TRABALHO DE UMA FORÇA

O trabalho de uma força é definido como a quantida-


de de energia necessária para que essa força provoque
um deslocamento em um móvel. O trabalho, denotado
pela letra grega “tau” , é função do deslocamento d e da
força aplicada sobre o corpo. Seja uma força F aplicada a
um corpo e deslocando-o de uma distância d, conforme
figura abaixo:
O trabalho da força peso é calculado como:
𝜏 = 𝑚. 𝑔. 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝐻𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙

#FicaDica
A fórmula acima pode parecer estranha,
O trabalho é calculado por: 𝜏 = 𝐹. 𝑑. cos 𝜃. A uni-
mas é isso mesmo: diferença entre altura
dade de trabalho, no SI, é o Joule (J).
inicial e final, nessa ordem. É uma caracte-
rística do trabalho de forças conservativas
𝜏 =O𝐹.ângulo
𝑑. cos 𝜃. é o ângulo formado entre a direção do
deslocamento e a linha de ação da força. Ele pode variar
de 0 a 180°. O que muda nesses casos? Assim, quando o corpo está “subindo” 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 < 𝐻𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙
Quando 0 ≤ 𝜃 < 90 , a força é favorável ao movimen- o trabalho da força peso é negativo. Já quando o corpo
to, ou seja, tem alguma de suas componentes na direção está “descendo” 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 > 𝐻𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 , o trabalho da força
do deslocamento. Assim, diz-se que o trabalho de uma peso é positivo.
força nessas condições é positivo 𝜏 > 0 . Recebe o nome
de trabalho motor. TRABALHO DA FORÇA ELÁSTICA 𝑘Δ𝑥 2
Quando 90 < 𝜃 ≤ 180 , a força é desfavorável ao mo- O trabalho realizado pela força elástica, 𝜏𝐹𝑒𝑙 ,=depen-
2
vimento, ou seja, tem alguma de suas componentes na de da constante elástica da mola e do elongamento da
direção contrária ao deslocamento. Assim, diz-se que o mola Δ𝑥 . O trabalho é calculado da seguinte forma:
trabalho de uma força nessas condições é negativo 𝜏 < 0
. Recebe o nome de trabalho resistente. 𝑘Δ𝑥 2
𝜏𝐹𝑒𝑙 =
E quando 𝜃 = 90°? 2

FIQUE ATENTO! ENERGIA


Energia é um conceito comum a todos nós pois lida-
Quando 𝜃 = 90°?, o trabalho é nulo! Ou seja, mos com energia diariamente. Energia elétrica, energia
quando a força é perpendicular à direção solar, energia dos alimentos, enfim, diferentes formas de
do deslocamento ela não realiza trabalho. energia. Aqui serão apresentadas formas de energia rela-
Um exemplo disso é um corpo se deslocan- tivas ao ramo da Mecânica.
do sobre um plano sob ação de uma força Energia Cinética
CIÊNCIAS NATURAIS

F. Nessas condições a sua força peso é per- É a forma de energia associada ao movimento. Um
pendicular à direção do deslocamento e não corpo de massa em movimento com velocidade possui
realiza trabalho. 𝑚𝑣 2
energia cinética 𝐸𝑐 =igual a:
2
𝑚𝑣 2
𝐸𝑐 =
2

31
Energia Potencial Gravitacional
É a forma de energia associada ao trabalho da força #FicaDica
peso. Um corpo de massa que está a uma altura de um
plano horizontal de referência possui energia potencial As duas formas de calcular o trabalho da for-
gravitacional 𝐸𝑝 =
igual
𝑚. 𝑔.a:ℎ ça resultante são equivalentes. A primeira é
mais apropriada quando a força resultante é
𝐸𝑝 = 𝑚. 𝑔. ℎ conhecida ou fácil de ser calculada. Já a se-
gunda, é mais apropriada quando os traba-
Energia Potencial Elástica lhos de cada uma das forças que atua sobre
É a forma de energia associada ao trabalho da força o corpo são conhecidos.
elástica. Uma mola de constante elástica comprimida/
𝑘Δ𝑥 2
estendida em Δ𝑥 , possui energia potencial elástica 𝐸𝑝𝑒𝑙 = O Teorema da Energia Cinética (TEC) diz que:
2
igual a:
𝜏𝐹𝑅 = Δ𝐸𝑐
𝑘Δ𝑥 2
𝐸𝑝𝑒𝑙 = 𝜏𝐹𝑅 = 𝐸𝑐𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
2

Energia Mecânica
É a energia de um corpo que corresponde à soma da
energia cinética e de todas as formas de energia poten-
ciais. A energia mecânica 𝐸𝑚 =de𝐸𝑐um
+ 𝐸corpo
𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙é igual a: onde 𝑣𝑓 e 𝑣𝑖 são, respectivamente, as velocidades fi-
nal e inicial do corpo.
𝐸𝑚 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙
POTÊNCIA
Evidentemente,
𝐸𝑚 =a𝐸parcela
𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙 só irá existir em siste- Para entender o conceito de potência e sua relação
mas onde haja mola(s). com trabalho, vamos dar um exemplo prático. Duas pes-
soas vão arrastar, cada uma, um bloco. A força necessária
CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA para arrastar esse bloco é de 1000 N. Uma das pessoas
Um sistema é dito conservativo quando agem sobre consegue arrastar esse bloco por enquanto outra pes-
ele forças conservativas. Em linhas gerais, um sistema é soa consegue arrastá-lo por 5 m. Qual das duas pessoas
conservativo quando não há forças dissipativas (resistên- “gastou” mais energia?
cia do ar, atrito, perdas) nem forças que acrescem energia Olhando para as duas, ambas realizaram a mesma
ao sistema. Quando o sistema é conservativo, a energia força (1000 N) pois ambas conseguiram arrastar o bloco.
mecânica é constante. Considerando, por exemplo, um Porém cada uma delas arrastou o bloco por uma distân-
carrinho em uma montanha russa desprezando-se todas cia diferente e realizaram, portanto, trabalhos diferentes.
as formas de perdas. O carrinho da montanha russa vai A energia “gasta” por cada pessoa é igual ao trabalho da
de um ponto A para um ponto B. Como não há perdas, força.
diz-se que o sistema é conservativo e, portanto, a energia Assim, a pessoa que arrastou o bloco por 5 metros
mecânica se conserva. realizou um trabalho maior. Mas consideremos o mesmo
caso novamente. Porém, agora, as duas pessoas arrastam
o bloco por 5 metros. A diferença é que uma pessoa le-
vou 2 segundos para arrastar o bloco e a outra levou 5
segundos. Quem realizou o maior trabalho?
Nenhuma! Pois ambas arrastaram o bloco (mesma
força) pela mesma distância e, portanto, realizaram o
mesmo trabalho. Qual a diferença? Cada uma realizou
esse trabalho com uma potência diferente! Então, com
Assim, vale: 𝐸𝑚
𝐴 𝐵
= 𝐸𝑚 isso define-se potência como a taxa de realização de tra-
𝐴 𝐴 𝐵 𝐵 balho ou simplesmente a razão entre trabalho e o tempo
Ou seja: 𝐸𝑝 + 𝐸𝑐 = 𝐸𝑝 + 𝐸𝑐 gasto na realização de trabalho:
𝜏
TEOREMA DA ENERGIA CINÉTICA 𝑃𝑜𝑡 =
Δ𝑡 𝜏
Esse teorema relaciona o trabalho da força resultante 𝑃𝑜𝑡 =
(ou trabalho resultante) com a variação da energia ciné- como a unidade de 𝜏 é J e a unidade de Δ𝑡 é s, a
𝑃𝑜𝑡 é=o Watt (W).
unidade de potência Δ𝑡
CIÊNCIAS NATURAIS

tica de um corpo. Define-se trabalho da força resultante


como o produto da força resultante pelo deslocamen-
to do corpo: 𝜏𝐹𝑅 = 𝐹𝑅 . 𝑑 ou como a somatória do tra-
balho de cada uma das forças que atua sobre o corpo:
𝜏𝐹𝑅 = 𝜏𝐹1 + 𝜏𝐹2 + ⋯

32
𝑄 = 𝑚. 𝑣⃗
EXERCÍCIOS COMENTADOS onde𝑄 = 𝑚. 𝑣é⃗ a massa do corpo e 𝑣⃗ é a velocidade do
𝑄 = 𝑚.
corpo. Também é uma grandeza vetorial, com intensi-
1.(ENEM 2010) Com o objetivo de se testar a eficiência de dade igual a 𝑄𝑄 = = 𝑚. ⃗⃗ e direção e sentido iguais aos da
𝑚.𝑣𝑣
fornos de micro-ondas, planejou-se o aquecimento em 10 velocidade.
𝑚
A unidade da quantidade de movimento é
ºC de amostras de diferentes substâncias, cada uma com o 𝑘𝑔. 𝑠 .
determinada massa, em cinco fornos de marcas distintas.
Nesse teste, cada forno operou à potência máxima. Teorema do Impulso
O forno mais eficiente foi aquele que O Teorema do Impulso relaciona o impulso da força
resultante que atua sobre um corpo com a variação da
a) forneceu a maior quantidade de energia às amostras. quantidade de movimento desse corpo. Em resumo, o
b) cedeu energia à amostra de maior massa em mais impulso da força resultante faz com que a quantidade de
tempo. movimento desse corpo varie. Assim: 𝐼⃗𝑅 = Δ𝑄 = 𝑄𝑓 − 𝑄𝑖
c) forneceu a maior quantidade de energia em menos
tempo. Conservação da Quantidade de Movimento
d) cedeu energia à amostra de menor calor específico Para enunciar o princípio de conservação da quanti-
mais lentamente. dade de movimento, é necessário definir o conceito de
e) forneceu a menor quantidade de energia às amostras sistema isolado. Um sistema isolado é todo sistema com-
em menos tempo. posto por mais de um corpo no qual não há atuação de
forças externas. Por isso o nome “isolado”, pois o sistema
Resposta: Letra C. A eficiência do forno é a razão en- é isolado de forças externas. Em um sistema isolado, há
tre a quantidade de calor (energia) cedida pelo tem- somente forças internas ou, quando há forças externas
po para ceder este calor, independente da massa da elas são tão pequenas que podem ser desprezadas.
substância. Quanto maior esta razão, maior a efici-
ência do forno micro-ondas, ou seja, é mais eficiente
aquele forno que forneceu maior quantidade de ener- FIQUE ATENTO!
gia em menos tempo.
Em um sistema isolado, a força resultante FR
é nula e, consequentemente, seu impulso IR
2.(IBFC 2017) Uma força realiza trabalho de 40 J, atuan-
também é.
do sobre um corpo na mesma direção e no mesmo sen-
tido do seu deslocamento. Sabendo que o deslocamento
é de 10 m, a intensidade da força aplicada é igual a:
O princípio de conservação da quantidade de movi-
a) 4 N mento estabelece que em um sistema isolado a quanti-
b) 8 N dade de movimento se conserva, ou seja, a variação da
c) 12 N quantidade de movimento é nula:
d) 16 N
e) 20 N Δ𝑄 = 0 → 𝑄𝑓 = 𝑄𝑖

Resposta: Letra A. Aplicação direta da definição de Choques


trabalho: 40 Choques (ou colisões) são interações entre corpos
𝜏 = 𝐹. 𝑑 → 40 = 𝐹. 10 → 𝐹 =
10
=4𝑁 onde cada um exerce uma força sobre o outro. Aqui ire-
mos considerar colisões como sistemas isolados e, por
IMPULSO, QUANTIDADE DE MOVIMENTO E consequência disso, em todos os choques a quantidade
CHOQUES de movimento irá se conservar, ainda que a energia me-
cânica não se conserve necessariamente.
IMPULSO DE UMA FORÇA É possível classificar os choques em três categorias. A
O impulso de uma força é definido como o produto seguir serão apresentadas todas elas. Para tal, considera-
dessa força pelo tempo
𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡 𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡 em que ela é aplicada. De- remos dois corpos A e B, de massas ma e mb, com velo-
nota-se da seguinte forma: cidades va e vb antes do choque e velocidades 𝑣𝐴′ e 𝑣𝐵′
e após o choque. Os tipos de choques são os seguintes:
𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡
O impulso é uma grandeza vetorial, possui direção,
sentido e intensidade. A intensidade é calculada pelo
CIÊNCIAS NATURAIS

i)
produto 𝐼 = 𝐹Δ𝑡 , a direção e o sentido são os mesmos
da força. A unidade do impulso, no SI, é N.s .

QUANTIDADE DE MOVIMENTO
A quantidade de movimento Q de um corpo é defini-
da da seguinte forma:

33
ii)

iii)

Perfeitamente elásticos: choques nos quais ocorre conservação da energia cinética


Parcialmente elásticos: choques nos quais há dissipação parcial de energia cinética
Perfeitamente inelásticos (anelásticos): choques nos quais há máxima dissipação de energia mecânica. Após os cho-
que os corpos permanecem unidos e possuem a mesma velocidade final, ou seja:

#FicaDica
Se em algum exercício aparecer no enunciado algo como “após os choques os corpos
têm a mesma velocidade” ou “saem unidos após o choque”, trate o choque como ine-
lástico. Vale atenção a termos parecidos com esses nos enunciados em exercícios sobre
choques.

Para caracterizar choques há uma grandeza denominada coeficiente de restituição (e) que corresponde à razão da
velocidade relativa de afastamento (depois do choque) e da velocidade relativa de aproximação (antes do choque). É
calculada por:
𝑣𝐵′ − 𝑣𝐴′
𝑒=
𝑣𝐴 − 𝑣𝐵

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(ENEM 2016) O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de física para analisar movimentos em que
corpos de prova (carrinhos) podem se mover com atrito desprezivel. A figura ilustra um trilho horizontal com dois car-
rinhos (1 e 2) em que se realiza um experimento para obter a massa do carrinho 2. No instante em que o carrinho 1,
de massa 150,0 g, passa a se mover com velocidade escalar constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento em
que o carrinho 1 se choca com o carrinho 2, ambos passam a se movimentar juntos com velocidade escalar constante.
Os sensores eletrônicos distribuídos ao longo do trilho determinam as posições e registram os instantes associados à
passagem de cada carrinho, gerando os dados do quadro.
CIÊNCIAS NATURAIS

34
𝐺. 𝑀1 . 𝑀2
𝐹𝑔 =
𝑟2
onde G é a constante de gravitação universal e vale
𝐺 = 6,67.10−11𝑁 𝑚2 ⁄𝑘 𝑔² , M1 e M2 são as massas dos
corpos e R é a distância entre os centros de gravidade
dos corpos, conforme exemplificado na figura abaixo:
Com base nos dados experimentais, o valor da massa do
carrinho 2 é igual a

a) 50,0 g
b) 250,0 g
c) 300,0 g
d) 450,0 g
e) 600,0 g

Resposta: Letra C. A questão trata de uma colisão FIQUE ATENTO!


inelástica, afinal os corpos saem juntos após o conta-
to. Em qualquer colisão, a quantidade de movimento Respeitando a Lei de Ação e Reação, a força
se conserva. que o corpo de massa M1 exerce no corpo de
massa M2 tem a mesma intensidade, direção
𝑄𝐴 = 𝑄𝐷 𝑚1 𝑉1 e sentido oposto à força que M2 exerce em
= 𝑚1 + 𝑚2 𝑉’150 � 15 M1-.
= 𝑚1 + 𝑚2 � 5 𝑚1 + 𝑚2
CAMPO GRAVITACIONAL
= 450𝑔
A partir da expressão para o cálculo da força gravi-
Como o carrinho 1 possui massa de 150g, o carrinho tacional, é possível obter uma expressão para o campo
2 possui massa de 300g. gravitacional de um determinado corpo (um planeta, por
exemplo). Entende-se por campo gravitacional uma re-
2.(IGP-RS 2017) Um projétil, de 5g, é disparado por uma gião no espaço, em torno de um corpo de massa , na
pistola a uma velocidade de 350 m/s contra um alvo me- qual um outro corpo, de massa , será submetido à força
tálico disposto sobre uma base móvel de massa total de . A expressão para o campo gravitacional do corpo de
65g. Sabendo que a bala fica alojada no alvo, desprezan- massa é dada por:
do a resistência do ar e supondo a distância de disparo 𝐺. 𝑀1
suficientemente curta a ponto de ignorarmos efeitos gra- 𝑔=
vitacionais sobre a bala, qual a velocidade aproximada
𝑟2
do recuo do alvo? onde R é a distância do centro de gravidade de M1
até o ponto no qual deseja-se calcular o valor do campo
a) 23 m/s gravitacional.
b) 25 m/s
c) 27 m/s Leis de Kepler
d) 30 m/s O astrônomo Johanes Kepler dedicou-se a estudar o
e) 32 m/s movimento planetário. Como conclusão dos seus estu-
dos, enunciou três leis. Essas leis são aplicadas para pla-
netas se movimentando ao redor do Sol e para satélites
Resposta: Letra B. Aplicando a conserva-
em órbita em torno de planeta. As Leis de Kepler são as
ção da quantidade de movimento, tem-se seguintes:
que: 𝑚𝑎 𝑣𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣𝑏 = 𝑚𝑎 𝑣´𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣´𝑏. 1ª Lei ou Lei das Órbitas: a órbita de planetas ao
Como a bala se funde ao alvo, temos que: redor do Sol possui formato elíptico, onde o sol ocupa
um dos focos.
𝑚𝑎 𝑣𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣𝑏 = (𝑚𝑎 + 𝑚𝑏 )𝑣 . Como vb=0, tem-se
que: 5.350 = 5 + 65 𝑣´ → 𝑣´ = 25 𝑚 ⁄𝑠
#FicaDica
GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
Isso não significa que não existam órbitas cir-
CIÊNCIAS NATURAIS

FORÇA GRAVITACIONAL culares, pois uma circunferência nada mais


A Lei da Gravitação Universal, proposta por Newton, é do que um caso particular da elipse onde
diz que dois corpos se atraem mutuamente por uma ambos os focos estão na mesma posição.
força que é diretamente proporcional às suas massas e
inversamente proporcional à distância entre eles. Essa
força é calculada da seguinte forma:

35
micos da sua época. Vários séculos mais tarde, o clérigo
e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), ao
encontrar inexatidões na teoria de Ptolomeu, formulou a
teoria do heliocentrismo, segundo a qual o Sol deveria
ser considerado o centro do universo, com a Terra, a Lua
e os planetas girando circularmente em torno dele. Por
fim, o astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler
(1571-1630), depois de estudar o planeta Marte por cer-
ca de trinta anos, verificou que a sua órbita é elíptica.
Esse resultado generalizou-se para os demais planetas.
A respeito dos estudiosos citados no texto, é correto afir-
O ponto no qual o planeta se encontra mais próximo mar que
do sol é denominado periélio (P) enquanto que o ponto a) Ptolomeu apresentou as ideias mais valiosas, por se-
mais afastado do sol é denominado afélio (A). rem mais antigas e tradicionais.
b) Copérnico desenvolveu a teoria do heliocentrismo ins-
pirado no contexto político do Rei Sol.
#FicaDica c) Copérnico viveu em uma época em que a pesquisa
Para gravar esses nomes, basta gravar as pri- científica era livre e amplamente incentivada pelas au-
meiras letras das palavras: PERiélio lembra toridades.
PERto e AFélio lembra AFastado. d) Kepler estudou o planeta Marte para atender às ne-
cessidades de expansão econômica e científica da Ale-
manha.
2º Lei ou Lei das Áreas: o segmento que une o astro e) Kepler apresentou uma teoria científica que, graças aos
ao Sol varre áreas iguais no mesmo intervalo de tem- métodos aplicados, pôde ser testada e generalizada.
po. Em resumo, a velocidade com que a área é varrida é
constante.
Resposta: Letra E. As leis de Kepler dizem respeito
aos estudos dos corpos celestes que gravitam em tor-
no do Sol. Kelper não foi o pioneiro nessa área, logo,
seus estudos foram generalizados e testados graças a
medidas já feitas pelo astrônomo Tycho Brahe

2.(CESGRANRIO/2018) Considerando que o raio da Ter-


ra é, aproximadamente, 4 vezes maior do que o raio da
Lua, assim como as respectivas massas possuem uma ra-
zão de cerca de 100 vezes, a aceleração da gravidade na
Lua, em relação à da Terra, é
Com isso, conclui-se que o astro tem uma velocidade
maior no periélio em relação á velocidade no afélio. a) cerca de 3 vezes maior
b) cerca de 6 vezes maior
3ª Lei ou Lei dos Períodos: o quadrado dos períodos c) aproximadamente 6 vezes menor
dos astros que orbitam em torno do mesmo corpo (sol) d) aproximadamente 3 vezes menor
é diretamente proporcional ao cubo dos raios médios de e) praticamente igual
suas órbitas. Matematicamente, vêm:
Resposta: Letra C. A gravidade na Terra vale
𝑇12 𝑇22 𝐺𝑀𝐿
= = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝐺𝑀𝑇
𝑅13 𝑅23 𝑔𝑇 = 2 . A gravidade da lua vale 𝑔𝐿 = 𝑅2 .
𝑅𝑇 𝐿
𝑀 𝑅𝑇
Do enunciado, 𝑀𝐿 = 100 e 𝑅𝐿 =
𝑇
onde T1 e R1 são, respectivamente, o período e o raio . Substituindo
4
da órbita do primeiro astro enquanto T2 e T2 são, respec- ML e RL na equação do campo gravitacional na lia:
tivamente, o período e o raio da órbita do segundo astro.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
CIÊNCIAS NATURAIS

1.(ENEM 2009) Na linha de uma tradição antiga, o astrô- ESTÁTICA DOS CORPOS RÍGIDOS
nomo grego Ptolomeu (100-170 d.C.) afirmou a tese do
geocentrismo, segundo a qual a Terra seria o centro do Até agora, os tópicos de física consideravam um cor-
universo, sendo que o Sol, a Lua e os planetas girariam po como um ponto material, onde todas as forças eram
em seu redor em órbitas circulares. A teoria de Ptolo- aplicadas neste ponto, independentemente do tamanho
meu resolvia de modo razoável os problemas astronô- que o mesmo tinha. Obviamente que essa suposição é

36
válida para alguns casos, mas que no mundo real, essa A segunda, que virá justamente da estática, diz que
prática nem sempre irá funcionar, sobretudo quando ti- para um corpo estar em equilíbrio, deverá também ter
vermos corpos muito compridos, como barras e vigas. uma somatória de momentos nula, assim:
Neste caso, adota-se o conceito de corpos rígidos,
onde sua dimensão será relevante para o resultado final.
A base da estática dos corpos rígidos é o momento que
� 𝑀𝐹𝑖 = 0
uma força aplica no corpo e sua definição será apresen- 𝑖
tada a seguir.

MOMENTO DE UMA FORÇA FIQUE ATENTO!


Observe a figura a seguir onde temos uma barra pre- O equilíbrio de momentos deverá ser calcu-
sa a um apoio e ela está submetida a uma força 𝐹⃗ apli- lado SEMPRE no mesmo ponto de apoio, ou
cada a uma distância b desse apoio: seja, escolhe-se um ponto de apoio e cal-
cula-se o momento das forças aplicadas ao
corpo em relação a esse apoio.

Para exemplificar, vamos começar do exemplo mais


simples, duas forças aplicadas sobre uma barra apoiada:
O momento de uma força 𝐹⃗ em relação ao apoio
é definido como sendo o produto da própria força pela
distância do ponto de apoio:
𝑀𝐹 = 𝐹. 𝑏
Esta distância b é chamada de braço e é definida
como a distância entre o ponto de aplicação da força e o
ponto de apoio. O equilíbrio de momentos nesse caso pode ser calcu-
lado no ponto de apoio, assim:
#FicaDica
� 𝑀𝐹𝑖 = 0 → −𝐹1. 𝑏1 + 𝐹2. 𝑏2 = 0
Preste sempre atenção se a massa da barra
𝑖
é desprezível para o problema, pois se não
for, a força peso pode gerar um momento O momento relativo a força 𝐹1 tem sinal negativo
no apoio. pois tem a tendência de girar a barra no sentido horário,
o que gera um momento negativo. Já a força 𝐹2 gera um
CONVENÇÃO DE SINAIS momento positivo pois gira a barra no sentido anti-ho-
Um momento é dito positivo quando a força aplica- rário. Logo:
da tem a tendência de girar o corpo no sentido anti-ho- 𝐹1. 𝑏1 = 𝐹2 . 𝑏2
rário e negativo no sentido horário. Para você verificar No caso geral, se tivermos n forças aplicadas a barra:
essa tendência de giro, basta imaginar o ponto de apoio
como um “pivot” e verificar como a barra giraria com a
aplicação da força. No exemplo acima, você pode veri-
ficar que a força tem a tendência de girar a barra no
sentido horário, ou seja, irá gerar um momento com sinal
negativo.

EQUILÍBRIO DE UM CORPO RÍGIDO


Agora que a definição de momento está fixada, va-
mos para o ponto mais importante do capítulo que é o Aplicando o equilíbrio:
estudo do equilíbrio do corpo. O nome “estática” tem
o significado de parado, imóvel e quando um corpo é
� 𝑀𝐹𝑖 = 0 → � 𝐹𝑖 . 𝑏𝑖 = 0
submetido a um conjunto de forças, para ele se manter
parado, terá que atender algumas condições
𝑖 𝑖

A primeira condição você já sabe, que é a força resul-


CIÊNCIAS NATURAIS

tante ser nula, o que segue a primeira e segunda leis de


Newton:

� 𝐹𝑖 = 0
𝑖

37
2.(UFF – Técnico – Coseac/2015) Dado o esquema abaixo:
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(ENEM 2015) Em um experimento, um professor le-


vou para a sala de aula um saco de arroz, um pedaço de
madeira triangular e uma barra de ferro cilíndrica e ho-
mogênea. Ele propôs que fizessem a mediação da mas-
sa da barra utilizando esses objetos. Para isso, os alunos
fizeram marcações na barra, dividindo-a em oito partes
iguais, e em seguida apoiaram-na sobre a base triangu-
lar, com o saco de arroz pendurado em uma de suas ex-
tremidades, até atingir a situação de equilíbrio. O valor da reação RA, em t (toneladas), é:

a) 4,8
b) 5,4
c) 5,0
d) 4,0
e) 6,0

Nessa situação, qual foi a massa da barra obtida pelos Resposta: Letra A: Aplicando o equilíbrio de momen-
alunos? tos em relação ao apoio B:

a) 3,00 kg −𝑅𝐴 . 5 + 2.4 + 4.3 + 4.1 = 0 → 5𝑅𝐴 = 24 → 𝑅𝐴 = 4,8 𝑡


b) 3,75 kg
c) 5,00 kg HIDROLOGIA
d) 6,00 kg
e) 15,00 kg Parâmetros e Definições

Resposta: Letra E. Quando falamos agora em estáti- Esta é uma área da Física que estuda fluidos (no caso
ca, o primeiro passo é desenhar as forças que a barra de hidrostática, trata especificamente de líquidos) que
sofre. Entendendo que: a tração que a corda puxando estão em repouso. Para tal, é importante apresentar al-
o arroz exerce sobre a barra de ferro é igual ao peso gumas definições
do arroz. Podemos, a partir daí, desenhar as forças do Pressão: estabelece a relação entre a força exercida
problema que irão entrar em equilíbrio pelo fato de a e a área na qual ela é exercida. A definição matemática
barra não rodar e nem se mover. é a seguinte:
𝐹
𝑝=
𝐴
onde F é a força aplicada em N, A é a área em m2 e
p, a pressão em N/m2. A unidade é conhecida por Pascal
(). Para entender esse conceito basta pensar no seguinte
Lembrando que M = F � d caso: o que “dói” mais, pressionar a parte de trás do lápis
contra a nossa pele ou a ponta dele (aplicando a mes-
ma força). Evidentemente que sentiremos mais quando
Parroz � darroz – Pcm � dcm = 0 pressionarmos a ponta do lápis pois a área de contato é
menor e, portanto, a pressão exercida será maior. (Não
façam esse teste em casa!)
5 � g � 3 = Mcm � g � 1

FIQUE ATENTO!
Mcm = 15 kg A unidade de pressão, no SI, é o Pascal.
Mas existem outras unidades. São elas:
atm,mmHg, bar entre outras. Como conver-
ter essas unidades para Pascal? 1 atm= 105
CIÊNCIAS NATURAIS

Pa, 760 mmHg=105 Pa e 1 bar=105 Pa

a) Densidade (ou massa específica): definida


como a razão entre a massa de uma substância (em qual-
quer estado) e o volume ocupado por ela. Matematica-
mente vem:

38
𝑚
𝑑=
𝑉
onde m é a massa em kg e V, o volume em m3. Assim,
a unidade da densidade no SI é kg/m3.

LEI DE STEVIN
A Lei de Stevin relaciona a pressão entre dois pontos
distintos de um líquido, relacionando essas pressões com
a diferença de altura entre esses dois pontos: O empuxo é calculado da seguinte forma:
𝐸 = 𝑑. 𝑔. 𝑉 onde d é a densidade do fluido, g é a ace-
leração da gravidade e V é o volume submerso do corpo
(ou volume de líquido deslocado).

[ #FicaDica
Sempre considerar somente o volume sub-
A Lei de Stevin estabelece que: PB=PA+d.g.H merso do corpo no cálculo do empuxo. Mui-
tos erros são cometidos no cálculo do empu-
Ou seja, a pressão devida à coluna de líquido entre os xo pois consideram o volume total do corpo.
pontos A e B depende da densidade do líquido, da ace- Só será utilizado o volume total do corpo se
leração da gravidade e da diferença de altura entre eles. o mesmo estiver totalmente submerso.
Um exemplo de aplicação da Lei de Stevin são os vasos
comunicantes. Pelo princípio dos vasos comunicantes, a FLUTUAÇÃO
pressão em uma mesma linha horizontal de vasos comu-
nicantes é constante. Veja o exemplo a seguir, de vasos Quando utensílios de cozinha são lavados na pia ou
comunicantes com diferentes fluidos: em uma bacia, pode-se perceber que algumas peças
afundam na água e que outras flutuam. Ainda que sejam
feitos do mesmo material, garfos e facas afundam, mas
algumas tigelas de alumínio ou de plástico flutuam, se
não estiverem cheias de água.

1. Densidade
PRINCÍPIO DE PASCAL
O Princípio de Pascal estabelece que uma alteração Diz-se que o ferro é mais pesado que o isopor, mas
de pressão ocorrida em um fluido é transmitida a todo essa afirmação não é realmente correta. Se houver, por
o fluido. Esse é o princípio por trás das prensas hidráuli- exemplo, 1 kg de ferro e 1 kg de isopor num mesmo lo-
cas, muito utilizadas em oficinas mecânicas e postos de cal da Terra, pode-se verificar que os dois têm o mesmo
gasolina: peso. O que nos dá a impressão de que o ferro é mais
pesado do que o isopor é o fato de que o volume de
ferro necessário para obter 1 kg de massa é bem menor
do que o volume necessário para obter a mesma massa
de isopor.

O Princípio de Pascal estabelece que: p1 = p2


𝐹1 𝐹2
Logo: =
𝐴1 𝐴2
onde A1 E A2, são as áreas das seções da prensa hi-
CIÊNCIAS NATURAIS

dráulica.

PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES A relação entre a massa e o volume de um corpo é


Este é o princípio estabelece que todo corpo imerso o que se chama densidade desse corpo. Na linguagem
(total ou parcialmente) em um fluido sofre a ação de uma matemática, pode-se escrever:
força vertical para cima, exercida pelo fluido. A essa força,
dá-se o nome de empuxo.

39
As unidades de densidade serão sempre unidades de
massa divididas por unidades de volume. No Sistema In-
ternacional de Unidades (SI), utiliza-se kg/m³. Para medir
volume de sólidos, costuma-se utilizar g/cm³ e, para lí-
quidos, g/mL.
3. Peso de um corpo
2. Pressão nos sólidos
Como visto, peso é uma força diferente da grandeza
Por que um prego tem ponta? Por que uma faca, para massa. Sendo uma força, ele pode ser calculado pela 2ª
cortar bem, precisa estar afiada? O efeito de uma força lei de Newton: o produto da massa pela sua aceleração
aplicada num corpo depende da área na qual essa força (F = m x a).
está aplicada. Quanto menor for essa área, maior será o Você viu também, que os corpos que caem livremen-
efeito da força. Por isso as facas são afiadas. A força apli- te estão submetidos a uma aceleração, no caso, a acele-
cada numa faca afiada se distribui por uma área menor, ração da gravidade terrestre, que será representada pela
multiplicando seu efeito. O mesmo acontece com um letra g. Matematicamente, tem-se:
prego. Se ele não for pontudo, fica mais difícil pregá-lo P=mxg
numa parede, por exemplo. Em que P é a força peso, m é a massa do corpo, e g é
a aceleração da gravidade terrestre, que vale aproxima-
damente 10 m/s2.
É possível calcular a pressão que um tijolo comum,
de massa 1,5 kg, exerce sobre o solo quando está apoia-
do em cada uma de suas faces. A força que o tijolo vai
aplicar na superfície, em qualquer situação, é o seu peso.
Então, a força peso, ou simplesmente o peso do tijolo, é
P = m x g. Sendo assim, P 1 = x ,5 10 = 15 N.

Grandeza física que relaciona o efeito de uma força


com a superfície na qual ela é aplicada chama-se pres-
são. Na linguagem matemática, pode-se escrever:

Se o bloco estiver apoiado na base 1 (ver figura), a


área será 0,21 x 0,05 = 0,0105 m2, e a pressão será

No Sistema Internacional de Unidades, a unidade de


pressão é N/m2 (newton por metro quadrado). Essa uni-
dade recebe o nome de pascal (Pa). Se o bloco estiver apoiado na base 2, a área será 0,21
x 0,10 = 0,021 m2, e a pressão
CIÊNCIAS NATURAIS

Se o bloco estiver apoiado na base 3, a área será 0,05


x 0,10 = 0,005 m2, e a pressão será

40
Isso mostra que pontos que estão a uma mesma pro-
fundidade apresentam a mesma pressão. Por isso, a su-
perfície de um líquido em repouso é sempre horizontal:
todos os pontos na superfície estão sujeitos à mesma
No formalismo matemático, tem-se: pressão. Isso explica também o princípio dos vasos co-
municantes: num conjunto de dois ou mais vasos abertos
e interligados, de tal modo que um líquido colocado num
deles possa fluir para os outros, sua altura fica igual em
todos os recipientes, independentemente de suas formas
ou tamanhos.

4. Pressão nos líquidos ou pressão hidrostática

Observando a figura ao lado, é possível perceber que


o filete de água que jorra pelo orifício mais baixo da gar-
rafa vai mais longe do que aquele que jorra do orifício
mais alto. Isso acontece porque na parte mais baixa da
garrafa a pressão da água é maior do que a pressão que
a água exerce na parte mais alta. A pressão que um líqui-
do exerce sobre uma superfície em certa profundidade 5. Prensa hidráulica
depende de três fatores:
Uma aplicação importante da pressão hidrostática é a
prensa hidráulica. O físico francês Blaise Pascal verificou
que, diferentemente do que ocorre nos sólidos, nos lí-
quidos a pressão se transmite integralmente em todas as
direções. Isso quer dizer que, ao se aplicar uma força na
plataforma 1 (ver a figura a seguir).

- da densidade d do líquido: quanto mais denso o


líquido, maior é a pressão que ele exerce;
- da profundidade h dessa superfície: quanto maior a
profundidade, maior a pressão;
- da aceleração da gravidade g: quanto maior for a
aceleração da gravidade, maior será a pressão do A pressão exercida será transmitida por completo à
líquido. Pode-se representar tudo isso na lingua- plataforma 2, onde está o carro. Se a plataforma 2 tiver,
gem matemática, escrevendo: por exemplo, uma área 10 vezes maior do que a plata-
forma 1, então a força na plataforma 2 também será 10
vezes maior, para manter a pressão do líquido constante,
ou seja, uma prensa hidráulica funciona como um multi-
plicador de força.
Suponha, por exemplo, que o carro tenha massa de 1
tonelada (t) e que a plataforma 2 tenha área de 2 m2 , e
que a plataforma 1 tenha área de 4 cm2 . Qual será a for-
ça necessária para elevar o carro? Perceba que a força F1
precisa empurrar para baixo um volume igual ao volume
CIÊNCIAS NATURAIS

Por exemplo, a pressão exercida pela água, cuja den- que é empurrado para cima.
sidade é de 1.000 kg/m3, numa profundidade de 1 m, Inicialmente, acertam-se as unidades de área. Lem-
será bre-se de que 1 m = 100 cm, então 4 cm2 = 0,0004 m2; 1
t equivale a 1.000 kg, cujo peso vale P = m . 1.000 . 10 =
10.000 N. Assim, como a pressão nas duas plataformas é
a mesma, pode-se escrever que:

41
Ou seja, com uma força de 2 N, equivalente à massa
de 200 g, consegue-se levantar um carro de massa 1 t.

6. Empuxo

Quando um corpo é mergulhado em um líquido, ele


passa a ocupar o espaço que era preenchido pelo líqui-
do, que, assim, é deslocado, dando a impressão de que
aumentou de volume ocupado pelo líquido (veja a figu-
ra). Esse volume deslocado corresponde ao volume do
corpo que ficou imerso no líquido.

Na linguagem matemática, pode-se escrever que:

O corpo vai receber do líquido uma pressão maior na


sua parte mais funda do que na sua parte mais próxima
da superfície. Portanto, haverá uma diferença.
De pressão entre a parte mais baixa e a mais alta do
corpo imerso no líquido, fazendo com que o líquido apli-
que no corpo uma força de baixo para cima. Essa força
é chamada força de empuxo. O empuxo E é uma força
vertical para cima que se contrapõe ao peso de parte do
corpo imerso no líquido, fazendo com que os objetos
mergulhados na água pareçam mais leves do que quan-
do estão fora dela.

A força de empuxo depende de três fatores:

- da densidade d do líquido no qual o corpo está


mergulhado: quanto maior a densidade do líquido,
maior o empuxo;
- do volume V de líquido deslocado pelo corpo imer-
so (que é igual ao volume da parte do corpo que
está imerso no líquido): quanto maior o volume
imerso no líquido, maior a força de empuxo;
- da aceleração da gravidade g: quanto maior a acele-
ração gravitacional, maior o empuxo.
CIÊNCIAS NATURAIS

42
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(Petrobras – Engenheiro de Equipamentos – CES-


GRANRIO/2018) Os princípios da hidrostática ou estáti-
ca dos fluidos envolvem o estudo dos fluidos em repou-
so e das forças sobre objetos submersos.
Nesse estudo, NÃO se constata que a(o)

a) Diferença de pressões entre dois pontos de uma mas-


sa líquida em equilíbrio estático é igual a diferença de
profundidade multiplicada pelo peso específico do
A força de empuxo é exercida por qualquer fluido, fluído
não apenas pela água e outros líquidos, mas também b) Altura de um líquido incompressível em equilíbrio es-
pelos gases, como o ar, por exemplo. A mesma força tático preenchendo diversos vasos que se comunicam
que sustenta um navio no mar mantém um balão no independente da forma dos mesmos, obedecido o
ar, por exemplo. princípio dos vasos comunicantes
c) Pressão manométrica é medida a partir da pressão
Um navio consegue flutuar, mesmo sendo muito absoluta e seu valor tanto pode ser negativo quanto
mais pesado do que um prego, porque é oco e seu vo- positivo.
lume é grande. Assim, o volume de líquido deslocado d) Altura metacêntrica é a medida de estabilidade da em-
por ele é muito grande, o que gera uma grande força barcação
de empuxo, por isso ele flutua. No caso do prego, que e) Empuxo será tanto maior quanto mais denso for o flu-
é maciço, ele desloca pouca água quando submerso, ído
gerando pequeno empuxo, por isso ele afunda. é oco e
seu volume é grande. Assim, o volume de líquido des- Resposta: Letra C Como o concurso era específico
locado por ele é muito grande, o que gera uma grande para a parte marítima, o candidato poderia ter dúvidas
força de empuxo, por isso ele flutua. No caso do prego, em relação ao item D, mas se observar o item C, verá
que é maciço, ele desloca pouca água quando submer- um erro conceitual importante, pois pressão absoluta
so, gerando pequeno empuxo, por isso ele afunda. nunca pode ter valor negativo e isso deixa a alterna-
tiva errada.

2.(ENEM 2011) Em um experimento realizado para de-


terminar a densidade da água de um lago, foram utiliza-
dos alguns materiais conforme ilustrado: um dinamôme-
tro D com graduação de 0 N a 50 N e um cubo maciço e
homogêneo de 10 cm de aresta e 3 kg de massa. Inicial-
mente, foi conferida a calibração do dinamômetro, cons-
tatando se a leitura de 30 N quando o cubo era preso ao
dinamômetro e suspenso no ar. Ao mergulhar o cubo na
água do lago,até que metade do seu volume ficasse sub-
mersa, foi registrada a leitura de 24 N no dinamômetro.

Se o peso for maior do que o empuxo, o corpo afun-


da; se o empuxo for igual ao peso, o corpo flutua; e, se o
empuxo for maior do que o peso, ele lança o corpo para Considerando que a aceleração da gravidade local é de
cima. 10 m/s2, a densidade da água do lago, em g/cm3, é
CIÊNCIAS NATURAIS

a) 0,6.
b) 1,2.
c) 1,5.
d) 2,4.
e) 4,8.

43
Resposta: Letra B. Considerando a intensidade da Considerando um conduto com seção transversal
força medida pelo dinamômetro antes: Fdin=P=30 N constante, é possível calcular a vazão através de uma ou-
A intensidade da força medida pelo dinamômetro de- tra expressão:
pois: F’din=P-E
24=30-E
E=6 N

De acordo com o principio de Arquimedes:

𝐸 = µ𝑎 𝑉𝑖 𝑔 𝑍 = 𝐴. 𝑣

0,1 3 𝑘𝑔 ou
6 = µ𝑎 � 10 � µ𝑎 = 12 � 103 Onde A é a área da seção transversal do conduto e v
2 𝑚3 é a velocidade do fluido no conduto
𝑔
µ𝑎 = 1,2
𝑐𝑚3 fique atento!
Há outras unidades em que vazões podem ser
HIDRODINÂMICA apresentadas. As mais comuns são L/s e m3/h.
1.1 Definição Para converter m3/h para m3/s, basta dividir
Enquanto a hidrostática estuda líquidos em repouso, por 3600. Já para passar de L/s para m3/s, bas-
a hidrodinâmica estuda líquidos em movimento. Ao mo- ta multiplicar por 10-3 (ou dividir por 1000).
vimento de fluidos dá-se o nome de escoamento.

1.2 Classificação do escoamento 1.4 Equação da Continuidade


Um escoamento pode ser classificado de diferentes Seja um conduto de seção transversal não constante.
formas, algumas delas fogem do escopo deste material.
Porém, para os conceitos aqui apresentados, é importan-
te apresentar a classificação entre escoamento compres-
sível ou incompressível.
De maneira simplificada:
Escoamento incompressível: a densidade do fluido é
constante e não varia ao longo do escoamento.
Escoamento compressível: a densidade do fluido va- Seja A1 e A2 as áreas de duas seções transversais
ria a medida que outras propriedades do fluido variam distintas e v1 e v2 as velocidades do fluido nessas duas
(por exemplo, temperatura, pressão, etc.) seções respectivamente. Dadas essas condições, vale a
seguinte relação:
1.3 Vazão 𝑍1 = 𝑍2
Vazão de um fluido (Z) é a razão entre o volume que
atravessa uma determinada seção transversal de um con- Ou seja,
duto e o tempo gasto para isso. É a taxa de variação do 𝜌 1. 𝐴1 . 𝑣1 = 𝜌 2 . 𝐴2 . 𝑣2
volume do fluido em relação ao tempo.
que é conhecida como Equação da Continuidade ou
conservação de massa. No caso de fluído incompressível
(ρ1 = ρ2), a equação é simplificada para:

𝐴1 . 𝑣1 = 𝐴2 . 𝑣2

1.5 Equação de Bernoulli


Seja um fluido incompressível de densidade d. Con-
siderando que ele escoa por uma tubulação de seção
transversal não constante e que apresenta uma variação
de altura de h1 para h2, como no arranjo abaixo:
CIÊNCIAS NATURAIS

𝛥𝑉
𝑍=
𝛥𝑡

A unidade de vazão no S.I. é m³/s

44
Seja p1 e p2 as pressões nos pontos 1 e 2 e v1 e v2 as Tubo de Venturi
velocidades nesses pontos, respectivamente, a Equação Consiste de um tubo com seção transversal variável
de Bernoulli estabelece: e com dois medidores de pressão estática. No arranjo
abaixo essa diferença de pressão estática do fluido é me-
𝑑𝑣12 𝑑𝑣22 dida pelo desnível Δh entre as colunas de água:
𝑝 1 + 𝑑𝑔ℎ1 + = 𝑝 2 + 𝑑𝑔ℎ2 +
2 2

𝑑𝑣 2
Diz-se também que a soma 𝑝 + 𝑑𝑔ℎ + é cons-
2

tante em qualquer ponto do fluido.


Os primeiros dois termos da soma representam a
chamada pressão estática do fluido ao passo que o ter- Utilizando a Equação da Continuidade juntamente
ceiro termo forma a pressão dinâmica do fluido. Ou seja: com a equação de Bernoulli é possível encontrar tanto o
valor de v1 quanto de v2 e, consequentemente, encon-
𝑝 𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎 + 𝑝 𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 trar a vazão. Isolando v1, por exemplo:

#FicaDica 2𝐴22 𝑔ℎ
𝑣1 =
Em exercícios que envolvem equação de Ber- 𝐴21 − 𝐴22
noulli, quando não é conhecida a altura do
ponto 1 (h1), adota-se a mesma igual a zero. Tubo de Pitot
Assim a altura h2 será simplesmente a dife- Para calcular a velocidade ao longe do fluido v1, parte
rença de altura entre os pontos 1 e 2. do fluido é forçado a entrar no tubo em 2. Nesse ponto
no qual o fluido é “freado” para entrar no tubo, a veloci-
dade do fluido é nula, logo v2 = 0.
1.6 Equação de Torricelli
Seja um fluido de densidade d contido em um reci-
piente. A uma distância vertical h, abre-se uma abertura
no recipiente e o fluido passa a escoar por ela, como no
arranjo abaixo:

Sendo d a densidade do fluido e dM a densidade do


mercúrio, a velocidade do escoamento ao longe é calcu-
lada por meio da Equação de Bernoulli:

A velocidade do fluido nessa abertura pode ser calcu-


lada utilizando a Equação de Bernoulli, admitindo como 2 𝑑 𝑀 − 𝑑 𝑔ℎ
𝑣1 =
1, a superfície do fluido e como 2, a seção de descarga do 𝑑
fluido. Como p1 = p2 = patmosferica e v1=0, a Equação
de Bernoulli permite calcular diretamente a velocidade
na seção de descarga:
EXERCÍCIO COMENTADO
𝑣= 2𝑔ℎ
CIÊNCIAS NATURAIS

1. (PETROBRAS – ENGENHEIRO – CESGRAN-


RIO/2018) Um gás escoa em regime permanente por
1.7 Tubo de Venturi e Tubo de Pitot uma tubulação de diâmetro D quando passa por uma
Ambos são instrumentos de medição. O Tubo de redução cônica e passa a escoar por uma tubulação de
Venturi é comumente utilizado para medição de vazão diâmetro D/2. A densidade do gás na tubulação maior é
enquanto o Tubo de Pitot é utilizado pra medição da ve- de 2 kg/m3 , enquanto sua velocidade é de 20 m/s. Por
locidade de um fluido ao longe. outro lado, a velocidade do gás após a redução passa a

45
ser de 16 m/s. Para as condições de escoamento estabe- ESCALAS TERMOMÉTRICAS
lecidas, estima-se que a densidade do gás, em kg/m3 , na
seção menor, vale Uma grandeza importante para o estudo na área tér-
mica é a temperatura, que mede o grau de agitação das
a) 2 moléculas de determinada substância. Assim, é necessá-
b) 4 rio medir a temperatura e para tal é necessário que haja
c) 8 escalas de medidas. Há diversas escalas de temperatura,
d) 10 mas três são as principais: Celsius (°C), Fahrenheit (°F) e
e) 16 Kelvin (K). A seguir será apresentada a relação entre as
Resposta: Letra D. escalas. A relação entre as escalas é obtida quando são
Como o gás é compressível, aplica-se a equação com- conhecidas as temperaturas de uma mesma substância
pleta da continuidade: em diferentes escalas. A substância mais fácil de ser uti-
lizadas é a água e as temperaturas de fusão e ebulição
𝜋𝐷 2 𝜋𝐷 2 𝑘𝑔 da mesma. Assim sabe-se que essas temperaturas são,
𝜌 1𝑉1 𝐴1 = 𝜌 2 𝑉2 𝐴2 → 2.20. = 𝜌2 . 16. → 𝜌 2 = 10 3
4 16 𝑚 respectivamente, 0 e 100 em Celsius, 32 e 212 em Fahre-
nheit, 273 e 373 em Kelvin. Correlacionando-as:
Temperatura é a grandeza que caracteriza o esta-
do térmico de um corpo ou sistema.
Fisicamente, o conceito dado a quente e frio é um
pouco diferente do que costumamos usar no nosso co-
tidiano. Podemos definir como quente um corpo que
tem suas moléculas agitando-se muito, ou seja, com alta
energia cinética. Analogamente, um corpo frio, é aquele
que tem baixa agitação das suas moléculas. Ao aumen-
tar a temperatura de um corpo ou sistema pode-se dizer
que está se aumentando o estado de agitação de suas
moléculas.
Ao tirarmos uma garrafa de água mineral da geladei- Como encontrar a relação? A relação que deseja-se
ra ou ao retirar um bolo de um forno, percebemos que encontrar é uma temperatura em função da outra, por
após algum tempo, ambas tendem a chegar à tempera- exemplo θC = f (θF ), ou seja, uma função que relacio-
tura do ambiente. Ou seja, a água “esquenta” e o bolo na a temperatura em Celsius, θC, com a temperatura, θF.
“esfria”. Quando dois corpos ou sistemas atingem a mes- Suponha uma temperatura nas três escalas que esteja
ma temperatura, dizemos que estes corpos ou sistemas entre os valores apresentados. Fazendo a relação entre
estão em equilíbrio térmico. as escalas vem:

A Lei Zero da Termodinâmica 𝜃𝐶 − 0 𝜃𝐹 − 32 𝜃𝐾 − 273


= =
Após a constatação de que o calor é uma forma de 100 − 0 212 − 32 373 − 273
energia que poderia ser transformada em outra, a Ter-
mologia passou a ser chamada de Termodinâmica. Foi Simplificando as expressões, é possível estabelecer a
no ano de 1930 que se percebeu que, para se obter uma relação entre as temperaturas. Serão apresentadas as re-
estrutura lógica na apresentação da Termodinâmica, era lações entre Celsius e Fahrenheit e Celsius e Kelvin.
necessário colocar uma outra lei antes das que já haviam
sido enunciadas (1º lei e 2º lei). Assim, essa outra lei re-
cebeu o nome de Lei Zero da Termodinâmica.
5
𝜃𝐶 = 𝜃 − 32
9 𝐹
Consideremos dois objetos A e B. Se um terceiro ob-
jeto T está em equilíbrio térmico com A e também em
𝜃𝐶 = 𝜃𝐾 − 273
equilíbrio térmico com B, então A e B estão em equilíbrio
entre si. #FicaDica
É essa lei que garante a possibilidade de usarmos um A conversão entre Kelvin e Celsius se dá
termômetro T para averiguar se dois corpos A e B estão simplesmente pela adição/subtração de
em equilíbrio. Para isso, basta conferir se os dois corpos 273.
têm a mesma temperatura.
CIÊNCIAS NATURAIS

A escala Kelvin é chamada de escala absoluta de tem-


Fonte: peratura e a temperatura 0 K é chamado de zero abso-
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/lei-zero- luto, uma temperatura que é impossível de ser atingida.
-termodinamica.htm

46
onde α é o coeficiente de dilatação linear do material
EXERCÍCIO COMENTADO e Δθ é a variação de temperatura a qual o corpo foi sub-
metida. O comprimento final da barra será:
𝐿 = 𝐿0 + ∆𝐿
1. (SEDF – PROFESSOR DE FÍSICA – QUADRIX/2017)
Um professor encontrou um termômetro com uma no-
menclatura X. No manual de instruções, o professor ve-
rificou que a escala termométrica do termômetro possui EXERCÍCIO COMENTADO
as seguintes convenções: ponto de gelo 30°X e ponto de
vapor, 80°X. Com base nessa situação hipotética, julgue 1. (PETROBRAS – TÉCNICO DE INSPEÇÃO – CES-
o item a seguir. GRANRIO/2017) Duas barras de comprimentos iguais,
A equação de conversão para a temperatura medida na sendo uma de cobre e a outra de alumínio, são coladas a
escala X (tx) e na escala Celsius (tc) é expressa por tx= 20°C, formando um único conjunto, conforme mostrado
2tc + 30.. na Figura abaixo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Letra B.
Aplicando a relação de proporcionalidade entre quais-
quer escalas de temperatura, tem-se que:
O conjunto é então aquecido até 120°C.
DILATAÇÃO TÉRMICA Sabendo-se que a 120°C a deformação térmica do alu-
Dilatação é o fenômeno no qual os corpos aumentam mínio é maior que a deformação térmica do cobre, a
de tamanho (ou diminuem no fenômeno de contração) configuração final do conjunto a 120°C apresentará uma
quando são aquecidos. O fenômeno ocorre devido ao deformação axial
aumento da agitação das moléculas do material o que
aumenta o espaço entre as moléculas e consequente- a) igual ao cobre quando aquecido a 120°C
mente as dimensões do material (corpo). Pode ocorrer de b) igual ao alumínio quando aquecido a 120°C
três formas: linearmente (comprimento), superficialmen- c) inferior ao do cobre quando aquecido a 120°C
te (comprimento e largura) e volumetricamente (compri- d) superior á do alumínio quando aquecido a 120°C
mento, largura e altura). e) superior á do cobre quando aquecido a 120°C
Resposta: Letra E.
Como o alumínio deforma mais que o cobre, a parte
#FicaDica de baixo da peça irá dilatar mais, envergando a peça
Na prática quando ocorre dilatação, ela para cima e deixando a mesma maior que a dilatação
sempre ocorre nas três dimensões. Porém do cobre a 120°C.
para alguns materiais a dilatação ocorre
mais em uma direção então considera-se 1.2 Dilatação superficial
que as demais dimensões não dilatam e Nessa forma, ocorre dilatação do comprimento e da
por isso a distinção entre dilatação linear, largura do corpo., aumentando a sua área. Considere
superficial e volumétrica. uma placa de área A_0 que, após aquecimento, passa a
ter uma área A após aumentar sua área em ΔA:
1.1 Dilatação linear
Nessa forma, ocorre dilatação apenas do comprimen-
to do corpo. Considere uma barra de comprimento L0
que, após aquecimento, passa a ter um comprimento L
após aumentar seu comprimento em ΔL
CIÊNCIAS NATURAIS

A variação do comprimento é calculada da seguinte A variação da área é calculada da seguinte forma:


forma:
∆𝐿 = 𝐿0 𝛼∆𝜃 ∆𝐴 = 𝐴0 𝛽∆𝜃

47
onde β é o coeficiente de dilatação superficial do ma- Resposta: Letra C.
terial e Δθ é a variação de temperatura a qual o corpo foi Para o volume vazio continuar constante, as duas va-
submetida. A área final da placa será: riações de volume devem ser iguais, assim:

𝐴 = 𝐴0 + ∆A ∆𝑉𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = ∆𝑉𝑚𝑒𝑟𝑐𝑢𝑟𝑖𝑜 → 𝑉𝑣 𝛾𝑣 ∆𝜃 = 𝑉𝑚 𝛾𝑚 ∆𝜃 .
1.3 Dilatação volumétrica
Como a variação de temperatura é a mesma, pode-se
Nessa forma, ocorre dilatação do comprimento, lar- cancelar esse termo, assim: 𝑉𝑣 𝛾𝑣 . Substituindo
gura e altura do corpo, aumentando seu volume. Con- 𝑉𝑚 =
sidere um bloco de volume V0 que, após aquecimento,
𝛾𝑚
passa a ter um volume V após aumentar seu volume em
ΔV: os valores, chega-se a 𝑉 = 720.25 = 100 𝑚𝑙 .
𝑚
180

CALORIMETRIA

1.1 Calor sensível


Calor é definido como energia em trânsito entre dois
corpos que possuem temperaturas diferentes. A quan-
tidade de calor trocada por um corpo Q é calculada da
seguinte forma:

𝑄 = 𝑚. 𝑐. ∆𝜃

onde m é a massa do corpo, c é o calor específico


e Δθ é a variação de temperatura. A unidade do calor
específico determinará em quais unidades deverão estar
as outras grandezas. Algumas unidades possíveis para o
calor específico: J/g°C, kJ/kg°C, cal/g°C, etc... Então, por
exemplo, se o calor específico for dado em J/g°C, a mas-
A variação do volume é calculada da seguinte forma: sa deve estar em gramas (g), a temperatura em graus
Celsius (°C) e o calor transferido será calculado em Joules
∆𝑉 = 𝑉0 𝛾∆𝜃 (J). Vale o mesmo raciocínio para as demais unidades. A
unidade cal é chamada de caloria e vale, aproximada-
onde γ é o coeficiente de dilatação volumétrica do mente, 4,18 J
material e Δθ é a variação de temperatura a qual o corpo
foi submetida. O volume final do bloco será: Convenção de sinais
O calor calculado Q pode ser positivo ou negativo. O
significado do sinal representa o sentido da transferência
FIQUE ATENTO! de calor:
• Q > 0 → Calor é recebido pelo corpo
Para um mesmo material os valores de α, β e
• Q < 0 → Calor é cedido pelo corpo
γ são diferentes.

#FicaDica
EXERCÍCIO COMENTADO O produto m.c é também chamado de ca-
pacidade térmica, denotado pela letra C. As-
1. (SEARH-RN – PROFESSOR DE FÌSICA – IDE- sim, C = m . c. É comum utilizar capacidade
CAN/2016) Uma vasilha de vidro cujo volume é 720 ml térmica para reservatórios, recipientes, etc.
contém uma certa quantidade de mercúrio e se encontra
inicialmente a uma temperatura de 20°C. Essa vasilha é
então aquecida até atingir 80°C e então verifica‐se que 1.2 Calor latente
o volume da parte vazia permanece constante. A quan-
tidade de mercúrio contido nessa vasilha é: (Dados: co- Calor latente é a quantidade de calor necessária para
eficiente de dilatação volumétrica do vidro = 25 . 10–6 que uma substância mude de fase. As fases da matéria
CIÊNCIAS NATURAIS

°C–1; coeficiente de dilatação volumétrica do mercúrio = são: sólido, líquido e gasoso. Considerando uma subs-
180 .10–6 °C–1). tância pura, durante a mudança de fase a temperatura
não se altera até que a mudança de fase se complete. Por
a) 80 ml exemplo, sabe-se que a água evapora, ao nível do mar,
b) 90 ml a 100°C. Quando a água atinge 100°C ela começa a eva-
c) 100 ml porar. Enquanto toda a água não tiver se transformado
d) 110 ml em vapor, a temperatura do sistema permanece igual a

48
100°C. Após toda a água ter se transformado em vapor,
seguindo o aquecimento o vapor começa a aumentar a EXERCÍCIO COMENTADO
sua temperatura. Esse processo pode ser visualizado em
uma curva de aquecimento. A seguir é exibida a curva de
aquecimento de uma substância pura: 1. (UFF – TÉCNICO EM LABORATÓRIO – COSE-
AC/2017) Massas iguais de cinco líquidos distintos,
cujos calores específicos estão dados na tabela adiante,
encontram-se armazenadas, separadamente e à mesma
temperatura, dentro de cinco recipientes com boa isola-
ção e capacidade térmica desprezível.

O calor latente é calculado da seguinte forma:


Se cada líquido receber a mesma quantidade de calor,
suficiente apenas para aquecê-lo, mas sem alcançar seu
𝑄 = 𝑚. 𝐿 ponto de ebulição, aquele que apresentará temperatura
menor, após o aquecimento, será:
onde m é a massa da substância e L é a constante de
calor latente que depende da mudança de fase (fusão/ a) a água
solidificação ou evaporação/condensação) e da substân- b) o petróleo
cia. O calor Q acima é interpretado como o calor absorvi- c) a glicerina
do/emitido pela substância para mudar de fase. d) o leite
e) o mercúrio

FIQUE ATENTO! Resposta: Letra A.


O cálculo do calor latente não leva em conta O calor específico é a propriedade que determina o
variação de temperatura pois durante a mu- quanto de energia é necessária para alterar a tempe-
dança de fase não ocorre variação de tempe- ratura de uma unidade de massa de uma substância.
Nesse caso, a substância que tiver o calor específico
maior, irá variar menos em temperatura. Na tabela,
1.3 Trocas de calor quem tem o maior calor específico é a água.
Aqui consideraremos substâncias colocadas dentro
de um calorímetro, um recipiente fechado e que não tro- GASES PERFEITOS
ca calor com o meio exterior. Assim, todas as substâncias
dentro do calorímetro trocarão calor apenas entre si até 1.1 Definição
atingirem o equilíbrio térmico, ou seja, atingirem a mes- A teoria dos gases perfeitos é uma modelagem ma-
ma temperatura final. Assim, conclui-se que a soma de temática encontrada para uma determinada faixa de
todas as trocas de calor dentro do calorímetro é igual a pressão e temperatura do gás que será estudado. Basi-
zero pois a quantidade de calor que uma substância per- camente, um gás é dito como perfeito quando suas pro-
de é absorvida por outra e assim por diante. Em resumo: priedades de pressão, volume ocupado e temperatura
respeitam a equação de Clayperon.

Σ𝑄 = 0 1.2 Equação de Clayperon


Considere uma determinada massa de gás
Ou seja:
CIÊNCIAS NATURAIS

𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 + ⋯ = 0

Onde Q1, Q2,… são os calores trocados pelas subs-


tâncias dentro do calorímetro.

49
A equação de Clayperon relaciona, para um estado
do gás, a pressão (P), volume (V), temperatura (T) e nú- 𝑃1 𝑉1 = 𝑃2 𝑉2
mero de mols (n) desse gás. A equação é a seguinte:
Essas três expressões apresentadas são casos particu-
lares da Lei Geral dos Gases Perfeitos, que relaciona dois
𝑃. 𝑉 = 𝑛. 𝑅. 𝑇 estados de uma mesma massa gasosa:

onde R é a constante dos gases ideais. O valor de R 𝑃1 𝑉1 𝑃2 𝑉2


depende das unidades das variáveis do gás. Os valores =
mais comuns são 𝑇1 𝑇2

𝑅 = 0,082 𝑎𝑡𝑚. 𝐿. 𝑚𝑜𝑙 −1𝐾 −1 EXERCÍCIO COMENTADO


𝑅 = 8,31 𝐽. 𝑚𝑜𝑙 −1 𝐾 −1 1. (FUB – TÉCNICO EM LABORATÓRIO – CES-
PE/2015) No estudo do comportamento dos gases, há
A última está no Sistema Internacional. uma conhecida equação de estado de um gás ideal, ex-
pressa pela relação PV = nRT, em que P é a pressão do
gás, V é o volume ocupado pelo gás, n é o número de
#FicaDica mols do gás, T é a temperatura absoluta do gás, medida
em Kelvin (K); e R, com valor igual a 0,082 atm.L/(mol.K),
𝑚 é a constante universal dos gases.
O número de mols é calculado por 𝑛 =
𝑀 Tendo como referência as informações acima, e sabendo
que zero Kelvin corresponde a - 273,15 ºC, julgue o item
onde m é a massa do gás e M, a massa molar
a seguir.
do mesmo.
Se 2 mols de um gás rarefeito, que se comporta como
um gás ideal, ocupa um espaço de 30 litros e está sob
uma pressão de 2,0 atm, então a sua temperatura é su-
1.3 Transformações gasosas
perior a 100 ºC
Considerando uma massa fixa de gás, serão apre-
sentadas as transformações que os gases podem sofrer.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Quando um gás sofre algum tipo de transformação de
um estado para outro, pelo menos duas variáveis (entre Resposta: Letra B.
pressão, volume e temperatura) irão se modificar entre Aplicando a equação de Clapeyron, temos que: 2.30 =
esses estados. É possível que as três se modifiquem ou 2.0.082.T. Isolando:
que uma delas permaneça constante na transformação.
Transformação isobárica: transformação na qual a 30
pressão se mantém constante entre os estados, ou seja 𝑇= = 365,85𝐾 = 92,70°𝐶
P1 = P2. O volume e a temperatura variam obedecendo 0,082
a seguinte relação:
𝑉1 𝑉2 TERMODINÂMICA
= Em linhas gerais, a termodinâmica estuda a relação
𝑇1 𝑇2
entre as quantidades de calor trocadas por determinada
substância e= o meio, e as demais trocas energéticas.
FIQUE ATENTO!
na expressão acima e nas demais que serão 1.1 Trabalho de uma transformação gasosa
apresentadas aqui, a temperatura deve estar Seja uma determinada massa de gás contida em um
em Kelvin (K). cilindro com um êmbolo que pode se mover livremente.
Sobre este êmbolo é colocado um peso de massa , de
modo que a pressão no interior do cilindro seja constante.
Transformação isocórica ou isovolumétrica: transfor-
mação na qual o volume se mantém constante entre os
estados, ou seja V1 = V2. A pressão e a temperatura va-
riam obedecendo a seguinte relação:

𝑃1 𝑃2
CIÊNCIAS NATURAIS

=
𝑇1 𝑇2
Transformação isotérmica: transformação na qual a
temperatura se mantém constante entre os estados, ou
seja T1 = T2. A pressão e volume variam obedecendo a
seguinte relação:

50
Se esse gás for aquecido, a temperatura irá aumentar
e, dado que a pressão é constante, o volume também. FIQUE ATENTO!
Ao expandir, o gás elevará o peso o P de uma distância quando a pressão variar linearmente com o
d, realizando, assim, um trabalho. Um exemplo prático volume (gráfico for uma reta) a figura que se
disso é o cilindro do motor de um carro, que contém um forma abaixo da curva é um trapézio (se a
pistão que se move realizando trabalho que movimenta pressão inicial não for nula) ou um triângulo
o carro. (se a pressão inicial for nula).
O trabalho realizado por um gás, a pressão constante,
é calculado da seguinte forma:
Convenção de sinais:
𝜏 = 𝑃. 𝑉𝑓 − 𝑉𝑖 Quando o trabalho é positivo: τ > 0, diz-se que o gás
realiza trabalho
onde Vi e Vf são, respectivamente, os volumes inicial Quanto o trabalho é negativo: τ < 0, diz-se que o tra-
e final do gás. É possível representar esse processo em balho é realizado sobre o gás
um diagrama P×V:
1.2 Primeira lei da Termodinâmica
A primeira lei da termodinâmica relaciona a quanti-
dade de calor trocada (Q) por determinada substância
com o meio, o trabalho (τ) realizado por (ou sobre) essa
substância e a variação da energia interna (ΔU) dessa
substância:

Convenção de sinais:
Quando Q > 0, diz-se que calor é absorvido pela
substância
Quando Q < 0, diz-se que calor é cedido pela subs-
tância

O trabalho é numericamente igual à área sob a curva. 1.3 Segunda lei da Termodinâmica
Embora a fórmula apresentada seja válida apenas quan- Para enunciar a segunda lei, define-se o conceito de
do a pressão é constante, o trabalho sempre será a área máquina térmica. Entende-se por máquina térmica um
sob a curva , mesmo quando a pressão não for constante: dispositivo que realiza trabalho ao receber calor () de
uma fonte quente à temperatura e rejeitar calor () para
uma fonte fria à temperatura .
CIÊNCIAS NATURAIS

O rendimento de uma máquina térmica é calculado


como a razão do trabalho produzido e o calor fornecido
para a realização de trabalho:

51
A fonte térmica fornece uma quantidade de calorQ1
𝜏 que no dispositivo transforma-se em trabalho mais uma
𝜂= quantidade de calor que não é capaz de ser utilizado
𝑄𝐻
como trabalho. Assim é válido que:

Fazendo um balanço energético nota-se que τ = QH-


QL. Assim:

𝑄𝐻 − 𝑄𝐿 𝑄𝐿 Utiliza-se o valor absolutos das quantidades de calor


𝜂= =1− pois, em uma máquina que tem como objetivo o resfria-
𝑄𝐻 𝑄𝐻 mento, por exemplo, estes valores serão negativos. Neste
caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor
De acordo com a segunda lei da termodinâmica, é para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termodinâmica,
impossível construir uma máquina que converta todo o este fluxo não acontece espontaneamente, logo é neces-
calor fornecido em trabalho, ou seja, não existem máqui- sário que haja um trabalho externo, assim:
nas térmicas com rendimentos de 100%. O maior rendi-
mento de uma máquina térmica que opera entre duas
temperaturas TH e TL é chamado de rendimento de Car-
not e é calculado por (temperaturas em Kelvin):

𝑇𝐿
𝜂𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡 = 1 −
𝑇𝐻

Carnot é o nome de um engenheiro (Nicolas Sadi Car-


not) que estudos máquinas térmicas e estabeleceu o ci-
clo térmico que proporciona o máximo rendimento para
uma máquina que opere entre duas fontes com tempe-
raturas constantes.

Rendimento das Máquinas Térmicas


#FicaDica
uma máquina térmica que opera entre duas Podemos chamar de rendimento de uma máquina a
fontes com temperaturas constantes, terá relação entre a energia utilizada como forma de trabalho
seu rendimento menor ou igual ao rendi- e a energia fornecida:
mento de Carnot calculado com essas tem-
peraturas. Ou seja, ηreal < ηCarnot Considerando:
η=rendimento;
τ= trabalho convertido através da energia térmica
Máquinas Térmicas fornecida;
Q1=quantidade de calor fornecida pela fonte de
As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos aquecimento;
mecânicos a serem utilizados em larga escala na indús- Q2=quantidade de calor não transformada em traba-
tria, por volta do século XVIII. Na forma mais primitiva, lho.
era usado o aquecimento para transformar água em va-
por, capaz de movimentar um pistão, que por sua vez,
movimentava um eixo que tornava a energia mecânica
utilizável para as indústrias da época.
Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utili-
zando duas fontes térmicas, faz com que a energia térmi-
ca se converta em energia mecânica (trabalho).

O valor mínimo para o rendimento é 0 se a máquina


CIÊNCIAS NATURAIS

não realizar nenhum trabalho, e o máximo 1, se fosse


possível que a máquina transformasse todo o calor re-
cebido em trabalho, mas como visto, isto não é possível.
Para sabermos este rendimento em percentual, multipli-
ca-se o resultado obtido por 100%.

52
Ciclo de Carnot Sendo:

Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível = temperatura absoluta da fonte de resfriamento
a construção de uma máquina térmica ideal, que seria
capaz de transformar toda a energia fornecida em traba- = temperatura absoluta da fonte de aquecimento
lho, obtendo um rendimento total (100%). Para demons-
trar que não seria possível, o engenheiro francês Nicolas
Carnot (1796-1832) propôs uma máquina térmica teórica
que se comportava como uma máquina de rendimento EXERCÍCIO COMENTADO
total, estabelecendo um ciclo de rendimento máximo,
que mais tarde passou a ser chamado Ciclo de Carnot. 1. (PETROBRAS – ENGENHEIRO DE EQUIPAMEN-
Este ciclo seria composto de quatro processos, indepen- TOS – CESGRANRIO/2018) Um motor térmico operan-
dente da substância: do segundo um ciclo de Carnot possui rendimento de
45%. Se a temperatura da fonte quente é de 60°C, qual
é o valor da temperatura da fonte fria desse sistema, em
°C?

a) -89,92
b) -33,00
c) -95,27
d) 15,75
e) 33,00

Resposta: Letra A.
Aplicando a relação do rendimento de Carnot:
𝑇𝐿 𝑇𝐿 𝑇𝐿
𝜂 = 1− → 0,45 = 1 − → = 0,55 →
𝑇𝐻 333,15 333,15
𝑇𝐿 = 183,23𝐾 → 𝑇𝐿 = −89,91°𝐶.

3. IDENTIFICAÇÃO DE COMPOSTOS
- Uma expansão isotérmica reversível. O sistema re- QUÍMICOS, CORRELACIONANDO
cebe uma quantidade de calor da fonte de aque- ESTRUTURAS, PROPRIEDADES E
cimento (L-M) UTILIZAÇÃO TECNOLÓGICAS. APLICAÇÕES
- Uma expansão adiabática reversível. O sistema não MODERNAS DE MATERIAIS E DE
troca calor com as fontes térmicas (M-N)
SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS. REALIZAÇÃO
- Uma compressão isotérmica reversível. O sistema
cede calor para a fonte de resfriamento (N-O) DE CÁLCULOS ENVOLVENDO VARIÁVEIS,
- Uma compressão adiabática reversível. O sistema TABELAS, EQUAÇÕES, GRÁFICOS,
não troca calor com as fontes térmicas (O-L) A PARTIR DE LEIS E DE PRINCÍPIOS
Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que DE CONHECIMENTOS QUÍMICOS
é fornecida pela fonte de aquecimento e a quan- RELACIONADOS À VIDA DIÁRIA.
tidade cedida à fonte de resfriamento são propor-
cionais às suas temperaturas absolutas, assim:
Os conceitos básicos de Química são importantes
para introduzir os estudos dessa Ciência, como os con-
ceitos de matéria, energia, substância, corpo, objeto e
sistema.
Matéria: Denomina-se matéria tudo aquilo que tem
massa e ocupa lugar no espaço e, desse modo, possui
volume. Podemos citar como exemplos de matéria a ma-
deira, o ferro, a água, o ar e tudo o mais que imaginemos
dentro da definição acima. A ausência total de matéria é
o vácuo.
CIÊNCIAS NATURAIS

Substância é uma composição de apenas um tipo de


moléculas ou átomos. A substância pode ser simples ou
composta.
Substância simples é aquela constituído por um único
tipo de constituinte. Ex: o ferro, contendo somente áto-
mo de ferro; o oxigênio, contendo só O2.

53
Substância composta é aquela constituída por mais de um tipo de constituinte. Ex: a água pura contendo somente
H2O; o sal, contendo somente NaCl;
Mistura consiste em duas ou mais substâncias misturadas. Ela pode ser identificada visualmente, como por exem-
plo o granito onde se observa grãos de quartzo branco, mica preta e feldspato rosa e outros minérios. Outras misturas
como a água salgada, requer outros métodos de verificação para sabermos se são substâncias ou misturas.
Corpo: É uma porção limitada da matéria. Por exemplo, conforme dito, uma árvore é uma matéria; assim, quando
cortamos toras de madeira, temos que essas toras podem ser designadas como corpos ou como matéria também.
Objeto: É um corpo produzido para utilização do homem. Se as toras de madeira mencionadas no item anterior
forem transformadas em algum móvel, como uma mesa, teremos um objeto.

FIQUE ATENTO!
Fenômeno físico: é toda alteração na estrutura física da matéria, tais como
forma, tamanho, aparência e estado físico, mas que não gere alteração em sua
natureza, isto é, na sua composição.

Mudanças de Estados Físicos da Água


As Mudanças de Estados Físicos da Água são divididas em 5 processos, a saber:

-Fusão: Mudança do estado sólido para o estado líquido da água, provocada por aquecimento, por exemplo, um
gelo que derrete num dia de calor. Além disso, o denominado “Ponto de Fusão” (PF) é a temperatura que a água
passa do estado sólido para o líquido. No caso da água, o ponto de fusão é de 0ºC.
-Vaporização: Mudança do estado líquido para o estado gasoso por meio do aquecimento da água. Assim, o “Ponto
de Ebulição” (PE) de uma substância é a temperatura a que essa substância passa do estado líquido para o estado
gasoso e, no caso da água, o é de 100ºC. Vale lembrar que a Ebulição e a Evaporação são, na realidade, tipos de
vaporização. A diferença de ambas reside na velocidade do aquecimento, ou seja, se for realizado lentamente
chama-se evaporação; entretanto, se for realizado com aquecimento rápido chama-se ebulição.
-Solidificação: Mudança de estado líquido para o estado sólido provocado pelo arrefecimento ou resfriamento.
CIÊNCIAS NATURAIS

Além disso, o “Ponto de Solidificação” da água é de 0ºC. O exemplo mais visível são os cubos de água que colo-
camos no refrigerador para fazer os cubos de gelo.
-Liquefação: Chamada também de Condensação, esse processo identifica a mudança do estado gasoso para o estado
líquido decorrente do resfriamento (arrefecimento). Como exemplo podemos citar: a geada e o orvalho das plantas.
-Sublimação: Mudança do estado sólido para o estado gasoso, por meio do aquecimento. Também denomina a
mudança do estado gasoso para o estado sólido (ressublimação), por arrefecimento, por exemplo: gelo seco e
naftalina.

54
Fenômeno químico: ocorre quando há alteração da Químicas: são propriedades responsáveis pelos tipos
natureza da matéria, isto é, da sua composição. de transformação que cada matéria é capaz de sofrer.
Dizemos que ocorreu uma reação química, pois novas Por exemplo, o vinho pode se transformar em vinagre; o
substâncias foram originadas. ferro pode se transformar em aço, mas o vinho não pode
se transformar em aço nem o ferro em vinagre.
Fenômenos fìsicos Fenômenos químicos Físicas: são certos valores constantes, encontrados
Produzir vinho a partir experimentalmente, para o comportamento de cada
Quebrar um copo de vidro tipo de matéria, quando submetida a determinadas con-
da uva
Aquecer uma panela de dições. Essas condições não alteram a constituição da
Acender um fósforo matéria, por mais adversas que sejam. Por exemplo: sob
alumínio
Queimar o açúcar para uma pressão de 1 atmosfera, a água passa de líquida
Ferver a água para gasosa à temperatura de 100°C, sempre.
fazer caramelo
Explosão de uma panela
Queima do carvão Propriedades extensivas e intensivas da matéria
de pressão
Explosão após uma
Massa de pão “crescendo”
batida As propriedades físicas também podem ser classifica-
Derretimento de metais, Enferrujamento da das, de acordo com a quantidade da amostra, em exten-
como o cobre palha de aço sivas e intensivas. As propriedades extensivas variam
Dissolver açúcar em água Queima de um cigarro conforme a quantidade de material contido na amostra.
É o caso da energia liberada em uma combustão: dupli-
Propriedades da matéria cando, por exemplo, a quantidade de combustível, dupli-
ca-se a quantidade de energia liberada. As propriedades
Propriedades são uma série de características que, em intensivas são as que não dependem da quantidade de
conjunto, definem a espécie de matéria. Podemos dividi- material contido na amostra. É o caso da temperatura e
-las em 3 grupos: gerais, funcionais e específicas. da densidade, que não se alteram quando a quantidade
de material é modificada.
1. Propriedades gerais
Energia e as propriedades químicas dos materiais
São as propriedades inerentes a toda espécie de matéria.
Massa: é a grandeza que usamos como medida da Referem-se àquelas que, quando são coletadas e
quantidade de matéria de um corpo ou objeto. analisadas, alteram a composição química da matéria, ou
Extensão: espaço que a matéria ocupa, seu volume. seja, referem-se a uma capacidade que uma substância
Impenetrabilidade: é o fato de que duas porções de tem de transformar-se em outra por meio de reações
matéria não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo químicas. Essas transformações resultam na produção
tempo. permanente e irreversível de um novo material (produto),
Divisibilidade: toda matéria pode ser dividida sem com características distintas do inicial (reagente), sendo
alterar a sua constituição (até um certo limite). desse modo classificadas como transformações químicas
Compressibilidade: o volume ocupado por uma ou reações químicas.
porção de matéria pode diminuir sob a ação de forças
externas.
Elasticidade: se a ação de uma força causar defor-
mação na matéria, dentro de um certo limite, ela poderá
retornar à forma original.

2. Propriedades funcionais Uma maneira de comprovar a existência de uma


São propriedades comuns a determinados grupos de transformação química é através da comparação do es-
matéria, identificadas pela função que desempenham. A tado inicial e final do sistema. Algumas evidências podem
Química se preocupa particularmente com estas proprie- ser observadas, permitindo verificar a ocorrência dessas
dades. Podemos citar como exemplo de propriedades transformações, como: desprendimento de gás e luz, mu-
funcionais a acidez, a basicidade, a salinidade de algumas dança de coloração e cheiro, formação de precipitados
espécies de matéria. entre outras
Entretanto, a ausência dessas evidências não significa
que não ocorreu uma transformação química, pois algu-
3. Propriedades específicas
mas ocorrem sem que haja mudança perceptível entre o
São propriedades individuais de cada tipo particular
estado inicial e o final. Para se ter certeza de que ocorreu a
de matéria.
transformação química é necessário isolar os materiais ob-
Organolépticas: são aquelas capazes de impressio-
CIÊNCIAS NATURAIS

tidos e verificar suas propriedades específicas, como den-


nar os nossos sentidos, como a cor, que impressiona a
sidade, pontos de ebulição e fusão, solubilidade e outras.
visão, o sabor e o odor, que impressionam o paladar e o
Para que as transformações químicas possam acontecer,
olfato respectivamente, e a fase de agregação da maté- as ligações entre átomos e moléculas precisam ser rom-
ria, que pode ser sólida (pó, pasta), líquida ou gasosa e pidas e devem ser restabelecidas de outro modo. Como
que impressiona o tato. essas ligações podem ser muito fortes, geralmente é ne-
cessária energia na forma de calor para iniciar a reação.

55
As transformações químicas podem ocorrer de distin- atrito com a caixinha que o contém, produz uma faísca,
tas maneiras, sendo estas2: que faz as substâncias inflamáveis do palito entrarem em
combustão.
-Por ação do calor
Muitas substâncias são transformadas quando subme- -Pela junção de substâncias
tidas a uma fonte de calor. O cozimento de alimentos é Através da junção de duas substâncias podem ocor-
um exemplo. rer reações químicas. Isso frequentemente ocorre em la-
boratórios de química. A adição do sódio metálico em
Quando há decomposição de um material devido ao água é um exemplo:
calor, chamamos o processo de termólise. Ex: Termólise
do magnésio Energia: É a medida da capacidade de realizar um
Magnésio + oxigênio → óxido de magnésio trabalho.
Existem vários tipos de energia, dependendo do tipo
-Por ação de uma corrente elétrica de trabalho realizado. Por exemplo, a energia que um
Algumas substâncias necessitam de energia elétrica corpo adquire quando está em movimento é a energia
para que possam se transformar. A esse processo damos cinética.
o nome de eletrólise. A energia que o corpo armazena é a energia poten-
Para a decomposição da água, em hidrogênio e oxi- cial.
gênio, por exemplo, utilizamos uma corrente elétrica para A energia mecânica é toda forma de energia relacio-
esta transformação. nada com o movimento de corpos ou com a capacidade
de colocá-los em movimento ou de deformá-los.

A energia química é baseada na força de atração e


repulsão nas ligações químicas, presente na formação da
matéria. As trocas de calor são energias térmicas.
A condução de eletricidade é uma energia elétrica, e
a energia na forma de luz é a energia luminosa.

SUBSTÂNCIAS E MISTURAS

-Por ação da luz As substâncias químicas corresponde a moléculas,


A fotossíntese é um exemplo de reação química que que podem ser representadas por fórmulas, como a
ocorre na presença da luz, onde a água e o dióxido de água, H2O. Estas são formadas por elementos químicos,
carbono do ar são transformados em oxigênio e glicose. ou seja, aqueles que são encontrados na tabela perió-
dica. Analisando-se o exemplo da própria água, tem-se
que, tanto o Hidrogênio como o Oxigênio, estão na tabe-
la periódica, nas famílias 1 e 8, respectivamente.

Substância Pura

Uma substância pura é exatamente o que o termo


indica: uma única substância com composição caracterís-
tica e definida e com um conjunto definido de proprie-
dades, isto é, que possuem composição fixa. Exemplos
de substâncias puras são: a água, o sal, o ferro, o açúcar
comestível e o oxigênio.
Nas substâncias puras o ponto de fusão e ebulição
ocorrem em temperaturas constantes:

A transformação do oxigênio em ozônio acontece


através da luz ultravioleta. Essa reação por ação da luz
também é de extrema importância, pois assim é formada
a camada de ozônio que protege a Terra dos raios ultra-
CIÊNCIAS NATURAIS

violetas.

-Por ação mecânica


Uma ação mecânica (atrito ou choque) é capaz de
desencadear transformações em certas substâncias. Um
exemplo é o palito de fósforo, que quando entra em

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As substâncias puras podem ser classificadas como Existem misturas que, como exceção, comportam-se
simples ou compostas. como se fossem substâncias puras durante a fusão: são
as chamadas misturas eutéticas.
-Substância simples Exemplo: algumas ligas metálicas, dentre elas a solda
As substâncias formadas por um ou mais átomos de um usada em eletrônica (37% de chumbo e 63% de estanho).
mesmo elemento químico é classificada como substân-
cia pura simples ou, simplesmente, substância simples.

-Substância composta
Quando as moléculas de determinada substância são
formadas por dois ou mais elementos químicos, ela é Por outro lado, também existem misturas que, como
classificada como substância pura composta ou, sim- exceção, comportam-se como se fossem substâncias
plesmente, substância composta. puras durante o processo de ebulição; são chamadas de
misturas azeotrópicas.

Exemplo: água e álcool na proporção de 4% de água


e 96% de álcool

Símbolos e fórmulas
-Símbolos: representa um elemento químico
-Fórmula: representa uma substância pura, simples
ou composta.

Exemplos:
-O é o símbolo do elemento químico oxigênio
-O2 é a fórmula da substância simples oxigênio
-O3 é a fórmula da substância simples ozônio Uma vez que as misturas apresentam composição va-
riável, têm também propriedades — como ponto de fu-
Misturas são, ponto de ebulição, densidade — diferentes daquelas
Uma mistura é um sistema formado por duas ou apresentadas pelas substâncias quando estudadas sepa-
mais substâncias puras, denominadas componentes. radamente.
Em uma mistura o fusão e/ou ebulição não ocorrem
em temperaturas constantes. A temperatura varia duran- Tipos de misturas
te a fusão ou durante a ebulição, ou durante ambas. Estas
não possuem ponto de fusão e ponto de ebulição, e sim As misturas podem ser classificadas em homogêneas
intervalo de fusão e intervalo de ebulição: e heterogêneas. A diferença entre elas é que a mistu-
ra homogênea é uma solução que apresenta uma única
fase enquanto a heterogênea pode apresentar duas ou
mais fases. Fase é cada porção que apresenta aspecto
visual uniforme.

Misturas homogêneas
CIÊNCIAS NATURAIS

Nesse tipo de mistura não há superfícies de separação


visíveis entre seus componentes, mesmo que a observa-
ção seja realizada a nível de um microscópio eletrônico.
Exemplo: Solução de água e açúcar
As misturas homogêneas são normalmente chamada
de solução

57
Misturas heterogêneas Um sistema heterogêneos apresenta sempre uma
única fase, isto é, constitui um sistema monofásico. En-
As misturas heterogêneas são aquelas em que são tretanto, sistema heterogêneo constitui sempre um siste-
possíveis as distinções de fases (regiões visíveis da mis- ma polifásico (muitas fases), que pode ser bifásico, trifá-
tura onde se encontram os componentes), na maioria sico, tetrafásico e etc.
das vezes sem a necessidade de utilizar equipamentos
de aumento (como o miscroscópio). Um bom exemplo Processos de separação de misturas
é o ar poluído das grandes cidades: apesar da aparência
homogênea, os sólidos em suspensão podem ser retidos Análise imediata
por uma simples peneira.
Na natureza, raramente encontramos substâncias pu-
Sistema homogêneo e Heterogêneo: Fases ras. Assim, para obtermos uma determinada substância,
é necessário usar métodos de separação. O conjunto de
Sistema homogêneo processos físicos que não alteram a natureza das subs-
tâncias é denominado análise imediata. Para cada tipo
Apresenta as mesmas propriedades em qualquer par- de mistura — heterogênea ou homogênea — usamos
te de sua extensão em que seja examinado. Pode ser um métodos diferentes.
mistura (solução) ou uma substância pura.
Decantação
Processo utilizado para separar dois tipos de misturas
heterogêneas.

a) Líquido e sólido
A fase sólida (barro), por ser mais densa, sedimenta-
-se, ou seja, deposita-se no fundo do recipiente, e a
fase líquida pode ser transferida para outro frasco. A
decantação é usada, por exemplo, nas estações de
Substância pura tratamento de água

Mistura homogênea b) Líquido e líquido


Separa líquidos imiscíveis (exemplo: água e óleo) com
Sistema heterogêneo a utilização de um funil de decantação. Após a de-
Não apresenta as mesmas propriedades em qualquer cantação, abre-se a torneira, deixando passar o lí-
parte de sua extensão em que seja examinado. Pode ser quido mais denso.
uma substância pura em mudança de estado físico (fu-
são, vaporização, etc...)

Exemplos:

Centrifugação
CIÊNCIAS NATURAIS

A centrifugação é uma maneira de acelerar o processo


de decantação envolvendo sólidos e líquidos realizada num
aparelho denominado centrífuga. Na centrífuga, devido ao
Fases: movimento de rotação, as partículas de maior densidade,
São diferentes porções homogêneas, limitadas por por inércia, são arremessadas para o fundo do tubo.
superfícies de separação visíveis (com ou sem aparelhos
de aumento), que constituem um sistema heterogêneo.

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Filtração
É utilizada para separar substâncias presentes em mis-
turas heterogêneas envolvendo sólidos e líquidos.
-Filtração simples: A fase sólida é retida no papel de
filtro, e a fase líquida é recolhida em outro frasco.

-Destilação fracionada: Na destilação fracionada, são


separados líquidos miscíveis cujas temperaturas
de ebulição (TE) não sejam muito próximas. Du-
rante o aquecimento da mistura, é separado, ini-
cialmente, o líquido de menor TE; depois, o líquido
com TE intermediária, e assim sucessivamente, até
o líquido de maior TE. À aparelhagem da destilação
simples é acoplada uma coluna de fracionamen-
to. Conhecendo-se a TE de cada líquido, pode-se
saber, pela temperatura indicada no termômetro,
qual deles está sendo destilado.

-Filtração a vácuo: A água que entra pela trompa


d’água arrasta o ar do interior do frasco, diminuin-
do a pressão interna do kitassato, o que torna a
filtração mais rápida.

Ventilação

Esse método é usado, por exemplo, para separar a


Destilação palha do grão de arroz. É aplicada uma corrente de ar, e
É utilizada para separar cada uma das substâncias a palha, que é mais leve, voa.
presentes em misturas homogêneas envolvendo sólidos
dissolvidos em líquidos e líquidos miscíveis entre si. Tamisação

-Destilação Simples: Na destilação simples de sólidos Feita com uma peneira muito fina chamada tamise,
CIÊNCIAS NATURAIS

dissolvidos em líquidos, a mistura é aquecida, e os separa sólidos maiores dos menores. Ex: cascalhos e pe-
vapores produzidos no balão de destilação passam quenas pedras preciosas.
pelo condensador, onde são resfriados pela pas-
sagem de água corrente no tubo externo, se con-
densam e são recolhidos no erlenmeyer. A parte
sólida da mistura, por não ser volátil, não evapora
e permanece no balão de destilação

59
Sublimação REAÇÕES QUÍMICAS

As substâncias participantes desse processo podem As reações químicas são transformações que en-
ser separadas das impurezas através da sublimação e volvem alterações, quebra e/ou formação, nas ligações
posterior cristalização. entre partículas (átomos, moléculas ou íons) da matéria,
resultando na formação de nova substância com pro-
Separação Magnética priedades diferentes da anterior. Algumas evidências da
ocorrência de uma reação química são mudança de cor,
É um método que utiliza a força de atração do ímã evolução de calor ou luz, formação de uma substância
para separar materiais metálicos ferromagnéticos dos volátil, formação de um gás, entre outros.
demais. Uma mistura de limalha (pó) de ferro com outra No nosso cotidiano, há muitas reações químicas en-
substância, pó de enxofre, por exemplo, pode ser sepa- volvidas, como por exemplo, no preparo de alimentos, a
rada com o emprego de um ímã. Aproximando o ímã da própria digestão destes alimentos no nosso organismo,
mistura, a limalha de ferro prende-se a ele, separando- a combustão nos automóveis, o aparecimento da ferru-
-se do enxofre. gem, a fabricação de remédios, etc.

Equações químicas

A equação química é a forma de se escrever uma rea-


ção química que envolve os reagentes e produtos. As subs-
tâncias iniciais de uma reação química, as que reagem, são
chamadas de reagentes. Já as substâncias finais de uma
Liquefação fracionada reação, as que se formam, são chamadas de produto.3

Separa gases com pontos de fusão diferentes. Nesse


processo um dos gases se liquefaz primeiro, podendo -Representação de uma Equação Química:
assim ser separado do outro gás. Reagentes → Produto

Nas equações químicas são utilizados símbolos e nú-


meros para descrever os nomes e as proporções das dife-
rentes substâncias que entram nessas reações. Os reagen-
tes são mostrados no lado esquerdo da equação e os pro-
dutos no lado direito. Na reação a matéria não e criada e
nem destruídas, os átomos somente são reorganizados de
forma diferente, por isso, uma equação química deve ser
balanceada: o número de átomos da esquerda precisa ser
igual o número de átomos da direita. Sendo assim, balan-
cear uma equação é fazer com que ela entre em equilíbrio.
Cromatografia em papel
-Exemplo de uma Equação Química não equilibrada:
Esta técnica é assim chamada porque utiliza para a H2 + Cl2 à HCl
separação e identificação das substâncias ou componen-
tes da mistura a migração diferencial sobre a superfície A equação acima está desbalanceada, pois temos nos
de um papel de filtro de qualidade especial (fase estacio- reagentes (H2 e Cl2) dois átomos de cada elemento, e no
nária). A fase móvel pode ser um solvente puro ou uma produto (HCl) somente uma molécula.
mistura de solventes.
CIÊNCIAS NATURAIS

Este método é muito útil para separar substâncias -Exemplo de uma Equação Química equilibrada:
muito polares, como açúcares e aminoácidos. Possui o H2 + Cl2 à 2 HCl
inconveniente de poder-se cromatografar poucas quan-
tidades de substância de cada vez. Agora, a equação representada acima está balancea-
da, uma vez que a adição do coeficiente 2 nos produtos
que indica a existência de duas moléculas de ácido clo-
3 Mundoeducação.uol.com.br

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rídrico (HCl). Esse número que antecede o elemento, no Nessa reação, um composto simples AB se decompõe
caso o número 2, é chamado de coeficiente estequio- em duas substâncias simples A e B. Os símbolos subscri-
métrico. A função desse coeficiente é indicar a quantida- tos (s, g) significam o estado de agregação das matérias
de de cada substância que participa da reação. envolvidas: sólido e gasoso, respectivamente
Podemos saber praticamente tudo sobre uma reação quí- Exemplo: Ocorre na decomposição do NaCl em Só-
mica através de sua equação, ela pode oferecer, por exem- dio sólido e Cloro gasoso: como o NaCl é extremamente
plo, as seguintes informações através de símbolos tais como: estável, é necessário algum processo (geralmente ele-
troquímico) para que os átomos de cada molécula-íon
sejam separados.
#FicaDica Vários fatores podem causar a decomposição de um
-Quando a reação é reversível: ↔ composto, entre eles, vamos destacar três:
-Presença de luz: λ
-Catalisadores ou aquecimento: (1) Pirólise: Quando algumas substâncias compostas
-Formação de um precipitado: ↓ são submetidas ao aquecimento, elas se decompõem.
Esse tipo de reação é chamado de pirólise, isto é, quebra
de um composto por meio do fogo.
A Equação Química pode ainda demonstrar o estado Exemplo: Esse tipo de reação ocorre na produção do
físico do átomo participante da reação, através das letras bio-óleo ou alcatrão pirolítico, que é considerado uma
respectivas entre parênteses: alternativa energética para os combustíveis derivados do
petróleo. A vantagem do bio-óleo é que ele não possui
Gás (g) Vapor (v) Líquido (l) Sólido (s) Cristal (c). metais pesados como chumbo e mercúrio, que podem
poluir o meio ambiente e contaminar seres vivos; não
Tipos de reações possui enxofre, que sofre reações na atmosfera e gera as
chuvas ácidas, e também libera menos cinzas.
Reação de síntese ou adição Outros exemplos de reações de decomposição pela
ação do calor:
Na reação de síntese, uma substância composta é for- CaCO3(s) à CaO(s) + CO2(g)
mada pela junção de duas ou mais substâncias (simples 2KClO3(s) à 2KCl(s) + 3O2(g)
ou compostas).4
A+BàC 6(2) Fotólise: Esse tipo de reação quando a luz causa
a decomposição dos compostos.
OBS: Essa reação se faz presente em flashes fotográfi- Exemplo 1: A fotólise ocorre no processo fotossinté-
cos descartáveis e foguetes sinalizadores. tico realizado pelos vegetais a fim de produzir energia.
Exemplo 1: Ao se queimar uma fita de magnésio, o A reação mais importante da fotossíntese é a fotólise da
oxigênio presente no ar reage com o magnésio da fita, água, que ocorre na fase clara.
originando o óxido de magnésio:5 2H2O à O2 + 4H+ + 4e-
2Mg(s) + 1 O2(g) → 2MgO(s) Exemplo 2: A água oxigenada (peróxido de hidrogê-
nio), também está sujeito à fotólise, como representado
Exemplo 2: Reação do óxido de cálcio com a água, na equação química:
produz o hidróxido de cálcio: H2O2 (aq) àH2O (l) + 1/2O2 (g)
CaO + H2O → Ca(OH)2
(3) Eletrólise: Nas reações de eletrólise as substân-
Exemplo 3: As soluções aquosas de ácido clorídrico e cias se decompõem pela passagem de corrente elétrica
hidróxido de amônio, liberam dois gases: o HCl e o NH3.
Se colocarmos estes dois gases em contato, eles gerarão Reação de simples troca ou deslocamento
uma névoa que é o cloreto de amônio:
HCl + NH3 → NH4Cl Esse tipo de reação ocorre quando uma substância
simples reage com uma composta originando novas
Reação de Análise ou Decomposição substâncias: uma simples e outra composta.
A + XY → AY + X
A reação de decomposição ou de análise é um dos tipos
de reações químicas na qual determinado composto, por Exemplo: Quando uma lâmina de zinco é introduzida em
ação espontânea se instável e não espontânea se estável, ao uma solução aquosa de ácido clorídrico, vai ocorrer a forma-
se desfragmentar quimicamente, dá origem à pelo menos ção de cloreto de zinco e o gás hidrogênio vai ser liberado.
dois produtos diferentes. Como exemplifica a reação a se- Zn (s) + 2 HCl (aq) → ZnCl2(aq) + H2 (g)
CIÊNCIAS NATURAIS

guir:
2AB(s) à 2A(s) + B2(g) A reação e classificada como de deslocamento uma
vez que o zinco “deslocou” o hidrogênio

4 THEODORE L. Brown, H. EUGENE LeMay, BRUCE E. Bursten.


Química: A ciência central, São Paulo – SP: Editora Prentice-Hall,
2005. 9ª Edição. 992 pág.
5 http://www.infoescola.com/ 6 SOUZA, Líria Alves De. “Tipos de Reações Químicas”; Brasil Escola.

61
Reação de substituição ou dupla troca

A reação de dupla troca ocorre quando dois reagen- .


tes reagem formando dois produtos, ou seja, se duas
substâncias compostas reagirem dando origem a novas Repare que a soma dos átomos dos reagentes é igual
substâncias compostas recebem essa denominação. ao número de átomos do produto. É isso que confirma: a
AB + XY → AY + XB equação foi balanceada.

Importante: Para a ocorrência da reação de dupla Confira outro exemplo: BaO + As2O5 → Ba3
troca, pelo menos uma das três condições abaixo deve (AsO4)2
ocorrer:
-Formar-se pelo menos um produto insolúvel; Neste caso ao invés de sobrar, faltam átomos de Bá-
-Formar-se pelo menos um produto menos ionizado rio e Oxigênio. Para isso é preciso acrescentar molécu-
(mais fraco); las de BaO até que a necessidade seja suprida, tomando
-Formar-se pelo menos um produto menos volátil. cuidado para que não haja sobra.

Exemplo: a reação entre o ácido sulfúrico com hidró-


xido de bário produz água e sulfato de bário.
H2SO4 (aq) + Ba(OH)2(aq) → 2 H2O(l) + BaSO4(s)

O produto sulfato de bário: BaSO4(s) é um sal branco


insolúvel.

Balanceamento das reações químicas


Acrescentando mais duas moléculas de BaO, tudo se
Segundo Danton os átomos normalmente se conser- resolve. Basta transcrever os coeficientes das fórmulas
vam nas transformações químicas, mas nem sempre uma químicas na equação e pronto. Repare mais uma vez que
equação é indicada de forma que isso fique aparente. o número de átomos se conserva.
Isso porque é preciso fazer um “acerto”, o balanceamen-
to químico do número de átomos que constituem os rea-
gentes e os produtos. Neste tópico falaremos um pouco
sobre um tipo bem específico de balanceamento, aquele
que é feito logo no início, quando não se tem muita prá-
tica. Para melhor entendimento, recomendamos o uso de Fórmulas das substâncias
“bolinhas” ou os símbolos criados por Dalton. Além de
ilustrarem melhor a operação, elas ajudam a fixar a ideia As ciências se comunicam por meio de códigos. A
logo no início. Confira o exemplo: música, por exemplo, utiliza símbolos para representar
os variados sons, e desta forma, uma partitura musical
será acessível a qualquer músico do mundo. A Química
também possui os seus códigos e, sem dúvida, os mais
importantes são os símbolos dos elementos químicos
e as fórmulas das substâncias. No caso da substância
água, foi verificado experimentalmente, que:
Vamos balancear a equação da formação da água. → A água era formada pelos elementos químicos hi-
Tendo como reagentes uma molécula de Hidrogênio com drogênio e oxigênio.
dois átomos e uma molécula de gás oxigênio, também → Em qualquer quantidade de água, os átomos de hi-
com dois átomos, precisamos chegar à fórmula H2O. drogênio e oxigênio estavam combinados na proporção
Repare que sobra um átomo de oxigênio e para que de 2:1, respectivamente.
ocorra o balanceamento, não pode haver sobra. Por Em função destas observações, concluiu-se que a
isso é preciso acrescentar outra molécula de Hidrogênio água passou a ser representada pela fórmula H2O.
com dois átomos. Assim ao invés de uma, serão produ- H2O1ou H2O
zidas duas moléculas de água.
Onde os números 1 e 2, denominados de índice, indi-
cam a quantidade de átomos de cada elemento químico.
Normalmente, o índice 1 não precisa escrito.
CIÊNCIAS NATURAIS

Balanceamento das equações químicas por oxi-re-


dução

Como nas reações de óxido-redução ocorre trans-


A equação balanceada ficaria da seguinte forma: ferência de elétrons, para balanceá-las devemos igualar
o número de elétrons perdidos e recebidos. Para isso,

62
devemos inicialmente determinar o número de elétrons Primeiramente, devemos determinar o Nox de cada
perdidos ou recebidos para cada espécie química, que espécie e suas variações da seguinte maneira:
corresponde à variação do Nox (ΔNox).
Com base nesse conhecimento, vamos determinar
a quantidade necessária de cada espécie para obter a
igualdade do número de elétrons.

Regras para realizar o balanceamento das equa-


ções por oxi-redução

O balanceamento tem como fundamento que o total O Al perde 3 e– ΔNox = 3


de elétrons cedidos pelo redutor seja IGUAL ao total de O Cu2+ recebe 2 e– ΔNox = 2
elétrons recebidos pelo oxidante.
A seguir devemos igualar o número de elétrons:
1º) Determinar, na equação química, os valores de 1 átomo de Al perde 3 e–à 2 átomos de Al perdem
todos os Nox e verificar qual espécie se oxida e qual se 6 e–
reduz, analisando os valores dos Nox dos elementos nos 1 íon de Cu2+ recebe 2 e– à3 íons de Cu2+ recebem
reagentes e nos produtos. 6 e–
Esses números de átomos correspondem aos coefi-
2º) Escolher entre as espécies que sofrem redução e cientes dessas espécies; a partir deles determinamos os
oxidação uma delas para iniciar o balanceamento. coeficientes das outras espécies, obtendo a equação ba-
lanceada:
3º) Calcular os Δoxid e Δred . Veja abaixo:
Δoxid = número de elétrons perdidos x atomicidade 2Al(s) + Cu2+ (aq)à 2 Al3+ (aq) + 3 Cu(s)
do elemento Exemplo 2: Quando uma solução aquosa de perman-
Δred = número de elétrons recebidos x atomicidade ganato de potássio (KMnO4), de cor violeta, é tratada
do elemento com ácido clorídrico (HCl), ela sofre uma descoloração,
ou seja, torna-se incolor.
4º) Se possível, os Δoxid e Δred podem ser simplifi- A reação pode ser esquematizada da seguinte manei-
cados. Exemplificando: ra:
Δoxid = 4 Δred = 2 KMnO4 + HClà KCl + MnCl2 + Cl2 + H2O

Resumindo.. Primeiramente, determinamos a variação do Nox


Δoxid = 2 Δred = 1 (ΔNox) de cada elemento:

5º) Para igualar os elétrons nos processos de oxida-


ção e redução:
O Δoxid se torna o coeficiente da substância que
contém o átomo que se reduz.
O Δred se torna o coeficiente da substância que con-
tém o átomo que se oxida.
Todo o manganês (Mn) presente no KMnO4 sofreu
6º) Os coeficientes das demais substâncias são de- redução, originando o MnCl2:
terminados por tentativas, baseando-se na conservação
dos átomos.
Exemplo1:
Uma lâmina de alumínio (Al) foi mergulhada numa
solução aquosa de sulfato de cobre (CuSO4), ocorrendo O cloro contido no HCl da origem ao KCl, MnCl2 e
a formação de cobre metálico (Cu) e de sulfato de alumí- Cl2. Entretanto, apenas uma parte dos seus átomos oxi-
nio [Al2(SO4)3]. dou-se, originando o Cl2:
CIÊNCIAS NATURAIS

Associando o ΔNox com a quantidade de Cl2 forma-


A reação esquematizada acima pode ser representa- da, observamos que cada elemento cloro que forma Cl2
da, na forma iônica, da seguinte maneira: perde 1 elétron; como são necessários 2 cloros para for-
Al(s) + Cu2+ (aq) àAl3+ (aq) + Cu(s) mar cada Cl2, nessa formação foram perdidos 2 elétrons.
Assim, temos:

63
-KMnO4 = ΔNox = 5; sob o ponto de vista microscópico, é caracterizado por
-Cl2 = 2 ΔNox = 2. três variáveis: pressão, volume e temperatura. São deno-
Agora iremos determinar os coeficientes para cada es- minadas variáveis de estado.
pécie em que houve variação do Nox, sabendo que isso I. Volume
pode ser feito simplesmente atribuindo o ΔNox de uma O volume de qualquer substância é o espaço ocupa-
espécie como coeficiente da outra espécie. Assim, temos: do por esta substância. No caso dos gases, o volume de
-KMnO4 = ΔNox = 5 ⇒ 5 será o coeficiente do Cl2; uma dada amostra é igual ao volume do recipiente que
-Cl2 = 2 (ΔNox) = 2 ⇒ 2 será o coeficiente do KMnO4. a contém. As unidades usuais de volume são: litro (L),
mililitro (ml), metro cúbico (m3), decímetro cúbico (dm3)
Conhecendo os coeficientes do KMnO4 e do Cl2, po- e centímetro cúbico (cm3).
demos determinar os outros pelo método das tentativas,
e teremos a equação balanceada:
2KMnO4 + 16HCl à 2KCl + 2MnCl2 + 5Cl2 + 8H2O

Velocidade da Equação Química

A velocidade das reações químicas é alterada princi-


palmente por variações na superfície de contato, na con-
centração dos reagentes, na temperatura e pelo uso de
catalisadores.
A velocidade das reações químicas é uma área estuda- II. Temperatura
da pela Cinética Química. Esse estudo é importante por- É a medida do grau de agitação térmica das partículas
que é possível encontrar meios de controlar o tempo de que constituem uma substância. No estudo dos gases,
desenvolvimento das reações, tornando-as mais lentas ou é utilizada a escala absoluta ou Kelvin (K) e, no Brasil, a
mais rápidas, conforme a necessidade. escala usual é a Celsius ou centígrado (°C). Portanto, para
Alguns dos fatores que interferem na velocidade das transformar graus Celsius (t) em Kelvin, temos:
reações são:
- Temperatura: um aumento na temperatura provoca T= t+273
um aumento na velocidade das reações químicas,
sejam elas endotérmicas ou exotérmicas, pois isso III. Pressão
faz com que se atinja mais rápido o complexo ati- A pressão é definida como força por unidade de área. No
vado; estado gasoso, a pressão é o resultado do choque de suas
- Concentração: um aumento na concentração dos moléculas contra as paredes do recipiente que as contém. A
reagentes acelera a reação, pois haverá um maior medida da pressão de um gás é feita através de um aparelho
número de partículas dos reagentes por unidade de chamado manômetro. O manômetro é utilizado na medida
volume, aumentando a probabilidade de ocorrerem da pressão dos gases, dentro de recipientes fechados.
colisões efetivas entre elas;
- Pressão: Esse fator interfere unicamente em sistemas Leis Físicas dos Gases
gasosos. O aumento da pressão aumenta também a Uma dada massa de gás sofre uma transformação
rapidez da reação, pois deixa as partículas dos rea- quando ocorrem variações nas suas variáveis de estado.
gentes em maior contato; Começamos o estudo modificando-se apenas duas das
- Superfície de contato: Quanto maior a superfície de grandezas e a outra se mantém constante.
contato, maior a velocidade com que a reação se
processa, pois, conforme explicado nos dois últimos • Lei de Boyle-Mariotte
itens, a reação depende do contato entre as subs- “À temperatura constante, uma determinada massa de
tâncias reagentes; gás ocupa um volume inversamente proporcional à pres-
-Catalisador: O uso de catalisadores específicos para são exercida sobre ele”.
determinadas reações pode acelerá-las. Essas subs- Esta transformação gasosa, onde a temperatura é
tâncias não participam da reação em si, pois são mantida constante, é chamada de transformação isotér-
totalmente regeneradas ao final dela. mica.

ESTUDOS DOS GASES

Equação geral dos gases


CIÊNCIAS NATURAIS

Todo gás é constituído de partículas (moléculas) que


estão em contínuo movimento desordenado. Esse movi-
mento de um grande número de moléculas provoca co-
lisões entre elas e, por isso, sua trajetória não é retilínea
num espaço apreciável, mas sim caminham em zigue-
zague. Essas colisões podem ser consideradas perfeita-
mente elásticas. O estado em que se apresenta um gás,

64
Experiência da Lei de Boyle-Mariotte Graficamente, encontramos:

A lei de Boyle-Mariotte pode ser representada por


um gráfico pressão-volume. Neste gráfico, as abscissas
representam a pressão de um gás, e as ordenadas, o vo- A reta obtida é representada pela equação: V = (cons-
lume ocupado. tante) · T ou V/T = constante

Com isso, ficamos com:

• Lei de Charles/Gay-Lussac
“A volume constante, a pressão exercida por uma de-
terminada massa fixa de gás é diretamente proporcional à
temperatura absoluta.”

A curva obtida é uma hipérbole, cuja equação represen- Esta transformação gasosa, onde o volume é manti-
tativa é PV = constante. Portanto, podemos representar: do constante, é denominada de transformação isocórica,
isométrica ou isovolumétrica. As relações entre pressão e
temperatura são representadas a seguir:

• Lei de Charles/Gay-Lussac
“À pressão constante, o volume ocupado por uma mas-
sa fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura
absoluta.”

Esta transformação gasosa, onde a pressão é mantida


constante, é chamada de transformação isobárica. As re-
lações entre volume e temperatura podem ser represen- Graficamente, encontramos:
tadas pelo esquema:
CIÊNCIAS NATURAIS

65
A reta obtida é representada pela equação: P = (cons- Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP,
tante) · T ou P/T = constante CN ou TPN)
Com isso, ficamos com:
São definidas como condições normais de temperatura
e pressão quando o gás é submetido a uma pressão de 1
atm e à temperatura de 0 °C. Portanto, podemos colocar:
P = 1 atm = 760 mmHg
T = 0 °C = 273 K
Gás Perfeito ou Ideal
Lei de Avogadro
Obedece rigorosamente às Leis Físicas dos Gases em
quaisquer condições de temperatura e pressão. FIQUE ATENTO!
“Volumes iguais de gases quaisquer, à mesma
Gás Real temperatura e pressão, encerram o mesmo
número de moléculas”
Não segue o comportamento do gás ideal, principal-
mente em pressões muito altas e/ou em temperaturas
baixas, porque ocorre alta redução de volume e as partí-
culas, muito próximas, passam a interferir umas no movi-
mento das outras. Um gás real aproxima-se do compor-
tamento de um gás ideal à medida que diminui a pressão
e aumenta a temperatura.

Equação Geral dos Gases

Esta equação é utilizada quando ocorre transforma- Sendo n a quantidade em mols de cada gás, pode-
ção gasosa em que as três variáveis de estado (P, V e mos concluir que:
T) se modificam simultaneamente. Ela é obtida por meio
da relação matemática entre as transformações gasosas
estudadas anteriormente.
Determinou-se experimentalmente o volume ocupa-
do por 1 mol de qualquer gás nas CNTP e foi encontrado
#FicaDica o valor aproximadamente igual a 22,4 L. Portanto, pode-
mos dizer que:

Equação de Clapeyron
As leis de Boyle e Charles/Gay-Lussac podem ser
combinadas com a lei de Avogadro para relacionar volu-
me, pressão, temperatura e quantidade em mols de um
gás. Tal relação é chamada de equação de estado de um
gás. Ela pode ser encontrada das seguintes formas:

Lei de Boyle-Mariotte
V é proporcional a quando T e n são constantes.

Lei de Charles/Gay-Lussac
V é proporcional a T onde P e n são constantes.
P é proporcional a T onde V e n são constantes.

Lei de Avogadro

V é proporcional a n quando T e P são constantes.


Agrupando as quatro expressões encontramos:

V é proporcional a · (T) · (n) ou


CIÊNCIAS NATURAIS

V=R· · (T) · (n), onde R representa a constante


de proporcionalidade e é chamada de constante univer-
sal dos gases. A equação de estado pode então ser re-
presentada por:

66
Esta equação também é denominada de equação de É por isso que conseguimos sentir o cheiro dos perfu-
Clapeyron, em homenagem ao físico francês que a deter- mes: algumas de suas moléculas se difundem ou se es-
minou. A constante R pode assumir vários valores dentre palham pelo ar. Além disso, os gases que saem das cha-
os quais destacamos: minés das fábricas, do escapamento dos automóveis, a
fumaça de queimadas ou de cigarros, difundem-se pelo
ar e acabam “sumindo”, pois a proporção de volume do
ar é muito maior.
Existe, porém, um tipo especial de difusão, que é a
efusão.

Efusão: é a propriedade que os gases têm de pas-


sar através de pequenos orifícios.
DIFUSÃO E EFUSÃO DOS GASES
Por exemplo, um balão preenchido de gás hélio com
o passar do tempo acaba murchando. Isso ocorre por-
A difusão dos gases é a sua passagem espontânea para
que o balão é constituído de paredes com pequenos
outro meio gasoso. Já a efusão é esta mesma passagem
orifícios ou poros, pelos quais o gás passa.
só que por meio de pequenos orifícios. Segundo a Lei de
Graham, a velocidade de difusão dos gases é inversamente
proporcional à raiz quadrada de suas densidades. 7 Misturas gasosas
A unidade usada nesse caso é o “volume que escapa
por unidade de tempo”; sendo, portanto, geralmente L/ As misturas gasosas são muito comuns no cotidiano.
min (litros por minuto). É possível descobrir sua pressão e volume total através
Assim, gases com menor densidade difundem-se mais das pressões e volumes parciais dos gases componen-
rapidamente. Se estiver na mesma condição de tempera- tes da mistura.
tura e pressão, pode-se também fazer uma relação disso Estamos cercados mais por misturas de gases do que
com a massa molar do gás: quanto maior a densidade do por gases isolados. O ar que respiramos é um exemplo
gás, maior será a sua massa molar e menor a sua veloci- de mistura de vários gases, sendo que os principais são
dade de difusão; e vice-versa. Desse modo, temos: o nitrogênio (N2), que corresponde a cerca de 80% do
ar; e o oxigênio (O2), que é quase 20%.
Visto que são tão presentes em nosso cotidiano, é
necessário analisar duas grandezas importantes quando
se trata de misturas gasosas, que são: pressão parcial e
volume parcial. A seguir, ambos serão explicados:

Difusão: é a propriedade que todos os gases têm 1.Pressão parcial dos gases:
de se misturar espontaneamente com outros gases A pressão parcial de um gás é a pressão que ele
resultando em misturas ou soluções homogêneas. exerceria se estivesse sozinho, nas mesmas condições
Isso pode ser visualizado no exemplo abaixo, em que de temperatura e volume da mistura.
foram colocados dois balões de vidro contendo gases Segundo Dalton, a soma das pressões parciais dos
diferentes. Ao abrir a válvula que separa esses gases, gases que formam a mistura resulta na pressão total (p)
pode-se visualizar que as moléculas dos dois gases, por da mistura. Por exemplo, se a pressão do ar for de 1,0
apresentarem um movimento contínuo e muito rápido,
atm, a pressão parcial do N2 será de 0,8 (80% da pres-
acabam se misturando com grande velocidade, originan-
são total) e a pressão parcial de O2 será igual a 0,2 %
do uma mistura homogênea.
(20% da pressão total da mistura).
Essa Lei de Dalton é mostrada também pela fração
em quantidade de matéria (X). Essa fração no caso do
nitrogênio é dada por 0,8 mol.
1,0 mol
PN2= p . XN2
PN2= 1,0 atm . 0,8 = 0,8 atm.

Pode-se também calcular cada pressão parcial por


meio da equação de estado dos gases:
Equação de estado dos gases: PV = nRT
CIÊNCIAS NATURAIS

2. Volume parcial dos gases:


Similarmente à pressão parcial, o volume parcial cor-
responde ao volume que um gás ocupa nas condições de
temperatura e pressão da mistura.

67
A Lei de Amagat diz que a soma dos volumes parciais é igual ao volume total, assim como o caso da pressão visto
anteriormente. Por isso, usamos a equação de estado dos gases, com a única diferença que agora se coloca o volume
parcial do gás e não a pressão:
P. VN2= nN2 . RT

Também é possível calcular o volume parcial de cada gás componente da mistura por meio da fração em quantidade
de matéria.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1(- PC-MA - Perito Criminal CESPE - 2018) Assinale a opção correta no que diz respeito a transformações, reações e
substâncias químicas.

a) A transformação da água em gelo é uma transformação química.


b) Em uma reação química, reagentes são transformados em produtos.
c) A mudança de cor é prova da ocorrência de uma reação química.
d) O petróleo é uma substância química.
e)Em uma transformação química, nem sempre são geradas novas substâncias.

Resposta: Letra B.
A) É uma transformação física, pois, continua sendo H2O.
B) Regra básica da reação química.
C) Pode ser química (reação), física (calor, mudança de estado) ...
D) Petróleo é um conjunto de substâncias químicas.
E) Transformações químicas são ações que resultam na formação de novas substâncias.

2(PC-MA - Perito Criminal CESPE – 2018) No que se refere a relações ponderais, balanceamento de reações químicas e
leis dos gases ideais, assinale a opção correta.

a)De acordo com Avogadro, volumes iguais, de quaisquer gases, nas mesmas condições, apresentam o mesmo número
de moléculas, independentemente de suas massas.
b) Atribui-se a Lavoisier a lei das proporções múltiplas.
c)Duas substâncias podem reagir completamente, independentemente de suas quantidades.
d)Em uma reação química, a quantidade de moléculas dos reagentes será igual à quantidade de moléculas dos pro-
dutos.
e)Para o balanceamento de uma equação, o somatório dos coeficientes dos reagentes deve ser igual ao somatório dos
coeficientes dos produtos

Resposta: Letra A. Atribui-se a Lavoisier a lei das proporções múltiplas ou seja “Quando dois elementos formam duas
ou mais substâncias compostas diferentes, se a massa de um deles permanecer fixa a do outro irá variar em uma relação
de números inteiros e pequenos”. (John Dalton)
(B) Atribui-se a Lavoisier a lei da conservação das massas, proporções múltiplas se refere a lei de Proust
(C)Duas substâncias podem reagir completamente, porém dependem das suas quantidades.
(D)Em uma reação química, a quantidade de moléculas dos reagentes nem sempre poderá será igual à quantidade
de moléculas dos produtos.
(E)Para o balanceamento de uma equação, o somatório dos coeficientes dos reagentes não precisa ser igual ao
somatório dos coeficientes dos produtos, pois o balanceamento de uma equação química consiste no acerto dos
coeficientes das substâncias afim de indicar a quantidade certa de cada componente presente na reação.

3(- PC-MA - Perito Criminal CESPE - 2018) Assinale a opção correta no que diz respeito a transformações, reações e
substâncias químicas.

a) A transformação da água em gelo é uma transformação química.


b) Em uma reação química, reagentes são transformados em produtos.
CIÊNCIAS NATURAIS

c) A mudança de cor é prova da ocorrência de uma reação química.


d) O petróleo é uma substância química.
e) Em uma transformação química, nem sempre são geradas novas substâncias.

Resposta: Letra B.
A) É física, continua sendo H2O.
B) Regra básica da reação química.

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C) Pode ser química (reação) , física (calor, mudança de estado)...
D) Petróleo é um conjunto de substâncias químicas.
E) Transformações químicas são ações que resultam na formação de novas substâncias.

Estrutura da matéria e teoria atômica

Histórico
A preocupação com a constituição da matéria surgiu em meados do século V a. C., na Grécia. Alguns filósofos grego
acreditavam que toda a matéria era formada por quatro elementos: água, terra, fogo e ar, que eram representados por:

A estes elementos foram atribuídas “qualidades” denominadas: quente, frio, úmido e seco, conforme pode ser ob-
servado na figura abaixo:

De acordo com esses filósofos tudo no meio em que vivemos seria formado pela combinação desses quatro ele-
mentos em diferentes proporções. Entretanto por volta de 400 a. C., os filósofos Leucipo e Demócrito elaboraram uma
teoria filosófica (não científica) segundo a qual toda matéria era formada devido a junção de pequenas partículas in-
divisíveis denominadas átomos (que em grego significa indivisível). Para estes filósofos, toda a natureza era formada
por átomos e vácuo.
No final do século XVIII, Lavoisier e Proust realizaram experiências relacionado as massas dos participantes das
reações químicas, dando origem às Leis das combinações químicas (Leis ponderais).

Leis Ponderais

-Lei de Lavoisier:

A primeira delas, a Lei da Conservação de Massas, ou Lei de Lavoisier é uma lei da química que muitos conhecem por
uma célebre frase dita pelo cientista conhecido como o pai da química, Antoine Lavoisier:
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”
CIÊNCIAS NATURAIS

Ao realizar vários experimentos, Lavoisier concluiu que:


“Num sistema fechado, a massa total dos reagentes é igual à massa total dos produtos”

69
3. O número de tipos de átomos (respectivos a cada
elemento) diferentes possíveis é pequeno;
4. Átomos de elementos iguais sempre apresentam
características iguais, bem como átomos de ele-
mentos diferentes apresentam características dife-
rentes. Sendo que, ao combiná-los, em proporções
definidas, definimos toda a matéria existente no
universo;
5. Os átomos assemelham-se a esferas maciças que se
dispõem através de empilhamento;
6. Durante as reações químicas, os átomos permane-
ciam inalterados. Apenas configuram outro arranjo.

Exemplo: Ao mesmo tempo da publicação dos trabalhos de Dal-


Mercúrio metálico + oxigênio → óxido de mercúrio II ton foi desenvolvido o estudo sobre a natureza elétrica da
100,5 g 8,0 g 108,5 g matéria, feita no início do século XIX pelo físico italiano
Volta, que criou a primeira pilha elétrica. Isso permitiu a
-Lei de Proust Humphry Davy descobrir dois novos elementos químicos:
O químico Joseph Louis Proust observou que em uma o potássio (K) e o sódio (Na). A partir disso, os trabalhos a
reação química a relação entre as massas das substâncias respeito da eletricidade foram intensificados.
participantes é sempre constante. A Lei de Proust ou a Lei Em meados de 1874, Stoney admitiu que a eletrici-
das proporções definidas diz que dois ou mais elementos dade estava intimamente associada aos átomos em que
ao se combinarem para formar substâncias, conservam quantidades discretas e, em 1891, deu o nome de elétron
entre si proporções definidas. para a unidade de carga elétrica negativa.
Em resumo a lei de Proust pode ser resumida da se-
guinte maneira:
A descoberta do elétron
“Uma determinada substância composta é formada
por substâncias mais simples, unidas sempre na mesma
Em meados do ano de 1854, Heinrich Geissler desen-
proporção em massa”.
volveu um tubo de descarga que era formado por um vi-
dro largo, fechado e que possuía eletrodos circulares em
Exemplo: A massa de uma molécula de água é 18g e
suas pontas. Ele notou que quando se produzia uma des-
é resultado da soma das massas atômicas do hidrogênio
carga elétrica no interior do tubo de vidro, utilizando um
e do oxigênio.
H2 – massa atômica = 1 → 2 x 1 = 2g gás que estivesse sob baixa pressão, a descarga deixava
O – massa atômica = 16 → 1 x 16 = 16g de ser barulhenta, e no tubo uma cor aparecia –que iria
depender do gás, de sua pressão e da voltagem a ele apli-
Então 18g de água tem sempre 16g de oxigênio e 2g cada–. Um exemplo dessa experiência é o tubo luminoso
de hidrogênio. A molécula água está na proporção 1:8. de neon que normalmente se usa em estabelecimentos
como placa.
mH2 = 2g = 1 Já em 1875, William Crookes se utilizou de gases bas-
____ ___ __ tante rarefeitos, ou seja, que estavam em pressões muito
mO 16g 8 baixas, e os colocou em ampolas de vidro. A eles deposi-
tou voltagens altíssimas e assim, emissões denominadas
#FicaDica raios catódicos surgiram. Isso porque esses raios sempre
se desviam na direção e sentido da placa positiva, quando
As Leis de Lavoisier e de Proust são chamadas
são submetidos a um campo elétrico externo e uniforme,
de Leis Ponderais porque estão relacionadas
o que prova que os raios catódicos são de natureza ne-
à massa dos elementos químicos nas reações
gativa.
químicas.
Esse desvio ocorre sempre da mesma maneira, seja lá
qual for o gás que se encontra no interior da ampola. Isso
-Lei de Dalton fez os cientistas imaginarem que os raios catódicos se-
Em 1808, John Dalton propôs uma teoria para explicar riam formados por minúsculas partículas negativas, e que
essas leis ponderais, denominada teoria atômica, criando estas existem em toda e qualquer matéria. A tais partícu-
o primeiro modelo atômico científico, em que o átomo las deu-se o nome de elétrons. Assim, pela primeira vez
seria maciço e indivisível. A teoria proposta por ele pode na história, constatava-se a existência de uma partícula
CIÊNCIAS NATURAIS

ser resumida da seguinte maneira: subatômica, o elétron.


1. Tudo que existe na natureza é formado por peque-
nas partículas microscópicas denominadas átomos; Modelo atômico de Thomson
2. Estas partículas, os átomos, são indivisíveis (não é
possível seccionar um átomo) e indestrutíveis (não No final do século XIX, Thomson, utilizando uma
se consegue destruir mecanicamente um átomo); aparelhagem semelhante, demonstrou que esses raios
poderiam ser considerados como um feixe de partículas

70
carregados negativamente, uma vez que que eram atraí- Com a finalidade de estudar as radiações emitidas pelos ele-
dos pelo pólo positivo de um campo elétrico externo e mentos radioativos, foram realizados vários tipos de experimen-
independiam do gás contido no tubo. tos, dentre os quais o mais conhecido é o representado a seguir,
Thomson concluiu que essas partículas negativas de- em que as radiações são submetidas a um campo eletromagné-
veriam fazer parte dos átomos componentes da matéria, tico externo.
sendo denominados elétrons. Após isto, propôs um novo
modelo científico para o átomo. Para Thomson, o átomo A experiência de Rutherford
era uma esfera de carga elétrica positiva “recheada” de
elétrons de carga negativa. Esse modelo ficou conhecido Em meados do século de XX, dentre as inúmeras expe-
como “pudim de passas”. Este modelo derruba a ideia de riências realizadas por Ernest Rutherford e seus colaborado-
que o átomo é indivisível e introduz a natureza elétrica da res, uma ganhou destaque, uma vez que mostrou que o mo-
matéria. delo proposto por Thomson era incorreto.
A experiência consistiu em bombardear uma fina folha de
ouro com partículas positivas e pesadas, chamada de α, emiti-
das por um elemento radioativo chamado polônio.

A descoberta do próton

Em 1886, Goldstein, físico alemão, provocando descar-


gas elétricas num tubo a pressão reduzida (10 mmHg) e
usando um cátodo perfurado, observou a formação de um
feixe luminoso (raios canais) no sentido oposto aos raios
catódicos e determinou que esses raios era constituídos por
partículas positivas
Rutherford observou que:
a) grande parte das partículas α passaram pela folha de
ouro sem sofrer desvios (A) e sem altera a sua superfície;
b) algumas partículas α desviaram (B) com determinados
ângulos de desvios;
c) poucas partículas não atravessaram a folha de ouro e
voltaram (C).

O modelo de Rutherford

A experiência da “folha de ouro” realizada pelo neozelan-


Os raios canais variam em função do gás contido no dês Ernest Rutherford foi o marco decisivo para o surgimento
tubo. Quando o gás era hidrogênio, obtinham-se os raios de um novo modelo atômico, mais satisfatório, que explicava
com partículas de menor massa, as quais foram considera- de forma mais clara uma série de eventos observados:
das as partículas fundamentais, com carga positiva, e deno- O átomo deve ser constituído por duas regiões:
minadas próton pelo seu descobridor, Rutherford, em 1904. a) Um núcleo, pequeno, positivo e possuidor de pratica-
A descoberta da radioatividade mente toda a massa do átomo;
b) Uma região positiva, praticamente sem massa, que
Wilhelm Conrad Röntgen foi um físico alemão que, envolveria o núcleo. A essa região se deu o nome
em 8 de novembro de 1895, realizando experimentos em de eletrosfera.
que utilizava gases altamente rarefeitos em uma ampola
de Crookes, descobriu acidentalmente que, a partir da
parte externa do tubo, eram emitidos raios que conse-
CIÊNCIAS NATURAIS

guiam sensibilizar chapas fotográficas. Ele chamou esses


raios de raios X.
Isso possibilitou que, em 1886, Becquerel descobris-
se a radioatividade e a descoberta do primeiro elemento
capaz de emitir radiações semelhantes ao raio X: o urâ-
nio. Logo a seguir o casal Curie descobriu dois outros
elementos radioativos: o polônio e o rádio.

71
Para que fique mais claro, vamos agora relacionar o geralmente conveniente designar cargas em partículas
modelo de Rutherford com as conclusões encontrados em termos de carga em um elétron. De acordo com esta
em sua experiência. convenção, um próton tem uma carga de +1, um elétron
de -1, e um nêutron de 0.
Observações Conclusões Em resumo, podemos então descrever um átomo
como apresentando um núcleo central, que é pequenís-
Boa parte do átomo simo, mas que contém a maior parte da massa do áto-
Grande parte das
é vazio. No espaço mo e é circundado por uma enorme região extranuclear
partículas alfa atravessa
vazio (eletrosfera) contendo elétrons (carga -1). O núcleo contém prótons
a lâmina sem desviar o
provavelmente estão (carga +1) e nêutrons (carga 0). O átomo como um todo
curso.
localizados os elétrons. não tem carga devido ao número de prótons ser igual
Poucas partículas alfa Deve existir no átomo ao número de elétrons. A soma das massas dos elétrons
(1 em 20000) não uma pequena região em um átomo é praticamente desprezível em compara-
atravessam a lâmina e onde está concentrada ção com a massa dos prótons e nêutrons.
voltavam. sua massa (o núcleo).
Número atômico e número de massa
Algumas partículas O núcleo do átomo
alfa sofriam desvios de deve ser positivo, o que Um átomo individual (ou seu núcleo) é geralmente
trajetória ao atravessar a provoca uma repulsão nas identificado especificando dois números inteiros: o nú-
lâmina. partículas alfa (positivas). mero atômico Z e o número de massa A.

Em resumo: o modelo de Rutherford representa o O número atômico ( Z ) é o número de prótons no


átomo consistindo em um pequeno núcleo rodeado por núcleo. Como um átomo é um sistema eletricamente
um grande volume no qual os elétrons estão distribuí- nêutron, se conhecermos o seu número atômico, tere-
dos. O núcleo carrega toda a carga positiva e a maior mos então duas informações: o número de prótons e o
parte da massa do átomo. Devido ao modelo atômico de número de elétrons.
Thomson não ser normalmente usado para interpretar Número de prótons= número de elétrons
os resultados dos experimentos de Rutherford, Geiger e
Marsden, o modelo de Rutherford logo o substituiu. De O número de massa A é o número total de núcleons
fato, isto é a base para o conceito do átomo. (prótons mais nêutrons) no núcleo.
O átomo moderno Número de massa= número de prótons + número
de nêutrons
Quando Rutherford realizou seu experimento com um
feixe de partículas alfa, e propôs um novo modelo para o Pode-se ver destas definições que o número de nêu-
átomo, houve algumas controvérsias. Entre elas era que o trons no núcleo é igual a A - Z.
átomo teria um núcleo composto de partículas positivas Um átomo específico é identificado pelo símbolo do
denominadas prótons. No entanto, Rutherford concluiu elemento com número atômico Z como um índice in-
que, embora os prótons contivessem toda a carga do nú- ferior e o número de massa como um índice superior.
cleo, eles sozinhos não podem compor sua massa. Assim,
O problema da massa extra foi resolvido quando, em
1932,o físico inglês J. Chadwick descobriu uma partícula
que tinha aproximadamente a mesma massa de um próton,
mas não era carregada eletricamente. Por ser a partícula
eletricamente neutra, Chadwick a denominou de nêutron. Indica um átomo do elemento X com o número atô-
mico Z e número de massa A. Por exemplo:

Refere-se a um átomo de oxigênio comum número


atômico 8 e um número de massa 16.

Todos os átomos de um dado elemento têm o mes-


CIÊNCIAS NATURAIS

mo número atômico, porque todos têm o mesmo nú-


mero de prótons no núcleo. Por esta razão, o índice
Hoje, acreditamos que, com uma exceção, o núcleo inferior representando o número atômico é algumas
de muitos átomos contém ambas as partículas: prótons vezes omitido na identificação de um átomo individual.
e nêutrons, chamados núcleons. (A exceção é o núcleo Por exemplo, em vez de escrever 16O8, é suficiente es-
de muitos isótopos comuns de hidrogênio que contém crever 16O, para representar um átomo de oxigênio -l6.
um próton e nenhum nêutron.) Como mencionamos, é

72
Íons Relações atômicas

Os átomos podem perder ou ganhar elétrons, ori- -Isótopos:


ginando novos sistemas, carregados eletricamente: os Átomos de um dado elemento podem ter diferentes
íons. números de massa e, portanto, massas diferentes porque
Nos íons, o número de prótons é diferente do núme- eles podem ter diferentes números de nêutrons em seu
ro de elétrons. núcleo. Como mencionado, tais átomos são chamados
ÍONS : Número de prótons ≠ Número de elétrons isótopos.
Exemplo: considere os três isótopos de oxigênio de
Os átomos, ao ganharem elétrons, originam íons ne- ocorrência natural: 16O8, 17O8 e 18O8; cada um destes
gativos, ou ânions, e, ao perderem elétrons, originam tem 8 prótons no seu núcleo. (Isto é o que faz com que
íons positivos, os cátions. seja um átomo de oxigênio.).

Cátions (íons positivos) Átomos Prótons Nêutrons Elétrons


1 0 1
Em um cátions, o número de prótons é SEMPRE maior
do que o número de elétrons. Veja abaixo um exemplo 1 1 1
de cátion: 1 2 1
-Cl (Z=17) 8 8 8
Número de prótons: 17 à carga:: +17
Número de elétrons: 17 à carga: -17 8 9 8
Carga elétrica total: +16-16= 0 8 10 8
92 142 92
-Cl+ ( Z=17)
Número de prótons: 17à carga: +17 92 143 92
Número de elétrons: 16 à carga: -16 92 146 92
Carga elétrica total: +17 -16= +1

Ânions (íons negativos) Cada isótopo também apresenta (A - Z) nêutrons, ou


8, 9 e 10 nêutrons, respectivamente. Devido aos isótopos
Em um ânion, o número de prótons é menor do que o de um elemento apresentar diferentes números de nêu-
número de elétrons. Vamos agora relacionar o átomo de trons, eles têm diferentes massas.
enxofre (S) com seu ânion bivalente (S2-).
-S (Z=16) -Isóbaros:
Número de prótons: 16à carga: +16 São átomos de diferentes números de próton, mas
Número de elétrons: 16 à carga: -16 que possuem o mesmo número de massa (A). Assim, são
Carga elétrica total: +16 -16 =0 átomos de elementos químicos diferentes, mas que têm
mesma massa, já que um maior número de prótons será
-S (Z=16) compensado por um menor número de nêutrons, e as-
Número de prótons: 16à carga: +16 sim por diante. Desse modo, terão propriedades físicas e
Número de elétrons: 19 à carga: -18 químicas diferentes.
Carga elétrica total: +16 -18 = -2
-Isótonos:
O elemento químico São átomos de diferentes números de prótons e de
massa, mas que possuem mesmo número de nêutrons.
Um elemento químico é definido como sendo o Ou seja, são elementos diferentes, com propriedades fí-
conjunto formado por átomos de mesmo número atô- sicas e químicas diferentes.
mico (Z).
A cada elemento químico atribui-se um nome; a cada O modelo atômico de Bohr
nome corresponde um símbolo e, consequentemente, a
cada símbolo corresponde um número atômico. Em 1911, Ernest Rutherford, baseando-se na célebre
experiência do espalhamento de partículas alfa por uma
Número fina lâmina de ouro, propôs uma modelo planetário para
Elemento químico Símbolo
atômico o átomo. Este modelo foi combatido na época, pois a Fí-
Hidrogênio H 1 sica sabia que uma partícula carregada, quando em mo-
CIÊNCIAS NATURAIS

Oxigênio O 8 vimento acelerado, liberta energia.


Cálcio Ca 20 O elétron, sendo uma partícula com carga negativa
Cobre Cu 29 girando ao redor do núcleo, deveria perder energia e
Prata Ag 47 acabaria por cair no núcleo.
Platina Pt 78
Mercúrio Hg 80

73
Em 1913, Niels Böhr (1885-1962) propôs um novo modelo atômico, relacionando a distribuição dos elétrons na
eletrosfera com sua quantidade de energia. Esse modelo baseia-se nos seguintes postulados:
a) Os elétrons descrevem órbitas circulares ao redor do núcleo.
b) Cada uma dessas órbitas tem energia constante (órbita estacionária). Os elétrons que estão situados em órbitas
mais afastadas do núcleo apresentarão maior quantidade de energia.
c) Quando um elétron absorve certa quantidade de energia, salta para uma órbita mais energética. Quando ele
retorna à sua órbita original, libera a mesma quantidade de energia, na forma de onda eletromagnética (luz).

Essas órbitas foram denominadas níveis de energia. Hoje são conhecidos sete níveis de energia ou camadas, deno-
minadas K, L, M, N, O, P e Q.8

O modelo de Böhr permite relacionar as órbitas (níveis de energia) com os espectros descontínuos dos elementos.

Os subníveis

O trabalho de Böhr despertou o interesse de vários cientistas para o estudo dos espectros descontínuos. Um deles,
Sommerfield, percebeu, em 1916, que as raias obtidas por Böhr eram na verdade um conjunto de raias mais finas e supôs
então que os níveis de energia estariam divididos em regiões ainda menores, por ele denominadas subníveis de energia.
O número de cada nível indica a quantidade de subníveis nele existentes. Por exemplo, o nível 1 apresenta um sub-
nível, o nível 2 apresenta dois subníveis, e assim por diante. Esses subníveis são representados pelas letras s, p, d, f, g, h.
Estudos específicos para determinar a energia dos subníveis mostraram que:

-existe uma ordem crescente de energia nos subníveis;


CIÊNCIAS NATURAIS

-os elétrons de um mesmo subnível contêm a mesma quantidade de energia;


-os elétrons se distribuem pela eletrosfera ocupando o subnível de menor energia disponível.
8Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.

74
A criação de uma representação gráfica para os subníveis facilitou a visualização da sua ordem crescente de energia.
Essa representação é conhecida como diagrama de Linus Pauling.

O preenchimento da eletrosfera pelos elétrons em subníveis obedece à ordem crescente de energia definida pelo
diagrama de Pauling:

Cada um desses subníveis pode acomodar um número máximo de elétrons:

Distribuição eletrônica por subnível

Como num átomo o número de prótons (Z) é igual ao número de elétrons, conhecendo o número atômico pode-
remos fazer a distribuição dos elétrons nos subníveis. Vejamos alguns exemplos:

Perceba que o subnível 4s2 aparece antes do subnível 3d1, de acordo com a ordem crescente de energia. No en-
CIÊNCIAS NATURAIS

tanto, pode-se escrever essa mesma configuração eletrônica ordenando os subníveis pelo número quântico principal.
Assim, obteremos a chamada ordem geométrica ou ordem de distância:

75
Note que, na ordem geométrica, o último subnível -Subnível s: 0
— mais externo do núcleo — é o 4s2, sendo que esse -Subnível p: -1 0 1
subnível mais distante indica a camada de valência do -Subnível d: -2 -1 0 1 2
átomo. Portanto: -Subnível f: -3 -2 -1 0 1 2

O subnível mais energético nem sempre é o mais Spin – associa-se à rotação do elétron. Esse número
afastado do núcleo. quântico é usado para diferenciar os elétrons de um mes-
No caso do escândio, o subnível mais energético é o mo orbital. Como há somente dois sentidos possíveis, o
3d1, apresentando 1 elétron, enquanto o mais externo é spin adota exclusivamente os valores -1/2 e +1/2, o que
o 4s2, com 2 elétrons. A distribuição eletrônica do 21Sc indica 50% de probabilidade de um elétron estar girando
por camadas pode ser obtida tanto pela ordem energé- em cada sentido.
tica como pela ordem geométrica e é expressa por:
K = 2; L = 8; M = 9; N = 2
Modelo atômico de Broglie
Distribuição eletrônica de íons
O cientista francês Louis de Broglie estudou a natu-
Os íons se formam quando um átomo “perde” ou reza das ondas dos elétrons. Em 1924, lançou a hipóte-
“ganha” elétrons, e isso ocorre inicialmente com os elé- se de que, se a luz apresenta natureza dual, uma partí-
trons da camada de valência (mais externa). cula também apresentaria características ondulatórias.
Assim, procurou associar a natureza dual da luz com o
-Cátions (íons positivos) comportamento do elétron e afirmou que “a todo elétron
Quando um átomo perde elétrons, irá originar um cátion. em movimento está associada uma onda característica”,
postulado que princípio da dualidade ou princípio de De
-Ânions (íons negativos) Broglie.
Com base nos conceitos de De Broglie, o movimento
Quando um átomo “ganha” elétrons, irá originar um
de um elétron está associado a um dado comprimento de
ânion.
onda. Assim surge a questão: para que uma partícula pos-
sa ser dita como onda, qual seria o comprimento de onda
Modelo atômico de Scrodinger
estabelecido a ela? Como resposta a esta questão, o físico
francês propôs a fórmula Λ = h / P, onde λ representa o
O movimento do elétron ao redor do núcleo atômico
comprimento de onda de De Broglie, h representa a cons-
foi descrito pela primeira vez em 1927 pelo físico teórico
tante de Planck (tamanho de um quantum) e P se refere
austríaco Erwin Schrödinger, por intermédio de equa- ao produto da massa pela velocidade da partícula. Essa
ções matemáticas que relacionam a natureza da partícu- proposta de De Broglie para a dualidade partícula-onda
la, a carga, a energia, e a massa do elétron, propondo o envolve não apenas os elétrons, mas toda a matéria, tais
Modelo Atômico de Schrödinger. como prótons, nêutrons, átomos e moléculas.
Com base nesse novo modelo atômico, o elétron é A dualidade partícula-onda constitui um princípio
uma partícula-onda que se movimenta no espaço, mas fundamental do comportamento da estrutura atômica,
estará com maior probabilidade no interior de uma es- tornando possível uma compreensão mais abrangente da
fera concêntrica ao núcleo (orbital). Devido à sua velo- natureza do átomo, bem como das ligações químicas por
cidade, o elétron permanece dentro do orbital, asseme- eles estabelecidas. O modelo atômico atual é um modelo
lhando-se a uma nuvem eletrônica. matemático/ probabilístico, sendo o princípio da dualida-
Para tanto, são aplicados os números quânticos, que de um dos seus pilares.
são códigos matemáticos que permitem que cada elé-
tron seja caracterizado pela sua quantidade de energia. Princípio da incerteza
Essa caracterização de cada elétron no átomo é feita por
quatro números quânticos: principal, secundário, mag- De acordo com Werner Heisenberg, para encontrar a
nético e spin. Num mesmo átomo, não há dois elétrons posição correta de um elétron, é necessário que ele inte-
com números quânticos iguais. raja com algum instrumento de medida, como por exem-
Principal (n) – número inteiro que varia de 1 a 7. O plo, uma radiação. A radiação deve ter um comprimento
número quântico principal indica a qual nível de energia de onda na ordem da incerteza com que se quer determi-
pertence o elétron, sendo assim, quando o valor de n nar esta posição.
aumenta, a energia do elétron também aumenta, e ele Quanto menor for o comprimento de onda, maior é a
se distancia do núcleo. Corresponde às sete camadas K, precisão do local onde está o elétron.
L, M, N, O, P e Q do modelo de Rutherford-Bohr. Quando se consegue descobrir o local provável onde
Secundário (l) – associa-se ao subnível de energia do está o elétron, este elétron já não estará neste local.
CIÊNCIAS NATURAIS

elétron. Esse número assume os valores 0, 1 2 e 3, no


entanto, normalmente é descrito pelas letras s, p, d e f, Modelo Atual
respectivamente.
Magnético – faz referência ao orbital em que o elétron Segundo Heisenberg, não é simples prever a posição
é encontrado, pois cada subnível é formado por diversos correta de um elétron na sua eletrosfera. Em 1926, Schro-
orbitais (apenas o subnível s possui apenas 1 orbital). dinger calculou a região mais provável onde o elétron
Seus valores alteram de – a + , incluindo o 0. possa estar. Para essa região deu o nome de orbital.

76
Orbital: região do espaço que está ao redor do nú- Em cada orbital pode conter no máximo dois elétrons.
cleo, onde há máxima probabilidade de se encontrar um Mas se os elétrons são cargas negativas, porque eles
elétron. não se repelem e se afastam?
É importante ressaltar que não se pode ver um átomo Se os elétrons giram no mesmo sentido ou em sen-
isolado exatamente como foi descrito nos modelos atô- tido contrário, eles criam campo magnético que os re-
micos. Algumas técnicas utilizadas por supercomputado- pelem ou os atraem. Essa rotação é chamada de SPIN,
res mostram manchas coloridas, mostrando a localização palavra em inglês derivada do verbo to spin, que sig-
dos átomos de um determinado material. Essas imagens nifica girar.
são obtidas por um microscópio de tunelamento que
pode aumentar até 28 milhões de vezes.
De acordo com o modelo de Rutherford-Bohr, o áto-
mo apresenta níveis de energia ou camadas energéticas, EXERCÍCIOS COMENTADOS
onde cada nível possui um número máximo de elétrons.
O número do nível representa o número quântico prin- 1(NC-UFPR - PM-PR - Aspirante da Polícia Militar-
cipal (n). 2014) Águas termais, exploradas em diversos destinos
/Cada nível está dividido em subníveis de energia s, turísticos, brotam naturalmente em fendas rochosas. O
p, d, f. aquecimento natural dessas águas, na sua grande maio-
Representam o número quântico secundário ou ria, deve-se ao calor liberado em processos radioativos
azimutal (l). de elementos presentes nos minerais rochosos que são
transferidos para a água no fluxo pelas fendas. O gás
radônio (222Rn) é o provável responsável pelo aqueci-
FIQUE ATENTO! mento de diversas águas termais no Brasil. O 222Rn se
Subnível s p d f origina do rádio (226Ra), na série do urânio (238U), na-
turalmente presente em granitos. O tempo de meia vida
Número quântico 0 1 2 3 (t 1/2) do 222Rn é de 3,8 dias, e esse se converte em
Número máx de é 2 6 10 14 polônio (218Po), que por sua vez possui um t 1/2 de 3,1
minutos. Considerando as informações dadas, considere
as seguintes afirmativas:
As siglas s, p, d, f vem das palavras em inglês sharp,
principal, diffuse e fine, respectivamente. 1. A conversão de 222Rn em 218Po é um processo
exotérmico.
Número máximo de elétrons em cada subnível: 2. A conversão de 226Ra em 222Rn emite quatro par-
tículas β-.
K = 1 ; 1s² 3. Na série de decaimento, do 238U ao 218Po, cinco
L = 2 ; 2s² 2p6 partículas α são emitidas.
M = 3 ; 3s² 3p6 3d10 4. Após 3,8 dias da extração da água termal, a con-
N = 4 ; 4s² 4p6 4d10 4f14 centração de 218Po atingirá a metade do valor da
O = 5 ; 5s² 5p6 5d10 5f14 concentração inicial de 222Rn.
P = 6 ; 6s² 6p6 6d10 Assinale a alternativa correta
Q = 7 ; 7s²
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
O diagrama acima mostra a notação utilizada para in- b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
dicar o número de elétrons em um nível e em um subnível. c) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
Exemplos: e) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
1s² - 2 é no subnível s do nível 1 (K)
2p3 - 3 é no subnível p do nível 2 (L) Resposta: Letra C. Esta questão correlaciona alguns
5d6 – 6 é no subnível d do nível 5 (O) conceitos de termoquímica com radioatividade. Vamos
Os orbitais são identificados pelo número quântico por partes nas afirmações.
magnético (m). Indica a orientação desse orbital no es- 1. A reação de transmutação do Radônio (Rn) em
paço. Para cada valor de “l” (subnível), m assume valores Polônio (Pn) é um processo exotérmico, já que há
inteiros que variam de – l ..., O,... +l uma transmutação de um núcleo instável em um
Assim: outro mais estável. Esse processo leva a liberação
s–1 de energia, configurando o processo exotérmico.
p–3 (Correto)
CIÊNCIAS NATURAIS

d–5 2. Quando converte-se o Radônio 226 em Radônio


f–7 222, não existe a liberação de partículas beta. Se
isso ocorresse, a massa dos elementos não se alte-
Cada orbital é representado simbolicamente por um raria visto que a massa das partículas é desprezível.
quadradinho. Então eles podem ser assim: (Falso)
3. Conforme o decaimento clássico da radioatividade:
-3 -2 -1 0 +1 +2 +3 238 U →218 Po + 5 4α (Correto)

77
4. Conforme nos diz o enunciado, após 3.8 dias a con- Nesse experimento ele bombardeia uma lamina de
centração de Rn222 cairá pela metade da inicial. ouro com partículas alfas, concluindo que o átomo
(Falso) não e maciço, apresentando mais espaços vazios do
que preenchidos
2(IF-RS - Técnico de Laboratório – Química-2018) Anali-
se cada uma das afirmativas abaixo. Classificação periódica dos elementos

I. Átomos que apresentam seus elétrons de valência exclu- Histórico


sivamente no subnível s possuem maior eletronegativida-
de do que átomos com elétrons de valência no subnível p. Um dos esforços mais antigos, no sentido de se en-
II. O caráter iônico de uma ligação química depende da di- contrar uma relação no comportamento dos elementos
ferença de eletronegatividade entre os átomos envolvidos. com propriedades similares em grupos de três, deno-
III. I. Todos os halogênios apresentam 7 elétrons no subní- minadas tríades. Nessas tríades, a massa atômica de um
vel p do último nível eletrônico. elemento era aproximadamente a média aritmética dos
São VERDADEIRAS apenas a(s) afirmativa(s): pesos atômicos dos outros dois. Isto foi proposto pelo
químico alemão J.W. Dobereiner, em 1829.
a) Apenas I. No ano de 1862, Alexandre-Émile Béguyer de Chan-
b) Apenas II. courtois ordenou os valores de massas atômicas ao
c) Apenas III. longo de linhas espirais traçadas nas paredes de um ci-
d) Apenas I e II. lindro, dando origem ao parafuso telúrico, em que os
e) Apenas II e III. elementos que apresentavam propriedades similares es-
tavas reunidos numa linha vertical.
Resposta: Letra B.
I. Átomos que apresentam seus elétrons de valência
exclusivamente no subnível s possuem maior ele-
tronegatividade do que átomos com elétrons de
valência no subnível p. ERRADO - Os átomos com
elétrons de valência no subnível p são mais eletro-
negativos.
II. O caráter iônico de uma ligação química depende
da diferença de eletronegatividade entre os áto-
mos envolvidos. CORRETO
III. Todos os halogênios apresentam 7 elétrons no
subnível p do último nível eletrônico. ERRADO - Os
halogênios apresentam o elétron mais energético Em 1866, John A. R. Newlands desenvolveu um rear-
localizado em um subnível p, que sempre possui ranjo dos elementos químicos denominados leis das oi-
CINCO ELÉTRONS, e não sete, como menciona a tavas. Essa forma de classificação consistia em colocar os
questão. Os 7 elétrons estão distribuídos: 2 no sub- elementos agrupados de sete em sete, em ordem cres-
nível s e 5 no subnível p. cente de massa atômica. A partir dessa classificação Ne-
wlands observou que o primeiro elemento tinha proprie-
3. IF-GO - Técnico de Laboratório - Química CS-UFG dades semelhantes ao oitavo, e assim por diante. Diante
– 2017) Os últimos anos do século XIX e as primeiras disso, ele chamou esta descoberta de Lei das oitavas uma
décadas do século XX estão entre os mais importantes vez que as características se repetiam de sete em sete,
na história da ciência, em parte devido à descoberta da como as notas musicais.
estrutura atômica do átomo, preparando o terreno para
a explosão do desenvolvimento da ciência no século XX.
Uma dessas teorias é a de Rutherford, que

a) propôs que todos os átomos de um determinado ele-


mento são idênticos, e que os átomos são indivisíveis
e indestrutíveis.
b) compreendeu a natureza da radioatividade e suas im-
plicações sobre a natureza dos átomos. Em meados de 1869, Lothar Meyer e Dimitri Ivanovich
c) trabalhou com experimentos sobre raios catódicos, o Mendeleev, independentemente, criaram tabelas perió-
que levou-o a descobrir o elétron. dicas dos elementos (semelhantes às usadas atualmente)
CIÊNCIAS NATURAIS

d) provou por meio da realização de experimentos que onde os elementos eram colocados em ordem crescente
a radiação alfa é composta de núcleos de hélio, en- de massas atômicas. Essas tabelas foram criadas quando
quanto a radiação beta consiste de elétrons. tinham conhecimento de apenas 63 elementos quími-
cos.9
Resposta: Letra D. Ernert Rutherford, estudando as
propriedades das emissões radioativas realiza o expe-
rimento da lamina de ouro.
9 Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.

78
Mendeleev ordenou os elementos em linhas horizontais, chamadas de períodos, e em linhas verticais, de grupos,
contendo elementos com propriedades similares. Veja a seguir a tabela de Mendeleev.

Nesta tabela é possível observar que existe espaços vazios e asteriscos. Estes espaços representam elementos não
conhecidos e os asteriscos os elementos que foram previstos por Mendeleev.
Esta classificação proposta por Mendeleev foi utilizada até 1913, quando Mosely verificou que as propriedades dos
elementos eram dadas pela sua carga nuclear (número atômico-Z). Sabendo-se que em um átomo o número de pró-
tons é igual ao número de elétrons, ao fazermos suas distribuições eletrônicas, verificamos que a semelhança de suas
propriedades químicas está relacionada com o número de elétrons de sua camada de valência, ou seja, pertencem à
mesma família.
Com base nessa constatação, foi proposta a tabela periódica atual, na qual os elementos químicos:
-estão dispostos em ordem crescente de número atômico (Z);
-originam os períodos na horizontal (em linhas);
-originam as famílias ou os grupos na vertical (em colunas).

CIÊNCIAS NATURAIS

Como utilizar a tabela periódica?

Cada quadro da tabela fornece os dados referentes ao elemento químico: símbolo, massa atômica, número atômi-
co, nome do elemento, elétrons nas camadas e se o elemento é radioativo.
As colunas verticais constituem as famílias ou grupos, nas quais os elementos estão reunidos segundo suas pro-
priedades químicas.

79
As filas horizontais são denominadas períodos. Neles os elementos químicos estão dispostos na ordem crescente
de seus números atômicos. O número da ordem do período indica o número de níveis energéticos ou camadas eletrô-
nicas do elemento.
Famílias ou Grupos

As Famílias da Tabela Periódica são distribuídas de forma vertical, em 18 colunas. Os elementos químicos que estão
localizados na mesma coluna da Tabela Periódica são considerados da mesma família pois possuem propriedades físi-
cas e químicas semelhantes. Esses elementos fazem parte de um mesmo grupo porque apresentam a mesma configu-
ração de elétrons na última camada
A tabela periódica atual é constituída por 18 famílias. A numeração das Famílias da Tabela Periódica se inicia no 1A
(representado em nossa tabela periódica com o número 1) e continua até o zero ou 8A (representado em nossa tabela
periódica pelo número 18). Existe também a Família B.

-Famílias A ou zero
Os elementos que constituem essas famílias são denominados elementos representativos, e seus elétrons mais
energéticos estão situados em subníveis s ou p. Nas famílias A, o número da família indica a quantidade de elétrons na
camada de valência. Elas recebem ainda nomes característicos.

-Famílias B
Os elementos dessas famílias são denominados genericamente elementos de transição. Uma parte deles ocupa o
bloco central da tabela periódica, de IIIB até IIB (10 colunas), e apresenta seu elétron mais energético em subníveis d.
CIÊNCIAS NATURAIS

A outra parte deles está deslocada do corpo central, constituindo as séries dos lantanídeos e dos actinídeos. Essas
séries apresentam 14 colunas. O elétron mais energético está contido em subnível f (f1 a f14).
O esquema a seguir mostra o subnível ocupado pelo elétron mais energético dos elementos da tabela periódica.

80
Períodos ou séries

Cada fila horizontal da tabela periódica constitui o que chamados de período ou série de elementos.
Cada período corresponde ao número de camadas eletrônicas existentes nos elementos que os constituem. Os
períodos são sete conforme pode ser observado no esquema abaixo.

Períodos Camadas eletrônicas


1 1 (K)
2 2 (K, L)
3 3 (K, L, M)
4 4 (K, L, M, N)
5 5 (K, L, M, N, O)
6 6 (K, L, M, N, O, P)
7 7 (K, L, M, N, O, P)

Vejamos agora alguns exemplos de localização na tabela periódica:

1H — 1s1 1° camada (K)


4Be — 1s2 2s2 . 2° camada (K, L)
11Na— 1s2 2s2 2p6 3s1: 3°camada (K, L, M)
13Al — 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1: 3° camada.

Lantanídeos e Actinídeos

As séries dos lantanídeos e dos actinídeos correspondem, respectivamente, aos apêndices embaixo da tabela.
CIÊNCIAS NATURAIS

Importante:
a) Lantânio (La) e Actíneo (Ac) não pertencem às séries
b) Essas séries são chamadas Elementos de transição Interna
c) Os lantanídeos também são chamados lantanóides ou terras-raras.

81
d) Os actinídeos também são chamados actinóides
e) O uso dos termos “lantanóide” e actinóide” foi reconhecido pela IUPAC.

Classificação dos elementos químicos

Uma outra maneira de classificar os elementos pode ser feita relacionando o subnível energético de cada um.
Assim temos:

Elementos Subnível mais energético Localização


Representativos s ou p Grupos A e gases nobres
De transição d Grupos B
De transição interna f Lantanídeos e Actinídeos

Outra maneira de classificar os elementos é agrupá-los, segundo suas propriedades físicas e químicas, em: metais,
ametais, semimetais, gases nobres e hidrogênio.

-Metais
Os metais, em número de 81, são os mais numerosos elementos conhecidos. Eles estão situados do centro para a
esquerda da Tabela Periódica.

Características gerais:
-Apresentam brilho metálico.
-conduzem corrente elétrica e calor .
CIÊNCIAS NATURAIS

-São maleáveis (maleabilidade).


- Podem ser reduzidos a fios (ductibilidade).
-Apresentam, via de regra, poucos elétrons (menos de 4) na última camada;
- Tendem a perder elétrons;
-São sólidos a temperatura ambiente (25°C), com exceção do mercúrio (líquido).

82
-Ametais ou não-metais Propriedades aperiódicas e periódicas
São poucos (11 elementos), estão situados à direita
da Tabela Periódica, antes dos gases nobres. A tabela periódica pode ser utilizada para relacionar
Características gerais: as propriedades dos elementos com suas estruturas atô-
- Não apresentam brilho metálico; micas. Essas propriedades podem ser de dois tipos: ape-
- São maus condutores de corrente elétrica; riódicas e periódicas.
-Não podem ser reduzidos a fios (ductibilidade) e lâ-
minas (maleabilidade); Propriedades aperiódicas
-São utilizados na produção de pólvora e na fabrica-
ção de pneus; As propriedades aperiódicas são aquelas cujos valores
-Apresentam, geralmente, muitos elétrons (mais do variam (crescem ou decrescem) à medida que o número
que 4) na camada de valência (última camada); atômico aumenta e que não se repetem em períodos de-
-Tendem a ganhar elétrons em uma ligação química. terminados ou regulares. Exemplos: a massa atômica de
um elemento sempre aumenta de acordo com o número
-Semimetais atômico desse elemento, o calor específico, a dureza, o
São poucos (7) e estão situados na Tabela Periódica índice de refração etc.
entre os metais e os não metais
Características gerais: 1. Massa atômica
Apresentam brilho metálico têm pequena condutibili- A massa atômica é a unidade de peso de átomos fei-
dade elétrica fragmentam-se, isto é, apresentam proprie- ta por comparação com uma grandeza padrão (1/12 da
dades intermediárias as apontadas anteriormente. massa de um átomo isótopo do carbono-12). Esta pro-
priedade sempre aumenta de acordo com o aumento do
-Hidrogênio número atômico, sem fazer referência à localização do
É um elemento atípico, pois possui a propriedade de elemento na tabela periódica.
se combinar com metais, ametais e semimetais. Nas con-
dições ambientes, é um gás extremamente inflamável.

-Gases nobres
Como o próprio nome sugere, nas condições am-
bientes apresentam-se no estado gasoso e sua principal
característica química é a grande estabilidade, ou seja,
possuem pequena capacidade de se combinar com ou-
tros elementos.

Elementos Cisurânicos 2. Calor específico


O calor específico é a quantidade de calor que um
São todos os elementos cujo número atômico é in- grama de uma substância precisa absorver para aumen-
ferior ao 92, ou seja, as que antecedem o urânio. Sen- tar sua temperatura em 1 °C, sem que haja alteração no
do todos elementos naturais, encontrados na superfície seu estado físico. O calor específico de um elemento no
terrestre, com exceção dos quatros seguintes, que são estado sólido sempre diminui com o aumento do núme-
artificiais: ro atômico.
Tecnécio (43)
Promécio (61) 3. Dureza
Astato (85) A dureza é uma propriedade mecânica característica
Frâncio (87) de materiais sólidos que representa a resistência destes
materiais ao risco ou à penetração quando pressionados.
Elementos químicos artificiais Esta propriedade muito depende do estado em que se
encontra o material, bem como das forças de ligação en-
Os elementos artificiais são átomos de elementos tre os seus átomos, moléculas ou íons. Quanto maior é o
químicos não encontrados na superfície terrestre e que número atômico, maior também é a dureza do elemento
foram sintetizados, isto é, criados em laboratório. Esses químico.
elementos possuem número atômico superior a 92, que
é o número atômico do Urânio. Por isso foram denomi- 4. Índice de refração
nados de elementos transurânicos. O índice de refração é uma propriedade física descrita
como sendo a razão entre a velocidade da luz em dois
CIÊNCIAS NATURAIS

Elementos radioativos meios diferentes (no ar e num corpo transparente mais


denso). Tal propriedade também aumenta com o aumen-
Os elementos radioativos são aqueles cujos isótopos to do número atômico.
mais abundante encontram-se, na tabela, do polônio em
diante.

83
Propriedades periódicas Portanto: raio do átomo > raio do cátion

As propriedades periódicas são aquelas que, à me- Raio do ânion: quando um átomo ganha elétron, au-
dida que o número atômico aumenta, assumem valores menta a repulsão da nuvem eletrônica, aumentando o
crescentes ou decrescentes em cada período, ou seja, seu tamanho.
repetem-se periodicamente. Exemplo: o número de elé-
trons na camada de valência. Exemplo:
Vamos agora detalhar algumas propriedades perió-
dicas da Tabela.

1. Raio atômico
O raio atômico é uma propriedade periódica difícil de
ser medida. Pode-se considerar que corresponde à meta-
de da distância (d) entre dois núcleos vizinhos de átomos
do mesmo elemento químico ligados entre si.
Em uma família (grupo) tente a aumentar de cima
para baixo (sentido em que aumenta também o número
de camadas preenchidas pela eletrosfera de um átomo.
Em um período, o raio atômico tende a aumentar da
direita para a esquerda. Isso ocorre porque o número de Portanto: raio do átomo < raio do ânion
prótons e elétrons aumenta para a direita. Logo, no lado
direito do período, os átomos têm o mesmo número de 3. Energia de Ionização
camadas, maior números de prótons e elétrons e, por- A maior ou menor facilidade com que o átomo de
tanto, a força de atração entre eles é maior. Isso provoca um elemento perde elétrons é importante para a de-
uma contração da eletrosfera e a consequente diminui- terminação do seu comportamento. Um átomo (ou íon)
ção do raio atômico. em fase gasosa perde eletron(s) quando recebe energia
suficiente. Essa energia é chamada de energia (ou po-
tencial) de ionização.
Quanto maior o raio atômico, menor será a atração
exercida pelo núcleo sobre o elétron mais afastado; por-
tanto, menor será a energia necessária para remover
esse elétron.10

Generalizando: Quanto maior o tamanho do átomo,


menor será a primeira energia de ionização.
-Numa mesma família: a energia de ionização au-
menta de baixo para cima;
- Num mesmo período: a E.I. aumenta da esquerda
Resumindo... Nas famílias o raio atômico tende a au- para a direita.
mentar com o aumento do número. Nos períodos, ele
tende a aumentar com a diminuição do número atômico.

2. Raio iônico
Quando um átomo ganha ou perde elétrons, trans-
forma-se em íon. Nessa transformação, há aumento ou
diminuição das dimensões do tamanho do átomo inicial.
- Raio de cátion: Quando um átomo perde elétron, a
repulsão da nuvem eletrônica diminui, diminuindo Ao retirarmos o primeiro elétron de um átomo, ocor-
o seu tamanho. Inclusive pode ocorrer perda do re uma diminuição do raio. Por esse motivo, a energia
último nível de energia e quanto menor a quanti- necessária para retirar o segundo elétron é maior. Assim,
dade de níveis, menor o raio. para um mesmo átomo, temos:
1ª E.I. < 2ª E.I. < 3ª E.I.
Exemplo:
Esse fato fica evidenciado pela analogia a seguir, refe-
rente ao átomo de magnésio (Z = 12):
CIÊNCIAS NATURAIS

1s2 2s2 2p6 3s2.

Afinidade eletrônica (AE) ou Eletroafinidade

A Eletroafinidade é a energia liberada quando um


átomo isolado, no estado gasoso, “captura” um elétron.
X 0 (g) + e–à X– (g) + energia

84
A medida experimental da afinidade eletrônica é mui-
to difícil e, por isso, seus valores foram determinados
para poucos elementos. Veja na tabela abaixo alguns va-
lores conhecidos de eletroafinidade.
Numa família ou num período, quanto menor o raio,
maior a afinidade eletrônica.

A VIIA
Li F
60 KJ 328 KJ Importante:
K Br Na tabela periódica, a eletronegatividade cresce de
48 KJ 325 KJ baixo para cima e da esquerda para a direita. A eletrone-
gatividade relaciona-se com o raio atômico: de manei-
ra geral, quanto menor o tamanho de um átomo, maior
será a força de atração sobre os elétrons.
O cientista Linus Pauling propôs uma escala de valo-
res para a eletronegatividade:

Resumindo... A variação da afinidade eletrônica na


tabela periódica: aumenta de baixo para cima e da es-
querda para a direita.
#FicaDica
4. Eletronegatividade e Eletropositividade ATENÇÃO CANDIDATO, passarei agora um
macete para que você memorize a escala de
A eletronegatividade e a eletropositividade são eletronegatividade proposta por Linus Pauling:
duas propriedades periódicas que indicam a tendência “Fui Ontem No Clube Briguei I Sai Carregado
de um átomo, numa ligação química, em atrair elétrons para o hospital”.
compartilhados. Ou ainda, podem representar a força
com que o núcleo atrai a eletrosfera.
4. Densidade
-Eletropositividade: tendência que um átomo tem
Experimentalmente, verifica-se que:
de perder elétrons. É muito característico dos metais.
a) Entre os elementos das famílias IA e VIIA, a densi-
Pode ser também chamado de caráter metálico. É o in-
dade aumenta, de maneira geral, de acordo com
verso da eletronegatividade.
o aumento das massas atômicas, ou seja, de cima
A eletropositividade aumenta conforme o raio atômi-
para baixo.
co aumenta.
b) Num mesmo período, de maneira geral, a densi-
Quanto maior o raio atômico, menor será a atração
do núcleo pelo elétron mais afastado, maior a facilidade dade aumenta das extremidades para o centro da
do átomo em doar elétrons, então, maior será a eletro- tabela.
positividade.
Os gases nobres também não são considerados, por Assim, os elementos de maior densidade estão situa-
conta da sua estabilidade. dos na parte central e inferior da tabela periódica, sendo
A eletropositividade aumenta nas famílias, de cima o ósmio (Os) o elemento mais denso (22,5 g/cm3).
para baixo, e nos períodos, da direita para a esquerda.
O elemento mais eletropositivo é o frâncio (Fr), que
possui eletronegatividade 0,70.

-Eletronegatividade: a força de atração exercida so-


bre os elétrons de uma ligação.
A eletronegatividade dos elementos não é uma gran-
deza absoluta, mas, sim, relativa. Ao estudá-la, na verda-
de estamos comparando a força de atração exercida pe-
CIÊNCIAS NATURAIS

los átomos sobre os elétrons de uma ligação. Essa força


de atração tem relação com o raio atômico: quanto me-
nor o tamanho do átomo, maior será a força de atração,
pois a distância núcleo-elétron da ligação é menor. A
eletronegatividade não é definida para os gases nobres.
As variações de eletronegatividade podem ser repre-
sentadas pela ilustração a seguir:

85
5.Temperatura de fusão (TF) e temperatura de Exemplos:
ebulição (TE) 1) NaCl:
[Na+] [Cl-]
Experimentalmente, verifica-se que: Assim, encontramos:
Nox de Na+= +1
a) Nas famílias IA e IIA, os elementos de maiores TF e Nox de Cl-= -1
TE estão situados na parte superior da tabela. Na
maioria das famílias, os elementos com maiores TF
e TE estão situados geralmente na parte inferior. 2) H2SO4
b) Num mesmo período, de maneira geral a TF e a TE Assim encontramos:
crescem das extremidades para o centro da tabela. Nox de H= +1 (cada átomo de hidrogênio)
Nox de S= +6
Nox de O= -2 (cada átomo de oxigênio).

Regras práticas

Para saber qual é o NOX de um átomo dentro de uma


molécula, devemos seguir algumas 4 regras:

1ª regra:
Todo elemento em uma substância simples tem Nox
Assim, a variação das TF e TE na tabela periódica pode igual a zero.
ser representada como no esquema acima. Exemplos:
-O2: Nox de cada átomo de oxigênio é zero.
6. Volume atômico
-N2: Nox de cada átomo de nitrogênio é zero.
Usamos a expressão “volume atômico”. Na verdade,
-Ag: Nox do átomo de prata é zero.
usamos essa expressão para designar — para qualquer
elemento — o volume ocupado por uma quantidade fixa
2ª regra:
de número de átomos.
O Nox de alguns elementos em substâncias compos-
O volume atômico sempre se refere ao volume ocu-
tas é constante.
pado por 6,02 x 1023 átomos, e pode ser calculado re-
-O hidrogênio tem Nox igual à + 1.
lacionando-se a massa desse número de átomos com a
sua densidade. -Os metais alcalinos têm Nox igual à + 1.
Assim, temos: -Os metais alcalinos terrosos têm Nox igual à + 2.
-O oxigênio tem Nox igual à – 2.
-Os halogênios em halogenetos têm Nox igual –1.
-A prata (Ag) tem Nox igual à + 1.
-O zinco (Zn) tem Nox igual à + 2.
-O alumínio (Al) tem Nox igual a + 3.
Por meio de medidas experimentais, verifica-se que: -O enxofre (S) em sulfetos tem Nox igual à – 2.
- numa mesma família, o volume atômico aumenta
com o aumento do raio atômico; Exemplos:
- num mesmo período, o volume atômico cresce do
centro para as extremidades. 1)NaCl:
O sódio tem Nox = + 1
De maneira geral, a variação do volume atômico pode O cloro tem Nox = – 1
ser representada pelo seguinte esquema: 2) Ca(OH)2
O cálcio tem Nox = + 2.
O hidrogênio tem Nox = +1.
O oxigênio tem Nox = – 2.

3) H2S
O hidrogênio tem Nox = + 1.
O enxofre tem Nox = – 2.

Exceções importantes
CIÊNCIAS NATURAIS

-Nos hidretos metálicos o “hidrogênio” possui Nox


Número de oxidação igual a – 1.
-Nos peróxidos o “oxigênio” possui Nox igual a – 1.
Número de oxidação é uma carga formal que pode
ser tanto real quanto imaginaria. Devemos entendê-la 3ª regra:
como a carga que um átomo teria se tivesse participando A soma algébrica dos Nox de todos os átomos em
de uma ligação iônica. uma espécie química neutra é igual a zero.

86
Exemplo:
1) NaOH
O Nox do sódio é + 1.
O Nox do oxigênio é – 2.
O Nox do hidrogênio é + 1.
Calculando a soma algébrica, teremos:
(+ 1) + ( – 2) + ( + 1) = 0
Esta regra permite realizar o cálculo do Nox de um elemento químico que não possui Nox constante.

Exemplo:
CO2
O Nox do carbono é desconhecido ( x ).
O Nox de cada átomo de oxigênio é – 2.
Assim,
x+ 2.(–2)=0
x–4=0
x=+4
Portanto o Nox do átomo de carbono neste composto é igual a + 4.

4ª regra:
A soma algébrica dos Nox de todos os átomos em um íon é igual à carga do íon.
Exemplo:
NH4+1
O átomo de nitrogênio não tem Nox constante ( x ).
Cada átomo de hidrogênio possui Nox igual a + 1.
O íon tem carga + 1.
Calculando a soma algébrica, teremos:
x+4.(+1)=+1
x+4=1
x=1–4
x=–3
Então o Nox do átomo de nitrogênio é igual a – 3.

Resumo geral das quatro regras e suas particularidades:

CIÊNCIAS NATURAIS

87
c) A formação de complexos de coordenação segue a
regra do octeto e a diferença de eletronegatividade
EXERCÍCIO COMENTADO entre seus constituintes gera compostos iônicos.
d) A geometria molecular está diretamente relacionada
1.(POLÍCIA CIENTÍFICA - PE - Perito Criminal – Quí- à eletronegatividade do átomo central de uma mo-
mica CESPE - 2016) Com relação à distribuição dos ele- lécula.
mentos químicos na tabela periódica, assinale a opção e)O átomo central de uma molécula é definido a partir do
correta. elemento químico mais eletronegativo, em função de
sua carga nuclear efetiva.
a) As propriedades químicas dos elementos são organi-
zadas em tríades, de acordo com o seu posicionamen- Resposta: Letra B. ELETRONEGATIVIDADE: Mede a
to na tabela periódica. atração do núcleo de um átomo por elétrons em uma
b) Na tabela periódica, existem elementos químicos que ligação covalente. Ou seja, é a medida da tendência re-
apresentam mesmo número atômico. lativa de um átomo de atrair elétrons para ele mesmo
c) Para a inclusão de novos elementos químicos na tabela quando está quimicamente ligado com outro átomo.
periódica, devem ser criados novos períodos e grupos, OBS: As eletronegatividades dos elementos são expres-
pois a capacidade de agrupamento da atual tabela pe- sas em escala arbitrária chamada de Escala de Pauling.
riódica é limitada e não há mais disponibilidade de es- O flúor apresenta maior eletronegatividade entre os
paço em sua distribuição. elementos. Isto significa que o flúor, em uma liga-
d) Há elementos isótopos na tabela periódica, porém ção química, apresenta um a maior tendência de atrair
eles são representados de forma diferenciada. a densidade eletrônica para ele m esmo do que o outro
e) Na tabela periódica, a semelhança das propriedades elemento que está quimicamente ligado. O oxigênio é o
químicas dos elementos é observada pelas redes de segundo elemento mais eletronegativo. PERĺODO: Pas-
relações vertical, horizontal e diagonal. sando da esquerda para direita um a tabela periódica a
carga nuclear aumenta e o raio atômico decresce resul-
Resposta: Letra E. a) As propriedades químicas dos
tando em uma atração maior do núcleo por elétrons
elementos são organizadas em tríades, de acordo com
ligantes, ou seja, ocorre um aumento da eletronegati-
o seu posicionamento na tabela periódica. -> as pro-
vidade.
priedades químicas são vistas pelas grupos de famílias,
por possuírem o mesmo número de elétrons na camada
3.(Espcex-2017) Munições traçantes são aquelas que pos-
de valência.
suem um projétil especial, contendo uma carga pirotécnica
b) Na tabela periódica, existem elementos químicos que
apresentam mesmo número atômico. Cada elemento em sua retaguarda. Essa carga pirotécnica, após o tiro, é
possui um número atômico diferente. ignificada, gerando um traço de luz colorido, permitindo
c) Para a inclusão de novos elementos químicos na ta- a visualização de tiros noturnos a olho nu. Essa carga pi-
bela periódica, devem ser criados novos períodos e gru- rotécnica é uma mistura química que pode possuir, dentre
pos, pois a capacidade de agrupamento da atual tabela vários ingredientes, sais cujos íons emitem radiação de cor
periódica é limitada e não há mais disponibilidade de característica associada ao traço luminoso. Um tipo de mu-
espaço em sua distribuição. Há disponibilidade sim de nição traçante usada por um exército possui na sua com-
espaço. posição química uma determinada substância, seja espécie
d) Há elementos isótopos na tabela periódica, porém química ocasiona um traço de cor correspondente bastan-
eles são representados de forma diferenciada. Os isóto- te característico. Com relação à espécie química compo-
pos não são representados na tabela periódica. nente da munição desse exército sabe-se:
e) Na tabela periódica, a semelhança das propriedades
químicas dos elementos é observada pelas redes de re- I. A representação do elemento químico do átomo
lações vertical, horizontal e diagonal. CORRETO, na ver- da espécie responsável pela coloração pertence à
tical temos as famílias com mesmo número de elétrons família dos metais alcalinos-terrosos da tabela pe-
na camada de valência, na horizontal os períodos que riódica.
tem em comum a camada de valência e o número quân- II. O átomo da espécie responsável pela coloração
tico principal indica o número do período, na diagonal do traço possui massa de 137 u e número de nêu-
temos semelhança de propriedades, principalmente raio trons 81. Sabe-se também que uma das espécies
atômico e energia de ionização, exemplo: boro e silício. apresentadas na tabela do item III (que mostra a
relação de cor emitida característica conforme a
2. (POLÍCIA CIENTÍFICA - PE - Perito Criminal - Química espécie química e sua distribuição eletrônica) é a
CESPE – 2016) Com relação a aspectos relacionados à ele- responsável pela cor do traço da munição desse
tronegatividade, assinale a opção correta. exército.
CIÊNCIAS NATURAIS

III. Tabela com espécies químicas, suas distribuições


a) Em moléculas diatômicas heteronucleares, o elemento eletrônicas e colorações características:
menos eletronegativo fornece menor contribuição aos
orbitais antiligantes.
b) Os elementos mais eletronegativos da tabela periódi-
ca são os do grupo 17, pois apresentam maior carga
nuclear efetiva e menor tamanho.

