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PROVA

PF
POLÍCIA FEDERAL
A APOSTILA PREPARATÓRIA ELABORADA
ANTES DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL
COM BASE NO EDITAL ANTERIOR, PARA QUE O
ALUNO ANTECIPE SEUS ESTUDOS.

AGENTE ADMINISTRATIVO
CLASSE A, PADRÃO I
MATERIAL ELABORADO COM BASE
NO EDITAL N 1- DGP/PF, DE 15 DE
JANEIRO DE 2021
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos.Tipologia textual.......................................................................................................... 7
2. Ortografia oficial.......................................................................................................................................................................... 15
3. Acentuação gráfica....................................................................................................................................................................... 16
4. Emprego das classes de palavras. Emprego/correlação de tempos e modos verbais................................................................. 17
5. Emprego do sinal indicativo de crase........................................................................................................................................... 24
6. Sintaxe da oração e do período................................................................................................................................................... 24
7. Pontuação.................................................................................................................................................................................... 26
8. Concordância nominal e verba.................................................................................................................................................... 27
9. Regência nominal e verbal........................................................................................................................................................... 29
10. Significação das palavras.............................................................................................................................................................. 30
11. Redação de Correspondências Oficiais (Manual de Redação da Presidência da República). Adequação da linguagem ao tipo
de documento. Adequação do formato do texto ao gênero....................................................................................................... 30

Noções de Informática
1. Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows)................................................................................................... 61
2. Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e LibreOffice)............................................................ 74
3. Redes de computadores. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. Programas de
navegação (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome................................................................................. 86
4. Programas de correio eletrônico (Outlook Express, Mozilla Thunderbird e similares)................................................................ 93
5. Sítios de busca e pesquisa na Internet......................................................................................................................................... 102
6. Grupos de discussão.................................................................................................................................................................... 104
7. Redes sociais................................................................................................................................................................................ 105
8. Computação na nuvem (cloud computing).................................................................................................................................. 107
9. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas................................................. 109
10. Segurança da informação. Procedimentos de segurança. Noções de vírus, worms e pragas virtuais. Aplicativos para segurança
(antivírus, firewall, anti-spyware etc.).......................................................................................................................................... 112
11. Procedimentos de backup........................................................................................................................................................... 114
12. Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage)................................................................................................................. 115

Raciocínio Lógico
1. Estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica sentencial (ou proposi-
cional). Proposições simples e compostas. Tabelas verdade. Equivalências. Leis de De Morgan. Diagramas lógicos. Lógica de
primeira ordem........................................................................................................................................................................... 121
2. Princípios de contagem e probabilidade..................................................................................................................................... 144
3. Operações com conjuntos.......................................................................................................................................................... 149
4. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais........................................................................ 158

Atualidades
1. Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educa-
ção, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia.................... 163
ÍNDICE

Noções de Direito Administrativo


1. Noções de organização administrativa. Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. Administração
direta e indireta. Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista................................................. 165
2. Ato administrativo. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies.............................................................................. 172
3. Agentes públicos. Legislação pertinente. Lei nº 8.112/1990. Disposições constitucionais aplicáveis. Disposições doutrinárias.
Conceito. Espécies. Cargo, emprego e função pública................................................................................................................. 176
4. Poderes administrativos. Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia.Uso e abuso do poder......................................... 187
5. Licitação.Princípios. Contratação direta: dispensa e inexigibilidade.Modalidades. Tipos. Procedimento.................................. 189
6. Controle da administração pública. Controle exercido pela administração pública. Controle judicial. Controle legislativo....... 199
7. Responsabilidade civil do Estado. Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. Responsabilidade por ato comissivo
do Estado. Responsabilidade por omissão do Estado. Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado. Cau-
sas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado.................................................................................................... 202
8. Regime jurídico-administrativo. Conceito. Princípios expressos e implícitos da administração pública..................................... 205
9. Decreto nº 1.171/ 1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal)............................ 208
10. Resoluções 1 a 10 da Comissão de Ética Pública da Presidência da República............................................................................ 210

Noções de Direito Constitucional


1. Constituição Federal. Conceito, classificações............................................................................................................................. 231
2. princípios fundamentais.............................................................................................................................................................. 236
3. Capítulo III Segurança Pública: artigo 144................................................................................................................................... 237
4. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania,
direitos políticos, partidos políticos............................................................................................................................................. 240
5. Organização político-administrativa. União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios................................................. 249
6. Administração pública.Disposições gerais, servidores públicos.................................................................................................. 255
7. Poder executivo. atribuições do presidente da República e dos ministros de Estado. Constituição Federal............................... 261

Noções de Administração Pública


1. Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e
critérios de departamentalização....................................................................................................................................... 273
2. Organização administrativa: centralização, descentralização, concentração e desconcentração; organização adminis-
trativa da União; administração direta e indireta............................................................................................................... 275
3. Gestão de processos.......................................................................................................................................................... 275
4. Gestão de contratos........................................................................................................................................................... 276
5. Noções de processos licitatórios. Conceito, finalidades, princípios e objeto. Modalidades. Dispensa e inexigibilidade... 279

Noções de Administração Financeira E Orçamentária


1. Orçamento público. Conceito. Técnicas Orçamentárias. Princípios orçamentários. Ciclo Orçamentário. O orçamento público
no Brasil...................................................................................................................................................................................... 283
2. Diretrizes orçamentárias na Constituição Federal....................................................................................................................... 289
3. Plano Plurianual na Constituição Federal.................................................................................................................................... 290
4. Orçamento anual na Constituição Federal................................................................................................................................... 291
ÍNDICE

5. Estrutura programática............................................................................................................................................................... 291


6. Créditos ordinários e adicionais................................................................................................................................................... 296
7. Programação e execução orçamentária e financeira................................................................................................................... 299
8. Acompanhamento da execução. ................................................................................................................................................. 299
9. Descentralização orçamentária e financeira................................................................................................................................ 301
10. Receita pública. Conceito. Classificação segundo a natureza. Etapas e estágios......................................................................... 301
11. Despesa pública. Conceito. Classificação segundo a natureza. Etapas e estágios. Restos a pagar. Despesas de exercícios ante-
riores............................................................................................................................................................................................ 303
12. Lei de Responsabilidade Fiscal. Conceitos e objetivos. Planejamento......................................................................................... 317

Noções de Gestão de Pessoas nas Organizações


1. Conceitos, importância, relação com os outros sistemas de organização................................................................................... 335
2. A função do órgão de Gestão de Pessoas: atribuições básicas e objetivos, políticas e sistemas de informações gerenciais...... 336
3. Comportamento organizacional: relações indivíduo/organização, motivação, liderança, desempenho..................................... 355

Noções de Administração de Recursos Materiais


1. Classificação de materiais. Tipos de classificação..................................................................................................................... 371
2. Gestão de estoques.................................................................................................................................................................. 381
3. Compras. Modalidades de compra........................................................................................................................................... 387
4. Cadastro de fornecedores......................................................................................................................................................... 395
5. Compras no setor público. Edital de licitação........................................................................................................................... 396
6. Recebimento e armazenagem. Entrada. Conferência. Critérios e técnicas de armazenagem.................................................. 398
7. Gestão patrimonial. Controle de bens. Inventário. Alterações e baixa de bens....................................................................... 404

Noções de Arquivologia
1. Conceitos fundamentais de arquivologia. Gerenciamento da informação e a gestão de documentos. Diagnósticos. Arquivos
correntes e intermediário. Protocolos. Arquivos permanentes................................................................................................... 411
2. Avaliação de documentos............................................................................................................................................................ 420
3. Tipologias documentais e suportes físicos................................................................................................................................... 421
4. Microfilmagem. Automação................................................................................................................................................... 425
5. Preservação, conservação e restauração de documentos........................................................................................................... 429

Legislação Aplicada à Polícia Federal


1. Lei nº 7.102/1983: dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e fun-
cionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providên-
cias. ............................................................................................................................................................................................. 435
2. Lei nº 10.357/2001: estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos químicos que direta ou indiretamente pos-
sam ser destinados à elaboração ilícita de substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem dependência física
ou psíquica, e dá outras providências.......................................................................................................................................... 437
3. Lei nº 6.815/1980: define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho Nacional de Imigração........................ 439
4. Lei nº 10.826/2003: Estatuto do Desarmamento........................................................................................................................ 451
5. Lei nº 12.830/2013: dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia................................................. 457
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.TIPO- A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
LOGIA TEXTUAL dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- específico para se fazer a enunciação.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o cas:
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido
completo. Apresenta um enredo, com ações e
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e relações entre personagens, que ocorre
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- em determinados espaço e tempo. É
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
interpretação. da seguinte maneira: apresentação >
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do desenvolvimento > clímax > desfecho
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender determinado
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
tório do leitor. DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- desenvolvimento > conclusão.
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido Procura expor ideias, sem a necessidade
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar de defender algum ponto de vista. Para
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. isso, usa-se comparações, informações,
TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
Dicas práticas estrutura segue a do texto dissertativo-
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- argumentativo.
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
de modo que sua finalidade é descrever,
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
Com isso, é um texto rico em adjetivos e
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
em verbos de ligação.
cidas.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- Oferece instruções, com o objetivo de
te de referências e datas. TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de são os verbos no modo imperativo.
opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques-
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- Gêneros textuais
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
quando afirma que... podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
Tipologia Textual sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- Alguns exemplos de gêneros textuais:
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Artigo
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Bilhete
classificações. • Bula
• Carta
• Conto
• Crônica
• E-mail
• Lista
• Manual

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Notícia Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Poema que C é igual a A.
• Propaganda Outro exemplo:
• Receita culinária Todo ruminante é um mamífero.
• Resenha A vaca é um ruminante.
• Seminário Logo, a vaca é um mamífero.

Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- também será verdadeira.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
dade e à função social de cada texto analisado. mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
ARGUMENTAÇÃO confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
propõe. outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo der bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de zado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- Tipos de Argumento
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- mento. Exemplo:
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna Argumento de Autoridade
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
enunciador está propondo. um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. dadeira. Exemplo:
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- cimento. Nunca o inverso.
mento de premissas e conclusões.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: Alex José Periscinoto.
A é igual a B. In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a C.
Então: C é igual a A.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- Argumento do Atributo
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
acreditar que é verdade. que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
Argumento de Quantidade lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento de.
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
largo uso do argumento de quantidade. competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
Argumento do Consenso mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como dizer dá confiabilidade ao que se diz.
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases por bem determinar o internamento do governador pelo período de
carentes de qualquer base científica. três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
Argumento de Existência guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar tal por três dias.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
do que dois voando”. ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- texto tem sempre uma orientação argumentativa.
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
vios, etc., ganhava credibilidade. dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
outras, etc. Veja:
Argumento quase lógico
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são vam abraços afetuosos.”
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações injustiça, corrupção).
indevidas. - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
o argumento.

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por ria contra a argumentação proposta;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, ta.
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
outros à sua dependência política e econômica”. A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
o assunto, etc). sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
dades não se prometem, manifestam-se na ação. de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a argu-
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui mentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro regras
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma série de
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca da verdade:
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo - evidência;
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se - divisão ou análise;
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu - ordem ou dedução;
comportamento. - enumeração.
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
mica e até o choro. contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos caracteriza a universalidade. Há dois métodos fundamentais de ra-
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma ciocínio: a dedução (silogística), que parte do geral para o particular,
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse do método dedutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das con-
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- sequências, baseia-se em uma conexão descendente (do geral para
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a o particular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partin-
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade do-se de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar previsão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo:
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu- Fulano é homem (premissa menor = particular)
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis- Logo, Fulano é mortal (conclusão)
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve- caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- O calor dilata o ferro (particular)
ver as seguintes habilidades: O calor dilata o bronze (particular)
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma O calor dilata o cobre (particular)
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- O ferro, o bronze, o cobre são metais
mente contrária; Logo, o calor dilata metais (geral, universal)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, relacionadas:
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples lha dos elementos que farão parte do texto.
de sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Exemplos de sofismas: lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
lar) Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
– conclusão falsa) integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- sabiá, torradeira.
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
ados nos sentimentos não ditados pela razão.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen- Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por- indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
pesquisa. seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; (Garcia, 1973, p. 302304.)
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de- trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria de vista sobre ele.
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina- A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua-
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
o relógio estaria reconstruído. ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con- cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo- é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-

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LÍNGUA PORTUGUESA
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- o termo a ser definido; cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
- o gênero ou espécie; raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
- a diferença específica. cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen-
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afirma-
ma espécie. Exemplo: ção: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
Elemento especie diferença apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
a ser definido específica causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, virtude de, em vista de, por motivo de.
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- ção. Na explicitação por definição, empregam-se expressões como:
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta assim, desse ponto de vista.
ou instalação”; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos ou Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan- se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
dida;d ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
diferenças). que, melhor que, pior que.

As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
vra e seus significados. reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem- mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
mentação coerente e adequada. justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
caráter confirmatório que comprobatório.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás- Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por
da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco- consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, caso, incluem-se
as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu- - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a mortal, aspira à imortalidade);
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis- - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos dos e axiomas);

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão argumento básico;
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
parece absurdo). argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
mento básico;
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
cretos, estatísticos ou documentais. partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
menos a seguinte:
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- Introdução
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - função social da ciência e da tecnologia;
- definições de ciência e tecnologia;
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, Desenvolvimento
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na vimento tecnológico;
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- condições de vida no mundo atual;
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
gumentação: mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons- desenvolvidos;
trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraar- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
gumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses sado; apontar semelhanças e diferenças;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
dadeira; banos;
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- mais a sociedade.
dade da afirmação;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con- Conclusão
siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
autoridade que contrariam a afirmação apresentada; ências maléficas;
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se apresentados.
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen- ção: é um dos possíveis.
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contraar- Texto:
gumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é que “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra-
gera o controle demográfico”. ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem
um longo caminho a trilhar (...).”
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15.
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a Esse texto diz explicitamente que:
elaboração de um Plano de Redação. - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
- Neto não tem o mesmo nível desses craques;
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
tecnológica O texto deixa implícito que:
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder - Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos- ques citados;
ta, justificar, criando um argumento básico; - Esses craques são referência de alto nível em sua especialida-
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e de esportiva;
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la peito ao tempo disponível para evoluir.
(rever tipos de argumentação); Todos os textos transmitem explicitamente certas informações,
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto acima não
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po- explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos qua-
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ- tro futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse
ência); implícito. Não diz também com explicitude que há oposição entre

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LÍNGUA PORTUGUESA
Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite
tempo para evoluir. A escolha do conector “mas” entre a segunda e levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma
a primeira oração só é possível levando em conta esse dado implíci- vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação, e
to. Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com
aparecem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido.
capaz de depreender tanto um tipo de significado quanto o outro, A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser em-
o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa baraçosa ou não, dependendo do que está pressuposto em cada
habilidade, o leitor passará por cima de significados importantes situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de
ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de vista que emprego, não causa o menor embaraço uma pergunta como esta:
rejeitaria se os percebesse. “Como vai você no seu novo emprego?”

Os significados implícitos costumam ser classificados em duas O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se diri-
categorias: os pressupostos e os subentendidos. gisse a uma pessoa que conseguiu um segundo emprego e quer
Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logica- manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo
mente no sentido de certas palavras ou expressões explicitadas na estabelece o pressuposto de que o interrogado tem um emprego
superfície da frase. Exemplo: diferente do anterior.
“André tornou-se um antitabagista convicto.”
Marcadores de Pressupostos
A informação explícita é que hoje André é um antitabagista - Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo
convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que significa “vir a ser”, Julinha foi minha primeira filha.
decorre logicamente que antes André não era antitabagista convic- “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras
to. Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que nasceram depois de Julinha.
já era antes. Seria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se Destruíram a outra igreja do povoado.
um vegetal. “Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além
“Eu ainda não conheço a Europa.” da usada como referência.

A informação explícita é que o enunciador não tem conheci- - Certos verbos


mento do continente europeu. O advérbio ainda deixa pressuposta Renato continua doente.
a possibilidade de ele um dia conhecê-la. O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
As informações explícitas podem ser questionadas pelo recep- mento anterior ao presente.
tor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém,
devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, por- Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea copydesk.
que esta é uma condição para garantir a continuidade do diálogo O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
e também para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso desque não existia em português.
significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não
tem cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a - Certos advérbios
aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compa- A produção automobilística brasileira está totalmente nas
receu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de mãos das multinacionais.
um elemento inesperado. O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indús-
Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois tria automobilística nacional.
eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a
aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma - Você conferiu o resultado da loteria?
ideia sob a forma de pressuposto, o enunciador pretende transfor- - Hoje não.
mar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi-
em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem para tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje)
confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema de pen- é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da
samento montado pelo enunciador. loteria.
A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incon-
testáveis” que estão na base de muitos discursos políticos, como o - Orações adjetivas
que segue: Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se
“Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resolvi- preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
do o problema da seca no Nordeste.” os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam
O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mu- com a coletividade.
dança do curso do São Francisco e, por consequência, a solução do
problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se
um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa cer- preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
teza. Em outros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo os cruzamentos, etc.
se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo: Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se
“Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?” importam com a coletividade.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restriti-


va. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que

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LÍNGUA PORTUGUESA
elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjun- Conclusão
to. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-
segundo o pressuposto que quiser comunicar. volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
tos levantados pelo autor.
Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde
entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse Parágrafo
“Que frio terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem
ser fechada. esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subentendi- conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
do. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscutível - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
tanto para o emissor quanto para o receptor, uma vez que decorre sintética de acordo com os objetivos do autor.
necessariamente do sentido de algum elemento linguístico coloca- - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
do na frase. Ele pode ser negado, mas o emissor coloca o implici- atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
tamente para que não o seja. Já o subentendido é de responsabi- dade na discussão.
lidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do sentido - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor depre- tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
endeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se o dono
da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas as janelas, Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
o visitante pode dizer que também acha e que apenas constatou a desenvolvimento e conclusão):
intensidade do frio. “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor proteger- Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
se, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem se perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário re- trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
cémpromovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte: estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
“Competência e mérito continuam não valendo nada como cri- caos. ”
tério de promoção nesta empresa...” (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)

Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita: Elemento relacionador: Nesse contexto.
“Você está querendo dizer que eu não merecia a promoção?” Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do
Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um subentendi- consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce
do, poderia responder: sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação
“Absolutamente! Estou falando em termos gerais.” de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRA-
FOS
São três os elementos essenciais para a composição de um tex- ORTOGRAFIA OFICIAL
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
cada uma de forma isolada a seguir: A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso
Introdução analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo-
É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que
introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial. também faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes
Desenvolvimento entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar
Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique
desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a atento!
conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina- Alfabeto
lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co-
Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap- nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão. alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e
consoantes (restante das letras).
São três principais erros que podem ser cometidos na elabora- Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
ção do desenvolvimento: reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo
- Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial. que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de
- Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros. nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
dificultando a linha de compreensão do leitor.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação, excla-
POR QUÊ
mação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do plural cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã, ÃS,
ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
PAROXÍTONAS ímã, órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o acento
com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

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LÍNGUA PORTUGUESA
Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não saída, faísca, baú, país
de “S”, desde que não sejam seguidos por “NH” feiura, Bocaiuva,
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo Sauipe
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus têm, obtêm, contêm,
compostos vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS. EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.

Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo, Todos parecem meio bobos.
VERBO
número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação A cidade é muito bonita quando vista do alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana,
outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; ca- meses, estações do ano e em pontos cardeais.
chorro; praça... Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designan- é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
do sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede; disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em pala-
imaginação... vras de categorização.
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex:
livro; água; noite... Adjetivo
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedrei- Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-
ro; livraria; noturno... -educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radi- flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e
cal). Ex: casa; pessoa; cheiro... o singular (bonito) e o plural (bonitos).
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles
de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol... que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua naciona-
lidade (brasileiro; mineiro).
Flexão de gênero É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjun-
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um to de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo.
dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino. São formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino • de criança = infantil
e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente • de mãe = maternal
o final da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / • de cabelo = capilar
menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia /
acentuação (Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou pre- Variação de grau
sença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora). Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfa-
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma for- ses), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e su-
ma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto perlativo.
ao gênero a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o • Normal: A Bruna é inteligente.
acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epi- • Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente
ceno (refere-se aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e que o Lucas.
comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo). • Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com que a Bruna.
alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, • Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto
trazendo alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fru- a Maria.
to X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao • Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inte-
órgão que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é ligente da turma.
o termo popular para um tipo específico de fruto. • Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos
inteligente da turma.
Flexão de número • Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
No português, é possível que o substantivo esteja no singu- • Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.
lar, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar
(Ex: bola; escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores Adjetivos de relação
quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último repre- São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem so-
sentado, geralmente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra. frer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo,
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de isto é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além
modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufi-
contexto, pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis). xação de um substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado
substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumenta-
tivo e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza
ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou di-
minuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portugue-
sa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes
geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas
e festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou
abreviaturas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
primeiramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.
Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- Formação de Palavras
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
• Causa: Morreu de câncer. cos, de modo que as palavras se dividem entre:
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. • Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. palavra. Ex: flor; pedra
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. vras. Ex: floricultura; pedrada
• Lugar: O vírus veio de Portugal. • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
• Companhia: Ela saiu com a amiga. cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
• Posse: O carro de Maria é novo. azeite
• Meio: Viajou de trem. • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais
radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
Combinações e contrações Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- palavras:
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e
havendo perda fonética (contração). Derivação
• Combinação: ao, aos, aonde A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
• Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
Conjunção lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- do (des + governar + ado)
mento de redigir um texto. • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
conjunções subordinativas. • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
Conjunções coordenativas para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- próprio – sobrenomes).
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em Composição
cinco grupos: A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
• Aditivas: e, nem, bem como. se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
• Adversativas: mas, porém, contudo. • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
• Conclusivas: logo, portanto, assim. tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
• Explicativas: que, porque, porquanto. aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
Conjunções subordinativas tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. -flor / passatempo.
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. Abreviação
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
substantivas, definidas pelas palavras que e se. (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
• Causais: porque, que, como.
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. Hibridismo
• Condicionais: e, caso, desde que. Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
• Comparativas: como, tal como, assim como. culo (bi – grego + oculus – latim).
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
• Finais: a fim de que, para que. Combinação
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que. Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
• Temporais: quando, enquanto, agora. radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
recer + adolescente).

Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga-
mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto-
colizar (em vez de protocolar).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan- SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma-
nentes. Existem três tipos principais de neologismos: A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa- belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha) dos e suas unidades: frase, oração e período.
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
compromisso) / dar a volta por cima (superar). e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar) Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
Onomatopeia da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi- opcional.
mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque. Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
(período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
lizados com a pontuação adequada.

Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma Análise sintática
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
prego da crase: nominais, agentes da passiva)
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
na. biais, apostos)
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica-
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. Termos essenciais da oração
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
estresse. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
xando de lado a capacidade de imaginar. onde o verbo está presente.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima
à esquerda. O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
se: centra no verbo impessoal):
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. Lúcio dormiu cedo.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- Aluga-se casa para réveillon.
mos uma reunião frente a frente. Choveu bastante em janeiro.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
atender daqui a pouco. sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. da oração:
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
fica a 50 metros da esquina. Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do
/ Dei um picolé à minha filha. predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
minha avó até à feira. um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à uma qualidade sua)
Ana da faculdade. As crianças brincaram no salão de festas.
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em Mariana é inteligente.
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
à escola / Amanhã iremos ao colégio.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Termos integrantes da oração
Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
ADVERSATIVAS Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia com vírgula) mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
ALTERNATIVAS Opção / alternância em relação à ideia apresentada na oração anterior ou, já, ora, quer, seja...
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma
O candidato, que é do partido socialista,
EXPLICATIVAS informação.
está sendo atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e
locuções conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocu-
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou pou com a fome no país.
subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjun-
ções sou locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, corrupção.
gerúndio ou infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem - Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações Esse é o problema da pandemia:
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias as pessoas não respeitam a
apresentadas anteriormente quarentena.
Antes de citação direta Como diz o ditado: “olho por olho,
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Indicar expressão de emoção Que absurdo!


Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 —
ainda está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBA

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


Deve concordar com o substantivo quando
É PROIBIDO
há presença de um artigo. Se não houver essa É proibida a entrada.
É PERMITIDO
determinação, deve permanecer no singular e no É proibido entrada.
É NECESSÁRIO
masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
dizem “obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes
Quando tem função de adjetivo para um com a volta às aulas.
substantivo, concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a
BASTANTE
Quando tem função de advérbio, permanece volta às aulas.
invariável. O prefeito considerou bastante a
respeito da suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” Havia menos mulheres que homens na
MENOS
não existe na língua portuguesa. fila para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala
MESMO Devem concordar em gênero e número com a depois da aula.
PRÓPRIO pessoa a que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da
formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações
Devem concordar com o substantivo a que se adicionais
ANEXO INCLUSO
referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício;
comum; contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior;
A
leal; necessário; nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil;
visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência;
SOBRE
triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que Hiperonímia e hiponímia
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi-
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, ficado entre as palavras.
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática: tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem. Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por-
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- Limão é hipônimo de fruta.
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo. Formas variantes
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in- que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer farto / gatinhar – engatinhar.
o sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam- Arcaísmo
panha eleitoral. São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi- encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far-
ção) e de um objeto indireto (com preposição): mácia / franquia <—> sinceridade.
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda
à senhora.
REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS (MANU-
AL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA).
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO DE DOCUMEN-
TO. ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNE-
Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os RO
sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça
as principais relações e suas características: O que é Redação Oficial1
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira
Sinonímia e antonímia pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações.
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado seme- Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. A reda-
lhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente <—> esperto ção oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi- culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que
forte <—> fraco dispõe, no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou
fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Parônimos e homônimos Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de lega-
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
núncia semelhantes, porém com significados distintos. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe- toda administração pública, claro está que devem igualmente nor-
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). tear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. Não se concebe
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transpa-
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). rência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili-
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu- um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical). implica, pois, necessariamente, clareza e concisão. Além de atender
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver- a certa tradição. Há normas para sua elaboração que remontam ao
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo). período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigato-
riedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de
Polissemia e monossemia 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar transcorridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a período republicano. Esses mesmos princípios (impessoalidade, cla-
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). reza, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única in-
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). terpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige
o uso de certo nível de linguagem. Nesse quadro, fica claro também
Denotação e conotação que as comunicações oficiais são necessariamente uniformes, pois
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor
um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam um
sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé da cadeira.
1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm

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LÍNGUA PORTUGUESA
dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos A necessidade de empregar determinado nível de linguagem
cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público). nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio ca-
Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações ráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalida-
oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de de. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normati-
tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos vo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam
expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em
para comunicações oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo
de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de meio se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de
século de vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou a primei- informar com clareza e objetividade. As comunicações que partem
ra edição deste Manual. Acrescente-se, por fim, que a identificação dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e
que se buscou fazer das características específicas da forma oficial qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar
de redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há
a criação – ou se aceite a existência – de uma forma específica de dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita,
linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem
se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a sua compreensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente
redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extrema-
do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases. mente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com im- auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc. Para
pessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distân-
que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do cia. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transforma-
texto jornalístico, da correspondência particular, etc. Apresentadas ções, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de
essas características fundamentais da redação oficial, passemos à si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compre-
análise pormenorizada de cada uma delas. ende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter-
A Impessoalidade minado padrão de linguagem que incorpore expressões extrema-
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela mente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de
escrita. Para que haja comunicação, são necessários: estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos
a) alguém que comunique, dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se
b) algo a ser comunicado, e faz da língua, a finalidade com que a empregamos. O mesmo ocorre
c) alguém que receba essa comunicação. com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade
de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão cul-
Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Di- to é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal,
visão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários
relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do
comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro ór- padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está aci-
gão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. Perce- ma das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos
be-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo,
assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: os cidadãos.
embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Che- Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade
fe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de ex-
que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padro- pressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica empre-
nização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes go de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e
setores da Administração guardem entre si certa uniformidade; figuras de linguagem próprios da língua literária. Pode-se concluir,
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com então, que não existe propriamente um “padrão oficial de lingua-
duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre gem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações
concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas
temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes- expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das for-
soal; mas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se con-
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni- sagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão
verso temático das comunicações oficiais se restringe a questões burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empre-
qualquer tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na gada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso
redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exem- indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo-
plo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de cabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento
jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado,
isenta da interferência da individualidade que a elabora. A concisão, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros
a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologis-
alcançada a necessária impessoalidade. mo e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Formalidade e Padronização destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em de-
obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exi- corrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
gências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre
imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técni-
somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou da- cos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos
quele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessa-
(v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento); riamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comu-
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade nicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve pro-
no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. ceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima.
uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo
padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma- As comunicações oficiais
nual, exige que se atente para todas as características da redação A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se-
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza guir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da
datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada
correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza- tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo.
ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns
normas específicas para cada tipo de expediente. a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego
dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação
Concisão e Clareza do signatário.
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do
texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo Pronomes de Tratamento
de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com
essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento Breve História dos Pronomes de Tratamento
do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem
o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após
percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos,
de ideias. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a
princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empre- palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de dis-
gar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de tinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de
forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de
não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um
reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e
inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com
foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se
todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias o tratamento ducal de vossa excelência e adotou-se na hierarquia
secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas de- eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência,
talhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias vossa santidade. ” A partir do final do século XVI, esse modo de
que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes
relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e de-
clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme pois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em
já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes
claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida-
No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende des civis, militares e eclesiásticas.
estritamente das demais características da redação oficial. Para ela
concorrem: Concordância com os Pronomes de Tratamento
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta)
que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal,
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en- nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gra-
tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação matical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comuni-
restrita, como a gíria e o jargão; cação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres- concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo
cindível uniformidade dos textos; sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelên-
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguís- cia conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos
ticos que nada lhe acrescentam. referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes-
soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
É pela correta observação dessas características que se redige so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero
com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e
texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso in-
e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitu- terlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefa-
ra que torna possível sua correção. Na revisão de um expediente, do”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa
deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.

32
LÍNGUA PORTUGUESA
Emprego dos Pronomes de Tratamento Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dig-
a secular tradição. São de uso consagrado: nidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público,
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: sendo desnecessária sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e
a) do Poder Executivo; para particulares. O vocativo adequado é:
Presidente da República; Senhor Fulano de Tal,
Vice-Presidente da República; (...)
Ministros de Estado;
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Fe- No envelope, deve constar do endereçamento:
deral; Ao Senhor
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Fulano de Tal
Embaixadores; Rua ABC, nº 123
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de 70.123 – Curitiba. PR
cargos de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o em-
Prefeitos Municipais. prego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem
o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o
b) do Poder Legislativo: uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor
Deputados Federais e Senadores; não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
Ministro do Tribunal de Contas da União; indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em
Deputados Estaduais e Distritais; comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a dese-
c) do Poder Judiciário: jada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma
Ministros dos Tribunais Superiores; Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comu-
Membros de Tribunais; nicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o
Juízes; vocativo:
Auditores da Justiça Militar.
Magnífico Reitor,
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos (...)
Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec-
tivo: Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, hierarquia eclesiástica, são:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fede- Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O voca-
ral. tivo correspondente é:
Santíssimo Padre,
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, (...)
seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador, Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em co-
Senhor Juiz, municações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Senhor Ministro, Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Senhor Governador, Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
(...)
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às
autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma: Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Se-
A Sua Excelência o Senhor nhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores
Fulano de Tal religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos
Ministro de Estado da Justiça e demais religiosos.
70.064-900 – Brasília. DF
Fechos para Comunicações
A Sua Excelência o Senhor O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
Senador Fulano de Tal óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos
Senado Federal para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Por-
70.165-900 – Brasília. DF taria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze
padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
A Sua Excelência o Senhor estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para to-
Fulano de Tal das as modalidades de comunicação oficial:
Juiz de Direito da 10a Vara Cível
Rua ABC, no 123
01.010-000 – São Paulo. SP

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LÍNGUA PORTUGUESA
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re- e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento
pública: de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Respeitosamente, – Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in- na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
ferior: uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-
Atenciosamente, -me informar que”, empregue a forma direta;
– Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a au- contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
toridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, de- em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
vidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das – Conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresen-
Relações Exteriores. tada a posição recomendada sobre o assunto.

Identificação do Signatário Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Repú- em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
blica, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos
o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assina- a estrutura é a seguinte:
tura. A forma da identificação deve ser a seguinte: – Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
(espaço para assinatura) sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
NOME nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
Chefe da Secretária-geral da Presidência da República do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as-
sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
(espaço para assinatura) segundo a seguinte fórmula:
NOME “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca-
Ministro de Estado da Justiça minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar-
tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servi-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura dor Fulano de Tal. ” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento,
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me- a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do
nos a última frase anterior ao fecho. Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de
projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste. ”
O Padrão Ofício – Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela fi- algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode-
nalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário,
o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero
que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de encaminhamento.
cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas seme-
lhanças. f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);

Partes do documento no Padrão Ofício g) assinatura do autor da comunicação; e


O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
partes: h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signa-
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que tário).
o expede:
Exemplos: Forma de diagramação
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à seguinte
forma de apresentação:
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha- a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
mento à direita: 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
Exemplo: b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman po-
13 der-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
Brasília, 15 de março de 1991. c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número
da página;
c) assunto: resumo do teor do documento d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
Exemplos: sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân-
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida cia da margem esquerda;
a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o en- f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni-
dereço. mo, 3,0 cm de largura;
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 5 O
constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à
mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).

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LÍNGUA PORTUGUESA
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de plificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões,
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no
comportar tal recurso, de uma linha em branco; memorando.
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado,
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer — Forma e Estrutura
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão
documento; ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencio-
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel nado pelo cargo que ocupa.
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos Exemplos:
e ilustrações; Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subche-
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser fe para Assuntos Jurídicos
impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Exposição de Motivos
Rich Text nos documentos de texto;
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem — Definição e Finalidade
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro- Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da
veitamento de trechos para casos análogos; República ou ao Vice-Presidente para:
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem a) informá-lo de determinado assunto;
ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do b) propor alguma medida; ou
documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
produtividade ano 2002”
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
Aviso e Ofício República por um Ministro de Estado.
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Mi-
— Definição e Finalidade nistério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pratica- Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de intermi-
mente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expe- nisterial.
dido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de
mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas — Forma e Estrutura
demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do
assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a
no caso do ofício, também com particulares. exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente
projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adiante. A ex-
— Forma e Estrutura posição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma
Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula. medida ou submeta projeto de ato normativo.
Exemplos: No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmen-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República te leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República,
Senhora Ministra sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
Senhor Chefe de Gabinete Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre-
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin- sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada
tes informações do remetente: ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam
– Nome do órgão ou setor; também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentá-
– Endereço postal; rios julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente,
– telefone E endereço de correio eletrônico. apontar:
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da
Memorando medida ou do ato normativo proposto;
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
— Definição e Finalidade aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e even-
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades tuais alternativas existentes para equacioná-lo;
administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica- c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
de uma forma de comunicação eminentemente interna. Pode ter
caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a ex- Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição
posição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte
determinado setor do serviço público. Sua característica principal é modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março
a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve de 2002.
pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos buro- Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério
cráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comuni- ou órgão equivalente) nº de 200.
cações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio 1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. 2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na
Esse procedimento permite formar uma espécie de processo sim- medida proposta
3. Alternativas existentes às medidas propostas

35
LÍNGUA PORTUGUESA
Mencionar: Ressalte-se que:
- Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; – A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico
- Se há projetos sobre a matéria no Legislativo; não dispensa o encaminhamento do parecer completo;
- Outras possibilidades de resolução do problema. – O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
4. Custos comentários a serem ali incluídos.
Mencionar:
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça- Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la; a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, concisão,
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de
especial ou suplementar; linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal
- Valor a ser despendido em moeda corrente; modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada
se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.
tramitar em regime de urgência)
Mencionar: Mensagem
- Se o problema configura calamidade pública;
- Por que é indispensável a vigência imediata; — Definição e Finalidade
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te- É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
nham sido previstos; Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
prevista. da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medi- matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
da proposta possa vir a tê-lo) veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja
7. Alterações propostas de interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensa-
8. Síntese do parecer do órgão jurídico gem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da Re-
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida pro- pública, a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens
posta à luz das questões levantadas no item 10.4.3. mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as se-
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar- guintes finalidades:
retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen-
a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o tar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são
exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório do enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência
anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode
alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade: ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos,
resolver; a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro- encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da
blema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Quan-
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe- to aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria-
cutivo (v. 10.4.3.). nual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicio-
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos. nais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros
do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis fi-
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do
formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação pro- regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está
funda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que co-
certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a manda as sessões conjuntas. As mensagens aqui tratadas coroam o
ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das ma-
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da térias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames
providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados no
problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União.
(nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, rever- Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da
são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição
demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem
o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos. de encaminhamento ao Congresso.

36
LÍNGUA PORTUGUESA
b) encaminhamento de medida provisória. Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, mensagens com:
o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso, – Encaminhamento de atos internacionais que acarretam en-
dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada – Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera-
pela Coordenação de Documentação da Presidência da República. ções e prestações interestaduais e de exportação
c) indicação de autoridades. (Constituição, art. 155, § 2o, IV);
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação – Proposta de fixação de limites globais para o montante da
de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do – Pedido de autorização para operações financeiras externas
Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Di- (Constituição, art. 52, V); e outros.
plomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, inci- Entre as mensagens menos comuns estão as de:
sos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência – Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui-
privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae do indicado, ção, art. 57, § 6o);
devidamente assinado, acompanha a mensagem. – Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden- República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
te da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Trata- – Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi-
-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a lização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. O – Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz
Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a (Constituição, art. 84, XX);
ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada – Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas. prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de – Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons-
concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter tituição, art. 137);
tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII – Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio
do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso – Proposta de modificação de projetos de leis financeiras
Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem (Constituição, art. 166, § 5o);
a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do – Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem
art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re-
ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166,
administrativo. § 8o);
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício ante- – Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi-
rior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc.
abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as
contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), — Forma e Estrutura
para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constitui- As mensagens contêm:
ção, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon-
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disci- talmente, no início da margem esquerda:
plinado no art. 215 do seu Regimento Interno. Mensagem no
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda;
do País e solicitação de providências que julgar necessárias (Cons- Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
tituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das demais d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e
porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita.
forma de livro. A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos). da República, não traz identificação de seu signatário.
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio-
nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde Telegrama
se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou
a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, — Definição e Finalidade
nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de san- Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os proce-
ção. dimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
i) comunicação de veto. comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
§ 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra-
parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto) deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
j) outras mensagens.

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LÍNGUA PORTUGUESA
— Forma e Estrutura
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura QUESTÕES
dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio
na Internet. 1.( CEBRASPE (CESPE) - AAAJ (DP DF)/DP DF/DIREITO E LE-
GISLAÇÃO/2022)
Fax
Acerca dos sentidos, das ideias e dos aspectos linguísticos do
— Definição e Finalidade texto apresentado, julgue o item a seguir.
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma for- Em O processo, a antevisão do inferno em que se transforma-
ma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desen- ria a burocracia moderna, das culpas imputadas, da tortura anôni-
volvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensa- ma e da morte que caracterizam os regimes totalitários do século
gens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo vinte já é um lugar-comum. O trucidamento (literal) de que K. tor-
conhecimento há premência, quando não há condições de envio do nou-se um ícone do homicídio político. “A colônia penal” de Kafka
documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele transformou-se em realidade pouco depois de sua morte, quando
segue posteriormente pela via e na forma de praxe. Se necessário também os temas da aniquilação e dos “vermes”, de sua Metamor-
o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com fose, adquiriram macabra realidade. A realização concreta de suas
o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapida- premonições, com pormenores de clarividência, está indissociavel-
mente. mente relacionada às suas fantasias aparentemente desvairadas.
Haveria algum sentido em pensar que, de alguma forma, as pre-
— Forma e Estrutura visões claramente formuladas na ficção de Kafka, em O processo
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura principalmente, teriam contribuído para que de fato ocorressem?
que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o Seria possível que uma profecia articulada de maneira tão impie-
documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário dosa tivesse outro destino que não a sua realização? As três irmãs
com os dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor- de K. e sua Milena morreram em campos de concentração. O judeu
me exemplo a seguir: da Europa Central que Kafka ironizou e celebrou foi extinto de ma-
neira abominável. Em termos espirituais, existe a possibilidade de
Correio Eletrônico Franz Kafka ter sentido seus dons proféticos como uma visitação
de culpa, de que a capacidade de antever o tivesse exposto demais
— Definição e finalidade às suas emoções. K. torna-se o cúmplice, perplexo, porém quase
Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, impaciente, do crime perpetrado contra ele. Coexistem, em todos
transformou-se na principal forma de comunicação para transmis- os suicídios, a apologia e a aquiescência. Como diz o sacerdote, em
são de documentos. triste zombaria (seria mesmo zombaria?): “A justiça nada quer de
ti. Acolhe-te quando vens e te deixa ir quando partes”. Essa formu-
— Forma e Estrutura lação está muito próxima de ser uma definição da vida humana, da
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua liberdade de ser culpado, que é a liberdade concedida ao homem
flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua es- expulso do Paraíso. Quem, senão Kafka, teria sido capaz de dizer
trutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatí- isso em tão poucas palavras? Ou se saber condenado por ter sido
vel com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e capaz de fazê-lo?
Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário de correio
eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a or- George Steiner. Um comentário sobre O processo d e Kafka. In: Ne-
ganização documental tanto do destinatário quanto do remetente. nhuma paixão desperdiçada. Tradução de Maria Alice Máximo. Rio de
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, prefe- Janeiro: Record, 2001 (com adaptações
rencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha al-
gum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo. Conforme as regras oficiais de grafia, “Coexistem” poderia ser
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de grafado alternativamente como Co-existem.
leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pe- ( ) CERTO
dido de confirmação de recebimento. ( ) ERRADO

—Valor documental 2.(CEBRASPE (CESPE) - TAMB (ICMBIO)/ICMBIO/2022)


Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser Texto
aceito como documento original, é necessário existir certificação di- A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto pre-
gital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida cedente, julgue o próximo item.
em lei. Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos do texto, a
expressão “por serem”, ao final do primeiro parágrafo, poderia ser
substituída por por que eram
( ) CERTO
( ) ERRADO

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LÍNGUA PORTUGUESA
3.(CEBRASPE (CESPE) - AFTE (SEFAZ RR)/SEFAZ RR/2021) No trecho ‘Ninguém que tivesse nome e figura de gente,
toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta’, no pa-
Texto CG1A1-I rágrafo do texto CG1A1-I, o vocábulo justiça está empregado com
Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um fato no- letra inicial maiúscula porque, nesse caso, há
tável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de (A) a intenção de destacar o termo em função de sua posição
Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a sintática.
vossa atenção para este importante acontecimento histórico por- (B) o uso de simbologias para ampliar o significado do termo
que, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do justiça.
episódio não teráde esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto (C) a intenção de subverter o significado do termo justiça.
não tarda. (D) o objetivo de introduzir um neologismo.
(E) a personificação do termo justiça.
Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos culti-
vos quando se ouviu soar o sino da igreja. O sino ainda tocou por 4.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/SÉRIES
alguns minutos mais, finalmente calo -se. Instantes depois a porta INICIAIS/2021)
abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este
o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreen- Texto 15A2-I
de-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava Quando se indaga sobre a diferença entre epidemia e ende-
o sineiro e quem era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que mia, surge, imediatamente, a ideia de que a epidemia se carac-
toquei o sino”, foi a resposta do camponês. teriza pela incidência, em curto período detempo, de grande nú-
mero de casos de uma doença, ao passo que a endemia se traduz
“Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e pelo aparecimento de menor número de casos ao longo do tempo.
o camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de
gente, toquei a finados pela Justiça porquea Justiça está morta”. A distinção entre epidemia e endemia não pode ser feita,
entretanto, com base apenas na maior ou menor incidência de
Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do determinada enfermidade em uma população. Seo elevado núme-
lugar andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das ro de casos novos e sua rápida difusão constituem a principal
estremas das suas terras. O lesado tinhacomeçado por protes- característica da epidemia, já não basta o critério quantitativo
tar e reclamar, depois implorou compaixão, e finalmente resolveu para a definição de endemia.O que define o caráter endêmico de
queixar-se às autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo uma doença é o fato de ela ser peculiar a um povo, a um país ou a
sem resultado,a espoliação continuou. Então, desesperado, deci- uma região. A própria etimologia da palavra endemia denota esse
diu anunciar a morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, atributo: endemos, em grego clássico, significa “originário de um
não sei se o braço popular foi ajudar o camponês arepor as estre- país”, “referente a um país”, “encontrado entre os habitantes de um
mas nos seus sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia mesmo país”. Esse entendimento perdura na definição de endemia
sido declarada defunta, regressaram resignados, de cabeça baixa e encontrada nos léxicos especializados em terminologia médica de
alma sucumbida, à triste vida de todos os dias. várias línguas.

Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do Pandemia, palavra de origem grega, formada com o prefixo
mundo, um sino chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a neutro pan e pelo morfema demos (povo), foi pela primeira vez em-
ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeiade Florença, mas a Justiça pregada por Platão, em seu livro Das Leis. Platão a usou no sentido
continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste genérico, referindo-se a qualquer acontecimento capaz de alcan-
instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está çar toda a população. Com esse mesmo sentido, foi também
matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse utilizada porAristóteles.
existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que
dela esperavam o que da Justiçatodos temos o direito de esperar: O conceito moderno de pandemia é o de uma epidemia
justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de de grandes proporções, que se espalha por vários países e por
teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não mais de um continente. Exemplo tantas vezescitado é o da gripe
aque permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da espanhola, que se seguiu à I Guerra Mundial, nos anos de 1918 e
balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que 1919, e que causou a morte de cerca de 20 milhões de pessoas em
para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira todo o mundo.
cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais
rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão in- Joffre M. de Rezende. Epidemia, endemia, pandemia, epidemiologia.
dispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é In: Revista de Patologia Tropical, v. 27, n.º 1, p. 153-155, jan.-jun./1998
o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem (com adaptações).
dúvida, sempre que a isso osdeterminasse a lei, mas também,
e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da
própria sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse,
comoum iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser
que a cada ser humano assiste.

José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada.


Internet: <dominiopublico.gov.br> (com adaptações).

39
LÍNGUA PORTUGUESA
Os vocábulos “países” e “línguas”, presentes no texto 15A2- é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das
I, possuem a mesma classificação quanto à tonicidade, porém vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo
um difere do outro quanto à regra empregadapara a utilização do em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem
acento agudo. Assinale a opção que indica a correta classificação escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem
desses vocábulos quanto à tonicidade e que explica corretamente escreve, o ouvido atento.
as regras de acentuação aplicadas a eles.
(A) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “línguas” Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da
é acentuado porque sua última sílaba contém um ditongo sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo-
crescente átono, ao passo que “países” éacentuado porque bramos a palavra, descobrimos que quem lhedá vida não é exa-
sua sílaba tônica forma um hiato com a vogal da sílaba anterior. tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que,
(B) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “lín- numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala-
guas” é acentuado porque sua última sílaba contém um di- vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa-
tongo decrescente átono, ao passo que “países” éacentuado lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que
porque sua última sílaba termina com “s”. lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma
(C) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “línguas” pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original
é acentuado porque sua última sílaba termina com “s”, ao autossuficiente estaria destruída.
passo que “países” é acentuado porque suasílaba tônica for-
ma um hiato com a vogal da sílaba anterior. Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
(D) Ambos os vocábulos são oxítonos, contudo “línguas” é ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
acentuado porque tem três sílabas, ao passo que “países” é sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
acentuado porque sua sílaba tônica contém umditongo cres- nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
cente. de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os
(E) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “lín- outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
guas” é acentuado porque tem duas sílabas, ao passo que a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
“países” é acentuado porque tem três sílabas. uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais
5.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍNGUA remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa,
PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO ORTO- mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria
GRÁFICA/2021) interminável dos que nos ouvem.

Texto 14A1-I Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri- sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que
tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis-
depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a
um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos linguagem como certa ou errada (excetonos cadernos escolares),
estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, deli-
região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe rante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano
social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca inseguro dos valores que se move o escritor. E é apenas nesse ter-
num país inteiro. reno de valores que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni- estético, a sua dignidade poética, historicamente flutuante.
tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a
matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela- A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra- zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem es-
tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem creve, nela também está a sua fronteira necessária, e, em última
universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa- instância, a suaética. Para formar a minha palavra, eu preciso da pa-
do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che- lavra do outro compartilhando com ela a força e o valor de origem.
gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável A palavra que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não
da palavra: ofalante. é nunca um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo
nela, outra intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei- eu preciso me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a mi-
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele nha palavra, tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por- parece a natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz se transformar, para o escritor, na sua ética.
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adaptações).
o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das
intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e,
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto

40
LÍNGUA PORTUGUESA
Assinale a opção em que a palavra apresentada está grafada Com relação a aspectos linguísticos do poema Quem sou eu?,
corretamente, de acordo com a vigente ortografia oficial da língua anteriormente apresentado, julgue o próximo item.
portuguesa. A palavra “guerra” é escrita com seis letras, mas possui apenas
(A) antinflamatório quatro fonemas.
(B) semi-circular ( ) CERTO
(C) vai-e-vem ( ) ERRADO
(D) autoavaliação
(E) panamericano 7.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/POR-
TUGUÊS/2021)
6.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/POR-
TUGUÊS/2021) Quem sou eu?
Se negro sou, ou sou bode, Pouco importa. O que isto pode?
Quem sou eu? Bodes há de toda a casta,
Se negro sou, ou sou bode, Pouco importa. O que isto pode? Pois que a espécie é muita vasta...Há cinzentos, há rajados,
Bodes há de toda a casta, Baios, pampas e malhados, Bodes negros, bodes brancos,E, se-
Pois que a espécie é muita vasta...Há cinzentos, há rajados, jamos todos francos,
Baios, pampas e malhados, Bodes negros, bodes brancos,E, se- Uns plebeus, e outros nobres,Bodes ricos, bodes pobres, Bo-
jamos todos francos, des sábios, importantes,
Uns plebeus, e outros nobres,Bodes ricos, bodes pobres, Bo- E também alguns tratantes...Aqui, nesta boa terra, Marram to-
des sábios, importantes, dos, tudo berra;
E também alguns tratantes... Aqui, nesta boa terra, Marram Nobres Condes e Duquesas,Ricas Damas e Marquesas, Depu-
todos, tudo berra;Nobres Condes e Duquesas,Ricas Damas e Mar- tados, senadores,
quesas, Deputados, senadores,Gentis-homens, vereadores; Belas Gentis-homens, vereadores;Belas Damas emproadas,
Damas emproadas, De nobreza empantufadas; Repimpados principotes, Orgulho-
De nobreza empantufadas; Repimpados principotes, Orgulho- sos fidalgotes,
sos fidalgotes, Frades, Bispos, Cardeais,Fanfarrões imperiais.
Frades, Bispos, Cardeais,Fanfarrões imperiais. Gentes pobres, nobres gentes,Em todos há meus parentes. En-
Gentes pobres, nobres gentes,Em todos há meus parentes. En- tre a brava militança
tre a brava militança Fulge e brilha alta bodança;Guardas, Cabos, Furriéis, Brigadei-
Fulge e brilha alta bodança;Guardas, Cabos, Furriéis, Brigadei- ros, Coronéis,
ros, Coronéis, Destemidos Marechais,Rutilantes Generais,
Destemidos Marechais,Rutilantes Generais, Capitães de mar e guerra,
Capitães de mar e guerra, — Tudo marra, tudo berra —Na suprema eternidade, Onde ha-
— Tudo marra, tudo berra —Na suprema eternidade, Onde ha- bita a Divindade, Bodes há santificados,
bita a Divindade, Bodes há santificados, Que por nós são adorados.Entre o coro dos Anjinhos
Que por nós são adorados.Entre o coro dos Anjinhos Também há muitos bodinhos.O amante de Siringa
Também há muitos bodinhos.O amante de Siringa Tinha pelo e má catinga;
Tinha pelo e má catinga; O deus Midas, pelas contas,Na cabeça tinha pontas;
O deus Midas, pelas contas,Na cabeça tinha pontas; Jove quando foi menino,Chupitou leite caprino;
Jovem quando foi menino,Chupitou leite caprino; E, segundo o antigo mito, Também Fauno foi cabrito.Nos do-
E, segundo o antigo mito, Também Fauno foi cabrito.Nos domí- mínios de Plutão,
nios de Plutão,Guarda um bode o Alcorão;Nos lundus e nas modi- Guarda um bode o Alcorão; Nos lundus e nas modinhas São
nhas São cantadas as bodinhas: cantadas as bodinhas: Pois se todos têm rabicho, Para que tanto
Pois se todos têm rabicho,Para que tanto capricho? Haja paz, capricho?
haja alegria, Haja paz, haja alegria, Folgue e brinque a bodaria;Cesse, pois,
Folgue e brinque a bodaria; Cesse, pois, a matinada, Porque a matinada, Porque tudo é bodarrada.
tudo é bodarrada.uís Gama. Quem sou eu? In: Sílvio Romero. His- Luís Gama. Quem sou eu? In: Sílvio Romero. História da lite-
tória da literatura brasileira. ratura brasileira.

Rio de Janeiro: Garnier, 1888. Internet: <www.brasiliana.usp.br> (com Rio de Janeiro: Garnier, 1888. Internet: <www.brasiliana.usp.br> (com
adaptações). adaptações).

Glossário Glossário
Siringa: belíssima ninfa da água na mitologia clássica. Midas: Siringa: belíssima ninfa da água na mitologia clássica. Midas:
personagem da mitologia grega, rei da Frígia. personagem da mitologia grega, rei da Frígia.
Jove: ou Júpiter, ou Zeus, deus dos deuses e dos homens.Fau- Jove: ou Júpiter, ou Zeus, deus dos deuses e dos homens.Fau-
no: deus romano protetor dos pastores e rebanhos. no: deus romano protetor dos pastores e rebanhos.
Plutão: ou Hades, deus que possuía as chaves do reino dos Plutão: ou Hades, deus que possuía as chaves do reino dos
mortos. mortos.

41
LÍNGUA PORTUGUESA
Com relação a aspectos linguísticos do poema Quem sou eu?, “Sim, senhor.”
anteriormente apresentado, julgue o próximo item. “Olha, é pontuda, certo?”
O poeta lança mão de processos de derivação sufixal para criar “O quê, cavalheiro?”
novas palavras a partir do radical do substantivo “bode”. “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois
( ) CERTO vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra
( ) ERRADO ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra
volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de,
8.(CEBRASPE (CESPE) - ESPFAEP (DEPEN)/DEPEN/ENFER- como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta;
MAGEM/2021) a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É
No dia 31 de outubro de 1861, depois de um conturbado pro- isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?”
cesso de construção, que durou cerca de três décadas, a Bahia “Infelizmente, cavalheiro...”
inaugurou a sua primeira penitenciária, que recebeu oficialmente o “Ora, você sabe do que eu estou falando.”
nome de Casa de Prisão com Trabalho. A instituição foi construída “Estou me esforçando, mas...”
numa área pantanosa, na periferia da cidade de Salvador. “Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa
ponta, certo?”
A implantação da penitenciária fazia parte do projeto civiliza- “Se o senhor diz, cavalheiro.”
dor oitocentista, e o Brasil acompanhava uma tendência mundial
de modernização do sistema prisional, queteve início na Inglater- Luís Fernando Veríssimo. Comunicação.
ra e nos Estados Unidos no final do século XVIII. As execuções
e as torturas em praças públicas, utilizadas para atemorizar a Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do
quem estivesse planejando novos crimes, foram, gradativamente, texto precedente, julgue o item a seguir.
abandonadas. Entrava em cena a penalidade moderna, que plane- Os adjetivos ‘conhecidíssima’ (sétimo parágrafo) e ‘pontuda’
java privar o criminoso do seu bem maior — a sua liberdade —, (décimo primeiro parágrafo) qualificam o mesmo termo no texto,
internando-o numa instituição construída especificamente para mas do emprego do primeiro se depreendemais intensidade que
recuperá-lo, que recebeu o nome de penitenciária. O seu fun- do segundo.
cionamento era regido pornormas que seriam aplicadas de acor- ( ) CERTO
do com o modelo penitenciário escolhido pelas autoridades, mas ( ) ERRADO
utilizavam-se elementos como o trabalho, a religião, a disciplina,
ouso de uniformes e, sobretudo, o isolamento como métodos de 10.(CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/ADMINIS-
punição e recuperação. TRAÇÃO/2022)

Dessa forma, esperava-se criar um “novo homem”, que Texto CG1A1-I


seria devolvido à sociedade com todos os atributos necessários O terror torna-se total quando independe de toda oposição;
à convivência social, principalmente para otrabalho. Foi com essa reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a
expectativa que os reformadores baianos implantaram a Casa de legalidade é a essência do governo nãotirânico e a ilegalidade é a
Prisão com Trabalho. essência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitá-
rio. O terror é a realização da lei do movimento.
Cláudia Moraes Trindade. O nascimento de uma penitenciária:os pri-
meiros presos da Casa de Prisão com Trabalho da Bahia (1860-1865). O seu principal objetivo é tornar possível, à força da natureza
In: Tempo, Niterói, v. 16, n. 30, p. 167-196, 2011 (com adaptações). ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, sem
o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o ter-
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto an- ror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças
terior, julgue o item que se segue. da natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimi-
Com o uso do artigo definido na contração “do” em “do proje- gos dahumanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não
to civilizador oitocentista” (no início do segundo parágrafo), pres- pode permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia,
supõe-se que a autora parte do princípio deque os leitores tenham interfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da
conhecimento prévio acerca desse projeto. natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram con-
( ) CERTO ceitos vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do proces-
( ) ERRADO so natural ouhistórico que já emitiu julgamento quanto às “raças
inferiores”, quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes
9.(CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/ agonizantes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses
ADVOGADO/2022) julgamentos, mas no seu tribunal todos os interessados são
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber subjetivamente inocentes: os assassinados porque nada fizeram
comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para contra o regime, e os assassinos porque realmente não assas-
comprar um... um... como é mesmo o nome? sinaram, mas executaram uma sentença de morte pronunciada
“Posso ajudá-lo, cavalheiro?” por um tribunal superior. Os próprios governantes não afirmam
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” serem justos ou sábios, mas apenas executores de leis, teóricas ou
“Pois não?” naturais; não aplicam leis, mas executam um movimento segundo
“Um... como é mesmo o nome?” a sua lei inerente.
“Sim?”
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me esca- No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a
pou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.” erigir fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os
“Sim, senhor.” homens, cuja comunidade é continuamenteposta em perigo pelos
“O senhor vai dar risada quando souber.” novos homens que nela nascem. A estabilidade das leis corres-

42
LÍNGUA PORTUGUESA
ponde ao constante movimento de todas as coisas humanas, um — Entretanto, assim como é de boa economia guardar um
movimento que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar
e morram. As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indeni-
tempo, asseguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade zem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te
de algo inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positi- aconselho hoje, dia da tua maioridade.
vas são para a existência política do homem o que a memória é para
a sua existência histórica: garantem a preexistência de um mundo — Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá?
comum, a realidade de certa continuidade que transcende a du-
ração individual de cada geração, absorve todas asnovas origens — Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão.
e delas se alimenta. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém,
as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação
Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me
é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...)
uma tirania e põe abaixo as fronteiras dalei feita pelos homens.
Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade — Entendo.
arbitrária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico
de um homemcontra todos, muito menos a uma guerra de todos — Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira,
contra todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação deves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para
entre os homens individuais, constrói um cinturãode ferro que os uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente (...).
cinge de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse
em Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da — Mas quem lhe diz que eu...
lei entre os homens
— como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus — Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da per-
direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o feita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me
espaço entre os homens, delimitado pelasleis, é o espaço vital da refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ou-
liberdade. vidas numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique
certa carência de ideias, ainda assim pode não passar de uma trai-
Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.dhnet.org. ção da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com
br> (com adaptações). que usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias
acerca do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do
No parágrafo do texto CG1A1-I, o verbo “erigir” tem o mesmo ranger ou calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis
sentido de aí uma esperança. No entanto, podendo acontecer que, com a ida-
(A) manter. de, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar
(B) derrubar. fortemente o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e
(C) alargar. súbitas; por mais que as soframos, elas irrompem e precipitam-se.
(D) construir. Daí a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado,
(E) reduzir. distingue o medalhão completo do medalhão incompleto.

11.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/ Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos de
PORTUGUÊS/2021) Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John Gledson. São
Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com adaptações).
Teoria do medalhão (diálogo)
— Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, Considerando os aspectos linguísticos do texto Teoria do me-
meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, dalhão, apresentado anteriormente, julgue o item a seguir.
no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e Na oração “urge aparelhar fortemente o espírito”, o segmento
estás homem, longos bigodes, alguns namoros... “urge aparelhar” constitui uma locução verbal.
( ) CERTO
— Papai... ( ) ERRADO

— Não te ponhas com denguices, e falemos como dois ami-


gos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes.
Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um di-
ploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa,
na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há
infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam
apenas a primeira sílaba do nosso destino. (...) Mas qualquer que
seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande
e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuri-
dade comum. (...)

— Sim, senhor.

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LÍNGUA PORTUGUESA
12.(CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/ ror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças
ADVOGADO/2022) da natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimi-
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” gos dahumanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não
pode permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia,
“Pois não?” interfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da
natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram con-
“Um... como é mesmo o nome?” ceitos vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do proces-
so natural ouhistórico que já emitiu julgamento quanto às “raças
“Sim?” inferiores”, quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes
agonizantes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me esca- julgamentos, mas no seu tribunal todos os interessados são
pou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.” subjetivamente inocentes: os assassinados porque nada fizeram
contra o regime, e os assassinos porque realmente não assas-
“Sim, senhor.” sinaram, mas executaram uma sentença de morte pronunciada
por um tribunal superior. Os próprios governantes não afirmam
“O senhor vai dar risada quando souber.” serem justos ou sábios, mas apenas executores de leis, teóricas ou
naturais; não aplicam leis, mas executam um movimento segundo
“Sim, senhor.” a sua lei inerente.
No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a
“Olha, é pontuda, certo?” erigir fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os
homens, cuja comunidade é continuamenteposta em perigo pelos
“O quê, cavalheiro?” novos homens que nela nascem. A estabilidade das leis corres-
ponde ao constante movimento de todas as coisas humanas, um
“Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? movimento que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam
e morram. As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo
Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, tempo, asseguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade
e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta de algo inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positi-
tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma vas são para a existência política do homem o que a memória é para
espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a a sua existência histórica: garantem a preexistência de um mundo
outra ponta; a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica comum, a realidade de certa continuidade que transcende a du-
fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?” ração individual de cada geração, absorve todas asnovas origens
e delas se alimenta.
“Infelizmente, cavalheiro...” Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico
é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como
“Ora, você sabe do que eu estou falando.” uma tirania e põe abaixo as fronteiras dalei feita pelos homens.
Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade
“Estou me esforçando, mas...” arbitrária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico
de um homemcontra todos, muito menos a uma guerra de todos
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa contra todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação
ponta, certo?” entre os homens individuais, constrói um cinturãode ferro que os
cinge de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse
“Se o senhor diz, cavalheiro.” em Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da
lei entre os homens
Luís Fernando Veríssimo. Comunicação. — como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus
direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do espaço entre os homens, delimitado pelasleis, é o espaço vital da
texto precedente, julgue o item a seguir. liberdade.
No período ‘Posso ajudá-lo, cavalheiro?’ (segundo parágrafo),
o personagem emprega uma forma pronominal de terceira pessoa Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.dhnet.org.
para se dirigir diretamente ao seu interlocutor. br> (com adaptações).
( ) CERTO
( ) ERRADO Julgue o seguinte item, acerca dos mecanismos de coesão do
texto CG1A1-I.
13.(CEBRASPE (CESPE) - ANA (PGE RJ)/PGE RJ/CONTÁ- Os vocábulos “sua” e “própria”, ambos no sexto período do
BIL/2022) texto, indicam posse de Fredegunda
Texto CG1A1-I ( ) CERTO
O terror torna-se total quando independe de toda oposição; ( ) ERRADO
reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a
legalidade é a essência do governo nãotirânico e a ilegalidade é a
essência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitá-
rio. O terror é a realização da lei do movimento.
O seu principal objetivo é tornar possível, à força da natureza
ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, sem
o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o ter-

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LÍNGUA PORTUGUESA
14.(CEBRASPE (CESPE) - ANA (APEX)/APEXBRASIL/NEGÓ- 16.( CEBRASPE (CESPE) - ESC POL (PC DF)/PC DF/2021)
CIOS INTERNACIONAIS/2021) Há violências da moral patriarcal que instauram a solidão; ou-
tras marcam a lei no corpo das mulheres — assim sobrevive Maria
Texto CB1A1-II da Penha; outras aniquilam a vida, como éa história de mulheres
As empresas movidas a dados superam amplamente seus pares assassinadas pela fúria do gênero. Entre 2006 e 2011, o Instituto
em várias medidas financeiras, obtendo 70% mais receita por fun- Médico Legal do Distrito Federal foi o destino de 81 mulheres
cionário e gerando 22% mais lucros, de acordo com um relatório mortas pelogênero. Foram 337 mortes violentas de mulheres que
do Capgemini Research Institute. O estudo aponta que, embora chegaram ao IML. Dessas, somente 180 processos judiciais foram
a aplicação de dados e análises esteja se tornando um pré-requi- localizados, dos quais 81 eram de violência doméstica. Muitas de-
sito para osucesso, menos de 40% das organizações usam insights las saíram do espaço da casa como asilo (“lugar onde ficam
embasados em dados para gerar valor aos negócios e à inovação. isentos da execução das leis os que a ele se recolhem”) para
O domínio dos dados é fundamental para obter uma van- o necrotério. Essasmulheres, as verdadeiras testemunhas de como
tagem competitiva, e as organizações que não tomam medidas a moral patriarcal inscreve nos corpos a sentença de subordinação,
concretas para conseguir isso terão dificuldadeem acompanhar o são anônimas e não nos contam suas histórias em primeira pessoa.
mercado. Acredita-se poder biografá-las por diferentes gêneros de discurso
— um deles é o texto penal. As mulheres mortas pelo gênero não
Internet: <www.convergenciadigital.com.br> (com adaptações). retornarão pela instauração de uma nova ordem punitiva, o femi-
nicídio, mas acredita-se que a nominação de seu desaparecimen-
No último período do texto CB1A1-II, o termo “isso” faz refe- to seja uma operação de resistência: o nome facilitaria a esfera de
rência a aparição da mulher como vítima.
(A) “dados”.
(B) “domínio dos dados”. Débora Diniz. Perspectivas e articulações de uma pesquisafeminista.
(C) “medidas concretas”. In: Estudos feministas e de gênero: articulações e perspectivas. Floria-
(D) “acompanhar o mercado”. nópolis: Ed. Mulheres, 2014 (com adaptações).

15.(CEBRASPE (CESPE) - Of (PM AL)/PM AL/2021) Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto
apresentado, julgue o próximo item.
Texto CB1A1-I Sem prejuízo do sentido original e da correção gramatical do
Tradicionalmente, as conquistas democráticas nas sociedades texto, o vocábulo “assim” poderia ser substituído por desse modo.
modernas estiveram associadas à organização de movimentos so- ( ) CERTO
ciais que buscavam a expansão da cidadania. Foi assim durante as ( ) ERRADO
revoluções burguesas clássicas nos séculos XVII e XVIII. Também a
organização dos trabalhadores industriais nos séculos XIX e XX foi 17.(CEBRASPE (CESPE) - ASS (APEX)/APEXBRASIL/APOIO
responsável pela ampliação dos direitos civis e sociais nas democra- ADMINISTRATIVO/2021)
cias liberais do Ocidente. De igual maneira, as demandas dos cha-
mados novos movimentos sociais, nos anos 70 e 80 do século XX, Texto CB2A1-I
foram responsáveis pelo reconhecimento dos direitos das minorias A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas
sociais (grupos étnicos minoritários, mulheres, homossexuais) nas oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pe-
sociedades contemporâneas. quenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança
na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e
Em todos esses casos, os espaços privilegiados das ações dos novas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico.
grupos organizados eram os Estados nacionais, espaços privilegia- Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio ele-
dos de exercício da cidadania. Contudo, a expansão do conjunto de trônico, várias vantagens podem ser apresentadas, como a faci-
transformações socioculturais, tecnológicas e econômicas, conheci- lidade de estabelecer compras online 24 horaspor dia, sete dias
do como globalização, nas últimas décadas, tem limitado de forma da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade
significativa os poderes e a autonomia dos Estados (pelo menos os empresarial, como quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana,
dos países periféricos), os quais se tornam reféns da lógica do mer- a diminuição de tempo gasto com as operações e a sustentabilidade
cado em uma época de extraordinária volatilidade dos capitais. com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos
Manoel Carlos Mendonça Filho et al. Polícia, direitos humanos e edu- varejistas e a todo tipo de comerciante que vise ampliar suas
cação para a cidadania. Internet: <corteidh.or.cr> (com adaptações atividades pelo uso de novas tecnologias. Osprodutos engloba-
dos por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto e serviço. Os consumidores protegidos pela norma conceituam-se
CB1A1-I, julgue o seguinte item. como membro individual do público geral, que compra ou usa pro-
No final do segundo parágrafo, a substituição do termo “os dutos para fins pessoais ou finalidades domésticas.
quais” por onde manteria a correção gramatical e o sentido do Todavia, para que esse sistema de transações de comércio ele-
texto. trônico seja eficaz, o comerciante deve planejar, implantar e desen-
( ) CERTO volver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado e
( ) ERRADO transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da
credibilidade desse tipo de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a plu-
ralidade e a diversidade na rede devem gerar um maior suporte ao
consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na transa-
ção eletrônica.

45
LÍNGUA PORTUGUESA
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedi- — Mas onde poderia estar a lanterna senão no porta-luvas,
do em seu comércio eletrônico! a princesa esqueceu?

ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão Através do vidro, a estrela maior (Vênus) pulsava reflexos azuis.
da qualidade –satisfação do cliente – diretrizes para transações de Gostaria de estar numa nave, mas com o motor desligado, sem ru-
comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. ído, sem nada. Quieta. Ou neste carro silencioso mas sem ele. Já
31 (com adaptações). fazia algum tempo que eu queria estar sem ele, mesmo com o pro-
blema de ter acabado a gasolina.
No trecho “Com a utilização do sistema B2C”, no segundo pa-
rágrafo do texto CB2A1-I, o termo “Com” expressa — As coisas ficariam mais fáceis se você fosse menos grosso
(A) causa. — eu disse, entreabrindo a mão e experimentando a lanterna no
(B) consequência. pedregulho que achei na estrada.
(C) companhia.
(D) modo. — Está bem, minha princesa, se não for muito incômodo,
será que poderia me passar a lanterninha?
18.(CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/ORGANIZA-
CIONAL/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2022) Quando me lembro dessa noite (e estou sempre lembrando)
me vejo repartida em dois momentos: antes e depois. Antes, as
Texto CB1A2-II pequenas palavras, os pequenos gestos, os pequenos amores cul-
A pseudociência difere da ciência errônea. A ciência prospera minados nesse Fernando, aventura medíocre de gozo breve e con-
com seus erros, eliminando-os um a um. Conclusões falsas são ti- vivência comprida. Se ao menos ele não fizesse aquela voz para
radas todo o tempo, mas elas constituem tentativas. As hipóteses perguntar se por acaso alguém tinha levado a sua caneta. Se por
são formuladas de modo a poderem ser refutadas. Uma sequên- acaso alguém tinha pensado em comprar um novo fio dental,
cia de hipóteses alternativas é confrontada com os experimentos este estava no fim. Não está, respondi, é que ele seenredou lá
e a observação. A ciência tateia e cambaleia em busca de melhor dentro, se a gente tirar esta plaqueta (tentei levantar a plaqueta)
compreensão. Alguns sentimentos de propriedade individual são a gente vê que o rolo está inteiro mas enredado e quando o fio se
certamente ofendidos quando uma hipótese científica não é apro- enreda desse jeito, nunca mais!, melhor jogar fora e começar outro
vada, mas essas refutações são reconhecidas como centrais para o rolo. Não joguei. Anos e anos tentando desenredar o fio impossível,
empreendimento científico. medo da solidão? Medo de me encontrar quando tão ardentemen-
te me buscava?
A pseudociência é exatamente o oposto. As hipóteses são for-
muladas de modo a se tornar invulneráveis a qualquer experimento Lygia Fagundes Telles. Noturno Amarelo. In: Mistérios. Rio deJaneiro:
que ofereça uma perspectiva de refutação, para que em princípio Nova Fronteira, 1981 (com adaptações).
não possam ser invalidadas.
Julgue o item seguinte, relativos aos sentidos e a aspectos
Talvez a distinção mais clara entre a ciência e a pseudociência linguísticos do texto precedente.
seja o fato de que a primeira sabe avaliar com mais perspicácia as No trecho “Quando me lembro dessa noite”, a correção gra-
imperfeições e a falibilidade humanas do que a segunda. Se nos matical seria mantida caso o pronome “me” fosse deslocado para
recusamos radicalmente a reconhecer em que pontos somos pro- imediatamente após a forma verbal “lembro”, da seguinte forma:
pensos a cair em erro, podemos ter quase certeza de que o erro nos Quando lembro-me dessa noite.
acompanhará para sempre. Mas, se somos capazes de uma peque- ( ) CERTO
na autoavaliação corajosa, quaisquer que sejam as reflexões tristes ( ) ERRADO
que isso possa provocar, as nossas chances melhoram muito.
20.(CEBRASPE (CESPE) - TCE TCE RJ/TCE-RJ/TÉCNI-
Carl Sagan. O mundo assombrado pelos demônios.Tradução de Rosau- CO/2022)
ra Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 39-40 (com A preocupação com o desenvolvimento das indústrias criativas
adaptações) ocorre de forma não intuitiva e direcionada há muitos anos. Em
1918, o presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wil-
A respeito dos aspectos linguísticos do texto CB1A2-II, julgue son, promoveu a nascente indústria cinematográfica, considerando
o item que se segue. que “o comércio vai atrás dos filmes”, uma afirmação clássica sobre
No trecho “Conclusões falsas são tiradas todo o tempo, mas o fato de que as indústrias criativas têm um significado que vai mui-
elas constituem tentativas” (primeiro parágrafo), o teor da oração to além do seu impacto econômico imediato. O governo australiano
introduzida pelo vocábulo “mas” atenua aforça argumentativa do publicou, em 1994, um documento chamado Creative Nation, no
conteúdo da primeira oração. qual já apresentava alguns posicionamentos oficiais sobre a pauta.
( ) CERTO Nele, afirmava que “uma política cultural também é uma política
( ) ERRADO econômica” e que “o nível de nossa criatividade determina substan-
cialmente nossa capacidade de adaptação aos novos imperativos
19.(CEBRASPE (CESPE) - ESC POL (PC DF)/PC DF/2021) econômicos”.

Fernando arrancou o paletó no auge da impaciência e pergun- Após as eleições para primeiro-ministro do Reino Unido, em
tou com voz esganiçada se eu pretendia ficar a noite inteira ali de 1997, foi realizado o primeiro mapeamento concreto e aprofun-
estátua enquanto ele teria que encher o tanque naquela escuridão dado sobre a economia criativa em uma nação. Esse mapeamento
de merda porque ninguém lhe passava o raio da lanterna. causou polêmica quanto à conceituação de indústria criativa. De
— Onde está a lanterna? acordo com a definição do governo inglês, as indústrias criativas são

46
LÍNGUA PORTUGUESA
aquelas atividades que têm origem na criatividade, na habilidade intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e,
e no talento individual e que potencializam a geração de riqueza e é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha
empregos por meio da geração e da exploração da propriedade in- (isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto
telectual. Os críticos que analisaram o projeto de Tony Blair/DCMS é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das
consideraram que as colocações deixaram o contexto muito aberto, vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo
pois poderia englobar áreas como engenharia e indústria farmacêu- em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem
tica, que não têm conexão com a economia criativa. escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem
escreve, o ouvido atento.
Como em qualquer área de pesquisa, alguns cientistas apre-
sentam visões bem controversas. O pesquisador estadunidense Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da
Richard Florida, por exemplo, trouxe o conceito de classe criativa. sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo-
Segundo Florida, regiões metropolitanas com alta concentração de bramos a palavra, descobrimos que quem lhedá vida não é exa-
trabalhadores ligados a tecnologia, artistas, músicos, lésbicas e gays tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que,
e o grupo definido por high bohemians são áreas com alto potencial numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala-
de crescimento neste milênio. Na visão de Florida, as cidades de- vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa-
vem posicionar-se de forma diferente no novo milênio e virar todos lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que
os holofotes para a economia criativa. lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original
Vinnie de Oliveira. Economia criativa 4.0: o mundo não gira ao contrá- autossuficiente estaria destruída.
rio. Edição do Kindle (com adaptações).
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
Julgue o item seguinte, no que diz respeito às ideias e a aspec- ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
tos linguísticos do texto precedente. sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
No segundo parágrafo, os termos “economia” (primeiro pe- nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
ríodo) e “indústria” (segundo período) são empregados no texto de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os
como sinônimos. outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
( ) CERTO a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
( ) ERRADO uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais
21.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN- remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa,
GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria
ORTOGRÁFICA/2021) interminável dos que nos ouvem.

Texto 14A1-I Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri- sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que
tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis-
depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a
um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos linguagem como certa ou errada (exceto
estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa
região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe Considere as seguintes frases.
social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca I “A característica comum de todos os artistas representa-
num país inteiro. tivos é que incluem todas as espécies de tendências e correntes.”
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni- (Fernando Pessoa)
tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a II “Ser mestre não é de modo algum um emprego e a sua
matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela- atividade se não pode aferir pelos métodos correntes.” (Agostinho
ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de da Silva)
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente III “Ser pela liberdade não é apenas tirar as correntes de
consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra- alguém, mas viver de forma que respeite e melhore a liberdade
tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem dos outros.” (Nelson Mandela)
universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa- IV “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o
do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che- prendem.” (Rosa Luxemburgo)
gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável
da palavra: ofalante. Contêm homônimos da palavra “corrente” empregada no ter-
ceiro período do segundo parágrafo do texto 14A1-I apenas os
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei- itens
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele (A) I e III.
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por- (B) I e IV.
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz (C) II e IV.
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que (D) I, II e III.
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, (E) II, III e IV.
o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das

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LÍNGUA PORTUGUESA
22.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/ 23.(CEBRASPE (CESPE) - ATM (PREF ARACAJU)/PREF ARA-
PORTUGUÊS/2021) CAJU/ABRANGÊNCIA GERAL/2021)

Texto 14A1-I Quais são as consequências dessa pandemia no que diz res-
As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalen- peito à reflexão sobre igualdade, interdependência global e nos-
tes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual facilidade sas obrigações uns com os outros? O vírus não discrimina. Por
(embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto, conta da forma pela qual se move e ataca, ele demonstra que a
dois fatores dificultam a aplicação de algumas línguas a certos comunidade humana é igualmente precária. Ao mesmo tempo,
assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulário; outro, subje- contudo, o fracasso por parte de certos Estados ou regiões em
tivo, a existênciade preconceitos. se prepararem adequadamente de antemão, o fechamento de
fronteiras e a chegada de empreendedores ávidos para capita-
É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma lín- lizar em cima do sofrimento global, tudo isso atesta a velocida-
gua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo que ela de com a qual a desigualdade radical e a exploração capitalista
serve para expressar. Por exemplo, se a literatura francesa é parti- encontram formas de reproduzir e fortalecer seus poderes no
cularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa interior das zonas de pandemia. Um cenário que já podemos
seja superior às outras línguas para a expressão literária. O desen- imaginar é a produção e comercialização de uma vacina eficaz
volvimentode uma literatura é decorrência de fatores históricos contra a covid-19. Nós certamente veremos os ricos e os ple-
independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatu- namente assegurados correrem para garantir acesso a qualquer
ra francesa diz algo dos méritos da cultura dos povos de língua vacina quando ela se tornar disponível. A desigualdade social e
francesa, não de uma imaginária vantagem literária de se utilizar econômica garantirá a discriminação. O vírus por si só não dis-
o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido crimina, mas nós humanos certamente o fazemos, moldados e
tão importante quanto foi mesmo se falasse outra língua — desde movidos como somos pelos poderes casados do nacionalismo,
que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau de adianta- do racismo, da xenofobia e do capitalismo. Parece provável que
mento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de passaremos a ver, no próximo ano, um cenário doloroso no qual
seu tempo. algumas criaturas humanas afirmam seu direito de viver ao cus-
to de outras, reinscrevendo a distinção espúria entre vidas passí-
Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos cien- veis e não passíveis de luto, isto é, entre aqueles que devem ser
tíficos da contemporaneidade são as instituições e os pesqui- protegidos contra a morte a qualquer custo e aqueles cujas vidas
sadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica não valem o bastante para serem salvaguardadas da doença e
internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a da morte.
supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, por
exemplo, na Holanda,o holandês nos estaria servindo exatamente Judith Butler. O capitalismo tem seus limites. Internet: <blogdaboitem-
tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estru- po.com.br> (com adaptações).
turais intrínsecos que o façam superior ao holandês como língua
adequada à expressão de conceitos científicos. Em “Um cenário que já podemos imaginar é a produção e co-
mercialização de uma vacina eficaz contra a covid-19”, o vocábulo
Não se conhece caso em que o desenvolvimento da superiori- “já” foi empregado com o sentido de
dade literária ou científica de um povo possa ser claramente atribu- (A) primeiramente.
ído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes lite- (B) antecipadamente.
raturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes (C) prontamente.
nações (as mais ricas, as mais livres de restrições ao pensamento (D) inicialmente.
e também —ai de nós! — as mais poderosas política e mili- (E) anteriormente.
tarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais
e culturais de uma nação se dá mais ou menos harmonio- 24.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/JORNA-
samente; a ciência e a arte são também produtos da riqueza e da LISMO/2021)
estabilidade de uma sociedade.
Texto 13A2-IV
O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de Estamos acostumados à ideia de que os dados são quase um
não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente para sinônimo de precisão e certeza, mas, na era digital, quanto mais
acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem chegar a ser dados chegam ao nosso conhecimento, maiores são as nossas in-
muito grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar certezas e dúvidas. Em plena era dos dados, lidar com essa consta-
uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos científicos e téc- tação passa a ser um desafio que vai definir o futuro do jornalismo
nicos.Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua parafazer e, especialmente, a sua inserção na, cada vez mais complexa, arena
ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações). da informação pública.

Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto Internet: <www.observatoriodaimprensa.com.br> (com alterações).


14A1-I, julgue o item a seguir.
No último parágrafo, o verbo correr está empregado com sen- A construção sintática do segundo período do texto 13A2-IV é
tido denotativo. caracterizada pela presença de orações
( ) CERTO (A) absolutas.
( ) ERRADO (B) subordinadas.
(C) coordenadas.
(D) correlativas.
(E) interferentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA
25.(CEBRASPE (CESPE) - DP RS/DPE RS/2022) 26.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN-
GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO
Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade globali- ORTOGRÁFICA/2021)
zante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O consu-
midor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. Ele Texto 14A1-I
segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema. A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
o consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessida- línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri-
de, da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsionou o tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples
descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso tem trans- depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a
formado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos não apenas um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos
para as futuras gerações, como também para as atuais, o que resul- estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa
ta em problemas sociais, crises humanitárias e degradação do meio região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe
ambiente ecologicamente equilibrado, além de afetar o desenvolvi- social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca
mento humano, ao se precificar o ser racional, dissolvendo-se toda num país inteiro.
solidez social e trazendo-se à tona uma sociedade líquido-moderna A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni-
de hiperconsumidores vorazes e indiferentes às consequências de tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a
seus atos sobre o meio ambiente ecologicamente equilibrado e so- matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela-
bre as gerações atuais e futuras. ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente
O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra-
lixo, pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais coi- tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem
sas, mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há alguma universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa-
coisa melhor, maior e mais rápida do que no presente. Ao mesmo do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che-
tempo, as coisas que se possuem e se consomem enchem não ape- gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável
nas os armários, as garagens, as casas e as vidas, mas também as da palavra: ofalante.
mentes das pessoas.
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei-
Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele
o desejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultrapas- pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por-
sado; o fim de um consumo significa a vontade de iniciar qualquer que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz
outro. Nessa vida de hiperconsumo e para o hiperconsumo, a pes- do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que
soa natural fica tentada com a gratificação própria imediata, mas, não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro,
ao mesmo tempo, os cérebros não conseguem compreender o im- o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das
pacto cumulativo em um nível coletivo. Assim, um desejo satisfeito intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e,
torna-se quase tão prazeroso e excitante quanto uma flor murcha é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha
ou uma garrafa de plástico vazia. (isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto
é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das
O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo
entre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a mo- em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem
ral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, descartável escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem
e indiferente. escreve, o ouvido atento.

Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborativo Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da
como mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade líqui- sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo-
do-moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações). bramos a palavra, descobrimos que quem lhedá vida não é exa-
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que,
Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto pre- numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala-
cedente, julgue o item que se seguem. vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa-
No parágrafo, os sujeitos das formas verbais “pressupõe” e lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que
“é” são classificados como oracionais, por serem constituídos pelos lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma
verbos “fazer” e “curtir”, respectivamente pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original
( ) CERTO autossuficiente estaria destruída.
( ) ERRADO
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais

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LÍNGUA PORTUGUESA
remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, passar do tempo, entretanto, ela tornou-se, progressivamente, uma
mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria arte do bem dizer, reduzindo-se a um arsenal de figuras. Voltada
interminável dos que nos ouvem. para os ornamentos do discurso, a retórica chegou a se esquecer de
sua vocação primeira: imprimir ao verbo a capacidade de provocar
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- a convicção. É a esse objetivo que retornam, atualmente, as refle-
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; xões que se desenvolvem na era da democracia e da comunicação.
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas Ruth Amosy. A argumentação no discurso. São Paulo: Editora Contex-
sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que to, 2018, p. 7 (com adaptações
nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis-
ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a Julgue o item subsequente, relativo aos aspectos linguísticos
linguagem como certa ou errada (excetonos cadernos escolares), do texto CB1A2-I.
mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, deli- No primeiro período do texto, o termo “da palavra” comple-
rante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano menta o sentido do substantivo “uso”
inseguro dos valores que se move o escritor. E é apenas nesse ter- ( ) CERTO
reno de valores que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto ( ) ERRADO
estético, a sua dignidade poética, historicamente flutuante.
28.( CEBRASPE (CESPE) - SOLD (PM TO)/PM TO/QPE/2021)
A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura, O papel da polícia militar é exclusivamente o patrulhamento
contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas ostensivo. É por isso que essa é a polícia que anda fardada e
outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo- caracterizada, mostrando sua presençaostensiva e passando segu-
zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem es- rança à sociedade.
creve, nela também está a sua fronteira necessária, e, em última Nesse contexto, a polícia militar tem papel de relevância, uma
instância, a suaética. Para formar a minha palavra, eu preciso da pa- vez que se destaca, também, como força pública, primando pelo
lavra do outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. zelo, pela honestidade e pela correçãode propósitos com a finali-
A palavra que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não dade de proteger o cidadão, a sociedade e os bens públicos e priva-
é nunca um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo dos, coibindo os ilícitos penais e as infrações administrativas.
nela, outra intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual Nos dias atuais, a polícia militar, além de suas atribuições
eu preciso me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a mi- constitucionais, desempenha várias outras atribuições que, direta
nha palavra, tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que ou indiretamente, influenciam no cotidianodas pessoas, na medida
parece a natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa em que colabora com todos os segmentos da sociedade, diminuin-
se transformar, para o escritor, na sua ética. do conflitos e gerando a sensação de segurança que a comunidade
anseia.
Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adaptações). De uma forma bem simples, a polícia militar cuida daquilo que
está acontecendo ou que acabou de acontecer, enquanto a polícia
No último período do quinto parágrafo do texto 14A1-I, o ter- civil cuida daquilo que já aconteceu eque demanda investigação,
mo “Mesmo solitários” funciona como ou seja, a polícia militar é aquela que cuida e previne, e a polícia
(A) predicativo do sujeito da oração principal. civil é aquela que busca quem fez.
(B) oração subordinada adverbial concessiva.
(C) adjunto adnominal do sujeito da oração principal. Internet: <www.pm.to.gov.br> (com adaptações).
(D) adjunto adverbial de modo.
(E)) aposto do sujeito da oração principal. No texto 1A2-I, funciona como adjunto adverbial o termo
(A) “ostensiva”, em “mostrando sua presença ostensiva” (pri-
27.(CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/ORGANIZA- meiro parágrafo).
CIONAL/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2022) (B) “administrativas”, em “coibindo os ilícitos penais e as infra-
ções administrativas” (segundo parágrafo).
Texto CB1A2-I (C) “segurança”, em “gerando a sensação de segurança que a
O uso da palavra está, necessariamente, ligado à questão da comunidade anseia” (terceiro parágrafo).
eficácia. Visando a uma multidão indistinta, a um grupo definido (D) “direta”, em “a polícia militar (...) desempenha várias ou-
ou a um auditório privilegiado, o discurso procura sempre produzir tras atribuições que, direta ou indiretamente, influenciam no
um impacto sobre seu público. Esforça-se, frequentemente, para cotidiano das pessoas” (terceiro parágrafo).
fazê-lo aderir a uma tese: ele tem, então, uma visada argumenta- (E)) “anseia”, em “gerando a sensação de segurança que a
tiva. Mas o discurso também pode, mais modestamente, procurar comunidade anseia” (terceiro parágrafo).
modificar a orientação dos modos de ver e de sentir: nesse caso, ele
tem uma dimensão argumentativa. Como o uso da palavra se dota 29.(CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE SC)/MPE SC/2021)
do poder de influenciar seu auditório? Por quais meios verbais, por
quais estratégias programadas ou espontâneas ele assegura a sua É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece os
força? limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e trans-
cender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser estabelecidos
Essas questões, das quais se percebe facilmente a importân- no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos.
cia na prática social, estão no centro de uma disciplina cujas raízes E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico de espreitar além
remontam à Antiguidade: a retórica. Para os antigos, a retórica era das fronteiras que ele estabelece para a sua própria liberdade,
uma teoria da fala eficaz e também uma aprendizagem ao longo da que nosso estar no mundo é um processo de vir a ser perpétuo —
qual os homens da cidade se iniciavam na arte de persuadir. Com o incessante e infinito: nosso vir a ser € o vir a ser do nosso “mundo

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LÍNGUA PORTUGUESA
da vida” — juntar-se, misturar-se, embora sem solidificar, estrei- Considerando as ideias, os sentidos e aspectos linguísticos do
ta e inseparavelmente, entrançados e entrelaçados, e comparti- texto precedente, julgue o item subsequente.
lhando nossos respectivos sucessos e infortúnios, ligados um ao No terceiro parágrafo, o trecho “que separam desse óleo as
outro para o melhor e para o pior, desde o momento de nossa frações de gasolina, diesel e gás de cozinha, entre outros deri-
concepção simultânea até que a morte nos separe. vados” consiste em uma oração adjetivarestritiva, na medida em
que delimita o tipo específico de refinarias a que se refere o texto.
O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em ( ) CERTO
um ânimo filosófico, ou “os fatos da questão” quando seguimos ( ) ERRADO
obedientemente as instâncias da doxa, é tecido de palavras. Ne-
nhuma outra realidade nos é acessível: não acessamos o passa- 31.( CEBRASPE (CESPE) - AG POL (PC DF)/PC DF/2021)
do “como ele realmente aconteceu”, o qual Leopold von Ranke
celebremente conclamou (instruiu) seus colegas historiadores Texto CBIA2-I
do século XIX a recuperar. Comentando sobre a história de Juan Nossos ancestrais dedicaram muito tempo e esforço a tentar
Goytisolo a respeito de um velho, Milan Kundera salienta que a descobrir as regras que governam o mundo natural. Mas a ciência
biografia — qualquer biografia que tente ser o que seu nome su- moderna difere de todas as tradições de conhecimento anteriores
gere — é, e não poderia deixar de ser, uma lógica artificial inven- em três aspectos cruciais: a disposição para admitir ignorância, o
tada, imposta retrospectivamente a uma sucessão incoerente de lugar central da observação e da matemática e a aquisição de novas
imagens, reunida pela memória de partículas e fragmentos. Ele capacidades.
conclui que, em total oposição às presunções do senso comum, o
passado compartilha com o futuro a ruína incurável da irrealida- A Revolução Científica não foi uma revolução do conheci-
de — esquivando-se/evadindo-se obstinadamente, como ambos mento. Foi, acima de tudo, uma revolução da ignorância. A grande
o fazem, das redes tecidas de palavras movidas pela lógica. Não descoberta que deu início à Revolução Científica foi a de que os
obstante, essa irrealidade é a única realidade a ser captada e pos- humanos não têm as respostas para suas perguntas mais importan-
suída por nós, que “vivemos em discurso como o peixe na água”. tes. Tradições de conhecimento pré-modernas como o islamismo, o
cristianismo, o budismo e o confucionismo afirmavam que tudo que
Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da literatura. Zahar. é importante saber a respeito do mundo já era conhecido. As anti-
Edição do Kindle (com adaptações). gas tradições de conhecimento só admitiam dois tipos de ignorân-
cia. Em primeiro lugar, um indivíduo podia ignorar algo importante.
Julgue o item que se segue, com relação a aspectos linguísti- Para obter o conhecimento necessário, tudo que ele precisava fazer
cos do texto precedente. era perguntar a alguém mais sábio. Não havia necessidade de des-
No trecho “é o discurso que estabelece os limites da nossa li- cobrir algo que qualquer pessoa já não soubesse. Em segundo lugar,
berdade e nos impulsiona a transgredir e transcender os limites” uma tradição inteira podia ignorar coisas sem importância. Por de-
(primeiro parágrafo), as formas verbais “impulsiona”, “transgredir” finição, o que quer que os grandes deuses ou os sábios do passado
e transcender” estão coordenadas entre si, estabelecendo uma não tenham se dado ao trabalho de nos contar não era importante.
relação de adição, evidenciada pelo emprego do conectivo “e” [...]
após “transgredir”.
( ) CERTO A ciência de nossos dias é uma tradição de conhecimento
( ) ERRADO peculiar, visto que admite abertamente a ignorância coletiva a res-
peito da maioria das questões importantes. Darwin nunca afirmou
30.(CEBRASPE (CESPE) - PPNS (PETROBRAS)/PETRO- ser “o último dos biólogos” e ter decifrado o enigma da vida de uma
BRAS/ADMINISTRAÇÃO/2022) vez por todas. Depois de séculos de pesquisas científicas, os biólo-
A PETROBRAS responde por cerca de 80% dos combustíveis gos admitem que ainda não têm uma boa explicação para como o
ofertados no Brasil. Para isso, muito foi investido em infraestrutura, cérebro gera consciência, por exemplo. Os físicos admitem que não
com operações que consomem quase 100 bilhões de reais ao ano, sabem o que causou o Big Bang, que não sabem como conciliar a
conforme dados de 2021. mecânica quântica com a Teoria Geral da Relatividade.
[...]
O caminho do petróleo do poço até virar combustível no carro
das pessoas é longo e complexo. Começa na procura: acertar onde A disposição para admitir ignorância tornou a ciência moder-
furar e encontrar petróleo exige conhecimento técnico de geólogos na mais dinâmica, versátil e indagadora do que todas as tradições
e geofísicos e bastante investimento. E, mesmo com um time de de conhecimento anteriores. Isso expandiu enormemente nossa
experts do mais alto nível, achar petróleo não é certo. capacidade de entender como o mundo funciona e nossa habili-
dade de inventar novas tecnologias, mas nos coloca diante de um
Transportar o petróleo do mar até as refinarias é também uma problema sério que a maioria dos nossos ancestrais não precisou
tarefa complexa, para a qual são utilizados dutos e navios. Em terra, enfrentar. Nosso pressuposto atual de que não sabemos tudo e de
ele é tratado em refinarias, que separam desse óleo as frações de que até mesmo o conhecimento que temos é provisório se estende
gasolina, diesel e gás de cozinha, entre outros derivados. Os produ- aos mitos partilhados que possibilitam que milhões de estranhos
tos são então disponibilizados às diversas distribuidoras que hoje cooperem de maneira eficaz. Se as evidências mostrarem que mui-
atendem o mercado brasileiro, responsáveis por fazer chegar cada tos desses mitos são duvidosos, como manter a sociedade unida?
um deles aos consumidores finais. Como fazer com que as comunidades, os países e o sistema inter-
nacional funcionem?
Internet: <duvidasgasolina.petrobras.com.br> (com adaptações [...]

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LÍNGUA PORTUGUESA
Uma das coisas que tornaram possível que as ordens sociais 33.(CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/
modernas se mantivessem coesas é a disseminação de uma crença ADVOGADO/2022)
quase religiosa na tecnologia e nos métodos da pesquisa científica, “Posso ajudá-lo, cavalheiro?”
que, em certa medida, substituiu a crença em verdades absolutas.
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...”
Yuval Noah Harari. Sapiens: uma breve história da humanidade. 26.º
ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2017,p. 261-263 (comadaptações). “Pois não?”

No que se refere aos aspectos linguísticos do texto CBIA2ZAI, “Um... como é mesmo o nome?”
julgue o item a seguir.
As orações que compõem o primeiro período do quarto pará- “Sim?”
grafo estabelecem entre si uma relação de causa e consequência.
( ) CERTO “Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me esca-
( ) ERRADO pou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.”

32.(CEBRASPE (CESPE) - TEC AMB (IBAMA)/IBAMA/2022) “Sim, senhor.”

Texto CB1A1-I “O senhor vai dar risada quando souber.”


A pandemia transformou a rotina de diversas pessoas ao redor
do mundo, principalmente em relação à sustentabilidade. “Sim, senhor.”

Dentro de casa, aumentou a percepção quanto à importância “Olha, é pontuda, certo?”


de modelos de consumo mais conscientes e responsáveis, como a
escolha de produtos mais duráveis e menos geradores de resíduos. “O quê, cavalheiro?”
No entanto, a transformação mais significativa, que deveria vir das
empresas, ainda é relativamente tímida. “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende?

De acordo com Mariana Schuchovski, professora de Susten- Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo,
tabilidade do ISAE Escola de Negócios, a disseminação do vírus é e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta
resultado do atual modelo de desenvolvimento, que fomenta o uso tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma
irracional de recursos naturais e a destruição de hábitats, como flo- espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a
restas e outras áreas, o que faz que animais, forçados a mudar seus outra ponta; a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica
hábitos de vida, contraiam e transmitam doenças que não existi- fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?”
riam em situações normais. “Situações de desequilíbrio ambiental, “Infelizmente, cavalheiro...”
causadas principalmente por desmatamento e mudanças de clima,
aumentam ainda mais a probabilidade de que zoonoses, ou seja, “Ora, você sabe do que eu estou falando.”
doenças de origem animal, nos atinjam e alcancem o patamar de
epidemias e pandemias”, explica a professora. “Estou me esforçando, mas...”

A especialista aponta que todos nós, indivíduos, sociedade e “Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa
empresas, precisamos entender os impactos desta pandemia no ponta, certo?”
meio ambiente e na sustentabilidade bem como refletir sobre eles
e, principalmente, sobre a sua relação inversa: o impacto da (in)sus- “Se o senhor diz, cavalheiro.”
tentabilidade dos nossos modelos de produção e consumo como
causador desta pandemia. “Toda escolha que fazemos pode ser Luís Fernando Veríssimo. Comunicação.
para apoiar ou não a sustentabilidade”, diz Mariana. Por outro lado,
para que possamos fazer melhores escolhas e praticar o verdadeiro Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do
consumo consciente, é necessário que, em primeiro lugar, as em- texto precedente, julgue o item a seguir.
presas realizem a produção consciente, assumindo sua verdadeira Em ‘A palavra me escapou por completo’ (sétimo parágrafo),
responsabilidade pelos impactos que causam. o pronome ‘me’ exprime a reflexividade da ação praticada pelo
sujeito oracional sobre si mesmo
Internet: <www.ecodebate.com.br> (com adaptações). ( ) CERTO
( ) ERRADO
Com relação aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue
o item que se segue. 34.(CEBRASPE (CESPE) - AG POL (PC AL)/PC AL/2021)
O pronome “que”, em “que causam” (último período do texto),
exerce a função de sujeito da oração em que ocorre e retoma o O século XIX constituiu-se em marco fundamental para o de-
termo “as empresas”. senvolvimento das instituições de segurança pública, com as polí-
( ) CERTO cias buscando maior legitimidade e profissionalização. Como refe-
( ) ERRADO rência ocidental, a Polícia Metropolitana da Inglaterra, fundada em
1829, mudou paradigmas, dando preponderância ao papel preven-
tivo de suas ações e foco à proteção da comunidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
O consenso, em detrimento do poder de coerção, e a pre- Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto an-
venção, em detrimento da repressão, reforçaram a proximidade da terior, julgue o item que se seguem.
polícia com a sociedade, com atenção integral ao cidadão. O mode- Sem prejuízo da correção gramatical do texto e das informa-
lo inglês retirou as polícias do isolamento, apresentando-as à comu- ções nele veiculadas, o trecho “relações das forças policiais com a
nidade como importante parceira da segurança pública e elemento comunidade” poderia ser substituído por relações entre as forças
fundamental para a redução da violência. Com isso, surgiu o con- policiais e a comunidade.
ceito de uma organização policial moderna, estatal e pública, em ( ) CERTO
oposição ao controle e à subordinação política da polícia. ( ) ERRADO

No Brasil, as primeiras iniciativas de implantação da polícia 36.(CEBRASPE (CESPE) - AAAJ (DP DF)/DP DF/DIREITO E
comunitária ocorreram com a Constituição Federal de 1988 e a ne- LEGISLAÇÃO/2022)
cessidade de uma nova concepção para as atividades policiais. Fo-
ram adotadas estratégias de fortalecimento das relações das forças As forças da natureza são obviamente indiferentes a modos de
policiais com a comunidade, com destaque para a conscientização produção, tempo e espaço. Mas são as estruturas sociais que de-
sobre a importância do trabalho policial e sobre o valor da parti- terminam as consequências, o grau de sofrimento e quem morre
cipação do cidadão para a construção de um sistema que busca a mais. Em 1989, o terremoto de São Francisco, de intensidade 7,1
melhoria da qualidade de vida de todos. na escala Richter, causou a morte de 63 pessoas e deixou cerca de
3.700 feridos. Em 2010, o terremoto em Porto Príncipe, no Haiti, de
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional magnitude 7,0 na escala Richter, matou mais de 300 mil pessoas e
de Segurança Pública (SENASP). Diretriz Nacional de Polícia Comunitá- deixou 300 mil feridos. Dez meses depois, uma epidemia de cólera
ria. Brasília – DF, 2019. p. 11-12 (com adaptações) matou 9 mil pessoas.
Quando a natureza atinge a existência humana, o impulso
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto an- primário é buscar o culpado mais à mão no imaginário. Pode ser
terior, julgue o item que se seguem. Deus, a cruel natureza ou o enigmático ente a que se denomina des-
Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido do pri- tino. Mas muito frequentemente destino é uma expressão que en-
meiro período do primeiro parágrafo, poderia ser inserida uma cobre com um véu de irracionalidade o que é apenas obra humana.
vírgula logo após o trecho “O século XIX”, portratar-se de termo O vírus atinge o planeta. O vírus ameaça a humanidade.
de natureza adverbial que delimita o recorte temporal dos eventos Planeta ou humanidade designam tanto os habitantes de Manhat-
narrados no parágrafo. tan, da Avenue Foch, em Paris, do Leblon, no Rio de Janeiro, ou dos
( ) CERTO Jardins, em São Paulo, como também designam os 800 milhões de
( ) ERRADO pessoas que passam fome no mundo, segundo dados da Organiza-
ção das Nações Unidas (2017). No planeta vive o 1% das pessoas
35.(CEBRASPE (CESPE) - AG POL (PC AL)/PC AL/2021) que detém renda maior que os restantes 99% da população mun-
dial. Vivem 42 pessoas cuja riqueza é igual à de 3,7 bilhões dos mais
O século XIX constituiu-se em marco fundamental para o pobres que lutam para sobreviver, para suprir necessidades básicas.
desenvolvimento das instituições de segurança pública, com as Vivem os que têm renda para ficar em casa e fazer suas compras de
polícias buscando maior legitimidade e profissionalização. Como alimentos pela Internet, os que não vão comer hoje por causa da
referência ocidental, a Polícia Metropolitana da Inglaterra, fun- pandemia e os que já não comiam antes da pandemia. Vivem os
dada em 1829, mudou paradigmas, dando preponderância ao que podem se isolar e os que moram em aglomerados miseráveis,
papel preventivo de suas ações e foco à proteção da comuni- em um cômodo apenas, para os quais as palavras “confinamento”,
dade. “isolamento” ou “quarentena” são piadas de mau gosto. Vivem 4,5
O consenso, em detrimento do poder de coerção, e a pre- bilhões de pessoas que não têm saneamento nem água encanada,
venção, em detrimento da repressão, reforçaram a proximidade desprovidas das condições mínimas de higiene.
da polícia com a sociedade, com atenção integral ao cidadão.
O modelo inglês retirou as polícias do isolamento, apresentan- Internet:<revistacult.uol.com.br> (com adaptações).
do-as à comunidade como importante parceira da segurança
pública e elemento fundamental para a redução da violência. No que se refere às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguís-
Com isso, surgiu o conceito de uma organização policial moder- ticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
na, estatal e pública, em oposição ao controle e à subordinação A supressão do sinal indicativo de crase na expressão “à mão”
política da polícia. (primeiro período do segundo parágrafo) alteraria o sentido do
No Brasil, as primeiras iniciativas de implantação da polícia texto e prejudicaria sua coerência
comunitária ocorreram com a Constituição Federal de 1988 e ( ) CERTO
a necessidade de uma nova concepção para as atividades poli- ( ) ERRADO
ciais. Foram adotadas estratégias de fortalecimento das relações
das forças policiais com a comunidade, com destaque para a 37.(CEBRASPE (CESPE) - TAMB (ICMBIO)/ICMBIO/2022)
conscientização sobre a importância do trabalho policial e sobre Texto
o valor da participação do cidadão para a construção de um sis-
tema que busca a melhoria da qualidade de vida de todos. Nossas cidades estão perdendo suas árvores rapidamente, mas
até nisso somos um país desigual. Os bairros mais nobres do Rio
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Janeiro e de São Paulo seguem maravilhosamente arborizados,
de Segurança Pública (SENASP). alguns cada vez mais, frequentemente com árvores das mesmas
Diretriz Nacional de Polícia Comunitária. Brasília – DF, 2019. p. 11-12 espécies das que foram cortadas na frente da sua casa ou do seu
(com adaptações). trabalho por serem supostamente inadequadas, para não causarem
danos à infraestrutura.

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LÍNGUA PORTUGUESA
As castanholas, também conhecidas como sete-copas, são uma de hiperconsumidores vorazes e indiferentes às consequências de
espécie extremamente abundante no Rio de Janeiro, mas demo- seus atos sobre o meio ambiente ecologicamente equilibrado e so-
nizadas em outras regiões menos urbanizadas, como no Pará, por bre as gerações atuais e futuras.
exemplo, sob o argumento de que “A raiz dela cresce demais” ou de
que “Vai quebrar a calçada”. Árvores com raízes robustas e que cres- O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do
cem por grandes distâncias são acusadas de destruir a pavimenta- lixo, pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais coi-
ção, ao passo que aquelas de raízes reduzidas caem com facilidade. sas, mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há alguma
coisa melhor, maior e mais rápida do que no presente. Ao mesmo
As espécies de crescimento rápido são as que mais assustam os tempo, as coisas que se possuem e se consomem enchem não ape-
técnicos responsáveis pela arborização exageradamente tementes nas os armários, as garagens, as casas e as vidas, mas também as
à infraestrutura. Todavia, as outras demoram uma eternidade para mentes das pessoas.
crescer, a vida passa ligeiramente e todos querem ver a tão sonhada
arborização avançada. Não podem ficar muito altas, especificam os Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores,
técnicos, nem derrubar muitas folhas. Se derrubarem frutos gran- o desejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultrapas-
des, como mangas, por exemplo, nem pensar! Podem amassar a sado; o fim de um consumo significa a vontade de iniciar qualquer
lataria de um carro! Flores e pequenos frutos podem manchar a outro. Nessa vida de hiperconsumo e para o hiperconsumo, a pes-
pintura! Há também aquelas árvores que atraem morcegos. Melhor soa natural fica tentada com a gratificação própria imediata, mas,
não! Espinhos estão fora de questão. E se alguém se machuca? Na ao mesmo tempo, os cérebros não conseguem compreender o im-
autobiografia de Woody Allen, ele afirma algo interessante: mais do pacto cumulativo em um nível coletivo. Assim, um desejo satisfeito
que os outros, o inferno é o gosto dos outros. torna-se quase tão prazeroso e excitante quanto uma flor murcha
ou uma garrafa de plástico vazia.
A expectativa é que, nas próximas décadas, a temperatura das
cidades suba consideravelmente devido às mudanças climáticas O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica
globais. Nesse contexto, é muito bem- vinda qualquer sombra que entre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a mo-
venha a reduzir a temperatura do asfalto, da calçada ou de uma ral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, descartável
parede. O canto dos pássaros e dos insetos e o colorido das flores e indiferente.
também têm importante papel na qualidade de vida dos cidadãos,
comprovadamente reduzindo o estresse e o risco de depressão. Es- Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborativo
ses são outros benefícios da arborização que, geralmente, não são como mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade líqui-
incluídos no contexto técnico, mas que devem ser mais bem pesa- do-moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações).
dos na equação dos riscos e benefícios da arborização.
Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto pre-
Rodolfo Salm. Cadê a árvore que estava aqui?, 19/2/2021. Internet: cedente, julgue o item que se seguem.
<www.correiocidadania.com.br> (com adaptações Sem prejuízo da correção gramatical e da coerência do texto,
a oração “que se possuem e se consomem” poderia ser reescrita
A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto pre- da seguinte maneira: que são possuídas econsumidas
cedente, julgue o próximo item. ( ) CERTO
No primeiro período do segundo parágrafo, sem prejuízo da ( ) ERRADO
correção gramatical e da coerência do texto, a palavra “demoni-
zadas” poderia ser substituída pela respectivaforma no singular — 39.( CEBRASPE (CESPE) - SOLD (PM TO)/PM TO/QPE/2021)
demonizada —, caso em que ela passaria a concordar com o termo
“uma espécie” Apenas dez anos atrás, ainda havia em Nova York (onde moro)
( ) CERTO muitos espaços públicos mantidos coletivamente nos quais cida-
( ) ERRADO dãos demonstravam respeito pela comunidade ao poupá-la das
suas intimidades banais. Há dez anos, o mundo não havia sido to-
38.(CEBRASPE (CESPE) - DP RS/DPE RS/2022) talmente conquistado por essas pessoas que não param de tagare-
lar no celular. Telefones móveis ainda eram usados como sinal de
Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade globali- ostentação ou para macaquear gente afluente. Afinal, a Nova York
zante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O consu- do final dos anos 90 do século passado testemunhava a transição
midor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. Ele inconsútil da cultura da nicotina para a cultura do celular. Num
segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema. dia, o volume no bolso da camisa era o maço de cigarros; no dia
seguinte, era um celular. Num dia, a garota bonitinha, vulnerável e
Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para desacompanhada ocupava as mãos, a boca e a atenção com um ci-
o consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessida- garro; no dia seguinte, ela as ocupava com uma conversa importan-
de, da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsionou o te com uma pessoa que não era você. Num dia, viajantes acen-
descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso tem trans- diam o isqueiro assim que saíam do avião; no dia seguinte, eles
formado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos não apenas logo acionavam ocelular. O custo de um maço de cigarros por
para as futuras gerações, como também para as atuais, o que resul- dia se transformou em contas mensais de centenas de dólares
ta em problemas sociais, crises humanitárias e degradação do meio na operadora. A poluição atmosférica se transformou empoluição
ambiente ecologicamente equilibrado, além de afetar o desenvolvi- sonora. Embora o motivo da irritação tivesse mudado de uma hora
mento humano, ao se precificar o ser racional, dissolvendo-se toda para outra, o sofrimento da maioria contida, provocado por uma
solidez social e trazendo-se à tona uma sociedade líquido-moderna minoria compulsiva em restaurantes, aeroportos e outros espaços
públicos, continuou estranhamente constante. Em 1998, não muito
tempo depois que deixei de fumar, observava, sentado no metrô,

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LÍNGUA PORTUGUESA
as pessoas abrindo e fechando nervosamente seus celulares, No último período do segundo parágrafo do texto 1A1-I, o vo-
mordiscando as anteninhas. Ou apenas os segurando como se cábulo “se”, em “distinguem-se”, remete a
fossem a mão de uma mãe, e euquase sentia pena delas. Para (A) “pesquisadores indígenas”.
mim, era difícil prever até onde chegaria essa tendência: Nova York (B) “especificidade funcional”.
queria verdadeiramente se tornar uma cidade de viciados em celu- (C) “tipos”.
lares deslizando pelas calçadas sob desagradáveis nuvenzinhas de (D) “árvores”.
vida privada, ou de alguma maneira iria prevalecer a noção de que
deveria haver um pouco de autocontroleem público? 41.(CEBRASPE (CESPE) - ESC POL (PC DF)/PC DF/2021)

Jonathan Franzen. Como ficar sozinho. São Paulo: Companhia das Nova Iorque já foi vista como uma das metrópoles mais peri-
Letras, 2012, p. 17-18 (com adaptações). gosas do mundo. Em 1990, alcançou seu pico de homicídios: 2.262
em um ano, média de 188 por mês. Masesse cenário mudou, e a
Depreende-se dos sentidos do texto 1A1-I que a expressão cidade apresentou uma das maiores reduções de crimes registradas
“suas intimidades banais”, presente no primeiro período, refere-se nos EUA.
(A) ao conteúdo das conversas das pessoas ao celular.
(B) à exposição das compulsões das pessoas em espaços públi- Uma das medidas adotadas pela prefeitura de Nova Iorque
cos como restaurantes e aeroportos. ficou conhecida como “janelas quebradas” e previa o combate
(C) à vulnerabilidade das garotas que fumavam sozinhas pelas a crimes pequenos e a prevenção dovandalismo, para impedir
ruas de Nova York. uma espiral de violência que levasse a crimes mais graves.
(D) à demonstração de hábitos peculiares em público, como o Para alguns observadores, entretanto, o modelo da “janela
de morder antenas de celulares. quebrada” foi superestimado. O mais importante, dizem, foi iden-
(E) ao descontrole das pessoas viciadas em celulares. tificar focos de criminalidade para concentrar,ali, ação preventiva.
Foi possível assinalar áreas pequenas onde criminosos mais atua-
40.(CEBRASPE (CESPE) - CAD (CBM TO)/CBM TO/2021) vam, onde se sabia que crimes iam ocorrer.

Texto 1A1-I O ex-policial Tom Reppetto sugere que essas áreas tenham
A manhã era fresca na palhoça da velha dona Ana no Alto presença visível e constante da polícia. As patrulhas preventivas
Rio Negro, um lugar onde a história é viva e a gente é parte dessa — e em grande número — em focos de crime foi essencial para
continuidade. Dona Ana explicava que “antes tinha o povo Cuchi, reduzir a violência. “O crime é mais situacional do que se pensa,
depois teve Baré escravizado vindo de Manaus pra cá na época do inclusive homicídios. Com a patrulha policial, pessoas que iam co-
cumaru, da batala, do pau-rosa. Muitos se esconderam no rio Xié. meter crimes simplesmente foram fazer outra coisa”, afirma outro
Agora somos nós”. Terra de gente poliglota, de encontros e desen- especialista, Frank Zimring.
contros estrangeiros.
No início desse mundo, havia dois tipos de cuia: a cuia de Outra medida que teve papel importantíssimo foi a imple-
tapioca e a cuia de ipadu. Embora possam ser classificadas como mentação de cortes (tribunais), nos anos 90, para tratar de cri-
pertencentes à mesma espécie botânica (Crescentia cujete), a pri- mes menores, mediar conflitos comunitários ecasos de violência
meira era ligada ao uso diário, ao passo que a outra era usada como doméstica e para lidar com usuários de drogas. A ideia é evitar
veículo de acesso ao mundo espiritual em decorrência do consumo que esses conflitos evoluam e aumentar a confiança dos cidadãos
de ipadu e gaapi (cipó Banisteriopsis caapi). Os pesquisadores indí- no sistema judiciárioe político.
genas atuais da região também destacam essa especificidade fun-
cional. Assim, distinguem-se até hoje dois tipos de árvore no Alto Internet: <www.bbc.com > (com adaptações).
Rio Negro: as árvores de cuiupis e as de cuias, que recebem nomes
diferentes pelos falantes da língua tukano. No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do
Dona Ana me explica que os cuiupis no Alto Rio Negro são texto precedente, julgue os próximos itens.
plantios muito antigos dos Cuchi, e os galhos foram trazidos da As formas verbais “dizem” “afirma” foram empregadas com
beira do rio Cassiquiari (afluente do rio Orinoco, na fronteira entre o mesmo objetivo: fazer referência às palavras de um interlocutor.
Colômbia e Venezuela), onde o cuiupi “tem na natureza”, pois cres- ( ) CERTO
ce sozinho e em abundância. Já a cuia redonda, diz-se que veio de ( ) ERRADO
Santarém ou de Manaus, com o povo Baré nas migrações forçadas
que marcaram a colonização do Rio Negro. Os homens mais velhos 42.(CEBRASPE (CESPE) - TEC PER (PC PB)/PC PB/ÁREA GE-
atestam que em Manaus só tinha cuia. De lá, uma família chamada RAL/2022)
Coimbra chegou trazendo gado e enriqueceu vendendo cuias re-
dondas no Alto Rio Negro. Texto CG2A1
Cuiupis e cuias diferem na origem e também nos ritmos de A cultura dominante, hoje mundializada, se estrutura ao redor
vida. As árvores de cuiupi frutificam durante a estação chamada ki- da vontade de poder que se traduz por vontade de dominação da
pu-wahro. Antes de produzirem frutos, perdem todas as folhas uma natureza, do outro, dos povos e dos mercados. Os meios de comu-
vez por ano. A árvore de cuia, diferentemente do cuiupi, mantém as nicação levam ao paroxismo a magnificação de todo tipo de vio-
folhas e a produção de frutos durante todo o ano. lência. Nessa cultura, o militar, o banqueiro e o especulador valem
mais que o poeta, o filósofo e o santo. Nos processos de socializa-
Priscila Ambrósio Moreira. Memórias sobre as cuias. O que contam ção formal e informal, ela não cria mediações para uma cultura da
os quintais e as florestas alagáveis na Amazônia brasileira? In: Joana paz. Sem detalhar a questão, diríamos que por detrás da violência
Cabral de Oliveira et al. (Org.). Vozes Vegetais. São Paulo: Ubu Editora, funcionam poderosas estruturas. A primeira delas é o caos sempre
p. 155-156 (com adaptações). presente no processo cosmogênico. Viemos de uma imensa explo-
são, o big bang. E a evolução comporta violência em todas as suas

55
LÍNGUA PORTUGUESA
fases. Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que 44.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/
instaurou a dominação do homem sobre a mulher e criou as insti- LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS/LÍNGUA PORTUGUE-
tuições do patriarcado assentadas sobre mecanismos de violência SA/2021)
como o Estado, as classes, o projeto da tecnociência, os processos Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se
de produção como objetivação da natureza e sua sistemática de- sente; é um contentamento descontente,é dor que desatina sem
predação. Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra doer.
como forma de resolução dos conflitos. Sobre essa vasta base se
formou a cultura do capital, hoje globalizada; sua lógica é a com- Luís de Camões. In: Massaud Moisés. A literaturaportuguesa através
petição, e não a cooperação; por isso, gera guerras econômicas e dos textos. São Paulo: Cultrix, 1968. p. 85.
políticas e, com isso, desigualdades, injustiças e violências. Todas
essas forças se articulam estruturalmente para consolidar a cultura Assinale a opção que apresenta a figura de linguagem presen-
da violência que nos desumaniza a todos. A essa cultura da violên- te em todos os versos da estrofe do poema apresentado.
cia há que se opor a cultura da paz. Hoje ela é imperativa. É impe- (A) hipérbole
rativa, porque as forças de destruição estão ameaçando, por todas (B) eufemismo
as partes, o pacto social mínimo sem o qual regredimos a níveis (C) antítese
de barbárie. Onde buscar as inspirações para a cultura da paz? A (D) alegoria
singularidade do 1% de carga genética que nos separa dos primatas (E) ironia
superiores reside no fato de que nós, à distinção deles, somos seres
sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas de agressividade, te- 45.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/SÉRIES
mos capacidades de afetividade, compaixão, solidariedade e amori- INICIAIS/2021)
zação. O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos Texto 15A2-II
da natureza e copilotar a marcha da evolução. Ele foi criado criador.
Dispõe de recursos de reengenharia da violência mediante proces- Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e
sos civilizatórios de contenção e uso de racionalidade. Há muito que realço a minha mediocridade; advirto que a franqueza é a primei-
filósofos veem no cuidado a essência do ser humano. Tudo precisa ra virtude de um defunto. Na vida, o olharda opinião, o contraste
de cuidado para continuar a existir. Onde vige cuidado de uns para dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos
com os outros desaparece o medo, origem secreta de toda violên- velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao
cia, como analisou Freud. mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação
é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem
No trecho “Ao lado de estruturas de agressividade, temos a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma
capacidades de afetividade, compaixão, solidariedade e amoriza- sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas,
ção”, do texto CG2A1, o termo “amorização”constitui um tipo de na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como a
(A) neologismo. gente pode sacudirfora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, des-
(B) arcaísmo. pregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi
(C) barbarismo. e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem
(D) estrangeirismo. amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há pla-
(E) eufemismo. teia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude,
logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não
43.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/ estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS/LÍNGUA PORTUGUE- se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos,não há
SA/2021) nada tão incomensurável como o desdém dos finados.

Texto 5A3-III Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo:
Ciranda Cultural, 2018. p. 49.
Poesia
Gastei uma hora pensando um versoque a pena não quer es- No trecho “embaça-se um homem a si mesmo”, do texto
crever. 15A2-II, nota-se uso expressivo de pleonasmo, que, no caso em
No entanto ele está cá dentroinquieto, vivo. questão, configura-se pela
Ele está cá dentroe não quer sair. (A) combinação de ideias contraditórias, para contrapô-las.
(B) omissão de um termo subentendido, para evitar repetição.
Mas a poesia deste momentoinunda minha vida inteira.Carlos Drum- (C) repetição de uma mesma ideia em dois termos, para en-
mond de Andrade. Poesia 1930-62.São Paulo: Cosac & Naify, 2012. p. fatizá-la.
104. (D) concordância ideológica de termos, para uniformizá-los.
(E) comparação entre dois termos, para estabelecer uma ana-
Com relação ao uso de figuras de linguagem no texto 5A3-III, logia.
assinale a opção que apresenta um verso do poema no qual ocorre
metonímia.
(A) “que a pena não quer escrever”
(B) “inunda minha vida inteira”
(C) “Gastei uma hora pensando um verso”
(D) “Mas a poesia deste momento”
(E) “No entanto ele está cá dentro”

56
LÍNGUA PORTUGUESA
46.(CEBRASPE (CESPE) - SOLD (CBM TO)/CBM TO/2021) 47. (CEBRASPE (CESPE) - TCE TCE RJ/TCE-RJ/TÉCNI-
CO/2022)
Texto 2A1-I
Olhe para a tomada mais próxima, para um conjunto de A preocupação com o desenvolvimento das indústrias criativas
janelas ou então para a traseira de um carro. Se você vê figuras ocorre de forma não intuitiva e direcionada há muitos anos. Em
parecidas com rostos nesses e em outrosobjetos, saiba que não é 1918, o presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wil-
o único: trata-se de um fenômeno bem conhecido pela ciência, cha- son, promoveu a nascente indústria cinematográfica, considerando
mado pareidolia. Basta posicionar duas formas que lembrem olhos que “o comércio vai atrás dos filmes”, uma afirmação clássica sobre
acima de outra que pareça uma boca para as pessoas começarem o fato de que as indústrias criativas têm um significado que vai mui-
a enxergar rostos. to além do seu impacto econômico imediato. O governo australiano
publicou, em 1994, um documento chamado Creative Nation, no
A pareidolia já foi vista como um sinal de psicose no passa- qual já apresentava alguns posicionamentos oficiais sobre a pauta.
do, mas hoje se sabe que ela é uma tendência completamente Nele, afirmava que “uma política cultural também é uma política
normal entre humanos. De acordo com o cientista Carl Sagan, econômica” e que “o nível de nossa criatividade determina substan-
a tendência está provavelmente associada à necessidade evolutiva cialmente nossa capacidade de adaptação aos novos imperativos
de reconhecer rostos rapidamente. econômicos”.