88
Considerando os dados contidos, nos itens I e II, atrelados às informações da tabela do item III, a munição traçante,
descrita acima, empregada por esse exército possui traço de coloração

a) vermelha-alaranjada.
b) verde.
c) vermelha.
d) azul.
e) branca.

Resposta: Letra B.
II. 137X
A = 137
n = 81
A=p+n
137 = p + 81
p = 56

Pelas distribuições fornecidas, o elemento utilizado é o bário.


56Ba: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2
Coloração: verde

6. COMPREENSÃO DA ORGANIZAÇÃO DA VIDA EM SEUS DIFERENTES NÍVEIS DE


EXPRESSÃO. INTERPRETAÇÃO DA BIODIVERSIDADE MANIFESTA AS ESTRUTURAS
ESPECIALIZADAS DE PLANTAS E DE ANIMAIS. ANÁLISE DO POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO
DE ECOSSISTEMAS NATURAIS. A VIDA EM SEU CONTEXTO ECOLÓGICO. OS
FUNDAMENTOS DA ECOLOGIA: A BIOSFERA, A GRANDE TEIA DA VIDA. AS ESTRATÉGIAS
ECOLÓGICAS DE SOBREVIVÊNCIA. INTERFERÊNCIA DO HOMEM NA DINÂMICA DOS
ECOSSISTEMAS.

Biologia celular

CONCEITUAÇÃO
Biologia Celular ou Citologia é o ramo da biologia que estuda as células, quanto a sua forma, componentes, funções
e importância na complexidade dos seres vivos.
Esse estudo só foi possível após o desenvolvimento de instrumentos ópticos como o microscópio composto, inven-
tado em 1590. A primeira observação de uma célula foi feita em 1665 pelo cientista inglês Robert Hooke, ao examinar
uma delgada fatia de cortiça (tecido vegetal morto). Hooke observou a presença de pequenas cavidades semelhantes
às celas onde viviam os monges, e por isso as denominou células.
Porém, o trabalho de Hooke ficou esquecido até 1838, quando os naturalistas alemães Schleiden e Schwan verifi-
CIÊNCIAS NATURAIS

caram a presença de células em todos os tecidos vegetais e animais. Dessa forma, eles estabeleceram a Teoria Celular
que afirma:
“Todo ser vivo é formado por células e essas, originárias de células preexistentes.”
Estrutura e função dos componentes das células.
A célula é a unidade morfofisiológica dos seres vivos. Ou seja, é a menor estrutura viva onde as reações metabó-
licas ocorrem de maneira organizada e eficiente. É composta por três partes fundamentais: membrana plasmática,
citoplasma e núcleo.

89
Organização molecular e bioquímica da célula.
As células são constituídas por compostos orgânicos
– ácidos nucleicos, proteínas, carboidratos e lipídeos; e
por compostos inorgânicos – água e sais minerais.
Esta composição molecular da célula é o que permite a
ocorrência de milhares de interações bioquímicas, garan-
tindo assim sua atividade metabólica. Tais reações químicas
acontecem em meio aquoso, posto que a água é o solvente
universal. Por isso, a água, com poucas exceções (célula ós-
sea), é o componente encontrado em maior quantidade na
célula, sendo indispensável para o seu metabolismo.
Estão presentes na célula os sais minerais: sódio (prin-
cipal íon extracelular, osmorregulação); potássio (princi-
pal íon intracelular, osmorregulação); cálcio (coagulação
Componentes fundamentais da célula. sanguínea); fósforo (constituinte da ATP e do nucleotí-
Disponível em: http://www.aplicaciones.info/naturales/ deo); iodo (hormônios da tireoide); ferro (constituinte da
natura15e.htm hemoglobina e dos citocromos); magnésio (constituinte
da clorofila e dos ribossomos), entre outros oligoelemen-
A membrana plasmática desempenha diversas fun- tos que atuam como co-fatores enzimáticos.
ções, dentre as quais se destacam a permeabilidade se- Em relação aos compostos orgânicos, há pequenas
letiva e o transporte de substâncias. moléculas que constituem os substratos e os produtos
O citoplasma é a região da célula entre o núcleo e das vias metabólicas, fornecendo energia para a célula e
a membrana plasmática, sendo constituído pelo citosol, podendo também ser as unidades formadoras das ma-
fluido onde as organelas citoplasmáticas ficam mergu- cromoléculas.
lhadas, e pelo citoesqueleto, estrutura responsável por
Existem basicamente, os seguintes tipos de macro-
dar forma e sustentação à célula.
moléculas: ácidos nucleicos – formados pelos nucleotí-
O núcleo coordena as atividades celulares e armazena
deos; proteínas – formadas pelos aminoácidos, são os
o material genético. Nos organismos eucariontes é en-
compostos orgânicos em maior quantidade; carboidra-
volto por uma membrana, a carioteca, e apresenta o nu-
tos ou polissacarídeos – formados pelos açúcares ou mo-
cléolo – ambas as estruturas ausentes nos procariontes,
nossacarídeos; trigliceróis – macromoléculas de lipídios
que não possuem núcleo organizado, estando o material
genético disperso no citoplasma. mais complexas formadas por sua forma mais simples e
abundante, os ácidos graxos.
Quanto a função na célula, os ácidos nucleicos por-
tam a informação genética e participam da síntese pro-
teica; as proteínas apresentam papel estrutural e, no
caso específico das enzimas, catalisador; os carboidratos
são a principal fonte de energia celular (glicose), poden-
do ainda ser armazenados como reserva energética (ami-
do e glicogênio), além de serem constituintes estruturais
da parede celular vegetal (celulose); os lipídios também
possuem múltiplas funções, como composição de hor-
mônios (esteroides), reserva energética e constituintes
estruturais da bicamada da membrana plasmática e das
fibras do citoesqueleto.
CIÊNCIAS NATURAIS

Comparação entre uma bactéria e


o núcleo de um eucarionte.
Disponível em: http://blogcientistabiologia.blogspot. Composição bioquímica da célula.
com/2017/04/reino-monera.html Disponível em: https://slideplayer.com.br/sli-
https://www.passeidireto.com/arquivo/23216320/ de/3160419/11/images/3/Composi%C3%A7%-
biologia--celulas C3%A3o+Qu%C3%ADmica+da+C%C3%A9lula.jpg

90
Fisiologia celular.

A fisiologia celular estuda, basicamente, o funcionamento das célula como estrutura viva.
A membrana plasmática, por ser uma membrana semipermeável, possibilita que a célula se comunique com o
meio exterior e, assim, receba nutrientes e elimine seus resíduos metabólicos – mas apresentando uma permeabilidade
seletiva. A membrana permite a passagem livre de água e de pequenas moléculas, como o oxigênio; porém dificulta,
ou mesmo impede, a passagem de moléculas grandes, como as proteínas.
Para que isso seja possível, a membrana é composta por uma bicamada fosfolipídica – estrutura conhecida como
modelo do mosaico fluido, onde estão mergulhadas as proteínas transmembrana que fazem a ligação do meio ex-
tracelular com o meio intracelular.

Modelo do mosaco fluido.


Disponível em: https://www.colegioweb.com.br/biologia/principais-funcoes-da-membrana-plasmatica.html

Os transportes através da membrana podem ser agrupados em três categorias:


1) Transporte Passivo – ocorre sem gasto de energia, a favor do gradiente de concentração, de um meio hipotô-
nico para um meio hipertônico: difusão (transporte do soluto), difusão facilitada (difusão auxiliada por uma
proteína transmembrana) e osmose (transporte do solvente);

2) Transporte Ativo – ocorre com gasto de energia, contra o gradiente de concentração, de um meio hipertônico
para um meio hipotônico: bomba de sódio e potássio;
3) Transporte em Bloco – entrada e a saída de substâncias grandes demais para atravessarem a membrana. Nesse
caso, as partículas são englobadas através de projeções citoplasmáticas. Envolve os processos de endocitose
(fagocitose, com partículas sólidas e pinocitose, com partículas líquidas) e exocitose.

As únicas organelas citoplasmáticas presentes nas células procariontes são os ribossomos, responsáveis pela
produção (síntese) de proteínas. Já as células eucariontes apresentam diversas organelas no citoplasma, cada uma
desempenhando funções específicas. São as principais: ribossomos; retículo endoplasmático granular (transporte de
substâncias); retículo endoplasmático liso (síntese de lipídios); complexo golgiense (armazenamento e secreção de
substâncias); lisossomos (digestão celular) e mitocôndria (respiração celular).

#FicaDica
Existem organelas exclusivas das células animais e outras, exclusivas das células vegetais!
CIÊNCIAS NATURAIS

91
Observe as diferenças entre os dois tipos de células, representadas abaixo:

Comparação entre a célula animal e a célula vegetal.


Disponível em: https://significados.online/estudiar/celula/

Ciclo de vida celular.


Compreende toda a vida da célula. Nele podemos distinguir o período em que a célula não está se dividindo (in-
térfase) e o período em que ocorre a divisão celular (mitose e meiose).

Intérfase – apresenta os seguintes períodos:

G1: (do inglês gap, intervalo) fase que antecede a duplicação do material genético da célula;

S: fase em que ocorre a síntese, ou seja, a duplicação do DNA;

G2: fase posterior à duplicação do material genético celular.

Mitose
Processo de divisão celular equacional; produz células-filhas idênticas à célula-mãe, contendo exatamente o mesmo
número de cromossomos. Apresenta as seguintes fases:

Prófase – Ou fase anterior, de “mobilização” para a ação. Os cromossomos condensam-se, tornando-se visíveis; a
carioteca e os nucléolos desintegram-se; os centríolos dividem-se e dirigem-se para os pólos da célula; é formado o
fuso mitótico a partir dos centríolos.

Metáfase – Ou fase do meio, a mais propícia para estudos da morfologia dos cromossomos, pois estes apresentam
o grau máximo de condensação. Os cromossomos, presos às fibras do fuso, migram para a zona equatorial da célula.
No final da metáfase, os centrômeros se duplicam e se partem longitudinalmente, de modo a liberar as cromátides-ir-
mãs.

Anáfase – Ou fase de oposição. As cromátides-irmãs, agora como novos cromossomos, afastam-se e migram para
os pólos da célula, puxados pelos respectivos centrômeros, devido ao encurtamento das fibras do fuso.
Telófase – Ou fase mais distante. Os dois cromossomos aproximam-se dos pólos e se agregam. Ocorre o inverso à
Prófase: os cromossomos descondensam- se (tornando-se pouco visíveis); os nucléolos reaparecem; duas novas cario-
tecas são constituídas a partir das vesículas do retículo endoplasmático. Terminadas a divisão do núcleo (cariocinese),
desaparecem as fibras do fuso, ocorre a distribuição das organelas e a divisão do citoplasma (citosinese), que isola as
duas células-filhas. Estas entram em intérfase e se preparam para uma nova divisão.
CIÊNCIAS NATURAIS

92
Fases da mitose.
Disponível em: https://aprovadonovestibular.com/mitoses.html

Meiose
Processo de divisão celular reducional; produz células-filhas diferentes da célula-mãe, contendo metade do número
de cromossomos. Apresenta as seguintes fases:

Prófase I – Os cromossomos condensam-se e os homólogos se juntam formando tétrades; a carioteca e os nucléo-


los se desintegram; os centríolos duplicam e dirigem-se para os pólos da célula; forma-se o fuso mitótico. Esta é a fase
mais longa e nela ocorrem os eventos mais importantes da meiose. Subdivide-se em cinco períodos:
Leptóteno – Os cromossomos condensam-se e tornam-se visíveis.
Zigóteno – Os cromossomos homólogos juntam-se aos pares.
Paquíteno – Os cromossomos tornam-se mais curtos e espessos, formando tétrades.
Diplóteno – Os cromossomos homólogos iniciam a separação; podem ser observados os quiasmas, que eviden-
ciam trocas de pedaços entre os homólogos, processo conhecido como permuta ou crossing-over.
Diacinese – Os cromossomos migram para o equador da célula.
Metáfase I – As tétrades se distribuem-se no equador da célula.
Anáfase I – Os cromossomos homólogos separam-se e migram para os pólos da célula.
Telófase I – Ocorre a citocinese e formam-se duas células-filhas com número igual de cromossomos.
Intercinese – Curto intervalo entre as duas etapas da divisão.
Prófase II – Os centríolos se dividem e formam-se novos fusos de divisão nas duas células-filhas.
Metáfase II – Os cromossomos dispõem-se no equador das células.
Anáfase II – Os centrômeros dividem-se, as cromátides-irmãs se separam migrando para os pólos das células.
Telófase II – O citoplasma se divide e os núcleos reconstituem-se nas quatro células-filhas.
CIÊNCIAS NATURAIS

93
Fases da meiose.
Disponível em: http://professor-adelson.blogspot.com/2012/08/roteiro-programatico-prova-parcial-9.html

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (UNIFESP-SP) Considere as três afirmações:

I. Somos constituídos por células mais semelhantes às amebas do que às algas unicelulares.
II. Meiose é um processo de divisão celular que só ocorre em células diplóides.
III. Procariontes possuem todas as organelas citoplasmáticas de um eucarionte, porém não apresentam núcleo.

Está correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.

Resposta: Letra D. Amebas são organismos eucariontes heterótrofos, assim como os animais. Meiose é um processo
de divisão celular reducional, no qual uma célula-mãe diploide (2n) origina quatro células-filhas haplóides (n). Pro-
cariontes possuem os ribossomos como únicas organelas citoplasmáticas.

2. (UNIFESP-SP) A sonda Phoenix, lançada pela NASA, explorou em 2008 o solo do planeta Marte, onde se detectou a
presença de água, magnésio, sódio, potássio e cloretos. Ainda não foi detectada a presença de fósforo naquele planeta.
Caso esse elemento químico não esteja presente, a vida, tal como a conhecemos na Terra, só seria possível se em Marte
surgissem formas diferentes de

a) DNA e proteínas.
CIÊNCIAS NATURAIS

b) ácidos graxos e trifosfato de adenosina.


c) trifosfato de adenosina e DNA.
d) RNA e açúcares.
e) Ácidos graxos e DNA
Resposta: Letra C. O fósforo está presente na composição das moléculas de DNA (como o fosfato que constitui o
nucleotídeo) e de ATP ( trifosfato de adenosina, principal combustível celular).

94
3. (UNIFESP-SP) O uso de vinagre e sal de cozinha em Resposta: Letra E. A telófase é a última fase da mi-
uma salada de alface, além de conferir mais sabor, serve tose, sendo portanto quando as estruturas do núcleo
também para eliminar microorganismos causadores de reaparecem. O principal evento da metáfase é o des-
doenças, como as amebas, por exemplo. O inconvenien- locamento dos cromossomos para a região central da
te do uso desse tempero é que, depois de algum tempo, célula; assim como o da anáfase é o fato dos cromos-
as folhas murcham e perdem parte de sua textura. Esses somos distanciaram-se ao máximo, migrando para as
fenômenos ocorrem porque extremidades opostas da célula puxados pelos respec-
tivos centrômeros, devido ao encurtamento das fibras
a) as amebas morrem ao perderem água rapidamente do fuso mitótico.
por osmose. Já as células da alface possuem um en-
voltório que mantém sua forma mesmo quando per- SERES VIVOS
dem água por osmose e, por isso, murcham mais len-
tamente. CONCEITUAÇÃO
b) tanto as amebas quanto as células da alface não pos- Os seres vivos podem ser diferenciados da matéria
suem barreiras para a perda de água por difusão sim- bruta por apresentarem as seguintes propriedades: ciclo
ples. Ocorre que, no caso da alface, trata-se de um de vida (nascem, crescem, se reproduzem e morrem);
tecido e não de um único organismo e, portanto, a metabolismo próprio (transformações químicas autore-
desidratação é notada mais tardiamente. guladas no interior do seu organismo); nutrição (obtém
c) as amebas morrem ao perderem água por osmose, um sua energia se alimentando de outros seres vivos – he-
processo mais rápido. Em contrapartida, as células da trótrofos – ou produzindo seu próprio alimento a partir
alface perdem água por difusão facilitada, um proces- da matéria disponível no ambiente – autótrofos). Distin-
so mais lento e, por isso, percebido mais tardiamente. guem-se também por serem organismos celulares, tendo
d) o vinagre, por ser ácido, destrói a membrana plasmá- a célula como sua unidade fundamental. Assim, existem
tica das amebas, provocando sua morte. No caso da seres unicelulares (formados por uma única célula) e
alface, o envoltório das células não é afetado pelo vi- pluricelulares (formados por várias células).
nagre, mas perde água por difusão simples, provoca- Dessa forma, os vírus, por serem acelulares, não podem
da pela presença do sal. ser considerados seres vivos, e, por não possuirem meta-
e) nas amebas, a bomba de sódio atua fortemente captu- bolismo próprio, são parasitas intracelulares obrigatórios.
rando esse íon presente no sal, provocando a entrada
excessiva de água e causando a morte desses orga- Variedade dos seres vivos – sistemas de classifica-
nismos. As células da alface não possuem tal bomba e ção e níveis de organização.
murcham por perda de água por osmose.
Os níveis de organização biológica correspondem a
Resposta: Letra A. Trata-se de um processo de os- uma hierarquia na qual todos os seres vivos e sua com-
mose – perda de água para o meio extracelular por posição estão relacionados, desde os átomos até o uni-
este estar mais concentrado. É portanto um transpor- verso.
te passivo, com o solvente indo a favor do gradiente Começando do nível microscópico, a matéria viva é
de concentração – do meio hipotônico para o hiper- formada de átomos, que se reúnem formando as mo-
tônico. léculas das diversas substâncias orgânicas. As molécu-
las orgânicas estão organizadas de modo a formar di-
4. (UEL-PR) Considere as seguintes fases da mitose: versos tipos de organelas celulares que se integram na
formação das células. Nos organismos pluricelulares, as
I. telófase células se especializam e se juntam formando os tecidos.
II. metáfase Os tecidos se organizam para formar os órgãos, unida-
III. anáfase des anatômicas e funcionais essenciais à manutenção da
vida. Os órgãos funcionam integrados uns aos outros
Considere também os seguintes eventos: para o desempenho de determinadas funções do cor-
po, constituindo um sistema. Em conjunto, os sistemas
a. As cromátides-irmãs movem-se para os pólos constituem um organismo. O conjunto de organismos
opostos da célula. individuais de uma mesma espécie que habitam uma
b. Os cromossomos alinham-se no plano equatorial determinada região geográfica ao mesmo tempo consti-
da célula. tui uma população biológica. As populações diferentes
c. A carioteca e o nucléolo reaparecem. que coexistem em determinado lugar, interagindo direta
ou indiretamente, formam uma comunidade biológica.
Assinale a alternativa que relaciona corretamente cada O conjunto formado pelas comunidades e pelo ambiente
CIÊNCIAS NATURAIS

fase ao evento que a caracteriza. em que vivem recebe o nome de ecossistema. Ao con-
junto que reúne todos os ecossistemas da Terra dá-se
a) I - a; II - b; III - c o nome de biosfera – a camada do planeta que ocorre
b) I - a; II - c; III - b todas as vidas.
c) I - b; II - a; III - c
d) I - c; II - a; III - b
e) I - c; II - b; III – a

95
Níveis de organização biológica.
Disponível em: http://www.netxplica.com/figuras_netxplica/exanac/biologia/organizacao.hierarquica.areal.editores.png

A classificação biológica ou taxonomia é um sistema que organiza os seres vivos em categorias, agrupando-os de
acordo com suas semelhanças, bem como por suas relações de parentesco evolutivo. Seu precursor foi o naturalista
sueco Carl von Linnée (1707-1778), mais conhecido como Lineu, que utilizou como critério de classificação as caracte-
rísticas estruturais e anatômicas. Lineu desenvolveu também um método para nomear as espécies – a nomenclatura
binomial, publicada no seu livro Systema Naturae em 1735 eque é aceita até hoje, por facilitar a identificação dos
organismos em qualquer parte do mundo.
A nomenclatura binomial é composta por dois nomes, sendo o primeiro escrito em letra maiúscula, definindo o
gênero; e o segundo em letra minúscula, definindo a espécie. Os nomes científicos devem ser escritos em latim e des-
tacados em itálico ou grifados.
Assim, por exemplo, o nome científico do cão é Canis familiaris. O nome Canis também pode ser usado sozinho,
indicando somente o gênero, sendo portanto comum aos animais que tenham relação de parentesco, nesse caso po-
dendo ser o cão ou o lobo (Canis lupus).
A categoria taxonômica básica é, portanto, a espécie, que se define como os seres semelhantes entre si capazes de
se reproduzir naturalmente e gerar descendentes férteis.
Organismos da mesma espécie são reunidos na outra categoria que compõe a nomenclatura binominal, o gênero.
Todos que pertencem ao mesmo gênero são agrupados em famílias, que são agrupadas em ordens, que por sua vez se
reúnem em classes, reunidas em filos e por fim, em reinos. Dessa forma, temos a classificação taxonômica em ordem
decrescente:

Reino ⇒ Filo ⇒ Classe ⇒ Ordem ⇒ Família ⇒ Gênero ⇒ Espécie

Até recentemente, era adotado pela maioria da comunidade científica o sistema de classificação proposto pelo
microbiólogo Carl Woese (1977), que divide, acima do nível taxonômico de reino, os seres vivos em três domínios:
Archaea, Bacteria e Eukarya. Estes são diferenciados quanto à composição do RNA ribossômico, estrutura da parede
celular e metabolismo.
CIÊNCIAS NATURAIS

96
Classificação dos seres vivos.
Disponível em: https://blog.maxieduca.com.br/wp-content/uploads/2018/09/Classificacao-dos-seres-vivos-1.jpg

Caracterização dos principais grupos de organismos.


Em 2015, o biólogo inglês Cavalier-Smith revisou a classificação taxonômica, propondo o sistema aceito atualmente
com 7 reinos: Archaea, Bacteria, Protozoa, Chromista, Fungi, Plantae e Animalia.
Reinos Archaea e Bacteria – compreendem todos os organismos procariontes existentes, ou seja, todos aqueles
que não apresentam núcleo delimitado por membrana nuclear. Nesse grupo, todos os representantes também são
unicelulares. As Archaea diferem das bactérias principalmente em características moleculares, adaptações relacionadas
à sobrevivência em ambientes extremos.
Protozoa – anteriormente conhecidos como Protoctistas. São os protozoários – eucariontes, heterótrofos e
unicelulares; incluem ainda algumas algas.
Chromista – um dos reinos mais recentemente determinados, inclui os organismos que fizeram endossimbiose duas vezes,
tendo uma membrana extra ao redor do cloroplasto inicial. Dentro desse grupo estão as diatomáceas, as algas marrons e douradas.
Fungi – organismos eucariontes e heterótrofos, podendo ser unicelulares ou pluricelurares. Diferem dos animais por não
apresentarem tecidos verdadeiros e a nutrição ser por absorção; e das algas e plantas, por não serem fotossintetizantes.
Plantae – organismos eucariontes, autótrofos e pluricelurares.
Animalia – organismos eucariontes, heterótrofos e pluricelurares.

Reinos dos seres vivos.


Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/ba/Tree_of_Living_Organisms_2.pn-
CIÊNCIAS NATURAIS

g/220px-Tree_of_Living_Organisms_2.png

Tipos de reprodução
Entre os seres vivos há dois tipos de reprodução: reprodução sexuada e reprodução assexuada. É através da
reprodução que cada espécie garante sua sobrevivência e que o indivíduo transmite suas características aos seus des-
cendentes.

97
Reprodução assexuada – é a forma mais simples de reprodução, característica dos organismos unicelulares, cuja
única célula se divide em duas (divisão binária ou cissiparidade).
Ocorre também em organismos pluricelulares de diversas formas – brotamento; regeneração; esporulação;
gemulação.
O organismo gerado por essa forma de reprodução é sempre um clone natural, geneticamente idêntico ao seu
progenitor, sendo a mutação sua única fonte de variabilidade.
Reprodução sexuada – é a responsável pela grande diversidade de seres vivos existentes, devido à fusão dos ga-
metas e as diversas combinações possíveis entre os materiais genéticos dos progenitores. Assim, o organismo gerado
por essa forma de reprodução é sempre geneticamente diferente do seu progenitor.
Apresenta os seguintes tipos: com gametas isogâmicos (iguais) ou heterogâmicos (diferentes); indivíduos mo-
noicos (hermafroditas) ou dioicos (com macho e fêmea); fecundação interna (dentro do organismo) ou externa (no
ambiente – água); desenvolvimento direto (sem metamorfose) ou indireto (com fase larval).

Tipos de reprodução:assexuada por bipartição, por brotamento e reprodução sexuada.


Disponível em: http://csls-text.c.u-tokyo.ac.jp/images/fig/fig12_1.gif

Desenvolvimento embrionário
A embriologia estuda o processo de formação e desenvolvimento do indivíduo desde o zigoto ou ovo (célula
resultante da fusão dos gametas masculino e feminino) até o nascimento. Ao longo do crescimento embrionário alguns
genes são ativados e outros desativados. Dessa maneira surge a diferenciação celular, ou seja, tipos celulares com for-
matos e funções distintos, que organizam os diversos tecidos e posteriormente formarão os órgãos.
As principais fases do desenvolvimento do embrião são a clivagem ou segmentação, gastrulação e organogênese.
Durante a clivagem as divisões mitóticas são rápidas e dão origem a células chamadas blastômeros. O primeiro
estágio da clivagem é a mórula, um maciço celular originado entre o terceiro e quarto dia após a fecundação. Na
segunda e última etapa ocorre a blástula, onde as células delimitam uma cavidade interna chamada blastocele. Até
a fase de blástula as células embrionárias são chamadas de células-tronco, pois são indiferenciadas e podem originar
todos os diferentes tipos de célula do organismo.
A partir da blástula, inicia a fase de gastrulação, com o surgimento do arquêntero (intestino primitivo) e ocorre a
diferenciação dos folhetos germinativos ou embrionários. Os folhetos darão origem aos diferentes tecidos do corpo
e se dividem em ectoderme, endoderme e mesoderme. Ao final da gastrulação, o embrião é chamado de gástrula.
A última fase do desenvolvimento embrionário é a organogênese, onde ocorre a diferenciação dos tecidos e órgãos.
O primeiro estágio dela é a neurulação, quando há formação do tubo neural, que se diferenciará no sistema nervoso
central. Durante a neurulação, o embrião recebe o nome de nêurula. Do final da organogênese até o nascimento o
indivíduo em formação passa a ser chamado de feto.
CIÊNCIAS NATURAIS

Fases do desenvolvimento embrionário.


Disponível em: http://biology.kenyon.edu/courses/biol114/Chap12/FG18_05.JPG

Estrutura e função dos tecidos: características principais dos tecidos vegetais e animais.
Histologia é a ciência que estuda os tecidos biológicos, desde a sua formação (origem), estrutura (tipos diferen-
ciados de células) e funcionamento.

98
O corpo de um organismo pluricelular é constituído por diferentes tipos de células, especializadas em realizar di-
versas funções. As células com determinado tipo de especialização organizam-se em grupos, constituindo os tecidos.

Tipos de tecidos em vertebrados.


Disponível em: https://www.sobiologia.com.br/figuras/Histologia/tecidos.jpg

Nos animais vertebrados há quatro grandes grupos de tecidos: muscular, nervoso, conjuntivo (subdividido em
frouxo, denso, adiposo, ósseo, cartilaginoso e sanguíneo) e epitelial, constituindo subtipos específicos que irão
formar os órgãos e sistemas corporais.

Funções dos tecidos.


Disponível em: https://www.sobiologia.com.br/figuras/Histologia/tecidos2.jpg

Nos invertebrados estes tipos de tecido são basicamente os mesmos, porém com organizações mais simples. A
maioria dos tecidos apresentam substâncias intracelulares (intersticiais). A única exceção são os Poríferos (esponjas),
que não possuem tecidos verdadeiros.

Fisiologia animal e vegetal.

Fisiologia animal e humana


CIÊNCIAS NATURAIS

A Fisiologia estuda a função das diversas estruturas do organismo. No nível de organização dos sistemas é possível
analisar como estes trabalham de forma integrada para garantir o perfeito funcionamento do organismo.

99
Sistemas presentes no organismo humano.
Disponível em: https://docplayer.com.br/docs-images/67/57210233/images/14-1.jpg

Sistema digestório: responsável pela digestão, que consiste na transformação dos alimentos em suas molécu-
las constituintes, os nutrientes, para que possam ser absorvidos pelo organismo. A digestão pode ser: intracelular,
ocorrendo exclusivamente no interior das células – é o caso dos poríferos (nos coanócitos); extra e intracelular,
ocorrendo em parte no interior de uma cavidade digestiva e em parte no interior das células – é o caso dos cnidários;
extracelular, ocorrendo somente fora das células, no interior de uma cavidade digestiva – é o caso dos platelmintos,
nematelmintos, anelídeos, moluscos, artrópodes, equinodermos e cordados.

Tubo digestivo incompleto de um platelminto.


Disponível em: https://evolucaodecientistas.files.wordpress.com/2017/08/planaria4.jpg?w=840

– Sistema digestório humano: divide-se em duas partes: tubo digestivo (boca, faringe, esôfago, estômago, in-
testino delgado, intestino grosso, reto e ânus) e órgaos anexos (língua, dentes, glândulas salivares, pâncreas, fígado e
vesícula biliar).
CIÊNCIAS NATURAIS

Sistema digestório humano


Disponível em: https://1.bp.blogspot.com/-5ZLU2wqWY3c/V5IfOMhVklI/AAAAAAAAAA0/xvG2Oa9TQ_kwvx4a7JF-
yaZOwdo9DTHxkQCLcB/s1600/images.jpg

100
Sistema respiratório: responsável pelas trocas ga-
sosas com o meio ambiente. Através da respiração ae-
róbica, os animais obtém oxigênio e eliminam o gás
carbônico no meio externo. A respiração pode ser: tra-
queal, no caso dos insetos; branquial, ocorrendo em
ambientes aquáticos (peixes, moluscos e crustáceos);
pulmonar, ocorrendo em ambientes terrestres (mamí-
feros, aves, répteis, alguns moluscos gastrópodes e
anfíbios – nestes últimos, em conjunto com a respiração
cutânea); tegumentar (cutânea), ocorrendo como único
tipo em poríferos, cnidários, platelmintos, nematel-
mintos e anelídeos.
Sistema circulatório de um inseto
Disponível em: https://alemdasaulas.files.wordpress.
com/2015/01/4.png?w=300&h=225

– Sistema circulatório humano: também chamado


de sistema cardiovascular, por ser composto pelo cora-
ção e pelos vasos sanguíneos. Divide-se em circulação
pulmonar (entre o coração e os pulmões), responsável
por realizar as trocas gasosas, e circulação sistêmica
Respiração traqueal de um inseto (entre o coração e todas as células do organismo), res-
Disponível em: https://docplayer.com.br/docs-ima- ponsável por levar através do sangue todas as substân-
ges/66/55261681/images/5-1.jpg cias necessárias para a sobrevivência celular, bem como
remover os resíduos e toxinas.
– Sistema respiratório humano: constituído por um
par de pulmões e pelos seguintes órgãos que conduzem
o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares,
constituindo as vias aéreas: fossas nasais, faringe, larin-
ge, traquéia, brônquios, bronquíolos e alvéolos – estes
três últimos localizados nos pulmões.

Sistema respiratório humano


Disponível em:
http://3.bp.blogspot.com/-beuZZfS0NsY/UI-xmAj_e1I/
AAAAAAAAAC0/2zWdMvV0s60/s1600/jahjd.jpg Sistema circulatório humano
Disponível em: https://corpbancacentrocultural.com/
Sistema circulatório: responsável pelo transporte de wp-content/uploads/thon/organs-of-the-circulatory-
substâncias entre todas as células do organismo. Pode -system-circulatory-system-major-organs-circulatory-
ser de dois tipos: aberto (quando o fluido circulante sai -system-major-parts-300x210.jpg
dos vasos e se difunde por entre as células) – é o caso
dos moluscos e artrópodes; ou fechado (quando o flui- Sistema excretor: responsável por manter a ho-
CIÊNCIAS NATURAIS

do permanece nos vasos) – é o caso dos anelídeos, mo- meostase (constância do meio interno), através de dois
luscos cefalópodes e todos os vertebrados. mecanismos principais: eliminação de resíduos metabóli-
cos e osmorregulação. São exemplos de órgãos excre-
tores: células-flama (platelmintos); nefrídios (anelí-
deos); túbulos de Malpighi (insetos); sistema urinário
(vertebrados).

101
Sistema excretor de um platelminto
Disponível em: https://1.bp.blogspot.com/-QNzQdq99TI8/WutemnS1z7I/AAAAAAAAAZs/lJKL8TkxPBckxf1FOBAwXE-
f3HnYEREEhQCLcBGAs/s400/Fig%2B1%2BMOZAPRENDE.jpg

– Sistema excretor ou urinário humano: é formado por um par de rins (compostos por milhares de unidades
filtradoras, os néfrons), que filtram o sangue, produzem e excretam a urina – esta é transportada pelos ureteres até a
bexiga, onde fica armazenada até sair do organismo através da uretra.

Sistema excretor humano


Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/upload/conteudo/images/os-rins-sao-os-responsaveis-por-filtrar-
-sangue-reabsorver-agua-outras-moleculas-uteis-ao-nosso-organismo-1319541458.jpg

Sistema locomotor: responsável pelos movimentos, sustentação e proteção dos órgãos internos. São exemplos
de aparelhos locomotores nos invertebrados: tentáculos (cnidários e moluscos cefalópodes); parapódios (anelídeos
poliquetas); apêndices articulados (artrópodes) e asas de quitina (insetos); sistema ambulacrário (equinoder-
mos). Já os vertebrados apresentam trabalhando em conjunto o sistema esquelético e o sistema muscular.

Sistema locomotor de um equinodermo.


Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/_04-EtYIW2qw/Ss_lKP26gWI/AAAAAAAAAA4/l1NhXwBh0cQ/s400/untit-
CIÊNCIAS NATURAIS

led.bmp

– Sistema esquelético humano: constituído de ossos, cartilagens, ligamentos (junção entre dois oosos) e ten-
dões (junção entre um osso e um músculo). Além das funções características como integrante do sistema locomotor,
também é responsável por produzir células sanguíneas na medula óssea e armazenar sais minerais, como o cálcio. Em
um indivíduo adulto é formado por 206 ossos. Estes podem ser classificados quanto a sua forma em: longos (fêmur),
curtos (calcâneo) ou chatos (escápula).

102
Sistema locomotor humano
Disponível em: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQua8TmEvVtjNFhyHzMCfuRmz6795p-
MOqv0JI0pAQJbf8ClQYTNvQ

– Sistema muscular humano: constituído de fibras musculares contráteis (filamentos de actina e miosina). Além das
funções características como integrante do sistema locomotor, também auxilia a manter a temperatura corpórea e o fluxo
sanguíneo. Em um indivíduo adulto é formado por cerca de 650 músculos, compondo cerca de 40% do peso total do corpo.
Quanto ao tipo de contração, os músculos podem ser classificados como: liso (contração lenta e involuntária) – é o caso
dos músculos que realizam os movimentos peristálticos nos órgãos digestivos, conduzindo o alimento; estriado esquelético
(contração rápida e voluntária) – é o caso dos músculos das pernas e dos braços, que movimentamos conforme nossa
vontade; e estriado cardíaco (contração ritmada e involuntária) – trata-se do miocárdio, ou músculo cárdiaco.
CIÊNCIAS NATURAIS

Tipos de músculos do sistema muscular humano


Disponível em: https://www.sobiologia.com.br/figuras/Corpo/musculo2.jpg

103
Sistema nervoso: responsável pela coordenação in-
terna do organismo (através da transmissão de impulsos
nervosos) e o seu relacionamento com o ambiente que o
cerca (por meio dos órgãos sensoriais). Pode ser difuso
– é o caso dos cnidários, os primeiros a apresentar sis-
tema nervoso na escala evolutiva, mas ainda como uma
rede desordenada de nervos; ganglionar – característico
da maioria dos invertebrados (platelmintos, nematel-
mintos, moluscos, artrópodes, anelídeos e equinoder-
mos), sendo os gânglios um princípio de centralização
do comando nervoso; e, nos vertebrados, atinge maior
complexidade, sendo dividido em sistema nervoso so-
mático e sistema nervoso autônomo.

Sistema nervoso ganglionar de um platelminto


Disponível em: https://www.sobiologia.com.br/figuras/
Fisiologiaanimal/nervoso.jpg

– Sistema nervoso humano: Divide-se em sistema


nervoso somático (controle voluntário) e autônomo
(involuntário). O somático, por sua vez, é constituído
pelo sistema nervoso central (medula espinhal e encé-
falo – este, composto por cérebro, cerebelo e tronco
encefálico) e pelo sistema nervoso periférico (nervos
cranianos e espinhais formados por prolongamentos de Sistema nervoso autônomo humano.
neurônios sensoriais e efetuadores). Disponível em: https://i0.wp.com/enfermagemcoma-
mor.com.br/wp-content/uploads/2018/05/Autonomo.
jpg?resize=605%2C494

Sistema endócrino: conjunto de glândulas respon-


sáveis pela produção dos hormônios que são lançados no
sangue e percorrem o corpo até chegar aos órgãos-alvo
sobre os quais atuam; atua junto com o sistema nervoso,
regulando todas as funções do organismo. Nos invertebra-
dos, o principal exemplo é o da muda ou ecdise dos inse-
tos, processo regulado pelo hormônio ecdisona.

Sistema nervoso somático humano


Disponível em: http://correio.rac.com.br/_midias/
jpg/2015/05/06/301x271/1_sistema_nervoso_huma-
no-3898769.jpg
CIÊNCIAS NATURAIS

O sistema nervoso autônomo é dividido em simpá-


tico e parassimpático, com ações antagônicas um do Controle hormonal da metaformose (ecdise) em insetos.
outro. Disponível em: https://4.bp.blogspot.com/-hho-
4In9vZdM/V4wiOnpLTAI/AAAAAAAACog/kbuB-
pUQuQpYF0zYyuOkHDrJshc_KYXxwgCLcB/s1600/
metamorfosis%2Ben%2Binsectos..%2Bhormo-
nas%2By%2Bglandulas.png

104
– Sistema endócrino humano: consiste nas glân- Fisiologia vegetal: parte da botânica que estuda os
dulas endócrinas e os hormônios que estas secretam, processos vitais das plantas, entre os quais destacam-se:
controladas pela hipófise, considerada por isso a glân- fotossíntese, nutrição vegetal e hormônios vegetais.
dula-mestre que, por sua vez responde a uma estrutura
neurosecretora do sistema nervoso – o hipotálamo. – Fotossíntese: processo no qual a energia solar é
transformada pela planta em energia química por meio
da fixação de carbono através da clorofila. Ocorre no in-
terior dos cloroplastos e, portanto, é realizada em maior
intensidade nos tecidos ricos nessa organela, como o
parênquima clorofiliano encontrado nas folhas. O pro-
cesso pode ser dividido em duas etapas principais: a fase
clara, que ocorre na membrana do tilacoide, e a fase
escura, que ocorre no estroma do cloroplasto.

Sua equação geral balanceada é:

12 H2O + 6 CO2 → 6 O2 + C6H12O6 + 6 H2O

Glândulas endócrinas com seus respectivos hormônios.


Disponível em: https://www.bbc.com/bitesize/
guides/z8t47p3/revision/1ema%20endocrino.jpg&-
w=600&h=350&c=FFFFFF&t=1

O controle da secreção hormonal ocorre através de um


mecanismo de retroalimentação, ou feedback, no qual a
concentração do respectivo hormônio na corrente sanguí-
nea estimula ou inibe sua secreção por parte da glândula.

Processo de fotossíntese.
Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/-F2Mfy7Q-
Jc_U/UBsDlIEIyxI/AAAAAAAAADY/HPMg5Vo2iA4/s1600/
Fotossintese-esquema-plantas.jpg

– Nutrição vegetal: difere da nutrição dos animais,


pois a planta é autótrofa e produz o próprio alimento,
através da absorção dos nutrientes presentes de forma
inorgânica no ambiente – água e sais minerais. Estes são
conduzidos das raízes até as folhas pelo vaso condutor
denominado xilema – é a seiva bruta ou mineral; e o
produto da fotossíntese, a seiva elaborada ou orgânica,
é conduzido pelo floema das folhas para todos os teci-
dos da planta.
CIÊNCIAS NATURAIS

Mecanismo de feedback do sistema endócrino.


Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Thyroid_system-IT.png

105
ECOLOGIA

CONCEITUAÇÃO
A Ecologia estuda as as interações entre os seres vivos
e o meio ambiente onde vivem, buscando compreender
suas relações de formar a preservar e manter o seu equi-
líbrio.

Ecossistema e seus componentes.

Espécie (organismo): unidade fundamental da eco-


logia, consiste em indivíduos semelhantes, capazes de se
cruzar em condições naturais, produzindo descendentes
férteis.

População: seres da mesma espécie que habitam de-


terminada região em um mesmo período.

Comunidade (biocenose): populações de diversas


espécies que habitam uma mesma região.

Transporte de seiva pelos tecidos vasculares vege-


tais.
Disponível em: http://www.cientic.com/imagens/qi/
transplantas/transplantas_10.png

– Hormônios vegetais: também chamados fitormô-


nios, atuam na divisão e na diferenciação celular – esti-
mulando o crescimento e o desenvolvimento dos órgãos
vegetais, a germinação, a floração e a maturação dos
frutos (auxinas, citocininas, giberelinas e etileno), ou
inibindo todos esses processos (ácido abscísico).

Níveis de organização biológica estudados pela


Ecologia.
Disponível em: http://www.biologia.seed.pr.gov.br/
modules/galeria/uploads/1/thumb_1organizacao.jpg

Ecossistema: Conjunto dos fatores abióticos (am-


biente físico) e bióticos (seres vivos).

Atuação dos fitormônios nos processos vitais das


plantas.
Disponível em: https://scontent-atl3-1.cdninstagram.
CIÊNCIAS NATURAIS

com/vp/488058475e85ba7b74a62994737ea7e8/5D4E-
4BE0/t51.2885-15/e35/44303633_1177347605760108_
3458205520856165400_n.jpg?_nc_ht=scontent-atl3-1.
cdninstagram.com

Exemplo de ecossistema.

106
Disponível em:
http://2.bp.blogspot.com/-umgPyAZQaYw/UiqfvbsB-
9KI/AAAAAAAAAGk/-CCRtzM9LYI/s1600/mapa-concep-
tual-de-ecosistemas-2jnng7s.jpg

Biosfera: Conjunto de todos os ecossistemas da Terra.

Relações tróficas entre os seres vivos – fluxo de


matéria e energia.
Cadeias alimentares: também chamadas de cadeias
tróficas, são uma sequência de seres vivos relacionados
entre si através da alimentação. Representam, portanto, Exemplo de cadeia alimentar com 4 níveis tróficos.
o fluxo de energia (unidirecional) e de matéria (cíclico Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/--cOK-
– ciclo do carbono). 5Z45HHk/VknDJjo_s4I/AAAAAAAAAX8/evw1xcmAhN8/
w1200-h630-p-k-no-nu/535ff540c062e-cadeia-alimen-
tar-large.jpg

Teias alimentares: reunião das diversas cadeias ali-


mentares existentes nos ecossistemas; a posição de al-
guns consumidores pode variar de acordo com a cadeia
alimentar da qual participam – é o caso dos organis-
mos onívoros, que podem se alimentar tanto de plantas
quanto de animais.

Exemplo de cadeia alimentar – as setas indicam a


direção do fluxo de energia.
Disponível em: https://megaarquivo.files.wordpress.
com/2012/03/cadeia-alimentar.jpg?w=700

Os elos que unem a cadeia alimentar são os níveis


tróficos, representados por:
– Produtores: organismos autótrofos fotossintetizan-
tes, transformam a matéria inorgânica presente no
ambiente em matéria orgânica;
– Consumidores primários: heterótrofos herbívoros,
isto é, os seres que se alimentam dos produtores;
– Consumidores secundários: carnívoros que se ali-
mentam dos herbívoros. Teia alimentar com consumidores onívoros ocu-
– Poderá, ainda, haver consumidores terciários e qua- pando diferentes níveis tróficos.
ternários que se alimentam, respectivamente, de Disponível em: https://tse3.mm.bing.net/th?id=OIP.
consumidores secundários e terciários. iP1ZhJaP05PVi9M0cvwGeAHaHX&pid=15.1
– Decompositores: bactérias e fungos que reciclam
a matéria ao se alimentar dos restos de plantas Ciclos biogeoquímicos.
e animais, devolvendo-a ao ambiente. Estes mi- São a transferência contínua de elementos químicos
crorganismos, conhecidos como saprófitos, trans- que ocorre entre os seres vivos e o meio ambiente. Ob-
formam matéria orgânica em matéria inorgânica, serve abaixo os principais.
reduzindo compostos complexos em moléculas
simples, de modo que retornem ao solo para se-
rem utilizados novamente por outro organismo
produtor, originando assim uma nova cadeia ali-
mentar.
CIÊNCIAS NATURAIS

Ciclo da água:

107
Fenômenos físicos e processos vitais do ciclo da Ciclo do nitrogênio:
água.
Disponível em: http://www.daev.org.br/educacao/ci-
clodaagua.asp

Ciclo do carbono:

Fenômenos atmosféricos e processos vitais do ciclo


do carbono.
Disponível em: https://image.slidesharecdn.com/ci-
clos-bio-geo-qui-1232218901783376-2/95/ciclos-bio-
-geo-qui-4-728.jpg?cb=1232197598 Fenômenos atmosféricos e processos vitais do ciclo
do nitrogênio.
Ciclo do oxigênio:
Disponível em: https://escolakids.uol.com.br/upload/
conteudo_legenda/c622d68255c0a55c84e768aea-
6b794b8.jpg

Ciclo do fósforo:

Fenômenos físicos e processos vitais do ciclo do


oxigênio.
Disponível em: https://image.slidesharecdn.com/
ciclodoox-160829012650/95/ciclo-do-ox-4-638.jpg?-
cb=1472434054

Fenômenos físicos e processos vitais do ciclo do


CIÊNCIAS NATURAIS

fósforo.

Disponível em: https://www.sobiologia.com.br/con-


teudos/figuras/bio_ecologia/ciclo_fosforo.jpg

108
Os principais biomas.
Bioma é conceituado como um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de ve-
getação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada
de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.

Biomas terrestres:
– Tundra;
– Taiga ou Floresta de Coníferas ou Floresta Boreal;
– Floresta Caducifólia ou Floresta Decídua Temperada;
– Floresta Tropical ou Floresta Pluvial ou Floresta Latifoliada;
– Campos;
– Deserto;
– Savanas.

Observe sua ocorrência no mapa abaixo.


Biomas terrestres.
Disponível em:
https://image.slidesharecdn.com/osbiomasterrestreseseusimpactosambientaisdecorrentes-170202171923/95/os-
-biomas-terrestres-e-seus-impactos-socioambientais-4-638.jpg?cb=1486056284

Biomas brasileiros:
– Amazônia;
– Mata dos Cocais;
– Caatinga;
– Cerrrado;

– Pantanal;
– MataAtlântica;
– Mata das Araucárias;
– Pampas.
CIÊNCIAS NATURAIS

109
Observe sua ocorrência no mapa abaixo.

Biomas brasileiros.
Disponível em: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/WRnA6kXQU7h34UqQnpyJpUgYqtvtq2JsA45rX-
M5jxsAYtTa33fFU9z8BRMZj/contexto
Desequilíbrio ecológico e suas causas.
Quando falamos de desequilíbrio ecológico, nos referimos principalmente aos efeitos das ações humanas no meio
ambiente. A natureza é fluída e dinâmica, sendo as extinções e mudanças inatas a esse processo, resultantes das
constantes modificações dos ecossistemas e da seleção adaptativa. O problema é que o ser humano interfere nessa
dinâmica de forma drástica, acelerando muitos processos de extinção e mudanças em ecossistemas que talvez nem
aconteceriam se não fosse por essa intervenção.
Entre os impactos ambientais causados pela ação antrópica podemos citar:
– aquecimento global;
– redução da camada de ozônio;
– efeito estufa;
– chuva ácida;
– poluição;
– contaminação;
– esgotamento de recursos naturais não renováveis;
– desmatamento;
– queimadas;
– erosão;
CIÊNCIAS NATURAIS

110
Amebíase: infecção parasitária que acomete o intes-
tino, causada pelo protozoário Entamoeba histolytica. A
maioria dos casos são assintomáticos.

Giardíase: infecção parasitária que acomete o intes-


tino, causada pelo protozoário Giardia lamblia. Os prin-
cipais sintomas são cólicas abdominais, flatulência, náu-
seas e episódios de diarreia aquosa.

Cólera: infecção causada pela bactéria Vibrio chole-


rae. A maioria dos casos são assintomáticos e, quando
– ameaça à biodiversidade. presentes, os sintomas são similares a outras doenças,
dificultando o diagnóstico – diarreia, náuseas, vômitos e
desidratação são os principais, aparecendo logo no início.

Leptospirose: infecção causada pela bactéria Lep-


tospira icterohaemorrhagiae, transmitida pela urina de
roedores. Os primeiros sintomas são vagos – febre, dor
muscular, fotofobia; após uma semana evolui para he-
morragia e icterícia, podendo levar à falência renal. Em si-
tuações de alagamentos e inundações, a urina dos ratos,
presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e
à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato
com a água das chuvas ou lama contaminadas poderá
se infectar. As leptospiras presentes na água penetram
no organismo pela pele, principalmente se houver algum
arranhão ou ferimento.
Impacto ambiental causado, respectivamente,
pelo rompimento das barragens de Mariana e Bruma- Esquistossomose: infecção causada por vermes da
dinho (MG) espécie Schistosoma mansoni, adquirida ao entrar em
contato com água doce infectada com as formas larvais
Disponível em: destes parasitas. Os vermes adultos microscópicos vivem
http://envolverde.cartacapital.com.br/a-sustentabili- nos vasos linfáticos e a maioria de seus ovos fica presa
dade-e-o-desastre-em-mariana/ nos tecidos, com a reação do organismo a eles podendo
https://br.jetss.com/noticias/mundo/2019/01/ levar a problemas de saúde crônicos.
50-imagens-impactantes-dos-maiores-desastres-
-ambientais-causados-pelo-homem/ Higiene pessoal e social.
Grande parte das doenças endêmicas transmtidas
pela água podem ser evitadas através de medidas profi-
12. SAÚDE E VIDA: EPIDEMIAS láticas de e higiene pessoal e social (saneamento básico),
E ENDEMIAS NO BRASIL posto que são causadas por condições sanitárias e hi-
giênicas inadequadas, como ausência de tratamento da
água e de hábitos de higiene, como lavar as mãos e os
Principais endemias encontradas no Brasil e meio de alimentos antes de consumi-los.
combatê-las.
Infecções bacterianas
Doenças transmitidas pela água
Diarreia: quadro muito comum que consiste na Meningite: inflamação das meninges, as membranas
evacuação de fezes líquidas de forma frequente e sem que envolvem o cérebro. A maioria dos casos é provoca-
controle. Pode ser tanto aguda quanto crônica. O fator da por vírus ou bactérias, mas a doença também pode ser
determinante para seu diagnóstico é o tempo de dura- transmitida via fungos. Outros fatores também podem
ção dos sintomas. Se persistir por dias ou semanas, pode desencadear num quadro de meningite, como alergias
indicar uma infecção grave ou uma doença inflamatória a determinados medicamentos, alguns tipos de câncer e
intestinal. A maioria dos casos são de origem infecciosa, também inflamações. Os primeiros sinais de meningite,
causados por microrganismos – bactérias, vírus e pro- quando manifestados, são facilmente confundidos com
CIÊNCIAS NATURAIS

tozoários. Se os sintomas não desaparecerem sozinhos os sintomas típicos da gripe.


em dois dias e havendo sinais de desidratação, deve-se – Meningite viral: pode ser causada por diversos ti-
procurar ajuda médica para tratar os sintomas e, através pos de vírus, transmitidos via alimentos, água e objetos
de um exame de fezes, diagnosticar e combater o agente contaminados. É a forma mais comum e menos perigosa
causador. de meningite, muitas vezes nem exigindo tratamento.

111
– Meningite bacteriana: é a mais grave de todas; Doença de Chagas: também conhecida como tri-
ocorre geralmente quando a bactéria entra na corrente panossomíase americana, é transmitida pelo percevejo
sanguínea e migra até o cérebro. Pode ser causada por: Triatoma infestans, popularmente conhecido como bar-
Neisseria meningitidis; Listeria monocytogenes; Strepto- beiro – isto porque, ao picar o rosto, defeca na ferida,
coccus pneumoniae; Haemophilus influenzae – para estas causando coceira; a pessoa, ao coçar, se infecta com o
duas últimas já existe vacina, a última constando na car- protozoário Trypanosoma cruzi, parasita presente nas fe-
tilha obrigatória de vacinação da infância. Os principais zes do inseto. A doença pode ser leve, causando inchaço
sintomas são: pescoço rígido, vômitos, náusea, fotossen- e febre, ou pode tornar-se crônica. Se não tratada, pode
sibilidade, sonolência, confusão mental e convulsões. causar insuficiência cardíaca congestiva.

– Meningite fúngica: apesar de ser a menos comum, Leishmaniose: também chamada calazar, a leishma-
pode levar ao quadro crônico da doença. Às vezes seus niose visceral é uma doença infecciosa, porém não con-
efeitos podem ser similares ou até idênticos aos da me- tagiosa, transmitida através da picada de uma fêmea
ningite bacteriana, por isso inspira cuidados, mas não é infectada de um mosquito hematófago flebotomíneo,
contagiosa de pessoa para pessoa. que mede de 2 a 3 milímetros de comprimento e, devido
ao seu pequeno tamanho, é capaz de atravessar as ma-
Tétano: grave doença bacteriana que afeta o sistema lhas dos mosquiteiros e telas. Ao picar, o popularmente
neurológico e que, entre outras complicações, pode le- conhecido como mosquito-palha introduz no sistema
var inclusive à morte. É causado pela bactéria Clostridium circulatório do hospedeiro os protozoários do gênero
tetani, que pode ser encontrada no solo, poeira e nas Leishmania e da família Trypanosomatidae. Algumas pes-
fezes de animais. A infecção começa quando os esporos soas não apresentam sintomas. Em outras, os sintomas
da bactéria transmissora entram no corpo por meio de podem incluir febre, perda de peso e inchaço do baço ou
uma ferida ou um ferimento, onde liberam bactérias que fígado. Se não forem tratados, os casos graves costumam
se espalham pela corrente sanguínea e produzem uma ser fatais.
neurotoxina, a tetanospasmina, que bloqueia os sinais
neurológicos da coluna vertebral para os músculos, cau- Filariose: doença causada pelo verme nemátode
sando espasmos musculares intensos. Não há cura, mas Wuchereria bancrofti, comumente chamado filária, que
já existe vacina, estando dentre as da cartilha obrigatória se aloja nos vasos linfáticos causando inchaço – daí o
de vacinação na infância. O maior risco está em ferir-se outro da doença, elefantíase, pois quando o nematódeo
com objetos enferrujados caso não tenha sido tomada a obstrui o vaso linfático o edema é irreversível. Tem como
segunda dose da vacina. transmissor os mosquitos dos gêneros Culex, Anopheles,
ou Aedes, comuns nas regiões tropicais e subtropicais.
Raiva: infecção viral transmitida para seres humanos
a partir da saliva de animais infectados – geralmente por Febre amarela: doença infecciosa aguda, febril, de
uma mordida. O vírus viaja da ferida até o cérebro, onde natureza viral, causada por um arbovírus (vírus transmiti-
causa inchaço ou inflamação, que leva aos sintomas da do por artrópodes). Os vetores são fêmeas de mosquitos
doença: salivação em excesso, agitaão, espasmos, entor- culicídeos pertencentes aos gênero Aedes. Caracteriza-se
pecimento e dificuldade de engolir – daí o outro nome clinicamente por manifestações de insuficiência hepática
da doença, hidrofobia. A maioria dos casos de morte por e renal, que pode levar à morte, em cerca de uma sema-
raiva ocorre em crianças.Uma vez que uma pessoa come- na.
ça a exibir sinais e sintomas da raiva, a doença é quase Dengue: doença infecciosa aguda, febril, de natureza
sempre fatal. Por esta razão, qualquer um que pode ter viral, causada por um arbovírus. Os vetores são fêmeas
risco de contrair raiva deve receber vacinação antirrábica de mosquitos Aedes aegypti, que também transmitem a
para proteção. Qualquer mamífero é capaz de transmi- febre chikungunya, a febre Zika e a febre amarela urbana.
tir raiva; os mais comuns são animais domésticos – cães, É um dos principais problemas de saúde pública no mun-
gatos, animais de fazenda e animais selvagens, principal- do. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que
mente morcegos. entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anual-
mente, em mais de 100 países, de todos os continentes,
Doenças transmitidas por insetos exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam
Malária: transmitida através da picada de uma fêmea de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da
infectada do mosquito hematófago Anopheles, que intro- dengue. É uma doença potencialmente grave, porque
duz no sistema circulatório do hospedeiro os protozoá- pode evoluir para a dengue hemorrágica a síndrome do
rios parasitários do género Plasmodium presentes na sua choque da dengue, caracterizadas por sangramento e
saliva, os quais se depositam no fígado, onde maturam queda de pressão arterial, o que eleva o risco de morte.
e se reproduzem. A malária manifesta-se através de sin- Atualmente, a vacina é a melhor forma de prevenção da
CIÊNCIAS NATURAIS

tomas como febre intermitente e dores de cabeça, que dengue.


em casos graves podem progredir para coma ou morte.
A transmissão da doença pode ser combatida através da Doenças de carência.
prevenção das picadas de mosquito, usando redes mos-
quiteiras, repelente de insetos, ou através de medidas de São doenças causadas pela ausência de nutrientes
erradicação, como o uso de inseticidas ou o escoamento essenciais na alimentação, principalmente vitaminas
de águas estagnadas. (avitaminoses) e sais minerais. Podem ocorrer devido a

112
dietas inadequadas, ou, havendo a ingestão desses nu- Essas células são oriundas da medula óssea, local
trientes, por má absorção do intestino, devido a proble- onde muitas delas se desenvolvem e também maturam
mas metabólicos ou parasitoses intestinais, como as cau- (hematopoiese). Muitas dessas células se deslocam para
sadas por vermes e protozoarios. Sua profilaxia consiste os tecidos periféricos.; uma parte vai para dentro dos te-
principalmente na inclusão dos nutrientes faltantes na cidos; outras, vão para a corrente sanguínea e também
alimentação. São as principais: para um sistema próprio de vasos, o sistema linfático.
Há dois tipos de linfócitos: os linfócitos B, produto-
Bócio Endêmico res de anticorpos quando na sua forma madura, em que
Causa: carência de Iodo na alimentação. passam a ser chamados plasmócitos; e os linfócitos T,
Órgão afetado: glândula tireóide. que podem ser de dois tipos: auxiliadores, que ativam
os linfócitos B, e matadores naturais, que eliminam cé-
Anemia Ferropriva lulas desconhecidas e potencialmente perigosas.
Causa: carência de Ferro (elemento integrante da fór- O sistema imune é composto por dois grupos de ór-
mula da hemoglobina). gãos: os órgãos imunitários primários (medula óssea e
Tecidos afetados: tecidos hematopoéticos (produ- timo) e os órgãos imunitários secundários (baço, apên-
zem células sanguíneas) e, secundariamente, dice cecal, linfonodos, adenoides e tonsilas – anterior-
todos os demais, pois ficam prejudicados nas suas mente chamadas de amígdalas).
trocas gasosas. Quanto à resposta imune, esta pode ser inata ou
adquirida.
Xeroftalmia (cegueira noturna) A resposta imune inata é aquela que ocorre natural-
Causa: carência de Vitamina A. mente no organismo; consiste em barreiras físicas, mecâ-
Órgãos afetados: olhos. nicas, fisiológicas, celulares e inflamatórias – por exem-
plo: espirro, tosse, microbiota das mucosas (bactérias
Beribéri não prejudiciais que impedem a a infecção por aquelas
que são patogênicas).
Causa: carência de Vitamina B1.
Já a resposta imune adquirida é ativada pelos antí-
Sistema afetado: Sistema Nervoso (também afetado
genos, gerando uma memória imunológica. Existem dois
por demais avitaminoses do Complexo B e da vitamina E).
tipos de imunidade adquirida: a imunidade humoral,
mediada pelos linfócitos B, e a imunidade celular, me-
Pelagra
diada pelos linfócitos T.
Causa: carência de Vitamina B3.
Também pode ser uma resposta imune ativa, rea-
Órgão afetado: pele.
gindo à presença de antígenos induzindo a produção de
Anemia Perniciosa
anticorpos – é o caso das vacinas; ou pode ser passiva,
Causa: carência de Vitamina B12 (indispensável para quando já recebe os anticorpos prontos – é o caso dos
a absorção do ferro). soros.
Tecidos afetados: tecidos hematopoéticos (produ-
zem células sanguíneas) e, secundariamente,
todos os demais, pois ficam prejudicados nas suas
trocas gasosas. EXERCÍCIO COMENTADO
Escorbuto 1. (Udesc) O cão doméstico (‘Canis familiaris’), o lobo
Causa: carência de Vitamina C. (‘Canis lupus’) e o coiote (‘Canis latrans’) pertencem a
Tecidos afetados: tecido sanguíneo e gengivas (he- uma mesma categoria taxonômica. Esses animais fazem
morragias, assim como ocorre com a avitaminose da vi- parte de um(a) mesmo(a):
tamina K) .
a) gênero
Raquitismo b) espécie
Causa: carência de Vitamina D (indispensável para a c) subespécie
absorção do cálcio). d) raça
Órgãos afetados: osos. e) variedade

Noções de imunidade. Resposta: Letra A. O primeiro nome da nomenclatura


O Sistema Imunológico tem por função primordial binomial refere-se ao gênero e o segundo, à espécie.
defender o organismo contra agentes invasores, que po-
dem ser microrganismos patogênicos (vírus, bactérias, 2. (UECE-2006) A primeira cavidade que se forma em
CIÊNCIAS NATURAIS

protozoários e fungos), toxinas ou substâncias poten- um embrião de anfíbio é o (a):


cialmente nocivas ao organismo.
É composto por glóbulos brancos ou leucócitos (cé- a) blastocele;
lulas sanguíneas) especializados: os macrófagos, que b) gastrocele;
englobam as substâncias estranhas; e os linfócitos, que c) arquêntero
produzem anticorpos, substâncias específicas para com- d) celoma.
bater os agentes invasores – os antígenos.

113
Resposta: Letra A. Como em todo embrião animal, a 6. (ENEM 2009) A fotossíntese é importante para a vida
primeira fase do seu desenvolvimento (a mórula) con- na Terra. Nos cloroplastos dos organismos fotossinteti-
siste em um maciço de células, sem cavidade. Apenas zantes, a energia solar é convertida em energia química
na segunda fase (a blástula) ocorre pela primeira vez que, juntamente com água e gás carbônico (CO2), é uti-
a formação de uma cavidade interna – a blastocele. lizada para a síntese de compostos orgânicos (carboidra-
3. (UFPB-2000) A pele, formada pela derme e a epider- tos). A fotossíntese é o único processo de importância
me, constitui o maior órgão do corpo humano. Além de biológica capaz de realizar essa conversão. Todos os or-
proteger o corpo e evitar a dessecação, apresenta es- ganismos, incluindo os produtores, aproveitam a energia
truturas relacionadas com outras funções, tais como: a armazenada nos carboidratos para impulsionar os pro-
percepção da dor e da temperatura, a secreção de subs- cessos celulares, liberando CO2 para a atmosfera e água
tâncias e a manutenção da temperatura corporal. Na para a célula por meio da respiração celular. Além disso,
realização de todas essas funções participam diferentes grande fração dos recursos energéticos do planeta, pro-
tipos de tecidos, com EXCEÇÃO do tecido duzidos tanto no presente (biomassa) como em tempos
remotos (combustível fóssil), é resultante da atividade
a) nervoso. fotossintética.
b) conjuntivo cartilaginoso. As informações sobre obtenção e transformação dos re-
c) epitelial glandular. cursos naturais por meio dos processos vitais de fotos-
d) epitelial estratificado pavimentoso síntese e respiração, descritas no texto, permitem con-
e) conjuntivo sangüíneo cluir que

Resposta: Letra B. Tecido nervoso – tem como função a) o CO2 e a água são moléculas de alto teor energético.
percepção da dor e da temperatura; tecido epitelial b) os carboidratos convertem energia solar em energia
glandular – secreção de substâncias; tecido epitelial química.
estratificado pavimentoso – proteger o corpo e evitar c) a vida na Terra depende, em última análise, da energia
a dessecação; tecido conjuntivo sanguíneo – manute- proveniente do Sol.
ção da temperatura corporal. O único tecido cuja fun- d) o processo respiratório é responsável pela retirada de
ção não aparece é tecido conjuntivo cartilaginoso, o carbono da atmosfera.
qual permite maior flexibilidade nos movimentos. e) a produção de biomassa e de combustível fóssil, por
si, é responsável pelo aumento de CO2 atmosférico.
4. (UECE) Marque a opção na qual todos os animais pos-
suem tubo digestivo completo. Resposta: Letra A. A fotossíntese é fundamental para
a vida na Terra, tendo em vista que é o principal pro-
a) Água viva, minhoca e gafanhoto. cesso de fixação da matéria inorgânica em matéria or-
b) Água viva, esponja e peixe. gânica no planeta, sendo a maioria dos autotróficos
c) Peixe, minhoca e gafanhoto. seres fotossintetizantes.
d) Esponja, peixe e minhoca.
7. (ENEM 2013) Estudos de fluxo de energia em ecos-
Resposta: Letra C. A esponja (Poríferos) não possui sistemas demonstram que a alta produtividade nos man-
tecidos nem órgãos verdadeiros e a água-viva (Cnidá- guezais está diretamente relacionada às taxas de produ-
rios) possui somente uma cavidade digestiva oca no ção primária líquida e à rápida reciclagem dos nutrientes.
interior do seu organismo. Como exemplo de seres vivos encontrados nesse am-
biente, temos: aves, caranguejos, insetos, peixes e algas.
5. (UEPB-2006) A Circulação sangüínea que se estabe- Dos grupos de seres vivos citados, os que contribuem
lece entre o CORAÇÃO → PULMÕES → CORAÇÃO, mais diretamente para a manutenção dessa produtividade no
precisamente entre o ventrículo direito e o átrio esquer- referido ecossistema são
do, tem a função de:
a) aves.
a) Promover a condução apenas do sangue arterial. b) algas.
b) Promover a oxigenação do sangue, direcionando-o c) peixes.
para todo o corpo. d) insetos.
c) Promover a oxigenação dos pulmões e do próprio co- e) caranguejos.
ração.
d) Promover a oxigenação dos tecidos intermitentes. Resposta: Letra B. A manutenção da produtividade
e) Promover a condução apenas do sangue venoso. e o maior nível energético encontram-se nos produ-
tores da cadeia, devido a fotossíntese, sendo estes as
CIÊNCIAS NATURAIS

Resposta: Letra B. Trata-se da circulação pulmonar, algas, no caso citado.


em que o sangue venoso rico em gás carbônico, tra-
zido pelas veias de todo o corpo, chega ao coração e
é enviado aos pulmões, onde haverá a troca gasosa;
assim, o sangue agora arterial, rico em oxigênio, dos
pulmões retorna ao coração, de onde será enviado
para todas as células do corpo.

114
8. (ENEM 2010) IV. A Caatinga é uma região semi-árida cujas plan-
tas apresentam adaptações ao clima seco, como a
presença de espinhos no lugar das folhas, mas ain-
da assim apresenta uma biodiversidade expressiva.

9. (ENEM 2009) O ciclo biogeoquímico do carbono


compreende diversos compartimentos, entre os quais
a Terra, a atmosfera e os oceanos, e diversos processos
que permitem a transferência de compostos entre esses
reservatórios. Os estoques de carbono armazenados na
forma de recursos não renováveis, por exemplo, o pe-
tróleo, são limitados, sendo de grande relevância que se
perceba a importância da substituição de combustíveis
fósseis por combustíveis de fontes renováveis.
A utilização de combustíveis fósseis interfere no ciclo do
Dois pesquisadores percorreram os trajetos marcados carbono, pois provoca
no mapa. A tarefa deles foi analisar os ecossistemas e,
encontrando problemas, relatar e propor medidas de re- a) aumento da porcentagem de carbono contido na Terra.
cuperação. A seguir, são reproduzidos trechos aleatórios b) redução na taxa de fotossíntese dos vegetais supe-
extraídos dos relatórios desses dois pesquisadores. riores.
Trechos aleatórios extraídos do relatório do pesqui- c) aumento da produção de carboidratos de origem ve-
sador P1: getal.
d) aumento na quantidade de carbono presente na at-
I. “Por causa da diminuição drástica das espécies ve- mosfera.
getais deste ecossistema, como os pinheiros, a gra- e) redução da quantidade global de carbono armazena-
lha azul também está em processo de extinção”. do nos oceanos.
II. “As árvores de troncos tortuosos e cascas grossas
que predominam nesse ecossistema estão sendo Resposta: Letra D. A queima de combustíveis fósseis
utilizadas em carvoarias”. é responsável pela liberação de CO2, pertencente à re-
Trechos aleatórios extraídos do relatório do pesqui- serva terrestre, liberado em uma velocidade maior que
sador P2: a reposição (geração de novas reservas fósseis), oca-
III. “Das palmeiras que predominam nesta região po- sionando assim um desequilíbrio no ciclo do carbono,
dem ser extraídas substâncias importantes para a com o aumento do carbono na atmosfera.
economia regional”,
IV. “Apesar da aridez desta região, em que encontra- 10. (ENEM 2018) O cruzamento de duas espécies da
mos muitas plantas espinhosas, não se pode des- família das Anonáceas, a cherimoia (Annona cherimoia)
prezar a sua biodiversidade”. Ecossistemas brasilei- com a fruta-pinha (Annona squamosa), resultou em uma
ros: mapa de distribuição de ecossistemas. planta híbrida denominada de atemoia. Recomenda-se
que o seu plantio seja por meio de enxertia.
Disponível em: http://educacao.uol.com.br/ciencias/ Um dos benefícios dessa forma de plantio é a
ult1686u52.jhtm. Acesso em: 20 abr. 2010 (adaptado).
Os trechos I, II, III e IV referem-se, pela ordem, aos se- a) ampliação da variabilidade genética.
guintes ecossistemas: b) produção de frutos das duas espécies.
c) manutenção do genótipo da planta híbrida.
a) Caatinga, Cerrado, Zona dos Cocais e Floresta Ama- d) reprodução de clones das plantas parentais.
zônica. e) modificação do genoma decorrente da transgenia.
b)Mata de Araucárias, Cerrado, Zona dos Cocais e Caa-
tinga. Resposta: Letra C. A enxertia é um tipo de repro-
c) Manguezais, Zona dos Cocais, Cerrado e Mata Atlân- dução assexuada que mantém a carga genética, po-
tica. dendo ter alterações somente por mutações. Como a
d) Floresta Amazônica, Cerrado, Mata Atlântica e Pampas. atemoia é a planta de interesse, este tipo de plantio
e) Mata Atlântica, Cerrado, Zona dos Cocais e Pantanal. manterá as mesmas características genéticas nas pró-
ximas gerações.
Resposta: Letra B.
I. As araucárias, também chamadas de pinheiro-do- 11. (UFMG) Desenvolvida, há 150 anos, por Charles Da-
CIÊNCIAS NATURAIS

-Paraná, são gimnospermas típicas da região Sul rwin e Alfred Wallace, a ideia da seleção natural pode ser
do Brasil. sustentada por observações científicas atuais.
II. Vegetação de caules tortuosos e cascas grossas são Assinale a alternativa que contém uma informação que
típicas do Cerrado, na savana brasileira. NÃO é sustentada pela Teoria Evolutiva por Seleção Na-
III. Palmeiras são recorrentes na costa, sendo repre- tural.
sentativas da mata dos cocais.

115
a) A reposição do fator de coagulação mediante trans- TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL
fusão de sangue aumenta a adaptabilidade dos he-
mofílicos. A cada dia, novos produtos e serviços são pensados,
b) Certas bactérias, em face de mudanças no ambiente, desenvolvidos e ofertados. Se, por um lado, o ritmo de
adquirem a capacidade de produzir novas substâncias. produção e do consumo muitas vezes provoca uma ex-
c) O vírus HIV pode sofrer mutações, o que dificulta o ploração excessiva dos recursos naturais, sabemos que,
tratamento de indivíduos soropositivos. por outro, há opções de tecnologias sustentáveis capazes
d) Os peixes cegos apresentam menor chance de sobre- de oferecer benefícios à sociedade e ao meio ambiente,
vivência em ambientes iluminados. alterando profundamente os processos de fabricação e a
maneira como consumimos.
Resposta: Letra B. A alternativa B refere-se à Lei da Nesse contexto, a evolução tecnológica pode ser
herança de caracteres adquiridos, de Lamarck. Segun- uma grande aliada da sustentabilidade, colaborando
do a Teoria da Seleção Natural, os indivíduos melhor com o combate ao desperdício, a melhoria na qualidade
adaptados já nascem com a característica vantojosa dos transportes, da saúde, a criação de produtos mais
para sua sobrevivência – e não a adquirem ao longo duráveis, a reciclagem e o monitoramento de atividades
de sua existência. ilegais, por exemplo.
Podemos contar com novos produtos e serviços ca-
12. (UESPM-SP - adaptada) A leptospirose é uma do- pazes de trazer esses benefícios. Vamos saber mais sobre
ença que se alastra em situações de enchente porque, eles? Conheça algumas tendências em tecnologia sus-
nesses casos, aumenta a: tentável que prometem contribuir para a solidificação de
um novo modelo de desenvolvimento:
a) Contaminação do ar pela bactéria que causa a doença.
b) Presença de caramujos que transmitem a doença. Carros elétricos
c) Contaminação da água pela urina de rato que trans-
mite a doença. Ao ouvirmos tanto sobre o aquecimento global e
d) Proliferação de insetos que transmitem a doença. suas possíveis consequências, a necessidade de reduzir
as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmos-
Resposta: Letra C. A leptospirose é uma doença cau- fera também se tornou um assunto recorrente. O setor
sada pela bactéria leptospira, encontrada geralmente de transportes, um dos maiores responsáveis pelas emis-
na urina de ratos. A forma principal de contaminação sões no mundo, gera, no Brasil, 13,8% das emissões de
é o contato com essa urina, presente em esgotos e GEE.
bueiros, que se mistura às águas das chuvas, enxurra- Nesse cenário, o carro elétrico se torna uma alterna-
das e lamas de enchentes. O contato com a água das tiva de tecnologia sustentável cada vez mais atraente.
enchentes pode oferecer risco de contaminação. Hoje, há opções de carros elétricos, com motores que
utilizam baterias como fonte de energia, e de carros hí-
bridos, em que podem ser usados baterias ou motores
13. NATUREZA MUTÁVEL E O CONTEXTO que funcionam a partir de combustíveis.
DE TRANSFORMAÇÕES CONTÍNUAS. Nos carros elétricos não há queima de gasolina ou
A TECNOLOGIA A SERVIÇO DO diesel, o que contribui para a redução significativa das
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA emissões de GEE. Além da contribuição para o meio am-
MANUTENÇÃO DA VIDA NO PLANETA. biente, os carros elétricos podem trazer ainda outros be-
nefícios:

Prezado candidato, ao longo do material de noções • - Economia: Devido ao uso de eletricidade e um


de física, química e biologia, podemos estabelecer as desgaste mecânico menor, os custos de manuten-
relações precisas na construção de nossa visão sobre a ção dos veículos são reduzidos. Além disso, os seus
natureza mutável das coisas. motores apresentam mais de 90% de eficiência.
O mundo está em constante transformação, tanto no • - Conforto: Os motores dos veículos são mais si-
nível natural do espaço quanto nas maneiras que o ser lenciosos, contribuindo para a redução da poluição
humano se relaciona com ele em seus processos de mol- sonora.
dagem com os recursos cabíveis a nossa sociedade.
Um forte exemplo dessas transformações fica eviden- A desvantagem desse produto, porém, está relacio-
te no desenvolvimento das tecnologias que, por sua vez, nada à sua baixa autonomia: a quantidade de energia
apresentam um impacto preciso no meio social, cultural que ele pode armazenar não é suficiente para manter o
e ambiental. veículo em movimento durante longos percursos.
CIÊNCIAS NATURAIS

Confira o texto a seguir, que apresenta uma reflexão Embora essa nova tecnologia ainda precise ser aper-
sobre esse papel atual da tecnologia. feiçoada, há marcas que pretendem apostar na sua pro-
dução, como a Volvo. A fabricante sueca, que agora está
nas mãos da Zhejiang Geely Holding, da China, anunciou
em 2017 que, a partir de 2019, todos os seus modelos
de carros terão motores elétricos. A proposta é reduzir a
pegada de carbono da marca e melhorar a qualidade do

116
ar nas cidades por meio da produção de carros inteira- Tecnologias que favorecem a economia compar-
mente elétricos e híbridos. tilhada
Em alguns países, medidas que apostam nos carros A economia compartilhada é um modelo econômi-
elétricos também foram tomadas. Em 2017, a França co em que pessoas podem emprestar ou alugar bens e
anunciou o fim da comercialização de carros movidos a prestar serviços entre si. Isso significa que uma pessoa
diesel ou gasolina a partir de 2040, e o Reino Unido tam- pode alugar o seu carro quando não estiver o utilizan-
bém optou por seguir esse caminho. O objetivo do país do, o que também pode acontecer com outros objetos,
é retirar os veículos não elétricos de circulação. Vamos como casas, bicicletas e roupas.
aguardar! Embora mercados de aluguel já existam há algum
tempo, a internet facilitou o encontro entre as pessoas
Geração distribuída que precisam de algo por um período determinado e as
que possuem esses objetos para alugar ou emprestar.
Desde 2012, é permitido no Brasil que os cidadãos Cada vez mais, encontramos aplicativos para celular, sites
gerem a sua própria energia elétrica a partir de fontes e redes sociais capazes de promover esse contato, co-
renováveis e, caso haja excedente na produção, forne- locando disponíveis produtos que podem ser trocados,
çam energia para a rede de distribuição de sua localidade emprestados ou alugados.
(Resolução Normativa da ANEEL nº 482/2012). Isso é o Há diversas iniciativas que seguem essa lógica, como
que chamamos de geração distribuída. o Airbnb, que conecta viajantes a pessoas dispostas a
Essa modalidade de geração de energia pode pro- alugar espaços diversos durante períodos variados e o
porcionar diversos benefícios ao sistema elétrico, como: Getaround, que permite o uso compartilhado de carros
por meio da empresa, que fica responsável por alugar
REDUÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS um veículo enquanto seu dono não o estiver usando.
Mas como esse modelo econômico pode ser sus-
Fontes renováveis, como a solar e a eólica, são comu- tentável? Além de movimentar o mercado, as formas de
mente utilizadas na geração distribuída. Assim, o sistema
compartilhamento podem reduzir significativamente a
energético se torna mais limpo, colaborando para a re-
compra de produtos específicos. O mercado de compar-
dução das emissões de GEE.
tilhamento de carros, por exemplo, pode colaborar para
a redução da compra de veículos e das emissões de CO2
MINIMIZAÇÃO DE PERDAS
na atmosfera.
A energia produzida é consumida localmente e pode
Blockchain
ser compartilhada pelos consumidores que a produzem
e pelas distribuidoras. Além disso, as linhas de transmis-
são ficam menos sobrecarregadas, reduzindo a perda de O blockchain é uma nova tecnologia em que blocos
energia. de dados são encadeados com o intuito de rastrear in-
formações, oferecendo transações seguras. Isso acontece
DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA porque, no início do processo, os computadores envol-
vidos recebem cópias que comprovam aquela transação.
Diferentes fontes podem gerar energia em períodos Cada novo bloco de informação processado, antes de ser
do dia, do ano e em climas diferentes. Assim, diversificar anexado à cadeia, é validado por todos esses computa-
a matriz energética é uma forma de aumentar a seguran- dores, que, de forma coordenada, conferem os dados
ça, garantindo que a energia seja produzida em diversos entre si.
períodos e condições. Essa tecnologia pode funcionar como um sistema de
rastreamento, capaz de comprovar a origem de produ-
REDUÇÃO DE CUSTOS tos, indicando problemas de segurança e ilegalidades,
como pirataria e fraudes. Também pode ser uma base
Além de reduzir gastos ao produzir a própria energia, de dados capaz de monitorar a eletricidade limpa gera-
quando a quantidade produzida for superior à energia da por painéis solares e emitir certificados à medida que
consumida no período, o consumidor pode obter alguns determinados valores de produção são alcançados. Tudo
benefícios. automaticamente.
Conforme dissemos acima, no Brasil, é possível obter Embora essa tecnologia seja nova e ainda pouco
créditos que serão abatidos na fatura dos meses seguin- compreendida, ela pode ser uma grande possibilidade
tes. Dessa forma, a geração distribuída é uma inovação para evitar fraudes e garantir processos sustentáveis,
que pode aliar economia financeira, autossustentabili- com a rastreabilidade em cadeias de valor.
dade e consciência socioambiental, trazendo benefícios
CIÊNCIAS NATURAIS

não só aos consumidores que optam por utilizá-la, mas Internet das coisas
também ao sistema elétrico.
A expressão Internet das coisas (IoT) é uma tradução
de Internet of Things. O termo, criado nos anos 90, foi
evoluindo à medida que a internet sem fio passou a ser
mais presente na vida das pessoas, e descreve um fe-
nômeno que vivemos hoje: cada vez mais objetos estão

117
conectados à internet e se comunicam mutuamente. Isso
acontece por meio de softwares e sensores que transmi-
tem dados para uma rede. HORA DE PRATICAR!
A IoT pode levar mais eficiência para a indústria, con-
tribuindo para a construção do que chamamos de Indús-
tria 4.0. Esse conceito de indústria considera as principais 1. (FCC) A globalização vem redefinindo as novas formas
inovações tecnológicas como parte dos processos de de territorialização. As novas territorialidades emergen-
produção industrial, que podem se tornar cada vez mais tes no final do século XX foram marcadas por proces-
eficientes e autônomos. sos econômicos, sociais e culturais. Segundo Haesbaert
Por exemplo, é possível interligar e configurar máqui- (2007:48), geógrafo estudioso deste assunto, entre as ca-
nas para que sinais de perda de produtividade ou falhas racterísticas que regem a emergência das novas-antigas
operacionais sejam percebidos de forma antecipada. Isso territorialidades tem-se, inseridas nos processos de glo-
pode trazer otimização de processos, aumento na pro- balização/mundialização os seguintes aspectos:
dutividade e eliminação de falhas. Assim, podemos pro- I. Formação simultânea de uma elite globalizada vis a
duzir mais com menos recursos. vis a uma enorme massa de excluídos que buscam
Tecnologia sustentável: uma oportunidade reconstruir seus territórios.
II. Fortalecimento dos processos de âmbito local fren-
Embora a exploração de recursos naturais para a pro- te ao regional e ao nacional.
dução de aparelhos tecnológicos muitas vezes não acon- III. Aparecimento de vínculos complexos de ordem
teça de forma sustentável, há diversas oportunidades concomitantemente local e global.
para usarmos a tecnologia a nosso favor. Como vimos, IV. Recrudescimento de regionalismos e nacionalis-
há diversas inovações tecnológicas que podem colaborar mos de ordem político-cultural.
para a implementação de novas formas de produção e V. Constituição de novas modalidades político-insti-
construir formas de desenvolvimento sustentável. tucionais reguladoras do território, tais como en-
tidades supranacionais e organizações não-gover-
REFERÊNCIA namentais.
https://blog.waycarbon.com/2017/08/tecnologia-
-sustentavel-desenvolvimento/ Está correto o que se afirma em

a) I, II e III, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) III, IV e V, apenas.
d) I, II, IV e V, apenas.
e) I, II, III, IV e V.

2. (FCC) No contexto da globalização, ocorreram em vá-


rias partes do mundo processos de integração entre paí-
ses e formação de blocos econômicos. Sobre os blocos é
correto afirmar que

a) o Mercosul reúne o maior número de países e tem


se destacado pela grande participação no comércio
mundial de automóveis.
b) o Nafta está praticamente extinto porque o México,
um de seus fundadores, tem priorizado fazer comércio
com os países da América Latina.
c) a Apec tem revisto seus objetivos de reunir os países
asiáticos devido à forte interferência da Índia, principal
país exportador do bloco.
d) a Comunidade Andina de Nações tem apresentado
forte destaque no comércio mundial, nesta década,
desde o ingresso do Brasil e da Argentina.
e) a União Europeia é o mais antigo e, atualmente, alguns
de seus membros, como a Grécia passa por sérios pro-
blemas econômico-financeiros.
CIÊNCIAS NATURAIS

3. (FCC) A crise internacional do capitalismo, ainda em


curso, provocada pela irresponsabilidade do sistema fi-
nanceiro norteamericano, submergiu a economia inter-
nacional e, como desastre, representa o segundo grande
marco da vitória histórica dos sistemas de interesse. O
primeiro, a Queda do Muro de Berlim, ruiu como mo-

118
numento às avessas, celebrando o fracasso da ousada 5. (FCC) Uma forma de analisar a ação pública na econo-
tentativa de construir uma sociedade assentada sobre a mia se dá ao considerar o papel do Estado
solidariedade. Sem inovações institucionais [...] a futura
nova sociedade serviu-se do abastardamento das insti- a) no tratamento de monopólios naturais, em sua função
tuições políticas predominantes nas democracias capi- tipicamente distributiva.
talistas, partidos e eleições, para ao final desvirtuar-se b) em sua função tipicamente estabilizadora, ao regular a
economicamente na contrafação do mercado negro, e provisão de bens públicos.
politicamente na centralização e corrupção burocráti- c) na utilização da política monetária, em sua função es-
cas. [...] Antes, na sequela da crise mundial de 1929, tam- tabilizadora.
bém originada nos Estados Unidos, deu-se o início de d) na regulação de bens onde inexistam falhas de merca-
políticas sociais mais sistemáticas e consistentes, lá e na do, o que caracteriza um exemplo típico de sua função
Europa. [...] O desastre iniciado em 2007, ao contrário, distributiva.
ocasionou o desmanche mundial da rede de proteção e) em face da distribuição de renda, que caracteriza típi-
construída no último meio século. O medo do socialis- co exemplo de sua função alocativa.
mo [...] havia desaparecido. [...] O socialismo não se man-
teve como opção realista ao capitalismo contemporâneo, 6. (FCC) Um imposto constitui um peso-morto porque
e o mundo presencia, pela primeira vez a sério, um capi- afeta as decisões de compradores e vendedores. O im-
talismo sem competidores. posto aumenta o preço pago pelos compradores que
(Adaptado de: SANTOS, Wanderley Guilherme dos. A de- passam a consumir menos. Ao mesmo tempo, o imposto
mocracia impedida: o Brasil no século XXI, Rio de Janei- reduz o preço recebido pelos vendedores, que passam a
ro: FGV Editora, 2017, pp 129-130) produzir menos. Devido a essas alterações do compor-
tamento, o tamanho do mercado cai para baixo do nível
a) do Estado sob o capitalismo. ótimo. Em vista disso, conclui-se que
b) da crise do Estado de bem-estar social.
c) do Estado contemporâneo. a) quanto maiores forem as elasticidades da oferta e da
d) dos limites do Estado de Direito. demanda, maior será o peso morto de um imposto.
e) da sociedade e do Estado no século XXI. b) o peso-morto de um imposto é a área do triângulo
situado entre a curva da demanda e a linha que repre-
4. (FCC) Para definir o Estado contemporâneo é preciso senta o preço de equilíbrio.
enfrentar inúmeras questões que envolvem uma análise c) subsídios não geram peso-morto.
exaustiva das relações que se criaram entre o Estado e a d) peso-morto é um termo utilizado para designar uma
sociedade, ao mesmo tempo captando os efeitos des- situação em que o mercado se encontra no seu ótimo
sas mudanças sobre o sistema político. Compreender o de Pareto.
desenvolvimento do Estado contemporâneo é desen- e) à medida que se aumentam as alíquotas de um impos-
volver uma análise que leve em conta as dificuldades to sobre as vendas, o peso-morto do produtor diminui.
de coexistência das formas do Estado de Direito com os
conteúdos do Estado Social. A “questão social”, surgida 7. (FCC) O organismo internacional que monitora as po-
como efeito da Revolução Industrial, representou o fim líticas dos países membros e a evolução econômica e fi-
de uma concepção orgânica da sociedade e do Estado. nanceira nacional, regional e global, prestando assessoria
Os desdobramentos da questão social não permitiram aos países membros e promovendo políticas destinadas
que a unidade da formação econômico-política pudes- à estabilidade econômica, à redução da vulnerabilidade
se ser assegurada pelo desenvolvimento autônomo da às crises econômicas e financeiras e à elevação dos pa-
sociedade. Impôs-se a necessidade de uma tecnologia drões de vida é
social que determinasse as causas das divisões sociais e
tratasse de lhes remediar, mediante adequadas interven- a) o Fundo Monetário Internacional.
ções de reforma social. b) o Banco Mundial.
(Adaptado de: BOBBIO, Norberto, MATTEUCI, Nicola e c) o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
PASQUINO, Pasquino. Estado Contemporâneo, Dicioná- d) o Conselho de Estabilidade Financeira.
rio de Política (v. 1), Brasília: Universidade de Brasília, 12. e) a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimen-
ed. 2004, p. 401 e de NOGUEIRA, Octaciano. Estado de to Econômico.
bem-estar social, Vocabulário da Política, Brasília: Edições
Unilegis de Ciência Política, v. V, 2010, p. 158)

Dentre os benefícios que devem estar assegurados aos


cidadãos num Estado Social, destaca-se:
CIÊNCIAS NATURAIS

a) o crédito subsidiado.
b) a estabilidade econômica.
c) a proteção das liberdades individuais.
d) o princípio da isonomia.
e) a proteção contra o desemprego.

119
8. (FCC) A existência de diferentes métodos de produção
permite à empresa a obtenção de um determinado vo-
lume de produção por meio da utilização de diferentes GABARITO
quantidades de fatores de produção. Assim, o processo
de produção economicamente mais eficiente será aquele 1 E
que permite
2 E
a) a combinação de fatores de produção ao menor custo 3 B
de produção para a produção de uma mesma quanti-
4 E
dade, e obtenção do lucro máximo.
b) a obtenção da mesma quantidade de produção que 5 C
os métodos alternativos, com a utilização da menor 6 A
quantidade de todos os fatores de produção.
7 A
c) várias combinações de outros fatores de produção
para a produção de uma mesma quantidade, manten- 8 D
do-se a tecnologia constante.
d) a obtenção da mesma quantidade de produção que os
métodos alternativos, ao menor custo.
e) diversas combinações de outros fatores de produção
para a produção de uma mesma quantidade, man-
tendo-se fixa as quantidades do insumo de capital e
trabalho.
CIÊNCIAS NATURAIS

120
ÍNDICE

ATUALIDADES

Globalização: conceitos, efeitos e implicações sociais, econômicas, políticas e culturais................................................................ 01


Multiculturalidade, Pluralidade e Diversidade Cultural.................................................................................................................................. 05
Tecnologias de Informação e Comunicação: conceitos, efeitos e implicações sociais, econômicas, políticas e culturais............... 09
A necessidade de união causada pela Globalização
GLOBALIZAÇÃO: CONCEITOS, EFEITOS E fez com que vários países que visavam uma integração
IMPLICAÇÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS, econômica se unissem formando os chamados blocos
POLÍTICAS E CULTURAIS. econômicos (ALCA, NAFTA e Tigres Asiáticos, por exem-
plo), o interesse dessa união seria o aumento do enrique-
cimento geral.
Não podemos esquecer também que, hoje em dia, é
Globalização:
essencial o conhecimento da língua inglesa. O inglês, que
ao longo dos anos se tornou a segunda língua de quase
O termo globalização surgiu após a Guerra Fria tor-
todos nós, é exigido em quase todos os campos de tra-
nando-se o assunto do momento, aparecendo nos círcu-
balho, desde os mais simples como um gerente de hotel
los intelectuais e nos meios de comunicação, tornando
até o mais complexo, como um grande empresário que
possível a união de países e povos, essa união nos dá a
fecha grandes acordos com multinacionais.
impressão de que o planeta está ficando cada vez menor.
Para encarar todas estas mudanças, o cidadão precisa
Um dos mais importantes fatores que contribui para a
se manter atualizado e informado, pois estamos vivendo
união desses povos é, sem dúvida, a internet. É impossí-
em um mundo em que a cada momento somos bombar-
vel falar de globalização sem falar da Internet, que a cada
deados de informações e descobertas novas em todos os
minuto nos proporciona uma viagem pelo mundo sem
setores, tanto na música, como na ciência, na medicina e
sair do lugar. Dentro da rede conhecemos novas culturas,
na política.
podemos fazer amizades com pessoas que moram horas
Intimamente vinculada à questão da globalização
de distância, trabalhamos e ainda podemos nos aperfei-
econômica é a mudança no papel do Estado. A globali-
çoar cada vez mais nos assuntos ligados a nossa área de
zação significa que as variáveis externas passaram a ter
interesse, através dela, milhões de negócios são fechados
influência acrescida nas agendas domésticas, reduzindo
por dia.
o espaço disponível para as escolhas nacionais. Já men-
A globalização não é uma realização do presente, vem
cionei que os requisitos para a competitividade externa
de longa data. Tudo começou há muito tempo quando
levaram a uma maior homogeneidade nos aspectos ins-
povos primitivos passaram a explorar o ambiente em que
titucionais e regulatórios dos Estados, que tais requisitos
viviam. No século XV os europeus viajavam pelos mares a
deixaram menor margem de manobra para estratégias
fim de ligar Oriente e Ocidente; a Revolução Industrial foi
nacionais altamente diferenciadas em relação, entre ou-
outro fator que permitiu o avanço de países industrializa-
tros, ao trabalho e à política macroeconômica. O equi-
dos sobre o restante do mundo.
líbrio fiscal, por exemplo, tornou-se um novo dogma,
No final dos anos 70, os economistas passaram a usar
conforme bem ilustra o Tratado de Maastricht da União
o termo “globalização” fora das discussões econômicas
Europeia, que fixa parâmetros dentro dos quais devem
facilitando as negociações entre os países. Nos anos
situar-se os números do equilíbrio orçamentário de seus
80, começaram a ser difundidas novas tecnologias que
países-membros.
uniam os avanços da ciência com a produção, por exem-
Tanto a opinião pública internacional quanto o com-
plo: nas fábricas, robôs ligados aos computadores acele-
portamento dos mercados também passaram a desem-
ravam (e aceleram) a produção, ocasionando a redução
penhar um papel que antes não tinham na redefinição
da mão-de-obra necessária, outro exemplo são as redes
dos limites possíveis de ação para o Estado. A informação
de televisão que facilitam ainda mais a realização de ne-
movimenta-se livre e rapidamente. Se, por exemplo, cir-
gócios, com as suas transmissões em tempo real.
cula a notícia de que um determinado país está enfren-
A globalização envolve países ricos, pobres, peque-
tando dificuldades para controlar seu déficit orçamentá-
nos ou grandes e atinge todos os setores da sociedade,
rio ou estará proximamente elevando suas taxas de juros,
e por ser um fenômeno tão abrangente, ela exige no-
os mercados financeiros intencionais tomam, com funda-
vos modos de pensar e enxergar a realidade. As coisas
mento nestas notícias, decisões que poderão ter impacto
mudam muito rápido hoje em dia, o território mundial
real no pais em questão.
ficou mais integrado, mais ligado. Por exemplo, na dé-
Os países, seus líderes e as políticos por eles adota-
cada de 1950, uma viagem de avião cruzando o Oceano
das estão sob vigilância próxima e constante da opinião
Atlântico durava 18 horas; hoje a mesma rota pode ser
pública internacional. Qualquer medida julgada por estas
feita em menos de 5 horas. Em 1865, a notícia da morte
entidades imateriais como passo em falso pode impor
de Abraham Lincoln levou 13 dias para chegar na Europa,
penalidades. Ao contrário, decisões ou eventos interpre-
mas hoje, ficamos sabendo de tudo o que acontece no
tados como positives solo recompensados. A opinião pú-
mundo em apenas alguns minutos.
blica internacional e, sobretudo, os mercados tendem a
Não podemos negar que a globalização facilita a vida
ser conservadores, a seguir certa ortodoxia em matéria
das pessoas, por exemplo o consumidor foi beneficiado,
econômica. Estabelecem um padrão de conduta econô-
pois podemos contar com produtos importados mais ba-
mica que praticamente não admite desvios num mundo
ratos e de melhor qualidade, porém ela também pode di-
em que h;! imensa variedade de realidades nacionais. 0
ficultar. Uma das grandes desvantagens da globalização
ATUALIDADES

complexo processo de ajuste não deve ignorar tal diver-


é o desemprego. Muitas empresas aprenderam a produ-
sidade.
zir mais com menos gente, e para tal feito elas usavam
A globalização modificou o papel do Estado num ou-
novas tecnologias fazendo com que o trabalhador per-
tro aspecto. Alterou radicalmente a ênfase da ação go-
desse espaço. vernamental, agora dirigida quase exclusivamente para

1
tomar possível As economias nacionais desenvolverem Globalização e a questão da inclusão e exclusão
e sustentarem condições estruturais de competitividade
em escala global. Gostaria agora de passar ao exame de outra con-
Isto não significa necessariamente um Estado menor, sequência da globalização: a questão da exclusão e in-
muito embora este também seja um efeito colateral de- clusão social. E minha primeira observação é a de que
sejável da mudança de ênfase, mas certamente pede um a globalização está dando origem a uma nova divisão
Estado que intervenha menos e melhor; um Estado que internacional.
seja capaz de mobilizar seus recursos escassos para atin- Os pontos cardeais já não explicam de forma satis-
gir prioridades selecionadas, um Estado que possa cana- fatória o mundo. As divisões Leste-Oeste e Norte-Sul
lizar seus investimentos para as áreas vitais na melhoria eram conceitos que minha geração empregou para lidar
da posição competitiva do pais, tais como infraestrutura respectivamente com a realidade política da Guerra Fria
e serviços públicos básicos, entre os quais melhor edu- e com o desafio econômico do subdesenvolvimento. A
cação e saúde; um Estado que esteja pronto a transferir situação internacional desta metade da década de 90 é
para mãos privadas empresas melhor administradas por muito mais complexa. O mundo pode ser dividido en-
elas; um Estado, finalmente, no qual os funcionários pú- tre as regiões ou países que participam do processo de
blicos estejam à altura das demandas da coletividade por globalização e usufruem seus frutos e aqueles que não
melhores serviços. participam. Os primeiros estão geralmente associados à
E tudo isso tem de ser feito num tempo em que os va- ideia de progresso, riqueza, melhores condições de vida;
lores democráticos e uma sociedade civil fortalecida tor- os demais, à exclusão, marginalização, miséria. É certo
nam ainda mais amplas as reivindicações de mudança. A que a globalização produziu uma janela de oportunida-
transformação do Estado tem também de ser conduzida des para que mais países pudessem ingressar nas prin-
num quadro econômico de disciplina fiscal e austeridade cipais correntes da economia mundial. Os Tigres Asiáti-
no gasto público, em que o Estado conta com menos cos e mesmo o Japão são exemplos significativos. Estes
recursos financeiros. Não se trata de tarefa simples. Re- países souberam aproveitar as oportunidades dadas pela
quer uma mudança substancial de atitude e determina- economia mundial através da adoção de um conjunto de
ção para combater interesses velados dentro do aparato políticas que incluem, entre outras, o desenvolvimento
estatal. Mas não há alternativa. No caso do Brasil, temos, de uma força de trabalho bem treinada e qualificada,
em suma, de reconstruir o Estado se quisermos ter qual- aumento substancial da taxa de poupança doméstica, e
quer possibilidade de êxito na transição do modelo au- implementação de modelos voltados para a exportação
tárquico do passado para outro em que nossa economia e baseados na intervenção estatal seletiva em alguns se-
se integre plenamente nos fluxos mundiais de comércio tores.
e investimento. Pode parecer paradoxal que esta remo- Para outros países em desenvolvimento mais com-
delação do Estado de nenhuma forma conflite com ideais plexos, entre os quais o Brasil e a Índia, a integração
tradicionais da esquerda (e orgulho-me de ser fundador na economia global está sendo feita à custa de maior
e membro do partido que representa a Social Democra- esforço de ajuste interno e numa época de competição
cia no Brasil). Pois é justamente isto o que ocorre. Ao internacional mais acirrada. Nossos avanços são conheci-
realocar seus recursos e suas prioridades para educação dos, e não tenho dúvidas de que nossos dois países estão
e saúde, num país com os grandes contrastes sociais do tendo êxito em gradualmente colher os frutos dos laços
Brasil, o novo Estado estará contribuindo para a realiza- econômicos mais profundos que estão estabelecendo
ção de algo em que ele falhou no passado: promover com o resto do mundo.
maior igualdade de oportunidades numa época em que O mesmo acredito será válido para as chamadas eco-
a qualificação e a educação constituem pré-requisito não nomias em transição dos antigos países comunistas, que,
apenas para a conquista de um posto de trabalho, mas não obstante, estão pagando um preço alto pelo ajuste
também para aumentar o grau de mobilidade social no aos princípios da economia de mercado impostos pela
país. realidade atual.
Hoje, mais do que nunca, metas caras à esquerda Para os países menores e mais atrasados, prevalece,
podem ser alcançadas junto com e em virtude de nos- porém, um grande ponto de interrogação. Serão eles ca-
sos esforços para aumentarmos as capacidades nacio- pazes de algum dia poder superar os desafios da globa-
nais com vistas à participação competitiva na economia lização? Estão seus povos condenados por uma lógica
mundial. Além disso, este Estado remodelado precisa ser perversa a viver na pobreza absoluta, a ver suas institui-
ainda mais forte no desempenho de suas tarefas sociais ções ruírem e a depender da ajuda externa num mundo
e melhor preparado para regulamentar as atividades re- menos predisposto a oferecê-la e mal preparado para
centemente privatizadas. As dificuldades no processo de canalizá-la de modo eficiente? Reconheço que as dificul-
transição do papel do Estado são sentidas em toda parte dades a serem enfrentadas por esses países são enormes.
e não podem ser subestimadas. A reforma da Previdência No entanto, recuso-me a aceitar que seu destino esteja
Social na França e as difíceis negociações para a aprova- predeterminado ao fracasso, como se nada pudesse ser
ção do orçamento nos Estados Unidos são exemplos dos feito, como se a comunidade internacional pudesse con-
obstáculos a serem superados pelos Governos, basica- viver confortavelmente com a indiferença e a paralisia em
ATUALIDADES

mente porque não há respostas imediatas e evidentes ao relação aos países mais pobres. A marginalização perver-
desafio da transição. Abandonar as práticas tradicionais te a boa consciência da humanidade. A marginalização,
do Estado do Bem-Estar não implica deixar de lado a ne- todavia, não está confinada unicamente aos países ainda
cessidade de melhores padrões de vida para os nossos não integrados na economia internacional. Ela também
povos. está crescendo-nos próprios países prósperos.

2
A globalização significa competição com base em DIT
maiores níveis de produtividade, ou seja, maior pro- Recebe o nome de Divisão internacional de Trabalho
dução por unidade de trabalho. O desemprego resulta (DIT), a prática de repartir as atividades e serviços en-
assim dos mesmos motivos que levam uma economia a tre os inúmeros países do mundo. Trata-se de uma divi-
ser competitiva. A situação é particularmente grave na são produtiva em âmbito internacional, onde os países
Europa. Os que são demitidos nos países ricos podem emergentes ou em desenvolvimento, exportadores de
recorrer a mecanismos de proteção social de diferentes matéria-prima, com mão-de-obra barata e de industria-
tipos; alguns poderão ser treinados para um trabalho lização quase sempre tardia, oferecem aos países indus-
substituto. Mas pouco poderá fazer-se para aliviar a frus- trializados, economicamente mais fortes, um leque de
tração dos jovens que querem ingressar no mercado de benefícios e incentivos para a instalação de indústrias,
trabalho e não conseguem. A falta de esperança, o con- tais como a isenção parcial ou total de impostos, mão-
sumo de drogas e álcool, o desmembramento da família -de-obra abundante, leis ambientais frágeis, entre outras
facilidades.
são alguns dos problemas trazidos pelo desemprego e
Um dos principais conceitos da DIT é que nenhum
pela consequente marginalização. Há um sentimento de
país consegue ser competitivo em todos os setores, e de
exclusão, de mal-estar em vastos segmentos das socie-
fato, acabam por se direcionar suas economias. No fun-
dades ricas integradas na economia global, alimentan-
do, o objetivo é o mesmo da divisão de tarefas numa fá-
do a violência e, em alguns casos, atitudes de xenofobia. brica, o de gerar um elevado grau de especialização para
Como lidar com a complexa questão do desemprego é que a produção seja mais eficiente, exatamente como
um desafio com o qual se defrontam praticamente todos Adam Smith em sua Riqueza das Nações já afirmava no
os países que participam da economia global. A resposta século XVIII.
a ele certamente não deve ser encontrada numa reação O processo de DIT se expandiu na mesma proporção
à globalização, seja mediante um fechamento da econo- do capitalismo no mundo moderno, expressando as di-
mia ao comércio com parceiros externos, o que apenas ferentes fases da evolução histórica do capitalismo, des-
agrava a marginalização de um país, seja mediante o es- de a ligação entre metrópoles e colônias, chegando às
tabelecimento de regras muito rígidas nas relações de relações em que países desenvolvidos se agregam aos
trabalho, passo que corre o risco de, em vez de estimular, subdesenvolvidos. A é geralmente dividida em três fases,
dificultar a criação de empregos. obedecendo à dinâmica econômica e política do período
Apesar de que dificilmente se poderia considerar a histórico em que elas existiram.
criação de empregos uma responsabilidade direta dos A primeira DIT corresponde ao final do século XV e
Governos, estes dispõem de uma ampla gama de pos- ao longo do século XVI, no qual o capitalismo estava em
sibilidades de ação para atacar o problema. A primeira e fase inicial, chamada de capitalismo comercial. Era carac-
talvez mais importante medida seja a promoção do cres- terizado pela produção manual a partir da extração de
cimento econômico sustentado, através da adoção de matérias-primas e acúmulo de minérios e metais precio-
políticas corretas. A segunda seria promover programas sos por parte das nações (metalismo).
dos órgãos oficiais e do setor privado que sejam destina- A segunda DIT ocorre no século XVI, mas principal-
dos ao retreinamento dos trabalhadores dispensados por mente a partir do século XVII, com a Primeira e a Segunda
setores nos quais já não conseguem encontrar um posto Revolução Industrial. As colônias e os países subdesen-
de trabalho. Um terceiro passo seria tornar mais flexível volvidos passaram a fornecer também produtos agríco-
o conjunto de regras relativas às relações de trabalho, de las, assim como vários tipos de minerais e especiarias.
modo a preservar o número de empregos. Esta flexibi- Finalmente, a terceira DIT ou “Nova DIT” surge no sé-
culo XX, com a revolução técnico-científica-informacional
lização deveria possibilitar, por exemplo, que empresas
e a consolidação do capitalismo financeiro, que permite a
e trabalhadores negociassem livremente um leque tão
expansão das grandes multinacionais pelo mundo. Nes-
vasto quanto possível de tópicos, tais como o número de
se período, os países subdesenvolvidos iniciam seus pro-
horas de trabalho e de dias de férias, a forma de paga-
cessos tardios de industrialização, entre eles o Brasil. Tal
mento das horas extras, etc. Deveria também resultar em acontecimento foi possível graças à abertura do mercado
menores custos para a contratação de trabalhadores. Por financeiro desses países e pela instalação de empresas
fim, há alguns instrumentos à disposição do Governo que multinacionais ou globais, oriundas, quase sempre, de
podem ser atrelados à expansão da oferta de empregos, países desenvolvidos.
tais como a concessão de créditos pelos bancos estatais Uma das críticas à DIT é que seu processo se dá de
e a inclusão de incentivos na legislação tributária. Em paí- maneira desigual, onde os países industrializados costu-
ses de grande população como o Brasil e a Índia, deve-se mam levar vantagem no comércio global. Além disso, as
também ter sempre presentes, ao pensar-se a questão empresas transnacionais buscam seus próprios interes-
da geração de empregos, as formas de funcionamento ses, sem considerar as consequências sociais, econômi-
da chamada economia informal. Em que medida a eco- cas e ambientais nos países onde suas filiais estão ins-
nomia informal reduz empregos na economia formal e taladas.
ATUALIDADES

em que medida oferece postos de trabalho adicionais? Indústrias consideradas poluidoras também procu-
Um melhor conhecimento destas questões é necessário ram cada vez mais os países subdesenvolvidos, onde seu
para que possamos tirar as conclusões corretas e adotar consumo de grandes quantidades de matéria-prima e de
as medidas apropriadas. energia é ignorado além da farta e barata mão-de-obra
a disposição.

3
ESPAÇO GEOGRÁFICO Nos itens a seguir, entenda algumas das categorias
O Espaço Geográfico é um importante conceito para centrais relacionadas à essa questão e conheça os prin-
a Geografia, haja vista que ele é o objeto principal de es- cipais problemas ambientais no Brasil e no mundo:
tudo dessa área do conhecimento. Sendo assim, enten-
der o espaço geográfico significa também compreender Problemas urbanos: lixo
o papel que essa ciência possui no sentido de investigar
a realidade tanto em seu aspecto social quanto em suas A maneira como a sociedade moderna consome os
premissas naturais, com ênfase nas relações entre socie- produtos industrializados implica uma crescente preocu-
dade e natureza. pação com o problema do lixo urbano.
Não há, no entanto, um consenso entre os geógrafos Realizar a gestão de resíduos sólidos é uma das ati-
sobre o que seria, exatamente, o espaço geográfico, haja vidades mais complexas dos governos dos municípios.
vista que muitos deles orientam-se a partir de diferen- Infelizmente, no Brasil, cerca de 50% deles ainda depo-
tes correntes de pensamento que apresentam diferentes sitam o lixo em vazadouros a céu aberto, segundo a
perspectivas. Por exemplo, para a corrente Nova Geogra- Pesquisa Nacional de Resíduos Sólidos, publicada pelo
fia, o espaço geográfico corresponde à organização da Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
sociedade e seus elementos sobre o meio.
Há autores, como Richard Hartshorne, que defendem Esse tipo deposição implica em riscos de contami-
que o espaço geográfico é apenas uma construção inte- nação para a natureza e a população ao redor, pois
lectual, não existindo de fato na sociedade. Seria, nesse gera chorume e emite gases, como o metano, que no
caso, uma concepção da forma como nós enxergamos a processo de decomposição, transforma-se em dióxido
realidade no sentido de apreender como acontece a es- de carbono (CO2), um dos principais compostos do Efei-
pacialização da sociedade e tudo o que por ela foi cons- to Estufa que causa uma série problemas ambientais
truído. no Brasil.
Já Milton Santos afirma que o espaço geográfico é Solucionar esse problema urbano envolve iniciativas
um conjunto de sistemas de objetos e ações, isto é, os do governo e também das várias camadas da sociedade.
itens e elementos artificiais e as ações humanas que ma- Destacam-se, como medidas de resolução: a criação de
nejam tais instrumentos no sentido de construir e trans- aterros sanitários adequados, a coleta seletiva, além da
formar o meio, seja ele natural ou social. mudança no modo de produção e consumo.
Para os geógrafos humanistas, porém, o conceito de
espaço geográfico estaria atrelado à questão subjetiva, Problemas urbanos: poluição
cultural e individual. Nesse sentido, o espaço é o local Chegou a hora de conferir os principais problemas
de morada dos seres humanos e, mais do que isso, é o ambientais relacionados à poluição do meio ambiente
meio de vivência onde as pessoas imprimem suas marcas nas zonas urbanas. Continue a leitura e entenda os deta-
cotidianamente, proporcionando novas leituras à medida lhes de cada ocorrência!
que a compreensão do mundo modifica-se.
Portanto, se consideramos apenas algumas das várias Poluição do ar
definições existentes, podemos perceber que o conceito
em questão possui várias visões conflitantes entre si. O
que, no entanto, pode ser estabelecido como consenso
é que o espaço geográfico representa a intervenção do
homem sobre o meio, ou seja, um produto (que, depen-
dendo da abordagem, pode também ser um produtor)
das relações humanas e suas práticas sobre o substrato
natural.
Se ao longo de um rio, por exemplo, constrói-se uma
ponte, estamos provocando a alteração das paisagens lo-
cais, o que representa a expressão do espaço geográfico.
Se em uma cidade adotam-se medidas de revitalização
de áreas degradadas, temos aí a transformação do es-
paço. Portanto, tudo o que é construído pelo homem é,
notadamente, geográfico: hidrelétricas, cidades, campos
agrícolas, sistemas de irrigação, entre outros elementos,
são as construções mais visíveis do espaço geográfico.

Problemas ambientais urbanos


A agenda ambiental das cidades que se propõem a
Pessoas que moram nas grandes cidades acabam mudar a qualidade de vida das pessoas, de modo geral,
causando prejuízo ao meio ambiente, direta ou indire- propoõe destaque à qualidade do ar, sendo esse um dos
ATUALIDADES

tamente. A grande concentração populacional nas zonas principais assuntos tratados nas conferências ambientais.
citadinas do Brasil e do mundo, provoca uma série de Consequências diretas à saúde da população são per-
impactos ambientais no Brasil e no mundo. cebidas facilmente quando o ar dos espaços urbanizados
Portanto, o tema dos principais problemas ambien- está carregado de toxinas. Problemas respiratórios já fa-
tais urbanos merece atenção. zem parte do cotidiano nas grandes metrópoles.

4
Durante a queima de combustíveis fósseis, como REFERÊNCIA:
hidrocarbonetos e carvão mineral, ocorre a liberação de DECICINO, Ronaldo. Divisão Internacional do Traba-
gases para a atmosfera, sendo este o principal motivo da lho: Os países e a economia mundial. Disponível em: <
sua contaminação. http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/divi-
Os combustíveis dessa natureza estão entre as prin- sao-internacional-do-trabalho-os-paises-e-a-economia-
cipais fontes de energia primária no mundo, movimen- -mundial.htm >. Acesso: 13/04/13
tando carros, motos, ônibus, caminhões, navios e aviões, https://brasilescola.uol.com.br/geografia/espaco-
-geografico.htm
e contribuem significativamente para o Efeito Estufa.
Logo, é um assunto que merece muita atenção. Nas
últimas décadas, a poluição do ar vem aparecendo como
uma das principais questões ambientais das grandes ci- MULTICULTURALIDADE, PLURALIDADE
dades entorno do aquecimento global. E DIVERSIDADE CULTURAL.
Poluição sonora
MULTICULTURALIDADE
Existem, no ambiente urbano, inúmeros estímulos ex-
ternos que facilitam o desenvolvimento do estresse na Na tradição Antropológica o Relativismo Cultural ou
população. Nas regiões metropolitanas, são comuns os Culturalismo ganhou força nas palavras do teuto-ame-
ruídos produzidos por automóveis, fábricas, pessoas tra- ricano Franz Boas (1858-1942). Essa corrente se contra-
balhando, etc. punha às ideias evolucionistas, as quais compreendiam
É verdade que, a poluição sonora não se acumula no as culturas não europeias como inferiores. Entre as teo-
espaço, como as outras situações poluentes, porém, ela rias evolucionistas destaca-se a obra de Lewis Morgan
é responsável por causar sérios danos à saúde, pois a ex- (1818-1881) e sua noção sobre os estágios evolutivos pe-
posição direta a barulhos intensos pode comprometer a los quais os agrupamentos humanos foram passando ao
audição e o bem-estar das pessoas. longo do processo evolutivo, a saber: selvageria, barbárie
e civilização.
Já para a escola culturalista de antropologia, essa cor-
Poluição visual
rente de pensamento propunha a necessidade de se es-
tudar cada cultura singularmente, ou seja, cada socieda-
O excesso de estímulos visuais na paisagem das
de tem sua dinâmica própria, construída historicamente
grandes cidades é constituído, em grande parte, por pro-
dentro do seu contexto específico e único. Essa corrente
pagandas que oferecem produtos e serviços. Você nunca
defendia a especificidade e a validade de qualquer socie-
reparou a disputa entre outdoors, faixas e placas nas ruas dade e sua cultura.
da sua região? O grande desafio é propor a relativização de uma de-
Essas comunicações, quando instaladas de maneira terminada cultura na tensão com os princípios e valo-
indevida, constituem vários problemas urbanos, dentre res universais. Tal desafio impacta o debate em torno da
os quais podemos destacar: diversidade cultural e impulsiona o desenvolvimento de
- a modificação do espaço público, a fim de veicular propostas educacionais que se dizem críticas ao arbitrá-
interesses particulares; rio cultural dominante.
- a deterioração da paisagem urbana e a degrada- Apesar disso, como uma proposta de educação mul-
ção dos elementos naturais, como vegetação, rios ticultural deveria utilizar pesquisas de campo para des-
e lagos; cortinar certos padrões culturais, ela também pode in-
- o prejuízo na percepção do espaço, referente à re- correr no erro de esquecer a tensão entre os aspectos
ferenciação espacial e localização, além do trânsito particulares da cultura e os valores universais e acabar,
de pessoas nas cidades. contraditoriamente, utilizando argumentos inversamente
etnocêntricos para justificar a adesão ao universo cultural
Esgoto selecionado. São essas discussões que repercutirão nos
debates atuais acerca do multiculturalismo.
O alto teor de matéria orgânica que os mananciais As políticas multiculturais, como emergiram das lutas
de água dos centros urbanos recebem, através do esgo- sociais e identitárias do século XX, geralmente têm por fi-
to doméstico e industrial, é a razão da poluição desses nalidade reparar a exclusão através do processo de inclu-
corpos d’água. são dos grupos subalternos, retirando-os do estado de
A deposição de resíduos sólidos, diretamente no estagnação, de carência ou invalidação social (PEREIRA &
solo ou na água, como os vazadouros a céu aberto, tam- NASCIMENTO, 2006). A exclusão designa alguns estados
bém compromete de maneira significativa a qualidade que geralmente atingem os marginalizados: imobilidade,
dos reservatórios hídricos da cidade. privações, carência e invalidação social. Este último esta-
ATUALIDADES

Infelizmente, o descomprometimento quanto às polí- do é próprio do sentimento de exclusão.


ticas públicas relacionados ao saneamento básico, é um A dialética entre Inclusão x Exclusão pode ser cons-
dos principais problemas urbanos no Brasil. tatada, como fazem os autores na obra organizada por
Pereira & Nascimento (2006), através dos múltiplos con-

5
tornos da educação no Brasil, tais como: a necessidade para a integração social (admitindo a necessidade de se
de formulação da EJA – Educação de Jovens e Adultos conservar “um núcleo de valores comuns”). Para outros,
– (interpretado como um programa de ação afirmativa); os valores comuns devem ser contra-atacados por consi-
os problemas que derivam de como a escola trata o tema derá-los centrados em algum tipo de cultura que se julga
da diversidade, a invisibilidade de alguns sujeitos sociais superior a outras. Nesse contexto, o multiculturalismo
e casos explícitos de hostilidade e rejeição; e, por fim, o seria um antídoto ao eurocentrismo e o imperialismo
caso do acesso às creches por parte da classe trabalha- cultural estadunidense.
dora e a violência simbólica do próprio ambiente escolar No campo científico o multiculturalismo é, para Gon-
em relação à diversidade. Os autores apontam que na çalves & Gonçalves e Silva (2006), uma espécie de cor-
escola brasileira muito mais perverso que a exclusão, é po teórico que poderia auxiliar ou orientar a produção
a “inclusão” marginalmente, pela oferta de ensino com de conhecimento. Assim sendo, parte-se de uma visão
baixa qualidade e em condições precárias. crítica do próprio conhecimento transmitido pelas insti-
Resgatando a história do multiculturalismo, retrata- tuições organizadoras da cultura (porque o modelo que
mos mais a luta dos oprimidos e marginalizados na so- se tem é de uma educação bancária e eurocêntrica). O
ciedade capitalista. Gonçalves & Gonçalves e Silva (2006), multiculturalismo científico se caracterizaria por descolo-
afirmam que o multiculturalismo tem se transformado nizar os olhares sobre a diversidade, a história e a cultura.
em “uma espécie de ideologia escolar” ou teoria crítica Ainda é interessante acrescentar que, no campo mul-
do currículo. Na perspectiva dos autores deve-se ressal- ticulturalista, misturam-se atores de “variadas colorações
tar que, ao falar de multiculturalismo, fala-se também so- ideológicas”, como situam os autores do estudo que
bre o jogo das diferenças e, portanto, as regras do jogo serve como base para essa análise. Apesar do sistema
assim como elas estão definidas nas lutas sociais. escolar ser o campo de atuação privilegiado dos multi-
No campo social, o autor e a autora do estudo res- culturalistas, sua origem não está na escola e suas raízes
saltam que o multiculturalismo é um tipo de consciência são mais profundas que qualquer reformulação curricular
para a qual o agir humano se oporia a toda forma de et- dos conteúdos escolares.
nocentrismo, de classificação arbitrária e hierarquização Primeiramente é fundamental explicitar que o mul-
das culturas. Seu ponto de partida é a pluralidade das ticulturalismo não tem os mesmos significados entre as
experiências culturais que modelam a interação social nações europeias, na América anglo-saxônica e nos paí-
como um todo. ses latino-americanos.
No campo político, para Gonçalves & Gonçalves e Na América Latina os grupos que reivindicam o reco-
Silva (2006) o multiculturalismo é apenas uma, dentre nhecimento são os mesmos que construíram as nações
outras propostas de política cultural, que têm o objetivo nas quais vivem. Essa situação é diferente daquela de
de valorizar a cultura e a identidade dos grupos margi- grupos que por um motivo ou outro tiveram que imigrar
nalizados. (na grande maioria dos casos por melhores condições de
No entanto, a realidade do cenário político não está emprego) para os países europeus e Estados Unidos da
completamente aberta às discussões. Políticas culturais América, tendo de acomodar-se ou adaptar-se em paí-
muitas vezes são obrigadas a coexistirem com outros ses onde se sentem estrangeiros. Essa contextualização
projetos que colocam em questão a diversidade cultural. histórica se faz necessária para demonstrar os distintos
Às vezes, as políticas culturais têm de dividir espaço com significados do multiculturalismo.
políticas fundamentalistas e etnocêntricas que barram a O multiculturalismo desponta como norteador das
perspectiva de uma educação multicultural e libertária, políticas culturais. A observação dessas políticas de-
como é o caso da proposta conduzida por extratos con- monstra que elas têm visado interferir nas relações de
servadores e fundamentalistas da política contemporâ- poder, construindo a ponte entre as demandas sociais
nea no Brasil com o Projeto de Lei nº 193/2016, chamado e as políticas públicas institucionalizadas pelo Estado.
de “Escola Sem Partido”. Tal projeto questiona concep- Entretanto, de início o multiculturalismo se desenvolveu
ções científicas na análise das questões de gênero e de em países nos quais a diversidade cultural era vista como
sexualidade, principalmente porque o que se pretende é um problema para a unidade nacional. Nessa origem, o
o controle dos corpos e não uma postura crítica frente multiculturalismo aparece como um princípio ético que
à padronização de comportamentos culturais impostos orienta a ação dos grupos culturalmente dominados, aos
arbitrariamente. quais foi negado o direito de preservarem suas carac-
Para os opositores, o multiculturalismo é considera- terísticas culturais e identitárias. Esse foi um fator que
do uma proposta ingênua, porque partiria de uma falsa favoreceu a emergência dos movimentos culturalistas.
consciência acerca dos problemas culturais e, em caso Inicialmente esses movimentos expressavam as reivindi-
extremo, levaria à desintegração nacional, muitas vezes cações dos grupos étnicos. A partir da segunda metade
ligadas à tentativa de vincular as lutas sociais a discur- do século XX passaram a abarcar um universo cultural
ATUALIDADES

sos étnicos que supostamente fragmentariam a unidade mais amplo: as questões de gênero, sexualidade, tolerân-
nacional. cia religiosa, entre outros.
O consenso dos defensores do multiculturalismo é Embora não se possa atribuir, exclusivamente, às teo-
quase impossível de determinar. Para alguns, o multicul- rias culturalistas a mudança de paradigma provocada
turalismo deve ser entendido como estratégia política pelo multiculturalismo na década de 1970, pode-se afir-

6
mar que elas conceitualmente embasaram e prepararam A aproximação dos militantes negros brasileiros com
movimentos de protestos contra os modelos de domi- os ativistas dos movimentos antirracistas nos EUA, no
nação cultural (Gonçalves & Gonçalves e Silva; 2006, 24). continente africano e na América Central, ampliou as tro-
Foi a partir daí que negros, índios, algumas minorias cas culturais e políticas entre esses atores sociais.
étnicas, mulheres e homossexuais começam a detonar os As pesquisas financiadas pela UNESCO, nos fins de
critérios das classificações binárias: branco/negro; mas- 1940, revelaram a dura realidade dos afro-brasileiros e o
culino/feminino; ativo/passivo. Esses movimentos inspi- mito que se havia instalado em nosso imaginário. A partir
ram as mulheres contra a suposta supremacia natural dos de 1950, os militantes negros passam a desenvolver rea-
homens. Inspiram também os homossexuais que passam ções para se opor aos imperativos da suposta identidade
a produzir novas imagens de si mesmos e a combaterem nacional.
preconceitos em relação ao seu comportamento sexual. A desmistificação do mito da democracia racial e as
Aos poucos, o caráter étnico do multiculturalismo vai mudanças na conjuntura nacional prepararam um cami-
nho mais sólido para o desenvolvimento das ideias mul-
cedendo espaços para o enfrentamento de outros as-
ticulturalistas. Por exemplo, o TEN – Teatro Experimental
pectos da dominação cultural, tal como o preconceito de
do Negro em 1940; a CNNB – Convenção Nacional do
classe. Por meio de amplas redes de comunicação, tendo
Negro Brasileiro em 1946.
como suporte a mídia e todo o sistema informacional,
Essas experiências dão suporte para que, na déca-
o multiculturalismo gera identidades que extrapolam as
da de 1970, o teatro, na nossa sociedade passasse a ter
fronteiras nacionais e constrói identidades híbridas. a função de conscientizar a população negra. Surgem,
Os primeiros e os mais antigos defensores do multi- neste período, vários fóruns de discussão como o FECO-
culturalismo foram os afrodescendentes tanto no Brasil, NEZU – Festival da Comunidade Negra Zumbi e o MNU
como nos EUA, ainda na primeira metade do século XX. – Movimento Negro Unificado.
Em ambos os casos, o movimento foi liderado por aque- Daí por diante, aumentam os protestos e surgem pro-
les que conseguiram atingir certo nível de escolaridade, jetos sociais de intersecção cultural e política. A partir de
apesar do preconceito sofrido em tempos de segregação 1988, o racismo torna-se crime inafiançável. Entre 1990
e integração. e 1995, observa-se um clima propício para a produção
Nos EUA, o movimento aumentou o nível de esco- de uma legislação que implementa programas de ações
laridade dos jovens negros, como também levou ao fim afirmativas e projetos culturais, sobretudo no campo da
do sistema de segregação, em 1968. No Brasil, o referido educação.
movimento não teve adesão efetiva das universidades Eventos emblemáticos para a temática do multicul-
ainda na primeira metade do século XX, como foi o caso turalismo:
dos EUA. Talvez isso possa ser explicado pelo fato de que, - 1990 – Marcha Zumbi contra o Racismo e a discri-
embora os negros no Brasil não sejam minoritários em minação;
nossa sociedade, são nitidamente minoritários nas uni- - 1996 – MEC promove seminário com o foco em po-
versidades. líticas voltadas para os grupos discriminados ra-
Em 1960, nos EUA, aparece no movimento negro des- cialmente;
- 2001 – III Conferência Mundial contra o Racismo,
se país uma tendência separatista que opunha-se a ou-
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias
tras correntes dos movimentos que envolveram amplos
correlatas;
setores liberais na defesa dos direitos civis. O movimento - 2002 – Programa Diversidade na Universidade;
negro brasileiro nunca desenvolveu um projeto separa- - 2003 – Criação da SEPPIR – Secretaria de Políticas
tista. Públicas para a Igualdade Racial, da Secretaria Es-
Nos EUA, o multiculturalismo se institucionaliza após pecial de Políticas para Mulheres, da SECADI – Se-
os primeiros manifestos dos anos de 1960 e espalha-se cretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
posteriormente para o resto do país. No Brasil, como a Diversidade e Inclusão e a promulgação da Lei nº
integração do negro, do índio e o mestiço se faz por me- 10.639;
diação de um Estado altamente interventor e o racismo é - 2004 – Início da adoção de modalidades de políti-
dissimulado pelo mito da democracia racial, o multicultu- cas de Cotas em universidades estaduais e federais
ralismo não se institucionaliza neste período. para alunos(as) oriundos do ensino público, ne-
O mito da democracia racial foi, provavelmente, um gros, indígenas e pessoas com deficiência;
poderoso mecanismo de dominação já produzido e criou - 2008 – Promulgação da Lei nº 11.645;
- 2015 – Criação do Ministério das Mulheres, Igualda-
uma situação no mínimo paradoxal:
de Racial e dos Direitos Humanos;
- O orgulho nacional não abre mão da pluralidade
A primeira década do século XXI é emblemática na
racial;
adoção de políticas culturais. Como exemplo pode-se
- Negros, povos indígenas e mestiços vivem uma bru-
destacar as leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08 (BRASIL,
tal discriminação;
2008), que alteram a LDB nº 9394/96 e estabelece a obri-
ATUALIDADES

O embrião do multiculturalismo no Brasil nasce das gatoriedade do ensino das histórias Africanas, Afrobrasi-
organizações civis negras já em 1920, que eram lideradas leira e a Cultura Indígena.
por um pequeno número de militantes com certo nível Na tensão entre as particularidades culturais destes
de escolarização. As primeiras iniciativas dos negros bra- agrupamentos populacionais e os valores universais,
sileiros começam a aparecer em 1940. está claro para os estudiosos que a aprovação da lei nº

7
11.645/08 não se fundamenta na perspectiva da hierar- ocorrem “fora” de relações de poder: são constituídas e
quização das culturas, ou melhor, não pressupõe de um marcadas por ele, envolvendo um permanente processo
caráter etnocêntrico, pois seu fundamento está alicerça- de reformulação e resistência.
do na possibilidade de criar um olhar humanizador sobre Ambas, desigualdade social e discriminação, articu-
a história dos negros e indígenas em território brasileiro. lam-se no que se convencionou denominar “exclusão
Ainda é cedo para avaliar os resultados, entretan- social”: impossibilidade de acesso aos bens materiais e
to, é preciso reconhecer que o alicerce está posto e a culturais produzidos pela sociedade e de participação na
construção efetiva de uma sociedade multicultural con- gestão coletiva do espaço público — pressuposto da de-
tinuará dependendo da ação dos movimentos sociais. A mocracia.
partir do histórico exposto, gostaria de demonstrar que Entretanto, apesar da discriminação, da injustiça e do
o multiculturalismo é mais do que uma preocupação de preconceito que contradizem os princípios da dignidade,
educadores pós-modernos, bem-comportados, que se do respeito mútuo e da justiça, paradoxalmente o Brasil
bastam em análises estruturalistas e pós-estruturalistas tem produzido também experiências de convívio, reela-
da sociedade.1 boração das culturas de origem, constituindo algo intan-
gível que se tem chamado de brasilidade, que permite a
PLURALIDADE cada um reconhecer-se como brasileiro.
A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao co- Por isso, no cenário mundial, o Brasil representa uma
nhecimento e à valorização de características étnicas e esperança de superação de fronteiras e de construção
culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no da relação de confiança na humanidade. A singularidade
território nacional, às desigualdades socioeconômicas e que permite essa esperança é dada por sua constituição
à crítica às relações sociais discriminatórias e excluden- histórica peculiar no campo cultural. O que se almeja,
tes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao portanto, ao tratar de Pluralidade Cultural, não é a di-
aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país visão ou o esquadrinhamento da sociedade em grupos
complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal. culturais fechados, mas o enriquecimento propiciado a
Este tema propõe uma concepção que busca explicitar cada um e a todos pela pluralidade de formas de vida,
a diversidade étnica e cultural que compõe a sociedade pelo convívio e pelas opções pessoais, assim como o
brasileira, compreender suas relações, marcadas por de- compromisso ético de contribuir com as transformações
sigualdades socioeconômicas e apontar transformações necessárias à construção de uma sociedade mais justa.
Reconhecer e valorizar a diversidade cultural é atuar
necessárias, oferecendo elementos para a compreensão
sobre um dos mecanismos de discriminação e exclusão,
de que valorizar as diferenças étnicas e culturais não
entraves à plenitude da cidadania para todos e, portanto,
significa aderir aos valores do outro, mas respeitá-los
para a própria nação.2
como expressão da diversidade, respeito que é, em si,
devido a todo ser humano, por sua dignidade intrínseca,
DIVERSIDADE CULTURAL
sem qualquer discriminação. A afirmação da diversidade
é traço fundamental na construção de uma identidade A diversidade cultural é um fenômeno que sempre
nacional que se põe e repõe permanentemente, tendo acompanhou a humanidade. No Brasil, há diversas tra-
a Ética como elemento definidor das relações sociais e dições culturais, algumas mais popularizadas e outras
interpessoais. pouco conhecidas. Algumas valorizadas, outras pouco
Ao tratar este assunto, é importante distinguir diver- respeitadas. Como compreender os elementos comuns
sidade cultural, a que o tema se refere, de desigualdade e as singularidades entre as culturas? Como lidar com a
social. diversidade cultural na sala de aula?
As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao É importante lembrar que a diversidade cultural
longo das suas histórias, na construção de suas formas tem acompanhado a própria história da humanidade.
de subsistência, na organização da vida social e política, É constitutivo das sociedades humanas apresentar um
nas suas relações com o meio e com outros grupos, na mecanismo diferenciador: quando o encontro de duas
produção de conhecimentos etc. A diferença entre cul- sociedades parece gerar um resultado homogêneo,
turas é fruto da singularidade desses processos em cada em seu interior surgem diferenças significativas, que
grupo social. marcam as fronteiras entre os grupos sociais. Por outro
A desigualdade social é uma diferença de outra natu- lado, sociedades que estão em contato há muito tempo
mantêm com zelo os elementos significativos de sua
reza: é produzida na relação de dominação e exploração
identidade.
socioeconômica e política. Quando se propõe o conhe-
A Europa pode ser um bom exemplo: trata-se de um
cimento e a valorização da pluralidade cultural brasileira,
continente que, historicamente, reivindica um patrimô-
não se pretende deixar de lado essa questão. Ao con- nio cultural comum, ao mesmo tempo em que as várias
trário, principalmente no que se refere à discriminação, nações e regiões afirmam constantemente sua singula-
ATUALIDADES

é impossível compreendê-la sem recorrer ao contexto ridade.


socioeconômico em que acontece e à estrutura autori- No Brasil, nos deparamos com um fenômeno da mes-
tária que marca a sociedade. As produções culturais não ma natureza: se por um lado é um país onde seus habi-
tantes compartilham um universo cultural e uma língua,
1 http://confrariando.com/a-base-conceitual-e-a-historia-
-do-multiculturalismo/ 2 http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf

8
por outro é uma sociedade complexa e caracterizada jus- cializadoras dos processos de ensino – aprendizagem.
tamente por sua imensa diversidade interna. E a diversi- Além disso, a tecnologia traz a possibilidade de maior
dade brasileira, como dito anteriormente, não se esgota desenvolvimento – aprendizagem - comunicação entre
com as sociedades indígenas e as comunidades quilom- as pessoas com necessidades educacionais especiais.
bolas. Os movimentos negros há muito nos lembram As TICs representam ainda um avanço na educação a
que a origem da população de afrodescendentes – com distância. Com a criação de ambientes virtuais de apren-
seus universos culturais, suas formas de resistência, suas dizagem, os alunos têm a possibilidade de se relacionar,
sabedorias e construções de conhecimentos, sua visão trocando informações e experiências. Os professores e/
de mundo, organização, luta etc. – acaba por definir um ou tutores tem a possibilidade de realizar trabalhos em
universo de referência específico a esses grupos. A cons- grupos, debates, fóruns, dentre outras formas de tornar a
trução da identidade negra no Brasil passa, dessa manei- aprendizagem mais significativa. Nesse sentido, a gestão
ra, a ser não apenas um mecanismo de reivindicação de do próprio conhecimento depende da infraestrutura e da
direitos e de justiça, mas também uma forma de afirma-
vontade de cada indivíduo.
ção de um patrimônio cultural específico. Muitas vezes,
A democratização da informação, aliada a inclusão
a presença dos negros e negras no Brasil fica associada
digital, pode se tornar um marco dessa civilização. Con-
à escravidão, ao samba, às religiões de origem africana e
tudo, é necessário que se diferencie informação de co-
à capoeira, sem que seja reconhecido o devido valor de
sua contribuição para a cultura brasileira. nhecimento. Sem dúvida, vivemos na Era da Informação.3
Falar da diversidade cultural no Brasil significa levar
em conta a origem das famílias e reconhecer as diferen- Por que ela é tão importante nos dias atuais?
ças entre os referenciais culturais de uma família nor- Não é novidade que a internet revolucionou a ma-
destina e de uma família gaúcha, por exemplo. Significa, neira como o homem lida com diversos aspectos de seu
também, reconhecer que, no interior dessas famílias e na cotidiano, exercendo um forte impacto sobre os meios
relação de umas com as outras, encontramos indivíduos de comunicação. Antes dela, a comunicação — seja em-
que não são iguais, que têm especificidades de gênero, presarial, seja pessoal — era feita basicamente pelo tele-
raça/etnia, religião, orientação sexual, valores e outras fone, telegrama e cartas.
diferenças definidas a partir de suas histórias pessoais. Com a popularização da internet, potencializou-se o
uso das TICs em diversas áreas. Diversos recursos e fer-
ramentas foram criados e isso transformou-se em uma
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E grande rede mundial. Afinal, não restam dúvidas de que
COMUNICAÇÃO: CONCEITOS, EFEITOS o e-mail, chats, fóruns, redes sociais, mensagens instan-
E IMPLICAÇÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS, tâneas e webcam modificaram profundamente o nosso
modo de interagir com o mundo.
POLÍTICAS E CULTURAIS.
Portanto, a tecnologia da informação e comunica-
ção é, de fato, um grande avanço. Trata-se de uma ten-
dência que desempenha um papel fundamental para
Tecnologia da informação e comunicação (TIC) pode o desenvolvimento empresarial, permitindo que pessoas
ser definida como um conjunto de recursos tecnológicos, trabalhem remotamente e troquem informações mesmo
utilizados de forma integrada, com um objetivo comum. estando geograficamente separadas.
As TICs são utilizadas das mais diversas formas, na indús- Vantagens proporcionadas pela TIC
tria (no processo de automação), no comércio (no geren- Proporciona mais integração no cotidiano corpo-
ciamento, nas diversas formas de publicidade), no setor rativo
de investimentos (informação simultânea, comunicação Uma das vantagens mais expressivas da tecnologia
imediata) e na educação (no processo de ensino apren- da informação e comunicação é, sem dúvidas, a maior
dizagem, na Educação à Distância). integração que ela traz ao ambiente corporativo.
O desenvolvimento de hardwares e softwares garan- Ferramentas como a videoconferência e as mensa-
te a operacionalização da comunicação e dos processos gens instantâneas proporcionaram mais mobilidade cor-
decorrentes em meios virtuais. No entanto, foi a popula- porativa, transformaram a comunicação empresarial e
rização da internet que potencializou o uso das TICs em permitiram que diversos funcionários troquem ideias e
diversos campos. informações, mesmo estando em locais diferentes.
Através da internet, novos sistemas de comunicação
e informação foram criados, formando uma verdadeira Aprimora os processos de aprendizagem
rede. Criações como o e-mail, o chat, os fóruns, a agenda No que diz respeito à educação, resta claro que a in-
de grupo online, comunidades virtuais, web cam, entre clusão de computadores e diversos aplicativos voltados
outros, revolucionaram os relacionamentos humanos. para esse segmento aprimoram o processo de aprendi-
Através do trabalho colaborativo, profissionais dis- zagem e facilitam que a educação chegue a todos os in-
tantes geograficamente trabalham em equipe. O inter- divíduos, inclusive por meio da inclusão digital.
ATUALIDADES

câmbio de informações gera novos conhecimentos e Nesse cenário, as videoaulas e os cursos a distância
competências entre os profissionais. (EAD) foram um grande avanço para a educação, levando
Novas formas de integração das TICs são criadas. Uma informação a qualquer lugar que tenha acesso à internet.
das áreas mais favorecidas com as TICs é a educacional.
Na educação presencial, as TICs são vistas como poten- 3 https://www.infoescola.com/informatica/tecnologia-da-informa-
cao-e-comunicacao/

9
Contribui para a redução de custos empresariais
A tecnologia é, sem dúvidas, uma grande aliada
do empreendedor contemporâneo. Seja qual for o seu HORA DE PRATICAR!
porte e ramo de atuação, é possível reduzir custos ope-
racionais com o uso de recursos trazidos pelas TICs. 1. (CESPE - 2003 - Instituto Rio Branco - Diplomata)
Podemos citar como exemplo as alternativas ao uso No processo de globalização econômica, que suplanta
do telefone. A tecnologia conhecida como VoIP utiliza a fronteiras e culturas, é irrelevante o papel do Estado,
internet para realizar as chamadas e, assim, reduz consi- prescindindo-se também de ações conciliatórias entre os
deravelmente o custo da conta de telefone empresarial. governos.
Além disso, softwares de auditoria e gestão telefôni-
ca são frutos de um trabalho conjunto entre a tecnolo- ( ) CERTO ( ) ERRADO
gia da informação e o setor de telecomunicações e tra-
2. (TJ-SC - 2010 - TJ-SC - Assistente Social) A globa-
zem bons resultados às empresas, especialmente no que
lização e a revolução técnico-científica caracterizam o
diz respeito a um controle maior do uso do telefone em
mundo contemporâneo, na nova ordem mundial.
ambientes corporativos.
Com relação a esses fenômenos e ao cenário global po-
Quais são os impactos econômicos e sociais dessa
demos assinalar que:
tendência de mercado?
Para finalizar o post de hoje, não podemos deixar de I. A crise econômica de 2008 que abateu sobre o siste-
abordar os impactos positivos que a tecnologia da infor- ma financeiro mundial, principalmente, nas grandes po-
mação e comunicação gera. É possível perceber que a tências, coloca em evidência as críticas que questionam
sociedade de modo geral evolui bastante com a utiliza- a globalização, no sentido de mostrar a necessidade de
ção dessas ferramentas. reestruturação de organismos internacionais e reverter
Do ponto de vista econômico, ressalta-se que os as políticas neoliberais.
lucros empresariais se ampliam e o mercado como um II. A revolução técnico-científica tem contribuído para
todo tende a evoluir. Com tantos recursos sendo apli- gerar mais riquezas, aumentar o lucro das empresas do
cados, é natural que as empresas cresçam de maneira setor e por conseqüência aumentar a oferta de empre-
saudável. gos principalmente, entre os países subdesenvolvidos.
Ademais, tais tecnologias contribuem para o estabe- III. Com a globalização e a revolução técnico-científica
lecimento de uma concorrência mais qualificada. Os em- surge o que chamamos de Nova Economia que veio al-
preendimentos conseguem modernizar seus produtos terar profundamente o mundo dos negócios e o merca-
e serviços, sendo, portanto, o consumidor final um dos do de trabalho. A Nova Economia reúne as empresas de
maiores beneficiários. computadores, a Internet, a telefonia e é a principal res-
Os impactos sociais também são evidentes. Afinal, ponsável pelo processo de internacionalização dos mer-
não há como negar que a sociedade passa a ter acesso a cados, uma vez que forneceu as facilidades tecnológicas
ferramentas que têm a capacidade de tornarem o seu dia para que isso ocorresse.
a dia mais eficiente e confortável. IV. Com as inovações tecnológicas e os altos investimen-
A TIC entrega aos indivíduos uma série de recursos tos no setor estes recursos se ampliam e se multiplicam
que permitem uma melhor comunicação entre as pes- possibilitando o acesso à informação a todas as pessoas,
soas, diminuindo barreiras geográficas e levando mais in- indistintamente no cenário mundial globalizado.
formação e interação a diversos cantos do planeta.
Estão corretas as proposições:
Dessa forma, é possível concluir que a tecnologia da
informação e comunicação gera impactos econômicos e
a) Estão corretas as proposições I, II e III.
sociais positivos ao transformar o modo como a comuni-
b) Estão corretas as proposições III e IV.
cação é desenvolvida, com a utilização constante de tec-
c) Estão corretas as proposições I e III.
nologias e recursos cada vez mais modernos e eficientes. d) Estão corretas as proposições II e IV.
Como você pode perceber ao longo desse post, e) Todas as proposições estão corretas.
a tecnologia da informação e comunicação, apesar de
ser um conceito ainda pouco difundido, já faz parte de 3. (CESPE - 2008 - SEPLAG-DF - Professor - Geografia)
nosso cotidiano. É possível desfrutar de seus benefícios Atualmente, os Estados nacionais atuam de forma cen-
dentro do ambiente empresarial e também em nosso dia tralizadora, ou seja, exercem uma forte ação reguladora
a dia, seja em nossas relações sociais, seja no processo sobre a economia, priorizando a dinâmica interna dentro
de aprendizagem.4 das fronteiras nacionais, o que pode ser entendido como
controle geopolítico do espaço, com o objetivo de coibir
toda e qualquer entrada de capital externo.
ATUALIDADES

( ) CERTO ( ) ERRADO

4 http://blog.weaudit.com.br/tecnologia-da-informacao-e-comuni-
cacao-entenda-mais-sobre-o-assunto/

10
4. (FCC - 2018 - Prefeitura de Macapá - AP - Pedago-
goa) Diversidade cultural e desigualdade social:
a) é a mesma coisa, uma vez que a desigualdade social é GABARITO
que produz a diversidade cultural, em razão das con-
dições de vida dos grupos em situações distintas de 1 ERRADO
acesso à riqueza e ao conhecimento.
b) são fenômenos sociais distintos, sendo que a diver- 2 C
sidade cultural é produzida pelos grupos sociais ao 3 ERRADO
longo de suas histórias e a desigualdade social é pro-
4 B
duzida na relação de dominação e exploração socioe-
conômica e política. 5 B
c) são causa e consequência das diferenças uma vez que
as escolhas dos grupos sobre formas de subsistência,
organização da vida, relações com o meio e com ou-
tros grupos, determinam suas capacidades econômi-
cas.
d) são categorias que servem para justificar a organiza-
ção social e permitir a compreensão lógica do porquê
a educação escolar universal é o meio ideal para per-
mitir a todos a igualdade econômica.
e) são mazelas humanas encontradas em todas as socie-
dades, que reproduzem as desigualdades constatadas
na natureza, refletidas na luta pela sobrevivência e nas
condições de vida.

5. (ACAFE - 2015 - SED-SC - Professor - Conhecimen-


tos Gerais - Prova 3 ) A diversidade é entendida como
a construção histórica, cultural e social das diferenças.
Com base nesta afirmação, entende-se por diversidade
no contexto escolar:
a) os negros, homossexuais, meninas e pessoas com ne-
cessidades especiais.
b) todos que, por sua diversidade, costumam ser tratados
socialmente de maneira desigual e naturalizada.
c) os quilombolas, índios e pessoas com necessidades
especiais.
d) os quilombolas, as pessoas com necessidades espe-
ciais e os sem terras.
e) as pessoas com necessidades especiais, negros, crian-
ças e moradores do campo.

ATUALIDADES

11
ANOTAÇÕES

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ATUALIDADES

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12
ÍNDICE

INFORMÁTICA

Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos (Word, Writer), planilhas (Excel, Calc),
apresentações (PowerPoint, Impress); Microsoft Office (versão 2007 e superiores), LibreOffice (versão 5.0 e
superiores)............................................................................................................................................................................................................ 01
Sistemas operacionais Windows 7, Windows 10 e Linux................................................................................................................... 27
Organização e gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas......................................................................... 27
Atalhos de teclado, ícones, área de trabalho e lixeira.................................................................................................................................. 27
Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à
Internet e intranet.............................................................................................................................................................................................. 40
Correio eletrônico............................................................................................................................................................................................. 40
Computação em nuvem.................................................................................................................................................................................. 54
CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS PARA EDIÇÃO DE TEXTOS (WORD,
WRITER), PLANILHAS (EXCEL, CALC), APRESENTAÇÕES (POWERPOINT, IMPRESS); MICROSOFT
OFFICE (VERSÃO 2007 E SUPERIORES), LIBREOFFICE (VERSÃO 5.0 E SUPERIORES).

Word 2007

O Word 2007 certamente é um marco nas atualizações, pois ele trouxe a grande novidade das abas, e consequen-
temente o fim dos menus, e ao clicar em cada aba, abre uma barra de ferramenta pertinente a aquela aba, a figura 29
mostra a guia início e suas respectivas ferramentas, diferente de antes que tínhamos uma barra de ferramentas fixa.
Devido ao costume das outras versões no início a versão 2007 foi muito criticada, outra mudança significativa foi a
mudança da extensão do arquivo que passou de DOC para DOCX.

Guia Início do Microsoft Word 2007

Na guia início é onde se encontra a maioria das funções da antiga interface do Microsoft Word. Ou seja, aqui você
pode mudar a fonte, o tamanho dela, modificar o texto selecionado (com negrito, itálico, sublinhado, riscado, sobre-
posto etc.), deixar com outra cor, criar tópicos, alterar o espaçamento, mudar o alinhamento e dar estilo. Tudo isso
agora é dividido em grandes painéis.
Definitivamente, a versão do Microsoft Word 2007 trouxe muito mais organização e padrões em relação as ver-
sões anteriores. Todas as ficaram categorizadas e mais fáceis de encontrar, bastando se acostumar com a interface.
A melhor parte é que não fica tudo bagunçado, e que as ferramentas mudam conforme as escolhas das abas.

Word 2010, 2013 e detalhes gerais

INFORMÁTICA

Figura 6: Tela do Microsoft Word 2010

1
As guias foram criadas para serem orientadas por tarefas, já os grupos dentro de cada guia criam subtarefas para as
tarefas, e os botões de comando em cada grupo possui um comando.
As extensões são fundamentais, desde a versão 2007 passou a ser DOCX, mas vamos analisar outras extensões que
podem ser abordadas em questões de concursos na Figura 7.

Figura 7: Extensões de Arquivos ligados ao Word

#FicaDica
As guias envolvem grupos e botões de comando, e são organizadas por tarefa. Os Grupos dentro de cada
guia quebram uma tarefa em subtarefas. Os Botões de comando em cada grupo possuem um comando
ou exibem um menu de comandos.

Existem guias que vão aparecer apenas quando um determinado objeto aparecer para ser formatado. No exemplo
da imagem, foi selecionada uma figura que pode ser editada com as opções que estiverem nessa guia.

Figura 8: Indicadores de caixa de diálogo

Indicadores de caixa de diálogo – aparecem em alguns grupos para oferecer a abertura rápida da caixa de diálogo
do grupo, contendo mais opções de formatação.
As réguas orientam na criação de tabulações e no ajuste de parágrafos, por exemplo.
Determinam o recuo da primeira linha, o recuo de deslocamento, recuo à esquerda e permitem tabulações esquer-
da, direita, centralizada, decimal e barra.
Para ajustar o recuo da primeira linha, após posicionar o cursor do mouse no parágrafo desejado, basta pressionar
o botão esquerdo do mouse sobre o “Recuo da primeira linha” e arrastá-lo pela régua.
Para ajustar o recuo à direita do documento, basta selecionar o parágrafo ou posicionar o cursor após a linha dese-
jada, pressionar o botão esquerdo do mouse no “Recuo à direita” e arrastá-lo na régua.
Para ajustar o recuo, deslocando o parágrafo da esquerda para a direita, basta selecioná-lo e mover, na régua, como
explicado anteriormente, o “Recuo deslocado”.
Podemos também usar o recurso “Recuo à esquerda”, que move para a esquerda, tanto a primeira linha quanto o
restante do parágrafo selecionado.
Com a régua, podemos criar tabulações, ou seja, determinar onde o cursor do mouse vai parar quando pressionar-
mos a tecla Tab.
INFORMÁTICA

Figura 9: Réguas

2
4. Grupo edição Qualquer caractere
único, exceto F[!a-m]rro localiza
Permite localizar palavras em um documento, subs- os caracteres no [!x-z] forro, mas não
tituir palavras localizadas por outras ou aplicar formata- intervalo entre localiza ferro.
ções e selecionar textos e objetos no documento. colchetes
Para localizar uma palavra no texto, basta clicar no
ícone Localizar , digitar a palavra na linha do localizar e Exatamente n
ca{2}tinga localiza
clicar no botão Localizar Próxima. ocorrências do
{n} caatinga, mas não
A cada clique será localizada a próxima palavra digi- caractere ou
catinga.
tada no texto. Temos também como realçar a palavra que expressão anterior
desejamos localizar para facilitar a visualizar da palavra Pelo menos n
localizada. ocorrências do ca{1,}tinga localiza
Na janela também temos o botão “Mais”. Neste bo- {n,}
caractere ou catinga e caatinga.
tão, temos, entre outras, as opções: expressão anterior
- Diferenciar maiúscula e minúscula: procura a pala-
vra digitada na forma que foi digitada, ou seja, se De n a m ocorrências
foi digitada em minúscula, será localizada apenas a do 10{1,3} localiza 10,
{n,m}
palavra minúscula e, se foi digitada em maiúscula, caractere ou 100 e 1000.
será localizada apenas e palavra maiúscula. expressão anterior
- Localizar palavras inteiras: localiza apenas a pala- Uma ou mais
vra exatamente como foi digitada. Por exemplo, se ocorrências do ca@tinga localiza
@
tentarmos localizar a palavra casa e no texto tiver caractere ou catinga e caatinga.
a palavra casaco, a parte “casa” da palavra casaco expressão anterior
será localizada, se essa opção não estiver marcada.
Marcando essa opção, apenas a palavra casa, com- O grupo tabela é muito utilizado em editores de tex-
pleta, será localizada. to, como por exemplo a definição de estilos da tabela.
- Usar caracteres curinga: com esta opção marcada,
usamos caracteres especiais. Por exemplo, é possí-
vel usar o caractere curinga asterisco (*) para pro-
curar uma sequência de caracteres (por exemplo,
“t*o” localiza “tristonho” e “término”).
Figura 10: Estilos de Tabela
Veja a lista de caracteres que são considerados curin-
ga, retirada do site do Microsoft Office: Fornece estilos predefinidos de tabela, com formata-
ções de cores de células, linhas, colunas, bordas, fontes
Para localizar digite exemplo e demais itens presentes na mesma. Além de escolher
um estilo predefinido, podemos alterar a formatação do
Qualquer caractere s?o localiza salvo e sombreamento e das bordas da tabela.
?
único sonho. Com essa opção, podemos alterar o estilo da borda,
Qualquer sequência t*o localiza a sua espessura, desenhar uma tabela ou apagar partes
* de uma tabela criada e alterar a cor da caneta e ainda,
de caracteres tristonho e término.
clicando no “Escolher entre várias opções de borda”, para
<(org) localiza
exibir a seguinte tela:
organizar e
O início de uma
< organização,
palavra
mas não localiza
desorganizado.
(do)> localiza medo
O final de uma
> e cedo, mas não
palavra
localiza domínio.
Um dos caracteres v[ie]r localiza vir e
[]
especificados ver
[r-t]ã localiza rã e
sã.
Qualquer caractere
[-] Os intervalos devem
único neste intervalo
estar em ordem
INFORMÁTICA

crescente.
Figura 11: Bordas e sombreamento

Na janela Bordas e sombreamento, no campo “Defi-


nição”, escolhemos como será a borda da nossa tabela:

3
- Nenhuma: retira a borda; 6. Grupo Links:
- Caixa: contorna a tabela com uma borda tipo caixa;
- Todas: aplica bordas externas e internas na tabela Inserir hyperlink: cria um link para uma página da
iguais, conforme a seleção que fizermos nos de- Web, uma imagem, um e – mail. Indicador: cria um indi-
mais campos de opção; cador para atribuir um nome a um ponto do texto. Esse
- Grade: aplica a borda escolhida nas demais opções indicador pode se tornar um link dentro do próprio do-
da janela (como estilo, por exemplo) ao redor da cumento.
tabela e as bordas internas permanecem iguais. Referência cruzada: referência tabelas.
- Estilo: permite escolher um estilo para as bordas Grupo cabeçalho e rodapé:
da tabela, uma cor e uma largura. Insere cabeçal
- Visualização: através desse recurso, podemos defi- hos, rodapés e números de páginas.
nir bordas diferentes para uma mesma tabela. Por
exemplo, podemos escolher um estilo e, em visua- Grupo texto:
lização, clicar na borda superior; escolher outro es-
tilo e clicar na borda inferior; e assim colocar em
cada borda um tipo diferente de estilo, com cores
e espessuras diferentes, se assim desejarmos.

A guia “Borda da Página”, desta janela, nos traz re-


cursos semelhantes aos que vimos na Guia Bordas. A di-
ferença é que se trata de criar bordas na página de um
documento e não em uma tabela.
Outra opção diferente nesta guia, é o item Arte. Com Figura 13: Grupo Texto
ele, podemos decorar nossa página com uma borda que
envolve vários tipos de desenhos. 1 – Caixa de texto: insere caixas de texto pré-for-
Alguns desses desenhos podem ser formatados matadas. As caixas de texto são espaços próprios
com cores de linhas diferentes, outros, porém não per- para inserção de textos que podem ser direcionados
mitem outras formatações a não ser o ajuste da largura. exatamente onde precisamos. Por exemplo, na figura
Podemos aplicar as formatações de bordas da página “Grupo Texto”, os números ao redor da figura, do 1 até
no documento todo ou apenas nas sessões que desejar- o 7, foram adicionados através de caixas de texto.
mos, tendo assim um mesmo documento com bordas 2 – Partes rápidas: insere trechos de conteúdos reuti-
em uma página, sem bordas em outras ou até mesmo lizáveis, incluindo campos, propriedades de docu-
bordas de página diferentes em um mesmo documento. mentos como autor ou quaisquer fragmentos de
texto pré-formado.
5. Grupo Ilustrações: 3 – Linha de assinatura: insere uma linha que serve
como base para a assinatura de um documento.
4 – Data e hora: insere a data e a hora atuais no do-
cumento.
5 – Insere objeto: insere um objeto incorporado.
6 – Capitular: insere uma letra maiúscula grande no
início de cada parágrafo. É uma opção de forma-
tação decorativa, muito usada principalmente, em
livros e revistas. Para inserir a letra capitular, bas-
ta clicar no parágrafo desejado e depois na opção
“Letra Capitular”. Veja o exemplo:
Figura 12: Grupo Ilustrações
Neste parágrafo foi inserida a letra capitular
1 – Inserir imagem do arquivo: permite inserir no teto
uma imagem que esteja salva no computador ou 7. Guia revisão
em outra mídia, como pendrive ou CD.
2 – Clip-art: insere no arquivo imagens e figuras 7.1. Grupo revisão de texto
que se encontram na galeria de imagens do Word.
3 – Formas: insere formas básicas como setas, cubos,
elipses e outras.
4 – SmartArt: insere elementos gráficos para co-
municar informações visualmente.
5 – Gráfico: insere gráficos para ilustrar e comparar
INFORMÁTICA

dados.

Figura 14: Grupo revisão de texto

4
1 – Pesquisar: abre o painel de tarefas viabilizando
pesquisas em materiais de referência como jornais, #FicaDica
enciclopédias e serviços de tradução.
2 – Dica de tela de tradução: pausando o cursor sobre Por exemplo, a palavra informática. Se
algumas palavras é possível realizar sua tradução clicarmos com o botão direito do mouse
para outro idioma. sobre ela, um menu suspenso nos será
3 – Definir idioma: define o idioma usado para realizar mostrado, nos dando a opção de escolher
a correção de ortografia e gramática. a palavra informática. Clicando sobre ela, a
4 – Contar palavras: possibilita contar as palavras, os palavra do texto será substituída e o texto
caracteres, parágrafos e linhas de um documento. ficará correto.
5 – Dicionário de sinônimos: oferece a opção de alte-
rar a palavra selecionada por outra de significado
igual ou semelhante. 8. Grupo comentário:
6 – Traduzir: faz a tradução do texto selecionado para
outro idioma. Novo comentário: adiciona um pequeno texto que
7 – Ortografia e gramática: faz a correção ortográfica serve como comentário do texto selecionado, onde é
e gramatical do documento. Assim que clicamos possível realizar exclusão e navegação entre os comen-
na opção “Ortografia e gramática”, a seguinte tela tários.
será aberta:
9. Grupo controle:

Figura 16: Grupo controle

1 – Controlar alterações: controla todas as alterações


feitas no documento como formatações, inclusões,
exclusões e alterações.
2 – Balões: permite escolher a forma de visualizar as
alterações feitas no documento com balões no
próprio documento ou na margem.
3 – Exibir para revisão: permite escolher a forma de
exibir as alterações aplicadas no documento.
4 – Mostrar marcações: permite escolher o tipo de
marcação a ser exibido ou ocultado no documen-
Figura 15: Verificar ortografia e gramática to.
5 – Painel de revisão: mostra as revisões em uma tela
A verificação ortográfica e gramatical do Word, já separada.
busca trechos do texto ou palavras que não se enqua-
drem no perfil de seus dicionários ou regras gramaticais 10. Grupo alterações:
e ortográficas. Na parte de cima da janela “Verificar orto-
grafia e gramática”, aparecerá o trecho do texto ou pa-
lavra considerada inadequada. Em baixo, aparecerão as
sugestões. Caso esteja correto e a sugestão do Word não
se aplique, podemos clicar em “Ignorar uma vez”; caso a
regra apresentada esteja incorreta ou não se aplique ao
trecho do texto selecionado, podemos clicar em “Ignorar
regra”; caso a sugestão do Word seja adequada, clicamos
em “Alterar” e podemos continuar a verificação de orto-
grafia e gramática clicando no botão “Próxima sentença”. Figura 17: Grupo alterações
INFORMÁTICA

Se tivermos uma palavra sublinhada em vermelho,


indicando que o Word a considera incorreta, podemos 1 – Rejeitar: rejeita a alteração atual e passa para a
apenas clicar com o botão direito do mouse sobre ela e próxima alteração proposta.
verificar se uma das sugestões propostas se enquadra. 2 – Anterior: navega até a revisão anterior para que
seja aceita ou rejeitada.

5
3 – Próximo: navega até a próxima revisão para que
possa ser rejeitada ou aceita. #FicaDica
4 – Aceitar: aceita a alteração atual e continua a nave-
gação para aceitação ou rejeição. Perguntas de intervalos de impressão são
constantes em questões de concurso!
Para imprimir nosso documento, basta clicar no bo-
tão do Office e posicionar o mouse sobre o ícone “Im-
primir”. Este procedimento nos dará as seguintes opções:
- Imprimir – onde podemos selecionar uma impresso- Word 2013
ra, o número de cópias e outras opções de confi-
guração antes de imprimir. Vejamos abaixo alguns novos itens implementados
- Impressão Rápida – envia o documento diretamente na plataforma Word 2013:
para a impressora configurada como padrão e não Modo de leitura: o usuário que utiliza o software para
abre opções de configuração. a leitura de documentos perceberá rapidamente a dife-
- Visualização da Impressão – promove a exibição do rença, pois seu novo Modo de Leitura conta com um mé-
documento na forma como ficará impresso, para todo que abre o arquivo automaticamente no formato
que possamos realizar alterações, caso necessário. de tela cheia, ocultando as barras de ferramentas, edição
e formatação. Além de utilizar a setas do teclado (ou o
toque do dedo nas telas sensíveis ao toque) para a troca
e rolagem da página durante a leitura, basta o usuário
dar um duplo clique sobre uma imagem, tabela ou gráfi-
co e o mesmo será ampliado, facilitando sua visualização.
Como se não bastasse, clicando com o botão direito do
mouse sobre uma palavra desconhecida, é possível ver
sua definição através do dicionário integrado do Word.
Documentos em PDF: agora é possível editar um do-
cumento PDF no Word, sem necessitar recorrer ao Adobe
Acrobat. Em seu novo formato, o Word é capaz de con-
verter o arquivo em uma extensão padrão e, depois de
editado, salvá-lo novamente no formato original. Esta fa-
çanha, contudo, passou a ser de extensa utilização, pois o
uso de arquivos PDF está sendo cada vez mais corriquei-
ro no ambiente virtual.
Interação de maneira simplificada: o Word trata nor-
malmente a colaboração de outras pessoas na criação
de um documento, ou seja, os comentários realizados
neste, como se cada um fosse um novo tópico. Com o
Word 2013 é possível responder diretamente o comen-
tário de outra pessoa clicando no ícone de uma folha,
presente no campo de leitura do mesmo. Esta interação
Figura 18: Imprimir de usuários, realizada através dos comentários, aparece
em forma de pequenos balões à margem documento.
As opções que temos antes de imprimir um arqui- Compartilhamento Online: compartilhar seus documen-
vo estão exibidas na imagem acima. Podemos escolher tos com diversos usuários e até mesmo enviá-lo por
a impressora, caso haja mais de uma instalada no com- e-mail tornou-se um grande diferencial da nova plata-
putador ou na rede, configurar as propriedades da im- forma Office 2013. O responsável por esta apresentação
pressora, podendo estipular se a impressão será em alta online é o Office Presentation Service, porém, para isso,
qualidade, econômica, tom de cinza, preto e branca, en- você precisa estar logado em uma Conta Microsoft para
tre outras opções. acessá-lo. Ao terminar o arquivo, basta clicar em Arquivo
Escolhemos também o intervalo de páginas, ou seja, / Compartilhar / Apresentar Online / Apresentar Online e
se desejamos imprimir todo o documento, apenas a pá- o mesmo será enviado para a nuvem e, com isso, você
gina atual (página em que está o ponto de inserção), ou irá receber um link onde poderá compartilhá-lo também
um intervalo de páginas. Podemos determinar o número por e-mail, permitindo aos demais usuários baixá-lo em
de cópias e a forma como as páginas sairão na impres- formato PDF.
são. Por exemplo, se forem duas cópias, determinamos Ocultar títulos em um documento: apontado como
se sairão primeiro todas as páginas de número 1, depois uma dificuldade por grande parte dos usuários, a rola-
INFORMÁTICA

as de número 2, assim por diante, ou se desejamos que gem e edição de determinadas partes de um arquivo
a segunda cópia só saia depois que todas as páginas da muito extenso, com vários títulos, acabou de se tornar
primeira forem impressas. uma tarefa mais fácil e menos desconfortável. O Word
2013 permite ocultar as seções e/ou títulos do docu-
mento, bastando os mesmos estarem formatados no

6
estilo Títulos (pré-definidos pelo Office). Ao posicionar o mouse sobre o título, é exibida uma espécie de triângulo a
sua esquerda, onde, ao ser clicado, o conteúdo referente a ele será ocultado, bastando repetir a ação para o mesmo
reaparecer.
Enfim, além destas novidades apresentadas existem outras tantas, como um layout totalmente modificado, focado
para a utilização do software em tablets e aparelhos com telas sensíveis ao toque. Esta nova plataforma, também, abre
um amplo leque para a adição de vídeos online e imagens ao documento. Contudo, como forma de assegurar toda
esta relação online de compartilhamento e boas novidades, a Microsoft adotou novos mecanismos de segurança para
seus aplicativos, retornando mais tranquilidade para seus usuários.
O grande trunfo do Office 2013 é sua integração com a nuvem. Do armazenamento de arquivos a redes sociais, os
softwares dessa versão são todos conectados. O ponto de encontro deles é o SkyDrive, o HD na internet da Microsoft.
A tela de apresentação dos principais programas é ligada ao serviço, oferecendo opções de login, upload e down-
load de arquivos. Isso permite que um arquivo do Word, por exemplo, seja acessado em vários dispositivos com seu
conteúdo sincronizado. Até a página em que o documento foi fechado pode ser registrada.
Da mesma maneira, é possível realizar trabalhos em conjunto entre vários usuários. Quem não tem o Office instala-
do pode fazer edições na versão online do sistema. Esses e outros contatos podem ser reunidos no Outlook.
As redes sociais também estão disponíveis nos outros programas. É possível fazer buscas de imagens no Bing ou
baixar fotografias do Flickr, por exemplo. Outro serviço de conectividade é o SharePoint, que indica arquivos a serem
acessados e contatos a seguir baseado na atividade do usuário no Office.
O Office 365 é um novo jeito de usar os tão conhecidos softwares do pacote Office da Microsoft. Em vez de comprar
programas como Word, Excel ou PowerPoint, você agora pode fazer uma assinatura e desfrutar desses aplicativos e de
muitos outros no seu computador ou smartphone.
A assinatura ainda traz diversas outras vantagens, como 1 TB de armazenamento na nuvem com o OneDrive, mi-
nutos Skype para fazer ligações para telefones fixos e acesso ao suporte técnico especialista da Microsoft. Tudo isso
pagando uma taxa mensal, o que você já faz para serviços essenciais para o seu dia a dia, como Netflix e Spotify. Porém,
aqui estamos falando da suíte de escritório indispensável para qualquer computador.

Veja abaixo as versões do Office 365

Figura 19: Versões Office 365

14. LibreOffice Writer

O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como
base o OpenOffice. Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou
seja, é multiplataforma. Os aplicativos dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;
• Math - editor de equações matemáticas.

O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Applications
(ODF), que é um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress utilizam o
mesmo “prefixo”, que é “od” de “Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer → .odt (Open
Document Text); Calc → .ods (Open Document Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presentations).
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades
do aplicativo. Além disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo
Writer.
INFORMÁTICA

7
Figura 20: Tela do Libreoffice Writer

O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a lin-
guagem LibreOffice Basic).
O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As
principais teclas de atalho do Writer são:
Destacar essa tabela devido a recorrência em cair atalhos em concurso

Figura 21: Atalhos Word x Writer


INFORMÁTICA

8
Excel 2007

Poder utilizar um formato XML padrão para o Office Excel 2007 foi uma das principais mudanças do Excel 2007,
além das mudanças visuais em relações as abas e os grupos de trabalho já citados na versão 2003 do Word
Esse novo formato é o novo formato de arquivo padrão do Office Excel 2007. O Office Excel 2007 usa as seguintes
extensões de nome de arquivo: *.xlsx, *.xlsm *.xlsb, *.xltx, *.xltm e *.xlam. A extensão de nome de arquivo padrão do
Office Excel 2007 é *.xlsx.
Essa alteração permite consideráveis melhoras em: interoperabilidade de dados, montagem de documentos, con-
sulta de documentos, acesso a dados em documentos, robustez, tamanho do arquivo, transparência e recursos de
segurança.
O Excel 2007 permite que os usuários abram pastas de trabalho criadas em versões anteriores do Excel e traba-
lhem com elas. Para converter essas pastas de trabalho para o novo formato XML, basta clicar no Botão do Microsoft
Office e clique em Converter Você pode também converter a pasta de trabalho clicando no Botão do Microsoft
Office e em Salvar Como – Pasta de Trabalho do Excel. Observe que o recurso Converter remove a versão anterior
do arquivo, enquanto o recurso Salvar Como deixa a versão anterior do arquivo e cria um arquivo separado para a
nova versão.
As melhoras de interface que podem ser destacadas são:
• Economia de tempo, selecionando células, tabelas, gráficos e tabelas dinâmicas em galerias de estilos predefini-
dos.
• Visualização e alterações de formatação no documento antes de confirmar uma alteração ao usar as galerias
de formatação.
• Uso da formatação condicional para anotar visualmente os dados para fins analíticos e de apresentação.
• Alteração da aparência de tabelas e gráficos em toda a pasta de trabalho para coincidir com o esquema de
estilo ou a cor preferencial usando novos Estilos Rápidos e Temas de Documento.
• Criação de um tema próprio para aplicar de forma consistente as fontes e cores que refletem a marca da em-
presa que atua.
• Novos recursos de gráfico que incluem formas tridimensionais, transparência, sombras projetadas e outros efei-
tos.

Em relação a usabilidade as fórmulas passaram a ser redimensionáveis, sendo possível escrever mais fórmulas
com mais níveis de aninhamento do que nas versões anteriores.
Passou a existir o preenchimento automático de fórmula, auxiliando muito com as sintaxes, as referências estrutu-
radas: além de referências de célula, como A1 e L1C1, o Office Excel 2007 fornece referências estruturadas que fazem
referência a intervalos nomeados e tabelas em uma fórmula.
Acesso fácil aos intervalos nomeados: usando o gerenciador de nomes do Office Excel 2007, podendo organizar,
atualizar e gerenciar vários intervalos nomeados em um local central, as tabelas dinâmicas são muito mais fáceis de
usar do que nas versões anteriores.
Além do modo de exibição normal e do modo de visualização de quebra de página, o Office Excel 2007 oferece
uma exibição de layout de página para uma melhor experiência de impressão.
A classificação e a filtragem aprimoradas que permitem filtrar dados por cores ou datas, exibir mais de 1.000 itens
na lista suspensa Filtro Automático, selecionar vários itens a filtrar e filtrar dados em tabelas dinâmicas.
O Excel 2007 tem um tamanho maior que permite mais de 16.000 colunas e 1 milhão de linhas por planilha, o
número de referências de célula aumentou de 8.000 para o que a memória suportar, isso ocorre porque o gerencia-
mento de memória foi aumentado de 1 GB de memória no Microsoft Excel 2003 para 2 GB no Excel 2007, permitin-
do cálculos em planilhas grandes e com muitas fórmulas, oferecendo inclusive o suporte a vários processadores e
chipsets multithread.
INFORMÁTICA

9
Excel 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 23: Tela Principal do Excel 2013


Barra de Títulos:
A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da pasta de trabalho na janela. Ao iniciar o programa
aparece Pasta 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções:
Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os co-
mandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e,
para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 24: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:


A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões
de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Figura 25: Barra de Ferramentas de Acesso Rápido


INFORMÁTICA

10
Adicionando e Removendo Componentes:
Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de acesso rápido podemos clicar com o botão
direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibida uma janela com a opção de Adicionar
à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta bar-
ra, clicando na seta lateral. Na janela apresentada temos várias opções para personalizar a barra, além da opção Mais
Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do Excel.

Figura 26: Adicionando componentes à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Para remoção do componente, selecione-o, clique com o botão direito do mouse e escolha Remover da Barra de
Ferramentas de Acesso Rápido.

Barra de Status:
Localizada na parte inferior da tela, a barra de status exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas
teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom e os botões de “Modos de Exibição”.

Figura 27: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.

INFORMÁTICA

Figura 28: Personalizar Barra de Status

11
Barras de Rolagem: Nos lados direito e inferior da -Colar especial: permite definir formatos específicos
região de texto estão as barras de rolagem. Clique nas na colagem de dados, sobretudo copiados de ou-
setas para cima ou para baixo para mover a tela vertical- tros aplicativos.
mente, ou para a direita e para a esquerda para mover a -Inserir: insere uma coluna em branco, exatamente
tela horizontalmente, e assim poder visualizar toda a sua antes da coluna selecionada.
planilha. -Excluir: exclui toda a coluna selecionada, inclusive os
dados nela contidos e sua formatação.
Planilha de Cálculo: A área quadriculada representa -Limpar conteúdo: apenas limpa os dados de toda a
uma planilha de cálculos, na qual você fará a inserção de coluna, mantendo a formatação das células.
dados e fórmulas para colher os resultados desejados. -Formatar células: permite escolher entre diversas op-
Uma planilha é formada por linhas, colunas e células. ções para fazer a formatação das células (tal proce-
As linhas são numeradas (1, 2, 3, etc.) e as colunas no- dimento será visto detalhadamente adiante).
meadas com letras (A, B, C, etc.). -Largura da coluna: permite definir o tamanho da co-
luna selecionada.
-Ocultar: oculta a coluna selecionada. Muitas vezes
uma coluna é utilizada para fazer determinados
cálculos, necessários para a totalização geral, mas
desnecessários na visualização. Neste caso, utiliza-
-se esse recurso.
-Re-exibir: reexibe colunas ocultas.

Cabeçalho de Linha: Cada linha tem também um ca-


beçalho, que contém o número que a identifica. Clicando
Figura 29: Planilha de Cálculo no cabeçalho de uma linha, esta ficará selecionada.
Cabeçalho de Coluna: Cada coluna tem um cabeça-
lho, que contém a letra que a identifica. Ao clicar na letra,
toda a coluna é selecionada.

Figura 31: Cabeçalho de linha

#FicaDica
Célula: As células, são as combinações entre
linha e colunas. Por exemplo, na coluna
A, linha 1, temos a célula A1. Na Caixa de
Nome, aparecerá a célula onde se encontra
o cursor.
Figura 30: Seleção de Coluna

Ao dar um clique com o botão direito do mouse so- Sendo assim, as células são representadas como mos-
bre o cabeçalho de uma coluna, aparecerá o menu pop- tra a tabela:
-up, onde as opções deste menu são as seguintes:
-Formatação rápida: a caixa de formatação rápida
permite escolher a formatação de fonte e formato
de dados, bem como mesclagem das células (será
abordado mais detalhadamente adiante).
-Recortar: copia toda a coluna para a área de trans-
ferência, para que possa ser colada em outro local
determinado e, após colada, essa coluna é excluída
do local de origem.
-Copiar: copia toda a coluna para a área de transfe-
INFORMÁTICA

rência, para que possa ser colada em outro local Figura 32: Representação das Células
determinado.
-Opções de Colagem: mostra as diversas opções de Caixa de Nome: Você pode visualizar a célula na qual
itens que estão na área de transferência e que te- o cursor está posicionado através da Caixa de Nome, ou,
nham sido recortadas ou copiadas. ao contrário, pode clicar com o mouse nesta caixa e digi-

12
tar o endereço da célula em que deseja posicionar o cur- culas corretamente ao definir e digitar senhas.). É
sor. Após dar um “Enter”, o cursor será automaticamente possível remover a proteção da planilha, quando
posicionado na célula desejada. necessário.
-Exibir código: pode-se criar códigos de programação
Guias de Planilhas: Em versões anteriores do Excel, em VBA (Visual Basic for Aplications) e vincular às
ao abrir uma nova pasta de trabalho no Excel, três pla- guias de planilhas (trata-se de tópico de progra-
nilhas já eram criadas: Plan1, Plan2 e Plan3. Nesta ver- mação avançada, que não é o objetivo desta lição,
são, somente uma planilha é criada, e você poderá criar portanto, não será abordado).
outras, se necessitar. Para criar nova planilha dentro da -Cor da guia: muda a cor das guias de planilhas.
pasta de trabalho, clique no sinal + ( ). Para -Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha.
alternar entre as planilhas, basta clicar sobre a guia, na -Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em
planilha que deseja trabalhar. todas as planilhas para que possam ser configura-
Você verá, no decorrer desta lição, como podemos das e impressas juntamente.
cruzar dados entre planilhas e até mesmo entre pastas
de trabalho diferentes, utilizando as guias de planilhas. Selecionar Tudo: Clicando-se na caixa Selecionar
Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das pla- tudo, todas as células da planilha ativa serão seleciona-
nilhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá das.
um menu pop up.