Pense na pré-história: se uma pessoa conseguisse identificar os Após as eleições para primeiro-ministro do Reino Unido, em
olhos e a boca de um predador escondido na mata, ela teria mais 1997, foi realizado o primeiro mapeamento concreto e aprofun-
chances de fugir e sobreviver. Quem tivesse dificuldade em ver um dado sobre a economia criativa em uma nação. Esse mapeamento
rosto camuflado ali provavelmente seria pego de surpresa — e con- causou polêmica quanto à conceituação de indústria criativa. De
sequentemente viraria jantar. acordo com a definição do governo inglês, as indústrias criativas são
aquelas atividades que têm origem na criatividade, na habilidade
Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Aus- e no talento individual e que potencializam a geração de riqueza e
trália, investigaram o fenômeno e escreveram em um artigo que, empregos por meio da geração e da exploração da propriedade in-
além da vantagem evolutiva, a pareidolia também pode estar re- telectual. Os críticos que analisaram o projeto de Tony Blair/DCMS
lacionada ao mecanismo do cérebro que reconhece e processa consideraram que as colocações deixaram o contexto muito aberto,
informações sociais em outras pessoas. “Não basta perceber a pois poderia englobar áreas como engenharia e indústria farmacêu-
presença de umrosto; precisamos reconhecer quem é aquela pes- tica, que não têm conexão com a economia criativa.
soa, ler as informações presentes no rosto, se ela está prestando
atenção em nós, e se está feliz ou triste”, diz o líderdo estudo. Como em qualquer área de pesquisa, alguns cientistas apre-
sentam visões bem controversas. O pesquisador estadunidense
De fato, os objetos inanimados não parecem ser apenas rostos Richard Florida, por exemplo, trouxe o conceito de classe criativa.
inexpressivos. Em uma simples caminhada na rua, você pode ter a Segundo Florida, regiões metropolitanas com alta concentração de
impressão de que semáforos, carros, casas e até tijolos jogados na trabalhadores ligados a tecnologia, artistas, músicos, lésbicas e gays
calçada te encaram e parecem esboçar expressões faciais — medo, e o grupo definido por high bohemians são áreas com alto potencial
raiva, alegria, susto ou tristeza. de crescimento neste milênio. Na visão de Florida, as cidades de-
vem posicionar-se de forma diferente no novo milênio e virar todos
Segundo os autores do estudo, os objetos são, de fato, in- os holofotes para a economia criativa.
terpretados como rostos humanos pelo nosso cérebro. “Nós sa-
bemos que o objeto não tem uma mente, masnão conseguimos Vinnie de Oliveira. Economia criativa 4.0: o mundo não gira ao
evitar olhar para ele como se tivesse características inteligentes, contrário. Edição do Kindle (com adaptações
como direção do olhar ou emoções; isso acontece porque os me-
canismos ativadospelo nosso sistema visual são os mesmos quando Julgue o item seguinte, no que diz respeito às ideias e a aspec-
vemos um rosto real ou um objeto com características faciais”, diz tos linguísticos do texto precedente.
um dos pesquisadores. Na oração “as cidades devem posicionar-se de forma dife-
rente no novo milênio” (último período do texto), conclui-se do
Os cientistas pretendem também investigar os mecanismos emprego do vocábulo “se” que a oração está navoz passiva, isto
cognitivos que levam ao oposto: a prosopagnosia (a inabilidade de é, a locução “devem posicionar-se” é, sintática e semanticamente,
identificar rostos) ou algumas manifestações do espectro autista, equivalente a devem ser posicionadas
o que inclui a dificuldade em ler rostos e interpretar as informações ( ) CERTO
presentes neles, como o estado emocional. ( ) ERRADO

Maria Clara Rossini. Pareidolia: por que vemos “rostos” em objetos 48.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN-
inanimados? Este estudo explica. Internet: <super.abril.com.br> (com GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO
adaptações). ORTOGRÁFICA/2021)

A função da linguagem que predomina no texto 2A1-I é a Texto 14A1-I


(A) referencial. A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
(B) metalinguística. -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
(C) conativa. compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
(D) fática. línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri-
tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples
depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a

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LÍNGUA PORTUGUESA
um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos linguagem como certa ou errada (excetonos cadernos escolares),
estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, deli-
região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe rante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano
social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca inseguro dos
num país inteiro.
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni- No texto 14A1-I, o vocábulo “se” constitui parte integrante do
tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a verbo no trecho
matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela- (A) “o ar que se respira” (terceiro parágrafo).
ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de (B) “o que é novo e surpreendente no que se diz” (terceiro
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente parágrafo).
consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra- (C) “É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem
tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem escreve” (terceiro parágrafo).
universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa- (D) “antes mesmo de se tornarem voz” (quinto parágrafo).
do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che- (E)“se desdobramos a palavra” (quarto parágrafo).
gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável
da palavra: ofalante. 49.(CEBRASPE (CESPE) - TAJ (TJ RJ)/TJ RJ/”SEM ESPECIA-
LIDADE”/2021)
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei-
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele Texto CG1A1
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por- Na casa vazia, sozinha com a empregada, já não andava como
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz um soldado, já não precisava tomar cuidado. Mas sentia falta da ba-
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que talha das ruas. Melancolia da liberdade, com o horizonte ainda tão
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, longe. Dera-se ao horizonte. Mas a nostalgia do presente. O apren-
o ar que se respiraa, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das dizado da paciência, o juramento da espera. Do qual talvez não sou-
intenções muito específicas convertidas noimpulso da palavra; e, besse jamais se livrar. A tarde transformando-se em interminável
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha e, até todos voltarem para o jantar e ela poder se tornar com alívio
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, uma filha, era o calor, o livro aberto e depois fechado, uma intui-
isto é, o que énovo e surpreendente no que se dizb. Esse espetá- ção, o calor: sentava-se com a cabeça entre as mãos, desesperada.
culo das vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse Quando tinha dez anos, relembrou, um menino que a amava joga-
mundo em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de ra-lhe um rato morto. Porcaria! berrara branca com a ofensa. Fora
quem escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move uma experiência. Jamais contara a ninguém. Com a cabeça entre as
quem escrevec, o ouvido atento. mãos, sentada. Dizia quinze vezes: sou vigorosa, sou vigorosa, sou
vigorosa — depois percebia que apenas prestara atenção à conta-
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da gem. Suprindo com a quantidade, disse mais uma vez: sou vigorosa,
sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo- dezesseis. E já não estava mais à mercê de ninguém. Desesperada
bramos a palavrae, descobrimos que quem lhedá vida não é exa- porque, vigorosa, livre, não estava mais à mercê. Perdera a fé. Foi
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, conversar com a empregada, antiga sacerdotisa. Elas se reconhe-
numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala- ciam. As duas descalças, de pé na cozinha, a fumaça do fogão. Per-
vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa- dera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empregada apenas o
lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que que esta já perdera, não o que ganhara. Fazia-se pois distraída e,
lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma conversando, evitava a conversa. “Ela imagina que na minha idade
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original devo saber mais do que sei e é capaz de me ensinar alguma coisa”,
autossuficiente estaria destruída. pensou, a cabeça entre as mãos, defendendo a ignorância como
a um corpo. Faltavam-lhe elementos, mas não os queria de quem
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- já os esquecera. A grande espera fazia parte. Dentro da vastidão,
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num maquinando.
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo Clarice Lispector. Preciosidade. In: Laços de Família. Rio de Janeiro:
de se tornarem voz)d, quanto o que nós dizemos (e são eles, os Rocco, 1998, p. 86-87 (com adaptações).
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são No primeiro período do texto CG1A1, o termo “como” expres-
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos sa a ideia de
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais (A) explicação.
remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, (B) intensidade.
mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria (C) adição.
interminável dos que nos ouvem. (D) causa.
(E) comparação.
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas
sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que
nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis-
ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a

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LÍNGUA PORTUGUESA
50.(CEBRASPE (CESPE) - SOLD (PM TO)/PM TO/QPE/2021)
11 ERRADO
Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papa-
gaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a 12 CERTO
beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali 13 ERRADO
não existia sinal de comida. A cachorra Baleia jantara os pés,
a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. 14 B
Agora,enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos fa- 15 ERRADO
miliares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena
16 CERTO
onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia fal-
ta dele, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar 17 A
raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro 18 CERTO
de rês perdida na caatinga. Sinha Vitória, queimando o assento no
chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em 19 ERRADO
acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casa- 20 ERRADO
mento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a
um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava 21 E
furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera 22 ERRADO
de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declaran-
23 C
do a si mesma que ele era mudo e inútil. Nãopodia deixar de ser
mudo. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele de- 24 B
sastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O 25 ERRADO
louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando
a cachorra. 26 A
As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligei- 27 CERTO
rou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As al-
percatas dele estavam gastas nos saltos,e a embira tinha-lhe aberto 28 D
entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros 29 ERRADO
como cascos, gretavam-se e sangravam. 30 ERRADO
Num cotovelo do caminho, avistou um canto de cerca, en-
cheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A 31 ERRADO
voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se paranão estragar a força. 32 ERRADO
Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram
uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam 33 ERRADO
sombra. 34 ERRADO
35 CERTO
Graciliano Ramos. Vidas secas. 107.ª edição (com adaptações).
36 CERTO
No texto 1A2-II, o segmento “como cascos”, em “Os calcanha- 37 CERTO
res, duros como cascos, gretavam-se e sangravam” (segundo pará-
grafo), expressa uma 38 CERTO
(A) causa. 39 A
(B) comparação.
(C) consequência. 40 C
(D) conclusão. 41 ERRADO
(E) concessão.
42 A
43 A
GABARITO
44 C
45 C
1 ERRADO
46 A
2 ERRADO
47 ERRADO
3 E
48 D
4 A
49 E
5 D
50 B
6 CERTO
7 CERTO
8 CERTO
9 CERTO
10 D

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LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-


NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTES vos.
LINUX E WINDOWS)
Arquivos e atalhos
WINDOWS 7 Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de trabalho do Windows 7 Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Programas e aplicativos
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, • Media Player
estamos copiando dados para esta área intermediária. • Media Center
• Limpeza de disco
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, • Desfragmentador de disco
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na • Os jogos do Windows.
área de transferência. • Ferramenta de captura
• Backup e Restore
Manipulação de arquivos e pastas
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e Interação com o conjunto de aplicativos
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas- tendermos melhor as funções categorizadas.
tas, criar atalhos etc.
Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente experiência
de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar playlists e etc.,
isso também é válido para o media center.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente confir-
mar sua exclusão.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito importante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos ficam
internamente desorganizados, isto faz que o computador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza internamen-
te tornando o computador mais rápido e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mesmo
escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma cópia de segurança.

WINDOWS 8

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Conceito de pastas e diretórios Área de trabalho do Windows 8
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos. – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
Arquivos e atalhos área de transferência.
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos. Manipulação de arquivos e pastas
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina- tas, criar atalhos etc.
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Uso dos menus

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Programas e aplicativos Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
Interação com o conjunto de aplicativos vos, tendo assim uma cópia de segurança.
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na
internet).

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
WINDOWS 10 Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
Conceito de pastas e diretórios gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas- tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze- – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos estamos copiando dados para esta área intermediária.
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos). – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais. área de transferência.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.
Manipulação de arquivos e pastas
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos. Uso dos menus
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Área de trabalho

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Programas e aplicativos e interação com o usuário
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para entendermos melhor as funções categorizadas.
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma ex-
celente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs,
criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente confir-
mar sua exclusão.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito importante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos ficam
internamente desorganizados, isto faz que o computador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza internamen-
te tornando o computador mais rápido e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• O recurso de backup e restauração do Windows é muito importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mesmo
escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma cópia de segurança.

Inicialização e finalização

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Windows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

WINDOWS 11

O WINDOWS 11 é o sistema operacional da MICROSOFT mais utilizado do mundo para utilização nos computadores. O WINDOWS
tem uma sucessão de versões que atualizaram e criaram vários recursos para melhorar a experiência do usuário. Abaixo vamos destacar
essas melhorias separadas em categorias.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
— Acessibilidade
No WINDOWS 11 é possível tornar o computador mais acessível alterando a cor, o tamanho do mouse, da letra, estilo e etc.
Isto é possível acessando o menu CONFIGURAÇÕES è ACESSIBILIDADE

— Bate-papo
No WINDOWS 11 é possível fazer chamadas de chat e vídeo diretamente da área de trabalho, com apenas um toque.
Bastar clicar no ícone de câmera na barra de tarefas conforme a imagem abaixo:

— Organização
Com o WINDOWS 11 tornou-se possível ajustar todas as janelas, conforme abaixo:
– Ajustar com um mouse;
– Ajustar com um teclado;
– Ajuste de layouts de snap;

O layout de SNAPS permite o ajustes das janelas de acordo com layouts predefinidos, conforme explicado abaixo:
Ao apontar o mouse para o botão:

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O seguintes layouts serão mostrados: Windows + V: Salva itens copiados ou recortados recentemen-
te na área de transferência para colar posteriormente em outros
locais.
Windows + L: Bloqueia a tela.
Windows + I: Inicia as configurações.
Windows + PRTSCN: Salva uma captura de tela inteira.
Windows + E: Abre o Explorador de arquivos.
Windows + Alt + PRTSCN: Salva captura de tela da janela em
foco para arquivar.
Windows + Ctrl + D: Adiciona uma área de trabalho virtual.
Windows + Ctrl + Seta para a direita: Serve para alternar entre
áreas de trabalho virtuais criadas.
Windows + Ctrl + Seta para a esquerda: Alterna entre áreas de
trabalho virtuais criadas à esquerda.
Conforme a respectiva imagem, o usuário poderá clicar em um Windows + Ctrl + F4: Fecha a área de trabalho virtual que está
dos quatro formatos de janelas. Feito isso, elas ficarão posicionadas em uso.
conforme a escolha do usuário. CTRL + C: Copia item para a área de transferência.
CTRL + V: Cola o item previamente copiado ou recortado.
— Personalização CTRL + X: Recorta o item para a área de transferência.
No WINDOWS 11 é possível definir temas através de Configu- ALT + F4: Fecha janela.
rações > Aparência.
É possível personalizar o quadro de WIDGETS (pequenas jane- LINUX
las que mostram uma determinada situação que ficam posiciona- O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas po-
das na área de trabalho. demos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo assim
Temos como exemplos de WIDGETS: uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos carregar
– Uma janela que mostra a temperatura; o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos também usando a
– Uma janela que mostra as cotações da bolsa. distribuição Linux Ubuntu para demonstração, pois sabemos que o
Linux possui várias distribuições para uso.
Dentro deste contexto é possível é possível ocultar, remover e
fixar widgets.

Exemplos de widgets:

Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:

Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho):

— Atalhos para as funções principais, mais importantes e uti-


lizadas
Windows: Abre ou fecha o menu iniciar.
Windows + S: Permite a pesquisa rápida de itens.
Windows + Shift + S: Captura a tela ou parte dela.
Windows + W: Move direto para o quadro de WIDGETS.
Windows + E: Acessa diretamente o explorador de arquivos.
Windows + D: Minimiza todos os aplicativos abertos.

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Conceito de pastas e diretórios
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).

Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.

Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do botão:

Desta forma já vamos direto ao item desejado

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de transferência
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma forma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


No caso da interface gráfica as funcionalidades são semelhantes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, podemos usar
linha de comando, pois já vimos que o Linux originalmente não foi concebido com interface gráfica.

Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as pastas na cor azul e os arquivos na cor branca.

Uso dos menus


Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux são necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma interface
gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos utilizar o mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins de aprendizado a
interface gráfica “GNOME”, mas existem diversas disponíveis para serem utilizadas.

Programas e aplicativos
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem com alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribuição tem um
público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos destacar duas bem comuns:
• Firefox (Navegador para internet);
• Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Microsoft Office).

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT OFFICE E LIBREOFFICE)

Microsoft Office

O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas em
geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – Power-
Point. A seguir verificamos sua utilização mais comum:

Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
então apresentar suas principais funcionalidades.

• Área de trabalho do Word


Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo com a necessidade.

• Iniciando um novo documento

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações de-
sejadas.

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Alinhamentos • Outros Recursos interessantes:
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
GUIA ÍCONE FUNÇÃO
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.
- Mudar Forma
- Mudar cor de
GUIA PÁGINA TECLA DE
ALINHAMENTO Página inicial Fundo
INICIAL ATALHO
- Mudar cor do
Justificar (arruma a direito texto
e a esquerda de acordo Ctrl + J
com a margem
- Inserir Tabelas
Alinhamento à direita Ctrl + G Inserir
- Inserir Imagens

Centralizar o texto Ctrl + E

Alinhamento à esquerda Ctrl + Q


Verificação e cor-
Revisão
reção ortográfica
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação), Arquivo Salvar
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.
Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO – Planilha de vendas;
– Planilha de custos.
Tipo de letra
Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-
Tamanho tomaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


Aumenta / diminui tamanho – Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
Recursos automáticos de caixa-altas pecíficas do aplicativo.
e baixas – A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Podemos também ter o intervalo A1..B3

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na célula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de uma
planilha.

• Formatação células

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de células) =MEDIA(célula X:célulaY)


MÁXIMA (em um intervalo de células) =MAX(célula X:célulaY)
MÍNIMA (em um intervalo de células) =MIN(célula X:célulaY)

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresentações personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série de
recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escrever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até mesmo
excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior, também
alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o Word e o
Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referente ao Word, itens
de formatação básica de texto como: alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam a
aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no trabalho com o programa.

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários Office 2013
no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe- A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho. a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
apresentado anteriormente. (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen-
tos com telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem,
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smar-
tfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro • Atualizações no PowerPoint
slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se – O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
uma posição para outra utilizando o mouse. de apresentações profissionais;
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas – Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
para passagem entre elementos das apresentações. destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre- smartfones de forma geral.
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito. • Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le- a digitação de equações.
vando a experiência dos usuários a outro nível.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atualizações no Excel • Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante- – Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó- destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a algum mapa que deseja construir.
questão do compartilhamento dos arquivos.

• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
tão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
desenvolvimento de documentos;

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.


Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário sua
instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o Word, Excel e PowerPoint.

Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atualizados.

LibreOffice ou BrOffice

LibreOffice é uma suíte de aplicativos voltados para atividades de escritório semelhantes aos do Microsoft Office (Word, Excel, Power-
Point ...). Vamos verificar então os aplicativos do LibreOffice: Writer, Calc e o Impress).
O LibreOffice está disponível para Windows, Unix, Solaris, Linux e Mac OS X, mas é amplamente utilizado por usuários não Windows,
visto a sua concorrência com o OFFICE.
Abaixo detalharemos seus aplicativos:

LibreOffice Writer
O Writer é um editor de texto semelhante ao Word embutido na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir cartas, livros, apostilas e
comunicações em geral.
Vamos então detalhar as principais funcionalidades.

Área de trabalho do Writer


Nesta área podemos digitar nosso texto e formatá-lo de acordo com a necessidade. Suas configurações são bastante semelhantes às
do conhecido Word, e é nessa área de trabalho que criaremos nossos documentos.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Iniciando um novo documento

Conhecendo a Barra de Ferramentas

Alinhamentos
Ao digitar um texto frequentemente temos que alinhá-lo para atender as necessidades do documento em que estamos trabalhamos,
vamos tratar um pouco disso a seguir:

GUIA PÁGINA INCIAL ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO

Alinhamento a esquerda Control + L

Centralizar o texto Control + E

Alinhamento a direita Control + R

Justificar (isto é arruma os dois lados, direita e


Control + J
esquerda de acordo com as margens.

Formatação de letras (Tipos e Tamanho)

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho da letra

Aumenta / diminui tamanho

Itálico

Sublinhado

Taxado

Sobrescrito

Subescrito

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Marcadores e listas numeradas Vamos à algumas funcionalidades
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se- — Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
guinte forma:

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO


OU
Tipo de letra

Nesse caso podemos utilizar marcadores ou a lista numerada Tamanho da letra


na barra de ferramentas, escolhendo um ou outro, segundo a nossa
necessidade e estilo que ser aplicado no documento. Aumenta / diminui
tamanho

Itálico

Cor da Fonte
Outros Recursos interessantes:
Cor Plano de Fundo
ÍCONE FUNÇÃO
Outros Recursos interessantes
Mudar cor de Fundo
Mudar cor do texto
ÍCONE FUNÇÃO
Inserir Tabelas
Inserir Imagens Ordenar
Inserir Gráficos Ordenar em ordem
Inserir Caixa de Texto crescente
Auto Filtro
Verificação e correção ortográfica Inserir Caixa de Texto
Inserir imagem
Salvar Inserir gráfico
Verificação e corre-
LibreOffice Calc ção ortográfica
O Calc é um editor de planilhas semelhante ao Excel embutido
na suíte LibreOffice, e com ele podemos redigir tabelas para cálcu-
Salvar
los, gráficos e estabelecer planilhas para os mais diversos fins.

Área de trabalho do CALC Cálculos automáticos


Nesta área podemos digitar nossos dados e formatá-los de Além das organizações básicas de planilha, o Calc permite a
acordo com a necessidade, utilizando ferramentas bastante seme- criação de tabelas para cálculos automáticos e análise de dados e
lhantes às já conhecidas do Office. gráficos totais.
São exemplos de planilhas CALC.
— Planilha para cálculos financeiros.
— Planilha de vendas
— Planilha de custos

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente. Mas como funciona uma planilha de cálculo? Veja:

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A unidade central de uma planilha eletrônica é a célula que nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. Neste exemplo
coluna A, linha 2 ( Célula A2 )
Podemos também ter o intervalo A1..B3

Para inserirmos dados basta posicionarmos o cursor na célula e digitarmos, a partir daí iniciamos a criação da planilha.

Formatação células

Fórmulas básicas

— SOMA
A função SOMA faz uma soma de um intervalo de células. Por exemplo, para somar números de B2 até B6 temos
=SOMA(B2;B6)

— MÉDIA
A função média faz uma média de um intervalo de células. Por exemplo, para calcular a média de B2 até B6 temos
=MÉDIA(B2;B6)

LibreOffice impress
O IMPRESS é o editor de apresentações semelhante ao PowerPoint na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir apresentações para
diversas finalidades.
São exemplos de apresentações IMPRESS.
— Apresentação para uma reunião;
— Apresentação para uma aula;
— Apresentação para uma palestra.

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A apresentação é uma excelente forma de abordagem de um tema, pois podemos resumir e ressaltar os principais assuntos abordados
de forma explicativa. As ferramentas que veremos a seguir facilitam o processo de trabalho com a aplicação. Confira:

Área de trabalho
Ao clicarmos para entrar no LibreOffice Impress vamos nos deparar com a tela abaixo. Nesta tela podemos selecionar um modelo para
iniciar a apresentação. O modelo é uma opção interessante visto que já possui uma formatação prévia facilitando o início e desenvolvi-
mento do trabalho.

Neste momento já podemos aproveitar a área interna para escrever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas, ou até
mesmo excluí-las.
No exemplo a seguir perceba que já escrevi um título na caixa superior e um texto na caixa inferior, também movi com o mouse os
quadrados delimitados para adequá-los melhor.

Formatação dos textos:

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Itens demarcados na figura acima: Percebemos agora que temos uma apresentação com dois sli-
— Texto: Largura, altura, espaçamento, efeitos. des padronizados, bastando agora alterá-los com os textos corre-
— Caractere: Letra, estilo, tamanho. tos. Além de copiar podemos movê-los de uma posição para outra,
— Parágrafo: Antes, depois, alinhamento. trocando a ordem dos slides ou mesmo excluindo quando se fizer
— Marcadores e numerações: Organização dos elementos e necessário.
tópicos.
Transições
Outros Recursos interessantes: Um recurso amplamente utilizado é o de inserir as transições,
que é a maneira como os itens dos slides vão surgir na apresenta-
ÍCONE FUNÇÃO ção. No canto direito, conforme indicado a seguir, podemos selecio-
nar a transição desejada:
Inserir Tabelas
Inserir Imagens
Inserir Gráficos
Inserir Caixa de Texto
Verificação e correção
ortográfica

Salvar

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo obtendo vários no


mesmo formato, e podemos apenas alterar o texto e imagens para
criar os próximos.

A partir daí estamos com a apresentação pronta, bastando cli-


car em F5 para exibirmos o trabalho em tela cheia, também aces-
sível no menu “Apresentação”, conforme indicado na figura abaixo.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

REDES DE COMPUTADORES. CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE INTERNET E


INTRANET. PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E GOOGLE CHROME

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido. Exemplos: casa, escritório, etc.

• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exemplo.

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entendermos
o conceito.

Navegação e navegadores da Internet


• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se comu-
nicam.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Procedimentos de Internet e intranet
Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensagens,
compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre ou-
tras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,


7
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos
8
detalhar adiante)
Mostra menu de contexto com várias
9
opções

– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc., sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado com o
seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computador público sempre desative a sincronização para manter seus dados seguros
após o uso.

Google Chrome

O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponibiliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementadas
por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas também como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se quiser-
mos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é acionado e exibe os resultados.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual
Exibe um menu de contexto que iremos relatar
7
seguir.

O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostumados ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebemos que o
Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum atualmente, a seguir
conferimos um pouco mais sobre suas funcionalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adicionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita da barra
de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Favoritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista. Para
removê-lo, basta clicar em excluir.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para acessá-lo,
podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, onde pode-
mos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo dia a dia se preferir.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste caso,
o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

• Sincronização
Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é importante para manter atualizadas nossas operações, desta forma, se por
algum motivo trocarmos de computador, nossos dados estarão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

Safari

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos algumas de suas funcionalidades: • Salvando Textos e Imagens da Internet
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
• Lista de Leitura e Favoritos direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.
No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para pos-
terior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endere- • Downloads
ços. Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
pronto. Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você progresso e os downloads concluídos.
pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para remo-
vê-lo, basta clicar em excluir.

PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK


EXPRESS, MOZILLA THUNDERBIRD E SIMILARES)

E-mail
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men-
sagem atualmente1. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha
e-mail, não importando a distância ou a localização.
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru-
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido
• Histórico e Favoritos do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso.
O resultado é algo como:

maria@apostilassolucao.com.br

Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio


eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook.
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun-
to de regras para o uso desses serviços.

Correio Eletrônico
Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor-
reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um
protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio
e recebimento de mensagens2. Estas mensagens são armazenadas
no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas
por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos
e extração de cópias das mensagens.
• Pesquisar palavras
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o
1 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
Avan%E7ado.pdf
demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
2 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-
-webmail-e-mozilla-thunderbird/

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Funcionamento básico de correio eletrônico
Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois programas funcionando em uma máquina servidora:
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de transferência de correio simples, responsável pelo envio de mensagens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office) ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de correio
internet), ambos protocolos para recebimento de mensagens.

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber e-mails
conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicialmente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever sua mensagem
de forma textual no editor oferecido pelo cliente de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui o formato “nome@
dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar, nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comunicando-se com o pro-
grama SMTP, entregando a mensagem a ser enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do destinatário (nome antes do @)
e o domínio, i.e., a máquina servidora de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio, o servidor SMTP resolve o DNS,
obtendo o endereço IP do servidor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa SMTP deste servidor, perguntando se o
nome do destinatário existe naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena
a mensagem na caixa de e-mail do destinatário.

Ações no correio eletrônico


Independente da tecnologia e recursos empregados no correio eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
– Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descartados pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de Lixeira.
Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as mensagens de-
finitivamente (este é um processo de segurança para garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por engano). Para apagar
definitivamente um e-mail é necessário entrar, de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails existentes.
– Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensagem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails de
destino separados por ponto-e-vírgula.
– CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repassamos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais da
mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destinatários
principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio ao
usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente ele
será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso, recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiáveis e, em
geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus e pragas. Al-
guns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por exemplo, o Gmail,
permitem analisar preliminarmente se um anexo contém arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem que,
automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e pa-
dronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

3 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Respondendo uma mensagem
Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um ser-
vidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

4 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

Funcionalidades mais comuns:

Para fazer isto Atalho Caminhos para execução


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las conforme
a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail, referida no item “Endereços de e-mail”.

Criar nova mensagem de e-mail

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digitação do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também os
campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evidência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões indi-
cados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto, para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de resposta
ou encaminhamento.

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão correspondente,
segundo a figura abaixo:

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Adicionar assinatura de e-mail à mensagem
Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a nossa
marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada mensagem.

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Imprimir uma mensagem de e-mail
Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos possibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao com-
putador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo pacote Office e seus aplicativos.

O Mozilla Thunderbird é um aplicativo usado principalmente para enviar e receber e-mails . Também pode ser usado para gerenciar
vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e anotações semelhantes.

Atalhos das funções principais

AÇÃO ATALHO
Nova mensagem CTRL + N
Responder à mensagem (apenas remetente) CTRL + R
Responder a todos na mensagem (remetente e
CTRL + SHIFT + R
todos os destinatários)
Responder à lista CTRL + SHIFT + L
Reencaminhar mensagem CTRL + L
Editar como nova mensagem CTRL + E
Obter novas mensagens para a conta atual F5
Obter novas mensagens para todas as contas SHIFT + F5
Abrir mensagem (numa nova janela ou separador) CTRL + O ENTER
Abrir mensagem na conversa CTRL + SHIFT + O
Ampliar CTRL +
Reduzir CTRL -

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva
@ – Símbolo padronizado
• Nome do domínio a que o e-mail pertence.

Vejamos um exemplo real: joaodasilva@empresa.com.br


• Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não terminou de redigir;
• Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao escrever mensagem, temos os seguintes campos :
• Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
• CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;
• Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros);
• Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber, enviar ou até mesmo guardar mensagens conforme a
necessidade.

Escrever novo e-mail

Ao clicar em Write é aberta uma outra janela para digitação do texto e colocar o destinatário. Podemos preencher também os campos
CC (outra pessoa que também receberá uma cópia deste e-mail) e o campo CCO ou BCC (outra pessoa que receberá outra cópia do e-mail,
porém esta outra pessoa não estará visível aos outros destinatários).

Enviar e-mail
De acordo com a figura abaixo, deve-se clicar em “Enviar” (Send) do lado esquerdo para enviar o e-mail.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Responder e Encaminhar mensagens
Utiliza-se os botões Reply e Forward, ilustrador a seguir

Destinatário oculto

Arquivos anexos
A melhor maneira de anexar é colar o objeto desejado no corpo do e-mail. Pode-se ainda usar o botão indicado a seguir, para ter
acesso a caixa de diálogo na qual selecionará arquivos desejados.

SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA INTERNET

Sites de busca são mecanismos de pesquisa que permitem buscar documentos, imagens, vídeos e quaisquer tipos de informações na
rede. Eles utilizam um algoritmo capaz de varrer todas as informações da internet para buscar as informações desejadas. São exemplos de
sites de busca mais comuns: Google, Bing e Yahoo.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formas de acesso

GOOGLE www.google.com.br
BING www.bing.com.br
YAHOO www.yahoo.com.br

Tipos de buscadores
Buscadores Horizontais: São aqueles buscadores que varrem a Internet inteira.
Por exemplo, temos o Google que vai em busca de qualquer conteúdo relacionado a palavra chave.

Buscadores Verticais: São aqueles mais específicos que varrem somente um tipo de site.
Por exemplo, temos o Youtube que é um repositório de vídeos, logo ao pesquisarmos dentro dele a busca será limitada aos vídeos.

Atualmente o site de busca mais utilizado é o Google vejamos mais detalhes:

1 – Nesta barra digitaremos o endereço do site: www.google.com.br;


2 – Nesta barra digitaremos a palavra-chave que queremos encontrar;
3 – Podemos também acionar este microfone para falar a palavra-chave e a mesma será escrita na barra de pesquisa;
4 – Podemos também acessar um teclado virtual que irá surgir na tela, permitindo a seleção dos caracteres desejados.

Após a entrada da palavra-chave, estamos prontos para realizar a pesquisa.

Outras funções do site de pesquisa do google

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Menu do Google à direita, conforme a imagem acima
GRUPOS DE DISCUSSÃO
Gmail Acesso ao E-mail do Google;
Grupos de discussão
Acesso a barra de pesquisa imagens, Grupos de discussão são ferramentas gerenciáveis pela Inter-
neste caso o buscador irá atuar somente net que permitem que um grupo de pessoas troque mensagens via
na procura de imagens, podemos digitar e-mail entre todos os membros do grupo. Essas mensagens, geral-
Imagens
uma palavra-chave, ou até mesmo colar mente, são de um tema de interesse em comum, onde as pessoas
uma imagem na barra para iniciar a expõem suas opiniões, sugestões, críticas e tiram dúvidas. Como é
pesquisa; um grupo onde várias pessoas podem participar sem, geralmente,
Acesso a informações de cadastro, ter um pré- requisito, as informações nem sempre são confiáveis.
Conta Existem sites gratuitos, como o Google Groups, o Grupos.com.
nome, celular, etc.;
br, que auxiliam na criação e uso de grupos de discussão, mas um
Pesquisa Acesso ao buscador de pesquisas grupo pode ser montado independentemente, onde pessoas façam
Acesso a informações de endereço e uma lista de e – mails e troquem informações.
Maps localização. No caso do celular funciona
como um GPS; Para conhecer um pouco mais sobre este assunto, vamos criar
um grupo de discussão no Google Groups. Para isso, alguns passos
YouTube Acesso a vídeos publicados;
serão necessários:
Acesso a loja de aplicativos, no caso do 1º) Temos que ter um cadastro no Google, como fizemos quan-
Play celular temos a Play Store onde encon- do estudamos os sites de busca.
tramos aplicativos; 2º) Acessar o site do Google (www.google.com.br) e clicar no
Noticias Acesso a notícias; menu “Mais” e no item “Ainda mais”.
3º) Entre os diversos produtos que serão expostos, clicar em
Meet Acesso a Reuniões (vídeo chamadas); “Grupos”.
Contatos Acesso a todos os contatos;
Acesso ao local de armazenamento na
Drive
internet de arquivos, fotos, vídeos, etc.;
Acesso a agenda. É um local onde pode-
Agenda
mos marcar compromissos, tarefas, etc.;
Tradutor Acesso ao tradutor do Google;
Acesso a todas as fotos armazenadas no
drive, estas fotos são armazenadas na
sua conta google. Conforme usamos o !
Fotos celular, enviamos as fotos automatica-
mente para o drive, a frequência deste Grupos
envio depende de uma configuração Na próxima tela, teremos os passos necessários para criar um
prévia que temos que realizar; grupo, onde clicaremos no botão “Criar um grupo...”
Acesso a livros, neste caso somos reme-
Livros tidos para uma barra somente para a
pesquisa de livros.
Acesso a documentos, neste caso são
textos em geral, semelhantes a docu-
Documentos
mentos em WORD, podemos acessar e
até criar documentos para o uso;
Acesso a planilhas eletrônicas, neste
caso são planilhas semelhantes ao
Planilhas
EXCEL, podemos acessar e até criar pla-
nilhas para o uso;
Permite a criação e gerenciamento de Passo 2 – Criando um grupo
um blog. Blog é um site que permite a
Blogguer atualização rápida através de postagens, Seguiremos alguns passos propostos pelo website.
isso deve-se a sua estrutura extrema- Daremos um nome ao nosso grupo. Neste caso o nome é Pro-
mente flexível de uso; fale. Conforme digitamos o nome do grupo, o campo endereço de
Acesso a uma plataforma Google, onde e – mail do grupo e endereço do grupo na web vão sendo auto-
Hangouts podemos conectar pessoas através de maticamente preenchidos. Podemos inserir uma descrição grupo,
vídeo conferencia e mensagens, etc. que servirá para ajudar as pessoas a saberem do que se trata esse
grupo, ou seja, qual sua finalidade e tipo de assunto abortado.
A Google está frequentemente atualizando esse menu, visto a
adequação de aplicativos ao contexto atual.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Após a inserção do comentário sobre as intenções do grupo, Finalização do processo de criação do grupo
podemos selecionar se este grupo pode ter conteúdo adulto, nudez Os convidados a participarem do grupo receberão o convite em
ou material sexualmente explícito. Antes de entrar nesse grupo é seus endereços eletrônicos. A etapa do convite pode ser realizada
necessário confirmar que você é maior de 18 anos. depois da criação do grupo. Vale lembrar, que em muitos casos, as
mensagens de convite são identificadas pelos servidores de mensa-
Escolheremos também, o nível de acesso entre: gens como Spams e por esse motivo são automaticamente enviadas
para a pasta Spam dos destinatários.
“Público – Qualquer pessoa pode ler os arquivos. Qualquer O proprietário do grupo terá acesso a uma tela onde poderá:
pessoa pode participar, mas somente os membros podem postar visualizar os membros do grupo, iniciar um novo tópico de discus-
mensagens.” “Somente para anúncios – Qualquer pessoa pode ler são, convidar ou adicionar membros, e ajustar as configurações do
os arquivos. Qualquer pessoa pode participar, mas somente os ad- seu grupo.
ministradores podem postar mensagens.” Quando o proprietário optar por iniciar um novo tópico de dis-
cussão, será aberta uma página semelhante a de criação de um e
“Restrito – Para participar, ler e postar mensagens é preciso ser – mail. A linha “De”, virá automaticamente preenchida com o nome
convidado. O seu grupo e os respectivos arquivos não aparecem do proprietário e o endereço do grupo. A linha “Para”, também será
nos resultados de pesquisa públicos do Google nem no diretório.” preenchida automaticamente com o nome do grupo. Teremos que
digitar o assunto e a mensagem e clicar no botão “Postar mensa-
gem”.
A mensagem postada pode ser vista no site do grupo, onde as
pessoas podem debater sobre ela (igualando-se assim a um fórum)
ou encaminha via e-mail para outras pessoas.
O site grupos.com.br funciona de forma semelhante. O pro-
prietário também tem que se cadastrar e inserir informações como
nome do grupo, convidados, descrição e outras, mas ambas as fer-
ramentas acabam tornado o grupo de discussão muito semelhante
ao fórum. Para criar um grupo de discussão da maneira padrão, sem
utilizar ferramentas de gerenciamento, as pessoas podem criar um
e – mail para o grupo e a partir dele criar uma lista de endereços
dos convidados, possibilitando a troca de informações via e – mail.

REDES SOCIAIS

Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da inter-


! net, por pessoas e organizações que se conectam a partir de inte-
resses ou valores comuns5. Muitos confundem com mídias sociais,
Configurar grupo porém as mídias são apenas mais uma forma de criar redes sociais,
Após este passo, teremos que adicionar os membros do grupo inclusive na internet.
e faremos isto através de um convite que será enviado aos e – mails
que digitaremos em um campo especial para esta finalidade. Cada O propósito principal das redes sociais é o de conectar pessoas.
destinatário dos endereços cadastrados por nós receberá um convi- Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e interage com
te e deverá aceitá-lo para poder receber as mensagens e participar as pessoas com base nos detalhes que elas leem sobre você. Po-
do nosso grupo. de-se dizer que redes sociais são uma categoria das mídias sociais.
Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange
A mensagem do convite também será digitada por nós, mas o diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas redes
nome, o endereço e a descrição do grupo, serão adicionados auto- sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que com-
maticamente. Nesta página teremos o botão “Convidar”. Quando preendíamos como mídia antes da existência da internet: rádio, TV,
clicarmos nele, receberemos a seguinte mensagem: jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível na internet,
ela deixou de ser estática, passando a oferecer a possibilidade de
interagir com outras pessoas.
No coração das mídias sociais estão os relacionamentos, que
são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão. Mídias
sociais são lugares em que se pode transmitir informações para ou-
tras pessoas.
Estas redes podem ser de relacionamento, como o Facebook,
profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos específicos
como o Youtube que compartilha vídeos.
As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Instagram,
! Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais recente-
mente, o Tik Tok.

5 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-so-
ciais/

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Facebook clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e sobreposição para
Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pessoais transições mais limpas – lembrando que esta é mais uma das fun-
de seus membros. cionalidades que atuam dentro dos stories.

Twitter
Rede social que funciona como um microblog onde você pode
seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo real as atu-
alizações que seus contatos fazem e eles as suas.

O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que reúne


muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para gerar ne-
gócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se com amigos e
família, informar-se, dentre outros6.

WhatsApp
É uma rede para mensagens instantânea. Faz também ligações O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para cá
telefônicas através da internet gratuitamente. está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos pararam
de usar a rede social.
A rede social é usada principalmente como segunda tela em
que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na
TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos de
futebol e outros programas.
Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais uti-
A maioria das pessoas que têm um smartphone também o têm lizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam informações
instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido de “zap em primeira mão por ali.
zap”.
Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas LinkedIn
operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar do Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede quer
consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se informa atra- manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, como um
vés dele. emprego por exemplo.

YouTube
Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.

A maior rede social voltada para profissionais tem se tornado


O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da atuali- cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo, como o
dade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1 bilhão de Facebook.
horas de vídeos visualizados diariamente. A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja: no
lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, temos com-
Instagram panhias. Outro grande diferencial são as comunidades, que reúnem
Rede para compartilhamento de fotos e vídeos. interessados em algum tema, profissão ou mercado específicos.
É usado por muitas empresas para recrutamento de profissio-
nais, para troca de experiências profissionais em comunidades e
outras atividades relacionadas ao mundo corporativo

Pinterest
Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas tam-
O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas para bém compartilha vídeos.
acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível visualizar
publicações no desktop, seu formato continua sendo voltado para
dispositivos móveis.
É possível postar fotos com proporções diferentes, além de ou-
tros formatos, como vídeos, stories e mais.
Os stories são os principais pontos de inovação do aplicativo.
Já são diversos formatos de post por ali, como perguntas, enquetes,
vídeos em sequência e o uso de GIFs. O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o conceito de
Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas, “mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar suas inspi-
uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir vídeos rações e também pode fazer upload de imagens assim como colocar
de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados de outro links para URLs externas.
Os temas mais populares são:
– Moda;
6 https://bit.ly/32MhiJ0

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Maquiagem; Tik Tok
– Casamento; O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para iOS
– Gastronomia; e Android, possui recursos que podem tornar criações de seus usu-
– Arquitetura; ários mais divertidas e, além disso, aumentar seu número de segui-
– Faça você mesmo; dores7.
– Gadgets;
– Viagem e design.

Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo.

Snapchat
Rede para mensagens baseado em imagens.
Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar
duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e sin-
cronizar o áudio de suas dublagens preferidas para que pareça que
é você mesmo falando.
O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os usu-
ários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pessoas fa-
mosas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer participar da
O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos, ví- brincadeira — o que atrai muito o público jovem.
deos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-moder-
nidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros conhecidos como
snaps, que desaparecem algumas horas após a publicação. COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD COMPUTING)
A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o interesse
de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes tentou Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibi-
adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o CEO lançou lidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela inter-
a funcionalidade nas redes que já haviam sido absorvidas, criando net8. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu computador
os concorrentes WhatsApp Status, Facebook Stories e Instagram para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line para fazer o
Stories. que precisa, já que os dados não se encontram em um computador
Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público específico, mas sim em uma rede.
bem específico, formado por jovens hiperconectados. Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é possível
desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito
Skype para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente por isso
O Skype é um software da Microsoft com funções de videocon- que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar
ferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz. O serviço os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
também opera na modalidade de VoIP, em que é possível efetuar internet.
uma chamada para um telefone comum, fixo ou celular, por um Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você
aparelho conectado à internet pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado,
que pode ser desde um processador de textos até mesmo um jogo
ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada informação, o seu
computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que
você interaja.

O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extinto Vantagens:


MSN Messenger. – Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez que
Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de tudo é executado em servidores remotos.
uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para – Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a partir
realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo em de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet para tal
grupo ou até mesmo enviar SMS. — ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em um
É possível, no caso, obter um número de telefone por meio pró- único computador.
prio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer ligações
a taxas reduzidas. Desvantagens:
Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mundo – Gera desconfiança, principalmente no que se refere à segu-
corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos nichos rança. Afinal, a proposta é manter informações importantes em
e tamanhos. um ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à
vontade com isso.– Como há a necessidade de acessar servidores
remotos, é primordial que a conexão com a internet seja estável e
rápida, principalmente quando se trata de streaming e jogos.

7 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-truques/
8 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-
-e-computacao-em-nuvens-.htm

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Exemplos de computação em nuvem No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um
sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone.
Dropbox A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu- o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com caso você o tenha perdido.
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe-
rando espaço no PC ou smartphone. Google Drive
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca-
pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá-
rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São
15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima-
gens, etc.

Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam-


bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre
acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do-
cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet.
Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu ser-
OneDrive viço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mesmo re-
O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de ar- conhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. Mesmo
mazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente 15 GB que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você queira
de espaço para os usuários9. Mas é possível conseguir ainda mais encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar a busca
espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando diversas para procurar palavras e expressões.
promoções que a empresa lança regularmente. Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam feitas
Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece planos edições de documentos diretamente do browser, sem precisar fazer
pagos com capacidades variadas também. o download do documento e abri-lo em outro aplicativo.

Tipos de implantação de nuvem


Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser-
viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de
TI10.
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem:
Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e – Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud
PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço, terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur-
o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja dis- sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento
pensada a necessidade de realizar o download para só então poder via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su-
modificar o conteúdo do arquivo. porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor
de nuvem contratado pela organização.
iCloud – Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em nu-
O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em um vem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo estar
passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, e-mails, localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou seja, uma
dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, recentemente nuvem privada é aquela em que os serviços e a infraestrutura de
a empresa também adotou para o iCloud a estratégia de utilizá-lo computação em nuvem utilizados pela empresa são mantidos em
como um serviço de armazenamento na nuvem para usuários iOS. uma rede privada.
De início, o usuário recebe 5 GB de espaço de maneira gratuita. – Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi-
Existem planos pagos para maior capacidade de armazena- ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o
mento também. compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu-
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar
a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da
empresa.

Tipos de serviços de nuvem


A maioria dos serviços de computação em nuvem se enquadra
em quatro categorias amplas:
– IaaS (infraestrutura como serviço);
– PaaS (plataforma como serviço);
– Sem servidor;
– SaaS (software como serviço).
9 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-
-principais-servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/ 10 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre o outro.

IaaS (infraestrutura como serviço)


A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem. Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de serviços
cloud, pagando somente pelo seu uso.
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS (infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e máquinas
virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas operacionais.

PaaS (plataforma como serviço)


PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que fornecem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, teste, forne-
cimento e gerenciamento de aplicativos de software.
A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos desenvolvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornando-a muito
mais rápida.
Além de acabar com a preocupação quanto à configuração ou ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servidores, armaze-
namento, rede e bancos de dados necessários para desenvolvimento.

Computação sem servidor


A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-se na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerenciamento
contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários para isso.
O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, planejamento de capacidade e gerenciamento de servidores para você e sua
equipe.
As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis e controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando ocorre uma
função ou um evento que desencadeia tal necessidade.

SaaS (software como serviço)


O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de software pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado em assina-
turas.
Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hospedam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura subjacente.
Além de realizarem manutenções, como atualizações de software e aplicação de patch de segurança.
Com o software como serviço, os usuários da sua equipe podem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um navegador
da web em seu telefone, tablet ou PC.

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras pastas
(subpastas)11.

Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

11 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft12.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

12 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole-
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO. PROCEDIMENTOS tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema,
DE SEGURANÇA. NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da
PRAGAS VIRTUAIS. APLICATIVOS PARA SEGURANÇA máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep-
(ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE ETC.) tação, monitoramento, análise de pacotes).

Segurança da informação Política de Segurança da Informação


Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança
de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para da organização através de regras de alto nível que representam os
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organi- princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com
zação13. a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti-
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma cor- co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter
poração, sendo também fundamentais para as atividades do negó- a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão
cio. para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo:
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata- • Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para pro- de formação e periodicidade de troca.
blemas. • Política de backup: define as regras sobre a realização de có-
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares14: pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten-
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponí- ção e frequência de execução.
vel somente a pessoas autorizadas. • Política de privacidade: define como são tratadas as informa-
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam ções pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, • Política de confidencialidade: define como são tratadas as
de modo permanente a elas. informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja, a terceiros.
sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e
nem em qual etapa, se no processamento ou no envio. Mecanismos de segurança
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e autoria Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni-
do conteúdo seja mesmo a anunciada. ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar
o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
Existem outros termos importantes com os quais um profissio- Ele pode ser aplicado de duas formas:
nal da área trabalha no dia a dia. – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e qual-
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do quer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à informa-
conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se re- ção ou infraestrutura que dá suporte a ela
fere ao controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras ele-
que permite examinar o histórico de um evento de segurança da trônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um antiví-
informação, rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada rus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
uma delas. infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
de encriptação, que transformam as informações em códigos que
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo prote- certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
gido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
da informação, ainda que sem intenção
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne- Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio. profissional habilitado conforme o plano de segurança da informa-
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser ção da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.
explorada por uma ameaça.
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con- Criptografia
teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada. É uma maneira de codificar uma informação para que somen-
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, te o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran- uma chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a
ça da informação. informação16.
Tem duas maneiras de criptografar informações:
Tipos de ataques • Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles15: secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar sequência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensa-
de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque gem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses- o emissor quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a
são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera- chave secreta para poder ler a mensagem.
ção, fraude, reprodução, bloqueio).
13 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
14 https://bit.ly/2E5beRr
15 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-se- 16 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-prote-
guranca-da-informacao/ cao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Criptografia assimétrica (chave pública):tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pessoa
que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.

Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da infor-
mação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a ação. A
chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados podem
ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basicamente em
bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.17

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser18.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

Noções de vírus, antivírus

Noções de vírus, worms e pragas virtuais (Malwares)


– Malwares (Pragas): São programas mal intencionados, isto é, programas maliciosos que servem pra danificar seu sistema e diminuir
o desempenho do computador;
– Vírus: São programas maliciosos que, para serem iniciados, é necessária uma ação (por exemplo um click por parte do usuário);
– Worms: São programas que diminuem o desempenho do sistema, isto é, eles exploram a vulnerabilidade do computador se instalam
e se replicam, não precisam de clique do mouse por parte do usuário ou ação automática do sistema.

17 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%-
C3%A3o%20de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
18 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispyware etc.)

• Antivírus
O antivírus é um software que encontra arquivos e programas maléficos no computador. Nesse sentido o antivírus exerce um papel
fundamental protegendo o computador. O antivírus evita que o vírus explore alguma vulnerabilidade do sistema ou até mesmo de uma
ação inesperada em que o usuário aciona um executável que contém um vírus. Ele pode executar algumas medidas como quarentena,
remoção definitiva e reparos.
O antivírus também realiza varreduras procurando arquivos potencialmente nocivos advindos da Internet ou de e-mails e toma as
medidas de segurança.

• Firewall
Firewall, no caso, funciona como um filtro na rede. Ele determina o que deve passar em uma rede, seja ela local ou corporativa, blo-
queando entradas indesejáveis e protegendo assim o computador. Pode ter regras simples ou complexas, dependendo da implementação,
isso pode ser limitado a combinações simples de IP / porta ou fazer verificações completas.

• Antispyware
Spyware é um software espião, que rouba as informações, em contrário, o antispyware protege o computador funcionando como o
antivírus em todos os sentidos, conforme relatado acima. Muitos antivírus inclusive já englobam tais funções em sua especificação.

PROCEDIMENTOS DE BACKUP

Procedimentos de backup
Backup é uma cópia dos dados para segurança e proteção. É uma forma de proteger e recuperar os dados na ocorrência de algum
incidente. Desta forma os dados são protegidos contra corrupção, perda, desastres naturais ou causados pelo homem.
Nesse contexto, temos quatro modelos mais comumente adotados: o backup completo, o incremental, o diferencial e o espelho.
Geralmente fazemos um backup completo na nuvem (Através da Internet) e depois um backup incremental para atualizar somente o que
mudou, mas vamos detalhar abaixo os tipos para um entendimento mais completo.

• Backup completo
Como o próprio nome diz, é uma cópia de tudo, geralmente para um disco e fita, mas agora podemos copiar para a Nuvem, visto que
hoje temos acesso a computadores através da internet. Apesar de ser uma cópia simples e direta, é demorada, nesse sentido não é feito
frequentemente. O ideal é fazer um plano de backup combinado entre completo, incremental e diferencial.

• Backup incremental
Nesse modelo apenas os dados alterados desde a execução do último backup serão copiados. Geralmente as empresas usam a data
e a hora armazenada para comparar e assim atualizar somente os arquivos alterados. Geralmente é uma boa opção por demorar menos
tempo, afinal só as alterações são copiadas, inclusive tem um tamanho menor por conta destes fatores.

• Backup diferencial
Este modelo é semelhante ao modelo incremental. A primeira vez ele copia somente o que mudou do backup completo anterior. Nas
próximas vezes, porém, ele continua fazendo a cópia do que mudou do backup anterior, isto é, engloba as novas alterações. Os backups
diferenciais são maiores que os incrementais e menores que os backups completos.

• Backup Espelho
Como o próprio nome diz, é uma cópia fiel dos dados, mas requer uma estrutura complexa para ser mantido. Imaginem dois lugares
para gravar dados ao mesmo tempo, daí o nome de espelho. Este backup entra em ação rápido na falha do principal, nesse sentido este
modelo é bom, mas ele não guarda versões anteriores. Se for necessária uma recuperação de uma hora específica, ele não atende, se os
dados no principal estiverem corrompidos, com certeza o espelho também estará.

SEQUÊNCIA DE BACKUP BACKUP COMPLETO BACKUP ESPELHO BACKUP INCREMENTAL BACKUP DIFERENCIAL
Seleciona tudo e
Backup 1 Copia tudo - -
copia

Seleciona tudo e Copia as mudanças do Copia as mudanças do


Backup 2 Copia tudo
copia backup 1 backup 1

Seleciona tudo e Copia as mudanças do Copia as mudanças do


Backup 3 Copia tudo
copia backup 2 backup 1
Seleciona tudo e Copia as mudanças do Copia as mudanças do
Backup 4 Copia tudo
copia backup 3 backup 1

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em nu-
ARMAZENAMENTO DE DADOS NA NUVEM (CLOUD vem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo estar
STORAGE) localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou seja, uma
nuvem privada é aquela em que os serviços e a infraestrutura de
O armazenamento de dados na nuvem é quando guardamos computação em nuvem utilizados pela empresa são mantidos em
informações na internet através de um provedor de serviços na nu- uma rede privada.
vem que gerencia o armazenamento dos dados19. • Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi-
Com este serviço, são eliminados custos com infraestrutura de ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o
armazenamento físico de dados. Além disso, pode-se acessar do- compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu-
cumentos em qualquer lugar ou dispositivo (todos sincronizados). vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar
Estes provedores de armazenamento cobram um valor propor- a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da
cional ao tamanho da necessidade, mantendo os dados seguros. empresa.
Você pode acessar seus dados na nuvem através de protoco-
los como o SOAP (Simple Object Access Protocol), protocolo desti- Software para armazenamento em nuvem
nado à circulação de informações estruturadas entre plataformas Software de armazenamento cloud são sites, alguns deles vin-
distribuídas e descentralizadas ou usando uma API (Application culados a provedores de e-mail e aplicações de escritório, como
Programming Interface, traduzindo, Interface de Programação de o Google Drive (Google), o One Drive (Microsoft) e o Dropbox. A
Aplicações) que integra os sistemas que tem linguagens diferentes maioria dos sites disponibiliza o serviço gratuitamente e o usuário
de maneira rápida e segura. paga apenas se contratar planos para expandir a capacidade.

Benefícios do armazenamento na nuvem QUESTÕES


- Diminuição do custo de hardware para armazenamento, só é
pago o que realmente necessita e ainda é fácil e rápido aumentar o
espaço caso necessite; 1. (cEBRASPE (CESPE) - Del Pol (PC PB)/PC PB/2022)
- As empresas pagam pela capacidade de armazenamento que A memória do computador, também conhecida como memória
realmente precisam20; principal ou memória de sistema, responsável pelo armazenamento
- Implantação rápida e fácil; temporário de dados e de instruções utilizadas pelos dispositivos
- Possibilidade de expandir ou diminuir o espaço por sazonali- periféricos, é
dade; (A) RAM (random access memory, ou memória de acesso ale-
- Quem contrata gerencia a nuvem diretamente; atório).
- A empresa contratada cuida da manutenção do sistema, ba- (B) ROM (read only memory, ou memória somente de leitura).
ckup e replicação dos dados, aquisição de dispositivos para arma- (C) cache de memória.
zenamentos extras; (D) disco rígido (HD).
- É uma ferramenta de gestão de dados, pois, estes são arma- (E) unidade central de processamento (CPU).
zenados de forma organizada. Com uma conexão estável, o acesso
e compartilhamento é fácil e rápido. 2. (CEBRASPE (CESPE) - TDP (DPE RO)/DPE RO/Técnico em In-
formática/2022)
Desvantagens A impressora que utiliza um processador interno para decodi-
- O acesso depende exclusivamente da internet, portanto, a co- ficar sinais que são enviados para um cartucho de fotocondutor or-
nexão deve ser de qualidade; gânico (OPC) é uma impressora
- Companhias de grande porte precisam ter políticas de segu- (A) de impacto.
rança para preservar a integridade dos arquivos; (B) laser.
- Geralmente, os servidores estão no exterior, o que sujeita (C) térmica fotográfica.
seus dados à legislação local. (D) matricial.
(E) jato de tinta.
Tipos de armazenamento em nuvem
Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de 3. (CEBRASPE (CESPE) - AJ (PGDF)/PG DF/Bibliotecono-
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser- mia/2021)
viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de Acerca de dispositivos de memória, de entrada e de saída de
TI21. dados, julgue o item subsequente.
Teclados e monitores operam em velocidade inferior à dos pro-
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem: cessadores.
• Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud ( ) Certo
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur- ( ) Errado
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento
via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su- 4. (CEBRASPE (CESPE) - Tec GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/Assisten-
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor te Administrativo/2022)
de nuvem contratado pela organização. Julgue o item subsequente, relativos a organização e gerencia-
mento de informações digitais.
Linux e Windows utilizam uma hierarquia de diretórios para
organizar arquivos com finalidades e funcionalidades semelhantes.
19 https://centraldefavoritos.com.br/2018/12/31/armazenamento-de-
( ) Certo
-dados-na-nuvem-cloud-storage/
( ) Errado
20 http://www.infortrendbrasil.com.br/cloud-storage/
21 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
5. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPPM/2021) 9. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (CBM AL)/CBM AL/2021)
Considere que, em uma máquina com Windows 10, na raiz da Julgue o próximo item, relativos a noções de sistema opera-
pasta Files, em F:\Backup\Files, havia dois arquivos, um .xlsx e um cional.
.docx, e que, na pasta F:\Backup\Files\Home, havia dois arquivos de Caso um usuário possua permissão de execução em um arquivo
imagem, um .jpeg e em .gif. Considere, ainda, que um usuário te- binário arquivoA, em sua pasta /home/usuario, ele poderá executar
nha movido o subdiretório Files em F: para a biblioteca de imagens esse tipo de arquivo sem necessariamente afetar a integridade do
do usuário em C:\Users\Adm\Images. Nesse caso, considerando-se sistema operacional, ainda que não possua direitos administrativos
que nos drivers C: e F: havia espaço livre para efetuar as operações de root.
descritas, é correto afirmar que foram movidos ( ) Certo
(A) todos os 4 arquivos, ficando todos na raiz de Files, da se- ( ) Errado
guinte forma: C:\Users\Adm\Images\Files.
(B) apenas os 2 arquivos de imagem e o subdiretório Home, 10. (CEBRASPE (CESPE) - Of (PM AL)/PM AL/2021)
ficando todos estes na raiz de Home, da seguinte forma: C:\ Julgue o item a seguir, referente ao sistema operacional Linux.
Users\Adm\Images\Files\Home. Para configurar as permissões de leitura, escrita e execução em
(C) apenas os 2 arquivos de imagem, ficando ambos na raiz de um arquivo de nome programa1, de maneira que qualquer usuá-
Files, da seguinte forma: C:\Users\Adm\Images\Files. rio ou grupo tenha essas permissões, deve ser usado o comando
(D) apenas os 2 arquivos de imagem e o subdiretório Home, fi- a seguir.
cando todos estes na raiz de Files, da seguinte forma: C:\Users\ chmod 700 programa1
Adm\Images\Files\Home. ( ) Certo
(E) os 4 arquivos e o subdiretório Home, ficando a mesma es- ( ) Errado
trutura de diretórios e seus arquivos, ou seja, dois arquivos na
raiz de Files e os dois arquivos de imagem na raiz de Home, da 11. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM AL)/PM AL/2021)
seguinte forma: C:\Users\Adm\Images\Files\Home. Com base no sistema operacional Linux, julgue o item a seguir.
Para que o arquivo com nome original de file1.txt seja renome-
6. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (CBM AL)/CBM AL/2021) ado para file2.txt, é correto utilizar o comando a seguir.
Julgue o próximo item, relativos à segurança da informação. mv file1.txt file2.txt
Além de bloquearem acessos indevidos aos arquivos e ao com- ( ) Certo
putador, as soluções de firewall atuais, como o Microsoft Defender ( ) Errado
Firewall, presente no Windows 10, também realizam backup de ar-
quivos críticos do sistema operacional. 12. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM AL)/PM AL/2021)
( ) Certo Com base no sistema operacional Linux, julgue o item a seguir.
( ) Errado Para se criar um link simbólico nomeado de link1 para um dire-
tório de nome dir1, deve ser utilizado o comando a seguir.
7. (CEBRASPE (CESPE) - Enf Fisc (COREN SE)/COREN SE/2021) tail -f link1 dir1.
No explorador de arquivos do Windows, a opção de mapear ( ) Certo
unidade de rede pode ser utilizada para ( ) Errado
(A) indicar unidade local a que se deseja conectar e assim fazer
uso facilitado dos arquivos nela armazenados. 13. (CEBRASPE (CESPE) - APC (FUNPRESP-EXE)/FUNPRESP-EXE/
(B) adicionar local de rede remoto para acesso local. Administrativa/2022)
(C) oferecer acesso a uma pasta disponível localmente, para Mateus, utilizando uma estação de trabalho, recebeu um
usuários externos a ela se conectarem. e-mail do endereço cadastro@receita.blog.com.br, com o assunto
(D) realizar o becape simultâneo de uma pasta em uso em ou- “Atualize seu cadastro - CPF irregular” e contendo o arquivo Atua-
tro local seguro de outro computador. lização_Cadastral.exe, em anexo. No corpo do e-mail, há informa-
ções de que se trata de um comunicado oficial da Receita Federal.
8. (CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM AL)/CBM AL/2021) Após abrir o e-mail, Mateus salvou o arquivo na pasta c:\dados\
Julgue o próximo item, relativos a noções de Linux e Microsoft documentos_particulares\ do seu computador.
Office. Tendo como referência inicial essa situação hipotética, julgue
Considere que um usuário de Linux deseje descobrir a catego- o item seguinte, acerca de organização e de gerenciamento de ar-
ria dos arquivos arquivoA.txt e arquivoB.bin dentro do diretório / quivos e programas, e de aspectos relacionados à segurança da in-
home/. Nessa situação, para verificar se esses arquivos são do tipo formação.
texto ou binário, deve ser utilizado o comando cat, da seguinte for- Para abrir o arquivo Atualização_Cadastral.exe, é suficiente
ma. realizar o seguinte procedimento: acessar a pasta c:\dados\docu-
cat /home/arquivoA.txt mentos_particulares\, clicar com o botão direito do mouse sobre
cat /home/arquivoB.bin o referido arquivo e, na lista de opções disponibilizada, selecionar
( ) Certo Abrir com → Microsoft Word.
( ) Errado ( ) Certo
( ) Errado

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
14. (CEBRASPE (CESPE) - Per Of (PC PB)/PC PB/Criminal/Área 20. (CEBRASPE (CESPE) - AnDR (CODEVASF)/CODEVASF/Admi-
Geral/2022) nistração/2021)
Ao se criar uma tabela no MS Word, ela pode ocupar diversas A respeito de noções de informática, julgue o item a seguir.
páginas no documento. Para que a tabela mantenha a mesma linha Embora as apresentações elaboradas no Microsoft PowerPoint
de títulos em todas as páginas, é necessário marcar opção encon- suportem animações e áudios, ainda não é possível exibir vídeos do
trada na aba YouTube nessas apresentações, mesmo que o computador utilizado
(A) Página Inicial, no botão Estilo de Cabeçalho. tenha acesso à Internet.
(B) Inserir, no botão Cabeçalho. ( ) Certo
(C) Layout, na caixa de diálogo Propriedades da Tabela. ( ) Errado
(D) Layout, no botão Mesclar Células.
(E) Layout, no botão Exibir Linhas de Grade. 21. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Ban I (BANESE)/BANESE/2021)
A respeito do Microsoft Office, julgue o item que se segue.
15. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Per (PC PB)/PC PB/Área Ge- Arquivos com extensões do tipo .pptx podem ser manipulados
ral/2022) pelo Microsoft Powerpoint para Office 365.
Um documento criado no MS Word pode ser editado e salvo ( ) Certo
conforme novas alterações vão sendo realizadas, mantendo-se o ( ) Errado
mesmo nome de arquivo e atualizando-se apenas a data da última
edição. Para tanto, usa-se a opção 22. (CEBRASPE (CESPE) - Tec (PGE RJ)/PGE RJ/Processual/2022)
(A) Abrir. Acerca do editor de texto LibreOffice Writer 7.1, do programa
(B) Novo. de correio eletrônico Mozilla Thunderbird e da computação em nu-
(C) Salvar cópia. vem, julgue o item subsequente.
(D) Salva A formatação manual de um texto no LibreOffice Writer 7.1
(E) Salvar como. não substitui o estilo, caso este esteja aplicado ao documento em
edição.
16. (CEBRASPE (CESPE) - ATCG (MJSP)/MJSP/Técnico Especiali- ( ) Certo
zado em Formação e Capacitação/2021) ( ) Errado
Acerca do MS Word disponível no pacote Microsoft Office 365,
julgue o item que se seguem. 23. (CEBRASPE (CESPE) - APF/PF/2021)
No MS Word, a criação de parágrafos ou recuos de texto pode No que se refere a redes de computadores, julgue o item que
ser feita por meio da seleção da opção de espaçamento entre linhas se seguem.
simples, duplo ou personalizado. A pilha de protocolos TCP/IP de cinco camadas e a pilha do mo-
( ) Certo delo de referência OSI têm, em comum, as camadas física, de enla-
( ) Errado ce, de rede, de transporte e de aplicação.
( ) Certo
17. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (CBM TO)/CBM TO/2021) ( ) Errado
Utilizando uma planilha editada pelo Microsoft Excel, na sua
última versão, um usuário deseja que, após ter incluído uma lista 24. (CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Processos Ju-
de valores, uma célula da planilha avalie se os valores inseridos são rídicos/2021)
maiores que 10 e, em caso positivo, retorne como verdadeiro. Os computadores comunicam-se entre si e com os demais
Nessa situação hipotética, para alcançar o que deseja, o usuá- meios de transmissão de dados por meio de placas de rede, as quais
rio deve utilizar a função , possuem um número único denominado
(A) E. (A) Endereço WWW (World Wide Web).
(B) SE. (B) Endereço IP (Internet Protocol).
(C) SOMA. (C) Endereço MAC (Media Access Control).
(D) MÉDIA. (D) Endereço de email (correio eletrônico).

18. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Ban I (BANESE)/BANESE/2021) 25. (CEBRASPE (CESPE) - Ag Pol (PC AL)/PC AL/2021)
A respeito do Microsoft Office, julgue o item que se segue. Julgue o item a seguir, que tratam de redes de computadores,
O Microsoft Excel para Office 365 possibilita que sejam gera- suas ferramentas e procedimentos.
dos gráficos a partir de dados gravados em uma planilha, mas não Denomina-se cabo coaxial, em uma rede de comunicação, o
consegue remover valores duplicados em formatação condicional, tipo de mídia de comunicação que realiza a conexão entre pontos, é
sendo necessário para tanto utilizar recursos do Microsoft Access imune a ruídos elétricos e é responsável pela transmissão de dados
ou outro software. com capacidade de largura de banda muito maior do que os pares
( ) Certo trançados.
( ) Errado ( ) Certo
( ) Errado
19. (CEBRASPE (CESPE) - Enf Fisc (COREN SE)/COREN SE/2021)
No MS Excel, utilizando-se a fórmula =4*2+3, o resultado do
cálculo será
(A) 9.
(B) 20.
(C) 14.
(D) 11.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
26. (CEBRASPE (CESPE) - AF (SEFAZ CE)/SEFAZ CE/Tecnologia da 32. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (CBM TO)/CBM TO/2021)
Informação da Receita Estadual/2021) No navegador Mozilla Firefox, determinado recurso permite
A respeito de topologias, arquiteturas e protocolos de redes de acessar páginas na Internet sem que fique registro do histórico e
comunicação, julgue o item que se segue. dos cookies das páginas acessadas. Assinale a opção que indica o
Em uma arquitetura em camadas, um protocolo é um conjunto nome desse recurso.
de operações em alto nível de abstração funcional que uma camada (A) Favoritos
oferece à camada situada acima dela e funciona como uma interfa- (B) Extensões
ce entre duas camadas subjacentes. (C) Navegação privativa
( ) Certo (D) Gerenciador de downloads
( ) Errado
33. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Ban I (BANESE)/BANESE/2021)
27. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM AL)/PM AL/2021) A respeito de programas de navegação, julgue o próximo item.
Para não memorizar o histórico de navegação pelo navegador
A respeito de redes de computadores, sítios de pesquisa e bus-
Firefox, deve-se utilizar, necessariamente, a navegação privativa,
ca na Internet, computação em nuvem e redes sociais, julgue o item
pois de outra forma além dessa o histórico será registrado.
a seguir.
( ) Certo
Em uma comunicação TCP/IP entre dois computadores, não há ( ) Errado
controle de envio e recebimento de pacotes, uma vez que esse mo-
delo de transmissão é considerado não orientado a conexão. 34. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Ban I (BANESE)/BANESE/2021)
( ) Certo A respeito de programas de navegação, julgue o próximo item.
( ) Errado O navegador Chrome impede a instalação de qualquer exten-
são, por questões de segurança e privacidade na navegação dos
28. (CEBRASPE (CESPE) - Esc Pol (PC DF)/PC DF/2021) usuários.
Julgue o próximo item, a respeito de Internet e intranet. ( ) Certo
Sendo o HTTPS um protocolo de segurança utilizado em redes ( ) Errado
privadas de computadores, infere-se que o endereço https://intra.
pcdf.df.br identifica necessariamente um sítio localizado em um 35. (CEBRASPE (CESPE) - Ana (PGE RJ)/PGE RJ/Contábil/2022)
servidor de uma intranet. Julgue o próximo item, relativo ao sistema operacional Linux,
( ) Certo a redes de computadores e ao programa de navegação Microsoft
( ) Errado Edge.
O Microsoft Edge, em sua versão mais atual, disponibiliza re-
29. (CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Administra- curso que faz a leitura do texto de uma página da Web em voz alta.
ção/2021) ( ) Certo
Para que seja possível rastrear visitas realizadas por um usuário ( ) Errado
a determinado sítio na Internet ou saber o que o usuário acessou
no passado, são gravados no disco rígido do computador pequenos 36. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Adm (COREN CE)/COREN CE/2021)
arquivos em formato de texto. Esse tipo de recurso é denominado No novo Microsoft Edge, o recurso que verifica os sites visita-
(A) spyware. dos pelo usuário, compara-os com uma lista dinâmica de sites de
(B) spam. phishing e de softwares mal-intencionados relatados e, caso encon-
(C) worm. tre alguma correspondência entre eles, exibe um aviso de que o site
foi bloqueado para a sua segurança denomina-se
(D) botnet.
(A) Immersive Reader.
(E) cookie.
(B) Defender SmartScreen.
(C) InPrivate.
30. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Per (PC PB)/PC PB/Área Ge- (D) Microsoft Cortana.
ral/2022)
A tecnologia da Internet utilizada pelas empresas para auxiliar 37. (CEBRASPE (CESPE) - AAmb (ICMBio)/ICMBio/2022)
na comunicação entre os seus colaboradores, utilizando, para tanto, Com relação a ambientes Microsoft Office, redes de computa-
os mesmos tipos de serviços, só que em um ambiente interno e dores e segurança da informação, julgue o próximo item.
restrito, é a Para enviar uma mensagem em cópia a diversos destinatários
(A) extranet. de correio eletrônico, de modo que todos eles possam conhecer os
(B) web. endereços dos demais, deve-se incluir os endereços na opção Cco
(C) rede Internet. do cabeçalho da mensagem.
(D) Net. ( ) Certo
(E) intranet. ( ) Errado

31. (CEBRASPE (CESPE) - APF/PF/2021) 38. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Per (PC PB)/PC PB/Área Ge-
A respeito de Internet e de intranet, julgue o item a seguir. ral/2022)
Se, quando do acesso ao sítio https://www.gov.br/pf/pt-br na O serviço que permite o envio e recebimento de mensagens
versão mais recente do Google Chrome, for visualizado o ícone de entre usuários que possuem um endereço em determinado domí-
um cadeado cinza ao lado da URL, o símbolo em questão estará nio da Internet é denominado
sinalizando que esse ambiente refere-se à intranet da Polícia Fede- (A) ICQ.
ral. (B) WhatsApp.
( ) Certo (C) SMS.
( ) Errado (D) email.
(E) MSN.

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
39. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Amb (IBAMA)/IBAMA/2022) 45. (CEBRASPE (CESPE) - Of (PM AL)/PM AL/2021)
Julgue o item subsequente, acerca de redes de computadores A respeito de redes de computadores, julgue o item subse-
e de segurança da informação na Internet. quente.
Na pasta Rascunhos do Outlook, ficam armazenadas as mensa- Ao utilizar o buscador do Google, um usuário conseguirá bus-
gens de correio eletrônico que estejam sendo editadas e ainda não car as palavras recursos humanos dentro de arquivos em formato
tenham sido enviadas. .pdf que contenham essas palavras se ele inserir o seguinte texto
( ) Certo no buscador.
( ) Errado “recursos humanos” filetype:pdf
( ) Certo
40. (CEBRASPE (CESPE) - TAmb (ICMBio)/ICMBio/2022) ( ) Errado
A respeito de ferramentas, aplicativos e procedimentos em in-
formática, julgue o próximo item. 46. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (CBM TO)/CBM TO/2021)
No MS Outlook, é possível fazer o agendamento de uma ati- Assinale a opção que indica uma rede social que é reconhecida
vidade usando o Calendário, o qual permite que seja enviado um por sua finalidade de conectar profissionais de diferentes segmen-
email para os participantes da atividade. tos de atuação de todo o mundo.
( ) Certo (A) Orkut
( ) Errado (B) Gmail
(C) Linkedin
41. (CEBRASPE (CESPE) - Tec (PGE RJ)/PGE RJ/Processual/2022) (D) Facebook
Acerca do editor de texto LibreOffice Writer 7.1, do programa
de correio eletrônico Mozilla Thunderbird e da computação em nu- 47. (CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM AL)/PM AL/2021)
vem, julgue o item subsequente. A respeito de redes de computadores, sítios de pesquisa e bus-
Recomendações é um dos painéis disponíveis no gerenciador ca na Internet, computação em nuvem e redes sociais, julgue o item
de extensões do Mozilla Thunderbird, em sua versão mais atual. a seguir.
( ) Certo O LinkedIn é uma solução que proporciona a criação de cone-
( ) Errado xões entre pessoas e empresas, para busca e oferta de empregos,
por isso não é considerado uma rede social.
42. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Ban I (BANESE)/BANESE/2021) ( ) Certo
Com relação a computação em nuvem, julgue o item a seguir. ( ) Errado
O aumento ou a redução rapidamente na capacidade de recur-
sos computacionais como processador sob demanda, é uma carac- 48. (CEBRASPE (CESPE) - Ana (PGE RJ)/PGE RJ/Contábil/2022)
terística para serviços de cloud computing. Com referência à organização e ao gerenciamento de arquivos
( ) Certo e pastas, às noções de vírus, worms e pragas virtuais e ao armaze-
( ) Errado namento de dados na nuvem, julgue o item a seguir.
O Google Drive é uma das ferramentas gratuitas que permite
43. (CEBRASPE (CESPE) - Agepen (SERIS AL)/SERIS AL/2021) ao usuário armazenar e compartilhar arquivos e pastas na nuvem.
Julgue o próximo item, relativo ao Windows e ao Microsoft Of- Além de oferecer serviços de criação e edição de documentos, essa
fice. ferramenta disponibiliza 150 GB de espaço gratuito para os usuários
No Windows 10, o usuário pode configurar backups de suas armazenarem seus arquivos.
pastas, suas imagens e seus documentos, por exemplo, e armaze- ( ) Certo
ná-los utilizando a cloud storage por meio do OneDrive, o que lhe ( ) Errado
possibilita recuperar esses dados em outros dispositivos, caso ne-
cessário. 49. (CEBRASPE (CESPE) - Ana (PGE RJ)/PGE RJ/Contábil/2022)
( ) Certo Com referência à organização e ao gerenciamento de arquivos
( ) Errado e pastas, às noções de vírus, worms e pragas virtuais e ao armaze-
namento de dados na nuvem, julgue o item a seguir.
44. (CEBRASPE (CESPE) - PRF/PRF/2021) O rootkit é um vírus que não causa dano ao computador do
No que se refere a Internet, intranet e noções do sistema ope- usuário, uma vez que sua característica principal é apagar somente
racional Windows, julgue o item que se seguem. os dados de dispositivos móveis como pendrives e HDs externos.
Caso sejam digitados os termos descritos a seguir na ferramen- ( ) Certo
ta de busca do Google, serão pesquisadas publicações que conte- ( ) Errado
nham os termos “PRF” e “campanha” na rede social Twitter. cam-
panha PRF @twitter 50. (CEBRASPE (CESPE) - Ana (PGE RJ)/PGE RJ/Contábil/2022)
( ) Certo Com referência à organização e ao gerenciamento de arquivos
( ) Errado e pastas, às noções de vírus, worms e pragas virtuais e ao armaze-
namento de dados na nuvem, julgue o item a seguir.
O botnet é um vírus projetado especificamente para mostrar,
no computador do usuário, propagandas oriundas das redes sociais.
( ) Certo
( ) Errado

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

GABARITO 43 Certo
44 Certo
1 A 45 Certo
2 B 46 C
3 Certo 47 Errado
4 Certo 48 Errado
5 E 49 Errado
6 Errado 50 Errado
7 A
8 Errado ANOTAÇÕES
9 Certo
1 Errado ______________________________________________________
11 Certo ______________________________________________________
12 Errado
______________________________________________________
13 Errado
14 C ______________________________________________________
15 D ______________________________________________________
16 Errado
______________________________________________________
17 B
18 Errado ______________________________________________________

19 D ______________________________________________________
20 Errado ______________________________________________________
21 Certo
______________________________________________________
22 Errado
23 Certo ______________________________________________________
24 C ______________________________________________________
25 Errado
______________________________________________________
26 Errado
______________________________________________________
27 Errado
28 Errado ______________________________________________________
29 E ______________________________________________________
30 E
______________________________________________________
31 Errado
32 C ______________________________________________________

33 Errado ______________________________________________________
34 Errado
______________________________________________________
35 Certo
______________________________________________________
36 B
37 Errado ______________________________________________________
38 D ______________________________________________________
39 Certo
_____________________________________________________
40 Certo
41 Certo _____________________________________________________

42 Certo ______________________________________________________

120
RACIOCÍNIO LÓGICO

Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um


ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO: trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E ções, selecionando uma das possíveis respostas:
CONCLUSÕES. LÓGICA SENTENCIAL (OU A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das in-
PROPOSICIONAL). PROPOSIÇÕES SIMPLES E formações ou opiniões contidas no trecho)
COMPOSTAS. TABELAS VERDADE. EQUIVALÊNCIAS. B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in-
LEIS DE DE MORGAN. DIAGRAMAS LÓGICOS. LÓGICA formações ou opiniões contidas no trecho)
DE PRIMEIRA ORDEM C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é
verdadeira ou falsa sem mais informações)
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
ESTRUTURAS LÓGICAS
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble- Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife- Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
consiste nos seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos. Elas podem ser:
- Cálculos com porcentagens. • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé- co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
tricos e matriciais. não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Geometria básica. - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
- Álgebra básica e sistemas lineares. – Fez Sol ontem?
- Calendários. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Numeração. - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
- Razões Especiais. televisão.
- Análise Combinatória e Probabilidade. - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
- Progressões Aritmética e Geométrica. bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO
• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
Argumentação. rada uma frase, proposição ou sentença lógica.

ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo. p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envol-
vam os conteúdos: • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
- Lógica sequencial cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
- Calendários simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
RACIOCÍNIO VERBAL
ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar por duas proposições simples.
conclusões lógicas.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha- Proposições Compostas – Conectivos
bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma As proposições compostas são formadas por proposições sim-
vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli- ples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que
gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do podemos vê na tabela a seguir:
conhecimento por meio da linguagem.

121
RACIOCÍNIO LÓGICO

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

122
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo
Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

123
RACIOCÍNIO LÓGICO
Valores lógicos (D) quatro proposições;
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma (E) todas são proposições.
verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a
proposição é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos Resolução:
os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente. Analisemos cada alternativa:
Com isso temos alguns aximos da lógica: (A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo. (B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valo-
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é res lógicos, logo não é sentença lógica.
verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA (C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos
existindo um terceiro caso. atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também po-
“Toda proposição tem um, e somente um, dos valo- demos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quan-
res, que são: V ou F.” tidade certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou
F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores
Classificação de uma proposição
lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Elas podem ser:
Resposta: B.
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
Conectivos (conectores lógicos)
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São
– Fez Sol ontem?
eles:
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO


valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
rada uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-


cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas


por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;

124
RACIOCÍNIO LÓGICO

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

125
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V

126
RACIOCÍNIO LÓGICO
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

127
RACIOCÍNIO LÓGICO
CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

128
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Mais sobre o Conectivo “ou”
– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

129
RACIOCÍNIO LÓGICO
Ordem de precedência dos conectivos:
O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

Resolução:
Montando a tabela teremos que:

P ~p ~p ^p
V F F
V F F
F V F
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C

130
RACIOCÍNIO LÓGICO
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,- Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-


tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conecti-
vo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica que • Silogismo Disjuntivo
pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
• Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.
Tautologias e Implicação Lógica
• Transitiva:
• Teorema
– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R

Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.

Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.

131
RACIOCÍNIO LÓGICO
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → Q
é tautológica.

Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no


conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
Princípio da inconsistência “Todo B é A”.
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica
p ^ ~p ⇒ q • Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo- Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
sição q. entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
mo que dizer “nenhum B é A”.
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica. grama (A ∩ B = ø):
Lógica de primeira ordem
Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B. • Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
- Nenhum A é B. Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
- Algum A é B. posição:
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.

– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição


categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A”


tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con-
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.

• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B”


Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três
representações possíveis:
Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade
e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Teremos duas possibilidades.

132
RACIOCÍNIO LÓGICO
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C
(CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o (A) Todos os não psicólogos são professores.
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao (B) Nenhum professor é psicólogo.
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo (C) Nenhum psicólogo é professor.
que Algum B não é A. (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
• Negação das Proposições Categóricas
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as Resolução:
seguintes convenções de equivalência: Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
uma proposição categórica particular. vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição menos um professor não é psicólogo.
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. Resposta: E
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos,
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, • Equivalência entre as proposições
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
uma proposição de natureza afirmativa. resolução de questões.
Em síntese:

Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
Exemplos: a cinco”?
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não (A) Todo número natural é menor do que cinco.
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto. (B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir- (C) Todo número natural é diferente de cinco.
mação anterior é: (D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par- (E) Existe um número natural que é diferente de cinco.
dos.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos. Resolução:
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
não miam alto. -se a sua negação.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos. O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
pardo. ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To-
dos e Nenhum, que também são universais.
Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).

133
RACIOCÍNIO LÓGICO

Existe pelo menos um elemento co-


mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
tes formas:
Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem
quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter- ALGUM
I
nativas A, B e C. AéB
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A, ALGUM


então pertence também a B. O
A NÃO é B

NENHUM Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


E ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
AéB
não são B (enquanto que, no “Algum A é
Existe pelo menos um elemento que B”, a atenção estava sobre os que eram B,
pertence a A, então não pertence a B, e ou seja, na intercessão).
vice-versa. Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.

134
RACIOCÍNIO LÓGICO
(D) existe casa de cultura que não é cinema. (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. mo princípio acima.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
Resolução: a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
Vamos chamar de: afirma isso
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
- Existem teatros que não são cinemas não é cinema.

Resposta: E
- Algum teatro é casa de cultura
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC


Segundo as afirmativas temos:
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
menos um dos cinemas é considerado teatro.

Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

135
RACIOCÍNIO LÓGICO
Argumentos Válidos Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató- comum.
ria do seu conjunto de premissas. Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
Exemplo:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-


TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!
Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli- NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
do? será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa Argumentos Inválidos
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
essa frase da seguinte maneira: ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
são.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
de chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti-
fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri-
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho- meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

136
RACIOCÍNIO LÓGICO
Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre quan-
do nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “.” e “↔”. Baseia-se na construção
da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem de ser mais
trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

137
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta também
é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q).r é verdade. Sabendo que r é falsa, concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma conjunção
(e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores lógicos de p e q. Ape-
sar de inicialmente o 3º método se mostrar adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o argumento é ou NÃO VÁLIDO.