Figura 34: Caixa Selecionar Tudo

Barra de Fórmulas: Na barra de fórmulas são digita-


das as fórmulas que efetuarão os cálculos.
A principal função do Excel é facilitar os cálculos com
o uso de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos
várias de suas fórmulas. Para iniciar, vamos ter em mente
que, para qualquer fórmula que será inserida em uma
célula, temos que ter sinal de “=” no seu início. Esse sinal,
oferece uma entrada no Excel que o faz diferenciar textos
Figura 33: Menu Planilhas ou números comuns de uma fórmula.

As funções deste menu são as seguintes: Somar: Se tivermos uma sequência de dados numéri-
-Inserir: insere uma nova planilha exatamente antes cos e quisermos realizar a sua soma, temos as seguintes
da planilha selecionada. formas de fazê-lo:
-Excluir: exclui a planilha selecionada e os dados que
ela contém.
-Renomear: renomeia a planilha selecionada.
-Mover ou copiar: você pode mover a planilha para
outra posição, ou mesmo criar uma cópia da plani-
lha com todos os dados nela contidos.
-Proteger Planilha: para impedir que, por acidente
ou deliberadamente, um usuário altere, mova ou Figura 35: Soma simples
exclua dados importantes de planilhas ou pastas
de trabalho, você pode proteger determinados Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4.
elementos da planilha (planilha: o principal docu- Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células,
mento usado no Excel para armazenar e trabalhar digitar o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência
com dados, também chamado planilha eletrôni- até o último valor.
ca. Uma planilha consiste em células organizadas Após a sequência de células a serem somadas, clicar
em colunas e linhas; ela é sempre armazenada em no ícone soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=.
uma pasta de trabalho.) ou da pasta de trabalho, A última forma que veremos é a função soma digi-
INFORMÁTICA

com ou sem senha (senha: uma forma de restrin- tada. Vale ressaltar que, para toda função, um início é
gir o acesso a uma pasta de trabalho, planilha ou fundamental:
parte de uma planilha. As senhas do Excel podem
ter até 255 letras, números, espaços e símbolos.
É necessário digitar as letras maiúsculas e minús-

13
Foi digitado “= média )”, depois, foram selecionados
os valores das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter
for pressionada, o resultado será automaticamente colo-
cado na célula A6.
1 - Sinal de igual. Todas as funções, quando um de seus itens for altera-
2 – Nome da função. do, recalculam o valor final.
3 – Abrir parênteses.
Data: Esta fórmula insere a data automática em uma
Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno planilha.
lembrete sobre a função que iremos usar, e nele é possí-
vel clicar e obter ajuda, também. Usaremos, no exemplo
a seguir, a função = soma(B2:B4).
Lembre-se, basta colocar a célula que contém o pri-
meiro valor, em seguida os dois pontos (:) e por último a
célula que contém o último valor.
Figura 36: Exemplo função hoje
Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois va-
lores, por isso não precisamos de uma função específica. Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da fun-
ção =hoje(), que aparece na barra de fórmulas.
Tendo dois valores em células diferentes, podemos Inteiro: Com essa função podemos obter o valor in-
apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos) teiro de uma fração. A função a ser digitada é =int(A2).
e depois clicar na segunda célula. Usamos na figura a Lembramos que A2 é a célula escolhida e varia de acordo
seguir a fórmula = B2-B3. com a célula a ser selecionada na planilha trabalhada.

Multiplicar: Para realizarmos a multiplicação, proce- Arredondar para cima: Com essa função, é possível
demos de forma semelhante à subtração. Clicamos no arredondar um número com casas decimais para o nú-
primeiro número, digitamos o sinal de multiplicação que, mero mais distante de zero.
para o Excel é o “*” asterisco, e depois, clicamos no último Sua sintaxe é: = ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B2*B3. dígitos)
Outra forma de realizar a multiplicação é através da Onde:
seguinte função: Núm: é qualquer número real que se deseja arredon-
=mult(B2;c2) multiplica o valor da célula B2 pelo va- dar.
lor da célula C2. Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se
deseja arredondar núm.
Dividir: Para realizarmos a divisão, procedemos de
forma semelhante à subtração e multiplicação. Clicamos
no primeiro número, digitamos o sinal de divisão que,
para o Excel é a “/” barra, e depois, clicamos no último
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B3/B2.

Máximo: Mostra o maior valor em um intervalo de Figura 37: Início da função arredondar para cima
células selecionadas. Na figura a seguir, iremos calcular
a maior idade digitada no intervalo de células de A2 até Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial
A5. A função digitada será = máximo(A2:A5). da função, o Excel nos mostra que temos que selecio-
Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) – nar o num, ou seja, a célula que desejamos arredondar
refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver e, depois do “;” (ponto e vírgula), digitar a quantidade de
qual é o maior valor. No caso a resposta seria 10. dígitos para a qual queremos arredondar.
Na próxima figura, para efeito de entendimento, dei-
Mínimo: Mostra o menor valor existente em um in- xaremos as funções aparentes, e os resultados dispostos
tervalo de células selecionadas. na coluna C:
Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digi-
tado no intervalo de A2 até A5. A função digitada será = A função Arredondar.para.Baixo segue exatamente o
mínimo (A2:A5). mesmo conceito.
Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) – Resto: Com essa função podemos obter o resto de
refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver uma divisão. Sua sintaxe é a seguinte:
qual é o maior valor. No caso a resposta seria R$ 622,00. = mod (núm;divisor)
Onde:
INFORMÁTICA

Média: A função da média soma os valores de uma Núm: é o número para o qual desejamos encontrar
sequência selecionada e divide pela quantidade de valo- o resto.
res dessa sequência. divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o
Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas número.
de quatro pessoas, usando a função = média (A2:A4)

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Figura 38: Exemplo de digitação da função MOD

Os valores do exemplo a cima serão, respectivamen-


te: 1,5 e 1.
Valor Absoluto: Com essa função podemos obter o
valor absoluto de um número. O valor absoluto, é o nú-
mero sem o sinal. A sintaxe da função é a seguinte: Figura 41: Exemplo (Se, SomaSe, Cont.se)
=abs(núm)
Onde: aBs(núm) Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja,
Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.
obter. A sintaxe dessa função é a seguinte:
=SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_fal-
so”)
=: Significa a chamada para uma fórmula/função
SE: função SE
teste_lógico: a pergunta a qual se deseja ter resposta
“valor_se_verdadeiro”: se a resposta da pergunta for
verdadeira, define o resultado “valor_se_falso” se a res-
Figura 39: Exemplo função abs posta da pergunta for falsa, define o resultado.
Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’
Dias 360: Retorna o número de dias entre duas datas queremos colocar uma mensagem se o funcionário rece-
com base em um ano de 360 dias (doze meses de 30 be um salário igual ou acima do valor mínimo R$ 724,00
dias). Sua sintaxe é: ou abaixo do valor mínimo determinado em R$ 724,00.
= DIAS360(data_inicial;data_final) Assim, temos a condição:
Onde: SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então
data_inicial = a data de início de contagem. ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O
Data_final = a data a qual quer se chegar. RESULTADO NA CÉLULA E3
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias fal- Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é
tam para chegar até a data de 14/06/2018, tendo como onde devemos digitar a fórmula
data inicial o dia 05/03/2018. A função utilizada será Teste lógico: C3>=724
=dias360(A2;B2) Valor_se_verdadeiro: “Acima”
Valor_se_falso: “Abaixo”
Assim, com o cursor na célula E3, digitamos:
=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”)

Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as


fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e
colunas nas células. Nossas fórmulas ficarão assim:
E4 ↑ =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E5 ↑ =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”)
Figura 40: Exemplo função dias360 E6 ↑ =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E7 ↑ =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”)
Vamos usar a Figura abaixo para explicar as próximas E8 ↑ =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”)
funções (Se, SomaSe, Cont.Se) E9 ↑ =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E10 ↑ =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”)

Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma


condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determina-
da condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a
seguinte:
INFORMÁTICA

=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma)
=Significa a chamada para uma fórmula/função
SomaSe: função SOMASE
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise
dos dados

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“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem ava- CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
liados a fim de chegar à condição verdadeira MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verifi-
cada a condição para soma dos valores Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é
os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar onde devemos digitar a fórmula
o resultado na célula D16. E também queremos somar Intervalo para análise: C3:C10
os salários das funcionárias mulheres e mostrar o resul- Critério: >=1200
tado na célula D17. Para isso precisamos criar a seguinte Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:
condição: =CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)
MENOS DE R$ 1.200,00:
HOMENS: SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR ME-
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCULI- NOR QUE 1200, ENTÃO
NO, ENTÃO CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN- MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15
TERVALO D3 ATÉ D10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D16 Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula D15, portanto é
Traduzindo a condição em variáveis teremos: onde devemos digitar a fórmula
Resultado: será mostrado na célula D16, portanto é Intervalo para análise: C3:C10
onde devemos digitar a fórmula Critério: <1200
Intervalo para análise: C3:C10 Assim, com o cursor na célula D15, digitamos:
Critério: “MASCULINO” =CONT.SE(C3:C10;”<1200”)
Intervalo para soma: D3:D10
Assim, com o cursor na célula D16, digitamos: Observações: fique atento com o > (maior) e < (me-
=SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10) nor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivés-
MULHERES: semos determinado a contagem de valores >1200 (maior
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMINI- que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200
NO, ENTÃO (igual a 1200) não entraria na contagem.

SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN- Formatação de Células: Ao observar a planilha abai-
TERVALO D3 ATÉ D10 xo, fica claro que não é uma planilha bem formatada, va-
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17 mos deixar ela de uma maneira mais agradável.
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é
onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: “FEMININO”
Intervalo para soma: D3:D10
Assim, com o cursor na célula D17, digitamos:
=SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)

Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de con-


tagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de
registros, SE determinada condição for verdadeira. A sin-
taxe desta função é a seguinte:
=CONT.SE(intervalo;“critérios”)
= : significa a chamada para uma fórmula/função Figura 42: Planilha sem Formatação
CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
intervalo: intervalo de células onde será feita a análise Vamos utilizar os 3(três) passos apontados na Figura
dos dados abaixo:
“critérios”: critérios a serem avaliados nas células do
“intervalo”
Usando a planilha acima como exemplo, queremos
saber quantas pessoas ganham R$ 1.200,00 ou mais, e
mostrar o resultado na célula D14, e quantas ganham
abaixo de R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula
INFORMÁTICA

D15. Para isso precisamos criar a seguinte condição:

R$ 1.200,00 ou MAIS:
SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR
OU IGUAL A 1.200,00, ENTÃO

16
Figura 43: Formatando a planilha

O primeiro passo é mesclar e centralizar o título, para Figura 47: Planilha Formatada
isso utilizamos o botão Mesclar e Centralizar, entre ou-
tras opções de alinhamento, como centralizar, direção do Ordenando os dados: Você pode digitar os dados
texto, entre outras. em qualquer ordem, pois o Excel possui uma ferramenta
muito útil para ordenar os dados.
Ao clicar neste botão, você tem as opções para classi-
ficar de A a Z (ordem crescente), de Z a A (ordem decres-
cente) ou classificação personalizada.
Para ordenar seus dados, basta clicar em uma célula
da coluna que deseja ordenar, e selecionar a classificação
crescente ou decrescente. Mas cuidado! Se você selecio-
Figura 44: Formatando a planilha (Passo 1) nar uma coluna inteira, nas versões mais antigas do Excel,
você irá classificar os dados dessa coluna, mas vai manter
Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digi- os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus
tado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, pode- dados ficarão alterados. Nas versões mais novas, ele fará
mos mudar o título para negrito, mudar a cor do fundo e/ a pergunta, se deseja expandir a seleção e dessa forma,
ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher fazer a classificação dos dados junto com a coluna de ori-
as formatações. gem, ou se deseja manter a seleção e classificar somente
a coluna selecionada.

Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção


FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas
da nossa planilha irá abrir uma seta para fazer a seleção
dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos fil-
trar e visualizar somente os dados do mês de Janeiro ou
Figura 45: Formatando a planilha (Passo 2) então somente os gastos com contas de consumo, por
exemplo.
Para finalizar essa etapa vamos formatar a coluna C
para moeda, que é o caso desse exemplo, porém pode Grupo ferramentas de dados:
ser realizado vários outros tipos de formatação, como, - Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célu-
porcentagem, data, hora, científico, basta clicar no dro- la do Excel em colunas separadas.
pbox onde está escrito geral e escolher. - Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma
planilha - Validação de dados: permite especificar
valores inválidos para uma planilha. Por exemplo,
podemos especificar que a planilha não aceitará
receber valores menores que 10.
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em
um novo intervalo.
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fór-
mula na planilha.
Figura 46: Formatando a planilha (Passo 3)
Gráficos: Outra forma interessante de analisar os
O resultado final nos traz uma planilha muito mais dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos
agradável e de fácil entendimento: rapidamente e é muito fácil. Na Guia Inserir da Faixa de
INFORMÁTICA

Opções, temos diversas opções de gráficos que podem


ser utilizados.

17
Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-
-se o sinal de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6”
retornará a C3 e C4 (interseção entre os dois interva-
los). No Excel, isso é feito usando um espaço em branco
(B2:C4 C3:C6).
Figura 48: Gráficos

Utilizando a planilha da Concessionária Grupo Nova,


teremos o seguinte gráfico escolhido

Figura 50: Exemplo de Operação no Calc

Para fazer referência a uma célula que esteja em ou-


tra planilha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_
da_planilha + . + célula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz re-
ferência a célula A1 da planilha chamada Plan2. No Excel,
isso é feito usando o sinal de exclamação ! (Plan2!A1).

Menus do Calc
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao do-
cumento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF.
Editar - contém comandos para editar o conteúdo
documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e
Substituir, Cortar, Copiar e Colar.
Exibir - contém comandos para controlar a exibição
de um documento tais como Zoom, Tela Inteira e Nave-
gador.
Figura 49: Gráfico de Colunas – 3D Inserir - contém comandos para inserção de novos
elementos no documento como células, linhas, colunas,
Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas planilhas, gráficos.
bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfi- Formatar - contém comandos para formatar células
co na página, clicando nas linhas e arrastando até o local selecionadas, objetos e o conteúdo das células no do-
desejado. cumento.
Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia,
Atingir meta, Rastrear erro, etc.
#FicaDica Dados - contém comandos para editar os dados de
uma planilha. É possível classificar, utilizar filtros, validar,
Importante mencionar que o conceito do
etc.
Excel 365 é o mesmo apontado no Word, ou
Janela - contém comandos para manipular e exibir ja-
seja, fazem parte do Office 365, que podem
nelas no documento.
ser comprados conforme figura 39.
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do Li-
breOffice.

LibreOffice Calc PowerPoint 2007

O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOf- A versão 2007 passa a ter o formato PPTX, diferente
fice e o seu formato de arquivo padrão é o .ods (Open das anteriores que eram PPT, essa nova versão lida muito
Document Spreadsheet). melhor com vídeos e imagens. Um documento em bran-
O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que co do PowerPoint 2003 (formato PPT) apenas com uma
se refere ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é ini- imagem de 1 MB chega a ocupar 5 MB, já no formato
ciada pelo sinal de igual (=) e seguido por uma sequência PPTX, este mesmo arquivo ocupa cerca de 1,1 MB.
INFORMÁTICA

de valores, referências a células, operadores e funções. O PowerPoint 2007 trouxe uma importante opção
Algumas diferenças entre o Calc e o Excel: que se encarrega de compactar imagens automatica-
mente a fim de reduzir o tamanho total do documento.
Para tal, abra a aba Formatar do programa e clique na
opção Compactar Imagens.

18
Neste momento o usuário escolhe se deseja compactar uma única imagem da apresentação ou se pretende aplicar
o efeito a todas as figuras. Clique em Opções para acessar escolher o nível de qualidade e compactação das imagens
de seu arquivo, além disso foi possível começar a tratar imagens.
O PowerPoint 2007 passou a oferecer mais gráficos tridimensionais, permitindo apresentações com melhor visual,
diferentemente do seu antecessor 2003, PowerPoint 2007 utiliza o Microsoft Office Fluent interface de usuário (UI). Esta
UI categoriza grupos e guias relacionados, tornando mais fácil para os usuários a encontrar os comandos e recursos
do PowerPoint . Além disso, a Fluent UI inclui uma função de visualização ao vivo , para rever alterações de formatação
antes de finalizá-los , bem como galerias de efeitos pré- definidos, layouts , temas e “Estilos Rápidos”.
Os temas do PowerPoint 2007 possuem características de “Estilos Rápidos”, estilos esses que não existem no Power-
Point 2003, com o PowerPoint 2003, a formatação de um documento exige a escolha de estilo e opções de cores para
gráficos, textos, fundos e até mesmo tabelas.
A versão 2007 do PowerPoint 2007 possuem opções de compartilhamentos mais flexíveis do que as de seu anteces-
sor de 2003. Um exemplo claro disso é que na versão 2007 os usuários podem acessar o Microsoft Office SharePoint
Server 2007 para integrar as apresentações com o Outlook 2007, bem como o compartilhamento de apresentações
utilizando o que chamamos de “Bibliotecas de Slides”.
Em relação as tabelas e gráficos, ao contrário do PowerPoint 2003, a versão 2007 armazena as informações dos
gráficos no Excel 2007, ao invés de armazenar esses dados em folhas de dados do gráfico.

PowerPoint 2010, 2013 e detalhes gerais

Na tela inicial do PowerPoint, são listadas as últimas apresentações editadas (à esquerda), opção para criar nova
apresentação em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novas apresentações (ao centro).
Ao selecionar a opção de Apresentação em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura abaixo, e descritos nos tópicos a seguir.

Figura 52: Tela Principal do PowerPoint 2013

Barra de Títulos: A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da apresentação na janela. Ao
iniciar o programa aparece Apresentação 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções: Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de
Opções. Os comandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo
INFORMÁTICA

de atividade e, para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

19
Figura 53: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido: A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da
tela e pode ser configurada com os botões de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Adicionando e Removendo Componentes: Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas
de acesso rápido podemos clicar com o botão direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será
exibida uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

Figura 54: Adicionando itens à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. É aberto o
menu Personalizar Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, que apresenta várias opções para personalizar a barra, além
da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do PowerPoint.
Para remoção do componente, no mesmo menu selecione-o. Se preferir, clique com o botão direito do mouse sobre
o ícone que deseja remover e escolha Remover da Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
Barra de Status: Localizada na parte inferior da tela, a barra de status permite incluir anotações e comentários na
sua apresentação, mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom
e os botões de ‘Modos de Exibição’.

Figura 55: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.
Durante uma apresentação, os slides do PowerPoint vão sendo projetados no monitor do computador, lembrando
os antigos slides fotográficos.
O apresentador pode inserir anotações, observações importantes, que deverão ser abordadas durante a apresenta-
ção. Estas anotações serão visualizadas somente pelo apresentador quando, durante a apresentação, for selecionado
o Modo de Exibição do Apresentador (basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar esta opção durante a
apresentação).

Modelos e Temas Online: Algumas vezes parece impossível iniciar uma apresentação. Você nem mesmo sabe
como começar. Nestas situações pode-se usar os modelos prontos, que fornecem sugestões para que você possa
iniciar a criação de sua apresentação. A versão PowerPoint 2013 traz vários modelos disponíveis online divididos por
temas (é necessário estar conectado à internet).
INFORMÁTICA

Figura 56: Modelos e temas online

20
Para utilizar um modelo pronto, selecione um tema. Alternando entre os Modos de Exibição
Em nosso exemplo, vamos selecionar ‘Negócios’. Apare-
cerão vários modelos prontos que podem ser utilizados Modo Normal: No modo de exibição ‘Normal’, você
para a criação de sua apresentação, conforme mostra a trabalha em um slide de cada vez e pode organizar a es-
figura abaixo. trutura de todos os slides da apresentação.

Figura 59: Modo de Exibição ‘Normal’.


Figura 57: Apresentações Modelo ‘Negócios’

Procure conhecer os modelos, clicando sobre eles.


Utilize as barras de rolagem para rolar a tela, visualizar #FicaDica
as possibilidades, e possivelmente escolher um modelo, Para mover de um slide para outro clique
dentre as inúmeras possibilidades fornecidas, para criar sobre o slide (do lado esquerdo) que deseja
apresentações profissionais com muita agilidade. visualizar na tela, ou utilize as teclas ‘PageUp’
Ao escolher um modelo, clique no botão ‘Criar’ e e ‘PageDown’.
aguarde o download do arquivo. Será criado um novo ar-
quivo em seu computador, que você poderá salvar onde
quiser. A partir daí, basta customizar os dados e utilizá-lo
Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: Este
como SUA APRESENTAÇÃO.
Tanto o layout como o padrão de formatação de fon- modo de visualização é interessante principalmente du-
tes, poderão ser alterados em qualquer momento, para rante a construção do texto da apresentação. Você pode
atender às suas necessidades. ir digitando o texto do lado esquerdo e o PowerPoint
monta os slides pra você.
Apresentação de Slides:
Classificação de Slides: Este modo permite ver seus
Antes de começarmos a trabalhar em um novo slide, slides em miniatura, para auxiliar na organização e estru-
ou nova apresentação, vamos entender um pouco me- turação de sua apresentação. No modo de classificação
lhor como funciona uma apresentação. Escolha um mo- de slides, você pode reordenar slides, adicionar transi-
delo pronto qualquer, faça o download, e inicie a apre- ções e efeitos de animação e definir intervalos de tempo
sentação, assim: para apresentações eletrônicas de slides.
Na barra ‘Modos de exibição de slides’, localizada na
barra de status, clique no botão ‘Modo de Apresentação
de Slides’.
Dê cliques com o mouse para seguir ao próximo slide.
Ao clicar na apresentação, são exibidos botões de nave-
gação, que permitem que você siga para o próximo slide
ou volte ao anterior, conforme mostrado abaixo. Além
dos botões de navegação você também conta com ou-
tras ferramentas durante sua apresentação.

Figura 58: Botões de Navegação e Outras Ferramentas Figura 60: Classificação de Slides
INFORMÁTICA

Exibição de Slides: Vamos agora começar a perso- Para alterar a sequência de exibição de slides, clique
nalizar nossa apresentação, tendo como base o modelo no slide e arraste até a posição desejada. Você também
criado. Se ainda estiver com uma apresentação aberta, pode ocultar um slide dando um clique com o botão di-
termine a apresentação, retornando à estrutura. Clique, reito do mouse sobre ele e selecionando ‘Ocultar Slide’.
na faixa de opções, no menu ‘EXIBIÇÃO’.

21
Alterando o Design: Layouts de Conteúdo:
O design de um slide é a apresentação visual do mes- Utilizando os layouts de conteúdo é possível inserir
mo, ou seja, as cores nele utilizadas, tipos de fontes, etc. figura ou cliparts, tabelas, gráficos, diagramas ou clipe
O PowerPoint disponibiliza vários temas prontos para de mídia (que podem ser animações, imagens, sons, etc.).
aplicar ao design de sua apresentação. A utilização destes recursos é muito simples, bastan-
Para inserir um Tema de design pronto nos slides do clicar, no próprio slide, sobre o recurso que deseja
acesse a guia ‘Design’ na Faixa de Opções. Clique na seta utilizar.
lateral para visualizar todos os temas existentes. Salve a apresentação atual como ‘Ensino a Distância’
Clique no tema desejado, para aplicar ao slide sele- e, sem fechá-la, abra uma nova apresentação. Vamos ver
cionado. O tema será aplicado em todos os slides. a utilização dos recursos de Conteúdo.
Variantes -> Cores e Variantes -> Fontes: ainda na Na guia ‘Início’ da Faixa de Opções, clique na seta la-
guia ‘Design’ podemos aplicar variações dos temas, al- teral da caixa Layout. Será exibida uma janela com várias
terando cores e fontes, criando novos temas de cores. opções. Selecione o layout ‘Título e conteúdo’.
Clique na seta da caixa ‘Variantes’ para abrir as opções. Aparecerá a caixa de conteúdo no slide como mos-
Passe o mouse sobre cada tema para visualizar o efeito trado na figura a seguir. A caixa de conteúdos ao centro
na apresentação. Após encontrar a variação desejada, dê do slide possui diversas opções de tipo de conteúdo que
um clique com o mouse para aplicá-la à apresentação. se pode utilizar.
As demais ferramentas da ‘Caixa de Conteúdo’ são:
• Escolher Elemento Gráfico SmartArt
• Inserir Imagem
• Inserir Imagens Online
• Inserir Vídeo

Explore as opções, utilize os recursos oferecidos para


enriquecer seus conhecimentos e, em consequência,
criar apresentações muito mais interessantes. O funcio-
namento de cada item é semelhante aos já abordados.

Agora é com você!


Exercite: crie diversos slides de conteúdo, procurando
utilizar todas as opções oferecidas para cada tipo de con-
Figura 61: Variantes de Temas de Design
teúdo. Desta forma, você estará aprendendo ainda mais
utilizar os recursos do PowerPoint e do Office.
Variantes -> Efeitos: os efeitos de tema especificam
como os efeitos são aplicados a gráficos SmartArt, for- Animação dos Slides: A animação dos slides é um
mas e imagens. Clique na seta do botão ‘Efeitos’ para dos últimos passos da criação de uma apresentação.
acessar a galeria de Efeitos. Aplicando o efeito alteramos Essa é uma etapa importante, pois, apesar dos inúmeros
rapidamente a aparência dos objetos. recursos oferecidos pelo programa, não é aconselhável
exagerar na utilização dos mesmos, pois além de tornar
Layout de Texto: a apresentação cansativa, tira a atenção das pessoas que
O primeiro slide criado em nossa apresentação é um estão assistindo, ao invés de dar foco ao conteúdo da
‘Slide de título’. Nele não deve ser inserido o conteúdo apresentação, passam a dar foco para as animações.
da palestra ou reunião, mas apenas o título e um subtítu-
lo pois trata-se do slide inicial. Transições: A transição dos slides nada mais é que
Clique no quadro onde está indicado ‘Clique aqui a mudança entre um slide e outro. Você pode escolher
para adicionar um título’, e escreva o título de sua apre- entre diversas transições prontas, através da faixa de op-
sentação. A apresentação que criaremos será sobre ‘Gru- ções ‘TRANSIÇÕES’. Selecione o primeiro slide da nossa
po Nova”. apresentação e clique nesta opção.
No quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adi- Escolha uma das transições prontas e veja o que
cionar um subtítulo’ coloque seu nome ou o nome da acontece. Explore os diversos tipos de transições, apenas
empresa em que trabalha, ou mesmo um subtítulo ligado clicando sobre elas e assistindo os efeitos que elas pro-
ao tema da apresentação. duzem. Isso pode ser bastante divertido, mas dependen-
Formate o texto da forma como desejar, selecionando do do intuito da apresentação, o exagero pode tornar
o tipo da fonte, tamanho, alinhamento, etc., clicando so- sua apresentação pouco profissional.
bre a ‘Caixa de Texto’ para fazer as formatações. Ainda em ‘TRANSIÇÕES’ escolha como será feito o
Clique no botão novo slide da guia ‘PÁGINA INICIAL’. avanço do slide, se após um tempo pré-definido ou ‘Ao
Será criado um novo slide com layout diferente do an- Clicar com o Mouse’, dentro da faixa ‘INTERVALO’. Você
terior. Isso acontece porque o programa entende que o também pode aplicar som durante a transição.
INFORMÁTICA

próximo slide não é mais de título, e sim de conteúdo,


e assim sucessivamente para a criação da sua apresen- Animações: As animações podem ser definidas para
tação. cada caixa de texto dos slides. Ou seja, durante sua
apresentação você pode optar em ir abrindo o texto
conforme trabalha os assuntos.

22
Neste exemplo, selecionaremos o Slide 3 de nossa apresentação para enriquecer as explicações. Clique um uma das
caixas de texto do slide, e na opção ‘ANIMAÇÕES’ abra o ‘PAINEL DE ANIMAÇÃO’.

Figura 62: Animações

Escolheremos a opção ‘Flutuar para Dentro’, mas você pode explorar as diversas opções e escolher a que mais te
agradar. Clique na opção escolhida. No Painel de Animação, abra todas as animações clicando na seta para baixo.

Figura 63: Abrindo a lista do Painel de Animações

Cada parágrafo de texto pode ser configurado, bastando que você clique no parágrafo desejado e faça a opção
de animação desejada. O parágrafo pode aparecer somente quando você clicar com o mouse, ou juntamente com o
anterior. Pode mantê-lo aberto na tela enquanto outros estão fechados, etc.
Em nosso exemplo, vamos animar da seguinte forma: os textos da caixa de texto do lado esquerdo vão aparecer
juntos após clicar. Os textos da caixa do lado direito permanecem fechados. Ao clicar novamente, os dois parágrafos
aparecerão ao mesmo tempo na tela.
Passo a passo:
Com a caixa de texto do lado esquerdo selecionada, clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo, mostrado no Painel
de Animações;
selecione o 2º parágrafo e selecione ‘Iniciar com anterior’;
selecione a caixa de texto do lado direito e aplique uma animação;
no Painel de Animações clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo da caixa de texto
selecione o 2º parágrafo da caixa de texto e selecione ‘Iniciar com anterior’.

Impress
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odp (Open Document Presen-
tations).
- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas formas:
• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do primeiro slide.
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do slide atual.

- Menu do Impress:
• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
• Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substi-
tuir, Cortar, Copiar e Colar;
• Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Apresentação de Slides,
Estrutura de tópicos e Navegador;
• Inserir - contém comandos para inserção de novos slides e elementos no documento como figuras, tabelas e
hiperlinks;
• Formatar - contém comandos para formatar o layout e o conteúdo dos slides, tais como Modelos de slides,
Layout de slide, Estilos e Formatação, Parágrafo e Caractere;
• Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Compactar apresentação e Player de mídia;
• Apresentação de Slides - contém comandos para controlar a apresentação de slides e adicionar efeitos em
objetos e na transição de slides.
INFORMÁTICA

23
2. (Técnico Judiciário, VUNESP 2017) No Microsoft
EXERCÍCIOS COMENTADOS Word 2010, em sua configuração padrão, um usuário
começou a desenhar uma tabela, conforme imagem a
seguir.
1. (Engenheiro Civil, VUNESP 2018) Observe as ima-
gens a seguir, extraídas do MS-Word 2010, em sua con-
figuração padrão. Elas apresentam um texto em dois
momentos: ANTES e DEPOIS da aplicação de novas con-
figurações de parágrafo, que podem ser acessadas a par-
tir do iniciador de caixa de diálogo, do grupo Parágrafo,
da guia Página Inicial.
Em seguida, ele executou o seguinte procedimento: sele-
cionou a primeira célula, cujo conteúdo é 100, clicou no
ícone Dividir Células, que é encontrado em Ferramentas
de Tabela, guia Layout, grupo Mesclar, e, na caixa de diá-
logo Dividir Células, informou 2 colunas e 1 linha. Final-
mente, clicou em Ok.

Assinale a alternativa que apresenta o resultado correto


dessa operação.

a)

b)

Assinale a alternativa que contém o nome das configura-


c)
ções modificadas entre os dois momentos apresentados
nas figuras.

a) Recuo à Direita e Recuo Especial da Primeira linha.


b) Recuo à Direita e Espaçamento Antes.
c) Recuo à Direita e Alinhamento à Direita.
d)
d) Recuo à Esquerda e Recuo Especial da Primeira linha.
e) Recuo à Esquerda e Alinhamento à Esquerda.

Resposta: Letra D. A imagem a seguir mostra os nú-


meros 1, 2 e 3, eles significam respectivamente: Recuo
Especial de Primeira Linha, Recuo à esquerda e Recuo
deslocado:
e)

Resposta: Letra E. A alternativa “A” estaria correta,


mas está incorreta, pois a divisão de células não divide
o valor da célula.
A alternativa “B” está incorreta, pois dividiu a célula
em 3 colunas, e separou os dígitos do número incor-
retamente.
A segunda figura da questão apresenta uma configu-
INFORMÁTICA

A alternativa “C” está incorreta, pois não há divisões


ração diferente da primeira figura, no que diz respeito
de células e o valor 100 foi retirado da primeira para a
ao Recuo Especial da Primeira linha e o Recuo a es-
segunda célula da primeira linha.
querda.
A alternativa “D” está incorreta, pois a foi mesclada as
duas primeiras células da segunda coluna da tabela.

24
A alternativa “E” está correta, pois apresenta o resulta- 4. (Engenheiro Civil, VUNESP 2018) Observe a tabela
do para “Dividir células”, marcando 1 linha e 2 colunas. a seguir, extraída do MS-Excel 2010, em sua configura-
ção padrão. O intervalo B2:B5 contém valores no formato
3. (Soldado PM de 2ª Classe, VUNESP 2017) Um usuá- Moeda, com duas casas decimais.
rio selecionou uma frase de um texto editado no Micro-
soft Word 2010, em sua configuração padrão. Essa frase
tinha palavras com formatação em negrito e sublinhado.
Assinale a alternativa correta.

a) Ao pressionar as teclas CTRL+C, a frase seleciona da


será eliminada do documento, e o usuário poderá co-
lá-la em outro ponto do documento usando a tecla
Delete, porém sem as formatações feitas previamente.
b) Se o usuário pressionar as teclas CTRL+X, eliminará
a frase selecionada do documento e não conseguirá
colá-la usando as teclas CTRL+V, pois a frase não terá Assinale a alternativa que apresenta o novo valor da cé-
sido copiada para a Área de Transferência. lula B4, quando nela for aplicada, apenas uma vez, o re-
c) Pressionando-se as teclas CTRL+C, a frase selecionada
será eliminada do documento, mas o usuário pode- curso associado ao botão , do grupo Número, da
rá colá-la em outro ponto do documento, usando as guia Página Inicial.
teclas CTRL+V, mantendo todas as formatações que
estavam aplicadas. a) R$ 2.323,34
d) Se o usuário pressionar a tecla Delete, a frase sele- b) R$ 2.323,3
cionada será eliminada do documento, mas poderá c) R$ 2.323
ser colada novamente em outra parte do documento, d) R$ 2.323,0
usando-se as teclas CTRL+V, mantendo todas as for- e) R$ 2.323,00
matações que lhe estavam aplicadas.
e) Se o usuário pressionar as teclas CTRL+X, eliminará Resposta: Letra B. O botão destacado na pergun-
a frase selecionada do documento e poderá usar as ta serve para diminuir as casas decimais. Se a célula
teclas CTRL+V para colá-la em outro ponto do docu- B4 estiver selecionada o resultado caso o botão seja
mento, mantendo todas as formatações que estavam “clicado” uma vez é R$ 2.323,34. Tal recurso utiliza as
aplicadas regras de arredondamento matemático, ou seja, se o
número for maior ou igual a 5 ocorre arredondamen-
Resposta: Letra E. Alternativa “A” está incorreta, pois to, caso contrário ocorre o truncamento.
ao pressionar CTRL+C a frase não é eliminada do do-
cumento, ela vai para a área de transferência. 5. (Técnico Judiciário, VUNESP 2017) Tem-se, a seguir,
Alternativa “B” está incorreta, pois ao pressionar CTR- a seguinte planilha criada no Microsoft Excel 2010, em
L+X a frase é eliminada do documento, ela vai para a sua configuração padrão
área de transferência, é possível colar posteriormente.
Alternativa “C” está incorreta, pois ao pressionar CTR-
L+C a frase não é eliminada do documento, ela vai
para a área de transferência.
Alternativa “D” está incorreta, pois ao pressionar De-
lete a frase é eliminada do documento, porém não irá
para a área de transferência, logo não poderá ser co-
lada.
Alternativa “E” está correta, pois se o usuário pressio-
nar as teclas CTRL+X, eliminará a frase selecionada do
documento e poderá usar as teclas CTRL+V para co-
lá-la em outro ponto do documento, mantendo todas Assinale a alternativa que apresenta o resultado correto
as formatações que estavam aplicadas da fórmula =CONTAR.SE (A2:D4;”<6”), inserida na célula
B5.

a) 2
b) 4
c) 7
d) 12
INFORMÁTICA

e) 13

Resposta: Letra B. A função “CONTAR.SE” não exis-


te no Excel 2010 esta questão é passiva de anulação,
o correto seria “CONT.SE”, que conta a ocorrência de

25
uma determinada condição em um determinado in-
tervalo. Para esta questão, no intervalo demonstrado
pela figura existem 4 células com valores menores que
6, são eles: 3 (em A1), 4 (em A2), 1 (em B4) e 2 (em D4).
Cuidado com o valor da célula B3, que é 6, a condição
da função descrita contará apenas se for menor que 6.
Obs.: Algumas páginas oficiais do MS Office foram tra-
duzidas “ao pé da letra” para o português, nestes casos
existem divergências nos nomes das funções, um dos
exemplos é pode ser visto em:: https://support.office.
com/pt-pt/article/contar-se-fun%C3%A7%C3%A3o- Nesse caso, com que fórmula ele preencheria a célula de
-contar-se-e0de10c6-f885-4e71-abb4-1f464816df34, juros a pagar (N14)?
onde pode-se perceber o nome “CONTAR.SE” porem
foi traduzido de “COUNT.IF” a)=SE((DIAS(N11;N10)*N12)>=N13;(DIAS(N11;N10)
*N13); N12)
6. (Soldado PM de 2ª Classe, VUNESP 2017) Observe a b) = (N11-N10)*0,2/30
planilha a seguir, criada no Microsoft Excel 2010, em sua c) =SE((N10;N11)*N12>=N13;N13;(N10:N11)*N12)
configuração original. d) =SE((DIAS(N11;N10)*N12)>=N13;N13;(DIAS(N11;N10
)*N12))
e) = (N11;N10)*0,2

Entendendo a fórmula:
A fórmula utiliza duas funções. São elas:
• SE: retorna um valor de acordo com o seu teste lógi-
co. Sua sintaxe tem o seguinte formato:
• =SE( teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)
• DIAS: retorna o número de dias entre duas datas. Sua
sintaxe tem o seguinte formato:
• =DIAS(data final; data inicial);

Assinale a alternativa que indica quantas colunas estão Analisando a fórmu-


com algum tipo de filtro aplicado. la SE((DIAS(N11;N10)*N12)>=N13;N13;(-
DIAS(N11;N10)*N12)) temos:
a) 3.
b) 2.
c) 5.
d) 1.
e) Nenhuma.

Resposta: Letra D. Na imagem demostrada pela


questão percebe-se que há apenas uma coluna onde Descrevendo a fórmula: Se o número de dias entre a
data de pagamento e a data de vencimento for maior
o filtro está aplicado. O ícone pode ser visto na
ou igual a 20 então o valor a ser exibido será 20 senão
coluna Idade, este ícone aparece sempre que o filtro
calcule o número de dias entre a data de pagamento e
está em uso, quando não está em uso com nas demais
a data de vencimento e multiplique por 0,2.
colunas pode-se perceber o ícone Resposta Alternativa: D

7. (BANCO DO BRASIL, 2015) Um escriturário, na fun- 8. (Soldado PM de 2ª Classe, VUNESP 2017) No Mi-
ção eventual de caixa, ao examinar um boleto de paga- crosoft PowerPoint 2010, em sua configuração padrão,
mento em atraso, encontrou os seguintes dados: um usuário criou uma apresentação com 20 slides, mas
deseja que o slide 5, sem ser excluído, não seja exibido na
data de vencimento: 13/04/2015 apresentação de slides. Assinale a alternativa que indica
data de pagamento: 28/07/2015 a ação correta a ser aplicada ao slide 5 para que ele não
taxa diária de juros por atraso (%): 0,2 seja exibido durante a apresentação.
máximo de juros a acrescer (%): 20
a) Animação Desaparecer.
Se o escriturário tivesse disponível uma planilha eletrô- b) Ocultar Slide.
INFORMÁTICA

nica do MS Excel 2013, poderia transcrever essas infor- c) Transição de slides Cortar.
mações para um trecho de planilha, como o mostrado d) Plano de fundo Branco.
abaixo, e calcular os juros com os recursos do software. e) Transição com duração de 0 segundo.

26
Resposta: Letra B. Ocultar um slide no PowerPoint Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que po-
é sempre uma boa ideia se caso for necessário fazer dem ser consultadas ao se ativar as propriedades de
uma apresentação rápida, onde não quer mostrar um um arquivo estão as opções: tamanho e os seus atri-
determinado slide, mas também não se quer apagá-lo, butos.
deseja-se preserva-lo para um uso futuro em outra
apresentação. 11. (ESCRIVÃO – DE POLÍCIA – CESPE 2013) Título,
assunto, palavras-chave e comentários de um documen-
9. (Agente Previdenciário, VUNESP 2017) No Power- to são metadados típicos presentes em um documento
Point 2010, a partir da sua configuração padrão, do guia produzido por processadores de texto como o BrOffice e
“Apresentação de Slides” foram selecionados os seguin- o Microsoft Office.
tes ícones:
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO. Quando um determinado documen-


to de texto produzido tanto pelo BrOffice quanto pelo
Microsoft Office ele fica armazenado em forma de ar-
quivo em uma memória especificada no momento da
gravação deste. Ao clicar como botão direito do mouse
no arquivo de texto armazenado e clicar em proprieda-
des é possível por meio da guia Detalhes perceber os
Assinale a alternativa que faz a correlação correta entre metadados “Título, assunto, palavras-chave e comen-
todos os ícones selecionados e a ação efetuada por cada tários”.
um.
12. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere
a) Ícone-1: Inicia a Apresentação a partir do Slide Atual. que um usuário disponha de um computador apenas
Ícone-2: permite Configurar Apresentação de Slides. com Linux e BrOffice instalados. Nessa situação, para
Ícone-3: permite Ocultar o Slide. que esse computador realize a leitura de um arquivo em
b) Ícone-1: Inicia a Apresentação a partir do Slide Atual. formato de planilha do Microsoft Office Excel, armaze-
Ícone-2: permite Retirar os Intervalos da Apresentação. nado em um pendrive formatado com a opção NTFS,
Ícone-3: permite Ocultar o Slide. será necessária a conversão batch do arquivo, antes de
c) Ícone-1: Inicia a Apresentação a partir do Começo. sua leitura com o aplicativo instalado, dispensando-se a
Ícone-2: permite Ocultar o Slide. montagem do sistema de arquivos presente no pendrive.
Ícone-3: permite Configurar Apresentação de Slides.
d) Ícone-1: Inicia a Apresentação a partir do Começo. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Ícone-2: permite Configurar Apresentação de Slides.
Ícone-3: permite Testar os intervalos da Apresentação. Resposta: ERRADO. Um pendrive formatado com o
e) Ícone-1: Inicia a Apresentação a partir do Começo. sistema de arquivos NTFS será lido normalmente pelo
Ícone-2: permite Configurar Apresentação de Slides. Linux, sem necessidade de conversão de qualquer natu-
Ícone-3: permite Ocultar o Slide. reza. E o fato do suposto arquivo estar em formato Excel
(xls ou xlsx) é indiferente também, já que o BrOffice é
Resposta: Letra A. Ícone 1: «DO SLIDE ATUAL»: Apre- capaz de abrir ambos os formatos.
sentação de slides a partir do slide atual - Shift + F5.
Inicia a apresentação de slides a partir do slide atual.
Ícone 2: «CONFIGURAR APRESENTAÇÃO DE SLIDES»:
SISTEMAS OPERACIONAIS WINDOWS 7,
Configurar opções avançadas para a apresentação de
WINDOWS 10 E LINUX. ORGANIZAÇÃO
slides, como o modo de quiosque.
Ícone 3: «OCULTAR SLIDE»: Ocultar o slide atual da E GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES,
apresentação. Ele não será mostrado durante a apre- ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS. ATA-
sentação de slides de tela inteira. LHOS DE TECLADO, ÍCONES, ÁREA DE TRA-
BALHO E LIXEIRA.
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se
clicar a opção , será exibida uma janela por
meio da qual se pode verificar diversas propriedades do WINDOWS
arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos.
Em computadores do tipo PC, a comunicação com peri- O Windows assim como tudo que envolve a informá-
féricos pode ser realizada por meio de diferentes interfa- tica passa por uma atualização constante, os concursos
ces. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens. públicos em seus editais acabam variando em suas ver-
INFORMÁTICA

sões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto


( ) CERTO ( ) ERRADO as versões do Windows quanto do Linux.
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um
software, um programa de computador desenvolvido por
programadores através de códigos de programação. Os

27
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares, - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
são considerados como a parte lógica do computador, - Win 7 em um computador e formatar o HD durante
uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada a instalação;
apenas quando o computador está em funcionamento. O - Win 7 em um computador sem SO;
Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é
o primeiro a ser instalado na máquina. Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual
Quando montamos um computador e o ligamos pela tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algu- chave do produto, que é um código que será solicitado
mas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para uti- durante a instalação.
lizarmos todos os recursos do computador, com toda a Vamos adotar a opção de instalação com formatação
qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Cor-
Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hard- poration:
ware, temos que instalar o SO. - Ligue o seu computador, de forma que o Windows
Após sua instalação é possível configurar as placas seja inicializado normalmente, insira do disco de
para que alcancem seu melhor desempenho e instalar instalação do Windows 7 ou a unidade flash USB e
os demais programas, como os softwares aplicativos e desligue o seu computador.
utilitários. - Reinicie o computador.
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge- - Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
rencia os demais programas. isso, e siga as instruções exibidas.
A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits - Na página de Instalação Windows, insira seu idioma
e 64 bits está na forma em que o processador do com- ou outras preferências e clique em avançar.
putador trabalha as informações. O Sistema Operacional - Se a página de Instalação Windows não aparecer
de 32 bits tem que ser instalado em um computador que e o programa não solicitar que você pressione al-
tenha o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits guma tecla, talvez seja necessário alterar algumas
tem que ser instalado em um computador de 64 bits. configurações do sistema. Para obter mais infor-
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, mações sobre como fazer isso, consulte. Inicie o
segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais seu computador usando um disco de instalação do
memória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso Windows 7 ou um pen drive USB.
ajuda a reduzir o tempo despendi- do na permuta de - Na página Leia os termos de licença, se você aceitar
processos para dentro e para fora da memória, pelo ar- os termos de licença, clique em aceito os termos
mazenamento de um número maior desses processos na de licença e em avançar.
memória de acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo - Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o que em Personalizada.
desempenho geral do programa”. - Na página onde deseja instalar Windows? clique em
opções da unidade (avançada).
Windows 7 - Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta: - Quando a formatação terminar, clique em avançar.
1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito - Siga as instruções para concluir a instalação do Win-
em computador e clique em Propriedades. dows 7, inclusive a nomenclatura do computador
2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema. e a configuração de uma conta do usuário inicial.

“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7, Conceitos de organização e de gerenciamento de in-
você precisará de um processador capaz de executar formações; arquivos, pastas e programas.
uma versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um
sistema operacional de 64 bits ficam mais claros quan- Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar
do você tem uma grande quantidade de RAM (memória arquivos, ícones ou outras pastas.
de acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
ou mais. Nesses casos, como um sistema operacional de meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
64 bits pode processar grandes quantidades de memó- abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal-
ria com mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema vamos no computador, estamos criando um arquivo.
de 64 bits poderá responder melhor ao executar vários Ícones – são imagens representativas associadas a
programas ao mesmo tempo e alternar entre eles com programas, arquivos, pastas ou atalhos.
frequência”. Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
caso, é possível instalar:
INFORMÁTICA

- Sobre o Windows XP;


- Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista (Win
Vista), também 32 bits;
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
- Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;

28
Criação de pastas (diretórios) Área de trabalho:

Figura 67: Área de Trabalho

A figura acima mostra a primeira tela que vemos


quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome
Figura 64: Criação de pastas de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sir-
va como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e
documentos para dar início ou continuidade ao trabalho.
#FicaDica Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra
Clicando com o botão direito do mouse de tarefas, que traz uma série de particularidades, como:
em um espaço vazio da área de trabalho
ou outro apropriado, podemos encontrar a
opção pasta. Figura 68: Barra de tarefas
Clicando nesta opção com o botão esquerdo
do mouse, temos então uma forma prática 1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato
de criar uma pasta. com todos os outros programas instalados, programas
que fazem parte do sistema operacional e ambientes de
configuração e trabalho. Com um clique nesse botão,
abrimos uma lista, chamada Menu Iniciar, que contém
opções que nos permitem ver os programas mais aces-
sados, todos os outros programas instalados e os recur-
sos do próprio Windows. Ele funciona como uma via de
acesso para todas as opções disponíveis no computador.
Por meio do botão Iniciar, também podemos:
Figura 65: Criamos aqui uma pasta - desligar o computador, procedimento que encerra
chamada “Trabalho”. o Sistema Operacional corretamente, e desliga efe-
tivamente a máquina;
- colocar o computador em modo de espera, que re-
duz o consumo de energia enquanto a máquina
estiver ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos
casos em que vamos nos ausentar por um breve
período de tempo da frente do computador;
- reiniciar o computador, que desliga e liga automa-
ticamente o sistema. Usado após a instalação de
alguns programas que precisam da reinicialização
do sistema para efetivarem sua instalação, durante
congelamento de telas ou travamentos da máqui-
na.
- realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
nome e senha de outro usuário, tendo assim um
ambiente com características diferentes para cada
Figura 66: Tela da pasta criada usuário do mesmo computador.
INFORMÁTICA

Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la


e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
procedimento: botão direito, Novo, Pasta.

29
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora,
determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e
especificar se o relógio do computador está sincronizado
automaticamente com um servidor de horário na Inter-
net. Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe,
que vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar
um horário diferente do que realmente deveria mostrar,
na maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe
deve precisar ser trocada. Esse horário também é sincro-
nizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos.

Figura 69: Menu Iniciar – Windows 7

Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com


um clique no botão Iniciar.
2) Ícones de inicialização rápida: São ícones coloca-
dos como atalhos na barra de tarefas para serem
acessados com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de Figura 71: Restauração de arquivos
idioma que está sendo usada pelo teclado. enviados para a lixeira
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones são
configurados para entrar em ação quando o com- A restauração de objetos enviados para a lixeira pode
putador é iniciado. Muitos deles ficam em exe- ser feita com um clique com o botão direito do mouse
cução o tempo todo no sistema, como é o caso sobre o item desejado e depois, outro clique com o es-
de ícones de programas antivírus que monitoram querdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente
constantemente o sistema para verificar se não há o arquivo para seu local de origem.
invasões ou vírus tentando ser executados.
5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o
relógio constantemente na sua tela, clicando duas #FicaDica
vezes, com o botão esquerdo do mouse nesse íco- Outra forma de restaurar é usar a opção
ne, acessamos as Propriedades de data e hora. “Restaurar este item”, após selecionar o
objeto.

Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho


muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma
mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar
aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi se-
lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem
armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
t+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
INFORMÁTICA

outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão


esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
Figura 70: Propriedades de data e hora (canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).

30
Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
está marcada.

Figura 74: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu


Iniciar

Pela figura acima podemos notar que é possível a


aparência e comportamento de links e menus do menu
Iniciar.

Figura 72: Bloqueio da Barra de Tarefas

Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:


Por meio do clique com o botão direito do mouse na bar-
ra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos
acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do
menu iniciar”. Figura 21: Barra de Ferramentas

Painel de controle

O Painel de Controle é o local onde podemos alte-


rar configurações do Windows, como aparência, idioma,
configurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele
é possível personalizar o computador às necessidades do
usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Bo-
tão Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encon-
tramos as seguintes opções:
- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do
sistema e da segurança”, permite a realização de
backups e restauração das configurações do sis-
tema e de arquivos. Possui ferramentas que per-
mitem a atualização do Sistema Operacional, que
exibem a quantidade de memória RAM instalada
no computador e a velocidade do processador.
Oferece ainda, possibilidades de configuração de
Figura 73: Propriedades da barra de Firewall para tornar o computador mais protegido.
tarefas e do menu iniciar - Rede e Internet: mostra o status da rede e possibili-
ta configurações de rede e Internet. É possível tam-
Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros: bém definir preferências para compartilhamento
- Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela de arquivos e computadores.
seja posicionada em outros cantos da tela que não seja o - Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover
inferior, ou seja, impede que seja arrastada com o botão hardwares como impressoras, por exemplo. Tam-
esquerdo do mouse pressionado. bém permite alterar sons do sistema, reproduzir
- Ocultar automaticamente a barra de tarefas – ocul- CDs automaticamente, configurar modo de eco-
INFORMÁTICA

ta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar maior nomia de energia e atualizar drives de dispositivos
aproveitamento da área da tela pelos programas abertos, instalados.
e a exibe quando o mouse é posicionado no canto infe- - Programas: através desta opção, podemos realizar
rior do monitor. a desinstalação de programas ou recursos do Win-
dows.

31
- Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui alte- Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro de
ramos senhas, criamos contas de usuários, deter- uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer um
minamos configurações de acesso. painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando uma
- Aparência: permite a configuração da aparência da das pastas e não encontre algum comando, clique com o
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela, botão direito do mouse para que esse painel apareça.
menu iniciar e barra de tarefas. A organização de tela do Windows 8 funciona como
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica-
de números e moedas. tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa
- Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o compu- área de trabalho, que representam aplicativos de versões
tador às necessidades visuais, auditivas e motoras anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe-
do usuário. queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem
tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados
Computador automaticamente.
A tela pode ser customizada conforme a conveniência
do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela,
#FicaDica mas podem ser encontrados clicando com o botão direi-
to do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que
Através do “Computador” podemos consul- um desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique
tar e acessar unidades de disco e outros dis- com o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar
positivos conectados ao nosso computador. na Tela Inicial.

Charms Bar
Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa
Computador. A janela a seguir será aberta: e esse recurso possibilita “esconder” algumas configura-
ções e aplicações. É uma barra localizada na lateral que
pode ser acessada colocando o mouse no canto direito e
inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows +
C. Essa função substitui a barra de ferramentas presente
no sistema e configurada de acordo com a página em
que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus-
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial
e em seguida escolha a cor da tela. O usuário também
pode selecionar desenhos durante a personalização do
papel de parede.

Redimensionar as tiles
Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou-
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di-
reito na divisão entre eles e optando pela opção menor.
Figura 76: Computador Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser
destacar no computador.
Observe que é possível visualizarmos as unidades de
disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada. Grupos de Aplicativos
Vemos também informações como o nome do computa- Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
dor, a quantidade de memória e o processador instalado parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos
na máquina. podem ser renomeados.
Windows 8
Visualizar as pastas
A interface do programas no computador podem ser
É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o
vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado
Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celu-
a lado. Para passar de um painel para outro é necessário
lares, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente
usar a barra de rolagem que fica no rodapé.
no layout, que acabou surpreendendo milhares de usuá-
rios acostumados com o antigo visual desse sistema.
A tela inicial completamente alterada foi a mudança Compartilhar e Receber
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas Comando utilizado para compartilhar conteúdo, en-
viar uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção
INFORMÁTICA

as aplicações do computador que ficavam no Menu Ini-


ciar e também é possível visualizar previsão do tempo, Compartilhar e depois escolha qual meio vai usar. Há
cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as também a opção Dispositivo que é usada para receber
pequenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial e enviar conteúdos de aparelhos conectados ao compu-
para ter acesso aos programas que mais utiliza. tador.

32
Alternar Tarefas

Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os


programas abertos no desktop e os aplicativos novos do
SO. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma
lista na lateral esquerda que mostra os aplicativos mo-
dernos.

Telas Lado a Lado


Esse sistema operacional não trabalha com o concei-
to de janelas, mas o usuário pode usar dois programas
ao mesmo tempo. É indicado para quem precisa acom-
panhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do Figura 77: Tela do Windows 10
computador.
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes ver-
sões (com destaque para as duas primeiras):
Visualizar Imagens
O sistema operacional agora faz com que cada vez Windows 10
que você clica em uma figura, um programa específico É a versão de “entrada” do Windows 10, que possui a
abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar maioria dos recursos do sistema. É voltada para Desktops
isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se- e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Surface 3.
lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this
Program as Default.
Windows 10 Pro
Imagem e Senha Além dos recursos da versão de entrada, fornece pro-
O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao teção de dados avançada e criptografada com o BitLoc-
invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso, ker, permite a hospedagem de uma Conexão de Área de
acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo Trabalho Remota em um computador, trabalhar com má-
em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção quinas virtuais, e permite o ingresso em um domínio para
realizar conexões a uma rede corporativa.
Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você
Windows 10 Enterprise
colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um
Baseada na versão 10 Pro, é disponibilizada por meio
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto.
do Licenciamento por Volume, voltado a empresas.
Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a
imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você
Windows 10 Education
terá que desenhar três formas em touch ou com o mou-
Baseada na versão Enterprise, é destinada a atender
se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize as necessidades do meio educacional. Também tem seu
o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez, método de distribuição baseado através da versão aca-
repita os movimentos para acessar seu computador. dêmica de licenciamento de volume.
Internet Explorer no Windows 8 Windows 10 Mobile
Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá- Embora o Windows 10 tente vender seu nome fanta-
gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de sia como um sistema operacional único, os smartphones
ferramentas e menus. com o Windows 10 possuem uma versão específica do
sistema operacional compatível com tais dispositivos.
Windows 10
Windows 10 Mobile Enterprise
O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que Projetado para smartphones e tablets do setor cor-
veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no porativo. Também estará disponível através do Licencia-
mundo dos Sistemas Operacionais, uma das suas mis- mento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do
sões é ficar com um visual mais de smart e touch. Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas
para o mercado corporativo.

Windows 10 IoT Core


IoT vem da expressão “Internet das Coisas” (Internet
of Things). A Microsoft anunciou que haverá edições do
Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise
INFORMÁTICA

destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, ter-


minais de autoatendimento, máquinas de atendimento
para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core
será destinada para dispositivos pequenos e de baixo
custo.

33
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro- 3. (Soldado PM de 2ª Classe, VUNESP 2017) Com rela-
soft indica como requisitos básicos dos computadores: ção ao Microsoft Windows 7, em sua configuração origi-
• Processador de 1 Ghz ou superior; nal, assinale a alternativa que indica funções que podem
• 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para ser realizadas usando apenas recursos do aplicativo Win-
64bits); dows Explorer.
• Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600 a) Navegar na internet.
ou maior. b) Apagar e renomear arquivos e pastas.
c) Ver o conteúdo da Área de Transferência.
d) Ligar e desligar o computador.
EXERCÍCIOS COMENTADOS e) Editar textos simples, sem recursos de formatação.

Resposta: Letra B. Dentre as diversas funções de ad-


1. (Engenheiro Civil, VUNESP 2018) Na Área de Tra- ministração de arquivos e pastas do Windows Explo-
balho do MS-Windows 7, em sua configuração padrão, rer é possível “Apagar e renomear arquivos e pastas”;
o usuário pode desfazer o envio de um arquivo para a Para “Navegar na internet” é necessário um software
Lixeira, que acaba de ser realizado, utilizando o atalho web-browser; Por padrão não é possível ver a “Área
de teclado de Transferência” do Windows 7; Para Ligar o compu-
tador é necessária uma ação física, e para desligar é
a) Ctrl+V necessário utilizar o botão iniciar; Para “Editar textos
b) Ctrl+C simples sem recursos de formatação” é necessário o
c) Ctrl+X Bloco de Notas.
d) Ctrl+A
e) Ctrl+Z 4. (Escriturário, VUNESP 2018) Observe os ícones a se-
guir, extraídos do Windows Explorer do MS-Windows 7,
Resposta: Letra E. na configuração de exibição de Ícones Médios. Os ícones
A) Ctrl+V: colar algo que esteja na área de transfe- foram marcados de 1 a 5 e não foram modificados desde
rência a sua criação.
B) Ctrl+C: copiar algo que foi selecionado
C) Ctrl+X: recortar algo que foi selecionado
D) Ctrl+A: selecionar tudo
E) Ctrl+Z: desfazer uma ação

2. (Técnico Judiciário, VUNESP 2017) Usando o Micro-


soft Windows 7, em sua configuração padrão, um usuário
abriu o conteúdo de uma pasta no aplicativo Windows
Explorer no modo de exibição Detalhes. Essa pasta con- Assinale a alternativa que contém o número correspon-
tém muitos arquivos e nenhuma subpasta, e o usuário dente ao ícone de um atalho de uma pasta que não está
deseja rapidamente localizar, no topo da lista de arqui- vazia.
vos, o arquivo modificado mais recentemente. Para isso,
basta ordenar a lista de arquivos, em ordem decrescente, a) 1
por b) 2
c) 3
a) Data de modificação. d) 4
b) Nome. e) 5
c) Tipo.
d) Tamanho. Resposta: Letra A.
e) Ordem. 1 - Ícone de atalho para pasta que não está vazia
2 - Ícone de uma pasta que não está vazia, contém
Resposta: Letra A. Na configuração original as únicas vários arquivos
opções que aparecem são: Nome, Data de modifica- 3 - ícone de uma pasta vazia
ção, Tipo e Tamanho. Já é possível descartar a alter- 4 - Ícone de uma pasta que não está vazia, contém
nativa “E”. um arquivo
Se um usuário deseja ordenar os arquivos de uma de- 5 - Ícone de atalho para pasta que está vazia
terminada pasta mostrando primeiro (topo) os arqui-
vos mais recentes, é necessário utilizar a opção “Data 5. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
de Modificação” Windows, não há possibilidade de o usuário interagir
INFORMÁTICA

com o sistema operacional por meio de uma tela de


computador sensível ao toque.

( ) CERTO ( ) ERRADO

34
Resposta: Errado. As versões mais recentes do Win- 9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
dows existe este recurso. Para usá-lo há a necessidade ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar
de que a tela seja sensível ao toque. arquivos de um diretório para um pen drive.

6. (AGENTE – CESPE – 2014) Comparativamente a ( ) CERTO ( ) ERRADO


computadores com outros sistemas operacionais, com-
putadores com o sistema Linux apresentam a vantagem Resposta: Certo. No ambiente Linux, é permitida a
de não perderem dados caso as máquinas sejam desliga- execução de vários comandos por meio de um con-
das por meio de interrupção do fornecimento de energia sole. O comando “cp” é utilizado para copiar arquivos
elétrica. entre diretórios e arquivos para dispositivos.

( ) CERTO ( ) ERRADO 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se


clicar a opção , será exibida uma janela por
Resposta: Errado. Nenhum sistema operacional pos- meio da qual se pode verificar diversas propriedades do
sui a vantagem de não perder dados caso a máquina arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos.
seja desligada por meio de interrupção do forneci- Em computadores do tipo PC, a comunicação com peri-
mento de energia elétrica. féricos pode ser realizada por meio de diferentes interfa-
ces. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens.
7. (AGENTE – CESPE – 2014) As rotinas de inicialização
GRUB e LILO, utilizadas em diversas distribuições Linux, ( ) CERTO ( ) ERRADO
podem ser acessadas por uma interface de linha de co-
mando. Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que po-
dem ser consultadas ao se ativar as propriedades de
( ) CERTO ( ) ERRADO um arquivo estão as opções: tamanho e os seus atri-
butos.
Resposta: Certo. É possível acessar as rotinas de ini-
cialização GRUB e LILO para realizar a sua configura-
ção, assim como é possível alterar as opções de inicia- CONCEITOS BÁSICOS SOBRE LINUX E SOFTWARE
lização do Windows (em Win+Pause, Configurações LIVRE
Avançadas do Sistema, Propriedades do Sistema, Ini-
cialização e Recuperação). O Linux é um sistema operacional originalmente fun-
dado em comandos, mas que vem amplificando ambien-
8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Conside- tes gráficos de estruturas e uso similar, e são do Win-
re que um usuário de login joao_jose esteja usando o dows. Apesar desses ambientes gráficos serem cada vez
Windows Explorer para navegar no sistema de arquivos mais aderidos, os comandos do Linux ainda são ampla-
de um computador com ambiente Windows 7. Considere mente empregados, sendo de suma importância o co-
ainda que, enquanto um conjunto de arquivos e pastas é nhecer e estudar.
apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas Outro termo muito usado quando tratamos do Linux
do Windows Explorer, as seguintes informações: Biblio- é o Kernel, que é uma parte do sistema operacional que
tecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é mais faz a ligação entre software e máquina. Ele é a camada
provável que tais arquivos e pastas estejam contidos no de software mais próxima do hardware, considerado o
diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no di- núcleo do sistema. O Linux teve início com o desenvolvi-
retório C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos. mento de um pequeno Kernel, criado por Linus Torvalds,
em 1991, quando era apenas um estudante finlandês. Ao
( ) CERTO ( ) ERRADO Kernel, que Linus desenvolveu, colocou o nome de Linux.
Como o Kernel é capaz de fazer gerenciamentos primá-
Resposta: Errado. O correto é “C:\Users\joao_jose\ rios básicos e indispensáveis para o funcionamento da
Documents\Projetos”. Há possibilidade das pastas máquina, foi necessário desenvolver módulos específicos
estarem em outro diretório, se forem feitas configu- para atender inúmeras necessidades, como por exemplo
rações customizadas pelo usuário. Mesmo na configu- um módulo capaz de utilizar uma placa de rede ou de
ração em português o diretório dos documentos do vídeo lançada no mercado ou até uma interface gráfica
usuário continua sendo nomeado em inglês: “docu- como a que usamos no Windows.
ments”. Portanto, a afirmação de que o diretório seria Uma forma de atender a necessidade de comunica-
“C:\biblioteca\documentos\projetos” não está correta. ção entre Kernel e o aplicativo é a chamada do sistema
O item considera o comportamento padrão do siste- (SystemCall), que é uma interface entre um aplicativo de
ma operacional Windows 7, e, portanto, a afirmação espaço de usuário e um serviço que o Kernel fornece.
não pode ser absoluta, devido à flexibilidade inerente
INFORMÁTICA

a este sistema software. A premissa de que a informa- Como o serviço é fornecido no Kernel, uma chamada
ção fosse apresentada na barra de ferramentas não direta não pode ser realizada; ao invés disso, você deve
compromete o entendimento da questão.” utilizar um processo de cruzamento do limite de espaço
do usuário/Kernel.

35
No Linux também existem diferentes run levels de -dig - Testa a configuração do servidor DNs
operação. O run level de uma inicialização padrão é o de -dmesg - Exibe as mensagens da inicialização (log)
número 2. -du - Exibe estado de ocupação dos discos/partições
Como o Linux também é conhecido por ser um sis- -du -msh - Mostra o tamanho do diretório em me-
tema operacional que ainda utiliza bastante comandos gabytes
digitados, não podemos deixar de citar o Shell, que é -env - Mostra variáveis do sistema
exatamente o programa que possibilita o usuário digitar -exit – Sair do terminal ou de uma sessão de root.
comandos que sejam inteligíveis pelo sistema operacio- -/etc – É o diretório onde ficam os arquivos de confi-
nal e realize funções. guração do sistema
No MSDOS, por exemplo, o Shell era o command. -/etc/skel – É o diretório onde fica o padrão de arqui-
com, por meio do qual era possível realizar comandos vos para o diretório Home de novos usuários.
como o dir, cd e outros. No Linux, o Shell mais usado é o -fdisk -l – Mostra a lista de partições.
Bash, que, para usuários comuns, aparece como símbolo -find - Comando de busca ex: find ~/ -cmin -3
$, e para o root, aparece com o símbolo #. -find – Busca arquivos no disco rígido.
Há também os termos usuário e superusuário. En- -halt -p – Desligar o computador.
quanto ao usuário é dada a permissão de utilização de -head - Mostra as primeiras 10 linhas de um arquivo
comandos simples, ao superusuário é possível configurar -history – Mostra o histórico de comandos dados no
quais comandos os usuários podem utilizar. Se eles po- terminal.
dem apenas ver ou também alterar e gravar diretórios. -ifconfig - Mostra as interfaces de redes ativas e as
Sendo assim, ele atua como sendo o administrador do infor- mações relacionadas a cada uma delas
sistema. O diretório padrão que possui os programas -iptraf - Analisador de tráfego da rede com interface
usados pelo superusuário para o gerenciamento e a ma- gráfica baseada em diálogos
nutenção do sistema é o /sbin. -kill - Manda um sinal para um processo. Os sinais
/bin-Comandos utilizados durante o boot e por usuá- sIG- TErm e sIGKILL encerram o processo.
rios comuns. -kill -9 xxx – Mata o processo de número xxx.
/sbin-Como os comandos do/bin, só que não são uti- -killall - Manda um sinal para todos os processos.
lizados pelos usuários comuns. -less - Mostra o conteúdo de um arquivo de texto
Por esse motivo, o diretório sbin foi nomeado de su- com controle
perusuário, pois há comandos que só podem ser utiliza- -ls - Listar o conteúdo do diretório
dos nesse diretório. Funciona como se quem estivesse -ls -alh - Mostra o conteúdo detalhado do diretório
no diretório sbin fosse o administrador do sistema, com -ls –ltr - Mostra os arquivos no formado longo (l) em
permissões especiais de inclusões, exclusões e também ordem inversa (r) de data (t)
de alterações. -man - Mostra informações sobre um comando
-mkdir - Cria um diretório. É um comando utilizado na
Comandos Básicos raiz do Linux para a criação de novos diretórios.

Iniciaremos agora o estudo sobre vários comandos Na imagem a seguir, no prompt ftp, foi criado o dire-
que podemos usar no Shell do Linux: tório chamado “myfolder”.
-addgroup - Adiciona grupos
-adduser - Adiciona usuários
-apropos - Faz pesquisa por palavra ou string
-cat - Mostra o conteúdo de um arquivo binário ou
texto
-cd - Entra num diretório (exemplo: cd docs) ou re-
torna para home
cd<pasta> – vai para a pasta especificada. exemplo:
cd /usr/bin/
-chfn - altera informação relativa a um utilizador
-chmod -Altera as permissões de arquivos ou diretó-
rios. É um comando para manipulação de arquivos e di-
retórios que muda as permissões para acesso para cada
pessoa. Por exemplo, um diretório que poderia ser de
escrita e leitura, pode passar a ser apenas leitura, impe- Figura 15: Prompt “ftp”
dindo que seu conteúdo seja alterado.
-chown - Altera a propriedade de arquivos e pastas -mount – Montar partições em algum lugar do sis-
(dono) tema.
-clear – Limpa a tela do terminal -mtr - Mostra rota até determinado IP
INFORMÁTICA

-cmd>>txt - adiciona o resultado do comando (cmd) -mv - Move ou renomeia arquivos e diretórios
ao fim do arquivo (txt) -nano – Editor de textos básico.
-cp - Copia diretórios ‘cp -r’ copia recursivamente -nfs - Sistema de arquivos nativo do sistema opera-
-df - Reporta o uso do espaço em disco do sistema cional Linux, para o compartilhamento de recursos pela
de arquivos rede

36
-netstat - Exibe as portas e protocolos abertos no sis- -uname -a – Informações sobre o sistema operacional
tema. -userdel - Remove usuários
-nmap - Lista as portas de sistemas remotos/locais -vi - Editor de ficheiros de texto
atrás de portas abertas. -vim - Versão melhorada do editor supracitado
-nslookup - Consultas a serviços DNs -which - Exibe qual arquivo binário está sendo cha-
-ntsysv - Exibe e configura os processos de iniciali- mado pelo shell quando chamado via linha de comando
zação -who - Informa quem está logado no sistema
-passwd - Modifica senha (password) de usuários
-ps - Mostra os processos correntes Não são só comandos digitados via teclado que po-
-ps –aux - Mostra todos os processos correntes no demos executar no Linux. Várias versões foram expandi-
sistema das e o kernel evoluiu bastante. Sobre ele correm as mais
-ps -e – Lista os processos abertos no sistema. diversas interfaces gráficas, baseadas principalmente no
-pwd - Exibe o local do diretório atual. o prompt pa- servidor de janelas XFree.Entre as mais de vinte interfaces
drão do Linux mostra apenas o último nome do caminho gráficas criadas para o Linux, vamos citar o KDE.
do diretório atual. Para mostrar o caminho completo do
diretório atual digite o comando pwd. Linux@fedora11 –
é a versão do Linux que está sendo usada.
help pwd – é o comando que nos mostrará o con-
teúdo da ajuda sobre o pwd. A informação do help nos
mostra que pwd imprime o nome do diretório atual.
-reboot – Reiniciar o computador.
-recode - Recodifica um arquivo ex: recode iso-8859-
15..utf8 file_to_change.txt
-rm - Remoção de arquivos (também remove diretó-
rios)
-rm -rf - Exclui um diretório e todo o seu conteúdo
-rmdir - Exclui um diretório (se estiver vazio)
-route - Mostra as informações referentes às rotas Figura 16: MenuK,naversãoSuse–imagemobtidadehttp://
-shutdown -r now – Reiniciar o computador pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interfa-
-split - Divide um arquivo ce_gr%C3%A1fica_KDE
-smbpasswd - No sistema operacional Linux, na ver-
são samba, smbpasswd permite ao usuário alterar sua Um dos motivos que ainda desconvence muitas pes-
senha criptografada smb que é armazenada no arquivo soas a adotarem o Linux como seu sistema operacional,
smbpasswd (normalmente no diretório privado sob a é a quantidade de programas compatíveis com ele, o que
hierarquia de diretórios do samba). Os usuários comuns vem sendo resolvido com o passar do tempo. Sua inter-
só podem executar o comando, sem opções. Ele os levará face familiar, semelhante ao do Windows, tem ajudado a
para que sua senha velha smb seja digitada e, em segui- aumentar os adeptos ao Linux.
da, pedir-lhes sua nova senha duas vezes, para garantir Distribuição Linux é um sistema operacional que utili-
que a senha foi digitada corretamente. Nenhuma senha za o núcleo (Kernel) do Linux e outros softwares. Existem
será mostrada na tela enquanto está sendo digitada. várias versões do Linux (comerciais ou não): Ubuntu, De-
-su - Troca para o superusuário root (é exigida a se- bian, Fedora, etc. Cada uma com suas vantagens e des-
nha) vantagens. O que torna a escolha de uma distribuição
-su user - Troca para o usuário especificado em ‘user’ bem pessoal.
(é exigida a senha)
-tac - Semelhante ao cat, mas inverte a ordem
-tail - O comando tail mostra as últimas linhas de um FIQUE ATENTO!
arquivo texto, tendo como padrão as 10 últimas linhas. Distribuições são criadas, normalmente,
Sua sintaxe é: tail nome_do_arquivo. Ele pode ser acres- para atender razões específicas. Por exem-
centado de alguns parâmetros como o -n que mostra o plo, existem distribuições para rodar em
[numero] de linhas do final do arquivo; o – c [numero] servidores, redes - onde a segurança é prio-
que mostra o [numero] de bytes do final do arquivo e o – ridade - e, também, computadores pessoais.
f que exibe constantemente os dados do final do arquivo Assim, não é possível dizer qual é a melhor
à medida que são adicionados. distribuição, já que ela depende do objetivo
-tcpdump sniffer - Sniffer é uma ferramenta que do seu computador
“ouve” os pacotes
-top – Exibe os processos do sistema e dados do pro-
cessador. Sistema de Arquivos: Organização e Gerenciamen-
INFORMÁTICA

-touch touch foo.txt - Cria um arquivo foo.txt vazio; to de Arquivos, Diretórios e Permissões no Linux
também altera data e hora de modificação para agora
-traceroute - Define uma rota do host local até o des- Dependendo da versão do Linux é possível encontrar
tino mostrando os roteadores intermediários gerenciadores de arquivos diferentes. Por exemplo, no
-umount – Desmontar partições. Linux Ubuntu, encontramos o Nautilus, que permite a có-

37
pia, recorte, colagem, movimentação e organização dos Instalar, Remover e Atualizar Programas
arquivos e pastas. No Linux, vale lembrar que os dispo-
sitivos de armazenamento não são nomeados por letras. Para instalar ou remover um programa, considerando
Por exemplo, no Windows, se você possui um HD na o Linux Ubuntu, podemos utilizar a ferramenta Adicionar
máquina, ele recebe o nome de C. Se possui dois HDs, /Remover Aplicações, que viabiliza a busca de drives pela
um será o C e o outro o E. Já no Linux, tudo fará parte de Internet. Esta ferramenta é encontrada no menu Aplica-
um mesmo sistema da mesma estrutura de pastas. ções, Adicionar/Remover.
Na parte superior da janela encontramos uma linha
de busca, na qual podemos digitar o termo do aplicati-
vo que desejamos. Ao lado da linha de pesquisa temos
a configuração de mostrar apenas os itens suportados
pelo Ubuntu.
O lado esquerdo lista todas as categorias de progra-
mas, e quando uma categoria é selecionada, sua descri-
ção é mostrada na parte inferior da janela. Alguns exem-
plos de categorias podemos mencionar são: Acessórios,
Educacionais, Jogos, Gráficos, Internet, entre outros.

Manipulação de Hardware e Dispositivos


Figura 17: Linux–Fonte:OLivroOficialdoUbuntu
A manipulação de hardware e dispositivos é possí-
As principais pastas do Linux são: vel ser realizada no menu Locais, Computador, através
/etc- Contém os arquivos gerais de configuração do o qual acessamos a lista de dispositivos em execução. A
sistema e dos programas instalados. maioria dos dispositivos de hardware instalados no Li-
/home– Cada conta de usuário possui um diretório nux Ubuntu são meramente instalados. Quando se trata
salvo na pasta home. de um pendrive, após sua conexão física, aparecerá uma
/boot arquivos de carregamento do sistema, incluin- janela do gerenciador de arquivos exibindo o conteúdo
do configuração do gerenciador de boot e o kernel. do dispositivo. É importante, porém, lembrar-se de des-
/dev– Onde ficam as entradas das placas de disposi- montar corretamente os dispositivos de armazenamento
tivos como rede, som e impressoras. e outros antes de encerrar seu uso. No caso do pendrive,
/lib– Bibliotecas do sistema. é possível clicar com o botão direito do mouse sobre o
/media– Contém a instalação de dispositivos como ícone localizado na área de trabalho e em seguida, clicar
drive de CD, pendrives, entre outros. em Desmontar.
/opt– Utilizado por desenvolvedores de programas.
/proc– Armazena informações sobre o estado atual Agendamento de Tarefas
do sistema.
/root–Diretório do super usuário. O agendamento de tarefas no Linux Ubuntu é feito
por meio do agendador de tarefas chamado cron, que
O gerenciamento de arquivos e diretórios, ou seja, permite determinar horários e intervalos para que tare-
copiar, mover, recortar e colar pode ser feito, consideran- fas sejam executadas. Ele possibilita detalhar comandos,
do que estamos usando o Nautilus, da seguinte forma: data e hora que ficam em um arquivo chamado crontab
- Copiar: Clique com o botão direito do mouse sobre - arquivo de texto que armazena a lista de comandos a
o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslocado serem acionados no horário e data que foram determi-
para a área de transferência, mas o original conti- nados.
nuará no local.
- Recortar: Clique com o botão direito do mouse so- Administração de Usuários e Grupos no Linux
bre o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslo-
cado para a área de transferência, sendo removido Antes de iniciarmos, é preciso ter entendimento de
do seu local de origem. ambos termos:
- Colar: Clique com o botão direito do mouse no local - Superusuário: É o administrador do sistema. Ele tem
desejado e depois em colar. O conteúdo da área acesso e permissão para executar todos os coman-
de transferência será colado. dos.
-Usuário Comum: Tem as permissões configuradas
Outra alternativa é deixar a janela do local de origem pelo superusuário para o grupo em que se encon-
do arquivo aberta e abrir outra com o local de destino. tra.
Pressionar o botão esquerdo do mouse sobre o arquivo
desejado e o transferir para o destino. Um usuário pode fazer parte de vários grupos e um
INFORMÁTICA

grupo pode ter vários usuários. Assim, podemos con-


ceder permissões aos grupos e colocar o usuário que
queremos que tenha determinada permissão no grupo
correspondente.

38
Comandos Básicos para Grupos

- Para criar grupos: sudo groupadd nome grupo


- Para criar um usuário no grupo: sudo useradd –g
nome grupo nomeusuario
- Definir senha para o usuário: sudo password no-
meusuario
- Remover usuário do sistema: sudo userdel nomeu-
suario

Permissões no Linux

Vale lembrar que apenas o superusuário (root) tem


acesso ilimitado aos conteúdos do sistema. Os outros es-
tão sujeitos à sua permissão para realizar comandos. As
permissões podem ser sobre tipo do arquivo, permissões
do proprietário, permissões do grupo e permissões para Figura 18: Centro de Controle do KDE imagemobtida-
os outros usuários. dehttp://
Diretórios são designados com a letra ‘d’ e arquivos pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interface_
comuns com o ‘-‘. gr%C3%A1fica_KDE
Alguns dos comandos utilizados em permissões são:
ls – l Lista diretórios e suas permissões rw- permissões #FicaDica
do proprietário do grupo
r- Permissões do grupo ao qual o usuário pertence Como no Painel de controle do Windows,
r- -Permissão para os outros usuários temos o centro de controle do KDE, onde
As permissões do Linux são: Leitura, escrita e execu- é possível personalizar toda a parte gráfica,
ção. fontes, temas, ícones, estilos, área de traba-
- Leitura: (r, de Read) permite que o usuário apenas lho, além da Internet, periféricos, acessibili-
veja, ou seja, leia o arquivo. dade, segurança e privacidade, som e con-
- Gravação, ou escrita: (w, de Write) o usuário pode figurações para o administrador do sistema.
criar e alterar arquivos.
- Execução: (x, de eXecution) o usuário pode executar
arquivos.

Quando a permissão é acompanhada com o ‘-‘, signi- EXERCÍCIOS COMENTADOS


fica que ela não é atribuída ao usuário.
1. (TRT-14ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA
Compactação e Descompactação de Arquivos APOIO ESPECIALIZADO ESPECIALIDADE ESTATÍSTICA
Comandos básicos para compactação e descompac- – FCC – 2018) No Explorador de Arquivos do Windows
tação de arquivos: 10, um profissional observou a existência de um pen dri-
gunzip[opções][arquivos]Descompacta arquivos ve conectado ao computador, onde, dos 64 GB de capa-
compactados com gzip. cidade total, há apenas 3,2 GB livres. Nessas condições,
gzexe[opções][arquivos]compacta executáveis. será possível armazenar nesse pen drive
gunzip[opções][arquivos]descompacta arquivos. zca-
t[opções][arquivos]descompacta arquivos. a) um arquivo de vídeo de 4294967296 bytes.
b) um arquivo compactado de 3686 MB.
Fique Atento! c) vários arquivos de texto que totalizam 3704409292
Comandos básicos para backups bytes.
tar Agrupa vários arquivos em apenas um. d) vários arquivos de imagem que totalizam 0,0038 TB.
compress Faz a compressão de arquivos padrão do e) um arquivo de vídeo de 3290443 KB.
Unix.
uncompress Descomprime arquivos compactados Resposta: Letra E. Ao converter 3,2GB em KB temos
pelo compress. 3355443KB, logo é totalmente possível armazenar
zcat Possibilita visualizar arquivos compactados pelo uma arquivo de vídeo com 3290443 KB.
compress.
2. (TRT-6ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA
JUDICIÁRIA – FCC – 2018) Um Analista utiliza um com-
INFORMÁTICA

putador com o Windows 10 instalado, em português, e


trabalha frequentemente com diversas janelas de aplica-
tivos abertas. Para alternar entre as janelas abertas e para
fechar a janela ativa, ele utiliza, correta e respectivamen-
te, as combinações de teclas:

39
a) Alt + Tab e Alt + F4 com pessoas a distância. Na década de 1960, durante
b) Ctrl + Alt + A e Ctrl + Alt T a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com
c) Ctrl + F2 e Ctrl + F3 objetivos militares: interconectar os centros de comando
d) Ctrl + Tab e Ctrl + F4 dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados.
e) Alt + A e Alt + X
Alguns tipos de Redes de Computadores
Resposta: Letra A. As teclas Alt + Tab e Alt + F4 ser-
vem para alternar entre janelas e fechá-las respecti- Antigamente, os computadores eram conectados
vamente. em distâncias curtas, sendo conhecidas como redes lo-
cais. Mas, com a evolução das redes de computadores,
3. (TRT-2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA foi necessário aumentar a distância da troca de infor-
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Para visualizar o ende- mações entre as pessoas. As redes podem ser classifi-
reço IP do computador em linha de comando, no Windo- cadas de acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet,
ws e no Linux, o Analista deve utilizar, respectivamente, DSL, Token ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN,
as instruções MAN, WLAN, etc.), a topologia (anel, barramento, estrela,
ponto-a-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por
a) ip /i mscomp e ip –i lxcomp cabo de fibra óptica, trançado, via rádio, etc.).
b) net /ip e lan –ip Veja alguns tipos de redes:
c) show_ip this e get_ip lxcomp Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se
d) ipconfig e ifconfig comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth;
e) ipWin e ipLx
Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em
Resposta: Letra D. Os comandos ipconfig e ifconfig que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala,
são utilizados para poder demonstrar o IP de um com- um prédio ou um campus de universidade;
putador. Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
10km. Ex.: TV à cabo;
CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE UTILI- Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network –
ZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área
APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS ASSO- geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km;
CIADOS À INTERNET E INTRANET. Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re-
CORREIO ELETRÔNICO. des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta-
das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem
maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet;
REDES DE COMPUTADORES Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area
Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
Redes de Computadores refere-se à interligação por eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento.
meio de um sistema de comunicação baseado em trans- Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
missões e protocolos de vários computadores com o ob- para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para
jetivo de trocar informações, entre outros recursos. Essa grandes distâncias.
ligação é chamada de estações de trabalho (nós, pontos
ou dispositivos de rede). Topologia de Redes
Atualmente, existe uma interligação entre computa-
dores espalhados pelo mundo que permite a comunica- Astopologias das redes de computadores são as es-
ção entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam truturas físicas dos cabos, computadores e componen-
pela internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessá- tes. Existem as topologias físicas, que são mapas que
rio utilizar recursos como impressoras para imprimir do- mostram a localização de cada componente da rede que
cumentos, reuniões através de videoconferência, trocar serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo
e-mails, acessar às redes sociais ou se entreter por meio modo que os dados trafegam na rede:
de jogos, etc. Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es-
Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails, tão interconectadas por pares através de um roteamento
basta ter um tablet ou smartphone com acesso à inter- de dados;
net nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon-
o crescimento das redes de computadores também tem to central (concentrador) para a conexão, geralmente um
seu lado negativo. A cada dia surgem problemas que hub ou switch;
prejudicam as relações entre os indivíduos, como pirata- Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em
INFORMÁTICA

ria, espionagem, phishing - roubos de identidade, assun- automação industrial e na década de 1980 pelas redes
tos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, sendo Token Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores
destacados com mais exaltação, entre outros problemas. são entreligados formando um anel e os dados são pro-
Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessida- pagados de computador a computador até a máquina
de de compartilhar conhecimento e estabelecer relações de origem;

40
Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri- serem transmissores de informações para outros pontos,
meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se eles também diminuem o desempenho da rede, poden-
a computadores conectados em formato linear, cujo ca- do haver colisões entre os dados à medida que são ane-
beamento é feito sequencialmente; xas outras máquinas. Esse equipamento, normalmente,
Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas encontra-se dentro do hub.
estão interligadas por um mesmo canal através de paco- Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar
tes endereçados (unicast, broadcast e multicast). todos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras
estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra
Cabos máquina consegue enviar um determinado sinal até que
os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti-
Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32
física utilizada para conectar computadores em rede, es- portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os
tando relacionados a largura de banda, a taxa de trans- Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis.
missão, padrões internacionais, etc. Há vantagens e des- Bridges: É um repetidor inteligente que funciona
vantagens para a conexão feita por meio de cabeamento. como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além
Os mais utilizados são: de relacionar diferentes arquiteturas.
Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub,
velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados
lojas de informática ou produzidos pelo usuário; apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas
Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância portas de entrada e melhor performance, podendo ser
maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis, utilizado para redes maiores.
são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA,
suporte não encontrado em computadores mais novos; Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes
Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona
difícil instalação. São velozes e imunes a interferências como um tipo de ponte na camada de rede do modelo
eletromagnéticas. OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de inter-
conexão de sistemas abertos para conectar máquinas de
diferentes fabricantes), identificando e determinando um
#FicaDica IP para cada computador que se conecta com a rede.
Após montar o cabeamento de rede é neces- Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de da-
sário realizar um teste através dos testadores dos na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os
de cabos, adquirido em lojas especializadas. roteadores estáticos, capaz de encontrar o menor cami-
Apesar de testar o funcionamento, ele não nho para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver con-
detecta se existem ligações incorretas. É pre- gestionada; e os roteadores dinâmicos que encontram
ciso que um técnico veja se os fios dos cabos caminhos mais rápidos e menos congestionados para o
estão na posição certa. tráfego.
Modem: Dispositivo responsável por transformar a
onda analógica que será transmitida por meio da linha
telefônica, transformando-a em sinal digital original.
Sistema de Cabeamento Estruturado Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes
de computadores, como por exemplo, envio de arquivos
Para que essa conexão não prejudique o ambiente de ou e-mail. Os computadores que acessam determinado
trabalho, em uma grande empresa, são necessárias várias
servidor são conhecidos como clientes.
conexões e muitos cabos, sendo necessário o cabeamen-
Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunica-
to estruturado.
ção entre os computadores da rede. Cada arquitetura de
Por meio dele, um técnico irá poupar trabalho e tem-
rede depende de um tipo de placa específica. As mais utili-
po, tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção
zadas são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em anel).
da rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que pos-
sibilitam que vários conectores possam ser inseridos em
CONCEITOS DE TECNOLOGIAS RELACIONADAS À
um único local, sem a necessidade de serem conectados
diretamente no hub. INTERNET E INTRANET, BUSCA E PESQUISA NA
Além disso, o sistema de cabeamento estruturado WEB, MECANISMOS DE BUSCA NA WEB.
possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os
cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um O objetivo inicial da Internet era atender necessida-
concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção des militares, facilitando a comunicação. A agência nor-
das redes. Eles são adaptados e construídos para serem te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO-
inseridos em um rack. JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano,
Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec-
INFORMÁTICA

do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é tar os computadores de departamentos de pesquisas e


pensada de forma a realizar a sua expansão. bases militares, para que, caso um desses pontos sofres-
Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea- se algum tipo de ataque, as informações e comunicação
mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebi- não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em
dos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de outros pontos estratégicos.

41
O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co- Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde:
nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens
fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador Faz a solicitação de um arquivo de
de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da http://
hiper mídia para a Internet.
informação poderia ser realizado por várias rotas, assim,
caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados Estipula que esse recurso está na
poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre- rede mundial de computadores
www
ga da informação, é importante mencionar que a maior (veremos mais sobre www em um
distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme- próximo tópico).
tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as É o endereço de domínio. Um
barreiras de distância, passando a interligar e favorecer endereço de domínio representará
a troca de informações de computadores de universi- novaconcursos
sua empresa ou seu espaço na
dades dos EUA e de outros países, criando assim uma Internet.
rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu
nome passa a ser, INTERNET. Indica que o servidor onde esse site
A evolução não parava, além de atingir fronteiras está
.com
continentais, os computadores pessoais evoluíam em hospedado é de finalidades
forte escala alcançando forte potencial comercial, a Inter- comerciais.
net deixou de conectar apenas computadores de univer- .br Indica queo servidor está no Brasil.
sidades, passou a conectar empresas e, enfim, usuários
domésticos. Na década de 90, o Ministério das Comu- Encontramos, ainda, variações na URL de um site,
nicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil que demonstram a finalidade e organização que o criou,
trouxeram a Internet para os centros acadêmicos e co- como:
merciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta .gov - Organização governamental
de todos os setores sociais até atingir a amplitude de sua .edu - Organização educacional
difusão nos tempos atuais. .org - Organização
Um marco que é importante frisar é o surgimento do .ind - Organização Industrial
WWW que foi a possibilidade da criação da interface grá- .net - Organização telecomunicações
fica deixando a internet ainda mais interessante e vanta- .mil - Organização militar
josa, pois até então, só era possível a existência de textos. .pro - Organização de profissões
Para garantir a comunicação entre o remetente e o .eng – Organização de engenheiros
destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido E também, do país de origem:
como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que .it – Itália
são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS- .pt – Portugal
SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de .ar – Argentina
Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo .cl – Chile
de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível .gr – Grécia
tanto a conexão entre os computadores, quanto ao en-
tendimento da informação trocada entre eles. Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos
A internet funciona o tempo todo enviando e rece- que se trata de um site hospedado em um servidor dos
bendo informações, por isso o periférico que permite a Estados Unidos.
conexão com a internet chama MODEM, porque que ele - HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Seme-
MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po- lhante ao HTTP, porém permite que os dados sejam
dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP. transmitidos através de uma conexão criptografa-
da e que se verifique a autenticidade do servidor e
Protocolos Web do cliente através de certificados digitais.
- FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transferên-
Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou- cia de arquivo, é o protocolo utilizado para poder
tros que são largamente usados na Internet: subir os arquivos para um servidor de internet,
- HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de seus programas mais conhecidos são, o Cute FTP,
transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para FileZilla e LeechFTP, ao criar um site, o profissio-
trocar informações na Internet. Quando digitamos um nal utiliza um desses programas FTP ou similares
site, automaticamente é colocado à frente dele o http:// e executa a transferência dos arquivos criados, o
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br manuseio é semelhante à utilização de gerencia-
Onde: dores de arquivo, como o Windows Explorer, por
http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí- exemplo.
dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter - POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto dos
INFORMÁTICA

texto, som, imagem, filmes e links. Correios permite, como o seu nome o indica, recu-
- URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão perar o seu correio num servidor distante (o servi-
de recursos, serve para endereçar um recurso na web, dor POP). É necessário para as pessoas não ligadas
é como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de permanentemente à Internet, para poderem con-
acessar um determinado site. sultar os mails recebidos offline. Existem duas ver-

42
sões principais deste protocolo, o POP2 e o POP3,
aos quais são atribuídas respectivamente as portas #FicaDica
109 e 110, funcionando com o auxílio de coman-
dos textuais radicalmente diferentes, na troca de O endereço de Home Pages tem o seguinte
e-mails ele é o protocolo de entrada. formato:
- IMAP (Internet Message Access Protocol): É um pro- http://www.endereço.com/página.html
tocolo alternativo ao protocolo POP3, que ofere- Por exemplo, a página principal do meu pro-
ce muitas mais possibilidades, como, gerir vários jeto de mestrado:
acessos simultâneos e várias caixas de correio, http://www.youtube.com/canaldoovidio
além de poder criar mais critérios de triagem.
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo
padrão para envio de e-mails através da Internet. Plug-ins
Faz a validação de destinatários de mensagens. Ele
que verifica se o endereço de e-mail do destinatá- Os plug-ins são programas que expandem a capaci-
rio está corretamente digitado, se é um endereço dade do Browser em recursos específicos - permitindo,
existente, se a caixa de mensagens do destinatário por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja
está cheia ou se recebeu sua mensagem, na troca filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas
de e-mails ele é o protocolo de saída. de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci-
- UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua dade impressionante. Maiores informações e endereços
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP). sobre plug-ins são encontradas na página:
Permite que a aplicação escreva um datagrama en- http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/
capsulado num pacote IP e transportado ao des- Software/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/
tino. É muito comum lermos que se trata de um Indices/
protocolo não confiável, isso porque ele não é im- Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
temos uma relação de alguns deles:
plementado com regras que garantam tratamento
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
de erros ou entrega.
etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
Provedor
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
PCX, etc.).
O provedor é uma empresa prestadora de serviços
- Negócios e Utilitários.
que oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é
- Apresentações.
necessário conectar-se com um computador que já este-
ja na Internet (no caso, o provedor) e esse computador INTRANET
deve permitir que seus usuários também tenham acesso
a Internet. A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, de comunicação internas baseadas na tecnologia usada
que é a conexão física que interliga o provedor de aces- na Internet. Como um jornal editado internamente, e que
so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida pode ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais
no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse e departamentos, mesclando (com segurança) as suas
uma avenida de três pistas e os links como se fossem as informações particulares dentro da estrutura de comuni-
ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link cações da empresa.
como o backbone possui uma velocidade de transmis- O grande sucesso da Internet, é particularmente da
são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados. World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). evolução da informática nos últimos anos.
Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces- interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
so e um endereço eletrônico na Internet. cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati-
3. Home Page zaram o acesso à informação através de redes de com-
putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca
Pela definição técnica temos que uma Home Page é base de usuários, já familiarizados com conhecimentos
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com- básicos de informática e de navegação na Internet. Fi-
putadores rodando um Navegador (Browser), que per- nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de
mite o acesso às informações em um ambiente gráfico custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga-
INFORMÁTICA

e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede”
informações dentro das Home Pages. e começar a acessar e colocar informação. O resultado
inevitável foi a impressionante explosão na informação
disponível na Internet, que segundo consta, está dobran-
do de tamanho a cada mês.

43
Assim, não demorou muito a surgir um novo concei- resume quase somente em clicar nos links que remetem
to, que tem interessado um número cada vez maior de às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in-
empresas, hospitais, faculdades e outras organizações tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse
interessadas em integrar informações e usuários: a intra- tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro-
net. Seu advento e disseminação promete operar uma fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com
revolução tão profunda para a vida organizacional quan- o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a
to o aparecimento das primeiras redes locais de compu- quantidade de informações nela armazenadas.
tadores, no final da década de 80.
A intranet é baseada em quatro conceitos:
O que é Intranet?
- Conectividade - A base de conexão dos computa-
O termo “intranet” começou a ser usado em meados dores ligados por meio de uma rede, e que podem
de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se transferir qualquer tipo de informação digital entre
referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno- si;
logias projetadas para a comunicação por computador - Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa-
entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consis- dores e sistemas operacionais podem ser conecta-
te em uma rede privativa de computadores que se baseia dos de forma transparente;
nos padrões de comunicação de dados da Internet pú- - Navegação - É possível passar de um documento
blica, baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas a outro por meio de referências ou vínculos de
HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo hipertexto, que facilitam o acesso não linear aos
muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão documentos;
o custo de implantação relativamente baixo e a facilida- - Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
de de uso propiciada pelos programas de navegação na acesso ou manipulação na intranet só podem ocor-
Web, os browsers. rer graças à execução de programas aplicativos,
que podem estar no servidor, ou nos microcompu-
tadores que acessam a rede (também chamados
Objetivo de construir uma Intranet
de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza
a arquitetura da intranet: cliente-servidor).
Organizações constroem uma intranet porque ela é
- A vantagem da intranet é que esses programas
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficien-
são ativados através da WWW, permitindo grande
te para economizar tempo, diminuir as desvantagens da
flexibilidade. Determinadas linguagens, como Java,
distância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de
assumiram grande importância no desenvolvimen-
capital com conhecimentos das operações e produtos da to de softwares aplicativos que obedeçam aos três
empresa. conceitos anteriores.
Aplicações da Intranet Mecanismos de Buscas
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co- Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
municações corporativas em uma intranet dá para sim- exatamente o que você queria pode trazer algumas ho-
plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem
onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça,
operacional) os diversos profissionais de uma empresa. lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja
Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha
exemplo: acesso a resultados mais relevantes.
- Marketing e Vendas - Informações sobre produ- Os mecanismos de buscas contam com operadores
tos, listas de preços, promoções, planejamento de para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no
eventos; entanto, pode não interessar a você, caso não seja um
- Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de praticante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis
Trabalho), planejamentos, listas de responsabilida- e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de-
des de membros das equipes, situações de proje- pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul-
tos; tados podem ser mais especializados em relação ao que
- Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste- você procura.
mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões),
manuais de qualidade; -palavra_chave
- Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos-
tilas, políticas da companhia, organograma, opor- Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa-
tunidades de trabalho, programas de desenvolvi- lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
INFORMÁTICA

mento pessoal, benefícios. por computação, provavelmente encontrarei na relação


dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
Para acessar as informações disponíveis na Web cor- ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação
porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei- -ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência
nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se serão omitidos.

44
+palavra_chave Com os três players de multimídia mais populares -
Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você
Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos,
uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga tanto offline como por streaming (neste caso, o down-
ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com- load e a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV
putação, terei como retorno uma gama mista de resul- Terra).
tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que Atualmente, devido à evolução da internet com os
ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais,
busca do tipo computação + ciência SP. há uma grande demanda por programas para trabalhar
com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a
“frase_chave” isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra-
mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento
Retorna uma busca em que existam as ocorrências ou conversão de imagens.
dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia Porém, muitos destes programas não são o que se
exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão
busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes.
da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica Caso o que você precise seja apenas um programa para
foi empregada. visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples
ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar
palavras_chave_01 OR palavra_chave_02 uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re-
cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens.
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos
chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis
exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas de se utilizar dos editores, para você que não precisa de
relevantes sobre pelo menos um dos dois temas - nes- tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata-
se caso, como as duas palavras chaves são populares, os mento especial para as suas mais variadas imagens.
dois resultados são apresentados em posição de desta- O Picasa está com uma versão cheia de inovações que
que. faz dele um aplicativo completo para visualização de fo-
tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen-
filetype:tipo tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de
imagem do computador.
Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de As ferramentas de edição possuem os métodos mais
extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi- avançados para automatizar o processo de correção de
letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o
chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos programa consegue identificar e corrigir todos os olhos
de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT, vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele-
DOC. cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei-
tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais.
palavra_chave_01 * palavra_chave_02 Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa
biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen-
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con-
um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar
em que os termos inicial e final aparecem, independente apenas as fotos que contém pessoas.
do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa- Depois de tudo organizado em seu computador, você
cebook * msn e veja o resultado na prática. pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar-
tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso
Áudio e Vídeo pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via
Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o
A popularização da banda larga e dos serviços de qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em
e-mail com grande capacidade de armazenamento está poucos segundos.
aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro- O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve
blema é que a profusão de formatos de arquivos pode e com uma interface gráfica simples porém otimizada e
tornar a experiência decepcionante. fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade
A maioria deles depende de um único programa para com este tipo de programa. Ele também dispõe de al-
rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai neces- guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer
sitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player operações como copiar e deletar imagens até o efeito
de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa
INFORMÁTICA

de “COder/DECoder”, codec é uma espécie de comple- oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e
mento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o alteração de cores em sua imagem por meio de apenas
caso do MPEG, que roda no Windows Media Player, des- um clique.
de que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação Além disso sempre é possível a visualização de ima-
é automática. gens pelo próprio gerenciador do Windows.

45
Transferência de arquivos pela internet 4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi-
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir
FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên- que um amigo seu consiga acessar o seu compu-
cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte- tador como um servidor remoto de FTP, bastando
ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber que ele tenha acesso ao número IP, que lhe é atri-
arquivos para, ou de computadores que se caracterizam buído dinamicamente.
como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não Grupos de Discussão e Redes Sociais
texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico São espaços de convivências virtuais em que grupos
e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en-
sempre transferida como uma informação textual, en- vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo,
quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri- entre outras ações.
zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário). As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo-
Um servidor FTP é um computador que roda um pro- lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi-
grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu:
capaz de se comunicar com outro computador na Rede
que o esteja acessando através de um cliente FTP. Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni-
FTP anônimo versus FTP com autenticação existem dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities
dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada, que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas
é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um para que elas próprias criassem suas páginas na internet.
username ou password (senha) no servidor de FTP, bas- Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas
tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo). a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas.
Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de No mesmo ano, também surge uma plataforma que
diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do permite a interação com antigos colegas da escola, o
sistema. Isto é muito importante, porque garante um Classmates.
nível de segurança adequado, evitando que estranhos Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma
tenham acesso a todas as informações da empresa. que, desta vez, tinha como foco a publicação de foto-
Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”, grafias.
o que acontece em geral é que a conexão é posicionada Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda-
no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais deira rede social, o Friendster.
comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede
tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é social de caráter profissional do mundo.
indispensável que o usuário possua um username e uma E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o
password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di- Facebook, surgem o Orkut e o Flickr.
zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta-
Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença
belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório
entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser:
criado para a conta do usuário – diretório home, e dali
• Estabelecimento de contatos pessoais (relações de
ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só
amizade ou namoro).
escrever e ler arquivos nos quais ele possua.
• Networking: partilha e busca de conhecimentos
Assim como muitas aplicações largamente utilizadas
profissionais e procura emprego ou preenchimen-
hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema
to de vagas.
operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon-
sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet. • Partilha e busca de imagens e vídeos.
• Partilha e busca de informações sobre temas varia-
Algumas dicas dos.
• Divulgação para compra e venda de produtos e ser-
1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o viços.
número de conexões simultâneas para evitar uma • Jogos, entre outros.
sobrecarga na máquina. Uma outra limitação pos-
sível é a faixa de horário de acesso, que muitas Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci-
vezes é considerada nobre em horário comercial, das, destacamos:
e portanto, o FTP anônimo é temporariamente de- • Facebook: interação e expansão de contatos.
sativado. • Youtube: partilha de vídeos.
2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites • Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e cha-
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site madas de voz.
sendo acessado. • Instagram: partilha de fotos e vídeos.
3. Antes de realizar a transferência de qualquer arqui- • Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
INFORMÁTICA

vo verifique se você está usando o modo correto, são conhecidas como “tweets”.
isto é, no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e • Pinterest: partilha de ideias de temas variados.
no caso de arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav, • Skype: telechamada.
etc.), o modo é binário. Esta prevenção pode evitar • LinkedIn: interação e expansão de contatos profis-
perda de tempo. sionais.

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• Badoo: relacionamentos amorosos. • O pacote contendo todos os dados é enviado atra-
• Snapchat: envio de mensagens instantâneas. vés do “túnel” criado até o computador de destino.
• Messenger: envio de mensagens instantâneas. • A máquina receptora irá identificar o computador
• Flickr: partilha de imagens. remetente através das informações anexadas ao
• Google+: partilha de conteúdos. pacote de dados.
• Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme- • Os dados são recebidos e desencapsulados.
lhante ao Twitter. • Finalmente os dados são descriptografados e ar-
mazenados no computador de destino.
Vantagens e Desvantagens

Existem várias vantagens em fazer parte de redes #FicaDica


sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um Com o aumento do HomeOffice cada vez
crescimento tão significativo ao longo dos anos. mais cresce o uso de VPNs.
Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lações e o contato com quem está distante, propiciando,
assim, a possibilidade de interagir em tempo real.
As redes também facilitam a relação com quem está EXERCÍCIOS COMENTADOS
mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,
nem sempre há tempo para que as pessoas se encon- 1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma
trem fisicamente. impressora estiver compartilhada em uma intranet por
Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá- meio de um endereço IP, então, para se imprimir um ar-
pida e eficaz de comunicar algo para um grande número quivo nessa impressora, é necessário, por uma questão
de pessoas ao mesmo tempo. de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar
Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar no navegador web a seguinte url:
um acontecimento, a preparação de uma manifestação , em
ou a mobilização de um grupo para um protesto. que deve estar acessível via rede e
No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas deve ser do tipo PDF.
é a falta de privacidade.
Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta ( ) CERTO ( ) ERRADO
para algumas precauções.
Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta afir-
#FicaDica ma que somente arquivos no formato PDF, poderiam
ser impressos, o que torna o item errado, o comando
Por ser algo muito atual, tem caído muitas para impressão não verifica o formato do arquivo, tão
questões de redes sociais nos concursos somente o local onde está o arquivo a ser impresso.
atualmente.
2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em
uma intranet, for disponibilizado um portal de informa-
VPN ções acessível por meio de um navegador, será possível
É o acrônimo de (Virtual Private Network), que signifi- acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP
ca Rede Particular Virtual, que define-se como a conexão ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja
de dois computadores utilizando uma rede pública (In- configurado o servidor do portal.
ternet), imagine uma empresa que quer ligar suas filiais,
esse é um caso clássico, ou também pensando na mo-
dalidade de trabalho homeoffice, onde o funcionário da
casa dele pode acessar todos seus arquivos e softwares
específicos da empresa.
A palavra tunelamento é algo normal ao se trabalhar com
VPNs, é como se criasse um túnel para que os dados possam
ser enviados sem que outros usuários tenham acesso.
Para criar uma rede VPN não é preciso mais do que
dois (ou mais) computadores conectados à Internet e um
programa de VPN instalado em cada máquina. O proces-
so para o envio dos dados é o seguinte:
• Os dados são criptografados e encapsulados.
INFORMÁTICA

• Algumas informações extras, como o número de


IP da máquina remetente, são adicionadas aos da-
dos que serão enviados para que o computador
receptor possa identificar quem mandou o pacote
de dados.

47
Com base na figura acima, que ilustra as configurações Resposta: Errado. Somente é solicitado a autentica-
da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão ção se o servidor assim estiver configurado, do con-
9, julgue os próximos itens. trário nenhuma senha é solicitada, além de que foi de-
finido para a rede Interna e não para acesso à Internet.
( ) CERTO ( ) ERRADO
5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere
Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos
é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que computacionais, permanentemente conectados à Inter-
permite ao seu computador trocar informações com net, que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o
um servidor que abriga um site. Isso significa que, uma Outlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o
vez conectados sob esse protocolo, as máquinas po- usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter-
dem receber e enviar qualquer conteúdo textual – os net message access protocol), em detrimento do POP3
códigos que resultam na página acessada pelo nave- (post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o
gador. conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa-
O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou mente, fazer o download das mensagens para o compu-
outras conexões propícias a phishing (fraude eletrô- tador em uso.
nica) e hackers, pessoas mal-intencionadas podem
atravessar o caminho e interceptar os dados transmiti- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dos com relativa facilidade. Portanto, uma conexão em
HTTP é insegura. Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos o
Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro- padrão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que tem a
tocol Secure), que insere uma camada de proteção na função de baixar as mensagens do servidor de e-mail
transmissão de dados entre seu computador e o ser- para o computador que o programa foi configurado.
vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação Quando o POP é substituído pelo IMAP, essas men-
é criptografada, aumentando significativamente a se- sagens são baixadas para o computador do usuário
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con- só que apenas uma cópia delas, deixando no servidor
versassem uma língua que só as duas entendessem, as mensagens originais; quando o acesso é feito por
dificultando a interceptação das informações. outro computador essas mensagens que estão no ser-
Para saber se está navegando em um site com crip- vidor são baixadas para este outro computador, dei-
tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual xando sempre a original no servidor.
será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente,
um símbolo de cadeado que denota segurança. Além 6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut,
disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que
do site, já que a conexão segura também identifica pá- utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha-
ginas na Internet por meio de seu certificado. mento de arquivos entre seus usuários

3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o ser- ( ) CERTO ( ) ERRADO


vidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar
por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir Resposta: Errado. Scrap é um recado e sua função
conexões de saída da estação do usuário com a porta 80 principal é enviar mensagens e não o compartilha-
de destino no endereço do proxy. mento de arquivos. Ainda que algumas redes permi-
tam o compartilhamento de fotos e gifs animados, o
( ) CERTO ( ) ERRADO objetivo não é o compartilhamento de arquivos e nem
todas as redes citadas na questão permitem.
Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor pro-
xy e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual, 7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/ mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual
virtuais separados. Para que uma estação de usuário são mostrados detalhes como a data da instalação e o
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede usuário que executou a operação.
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que
o firewall permita conexões de saída na mesma porta ( ) CERTO ( ) ERRADO
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80.
Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas ver-
4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção sões do Firefox, contudo o histórico não contém o
de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE usuário que executou a operação. Este recurso está
solicite autenticação em toda conexão de Internet que disponível no menu Firefox – Opções – Avançado –
INFORMÁTICA

for realizada. Atualizações – Histórico de atualizações.

( ) CERTO ( ) ERRADO

48
8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No 11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o
Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos, acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante
o usuário pode registrar os sítios que considera mais im- um provedor de Internet acessível por meio de uma co-
portantes e recomendá-los aos seus amigos. nexão a uma rede LAN, à qual estava conectado o com-
putador do delegado, é correto concluir que as informa-
( ) CERTO ( ) ERRADO ções obtidas pelo delegado transitaram na LAN de modo
criptografado.
Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um ser-
viço online que o Internet Explorer usa para recomen- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dar sítios de que o usuário possa gostar, com base nos
sítios visitados com frequência. Para acessá-lo, basta Resposta: Errado. Pela barra de endereço se verifica
clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos. que o protocolo utilizado é o HTTP; dessa forma se
conclui que não há uma criptografia, se fosse o proto-
Considere que um delegado de polícia federal, em uma colo HTTPS, poderia se aferir que haveria algum tipo
sessão de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve a janela de criptografia do tipo SSL.
ilustrada acima, que mostra uma página web do sítio do
DPF, cujo endereço eletrônico está indicado no campo 12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por
. A partir dessas informações, julgue os itens de meio do botão , o delegado poderá obter, desde que
09 a 12. disponíveis, informações a respeito das páginas previa-
mente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita e de
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O con- outras sessões de uso desse aplicativo, em seu computa-
teúdo da página acessada pelo delegado, por conter da- dor. Outro recurso disponibilizado ao se clicar nesse bo-
dos importantes à ação do DPF, é constantemente atua- tão permite ao delegado realizar pesquisa de conteúdo
lizado por seu webmaster. Após o acesso mencionado nas páginas contidas no diretório histórico do IE6.
acima, o delegado desejou verificar se houve alteração
desse conteúdo. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá
condições de verificar se houve ou não a alteração men- Resposta: Certo. É possível através do botão descrito,
cionada, independentemente da configuração do IE6, o botão de histórico, que se encontre informações das
mas desde que haja recursos técnicos e que o IE6 esteja páginas acessadas anteriormente, e também permite
em modo online. que se pesquise a respeito de conteúdos nas páginas
contidas no diretório do IE6.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma NOÇÕES BÁSICAS DE FERRAMENTAS E APLICATI-
nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste VOS DE NAVEGAÇÃO E CORREIO ELETRÔNICO
modo o arquivo novamente, se houver alterações, es-
tas serão exibidas, caso contrário o arquivo será reexi- Um browser ou navegador é um aplicativo que opera
bido sem alterações. através da internet, interpretando arquivos e sites web
desenvolvidos com frequência em código HTML que
contém informação e conteúdo em hipertexto de todas
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar- as partes do mundo.
mazenamento de informações em arquivos denomina- Navegadores: Navegadores de internet ou browsers
dos cookies pode constituir uma vulnerabilidade de um são programas de computador especializados em vi-
sistema de segurança instalado em um computador. Para sualizar e dar acesso às informações disponibilizadas na
reduzir essa vulnerabilidade, o IE6 disponibiliza recursos web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet
para impedir que cookies sejam armazenados no com- Explorer e o Netscape, hoje temos uma série de navega-
putador. Caso o delegado deseje configurar tratamentos dores no mercado, iremos fazer uma breve descrição de
referentes a cookies, ele encontrará recursos a partir do cada um deles, e depois faremos toda a exemplificação
uso do menu . utilizando o Internet Explorer por ser o mais utilizado em
todo o mundo, porém o conceito e usabilidade dos ou-
( ) CERTO ( ) ERRADO tros navegadores seguem os mesmos princípios lógicos.
Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con-
Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a sequentemente um dos melhores navegadores existen-
seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google
o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas, é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples
depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade muito fácil de utilizar.
INFORMÁTICA

e, em Configurações, mover o controle deslizante até


em cima para bloquear todos os cookies e, em segui-
da, clicar em OK.

49
Figura 1: Símbolo do Google Chrome Figura 5: Símbolo do Internet Explorer

#FicaDica
#FicaDica
Ultimamente tem caído perguntas
relacionadas a guia anônima que não deixa Glossário interessante que abordam internet
rastro (senhas, auto completar, entre outros), e correio eletrônico
e é acessado com o atalho CTRL+SHIFT+N Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro de
mensagens indesejadas.
Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente Browser: Programa utilizado para navegar
navegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não na Web, também chamado de navegador.
ter uma interface tão amigável, porém é um dos navega- Exemplo: Mozilla Firefox.
dores mais rápidas e com maior segurança contra hac- Cliente de e-mail: Software destinado a
kers. gerenciar contas de correio eletrônico,
possibilitando a composição, envio,
recebimento, leitura e arquivamento
de mensagens. A seguir, uma lista de
gerenciadores de e-mail (em negrito os mais
conhecidos e utilizados atualmente):
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook
Figura 2: Símbolo do Mozilla Firefox Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail
Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande (Linux) e Windows Mail.
desempenho, porém especialistas em segurança o consi-
dera o navegador com menos segurança. Outros pontos importantes de conceitos que podem
ser abordado no seu concurso são:
MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions – Exten-
sões multiuso do correio da Internet): Provê mecanismos
para o envio de outros tipo sde informações por e-mail,
como imagens, sons, filmes, entre outros.
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência
Figura 3: Símbolo do Opera de Correio): Termo utilizado para designar os servidores
de Correio Eletrônico.
Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Correio):
navegador considerado pelos especialistas e possui uma Programas clientes de e-mail, como o Mozilla Thunder-
interface bem bonita, apesar de ser um navegador da bird, Microsoft Outlook Express etc.
Apple existem versões para Windows. POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de
Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para
receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere
para o computador as mensagens armazenada sem sua
caixa postal no servidor.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de en-
vio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um
usuário descarregue suas mensagens de umservidor.
Figura 4: Símbolo do Safari Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP.
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autorizadas
Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o nave- ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente de conota-
gador padrão do Windows. Como o próprio nome diz, é ção publicitária ou obscena, enviadas em larga escala para
um programa preparado para explorar a Internet dando uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de discussão.
acesso a suas informações. Representado pelo símbolo
INFORMÁTICA

do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo Um pouco de história


clique em seu símbolo.
A internet é uma rede de computadores que liga os
computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores

50
e a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No
fim da década de 60, o Departamento de Defesa nor- #FicaDica
te-americano resolveu criar um sistema interligado para Um e-mail hoje é um dos principais meios de
trocar informações sobre pesquisas e armamentos que comunicação, por exemplo:
não pudesse chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim, canaldoovidio@gmail.com
foi criado o projeto Arpanet pela Agência para Projeto de Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba
Pesquisa Avançados do Departamento de Defesa dos EUA. quer dizer na, o gmail é o servidor e o .com
Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone- é a tipagem.
xão recebeu o nome de internet e até a década de 80
ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela
chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe- Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrô-
cutada a World Wide Web (www), sistema que contém nicas em um único computador, sem necessariamente
milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons, estarmos conectados à Internet no momento da criação
etc) que também ficou conhecido como rede mundial. ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de cor-
Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um reio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos,
projeto que pode ser considerado o princípio da World como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como
Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabo- o Outlook Express. Os dois programas, assim como vá-
rado uma nova proposta para o que ficaria conhecido rios outros que servem à mesma finalidade, têm recursos
como WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a similares. Apresentaremos os recursos dos programas de
partir disso surgiu o “http” (em português significa pro- correio eletrônico através do Outlook Express que tam-
tocolo de transferência de hipertexto). Vinton Cerf tam- bém estão presentes no Mozilla Thunderbird.
bém é um personagem importante e inclusive é conheci- Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia
do por muitos como o pai da internet. com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos de
teclado para a realização de diversas funções dentro do
Outlook. Para você começar os seus estudos, anote alguns
#FicaDica atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta apertar
Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada mensagem
URL: Tudo que é disponível na Web tem seu
aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso em considera-
próprio endereço, chamado URL, ele facilita
ção inclua os atalhos de teclado na sua rotina de estudos e
a navegação e possui características especí-
vá preparado para o concurso com os principais na cabeça.
ficas como a falta de acentuação gráfica e
Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para
palavras maiúsculas. Uma url possui o http
profissionais que compartilham uma mesma área é o
(protocolo), www (World Wide Web), o nome
compartilhamento de calendário entre membros de uma
da empresa que representa o site, .com (ex:
mesma equipe.
se for um site governamental o final será
Por isso mesmo é importante que você tenha o co-
.gov) e a sigla do país de origem daquele site
nhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de
(no Brasil é usado o BR).
concurso que exige os conhecimentos básicos de infor-
mática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.
Correios Eletrônicos O calendário é uma ferramenta bastante interessante
do Outlook que permite que o usuário organize de for-
Os correios eletrônicos se dividem em duas formas: ma completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas,
os agentes de usuários e os agentes de transferência de compromissos e reuniões de maneira organizada por dia,
mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo de forma a ter um maior controle das atividades que de-
Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de vem ser realizadas durante o seu dia a dia.
transferência realizam um processo de envio dos agentes Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite
usuários e servidores de e-mail. que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou
Os agentes de transferência usam três protoco- parte dele com quem você desejar, de forma a permitir
los: SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o
Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP que pode ser uma ótima pedida para profissionais den-
é usado para transferir mensagens eletrônicas entre os tro de uma mesma equipe, principalmente quando um
computadores. O POP é muito usado para verificar men- determinado membro entra de férias.
sagens de servidores de e-mail quando ele se conecta ao Para conseguir utilizar essa função basta que você en-
servidor suas mensagens são levadas do servidor para o tre em Calendário na aba indicada como Página Inicial.
computador local. Pode ser usado por quem usa conexão Feito isso, basta que você clique em Enviar Calendário
discada. por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta
no seu Outlook.
INFORMÁTICA

Já o IMAP também é um protocolo padrão que per- Nessa janela é que você vai poder escolher todas as
mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele informações que vão ser compartilhadas com quem você
possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per- deseja, de forma que o Outlook vai formular um calen-
mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem dário de forma simples e detalhada de fácil visualização
acessa o e-mail de vários locais diferentes. para quem você deseja enviar uma mensagem.

51
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que tra- Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é
balha dentro de uma empresa tem uma assinatura pró- equivalente à folha onde será digitada a mensagem.
pria para deixar os comunicados enviados por e-mail A mensagem, após digitada, pode passar pelas for-
com uma aparência mais profissional. matações existentes na barra de formatação do Outlook:
Dessa forma, é considerado um conhecimento básico Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias
saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation
este conteúdo pode ser cobrado em alguma questão (mesma criadora do Mozilla Firefox).
dentro de um concurso público. Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que
Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de não necessita de instalação no computador do usuário, já
seus estudos do conteúdo básico de informática para a que funciona como uma página de internet, bastando o
sua preparação para concurso. Ao contrário do que mui- usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com
ta gente pensa, a verdade é que todo o processo de criar seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobili-
uma assinatura é bastante simples, de forma que perder dade já que não necessita estar na máquina em que um
pontos por conta dessa questão em específico é perder cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail.
pontos à toa.
Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta
que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão
#FicaDica
de Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail
e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde Segmentos do Outlook Express
você deve clicar. Feito isso, você vai conseguir adicio- Painel de Pastas: permite que o usuário salve
nar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem seus e-mails em pastas específicas e dá a
maiores problemas. possibilidade de criar novas pastas;
No Outlook Express podemos preparar uma mensa- Painel das Mensagens: onde se concentra
gem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na fi- a lista de mensagens de determinada pasta
gura acima, ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a e quando se clica em um dos e-mails o
seguir: conteúdo é disponibilizado no painel de
conteúdo.
Painel de Conteúdo: esse painel é onde
irá aparecer o conteúdo das mensagens
enviadas.
Painel de Contatos: nesse local se concentram
as pessoas que foram cadastradas em sua
lista de endereço.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011)
UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB
Figura 6: Tela de Envio de E-mail (WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que es-
tejam longe de seu computador pessoal. A partir de
#FicaDica qualquer outro computador no mundo, o usuário pode,
via Internet, acessar a caixa de correio armazenada no
Para: deve ser digitado o endereço eletrônico próprio computador cliente remoto e visualizar eventuais
ou o contato registrado no Outlook novas mensagens.
do destinatário da mensagem. Campo
obrigatório. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico
ou o contato registrado no Outlook do Resposta: Errado. O programa WebMail irá acessar o
destinatário que servirá para ter ciência servidor de e-mail, e não a máquina dousuário (com-
desse e-mail. putador cliente remoto).
Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários
ficam ocultos. 2. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) No MS-
-Outlook 2010, em sua configuração padrão, quando
uma mensagem está sendo preparada, o usuário pode
Assunto: campo onde será inserida uma breve des- indicar aos destinatários que a mensagem precisa de
INFORMÁTICA

crição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase atenção utilizando a marca de _________________. Esse re-
sobre o conteúdo da mensagem. É um campo opcional, curso pode ser encontrado no grupo Marcas, da guia
mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento Mensagem.
pode levar o destinatário a não dar a devida importância Assinale a alternativa que apresenta a opção que preen-
à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la. che corretamente a lacuna do enunciado.

52
a) SPAM. Alternativa “E” está incorreta, pois é possível enviar
b) Alta Prioridade. mais de uma mensagem, com mesmo assunto e mes-
c) Baixa Prioridade. mo destinatário.
d) Assinatura Personalizada.
e) Arquivo Anexado. 4. (SOLDADO – PM DE 2ª CLASSE – VUNESP – 2017)
João recebeu uma mensagem de correio eletrônico com
Resposta: Letra B. É possível sinalizar a mensagem as seguintes características:
como sendo de alta prioridade quando se deseja que
as pessoas saibam que a mensagem precisa de aten- De: Pedro
ção urgente. Se a mensagem é apenas um informativo Para: João; Marta
ou se está enviando um e-mail sobre um tema que Cc: Ricardo; Ana
não precisa ser priorizado, defina o indicador de baixa
prioridade. Usando o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração
A maioria dos clientes de e-mail, os destinatários veem padrão, ele usou um recurso para responder a mensa-
um indicador específico na lista de mensagens ou nos gem que manteve apenas Pedro na lista de destinatários.
cabeçalhos. Isso significa que João usou a opção:
Na faixa de opções, é possível saber quando a priori-
dade foi definida, pois o botão fica realçado. a) Responder.
b) Arquivar.
3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP – 2017) Um usuário c) Marcar como não lida.
preparou uma mensagem de correio eletrônico usando o d) Responder a todos.
Microsoft Outlook 2010, em sua configuração padrão, e e) Marcar como lida
enviou para o destinatário. Porém, algum tempo depois,
percebeu que esqueceu de anexar um arquivo. Esse mes- Resposta: Letra A. Se o João deseja “responder” ao
e-mail recebido de Pedro, e deseja responder apenas
mo usuário preparou, então, uma nova mensagem com
ao remetente já se pode eliminar as alternativas “B”,
o mesmo assunto, e enviou para o mesmo destinatário,
“C” e “E” por não terem correspondência com a função
agora com o anexo. Assinale a alternativa correta.
“Resposta”.
Tem-se então, apenas duas alternativas, “A” e “D”, mas
a) A mensagem original, sem o anexo, foi automatica-
como o João deseja responder apenas para Pedro ele
mente apagada no computador do destinatário e
deve escolher a opção “Responder”, pois se escolhes-
substituída pela segunda mensagem, uma vez que
se “Responder a todos”, Marta, Ricardo e Ana também
ambas têm o mesmo assunto e são do mesmo reme- receberiam a mensagem.
tente.
b) Como as duas mensagens têm o mesmo assunto, a 5. (AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2013)Observe o ar-
segunda mensagem não foi transmitida, permanecen- gumento de busca que o usuário fará utilizando o Goo-
do no computador do destinatário apenas a primeira gle, na ilustração apresentada a seguir.
mensagem.
c) A segunda mensagem não pode ser transmitida e fica
bloqueada na caixa de saída do remetente, até que a
primeira mensagem tenha sido lido pelo destinatário.
d) O destinatário recebeu 2 mensagens, sendo, a primei-
ra, sem anexo, e a segunda, com o anexo.
e) O remetente não recebeu nenhuma das mensagens,
pois não é possível transmitir mais de uma mensagem
com o mesmo assunto e mesmo remetente.

Resposta: Letra D. Com base na figura e no que foi digitado, assinale a al-
Alternativa “A” está incorreta, pois todas mensagens ternativa correta.
enviadas são armazenadas de forma independente,
novas mensagens com mesmo assunto ou ainda idên- a) Será pesquisado o conjunto exato de palavras.
ticas a anteriores não influenciam em mensagens já b) A pesquisa trará como resultados o que encontrar
enviadas. como antônimo do que foi digitado.
Alternativa “B” está incorreta, pois é perfeitamente c) O conjunto de palavras será excluído dos resultados
possível enviar mensagens com mesmo assunto ou pesquisados.
ainda idênticas, sem prejuízo algum de mensagens d) A pesquisa trará somente as imagens e vídeos não re-
anteriores. lacionados ao argumento digitado.
Alternativa “C” está incorreta, pois Todas as mensa- e) Além das palavras digitadas, a pesquisa também trará
INFORMÁTICA

gens serão enviadas, independentemente do destina- os seus sinônimos


tário ler as anteriores.
Alternativa “D” está correta, pois o destinatário rece- Resposta: Letra A. O comando “entre aspas” duran-
beu 2 mensagens, sendo, a primeira, sem anexo, e a te uma busca, efetua a busca pela ocorrência exata
segunda, com o anexo. de tudo que está entre as aspas, agrupado da mesma

53
forma, desta forma, para esta questão será retornado
o resultado da ocorrência “garota de Ipanema”. COMPUTAÇÃO EM NUVEM.
Obs.: As pesquisas com aspas podem excluir resulta-
dos relevantes. Por exemplo, uma pesquisa por “Ale-
xander Bell” excluirá páginas que se referem a Alexan- Computação na nuvem (cloud computing)
der G. Bell.
Ao utilizar e acessar arquivos e executar tarefas pela
6. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) Considere a internet, o usuário está utilizando o conceito de compu-
imagem a seguir, extraída do Internet Explorer 11, em sua tação em nuvens, não há a necessidade de instalar apli-
configuração padrão. A página exibida no navegador foi cativos no seu computador para tudo, pois pode acessar
completamente carregada. diferentes serviços online para fazer o que precisa, já que
os dados não se encontram em um computador específi-
co, mas sim em uma rede, um grande exemplo disso é o
Google com o Google Docs, Planilhas, e até mesmo porta
aquivos como o Google Drive, ou de outras empresas
como o One Drive.
Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é
possível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o tra-
balho que for feito para acessá-lo depois de qualquer
lugar — é justamente por isso que o seu computador
estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicati-
vos a partir de qualquer computador que tenha acesso
à internet.

#FicaDica
Basta pensar que, a partir de uma conexão
com a internet, você pode acessar um servidor
capaz de executar o aplicativo desejado, que
Ao pressionar o botão F5 do teclado, a página exibida pode ser desde um processador de textos
será até mesmo um jogo ou um pesado editor
de vídeos. Enquanto os servidores executam
a) imediatamente fechada. um programa ou acessam uma determinada
b) enviada para impressão. informação, o seu computador precisa
c) atualizada. apenas do monitor e dos periféricos para
d) enviada por e-mail. que você interaja.
e) aberta em uma nova aba.

Resposta: Letra C.
a) Imediatamente fechada.
۰ Alt + F4 = fecha todas as guias
۰ Ctrl + F4 = fecha só guia atual
b) Enviada para impressão.
۰ Ctrl + P
c) Atualizada.
۰ F5
d) Enviada por e-mail.
۰ CTRL + Enter (MS Outlook)
e) Aberta em uma nova aba.
۰ Ctrl + T = abre uma nova aba
۰ Ctrl + N = abre um novo comando
INFORMÁTICA

54
a) único nó / pequenos / isolados
b) banco / representar / seguros
HORA DE PRATICAR! c) nó / adequar / não confiáveis
d) conjunto / compartilhar / físicos e lógicos
1. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Profissio-
nal Nível Médio - Oficial Administrativo 5. IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico
Quanto ao Cabeçalho e Rodapé no Processador de tex- No editor de apresentações e audiovisual da Microsoft,
tos da MS Office 2003/2007 – Word, analise as afirmati- existe um slide especial denominado “Slide Mestre”, que
vas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). tem como principal utilidade a de:

( ) pode-se adicionar um número de página tanto no Ca- a) ter um resumo sintético e geral de todos os slides de-
beçalho como no Rodapé. senvolvidos para uma apresentação
( ) é possível adicionar uma imagem a um Cabeçalho, ou b) armazenar, ao longo do tempo, as principais imagens
Rodapé, no MS-Word. e fontes já utilizadas em outras apresentações
( ) não é possível ser removido o Cabeçalho, ou Rodapé, c) que todos os slides contenham as mesmas fontes e ima-
na primeira página. gens (como logotipos) especificados no Slide Mestre
d) slide padrão que a própria Microsoft recomenda para
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta formatar todos os slides conforme o tipo de apresen-
de cima para baixo. tação

a) V, F, F 6. IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico


b) V, V, F Nas últimas versões, em português, do editor de texto
c) F, V, V MS-WORD, encontramos na aba denominada “Página
d) F, F, V Inicial” recursos como por exemplo:

2. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Profissio- a) colocar imagem Nota de Rodapé e inserir ou atualizar
nal Nível Médio - Oficial Administrativo o Sumário
Quanto aos conceitos básicos de Intranet e Internet, ana- b) definir bordas e também quebra de texto automático
lise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta. I. c) inserir imagens e gráficos, assim como de Clip-Arts
Os protocolos utilizados na Intranet são basicamente os d) alinhar texto e aplicar negrito no texto selecionado
mesmos da Internet. II. Tanto na Intranet como na Inter-
net a principal interface de trabalho é o browser. III. A In- 7. IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico
ternet só existe graça à junção das várias Intranets exis- Na célula H5 de uma planilha eletrônica da Microsoft
tentes no mundo. temos especificamente a seguinte fórmula: =SOMA(C5:-
G5;C6:G6). Essa fórmula seria equivalente a fazer:
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas a) =SOMA(C5:G6) + SOMA(C6:G5)
c) Apenas as afirmativas I e III estão corretas b) =SOMA(C5:C6) + SOMA(G5:G6)
d) As afirmativas I, II e III estão corretas c) =SOMA(G5:C6) + SOMA(G5:C6)
d) =SOMA(C5:G5) + SOMA(C6:G6)
3. IBFC - 2019 - SESACRE - Agente Administrativo
João, diretor da área de Recursos Humanos, solicitou ao 8. IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico
seu funcionário Roberto que lhe entregasse um relatório Quanto ao pacote Microsoft Office, analise as afirmativas
com a média de salários do departamento de Informá- abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
tica. Assinale a alternativa correta sobre qual função do
MS Excel 2016 (versão em português, configuração pa- ( ) o MS-POWERPOINT é um gerenciador de contas de
drão) retorna a média dos salários. email, muito usado em cargos que dependem da comu-
nicação por email no dia a dia profissional.
a) MÉDIA ( ) o MS-EXCEL é ideal, por exemplo, para o controle de
b) SOMA fluxo de caixa, contabilidade, análise de dados estatísti-
c) METADE cos, planejamento de despesas e cálculo de preços.
d) MÁXIMO ( ) o MS-WORD além de suportar textos, permite a inte-
gração de outros formatos no mesmo documento, como
4. IBFC - 2019 - SESACRE - Agente Administrativo tabelas, desenhos, gráficos, imagens e links da internet.
Uma Rede de computadores é formada por um _____ de
máquinas eletrônicas com processadores capazes de Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta
trocar informações e _____ recursos, interligados por um de cima para baixo.
INFORMÁTICA

subsistema de comunicação, ou seja, é quando há pelo


menos dois ou mais computadores, e outros dispositivos a) V, F, F
interligados entre si de modo a poderem compartilhar b) V, V, F
recursos _____, estes podem ser do tipo: dados, impres- c) F, V, V
soras, mensagens (e-mails), entre outros. d) F, F, V

55
9. IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico 14. (CRM-PI 2016 - Quadrix – Médico Fiscal) Em
Tanto para a Internet como para a Intranet, quando existe um computador com o sistema operacional Windows
a necessidade de transferir dados e arquivos, utiliza-se instalado, um funcionário deseja enviar 50 arquivos,
basicamente do protocolo: que juntos totalizam 2 MB de tamanho, anexos em
um e-mail. Para facilitar o envio, resolveu compactar esse
a) TCP conjunto de arquivos em um único arquivo utilizando
b) FTP um software compactador. Só não poderá ser utilizado
c) HTTP nessa tarefa o software:
d) SMTP
a) 7-Zip.
10. IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico b) WinZip.
Existem vários tipos de redes de computadores. Den- c) CuteFTP.
tro desse tópico pode-se classificar a tecnologia Blue- d) jZip.
tooth como sendo uma rede com as características do e) WinRAR.
tipo:
15. (CEITEC 2012 - FUNRIO - ADMINISTRAÇÃO/
a) PAN CIÊNCIAS CONTÁBEIS/DIREITO/PREGOEIRO
b) WAN PÚBLICO) Na internet o protocolo_________ permite a
c) MAN transferência de mensagens eletrônicas dos servidores
d) SAN de _________para caixa postais nos computadores dos
usuários. As lacunas se completam adequadamente com
11. (Prefeitura de Cristiano Otoni 2016 - INAZ do Pará as seguintes expressões:
- Psicólogo) Realizar cópia de segurança é uma forma de
prevenir perda de informações. Qual é o Backup que só a) Ftp/ Ftp.
efetua a cópia dos últimos arquivos que foram criados b) Pop3 / Correio Eletrônico.
pelo usuário ou sistema? c) Ping / Web.
d) navegador / Proxy.
a) Backup incremental e) Gif / de arquivos
b) Backup diferencial
c) Backup completo 16. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
d) Backup Normal ÁREA ADMINISTRATIVA) Após ministrar uma palestra
e) Backup diário sobre Segurança no Trabalho, Iracema comunicou aos
funcionários presentes que disponibilizaria os slides
12. (CRO-PR 2016 - Quadrix - Auxiliar de referentes à palestra na intranet da empresa para que
Departamento) Como é chamado o backup em que o todos pudessem ter acesso. Quando acessou a intranet
sistema não é interrompido para sua realização? e tentou fazer o upload do arquivo de slides criado no
Microsoft PowerPoint 2010 (em português), recebeu a
a) Backup Incremental. mensagem do sistema dizendo que o formato do arquivo
b) Cold backup. era inválido e que deveria converter/salvar o arquivo
c) Hot backup. para o formato PDF e tentar realizar o procedimento
d) Backup diferencial. novamente. Para realizar a tarefa sugerida pelo sistema,
e) Backup normal Iracema

13. (Copergás 2016 - FCC – Técnico Operacional a) clicou no botão Iniciar do Windows, selecionou a
Segurança do Trabalho) A ferramenta Outlook : opção Todos os programas, selecionou a opção
Microsoft Office 2010 e abriu o software Microsoft
a) é um serviço de e-mail gratuito para gerenciar todos Office Converter Professional 2010. Em seguida, clicou
os e-mails, calendários e contatos de um usuário. na guia Arquivo e na opção Converter. Na caixa de
b) 2016 é a versão mais recente, sendo compatível com o diálogo que se abriu, selecionou o arquivo de slides e
Windows 10, o Windows 8.1 e o Windows 7. clicou no botão Converter.
c) permite que todas as pessoas possam ver o calendário b )abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint
de um usuário, mas somente aquelas com e-mail 2010, clicou na guia Ferramentas e, em seguida, clicou
Outlook.com podem agendar reuniões e responder a na opção Converter. Na caixa de diálogo que se abriu,
convites. clicou na caixa de combinação que permite definir o
d) funciona apenas em dispositivos com Windows, não tipo do arquivo e selecionou a opção PDF. Em seguida,
funcionando no iPad, no iPhone, em tablets e em clicou no botão Converter.
telefones com Android. c )abriu a pasta onde o arquivo estava salvo, utilizando
INFORMÁTICA

e) versão 2015 oferece acesso gratuito às ferramentas do os recursos do Microsoft Windows 7, clicou com o
pacote de webmail Office 356 da Microsoft. botão direito do mouse sobre o nome do arquivo e
selecionou a opção Salvar como PDF.

56
d) abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint A linha 2 mostra uma dívida de R$ 1.000,00 (célula B2)
2010, clicou na guia Arquivo e, em seguida, clicou na com um Credor A (célula A2) que deve ser paga em
opção Salvar Como. Na caixa de diálogo que se abriu, 2 meses (célula D2) com uma taxa de juros de 8% ao
clicou na caixa de combinação que permite definir o mês (célula C2) pelo regime de juros simples. A fórmula
tipo do arquivo e selecionou a opção PDF. Em seguida, correta que deve ser digitada na célula E2 para calcular o
clicou no botão Salvar. montante que será pago é
e) baixou da internet um software especializado em fazer
a conversão de arquivos do tipo PPTX para PDF, pois a) =(B2+B2)*C2*D2.
verificou que o PowerPoint 2010 não possui opção b) =B2+B2*C2/D2.
para fazer tal conversão. c) =B2*C2*D2.
d) =B2*(1+(C2*D2)).
17. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ADMINISTRADOR) e) =D2*(1+(B2*C2)).
Em um slide em branco de uma apresentação criada
utilizando-se o Microsoft PowerPoint 2010 (em 21. (MINISTÉRIO DA FAZENDA 2012 - ESAF -
português), uma das maneiras de acessar alguns dos ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO) O BrOffice
comandos mais importantes é clicando-se com o botão é uma suíte para escritório gratuita e de código aberto.
direito do mouse sobre a área vazia do slide. Dentre as Um dos aplicativos da suíte é o Calc, que é um programa
opções presentes nesse menu, estão as que permitem de planilha eletrônica e assemelha-se ao Excel da
Microsoft. O Calc é destinado à criação de planilhas e
a) copiar o slide e salvar o slide. tabelas, permitindo ao usuário a inserção de equações
b) salvar a apresentação e inserir um novo slide. matemáticas e auxiliando na elaboração de gráficos de
c) salvar a apresentação e abrir uma apresentação já existente. acordo com os dados presentes na planilha. O Calc utiliza
d) apresentar o slide em tela cheia e animar objetos pre- como padrão o formato:
sentes no slide.
e) mudar o layout do slide e a formatação do plano de a) XLS.
fundo do slide. b) ODF.
c) XLSX.
18. (TRT 11ª 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO
d) PDF.
- JUDICIÁRIA) Em um slide mestre do BrOffice.org
e) DOC.
Apresentação (Impress), NÃO se trata de um espaço
reservado que se possa configurar a partir da janela
22. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE
Elementos mestres:
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - RH) Paulo utiliza em
seu trabalho o editor de texto Microsoft Word 2010 (em
a) Número da página.
b) Texto do título. português) para produzir os documentos da empresa.
c) Data/hora. Certo dia Paulo digitou um documento contendo 7
d) Rodapé. páginas de texto, porém, precisou imprimir apenas as
e) Cabeçalho. páginas 1, 3, 5, 6 e 7. Para imprimir apenas essas páginas,
Paulo clicou no Menu Arquivo, na opção Imprimir e,
19. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - na divisão Configurações, selecionou a opção Imprimir
PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, Intervalo Personalizado. Em seguida, no campo Páginas,
para ordenar, por data, os registros inseridos na planilha, digitou
é suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar no
menu Dados e, na lista disponibilizada, clicar ordenar data. a) 1,3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
b) 1;3-5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
( ) CERTO ( ) ERRADO c) 1−3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
d) 1+3,5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
20. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - e) 1,3,5;7 e clicou no botão Imprimir.
ÁREA ADMINISTRATIVA) A planilha abaixo foi criada
utilizando-se o Microsoft Excel 2010 (em português).
INFORMÁTICA

57
23. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO 26. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTICA)
- EXECUÇÃO DE MANDADOS) João trabalha no No console do sistema operacional Linux, alguns
departamento financeiro de uma grande empresa de comandos permitem executar operações com arquivos
vendas no varejo e, em certa ocasião, teve a necessidade e diretórios do disco.
de enviar a 768 clientes inadimplentes uma carta com Os comandos utilizados para criar, acessar e remover um
um texto padrão, na qual deveria mudar apenas o nome diretório vazio são, respectivamente,
do destinatário e a data em que deveria comparecer
à empresa para negociar suas dívidas. Por se tratar de a) pwd, mv e rm.
um número expressivo de clientes, João pesquisou b) md, ls e rm.
recursos no Microsoft Office 2010, em português, para c) mkdir, cd e rmdir.
que pudesse cadastrar apenas os dados dos clientes d) cdir, lsdir e erase.
e as datas em que deveriam comparecer à empresa e e) md, cd e rd.
automatizar o processo de impressão, sem ter que
mudar os dados manualmente. Após imprimir todas 27. (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
as correspondências, João desejava ainda imprimir, ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema
também de forma automática, um conjunto de etiquetas operacional (ambientes Linux e Windows) e de redes
para colar nos envelopes em que as correspondências de computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema
seriam colocadas. Os recursos do Microsoft Office 2010 operacional aberto, o Linux, comparativamente aos
que permitem atender às necessidades de João são os demais sistemas operacionais, proporciona maior
recursos facilidade de armazenamento de dados em nuvem.

( ) CERTO ( ) ERRADO
a) para criação de mala direta e etiquetas disponíveis na
guia Correspondências do Microsoft Word 2010.
b) de automatização de impressão de correspondências 28. (TRT/MT - 2015 - CESPE - Analista Judiciário)
Serviços de cloud storage (armazenagem na nuvem)
disponíveis na guia Mala Direta do Microsoft
PowerPoint 2010.
a) aumentam a capacidade de processamento de
c) de banco de dados disponíveis na guia Correspondências
computadores remotamente.
do Microsoft Word 2010.
b) aumentam a capacidade de memória RAM de
d) de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Inserir
computadores remotamente.
do Microsoft Word 2010.
c) suportam o aumento da capacidade de processamento
e) de banco de dados e etiquetas disponíveis na guia
e armazenamento remotamente.
Correspondências do Microsoft Excel 2010. d) suportam o aumento da capacidade dos recursos da
rede de computadores localmente.
24. (TCE/SP 2012 - FCC - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO e) suportam cópia de segurança remota de arquivos.
FINANCEIRA II) No editor de textos Writer do pacote BR
Office, é possível modificar e criar estilos para utilização 29. (CÂMARA DOS DEPUTADOS 2012 - CESPE -
no texto. Dentre as opções de Recuo e Espaçamento ANALISTA LEGISLATIVO - TÉCNICA LEGISLATIVA) Com
para um determinado estilo, é INCORRETO afirmar que é relação a redes de computadores, julgue os próximos
possível alterar um valor para itens.5Uma rede local (LAN — local area network) é
caracterizada por abranger uma área geográfica, em
a) recuo da primeira linha. teoria, ilimitada. O alcance físico dessa rede permite que
b) recuo antes do texto. os dados trafeguem com taxas acima de 100 Mbps.
c) recuo antes do parágrafo.
d) espaçamento acima do parágrafo. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) espaçamento abaixo do parágrafo.
30. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE
TÉCNICO ADMINISTRATIVO - RH) No Microsoft Internet
25. (SUDECO 2013 - FUNCAB - Contador) No sistema Explorer 9 é possível acessar a lista de sites visitados nos
operacional Linux,o comando que NÃO está relacionado últimos dias e até semanas, exceto aqueles visitados em
a manipulação de arquivos é: modo de navegação privada. Para abrir a opção que
permite ter acesso a essa lista, com o navegador aberto,
a) kill clica-se na ferramenta cujo desenho é
b) cat
c) rm a) uma roda dentada, posicionada no canto superior
d) cp direito da janela.
e) ftp b) uma casa, posicionada no canto superior direito da janela.
c) uma estrela, posicionada no canto superior direito da
INFORMÁTICA

janela.
d) um cadeado, posicionado no canto inferior direito da
janela.
e) um globo, posicionado à esquerda da barra de
endereços.

58
ANOTAÇÕES
GABARITO

________________________________________________
01 B _________________________________________________
02 A
_________________________________________________
03 A
04 D _________________________________________________
05 C _________________________________________________
06 D
_________________________________________________
07 D
_________________________________________________
08 C
09 B _________________________________________________
10 A _________________________________________________
11 A
_________________________________________________
12 C
13 B _________________________________________________
14 C _________________________________________________
15 B _________________________________________________
16 D
_________________________________________________
17 E
18 B _________________________________________________
19 Errado _________________________________________________
20 D
_________________________________________________
21 B
_________________________________________________
22 A
23 A _________________________________________________
24 C _________________________________________________
25 A
_________________________________________________
26 C
27 Errado _________________________________________________
28 E _________________________________________________
29 Errado _________________________________________________
30 C
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
INFORMÁTICA

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

59
ANOTAÇÕES

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INFORMÁTICA

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60
ÍNDICE

IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Constituição da República Federativa do Brasil (art. 1°, 3°, 4° e 5°)......................................................................................................... 01


Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”)........................................................................................................................... 10
Lei federal n° 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial)........................................................................................... 10
Lei federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) e Lei
federal n° 9.459, de 13 de maio de 1997 (Tipificação dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor)............... 18
Decreto federal n° 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as
formas de discriminação racial).............................................................................................................................................................................. 19
Decreto Federal n° 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação contra a mulher)............................................................................................................................................................................... 25
Lei federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) e alterações propostas pelas Leis nº 13.827/2019,
13.871/2019 e 13.882/2019...................................................................................................................................................................................... 31
Código Penal Brasileiro (art. 140)........................................................................................................................................................................... 42
Lei federal n° 9.455, de 7 de abril de 1997 (Crime de Tortura).................................................................................................................. 42
Lei federal n° 2.889, de 1 de outubro de 1956 (Define e pune o Crime de Genocídio)........................................................................... 42
Lei federal nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó)......................................................................................................................... 44
Lei estadual n° 10.549, de 28 de dezembro de 2006 (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial), alterada pela Lei
estadual n° 12.212, de 04 de maio de 2011...................................................................................................................................................... 45
Lei Federal nº 10.678, de 23 de maio de 2003, com as alterações da Lei federal nº 13.341, de 29 de setembro de 2016
(Referente à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República)....................................... 45
Título II
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA Dos direitos e garantias fundamentais
DO BRASIL (ART. 1°, 3°, 4° E 5°).
Capítulo I
Dos direitos e deveres individuais e coletivos
Constituição e Princípios fundamentais.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
Na Constituição Federal de 1988, os princípios qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
fundamentais, ponto pilar da Lei,aparecem no Título I, estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
o qual é composto por quatro artigos, sendo que, cada reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
um desses dispositivos apresenta um tipo de princípio propriedade, nos termos seguintes:
fundamental. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
O art. 1º trata dos fundamentos da República ções, nos termos desta Constituição;
Federativa do Brasil, que são: II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
a) A soberania; alguma coisa senão em virtude de lei;
b) Cidadania; III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
c) Dignidade da pessoa humana; mento desumano ou degradante;
d) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e o IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
e) Pluralismo político. dado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
Já o art. 2º trata do princípio da separação de ao agravo, além da indenização por dano material,
Poderes, ou seja, que o poder Legislativa, Executivo e o moral ou à imagem;
Judiciário são independentes (não precisa de um para o VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
outro atuar) no entanto, devem ser harmônicos (um irá sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
completar o outro). e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
O art. 3º, traz os objetivos fundamentais que são: culto e a suas liturgias;
a) Construção de uma sociedade livre justa e solidária; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
b) Garantir o desenvolvimento nacional; assistência religiosa nas entidades civis e militares de
c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir internação coletiva;
as desigualdades sociais e regionais; e por último, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
d) promover o bem de todos, sem preconceitos de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
formas de discriminação. todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
nativa, fixada em lei;
Finalizando, o art. 4º traz os princípios nas relações in- IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
ternacionais que são a independência nacional,prevalên- tica, científica e de comunicação, independentemente
cia dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, de censura ou licença;
não intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
e ao racismo, cooperação entre os povos para o progres- denização pelo dano material ou moral decorrente de
so da humanidade e concessão de asilo político. sua violação;
Neste diapasão, muitos doutrinadores, classificam os XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
princípios constitucionais em duas espécies: nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
I) Princípios político-constitucionais: são os que dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
representam decisões políticas fundamentais, para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-
conformadoras de nossa Constituição, ou seja, os nação judicial;
chamados princípios fundamentais, que preveem XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
as características essenciais do Estado brasilei- municações telegráficas, de dados e das comunicações
ro. Exemplo: princípio da separação de poderes, telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
o pluralismo político, dignidade da pessoa hu- nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
fins de investigação criminal ou instrução processual
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

mana, dentre outros.


II) Princípios jurídico-constitucionais: esses prin- penal;
cípios são classificados como “gerais”, pois se re- XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
ferem à ordem jurídica nacional, os quais estão profissão, atendidas as qualificações profissionais que
dispersos pelo texto constitucional. Exemplo: de- a lei estabelecer;
vido processo legal, do juiz natural, legalidade, XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
dentre outros. resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens;

1
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
mas, em locais abertos ao público, independentemente aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
de autorização, desde que não frustrem outra reunião sociedade e do Estado;
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; do pagamento de taxas:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci- a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa
tos, vedada a de caráter paramilitar; de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
a de cooperativas independem de autorização, sendo para defesa de direitos e esclarecimento de situações
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; de interesse pessoal;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- ciário lesão ou ameaça a direito;
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
em julgado; jurídico perfeito e a coisa julgada;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
permanecer associado; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
XXI - as entidades associativas, quando expressamen- organização que lhe der a lei, assegurados:
te autorizadas, têm legitimidade para representar seus a) a plenitude de defesa;
filiados judicial ou extrajudicialmente; b) o sigilo das votações;
XXII - é garantido o direito de propriedade; c) a soberania dos veredictos;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; d) a competência para o julgamento dos crimes dolo-
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- sos contra a vida;
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- nem pena sem prévia cominação legal;
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
Constituição; o réu;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida- XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
de competente poderá usar de propriedade particular, dos direitos e liberdades fundamentais;
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
houver dano; e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida da lei;
em lei, desde que trabalhada pela família, não será XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
objeto de penhora para pagamento de débitos decor- tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
os meios de financiar o seu desenvolvimento; os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, evitá-los, se omitirem;
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
a) a proteção às participações individuais em obras ordem constitucional e o Estado democrático;
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena-
inclusive nas atividades desportivas; do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
mico das obras que criarem ou de que participarem estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre- até o limite do valor do patrimônio transferido;
sentações sindicais e associativas; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus- tará, entre outras, as seguintes:
triais privilégio temporário para sua utilização, bem a) privação ou restrição da liberdade;
como proteção às criações industriais, à propriedade b) perda de bens;
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos c) multa;
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen- d) prestação social alternativa;
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

volvimento tecnológico e econômico do País; e) suspensão ou interdição de direitos;


XXX - é garantido o direito de herança; XLVII - não haverá penas:
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
País será regulada pela lei brasileira em benefício do termos do art. 84, XIX;
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes b) de caráter perpétuo;
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus ; c) de trabalhos forçados;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa d) de banimento;
do consumidor; e) cruéis;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi- XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
cos informações de seu interesse particular, ou de in- distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade
teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- e o sexo do apenado;

2
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida- vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
de física e moral; pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
L - às presidiárias serão asseguradas condições para atribuições do poder público;
que possam permanecer com seus filhos durante o pe- LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
ríodo de amamentação; petrado por:
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu- a) partido político com representação no Congresso
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes Nacional;
da naturalização, ou de comprovado envolvimento b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na ção legalmente constituída e em funcionamento há
forma da lei; pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por membros ou associados;
crime político ou de opinião; LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão que a falta de norma regulamentadora torne inviável
pela autoridade competente; o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
bens sem o devido processo legal; nia e à cidadania;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra- LXXII - conceder-se-á habeas data :
tivo, e aos acusados em geral são assegurados o con- a) para assegurar o conhecimento de informações re-
traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
a ela inerentes; ou bancos de dados de entidades governamentais ou
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas de caráter público;
por meios ilícitos; b) para a retificação de dados, quando não se prefira
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administra-
em julgado de sentença penal condenatória; tivo;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
em lei; nio público ou de entidade de que o Estado participe,
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
pública, se esta não for intentada no prazo legal; patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal-
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte- ônus da sucumbência;
resse social o exigirem; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
cursos;
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi-
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-
ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi-
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo
litar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
fixado na sentença;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
bres, na forma da lei:
competente e à família do preso ou à pessoa por ele
a) o registro civil de nascimento;
indicada;
b) a certidão de óbito;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao
a assistência da família e de advogado; exercício da cidadania.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon- LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; são assegurados a razoável duração do processo e os
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
pela autoridade judiciária; § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido fundamentais têm aplicação imediata.
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui-
sem fiança; ção não excluem outros decorrentes do regime e dos
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-
responsável pelo inadimplemento voluntário e ines- cionais em que a República Federativa do Brasil seja
cusável de obrigação alimentícia e a do depositário parte.
infiel; § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di-
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al- reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin-
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega- tos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
lidade ou abuso de poder; lentes às emendas constitucionais.
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
proteger direito líquido e certo, não amparado por Internacional a cuja criação tenha manifestado ade-
habeas corpus ou habeas data , quando o responsá- são.

3
Histórico Conclusão

- Direitos Fundamentais A visão dos direitos fundamentais em termos de ge-


rações indica a evolução desses direitos no tempo. Cada
Normas obrigatórias: os direitos fundamentais não direito de cada geração interage com os das outras e,
são sempre os mesmos em todas as épocas. Porém de- nesse processo, dá-se à compreensão.
vem constar obrigatoriamente em textos constitucionais
considerados democráticos; constando referidos direitos Características dos direitos fundamentais
podem anuir que aquela constituição está alicerçada nos
pilares da democracia. - Universais e absolutos
Dignidade humana: foi impulsionada pelo cristianis-
mo, uma vez que segundo essa religião o homem era A questão da universalidade: direito previsto para
feito a imagem e semelhança de Deus. Sendo assim, ga- todo homem, ainda que nem todo homem o exerça.
nhou uma proteção especial no texto da Constituição. Absoluto: os direitos fundamentais não são abso-
Importante lembrar que falar em dignidade humana é fa- lutos, apesar de gozarem de prioridade absoluta sobre
lar em garantir o direito do indivíduo ter direitos – iguais qualquer outro direito.
entre seres humanos.
Positivação dos direitos fundamentais: Bill of Rights, - Historicidade
Declaração da Virgínia, Declaração Francesa. Tais docu- Os direitos fundamentais são um conjunto de facul-
mentos trataram de positivar direitos que naturalmente dades e instituições que somente faz sentido num deter-
são inerentes ao homem. minado contexto histórico. A história permite entender a
Regra geral: indivíduos têm primeiro direitos, depois existência de cada um dos direitos.
deveres e os direitos que o Estado tem sobre o indivíduo A história explica que os direitos possam ser apre-
estão ordenados de modo a melhor cuidar de seus ci- goados em certa época, desaparecendo em outras, ou
se modificam no tempo. Verifica-se, portanto, a evolução
dadãos. É a demonstração clara do pacto social firmado
dos direitos fundamentais.
entre os indivíduos e o Estado – é a cessão de parte de
suas liberdades, entregando-as ao Estado de modo que
- Inalienabilidade e Indisponibilidade
este, em contrapartida, devolva algo que seja positivo –
Inalienável: o titular do direito não pode impossibili-
como, por exemplo, proíbe-se (exceto as possibilidade
tar o exercício para si mesmo. Encontra fundamento no
previstas na lei) da autotutela (exercício da autodefesa)
valor da dignidade humana. A indisponibilidade gera nu-
entregando essa função ao Estado para que este exerça
lidade de qualquer disposição contratual feita.
a tutela da segurança do indivíduo. Podem, tais direitos, terem seu exercício. Ex.: manifes-
tação religiosa em templo religioso diverso do seu.
Geração de Direitos Fundamentais - Direitos humanos são direitos postulados em ba-
ses jusnaturalistas, contam índole filosófica e não
- 1ª Geração de direitos: são postulados de abstenção possuem como característica básica a positivação
dos governantes se obrigando a não intervir na vida pes- numa ordem jurídica particular.
soal de cada indivíduo. Indispensável a todos os homens. - Direitos Fundamentais: é reservada aos direitos rela-
Como por exemplo, direito a vida, ou seja, salvo em si- cionados com posições básicas das pessoas, inscri-
tuações específicas, o Estado não privará o indivíduo de tos em diplomas normativos de cada Estado. São
seguir sua vida. direitos que vigem numa ordem jurídica concreta,
Característica: universal; não ocasiona desigualdade sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço
social. Ex: liberdade, e no tempo.
- 2ª Geração de direitos: surge com a necessidade do
povo de não apenas ter liberdade, mas outros direitos - Vinculação dos Poderes Públicos
que o conduzem a exercer a liberdade, seguir sua vida, O fato de os direitos fundamentais estarem previs-
com dignidade. São os valores sociais variados, impor- tos na Constituição torna-os parâmetros de organização
tando intervenção ativa do Estado na vida econômica e de limitação dos poderes constituídos. A constitucio-
com o viés de proporcionar justiça social. nalização dos direitos fundamentais impede que sejam
Característica: Liberdade real e igual para todos. Ex: considerados meras autolimitações dos poderes consti-
igualdade – saúde, educação, trabalho entre outros. São tuídos - dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

chamados de direitos sociais não por serem direitos da -, passíveis de serem alteradas ou suprimidas ao talante
coletividade, mas por alusão ao termo justiça social. Os destes.
titulares são os próprios indivíduos singularizados, ape-
sar dos mesmos poderem se voltar a coletividade. - Aplicabilidade imediata
- 3ª Geração de direitos: direitos de titularidade difu-
sa. Proteção do homem em sua forma coletiva, grupos, As normas que definem direitos fundamentais são
não mais individualmente. normas de caráter preceptivo, e não meramente progra-
Característica: proteção do homem em grupos. Ex: di- mático. Explicita-se, além disso, que os direitos funda-
reito ao meio ambiente equilibrado, direito a paz. mentais se fundam na Constituição, e não na lei - com
o que se deixa claro que é a lei que deve mover-se no
âmbito dos direitos fundamentais, não o contrário.

4
A Constituição brasileira de 1988 filiou-se a essa ten- Neste inciso está insculpido o princípio da isonomia,
dência, conforme se lê no §1º do art. 5º do Texto, em que que é exatamente o tratamento igualitário, para todos,
se diz que “as normas definidoras dos direitos e garantias vedada qualquer forma de discriminação – modalidade
fundamentais têm aplicação imediata”. O texto se refere de preceito universal. Segundo a Declaração Universal
aos direitos fundamentais em geral, não se restringindo dos direitos do homem, “todos os seres humanos nas-
apenas aos direitos individuais. cem livres e iguais em dignidade e direitos.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do alguma coisa senão em virtude de lei;
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à Eis o princípio da legalidade. Referido princípio limita toda
propriedade, nos termos seguintes: forma de arbitrariedade; evidente que o convívio em socie-
O caput do art. 5º é talvez um dos mais importantes dade pressupõe o aceite de determinadas regras de convívio.
artigos do texto constitucional, para não dizer o princi- Porém, tais regras derivam de autoridade com competência
pal artigo da constituição federal. Esse artigo nos elenca para tanto que agem de maneira impessoal e geral.
cinco grupos de direitos que são amplamente protegidos
pela nossa lei maior. A saber: III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
- Direito à vida (integridade física e moral), - direito à mento desumano ou degradante;
liberdade (manutenção de qualquer forma de manifesta- Entende-se por tortura qualquer forma de castigo
ção do indivíduo), - direito à igualdade (o tratamento da corpóreo agressivo, violento, que utilize de qualquer ins-
lei é conferido igualmente para todos), - direito à segu- trumento mecânico ou psicológico levando aquele que
rança (direito de todos – necessidade de leis que definam está sendo torturado praticar ato que não o faria se esti-
crimes e sanções) e – direito à propriedade (propriedade vesse em condições normais. A tortura é crime inafiançá-
particular, privada, desde que atendida sua função so- vel e insuscetível de fiança.
cial).
O direito à vida pressupõe a negativa do Estado de IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
promover qualquer ato que ofenda a integridade física dado o anonimato;
ou moral do indivíduo; por esta razão, proíbe-se a tortura É a liberdade conferida ao indivíduo para que o mes-
ou qualquer exposição vexatória. Também não permite mo possa expressar de qualquer forma o que pensa a
que a vida chegue ao fim se não pelas causas naturais – respeito de religião, política, ciência ou qualquer outro
caso venha ocorrer, o Estado oferece sanções àquele que instituto. Importante lembrar que essa liberdade de ma-
promoveu o encurtamento da vida humana. nifestação está condicionada ao não anonimato; deste
No que tange a liberdade, pode o indivíduo fazer tudo modo, todos podem se manifestar sendo porém vedada
aquilo que a lei não proíbe, tem a faculdade de decidir os a manifestação anônima.
rumos de sua própria vida. Por esta razão sua liberdade Também importante lembrar que a liberdade de ma-
de locomoção é amplamente protegida; dentro do con- nifestação protegida pela CF/88 não protege a prática de
ceito de liberdade se enquadra o direito a manifestação crimes sob a argúcia da liberdade. Qualquer manifesta-
de toda espécie: religiosa, de pensamento, de associa- ção ofensiva a terceiros que fira sua honra, imagem ou
ção, ou seja, a todos é conferido o direito de expor seus integridade poderá ser punida pela lei.
pensamentos e suas escolhas. Neste ponto é importante
demonstrar que essa liberdade de expressão não pode V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
ocasionar danos a outrem de modo que se assim o fizer, ao agravo, além da indenização por dano material,
estará praticando ato contra terceiros e por isso poderá moral ou à imagem;
ser responsabilizado. A CF/88 assegura o direito de resposta proporcional
ao agravo. Assim, aquele que causar prejuízo a outrem
A igualdade também é dos pilares dos direitos fun-
tem assegurado para si o direito a indenização por dano
damentais. Por conta desse princípio a lei deve conferir
material ou moral. O prejuízo a que se refere o inciso V
tratamento igualitário para todos; assim, não se permite
pode patrimonial ou não. Prejuízo de ordem não patri-
qualquer espécie de distinção da lei, além de vedar toda
monial é aquele causado por pessoa (física ou jurídica)
espécie de discriminação.
que ofenda liberdade, honra, família ou profissão de de-
A segurança é outro importante direito fundamental,
terminado indivíduo.
pois compreende não apenas aquela que visa a proteção
patrimonial (seja ele material ou mesmo imaterial), mas
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,


também a segurança jurídica. Deste modo, todo cidadão sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
deve ter conhecimento das leis que regem o país para e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
que não “sejam mais pegos de surpresa”. culto e a suas liturgias;
Por fim, o direito à propriedade abarca o último gru- VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
po dos direitos fundamentais. A CF/88 confere a todo assistência religiosa nas entidades civis e militares de
cidadão o direito à propriedade privada, particular. Po- internação coletiva;
rém, importante que aquele que detenha a propriedade VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
se atente para a função social que a mesmo carrega. crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
ções, nos termos desta Constituição; nativa, fixada em lei;

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Assegurada a plena liberdade de consciência, ofer- Toda atividade profissional exercida espontaneamen-
tando a lei de proteção aos locais de culto e suas litur- te pelo indivíduo é respeitada pela CF/88, inclusive aque-
gias. Esse inciso compreende três formas de liberdade: las não classificadas para efeito de registro em carteira
crença, culto e organização religiosa. A possibilidade de de trabalho. Assim, em se tratando de atividade lícita po-
escolher qual religião seguir, ou mesmo não seguir ne- derá o indivíduo exercê-la livremente.
nhuma religião está amparada pela liberdade de crença.
Porém, importante destacar que a liberdade de escolher XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
sua própria religião não pode servir de amparo ao emba- resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
raçamento daquele que pretende praticar outra religião. exercício profissional;
A assistência religiosa é assegurada a quem dela Tem esse inciso a função de afastar o indivíduo da
queira fazer uso; logo, não será ofertada assistência reli- censura; permite-se a liberdade de expressão do indiví-
giosa sem a anuência do interessado. duo desde que não venha a ferir direitos de outrem.
Por fim, sob o tópico “religião”, importante fazer
menção ao direito de professar ou não qualquer religião XV - é livre a locomoção no território nacional em
inclusive exercer suas práticas, com cultos. Importante tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
lembrar que a prática religiosa amparada pela CF/88 não da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
pode se confundir com aquelas práticas consideradas ile- bens;
gais para o direito brasileiro, como por exemplo aquelas É a possibilidade conferida em tempos de paz a todos
que leva a necessidade de sacrifício humano. Neste caso, os indivíduos de circular livremente no território nacional
sendo considerado crime o encurtamento da vida, não sem qualquer limitação, nos termos da lei.
será amparado o sacrifício pela liberdade religiosa.
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar-
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís- mas, em locais abertos ao público, independentemente
tica, científica e de comunicação, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
de censura ou licença; anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
Este inciso é autoexplicativo. No que tange a liber- apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
dade de expressão é importante destacar alguns institu- O direito de reunião vem estampado no art. 5º como
tos legislativos que conferem regulamentação ao tema, modalidade de direito fundamental para demonstrar a
como por exemplo, a lei de imprensa (Lei 5.250/67), Lei força da democracia. Por conta desse direito, todos po-
de Direitos autorais (Lei 9.610/98) entre outras. dem reunir-se em local público com finalidades diversas,
independentemente de autorização. É necessário, no en-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon- tanto, que aqueles que desejam se reunir comuniquem
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in- autoridade competente, especialmente para não ferir
denização pelo dano material ou moral decorrente de direitos daqueles que previamente se decidiram pela re-
sua violação; união em local da vontade de ambos. Assim, desde que
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém pacificamente, sem armas, indivíduos podem se reunir
nela podendo penetrar sem consentimento do mora- em locais públicos, necessitando apenas informar as au-
dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou toridades. Não é necessário autorização do poder públi-
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi- co, mas apenas sua comunicação.
nação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co- XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci-
municações telegráficas, de dados e das comunicações tos, vedada a de caráter paramilitar;
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para a de cooperativas independem de autorização, sendo
fins de investigação criminal ou instrução processual vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
penal; XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
É inviolável tudo aquilo que não pode ser entregue ao dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci-
público, que merece ser preservado. Sempre que violada são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
a honra, a imagem, a vida privada, sem consentimento em julgado;
do indivíduo, a este caberá indenização pelo dano mate- XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
rial ou moral pelo ato cometido. No que tange ao domi- permanecer associado;
cílio, este poderá ser violado a qualquer horário sempre XXI - as entidades associativas, quando expressamen-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

que caso de flagrante delito ou desastre, ou ainda no te autorizadas, têm legitimidade para representar seus
caso de determinação judicial, neste último caso apenas filiados judicial ou extrajudicialmente;
durante o dia (06h00 as 18h00). Referidos incisos tratam da questão da associação.
Das formas de comunicação, sejam elas por corres- Em primeiro, a associação é livre, não podendo ninguém
pondência, comunicação telegráfica ou telefônica, so- ser compelido a associar-se se assim não desejar. As as-
mente a última, por determinação judicial, poderá ser sociações poderão ser criadas para fins lícitos; de forma
parcialmente quebrada, com prazo de duração. alguma será autorizado funcionar associações com obje-
tivos paramilitares (corporações privadas de nacionais ou
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou também de estrangeiros normalmente aparelhados por
profissão, atendidas as qualificações profissionais que uniformes e armamentos militares sem contudo perten-
a lei estabelecer; cer aos quadros das forças armadas).

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adiada. A utilidade pública é quando impõe ao Poder Pú-
#FicaDica blico a possibilidade de propor o uso de determinado
Cumpridos tais requisitos, poderá a associação bem em contrapartida a oferta de alguma serviço que
funcionar sem, inclusive, sofrer qualquer inter- seja útil para a coletividade. Por fim, tem interesse social
ferência do Estado; no entanto, por meio de aquilo que venha a trazer melhorias as classes menos pri-
decisão judicial transitada em julgada poderá vilegiadas.
ser dissolvida a associação ou ter suas ativida-
des suspensas. Além das associações também XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
possíveis as cooperativas com objetivos dife- utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
rentes das associações. transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras
XXII - é garantido o direito de propriedade; coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; inclusive nas atividades desportivas;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou mico das obras que criarem ou de que participarem
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta sentações sindicais e associativas;
Constituição; XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida- triais privilégio temporário para sua utilização, bem
de competente poderá usar de propriedade particular, como proteção às criações industriais, à propriedade
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
houver dano; distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida volvimento tecnológico e econômico do País;
em lei, desde que trabalhada pela família, não será Esse conjunto de incisos trata dos direitos autorais;
objeto de penhora para pagamento de débitos decor- são os frutos a serem colhidos por aqueles que desenvol-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre vem trabalho intelectual. Referidos direitos versam sobre
os meios de financiar o seu desenvolvimento; o ineditismo da obra; importante lembrar que os suces-
Os incisos acima compõem o grupo dos direitos indi- sores do autor permanecerão recebendo a título univer-
viduais e coletivos voltados à propriedade. A CF/88 con- sal os louros da obra daquele que sucedeu.
fere a todos o direito de propriedade, ter para si proprie-
dade particular (privada); no entanto, o uso deve atender A marca também é protegida em todo território na-
a função daquela propriedade. Assim, por exemplo, de- cional e o seu uso exclusivo a quem dela fez o registro;
terminada propriedade rural deve atender sua finalidade, esse tema consta inserido na seara do direito empresa-
qual seja, produção de riqueza por meio do agronegócio rial, em especial no código de propriedade industrial.
(seja para o próprio sustento ou comércio com terceiros).
Não exercendo sua função social, a propriedade pode- XXX - é garantido o direito de herança;
rá ser destacada do patrimônio daquele indivíduo. Em XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
outras palavras, a propriedade urbana exerce sua função País será regulada pela lei brasileira em benefício do
social quando atende às exigências fundamentais de or- cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
ganização da cidade expressas em seu plano diretor; já seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;
a propriedade rural exercerá sua função social quando Entende-se por herança a totalidade dos bens móveis
fizer o aproveitamento correto dos recursos naturais, e imóveis deixados por aquele que veio a falecer, tam-
preservando o meio ambiente e protegendo relações de bém chamado de de cujus. Aquele que vier a suceder o
trabalho e exploração que favoreçam o bem estar dos falecido poderá aceitar a herança, renunciá-la ou mesmo
proprietários e dos trabalhadores. imitir-se na posse.

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa


#FicaDica do consumidor;
O direito à propriedade também poderá ser Enquadra-se no conceito de consumidor a coletivida-
de de pessoas, ainda que não seja possível determiná-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

relativizado quando o Estado necessitar de de-


terminada propriedade, bem ou serviços pres- -las, que tenham participado de uma relação de consu-
tados por particular, mediante indenização. mo composta por fornecedor e consumidor.
A CF/88 autoriza o poder público a se utilizar No Brasil, as relações de consumo são disciplinadas
da propriedade particular na iminência ou na pelo Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90,
ocorrência de alguma situação que ofereça além de outras cuja matéria é mais específica como leis
perigo à coletividade. relacionadas a crimes contra ordem tributária, ordem
econômica, entre outras.

Importante também explicar que a necessidade pú- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
blica ocorre sempre que o Estado se coloca diante de cos informações de seu interesse particular, ou de in-
uma situação extremamente urgente que não pode ser teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-

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zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas houver sido considerada crime antes de sua prática. Ou
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da seja, a conduta definida como crime deve ser anterior a
sociedade e do Estado; sua prática.
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
do pagamento de taxas: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa o réu;
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, dos direitos e liberdades fundamentais;
para defesa de direitos e esclarecimento de situações A exceção ao princípio da irretroatividade, anterior-
de interesse pessoal; mente explicado, é exatamente com relação ao bene-
Essência da democracia, ao cidadão cabível a prote- fício para o réu.
ção do seu direito de manter-se informado de tudo aqui- XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
lo que envolve tanto o Estado como seu próprio nome. imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
Ato contínuo, protege-se também o direito de petição ao XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
indivíduo; assim, todo aquele que pretender buscar pela tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
tutela jurisdicional do Estado ou mesmo acessar legisla- ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
tivo e executivo, terá assegurado seu direito de petição. os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi- evitá-los, se omitirem;
ciário lesão ou ameaça a direito; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
jurídico perfeito e a coisa julgada; ordem constitucional e o Estado democrático;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena-
O Brasil adota uma jurisdição. Assim, não serão to- do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
lerados tribunais de exceção ou o exercício de juízes tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
ad-hoc, voltados a julgar um ou outro caso. Marco da estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
democracia, onde a lei vale para todos e todos devem até o limite do valor do patrimônio transferido;
cumpri-la. Uma lei nova não pode prejudicar direitos já XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
conquistados pelo indivíduo sob pena de ferir o pacto tará, entre outras, as seguintes:
social firmado entre o indivíduo e o Estado – aceitando a) privação ou restrição da liberdade;
mudanças sem previsão legal estar-se-ia referendando b) perda de bens;
arbitrariedades – é o chamado princípio da irretroati- c) multa;
vidade. Vale lembrar que, em se tratando de retroação d) prestação social alternativa;
benéfica da lei, nenhum obstáculo se imporá. Portanto, e) suspensão ou interdição de direitos;
uma crime praticado cuja pena seja alta passe por um XLVII - não haverá penas:
abrandamento dessa pena por nova lei, aquilo punido a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
nos moldes da lei antiga será beneficiado pela novel le- termos do art. 84, XIX;
gislação. b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a d) de banimento;
organização que lhe der a lei, assegurados: e) cruéis;
a) a plenitude de defesa; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
b) o sigilo das votações; distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade
c) a soberania dos veredictos; e o sexo do apenado;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolo- XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida-
sos contra a vida; de física e moral;
O júri é o formato mais antigo de tribunal. Compos- L - às presidiárias serão asseguradas condições para
tos por pessoas comuns, chamados de jurados, formam que possam permanecer com seus filhos durante o pe-
o conselho de sentença, cuja função principal é opinar ríodo de amamentação;
pela culpa ou não do indivíduo que praticou um crime Rol de incisos relacionados a seara do direito penal e
doloso contra a vida. Serão escolhidos 07, dentre 21 pes- direito processual penal. As penas no Brasil são definidas
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

soas a comporem o conselho de sentença. Aos jurados é pela CF/88; assim, possível apenas as penas de privação
assegurado o sigilo das votações e ao réu a plenitude de ou restrição da liberdade, perda de bens, multa, pres-
defesa; ao júri, como um todo, assegurado a soberania tação alternativa e suspensão parcial ou temporária de
do veredicto. O tribunal do júri funcionará sempre que direitos. Toda pena diferente destas não será autorizada
houver um crime doloso contra a vida. pela legislação infraconstitucional em especial aquelas
que levem a morte, tortura, caráter perpétuo, trabalho
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, forçado, cruéis ou de banimento. Inserido no sistema pri-
nem pena sem prévia cominação legal; sional, ao indivíduo assegurado respeito a sua integrida-
Também chamado de princípio da legalidade. Por este de física e moral. Para as mulheres, tratativa diferenciada
princípio o indivíduo só poderá responder criminalmente em períodos de amamentação, podendo ficar com seu
por alguma conduta por ele praticado se esta conduta filho.