138
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução pelo 4º Método 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
mos: vai ao cinema tem que ser V.
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
deiro! = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas sai de casa tem que ser F.
verdadeiras! Teremos: 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
- 1ª Premissa) (p∧q).r é verdade. Sabendo que p e q são ver- // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é ser V ou F.
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- Resposta: Errado
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
Exemplos: então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
seguintes proposições sejam verdadeiras. bruxa.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
• Quando Fernando está estudando, não chove. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
• Durante a noite, faz frio. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o
item subsecutivo. Resolução:
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
( ) Certo bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
( ) Errado o valor lógico (V), então:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
Resolução: →V
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: (F) → V
A = Chove (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
B = Maria vai ao cinema →V
C = Cláudio fica em casa (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
D = Faz frio
E = Fernando está estudando Logo:
F = É noite Temos que:
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Esmeralda não é fada(V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda-


deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única
que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA


Aqui veremos questões que envolvem correlação de elemen-
A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa, tos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Veja-
utilizando isso temos: mos o passo a passo:
O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando
estava estudando. // B → ~E 01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia,
Iniciando temos: Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B trabalham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também
= V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente
tem que ser F. descobrir o nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome
de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.

139
RACIOCÍNIO LÓGICO
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N

140
RACIOCÍNIO LÓGICO

Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS
Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).

141
RACIOCÍNIO LÓGICO
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está resolvido:

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro Patrícia
Luís Médico Maria
Paulo Advogado Lúcia

Exemplo:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, todos
para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curitiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, sabe-se que:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba;
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza.

É correto concluir que, em janeiro,


(A) Paulo viajou para Fortaleza.
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia.
(D) Mariana viajou para Salvador.
(E) Luiz viajou para Curitiba.

Resolução:
Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N N

− Luiz não viajou para Fortaleza.

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N N
Arnaldo N N

142
RACIOCÍNIO LÓGICO

Mariana N N S N A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador,


a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul-
Paulo N N gar, logo, é uma proposição lógica.

Agora, completando o restante: • Quantificador existencial (∃)


Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En- O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N S N N
Arnaldo S N N N
Mariana N N S N Exemplo:
Paulo N N N S “Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase
é:
Resposta: B

Quantificador
É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
proposição aberta em uma proposição lógica.
O quantificador existencial tem a função de elemento comum.
QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co-
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃
Tipos de quantificadores (x)) (A (x) ∧ B).

• Quantificador universal (∀) Aplicando temos:


O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas: x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈ N
/ x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x +
2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira?
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador,
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos
julgar, logo, é uma proposição lógica.
Exemplo:
Todo homem é mortal. ATENÇÃO:
A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será – A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B”
mortal. é diferente de “Todo B é A”.
Na representação do diagrama lógico, seria: – A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.

Forma simbólica dos quantificadores


Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).
ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Exemplos:
mem.
Todo cavalo é um animal. Logo,
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
2ª) Se José é homem, então José é mortal.
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo.
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
Resolução:
(x) (A (x) → B).
A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
sões:
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional.
– Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
– Se é cavalo, então é um animal.
Aplicando temos:
Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for-
de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x
de conclusão).
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira?

143
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resposta: B 2ª possibilidade: 5 (B para Roma).
Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo,
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi- uma sucessão de escolhas.
ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V. Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades.
Resposta: C.
Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais (PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R) um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes,
tal que x + y = x. 4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o
– 1º passo: observar os quantificadores. cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre-
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com
os valores de x devem satisfazer a propriedade. que ele poderia fazer o seu pedido, é:
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne- (A) 19
cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade. (B) 480
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos (C) 420
x e y. (D) 90
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais. Resolução:
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x). A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x? vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido:
Existe sim! y = 0. 6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras.
X + 0 = X. Resposta: B.
Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor- Fatorial
reto. Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial)
Resposta: CERTO a expressão:
n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2.
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE Exemplos:
5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120.
A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desen- 7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040.
volve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Ve-
jamos eles:
ATENÇÃO
Princípio fundamental de contagem (PFC) 0! = 1
É o total de possibilidades de o evento ocorrer. 1! = 1

• Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem. Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6.
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o
princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra. Arranjo simples
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p
Exemplos: é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles pas- os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
sam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três diferenciam pela ordem e natureza dos elementos.
caminhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade
B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos
quantidade de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma, arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e
passando necessariamente por B? assim sucessivamente.
(A) Oito.
(B) Dez. • Sem repetição
(C) Quinze. A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por:
(D) Dezesseis.
(E) Vinte.

Resolução:
Observe que temos uma sucessão de escolhas:
Primeiro, de A para B e depois de B para Roma.
1ª possibilidade: 3 (A para B). Onde:
Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a n = Quantidade total de elementos no conjunto.
primeira opção. P =Quantidade de elementos por arranjo
Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão
escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó-
gico. Quantas as possibilidades de escolha?

144
RACIOCÍNIO LÓGICO
n = 18 (professores) Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos.
p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógi- Resposta: C.
co)
• Com repetição
Na permutação com elementos repetidos ocorrem permuta-
ções que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos
iguais. Por isso, o uso da fórmula é fundamental.

• Com repetição
Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re-
petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um
mesmo elemento em um agrupamento.
A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada
por: Exemplo:
(CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas colo-
ridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitri-
ne de uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3
faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistin-
guíveis e 1 faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no
Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D}, máximo, 140 formas diferentes com essas faixas.
tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo ( ) Certo
com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação ( ) Errado
ao conjunto P.
Resolução:
Resolução: Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas.
P = {A, B, C, D}
n=4
p=2
A(n,p)=np
A(4,2)=42=16
Resposta: Certo.
Permutação
É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili- • Circular
zamos todos os elementos. A permutação circular é formada por pessoas em um formato
circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
• Sem repetição realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
a) Pessoas estão em um formato circular.
b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular)
de 4 lugares.

Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser


resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC).

Exemplo: Exemplo:
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL – (CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocu-
IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre pados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o nú-
o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en- mero de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os par-
tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é ticipantes da reunião é superior a 102.
(A) 24. ( ) Certo
(B) 25. ( ) Errado
(C) 26.
(D) 27. Resolução:
(E) 28. É um caso clássico de permutação circular.
Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
Resolução: Resposta: CERTO.
Anagramas de RENATO
______ Combinação
6.5.4.3.2.1=720 Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CON-
SIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.
Anagramas de JORGE
_____
5.4.3.2.1=120

Razão dos anagramas: 720/120=6

145
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Sem repetição
Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que diferem entre si pela natureza de seus elementos.

Fórmula:

Exemplo:
(CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUNDEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3 deles. Como
esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se fazer esse grupo é:
(A) 4
(B) 660
(C) 1 320
(D) 3 960

Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

PROBABILIDADES
A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de ocorrência de um número em um experimento aleatório.

Elementos da teoria das probabilidades


• Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam resultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições sejam
semelhantes.
• Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório.
• Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço amostral.

146
RACIOCÍNIO LÓGICO

Experimento composto
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simultaneamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o núme-
ro de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos números de elementos dos espaços amostrais de cada experimento.
n(U) = n(U1).n(U2)

Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento E,
com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.

Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou representadas em porcentagem.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%

Exemplo:
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa repartição
pública:

FAIXA DE IDADES (ANOS) NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS


20 ou menos 2
De 21 a 30 8
De 31 a 40 12
De 41 a 50 14
Mais de 50 4

Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade de que ele tenha mais de 40 anos é:
(A) 30%;
(B) 35%;
(C) 40%;
(D) 45%;
(E) 55%.

Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 = 18
Logo a probabilidade é:

147
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: D

Probabilidade da união de eventos


Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos a seguinte expressão:

Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B = Ø, utilizamos a seguinte equação:

Probabilidade de um evento complementar


É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.

Probabilidade condicional
Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral, dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B) ≠ 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilidade de
ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que vai ocorrer o evento B, ou seja:

Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que” ou “sabendo que” a probabilidade de B.

– Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou
sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro, sabendo
que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo:

– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:

P (A ∩ B) = P(A). P(B)

148
RACIOCÍNIO LÓGICO
Lei Binomial de probabilidade
A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:

Sendo:
n: número de tentativas independentes;
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (sucesso);
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.

ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as n vezes.
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais.

Exemplo:
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorrerem três faces 6?

Resolução:
n: número de tentativas ⇒ n = 5
k: número de sucessos ⇒ k = 3
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6

OPERAÇÕES COM CONJUNTOS

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)
Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

149
RACIOCÍNIO LÓGICO

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

Operações
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.

ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos saber
quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a outra. A
subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre será do maior número.

ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal invertido,
ou seja, é dado o seu oposto.
Exemplo:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso adequado
dos materiais em geral e dos recursos utilizados em atividades educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma dinâmica
elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um classificasse
suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo (+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Se um jovem classi-
ficou como positiva apenas 20 das 50 atitudes anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50.
(B) 45.
(C) 42.
(D) 36.
(E) 32.

Resolução:
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80
30.(-1)=-30
80-30=50
Resposta: A

• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado por a
x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.

• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo pelo
módulo do divisor.

ATENÇÃO:
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual a
zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito importante a REGRA DE SINAIS:

Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.


Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre
negativo.

150
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
(PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obtendo uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros possui
uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
(A) 10
(B) 15
(C) 18
(D) 20
(E) 22

Resolução:
São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm, temos:
52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
36 : 3 = 12 livros de 3 cm
O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
Resposta: D

• Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a base
e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multiplicado por a n vezes. Tenha em mente que:
– Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
– Toda potência de base negativa e expoente par é um número inteiro positivo.
– Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um número inteiro negativo.

Propriedades da Potenciação
1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e (+a)1 = +a
5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1

Conjunto dos números racionais – Q


m
Um número racional é o que pode ser escrito na forma n , onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente de zero.
Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de m por n.

N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Q* Conjunto dos números racionais não nulos
+ Q+ Conjunto dos números racionais não negativos
*e+ Q*+ Conjunto dos números racionais positivos
- Q_ Conjunto dos números racionais não positivos
*e- Q*_ Conjunto dos números racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

151
RACIOCÍNIO LÓGICO
2
= 0,4
5

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:

1
= 0,333...
3

Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:

1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.

a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.

152
RACIOCÍNIO LÓGICO
b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3

Resolução:

Resposta: B

Caraterísticas dos números racionais


O módulo e o número oposto são as mesmas dos números inteiros.

Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número (a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

153
RACIOCÍNIO LÓGICO
Representação geométrica • Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou
pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
frações, através de:

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini-


tos números racionais.

Operações • Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria


• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição ÷ q = p × q-1
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma
de frações, através de: b d

Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
p – q = p + (–q) mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145
(B) 185
(C) 220
ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual, (D) 260
conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen- (E) 120
tada.
Resolução:
Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9
(D) 4/5
(E) 3/2

Resolução:
Somando português e matemática:
Resposta: A

• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme-


ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú-
meros racionais.
O que resta gosta de ciências:
A) Toda potência com expoente negativo de um número ra-
cional diferente de zero é igual a outra potência que tem a base
igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do
expoente anterior.

Resposta: B

154
RACIOCÍNIO LÓGICO
(E) 1,5

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da


base.

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Resposta: E
Expressões numéricas
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas Múltiplos
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia- Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei-
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número
associação, que podem aparecer em uma única expressão. natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig-
nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se
Procedimentos existir algum número natural n tal que:
1) Operações: x = y·n
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na
ordem que aparecem; Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e
- Depois as multiplicações e/ou divisões; podemos escrever: x = n/y
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que aparecem.
Observações:
2) Símbolos: 1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál- 2) Todo número natural é múltiplo de 1.
culos dentro dos parênteses, 3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múltiplos.
-Depois os colchetes [ ]; 4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.
- E por último as chaves { }. 5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
ATENÇÃO: mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col- + 1 (k ∈ N).
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou 6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais originais. Critérios de divisibilidade
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col- São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é ou
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a divisão.
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios:
com os seus sinais invertidos.

Exemplo:
(MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243

O valor, aproximado, da soma entre A e B é


(A) 2
(B) 3
(C) 1
(D) 2,5

155
RACIOCÍNIO LÓGICO

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
20 . 31=3
21 . 30=2
21 . 31=2.3=6
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisi- 22 . 31=4.3=12
bilidade/ - reeditado) 22 . 30=4
Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por
7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, sub- O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}
traído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantida-
de de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7. Máximo divisor comum (MDC)
É o maior número que é divisor comum de todos os números
Outros critérios dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é primos. Procedemos da seguinte maneira:
divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo. Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FA-
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é TORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR
divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo. EXPOENTE.
Fatoração numérica Exemplo:
Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de- MDC (18,24,42) =
compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
presenta o número fatorado. Exemplo:

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então


pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor
Comum entre 18,24 e 42 é 6.
Divisores
Mínimo múltiplo comum (MMC)
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC,
número 12.
apenas com a seguinte ressalva:

156
RACIOCÍNIO LÓGICO
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, Resolução:
cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE. Primeiro mês = x
Pegando o exemplo anterior, teríamos: Segundo mês = x + 126
MMC (18,24,42) = Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7 Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo 3.x = 1176 – 204
Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504. x = 972 / 3
x = R$ 324,00 (1º mês)
Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC * No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00
(A,B). MMC (A,B)= A.B Resposta: B

Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e sub- (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE
trações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro- DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o
isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com 2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra-
utilização da álgebra. ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven-
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar: didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de
(A) 1 / 4.
(B) 1 / 3.
(C) 2 / 5.
(D) 1 / 2.
(E) 2 / 3.

Resolução:
Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú-
mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )
Exemplos:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA –
CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros , ou seja, 7.Q = 2.B ( II )
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sa-
be-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:
que Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 7.Q = 2. (360 – Q)
metros, então é verdade que Mônica tem, de altura: 7.Q = 720 – 2.Q
(A) 1,52 metros. 7.Q + 2.Q = 720
(B) 1,58 metros. 9.Q = 720
(C) 1,54 metros. Q = 720 / 9
(D) 1,56 metros. Q = 80 (queimadas)
Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
Resolução: Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
Escrevendo em forma de equações, temos:
C = M + 0,05 ( I )
C = A – 0,10 ( II )
A = D + 0,03 ( III ) Resposta: B
D não é mais baixa que C
Se D = 1,70 , então: Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73 a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra-
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63 ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:
( I ) 1,63 = M + 0,05
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
Resposta: B

(CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em


três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca-
derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi
que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês? dividida a unidade.
(A) R$ 498,00 O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
(B) R$ 450,00 dade.
(C) R$ 402,00 Lê-se: um quarto.
(D) R$ 334,00
(E) R$ 324,00

157
RACIOCÍNIO LÓGICO
Atenção:
• Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
• Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
mos etc.
• Denominadores diferentes dos citados anteriormente: Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da
Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da fração resultante de forma a torna-la irredutível.
palavra “avos”.
Exemplo:
Tipos de frações (EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IA-
– Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador. DES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5
Ex.: 7/15 pessoas. Cada uma recebeu
– Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi-
nador. Ex.: 6/7
(A)
– Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador.
As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
Ex.: 6/3
– Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e (B)
outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na
forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos)
– Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam
a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2 (C)
– Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi-
nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;
(D)
Operações com frações

• Adição e Subtração
Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so- (E)
ma-se ou subtrai-se os numeradores.

Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas,
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos:
Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-
mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
mos tanto na adição quanto na subtração.

Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de


suco é de 3/5 de suco da garrafa.
Resposta: B

RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS


O MMC entre os denominadores (3,2) = 6 ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS
• Multiplicação e Divisão
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
dados. Ex.: em tópicos anteriores.

QUESTÕES

1. (INSS – CEBRASPE-CESPE – 2016) Julgue o item a seguir,


relativos a raciocínio lógico e operações com conjuntos.
A sentença “Bruna, acesse a Internet e verifique a data da
aposentadoria do Sr. Carlos!” é uma proposição composta que
pode ser escrita na forma p ^ q.
( ) CERTO
( ) ERRADO
– Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da
segunda fração. Ex.:

158
RACIOCÍNIO LÓGICO
2. (INSS – CEBRASPE-CESPE – 2016) Julgue o item a seguir, 9. (EMAP – CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o seguinte
relativos a raciocínio lógico e operações com conjuntos. item, relativo à lógica proposicional e à lógica de argumentação.
Dadas as proposições simples p: “Sou aposentado” e q: A proposição “A construção de portos deveria ser uma prio-
“Nunca faltei ao trabalho”, a proposição composta “Se sou apo- ridade de governo, dado que o transporte de cargas por vias
sentado e nunca faltei ao trabalho, então não sou aposentado” marítimas é uma forma bastante econômica de escoamento de
deverá ser escrita na forma (p ∧ q) ⇒∼ p, usando-se os conec- mercadorias.” pode ser representada simbolicamente por PΛQ,
tivos lógicos. em que P e Q são proposições simples adequadamente escolhi-
( ) CERTO das.
( ) ERRADO ( ) CERTO
( ) ERRADO
3. (INSS – CEBRASPE-CESPE – 2016) Com relação a lógica
proposicional, julgue o item subsequente. 10. (BNB – CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o item que se
Na lógica proposicional, a oração “Antônio fuma 10 cigarros segue, a respeito de lógica proposicional.
por dia, logo a probabilidade de ele sofrer um infarto é três ve- A sentença “É justo que toda a população do país seja pena-
zes maior que a de Pedro, que é não fumante” representa uma lizada pelos erros de seus dirigentes?” é uma proposição lógica
proposição composta. composta.
( ) CERTO ( ) CERTO
( ) ERRADO ( ) ERRADO

4. (INSS – CEBRASPE-CESPE – 2016) Julgue o item a seguir, 11. (BANESE – CEBRASPE-CESPE – 2021) Com relação a es-
relativos a raciocínio lógico e operações com conjuntos. truturas lógicas, julgue o item a seguir, nos quais são utilizados
Caso a proposição simples “Aposentados são idosos” tenha os símbolos usuais dos conectivos lógicos e as letras P, Q, R e S
valor lógico falso, então o valor lógico da proposição “Aposenta- representam proposições lógicas.
dos são idosos, logo eles devem repousar” será falso. A frase “A capacidade hoteleira e o número de empregos
( ) CERTO cresceram 10% no ano de 2003 no Nordeste brasileiro, e isso foi
( ) ERRADO consequência do total de 90 milhões de reais investidos na área
de turismo pelo governo federal e pelos governos estaduais des-
5. (INSS – CEBRASPE-CESPE – 2016) Com relação a lógica sa região no ano de 2002” pode ser expressa corretamente pela
proposicional, julgue o item subsequente. proposição lógica (P ∧ Q) ⇒ (R ∧ S).
Supondo-se que p seja a proposição simples “João é fumante”, ( ) CERTO
que q seja a proposição simples “João não é saudável” e que p ⇒ q, ( ) ERRADO
então o valor lógico da proposição “João não é fumante, logo ele é
saudável” será verdadeiro. 12. (ABIN – CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o item a se-
( ) CERTO guir, a respeito de lógica proposicional.
( ) ERRADO A proposição “Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
devem estar em constante estado de alerta sobre as ações das
6. (INSS – CEBRASPE-CESPE – 2016) Julgue o item a seguir, agências de inteligência.” pode ser corretamente representada
relativos a raciocínio lógico e operações com conjuntos. pela expressão lógica P ∧ Q ∧ R, em que P, Q e R são proposições
Para quaisquer proposições p e q, com valores lógicos quais- simples adequadamente escolhidas.
quer, a condicional p ⇒ (q ⇒ p) será, sempre, uma tautologia. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO
13. (ABIN – CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o item a se-
7. (INSS – CEBRASPE-CESPE – 2016) Com relação a lógica guir, a respeito de lógica proposicional.
proposicional, julgue o item subsequente. A proposição “A vigilância dos cidadãos exercida pelo Estado
Considerando-se as proposições simples “Cláudio pratica é consequência da radicalização da sociedade civil em suas posi-
esportes” e “Cláudio tem uma alimentação balanceada”, é cor- ções políticas.” pode ser corretamente representada pela expres-
reto afirmar que a proposição “Cláudio pratica esportes ou ele são lógica P→Q, em que P e Q são proposições simples escolhidas
não pratica esportes e não tem uma alimentação balanceada” é adequadamente.
uma tautologia. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO
14. (EBSERH – CEBRASPE-CESPE – 2018) Considere as se-
8. (PGE-PE – CEBRASPE-CESPE – 2019) Acerca da lógica guintes proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente
sentencial, julgue o item que se segue. receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.
A lógica bivalente não obedece ao princípio da não contra- Tendo como referência essas proposições, julgue o item a
dição, segundo o qual uma proposição não assume simultanea- seguir, considerando que a notação ~S significa a negação da
mente valores lógicos distintos. proposição S.
( ) CERTO A proposição ∼ P → [Q ∨ R] pode assim ser traduzida: Se o
( ) ERRADO paciente receber alta, então ele não receberá medicação ou não
receberá visitas.
( ) CERTO
( ) ERRADO

159
RACIOCÍNIO LÓGICO
15. (PF – CEBRASPE-CESPE – 2018) As proposições P, Q e R 21. (CBM-AL – CEBRASPE-CESPE – 2021) Considere a se-
a seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João, Carlos, guinte proposição.
Paulo e Maria: P: “Se a vegetação está seca e sobre ela cai uma faísca, ocor-
P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é re um incêndio.”
mentiroso”. Com relação à proposição apresentada, julgue o item se-
R: “Maria é inocente”. guinte.
Considerando que ~X representa a negação da proposição X, A tabela-verdade da proposição P possui 8 linhas.
julgue o item a seguir. ( ) CERTO
A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é culpada.” ( ) ERRADO
pode ser representada simbolicamente por (~Q)↔ (~R).
( ) CERTO Texto para as questões 22 e 23.
( ) ERRADO Considere os conectivos lógicos usuais e assuma que as letras
maiúsculas representam proposições lógicas e que o símbolo repre-
16. (BNB – CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o item que se senta a negação. Considere também que as três primeiras colunas
segue, a respeito de lógica proposicional. de uma tabela-verdade que envolve as proposições lógicas P, Q e R
A sentença “No Livro dos Heróis da Pátria consta o nome de sejam as seguintes.
Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, por sua atua-
ção como líder abolicionista no estado do Ceará.” é uma propo-
sição simples. P Q R
( ) CERTO
( ) ERRADO V V V
17. (BNB – CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o item que se
V V F
segue, a respeito de lógica proposicional. V F V
A sentença “O reconhecimento crescente da necessidade de
reformas na área econômica é consequência da crise que acom-
V F F
panha a sociedade há várias décadas.” pode ser representada na F V V
forma P→Q, sendo P e Q proposições lógicas simples convenien-
F V F
temente escolhidas.
( ) CERTO F F V
( ) ERRADO F F F
18. (PF – CEBRASPE-CESPE – 2021)
22. (CBM-AL – CEBRASPE-CESPE – 2021) Com base nas in-
P1: Se a fiscalização foi deficiente, as falhas construtivas não
formações apresentadas, julgue o item seguinte.
foram corrigidas.
A última coluna da tabela-verdade relacionada à expressão
P2: Se as falhas construtivas foram corrigidas, os mutuários
(P→Q)∨R apresenta valores V ou F na seguinte sequência, de
não tiveram prejuízos.
cima para baixo: V F F F V V V V.
P3: A fiscalização foi deficiente.
( ) CERTO
C: Os mutuários tiveram prejuízos.
( ) ERRADO
Considerando um argumento formado pelas proposições
precedentes, em que C é a conclusão, e P1 a P3 são as premissas,
23. (CBM-AL – CEBRASPE-CESPE – 2021) Com base nas in-
julgue o item a seguir.
formações apresentadas, julgue o item seguinte.
A tabela verdade da proposição condicional associada ao ar-
A última coluna da tabela-verdade relacionada à expressão
gumento tem menos de dez linhas.
(P∧Q)↔(R) apresenta valores V ou F na seguinte sequência, de
( ) CERTO
cima para baixo: F V V F V F V F.
( ) ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO
19. (PC-DF – CEBRASPE-CESPE – 2021) Com relação a es-
truturas lógicas, lógica de argumentação e lógica proposicional,
24. (SEFAZ-DF – CEBRASPE-CESPE – 2020) Considerando a pro-
julgue o item subsequente.
posição P: “Se o servidor gosta do que faz, então o cidadão-cliente
A proposição [p ∧ q] → [p ∨ (∼ q)], em que (∼ q) denota
fica satisfeito”, julgue o item a seguir.
a negação da proposição q, só apresenta resultado verdadeiro
P é uma proposição composta formada por duas proposi-
quando a proposição p for verdadeira e a proposição q for falsa.
ções simples, de modo que sua tabela-verdade possui 2 linhas.
( ) CERTO
( ) CERTO
( ) ERRADO
( ) ERRADO
Texto para as questões 25 e 26.
20. (SEFAZ-CE – CEBRASPE-CESPE – 2021) Julgue o item se-
No argumento seguinte, as proposições P1, P2, P3 e P4 são
guinte, considerando a estrutura lógica das situações apresenta-
as premissas, e C é a conclusão.
das em cada caso.
• P1: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor Alfa,
Suponha que a afirmação “Carlos pagará o imposto ou Ana
então o trabalho dos servidores públicos que atuam nesse setor
não comprará a casa.” seja falsa. Nesse caso, é correto concluir
pode ficar prejudicado.”.
que Ana comprará a casa.
• P2: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor Alfa,
( ) CERTO
então os beneficiários dos serviços prestados por esse setor po-
( ) ERRADO
dem ser mal atendidos.”.

160
RACIOCÍNIO LÓGICO
• P3: “Se o trabalho dos servidores públicos que atuam no • Q2: Se o governo for visto como fraco, a popularidade do
setor Alfa fica prejudicado, então os servidores públicos que governo cairá.
atuam nesse setor padecem.”. Tendo como referência essas proposições, julgue o item se-
• P4: “Se os beneficiários dos serviços prestados pelo setor guinte, a respeito da lógica de argumentação.
Alfa são mal atendidos, então os beneficiários dos serviços pres- A tabela-verdade da proposição P 1 ∧ P 2 ∧ Q1 ∧ Q2 tem
tados por esse setor padecem.”. mais de 30 linhas.
• C: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor Alfa, ( ) CERTO
então os servidores públicos que atuam nesse setor padecem ( ) ERRADO
e os beneficiários dos serviços prestados por esse setor pade-
cem.”. 31. (BNB – CEBRASPE-CESPE – 2018) A tabela a seguir mostra o
início da construção de tabelas-verdade de proposições compostas a
25. (SEFAZ-AL – CEBRASPE-CESPE – 2020) Considerando esse partir das proposições simples P, Q e R.
argumento, julgue o item seguinte.
Se a proposição P4 for verdadeira, então a proposição “Os be-
neficiários dos serviços prestados pelo setor Alfa são mal atendi-
P Q R
dos.” será, necessariamente, verdadeira. V V V
( ) CERTO
( ) ERRADO V V F

26. (SEFAZ-AL – CEBRASPE-CESPE – 2020) Considerando


V F V
esse argumento, julgue o item seguinte. V F F
Se a proposição “O trabalho dos servidores públicos que
atuam nesse setor pode ficar prejudicado.” for falsa e a propo- F V V
sição “Há carência de recursos tecnológicos no setor Alfa.” for
verdadeira, então a proposição P1 será falsa. F V F
( ) CERTO F F V
( ) ERRADO
F F F
27. (PGE-PE – CEBRASPE-CESPE – 2019) Acerca da lógica
sentencial, julgue o item que se segue. Julgue o item seguinte, considerando o correto preenchi-
Se as proposições “A afirmação foi feita pelo político.” e “A mento da tabela anterior, se necessário.
população acredita na afirmação feita pelo político.” forem fal- Os elementos da coluna da tabela-verdade correspondente
sas, então a proposição “Se a afirmação foi feita pelo político, a à proposição (P↔Q)VR, de cima para baixo, na ordem em que
população não acredita na afirmação feita pelo político.” tam- aparecem, são V / V / V / F / V / F / V / V.
bém será falsa. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO
32. (DEPEN – CEBRASPE-CESPE – 2021) Com relação a lógi-
28. (PGE-PE – CEBRASPE-CESPE – 2019) Acerca da lógica ca proposicional, julgue o item a seguir.
sentencial, julgue o item que se segue. Uma tautologia é uma proposição composta em que seu va-
Se uma proposição na estrutura condicional — isto é, na for- lor lógico será sempre verdadeiro, independentemente do valor
ma P → Q , em que P e Q são proposições simples — for falsa, lógico das proposições que a estruturam. Nesse sentido, consi-
então o precedente será, necessariamente, falso. derando-se p e q como proposições, a proposição composta p ∧
( ) CERTO q ↔ ∼ (p → ∼ q) é uma tautologia.
( ) ERRADO ( ) CERTO
( ) ERRADO
29. (PGE-PE – CEBRASPE-CESPE – 2019) Acerca da lógica
sentencial, julgue o item que se segue. 33. (CBM-AL – CEBRASPE-CESPE – 2021) Considerando os
Se P, Q, R e S forem proposições simples, então a tabela- conectivos lógicos usuais, assumindo que as letras maiúsculas
-verdade da proposição P ∧ Q → R ∨ S terá menos de 20 linhas. representam proposições lógicas e considerando que o símbolo
( ) CERTO representa a negação, julgue o item a seguir, relacionados à ló-
( ) ERRADO gica proposicional
A expressão(P˄(Q))↔(Q˅(P)) é uma tautologia.
30. (PGE-PE – CEBRASPE-CESPE – 2019) Considere as se- ( ) CERTO
guintes proposições. ( ) ERRADO
• P1: Se a empresa privada causar prejuízos à sociedade e se
o governo interferir na sua gestão, então o governo dará sinali- 34. (ME – CEBRASPE-CESPE – 2020) Considere que as se-
zação indesejada para o mercado. guintes proposições sejam verdadeiras.
• P2: Se o governo der sinalização indesejada para o merca- • P: “Se o processo foi relatado e foi assinado, então ele foi
do, a popularidade do governo cairá. discutido em reunião”.
• Q1: Se a empresa privada causar prejuízos à sociedade e • Q: “Se o processo não foi relatado, então ele não foi as-
se o governo não interferir na sua gestão, o governo será visto sinado”.
como fraco. Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
O valor lógico da proposição Q→(P∨Q) é sempre verdadeiro.

161
RACIOCÍNIO LÓGICO
( ) CERTO
( ) ERRADO GABARITO

35. (STJ – CEBRASPE-CESPE – 2018) Considere as proposi-


ções P e Q a seguir. 1 ERRADO
P: Todo processo que tramita no tribunal A ou é enviado 2 CERTO
para tramitar no tribunal B ou no tribunal C. Q: Todo processo
que tramita no tribunal C é enviado para tramitar no tribunal B. 3 CERTO
A partir dessas proposições, julgue o item seguinte. 4 ERRADO
A proposição ¬P → (P → Q), em que ¬P denota a negação da
5 ERRADO
proposição P, é uma tautologia, isto é, todos os elementos de
sua tabela-verdade são V (verdadeiro). 6 CERTO
( ) CERTO 7 ERRADO
( ) ERRADO
8 ERRADO
36. (EBSERH – CEBRASPE-CESPE – 2018) A respeito de lógi- 9 ERRADO
ca proposicional, julgue o item que se segue.
Se P, Q e R forem proposições simples e se ~R indicar a ne- 10 ERRADO
gação da proposição R, então, independentemente dos valores 11 ERRADO
lógicos V = verdadeiro ou F = falso de P, Q e R, a proposição P →
12 ERRADO
Q ∨ (∼ R) será sempre V.
( ) CERTO 13 ERRADO
( ) ERRADO 14 ERRADO
37. (EMAP – CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o item se- 15 ERRADO
guinte, relativo à lógica proposicional e de argumentação. 16 CERTO
Se P e Q são proposições lógicas simples, então a proposição
composta S = [P→Q] ↔ [Qv(~P)] é uma tautologia, isto é, inde- 17 ERRADO
pendentemente dos valores lógicos V ou F atribuídos a P e Q, o 18 CERTO
valor lógico de S será sempre V. 19 ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO 20 CERTO
21 CERTO
38. (EMAP – CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o seguinte
item, relativo à lógica proposicional e à lógica de argumentação. 22 ERRADO
Se P e Q são proposições simples, então a proposição [P→Q] 23 CERTO
ΛP é uma tautologia, isto é, independentemente dos valores ló-
24 ERRADO
gicos V ou F atribuídos a P e Q, o valor lógico de [P→Q]ΛP será
sempre V. 25 ERRADO
( ) CERTO 26 CERTO
( ) ERRADO
27 ERRADO
39. (PF – CEBRASPE-CESPE – 2018) As proposições P, Q e R 28 ERRADO
a seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João, Carlos,
Paulo e Maria: 29 CERTO
P: “João e Carlos não são culpados”. 30 CERTO
Q: “Paulo não é mentiroso”.
31 CERTO
R: “Maria é inocente”.
Considerando que ~X representa a negação da proposição X, 32 CERTO
julgue o item a seguir. 33 CERTO
Independentemente de quem seja culpado, a proposição {P
→ (¬Q)} → {Q ∨ [(¬Q) ∨ R]}será sempre verdadeira, isto é, será 34 CERTO
uma tautologia. 35 CERTO
( ) CERTO
( ) ERRADO 36 ERRADO
37 CERTO
40. (BNB – CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o item que se 38 ERRADO
segue, a respeito de lógica proposicional.
Se P e Q forem proposições simples, então a proposição ¬[P 39 CERTO
∨ (¬Q)] ↔ [(¬P) ∧ Q] é uma tautologia. 40 CERTO
( ) CERTO
( ) ERRADO

162
ATUALIDADES

O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecnoló-


gico, as sociedades se informam pela internet e as compartilham
TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE DIVERSAS ÁREAS, em velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora prepara
TAIS COMO SEGURANÇA, TRANSPORTES, POLÍTICA, mensalmente o material de atualidades de mais diversos campos
ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTU- do conhecimento (tecnologia, Brasil, política, ética, meio ambiente,
RA, TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES INTERNACIO- jurisdição etc.) na “Área do Cliente”.
NAIS, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA Lá, o concurseiro encontrará um material completo de aula pre-
parado com muito carinho para seu melhor aproveitamento. Com
A importância do estudo de atualidades o material disponibilizado online, você poderá conferir e checar os
Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estu- fatos e fontes de imediato através dos veículos de comunicação vir-
dantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tor- tuais, tornando a ponte entre o estudo desta disciplina tão fluida e
nado cada vez mais relevante. Quando pensamos em matemática, a veracidade das informações um caminho certeiro.
língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmen-
te as colocamos em um patamar mais elevado que outras que nos
parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a ANOTAÇÕES
hierarquizar a relevância de certos conhecimentos desde os tempos
de escola.
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo ______________________________________________________
no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos
e transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de ______________________________________________________
modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concur-
______________________________________________________
sos, pois permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico
e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo. ______________________________________________________
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em con-
cursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas ______________________________________________________
podem também apresentar conhecimentos específicos do meio po-
lítico, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política, ______________________________________________________
economia, figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões
de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e se- ______________________________________________________
lecionarem os melhores preparados não apenas de modo técnico.
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter cons- ______________________________________________________
tantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são
sempre relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê ______________________________________________________
na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se
______________________________________________________
informado, porém, sobre as principais notícias de relevância nacio-
nal e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de ex- ______________________________________________________
trema recorrência na mídia.
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo. ______________________________________________________
Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por ______________________________________________________
diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.)
adaptam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem ______________________________________________________
outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades,
futebol, acontecimentos de novelas, que não devem de modo al- ______________________________________________________
gum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os in-
teresses pessoais em assuntos deste cunho não são condenáveis de ______________________________________________________
modo algum, mas são triviais quanto ao estudo.
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados ______________________________________________________
através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto
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de informações veiculados impede que saibamos de fato como es-
tudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se tornam ______________________________________________________
rapidamente desatualizados e obsoletos, pois atualidades é uma
disciplina que se renova a cada instante. ______________________________________________________

163
ATUALIDADES

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164
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Por característica não possuem personalidade jurídica própria,


NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. CEN- patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são reali-
TRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E zadas diretamente por meio do orçamento da referida esfera.
DESCONCENTRAÇÃO. ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDI-
RETA. AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS E Assim, é responsável pela gestão dos serviços públicos executa-
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA dos pelas pessoas políticas por meio de um conjunto de órgãos que
estão integrados na sua estrutura.
NOÇÕES GERAIS Outra característica marcante da Administração Direta é que
Para que a Administração Pública possa executar suas ativida- não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direi-
des administrativas de forma eficiente com o objetivo de atender tos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa
os interesses coletivos é necessária a implementação de tecnicas política (União, Estado, Distrito Federal e Municípios).
organizacionais que permitam aos administradores públicos decidi- A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou
rem, respeitados os meios legias, a forma adequada de repartição seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação processual.
de competencias internas e escalonamento de pessoas para melhor Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda
atender os assuntos relativos ao interesse público. que pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de al-
Celso Antonio Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito guma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a demanda em face
Administrativo assim afirma: “...o Estado como outras pessoas de da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa polí-
Direito Público que crie, pelos múltiplos cometimentos que lhe as- tica dotada de personalidade jurídica com capacidade postulatória
sistem, têm de repartir, no interior deles mesmos, os encargos de para compor a demanda judicial.
sua alçada entre diferentes unidades, representativas, cada qual,
de uma parcela de atribuições para decidir os assuntos que lhe são Administração Indireta
afetos...” São integrantes da Administração indireta as fundações, as au-
tarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
A Organização Administrativa é a parte do Direito Administra- Decreto-lei 200/67
tivo que normatiza os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem, Art. 4° A Administração Federal compreende:
além da estrutura interna da Administração Pública. [...]
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n. II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca-
200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração Pública tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”. a) Autarquias;
O certo é que, durante o exercício de suas atribuições, o Esta- b) Empresas Públicas;
do pode desenvolver as atividades administrativas que lhe compete c) Sociedades de Economia Mista.
por sua própria estrutura ou então prestá-la por meio de outros d) fundações públicas.
sujeitos. Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra-
A Organização Administrativa estabelece as normas justamen- ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência
te para regular a prestação dos encargos administrativos do Estado estiver enquadrada sua principal atividade.
bem como a forma de execução dessas atividades, utilizando-se de
técnicas administrativas previstas em lei. Essas quatro pessoas ou entidades administrativas são criadas
para a execução de atividades de forma descentralizada, seja para
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades
Em âmbito federal o Decreto-Lei 200/67 regula a estrutura ad- econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade
ministrativa dividindo, para tanto, em Administração Direta e Admi- e eficiência da prestação do serviço público. Têm característica de
nistração Indireta. autonomia na parte administrativa e financeira
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a títu-
Administração Direta lo de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu art. 173:
A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públi- - Para fazer frente à uma situação de relevante interesse cole-
cos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental que tivo;
a integram. - Para fazer frente à uma situação de segurança nacional.

DECRETO-LEI 200/67 O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando
explora atividade econômica. Quando estiver atuando na atividade
Art. 4° A Administração Federal compreende: econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra- com os particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88,
dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos inclusive quanto à livre concorrência.
Ministérios.

165
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E CAPACIDADE PROCESSUAL DOS ÓR-
No decorrer das atividades estatais, a Administração Pública GÃOS PÚBLICOS
pode executar suas ações por meios próprios, utilizando-se da es-
trutura administrativa do Estado de forma centralizada, ou então Conceito
transferir o exercício de certos encargos a outras pessoas, como en- Órgãos Públicos, de acordo com a definição do jurista adminis-
tidades concebidas para este fim de maneira descentralizada. trativo Celso Antônio Bandeira de Mello “são unidade abstratas que
Assim, como técnica administrativa de organização da execu- sintetizam os vários círculos de atribuição do Estado.”
ção das atividades administrativas, o exercício do serviço público Por serem caracterizados pela abstração, não tem nem vonta-
poderá ser por: de e nem ação próprias, sendo os órgão públicos não passando de
Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo mera repartição de atribuições, assim entendidos como uma uni-
feita pela Administração direta do Estado, ou seja, utilizando-se do dade que congrega atribuições exercidas por seres que o integram
conjunto orgânico estatal para atingir as demandas da sociedade. com o objetivo de expressar a vontade do Estado.
(ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.). Desta forma, para que sejam empoderados de dinamismo e
Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como o pres- ação os órgãos públicos necessitam da atuação de seres físicos, su-
tador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a exe- jeitos que ocupam espaço de competência no interior dos órgãos
cução da atividade. para declararem a vontade estatal, denominados agentes públicos.
Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que
não se confundem com a Administração direta do Estado. Esses ter- Criação e extinção
ceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública (são A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio de
sujeitos de direito distinto e autônomo). lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48, XI, e 84,
Se os sujeitos que executarão a atividade estatal estiverem vin- VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC n.º 32/2001.6
culadas a estrutura centra da Administração Pública, poderão ser Em regra, a iniciativa para o projeto de lei de criação dos órgãos
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de econo- públicos é do Chefe do Executivo, na forma do art. 61, § 1.º, II da
mia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da Constituição Federal.
Administração, serão particulares e poderão ser concessionários, “Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe
permissionários ou autorizados. a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do
Assim, descentralizar é repassar a execução de das atividades Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re-
administrativas de uma pessoa para outra, não havendo hierarquia. pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
Pode-se concluir que é a forma de atuação indireta do Estado por Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos
meio de sujeitos distintos da figura estatal previstos nesta Constituição.
Desconcentração: Mera técnica administrativa que o Estado utiliza § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as
para a distribuição interna de competências ou encargos de sua alçada, leis que:
para decidir de forma desconcentrada os assuntos que lhe são competen- [...]
tes, dada a multiplicidade de demandas e interesses coletivos.
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa II - disponham sobre:
política ou uma entidade da administração indireta distribui com- [...]
petências no âmbito de sua própria estrutura a fim de tornar mais
ágil e eficiente a prestação dos serviços. e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa pública, observado o disposto no art. 84, VI;
jurídica, pois ocorre no âmbito da mesma entidade administrativa.
Surge relação de hierarquia de subordinação entre os órgãos Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é atribuída,
dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas temos pelo texto constitucional, a outros agentes públicos, como ocorre,
controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando, por exemplo, em relação aos órgãos do Poder Judiciário (art. 96, II,
fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência, c e d, da Constituição Federal) e do Ministério Público (127, § 2.º),
delegação e avocação. cuja iniciativa pertence aos representantes daquelas instituições.
Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas de
Diferença entre Descentralização e Desconcentração organização administrativa (desconcentração para órgãos públicos
As duas figuras técnicas de organização administrativa do Esta- e descentralização para pessoas físicas ou jurídicas).
do não podem ser confundidas tendo em vista que possuem con- Atualmente, no entanto, não é exigida lei para tratar da orga-
ceitos completamente distintos. nização e do funcionamento dos órgãos públicos, já que tal matéria
A Descentralização pressupõe, por sua natureza, a existência pode ser estabelecida por meio de decreto do Chefe do Executivo.
de pessoas jurídicas diversas sendo: De forma excepcional, a criação de órgãos públicos poderá ser
a) o ente público que originariamente tem a titularidade sobre instrumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na insti-
a execução de certa atividade, e; tuição de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts. 51, IV, e
b) pessoas/entidades administrativas ou particulares as quais 52, XIII, da Constituição Federal.
foi atribuído o desempenho da atividade em questão. Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de compe-
tência instituídos para praticar atos e implementar políticas por in-
Importante ressaltar que dessa relação de descentralização não termédio de seus agentes, cuja conduta é imputada à pessoa jurídi-
há que se falar em vínculo hierárquico entre a Administração Cen- ca. Esse é o conceito administrativo de órgão. É sempre um centro
tral e a pessoa descentralizada, mantendo, no entanto, o controle de competência, que decorre de um processo de desconcentração
sobre a execução das atividades que estão sendo desempenhadas. dentro da Administração Pública.
Por sua vez, a desconcentração está sempre referida a uma úni-
ca pessoa, pois a distribuição de competência se dará internamen-
te, mantendo a particularidade da hierarquia.