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LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu- LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi-
da naturalização, ou de comprovado envolvimento ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi-
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na litar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
forma da lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
crime político ou de opinião; competente e à família do preso ou à pessoa por ele
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão indicada;
pela autoridade competente; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
Os incisos acima compõem a proteção do direito à quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada
nacionalidade. Ao brasileiro nato (aquele que nasceu em a assistência da família e de advogado;
território brasileiro – respeitada exceção em que os geni- LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
tores, estrangeiros, estão a serviço de seu país – ou aque- sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
le tem por seus genitores algum, ou ambos, brasileiros) LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
não será autorizada a extradição. Portanto, o brasileiro pela autoridade judiciária;
nato não será extraditado em hipótese alguma. O natu- LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido
ralizado, em regra não será extraditado; salvo se houver quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
praticado crime comum antes de sua naturalização ou sem fiança;
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe- LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
centes e drogas afins. responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
Outra vedação à extradição é aquela solicitada em cusável de obrigação alimentícia e a do depositário
razão de estrangeiro ter praticado crime político ou de infiel;
opinião em seu país de origem. Por defendermos a li- Rol de incisos que garante direitos àqueles que esti-
berdade de manifestação, seja ela qual for, asseguramos verem presos. Em regra, o indivíduo somente será preso
também ao estrangeiro esse direito. por determinação judicial ou em caso de flagrante delito.
Aquele que vier a ser preso indicará alguém de sua famí-
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus lia ou qualquer outro sobre a prisão. Além da assistência
bens sem o devido processo legal; da família e de advogado, terá o preso direito de perma-
Este inciso revela em simples palavras que ninguém necer em silêncio.
pode “ser pego de surpresa”, que “as regras do jogo” devem
ser cumpridas. Logo, tanto a privação da liberdade como a LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
privação de bens deve observar o cumprimento de um pro- guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
cesso judicial e o esgotamento das formas de defesa. ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
lidade ou abuso de poder;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra- LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
tivo, e aos acusados em geral são assegurados o con- proteger direito líquido e certo, não amparado por
traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos habeas corpus ou habeas data , quando o responsá-
a ela inerentes; vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
por meios ilícitos; atribuições do poder público;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
em julgado de sentença penal condenatória; petrado por:
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a) partido político com representação no Congresso
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas Nacional;
em lei; b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
Rol de incisos que estipulam regras aos processos ção legalmente constituída e em funcionamento há
judiciais ou administrativos. Princípios de extrema im- pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
portância, o contraditório e a ampla defesa derivam do membros ou associados;
princípio da legalidade. Assim, ao indivíduo garantido o LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
direito de se defender e ofertar contestação a tudo quan- que a falta de norma regulamentadora torne inviável
to a ele estiver sendo alegado. o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação nia e à cidadania;
pública, se esta não for intentada no prazo legal; LXXII - conceder-se-á habeas data :
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos a) para assegurar o conhecimento de informações re-
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte- lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
resse social o exigirem; ou bancos de dados de entidades governamentais ou
Cabe ao Ministério Público o exercício das ações pe- de caráter público;
nais públicas. No entanto, a lei faculta ao indivíduo, nas b) para a retificação de dados, quando não se prefira
hipóteses previstas em lei, a possibilidade do próprio in- fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
divíduo intentar a ação. Em regra, todos os atos são pú- LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
blicos, resguardada a defesa da intimidade e do interesse ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
social do indivíduo. nio público ou de entidade de que o Estado participe,

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à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao II - manter intercâmbio cultural ou desportivo, através
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal- de delegações oficiais.
vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência; Art. 288 - A rede estadual de ensino e os cursos de
Este rol de incisos apresentam os remédios consti- formação e aperfeiçoamento do servidor público civil
tucionais. São eles, habeas corpus, habeas data, manda- e militar incluirão em seus programas disciplina que
do de segurança, mandado de injunção e ação popular, valorize a participação do negro na formação históri-
cada qual disciplinado por lei específica. ca da sociedade brasileira.

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral Art. 289 - Sempre que for veiculada publicidade es-
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re- tadual com mais de duas pessoas, será assegurada a
cursos; inclusão de uma da raça negra.
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo Art. 290 - O Dia 20 de novembro será considerado,
fixado na sentença; no calendário oficial, como Dia da Consciência Negra.
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
bres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento; LEI FEDERAL N° 12.288, DE 20 DE JULHO DE
b) a certidão de óbito; 2010 (ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL).
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e
habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao
exercício da cidadania. Aspectos gerais e objetivos da Lei
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os Após 10 anos de tramitação no Congresso Nacio-
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. nal, mediante projeto de Lei nº 3.198/200, o Estatuto da
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias Igualdade Racial nasce em 20 de julho de 2010, como
fundamentais têm aplicação imediata. forma da Lei nº 12.288/2010, passando a vigorar após 90
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui- dias de sua publicação.
ção não excluem outros decorrentes do regime e dos A referida Lei, além de instituir o Estatuto da Igual-
princípios por ela adotados, ou dos tratados interna- dade Racial, alterou as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de
cionais em que a República Federativa do Brasil seja 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho
parte. de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di- Analisar-se-á a seguir o texto de lei.
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa Conforme artigo 1º do referido diploma legal, o Esta-
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin- tuto destina-se a garantir à população negra a efetivação
tos dos votos dos respectivos membros, serão equiva- de igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos ét-
lentes às emendas constitucionais. nicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discri-
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal minação e às demais formas de intolerância étnica.
Internacional a cuja criação tenha manifestado ade- Para melhor entendimento acerca da igualdade de
são. oportunidades, deve-se observar a doutrina.
O princípio da igualdade é representante de modo
geral de todo o ordenamento jurídico brasileiro e consti-
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, (CAP. tui pedra angular do regime democrático. Assim, o legis-
XXIII “DO NEGRO”). lador constituinte tratou a igualdade de forma especial e
com robusta proteção, sendo diversas as manifestações
sobre o tema no bojo constitucional, como exemplo o
CAPÍTULO XXIII art. 3º, III e IV; art. 5º, caput e I; art. 7º, XXX e XXXI; art. 39,
§ 3º; entre outros (MASSON, 2016, p. 246); (RAZABONI
DO NEGRO JUNIOR; LEÃO JÚNIOR; SANCHES, 2018, p. 148).
Joaquim Barbosa revela que:
Art. 286 - A sociedade baiana é cultural e historica- (...) segundo esse conceito de igualdade, que veio
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

mente marcada pela presença da comunidade afro- para dar sustentação jurídica ao Estado liberal burguês, a
-brasileira, constituindo a prática do racismo crime lei deve ser igual para todos, sem distinções de qualquer
inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclu- espécie. Abstrata por natureza e levada a extremos por
são, nos termos da Constituição Federal. força do postulado da neutralidade estatal (uma outra
noção cara ao ideário liberal), o princípio da igualdade
Art. 287 - Com países que mantiverem política oficial perante a lei foi tido, durante muito tempo, como a ga-
de discriminação racial, o Estado não poderá: rantia da concretização da liberdade. Para os pensado-
res e teóricos da escola liberal, bastaria simples inclusão
I - admitir participação, ainda que indireta, através de da igualdade no rol de direitos fundamentais para que a
empresas neles sediadas, em qualquer processo licita- mesma fosse efetivamente assegurada no sistema cons-
tório da Administração Pública direta ou indireta; titucional. (2007, p. 48).

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Ao tratar de igualdade de oportunidades, assunto dades políticas, econômicas, empresariais, educacionais,
intrinsicamente ligado ao Estatuto da Igualdade Racial, culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus
como se vê no primeiro artigo da referida Lei, Noberto valores religiosos e culturais.
Bobbio ensina que por si mesmo e de forma abstrata- O Estatuto em questão, além de normas constitucio-
mente considerada, nada tem de particularmente novo, nais relacionadas aos direitos e garantias fundamentais,
sendo que a igualdade de oportunidade não passa da sociais, econômicos e culturais, utiliza-se de diretriz polí-
aplicação da regra de justiça numa situação na qual exis- tico-jurídica para inclusão social de vítimas de desigual-
tem várias pessoas em competição para a obtenção de dades étnico-raciais, com a valorização da igualdade ét-
um único objetivo, ou seja, um objetivo que só pode ser nica e o fortalecimento da identidade nacional brasileira.
alcançado por um dos concorrentes (1997, p. 30). Para tal inclusão e valorização, a participação da po-
pulação, em condição de igualdade de oportunidade, na
Destaca-se que o que faz a importância do princípio vida econômica, social, política e cultural do País, deve
da igualdade de oportunidades e que o torna inovador ser promovida por meio de:
“é o fato de que ele se tenha grandemente difundido
como consequência do predomínio de uma concepção I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento
conflitualista global da sociedade, segunda a qual toda a econômico e social;
vida social é considerada como uma grande competição II - adoção de medidas, programas e políticas de ação
para a obtenção de bens escassos” (BOBBIO, 1997, p. 31). afirmativa;
Em outras palavras: III - modificação das estruturas institucionais do Esta-
(...) o princípio da igualdade de oportunidades, quan- do para o adequado enfrentamento e a superação das
do elevado a princípio geral, tem como objetivo colocar desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da
todos os membros daquela determinada sociedade na discriminação étnica;
condição de participar da competição pela vida, ou pela IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar
conquista do que é vitalmente mais significativo, a partir o combate à discriminação étnica e às desigualdades
de posições iguais. (BOBBIO, 1997, p. 31). étnicas em todas as suas manifestações individuais,
Para alcançar tal igualdade de condições, o alusivo institucionais e estruturais;
Estatuto considera como: V - eliminação dos obstáculos históricos, sociocultu-
rais e institucionais que impedem a representação da
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distin-
diversidade étnica nas esferas pública e privada;
ção, exclusão, restrição ou preferência baseada em
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica
oriundas da sociedade civil direcionadas à promoção
que tenha por objeto anular ou restringir o reconhe-
da igualdade de oportunidades e ao combate às de-
cimento, gozo ou exercício, em igualdade de condi-
sigualdades étnicas, inclusive mediante a implemen-
ções, de direitos humanos e liberdades fundamentais
tação de incentivos e critérios de condicionamento e
nos campos político, econômico, social, cultural ou em
prioridade no acesso aos recursos públicos;
qualquer outro campo da vida pública ou privada; VII - implementação de programas de ação afirmativa
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de destinados ao enfrentamento das desigualdades étnicas no
diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segu-
oportunidades, nas esferas pública e privada, em vir- rança, trabalho, moradia, meios de comunicação de massa,
tude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.
étnica; Ademais, importante ressaltar que os programas de
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria exis- ação afirmativa devem ser constituídos mediante políti-
tente no âmbito da sociedade que acentua a distância cas públicas destinadas sempre a reparar as distorções,
social entre mulheres negras e os demais segmentos desigualdades sociais e outras práticas discriminatórias,
sociais; tanto na esfera de instituições públicas, quanto privadas.
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se Para a eficácia dos objetivos vistos acima, o Estatuto
autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor de Igualdade Racial instituiu o Sistema Nacional de Pro-
ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de moção da Igualdade Racial (Sinapir), o qual irá ser abor-
Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autode- dado em momento posterior.
finição análoga;
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas A igualdade racial e os direitos fundamentais
adotados pelo Estado no cumprimento de suas atri-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

buições institucionais; Saúde


VI- Ações afirmativa: os programas e medidas espe-
ciais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada O direito à saúde é um direito social, parte do rol taxativo
para a correção das desigualdades raciais e para a do artigo 6º da Constituição Federal, de cunho prestacional,
promoção da igualdade de oportunidades. ou seja, eficácia positiva em sua maior parte, que deve ser
garantido pelo poder público para qualquer pessoa do povo.
Como não poderia ser diferente, institui a Lei que é Assim, o Estatuto da Igualdade Racial prevê em seu
dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de bojo que o direito à saúde da população negra será ga-
oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, rantido pelo poder público mediante políticas universais,
independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito sociais e econômicas destinadas à redução do risco de
à participação na comunidade, especialmente nas ativi- doenças e de outros agravos.

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Como ampliação da matéria, tem-se que a Lei II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informa-
8.080/1990 foi responsável ainda pela regulamentação ção do SUS no que tange à coleta, ao processamento
do Sistema Único de Saúde (SUS), que teve suas doutri- e à análise dos dados desagregados por cor, etnia e
nas discutidas e especificadas na 8ª Conferência Nacional gênero;
de Saúde, que aconteceu em 1986, às vésperas da rea- III - o fomento à realização de estudos e pesquisas so-
lização da Constituinte de 1988. O SUS, ferramenta para bre racismo e saúde da população negra;
o cumprimento da Lei Orgânica de Saúde, dentro dos IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população
seus pressupostos de hierarquização e universalização, negra nos processos de formação e educação perma-
unificou o acesso da população a um sistema que abran- nente dos trabalhadores da saúde;
ge desde a saúde básica, atenção primária e secundária, V - a inclusão da temática saúde da população negra
até a hospitalar de alta complexidade, proporcionando nos processos de formação política das lideranças de
o acesso do indivíduo a qualquer um desses níveis, com movimentos sociais para o exercício da participação e
atendimento generalizado e especializado. Todas as pa- controle social no SUS.
tologias e doenças estariam cobertas pelo SUS, e, por Por fim, ressalta-se que os moradores das comuni-
isso, tornou-se universal. (MELO; COSTA; RAZABONI JU- dades de remanescentes de quilombos serão beneficiá-
NIOR, 2018, p. 333) rios de incentivos específicos para a garantia do direito à
O SUS é a principal política pública brasileira. O maior saúde, incluindo melhorias nas condições ambientais, no
projeto público de inclusão social conhecido no mundo saneamento básico, na segurança alimentar e nutricional
(SANTOS, 2007). É a formalização da conquista do direi- e na atenção integral à saúde.
to de todos à saúde e a única possibilidade de atenção Do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer
para milhões de brasileiros. É uma política pública defini- A população negra tem direito a participar de ativida-
da na Constituição Brasileira, a qual estabelece as ações des educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequa-
e os serviços públicos de saúde que formam uma rede das a seus interesses e condições, de modo a contribuir
e constituem um sistema único (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, para o patrimônio cultural de sua comunidade e da so-
2009). Ou seja, o SUS é a ferramenta que a Lei 8.080/1990 ciedade brasileira.
utiliza para proporcionar universalidade e igualdade na Os Entes Federativos e a União devem adotar:
saúde para todos. (MELO; COSTA; RAZABONI JUNIOR,
2018, p. 335) I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o
Retornando ao estudo do Estatuto, no que se refere acesso da população negra ao ensino gratuito e às
ao Sistema Único de Saúde (SUS), esse prevê que a po- atividades esportivas e de lazer;
pulação negra tem acesso universal e igualitário como II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham
os demais, a fim de se alcançar a proteção, promoção espaço para promoção social e cultural da população
e recuperação da saúde de pessoas negras. Importante negra;
ressaltar que a saúde igualitária é responsabilidade dos III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclu-
órgãos e instituições públicas federais, estaduais, distri- sive nas escolas, para que a solidariedade aos mem-
tais e municipais, tanto da administração pública direta, bros da população negra faça parte da cultura de toda
quanto da indireta. a sociedade;
Diante do exposto acima, observa-se uma reafirma- IV - implementação de políticas públicas para o forta-
ção do direito fundamental social à saúde de forma igua- lecimento da juventude negra brasileira.
litária para a população negra, a fim de resguardar essas No que se refere à educação, direito fundamental
pessoas de qualquer forma de preconceito e discrimina- social previsto no artigo 6º da Carta Magna, observa-se
ção, ato que seria atentatório aos direitos fundamentais. a necessidade de se estudar a história geral da África e
O conjunto de ações de saúde voltadas à população da população negra no Brasil, obrigação essa imposta a
negra constitui a Política Nacional de Saúde Integral da todos os estabelecimentos de ensino fundamental e mé-
População Negra, organizada de acordo com as diretri- dio, públicos e privados.
zes abaixo especificadas: Tal fato se faz como meio de resgatar a origem da
população negra e relevar a importância que essa mere-
I - ampliação e fortalecimento da participação de li- ce. Nesse sentido: “Os conteúdos referentes à história da
deranças dos movimentos sociais em defesa da saúde população negra no Brasil serão ministrados no âmbito
da população negra nas instâncias de participação e de todo o currículo escolar, resgatando sua contribuição
controle social do SUS; decisiva para o desenvolvimento social, econômico, polí-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

II - produção de conhecimento científico e tecnológico tico e cultural do País”.


em saúde da população negra; Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos
III - desenvolvimento de processos de informação, co- responsáveis pela educação incentivarão a participação
municação e educação para contribuir com a redução de intelectuais e representantes do movimento negro
das vulnerabilidades da população negra. para debater com os estudantes suas vivências relativas
Ademais, constituem objetivos da Política Nacional de ao tema em comemoração.
Saúde Integral da População Negra: Não obstante, os órgãos federais, distritais e esta-
I - a promoção da saúde integral da população negra, duais de fomento à pesquisa e à pós-graduação pode-
priorizando a redução das desigualdades étnicas e o rão criar incentivos a pesquisas e a programas de estudo
combate à discriminação nas instituições e serviços do voltados para temas referentes às relações étnicas, aos
SUS; quilombos e às questões pertinentes à população negra.

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Em outro plano, porém não distante, tem-se que o Neste sentido, a Lei 12.288/2010 prevê a necessidade,
Poder Executivo federal, deve incentivar as instituições por parte do poder público, de se fomentar o pleno aces-
de ensino superior em geral a: so da população negra às práticas desportivas, consoli-
dando o esporte e o lazer como direitos sociais. Assim,
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e verifica-se uma tentativa de ampliação do rol taxativo do
apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos di- artigo 6º da Constituição Federal, no qual o legislador
versos programas de pós-graduação que desenvolvam tenta incluir o esporte como direito fundamental social
temáticas de interesse da população negra; ligado ao lazer.
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de A capoeira é reconhecida como desporto de criação
formação de professores temas que incluam valores nacional, nos termos do artigo 217 da Constituição Fe-
concernentes à pluralidade étnica e cultural da socie- deral. Assim, tem-se a ideia de que a atividade de ca-
dade brasileira; poeirista deve ser reconhecida em todas as modalidades
III - desenvolver programas de extensão universitária em que essa se manifesta, seja como esporte, luta, dança
destinados a aproximar jovens negros de tecnologias ou música, sendo livre o exercício em todo o território
avançadas, assegurado o princípio da proporcionali- nacional.
dade de gênero entre os beneficiários; Por fim, observa-se que a lei prevê que é facultativo
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas
nos estabelecimentos de ensino públicos, privados e pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e for-
comunitários, com as escolas de educação infantil, en- malmente reconhecidos.
sino fundamental, ensino médio e ensino técnico, para
a formação docente baseada em princípios de equi- Do direito à liberdade de consciência e de crença e ao
dade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. livre exercício dos cultos religiosos
Por fim, o poder público estimulará e apoiará ações Como também previsto na Constituição Federal, o
socioeducacionais realizadas por entidades do movi- Estatuto da Igualdade Racial prevê a inviolabilidade da
mento negro que desenvolvam atividades voltadas para liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado
a inclusão social, mediante cooperação técnica, inter- o livre exercício dos cultos religiosos e garantida a prote-
câmbios, convênios e incentivos, entre outros mecanis- ção aos locais de culto e suas liturgias.
mos, e principalmente adotar programas de ação afirma- Assim, o direito à liberdade de consciência e de cren-
tiva, cabendo ao Poder Executivo federal a avaliação e ça e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz afri-
acompanhamento dos programas políticos de igualdade cana compreende:
e de educação.
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacio-
Cultura nadas à religiosidade e a fundação e manutenção, por
iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;
Quanto à cultura, deve-se garantir o reconhecimen- II - a celebração de festividades e cerimônias de acor-
to das sociedades negras, clubes e as outras diversas do com preceitos das respectivas religiões;
formas de manifestação coletiva da população negra, III - a fundação e a manutenção, por iniciativa priva-
com trajetória histórica reconhecidamente comprovada, da, de instituições beneficentes ligadas às respectivas
como patrimônio histórico e cultura, fundamentado nos convicções religiosas;
artigos 215 e 216 da Constituição Federal. IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o
Ademais, é assegurado aos remanescentes das comu- uso de artigos e materiais religiosos adequados aos
nidades dos quilombos o direito à preservação de seus costumes e às práticas fundadas na respectiva religio-
usos, costumes, tradições e manifestos religiosos, sob a sidade, ressalvadas as condutas vedadas por legisla-
proteção do Estado. ção específica;
Não obstante, o poder público incentivará a celebra- V - a produção e a divulgação de publicações relacio-
ção das personalidades e das datas comemorativas rela- nadas ao exercício e à difusão das religiões de matriz
cionadas à trajetória do samba e de outras manifestações africana;
culturais de matriz africana, bem como sua comemora- VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas
ção nas instituições de ensino públicas e privadas. naturais e jurídicas de natureza privada para a manu-
Por fim, o poder público garantirá o registro e a pro- tenção das atividades religiosas e sociais das respec-
teção da capoeira, em todas as suas modalidades, como tivas religiões;
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

bem de natureza imaterial e de formação da identidade VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação
cultural brasileira, nos termos do artigo 216 da Constitui- para divulgação das respectivas religiões;
ção Federal. VIII - a comunicação ao Ministério Público para aber-
tura de ação penal em face de atitudes e práticas de
Esporte e lazer intolerância religiosa nos meios de comunicação e em
quaisquer outros locais.
Importante esclarecer que o esporte pode estar as- Não obstante, prevê o diploma legal que é assegura-
sociado à profissionalidade, porém pode também estar da a assistência religiosa aos praticantes de religiões de
associado ao lazer, direito fundamental social previsto no matrizes africanas internados em hospitais ou em outras
artigo 6º da Carta Maior brasileira. instituições de internação coletiva, inclusive àqueles sub-
metidos a pena privativa de liberdade.

13
Por fim, tem-se que o poder público adotará as me- Da Moradia
didas necessárias para o combate à intolerância com as
religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus Art. 35. O poder público garantirá a implementação
seguidores, especialmente com o objetivo de: de políticas públicas para assegurar o direito à mora-
dia adequada da população negra que vive em fave-
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social las, cortiços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas
para a difusão de proposições, imagens ou aborda- ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las
gens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao à dinâmica urbana e promover melhorias no ambien-
desprezo por motivos fundados na religiosidade de te e na qualidade de vida.
matrizes africanas; Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provimento
obras e outros bens de valor artístico e cultural, os habitacional, mas também a garantia da infraestru-
monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos tura urbana e dos equipamentos comunitários asso-
vinculados às religiões de matrizes africanas; ciados à função habitacional, bem como a assistência
III - assegurar a participação proporcional de repre- técnica e jurídica para a construção, a reforma ou a
sentantes das religiões de matrizes africanas, ao lado regularização fundiária da habitação em área urbana.
da representação das demais religiões, em comissões, Art. 36. Os programas, projetos e outras ações gover-
conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação namentais realizadas no âmbito do Sistema Nacional
vinculadas ao poder público. de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado
Observa-se, assim, uma reafirmação do direito funda- pela Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005, devem
mental de liberdade de consciência e de crença praticada considerar as peculiaridades sociais, econômicas e cul-
pela população negra, clara tentativa de preservação e turais da população negra.
proteção aos seus direitos fundamentais e culturais. Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os
Acesso à terra e à moradia adequada Municípios estimularão e facilitarão a participação de
Neste ponto, torna-se mais eficaz observar o texto de organizações e movimentos representativos da popu-
lei, tendo em vista que o mesmo se faz mais auto-expli- lação negra na composição dos conselhos constituídos
cativo na ordem apresentada. Vejamos:
para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habita-
ção de Interesse Social (FNHIS).
Do Acesso à Terra
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados,
promoverão ações para viabilizar o acesso da popula-
Art. 27. O poder público elaborará e implementará polí-
ção negra aos financiamentos habitacionais.
ticas públicas capazes de promover o acesso da popula-
ção negra à terra e às atividades produtivas no campo.
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das ativi-
Trabalho
dades produtivas da população negra no campo, o po-
der público promoverá ações para viabilizar e ampliar Visto tanto no artigo 6º, quanto no artigo 7º e em
o seu acesso ao financiamento agrícola. outras partes da Constituição Federal, o direito ao tra-
Art. 29. Serão assegurados à população negra a as- balho constitui direito fundamental social de grande im-
sistência técnica rural, a simplificação do acesso ao portância, intrinsecamente ligado à dignidade da pessoa
crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura humana, compreendido pela:
de logística para a comercialização da produção. “(...) qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em
Art. 30. O poder público promoverá a educação e a cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respei-
orientação profissional agrícola para os trabalhadores to e consideração por parte do Estado e da comunida-
negros e as comunidades negras rurais. de, implicando, neste sentido, um complexo de direitos
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos qui- e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto
lombos que estejam ocupando suas terras é reconhe- contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desu-
cida a propriedade definitiva, devendo o Estado emi- mano, como venham a lhe garantir as condições existen-
tir-lhes os títulos respectivos. ciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desen- e promover sua participação ativa e co-responsável nos
volverá políticas públicas especiais voltadas para o destinos da própria existência e da vida em comunhão
desenvolvimento sustentável dos remanescentes das com os demais seres humanos”. (SARLET, 2007, p. 62)
comunidades dos quilombos, respeitando as tradições Assim, como não poderia ser diferente, o Estatuto de
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

de proteção ambiental das comunidades. Igualdade Racial tem como objetivo proteger também
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescen- esse direito fundamental social, implementando políticas
tes das comunidades dos quilombos receberão dos voltadas a inclusão da população negra no mercado de
órgãos competentes tratamento especial diferenciado, trabalho, por meio do poder público, observando-se:
assistência técnica e linhas especiais de financiamen-
to público, destinados à realização de suas atividades I – As normas instituídas no referido Estatuto;
produtivas e de infraestrutura II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos qui- a Convenção Internacional sobre a Eliminação de To-
lombos se beneficiarão de todas as iniciativas previs- das as Formas de Discriminação Racial, de 1965;
tas nesta e em outras leis para a promoção da igual- III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar
dade étnica. a Convenção no 111, de 1958, da Organização Inter-

14
nacional do Trabalho (OIT), que trata da discrimina- Dos meios de comunicação
ção no emprego e na profissão;
IV - os demais compromissos formalmente assumidos Os meios de comunicações deverão valorizar a he-
pelo Brasil perante a comunidade internacional. rança cultural e a participação da população negra na
historio do País. Assim, na produção de filmes, progra-
O poder público promoverá ações que assegurem mas de televisão e peças publicitárias, dever-se-á ado-
a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho tar a prática de conferir oportunidades de emprego para
para a população negra, inclusive mediante a implemen- atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda
tação de medidas visando à promoção da igualdade nas e qualquer discriminação de natureza política, ideológi-
contratações do setor público e o incentivo à adoção de ca, étnica ou artística.
medidas similares nas empresas e organizações privadas. Neste sentido, os órgãos e entidades da administra-
Assim, vejamos os mandamentos dos parágrafos ção pública federal direta, autárquica ou fundacional, as
contidos no artigo 39 da referida lei: empresas públicas e as sociedades de economia mista
§ 1o A igualdade de oportunidades será lograda me- federais deverão incluir cláusulas de participação de ar-
diante a adoção de políticas e programas de formação tistas negros nos contratos de realização de filmes, pro-
profissional, de emprego e de geração de renda volta- gramas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.
dos para a população negra. Ressalta-se, porém, que tal mandamento do legisla-
§ 2o As ações visando a promover a igualdade de dor não se aplica para filmes e programas que abordem
oportunidades na esfera da administração pública especificidades de grupos étnicos determinados.
far-se-ão por meio de normas estabelecidas ou a se- Por fim, observa-se o entendimento de que são prá-
rem estabelecidas em legislação específica e em seus ticas de iguais oportunidades de emprego o conjunto
regulamentos. de medidas siste-máticas executadas com a finalidade
§ 3o O poder público estimulará, por meio de incen- de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na
tivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado. equipe vinculada ao projeto ou ser-viço contratado. Con-
§ 4o As ações de que trata o caput deste artigo asse- forme se observa, há uma ampliação, nesse ponto, da
gurarão o princípio da proporcionalidade de gênero questão étnica, abrangendo também idade e sexo.
entre os beneficiários.
§ 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pe- Sistema nacional de promoção da igualdade racial
quena produção, nos meios rural e urbano, com ações
afirmativas para mulheres negras. O Sinapir foi instituído pelo Estatuto de Igualdade Ra-
§ 6o O poder público promoverá campanhas de sensi- cial como forma de organização e de articulação volta-
bilização contra a marginalização da mulher negra no das à im-plementação do conjunto de políticas e serviços
trabalho artístico e cultural. destinados ao combate as desigualdades étnicas no País,
§ 7o O poder público promoverá ações com o objetivo que deve ser prestado pelo Poder Público federal.
de elevar a escolaridade e a qualificação profissional Apesar de ser prestado pelo Poder Público federal,
nos setores da economia que contem com alto índice verifica-se a possibilidade de participação de Estados, do
de ocupação por trabalhadores negros de baixa esco- Distrito Federal e Municípios por meio de adesão. Não
larização. obstante, o Poder Público federal deve incentivar a socie-
Não obstante ao exposto acima, como meio de pro- dade e a iniciativa privada a participar do Sinapir.
moção ao trabalho, o Conselho Deliberativo do Fundo Vista a introdução do Sistema nacional de promoção
de Amparo ao Trabalhador (Codegat), deverá formular da igualdade racial, analisar-se-á agora seu objetivos,
políticas, programas e projetos voltados à inclusão da quais são:
população negra. I - promover a igualdade étnica e o combate às de-
Ademais, as ações de emprego e renda, promovidas sigualdades sociais resultantes do racismo, inclusive
por meio de financiamento para constituição e amplia- mediante adoção de ações afirmativas;
ção de pequenas e médias empresas e de programas de II - formular políticas destinadas a combater os fatores
geração de renda, contemplarão o estímulo à promoção de marginalização e a promover a integração social
de empresários negros. da população negra;
Por fim, observa-se que a lei prevê que o Poder Exe- III - descentralizar a implementação de ações afirma-
cutivo federal poderá implementar critérios para provi- tivas pelos governos estaduais, distrital e municipais;
mento de cargos em comissão e funções de confiança IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

destinados a ampliar a participação de negros, buscando promoção da igualdade étnica;


reproduzir a estrutura da distribuição étnica nacional ou, V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos
quando for o caso, estadual, observados os dados demo- criados para a implementação das ações afirmativas e
gráficos oficiais. o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
Quanto à organização e competência do Sinapir,
tem-se que o Poder Executivo federal deverá elabo-
#FicaDica rar plano nacional de promoção da igualdade racial,
contendo as metas, princípios e diretrizes para a im-
O Poder Executivo federal PODERÁ imple- plementação da Política Nacional de Promoção da
mentar os critérios acima descritos, não sen- Igualdade Racial (PNPIR).
do assim uma obrigação.

15
Deve-se, para isso, obedecer o disposto no artigo 49 Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das
do Estatuto em pauta, que diz: ameaças de lesão aos interesses da população ne-
gra decorrentes de situações de desigualdade étnica,
§ 1o A elaboração, implementação, coordenação, ava- recorrer-se-á, entre outros instrumentos, à ação civil
liação e acompanhamento da PNPIR, bem como a or- pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho
ganização, articulação e coordenação do Sinapir, se- de 1985.
rão efetivados pelo órgão responsável pela política de
promoção da igualdade étnica em âmbito nacional. Do financiamento das iniciativas de promoção da
§ 2o É o Poder Executivo federal autorizado a instituir igualdade racial
fórum intergovernamental de promoção da igualdade
étnica, a ser coordenado pelo órgão responsável pelas Na implementação dos programas e das ações cons-
políticas de promoção da igualdade étnica, com o ob- tantes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais
jetivo de implementar estratégias que visem à incor- da União, deverão ser observadas as políticas de ação
poração da política nacional de promoção da igual- afirmativa a que se refere o inciso VII do art. 4o do Esta-
dade étnica nas ações governamentais de Estados e tuto em questão, além de outras políticas públicas que
Municípios. tenham como objetivo promover a igualdade de oportu-
§ 3o As diretrizes das políticas nacional e regional de nidades e a inclusão social da população negra, especial-
promoção da igualdade étnica serão elaboradas por mente no que tange a:
órgão colegiado que assegure a participação da so- I - promoção da igualdade de oportunidades em edu-
ciedade civil. cação, emprego e moradia;
Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais, II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educa-
no âmbito das respectivas esferas de competência, po- ção, saúde e emprego, voltadas para a melhoria da
derão instituir conselhos de promoção da igualdade qualidade de vida da população negra;
étnica, de caráter permanente e consultivo, compostos III - incentivo à criação de programas e veículos de
por igual número de representantes de órgãos e en- comunicação destinados à divulgação de matérias re-
tidades públicas e de organizações da sociedade civil lacionadas aos interesses da população negra;
representativas da população negra. IV - incentivo à criação e à manutenção de microempre-
Por fim, tem-se que o Poder Executivo deve priorizar sas administradas por pessoas autodeclaradas negras;
o repasse dos recursos referentes aos programas e ativida- V - iniciativas que incrementem o acesso e a perma-
des previstas na Lei 12.288/2010, que devem ser destina- nência das pessoas negras na educação fundamental,
dos aos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham média, técnica e superior;
criado conselhos de promoção da igualdade étnica. VI - apoio a programas e projetos dos governos esta-
Das ouvidorias permanentes e do acesso à justiça e duais, distrital e municipais e de entidades da socie-
à segurança dade civil voltados para a promoção da igualdade de
Verificando o texto exato da Lei, sem interpretações oportunidades para a população negra;
extensivas, observa-se que: VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da me-
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma mória e das tradições africanas e brasileiras.
da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e Executi-
vo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Em continuação ao referido acima, deve-se analisar
Racial, para receber e encaminhar denúncias de pre- os parágrafos do artigo 56 da Lei, que ensina:
conceito e discriminação com base em etnia ou cor § 1o O Poder Executivo federal é autorizado a adotar
e acompanhar a implementação de medidas para a medidas que garantam, em cada exercício, a trans-
promoção da igualdade. parência na alocação e na execução dos recursos ne-
Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação ét- cessários ao financiamento das ações previstas neste
nica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder recursos orçamentários destinados aos programas de
Judiciário, em todas as suas instâncias, para a garan- promoção da igualdade, especialmente nas áreas de
tia do cumprimento de seus direitos. educação, saúde, emprego e renda, desenvolvimento
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mu- agrário, habitação popular, desenvolvimento regional,
lheres negras em situação de violência, garantida a cultura, esporte e lazer.
assistência física, psíquica, social e jurídica. § 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coi- exercício subsequente à publicação deste Estatuto, os
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

bir a violência policial incidente sobre a população órgãos do Poder Executivo federal que desenvolvem
negra. políticas e programas nas áreas referidas no § 1o des-
Parágrafo único. O Estado implementará ações de res- te artigo discriminarão em seus orçamentos anuais a
socialização e proteção da juventude negra em con- participação nos programas de ação afirmativa referi-
flito com a lei e exposta a experiências de exclusão dos no inciso VII do art. 4o desta Lei.
social. § 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar as me-
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de didas necessárias para a adequada implementação do
discriminação e preconceito praticados por servidores disposto neste artigo, podendo estabelecer patamares
públicos em detrimento da população negra, observa- de participação crescente dos programas de ação afir-
do, no que couber, o disposto na Lei no 7.716, de 5 de mativa nos orçamentos anuais a que se refere o § 2o
janeiro de 1989. deste artigo.

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§ 4o O órgão colegiado do Poder Executivo federal res- Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a
ponsável pela promoção da igualdade racial acompa- vigorar acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o
nhará e avaliará a programação das ações referidas atual parágrafo único como § 1o:
neste artigo nas propostas orçamentárias da União. “Art. 13. ........................................................................
§ 1o ...............................................................................
Por fim, tem-se que sem prejuízo da destinação de § 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento
recursos ordinários, poderão ser consignados nos orça- em dano causado por ato de discriminação étnica nos
mentos fiscal e da seguridade social para financiamento termos do disposto no art. 1o desta Lei, a prestação em
das ações afirmativas: dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que trata
I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito o caput e será utilizada para ações de promoção da
Federal e dos Municípios; igualdade étnica, conforme definição do Conselho Na-
II - doações voluntárias de particulares; cional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese
III - doações de empresas privadas e organizações não de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção
governamentais, nacionais ou internacionais; de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou inter- de danos com extensão regional ou local, respectiva-
nacionais; mente.” (NR)
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de con- Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei nº 10.778, de 24 de
vênios, tratados e acordos internacionais. novembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte
redação:
Disposições gerais “Art. 1o .......................................................................
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência
No que se refere às disposições gerais, tem-se que o contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada
Estatuto de Igualdade Racial trouxe diversas alterações no gênero, inclusive decorrente de discriminação ou
em outros diplomas legais, alterações essas dispostas desigualdade étnica, que cause morte, dano ou sofri-
nos artigos 60 à 64. Vejamos:
mento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no
Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de 1989, pas-
âmbito público quanto no privado.
sam a vigorar com a seguinte redação:
...................................................................................” (NR)
“Art. 3o ........................................................................
Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989,
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por mo-
passa a vigorar acrescido do seguinte inciso III:
tivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou pro-
“Art. 20. ......................................................................
cedência nacional, obstar a promoção funcional.” (NR)
.............................................................................................
“Art. 4o ........................................................................
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis- § 3o ...............................................................................
criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes .............................................................................................
do preconceito de descendência ou origem nacional III - a interdição das respectivas mensagens ou pági-
ou étnica: nas de informação na rede mundial de computadores.
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao ...................................................................................” (NR)
empregado em igualdade de condições com os demais
trabalhadores;
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou EXERCÍCIO COMENTADO
obstar outra forma de benefício profissional;
III - proporcionar ao empregado tratamento diferen-
ciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto 1. (ANALISTA LEGISLATIVO – CÂMARA DOS DEPUTA-
ao salário. DOS – CESPE – 2014) Julgue o item que segue, relativo
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação aos crimes contra as pessoas com deficiência, aos crimes
de serviços à comunidade, incluindo atividades de resultantes de preconceito de raça ou de cor e ao Estatu-
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou to da Igualdade Racial.
qualquer outra forma de recrutamento de trabalhado- De acordo com o Estatuto da Igualdade Racial, o fato
res, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou de um empregado de estabelecimento comercial privado
etnia para emprego cujas atividades não justifiquem recusar atendimento a um cliente tão somente em razão
essas exigências.” (NR) de este ser negro amolda-se a desigualdade racial e não
Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 9.029, de 13 de abril a discriminação racial, pois caracteriza-se uma situação
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

de 1995, passam a vigorar com a seguinte redação: injustificada de acesso a serviço privado em virtude de
“Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e nos raça ou origem étnica.
dispositivos legais que tipificam os crimes resultantes
de preconceito de etnia, raça ou cor, as infrações do ( ) CERTO ( ) ERRADO
disposto nesta Lei são passíveis das seguintes comi-
nações: Resposta: Errado. De acordo com o artigo 1º, inciso I
...................................................................................” (NR) da Lei 12.288/10 discriminação racial ou étnico-racial
“Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por ato dis- é toda distinção, exclusão, restrição ou preferência ba-
criminatório, nos moldes desta Lei, além do direito à repa- seada em raça, cor, descendência ou origem nacional
ração pelo dano moral, faculta ao empregado optar entre: ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o
...................................................................................” (NR) reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de

17
condições, de direitos humanos e liberdades funda- Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimen-
mentais nos campos político, econômico, social, cul- to comercial, negando-se a servir, atender ou receber
tural ou em qualquer outro campo da vida pública ou cliente ou comprador.
privada. Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou in-


LEI FEDERAL Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE gresso de aluno em estabelecimento de ensino público
1989 (DEFINE OS CRIMES RESULTANTES DE ou privado de qualquer grau.
PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR) E LEI FE- Pena: reclusão de três a cinco anos.
DERAL N° 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997 (TIPI- Parágrafo único. Se o crime for praticado contra me-
FICAÇÃO DOS CRIMES RESULTANTES DE PRE- nor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um
CONCEITO DE RAÇA OU DE COR). terço).

Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em


LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989. hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimen-
to similar.
Define os crimes resultantes de preconceito de raça Pena: reclusão de três a cinco anos.
ou de cor.
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhan-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: tes abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
cor, etnia, religião ou procedência nacional. estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou
clubes sociais abertos ao público.
Art. 2º (Vetado). Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida- Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
mente habilitado, a qualquer cargo da Administração salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de
Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de massagem ou estabelecimento com as mesmas fina-
serviços públicos. lidades.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por Pena: reclusão de um a três anos.
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião
ou procedência nacional, obstar a promoção funcio- Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifí-
nal. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) cios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de
Pena: reclusão de dois a cinco anos. acesso aos mesmos:
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis- Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públi-
criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes cos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens,
do preconceito de descendência ou origem nacional metrô ou qualquer outro meio de transporte conce-
ou étnica: (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) dido.
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao Pena: reclusão de um a três anos.
empregado em igualdade de condições com os demais
trabalhadores; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao ser-
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou viço em qualquer ramo das Forças Armadas.
obstar outra forma de benefício profissional; (Incluído Pena: reclusão de dois a quatro anos.
pela Lei nº 12.288, de 2010)
III - proporcionar ao empregado tratamento diferen- Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou for-
ciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ma, o casamento ou convivência familiar e social.
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

ao salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Pena: reclusão de dois a quatro anos.
§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação
de serviços à comunidade, incluindo atividades de Art. 15. (Vetado).
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou
qualquer outra forma de recrutamento de trabalhado- Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do
res, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou cargo ou função pública, para o servidor público, e a
etnia para emprego cujas atividades não justifiquem suspensão do funcionamento do estabelecimento par-
essas exigências. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) ticular por prazo não superior a três meses.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 17. (Vetado).

18
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular sím-
declarados na sentença. bolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propa-
ganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para
Art. 19. (Vetado). fins de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é co-
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência metido por intermédio dos meios de comunicação so-
nacional. cial ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de um a três anos e multa. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular sím- § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá
bolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propa- determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
ganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de
fins de divulgação do nazismo. desobediência:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é co- dos exemplares do material respectivo;
metido por intermédio dos meios de comunicação so- II - a cessação das respectivas transmissões radiofôni-
cial ou publicação de qualquer natureza: cas ou televisivas.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condena-
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá ção, após o trânsito em julgado da decisão, a destrui-
determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido ção do material apreendido.”
deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de Art. 2º O art. 140 do Código Penal fica acrescido do
desobediência: seguinte parágrafo:
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão “Art. 140. ...................................................................
dos exemplares do material respectivo; ...................................................................................
II - a cessação das respectivas transmissões radiofôni- § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos
cas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qual- referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem:
quer meio; (Redação dada pela Lei nº 12.735, de 2012) Pena: reclusão de um a três anos e multa.”
III - a interdição das respectivas mensagens ou pági- Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
nas de informação na rede mundial de computadores. cação.
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condena- Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário, espe-
ção, após o trânsito em julgado da decisão, a destrui- cialmente o art. 1º da Lei nº 8.081, de 21 de setembro
ção do material apreendido. de 1990, e a Lei nº 8.882, de 3 de junho de 1994.
Brasília, 13 de maio de 1997; 176º da Independência
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- e 109º da República.
cação.

Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. DECRETO FEDERAL N° 65.810, DE 08 DE DE-


ZEMBRO DE 1969 (CONVENÇÃO INTERNA-
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência CIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS
e 101º da República. FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL).
JOSÉ SARNEY
Paulo Brossard
A CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMI-
NAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINA-
LEI Nº 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997. ÇÃO RACIAL.

Altera os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro Os Estados Partes na presente Convenção


de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito
de raça ou de cor, e acrescenta parágrafo ao art. 140 do Considerando que a Carta das Nações Unidas baseia-
Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. -se em princípios de dignidade e igualdade inerentes a
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- todos os seres humanos, e que todos os Estados Mem-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: bros comprometeram-se a tomar medidas separadas e
conjuntas, em cooperação com a Organização, para a
Art. 1º Os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro consecução de um dos propósitos das Nações Unidas
de 1989, passam a vigorar com a seguinte redação: que é promover e encorajar o respeito universal e obser-
“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes vância dos direitos humanos e liberdades fundamentais
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, para todos, sem discriminação de raça, sexo, idioma ou
cor, etnia, religião ou procedência nacional.” religião.
“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou Considerando que a Declaração Universal dos Direi-
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência tos do Homem proclama que todos os homens nascem
nacional. livres e iguais em dignidade e direitos e que todo homem

19
tem todos os direitos estabelecidos na mesma, sem dis- PARTE I
tinção de qualquer espécie e principalmente de raça, cor Artigo I
ou origem nacional nacional,
Considerando todos os homens são iguais perante a 1. Nesta Convenção, a expressão “discriminação ra-
lei e têm o direito à igual proteção contra qualquer discri- cial” significará qualquer distinção, exclusão restrição
minação e contra qualquer incitamento à discriminação, ou preferência baseadas em raça, cor, descendência ou
Considerando que as Nações Unidas têm condenado origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou
o colonialismo e todas as práticas de segregação e dis- efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
criminação a ele associados, em qualquer forma e onde exercício num mesmo plano,( em igualdade de condi-
quer que existam, e que a Declaração sobre a Conceção ção), de direitos humanos e liberdades fundamentais
de Independência, a Partes e Povos Coloniais, de 14 de no domínio político econômico, social, cultural ou em
dezembro de 1960 (Resolução 1.514 (XV), da Assembleia qualquer outro domínio de vida pública.
Geral afirmou e proclamou solenemente a necessidade 2. Esta Convenção não se aplicará ás distinções, ex-
de levá-las a um fim rápido e incondicional, clusões, restrições e preferências feitas por um Estado
Considerando que a Declaração das Nações Unidas Parte nesta Convenção entre cidadãos e não cidadãos.
sobre eliminação de todas as formas de Discriminação 3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado
Racial, de 20 de novembro de 1963, (Resolução 1.904 ( como afetando as disposições legais dos Estados Par-
XVIII) da Assembleia-Geral), afima solemente a neces- tes, relativas a nacionalidade, cidadania e naturaliza-
sidade de eliminar rapidamente a discriminação racial ção, desde que tais disposições não discriminem con-
através do mundo em todas as suas formas e manifesta- tra qualquer nacionalidade particular.
ções e de assegurar a compreensão e o respeito à digini- 4. Não serão consideradas discriminação racial as me-
dade da pessoa humana, didas especiais tomadas com o único objetivo de asse-
Convencidos de que qualquer doutrina de superio- gurar progresso adequado de certos grupos raciais ou
ridade baseada em diferenças raciais é cientificamente
étnicos ou de indivíduos que necessitem da proteção
falsa, moralmente condenável, socialmente injusta e pe-
que possa ser necessária para proporcionar a tais gru-
rigosa, em que, não existe justificação para a discrimina-
pos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos
ção racial, em teoria ou na prática, em lugar algum,
humanos e liberdades fundamentais, contando que,
Reafirmando que a discriminação entre os homens
tais medidas não conduzam, em conseqüência, à ma-
por motivos de raça, cor ou origem étnica é um obstá-
nutenção de direitos separados para diferentes grupos
culo a relações amistosas e pacíficas entre as nações e é
raciais e não prossigam após terem sidos alcançados
capaz de disturbar a paz e a segurança entre povos e a
os seus objetivos.
harmonia de pessoas vivendo lado a lado até dentro de
um mesmo Estado,
Convencidos que a existência de barreiras raciais re- Artigo II
pugna os ideais de qualquer sociedade humana,
Alarmados por manifestações de discriminação racial 1. Os Estados Partes condenam a discriminação ra-
ainda em evidência em algumas áreas do mundo e por cial e comprometem-se a adotar, por todos os meios
políticas governamentais baseadas em superioridade ra- apropriados e sem tardar uma política de eliminação
cial ou ódio, como as políticas de apartheid, segreção ou da discriminação racial em todas as suas formas e de
separação, promoção de entendimento entre todas as raças e
Resolvidos a adotar todas as medidas necessárias para esse fim:
para eliminar rapidamente a discriminação racial em, to- a) Cada Estado parte compromete-se a efetuar ne-
das as suas formas e manifestações, e a prevenir e com- nhum ato ou prática de discriminação racial contra
bater doutrinas e práticas raciais com o objetivo de pro- pessoas, grupos de pessoas ou instituições e fazer com
mover o entendimento entre as raças e construir uma que todas as autoridades públicas nacionais ou locais,
comunidade internacional livre de todas as formas de se conformem com esta obrigação;
separação racial e discriminação racial, b) Cada Estado Parte compromete-se a não encorajar,
Levando em conta a Convenção sobre Discriminação defender ou apoiar a discriminação racial praticada
nos Emprego e Ocupação adotada pela Organização in- por uma pessoa ou uma organização qualquer;
ternacional do Trabalho em 1958, e a Convenção contra c) Cada Estado Parte deverá tomar as medidas efi-
discriminação no Ensino adotada pela Organização das cazes, a fim de rever as politicas governamentais na-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Nações Unidas para Educação a Ciência em 1960, cionais e locais e para modificar, ab-rogar ou anular
Desejosos de completar os princípios estabelecidos qualquer disposição regulamentar que tenha como
na Declaração das Naçõs unidas sobre a Eliminação de objetivo criar a discriminação ou perpetrá-la onde já
todas as formas de discriminação racial e assegurar o existir;
mais cedo possível a adoção de medidas práticas para d) Cada Estado Parte deverá, por todos os meios apro-
esse fim, priados, inclusive se as circunstâncias o exigerem, as
Acordaram no seguinte: medidas legislativas, proibir e por fim, a discriminação
racial praticadas por pessoa, por grupo ou das orga-
nizações;
e) Cada Estado Parte compromete-se a favorecer,
quando for o caso as organizações e movimentos

20
multi-raciais e outros meios próprios a eliminar as uma à igualdade perante a lei sem distinção de raça ,
barreiras entre as raças e a desecorajar o que tende a de cor ou de origem nacional ou étnica, principalmen-
fortalecer a divisão racial. te no gozo dos seguintes direitos:
2) Os Estados Partes tomarão, se as circunstâncias a) direito a um tratamento igual perante os tribunais
o exigirem, nos campos social, econômico, cultural e ou qualquer outro órgão que administre justiça;
outros, as medidas especiais e concretas para assegu- b) direito a segurança da pessoa ou à proteção do Es-
rar como convier o desenvolvimento ou a proteção de tado contra violência ou ou lesão corporal cometida
certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a que por funcionários de Governo, quer por qualquer
estes grupos com o objetivo de garantir-lhes, em con- indivíduo, grupo ou instituição.
dições de igualdade, o pleno exercício dos direitos do c) direitos políticos principalmente direito de partici-
homem e das liberdades fundamentais. par às eleições - de votar e ser votado - conforme o
Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a sistema de sufrágio universal e igual direito de tomar
finalidade de manter direitos grupos raciais, depois de parte no Governo, assim como na direção dos assun-
alcançados os objetivos em razão dos quais foram to- tos públicos, em qualquer grau e o direito de acesso
madas. em igualdade de condições, às funções públicas.
d) Outros direitos civis, principalmente,
Artigo III i) direito de circular livremente e de escolher residên-
cia dentro das fronteiras do Estado;
Os Estados Partes especialmente condenam a segre- ii) direito de deixar qualquer pais, inclusive o seu, e de
gação racial e o apartheid e comprometem-se a proi- voltar a seu país;
bir e a eliminar nos territórios sob sua jurisdição todas iii) direito de uma nacionalidade;
as práticas dessa natureza. iv) direito de casar-se e escolher o cônjuge;
v) direito de qualquer pessoa, tanto individualmente
Artigo IV como em conjunto, à propriedade;
vi) direito de herda;
Os Estados partes conenam toda propaganda e todas vii) direito à liberdade de pensamento, de consciência
as organizações que se inspirem em idéias ou teorias e de religião;
baseadas na superioridade de uma raça ou de um gru- viii) direito à liberdade de opinião e de expressão;
po de pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem ix) direito à liberdade de reunião e de associação pa-
ética ou que pretendem justificar ou encorajar qualquer cífica;
forma de odio e de discriminação raciais e compro- e) direitos econômicos, sociais culturais, principal-
metem-se a adotar imediatamente medidas positivas mente:
destinadas a eliminar qualquer incitação a uma tal i) direitos ao trabalho, a livre escolha de seu traba-
discriminação, ou quaisquer atos de discriminação com lho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho
este objetivo tendo em vista os princípios formulados à proteção contra o desemprego, a um salário igual
na Declaração universal dos direitos do homem e os para um trabalho igual, a uma remuneração equita-
direitos expressamente enunciados no artigo 5 da pre- tiva e satisfatória;
sente convenção, eles se comprometem principalmente: ii) direito de fundar sindicatos e a eles se filiar;
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão iii) direito à habitação;
de idéias baseadas na superioridade ou ódio raciais, iv) direito à saúde pública, a tratamento médico, à
qualquer incitamento à discriminação racial, assim previdência social e aos serviços sociais;
como quaisquer atos de violência ou provocação a v) direito a educação e à formação profissional;
tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer vi) direito a igual participação das atividades culturais;
grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem téc- f) direito de acesso a todos os lugares e serviços desti-
nica, como também qualquer assistência prestada a nados ao uso do publico, tais como, meios de transpor-
atividades racistas, inclusive seu financiamento; te hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e parques.
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações as-
sim como as atividades de propaganda organizada e Artigo VI
qualquer outro tipo de atividade de propaganda que
incitar a discriminação racial e que a encorajar e a Os Estados Partes assegurarão a qualquer pessoa que
declara delito punível por lei a participação nestas or- estiver sob sua jurisdição, proteção e recursos efeti-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

ganizações ou nestas atividades. vos perante os tribunais nacionais e outros órgãos do


c) a não permitir as autoridades públicas nem ás insti- Estado competentes, contra quaisquer atos de discri-
tuições públicas nacionais ou locais, o incitamento ou minação racial que, contraviamente à presente Con-
encorajamento à discriminação racial. venção, violarem seus direitos individuais e suas liber-
dades fundamentais, assim como o direito de pedir a
Artigo V esses tribunais uma satisfação ou repartição justa e
adequada por qualquer dano de que foi vitima em de-
De conformidade com as obrigações fundamentais corrência de tal discriminação.
enunciadas no artigo 2, Os Estados Partes comprome-
tem-se a proibir e a eliminar a discriminação racial
em todas suas formas e a garantir o direito de cada

21
Artigo VII Artigo IX

Os Estados Partes, comprometem-se a tomar as medi- 1. Os Estados Partes comprometem-se a apresentar ao


das imediatas e eficazes, principalmente no campo de Secretário Geral para exame do Comitê, um relatório
ensino, educação, da cultura e da informação, para lu- sobre as medidas legislativas, judiciárias, administrati-
tar contra os preconceitos que levem à discriminação vas ou outras que tomarem para tornarem efetivas as
racial e para promover o entendimento, a tolerância e disposições da presente Convenção:
a amizade entre nações e grupos raciais e éticos assim a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em vi-
como para propagar ao objetivo e princípios da Carta gor da Convenção, para cada Estado interessado no que
das Nações Unidas da Declaração Universal dos Direi- lhe diz respeito, e posteriormente, cada dois anos, e toda
tos do Homem, da Declaração das Nações Unidas so- vez que o Comitê o solicitar. O Comitê poderá solicitar
bre a eliminação de todas as formas de discriminação informações complementares aos Estados Partes.
racial e da presente Convenção. 2. O Comitê submeterá anualmente à Assembléia Ge-
ral, um relatório sobre suas atividades e poderá fazer
PARTE II sugestões e recomendações de ordem geral baseadas
Artigo VIII no exame dos relatórios e das informações recebidas
dos Estados Partes. Levará estas sugestões e recomen-
1. Será estabelecido um Comitê para a eliminação da dações de ordem geral ao conhecimento da Assem-
discriminação racial (doravante denominado “o Comi- bleia Geral, e se as houver juntamente com as obser-
tê) composto de 18 peritos conhecidos para sua alta vações dos Estados Partes.
moralidade e conhecida imparcialidade, que serão
eleitos pelos Estados Membros dentre seus nacionais Artigo X
e que atuarão a título individual, levando-se em conta
uma repartição geográfica equitativa e a representa- 1. O Comitê adotará seu regulamento interno.
2. O Comitê alegará sua mesa por um período de dois
ção das formas diversas de civilização assim como dos
anos.
principais sistemas jurídicos.
3. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni-
2. Os Membros do Comite serão eleitos em escrutínio
das foi necessários serviços de Secretaria ao Comitê.
secreto de uma lista de candidatos designados pelos
4. O Comitê reunir-se-à normalmente na Sede das
Estados Partes, Cada Estado Parte poderá designar
Nações Unidas.
um candidato escolhido dentre seus nacionais.
3. A primeira eleição será realizada seis meses após
Artigo XI
a data da entrada em vigor da presente Convenção.
Três meses pelo menos antes de cada eleição, o Se- 1. Se um Estado Parte Julgar que outro Estado igual-
cretário Geral das Nações Unidas enviará uma Carta mente Parte não aplica as disposições da presente Co-
aos Estados Partes para convidá-los a apresentar suas venção poderá chamar a atenção do Comitê sobre a
candidaturas no prazo de dois meses. O Secretário Ge- questão. O Comitê transmitirá, então, a comunicação
ral elaborará uma lista por ordem alfabética, de todos ao Estado Parte interessado. Num prazo de três meses,
os candidatos assim nomeados com indicação dos Es- o Estado destinatário submeterá ao Comitê as explica-
tados partes que os nomearam, e a comunicará aos ções ou declarações por escrito, a fim de esclarecer a
Estados Partes. questão e indicar as medidas corretivas que por acaso
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma tenham sido tomadas pelo referido Estado.
reunião dos Estados Partes convocada pelo Secretário 2. Se, dentro de um prazo de seis meses a partir da
Geral das Nações Unidas. Nessa reunião, em que o data do recebimento da comunicação original pelo
quorum será alcançado com dois terços dos Estados Estado destinatário a questão não foi resolvida a con-
Partes, serão elitos membros do Comitê, os candidatos tento dos dois Estados, por meio de negociações bila-
que obtiverem o maior número de votos e a maioria terais ou por qualquer outro processo que estiver a sua
absoluta de votos dos representantes dos Estados Par- disposição, tanto um como o outro terão o direito de
tes presentes e votantes. submetê-la novamente ao Comitê, endereçando uma
5. a) Os membros do Comitê serão eleitos por um pe- notificação ao Comitê assim como ao outro Estado in-
ríodo de quatro anos. Entretanto, o mandato de nove teressado.
dos membros eleitos na primeira eleição, expirará ao 3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

fim de dois anos; logo após a primeira eleição os no- questão, de acordo com o parágrafo 2 do presente
mes desses nove membros serão escolhidos, por sor- artigo, após ter constatado que todos os recursos in-
teio, pelo Presidente do Comitê. ternos disponíveis foram interpostos ou esgotados, de
b) Para preencher as vagas fortuítas, o Estado Parte, conformidade com os princípios do direito internacio-
cujo perito deixou de exercer suas funções de membro nal geralmente reconhecidos. Esta regra não se apli-
do Comitê, nomeará outro perito dentre seus nacio- cará se os procedimentos de recurso excederem prazos
nais, sob reserva da aprovação do Comitê. razoáveis.
6. Os Estados Partes serão responsáveis pelas despesas 4. Em qualquer questão que lhe for submetida, Comi-
dos membros do Comitê para o período em que estes tê poderá solicitar aos Estados-Partes presentes que
desempenharem funções no Comitê. lhe forneçam quaisquer informações complementares
pertinentes.

22
5. Quando o Comitê examinar uma questão conforme 2. O Presidente do Comitê transmitirá o relatório da
o presente Artigo os Estados Partes interessados terão Comissão a cada um dos Estados Partes na controvér-
o direito de nomear um representante que participará sia. Os referidos Estados comunicarão ao Presidente
sem direito de voto dos trabalhos no Comitê durante do Comitê num prazo de três meses se aceitam ou não,
todos os debates. as recomendações contidas no relatório da Comissão.
3. Expirado o prazo previsto no paragrafo 2º do pre-
Artigo XII sente artigo, o Presidente do Comitê comunicará o
Relatório da Comissão e as declarações dos Estados
1. a) Depois que o Comitê obtiver e consultar as infor- Partes interessadas aos outros Estados Parte na Co-
mações que julgar necessárias, o Presidente nomeará missão.
uma Comissão de Conciliação ad hoc (doravante de-
nominada “ A Comissão”, composta de 5 pessoas que Artigo XIV
poderão ser ou não membros do Comitê. Os membros
serão nomeados com o consentimento pleno e unâni- 1. Todo o Estado parte poderá declarar e qualquer mo-
me das partes na controvérsia e a Comissão fará seus mento que reconhece a competência do Comitê para
bons ofícios a disposição dos Estados presentes, com o receber e examinar comunicações de indivíduos sob
objetivo de chegar a uma solução amigável da ques- sua jurisdição que se consideram vítimas de uma vio-
tão, baseada no respeito à presente Convenção. lação pelo referido Estado Parte de qualquer um dos
b) Se os Estados Partes na controvérsia não chegarem direitos enunciados na presente Convenção. O Comi-
a um entendimento em relação a toda ou parte da tê não receberá qualquer comunicação de um Estado
composição da Comissão num prazo de três meses os Parte que não houver feito tal declaração.
membros da Comissão que não tiverem o assentimen- 2. Qualquer Estado parte que fizer uma declaração de
to do Estados Partes, na controvérsia serão eleitos por conformidade com o parágrafo do presente artigo, po-
escrutínio secreto entre os membros de dois terços dos derá criar ou designar um órgão dentro de sua ordem
membros do Comitê. jurídica nacional, que terá competência para receber e
2. Os membros da Comissão atuarão a título indivi- examinar as petições de pessoas ou grupos de pessoas
dual. Não deverão ser nacionais de um dos Estados sob sua jurisdição que alegarem ser vitimas de uma
Partes na controvérsia nem de um Estado que não seja violação de qualquer um dos direitos enunciados na
parte da presente Convenção. presente Convenção e que esgotaram os outros recur-
3. A Comissão elegerá seu Presidente e adotará seu sos locais disponíveis.
regimento interno. 3. A declaração feita de conformidade com o parágra-
4. A Comissão reunir-se-a normalmente na sede nas fo 1 do presente artigo e o nome de qualquer órgão
Nações Unidas em qualquer outro lugar apropriado criado ou designado pelo Estado Parte interessado
que a Comissão determinar. consoante o parágrafo 2 do presente artigo será de-
5. O Secretariado previsto no parágrafo 3 do artigo positado pelo Estado Parte interessado junto ao Se-
10 prestará igualmente seus serviços à Comissão cada cretário Geral das Nações Unidas que remeterá cópias
ver que uma controvérsia entre os Estados Partes pro- aos outros Estados Partes. A declaração poderá ser re-
vocar sua formação. tirada a qualquer momento mediante notificação ao
6. Todas as despesas dos membros da Comissão serão Secretário Geral mas esta retirada não prejudicará as
divididos igualmente entre os Estados Partes na con- comunicações que já estiverem sendo estudadas pelo
trovérsia baseadas num cálculo estimativo feito pelo Comitê.
Secretário-Geral. 4. O órgão criado ou designado de conformidade com
7. O Secretário Geral ficará autorizado a pagar, se for o parágrafo 2 do presente artigo, deverá manter um
necessário, as despesas dos membros da Comissão, registro de petições e cópias autenticada do registro
antes que o reembolso seja efetuado pelos Estados serão depositadas anualmente por canais apropria-
Partes na controvérsia, de conformidade com o pará- dos junto ao Secretário Geral das Nações Unidas, no
grafo 6 do presente artigo. entendimento que o conteúdo dessas cópias não será
8. As informações obtidas e confrontadas pelo Comitê divulgado ao público.
serão postas à disposição da Comissão, e a Comissão 5. Se não obtiver repartição satisfatória do órgão cria-
poderá solicitar aos Estados interessados sde lhe for- do ou designado de conformidade com o parágrafo
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

necer qualquer informação complementar pertinente. 2 do presente artigo, o peticionário terá o direito de
levar a questão ao Comitê dentro de seis meses.
Artigo XIII 6. a) O Comitê levará, a título confidencial, qualquer
comunicação que lhe tenha sido endereçada, ao co-
1. Após haver estudado a questão sob todos os seus nhecimento do Estado Parte que, pretensamente hou-
aspectos, a Comissão preparará e submeterá ao Pre- ver violado qualquer das disposições desta Convenção,
sidente do Comitê um relatório com as conclusões mas a identidade da pessoa ou dos grupos de pessoas
sobre todas ass questões de fato relativas à contro- não poderá ser revelada sem o consentimento expres-
vérsia entre as partes e as recomendações que julgar so da referida pessoa ou grupos de pessoas. O Comitê
oportunas a fim de chegar a uma solução amistosa da não receberá comunicações anônimas.
controvérsia.

23
b) Nos três meses seguintes, o referido Estado sub- de órgãos das Nações Unidas e as opiniões e reco-
meterá, por escrito ao Comitê, as explicações ou re- mendações que houver proferido sobre tais petições
comendações que esclarecem a questão e indicará as e relatórios.
medidas corretivas que por acaso houver adotado. 4. O Comitê solicitará ao Secretário Geral das Nações
7. a) O Comitê examinará as comunicações, à luz de Unidas qualquer informação relacionada com os ob-
todas as informações que forem submetidas pelo Es- jetivos da presente Convenção que este dispuser sobre
tado parte interessado e pelo peticionário. O Comitê os territórios mencionados no parágrafo 2 (a) do pre-
so examinará uma comunicação de peticionário após sente artigo.
ter-se assegurado que este esgotou todos os recursos
internos disponíveis. Entretanto, esta regra não se Artigo XVI
aplicará se os processos de recurso excederem prazos
razoáveis. As disposições desta Convenção relativas a solução
b) O Comitê remeterá suas sugestões e recomenda- das controvérsias ou queixas serão aplicadas sem pre-
ções eventuais, ao Estado Parte interessado e ao pe- juízo de outros processos para solução de controvér-
ticionário. sias e queixas no campo da discriminação previstos
8. O Comitê incluirá em seu relatório anual um resu- nos instrumentos constitutivos das Nações Unidas e
mo destas comunicações, se for necessário, um resu- suas agências especializadas, e não excluirá a possi-
mo das explicações e declarações dos Estados Partes bilidade dos Estados partes recomendarem aos outros,
interessados assim como suas próprias sugestões e processos para a solução de uma controvérsia de con-
recomendações. formidade com os acordos internacionais ou especiais
9. O Comitê somente terá competência para exercer as que os ligarem.
funções previstas neste artigo se pelo menos dez Esta-
dos Partes nesta Convenção estiverem obrigados por Terceira Parte
declarações feitas de conformidade com o parágrafo
deste artigo. Artigo XVII

Artigo XV 1. A presente Convenção ficará aberta à assinatura de


todo Estado Membro da Organização das Nações Uni-
1. Enquanto não forem atingidos os objetivos da das ou membro de qualquer uma de suas agências es-
resolução 1.514 (XV) da Assembléia Geral de 14 de pecializadas, de qualquer Estado parte no Estatuto da
dezembro de 1960, relativa à Declaração sobro a con- Corte Internacional de Justiça, assim como de qual-
cessão da independência dos países e povos coloniais, quer outro Estado convidado pela Assembléia-Geral
as disposições da presente convenção não restringirão da Organização das Nações Unidas a torna-se parte
de maneira alguma o direito de petição concedida aos na presente Convenção.
povos por outros instrumentos internacionais ou pela 2. A presente Convenção ficará sujeita à ratificação e
Organização das Nações Unidas e suas agências es- os instrumentos de ratificação serão depositados junto
pecializadas. ao Secretário Geral das Nações Unidas.
2. a) O Comitê constituído de conformidade com o
Artigo XVIII
parágrafo 1 do artigo 8 desta Convenção receberá có-
pia das petições provenientes dos órgãos das Nações
1. A presente Convenção ficará aberta a adesão de
Unidas que se encarregarem de questões diretamente
qualquer Estado mencionado no parágrafo 1º do ar-
relacionadas com os princípios e objetivos da presente
tigo 17.
Convenção e expressará sua opinião e formulará reco-
2. A adesão será efetuada pelo depósito de instrumen-
mendações sobre petições recebidas quando examinar
to de adesão junto ao Secretário Geral das Nações
as petições recebidas dos habitantes dos territórios sob
Unidas.
tutela ou não autônomo ou de qualquer outro terri-
tório a que se aplicar a resolução 1514 (XV) da As- Artigo XIX
sembléia Geral, relacionadas a questões tratadas pela
presente Convenção e que forem submetidas a esses 1. Esta convenção entrará em vigor no trigésimo dia
órgãos.
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

após a data do deposito junto ao Secretário Geral das


b) O Comitê receberá dos órgãos competentes da Nações Unidas do vigésimo sétimo instrumento de ra-
Organização das Nações Unidas cópia dos relatórios tificação ou adesão.
sobre medidas de ordem legislativa judiciária, admi- 2. Para cada Estado que ratificar a presente Conven-
nistrativa ou outra diretamente relacionada com os ção ou a ele aderir após o depósito do vigésimo sétimo
princípios e objetivos da presente Convenção que as instrumento de ratificação ou adesão esta Convenção
Potências Administradoras tiverem aplicado nos ter- entrará em vigor no trigésimo dia após o depósito de
ritórios mencionados na alinea “a” do presente pará- seu instrumento de ratificação ou adesão.
grafo e expressará sua opinião e fará recomendações
a esses órgãos.
3. O Comitê incluirá em seu relatório à Assembléia um
resumo das petições e relatórios que houver recebido

24
Artigo XX Artigo XXIV

1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas
enviará, a todos os Estados que forem ou vierem a comunicará a todos os Estados mencionados no pará-
torna-se partes desta Convenção, as reservas feitas grafo 1º do artigo 17 desta Convenção.
pelos Estados no momento da ratificação ou adesão. a) as assinaturas e os depósitos de instrumentos de
Qualquer Estado que objetar a essas reservas, deverá ratificação e de adesão de conformidade com os ar-
notificar ao Secretário Geral dentro de noventa dias da tigos 17 e 18;
data da referida comunicação, que não aceita. b) a data em que a presente Convenção entrar em vi-
2. Não será permitida uma reserva incompatível com gor, de conformidade com o artigo 19;
o objeto e o escopo desta Convenção nem uma reser- c) as comunicações e declarações recebidas de confor-
va cujo efeito seria a de impedir o funcionamento de midade com os artigos 14, 20 e 23.
qualquer dos órgãos previstos nesta Convenção. Uma d) as denúncias feitas de conformidade com o artigo
reserva será considerada incompatível ou impeditiva 21.
se a ela objetarerm ao menos dois terços dos Estados
partes nesta Convenção. Artigo XXV
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer mo-
mento por uma notificação endereçada com esse ob- 1. Esta Convenção, cujos textos em chinês, espanhol,
jetivo ao Secretário Geral. Tal notificação surgirá efeito inglês e russo são igualmente autênticos será deposi-
na data de seu recebimento. tada nos arquivos das Nações Unidas.
2. O Secretário Geral das Nações Unidas enviará có-
Artigo XXI pias autenticadas desta Convenção a todos os Estados
pertencentes a qualquer uma das categorias mencio-
Qualquer Estado parte poderá denunciar esta Con- nadas no parágrafo 1º do artigo 17.
venção mediante notificação escrita endereçada ao Em fé do que os abaixos assinados devidamente auto-
Secretário Geral da Organização das Nações Unidas. rizados por seus Governos assinaram a presente Con-
A denúncia surtirá efeito um ano após data do recebi- venção que foi aberta a assinatura em Nova York a 7
mento da notificação pelo Secretário Geral. de março de 1966.

Artigo XXI
DECRETO FEDERAL N° 4.377, DE 13 DE SETEM-
Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados BRO DE 2002 (CONVENÇÃO SOBRE A ELIMI-
Parte relativa a interpretação ou aplicação desta Con- NAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMI-
venção que não for resolvida por negociações ou pelos NAÇÃO CONTRA A MULHER).
processos previstos expressamente nesta Convenção,
será o pedido de qualquer das Partes na controvérsia.
Submetida à decisão da Corte Internacional de Justiça O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
a não ser que os litigantes concordem em outro meio que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e
de solução. Considerando que o Congresso Nacional aprovou,
pelo Decreto Legislativo no 93, de 14 de novembro de
Artigo XXII 1983, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as For-
mas de Discriminação contra a Mulher, assinada pela Re-
Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados pública Federativa do Brasil, em Nova York, no dia 31 de
Partes relativa à interpretação ou aplicação desta março de 1981, com reservas aos seus artigos 15, pará-
Convenção, que não for resolvida por negociações ou grafo 4o, e 16, parágrafo 1o, alíneas (a), (c), (g) e (h);
pelos processos previstos expressamente nesta Con- Considerando que, pelo Decreto Legislativo no 26, de
venção será, pedido de qualquer das Partes na contro- 22 de junho de 1994, o Congresso Nacional revogou o ci-
vérsia, submetida à decisão da Corte Internacional de tado Decreto Legislativo no 93, aprovando a Convenção
Justiça a não ser que os litigantes concordem em outro sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
meio de solução. contra a Mulher, inclusive os citados artigos 15, parágra-
fo 4o, e 16, parágrafo 1o , alíneas (a), (c), (g) e (h);
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Artigo XXIII Considerando que o Brasil retirou as mencionadas re-


servas em 20 de dezembro de 1994;
1. Qualquer Estado Parte poderá formular a qualquer Considerando que a Convenção entrou em vigor,
momento um pedido de revisão da presente Conven- para o Brasil, em 2 de março de 1984, com a reserva fa-
ção, mediante notificação escrita endereçada ao Se- cultada em seu art. 29, parágrafo 2;
cretário Geral das Nações Unidas.
2. A Assembléia-Geral decidirá a respeito das medidas DECRETA:
a serem tomadas, caso for necessário, sobre o pedido.
Art. 1º A Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra a Mulher, de 18 de
dezembro de 1979, apensa por cópia ao presente De-

25
creto, com reserva facultada em seu art. 29, parágrafo PREOCUPADOS com o fato de que, em situações de
2, será executada e cumprida tão inteiramente como pobreza, a mulher tem um acesso mínimo à alimentação,
nela se contém. à saúde, à educação, à capacitação e às oportunidades
Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Na- de emprego, assim como à satisfação de outras neces-
cional quaisquer atos que possam resultar em revisão sidades,
da referida Convenção, assim como quaisquer ajustes CONVENCIDOS de que o estabelecimento da Nova
complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, Ordem Econômica Internacional baseada na eqüidade e
da Constituição, acarretem encargos ou compromis- na justiça contribuirá significativamente para a promo-
sos gravosos ao patrimônio nacional. ção da igualdade entre o homem e a mulher,
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua SALIENTANDO que a eliminação do apartheid, de to-
publicação. das as formas de racismo, discriminação racial, colonia-
Art. 4º Fica revogado o Decreto no 89.460, de 20 de lismo, neocolonialismo, agressão, ocupação estrangeira
março de 1984. e dominação e interferência nos assuntos internos dos
Brasília, 13 de setembro de 2002; 181o da Indepen- Estados é essencial para o pleno exercício dos direitos do
dência e 114o da República. homem e da mulher,
AFIRMANDO que o fortalecimento da paz e da se-
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO gurança internacionais, o alívio da tensão internacional,
Osmar Chohfi a cooperação mútua entre todos os Estados, indepen-
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de dentemente de seus sistemas econômicos e sociais, o
16.9.2002 desarmamento geral e completo, e em particular o de-
sarmamento nuclear sob um estrito e efetivo contro-
le internacional, a afirmação dos princípios de justiça,
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas igualdade e proveito mútuo nas relações entre países e
de Discriminação contra a Mulher a realização do direito dos povos submetidos a domi-
nação colonial e estrangeira e a ocupação estrangeira,
Os Estados Partes na presente convenção, à autodeterminação e independência, bem como o res-
CONSIDERANDO que a Carta das Nações Unidas rea- peito da soberania nacional e da integridade territorial,
firma a fé nos direitos fundamentais do homem, na dig- promoverão o progresso e o desenvolvimento sociais, e,
nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de em conseqüência, contribuirão para a realização da plena
direitos do homem e da mulher, igualdade entre o homem e a mulher,
CONSIDERANDO que a Declaração Universal dos CONVENCIDOS de que a participação máxima da mu-
Direitos Humanos reafirma o princípio da não-discrimi- lher, em igualdade de condições com o homem, em to-
nação e proclama que todos os seres humanos nascem dos os campos, é indispensável para o desenvolvimento
livres e iguais em dignidade e direitos e que toda pessoa pleno e completo de um país, o bem-estar do mundo e
pode invocar todos os direitos e liberdades proclama- a causa da paz,
dos nessa Declaração, sem distinção alguma, inclusive de TENDO presente a grande contribuição da mulher ao
sexo, bem-estar da família e ao desenvolvimento da socieda-
CONSIDERANDO que os Estados Partes nas Conven- de, até agora não plenamente reconhecida, a importân-
ções Internacionais sobre Direitos Humanos tem a obri- cia social da maternidade e a função dos pais na família e
gação de garantir ao homem e à mulher a igualdade de na educação dos filhos, e conscientes de que o papel da
gozo de todos os direitos econômicos, sociais, culturais, mulher na procriação não deve ser causa de discrimina-
civis e políticos, ção mas sim que a educação dos filhos exige a respon-
OBSEVANDO as convenções internacionais concluí- sabilidade compartilhada entre homens e mulheres e a
das sob os auspícios das Nações Unidas e dos organis- sociedade como um conjunto,
mos especializados em favor da igualdade de direitos RECONHECENDO que para alcançar a plena igualda-
entre o homem e a mulher, de entre o homem e a mulher é necessário modificar o
OBSERVANDO, ainda, as resoluções, declarações e papel tradicional tanto do homem como da mulher na
recomendações aprovadas pelas Nações Unidas e pelas sociedade e na família,
Agências Especializadas para favorecer a igualdade de RESOLVIDOS a aplicar os princípios enunciados na
direitos entre o homem e a mulher, Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra a
PREOCUPADOS, contudo, com o fato de que, apesar Mulher e, para isto, a adotar as medidas necessárias a fim
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

destes diversos instrumentos, a mulher continue sendo de suprimir essa discriminação em todas as suas formas
objeto de grandes discriminações, e manifestações,
RELEMBRANDO que a discriminação contra a mulher CONCORDARAM no seguinte:
viola os princípios da igualdade de direitos e do respeito
da dignidade humana, dificulta a participação da mulher, PARTE I
nas mesmas condições que o homem, na vida política, Artigo 1
social, econômica e cultural de seu país, constitui um
obstáculo ao aumento do bem-estar da sociedade e da Para os fins da presente Convenção, a expressão “dis-
família e dificulta o pleno desenvolvimento das po- criminação contra a mulher” significará toda a dis-
tencialidades da mulher para prestar serviço a seu país e tinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que
à humanidade, tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o

26
reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, inde- guais ou separadas; essas medidas cessarão quando
pendentemente de seu estado civil, com base na igual- os objetivos de igualdade de oportunidade e trata-
dade do homem e da mulher, dos direitos humanos mento houverem sido alcançados.
e liberdades fundamentais nos campos político, eco- 2. A adoção pelos Estados-Partes de medidas espe-
nômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro ciais, inclusive as contidas na presente Convenção,
campo. destinadas a proteger a maternidade, não se conside-
rará discriminatória.
Artigo 2
Artigo 5
Os Estados Partes condenam a discriminação contra
a mulher em todas as suas formas, concordam em se- Os Estados-Partes tornarão todas as medidas apro-
guir, por todos os meios apropriados e sem dilações, priadas para:
uma política destinada a eliminar a discriminação a) Modificar os padrões sócio-culturais de conduta
contra a mulher, e com tal objetivo se comprometem de homens e mulheres, com vistas a alcançar a eli-
a: minação dos preconceitos e práticas consuetudinárias
a) Consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas e de qualquer outra índole que estejam baseados na
constituições nacionais ou em outra legislação apro- idéia da inferioridade ou superioridade de qualquer
priada o princípio da igualdade do homem e da mu- dos sexos ou em funções estereotipadas de homens
lher e assegurar por lei outros meios apropriados a e mulheres.
realização prática desse princípio; b) Garantir que a educação familiar inclua uma com-
b) Adotar medidas adequadas, legislativas e de outro preensão adequada da maternidade como função so-
caráter, com as sanções cabíveis e que proíbam toda cial e o reconhecimento da responsabilidade comum
discriminação contra a mulher; de homens e mulheres no que diz respeito à educação
c) Estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mu- e ao desenvolvimento de seus filhos, entendendo-se
lher numa base de igualdade com os do homem e ga- que o interesse dos filhos constituirá a consideração
rantir, por meio dos tribunais nacionais competentes e primordial em todos os casos.
de outras instituições públicas, a proteção efetiva da
mulher contra todo ato de discriminação; Artigo 6
d) Abster-se de incorrer em todo ato ou prática de
discriminação contra a mulher e zelar para que as au- Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apro-
toridades e instituições públicas atuem em conformi- priadas, inclusive de caráter legislativo, para suprimir
dade com esta obrigação; todas as formas de tráfico de mulheres e exploração
e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a dis- da prostituição da mulher.
criminação contra a mulher praticada por qualquer
pessoa, organização ou empresa; PARTE II
f) Adotar todas as medidas adequadas, inclusive de Artigo 7
caráter legislativo, para modificar ou derrogar leis, re-
gulamentos, usos e práticas que constituam discrimi- Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apro-
nação contra a mulher; priadas para eliminar a discriminação contra a mu-
g) Derrogar todas as disposições penais nacionais que lher na vida política e pública do país e, em particular,
constituam discriminação contra a mulher. garantirão, em igualdade de condições com os ho-
mens, o direito a:
a) Votar em todas as eleições e referenda públicos e
Artigo 3
ser elegível para todos os órgãos cujos membros sejam
objeto de eleições públicas;
Os Estados Partes tomarão, em todas as esferas e,
b) Participar na formulação de políticas governamen-
em particular, nas esferas política, social, econômica
tais e na execução destas, e ocupar cargos públicos e
e cultural, todas as medidas apropriadas, inclusive
exercer todas as funções públicas em todos os planos
de caráter legislativo, para assegurar o pleno desen-
governamentais;
volvimento e progresso da mulher, com o objetivo de
c) Participar em organizações e associações não-go-
garantir-lhe o exercício e gozo dos direitos humanos e
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

vernamentais que se ocupem da vida pública e polí-


liberdades fundamentais em igualdade de condições tica do país.
com o homem.
Artigo 8
Artigo 4
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apro-
1. A adoção pelos Estados-Partes de medidas es- priadas para garantir, à mulher, em igualdade de con-
peciais de caráter temporário destinadas a acelerar dições com o homem e sem discriminação alguma,
a igualdade de fato entre o homem e a mulher não a oportunidade de representar seu governo no plano
se considerará discriminação na forma definida nes- internacional e de participar no trabalho das organi-
ta Convenção, mas de nenhuma maneira implicará, zações internacionais.
como conseqüência, a manutenção de normas desi-

27
Artigo 9 Artigo 11

1. Os Estados-Partes outorgarão às mulheres direi- 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas


tos iguais aos dos homens para adquirir, mudar ou apropriadas para eliminar a discriminação contra a
conservar sua nacionalidade. Garantirão, em particu- mulher na esfera do emprego a fim de assegurar, em
lar, que nem o casamento com um estrangeiro, nem condições de igualdade entre homens e mulheres, os
a mudança de nacionalidade do marido durante o mesmos direitos, em particular:
casamento, modifiquem automaticamente a nacio- a) O direito ao trabalho como direito inalienável de
nalidade da esposa, convertam-na em apátrida ou a todo ser humano;
obriguem a adotar a nacionalidade do cônjuge. b) O direito às mesmas oportunidades de emprego,
2. Os Estados-Partes outorgarão à mulher os mesmos inclusive a aplicação dos mesmos critérios de seleção
direitos que ao homem no que diz respeito à naciona- em questões de emprego;
lidade dos filhos. c) O direito de escolher livremente profissão e empre-
go, o direito à promoção e à estabilidade no emprego
PARTE III e a todos os benefícios e outras condições de serviço, e
Artigo 10 o direito ao acesso à formação e à atualização profis-
sionais, incluindo aprendizagem, formação profissio-
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro- nal superior e treinamento periódico;
priadas para eliminar a discriminação contra a mu- d) O direito a igual remuneração, inclusive benefícios,
lher, a fim de assegurar-lhe a igualdade de direitos e igualdade de tratamento relativa a um trabalho de
com o homem na esfera da educação e em particular igual valor, assim como igualdade de tratamento com
para assegurarem condições de igualdade entre ho- respeito à avaliação da qualidade do trabalho;
mens e mulheres: e) O direito à seguridade social, em particular em ca-
a) As mesmas condições de orientação em matéria de sos de aposentadoria, desemprego, doença, invalidez,
velhice ou outra incapacidade para trabalhar, bem
carreiras e capacitação profissional, acesso aos estu-
como o direito de férias pagas;
dos e obtenção de diplomas nas instituições de ensino
f) O direito à proteção da saúde e à segurança nas
de todas as categorias, tanto em zonas rurais como
condições de trabalho, inclusive a salvaguarda da fun-
urbanas; essa igualdade deverá ser assegurada na
ção de reprodução.
educação pré-escolar, geral, técnica e profissional, in-
2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher
cluída a educação técnica superior, assim como todos
por razões de casamento ou maternidade e assegurar
os tipos de capacitação profissional;
a efetividade de seu direito a trabalhar, os Estados-
b) Acesso aos mesmos currículos e mesmos exames, -Partes tomarão as medidas adequadas para:
pessoal docente do mesmo nível profissional, instala- a) Proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gra-
ções e material escolar da mesma qualidade; videz ou licença de maternidade e a discriminação nas
c) A eliminação de todo conceito estereotipado dos demissões motivadas pelo estado civil;
papéis masculino e feminino em todos os níveis e em b) Implantar a licença de maternidade, com salário
todas as formas de ensino mediante o estímulo à edu- pago ou benefícios sociais comparáveis, sem perda do
cação mista e a outros tipos de educação que con- emprego anterior, antigüidade ou benefícios sociais;
tribuam para alcançar este objetivo e, em particular, c) Estimular o fornecimento de serviços sociais de
mediante a modificação dos livros e programas esco- apoio necessários para permitir que os pais combinem
lares e adaptação dos métodos de ensino; as obrigações para com a família com as responsabi-
d) As mesmas oportunidades para obtenção de bol- lidades do trabalho e a participação na vida pública,
sas-de-estudo e outras subvenções para estudos; especialmente mediante fomento da criação e desen-
e) As mesmas oportunidades de acesso aos progra- volvimento de uma rede de serviços destinados ao cui-
mas de educação supletiva, incluídos os programas de dado das crianças;
alfabetização funcional e de adultos, com vistas a re- d) Dar proteção especial às mulheres durante a gra-
duzir, com a maior brevidade possível, a diferença de videz nos tipos de trabalho comprovadamente preju-
conhecimentos existentes entre o homem e a mulher; diciais para elas.
f) A redução da taxa de abandono feminino dos es- 3. A legislação protetora relacionada com as questões
tudos e a organização de programas para aquelas jo- compreendidas neste artigo será examinada periodi-
vens e mulheres que tenham deixado os estudos pre- camente à luz dos conhecimentos científicos e tecno-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

maturamente; lógicos e será revista, derrogada ou ampliada confor-


g) As mesmas oportunidades para participar ativa- me as necessidades.
mente nos esportes e na educação física;
h) Acesso a material informativo específico que con- Artigo 12
tribua para assegurar a saúde e o bem-estar da famí-
lia, incluída a informação e o assessoramento sobre 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas
planejamento da família. apropriadas para eliminar a discriminação contra a
mulher na esfera dos cuidados médicos a fim de as-
segurar, em condições de igualdade entre homens e
mulheres, o acesso a serviços médicos, inclusive os re-
ferentes ao planejamento familiar.

28
2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1o, os Esta- PARTE IV
dos-Partes garantirão à mulher assistência apropria- Artigo 15
das em relação à gravidez, ao parto e ao período pos-
terior ao parto, proporcionando assistência gratuita 1. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher a igual-
quando assim for necessário, e lhe assegurarão uma dade com o homem perante a lei.
nutrição adequada durante a gravidez e a lactância. 2. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher, em
matérias civis, uma capacidade jurídica idêntica do
Artigo 13 homem e as mesmas oportunidades para o exercício
dessa capacidade. Em particular, reconhecerão à mu-
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro- lher iguais direitos para firmar contratos e administrar
priadas para eliminar a discriminação contra a mulher bens e dispensar-lhe-ão um tratamento igual em to-
em outras esferas da vida econômica e social a fim de das as etapas do processo nas cortes de justiça e nos
assegurar, em condições de igualdade entre homens e tribunais.
mulheres, os mesmos direitos, em particular: 3. Os Estados-Partes convém em que todo contrato ou
a) O direito a benefícios familiares; outro instrumento privado de efeito jurídico que tenda
b) O direito a obter empréstimos bancários, hipotecas a restringir a capacidade jurídica da mulher será con-
e outras formas de crédito financeiro; siderado nulo.
c) O direito a participar em atividades de recreação, 4. Os Estados-Partes concederão ao homem e à mu-
esportes e em todos os aspectos da vida cultural. lher os mesmos direitos no que respeita à legislação
relativa ao direito das pessoas à liberdade de movi-
Artigo 14 mento e à liberdade de escolha de residência e do-
micílio.
1. Os Estados-Partes levarão em consideração os
problemas específicos enfrentados pela mulher rural Artigo 16
e o importante papel que desempenha na subsistên-
cia econômica de sua família, incluído seu trabalho 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas ade-
em setores não-monetários da economia, e tomarão quadas para eliminar a discriminação contra a mulher
todas as medidas apropriadas para assegurar a apli- em todos os assuntos relativos ao casamento e às ra-
cação dos dispositivos desta Convenção à mulher das lações familiares e, em particular, com base na igual-
zonas rurais. dade entre homens e mulheres, assegurarão:
2. Os Estados-Partes adotarão todas as medias apro- a) O mesmo direito de contrair matrimônio;
priadas para eliminar a discriminação contra a mu- b) O mesmo direito de escolher livremente o cônjuge
lher nas zonas rurais a fim de assegurar, em condições e de contrair matrimônio somente com livre e pleno
de igualdade entre homens e mulheres, que elas par- consentimento;
ticipem no desenvolvimento rural e dele se beneficiem, c) Os mesmos direitos e responsabilidades durante o
e em particular as segurar-lhes-ão o direito a: casamento e por ocasião de sua dissolução;
a) Participar da elaboração e execução dos planos de d) Os mesmos direitos e responsabilidades como pais,
qualquer que seja seu estado civil, em matérias perti-
desenvolvimento em todos os níveis;
nentes aos filhos. Em todos os casos, os interesses dos
b) Ter acesso a serviços médicos adequados, inclusive
filhos serão a consideração primordial;
informação, aconselhamento e serviços em matéria de
e) Os mesmos direitos de decidir livre a responsavel-
planejamento familiar;
mente sobre o número de seus filhos e sobre o inter-
c) Beneficiar-se diretamente dos programas de segu-
valo entre os nascimentos e a ter acesso à informação,
ridade social;
à educação e aos meios que lhes permitam exercer
d) Obter todos os tipos de educação e de formação,
esses direitos;
acadêmica e não-acadêmica, inclusive os relacionados f) Os mesmos direitos e responsabilidades com res-
à alfabetização funcional, bem como, entre outros, os peito à tutela, curatela, guarda e adoção dos filhos, ou
benefícios de todos os serviços comunitário e de exten- institutos análogos, quando esses conceitos existirem
são a fim de aumentar sua capacidade técnica; na legislação nacional. Em todos os casos os interesses
e) Organizar grupos de auto-ajuda e cooperativas a dos filhos serão a consideração primordial;
fim de obter igualdade de acesso às oportunidades g) Os mesmos direitos pessoais como marido e mu-
econômicas mediante emprego ou trabalho por conta
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

lher, inclusive o direito de escolher sobrenome, profis-


própria; são e ocupação;
f) Participar de todas as atividades comunitárias; h) Os mesmos direitos a ambos os cônjuges em maté-
g) Ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas, ria de propriedade, aquisição, gestão, administração,
aos serviços de comercialização e às tecnologias apro- gozo e disposição dos bens, tanto a título gratuito
priadas, e receber um tratamento igual nos projetos quanto à título oneroso.
de reforma agrária e de reestabelecimentos; 2. Os esponsais e o casamento de uma criança não
h) gozar de condições de vida adequadas, particular- terão efeito legal e todas as medidas necessárias, in-
mente nas esferas da habitação, dos serviços sanitá- clusive as de caráter legislativo, serão adotadas para
rios, da eletricidade e do abastecimento de água, do estabelecer uma idade mínima para o casamento e
transporte e das comunicações. para tornar obrigatória a inscrição de casamentos em
registro oficial.

29
PARTE V 9. O Secretário-Geral das Nações Unidas proporcio-
Artigo 17 nará o pessoal e os serviços necessários para o desem-
penho eficaz das funções do Comitê em conformidade
1. Com o fim de examinar os progressos alcançados com esta Convenção.
na aplicação desta Convenção, será estabelecido um
Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Artigo 18
Mulher (doravante denominado o Comitê) composto,
no momento da entrada em vigor da Convenção, de 1. Os Estados-Partes comprometem-se a submeter
dezoito e, após sua ratificação ou adesão pelo trigé- ao Secretário-Geral das Nações Unidas, para exame
simo-quinto Estado-Parte, de vinte e três peritos de do Comitê, um relatório sobre as medidas legislativas,
grande prestígio moral e competência na área abar- judiciárias, administrativas ou outras que adotarem
cada pela Convenção. Os peritos serão eleitos pelos para tornarem efetivas as disposições desta Conven-
Estados-Partes entre seus nacionais e exercerão suas ção e sobre os progressos alcançados a esse respeito:
funções a título pessoal; será levada em conta uma a) No prazo de um ano a partir da entrada em vigor
repartição geográfica equitativa e a representação das da Convenção para o Estado interessado; e
formas diversas de civilização assim como dos princi- b) Posteriormente, pelo menos cada quatro anos e
pais sistemas jurídicos; toda vez que o Comitê a solicitar.
2. Os membros do Comitê serão eleitos em escrutí- 2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades
nio secreto de uma lista de pessoas indicadas pelos que influam no grau de cumprimento das obrigações
Estados-Partes. Cada um dos Estados-Partes poderá estabelecidos por esta Convenção.
indicar uma pessoa entre seus próprios nacionais;
3. A eleição inicial realizar-se-á seis meses após a Artigo 19
data de entrada em vigor desta Convenção. Pelo me-
nos três meses antes da data de cada eleição, o Se- 1. O Comitê adotará seu próprio regulamento.
cretário-Geral das Nações Unidas dirigirá uma carta 2. O Comitê elegerá sua Mesa por um período de dois
aos Estados-Partes convidando-os a apresentar suas anos.
candidaturas, no prazo de dois meses. O Secretário-
-Geral preparará uma lista, por ordem alfabética de Artigo 20
todos os candidatos assim apresentados, com indica-
ção dos Estados-Partes que os tenham apresentado e 1. O Comitê se reunirá normalmente todos os anos
comunica-la-á aos Estados Partes; por um período não superior a duas semanas para
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma examinar os relatórios que lhe sejam submetidos em
reunião dos Estados-Partes convocado pelo Secretá- conformidade com o Artigo 18 desta Convenção.
rio-Geral na sede das Nações Unidas. Nessa reunião, 2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão normalmente
em que o quorum será alcançado com dois terços dos na sede das Nações Unidas ou em qualquer outro lu-
Estados-Partes, serão eleitos membros do Comitê os gar que o Comitê determine.
candidatos que obtiverem o maior número de votos
e a maioria absoluta de votos dos representantes dos Artigo 21
Estados-Partes presentes e votantes;
5. Os membros do Comitê serão eleitos para um man- 1. O Comitê, através do Conselho Econômico e So-
dato de quatro anos. Entretanto, o mandato de nove cial das Nações Unidas, informará anualmente a As-
dos membros eleitos na primeira eleição expirará ao sembléia Geral das Nações Unidas de suas ativida-
fim de dois anos; imediatamente após a primeira elei- des e poderá apresentar sugestões e recomendações
ção os nomes desses nove membros serão escolhidos, de caráter geral baseadas no exame dos relatórios e
por sorteio, pelo Presidente do Comitê; em informações recebidas dos Estados-Partes. Essas
6. A eleição dos cinco membros adicionais do Comi- sugestões e recomendações de caráter geral serão
tê realizar-se-á em conformidade com o disposto nos incluídas no relatório do Comitê juntamente com as
parágrafos 2, 3 e 4 deste Artigo, após o depósito do observações que os Estados-Partes tenham porventu-
trigésimo-quinto instrumento de ratificação ou ade- ra formulado.
são. O mandato de dois dos membros adicionais elei- 2. O Secretário-Geral transmitirá, para informação,
tos nessa ocasião, cujos nomes serão escolhidos, por os relatórios do Comitê à Comissão sobre a Condição
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

sorteio, pelo Presidente do Comitê, expirará ao fim de da Mulher.


dois anos; As Agências Especializadas terão direito a estar re-
7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-Parte presentadas no exame da aplicação das disposições
cujo perito tenha deixado de exercer suas funções de desta Convenção que correspondam à esfera de suas
membro do Comitê nomeará outro perito entre seus atividades. O Comitê poderá convidar as Agências Es-
nacionais, sob reserva da aprovação do Comitê; pecializadas a apresentar relatórios sobre a aplicação
8. Os membros do Comitê, mediante aprovação da da Convenção nas áreas que correspondam à esfera
Assembléia Geral, receberão remuneração dos recur- de suas atividades.
sos das Nações Unidas, na forma e condições que a
Assembléia Geral decidir, tendo em vista a importân-
cia das funções do Comitê;

30
PARTE VI mento por uma notificação endereçada com esse
Artigo 23 objetivo ao Secretário-Geral das Nações Unidas, que
informará a todos os Estados a respeito. A notificação
Nada do disposto nesta Convenção prejudicará qual- surtirá efeito na data de seu recebimento.
quer disposição que seja mais propícia à obtenção da
igualdade entre homens e mulheres e que seja conti- Artigo 29
da:
a) Na legislação de um Estado-Parte ou 1. Qualquer controvérsia entre dois ou mais Estados-
b) Em qualquer outra convenção, tratado ou acordo -Partes relativa à interpretação ou aplicação desta
internacional vigente nesse Estado. Convenção e que não for resolvida por negociações
será, a pedido de qualquer das Partes na controvérsia,
Artigo 24 submetida a arbitragem. Se no prazo de seis meses a
partir da data do pedido de arbitragem as Partes não
Os Estados-Partes comprometem-se a adotar todas acordarem sobre a forma da arbitragem, qualquer das
as medidas necessárias em âmbito nacional para al- Partes poderá submeter a controvérsia à Corte Inter-
cançar a plena realização dos direitos reconhecidos nacional de Justiça mediante pedido em conformida-
nesta Convenção. de com o Estatuto da Corte.
2. Qualquer Estado-Parte, no momento da assinatura
Artigo 25 ou ratificação desta Convenção ou de adesão a ela,
poderá declarar que não se considera obrigado pelo
1. Esta Convenção estará aberta à assinatura de todos parágrafo anterior. Os demais Estados-Partes não es-
os Estados. tarão obrigados pelo parágrafo anterior perante ne-
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas fica desig- nhum Estado-Parte que tenha formulado essa reserva.
nado depositário desta Convenção.
3. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os ins- 3. Qualquer Estado-Parte que tenha formulado a re-
trumentos de ratificação serão depositados junto ao serva prevista no parágrafo anterior poderá retirá-la
Secretário-Geral das Nações Unidas. em qualquer momento por meio de notificação ao
4. Esta Convenção estará aberta à adesão de todos os Secretário-Geral das Nações Unidas.
Estados. A adesão efetuar-se-á através do depósito de
um instrumento de adesão junto ao Secretário-Geral Artigo 30
das Nações Unidas.
Esta convenção, cujos textos em árabe, chinês, espa-
Artigo 26 nhol, francês, inglês e russo são igualmente autênticos
será depositada junto ao Secretário-Geral das Nações
1. Qualquer Estado-Parte poderá, em qualquer mo- Unidas.
mento, formular pedido de revisão desta revisão desta Em testemunho do que, os abaixo-assinados devida-
Convenção, mediante notificação escrita dirigida ao mente autorizados, assinaram esta Convenção.
Secretário-Geral das Nações Unidas.
2. A Assembléia Geral das Nações Unidas decidirá so-
bre as medidas a serem tomadas, se for o caso, com
respeito a esse pedido. LEI FEDERAL Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE
2006 (LEI MARIA DA PENHA) E ALTERAÇÕES
Artigo 27 PROPOSTAS PELAS LEIS Nº 13.827/2019,
13.871/2019 E 13.882/2019.
1. Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia
a partir da data do depósito do vigésimo instrumento
de ratificação ou adesão junto ao Secretário-Geral das Prezado candidato, estude o tópico até o fim para
Nações Unidas. conferir as alterações dispostas pelas Leis nº 13.827
2. Para cada Estado que ratificar a presente Conven- de maio de 2019, 13.871/2019 de setembro de 2019 e
ção ou a ela aderir após o depósito do vigésimo instru- 13.882/2019 de outubro de 2019.
mento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

em vigor no trigésimo dia após o depósito de seu ins-


trumento de ratificação ou adesão. Na abertura deste material, apresentamos um resu-
mo das considerações da doutrinadora Maria Berenice
Artigo 28 Dias1 sobre a Lei Maria da Penha. Se trabalho contribui
por levantar a discussão sobre a efetividade do referido
1. O Secretário-Geral das Nações Unidas receberá e diploma, demonstrando-a por meio de uma explicação
enviará a todos os Estados o texto das reservas feitas detalhada sobre o procedimento que deve ser seguido
pelos Estados no momento da ratificação ou adesão. nas ações penais que envolvem a violência doméstica.
2. Não será permitida uma reserva incompatível com
o objeto e o propósito desta Convenção. 1 DIAS, Maria Berenice. A efetividade da lei Maria da Penha. Revista
Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, n. 64, ano 14, p. 297-
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer mo-
312, jan./fev. 2007.

31
Neste ponto é esclarecedor, a partir do momento no qual 2) Os avanços
explica de maneira suficiente e breve os papeis da auto-
ridade policial, do Ministério Público, do magistrado, dos A Lei Maria da Penha trouxe benefícios significativos e
advogados, da vítima e do agressor em se tratando de de efeito imediato. O maior avanço foi a criação dos Jui-
crimes no âmbito da relação familiar. zados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
Contribui ao destacar a importância da figura do (JVDFM), com competência cível e criminal (artigo 14).
tratamento psicológico e hospitalar do agressor, o que O ideal seria que os JVDFM fossem instalados em
pode contribuir para o aumento de denúncias e para a todas as comarcas imediatamente, com especialistas
diminuição da violência doméstica. De fato, muitas vezes (juízes, promotores e defensores) no atendimento das
a vítima deixa de fazer a denúncia porque o agressor é o demandas, equipes de atendimento multidisciplinar in-
responsável pelo sustento do lar. tegrada por profissionais das áreas psicossocial, jurídica
Por outro lado, é de se considerar que o artigo traz e de saúde (artigo 29) e serviço de assistência judiciária
apenas a posição da autora no tocante à espécie de ação (artigo 34). No entanto, até que isto ocorra foi atribuída
penal aplicável no caso de lesões corporais leves ou cul- às Varas Criminais competência cível e criminal (artigos
posas cometidas no âmbito da relação familiar. Para Dias, 11 e 33), o que se justifica diante do afastamento da apli-
a ação penal em tais casos será sempre incondicionada, cação da Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis e Crimi-
diante do afastamento da Lei n. 9.099/95. Referido en- nais) (artigo 41).
tendimento tem sido abarcado nas principais cortes bra- Outro avanço se encontra no artigo 27, que garante à
sileiras, inclusive resultando em súmula do STJ: vítima o acesso aos serviços da Defensoria Pública e à as-
sistência judiciária tanto na fase policial como na judicial.
Súmula 542, STJ. A ação penal relativa ao crime de A Lei Maria da Penha criou ainda nova hipótese de
lesão corporal resultante de violência doméstica contra a prisão preventiva, visando garantir a execução das medi-
mulher é pública incondicionada. das de urgência (artigo 42). Com isso, a prisão preventiva
deixou de ser restrita aos crimes apenados com reclusão.
Em que pesem as controvérsias, a Lei Maria da Penha Ela pode ser decretada de ofício pelo juiz, a requerimen-
foi fundamental para uma mudança no modo pelo qual to do Ministério Público ou mediante representação da
a sociedade encarava a violência doméstica contra a mu- autoridade policial (artigo 20).
lher, que muitas vezes era vista com indiferença. Ante-
riormente, a denúncia da violência poucas vezes gerava a 3) Sua constitucionalidade
punição efetiva do agressor, o que levava aos constantes
casos de reincidência. Há quem sustente a inconstitucionalidade da lei, sob
dois argumentos principais:
A Lei Maria da Penha trouxe instrumentos impor- a) afronta ao princípio da igualdade porque o homem
tantes para uma postura proativa do Estado perante o não pode ser sujeito passivo;
problema da violência doméstica contra a mulher, dan- b) definição de competências, transbordando os limi-
do-lhe instrumentos de atuação mais eficientes para a tes da lei, porque tal definição deve ser feita pelo
realização da justiça em seu significado mais profundo, Poder Judiciário.
não apenas como a aplicação fria e cega de regras, mas
como instrumentos de mudança social em prol da eman- O primeiro argumento não se justifica porque, sob
cipação do ser humano. um aspecto histórico, a mulher sempre foi colocada em
posição menos favorável que o homem, o que levou ao
1) Uma justificativa contexto de inferioridade e submissão que leva à vio-
lência doméstica, sendo, portanto, necessárias ações
A Lei Maria da Penha foi recebida pelos juristas com afirmativas para promover a efetividade do princípio da
desconfiança, constituindo objeto de várias críticas, que igualdade.
em geral buscam desqualificá-la, suscitando dúvidas, Já o segundo deve ser afastado porque não é a pri-
apontando erros, identificando imprecisões e até mesmo meira vez que o legislador cria competências específicas
proclamando inconstitucionalidades, tudo isto servindo (no caso, estabeleceu a criação dos JVDFM e a compe-
de motivo para impedir sua efetividade. tência cível e criminal das Varas Criminais até que esta
No entanto, todas estas críticas apenas demonstram ocorra) e, como houve o afastamento da aplicação da
uma injustificável resistência às mudanças na postura Lei n. 9.099/95, a definição de competência deixou de
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

de enfrentamento da violência doméstica, que sempre pertencer exclusivamente à esfera do Judiciário.


foi alvo de absoluto descaso por parte do ordenamento
jurídico, principalmente a partir do momento no qual a O STF julgou nas ADI 4424 e ADC 19:
lesão corporal leve passou a ser considerada como crime
de pequeno potencial ofensivo (podendo os conflitos ser - o artigo 1º da Lei é constitucional, logo ela não fere
solucionados de forma consensual). Além disso, tornou- os princípios constitucionais da igualdade e pro-
-se popular a punição com o pagamento de cestas bási- porcionalidade (não é desproporcional ou ilegíti-
cas, o que banalizou ainda mais a violência doméstica e mo o uso do sexo como critério de diferenciação,
a integridade física da vítima. A Lei Maria da Penha veio visto que a mulher é eminentemente vulnerável no
para mudar esta perspectiva. tocante a constrangimentos físicos, morais e psico-
lógicos sofridos em âmbito privado);

32
- o artigo 33 da Lei da mesma forma é constitucional, O juiz pode deferir medidas cautelares em sede de
portanto, enquanto não forem organizados os Jui- liminar (tenham ela sido requeridas pela ofendida ou
zados de Violência Doméstica e Familiar, compete pelo Ministério Público ou não, conforme os artigos 12,
às varas criminais o julgamento destas causas; III; 18; 19 e 19, §3°), designar audiência de justificação
- também é constitucional o artigo 44 da Lei, assim, ou indeferi-las de plano. Assim, o juiz pode determinar
aos crimes praticados com violência domésti- de ofício as medidas que entender de direito (artigos 20,
ca e familiar contra a mulher, não se aplica a Lei 22, §4°, 23 e 24), por exemplo, afastamento do agressor
9.099/95 (Precedente STF, HC 106.212/MS, Plená- do lar, impedimento de que este se aproxime da casa,
rio, 24/03/2011); vedação de comunicação com a família, suspensão de
- os artigos 12, I; 16 e 41 da Lei Maria da Penha foram visitas, encaminhamento da mulher e dos filhos a lugar
interpretados conforme a Constituição para assen- seguro, fixação de alimentos provisórios ou provisionais,
tar a natureza incondicionada da ação penal em restituição de bens da ofendida, suspensão de procura-
caso de crime de lesão corporal, praticado median- ção por esta outorgada ao agressor, proibição temporá-
te violência doméstica e familiar contra a mulher. ria da venda de bens comuns etc.
Para garantir a efetividade destas medidas, o juiz
4) Competência pode, a qualquer momento, utilizar força policial (artigo
22, §3°) ou decretar a prisão preventiva do agressor (ar-
A violência doméstica está fora do âmbito dos Juiza- tigo 20).
dos Especiais Criminais, e estes não poderão mais apre- O magistrado pode, ainda, determinar a inclusão
ciar tal matéria. A instalação dos JDFM é imprescindível e da vítima em programas assistenciais (artigo 9°, §1°). À
deve ser feita logo que possível. ofendida é assegurado o acesso prioritário à remoção,
Destaca-se que cada denúncia de violência doméstica se ela for funcionária pública, e, se trabalhar na iniciativa
pode gerar duas demandas, porque tanto o expediente privada, a manutenção do vínculo empregatício por até
para a adoção de medidas protetivas de urgência quanto seis meses de for necessário o afastamento do local de
o inquérito policial são enviados pela autoridade policial trabalho (artigo 9°, §2°).
ao juiz e ao Ministério Público. Deferida ou não a medida protetiva, é recomendá-
vel a designação de audiência para se ouvir o agressor
5) Fase policial e para tentar resolver consensualmente os temas como
guarda dos filhos, regulamentação de visitas, definição
Anteriormente, o único meio de afastar o agressor do dos alimentos. Realizado o acordo, prossegue o inqué-
lar era a ação cautelar de separação de corpos. rito policial, pois o acordo não significa a renúncia à re-
Com a Lei Maria da Penha, passaram a ser necessárias presentação. Na audiência estarão o Ministério Público
diversas providências quando comunicada a violência (artigo 25) e as partes com seus advogados (artigo 27).
doméstica: registra-se a ocorrência, com oitiva da víti-
ma (artigo 12, I), oportunidade na qual esta é informada Após, esgota-se a atividade do JVDFM ou da Vara Cri-
dos direitos e serviços disponíveis existentes (artigo 11, minal no tocante às medidas de urgência. Controvérsias
V), inclusive medidas protetivas disponíveis (artigo. 12, quanto ao adimplemento do acordo no toante a matéria
§1°); a vítima é encaminhada ao hospital com transporte cível ou de Direito de Família devem ser discutidas nas
seguro e acompanhamento para retirar seus pertences varas Cíveis ou de Família.
do lar (artigo 11); instaura-se o inquérito policial (artigo
12, VII); a polícia toma por termo o pedido de medidas O inquérito policial continua independente do defe-
urgentes (artigo 12, §1°), formalizando-se a representa- rimento de medida protetiva ou de acordo realizado em
ção na mesma ocasião (artigo 12, I); a autoridade policial juízo, devendo ser remetido à justiça quando encerrado
pode solicitar a prisão do agressor (artigo 20). e distribuído ao mesmo juízo que apreciou a medida
Para a busca de medidas protetivas faz-se necessária cautelar, que será a este apensada. Em seguida, os autos
somente a ouvida da ofendida, anexadas apenas as pro- serão remetidos ao Ministério Público para oferecimento
vas que estiverem disponíveis e em sua posse (artigo 12, de denúncia.
§2°). Logo, não é preciso tomar depoimento do agressor
ou de testemunhas e nem realizar exame de corpo de 7) Ministério Público
delito, providências que devem instruir exclusivamente o
inquérito policial. A participação do Ministério Público é indispensável e
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

No inquérito policial é determinada a realização do ele tem legitimidade para agir como parte, intervindo nas
exame de corpo de delito e outros que se fizerem neces- ações cíveis e criminais (artigo 25). Pode, ainda, exercer
sários (artigo 12, IV) e são colhidos os depoimentos do a defesa dos interesses e direitos transindividuais (artigo
agressor e das testemunhas (artigo 12, VI). 37). Devem ser comunicadas ao promotor as medidas
adotadas (artigo 22, §1°), podendo ele requerer outras
6) Procedimento judicial providências ou a substituição das medidas (artigo 19),
bem como a prisão do agressor (artigo 20).
O pedido de medidas de urgência é encaminhado à
justiça em até 48 horas, quando é autuado e distribuído Quando a vítima manifestar o interesse em desistir da
às Varas Criminais, enquanto não existir juízo especializa- ação, o Ministério Público deverá estar presente (artigo
do na comarca. 16).

33
8) A polêmica sobre o delito de lesão corporal Não incidindo a Lei n. 9.099/95 também não há possi-
bilidade de suspensão condicional do processo, compo-
A Lei n. 9.099/95 estabeleceu que a lesão corporal sição de danos ou aplicação imediata de pena não-pri-
leve a lesão culposa são delitos de menor potencial ofen- vativa de liberdade. Neste sentido, reforça o artigo 17 da
sivo (artigo 88), restando condicionadas à representação. Lei Maria da Penha.
Entretanto, não houve modificação no Código Penal. Igualmente, por conta do afastamento da Lei dos Jui-
Já a Lei n. 11.340 (Lei Maria da Penha), em seu arti- zados Especiais, não pode o Ministério Público propor
go 41, afastou a aplicação da Lei n. 9.099/95 aos crimes transação penal ou aplicar imediatamente a pena restriti-
praticados com violência doméstica e familiar contra a va de direito ou multa.
mulher, independente da pena prevista. Entretanto, é possível a suspensão condicional da
Desta forma, não é possível falar em ação penal pú- pena (artigo 77, CP) e a sua substituição por medida res-
blica condicionada à representação nas lesões corporais tritiva de direitos (artigo 43, CP), isto porque tais bene-
leves cometidas no âmbito das relações familiares, diante fícios estão previstos no Código Penal, aplicável na Lei
do afastamento por lei posterior da lei que prevê nestes Maria da Penha.
termos.
Além disso, o aumento da pena do delito de lesão
corporal para 3 anos (artigo 44) afasta a possibilidade LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.
de aplicação de medidas de despenalização e suspensão
condicional do processo, somente cabíveis em delitos Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
que tenham por pena mínima cominada igual ou inferior familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226
a 1 ano. da Constituição Federal, da Convenção sobre a Elimina-
O entendimento foi consolidado na súmula 542 do ção de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulhe-
Superior Tribunal da Justiça: “A ação penal relativa ao cri- res e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
me de lesão corporal resultante de violência doméstica Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a cria-
contra a mulher é pública incondicionada”. ção dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar con-
tra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código
9) Necessidade de representação e possibilidade Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
de renúncia O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Pela Lei Maria da Penha, nos crimes de ação penal pú-
blica condicionada, a vítima pode renunciar à represen- TÍTULO I
tação (artigo 16). Esta representação é tomada por termo DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
pela autoridade policial quando ela registra a ocorrência
(artigo 12, I). No entanto, só há esta possibilidade nos Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir
delitos que o Código Penal classifica como de ação pú- a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
blica condicionada à representação, por exemplo, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal,
crimes contra a liberdade sexual e no de ameaça. da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
A vontade de desistir deve ser comunicada pela ofen- de Violência contra a Mulher, da Convenção Intera-
dida ao cartório da Vara na qual foi distribuída a medida mericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
protetiva de urgência, comunicando-se ao juiz que rea- contra a Mulher e de outros tratados internacionais
lizará audiência, o mais rápido possível, na qual deverá ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe
estar presente o Ministério Público. Após a renúncia, de- sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica
verá haver comunicação à autoridade policial para que e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de
arquive o inquérito policial. Se o inquérito já tiver sido assistência e proteção às mulheres em situação de vio-
remetido ao juízo, a extinção somente pode ocorrer até lência doméstica e familiar.
o recebimento da denúncia.
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe,
10) Dos delitos e das penas raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
educacional, idade e religião, goza dos direitos funda-
A Lei Maria da Penha não fez alterações relevantes no mentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asse-
Código Penal, limitando-se a aumentar a pena máxima e guradas as oportunidades e facilidades para viver sem
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

diminuir a pena mínima do delito de lesão corporal: de violência, preservar sua saúde física e mental e seu
seis meses a um ano para de três meses a três anos. Além aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
disso, estabeleceu uma majorante (artigo 129, §9°, CP) e
uma agravante (artigo 61, II, CP). Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições
Não deve ser considerado como de ação penal pú- para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segu-
blica condicionada à representação os crimes de lesões rança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura,
corporais leves ou culposas, diante do afastamento da à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer,
Lei n. 9.099/95. Assim, são crimes de ação penal pública ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
incondicionada, motivo pelo qual não é possível a renún- respeito e à convivência familiar e comunitária.
cia ou a desistência. § 1o O poder público desenvolverá políticas que visem
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito

34
das relações domésticas e familiares no sentido de res- III - a violência sexual, entendida como qualquer
guardá-las de toda forma de negligência, discrimina- conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
ção, exploração, violência, crueldade e opressão. a participar de relação sexual não desejada, median-
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público te intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
criar as condições necessárias para o efetivo exercício a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
dos direitos enunciados no caput. modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qual-
quer método contraceptivo ou que a force ao matri-
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados mônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, me-
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, diante coação, chantagem, suborno ou manipulação;
as condições peculiares das mulheres em situação de ou que limite ou anule o exercício de seus direitos se-
violência doméstica e familiar. xuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer
TÍTULO II conduta que configure retenção, subtração, destruição
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA parcial ou total de seus objetos, instrumentos de tra-
A MULHER balho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
ou recursos econômicos, incluindo os destinados a sa-
CAPÍTULO I tisfazer suas necessidades;
DISPOSIÇÕES GERAIS V - a violência moral, entendida como qualquer con-
duta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação TÍTULO III
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
CAPÍTULO I
como o espaço de convívio permanente de pessoas,
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadica-
mente agregadas;
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência do-
II - no âmbito da família, compreendida como a co-
méstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio
munidade formada por indivíduos que são ou se con-
de um conjunto articulado de ações da União, dos Es-
sideram aparentados, unidos por laços naturais, por
tados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações
afinidade ou por vontade expressa;
não-governamentais, tendo por diretrizes:
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, I - a integração operacional do Poder Judiciário, do
independentemente de coabitação. Ministério Público e da Defensoria Pública com as
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas áreas de segurança pública, assistência social, saúde,
neste artigo independem de orientação sexual. educação, trabalho e habitação;
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mu- outras informações relevantes, com a perspectiva de
lher constitui uma das formas de violação dos direitos gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às
humanos. consequências e à frequência da violência doméstica e
familiar contra a mulher, para a sistematização de da-
CAPÍTULO II dos, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMI- periódica dos resultados das medidas adotadas;
LIAR CONTRA A MULHER III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de for-
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar ma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou
contra a mulher, entre outras: exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo
I - a violência física, entendida como qualquer condu- com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV
ta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição
II - a violência psicológica, entendida como qualquer Federal;
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

conduta que lhe cause dano emocional e diminuição IV - a implementação de atendimento policial espe-
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o ple- cializado para as mulheres, em particular nas Delega-
no desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar cias de Atendimento à Mulher;
suas ações, comportamentos, crenças e decisões, me- V - a promoção e a realização de campanhas educa-
diante ameaça, constrangimento, humilhação, mani- tivas de prevenção da violência doméstica e familiar
pulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contra a mulher, voltadas ao público escolar e à socie-
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, explo- dade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumen-
ração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer tos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, ter-
e à autodeterminação; mos ou outros instrumentos de promoção de parceria
entre órgãos governamentais ou entre estes e entida-

35
des não-governamentais, tendo por objetivo a imple- Art. 11. No atendimento à mulher em situação de
mentação de programas de erradicação da violência violência doméstica e familiar, a autoridade policial
doméstica e familiar contra a mulher; deverá, entre outras providências:
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Mi-
litar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e I - garantir proteção policial, quando necessário, co-
dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas municando de imediato ao Ministério Público e ao
enunciados no inciso I quanto às questões de gênero Poder Judiciário;
e de raça ou etnia; II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de
VIII - a promoção de programas educacionais que dis- saúde e ao Instituto Médico Legal;
seminem valores éticos de irrestrito respeito à digni- III - fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
dade da pessoa humana com a perspectiva de gênero dentes para abrigo ou local seguro, quando houver
e de raça ou etnia; risco de vida;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os IV - se necessário, acompanhar a ofendida para asse-
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos di- gurar a retirada de seus pertences do local da ocorrên-
reitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou cia ou do domicílio familiar;
etnia e ao problema da violência doméstica e familiar V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos
contra a mulher. nesta Lei e os serviços disponíveis.

CAPÍTULO II Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e


DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência,
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os
seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles pre-
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência vistos no Código de Processo Penal:
doméstica e familiar será prestada de forma articula- I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e
da e conforme os princípios e as diretrizes previstos na tomar a representação a termo, se apresentada;
Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único II - colher todas as provas que servirem para o esclare-
de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, en- cimento do fato e de suas circunstâncias;
tre outras normas e políticas públicas de proteção, e III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
emergencialmente quando for o caso. expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida,
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da para a concessão de medidas protetivas de urgência;
mulher em situação de violência doméstica e familiar IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de
no cadastro de programas assistenciais do governo fe- delito da ofendida e requisitar outros exames periciais
deral, estadual e municipal. necessários;
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de vio- V - ouvir o agressor e as testemunhas;
lência doméstica e familiar, para preservar sua integri- VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar
dade física e psicológica: aos autos sua folha de antecedentes criminais, indi-
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pú- cando a existência de mandado de prisão ou registro
blica, integrante da administração direta ou indireta; de outras ocorrências policiais contra ele;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando ne- VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito po-
cessário o afastamento do local de trabalho, por até licial ao juiz e ao Ministério Público.
seis meses. § 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela
§ 3o A assistência à mulher em situação de violên- autoridade policial e deverá conter:
cia doméstica e familiar compreenderá o acesso aos I - qualificação da ofendida e do agressor;
benefícios decorrentes do desenvolvimento científico II - nome e idade dos dependentes;
e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas
de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente solicitadas pela ofendida.
Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiên- § 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento
cia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos
necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. os documentos disponíveis em posse da ofendida.
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos
CAPÍTULO III ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e pos-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL tos de saúde.

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de
violência doméstica e familiar contra a mulher, a auto- 2017)
ridade policial que tomar conhecimento da ocorrência
adotará, de imediato, as providências legais cabíveis. “Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste iminente à vida ou à integridade física da mulher em
artigo ao descumprimento de medida protetiva de ur- situação de violência doméstica e familiar, ou de seus
gência deferida. dependentes, o agressor será imediatamente afastado
do lar, domicílio ou local de convivência com a ofen-
dida:

36
I - pela autoridade judicial; CAPÍTULO II
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
for sede de comarca; ou
III - pelo policial, quando o Município não for sede de Seção I
comarca e não houver delegado disponível no mo- Disposições Gerais
mento da denúncia.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofen-
artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito)
(vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre horas:
a manutenção ou a revogação da medida aplicada, I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre
devendo dar ciência ao Ministério Público concomi- as medidas protetivas de urgência;
tantemente. II - determinar o encaminhamento da ofendida ao ór-
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendi- gão de assistência judiciária, quando for o caso;
da ou à efetividade da medida protetiva de urgência, III - comunicar ao Ministério Público para que adote
não será concedida liberdade provisória ao preso.” as providências cabíveis.

TÍTULO IV Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão


DOS PROCEDIMENTOS ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério
Público ou a pedido da ofendida.
CAPÍTULO I § 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser
DISPOSIÇÕES GERAIS concedidas de imediato, independentemente de au-
diência das partes e de manifestação do Ministério
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das Público, devendo este ser prontamente comunicado.
causas cíveis e criminais decorrentes da prática de § 2o As medidas protetivas de urgência serão aplica-
violência doméstica e familiar contra a mulher apli- das isolada ou cumulativamente, e poderão ser substi-
car-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal tuídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia,
e Processo Civil e da legislação específica relativa à sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
criança, ao adolescente e ao idoso que não conflita- ameaçados ou violados.
rem com o estabelecido nesta Lei. § 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Públi-
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Fami- co ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas
liar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas,
competência cível e criminal, poderão ser criados pela se entender necessário à proteção da ofendida, de seus
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Es- familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério
tados, para o processo, o julgamento e a execução das Público.
causas decorrentes da prática de violência doméstica Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou
e familiar contra a mulher. da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do
Parágrafo único. Os atos processuais poderão reali- agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento
zar-se em horário noturno, conforme dispuserem as do Ministério Público ou mediante representação da
normas de organização judiciária. autoridade policial.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão pre-
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os ventiva se, no curso do processo, verificar a falta de
processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: motivo para que subsista, bem como de novo decretá-
I - do seu domicílio ou de sua residência; -la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor. Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos pro-
cessuais relativos ao agressor, especialmente dos per-
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à tinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo
representação da ofendida de que trata esta Lei, só da intimação do advogado constituído ou do defensor
será admitida a renúncia à representação perante o público.
juiz, em audiência especialmente designada com tal Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar in-
finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvi- timação ou notificação ao agressor.
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

do o Ministério Público.
Seção II
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violên- Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam
cia doméstica e familiar contra a mulher, de penas de o Agressor
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem
como a substituição de pena que implique o paga- Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica
mento isolado de multa. e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto
ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de
urgência, entre outras:

37
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, II - proibição temporária para a celebração de atos e
com comunicação ao órgão competente, nos termos contratos de compra, venda e locação de propriedade
da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; em comum, salvo expressa autorização judicial;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivên- III - suspensão das procurações conferidas pela ofen-
cia com a ofendida; dida ao agressor;
III - proibição de determinadas condutas, entre as IV - prestação de caução provisória, mediante depó-
quais: sito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das da prática de violência doméstica e familiar contra a
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância en- ofendida.
tre estes e o agressor; Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemu- competente para os fins previstos nos incisos II e III
nhas por qualquer meio de comunicação; deste artigo.
c) frequentação de determinados lugares a fim de pre-
servar a integridade física e psicológica da ofendida; Seção IV
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes Do Crime de Descumprimento de Medidas Proteti-
menores, ouvida a equipe de atendimento multidisci- vas de Urgência Descumprimento de Medidas Pro-
plinar ou serviço similar; tetivas de Urgência
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere me-
a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, didas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
sempre que a segurança da ofendida ou as circunstân- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
cias o exigirem, devendo a providência ser comunica- § 1o A configuração do crime independe da compe-
da ao Ministério Público. tência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontran- § 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a au-
do-se o agressor nas condições mencionadas no caput toridade judicial poderá conceder fiança.
e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezem- § 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação de
bro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, outras sanções cabíveis.
corporação ou instituição as medidas protetivas de ur-
gência concedidas e determinará a restrição do porte
CAPÍTULO III
de armas, ficando o superior imediato do agressor res-
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
ponsável pelo cumprimento da determinação judicial,
sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não
desobediência, conforme o caso.
for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas proteti-
violência doméstica e familiar contra a mulher.
vas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer
momento, auxílio da força policial.
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de
que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. outras atribuições, nos casos de violência doméstica e
461 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código familiar contra a mulher, quando necessário:
de Processo Civil). I - requisitar força policial e serviços públicos de saú-
de, de educação, de assistência social e de segurança,
Seção III entre outros;
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particula-
res de atendimento à mulher em situação de violência
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuí- doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medi-
zo de outras medidas: das administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a pro- quaisquer irregularidades constatadas;
grama oficial ou comunitário de proteção ou de aten- III - cadastrar os casos de violência doméstica e fami-
dimento; liar contra a mulher.
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamen- CAPÍTULO IV
to do agressor; DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem


prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e crimi-
e alimentos; nais, a mulher em situação de violência doméstica e
IV - determinar a separação de corpos. familiar deverá estar acompanhada de advogado, res-
salvado o previsto no art. 19 desta Lei.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da so-
ciedade conjugal ou daqueles de propriedade particu- Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de
lar da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de
as seguintes medidas, entre outras: Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratui-
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo ta, nos termos da lei, em sede policial e judicial, me-
agressor à ofendida; diante atendimento específico e humanizado.

38
TÍTULO V IV - programas e campanhas de enfrentamento da
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Fami- agressores.
liar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão
contar com uma equipe de atendimento multidiscipli-
nar, a ser integrada por profissionais especializados Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisci- de seus programas às diretrizes e aos princípios desta
plinar, entre outras atribuições que lhe forem reserva- Lei.
das pela legislação local, fornecer subsídios por escrito Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindivi-
ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, duais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concor-
mediante laudos ou verbalmente em audiência, e de- rentemente, pelo Ministério Público e por associação
senvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, de atuação na área, regularmente constituída há pelo
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendi- menos um ano, nos termos da legislação civil.
da, o agressor e os familiares, com especial atenção às Parágrafo único. O requisito da pré-constituição po-
crianças e aos adolescentes. derá ser dispensado pelo juiz quando entender que
não há outra entidade com representatividade ade-
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir ava- quada para o ajuizamento da demanda coletiva.
liação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a
manifestação de profissional especializado, mediante a Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica
indicação da equipe de atendimento multidisciplinar. e familiar contra a mulher serão incluídas nas bases
de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de
proposta orçamentária, poderá prever recursos para dados e informações relativo às mulheres.
a criação e manutenção da equipe de atendimento Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Públi-
multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Or- ca dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter
çamentárias. suas informações criminais para a base de dados do
Ministério da Justiça.
TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS “Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro
da medida protetiva de urgência.
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
varas criminais acumularão as competências cível e
serão registradas em banco de dados mantido e re-
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes
gulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, ga-
da prática de violência doméstica e familiar contra a
rantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria
mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei,
subsidiada pela legislação processual pertinente. Pública e dos órgãos de segurança pública e de assis-
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferên- tência social, com vistas à fiscalização e à efetividade
cia, nas varas criminais, para o processo e o julgamen- das medidas protetivas.”
to das causas referidas no caput.
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
TÍTULO VII Municípios, no limite de suas competências e nos ter-
DISPOSIÇÕES FINAIS mos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias,
poderão estabelecer dotações orçamentárias específi-
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Do- cas, em cada exercício financeiro, para a implementa-
méstica e Familiar contra a Mulher poderá ser acom- ção das medidas estabelecidas nesta Lei.
panhada pela implantação das curadorias necessárias
e do serviço de assistência judiciária. Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Municípios poderão criar e promover, no limite das
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

respectivas competências:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência domésti-

I - centros de atendimento integral e multidisciplinar ca e familiar contra a mulher, independentemente da

para mulheres e respectivos dependentes em situação pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de

de violência doméstica e familiar; setembro de 1995.

II - casas-abrigos para mulheres e respectivos depen-


dentes menores em situação de violência doméstica e Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no
3.689, de 3 de
familiar; outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
de saúde e centros de perícia médico-legal especiali- “Art. 313. .................................................
zados no atendimento à mulher em situação de vio- ................................................................
lência doméstica e familiar;

39
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar Art. 1o Esta Lei altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto
contra a mulher, nos termos da lei específica, para ga- de 2006 (Lei Maria da Penha), para autorizar, nas hi-
rantir a execução das medidas protetivas de urgência.” póteses que especifica, a aplicação de medida proteti-
(NR) va de urgência, pela autoridade judicial ou policial, à
mulher em situação de violência doméstica e familiar,
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei ou a seus dependentes, e para determinar o registro
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), da medida protetiva de urgência em banco de dados
passa a vigorar com a seguinte redação: mantido pelo Conselho Nacional de Justiça.
“Art. 61. ..................................................
................................................................. Art. 2º O Capítulo III do Título III da Lei nº 11.340,
II - ............................................................ de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a
................................................................. vigorar acrescido do seguinte art. 12-C:
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de re- “Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou
lações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, iminente à vida ou à integridade física da mulher em
ou com violência contra a mulher na forma da lei es- situação de violência doméstica e familiar, ou de seus
pecífica; dependentes, o agressor será imediatamente afastado
........................................................... ” (NR) do lar, domicílio ou local de convivência com a ofen-
dida:
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de I - pela autoridade judicial;
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar II - pelo delegado de polícia, quando o Município não
com as seguintes alterações: for sede de comarca; ou
“Art. 129. .................................................. III - pelo policial, quando o Município não for sede de
.................................................................. comarca e não houver delegado disponível no mo-
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, des- mento da denúncia.
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale- artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24
cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi- (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre
tação ou de hospitalidade: a manutenção ou a revogação da medida aplicada,
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. devendo dar ciência ao Ministério Público concomi-
.................................................................. tantemente.
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au- § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendi-
mentada de um terço se o crime for cometido contra da ou à efetividade da medida protetiva de urgência,
pessoa portadora de deficiência.” (NR) não será concedida liberdade provisória ao preso.”
Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de
1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a Art. 3º A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei
seguinte redação: Maria da Penha), passa a vigorar acrescida do seguin-
“Art. 152. ................................................... te art. 38-A:
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica “Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro
contra a mulher, o juiz poderá determinar o compare- da medida protetiva de urgência.
cimento obrigatório do agressor a programas de recu- Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
peração e reeducação.” (NR) serão registradas em banco de dados mantido e re-
gulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, ga-
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) rantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria
dias após sua publicação. Pública e dos órgãos de segurança pública e de assis-
tência social, com vistas à fiscalização e à efetividade
Brasília, 7 de agosto de 2006; 185o da Independên- das medidas protetivas.”
cia e 118o da República.
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
cação.
LEI Nº 13.827, DE 13 DE MAIO DE 2019
Brasília, 13 de maio de 2019; 198o da Independência e
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei 131º da República.


Maria da Penha), para autorizar, nas hipóteses que espe-
cifica, a aplicação de medida protetiva de urgência, pela
autoridade judicial ou policial, à mulher em situação de LEI Nº 13.871, DE 17 DE SETEMBRO DE 2019
violência doméstica e familiar, ou a seus dependentes, e
para determinar o registro da medida protetiva de urgên- Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei
cia em banco de dados mantido pelo Conselho Nacional Maria da Penha), para dispor sobre a responsabilidade do
de Justiça. agressor pelo ressarcimento dos custos relacionados aos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: (SUS) às vítimas de violência doméstica e familiar e aos
dispositivos de segurança por elas utilizados.

40
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição,
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: mediante a apresentação dos documentos comproba-
Artigo único. O art. 9º da Lei nº 11.340, de 7 de agosto tórios do registro da ocorrência policial ou do processo
de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar acrescido de violência doméstica e familiar em curso.
dos seguintes §§ 4º, 5º e 6º: § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus
“Art. 9º .......................................................................................... dependentes matriculados ou transferidos conforme o
........................ disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informa-
........................................................................................................... ções será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos
..................... órgãos competentes do poder público.” (NR)
§ 4º  Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, “Art. 23. ........................................................................................
violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou pa- ...........................
trimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos ..........................................................................................................
causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde ...............................
(SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos V - determinar a matrícula dos dependentes da ofen-
serviços de saúde prestados para o total tratamento das dida em instituição de educação básica mais próxi-
vítimas em situação de violência doméstica e familiar, re- ma do seu domicílio, ou a transferência deles para
colhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde essa instituição, independentemente da existência de
do ente federado responsável pelas unidades de saúde que vaga.” (NR)
prestarem os serviços. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
§ 5º  Os dispositivos de segurança destinados ao uso cação.
em caso de perigo iminente e disponibilizados para o mo-
nitoramento das vítimas de violência doméstica ou fami- Brasília, 8 de outubro de 2019; 198º da Independência
liar amparadas por medidas protetivas terão seus custos e 131º da República.
ressarcidos pelo agressor.
§ 6º  O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste JAIR MESSIAS BOLSONARO
artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza ao Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub
patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem con- Tatiana Barbosa de Alvarenga
figurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição
da pena aplicada.” (NR)

Brasília, 17 de setembro de 2019; 198º da Independên- EXERCÍCIOS COMENTADOS


cia e 131º da República.
1. (FMP/2017 - MPE-RO - Promotor de Justiça Subs-
JAIR MESSIAS BOLSONARO tituto) Em relação à Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Pe-
Luiz Henrique Mandetta nha), assinale a alternativa CORRETA.
Damares Regina Alves
a) Os crimes de ameaça e de lesões corporais leves pra-
ticados no contexto de violência doméstica e familiar
LEI Nº 13.882, DE 8 DE 0UTUBRO DE 2019 são de ação penal pública incondicionada.
b) A mulher pode ser sujeito ativo de crime praticado no
Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei contexto de violência doméstica e familiar.
Maria da Penha), para garantir a matrícula dos de- c) A ação penal no crime de lesões corporais leves é pú-
pendentes da mulher vítima de violência doméstica e blica condicionada, segundo a jurisprudência do Su-
familiar em instituição de educação básica mais pró- premo Tribunal Federal.
xima de seu domicílio. d) Admite-se a aplicação da suspensão condicional do
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- processo aos autores de crimes praticados no contex-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: to de violência doméstica e familiar.
Art. 1º 1º Esta Lei altera a Lei nº 11.340, de 7 de agos- e) As medidas protetivas de urgência vigem durante o
to de 2006 (Lei Maria da Penha), para garantir a ma- prazo decadencial da representação da vítima, ou seja,
trícula dos dependentes da mulher vítima de violência 6 (seis) meses.
doméstica e familiar em instituição de educação bási-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

ca mais próxima de seu domicílio. Resposta: Letra B. A violência deve ser dirigida contra
Art. 2º A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei mulher, mas não necessariamente deve partir de ho-
Maria da Penha), passa a vigorar com as seguintes al- mem, pois o determinante é o contexto da prática de
terações: violência – âmbito doméstico, familiar ou afetivo – e
“Art. 9º ......................................................................................... não quem a perpetrou. A alternativa “a” está errada
.......................... porque apenas o crime de lesões é de ação incon-
.......................................................................................................... dicionada (estando “c” errada). Não cabe suspensão
.............................. condicional do processo e nem transação penal (sú-
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e fa- mula 536, STJ). Não se fixa na lei prazo mínimo e má-
miliar tem prioridade para matricular seus dependen- ximo de duração das medidas punitivas.
tes em instituição de educação básica mais próxima

41
2. (VUNESP/2017 - TJ-SP - Psicólogo Judiciário) A Lei LEI FEDERAL N° 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997
n° 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, em (CRIME DE TORTURA)
casos de prática de violência doméstica contra a mulher,

a) determina que seja delegada à mulher a responsabi- Lei nº 9.455/1997 E suas alterações (crimes de tor-
lidade pela entrega de intimações e notificações judi- tura)
ciais ao agressor.
b) prevê a aplicação de penas ao agressor como multas Constitui crime de tortura constranger alguém com
e distribuição de determinado número de cestas bá- emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sicas. sofrimento físico ou mental:
c) limita-se à violência na relação homem-mulher, igno- -com o fim de obter informação, declaração ou con-
rando os novos arranjos conjugais e familiares da con- fissão da vítima ou de terceira pessoa.
temporaneidade. -para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
d) prevê a restrição de visitas do agressor aos dependen- nosa.
tes menores, ouvida a equipe de atendimento multi- -em razão de discriminação racial ou religiosa.
disciplinar ou serviço similar.
e) ignora a violência patrimonial, por não implicar risco Também constitui crime submeter alguém, sob sua
iminente à integridade física, moral ou psicológica da guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
mulher. ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de ca-
Resposta: Letra D Trata-se de previsão do art. 22, IV ráter preventivo.
da Lei Maria da Penha. Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em
lei ou não resultante de medida legal.
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (ART. 140) Aquele que se omite em face dessas condutas, quan-
do tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
pena de detenção de um a quatro anos.
PARTE ESPECIAL Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gra-
víssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
TÍTULO I resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
CAPÍTULO V emprego público e a interdição para seu exercício pelo
DOS CRIMES CONTRA A HONRA dobro do prazo da pena aplicada.
O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
Injúria graça ou anistia.
O condenado por crime previsto nesta Lei, iniciará o
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade cumprimento da pena em regime fechado, salvo se o cri-
ou o decoro: me for de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça,
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
diretamente a injúria; O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime
II - no caso de retorsão imediata, que consista em ou- não tenha sido cometido em território nacional, sendo
tra injúria. a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de sob jurisdição brasileira.
fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado,
se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
LEI FEDERAL N° 2.889, DE 1 DE OUTUBRO DE
além da pena correspondente à violência.
1956 (DEFINE E PUNE O CRIME DE GENOCÍDIO)
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a con-


dição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Define e pune o crime de genocídio.
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Inclu- Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou
ído pela Lei nº 9.459, de 1997) em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso,
como tal:
O elemento subjetivo é o dolo, que é específico, con-
sistente na intenção de destruir, ou seja, fazer desapare-
cer, exterminar, matar, extinguir, eliminar, desfazer, asso-
lar ou devastar, voltada a um todo ou parte de:

42
- Grupo nacional - agrupamento de pessoas oriundas III - perda ou inutilização do membro, sentido ou fun-
de uma mesma nação. Ex.: espanhóis, portugueses, ção;
brasileiros. IV - deformidade permanente;
- Étnico - grupo com traços físicos e mentais seme- V - aborto”.
lhantes, com cultura e tradição comuns. Ex.: indíge- O tipo pode ser interpretado de forma ampla, indo
nas, em seus diversos subgrupos, judeus. além destas condutas expressas no Código Penal, por
- Raça - grupo de descendentes de uma mesma sub- exemplo, enquadram-se atos de escravidão, provocação
divisão da espécie humana determinado por traços de fome gerando desnutrição.
físicos (cor de pele, estrutura óssea, traços seme-
lhantes). Ex.: negros, arianos, escandinavos. Submissão a condição de existência capazes de
- Religioso – grupo com crença religiosa comum. Ex.: gerar destruição
católicos, umbandistas.
Pena – reclusão, de dez a quinze anos.
A partir do dolo específico, configuram genocídio as Refere-se à destruição de um povo ou nação pela
seguintes condutas: denominada “morte lenta”, característica das ações de
a) matar membros do grupo; extermínios que usualmente se realizam em etapas, por
b) causar lesão grave à integridade física ou mental longos períodos, visando causar o mais intenso sofrimen-
de membros do grupo; to possível, atingindo não apenas o indivíduo, mas o gru-
c) submeter intencionalmente o grupo a condições po em si. Enquadra-se no tipo a conduta de deportação,
de existência capazes de ocasionar-lhe a destrui- perseguição e a detenção individual em guetos ou cam-
ção física total ou parcial; pos de concentração, experimentos médicos cruéis, além
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimen- de outras formas de privação de direitos fundamentais.
tos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do gru- Impedimento ao nascimento
po para outro grupo;
Pena – reclusão, de três a dez anos.
Será punido: Trata-se do que se conhece como genocídio biológi-
co, abrangendo atos como esterilização forçada, contro-
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no le forçado de natalidade, mutilação dos órgãos sexuais,
caso da letra a; além de, evidentemente, provocação de aborto.
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Transferência forçada de crianças
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Pena – reclusão, de um a três anos.
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
Consiste na conduta de transferir a criança do grupo
ao qual pertence e inseri-la em nova coletividade recep-
Homicídio
tora incompatível com a cultura, o idioma e/ou religião
do grupo de origem. Criança, para o Estatuto da Criança
Pena – reclusão, de doze a trinta anos. e do Adolescente, é o ser humano de até 12 anos incom-
Entende-se que o tipo abrange tanto a conduta dire- pletos.
ta, consistente em efetivos atos de assassinato (ex.: dis-
paro de armas de fogo, colocação em câmara de gás), Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para
quanto a conduta indireta, consistente em destruição da prática dos crimes mencionados no artigo anterior:
infraestrutura e de outros sistemas vitais para a comuni- Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
dade (ex.: destruição de plantações das quais a comuni-
dade tira a subsistência). Associação ao genocídio
Lesão grave Trata-se de associação para o crime de genocídio,
respondendo-se pelos dois crimes em concurso material
Pena – reclusão, de dois a oito anos. caso também se pratique a conduta do artigo 1o para a
Abrange-se tanto o que o Código Penal considera qual se associou (as penas serão somadas), ou apenas
como lesão grave (art. 129, § 1o) quanto o que ele consi-
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

pela associação caso não se concretize nem ao menos


dera como lesão gravíssima (art. 129, § 2o): modalidade tentada dos crimes do artigo 1o.
“§ 1º Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por Entende-se que as penas fixadas na metade à comi-
mais de trinta dias; nada do delito configurado, não se aplicam mais, haven-
II - perigo de vida; do derrogação da lei anterior por lei posterior, eis que
III - debilidade permanente de membro, sentido ou a Lei dos Crimes Hediondos (Lei no 8.072/1990) em seu
função; artigo 8º alterou a forma de punir crimes de associação
IV - aceleração de parto. / em delitos hediondos, sendo que o genocídio é elencado
pela Lei de Crimes Hediondos como tal. Assim, aplica-se
§ 2° Se resulta: I - incapacidade permanente para o a pena de reclusão por 3 a 6 anos para quem se associar
trabalho; II - enfermidade incurável; para um crime dessa natureza.

43
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a come- 2. (IESES/2016 - TJ-PA - Titular de Serviços de Notas e
ter qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: de Registros - Provimento - Adaptada) Julgue o item:
Pena: Metade das penas ali cominadas. O crime de Genocídio (Lei 2.889/56) é considerado equi-
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de parado a hediondo.
crime incitado, se este se consumar.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quan- ( ) CERTO ( ) ERRADO
do a incitação for cometida pela imprensa.
Incitação ao genocídio Resposta: Errado. O parágrafo único do art. 1º da
Trata-se da conduta de incitar outra pessoa a prati- Lei de Crimes Hediondos (Lei no 8.072/1990) prevê o
car algum dos crimes descritos no artigo 1o. Aplica- genocídio e o porte ou posse ilegal de arma de fogo
-se a metade da pena do crime incitado caso não se são crimes hediondos, não equiparados a hediondos.
consume o crime para o qual se dirigiu a incitação
e a mesma pena do crime incitado caso se consume.
Fixa-se causa de aumento de 1/3 caso a incitação seja LEI FEDERAL Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE
cometida pela imprensa. 1985 (LEI CAÓ)

Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no


caso dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime por O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
governante ou funcionário público. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Fixa-se causa de aumento de pena de 1/3 pela natu-
reza do sujeito ativo – se governante ou funcionário Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos
público. desta lei, a prática de atos resultantes de preconceito
de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) das respec-
tivas penas a tentativa dos crimes definidos nesta lei. Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o di-
Como regra, o Código Penal cria causa de diminuição retor, gerente ou empregado do estabelecimento que
de pena aos crimes tentados – 1/3 a 2/3 (art. 14, CP). incidir na prática referida no artigo 1º. desta lei.
Aqui, há exceção desta regra, de modo que na tentati-
va dos crimes descritos na lei se aplicará 2/3 da pena Das Contravenções
que se aplicaria ao crime consumado.
Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, esta-
Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão con- lagem ou estabelecimento de mesma finalidade, por
siderados crimes políticos para efeitos de extradição. preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
A extradição não é possível para crimes políticos, mas
apenas para conexos com políticos. Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
e multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior valor de
Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário. referência (MVR).

Rio de Janeiro, 1 de outubro de 1956; 135º da Inde- Art. 4º. Recusar a venda de mercadoria em lojas de
pendência e 68º da República. qualquer gênero ou o atendimento de clientes em res-
taurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes,
abertos ao público, por preconceito de raça, de cor, de
sexo ou de estado civil.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Pena - Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três)
1. (INSTITUTO AOCP/2017 - DESENBAHIA - Técnico meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior
Escriturário - Adaptada) Julgue o item: De acordo com valor de referência (MVR).
a Lei federal nº 2.889/1956 (Lei contra o genocídio), quem
adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em estabeleci-
seio de grupo nacional, étnico, racial ou religioso com o mento público, de diversões ou de esporte, por precon-
intuito de eliminá-lo será incurso nas penas cominadas ceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

no art. 121 do Código Penal (homicídio).


Pena - Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) me-
( ) CERTO ( ) ERRADO ses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor
de referência (MVR).
Resposta: Errado. A pena aplicável é do homicídio
qualificado (art. 1o, Lei nº 2.889/1956 c/c art. 121, § Art. 6º. Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo
2o, CP). de estabelecimento comercial ou de prestação de ser-
viço, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de
estado civil.

44
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 (três)
meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior LEI ESTADUAL N° 10.549, DE 28 DE DEZEM-
valor de referência (MVR). BRO DE 2006 (SECRETARIA DE PROMOÇÃO DA
IGUALDADE RACIAL), ALTERADA PELA LEI ES-
Art. 7º. Recusar a inscrição de aluno em estabeleci- TADUAL N° 12.212, DE 04 DE MAIO DE 2011
mento de ensino de qualquer curso ou grau, por pre-
conceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Prezado candidato, visto o formato e tamanho do ma-
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, terial solicitado, indicamos que acesse o site https://go-
e multa de 1(uma) a três) vezes o maior valor de refe- verno-ba.jusbrasil.com.br/legislacao/85395/lei-10549-06,
rência (MVR). no qual vai encontrar a lei na íntegra para sua consulta.

Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento ofi-


cial de ensino, a pena será a perda do cargo para o
agente, desde que apurada em inquérito regular. LEI FEDERAL Nº 10.678, DE 23 DE MAIO DE
2003, COM AS ALTERAÇÕES DA LEI FEDERAL
Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo Nº 13.341, DE 29 DE SETEMBRO DE 2016 (RE-
público civil ou militar, por preconceito de raça, de cor, FERENTE À SECRETARIA DE POLÍTICAS DE
de sexo ou de estado civil. PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DA PRE-
SIDÊNCIA DA REPÚBLICA)
Pena - perda do cargo, depois de apurada a respon-
sabilidade em inquérito regular, para o funcionário
dirigente da repartição de que dependa a inscrição no Cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
concurso de habilitação dos candidatos. Igualdade Racial, da Presidência da República, e dá ou-
tras providências.
Faço saber que o Presidente da República adotou a
Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em au-
Medida Provisória nº 111, de 2003, que o Congresso Na-
tarquia, sociedade de economia mista, empresa con-
cional aprovou, e eu, Eduardo Siqueira Campos, Segun-
cessionária de serviço público ou empresa privada, por
do Vice-Presidente, no exercício da Presidência da Mesa
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no
art. 62 da Constituição Federal, com a redação dada pela
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
Emenda constitucional nº 32, combinado com o art. 12
e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de da Resolução nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei:
referência (MVR), no caso de empresa privada; perda Art. 1º Fica criada, como órgão de assessoramento
do cargo para o responsável pela recusa, no caso de imediato ao Presidente da República, a Secretaria Es-
autarquia, sociedade de economia mista e empresa pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
concessionária de serviço público. Art. 2º (Revogado pela Lei nº 12.314, de 2010)
Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria
Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em esta- Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial,
belecimentos particulares, poderá o juiz determinar a da Presidência da República, e terá a sua composição,
pena adicional de suspensão do funcionamento, por competências e funcionamento estabelecidos em ato do
prazo não superior a 3 (três) meses. Poder Executivo, a ser editado até 31 de agosto de 2003.
Parágrafo único. A Secretaria Especial de Políticas de
Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publi- Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da Re-
cação. pública, constituirá, no prazo de noventa dias, contado
da publicação desta Lei, grupo de trabalho integrado
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. por representantes da Secretaria Especial e da socie-
dade civil, para elaborar proposta de regulamentação
Brasília, 20 de dezembro de 1985; 164º da Indepen- do CNPIR, a ser submetida ao Presidente da República.
dência e 97º da República. Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas
de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
República, 1(um) cargo de Secretário-Adjunto, código
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

DAS 101.6. (Redação dada pela Lei nº 11.693, de 2008)

Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de Secretário Es-


pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
no cargo de Ministro de Estado Chefe da Secretaria Es-
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
(Incluído pela Lei nº 11.693, de 2008)
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Congresso Nacional, em 23 de maio de 2003; 182º da


Independência e 115º da República.

45
a) os conceitos de ancestralidade. luta. sedução, jogo e
território devem ser evitados como pilares de uma ci-
HORA DE PRATICAR! ência africana.
b) os conteúdos referentes à história e cultura afro-bra-
1. (AUDITOR DO ESTADO – SEFAZ-RS- CESPE – 2018) sileira sejam ministrados no âmbito do Ensino Médio
Instituído pelo Estatuto Nacional da Igualdade Racial – nas áreas de educação artística.
Lei nº 12.288/2010 -, o Sistema Nacional de Promoção da c) fique a cargo de cada estabelecimento a inclusão do
Igualdade Racial (SINAPIR) tem por objetivo: 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência
Negra.
a) iniciar a ação penal em face de atitudes e práticas de d) seja obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-
intolerância religiosa nos meios de comunicação e em -brasileira nos estabelecimentos oficiais de ensino
quaisquer outros locais fundamental.
b) formular políticas, programas e projetos voltados para a e) nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Mé-
inclusão da população negra no mercado de trabalho. dio, oficiais e particulares, seja obrigatório o ensino
c) descentralizar a implementação de ações afirmativas sobre história e cultura afro-brasileira.
pelos governos estaduais, distrital e municipais.
d) ratificar os compromissos assumidos pelo Brasil junto 5. (SEDF- CESPE – 2017)
a organismos internacionais. Julgue o item a seguir com base no disposto na Resolu-
e) instituir os conselhos para a aplicação do Fundo Na- ção n.º 1/2012 do Conselho de Educação do DF.
cional de Habitação de Interesse Social (FNHIS). A cultura afro-brasileira e a indígena devem ser partes do
conteúdo obrigatório nos ensinos fundamental e médio,
2. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE-RR- CESPE – 2017) ministradas no âmbito de todo o currículo escolar.
De acordo com o Estatuto da Igualdade Racial, o estudo da
história geral da África e da história da população negra do ( ) CERTO ( ) ERRADO
Brasil é obrigatório nos estabelecimentos de ensino
6. (TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO – EM-
a) infantil e fundamental. BASA- IBFC-2015)
b) fundamental e médio. Considerando as disposições da lei federal n° 12.288, de
c) médio, apenas. 20/07/2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial,
d) infantil, fundamental e médio. assinale a alternativa correta sobre o que a referida lei
considera de forma precisa, desigualdade racial.
3. (ANALISTA TÉCNICO DE POLÍTICAS SOCIAIS –
MPOG- ESAF- 2012) O Programa Brasill Quilombola a) Assimetria existente no âmbito da sociedade que
possui como um dos instrumentos legais o Decreto n. acentua a distância social entre mulheres negras e os
4.887, de 20 de novembro de 2003, que regulamenta o demais segmentos sociais.
procedimento para identificação, reconhecimento, deli- b) Toda situação injustificada de diferenciação de acesso
mitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esfe-
remanescentes das comunidades de quilombos. Define ras pública e privada, em virtude de raça, cor, descen-
também, em seu artigo segundo, que comunidades re- dência ou origem nacional ou étnica.
manescentes de quilombo são grupos-étnicos segundo c) Toda distinção baseada em raça, cor, descendência ou ori-
os critérios de:
gem nacional ou étnica que tenha por objeto anular exer-
cício, em igualdade de condições, de direitos humanos.
a) prescrição de cidadania e igualdade racial baseados
d) Toda exclusão ou preferência baseada em raça, cor,
em retifi cação extemporânea da Fundação Cultural
descendência ou origem nacional ou étnica que te-
Palmares.
nha por objeto anular ou restringir o reconhecimento,
b) autodefinição racial e autoatribuição datada e atesta-
gozo ou exercício, em igualdade de condições, de di-
da mediante laudo técnico certificado pela Secretaria
reitos humanos e liberdades fundamentais.
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
c) autoatribuição, com trajetória histórica própria, dota-
dos de relações territoriais específicas, com presunção
de ancestralidade negra relacionada com a resistência
à opressão histórica sofrida. GABARITO
IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

d) autoinserção racial com trajetória de defesa dos direi-


tos humanos e raciais e lutas históricas pela terra.
e) autovalidação de injustiças raciais e inserção territo- 1 C
rial geral e a autodefesa da necessidade de reparação
2 B
com a política de inclusão racial.
3 C
4. (PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA – SEE-PB- IBA- 4 E
DE- 2017) No início de 2003, após debates em âmbito
nacional, houve alteração da Lei de Diretrizes e Bases da 5 CERTO
Educação com a sanção da conhecida Lei n° 10.639, de- 6 B
terminando que:

46
ÍNDICE

DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição da República Federativa do Brasil: Poder Constituinte....................................................................................................... 01


Dos princípios fundamentais................................................................................................................................................................................... 04
Dos direitos e garantias fundamentais: Dos direitos e deveres individuais e coletivos, Da nacionalidade, Dos direitos
políticos............................................................................................................................................................................................................................ 07
Da organização do Estado: político-administrativa, Da União, Dos Estados federados, Do Distrito Federal e dos
Territórios........................................................................................................................................................................................................................ 18
Da administração pública: Disposições gerais, Dos servidores públicos, Dos militares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios............................................................................................................................................................................................................ 24
Da organização dos poderes: poder Legislativo, Congresso Nacional, atribuições do Congresso Nacional, Da Câmara
dos Deputados, Do Senado Federal, Do Poder Executivo, Do Presidente e do Vice-Presidente da República (atribuições
do Presidente da República).................................................................................................................................................................................... 32
Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional.................................................................................................................. 43
Do Poder Judiciário: disposições gerais, funções essenciais à Justiça..................................................................................................... 44
Ministério Público........................................................................................................................................................................................................ 44
Da defesa do Estado e das instituições democráticas: estado de defesa e do estado de sítio, Forças Armadas, segurança
pública.............................................................................................................................................................................................................................. 47
Constituição do Estado da Bahia: servidores públicos militares, segurança pública estadual....................................................... 49
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: PODER CONSTITUINTE.

Segundo a Prof. Nathalia Masson, “o poder constituinte é a força política que se funda em si mesma, a expressão
sublime da vontade de um povo em estabelecer e disciplinar as bases organizacionais da comunidade política”.
O poder constituinte é, portanto, aquele poder responsável por dar origem ao regramento do Estado. É graças a
esse poder que serão definidas a estrutura de jurídicas e políticas do novo ordenamento que está surgindo. Esse poder
normalmente nasce junto com o próprio estado, ou seja, o povo em conjunto estabelece as regras que regerão aquela
nova unidade.

O poder constituinte é aquele que também cria os demais poderes, que apresenta o regramento, seus limites e suas atri-
buições. Tem enorme importância no processo de formação do novo estado, pois, graças a ele será possível dar vida ao novo
ordenamento.
Existem duas correntes que definem a natureza do poder constituinte. São elas: corrente jusnaturalista e corrente
juspositivista. A primeira, considerada que o poder constituinte é uma espécie de poder de direito, pois para autores
como Sieyés o direito natural precede ao novo Estado em surgimento, uma espécie de poder de direito nascido antes
do Estado com a tarefa de organizar essa nova sociedade. A segunda corrente defende que não há como existir regra-
mentos (direitos) precedentes ao Estado, posto que estes surgem a partir do momento que o povo decide se organizar
em sociedade; estar-se-ia, portanto, diante de um poder de fato, um poder político fruto das forças sociais que o criam.

#FicaDica
Jusnaturalista – poder de fato: o poder constituinte é anterior ao estado. Tem natureza jurídica, por isso
apto a organizar uma constituição.
Juspositivista – poder de direito: é um poder político, fruto da vontade do povo que legitima a construção
de um novo documento formal.

- Classificação
1. Quanto ao momento de manifestação (surgimento):
- Fundacional: é o poder que produz a primeira constituição do Estado.
- Pós-fundacional: por conta de ruptura da ordem vigente, necessário elaborar novo texto.

2. Quanto às dimensões
- Material: marca os “valores” que serão prestigiados pela constituição.
- Formal: formaliza a criação do estado, exprimindo a ideia de direito convencionada.

- Características
- Inicial: é considerado inicial, pois não existe nada antes dele. O poder constituinte elabora um documento que
inaugura um novo Estado.
- Ilimitado: não está subordinado a nenhum outro regramento.
- Incondicionado: atua livremente, não está adstrito a condições previamente estipuladas.
- Autônomo: possibilidade do poder definir o conteúdo da nova constituição.
- Permanente: não se esgota. Rompendo sistema vigente, apto a elaborar nova constituição.
DIREITO CONSTITUCIONAL

1
#FicaDica

1. Poderes Constituídos

Os poderes constituídos são aqueles criados pelo poder constituinte originário. Os poderes constituídos são, por-
tanto, derivados do poder constituinte originário e podem ser divididos nas seguintes espécies:

- Poder Constituído Derivado reformador: tem por escopo alterar a constituição de modo a adequá-la as transfor-
mações decorrentes de novas dinâmicas sociais. No Brasil esse poder é exprimido pelas Emendas Constitucionais.

O poder derivado reformador tem enorme importância para o direito constitucional, posto que é por ele que a
Constituição se adequa as transformações proporcionadas pelo tempo, ou seja, para se evitar a confecção de um novo
texto constitucional sempre que for necessária sua adequação aos novos contornos da sociedade, utiliza-se do poder
reformador.

Vale ressaltar que nossa CF/88 é classificada como uma constituição rígida, não podendo ser mudada a qualquer tempo e por
qualquer modo. Apesar da possibilidade de sua modificação, para que isso ocorra necessário respeitar um procedimento rigoroso,
também previsto pela própria Constituição.

Um dos enfrentamos que se coloca à frente do legislador é a percepção correto daquilo que de fato precisa ser
mudado e do tempo em que aquilo deve ser mudado. Do contrário, estar-se-ia diante da fragilização do texto cons-
titucional já que intenções controvertidas podem prejudicar a estabilidade do texto. Por conta disso a própria CF/88
trouxe em seu texto alguns limites à possibilidade de reforma; essas limitações se dividem em implícitas e expressas.
As expressas, por sua vez, podem ser divididas em: temporais, materiais, circunstanciais e formais. Iniciaremos com o
estudo das limitações expressas.

2. Limitações expressas

A - Temporais: referidas limitações não constam no texto da CF/88. Portanto, inexistentes em nossa legislação
DIREITO CONSTITUCIONAL

qualquer restrição temporal para sua mudança. Salvo nas hipóteses vedadas pela própria CF/88, poderá sofrer
mudanças a qualquer tempo.
B – Materiais: como o próprio nome já explica, são matérias previstas na CF/88 que não podem sofrer alteração,
não podem ser reformadas. Segundo o art. 60 §4º (cláusulas pétreas), não poderá ser objeto de deliberação a
proposta de emenda constitucional tendente a abolir a:
- forma federativa de Estado,
- o voto direto, secreto, universal e periódico,
- a separação dos Poderes e
- os direitos e as garantias individuais.

2
C – Circunstanciais: em determinadas situações, ou - Impossibilidade de mudança do art. 60.
seja, sob determinadas “circunstâncias” a CF/88 - Poder reformador não pode mudar a titularidade.
não poderá ser alterada. Nos termos do art. 60 §1º, - Impossibilidade de extirpar os fundamentas da Re-
a CF/88 não poderá ser alterada na vigência do es- pública, insculpidos no art. 1º.
tado de sítio, do estado de defesa e da intervenção - Poder Constituído Derivado decorrente: é o poder
federal. Importante lembrar que essas 03 situações recebido pelos estados-membros do poder cons-
trazidas pelo artigo da Constituição são momentos tituinte originário para que estes possam elaborar
de crise no país e, por conta disso, a impossibilida- sua própria constituição. No Brasil, referida possi-
de de reforma do texto. bilidade vem expressa no art. 25 da CF/88.
D – Formais (procedimentos): em se tratando de uma
constituição considerada rígida, qualquer mudan- 2.2. Limites ao Poder Decorrente
ça em seu texto deverá passar por rigoroso pro-
cedimento. Em primeiro, não é qualquer “pessoa” Não obstante, pelo princípio da simetria, terem rece-
que pode requerer a mudança do texto constitu- bido do poder constituinte originário a possibilidade de
cional; em segundo, essa mudança deve obedecer criarem suas próprias constituições, os estados-membros
a um procedimento específico, também rigoroso e encontram algumas limitações ao exercício desta liberali-
complexo para evitar que a constituição seja alte- dade. A justificativa reside no fato de que, sendo a cons-
rada a qualquer momento. tituição federal a lei maior, nada poderá dela destoar.

- Limitação formal subjetiva: rol de legitimados a pro- Assim, apesar da permissão constitucional de elabora-
porem projetos de emenda à constituição (art. 60) rem seu próprio texto constitucional, ao fazê-los os estados-
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara -membros devem guardar observância a algumas restrições
dos Deputados ou do Senado Federal; impostas pela lei maior. As limitações são as seguintes:
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas 1 – Princípios Constitucionais sensíveis: são os fun-
das unidades da Federação, manifestando-se, cada damentos da organização constitucional do país.
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. No caso, estão dispostos no art. 34 VII da CF/88.
Ao elaborarem suas próprias constituições os esta-
- Limitação formal objetiva: procedimento que deve dos-membros devem observar:
ser adotado para alteração do texto constitucional (art. - forma republicana,
60 §2º). A proposta será: - sistema representativo e ao regime democrático,
I - discutida e votada em cada Casa do Congresso - direitos da pessoa humana,
Nacional, - autonomia municipal,
II - em dois turnos, - prestação de contas da administração pública, dire-
III - considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, ta e indireta,
três quintos dos votos dos respectivos membros. - aplicação do mínimo exigido da receita resultante
de impostos estaduais na manutenção e desen-
Portanto, a proposta de emenda constitucional de- volvimento do ensino e nos serviços públicos de
verá ser discutida e votada nas duas casas do Congresso saúde.
Nacional (executivo e legislativo). Essa votação deverá
ser aprovada por no mínimo 3/5 dos integrantes da res-
pectiva casa. #FicaDica
Assim, certos de que na Câmara dos Deputados te-
A não observância dos princípios constitu-
mos 513 Deputados Federais e no Senado Federal 81 Se-
cionais sensíveis ensejam a possibilidade de
nadores, para aprovação de uma emenda, necessário a
intervenção federal pelo Presidente da Re-
anuência de 308 deputados e 49 Senadores.
pública, nos termos do art. 36 III da CF/88.
Por fim, importante lembrar que essa votação deverá
ser realizada duas vezes e, nestas duas situações deverá
alcançar o mesmo número de votantes.
2 – Princípios Constitucionais Extensíveis: trata-se de
normas de organização da federação extensíveis
#FicaDica aos estados-membros, Distrito Federal e municí-
pios. Estas normas podem estar explícitas ou im-
DIREITO CONSTITUCIONAL

Limites a possibilidade de reforma do texto plícitas no texto da Constituição. Exemplificando:


constitucional:
- matérias, circunstâncias e procedimentos. Explícitas: regras eleitorais. O sistema eleitoral previs-
to para a eleição do chefe do executivo federal (Presiden-
2.1. Limitações Implícitas te da República) deve ser o mesmo para eleição do chefe
do executivo estadual. Em outras palavras, no que tange
São aquelas limitações que não se encontram grafa- ao sistema eleitoral a CF/88 explicita as regras e estas
das no texto da constituição, mas que orientam a refor- devem ser aplicadas aos demais entes da federação.
ma constitucional, como por exemplo:

3
Implícitas: requisitos para a Criação de Comissão par- finalidade principal do ordenamento jurídico e da Cons-
lamentares de Inquérito. Apesar de estarem previstas no tituição é justamente a proteção dos direitos e garantias
art. 58 §3º da CF/88 a sua criação, as regras para isso fo- fundamentais.
ram definidas por leis infraconstitucionais. Deste modo, A interpretação do direito, portanto, busca sempre
referidas regras se estendem aos demais entes. pelas premissas do direito justo. Atender ao constitucio-
nalismo, seja ele novo ou não, significa aplicar os seguin-
tes princípios:
#FicaDica a) Princípio da Supremacia da Constituição: a
Constituição ocupa o topo da pirâmide do orde-
São chamados de princípios extensíveis, pois
namento jurídico. Tal posição privilegiada signifi-
devem ser observados pelos demais entes
ca que todo o ordenamento que origina daquela
da federação, independente de estarem ex-
Constituição deve estar de acordo com a primeira.
plícitos ou implícitos na Lei Maior.
Assim, havendo multiplicidade de interpretação
quanto a uma norma, deve prevalecer a interpreta-
ção que melhor se adequa ao Texto Constitucional.
b) Princípio da força normativa da Constituição: A
EXERCÍCIO COMENTADO Constituição não é mero documento político. Ela
possui força normativa máxima, e seus princípios
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: PC-MAPro- e regras devem ser seguidos. As normas infracons-
va: Delegado de Polícia Civil. titucionais devem encontrar seu fundamento de
O poder constituinte originário validade nesses princípios e regras dispostos na
Constituição. Caso contrário, deverão ser removi-
a) é fático e soberano, incondicional e preexistente à or- das do ordenamento.
dem jurídica. c) Princípio da unidade constitucional: A Cons-
b) é reformador, podendo emendar e reformular. tituição deve condizer com o tipo de Estado que
c) é decorrente e normativo, subordinado e condiciona- governa determinada região. As normas infra-
do aos limites da própria Constituição. constitucionais que versarem sobre tema diferente
d) é atuante junto ao Poder Legislativo comum, com cri- ou que contradiz com a estrutura do Estado, são
térios específicos e de forma contínua. consideradas inconstitucionais. A Constituição Fe-
e) é derivado e de segundo grau, culminando em ativi- deral é considerada o espinho dorsal de todo o
dade diferida. ordenamento jurídico brasileiro. Isso porque, logo
em seus primeiros dispositivos, ela garante uma
Resposta: Letra A. Trata-se de um poder de fato, estrutura bastante complexa do atual Estado brasi-
posto que preexistente à ordem jurídica. Logo, não leiro. De modo geral, a CF/1988 deve responder a
foi criado pela ordem jurídica para ser chamado de 4 questões fundamentais: qual a forma de Estado,
poder de direito. No mais, é incondicional. O fato de qual a forma de governo, qual o sistema de gover-
ser precedente a ordem jurídica, não guarda nenhuma no, e qual regime político a ser adotado.
restrição em sua atuação.

#FicaDica
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.
Uma questão da prova da PC-RJ, para o car-
go de Delegado de Polícia, banca FUNCAB,
1. Princípios fundamentais de direito constitucio- ano 2012, considerou correta a seguinte
nal alternativa: “Com base nas lições de Cano-
tilho, os princípios de interpretação cons-
Considerando tudo quanto foi exposto, indaga-se se titucional foram desenvolvidos a partir do
há uma forma diferenciada de se interpretar a Constitui- método hermenêutico-concretizador e se
ção. Não me parece correto afirmar que há um método tornaram referência obrigatória da teoria
diferenciado de interpretação da norma constitucional, da interpretação constitucional. Segundo a
pois interpretar a Constituição é interpretar o próprio Di- Doutrina, há um princípio que tem por fi-
reito. E o direito, como uma estrutura organizada, não nalidade impedir que o intérprete-concre-
pode conter divisões quanto à sua aplicação: deve ser tizador da Constituição modifique aquele
DIREITO CONSTITUCIONAL

sempre compreendido como algo uno e indivisível. sistema de repartição e divisão das funções
Essa é a posição defendida por doutrinadores como constitucionais, para evitar que a interpreta-
Eros Roberto Grau. Para o renomado autor, interpretar ção constitucional chegue a resultados que
o direito é o mesmo que aplicá-lo. O Juiz não pode ser perturbem o esquema organizatório-fun-
mero leitor, pois estaria agindo como uma “boca da Lei”, cional nela estabelecido, como é o caso da
expressão bastante utilizada pelos críticos do Estado de separação dos poderes.A definição exposta
mera legalidade e que pouco se preocupava com a reso- corresponde ao Princípio: a) da Justeza ou
lução de questões sociais. Essas questões devem sempre da Conformidade Funcional”.
ser levadas em conta para a aplicação do direito, pois a

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d) Princípio da primazia da defesa dos direitos fun- crime no processo penal, pois a tortura é absolutamen-
damentais: toda a atividade do Estado tem como te incompatível com um Estado democrático de Direito
alicerce a dignidade da pessoa humana, e assume como o Brasil.
o compromisso de proteger a garantir a dignidade O elemento histórico, por sua vez, consiste na inter-
tanto para os brasileiros, nacionais e naturalizados, pretação da norma, levando em conta os fatores históri-
como para os estrangeiros. Tal proteção transcen- cos no momento da promulgação da mesma. Tal elemen-
de as bordas das nações, pois trata-se de uma ga- to põe em destaque a regra da razoabilidade, isso é, a
rantia universal a todas as pessoas. Nos termos do atuação de modo a impedir excessos, sendo procurando
art. 4º, II, da CF/1988, a República Federativa do a forma de intervenção estatal menos gravosa possível.
Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelo Além desses métodos tradicionais, considerando a
princípio da prevalência dos direitos humanos. grande importância do Texto Constitucional, a doutrina
e) Princípio da eficácia integradora: é um princí- também elenca alguns métodos de interpretação especí-
pio que possui dois efeitos distintos. O primeiro ficos para as normas constitucionais. São eles: o método
diz respeito a dimensão política, pois a Constitui- jurídico ou hermenêutico-clássico; o método tópico-pro-
ção, além de servir como base estrutural do Esta- blemático; e o método hermenêutico-concretizador.
do, deve manter a sua integridade, impedindo que
normas infraconstitucionais alterem a sua essência. 2.1 Método Jurídico ou Hermenêutico-Clássico
O segundo efeito advém de uma construção em-
pírica das decisões dos operadores do Direito. Isso A Constituição essencialmente é uma lei e, por isso,
significa que o Juiz não pode realizar julgamento há de ser interpretada segundo as regras tradicionais
somente de acordo com suas convicções, se tal da hermenêutica, articulando-se e complementando-se,
matéria já foi objeto de julgamento por parte de para revelar o seu sentido, os mesmos elementos gené-
outrem. Essa construção empírica mais rígida pro- tico, filológico, lógico, histórico e teleológico que são
move maior segurança jurídica. levados em conta na interpretação das leis em geral. É
o método mais antigo de interpretação constitucional,
2. Métodos de Interpretação Constitucional pois traduz-se na subsunção do fato à norma. Porém,
ao contrário dos modelos mais antigos, essa subsunção
Interpretar uma norma jurídica é uma tarefa cuja rea- deve levar em consideração o conteúdo axiológico e os
lização se dá de forma metódica, como pressuposto à valores sociais, isso é, não pode ser uma mera subsunção
aplicação da norma jurídica. O intérprete vale-se de um mecânica, totalmente abstraída de valores sociais.
conjunto de métodos, que, embora partam de critérios
distintos entre si, são reciprocamente complementares. 2.2 Método Tópico-Problemático
Primeiramente, vale ressaltar sobre os métodos de
interpretação clássicos, aplicados não só para o direi- Para esse método, a Constituição é vista como um sis-
tema aberto de regras e princípios, o que significa dizer
to constitucional, como também para todas os outros
que ela admite/exige distintas e cambiantes interpreta-
ramos jurídicos. Esses elementos tradicionais tem por
ções.
fundamento as lições de Savigny sobre a hermenêutica
Uma vez que a interpretação jurídica é colocar a nor-
jurídica.
ma no mundo prático, há um grande enfoque na análise
O elemento gramatical procura dar maior enfoque
do problema, e é por meio do problema que o intérprete
à norma posta e escrita. É o método mais comum em
parte para a norma. Há, evidentemente, uma sobreposi-
países que adotam um sistema de Civil Law, como é o
ção dos valores do intérprete em relação às normas.
caso do Brasil. Para esse método de interpretação, seria
absolutamente incabível compreender a norma por ou- 2.3 Método Hermenêutico-Concretizador
tro sentido se não aquele que lhe aparece na sua leitura
objetiva. Isso faz com que a norma ganhe uma maior rigi- O método apresenta-se como uma técnica oposta ao
dez, embora também impossibilite a criação de exceções método tópico-problemático, pois o intérprete, ao consi-
para tais regras. derar que a leitura de qualquer texto normativo, inclusive
O elemento lógico envolve o processo de raciocínio. do texto constitucional, começa pela sua compreensão
Busca-se a concatenação do que está escrito, isso é, bus- da necessidade de concretizar a norma a partir de uma
ca-se uma análise da lógica do texto normativo. A maior dada realidade histórica.
preocupação da interpretação lógica não é em seguir a A hermenêutica-concretizadora parte da norma para
norma, mas garantir que ela esteja apta a almejar os seus o problema. Não há julgamento com base em valores
DIREITO CONSTITUCIONAL

respectivos fins, servindo de solução para um conflito de pessoais do intérprete da norma, pois o enfoque está jus-
ordem social. tamente na regra disposta no Texto Constitucional.
O elemento sistêmico, por sua vez, é aquele que dá
unidade a todo o ordenamento jurídico. A interpretação 2.4 Método científico-espiritual
da norma é feita sempre levando em consideração os
princípios, os fundamentos e as garantias sistêmicas con- O ponto característico que sustenta o método cientí-
feridas pelo Estado às pessoas. É por esse motivo que, fico-espiritual de interpretação constitucional é, precisa-
por exemplo, seria inadmissível uma norma que regula- mente, a ideia de uma Constituição como instrumento de
mentasse a tortura para obtenção de provas/confessar o integração social, não apenas do ponto de vista jurídico-

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-formal, mas como instrumento de regulação, absorção
ou superação de conflitos e, por essa forma, de constru-
ção e preservação da unidade político-social. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Rudolf Smend, o autor mais expressivo dessa esco-
la, salienta que a Constituição é a ordenação jurídica do 1. (POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA FE-
Estado, isto é, apresenta o travejamento normativo do DERAL – CESPE – 2018) “A possibilidade de um direito
seu processo de integração. Haveria, também, regras e positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma
disposições que não se remetem a esse processo estru- invenção do constitucionalismo do século XVIII, inspi-
turante de sua ordenação. rado pela tese de Montesquieu de que apenas pode-
Não podemos reduzir o Estado a uma totalidade imó- res moderados eram compatíveis com a liberdade. Mas
vel, cuja única expressão externa consiste em promulgar como seria possível restringir o poder soberano, tendo a
leis, celebrar tratados, prolatar sentenças ou praticar atos sua autoridade sido entendida ao longo da modernidade
administrativos. Pelo contrário: ele há de ser visto como justamente como um poder que não encontrava limites
um fenômeno espiritual em permanente configuração, no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma
no âmbito de um processo que pode ser valorado, como contradição e, de fato, a exigência de poderes políticos
algo positivo (progresso) ou negativo (deformado). É limitados implicou redefinir o próprio conceito de sobe-
preciso examinar, também, o peso específico que a pró- rania, que sofreu uma deflação”.
pria Constituição, enquanto norma de caráter essencial-
mente político, reconhece a cada um desses órgãos, com Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da
vistas ao processo global de integração, e não segundo soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19, 2011,
as funções burocráticas que eventualmente eles possam p. 201 (com adaptações).
desempenhar em determinado modelo de distribuição
de competências. Considerando o texto precedente, julgue os itens a se-
Em síntese, para os adeptos do método científico-es- guir, a respeito de Constituição, classificações das Cons-
piritual, tanto o Direito, quanto o Estado e a Constituição, tituições e poder constituinte.
são vistos como fenômenos culturais ou fatos referidos
a valores, a cuja realização eles servem de instrumento. A exigência de poderes políticos limitados após a ma-
Entre tais valores emerge a integração social como fim nifestação do poder constituinte originário fundamenta
supremo a ser buscado por toda a comunidade, sem, tanto o sentido lógico-jurídico quanto o sentido jurídico-
contudo, possibilitar a degradação do indivíduo. Por isso, -positivo da Constituição.
a dignidade humana é vista como premissa antropológi-
co-cultural do Estado de Direito e valor fundante de toda ( ) CERTO ( ) ERRADO
sua conduta ética.
Resposta: Certo. Após a criação da Constituição, te-
2.5 Método Normativo-estruturante mos a ingerência do poder constituinte derivado. Este,
ao contrário do poder originário, sofre diversas limita-
Para essa corrente, a interpretação da Constituição ções e restrições, tanto de ordem política como jurídi-
e, também, do próprio Direito, é sinônimo de aplicar ca, haja vista que é um poder que deriva do originário.
o mesmo. Isso quer dizer que o caráter normativo, da Para Hans Kelsen, em sua concepção jurídica, a Consti-
Constituição não é produzido pelo seu texto: mas é o tuição é um conjunto de normas jurídicas baseadas na
produto de aspectos extralinguísticos de tipo estatal-so- hierarquia, tanto no sentido jurídico-positivo (o que
cial, de um funcionamento efetivo e de uma atuação efe- foi posto formalmente), bem como na norma hipoté-
tiva do ordenamento constitucional perante motivações tica fundamental utilizada como parâmetro para sua
empíricas na sua área de operação, enfim, de valores criação.
intrínsecos e pessoais que, mesmo se quiséssemos, não
poderíamos fixar no texto da norma. 2. (POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA FEDE-
Não é o teor literal de uma norma (constitucional) RAL – CESPE – 2018) A concepção de “soberania limita-
que regulamenta um caso concreto, mas sim o órgão da”, citada no texto, implica a divisão da titularidade do
legislativo, o órgão governamental, o funcionário da ad- poder constituinte entre o povo e a assembleia consti-
ministração pública, o tribunal, que elaboram, publicam tuinte que o representa.
e fundamentam a decisão regulamentadora do caso,
providenciando, quando necessário, a sua implementa- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ção fática, sempre de conformidade com o fio condutor
DIREITO CONSTITUCIONAL

da formulação linguística dessa norma (constitucional) e Resposta: Errado. A teoria do poder constituinte,
com outros meios metódicos auxiliares da concretização. atribuída primordialmente a juristas da época do Ilu-
Há uma relação subjetiva muito forte na interpretação minismo como Emannuel Sieyès, fundamenta-se na
das normas constitucionais, para a sua efetiva concreti- máxima de que todo o poder emana do povo, sendo
zação, como salienta Konrad Hesse. Tal aspecto não deve o seu único titular. A assembleia constituinte não é um
ser reprimido, mas elogiado, uma vez que é por meio titular, mas um instrumento do exercício dessa vonta-
dessa interpretação em relação ao julgamento de valores de de dar origem a uma Constituição.
pessoais que a norma jurídica posta na Constituição en-
contra-se completa e acabada.