166
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Capacidade Processual dos Órgãos Públicos O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as autarquias:
Como visto, órgão público pode ser definido como uma unida- Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
de que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com perso-
integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado. nalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati-
Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa jurídica, vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu
embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa jurídica é o melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descen-
todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes do todo. tralizada.
O órgão também não se confunde com a pessoa física, o agente
público, porque congrega funções que este vai exercer. Conforme As autarquias são regidas integralmente por regras de direito
estabelece o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.784/99, que disci- público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços e
plina o processo administrativo no âmbito da Administração Públi- contando com capital oriundo da Administração Direta (ex.: IN-
ca Federal, órgão é “a unidade de atuação integrante da estrutura CRA, INSS, DNER, Banco Central etc.).
da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.
Isto equivale a dizer que o órgão não tem personalidade jurídica Características: Temos como principais características das au-
própria, já que integra a estrutura da Administração Direta, ao con- tarquias:
trário da entidade, que constitui “unidade de atuação dotada de - Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6
personalidade jurídica” (inciso II do mesmo dispositivo); é o caso 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e no artigo 37, XIX,
das entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações, da Constituição;
empresas públicas e sociedades de economia mista). - Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obri-
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os órgãos: gações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que a ins-
“nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indivi- tituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito públi-
duais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade co, quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios,
estatal e expressados através dos agentes neles providos”. sujeições;
Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles - Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o
podem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a ju- próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto administrar a
risprudência têm reconhecido essa capacidade a determinados ór- respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela
gãos públicos, para defesa de suas prerrogativas. pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio
Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “embora despersonaliza- próprio é necessária, sem a qual a capacidade de autoadministra-
dos, os órgãos mantêm relações funcionais entre si e com terceiros, ção não existiria.
das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio
legal ou regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade próprios.
jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais próprias que, - Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre
quando infringidas por outro órgão, admitem defesa até mesmo as formas de descentralização administrativa por serviços ou fun-
por mandado de segurança”. cional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da
Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de lem- especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para
brar que a regra geral é a de que o órgão não pode ter capacida- as quais foram instituídas; e
de processual, acrescenta que “de algum tempo para cá, todavia, - Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a au-
tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para tarquia não se desvie de seus fins institucionais.
certos tipos de litígio. Um desses casos é o da impetração de man- - Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias
dado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, (surgem como resultado dos serviços que presta) e verbas orça-
quando se trata da defesa de sua competência, violada por ato de mentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade
outro órgão”. Admitindo a possibilidade do órgão figurar como par- para manejar as verbas que recebem como acharem conveniente,
te processual. dentro dos limites da lei que as criou.
Desta feita é inafastável a conclusão de que órgãos públicos - Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para
possuem personalidade judiciária. Mais do que isso, é lícito dizer desenvolver os seus serviços como acharem mais conveniente
que os órgãos possuem capacidade processual (isto é, legitimidade (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei
para estar em juízo), inclusive mediante procuradoria própria, que as criou.
Ainda por meio de construção jurisprudencial, acompanhando
a evolução jurídica neste aspecto tem reconhecido capacidade pro- Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públicos,
cessual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais, Assembleias conforme dispõe o artigo 98, Código Civil e têm as seguintes carac-
Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a competência é reconhecida terísticas:
apenas para defesa das prerrogativas do órgão e não para atuação a) São alienáveis
em nome da pessoa jurídica em que se integram. b) impenhoráveis;
c) imprescritíveis
PESSOAS ADMINISTRATIVAS d) não oneráveis.

Pessoas Políticas Pessoal: em conformidade com o que estabelece o artigo 39


da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas
Autarquias (União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de insti-
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas tuir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único para todos
por lei para a prestação de serviços públicos e executar as ativida- os servidores da administração direta, das autarquias e das funda-
des típicas da Administração Pública, contando com capital exclusi- ções públicas.
vamente público.

167
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de persona- Empresas Públicas
lidade jurídica de direito público, podem praticar atos administrati- Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, e
vos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último, tem sua criação por meio de autorização legal, isso significa dizer
controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação que não são criadas por lei, mas dependem de autorização legis-
processual, tal como ocorre com os atos jurídicos normais pratica- lativa.
dos por particulares. O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas:
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de [...]
acordo com o nível federativo da autarquia, por exemplo, os litígios
comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés, as- II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurí-
sistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na dica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo
Justiça Federal, o mesmo foro apropriado para processar e julgar da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica
mandados de segurança contra agentes autárquicos. que o Governo seja levado a exercer por fôrça de contingência ou
de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das
Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em formas admitidas em direito.
que encontramos como partes ou intervenientes terão seu curso na
Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu capital
da lei estadual de divisão e organização judiciárias. é integralmente detido pela União, Estados, Municípios ou pelo Dis-
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime po- trito Federal, podendo contar com a participação de outras pessoas
derá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o litígio será jurídicas de direito público, ou também pelas entidades da admi-
de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processa- nistração indireta de qualquer das três esferas de governo, porém,
das e julgadas nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer a maioria do capital deve ser de propriedade da União, Estados,
de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o servidor, a Municípios ou do Distrito Federal.
natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser re-
solvido na Justiça do Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou Foro Competente
municipal. A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, enquanto
Responsabilidade civil: prevê a Constituição Federal que as pes- a Justiça Estadual julga as empresas públicas estaduais, distritais e
soas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus municipais.
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da Objetivo
responsabilidade objetiva do Estado, aquela que independe da in- É a exploração de atividade econômica de produção ou comer-
vestigação sobre a culpa na conduta do agente. cialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a ativida-
de econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou
Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas preste serviço público.
prerrogativas de direito público, sendo elas:
- Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda Regime Jurídico
a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por
das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais consequência está submetida a regime jurídico público. Se a empre-
ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade sa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida
para as autarquias tem natureza condicionada. a regime jurídico privado igual ao da iniciativa privada.
- Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode As empresas públicas, independentemente da personalidade
ser usado o instrumento coercitivo da penhora como garantia do jurídica, têm as seguintes características:
credor. - Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são
- Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como contempladas com verbas orçamentárias;
bens públicos, não podem ser eles adquiridos por terceiros através - Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e de-
de usucapião. mitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para contratar,
- Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver moti-
contra autarquias prescrevem em 5 anos. vação.
- Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são
inscritos como dívida ativa e podem ser cobrados pelo processo es- Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas pú-
pecial das execuções fiscais. blicas e a Administração Direta, independentemente de sua fun-
ção. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e
Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão
caráter administrativo e possuem as cláusulas exorbitantes, que vinculadas àquela. Só é possível, portanto, controle de legalidade
garantem à administração prerrogativas que o contratado comum finalístico.
não tem, assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos de Como já estudado, a empresa pública será prestadora de ser-
dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os trâmites da lei viços públicos ou exploradora de atividade econômica. A CF/88
8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade lici- somente admite a empresa pública para exploração de atividade
tatória do pregão para os entes públicos. econômica em duas situações (art. 173 da CF/88):
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas - Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
jurídicas de direito público, as entidades autárquicas relacionam-se - Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo:
com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as
prerrogativas estatais.

168
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A empresa pública deve obedecer aos princípios da ordem A Sociedade de economia mista, quando explora atividade eco-
econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o nômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das empresas pri-
Estado explora, portanto, atividade econômica por intermédio de vadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora
uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela vantagens atividade econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade
e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre de economia mista prestadora de serviço público não se submete
concorrência). ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre con-
Cabe ressaltar que as Empresas Públicas são fiscalizadas pelo corrência.
Ministério Público, a fim de saber se está sendo cumprido o acor-
dado. Fundações e Outras Entidades Privadas Delegatárias.
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio
Sociedades de Economia Mista personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir uma fina-
As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de lidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público
Direito Privado, integrante da Administração Pública Indireta, sua quanto de direito privado. São criadas por meio de por lei específica
criação autorizada por lei, criadas para a prestação de serviços pú- cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
blicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com sua atuação.
capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial de Decreto-lei 200/67 assim definiu as Fundações Públicas.
S/A (Sociedade Anônima). Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas: [...
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade ju-
[...] rídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de
autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de perso- não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público,
nalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recur-
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a sos da União e de outras fontes.
entidade da Administração Indireta.
Apesar da legislação estabelecer que as fundações públicas são
As sociedades de economia mista são: dotadas de personalidade jurídica de direito privado, a doutrina ad-
- Pessoas jurídicas de Direito Privado. ministrativa admite a adoção de regime jurídico de direito público
- Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de ser- a algumas fundações.
viços públicos. As fundações que integram a Administração indireta, quando
- Empresas de capital misto. forem dotadas de personalidade de direito público, serão regidas
- Constituídas sob forma empresarial de S/A. integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas
de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de di-
Veja alguns exemplos de sociedade mista: reito público e direito privado, dada sua relevância para o interesse
a). Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil. coletivo.
b) Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô, O patrimônio da fundação pública é destacado pela Adminis-
entre outras tração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública.
Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Geo-
Características gráfico Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FU-
As sociedades de economia mista têm as seguintes caracterís- NAI; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), entre outras.
ticas:
- Liberdade financeira; Características:
- Liberdade administrativa; - Liberdade financeira;
- Dirigentes próprios; - Liberdade administrativa;
- Patrimônio próprio. - Dirigentes próprios;
- Patrimônio próprio:
Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de
economia mista e a Administração Direta, independentemente da As fundações governamentais, sejam de personalidade de di-
função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de le- reito público, sejam de direito privado, integram a Administração
galidade. Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades Pública. Importante esclarecer que não existe hierarquia ou subor-
não estão subordinadas à Administração Direta, mas sim à lei que dinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é
as autorizou. um controle de legalidade, um controle finalístico.
As sociedades de economia mista integram a Administração As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Admi-
Indireta e todas as pessoas que a integram precisam de lei para au- nistração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade prevista no
torizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).
registro de seus estatutos. As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a
terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter subsi-
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das so- diário, independente de sua personalidade.
ciedades de economia mista, ou seja, independentemente das ati- As fundações governamentais têm patrimônio público. Se ex-
vidades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das tinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo-
sociedades de economia mista. -se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As par-

169
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ticulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo órgão ou
à ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações entidade supervisora da área de atuação correspondente à ativida-
fiscalizadas pelo Ministério Público. de fomentada, devendo a organização social apresentar, ao término
de cada exercício, relatório de cumprimento das metas fixadas no
DELEGAÇÃO SOCIAL contrato de gestão.
Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão, o
Organizações sociais Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade
Criada pela Lei n. 9.637/98, organização social é uma qualifica- como organização social, desde que precedida de processo admi-
ção especial outorgada pelo governo federal a entidades da inicia- nistrativo com garantia de contraditório e ampla defesa.
tiva privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n.
vantagens peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos 8.666/93 prevê hipótese de dispensa de licitação para a celebração
orçamentários, repasse de bens públicos, bem como empréstimo de contratos de prestação de serviços com a s organizações sociais,
temporário de servidores governamentais. qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para
As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, pes- atividades contempladas no contrato de gestão. Excessivamente
quisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preserva- abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93, tem a sua consti-
ção do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham, portanto, tucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal na
atividades de interesse público, mas que não se caracterizam como ADIn 1.923/98. Recentemente, foi indeferida a medida cautelar que
serviços públicos stricto sensu, razão pela qual é incorreto afirmar suspendia a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a
que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias. ser aplicável.
Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da qualifica-
ção constitui decisão discricionária, pois, além da entidade preen- Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
cher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do referido dispositi- As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, popu-
vo condiciona a atribuição do título a “haver aprovação, quanto à larmente denominadas OSCIP é um título fornecido pelo Ministério
conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar a viabilidade de parce-
social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da rias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos
área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro (federal, estadual e municipal).
de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado”. Assim, OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um
as entidades que preencherem os requisitos legais possuem sim- certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cum-
ples expectativa de direito à obtenção da qualificação, nunca direito primento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de
adquirido. normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem
Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, permi- celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que
tindo outorgar a qualificação a uma entidade e negar a outro que são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agili-
igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o princípio da iso- dade e razoabilidade em prestar contas.
nomia, devendo-se considerar inconstitucional o art. 2º, II, da Lei Uma ONG (Organização Não-Governamental), essencialmente
n. 9.637/98. é uma OSCIP, no sentido representativo da sociedade, OSCIP é uma
Na verdade, as organizações sociais representam uma espécie qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil.
de parceria entre a Administração e a iniciativa privada, exercen- A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790/1999. Esta lei traz a
do atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas possibilidade das pessoas jurídicas (grupos de pessoas ou profissio-
por entidades públicas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasi- nais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas, pelo
leiro está relacionado com um processo de privatização lato sensu Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa Público - OSCIPs e poderem com ele relacionar-se por meio de par-
privada. ceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias
O instrumento de formalização da parceria entre a Administra- atendam os requisitos da lei.
ção e a organização social é o contrato de gestão, cuja aprovação Um grupo privado recebe a qualificação de OSCIP depois que o
deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade su- estatuto da instituição, que se pretende formar, tenha sido analisa-
pervisora da área de atuação da entidade. do e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é necessário
O contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabi- que o estatuto atenda a certos pré-requisitos que estão descritos
lidades e obrigações do Poder Público e da organização social, de- nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. Vejamos:
vendo obrigatoriamente observar os seguintes preceitos: Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade
I - especificação do programa de trabalho proposto pela organi- Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem
zação social, a estipulação das metas a serem atingidas e os respec- fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em
tivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os
objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, median- respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos re-
te indicadores de qualidade e produtividade; quisitos instituídos por esta Lei.
II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com re- § 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos
muneração e vantagens de qualquer natureza a serem percebidas a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus
pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercí- sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doa-
cio de suas funções; dores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, divi-
III - os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área dendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
de atuação da entidade devem definir as demais cláusulas dos con- auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica
tratos de gestão de que sejam signatários. integralmente na consecução do respectivo objeto social.
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vincu-
lado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.

170
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações ção de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela presta-
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de ção de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem
qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei: fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.
I - as sociedades comerciais; Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qua-
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação lificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Pú-
de categoria profissional; blico, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por esta-
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação tutos cujas normas expressamente disponham sobre:
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência;
fundações; II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saú- no respectivo processo decisório;
de e assemelhados; III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dota-
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas do de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho
mantenedoras; financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas,
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra- emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade;
tuito e suas mantenedoras; IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o
IX - as organizações sociais; respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídi-
X - as cooperativas; ca qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o
XI - as fundações públicas; mesmo objeto social da extinta;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a
privado criadas por órgão público ou por fundações públicas; qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa
192 da Constituição Federal. jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que te-
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em nha o mesmo objeto social;
qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res- VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os diri-
pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi- gentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva
da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados,
objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região
I - promoção da assistência social; correspondente a sua área de atuação;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela
histórico e artístico; entidade, que determinarão, no mínimo:
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade
complementar de participação das organizações de que trata esta e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
Lei; b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerra-
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com- mento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demons-
plementar de participação das organizações de que trata esta Lei; trações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas
V - promoção da segurança alimentar e nutricional; de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e pro- exame de qualquer cidadão;
moção do desenvolvimento sustentável; c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos
VII - promoção do voluntariado; independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e com- objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;
bate à pobreza; d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio- pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interes-
-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, em- se Público será feita conforme determina o parágrafo único do art.
prego e crédito; 70 da Constituição Federal.
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos di- Parágrafo único. É permitida a participação de servidores pú-
reitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; blicos na composição de conselho ou diretoria de Organização da
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu- Sociedade Civil de Interesse Público.
manos, da democracia e de outros valores universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al- Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e le-
ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos gal mais próximo do que modernamente se entende por ONG, es-
técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas pecialmente porque são marcadas por uma extrema transparência
neste artigo. administrativa. Contudo ser uma OSCIP é uma opção institucional,
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibi- não uma obrigação.
lização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se
pessoas, por qualquer meio de transporte. relacionar com esse tipo de instituição, porque divide com a socie-
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às ati- dade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em
vidades nele previstas configura-se mediante a execução direta de parcerias.
projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doa-

171
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A OSCIP, portanto, é uma organização da sociedade civil que, O STF considera que como se trata de função típica do Estado,
em parceria com o poder público, utilizará também recursos públi- o controle e fiscalização do exercício de atividades profissionais não
cos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo adminis- poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso,
trativo e de prestação de contas. chegou-se ao entendimento que os conselhos profissionais pos-
suem natureza autárquica.
Entidades de utilidade pública Assim, não estamos diante de entes de colaboraçao, mas sim
Figuram ainda como entidades privadas de utilidade pública: de pessoas jurídicas de direito público.
Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite
Serviços sociais autônomos que esses conselhos tenham personalidade jurídica de direito pri-
São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermé- vado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os
dio de autorização legislativa. Tratam-se de entes paraestatais de conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de
cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patri- descentralizar a atividade administrativa que não pode mais ser de-
mônio próprios. legada a associações profissionais de caráter privado.
Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema
“S”, cujo o qual resulta do fato destas entidades ligarem-se à es-
trutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S” ATO ADMINISTRATIVO. CONCEITO, REQUISITOS, ATRIBU-
– SERVIÇO. TOS, CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES
Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR
e SEBRAE. CONCEITO
Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algu- Ato Administrativo, em linhas gerais, é toda manifestação lícita
mas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos. e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe faça às
São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por contri- vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir,
buições parafiscais. transferir, modificar ou extinguir direitos e obrigações.
Para Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação unilateral de
Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes inte- vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, te-
grantes da Administração direta ou indireta, porém trabalham ao nha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, ex-
lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as ativida- tinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados
des e serviços que lhes são repassados. ou a si própria”.
Para Maria Sylvia Zanella di Pietro ato administrativo é a “de-
Entidades de Apoio claração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pes- jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
soas jurídicas de direito privado, criados por servidores públicos direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, pos- Conforme se verifica dos conceitos elaborados por juristas
suindo vínculo jurídico com a Administração direta e indireta. administrativos, esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde
Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de lim- serão definidas prerrogativas, que digam respeito à supremacia do
peza, conservação, concursos vestibulares, assistência técnica de interesse público sobre o particular, em virtude da indisponibilidade
equipamentos, administração em restaurantes e hospitais univer- do interesse público.
sitários. Os atos administrativos podem ser delegados, assim os parti-
O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência culares recebem a delegação pelo Poder Público para prática dos
na utilização desses entes. Através delas, convênios são firmados referidos atos.
com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a Dessa forma, os atos administrativos podem ser praticados pelo
celebração de um contrato Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se con-
cluir que os atos administrativos não são definidos pela condição
Associações Públicas da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público.
Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por
meio da celebração de um consórcio público com entidades fede- REQUISITOS
rativas. São as condições necessárias para a existência válida do ato.
Quando as entidades federativas fazem um consórcio público, Os requisitos dos atos administrativos são cinco:
elas terão a faculdade de decidir se essa nova pessoa criada será de - Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz. Tra-
direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito públi- ta-se de requisito vinculado, ou seja, para que um ato seja válido
co, caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito deve-se verificar se foi praticado por agente competente.
privado, não se tem um nome específico. O ato deve ser praticado por agente público, assim considerado
A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades todo aquele que atue em nome do Estado, podendo ser de qual-
de interesse comum entre as entidades federativas, estabelecendo quer título, mesmo que não ganhe remuneração, por prazo deter-
uma meta a ser atingida. minado ou vínculo de natureza permanente.
Faz parte da administração indireta de todas as entidades fede- Além da competência para a prática do ato, se faz necessário
rativas consorciadas. que não exista impedimento e suspeição para o exercício da ativi-
dade.
Conselhos Profissionais Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada, não
Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscali- sendo possível um agente que contenha competência ilimitada,
zação de algumas profissões regulamentadas. Eis que tem-se uma tendo em vista o dever de observância da lei para definir os critérios
grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica. de legitimação para a prática de atos.

172
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- Finalidade: O ato administrativo deve ser editado pela Admi- b) Imperatividade: É a prerrogativa que os atos administrativos
nistração Pública em atendimento a uma finalidade maior, que é a possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados,
pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso independente da concordância destes. É o atributo que a Adminis-
de poder. tração possui para impor determinado comportamento a terceiros.
Em outras palavras, o ato administrativo deve ter como fina- c) Exigibilidade ou Coercibilidade: É a prerrogativa que pos-
lidade o atendimento do interesse coletivo e do atendimento das suem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cum-
demandas da sociedade. primento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade,
em regra, nascem no mesmo momento.
- Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de exte- Caso não seja cumprida a obrigação imposta pelo administrati-
riorização e demais procedimentos prévios que forem exigidos com vo, o poder público, se valerá dos meios indiretos de coação, reali-
a expedição do ato administrativo. zando, de modo indireto o ato desrespeitado.
Via de regra, os atos devem ser escritos, permitindo de ma- d) Autoexecutoriedade: É o poder de serem executados mate-
neira excepcional atos gestuais, verbais ou provindos de forças que rialmente pela própria administração, independentemente de re-
não sejam produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são curso ao Poder Judiciário.
os casos dos semáforos, por exemplo. A autoexecutoriedade é atributo de alguns atos administrati-
A forma não configura a essência do ato, mas apenas o ins- vos, ou seja, não existe em todos os atos. Poderá ocorrer quando
trumento necessário para que a conduta administrativa atinja seus a lei expressamente prever ou quando estiver tacitamente prevista
objetivos. O ato deve atender forma específica, justamente porque em lei sendo exigido para tanto situação de urgência; e inexistência
se dá pelo fato de que os atos administrativos decorrem de um pro- de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão.
cesso administrativo prévio, que se caracterize por uma série de
atos concatenados, com um propósito certo. CLASSIFICAÇÃO
Os atos administrativos podem ser objeto de várias classifica-
- Motivo: O motivo será válido, sem irregularidades na prática ções, conforme o critério em função do qual seja agrupados. Men-
do ato administrativo, exigindo-se que o fato narrado no ato prati- cionaremos os agrupamentos de classificação mais comuns entre
cado seja real e tenha acontecido da forma como estava descrito na os doutrinadores administrativos.
conduta estatal.
Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito das Quanto à composição da vontade produtora do ato:
razões que levaram à prática do ato. Simples: depende da manifestação jurídica de um único órgão,
mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portan-
- Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa rece- to, a vontade para manifestação do ato deve ser unitária, obtida
ber com sua expedição. Todo e qualquer ato administrativo tem por através de votação em órgão colegiado ou por manifestação de um
objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídi- agente em órgãos singulares.
cas referentes a pessoas, coisas ou atividades voltadas à ação da Complexo: resulta da manifestação conjugada de vontades de
Administração Pública. órgãos diferentes. É necessária a manifestação de vontade de dois
Entende-se por objeto, aquilo que o ato dispõe, o efeito causa- ou mais órgãos para formar um único ato.
do pelo ato administrativo, em decorrência de sua prática. Trata-se
do objeto como a disposição da conduta estatal, aquilo que fica de- Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um
cidido pela prática do ato. edita o ato principal e o outro será acessório. Como se nota, é com-
posto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo órgão pú-
ATRIBUTOS blico, em patamar de desigualdade, de modo que o segundo ato
Atributos são qualidades, prerrogativas ou poderes especiais deve contar com o que ocorrer com o primeiro.
que revestem os atos administrativos para que eles alcancem os
fins almejados pelo Estado. Quanto a formação do ato:
Existem por conta dos interesses que a Administração repre- Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma das
senta, são as qualidades que permitem diferenciar os atos adminis- partes. Exemplo: licença
trativos dos outros atos jurídicos. Decorrem do princípio da supre- Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes.
macia do interesse público sobre o privado. Exemplo: contrato administrativo;
São atributos dos atos administrativos: Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes.
a) Presunção de Legitimidade/Legitimidade: É a presunção Exemplo: convênios.
de que os atos administrativos devem ser considerados válidos, até
que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação Quanto aos destinatários do ato:
dos serviços públicos. Individuais: são aqueles destinados a um destinatário certo e
A presunção de legitimidade não pressupõe no entanto que Ios determinado, impondo a norma abstrata ao caso concreto. Nesse
atos administrativos não possam ser combatidos ou questionados, momento, seus destinatários são individualizados, pois a norma é
no entanto, o ônus da prova é de quem alega. geral restringindo seu âmbito de atuação.
O atributo de presunção de legitimidade confere maior cele- Gerais: são os atos que têm por destinatário final uma catego-
ridade à atuação administrativa, já que depois da prática do ato, ria de sujeitos não especificados. Os atos gerais tem a finalidade
estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se fosse vá- de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica que
lido, até que se declare sua ilegalidade por decisão administrativa abrange um número indeterminado de pessoas, portanto abrange
ou judicial. todas as pessoas que se encontram na mesma situação, por tratar-
-se de imposição geral e abstrata para determinada relação.

173
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Quanto à posição jurídica da Administração: Quanto à validade do ato:
Atos de império: Atos onde o poder público age de forma impe- Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competên-
rativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações. São atos cia, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto
praticados sob as prerrogativas de autoridade estatal. Ex. Interdição para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro.
de estabelecimento comercial. Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito
Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, sem que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as
as prerrogativas do Estado (ausente o poder de comando estatal), partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos,
sendo que a Administração irá atuar em situação de igualdade com ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa,
o particular. Nesses casos, a atividade será regulada pelo direito pri- seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, ex
vado, de modo que o Estado não irá se valer das prerrogativas que tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os
tenham relação com a supremacia do interesse público. direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato
Exemplo: a alienação de um imóvel público inservível ou alu- nulo.
guel de imóvel para instalar uma Secretaria Municipal. Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser
sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o
Quanto à natureza das situações jurídicas que o ato cria: ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a ser válido.
Atos-regra: Criam situações gerais, abstratas e impessoais.Tra- Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles
çam regras gerais (regulamentos). expressamente previstos em lei.
Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato admi-
determinado. Criam situações particulares e geram efeitos indivi- nistrativo, mas falta a manifestação de vontade da Administração
duais. Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente
Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada condi- público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impos-
ção se cumpra. sível.

Quanto ao grau de liberdade da Administração para a prática Quanto à exequibilidade:


do ato: Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação,
Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde
em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do ad- com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se
ministrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao ad- às etapas de sua formação.
ministrador apenas a verificação da existência de todos os elemen- Imperfeito: Não completou seu processo de formação, portan-
tos expressos em lei para a prática do ato. to, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a
Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o mo- homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.
tivo e sobre o objeto do ato, devendo pautar suas escolhas de acor- Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou
do com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionarie- termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas
dade é sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confun-
com o princípio da finalidade pública. O poder judiciário não pode de com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o
avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data espe-
legalidade, os motivos e o conteúdo ou objeto do ato. cífica.
Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada
Quanto aos efeitos: mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a
Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatários. concessão de licença para doar sangue.
Pode ser outorgado um novo direito, como permissão de uso de
bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um perío- ESPÉCIES
do de suspensão. a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando ge-
Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação já ral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem apre-
existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue sentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto
a situação existente, apenas a reconhece. geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção
Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja extin- (decreto de nomeação de um servidor).
ta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de Os atos normativos se subdividem em:
atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato. - Regulamentos: São atos normativos posteriores aos decretos,
Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato que visam especificar as disposições de lei, assim como seus man-
que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a demissão damentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
do servidor público. regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-
-executáveis independem de regulamentos para produzir efeitos.
Quanto à situação de terceiros: 1. Regulamentos executivos: são os editados para a fiel execu-
Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno ção da lei, é um ato administrativo que não tem o foto de inovar o
da Administração Pública, não atingindo terceiros, como as circula- ordenamento jurídico, sendo praticado para complementar o texto
res e pareceres. legal. Os regulamentos executivos são atos normativos que comple-
Externos: Destinados a produzir efeitos sobre terceiros, e, por- mentam os dispositivos legais, sem que ivovem a ordem jurídica,
tanto, necessitam de publicidade para que produzam adequada- com a criação de direitos e obrigações.
mente seus efeitos. 2. Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e vi-
sam inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre
matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, podem

174
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ser considerados atos expedidos como substitutos da lei e não fa- - Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato pra-
cilitadores de sua aplicação, já que são editados sem contemplar ticado pela própria Administração como maneira de exequibilidade;
qualquer previsão anterior. - Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato
praticado pelos seus órgãos como meio de lhe dar eficácia;
Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou não - Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cum-
de serem expedidos regulamentos autônomos, em decorrência do primento de certa obrigação até então conferida por lei.
princípio da legalidade. - Renúncia - ato administrativo em que o poder Público extin-
- Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Cons- gue de forma unilateral um direito próprio, liberando definitiva-
tituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos administrativos mente a pessoa obrigada perante a Administração Pública.
privativos dos Ministros de Estado.
- Regimentos – São atos administrativos internos que emanam d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administra-
do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de auto-orga- ção se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião
nização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta ma- sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e
neira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu. arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao
- Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regimen- motivo e ao conteúdo.
tos e regulamentos, expedidos pelas autoridades do executivo. - Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública com-
- Deliberações – São atos normativos ou decisórios que ema- prova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por
nam de órgãos colegiados provenientes de acordo com os regula- meio dos órgãos competentes;
mentos e regimentos das organizações coletivas. Geram direitos - Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e autentica-
para seus beneficiários, sendo via de regra, vinculadas para a Ad- das de atos ou fatos existentes em processos, livros ou documentos
ministração. que estejam na repartição pública;
- Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referentes a
b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcio- assuntos submetidos à sua consideração.
namento da Administração e a conduta funcional de seus agentes.
Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção impos-
chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos ta pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as infrações
particulares. administrativas ou condutas irregulares de servidores ou de parti-
São eles: culares perante a Administração.
- Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierár- Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as dis-
quico em desempenhar determinada função; posições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou servi-
- Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para determi- ços.
nados funcionários ou agentes; Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atuação
- Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao Mi- externa e interna. Quando for interna, compete à Administração
nistério; punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os serviços que
- Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos contenham defeitos, por meio de sanções previstas nos estatutos,
aos seus subalternos que determinam a realização de atos especiais fazendo com que se respeite as normas administrativas.
ou gerais;
- Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos res- EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
ponsáveis por obras ou serviços públicos; Os atos administrativos são produzidos e editados com a fina-
- Provimentos – atos administrativos intermos, com determina- lidade de produzir efeitos jurídicos. Cumprida a finalidade a qual
ções e instruções em que a Corregedoria ou os Tribunais expedem fundamenta a edição do ato o mesmo deve ser extinto.
para regularização ou uniformização dos serviços;
- Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Adminis- Outras vezes, fatos ou atos posteriores interferem diretamente
tração a terceiros; no ato e geram sua suspensão ou elimina definitivamente seus efei-
- Despachos administrativos – são decisões tomadas pela auto- tos, causando sua extinção.
ridade executiva (ou legislativa e judiciária, quando no exercício da Ademais, diversas são as causas que determinam a extinção
função administrativa) em requerimentos e processos administrati- dos atos adminsitrativos ou de seus efeitos, vejamos:
vos sujeitos à sua administração.
Cassação: Ocorre a extinção do ato administrativo quando o
c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declara- administrado deixa de preencher condição necessária para perma-
ção de vontade da Administração apta a concretizar determinado nência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre condição
negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas con- indispensável para manutenção do ato administrativo.
dições impostas ou consentidas pelo Poder Público.
- Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que a Anulação ou invalidação (desfazimento): É a retirada, o desfa-
Administração concede ao Administrado a faculdade de realizar de- zimento do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, ou
terminada atividade. seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Administração
- Autorização – ato discricionário e precário em que a Adminis- ou pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc.
tração confere ao administrado a faculdade de exercer determinada A anulação pode acontecer por via judicial ou por via admi-
atividade. nistrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém solicita ao Ju-
- Permissão - ato discricionário e precário em que a Administra- diciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando
ção confere ao administrado a faculdade de promover certa ativida- a própria Administração expede um ato anulando o antecedente,
de nas situações determinadas por ela; utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja, a Administração
- Aprovação - análise pela própria administração de atividades
prestadas por seus órgãos;

175
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
tem o poder de rever seus atos sempre que eles forem ilegais ou DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA
inconvenientes. Quando a anulação é feita por via administrativa, A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos
pode ser realizada de ofício ou por provocação de terceiros. potestativos, que “são poderes que a lei confere a determinadas
De acordo com entendimento consolidado pelo Supremo Tri- pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situa-
bunal Federal, a anulação de um ato não pode prejudicar terceiro ções jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”, ou seja,
de boa-fé. quando a lei ou a vontade fixam determinado prazo para serem
exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio direito material.
Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF: O instituto da decadência tem a finalidade de garantir a segu-
- SÚMULA 346: A administração pública pode declarar a nulida- rança jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é de ordem
de dos seus próprios atos. pública, não podendo ser renunciada. Entretanto, se o prazo deca-
- SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios dencial for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles convenção entre as partes, pode ser renunciado, que correspon-
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência derá a uma revogação da condição para o exercício de um direito
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, dentro de determinado tempo.
em todos os casos, a apreciação judicial. Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-se
como de decadência administrativa os prazos estabelecidos por
Revogação: É a retirada do ato administrativo em decorrência diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Adminis-
da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses tração. E isso porque a prescrição, como instituto jurídico, pressu-
públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo põe a existência de uma ação judicial apta à defesa de um direito.
com a lei. A revogação somente poderá ser feita por via adminis- Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro dos quais o
trativa. administrado pode interpor recursos administrativos ou pode a Ad-
Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração perdeu ministração manifestar-se, seja pela prática de atos sobre a conduta
o interesse na manutenção deste, ainda que não exista vício que o de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou
tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito adminis- outras obrigações com os administrados, refere-se a esses prazos
trativo, por set um ato legal, todos os atos já foram produzidos de denominando-os de prescricionais.
forma lícita, de modo que a revogação não irá retroagir, contudo Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcurso do
mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc). prazo, impedindo a prática de um ato pela própria Administração.
Não há limite temporal para a revogação de atos administrati-
vos, não se configurando a decadência, no prazo quinquenal, tendo
em vista o entendimento que o interesse público pode ser alterado AGENTES PÚBLICOS. LEGISLAÇÃO PERTINENTE. LEI Nº
a qualquer tempo. 8.112/1990. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁ-
Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato, por VEIS. DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS. CONCEITO. ESPÉ-
razões de conveniência e oportunidade. CIES. CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA

Convalidação ou Sanatória: É o ato administrativo que, com CONCEITO


efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná- Em seu conceito mais amplo Agente Público é a pessoa física
-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública
sana um vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde Direta ou Indireta, também são aqueles que exercem função públi-
o momento em que foi praticado. Alguns autores, ao se referir à ca, seja qual for a modalidade (mesário, jurado, servidor público,
convalidação, utilizam a expressão sanatória. etc.).
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente majori- A Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) conceitua
tária), constitutiva, secundária, e eficácia ex tunc. Agente Público:
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos, “Artigo 2° - Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
sustentando que os atos administrativos somente podem ser nu- todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remu-
los. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos neração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual-
anuláveis. quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
Existem três formas de convalidação: go ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.
a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade
que praticou o ato; Para o jurista administrativo Celso Antonio Bandeira de Mello
b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade superior “...esta expressão – agentes públicos – é a mais ampla que se pode
àquela que praticou o ato; conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos que
c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua von-
seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por autoridade tade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou episodica-
superior. mente. Quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as
exercita, é um agente público.”
Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação
será discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou não o A denominação “agente público” é tratada como gênero das
ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base diversas espécies que vinculam o indivíduo ao estado a partir da
o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a sua natureza jurídica. As espécies do agente público podem ser di-
convalidação deverá ser obrigatória, visto que, se houver como sa- vididas como do qual são espécies os agentes políticos, servidores
nar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto, públicos (servidores estatais, empregado público, temporários e co-
que existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra missionados), particulares em colaboração, agentes militares e os
alternativa senão anular o ato. agentes de fato.

176
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ESPÉCIES (CLASSIFICAÇÃO) c) Agentes militares: são as pessoas físicas que prestam ser-
Agentes públicos abrangem todas as demais categorias, sendo viços à Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica, Exército - art. 142,
que alguns deles fazem parte da estrutura administrativa do Estado, caput, e § 3º, CF, Polícias Militares, Corpo de Bombeiros - art. 42,
seja em sua estrutura direta ou então na organização indireta. CF).
Outros, no entanto, não compõe os quadros internos da admi- Aqueles que compõem os quadros permanentes das forças
nistração Pública, isto é, são alheios ao aparelho estatal, permane- militares possuem vinculação estatutária, e não contratual, mas o
cendo externamente. regime jurídico é disciplinado por legislação específica diversa da
aplicável aos servidores civis.
Vamos analisar cada uma dessas categorias: Possui vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, me-
a) Agentes políticos: agentes políticos exercem uma função diante remuneração paga pelos cofres públicos.
pública de alta direção do Estado. São os que ocupam lugar de co-
mando e chefia de cada um dos Poderes (Executivo, Legislativo e d) Particulares em colaboração / honoríficos: são prestadores
Judiciário). São titulares dos cargos estruturais à organização polí- de serviços ao Estado sem vinculação permanente de emprego e
tica do País. sem remuneração. Essa categoria de agentes públicos pode ser
Ingressam em regra, por meio de eleições, desempenhando prestada de diversas formas, segundo entendimento de Celso An-
mandatos fixos e quando termina o mandato a relação com o Esta- tônio Bandeira de Mello, se dá por:
do também termina automaticamente. - requisitados de serviço: como mesários e convocados para o
A vinculação dos agentes políticos com o aparelho governa- serviço militar (conscritos);
mental não é profissional, mas institucional e estatutária. - gestores de negócios públicos: são particulares que assumem
Os agentes políticos serão remunerados exclusivamente por espontaneamente uma tarefa pública, em situações emergenciais,
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer quando o Estado não está presente para proteger o interesse pú-
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou blico.
outra espécie remuneratória. - contratados por locação civil de serviços: é o caso, por exem-
b) Servidores Públicos: são as pessoas que executam serviços plo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer;
ao Estado e também às entidades da Administração Pública direta e - concessionários e permissionários: exercem função pública
indireta (sentido amplo). Os servidores têm vínculo empregatício e por delegação estatal;
sua remuneração é paga pelos cofres públicos. - delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares
Também chamados de servidores estatais engloba todos aque- de cartórios.
les que mantêm com o Estado relação de trabalho de natureza pro-
fissional, de caráter não eventual e sob o vínculo de dependência. e) Agentes de fato: é o particular que sem vínculo formal e le-
Servidores públicos podem ser: gítimo com o Estado exerce função pública, acreditando estar de
- estatutários: são os ocupantes de CARGOS PÚBLICOS e estão boa-fé e com o objetivo de atender o interesse público. Neste caso,
sob o regime estatutário. Quando nomeados, ingressam numa si- não há investidura prévia nos cargos, empregos e funções públicas.
tuação jurídica previamente definida, à qual se submetem com o Agente de fato putativo: é aquele que desempenha atividade
ato da posse. Assim, não tem como modificar as normas vigentes pública com a presunção de que tem legitimidade, mas há alguma
por meio de contrato entre o servidor e a Administração, mesmo ILEGALIDADE em sua INVESTIDURA. É aquele servidor que toma
que com a concordância de ambos, por se tratar de normas de or- posse sem cumprir algum requisito do cargo.
dem pública. Não há contrato de trabalho entre os estatutários e a Agentes de fato necessário: são os que atuam em situações de
Administração, tendo em vista sua natureza não contratual mas sim calamidade pública ou emergência.
regida por um estatuto jurídico condicionada ao termo de posse.
- empregados públicos: são ocupantes de empregos públicos CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA
contratados sob o regime da CLT, com vínculo contratual, precisam Cargo, emprego e função pública são tipos de vínculos de tra-
de aprovação em concurso público ou processo seletivo e sua de- balho na Administração Pública ocupadas por servidores públicos.
missão precisa ser motivada; A Constituição Federal, em vários dispositivos, emprega os vocábu-
- temporários ou em regime especial: são os contratados por los cargo, emprego e função para designar realidades diversas, po-
tempo determinado, com base no artigo 37, IX, CF. Não ocupam rém que existem paralelamente na Administração.
cargos ou empregos públicos e não exige aprovação em concurso
público, mas a Administração Pública deve respeitar os princípios Cargo público: unidade de atribuições e competências funcio-
constitucionais da impessoalidade e da moralidade, realizando um nais. É o lugar dentro da organização funcional da Administração
processo seletivo simplificado. Direta de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por
servidor público, submetidos ao regime estatuário.
Para que tenha a contratação de temporários, se faz necessária Possui funções específicas e remuneração fixada em lei ou di-
a existência de lei regulamentadora, com a previsão dos casos de ploma a ela equivalente. Todo cargo tem uma função, porém, nem
contratação, o prazo da contratação, a necessidade temporária e a toda função pressupõe a existência de um cargo.
motivação do interesse público. Para Celso Antônio Bandeira de Mello são as mais simples e
- cargos comissionados: são os de livre nomeação e exonera- indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um
ção, tem caráter provisório e se destina às atribuições de direção, agente. São criados por lei, previstos em número certo e com de-
chefia e assessoramento. Os efetivos também podem ser comissio- nominação própria.
nados. Ao servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
aplica-se o regime geral de previdência social previsto na Constitui- para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res-
ção Federal, artigo 40, § 13. pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de
cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi-
ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração.