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3. (PC-GO – DELEGADO DE POLÍCIA – UEG – 2018) é o princípio que dispõe que a CF é dotada de força
É constitucionalmente possível, apesar das limitações cogente máxima, não é apenas uma “carta política”, e
constitucionais ao poder constituinte derivado, segundo na sua interpretação deve-se buscar o sentido que dê
a doutrina nacional predominante, maior eficácia à norma, tornando a mesma mais eficaz
e permanente, trazendo uma força otimizadora. Pelo
a) a alteração na titularidade dos poderes constituintes princípio da máxima efetividade, deve-se dar a inter-
originário e derivado reformador. pretação que confira a maior eficácia social, trazendo
b) a edição, ainda este ano, da centésima Emenda Cons- o desempenho concreto da função social da norma.
titucional, pois a intervenção federal no Rio de Janeiro,
prevista para durar até 31 de dezembro de 2018, não 5. (PC-PA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – FUNCAB
configura nenhuma limitação temporal ao poder de – 2016) Este princípio teria se desenvolvido no Tribunal
reforma. Constitucional Alemão a partir da cláusula constitucional
c) a Constituição ser emendada mediante proposta de do Estado de Direito, consagrado no Brasil como Estado
iniciativa popular. Democrático de Direito. Desta forma, o Estado, na sua
d) a dupla revisão, com a revogação da cláusula pétrea atuação, deve respeitar os direitos fundamentais dos ci-
num primeiro momento e a posterior abolição do di- dadãos, o ordenamento jurídico, jamais agindo com ex-
reito por ela protegido. cessos, de forma arbitrária. O citado princípio é também
e) a hipotética redução da maioridade penal de 18 para chamado pela doutrina alemã de proibição do excesso.
16 anos. Esse enunciado refere-se ao princípio da(o):

Resposta: Letra E. A letra A está incorreta, pois não a) devido processo legal.
é possível alterar a titularidade dos poderes constitu- b) legalidade.
tivos, seja de qual espécie for. A letra B está incorre- c) segurança jurídica.
ta, pois não poderá ser elaborada nenhuma Emenda d) proporcionalidade.
Constitucional durante a decretação de intervenção e) razoabilidade.
federal. A letra C está incorreta, pois a iniciativa popu-
lar somente pode ser invocada para a elaboração de Resposta: Letra D. A letra A está incorreta, o devi-
projetos de lei, para decidir sobre plebiscitos ou refe- do processo legal é definido como um instrumento
rendos. A letra D está incorreta, pois não é possível a de garantia da sociedade de que seus governantes
abolição das cláusulas pétreas, não podem ser remo- não poderão praticar atos ilegais ou abusivos. Envol-
vidas do Texto Constitucional. A alternativa E está cor- ve, também, sob o aspecto procedimental, o respeito
reta, pois no campo hipotético, a idade mínima para ao contraditório e a ampla defesa. O princípio da le-
a imputação de sanções penais não é considerada um galidade dispõe que ninguém será obrigado a fazer
direito ou garantia fundamental. Por isso, não pode ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
ser considerada uma cláusula pétrea. lei. A letra C está errada, a segurança jurídica é uma
instituição que garante que o Estado possui uma do-
4. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP – 2018) sagem durante o exercício de seu poder, não poden-
Em suas decisões, o Supremo Tribunal Federal afirma que do atingir, por exemplo, fatos pretéritos, ou sentenças
as normas constitucionais originárias não possuem hie- transitadas em julgado. A letra E está incorreta, a ra-
rarquia entre si, assentando a premissa fundamental de zoabilidade não é um sinônimo de proporcionalidade
que o sistema positivo constitucional constitui um com- (apesar de serem apresentados juntos em muitos ca-
plexo de normas que deve manter entre si um vínculo sos), pois a razoabilidade dispõe sobre a adequação
de coerência; em síntese, em caso de confronto entre as entre uma medida adotada pelo Estado em face de
normas constitucionais, devem ser apaziguados os dis- uma questão social enfrentada por seus cidadãos.
positivos constitucionais aparentemente conflitantes. Tal
interpretação decorre de um princípio específico de in-
terpretação constitucional, denominado princípio da DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMEN-
TAIS: DOS DIREITOS E DEVERES INDIVI-
a) conformidade ou justeza constitucional. DUAIS E COLETIVOS, DA NACIONALIDADE,
b) eficácia integradora. DOS DIREITOS POLÍTICOS.
c) força normativa.
d) máxima efetividade.
e) unidade da constituição. CAPÍTULO I
DIREITO CONSTITUCIONAL

DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI-


Resposta: Letra E. A conformidade ou justeza consti- VOS
tucional em por finalidade impedir que os interpretes
da norma deem a ela um sentido que subverta o es- Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
quema funcional estabelecido pela CF. A eficácia inte- qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
gradora exige que deve-se buscar a interpretação que estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
favoreça a unidade política e social, porque a CF é o reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
principal elemento integrador da sociedade e deve ser propriedade, nos termos seguintes:
interpretada na sua integralidade. A força normativa

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I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
ções, nos termos desta Constituição; permanecer associado;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer XXI - as entidades associativas, quando expressamen-
alguma coisa senão em virtude de lei; te autorizadas, têm legitimidade para representar seus
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata- filiados judicial ou extrajudicialmente;
mento desumano ou degradante; XXII - é garantido o direito de propriedade;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve- XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
dado o anonimato; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa-
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional propriação por necessidade ou utilidade pública, ou
ao agravo, além da indenização por dano material, por interesse social, mediante justa e prévia indeniza-
moral ou à imagem; ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, Constituição;
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida-
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de de competente poderá usar de propriedade particular,
culto e a suas liturgias; assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de houver dano;
assistência religiosa nas entidades civis e militares de XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida
internação coletiva; em lei, desde que trabalhada pela família, não será
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a os meios de financiar o seu desenvolvimento;
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter- XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
nativa, fixada em lei; utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís- transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
tica, científica e de comunicação, independentemente XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
de censura ou licença; a) a proteção às participações individuais em obras
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon- coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in- inclusive nas atividades desportivas;
denização pelo dano material ou moral decorrente de b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-
sua violação; mico das obras que criarem ou de que participarem
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
nela podendo penetrar sem consentimento do mora- sentações sindicais e associativas;
dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos in-
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi- dustriais privilégio temporário para sua utilização,
nação judicial; bem como proteção às criações industriais, à proprie-
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co- dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
municações telegráficas, de dados e das comunicações signos distintivos, tendo em vista o interesse social e
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins XXX - é garantido o direito de herança;
de investigação criminal ou instrução processual penal; XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou País será regulada pela lei brasileira em benefício do
profissão, atendidas as qualificações profissionais que cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
a lei estabelecer; seja mais favorável a lei pessoal do de cujus ;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao do consumidor;
exercício profissional; XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos pú-
XV - é livre a locomoção no território nacional em tem- blicos informações de seu interesse particular, ou de
po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalva-
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- das aquelas cujo sigilo seja imprescindível à seguran-
mas, em locais abertos ao público, independentemente ça da sociedade e do Estado;
de autorização, desde que não frustrem outra reunião XXXIV - são a todos assegurados, independentemen-
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo te do pagamento de taxas:
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; a) o direito de petição aos poderes públicos em de-
DIREITO CONSTITUCIONAL

XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci- fesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
tos, vedada a de caráter paramilitar; poder;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
a de cooperativas independem de autorização, sendo para defesa de direitos e esclarecimento de situações
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; de interesse pessoal;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Ju-
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- diciário lesão ou ameaça a direito;
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
em julgado; ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

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XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a bens sem o devido processo legal;
organização que lhe der a lei, assegurados: LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis-
a) a plenitude de defesa; trativo, e aos acusados em geral são assegurados o
b) o sigilo das votações; contraditório e a ampla defesa, com os meios e recur-
c) a soberania dos veredictos; sos a ela inerentes;
d) a competência para o julgamento dos crimes do- LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
losos contra a vida; por meios ilícitos;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
nem pena sem prévia cominação legal; em julgado de sentença penal condenatória;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar LVIII - o civilmente identificado não será submetido
o réu; a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória em lei;
dos direitos e liberdades fundamentais; LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançá- pública, se esta não for intentada no prazo legal;
vel e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
termos da lei; processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insus- resse social o exigirem;
cetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terro- por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi-
rismo e os definidos como crimes hediondos, por eles ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi-
respondendo os mandantes, os executores e os que, litar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
podendo evitá-los, se omitirem; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a competente e à família do preso ou à pessoa por ele
ordem constitucional e o Estado democrático; indicada;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do conde- LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da a assistência da família e de advogado;
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
até o limite do valor do patrimônio transferido; sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado- LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
tará, entre outras, as seguintes: pela autoridade judiciária;
a) privação ou restrição da liberdade; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido
b) perda de bens; quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
c) multa; sem fiança;
d) prestação social alternativa; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
e) suspensão ou interdição de direitos; responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
XLVII - não haverá penas: cusável de obrigação alimentícia e a do depositário
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos infiel;
termos do art. 84, XIX; LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
b) de caráter perpétuo; guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
c) de trabalhos forçados; ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
d) de banimento; lidade ou abuso de poder;
e) cruéis; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos proteger direito líquido e certo, não amparado por
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade habeas corpus ou habeas data , quando o responsá-
vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
e o sexo do apenado;
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida-
atribuições do poder público;
de física e moral;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
L - às presidiárias serão asseguradas condições para
petrado por:
que possam permanecer com seus filhos durante o pe-
a) partido político com representação no Congresso
ríodo de amamentação;
Nacional;
DIREITO CONSTITUCIONAL

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu-


b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes ção legalmente constituída e em funcionamento há
da naturalização, ou de comprovado envolvimento pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na membros ou associados;
forma da lei; LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por que a falta de norma regulamentadora torne inviável
crime político ou de opinião; o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
pela autoridade competente; nia e à cidadania;

9
LXXII - conceder-se-á habeas data : Positivação dos direitos fundamentais: Bill of
a) para assegurar o conhecimento de informações re- Rights, Declaração da Virgínia, Declaração Francesa.
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros Tais documentos trataram de positivar direitos que
ou bancos de dados de entidades governamentais ou naturalmente são inerentes ao homem.
de caráter público; Regra geral: indivíduos têm primeiro direitos, depois
b) para a retificação de dados, quando não se prefira deveres e os direitos que o Estado tem sobre o indivíduo
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administra- estão ordenados de modo a melhor cuidar de seus
tivo; cidadãos. É a demonstração clara do pacto social firmado
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor entre os indivíduos e o Estado – é a cessão de parte de
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô- suas liberdades, entregando-as ao Estado de modo que
nio público ou de entidade de que o Estado participe, este, em contrapartida, devolva algo que seja positivo –
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao como, por exemplo, proíbe-se (exceto as possibilidade
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal- previstas na lei) da autotutela (exercício da autodefesa)
vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do entregando essa função ao Estado para que este exerça
ônus da sucumbência; a tutela da segurança do indivíduo.
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re- 1.1. Geração de Direitos Fundamentais
cursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju- - 1ª Geração de direitos: são postulados de absten-
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo ção dos governantes se obrigando a não intervir
fixado na sentença; na vida pessoal de cada indivíduo. Indispensável
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po- a todos os homens. Como por exemplo, direito a
bres, na forma da lei: vida, ou seja, salvo em situações específicas, o Es-
a) o registro civil de nascimento; tado não privará o indivíduo de seguir sua vida.
b) a certidão de óbito; Característica: universal; não ocasiona desigualdade
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e social. Ex: liberdade,
habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao - 2ª Geração de direitos: surge com a necessidade
exercício da cidadania. do povo de não apenas ter liberdade, mas outros
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, direitos que o conduzem a exercer a liberdade,
são assegurados a razoável duração do processo e os seguir sua vida, com dignidade. São os valores
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. sociais variados, importando intervenção ativa do
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias Estado na vida econômica com o viés de propor-
fundamentais têm aplicação imediata. cionar justiça social.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui- Característica: Liberdade real e igual para todos. Ex:
ção não excluem outros decorrentes do regime e dos igualdade – saúde, educação, trabalho entre outros. São
princípios por ela adotados, ou dos tratados interna- chamados de direitos sociais não por serem direitos da
cionais em que a República Federativa do Brasil seja coletividade, mas por alusão ao termo justiça social.
parte. Os titulares são os próprios indivíduos singularizados,
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di- apesar dos mesmos poderem se voltar a coletividade.
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa - 3ª Geração de direitos: direitos de titularidade di-
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin- fusa. Proteção do homem em sua forma coletiva,
tos dos votos dos respectivos membros, serão equiva- grupos, não mais individualmente.
lentes às emendas constitucionais. Característica: proteção do homem em grupos. Ex:
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal direito ao meio ambiente equilibrado, direito a paz.
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
1.2. Conclusão
1. Histórico
A visão dos direitos fundamentais em termos de
- Direitos Fundamentais gerações indica a evolução desses direitos no tempo.
Normas obrigatórias: os direitos fundamentais não Cada direito de cada geração interage com os das outras
são sempre os mesmos em todas as épocas. Porém devem e, nesse processo, dá-se à compreensão.
constar obrigatoriamente em textos constitucionais
considerados democráticos; constando referidos direitos 1.3. Características dos direitos fundamentais
DIREITO CONSTITUCIONAL

podem anuir que aquela constituição está alicerçada nos - Universais e absolutos
pilares da democracia. - A questão da universalidade: direito previsto para
Dignidade humana: foi impulsionada pelo todo homem, ainda que nem todo homem o exer-
cristianismo, uma vez que segundo essa religião o ça.
homem era feito a imagem e semelhança de Deus. - Absoluto: os direitos fundamentais não são abso-
Sendo assim, ganhou uma proteção especial no texto da lutos, apesar de gozarem de prioridade absoluta
Constituição. Importante lembrar que falar em dignidade sobre qualquer outro direito.
humana é falar em garantir o direito do indivíduo ter - Historicidade
direitos – iguais entre seres humanos.

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Os direitos fundamentais são um conjunto de
faculdades e instituições que somente faz sentido num
determinado contexto histórico. A história permite EXERCÍCIOS COMENTADOS
entender a existência de cada um dos direitos.
A história explica que os direitos possam ser 1. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: STJProva:
apregoados em certa época, desaparecendo em outras, Conhecimentos Básicos - Cargo: 1. A respeito dos di-
ou se modificam no tempo. Verifica-se, portanto, a reitos e garantias fundamentais, julgue o item que se se-
evolução dos direitos fundamentais. gue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal.
- Inalienabilidade e Indisponibilidade O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição
Inalienável: o titular do direito não pode impossibilitar Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil adota um siste-
o exercício para si mesmo. Encontra fundamento no ma fechado de direitos fundamentais.
valor da dignidade humana. A indisponibilidade gera
nulidade de qualquer disposição contratual feita. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Podem, tais direitos, terem seu exercício. Ex.: Resposta: Letra B - A Constituição Federal elenca no
manifestação religiosa em templo religioso diverso do art. 5º um rol de direitos fundamentos. Porém, esse rol
seu. é exemplificativo e ao contrário do afirmado na ques-
tão, não se trata de um rol taxativo. Referidos direitos
- Direitos humanos são direitos postulados em ba- não podem ser reunidos em um elenco fixo, razão pela
ses jusnaturalistas, contam índole filosófica e não qual dentro da própria CF/88 podem constar no texto
possuem como característica básica a positivação outros direitos tidos por fundamentais.
numa ordem jurídica particular.
- Direitos Fundamentais: é reservada aos direitos rela- 2. Aplicada em: 2018Banca: FGVÓrgão: TJ-ALProva:
cionados com posições básicas das pessoas, inscri- Analista Judiciário - Área Judiciária. Jean, nacional
tos em diplomas normativos de cada Estado. São francês residente no território brasileiro, procurou um
direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, advogado e solicitou que fosse esclarecido que direitos
sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço a ordem jurídica brasileira lhe assegurava, mais especifi-
e no tempo. camente se possuía direitos fundamentais e direitos po-
líticos.
- Vinculação dos Poderes Públicos À luz da sistemática constitucional, o advogado deve
O fato de os direitos fundamentais estarem afirmar que Jean:
previstos na Constituição torna-os parâmetros de
organização e de limitação dos poderes constituídos. A a) possui direitos políticos e fundamentais idênticos aos
constitucionalização dos direitos fundamentais impede dos brasileiros naturalizados;
que sejam considerados meras autolimitações dos b) não possui direitos políticos e fundamentais de qual-
poderes constituídos - dos Poderes Executivo, Legislativo quer natureza;
e Judiciário -, passíveis de serem alteradas ou suprimidas c) possui direitos fundamentais em extensão inferior aos
ao talante destes. dos brasileiros, mas não direitos políticos;
d) possui direitos fundamentais idênticos aos dos brasilei-
- Aplicabilidade imediata ros, mas direitos políticos inferiores;
As normas que definem direitos fundamentais e) possui direitos políticos e fundamentais em extensão
são normas de caráter preceptivo, e não meramente inferior aos dos brasileiros.
programático. Explicita-se, além disso, que os direitos
fundamentais se fundam na Constituição, e não na lei - Resposta: Letra C - Os estrangeiros recebem uma tra-
com o que se deixa claro que é a lei que deve mover-se tativa especial nesta questão. Os direitos fundamentais
no âmbito dos direitos fundamentais, não o contrário. não diferem nacionais de estrangeiros. Todos em solo
A Constituição brasileira de 1988 filiou-se a essa ten- brasileiro estão amparados pela mesma proteção de di-
dência, conforme se lê no §1º do art. 5º do Texto, em que reitos fundamentais. Tanto é verdade que, na hipótese
se diz que “as normas definidoras dos direitos e garantias de um estrangeiro em solo brasileiro, cujo país adote a
fundamentais têm aplicação imediata”. O texto se refere prisão perpétua, tenha sua extradição requerida, esta só
aos direitos fundamentais em geral, não se restringindo poderá ocorrer se garantido um prazo máximo de prisão
apenas aos direitos individuais. e não a perpétua, posto que nossa legislação não per-
DIREITO CONSTITUCIONAL

mite que alguém seja considerado culpado para o resto


de sua vida. No entanto, a participação política encontra
diferenciações. Apesar de garantidos direitos fundamen-
tais, os políticos estão previstos apenas para brasileiros
(nato / naturalizado).

11
3. Aplicada em: 2018Banca: FCCÓrgão: DPE-AMProva: 1.2.1. Nacionalidade originária (nata)
Analista Jurídico de Defensoria - Ciências Jurídicas.
Considere: A nacionalidade originária, que surge com o nasci-
mento, pode ser adquirida por dois diferentes critérios:
I. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário le- a) pelo nascimento no território do Estado (jus solis)
são ou ameaça a direito. ou b) pelo vínculo sanguíneo (jus sanguinis) do nasci-
II. A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico mento. O Brasil adotou os dois critérios no Artigo 12 da
perfeito e a coisa julgada. CF/88, com as seguintes regras:
III. Não haverá juízo ou tribunal de exceção.
IV. A lei penal não retroagirá. 1.2.1.1. Nascimento no território ( jus solis)
V. A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos di-
reitos e liberdades individuais. Segundo o Artigo 12, I, a, da CF/88, são brasileiros
natos todos os nascidos na República Federativa do
Nos termos previstos no artigo 5° da Constituição Fede- Brasil, isto é, no território brasileiro, ainda que os pais
ral, há exceção constitucionalmente expressa ao disposto sejam estrangeiros, desde que estes (pais estrangeiros)
APENAS em: não estejam no Brasil a serviço de seu país de origem. A
CF/88, portanto, adotou o critério do jus solis, mas não
a) IV e V. de forma absoluta, fazendo uma ressalva para os filhos
b) IV. de pais estrangeiros que estejam no Brasil a serviço de
c) I e III. seu país de origem. É o caso, por exemplo, de filhos de
d) I, II e III. embaixadores ou de membros de carreira diplomática.
e) V. Nesta hipótese, embora tenham nascido no território
brasileiro, eles não serão brasileiros natos, o que não os
Resposta: Letra B -Dentre os direitos fundamentais impede de naturalizar-se brasileiros, desde que aten-
elencados, o único que apresenta exceção é o referente dam aos requisitos necessários para tanto.
a retroatividade da lei penal. Caso a lei posterior alte-
re a lei vigente com o viés de beneficiar o réu, ou seja, 1.2.1.2. Vínculo sanguíneo ( jus sanguinis)
se tornar mais benéfica, poderá retroagir para alcançar
aqueles que estão sob a égide da lei penal mais gravosa. Segundo o Artigo 12, I, b e c, da CF/88, também são
Portanto, se for para benefício do réu, a lei penal poderá brasileiros natos os nascidos fora do território brasilei-
retroagir. Eis a exceção de que trata esta questão. ro, isto é, no exterior, filhos de pai brasileiro OU de mãe
brasileira (vínculo sanguíneo ou hereditário), desde que:
a) qualquer dos pais, sendo brasileiros, estejam no exte-
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS rior a serviço do Brasil; OU b) sejam registrados no exte-
rior em repartição brasileira competente quando do seu
1. Da nacionalidade (artigo 12 da constituição fe- nascimento, OU c) venham residir no Brasil e, depois
deral) de atingida a maioridade, optem, em qualquer tempo,
pela nacionalidade brasileira. Isto será feito por meio da
O Título II da Constituição de 1988 (CF/88) regulamen- ação de opção de nacionalidade, prevista no Artigo 63
ta os Direitos e as Garantias Fundamentais, trazendo nor- da Lei Federal n.º 13.445/17 (Lei de Migração). A CF/88,
mas relativas aos elementos constitucionais limitativos, portanto, também adotou o critério do jus sanguinis,
que restringem a atuação do Estado. Os direitos da na- prevendo estas três hipóteses de estabelecimento da
cionalidade são espécies do gênero Direitos e Garantias nacionalidade originária aos nascidos no exterior em
Fundamentais, ao lado dos direitos e deveres individuais razão do vinculo sanguíneio do nascimento, ou seja, da
e coletivos, dos direitos sociais e dos direitos políticos. ascendência hereditária (filhos de pai brasileiro ou de
mãe brasileira).
1.1. Conceito
1.2.2. Nacionalidade derivada (naturalizada)
A nacionalidade é o vínculo político-jurídico entre o
cidadão e o Estado, do qual surgem direitos e obriga- Aqueles que não nasceram brasileiros segundo os
ções. critérios da nacionalidade originária podem naturalizar-
-se, adquirindo a nacionalidade de forma derivada pelo
1.2. Espécies processo de naturalização. A CF/88 prevê dois tipos de
DIREITO CONSTITUCIONAL

naturalização: a ordinária e a extraordinária. Segundo os


O vínculo da nacionalidade pode surgir de duas for- Artigos 71 a 73 da Lei Federal n.º 13.445/17 (Lei de Mi-
mas: gração), que regulamenta a matéria, em ambos os casos,
a) de forma originária, em razão do nascimento, con- o estrangeiro deve apresentar o pedido de naturalização
ferindo a nacionalidade NATA ao cidadão, ou conforme as regras estabelecidas pelo órgão competen-
b) de forma derivada, por meio do processo de na- te do Poder Executivo, sendo cabível recurso em caso
turalização, conferindo a nacionalidade NATURA- de denegação. Se o pedido for deferido, o ato de natu-
LIZADA ao cidadão. ralização será publicado no Diário Oficial, após o que a
naturalização produzirá efeitos.

12
1.2.2.1. Naturalização ordinária 1.2.2.3. Outros tipos de naturalização

Prevista no Artigo 12, II, a, da CF/88, a naturalização Além da naturalização ordinária e extraordinária, a Lei
ordinária é o processo pelo qual qualquer estrangeiro Federal n.º 13.445/17 (Lei de Migração) prevê, em seu
pode naturalizar-se brasileiro, desde que atenda aos re- Artigo 64, III e IV, outros dois tipos de naturalização: a
quisitos previstos em lei e na Constituição. Para os es- especial e a provisória. Conforme o Artigo 68 da Lei de
trangeiros originários de países de língua portuguesa, a Migração, a naturalização especial poderá ser concedida
Constituição exige como requisito apenas 1 ano ininter- ao estrangeiro que: a) seja cônjuge ou companheiro, há
rupto de residência no Brasil e idoneidade moral. Para os mais de 5 anos, de integrante do Serviço Exterior Brasilei-
estrangeiros originários de outros países, os requisitos ro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasi-
estão previstos no Artigo 65 da Lei Federal n.º 13.445/17 leiro no exterior; OU b) seja ou tenha sido empregado em
(Lei de Migração), e são, cumulativamente: a) ter capaci- missão diplomática ou em repartição consular do Brasil
dade civil, segundo a lei brasileira; b) comunicar-se em por mais de 10 anos ininterruptos. Conforme o Artigo
língua portuguesa; c) não possuir condenação penal ou 70 da Lei de Migração, a naturalização provisória poderá
estar reabilitado, nos termos da lei, e d) ter residência ser concedida ao migrante criança ou adolescente que
em território nacional por, no mínimo, 4 anos ininter- tenha fixado residência em território nacional antes de
ruptos. Conforme o Artigo 66 da Lei de Migração, este completar 10 anos de idade, podendo ser convertida em
prazo de 4 anos de residência será reduzido para, no definitiva se houver pedido expresso do naturalizando
mínimo, 1 ano, se o naturalizando: (i) tiver filho brasilei- no prazo de 2 anos após atingida a maioridade.
ro; ou (ii) tiver cônjuge ou companheiro brasileiro e não
estar dele separado legalmente ou de fato no momento 1.3. Equiparação de direitos entre brasileiros e
de concessão da naturalização; ou (iii) tiver prestado ou portugueses
poder prestar serviço relevante ao Brasil, ou, ainda, (iv)
recomendar-se por sua capacidade profissional, científi- O §1º do Artigo 12 da CF/88 estabelece: “aos por-
ca ou artística. tugueses com residência permanente no País, se houver
1.2.2.2. Naturalização extraordinária reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos
Prevista no Artigo 12, II, b, da CF/88, a naturalização nesta Constituição.” Trata-se da chamada equiparação
extraordinária é o processo pelo qual o estrangeiro de de direitos por reciprocidade, segundo a qual os portu-
qualquer nacionalidade com residência permanente no gueses residentes no Brasil têm os mesmos direitos dos
país há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação brasileiros naturalizados, caso isto também seja garanti-
penal pode naturalizar-se brasileiro, desde que requei- do aos brasileiros residentes em Portugal. Como a Cons-
ra a nacionalidade brasileira. Neste caso, a Constituição tituição traz algumas distinções entre brasileiros natos e
considera que o estrangeiro radicado no Brasil há mais naturalizados, os direitos reservados aos brasileiros natos
de 15 anos faz jus à nacionalidade brasileira em razão do estão excluídos da regra de equiparação, em razão da
vínculo que possui com o Estado brasileiro, pelo tempo cláusula “salvo os casos previstos nesta Constituição”. O
de residência, bastando que requeira tal condição, des- Decreto n.º 3.927/01, que promulga o Tratado de Ami-
de que não tenha condenação penal. zade, Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal,
contém as regras aplicáveis à equiparação de direitos
por reciprocidade. Segundo ele, o exercício dos direitos
FIQUE ATENTO! próprios dos cidadãos do país em que residem, pelos
Uma leitura equivocada das alíneas a e b do brasileiros em Portugal e pelos portugueses no Brasil,
inciso II do Artigo 12 da CF/88 pode errone- não acarreta a perda da nacionalidade de origem (Arti-
amente levar a crer que, para a naturalização, go 13.1). Além disso, ainda que estejam sob regime de
a Constituição exige 1 ano ininterrupto de equiparação, os portugueses no Brasil e os brasileiros
residência para os estrangeiros de países de em Portugal não poderão prestar serviço militar no país
língua portuguesa e 15 anos para os demais. de residência (Artigo 19) e a extradição somente poderá
Mas não confunda! A alínea a trata da natu- ser efetivada se requisitada pelo país de origem (Artigo
ralização ordinária, cujo prazo de residência 18). A equiparação de direitos termina com a perda da
exigido é de 1 ano para estrangeiros de pa- nacionalidade ou com a cessação da autorização de per-
íses de língua portuguesa e 4 anos para os manência no país (Artigo 16).
demais estrangeiros (prazo este previsto na
Lei de Migração), podendo ser reduzido para 1.4. Vedação de distinções legais entre brasileiros
DIREITO CONSTITUCIONAL

1 ano nas hipóteses legais. Já a alínea b trata natos e naturalizados


da naturalização extraordinária, concedida
aos estrangeiros de qualquer nacionalidade O §2º do Artigo 12 da CF/88 estabelece: “a lei não
que tenham residência no país há mais de 15 poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e
anos ininterruptos e não tenham condena- naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constitui-
ção penal, desde que o requeiram. ção.” Portanto, a Constituição proíbe que a lei crie distin-
ções entre brasileiros natos e naturalizados, mas permi-
te que ela mesma o faça, como fez. São 4 as distinções
constitucionais entre brasileiros natos e naturalizados: a)

13
extradição (Artigo 5º, LI, da CF/88) - o brasileiro nato não §4º, II). Esta é a regra, para a qual existem duas exceções:
pode ser extraditado; o naturalizado pode ser extradita- (i) se a nacionalidade adquirida for reconhecida como
do apenas em 2 hipóteses: crime comum praticado an- originária pela lei estrangeira, isto é, se o próprio país es-
tes da naturalização OU comprovado envolvimento em trangeiro reconhece em sua legislação que aquele cida-
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, conforme dão tem direito à sua nacionalidade de forma originária,
regulado em lei; b) cargos privativos de brasileiros natos ou seja, em razão do nascimento (pelos critérios do jus
(Artigo 12, §3º, da CF/88) – TEMA BASTANTE COBRADO! solis ou do jus sanguinis). Neste caso, o brasileiro ficará
Só podem ser ocupados por brasileiros natos os seguin- com ambas as nacionalidades (dupla nacionalidade ou
tes cargos: Presidente da República, Vice-Presidente da polipatria); OU (ii) caso a lei estrangeira imponha a natu-
República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presi- ralização ao brasileiro residente em seu território como
dente do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal condição para a sua permanência ou para o exercício de
Federal, Ministro da Defesa, membro de carreira diplo- direitos civis. Neste caso, como o brasileiro adquiriu ou-
mática e oficial das Forças Armadas; c) composição do tra nacionalidade por imposição da lei estrangeira, não
Conselho da República (Artigo 89 da Constituição) – na perderá a brasileira, ficando com as duas (dupla nacio-
composição do Conselho da República, órgão superior nalidade ou polipatria). Não se encaixando em quaisquer
de consulta da Presidência da República, a Constituição das exceções, o brasileiro que adquirir voluntariamente
faz uma reserva de vaga para 6 brasileiros natos, com outra nacionalidade, perderá a brasileira, podendo, se
idade superior a 35 anos, sendo 2 nomeados pelo Pre- cessada a causa, readquiri-la ou ter o ato que declarou a
sidente da República, 2 eleitos pelo Senado Federal e 2 perda revogado, conforme definido pelo órgão compe-
eleitos pela Câmara dos Deputados. Assim, os brasileiros tente do Poder Executivo (Artigo 76 da Lei de Migração).
naturalizados só poderão integrar o Conselho da Repú-
blica na condição de líderes da maioria e da minoria na 1.6. Apatria
Câmara dos Deputados ou no Senado Federal ou, ainda,
de Ministro da Justiça, cargos cujo preenchimento não é Os apátridas, também denominados heimatlos, são
exclusivo de brasileiro nato; d) propriedade de empresa os indivíduos que não têm nacionalidade. Embora pos-
jornalística ou de radiodifusão (Artigo 222 da CF/88) – a sam ocorrer, a configuração de casos de apatria é rara
propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão atualmente, sobretudo em razão do Artigo 15 da Decla-
sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros ração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão e
natos OU naturalizados há mais de 10 anos. Além disso, do Artigo 20 da Convenção Americana de Direitos Hu-
somente os brasileiros natos OU naturalizados há mais manos (Pacto de San Jose da Costa Rica), que prevêem,
de 10 anos poderão exercer a gestão das atividades des- respectivamente, que todo homem tem direito a uma
tas empresas e estabelecer o conteúdo da sua progra- nacionalidade e, se não tiver direito a outra, pelo menos
mação. a do Estado em cujo território tenha nascido.

1.7. Polipatria
#FicaDica
A polipatria se caracteriza pela assunção de mais de
Os cargos de Vereador, Deputado Federal, uma nacionalidade por um mesmo indivíduo, chamado
Deputado Estadual, Senador, Governador, polipátrida. Isto ocorre se os critérios adotados pelas
Prefeito e Ministro da Justiça, entre outros, legislações de dois ou mais países reconhecerem a sua
podem ser ocupados por brasileiros natos nacionalidade a um mesmo cidadão, permitindo que ele
OU naturalizados. Os que são privativos de mantenha vínculos com outros Estados.
brasileiros natos são APENAS os descritos
no Artigo 12, §3º, da CF/88. Logo, apenas
a função de PRESIDENTE da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal é que é EXERCÍCIOS COMENTADOS
reservada aos brasileiros natos, podendo
qualquer brasileiro (nato ou naturalizado) 1. (TJSP - Escrevente Técnico Judiciário Nível Mé-
ser Deputado Federal ou Senador. dio – VUNESP-2017). Maria, brasileira, estava grávida
quando viajou para a Alemanha. Em virtude de com-
plicações de saúde, seu bebê nasceu antes do tempo,
1.5. Perda da nacionalidade brasileira quando Maria ainda estava na Alemanha. Considerando
apenas os dados apresentados, pode-se afirmar que,
DIREITO CONSTITUCIONAL

Em seu Artigo 12, §4º, a CF/88 estabelece duas hipó- nos termos da Constituição Federal, o filho de Maria
teses de perda da nacionalidade brasileira: a) caso haja o será considerado
cancelamento da naturalização por sentença judicial, em
virtude de atividade nociva ao interesse nacional (Artigo a) brasileiro nato, pois Maria é brasileira.
12, §4º, I). Esta hipótese só se aplica aos brasileiros natu- b) brasileiro nato, bastando que o pai do bebê também
ralizados. Neste caso, será possível a reaquisição da na- seja brasileiro, nato ou naturalizado.
cionalidade brasileira somente por meio da anulação da c) brasileiro naturalizado desde que opte, em qualquer
sentença em ação rescisória; e b) caso o brasileiro (nato tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacio-
ou naturalizado) adquira outra nacionalidade (Artigo 12, nalidade brasileira.

14
d) brasileiro nato, bastando que venha a residir na Re- d) de Deputado Federal e de Deputado Estadual.
pública Federativa do Brasil. e) de Vereador e da carreira diplomática.
e) brasileiro nato se Maria estiver, na Alemanha, a servi-
ço da República Federativa do Brasil. Resposta: Letra A. Só podem ser ocupados por bra-
sileiros natos os cargos de: Presidente da República,
Resposta: Letra E. Segundo o Artigo 12, I, a e b, da Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara
CF/88, são brasileiros natos os nascidos no estrangei- dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Minis-
ro, de pai ou mãe brasileiros, se: (i) o pai brasileiro ou tro do Supremo Tribunal Federal, Ministro da Defesa,
a mãe brasileira estiver no exterior a serviço do Bra- membro de carreira diplomática e oficial das Forças
sil, OU (ii) forem registrados em repartição brasileira Armadas (Art. 12, §3º, CF/88). Os demais cargos (de-
competente no exterior, OU (iii) venham a residir no putado federal ou estadual, senador e vereador, entre
Brasil e, depois de atingida a maioridade, optem pela outros) podem ser ocupados por brasileiros natos OU
nacionalidade brasileira. A única alternativa que con- naturalizados.
tém de forma correta uma destas 3 hipóteses é a E.

2. (TRT-MS - 24ª Região – Técnico Judiciário Nível DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. DOS DIREI-
Médio – FCC- 2017). Silmara, brasileira naturalizada, TOS POLÍTICOS (ARTIGO 14 DA CF)
verificou a Constituição Federal brasileira a respeito de
possível extradição de brasileiro naturalizado. Assim,
constatou que, dentre os direitos e deveres individuais FIQUE ATENTO!
e coletivos, está previsto que Este é um assunto bastante cobrado nas
provas. Recomenda-se a leitura atenta do
a) nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturali- artigo 14 da CF.
zado, em caso de crime comum, praticado antes ou
depois da naturalização, ou de comprovado envolvi-
mento em milícia armada e grupos guerrilheiros. 1. Instrumentos da democracia direta
b) a extradição de qualquer brasileiro, seja ele naturali-
zado ou não, consta em diversas hipóteses taxativas A Constituição de 1988 adotou um sistema híbrido de
do artigo 5º da Carta Magna. democracia, denominado Democracia Participativa, con-
c) a extradição de qualquer brasileiro, seja ele natura- forme estabelece Parágrafo único de seu art. 1º: “Todo
lizado ou não, somente poderá ocorrer em caso de poder emana do povo que o exercerá diretamente, nos
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de en- termos desta Constituição, ou através de representantes
torpecentes e drogas afins. eleitos”. A Democracia Participativa reúne, portanto, a
d) nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturali- Democracia Representativa, sistema no qual o povo exer-
zado, em caso de crime comum, praticado antes da ce o poder de forma indireta, por meio de representantes
naturalização, ou de comprovado envolvimento em eleitos (Presidente da República, Governadores de Esta-
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for- do, Prefeitos, parlamentares etc.), e a Democracia Direta,
ma da lei. em que o exercício do poder pelo povo se dá de forma
e) a extradição de qualquer brasileiro, seja ele naturaliza- direta, independentemente de representantes. Em seu
do ou não, somente poderá ocorrer em caso de com- art. 14, I a III, a Constituição relaciona os chamados ins-
provado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe- trumentos da democracia direta, que são os mecanismos
centes e drogas afins, envolvimento em milícia armada por meio dos quais o povo exerce diretamente o poder:
e grupos guerrilheiros e prática de ato de terrorismo.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
Resposta: Letra D. Segundo o Artigo 5º, LI, da CF/88, gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
o brasileiro nato não poderá ser extraditado; já o na- igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
turalizado somente poderá ser extraditado em caso I – plebiscito;
de crime comum, praticado ANTES da naturalização, II – referendo;
ou em caso de comprovado envolvimento em tráfico III – iniciativa popular.
ilícito de entorpecentes e drogas afins, conforme re- Além do plebiscito, do referendo e da iniciativa po-
gulado em lei. pular das leis, a ação popular, prevista no art. 5º, LXXIII,
da CF, também é um instrumento da democracia direta.
3. (UNESP – Assistente Administrativo Nivel Médio
DIREITO CONSTITUCIONAL

– VUNESP-2017). Conforme estabelece a Constituição 1.1. Plebiscito e referendo


Federal, são dois exemplos de cargos públicos privativos
de brasileiro nato: Através do plebiscito e do referendo, o povo é cha-
mado a decidir sobre determinado assunto de interesse
a) de Ministro do Supremo Tribunal Federal e de oficial do Estado, por meio de votação. O Estado fica vinculado
das Forças Armadas. à decisão popular, devendo seguir o quanto decidido nas
b) de Deputado Federal e de Presidente da República. urnas. O plebiscito e o referendo são, portanto, formas
c) de Senador da República e de Ministro de Estado da de consulta popular, por meio das quais o Estado remete
Defesa. ao povo a decisão final sobre determinado questão. A

15
diferença entre eles está no momento em que a consulta ilegais e lesivos ao patrimônio público e social. A legiti-
é feita: no plebiscito, a consulta é prévia, isto é, é feita midade para propositura da ação popular é exclusiva do
antes de o Estado tomar qualquer decisão; no referendo, cidadão, qualidade que decorre da capacidade eleitoral
a consulta é posterior, ou seja, o Estado primeiro adota ativa (direito político ativo), ou seja, da condição de elei-
uma medida e, depois, consulta se o povo concorda ou tor. Deste modo, nem o Ministério Público nem qualquer
não com ela. Um exemplo de plebiscito foi o que ocorreu pessoa jurídica podem propor a ação popular, como es-
em 1993, por expressa previsão do art. 2º do Ato das tabelece a Súmula n. 365 do STF: “Pessoa jurídica não
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), ocasião tem legitimidade para propor ação popular.”.
em que o povo foi consultado sobre a forma de governo
(monarquia ou república) e o sistema de governo (presi- 2. Direitos políticos
dencialismo ou parlamentarismo). Decidiu-se, em vota-
ção popular, pela manutenção da forma republicana e do Os direitos políticos, regulados nos arts. 14 a 16 da
sistema presidencialista, adotados pelo texto originário CF, incluem: a) o direito ao alistamento eleitoral e voto,
da Constituição de 1988. Em 2005, houve um referendo ou seja, o direito de tornar-se eleitor e de votar, chamada
sobre o Estatuto do Desarmamento. O povo foi chama- capacidade eleitoral ativa ou direito político ativo, e b) o
do às urnas para decidir se deveria ser mantido ou não direito de ser votado, de ser eleito, chamada capacidade
um artigo desta lei que proibia o comércio de armas de eleitoral passiva ou direito político passivo.
fogo e munição no território nacional. A decisão popular
foi pela rejeição deste dispositivo legal, permitindo-se, 2.1. Capacidade eleitoral ativa (direito político ati-
portanto, o comércio de armas de fogo no Brasil. A com- vo)
petência para convocar o plebiscito e para autorizar o
referendo é do Congresso Nacional, nos termos do art. A capacidade eleitoral ativa ou direito político ativo
49, XV, da CF. consiste no direito ao alistamento eleitoral (emissão do
título de eleitor) e ao voto. Nos termos do art. 14, §§1º
1.2. Iniciativa popular das leis e 2º, da CF, o exercício dos direitos políticos ativos é: a)
obrigatório: para maiores de 18 anos; b) facultativo: para
A iniciativa popular das leis é a possibilidade de o analfabetos; maiores de 70 anos e pessoas entre 16 e 18
povo propor de projetos de lei diretamente às Casas Le- anos, e c) proibido: para estrangeiros, conscritos durante
gislativas, sem o intermédio dos parlamentares. Os pro- o período do serviço militar obrigatório e menores de
jetos de lei de iniciativa popular tramitam normalmente 16 anos:
e, se aprovados, dão origem a leis de iniciativa popular. A Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
iniciativa popular das leis pode se dar em todas as esferas gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
legislativas, ou seja, federal, estadual, distrital ou munici- igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
pal, respeitados os seguintes requisitos: a) projeto de lei (...)
de iniciativa popular federal: deve ser subscrito (assina- § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
do) por no mínimo 1% do eleitorado nacional, distribuí- I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
do por no mínimo cinco Estados da Federação, com a II – facultativos para:
assinatura de no mínimo três décimos por cento (3/10% a) os analfabetos;
ou 0,3%) dos eleitores de cada Estado (art. 61, §2°, da CF); b) os maiores de setenta anos;
b) projeto de lei de iniciativa popular estadual: os requi- c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
sitos serão estabelecidos em lei, conforme prevê o art. § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangei-
27, §4º, da CF, devendo-se respeitar o mínimo de 1% de ros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
assinaturas dos eleitores do respectivo Estado, em razão os conscritos.
do princípio da simetria com o centro; c) projeto de lei
de iniciativa popular municipal: deve ser assinado por no 2.2. Capacidade eleitoral passiva (direito político
mínimo 5% do eleitorado do Município (art. 29, XIII, da passivo)
CF); d) projeto de lei de iniciativa popular distrital: deve
ser regulado na Lei Orgânica do Distrito Federal, respei- A capacidade eleitoral passiva é o direito à elegibi-
tando-se o mínimo de 1% de assinaturas dos eleitores lidade, ou seja, o direito de ser votado, de concorrer a
do Distrito Federal, em razão do princípio da simetria cargos eletivos.
com o centro. A lei da ficha limpa (Lei Complementar n.
135/2010) é um exemplo de norma originada de projeto 2.2.1. Requisitos
de lei de iniciativa popular.
DIREITO CONSTITUCIONAL

A Constituição estabelece, em seu art. 14, §3º, os se-


1.3. Ação popular guintes requisitos ao exercício do direito político passivo:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
É a ação judicial que pode ser proposta por qualquer gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
cidadão para a anulação de ato lesivo ao patrimônio igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente (...)
e ao patrimônio histórico e cultural, nos termos do art. § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
5º, LXXIII, da CF. Através desta ação, qualquer do povo I – a nacionalidade brasileira;
poderá requerer ao Poder Judiciário a anulação de atos II – o pleno exercício dos direitos políticos;

16
III – o alistamento eleitoral; § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição; tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
V – a filiação partidária; até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
VI – a idade mínima de: República, de Governador de Estado ou Território, do
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden- Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substi-
te da República e Senador; tuído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de se já titular de mandato eletivo e candidato à reelei-
Estado e do Distrito Federal; ção.
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Es- O §9º do art. 14 da CF prevê que, além destes, ou-
tadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; tros casos de inelegibilidade poderão ser previstos em lei
d) dezoito anos para Vereador. complementar:

Deste modo, para concorrer a cargos eletivos, exi- § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
ge-se: a) a nacionalidade brasileira: nata ou natu- inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
ralizada, exceto para os cargos que só podem ser proteger a probidade administrativa, a moralidade
ocupados por brasileiros natos, previstos no art. para exercício de mandato considerada vida pregres-
12, §3º, da CF (Presidente e Vice-Presidente da Re- sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
pública; Presidente da Câmara dos Deputados e do eleições contra a influência do poder econômico ou o
Senado Federal; Ministro do Supremo Tribunal Fe- abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
deral; membro de carreira diplomática; oficial das administração direta ou indireta.
Forças Armadas e Ministro da Defesa); A Lei Complementar n. 135/2010 (lei da ficha limpa)
b) o pleno exercício dos direitos políticos, que não regula tal matéria.
podem, portanto, estar suspensos ou perdidos; c)
o alistamento eleitoral, ou seja, a condição de elei- 2.2.3. Reeleição dos chefes do poder executivo
tor (direito político ativo);
d) o domicílio eleitoral na circunscrição em que se O art. 14, §5º, da CF, prevê a possibilidade de uma
pretende candidatar; única reeleição subsequente para os Chefes do Poder
e) a filiação partidária e Executivo nas esferas federal, estadual, distrital e munici-
f) a idade mínima de: (i) 35 anos para os cargos de pal e daqueles que os sucederam ou substituíram duran-
Presidente, Vice-Presidente da República e Sena- tes seus mandatos: “§ 5º O Presidente da República, os
dor; (ii) 30 anos para os cargos de Governador e Vi- Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefei-
ce-Governador de Estado e do Distrito Federal; (iii) tos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso
21 anos para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito
dos mandatos poderão ser reeleitos para um único pe-
Municipal, Deputado Federal, Estadual, Distrital e
ríodo subsequente.”. Além disso, o §6º do mesmo art. 14
Juiz de Paz; e (iv) 18 anos para o cargo de Verea-
da CF exige que os ocupantes destes cargos renunciem
dor. O §8º do mesmo art. 14 prevê que o militar
aos seus mandatos até seis meses antes da eleição para
não conscrito no serviço militar obrigatório pode
que possam concorrer a outros cargos eletivos: “§ 6º Para
se candidatar, desde que atenda aos seguintes re-
concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repúbli-
quisitos:
ca, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá- Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor seis meses antes do pleito.”.
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
(...) 2.3. Ação de impugnação de mandato eletivo
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguin-
tes condições: A Constituição prevê nos §§10 e 11 de seu art. 14 que
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá o mandato eletivo poderá ser impugnado judicialmen-
afastar-se da atividade; te nos casos de abuso do poder econômico, fraude ou
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agre- corrupção, devendo a ação ser proposta no prazo de 15
gado pela autoridade superior e, se eleito, passará dias contados da diplomação, tramitando em segredo de
automaticamente, no ato da diplomação, para a ina- justiça. O autor será responsabilizado se a propositura da
tividade. ação se der de forma temerária ou com manifesta má-fé:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
2.2.2. Inelegibilidade gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
DIREITO CONSTITUCIONAL

igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:


O art. 14, §4º, da CF, estabelece que são inelegíveis os (...)
analfabetos e os inalistáveis, que, portanto, não podem § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
se candidatar a cargos eletivos. Inalistáveis são aqueles Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
que, segundo o art. 14, §2º, da CF, não podem alistar-se diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
como eleitores, que são os estrangeiros e, durante o pe- poder econômico, corrupção ou fraude.
ríodo do serviço militar obrigatório, os conscritos. O §7º § 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em
do mesmo art. 14 da CF também considera inelegíveis as segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
seguintes pessoas: lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

17
sidente da República. Fiona é brasileira naturalizada e
tem 37 anos, não podendo candidatar-se ao cargo de
EXERCÍCIOS COMENTADOS Vice-Presidente da República, privativo de brasileiros
natos, embora possa concorrer ao cargo de Governa-
À luz da CF, julgue o item que se segue acerca dos direi- dora, para o qual a CF exige nacionalidade brasileira
tos e dos partidos políticos. (nata ou naturalizada) e idade mínima de 30 anos.

1. (COFECI - Auxiliar Administrativo - Nível Médio –


Quadrix – 2017)
Considere-se que João tenha dezoito anos de idade DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: POLÍTICO-
completos, Carlos seja analfabeto e Maria tenha dezes- -ADMINISTRATIVA, DA UNIÃO, DOS ESTA-
sete anos de idade. Dessa forma, é correto afirmar que o DOS FEDERADOS, DO DISTRITO FEDERAL E
voto seja obrigatório para João, proibido para Carlos e DOS TERRITÓRIOS.
facultativo para Maria.

( ) CERTO ( ) ERRADO TÍTULO III


Da Organização do Estado
Resposta: Errado. Conforme o art. 14, §1º, da CF, o CAPÍTULO I
voto é obrigatório para maiores de 18 anos, caso de DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
João; facultativo para analfabetos, caso de Carlos, e
facultativo para que tem entre 16 e 18 anos de idade, Art. 18. A organização político-administrativa da Re-
caso de Maria. pública Federativa do Brasil compreende a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô-
2. (TRF/5ª REGIÃO – Técnico Judiciário - Nível Médio nomos, nos termos desta Constituição.
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
– FCC – 2017)
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
Fiona e Gael são irmãos, filhos de pai e mãe estrangeiros
criação, transformação em Estado ou reintegração ao
que há muitos anos fixaram residência no Brasil. Fiona é
Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
a primogênita, sete anos mais velha que o irmão, nasceu
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdivi-
em Portugal, mas se naturalizou brasileira; Gael, o caçula,
dir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros,
nasceu em terras brasileiras. No dia de seu aniversário de
ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
30 anos, Gael anunciou seu desejo de candidatar-se ao
mediante aprovação da população diretamente inte-
cargo de Presidente da República, nas eleições de 2018, ressada, através de plebiscito, e do Congresso Nacio-
e de ter sua irmã como Vice. Fiona, entretanto, disse que nal, por lei complementar.
pretende candidatar-se a Governadora do Estado em § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmem-
que residem. Considerando apenas as informações for- bramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
necidas, presentes os demais requisitos, à luz da Consti- dentro do período determinado por Lei Complementar
tuição Federal, Gael Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos,
a) poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da Repú- após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
blica; Fiona não poderá candidatar-se ao de Vice-Pre- apresentados e publicados na forma da lei.
sidente da República, mas poderá candidatar-se ao de
Governadora do Estado. Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fe-
b) não poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da deral e aos Municípios:
República; Fiona poderá candidatar-se tanto ao cargo I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio-
de Vice-Presidente da República quanto ao de Gover- ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
nadora do Estado. com eles ou seus representantes relações de depen-
c) não poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da dência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola-
República; Fiona não poderá candidatar-se ao cargo boração de interesse público;
de Vice-Presidente da República, tampouco ao de Go- II - recusar fé aos documentos públicos;
vernadora do Estado. III - criar distinções entre brasileiros ou preferências
d) não poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da entre si.
República; Fiona não poderá candidatar-se ao cargo
de Vice-Presidente da República, mas poderá candi- CAPÍTULO II
DIREITO CONSTITUCIONAL

datar-se ao de Governadora do Estado. DA UNIÃO


e) poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da Re-
pública; Fiona poderá candidatar-se tanto ao cargo de Art. 20. São bens da União:
Vice-Presidente da República quanto ao de Governa- I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
dora do Estado. rem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
Resposta: Letra D. Embora seja brasileiro nato, Gael fronteiras, das fortificações e construções militares,
tem apenas 30 anos, sendo que a CF exige a idade das vias federais de comunicação e à preservação am-
mínima de 35 anos para concorrer ao cargo de Pre- biental, definidas em lei;

18
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um concessão ou permissão:
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es- a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima-
tendam a território estrangeiro ou dele provenham, gens;
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com aproveitamento energético dos cursos de água, em ar-
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas ticulação com os Estados onde se situam os potenciais
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a hidroenergéticos;
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
serviço público e a unidade ambiental federal, e as aeroportuária;
referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
Constitucional nº 46, de 2005); entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
V - os recursos naturais da plataforma continental e transponham os limites de Estado ou Território;
da zona econômica exclusiva; e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e
VI - o mar territorial; internacional de passageiros;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
VIII - os potenciais de energia hidráulica; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar-
Defensoria Pública dos Territórios;
queológicos e pré-históricos;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia mili-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
tar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal,
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao
bem como prestar assistência financeira ao Distrito
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos
Federal para a execução de serviços públicos, por meio
da administração direta da União, participação no re-
de fundo próprio;
sultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
recursos hídricos para fins de geração de energia elé-
tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
trica e de outros recursos minerais no respectivo terri-
tório, plataforma continental, mar territorial ou zona nacional;
econômica exclusiva, ou compensação financeira por XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
essa exploração. diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de XVII - conceder anistia;
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
como faixa de fronteira, é considerada fundamental tra as calamidades públicas, especialmente as secas e
para defesa do território nacional, e sua ocupação e as inundações;
utilização serão reguladas em lei. XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
recursos hídricos e definir critérios de outorga de direi-
Art. 21. Compete à União: tos de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desen-
I - manter relações com Estados estrangeiros e partici- volvimento urbano, inclusive habitação, saneamento
par de organizações internacionais; básico e transportes urbanos;
II - declarar a guerra e celebrar a paz; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
III - assegurar a defesa nacional; nacional de viação;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-
que forças estrangeiras transitem pelo território na- portuária e de fronteiras;
cional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
intervenção federal; pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamen-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de to, a industrialização e o comércio de minérios nuclea-
material bélico; res e seus derivados, atendidos os seguintes princípios
VII - emitir moeda; e condições:
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis- a) toda atividade nuclear em território nacional so-
calizar as operações de natureza financeira, espe- mente será admitida para fins pacíficos e mediante
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem aprovação do Congresso Nacional;
como as de seguros e de previdência privada; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comer-
DIREITO CONSTITUCIONAL

IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais cialização e a utilização de radioisótopos para a pes-
de ordenação do território e de desenvolvimento eco- quisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
nômico e social; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produ-
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; ção, comercialização e utilização de radioisótopos de
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, meia-vida igual ou inferior a duas horas;
concessão ou permissão, os serviços de telecomunica- d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde-
ções, nos termos da lei, que disporá sobre a organiza- pende da existência de culpa;
ção dos serviços, a criação de um órgão regulador e XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
outros aspectos institucionais; balho;

19
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exer- Art. 23. É competência comum da União, dos Estados,
cício da atividade de garimpagem, em forma associa- do Distrito Federal e dos Municípios:
tiva. I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
instituições democráticas e conservar o patrimônio
Art. 22. Compete privativamente à União legislar so- público;
bre: II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de
II - desapropriação; valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
III - requisições civis e militares, em caso de iminente paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
perigo e em tempo de guerra; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza-
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e ção de obras de arte e de outros bens de valor históri-
radiodifusão; co, artístico ou cultural;
V - serviço postal; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu-
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan- cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
tias dos metais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên- 2015)
cia de valores; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
VIII - comércio exterior e interestadual; em qualquer de suas formas;
IX - diretrizes da política nacional de transportes; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma- VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
rítima, aérea e aeroespacial; abastecimento alimentar;
XI - trânsito e transporte; IX - promover programas de construção de moradias
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e meta- e a melhoria das condições habitacionais e de sanea-
lurgia; mento básico;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; X - combater as causas da pobreza e os fatores de
XIV - populações indígenas; marginalização, promovendo a integração social dos
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex- setores desfavorecidos;
pulsão de estrangeiros; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
XVI - organização do sistema nacional de emprego e direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
condições para o exercício de profissões; e minerais em seus territórios;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do XII - estabelecer e implantar política de educação para
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pú- a segurança do trânsito.
blica dos Territórios, bem como organização adminis- Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
trativa destes; para a cooperação entre a União e os Estados, o Dis-
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de trito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilí-
geologia nacionais; brio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da nacional.
poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material Federal legislar concorrentemente sobre:
bélico, garantias, convocação e mobilização das polí- I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
cias militares e corpos de bombeiros militares; mico e urbanístico;
XXII - competência da polícia federal e das polícias II - orçamento;
rodoviária e ferroviária federais; III - juntas comerciais;
XXIII - seguridade social; IV - custas dos serviços forenses;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; V - produção e consumo;
XXV - registros públicos; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em do meio ambiente e controle da poluição;
todas as modalidades, para as administrações públicas VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artísti-
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, co, turístico e paisagístico;
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
DIREITO CONSTITUCIONAL

art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estéti-
de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; co, histórico, turístico e paisagístico;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec-
marítima, defesa civil e mobilização nacional; nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Re-
XXIX - propaganda comercial. dação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar 2015)
os Estados a legislar sobre questões específicas das X - criação, funcionamento e processo do juizado de
matérias relacionadas neste artigo. pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;

20
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na ra-
XIV - proteção e integração social das pessoas porta- zão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele
doras de deficiência; estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais,
XV - proteção à infância e à juventude; observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º,
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
polícias civis. § 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe- seu regimento interno, polícia e serviços administrati-
tência da União limitar-se-á a estabelecer normas vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
gerais. § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no proces-
§ 2º A competência da União para legislar sobre nor- so legislativo estadual.
mas gerais não exclui a competência suplementar dos
Estados. Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es- de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á
tados exercerão a competência legislativa plena, para no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno,
atender a suas peculiaridades. e no último domingo de outubro, em segundo turno,
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge- se houver, do ano anterior ao do término do mandato
rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro
contrário. de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao
mais, o disposto no art. 77.
CAPÍTULO III § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir
DOS ESTADOS FEDERADOS outro cargo ou função na administração pública dire-
ta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de con-
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas curso público e observado o disposto no art. 38, I, IV
Constituições e leis que adotarem, observados os prin- e V.
cípios desta Constituição. § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador
e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que
iniciativa da Assembleia Legislativa, observado o que
não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me-
§ 2º, I.
diante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória
CAPÍTULO IV
para a sua regulamentação.
Dos Municípios
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba- Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, vo-
nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos tada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
de municípios limítrofes, para integrar a organização, dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câ-
o planejamento e a execução de funções públicas de mara Municipal, que a promulgará, atendidos os prin-
interesse comum. cípios estabelecidos nesta Constituição, na Constitui-
ção do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Verea-
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, dores, para mandato de quatro anos, mediante pleito
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na direto e simultâneo realizado em todo o País;
forma da lei, as decorrentes de obras da União; II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti- primeiro domingo de outubro do ano anterior ao tér-
verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio mino do mandato dos que devam suceder, aplicadas
da União, Municípios ou terceiros; as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à de duzentos mil eleitores;
União; III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as janeiro do ano subsequente ao da eleição;
da União. IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
observado o limite máximo de:
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legis- a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
lativa corresponderá ao triplo da representação do Es- (quinze mil) habitantes;
DIREITO CONSTITUCIONAL

tado na Câmara dos Deputados e, atingido o número b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta
os Deputados Federais acima de doze. mil) habitantes;
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
Estaduais, aplicando-se-lhes as regras desta Constitui- 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cin-
ção sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunida- quenta mil) habitantes;
des, remuneração, perda de mandato, licença, impedi- d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
mentos e incorporação às Forças Armadas. 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oi-
tenta mil) habitantes;

21
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de
de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de
(cento e vinte mil) habitantes; até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios
de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
160.000 (cento sessenta mil) habitantes; V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secre-
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais tários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câ-
de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até mara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37,
300.000 (trezentos mil) habitantes; XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec-
de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a
(quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; subsequente, observado o que dispõe esta Constitui-
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de ção, observados os critérios estabelecidos na respecti-
mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) ha- va Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
bitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsí-
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de dio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por
mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes; b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitan- ponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados
tes e de até 900.000 (novecentos mil) habitantes; Estaduais;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil
mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes; ponderá a quarenta por cento do subsídio dos Depu-
tados Estaduais;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil
mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habi-
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
tantes e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil)
ponderá a cinquenta por cento do subsídio dos Depu-
habitantes;
tados Estaduais;
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhen-
mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habi- tos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
tantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos
cinquenta mil) habitantes; Deputados Estaduais;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitan-
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha- tes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
bitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados
mil) habitantes; Estaduais;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de VII - o total da despesa com a remuneração dos Ve-
mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) ha- readores não poderá ultrapassar o montante de cinco
bitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos por cento da receita do Município;
mil) habitantes; VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de palavras e votos no exercício do mandato e na cir-
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habi- cunscrição do Município;
tantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
mil) habitantes; vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de Constituição para os membros do Congresso Nacional
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) e na Constituição do respectivo Estado para os mem-
habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habi- bros da Assembleia Legislativa;
tantes; ( X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Jus-
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de tiça;
mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de XI - organização das funções legislativas e fiscalizado-
até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; ras da Câmara Municipal;
XII - cooperação das associações representativas no
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de
DIREITO CONSTITUCIONAL

planejamento municipal;
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes;
específico do Município, da cidade ou de bairros, atra-
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de
vés de manifestação de, pelo menos, cinco por cento
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de do eleitorado;
até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009); art. 28, parágrafo único.
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Mu-
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de nicipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluí-
até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes; dos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os

22
seguintes percentuais, relativos ao somatório da recei- Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo
ta tributária e das transferências previstas no § 5o do Poder Legislativo Municipal, mediante controle exter-
art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no, e pelos sistemas de controle interno do Poder Exe-
no exercício anterior: cutivo Municipal, na forma da lei.
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população § 1º O controle externo da Câmara Municipal será
de até 100.000 (cem mil) habitantes; exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Es-
II - 6% (seis por cento) para Municípios com popula- tados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais
ção entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) de Contas dos Municípios, onde houver.
habitantes; § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com popu- sobre as contas que o Prefeito deve anualmente pres-
lação entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 tar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços
(quinhentos mil) habitantes; dos membros da Câmara Municipal.
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessen-
para Municípios com população entre 500.001 (qui- ta dias, anualmente, à disposição de qualquer contri-
nhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de ha- buinte, para exame e apreciação, o qual poderá ques-
bitantes; tionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popu- § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou
lação entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 órgãos de Contas Municipais.
(oito milhões) de habitantes;
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para CAPÍTULO V
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
milhões e um) habitantes. Seção I
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de seten- DO DISTRITO FEDERAL
ta por cento de sua receita com folha de pagamento,
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu-
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito nicípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
Municipal: turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprova-
I - efetuar repasse que supere os limites definidos nes- da por dois terços da Câmara Legislativa, que a pro-
te artigo; mulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou Constituição.
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competên-
na Lei Orçamentária. cias legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do Presiden- § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
te da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1º deste observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Dis-
artigo. tritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados
Estaduais, para mandato de igual duração.
Art. 30. Compete aos Municípios: § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
I - legislar sobre assuntos de interesse local; aplica-se o disposto no art. 27.
II - suplementar a legislação federal e a estadual no § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Gover-
que couber; no do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên- corpo de bombeiros militar.
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balance- Seção II
tes nos prazos fixados em lei; DOS TERRITÓRIOS
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a
legislação estadual; Art. 33. A lei disporá sobre a organização administra-
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de tiva e judiciária dos Territórios.
concessão ou permissão, os serviços públicos de inte- § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municí-
resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto
caráter essencial; no Capítulo IV deste Título.
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da § 2º As contas do Governo do Território serão subme-
União e do Estado, programas de educação infantil e tidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do
de ensino fundamental; Tribunal de Contas da União.
DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil ha-
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde bitantes, além do Governador nomeado na forma des-
da população; ta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen- e segunda instância, membros do Ministério Público
to territorial, mediante planejamento e controle do e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; eleições para a Câmara Territorial e sua competência
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul- deliberativa.
tural local, observada a legislação e a ação fiscaliza-
dora federal e estadual.

23
Neste diapasão, importante lembrar que o
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: DISPOSI- administrador público pode fazer parte da administração
ÇÕES GERAIS, DOS SERVIDORES PÚBLICOS, direta ou administração indireta.
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRI-
TO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. A administração direta, seria aquela realizada pelos
Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Ou seja, órgãos citados não possuem personalidade
Administração Pública jurídica própria e as despesas inerentes à administração,
são contempladas no orçamento público e ocorre
Conceitualmente, a administração pública é o conjunto a desconcentração administrativa, que consiste na
de órgãos, serviços e agentes do Estado que objetivam delegação de tarefas.
satisfazer as necessidades da sociedade, como por Já a administração pública indireta, é, quando o
exemplo: na área da educação, cultura, segurança, saúde, Estado transfere sua função/dever para outras pessoas
dentre outros. Ou seja, a administração pública é a gestão jurídicas, sendo que essas pessoas jurídicas podem
dos interesses públicos por meio da prestação de serviços vir a ser: fundações, empresas públicas, organismos
públicos, sendo dividida em administração pública direta privados, dentre outros. Isto é, no presente caso ocorre
e indireta. a descentralização administrativa, pois a tarefa de
Como dito, o objetivo principal da administração administração é transferida para outra pessoa jurídica.
pública é trabalhar a favor do interesse público, como
também, dos direitos e interesses dos cidadãos. Principais características da Administração
Todo trabalhador que atua na administração pública Pública:
é, comumente, conhecido como gestor público. O gestor
público possui uma grande carga de responsabilidade, - A administração pública praticar atos tão somente
devendo sempre seguir com transparência e ética, de execução – ou seja, atos administrativos, sendo
principalmente, aos princípios da administração pública que, quem pratica estes atos são os órgãos e seus
que são: agentes, que são sempre públicos.
- Legalidade: este princípio é base do Estado de Di- - Exerce atividade à Lei e não à Política.
reito sendo um dos mais importantes para a Admi- - Tem conduta hierarquizada de dever e de obedi-
nistração Pública. Em sentido ao Art. 5º da CF, que ência.
diz que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar - Deve praticar seus atos com responsabilidade ma-
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”,ou terial e legal.
seja, todo administrador público deve realizar seus - Administração Pública serve como um instrumento
atos sob a égide da lei. para o Estado conseguir seus objetivos.
- Impessoalidade: o agente público deve tratar to- - A competência é limitada pois cada um tem sua área
dos iguais, sem atribuição de privilégios a qualquer e “poder” de atuação.
pessoa.
- Moralidade: este princípio tem a junção do princí- Servidores Públicos Civis
pio da Legalidade com o da Finalidade, resultando
em Moralidade. Ou seja, o princípio da moralidade Os servidores públicos são os trabalhadores
traz a ideia de que o trabalhador da administração vinculados ao Estado em decorrência de uma relação
pública tem que ter bases éticas na administração. laboral de natureza não eventual e, por isso, estão
- Publicidade: todos os atos devem ser públicos, ex- submetidos ao regime de direito público, disciplinado
ceto os quais visão a necessidade de se ter sigilo. por diploma legal específico, normalmente denominado
- Eficiência: o administrador deve ter uma boa ges- de Estatuto. Devido a isso, diz-se que os servidores
tão, ser um bom profissional e não utilizar da pro- públicos estão sujeitos a um “regime estatutário” próprio
crastinação para desenvolver seu trabalho. e diferenciado. No que diz respeito a este aspecto, é
pacífico o entendimento de que o “cargo ou função
pública pertence ao Estado e não ao agente; desta
#FicaDica forma, poderá o Estado ampliar, suprimir ou alterar os
Para melhor fixação dos 5 princípios explícitos, cargos e funções, não gerando direito adquirido ao
lembrem: LIMPE (é a inicial de cada princípio). agente titular” (PAULO, 2009, p.125).
A base dos direitos dos servidores públicos estão
previstos na Constituição Federal de 1988, nos artigos
DIREITO CONSTITUCIONAL

39 a 41. Ainda assim, em âmbito federal, a lei nº


FIQUE ATENTO! 8.112/90 representa o regime jurídico dos servidores
Além desses princípios explícitos, ainda pos- públicos federais, estabelecendo, dentre outras coisas,
sui o grupo dos princípios implícitos, que são: outros direitos e deveres desses agentes administrativos
Princípio do Interesse Público, Princípio da Fi- no exercício de suas funções. Destaca-se, que outros
nalidade, Princípio da Igualdade, Princípio da direitos podem ser atribuídos aos servidores públicos
Lealdade e boa-fé, Princípio da Motivação. pelas Constituições estaduais ou leis ordinárias dos
entes da Federação e de municípios.

24
Todos possuem o direito de serem nomeados Aposentadorias de servidor público
como servidor público ou empregado público. Porém,
precisam preencher requisitos básicos, como também, I- por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
realizar provas e conseguir a aprovação, conforme o porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
artigo 37, inciso II da CF/88. rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
doença grave, contagiosa ou incurável;

#FicaDica II- compulsoriamente, com proventos proporcionais


Em exceção, temos os casos de nomeações ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
para cargos em comissão e de contratação de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
agentes temporários; todavia, nestes últimos forma de lei complementar;
casos, são desprovidos de estabilidade, III- voluntariamente, desde que cumprido tempo míni-
benefício este voltado exclusivamente aos mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público
servidores públicos. e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a apo-
sentadoria, observadas as seguintes condições:
60 anos de idade e 35 anos de contribuição – Homem
Após a nomeação, o servidor passará por estágio 55 anos de idade e 30 anos de contribuição-Mulher
probatório e, após o estágio, poderá adquirir a
estabilidade que se efetiva após três anos de exercício A aposentadoria e as pensões não poderão exceder a
do cargo ou função, de acordo com o art. 41 da CF. remuneração do respectivo servido, no cargo efetivo em
Aos servidores públicos são garantidos os seguintes que se deu a aposentadoria ou a pensão.
direitos:
- salário mínimo, fixado em lei com reajustes periódi- IMPORTANTE: É vedada a adoção de requisitos e
cos que lhe preservem o poder aquisitivo, inclusive critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria,
para aqueles que percebem remuneração variável; salvo para:
- décimo terceiro salário com base na remuneração A) deficientes;
integral ou no valor da aposentadoria; B) que exerçam atividades de risco;
- adicional noturno; C) cujas atividades prejudiquem a saúde ou integri-
- salário família; dade física;
- duração do trabalho não superior a oito horas di-
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a Obs: Os requisitos de idade e de tempo de
compensação de horários e a redução da jornada; contribuição serão reduzidos em cinco anos, em
- repouso semanal remunerado, preferencialmente relação ao disposto no § 1º, III, “a”, para o professor que
aos domingos; comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
- hora extra, férias anuais remuneradas com, pelo me- funções de magistério na educação infantil e no ensino
nos, um terço a mais do que o salário normal; fundamental e médio
- redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
de normas de saúde, higiene e segurança; Estabilidade
- proibição de diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de São estáveis após três anos de efetivo exercício os
sexo, idade, cor ou estado civil. servidores nomeados para cargo de provimento efetivo
- regime de previdência de caráter contributivo e so- em virtude de concurso público.
lidário, DENTRE OUTROS. O servidor público estável só perderá o cargo:
I- em virtude de sentença judicial transitada em jul-
Tendo em vista o exercício do cargo público, o servidor gado;
tem direito a vencimentos, cujo valor é previamente II- mediante processo administrativo com ampla de-
fixado em lei, sendo irredutíveis, como também não fesa;
sendo passíveis de arresto, sequestro ou penhora, exceto III- mediante procedimento de avaliação periódica de
nos casos de prestação de alimentos. desempenho, com ampla defesa.
Ainda assim, importante lembrar que além dos
vencimentos, os servidores públicos poderão ter direito IMPORTANTE: Invalidada por sentença judicial a
a indenizações, gratificações e adicionais. demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e
o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido
DIREITO CONSTITUCIONAL

ao cargo de origem, sem direito a indenização,


FIQUE ATENTO! aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade
As indenizações não são incorporadas ao com remuneração proporcional ao tempo de serviço
vencimento, as gratificações e os adicionais Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
incorporam-se, nos casos e nas condições o servidor estável ficará em disponibilidade, com
indicadas em lei. remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.

25
Servidores Públicos Militares TÍTULO III
Da Organização do Estado
São servidores militares federais os integrantes das
Forças Armadas e servidores militares dos Estados, Ter- CAPÍTULO I
ritórios e Distrito Federal os integrantes de suas polícias DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
militares e de seus corpos de bombeiros militares.
As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a CAPÍTULO VII
elas inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais
da ativa, da reserva ou reformados das Forças Armadas, DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares
dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, sendo- Seção I
lhes privativos os títulos, postos e uniformes militares.
As patentes dos oficiais das Forças Armadas são DISPOSIÇÕES GERAIS
conferidas pelo Presidente da República, e as dos oficiais
das polícias militares e corpos de bombeiros militares dos Art. 37. A administração pública direta e indireta de
Estados, Territórios e Distrito Federal, pelos respectivos qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
Governadores. trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
O militar em atividade que aceitar cargo público civil de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
permanente será transferido para a reserva. de e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

FIQUE ATENTO! I - os cargos, empregos e funções públicas são acessí-


O militar da ativa que aceitar cargo, emprego veis aos brasileiros que preencham os requisitos esta-
ou função pública temporária, não eletiva, ain- belecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na for-
da que da administração indireta, ficará agre- ma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional
gado ao respectivo quadro e somente poderá, nº 19, de 1998)
enquanto permanecer nessa situação, ser pro- II - a investidura em cargo ou emprego público depen-
movido por antiguidade, contando-se-lhe o de de aprovação prévia em concurso público de provas
tempo de serviço apenas para aquela promo- ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
ção e transferência para a reserva, sendo de- complexidade do cargo ou emprego, na forma previs-
pois de dois anos de afastamento, contínuos ta em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exo-
ou não, transferido para a inatividade.
neração; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
III - o prazo de validade do concurso público será de
O militar não pode sindicalizar-se, realizar greve e,
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
enquanto em efetivo serviço, não pode estar filiado a IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
partidos políticos. de convocação, aquele aprovado em concurso público
O oficial das Forças Armadas só perderá o posto e a de provas ou de provas e títulos será convocado com
patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele prioridade sobre novos concursados para assumir car-
incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter go ou emprego, na carreira;
permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
em tempo de guerra. por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
em comissão, a serem preenchidos por servidores de
#FicaDica carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
O oficial condenado na justiça comum ou
direção, chefia e assessoramento; (Redação dada pela
militar a pena privativa de liberdade superior a
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
dois anos, por sentença transitada em julgado,
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
será submetido ao julgamento previsto no
livre associação sindical;
parágrafo anterior.
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
limites definidos em lei específica; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
A lei disporá sobre os limites de idade, a estabilidade
DIREITO CONSTITUCIONAL

e outras condições de transferência do servidor militar VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
para a inatividade. públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo, definirá os critérios de sua admissão;
e a seus pensionistas, o disposto no art. 40, §§ 4º e 5º IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
e aplica-se aos servidores a que se refere este artigo o tempo determinado para atender a necessidade tem-
disposto no art. 7º, VIII, XII, XVII, XVIII e XIX. porária de excepcional interesse público;
X - a remuneração dos servidores públicos e o sub-
sídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão
ser fixados ou alterados por lei específica, observada a

26
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indi-
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção retamente, pelo poder público; (Redação dada pela
de índices; (Redação dada pela Emenda Constitucio- Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
nal nº 19, de 1998) (Regulamento) XVIII - a administração fazendária e seus servidores
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
cargos, funções e empregos públicos da administra- jurisdição, precedência sobre os demais setores admi-
ção direta, autárquica e fundacional, dos membros nistrativos, na forma da lei;
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do XIX – somente por lei específica poderá ser criada au-
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de tarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os de sociedade de economia mista e de fundação, ca-
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, bendo à lei complementar, neste último caso, definir
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as van- as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda
tagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não Constitucional nº 19, de 1998)
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos XX - depende de autorização legislativa, em cada
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se caso, a criação de subsidiárias das entidades mencio-
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nadas no inciso anterior, assim como a participação
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do de qualquer delas em empresa privada;
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio XXI - ressalvados os casos especificados na legislação,
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po- as obras, serviços, compras e alienações serão contra-
der Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do tados mediante processo de licitação pública que asse-
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte gure igualdade de condições a todos os concorrentes,
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga-
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, mento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores qualificação técnica e econômica indispensáveis à ga-
e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emen- rantia do cumprimento das obrigações. (Regulamento)
da Constitucional nº 41, 19.12.2003) XXII - as administrações tributárias da União, dos Es-
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades
e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
pagos pelo Poder Executivo; servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- ritários para a realização de suas atividades e atuarão
quer espécies remuneratórias para o efeito de remu- de forma integrada, inclusive com o compartilhamen-
neração de pessoal do serviço público; (Redação dada to de cadastros e de informações fiscais, na forma da
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) lei ou convênio. (Incluído pela Emenda Constitucional
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por ser- nº 42, de 19.12.2003)
vidor público não serão computados nem acumula-
dos para fins de concessão de acréscimos ulteriores; § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
1998) educativo, informativo ou de orientação social, dela
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalva- que caracterizem promoção pessoal de autoridades
do o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos ou servidores públicos.
arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos responsável, nos termos da lei.
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de § 3º A lei disciplinará as formas de participação do
horários, observado em qualquer caso o disposto no usuário na administração pública direta e indireta, re-
inciso XI: (Redação dada pela Emenda Constitucional gulando especialmente: (Redação dada pela Emenda
nº 19, de 1998) Constitucional nº 19, de 1998)

a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser-
viços de atendimento ao usuário e a avaliação peri-
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou ódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
DIREITO CONSTITUCIONAL

científico; (Redação dada pela Emenda Constitucional (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
nº 19, de 1998) II - o acesso dos usuários a registros administrativos
c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro- e a informações sobre atos de governo, observado o
fissionais de saúde, com profissões regulamentadas; disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de Constitucional nº 19, de 1998)
2001) III - a disciplina da representação contra o exercício
XVII - a proibição de acumular estende-se a empre- negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
gos e funções e abrange autarquias, fundações, em- na administração pública. (Incluído pela Emenda
presas públicas, sociedades de economia mista, suas Constitucional nº 19, de 1998)

27
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa impor- cando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
função pública, a indisponibilidade dos bens e o res- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para autárquica e fundacional, no exercício de mandato
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
respectivas ações de ressarcimento. I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de di- ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou
reito privado prestadoras de serviços públicos respon- função;
derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. pela sua remuneração;
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições III - investido no mandato de Vereador, havendo com-
ao ocupante de cargo ou emprego da administração patibilidade de horários, perceberá as vantagens de
direta e indireta que possibilite o acesso a informações seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu-
privilegiadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili-
19, de 1998) dade, será aplicada a norma do inciso anterior;
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira IV - em qualquer caso que exija o afastamento para
dos órgãos e entidades da administração direta e in- o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço
direta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser será contado para todos os efeitos legais, exceto para
firmado entre seus administradores e o poder público, promoção por merecimento;
que tenha por objeto a fixação de metas de desempe- V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
nho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor afastamento, os valores serão determinados como se
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de no exercício estivesse.
1998)
Seção II
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempe- DOS SERVIDORES PÚBLICOS
nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri-
gentes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18,
III - a remuneração do pessoal.” de 1998)

§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
públicas e às sociedades de economia mista, e suas Municípios instituirão, no âmbito de sua competên-
subsidiárias, que receberem recursos da União, dos cia, regime jurídico único e planos de carreira para
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para os servidores da administração pública direta, das
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº
geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 2.135-4)
1998)
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. Municípios instituirão conselho de política de adminis-
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou tração e remuneração de pessoal, integrado por servi-
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na dores designados pelos respectivos Poderes. (Reda-
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os car- ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
gos em comissão declarados em lei de livre nomeação (Vide ADIN nº 2.135-4)
e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos de-
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste mais componentes do sistema remuneratório obser-
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas vará: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, 19, de 1998)
DIREITO CONSTITUCIONAL

de 2005)
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput des- I - a natureza, o grau de responsabilidade e a com-
te artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Fede- plexidade dos cargos componentes de cada carreira;
ral fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respec- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
tivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela
o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emen-
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos da Constitucional nº 19, de 1998)
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se apli-

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§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal mante- I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
rão escolas de governo para a formação e o aperfei- porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
çoamento dos servidores públicos, constituindo-se a rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
participação nos cursos um dos requisitos para a pro- doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da
moção na carreira, facultada, para isso, a celebração lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
de convênios ou contratos entre os entes federados. 19.12.2003)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
1998) ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú- idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, forma de lei complementar; (Redação dada pela
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei esta- Emenda Constitucional nº 88, de 2015)
belecer requisitos diferenciados de admissão quando III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
a natureza do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço pú-
Constitucional nº 19, de 1998) blico e cinco anos no cargo efetivo em que se dará
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ele- a aposentadoria, observadas as seguintes condições:
tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
e Municipais serão remunerados exclusivamente por 15/12/98)
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
verba de representação ou outra espécie remunera- ção, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e
tória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. trinta de contribuição, se mulher; (Redação dada pela
37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
de 1998) b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e ta anos de idade, se mulher, com proventos proporcio-
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a nais ao tempo de contribuição. (Redação dada pela
maior e a menor remuneração dos servidores públi- Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
cos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art.
37, XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões,
1998) por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu- remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo
em que se deu a aposentadoria ou que serviu de re-
blicarão anualmente os valores do subsídio e da re-
ferência para a concessão da pensão. (Redação dada
muneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
por ocasião da sua concessão, serão consideradas
dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos or-
as remunerações utilizadas como base para as con-
çamentários provenientes da economia com despesas
tribuições do servidor aos regimes de previdência de
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
aplicação no desenvolvimento de programas de quali- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, 19.12.2003)
modernização, reaparelhamento e racionalização do § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di-
serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou ferenciados para a concessão de aposentadoria aos
prêmio de produtividade. (Incluído pela Emenda Cons- abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res-
titucional nº 19, de 1998) salvados, nos termos definidos em leis complementa-
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza- res, os casos de servidores: (Redação dada pela Emen-
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. da Constitucional nº 47, de 2005)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da Constitucional nº 47, de 2005)
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela
cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é asse- Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
gurado regime de previdência de caráter contributivo III cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
e solidário, mediante contribuição do respectivo ente peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade fí-
público, dos servidores ativos e inativos e dos pen- sica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de
DIREITO CONSTITUCIONAL

sionistas, observados critérios que preservem o equi- 2005)


líbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribui-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao dis-
19.12.2003) posto no § 1º, III, “a”, para o professor que comprove
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ- exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções
dência de que trata este artigo serão aposentados, cal- de magistério na educação infantil e no ensino funda-
culados os seus proventos a partir dos valores fixados mental e médio. (Redação dada pela Emenda Consti-
na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda tucional nº 20, de 15/12/98)
Constitucional nº 41, 19.12.2003)

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§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos tulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à regime de que trata este artigo, o limite máximo es-
conta do regime de previdência previsto neste artigo. tabelecido para os benefícios do regime geral de pre-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de vidência social de que trata o art. 201. (Incluído pela
15/12/98) Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de § 15. O regime de previdência complementar de que
pensão por morte, que será igual: (Redação dada pela trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do res-
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) pectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor de entidades fechadas de previdência complementar,
falecido, até o limite máximo estabelecido para os be- de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
nefícios do regime geral de previdência social de que participantes planos de benefícios somente na moda-
trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par- lidade de contribuição definida. (Redação dada pela
cela excedente a este limite, caso aposentado à data Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção,
41, 19.12.2003) o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servi-
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor dor que tiver ingressado no serviço público até a data
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o da publicação do ato de instituição do correspondente
limite máximo estabelecido para os benefícios do regi- regime de previdência complementar. (Incluído pela
me geral de previdência social de que trata o art. 201, Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
acrescido de setenta por cento da parcela excedente § 17. Todos os valores de remuneração considerados
a este limite, caso em atividade na data do óbito. (In- para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão de-
cluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) vidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação trata este artigo que superem o limite máximo esta-
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) belecido para os benefícios do regime geral de previ-
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou dência social de que trata o art. 201, com percentual
municipal será contado para efeito de aposentadoria igual ao estabelecido para os servidores titulares de
e o tempo de serviço correspondente para efeito de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional
disponibilidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
nº 20, de 15/12/98) § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de completado as exigências para aposentadoria volun-
contagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído tária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por per-
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) manecer em atividade fará jus a um abono de per-
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma manência equivalente ao valor da sua contribuição
total dos proventos de inatividade, inclusive quando previdenciária até completar as exigências para apo-
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos sentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
contribuição para o regime geral de previdência so- § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
cial, e ao montante resultante da adição de proventos próprio de previdência social para os servidores titu-
de inatividade com remuneração de cargo acumulável lares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade
na forma desta Constituição, cargo em comissão de- gestora do respectivo regime em cada ente estatal,
clarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. (Incluído
cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
20, de 15/12/98) § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo in-
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de cidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo-
previdência dos servidores públicos titulares de car- sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite
go efetivo observará, no que couber, os requisitos e máximo estabelecido para os benefícios do regime ge-
critérios fixados para o regime geral de previdência ral de previdência social de que trata o art. 201 desta
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei,
15/12/98) for portador de doença incapacitante. (Incluído pela
DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo Emenda Constitucional nº 47, de 2005)


em comissão declarado em lei de livre nomeação e Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercí-
exoneração bem como de outro cargo temporário ou cio os servidores nomeados para cargo de provimento
de emprego público, aplica-se o regime geral de pre- efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada
vidência social. (Incluído pela Emenda Constitucional pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
nº 20, de 15/12/98)
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
nicípios, desde que instituam regime de previdência (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
complementar para os seus respectivos servidores ti- 1998)

30
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- Resposta: Letra D.
gado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de Em “a”, o Supremo Tribunal Federal poderia agir de ofí-
1998) cio.
II - mediante processo administrativo em que lhe Em “b”, o efeito vinculante é geral e atinge todos órgãos
seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda de todas esferas de Poder.
Constitucional nº 19, de 1998) Em “c”, não respeitou todos requisitos da CF, pois não se
III - mediante procedimento de avaliação periódica de verificaram decisões reiteradas.
desempenho, na forma de lei complementar, assegu- Em “d”, basta considerar o disposto no art. 103-A, CF,
rada ampla defesa. (Incluído pela Emenda Constitu- que disciplina as súmulas vinculantes: “O Supremo Tri-
cional nº 19, de 1998) bunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de 2/3 dos seus membros, após rei-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do teradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual súmula que, a partir de sua publicação na imprensa ofi-
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo cial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em do Poder Judiciário e à administração pública direta e
outro cargo ou posto em disponibilidade com remu- indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem
neração proporcional ao tempo de serviço. (Redação como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) estabelecida em lei”.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida- Em “e”, o quórum é de 2/3, não unanimidade.
de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até 2. (TRT 21ª Região-RN – Analista Judiciário – Área Ju-
seu adequado aproveitamento em outro cargo. (Reda- diciária – FCC – 2017) Entendendo tratar-se de hipótese
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) que se mostra relevante e urgente, o Presidente da Repú-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, blica editou medida provisória disciplinando a compra e
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por venda de imóveis no Brasil, por meio da qual impôs uma
comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela série de requisitos e formalidades a serem observados na
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) realização de negócios jurídicos dessa natureza. No pra-
zo de 60 dias, a medida provisória não foi apreciada pelo
Congresso Nacional, razão pela qual o seu período de
vigência foi prorrogado por mais 60 dias. Ao término do
EXERCÍCIOS COMENTADOS novo prazo, porém, o Congresso Nacional não a conver-
teu em lei. As relações jurídicas decorrentes da referida
1. (TCE-SP – Agente de Fiscalização – Administração medida provisória, constituídas durante o seu período de
– FCC – 2017) Suponha que o Supremo Tribunal Federal, vigência:
de ofício, mediante a decisão de 2/3 de seus membros,
após o julgamento de um caso de grande repercussão, a) deverão ser disciplinadas por decreto legislativo do
tenha aprovado súmula vinculante. Nessa hipótese, é Congresso Nacional em até 60 dias da perda da efi-
correto afirmar que a edição da Súmula Vinculante: cácia da medida provisória, conservando-se por ela
regidas caso não editado o decreto legislativo dentro
a) desrespeitou a Constituição Federal, pois o Supremo desse prazo.
Tribunal Federal não poderia agir de ofício, mas ape- b) passarão a ser regidas pela legislação que anterior-
nas por provocação. mente disciplinava a matéria, uma vez que as medidas
b) respeitou os requisitos estabelecidos pela Constitui- provisórias que não forem convertidas em lei no pra-
ção Federal, contudo somente será dotada de efeito zo de 60 dias, prorrogável uma vez por igual período,
vinculante para o Poder Judiciário, e não para a Admi- perderão eficácia desde a sua edição.
nistração Pública, sob pena de violação ao princípio da c) deverão ser disciplinadas por resolução da Câmara
separação de poderes. dos Deputados, em até 45 dias da perda da eficácia da
c) respeitou todos os requisitos estabelecidos pela Cons- medida provisória, passando a ser regidas pela legis-
tituição Federal para a sua edição, devendo, portanto, lação anteriormente vigente caso não observado esse
ser observada, obrigatoriamente, desde a sua publica- prazo.
ção na imprensa oficial pelos demais órgãos do Poder d) permanecerão regidas pela medida provisória, não
Judiciário e pela administração pública direta e indireta. obstante tenha esta perdido sua eficácia por decurso
d) desrespeitou a Constituição Federal, pois a edição da do prazo, em virtude das garantias fundamentais do
DIREITO CONSTITUCIONAL

Súmula Vinculante exige reiteradas decisões sobre a respeito ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito.
matéria constitucional aventada, o que não foi cum- e) deverão ser anuladas, uma vez que a medida provisó-
prido ao se decidir em apenas 1 caso. ria não convertida em lei dentro do prazo previsto na
e) desrespeitou a Constituição Federal, uma vez que o Constituição perde sua eficácia desde a sua edição, o
quórum exigido pela Constituição é de aprovação que fará com que as relações jurídicas constituídas du-
unânime por todos os membros do Supremo Tribunal rante sua vigência venham a perder o seu fundamento
Federal. de validade.

31
Resposta: Letra A. Resposta: Letra D.
Em “a”, observa-se a disciplina do art. 62, §§ 3º e 11: “§ Em “a”, se trata de matéria relacionada ao pacto federa-
3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ tivo, cabendo ao STF efetuar o controle.
11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem Em “b”, não se aplica o critério da pertinência temática
convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorro- à OAB.
gável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, Em “c” e “e”, o quórum é de maioria absoluta – 6 minis-
devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto tros.
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. [...] § Em “d”, não cabe ação direta de inconstitucionalidade
11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § com relação a ato normativo pretérito à Constituição
3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia Federal. Disserta Alexandre de Moraes, atual Ministro
de medida provisória, as relações jurídicas constituídas do STF: “A possibilidade de fiscalização da constitucio-
e decorrentes de atos praticados durante sua vigência nalidade de forma concentrada pelo Supremo Tribunal
conservar-se-ão por ela regidas”. Federal por meio de ADI exige uma relação de contem-
Em “b”, serão regidas pela medida provisória, caso não poraneidade entre a edição da lei ou ato normativo e
sejam convalidadas pelo Legislativo. a vigência da Constituição. A ausência dessa relação
Em “c”, a resolução é do Congresso Nacional e o prazo permitirá tão somente a análise em cada caso concreto
de edição é de 60 dias. da compatibilidade ou não da norma editada antes da
Em “d”, serão regidas nos moldes do decreto legislativo Constituição com seu texto.
editado. Excepcionalmente, porém, desde que presentes os re-
Em “e”, não cabe anulação, pois devem ser preservadas quisitos exigidos para a arguição de descumprimento de
as relações jurídicas constituídas no período de validade preceito fundamental (ADPF), o STF entendeu possível o
da medida provisória. controle concentrado de lei anterior à edição da CF nos
termos da Lei nº 9.882/99, criando verdadeiro controle
3. (TRT 21ª Região-RN – Analista Judiciário – Área Ju- concentrado de recepção em nosso ordenamento jurí-
diciária – FCC – 2017) Entendendo que uma determina- dico”.
da lei municipal, editada no ano de 1986 com a finalidade
de disciplinar a jornada de trabalho dos empregados de
indústrias situadas no território do município, confron-
ta preceito fundamental da Constituição da República, DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES:
o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil PODER LEGISLATIVO, CONGRESSO NACIO-
propõe Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o NAL, ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIO-
Supremo Tribunal Federal. À luz dos sistemas de controle NAL, DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, DO
de constitucionalidade previstos no ordenamento jurídi- SENADO FEDERAL, DO PODER EXECUTIVO,
co brasileiro, bem como da jurisprudência do Supremo DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA
Tribunal Federal na matéria, a ação proposta: REPÚBLICA (ATRIBUIÇÕES DO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA).
a) deverá ser remetida ao Tribunal de Justiça do Esta-
do de São Paulo, uma vez que, em se tratando de lei
municipal, ainda que o parâmetro de controle seja a
Constituição Federal, a competência para analisar a Poder Legislativo:
questão é do Tribunal de Justiça do Estado onde se
situa o município responsável pela edição da lei im- Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
pugnada. Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
b) deverá ser extinta, uma vez que não preenchido o re- do Senado Federal.
quisito da “pertinência temática”, na medida em que Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de
a norma impugnada não diz respeito às atividades da quatro anos.
OAB, tampouco dos advogados que a entidade repre- Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de repre-
senta, mas apenas aos interesses da União. sentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional,
c) poderá ser julgada procedente, caso a inconstitucio- em cada Estado, em cada Território e no Distrito Fe-
nalidade seja reconhecida pela maioria dos Ministros deral.
do Supremo Tribunal Federal presentes na sessão de § 1º O número total de Deputados, bem como a re-
julgamento, desde que essa conte com a presença de, presentação por Estado e pelo Distrito Federal, será es-
ao menos, 6 Ministros. tabelecido por lei complementar, proporcionalmente à
d) poderá ser indeferida liminarmente, uma vez que população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
DIREITO CONSTITUCIONAL

a Ação Direta de Inconstitucionalidade somente se ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas
presta ao controle de constitucionalidade de lei ou ato unidades da Federação tenha menos de oito ou mais
normativo editado na vigência da atual Constituição, de setenta Deputados.
ou, com base no princípio da fungibilidade ser conhe- § 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
cida como arguição de descumprimento de preceito Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representan-
fundamental. tes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
e) poderá ser julgada procedente, desde que a incons- princípio majoritário.
titucionalidade seja reconhecida por, pelo menos, 8 § 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Se-
Ministros do Supremo Tribunal Federal. nadores, com mandato de oito anos.

32
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Fe- IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção fede-
deral será renovada de quatro em quatro anos, alter- ral, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
nadamente, por um e dois terços. uma dessas medidas;
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
as deliberações de cada Casa e de suas comissões se- delegação legislativa;
rão tomadas por maioria dos votos, presente a maio- VI - mudar temporariamente sua sede;
ria absoluta de seus membros. VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Fede-
rais e os Senadores, observado o que dispõem os arts.
Das atribuições do congresso nacional 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presi-
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção dente da República e dos Ministros de Estado, observa-
do Presidente da República, não exigida esta para o do o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas III, e 153, § 2º, I;
as matérias de competência da União, especialmente IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Pre-
sobre: sidente da República e apreciar os relatórios sobre a
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de execução dos planos de governo;
rendas; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça- de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os
mento anual, operações de crédito, dívida pública e da administração indireta;
emissões de curso forçado; XI - zelar pela preservação de sua competência le-
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Ar- gislativa em face da atribuição normativa dos outros
madas; Poderes;
IV - planos e programas nacionais, regionais e seto- XII - apreciar os atos de concessão e renovação de
riais de desenvolvimento; concessão de emissoras de rádio e televisão;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marí- XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de
timo e bens do domínio da União; Contas da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes
áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas
a atividades nucleares;
Assembléias Legislativas;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
VII - transferência temporária da sede do Governo Fe-
deral; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e
VIII - concessão de anistia; o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e
IX - organização administrativa, judiciária, do Minis- lavra de riquezas minerais;
tério Público e da Defensoria Pública da União e dos XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão
Territórios e organização judiciária e do Ministério Pú- de terras públicas com área superior a dois mil e qui-
blico do Distrito Federal; nhentos hectares.
X – criação, transformação e extinção de cargos, em- Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Fede-
pregos e funções públicas, observado o que estabelece ral, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar
o art. 84, VI, b; Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da ad- diretamente subordinados à Presidência da Repúbli-
ministração pública; ca para prestarem, pessoalmente, informações sobre
XII - telecomunicações e radiodifusão; assunto previamente determinado, importando crime
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, insti- de responsabilidade a ausência sem justificação ade-
tuições financeiras e suas operações; quada.
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao
dívida mobiliária federal. Senado Federal, à Câmara dos Deputados ou a qual-
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tri- quer de suas comissões, por sua iniciativa e mediante
bunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § entendimentos com a Mesa respectiva, para expor as-
4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. sunto de relevância de seu Ministério.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Na- § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
cional: Federal poderão encaminhar pedidos escritos de infor-
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou mação a Ministros de Estado ou a qualquer das pes-
atos internacionais que acarretem encargos ou com-
DIREITO CONSTITUCIONAL

soas referidas no caput deste artigo, importando em


promissos gravosos ao patrimônio nacional; crime de responsabilidade a recusa, ou o não atendi-
II - autorizar o Presidente da República a declarar
mento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças es-
de informações falsas.
trangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneçam temporariamente, ressalvados os casos
previstos em lei complementar; Da câmara dos deputados
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
pública a se ausentarem do País, quando a ausência Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos De-
exceder a quinze dias; putados:

33
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a ins- X - suspender a execução, no todo ou em parte, de
tauração de processo contra o Presidente e o Vice-Pre- lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
sidente da República e os Ministros de Estado; Supremo Tribunal Federal;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto,
República, quando não apresentadas ao Congresso a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da Repú-
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da blica antes do término de seu mandato;
sessão legislativa; XII - elaborar seu regimento interno;
III - elaborar seu regimento interno; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento,
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, po- polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
lícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, gos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de de lei para fixação da respectiva remuneração, obser-
lei para fixação da respectiva remuneração, observa- vados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
dos os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
orçamentárias; XIV - eleger membros do Conselho da República, nos
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
termos do art. 89, VII. XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis-
tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
Do senado federal componentes, e o desempenho das administrações tri-
butárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: dos Municípios.
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presiden- Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e
II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
te da República nos crimes de responsabilidade, bem
Federal, limitando-se a condenação, que somente será
como os Ministros de Estado e os Comandantes da
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal,
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para
mesma natureza conexos com aqueles;
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tri- sanções judiciais cabíveis.
bunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, Dos deputados e dos senadores
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral
da União nos crimes de responsabilidade; Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, ci-
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argui- vil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pa-
ção pública, a escolha de: lavras e votos.
a) magistrados, nos casos estabelecidos nesta Cons- § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do
tituição; diploma, serão submetidos a julgamento perante o
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados Supremo Tribunal Federal.
pelo Presidente da República; § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do
c) Governador de Território; Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
d) presidente e diretores do Banco Central; flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos
e) Procurador-Geral da República; serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após ar- membros, resolva sobre a prisão.
guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de mis- § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputa-
são diplomática de caráter permanente; do, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
V - autorizar operações externas de natureza finan- Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que,
ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito por iniciativa de partido político nela representado e
Federal, dos Territórios e dos Municípios; pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, li- decisão final, sustar o andamento da ação.
mites globais para o montante da dívida consolidada § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa
respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
nicípios;
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, en-
VII - dispor sobre limites globais e condições para as
quanto durar o mandato.
operações de crédito externo e interno da União, dos
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados
DIREITO CONSTITUCIONAL

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas a testemunhar sobre informações recebidas ou pres-
autarquias e demais entidades controladas pelo poder tadas em razão do exercício do mandato, nem sobre
público federal; as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam in-
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão formações.
de garantia da União em operações de crédito externo
e interno; § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados
IX - estabelecer limites globais e condições para o e Senadores, embora militares e ainda que em tempo
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito de guerra, dependerá de prévia licença da Casa res-
Federal e dos Municípios; pectiva.

34
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores sub- Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
sistirão durante o estado de sítio, só podendo ser sus- I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador
pensas mediante o voto de dois terços dos membros de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal,
da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora de Território, de Prefeitura de capital ou chefe de missão
do recinto do Congresso Nacional, que sejam incom- diplomática temporária;
patíveis com a execução da medida. II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doen-
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: ça, ou para tratar, sem remuneração, de interesse par-
I - desde a expedição do diploma: ticular, desde que, neste caso, o afastamento não ultra-
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de passe cento e vinte dias por sessão legislativa.
direito público, autarquia, empresa pública, socieda- § 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de
de de economia mista ou empresa concessionária de investidura em funções previstas neste artigo ou de li-
serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cença superior a cento e vinte dias.
cláusulas uniformes; § 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego re- eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze
munerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad meses para o término do mandato.
nutum , nas entidades constantes da alínea anterior; § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador
II - desde a posse: poderá optar pela remuneração do mandato.
a) ser proprietários, controladores ou diretores de em-
presa que goze de favor decorrente de contrato com Das reuniões
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer fun-
ção remunerada; Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente,
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de
ad nutum , nas entidades referidas no inciso I, a ; 1º de agosto a 22 de dezembro.
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão trans-
das entidades a que se refere o inciso I, a ; feridas para o primeiro dia útil subseqüente, quando
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato pú- recaírem em sábados, domingos ou feriados.
blico eletivo. § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição,
no artigo anterior; a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-
II - cujo procedimento for declarado incompatível com -ão em sessão conjunta para:
o decoro parlamentar; I - inaugurar a sessão legislativa;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legis- II - elaborar o regimento comum e regular a criação de
lativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a serviços comuns às duas Casas;
que pertencer, salvo licença ou missão por esta auto- III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
rizada; -Presidente da República;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões pre-
previstos nesta Constituição; paratórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano
VI - que sofrer condenação criminal em sentença tran- da legislatura, para a posse de seus membros e eleição
sitada em julgado. das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos,
§ 1º É incompatível com o decoro parlamentar, além vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
dos casos definidos no regimento interno, o abuso das imediatamente subseqüente.
prerrogativas asseguradas a membro do Congresso § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo
Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do man- exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos
dato será decidida pela Câmara dos Deputados ou equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado
pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante Federal.
provocação da respectiva Mesa ou de partido político § 6º A convocação extraordinária do Congresso Na-
representado no Congresso Nacional, assegurada am- cional far-se-á:
pla defesa. (Parágrafo com redação dada pela Emenda I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de de-
Constitucional nº 76, de 2013) cretação de estado de defesa ou de intervenção fede-
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será ral, de pedido de autorização para a decretação de
DIREITO CONSTITUCIONAL

declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou estado de sítio e para o compromisso e a posse do
mediante provocação de qualquer de seus membros ou Presidente e do Vice-Presidente da República;
de partido político representado no Congresso Nacio- II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
nal, assegurada ampla defesa. da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a
requerimento da maioria dos membros de ambas as
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a proces- Casas, em caso de urgência ou interesse público rele-
so que vise ou possa levar à perda do mandato, nos vante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro-
termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as vação da maioria absoluta de cada uma das Casas do
deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. Congresso Nacional.

35
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Estrutura do Poder Legislativo
Nacional somente deliberará sobre a matéria para a
qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º des-
te artigo, vedado o pagamento de parcela indenizató-
ria, em razão da convocação.
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data
de convocação extraordinária do Congresso Nacional,
serão elas automaticamente incluídas na pauta da
convocação.

Das comissões

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão co-


missões permanentes e temporárias, constituídas na
forma e com as atribuições previstas no respectivo re-
gimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada comissão,
é assegurada, tanto quanto possível, a representação
proporcional dos partidos ou dos blocos parlamenta- Composição das Casas Legislativas
res que participam da respectiva Casa.
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua com- - Câmara dos Deputados
petência, cabe: - Representantes do povo.
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na for- - Eleitos pelo sistema proporcional.
ma do regimento, a competência do plenário, salvo se Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de re-
houver recurso de um décimo dos membros da Casa; presentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcio-
II - realizar audiências públicas com entidades da so- nal, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
ciedade civil; Federal.
III - convocar Ministros de Estado para prestar infor- - Quantidade: 513 deputados (máximo – cf. LC nº
mações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; 78/1993).
IV - receber petições, reclamações, representações ou - Mínimo: 08 deputados / - Máximo: 70 Deputados.
queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões Art. 45 §1º O número total de Deputados, bem como a
das autoridades ou entidades públicas; representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou estabelecido por lei complementar, proporcionalmen-
cidadão; te à população, procedendo-se aos ajustes necessá-
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, rios, no ano anterior às eleições, para que nenhuma
regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles daquelas unidades da Federação tenha menos de oito
emitir parecer. ou mais de setenta Deputados.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que - Mandato: 04 anos, possibilidade de reeleição de for-
terão poderes de investigação próprios das autorida- ma ilimitada.
des judiciais, além de outros previstos nos regimentos Art. 44 Parágrafo único. Cada legislatura terá a dura-
das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos ção de quatro anos.
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou se- - Requisitos de elegibilidade:
paradamente, mediante requerimento de um terço de - Nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado – ex-
seus membros, para a apuração de fato determinado ceção para o cargo de presidente da casa)
e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, - Idade mínima: 21 anos.
encaminhadas ao Ministério Público, para que promo- - Alistamento Eleitoral: capacidade eleitoral ativa
va a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. - Ausência de impedimentos por inelegibilidade.
§ 4º Durante o recesso, haverá uma comissão repre- - Suplência: (afastamento, renúncia ou morte) próxi-
sentativa do Congresso Nacional, eleita por suas Ca- mo candidato com melhor votação da coligação
sas na última sessão ordinária do período legislativo, - Atribuições : art. 51; exercidas em regra por resolu-
com atribuições definidas no regimento comum, cuja ção (dispensa sanção ou veto)
composição reproduzirá, quanto possível, a proporcio-
nalidade da representação partidária. Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos De-
DIREITO CONSTITUCIONAL

putados:
Organização: bicameralismo federativo (Congresso I - autorizar, por dois terços de seus membros, a ins-
Nacional) tauração de processo contra o Presidente e o Vice-Pre-
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso sidente da República e os Ministros de Estado;
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e II - proceder à tomada de contas do Presidente da
do Senado Federal. República, quando não apresentadas ao Congresso
- Câmara dos Deputados: representação do povo. Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da
- Senado Federal: representação dos Estados. sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;

36
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos
e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

- Senado Federal
Composição: 81 senadores.
Eleitos pelo sistema majoritário.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o prin-
cípio majoritário.
Suplência: cada Senador será eleito com dois suplentes.
Art. 46 §3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Mandato: 8 anos (renovação 1/3 x 2/3)
Art. 46 §2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alterna-
damente, por um e dois terços.
- Requisitos:
- Nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado – exceção para o cargo de presidente da casa)
- Idade mínima: 35 anos.
- Alistamento Eleitoral: capacidade eleitoral ativa
- Ausência de impedimentos por inelegibilidade.
- Suplência: (afastamento, renúncia ou morte) próximo candidato com melhor votação da coligação
- Atribuições: art. 53.

Compete privativamente ao Senado Federal:


I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Mi-
nistros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos
com aqueles;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do
Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes
de responsabilidade;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
DIREITO CONSTITUCIONAL

d) Presidente e diretores do banco central;


e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomá-
tica de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

37
VII - dispor sobre limites globais e condições para as - Assembleia Legislativa
operações de crédito externo e interno da União, dos - Autonomia dos estados-membros
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas - Eleitos pelo sistema proporcional
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder - Mandato: 04 anos.
Público federal; - Número de integrantes: proporcional ao número de
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão deputados federais.
de garantia da União em operações de crédito externo - Regra: art. 27
e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legis-
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito lativa corresponderá ao triplo da representação do Es-
Federal e dos Municípios; tado na Câmara dos Deputados e, atingido o número
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
os Deputados Federais acima de doze.
Supremo Tribunal Federal;
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto,
Estaduais, aplicando-sê-lhes as regras desta Constitui-
a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da Repú-
blica antes do término de seu mandato; ção sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunida-
XII - elaborar seu regimento interno; des, remuneração, perda de mandato, licença, impedi-
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polí- mentos e incorporação às Forças Armadas.
cia, criação, transformação ou extinção dos cargos, em- § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado
pregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na ra-
fixação da respectiva remuneração, observados os parâ- zão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele
metros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais,
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º,
termos do art. 89, VII. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis- § 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre
tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus seu regimento interno, polícia e serviços administrati-
componentes, e o desempenho das administrações tri- vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
butárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no proces-
dos Municípios. so legislativo estadual.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e
II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Explicando:
Federal, limitando-se a condenação, que somente será - Nº deputados federais (08 a 12) = Nº deputados
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, federais x 3.
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para Exemplo: MT (08 deputados federais). 8 x 3 = 24 de-
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais putados estaduais
sanções judiciais cabíveis. - Nº deputados federais (13 a 70) = Nº deputados
federais + 24
Câmara dos
Senado Federal Exemplo: SP (70 deputados federais) = 70 + 24 = 94
Deputados
deputados estaduais
513 (Mínimo
81 (03 por
Parlamentares 08 / Máximo
estado)
70 por estado)
#FicaDica
Representantes Não existe impedimento direto quanto a na-
Representantes
Composição dos Estados e cionalidade para os cargos de senador ou
do povo
DF deputado federal. No entanto, para assumir
Representação Proporcional Paritário a presidência da casa necessário ser brasileiro
nato, uma vez que estes constam da lista de
Mandato 01 Legislatura 02 Legislaturas sucessão do presidente da república.
Renovação Total Parcial
- Câmara Legislativa do Distrito Federal
Idade 21 anos 35 anos
Número Deputados Federais: 8. Estaduais: 8 x 3 = 24.
Nato ou Nato ou - Câmaras Municipais:(Regra prevista no art. 29 IV CF/88)
DIREITO CONSTITUCIONAL

naturalizado naturalizado
Nacionalidade
(Presidência (Presidência
apenas nato) apenas nato)
Sistema
Proporcional Majoritário
Eleitoral
Candidato Cada senador
Suplência mais votado com 02
coligação suplentes

38
Eleição das mesas diretoras (art. 57 §4º)
Art. 57 § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em ses-
sões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no pri-
meiro ano da legislatura, para a posse de seus mem-
bros e eleição das respectivas Mesas, para mandato
de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo
cargo na eleição imediatamente subsequente.

- Mesa do Congresso Nacional


(1) Presidente do Senado;
(2) 1° Vice-Presidente da Câmara;
(3) 2° Vice-Presidente do Senado;
(4) 1° secretário da Câmara;
(5) 2° secretário do Senado;
(6) 3° secretário da Câmara;
(7) 4° secretário do Senado.

2 – Sessão Conjunta (art. 57 § 3º): regra é o funciona-


mento de cada casa separadamente.
- Inaugurar sessão legislativa.
- Elaborar regimento comum e criação de serviços
comuns.
- Receber compromisso do Presidente da República
- Conhecer e deliberar sobre o veto.

3 – Das Comissões Parlamentares


Órgãos colegiados de natureza técnica integrante da
estrutura do Congresso Nacional e de suas casas legisla-
tivas. Tem por função primordial o estudo inaugural das
proposições, mas também podem ser criadas com fina-
lidade investigativa, representativa e de fiscalização da
gestão da coisa pública.

Classificação das comissões


- Exclusiva (formada por membros de apenas uma
das casas) / - mista: mescla das duas casas.
- Permanentes (sem prazo máximo de funcionamen-
to) / temporárias: previsão de duração.

- Funcionamento Tipos de comissões


Sessão legislativa: 02/02 a 17/07 e 01/08 a 22/12 (or- - Comissão Representativa do Congresso Nacional:
dinária). tem por finalidade representar o Congresso duran-
Recesso: 18/07 a 31/07 e 23/12 a 31/12. te os intervalos da sessão legislativa.
Legislatura: duração de quatro anos - Comissão Parlamentar de Inquérito
Possibilidade de convocação em período de recesso:
sessões extraordinárias (art. 57 §6º a 8º). Requisitos para criação
Obs: as convocações extraordinárias não são remune- - Subscrição de requerimento: 1/3 dos membros de
radas a parte ou de maneira especial. cada casa se forem em conjunto ou 1/3 dos mem-
Formato da sessão bros da casa se forem separado.
- câmara dos deputados: pequeno expediente (+/- 60 - Indicação de fato determinado a ser investigado.
min), grande expediente (+/- 50 minutos) e ordem - Prazo certo para apuração de referido fato.
do dia (+/- 120 min) para deliberações.
- senado federal: expediente (+/- 120 min) e ordem Portanto, para abertura do inquérito parlamentar
DIREITO CONSTITUCIONAL

do dia (+/-150 min) basta o preenchimento destas 03 condições. Válido tam-


- Início (instalação) da sessão: câmara dos deputados: bém para os estados e municípios. Atenção! As minorias
quórum mínimo presente de 10%. também se veem representadas amparando sua preten-
são no direito de oposição.
Senado Federal: quórum mínimo presente de 5%.
Tipos de sessões Poderes e limites da atuação da CPI.
1 - Preparatórias: 1º/02 do início de cada legislatura. As CPIs possuirão os poderes instrutórios rotineiros
Tem por objetivo a posse de seus membros e a dos magistrados, salvo aqueles que se submetem à esfe-
eleição das respectivas mesas. ra única de decisão dos juízes.

39
Limites na atuação 2. Aplicada em: 2018 Banca: FUNRIO Órgão: AL-RR
1) Reserva de Jurisdição: ficam reservados atos que Prova: Assessor Técnico Legislativo. A sessão do Con-
somente podem ser determinados por juízes ou gresso Nacional em que Deputados e Senadores se reú-
tribunais. Portanto, vedado: nem para debater determinado assunto e, ao final, votam
- Determinar busca e apreensão domiciliar simultaneamente, mas cuja deliberação é tomada de for-
- Determinar quebra do sigilo das comunicações te- ma separada, é conhecida como sessão
lefônicas
- Decretar a prisão a) bicameral.
b) unicameral.
2) Direitos fundamentais: a atuação das CPI estão c) conjunta.
limitadas ao respeito dos direitos fundamentais. d) plenária.
Deste, verificamos os seguintes desdobramentos:
- Ficar em silêncio / não autoincriminação. Resposta: Letra C - Segundo previsto no art. 57, § 3º
- Assistência de um advogado. além de outros casos previstos nesta Constituição, a
- Sigilo Profissional Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-
-ão em SESSÃO CONJUNTA para:
3) Separação de Poderes: os poderes das CPIs devem I - inaugurar a sessão legislativa;
estar amparados pelas atribuições do Poder Legis- II - elaborar o regimento comum e regular a criação de
lativo. Portanto: serviços comuns às duas Casas;
- Não podem promover a responsabilização. III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
- Anular atos de outros poderes. -Presidente da República;
- Convocar magistrado para investigar sua atuação IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
jurisdicional.
- Subverter, revogar, cassar, alterar decisões judiciais.
Do poder executivo
4) Pacto Federativo: em respeito a autonomia dos de- Do presidente e do vice-presidente da república
mais entes, é vedado as CPIs instaladas em âmbito
federal investigar assuntos de interesse regional Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
ou local, que não tenha impacto digno de desta- República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
que no plano nacional. Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da
República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro
Poderes domingo de outubro, em primeiro turno, e no último
1) Busca e apreensão NÃO domiciliar. domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do
2) Quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados. ano anterior ao do término do mandato presidencial
- Bancário: medida excepcional com prazo de duração. vigente.
- Telefônico: divulgação dos números de telefone, § 1º A eleição do Presidente da República importará a
mas não interceptação telefônica. do Vice-Presidente com ele registrado.
- Fiscal: quando necessária a investigação por crimes § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que,
fiscais. registrado por partido político, obtiver a maioria abso-
luta de votos, não computados os em branco e os nulos.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta
na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte
EXERCÍCIOS COMENTADOS dias após a proclamação do resultado, concorrendo os
dois candidatos mais votados e considerando-se eleito
1. Aplicada em: 2018Banca: FUNRIO Órgão: AL-RR aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
Prova: Assistente Legislativo. As reuniões das Comis- § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer mor-
sões Permanentes são denominadas te, desistência ou impedimento legal de candidato, con-
vocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
a) Ordinárias e especiais. § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema-
b) Comuns e especiais. nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a
c) Ordinárias e extraordinárias. mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
d) Comuns e extraordinárias. Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República
tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, pres-
DIREITO CONSTITUCIONAL

Resposta: Letra C - As reuniões das comissões per- tando o compromisso de manter, defender e cumprir
manentes, aquelas que não estão vinculadas a assun- a Constituição, observar as leis, promover o bem geral
tos específicos que demandam criação de comissões do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a
temporárias, são chamadas de ordinárias e extraordi- independência do Brasil.
nárias. Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada
para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este
será declarado vago.

40
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedi- XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei dor-Geral da República, o presidente e os diretores do
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por Banco Central e outros servidores, quando determina-
ele convocado para missões especiais. do em lei;
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi-
Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, nistros do Tribunal de Contas da União;
serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre- XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes-
sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do ta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. XVII - nomear membros do Conselho da República,
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presi- nos termos do art. 89, VII;
dente da República, far-se-á eleição noventa dias de- XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
pois de aberta a última vaga. Conselho de Defesa Nacional;
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do pe- XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
ríodo presidencial, a eleição para ambos os cargos será autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le-
Nacional, na forma da lei. gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com- parcialmente, a mobilização nacional;
pletar o período de seus antecessores. XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de Congresso Nacional;
quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
ano seguinte ao da sua eleição. XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
não poderão, sem licença do Congresso Nacional, au- nacional ou nele permaneçam temporariamente;
sentar-se do País por período superior a quinze dias, XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
sob pena de perda do cargo. nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstas nesta Constituição;
Seção II XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
Das atribuições do presidente da república dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le-
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re- XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
pública: na forma da lei;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a termos do art. 62;
direção superior da administração federal;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
Constituição.
previstos nesta Constituição;
Parágrafo único. O Presidente da República poderá
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Pro-
execução;
curador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
União, que observarão os limites traçados nas respec-
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração fe- tivas delegações.
deral, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; Da responsabilidade do presidente da república
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre- Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Pre-
ditar seus representantes diplomáticos; sidente da República que atentem contra a Constitui-
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio- ção Federal e, especialmente, contra:
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; I - a existência da União;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju-
X - decretar e executar a intervenção federal; diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu-
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- cionais das unidades da Federação;
DIREITO CONSTITUCIONAL

gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le- III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
gislativa, expondo a situação do País e solicitando as IV - a segurança interna do País;
providências que julgar necessárias; V - a probidade na administração;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- VI - a lei orçamentária;
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército especial, que estabelecerá as normas de processo e
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e julgamento.
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;

41
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da Sistemas de governo: presidencialismo e parlamen-
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, tarismo.
será ele submetido a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou pe- Poder Executivo – CF/88 (características)
rante o Senado Federal, nos crimes de responsabili- - Unipessoal (monocrático)
dade. - Auxílio por ministros de estado (nato / naturaliza-
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: do – exceto ministro de Estado da Defesa; idade:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún- mínimo 21)
cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração Atribuições (art.87):
do processo pelo Senado Federal. I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o jul- órgãos e entidades da administração federal na área
gamento não estiver concluído, cessará o afastamento de sua competência e referendar os atos e decretos
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimen- assinados pelo Presidente da República;
to do processo. II - expedir instruções para a execução das leis, decre-
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, tos e regulamentos;
nas infrações comuns, o Presidente da República não III - apresentar ao Presidente da República relatório
estará sujeito a prisão. anual de sua gestão no Ministério;
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe
mandato, não pode ser responsabilizado por atos es- forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
tranhos ao exercício de suas funções. República.
Obs: decreto presidencial sem referendo do ministro
Dos ministros de estado da respectiva pasta. Teoria dominante: referenda ministe-
rial não é uma obrigação.
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre
brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício Crimes praticados:
dos direitos políticos. - Comuns: regra STF (art. 102 I, c)
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além - Crimes de responsabilidade: regra art. 102 I, C, se
de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição cometido com o Pres. República ou Vice, julga-
e na lei: mento pelo Senado Federal (art. 52 I)
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos - Vice Presidente da República: art. 79 parágrafo úni-
órgãos e entidades da administração federal na área co (segue os mesmos requisitos do Presidente).
de sua competência e referendar os atos e decretos - Eleição e mandato
assinados pelo Presidente da República; - Nacionalidade originária
II - expedir instruções para a execução das leis, decre- - Alistamento Eleitoral
tos e regulamentos; - Exercício pleno dos direitos políticos
III - apresentar ao Presidente da República relatório - Filiação partidária
anual de sua gestão no Ministério; - Idade mínima de 35 anos (comprovadas na data da
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe posse – Lei 9504/97 art. 11§2º)
forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da - Não incidência de alguma causa de inelegibilidade
República. (art. 14 §§ 4º ao 9º)
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Mi-
nistérios e órgãos da administração pública.
#FicaDica
Função: administrar a coisa pública, por meio de aros Eleição (possibilidade de dois turnos) Primeiro
de chefia de Estado, chefia de Governo e da administra- e último domingo do mês de outubro da última
ção. A saber: sessão legislativa da atual legislatura. O presi-
- Chefia de Estado: representação internacional do dente elege consigo o vice presidente. Serão
país, demonstração de soberania. eleitos pelo sistema majoritário.
- Chefia de Governo: organiza a vida política interna
do Estado com vistas a efetivar políticas públicas.
- Chefia da administração: prestação de serviços úteis Posse: 01º de janeiro subsequente as eleições. Sessão
à população. do Congresso Nacional – prestar juramento e compro-
DIREITO CONSTITUCIONAL

misso de manter, defender e cumprir a CF.


Atribuições: Não comparecimento do PR e Vice: após 10 dias, car-
- Função Típica: administração da coisa pública. Exer- go declarado vago, salvo motivo justificado. Declarado
cício da chefia de estado, de governo e adminis- vago, convocação pelo Congresso Nacional de novas
tração. eleições diretas. Comparecendo o vice, assume interina-
- Função atípica mente se por motivo justificado ou definitivo se imoti-
- Legislativa: editar Medida Provisória e Leis Delega- vado.
das. Regras do quociente eleitoral e quociente partidário
- Jurisdicional: dirimir o contencioso administrativo. (colorido partidário – poder legislativo)

42
- Quociente eleitoral = Nº votos válidos ÷ nº cadeiras gado-Geral da União, órgão do Poder Executivo),
a preencher XXlV (também é em cerco sentido aro de adminis-
- Quociente partidário = Nº de votos obtidos pelo cração) e XXV.
partido ÷ quociente eleitoral

Segundo Nathália Masson, serão chamados a com-


por o Poder Legislativo os candidatos individualmente EXERCÍCIOS COMENTADOS
mais votados do partido (ou da coligação) até o limite
do quociente partidário. Em outras palavras: se o partido 1. Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: EMAP Pro-
(ou coligação partidária) obteve um número total de vo- va: Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Médio.
tos que corresponda a quatro vezes o quociente eleitoral, No que se refere à organização dos poderes, julgue o
terá um quociente partidário equivalente a quatro, o que item que segue. A concessão de indulto é competência
significa que ele terá conquistado quatro vagas na Casa indelegável do presidente da República.
Legislativa, que serão ocupadas, sucessivamente, pelos
quatro candidatos mais votados do partido (ou da coli- ( ) Certo ( ) Errado
gação partidária).
- Impossibilidade de exercício do cargo: vacância (im- Resposta: Errado - Nos termos do art. 84, compete
possibilidade de exercer o cargo definitivamente) e privativamente ao Presidente da República, conceder
impedimento (ausência temporária). indulto e comutar penas, com audiência, se necessá-
- Substituição nos demais entes rio, dos órgãos instituídos em lei.
- Estados: impedimento simultâneo do Governador e
do Vice, ou quando há vacância de ambos os car- 2. Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: EMAP Pro-
gos, chamamento sucessivo do Presidente da As- va: Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Médio.
sembleia Legislativa e do Presidente do Tribunal de No que se refere à organização dos poderes, julgue o item
Justiça local. que segue. A Constituição Federal de 1988 prevê que atos
- Municípios: o impedimento simultâneo do Prefei- do presidente da República contra probidade na adminis-
to e do Vice, ou quando há vacância de ambos os tração são crimes de responsabilidade.
cargos, exigiria o chamamento do Presidente da
Câmara Municipal. Como este também pode es- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tar impossibilitado, convém que a Lei Orgânica do
MunicípioincluA, NA SEQUÊNCIA, O VICE-Presidente Resposta: Certo - Nos termos do art. 85, são crimes de res-
da Câmara Municipal. Nunca o Presidente do TJ, ponsabilidade os atos do Presidente da República que aten-
pois este em âmbito estadual e inexistente judiciá- tem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
rio local para essa substituição. I - a existência da União;
- Atribuições do Presidente da República (art. 84 – di- II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judi-
visões feitas pela Profª Natália Masson) ciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucio-
- Chefia de Estado: art. 84, VII, VIII, XVIII, 2ª parte (con- nais das unidades da Federação;
vocar e presidir o Conselho de Defesa Nacional), III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
XIV (apenas no que se refere à nomeação de Mi- IV - a segurança interna do País;
nisrros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribu- V - a probidade na administração;
nais Superiores, por ser função de magistratura su- VI - a lei orçamentária;
prema), XV (nomeação de um terço dos membros VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
do TCU - órgão não executivo - nomeação sujeita
ao controle do Senado, por isso ato nem da chefia
do Governo, nem da chefia da Administração), XVI,
1 ª parte (nomeação de magisrrados: TRF, TRT, TRE, DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO
órgão de outro Poder), XlX, XX, XXl, e XX. CONSELHO DE DEFESA NACIONAL.
- Chefia de Governo: no are. 84, l , l l l, IV, V, IX, X, Xl,
XlI (“conceder anistia e comucar pena” é arribuição
de magistratura suprema da Nação, sempre en- Seção V
carnada no Chefe de Escado, mas a Consticuição DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE
autorizou sua delegação, o que a desqualifica para DEFESA NACIONAL
mera função de Governo), Xlll, XlV (menos quan-
DIREITO CONSTITUCIONAL

to á nomear membros do conselho da República, Subseção I


não aro de mera chefia da Administração porque Do Conselho da República
alguns são eleitos pelo Senado e pela Câmara de
Depurados), XVIII, primeira parce (convocar e pre- Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de
sidir o Conselho da República), XXlII, XXlV e XXVII. consulta do Presidente da República, e dele partici-
- Chefia da administração federal: no cumprimento pam:
dessa outra tarefa devem ser agrupadas, segundo I - o Vice-Presidente da República;
José Afonso da Silva, as “ matérias previstas no are. II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
84, II, VI, XVI, segunda parce (nomeação do Advo- III - o Presidente do Senado Federal;

43
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
Deputados; DO PODER JUDICIÁRIO: DISPOSIÇÕES GE-
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Fe- RAIS, FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA. MI-
deral; NISTÉRIO PÚBLICO.
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta
e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Pre- DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
sidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80,
e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com de 2014)
mandato de três anos, vedada a recondução. SEÇÃO I
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronun- DO MINISTÉRIO PÚBLICO
ciar-se sobre:
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de Art. 127. O Ministério Público é instituição perma-
sítio; nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in-
II - as questões relevantes para a estabilidade das ins- cumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais in-
tituições democráticas.
disponíveis.
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Mi-
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Pú-
nistro de Estado para participar da reunião do Con-
blico a unidade, a indivisibilidade e a independência
selho, quando constar da pauta questão relacionada
funcional.
com o respectivo Ministério.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento
funcional e administrativa, podendo, observado o
do Conselho da República. disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a
criação e extinção de seus cargos e serviços auxilia-
Subseção II res, provendo-os por concurso público de provas ou
Do Conselho de Defesa Nacional de provas e títulos, a política remuneratória e os pla-
nos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de funcionamento.             (Redação dada pela Emenda
consulta do Presidente da República nos assuntos re- Constitucional nº 19, de 1998)
lacionados com a soberania nacional e a defesa do § 3º O Ministério Público elaborará sua proposta or-
Estado democrático, e dele participam como membros çamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
natos: diretrizes orçamentárias.
I - o Vice-Presidente da República; § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a res-
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; pectiva proposta orçamentária dentro do prazo esta-
III - o Presidente do Senado Federal; belecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
IV - o Ministro da Justiça; Executivo considerará, para fins de consolidação da
V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação proposta orçamentária anual, os valores aprovados
dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
VI - o Ministro das Relações Exteriores; os limites estipulados na forma do § 3º.                  (In-
VII - o Ministro do Planejamento. cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este arti-
Aeronáutica. (Incluído pela Emenda Consti- go for encaminhada em desacordo com os limites esti-
tucional nº 23, de 1999) pulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: aos ajustes necessários para fins de consolidação da
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de proposta orçamentária anual.             (Incluído pela
celebração da paz, nos termos desta Constituição; Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do § 6º Durante a execução orçamentária do exercício,
estado de sítio e da intervenção federal; não poderá haver a realização de despesas ou a as-
III - propor os critérios e condições de utilização de sunção de obrigações que extrapolem os limites es-
áreas indispensáveis à segurança do território nacio- tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto
nal e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na se previamente autorizadas, mediante a abertura de
faixa de fronteira e nas relacionadas com a preserva- créditos suplementares ou especiais.               (Incluí-
ção e a exploração dos recursos naturais de qualquer do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
tipo; Art. 128. O Ministério Público abrange:
DIREITO CONSTITUCIONAL

IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento I - o Ministério Público da União, que compreende:


de iniciativas necessárias a garantir a independência a) o Ministério Público Federal;
nacional e a defesa do Estado democrático. b) o Ministério Público do Trabalho;
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento c) o Ministério Público Militar;
do Conselho de Defesa Nacional. d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - os Ministérios Públicos dos Estados.
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
Procurador-Geral da República, nomeado pelo Pre-
sidente da República dentre integrantes da carreira,

44
maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
seu nome pela maioria absoluta dos membros do Se- dos serviços de relevância pública aos direitos asse-
nado Federal, para mandato de dois anos, permitida gurados nesta Constituição, promovendo as medidas
a recondução. necessárias a sua garantia;
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para
por iniciativa do Presidente da República, deverá ser a proteção do patrimônio público e social, do meio am-
precedida de autorização da maioria absoluta do Se- biente e de outros interesses difusos e coletivos;
nado Federal. IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re-
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito presentação para fins de intervenção da União e dos
Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre in- Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
tegrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para V - defender judicialmente os direitos e interesses das
escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado populações indígenas;
pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois VI - expedir notificações nos procedimentos adminis-
anos, permitida uma recondução. trativos de sua competência, requisitando informações
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito e documentos para instruí-los, na forma da lei com-
Federal e Territórios poderão ser destituídos por deli- plementar respectiva;
beração da maioria absoluta do Poder Legislativo, na VII - exercer o controle externo da atividade policial,
forma da lei complementar respectiva. na forma da lei complementar mencionada no artigo
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja anterior;
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores- VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau-
-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições ração de inquérito policial, indicados os fundamentos
e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, jurídicos de suas manifestações processuais;
relativamente a seus membros: IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas,
I - as seguintes garantias: desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não po- vedada a representação judicial e a consultoria jurídi-
dendo perder o cargo senão por sentença judicial ca de entidades públicas.
transitada em julgado; § 1º - A legitimação do Ministério Público para as
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse ações civis previstas neste artigo não impede a de
público, mediante decisão do órgão colegiado com- terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto
petente do Ministério Público, pelo voto da maioria nesta Constituição e na lei.
absoluta de seus membros, assegurada ampla defe- § 2º As funções do Ministério Público só podem ser
sa;              (Redação dada pela Emenda Constitucional exercidas por integrantes da carreira, que deverão re-
nº 45, de 2004) sidir na comarca da respectiva lotação, salvo autoriza-
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. ção do chefe da instituição.            (Redação dada pela
39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
150, II, 153, III, 153, § 2º, I;                  (Redação dada § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) -se-á mediante concurso público de provas e títulos,
II - as seguintes vedações: assegurada a participação da Ordem dos Advogados
do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
honorários, percentagens ou custas processuais; e observando-se, nas nomeações, a ordem de classifi-
b) exercer a advocacia; cação.              (Redação dada pela Emenda Constitu-
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; cional nº 45, de 2004)
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer ou- § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber,
tra função pública, salvo uma de magistério; o disposto no art. 93.              (Redação dada pela
e) exercer atividade político-partidária, salvo exceções Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
previstas na lei. § 5º A distribuição de processos no Ministério Público
e) exercer atividade político-partidária;              (Re- será imediata.               (Incluído pela Emenda Consti-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) tucional nº 45, de 2004)
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em seção pertinentes a direitos, vedações e forma de in-
lei.                (Incluída pela Emenda Constitucional nº vestidura.
DIREITO CONSTITUCIONAL

45, de 2004) Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Públi-


§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o co compõe-se de quatorze membros nomeados pelo
disposto no art. 95, parágrafo único, V.                  (In- Presidente da República, depois de aprovada a esco-
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) lha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú- um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
blico: sendo:                (Incluído pela Emenda Constitucional
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na nº 45, de 2004)
forma da lei; I o Procurador-Geral da República, que o preside;

45
II quatro membros do Ministério Público da União, as- do Ministério Público, competentes para receber re-
segurada a representação de cada uma de suas car- clamações e denúncias de qualquer interessado contra
reiras; membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive
III três membros do Ministério Público dos Estados; contra seus serviços auxiliares, representando direta-
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Fe- mente ao Conselho Nacional do Ministério Público.
deral e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da SEÇÃO II
Ordem dos Advogados do Brasil; DA ADVOCACIA PÚBLICA
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e de 1998)
outro pelo Senado Federal.
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição
Público serão indicados pelos respectivos Ministérios que, diretamente ou através de órgão vinculado, re-
Públicos, na forma da lei. presenta a União, judicial e extrajudicialmente, caben-
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Pú- do-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser
blico o controle da atuação administrativa e financei- sobre sua organização e funcionamento, as ativida-
ra do Ministério Público e do cumprimento dos deve- des de consultoria e assessoramento jurídico do Poder
res funcionais de seus membros, cabendo lhe: Executivo.
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do § 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o
Ministério Público, podendo expedir atos regulamen- Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo
tares, no âmbito de sua competência, ou recomendar Presidente da República dentre cidadãos maiores de
providências; trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu-
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício tação ilibada.
ou mediante provocação, a legalidade dos atos ad- § 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
ministrativos praticados por membros ou órgãos do instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
concurso público de provas e títulos.
Ministério Público da União e dos Estados, podendo
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se
§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tri-
adotem as providências necessárias ao exato cumpri-
butária, a representação da União cabe à Procurado-
mento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribu-
ria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto
nais de Contas;
em lei.
III receber e conhecer das reclamações contra mem-
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fe-
bros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos
deral, organizados em carreira, na qual o ingresso de-
Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem penderá de concurso público de provas e títulos, com
prejuízo da competência disciplinar e correicional da a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
instituição, podendo avocar processos disciplinares em todas as suas fases, exercerão a representação judi-
curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a cial e a consultoria jurídica das respectivas unidades
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcio- federadas.                    (Redação dada pela Emenda
nais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções ad- Constitucional nº 19, de 1998)
ministrativas, assegurada ampla defesa; Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os proces- artigo é assegurada estabilidade após três anos de
sos disciplinares de membros do Ministério Público da efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho
União ou dos Estados julgados há menos de um ano; perante os órgãos próprios, após relatório circunstan-
V elaborar relatório anual, propondo as providências ciado das corregedorias. (Redação dada pela Emenda
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Constitucional nº 19, de 1998)
Público no País e as atividades do Conselho, o qual
deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. SEÇÃO III
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um DA ADVOCACIA
Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de
Público que o integram, vedada a recondução, compe- 2014)
tindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferi-
das pela lei, as seguintes: Art. 133. O advogado é indispensável à administração
I receber reclamações e denúncias, de qualquer inte- da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifesta-
ressado, relativas aos membros do Ministério Público ções no exercício da profissão, nos limites da lei.
DIREITO CONSTITUCIONAL

e dos seus serviços auxiliares;


II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção SEÇÃO IV
e correição geral; DA DEFENSORIA PÚBLICA
III requisitar e designar membros do Ministério Públi- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de
co, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores 2014)
de órgãos do Ministério Público.
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Art. 134. A Defensoria Pública é instituição perma-
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in-
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias cumbindo-lhe, como expressão e instrumento do re-

46
gime democrático, fundamentalmente, a orientação
jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUI-
em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos ÇÕES DEMOCRÁTICAS: ESTADO DE DEFESA
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, E DO ESTADO DE SÍTIO, FORÇAS ARMADAS,
aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º SEGURANÇA PÚBLICA.
desta Constituição Federal.             (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pú- Título V
blica da União e do Distrito Federal e dos Territórios e Da Defesa do Estado e das Instituições Democrá-
prescreverá normas gerais para sua organização nos ticas
Estados, em cargos de carreira, providos, na classe
inicial, mediante concurso público de provas e títulos, CAPÍTULO I
assegurada a seus integrantes a garantia da inamo- DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
vibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das Seção I
atribuições institucionais.                (Renumerado pela DO ESTADO DE DEFESA
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura- Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o
das autonomia funcional e administrativa e a inicia- Conselho da República e o Conselho de Defesa Na-
tiva de sua proposta orçamentária dentro dos limites cional, decretar estado de defesa para preservar ou
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e su- prontamente restabelecer, em locais restritos e deter-
bordinação ao disposto no art. 99, § 2º .             (In- minados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) por grave e iminente instabilidade institucional ou
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públi- atingidas por calamidades de grandes proporções na
cas da União e do Distrito Federal.              (Incluído natureza.
pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013) § 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter-
minará o tempo de sua duração, especificará as áreas
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Públi- a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites
ca a unidade, a indivisibilidade e a independência fun- da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as
cional, aplicando-se também, no que couber, o dispos- seguintes:
to no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição I - restrições aos direitos de:
Federal.               (Incluído pela Emenda Constitucional a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
nº 80, de 2014) b) sigilo de correspondência;
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disci- c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
plinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remu- II - ocupação e uso temporário de bens e serviços pú-
nerados na forma do art. 39, § 4º.             (Redação blicos, na hipótese de calamidade pública, responden-
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) do a União pelos danos e custos decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma
vez, por igual período, se persistirem as razões que
EXERCÍCIO COMENTADO justificaram a sua decretação.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
1- (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) I - a prisão por crime contra o Estado, determinada
Com relação à organização dos poderes e às funções es- pelo executor da medida, será por este comunicada
senciais à justiça, julgue o item a seguir. imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
Cabe ao Ministério Público Federal representar a União não for legal, facultado ao preso requerer exame de
em caso de ação judicial proposta por servidor da justiça corpo de delito à autoridade policial;
militar da União que cobre diferenças devidas em razão II - a comunicação será acompanhada de declaração,
de erro no cálculo de sua remuneração. pela autoridade, do estado físico e mental do detido
no momento de sua autuação;
( ) CERTO ( ) ERRADO III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não po-
derá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada
Resposta: Errado. A hipótese apresentada na ques- pelo Poder Judiciário;
tão trata-se de competência da Advocacia-Geral da IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
DIREITO CONSTITUCIONAL

União que representa a União, judicial e extrajudicial- § 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação,
mente, art. 131, caput, da CF. o Presidente da República, dentro de vinte e quatro
horas, submeterá o ato com a respectiva justificação
ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria ab-
soluta.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco
dias.

47
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto den- Seção III
tro de dez dias contados de seu recebimento, devendo DISPOSIÇÕES GERAIS
continuar funcionando enquanto vigorar o estado de
defesa. Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o esta- líderes partidários, designará Comissão composta de
do de defesa. cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a
execução das medidas referentes ao estado de defesa
Seção II e ao estado de sítio.
DO ESTADO DE SÍTIO Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de
sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus exe-
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio- cutores ou agentes.
nal, solicitar ao Congresso Nacional autorização para Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
decretar o estado de sítio nos casos de: o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigên-
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocor- cia serão relatadas pelo Presidente da República, em
rência de fatos que comprovem a ineficácia de medida mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e
tomada durante o estado de defesa; justificação das providências adotadas, com relação no-
II - declaração de estado de guerra ou resposta a minal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.
agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao soli- CAPÍTULO II
citar autorização para decretar o estado de sítio ou DAS FORÇAS ARMADAS
sua prorrogação, relatará os motivos determinantes
do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Mari-
maioria absoluta. nha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua nacionais permanentes e regulares, organizadas com
duração, as normas necessárias a sua execução e as base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do Presidente da República, e destinam-se
garantias constitucionais que ficarão suspensas, e,
à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitu-
depois de publicado, o Presidente da República de-
cionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e
signará o executor das medidas específicas e as áreas
da ordem.
abrangidas.
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não po-
a serem adotadas na organização, no preparo e no
derá ser decretado por mais de trinta dias, nem pror-
emprego das Forças Armadas.
rogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II,
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições
poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a disciplinares militares.
guerra ou a agressão armada estrangeira. § 3º Os membros das Forças Armadas são denomina-
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem
sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído
Senado Federal, de imediato, convocará extraordina- pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
riamente o Congresso Nacional para se reunir dentro I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
de cinco dias, a fim de apreciar o ato. elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da Re-
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcio- pública e asseguradas em plenitude aos oficiais da ati-
namento até o término das medidas coercitivas. va, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com títulos e postos militares e, juntamente com os demais
fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
contra as pessoas as seguintes medidas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
I - obrigação de permanência em localidade determi- II - o militar em atividade que tomar posse em cargo
nada; ou emprego público civil permanente, ressalvada a hi-
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou pótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será
condenados por crimes comuns; transferido para a reserva, nos termos da lei; (Reda-
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon- ção dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de in- III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar
formações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e posse em cargo, emprego ou função pública civil tem-
televisão, na forma da lei; porária, não eletiva, ainda que da administração indi-
DIREITO CONSTITUCIONAL

IV - suspensão da liberdade de reunião; reta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso
V - busca e apreensão em domicílio; XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; e somente poderá, enquanto permanecer nessa situa-
VII - requisição de bens. ção, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inci- o tempo de serviço apenas para aquela promoção
so III a difusão de pronunciamentos de parlamentares e transferência para a reserva, sendo depois de dois
efetuados em suas Casas Legislativas, desde que libe- anos de afastamento, contínuos ou não, transferido
rada pela respectiva Mesa. para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 77, de 2014)

48
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; I -apurar infrações penais contra a ordem política e
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode es- da União ou de suas entidades autárquicas e empre-
tar filiado a partidos políticos; (Incluído pela Emenda sas públicas, assim como outras infrações cuja prática
Constitucional nº 18, de 1998) tenha repercussão interestadual ou internacional e
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for jul- exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
gado indigno do oficialato ou com ele incompatível, II -prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes
por decisão de tribunal militar de caráter permanente, e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públi-
de guerra; (Incluído pela Emenda Constitucional nº cos nas respectivas áreas de competência;
18, de 1998) III -exercer as funções de polícia marítima, aérea e de
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar fronteiras;
a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por IV -exercer, com exclusividade, as funções de polícia
sentença transitada em julgado, será submetido ao judiciária da União.
julgamento previsto no inciso anterior; (Incluído pela § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente,
Emenda Constitucional nº 18, de 1998) estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei,
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, inci- ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
sos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente,
XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei,
prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
alínea “c”; (Redação dada pela Emenda Constitucio- § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
nal nº 77, de 2014) de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41, de União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
19.12.2003) infrações penais, exceto as militares.
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e
os limites de idade, a estabilidade e outras condições a preservação da ordem pública; aos corpos de bom-
de transferência do militar para a inatividade, os di- beiros militares, além das atribuições definidas em lei,
reitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e incumbe a execução de atividades de defesa civil.
outras situações especiais dos militares, consideradas § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares,
as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se,
cumpridas por força de compromissos internacionais juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos
e de guerra. (Incluído pela Emenda Constitucional nº Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
18, de 1998) § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamen-
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos to dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de
da lei. maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, § 8º Os Municípios poderão constituir guardas muni-
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, cipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
após alistados, alegarem imperativo de consciência, instalações, conforme dispuser a lei.
entendendo-se como tal o decorrente de crença reli-
giosa e de convicção filosófica ou política, para se exi-
mirem de atividades de caráter essencialmente militar. #FicaDica
(Regulamento)
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do A Segurança Pública é dever do Estado, e di-
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, reito e responsabilidade de todos.
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. (Re-
gulamento)

Capítulo III CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA:


Da Segurança Pública SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES, SEGU-
RANÇA PÚBLICA ESTADUAL.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito
e responsabilidade de todos, é exercida para a preser-
vação da ordem pública e da incolumidade das pesso-
DIREITO CONSTITUCIONAL

as e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES.


I -polícia federal;
II -polícia rodoviária federal; SEÇÃO VII
III -polícia ferroviária federal; DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES
IV -polícias civis;
V -polícias militares e corpos de bombeiros militares. Art. 46 - São servidores militares estaduais os inte-
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão grantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros
permanente, estruturado em carreira, destina-se a: Militar, cuja disciplina será estabelecida em estatuto
próprio.

49
§ 1º - As patentes, com prerrogativas, direitos e deve- Exclui-se da corporação o servidor militar condenado
res a elas inerentes, são asseguradas em plenitude aos na Justiça comum ou militar à pena privativa de liberda-
oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes de superior a 02 (dois) anos. Trata-se de hipótese que
privativos os títulos, postos e uniformes militares. opera automaticamente, não necessitando de decisão da
§ 2º - Os postos e as patentes dos oficiais da Polícia Justiça Militar e nem de manifestação do Conselho de
Militar e do Corpo de Bombeiros Militar são conferidos Justificação. Nos demais casos, para a perda do posto
pelo Governador do Estado, e a graduação dos pra- ou da patente será necessária a caracterização de uma
ças, pelo Comandante-Geral da Polícia Militar e pelo destas situações.
Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar,
respectivamente. Art. 47 - Lei disporá sobre a isonomia entre as carrei-
§ 3º - O servidor militar estadual em atividade que ras de policiais civis e militares, fixando os vencimen-
tomar posse em cargo público civil permanente será tos de forma escalonada entre os níveis e classes, para
transferido para a reserva, na forma da lei, salvo os civis, e correspondentes postos e graduações, para
quando se tratar de um cargo de professor ou privati- os militares.
vo de profissional de saúde com profissão regulamen- § 1º - O soldo nunca será inferior ao salário mínimo
tada, sendo assegurada a acumulação desde que haja fixado em lei.
compatibilidade de horários e não ultrapasse 20 (vin- § 2º - (Revogado)
te) horas semanais. Fixa-se no artigo 47 a isonomia de vencimentos para
§ 4º - O servidor militar estadual da ativa que aceitar policiais militares e policiais civis.
cargo, emprego ou função pública temporária, não
eletiva, ainda que da administração indireta, ficará Art. 48 - Os direitos, deveres, garantias, subsídios e
agregado ao respectivo quadro e, enquanto permane- vantagens dos servidores militares, bem como as nor-
cer nessa situação, só poderá ser promovido por anti- mas sobre admissão, acesso na carreira, estabilidade,
guidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas jornada de trabalho, remuneração de trabalho no-
para aquela promoção e transferência para a reserva, turno e extraordinário, readmissão, limites de idade
sendo, depois de 02 (dois) anos de afastamento, contí- e condições de transferência para a inatividade serão
nuos ou não, transferido para a inatividade. estabelecidos em estatuto próprio, de iniciativa do
§ 5º - O servidor militar estadual condenado na Jus- Governador do Estado, observada a legislação federal
tiça comum ou militar à pena privativa de liberdade específica.
superior a 02 (dois) anos, por sentença transitada em
§ 1º - O servidor militar estadual é elegível, atendidas
julgado, será excluído da Corporação.
as seguintes condições:
§ 6º - O oficial da Polícia Militar e do Corpo de Bom-
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
beiros Militar só perderá o posto e a patente se for
afastar-se da atividade;
julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível,
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre-
nos termos da lei, mediante Conselho de Justificação,
gado e, se eleito, passará automaticamente, no ato da
cujo funcionamento será regulado em lei, e por deci-
diplomação, para a inatividade, com os proventos pro-
são da Justiça Militar, salvo na hipótese prevista no
parágrafo anterior. porcionais ao tempo de serviço.
§ 7º - A lei estabelecerá as condições em que o praça § 2º - (Revogado)
perderá a graduação, respeitado o disposto na Consti- O Estatuto próprio em questão encontra-se na Lei Es-
tuição Federal e nesta Constituição. tadual nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001 (ESTATUTO
§ 8º - Quando a sanção disciplinar, por transgressão DOS POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DA BAHIA).
de natureza militar, importar em cerceamento de li- Frisa-se que o servidor militar é elegível: caso tenha menos
berdade, será cumprida em área livre de quartel. de 10 anos de serviço e se afaste da atividade; ou caso tenha
Os policiais militares e os bombeiros militares são os mais de 10 anos de serviço e se passar para a inatividade.
servidores militares do Estado da Bahia.
Suas patentes, isto é, seus diferentes postos distribuí- Art. 49 - (Revogado)
dos no grau hierárquico, são asseguradas aos oficiais da
ativa, da reserva ou reformados. É de competência do
#FicaDica
Governador conferi-las. Também é de competência do
Governador conferir os postos. Transferência para reserva: posse em cargo
Quanto aos militares de categoria inferior, os praças, civil (exceto: cargo de professor ou de pro-
cabe aos Comandantes-Gerais atribuir gradações. fissional da saúde com jornada compatível e
Quando toma posse em cargo civil, o militar é trans- limitada a 20 horas);
DIREITO CONSTITUCIONAL

ferido para reserva. Exceção: cargo de professor ou de Afastamento das funções – até 2 anos há
profissional da saúde com jornada compatível e limitada agregação ao quadro, depois de 2 anos de-
a 20 horas. sagrega do quadro: aceitar cargo, emprego
Se o servidor aceitar cargo, emprego ou função públi- ou função pública diversa.
ca diversa, ficará afastado das funções militares e agrega- Exclusão da corporação: condenação na
do ao quadro da instituição. Contudo, o tempo de servi- Justiça comum ou militar à pena privativa
ço continua contando e é possível buscar a promoção na de liberdade superior a 02 (dois) anos.
carreira militar por antiguidade (não por merecimento)
pelo prazo de dois anos. Após dois anos, é afastado.

50
§ 4º - Os órgãos de segurança pública serão asses-
sorados e fiscalizados pelo Conselho de Segurança
EXERCÍCIO COMENTADO Pública, estruturado na forma da lei, guardando-se
proporcionalidade relativa à respectiva representação.
(PM-BA - Aspirante da Polícia Militar - CONSULTEC - § 5º - (Revogado)
2010) Os Policiais Militares do Estado da Bahia somente § 6º - A polícia técnica será dirigida por perito, car-
devem ter acesso ao quadro por meio de concurso pú- go organizado em carreira, cujo ingresso depende de
blico. concurso público de provas e títulos.
O seu vínculo empregatício é regido:
Art. 147 - À Polícia Civil, dirigida por Delegado de car-
a) pela Constituição Estadual. reira, incumbem, ressalvada a competência da União,
b) por Estatuto próprio, aprovado por Lei específica — as funções de polícia judiciária e a apuração de infra-
Lei n° 7.990/2001. ções penais, exceto as militares.
c) pela Consolidação das Leis do Trabalho — CLT. Parágrafo único - O cargo de Delegado, privativo de
d) por Decreto do Poder Executivo. bacharel em direito, será estruturado em carreira, de-
e) pelo Estatuto dos Servidores Públicos Federais, por ser pendendo a investidura de concurso de provas e tí-
instituição criada pela Constituição Federal. tulos, com a participação do Ministério Público e da
Ordem dos Advogados do Brasil.
Resposta: Letra B. Disciplina o artigo 48 da Constitui-
ção Estadual: “Art. 48 - Os direitos, deveres, garantias, Art. 148 - À Polícia Militar, força pública estadual, ins-
subsídios e vantagens dos servidores militares, bem tituição permanente, organizada com base na hierar-
como as normas sobre admissão, acesso na carreira, quia e disciplina militares, competem, entre outras, as
estabilidade, jornada de trabalho, remuneração de tra- seguintes atividades:
balho noturno e extraordinário, readmissão, limites de I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito urbano
idade e condições de transferência para a inatividade e rodoviário, de florestas e mananciais e a relacionada
serão estabelecidos em estatuto próprio, de iniciativa com a prevenção criminal, preservação e restauração
do Governador do Estado, observada a legislação fe- da ordem pública;
deral específica”. O Estatuto próprio em questão en- II e III - (Revogados)
contra-se na Lei Estadual nº 7.990, de 27 de dezembro IV - a polícia judiciária militar, a ser exercida em rela-
de 2001 (ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DO ES- ção a seus integrantes, na forma da lei federal;
TADO DA BAHIA). V - a garantia ao exercício do poder de polícia dos
A, C, D e E. Por exclusão, estão incorretas. órgãos públicos, especialmente os da área fazendária,
sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação
do solo e do patrimônio cultural.
#FicaDica Parágrafo único - A Polícia Militar, força auxiliar e re-
serva do Exército, será comandada por oficial da ativa
A clássica divisão em três Poderes – Execu- da Corporação, do último posto do Quadro de Oficiais
tivo, Legislativo e Judiciário – se reproduz Policiais Militares, nomeado pelo Governador.
no âmbito do Estado da Bahia, conforme se
denota pelos termos do título IV da Consti- Art. 148-A - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia,
tuição estadual. força auxiliar e reserva do Exército, organizado com
base na hierarquia e disciplina, é órgão integrante do
sistema de segurança pública, ao qual compete as se-
SEÇÃO IV guintes atividades:
DA SEGURANÇA PÚBLICA I - defesa civil;
II - prevenção e combate a incêndios e a situações de
Art. 146 - A segurança pública, dever do Estado, di- pânico;
reito e responsabilidade de todos, é exercida para III - busca, resgate e salvamento de pessoas e bens a
preservação da ordem pública e da incolumidade das cargo do Corpo de Bombeiros Militar;
pessoas e do patrimônio. IV - instrução e orientação de bombeiros voluntários,
§ 1º - Lei disciplinará a organização e funcionamen- onde houver;
to dos órgãos responsáveis pela segurança pública V - polícia judiciária militar, a ser exercida em relação
cujas atividades serão concentradas num único órgão a seus integrantes, na forma da lei federal.
DIREITO CONSTITUCIONAL

de administração, a nível de Secretaria de Estado, de Parágrafo único - O Corpo de Bombeiros Militar da


modo a garantir sua eficiência. Bahia será comandado por oficial da ativa da Corpo-
§ 2º - Os Municípios poderão constituir guardas mu- ração, do último posto do Quadro de Oficiais Bombei-
nicipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e ros Militares, nomeado pelo Governador.
instalações, na forma da lei. A Segurança Pública é dever do Estado, mas não ape-
§ 3º- Os órgãos de segurança pública, além dos cur- nas dele. É também dever e responsabilidade da socieda-
sos de formação, realizarão periódica reciclagem para de, de todas pessoas. Seu propósito é a preservação da or-
aperfeiçoamento, avaliação e progressão funcional dem pública e da incolumidade (proteção contra violação
dos seus servidores. de bens jurídicos) das pessoas e do patrimônio.

51
Polícia Civil: polícia judiciária + apuração de infrações
penais (exceto militares, pois a PM e o CBM exercem polí-
cia judiciária quanto aos seus membros). Dirigida por De- HORA DE PRATICAR!
legado de carreira. Os Delegados ingressam na carreira
mediante concurso público de provas e títulos, para o qual 1. (MPE-PI – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO
se exige o grau de bacharel em Direito. – CESPE – 2019) De acordo com a doutrina, norma cons-
Polícia Militar: polícia ostensiva de segurança + polícia titucional superveniente editada pelo poder constituinte
judiciária militar + garantia do poder de polícia às insti- originário sem qualquer ressalva tem eficácia:
tuições que o possuem. Comandada por oficial da ativa,
que ocupe o último posto da carreira, nomeado pelo go- a) retroativa máxima.
vernador. b) retroativa média.
Corpo de Bombeiros Militar: defesa civil + prevenção c) retroativa mínima.
e combate a incêndios e a situações de pânico + busca, d) somente para o futuro.
resgate e salvamento de pessoas e de bens + instrução e e) exauriente.
orientação de bombeiros voluntários + polícia judiciária
militar. 2. (MPE-PI – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO
Guardas Municipais: instituídas no âmbito de Municí- – CESPE – 2019) Assinale a opção que apresenta o mé-
pios para proteger seus bens, serviços e instalações. todo conforme o qual a leitura do texto constitucional
inicia-se pela pré-compreensão do aplicador do direito, a
quem compete efetivar a norma a partir de uma situação
#FicaDica histórica para que a lide seja resolvida à luz da Constitui-
ção, e não de acordo com critérios subjetivos de justiça.
No âmbito do Estado da Bahia, a Segurança
Pública é exercida pela Polícia Civil, pela Po- a) hermenêutico-clássico
lícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Mi- b) hermenêutico-concretizador
litar. Os órgãos atuam no âmbito dos Muni- c) científico-espiritual
cípios, mas isso não impede que estes criem d) normativo-estruturante
suas Guardas Municipais. e) hermenêutico-comparativo

3. (TCM-BA – AUDITOR ESTADUAL DE INFRAESTRU-


TURA – CESPE – 2018) O princípio fundamental da
Constituição que consiste em fundamento da República
EXERCÍCIO COMENTADO Federativa do Brasil, de eficácia plena, e que não alcança
seus entes internos é:
1.(CBM-AL - Aspirante do Corpo de Bombeiros - CES-
PE - 2017) Tendo em vista que a Emenda Constitucional a) o pluralismo político.
nº 18, editada em 1998, atribui aos militares um regime b) a soberania.
constitucional próprio, distinto do regime aplicável aos c) o conjunto dos valores sociais do trabalho e da livre
demais servidores públicos, julgue o item subsequente, iniciativa.
acerca das disposições legais e doutrinárias aplicáveis d) a prevalência dos direitos humanos.
aos agentes públicos militares. e) a dignidade da pessoa humana.
A Constituição Federal de 1988 define a hierarquia e a
disciplina como bases organizacionais da polícia militar e 4. (DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL – CESPE – 2017)
do corpo de bombeiros. A respeito da evolução histórica do constitucionalismo no
Brasil, das concepções e teorias sobre a Constituição e do
( ) CERTO ( ) ERRADO sistema constitucional brasileiro, julgue o item a seguir.
A CF goza de supremacia tanto do ponto de vista mate-
Resposta: “Certo”. O artigo 42, CF/88, dispõe que “os rial quanto do formal.
membros das Polícias Militares e Corpos de Bombei-
ros Militares, instituições organizadas com base na ( ) CERTO ( ) ERRADO
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios”. No mesmo sentido, 5. (MPE-PI – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO –
disciplinam os artigos 148 e 148-A da Constituição do CESPE – 2019) De acordo com a doutrina, o documento
DIREITO CONSTITUCIONAL

Estado da Bahia. escrito estabelecido de forma solene pelo poder consti-


tuinte eleito pelo voto popular, modificável somente por
processos e formalidades especiais nele mesmo conti-
dos, e que contém o modo de existir do Estado é classifi-
cado como constituição:

a) formal.
b) material.
c) outorgada.

52
d) histórica. 12. (MPU – TÉCNICO DO MPU ADMINISTRAÇÃO –
e) flexível. CESPE – 2018) Com base nas disposições constitucio-
nais acerca de princípios, direitos e garantias fundamen-
6. (FUB – PROVA PARA CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR tais, julgue o item a seguir.
– CESPE – 2018) Acerca de classificação constitucional, Policiais têm a prerrogativa de adentrar na casa de qual-
de princípios, direitos e garantias fundamentais e de ser- quer pessoa durante o período noturno, desde que por-
vidores públicos, julgue o seguinte item. tem determinação judicial ou o morador consinta.
Por conter, de forma sucinta, normas que tratam dos
mais diversos temas de interesse da sociedade, a Cons- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tituição Federal de 1988 é classificada como sintética.
13. (MPU – TÉCNICO DO MPU ADMINISTRAÇÃO –
( ) CERTO ( ) ERRADO CESPE – 2018) Com base nas disposições constitucionais
acerca de princípios, direitos e garantias fundamentais,
7. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018) julgue o item a seguir.
Conforme disposições constitucionais a respeito da or- Os tratados internacionais sobre direitos humanos pos-
ganização da segurança pública, julgue o item a seguir. suem status de emendas constitucionais, de maneira que
O poder constituinte originário, ao tratar da seguran- a autoridade pública que a eles desobedecer estará sujei-
ça pública no ordenamento constitucional vigente, fez ta a responsabilização.
menção expressa à segurança viária, atividade exercida
para a preservação da ordem pública, da incolumidade ( ) CERTO ( ) ERRADO
das pessoas e de seu patrimônio nas vias públicas.
14. (TJ-BA – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO – CESPE
( ) CERTO ( ) ERRADO - 2019) No que se refere à liberdade de expressão, à li-
berdade de imprensa e aos seus limites, assinale a opção
8. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018) correta.
Conforme disposições constitucionais a respeito da or-
ganização da segurança pública, julgue o item a seguir. a) De acordo com o STF, o consumo de droga ilícita em
As polícias militares, os corpos de bombeiros militares passeata que reivindique a descriminalização do uso
e as polícias civis subordinam-se aos governadores dos dessa substância é assegurado pela liberdade de ex-
estados, do Distrito Federal e dos territórios. pressão.
b) A legislação pertinente determina que os comentários
( ) CERTO ( ) ERRADO de usuários da Internet nas páginas eletrônicas dos
veículos de comunicação social se sujeitem ao direito
9. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018) de resposta do ofendido.
Conforme disposições constitucionais a respeito da or- c) A publicação de informações falsas em veículos de co-
ganização da segurança pública, julgue o item a seguir. municação social não está assegurada pela liberdade
A segurança pública, exercida para preservação da or- de imprensa.
dem pública e da incolumidade das pessoas e do patri- d) A retratação ou retificação espontânea de mensagem
mônio, é responsabilidade de todos. de conteúdo ofensivo à honra ou imagem de outrem
impede eventual direito de resposta do ofendido.
( ) CERTO ( ) ERRADO e) Além do direito de resposta, a liberdade de expressão
garante o direito de acesso e exposição de ideias em
10. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DA POLÍCIA FEDE- veículos de comunicação social.
RAL – CESPE – 2018) Com relação à segurança pública
e à atuação da Polícia Federal, julgue o item seguinte. 15.(TJ-PR – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2019) Embora
Compete à Polícia Federal exercer, com exclusividade, as o direito de propriedade seja garantido constitucional-
funções de polícia judiciária da União. mente, os estados têm a prerrogativa de desapropriar
imóvel rural em razão de:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) interesse social, para fins de reforma agrária, mediante
11. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE o pagamento de indenização por títulos.
– 2019) À luz da Constituição Federal de 1988, julgue b) utilidade pública, declarada por decreto do governa-
o item que se segue, a respeito de direitos e garantias dor, mediante o pagamento de justa e prévia indeni-
DIREITO CONSTITUCIONAL

fundamentais e da defesa do Estado e das instituições zação em dinheiro.


democráticas. c) interesse social, quando constatada exploração de tra-
Em caso de iminente perigo público, autoridade pública balho escravo no local, mediante o pagamento de in-
competente poderá usar a propriedade particular, desde denização por títulos.
que assegure a consequente indenização, independen- d) utilidade pública, independentemente de lei autori-
temente da comprovação da existência de dano, que, zadora, caso o imóvel esteja localizado em município
nesse caso, é presumido. que integra o estado desapropriador.

( ) CERTO ( ) ERRADO

53
16. (PGM JOÃO PESSOA-PB – PROCURADOR DO MU- 19. (SEFAZ-RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA-
NICÍPIO – CESPE – 2018) À luz da Constituição Federal DUAL BLOCO II – CESPE – 2019) Felipe é brasileiro na-
de 1988 e da jurisprudência dos tribunais superiores, jul- turalizado e foi morar no Japão, onde se casou com Júlia,
gue os itens a seguir, a respeito dos direitos e das garan- uma mexicana. Quando Júlia estava a serviço de seu país
tias fundamentais. na Alemanha, nasceu Alberto, filho do casal, que não foi
registrado no consulado brasileiro nem no mexicano.
I - A interceptação de comunicações telefônicas, subme- Aos vinte anos de idade, Alberto veio para o Brasil, onde
tida a cláusula constitucional de reserva de jurisdição, é instaurou residência e, ato contínuo, optou pela nacio-
admitida, na forma da lei, para fins de investigação cri- nalidade brasileira.
minal e apuração de ato de improbidade administrativa. Nessa situação hipotética, no que diz respeito à nacio-
II - Não viola o direito à intimidade a requisição, pelo nalidade, a CF estabelece que Alberto:
Ministério Público, de informações bancárias de titulari-
dade de órgão e entidades públicas, a fim de proteger o a) é alemão e brasileiro, tendo obrigatoriamente dupla
patrimônio público. nacionalidade.
III - Mesmo em caso de flagrante delito, o ingresso for- b) é brasileiro naturalizado.
çado de autoridade policial em domicílio, independente- c) é brasileiro nato.
mente de autorização judicial, é condicionado à demons- d) não pode optar pela nacionalidade brasileira por não
tração de fundada suspeita de ocorrência de crime no estar residindo, sem condenação penal, há mais de
local. quinze anos ininterruptos no Brasil.
IV - A inviolabilidade domiciliar não afasta a possibilida- e) é alemão, brasileiro e mexicano, tendo obrigatoria-
de de agentes da administração tributária, no exercício mente cidadania múltipla.
da autoexecutoriedade, ingressarem em estabelecimen-
to comercial ou industrial, independentemente de con- 20. (POLÍCIA FEDERAL – PERITO CRIMINAL FEDERAL
sentimento do proprietário ou de autorização judicial. – CESPE – 2018) Com relação aos direitos e às garantias
fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988,
Estão corretos apenas os itens: julgue o item a seguir.
Ainda que, em regra, inexista distinção entre brasileiros
a) I e II. natos e naturalizados, o cargo de oficial das Forças Ar-
b) I e IV. madas só poderá ser exercido por brasileiro nato.
c) II e III.
d) I, III e IV. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) II, III e IV.
21. (MPE-PI – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO
17. (PGM JOÃO PESSOA-PB – PROCURADOR DO MU- – CESPE – 2019) De acordo com a Constituição Federal
NICÍPIO – CESPE – 2018) A reforma trabalhista aprova- de 1988, compete privativamente à União legislar sobre:
da em 2017 extinguiu a obrigatoriedade de contribuição
sindical e condicionou seu pagamento à prévia e expres- a) a defesa do solo e dos recursos naturais.
sa autorização dos filiados ao sindicato. De acordo com b) a proteção do meio ambiente e o combate à poluição.
o entendimento do STF, a referida reforma é: c) a preservação das florestas e da flora.
d) as florestas e a fauna.
a) incompatível com a CF, uma vez que fere a autonomia e) as águas e a metalurgia.
sindical.
b) incompatível com a CF, uma vez que é necessária lei 22. (SEFAZ-RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ES-
específica para a concessão de benefício fiscal. TAUDAL BLOCO II – CESPE – 2019) A respeito da or-
c) incompatível com a CF, pois, por tratar de normas ge- ganização do Estado, a União, os estados federados e o
rais de direito tributário, o assunto deveria ser regula- Distrito Federal podem legislar concorrentemente sobre:
mentado por lei complementar.
d) compatível com a CF, porque assegura a livre associa- a) direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico
ção profissional ou sindical. e urbanístico.
e) compatível com a CF, porquanto o poder público é b) ordenamento territorial, mediante planejamento e
livre para interferir no sistema de organização sindical. controle do uso, do parcelamento e da ocupação do
solo urbano.
18. (IPHAN – TÉCNICO ÁREA 1 – CESPE – 2018) Acerca c) combate às causas da pobreza e aos fatores de margi-
DIREITO CONSTITUCIONAL

de direitos humanos, direitos de minorias e movimentos nalização, promovendo a integração social dos seto-
sociais urbanos, julgue o item seguinte. res desfavorecidos.
A Constituição Federal de 1988, por possuir expressivo d) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
conjunto de normas diretamente relacionado aos direi- agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
tos sociais, preserva os direitos fundamentais das mino- e) política de crédito, câmbio, seguros e transferência
rias, como, por exemplo, o direito à terra dos povos indí- de valores.
genas e das comunidades quilombolas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

54
23. (TJ-BA – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO – CESPE 25. (SEFAZ-RS – TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA RECEITA
– 2019) A lei estadual X estabeleceu a obrigatoriedade ESTADUAL – CESPE – 2018) A União e o estado do Rio
da realização de adaptações nos veículos de transpor- Grande do Sul poderão legislar concorrentemente sobre:
te coletivo intermunicipal de propriedade das empresas
concessionárias do serviço, com a finalidade de facilitar a) direito marítimo.
o acesso de pessoas com deficiência física ou com difi- b) direito econômico.
culdades de locomoção. c) trânsito.
Conforme as disposições do texto constitucional, a legis- d) sorteios.
lação, a doutrina e a jurisprudência do STF, a lei estadual e) informática.
X é:
26. (SEFAZ-RS – TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA RECEITA
a) inconstitucional por ofensa à competência privativa ESTADUAL – CESPE – 2018) No que tange a bens públi-
da União para legislar sobre trânsito e transporte. cos, assinale a opção correta.
b) inconstitucional por ofensa à competência concorren-
te dos entes federados, ainda que inexistente lei geral a) As terras devolutas pertencem à União, que poderá
nacional. cedê-las aos estados e municípios para fins de gestão
c) inconstitucional por ofensa à livre iniciativa e ao cará- ou afetação pública.
ter competitivo das licitações públicas para a área de b) Ilhas costeiras são de propriedade da União, salvo
transportes. aquelas que contêm sede de município.
d) constitucional, pois está compatível com a CF e com c) Os bens públicos dominicais podem ser alienados, nos
a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pes- termos da lei, bem como estão sujeitos a usucapião.
soas com Deficiência, incorporada ao direito nacional d) As ilhas lacustres estaduais, enquanto terras tradicio-
como norma de caráter supralegal. nalmente ocupadas por indígenas, são de proprieda-
e) constitucional, pois está compatível com a CF e com de dos estados.
a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pes- e) As ilhas que consistam em terras tradicionalmente
soas com Deficiência, incorporada ao direito nacional ocupadas por indígenas são de propriedade da comu-
como norma constitucional. nidade indígena.

24. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA- 27. (SEFAZ-RS – AUDITOR DO ESTADO BLOCO II –
ZENDÁRIO – CESPE – 2018) Um município de determi- CESPE – 2018) Emenda à Constituição de determinado
nado estado da Federação apresentava graves dificulda- estado da Federação que extinga os tribunais de contas
des com transportes, o que resultava em problemas no dos municípios desse ente federado será:
cotidiano da população, especialmente pela dificuldade
de entrega de documentos e encomendas via postal. a) inconstitucional, porque a CF proíbe expressamente
Atenta a essa demanda, a assembleia legislativa muni- tanto a criação quanto a supressão desses órgãos, se
cipal editou lei para regulamentar o serviço postal no existentes.
município, considerando as especificidades locais da co- b) inconstitucional, porque a extinção por norma esta-
munidade, em nome do interesse público, e buscando dual atenta contra o pacto federativo.
atender adequadamente à população. c) constitucional, porque a CF não proíbe a extinção de
Conforme os dispositivos constitucionais referentes à tribunais de contas dos municípios.
organização do Estado, a lei editada pela assembleia le- d) constitucional, uma vez que não haverá prejuízo ao
gislativa desse município é controle externo, pois o Tribunal de Contas da União
assumirá suas funções.
a) inconstitucional, porque é da União a competência e) inconstitucional, porque, em decorrência do princípio
privativa para legislar sobre serviço postal. do controle fiscalizatório, financeiro e patrimonial, é
b) constitucional, porque a assembleia legislativa mu- proibida a extinção de tribunais de contas dos muni-
nicipal detém autonomia e legitimidade para legislar cípios.
privativamente sobre demandas específicas locais.
c) inconstitucional, porque é do respectivo estado a 28. (TC-PE – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO AU-
competência privativa para legislar sobre serviço pos- DITORIA DE CONTAS PÚBLICAS – CESPE – 2017) Con-
tal em seus municípios. siderando as disposições constitucionais e as normas
d) constitucional, porque a assembleia legislativa muni- gerais relativas ao direito financeiro, bem como os prin-
cipal detém legitimidade para legislar concorrente- cípios orçamentários, julgue o item a seguir.
DIREITO CONSTITUCIONAL

mente com a União e com o respectivo estado sobre Ao consagrar o modelo do federalismo dual, a CF, no que
serviço postal. tange à distribuição de recursos orçamentários, assegu-
e) constitucional, porque a assembleia legislativa mu- rou maior grau de separação entre o poder central e as
nicipal detém competência comum com os demais unidades federadas.
entes da Federação para legislar sobre serviço postal.
( ) CERTO ( ) ERRADO

55
29. (PGM JOÃO PESSOA-PB – PROCURADOR DO MU- 33. (FUB – PROVA PARA CARGOS DE NÍVEL SUPE-
NICÍPIO – CESPE – 2018) Determinado município dei- RIOR – CESPE – 2018) Acerca de classificação constitu-
xou de pagar, por vários anos consecutivos e sem motivo cional, de princípios, direitos e garantias fundamentais e
de força maior, sua dívida fundada. Com relação a essa de servidores públicos, julgue o seguinte item.
situação hipotética, assinale a opção correta. Situação hipotética: Meire, servidora pública de sessenta
anos de idade, vinculada a regime próprio de previdên-
a) A CF não prevê intervenção motivada por inadimplên- cia, cumpriu quinze anos de efetivo exercício no serviço
cia de dívida fundada nos entes municipais. público, tendo, nos últimos cinco anos, trabalhado no
b) O governador do respectivo estado-membro poderá cargo efetivo em que pretende requerer aposentadoria.
decretar intervenção no município, após o prévio pro- Assertiva: Nesse caso, Meire poderá aposentar-se volun-
vimento de ação interventiva pelo tribunal de justiça tariamente com proventos integrais em razão da idade.
local.
c) O governador do respectivo estado-membro poderá ( ) CERTO ( ) ERRADO
decretar intervenção no município, submetendo, no
prazo de vinte e quatro horas, o respectivo decreto 34. (SEFAZ-RS – TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA RECEITA
interventivo à apreciação da assembleia legislativa es- ESTADUAL – CESPE – 2018) Com relação a agentes pú-
tadual. blicos, assinale a opção correta, considerando as disposi-
d) O governador do respectivo estado-membro ou o ções da Constituição Federal de 1988 (CF).
presidente da República poderá decretar intervenção
no município. a) Pessoa indevidamente investida em cargo público
e) O governador do respectivo estado-membro poderá deve ser exonerada e obrigada a devolver os recursos
decretar intervenção no município, por tempo inde- que tiver recebido em razão do desempenho irregular
terminado, até cessarem os motivos da intervenção. da função.
b) O teto remuneratório previsto na CF aplica-se a agen-
30. (MPE-PI – TÉCNICO MINISTERIAL ÁREA ADMINIS- tes públicos das sociedades de economia mista que
TRATIVA – CESPE – 2018) Julgue o item a seguir, relativo recebam recursos do Estado para pagamento de des-
à organização administrativa do Estado e aos poderes da pesas de pessoal ou de custeio em geral.
República Federativa do Brasil. c) Nos casos em que a CF permite a cumulação de cargos,
É competência exclusiva do Poder Executivo a suspensão empregos e funções públicas, o teto remuneratório é
de intervenção federal, mediante decreto do presidente considerado em relação ao somatório das remunera-
da República. ções acumuladas.
d) A CF permite, em regra, a vinculação ou equiparação
( ) CERTO ( ) ERRADO de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público.
31. (FUB – PROVA PARA CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR e) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
– CESPE – 2018) De acordo com a Declaração Universal Poder Judiciário poderão ser superiores aos pagos
dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988, pelo Poder Executivo.
ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
o devido processo legal. 35. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
Acerca da aplicação dessa garantia constitucional, bem CESPE – 2018) Determinada prefeitura decidiu realizar
como do contraditório e da ampla defesa, julgue o item um concurso público para o provimento de vagas para o
a seguir. cargo de professor da rede municipal de ensino, com a
Servidor público estável poderá perder o cargo mediante finalidade de atenuar os prejuízos decorrentes da grande
processo administrativo disciplinar, no qual lhe devem rotatividade dos professores municipais. O edital, que foi
ser assegurados o contraditório e a ampla defesa. publicado no Diário Oficial, indicava a validade do certa-
me pelo período de cinco anos.
( ) CERTO ( ) ERRADO Nesse caso, o edital do concurso:

32. (FUB – PROVA PARA CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR a) obedece à CF, porque os princípios da publicidade e
– CESPE – 2018) Acerca de percepção simultânea, por da eficiência foram atendidos.
servidor público, de proventos da aposentadoria e da b) viola a CF, pois o prazo máximo de validade do certa-
remuneração de outro cargo público, julgue o seguinte me deveria ser de três anos, prorrogável pelo mesmo
item. período.
DIREITO CONSTITUCIONAL

É permitida a percepção simultânea de proventos de c) viola a CF, pois o prazo máximo de validade do concur-
aposentadoria e de remuneração de cargo em comissão. so deveria ser de dois anos, prorrogável pelo mesmo
período.
( ) CERTO ( ) ERRADO d) obedece à CF, pois é de competência municipal a de-
finição dos aspectos de concurso público municipal.
e) viola a CF, pois o prazo máximo de validade do certa-
me deveria equivaler ao tempo de mandato do prefei-
to, ou seja, quatro anos.

56
36. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
CESPE – 2018) Com relação aos vencimentos dos servi-
dores públicos, a administração: GABARITO

a) não deverá observar limite nenhum, por inexistir pre- 1 C


visão constitucional nesse sentido.
b) não deverá observar limite nenhum, cabendo a cada 2 B
um dos Poderes da União estabelecer o próprio teto 3 B
de vencimentos.
4 Certo
c) deverá respeitar um limite: os vencimentos dos servi-
dores não podem ser superiores aos pagos pelo Po- 5 A
der Executivo. 6 Errado
d) deverá respeitar um limite: os vencimentos dos servi-
dores não podem ser superiores aos pagos pelo Po- 7 Errado
der Legislativo. 8 Certo
e) deverá respeitar um limite: os vencimentos dos servi- 9 Certo
dores não podem ser superiores aos pagos pelo Po-
der Judiciário. 10 Certo
11 Errado
12 Errado
13 Errado
14 C
15 B
16 C
17 D
18 Certo
19 C
20 Certo
21 E
22 A
23 E
24 A
25 B
26 B
27 C
28 Errado
29 C
30 Errado
31 Certo
32 Certo
33 Errado
34 B
35 C
36 C
DIREITO CONSTITUCIONAL

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ANOTAÇÕES

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ÍNDICE

DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração pública: conceito e princípios 01


Poderes administrativos. 03
Atos administrativos: conceito, atributos, requisitos, classificação, extinção. 10
Organização administrativa: órgãos públicos (conceito e classificação), entidades administrativas (conceito 17
e espécies),
Agentes públicos (espécies) 28
Lei estadual nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001 (Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia) 33
Lei estadual nº 13.202, de 09 de dezembro de 2014 (Institui a Organização Básica do Corpo de Bombeiros 68
Militar da Bahia).
Lei estadual nº 12.929, de 27 de dezembro de 2013 (Dispõe sobre a Segurança Contra Incêndio e Pânico 77
nas edificações e áreas de risco no Estado da Bahia, cria o Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros Militar
da Bahia (FUNEBOM) que altera a Lei estadual nº 6.896, de 28 de julho de 1995, e dá outras providências.
Decreto estadual nº 16.302, de 27 de agosto de 2015 (Regulamenta a Lei estadual nº 12.929, de 27 de 84
dezembro de 2013, que dispõe sobre a Segurança contra Incêndio e Pânico e dá outras providências).
dida em que proíbe que a Administração Pública
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITO E pratique atos abusivos. Ao contrário dos particu-
PRINCÍPIOS lares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não
proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe
é expressamente autorizado por lei.
2) Impessoalidade: a atividade da Administração Pú-
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚ- blica deve ser imparcial, de modo que é vedado
BLICA haver qualquer forma de tratamento diferenciado
entre os administrados. Há uma forte relação entre
Os princípios que regem a atividade da Administra-
a impessoalidade e a finalidade pública, pois quem
ção Pública são vastos, podendo estar explícitos em nor-
age por interesse próprio não condiz com a finali-
ma positivada, ou até mesmo implícitos, porém denota-
dade do interesse público.
dos segundo a interpretação das normas jurídicas. Temos
3) Moralidade: a Administração impõe a seus agen-
princípios gerais de Direito Administrativo, os princípios
tes o dever de zelar por uma “boa-administração”,
constitucionais, e os princípios infraconstitucionais.
buscando atuar com base nos valores da moral co-
mum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade.
1. Princípios Gerais da Administração Pública
A moralidade não é somente um princípio, mas
também requisito de validade dos atos adminis-
Os princípios gerais de Direito Administrativo, são os
trativos.
princípios basilares desse ramo jurídico, sendo aplicáveis
4) Publicidade: a publicação dos atos da Administra-
ante o fato da Administração Pública ser considerada
ção promove maior transparência e garante eficá-
pessoa jurídica de direito público.
cia erga omnes. Além disso, também diz respeito
O princípio da supremacia do interesse público é
ao direito fundamental que toda pessoa tem de
o princípio que dá os poderes e prerrogativas à Adminis-
obter acesso a informações de seu interesse pe-
tração Pública. A supremacia do interesse público sobre
los órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse
o privado é um aspecto fundamental para o exercício da
direito ponha em risco a vida dos particulares ou
função administrativa. Podemos citar como exemplo a
o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a
desapropriação de um imóvel pertencente a um parti-
vida íntima dos envolvidos.
cular: o particular pode ter interesse em não ter seu bem
5) Eficiência: implementado pela reforma adminis-
desapropriado, ou achar o valor da indenização injusto,
trativa promovida pela Emenda Constitucional nº
mas ele não pode ter interesse em extinguir o instituto
19 de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da Ad-
da expropriação administrativa. Trata-se de um instituto
ministração de alcançar os seus resultados de uma
que deve existir, independentemente da sua vontade.
forma célere, promovendo melhor produtividade
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com
e rendimento, evitando gastos desnecessários no
certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso
exercício de suas funções. A eficiência fez com que
que ao Estado também lhe incumbe uma série de de-
a Administração brasileira adquirisse caráter ge-
veres, fundadas pelo princípio da indisponibilidade do
rencial, tendo maior preocupação na execução de
interesse público. Tal princípio pressupõe que o Poder
serviços com perfeição ao invés de se preocupar
Público não é dono do interesse público, ele deve manu-
com procedimentos e outras burocracias. A ado-
seá-lo segundo o que a norma lhe impõe. É por isso que
ção da eficiência, todavia, não permite à Adminis-
ele não pode se desfazer de patrimônio público, contra-
tração agir fora da lei, não se sobrepõe ao princípio
tar quem ele quiser, realizar gastos sem prestar contas
da legalidade.
a seu superior, etc. Tais atos configuram em desvio de
finalidade, uma vez que o objetivo principal deles não é
de interesse público, mas apenas do próprio agente, ou FIQUE ATENTO!
de algum terceiro beneficiário. Lembre-se da palavra “limpe”, para melhor
memorizar os princípios constitucionais:
2. Princípios Constitucionais da Administração Pú- Legalidade
blica Impessoalidade
Moralidade
São os princípios previstos no Texto Constitucional, Publicidade
mais especificamente no caput do artigo. 37. Segundo Eficiência
o referido dispositivo: “A administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
DIREITO ADMINISTRATIVO

do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin-


3. Princípios Infraconstitucionais
cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publi-
cidade e eficiência e, também, ao seguinte:”. Assim, es-
Os princípios administrativos não se esgotam no âm-
quematicamente, temos os princípios constitucionais da:
bito constitucional. Existem outros princípios cuja previ-
1) Legalidade: fruto da própria noção de Estado de
são não está disposta na Carta Magna, e sim na legisla-
Direito, as atividades do gestor público estão sub-
ção infraconstitucional. É o caso do disposto no caput do
missas a forma da lei. A legalidade promove maior
artigo 2º da Lei nº 9.784/1999: “A Administração Pública
segurança jurídica para os administrados, na me-
obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,

1
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, Exemplo: na hipótese de alguém sofrer uma multa por
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurí- ultrapassar limite de velocidade, a infração é o motivo
dica, interesse público e eficiência”. (ultrapassagem do limite máximo de velocidade); já o do-
cumento de notificação da multa é a motivação. A multa
3.1 Princípio da Autotutela seria, então, o ato administrativo em questão.
Quanto ao momento correto para sua apresentação,
A autotutela diz respeito ao controle interno que a entende-se que a motivação pode ocorrer simultanea-
Administração Pública exerce sobre os seus próprios mente, ou em um instante posterior a prática do ato (em
atos. Isso significa que, havendo algum ato administra- respeito ao princípio da eficiência). A motivação intem-
tivo ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao in- pestiva, isso é, aquela dada em um momento demasia-
teresse público, não é necessária a intervenção judicial damente posterior, é causa de nulidade do ato adminis-
para que a própria Administração anule ou revogue esses trativo.
atos.
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder Judi- 3.3 Princípio da Finalidade
ciário, quis o legislador que a Administração possa, dessa
forma, promover maior celeridade na recomposição da Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, da
ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir maior Lei nº 9.784/1999. “Nos processos administrativos serão
proteção ao interesse público contra os atos inconve- observados, entre outros, os critérios de: II - atendimen-
nientes. to a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou
Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: parcial de poderes ou competências, salvo autorização
“A Administração deve anular seus próprios atos, quan- em lei”.
do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os primazia do interesse público. O primeiro impõe que o
direitos adquiridos”. A distinção feita pelo legislador é Administrador sempre aja em prol de uma finalidade
bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do específica, prevista em lei. Já o princípio da supremacia
ato anulatório, e a discricionariedade do ato revogatório. do interesse público diz respeito à sobreposição do inte-
A Administração pode revogar os atos inconvenientes, resse da coletividade em relação ao interesse privado. A
finalidade disposta em lei pode, por exemplo, ser justa-
mas tem o dever de anular os atos ilegais.
mente a proteção ao interesse público.
A autotutela também tem previsão em duas súmulas
Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo ato,
do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A Admi-
além de ser devidamente motivado, possui um fim espe-
nistração Pública pode declarar a nulidade de seus pró-
cífico, com a devida previsão legal. O desvio de finalida-
prios atos”; e a Súmula nº 473: “A administração pode
de, ou desvio de poder, são defeitos que tornam nulo o
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
ato praticado pelo Poder Público.
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos;
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportu- 3.4 Princípio da Razoabilidade
nidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial”. Agir com razoabilidade é decorrência da própria no-
ção de competência. Todo poder tem suas correspon-
3.2 Princípio da Motivação dentes limitações. O Estado deve realizar suas funções
com coerência, equilíbrio e bom senso. Não basta apenas
Também pode constar em algumas questões como atender à finalidade prevista na lei, mas é de igual impor-
“princípio da obrigatória motivação”. Trata-se de uma tância o como ela será atingida. É uma decorrência lógica
técnica de controle dos atos administrativos, o qual im- do princípio da legalidade.
põe à Administração o dever de indicar os pressupostos Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracio-
de fato e de direito que justificam a prática daquele ato. nais e incoerentes, são incompatíveis com o interesse
A fundamentação da prática dos atos administrativos público, podendo ser anulados pelo Poder Judiciário ou
será sempre por escrito. Possui previsão no art. 50 da pela própria entidade administrativa que praticou tal
Lei nº 9.784/1999: “Os atos administrativos deverão ser medida. Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos dela) é mais aparente quando tenta coibir o excesso pelo
jurídicos, quando (...)”; e também no art. 2º, par. único, exercício do poder disciplinar ou poder de polícia. Poder
VII, da mesma Lei: “Nos processos administrativos serão disciplinar traduz-se na prática de atos de controle exer-
observados, entre outros, os critérios de: VII - indicação cidos contra seus próprios agentes, isso é, de destinação
dos pressupostos de fato e de direito que determinarem interna. Poder de polícia é o conjunto de atos praticados
DIREITO ADMINISTRATIVO

a decisão”. A motivação é uma decorrência natural do pelo Estado que tem por escopo limitar e condicionar o
princípio da legalidade, pois a prática de um ato adminis- exercício de direitos individuais e o direito à propriedade
trativo fundamentado, mas que não esteja previsto em privada.
lei, seria algo ilógico.
Convém estabelecer a diferença entre motivo e mo- 3.5 Princípio da Proporcionalidade
tivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da medida
administrativa, portanto, antecede o ato administrativo. O princípio da proporcionalidade tem similitudes
A motivação, por sua vez, é o fundamento escrito, de fato com o princípio da razoabilidade. Há muitos autores,
ou de direito, que justifica a prática da referida medida. inclusive, que preferem unir os dois princípios em uma

2
nomenclatura só. De fato, a Administração Pública deve 2. (ALESE – ANALISTA LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO
atentar-se a exageros no exercício de suas funções. A – FCC – 2018) A Administração pública possui algumas
proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade volta- prerrogativas inerentes às suas funções, que lhe
do a controlar a justa medida na prática de atos admi- permitem agir, em alguns casos, de modo a sobrepor
nistrativos. Busca evitar extremos, exageros, pois podem a vontade dos particulares, em prol do atendimento do
ferir o interesse público. interesse público. Nesse sentido, considera-se exemplo
Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999, dessa prerrogativa o poder de:
deve o Administrador agir com “adequação entre meios
e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e a) revogar licitações, por razões de conveniência e opor-
sanções em medida superior àquelas estritamente ne- tunidade e para atendimento do interesse público,
cessárias ao atendimento do interesse público”. Na práti- sempre que se identificar ilegalidades nos procedi-
ca, a proporcionalidade também encontra sua aplicação mentos.
no exercício do poder disciplinar e do poder de polícia. b) limitar o direito de particulares, discricionariamente,
Esses não são os únicos princípios que regem as rela- sempre que a situação de fato demonstrar essa neces-
ções da Administração Pública. Porém, escolhemos trazer sidade, independentemente de previsão legal.
com mais detalhes os princípios que julgamos ser mais c) alterar unilateralmente os contratos administrativos,
característicos da Administração. Isso não quer dizer que por motivos de interesse público, mantido o equilíbrio
outros princípios não possam ser estudados ou aplica- econômico-financeiro do contrato.
dos a esse ramo jurídico. A Administração também deve d) editar decretos autônomos para disciplinar matérias
atender aos princípios da responsabilidade, ao princípio em tese, com efeitos gerais e abstratos, diante de la-
da segurança jurídica, ao princípio do contraditório e cunas legais.
ampla defesa, ao princípio da isonomia, entre outros. e) criar pessoas jurídicas como forma de desconcentra-
ção das atividades da Administração pública.

Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ve-


EXERCÍCIOS COMENTADOS rificada algum vício de ilegalidade em qualquer ato
administrativo, a medida adequada é a anulação, não
1. (PREFEITURA DE CARUARU-PE – PROCURADOR DO a revogação. A letra B está incorreta, pois a atuação
MUNICÍPIO – FCC – 2018) Em relação aos princípios que da Administração Pública é sempre subordinada ao
regem a atuação da Administração Pública, é correto comando legal, uma vez que vigora, na atuação dos
afirmar que: agentes públicos, o princípio da legalidade. A letra D
está incorreta pois descreve uma hipótese de compe-
a) em relação ao princípio da legalidade, a Administração tência privativa do Chefe do Poder Executivo. A letra
Pública não é obrigada a fazer ou deixar de fazer algu- E está incorreta, pois a criação de pessoas jurídicas
ma coisa senão em virtude de lei. diversas é característica do fenômeno da descentra-
b) o princípio da eficiência impõe ao agente público um lização.
modo de atuar que produza resultados favoráveis à
consecução dos fins a serem alcançados pelo Estado.
c) o princípio da eficiência, dada a sua natureza finalística,
PODERES ADMINISTRATIVOS
é prevalente em face do princípio da legalidade.
d) são aplicáveis à Administração Pública exclusivamente
aqueles princípios mencionados no caput do art. 37
da Constituição da República Federativa do Brasil, que O Estado possui papel central de disciplinar a socie-
são o da legalidade, da impessoalidade, da moralida- dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes
de, da publicidade e da eficiência. que exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições,
e) o princípio da publicidade decorre do direito dos ad- são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis
ministrados em ter acesso a informações de interesse à consecução dos fins públicos, que são os poderes ad-
particular ou coletivo e, por essa razão, não admite a ministrativos. Em contrapartida, surgirão deveres espe-
existência de informações públicas sigilosas. cíficos, que são deveres administrativos.
Os poderes conferidos à administração surgem como
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois pelo instrumentos para a preservação dos interesses da co-
princípio da legalidade, a Administração Pública é letividade. Caso a administração se utilize destes pode-
obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sem- res para fins diversos de preservação dos interesses da
DIREITO ADMINISTRATIVO

pre em virtude de lei. A letra C está incorreta, pois o sociedade, estará cometendo abuso de poder, ou seja,
princípio da eficiência não pode, jamais, se sobrepor incidindo em ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário
à legalidade. A letra D está incorreta, pois à Admi- poderá efetuar controle dos atos administrativos que im-
nistração Pública são aplicados diversos princípios, e pliquem em excesso ou abuso de poder.
não apenas aqueles contidos no caput do artigo 37 da Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser
CF/1988. A letra E está incorreta, pois as informações colocados como prerrogativas de direito público conferi-
sigilosas devem ser resguardadas, e constituem em das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Es-
uma exceção ao princípio da publicidade. tado alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapar-
tida a estes poderes, surgem deveres ao administrador.

3
“O poder administrativo representa uma prerrogativa Forma discricionária
especial de direito público outorgada aos agentes do Es-
tado. Cada um desses terá a seu cargo a execução de cer- Existem situações em que o próprio agente tem a
tas funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, quando o
aos agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercí- exercício do poder se manifesta na forma discricionária o
cio é voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, administrador não está diante de situações que compor-
dentro dos limites que a lei traçou, pode dizer-se que tam solução única. Possui, assim, um espaço para exercer
usaram normalmente os seus poderes. Uso do poder, um juízo de valores de conveniência e oportunidade.
portanto, é a utilização normal, pelos agentes públicos, A discricionariedade pode ser exercida tanto quando
das prerrogativas que a lei lhes confere”1. o ato é praticado quanto, num momento futuro, na cir-
Neste sentido, “os poderes administrativos são outor- cunstância de sua revogação.
gados aos agentes do Poder Público para lhes permitir Uma das principais limitações à discricionariedade é
atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo a adequação, correspondente à adequação da conduta
assim, deles emanam duas ordens de consequência: escolhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O se-
gundo limite é o da verificação dos motivos3. Neste sen-
1ª) são eles irrenunciáveis; e tido, discricionariedade não pode se confundir com arbi-
2ª) devem ser obrigatoriamente exercidos pelos trariedade – a última é uma conduta ilegítima e quanto
titulares. a ela caberá controle de legalidade perante o Poder Ju-
diciário.
Desse modo, as prerrogativas públicas, ao mesmo “O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extre-
tempo em que constituem poderes para o administrador mo de admitir que o juiz se substituta ao administrador.
público, impõem-lhe o seu exercício e lhe vedam a inér- Vale dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei
cia, porque o reflexo desta atinge, em última instância, a reservou aos agentes da Administração, perquirindo os
coletividade, esta a real destinatária de tais poderes. Esse critérios de conveniência e oportunidade que lhe inspi-
aspecto dúplice do poder administrativo é que se deno- raram a conduta. A razão é simples: se o juiz se atém
mina de poder-dever de agir”2. Percebe-se que, diferen- ao exame da legalidade dos atos, não poderá questio-
temente dos particulares aos quais, quando conferido nar critérios que a própria lei defere ao administrador.
um poder, podem optar por exercê-lo ou não, a Admi- [...] Modernamente, os doutrinadores têm considerado
nistração não tem faculdade de agir, afinal, sua atuação os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
se dá dentro de objetos de interesse público. Logo, a como valores que podem ensejar o controle da discri-
abstenção não pode ser aceita, o que transforma o po- cionariedade, enfrentando situações que, embora com
der de agir também num dever de fazê-lo: daí se afirmar aparência de legalidade, retratam verdadeiro abuso de
um poder-dever. Com efeito, o agente omisso poderá ser poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de controle
responsabilizado. reflete ofensa ao princípio republicano da separação dos
Os poderes da Administração se dividem em: vincu- poderes”4.
lado, discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamentar Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe
e de polícia. o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui,
mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de-
Formas de exercício; uso e abuso do poder monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada
pelo administrador. Basicamente, não é porque o ad-
Forma vinculada ministrador tem liberdade para decidir de outra forma
que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça,
Quando o poder se manifesta numa forma vinculada incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os
não há qualquer liberdade quanto à atividade que deva parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal,
ser praticada, cabendo ao administrador se sujeitar por não obstante a discricionariedade seja uma prerrogativa
completo ao mandamento da lei. Nos atos vinculados, da administração, o seu maior objetivo é o atendimento
o agente apenas reproduz os elementos da lei. Afinal, o aos interesses da coletividade.
administrador se encontra diante de situações que com-
portam solução única anteriormente prevista por lei. Por-
tanto, não há espaço para que o administrador faça um #FicaDica
juízo discricionário, de conveniência e oportunidade. Ele Conveniência = condições em que irá agir
é obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a lei Oportunidade = momento em que irá agir
assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória Discricionariedade = oportunidade + conveni-
DIREITO ADMINISTRATIVO

por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença ência


para prestar serviço militar obrigatório.

1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

4
Uso do poder e deveres da administração dever, que é irrenunciável e obrigatório. Ao ad-
ministrador é vedada a inércia. Logo, poderá ser
Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização responsabilizado por omissão ou silêncio, abrindo
normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a possibilidade de obter o ato não realizado: pela via
lei lhes confere”5. Significa que se um agente toma suas extrajudicial, notadamente ao exercer o direito de
atitudes dentro dos limites dos poderes administrativos, petição; ou por via judicial, por intermédio de man-
está agindo conforme a lei. Um dos principais guias para dado de segurança, quando ferir direito líquido e
determinar se a ação está ou não em conformidade é o certo do interessado comprovado de plano, ou por
dos deveres administrativos. ação de obrigação de fazer.
Assim, além de poderes, os agentes administrativos,
obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições
que exercem. Dentre os principais, podem ser citados os FIQUE ATENTO!
seguintes, conforme aponta doutrina a respeito do as- Nem toda omissão do poder público é ilegal.
sunto: As denominadas omissões genéricas, que
- Dever de probidade: trata-se de um dos deveres envolvem prerrogativas de ação do adminis-
mais relevantes, correspondendo à obrigação do trador de caráter geral e sem prazo determi-
agente público de agir de forma honesta e reta, nado para atendimento, inseridas em seu po-
respeitando a moralidade administrativa e o inte- der discricionário, não autorizam a alegação
resse público. A violação deste dever caracteriza de ilegalidade por violação do poder-dever
ato de improbidade, punível, conforme artigo 37, de agir. Insere-se aqui a denominada reserva
§4º, CF e Lei nº 8.429/92, que se sujeita a diversas do possível – por óbvio sempre existirão al-
penas, como suspensão de direitos políticos, perda gumas omissões tendo em vista a escassez de
da função pública, proibição de contratar com o recursos financeiros. Ex.: deixar de reformar a
poder público, multa, além de restituição ao erário entrada de um edifício, não construir um esta-
por enriquecimento ilícito e/ou reparação de da- belecimento de ensino. São ilegais, com efeito,
nos causados ao erário. as omissões específicas, que são omissões
- Dever de prestar contas: como o que é gerido pelo do poder público mesmo diante de imposição
administrador não lhe pertence, é seu dever pres- expressa legal e prazo fixado em lei para aten-
tar contas do que realizou à coletividade, isto é, in- dimento. Nestas situações, caberá até mesmo
formar em detalhes qual o destino dado às verbas responsabilização civil, penal ou administrativa
e aos bens sob sua gestão. Este dever abrange não do agente omisso.
só aqueles que são agentes públicos, mas a todos
que tenham sob sua responsabilidade dinheiros,
bens ou interesses públicos, independentemente Abuso de poder
de serem ou não administradores públicos.
Havendo poderes, naturalmente será possível o abu-
“A prestação de contas de administradores pode ser so deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por
realizada internamente através dos órgãos escalonados parte dos administradores das prerrogativas a eles con-
em graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o feridas no âmbito dos poderes da administração, por vio-
controle de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser lação expressa ou tácita da lei.
ele o órgão de representação popular. No Legislativo se “A conduta abusiva dos administradores pode decor-
situa, organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de
especialização, auxilia o Congresso Nacional na verifica- sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua
ção de contas dos administradores”6. competência, afasta-se do interesse público que deve
- Dever de eficiência: a atividade administrativa deve nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro
ser célere e técnica, mesclando qualidade e quan- caso, diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’
tidade. Para tanto, é necessário atribuir competên- e no segundo, com ‘desvio de poder’”7. Basicamente,
cias aos cargos conforme a qualificação exigida havendo abuso de poder é possível que se caracterize
para ocupá-los; bem como desempenhar ativida- excesso de poder ou desvio de poder. No excesso de
des com perfeição, coordenação, celeridade e téc- poder, o agente nem teria competência para agir na-
nica. Não significa que perfeccionismo em excesso quela questão e o faz. No abuso de poder, o agente
seja valorizado, pois ele afeta o elemento quantita- possui competência para agir naquela questão, mas
tivo do serviço, que também é essencial para que não o faz em respeito ao interesse público, ou seja,
DIREITO ADMINISTRATIVO

ele seja eficiente. desvirtua-se do fim que deveria atingir o seu ato, por
- Dever de agir: o administrador possui um poder- isso o desvio de poder também é denominado desvio
-dever de agir. Não se trata de mero poder, por- de finalidade. A conduta abusiva é passível de controle,
que priorizam atender ao interesse da coletividade inclusive judicial.
e, em razão disso, o poder de agir é também um “Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de
poder se configura como ilegalidade. Não se pode con-
5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- ceber que a conduta de um agente, fora dos limites de
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

5
sua competência ou despida da finalidade da lei, pos- Resposta: Certo. O abuso de poder pode acontecer
sa compatibilizar-se com a legalidade. É certo que nem tanto por ação quanto por omissão. A omissão pode
toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo se caracterizar por inércia da administração ou recusa
abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à injustificada.
revisão administrativa ou judicial”8.
Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
trador, mas também estabelece deveres. PODER REGULAMENTAR

Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder con-


#FicaDica ferido à administração de elaborar decretos e regu-
Excesso De Poder = Incompetência / Além Do lamentos. Percebe-se que o Poder Executivo, nestas si-
Permitido Na Legislação tuações, exerce força normativa, expedindo normas que
Abuso De Poder = Competência = Desvio De se revestem, como qualquer outra, de abstração e gene-
Finalidade / Motivos Diversos Dos Legalmente ralidade.
Previstos Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sem-
pre possibilita que elas sejam executadas. A aplicação
prática fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar de-
cretos e regulamentos com capacidade de dar execução
às leis editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prer-
EXERCÍCIOS COMENTADOS rogativa complementar à lei, não podendo em hipótese
alguma o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto,
poderá o Executivo criar obrigações subsidiárias, que se
1. (STJ - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS: 10 impõem ao administrado ao lado das obrigações primá-
E 12 - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativos aos rias fixadas na própria lei.
poderes da administração pública. Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá
O desvio de poder ocorre quando o ato é realizado por ao Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da
agente público sem competência para a sua prática. competência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V -
sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-
( ) CERTO ( ) ERRADO tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa”.
Resposta: Errado. O excesso de poder ocorre quando Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos
o ato é realizado por agente público sem competência quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos de
para a sua prática, não o desvio de poder. natureza originária ou primária) ou de execução (atos
de natureza derivada ou secundária), embora a essência
2. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI- do poder regulamentar seja composta pelos decretos e
VA - CESPE/2018) No que se refere aos poderes admi- regulamentos de execução. O regulamento autônomo
nistrativos, julgue o item que se segue. pode ser editado independentemente da existência de lei
Não configurará excesso de poder a atuação do servidor anterior, se encontrando no mesmo patamar hierárquico
público fora da competência legalmente estabelecida que a lei – por isso, é passível de controle de constitucio-
quando houver relevante interesse social. nalidade. Os regulamentos de execução dependem da
existência de lei anterior para que possam ser editados
( ) CERTO ( ) ERRADO e devem obedecer aos seus limites, sob pena de ilegali-
dade – deste modo, se sujeitam a controle de legalidade.
Resposta: Errado. Caracteriza-se excesso de poder jus- Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativa-
tamente quando o servidor atua fora dos limites da lei mente ao Presidente da República expedir decretos e re-
e ingressa na esfera de competência de outrem, inde- gulamentos para a fiel execução da lei, atividade que não
pendentemente de justificativa com base em interesse pode ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em
social. que pese o teor do dispositivo que poderia dar a enten-
der que a existência de decretos autônomos é impedida,
3. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI- o próprio STF já reconheceu decretos autônomos como
VA - CESPE/2018) No que se refere aos poderes admi- válidos em situações excepcionais. Carvalho Filho9, a res-
nistrativos, julgue o item que se segue. peito, afirma que somente são decretos e regulamen-
DIREITO ADMINISTRATIVO

O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma comissiva tos que tipicamente caracterizam o poder regulamentar
quanto na omissiva, uma vez que, em ambas as hipóte- aqueles que são de natureza derivada – o autor admite
ses, é possível afrontar a lei e causar lesão a direito indi- que existem decretos e regulamentos autônomos, mas
vidual do administrado. diz que não são atos do poder regulamentar.
A classificação dos decretos e regulamentos em au-
( ) CERTO ( ) ERRADO tônomos e de execução é bastante relevante para fins de
controle judicial. Em se tratando de decreto de execu-
8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

6
ção, o parâmetro de controle será a lei a qual o decreto Resposta: Certo. Em que pese o teor do artigo 84,
está vinculado, ocorrendo mero controle de legalidade IV, CF que poderia dar a entender que a existência
como regra – não caberá controle de constitucionalidade de decretos autônomos é impedida, o próprio STF já
por ações diretas de inconstitucionalidade ou de consti- reconheceu decretos autônomos como válidos em si-
tucionalidade, mas caberá por arguição de descumpri- tuações excepcionais, nos termos do artigo 84, VI, CF:
mento de preceito fundamental – ADPF, cujo caráter é “VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e
mais amplo e permite o controle sobre atos regulamen- funcionamento da administração federal, quando não
tares derivados de lei, tal como será cabível mandado implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
de injunção. Em se tratando de decreto autônomo, o de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos
parâmetro de controle sempre será a Constituição Fe- públicos, quando vagos”.
deral, possuindo o decreto a mesma posição hierárquica
das demais leis infraconstitucionais, ocorrendo genuíno
controle de constitucionalidade no caso concreto, por
PODER HIERÁRQUICO
qualquer das vias.
Outra observação que merece ser feita se refere ao
“Hierarquia é o escalonamento em plano vertical
conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem
dos órgãos e agentes da Administração que tem como
na França e corresponde à transferência de certas ma- objetivo a organização da função administrativa. E não
térias de caráter estritamente técnico da lei ou ato con- poderia ser de outro modo. Tantas são as atividades a
gênere para outras fontes normativas, com autorização cargo da Administração Pública que não se poderia con-
do próprio legislador. Na verdade, o legislador efetua- ceber sua normal realização sem a organização, em esca-
rá uma espécie de delegação, que não será completa e las, dos agentes e dos órgãos públicos. Em razão desse
integral, pois ainda caberá ao Legislativo elaborar o re- escalonamento firma-se uma relação jurídica entre os
gramento básico, ocorrendo a transferência estritamente agentes, que se denomina relação hierárquica”10. Nesta
do aspecto técnico (denomina-se delegação com parâ- relação hierárquica, surge para a autoridade superior o
metros). Há quem diga que nestes casos não há poder poder de comando e para o seu subalterno o dever de
regulamentar, mas sim poder regulador. É exemplo do obediência.
que ocorre com as agências reguladoras, como ANATEL, Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à
ANEEL, entre outras. administração de fixar campos de competência quanto
às figuras que compõem sua estrutura. É um poder de
auto-organização. É exercido tanto na distribuição de
competências entre os órgãos quanto na divisão de de-
veres entre os servidores que o compõem. Se o ato for
EXERCÍCIOS COMENTADOS praticado por órgão incompetente, é inválido. Da mesma
forma, se o for praticado por servidor que não tinha tal
1. (EBSERH - ADVOGADO - CESPE/2018) Julgue o atribuição.
seguinte item, a respeito dos poderes da administração Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva
pública. o poder de revisão, consistente no poder das autori-
No exercício do poder regulamentar, a administração pú- dades superiores de revisar os atos praticados por seus
blica não poderá contrariar a lei. subordinados.

( ) CERTO ( ) ERRADO
EXERCÍCIO COMENTADO
Resposta: Certo. O poder regulamentar tem por cará-
ter exclusivo regular aquilo que a legislação prevê. Ou
1. (EBSERH - ADVOGADO - CESPE/2018) Julgue o
seja, o Executivo dá normas específicas às normas cria- seguinte item, a respeito dos poderes da administração
das pelo Legislativo. Se o Executivo se exceder em seu pública.
poder, estará infringindo a Separação dos Poderes. O poder hierárquico se manifesta no controle exercido
pela administração pública direta sobre as empresas pú-
2. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ- blicas.
RIA - CESPE/2018) Considerando a doutrina majoritária,
julgue o próximo item, referente ao poder administrati- ( ) CERTO ( ) ERRADO
DIREITO ADMINISTRATIVO

vo, à organização administrativa federal e aos princípios Resposta: Errado. O poder hierárquico é um poder inter-
básicos da administração pública. no de organização, sendo assim, não existe hierarquia
No exercício do poder regulamentar, o Poder Executivo entre administração direta e indireta.
pode editar regulamentos autônomos de organização
administrativa, desde que esses não impliquem aumento
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.

( ) CERTO ( ) ERRADO
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

7
PODER DISCIPLINAR trata-se de escola pública e seus alunos matriculados
são sim vinculados à Administração. Sendo assim, o
Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é diretor exerce sim poder disciplinar quando pune uma
a hierarquia que permite aos agentes de nível superior aluna matriculada.
fiscalizar as ações dos subordinados. Assim, poder dis-
ciplinar é o poder conferido à administração para apli-
car sanções aos seus servidores que pratiquem infrações
disciplinares. PODER DE POLÍCIA
Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem
natureza administrativa, não envolvendo sanções civis É o poder conferido à administração para limitar, dis-
ou penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, des- ciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades
tacam-se a de advertência, suspensão, demissão e cassa- particulares para a preservação dos interesses da coleti-
ção de aposentadoria. vidade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a
Evidentemente que tais punições não podem ser taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gerador de tari-
aplicadas sem alguns requisitos, como a abertura de fa que se caracteriza como preço público e não podendo
sindicância ou processo disciplinar em que se garanta o ser cobrada sem o exercício efetivo do poder de polícia.
contraditório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que
somente são passíveis de demissão por sentença judicial, “A expressão poder de polícia comporta dois senti-
que são os vitalícios, como os de magistrado e promotor dos, um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder
de justiça). de polícia significa toda e qualquer ação restritiva do
Estado em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido
estrito, o poder de polícia se configura como atividade
administrativa, que consubstancia, como vimos, verda-
EXERCÍCIOS COMENTADOS deira prerrogativa conferida aos agentes da Administra-
ção, consistente no poder de restringir e condicionar a
1. (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - liberdade e a propriedade”11.
CESPE/2018) Acerca dos poderes da administração No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati-
pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém
item a seguir. é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não
O poder disciplinar, decorrente da hierarquia, tem sua impuser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a
discricionariedade limitada, tendo em vista que a admi- atividade da polícia administrativa, envolvendo apenas
nistração pública se vincula ao dever de punir. as prerrogativas dos agentes da Administração.
Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio le-
( ) CERTO ( ) ERRADO gislador estabelece no Código Tributário Nacional: “Con-
sidera-se poder de polícia a atividade da administração
Resposta: Certo. O poder disciplinar em regra é dis- pública que, limitando o disciplinando direito, interesse
cricionário, mas pode sofrer algumas limitações. Entre ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
elas, o dever de investigar é vinculado, bem como a fato, em razão de interesse público [...]” (art. 78, primeira
aplicação da penalidade. Afinal, não é uma mera ques- parte, CTN). A atividade de polícia é tipicamente admi-
tão interna, mas verdadeira questão de ilegalidade – e nistrativa, razão pela qual é estudada no ramo do direito
o poder público se vincula ao princípio da legalidade. administrativo.
De outro lado, existe margem de discricionariedade
ao determinar a gravidade e o enquadramento da in- Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do
fração. poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido,
a administração não precisa de manifestação do Poder
2. (TCE-PE - Analista de Gestão - Administração - CES- Judiciário para colocar seus atos em prática, efetivando-
PE/2017) Uma aluna de um colégio estadual, maior de -os.
dezoito anos de idade, foi flagrada depredando o mo-
biliário da escola. Em razão disso, o diretor do colégio Polícia-função e polícia-corporação
aplicou a ela uma penalidade de suspensão por três dias,
na forma do regimento da instituição. “Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas
A respeito dessa situação hipotética, julgue o item que se em decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena
segue, considerando os poderes da administração públi- realçar que não há como confundir polícia-função
DIREITO ADMINISTRATIVO

ca e os princípios de direito administrativo. com polícia-corporação: aquela é a função estatal pro-


O ato do diretor do colégio é exemplo de exercício do priamente dita e deve ser interpretada sob o aspecto ma-
poder disciplinar pela administração pública. terial, indicando atividade administrativa; esta, contudo,
corresponde à ideia de órgão administrativo, integrado
( ) CERTO ( ) ERRADO nos sistemas de segurança pública e incumbido de pre-
venir os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública,
Resposta: Certo. O poder disciplinar é aplicado a razão por que deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou
quem tenha um vínculo com a Administração Pública,
11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
não necessariamente servidor público. No caso acima,
trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.

8
formal). A polícia-corporação executa frequentemente Liberdades públicas e poder de polícia
funções de polícia administrativa, mas a polícia-função,
ou seja, a atividade oriunda do poder de polícia, é exer- Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-
cida por outros órgãos administrativos além da corpora- lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito
ção policial”12. individual seja relativo perante o interesse público, exis-
tem núcleos mínimos de direitos que devem ser preser-
Competência vados, mesmo no exercício do poder de polícia. Neste
sentido, a faculdade repressiva deve respeitar os direitos
A competência para exercer o poder de polícia é, do cidadão, as prerrogativas individuais e as liberda-
a princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de des públicas que são consagrados no texto constitucio-
competência no âmbito do poder regulamentar. Se a nal.
competência for concorrente, também o poder de po- Para compreender a questão, interessante suscitar
lícia será exercido de forma concorrente. qual o caráter do poder de polícia, se discricionário ou
vinculado. A doutrina de Meirelles14 e Carvalho Filho15 re-
comenda que quando o poder de polícia vai ter os seus
Delegação e transferência limites fixados há discricionariedade (por exemplo, quan-
do o poder público vai decidir se pode ou não ocorrer
O poder de polícia pode ser exercido de forma ori- pesca num determinado rio), mas quando já existem os
ginária, pelo próprio órgão ao qual se confere a com- limites o ato se torna vinculado (no mesmo exemplo, não
petência de atuação, ou de forma delegada, mediante se pode decidir por multar um pescador e não multar o
lei que transfira a mera prática de atos de natureza fis- outro por pescarem no rio em que a pesca é proibida,
calizatória (poder de polícia seria de caráter executório, devendo ambos serem multados). Tal raciocínio é rele-
não inovador) a pessoas jurídicas que tenham vinculação vante para verificar, num caso concreto, se houve ou não
oficial com entes públicos. abuso do poder de polícia. Vamos supor que a lei fixe os
Obs.: A transferência de tarefas de operacionalização, limites para o ato, mas que na prática tais limites tenham
no âmbito de simples constatação, não é considerada sido ignorados: não haverá discricionariedade, então.
delegação do poder de polícia. Delegação ocorre quan- Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia
do a atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exem- são:
plo, uma empresa contratada para operar radares não
recebeu delegação do poder de polícia, mas uma guarda
- Necessidade – a medida de polícia só deve ser ado-
municipal instituída na forma de empresa pública com
tada para evitar ameaças reais ou prováveis de
poder de aplicar multas recebeu tal delegação.
perturbações ao interesse público;
- Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre
Polícia judiciária e polícia administrativa
a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser
evitado;
Uma das mais importantes classificações doutriná-
rias corresponde à distinção entre polícia administrativa - Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir
e polícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho: o dano a interesse público. Para ser eficaz a Admi-
“ambos se enquadram no âmbito da função administra- nistração não precisa recorrer ao Poder Judiciário
tiva, vale dizer, representam atividades de gestão de in- para executar as suas decisões, é o que se chama
teresses públicos. A Polícia Administrativa é atividade de autoexecutoriedade”16.
da Administração que se exaure em si mesma, ou seja, Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade
inicia e se completa no âmbito da função administrativa. de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis-
O mesmo não ocorre com a Polícia Judiciária, que, em- trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo
bora seja atividade administrativa, prepara a atuação da administrativo para imposição de multa de trânsito, são
função jurisdicional penal, o que a faz regulada pelo necessárias as notificações da atuação e da aplicação da
Código de Processo Penal (arts. 4º ss) e executada por pena decorrentes da infração”.
órgãos de segurança (polícia civil ou militar), ao passo
que a Polícia Administrativa o é por órgãos administra- Principais setores de atuação da polícia adminis-
tivos de caráter mais fiscalizador. Outra diferença reside trativa
na circunstância de que a Polícia Administrativa incide
basicamente sobre atividades dos indivíduos, enquan- Considerando que todos os direitos individuais são
to a Polícia Judiciária preordena-se ao indivíduo em si, limitados pelo interesse da coletividade, já se pode de-
ou seja, aquele a quem se atribui o cometimento de ilíci- duzir que o âmbito de atuação do poder de polícia é o
DIREITO ADMINISTRATIVO

to penal”13. Além disso, essencialmente, a Polícia Admi- mais amplo possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia
nistrativa tem caráter preventivo (busca evitar o dano sanitária, polícia ambiental, polícia de trânsito e tráfego,
social), enquanto que a Polícia Judiciária tem caráter re- polícia de profissões (OAB, CRM, etc.), polícia de cons-
pressivo (busca a punição daquele que causou o dano truções, etc.
social). 14 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 1993.
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- 15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.
13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- 16 http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/direito-adminis-
trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. trativo/conceito-de-direito-administrativo

9
Neste sentido, será possível atuar tanto por atos nor- 3. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
mativos (atos genéricos, abstratos e impessoais, como BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No que se
decretos, regulamentos, portarias, instruções, resolu- refere às características do poder de polícia e ao regime
ções, entre outros) e por atos concretos (voltados a um jurídico dos agentes administrativos, julgue o item que
indivíduo específico e isolado, que podem ser determi- se segue.
nações, como a multa, ou atos de consentimento, como As multas de trânsito, como expressão do exercício do
a concessão ou revogação de licença ou autorização por poder de polícia, são dotadas de autoexecutoriedade.
alvará).
( ) CERTO ( ) ERRADO

#FicaDica Resposta: Errado. A cobrança da multa, como sanção


resultante do exercício do poder de polícia adminis-
Poder disciplinar – É aquele que a Administra-
trativa, não possui a característica da autoexecutorie-
ção possui para punir seus próprios servidores,
dade. Significa que o poder público deverá inscrever
bem como aplicar sanções a particulares a ela a multa na dívida ativa e cobrá-la, se devido. Já a apli-
vinculados por ato ou contrato. cação/autuação da multa é dotada de autoexecutorie-
- Poder hierárquico – É aquele que a Adminis- dade, assim, por exemplo, presenciando um policial a
tração possui para ordenar, coordenar, contro- ilicitude poderá autuá-la.
lar e revisar os atos de seus subordinados, po-
dendo ainda avocar e delegar competências.
- Poder regulamentar – É aquele que a Admi-
nistração possui para, por meio da chefia do ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITO,
Executivo, de editar atos normativos gerais e ATRIBUTOS, REQUISITOS, CLASSIFICAÇÃO,
abstratos. EXTINÇÃO
- Poder de polícia – É aquele que a Administra-
ção possui para limitar o exercício de direitos
individuais em prol da coletividade. ATO ADMINISTRATIVO

1. Conceito de ato administrativo

Tudo que praticamos nas nossas vidas podem ser


EXERCÍCIOS COMENTADOS considerados atos. Mas, para o Direito, os atos são
aqueles capazes de produzir efeitos jurídicos. E, assim
como as pessoas na vida privada, a Administração Pública
1. (EBSERH - Advogado - CESPE/2018) Julgue o se- também pratica atos, que são capazes de produzir efeitos
guinte item, a respeito dos poderes da administração
jurídicos diversos.
pública.
Os atos administrativos são as manifestações de
A coercibilidade é um atributo que torna obrigatório o
ato praticado no exercício do poder de polícia, indepen- vontade da Administração Pública que objetivam adquirir,
dentemente da vontade do administrado. resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos ou impor obrigações aos particulares ou a si
( ) CERTO ( ) ERRADO própria. Isso significa que a Administração, antes mesmo
de iniciar sua atuação, deve expedir uma declaração que
Resposta: Certo. A coercibilidade é o poder do Es- exprime a sua vontade de realizar o referido ato.
tado de fazer com que o administrado cumpra com
as obrigações, podendo, se necessário, fazer o uso da Importante frisar o caráter infra legal dos atos
força, obrigando o particular a cumprir a vontade do administrativos, pois imprescindível é a submissão da
Estado. Administração Pública, seus agentes e órgãos à soberania
popular. O ato administrativo, dessa forma, deve estar
2. (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CES- previsto em lei, e seu conteúdo não pode ser contrário à
PE/2018) No que se refere aos poderes administrativos, lei (contra legem), mas complementar a ela, isso é, deve
julgue o item que se segue. estar conforme a lei (secundum legem).
O poder de polícia consiste na atividade da administra-
ção pública de limitar ou condicionar, por meio de atos 2. Requisitos
normativos ou concretos, a liberdade e a propriedade
dos indivíduos conforme o interesse público. Os requisitos ou elementos dos atos administrativos
DIREITO ADMINISTRATIVO

é matéria com grande divergência doutrinária. A maioria


( ) CERTO ( ) ERRADO dos concursos públicos ainda adota a concepção mais
clássica dos requisitos dos atos administrativos e, por
Resposta: Certo. Conceitua-se poder de polícia como isso, daremos maior destaque a ela. De modo geral, a
aquele conferido à administração para limitar, discipli- corrente clássica, defendida por autores como Hely
nar, restringir e condicionar direitos e atividades parti- Lopes Meirelles, tende a atribuir aos atos administrativos
culares para a preservação dos interesses da coletivi- cinco requisitos para a sua formação, utilizando como
dade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a inspiração o preceito legal disposto no art. 2º da Lei nº
taxa (artigo 145, II, CF). 4.717/1965. São eles:

10
a) competência, 2.2 Objeto
b) objeto,
c) forma, Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que
d) motivo, e pretende ser almejado pela prática do ato administrativo.
e) finalidade. Todo ato administrativo tem por objeto a criação,
modificação, ou comprovação de situações jurídicas
2.1 Competência concernentes a pessoas, bens, ou atividades sujeitas
ao exercício do Poder Público. É através dele que a
Competência diz respeito à capacidade do agente pú- Administração exerce seu poder, concede um benefício,
blico para o exercício dos atos administrativos. É requisi- aplica uma sanção, declara sua vontade, estabelece um
to de validade, haja vista que, no Direito Administrativo, a direito do administrado, etc.
lei é quem estabelece as competências atribuídas a seus O objeto pode não estar previsto expressamente na
agentes para o desempenho de suas funções. Quando o legislação, cabendo ao agente competente a opção que
agente atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeu seja mais oportuna e conveniente ao interesse público.
ato nulo por excesso de poder. É, por isso, sempre um A definição de objeto do ato administrativo trata-se, por
ato vinculado. isso, de ato discricionário.
A competência possui certas características próprias,
a saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável, imo- 2.3 Forma
dificável, imprescritível e improrrogável. Obrigatória
porque representa um dever do agente público. Irrenun- A forma é o modo através do qual se exterioriza o
ciável porque o agente público não pode abrir mão de ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito
sua competência. Imprescritível, porque a competência à forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de
perdura ao longo do tempo, ela não caduca. Improrro- ato vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário
gável significa dizer que se é competente hoje, continua- quando a sua escolha couber ao próprio agente público.
rá sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em
Em regra, os atos administrativos são sempre
sentido contrário. Intransferível, ou inderrogável, é a im-
exteriorizados por escrito, mas podem também ser
possibilidade de se transferir a competência de um para
orais, gestuais, ou até mesmo expedidos por máquinas.
outro, por interesse das partes.
O art. 22 da Lei nº 9.784/1999 determina que “os atos
No entanto, essas características não vedam a possi-
do processo administrativo não dependem de forma
bilidade de delegação ou avocação, quando prevista em
determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.
lei. Por isso, pode-se dizer também que a delegabilidade
é outra característica da competência. Porém, atente-se
2.4 Motivo
ao disposto no art. 13 da Lei nº 9.784/1999: “Não podem
ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo; O motivo é a circunstância de fato ou de direito que
II - a decisão de recursos administrativos; determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situação
III - as matérias de competência exclusiva do órgão fática que justifica a realização do ato. Situação de fato
ou autoridade”. é o conjunto de circunstâncias que motivam a realização
do ato; questões de direito é a previsão legal que leva à
Alguns atos, então, não podem ser delegados a ou- realização do ato.
tras autoridades, principalmente se tais atos são de com- O motivo pode ser tanto requisito vinculado como
petência exclusiva do agente público. discricionário, dependendo do comando legal imposto
aos agentes. O motivo será vinculado quando a lei
expressamente obrigar o agente a agir de uma certo
#FicaDica modo, como na hipótese de lançamento tributário (o
A teoria da aparência, ou teoria do agente de fiscal da Receita não tem direito de escolha, se deve ou
fato, costuma aparecer em algumas questões não fazer o lançamento). Situação diversa é a do pedido
de concursos públicos. Segundo essa teoria, de demissão de servidor público no caso de incontinência
se o agente público que praticou o ato sequer pública (art. 132, V, da Lei nº 8.112/1990), hipótese em
tinha vínculos funcionais com a Administração que a autoridade competente tem maior liberdade para
Pública, ou se, posteriormente, descobre-se avaliar se a demissão é realmente ato necessário ou não,
algum vício em sua investidura, tornando-a dependendo do caso concreto.
nula, mas mesmo assim essa pessoa tinha Não se confunde motivo com motivação. Esta é
DIREITO ADMINISTRATIVO

a aparência de possuir tais vínculos, será a justificativa para a realização de determinado ato.
considerado agente de fato, e os atos por ele O motivo ocorre em momento anterior a prática do
praticados não serão considerados nulos em ato, enquanto que a motivação, por ser uma série de
respeito à boa-fé dos administrados que com explicações que justificam a expedição do ato, ocorre
ele lidaram. sempre em momento posterior. Assim, todo o ato tem
seu motivo, mas nem sempre é expedido adjunto com a
motivação, que nada mais é do que a exteriorização dos
motivos.

11
2.5 Finalidade Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao particular
que alegou a ilegalidade do ato administrativo provar a
Todo ato administrativo deve atender à finalidade carência de legitimidade do mesmo.
expressa ou implícita na norma atributiva da competência. A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles
A finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática praticados pela Administração com base no direito
daquele ato administrativo. Em muitos casos, o objetivo privado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela
almejado é a proteção do interesse público. Sempre que Administração Pública, será presumidamente legítimo e
o ato for praticado tendo em vista interesses alheios e verdadeiro.
pessoais, seja do próprio agente público ou de terceiros,
tal ato será considerado nulo por desvio de finalidade 3.2 Imperatividade
(teoria do desvio de finalidade).
Além dessa concepção clássica, há também uma Compreendida também como coercibilidade, os
classificação mais moderna dos requisitos dos atos atos administrativos se impõem aos destinatários,
administrativos, elaborada por autores como Celso independentemente de sua concordância, outorgando-
Antônio Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada em lhes deveres e obrigações. A imperatividade garante ao
concursos públicos, observaremos apenas os pontos Poder Público a capacidade de produzir atos que geram
essenciais e didáticos da referida classificação. consequências perante terceiros.
Para essa concepção moderna, são requisitos dos A justificativa da criação unilateral, ainda que contra a
atos administrativos: vontade dos administrados, dos atos administrativos é o
a) sujeito; Poder coercitivo do Estado, também denominado Poder
b) motivo; Extroverso. Esse não é um atributo comum a todos os
c) requisitos procedimentais; atos, mas tão somente aos que impõem obrigações aos
d) finalidade; administrados. Assim, não têm essa característica os atos
e) causa e que outorgam direitos (autorização, permissão, licença),
bem como aqueles meramente administrativos (certidão,
f) formalização.
parecer).
Sujeito, requisitos procedimentais e causa são
3.3 Exigibilidade
os requisitos vinculados, enquanto que o motivo, a
finalidade e a formalização são requisitos discricionários.
Consiste no atributo que permite à Administração
Pública aplicar sanções aos particulares por violação da
3. Atributos
ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao processo
judicial, que é demasiado longo e repleto de solenidades.
Atributos são as características dos atos administrativos, A exigibilidade permite ao Administrador aplicar as
que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois estão sanções administrativas, como multas, advertências, e
submetidos ao regime jurídico administrativo. Essas interdição de estabelecimentos comerciais.
características traduzem em prerrogativas concedidas
à Administração Pública para que ela possa atender de 3.4 Autoexecutoriedade
maneira adequada às necessidades da população.
A doutrina mais moderna faz referência a cinco A autoexecutoriedade permite que a Administração
atributos distintos: Pública possa realizar a execução material de seus atos. A
a) presunção de legitimidade e veracidade; expressão “auto” advém do fato de que o Poder Público
b) imperatividade; não necessita de autorização judicial para desconstituir
c) exigibilidade; a situação irregular e violadora da ordem jurídica, o que
d) autoexecutoriedade; e a difere da exigibilidade, que não tem o condão de, por
e) tipicidade. si só, desconstituir a irregularidade do ato, apenas pune
o infrator. Para tanto, necessita da presença de dois
3.1 Presunção de legitimidade e veracidade requisitos: a previsão legal, como nos casos de Poder
de Polícia; e o caráter de urgência, a fim de preservar o
Também pode ser denominado presunção de interesse coletivo.
legalidade, significa que todo ato administrativo é Assim, não há necessidade de intervenção
considerado válido no âmbito jurídico, até surgir prova judicial nas hipóteses de: apreensão de mercadorias
em contrário. Se, pelo princípio da legalidade, ao contrabandeadas, na demolição de construção irregular,
DIREITO ADMINISTRATIVO

Administrador só cabe fazer o que a lei permite, então na interdição de estabelecimento comercial irregular,
presume-se que o fez respeitando a lei. entre outros. Todavia, afirmar que a execução independe
Nosso Direito admite duas formas de presunção: de manifestação do Judiciário não significa dizer que
presunção juris et de jure que significa “de direito e por escapa do controle judicial. Poderá ser levado ao crivo,
direito”, é presunção absoluta, que não admite prova mas somente a posteriori, depois de seu cumprimento,
em contrário. Temos também a presunção juris tantum, se houver provocação da parte interessada. As medidas
resultante do próprio direito e, embora por ele estabe- judiciais mais adequadas para contestar a força coercitiva
lecida com verdadeira, admite prova em contrário. A administrativa são o mandado de segurança e o habeas
presunção dos atos administrativos é juris tantum. data (art. 5º, LXIX e LXVIII, da CF/1988).

12
Importante ressaltar ainda que os princípios da razoa- - Atos discricionários: a lei também estabelece uma
bilidade e proporcionalidade impõem limites na atuação série de regras para a prática de um ato, mas dei-
coercitiva dos agentes públicos. A autoexecutoriedade xa certo grau de liberdade ao agente público, que
(leia-se o uso de força física) deve ser utilizada com bom poderá optar por um entre vários caminhos igual-
senso e moderação. mente válidos (discricionariedade). Há uma ava-
liação subjetiva prévia à edição do ato. É o caso
3.5 Tipicidade das permissões para o uso de bem público. O con-
trole dos atos discricionários pelo Poder Judiciário,
A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar em regra, não é admitido. Porém, há uma série de
as finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada julgados no sentido favorável a essa possibilidade.
espécie de ato administrativo. Dependendo da finalidade
que o Poder Público almeja, existe um ato definido em 4.2 Quanto à formação de vontade:
lei. A lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e suas - Atos simples: são aqueles que nascem da mani-
consequências, promovendo ao particular a garantia festação de vontade de apenas um órgão, seja ele
de que a Administração Pública não fará uso de atos unipessoal (formado só por uma pessoa) ou co-
inominados, sem tipificação, que impõe obrigações cuja legiado (composto por várias pessoas). O ato que
previsão legal não existe. É um atributo que deriva do altera o horário de atendimento da repartição pú-
próprio princípio da legalidade. blica, emitido por uma única pessoa, bem como
a decisão administrativa do Conselho de Contri-
buintes do Ministério da Fazenda, que expressa
vontade única apesar de ser órgão colegiado, são
#FicaDica exemplos de atos simples.
A tipicidade é característica marcante da ex- - Atos complexos: são aqueles que se formam pela
propriação de bens particulares pelo Poder união de várias vontades, isso é, que necessitam da
Público. É o caso de desapropriação adminis- manifestação de vontade de dois ou mais órgãos
trativa, hipótese em que o Poder Público tem diferentes para a sua formação. Enquanto todos os
a prerrogativa de tirar da esfera de alguma órgãos competentes não se manifestarem da for-
pessoa física a titularidade sobre bem imóvel, ma devida, o ato não estará perfeito.
transformando-o em bem público. Para tanto, - Atos compostos: é aquele que advém de manifesta-
deve realizar um procedimento envolvendo ção de apenas um órgão. Porém, para que produza
aspectos mais complexos, como a declaração efeitos, depende da aprovação, visto, ou anuência
de utilidade ou necessidade pública (art. 5º, de outro ato, que o homologa, como condição
XXIV, da CF/1998), bem como a necessidade para a executoriedade daquele ato. Costuma-se
de prévia indenização ao particular que teve afirmar que o ato posterior é acessório do anterior,
seu bem expropriado, em pecúnia (art. 182, § pois a manifestação do segundo ato não possui a
3º, da CF/1988). mesma matéria do primeiro: ele apenas comple-
menta a aplicação deste. Exemplo: a nomeação de
servidor público, que deve sempre anteceder a sua
4. Classificação dos atos administrativos aprovação em concurso público.
Atos administrativos existem dos mais variados tipos. 4.3 Quanto aos destinatários:
Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los, - Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter
formando-se uma verdadeira classificação desses atos. abstrato e impessoal. Seus destinatários são mui-
Portanto, passemos a analisar as diversas modalidades de tos, mas unidos por características em comum, que
atos administrativos, observando os seguintes critérios: os faz destinatários do mesmo ato. Para produzi-
rem seus efeitos, já que externos, devem ser publi-
cados na imprensa oficial. Exemplos: os editais de
concurso público, as instruções normativas.
4.1 Quanto ao grau de liberdade - Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo
- Atos vinculados: são aqueles praticados pela Ad- definido de destinatários. É o caso, por exemplo,
ministração Pública sem nenhuma liberdade de de alteração de horário de funcionamento de uma
atuação (vinculação). A lei define todas as mar- repartição pública. Tal ato, evidentemente, somen-
gens de sua conduta. Havendo vício no ato vin- te é do interesse daqueles funcionários. A publici-
DIREITO ADMINISTRATIVO

culado, pode-se pleitear a sua anulação e não a dade é atendida apenas com a comunicação dos
revogação, pois trata-se de vício de legalidade. É interessados, visto que é um ato interno da Admi-
o caso, por exemplo, da concessão de aposenta- nistração Pública.
doria para o contribuinte beneficiário. O controle - Atos individuais: são aqueles destinados a ape-
dos atos administrativos ilegais pode ser realizado nas um único destinatário. Exemplo: a promoção
tanto pela Administração Pública como pelo Poder de um determinado servidor público. A exigência
Legislativo (controle financeiro-orçamentário pelo da publicidade depende somente da comunicação
Congresso Nacional), bem como pelo Poder Judi- do interessado, não há necessidade de publicação
ciário, mediante provocação. pelo Diário Oficial.

13
4.4 Quanto aos efeitos: I) Atos normativos: são aqueles que apresentam co-
- Atos constitutivos: são aqueles que geram uma mandos gerais e abstratos para o cumprimento da
nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser lei. Alguns autores, inclusive, chegam a considerar
pela outorga de um novo direito, como permissão tais atos “leis em sentido material”. São atos nor-
de uso de bem público, ou a imposição de uma mativos: os decretos e regulamentos; as instruções
obrigação, como estabelecer um período de sus- normativas; os regimentos; as resoluções; e as de-
pensão. liberações.
- Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma II) Atos ordinatórios: correspondem a manifesta-
situação já existente, seja de fato ou de direito. ções internas da Administração Pública decorren-
Não cria, transfere ou extingue situação jurídica,
tes do poder hierárquico, estabelecendo regras de
apenas a reconhece. É o caso da expedição de uma
funcionamento de seus órgãos internos e regras
certidão de tempo de serviço.
- Atos modificativos: são os que tem capacidade de de conduta de seus agentes. Tais atos não podem
alterar a situação já existente, sem que seja extinta. disciplinar as condutas dos particulares. São atos
Todavia, não tem o condão de criar direitos e obri- ordinatórios: as instruções; as circulares; os avisos;
gações. Exemplo: a alteração do horário de atendi- as portarias; os ofícios; as ordens de serviço; os
mento da repartição despachos; entre outros.
- Atos extintivos: também denominados atos des- III) Atos negociais: são aqueles que manifestam a
constitutivos, são aqueles que põem termo a um vontade da Administração em consonância com
direito ou dever pré-existentes. Exemplo: a demis- o interesse dos particulares. Exemplos: a licença,
são de servidor público. a autorização, a permissão, a concessão, a apro-
vação, a homologação, a renúncia, etc. Os atos
4.5 Quanto ao objeto: negociais podem ser vinculados (licença) ou dis-
- Atos de império: são aqueles praticados pela Ad- cricionários (autorização), definitivos ou precários,
ministração em posição de superioridade perante sendo passíveis de revogação pelo Poder Público
os particulares, como na imposição de multa por a qualquer tempo. A característica especial desses
infração administrativa. atos é que eles não disciplinam direitos, e sim inte-
- Atos de gestão: são expedidos pela Administração, resses dos particulares.
em posição de igualdade em relação aos adminis-
IV) Atos enunciativos: também denominados “atos
trados. É o caso da alienação de bem público.
- Atos de expediente: são atos internos, elaborados de pronúncia”, são aqueles que certificam, ou ates-
por autoridade subalterna, que não tem capacida- tam a existência de uma situação jurídica peculiar.
de decisória. Exemplo: numeração dos autos no Tais atos possuem caráter predominantemente de-
processo judicial. claratório. São atos enunciativos: as certidões; os
atestados; os pareceres; etc.
4.6 Quanto à exequibilidade: V) Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são
- Atos perfeitos: são aqueles que completaram seu os atos que aplicam sanções aos particulares, ou
processo de formação, e estão prestes a produzir aos servidores que pratiquem condutas irregula-
seus efeitos. Perfeição não se confunde com vali- res, nos termos da lei. São atos punitivos: as mul-
dade, pois um ato válido pode não ser obrigatoria- tas, as interdições; e a destruição de coisas.
mente perfeito.
- Atos imperfeitos: são os que ainda não completa- 6. Invalidação dos atos administrativos
ram seu processo de formação, e por isso mesmo,
não estão aptos a produzirem efeitos. Atos imper- Os atos administrativos possuem um ciclo de vida. Eles
feitos geralmente necessitam de outro ato que o são criados, começam a produzir efeitos, e depois de um
homologue. tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais detalhes
- Atos pendentes: são aqueles que se sujeitam a con-
justamente o desaparecimento dos atos administrativos,
dição ou termo para começar a produzir efeitos.
embora seja preferível utilizar o termo “extinção” (ou
Seu ciclo de formação está concluído, porém de-
pende ainda de um evento para tornar-se apto a “invalidação”) dos atos administrativos.
produzir efeitos. Para melhor compreensão do tema, a doutrina
utiliza-se de uma sistematização das formas de extinção
Os critérios apresentados não são exaustivos: há dos atos administrativos. A principal divisão que deve
outras formas de classificação dos atos administrativos ser feita é em relação a produção de efeitos: existem
adotadas por diversos autores. Escolhemos apresentar atos administrativos eficazes, e atos ineficazes. Quando
aqueles que têm mais chances de aparecer em uma ineficaz, o ato pode ser extinto pela retirada, ou pela sua
DIREITO ADMINISTRATIVO

questão de concurso público. recusa pelo beneficiário. Tratando-se de atos eficazes, há


quatro formas de distinção dos atos administrativos:
5. Espécies de atos administrativos - Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efeitos:
é a extinção que ocorre pelo cumprimento integral
Os atos administrativos tipificados pela legislação dos efeitos do ato administrativo. É a extinção na-
brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado, para tural esperada por todo ato administrativo. Pode
fins didáticos, uma sistematização dos atos administrati- ocorrer mediante: a.1) esgotamento do conteúdo,
vos. A doutrina divide os atos administrativos previstos como a vacinação de enfermos após expedição de
da legislação em cinco espécies distintas: ordem de entrega das vacinas; a.2) execução da or-

14
dem, como o guinchamento de veículo; a.3) imple- Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não
mento de condição resolutiva ou termo final, como pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso signi-
o prazo final para renovação da CNH. fica que a revogação produz efeitos futuros, não retroa-
- Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da pes- tivos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particular, que se
soa ou objeto: os atos administrativos podem di- sentiu prejudicado com a referida medida, ingressar em
zer respeito a pessoas, ou coisas. Desaparecendo juízo com pedido de indenização contra a Administração.
um desses elementos, o ato extingue-se automa-
ticamente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas 6.2 Anulação
“desaparecem” com seu falecimento, como a mor-
te de servidor público que receberia promoção; e É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois
as coisas com a sua ruína ou destruição, como o carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi-
desabamento de prédio que recebeu licença para nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário.
a sua reforma. A anulação deriva do próprio princípio da legalidade e
- Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio autotutela. Também possui fundamento no art. 53 da Lei
beneficiário abre mão da situação proporcionada nº 9.784/1999, bem como na Súmula nº 473, do STF.
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de A anulação realizada pela própria Administração
cargo público a pedido do seu ocupante. ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas ca-
- Retirada do ato: é a forma mais importante de ex- racterísticas principais são: é ato secundário, constitutivo,
tinção dos atos administrativos, para os concursos e vinculado. Tanto a Administração como o Poder Judi-
públicos. É a extinção que se dá pela expedição ciário podem decretar a anulação de ato administrativo.
de um segundo ato, elaborado para extinguir ato Outra característica importante é o prazo definido pelo
administrativo anterior a ele. Comporta cinco mo- caput do art. 54 da Lei nº 9.784/1999: “O direito da Ad-
dalidades, que serão vistas com maiores detalhes: ministração de anular os atos administrativos de que de-
revogação, anulação, cassação, caducidade, e con- corram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
traposição. cinco anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé”. O prazo decadencial de cinco
6.1 Revogação anos é atributo exclusivo da anulação.
Por fim, em relação a seus efeitos, importante frisar
Revogação é a extinção de ato administrativo que que o ato nulo (aquele que carece de legalidade), tem o
encontra-se perfeito e apto a produzir seus efeitos, pra- seu defeito constatado desde a sua concepção. Por isso,
ticado pela própria Administração Pública, fundada em a anulação deve desconstituir os efeitos desde a data
razões de conveniência e oportunidade, sempre alme- da prática daquele ato. Podemos afirmar, então, que a
jando a proteção do interesse público. Nessa hipótese, anulação possui efeito retroativo, ou ex tunc. Em regra,
ocorre uma causa superveniente, que altera o juízo de não gera ao particular direito à indenização pela anulação
conveniência e oportunidade sobre a permanência de de ato ilegal, salvo se comprovar ter sofrido dano anormal
ato discricionário, obrigando a Administração a expedir para ocorrência, do qual não tenha participado.
um segundo ato capaz de revogar esse ato anterior.
6.3 Cassação
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da
Lei nº 9.784/1999: “A Administração deve anular seus São hipóteses em que o administrado deixa de
próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, preencher condição necessária para a permanência da
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou referida vantagem. Exemplo: habilitação da CNH cassada
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”. por pessoa enferma.
Sobre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF: “A
administração pode anular seus próprios atos, quando 6.4 Caducidade
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de Também denominada decaimento, consiste na
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos modalidade de extinção de ato administrativo em
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação consequência de norma jurídica superveniente, a qual
judicial”. impede a permanência da situação anteriormente
Por tratar-se de questão de mérito, a revogação consentida. Como não pode produzir efeitos
somente pode ser decretada pela própria Administração automaticamente, é necessária a prática de um ato
Pública. É, também, decorrência do princípio da autotutela: secundário, determinando a extinção do ato decaído.
a Administração Pública tem competência para anular e Exemplo: perda do direito de comercializar em área que
revogar seus atos, sendo descabido a manifestação do passa a ser considerada exclusivamente residencial.
DIREITO ADMINISTRATIVO

Poder Judiciário nos atos administrativos discricionários.


A revogação é elaborada pela mesma autoridade que 6.5 Contraposição
praticou o ato principal.
O ato revocatório é sempre secundário, constituti- É o modo de extinção que ocorre com a expedição
vo e discricionário. Seu objeto será sempre o ato admi- de um segundo ato, fundado em competência diversa,
nistrativo ou a relação jurídica anterior perfeita e eficaz, cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma
destituído de qualquer vício. A revogação atinge so- espécie de revogação praticada por autoridade distinta
mente os atos discricionários: para os atos vinculados, da que expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um
a medida cabível é a anulação. funcionária anteriormente exonerado de seu cargo.

15
Resposta: Letra C. A hipótese narrada na questão
é um caso claro de ato composto, entendido como
EXERCÍCIOS COMENTADOS aquele ato expedido por uma autoridade ou órgão,
mas que, para que esteja apto a produzir efeitos, de-
1. (AFAP – ADVOGADO – FCC – 2019) Dentre os ele- pende da homologação do referido ato por outro ór-
mentos ou requisitos do ato administrativo, existem gão. Enquanto a vontade do primeiro órgão é a res-
aqueles cuja inobservância NÃO é passível de ser sanada, ponsável pela elaboração do ato, a manifestação do
a exemplo: segundo órgão possui caráter instrumental ou com-
plementar.
a) dos atos administrativos praticados por autoridade
desprovida de competência privativa para sua edição. 3. (AFAP – AGENTE DE FOMENTO EXTERNO – FCC –
b) das decisões proferidas em situações cujo substrato 2019) Considere a edição de ato administrativo inde-
fático não corresponda à previsão legal expressa. ferindo pedido administrativo de particular para que o
c) dos atos vinculados editados sem explicitação de mo- poder público municipal promova urgentes reparos no
tivação. leito da rua onde está situada sua residência, em razão
d) dos atos administrativos que não sejam objeto de pu- do aparecimento de uma rachadura que vem progressi-
blicação na imprensa oficial, em ofensa ao princípio vamente aumentando de tamanho, ocasionando risco a
da publicidade. ele e demais moradores do local. Essa medida:
e) dos atos proferidos por autoridade pública para a qual
tenha sido delegada competência privativa de autori- a) constitui regular exercício de poder disciplinar, tendo
dade superior. em vista que não são somente os servidores públicos
destinatários dessa atuação, que abrange decisões re-
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois a lativas a outros vínculos jurídicos.
competência é um requisito do ato administrativo b) deve ser impugnada judicialmente, posto que somen-
que pode ser convalidado, desde que não seja uma te com autorização judicial o ente público poderia
competência exclusiva de algum ente. As competên- realizar contratação para aquela finalidade sem a rea-
cias privativas podem ser delegadas. A letra C está in- lização de licitação.
c) admite revisão pela própria Administração pública em
correta, pois o caso apresenta um ato administrativo
caso de constatação de inadequação, desde que se
cujo vício está na forma (“não explicitar a motivação”),
trate de juízo discricionário, vedado sanar vício de le-
sendo um vício sanável. A letra D está incorreta, pois
galidade diretamente.
no caso, o ato administrativo encontra-se perfeito e
d) pode ser objeto de recurso administrativo, o que per-
apto a produzir efeitos, mas é considerado ineficaz,
mite à Administração pública superior convalidar ou
pois não houve sua publicação. A letra E está incorreta
anular o ato administrativo, caso reste demonstrada
pois, também, trata da competência, um atributo cujo
sua inadequação e inconveniência diante da situação
vício pode ser convalidado, desde que não seja uma
fática.
competência exclusiva. e) demandará a interposição de recurso administrativo
por parte do requerente, sem prejuízo de poder ado-
2. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA- tar medidas judiciais para intervenção da obra, diante
DUAL – FCC – 2018) Quando um determinado adminis- da situação emergencial caracterizada.
trador público edita um ato administrativo, mas este só
começa a produzir efeitos após ratificação ou homolo- Resposta: Letra E. A letra A está incorreta, pois o po-
gação por outra autoridade, está-se diante de ato admi- der disciplinar é aquele que prevê a prática de sanções
nistrativo: e penalidades aos agentes públicos que cometem fal-
tas ou infringem comandos legais no exercício de suas
a) condicionado, cuja validade e vigência somente se ini- atribuições. A letra B está incorreta, pois a Adminis-
ciam após a ratificação ou homologação. tração Pública apresenta o poder de autotutela, que
b) bilateral, considerando que sua existência se consuma se traduz na competência de poder rever os próprios
com a manifestação de vontade da segunda autori- atos que pratica, independente de autorização judi-
dade. cial. A letra C está incorreta, pois a Administração Pú-
c) composto, pois embora já exista e seja válido, não é blica pode anular seus próprios atos, quando eivados
exequível antes da manifestação da segunda autori- de vício de legalidade, bem como revogá-los por mo-
dade. tivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
DIREITO ADMINISTRATIVO

d) complexo ou composto, considerando que dependem direitos adquiridos (art. 53, Lei nº 9.784/1999). A letra
da conjugação de vontade de uma ou mais autorida- D está incorreta, pois a anulação é utilizada quando
des para sua validade e eficácia, embora já sejam con- constatado um vício de legalidade. Para as hipóteses
siderados existentes. de inadequação e inconveniência, a medida cabível é
e) subordinado, tendo em vista que, embora existente, a revogação.
válido e eficaz, só se aperfeiçoa com a manifestação
de vontade de outra autoridade, que pode, inclusive,
revogá-lo.

16
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: privativas da Administração pública direta no âmbito
mais central possível, isto é, diretamente pelo chefe do
ÓRGÃOS PÚBLICOS (CONCEITO
Poder Executivo, seja porque não são atribuições delegá-
E CLASSIFICAÇÃO), ENTIDADES
veis, seja porque se optou por não delegar.
ADMINISTRATIVAS (CONCEITO E Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente
ESPÉCIES) da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
Centralização, descentralização, concentração e direção superior da administração federal;
desconcentração III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
previstos nesta Constituição;
Em linhas gerais, descentralização significa transferir a IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
execução de um serviço público para terceiros que não como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
se confundem com a Administração direta; centralização execução;
significa situar na Administração direta atividades que, V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
em tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora VI - dispor, mediante decreto, sobre:
dela; desconcentração significa transferir a execução de a) organização e funcionamento da administração fe-
deral, quando não implicar aumento de despesa nem
um serviço público de um órgão para o outro dentro da
criação ou extinção de órgãos públicos;
própria Administração; concentração significa manter a
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
execução central ao chefe do Executivo em vez de atri- gos;
bui-la a outra autoridade da Administração direta. VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
Passemos a esmiuçar estes conceitos: ditar seus representantes diplomáticos;
Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
Executivo, do poder de delegar certas atribuições que nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
são de sua competência privativa. Neste sentido, o pre- IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
visto na CF: X - decretar e executar a intervenção federal;
Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da Re- XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
pública poderá delegar as atribuições mencionadas gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le-
nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros gislativa, expondo a situação do País e solicitando as
de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao providências que julgar necessárias;
Advogado-Geral da União, que observarão os limites XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
traçados nas respectivas delegações. cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
Neste sentido: XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre: das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército
a) organização e funcionamento da administração fe- e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
deral, quando não implicar aumento de despesa nem
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
criação ou extinção de órgãos públicos;
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va- Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
gos; dor-Geral da República, o presidente e os diretores do
Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, banco central e outros servidores, quando determina-
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos do em lei;
em lei; XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi-
Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públi- nistros do Tribunal de Contas da União;
cos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes-
delegável, não a extinção) ta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem XVII - nomear membros do Conselho da República,
opções de delegar parte de suas atribuições privativas nos termos do art. 89, VII;
para os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da Re- XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
pública ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá Conselho de Defesa Nacional;
delegar com relação de hierarquia cada uma destas es- XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
sencialidades dentro da estrutura organizada do Estado. autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
DIREITO ADMINISTRATIVO

Reforça-se, desconcentrar significa delegar com hie- por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le-
rarquia, pois há uma relação de subordinação dentro de gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
parcialmente, a mobilização nacional;
uma estrutura centralizada, isto é, os Ministros de Estado,
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
Congresso Nacional;
União respondem diretamente ao Presidente da Repú- XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
blica e, por isso, não possuem plena discricionariedade XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
na prática dos atos administrativos que lhe foram dele- tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
gados. nacional ou nele permaneçam temporariamente;

17
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as #FicaDica
propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, Todos envolvem transferência na execução
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- de serviços:
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; • Descentralização – da Administração para
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, terceiros;
na forma da lei; • Centralização – de terceiros para a Admi-
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos nistração;
termos do art. 62; • Desconcentração – de um órgão central
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta para outro na Administração;
Constituição. • Concentração – de um órgão na Adminis-
Descentralizar envolve a delegação de interesses es- tração para o órgão central.
tatais para fora da estrutura da Administração direta, o Descentralização e centralização são movi-
que é possível porque não se refere a essencialidades, mentos externos, desconcentração e con-
ou seja, a atos administrativos que somente possam ser centração são movimentos internos.
praticados pela Administração direta porque se referem
a interesses estatais diversos previstos ou não na CF.
Descentralizar é uma delegação sem relação de hie- Administração direta e indireta
rarquia, pois é uma delegação de um ente para outro
(não há subordinação nem mesmo quanto ao chefe do 1. Administração direta
Executivo, há apenas uma espécie de tutela ou supervi-
são por parte dos Ministérios – se trata de vínculo e não Administração Pública direta é aquela formada pelos
de subordinação). entes integrantes da federação e seus respectivos ór-
Basicamente, se está diante de um conjunto de pes- gãos. Os entes políticos são a União, os Estados, o Dis-
soas jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para trito Federal e os Municípios. À exceção da União, que é
prestarem serviços de interesse do Estado. Possuem pa- dotada de soberania, todos os demais são dotados de
trimônio próprio e são unidades orçamentárias autôno- autonomia.
mas. Ainda, exercem em nome próprio direitos e obriga- Dispõe o Decreto nº 200/1967:
ções, respondendo pessoalmente por seus atos e danos. Art. 4° A Administração Federal compreende:
Existem duas formas pelas quais o Estado pode efe- I - A Administração Direta, que se constitui dos servi-
tuar a descentralização administrativa: outorga e dele- ços integrados na estrutura administrativa da Presi-
gação. dência da República e dos Ministérios.
A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade A administração direta é formada por um conjunto de
e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado núcleos de competências administrativas, os quais já fo-
serviço público e é conferida, em regra, por prazo inde- ram tidos como representantes do poder central (teoria
terminado. Isso é o que acontece quanto às entidades da da representação) e como mandatários do poder central
Administração Indireta prestadoras de serviços públicos. (teoria do mandato).
Neste sentido, o Estado descentraliza a prestação dos Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke,
serviços, outorgando-os a outras entidades criadas para segundo a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos
prestá-los, as quais podem tomar a forma de autarquias, administrativos criados e extintos exclusivamente por lei,
empresas públicas, sociedades de economia mista e fun- mas que podem ser organizados por decretos autôno-
dações públicas. mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de
A delegação ocorre quando o Estado transfere, por personalidade jurídica própria.
contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço, Assim, os órgãos da Administração direta não pos-
para que o ente delegado o preste ao público em seu suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações
próprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do em nome próprio e nem direitos em nome próprio (não
Estado. A delegação é geralmente efetivada por prazo podem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para
determinado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de fins de mandado de segurança – tanto como impetrante
concessão ou nos atos de permissão, pelos quais o Es- como quanto impetrado).
tado transfere aos concessionários e aos permissionários Já que não possuem personalidade, atuam apenas no
apenas a execução temporária de determinado serviço. cumprimento da lei, não atuando por vontade própria.
Centralizar envolve manter na estrutura da Adminis- Logo, órgãos são impessoais quando agem no estrito
DIREITO ADMINISTRATIVO

tração direta o desempenho de funções administrativas cumprimento de seus deveres, não respondendo dire-
de interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser tamente por seus atos e danos – o órgão central, com
atribuídos a entes de fora da Administração por outorga personalidade, que responderá.
ou delegação. Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
ponsabilidade a agentes ou órgãos públicos que estejam
exercendo atribuições da Administração direta é deno-
minada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke,
que institui o princípio da impessoalidade.

18
1.1 Órgãos Públicos: teorias
#FicaDica
“Várias teorias surgiram para explicar as relações do
Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do Teoria do mandato e teoria da representação:
mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí- ultrapassadas.
dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado, Teoria do órgão: adotada.
que não tem vontade própria, pode outorgar o manda- A teoria da imputação objetiva deriva da te-
to”17. A origem desta teoria está no direito privado, não oria do órgão. Ambas são de autoria de Otto
tendo como prosperar porque o Estado não pode outor- Giërke.
gar mandato a alguém, afinal, não tem vontade própria.
Num momento seguinte, adotou-se a teoria da re-
presentação: “Posteriormente houve a substituição des- 1.2 Órgãos Públicos: classificações
sa concepção pela teoria da representação, pela qual
a vontade dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a Quanto se faz desconcentração da autoridade central
vontade do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela, – chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara
figuras jurídicas que apontam para representantes dos com diversos níveis de órgãos, que podem ser classifi-
incapazes. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o cados em simples ou complexos (simples se possuem
Estado, pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado apenas uma estrutura administrativa, complexos se pos-
é pessoa jurídica dotada de capacidade plena), não foi suem uma rede de estruturas administrativas) e em uni-
suficiente para alicerçar um regime de responsabilização tários ou colegiados (unitário se o poder de decisão se
da pessoa jurídica perante terceiros prejudicados nas cir- concentra em uma pessoa, colegiado se as decisões são
cunstâncias em que o agente ultrapassasse os poderes tomadas em conjunto e prevalece a vontade da maioria):
da representação”18. Criticou-se a teoria porque o Esta- • Órgãos independentes – encabeçam o poder ou
do estaria sendo visto como um sujeito incapaz, ou seja, estrutura do Estado, gozando de independência
uma pessoa que não tem condições plenas de manifes- para agir e não se submetendo a outros órgãos.
tar, de falar, de resolver pendências; bem como porque Cabe a eles definir as políticas que serão imple-
se o representante estatal exorbitasse seus poderes, o mentadas. É o caso da Presidência da República,
Estado não poderia ser responsabilizado. órgão complexo composto pelo gabinete, pela
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Re-
Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos pública, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois
administrativos criados e extintos exclusivamente por lei, o Presidente da República é o único que toma as
mas que podem ser organizados por decretos autôno- decisões).
mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de • Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do
personalidade jurídica própria. Com efeito, o Estado bra- poder, com autonomia funcional, porém subordi-
sileiro responde pelos atos que seus agentes praticam, nados politicamente aos independentes. É o caso
mesmo se estes atos extrapolam das atribuições estatais de todos os ministérios de Estado.
conferidas, sendo-lhe assegurado o direito de regresso. • Órgãos superiores – são desprovidos de autono-
A teoria da imputação objetiva, derivada da teoria mia ou independência, sendo plenamente vincula-
do órgão, também de Otto Giërke, impõe que o órgão dos aos órgãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional
central da Administração, por ser o único dotado de per- do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e
sonalidade jurídica, responderá por danos praticados em Emprego; Departamento da Polícia Federal, vincu-
seus órgãos despersonalizados e por seus agentes. Não lado ao Ministério da Justiça.
significa que os agentes ficarão impunes, mas caberá à • Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
Administração buscar contra ele o direito de regresso, deles com plena subordinação administrativa. Ex.:
retomando o que foi obrigada a indenizar. Ex.: se uma órgãos que executam trabalho de campo, policiais
pessoa é vítima de dano numa delegacia estadual por federais, fiscais do MTE.
parte de um delegado da polícia civil, ajuizará deman-
da indenizatória contra a Fazenda Pública do Estado, a O Ministério Público, os Tribunais de Contas e as De-
qual poderá exercer direito de regresso contra o agente fensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura, sen-
público, delegado causador do dano. Repare que a Ad- do órgãos independentes constitucionais. Em verdade,
ministração não se exime de indenizar mesmo que seu para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos
agente seja culpado. não pertencem nem mesmo aos três poderes.
Conforme Carvalho Filho19, “a noção de Estado, como
DIREITO ADMINISTRATIVO

visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es-


tado, na verdade, é considerado um ente personalizado,
seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando
se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, por-
que além da pessoa jurídica central existem outras inter-
nas que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa
jurídica, o Estado manifesta sua vontade através de seus
17
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 19
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed.
18
NOHARA, Irene Patrícia. Direito administrativo. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

19
agentes, ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus o grau de especialidade e eficiência da prestação do ser-
quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, com- viço público ou, quando exploradoras de atividades eco-
põe o Estado um grande número de repartições internas, nômicas, visando atender a relevante interesse coletivo e
necessárias à sua organização, tão grande é a extensão imperativos da segurança nacional.
que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais Com efeito, de acordo com as regras constantes do
repartições é que constituem os órgãos públicos”. artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só
Apresenta-se, detalhes, a classificação dos órgãos: poderá explorar atividade econômica a título de exceção,
• Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, em duas situações, conforme se colhe do caput do refe-
distritais e municipais. rido artigo, a seguir reproduzido:
• Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são
aqueles que detêm condição de comando e de di- Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
reção, e os subordinados, incumbidos das funções tituição, a exploração direta de atividade econômica
rotineiras de execução. pelo Estado só será permitida quando necessária aos
• Quanto à composição: singulares, quando integra- imperativos de segurança nacional ou a relevante in-
dos em um só agente, e os coletivos, quando com- teresse coletivo, conforme definidos em lei.
postos por vários agentes. Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras
• Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Esta-
atribuições em todo o território nacional, estadual, do, ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa
distrital e municipal, e os locais, que atuam em par- deferida ao setor privado. Assim, apenas explora ativida-
te do território. des econômicas nas situações indicadas no artigo 173 do
• Quanto à posição estatal: são os que representam Texto Constitucional. Quando atuar na economia, con-
os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e corre em grau de igualdade com os particulares, e sob o
o Judiciário. regime do artigo 170 da Constituição, inclusive quanto à
• Quanto à estrutura: simples ou unitários e com- livre concorrência, submetendo-se ainda a todas as obri-
postos. Os órgãos compostos são constituídos por gações constantes do regime jurídico de direito privado,
vários outros órgãos. inclusive no tocante às obrigações civis, comerciais, tra-
balhistas e tributárias.
2. Administração indireta
#FicaDica
A Administração Pública indireta pode ser definida
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público Administração indireta: autarquias (inclui
ou privado, criadas ou instituídas a partir de lei específi- agências reguladoras e agências executivas),
ca, que atuam paralelamente à Administração direta na fundações públicas, empresas públicas e so-
prestação de serviços públicos ou na exploração de ativi- ciedades de economia mista.
dades econômicas. Não compõem a Administração indireta:
“Enquanto a Administração Direta é composta de concessionárias, permissionárias e entidades
órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se paraestatais (terceiro setor).
compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de
entidades”20. Em que pese haver entendimento diverso
registrado em nossa doutrina, integram a Administração Entidades da administração indireta
indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a
saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco- 1. Autarquias
nomia Mista e as Empresas Públicas.
Dispõe o Decreto nº 200/1967: Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
Art. 4° A Administração Federal compreende: I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
II - A Administração Indireta, que compreende as se- personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
guintes categorias de entidades, dotadas de personali- para executar atividades típicas da Administração Pú-
dade jurídica própria: blica, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
a) Autarquias; gestão administrativa e financeira descentralizada.
b) Empresas Públicas; As autarquias são pessoas jurídicas de direito público,
c) Sociedades de Economia Mista. de natureza administrativa, criadas para a execução de
d) fundações públicas. serviços tipicamente públicos, antes prestados pelas
Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que entidades estatais que as criam. Por serviços tipicamente
DIREITO ADMINISTRATIVO

prestam serviços públicos por delegação, embora não públicos entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados
integrem os quadros da Administração, quais sejam, os por lei e comum monopólio do Estado.
permissionários, os concessionários e os autorizados. “O termo autarquia significa autogoverno ou gover-
Essas quatro pessoas integrantes da Administração no próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção
indireta serão criadas para a prestação de serviços públi- semântica para ter o sentido de pessoa jurídica adminis-
cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi- trativa com relativa capacidade de gestão dos interesses
cas, como no caso das empresas públicas e sociedades a seu cargo, embora sob controle do Estado, de onde
de economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar se originou. Na verdade, até mesmo em relação a esse
sentido, o termo está ultrapassado e não mais reflete
20
Ibid.

20
uma noção exata do instituto. [...] Pode-se conceituar au- atribuir prerrogativas especiais e diferenciadas a certas
tarquia como a pessoa jurídica de direito público, inte- autarquias”. São exemplos de autarquias especiais aque-
grante da Administração Indireta, criada por lei para de- las criadas para serviços especiais, como autarquias de
sempenhar funções que, despidas de caráter econômico, ensino (ex.: USP) e autarquias de fiscalização (ex.: CRM
sejam próprias e típicas do Estado”21. e CREA).
Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias:
regime jurídico de direito público, podendo, tão-somen- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
te, ser prestadoras de serviços públicos, contando com (Incra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), De-
capital oriundo da Administração direta. O Código Civil, partamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER),
em seu artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE),
direito público, embora exista controvérsia na doutrina. Departamento nacional de Registro do Comércio (DNRC),
Contam com patrimônio próprio, constituído a partir Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Insti-
de transferência pela entidade estatal a que se vinculam, tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu-
portanto, capital exclusivamente público. rais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen).
São dotadas, ainda, de autonomia financeira, plane-
jando seus gastos e compromissos a cada exercício. A 1.1 Agências reguladoras
proposta orçamentária é encaminhada anualmente ao
chefe do Executivo, que a inclui no orçamento fiscal da São figuras muito recentes em nosso ordenamento
lei orçamentária anual. A própria autarquia presta contas jurídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de re-
diretamente ao Tribunal de Contas. gime especial, são pessoas jurídicas de Direito Público
Podem pagar aos seus credores por meio de precató- com capacidade administrativa, aplicando-se a elas todas
rios e requisição de pequeno valor, tal como a Adminis- as regras das autarquias.
tração direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
ativa de seus devedores. a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que
Gozam de imunidade tributária recíproca em relação se baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez no-
a todas unidades da federação. meado, o dirigente passa a gozar de mandato com prazo
A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces- determinado e só pode ser destituído por processo com
suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro decisão motivada.
para contestar e recorrer, além de reexame necessário Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execu-
da causa em situações de condenação acima de certos ção de serviços públicos. Elas não executam o serviço
valores. propriamente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com
Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e típica função de controle da prestação dos serviços pú-
extintas por lei, que podem ser complementadas por blicos e do exercício de atividades econômicas, evitando
atos do Executivo, notadamente Decretos. a prática de abusos por parte de entidades do setor pri-
As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais vado.
e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou São titulares da matéria técnica que regulam, de
intermunicipais (não é permitida a associação de unida- modo que somente elas podem disciplinar as regras e
des federativas para a criação de autarquias). padrões técnicos desta determinada seara.
Devem executar atividades típicas do direito público No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscali-
e, notadamente, serviços públicos de natureza social e zar o cumprimento de contratos de concessões e o atin-
atividades administrativas, com a exclusão dos serviços e gimento de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o
atividades de cunho econômico e mercantil. atendimento a consumidores e usuários (inclusive rece-
bendo e processando denúncias e reclamações, aplican-
O patrimônio da autarquia é formado por bens públi- do penas administrativas e multas, bem como rescindin-
cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas do contratos), definir política tarifária e reajustá-la.
regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no Entre as agências reguladoras inseridas no ordena-
que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de mento brasileiro, destacam-se: Agência Nacional de
oneração e de usucapião. Energia Elétrica (ANEEL), a Agência Nacional de Teleco-
Os agentes públicos das autarquias são concursados municações (ANATEL) e a Agência Nacional do Petróleo
e estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não (ANP).
à CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e
são nomeados e destituídos livremente pelo chefe do 1.2 Agências executivas
Executivo.
DIREITO ADMINISTRATIVO

Carvalho Filho22 classifica quanto ao regime jurídico: Agência executiva é a qualificação conferida a autar-
“a) autarquias comuns (ou de regime comum); b) au- quia, fundação pública ou órgão da administração direta
tarquias especiais (ou de regime especial). Segundo a que celebra contrato de gestão com o próprio ente po-
própria terminologia, é fácil distingui-las: as primeiras lítico com o qual está vinculado. As agências executivas
estariam sujeitas a uma disciplina jurídica sem qualquer se distinguem das agências reguladoras por não terem
especificidade, ao passo que as últimas seriam regidas como objetivo principal o de exercer controle sobre par-
por disciplina específica, cuja característica seria a de ticulares que prestam serviços públicos, que é o objetivo
fundamental das agências reguladoras. Assim, a expres-
Ibid. são “agências executivas” corresponde a um título ou
21

22
Ibid.

21
qualificação atribuída à autarquia ou a fundações públi- 3. Empresas públicas
cas cujo objetivo seja exercer atividade estatal.
Para uma agência executiva ser constituída é preci- Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
so que o Ministério da área reconheça a autarquia ou a II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali-
fundação como tal. São requisitos a celebração de con- dade jurídica de direito privado, com patrimônio pró-
trato de gestão com este Ministério e a adoção de pla- prio e capital exclusivo da União, criado por lei para
no estratégico de reestruturação e de desenvolvimento a exploração de atividade econômica que o Governo
institucional, voltado para a melhoria da qualidade da seja levado a exercer por força de contingência ou de
gestão e para a redução de custos, já concluído ou em conveniência administrativa podendo revestir-se de
andamento. qualquer das formas admitidas em direito.
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou
#FicaDica para a exploração de atividades econômicas, que contam
com capital exclusivamente público, e são constituídas
As agências reguladoras sempre serão autar-
por qualquer modalidade empresarial, após autorização
quias, embora sujeitas a regime especial.
legislativa do ente federativo criador.
As agências executivas podem ser autarquia,
Sendo a empresa pública uma prestadora de servi-
fundação pública ou órgão da administração
ços públicos, estará submetida a regime jurídico público,
direta que firme contrato de gestão.
ainda que constituída segundo o modelo imposto pelo
Direito Privado. Se a empresa pública é exploradora de
2. Fundações públicas atividade econômica, estará submetida a regime jurídi-
co denominado pela doutrina como semipúblico, ante a
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: necessidade de observância, ao menos em suas relações
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de perso- com os administrados, das regras atinentes ao regime da
nalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrati- Administração, a exemplo dos princípios expressos no
vos, criada em virtude de autorização legislativa, para “caput” do artigo 37 da Constituição Federal.
o desenvolvimento de atividades que não exijam exe- Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre-
cução por órgãos ou entidades de direito público, com sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento cial (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de
custeado por recursos da União e de outras fontes. São Paulo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e
As Fundações são pessoas jurídicas compostas por Telégrafos (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF).
um patrimônio personalizado, destacado pelo seu insti- Estas empresas públicas se caracterizam e se diferen-
tuidor para atingir uma finalidade específica, denomina- ciam das sociedades de economia mista por: não possuí-
das, em latim, universitas bonorum. Entre estas finalida- rem fins lucrativos (o capital excedente não se transforma
des, destacam-se as de escopo religioso, moral, cultural em lucro, é reinvestido na própria empresa), podem ado-
ou de assistência. tar perfis empresariais diversos (LTDA, comandita, nome
Essa definição serve para qualquer fundação, inclu- coletivo, S/A), o capital social é formado por recursos pú-
sive para aquelas que não integram a Administração blicos e só admite sócios públicos (pode ter apenas um
indireta (não-governamentais). No caso das fundações sócio – unipessoalidade originária ou inicial).
que integram a Administração indireta (governamentais),
quando forem dotadas de personalidade de direito pú- 4. Sociedades de economia mista
blico, serão regidas integralmente por regras de direito
público. Quando forem dotadas de personalidade de di- Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
reito privado, serão regidas por regras de direito público III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dota-
e direito privado. da de personalidade jurídica de direito privado, criada
Quando as fundações são criadas pelo Estado são por lei para a exploração de atividade econômica, sob
conhecidas como fundações públicas, ou autarquias a forma de sociedade anônima, cujas ações com di-
fundacionais ou fundações autárquicas. O estatuto da reito a voto pertençam em sua maioria à União ou a
fundação, no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será entidade da Administração Indireta.
criar e organizar a fundação. As fundações públicas são As sociedades de economia mista são pessoas jurídi-
regulamentadas por lei complementar. Sendo fundações cas de Direito Privado criadas para a prestação de servi-
públicas que adotam regime jurídico de direito público, ços públicos ou para a exploração de atividade econômi-
DIREITO ADMINISTRATIVO

se equiparam às autarquias e se sujeitam às mesmas re- ca, contando com capital misto e constituídas somente
gras que elas. sob a forma empresarial de S/A.
Entretanto, é possível que a lei autorize (não crie) Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Es-
uma fundação pública que adote regime jurídico de di- tado que participa dela, existem acionistas a ela vincu-
reito privado, ou então um regime misto, caso em que lados. Entretanto, o Estado deve ser o acionista contro-
seus servidores poderão se sujeitar à CLT e seu patrimô- lador do direito a voto, mesmo que não seja o acionista
nio não será exclusivamente oriundo de verbas estatais. majoritário (se o Estado for sócio, mas não for controla-
A lei autorizadora deve ser expressa neste sentido. dor, trata-se de empresa comum, não sociedade de eco-
nomia mista).

22
Alguns exemplos de sociedade mista: Banco do Brasil Em relação aos pontos distintivos, vale o reforço, con-
e Banespa, como exploradoras de atividade econômica; forme a tabela abaixo:
Petrobrás, Sabesp, Metrô e Companhia de Desenvolvi-
mento Habitacional Urbano (CDHU), como prestadoras Empresa Pública Sociedade de Economia
de serviços públicos. Mista
Estas sociedades de economia mista se caracterizam
e se diferenciam das empresas públicas por: possuírem Não possuem fins lucrati- Possuem fins lucrativos
fins lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionis- vos
tas), adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital Adotam perfis empresa- Adotam o perfil de socie-
social é formado por recursos públicos e privados, os só- riais diversos (inclusive dade anônima S/A
cios são privados e públicos (Estado). pode ser S/A)
Capital social de recursos Capital social de recursos
5. Pontos comuns e distintivos entre empresas pú- públicos públicos e privados
blicas e sociedades de economia mista
Apenas sócios públicos Sócios públicos e privados
Embora a Constituição Federal reserve a atividade
Entidades paraestatais e terceiro setor
econômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado
os papéis de integração (integrar o Brasil na economia
Desde a última década do século passado vêm sendo
global), regulação (definindo regras e limites na explora-
promovidas no Brasil reformas constitucionais e legais
ção da atividade econômica por particulares) e interven-
para implantar um modelo de administração gerencial,
ção (fixação de regras e normas para combater o abuso que se concentra num Estado mínimo, isto é, que inter-
do poder econômico) (conforme artigos 173 e seguintes, fira o mínimo possível na sociedade, em consonância
CF), autoriza-se excepcionalmente que o Estado explo- com o defendido pela doutrina neoliberalista. Entre as
re diretamente atividades econômicas se houver um providências tomadas, colocam-se: reforço à autonomia
relevante interesse em matérias (serviços públicos em das agências reguladoras, privatizações, parcerias públi-
geral) ou atividades de soberania. co-privadas, incentivo à iniciativa privada23 – inclusive às
Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por denominadas entidades paraestatais.
meio de sociedades de economia mista e empresas Alexandrino e Paulo24 afirmam: “no conceito de enti-
públicas. Tais empresas são regidas por regime jurídi- dades paraestatais que adotamos estão enquadrados: a)
co de direito privado, o que evita que o próprio Estado os serviços sociais autônomos; b) as organizações sociais;
possa abusar do poder econômico. Logo, o Estado não c) as organizações da sociedade civil de interesse coleti-
pode dar às suas próprias empresas benefícios previden- vo (OSCIP); d) as ‘entidades de apoio’”. Para os autores,
ciários, tributários e trabalhistas. Além disso, em termos com as reformas, ocorreu uma ampliação do conceito
processuais, não gozam das prerrogativas que as autar- clássico de Meirelles, para o qual apenas eram entida-
quias gozam. des paraestatais as pessoas jurídicas de direito privado
Este impedimento de prerrogativas somente se aplica da Administração Indireta (empresas públicas e socieda-
quando o Estado está explorando atividade econômica des de economia mista) e os serviços sociais autônomos
propriamente dita, não quando está ofertando serviços (SESC, SENAI, SESI, etc.).
públicos. Afinal, se o serviço é público, então o Estado Em detalhes sobre a controvérsia, entidades paraes-
pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta a neces- tatais “são aquelas pessoas jurídicas que atuam ao lado
sidade de regras que impeçam o abuso do poder econô- e em colaboração com o Estado. [...] Há juristas que en-
mico. Por exemplo, os Correios são uma empresa pública tendem serem entidades paraestatais aquelas que, tendo
e possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de bens. personalidade jurídica de direito privado (não incluí-
das, pois, as autarquias), recebem amparo oficial do Po-
Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de
der Público, como as empresas públicas, as sociedades
economia mista são criadas por lei e a existência delas
de economia mista, as fundações públicas e as entidades
deve ser fundada em contrato ou estatuto. Ambas se su-
de cooperação governamental (ou serviços sociais autô-
jeitam, ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclu-
nomos), como o SESI, SENAI, SESC, SENAC etc. Outros
sive, seus bens são, a princípio, penhoráveis (exceto se for pensam exatamente o contrário: entidades paraestatais
prestadora de serviço público e não exploradora de ativi- seriam as autarquias. Alguns, a seu turno, só enquadram
dade econômica). No entanto, não se sujeitam à falência nessa categoria as pessoas colaboradoras que não se
ou à recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005). preordena a fins lucrativos, estando excluídas, assim, as
DIREITO ADMINISTRATIVO

Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório empresas públicas e as sociedades de economia mista.
mínimo: licitar (exceto no que tange à prestação da ati- Para outros, ainda, paraestatais seriam as pessoas de di-
vidade-fim), concursar (os agentes se sujeitam ao regime reito privado integrantes da Administração Indireta, ex-
da CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contra- cluindo-se, por conseguinte, as autarquias, as fundações
tados mediante concurso público de provas ou provas e de direito público e os serviços sociais autônomos. Por
títulos), prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer fim, já se considerou que na categoria se incluem além
ao teto de remuneração (exceto no caso de sociedade dos serviços sociais autônomos até mesmo as escolas
de economia mista que subsista sem qualquer auxílio do 23
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descompli-
cado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.
governo, apenas com seus lucros). 24
Ibid.

23
oficializadas, os partidos políticos e os sindicatos, excluindo-se a administração indireta. Na prática, tem-se encontrado,
com frequência, o emprego da expressão empresas estatais, sendo nelas enquadradas as sociedades de economia mis-
ta e as empresas públicas. Há também autores que adotam o referido sentido”25. Para Carvalho Filho, “deveria abranger
toda pessoa jurídica que tivesse vínculo institucional com a pessoa federativa, de forma a receber desta os mecanismos
estatais de controle. Estariam, pois, enquadradas como entidades paraestatais as pessoas da administração indireta e
os serviços sociais autônomos”26.
Com efeito, o conceito de Alexandrino e Paulo é mais amplo, abrangendo como entidades paraestatais também
as OSCIPs e entidades de apoio. A doutrina mais clássica, de Meirelles e Carvalho Filho, coloca as organizações civis e
as entidades de apoio como pertencentes ao terceiro setor, sendo que as entidades paraestatais juntamente o com-
põem. Basicamente, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e organizações não gover-
namentais – ONG, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público:
a) Serviços sociais autônomos: são as típicas entidades paraestatais, assim como SESC, SESI, SENAI, entre outras,
constituindo entidades de cooperação governamental.
b) Entidades de apoio: são pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos e compostas por servidores
públicos que atuam em nome próprio, adotando a forma de fundação, associação ou cooperativa, prestando
serviços sociais que não são exclusivos do Estado e firmando com este convênio. Ex.: fundações de amparo à
pesquisa.
c) Organizações sociais (OS): reguladas pela Lei nº 9.637/1998, são entidades privadas que se associam ao Esta-
do, exercendo atividades do Estado, em seu próprio nome, com incentivos do Poder Público (delegação). Para
se tornar uma OS, a entidade privada deve comprovar o registro de ato institutivo com requisitos específicos,
como a natureza social do objeto, a finalidade não-lucrativa, a criação de conselho de administração em que se
assegure a participação do poder público e da sociedade civil e a obrigatoriedade de publicação oficial periódica
de relatórios financeiros e do relatório de execução do contrato de gestão. Estas entidades são declaradas como
entidades de interesse social e utilidade pública, não possuindo fins lucrativos.
d) Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP): criadas pela Lei nº 9.790/1999, posteriormente
regulamentada pelo Decreto nº 3.100/1999, são entidades privadas que se associam ao Estado e recebem dele
incentivos, atuando em nome próprio em atividades que não são exclusivas do Estado, mas que são de interesse
social e coletivo. Tal como as OS, não possuem fim lucrativo, o que significa que todo lucro é aplicado integral-
mente na consecução do respectivo objeto social.
Tanto nas OS quanto nas OSCIP, em caso de ilegalidades e irregularidades as autoridades responsáveis pela fis-
calização devem dar ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária; bem como, se
necessário, requerer ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União ou à Procuradoria da entidade que postule em
juízo a indisponibilidade de bens.
DIREITO ADMINISTRATIVO

25
CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.
26
Ibid.

24
OS (Lei nº 9.637/1998) OSCIP (Lei nº 9.790/1999)
Áreas de atuação Delegação de serviço públi- Exercício de atividades de direito privado com apoio do Estado
co nas seguintes áreas: ensino, nas seguintes áreas: Assistência social; cultura, defesa e conserva-
pesquisa científica, desenvolvi- ção do patrimônio histórico e artístico; educação; saúde; segurança
mento tecnológico, proteção e alimentar e nutricional; meio ambiente e desenvolvimento susten-
preservação do meio ambiente, tável; voluntariado; desenvolvimento econômico e social e combate
cultura e saúde. à pobreza; novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alterna-
tivos de produção, comércio, emprego e crédito; direitos estabe-
lecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita
de interesse suplementar; ética, paz, cidadania, direitos humanos,
democracia e outros valores universais; mobilidade de pessoas, por
qualquer meio de transporte; tecnologias alternativas, produção e
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos
que digam respeito às atividades destes campos.
Tempo de funcio- Não há. No mínimo, 3 (três) anos.
namento regular
prévio
Instrumento de vín- Contrato de gestão, que deve Termo de parceria, discriminando direitos, responsabilidades e
culo com o Estado discriminar atribuições, respon- obrigações das partes signatárias. A celebração deve ser precedida
sabilidades e obrigações do de consulta aos Conselhos de Políticas Públicas das áreas corres-
Poder Público e da organização pondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis de gover-
social. no.
Conforme art. 7o, devem constar Conforme art. 10, § 2o, deve conter as seguintes cláusulas: “I - a
no contrato: “I - especificação do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho
do programa de trabalho pro- proposto pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público;
posto pela organização social, II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos
a estipulação das metas a se- e os respectivos prazos de execução ou cronograma; III - a de pre-
rem atingidas e os respectivos visão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho
prazos de execução, bem como a serem utilizados, mediante indicadores de resultado; IV - a de
previsão expressa dos critérios previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumpri-
objetivos de avaliação de de- mento, estipulando item por item as categorias contábeis usadas
sempenho a serem utilizados, pela organização e o detalhamento das remunerações e benefícios
mediante indicadores de quali- de pessoal a serem pagos, com recursos oriundos ou vinculados ao
dade e produtividade; II - a es- Termo de Parceria, a seus diretores, empregados e consultores; V -
tipulação dos limites e critérios a que estabelece as obrigações da Sociedade Civil de Interesse Pú-
para despesa com remuneração blico, entre as quais a de apresentar ao Poder Público, ao término
e vantagens de qualquer natu- de cada exercício, relatório sobre a execução do objeto do Termo
reza a serem percebidas pelos de Parceria, contendo comparativo específico das metas propos-
dirigentes e empregados das tas com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de
organizações sociais, no exercí- contas dos gastos e receitas efetivamente realizados, independente
cio de suas funções”. das previsões mencionadas no inciso IV; VI - a de publicação, na im-
Será enviado ao Ministro de prensa oficial do Município, do Estado ou da União, conforme o al-
Estado da área após aprovado cance das atividades celebradas entre o órgão parceiro e a Organi-
pelo Conselho de Administra- zação da Sociedade Civil de Interesse Público, de extrato do Termo
ção da entidade. de Parceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira,
conforme modelo simplificado estabelecido no regulamento desta
Lei, contendo os dados principais da documentação obrigatória do
inciso V, sob pena de não liberação dos recursos previstos no Ter-
mo de Parceria”.
Execução e fiscali- Cabe ao órgão ou entidade su- Cabe ao órgão do Poder Público da área de atuação correspon-
zação pervisora da área de atuação dente à atividade fomentada, e aos Conselhos de Políticas Públicas
correspondente à atividade fo- das áreas correspondentes de atuação existentes, em cada nível
DIREITO ADMINISTRATIVO

mentada. A OS deve apresentar de governo. Os resultados devem ser analisados por comissão de
relatório ao término de cada avaliação, composta de comum acordo entre o órgão parceiro e a
exercício. A autoridade super- Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.
visora indicará uma comissão
de avaliação, que fará a análise
dos resultados no período.

25
Conferência do tí- Cabe ao Ministério da área de Cabe ao Ministério da Justiça conferir o título. O ato é de caráter
tulo atuação (ex.: se pretende ser vinculado, isto é, o Ministro apenas pode recusar o título se falta-
uma organização social que rem requisitos essenciais à constituição da OSCIP.
atue na saúde, o ministro da
saúde deve autorizar). Há dis-
cricionariedade na concessão
do título.
Especificidades Conselho de Administração Prestação de contas da execução do termo de parceria – exi-
É obrigatório, composto por gências contábeis específicas
20 a 40% de membros natos relatório anual de execução de atividades, contendo especifica-
representantes do Poder mente relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria,
Público; 20 a 30% de membros bem como comparativo entre as metas propostas e os resultados
natos representantes de alcançados; demonstrativo integral da receita e despesa realizadas
entidades da sociedade civil; na execução; extrato da execução física e financeira; demonstração
10 a 30% de membros eleitos de resultados do exercício; balanço patrimonial; demonstração das
pelos demais integrantes do origens e das aplicações de recursos; demonstração das mutações
conselho, dentre pessoas de do patrimônio social; notas explicativas das demonstrações contá-
notória capacidade profissional beis, caso necessário; parecer e relatório de auditoria, se for o caso.
e reconhecida idoneidade
moral; até 10% de membros
indicados ou eleitos na forma
estabelecida pelo estatuto. O
mandato dos membros é de 4
anos, admitida uma recondu-
ção. As funções não são remu-
neradas.
Perda de qualifica- “Art. 16. O Poder Executivo po- “Art. 7o Perde-se a qualificação de Organização da Sociedade Ci-
ção derá proceder à desqualificação vil de Interesse Público, a pedido ou mediante decisão proferida
da entidade como organização em processo administrativo ou judicial, de iniciativa popular ou do
social, quando constatado o Ministério Público, no qual serão assegurados, ampla defesa e o
descumprimento das disposi- devido contraditório”.
ções contidas no contrato de
gestão. § 1o A desqualificação
será precedida de processo
administrativo, assegurado o
direito de ampla defesa, res-
pondendo os dirigentes da or-
ganização social, individual e
solidariamente, pelos danos ou
prejuízos decorrentes de sua
ação ou omissão. § 2o A des-
qualificação importará reversão
dos bens permitidos e dos va-
lores entregues à utilização da
organização social, sem prejuí-
zo de outras sanções cabíveis”.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP – 2018) O regime jurídico constitucional das empresas estatais prevê
DIREITO ADMINISTRATIVO

que:

a) as empresas estatais não estão sujeitas à regra de concurso público para a seleção de seu quadro de pessoal.
b) os empregados das empresas estatais não gozam de estabilidade, devendo, porém, sua demissão ser devidamente
motivada.
c) as empresas estatais prestadoras de serviço público deverão ser criadas por lei, sendo admitida a formação de con-
sórcio.
d) as empresas estatais gozarão do mesmo tratamento jurídico dispensado às autarquias em matéria de regime de
pessoal.

26
e) as obrigações não adimplidas de responsabilidade das Em “b”, não pode demandar discricionariamente so-
empresas estatais deverão ser executadas mediante o bre qualquer assunto (súmula nº 525, STJ).
regime constitucional de precatórios. Em “c”, “d” e “e”, não tem personalidade jurídica e ape-
nas pode demandar para defender seus direitos insti-
Resposta: Letra B. Somente servidores ocupantes tucionais (súmula nº 525, STJ).
de cargo efetivo, que ingressaram no serviço público
mediante concurso público, poderão adquirir estabili- 3. (PGM-AM – PROCURADOR DO MUNICÍPIO – CESPE
dade, de forma que o empregado público não possui – 2018) Acerca dos instrumentos jurídicos que podem
estabilidade, mas a dispensa destes precisa de moti- ser celebrados pela administração pública para a realiza-
vação ção de serviços públicos, julgue o item a seguir:
Em “a”, as empresas estatais, que podem ser empresas A União poderá celebrar convênio com consórcio público
públicas ou sociedades de economia mista, se sujei- constituído por municípios para viabilizar a descentrali-
tam à regra do artigo 37, II, CF, pela qual a investidura zação e a prestação de políticas públicas em escalas ade-
em cargo ou emprego depende de aprovação prévia quadas na área da educação fundamental.
em concurso público, ressalvados os cargos em co-
missão. ( ) CERTO   ( ) ERRADO
Em “c”, as empresas estatais são autorizadas por lei,
mas suas áreas de atuação são definidas por lei com- Resposta: Certo. Pelo instrumento utilizado – convê-
plementar (artigo 37, XIX, CF). nio ou consórcio público – já cabe determinar que se
Em “d”, as empresas estatais têm “sujeição ao regi- trata de um movimento externo (descentralização ou
me jurídico próprio das empresas privadas, inclusive centralização). Se for de dentro da Administração para
quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra- fora, é descentralização, pois sai da autoridade central
balhistas e tributários” (artigo 173, § 1o, II, CF). da Administração para um terceiro. Assim, o exemplo
Em “e”, as empresas estatais não se submetem ao re- descreve corretamente a descentralização.
gime de precatório porque não gozam dos mesmos
privilégios fiscais (artigo 173, § 2o, CF). 4. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) A res-
peito dos princípios da administração pública, de noções
de organização administrativa e da administração direta
2. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV – 2018) Os
e indireta, julgue o item que se segue.
órgãos públicos são centros de competência especializa-
A descentralização administrativa consiste na distribui-
da criados por lei, sem personalidade jurídica, com esco-
ção interna de competências agrupadas em unidades
po de garantir maior eficiência no exercício de suas fun-
individualizadas.
ções. Nesse sentido, de acordo com a doutrina de Direito
Administrativo e a jurisprudência do Superior Tribunal de ( ) CERTO   ( ) ERRADO
Justiça, uma Câmara Municipal:
Resposta: Errado. Quando a distribuição se dá de
a) apesar de não ter personalidade jurídica própria, goza forma interna, fala-se em concentração (de um órgão
de capacidade processual para demandar em juízo, fragmentário para o central) ou em desconcentração
defendendo seus direitos institucionais; (de um órgão central para unidades individualizadas,
b) apesar de não ter personalidade jurídica autônoma, como é o caso do exemplo). A descentralização é um
goza de capacidade processual para demandar em juí- movimento externo, de dentro da Administração para
zo sobre qualquer assunto que seu Presidente decidir terceiro, externo à estrutura administrativa.
discricionariamente;
5. (CODEM-PA – ANALISTA FUNDIÁRIO/ADVOGADO
c) ostenta personalidade jurídica de direito público, como – AOCP – 2017) O Decreto-lei n° 200, de 25 de fevereiro
integrante da Administração Direta, e possui capaci- de 1967, ao dispor sobre a organização da Administração
dade processual para demandar em juízo na defesa Federal, afirmou que esta pode ser realizada de forma di-
de seus interesses; reta e indireta. Assim, com base no referido instrumento
d) ostenta personalidade jurídica de direito público, normativo e nas demais legislações pertinentes, assinale
como integrante da Administração Indireta, e possui a alternativa correta.
capacidade processual para demandar em juízo na de-
fesa de seus interesses; a) As autarquias, por serem pessoas de Direito Público,
e) ostenta personalidade jurídica de direito público, podem ser titulares de interesses públicos, ao contrá-
como integrante da Administração Direta, e possui rio de empresas públicas e sociedades de economia
DIREITO ADMINISTRATIVO

capacidade processual para demandar em juízo sobre mista, as quais, sendo pessoas de Direito Privado, po-
qualquer assunto que seu Presidente decidir discricio- dem apenas receber qualificação para o exercício de
nariamente. atividades públicas.
b) A entidade dotada de personalidade jurídica de direito
Resposta: Letra A. Nos moldes da súmula nº 525, privado, criada por lei para a exploração de atividade
STJ: “a Câmara de Vereadores não possui personalida- econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
de jurídica, apenas personalidade judiciária, somente ações com direito a voto pertençam em sua maioria à
podendo demandar em juízo para defender os seus União ou a entidade da Administração Indireta, é cha-
direitos institucionais”. mada de empresa pública.

27
c) As empresas públicas devem adotar, obrigatoriamen- através das pessoas físicas que em seu nome manifestam
te, a forma de sociedade anônima. Já as sociedades de determinada vontade, e é por isso que essa manifestação
economia mista podem adotar qualquer forma socie- volitiva acaba por ser imputada ao próprio Estado. São
tária admitida em direito. todas essas pessoas físicas que constituem os agentes
d) Tanto as autarquias quanto as fundações públicas são públicos”27.
consideradas pessoas jurídicas de Direito Privado em Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de
razão da base estrutural que possuem, mas são direta- Improbidade Administrativa): “Reputa-se agente público,
mente supervisionadas pelo Presidente da República. para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
e) São aplicadas às fundações públicas as disposições de que transitoriamente ou sem remuneração, por elei-
Direito Civil, inclusive a inscrição da escritura pública ção, nomeação, designação, contratação ou qualquer
de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídi- outra forma de investidura ou vínculo, mandato, car-
cas para que possa adquirir personalidade jurídica. go, emprego ou função nas entidades mencionadas no
artigo anterior”. A Lei nº 8.429/92 adota um amplo sen-
Resposta: Letra A. Disciplina o artigo 5º, I, Decreto- tido da expressão agente público, abrangendo pessoas
-Lei nº 200/967: “Para os fins desta lei, considera-se: vinculadas a entidades que recebam qualquer incentivo
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com financeiro do Estado, inclusive as pertencentes ao tercei-
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, ro setor. Entretanto, este sentido amplo não se reflete
para executar atividades típicas da Administração Pú- nas normativas que regulam o regime jurídico dos ser-
blica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, vidores.
gestão administrativa e financeira descentralizada”.
Em “b”, incorreta, pois o conceito é de Sociedade de 2. Espécies: cargo, emprego e função
Economia Mista, conforme artigo 5º, III, Decreto-Lei nº
200/967: “a entidade dotada de personalidade jurídica Os agentes públicos subdividem-se em:
de direito privado, criada por lei para a exploração de a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos
atividade econômica, sob a forma de sociedade anô- estruturais à organização política do País [...], Presi-
nima, cujas ações com direito a voto pertençam em dente da República, Governadores, Prefeitos e res-
sua maioria à União ou a entidade da Administração pectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes
Indireta”. de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das di-
Em “c”, incorreta, pois sociedades de economia mista versas pastas, bem como os Senadores, Deputados
devem ser constituídas sob a forma de sociedade anô- Federais e Estaduais e os Vereadores”28. O agente
nima, ao passo que as empresas públicas podem ser político é aquele detentor de cargo eletivo, eleito
constituídas sob outras formas, conforme artigo 5º, II por mandatos transitórios.
e III, Decreto-Lei nº 200/967. b) servidores públicos, que se dividem em funcioná-
Em “d”, incorreta, pois ambas são consideradas pes- rio público, empregado público e contratados em
soas jurídicas de direito público, conforme artigo 5o, I caráter temporário. Os servidores públicos formam
e IV, Decreto-Lei nº 200/967. a grande massa dos agentes do Estado, desenvol-
Em “e”, incorreta, pois nos termos do artigo 5o, § 3o, vendo variadas funções. O funcionário público é o
Decreto-Lei nº 200/967, “as entidades de que trata o tipo de servidor público que é titular de um cargo,
inciso IV (fundações públicas) deste artigo adquirem se sujeitando a regime estatutário (previsto em es-
personalidade jurídica com a inscrição da escritura pú- tatuto próprio, não na CLT). O empregado público
blica de sua constituição no Registro Civil de Pessoas é o tipo de servidor público que é titular de um
Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições emprego, sujeitando-se ao regime celetista (CLT).
do Código Civil concernentes às fundações”. Tanto o funcionário público quanto o empregado
público somente se vinculam à Administração me-
diante concurso público, sendo nomeados em ca-
ráter efetivo. Contratados em caráter temporário
AGENTES PÚBLICOS (ESPÉCIES)
são servidores contratados por um período certo e
determinado, por força de uma situação de excep-
cional interesse público, não sendo nomeados em
1. Conceito caráter efetivo, ocupando uma função pública.
c) particulares em colaboração com o Estado – são
Agente público é expressão que engloba todas as agentes que, embora sejam particulares, executam
pessoas lotadas na Administração, isto é, trata-se daque- funções públicas especiais que podem ser quali-
DIREITO ADMINISTRATIVO

les que servem ao Poder Público. ficadas como públicas. Ex.: mesário, jurado, recru-
“A expressão agente público tem sentido amplo, tados para serviço militar.
significa o conjunto de pessoas que, a qualquer título,
exercem uma função pública como prepostos do Estado.
Essa função, é mister que se diga, pode ser remunerada
ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica.
O que é certo é que, quando atuam no mundo jurídico, 27
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed.
tais agentes estão de alguma forma vinculados ao Po- Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
der Público. Como se sabe, o Estado só se faz presente MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 32. ed.
28

São Paulo: Malheiros, 2015.

28
No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
#FicaDica nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
Os agentes públicos podem ser agentes po- atividade profissional também é considerado. O concur-
líticos, particulares em colaboração com o so público terá um prazo de validade (o máximo é de 2
Estado e servidores públicos. Logo, o servi- anos, prorrogáveis por mais 2).
dor público é uma espécie do gênero agen-
te público. Com efeito, funcionário público 5. Cargo em comissão
é uma espécie do gênero servidor público,
abrangendo apenas os servidores que se su- Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
jeitam a regime estatutário (regulado em lei exige concurso público, sendo exceção à regra geral. Nos
especial). Já o empregado público, que tam- termos do artigo 37, II, CF o cargo em comissão é de livre
bém é espécie do gênero servidor público, nomeação e exoneração.
se sujeita a regime celetista (a natureza desta Como destacado, a regra é que todas entidades da
relação jurídica é contratual). administração direta e indireta devem realizar concurso
público para contratar funcionários públicos. Entretan-
to, os cargos em comissão representam um vínculo de
confiança entre o administrador e o contratado, o que
3. Ausência de competência: agente de fato
dispensa a exigência de concurso público.
O cargo em comissão apenas existe para cargos de
O agente precisa estar legitimamente investido num chefias, assessoramento e direção, notadamente, cargos
cargo para praticar um ato administrativo, isto é, deve de confiança.
ter competência para tanto. Contudo, existe a situação Os servidores que ocupam cargo em comissão po-
do agente de fato, que é aquele em relação ao qual a dem ser exonerados a qualquer tempo, pois não adqui-
investidura está maculada de um defeito. rem estabilidade e nem as garantias que dela decorrem
Di Pietro29 exemplifica tal situação: “falta de requisito (exonerado “ad nutum”).
legal para investidura, como certificado de sanidade ven- O servidor que ocupa cargo em comissão se sujeita
cido; inexistência de formação universitária para função ao regime geral da previdência social. Quanto ao regime
que a exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo de trabalho, será o mesmo dos demais servidores do ór-
ocorre quando o servidor está suspenso do cargo, ou gão em que ocupa o cargo – se for estatutário, seguirá o
exerce funções depois de vencido o prazo de sua contra- mesmo estatuto e fará jus aos direitos ali previstos, exce-
tação, ou continua em exercício após a idade-limite para to os de natureza previdenciária; se for celetista, seguirá
aposentadoria compulsória”. as normas da CLT e terá os mesmos direitos ali assegura-
Essa ilegalidade gera efeitos na competência do ato dos, inclusive FGTS.
administrativo, mas não pode ser confundida com o cri-
me de usurpação de função (art. 328, CP), no qual o su- #FicaDica
jeito exerce uma atribuição de cargo, emprego ou função
pública, sem ocorrer nenhuma forma de investidura. No Cargo em comissão é diferente de função de
caso do agente de fato, há investidura, mas ela se deu confiança, sendo que a segunda apenas pode
sem os devidos requisitos. ser conferida a quem já ocupa um cargo pú-
Quanto aos atos praticados pelo agente de fato, a blico efetivo.
doutrina majoritária considera-os válidos, por causa da Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exer-
aparência de conformidade com a lei e em preservação cidas exclusivamente por servidores ocupantes
da boa-fé dos administrados. Entretanto, será necessá- de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a
rio ponderar no caso concreto, utilizando como vetores serem preenchidos por servidores de carreira
a segurança jurídica e a boa-fé da população, bem como nos casos, condições e percentuais mínimos
observando se a falta de competência não poderia ser previstos em lei, destinam-se apenas às atri-
facilmente detectada. buições de direção, chefia e assessoramento.
4. Exigência de concurso público
6. Garantias do cargo efetivo: estabilidade/vitali-
A aprovação prévia em concurso de provas ou de ciedade
provas e títulos é requisito para a investidura em cargo
ou emprego público efetivo, conforme artigo 37, II, CF e O servidor público efetivo, aquele que foi provido
artigo 10 da Lei nº 8.112/1990. em cargo mediante nomeação seguida da aprovação em
DIREITO ADMINISTRATIVO

A administração direta e indireta é obrigada a prover concurso público, está apto a adquirir estabilidade, nos
seus cargos, empregos e funções por meio de concur- moldes do artigo 41, CF, após três anos de efetivo exer-
sos públicos. Inclusive, por mais que empresas públicas cício.
e sociedades de economia mista sejam pessoas jurídicas Os primeiros três anos de serviço correspondem ao
de direito privado, devem respeitar o núcleo mínimo de estágio probatório, período em que o servidor deverá ser
imposições ao poder público, inclusive a obrigação de submetido a uma avaliação especial de desempenho, na
prover seus empregos por meio de concurso público. qual se avaliam os seguintes fatores: assiduidade; disci-
plina; capacidade de iniciativa; produtividade; responsa-
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas, bilidade (art. 20, Lei nº 8.112/1990).
29

2010.

29
Não existe vedação para um servidor em estágio pro-
batório exercer quaisquer cargos de provimento em co-
#FicaDica
missão ou funções de direção, chefia ou assessoramento
no órgão ou entidade de lotação. O servidor público efetivo está apto a adqui-
Vale destacar que sempre que o servidor mudar de rir estabilidade, nos moldes do artigo 41, CF,
cargo, por exemplo, mediante promoção, passará por após três anos de efetivo exercício com apro-
um novo período de estágio probatório e, se não apro- vação no estágio probatório (art. 41, §1º, CF),
vado, será conduzido ao cargo anteriormente ocupado. no qual se avaliam os seguintes fatores: assi-
De forma diversa ocorre se a reprovação se der no cargo duidade; disciplina; capacidade de iniciativa;
de acesso ao serviço público (provimento mediante no- produtividade; responsabilidade (art. 20, Lei
meação). nº 8.112/1990). Após, o servidor apenas per-
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- derá o cargo em virtude de sentença judicial
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado transitada em julgado, mediante processo
nos casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, administrativo em que lhe seja assegurada
notadamente: em virtude de sentença judicial transita- ampla defesa ou mediante procedimento de
da em julgado; mediante processo administrativo em avaliação periódica de desempenho.
que lhe seja assegurada ampla defesa; ou mediante O empregado público vinculado a empre-
procedimento de avaliação periódica de desempe- sa pública e sociedade de economia mista
nho, na forma de lei complementar, assegurada ampla não adquire estabilidade (súmula 390, TST).
defesa (sendo esta lei complementar ainda inexistente Contudo, se a empresa pública ou sociedade
no âmbito federal). Logo, é possível a perda do cargo de economia mista prestar serviço público,
mesmo após adquirir a estabilidade, mas há garantias a dispensa do empregado público deve ser
quanto à forma como isso pode ocorrer. motivada (OJ 247, SDI1, TST).
Além das hipóteses citadas, existe mais uma possibi-
lidade de perda de cargo (sem caráter punitivo), mesmo
que o seu detentor seja estável no serviço público. Trata- 7. Formas de provimento e vacância dos cargos
-se da perda de cargo para adequação dos gastos do Es- públicos
tado à Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. A Constitui-
ção Federal inicialmente impõe que os entes federativos, Provimento é o preenchimento do cargo público; ao
no caso de extrapolação dos limites de gastos previstos passo que vacância é a sua desocupação.
na LRF, reduzam as despesas com servidores públicos O provimento pode se dar de forma originária ou de-
comissionados e não estáveis, conforme art. 169, §3º, rivada.
CF. Mas se as medidas previstas no §3º do art. 169 não De forma originária, o provimento pressupõe que
forem suficientes para adequar e controlar as despesas não exista uma relação jurídica anterior entre servidor
públicas, a CF/88 prevê, em seu §4º, a perda do cargo público e Administração. A única forma de provimento
até mesmo na hipótese em que o seu ocupante detenha originário é a nomeação, que pode ser em caráter efeti-
estabilidade no serviço público. Se ocorrer esta hipótese, vo (mediante aprovação em concurso) ou em comissão
o servidor estável que perder o cargo terá direito a in- (tratando-se de cargo de confiança).
denização correspondente a 1 mês de remuneração por De forma derivada, o provimento pressupõe que
ano de serviço público. exista uma relação jurídica anterior entre servidor pú-
Existem alguns servidores públicos efetivos que não blico e Administração. Pode se dar de diversas formas:
possuem apenas estabilidade, mas sim vitaliciedade. São promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, rein-
eles os membros do Poder Judiciário e do Ministério Pú- tegração e recondução.
blico (artigo 95, I, CF; artigo 128, §5º, I, “a”, CF). O prazo
para a aquisição da vitaliciedade é diferente do prazo • Promoção é a elevação de um servidor de uma
para aquisição da estabilidade, sendo adquirida após 2 classe para outra dentro de uma mesma carreira.
anos de serviço público. Durante esse período, também • Readaptação é a passagem do servidor para outro
é submetido o servidor a “estágio probatório”, chamado
cargo compatível com a deficiência física que ele
de processo de vitaliciamento. Um fator importantíssimo
venha a apresentar.
a favor dos agentes vitalícios é que eles somente podem
• Reversão é o retorno ao serviço ativo do servidor
perder o cargo em decorrência de decisão judicial transi-
aposentado por invalidez quando insubsistentes
tada em julgado. Então, as várias hipóteses de perda de
os motivos da aposentadoria.
cargo previstas para servidores estáveis não se aplicam
• Aproveitamento é o retorno ao serviço ativo do
DIREITO ADMINISTRATIVO

aos servidores vitalícios.


servidor que se encontrava em disponibilidade e
foi aproveitado em cargo semelhante àquele ante-
riormente ocupado.
• Reintegração é o retorno ao serviço ativo do ser-
vidor que fora demitido, quando a demissão for
anulada administrativamente ou judicialmente,
voltando para o mesmo cargo que ocupava ante-
riormente.

30
• Recondução é o retorno ao cargo anteriormen- intentados por candidatos; participar da logística
te ocupado, do servidor que não logrou êxito no de preparação e de realização de concurso público
estágio probatório de outro cargo para o qual foi envolvendo atividades de planejamento, coorde-
nomeado decorrente de outro concurso. nação, supervisão, execução e avaliação de resulta-
Obs.: São consideradas formas inconstitucionais de do, quando tais atividades não estiverem incluídas
provimento a transferência, que era a passagem de um entre as suas atribuições permanentes; participar
servidor de um quadro para outro dentro de um mesmo da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame
poder, e a ascensão, que significava a passagem de uma vestibular ou de concurso público ou supervisionar
carreira para outra. essas atividades.
Em relação às formas de vacância, que ocorre quan-
do o cargo púbico anteriormente ocupado fica livre, co- - Adicionais (podem se incorporar)
locam-se: falecimento, aposentadoria, promoção, demis- • Insalubridade/Periculosidade – paga a servidores
são, exoneração, readaptação, posse em outro cargo cuja que trabalhem com habitualidade em locais insalu-
acumulação seja vedada. bres ou em contato permanente com substâncias
tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus
8. Remuneração e vantagens a um adicional sobre o vencimento do cargo efeti-
vo.
O primeiro direito do servidor é o de receber paga- • Atividades penosas – devido aos servidores em
mento pelo seu trabalho, mediante vencimento, o qual exercício em zonas de fronteira ou em localidades
acrescido de vantagens se denomina remuneração. cujas condições de vida o justifiquem.
Vencimento = retribuição pecuniária pelo cargo • Serviço extraordinário – horas extras, limitadas a 2
público. (duas) horas por jornada = valor da hora normal +
Remuneração = vencimento + vantagens. 50%.
É garantido o direito ao igual vencimento por • Noturno – prestado em horário compreendido en-
igual trabalho. tre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco)
Nenhum servidor receberá menos do que o salário horas do dia seguinte = valor-hora acrescido de
mínimo. 25% (vinte e cinco por cento).
Faltas e atrasos geram perda proporcional da remu- • De férias – 30 dias a cada 12 meses de trabalho =
neração. Não geram perda de remuneração as faltas jus- +1/3 da remuneração no período de férias.
tificadas e devidamente compensadas.
As vantagens se dividem em: As licenças se dividem em:
- Indenizações (não se incorporam) • Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Famí-
• Ajuda de custo – compensa as despesas de ins- lia – justifica-se por problema de saúde com um fa-
talação do servidor que, no interesse do serviço, miliar próximo ou dependente legal. Remunerada.
passar a ter exercício em nova sede, com mudança • Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge –
de domicílio em caráter permanente. justifica-se por mudança do cônjuge de um servi-
• Diárias – ressarcem o afastamento da sede em ca- dor público de cidade ou país. Não remunerada.
ráter eventual ou transitório para outro ponto do • Licença para o Serviço Militar – justifica-se para o
território nacional ou para o exterior, correspon- caso de convocação do servidor para o serviço mi-
dendo a passagens e diárias (que pagam pousada, litar. Não remunerada.
alimentação e transporte). • Licença para Atividade Política – justifica-se para o
• Indenização de transporte – ressarce despesas com caso de servidor candidato a cargo político eletivo,
a utilização de meio próprio de locomoção para a sendo obrigatório entre o dia da candidatura e dez
execução de serviços externos. dias após as eleições. Não remunerada.
• Auxílio-moradia – ressarce despesas comprova- • Licença para Capacitação – justifica-se para o aper-
damente realizadas pelo servidor com aluguel de feiçoamento profissional do servidor. Remunerada.
moradia ou com meio de hospedagem administra- • Licença Para Tratar Interesses Particulares – dispen-
do por empresa hoteleira. sa justificativa, basta a vontade do servidor. Não
remunerada.
- Gratificações (podem se incorporar) • Licença para Desempenho de Mandato Classista
• Por direção, chefia e assessoramento – pago ao – justifica-se para o caso de convocação do servi-
servidor ocupante de cargo efetivo investido em dor como responsável por gerir ou representar em
função de direção, chefia ou assessoramento. tempo integral entidade de classe. Não remunera-
DIREITO ADMINISTRATIVO

• Natalina – 13o salário. da.


• Por Encargo, de curso ou de concurso (não se • Licença para Tratamento de Saúde – justifica-se
incorpora) – devida ao servidor que, em caráter por doença do servidor, sendo necessário o afasta-
eventual: atuar como instrutor em curso de forma- mento para tratamento. Remunerada.
ção, de desenvolvimento ou de treinamento; parti- • Licença-Gestante ou Adotante – justifica-se por
cipar de banca examinadora ou de comissão para maternidade, biológica ou adotada. Remunerada.
exames orais, para análise curricular, para correção • Licença-Paternidade – justifica-se por paternidade,
de provas discursivas, para elaboração de ques- biológica ou adotada. Remunerada.
tões de provas ou para julgamento de recursos

31
9. Responsabilidade civil, penal e administrativa processa nos seguintes moldes: a vítima ajuizará ação
indenizatória contra o Estado, pessoa jurídica de direito
O servidor poderá ser responsabilizado por atos pra- público; caso o Estado seja condenado ao pagamento da
ticados no exercício de sua função na esfera criminal, se indenização e entenda que o servidor agiu com dolo ou
o fato que praticou for considerado crime; na esfera ad- culpa, poderá exercer contra ele o direito de regresso,
ministrativa, se o ato praticado configurar infração ad- demandando que o servidor ressarça o Estado de inde-
ministrativa; na esfera civil, se o fato que praticou gerar nização por ele paga. Basicamente, o direito de regresso
um dano indenizável e ele tiver agido com dolo ou culpa. consiste no direito de acionar o causador direto do dano
As penalidades das três esferas podem se acumular e para obter de volta aquilo que pagou à vítima.
elas são independentes e autônomas entre si, com res-
salvas à esfera penal, uma vez que as decisões absolutas 10. Regime disciplinar
da esfera penal são baseadas em provas contundentes e
não se admitiria resultado diverso em outras esferas. O regime disciplinar do servidor público está es-
Por isso, a responsabilidade administrativa do ser- tabelecido basicamente de duas maneiras: deveres e
vidor será afastada no caso de absolvição criminal que proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am-
negue a existência do fato ou sua autoria. Noutras pala- bos deveres e proibições são normas protetivas da boa
vras, como no direito penal vale a regra da presunção de Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito,
inocência, qualquer tipo de dúvida deve gerar a absol- cabível é uma punição.
vição do réu. Logo, na esfera penal é preciso uma prova Deve-se notar, porém, que os deveres constam da lei
rigorosa, sendo comum que uma pessoa seja absolvida como ações, como conduta positiva; as proibições, ao
na esfera penal por falta de provas. Contudo, nas esferas contrário, são descritas como condutas vedadas ao ser-
civil e administrativa, o ônus da prova é distribuído entre vidor, de modo que ele deve abster-se de praticá-las. Em
as partes, razão pela qual a prova que não foi suficiente contraposição aos deveres do servidor público, existem
para gerar a condenação penal pode sim ser suficiente diversas proibições.
para gerar uma condenação na esfera civil ou administra- A violação dos deveres ou a prática de alguma das
violações caracterizam infração administrativa disciplinar
tiva – isso acentua a independência das esferas.
e geram a aplicação de penalidades disciplinares, nota-
Entretanto, se a prova for suficiente para que o direito
damente: advertência; suspensão; demissão; cassação de
penal confira uma resposta absoluta e definitiva, é coe-
aposentadoria ou disponibilidade; destituição de cargo
rente que as esferas civil e administrativa sejam obriga-
em comissão; destituição de função comissionada.
das a seguir o mesmo caminho. Se ocorrer condenação
O processo administrativo disciplinar se presta a apu-
penal, deve ocorrer condenação civil/administrativa. Se
rar as infrações disciplinares, garantindo aos servidores
ocorrer absolvição penal, não por falta de provas, mas
o direito ao contraditório e à ampla defesa. Basicamen-
por absoluto reconhecimento da inexistência do fato ou te, é o instrumento destinado a apurar responsabilidade
negativa de autoria, deve ocorrer absolvição civil/admi- de servidor por infração praticada no exercício de suas
nistrativa. atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do
Especificamente quanto à esfera civil, vale destacar o cargo em que se encontre investido.
artigo 37, § 6o, CF:
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
blico e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, EXERCÍCIOS COMENTADOS
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de 1. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES-
dolo ou culpa. PE – 2018) Acerca do regime jurídico dos servidores pú-
A responsabilidade civil do Estado com relação ao blicos federais, julgue o item a seguir.
administrado é objetiva. Basta a demonstração de ação/ A promoção não constitui forma de provimento em car-
omissão, dano e nexo causal. Noutras palavras, basta que go público.
um dano seja causado por um agente público para que
o Estado tenha o dever de indenizar, não importando se ( ) CERTO   ( ) ERRADO
este agente público agiu ou não com culpa. O artigo 37,
§ 6o, CF consagra a denominada teoria do risco adminis- Resposta: Errado. A promoção é uma forma deriva-
trativo. da de provimento do cargo público, acessível àqueles
Contudo, para que o agente público causador do que estão na carreira e vão galgar novo degrau em
dano tenha o dever de indenizar é preciso que tenha cargo de nível superior ao ocupado no momento.
DIREITO ADMINISTRATIVO

agido com dolo ou culpa. Em suma, existe uma relação


jurídica autônoma entre o Estado e o agente público 2. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) Jul-
que causou o dano no desempenho de suas funções, gue o seguinte item de acordo com as disposições cons-
em comparação à relação do Estado com o administra- titucionais e legais acerca dos agentes públicos.
do. Nesta relação, a responsabilidade civil será subjetiva, A investidura em cargo, emprego ou função pública exi-
ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo ge a prévia aprovação em concurso público de provas ou
dano causado. de provas e títulos, na forma prevista em lei.
Esta bifurcação entre a responsabilidade civil do Es-
tado e a responsabilidade civil do servidor público se ( ) CERTO   ( ) ERRADO

32
Resposta: Errado. A função pública é exercida por § 1º - A hierarquia policial militar é a organização em
servidores contratados temporariamente com base no carreira da autoridade em níveis diferentes, dentro da
artigo 37, IX, CF, não dependendo de concurso. Des- estrutura da Polícia Militar, consubstanciada no espíri-
taca-se que o artigo 37, II, CF, prevê: “a investidura em to de acatamento à sequência de autoridade.
cargo ou emprego público depende de aprovação § 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acata-
prévia em concurso público de provas ou de provas mento integral das leis, regulamentos, normas e dispo-
e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade sições que fundamentam o organismo policial militar
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressal- e coordenam seu funcionamento regular e harmônico,
vadas as nomeações para cargo em comissão declara- traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por
do em lei de livre nomeação e exoneração”. parte de todos e de cada um dos componentes desse
organismo.
3. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) § 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser
Acerca do direito administrativo, dos atos administrati- observados e mantidos em todas as circunstâncias da
vos e dos agentes públicos, julgue o item a seguir. vida, entre os policiais militares.
Em que pese ocuparem cargos eletivos, as pessoas físi-
cas que compõem o Poder Legislativo são consideradas Art. 4º - A situação jurídica dos policiais militares é de-
agentes públicos. finida pelos dispositivos constitucionais que lhe forem
aplicáveis, por este Estatuto e por legislação específica
e peculiar que lhes outorguem direitos e prerrogativas
( ) CERTO   ( ) ERRADO e lhes imponham deveres e obrigações.

Resposta: Certo. Existem três espécies de agentes pú- CAPÍTULO II


blicos: agentes políticos, agentes administrativos (en- DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR
tram aqui os servidores e empregados públicos) e par-
ticulares em colaboração com o Estado. Aqueles que SEÇÃO I
ocupam cargo eletivo, exercendo assim mandato, são DOS REQUISITOS E CONDIÇÕES PARA O INGRESSO
agentes políticos, espécie do gênero agente público.
Art. 5º - São requisitos e condições para o ingresso na
Polícia Militar:
I - ser brasileiro nato ou naturalizado;
LEI ESTADUAL Nº 7.990, DE 27 DE II - ter o mínimo de dezoito e o máximo de trinta anos
DEZEMBRO DE 2001 (ESTATUTO DOS de idade;
POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DA III - estar em dia com o Serviço Militar Obrigatório;
BAHIA) IV - ser eleitor e achar-se em gozo dos seus direitos
políticos;
V - possuir idoneidade moral, comprovada por meio
Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares do Esta- de folha corrida policial militar e judicial, na forma
do da Bahia e dá outras providências. prevista em edital;
VI - aptidão física e mental, comprovada mediante
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber exames médicos, testes físicos e exames psicológicos,
que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a se- na forma prevista em edital;
guinte Lei: VII - possuir estatura mínima de 1,60 m para candi-
datos do sexo masculino e 1,55 m para as candidatas
TÍTULO I do sexo feminino;
GENERALIDADES VIII - possuir a escolaridade ou formação profissional
exigida ao acompanhamento do curso de formação a
CAPÍTULO I que se candidata, na forma prevista em edital.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES IX -possuir Carteira Nacional de Habilitação válida,
categoria B.
Art. 1º - Este Estatuto regula o ingresso, as situações Inciso IX acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de 06
institucionais, as obrigações, os deveres, direitos, ga- de janeiro de 2009.
rantias e prerrogativas dos integrantes da Polícia Mili-
tar do Estado da Bahia. Art. 6º - O ingresso na Polícia Militar é assegurado
DIREITO ADMINISTRATIVO

aos aprovados em concurso público de provas ou de


Art. 2º - Os integrantes da Polícia Militar do Estado provas e títulos, mediante matrícula em curso profis-
da Bahia constituem a categoria especial de servido- sionalizante, observadas as condições prescritas nes-
res públicos militares estaduais denominados policiais ta Lei, nos Regulamentos e nos respectivos editais de
militares, cuja carreira é integrada por cargos técnicos concurso da Instituição.
estruturados hierarquicamente.

Art. 3º - A hierarquia e a disciplina são a base institu-


cional da Polícia Militar.

33
SEÇÃO II Art. 10 - Posto é o grau hierárquico do Oficial, con-
DO COMPROMISSO POLICIAL MILITAR ferido por ato do Governador do Estado e registrado
em Carta Patente; Graduação é o grau hierárquico
Art. 7º - Todo cidadão, após ingressar na Polícia Mili- do Praça conferido pelo Comandante Geral da Polícia
tar, prestará compromisso de honra, no qual afirmará Militar.
a sua aceitação consciente das obrigações e dos deve- § 1º - A todos os postos e graduações de que trata este
res policiais militares e manifestará a sua firme dispo- artigo será acrescida a designação “PM”.
sição de bem cumpri-los. § 2º - Quando se tratar de policial militar dos Qua-
dros Complementar e Auxiliar, o posto será seguido
Art. 8º - O compromisso a que se refere o artigo an- da designação policial militar e da abreviatura da es-
terior terá caráter solene e será prestado pelo policial pecialidade.
militar na presença da tropa, no ato de sua investi- § 3º - Sempre que o policial militar da reserva remu-
dura, conforme os seguintes dizeres: “Ao ingressar na nerada ou reformado fizer uso do posto ou graduação,
Polícia Militar do Estado da Bahia, prometo regular a deverá fazê-lo com as abreviaturas indicadoras de sua
minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir ri- situação.
gorosamente as ordens legais das autoridades a que
estiver subordinado e dedicar-me inteiramente ao ser- SEÇÃO II
viço policial militar, à manutenção da ordem pública DA PRECEDÊNCIA
e à segurança da sociedade mesmo com o risco da
própria vida”. Art. 11 - A precedência entre policiais militares da
Parágrafo único - Ao ser promovido ou nomeado ao ativa, do mesmo grau hierárquico, é assegurada pela
primeiro posto, o Oficial prestará compromisso, em antiguidade no posto ou graduação e pelo Quadro,
solenidade especial, nos seguintes termos: “Perante salvo nos casos de precedência funcional estabelecida
as Bandeiras do Brasil e da Bahia, pela minha honra, em Lei.
prometo cumprir os deveres de Oficial da Polícia Mili- § 1º - A antiguidade em cada posto ou graduação
tar do Estado da Bahia e dedicar-me inteiramente ao é contada a partir da data da assinatura do ato da
seu serviço”. respectiva promoção ou nomeação, salvo quando for
fixada outra data.
CAPÍTULO III § 2º - No caso do parágrafo anterior, havendo igual-
DA HIERARQUIA POLICIAL MILITAR dade, a antiguidade será estabelecida:
a) entre policiais militares do mesmo Quadro, pela po-
SEÇÃO I
sição, nas respectivas escalas numéricas ou registros
DA ESCALA HIERÁRQUICA
existentes na Instituição;
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou gra-
Art. 9º - Os postos e graduações da escala hierárquica
duação anterior se, ainda assim, subsistir a igualdade,
são os seguintes:
recorrer-se-á, sucessivamente, aos graus hierárquicos
I - Oficiais:
a) Coronel PM; anteriores, à data de praça e à data de nascimento
b) Tenente Coronel PM; para definir a precedência, sendo considerados mais
c) Major PM; antigos, respectivamente, os de data de praça mais
d) Capitão PM; antiga e de maior idade;
e) 1º Tenente PM. c) entre os alunos de um mesmo órgão de formação
II - Praças Especiais: de policiais militares, de acordo com o regulamento
a) Aspirante-a-Oficial PM; do respectivo órgão, se não estiverem especificamente
b) Aluno-a-Oficial PM; enquadrados nas alíneas “a” e “b” deste parágrafo.
c) Aluno do Curso de Formação de Sargentos PM; § 3º - Nos casos de nomeação coletiva por conclusão
d) Aluno do Curso de Formação de Cabos PM; de curso e promoção ao primeiro posto ou graduação,
e) Aluno do Curso de Formação de Soldados PM. prevalecerá, para efeito de antiguidade, a ordem de
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de classificação obtida no curso.
janeiro de 2009. § 4º - Em igualdade de posto ou graduação, os poli-
Redação original: “II - Praças Especiais:a) Aspirante a ciais militares da ativa têm precedência sobre os da
Oficial PM;b) Aluno a Oficial PM;c) Aluno do Curso de inatividade.
Formação de Sargentos PM;d) Aluno do Curso de For- § 5º - Em igualdade de posto ou graduação, a prece-
mação de Soldados PM.” dência entre os policiais militares de carreira na ativa
DIREITO ADMINISTRATIVO

III - Praças: e os convocados é definida pelo tempo de efetivo ser-


a) Subtenente PM; viço no posto ou graduação destes.
b) 1º Sargento PM; § 6º - Em igualdade de posto, os Oficiais do Quadro
c) Cabo PM; de Segurança terão precedência sobre os Oficiais do
d) Soldado 1ª Classe PM. Quadro de Oficiais Auxiliares da Polícia Militar e estes
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de terão precedência sobre os Oficiais do Quadro Com-
janeiro de 2009. plementar de Oficiais Policiais Militares.
Redação original: “III - Praças:a) Sargento PM;b) Sol- § 7º - A precedência entre os Praças Especiais e aos
dado PM 1ª Classe.” demais é assim regulada:

34
a) o Aspirante Oficial é hierarquicamente superior aos to, em caráter retroativo, de diferenças remunerató-
praças; rias de qualquer natureza em decorrência da aplica-
b) o Aluno Oficial é hierarquicamente superior aos ção do disposto neste parágrafo.
Subtenentes; § 6º - Para fins de reversão, prevista no inciso II deste
c) o Aluno do Curso de Formação de Sargentos é hie- artigo, é obrigatório que o Policial Militar não tenha
rarquicamente superior ao Cabo. atingido a idade limite de 60 (sessenta) anos.
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de
TÍTULO II - 29 de junho de 2010.
CAPÍTULO I Redação original: “Art. 14 - A reversão é o ato pelo
DAS FORMAS DE PROVIMENTO qual o policial militar agregado retorna à escala hie-
rárquica, tão logo cesse o motivo que determinou a
Art. 12 - São formas de provimento do cargo de poli- sua agregação, ocupando lugar que lhe competir na
cial militar: respectiva escala numérica, na primeira vaga que
I - nomeação; ocorrer.Parágrafo único - A competência para a rever-
II - reversão; são é da mesma autoridade que efetuou a agregação,
III - reintegração. nos termos do art. 26 desta Lei.”
Art. 13 - A nomeação far-se-á em caráter permanente, Art. 15 - A reintegração é o retorno do policial mi-
quando se tratar de provimento em cargo da carreira litar demitido ao cargo anteriormente ocupado ou o
ou em caráter temporário, para cargos de livre no- resultante de sua transformação, quando invalidado
meação e exoneração. o ato de afastamento pela via judicial, por sentença
§ 1º - A investidura nos cargos dar-se-á com a posse e transitada em julgado, ou pela via administrativa, nos
o efetivo exercício com o desempenho das atribuições termos do art. 91 desta Lei.
inerentes aos cargos.
§ 2º - São competentes para dar posse o Governador CAPÍTULO II
do Estado e o Comandante Geral da Polícia Militar. DAS SITUAÇÕES INSTITUCIONAIS DA POLÍCIA MI-
Art. 14 - A reversão é o ato pelo qual o Policial Mili-
LITAR
tar retorna ao serviço ativo e ocorrerá nas seguintes
Art. 16 - O policiais militares encontram-se organi-
hipóteses:
zados em carreira, em uma das seguintes situações
I - quando cessar o motivo que determinou a sua
institucionais:
agregação, devendo retornar à escala hierárquica,
I - na ativa:
ocupando o lugar que lhe competir na respectiva es-
a) os de carreira;
cala numérica, na primeira vaga que ocorrer;
b) os convocados;
II - quando cessar o período de exercício de mandato
c) os praças especiais.
eletivo, devendo retornar ao mesmo grau hierárquico d) os agregados;
ocupado e mesmo lugar que lhe competir na escala e) os excedentes;
numérica no momento de sua transferência para a re- f) os ausentes e desertores;
serva remunerada. g) os desaparecidos e extraviados.
§ 1º - O Policial Militar revertido nos termos do inciso II - na inatividade:
II, deste artigo, que for promovido, passará a ocupar o a) os da reserva remunerada;
mesmo lugar na escala numérica, observado o novo b) os reformados.
grau hierárquico, sendo tal previsão aplicada, tão so- III - os da reserva não remunerada.
mente, à primeira promoção ocorrida após a reversão.
§ 2º - A competência para a reversão será: Art. 17 - O policial militar de carreira é aquele que se
I - da mesma autoridade que efetuou a agregação, encontra no desempenho do serviço policial militar a
nos termos do art. 26, desta Lei; partir da conclusão com aproveitamento, do respecti-
II - da autoridade competente para efetuar a transfe- vo curso de formação.
rência do Policial Militar para a reserva remunerada,
nos termos da legislação vigente. Art. 18 - O policial militar da reserva remunerada, por
§ 3º - Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o conveniência da Administração, em caráter transitório
retorno ao serviço ativo deverá ocorrer no primeiro dia e mediante aceitação voluntária, poderá ser convo-
útil imediatamente subsequente ao término do man- cado para o serviço ativo, por ato do Governador do
dato eletivo. Estado.
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º - Não poderá haver interrupção entre o momento § 1º - O Policial Militar convocado nos termos deste
da transferência do Policial Militar para a inatividade, artigo terá os direitos e deveres dos da ativa de igual
em razão do exercício de mandato eletivo, e o seu pos- situação hierárquica, exceto quanto à promoção, a
terior retorno à Corporação, em face do disposto no qual não concorrerá, fazendo jus ao respectivo acrés-
inciso II deste artigo. cimo no seu tempo de serviço e a uma indenização no
§ 5º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica valor de 50% (cinquenta por cento) dos seus proven-
aos Policiais Militares que tenham exercido ou que se tos, enquanto perdurar a convocação.
encontrem no exercício de mandato eletivo estadual Redação de acordo com o art. 2º da Lei nº 10.957, de
no momento da edição desta Lei, vedado o pagamen- 02 de janeiro de 2008.

35
Redação original: “§ 1º - O policial militar convocado II - estiver aguardando sua transferência, a pedido ou
nos termos deste artigo terá os direitos e deveres dos “ex officio”, para a reserva remunerada, por ter sido
da ativa de igual situação hierárquica, exceto quanto enquadrado em quaisquer dos requisitos que a mo-
à promoção, a que não concorrerá, fazendo jus ao res- tivarem.
pectivo acréscimo no seu tempo de serviço e a uma in- § 1º - A agregação do policial militar, no caso do inciso
denização no valor de 30% (trinta por cento) dos seus I, é contada a partir da data de posse no novo cargo
proventos, enquanto perdurar a convocação.” até o regresso à Polícia Militar ou à transferência “ex
§ 2º - A convocação de que trata este artigo terá a officio” para a reserva remunerada.
duração necessária ao cumprimento da atividade ou § 2º - A agregação do policial militar, no caso do inciso
missão que lhe deu origem e deverá ser precedida de II deste artigo, é contada a partir da data indicada no
inspeção de saúde, vedado o exercício de cargo ou ato que a torna pública.
função de comando, direção e chefia.
§ 3º - Não implicará em convocação a nomeação para Art. 23 - O policial militar será agregado quando for
cargo em comissão. afastado, temporariamente, do serviço ativo por mo-
tivo de:
Art. 19 - Os Praças Especiais são os Aspirantes a Ofi- I - ter sido julgado incapacitado, temporariamente,
cial, Alunos dos diversos cursos de formação. para o serviço policial militar e submetido a gozo de
Art. 20 - Integram a categoria dos Praças Especiais: licença para tratamento de saúde própria, a pedido ou
I - os Aspirantes a Oficial; ex officio, ou por motivo de acidente;
II - os Alunos do Curso de Formação de Oficiais do II - ter ultrapassado doze meses em licença para trata-
Quadro de Oficiais Policiais Militares; mento de saúde própria;
III - os Alunos do Curso de Formação de Oficiais do III - ter entrado em gozo de licença para tratar de in-
Quadro Complementar; teresse particular ou para acompanhar cônjuge ou
IV - os Alunos do Curso de Formação Oficiais Auxi- companheiro;
liares; IV - ter ultrapassado seis meses contínuos em gozo de
V - os Alunos do Curso de Formação de Sargentos; licença para tratar de saúde de pessoa da família;
VI - os Alunos do Curso de Formação de Soldados. V - ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto
§ 1º - Equiparam-se aos Alunos do Curso de Formação tramita o processo de reforma;
de Oficiais do Quadro de Oficiais Policiais Militares, os VI - ter sido considerado oficialmente extraviado;
Alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro VII - ter-se esgotado o prazo que caracteriza o crime
de Oficiais Bombeiros Militares realizados na Polícia de deserção previsto no Código Penal Militar, se oficial
ou praça com estabilidade assegurada;
Militar da Bahia ou em outras Instituições militares.
VIII - ter, como desertor, se apresentado voluntaria-
§ 2º - Durante o período de realização do curso pro-
mente, ou ter sido capturado e reincluído a fim de se
fissionalizante, os alunos oficiais receberão, a título de
ver processar;
bolsa de estudo, o equivalente a 30% (trinta por cento)
IX - se ver processar administrativamente ou através
os do 1º ano, 35% (trinta e cinco por cento) os do 2º
de processo judicial, após ficar exclusivamente à dis-
ano e 40% (quarenta por cento) os do 3º ano, da re-
posição da Justiça;
muneração do posto de 1º Tenente.
X - ter sido condenado a pena restritiva de liberdade
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de superior a seis meses, por sentença transitada em jul-
29 de junho de 2010. gado, enquanto durar a execução, incluído o período
Redação original: “§ 2º - Durante o período de reali- de sua suspensão condicional, se concedida esta, ou
zação do curso profissionalizante, o Aluno Oficial re- até ser declarado indigno de pertencer à Polícia Militar
ceberá, a título de bolsa de estudo, o equivalente a ou com ela incompatível;
30% (trinta por cento) da remuneração do posto de XI - ter sido condenado à pena de suspensão do exer-
Tenente e o Aluno a Soldado o equivalente a um sa- cício do posto, graduação, cargo ou função prevista
lário mínimo.” no Código Penal Militar ou em outros diplomas legais,
§ 3º - Na hipótese de ser policial militar de carreira, o penais ou extra-penais;
Aluno poderá optar pela percepção da bolsa de estudo XII - ter passado à disposição de órgão ou entidade da
de que trata o parágrafo anterior ou pela remunera- União, de outros Estados, do Estado ou do Município,
ção do seu posto ou graduação, acrescida das vanta- para exercer cargo ou função de natureza civil;
gens pessoais. XIII - ter sido nomeado para qualquer cargo, emprego
Art. 21 - A agregação é a situação na qual o poli- ou função público civil temporário, não eletivo, inclu-
cial militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala sive da administração indireta;
DIREITO ADMINISTRATIVO

hierárquica de seu Quadro, nela permanecendo sem XIV - ter se candidatado a cargo eletivo, desde que
número. conte dez ou mais anos de serviço;
XV - permanecer desaparecido por mais de trinta dias,
Art. 22 - O policial militar será agregado e considera- na forma do art. 30 desta Lei.
do, para todos os efeitos legais, como em serviço ativo, Parágrafo único - A agregação do policial militar é
quando: contada da seguinte forma:
I - nomeado para cargo policial militar ou considerado a) nos casos dos incisos I, II e IV, a partir do primei-
de natureza policial militar, estabelecido em Lei, não ro dia após os respectivos prazos e enquanto durar o
previsto no Quadro de Organização da Polícia Militar; evento;

36
b) nos casos dos incisos III, V, VI VII, VIII, IX, X, XI e XV, Art. 28 - É considerado ausente o policial militar que,
a partir da data indicada no ato que tornar público o por mais de vinte e quatro horas consecutivas:
respectivo evento; I - deixar de comparecer à sua organização policial
c) nos casos dos incisos XII e XIII, a partir da data da militar sem comunicar motivo de impedimento;
posse no cargo até o regresso à Polícia Militar ou II - ausentar-se, sem licença, da organização policial
transferência “ex officio” para a reserva; militar onde serve ou do local onde deva permanecer;
d) no caso do inciso XIV, a partir da data do registro III - deixar de se apresentar no lugar designado, findo
como candidato até sua diplomação ou seu regresso à o prazo de trânsito ou férias;
Polícia Militar, se não houver sido eleito. IV - deixar de se apresentar à autoridade competente
após a cassação ou término de licença ou agregação
Art. 24 - O policial militar agregado fica sujeito às ou ainda no momento em que é efetivada mobiliza-
obrigações disciplinares concernentes às suas rela- ção, declarado o estado de defesa, de sítio ou de guer-
ções com outros policiais militares e autoridades civis, ra;
salvo quando titular de cargo que lhe dê precedência V - deixar de se apresentar a autoridade competente,
funcional sobre outros policiais militares ou militares após o término de cumprimento de pena.
mais graduados ou antigos. § 1º - É também considerado ausente o policial militar
que deixar de se apresentar no momento da partida
Art. 25 - O policial militar agregado ficará adido, de comboio que deva integrar, por ocasião de desloca-
para efeito de alterações e remuneração, ao órgão de mento da unidade em que serve.
pessoal da Instituição, continuando a figurar no res- § 2º - Decorrido o prazo mencionado neste artigo, se-
pectivo registro, sem número, no lugar que até então rão adotadas as providências cabíveis para a averi-
ocupava. guação da ausência, observando-se os procedimentos
Parágrafo único - O policial militar agregado, quando disciplinares previstos neste Estatuto e/ou criminais.
no desempenho de cargo policial militar, ou conside- Art. 29 - O policial militar é considerado desertor nos
rado de natureza policial militar, concorrerá à promo- casos previstos na legislação penal militar.
ção, por qualquer dos critérios, sem prejuízo do núme-
ro de concorrentes regularmente estipulado. Art. 30 - É considerado desaparecido o policial militar
Art. 26 - A agregação se faz: na ativa, assim declarado por ato do Comandante Ge-
I - por ato do Governador do Estado ou da autoridade ral, quando no desempenho de qualquer serviço, em
por ele delegada, quanto aos Oficiais; viagem, em operação policial militar ou em caso de
II - por ato do Comandante Geral ou da autoridade calamidade pública, tiver paradeiro ignorado por mais
por ele delegada, quanto aos praças. de oito dias.
Parágrafo único - A situação de desaparecimento só
Art. 27 - Excedente é a situação transitória a que, au- será considerada quando não houver indício de de-
tomaticamente, passa o policial militar que: serção.
I - tendo cessado o motivo que determinou sua agre-
gação, seja revertido ao respectivo Quadro, estando o Art. 31 - O policial militar que, na forma do artigo
mesmo com seu efetivo completo; anterior, permanecer desaparecido por mais de trinta
II - seja promovido por bravura, sem haver vaga; dias, será oficialmente considerado extraviado e agre-
III - sendo o mais moderno da respectiva escala hierár- gado na forma do art. 23, inciso XV.
quica, ultrapasse o efetivo de seu Quadro, em virtude
da promoção de outro policial militar em ressarcimen- Art. 32 - O policial militar da reserva remunerada é
to de preterição; aquele afastado do serviço que, nessa situação, per-
IV - tendo cessado o motivo que determinou sua refor- ceba remuneração do Estado, ficando sujeito à ação
ma por incapacidade, retorne ao respectivo Quadro, disciplinar da Instituição e à prestação de serviços na
estando este com seu efetivo completo. ativa, nos termos do art. 18 deste Estatuto.
§ 1º - O policial militar, cuja situação é de excedente,
ocupará a mesma posição relativa, em antiguidade, Art. 33 - O policial militar reformado é o que está
que lhe cabe na escala hierárquica e receberá o nú- dispensado definitivamente da prestação do serviço
mero que lhe competir, em consequência da primeira ativo, percebendo remuneração pelo Estado e perma-
vaga que se verificar. necendo sujeito ao controle disciplinar da Instituição.
§ 2º - O policial militar, na situação de excedente, é
considerado para todos os efeitos como em efetivo Art. 34 - O oficial militar da reserva não remunerada
DIREITO ADMINISTRATIVO

serviço e a ele se aplicam, respeitados os requisitos le- é aquele ex-integrante do serviço ativo exonerado na
gais, em igualdade de condições e sem nenhuma res- forma do art. 186.
trição, as normas para indicação para cargo policial
militar, curso ou promoção. Parágrafo único - O oficial da reserva não remune-
§ 3º - O policial militar, excedente por haver sido pro- rada não está sujeito à ação disciplinar da Instituição
movido por bravura sem haver vaga, ocupará a pri- nem a convocação.
meira vaga aberta, deslocando o critério de promoção
a ser seguido para a vaga seguinte.

37
CAPÍTULO III I - o sentimento de servir à sociedade, traduzido pela
DA ESTABILIDADE vontade de cumprir o dever policial militar e pelo in-
tegral devotamento à preservação da ordem pública
Art. 35 - O policial militar, habilitado em concurso pú- e à garantia dos direitos fundamentais da pessoa hu-
blico e nomeado para cargo de sua carreira, adquirirá mana;
estabilidade ao completar três anos de efetivo exer- II - o civismo e o respeito às tradições históricas;
cício, desde que seja aprovado no estágio probatório, III - a fé na elevada missão da Polícia Militar;
por ato homologado pela autoridade competente. IV - o orgulho do policial militar pela Instituição;
V - o amor à profissão policial militar e o entusiasmo
Art. 36 - O estágio probatório compreende um período com que é exercida;
de trinta e seis meses, durante o qual serão observadas VI - o aprimoramento técnico-profissional.
a aptidão e capacidade para o desempenho do cargo,
observados, entre outros, os seguintes fatores: SEÇÃO II
I - assiduidade; DA ÉTICA POLICIAL MILITAR
II - disciplina;
Art. 39 - O sentimento do dever, a dignidade policial
III - observância das normas hierárquicas e ética mi-
militar e o decoro da classe impõem a cada um dos
litar;
integrantes da Polícia Militar conduta moral e profis-
IV - responsabilidade; sional irrepreensíveis, tanto durante o serviço quanto
V - capacidade de adequação para cumprimento dos fora dele, com observância dos seguintes preceitos da
deveres militares; ética policial militar:
VI - eficiência. I - amar a verdade e a responsabilidade como funda-
§ 1º - A autoridade competente terá o prazo improrro- mento da dignidade pessoal;
gável de trinta dias para a homologação do resultado II - exercer com autoridade, eficiência, eficácia, efeti-
do estágio probatório. vidade e probidade as funções que lhe couberem em
§ 2º - O período em que o praça especial encontrar-se decorrência do cargo;
no curso de formação será computado para o estágio III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
probatório de que trata este artigo. IV - cumprir e fazer cumprir as Leis, os regulamentos,
as instruções e as ordens das autoridades competen-
TÍTULO III tes, à exceção das manifestamente ilegais;
DA DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na
apreciação do mérito dos subordinados;
CAPÍTULO I VI - zelar pelo preparo moral, intelectual e físico pró-
DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS MILITARES prio e dos subordinados, tendo em vista o cumprimen-
to da missão comum;
SEÇÃO I VII - praticar a solidariedade e desenvolver permanen-
DOS VALORES POLICIAIS MILITARES temente o espírito de cooperação;
VIII - ser discreto em suas atitudes e maneiras e polido
Art. 37 - São valores institucionais: em sua linguagem falada e escrita;
I - da organização: IX - abster-se de tratar de matéria sigilosa, de qual-
a) a dignidade do homem; quer natureza, fora do âmbito apropriado;
b) a disciplina; X - cumprir seus deveres de cidadão;
XI - manter conduta compatível com a moralidade ad-
c) a hierarquia;
ministrativa;
d) a credibilidade;
XII - comportar-se educadamente em todas as situa-
e) a ética;
ções;
f) a efetividade; XIII - conduzir-se de modo que não sejam prejudica-
g) a solidariedade; dos os princípios da disciplina, do respeito e do decoro
h) a capacitação profissional; policial militar;
i) a doutrina; XIV - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação
j) a tradição. para obter facilidades pessoais de qualquer natureza
II - do profissional: ou para encaminhar negócios particulares ou de ter-
a) a eficiência e a eficácia; ceiros;
b) o espírito profissional; XV - abster-se, na inatividade, do uso das designações
DIREITO ADMINISTRATIVO

c) a aparência pessoal; hierárquicas quando:


d) a auto-estima; a) em atividade político-partidária;
e) o profissionalismo; b) em atividade comercial ou industrial;
f) a bravura; c) para discutir ou provocar discussões pela imprensa
g) a solidariedade; a respeito de assuntos políticos ou policiais militares,
h) a dedicação. excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica,
se devidamente autorizado;
Art. 38 - São manifestações essenciais dos valores po- d) no exercício de funções de natureza não policiais
liciais militares: militares, mesmo oficiais.

38
XVI - zelar pelo bom conceito da Polícia Militar; denação, à Chefia de Organização Policial Militar, no
XVII - zelar pela economia do material e a conserva- que couber o estabelecido para o comando.
ção do patrimônio público. Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de
janeiro de 2009.
Art. 40 - Ao policial militar da ativa é vedado comer- Redação original: “Parágrafo único - Aplica-se à dire-
ciar ou tomar parte na administração ou gerência de ção, à coordenação e à chefia de organização policial
sociedade ou dela ser sócio ou participar, exceto como militar, no que couber, o estabelecido para o coman-
acionista ou quotista, em sociedade anônima ou por do.”
quotas de responsabilidade limitada.
Parágrafo único - No intuito de aperfeiçoar a prática Art. 43 - A subordinação é o respeito ao princípio da
profissional é permitido aos oficiais do Quadro Com- hierarquia, em face do qual as ordens dos superiores,
plementar de Oficiais Policiais Militares o exercício de salvo as manifestamente ilegais, devem ser plena e
sua atividade técnico-profissional no meio civil, desde prontamente acatadas.
que compatível com as atribuições do seu cargo e com Parágrafo único - A subordinação não afeta, de modo
o horário de trabalho, respeitadas as limitações cons- algum, a dignidade pessoal do policial militar e de-
titucionais. corre, exclusivamente, da estrutura hierarquizada da
Polícia Militar.
TÍTULO IV Art. 44 - As funções de comando, de chefia, de coor-
DO REGIME DISCIPLINAR denação e de direção de organização policial militar
são privativas dos integrantes do Quadro de Oficiais
CAPÍTULO I Policiais Militares.
DOS DEVERES POLICIAIS MILITARES § 1º - Compete aos Oficiais Auxiliares do Quadro de
Oficiais Auxiliares da Polícia Militar - QOAPM e do
SEÇÃO I Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Militares -
CONCEITUAÇÃO QOABM o exercício de atividades operacionais e ad-
ministrativas, excetuando-se o comando de Unidades
Art. 41 - Os deveres policiais militares emanam de um
e Subunidades e o subcomando de Unidades.
conjunto de vínculos morais e racionais, que ligam o
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de
policial militar à pátria, à Instituição e à segurança da
29 de junho de 2010.
sociedade e do ser humano, e compreendem, essen-
Redação original: “§ 1º - Os integrantes do Quadro de
cialmente:
Oficiais Auxiliares da Polícia Militar exercerão funções
I - a dedicação integral ao serviço policial militar e a
auxiliares e complementares de Comando, de Chefia,
fidelidade à Instituição a que pertence;
de Coordenação e de direção de organização policial
II - o respeito aos Símbolos Nacionais;
militar.”
III - a submissão aos princípios da legalidade, da pro-
bidade, da moralidade e da lealdade em todas as cir- § 2º - Aos integrantes do Quadro Complementar de
cunstâncias; Oficiais Policiais Militares cabe, ao longo da carreira,
IV - a disciplina e o respeito à hierarquia; o exercício das funções técnicas de suas respectivas
V - o cumprimento das obrigações e ordens recebidas, especialidades.
salvo as manifestamente ilegais;
VI - o trato condigno e com urbanidade a todos; Art. 44-A - O Quadro de Oficiais Auxiliares da Polí-
VII - o compromisso de atender com presteza ao públi- cia Militar - QOAPM e o Quadro de Oficiais Auxiliares
co em geral, prestando com solicitude as informações Bombeiros Militares - QOABM serão integrados por
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; policiais militares oriundos do círculo de praças, cujo
VIII - a assiduidade e pontualidade ao serviço, inclusi- acesso ocorrerá por promoção, preenchidos os requisi-
ve quando convocado para cumprimento de ativida- tos previstos neste Estatuto e em regulamento de con-
des em horário extraordinário. clusão e aprovação no respectivo Curso de Formação
previsto em regulamento.
SEÇÃO II § 1º - O maior grau hierárquico do Quadro de Oficiais
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO Auxiliares da Polícia Militar - QOAPM e do Quadro de
Oficiais Auxiliares Bombeiros Militares - QOABM é o
Art. 42 - Comando é a soma de autoridade, deveres e Posto de Major.
responsabilidades de que o policial militar é investido § 2º - Somente poderão concorrer à promoção ao
DIREITO ADMINISTRATIVO

legalmente, quando conduz seres humanos ou dirige posto de Major do QOAPM e do QOABM os Capitães
uma organização policial militar, sendo vinculado ao que possuam graduação em curso de nível superior
grau hierárquico e constitui uma prerrogativa impes- reconhecido pelo Ministério da Educação, preenchidos
soal, em cujo exercício o policial militar se define e se os demais requisitos legais, inclusive conclusão com
caracteriza como chefe. aproveitamento do Curso de Especialização no Serviço
Parágrafo único - Aplica-se aos Comandantes de Público - CESP promovido pela Polícia Militar.
Operações Policiais Militares e de Bombeiros Militares, Art. 44-A acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29
Comandantes de Policiamento Regional e Comandan- de junho de 2010.
te de Policiamento Especializado, à Direção, à Coor-

39
Art. 45 - Os graduados auxiliam e complementam as Art. 50 - O policial militar responde civil, penal e ad-
atividades dos Oficiais no emprego de meios, na ins- ministrativamente pelo exercício irregular de suas
trução e na administração da Unidade, devendo ser atribuições.
empregados na supervisão da execução das atividades § 1º - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo
inerentes à missão institucional da Polícia Militar. ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre-
Parágrafo único - No exercício das suas atividades juízo do erário ou de terceiros, na seguinte forma:
profissionais e no comando de subordinados, os Sub- a) a indenização de prejuízos causados ao erário será
tenentes, 1º Sargentos e Cabos deverão impor-se pela feita por intermédio de imposição legal ou mandado
capacidade técnico-profissional, pelo exemplo e pela judicial, sendo descontada em parcelas mensais não
lealdade, incumbindo-lhes assegurar a observância excedentes à terça parte da remuneração ou dos pro-
minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras de ventos do policial militar;
serviço e das normas operativas, pelos Praças que lhes Ver também:
estiverem diretamente subordinados, bem como a Decreto nº 9.201, de 25 de outubro de 2004 - Disci-
manutenção da coesão e do moral da tropa, em todas plina o procedimento sobre as consignações em folha
as circunstâncias. de pagamento dos servidores públicos dos órgãos da
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de administração direta, das autarquias e fundações do
janeiro de 2009. Poder Executivo Estadual de que tratam os arts. 57 e
Redação original: “Parágrafo único - No exercício 58, da Lei nº 6.677, de 26 de setembro de 1994, art. 4º,
das suas atividades profissionais e no comando de da Lei nº 6.935, de 24 de janeiro de 1996, art. 50, § 1º,
subordinados, os Sargentos deverão impor-se pela “a”, da Lei nº 7.990, de 27 de dezembro de 2000, e dá
capacidade técnico-profissional, pelo exemplo e pela outras providências.
lealdade, incumbindo-lhes assegurar a observância b) tratando-se de dano causado a terceiros, respon-
minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras de derá o policial militar perante a Fazenda Pública, em
serviço e das normas operativas, pelos praças que lhes ação regressiva, de iniciativa da Procuradoria Geral
estiverem diretamente subordinadas, bem como a do Estado.
manutenção da coesão e do moral da tropa, em todas § 2º - A responsabilidade penal abrange os crimes mi-
as circunstâncias.” litares, bem como os crimes de competência da Justiça
comum e as contravenções imputados ao policial mi-
Art. 46 - Os soldados poderão, excepcional e tempo- litar nessa qualidade.
rariamente, exercer o comando de fração de tropa em § 3º - A responsabilidade administrativa resulta de ato
locais e situações que assim o exijam. omissivo ou comissivo, praticado no desempenho de
cargo ou função capaz de configurar, à luz da legisla-
Art. 47 - Aos praças especiais, em curso de formação, ção própria, transgressão disciplinar.
cabe a rigorosa observância das prescrições dos re- § 4º - As responsabilidades civil, penal e administrati-
gulamentos que lhes são pertinentes, exigindo-se-lhes va poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico- § 5º - A responsabilidade administrativa do policial
-profissional, ficando vedado o emprego em atividade militar policial militar sujeita-se aos efeitos da elisão e
operacional ou administrativa, salvo em caráter de da prescrição na seguinte forma:
instrução. a) será elidida no caso de absolvição criminal que ne-
gue a existência do fato ou de sua autoria;
CAPÍTULO II b) prescreverá:
DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES 1.em cinco anos, quanto às infrações puníveis com de-
POLICIAIS MILITARES missão;
2.em três anos, quanto às infrações puníveis com san-
SEÇÃO I ções de detenção;
DA ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES. 3.em cento e oitenta dias, quanto às demais infrações.
c) o prazo de prescrição começa a correr da data em
Art. 48 - O policial militar em função de comando res- que o fato se tornou conhecido;
ponde integralmente pelas decisões que tomar, pelas d) sendo a falta tipificada penalmente, prescreverá
ordens que emitir, pelos atos que praticar, bem como juntamente com o crime;
pelas consequências que deles advierem. e) a abertura de sindicância ou a instauração de pro-
§ 1º - Cabe ao policial militar subordinado, ao receber cesso disciplinar interrompe a prescrição até a decisão
uma ordem, solicitar os esclarecimentos necessários final por autoridade competente.
DIREITO ADMINISTRATIVO

ao seu total entendimento e compreensão.


§ 2º - Cabe ao executante que exorbitar no cumpri- SEÇÃO II
mento de ordem recebida, a responsabilidade pessoal DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
e integral pelos excessos e abusos que cometer.
Art. 51 - São transgressões do policial militar:
Art. 49 - A violação das obrigações ou dos deveres poli- I - não levar ao conhecimento da autoridade compe-
ciais militares poderá constituir crime ou transgressão tente, no mais curto prazo, falta ou irregularidade que
disciplinar, segundo disposto na legislação específica. presenciar ou de que tiver ciência e couber reprimir;
II - deixar de punir o transgressor da disciplina;

40
III - retardar a execução de qualquer ordem, sem jus- III - demissão;
tificativa; IV-cassação de proventos de inatividade.
IV - não cumprir ordem legal recebida; Inciso IV acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de
V - simular doença para esquivar-se ao cumprimento janeiro de 2009.
de qualquer dever, serviço ou instrução; Parágrafo único - Decorrerão da aplicação das san-
VI - deixar, imotivadamente, de participar a tempo à ções disciplinares, a que forem submetidos os policiais
autoridade imediatamente superior, impossibilidade militares, submissão a programa de reeducação, sus-
de comparecer ä OPM ou a qualquer ato de serviço; pensão de férias ou licenças em gozo ou desligamento
VII - faltar ou chegar atrasado injustificadamente de curso, conforme decisão da autoridade competente,
qualquer ato de serviço em que deva tomar parte ou constante do ato de julgamento.
assistir;
VIII - permutar serviço sem permissão da autoridade Art. 53 - Na aplicação das penalidades, serão conside-
competente; radas a natureza e a gravidade da infração cometida,
IX - abandonar serviço para o qual tenha sido desig- os antecedentes funcionais, os danos que dela provie-
nado; rem para o serviço público e as circunstâncias agra-
X - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por vantes e atenuantes.
força de disposição legal ou ordem;
XI - deixar de apresentar-se à OPM para a qual tenha Art. 54 - A advertência será aplicada, por escrito, nos
sido transferido ou classificado e às autoridades com- casos de violação de proibição e de inobservância de
petentes nos casos de comissão ou serviços extraordi- dever funcional previstos em Lei, regulamento ou nor-
nários para os quais tenha sido designado; ma interna, que não justifiquem imposição de penali-
XII - não se apresentar, findo qualquer afastamento dade mais grave.
do serviço ou ainda, logo que souber que o mesmo foi Art. 55 - A detenção será aplicada em caso de reinci-
interrompido; dência em faltas punidas com advertência e de viola-
XIII - deixar de providenciar a tempo, na esfera de ção das demais proibições que não tipifiquem infra-
suas atribuições, por negligência ou incúria, medidas ção sujeita a demissão, não podendo exceder de trinta
contra qualquer irregularidade de que venha a tomar dias, devendo ser cumprida em área livre do quartel.
conhecimento;
XIV - portar arma sem registro;
Art. 56 - A penalidade de advertência e a de deten-
XV - sobrepor ao uniforme insígnia ou medalha não
ção terão seus registros cancelados, após o decurso de
regulamentar, bem como, indevidamente, distintivo
dois anos, quanto à primeira, e quatro anos, quanto a
ou condecoração;
segunda, de efetivo exercício, se o policial militar não
XVI - sair ou tentar sair da OPM com tropa ou fração
houver, nesse período, praticado nova infração disci-
de tropa, sem ordem expressa da autoridade compe-
plinar.
tente;
Parágrafo único - O cancelamento da penalidade não
XVII - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da
OPM fora das horas de expediente, desde que não seja produzirá efeitos retroativos.
o respectivo chefe ou sem sua ordem escrita com a
expressa declaração de motivo, salvo em situações de Art. 57 - A pena de demissão, observada as disposições
emergência; do art. 53 desta Lei, será aplicada nos seguintes casos:
XVIII - deixar de portar o seu documento de identidade I - a prática de violência física ou moral, tortura ou
ou de exibi-lo quando solicitado. coação contra os cidadãos, pelos policiais militares,
XIX - deixar deliberadamente de corresponder a cum- ainda que cometida fora do serviço;
primento de subordinado ou deixar o subordinado, II - a consumação ou tentativa como autor, co-autor
quer uniformizado, quer em traje civil, de cumprimen- ou partícipe em crimes que o incompatibilizem com
tar superior, uniformizado ou não, neste caso desde o serviço policial militar, especialmente os tipificados
que o conheça ou prestar-lhe as homenagens e sinais como:
regulamentares de consideração e respeito; a) de homicídio (art. 121 do Código Penal Brasileiro);
XX - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou 1.quando praticado em atividade típica de grupo de
claramente inexequível, que possa acarretar ao subor- extermínio, ainda que cometido por um só agente;
dinado responsabilidade ainda que não chegue a ser 2.qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V do Código
cumprida; Penal Brasileiro).
XXI - prestar informação a superior hierárquico indu- b) de latrocínio (art. 157, § 3º do Código Penal Brasi-
DIREITO ADMINISTRATIVO

zindo-o a erro, deliberadamente. leiro, in fine);


c) de extorsão:
SEÇÃO III 1.qualificado pela morte (art. 158, § 2º do Código Pe-
DAS PENALIDADES nal Brasileiro);
2.mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159,
Art. 52 - São sanções disciplinares a que estão sujeitos caput e §§ 1º, 2º e 3º do Código Penal Brasileiro).
os policiais militares: d) de estupro (art. 213 e sua combinação com o art.
I - advertência; 223, caput e parágrafo único, ambos do Código Penal
II - detenção; Brasileiro);

41
e) de atentado violento ao pudor (art. 214 e sua com- derá, fundamentadamente, de ofício ou por provoca-
binação com art. 223, caput e parágrafo único do Có- ção de encarregado de feito investigatório, requerer
digo Penal Brasileiro); ao escalão competente o seu afastamento do exercí-
f) de epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º do cio do cargo ou da função, pelo prazo de trinta dias,
Código Penal Brasileiro); sem prejuízo da remuneração, devendo permanecer à
g) contra a fé pública, puníveis com pena de reclusão; disposição da Instituição para efeito da instrução da
h) contra a administração pública; apuração da falta.
i) de deserção. Parágrafo único - O afastamento deverá determinar
III - tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins; a proibição temporária do uso de uniforme e arma e
IV - prática de terrorismo; ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão
V - integração ou formação de quadrilha; os seus efeitos, ainda que não concluído o processo de
VI - revelação de segredo apropriado em razão do car- apuração regular da falta.
go ou função;
VII - a insubordinação ou desrespeito grave contra su- SEÇÃO I
perior hierárquico (art. 163 a 166 do CPM); DA SINDICÂNCIA
VIII - improbidade administrativa;
IX - deixar de punir o transgressor da disciplina nos Art. 60 - A sindicância será instaurada para apurar
casos previstos neste artigo; irregularidades ocorridas no serviço público, identifi-
X - utilizar pessoal ou recurso material da repartição cando a autoria e materialidade da transgressão, dela
ou sob a guarda desta em serviço ou em atividades podendo resultar:
particulares; I - arquivamento do procedimento;
XI - fazer uso do posto ou da graduação para obter II - instauração de processo disciplinar sumario;
facilidades pessoais de qualquer natureza ou para en- III - instauração de processo administrativo disciplinar;
caminhar negócios particulares ou de terceiros; IV - instauração de inquérito policial militar;
XII - participar o policial militar da ativa de firma co- V - encaminhamento ao Ministério Público, quando
mercial, de emprego industrial de qualquer natureza, resultar provado o cometimento de ilícito penal de
competência da Justiça Comum.
ou nelas exercer função ou emprego remunerado, ex-
§ 1º - A sindicância poderá ser conduzida por um ou
ceto como acionista ou quotista em sociedade anôni-
mais policiais militares, que poderão ser dispensados
ma ou por quotas de responsabilidade limitada;
de suas atribuições normais, até a apresentação do
XIII - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou
relatório final.
claramente inexequível, que possa acarretar ao subor-
§ 2º - O prazo para conclusão da sindicância não ex-
dinado responsabilidade, ainda que não chegue a ser
cederá trinta dias, podendo ser prorrogado por meta-
cumprida;
de deste período, a critério da autoridade competente.
XIV - permanecer no mau comportamento por perío- § 3º - O processo disciplinar sumario destina-se a apu-
do superior a dezoito meses, caracterizado este pela ração de falta que, em tese, seja aplicada a pena de
reincidência de atitudes que importem nas transgres- advertência e detenção.
sões previstas nos incisos I a XX, do art. 51, desta Lei. § 4º - O processo administrativo disciplinar será ins-
Parágrafo único - Aos policiais militares da reserva taurado quando, em tese, sobre a falta se aplique a
remunerada e reformados incursos em infrações disci- pena de demissão, mediante a nomeação pela autori-
plinares para qual esteja prevista a pena de demissão dade competente da Comissão do Processo Adminis-
nos termos deste artigo e do artigo 53 será aplicada a trativo Disciplinar.
penalidade de cassação de proventos de inatividade,
respeitado, no caso dos Oficiais, o disposto no art. 189 SEÇÃO II
deste Estatuto. DO PROCESSO DISCIPLINAR
Parágrafo único acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356,
de janeiro de 2009. Art. 61 - O processo disciplinar sumário desenvolver-
-se-á com as seguintes fases:
CAPÍTULO III I - publicação da portaria, com descrição do fato obje-
DA APURAÇÃO DISCIPLINAR to da apuração e indicação do dispositivo legal supos-
tamente violado, além da nomeação de um ou mais
Art. 58 - A autoridade que tiver ciência de irregulari- policiais militares que conduzirão o processo, bem
dade no serviço é obrigada a promover a sua imediata como o presidente dos trabalhos na hipótese de mais
apuração mediante sindicância ou processo discipli- de um policial militar na comissão apuradora;
DIREITO ADMINISTRATIVO

nar. II - citação, defesa inicial, instrução, defesa final e o


Parágrafo único - Quando o fato narrado não confi- relatório;
gurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a III - julgamento.
denúncia será arquivada por falta de objeto. § 1º - O policial militar ou a Comissão escolherá li-
vremente o secretário para os trabalhos, observada a
Art. 59 - Como medida cautelar, e a fim de que o po- hierarquia.
licial militar acusado do cometimento de falta disci- § 2º - O prazo para a conclusão do processo disciplinar
plinar não interfira na apuração da irregularidade, a será de trinta dias, prorrogável pela metade do perío-
autoridade instauradora do processo disciplinar po- do mediante ato da autoridade competente.

42
§ 3º - Para garantir a celeridade da instrução no curso § 5º - Sempre que necessário, e mediante requerimen-
do processo disciplinar sumario, o policial militar ou to fundamentado à autoridade que instaurou o feito,
a comissão apuradora poderá ficar dispensados dos os membros da Comissão dedicarão tempo integral
demais trabalhos regulares. aos seus trabalhos, ficando dispensados de suas fun-
§ 4º - O policial militar ou a comissão apuradora de- ções, até a entrega do relatório final.
verá iniciar seus trabalhos, no prazo máximo de trinta § 6º - A Comissão deverá iniciar seus trabalhos, no
dias, contados da sua instauração, só podendo ultra- prazo de cinco dias, contados da data de sua instaura-
passar o período de trinta dias, na hipótese de pedido ção, só podendo ultrapassar o período previsto nesta
motivado e despacho fundamentado da autoridade Lei para sua conclusão na hipótese de pedido moti-
competente, desde que comprovada a existência de vado pelo seu Presidente e despacho fundamentado
circunstância excepcional. da autoridade competente, desde que comprovada a
§ 5º - O processo disciplinar sumario não poderá ser existência de circunstância excepcional.
conduzido por cônjuge, companheiro ou parente do §7º - A Comissão, ao emitir o seu relatório final, in-
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co- dicará se a falta praticada torna o Praça ou o Oficial
lateral, até o terceiro grau. indigno para permanecer na Polícia Militar ou com a
§ 6º - Aplicam-se, no que couber, ao presente proces- Instituição incompatível.
so as regras previstas nas Seções III, IV, V e VI deste
Capítulo. Art. 64 - Não poderá participar de comissão cônjuge,
companheiro ou parente do indiciando, consanguíneo
Art. 62 - O processo administrativo disciplinar des- ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
tina-se a apurar responsabilidade do policial militar Art. 65 - O policial militar da reserva remunerada e
por infração praticada no exercício de suas funções ou o reformado poderão ser também submetidos a Pro-
relacionada com as atribuições do seu cargo, inclu- cesso Disciplinar, podendo ser apenados com sanções
sive conduta irregular do mesmo, verificada em sua compatíveis com sua situação institucional.
vida privada, que tenha repercussão nas atribuições
do cargo ou no serviço público. Art. 66 - O processo administrativo disciplinar de que
§ 1º - Para a apuração prevista no caput deste ar- possa resultar a indignidade ou incompatibilidade do
tigo, a autoridade competente nomeará a Comissão Oficial para permanência na Polícia Militar será julga-
Processante que observará as normas previstas neste do pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia para
Capítulo. decisão quanto a perda do posto e da patente.
§ 2º - O processo administrativo disciplinar somente
será precedido de sindicância quando não houver ele- Art. 67 - Os membros da Comissão exercerão suas
mentos suficientes para a constatação da materialida- atividades com independência e imparcialidade, as-
de do fato ou identificação da autoria. segurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou
quando exigido pelo interesse publico, sob pena da
Art. 63 - O processo administrativo disciplinar desen- responsabilidade.
volver-se-á com as seguintes fases: Parágrafo único - As reuniões e as audiências da Co-
I - instauração, com a publicação da portaria do ato missão terão caráter público, excetuando-se as sessões
que constituir Comissão Processante responsável pelo de julgamento e os casos em que o interesse da disci-
feito; plina assim não o recomende.
II - lavratura do termo de acusação;
III - citação, defesa inicial, instrução, defesa final e re- SEÇÃO III
latório; DOS ATOS E TERMOS PROCESSUAIS
IV - julgamento.
§ 1º - A autoridade competente, mediante portaria, Art. 68 - O presidente da Comissão, após nomear o
designará a Comissão, composta por três policiais secretário, determinará a autuação da portaria e das
militares de hierarquia igual ou superior à do acusa- demais peças existentes e instalará os trabalhos, de-
do, determinará que esta lavre o termo de acusação, signando dia, hora e local para as reuniões e ordenará
descrevendo detalhadamente os fatos imputados ao a citação do acusado para apresentar defesa inicial e
policial militar além indicar o dispositivo legal supos- indicar provas, inclusive rol de testemunhas com no
tamente violado e as penalidades a que o acusado es- máximo de cinco nomes.
tará sujeito.
DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º - A cópia do termo mencionado no parágrafo an- Art. 69 - Os termos serão lavrados pelo secretário da
terior integrará o ato de citação, sendo peça indispen- Comissão e terão forma processual.
sável, sob pena de nulidade da citação. § 1º - A juntada de qualquer documento aos autos
§ 3º - Na portaria será indicado também o membro será feita por ordem cronológica de apresentação, de-
que será o presidente da Comissão, permitindo livre- vendo o presidente rubricar todas as folhas.
mente a escolha por este do secretário dos trabalhos. § 2º - Constará dos autos do processo a folha de ante-
§ 4º - O prazo para a conclusão do processo disciplinar cedentes funcionais do acusado.
será de sessenta dias, prorrogável por igual período § 3º - As reuniões da Comissão serão registradas em
pela autoridade competente. atas circunstanciadas.

43
§ 4º - Todos os atos, documentos e termos do proces- Art. 74 - A defesa do acusado será promovida por ad-
so serão extraídos em duas vias ou reproduzidas em vogado por ele constituído ou por defensor público ou
cópias autenticadas, formando autos suplementares. dativo.
Art. 70 - A citação do acusado será feita pessoalmente § 1º - Caso o acusado, regularmente intimado, não
ou por edital e deverá conter: compareça sem motivo justificado, o presidente da
I - a descrição dos fatos e os fundamentos da impu- Comissão designará defensor público ou dativo.
tação; § 2º - Nenhum ato da instrução poderá ser praticado
II - data, hora e local do comparecimento do acusado, sem a prévia intimação do acusado e do seu defensor.
para apresentação da defesa e interrogatório;
III - a obrigatoriedade do acusado fazer-se representar Art. 75 - Em qualquer fase do processo poderá ser jun-
por advogado; tado documento aos autos, antes do relatório.
IV - a informação quanto à continuidade do processo
independentemente do não comparecimento do acu- Art. 76 - As testemunhas serão intimadas através de
sado. ato expedido pelo presidente da Comissão, devendo
§ 1º - A citação pessoal será feita, preferencialmente,
a segunda via, com o ciente delas, ser anexada aos
pelo secretário da Comissão, apresentando ao desti-
autos.
natário o instrumento correspondente em duas vias,
§ 1º - Se a testemunha for policial militar, a intima-
devidamente assinadas pelo Presidente e acompa-
nhadas do termo de acusação. ção poderá ser feita mediante requisição ao chefe da
§ 2º - O comparecimento voluntário do acusado pe- repartição onde serve, com indicação do dia, hora e
rante a Comissão supre a citação. local marcados para a audiência.
§ 3º - Quando o acusado se encontrar em lugar incer- § 2º - Se as testemunhas arroladas pela defesa não
to ou não sabido ou quando houver fundada suspeita forem encontradas e o acusado, intimado para tanto,
de ocultação para frustrar a diligência, a citação será não fizer a substituição dentro do prazo de três dias
feita por edital. úteis, prosseguir-se-á nos demais termos do processo.
§ 4º - O edital será publicado, por uma vez, no Diário
Oficial do Estado e em jornal de grande circulação da Art. 77 - O depoimento será prestado oralmente e re-
localidade do último domicílio conhecido, se houver, e duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-
fará remissão expressa ao termo de acusação. -lo por escrito.
§ 5º - Recusando-se o acusado a receber a citação, de- § 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamen-
verá o fato ser certificado à vista de duas testemunhas. te.
§ 6º - A designação da data para apresentação da de- § 2º - Antes de depor, a testemunha será qualificada,
fesa inicial e o interrogatório do acusado respeitará o não sendo compromissada em caso de amizade ínti-
interstício mínimo de cinco dias contados da data da ma ou inimizade capital ou parentesco com o acusado
citação. ou denunciante, em linha reta ou colateral até o ter-
ceiro grau.
SEÇÃO IV
DA INSTRUÇÃO Art. 78 - Quando houver dúvida sobre a sanidade
mental do acusado, a Comissão proporá à autoridade
Art. 71 - A instrução respeitará o princípio do con- competente que ele seja submetido a exame por Jun-
traditório, assegurando-se ao acusado ampla defesa, ta Médica oficial, da qual participe, pelo menos, um
com meios e recursos a ela inerentes. médico psiquiatra, que emitirá o respectivo laudo, fa-
cultada ao acusado a indicação de assistente técnico.
Art. 72 - Os autos da sindicância, se realizada, inte-
Parágrafo único - O incidente de insanidade mental
grarão o processo disciplinar como peça informativa.
será processado em autos apartados e apensos ao
Art. 73 - A Comissão promoverá o interrogatório do processo principal, ficando este sobrestado até a apre-
acusado, a tomada de depoimentos, acareações e a sentação do laudo, sem prejuízo da realização de dili-
produção de outras provas, inclusive a pericial, se ne- gências imprescindíveis.
cessária.
§ 1º - No caso de mais de um acusado, cada um será Art. 79 - O acusado que mudar de residência fica obri-
ouvido separadamente podendo ser promovida a aca- gado a comunicar a Comissão o local onde será en-
reação, sempre que divergirem em suas declarações. contrado.
§ 2º - A designação dos peritos recairá, preferencial-
mente, em policiais militares com capacidade técnica Art. 80 - Compete à Comissão tomar conhecimento de
DIREITO ADMINISTRATIVO

especializada, e na falta deles, em pessoas estranhas novas imputações que surgirem, durante o curso do
ao serviço público estadual, com a mesma capacidade processo, contra o acusado, caso em que este poderá
técnica específica para a investigação a ser procedi- produzir novas provas objetivando a defesa.
da, assegurado ao acusado a faculdade de formular Art. 81 - Ultimada a instrução, intimar-se-á o acusa-
quesitos. do, através de seu defensor, a apresentar defesa no
§ 3º - O presidente da Comissão poderá indeferir pe- prazo de dez dias, assegurando-lhe vista do processo.
didos considerados impertinentes, meramente prote- Parágrafo único - Havendo dois ou mais acusados, o
latórios ou de nenhum interesse para o esclarecimento prazo será comum de vinte dias, correndo na repar-
dos fatos. tição.

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Art. 82 - A ausência do policial militar acusado, regu- no sentido da absolvição ou da condenação, será im-
larmente citado, não importará no reconhecimento da posta a seus membros penalidade disciplinar corres-
verdade dos fatos. pondente à transgressão e na medida de sua culpa,
mediante procedimento disciplinar próprio, com as
Art. 83 - Apresentada a defesa final, a Comissão ela- garantias constitucionais a este inerente, em especial
borará relatório minucioso, no qual resumirá as peças o contraditório e a ampla defesa.
principais dos autos e mencionará as provas em que
se basear para formar a sua convicção e será conclu- § 3º - O julgamento fora do prazo legal não implica
sivo quanto à inocência ou responsabilidade do poli- nulidade do processo, ressalvada a hipótese de pro-
cial militar, indicando o dispositivo legal transgredido, crastinação intencional.
bem como a natureza e a gravidade da infração co-
metida, os antecedentes funcionais, os danos que dela Art. 88 - A autoridade julgadora que der causa à pres-
provierem para o serviço público e, em especial, para crição de que trata o art. 50, § 5º será responsabiliza-
o serviço policial militar propriamente dito, além das da na forma do Capítulo II, do Título IV, deste Estatuto.
circunstâncias agravantes e atenuantes.
§ 1º - A Comissão apreciará separadamente as irregu- Art. 89 - Quando a transgressão disciplinar também
laridades que forem imputadas a cada acusado. estiver capitulada como crime, o processo disciplinar
§ 2º - A Comissão poderá sugerir providências para será remetido ao Ministério Público para instauração
evitar reiteração de fatos semelhantes aos que origi- da ação penal, ficando os autos suplementares arqui-
naram o processo e quaisquer outras que lhe pareçam vados na repartição.
de interesse público.
Art. 84 - A Comissão terá o prazo de vinte dias, pror- Art. 90 - O policial militar submetido a processo dis-
rogável por mais dez, para entregar o relatório final ciplinar só poderá ser exonerado a pedido ou passar,
à autoridade competente que a instituiu, a contar do voluntariamente, para a reserva, após a conclusão do
término do prazo de apresentação da defesa final. processo e o cumprimento da penalidade, acaso apli-
cada.
Art. 85 - O processo disciplinar, com o relatório da Co-
missão, será remetido para julgamento pela autorida- SEÇÃO VI
de que determinou a instauração. REVISÃO DO PROCESSO

SEÇÃO V Art. 91 - O processo disciplinar poderá ser revisto,


DO JULGAMENTO a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
Art. 86 - No prazo de trinta dias, contados do recebi- justificar a inocência do punido ou a inadequação da
mento do processo, a autoridade que o instaurou, in- penalidade aplicada.
vestida no papel de julgadora, proferirá a sua decisão. Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá
§ 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alça- resultar agravamento de penalidade.
da da autoridade instauradora do processo, este será
encaminhado à autoridade competente, que decidirá TÍTULO V
em igual prazo. DOS DIREITOS E PRERROGATIVAS DOS POLICIAIS
§ 2º - Havendo acusados pertencentes a unidades di- MILIARES
versas e pluralidade de sanções, o julgamento caberá
à autoridade competente para a imposição da pena CAPÍTULO I
mais grave. DOS DIREITOS
§ 3º - Se a penalidade prevista for a demissão, a san-
ção, no tocante aos Oficiais, caberá ao Governador do SEÇÃO I
Estado. ENUMERAÇÃO
§ 4º - Reconhecida pela Comissão a inocência do po-
licial militar, a autoridade instauradora do processo Art. 92 - São direitos dos Policiais Militares:
determinará o seu arquivamento. I - a garantia da patente e da graduação, em toda a
sua plenitude, com as vantagens, prerrogativas e de-
Art. 87 - O julgamento acatará, ordinariamente, o re- veres a ela inerentes;
latório da Comissão, salvo quando contrário às provas II - os proventos calculados com base na remunera-
DIREITO ADMINISTRATIVO

dos autos. ção integral do seu posto ou graduação quando, não


§ 1º - Quando o relatório contrariar as evidências contando com trinta anos de serviço, for transferido
dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivada- para a reserva remunerada ex officio por ter atingido
mente, discordar das conclusões do colegiado, e, fun- a idade limite de permanência em atividade no posto
damentadamente, com base nas provas intra-autos, ou na graduação;
agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar III - os proventos calculados com base na remunera-
o policial militar de responsabilidade. ção integral do posto ou graduação imediatamente
§ 2º - Se constatado que a Comissão laborou proposi- superior quando, contando com trinta anos ou mais
tadamente em erro, de modo a conduzir as conclusões de serviço, for transferido para a reserva remunerada;

45
IV - os proventos calculados com base na remunera- SEÇÃO II
ção integral do seu próprio posto ou graduação acres- DOS DEPENDENTES DO POLICIAL MILITAR
cida de 20% (vinte por cento) quando, contando com
trinta e cinco anos ou mais de serviço, for ocupante do Art. 93 - Consideram-se dependentes econômicos do
último posto da estrutura hierárquica da Corporação policial militar:
no seu quadro e, nessa condição, seja transferido para I - para efeito de previdência social:
a reserva remunerada; a) cônjuge ou o(a) companheiro(a);
V - nas condições ou nas limitações impostas na legis- b) os filhos solteiros, desde que civilmente menores;
lação e regulamentação peculiares: c) os filhos solteiros inválidos de qualquer idade;
a) o uso das designações hierárquicas; d) os pais inválidos de qualquer idade.
b) a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à II - para efeito de fruição dos serviços de assistência
graduação, satisfeitas as exigências de qualificação e à saúde:
competência para o seu exercício; a) cônjuge, ou o(a) companheiro(a);
c) a percepção de remuneração; b) os filhos solteiros, menores de 18 anos;
d) a alimentação, assim entendida as refeições ou sub- c) os filhos solteiros inválidos com dependência eco-
sídios com esse objetivo, fornecido aos policiais milita- nômica.
§ 1º - A dependência econômica das pessoas indica-
res durante o serviço;
das nas alíneas “a” e “b”, dos incisos I e II, é presumida
e) o fardamento, constituindo-se no conjunto de uni-
e a das demais deve ser comprovada.
formes necessários ao desempenho de suas atividades,
§ 2º - Equiparam-se aos filhos, nas condições dos in-
incluindo-se as roupas indispensáveis no alojamento; cisos I e II deste artigo, os dependentes nos termos da
f) indenização de transporte; legislação previdenciária estadual.
g) indenização de diárias; § 3º - É considerado companheiro(a), nos termos do
h) auxílio transporte, devido ao policial militar nos inciso I deste artigo, a pessoa que, sem ser casado(a),
deslocamentos da residência para o trabalho e vice- mantém união estável com o policial militar soltei-
-versa, na forma e condições estabelecidas em regu- ro(a), viúvo(a), separado(a) judicialmente ou divorcia-
lamento; do(a), ainda que este(a) preste alimentos ao ex-cônju-
i) honorário de ensino, observado o disposto em re- ge, e desde que resulte comprovada vida em comum.
gulamento; § 4º - Considera-se dependente econômico, para os
j) a promoção; fins desta Lei, a pessoa que não tenha renda, não dis-
k) a transferência, a pedido, para a reserva remune- ponha de bens e tenha suas necessidades básicas inte-
rada; gralmente atendidas pelo policial militar.
l) as férias, os afastamentos temporários do serviço e § 5º - Perdurará até vinte e quatro anos de idade, para
as licenças; efeitos previdenciários a condição de dependente para
m) a exoneração a pedido; o filho solteiro, desde que não percebam qualquer
n) adicional de férias correspondente a um terço da rendimento, na forma do parágrafo anterior, e sejam
remuneração percebida; comprovadas, semestralmente, suas matrículas e fre-
o) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio quência regular em curso de nível superior ou a sujei-
de normas de saúde, higiene e segurança; ção a ensino especial, nas hipóteses previstas no art.
p) adicional de remuneração para as atividades peno- 9º, da Lei Federal nº 5.692, de 11 de agosto de 1971.
sas, insalubres ou perigosas, na mesma forma e con- § 6º - Dos dependentes inválidos exigir-se-á prova de
dições dos funcionários públicos civis; não serem beneficiários, como segurados ou depen-
q) adicional noturno; dentes, de outros segurados de qualquer sistema pre-
r) adicional por serviço extraordinário; videnciário oficial, ressalvada a hipótese do parágrafo
seguinte.
s) o auxílio-natalidade, licença-maternidade e pater-
§ 7º - No caso de filho maior, solteiro, inválido e eco-
nidade, garantindo-se à gestante a mudança de fun-
nomicamente dependente, admitir-se-á a duplicidade
ção, nos casos em que houver recomendação médica,
de vinculação previdenciária como dependente, uni-
sem prejuízo de seus vencimentos e demais vantagens
camente em relação aos genitores, segurados de qual-
do cargo, posto ou graduação;
quer regime previdenciário.
t) seguro contra acidentes do trabalho;
§ 8º - A condição de invalidez será apurada por Junta
u) estabilidade econômica pelo exercício de cargo co-
Médica Oficial do Estado ou por instituição credencia-
missionado. da pelo Poder Público, devendo ser verificada no pra-
VI - o policial militar acidentado em serviço, que ne- zo nunca superior a seis meses nos casos de invalidez
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cessite de tratamento especializado, recomendado por temporária.


Junta Médica Oficial, terá garantido os recursos médi- § 9º - A perda da qualidade de dependente ocorrerá:
co-hospitalares, medicamentos e próteses necessários a) para o cônjuge, pela separação judicial ou pelo
à sua recuperação conforme dispuser o regulamento; divórcio, desde que não lhe tenha sido assegurada a
VII - outros direitos previstos em Lei. percepção de alimentos, ou pela anulação do casa-
mento;
b) para o companheiro(a), quando revogada a sua in-
dicação pelo policial militar ou desaparecidas as con-
dições inerentes a essa qualidade;

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c) para o filho e os referidos no § 2º, deste artigo, ao Art. 97 - O direito de requerer prescreve em cinco
alcançarem a maioridade civil, ressalvado o disposto anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de
no § 5º, do mesmo artigo, ou na hipótese de emanci- inatividade ou que afetem interesse patrimonial e cré-
pação; ditos resultantes da relação funcional e nos demais
d) para o maior inválido, pela cessação da invalidez; casos em cento e vinte dias.
e) para o solteiro, viúvo ou divorciado, pelo casamento Parágrafo único - O prazo de prescrição será contado
ou concubinato; da data da publicação do ato impugnado ou da ciên-
f) para o separado judicialmente com percepção de cia, pelo policial militar, quando não for publicado.
alimentos, pelo concubinato;
g) para os beneficiários economicamente dependen- Art. 98 - O pedido de reconsideração e o recurso,
tes, quando cessar esta situação; quando cabíveis, suspendem a prescrição administra-
h) para o dependente em geral, pela perda o posto ou tiva, recomeçando a correr, pelo restante, no dia em
graduação aquele de quem depende. que cessar a causa da suspensão.
§ 10 - A qualidade de dependente é intransmissível.
Art. 99 - São fatais e improrrogáveis os prazos estabe-
SEÇÃO III lecidos neste capítulo, salvo quando o policial militar
DO DIREITO DE PETIÇÃO provar evento imprevisto, alheio à sua vontade, que o
impediu de exercer o direito de petição.
Art. 94 - É assegurado ao policial militar o direito de
requerer, representar, pedir reconsideração e recorrer, Art. 100 - A administração deverá rever seus atos a
dirigindo o seu pedido, por escrito, à autoridade com- qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
petente.
§ 1º - Para o exercício do direito de que trata este ar- SEÇÃO IV
tigo, é assegurada vista do processo ou documento na DOS DIREITOS POLÍTICOS
repartição, e cópia, esta última mediante o ressarci-
mento das respectivas despesas, ressalvado o disposto
Art. 101 - Os policiais militares são alistáveis como
na Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994.
eleitores e elegíveis segundo as regras seguintes:
§ 2º - Se não houver pronunciamento da autoridade
I - se contar com menos de dez anos de serviço, deverá
competente no prazo de trinta dias, considerar-se-á
afastar-se da atividade;
indeferido o pedido.
II - se contar mais de dez anos de serviço será, ao se
§ 3º - Preclui, em trinta dias, a contar da publicação,
candidatar a cargo eletivo, três meses antes da data
ou da ciência, pelo policial militar interessado, do ato,
limite para realização das convenções dos partidos
decisão ou omissão, para apresentar pedido de recon-
políticos, agregado ex officio e considerado em gozo
sideração ou interpor recurso.
de licença para tratar de interesse particular; se elei-
Art. 95 - Cabe pedido de reconsideração à autorida- to, passará, automaticamente, no ato da diplomação,
de que houver expedido o ato ou proferido a primeira para a inatividade, fazendo jus a remuneração pro-
decisão, não podendo ser renovado, devendo ser apre- porcional ao seu tempo de serviço.
sentado em quinze dias corridos, a contar do recebi- Parágrafo único - Enquanto em atividade, os policiais
mento da comunicação oficial ou do efetivo conheci- militares não podem filiar-se a partidos políticos.
mento pelo interessado, quanto a ato relacionado com
a lista de composição para acesso. SEÇÃO V
Parágrafo único - Em caso de deferimento do reque- DA REMUNERAÇÃO
rimento ou provimento do pedido de reconsideração,
os efeitos da decisão retroagirão à data do ato im- Art. 102 - A remuneração dos policiais militares é de-
pugnado. vida em bases estabelecidas em legislação peculiar,
compreendendo:
Art. 96 - Caberá recurso, nas hipóteses de indeferi- I - na ativa:
mento ou não apreciação do pedido de reconsidera- 1.vencimentos constituído de:
ção, sendo competente para apreciar o recurso a auto- a) soldo;
ridade hierarquicamente superior à que tiver expedido b) gratificações.
o ato ou proferido a decisão. 2.Indenizações.
§ 1º - Entende-se indeferido, para todos os efeitos, o II - na inatividade, proventos constituídos das seguin-
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recurso que não for examinado pela autoridade com- tes parcelas:
petente, no prazo de trinta dias do seu encaminha- a) soldo ou quotas de soldo;
mento pelo policial militar interessado. b) gratificações incorporáveis.
§ 2º - Acolhido o recurso, os efeitos da decisão retroa- § 1º - São gratificações a que faz jus o policial militar
girão à data do ato impugnado. no serviço ativo:
§ 3º - O recurso poderá ser recebido com efeito sus- a) pelo exercício de cargo de provimento temporário;
pensivo, a juízo da autoridade competente, em despa- b) natalina;
cho fundamentado. c) adicional por tempo de serviço, sob a forma de
anuênio;

47
d) adicional por exercício de atividades insalubres, pe- § 3º - O policial militar beneficiado pela estabilida-
rigosas ou penosas; de econômica que vier a ocupar outro cargo de pro-
e) adicional por prestação de serviço extraordinário; vimento temporário deverá optar, enquanto perdurar
f) adicional noturno; esta situação entre a vantagem pessoal já adquirida e
g) adicional de inatividade; o valor da gratificação pertinente ao exercício do novo
h) gratificação de atividade policial militar; cargo.
i ) honorários de ensino. § 4º - O policial militar beneficiado pela estabilidade
j) Gratificação por Condições Especiais de Trabalho - econômica que vier a ocupar, por mais de dois anos,
CET; outro cargo de provimento temporário, poderá obter a
Alínea “j” acrescida pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de modificação do valor da vantagem pessoal, passando
janeiro de 2009. esta a ser calculada com base no valor do símbolo cor-
k) Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de respondente ao novo cargo.
Tempo Integral e Dedicação Exclusiva ? RTI.”. § 5º - o valor da estabilidade econômica não servirá
Alínea “k” acrescida pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de de base para cálculo de qualquer outra parcela remu-
janeiro de 2009. neratória.
§ 2º - São indenizações devidas ao policial militar no
serviço ativo: Art. 104-A - No caso de policiais militares transferidos,
a) ajuda de custo; compulsoriamente, para a reserva remunerada em ra-
b) diária; zão de diplomação para cargo eletivo, previsto no art.
c) transporte; 14, § 8º, II da Constituição Federal, o tempo de exercí-
d) transporte de bagagem; cio do cargo eletivo será computado, ao final do exer-
e) auxílio acidente; cício e a partir de então, para revisão dos respectivos
f) auxílio moradia; proventos de reservistas, inclusive quanto ao adicional
g) auxílio invalidez; por tempo de contribuição.
h) auxílio fardamento. § 1º - O tempo de serviço prestado no cargo eleti-
vo será contado para todos os efeitos legais, inclusive
§ 3º - O policial militar fará jus, ainda, a seguro de
para integralização do decênio aquisitivo do direito à
vida ou invalidez permanente em face de riscos profis-
vantagem prevista no art. 104 da Lei nº 7.990, de 27
sionais custeado integralmente pelo Estado.
de dezembro de 2001, cuja fixação do valor será feita,
no caso de permanência neste cargo por mais de 02
Art. 103 - O policial militar terá direito a perceber, pelo
(dois) anos, no símbolo correspondente ao cargo de
exercício do cargo de provimento temporário, gratifi-
provimento temporário da Polícia Militar que mais se
cação equivalente a 30% (trinta por cento) do valor
aproxime do valor percebido no cargo eletivo e o pe-
correspondente ao símbolo respectivo ou optar pelo
ríodo decenal.
valor integral do símbolo, que neste caso, será pago § 2º - A eficácia das disposições deste artigo e seus pa-
como vencimento básico enquanto perdurar a investi- rágrafos é garantida àqueles que estiverem em exercí-
dura ou ainda pela diferença entre este e o soldo res- cio de mandato eletivo a partir da publicação desta Lei
pectivo. e fica condicionada ao recolhimento, pelo interessado,
Parágrafo único - O policial militar substituto perce- durante o exercício do cargo eletivo, de contribuição
berá, a partir do décimo dia consecutivo, a remunera- mensal para o FUNPREV, sobre a diferença entre o va-
ção do cargo do substituído, paga na proporção dos lor dos proventos de reservista percebidos e aquele dos
dias de efetiva substituição, sendo-lhe facultado exer- vencimentos de que trata este artigo.
cer qualquer das opções previstas neste artigo. Artigo 104-A e §§ 1º e 2º acrescidos pelo art. 6º da Lei
nº 11.356, de janeiro de 2009.
Art. 104 - Ao policial militar que tiver exercido, por dez
anos contínuos ou não, cargo de provimento temporá- Art. 105 - A gratificação natalina corresponde a 1/12
rio, é assegurada estabilidade econômica, consistente (um doze avos) da remuneração a que o policial mi-
no direito de continuar a perceber, no caso de exone- litar ativo fizer jus, no mês de exercício, no respectivo
ração ou dispensa, como vantagem pessoal, retribui- ano, considerando a fração igual ou superior a quin-
ção equivalente a 30% (trinta por cento) do valor do ze dias como mês integral, não servindo de base para
símbolo correspondente ao cargo de maior hierarquia cálculo de qualquer parcela remuneratória.
que tenha exercido por mais de dois anos ou a dife- § 1º - A gratificação será paga no mês de dezembro de
rença entre o maior valor e o vencimento do cargo de cada ano, ficando assegurado o seu adiantamento no
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provimento permanente. mês do aniversário do servidor policial militar, em va-


§ 1º - O direito à estabilidade econômica constitui-se lor não excedente à metade da remuneração mensal
com a exoneração ou dispensa do cargo de provimen- percebida, salvo opção expressa do beneficiário mani-
to temporário, sendo o valor correspondente fixado festada com a antecedência mínima de trinta dias da
neste momento. data do seu aniversário para percepção da vantagem
§ 2º - A vantagem pessoal por estabilidade econômi- no ensejo das suas férias ou época em que o funciona-
ca será reajustada sempre que houver modificação no lismo público em geral a perceba.
valor do símbolo em que foi fixada, observando-se as Redação do § 1º do art. 105 de acordo com o art. 1º da
correlações e transformações estabelecidas em Lei. Lei nº 8.639, de 15 de julho de 2003.

48
Redação original: “§ 1º - A gratificação será paga até Art. 108 - O serviço extraordinário será remunerado
o dia vinte do mês de dezembro de cada ano ou no com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em rela-
ensejo das férias do policial militar, sempre que este ção à hora normal de trabalho, incidindo sobre o soldo
requerer até trinta dias antes do período de gozo, não e a gratificação de atividade policial ou outra que a
podendo exceder à metade da remuneração por este substitua, na forma disciplinada em regulamento.
percebida no mês.” Parágrafo único - Somente será permitida a realiza-
§ 2º - Ao policial militar inativo, com exceção da re- ção de serviço extraordinário para atender situações
serva não remunerada, será devida a gratificação na- excepcionais e temporárias, respeitado o limite má-
talina em valor equivalente aos respectivos proventos. ximo de duas horas diárias, podendo ser elevado este
§ 3º - Ao policial militar exonerado ou demitido será limite nas atividades que não comportem interrupção.
devida a gratificação na proporcionalidade dos meses
de efetivo exercício, calculada sobre a remuneração do Art. 109 - O serviço noturno, prestado em horário
mês do afastamento do serviço. compreendido entre vinte e duas horas de um dia e
§ 4º - Na hipótese de ter havido adiantamento do va- cinco do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de
lor superior ao devido no mês da exoneração ou de-
cinquenta por cento sobre o soldo na forma da regu-
missão, o excesso será devolvido, no prazo de trinta
lamentação correspondente.
dias, findo o qual, sem devolução, será o débito inscri-
Parágrafo único - Tratando-se de serviço extraordi-
to na dívida ativa.
nário, o acréscimo a que se refere este artigo incidirá
Art. 106 - O policial militar com mais de cinco anos sobre a remuneração prevista no artigo anterior.
de efetivo exercício no serviço público terá direito por
anuênio, contínuo ou não, à percepção de adicional Art. 110 - A gratificação de atividade policial militar
calculado à razão de 1% (um por cento) sobre o valor será concedida ao policial militar a fim de compen-
do soldo do cargo que é ocupante, a contar do mês em sá-lo pelo exercício de suas atividades e os riscos dele
que o policial militar completar o anuênio. decorrentes, considerando, conjuntamente, a natureza
§ 1º - Para efeito desta gratificação, considera-se de do exercício funcional, o grau de risco inerente às atri-
efetivo exercício o tempo de serviço prestado, sob buições normais do posto ou graduação e o conceito e
qualquer regime de trabalho, na administração pú- nível de desempenho do policial militar.
blica estadual, suas autarquias, fundações, empresas § 1º - A gratificação será escalonada em referências de
públicas e sociedades de economia mista. I a V, com fixação de valor para cada uma delas sen-
§ 2º - Para o cálculo do adicional não serão compu- do concedida ou alterada para as referências III, IV ou
tadas quaisquer parcelas pecuniárias, ainda que in- V em razão, também, da remuneração do regime de
corporadas ao vencimento para outros efeitos legais. trabalho de quarenta horas semanais a que o policial
§ 3º - O policial militar beneficiado pela estabilidade militar ficará sujeito.
econômica na forma do art. 104 desta Lei, terá o adi- § 2º - O Policial Militar perderá o direito a gratificação
cional por tempo de serviço a que faça jus calculado quando afastado do exercício das funções inerentes ao
sobre o valor do símbolo do cargo em que tenha se es- seu posto ou graduação, salvo nas hipóteses de férias,
tabilizado, quando for este superior ao soldo do posto núpcias, luto, instalação, trânsito, licença gestante, li-
ou graduação que ocupe. cença paternidade, licença para tratamento de saúde,
cumprimento de sentença penal condenatória não
Art. 107 - Os policiais militares que trabalharem com transitada em julgado e licença prêmio por assiduida-
habitualidade em condições insalubres, perigosas ou de, esta última se a gratificação vier sendo percebida
penosas farão jus ao adicional correspondente, con-
há mais de 06 (seis) meses.
forme definido em regulamento.
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de
§ 1º - O direito aos adicionais de que trata este artigo
29 de junho de 2010.
cessa com a eliminação das condições ou dos riscos
que deram causa à concessão. Redação original: “§ 2º - O policial militar perderá o
§ 2º - Haverá permanente controle da atividade do direito a gratificação quando afastado do exercício
policial militar em operações ou locais considerados das funções inerentes ao seu posto ou graduação, sal-
insalubres, perigosos ou penosos. vo nas hipóteses de férias, núpcias, luto, instalação,
§ 3º - A policial militar gestante ou lactante será afas- trânsito, licença gestante, licença paternidade, licença
tada, enquanto durar a gestação e lactação, das ope- para tratamento de saúde e licença prêmio por assi-
rações, condições e locais previstos neste artigo, para duidade, esta última se a gratificação vier sendo per-
exercer suas atividades em locais compatíveis com o cebida há mais de seis meses.”
DIREITO ADMINISTRATIVO

seu bem-estar, sendo-lhe assegurada a licença-mater- § 3º - Os valores da gratificação de atividade policial


nidade de 180 (cento e oitenta) dias. militar serão revistos na mesma época e no mesmo
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de percentual de reajuste do soldo.
29 de junho de 2010. § 3º revogado pelo art. 6º da Lei nº 11.920, de 29 de
Redação original: “§ 3º - A policial militar gestante ou junho de 2010.
lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a § 4º - A Gratificação de Atividade Policial Militar in-
lactação, das operações, condições e locais previstos corpora-se aos proventos de inatividade quando per-
neste artigo, para exercer suas atividades em outros cebida por 05 (cinco) anos consecutivos ou 10 (dez) in-
locais.” terpolados, sendo fixada na Referência de maior valor

49
percebida por, pelo menos, 12 (doze) meses contínuos, I - compensar o trabalho extraordinário, não eventual,
ou a média destes, sendo assegurada a melhor opção prestado antes ou depois do horário normal;
de maior vantagem que se apresente ao Policial Mi- II - remunerar o exercício de atribuições que exijam
litar. habilitação específica ou demorados estudos e crite-
Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de riosos trabalhos técnicos;
29 de junho de 2010. III - fixar o servidor em determinadas regiões.
Redação original: “§ 4º - A gratificação de atividade Parágrafo único - O Conselho de Políticas de Recursos
policial militar incorpora-se aos proventos de inativi- Humanos - COPE expedirá resolução fixando os per-
dade quando percebida por cinco anos consecutivas centuais da Gratificação por Condições Especiais de
ou dez interpolados, calculados pela média percentual Trabalho - CET.
dos últimos doze meses imediatamente anteriores ao Artigo 110-B acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356,
mês civil em que for protocolado o pedido de inativa- de janeiro de 2009.
ção ou àquele em que for adquirido o direito à inati- Art. 110-C - A Gratificação por Condições Especiais de
vidade.” Trabalho - CET e a Gratificação pelo Exercício Funcio-
nal em Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclu-
§ 5º - Fica assegurada aos atuais policiais militares a siva - RTI incidirão sobre o soldo recebido pelo benefi-
incorporação, aos proventos de inatividade, da gratifi- ciário e não servirão de base para cálculo de qualquer
cação de atividade policial militar, qualquer que seja o outra vantagem, salvo as relativas à remuneração de
seu tempo de percepção. férias, abono pecuniário e gratificação natalina.
§ 6º - Na hipótese de nomeação para exercício de car- Parágrafo único - Quando se tratar de ocupante de
go de provimento temporário, o pagamento da grati- cargo ou função de provimento temporário, a base de
ficação somente será mantido se o cargo em que esta cálculo será o valor do vencimento do cargo ou fun-
se efetivar for estabelecido em Lei, como sendo policial ção, salvo se o militar optar expressamente pelo soldo
militar ou de natureza policial militar e na hipótese do posto ou graduação.
de substituição de cargo de provimento temporário o
policial militar perceberá, durante tal período, a grati- Artigo 110-C acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356,
ficação do substituído. de janeiro de 2009.
§ 7º - O cálculo previsto no § 4º deste artigo será efe- Art. 110-D - Incluem-se na fixação dos proventos inte-
tuado observando-se o quanto fixado no art. 92, inci- grais ou proporcionais as Gratificações por Condições
sos III e IV, deste diploma legal. Especiais de Trabalho ? CET e pelo Exercício Funcional
§ 7º acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de em Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva
junho de 2010. - RTI percebidas por 5 (cinco) anos consecutivos ou 10
§ 8º - Na reforma por incapacidade definitiva de- (dez) interpolados, calculados pela média percentual
corrente da hipótese prevista no inciso I do art. 179 dos últimos 12 (doze) meses imediatamente anterio-
desta Lei, a gratificação de atividade policial militar res ao mês civil em que for protocolado o pedido de
será incorporada aos proventos de inatividade, inde- inativação ou àquele em que for adquirido o direito à
pendentemente do tempo de percepção, na referência inatividade.
de maior valor percebida. § 1º - Na incorporação aos proventos de inatividade
§ 8º acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de dos policiais militares somam-se indistintamente os
junho de 2010. períodos de percepção da Gratificação pelo Exercício
Funcional em Regime de Tempo Integral e Dedicação
Art. 110-A - A Gratificação pelo Exercício Funcional Exclusiva - RTI e a Gratificação por Condições Espe-
em Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva ciais de Trabalho - CET.
- RTI poderá ser concedida aos policiais militares com § 2º - Na reforma por incapacidade definitiva, as gra-
o objetivo de remunerar o aumento da produtividade tificações incorporáveis integrarão os proventos de
de unidades operacionais e administrativas ou de seus inatividade independentemente do tempo de percep-
setores ou a realização de trabalhos especializados. ção.
§ 1º - A gratificação de que trata este artigo poderá ser § 3º - Fica assegurada aos policiais militares a conta-
concedida nos percentuais mínimo de 50% (cinquenta gem de tempo de percepção das vantagens recebidas
por cento) e máximo de 150% (cento e cinquenta por a título de gratificações por Condições Especiais de
cento), na forma fixada em regulamento. Trabalho e pelo Regime de Tempo Integral e Dedica-
§ 2º - O Conselho de Políticas de Recursos Humanos ção Exclusiva, no período anterior a 1º de janeiro de
DIREITO ADMINISTRATIVO

- COPE expedirá resolução fixando os percentuais da 2009.


Gratificação pelo Exercício Funcional em Regime de Artigo 110-C acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356,
Tempo Integral e Dedicação Exclusiva - RTI. de janeiro de 2009.
Artigo 110-A acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356,
de janeiro de 2009. Art. 111 - A ajuda de custo destina-se a compensar as
Art. 110-B - A Gratificação por Condições Especiais de despesas de instalação do policial militar que, no inte-
Trabalho - CET somente poderá ser concedida no limi- resse do serviço, passar a ter exercício em nova sede,
te máximo de 125% (cento e vinte e cinco por cento) com mudança de domicílio, ou que se deslocar a ser-
na forma que for fixada em regulamento, com vistas a: viço ou por motivo de curso, no país ou para o exterior.

50
§ 1º - Correm por conta da administração as despesas valor de 25% (vinte e cinco por cento) do soldo com a
de transporte do policial militar e sua família. gratificação de tempo de serviço, desde que satisfaça a
§ 2º - É assegurada aos dependentes do policial militar uma das condições abaixo especificada, devidamente
que falecer na nova sede, a ajuda de custo e transporte declaradas por junta oficial de saúde:
para a localidade de origem dentro do prazo de cento I - necessitar de internamento em instituição apro-
e oitenta dias, contados do óbito. priada, policial militar ou não;
§ 3º - A ajuda de custo não poderá exceder a impor- II - necessitar de assistência ou de cuidados perma-
tância correspondente a quinze vezes o valor do me- nentes de enfermagem.
nor soldo pago, excetuando da regra a hipótese de § 1º - Quando, por deficiência hospitalar ou prescrição
curso no exterior, competindo a sua fixação ao Gover- médica comprovada por Junta Policial Militar de Saú-
nador do Estado. de, o policial militar em uma das condições previstas
§ 4º - Não será concedida ajuda de custo: neste artigo, receber tratamento na própria residência,
a) ao policial militar que for afastado para servir em também fará jus ao auxílio-invalidez.
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, de ou- § 2º - Para continuidade do direito ao recebimento
tros Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; do auxílio-invalidez o policial militar ficará obrigado a
b) ao policial militar que for removido a pedido; apresentar, anualmente, declaração de que não exer-
c) a um dos cônjuges, sendo ambos servidores esta- ce qualquer atividade remunerada pública ou privada
duais, quando o outro tiver direito à ajuda de custo e, a critério da administração, submeter-se periodica-
pela mesma mudança. mente, a inspeção de saúde de controle.
§ 3º - No caso de oficial ou praça mentalmente enfer-
Art. 112 - O policial militar ficará obrigado a restituir mo, a declaração de que trata este artigo deverá ser
a ajuda de custo quando, injustificadamente, não se firmada por 2 (dois) oficiais da ativa da Polícia Militar.
apresentar na nova sede no prazo de trinta dias. § 4º - O auxílio-invalidez será suspenso automatica-
Parágrafo único - Não haverá obrigação de restituir a mente pela autoridade competente, se for verificado
ajuda de custo nos casos de exoneração de ofício ou de que o policial militar nas condições deste artigo, exer-
retorno por motivo de doença comprovada. ça ou tenha exercido, após o recebimento do auxílio,
Art. 113 - Ao policial militar que se deslocar da sede qualquer atividade remunerada, sem prejuízo de ou-
em caráter eventual ou transitório, no interesse do tras sanções cabíveis, bem como for julgado apto em
serviço, serão concedidas, além de transporte, diárias inspeção de saúde a que se refere o parágrafo anterior.
para atender às despesas de alimentação e hospeda- § 5º - O policial militar de que trata este capítulo terá
gem, desde que o deslocamento não implique desliga- direito ao transporte dentro do Estado, quando for
mento da sede. obrigado a se afastar de seu domicílio para ser subme-
§ 1º - O total de diárias atribuídas ao policial militar tido à inspeção de saúde, prevista no § 2º deste artigo.
não poderá exceder a cento e oitenta dias por ano, § 6º - O auxílio-invalidez não poderá ser inferior ao
salvo em casos especiais expressamente autorizados valor do soldo do posto de Sargento PM.
pelo Chefe do Poder Executivo.
§ 2º - O policial militar que receber diárias e não se Art. 116 - O adicional de inatividade será calculado e
afastar da sede, sem justificativa, fica obrigado a res- pago mensalmente ao policial militar na inatividade,
tituí-la integralmente e de uma só vez, no prazo de incidindo sobre o soldo do posto ou graduação e em
cinco dias. função da soma do tempo de efetivo serviço, com os
§ 3º - Na hipótese do policial militar retornar à sede acréscimos assegurados na legislação em vigor para
em prazo menor do que o previsto para o seu afasta- esse fim, nas seguintes condições:
mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no I - de 30% (trinta por cento), quando o tempo for de 35
prazo de cinco dias do seu retorno. (trinta e cinco) anos;
§ 4º - Os valores das diárias de alimentação e hospe- II - de 25% (vinte e cinco por cento), quando o tempo
dagem serão fixadas em tabela própria, consideran- computado for de 30 (trinta) anos;
do os diversos postos e graduações que deverão ser III - de 5% (cinco por cento), quando o tempo compu-
agrupados segundo critérios estabelecidos em regu- tado for inferior a 30 (trinta) anos.
lamento. Parágrafo único - O adicional de inatividade de que
trata este artigo será devido exclusivamente aos po-
Art. 114 - Conceder-se-á indenização de transporte ao liciais militares que tenham ingressado na Instituição
policial militar que realizar despesas com a utilização até a data da vigência desta Lei.
de meio próprio de locomoção para execução de ser-
DIREITO ADMINISTRATIVO

viços externos, na sede ou fora dela, no interesse da Art. 117 - A remuneração e proventos não estão sujei-
administração, na forma e condições estabelecidas em tos a penhora, sequestro ou arresto, exceto em casos
regulamento. previstos em Lei.

Art. 115 - O policial militar da ativa que venha a ser Art. 118 - O valor do soldo de um mesmo grau hie-
reformado por incapacidade definitiva e considerado rárquico é igual para o policial militar da ativa e da
inválido, impossibilitado total e permanentemente inatividade, ressalvado o disposto no inciso II, do art.
para qualquer trabalho, não podendo prover os meios 92, desta Lei.
de sua subsistência, fará jus a um auxílio-invalidez no

51
Art. 119 - Por ocasião de sua passagem para a inativi- Parágrafo único - A forma gradual e sucessiva da pro-
dade, o policial militar terá direito a tantas quotas de moção resultará de um planejamento organizado de
soldo quantos forem os anos de serviço, computáveis acordo com as suas peculiaridades e dependerá, além
para a inatividade até o máximo de trinta anos, res- do atendimento aos requisitos estabelecidos neste Es-
salvado o disposto do inciso II, do art. 92, desta Lei. tatuto e em regulamento, do desempenho satisfatório
Parágrafo único - Para efeito de contagem dessas de cargo ou função e de aprovação em curso progra-
quotas, a fração de tempo igual ou superior a cento e mado para os diversos postos e graduações.
oitenta dias será considerada um ano. Art. 124 - Os Alunos Oficiais que concluírem o Curso
de Formação de Oficiais serão declarados Aspirantes a
Art. 120 - A proibição de acumular proventos de inati- Oficial pelo Comandante Geral da Policia Militar.
vidade não se aplica aos policiais militares da reserva
remunerada e aos reformados quanto ao exercício de Art. 125 - Os alunos dos diversos cursos de formação
mandato eletivo, observado o que dispõe a Constitui- de Praças que concluírem os respectivos Cursos serão
ção Federal. promovidos pelo Comandante Geral às respectivas
graduações.
Art. 121 - Os proventos da inatividade serão revistos
na mesma proporção e na mesma data, sempre que Subseção II
se modificar a remuneração dos policiais militares DOS CRITÉRIOS DE PROMOÇÕES
em atividade, sendo também estendidos aos inativos
quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente Art. 126 - As promoções serão efetuadas pelos critérios
concedidos aos policiais militares em atividade, inclu- de:
sive quando decorrentes da transformação ou reclas- I - antiguidade;
sificação do cargo ou função em que se deu a aposen- II - merecimento;
tadoria, na forma da Lei. III - bravura;
IV - “post mortem”;
Parágrafo único - Ressalvados os casos previstos em
V - ressarcimento de preterição.
Lei, os proventos da inatividade não poderão exceder
à remuneração percebida pelo policial militar da ativa
§ 1º - Promoção por antiguidade é a que se baseia
no posto ou graduação correspondente aos seus pro-
na precedência hierárquica de um oficial PM sobre os
ventos.
demais de igual posto, dentro de um mesmo Quadro,
decorrente do tempo de serviço.
Art. 121-A - Aos policiais militares que exerçam atri-
§ 2º - Promoção por merecimento é a que se baseia
buição de motorista e motociclista de viatura fica con-
no conjunto de atributos e qualidades que distinguem
cedida isenção de pagamento das taxas devidas ao e realçam o valor do policial militar entre seus pares,
Departamento Estadual de Trânsito para renovação e avaliados no decurso da carreira e no desempenho de
mudança na categoria da Carteira Nacional de Ha- cargos e comissões exercidos, em particular no posto
bilitação. que ocupa.
§ 3º - A promoção por bravura é a que corresponde
Art. 121-A acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de ao reconhecimento, pela Instituição, da prática, pelo
29 de junho de 2010. policial militar, de ato ou atos não comuns de coragem
e audácia, em razão do serviço que, ultrapassando os
SEÇÃO VI limites normais do cumprimento do dever, represen-
DA PROMOÇÃO tem feitos indispensáveis ou úteis às operações po-
liciais militares, pelos resultados alcançados ou pelo
Subseção I exemplo positivo deles emanados, observando-se o
GENERALIDADES seguinte:
a) ato de bravura, considerado altamente meritório, é
Art. 122 - O acesso na hierarquia policial militar, fun- apurado em sindicância procedida por um Conselho
damentado principalmente no desempenho profissio- Especial para este fim designado pelo Comandante
nal e valor moral, é seletivo, gradual e sucessivo e será Geral;
feito mediante promoções, de conformidade com a b) na promoção por bravura não se aplicam as exi-
legislação e regulamentação de promoções de modo gências estipuladas para promoção por outro critério
a obter-se um fluxo ascensional regular e equilibrado previsto nesta Lei;
DIREITO ADMINISTRATIVO

de carreira. c) será concedida ao oficial promovido por bravura,


Parágrafo único - O planejamento da carreira dos quando for o caso, a oportunidade de satisfazer as
policiais militares é atribuição do Comando Geral da condições de acesso ao posto ou graduação a que foi
Polícia Militar. promovido, de acordo com o regulamento desta Lei.
§ 4º - A promoção post mortem é a que visa expressar
Art. 123 - A promoção tem como finalidade básica o o reconhecimento do Estado ao policial militar fale-
preenchimento de vagas pertinentes ao grau hierár- cido no cumprimento do dever, ou em consequência
quico superior, com base nos efetivos fixados em Lei deste, em situação em que haja ação para a preser-
para os diferentes quadros. vação da ordem pública, ou em consequência de fe-

52
rimento, quando no exercício da sua atividade ou em Inciso VIII acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de
razão de acidente em serviço, doença, moléstia ou en- janeiro de 2009.
fermidades contraídas no cumprimento do dever ou IX -para a graduação de Cabo PM - somente pelo cri-
que neste tenham tido sua origem. tério de antiguidade.
a) os casos de morte por ferimento, doença, moléstia Redação de acordo com o art. 3º da Lei nº 11.920, de
ou enfermidades referidos neste artigo, serão compro- 29 de junho de 2010.
vados por atestado de origem ou inquérito sanitário Redação anterior de acordo com o art. 6º da Lei nº
de origem, quando não houver outro procedimento 11.356, de janeiro de 2009, que acrescentou este inciso
apuratório, sendo utilizados como meios subsidiários ao art. 127: “IX - para a graduação de Cabo PM ? uma
para esclarecer a situação os termos relativos ao aci- por antiguidade e uma por merecimento;”
dente, à baixa ao hospital, bem como as papeletas de X -para a graduação de Soldado 1ª Cl PM - somente
tratamento nas enfermarias e hospitais e os respecti- pelo critério de antiguidade.
vos registros de baixa; Inciso X acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de ja-
b) no caso de falecimento do policial militar, a promo- neiro de 2009.
ção por bravura exclui a promoção post mortem que § 1º - Quando o policial militar concorrer à promoção
resulte das consequências do ato de bravura. por ambos os critérios, o preenchimento da vaga de
§ 5º - Em casos extraordinários, poderá haver promo- antiguidade poderá ser feito pelo critério de mereci-
ção em ressarcimento de preterição, outorgada após mento, sem prejuízo do cômputo das futuras quotas
ser reconhecido, administrativa ou judicialmente, o di- de merecimento.
reito ao policial militar preterido à promoção que lhe § 1º acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
caberia, observado o seguinte: de 2009.
a) caracteriza-se essa hipótese e o seu direito à pro- § 2º - Para o posto de 1º Tenente do QOAPM e QOABM,
moção quando o policial militar. a proporcionalidade de preenchimento das vagas é de
1.tiver solução favorável a recurso interposto; uma por antiguidade e duas por merecimento.
2.tiver cessada sua situação de desaparecido ou ex- § 2º revogado pelo art. 6º da Lei nº 11.920, de 29 de
traviado; junho de 2010.
3.for absolvido ou impronunciado no processo a que § 2º acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
de 2009.
estiver respondendo, quando a sentença transitar em
Art. 127-A - Para ser promovido à graduação de Cabo
julgado;
é indispensável que o Soldado de 1ª Classe esteja in-
4.for considerado não culpado em processo adminis-
cluído na Lista de Acesso por Antiguidade, tenha bom
trativo disciplinar.
comportamento e que sejam observados os demais
b) a promoção em ressarcimento de preterição será
requisitos legais.
considerada efetuada segundo os critérios de antigui-
Art. 127-A acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de
dade, recebendo o policial militar promovido o núme-
29 de junho de 2010.
ro que lhe competia na escala hierárquica, como se
houvesse sido promovido na época devida. Subseção III
DAS LISTAS DE ACESSO
Art. 127 - As promoções são efetuadas:
I - para as vagas de Coronel PM, somente pelo critério Art. 128 - Listas de Acesso à promoção são relações de
de merecimento; Oficiais e Praças dos diferentes Quadros, organizadas
II - para as vagas de Tenente Coronel PM, Major PM, por postos e graduações, objetivando o enquadramen-
Capitão PM, 1º Tenente PM, e 1º Sargento PM, pe- to dos concorrentes sob os pontos de vista da Pré-qua-
los critérios de antiguidade e merecimento, de acordo lificação para a Promoção(Lista de Pré-qualificação
com a seguinte proporcionalidade em relação ao nú- - LPQ), do critério de Antiguidade (Lista de Acesso por
mero de vagas; Antiguidade - LAA) , do critério de Merecimento (Lista
III - para o posto de Tenente Coronel - uma por anti- de Acesso por Merecimento - LAM) e dos concorrentes
guidade e quatro por merecimento; finais à elevação (Lista de Acesso Preferencial - LAP).
IV - para o posto de Major PM - uma por antiguidade § 1º - A Lista de Pré-qualificação (LPQ) é a relação dos
e duas por merecimento; Oficiais e Praças concorrentes que satisfazem às con-
V - para o posto de Capitão PM - uma por antiguidade dições de acesso e estão compreendidos nos limites
e uma por merecimento; quantitativos de antiguidade, fixados no Regulamento
VI - para o posto de 1º Tenente PM - somente pelo de Promoções.
critério de antiguidade; § 2º - A Lista de Acesso por Antiguidade (LAA) é a
DIREITO ADMINISTRATIVO

VII - para a graduação de Subtenente PM - uma por relação dos Oficiais e Praças pré-qualificados, concor-
antiguidade e três por merecimento; rentes ao acesso por esse critério, dispostos em ordem
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de decrescente de antiguidade.
janeiro de 2009. § 3º - A Lista de Acesso por Merecimento (LAM) é a
Redação original: “VII - para a graduação de 1º Sar- relação dos Oficiais e Praças pré-qualificados e habi-
gento PM - uma por antiguidade e duas por mereci- litados ao acesso, por pontuação igual ou superior à
mento.” média do total de pontos dos concorrentes em face da
VIII -para a graduação de 1º Sargento PM - uma por apreciação do seu desempenho profissional, mérito e
antiguidade e duas por merecimento; qualidades exigidas para a promoção.

53
§ 4º - A Lista de Acesso Preferencial (LAP) é o elen- XI - for considerado extraviado;
co de Oficiais e Praças pré-qualificados e habilitados XII - for considerado desertor;
segundo o número e espécie de vagas existentes sob XIII - estiver em débito para com a Fazenda Estadual,
cada critério. por alcance;
XIV - estiver cumprindo pena acessória de interdição
Art. 129 - As Listas de Acesso serão organizadas na para o exercício de função pelo dobro do prazo da
data e na forma da regulamentação da presente Lei. pena aplicada por condenação por crime de tortura;
§ 1º - Os parâmetros para a avaliação do desempenho XV - estiver cumprindo sanção administrativa de
utilizados para a composição das Listas devem consi- suspensão do cargo, função ou posto ou graduação,
derar, além dos requisitos compatíveis com as caracte- ou pena de impedimento de exercício de funções no
rísticas profissiográficas do posto e graduação visados: município da culpa, por condenação em processo por
a) a eficiência revelada no desempenho de cargos e abuso de autoridade.
comissões; § 1º - Na hipótese do inciso II deste artigo o Oficial
b) a potencialidade para o desempenho de cargos ou Praça será submetido a Processo Administrativo
mais elevados; Disciplinar.
c) a capacidade de liderança, iniciativa e presteza nas § 2º - Recebido o relatório da Comissão, instaurado na
decisões; forma do parágrafo anterior, o Governador do Estado
d) os resultados obtidos em cursos de interesse da Ins- ou o Comandante Geral decidirá sobre a inabilitação
tituição; para o acesso.
e) realce do oficial entre seus pares; § 3º - Além das hipóteses previstas neste artigo, será
f) a conduta moral e social; excluído de qualquer Lista de Acesso o Oficial ou Praça
g) satisfatório condicionamento físico, apurado em que:
teste de aptidão física. a) nela houver sido incluído indevidamente;
§ 2º - O mérito e as qualidades consideradas para fins b) houver sido promovido;
de pontuação são aferidos a partir dos itens constan- c) houver falecido;
tes de fichas de informações, elaboradas e tabuladas d) houver passado para a inatividade.
pelas Subcomissões de Avaliação de Desempenho. Art. 131 - Será excluído da Lista de Acesso por Me-
Art. 130 - O Oficial e o Praça não poderá constar da recimento (LAM) já organizada, ou dela não poderá
Lista de Pré-qualificação, quando: constar, o Oficial ou Praça que estiver ou vier a estar
I - não satisfizer aos requisitos de: agregado:
a) interstício; I - por motivo de gozo de licença para tratamento de
b) aptidão física; ou saúde de pessoa da família, por prazo superior a seis
c) as peculiaridades inerentes a cada posto ou gradua- meses contínuos;
ção dos diferentes quadros. II - em virtude de exercício de cargo, emprego ou fun-
II - for considerado não habilitado para o acesso, em ção pública de provimento temporário, inclusive da
caráter provisório, a juízo da Subcomissão de Avalia- administração indireta;
ção de Desempenho (SAD), por incapacidade de aten- III - por ter passado à disposição de órgão do Governo
dimento aos requisitos de: Federal, do Governo do Estado ou de outro Estado ou
a) desempenho profissional; do Distrito Federal, para exercer função de natureza
b) conceito moral. civil.
III - encontrar-se preso por motivação processual pe- Parágrafo único - Para ser incluído ou reincluído na
nal ou penal; Lista de Acesso por Merecimento (LAM), o Oficial ou
IV - for denunciado ou pronunciado em processo cri- Praça a que se refere este artigo deve reverter ao
me, enquanto a sentença final não transitar em jul- serviço ativo da Instituição, pelo menos noventa dias
gado; antes da data de reunião da Comissão de Promoções
V - estiver submetido a processo administrativo dis- para avaliação dos concorrentes à promoção para o
ciplinar; período ao qual se referir.
VI - estiver preso preventivamente, em virtude de in- Art. 132 - O Oficial ou Praça que deixar no posto ou
quérito policial militar ou instrução penal de quais- graduação, de figurar por três vezes consecutivas ou
quer jurisdições; não, em Lista de Acesso por Merecimento (LAM) por
VII - encontrar-se no cumprimento de sentença penal insuficiência de desempenho, se cada uma delas foi
transitada em julgado por crime de jurisdição penal integrada por oficial com menos tempo de serviço no
militar ou comum, enquanto durar o cumprimento da posto, é considerado inabilitado para a promoção ao
DIREITO ADMINISTRATIVO

pena, devendo, no caso de suspensão condicional, ser posto imediato pelo critério de merecimento.
computado o tempo acrescido à pena original;
VIII - estiver licenciado para tratar de interesse parti- Art. 133 - A inabilitação do Oficial ou Praça para o
cular; acesso, em caráter definitivo, somente resultará de ato
IX - for condenado à pena de suspensão do exercício do Governador do Estado, para o primeiro e, do Co-
do posto ou graduação, cargo ou função prevista no mandante Geral da PMBA, em decorrência de proces-
Código Penal Militar ou em legislação penal ou extra- so administrativo disciplinar.
-penal extravagante, durante o prazo de suspensão;
X - for considerado desaparecido;

54
Subseção IV § 5º - Os períodos de interstício e de serviço arregi-
DAS CONDIÇÕES BÁSICAS PARA A PROMOÇÃO mentado previstos nesta Lei, só poderão ser reduzidos
pelo Governador do Estado quando justificada a mo-
Art. 134 - Para ser promovido pelo critério de antigui- dificação em face da necessidade excepcional do ser-
dade ou de merecimento, é indispensável que o poli- viço policial militar.
cial militar esteja incluído na Lista de Pré-qualificação.
§ 1º - Para ingressar na Lista de Pré-qualificação, é Art. 135 - A promoção pelo critério de antiguidade
necessário que o Oficial ou Praça PM satisfaça os se- competirá ao policial militar que, estando na Lista de
guintes requisitos essenciais, estabelecidos para cada Acesso, for o mais antigo da escala numérica em que
posto ou graduação: se achar.
a) condições de acesso; Parágrafo único - A antiguidade para a promoção é
b) interstício; contada no posto ou graduação, deduzido o tempo
c) aptidão física; relativo:
d) as peculiaridades dos diferentes quadros, reconhe- a) ausência não justificada;
cidas através da aprovação em Curso preparatório b) prisão disciplinar com prejuízo do serviço;
para o novo posto ou graduação. c) cumprimento de pena judicial privativa da liberda-
e) conceito profissional; de;
f) conceito moral. d) suspensão das funções, por determinação judicial
§ 2º - Interstício, para fins de ingresso em Lista de Pré- ou administrativa;
-qualificação, é o tempo mínimo de permanência em e) licença para tratar de assunto particular;
cada posto ou graduação: f) agregação, como excedente, por ter sido promovido
a) no posto de Tenente-Coronel PM - trinta meses; indevidamente;
b) no posto de Major PM - trinta e seis meses; g) afastamento para realização de curso ou estágio,
c) no posto de Capitão PM - quarenta e oito meses; custeado pelo Estado, em que não tenha logrado
d) no posto de 1º Tenente PM - quarenta e oito meses; aprovação.
e) na graduação de Aspirante-a-Oficial PM - doze me-
ses; Art. 136 - O policial militar que se julgar prejudicado
f) na graduação de 1º Sargento PM - oitenta e quatro em seu direito à promoção em consequência de com-
meses; posição de Lista de Acesso poderá impetrar recurso ao
g) na graduação de Cabo PM - noventa e seis meses; Comandante Geral da Instituição, como primeira ins-
h) na graduação de Soldado 1ª Cl PM - cento e vinte tância na esfera administrativa, conforme previsto no
meses. art. 96 desta Lei.
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de Parágrafo único - Os recursos referentes à composição
janeiro de 2009. de Lista de Acesso e à promoção deverão ser solucio-
Redação original: “§ 2º - Interstício, para fins de in- nados no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data
gresso em Lista de Pré-qualificação é o tempo mínimo de seu recebimento.
de permanência em cada posto ou graduação:
a) para o posto de Coronel PM - trinta meses; Subseção V
b) para o posto de Tenente Coronel PM - trinta e seis DO PROCESSAMENTO DAS PROMOÇÕES
meses;
c) para o posto de Major PM - quarenta e oito meses; Art. 137 - O ato de promoção dos Oficiais é consubs-
d) para o posto de Capitão PM - quarenta e oito me- tanciado por decreto do Governador do Estado, sendo
ses; o das Praças efetivado por ato administrativo do Co-
e) para o posto de Tenente PM - sessenta meses; mandante Geral.
f) para a Aspirante Oficial PM - doze meses; § 1º - O ato de nomeação para o posto inicial de car-
g) para a graduação de Sargento PM - sessenta me- reira, bem como o de promoção ao primeiro posto de
ses.” oficial superior, acarreta expedição de Carta Patente,
§ 3º - É, ainda, condição essencial ao ingresso na Lista pelo Governador do Estado.
de Pré-qualificação para promoção ao posto de coro- § 2º - A promoção aos demais postos é apostilada à
nel do QOPM o exercício de função arregimentada, última Carta Patente expedida.
como oficial superior, por vinte e quatro meses, conse-
cutivos ou não, sendo pelo menos doze meses, na che- Art. 138 - Nos diferentes Quadros, as vagas que se
DIREITO ADMINISTRATIVO

fia, comando, direção ou coordenação ou no exercício devem considerar para a promoção serão provenien-
de cargo de direção e assessoramento superior, exerci- tes de:
do na atividade policial militar ou de natureza policial I - promoção ao posto ou graduação superior;
militar no âmbito da administração pública estadual. II - agregação;
§ 4º - O regulamento de promoções definirá e discri- III - passagem à situação de inatividade;
minará as condições de acesso, de arregimentação, as IV - demissão;
unidades com autonomia administrativa e os proce- V - falecimento;
dimentos para a avaliação dos conceitos profissional VI - aumento de efetivo.
e moral. § 1º - As vagas são consideradas abertas:

55
a) na data da assinatura do ato que promover, pas- Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de
sar para a inatividade, demitir ou agregar o policial janeiro de 2009.
militar; Redação original: “a) são membros natos da Comis-
b) na data do óbito do policial militar; são de Promoções de Oficiais o Comandante Geral, o
c) como dispuser a Lei, no caso de aumento de efetivo. Subcomandante Geral e o Diretor do Departamento
§ 2º - Cada vaga aberta em determinado posto ou de Administração; “
graduação acarretará vaga nos postos ou graduações b) os membros efetivos da Comissão são 04 (quatro)
inferiores, sendo esta sequência interrompida no pos- Coronéis do Quadro de Oficiais Policiais Militares
to ou graduação em que houver preenchimento por (QOPM), designados pelo Governador do Estado, pelo
excedente. prazo de 01 (um) ano, que estejam em exercício de
§ 3º - Serão também consideradas as vagas que re-
cargo da Polícia Militar previsto em QO, podendo ha-
sultarem das transferências “ex officio” para a reserva
ver recondução para igual período.
remunerada já previstas, até a data da promoção, in-
clusive por implemento de idade. Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de
§ 4º - Não preenche vaga o policial militar que, es- janeiro de 2009.
tando agregado, venha a ser promovido e continue na Redação original: “b) os membros efetivos da Comis-
mesma situação. são são quatro Coronéis do Quadro de Oficiais Poli-
ciais militares (QOPM), designados pelo Comandante
Art. 139 - As promoções serão coordenadas e proces- Geral da Instituição, pelo prazo de um ano, que este-
sadas pela Comissão de Promoções de Oficiais, com jam em exercício de cargo da Polícia Militar previsto
base no exame de mérito procedido pelas Subcomis- em QO, há mais de seis meses, podendo haver recon-
sões de Avaliação de Desempenho. dução para igual período.”
§ 1º - Integram a Comissão de Promoções de Oficiais § 3º - A Comissão de Promoções de Praças, de caráter
as seguintes Subcomissões de Avaliação de Desempe- permanente, presidida pelo Subcomandante Geral da
nho: Instituição é constituída de membros natos e efetivos
a) Subcomissão “A” - para avaliação de desempenho sob as seguintes condições:
de Tenentes constituída por dois Majores e dois Tenen- a) são membros natos da Comissão de Promoções de
tes Coronéis, e presidida por um Coronel, designados Praças o Subcomandante Geral, o Diretor do Depar-
pelo Comandante Geral; tamento de Administração, o Coordenador de Opera-
b) Subcomissão “B” - para avaliação de desempenho
ções, e o Diretor do Instituto de Ensino e o Chefe de
de Capitães constituída por quatro Tenentes Coronéis
Gabinete da Casa Militar;
e presidida por um Coronel designados pelo Coman-
dante Geral; b) os membros efetivos 03 (três) Oficiais Superiores,
c) Subcomissão “C” - para avaliação de desempenho Comandantes de Unidade Operacional da Capital e
de Majores e Tenentes Coronéis, constituída por qua- 03 (três) Oficiais Superiores, Comandantes de Unidade
tro Coronéis designados pelo Comandante Geral e Operacional do Interior, designados pelo Comandante
presidida pelo Diretor de Administração. Geral da Instituição, pelo prazo de um ano, que este-
d) Subcomissão “D” - para avaliação de desempenho jam, há mais de seis meses, podendo haver recondu-
de Subtenentes, 1ºs Sargentos e Cabos, constituída ção para igual período.
por cinco Tenentes Coronéis ou Majores Comandantes § 4º - As Subcomissões de Avaliação têm como fina-
de Unidades Operacionais, o Coordenador de Opera- lidade subsidiar o processo promocional através da
ções e o Diretor do Departamento de Pessoal, que a indicação dos policiais militares aptos à elevação por
presidirá; excelência de desempenho, sendo constituídas sob as
Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de seguintes condições:
janeiro de 2009. a) os membros serão designados pelo Comandante
Redação original: “d) Subcomissão “D” - para ava- Geral da Instituição, dentre os Oficiais que estejam
liação de desempenho de Sargentos constituída por no exercício de cargo em Unidade Administrativa ou
cinco Tenentes Coronéis ou Majores Comandantes de Operacional da Polícia Militar prevista no QO há mais
Unidades Operacionais, o Coordenador de Operações
de seis meses;
e o Diretor de Administração, que a presidirá;”
b) o mandato é de um ano sem direito à recondução
e) Subcomissão “E” - para avaliação de desempenho
de Soldados constituída por seis Tenentes Coronéis ou no posto.
Majores Comandantes de Unidades Operacionais, o § 5º - A critério do Comandante Geral poderão ser
Comandante de Policiamento da Capital, o Coman- criadas, em cada Unidade Administrativa ou Opera-
DIREITO ADMINISTRATIVO

dante de Policiamento do Interior e o Diretor de Ad- cional, órgãos colegiados, de composição compatível
ministração, que a presidirá. como o seu efetivo, denominados Subcomissões Seto-
§ 2º - A Comissão de Promoções de Oficiais, de cará- riais de Avaliação de Desempenho, destinados a sub-
ter permanente, presidida pelo Comandante Geral da sidiar o processo de avaliação.
Instituição é constituída de membros natos e efetivos § 6º - As subcomissões de que trata o parágrafo an-
sob as seguintes condições: terior serão integradas pelo Comandante, Chefe ou
a) são membros natos da Comissão de Promoções de Diretor, Subcomandante, Subchefe, e Subdiretor, Che-
Oficiais o Comandante Geral, o Subcomandante Geral fe da UPO, Chefe da UAAF e um representante eleito
e o Diretor do Departamento de Pessoal; pela unidade, do posto ou graduação avaliado.

56
§ 7º - O regulamento de Promoções definirá as atri- Art. 141 - Obedecidas as disposições legais e regula-
buições e o funcionamento das Comissões de Promo- mentares, o policial militar tem direito, ainda, aos se-
ções de Oficiais e de Praças e, das Subcomissões de guintes períodos de afastamento total do serviço sem
Avaliação de Desempenho. qualquer prejuízo, por motivo de:
I - núpcias: oito dias;
SEÇÃO VII II - luto: oito dias;
DAS FÉRIAS E DOS AFASTAMENTOS TEMPORÁ- III - instalação: até dez dias;
RIOS DO SERVIÇO IV - trânsito: até trinta dias;
V - amamentação;
Art. 140 - O policial militar fará jus, anualmente, a VI - doação de sangue: um dia, por semestre.
trinta dias consecutivos de férias, que, no caso de ne- § 1º - O afastamento por luto é relativo ao falecimen-
cessidade do serviço, podem ser acumuladas, até o to de cônjuge, companheiro(a), pais, padrasto ou ma-
máximo de dois períodos, sob as condições dos pará- drasta, filhos, enteados, menor sob guarda e tutela e
grafos seguintes: irmãos, desde que comprovados mediante documento
§ 1º - Para o primeiro período aquisitivo serão exigi- hábil.
dos doze meses de exercício; para os demais, o direito § 2º - O afastamento para amamentação do próprio
será reconhecido após cada período de doze meses de filho ou adotado, é devido até que este complete seis
efetivo serviço, podendo ser gozadas dentro do exer- meses e consistirá em dois descansos na jornada de
cício a que se refere, segundo previsão constante de trabalho, de meia hora cada um, quando o exigir a
Plano de Férias, de responsabilidade da Unidade em saúde do lactente, este período poderá ser dilatado, a
que serve. critério da autoridade competente, em despacho fun-
§ 2º - Serão responsabilizados os Comandantes, Dire- damentado
tores, Coordenadores e Chefes que prejudicarem, in- § 3º - Preservado o interesse do serviço e carga horária
justificadamente, a concessão regular das férias. a que está obrigado o policial militar, poderá ser con-
§ 3º - A concessão de férias não será prejudicada pelo cedido horário especial ao policial militar estudante,
gozo anterior de licença para tratamento de saúde, quando comprovada a incompatibilidade do horário
licença prêmio por assiduidade, nem por punição an- escolar com o da Unidade, sem prejuízo do exercício
terior, decorrente de transgressão disciplinar, pelo es- do cargo e respeitada a duração semanal do trabalho,
tado de guerra, de emergência ou de sítio ou para que condicionada à compensação de horários.
sejam cumpridos atos de serviço, bem como não anula
o direito àquelas licenças. Art. 142 - As férias e outros afastamentos menciona-
§ 4º - Somente em casos de interesse da segurança dos nos arts. 140 e 141 são concedidos com a remune-
nacional, de grave perturbação da ordem, de calami- ração do respectivo posto ou graduação, cargo e van-
dade pública, comoção interna, transferência para a tagens deste decorrentes e computados como tempo
inatividade ou como medida administrativa de cunho de efetivo serviço para todos os efeitos legais.
disciplinar, seja por afastamento preventivo ou para
cumprimento de punição decorrente de transgressão SEÇÃO VIII
disciplinar de natureza grave e em caso de interna- DAS LICENÇAS
mento hospitalar, terá o policial militar interrompido
ou deixará de gozar na época prevista o período de Subseção I
férias a que tiver direito, registrando-se o fato nos seus GENERALIDADES
assentamentos.
§ 5º - Na impossibilidade de gozo de férias no mo- Art. 143 - Licenças são autorizações para afastamento
mento oportuno pelos motivos previstos no parágra- total do serviço, em caráter temporário, concedidas ao
fo anterior, ressalvados os casos de cumprimento de policial militar em consonância com as disposições le-
punição decorrente de transgressão disciplinar de na- gais e regulamentares que lhes são pertinentes.
tureza grave, o período de férias não usufruído será
indenizado pelo Estado. Art. 144 - As licenças poderão ser interrompidas a pe-
§ 6º - Independentemente de solicitação será pago ao dido ou nas condições estabelecidas neste artigo.
policial militar, por ocasião das férias, um acréscimo Parágrafo único - A interrupção da licença prêmio por
de 1/3 (um terço) da remuneração correspondente ao assiduidade e da licença para tratar de interesse par-
período de gozo. ticular poderá ocorrer:
§ 7º - As férias serão gozadas de acordo com escala a) em caso de mobilização e estado de guerra;
organizada pela unidade administrativa ou operacio- b) em caso de decretação de estado de defesa ou es-
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nal competente. tado de sítio;


§ 8º - É facultado ao policial militar converter 1/3 (um c) para cumprimento de sentença que importe em res-
terço) do período de férias a que tiver direito em abo- trição da liberdade individual;
no pecuniário, desde que o requeira com antecedência d) para cumprimento de punição disciplinar, conforme
mínima de sessenta dias. regulado pelo Comando Geral;
§ 9º - No cálculo do abono pecuniário será considera- e) em caso de denúncia ou de pronúncia em processo
do o valor do acréscimo de férias previsto no § 6º deste criminal ou indiciamento em inquérito policial militar,
artigo, sendo o pagamento dos benefícios efetuado no a juízo da autoridade que efetivou a denúncia ou a
mês anterior ao do início das férias. indiciação.

57
Subseção II Art. 147 - Licença para tratar de interesse particular
DAS ESPÉCIES DE LICENÇA é a autorização para o afastamento total do serviço,
concedida ao policial militar com mais de dez anos de
Art. 145 - São licenças do serviço policial militar: efetivo serviço que a requerer com aquela finalidade,
I - prêmio por assiduidade; pelo prazo de até três anos, sem remuneração e com
II - para tratar de interesse particular; prejuízo do cômputo do tempo de efetivo serviço.
III - para tratamento de saúde de pessoa da família; § 1º - O policial militar deverá aguardar a concessão
IV - para tratamento da própria saúde; da licença em serviço.
V - por motivo de acidente; § 2º - A licença para tratar de interesse particular
VI - por motivo de afastamento do cônjuge ou com- poderá ser interrompida a qualquer tempo, a pedido
panheiro; do policial militar ou por motivo de interesse públi-
VII - para o policial militar atleta participar de com- co, mediante ato fundamentado da autoridade que a
petição oficial; concedeu.
VIII - à gestante; § 3º - Não será concedida nova licença para tratar de
IX - paternidade e à (o) adotante . interesse particular antes de decorridos dois anos do
término da anterior, salvo para completar o período
de que trata este artigo.
Art. 146 - Licença prêmio por assiduidade é a auto-
§ 4º - A licença para tratar de interesse particular fica
rização para o afastamento total do serviço, conce-
condicionada à indicação, pelo beneficiário, do local
dida a título de reconhecimento da Administração
onde poderá ser encontrado, para fins de mobiliza-
pela constância de frequência ao expediente ou às ção ou interrupção, respondendo omissão, falsidade
atividades da missão policial militar, relativa a cada ou mudança não comunicada de domicilio à Admi-
quinquênio de tempo de efetivo serviço prestado, sem nistração.
qualquer restrição para a sua carreira ou redução em
sua remuneração. Art. 148 - Licença para tratamento de saúde de pessoa
§ 1º - A licença prêmio por assiduidade tem a duração da família é o afastamento total do serviço que pode-
de três meses, a ser gozada de uma só vez quando rá ser concedido ao policial militar, mediante prévia
solicitada pelo interessado e julgado conveniente pela comprovação do estado de saúde do familiar adoen-
autoridade competente, poderá ser parcelada em pe- tado por meio de junta médica oficial.
ríodos não inferiores a trinta dias. § 1º - A interrupção de licença para tratamento de
§ 2º - O período de licença prêmio por assiduidade saúde de pessoa da família para cumprimento de
não interrompe a contagem de tempo de efetivo ser- pena disciplinar que importe em restrição da liberda-
viço. de individual, será regulada pelo Comando Geral.
§ 3º - Os períodos de licença prêmio por assiduidade § 2º - A licença para tratamento de saúde de pessoa
não gozados pelo policial militar são computados em da família será sempre concedida com prejuízo da
dobro para fins exclusivos de contagem de tempo para contagem de tempo de efetivo serviço e a remunera-
a passagem à inatividade e, nesta situação, para todos ção durante seu gozo obedecerá aos termos do pará-
os efeitos legais. grafo 6º deste artigo.
§ 4º - A licença prêmio por assiduidade não é preju- § 3º - Pessoas da família para efeito da concessão de
dicada pelo gozo anterior de licença para tratamento que trata o caput deste artigo são:
de saúde própria e para que sejam cumpridos atos de a) o cônjuge ou companheiro(a);
serviço, bem como não anula o direito àquelas licen- b) os pais, o padrasto ou madrasta;
ças. c) os filhos, enteados,
§ 5º - O direito de requerer licença prêmio por assi- d) menor sob guarda ou tutela;
e) os avós;
duidade não prescreve nem está sujeito a caducidade.
f) os irmãos menores ou incapazes.
§ 6º - Uma vez concedida a licença prêmio por assi-
§ 4º - A licença somente será deferida se a assistência
duidade, o policial militar, dispensado do exercício das
direta do policial militar for indispensável e não puder
funções que exercer, ficará à disposição do órgão de
ser prestada simultaneamente com o exercício do car-
pessoal da Polícia Militar. go, o que deverá ser apurado através de sindicância
§ 7º - Não se concederá licença prêmio por assiduida- social.
de a policial militar que no período aquisitivo: § 5º - É vedado o exercício de atividade remunerada
a) sofrer sanção disciplinar de detenção; durante o período da licença, constituindo a constata-
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b) afastar-se do cargo em virtude de: ção de burla motivo para a sua cassação e apuração
1.licença para tratamento de saúde de pessoa da fa- de responsabilidade administrativa.
mília; § 6º - A remuneração da licença para tratamento de
2.licença para tratar de interesse particular; saúde de pessoa da família será concedida:
3.condenação a pena privativa de liberdade, por sen- a) com remuneração integral - até três meses;
tença definitiva; b) com 2/3 (dois terços) da remuneração - quando ex-
4.autorização para acompanhar cônjuge ou compa- ceder a três e não ultrapassar seis meses;
nheiro. c) com 1/3 (um terço) da remuneração - quando exce-
der a seis e não ultrapassar doze meses.

58
§ 7º - O policial militar não poderá permanecer de § 10 - A modalidade de licença compulsória para tra-
licença para tratamento de saúde de pessoa de famí- tamento de saúde será aplicada quando restar veri-
lia, por mais de vinte e quatro meses, consecutivos ou ficado que o policial militar é portador de uma das
interpolados. moléstias graves enumeradas nos diversos incisos
deste parágrafo cujo estado, a juízo clínico, se tornou
Art. 149 - Licença para tratamento da própria saúde é incompatível com o exercício das funções do cargo ou
o afastamento total do serviço, concedido ao policial arriscado para as pessoas que o cercam:
militar até o período máximo de dois anos, a pedido a) tuberculose ativa;
ou compulsoriamente, de oficio, com base em perícia b) hanseníase;
realizada por junta médica oficial, sem prejuízo do c) alienação mental;
cômputo do tempo de serviço e da remuneração a que d) neoplasia maligna;
fizer jus: e) cegueira posterior ao ingresso no serviço público;
§ 1º - Para licença até quinze dias, a inspeção poderá f) paralisia irreversível e incapacitante;
ser feita por médico de setor de assistência médica da g) cardiopatia grave;
Polícia Militar, Médico Oficial ou credenciado sob as h) doença de Parkinson;
i) espondiloartrose anquilosante;
seguintes condições:
j) nefropatia grave;
a) sempre que necessário, a inspeção médica será rea-
k) estado avançado da doença de Paget (osteite de-
lizada na residência do policial militar ou no estabe-
formante);
lecimento hospitalar onde ele se encontrar internado;
l) síndrome da deficiência imunológica adquirida
b) inexistindo médico da Instituição ou vinculado a sis- (AIDS);
tema oficial de saúde no local onde se encontrar o po- m) esclerose múltipla;
licial militar, será aceito atestado fornecido por médico n) contaminação por radiação;
particular, com validade condicionada a homologação o) outras que a Lei indicar, com base na medicina es-
pelo setor de assistência de saúde da Instituição. pecializada.
§ 2º - Durante os primeiros doze meses, o policial mi-
litar será considerado temporariamente incapacitado Art. 150 - Licença por motivo de acidente é o afasta-
para o serviço; decorrido esse prazo, será agregado na mento com remuneração integral e sem prejuízo do
forma do inciso I do art. 23 desta Lei. cômputo do tempo de serviço a que faz jus o policial
§ 3º - Decorrido um ano de agregação, na forma do militar acidentado em serviço ou em decorrência deste
parágrafo anterior, o policial militar será submetido a que for vitimado em ocorrência policial militar de que
nova inspeção médica e, se for considerado física ou participou ou em que foi envolvido, estando ou não
mentalmente inapto para o exercício das funções do escalado, oficialmente, de serviço.
seu cargo, será julgado definitivamente incapaz para § 1º - Equipara-se a acidente em serviço, para efeitos
o serviço e reformado na forma do inciso II, do art. desta Lei:
177, desta Lei. a) o fato ligado ao serviço, dele decorrente ou em cuja
§ 4º - Se for considerado apto, na inspeção médica etiologia, de qualquer modo se identifique relação
a que se refere o parágrafo anterior, para o exercício com o cargo, a função ou a missão do serviço policial
de funções burocráticas, o policial militar deverá ser a militar, que, mesmo não tendo sido a causa exclusiva
elas adaptado. do acidente, haja contribuído diretamente para a pro-
§ 5º - Contar-se-á como de prorrogação o período vocação de lesão corporal, redução ou perda da sua
compreendido entre o dia do término da licença e o do capacidade para o serviço ou produzido quadro clínico
conhecimento, pelo interessado, do resultado de nova que exija repouso e atenção médica na sua recupera-
ção;
avaliação a que for submetido se julgado apto para
b) o dano sofrido pelo policial militar no local e no
reassumir o exercício de suas funções;
horário do serviço, dele decorrente ou em cuja etiolo-
§ 6º - Verificada a cura clínica, o policial militar volta-
gia, de qualquer modo, exista relação de causa e efeito
rá à atividade, ainda quando, a juízo de médico oficial
com o serviço, em consequência de:
deva continuar o tratamento, desde que as funções se- 1.ato de agressão ou sabotagem praticado por tercei-
jam compatíveis com suas condições orgânicas. ro;
§ 7º - Para efeito da concessão de licença de ofício, 2.ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por
o policial militar é obrigado a submeter-se à inspe- motivo de disputa relacionada com o serviço e não
ção médica determinada pela autoridade competente constitua falta disciplinar do policial militar beneficiá-
para licenciar. No caso de recusa injustificada, sujei- rio;
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tar-se-á às medidas disciplinares previstas nesta Lei. 3.ato de imprudência, negligência ou imperícia de ter-
§ 8º - O policial militar poderá desistir da licença a ceiro;
pedido desde que, a juízo de inspeção médica, seja jul- 4.desabamentos, inundações, incêndios e outros sinis-
gado apto para o exercício. tros;
§ 9º - A licença para tratamento de saúde será conce- 5.casos fortuitos ou decorrentes de força maior.
dida sem prejuízo da remuneração, sendo vedado ao
policial militar o exercício de qualquer atividade re- c) a doença proveniente de contaminação acidental
munerada, sob pena de cassação da licença, sem pre- do policial militar no exercício de sua atividade por
juízo da apuração da sua responsabilidade funcional. substância tóxica e/ou ionizante ou radioativa;

59
d) o dano sofrido em deslocamento ou viagem para o c) em caso de parto antecipado, a mulher conservará o
serviço ou a serviço da polícia militar, independente- direito a 120 dias consecutivos previstos neste artigo.
mente do meio de locomoção utilizado, inclusive veí-
culo de propriedade do policial militar. Art. 154 - Licença à paternidade é o afastamento to-
tal do serviço pelo prazo de cinco dias consecutivos, e
§ 2º - Não é considerada agravação ou complicação imediatos ao nascimento do filho ou acolhimento do
de acidente em serviço a lesão superveniente abso- adotado, destinado ao apoio do policial militar à sua
lutamente independente, resultante de acidente de família por ocasião do nascimento ou adoção de filho,
outra origem que se associe ou se superponha as con-
sem prejuízo da remuneração e do cômputo do tempo
sequências do anterior.
de serviço.
§ 1º - Ao policial militar que adotar ou obtiver guar-
Art. 151 - Licença por motivo de afastamento do côn-
juge ou companheiro (a) é o afastamento do serviço, da judicial de criança de até um ano de idade serão
com prejuízo da remuneração e do cômputo do tem- concedidos cento e vinte dias de licença, para ajusta-
po de serviço, de possível concessão ao policial militar mento da criança, a contar do dia em que este chegar
que necessitar acompanhar companheiro ou cônjuge, ao novo lar.
policial militar público estadual, que for deslocado § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, em se tratan-
para outro ponto do Estado, do País ou do exterior, do de criança com mais de um ano de idade, o prazo
para realização de curso, treinamento ou missão ou será de sessenta dias.
para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Exe-
cutivo e Legislativo. CAPÍTULO II
DAS PRERROGATIVAS
Parágrafo único - Ocorrendo o deslocamento no ter-
ritório estadual o policial militar poderá ser lotado SEÇÃO I
provisoriamente em Unidade Administrativa ou Ope- CONSTITUIÇÃO E ENUMERAÇÃO
racional, desde que para exercício de atividade com-
patível com posto ou graduação. Art. 155 - As prerrogativas do policial militar são cons-
tituídas pelas honras, dignidades e distinções devidas
Art. 152 - Licença para o policial militar atleta partici-
aos graus hierárquicos e aos cargos.
par de competição oficial é o afastamento do serviço
Parágrafo único - São prerrogativas do policial militar:
concedível ao praticante de desporto amador oficial-
mente reconhecido, durante o período da competição a) uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e em-
oficial. blemas da Polícia Militar do Estado, correspondentes
Parágrafo único - A licença para participação de com- ao posto ou à graduação;
petição desportiva será concedida sem prejuízo da re- b) honras, tratamento e sinais de respeito que lhes se-
muneração e do cômputo do tempo de serviço. jam assegurados em Leis e regulamentos;
c) cumprimento das penas disciplinares de prisão ou
Art. 153 - Licença à gestante é o afastamento total do detenção somente em organização policial militar
serviço, sem prejuízo da remuneração e do cômputo cujo Comandante, Coordenador, Chefe ou Diretor te-
do tempo de serviço, concedido à policial militar no nha precedência hierárquica sobre o preso ou detido;
período de 120 dias consecutivos depois do parto. d) julgamento em foro especial, nos crimes militares;
§ 1º - Para os fins previstos neste artigo, o início do e) o porte de arma, na conformidade da legislação fe-
afastamento da policial militar será determinado por deral pertinente.
atestado médico emitido por órgão oficial, observado
o seguinte: Art. 156 - Somente em caso de flagrante delito ou em
a) a licença poderá, a depender das condições clínicas, cumprimento de mandado judicial, o policial militar
ter início no nono mês de gestação, ou antes, por pres-
poderá ser preso por autoridade policial civil, ficando
crição médica;
esta obrigada a entregá-lo imediatamente à autori-
b) no caso de nascimento prematuro, a licença terá
dade policial militar mais próxima, só podendo retê-lo
início na data do parto;
c) no caso de natimorto, a licença terá início na data em dependência policial civil durante o tempo neces-
do parto; sário à lavratura do flagrante.
§ 2º - Em casos excepcionais, os períodos de repouso § 1º - Cabe ao Comandante Geral da Polícia Militar a
antes e depois do parto poderão ser aumentados de iniciativa de responsabilizar a autoridade policial que
DIREITO ADMINISTRATIVO

mais duas semanas cada um, mediante justificativa não cumprir o disposto neste artigo e que maltratar
constante de atestado médico, observado o seguinte: ou consentir que seja maltratado preso policial militar,
a) no caso de natimorto, a policial militar será subme- ou não lhe der o tratamento devido.
tida, trinta dias após o evento, a exame médico para § 2º - O Comandante Geral da Polícia Militar provi-
verificação de suas condições para reassunção das denciará junto às autoridades competentes os meios
funções; de segurança do policial militar submetido a processo
b) em se tratando de aborto não criminoso, devida- criminal na Justiça comum ou militar, em razão de ato
mente atestado por médico oficial, a policial militar praticado em serviço.
terá direito a trinta dias de repouso;

60
Art. 157 - O policial militar da ativa no exercício de Parágrafo único - São responsáveis civil, penal e ad-
funções policiais militares é dispensado do serviço do ministrativamente pela infração das disposições deste
júri na Justiça Comum e do serviço na Justiça Eleitoral, artigo, além dos comitentes, os proprietários, gerentes,
na forma da legislação competente. diretores ou chefes de repartições das referidas orga-
nizações.
Art. 158 - O porte de arma é inerente ao policial mi-
litar, sendo impostas restrições ao seu uso apenas aos TÍTULO VI -
que revelarem conduta contra-indicada ou inaptidão DO SERVIÇO POLICIAL MILITAR
psicológica para essa prerrogativa.
§ 1º - Os policiais militares somente poderão portar CAPÍTULO I
arma de fogo, desde que legalmente registrada no seu DO SERVIÇO E DA CARREIRA POLICIAL MILITAR
nome ou pertencente à Instituição, nos limites do Ter-
ritório Federal , na forma da legislação específica.. Art. 162 - O serviço policial militar consiste no desem-
§ 2º - As aquisições e transferências de arma de fogo penho das funções inerentes ao cargo policial militar
deverão ser obrigatoriamente comunicadas ao órgão e no exercício das atividades inerentes à missão ins-
próprio da Instituição, para registro junto ao órgão titucional da Polícia Militar, compreendendo todos os
competente. encargos previstos na legislação peculiar e específica
§ 3º - Somente em relação aos policiais militares de relacionados com a preservação da ordem pública no
bom comportamento presume-se a aptidão para ad- Estado.
quirir armas, nas condições e prazos fixados pela le- § 1º - A jornada de trabalho do policial militar será de
gislação federal. 30 (trinta) horas semanais ou de 40 (quarenta) horas
§ 4º - A cédula de Identidade Funcional da Polícia Mi- semanais, de acordo com a necessidade do serviço.
litar é, para todos os efeitos legais, documento com- § 2º - São equivalentes as expressões na ativa, da ati-
probatório do porte de arma. va, em serviço ativo, em serviço na ativa, em serviço,
§ 4º acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de em atividade, em efetivo serviço, atividade policial
militar ou em atividade de natureza policial militar,
junho de 2010.
quando referentes aos policiais militares no desempe-
§ 5º - Havendo contra-indicação para o porte de
nho de encargo, incumbência, missão ou tarefa, servi-
arma, em conformidade com o caput deste artigo, o
ço ou atividade policial militar, nas organizações poli-
comando da corporação adotará medidas para substi-
ciais militares, bem como em outros órgãos do Estado,
tuir a cédula de identidade funcional por outra em que
desde que previstos em Lei ou Regulamento.
conste a restrição.
§ 5º acrescido pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 de
Art. 163 - A carreira policial militar é caracterizada
junho de 2010. pela atividade continuada e inteiramente devotada às
finalidades da Instituição denominada atividade poli-
Subseção Única cial militar e pela possibilidade de ascensão hierárqui-
DO USO DOS UNIFORMES ca, na conformidade do merecimento e antiguidade
do policial militar.
Art. 159 - Os uniformes da Polícia Militar, com seus Parágrafo único - A carreira policial militar inicia-se
distintivos, insígnias, emblemas, são privativos dos po- com o ingresso e obedece à sequência de graus hierár-
liciais militares e simbolizam as prerrogativas que lhes quicos, sendo privativa do pessoal da ativa.
são inerentes.
Art. 164 - O ingresso na carreira de oficial PM é feito
Art. 160 - O uso dos uniformes com seus distintivos, no posto de Tenente PM, satisfeitas as exigências le-
insígnias e emblemas, bem como os modelos, descri- gais, mediante curso de formação realizado na pró-
ção, composição, peças acessórias e outras disposições pria Instituição.
são estabelecidos na regulamentação peculiar. § 1º - A posição hierárquica do oficial PM no posto ini-
Parágrafo único - É proibido ao policial militar o uso cial resulta da sua classificação no curso de formação.
de uniformes: § 2º - A ascensão aos demais postos dependerá de
a) em manifestação de caráter político-partidária, aprovação em curso programado para habilitar o Ofi-
desde que não esteja de serviço; cial à assunção das responsabilidades do novo grau,
b) em evento não policial militar no exterior, salvo cujo acesso dar-se-á mediante teste seletivo de provas
quando expressamente determinado ou autorizado; ou de provas e títulos, respeitada a antiguidade.
c) na inatividade, salvo para comparecer a solenidades § 3º - A reprovação em dois cursos, consecutivos ou
DIREITO ADMINISTRATIVO

policiais militares e a cerimônias cívicas comemora- não, implicará em presunção de inaptidão para a con-
tivas de datas nacionais ou a atos sociais solenes de tinuidade na carreira policial militar, sujeitando o Ofi-
caráter particular, desde que autorizado pelo Diretor cial PM à apuração da sua aptidão para permanência
de Administração. na carreira, assegurados o contraditório e ampla de-
Art. 161 - É vedado a pessoas ou organizações civis de fesa.
qualquer natureza usar uniformes, mesmo que seme- § 4º - O ingresso na carreira de Oficial PM no Quadro
lhantes, ou ostentar distintivos, insígnias ou emblemas Auxiliar de Segurança é privativo de policial militar,
que possam ser confundidos com os adotados na Po- dar-se-á, mediante curso de formação realizado na
lícia Militar. própria Instituição, na forma estabelecida neste artigo.

61
§ 5º - O processo de seleção para o ingresso na car- Art. 168 - A vacância do cargo policial militar decor-
reira de Oficial observará o disposto em regulamento. rerá de:
I - exoneração;
Art. 165 - O ingresso na carreira de Praça da Polícia II - demissão;
Militar ocorrerá na graduação de soldado PM 1ª clas- III - inatividade;
se, mediante curso de formação realizado na própria IV - falecimento;
Instituição, observadas as exigências previstas nesta V - extravio;
Lei e no respectivo edital convocatório do concurso. VI - deserção.
§ 1º - O acesso à graduação de 1º Sargento, privativo § 1º - Ocorrendo vaga, considerar-se-ão abertas, na
de policial militar de carreira, dar-se-á mediante cur- mesma data, as vagas decorrentes de seu preenchi-
so de formação realizado na própria Instituição e será mento.
precedido de avaliação de desempenho dos candida- § 2º - A exoneração de policial militar ocupante de
tos à matrícula no referido curso, sob responsabilidade cargo de provimento temporário, dar-se-á a seu pedi-
de Comissão especialmente designada pelo Coman- do ou por iniciativa da autoridade competente para a
dante Geral, com mandato de dois anos, permitida a nomeação.
recondução. § 3º - A demissão de policiais militares será aplicada
§ 2º - O processo de seleção de que trata o parágrafo exclusivamente como sanção disciplinar.
anterior observará o disposto em regulamento. § 4º - A data de abertura de vaga por extravio é a
que for oficialmente considerada para os efeitos dessa
CAPÍTULO II ocorrência.
DO CARGO E FUNÇÃO POLICIAIS MILITARES § 5º - A data de abertura de vaga por deserção é aque-
la assim considerada pela legislação penal militar.
SEÇÃO I
DO CARGO POLICIAL MILITAR Art. 169 - Dentro de uma mesma organização policial
militar a sequência de substituições bem como as nor-
Art. 166 - Cargo policial militar é o conjunto de atri-
mas, atribuições e responsabilidades a elas relativas,
buições, deveres e responsabilidades cometidos a um
são as estabelecidas na legislação peculiar, respeita-
policial militar em serviço ativo, com as características
das as qualificações exigidas para o cargo ou para o
essenciais de criação por Lei, denominação própria,
exercício da função.
número certo e pagamento pelos cofres públicos, em
Art. 170 - O policial militar ocupante de cargo provido
caráter permanente ou temporário.
em caráter efetivo permanente ou temporário gozará
§ 1º - O cargo policial militar a que se refere este ar-
dos direitos correspondentes ao cargo, conforme pre-
tigo é o que se encontra especificado no Quadro de
Organização e legislação específica. visto em dispositivo legal.
§ 2º - As obrigações inerentes ao cargo policial mili-
tar devem ser compatíveis com o correspondente grau SEÇÃO II
hierárquico e definidas em legislação peculiar. DA FUNÇÃO POLICIAL MILITAR
§ 3º - A competência para a nomeação dos ocupantes
dos cargos de provimento temporário da estrutura da Art. 171 - Função policial militar é o exercício das atri-
Polícia Militar, símbolo DAS-1 a DAI-4, é do Gover- buições inerentes ao cargo policial militar.
nador do Estado, competindo ao Comandante Geral
prover os demais. Art. 172 - As obrigações que, pela generalidade, pe-
culiaridade, duração, vulto ou natureza não são ca-
Art. 167 - Os cargos policiais militares são providos talogadas como posições tituladas em Quadro de Or-
com pessoal que satisfaça os requisitos de grau hie- ganização ou dispositivo legal, são cumpridas como
rárquico e de qualificação exigidos para o seu desem- encargo, incumbência, serviço, comissão ou atividade
penho. policial militar ou de natureza policial militar.
§ 1º - O desempenho a que se refere o caput deste Parágrafo único - Aplica-se, no que couber, ao encar-
artigo será avaliado por uma Comissão Especial, cuja go, incumbência, serviço, comissão ou atividade poli-
composição, competência, organização e atribuições cial militar ou de natureza policial militar, o disposto
serão regulamentadas. neste Capítulo para o cargo policial militar.
§ 2º - O objetivo da avaliação de desempenho em ra-
zão do cargo é verificar a efetividade do cumprimento CAPÍTULO III
das metas do planejamento estratégico da Instituição, DO DESLIGAMENTO DO SERVIÇO ATIVO
DIREITO ADMINISTRATIVO

bem como da adequação do avaliado aos princípios


de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- SEÇÃO I
de e aos parâmetros de eficiência e economicidade no DOS MOTIVOS DE EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO
trato com a coisa pública.
§ 3º - A constatação, pela Comissão, de rendimento Art. 173 - A exclusão do serviço ativo e o consequente
insatisfatório no exercício do cargo ensejará, sem pre- desligamento da organização a que estiver vinculado
juízo das medidas administrativas cabíveis, o afasta- o policial militar, decorrem dos seguintes motivos:
mento do seu titular, assegurados o contraditório e a I - transferência para a reserva remunerada;
ampla defesa. II - reforma;

62
III - demissão; II - terem os oficiais ultrapassado 06 (seis) anos de
IV - perda do posto, da patente e da graduação; permanência no último posto ou 09 (nove) anos de
V - exoneração; permanência no penúltimo posto, previstos na hierar-
VI - deserção; quia do seu Quadro, desde que, também, contem 30
VII - falecimento; (trinta) ou mais anos de serviço;
VIII - extravio. Redação de acordo com o art. 6º da Lei nº 11.356, de
janeiro de 2009.
Art. 174 - O policial militar da ativa, enquadrado em Redação original: “II - terem ultrapassado, os oficiais,
um dos incisos I, II e V do artigo anterior, ou tendo oito anos de permanência no último posto previsto na
requerido exoneração a pedido, continuará no exercí- hierarquia do seu Quadro, desde que, também conte
cio de suas funções até ser desligado da organização trinta ou mais anos de contribuição.”
policial militar em que serve. III - ser diplomado em cargo eletivo, na forma do inci-
§ 1º - O desligamento do policial militar da organiza- so II, do § 1º do art. 48, da Constituição Estadual;
ção em que serve deverá ser feito após a publicação IV - for o oficial considerado não habilitado para o
em Diário Oficial, ou boletim de sua organização poli- acesso em caráter definitivo, no momento em que vier
cial militar, do ato oficial correspondente e não poderá a ser objeto de apreciação para o ingresso em Lista de
exceder a 45 (quarenta e cinco) dias da data desse ato. Acesso;
§ 2º - Ultrapassado o prazo a que se refere o parágrafo V - tomar posse em cargo ou emprego publico civil
anterior, o policial militar será considerado desligado permanente;
da organização a que estiver vinculado, deixando de VI - permanecer afastado para exercício de cargo, em-
contar tempo de serviço, para fins de transferência prego ou função publica civil ou temporária não ele-
para a inatividade. tiva, ainda que da administração direta por mais de
dois anos, contínuos ou não.
SEÇÃO II VII - for o Oficial alcançado pela quota compulsória e
DA PASSAGEM PARA A RESERVA REMUNERADA conte com 30 (trinta) anos de efetivo serviço.
Inciso VII acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de
Art. 175 - A passagem do policial militar à situação
janeiro de 2009.
de inatividade, mediante transferência para a reserva
remunerada, se efetua:
§ 1º - A transferência para a reserva remunerada não
I - a pedido;
se processará quando o policial militar for enquadrado
II - “ex officio”.
nos incisos I, “a”, e II deste artigo, encontrar-se exer-
Parágrafo único - A transferência para a reserva re-
cendo cargo de Secretário de Estado ou equivalente,
munerada pode ser suspensa na vigência do estado
de sítio, estado de defesa ou em caso de mobilização, Subsecretario, Chefe de Gabinete de Secretaria de Es-
calamidade pública ou perturbação da ordem pública. tado ou outro cargo em comissão de hierarquia igual
Art. 176 - A transferência para a reserva remunerada, aos já mencionados, enquanto durar a investidura.
a pedido, será concedida mediante requerimento es- § 2º - Para efeito do disposto neste artigo, a idade
crito, ao policial militar que contar, no mínimo, trinta do policial militar considerada será a consignada para
anos de serviço. o ingresso na Instituição, vedada qualquer alteração
§ 1º - No caso de o policial militar haver realizado posterior.
qualquer curso ou estágio de duração superior a seis § 3º - Os oficiais do último e penúltimo posto, refe-
meses, por conta do Estado, em outra Unidade da Fe- ridos no inciso II deste artigo, que estiverem na ativa
deração ou no exterior, sem que hajam decorridos três quando da entrada em vigor desta Lei, somente serão
anos de seu término, deverá informar no seu pedido transferidos para a reserva remunerada, ex-officio, se
tal fato, para que seja calculada a indenização de to- ultrapassarem 08 (oito) e 12 (doze) anos de perma-
das as despesas correspondentes à realização do refe- nência no posto, respectivamente, desde que, também,
rido curso ou estágio. contem 30 (trinta) ou mais anos de serviço.
§ 2º - A falta de pagamento da indenização das des- § 3º acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356, de janeiro
pesas referidas no parágrafo anterior determinará a de 2009.
inscrição na dívida ativa do débito.
§ 3º - Não será concedida transferência para a reserva Art. 177-A - Com o fim de manter a renovação, o
remunerada, a pedido, ao policial militar que: equilíbrio e a regularidade de acesso ao posto superior
a) estiver respondendo a processo criminal, processo dos Quadros de Oficiais definidos na Lei de Organiza-
DIREITO ADMINISTRATIVO

civil por abuso de autoridade ou processo administra- ção Básica, haverá anualmente um número de vagas
tivo; à promoção, nas proporções a seguir indicadas:
b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza. I - QOPM, QOBM e QOSPM:
a) Coronel -1/12 do efetivo fixado em lei;
Art. 177 - A transferência para a reserva remunerada, b) Tenente Coronel -1/12 do efetivo fixado em lei.
“ex officio”, verificar-se-á sempre que o policial militar II -QCOPM
incidir em um dos seguintes casos: a) Tenente Coronel -1/12 do efetivo fixado em lei.
I - atingir a idade-limite de 60 anos para Oficiais e III -QOAPM e QOABM
Praças; a) Capitão -1/8 do efetivo fixado em lei.

63
§ 1º - As frações que resultarem da aplicação das pro- IV - qualquer das doenças constantes do § 10, do art.
porções previstas neste artigo serão aproximadas para 149 deste Estatuto;
o número inteiro imediatamente superior, computan- V - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade sem
do assim vagas obrigatórias para promoção, observa- relação de causa e efeito com o serviço.
do o disposto no § 2º deste artigo. § 1º - Os casos de que tratam os incisos I, II e III des-
§ 2º - Quando o resultado da aplicação das propor- te artigo serão comprovados por atestado de origem
ções for inferior a 01 (um) inteiro, serão adicionadas ou Inquérito Sanitário de Origem, sendo os termos do
as frações obtidas cumulativamente aos cálculos cor- acidente, baixa a hospital, papeletas de tratamento
respondentes dos anos seguintes, até completar-se 01 nas enfermarias e hospitais e os registros de baixa
(um) inteiro para obtenção de uma vaga para promo- utilizados como meios subsidiários para esclarecer a
ção obrigatória. situação.
§ 3º - Quando o número de vagas fixado para pro- § 2º - O policial militar julgado incapaz por um dos
moção na forma deste artigo não for alcançado com motivos constantes do inciso IV deste artigo, somente
as vagas ocorridas durante o ano-base, aplicar-se-á a poderá ser reformado após a homologação, por Junta
quota compulsória. de Saúde ou Junta Médica credenciada, de inspeção
§ 4º - Os critérios e requisitos para a aplicação da quo- que concluir pela incapacidade definitiva, obedecida a
ta compulsória serão estabelecidos em regulamento. regulamentação especial da Polícia Militar.
Artigo 177-A acrescido pelo art. 6º da Lei nº 11.356,
de janeiro de 2009. Art. 180 - O policial militar da ativa, julgado incapaz
definitivamente por um dos motivos constantes dos
SEÇÃO III incisos I, II, III e IV do artigo anterior, será reformado
DA REFORMA com qualquer tempo de serviço.

Art. 178 - A reforma dar-se-á “ex officio” e será aplica- Art. 181 - O policial militar da ativa, julgado incapaz
da ao policial militar que: definitivamente por um dos motivos constantes do in-
I - atingir as seguintes idades-limite para permanên- ciso I, do art. 179, desta Lei, será reformado com a
remuneração integral.
cia na reserva remunerada:
§ 1º - Aplica-se o disposto neste artigo aos casos pre-
a) se oficial superior, 64 anos;
vistos nos incisos II, III e IV, do art. 179, desta Lei, quan-
b) se oficial intermediário ou subalterno, 60 anos;
do, verificada a incapacidade definitiva, for o policial
c)se praça, 56 anos.
militar considerado inválido, impossibilitado total e
II - for julgado incapaz definitivamente para o serviço
permanentemente para qualquer trabalho.
ativo da Polícia Militar;
§ 2º - Ao benefício previsto neste artigo e seus pa-
III - estiver agregado por mais de um ano, por ter sido
rágrafos poderão ser acrescidos outros relativos à re-
julgado incapaz temporariamente, mediante homolo- muneração, estabelecidos em Lei, desde que o policial
gação de Junta de Saúde ou Junta Médica credencia- militar, ao ser reformado, já satisfaça às condições por
da; ela exigidas.
IV - for condenado à pena de reforma, prevista no Có- Art. 182 - O policial militar da ativa, julgado incapaz
digo Penal Militar, por sentença passada em julgado, definitivamente por um dos motivos constantes do
por decisão da Justiça Estadual em consequência do inciso V, do art. 179, desta Lei, será reformado com
Conselho da Justificação para os Praças e Oficiais. remuneração proporcional ao tempo de serviço.
Parágrafo único - O policial militar reformado só
readquirirá a situação policial militar anterior: Art. 183 - O policial militar reformado por incapaci-
a) se Oficial, na hipótese do inciso I, letra “c”, do caput dade definitiva que for julgado apto em inspeção pela
deste artigo, por outra sentença da justiça Militar ou Junta de Saúde ou Junta Médica credenciada, em grau
do Tribunal de Justiça do Estado e nas condições nela de recurso ou revisão, poderá retornar ao serviço ativo
estabelecidas; ou ser transferido para a reserva.
b) se a reforma decorrer de subsunção à hipótese do § 1º - O retorno ao serviço ativo ocorrerá se o tempo
inciso I, letra “a”, do caput deste artigo, em se tratando decorrido na situação de reformado não ultrapassar
de moléstia curável responsável por afastamento du- dois anos devendo ser procedido na forma do disposto
rante período inferior a dois anos, houver recuperado no §1º, do artigo 27, desta Lei.
a saúde, segundo laudo de junta de inspeção. § 2º - A transferência para a reserva remunerada, ob-
servado o limite de idade para a permanência nessa
Art. 179 - A incapacidade definitiva pode sobrevir em situação, ocorrerá se o tempo transcorrido como refor-
DIREITO ADMINISTRATIVO

consequência de: mado ultrapassar de dois anos.


I - ferimento recebido em operações policiais militares
ou na manutenção da ordem pública ou enfermidade Art. 184 - O policial militar reformado por alienação
contraída nessa situação ou que tenha nela sua causa mental, enquanto não ocorrer a designação judicial
eficiente; de curador, terá sua remuneração paga aos seus be-
II - acidente em serviço ou em decorrência do serviço; neficiários ou responsáveis, desde que o tenham sob
III - qualquer doença, moléstia ou enfermidade ad- sua guarda e responsabilidade e lhe dispensem trata-
quirida, com relação de causa e efeito às condições mento humano e condigno, até sessenta dias após o
inerentes ao serviço; ato de reforma.

64
§ 1º - O responsável pelo policial militar reformado § 1º - As hipóteses previstas neste artigo serão exa-
providenciará a sua interdição judicial, demonstran- minadas em procedimento administrativo regular,
do a propositura da ação, sob pena de suspensão da devendo a autoridade competente fundamentar o ato
respectiva remuneração até que a medida seja provi- que dele resulte.
denciada. § 2º - O policial militar exonerado “ex officio” passa
§ 2º - A interdição judicial do policial militar e seu a integrar o contingente da reserva não remunerada,
internamento em instituição apropriada, policial mili- não terá direito a qualquer remuneração, sendo a sua
tar ou não, deverão ser providenciados pela Instituição situação militar definida pela Lei do Serviço Militar.
quando não houver beneficiário, parente ou respon-
sável pelo mesmo ou, possuindo, não adotar a provi- Art. 188 - Não se concederá exoneração a pedido:
dência indicada no caput deste artigo, no prazo de 60 I - ao policial militar que esteja em débito com a Fa-
(sessenta dias). zenda Pública;
§ 3º - Os processos e os atos de registro de interdição II - ao policial militar agregado por estar sendo pro-
de policial militar terão andamento sumário, serão cessado no foro militar ou comum ou respondendo a
instruídos com laudo proferido pela Junta de Saúde ou processo administrativo disciplinar.
Junta Médica credenciada e isentos de custas.
SEÇÃO V
SEÇÃO IV DA PERDA DO POSTO, DA PATENTE E DA GRADUA-
DA EXONERAÇÃO ÇÃO

Art. 185 - A exoneração de policiais militares e conse- Art. 189 - O Oficial só perderá o posto e a patente se
quente extinção do vínculo funcional e o desligamento for declarado indigno para a permanência na Polícia
da Instituição se efetuará: Militar ou tiver conduta com ela incompatível, por de-
I - a pedido; cisão do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, em
II - “ex officio”. decorrência de julgamento a que for submetido.
Parágrafo único - O Oficial declarado indigno do ofi-
Art. 186 - A exoneração, a pedido, será concedida me- cialato, ou com ele incompatível, condenado à perda
diante requerimento do interessado. do posto e patente só poderá readquirir a situação po-
§ 1º - A exoneração a pedido não implicará indeni- licial militar anterior por outra sentença judicial e nas
zação aos cofres públicos pela preparação e forma- condições nela estabelecidas.
ção profissionais, quando contar o policial militar com
mais de cinco anos de carreira, ressalvada a hipótese Art. 190 - O Oficial que houver perdido o posto e a
de realização de curso ou estágio com ônus para a patente será demitido sem direito a qualquer remu-
Instituição; neração e terá a sua situação militar definida pela Lei
§ 2º - Quando o policial militar tiver realizado qual- do Serviço Militar.
quer curso ou estágio, no País ou Exterior, não será
concedida a exoneração a pedido antes de decorrido Art. 191 - Ficará sujeito à declaração de indignidade
período igual ao do afastamento, ressalvada a hipó- para o oficialato e para permanência na Instituição
tese de ressarcimento das despesas correspondentes. por incompatibilidade com a mesma, o Oficial que:
§ 3º - O policial militar exonerado, a pedido, passa I - for condenado, por tribunal civil ou militar, em sen-
a integrar o contingente da reserva não remunerada, tença transitada em julgado a pena privativa de liber-
sem direito a qualquer remuneração, sendo a sua si- dade individual superior a dois anos, após submissão
tuação militar definida pela Lei do Serviço Militar. a processo administrativo disciplinar;
§ 4º - O direito à exoneração, a pedido, poderá ser II - for condenado, em sentença transitada em julga-
suspenso na vigência do estado de defesa, estado de do, por crimes para os quais o Código Penal Militar
sítio ou em caso de mobilização, calamidade pública comina a perda do posto e da patente como penas
ou grave perturbação da ordem pública. acessórias e por crimes previstos na legislação especial
concernente à Segurança Nacional;
Art. 187 - A exoneração “ex officio” será aplicada ao III - incidir nos casos previstos em Lei, que motivam o
policial militar nas seguintes hipóteses: julgamento por processo administrativo disciplinar e
I - por motivo de licença para tratar de interesses par- neste for considerado culpado.
ticulares, além de três anos contínuos;
II - quando não satisfizer as condições do estágio pro- Art. 192 - Perderá a graduação o Praça que incidir
DIREITO ADMINISTRATIVO

batório; nas situações previstas nos incisos II e III, do artigo


III - quando ultrapassar dois anos contínuos ou não, anterior.
em licença para tratamento de saúde de pessoa de
sua família; SEÇÃO VI
IV - quando permanecer agregado por prazo superior DA DEMISSÃO
a dois anos, contínuos ou não, por haver passado à
disposição de órgão ou entidade da União, do Estado, Art. 193 - A demissão será aplicada como sanção aos
de outro Estado da Federação ou de Município, para policiais militares de carreira, após a instauração de
exercer função de natureza civil. processo administrativo em que seja assegurada a

65
ampla defesa e o contraditório nos seguintes casos: Art. 198 - O extravio do policial militar da ativa acar-
I - incursão numa das situações constantes do art. 57 reta interrupção da contagem do tempo de serviço
desta Lei ; policial militar, com o consequente afastamento tem-
II - quando assim se pronunciar a Justiça Militar ou porário do serviço ativo, a partir da data em que o
Tribunal de Justiça, após terem sido condenados, por mesmo for oficialmente considerado extraviado.
sentença transitada em julgado, a pena privativa ou § 1º - A exclusão do serviço ativo será feita seis meses
restritiva de liberdade individual superior a dois anos; após a agregação por motivo de extravio.
III - que incidirem nos casos que motivarem a apura- § 2º - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe,
ção em processo administrativo disciplinar e nele fo- calamidade pública ou outros acidentes oficialmente
rem considerados culpados. reconhecidos, o extravio ou o desaparecimento do po-
Parágrafo único - O policial militar que houver sido licial militar da ativa será considerado, para fins deste
demitido a bem da disciplina só poderá readquirir a Estatuto, como falecimento, tão logo sejam esgotados
situação policial militar anterior : os prazos máximos de possível sobrevivência ou quan-
a) por sentença judicial, em qualquer caso; do se dêem por encerradas as providências de busca
b) por outra decisão da autoridade julgadora do pro- e salvamento.
cesso administrativo disciplinar na hipótese de revisão
do mesmo. Art. 199 - O policial militar reaparecido será subme-
tido a processo administrativo disciplinar, por decisão
Art. 194 - Será do Governador do Estado a competên- do Comandante Geral, se assim for julgado necessário.
cia do ato de demissão do Oficial. Parágrafo único - O reaparecimento de policial mili-
Parágrafo único - A competência para o ato de de- tar extraviado, já excluído do serviço ativo, resultará
missão do Praça é do Comandante Geral da Polícia em sua reintegração e nova agregação, pelo tempo
Militar. necessário à apuração das causas que deram origem
ao extravio.
Art. 195 - A demissão do Oficial ou Praça não o isenta
das indenizações dos prejuízos causados ao Erário.
CAPÍTULO IV
DO TEMPO DE SERVIÇO
Parágrafo único - O Oficial ou Praça demitido não
Art. 200 - O policial militar começa a contar tempo de
terá direito a qualquer remuneração ou indenização e
serviço a partir da data de sua matrícula no respectivo
a sua situação será definida pela Lei do Serviço Militar.
curso de formação.
§ 1º - O policial militar reintegrado recomeça a contar
SEÇÃO VII tempo de serviço na data de sua reintegração.
DA DESERÇÃO § 2º - A contagem do tempo de serviço é feita dia a
dia, excluídos os períodos em que não houve efetiva
Art. 196 - A deserção do policial militar acarreta a prestação de serviço nem tenham sido assim conside-
interrupção do cômputo do tempo de serviço policial rados por força desta Lei.
militar e a consequente demissão “ex officio”. § 3º - Quando, por motivo de força maior, oficialmente
§ 1º - A demissão do policial militar desertor, com es- reconhecido, como nos casos de inundação, naufrágio,
tabilidade assegurada, processar-se-á após um ano de incêndio, sinistro aéreo e outras calamidades, falta-
agregação, se não houver captura ou apresentação rem dados para contagem do tempo de serviço, após
voluntária antes desse prazo. processo administrativo onde se recolherão todos os
§ 2º - O policial militar, sem estabilidade assegurada, indícios existentes, caberá ao Comandante Geral da
será automaticamente demitido após oficialmente de- Polícia Militar decidir sobre o tempo a ser computado,
clarado desertor, mediante devido processo legal. para cada caso particular, de acordo com os elemen-
§ 3º - O policial militar desertor que for capturado ou tos disponíveis.
que se apresentar voluntariamente, depois de haver
sido demitido será reintegrado ao serviço ativo e, a Art. 201 - Na apuração do tempo de serviço do policial
seguir, agregado para se ver processar. militar será feita a distinção entre tempo de efetivo
§ 4º - O Oficial desertor terá sua situação definida pe- serviço e anos de serviço.
los dispositivos que lhe são aplicáveis pela legislação § 1º - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo
penal militar. computado dia a dia entre a data do ingresso e a data
§ 5º - O policial militar desertor não fará jus a qual- limite estabelecida para sua contagem ou a data do
quer remuneração, exceto na hipótese prevista no pa- desligamento do serviço ativo, mesmo que tal espaço
DIREITO ADMINISTRATIVO

rágrafo anterior restrita esta, todavia, ao soldo. de tempo seja parcelado, devendo ser observadas as
seguintes peculiaridades:
SEÇÃO VIII a) será também computado como tempo de efetivo
DO FALECIMENTO E DO EXTRAVIO serviço o tempo passado dia-a-dia pelo policial mili-
tar da reserva remunerada que for convocado para o
Art. 197 - O policial militar da ativa que vier a falecer exercício de funções policiais militares.
será excluído do serviço ativo e desligado da organiza- b) o tempo de serviço em campanha é computado
ção a que estava vinculado, a partir da data da ocor- pelo dobro, como tempo de efetivo serviço, para todos
rência do óbito. os efeitos.

66
c) não serão deduzidos do tempo de efetivo serviço os Art. 207 - Na contagem dos anos de serviço não pode-
períodos em que o policial militar estiver afastado do rá ser computada qualquer superposição de tempo de
exercício de suas funções em gozo de licença prêmio à serviço público federal, estadual e municipal.
assiduidade nem nos afastamentos previstos nos arts.
141, incisos I a VI, 145 incisos IV, V, VIII e IX desta Lei. CAPÍTULO V
d) ao tempo de efetivo serviço de que trata este artigo, DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS DO SERVI-
apurado e totalizado em dias, será aplicado o divisor ÇO ATIVO
trezentos e sessenta e cinco, para a correspondente
obtenção dos anos de efetivo serviço, até uma casa Art. 208 - As recompensas constituem reconhecimento
decimal arredondável para mais; dos bons serviços prestados pelo policial militar.
e)o tempo correspondente ao desempenho de manda- § 1º - São recompensas:
to eletivo federal, estadual, municipal ou distrital será a) os prêmios de Honra ao Mérito;
computado para todos os efeitos legais, exceto para b) as condecorações por serviços prestados;
promoção por merecimento. c) os elogios, louvores e referências elogiosas indivi-
Alínea “e” acrescida pelo art. 4º da Lei nº 11.920, de 29 duais ou coletivos;
de junho de 2010. d) as dispensas de serviço.
§ 2º - Anos de serviço é a expressão que designa o § 2º - As recompensas serão concedidas de acordo
tempo de efetivo serviço a que se refere o parágrafo com as normas estabelecidas nos regulamentos da
anterior, com o acréscimo do tempo de serviço público Polícia Militar.
federal, estadual ou municipal, prestado pelo policial
militar anteriormente ao seu ingresso na Polícia Mi- Art. 209 - As dispensas de serviço são autorizações
litar. concedidas ao policial militar para o afastamento to-
tal do serviço, em caráter temporário.
Art. 202 - O acréscimo a que se refere o § 2º, do art. § 1º - As dispensas de serviço podem ser concedidas
198, desta Lei será computado para a transferência ao policial militar:
para a inatividade. a) como recompensa;
b) para desconto em férias.
Art. 203 - Não é computável, para efeito algum, o § 2º - As dispensas de serviço serão concedidas com a
tempo: remuneração integral e computadas como tempo de
I - decorrido por prazo superior a doze meses, em gozo efetivo serviço.
de licença para tratamento de saúde de pessoa da fa-
mília; TÍTULO VII
II - passado em licença para tratar de interesse parti- DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E REGRAS DE
cular ou para acompanhamento de cônjuge; TRANSIÇÃO
III - passado como desertor;
IV - decorrido em cumprimento de pena de suspensão CAPÍTULO ÚNICO
de exercício do posto, graduação, cargo ou função, por DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
sentença passada em julgado;
V - decorrido em cumprimento de sanção disciplinar Art. 210 - A assistência religiosa à Polícia Militar será
que interfira no exercício; regulada por legislação específica.
VI - decorrido em cumprimento de pena privativa de
liberdade, por sentença transitada em julgado, desde Art. 211 - Aos Oficiais do Quadro de Oficiais Policiais
que não tenha sido concedida suspensão condicional Militares e do Quadro de Oficiais Auxiliares, portado-
da pena, caso as condições estipuladas na sentença res ou que venham a adquirir diploma de nível su-
não o impeçam. perior nas modalidades profissionais contempladas
pelas especialidades do Quadro Complementar de
Art. 204 - Entende-se por tempo de serviço em cam- Oficiais é assegurado o direito de transferirem-se para
panha o período em que o policial militar estiver em este, sem submissão a curso de adaptação, havendo
operações de guerra. conveniência para o serviço, respeitado o posto e a
Parágrafo único - O tempo de serviço passado pelo patente e condicionado o ingresso no posto inicial do
policial militar no exercício de atividades decorrentes referido Quadro.
ou dependentes de operações de guerra, será regulado Parágrafo único - Aos Oficiais do Quadro Comple-
em legislação específica. mentar de Oficiais Policiais Militares é assegurada a
matrícula em Curso de Formação de Oficiais Policiais
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 205 - O tempo de serviço dos policiais militares Militares, observadas a conveniência para o serviço.
beneficiados por anistia será contado na forma esta-
belecida no ato legal que a conceder. Art. 212 - Aos policiais militares que se incapacitem
para o serviço policial militar e que, á juízo de junta
Art. 206 - A data limite estabelecida para final de médica oficial, reúnam condições de serem readapta-
contagem dos anos de serviço, para fins de passagem dos para o exercício de atividades administrativas, fica
para a inatividade, será a do desligamento da Unida- assegurada a faculdade de optarem pela permanência
de a que pertencia o policial militar, em consequência no serviço ativo e, nesta condição, prosseguirem na
da exclusão do serviço ativo. carreira.

67
Art. 213 - Aos Praças da Policia Militar possuidores ou de sua normatização definitiva, deverão ser concluí-
que venham adquirir diploma de nível superior nas dos sob os aspectos procedimentais não contemplados
modalidades profissionais contempladas pelas espe- por esta Lei, observadas as prescrições legais em vigor.
cialidades do Quadro Complementar é assegurada a § 2º - Os atuais oficiais-capelães passam a integrar o
matrícula no Curso de Formação de Oficiais respecti- Quadro Complementar de Oficiais Policiais Militares,
vos, mediante processo seletivo, observada a conve- nos postos em que se encontram.
niência do serviço. § 3º - O Quadro Suplementar de Oficiais Bombeiros
Militares será extinto à medida em que ocorrer a va-
Art. 214 - É vedado o uso, por organização civil, de cância dos respectivos postos.
designações, símbolos, uniformes e grafismos de veí- § 4º - Os integrantes do Quadro de Oficiais Especia-
culos e uniformes que possam sugerir sua vinculação lista passam a compor o Quadro de Oficiais Auxiliares
à Polícia Militar. da Polícia Militar.
Parágrafo único - Excetuam-se da prescrição deste
artigo as associações, clubes, círculos e outras orga- Art. 220 - Até que sejam extintas as graduações de
nizações que congreguem membros da Polícia Militar Subtenente PM e Cabo PM, na forma prevista na Lei
e que se destinem, exclusivamente, a promover inter- nº 7.145, de 19 de agosto de 1997, serão as mesmas
câmbio social e assistencial entre os policiais militares consideradas como integrantes da escala hierárquica
e suas famílias e entre esses e a sociedade civil. a que se refere o art. 9º, desta Lei, exclusivamente para
os efeitos nela previstos.
Art. 215 - A Polícia Militar organizará e manterá um
programa de readaptação, a ser regulamentado, des- Art. 221 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua
tinado à reciclagem dos valores morais, éticos e insti- publicação.
tucionais dos policiais militares que revelem conduta
caracterizada por: Art. 222 - Revogam-se as disposições em contrário.
I - insensibilidade às medidas correicionais; PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em
II - violência gratuita; 27 de dezembro de 2001.
III - envolvimento em episódios de confronto armado
em serviço que resultem em morte;
IV - vícios de embriaguez alcoólica e/ou de dependên-
LEI ESTADUAL Nº 13.202, DE 09 DE
cia de substâncias entorpecentes;
V - desvios de conduta, caracterizados por reiterada DEZEMBRO DE 2014 (INSTITUI A
inadaptação aos valores policiais militares; ORGANIZAÇÃO BÁSICA DO CORPO DE
VI - uso indevido de arma de fogo; BOMBEIROS MILITAR DA BAHIA)
VII - baixo desempenho funcional;
VIII - ingresso no mau comportamento.
LEI Nº 13.202 DE 09 DE DEZEMBRO DE 2014
Art. 216 - Integram o Quadro Complementar de Ofi-
ciais, os profissionais da área de saúde que ingressa-
Institui a Organização Básica do Corpo de Bom-
rem na Policia Militar após a vigência desta Lei.
beiros Militar da Bahia e dá outras providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber
Art. 217 - Integram o Quadro de Oficiais Policiais Mi-
que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a se-
litares para todos os efeitos legais os oficiais que con-
guinte Lei:
cluíram e que vierem a concluir com aproveitamento
do Curso de Formação de Oficiais Bombeiros Militares
em outras corporações por designação do Comando CAPÍTULO I
Geral da Polícia Militar. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 218 - A antiguidade dos oficiais de que trata o


parágrafo anterior será definida pela data de promo- Art. 1º - Esta Lei organiza o Corpo de Bombeiros Mili-
ção ao primeiro posto, sendo, em caso de nomeação tar da Bahia - CBMBA, define a sua finalidade e com-
coletiva, efetuada com base na ordem de classificação petências, as unidades que o compõem e dispõe sobre
obtida pelas médias finais nos respectivos cursos. o seu efetivo.
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 219 - Após a entrada em vigor do presente Es- CAPÍTULO II


tatuto serão ajustados todos os dispositivos legais e DA FINALIDADE E DAS COMPETÊNCIAS
regulamentares que com ele tenham ou venham a ter
pertinência devendo as normas com implicações disci-
plinares ser editadas em cento e oitenta dias a contar Art. 2º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia -
da publicação desta Lei. CBMBA, força auxiliar e reserva do Exército, organi-
§ 1º - Até que sejam devidamente regulamentados, zado com base na hierarquia e disciplina, é órgão em
os Conselhos de Justificação e Disciplinares em anda- regime especial de administração direta, integrante do
mento e os que venham a ocorrer até a promulgação Sistema de Segurança Pública, que tem por finalidade

68
a execução dos serviços específicos de bombeiros mi- § 2º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, para
litares no território do Estado da Bahia, ao qual com- fins de emprego nas ações previstas neste artigo, fica
pete: sujeito à vinculação, à orientação, ao planejamento e
I - executar atividades de defesa civil; ao controle operacional da Secretaria da Segurança
II - promover a prevenção e combate a incêndios e a Pública, sem prejuízo da subordinação administrativa
situações de pânico; ao Governador do Estado, na forma da Constituição
III - executar as ações de busca, resgate, suporte básico Federal e da legislação federal específica.
de vida e salvamento de pessoas e bens a cargo do § 3º - Para cumprimento das suas funções institucio-
Corpo de Bombeiros Militar da Bahia; nais, caberá ao Corpo de Bombeiros Militar da Bahia:
IV - realizar atividades de prevenção e extinção de I - realizar a seleção, o recrutamento, a formação, o
incêndios florestais, com vistas à proteção ambiental; aperfeiçoamento, a capacitação, o desenvolvimento
V - exercer inspeções e vistorias em estruturas e edifi- profissional e cultural de seus servidores;
cações, objetivando a prevenção a incêndios e demais II - promover e executar as atividades de ensino, pes-
sinistros, na forma da lei; quisa e extensão dos seus servidores;
III - instaurar inquérito policial militar;
VI - realizar perícias de incêndio e explosão, relaciona-
IV - instaurar sindicâncias, processos disciplinares
das com suas competências;
sumários e processos administrativos disciplinares
VII - atender a convocação, inclusive a mobilização,
para apurar transgressões disciplinares atribuídas aos
do Governo Federal em caso de guerra externa ou membros da Corporação, sem prejuízo do disposto no
para prevenir ou reprimir grave perturbação da or- § 1º do art. 43 desta Lei;
dem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-se à V - colaborar na instrução e orientação dos bombeiros
Força Terrestre para emprego em suas competências civis e voluntários, se assim convier às Administrações
específicas de Corpo de Bombeiros Militar e como par- do Estado e dos respectivos Municípios.
ticipante da defesa interna e territorial; Art. 3º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia é re-
VIII - estudar, analisar, planejar, exigir e fiscalizar todo gido pelos seguintes princípios institucionais:
o serviço de segurança contra incêndio e pânico no I - hierarquia militar;
Estado; II - disciplina militar;
IX - participar da elaboração de normas relativas à III - legalidade;
segurança das pessoas e dos seus bens contra incêndio IV - impessoalidade;
e pânico no Estado; V - moralidade;
X - credenciar bombeiros civis e entidades civis que VI - transparência;
atuem em sua área de competência; VII - publicidade;
XI - analisar e aprovar projetos de sistema de preven- VIII - efetividade;
ção contra incêndio e pânico; IX - eficiência;
XII - emitir normas, laudos de exigências e certificados X - ética;
de aprovação de medidas preventivas contra incêndio XI - respeito aos direitos humanos;
e pânico, em todo o Estado, com base na legislação XII - proteção e promoção da dignidade da pessoa hu-
específica; mana;
XIII - promover a participação da comunidade no Cor- XIII - profissionalismo;
po de Bombeiros Militar da Bahia, em forma de coo- XIV - unidade de doutrina;
peração e de modo voluntário; XV - interdisciplinaridade;
XIV - cadastrar e habilitar bombeiros voluntários, XVI - autonomia institucional.
Art. 4º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia pro-
onde houver, zelando pela eficiência operacional e se-
moverá os meios necessários para difundir a impor-
gurança técnica de suas atividades;
tância do seu papel institucional, de forma a viabilizar
XV - gerir o Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros
o indispensável nível de confiabilidade da população,
Militar da Bahia - FUNEBOM, na forma da lei; inclusive por meio do estabelecimento de canais de
XVI - promover e executar ações de inteligência, de comunicação permanentes com a sociedade civil or-
forma integrada com o Sistema de Inteligência, na ganizada.
forma da lei; Art. 5º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia será
XVII - exercer a função de polícia judiciária militar, em comandado por Oficial da ativa do CBMBA, do últi-
relação a seus integrantes, na forma da lei federal; mo Posto do Quadro de Oficiais Bombeiros Militares
XVIII - promover e executar pesquisa, estatística e - QOBM, nomeado pelo Governador do Estado.
análise de sinistros com vistas à eficácia do planeja- Parágrafo único - Os atos de nomeação e exoneração
DIREITO ADMINISTRATIVO

mento e ação de bombeiro militar; do Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar


XIX - exercer o poder de polícia nas situações que re- da Bahia deverão ser simultâneos.
dundem riscos à vida ou ao patrimônio, na forma da Art. 6º - O Subcomandante-Geral será nomeado pelo
lei; Governador do Estado, dentre os Coronéis da ativa
XX - exercer outras competências necessárias ao cum- pertencentes ao Quadro de Oficiais Bombeiros Mili-
primento da finalidade da Instituição. tares - QOBM.
§ 1º - O Comando Supremo do Corpo de Bombeiros Parágrafo único - O Subcomandante-Geral é o subs-
Militar da Bahia é exercido pelo Governador do Esta- tituto imediato do Comandante-Geral nos seus even-
do, na forma da Constituição Estadual. tuais impedimentos.

69
CAPÍTULO III Art. 10 - O Conselho do Corpo de Bombeiros Militar,
DA ORGANIZAÇÃO órgão consultivo e propositivo, convocado e presidido
pelo Comandante-Geral, é constituído pelos Coronéis
da ativa, quando no exercício dos cargos privativos do
Art. 7º - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia -
posto de coronel previstos no quadro de organização
CBMBA tem a seguinte estrutura básica:
I - Órgãos Colegiados: do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, tendo como
a) Alto Comando; finalidade a análise e discussão sobre assuntos de re-
b) Conselho do Corpo de Bombeiros Militar; levante interesse da Corporação, ressalvada a compe-
II - Órgãos de Direção-Geral: tência do Alto Comando.
a) Comando-Geral: Parágrafo único - O Regimento do Conselho do Corpo
1. Gabinete do Comando-Geral; de Bombeiros Militar, por ele aprovado, fixará as nor-
b) Subcomando-Geral: mas do seu funcionamento.
1. Gabinete do Subcomando-Geral; Art. 11 - O Comando-Geral é o órgão diretivo superior
2. Centro de Gestão Estratégica; e estratégico que tem por finalidade planejar, dirigir,
III - Órgãos de Direção Estratégica: executar, avaliar, deliberar e controlar as atividades do
a) Comandos de Operações de Bombeiros Militares; Corpo de Bombeiros Militar da Bahia.
b) Comando de Atividades Técnicas e Pesquisas; Parágrafo único - O Comando-Geral é representado
IV - Corregedoria do Corpo de Bombeiros Militar; pelo Comandante-Geral, com funções de liderança,
V - Órgão de Direção Administrativa e Logística: articulação institucional e estratégia, e tem precedên-
a) Departamento de Pessoal; cia funcional e hierárquica sobre todo efetivo do Cor-
b) Departamento de Apoio Logístico; po de Bombeiros Militar da Bahia.
c) Departamento de Planejamento; Art. 12 - O Gabinete do Comando Geral tem por fina-
1. Centro Corporativo de Projetos; lidade prestar assistência ao Comandante Geral em
d) Departamento de Modernização e Tecnologia; suas atribuições técnicas e administrativas e nas re-
e) Departamento de Auditoria e Finanças; lações de interesse do Corpo de Bombeiros Militar da
VI - Órgãos de Administração Setorial: Bahia com órgãos e instituições dos Poderes Executivo,
a) Departamento de Ensino e Pesquisa; Legislativo e Judiciário, em âmbito Federal, Estadual
VII - Órgãos de Execução: e Municipal, do Ministério Público, dos Tribunais de
a) Academia de Bombeiros Militares;
Contas e de Organismos Internacionais.
b) Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças;
Parágrafo único - O Gabinete do Comando-Geral será
c) Unidades Operacionais de Bombeiros Militares -
chefiado por um oficial da ativa da Corporação, do
Grupamentos de Bombeiros Militares;
penúltimo posto do QOBM, de livre escolha do Co-
d) Coordenadoria de Saúde;
e) Coordenadoria de Inteligência. mandante-Geral.
§ 1º - O quantitativo das Unidades que compõem a Art. 13 - O Subcomando-Geral é o órgão de direção
estrutura organizacional do Corpo de Bombeiros Mili- geral das atividades do Corpo de Bombeiros Militar da
tar da Bahia é o constante do Anexo I desta Lei. Bahia e tem por finalidade assessorar o Comando-Ge-
§ 2º - A fixação da estrutura interna das Unidades do ral na elaboração da política e estratégia institucional
Corpo de Bombeiros Militar da Bahia e a fixação das e na supervisão, controle e avaliação das atividades
suas competências serão definidas em Regimento In- administrativas e operacionais.
terno, aprovado por Decreto do Governador do Estado. Parágrafo único - O Subcomando-Geral é represen-
Art. 8º - O Alto Comando do Corpo de Bombeiros Mi- tado pelo Subcomandante-Geral, com funções de
litar da Bahia tem a seguinte composição: liderança, operacionalização da tropa, para o fim
I - Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar constitucional de execução de serviços específicos de
da Bahia, que o presidirá; bombeiros militares.
II - Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Mi- Art. 14 - O Gabinete do Subcomando-Geral tem por
litar da Bahia; finalidade prestar assistência ao Subcomandante-Ge-
III - Comandantes de Operações de Bombeiros Mili- ral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia em suas
tares; tarefas técnicas e administrativas.
IV - Comandante de Atividades Técnicas e Pesquisas; Parágrafo único - O Gabinete do Subcomando-Geral
V - Corregedor-Chefe; será chefiado por um oficial da ativa da Corporação,
VI - Diretor do Departamento de Planejamento; do penúltimo Posto do QOBM, de livre escolha do Sub-
VII - Diretor do Departamento de Pessoal;
DIREITO ADMINISTRATIVO

comandante-Geral.
VIII - Diretor do Departamento de Apoio Logístico. Art. 15 - O Centro de Gestão Estratégica tem por fi-
Art. 9º - Ao Alto Comando compete assessorar o Co- nalidade assessorar o Subcomando-Geral na formu-
mando-Geral na formulação das diretrizes da política lação, proposição e atualização, em nível de direção
institucional do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia e geral, das políticas, diretrizes, normas e padrões de
das estratégias para a sua consecução, bem como de-
procedimentos que permitam à Corporação alcançar
liberar sobre o Plano Estratégico do Corpo de Bombei-
seus objetivos estratégicos, bem como acompanhar a
ros Militar e os conflitos de atribuições entre as suas
implementação dos projetos estratégicos da Institui-
unidades.
ção.

70
Art. 16 - Os Comandos de Operações de Bombeiros Art. 24 - O Departamento de Auditoria e Finanças
Militares têm por finalidade planejar, assessorar, coor- tem por finalidade proceder à análise e ao controle da
denar, executar, avaliar e controlar as atividades ope- gestão financeira dos órgãos integrantes da estrutura
racionais de bombeiros militares nas regiões sob sua do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, exercendo
responsabilidade, bem como supervisionar as ativida- o acompanhamento da sua execução orçamentária,
des realizadas pelas unidades operacionais, no que financeira e contábil e realizando a atividade de au-
concerne à eficiência nas missões de bombeiro militar, ditoria.
compreendendo: Art. 25 - O Departamento de Ensino e Pesquisa tem
I - Comando de Operações de Bombeiros Militares da por finalidade planejar, organizar, dirigir, controlar,
Capital e Região Metropolitana de Salvador - RMS; avaliar e fiscalizar as atividades de ensino, instrução e
II - Comando de Operações de Bombeiros Militares do pesquisa do CBMBA, emitindo diretrizes educacionais
Interior. para as organizações tecnicamente subordinadas.
Parágrafo único - Os Comandos de Operações de Art. 26 - A Academia de Bombeiros Militares, institui-
Bombeiros Militares referidos nos incisos I e II do caput ção de ensino superior do CBMBA, tem por finalidade
promover a formação, a capacitação, o aperfeiçoa-
deste artigo têm, na sua composição, os Grupamentos
mento, a especialização e a educação continuada de
de Bombeiros Militares - GBMs, sediados nos municí-
Oficiais bombeiros militares e de servidores de outras
pios de Salvador e Feira de Santana, respectivamente.
instituições da área de defesa social e de segurança
Art. 17 - O Comando de Atividades Técnicas e Pesqui- pública.
sas tem por finalidade planejar, avaliar e efetuar pes- Art. 27 - O Centro de Formação e Aperfeiçoamento
quisas, vistorias, análises de projetos de prevenção a de Praças tem por finalidade promover a formação, o
incêndios e pânico na sua área específica de atuação, aperfeiçoamento, a capacitação, a especialização e a
emitindo os respectivos pareceres e autos de vistorias educação continuada do Quadro de Praças Bombeiros
técnicas. Militares e de outras instituições da área de defesa so-
Art. 18 - O Departamento de Pessoal tem por finalida- cial e de segurança pública.
de planejar, organizar, coordenar e controlar as ativi- Art. 28 - Os Grupamentos de Bombeiros Militares, su-
dades de pessoal do CBMBA. bordinados aos seus respectivos Comandos, têm por
Art. 19 - O Departamento de Apoio Logístico tem por finalidade a execução das missões de bombeiro mi-
finalidade planejar, coordenar, controlar e executar as litar, dentro de suas especialidades, e terão atuação
atividades de logística e de patrimônio do CBMBA. em todo o Estado da Bahia ou em região definida em
Art. 20 - O Departamento de Planejamento tem por regulamento.
finalidade elaborar o planejamento das políticas pú- Art. 29 - A Coordenadoria de Saúde tem por finalidade
blicas e estratégias institucionais, orientar e executar planejar, coordenar, controlar e executar as atividades
a programação orçamentária, consolidar os planos, de promoção, prevenção, tratamentos médico, psico-
programas e projetos e realizar o acompanhamento e lógico e odontológico, reabilitação e recuperação dos
a avaliação das ações governamentais, no âmbito do agravos à saúde dos integrantes do Corpo de Bombei-
Corpo de Bombeiros Militar da Bahia. ros Militar da Bahia e dos seus dependentes.
Art. 21 - O Centro Corporativo de Projetos tem por Art. 30 - A Coordenadoria de Inteligência tem por
finalidade a identificação, seleção, alinhamento, prio- finalidade planejar, coordenar, executar, fiscalizar,
rização e gerenciamento do portfólio dos processos e controlar, articular, supervisionar e gerenciar as ativi-
projetos estratégicos do Corpo de Bombeiros Militar dades de inteligência bombeiro militar, no âmbito do
da Bahia, em conformidade com a orientação do Co- Sistema de Inteligência do Corpo de Bombeiros Militar
- SINBOM, dentro do território baiano, e assessorar o
mando-Geral da Corporação, bem como prestar apoio
Alto Comando da Corporação nos assuntos de cunho
e suporte aos Escritórios Setoriais e Seções de Geren-
estratégico, tático e operacional que lhe forem confia-
ciamento de Projetos da Instituição.
dos, além de se inter-relacionar com os demais órgãos
Art. 22 - O Departamento de Modernização e Tecno- estaduais de inteligência e do Sistema Brasileiro de
logia tem por finalidade planejar, coordenar, executar Inteligência - SISBIN.
e controlar as atividades de tecnologia da informa-
ção e telecomunicações, promovendo a elevação da CAPÍTULO IV
qualidade dos serviços e das atividades do CBMBA, DA REGIONALIZAÇÃO E DO DESDOBRAMENTO
em estreita articulação com os órgãos estaduais de
tecnologia da informação e telecomunicações, e, por
intermédio de convênios, com as demais esferas de Art. 31 - A ação de bombeiro militar dar-se-á em todo
governo. território do Estado da Bahia, de forma regionalizada,
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 23 - A Corregedoria do Corpo de Bombeiros Mi- por meio de planejamento e acompanhamento dos
litar da Bahia tem por finalidade assistir o Coman- Comandos de Operações, sob as diretrizes do Coman-
dante-Geral e o Subcomandante-Geral do Corpo de do-Geral.
Art. 32 - O desdobramento das regiões em áreas, su-
Bombeiros Militar da Bahia no desempenho de suas
báreas e setores será estabelecido em conformidade
atribuições constitucionais, políticas e administrativas,
com as necessidades e características fisiográficas, psi-
realizar a atividade correcional, zelando pela justiça e
cossociais, políticas e econômicas, ficando autorizado
disciplina dos integrantes da Corporação e gerenciar
o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar
as atividades dos segmentos de correição descentrali-
da Bahia a adotar as providências necessárias.
zados do CBMBA.

71
CAPÍTULO V organizacional do Corpo de Bombeiros Militar, nas
DO PESSOAL áreas profissionais demandadas a serem definidas por
ato do Comandante-Geral.
Art. 37 - O Quadro de Oficiais de Saúde Bombeiros
Art. 33 - O efetivo do Corpo de Bombeiros Militar da Militares/Médico - QOSBM/Médico é composto por
Bahia será distribuído nos seguintes quadros: todos os Oficiais Médicos integrantes da Corporação,
I - Oficiais: responsáveis pelas atividades relacionadas à área de
a) Quadro de Oficiais Bombeiros Militares - QOBM; saúde da sua formação, do Corpo de Bombeiros Mili-
b) (Revogada); tar da Bahia.
c) Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Militares Art. 38 - O Quadro de Oficiais de Saúde Bombeiros
- QOABM Militares/Odontólogo - QOSBM/Odontólogo é com-
d) Quadro de Oficiais de Saúde Bombeiros Militares/ posto por todos os Oficiais Odontólogos integrantes
Médicos - QOSBM/Médico; da Corporação, responsáveis pelas atividades relacio-
e) Quadro de Oficiais de Saúde Bombeiros Militares/ nadas a área de saúde da sua formação, do Corpo de
Odontólogo - QOSBM/Odontólogo. Bombeiros Militar da Bahia.
II - Praças: Art. 39 - O Quadro de Praças Bombeiros Militares é
a) Quadro de Praças Bombeiros Militares - QPBM. composto de Praças integrantes da Corporação, res-
Art. 34 - O Quadro de Oficiais do Corpo de Bombeiros ponsáveis pelas atividades de bombeiros militares.
Militares - QOBM é composto de Oficiais integrantes Art. 40 - A estrutura de cargos em comissão do Corpo
da Corporação, graduados em Curso de Formação de de Bombeiros Militar da Bahia é a prevista no Anexo
Oficiais Bombeiros Militares, responsáveis pela gestão II desta Lei.
das atividades de bombeiro militar. Art. 41 - Os cargos privativos do posto de Coronel do
Art. 35 - (Revogado). Corpo de Bombeiros Militar da Bahia são os previstos
Art. 36 - O Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros no Anexo III desta Lei.
Militares - QOABM é integrado pelos Oficiais existen- Art. 42 - O efetivo ativo do Corpo de Bombeiros Militar
tes no seu Quadro e destina-se aos bombeiros mili- da Bahia passa a ser de 5.058 (cinco mil e cinquenta
tares oriundos do círculo de Praças, das graduações e oito) servidores militares estaduais, distribuídos em
de Subtenentes e 1º Sargento, que tenham concluído Postos e Graduações, conforme o Anexo IV desta Lei.
com aproveitamento o Curso de Aperfeiçoamento de Parágrafo único - As vagas decorrentes do aumento
Sargentos - CAS, competindo-lhes o exercício de ativi- do efetivo previstas nesta Lei serão preenchidas em
dades operacionais e administrativas da Corporação. razão da oportunidade e conveniência da Administra-
§ 1º - O ingresso no QOABM se dará após a conclu- ção.
são, com aproveitamento, do Curso de Formação de Art. 43 - A distribuição do quantitativo do efetivo da
Oficiais específico, atendidos os requisitos estabele- ativa do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia no Qua-
cidos na Lei nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001, dro Organizacional será definida por Portaria do Co-
e na regulamentação relativa ao ingresso no referido mandante-Geral.
Quadro.
§ 2º - Os ocupantes da graduação de Subtenente e CAPÍTULO VI
1º Sargento com CAS poderão participar do processo DAS ATRIBUIÇÕES DOS TITULARES DE CARGOS EM
seletivo para ingresso no QOABM, respeitada a pro- COMISSÃO
porção de 50% (cinquenta por cento) das vagas pelo
critério de antiguidade e 50% (cinquenta por cento)
mediante a realização de provas de desempenho pro- Art. 44 - Aos titulares dos cargos em comissão, além
fissional e intelectual. do desempenho das atividades concernentes aos Sis-
§ 3º - O maior grau hierárquico do Quadro de Oficiais temas Estaduais definidos em legislação própria, cabe
Auxiliares Bombeiros Militares é o Posto de Tenente o exercício das atribuições gerais e específicas a seguir
Coronel. enumeradas:
§ 4º - Somente poderão concorrer à promoção ao pos- I - Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar
to de Major e ao subsequente de Tenente Coronel do da Bahia:
QOABM, os Capitães portadores de diploma de nível a) promover a administração geral do Corpo de Bom-
superior em cursos devidamente reconhecidos pelo beiros Militar da Bahia, em estrita observância às dis-
Ministério da Educação - MEC, preenchidos os demais posições normativas da Administração Pública Esta-
requisitos legais, inclusive a conclusão com aprovei- dual;
tamento do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais ou b) exercer a representação política e institucional do
DIREITO ADMINISTRATIVO

equivalente promovido pela Polícia Militar da Bahia Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, promovendo
ou pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia. contatos e relações com autoridades e organizações
§ 5º - É vedada a inscrição e a matrícula dos integran- de diferentes níveis governamentais;
tes do Quadro de Oficiais Auxiliares Bombeiros Mili- c) auxiliar o Secretário da Segurança Pública em as-
tares no Curso Superior de Bombeiro ou equivalente. suntos de competência do Corpo de Bombeiros Militar
§ 6º - As funções a serem exercidas pelos Oficiais Su- da Bahia;
periores do QOABM serão preferencialmente desem- d) fazer cumprir as leis, normas e regulamentos da
penhadas em unidades administrativas da estrutura Corporação;

72
e) autorizar a abertura de processos licitatórios, ho- III - ao Comandante de Operações de Bombeiros Mi-
mologando-os dentro dos limites de sua competência, litares cabe planejar, organizar, supervisionar, coorde-
e ratificar as dispensas ou declarações de inexigibi- nar e controlar as atividades de prevenção e combate
lidade, nos termos da legislação específica, das con- a incêndios, busca, salvamento e defesa civil, desen-
tratações diretas inerentes ao limite permitido em ato volvidas pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia,
normativo; com atuação nas regiões do Estado;
f) aprovar a programação a ser executada pelo Corpo IV - Comandante de Atividades Técnicas e Pesquisas:
de Bombeiros Militar da Bahia e pelos órgãos a ela a) planejar, controlar e fiscalizar as atividades técnicas
subordinados, a proposta orçamentária anual e as al- previstas para o seu Comando;
terações e ajustes que se fizerem necessários; b) propor estudos e pesquisas que viabilizem a me-
g) apresentar, anualmente, relatório analítico das ati- lhoria das atribuições do Comando, elaborando dire-
vidades da Corporação; trizes da política institucional relativas a sua área de
h) expedir Portarias e atos normativos sobre a organi- atuação;
zação administrativa interna do Corpo de Bombeiros V - Corregedor-Chefe:
Militar da Bahia; a) propor ao Comandante-Geral as medidas neces-
i) aplicar penas disciplinares no âmbito de sua com- sárias à apuração de denúncias, envolvendo pessoal
petência; bombeiro militar e civil da Corporação;
j) autorizar despesas nos limites de sua competência; b) encaminhar ao Comandante-Geral relatórios men-
k) delegar competências e atribuições ao Subcoman- sais de dados estatísticos das apurações em andamen-
dante-Geral; to e das apurações solucionadas na Corporação;
l) aprovar os planos, estudos, programas, projetos e c) pronunciar-se dentro dos limites das suas atribui-
propostas para organização funcional e de atuação do ções, nos feitos investigatórios realizados na Corpo-
Corpo de Bombeiros Militar da Bahia; ração;
m) instaurar e decidir sindicâncias, processos discipli- d) elaborar e submeter à apreciação do Comandante-
-Geral normas de orientação e padronização dos feitos
nares sumários e processos administrativos disciplina-
investigatórios praticados no âmbito da Corporação;
res, ressalvado o disposto no § 1º deste artigo;
e) assessorar o Comandante-Geral na tomada de de-
n) delegar atribuição aos gestores internos para auto-
cisões, no que concerne à justiça e à disciplina dos in-
rizarem a abertura de processos licitatórios;
tegrantes da Corporação;
o) atender requisições e pedidos de informações do
f) encaminhar ao Comandante-Geral do Corpo de
Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do Ministério
Bombeiros Militar da Bahia, com relatório e parecer
Público, ouvindo previamente a Procuradoria Geral do
conclusivo, os autos dos processos que tenham por
Estado se houver questão jurídica a ser esclarecida; objeto o resultado das correições e outros processos
p) atender aos pedidos de informações da Correge- correicionais, propondo as medidas que julgar neces-
doria-Geral da Secretaria da Segurança Pública em sárias;
assuntos da competência daquele órgão; g) instaurar e decidir sindicâncias, processos discipli-
q) promover o controle e a supervisão dos órgãos su- nares sumários e processos administrativos disciplina-
bordinados; res, conforme previsto em lei específica;
II - Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Mi- h) atender aos pedidos de informações da Corregedo-
litar da Bahia: ria-Geral da Secretaria da Segurança Pública;
a) auxiliar o Comandante-Geral; i) exercer outras atribuições que lhe sejam cometidas
b) dirigir, organizar, orientar, coordenar e controlar as pelo Comando-Geral;
atividades de bombeiro militar, conforme delegação VI - Diretor de Departamento:
do Comandante-Geral; a) planejar, controlar e fiscalizar as atividades previs-
c) assessorar o Comandante-Geral nas atividades de tas para o seu Departamento;
articulação interinstitucional e com a sociedade nos b) propor estudos e pesquisas que viabilizem a me-
assuntos relativos à Corporação; lhoria das atribuições do departamento, elaborando
d) substituir o Comandante-Geral nos seus afasta- diretrizes da política institucional relativas a sua área
mentos, ausências e impedimentos, independente- de atuação;
mente de designação específica; c) instaurar sindicâncias, processos disciplinares su-
e) submeter à consideração do Comandante-Geral os mários e processos administrativos disciplinares, con-
assuntos que excedem a sua competência; forme lei específica;
f) auxiliar o Comandante-Geral no controle e na su- VII - Assistente Militar do Comando-Geral:
pervisão dos setores subordinados; a) chefiar o Gabinete Militar do Comando-Geral;
DIREITO ADMINISTRATIVO

g) participar e, quando for o caso, promover reuniões b) planejar, organizar, coordenar, controlar e preparar
de coordenação, no âmbito do Corpo de Bombeiros o suporte necessário ao Comandante-Geral do Corpo
Militar da Bahia, sobre assuntos que envolvam articu- de Bombeiros Militar da Bahia;
lação intersetorial; c) realizar a segurança pessoal do Comandante-Ge-
h) instaurar e decidir sindicâncias, processos discipli- ral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia e de seus
nares sumários e processos administrativos disciplina- familiares;
res, conforme previsto em lei específica; d) instaurar sindicâncias, processos disciplinares su-
i) desempenhar outras tarefas compatíveis com suas mários e processos administrativos disciplinares, con-
atribuições, por determinação do Comandante-Geral; forme lei específica;

73
VIII - Subcomandante de Operações de Bombeiros Mi- processos disciplinares sumários e processos adminis-
litares: trativos disciplinares, conforme previsto em lei espe-
a) substituir o Comandante de Operações de Bombei- cífica;
ros Militares em seus impedimentos eventuais; XV - Coordenador I e Coordenador Técnico:
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes a) planejar, orientar, supervisionar e avaliar os traba-
emanadas pelo Comandante; lhos a seu cargo;
c) auxiliar no planejamento e na coordenação das ati- b) cumprir e fazer cumprir as diretrizes, normas e
vidades, bem como no exame e encaminhamento dos procedimentos técnicos, administrativos e financeiros
assuntos de sua competência; para maior eficiência e aperfeiçoamento dos progra-
d) instaurar e decidir sindicâncias, processos discipli- mas, projetos e atividades sob sua responsabilidade;
nares sumários e processos administrativos disciplina- c) propor ao superior imediato as medidas que julgar
res, conforme lei específica; convenientes para promoção, integração e desenvol-
IX - Subcomandante de Atividades Técnicas e Pesqui- vimento técnico e interpessoal da respectiva equipe de
sas: trabalho;
a) substituir o Comandante de Atividades Técnicas e XVI - ao Chefe de Núcleo cabe programar, orientar,
Pesquisas em seus impedimentos eventuais; supervisionar, controlar e avaliar os trabalhos a cargo
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes do respectivo Núcleo, apoiando seu Comandante ime-
emanadas pelo Comandante de Atividades Técnicas e diato na utilização de recursos humanos, materiais e
Pesquisas; financeiros ao bom andamento das atividades admi-
c) auxiliar o Comandante de Atividades Técnicas e nistrativas;
Pesquisas no planejamento e na coordenação das ati- XVII - Comandante de Grupamento:
vidades, bem como no exame e encaminhamento dos a) comandar e executar missões de prevenção e com-
assuntos de sua competência; bate a incêndio, busca, salvamento e defesa civil nas
d) instaurar e decidir sindicâncias, processos discipli- suas áreas de responsabilidade territorial, em articu-
nares sumários e processos administrativos disciplina-
lação com os respectivos Comandos de Operações de
res, conforme lei específica;
Bombeiros Militares;
X - Diretor Adjunto de Departamento:
b) instaurar sindicâncias, processos disciplinares su-
a) substituir o Diretor em seus impedimentos even-
mários e processos administrativos disciplinares, con-
tuais;
forme lei específica;
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes
c) observar as normas e diretrizes do Comando de
emanadas pelo Diretor;
Operações de Bombeiros Militares na consecução das
c) auxiliar o Diretor no planejamento, na supervisão,
missões que lhes forem determinadas;
na coordenação e na execução das atividades, bem
como no exame e no encaminhamento dos assuntos XVIII - Subcomandante de Grupamento:
de sua competência; a) substituir o Comandante de Grupamento em seus
XI - Corregedor Adjunto: impedimentos eventuais;
a) substituir o Corregedor-Chefe nos seus afastamen- b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes
tos temporários e impedimentos eventuais; emanadas pelo Comandante de Grupamento;
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes c) auxiliar no planejamento e coordenação das ativi-
emanadas pelo Corregedor-Chefe; dades;
c) auxiliar o Corregedor-Chefe no planejamento, na d) realizar o exame e encaminhamento dos assuntos
supervisão, na coordenação e na execução das ativi- de sua competência;
dades; XIX - Coordenador II:
d)realizar exame e encaminhamentos dos assuntos de a) coordenar, orientar, controlar, acompanhar e ava-
sua competência; liar a elaboração e execução de programas, projetos
XII - Assessor Especial: e atividades compreendidos na sua área de compe-
a) assessorar diretamente o Comandante-Geral e o tência;
Subcomandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar b) assessorar e assistir o dirigente em assuntos perti-
da Bahia em assuntos relativos à sua especialização; nentes à respectiva unidade;
b) elaborar pareceres, notas técnicas, minutas e infor- c) propor medidas que propiciem a eficiência e o aper-
mações solicitadas pelo superior; feiçoamento dos trabalhos a serem desenvolvidos;
c) executar a elaboração de planos, programas e pro- XX - ao Assessor de Comunicação Social I cabe coor-
jetos relativos às funções da Corporação; denar, executar, controlar e acompanhar as atividades
DIREITO ADMINISTRATIVO

d) assessorar os órgãos e entidades vinculados ao Co- de comunicação social do Corpo de Bombeiros Militar
mando-Geral, em assuntos que lhe forem determina- da Bahia, em estreita articulação com o órgão com-
dos pelo Comandante-Geral; petente;
XIII - ao Coordenador de Saúde cabe coordenar as XXI - ao Comandante de Subgrupamento cabe coor-
ações de saúde a serem implementadas na Corpora- denar, supervisionar, controlar e executar as ativida-
ção; des de bombeiro militar em suas respectivas subáreas
XIV - ao Coordenador de Inteligência cabe promover de responsabilidade territorial ou em conformidade
as atividades de inteligência no âmbito do Corpo de com a especialização, em obediência aos respectivos
Bombeiros Militar da Bahia e instalar sindicâncias, Comandantes de Grupamentos;

74
XXII - ao Coordenador III cabe coordenar projetos e Regulamento de Uniformes do CBMBA emitir parecer
atividades designados pelo seu superior imediato; sobre a similaridade das fardas e uniformes utilizados
XXIII - ao Assessor Administrativo cabe executar e pelas Guardas Municipais, empresas de segurança e
controlar as atividades que lhe sejam cometidas pelo demais empresas privadas que apliquem os conceitos
seu superior imediato; de bombeiros, conforme a legislação específica.
XXIV - ao Secretário Administrativo I cabe preparar o Art. 49 - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia ob-
expediente e a correspondência sob sua responsabili- servará o Regulamento Interno e de Serviços Gerais do
dade e coordenar e executar as tarefas que lhes sejam Exército (R1) e o Regulamento de Continências, Hon-
cometidas pelo seu superior imediato. ras e Sinais de Respeito das Forças Armadas (R2), o
§ 1º - O Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros primeiro com as modificações necessárias às peculia-
Militar é responsável, em nível de administração dire- ridades do CBMBA e o último com as adaptações rela-
ta, perante o Governador do Estado, pela administra- cionadas com os Poderes do Estado, ficando delegada
ção e emprego da Corporação. competência ao Comandante-Geral da Corporação
§ 2º - O Subcomandante-Geral do Corpo de Bombei- para editar, no prazo de 90 (noventa) dias, por Por-
ros Militar da Bahia terá precedência funcional e hie- taria, o Regulamento Interno e de Serviços Gerais do
rárquica sobre os demais integrantes da Corporação, Corpo de Bombeiros Militar, o Regulamento de Con-
exceto sobre o Comandante-Geral. tinências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial de
§ 3º - O Governador do Estado poderá, em casos de Bombeiros Militares e o Regulamento de Uniformes do
excepcional relevância, avocar a atribuição prevista CBMBA.
no inciso I, alínea «m», deste artigo, e redirecioná-la, Art. 50 - Ficam criadas na estrutura do Corpo de Bom-
a seu critério, ao Secretário da Segurança Pública. beiros Militar da Bahia as seguintes unidades:
§ 4º - Os ocupantes de cargos em comissão do Corpo I - Comando-Geral;
de Bombeiros Militar da Bahia poderão exercer outras II - Subcomando-Geral;
atribuições inerentes aos respectivos cargos, necessá- III - Comando de Operações de Bombeiros Militar da
rias ao cumprimento de suas competências.
Capital e Região Metropolitana de Salvador - RMS;
IV - Comando de Operações de Bombeiros Militar do
CAPÍTULO VII
Interior;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
V - Comando de Atividades Técnicas e Pesquisas;
VI - Corregedoria do Corpo de Bombeiros Militar;
Art. 45 - Constituem Comissões Permanentes do Cor- VII - Departamento de Pessoal;
po de Bombeiros Militar da Bahia, regidas por legisla- VIII - Departamento de Planejamento;
ção específica: IX - Departamento de Apoio Logístico;
I - Conselho de Mérito do Bombeiro Militar; X - Departamento de Modernização e Tecnologia;
II - Comissão de Promoção de Oficiais do CBMBA; XI - Departamento de Auditoria e Finanças;
III - Comissão de Promoção de Praças do CBMBA; XII - Departamento de Ensino e Pesquisa;
IV - Comissão Permanente do Regulamento de Unifor- XIII - Gabinete do Comando-Geral;
mes do CBMBA. XIV - Gabinete do Subcomando-Geral;
Parágrafo único - Eventualmente, a critério do Co- XV - Centro de Gestão Estratégica;
mandante-Geral, poderão ser criadas outras comis- XVI - Centro Corporativo de Projetos;
sões, destinadas a realizar estudos específicos. XVII - Academia de Bombeiros Militares;
Art. 46 - O Conselho de Mérito do Bombeiro Militar, XVIII - Centro de Formação e Aperfeiçoamento de
de caráter permanente, tem por finalidade apreciar, Praças;
analisar, julgar e deliberar sobre as propostas de con- XIX -20 (vinte) Grupamentos de Bombeiros Militares;
cessão de comendas, que se rege por legislação espe- XX - Coordenadoria de Saúde;
cífica. XXI - Coordenadoria de Inteligência;
Art. 47 - As Comissões de Promoções, de caráter per- XXII -03 (três) Núcleos de Gestão Administrativa e Fi-
manente, têm por finalidade organizar, apreciar, ana- nanceira, subordinados ao Subcomando-Geral e aos
lisar, julgar e deliberar sobre todas as fases do proces- Comandos de Operações.
so de promoções dos bombeiros militares do Estado Art. 51 - Ficam criados, na estrutura de cargos em co-
da Bahia, que se rege por legislação específica, bem missão do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, os
como solicitar pronunciamento à Procuradoria Geral seguintes cargos: 01 (um) cargo de Comandante-Ge-
do Estado quando houver questão jurídica relevante. ral do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, símbolo
Parágrafo único - Além das promoções ordinárias, por DAS-1; 01 (um) cargo de Subcomandante-Geral do
antiguidade e por merecimento, o disposto no caput
DIREITO ADMINISTRATIVO

Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, símbolo DAS-


deste artigo se aplica às promoções em ressarcimento
-2A; 01 (um) cargo de Comandante de Operações de
de preterição, post mortem e por bravura e aos recur-
Bombeiros Militares, símbolo DAS-2B; 01 (um) cargo
sos delas decorrentes.
de Comandante de Atividades Técnicas e Pesquisas,
Art. 48 - A Comissão Permanente do Regulamento de
símbolo DAS-2B; 01 (um) cargo de Corregedor-Chefe,
Uniformes do CBMBA, de caráter permanente, tem
símbolo DAS-2B; 01 (um) cargo de Assistente Militar
por finalidade apreciar, analisar, julgar e deliberar so-
do Comando-Geral, símbolo DAS-2B; 06 (seis) car-
bre questões atinentes ao Regulamento de Uniformes
gos de Diretor de Departamento, símbolo DAS-2C; 01
do CBMBA, conforme legislação específica.
(um) cargo de Assessor Especial, símbolo DAS-2C; 01
Parágrafo único - Caberá à Comissão Permanente do

75
(um) cargo de Corregedor Adjunto, símbolo DAS-2C; de publicação desta Lei, compartilhando informações
03 (três) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-2C; 01 e procedendo à construção e à locação das instalações
(um) cargo de Coordenador de Saúde, símbolo DAS- indispensáveis à transição.
-2C; 01 (um) cargo de Coordenador de Inteligência, Art. 59 - Ficam transferidos para o Corpo de Bombei-
símbolo DAS-2C; 02 (dois) cargos de Subcomandante ros Militar da Bahia todas as dotações orçamentárias
de Operações de Bombeiros Militares, símbolo DAS- que, consignadas à Polícia Militar da Bahia no orça-
-2C; 01 (um) cargo de Subcomandante de Atividades mento vigente, são destinadas ao atendimento das
Técnicas e Pesquisas, símbolo DAS-2C; 06 (seis) cargos despesas correntes e de capital, quando integrante da
de Diretor Adjunto de Departamento, símbolo DAS- Polícia Militar da Bahia.
-2D; 05 (cinco) cargos de Comandante de Grupamen- Art. 60 - A rede pública de abastecimento de água
to, símbolo DAS-2D; 04 (quatro) cargos de Coorde- ficará à disposição do Corpo de Bombeiros Militar da
nador Técnico, símbolo DAS-2D; 03 (três) cargos de Bahia para os serviços de extinção de incêndio.
Chefe de Núcleo, símbolo DAS-2D; 05 (cinco) cargos Art. 61 - O efetivo do Corpo de Bombeiros Militar da
de Subcomandante de Grupamento, símbolo DAS-3; Bahia utilizará as Juntas Militares Estaduais de Saúde
01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, da Polícia Militar.
símbolo DAS-3; 38 (trinta e oito) cargos de Coorde- Art. 62 - (Revogado).
nador II, símbolo DAS-3; 25 (vinte e cinco) cargos de Art. 63 - Fica assegurado aos atuais integrantes do
Comandante de Subgrupamento, símbolo DAI-4; 02 Quadro de Oficiais, do Quadro de Oficiais Auxiliares
(dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo DAI- e do Quadro de Praças Policiais Militares da Polícia
4; 17 (dezessete) cargos de Coordenador III, símbolo Militar o direito de opção, em caráter irretratável, de
DAI-4; 01 (um) cargo de Assistente Orçamentário, ingressar respectivamente no Quadro de Oficiais, no
símbolo DAI-4; 01 (um) cargo de Secretário Adminis- Quadro de Oficiais Auxiliares e no Quadro de Praças
trativo I, símbolo DAI-5. Bombeiros Militares da Polícia Militar, criados pela Lei
Art. 52 - Ficam remanejados da estrutura de cargos nº 9.848, de 29 de dezembro de 2005, desde que:
em comissão da Polícia Militar da Bahia para a estru- I - tenham Curso de Formação Específica de Bombeiro
tura de cargos em comissão do Corpo de Bombeiros Militar, dentre os relacionados no Anexo V desta Lei;
Militar da Bahia os seguintes cargos em comissão: 01
II - tenham exercido atividades no Corpo de Bombei-
(um) cargo de Comandante de Operações de Bombei-
ros por, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses;
ros Militares, símbolo DAS-2B; 15 (quinze) cargos de
II - não tenham feito concurso público específico para
Comandante de Grupamento, símbolo DAS-2D; 15
provimento de Quadro de Policial Militar, a partir da
(quinze) cargos de Subcomandante de Grupamento,
Lei nº 9.848, de 29 de dezembro de 2005.
símbolo DAS-3; 31 (trinta e um) cargos de Coordena-
§ 1º - O integrante de quaisquer dos Quadros de Po-
dor II, símbolo DAS-3, e 15 (quinze) cargos de Coman-
liciais Militares, relacionados no caput deste artigo,
dante de Subgrupamento, símbolo DAI-4.
que estiver, na data de publicação desta Lei, exercen-
Art. 53 - O Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros
do suas atividades no Corpo de Bombeiros Militar fica
Militar da Bahia - FUNEBOM tem suas finalidade e
competências estabelecidas na legislação que dispõe dispensado do requisito de Curso de Formação Especí-
sobre sua organização e funcionamento. fica de Bombeiro Militar.
Art. 54 - A critério do Comandante-Geral do Corpo de § 2º - Os Alunos-a-Oficial do Curso de Formação de
Bombeiros Militar da Bahia, poderão ser nomeados, Oficiais que, na data de publicação desta Lei, estive-
através de Portaria, Grupos de Trabalho destinados a rem nesta condição poderão optar por ingressar no
realizar estudos e pesquisas de interesse da Corpora- Quadro de Oficiais Bombeiros Militares do Corpo de
ção, mediante o estabelecimento da sua finalidade, Bombeiros Militar, desde que, ainda que, em razão de
do seu prazo de duração e das atribuições dos seus outro vínculo com o Estado da Bahia, comprovem o
titulares. atendimento do requisito disposto no inciso I do caput
Art. 55 - Os cursos de formação, aperfeiçoamento e deste artigo.
especialização de Oficiais e Praças do Corpo de Bom- § 3º - O policial militar deverá formalizar a opção de
beiros Militar da Bahia poderão ser realizados em que trata o caput deste artigo em até 30 (trinta) dias
outras corporações, enquanto o CBMBA não possuir da data da publicação desta Lei.
estrutura para oferecê-los. § 4º - A transferência fica condicionada à existência
Art. 56 - (Revogado). de vagas disponíveis, após a data de publicação des-
Art. 57 - Integrarão o patrimônio do Corpo de Bom- ta Lei, no respectivo Posto ou Graduação do Quadro
DIREITO ADMINISTRATIVO

beiros Militar da Bahia todos os bens móveis e imóveis para o qual for formalizada a opção e, não havendo
que, na data da publicação desta Lei, estiverem sob vagas suficientes, serão utilizados, sucessivamente, os
a sua guarda ou atendendo os serviços do Corpo de seguintes critérios para o seu preenchimento:
Bombeiros da PMBA. I - antiguidade no Posto ou Graduação atualmente
Art. 58 - Na estruturação do Corpo de Bombeiros Mi- ocupado, contado a partir da publicação do ato da
litar da Bahia, os órgãos do Estado da Bahia e as uni- respectiva nomeação ou promoção;
dades do Corpo de Bombeiros Militar devem oferecer o II - posição nas respectivas escalas numéricas ou re-
suporte necessário para o processo de desvinculação, gistro existentes na Instituição.
durante o prazo de até 01 (um) ano, a contar da data

76
§ 5º - Ao ser efetivada a transferência, o policial militar Oficiais Auxiliares e o Quadro de Praças do Corpo de
passará ao Posto ou Graduação do Quadro de destino, Bombeiros Militar da Bahia previstos nesta Lei.
figurando como o menos antigo dentre os bombeiros Art. 67 - O Poder Executivo fica autorizado a promo-
militares com a mesma data de ingresso, bem como ver, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, os atos
daqueles com data de ingresso anterior à sua. necessários:
Art. 64 - Fica assegurado aos atuais integrantes do I - à expedição dos atos normativos indispensáveis a
Quadro de Oficiais, do Quadro de Oficiais Auxiliares e sua aplicação;
do Quadro de Praças de Bombeiros Militares da Polícia II - às modificações orçamentárias que se fizerem ne-
Militar, criados pela Lei nº 9.848, de 29 de dezembro cessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, res-
de 2005, o direito de opção, em caráter irretratável, de peitados os valores globais constantes do orçamento.
ingressar respectivamente no Quadro de Oficiais, no Art. 68 - Até que seja editado novo Estatuto, aplica-se
Quadro de Oficiais Auxiliares e no Quadro de Praças aos bombeiros militares o regime jurídico estabelecido
Policiais Militares da Polícia Militar, desde que: pela Lei nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001 e de-
I - tenham Curso de Formação Específica de Policial mais normas aplicáveis aos policiais militares.
Militar, dentre os relacionados no Anexo VI desta Lei; Art. 69 - Esta Lei entra em vigor em 60 (sessenta) dias
II - tenham exercido atividades em unidades adminis- da data de sua publicação, ressalvado o disposto nos
trativas ou de policiamento da Polícia Militar por, no arts. 63, 64 e 65, cujas vigências iniciar-se-ão na data
mínimo, 24 (vinte e quatro) meses; de publicação.
III - não tenham feito concurso público específico para PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em
provimento de Quadro de Bombeiro Militar, a partir 09 de dezembro de 2014.
da Lei nº 9.848, de 29 de dezembro de 2005.
§ 1º - O integrante de quaisquer dos Quadros de
Bombeiros Militares da Polícia Militar, relacionados no
caput deste artigo, que estiver, na data de publicação LEI ESTADUAL Nº 12.929, DE 27 DE
desta Lei, exercendo suas atividades na Polícia Militar DEZEMBRO DE 2013 (DISPÕE SOBRE A
fica dispensado do requisito de Curso de Formação Es-
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO
pecífica de Policial Militar.
NAS EDIFICAÇÕES E ÁREAS DE RISCO
§ 2º - O bombeiro militar da Polícia Militar deverá for-
malizar a opção de que trata o caput deste artigo em NO ESTADO DA BAHIA, CRIA O FUNDO
até 30 (trinta) dias da data da publicação desta Lei. ESTADUAL DO CORPO DE BOMBEIROS
§ 3º - A transferência fica condicionada à existência MILITAR DA BAHIA (FUNEBOM) QUE
de vagas disponíveis, após a data de publicação des- ALTERA A LEI ESTADUAL Nº 6.896, DE
ta Lei, no respectivo posto ou graduação do Quadro 28 DE JULHO DE 1995, E DÁ OUTRAS
para o qual for formalizada a opção e, não havendo PROVIDÊNCIAS
vagas suficientes, serão utilizados, sucessivamente, os
seguintes critérios para o seu preenchimento:
I - antiguidade no Posto ou Graduação atualmente
ocupado, contado a partir da publicação do ato da LEI Nº 12.929 DE 27 DE DEZEMBRO DE 2013
respectiva nomeação ou promoção; (Publicada no Diário Oficial de 28 e 29/12/2013)
II - posição nas respectivas escalas numéricas ou re-
gistro existentes na Instituição. Dispõe sobre a Segurança Contra Incêndio e Pânico
§ 4º - Ao ser efetivada a transferência, o bombeiro nas edificações e áreas de risco no Estado da Bahia, cria o
militar passará ao Posto ou Graduação do Quadro de Fundo Estadual do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
destino, figurando como o menos antigo dentre os po- - FUNEBOM, altera a Lei nº 6.896, de 28 de julho de 1995,
liciais militares com a mesma data de ingresso, bem e dá outras providências.
como daqueles com data de ingresso anterior à sua.
Art. 65 - No prazo de 10 (dez) dias da data de publica- O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber
ção desta Lei, o Governador do Estado constituirá co- que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a se-
missão especial responsável pela análise dos processos guinte Lei:
de opção referidos nos arts. 63 e 64 desta Lei, cuja
conclusão dos trabalhos findar-se-á em 45 (quarenta Art. 1º Esta Lei institui, em conformidade com o dis-
e cinco) dias. posto no art. 144, § 5º, da Constituição Federal, nor-
Parágrafo único - No prazo de 10 (dez) dias, será pu- mas e medidas de segurança contra incêndio e pânico
DIREITO ADMINISTRATIVO

blicada a relação final das opções deferidas com a in- em edificações e áreas de risco, cuja aplicação é de
dicação dos respectivos Quadros. observância obrigatória no Estado da Bahia.
Art. 66 - Ressalvadas as opções deferidas na forma do Parágrafo único. As exigências das medidas de segu-
art. 64 desta Lei, os atuais integrantes do Quadro de rança contra incêndio e pânico das edificações e áreas
Oficiais, do Quadro de Oficiais Auxiliares e do Quadro de risco visam atender os seguintes objetivos:
de Praças do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar I. - proteger a vida e a integridade dos ocupantes das
passarão respectivamente, na mesma data da publi- edificações e áreas de risco em caso de incêndio;
cação do ato previsto no parágrafo único do art. 65 II. - prevenir e combater a propagação de incêndios,
desta Lei, a integrar o Quadro de Oficiais, o Quadro de reduzindo danos ao meio ambiente e ao patrimônio;

77
III. - proporcionar meios para controlar e extinguir in- § 4º As edificações com área construída inferior a
cêndios; 100m² (cem metros quadrados) ficam dispensadas de
IV. - fortalecer a atuação do Corpo de Bombeiros Mi- vistoria por parte do Corpo de Bombeiros Militar da
litar da Bahia, a fim de garantir as condições neces- Bahia.
sárias às operações voltadas para o adequado aten- Art. 4º Compete ao Corpo de Bombeiros Militar da
dimento das medidas de segurança contra incêndio e Bahia planejar, normatizar, analisar, aprovar e fiscali-
pânico nas edificações e áreas de risco. zar o cumprimento das disposições normativas sobre
Art. 2º Submetem-se às medidas de segurança e pâni- segurança contra incêndio e pânico nas edificações e
co as edificações públicas e privadas, as áreas de riscos áreas de risco no Estado.
e de aglomeração de público, assim como toda a rea- § 1º A observância das exigências das medidas de
lização de eventos programados. segurança contra incêndio e pânico nas edificações e
Art. 3º As exigências das medidas de segurança contra áreas de risco será certificada por meio do Auto de
incêndio e pânico se aplicam às edificações e áreas de Vistoria ou da Autorização para Adequação, a serem
risco no Estado da Bahia e devem ser observadas: expedidos pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia.
I. - na construção e na fabricação; § 2º Os processos administrativos instalados no âm-
II. - na reforma de uma edificação, desde que possa bito do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia terão a
comprometer os padrões estabelecidos para garantir tramitação definida na forma que dispuser o Regula-
a segurança contra incêndios; mento e demais atos normativos específicos, observa-
III. - na mudança de ocupação ou de uso; das, no que couberem, as disposições da Lei nº 12.209,
IV. - na ampliação de área construída; de 20 de abril de 2011.
V. - no aumento da altura da edificação. § 3º As microempresas, as empresas de pequeno por-
§ 1º Ficam isentas do atendimento às exigências das te e os microempreendedores individuais, assim defi-
medidas de segurança contra incêndio e pânico: nidos nos termos da Lei, terão garantida tramitação
a) as edificações de uso residencial exclusivamente simplificada para certificação do atendimento às exi-
unifamiliares, exceto aquelas que compõem um con- gências das medidas de segurança contra incêndio e
junto arquitetônico formado, pelo menos, por uma pânico nas edificações e áreas de risco, visando à cele-
edificação tombada pelo patrimônio histórico e edifi- ridade no licenciamento.
cações vizinhas, ainda que não tombadas, de tal modo Art. 5º Constituem medidas de segurança contra in-
que o efeito do incêndio gerado em uma delas possa cêndio e pânico:
atingir as outras; I. - garantia de acesso emergencial de viatura do Cor-
b) as residências exclusivamente unifamiliares locali- po de Bombeiros Militar da Bahia nas edificações ou
zadas no pavimento superior de ocupação mista com nas áreas de risco;
até 02 (dois) pavimentos e que possuam acessos inde- II. - separação entre edificações para garantir que o
pendentes. incêndio proveniente de uma edificação ou área de
§ 2º Nas ocupações mistas, para determinação das risco não se propague para outra;
medidas de segurança contra incêndio e pânico a se- III. - resistência ao fogo dos elementos estruturais e
rem implantadas, adota-se o conjunto das exigências de compartimentação que integram a construção ou
de maior rigor para o edifício como um todo, avalian- fabricação das edificações e áreas de risco;
do-se os respectivos usos, as áreas e as alturas, obser- IV. - compartimentação adequada, a fim de impedir
vando ainda: a propagação de incêndio para outros ambientes da
a) a ocupação a ser protegida, quando da adequação edificação e da área de risco no plano horizontal ou
das medidas de segurança contra incêndio e pânico às vertical;
ocupações mistas, conforme dispuser o Regulamento V. - controle de materiais de acabamento e revesti-
desta Lei; mento utilizados na construção ou fabricação das edi-
b) as exigências de chuveiros automáticos, de controle ficações e áreas de risco, para reduzir a propagação do
de fumaça e de compartimentação horizontal nas edi- incêndio e da fumaça;
ficações térreas, quando houver parede de comparti- VI. - saídas de emergência em dimensões adequadas
mentação entre as ocupações mistas; que possibilitem a evasão dos indivíduos em seguran-
c) as exigências de chuveiros automáticos, de controle ça e o acesso do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia
de fumaça e de compartimentação horizontal nas edi- para combater o incêndio e retirar as pessoas que a
ficações térreas com ocupações mistas que envolvam ele estejam expostas;
as ocupações de indústria, depósito ou escritório, des- VII. - elevador de emergência em dimensões e especi-
DIREITO ADMINISTRATIVO

de que haja, entre elas, barreira de fumaça; ficações adequadas;


d) as exigências de controle de fumaça e de comparti- VIII. - controle de fumaça que se evite perigos de into-
mentação horizontal nas edificações com mais de um xicação e de falta de visibilidade pela fumaça;
pavimento, quando houver compartimentação entre IX. - gerenciamento de risco de incêndio, inclusive a
as ocupações mistas. partir dos sistemas de prevenção a incêndios e pânico
§ 3º As exigências das medidas de segurança contra nas edificações e áreas de risco;
incêndio e pânico em edificações que compõem o pa- X. - brigada de incêndio para atuar na prevenção e no
trimônio histórico deverão ser especificadas no Regu- combate a princípio de incêndio, abandono de área e
lamento. primeiros socorros;

78
XI. - sistema de iluminação de emergência, a fim de não cumpridas as exigências das medidas de segu-
facilitar o acesso às rotas de saída para abandono se- rança contra incêndio e pânico, aplicar as seguintes
guro da edificação e área de risco; penalidades:
XII. - sistema de detecção automática e alarme de in- I - advertência;
cêndio; II - multa, conforme valores previstos em Regulamen-
XIII. - sinalização de emergência destinada a aler- to, aos proprietários ou responsáveis pelo uso das edi-
tar para os riscos de incêndio existentes e orientar as ficações e áreas de risco;
ações de combate, facilitando a localização dos equi- III - interdição total ou parcial de estabelecimento,
pamentos; máquina ou equipamento;
XIV. - sistema de proteção por extintores de incêndio; IV - cassação do Auto de Vistoria que aprovar projetos
XV. - sistema de hidrantes e de mangotinhos para uso de instalações preventivas de proteção contra incêndio
exclusivo em combate a incêndio; e pânico pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia;
XVI. - sistema de chuveiros automáticos; V - embargo, temporário ou definitivo, de obras e es-
XVII. - sistema de resfriamento; truturas.
XVIII. - sistema de combate a incêndio por espuma Art. 12 As penalidades previstas no art. 11 desta Lei
para instalações de produção, armazenamento, ma- decorrem das seguintes infrações:
nipulação e distribuição de líquidos combustíveis e I - deixar de adotar as medidas de segurança contra
inflamáveis; incêndio previstas no art. 3º desta Lei, em Regulamen-
XIX. - sistema fixo de gases para combate a incêndio to e nas demais normas técnicas regulamentares;
em locais cujo emprego de água ou de outros agentes II - instalar os sistemas de proteção contra incêndio e
extintores não é indicado, haja vista a decorrência de pânico em desacordo com as especificações do projeto
riscos provenientes da sua utilização; ou com as normas técnicas regulamentares;
XX. - sistema de proteção contra descargas atmosfé- III - modificar as características dos sistemas e meios
ricas; de proteção contra incêndio e pânico ou não fazer a
XXI. - controle de fontes de ignição. manutenção adequada dos mesmos;
Parágrafo único. Na implementação das medidas de IV - ocultar, remover, inutilizar, destruir ou substituir os
segurança previstas nos incisos I a XXI do caput deste meios de proteção contra incêndio e pânico por outros
artigo, serão atendidas as disposições constantes em que não atendam às exigências legais e regulamen-
Regulamento, Normas Técnicas e demais atos norma- tares;
tivos expedidos pelo Corpo de Bombeiros Militar da V - dificultar, embaraçar ou frustrar ação fiscalizadora
Bahia.
dos vistoriadores do Corpo de Bombeiros Militar da
Art. 6º Nas edificações e áreas de risco a serem cons-
Bahia.
truídas e fabricadas, cabe aos respectivos autores ou
Parágrafo único. As infrações às disposições contidas
responsáveis técnicos o detalhamento técnico dos pro-
neste artigo sujeitarão o infrator às penalidades pre-
jetos e instalações das medidas de segurança contra
vistas no art. 11 desta Lei, sem prejuízo das sanções
incêndio e pânico e ao responsável pela obra, o fiel
civis e penais cabíveis.
cumprimento do que foi projetado e das normas téc-
Art. 13 Fica criado o Fundo Estadual do Corpo de
nicas pertinentes.
Art. 7º Nas edificações e áreas de risco já construídas, Bombeiros Militar da Bahia - FUNEBOM, com a fina-
é de inteira responsabilidade do proprietário ou do lidade de, em caráter complementar, prover recursos
responsável pelo uso a qualquer título: financeiros para aplicação em despesas correntes e de
I. - utilizar a edificação de acordo com o uso para o capital nas ações administrativas e operacionais de
qual foi projetada; bombeiros, previstas na Lei de Diretrizes Orçamentá-
II. - tomar as providências cabíveis para a adequação rias, Lei Orçamentária Anual e em convênios, acordos,
da edificação e das áreas de risco às exigências desta ajustes ou congêneres.
Lei e de seu Regulamento. § 1º Os recursos do FUNEBOM poderão ser utilizados
Art. 8º O proprietário do imóvel ou o responsável pelo em custeio e investimentos com reaparelhamento,
uso obriga-se a manter as medidas de segurança con- reequipamento, instalações físicas, capacitação técni-
tra incêndio e pânico em condições que permitam sua ca de recursos humanos no país ou no exterior e com a
eficaz utilização, providenciando sua adequada ma- constituição e funcionamento dos órgãos do Corpo de
nutenção. Bombeiros Militar da Bahia, sendo proibida sua mani-
Art. 9º Os parcelamentos efetuados na zona urbana pulação para outros fins.
devem possuir projeto de colocação de hidrantes, de- § 2º O FUNEBOM será vinculado à Secretaria da Se-
vidamente instalados de acordo com as Normas Téc- gurança Pública.
DIREITO ADMINISTRATIVO

nicas vigentes, sob a responsabilidade do loteador. Art. 14 Constituem receitas do FUNEBOM:


Art. 10 O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia poderá I - as decorrentes da arrecadação das taxas previstas
vistoriar imóveis já habitados e estabelecimentos em na Lei nº 11.631, de 30 de dezembro de 2009, confor-
funcionamento para verificar o cumprimento das me- me disposto nos Anexos I e II da referida Lei;
didas de segurança contra incêndio nas edificações e II - as decorrentes de convênios, acordos, ajustes, sub-
áreas de risco. venções, auxílios e doações de organismos públicos ou
Art. 11 O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, no privados, nacionais e internacionais;
exercício da fiscalização que lhe compete e conforme III - as decorrentes de créditos consignados no Orça-
estabelecer o Regulamento desta Lei, deverá, quando mento Geral do Estado e de créditos adicionais;

79
IV - os saldos de exercícios anteriores; de 28 de julho de 1995, passa a vigorar com a seguinte
V - o produto de remuneração oriunda de aplicações redação:
financeiras com recursos do Fundo; “Art. 2º - ......................................................................................
VI - as decorrentes de indenizações por danos ou ex- ..........
travios de materiais e equipamento pertencentes ao I - taxas pelo exercício do poder de polícia e pela pres-
Fundo; tação de serviços específicos e/ou diferenciados na
VII - o produto de alienação de bens, equipamentos área da Secretaria da Segurança Pública, exceto as
e materiais imprestáveis ou em desuso pertencentes taxas no âmbito do Corpo de Bombeiros;”
ao Fundo; Art. 23 A Lei nº 11.631, de 30 de dezembro de 2009,
VIII - as multas aplicadas por infrações legalmente passa a vigorar acrescida dos seguintes dispositivos:
previstas;
IX - outras receitas eventuais. “Art. 1º .........................................................................................
Art. 15 Fica instituído o Conselho Deliberativo do FU- .......
NEBOM que fiscalizará e supervisionará as contas do .........................................................................................................
FUNEBOM e terá a seguinte composição: ........
I - o Secretário da Segurança Pública, que o presidirá; § 2º A taxa anual pela utilização potencial do serviço
II - o Comandante Geral da Polícia Militar da Bahia, de extinção de incêndios será exigida relativamente
na qualidade de Vice- Presidente; a imóveis localizados em Municípios do Estado que
III - o Comandante do Corpo de Bombeiros Militar da possuam Unidade do Corpo de Bombeiros que preste
Bahia; serviço de prevenção e extinção de incêndio, esten-
IV - 01 (um) representante da Secretaria da Fazenda; dendo-se aos seus Distritos e aos Municípios vizinhos,
V - 01 (um) representante da Secretaria do Planeja- desde que distem até 35km da sede do Município em
mento. que esteja localizada a referida Unidade.”
Parágrafo único. Os membros referidos nos incisos I a “Art. 4º .........................................................................................
V deste artigo e seus respectivos suplentes serão no- .......
meados pelo Governador do Estado. ..............................................................................................................
Art. 16 O FUNEBOM será gerido pelo Corpo de Bom- ...
beiros Militar da Bahia no que concerne à execução e à § 2º Tratando-se da taxa devida pela utilização po-
operacionalização das atividades típicas de bombeiro. tencial do serviço de extinção de incêndio prestado no
Parágrafo único. As demonstrações financeiras, recei- âmbito do Corpo de Bombeiros, o contribuinte será a
tas e despesas deverão ser apresentadas ao Conselho pessoa física ou jurídica que esteja na posse de bem
Deliberativo em consonância ao disposto no art. 18 imóvel, a qualquer título, inclusive como locatário.
desta Lei. § 3º O proprietário ou titular do domínio de bem imó-
Art. 17 Compete ao Conselho Deliberativo apreciar e vel responderá solidariamente pelo pagamento da
aprovar o Plano de Aplicação dos recursos do FUNE- taxa devida pela utilização potencial do serviço de ex-
BOM. tinção de incêndio prestado no âmbito do Corpo de
Art. 18 O FUNEBOM é dotado de escrituração contábil, Bombeiros.”
segundo os padrões e normas estabelecidas na legis- “Art. 6º .........................................................................................
lação estadual pertinente, de modo a evidenciar suas ........
operações e permitir o exercício das funções de con- Parágrafo único. O pagamento da taxa anual pela
trole e avaliação dos resultados obtidos. utilização potencial do serviço de extinção de incên-
Parágrafo único. A aplicação dos recursos do FUNE- dios poderá ser efetuado com os seguintes descontos,
BOM será submetida à apreciação e ao julgamento cumulativamente:
dos Órgãos competentes, bem como a prestação de I - 20% (vinte por cento), caso o imóvel tenha sido
contas nos prazos e na forma da legislação pertinente. vistoriado pelo Corpo de Bombeiros no ano anterior e
Art. 19 Fica o Poder Executivo autorizado a promover, não tenha apresentado qualquer restrição quanto ao
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, os atos neces- atendimento de norma técnica de segurança, preven-
sários: ção contra incêndio, pânico e explosão;
I - às modificações orçamentárias que se fizerem ne- II - 20% (vinte por cento), caso o contribuinte possua
cessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, res- brigada de incêndio que atenda aos requisitos da
peitados os valores globais constantes do Orçamento ABNT NBR 14276 ou em outra norma que vier substi-
vigente; tuí-la e que esteja registrada no Corpo de Bombeiros,
II - à revisão dos instrumentos regulamentares para acrescido de mais 10% (dez por cento) caso participe
DIREITO ADMINISTRATIVO

adequação às alterações decorrentes desta Lei; de Plano Auxílio Mútuo - PAM ou de Plano Auxiliar de
III - à continuidade dos serviços, até a definitiva regu- Emergência - PAE.”
lamentação do referido Fundo.
Art. 20 As edificações já existentes terão o prazo de 01 “ANEXO II
(um) ano para se adaptarem às exigências desta Lei e
de seu Regulamento. TAXAS PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA ÁREA DO
Art. 21 Fica o Poder Executivo autorizado a regula- PODER EXECUTIVO
mentar esta Lei no prazo de 60 (sessenta) dias. (previsto no art. 1º, II)
Art. 22 O inciso I do caput do art. 2º da Lei nº 6.896,

80
Taxa anual pela utilização potencial do
serviço de extinção
1 10 7 de incêndios (valor determinado de acordo
com o Coeficiente de Risco de Incêndio, Ver notas 6, 7 e 8
expresso em megajoule - MJ por imóvel)
Nota 6:
O valor
da taxa é
determinado
pelo
coeficiente
de risco de
incêndio do
imóvel de
acordo com a
seguinte
tabela:

Coeficiente de risco de
incêndio do imóvel em Valor da taxa em reais (R$)
megajoule – MJ

Até 10.000 21,00

Acima de 10.000 até 20.000 46,00

Acima de 20.000 até 30.000 87,00

Acima de 30.000 até 50.000 99,00

Acima de 50.000 até 70.000 176,00

Acima de 70.000 até 100.000 293,00

Acima de 100.000 até 150.000 389,00

Acima de 150.000 até 200.000 492,00

Acima de 200.000 até 400.000 738,00

Acima de 400.000 até 600.000 1.136,00

Acima de 600.000 até 1.200.000 1.794,00

Acima de 1.200.000 até


2.372,00
2.000.000
Acima de 2.000.000 até
2.863,00
4.000.000
Acima de 4.000.000 até
3.127,00
8.000.000
DIREITO ADMINISTRATIVO

Acima de 8.000.000 até


3.320,00
12.000.000
3.320,00 acrescido de R$ 166,00 a cada
1.000.000 MJ ou
Acima de 12.000.000 fração que exceder a 12.000.000 MJ;
limitado a 60 (sessenta) vezes o valor da
faixa anterior.

81
Nota 7: O Coeficiente de
Risco de Incêndio - CRI
corresponde à quantifica-
ção de risco de incêndio
do imóvel, obtido pela
seguinte fórmula:

CRI = CIE x A x FGR

Onde:

CIE é a Carga de Incêndio


Específica do imóvel, ex-
pressa em megajoule por
metro quadrado (MJ/m²),
em razão da natureza da
ocupação ou do uso do
imóvel, de acordo com a
classificação constante do
Anexo C da NBR 14432 da
Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT,
ou em norma que vier a
substituí-la;

A é a área total construída


do imóvel, expressa em
metros quadrados, incluída
a fração ideal nos casos de
estabelecimento localizado
em condomínio;

FGR é o Fator de Gradua-


ção de Risco, em razão do
grau de Risco de Incêndio
do imóvel, conforme a se-
guinte escala:

a) carga de incêndio especí-


fica até 300 MJ/m²: Fator de
Graduação de Risco igual a
0,50 (cinquenta centésimos);
b) carga de incêndio especí-
fica acima de 300 MJ/m² até
2.000MJ/m²: Fator de Gra-
duação de Risco igual a 1,00
(um inteiro);
c) carga de incêndio especí-
fica acima de 2.000 MJ/m²:
Fator de Graduação de Ris-
co igual a 1,50 (um inteiro
e cinquenta centésimos).
DIREITO ADMINISTRATIVO

82
Nota 8: Para efeito de cálculo do valor da taxa, na hipótese de o contribuinte não efetuar o cadastramento do seu
imóvel na SEFAZ e não havendo sido constatado o tamanho real mediante vistoria ou por outro meio, será considerado
como área total construída do imóvel:

a) tratando-se de estabelecimento de microempresa: 150m²;


b) tratando-se de estabelecimento de empresa de pequeno porte: 1.200m²;
c) demais estabelecimentos: 10.000m².

...............................................................................................................”
Art. 24 Os dispositivos da Lei nº 11.631, de 30 de dezembro de 2009, abaixo indicados, passam a vigorar com as se-
guintes redações:
“Art. 5º - ...............................................................................................
................................................................................................................
II - .........................................................................................................
...............................................................................................................
i) no âmbito do Corpo de Bombeiros:
1- tratando-se de edificações unifamiliares de, no máximo, 03 (três) pavimentos:
1.1 - a análise de projeto de prevenção contra incêndio, pânico e explosão;
1.2 - a pesquisa de incêndio e explosão;
- a vistoria;
2 - tratando-se da taxa pela utilização potencial do serviço de extinção de incêndios no âmbito do Corpo de Bombei-
ros:
2.1 - os templos de qualquer culto;
2.2 - os partidos políticos e suas fundações;
2.3 - as entidades sindicais dos trabalhadores;
2.4 - as instituições de educação ou assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos previstos no Código
Tributário Nacional;
2.5 - os imóveis residenciais e rurais;
2.6 - os demais imóveis que tenham coeficiente de risco de incêndio de até 50.000 megajoules (MJ);
.....................................................................................................”

“ANEXO II

TAXAS PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA ÁREA DO PODER EXECUTIVO


(previsto no art. 1º, II)

Assistência preventiva do Corpo de Bombeiros em


eventos por
1 10 5
meio de veículos com guarnição incluída (por hora ou
fração), a pedido do interessado.
...............................................................................................................”

Art. 25 O valor da taxa pela utilização potencial do serviço de extinção de incêndio relativo ao exercício de 2013 fica
limitado ao valor apurado utilizando-se os critérios definidos nesta Lei, cabendo restituição de valores porventura
recolhidos a maior.
Parágrafo único. As isenções previstas no inciso I do art. 2º desta Lei produzirão efeitos para o exercício de 2013.
Art. 26 Ficam revogados a alínea “f” do inciso I do art. 5º, o item 1.9.3 e a nota 4 do Anexo I, todos da Lei nº 11.931,
de 30 de dezembro de 2009.
Art. 27 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 27 de dezembro de 2013.


DIREITO ADMINISTRATIVO

JAQUES WAGNER
Governador

Rui Costa Secretário da Casa Civil


Manoel Vitório da Silva Filho Secretário da Fazenda
Maurício Teles Barbosa Secretário da Segurança Pública
José Sérgio Gabrielli de Azevedo Secretário do Planejamento

83
DECRETO ESTADUAL Nº 16.302, DE 27 HORA DE PRATICAR
DE AGOSTO DE 2015 (REGULAMENTA
A LEI ESTADUAL Nº 12.929, DE 27 DE 1. IBFC - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Profissio-
DEZEMBRO DE 2013, QUE DISPÕE SOBRE nal Nível Médio - Oficial Administrativo
A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E Leia a sentença abaixo sobre Processo Administrativo
Disciplinar.
PÂNICO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS) “Procedimento utilizado para investigar _____ e, eventu-
almente, aplicar penalidade disciplinar de advertência,
suspensão por até _____ dias, demissão, destituição de
Prezado candidato, devido à complexibilidade e ao cargo em comissão ou de função comissionada e _____
formato do conteúdo em questão, disponibilizaremos o da aposentadoria ou disponibilidade”.
PDF em nosso site www.novaconcursos.com.br/retifica-
coes. Assinale a alternativa que preencha correta e respectiva-
mente as lacunas

a) irregularidades funcionais/ noventa/ cassação


b) indícios de enriquecimento ilícito/ trinta/ suspensão
c) irregularidades disciplinares/ noventa/ cassação
d) irregularidades funcionais / trinta / suspensão

2. IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico


Sobre as normas aplicáveis à Administração Pública e sua
organização, assinale a alternativa correta.

a) As autarquias, as empresas públicas, as sociedades de


economia mista e as fundações serão criadas por lei
específica, cabendo à lei complementar, nestes casos,
definir as áreas de sua atuação
b) Agências Executivas são empresas públicas ou socie-
dades de economia mista que, por iniciativa da Ad-
ministração Direta, recebem status de agência, e, por
estarem sempre ineficientes, celebram contrato de
programa com o Ministério supervisor
c) Apesar de terem o tipo societário de sociedade anô-
nima, as sociedades de economia mista são pessoas
jurídicas de direito público
d) As pessoas de direito privado, sem fins lucrativos, de
promoção da assistência social são passíveis de quali-
ficação como Organização da Sociedade Civil de Inte-
resse Público, desde que atendam aos demais requi-
sitos legais

3. IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico


Os poderes da Administração Pública consistem em prer-
rogativas especiais e instrumentos que o ordenamento
jurídico confere ao Estado para que este cumpra suas
finalidades institucionais para a busca do interesse públi-
co. Sobre esse tema, assinale a alternativa correta.

a) O disciplinar é aplicável a todos os entes da Adminis-


tração indireta, que se sujeitam à Administração cen-
tral para fins de processamento dos processos discipli-
nares instaurados contra seus servidores
DIREITO ADMINISTRATIVO

b) A faculdade que tem o Estado de limitar e/ou condi-


cionar o exercício dos direitos individuais, a liberdade
e a propriedade, tendo como objetivo o interesse pú-
blico, denomina-se poder hierárquico
c) O poder regulamentar consiste na possibilidade dos
chefes do Executivo de explicarem e detalharem as
leis para a sua correta execução ou de expedirem os
decretos autônomos sobre matéria ainda não discipli-
nada em lei

84
d) O poder hierárquico impõe hierarquia entre a admi- 7. (DETRAN-SP – OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO –
nistração direta e as entidades que integram a admi- FCC – 2019) Considerando os elementos do ato adminis-
nistração indireta trativo, para que este seja considerado válido, é impres-
cindível que apresente:
4. IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico
a) motivo, que são os fundamentos de fato e de direito
A administração pública pode revogar ato próprio dis-
para a prática do ato administrativo.
cricionário, ainda que perfeitamente legal, simplesmen-
b) agente público competente, não podendo ser sanado
te pelo fato de não mais o considerar conveniente ou
vício de incompetência.
oportuno. A respeito da teoria dos atos administrativos,
c) finalidade, que são as razões de fato e de direito para
assinale a alternativa correta.
a emissão do ato.
d) forma, admitindo-se ato verbal ou escrito, desde que
a) A competência é elemento do ato administrativo e permita o claro entendimento de seu conteúdo.
advém diretamente da lei, sendo intransferível e im- e) objeto, que é o resultado a ser produzido com a práti-
prorrogável, salvo a previsão legal de delegação ou ca do ato, o que se quer desfazer ou implementar.
avocação
b) A anulação de ato administrativo fundamenta-se na 8. (PREFEITURA DE PARNAMIRIM-RN – ADVOGADO
ilegalidade do ato, enquanto a revogação funciona – COMPERVE – 2019) A administração pública brasileira,
como uma espécie de sanção para aqueles que dei- a partir da normativa e dogmática que tradicionalmente
xaram de cumprir as condições determinadas pelo ato a caracterizam, deve agir sempre com vistas a atingir fi-
c) Motivo e motivação são sinônimos em matéria de atos nal idades de interesse público e de modo a respeitar as
administrativos, referindo-se ambos aos elementos fá- ideias de supremacia e indisponibilidade desse interesse.
ticos que justificam a existência do ato administrativo, Nesse sentido, inúmeros institutos e temas do direito ad-
os quais, nos atos discricionários, não estão sujeitos ao ministrativo se estruturam com vistas a assegurar a efeti-
controle judicial vidade dessas ideias no dia a dia da administração. Com
d) Ato administrativo praticado fora dos padrões de le- base no exposto:
galidade e que exorbite os limites definidos e previs-
tos em lei é denominado ato discricionário a) os fazeres da administração, conforme determinado
pelo princípio da juridicidade, deverão se pautar no
5. IBFC - 2017 - SEDUC-MT - Técnico Administrativo direito como um todo, e não apenas na ideia mais res-
Educacional tritiva de legalidade.
Assinale a alternativa correta sobre a forma como se ca- b) o poder de polícia da administração pública se mani-
racteriza inequivocamente a invalidação do ato adminis- festa genuinamente por meio de afirmações e proibi-
trativo. ções, sendo vedado que se externe através de condu-
tas de viés fiscalizatório.
a) É a forma extintiva que se aplica quando o beneficiário c) o processo administrativo deve seguir a ideia de efi-
de determinado ato descumpre condições que permi- ciência em seu desenvolvimento, determinando a nor-
tem a manutenção do ato e de seus efeitos mativa que evite, ao máximo, audiências públicas e
b) É a forma de desfazimento do ato administrativo em consultas públicas a ele relacionadas.
virtude da existência de vício de legalidade d) os atos administrativos discricionários se pautam em
c) É a forma de extinção do ato administrativo que se conveniência e oportunidade, possuindo o mérito
opera pelo exaurimento da sua finalidade como núcleo intangível, não sendo possível controlá-
d) É o meio de confirmação dos requisitos legais a que -los externamente por via jurisdicional.
todo ato administrativo está vinculado
e) É o instrumento jurídico através do qual a Administra- 9. (PREFEITURA DE GUARULHOS-SP – INSPETOR FIS-
ção Pública promove a retirada de um ato administra- CAL DE RENDAS – CONHECIMENTOS GERAIS – VU-
tivo por razões de conveniência e oportunidade NESP – 2019) Assinale a alternativa que contém exemplo
de um ato administrativo enunciativo:
6. IBFC - 2017 - Câmara Municipal de Araraquara - SP
- Agente Administrativo a) Regimento.
Assinale a alternativa que apresenta exceção à vedação b) Portaria.
de acumulação remunerada de cargos públicos: c) Autorização.
d) Certidão.
DIREITO ADMINISTRATIVO

a) a de dois cargos de agentes politicos e) Ofício.


b) a de dois cargos privativos de profissionais de enge-
nharia
c) a de dois cargos de professor
d) a de dois empregos privativos de profssionais de agro-
nomia

85
10. (CÂMARA DE PETROLINA-PE – AGENTE ADMINIS- c) toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às
TRATIVO – IDIB – 2019) Analise os itens abaixo sobre os pessoas jurídicas da Administração Indireta.
atos administrativos: d) o titular de cargo estrutural à organização política do
País, ou seja, a pessoa ocupante dos cargos que com-
I. Os atos administrativos não são expedidos somente põem o arcabouço constitucional do Estado.
pela Administração Pública direta. e) sinônimo de entidade, sendo assim unidade de atua-
II. Os atos administrativos gozam de presunção absoluta ção dotada de personalidade jurídica.
de legitimidade.
III. São elementos do ato administrativo apenas o sujeito
15.(DETRAN-SP – OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO
e o objeto.
– FCC – 2019) A Administração pública de determinado
Analisados os itens, pode-se afirmar que: estado da federação está estruturada de forma descen-
tralizada. Isso significa que:
a) apenas o item I está correto. a) a Administração pública delegou integralmente suas
b) apenas os itens I e II estão corretos. competências e atribuições para os entes que inte-
c) apenas os itens II e III estão corretos. gram a Administração indireta.
d) todos os itens estão corretos. b) foram constituídas pessoas jurídicas, integrantes da
Administração indireta, às quais foram conferidas atri-
buições originalmente de competência da Administra-
ção central.
11. (CREF 11ª REGIÃO – AGENTE DE ORIENTAÇÃO E c) foram criadas autarquias, fundações e empresas públi-
FISCALIZAÇÃO – QUADRIX – 2019) No que se refere à cas, pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídi-
administração indireta, julgue o item. ca própria e com natureza jurídica de direito público.
Fundação pública é a entidade sem fins lucrativos, cria- d) a Administração pública foi autorizada por lei ou de-
da para o desenvolvimento de atividades que não exijam creto a criar, mediante lei específica, autarquias, pes-
execução por órgãos de direito público, com autonomia soas jurídicas de direito público que executam servi-
administrativa e patrimônio próprio. ços públicos.
e) foi editada lei específica criando empresas públicas
( ) CERTO   ( ) ERRADO
e sociedades de economia mista, que podem prestar
12. (CREF 11ª REGIÃO – AGENTE DE ORIENTAÇÃO E serviços públicos, mas não integram a Administração
FISCALIZAÇÃO – QUADRIX – 2019) No que se refere à indireta por possuírem natureza jurídica de direito pri-
administração indireta, julgue o item. vado.
Sociedades de economia mista têm personalidade jurí-
dica de direito privado e são criadas sob a forma de so- 16. (PREFEITURA DE GUARULHOS-SP – INSPETOR
ciedades anônimas, cujas ações com direito a voto per- FISCAL DE RENDAS – VUNESP – 2019) A respeito das
tençam, em sua maioria, à União, aos estados, ao Distrito autarquias, assinale a alternativa correta:
Federal, aos municípios ou à entidade da administração
indireta. a) a autarquia é uma pessoa jurídica de direito privado,
criada por lei.
( ) CERTO   ( ) ERRADO b) a autarquia é instituída diretamente pela lei e sua per-
sonalidade jurídica tem início com a vigência da lei
13. (DPE-DF – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2019) A criadora.
respeito da organização administrativa e de poderes e c) a criação de autarquias decorrem do processo de des-
deveres da administração pública, julgue o item seguinte. concentração administrativa, integrando essas entida-
O poder de polícia pode ser atribuído a autarquia, mas des à estrutura orgânica da Administração Direta.
não a empresa pública.
d) as autarquias se sujeitam, via de regra, à responsabili-
( ) CERTO   ( ) ERRADO dade civil subjetiva.
e) as autarquias não se submetem ao regime dos preca-
14. (CÂMARA DE JARU-RO – CONTADOR – IBADE – tórios ou da Requisição de Pequeno Valor (RPV).
2019) Quando falamos em organização e estrutura da
Administração Pública, é inegável a importância do con- 17. (CÂMARA DE PETROLINA-PE – AGENTE ADMINIS-
ceito de órgão público. O órgão não se confunde com TRATIVO – IDIB – 2019) Sobre a Administração Pública,
DIREITO ADMINISTRATIVO

a pessoa jurídica (sendo parte dela), nem com o agente analise os itens a seguir:
público. Assim, pode-se dizer que órgão público é:
I. Não existem órgãos unitários na Administração Pública.
a) uma unidade que congrega atribuições exercidas pe- II. O fenômeno da desconcentração administrativa resul-
los agentes públicos que o integram com o objetivo ta na estruturação da Administração Pública em diversos
de expressar a vontade do Estado. órgãos.
b) o ente da Administração que possui personalidade ju- III. As autarquias e empresas públicas integram a chama-
rídica própria para representar os interesses do Esta- da Administração Indireta.
do.

86
Analisados os itens, pode-se afirmar que: b) é necessária a existência de autorização legislativa, em
cada caso, para a criação de subsidiárias das empresas
a) apenas o item I está correto. públicas e das sociedades de economia mista brasilei-
b) apenas os itens I e II estão corretos. ras assim como a participação de qualquer delas em
c) apenas os itens II e III estão corretos. empresa privada.
d) todos os itens estão corretos. c) as administrações tributárias dos municípios terão re-
cursos prioritários para a realização de suas atividades
18. (PREFEITURA DE SALVADOR-BA – ESPECIALISTA e atuarão de forma integrada, inclusive com o com-
EM POLÍTICAS PÚBLICAS – FGV – 2019) No que con- partilhamento de cadastros, na forma da lei, sendo
cerne às Agências Reguladoras, importantes entidades vedado convênio para tal fim.
criadas para fiscalizar e regular serviços de determinados d) a autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
setores econômicos, assinale a afirmativa incorreta: órgãos e entidades da administração direta e indireta
não deverá ser ampliada mediante contrato, sendo es-
a) as agências devem ter necessariamente personalidade sencial a elaboração de lei para essa finalidade.
jurídica de direito público, dotadas de independência
administrativa e autonomia financeira.
b) seus dirigentes devem possuir mandatos fixos, sendo
estritamente vedada a possibilidade de exoneração ad
nutum.
c) as agências são autarquias ou fundações públicas que
celebraram contrato de gestão com o Poder Público.
d) seus atos não podem ser revistos ou alterados pelo
Poder Executivo, apenas pelo Judiciário, devendo, no
entanto, agir conforme suas finalidades específicas.
e) as agências podem existir tanto em âmbito federal
quanto estadual e municipal, desde que criadas por
lei.
19. (PREFEITURA DE SALVADOR-BA – FISCAL DE SER-
VIÇOS MUNICIPAIS – FGV – 2019) Sobre a descentrali-
zação por colaboração, assinale a afirmativa correta:

a) ocorre quando a Constituição atribui a um ente espe-


cífico que exerça atribuições próprias de forma autô-
noma ao ente central.
b) ocorre quando a Administração Pública transfere, por
contrato ou ato administrativo unilateral, a execução
de serviço público a uma pessoa jurídica de direito pri-
vado.
c) ocorre quando é outorgada a outros órgãos funções
de determinada entidade administrativa, visando ao
aumento de eficiência.
d) ocorre quando a Lei específica cede a titularidade de
serviço público a uma pessoa jurídica do direito públi-
co, sem que o cedente interfira nas atividades.
e) ocorre quando as organizações paraestatais celebram
ajuste com a Administração Pública por termo coope-
ração e se tornam parte da administração indireta.

20. (PREFEITURA DE PARNAMIRIM-RN – PROCURA-


DOR – COMPERVE – 2019) O texto constitucional de
1988 dedica um capítulo inteiro à administração públi-
ca brasileira. Tal fato faz da Constituição um documento
DIREITO ADMINISTRATIVO

jurídico de relevo para o direito administrativo nacional,


especialmente ao se considerar a sua não codificação.
Assim, de acordo com o texto constitucional:

a) somente por lei específica poderá ser criada autarquia


e autorizada a instituição de empresa pública e de
sociedade de economia mista, cabendo à lei comple-
mentar criar fundações e, neste último caso, definir as
áreas de sua atuação.

87
GABARITO
ANOTAÇÕES

1 C ________________________________________________
2 D _________________________________________________
3 C
_________________________________________________
4 A
_________________________________________________
5 B
6 C _________________________________________________
7 A _________________________________________________
8 A
_________________________________________________
9 D
_________________________________________________
10 A
11 Certo _________________________________________________
12 Certo _________________________________________________
13 Certo
_________________________________________________
14 A
15 B _________________________________________________
16 B _________________________________________________
17 C
_________________________________________________
18 C
_________________________________________________
19 B
20 B _________________________________________________

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DIREITO ADMINISTRATIVO

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88
ÍNDICE

DIREITO PENAL MILITAR

Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar: motim, revolta, conspiração, aliciação para motim ou
revolta. ............................................................................................................................................................................................................... 01
Da violência contra superior ou militar de serviço............................................................................................................................. 02
Desrespeito a superior.................................................................................................................................................................................. 02
Recusa de obediência.................................................................................................................................................................................... 02
Oposição à ordem de sentinela................................................................................................................................................................. 03
Reunião ilícita................................................................................................................................................................................................... 03
Publicação ou crítica indevida.................................................................................................................................................................... 03
Resistência mediante ameaça ou violência.......................................................................................................................................... 03
Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar: deserção, abandono de posto, descumprimento de missão,
embriaguez em serviço, dormir em serviço........................................................................................................................................... 04
Crimes contra a Administração Militar: desacato a superior, desacato a militar, desobediência, peculato,
peculato-furto, concussão, corrupção ativa, corrupção passiva, falsificação de documento, falsidade ideológica,
uso de documento falso............................................................................................................................................................................... 06
Dos crimes contra o dever funcional: prevaricação............................................................................................................................ 09
DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR: MOTIM, REVOLTA,
CONSPIRAÇÃO, ALICIAÇÃO PARA MOTIM OU REVOLTA

O crime de motim está prescrito no art. 149, do CPM, e o crime de revolta está no parágrafo único deste mesmo
artigo.
O crime de motim é:
Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:
I – contra a ordem recebida de superior ou negando-se a cumpri-la;
II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência;
III – assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior;
IV – ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles,
hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de
transporte, para ação militar, ou prática de violência em desobediência à ordem superior ou em detrimento da ordem
ou da disciplina militar.

O assemelhado, servidor civil que estava sujeito à disciplina militar, não tem previsão legal atualmente. Portanto,
todas as vezes em que encontrarmos o assemelhado no CPM, vamos deixar de lado e focar no termo MILITAR.
Sendo assim, se os militares se reunirem para tratar de uma das quatro circunstâncias descritas nos incisos do art.
149, praticarão crime de motim.

DIREITO PENAL MILITAR

Observe a pena para o crime de motim:

Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças.

Quem são os cabeças?


O art. 53, do CPM, ao tratar de concurso de agentes, em seus §§ 4º e 5º, dispõe o seguinte:
Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou
excitam a ação.

1
Quando o crime é cometido por inferiores e um ou Conforme decisão do TJM/RS o delito foi configurado
mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim no caso concreto em que o soldado que agride e ofende
como os inferiores que exercem função de oficial. um cabo comete violência contra superior, ainda que da
O crime de revolta é a forma qualificada do crime agressão não resultem lesões corporais na vítima.
de motim. O crime de violência contra militar de serviço está
Observe, revolta: disposto no art. 158, do CPM:
Parágrafo único - Se os agentes estavam armados:
Pena – reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de
um terço para os cabeças. serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou
plantão:
Pena – reclusão, de três a oito anos.
Sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa.
Porém o sujeito passivo, como exige no tipo penal,
deve ser Oficial de dia, Oficial de serviço ou Oficial de
quarto, ou, ainda, sentinela, vigia ou plantão.
São formas qualificadas:
Se a violência é praticada com arma, a pena é
aumentada de um terço.
Se a violência resulta lesão corporal, aplica-se,
além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.
Se da violência resulta morte, a pena será de
reclusão, de 12 a 30 anos.
Conforme decisão do TJM/RS, comete o crime
A distinção entre o motim e a revolta é que no primeiro descrito no artigo 158, § 3º, o militar que desfere, contra
a reunião é sem armas e, no segundo, a condição para seu oficial de serviço, seis tiros de revólver, pelas costas,
configuração do delito é que o grupamento de militares causando-lhe a morte.
esteja armado.
Sujeito ativo:
Crime plurissubjetivo, necessidade de no mínimo 2 DESRESPEITO A SUPERIOR
militares.
Exemplo:
Uma companhia que recebe ordem para instrução Conforme descrito no art. 160, do CPM:
ou outra atividade e, em vez de obedecê-la, dirige-se,
sem ordem ou autorização, à sede do Comando para Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:
apresentação de suas reivindicações. Pena – detenções de três meses a um ano, se o fato
não constitui crime mais grave.
O desrespeito consiste na falta de consideração, de
DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU respeito, de acatamento, praticada pelo subordinado na
MILITAR DE SERVIÇO relação com seu superior hierárquico, na presença de outro
militar e desde que o fato não constitua crime mais grave.
Conforme decisão do TJM/MG, o soldado que, com
O crime de violência contra superior está previsto no palavras insolentes e desdenhosas, desrespeita o cabo,
art. 157, do CPM. na presença de outros militares, fica incurso nas sanções
do artigo 160 do CPM.
Art. 157. Praticar violência contra superior: O Parágrafo único do artigo em comento, apresenta
Pena – detenção, de três meses a dois anos. circunstância qualificadora:
Sujeito ativo é o subordinado hierárquico. Se o fato é praticado contra o comandante da
A autoridade do superior hierárquico agredido é unidade a que pertence o agente, oficial general,
maculada perante o subordinado ou terceiros que oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é
tenham presenciado ou tomado conhecimento do fato. aumentada da metade.

Violência = força física, próprio corpo ou objeto.


RECUSA DE OBEDIÊNCIA
Exemplo:
Empurrão, bofetada, arrancar distintivo, bater com
DIREITO PENAL MILITAR

um objeto. A obediência que trata o art. 163, do CPM, é a


São formas qualificadas: expressão da vontade do superior dirigida a um ou mais
subordinados determinados para que cumpram com uma
§1º Se o superior é comandante da unidade a que per- prestação ou abstenção no interesse do serviço.
tence o agente ou oficial general:
Pena – reclusão, de três a nove anos. Art. 163. Recusar obedecer à ordem do superior sobre
§2º Se a violência é praticada com arma, a pena é assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a de-
aumentada de um terço. ver imposto em lei, regulamento ou instrução:

2
Pena – detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
A ordem que trata o texto legal deve ser imperativa, uma exigência para o subordinado; pessoal, dirigida a um ou
mais subordinados, descartando as ordens de caráter geral, que constitui transgressão disciplinar; e, por fim, concreta,
pois o cumprimento da ordem não deve estar sujeito à apreciação do subordinado.

OPOSIÇÃO À ORDEM DE SENTINELA

Este crime, definido no art. 164, do CPM, assemelha com o crime de desrespeito a superior. Aqui o desrespeito é
com a sentinela.

Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:


Pena – detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

O que é SENTINELA?
Sentinela é o militar legalmente encarregado de guardar, com ou sem arma, determinado lugar sob administração
militar, usando os acessórios que indiquem encontrar-se em serviço.

O crime de oposição à ordem de sentinela pode ser praticado por qualquer pessoa.

REUNIÃO ILÍCITA

Diferente do crime de motim, o crime de reunião ilícita os militares apenas discutem ato de superior ou assunto
atinente à disciplina militar.

Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de superior ou assunto atinente
à disciplina militar:
Pena – detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião, de dois a seis meses a quem dela participa, se
o fato, não constitui crime mais grave.

Quem é o SUPERIOR?
Superior é o militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação.

PUBLICAÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA

Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu
superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo.
Atualmente, a rede social é um dos meios em que o agente utiliza para a prática do crime.
A pena prevista é de detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

RESISTÊNCIA MEDIANTE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA

Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao executor, ou a quem esteja prestando auxílio.
O crime qualificado se o ato não se executa em razão da resistência.
As penas deste crime são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência, ou ao fato que constitua crime
mais grave.
DIREITO PENAL MILITAR

3
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER MILITAR: DESERÇÃO, ABANDONO
DE POSTO, DESCUMPRIMENTO DE MISSÃO, EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO, DORMIR EM
SERVIÇO

Deserção

Um dos crimes mais exigidos em concursos públicos, a deserção, é delito contra o serviço militar.

Art. 187. Ausentar-se militar, sem licença, da unidade em que serve, ou de lugar em que deve permanecer, por mais
de oito dias:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.
Na mesma pena incorre o militar que:
I – não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de transito ou férias;
II – deixa de se apresentar à autoridade competente, dentro do prazo de oito dias contado daquele em que termina ou
é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou de guerra;
III – tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar dentro do prazo de oito dias;
IV – consegue exclusão do serviço ativo ou situação inatividade, criando ou simulando incapacidade.

A deserção somente se consuma depois de transcorridos oito dias após a ausência do militar.

Antes desse prazo não haverá militar desertor e sim, militar ausente, que é definido como transgressão
disciplinar nos termos dos regulamentos de cada força singular (Marinha, Exército e Aeronáutica) e das forças auxiliares
(Polícia Militar e Bombeiro Militar).
A contagem do prazo de graça inicia-se no dia seguinte ao dia da verificação da ausência, enquanto o dia final é
contado por inteiro.
Se, por exemplo, a ausência ocorreu no dia 13, inicia-se a contagem do prazo a zero hora do dia 14 e consumar-se-á
a deserção a partir de zero hora do dia 22.
DIREITO PENAL MILITAR

4
Fig. 1 – Contagem do prazo de graça.
Fonte: Cartilha STM, 2013.

É considerado atenuante:
Se o agente se apresenta voluntariamente dentro de oito dias após a consumação do crime, a pena é
diminuída de metade; e de um terço, se de mais de oito dias e até sessenta.
E é considerada agravante:
Se ocorre em unidade estacionada em fronteira ou país estrangeiro, a pena é agravada de um terço.
E, considera deserção especial:

Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, ou da
partida ou deslocamento da unidade ou força em que serve.
Pena – detenção, até três meses, se, após a partida ou deslocamento, se apresentar, dentro em vinte e quatro horas, à
autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser comunicada a apresentação a comando
militar da região, distrito ou zona.
§ 1º – Se a apresentação se der dentro do prazo superior a vinte e quatro horas e não excedente a cinco dias:
Pena – detenção, de dois a oito meses.
§ 2º – Se superior a cinco dias e não excedente a dez dias:
Pena – detenção de três meses a um ano.
§ 3º – Se tratar de oficial, a pena é agravada.
A deserção no momento da partida, denomina-se deserção instantânea porque decorre de ausência do militar, em
determinado momento. Inexiste nessa espécie o prazo de graça.

Abandono de posto

O crime de abandono de posto está previsto no art. 195, do CPM:

Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou a serviço que
lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
O abandono de posto é delito instantâneo, consumando-se no exato momento em que o militar se afasta do local
onde deveria permanecer.
Conforme decisão do STM, configura-se o crime do art. 195, do CPM, o fato de o militar, sem ordem superior,
ausentar-se do posto, onde deveria permanecer, em virtude de escala regular de serviço. O pouco tempo de vida militar
e a primariedade do agente não excluem a culpabilidade, tal a gravidade do crime, face à segurança do quartel.

Embriaguez em serviço
DIREITO PENAL MILITAR

A embriaguez em serviço, nos termos do próprio nome, é crime contra o serviço, tipificado no art. 202, do CPM.

Art. 202. Embriagar-se o Militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
O delito de embriaguez apresenta duas modalidades:
Na primeira o militar está em serviço e, nessa qualidade se embriaga. Caso ingira bebida alcoólica e não se embriague,
inexiste crime. Da mesma forma se a embriaguez ocorre fora do serviço, resolvendo-se no âmbito disciplinar.

5
Na segunda modalidade, apresenta-se embriagado para prestar serviço, é necessário que o sujeito tenha ciência
de que iniciaria o serviço.

Dormir em serviço

Por ser crime contra o serviço militar e o dever militar, a lei penal castrense pune o militar que é encontrado
dormindo quando deveria estar alerta.

Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação, ou, não sendo
oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza
semelhante:
Pena – detenção, de três meses a um ano.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR: DESACATO A SUPERIOR, DESACATO A


MILITAR, DESOBEDIÊNCIA, PECULATO, PECULATO-FURTO, CONCUSSÃO, CORRUPÇÃO
ATIVA, CORRUPÇÃO PASSIVA, FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO, FALSIDADE IDEOLÓGICA,
USO DE DOCUMENTO FALSO.

Dentre os crimes contra a administração militar, destacaremos os delitos que são mais exigidos nas provas de
concursos.
Iremos estudas o desacato a superior, desacato a militar, desobediência, ingresso clandestino, peculato, corrupção
passiva, corrupção ativa, falsidade ideológica, prevaricação e condescendência criminosa.

Desacato a superior

Desacato a superior é crime doloso devido a vontade livre e consciente de proferir palavra ou praticar ato injurioso
e, o especial fim de agir está na finalidade de desprestigiar a autoridade do superior hierárquico.
Vejamos:

Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou procurando deprimir-lhe a autoridade:


Pena – reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
É crime militar próprio, sendo que exige do agente a condição especial de ser militar, mais que isso, de ser
subordinado da vítima.
DIREITO PENAL MILITAR

Conforme decisão do TJM/MG, a utilização de palavras de baixo calão, de desrespeito a superior hierárquico,
ofendendo-lhe a dignidade diante de terceiros, deprimindo-lhe a autoridade, caracteriza o crime de desacato a superior.
O Tribunal decidiu que comete o crime de desacato a superior, atentando contra a ordem administrativa militar,
o militar que, inconformado com as determinações recebidas, encara o superior, irrogando-lhe palavras altamente
ofensivas, em franco desafio à autoridade de que se acha investido.

6
A pena é agravada:
Se o superior é oficial general ou comandante da unidade a que pertence o agente.

Desacato a militar

Observe o art. 299, do CPM:

Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão dela:
Pena – detenção de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.
O agente ativo do delito pode ser qualquer pessoa, sendo necessário que a vítima se encontre no exercício de
função militar ou que a ofensa se relacione com essa função.

Desobediência

O crime de desobediência está relacionado a ordem legal de autoridade militar.

Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar.


Pena – detenção, até 6 meses.

Ingresso clandestino

O crime de ingresso clandestino significa entrar, em síntese, em quartel por lugar onde não exista passagem
regular, por exemplo, pulando muro, ou iludindo a sentinela para poder entrar no estabelecimento militar.
Vejamos o art. 302, do CPM:

Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento militar, navio, aeronave, hangar ou em outro lugar sujeito
a administração militar, por onde seja defeso ou não haja passagem regular, ou iludindo a vigilância de sentinela ou
de vigia.
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Peculato

O crime de peculato tem duas proteções:


Primeiro, protege-se a administração militar.
Em segundo, e eventualmente, protege-se também o patrimônio do particular, quando o objeto material lhe
pertence.

Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem posse ou
detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão de três a quinze anos.
§1º – A pena aumenta um terço, se o objeto da apropriação ou desvio é de valor superior a vinte vezes o salário mí-
nimo.
O peculato somente pode ser praticado por funcionário público, militar ou civil.
Se o peculato for culposo e ressarcir o patrimônio antes da sentença transitar em julgado, será extinta a punibilidade.
DIREITO PENAL MILITAR

Corrupção passiva

Vejamos o art. 308, do CPM:

Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – Reclusão, de dois a oito anos.
Aumento de pena:

7
§ 1º – a pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o agente retarda ou deixa
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo o dever funcional.
Diminuição de pena:
§ 2º – se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ofício com infração de dever funcional, cedendo a
pedido ou influência de outrem.
Pena – Detenção, de três meses a um ano.

O sujeito ativo é o servidor, militar ou civil, que recebe ou aceita a vantagem.


Para a consumação do crime não é imprescindível estar o agente no exercício da função, já que a lei ressalva a hipó-
tese de a vantagem indevida ser recebida ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas sempre em razão dela.
A corrupção passiva é delito formal, e consuma-se com a simples solicitação, a não ser se esta é impossível de ser
cumprida, ou seja, não esteja ao alcance da pessoa que é solicitada.
Não admite tentativa.
O TJM/MG decidiu que militar, instrutor de autoescola em Unidade Militar, responsável pelo treinamento e exames
de candidatos à habilitação para condução de automóveis, que se vale dessa função para receber vantagens indevidas,
facilitando ou dispensando exames, comete o crime de corrupção passiva e são coautores aqueles que intermedeiam.

Corrupção ativa

Vejamos a tipificação:

Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem indevida para a prática, omissão ou retardamento de ato funcional:
Pena – Reclusão, até oito anos.
Aumento de pena:
Parágrafo único – A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem, dádiva ou promessa, é retardado ou
omitido o ato, ou praticado com infração de dever funcional.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que, dá, oferece ou promete dinheiro ou vantagem indevida.
O servidor público, civil ou militar, também pode ser sujeito ativo, desde que esteja agindo como particular e
despido de sua qualidade funcional.
O sujeito passivo, ao contrário do que se possa pensar, não é o servidor público, mas, sim, a administração militar,
em favor da qual aquele opera na qualidade de seu agente.

Oferecer vantagem indevida a policial militar para que se omita quanto ao flagrante que presenciara caracteriza o
delito de corrupção ativa e ainda que o policial esteja fora de seu horário de trabalho e à paisana, pois, ao surpreender
a prática de crime, age no cumprimento do dever legal e nos limites de sua competência, conforme decisão do TJSP.

Falsificação de documento
Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, documento público ou particular, ou alterar documento verdadeiro, desde que
o fato atente contra a administração ou o serviço militar:
DIREITO PENAL MILITAR

Pena – sendo documento público, reclusão, de dois a seis anos; sendo o documento particular, reclusão, até cinco anos.

A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce função em repartição militar.

Equipara-se a documento a, para os efeitos penais, o disco fonográfico ou a fita ou fio de aparelho eletromagnético
a que se incorpore declaração destinada à prova de fato juridicamente relevante.
O sujeito ativo pode ser tanto o militar quanto o civil, desde que o fato atente contra as instituições militares.
O sujeito passivo é a administração militar.

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Para que configure o delito é imprescindível que a falsificação seja idônea de iludir terceiro.

Se a falsificação é grosseira, perceptível à primeira vista, inexiste o delito em face da ausência de potencialidade
lesiva do comportamento.
O STM decidiu que pratica o crime de falsidade de documento o militar que falsifica atestado médico com o
objetivo de conseguir prorrogação de licença para tratamento de saúde.

Falsidade ideológica

A falsidade documental pode ser de duas espécies: a material e a ideológica.

Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dela devia constar, ou nele inserir ou fazer in-
serir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante, desde que o fato atente contra a administração militar ou serviço militar:
Pena – reclusão, até cinco anos, se o documento é público; reclusão, até três anos, se o documento é particular.

O TJM/RS decidiu que policiais militares que, ao comunicarem o encontro do veículo furtado, fazem constar, no
boletim de ocorrência policial, que o veículo estava depenado, valendo-se disso o proprietário do automóvel para
tentar fraudar à seguradora.

DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL: PREVARICAÇÃO.

Observamos o art. 319, do CPM:

Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos.
E observamos também o art. 322, do CPM:

Art. 322. Deixar de responsabilizar subordinado que comete infração no exercício do cargo, ou, quando lhe falte com-
petência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena – se o fato foi praticado por indulgência, detenção, até 6 meses; se por negligência, detenção até 3 meses.
DIREITO PENAL MILITAR

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Resposta: Letra A. A leitura impõe a atenção ao
disposto no art. 152, do CPM, onde os militares ou
EXERCÍCIOS COMENTADOS assemelhados concertam, cogitam, entre si, para se
amotinarem, ou seja, cometerem o crime previsto no
1. (PM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a alter- art. 149. Tal conduta é considerada uma grave ofensa
nativa correta após analisar os itens I a IV. à hierarquia e à disciplina, binômio essenciais para a
preservação das instituições militares.
I. Reunirem-se militares agindo contra a ordem recebida
de superior; 3. (PM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a alter-
II. Reunirem-se militares recusando obediência a supe- nativa correta sobre a pena aplicável no caso da conduta
rior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando de aliciar militar para a prática de Motim ou Revolta.
violência;
III. Reunirem-se militares assentindo em recusa conjunta a) Reclusão, de dois a quatro anos
de obediência, ou em resistência ou violência, em co- b) Detenção, de três a cinco anos
mum, contra superior; c) Reclusão, de três a quatro anos
IV. Reunirem-se militares ocupando quartel. d) Detenção, de dois a quatro anos
e) Reclusão, de três a cinco anos
a) Os itens I e II constituem Motim enquanto que os itens
III e IV constituem Revolta Resposta: Letra A. Conforme o art. 154, do CPM, que
b) Os itens I e III constituem Revolta enquanto que os estabelece para a prática delituosa a pena de reclu-
itens II e IV constituem Motim se os agentes estiverem são, de dois a quatro anos. Em breve definição, aliciar,
armados consiste em cooptar militar que, inicialmente, não ti-
c) Todos os itens constituem Motim exceto no caso dos nha qualquer intenção de praticar ato que afrontasse
agentes estarem armados, caso em que se configura a disciplina e a autoridade militar.
a Revolta
d) Apenas o item III constitui Motim e os demais itens 4. (PM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a alter-
constituem Revolta independentemente dos agentes nativa correta sobre qual conduta consiste no crime de
estarem armados Violência contra militar de serviço.
e) Apenas o item II constitui Revolta e os demais itens
constituem Motim independentemente dos agentes a) Praticar violência contra superior
estarem armados b) Praticar violência contra superior comandante da uni-
dade a que pertence o agente
Resposta: Letra C. O art. 149, I a IV, do Código Penal c) Praticar violência contra superior oficial general
Militar (CPM), acrescenta as formas em que se confi- d) Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou
gura o crime de Motim, destacando-se as condutas de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão
praticadas pelos agentes. E, nesse sentido, evidencia- e) Praticar violência contra superior comandante da uni-
-se que para a consumação desse tipo penal não se dade a que pertence o agente ou oficial general
exige número mínimo de agentes. Ao lado do motim
deve-se ter em conta que o texto legal dispõe em seu Resposta: Letra D. Pontue-se que trata-se de crime
parágrafo único sobre a Revolta, que, diverge do pri- comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
meiro, pois, no caso, os agentes se apresentam arma- Nesse diapasão, o art. 158 destaca quais serão os su-
dos. jeitos passivos da violência empregada: oficial de dia,
de serviços, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou
2. (PM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Considerando a plantão. Assim, devemos considerar que a Lei Penal
prática de conspiração, assinale a alternativa correta. Militar preceitua a proteção aos militares designados
para desempenharem as suas funções em escalas de
a) Tal conduta existe no ato de concertarem-se militares serviço.
ou assemelhados para a prática do crime de Motim
b) Tal conduta não é prevista na legislação penal militar
c) Tal conduta existe no ato de concertarem-se milita-
res e não os assemelhados para a prática do crime de
Motim
d) Tal conduta existe no ato de concertarem-se os asse-
melhados e não os militares para a prática do crime
DIREITO PENAL MILITAR

de Motim
e) Tal conduta existe no ato de concertarem-se aqueles
que não forem militares ou assemelhados para a prá-
tica do crime de Motim

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4. (PM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a alter-
nativa correta sobre a conduta prevista para o crime de
HORA DE PRATICAR! desacato a superior de posto.

1. (PM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a alter- a) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
nativa correta sobre a conduta que consiste no crime de ofendendo a dignidade, diminuindo-se a pena se o
resistência mediante ameaça ou violência. superior é oficial comandante da unidade a que per-
tence o agente
a) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou b) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
violência ao executor, não havendo crime se a conduta ofendendo a dignidade, agravando-se a pena se o su-
se volta contra quem esteja prestando auxílio perior é oficial comandante da unidade a que perten-
b) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou ce o agente
violência a quem esteja prestando auxílio ao executor, c) Comete tal crime o agente que desacatar superior,
não havendo crime se a conduta se volta contra o exe- lhe ofendendo a dignidade, não havendo previsão de
cutor diretamente agravamento da pena
c) Opor-se à execução de ato legal, apenas mediante vio- d) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
lência ao executor, não havendo crime se a conduta ofendendo o decoro, diminuindo-se a pena se o supe-
se volta contra quem esteja prestando auxílio ou me- rior é oficial comandante da unidade a que pertence
diante grave ameaça o agente
d) Opor-se à execução de ato legal, apenas mediante e) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
ameaça a quem esteja prestando auxílio ao executor, ofendendo o decoro, não importando se o superior é
não havendo crime se a conduta se volta contra o exe- oficial comandante
cutor diretamente ou mediante violência
e) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça 5. (PM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a alter-
ou violência ao executor, ou a quem esteja prestando nativa correta sobre a conduta prevista para o crime de
auxílio peculato.

2. (PM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a alter- a) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
nativa correta sobre a conduta que consiste no crime de móvel, desde que público, de que tem a posse ou de-
deserção após analisar os itens a seguir. tenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo
em proveito próprio ou alheio
a) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que b) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais móvel, desde que particular, de que tem a posse ou
de dez dias detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-
b) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que -lo em proveito próprio ou alheio
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais c) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
de cinco dias móvel, público ou particular, de que tem a posse ou
c) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais -lo em proveito próprio ou alheio
de dois dias d) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
d) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que móvel, desde que público, de que tem a posse e não a
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-
de oito dias -lo em proveito próprio ou alheio
e) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que e) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais móvel, desde que particular, de que tem a detenção
de quatro dias e não a posse, em razão do cargo ou comissão, ou
desviá-lo em proveito próprio ou alheio
3. (PM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a al-
ternativa correta sobre a pena prevista para o crime de 6. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a al-
abandono de posto. ternativa correta a seguir quanto à caracterização dos
crimes de Motim e Revolta.
a) Detenção, de seis meses a um ano diminuindo-se a
pena se o agente é oficial a) As mesmas condutas são caraterizadas como Motim e
b) Reclusão, de um a dois anos diminuindo-se a pena se Revolta, sendo, portanto, sinônimos
DIREITO PENAL MILITAR

o agente exercia função de comando b) O crime de Revolta difere do Motim pelo fato dos
c) Reclusão, de seis meses a um ano diminuindo-se a agentes estarem armados na prática das condutas ti-
pena se o agente é oficial pificadas como Revolta, o que não é previsto para o
d) Reclusão, de um a dois anos diminuindo-se a pena se Motim
o agente é oficial c) Apenas o Motim é crime enquanto que a Revolta se
e) Detenção, de três meses a um ano limita ao caráter psicológico do comportamento, não
sendo crime

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d) Apenas a Revolta é crime enquanto que o Motim se 12. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Analise os
limita ao caráter psicológico do comportamento, não itens a seguir e assinale a alternativa correta sobre a con-
sendo crime duta que consiste no crime de deserção.
e) Motim e Revolta são crimes praticados com o empre-
go de armas a) Comete tal crime o militar que se ausentar, sem licen-
ça, do lugar em que deve permanecer, por mais de
7. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a al- oito dias, incorrendo na mesma pena o militar que não
ternativa correta sobre o que se considera o ato de con- se apresentar no lugar designado, dentro de oito dias,
certarem-se militares ou assemelhados para a prática do findo o prazo de trânsito ou férias.
crime de Motim. b) Comete tal crime o militar que se ausentar, sem li-
cença, do lugar em que deve permanecer, por mais
a) Mero ato de cogitação. de cinco dias, incorrendo na mesma pena o militar
b) Conduta atípica. que deixar de se apresentar a autoridade competente,
c) Tentativa de Motim. dentro do prazo de quatro dias, contados daquele em
d) Conspiração. que termina ou é cassada a licença ou agregação ou
e) Motim consumado. em que é declarado o estado de sítio ou de guerra.
c) Comete tal crime o militar que se ausentar, sem licen-
8. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a alter- ça, do lugar em que deve permanecer, por mais de
nativa correta sobre a pena aplicável no caso da conduta doze dias, incorrendo na mesma pena o militar que
de praticar violência contra superior. não se apresentar no lugar designado, dentro de cinco
dias, findo o prazo de trânsito ou férias
a) Detenção, de três meses a dois anos d) Comete tal crime o militar que se ausentar, sem licen-
b) Reclusão, de três meses a dois anos ça, do lugar em que deve permanecer, por mais de
c) Detenção, de um a dois anos três dias, incorrendo na mesma pena o militar que dei-
d) Reclusão, de um a dois anos xar de se apresentar a autoridade competente, dentro
e) Detenção, de três a quatro anos do prazo de dois dias, contados daquele em que ter-
mina ou é cassada a licença ou agregação ou em que
9. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a alter- é declarado o estado de sítio ou de guerra.
nativa correta sobre qual conduta consiste no crime de e) Comete tal crime o militar que se ausentar, sem licen-
desrespeito a superior. ça, do lugar em que deve permanecer, por mais de
quinze dias, incorrendo na mesma pena o militar que
a) Desrespeitar superior diante de civil não se apresentar no lugar designado, dentro de dez
b) Desrespeitar superior diante de qualquer pessoa
dias, findo o prazo de trânsito ou férias.
c) Desrespeitar civil diante de outro militar
d) Desrespeitar civil diante de qualquer pessoa
13. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a al-
e) Desrespeitar superior diante de outro militar
ternativa correta sobre a conduta que consiste no crime
de abandono de posto.
10. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a al-
ternativa correta sobre qual conduta consiste no crime
a) Abandonar, com ou sem ordem superior, o posto ou
de publicação ou crítica indevida.
lugar de serviço que lhe tenha sido designado
a) Promover a reunião de militares para discussão de as- b) Abandonar, com ou sem ordem superior, o serviço
sunto atinente à disciplina militar que lhe cumpria, antes de terminá-lo
b) Publicar o militar, sem licença, ato ou documento oficial c) Abandonar, sem ordem superior, o serviço que lhe
c) Promover a reunião informal de militares, ou nela to- cumpria, depois de terminá-lo
mar parte, para discussão de ato de superior d) Abandonar, sem ordem superior, o posto de serviço
d) Tomar parte em reunião informal de militares para dis- que lhe tenha sido designado
cussão de assunto atinente à disciplina militar e) Abandonar, com ou sem ordem superior, o posto ou
e) Criticar publicamente ato de qualquer natureza lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o
serviço que lhe cumpria, depois de terminá-lo
11. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a al-
ternativa correta sobre a conduta que consiste no crime 14. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a al-
de resistência mediante ameaça ou violência. ternativa correta sobre a conduta que consiste no crime
de desacato a superior.
a) Não há forma qualificada de tal crime
DIREITO PENAL MILITAR

b) A forma qualificada do crime ocorre se o ato é atrasa- a) Comete tal crime o agente que desacatar superior,
do em razão da resistência lhe ofendendo a dignidade não se aplicando a mes-
c) A forma qualificada do crime ocorre se o ato não se ma regra àquele que lhe atingir o decoro, ou procurar
executa em razão da resistência deprimir-lhe a autoridade.
d) A forma qualificada do crime ocorre se o ato resulta b) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
em resultado previsto em crime mais grave ofendendo o decoro não se aplicando a mesma re-
e) Não há previsão de cumulação de penas para o refe- gra àquele que lhe atingir a dignidade, ou procurar
rido crime deprimir-lhe a autoridade.

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c) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
deprimindo a autoridade não se aplicando a mesma
regra àquele que lhe atingir a dignidade. GABARITO
d) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
deprimindo a autoridade não se aplicando a mesma 1 E
regra àquele que lhe atingir o decoro
e) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe 2 D
ofendendo a dignidade ou o decoro, ou procurando 3 E
deprimir-lhe a autoridade.
4 B
15. (CBM-BA – Aluno PM – IBFC – 2017) Assinale a al- 5 C
ternativa correta sobre a conduta que consiste no crime 6 B
de peculato.
7 D
a) Constitui prática do referido crime, apropriar-se de 8 A
dinheiro público de que se tem a detenção em razão 9 E
do cargo, aumentando-se a pena de um sexto, se o
objeto da apropriação é de valor superior a trinta ve- 10 B
zes o salário mínimo. 11 C
b) Constitui prática do referido crime, apropriar-se de di- 12 A
nheiro público ou particular de que se tem a posse em
razão do cargo, aumentando-se a pena da metade, se 13 D
o objeto da apropriação é de valor superior a doze 14 E
vezes o salário mínimo. 15 C
c) Constitui prática do referido crime, apropriar-se de di-
nheiro público ou particular de que se tem a posse em
razão do cargo, aumentando-se a pena de um terço,
se o objeto da apropriação é de valor superior a vinte
vezes o salário mínimo.
d) Constitui prática do referido crime, apropriar-se de di-
nheiro público de que se tem a detenção a posse em
razão do cargo, aumentando-se a pena de dois terços,
se o objeto da apropriação é de valor superior a dez
vezes o salário mínimo.
e) Constitui prática do referido crime, apropriar-se de di-
nheiro público ou particular de que se tem a posse em
razão do cargo, aumentando-se a pena de um sexto,
se o objeto da apropriação é de valor superior a oito
vezes o salário mínimo.

DIREITO PENAL MILITAR

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ANOTAÇÕES

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ÍNDICE

DIREITOS HUMANOS

Precedentes históricos do Direito Humanitário: Liga das Nações e Organização Internacional do Trabalho (OIT).. 01
A Declaração Universal dos Direitos Humanos/1948........................................................................................................................ 06
Convenção Americana sobre Direitos Humanos/1969 (Pacto de São José da Costa Rica) (art. 1° ao 32).................. 06
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 1° ao 15)................................................................ 07
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos/1966 (art. 1° ao 271).................................................................................... 07
Declaração de Pequim Adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres: Ação para Igualdade,
Desenvolvimento e Paz............................................................................................................................................................................... 16
Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio....................................................................................... 18
rios cognomes são ofertados para esses direitos, como:
PRECEDENTES HISTÓRICOS DO DIREITO direitos naturais, direitos humanos, direitos do homem,
HUMANITÁRIO: LIGA DAS NAÇÕES E direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberda-
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO des fundamentais, liberdades públicas e direitos funda-
TRABALHO (OIT). mentais do homem (SILVA, 2014, p. 177).
A dissonância encontrada entre eles é o local onde
estão consagrados, já que os direitos humanos são con-
Os Direitos Humanos podem ser considerados di- sagrados em plano internacional, enquanto os direitos
reitos indispensáveis para a vida humana, pautados na fundamentais são consagrados em plano nacional, nas
liberdade, igualdade e dignidade. Assim, corresponde di- Constituições. (LAZARI, 2017, p. 355).
zer que tais direitos são essenciais à vida digna. Claramente, os direitos fundamentais individuais, so-
Não há um rol taxativo acerca dos Direitos Humanos, ciais e coletivos previstos nas Constituições se destacam
tendo em vista que a sociedade, como visto anterior- por incorporar o topo do ordenamento jurídico interno.
mente no estudo da cidadania, passa por mudanças, fato Porém, os Direitos Humanos de caráter supranacionais
que leva os direitos a evoluírem conforme o lapso tem- permanecem em uma zona acima do ordenamento jurí-
poral e contexto histórico. dico interno, “embora a baixíssima densidade normativa
Em planos gerais, todos os direitos considerados hu- permita um amplo espaço de interpretação pelos países
manos são direitos de exigir de terceiros, podendo esse que os aplicam” (LAZARI, 2017, p. 356).
terceiro ser o Estado (eficácia vertical) ou particular (efi- Há diversas formas, terminologia para os direitos es-
cácia horizontal). senciais à vida humana de um indivíduo, variando-se de
Por essa razão, tais direitos possuem várias estrutu- acordo com as normas nacionais e internacionais, como:
ras: direito-pretensão, direito-liberdade, direito-poder e, direitos humanos, direitos fundamentais, direitos natu-
direito-imunidade, que obrigam o Estado ou particulares rais, liberdades públicas, direitos do homem, direitos
na forme de: individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades fun-
(i) dever, damentais.
(ii) ausência de direito, No plano nacional, tem-se a utilização, pela Cons-
(iii) sujeição e tituição Federal de 1988, de diversas cognominações:
(iv) incompetência. “direitos humanos” no artigo 4º, II; “direitos e garantias
fundamentais” no Título II; “direitos e liberdades funda-
Acredita-se, assim, que não há grande diferença entre mentais” no artigo 5º, § 1º; “direitos e liberdades cons-
direitos humanos e fundamentais, sendo que caso aceite- titucionais, no artigo 5º, inciso LXXI; “direitos da pessoa
mos que haja esta diferenciação não ultrapassaria o plano humana” no artigo 34 e; “direitos e garantias individuais”
conceitual. Nesse sentido, tem-se, materialmente falan- no artigo 60, § 4º ao falar de cláusulas pétreas.
do, que ambos os direitos supracitados apresentam uma Em plano internacional, tem-se a Declaração America-
visão à proteção e à promoção da dignidade da pessoa na dos Direitos e Deveres do Homem de 1948 que ado-
humana. Entretanto, no que se refere ao conteúdo, pou- tou, no preâmbulo, os cognomes “direitos do homem” e
ca ou nenhuma diferença há entre eles (LAZARI, 2017, p. “direitos essenciais do homem”. A Declaração Universal
355). de Direitos Humanos, que observou em seu preâmbu-
No que tange a diferenciação entre tais direitos, ob- lo a necessidade de respeito aos “direitos do homem” e
serva-se a seguinte lição: logo após a “fé nos direitos fundamentais do homem” e
ainda o respeito “aos direitos e liberdades fundamentais
[...] o termo “direitos fundamentais” se aplica àque- do homem”. A Carta da Organização das Nações Unidas
les direitos (em geral atribuídos à pessoa humana) re- empregou a expressão “direitos humanos” (preâmbulo e
conhecidos e positivados na esfera do Direito Consti- artigo 56), bem como “liberdades fundamentais” (artigo
tucional positivo de determinado Estado, ao passo que 56, alínea c). A Carta dos Direitos Fundamentais da União
a expressão “direitos humanos” guarda relação com os Europeia de 2000 utilizando a expressão “direitos funda-
documentos de direito internacional, por referir-se àque- mentais” e, por fim, a Convenção Europeia de Direitos do
las posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano Homem e Liberdades Fundamentais de 1950, que ado-
como tal, independentemente de sua vinculação com
tou o nome de “liberdade fundamental”.
determinada ordem constitucional, e que, portanto, aspi-
ram à validade universal, para todos os povos e em todos
Afirmação histórica dos direitos humanos
os lugares, de tal sorte que revelem um caráter supra-
nacional (internacional) e universal. (SARLET; MARINONI;
Observar-se que os Direitos Humanos evoluem de
MATIDIERO, 2012, p. 249).
acordo com a evolução da sociedade. Porém, acerca de
seu nascimento, não há um marco exato, mas associa-se
A histórica ampliação e transformação dos direitos
DIREITOS HUMANOS

fundamentais do homem dificulta uma definição exa- à criação das Nações Unidas no ano de 1945 como um
ta em um conceito sintético e preciso. Tal ampliação e referencial.
transformação conceitual é explicada de forma simples, Nesta ótica, é possível dizer que os Direitos Huma-
já que “o que parece fundamental numa época histórica nos surgiram e surgem com a própria organização da
e numa determinada civilização não é fundamental em sociedade, com sua evolução, tendo como base ou “fato
outras épocas e em outras culturas” (BOBBIO, 2004, p. gerador”, tal como ocorreu na época com o Código de
13). Aumenta-se mais ainda tal dificuldade quando vá- Hamurabi, considerado, por alguns, a primeira compila-

1
ção de Direitos Humanos da história, datado em 1700 Neste vetor nasce a classificação dos direitos funda-
a.C. Não se pode esquecer também da república romana, mentais em funções, ou seja, o agrupamento dos direitos
democracia ateniense e do Reino Davídico, também con- fundamentais em três blocos: direitos de defesa, direitos
siderados marcos primitivos dos Direitos Humanos. prestacionais, e direitos de participação. (LAZARI, 2017,
Não obstante a tais marcos importantes, tem-se que a p. 367).
limitação dos poderes do rei, apontados na Magna Carta Direitos de defesa seriam aqueles que o indivíduo
do rei João Sem Terra em 1215, pode ser considerado utiliza para se defender dos arbítrios estatais, estando-
como outro evento histórico relevante. -se ligados à liberdade e valores similares, sendo assim
Ademais, a própria evolução da cidadania se confun- direitos de primeira dimensão. Os direitos prestacionais
de com a dos direitos. Porém, acertadamente dizer que são aqueles que se verifica a exigência de uma atuação
os Direitos Humanos nasceram em tal época é impossí- positiva do estado, ou seja, uma prestação, sendo esses
vel. direitos diretamente ligados aos direitos de segunda di-
Acerca da evolução dos Direitos Humanos propria- mensão. Por fim, verifica-se os direitos de participação,
mente dito, três grandes movimentos se destacam: a os quais permitem uma participação das pessoas na vida
Declaração de Direitos (Bill of Rights), de 1689; a Decla- política do Estado, sendo diretamente interligados com
ração de Independência dos Estados Unidos, em 1776; e à cidadania, possuindo uma natureza mista, ou seja, um
a Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos do caráter positivo e negativo.
Homem e do Cidadão, em 1789. No que se refere às dimensões, observa-se que os di-
Entretanto, há quem diga que a Declaração de Virgí- reitos de primeira geração ou de liberdade, são aqueles
nia é considerada o marco inicial dos Direitos Humanos, que tem por titular um indivíduo, sendo oponíveis ao Es-
pois o artigo I da Declaração diz que ‘“o bom povo da tado. Traduzem como faculdades ou atributos da pessoa
Virgínia’” tornou público, em 16 de junho de 1776, o re- e ostentam uma subjetividade que, na visão de Bona-
gistro de nascimento dos direitos humanos na História. vides, é o traço mais característico. Não obstante, mos-
Ainda não obstante, para determinar a origem da de- tram-se ainda como direitos de resistência ou oposição
claração no plano histórico, é costume remontar à Décla- perante o Estado, sendo de característica status negativus
ration des droits de l’homme et du citoyen, votada pela de Jellinek. (BONAVIDES, 2011, p. 563-564).
Assembleia Nacional francesa em 1789, na qual se pro- Ressalta-se que a liberdade, fundamentada acima,
clamava a liberdade e a igualdade nos direitos de todos aparece associada à dignidade humana, podendo-se
os homens, reivindicavam-se os seus direitos naturais e pressupor uma interação com a igualdade entre os mem-
imprescritíveis (a liberdade, a propriedade, a segurança, bros da família humana. (LAZARI; GARCIA, 2015, p. 112).
a resistência à opressão), em vista dos quais se constitui No plano dos direitos de segunda geração, observa-
toda a associação política legítima. -se como pilar principal a igualdade, traduzindo-se por
De forma mais específica, ao compreender tais ver- direitos sociais, entendidos como direitos de grupos so-
tentes interligadas aos direitos humanos, inegavelmente ciais menos favorecidos, e que impõem ao Estado uma
não fazer associação com a Revolução Francesa de 1789, obrigação de fazer, de prestar direitos positivos, como in
tendo em vista as diversas e boas mudanças políticas e verbis a saúde, educação e moradia. Baseiam-se na igual-
socioeconômico-jurídicas à época. dade material, ou seja, na redução de desigualdades, no
Assim, pode-se dizer que não há uma data ou perío- pressuposto de que não é suficiente possuir liberdade
do exato para o nascimento dos Direitos Humanos, mas sem a existência de condições mínimas para exercê-la.
diversos diplomas ou marcos históricos que se não os (CAVALCANTE FILHO, 2010, p. 12).
criaram, aumentaram a eficácia de tais direito fundamen- Na seara da terceira dimensão dos direitos funda-
tais para a vida humana. mentais se encontra em destaque fraternidade As pri-
meiras dimensões concentram direitos pertencentes ao
Direitos humanos e responsabilidade do Estado indivíduo, não possuindo foco na coletividade. Entretan-
to, os direitos relacionados à fraternidade possuem foco
O Estado é responsável pela garantia dos direitos hu- coletivo, como direito ambiental e consumerista. (LAZA-
manos de seu povo. Certo é que os direitos humanos e RI, 2017, p. 375).
fundamentais são universais, inalienáveis, imprescritíveis, Deste modo, vimos que a responsabilidade do Esta-
irrenunciáveis, invioláveis, indivisíveis, interdependentes do varia de acordo com a dimensão em que o direito se
e inexauríveis. encontra.
No que se refere à classificação dos direitos funda-
mentais, importante tema para entender a responsabi- Direitos humanos na Constituição Federal
lidade do Estado, tem-se a ideia do publicista alemão
Georg Jellinek, que concebeu a classificação doutrinária Como visto no primeiro tópico, os Direitos Humanos
dos “status”. Para ele, a relação entre o homem e o Es- na Constituição são os conhecidos Direitos Fundamen-
DIREITOS HUMANOS

tado haveria o “status”, a saber, “ status subjectionis”, o tais, incluindo-se, logicamente, os Direitos Fundamentais
qual seria a relação de sujeição ao Estado, o “status ne- Sociais. Consta rememorar que eles são cláusulas pé-
gativus”, qual seria a relação de defesa contra o Estado, treas, não podendo ser abolidos ou flexibilizados.
o “status positivus”, qual seria a possibilidade de se exi- Vejamos agora o estudo pautado na Constituição Fe-
gir algo do Estado e, por fim, o “status activus”, que re- deral de 1988
presenta a participação na formação da vontade estatal.
(JELLINEK, 2012).

2
Direitos e garantias fundamentais; Direitos e de- 14. a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
veres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos o réu;
de nacionalidade. 15. a lei punirá qualquer discriminação atentatória
dos direitos e liberdades fundamentais;
Os direitos fundamentais são os direitos huma- 16. a prática do racismo constitui crime inafiançável e
nos positivados na Constituição Federal de 1988, os imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
quais devem ser garantidos e protegidos pelo Estado. da lei;
No tocante as garantias fundamentais, elas são uma 17. não haverá penas:
forma ou, até mesmo um instrumento, para garantir a - de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
efetivação dos direitos. A Carta Magma ampliou a pro- termos do art. 84, XIX;
teção aos direitos fundamentais e por isso ficou conheci- - de caráter perpétuo;
da como Constituição cidadã. - de trabalhos forçados;
Os direitos e garantias fundamentais possuem aplica- - de banimento;
bilidade imediata, isto é, a existência deles é suficiente- - cruéis;
mente para produzirem os devidos efeitos. Eles estão tu- 18. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
telados no Título II da Constituição Federal, nos art. 5º por meios ilícitos;
ao 17. Ainda assim, destaca-se que os direitos citados 19. ninguém será considerado culpado até o trânsito
nesses artigos não proíbem a existência de outros. em julgado de sentença penal condenatória;
O art. 5º é um dos artigos mais importantes do texto 20. o civilmente identificado não será submetido a
Constitucional, o qual protege a igualdade entre todos, identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
tutelando os direitos coletivos e os direitos individuais em lei;
nos seus 78 incisos. Vejamos alguns: 21. será admitida ação privada nos crimes de ação pú-
1. homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- blica, se esta não for intentada no prazo legal;
ções, nos termos desta Constituição; 22. a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
2. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
alguma coisa senão em virtude de lei; resse social o exigirem, DENTRE OUTROS.
3. ninguém será submetido a tortura nem a tratamen- 23. Ação de grupos armados, civis ou militares, contra
to desumano ou degradante; a ordem constitucional e o Estado Democrático; tortu-
4. é livre a manifestação do pensamento, sendo veda- ra e racismo constituem crimes inafiançáveis.
do o anonimato;
5. é assegurado o direito de resposta, proporcional ao Dos Direitos Sociais
agravo, além da indenização por dano material, mo-
ral ou à imagem; Conforme tutela a Constituição Federal de 1988
6. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, em seus artigos 6º ao 11º, os direitos sociais são todos
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos os direitos fundamentais/ básicos que devem ser
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de compartilhados por todos da sociedade, sem distinção
culto e a suas liturgias; de gênero, etnia, sexo, classe econômica, religião, e etc.
7. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de as- A finalidade e objetivo do direito social é buscar
sistência religiosa nas entidades civis e militares de sempre resolver as questões sociais. Isto é, todas
internação coletiva; as situações que representam as desigualdades da
8. ninguém será privado de direitos por motivo de sociedade, para que todas as pessoas tenham e vivam
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, com o mínimo de qualidade de vida e dignidade.
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
nativa, fixada em lei; #FicaDica
9. é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
Os direitos sociais são tutelados e protegi-
científica e de comunicação, independentemente de
dos pela Declaração Universal dos Direitos
censura ou licença;
Humanos (1948), sendo que, apenas neste
10. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
momento histórico (pós 2ª guerra mundial)
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
que o mundo começou a trabalhar com es-
denização pelo dano material ou moral decorrente de
ses direitos.
sua violação;
11. é livre a locomoção no território nacional em tem-
po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; O art. 6º da CF prevê que o direito a saúde, educação,
DIREITOS HUMANOS

12. todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, alimentação, trabalho, lazer, segurança, assistência,
em locais abertos ao público, independentemente de previdência, proteção a maternidade e a infância, dentre
autorização, desde que não frustrem outra reunião outros, são direitos essenciais e básicos que todos devem
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo ter.
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; O art. 7º da CF prevê os direitos dos trabalhadores,
13. não há crime sem lei anterior que o defina, nem seja eles rurais ou urbanos, todos possuem direitos
pena sem prévia cominação legal; como: seguro desemprego, FGTS, adicional noturno,

3
férias, 13º salário, repouso semanal remunerado, licença Os naturalizados são:
maternidade e paternidade, aposentadoria, aviso prévio, - os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
dentre outros. brasileira, exigidas aos originários de países de
Já o art. 8º da CF, tutela sobre os direitos e deveres língua portuguesa apenas residência por um ano
dos sindicatos, e o art. 9º protege o direito de greve dos ininterrupto e idoneidade moral;
trabalhadores. - os estrangeiros de qualquer nacionalidade residen-
Por fim, o 10º e 11 º tratam de direitos relacionados à tes na República Federativa do Brasil há mais de
participação do trabalhador em seus interesses. quinze anos ininterruptos e sem condenação penal,
desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Tanto os trabalhadores urbanos como os rurais tem
o direito a seguro-desemprego, em caso de desempre-
go involuntário, fundo de garantia do tempo de serviço, FIQUE ATENTO!
salário mínimo, fixado em lei, garantia de salário, décimo Os portugueses com residência permanen-
terceiro salário, remuneração do trabalho noturno supe- te no País, se houver reciprocidade em favor
rior à do diurno, salário-família para os seus dependen- dos brasileiros, serão atribuídos os direitos
tes, gozo de férias anuais, licença à gestante, aposenta- inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos
doria, proibição de qualquer discriminação no tocante a previstos nesta Constituição.
salário e critérios de admissão do trabalhador portador
de deficiência, proibição de distinção entre trabalho ma-
nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais res- Os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
pectivos, dentre outros. República, de Presidente da Câmara dos Deputados, de
Quanto ao sindicalismo, ninguém será obrigado a fi- Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo
liar-se ou a manter-se filiado a sindicato, é obrigatória a Tribunal Federal, da carreira diplomática e de oficial das
participação dos sindicatos nas negociações coletivas de Forças Armadas, são cargos que apenas os brasileiros
trabalho, é vedada a dispensa do empregado sindicaliza- NATO podem exercer.
do a partir do registro da candidatura a cargo de direção O brasileiro que tiver cancelada sua naturalização,
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer interesse nacional ou adquirir outra nacionalidade por
falta grave nos termos da lei e etc. naturalização voluntária, perderá a nacionalidade de
Ainda assim, importante informar que o Direito Co- brasileiro.
letivo compõe-se de direitos transindividuais de pessoas
que se conectam por uma relação jurídica, tendo base de
si mesmo ou com outro indivíduo, podendo as pessoas #FicaDica
ser determinadas ou determináveis.
As pessoas naturais que violam direitos hu-
Isto é, os Direitos Coletivos abrange todo o grupo da
manos continuam a gozar da proteção pre-
categoria que possuem uma relação jurídica já pré-exis-
vista nas normas que dispõem sobre direitos
tente ao dano ou a lesão, pois, esse direito irá tutelar esse
humanos.
grupo que já subsiste ao prejuízo e não os que não se
A jurisprudência da Corte Interamericana de
enquadram na relação.
Direitos Humanos reconhece a responsabili-
No tocante ao Direito Individual, estes são os interes-
dade do Estado por violações de direitos hu-
ses que têm a mesma origem e também a mesma cau-
manos não apenas como resultado de uma
sa. Eles acontecem de acordo com uma mesma situação
ação ou omissão a ele diretamente imputá-
que se aplica a cada um individualmente, e, ainda que
vel, mas também em virtude da falta de de-
contenham características “individuais”, no fim possuem
vida diligência do Estado em prevenir uma
origem comum.
violação cometida por particulares
Da Nacionalidade

Os brasileiros natos são: POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS


- os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
que de pais estrangeiros, desde que estes não es- Política nacional é o instrumento que instrui ações fu-
tejam a serviço de seu país; turas do governo, tentando alcançar o aperfeiçoamento
- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de de alguns assuntos essenciais para a sociedade. Delimi-
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a tando, a política nacional de direitos humanos, desen-
serviço da República Federativa do Brasil; volvida em 1985 e intensificada em 1995, é o principal
DIREITOS HUMANOS

- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe mecanismo de aperfeiçoamento dos direitos humanos
brasileira, desde que sejam registrados em reparti- em território nacional, a qual criou o programa nacional
ção brasileira competente, ou venham a residir na de direitos humanos, que procura orientar e estabelecer
República Federativa do Brasil antes da maioridade diretrizes para a efetivação dos direitos humanos.
e, alcançada esta, optem em qualquer tempo pela
nacionalidade brasileira;

4
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E OS TRATADOS IN- finitivo em 1947. A Liga das Nações possuía dois orga-
TERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS nismos autônomos, sendo a Organização Internacional
do Trabalho (OIT) e a Corte Permanente de Justiça Inter-
Acerca do assunto, destaca-se três pontos essenciais: nacional (CPJI).
a) As normas definidoras dos direitos e garantias fun- Por sua vez, a Organização Internacional do Traba-
damentais têm aplicação imediata, seja eles im- lho, agência da Liga das Nações Unidas, tem por missão
plícitos ou explícitos do artigo 5º da Constituição promover oportunidades para que homens e mulheres
Federal; possam ter acesso a um trabalho digno e produtivo, com
b) Os direitos e garantias expressos nesta Constitui- condições básicas, liberdade, equidade, segurança e dig-
ção não excluem outros decorrentes do regime e nidade. (OLIVEIRA, LAZARI, 2018, p. 193)
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de
internacionais em que a República Federativa do Versalhes, que colocou fim a Primeira Guerra Mundial.
Brasil seja parte. Conforme se observa, é a única agência do Sistema das
c) Os tratados e convenções internacionais sobre di- Nações Unidas com uma estrutura tripartite, composta
reitos humanos que forem aprovados, em cada de representantes de governos e de organizações de
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por empregadores e trabalhadores.
três quintos dos votos dos respectivos membros, Ademais, é responsável pela formulação e aplicação
serão equivalentes às emendas constitucionais. das normas internacionais do trabalho, composta por
convenções e recomendações.
Verifica-se, assim, o princípio da primazia dos direitos Registra-se que o Brasil é um dos membros funda-
humanos, posto que todos os direitos fundamentais, dores da OIT e participa da Conferência Internacional do
implícitos e explícitos, decorrentes da Constituição ou Trabalho desde sua primeira reunião, realizada em 1919.
não (até de tratados internacionais, considerados direitos Assim, tem-se que a OIT desempenha papel funda-
humanos), tem aplicabilidade imediata. mental na proteção dos direitos trabalhistas em âmbito
internacional, recebendo, inclusive, o Prêmio Nobel da
LIGA DAS NAÇÕES E ORGANIZAÇÃO INTERNACIO- Paz pelo trabalho desenvolvido (ano de 1969).
NAL DO TRABALHO (OIT)

A liga das nações, também conhecida como socie- EXERCÍCIOS COMENTADOS


dade das Nações, foi idealizada em 1919, em Versalhes,
nos subúrbios de Paris, onde as potências vencedoras da
Primeira Guerra Mundial - Inglaterra, França e Estados 1 Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PR Prova: CESPE
Unidos - uniram-se para negociar um acordo de paz. - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto
Observa-se que a divisão entre os vencedores dificul- Considerando-se o surgimento e a evolução dos direi-
taram o consenso e a paz, além de que os vencidos se re- tos fundamentais em gerações, é correto afirmar que o
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é
cusavam a assinar o imposto por esses vencedores, com
considerado, pela doutrina, direito de
a Alemanha tentando ludibriar as determinações do tra-
tado de Versalhes e a Áustria, Hungria, Bulgária e Turquia
a) primeira geração.
se recusando a aceitar as obrigações impostas. Apesar
b) segunda geração.
das dificuldades, todos assinaram ao final.
c) terceira geração.
Composto por um preâmbulo e 26 artigos, o pacto da
d) quarta geração.
Liga das Nações determinava objetivos, funcionamento,
estrutura e diversas áreas de atuação e influência, com Resposta: Letra C. Os direitos de terceira dimensão,
três organismos funcionais: ou geração, correspondem a fraternidade, estando o
a) a Assembleia, composta de todos os seus mem- direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
bros, na qual cada Estado era representado por interligado a esse direito pilar.
três delegados, porém com direito a um voto so-
mente; 2 - Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE
b) o Conselho, composto por membros permanen- - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
tes, sendo Estados Unidos (não chegou a ocupar A respeito do tratamento constitucional dos tratados in-
o seu lugar); Reino Unido, França, Japão, Itália e, ternacionais de direitos humanos, julgue o item que se
posteriormente, a Alemanha e a União Soviética. segue.
Importante destacar que havia membros não per- A hierarquia constitucional dos tratados internacionais
manentes, cujo até o Brasil fez participações; de direitos humanos depende de sua aprovação por três
c) a Administração, também conhecida como Secre- quintos dos membros de cada casa do Congresso Na-
DIREITOS HUMANOS

tariado Permanente, funcionava na sede da Liga cional.


das Nações, em Genebra. (OLIVEIRA, LAZARI, 2018,
p. 192) ( ) CERTO ( ) ERRADO

Por fim, ressalta-se que a Liga das Nações funcionou


entre 1920 e 1946, sendo que na sua 21ª sessão seus Resposta: Certo. Essa é a redação do disposto no arti-
bens foram transferidos para a ONU, encerrando por de- go 5º, parágrafo terceiro da Constituição Federal.

5
Assinale a alternativa correta:
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS/1948 a) I, II, V apenas
b) II, III, IV, apenas
c) II, IV apena
Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das d) III apenas
Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos Di- e) I, II, III apenas
reitos Humanos (resolução nº 217), considerado por mui-
tos o primeiro e principal documento de direitos huma- Resposta; Letra A. Vejamos os itens na forma correta:
nos em plano internacional, o qual fundamentou e deu I.Artigo 3° Todo indivíduo tem direito à vida, à liberda-
diretrizes para todo o sistema jurídico internacional, in- de e à segurança pessoal.  
fluenciando inclusive sistemas jurídicos nacionais, como II.Artigo 6° Todos os indivíduos têm direito ao reco-
o do Brasil. nhecimento, em todos os lugares, da sua personali-
Como visto na Teoria Geral dos Direitos Humanos, dade jurídica.
tais direitos são universais, bastando-se ser uma pessoa III. Todo ser humano acusado de um ato delituoso
humana para ser titular de tais direitos. tem o direito de ser presumido culpado(inocente) até
Importante destacar, historicamente, que a DUDH foi que a sua inocência tenha sido provada de acordo
elaborada em período pós guerra, com o objetivo que com a lei.
prover direitos humanos básicos, pautados na dignidade, IV. Todo ser em julgamento público pode ter assegu-
liberdade, igualdade, fraternidade, entre outros. radas todas as garantias necessárias à sua defesa de-
Destaca-se que a Declaração Universal não é um tra- pendendo do delito praticado.
tado internacional, não tendo, assim, força vinculante. V.Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em plena igual-
Porém, seus dispositivos estão contidos na noção soft dade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente
Law, visto que pautam as relações sociais no respeito à julgada por um tribunal independente e imparcial que
proteção dos direitos humanos. decida dos seus direitos e obrigações ou das razões
Não obstante, há quem declare que a DUDH é um de qualquer acusação em matéria penal que contra
costume internacional, declarado por meio do documen- ela seja deduzida.  
to alusivo acima, historicamente reconhecido, onde vá-
rios países fundamentaram suas constituições.
Por fim, sugere-se a leitura completa da Declara- CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
ção Universal de Direitos Humanos (DUDH), contida DIREITOS HUMANOS/1969 (PACTO DE SÃO
no seguinte link: https://nacoesunidas.org/wp-content/ JOSÉ DA COSTA RICA) (ART. 1° AO 32).
uploads/2018/10/DUDH.pdf.

A Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH;


EXERCÍCIO COMENTADO também conhecida como Pacto de San José da Costa
Rica) é um tratado internacional entre os países-mem-
bros da Organização dos Estados Americanos e que foi
1. Ano: 2018 Banca: IBFC Órgão: SEAP-MG Pro- subscrita durante a Conferência Especializada Intera-
va: IBFC - 2018 - SEAP-MG - Agente de Segurança mericana de Direitos Humanos, em 22 de novembro de
Penitenciário 1969, na cidade de San José da Costa Rica. Entrou em
vigor em 18 de julho de 1978, sendo atualmente uma das
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada bases do sistema interamericano de proteção dos Direi-
e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas tos Humanos.
(Resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948, destaca: Ressalta-se que há 82 artigos na CADH, porém, con-
forme edital, o certame cobrará apenas os primeiros 32,
I. Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à que dizem a respeito de:
segurança pessoal. 1- Obrigação de respeitar direitos;
II. Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os 2- Toda pessoa é ser humana;
lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. 3- Direito ao reconhecimento da personalidade jurí-
III. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o dica;
direito de ser presumido culpado até que a sua inocência 4- Direito à vida;
tenha sido provada de acordo com a lei. 5- Direito à integridade pessoal;
IV. Todo ser em julgamento público pode ter assegura- 6- Proibição da escravidão e da servidão;
das todas as garantias necessárias à sua defesa depen- 7- Proibição de prisão civil por não pagamento de dí-
DIREITOS HUMANOS

dendo do delito praticado. vidas, com exceção da obrigação alimentar;


V. Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a 8- Garantias Judiciais;
uma justa e pública audiência por parte de um tribunal 9- Legalidade e retroatividade da Lei;
independente e imparcial, para decidir seus direitos e 10- Direitos à indenização;
deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal 11- Proteção da honra e dignidade;
contra ele. 12- Liberdade de consciência e de religião;
13- Liberdade de pensamento e de expressão;

6
14- Direito de retificação ou resposta;
15- Direito de reunião; PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS
16- Liberdade de associação; CIVIS E POLÍTICOS/1966 (ART. 1° AO 271).
17- Proteção da família;
18- Direito ao nome;
19- Direitos da criança; Pacto Internacional dos Direitos Civis e
20- Direito à nacionalidade; Políticos (PIDCP) é um dos três instrumentos que
21- Direito à propriedade privada; constituem a Carta Internacional dos Direitos Humanos.
22- Direito de circulação e de residência; Os outros dois são a Declaração Universal dos Direitos
23- Direitos políticos; Humanos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos
24- Igualdade; Sociais e Culturais (PIDESC), vistos anteriormente.
25- Proteção judicial;
26- Desenvolvimento progressivo; O Brasil ratificou o referido pacto pelo Decreto nº
27- Suspensão de garantias; 592, de 6 de julho de 1992, nos seguintes termos:
28- Cláusula federal;
29 – Interpretação normativa; PARTE I
30- Alcance das restrições da Convenção; ARTIGO 1
31- Reconhecimento de outros direito s pela
convenção; 1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em
32- Correlação entre deveres e direitos; virtude desse direito, determinam livremente seu esta-
tuto político e asseguram livremente seu desenvolvi-
Segue o link para análise da íntegra do Pacto de mento econômico, social e cultural.
São José da Costa Rica http://www.pge.sp.gov.br/ 2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos
centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose. podem dispor livremente se suas riquezas e de seus
htm recursos naturais, sem prejuízo das obrigações decor-
rentes da cooperação econômica internacional, base-
ada no princípio do proveito mútuo, e do Direito Inter-
PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS nacional. Em caso algum, poderá um povo ser privado
ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS (ART. de seus meios de subsistência.
1° AO 15). 3. Os Estados Partes do presente Pacto, inclusive aque-
les que tenham a responsabilidade de administrar
territórios não-autônomos e territórios sob tutela, de-
O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais verão promover o exercício do direito à autodetermi-
e Culturais (PIDESC) é um tratado multilateral adotado nação e respeitar esse direito, em conformidade com
pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 16 de as disposições da Carta das Nações Unidas.
dezembro de 1966 e em vigor desde 3 de janeiro de 1976.
O acordo diz que seus membros devem trabalhar para PARTE II
a concessão de direitos econômicos, sociais e culturais ARTIGO 2
(DESC) para pessoas físicas, incluindo os direitos de
trabalho e o direito à saúde, além do direito à educação 1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-
e à um padrão de vida adequado. Em 2013, o pacto tinha -se a respeitar e garantir a todos os indivíduos que
160 membros e sete países, incluindo os Estados Unidos se achem em seu território e que estejam sujeitos a
da América, haviam assinado, mas ainda não ratificaram o sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente
tratado. Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça,
O PIDESC é parte da Carta Internacional dos Direitos cor, sexo. língua, religião, opinião política ou de outra
Humanos, juntamente com a Declaração Universal dos natureza, origem nacional ou social, situação econô-
Direitos Humanos (DUDH) e o Pacto Internacional dos mica, nascimento ou qualquer condição.
Direitos Civis e Políticos (PIDCP), incluindo o primeiro e o 2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra
segundo protocolos opcionais deste último. natureza destinadas a tornar efetivos os direitos reco-
O acordo é monitorado pelo Comitê da ONU sobre os nhecidos no presente Pacto, os Estados Partes do pre-
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais sente Pacto comprometem-se a tomar as providências
Importante destacar que o Decreto nº 591, de 6 de necessárias com vistas a adotá-las, levando em con-
julho de 1992, assinado por Fernando Collor, recebeu o sideração seus respectivos procedimentos constitucio-
referido Pacto em todos seus efeitos, posto que aprovado nais e as disposições do presente Pacto.
pelo Congresso Nacional. 3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-
DIREITOS HUMANOS

No mesmo sentido dos outros documentos de -se a:


direitos humanos estudados acima, o referido pacto a) Garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades
reafirma direitos econômicos, sociais e culturais. reconhecidos no presente Pacto tenham sido violados,
Por fim, sugere-se a leitura do pacto, até o 15º artigo, possa de um recurso efetivo, mesmo que a violência
conforme edital: http://www.unfpa.org.br/Arquivos/ tenha sido perpetra por pessoas que agiam no exercí-
pacto_internacional.pdf cio de funções oficiais;

7
b) Garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso PARTE III
terá seu direito determinado pela competente auto- ARTIGO 6
ridade judicial, administrativa ou legislativa ou por
qualquer outra autoridade competente prevista no or- 1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Esse
denamento jurídico do Estado em questão; e a desen- direito deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá
volver as possibilidades de recurso judicial; ser arbitrariamente privado de sua vida.
c) Garantir o cumprimento, pelas autoridades compe- 2. Nos países em que a pena de morte não tenha sido
tentes, de qualquer decisão que julgar procedente tal abolida, esta poderá ser imposta apenas nos casos de
recurso. crimes mais graves, em conformidade com legislação
vigente na época em que o crime foi cometido e que
ARTIGO 3 não esteja em conflito com as disposições do presen-
te Pacto, nem com a Convenção sobra a Prevenção e
Os Estados Partes no presente Pacto comprometem- a Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar
-se a assegurar a homens e mulheres igualdade no essa pena apenas em decorrência de uma sentença
gozo de todos os direitos civis e políticos enunciados transitada em julgado e proferida por tribunal com-
no presente Pacto. petente.
3. Quando a privação da vida constituir crime de
ARTIGO 4 genocídio, entende-se que nenhuma disposição do
presente artigo autorizará qualquer Estado Parte do
1. Quando situações excepcionais ameacem a exis- presente Pacto a eximir-se, de modo algum, do cum-
tência da nação e sejam proclamadas oficialmente, os primento de qualquer das obrigações que tenham
Estados Partes do presente Pacto podem adotar, na es- assumido em virtude das disposições da Convenção
trita medida exigida pela situação, medidas que sus- sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio.
pendam as obrigações decorrentes do presente Pacto, 4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir
desde que tais medidas não sejam incompatíveis com indulto ou comutação da pena. A anistia, o indulto ou
as demais obrigações que lhes sejam impostas pelo a comutação da pena poderá ser concedido em todos
Direito Internacional e não acarretem discriminação os casos.
alguma apenas por motivo de raça, cor, sexo, língua, 5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos
religião ou origem social. de crimes cometidos por pessoas menores de 18 anos,
2. A disposição precedente não autoriza qualquer sus- nem aplicada a mulheres em estado de gravidez.
pensão dos artigos 6, 7, 8 (parágrafos 1 e 2) 11, 15, 6. Não se poderá invocar disposição alguma do pre-
16, e 18. sente artigo para retardar ou impedir a abolição da
3. Os Estados Partes do presente Pacto que fizerem pena de morte por um Estado Parte do presente Pacto.
uso do direito de suspensão devem comunicar imedia-
tamente aos outros Estados Partes do presente Pacto, ARTIGO 7
por intermédio do Secretário-Geral da Organização
das Nações Unidas, as disposições que tenham sus- Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a pe-
pendido, bem como os motivos de tal suspensão. Os nas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes.
Estados partes deverão fazer uma nova comunicação, Será proibido sobretudo, submeter uma pessoa, sem
igualmente por intermédio do Secretário-Geral da Or- seu livre consentimento, a experiências médias ou
ganização das Nações Unidas, na data em que termi- cientificas.
nar tal suspensão.
ARTIGO 8
ARTIGO 5
1. Ninguém poderá ser submetido á escravidão; a es-
1. Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser cravidão e o tráfico de escravos, em todos as suas for-
interpretada no sentido de reconhecer a um Estado, mas, ficam proibidos.
grupo ou indivíduo qualquer direito de dedicar-se a 2. Ninguém poderá ser submetido à servidão.
quaisquer atividades ou praticar quaisquer atos que 3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar traba-
tenham por objetivo destruir os direitos ou liberdades lhos forçados ou obrigatórios;
reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhe limita- b) A alínea a) do presente parágrafo não poderá ser
ções mais amplas do que aquelas nele previstas. interpretada no sentido de proibir, nos países em que
2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão certos crimes sejam punidos com prisão e trabalhos
dos direitos humanos fundamentais reconhecidos ou forçados, o cumprimento de uma pena de trabalhos
vigentes em qualquer Estado Parte do presente Pacto forçados, imposta por um tribunal competente;
DIREITOS HUMANOS

em virtude de leis, convenções, regulamentos ou cos- c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão
tumes, sob pretexto de que o presente Pacto não os considerados “trabalhos forçados ou obrigatórios”:
reconheça ou os reconheça em menor grau. i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea
b) normalmente exigido de um individuo que tenha
sido encarcerado em cumprimento de decisão judicial
ou que, tendo sido objeto de tal decisão, ache-se em
liberdade condicional;

8
ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos países em ARTIGO 12
que se admite a isenção por motivo de consciência,
qualquer serviço nacional que a lei venha a exigir da- 1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de
queles que se oponham ao serviço militar por motivo um Estado terá o direito de nele livremente circular e
de consciência; escolher sua residência.
iii) qualquer serviço exigido em casos de emergência 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de
ou de calamidade que ameacem o bem-estar da co- qualquer país, inclusive de seu próprio país.
munidade; 3. os direitos supracitados não poderão em lei e no
iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das intuito de restrições, a menos que estejam previstas
obrigações cívicas normais. em lei e no intuito de proteger a segurança nacional
e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem como os
ARTIGO 9 direitos e liberdades das demais pessoas, e que sejam
compatíveis com os outros direitos reconhecidos no
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à seguran- presente Pacto.
ça pessoais. Ninguém poderá ser preso ou encarcera- 4. Ninguém poderá ser privado arbitrariamente do di-
do arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de reito de entrar em seu próprio país.
liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em
conformidade com os procedimentos nela estabeleci- ARTIGO 13
dos.
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada Um estrangeiro que se ache legalmente no território
das razões da prisão e notificada, sem demora, das de um Estado Parte do presente Pacto só poderá dele
acusações formuladas contra ela. ser expulso em decorrência de decisão adotada em
3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude conformidade com a lei e, a menos que razões impe-
de infração penal deverá ser conduzida, sem demora, rativas de segurança nacional a isso se oponham, terá
à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada a possibilidade de expor as razões que militem contra
por lei a exercer funções judiciais e terá o direito de ser sua expulsão e de ter seu caso reexaminado pelas au-
julgada em prazo razoável ou de ser posta em liber- toridades competentes, ou por uma ou varias pessoas
dade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam especialmente designadas pelas referidas autoridades,
julgamento não deverá constituir a regra geral, mas e de fazer-se representar com esse objetivo.
a soltura poderá estar condicionada a garantias que
assegurem o comparecimento da pessoa em questão à ARTIGO 14
audiência, a todos os atos do processo e, se necessário
for, para a execução da sentença. 1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade as cortes de justiça. Toda pessoa terá o direito de ser
por prisão ou encarceramento terá o direito de recor- ouvida publicamente e com devidas garantias por um
rer a um tribunal para que este decida sobre a legisla- tribunal competente, independente e imparcial, esta-
ção de seu encarceramento e ordene sua soltura, caso belecido por lei, na apuração de qualquer acusação
a prisão tenha sido ilegal. de caráter penal formulada contra ela ou na determi-
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarcera- nação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A
mento ilegais terá direito à repartição. imprensa e o público poderão ser excluídos de parte
da totalidade de um julgamento, quer por motivo de
ARTIGO 10 moral pública, de ordem pública ou de segurança na-
cional em uma sociedade democrática, quer quando
1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser o interesse da vida privada das Partes o exija, que na
tratada com humanidade e respeito à dignidade ine- medida em que isso seja estritamente necessário na
rente à pessoa humana. opinião da justiça, em circunstâncias específicas, nas
2. a) As pessoas processadas deverão ser separadas, quais a publicidade venha a prejudicar os interesses
salvo em circunstâncias excepcionais, das pessoas da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida
condenadas e receber tratamento distinto, condizente em matéria penal ou civil deverá torna-se pública, a
com sua condição de pessoa não-condenada. menos que o interesse de menores exija procedimento
b) As pessoas processadas, jovens, deverão ser sepa- oposto, ou processo diga respeito à controvérsia ma-
radas das adultas e julgadas o mais rápido possível. trimoniais ou à tutela de menores.
3. O regime penitenciário consistirá num tratamento 2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que
cujo objetivo principal seja a reforma e a reabilitação se presuma sua inocência enquanto não for legalmen-
normal dos prisioneiros. Os delinquentes juvenis de- te comprovada sua culpa.
DIREITOS HUMANOS

verão ser separados dos adultos e receber tratamento 3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em
condizente com sua idade e condição jurídica. plena igualmente, a, pelo menos, as seguintes garan-
tias:
ARTIGO 11 a) De ser informado, sem demora, numa língua que
compreenda e de forma minuciosa, da natureza e dos
Ninguém poderá ser preso apenas por não poder motivos da acusação contra ela formulada;
cumprir com uma obrigação contratual.

9
b) De dispor do tempo e dos meios necessários à pre- ARTIGO 17
paração de sua defesa e a comunicar-se com defensor
de sua escolha; 1. Ninguém poderá ser objetivo de ingerências arbi-
c) De ser julgado sem dilações indevidas; trárias ou ilegais em sua vida privada, em sua família,
d) De estar presente no julgamento e de defender-se em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de
pessoalmente ou por intermédio de defensor de sua ofensas ilegais às suas honra e reputação.
escolha; de ser informado, caso não tenha defensor, do 2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra
direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interes- essas ingerências ou ofensas.
se da justiça assim exija, de ter um defensor designa-
do ex-offício gratuitamente, se não tiver meios para ARTIGO 18
remunerá-lo;
e) De interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de 1. Toda pessoa terá direito a liberdade de pensamento,
acusação e de obter o comparecimento ao interroga- de consciência e de religião. Esse direito implicará a li-
tório das testemunhas de defesa nas mesmas condi- berdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença
ções de que dispõem as de acusação; de sua escolha e a liberdade de professar sua religião
f) De ser assistida gratuitamente por um intérprete, ou crença, individual ou coletivamente, tanto pública
caso não compreenda ou não fale a língua empregada como privadamente, por meio do culto, da celebração
durante o julgamento; de ritos, de práticas e do ensino.
g) De não ser obrigada a depor contra si mesma, nem 2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coerciti-
a confessar-se culpada. vas que possam restringir sua liberdade de ter ou de
4. O processo aplicável a jovens que não sejam maio- adotar uma religião ou crença de sua escolha.
res nos termos da legislação penal em conta a idade 3. A liberdade de manifestar a própria religião ou
dos menos e a importância de promover sua reinte- crença estará sujeita apenas à limitações previstas em
gração social. lei e que se façam necessárias para proteger a segu-
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá rança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os
direito de recorrer da sentença condenatória e da pena direitos e as liberdades das demais pessoas.
a uma instância superior, em conformidade com a lei. 4. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-
6. Se uma sentença condenatória passada em julgado -se a respeitar a liberdade dos pais e, quando for o
for posteriormente anulada ou se um indulto for con- caso, dos tutores legais - de assegurar a educação reli-
cedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos novos giosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas
que provem cabalmente a existência de erro judicial, próprias convicções.
a pessoa que sofreu a pena decorrente desse condena-
ção deverá ser indenizada, de acordo com a lei, a me- ARTIGO 19
nos que fique provado que se lhe pode imputar, total
ou parcialmente, a não revelação dos fatos desconhe- 1. ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.
cidos em tempo útil. 2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão;
7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um esse direito incluirá a liberdade de procurar, receber
delito pelo qual já foi absorvido ou condenado por e difundir informações e idéias de qualquer natureza,
sentença passada em julgado, em conformidade com independentemente de considerações de fronteiras,
a lei e os procedimentos penais de cada país. verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou
artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha.
ARTIGO 15 3. O exercício do direito previsto no parágrafo 2 do
presente artigo implicará deveres e responsabilidades
1. Ninguém poderá ser condenado por atos omissões especiais. Consequentemente, poderá estar sujeito a
que não constituam delito de acordo com o direito na- certas restrições, que devem, entretanto, ser expres-
cional ou internacional, no momento em que foram samente previstas em lei e que se façam necessárias
cometidos. Tampouco poder-se-á impor pena mais para:
grave do que a aplicável no momento da ocorrência a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das
do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei esti- demais pessoas;
pular a imposição de pena mais leve, o delinquente b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou
deverá dela beneficiar-se. a moral públicas.
2. Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o
julgamento ou a condenação de qualquer indivíduo ARTIGO 20
por atos ou omissões que, momento em que forma
cometidos, eram considerados delituosos de acordo 1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor
DIREITOS HUMANOS

com os princípios gerais de direito reconhecidos pela da guerra.0707


comunidade das nações. 2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio na-
cional, racial ou religioso que constitua incitamento à
ARTIGO 16 discriminação, à hostilidade ou a violência.

Toda pessoa terá direito, em qualquer lugar, ao reco-


nhecimento de sua personalidade jurídica.

10
ARTIGO 21 ARTIGO 25

O direito de reunião pacifica será reconhecido. O exer- Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem
cício desse direito estará sujeito apenas às restrições qualquer das formas de discriminação mencionadas
previstas em lei e que se façam necessárias, em uma no artigo 2 e sem restrições infundadas:
sociedade democrática, no interesse da segurança na- a) de participar da condução dos assuntos públicos,
cional, da segurança ou da ordem pública, ou para diretamente ou por meio de representantes livremente
proteger a saúde ou a moral pública ou os direitos e escolhidos;
as liberdades das demais pessoas. b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, au-
tênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário
ARTIGO 22 e por voto secreto, que garantam a manifestação da
vontade dos eleitores;
1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às
a outras, inclusive o direito de construir sindicatos e funções públicas de seu país.
de a eles filiar-se, para a proteção de seus interesses.
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas ás ARTIGO 26
restrições previstas em lei e que se façam necessárias,
em uma sociedade democrática, no interesse da se- Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito,
gurança nacional, da segurança e da ordem públicas, sem discriminação alguma, a igual proteção da Lei. A
ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os este respeito, a lei deverá proibir qualquer forma de
direitos e liberdades das demais pessoas. O presente discriminação e garantir a todas as pessoas proteção
artigo não impedirá que se submeta a restrições le- igual e eficaz contra qualquer discriminação por mo-
gais o exercício desse direito por membros das forças tivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião políti-
armadas e da polícia. ca ou de outra natureza, origem nacional ou social,
situação econômica, nascimento ou qualquer outra
3. Nenhuma das disposições do presente artigo per-
situação.
mitirá que Estados Partes da Convenção de 1948 da
Organização Internacional do Trabalho, relativa à li-
ARTIGO 27
berdade sindical e à proteção do direito sindical, ve-
nham a adotar medidas legislativas que restrinjam
Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas
ou aplicar a lei de maneira a restringir as garantias
ou linguísticas, as pessoas pertencentes a essas mino-
previstas na referida Convenção.
rias não poderão ser privadas do direito de ter, conjun-
tamente com outros membros de seu grupo, sua pró-
ARTIGO 23 pria vida cultural, de professar e praticar sua própria
religião e usar sua própria língua.
1. A família é o elemento natural e fundamental da
sociedade e terá o direito de ser protegida pela socie- PARTE IV
dade e pelo Estado. ARTIGO 28
2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher
de, em idade núbil, contrair casamento e constituir fa- 1. Constituir-se-á um Comitê de Diretores Humanos
mília. (doravante denominado o “Comitê” no presente Pac-
3. Casamento algum será celebrado sem o consenti- to). O Comitê será composto de dezoito membros e
mento livre e pleno dos futuros esposos. desempenhará as funções descritas adiante.
4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar 2. O Comitê será integrado por nacionais dos Estados
as medidas apropriadas para assegurar a igualdade Partes do presente Pacto, os quais deverão ser pessoas
de direitos e responsabilidades dos esposos quanto ao de elevada reputação moral e reconhecida competên-
casamento, durante o mesmo e por ocasião de sua cia em matéria de direito humanos, levando-se em
dissolução. Em caso de dissolução, deverão adotar-se consideração a utilidade da participação de algumas
disposições que assegurem a proteção necessária para pessoas com experiências jurídicas.
os filhos. 3. Os membros do Comitê serão eleitos e exercerão
suas funções a título pessoal.
ARTIGO 24
ARTIGO 29
1. Toda criança terá direito, sem discriminação algu-
ma por motivo de cor, sexo, língua, religião, origem 1. Os membros do Comitê serão eleitos em votação
nacional ou social, situação econômica ou nascimen- secreta dentre uma lista de pessoas que preencham os
DIREITOS HUMANOS

to, às medidas de proteção que a sua condição de me- requisitos previstos no artigo 28 e indicados, com esse
nor requerer por parte de sua família, da sociedade e objetivo, pelos Estados Partes do presente Pacto.
do Estado. 2. Cada Estado Parte no presente Pacto poderá indicar
2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente duas pessoas. Essas pessoas deverão ser nacionais do
após seu nascimento e deverá receber um nome. Estado que as indicou.
3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacio- 3. A mesma pessoa poderá ser indicada mais de uma
nalidade. vez.

11
ARTIGO 30 Unidas, que declarará vago o lugar desde a data da
morte ou daquela em que a renúncia passe a produzir
1. A primeira eleição realizar-se-á no máximo seis efeitos.
meses após a data de entrada em vigor do presente
Pacto. ARTIGO 34
2. Ao menos quatro meses antes da data de cada elei-
ção do Comitê, e desde que seja uma eleição para pre- 1. Quando uma vaga for declarada nos termos do ar-
encher uma vaga declarada nos termos do artigo 34, tigo 33 e o mandato do membro a ser substituído não
o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas expirar no prazo de seis messes a conta da data em
convidará, por escrito, os Estados Partes do presente que tenha sido declarada a vaga, o Secretário-Geral
Protocolo a indicar, no prazo de três meses, os candi- da Organização das Nações Unidas comunicará tal
datos a membro do Comitê. fato aos Estados Partes do presente Pacto, que poderá,
3. O Secretário-Geral da Organização das Nações no prazo de dois meses, indicar candidatos, em con-
Unidas organizará uma lista por ordem alfabética de formidade com o artigo 29, para preencher a vaga.
todos os candidatos assim designados, mencionando 2. O Secretário-Geral da Organização das Nações
os Estados Partes que os tiverem indicado, e a comuni- Unidas organizará uma lista por ordem alfabética dos
cará aos Estados Partes o presente Pacto, no Maximo candidatos assim designados e a comunicará aos Es-
um mês antes da data de cada eleição. tados Partes do presente Pacto. A eleição destinada
4. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões a preencher tal vaga será realizada nos termos das
dos Estados Partes convocados pelo Secretário-Geral disposições pertinentes desta parte do presente Pacto.
da Organização das Nações Unidas na sede da Orga- 3. Qualquer membro do Comitê eleito para preencher
nização. Nessas reuniões, em que o quorum será esta- uma vaga em conformidade com o artigo 33 fará par-
belecido por dois terços dos Estados Partes do presente te do Comitê durante o restante do mandato do mem-
Pacto, serão eleitos membros do Comitê os candidatos bro que deixar vago o lugar do Comitê, nos termos do
que obtiverem o maior número de votos e a maio- referido artigo.
ria absoluta dos votos dos representantes dos Estados
Partes presentes e votantes. ARTIGO 35

ARTIGO 31 Os membros do Comitê receberão, com a aprovação


da Assembleia-Geral da Organização das Nações, ho-
1. O Comitê não poderá ter mais de uma nacional de norários provenientes de recursos da Organização das
um mesmo Estado. Nações Unidas, nas condições fixadas, considerando-
2. Nas eleições do Comitê, levar-se-ão em conside- -se a importância das funções do Comitê, pela Assem-
ração uma distribuição geográfica equitativa e uma bleia-Geral.
representação das diversas formas de civilização, bem
como dos principais sistemas jurídicos. ARTIGO 36

ARTIGO 32 O Secretário-Geral da Organização das Nações Uni-


das colocará à disposição do Comitê o pessoal e os
1. Os membros do Comitê serão eleitos para um man- serviços necessários ao desempenho eficaz das fun-
dato de quatro anos. Poderão, caso suas candidatu- ções que lhe são atribuídas em virtude do presente
ras sejam apresentadas novamente, ser reeleitos. En- Pacto.
tretanto, o mandato de nove dos membros eleitos na
primeira eleição expirará ao final de dois anos; ime- ARTIGO 37
diatamente após a primeira eleição, o presidente da
reunião a que se refere o parágrafo 4 do artigo 30 1. O Secretário-Geral da Organização das Nações
indicará, por sorteio, os nomes desses nove membros. Unidas convocará os Membros do Comitê para a pri-
2. Ao expirar o mandato dos membros, as eleições se meira reunião, a realizar-se na sede da Organização.
realizarão de acordo com o disposto nos artigos pre- 2. Após a primeira reunião, o Comitê deverá reunir-
cedentes desta parte do presente Pacto. -se em todas as ocasiões previstas em suas regras de
procedimento.
ARTIGO 33 3. As reuniões do Comitê serão realizadas normal-
mente na sede da Organização das Nações Unidas ou
1.Se, na opinião unânime dos demais membros, um no Escritório das Nações Unidas em Genebra.
membro do Comitê deixar de desempenhar suas fun-
DIREITOS HUMANOS

ções por motivos distintos de uma ausência temporá- ARTIGO 38


ria, o Presidente comunicará tal fato ao Secretário-Ge-
ral da Organização das Nações Unidas, que declarará Todo Membro do Comitê deverá, antes de iniciar suas
vago o lugar que o referido membro ocupava. funções, assumir, em sessão pública, o compromisso
2. Em caso de morte ou renúncia de um membro do solene de que desempenhará suas funções imparciais
Comitê, o Presidente comunicará imediatamente tal e conscientemente.
fato ao Secretário-Geral da Organização das Nações

12
ARTIGO 39 As comunicações recebidas em virtude do presente ar-
tigo estarão sujeitas ao procedimento que se segue:
1. O Comitê elegerá sua mesa para um período de a) Se um Estado Parte do presente Pacto considerar
dois anos. Os membros da mesa poderão ser reeleitos. que outro Estado Parte não vem cumprindo as dis-
2. O próprio Comitê estabelecerá suas regras de pro- posições do presente Pacto poderá, mediante comuni-
cedimento; estas, contudo, deverão conter, entre ou- cação escrita, levar a questão ao conhecimento deste
tras, as seguintes disposições: Estado Parte. Dentro do prazo de três meses, a contar
a) O quorum será de doze membros; da data do recebimento da comunicação, o Estado
b) As decisões do Comitê serão tomadas por maioria destinatário fornecerá ao Estado que enviou a comu-
de votos dos membros presentes. nicação explicações ou quaisquer outras declarações
por escrito que esclareçam a questão, as quais deverão
ARTIGO 40 fazer referência, até onde seja possível e pertinente,
aos procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos
1. Os Estados partes do presente Pacto comprometem- adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a questão;
-se a submeter relatórios sobre as medidas por eles b) Se, dentro do prazo de seis meses, a contar da data
adotadas para tornar efeitos os direitos reconhecidos do recebimento da comunicação original pelo Estado
no presente Pacto e sobre o processo alcançado no destinatário, a questão não estiver dirimida satisfato-
gozo desses direitos: riamente para ambos os Estados partes interessados,
a) Dentro do prazo de um ano, a contar do início da tanto um como o outro terão o direito de submetê-la
vigência do presente pacto nos Estados Partes inte- ao Comitê, mediante notificação endereçada ao Co-
ressados; mitê ou ao outro Estado interessado;
b) A partir de então, sempre que o Comitê vier a so- c) O Comitê tratará de todas as questões que se lhe
licitar. submetem em virtude do presente artigo somente
2. Todos os relatórios serão submetidos ao Secretário- após ter-se assegurado de que todos os recursos jurí-
-Geral da Organização das Nações Unidas, que os dicos internos disponíveis tenham sido utilizados e es-
encaminhará, para exame, ao Comitê. Os relatórios gotados, em consonância com os princípios do Direito
deverão sublinhar, caso existam, os fatores e as dificul-
Internacional geralmente reconhecidos. Não se apli-
dades que prejudiquem a implementação do presente
cará essa regra quanto a aplicação dos mencionados
Pacto.
recursos prolongar-se injustificadamente;
3. O Secretário-Geral da Organização das Nações
d) O Comitê realizará reuniões confidencias quando
Unidas poderá, após consulta ao Comitê, encaminhar
estiver examinando as comunicações previstas no pre-
às agências especializadas interessadas cópias das
sente artigo;
partes dos relatórios que digam respeito a sua esfera
e) Sem prejuízo das disposições da alínea c) Comitê
de competência.
colocará seus bons Ofícios dos Estados Partes interes-
4. O Comitê estudará os relatórios apresentados pe-
los Estados Partes do presente Pacto e transmitirá aos sados no intuito de alcançar uma solução amistosa
Estados Partes seu próprio relatório, bem como os co- para a questão, baseada no respeito aos direitos hu-
mentários gerais que julgar oportunos. O Comitê po- manos e liberdades fundamentais reconhecidos no
derá igualmente transmitir ao Conselho Econômico e presente Pacto;
Social os referidos comentários, bem como cópias dos f) Em todas as questões que se submetam em virtude
relatórios que houver recebido dos Estados Partes do do presente artigo, o Comitê poderá solicitar aos Es-
presente Pacto. tados Partes interessados, a que se faz referencia na
5. Os Estados Partes no presente Pacto poderão sub- alínea b) , que lhe forneçam quaisquer informações
meter ao Comitê as observações que desejarem for- pertinentes;
mular relativamente aos comentários feitos nos ter- g) Os Estados Partes interessados, a que se faz referên-
mos do parágrafo 4 do presente artigo. cia na alínea b), terão direito de fazer-se representar
quando as questões forem examinadas no Comitê e
ARTIGO 41 de apresentar suas observações verbalmente e/ou por
escrito;
1. Com base no presente Artigo, todo Estado Parte do h) O Comitê, dentro dos doze meses seguintes à data
presente Pacto poderá declarar, a qualquer momento, de recebimento da notificação mencionada na alínea
que reconhece a competência do Comitê para receber b), apresentará relatório em que:
e examinar as comunicações em que um Estado Parte (i se houver sido alcançada uma solução nos termos
alegue que outro Estado Parte não vem cumprindo as da alínea e), o Comitê restringir-se-á, em relatório, a
obrigações que lhe impõe o presente Pacto. As refe- uma breve exposição dos fatos e da solução alcança-
DIREITOS HUMANOS

ridas comunicações só serão recebidas e examinadas da.


nos termos do presente artigo no caso de serem apre- (ii se não houver sido alcançada solução alguma nos
sentadas por um Estado Parte que houver feito uma termos da alínea e), o Comitê, restringir-se-á, em seu
declaração em que reconheça, com relação a si pró- relatório, a uma breve exposição dos fatos; serão ane-
prio, a competência do Comitê. O Comitê não recebe- xados ao relatório o texto das observações escritas e as
rá comunicação alguma relativa a um Estado Parte atas das observações orais apresentadas pelos Estados
que não houver feito uma declaração dessa natureza. Parte interessados.

13
Para cada questão, o relatório será encaminhado aos 7. Após haver estudado a questão sob todos os seus
Estados Partes interessados. aspectos, mas, em qualquer caso, no prazo de doze
2. As disposições do presente artigo entrarão em vigor meses após dela tomado conhecimento, a Comissão
a partir do momento em que dez Estados Partes do apresentará um relatório ao Presidente do Comitê,
presente Pacto houverem feito as declarações men- que o encaminhará aos Estados Partes interessados:
cionadas no parágrafo 1 desde artigo. As referidas de- a) Se a Comissão não puder terminar o exame da
clarações serão depositados pelos Estados Partes jun- questão, restringir-se-á, em seu relatório, a uma breve
to ao Secretário-Geral das Organizações das Nações exposição sobre o estágio em que se encontra o exame
Unidas, que enviará cópias das mesmas aos demais da questão;
Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a b) Se houver sido alcançado uma solução amistosa
qualquer momento, mediante notificação endereçada para a questão, baseada no respeito dos direitos hu-
ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada sem preju- manos reconhecidos no presente Pacto, a Comissão
ízo do exame de quaisquer questões que constituam restringir-se-á, em relatório, a uma breve exposição
objeto de uma comunicação já transmitida nos ter- dos fatos e da solução alcançada;
mos deste artigo; em virtude do presente artigo, não c) Se não houver sido alcançada solução nos termos
se receberá qualquer nova comunicação de um Estado da alínea b) a Comissão incluirá no relatório suas
Parte uma vez que o Secretário-Geral tenha recebido conclusões sobre os fatos relativos à questão debati-
a notificação sobre a retirada da declaração, a menos da entre os Estados Partes interessados, assim como
que o Estado Parte interessado haja feito uma nova sua opinião sobre a possibilidade de solução amisto-
declaração. sa para a questão, o relatório incluirá as observações
escritas e as atas das observações orais feitas pelos
ARTIGO 42 Estados Partes interessados;
d) Se o relatório da Comissão for apresentado nos ter-
1. a) Se uma questão submetida ao Comitê, nos termos mos da alínea c), os Estados Partes interessados co-
municarão, no prazo de três meses a contar da data
do artigo 41, não estiver dirimida satisfatoriamente
do recebimento do relatório, ao Presidente do Comitê
para os Estados Partes interessados, o Comitê poderá,
se aceitam ou não os termos do relatório da Comissão.
com o consentimento prévio dos Estados Partes inte-
8. As disposições do presente artigo não prejudicarão
ressados, constituir uma Comissão ad hoc (doravante
as atribuições do Comitê previstas no artigo 41.
denominada “a Comissão”). A Comissão colocará seus
9. Todas as despesas dos membros da Comissão serão
bons ofícios à disposição dos Estados Partes interessa-
repartidas equitativamente entre os Estados Partes
dos no intuito de se alcançar uma solução amistosa
interessados, com base em estimativas a serem esta-
para a questão baseada no respeito ao presente Pacto. belecidas pelo Secretário-Geral da Organização das
b) A Comissão será composta de cinco membros desig- Nações Unidas.
nados com o consentimento dos Estados interessados. 10. O Secretário-Geral da Organização das Nações
Se os Estados Partes interessados não chegarem a um Unidas poderá caso seja necessário, pagar as despesas
acordo a respeito da totalidade ou de parte da com- dos membros da Comissão antes que sejam reembol-
posição da Comissão dentro do prazo de três meses, sadas pelos Estados Partes interessados, em conformi-
os membro da Comissão em relação aos quais não dade com o parágrafo 9 do presente artigo.
se chegou a acordo serão eleitos pelo Comitê, entre
os seus próprios membros, em votação secreta e por ARTIGO 43
maioria de dois terços dos membros do Comitê.
2. Os membros da Comissão exercerão suas funções Os membros do Comitê e os membros da Comissão de
a título pessoal. Não poderão ser nacionais dos Esta- Conciliação ad hoc que forem designados nos termos
dos interessados, nem de Estado que não seja Parte do artigo 42 terão direito às facilidades, privilégios e
do presente Pacto, nem de um Estado Parte que não imunidades que se concedem aos peritos no desempe-
tenha feito a declaração prevista no artigo 41. nho de missões para a Organização das Nações Uni-
3. A própria Comissão alegará seu Presidente e esta- das, em conformidade com as seções pertinentes da
belecerá suas regras de procedimento. Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações
4. As reuniões da Comissão serão realizadas normal- Unidas.
mente na sede da Organização das Nações Unidas ou
no escritório das Nações Unidas em Genebra. Entre- ARTIGO 44
tanto, poderão realizar-se em qualquer outro lugar
apropriado que a Comissão determinar, após consulta As disposições relativas à implementação do presente
ao Secretário-Geral da Organização das Nações Uni- Pacto aplicar-se-ão sem prejuízo dos procedimentos
das e aos Estados Partes interessados. instituídos em matéria de direito humanos pelos ou
DIREITOS HUMANOS

5. O secretariado referido no artigo 36 também pres- em virtude dos mesmos instrumentos constitutivos e
tará serviços às condições designadas em virtude do pelas Convenções da Organização das Nações Unidas
presente artigo. e das agências especializadas e não impedirão que os
6. As informações obtidas e coligidas pelo Comitê se- Estados Partes venham a recorrer a outros procedi-
rão colocadas à disposição da Comissão, a qual po- mentos para a solução de controvérsias em conformi-
derá solicitar aos Estados Partes interessados que lhe dade com os acordos internacionais gerias ou espe-
forneçam qualquer outra informação pertinente. ciais vigentes entre eles.

14
ARTIGO 45 ARTIGO 50

O Comitê submeterá a Assembléia-Geral, por inter- Aplicar-se-ão as disposições do presente Pacto, sem
médio do Conselho Econômico e Social, um relatório qualquer limitação ou exceção, a todas as unidades
sobre suas atividades. constitutivas dos Estados federativos.

PARTE V ARTIGO 51
ARTIGO 46
1. Qualquer Estado Parte do presente Pacto poderá
Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser propor emendas e depositá-las junto ao Secretário-
interpretada em detrimento das disposições da Carta -Geral da Organização das Nações Unidas. O Secretá-
das Nações Unidas e das constituições das agências rio-Geral comunicará todas as propostas de emenda
especializadas, as quais definem as responsabilidades aos Estados Partes do presente Pacto, pedindo-lhes
respectivas dos diversos órgãos da Organização das que o notifiquem se desejam que se convoque uma
Nações Unidas e das agências especializadas relativa- conferencia dos Estados Partes destinada a examinar
mente às questões tratadas no presente Pacto. as propostas e submetê-las a votação. Se pelo menos
um terço dos Estados Partes se manifestar a favor da
ARTIGO 47 referida convocação, o Secretário-Geral convocará a
conferência sob os auspícios da Organização das Na-
Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser in- ções Unidas. Qualquer emenda adotada pela maioria
terpretada em detrimento do direito inerente a todos dos Estados Partes presente e votantes na conferência
os povos de desfrutar e utilizar plena e livremente suas será submetida à aprovação da Assembléia-Geral das
riquezas e seus recursos naturais. Nações Unidas.
2. Tais emendas entrarão e, vigor quando aprovadas
PARTE VI pela Assembléia-Geral das Nações Unidas e aceitas
ARTIGO 48 em conformidade com seus respectivos procedimentos
constitucionais, por uma maioria de dois terços dos
1. O presente Pacto está aberto à assinatura de todos
Estados Partes no presente Pacto.
os Estados membros da Organização das Nações Uni-
3. Ao entrarem em vigor, tais emendas serão obrigató-
das ou membros de qualquer de suas agências espe-
rias para os Estados Partes que as aceitaram, ao passo
cializadas, de todo Estado Parte do Estatuto da Corte
que os demais Estados Partes permanecem obrigados
Internacional de Justiça, bem como de qualquer de
pelas disposições do presente Pacto e pelas emendas
suas agências especializadas, de todo Estado Parte do
anteriores por eles aceitas.
Estatuto da Corte Internacional de Justiça, bem como
de qualquer outro Estado convidado pela Assembleia-
-Geral a tornar-se Parte do presente Pacto. ARTIGO 52
2. O presente Pacto está sujeito à ratificação. Os ins-
trumentos de ratificação serão depositados junto ao Independentemente das notificações previstas no pa-
Secretário-Geral da Organização da Organização das rágrafo 5 do artigo 48, o Secretário-Geral da Organi-
Nações Unidas. zação das Nações Unidas comunicará a todos os Esta-
3. O presente Pacto está aberto à adesão de qualquer dos referidos no parágrafo 1 do referido artigo:
dos Estados mencionados no parágrafo 1 do presente a) as assinaturas, ratificações e adesões recebidas em
artigo. conformidade com o artigo 48;
4. Far-se-á a adesão mediante depósito do instrumen- b) a data de entrega em vigor do Pacto, nos termos do
to de adesão junto ao Secretário-Geral da Organiza- artigo 49, e a data, e a data em entrada em vigor de
ção das Nações Unidas. quaisquer emendas, nos termos do artigo 51.
5. O Secretário-Geral da Organização das Nações
Unidas informará todos os Estados que hajam assina- ARTIGO 53
do o presente Pacto ou a ele aderido do deposito de
cada instrumento de ratificação ou adesão. 1. O presente Pacto cujos textos em chinês, espanhol,
francês, inglês e russo são igualmente autênticos, será
ARTIGO 49 depositado nos arquivos da Organização das Nações
Unidas.
1. O presente Pacto entrará em vigor três meses após 2. O Secretário-Geral da Organização das Nações
a data do depósito, junto ao Secretário-Geral da Or- Unidas encaminhará cópias autênticas do presente
ganização das Nações Unidas, do trigésimo-quinto Pacto a todos os Estados mencionados no artigo 48.
DIREITOS HUMANOS

instrumento de ratificação ou adesão. Em fé do quê, os abaixo-assinados, devidamente au-


2. Para os Estados que vierem a ratificar o presente torizados por seus respectivos Governos, assinaram o
Pacto ou a ele aderir após o deposito do trigésimo- presente Pacto, aberto à assinatura em Nova York, aos
-quinto instrumento de ratificação ou adesão, o pre- 19 dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos
sente Pacto entrará em vigor três meses após a data e sessenta e seis.
do deposito, pelo Estado em questão, de seu instru-
mento de ratificação ou adesão.

15
Discriminação contra as Mulheres e na Convenção sobre
DECLARAÇÃO DE PEQUIM ADOTADA PELA os Direitos da Criança, como também na Declaração
QUARTA CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres e na
AS MULHERES: AÇÃO PARA IGUALDADE, Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento;
DESENVOLVIMENTO E PAZ.
Assegurar a plena implementação dos direitos
humanos das mulheres e das meninas como parte
A referida conferência foi um encontro organizado inalienável, integral e indivisível de todos os direitos
pelas Nações Unidas, entre 4 de setembro e 15 de setembro humanos e liberdades fundamentais;
de 1995, em Pequim, na China, onde participaram 189
governos, com mais de 5.000 representantes de 2.100 Impulsionar o consenso e o progresso alcançados
ONGs. nas anteriores Conferências das Nações Unidas: sobre as
Tiveram como pauta principal o avanço e o Mulheres, em Nairóbi em 1985, sobre as Crianças, em New
empoderamento da mulher em relação aos direitos York em 1990, sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
humanos das mulheres; pobreza e mulher; tomada de no Rio de Janeiro em 1992, sobre Direitos Humanos, em
decisões feminina; criança do sexo feminino; e violência Viena em 1993, sobre População e Desenvolvimento,
contra a mulher. no Cairo em 1994 e sobre Desenvolvimento Social, em
Copenhagem em 1995, com os objetivos de atingir a
Vejamos:
igualdade, o desenvolvimento e a paz;
Nós, os Governos, participante da Quarta Conferência
Alcançar a plena e efetiva implementação das
Mundial sobre as Mulheres,
Estratégias de Nairóbi para o fortalecimento das Mulheres;
Reunidos aqui em Pequim, em setembro de 1995, no
ano do 50º aniversário de fundação das Nações Unidas,
O fortalecimento e o avanço das mulheres, incluindo o
direito à liberdade de pensamento, consciência, religião e
Determinados a promover os objetivos da igualdade, crença, o que contribui para a satisfação das necessidades
desenvolvimento e paz para todas as mulheres, em todos morais, éticas, espirituais e intelectuais de mulheres e
os lugares do mundo, no interesse de toda a humanidade, homens, individualmente ou em comunidade, de forma
a garantir-lhes a possibilidade de realizar seu pleno
Reconhecendo as aspirações de todas as mulheres do potencial na sociedade e organizar suas vidas de acordo
mundo inteiro e levando em consideração a diversidade com as suas próprias aspirações.
das mulheres, suas funções e circunstâncias, honrando Nós estamos convencidos de que:
as mulheres que têm aberto e construído um caminho O fortalecimento das mulheres e sua plena participação,
e inspirados pela esperança presente na juventude do em condições de igualdade, em todas as esferas sociais,
mundo, incluindo a participação nos processos de decisão e acesso
ao poder, são fundamentais para o alcance da igualdade,
Reconhecemos que o status das mulheres tem desenvolvimento e paz;
avançado em alguns aspectos importantes desde a década
passada; no entanto, este progresso tem sido heterogêneo, Os direitos das mulheres são direitos humanos;
desigualdades entre homens e mulheres têm persistido e
sérios obstáculos também, com consequências prejudiciais A igualdade de direitos, oportunidades e acesso aos
para o bem-estar de todos os povos, recursos, a distribuição equitativa das responsabilidades
familiares entre homens e mulheres e a harmônica associação
Reconhecemos ainda que esta situação é agravada entre eles são fundamentais para seu próprio bem-estar
pelo crescimento da pobreza que afeta a vida da maioria e de suas famílias, como também para a consolidação da
da população mundial, em particular das mulheres e democracia; A erradicação da pobreza baseada no crescimento
crianças, tendo origem tanto na esfera nacional, como na econômico sustentado, no desenvolvimento social, na proteção
esfera internacional, do meio ambiente e na justiça social, requer a participação das
mulheres no desenvolvimento econômico e social, a igualdade
Comprometemo-nos, sem qualquer reserva, a de oportunidades e a plena e equânime participação de
combater estas limitações e obstáculos e a promover o mulheres e homens como agentes beneficiários de um
avanço e o fortalecimento das mulheres em todo o mundo desenvolvimento sustentado, centrado na pessoa;
e concordamos que isto requer medidas e ações urgentes,
com espírito de determinação, esperança, cooperação e O reconhecimento explícito e a reafirmação do direito
solidariedade, agora e ao longo do próximo século. de todas as mulheres de controlar todos os aspectos de sua
saúde, em particular sua própria fertilidade, é básico para
DIREITOS HUMANOS

Nós reafirmamos o nosso compromisso relativo: seu fortalecimento;


À igualdade de direitos e à dignidade humana inerente
a mulheres e homens e aos demais propósitos e princípios A paz local, nacional, regional e global é alcançável
consagrados na Carta das Nações Unidas, na Declaração e está necessariamente relacionada com os avanços das
Universal dos Direitos Humanos e em outros instrumentos mulheres, que constituem uma força fundamental para a
internacionais de direitos humanos, em particular na liderança, a solução de conflitos e a promoção de uma paz
Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de duradoura em todos os níveis;

16
É indispensável formular, implementar e monitorar, com testes nucleares, que efetivamente contribua para o
a plena participação das mulheres, políticas e programas desarmamento nuclear e para a prevenção da proliferação
efetivos, eficientes e reforçadores do enfoque de gênero, de armas nucleares em todos os seus aspectos;
incluindo políticas de desenvolvimento e programas que
em todos os níveis busquem o fortalecimento e o avanço Prevenir e eliminar todas as formas de violência contra
das mulheres; mulheres e meninas;

A participação e contribuição de todos os atores da Assegurar a igualdade de acesso e a igualdade de


sociedade civil, particularmente de grupos e redes de tratamento de mulheres e homens na educação e saúde
mulheres e demais organizações não-governamentais e promover a saúde sexual e reprodutiva das mulheres e
e organizações comunitárias de base, com o pleno sua educação;
respeito de sua autonomia, em cooperação com os
Governos, é fundamental para a efetiva implementação e Promover e proteger todos os direitos humanos das
monitoramento da Plataforma de Ação; mulheres e das meninas;

A implementação da Plataforma de Ação exige o Intensificar os esforços para garantir o exercício, em


compromisso dos Governos e da comunidade internacional. igualdade de condições, de todos os direitos humanos e
Ao assumir compromissos de ação, no plano nacional e liberdades fundamentais para todas as mulheres e meninas
internacional, incluídos os compromissos firmados na que enfrentam múltiplas barreiras para seu fortalecimento
Conferência, os Governos e a comunidade internacional e avanços, em virtude de fatores como raça, idade, língua,
reconhecem a necessidade de priorizar a ação para o origem étnica, cultura, religião, incapacidade/deficiência,
alcance do fortalecimento e do avanço das mulheres. ou por integrar comunidades indígenas;
Nós estamos determinados a:
Intensificar esforços e ações para alcançar, até o Assegurar o respeito ao Direito Internacional, incluído
final deste século, os objetivos e estratégias de Nairóbi, o Direito Humanitário, no sentido de proteger as mulheres
orientados para os avanços das mulheres; e as meninas em particular;

Garantir o pleno exercício de todos os direitos humanos Desenvolver o pleno potencial de meninas e mulheres
e liberdades fundamentais às mulheres e meninas e de todas as idades, garantir sua plena participação, em
adotar medidas efetivas contra a violação destes direitos condições de igualdade, na construção de um mundo
e liberdades; melhor para todos e promover seu papel no processo de
desenvolvimento.
Adotar todas as medidas necessárias para eliminar Nós estamos determinados a:
todas as formas de discriminação contra mulheres e Assegurar às mulheres a igualdade de acesso aos
meninas e remover todos os obstáculos à igualdade de recursos econômicos, incluindo a terra, o crédito, a ciência,
gênero e aos avanços e fortalecimento das mulheres; a tecnologia, a capacitação profissional, a informação,
a comunicação e os mercados, como meio de promover
Encorajar os homens a participar plenamente de todas o avanço e o fortalecimento das mulheres e meninas,
as ações orientadas à busca da igualdade; inclusive através da promoção de sua capacidade de
exercer os benefícios do acesso igualitário a estes recursos,
Promover a independência econômica das mulheres, para o que se recorre, dentre outras coisas, à cooperação
incluindo o emprego, e erradicar a persistente e crescente internacional;
pobreza que recai sobre as mulheres, combatendo as Assegurar o sucesso da Plataforma de Ação que exigirá
causas estruturais da pobreza através de transformações o sólido compromisso dos Governos, organizações e
nas estruturas econômicas, assegurando acesso igualitário instituições internacionais de todos os níveis. Nós estamos
a todas as mulheres, incluindo as mulheres da área rural, firmemente convencidos de que o desenvolvimento
como agentes vitais do desenvolvimento, dos recursos econômico, o desenvolvimento social e a proteção do
produtivos, oportunidade e dos serviços públicos; meio ambiente são interdependentes e componentes
mutuamente enfatizadores do desenvolvimento
Promover um desenvolvimento sustentado centrado sustentável, que é o marco de nossos esforços para o
na pessoa, incluindo o crescimento econômico sustentado alcance de uma melhor qualidade de vida para todos
através da educação básica, educação durante toda a vida, os povos. Um desenvolvimento social equitativo que
alfabetização e capacitação e atenção primária à saúde reconheça a importância do fortalecimento dos pobres,
das meninas e das mulheres; particularmente das mulheres que vivem na pobreza,
na utilização dos recursos ambientais sustentáveis, é
DIREITOS HUMANOS

Adotar as medidas positivas para assegurar a paz uma base necessária ao desenvolvimento sustentável,
para os avanços das mulheres e, reconhecendo o papel de é necessário para estimular o desenvolvimento social e
liderança que as mulheres têm apresentado no movimento a justiça social. O sucesso da Plataforma de Ação ainda
pela paz, trabalhar ativamente para o desarmamento geral exigirá uma adequada mobilização de recursos nos
e completo, sob o estrito e efetivo controle internacional, âmbitos nacional e internacional, como também novos e
e apoiar as negociações para a conclusão, sem demora, adicionais recursos para os países em desenvolvimento,
de tratado universal e multilateral de proibição de provenientes de todos os mecanismos de financiamento

17
disponíveis, incluídas as fontes multilaterais, bilaterais e Artigo 2.º Na presente Convenção, entende-se por
privadas, a fim de que se promova o fortalecimento das genocídio os atos abaixo indicados, cometidos com a
mulheres; recursos financeiros para aumentar a capacidade intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo
de instituições nacionais, sub-regionais, regionais e nacional, étnico, racial ou religioso, tais como:
internacionais; o compromisso de garantir a igualdade de a) Assassinato de membros do grupo;
direitos, a igualdade de responsabilidades, a igualdade de b) Atentado grave à integridade física e mental de
oportunidades e a igualdade de participação de mulheres membros do grupo; c) Submissão deliberada do grupo
e homens em todos os órgãos e processos de formulação a condições de existência que acarretarão a sua des-
de políticas públicas no âmbito nacional, regional e truição física, total ou parcial;
internacional; o estabelecimento ou o fortalecimento de d) Medidas destinadas a impedir os nascimentos no
mecanismos em todos os níveis para prestar contas às seio do grupo;
mulheres de todo mundo; e) Transferência forçada das crianças do grupo para
outro grupo.
Garantir também o êxito da Plataforma de Ação em, Artigo 3.º Serão punidos os seguintes atos: a) O ge-
países cujas economias estejam em transição, o que requer nocídio;
contínua cooperação e assistência internacional; b) O acordo com vista a cometer genocídio;
c) O incitamento, direto e público, ao genocídio;
Pela presente nos comprometemos, na qualidade de d) A tentativa de genocídio;
Governos, a implementar a seguinte Plataforma de Ação, e) A cumplicidade no genocídio.
de modo a garantir que uma perspectiva do gênero esteja Artigo 4.º As pessoas que tenham cometido genocídio
presente em todas as nossas políticas e programas. Nós ou qualquer dos outros atos enumerados no artigo 3.º
insistimos para que o sistema das Nações Unidas, as serão punidas, quer sejam governantes, funcionários
instituições financeiras regionais e internacionais, as demais ou particulares.
relevantes instituições regionais e internacionais, todas as Artigo 5.º As Partes Contratantes obrigam-se a ado-
mulheres e homens, como também as organizações não- tar, de acordo com as suas Constituições respectivas,
governamentais, com pleno respeito à sua autonomia, e as medidas legislativas necessárias para assegurar a
todos os setores da sociedade civil, em cooperação com aplicação das disposições da presente Convenção e,
os Governos, se comprometam plenamente e contribuam especialmente, a prever sanções penais eficazes que
para a implementação desta Plataforma de Ação. recaiam sobre as pessoas culpadas de genocídio ou de
* Adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre as
qualquer dos atos enumerados no artigo 3.º
Mulheres, em 15 de setembro de 1995.
Artigo 6.º As pessoas acusadas de genocídio ou de
qualquer dos outros atos enumerados no artigo 3.º
CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E A serão julgadas pelos tribunais competentes do Estado
em cujo território o ato foi cometido ou pelo tribunal
REPRESSÃO DO CRIME DE GENOCÍDIO.
criminal internacional que tiver competência quanto
às Partes Contratantes que tenham reconhecido a sua
Composta por 19 artigos, a referida Convenção foi jurisdição.
confeccionada em 1948, entrando em vigor na ordem Artigo 7.º O genocídio e os outros atos enumerados
internacional em 1951, tendo em vista que em 1946 as no artigo 3.º não serão considerados crimes políticos,
Nações Unidas declararam que o crime de genocídio era para efeitos de extradição. Em tal caso, as Partes Con-
crime de direito contra os povos. tratantes obrigam-se a conceder a extradição de acor-
do com a sua legislação e com os tratados em vigor.
Aprovada e proposta para assinatura e ratificação ou Artigo 8.º As Partes Contratantes podem recorrer aos
adesão pela resolução 260 A (III) da Assembleia Geral das órgãos competentes da Organização das Nações Uni-
Nações Unidas, de 9 de Dezembro de 1948. Entrada em das para que estes, de acordo com a Carta das Nações
vigor na ordem internacional: 12 de Janeiro de 1951, em Unidas, tomem as medidas que julguem apropriadas
conformidade com o artigo XIII. As Partes Contratantes: para a prevenção e repressão dos atos de genocídio ou
Considerando que a Assembleia Geral da Organização dos outros atos enumerados no artigo 3.º
das Nações Unidas, na sua Resolução n.º 96 (I), de 11 de Artigo 9.º Os diferendos entre as Partes Contratantes
Dezembro de 1946, declarou que o genocídio é um crime relativos à interpretação, aplicação ou execução da
de direito dos povos, que está em contradição com o presente Convenção, incluindo os diferendos relativos
espírito e os fins das Nações Unidas e é condenado por à responsabilidade de um Estado em matéria de ge-
todo o mundo civilizado; Reconhecendo que em todos nocídio ou de qualquer dos atos enumerados no arti-
os períodos da história o genocídio causou grandes go 3.º, serão submetidos ao Tribunal Internacional de
perdas à humanidade; Convencidas de que, para libertar Justiça, a pedido de uma das partes do diferendo.
DIREITOS HUMANOS

a humanidade de um flagelo tão odioso, é necessária a Artigo 10.º A presente Convenção, cujos textos em in-
cooperação internacional; Acordam no seguinte: glês, chinês, espanhol, francês e russo são igualmente
válidos, será datada de 9 de Dezembro de 1948.
Artigo 1.º As Partes Contratantes confirmam que Artigo 11.º A presente Convenção estará aberta, até
o genocídio, seja cometido em tempo de paz ou em 31 de Dezembro de 1949, à assinatura de todos os
tempo de guerra, é um crime do direito dos povos, que membros da Organização das Nações Unidas e de to-
desde já se comprometem a prevenir e a punir. dos os Estados que, não sendo membros, tenham sido

18
convidados pela Assembleia Geral para esse efeito. A Artigo 19.º A presente Convenção será registada pelo
presente Convenção será ratificada e os instrumentos Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas
de ratificação serão depositados junto do Secretário- na data da sua entrada em vigor.
-Geral da Organização das Nações Unidas. Após 1º de
Janeiro de 1950 poderão aderir à presente Convenção Por fim, importa destacar que o decreto nº 30.822
os membros da Organização das Nações Unidas ou de 1952 colocou em prática, no Brasil, o decidido pela
os Estados que, não sendo membros, tenham recebi- Convenção para prevenção e a repressão do crime de
do o convite acima mencionado. Os instrumentos de Genocídio, na lavra de Getúlio Vargas.
adesão serão depositados junto do Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas.
Artigo 12.º As Partes Contratantes poderão, em qual-
quer momento e por notificação dirigida ao Secretário EXERCÍCIOS COMENTADOS
Geral da Organização das Nações Unidas, estender a
aplicação da presente Convenção a todos os territórios 1. Ano: 2015 Banca: IBFC Órgão: SEE-MG Provas: IBFC -
ou a qualquer dos territórios cujas relações exteriores 2015 - SEE-MG - Professor de Educação Básica - Nível
assumam. I - Grau A - Anos iniciais do ensino fundamental
Artigo 13.º Quando tiverem sido depositados os pri- Analise os itens abaixo e responda a seguir.
meiros 20 instrumentos de ratificação ou de adesão,
o Secretário-Geral registrará o facto em acta. Trans- I. Todo ser humano tem o direito de fazer parte no gover-
mitirá cópia dessa acta a todos os Estados membros no de seu país diretamente ou por intermédio de repre-
da Organização das Nações Unidas e aos Estados não sentantes livremente escolhidos.
membros referidos no artigo 11.º A presente Conven- II. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao servi-
ção entrará em vigor no 90.º dia após a data do depó- ço público do seu país.
sito do 20.º instrumento de ratificação ou de adesão. III. A vontade do povo será a base da autoridade do go-
Todas as ratificações ou adesões efetuadas posterior- verno; esta vontade será expressa em eleições periódicas
mente à última data produzirão efeito no 90.º dia e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou
após o depósito do instrumento de ratificação ou de processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
adesão.
Artigo 14.º A presente Convenção terá uma duração Assinale a alternativa correta sobre os itens analisados.
de 10 anos contados da data da sua entrada em vi-
gor. Após esse período, ficará em vigor por cinco anos, a) Os itens I, II e III estão corretos.
e assim sucessivamente, para as Partes Contratantes b) Apenas os itens I e II estão corretos.
que a não tiverem denunciado seis meses pelo menos c) Apenas os itens II e III estão corretos.
antes de expirar o termo. A denúncia será feita por d) Apenas os itens I e III estão corretos.
notificação escrita, dirigida ao Secretário-Geral da Or-
ganização das Nações Unidas. Resposta: Letra A. De acordo com a letra seca do ar-
Artigo 15.º Se, em consequência de denúncias, o nú- tigo 21 da DUDH, “1. Toda pessoa tem o direito de
mero das partes na presente Convenção se achar re- fazer parte no governo de seu país diretamente ou por
duzido a menos de 16, a Convenção deixará de estar intermédio de representantes livremente escolhidos.
em vigor a partir da data em que produzir efeitos a 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço
última dessas denúncias. público do seu país.
Artigo 16.º As Partes Contratantes poderão, a todo 3. A vontade do povo será a base da autoridade do go-
o tempo, formular um pedido de revisão da presente verno; esta vontade será expressa em eleições periódicas
Convenção, mediante notificação escrita dirigida ao e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou
Secretário-Geral. A Assembleia Geral deliberará sobre processo equivalente que assegure a liberdade de voto”.
as medidas a tomar, se for o caso, sobre esse pedido.
Artigo 17.º O Secretário-Geral das Nações Unidas no- 2. Ano: 2015 Banca: IBFC Órgão: SEE-MG Provas: IBFC -
tificará todos os Estados membros da Organização e 2015 - SEE-MG - Professor de Educação Básica - Nível
os Estados não membros referidos no artigo 11.º: a) I - Grau A - Matemática
Das assinaturas, ratificações e adesões recebidas em Assinale a alternativa INCORRETA sobre as disposições
aplicação do artigo 11.º; b) Das notificações recebidas da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
em aplicação do artigo 12.º; c) Da data da entrada em
vigor da presente Convenção, em aplicação do artigo a) Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito
13.º; d) Das denúncias recebidas em aplicação do arti- a igual remuneração por igual trabalho.
go 14.º; e) Da revogação da Convenção em aplicação b) Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre es-
DIREITOS HUMANOS

do artigo 15.º; f) Das notificações recebidas em apli- colha de emprego, a condições justas e favoráveis de
cação do artigo 16.º trabalho e à proteção contra o desemprego.
Artigo 18.º O original da presente Convenção ficará c) Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusi-
depositado nos arquivos da Organização das Nações ve a limitação razoável das horas de trabalho e a férias
Unidas. A todos os Estados membros da Organização periódicas não remuneradas.
das Nações Unidas e aos Estados não membros referi- d) Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a
dos no artigo 11.º serão enviadas cópias autenticadas. neles ingressar para proteção de seus interesses.

19
Resposta: Letra C. De acordo com o artigo 24.Todo
ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à
limitação razoável das horas de trabalho e férias peri- HORA DE PRATICAR!
ódicas remuneradas.
1. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE -
3. Ano: 2015 Banca: IBFC Órgão: SEE-MG Provas: IBFC - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
2015 - SEE-MG - Professor de Educação Básica - Nível Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos,
I - Grau A - Língua Portuguesa da sua afirmação histórica e da sua relação com a res-
Assinale a alternativa correta sobre o órgão que procla- ponsabilidade do Estado, julgue o próximo item.
mou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Todos os direitos humanos foram afirmados em um úni-
a) Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. co momento histórico.
b) Conselho de Segurança da Organização das Nações
Unidas. ( ) CERTO ( ) ERRADO
c) Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.
d) Assembleia Especial de Justiça da Organização das 2. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE -
Nações Unidas. 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos,
Resposta: Letra A. Conforme visto no material, a As- da sua afirmação histórica e da sua relação com a res-
sembleia Geral da Organização das Nações Unidas ponsabilidade do Estado, julgue o próximo item.
proclamou, em 1948, a DUDH.
As pessoas naturais que violam direitos humanos conti-
nuam a gozar da proteção prevista nas normas que dis-
põem sobre direitos humanos.
REFERÊNCIAS
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. ( ) CERTO ( ) ERRADO
26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
3. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE -
CAVALCANTE FILHO, João Trindade. Teoria geral dos 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
direitos fundamentais, 2010. Disponível em: <http:// Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos,
www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltv- da sua afirmação histórica e da sua relação com a res-
justicanoticia/anexo/joao_trindadade__teoria_geral_dos_ ponsabilidade do Estado, julgue o próximo item.
direitos_fundamentais.pdf>. Acesso em: 27 de dezembro
de 2017 Apenas por atos de seus agentes o Estado pode ser res-
ponsabilizado por violação de direitos humanos reco-
JELLINEK, Georg. Teoria general del Estado. Madrid: nhecidos na Convenção Americana de Direitos Humanos.
Fondo de Cultura Económica de España, 2012.
( ) CERTO ( ) ERRADO
LAZARI, Rafael de. Manual de Direito Constitucio-
nal. Belo Horizonte: Editora D’ Plácido, 2017. 4. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Instituto Rio Bran-
co Prova: CESPE - 2018 - Instituto Rio Branco - Diplo-
LAZARI, Rafael de.; GARCIA, Bruna Pinotti. Manual de mata - Prova 1
direitos humanos. 2. ed. Salvador: Juspodium, 2015. Julgue o item a seguir, acerca do direito internacional dos
direitos humanos e do direito internacional humanitário.
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme;
MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Constitucional. A jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Hu-
São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 2012. manos reconhece a responsabilidade do Estado por vio-
lações de direitos humanos não apenas como resultado
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucio- de uma ação ou omissão a ele diretamente imputável,
nal Positivo. 38ª ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2014. mas também em virtude da falta de devida diligência do
Estado em prevenir uma violação cometida por particu-
lares.

( ) CERTO ( ) ERRADO
DIREITOS HUMANOS

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5- Ano: 2014 Banca: IBFC Órgão: SEDS-MG Pro-
va: IBFC - 2014 - SEAP-MG - Agente de Segurança ANOTAÇÕES
Socioeducativo
Indique a alternativa CORRETA, de acordo com a Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos: ________________________________________________

a) Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e _________________________________________________


residência dentro e fora das fronteiras de cada Estado.
_________________________________________________
b) Toda pessoa tem direito à dupla nacionalidade
c) Toda pessoa tem direito a organizar sindicato, sendo _________________________________________________
obrigatório o seu ingresso nele para proteção de seus
interesses. _________________________________________________
d) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gê-
nero de instrução que será ministrada aos seus filhos. _________________________________________________

_________________________________________________
6. Complete as lacunas, de acordo com a alternativa
que reflete o texto da Declaração Universal dos Direitos _________________________________________________
Humanos: “Artigo I - Todas as pessoas nascem livres e
iguais em ________________________. São dotadas de razão _________________________________________________
e _______________________ e devem agir em relação umas às
outras com espírito de ____________________.” _________________________________________________

_________________________________________________
a) Dignidade e direitos – consciência – fraternidade.
b) Direitos e deveres – liberdade – solidariedade. _________________________________________________
c) Direitos e obrigações – convicção – solidariedade.
d) Dignidade e obrigações – consciência – harmonia. _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO _________________________________________________

_________________________________________________
1 Errado
2 Certo _________________________________________________

3 Errado _________________________________________________
4 Certo _________________________________________________
5 D
_________________________________________________
6 A
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

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DIREITOS HUMANOS

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21
ANOTAÇÕES

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DIREITOS HUMANOS

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