177
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho per- c) Readaptação: espécie de transferência efetuada com a finali-
manentes a serem preenchidos por pessoas contratadas para de- dade de prover o servidor em outro cargo compatível com eventual
sempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista (CLT) de natureza limitação de capacidade física ou mental, condicionada a inspeção
contratual e somente podem ser criados por lei. médica.
d) Reversão: trata-se do reingresso de servidor aposentado de
Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as seu ofício por não subsistirem mais as razões que lhe determinarão
tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies: a aposentadoria por invalidez.
a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- e) Aproveitamento: relaciona-se com a retomada do servidor
dores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás atribuições de posto em disponibilidade (ato pelo qual se transfere o servidor à
chefia, direção e assessoramento; inatividade remunerada de servidor estável em razão de extinção
b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado do cargo ocupado ou destinado a reintegração de servidor), seja
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse no mesmo cargo anteriormente ocupado ou em cargo equivalente
público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada quanto as atribuições e vencimentos.
ente federado. f) Reintegração: retorno de servidor ilegalmente desligado de
seu cargo. O reconhecimento do direito a reintegração pode decor-
REGIME JURÍDICO rer de decisão proferida na esfera administrativa ou judicial.
Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de nor- g) Recondução: retorno de servidor estável ao cargo que an-
mas e princípios referentes a direitos, deveres e demais regras ju- teriormente ocupava, seja por não ter sido habilitado no estágio
rídicas normas que regem a vida funcional do servidor. A lei que probatório relativo a outro cardo para o qual tenha sido nomeado
reúne estas regras é denominada de Estatuto e o regime jurídico ou por ter sido desalojado do cargo em razão de reintegração do
passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário. servidor que ocupava o cargo anteriormente.

No âmbito de cada pessoa política - União, Estados, Distrito Fe- Vacância


deral e Municípios - há um Estatuto. A Lei nº 8.112 de 11/12/1990 A vacância é a situação jurídica atribuída a um cargo que está
(por exemplo) estabeleceu que o regime jurídico Estatutário é o sem ocupante. Vários fatos levam à vacância, entre os quais:
aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e - o servidor pediu o desligamento (exoneração a pedido);
fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos. - o servidor foi desligado do cargo em comissão ou não iniciou
exercício (exoneração ex officio);
Provimento - o servidor foi punido com a perda do cargo (demissão);
Segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato pelo qual se efetua o - o servidor passou a exercer outro cargo ante limitações em
preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular. sua capacidade física ou mental (readaptação);
Configura-se no ato de designação de um sujeito para titularizar - aposentadoria ou falecimento do servidor;
cargo público Podendo ser: - acesso ou promoção.
a) originário ou inicial: quando o agente não possui vinculação
anterior com a Administração Pública; Para Di Pietro1, vacância é o ato administrativo pelo qual o ser-
b) derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a Ad- vidor é destituído do cargo, emprego ou função.
ministração. Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e
falecimento. O artigo 33 da Lei 8.112/90 prevê ainda a readaptação
Posse: é o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efe- e a posse em outro cargo inacumulável. Mas a ascensão e a trans-
tiva, o exercício das funções para que foi nomeada, designada ou formação deixaram de existir por força da Lei 9.527/97.
eleita, ou seja, é sua investidura no cargo público. O ato da posse A exoneração não é penalidade; ela se dá a pedido ou ex offi-
determina a concordância e a vontade do sujeito em entrar no exer- cio, neste caso quando se tratar de cargo em comissão ou função
cício, além de cumprir a exigência regulamentar. de confiança; no caso de cargo efetivo, quando não satisfeitas as
exigências do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse,
Exercício: é o momento em que o servidor dá início ao desem- o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.
penho de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo exercício Já a demissão constitui penalidade decorrente da prática de ilí-
é considerada como o marco inicial para a produção de todos os cito administrativo; tem por efeito desligar o servidor dos quadros
efeitos jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda para do funcionalismo.
o início do período do estágio probatório, da contagem do tempo A promoção é, ao mesmo tempo, ato de provimento no cargo
de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo para a per- superior e vacância no cargo inferior.
cepção de férias e outras vantagens remuneratórias. A readaptação, segundo artigo 24 da 8.112/90, “é a investidura
do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatí-
São formas de provimento: nomeação, promoção, readapta- veis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
ção, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução. mental verificada em inspeção médica”.
a) Nomeação: é o único caso de provimento originário, já que o
servidor dependerá da aprovação prévia em concurso público e não Efetividade, estabilidade e vitaliciedade
possuirá relação anterior com o Estado; Efetividade: cargos efetivos são aqueles que se revestem de ca-
b) Promoção: é forma de provimento derivado (neste caso o ráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos
agente público já se encontra ocupando o cargo) onde o servidor integrantes dos diversos quadros funcionais.
passará a exercer um cargo mais elevado dentro da carreira exer- Com efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que
cida. ser necessariamente efetivo. Embora em menor escala que nos
cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segu-
rança a seus titulares; a perda do cargo, segundo art. 41, §1º da
1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª edição, 2018

178
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Constituição Federal, só poderá ocorrer, quando estáveis, se houver configura-se como verdadeira prerrogativa para os titulares dos
sentença judicial ou processo administrativo em que se lhes faculte cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de que é ne-
ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação negativa de cessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem
desempenho durante o período de estágio probatório. que sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por determina-
dos grupos de pessoas.
Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva permanên- Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil:
cia no serviço após três anos de estágio probatório, após os quais - Magistrados (Art. 95, I, CF);
só perderá o cargo se caracterizada uma das hipóteses previstas no - Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF);
artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da CF. - Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).

Hipóteses: Por se tratar de prerrogativa constitucional, em função da qual


a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado (art. cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo e da função para
41, §1º, I, da CF); atribuí-la, não podem Constituições Estaduais e Leis Orgânicas mu-
b) por meio de processo administrativo em que lhe seja assegu- nicipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com
rada a ampla defesa (art. 41, § 1º, II, da CF); a garantia da vitaliciedade. Consequentemente, apenas Emenda à
c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempe- Constituição Federal poderá fazê-lo.
nho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa (art.
41, § 1º, III, da CF); Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun-
d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo e ções públicas
inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3º, da CF, não Com efeito, as várias competências previstas na Constituição
surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4º, da CF). para a União, Estados e Municípios são distribuídas entre seus res-
pectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de
A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que preen- cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, defi-
cher os requisitos estabelecidos na Constituição Federal que lhe ga- ne suas atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração.
rante a permanência no serviço. Criar um cargo é oficializá-lo, atribuindo a ele denominação
O servidor estável, que tiver seu cargo extinto, não estará fora própria, número certo, funções determinadas, etc. Somente se cria
da Administração Pública, porque a norma constitucional lhe garan- um cargo por meio de lei, logo cada Poder, no âmbito de suas com-
te estabilidade no serviço e não no cargo. Nesta hipótese o servidor petências podem criar um cargo por meio da lei. No caso dos cargos
é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo o disposto no públicos da União, o vencimento é pago pelos cofres públicos, para
art. 41, § 3.º, da Constituição sendo sua remuneração calculada de provimento em caráter efetivo ou em comissão.
forma proporcional ao tempo de serviço. A transformação ocorre quando há modificação ou alteração
O servidor aprovado em concurso público de cargo regido pela na natureza do cargo de forma que, ao mesmo tempo em que o
lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por um período cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio de lei e há
de avaliação, terá o novo servidor que comprovar no estágio proba- o aproveitamento de todos os servidores quando o novo cargo tiver
tório que tem aptidão para exercer as atividades daquele cargo para o mesmo nível e atribuições compatíveis com o anterior.
o qual foi nomeado em tais fatores: A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve ser
a) Assiduidade; efetuada por meio de lei.
b) Disciplina; No entanto, o art. 84, VI, “b” da Constituição Federal revela
c) Capacidade de iniciativa; exceção a norma geral ao atribuir competência para o Presidente
d) Produtividade; da República para dispor, mediante decreto, sobre a extinção de
e) Responsabilidade. funções ou cargos públicos quando vagos.
Atualmente o prazo mencionado de 3 anos de efetivo exercício
para o servidor público (de forma geral), adquirir estabilidade é o Desvio de função
que está previsto na Constituição, que foi alterado após a Emenda O servidor público deve exercer suas atividades funcionais res-
nº 19/98. peitando as competências e atribuições previstas para o cargo que
Muito embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 2 ocupa. Cumpre ressaltar que a lei que cria o cargo estabelece quais
anos, para que o servidor adquira estabilidade devemos considerar são os limites das atribuições e competências do cargo.
que o correto é o texto inserido na Constituição Federal, repita-se 3 No entanto, não raro identificar o servidor exercendo atribui-
anos de efetivo exercício. çoes diversas daquelas previstas em lei para o cargo atualmente
Como não houve uma revogação expressa de tais normas elas ocupado.
permanecem nos textos legais, mesmo que na prática não são apli- Por definição, o desvio de função do servidor público ocorre
cadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas). quando este desempenha função diversa daquela correspondente
ao cargo por ele legalmente investido mediante aprovação em con-
- Requisitos para adquirir estabilidade: curso público.
a) estágio probatório de três anos; Quando constatada a ocorrência de desvio de função, o servi-
b) nomeação em caráter efetivo; dor que teve suas atribuições desviadas faz jus a indenização relati-
c) aprovação em avaliação especial de desempenho. vas as diferenças salarias decorrentes do desvio.
Este é o entendimento já consolidado pelo Superior Tribunal de
Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a Justiça que editou Sumula a respeito.
maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através Súmula nº 378 STJ
de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus “Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferen-
cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do ças salariais decorrentes”.
vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período ini-
cial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade

179
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Importante esclarecer que em caso de desvio de função, o ser- Concessões: existem quando é permitido ao servidor se ausen-
vidor público que teve as atribuições do cargo para o qual foi inves- tar sem ter que arcar com quaisquer prejuízos.
tido desviadas não tem direito ao reenquadramento funcional. Isso
porque inafastável o princípio da imprescindibilidade de concurso O art. 97 da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão,
público para o preenchimento de cargos pela administração públi- vejamos:
ca, No entanto, tem direito a receber os vencimentos correspon- - por um dia para doação de sangue,
dentes à função desempenhada. - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois
REMUNERAÇÃO dias,
Vencimento: é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo - por oito dias consecutivos em razão de casamento, falecimen-
público, com valor fixado em lei. to de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, en-
Remuneração: é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das teados, menor sob guarda ou tutela ou irmãos.
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O acrés-
cimo de vantagens permanentes ao vencimento do cargo efetivo é Direito de Petição: o direito de petição existe para a defesa do
irredutível. direito ou interesse legítimo. É instrumento utilizado pelo servidor
Constitui vedação legal o pagamento de remuneração inferior e dirigido à autoridade competente que deve decidir.
ao salário mínimo
RESPONSABILIDADE
IMPORTANTE: tanto o vencimento com a remuneração e o pro- Ao exercer funções públicas, os servidores públicos não estão
vento não serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto desobrigados de se responsabilizar por seus atos, tanto atos públi-
nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. cos quanto atos administrativos, além dos atos políticos, dependen-
do de sua função, cargo ou emprego.
DIREITOS E DEVERES Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade admi-
Os direitos e vantagens dos servidores públicos, quais sejam: nistrativa, ou seja, enquanto houver exercício irregular de direito ou
vencimento, indenizações, gratificações, diárias, adicionais, férias, de poder a responsabilidade deve estar presente.
licenças, concessões e direito de petição. Quanto o Estado repara o dano, em homenagem à responsa-
Indenizações: de acordo com o art. 51 da Lei nº 8.112/90 as in- bilidade objetiva do Estado, fica com direito de regresso contra o
denizações são constituídas pela ajuda de custo, diárias, transporte responsável que efetivamente causou o dano, isto é, com o direito
e auxílio moradia. de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causador
Ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a compensar as do dano.
despesas de instalação do servidor que, no atendimento do inte- Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilida-
resse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, desde que de estatal, configura-se na pretensão do Estado em buscar do seu
acarrete mudança de domicílio em caráter permanente. agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez
Constitui vedação legal o duplo pagamento de indenização, a desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização
qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete- à vítima.
nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma Nesse aspecto, o direito de regresso é o direito assegurado ao
sede. Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o
Diárias: essa prerrogativa está regulamentada no art. 58 da Lei agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa
nº 8.112/90. É devida ao servidor que se afastar da sede em caráter ou dolo.
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou Neste contexto, o agente público poderá ser responsabilizado
para o exterior. São destinadas a indenizar as parcelas de despesas nos âmbitos civil, penal e administrativo.
extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana.
Gratificações e Adicionais: são tratados no art. 61 da Lei nº a) Responsabilidade Civil: A responsabilidade civil decorre de
8.112/90 que as discrimina, a saber: ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre-
- retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as- juízo ao erário ou a terceiros.
sessoramento, Neste caso, responsabilidade civil se refere à responsabilidade patri-
- gratificação natalina, monial, que faz referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a regra geral
- adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou da responsabilidade civil, que é de reparar o dano causado a outrem.
penosas, A Administração Pública, confirmada a responsabilidade de
- adicional pela prestação de serviço extraordinário, seus agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do Texto
- adicional noturno, Maior, é “assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
- adicional de férias, casos de dolo ou culpa”, descontará nos vencimentos do servidor
- outros (relativos ao local ou à natureza do trabalho), público, respeitando os limites mensais, a quantia exata para o res-
- gratificação por encargo de curso ou concurso. sarcimento do dano.
Férias: é um direito que o servidor alcança após cumprir o pe-
ríodo aquisitivo (12 meses). Consiste em um período de 30 dias de b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade admi-
descanso que podem ser cumuladas até o máximo de dois perío- nistrativa é apurada em processo administrativo, assegurando-se
dos, bem como podem ser parceladas em até três etapas. ao servidor o contraditório e a ampla defesa.
Licenças: de acordo com o art. 81 da referida lei a licença é con- Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará
cedida por motivo de doença em pessoa da família, de afastamento o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que
do cônjuge ou companheiro, para o serviço militar, para a atividade poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposen-
política, para capacitação, para tratar de interesses particulares e tadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou
para desempenho de mandato classista. destituição de função comissionada.

180
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade com- - Dever de Prestar Contas: Todo administrador deve prestar
petente para sua aplicação, sob pena de nulidade. contas do dinheiro público.
Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a - Dever de Eficiência: Deve elaborar suas funções perfeição e
autoridade competente verificar que o ilícito administrativo tam- rendimento funcional.
bém está capitulado como ilícito penal, deve encaminhar cópia do - Dever de Urbanidade: Deve o servidor ser cordial com os de-
processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação mais colegas de trabalho e com o público em geral.
penal contra o servidor - Dever de Assiduidade: O servidor deve comparecer em seu
serviço, a fim de cumprir seu horário conforme determinado.
c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do servi-
dor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como infração Das Proibições
penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções De acordo com o estatuto federal, aplicável aos Servidores Pú-
imputadas ao servidor, nessa qualidade. blicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas federais,
Os crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos ocupantes de cargos público, seu artigo 117 traz um rol de proibi-
312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva, a ções sendo elas:
prevaricação etc. Outros estão previstos em leis especiais federais. - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
torização do chefe imediato;
A responsabilidade penal do servidor é apurada em Juízo Cri- - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qual-
minal. Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma quer documento ou objeto da repartição;
sanção penal, que pode ser privativa de liberdade (reclusão ou de- - recusar fé a documentos públicos;
tenção), restritiva de direitos (prestação pecuniária, perda de bens - opor resistência injustificada ao andamento de documento e
e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi- processo ou execução de serviço;
cas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana) - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
ou multa (Código Penal, art. 32). da repartição;
Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previs-
da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na responsa- tos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabi-
bilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo lidade ou de seu subordinado;
patrimonial (ilícito civil). - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a as-
sociação profissional ou sindical, ou a partido político;
Nos termos do que estabelece o artigo 125 da Lei 8.112/90, as - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de con-
sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo fiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
independentes entre si. - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem,
A responsabilidade administrativa do servidor será afastada em detrimento da dignidade da função pública;
se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter sido de- - participar de gerência ou administração de sociedade privada,
clarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na
não tenha sido imputada sua autoria ao servidor. Notem que, se o qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
servidor for absolvido por falta ou insuficiência de provas, a respon- A essa vedação existe duas exceções, já que o servidor poderá:
sabilidade administrativa não será afastada. I - participação nos conselhos de administração e fiscal de em-
presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
O Regime Disciplinar é o conjunto de deveres, proibições, que constituída para prestar serviços a seus membros;
geram responsabilidades aos agentes públicos. Descumprido este II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
rol, se apura os ilícitos administrativos, onde gera as sanções dis- forma do art. 91 (8.112), observada a legislação sobre conflito de
ciplinares. interesses.
Com o intuito de responsabilizar quem comete faltas adminis- - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições
trativas, atribui-se à Administração o Poder Disciplinar do Estado, públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou
que assegura a responsabilização dos agentes públicos quando co- assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com-
mentem ações que contrariam seus deveres e proibições relacio- panheiro;
nados às atribuições do cargo, função ou emprego de que estão - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual-
investidos. Por consequência dos descumprimentos legais, há a quer espécie, em razão de suas atribuições;
aplicação de sanções disciplinares, conforme dispõe a legislação. - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
- praticar usura sob qualquer de suas formas;
Dos Deveres - proceder de forma desidiosa;
Via de regra, os estatutos listam condutas e proibições a serem - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em servi-
observadas pelos servidores, configurando, umas e outras, os seus ços ou atividades particulares;
deveres como dois lados da mesma moeda. Por exemplo: a proibi- - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que
ção de proceder de forma desidiosa equivale ao dever de exercer ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
com zelo as atribuições do cargo. Por isso, podem ser englobados - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o
sob a rubrica “deveres” os que os estatutos assim intitulam e os que exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
os estatutos arrolam como proibições. - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicita-
- Dever de Agir: Devem os administradores agirem em benefí- do.
cio da coletividade.
- Dever de Probidade: O agente público deve agir de forma
honesta e em conformidade com os princípios da legalidade e da
moralidade.

181
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Infrações e Sanções Administrativas/Penalidades IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
Os servidores públicos de cada âmbito - União, Estados, Distrito terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
Federal e Municípios - têm um Estatuto próprio. Quanto aos agen- interesse público;
tes públicos Federais rege a Lei nº 8.112/1990, já o regimento dos X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
demais depende de cada Estado/Município. trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
Devido ao princípio da Legalidade, todos os agentes devem fa- lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
zer aquilo que está restrito em lei, e caso algum deles descumpram gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
a legislação, ocorre uma infração administrativa, pelo poder discipli- de índices;
nar, os agentes infratores estão sujeitos a penalidades, que podem XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
ser: advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão e destituição fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
de função comissionada. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
Para uma aplicação de penalidade justa deve ser considerada mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
atenuantes e os antecedentes funcionais. tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
É necessário que cada penalidade imposta mencione o funda- Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
mento legal e a causa da sanção disciplinar. nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
A Constituição Federal, em capítulo específico determina as Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
diretrizes a serem adotadas pela Administração Pública no trata- cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
mento de normas específicas aos ocupantes de cargos e empregos Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
públicos da Administração Direta ou Indireta. aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
Vejamos os dispositivos constitucionais relativos ao tema. sores Públicos;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
CAPÍTULO VII Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA tivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
SEÇÃO I pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
DISPOSIÇÕES GERAIS serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- acréscimos ulteriores;
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
como aos estrangeiros, na forma da lei; exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro- qualquer caso o disposto no inciso XI:
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, a) a de dois cargos de professor;
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; saúde, com profissões regulamentadas;
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
anos, prorrogável uma vez, por igual período; e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- ou ndiretamente, pelo poder público;
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per- autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui- mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
ções de direção, chefia e assessoramento;   caso, definir as áreas de sua atuação;
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
ciação sindical; ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
definidos em lei específica; XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
sua admissão; concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamen-

182
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
to, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econô- fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
mica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen-
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, tésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea-
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida-
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informa- des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
tivo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
ridades ou servidores públicos. para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a gem.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
da lei. de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom-
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser-
e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
e XXXIII;    social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- guintes disposições:
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo- I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada- ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra- emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ção;
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva- dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu- de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
possibilite o acesso a informações privilegiadas. V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ-
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra- 2019)
dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: SEÇÃO II
I - o prazo de duração do contrato; DOS SERVIDORES PÚBLICOS
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
III - a remuneração do pessoal. instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às planos de carreira para os servidores da administração pública di-
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem reta, das autarquias e das fundações públicas.         (Vide ADIN nº
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- 2.135-4)
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
geral. instituirão conselho de política de administração e remuneração de
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo- pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re- deres.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4)
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo-
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e nentes do sistema remuneratório observará:
exoneração. I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera- cargos componentes de cada carreira;  
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de II - os requisitos para a investidura;  
caráter indenizatório previstas em lei. III - as peculiaridades dos cargos.

183
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi- ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração Social, obser vado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
de convênios ou contratos entre os entes federados.   Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis- § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria se-
posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, rão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
admissão quando a natureza do cargo o exigir.   § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so-
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu- profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o nº 103, de 2019)
disposto no art. 37, XI. § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e dos para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peniten-
empregos públicos. ciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art.
cípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien- 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda
tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia Constitucional nº 103, de 2019)
e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do
qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo- respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferen-
dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, ciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam
inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bio-
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em lógicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen- reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
da Constitucional nº 103, de 2019) aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei comple-
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores mentar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que Constitucional nº 103, de 2019)
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên-
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
nº 103, de 2019) acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu-
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese cional nº 103, de 2019)
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be-
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser-
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na estabelecidos em lei.
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres-
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada
de 2019) pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta-
gem de tempo de contribuição fictício.

184
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos tador de doença incapacitante (Incluído pela Emenda Constitucio-
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- nal nº 47, de 2005) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103,
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- de 2019) (Vigência) (Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ-
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi- dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que
dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons- já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
exoneração, e de cargo eletivo. sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em re- I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
gime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Reda- tucional nº 103, de 2019)
ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins- V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re- qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e 2019)
das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; (Incluí-
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
103, de 2019) VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § servados os princípios relacionados com governança, controle inter-
14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui- no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por de 2019)
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis- nº 103, de 2019)
posto nos § § 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in- IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tituição do correspondente regime de previdência complementar. X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál- de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
na forma da lei. Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado- vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que concurso público.
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do rada ampla defesa;
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abo- § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
no de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua con- estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
tribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
2019) muneração proporcional ao tempo de serviço.
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des- vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá- outro cargo.
veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
§ 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) para essa finalidade.
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os bene-
fícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201
desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for por-

185
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA POR SERVIDORES CELETISTA A jurisprudência é pacífica quanto a necessidade de aprovação
A Polícia Administrativa é manifestada por meio de atos norma- previa em concurso público para ocupar cargo na estrutura admi-
tivos e de alcance geral, bem como de atos concretos e específicos. nistrativa.
Além disso, outra característica marcante dos atos expedidos Súmula Vinculante 43 É inconstitucional toda modalidade de
por força da Polícia Administrativa são os atos revestidos de contro- provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia apro-
le e fiscalização. vação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo
A atividade administrativa que envolve atos fiscalizadores e de que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
controle , os quais a Administração Pública pretende a prevenção
de atos lesivos ao bem estar social ou saúde pública não podem ser Exceção: As nomeação efetuadas pela Administração Pública
proferidos por servidores com regime contratual – CLT. para preenchimento de cargo em comissão declarado em lei de li-
Esta é a grande polêmica envolvendo a prática de atos admi- vre nomeação e exoneração dispensa a realização e aprovação em
nistrativos revestidos de Poder de Polícia quando praticados por concurso público.
servidores celetistas. O concurso público terá prazo de validade de até dois anos,
Conforme ressaltado pela melhor doutrina, Celso António Ban- podendo ser prorrogável uma única vez por igual período. Em ho-
deira de Mello afirma que “o regime normal dos servidores públicos menagem ao princípio constitucional da impessoalidade, durante o
teria mesmo de ser o estatutário, pois este (ao contrário do regime prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele que
trabalhista) é o concebido para atender a peculiaridades de um vín- for aprovado será convocado com prioridade sobre novos concursa-
culo no qual não estão em causa tão-só interesses empregatícios, dos para assumir cargo ou emprego.
mas onde avultam interesses públicos são os próprios instrumentos
de atuacão do Estado”. Direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas
A jurisprudência já se manifestou neste sentido no julgamento A Constituição Federal estabelece o Princípio da Ampla Aces-
da cautelar da ADin no 2.310, o Supremo examinou a lei que trata sibilidade aos cargos, funções e empregos públicos aos brasileiros
dos agentes públicos de agências reguladoras (Lei no 9.985/2000), que preencham os requisitos estabelecidos em lei específica, bem
e ali se posicionou contrário à contratação de servidores em regime como aos estrangeiros, na forma da lei.
celetista para a execução de atos revestidos com o Poder de Polícia Tal princípio que garante a ampla acessibilidade tem por objeti-
no ato de fiscalização. De acordo com o ministro Marco Aurélio, re- vo proporcionar iguais oportunidades de disputar, por meio de con-
lator: curso público, o preenchimento em cargos ou empregos públicos
“...prescindir, no caso, da ocupação de cargos públicos, com os na Administração Direta ou Indireta.
direitos e garantias a eles inerentes, é adotar flexibilidade incompa-
tível com a natureza dos serviços a serem prestados, igualizando os Requisito de inscrição e requisitos de cargos
servidores das agências a prestadores de serviços subalternos, dos Nas regras gerais constantes nos editais de concursos públicos
quais não se exige, até mesmo, escolaridade maior, como são ser- é vedada a inclusão de cláusulas discriminatórias entre brasileiros
ventes, artífices, mecanógrafos, entre outros. Atente-se para as es- natos e naturalizados, salvo para preenchimento de cargos específi-
pécies. Está-se diante de atividade na qual o poder de fiscalização, cos mencionados no artigo 12, § 3º da Constituição Federal.
o poder de polícia fazem- se com envergadura ímpar, exigindo, por Artigo 12.
isso mesmo, que aquele que a desempenhe sinta-se seguro, atue [...]
sem receios outros, e isso pressupõe a ocupação de cargo público § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
(…). Em suma, não se coaduna com os objetivos precípuos das agên- I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
cias reguladoras, verdadeiras autarquias, embora de caráter espe- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
cial, a flexibilidade inerente aos empregos públicos, impondo-se a III - de Presidente do Senado Federal;
adoção da regra que é revelada pelo regime de cargo público, tal IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
como ocorre em relação a outras atividades fiscalizadoras — fiscais V - da carreira diplomática;
do trabalho, de renda, servidores do Banco Central, dos Tribunais VI - de oficial das Forças Armadas.
de Contas etc.” VII - de Ministro de Estado da Defesa.

Portanto, muito embora não tenha previsão legal, o entendi- Ademais, em decorrência do mandamento constitucional do
mento construído pela doutrina e jurisprudência entende que o artigo 7º, XXX, em princípio não seria admissível restrições de con-
emprego público, de natureza contratual (CLT) é incompatível com crrencia em concurso público por motivos de idade ou sexo para
a atividade a ser desenvolvida quando se exige a incidência de ato a regular admissão em cargos e empregos públicos, no entanto, o
com poder de polícia. O cargo público, sim, é cercado de garantias mencionado artigo constitucional prevê a possibilidade de se insti-
institucionais, destinadas a dar proteção e independência ao servi- tuírem requisitos específicos e diferenciados de admissão quando
dor para prestar a manifestação do Estado quando no exercício do a natureza do cargo assim exigir. Exemplo: Teste de Aptidão Física
Poder de Polícia. – TAF - permite exigência sequência de exercícios fisicos diferencia-
dos entre homens e mulheres.
REGIME CONSTITUCIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS Quanto aos requisitos específicos para investidura em cargos
públicos, a Lei 8.112/90, em seu artigo 5º assim determina:
Concurso público Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:
Via de regra, para que ocorra a legal investidura em cargou ou I - a nacionalidade brasileira;
emprego público é necessária prévia aprovação em concurso de II - o gozo dos direitos políticos;
prova ou de provas e títulos, levando em consideração a natureza e III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
a complexidade do cargo ou emprego.Quanto as normas constitu- IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
cionais acerca da obrigatoriedade de concurso para o preenchimen- V - a idade mínima de dezoito anos;
to de cargos públicos VI - aptidão física e mental.

186
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ainda em homenagem ao Princípio da Acessibilidade aos car- Embora em menor escala que nos cargos vitalícios, os cargos
gos e empregos públicos, o texto constitucional determina que a efetivos também proporcionam segurança a seus titulares; a perda
lei deverá reservar percentual do total das vagas a serem preen- do cargo, segundo art. 41, §1º da Constituição Federal, só poderá
chidas por concurso público de cargos e empregos públicos para ocorrer, quando estáveis, se houver sentença judicial ou processo
as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, e agora tam-
admissão. bém em virtude de avaliação negativa de desempenho durante o
período de estágio probatório.
Invalidação do concurso Isso lhe garante que, uma vez legalmente investido em cargo
Conforme mencionado, os concursos públicos devem ser rea- público passa a ser representante do Estado nas manifestações
lizados previamente para o preenchimento de cargos e empregos proferidas durante o exercício do cargo, e assim, passa a gozar de
públicos, devendo para tanto dispensar tratamento impessoal e prerrogativas especiais (típicas de direito público) com o objetivo de
igualitário entre os interessados, sendo certo que a ausência desse satisfazer as demandas coletivas.
tratamento causaria fraude a ordem constitucional de realização de
concurso público. Estágio experimental, estágio probatório e Estabilidade
Neste contexto, são inválidas as disposições constantes em edi- O instituto da Estabilidade corresponde à proteção ao ocupan-
tais ou normas de admissão em cargos e empregos públicos que te do cargo, garantindo, não de forma absoluta, a permanência no
desvirtuam as finalidades da realização do concurso público. Serviço Público, o que permite a execução regular de suas ativida-
Caso se identifique qualquer norma ou cláusula constante em des, visando exclusivamente o alcance do interesse coletivo.
edital que inviabilize ou dificulte a ampla participação daqueles que
preencham os requisitos mínimos ou então que direcione, de qual- No entanto, para se conquistar a estabilidade prevista constitu-
quer forma, com o objetivo de beneficiar ou prejudicar alguém em cionalmente é necessário superar a etapa de estágio experimental
concurso público poderá acarretar na invalidação de todo o certa- ou também chamada de estágio probatório, que pressupõe a reali-
me. zação de avaliação de desempenho e transpor o período de 3 (três)
O direito à revisão judicial de provas e exames seletivos à luz anos de efetivo desempenho da função.
dos tribunais pátrios
O controle judicial dos atos administrativos é preceito básico A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta de
do Estado de Direito com status de garantia constitucional, nos ter- Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise sistemática do
mos do que estabelece o artigo 5º, XXXV da Constituição Federal desempenho do profissional em função das atividades que realiza,
de 1988. das metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do seu poten-
Art. 5º cial de desenvolvimento.
[...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito; PODERES ADMINISTRATIVOS. HIERÁRQUICO, DISCIPLI-
NAR, REGULAMENTAR E DE POLÍCIA.USO E ABUSO DO
Esta, inclusive, se configura em função típica do Poder Judi- PODER
ciário, exercer o controle legal dos atos editados pela ente estatal,
como forma de controle externo da Administração Pública. O poder administrativo representa uma prerrogativa especial
Neste contexto, ainda é complexa a discussão sobre a legiti- de direito público (conjunto de normas que disciplina a atividade
midade do Poder Judiciário exercer revisão judicial de questões e estatal) outorgada aos agentes do Estado, no qual o administrador
resultados em provas de concurso público. público para exercer suas funções necessita ser dotado de alguns
É crescente a demanda de candidatos que buscam na tutela do poderes.
Poder Judiciário a revisão de resultados de concursos públicos, atri- Esses poderes podem ser definidos como instrumentos que
buindo as bancas organizadoras, entre outros argumentos, a carên- possibilitam à Administração cumprir com sua finalidade, contudo,
cia de razoabilidade, proporcionalidade, isonomia e transparência devem ser utilizados dentro das normas e princípios legais que o
durante a realização do certame. regem.
A jurisprudência dos nossos Tribunais tem-se orientado no sen- Vale ressaltar que o administrador tem obrigação de zelar pelo
tido de que só são passíveis de reexame judicial as questões cuja dever de agir, de probidade, de prestar contas e o dever de pautar
impugnação se funda na ilegalidade da avaliação ou dos graus con- seus serviços com eficiência.
feridos pelos examinadores ou ainda a ausência de impessoalidade
dedicada nas provas com privilégios exorbitantes a determinados PODER HIERÁRQUICO
candidatos, com a exclusão arbitrária de outros. A Administração Pública é dotada de prerrogativa especial de
Nos Estados de Direito, em que vige o princípio da legalidade, organizar e escalonar seus órgãos e agentes de forma hierarquiza-
não há espaço para arbitrariedades estatais, ao impor a Ordem Jurí- da, ou seja, existe um escalonamento de poderes entre as pessoas
dica, não ficando de toda sorte excluída da apreciação judicial toda e órgãos internamente na estrutura estatal
lesão ou ameaça a direito, inclusive quanto ao possível reexame É pelo poder hierárquico que, por exemplo, um servidor está
judicial de atos praticados durante os concursos públicos ou pro- obrigado a cumprir ordem emanada de seu superior desde que não
cessos de seleção. sejam manifestamente ilegais. É também esse poder que autoriza a
delegação, a avocação, etc.
Da investidura do servidor público A lei é quem define as atribuições dos órgãos administrativos,
A investidura em cargo público, mesmo nos casos em que o bem como cargos e funções, de forma que haja harmonia e unidade
cargo não é vitalício ou em comissão, terá que ser necessariamente de direção. Percebam que o poder hierárquico vincula o superior e
efetivo. o subordinado dentro do quadro da Administração Pública.

187
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Compete ainda a Administração Pública: - Os atos gerais são os atos como o próprio nome diz, geram
a) editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), efeitos para todos (erga omnes); e
que tenham como objetivo ordenar a atuação dos órgãos subordi- - O caráter abstrato é aquele onde há uma relação entre a cir-
nados, pois refere-se a atos normativos que geram efeitos internos cunstância ou atividade que poderá ocorrer e a norma regulamen-
e não devem ser confundidas com os regulamentos, por serem de- tadora que disciplina eventual atividade.
correntes de relação hierarquizada, não se estendendo a pessoas
estranhas; Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente
b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obediência, dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando os
salvo para os manifestamente ilegais; respectivos setores de atuação. É o denominado poder normativo
c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o objetivo de das agências.
verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento de suas obriga- Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao
ções, permitindo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenien- cumprimento do princípio da legalidade na medida em que os atos
tes, seja ex. officio (realiza algo em razão do cargo sem nenhuma normativos expedidos pelas agências ocupam posição de inferiori-
provocação) ou por provocação dos interessados, através dos re- dade em relação à lei dentro da estrutura do ordenamento jurídico.
cursos hierárquicos;
d) avocar atribuições, caso não sejam de competência exclusiva PODER DE POLÍCIA
do órgão subordinado; É certo que o cidadão possui garantias e liberdades individuais
e) delegação de atribuições que não lhe sejam privativas. e coletivas com previsão constitucional, no entanto, sua utilização
deve respeitar a ordem coletiva e o bem estar social.
A relação hierárquica é acessória da organização administrati- Neste contexto, o poder de polícia é uma prerrogativa confe-
va, permitindo a distribuição de competências dentro da organiza- rida à Administração Pública para condicionar, restringir e limitar
ção administrativa para melhor funcionamento das atividades exe- o exercício de direitos e atividades dos particulares em nome dos
cutadas pela Administração Pública. interesses da coletividade.
Possui base legal prevista no Código Tributário Nacional, o qual
PODER DISCIPLINAR conceitua o Poder de Polícia:
O Poder Disciplinar decorre do poder punitivo do Estado de-
corrente de infração administrativa cometida por seus agentes ou Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra-
por terceiros que mantenham vínculo com a Administração Pública. ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou li-
Não se pode confundir o Poder Disciplinar com o Poder Hierár- berdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
quico, sendo que um decorre do outro. Para que a Administração interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
possa se organizar e manter relação de hierarquia e subordinação é costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
necessário que haja a possibilidade de aplicar sanções aos agentes atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização
que agem de forma ilegal. do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie-
A aplicação de sanções para o agente que infringiu norma de dade e aos direitos individuais ou coletivos.
caráter funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
de sanções penais e sim de penalidades administrativas como ad- quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicá-
vertência, suspensão, demissão, entre outras. vel, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a
Estão sujeitos às penalidades os agentes públicos quando pra- lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
ticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona com a
atividade desenvolvida pelo agente. Os meios de atuação da Administração no exercício do poder
É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja de polícia compreendem os atos normativos que estabelecem limi-
motivada e precedida de processo administrativo competente que tações ao exercício de direitos e atividades individuais e os atos ad-
garanta a ampla defesa e o contraditório ao acusado, evitando me- ministrativos consubstanciados em medidas preventivas e repressi-
didas arbitrárias e sumárias da Administração Pública na aplicação vas, dotados de coercibilidade.
da pena. A competência surge como limite para o exercício do poder de
polícia. Quando o órgão não for competente, o ato não será consi-
PODER REGULAMENTAR derado válido.
É o poder que tem os chefes do Poder Executivo de criar e edi- O limite do poder de atuação do poder de polícia não poderá di-
tar regulamentos, de dar ordens e de editar decretos, com a finali- vorciar-se das leis e fins em que são previstos, ou seja, deve-se con-
dade de garantir a fiel execução à lei, sendo, portanto, privativa dos dicionar o exercício de direitos individuais em nome da coletividade.
Chefes do Executivo e, em princípio, indelegável.
Podemos dizer então que esse poder resulta em normas inter- Limites
nas da Administração. Como exemplo temos a seguinte disposição Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe al-
constitucional (art. 84, IV, CF/88): guns limites quanto à competência, à forma, aos fins ou ao objeto.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: Em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido
[...] para atender ao interesse público. A autoridade que fugir a esta re-
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como gra incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. todas as consequências nas esferas civil, penal e administrativa.
Dessa forma, o fundamento do poder de polícia é a predomi-
A função do poder regulamentar é estabelecer detalhes e os nância do interesse público sobre o particular, logo, torna-se escuso
procedimentos a serem adotados quanto ao modo de aplicação de qualquer benefício em detrimento do interesse público.
dispositivos legais expedidos pelo Poder Legislativo, dando maior
clareza aos comandos gerais de caráter abstratos presentes na lei.

188
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Atributos do poder de polícia Não ser refere as situações que estejam eivadas de má-fé, mas
Os atributos do poder de polícia, busca-se garantir a sua execu- sim quando a intenção do agente encontra-se viciada, podendo
ção e a prioridade do interesse público. São eles: discricionarieda- existir desvio de poder, sem que exista má-fé. É a junção da vontade
de, autoexecutoriedade e coercibilidade. de satisfação pessoal com inadequada finalidade do ato que pode-
- Discricionariedade: a Administração Pública goza de liberdade ria ser praticado.
para estabelecer, de acordo com sua conveniência e oportunidade,
quais serão os limites impostos ao exercício dos direitos individuais Essa mudança de finalidade, de acordo com a doutrina, pode
e as sanções aplicáveis nesses casos. Também confere a liberdade ocorrer nas seguintes modalidades:
de fixar as condições para o exercício de determinado direito. a. quando o agente busca uma finalidade alheia ao interesse
público;
No entanto, a partir do momento em que são fixados esses li- b. quando o agente público visa uma finalidade que, no entan-
mites, com suas posteriores sanções, a Administração será obrigada to, não é o fim pré-determinado pela lei que enseja validade ao
a cumpri-las, ficando dessa maneira obrigada a praticar seus atos ato administrativo e, por conseguinte, quando o agente busca uma
vinculados. finalidade, seja alheia ao interesse público ou à categoria deste que
o ato se revestiu, por meio de omissão.
- Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder Judiciário
intervenha na atuação da Administração Pública. No entanto, essa
liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder Judiciário o con- LICITAÇÃO.PRINCÍPIOS. CONTRATAÇÃO DIRETA: DISPEN-
trole desse ato. SA E INEXIGIBILIDADE.MODALIDADES. TIPOS. PROCEDI-
Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta for MENTO
prevista em lei, além de seu uso para situações emergenciais, em
que será necessária a atuação da Administração Pública. Princípios
Vale lembrar que a administração pública pode executar, por Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas
seus próprios meios, suas decisões, não precisando de autorização mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase
judicial. de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei-
ros anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na
- Coercibilidade: Limita-se ao princípio da proporcionalidade, aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deverão
na medida que for necessária será permitido o uso da força par continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que
cumprimento dos atos. A coercibilidade é um atributo que torna começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos
obrigatório o ato praticado no exercício do poder de polícia, inde- com a aplicação da nova Lei.
pendentemente da vontade do administrado. Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº.
14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, no
Uso e Abuso De Poder que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da Lei nº.
Sempre que a Administração extrapolar os limites dos pode- 8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capítulo II, art.
res aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ilegalidade 5º, da seguinte forma:
traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido judicial- Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios
mente. da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em que da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes Públicos da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
estão obrigados a respeitar os princípios e as normas constitucio- segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
nais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado a possibilidade julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
do ingresso ao Poder Judiciário. competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economi-
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atri- cidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as
buída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais causados disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942, (Lei
a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício das suas de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
atribuições quanto agindo nessa qualidade. O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da proposta
que for mais vantajosa para a Administração Pública. No condizente
Desvio de Poder à promoção do desenvolvimento nacional sustentável, entende-se
O desvio significa o afastamento, a mudança de direção da que que este possui como foco, determinar que a licitação seja destina-
fora anteriormente determinada. Este tipo de ato é praticado por da com o objetivo de garantir a observância do princípio constitu-
autoridade competente, que no momento em que pratica tal ato, cional da isonomia.
distinto do que é visado pela norma legal de agir, acaba insurgindo Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei não
no desvio de poder. é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação de ou-
tros princípios que tenham relação com aqueles dispostos de forma
Segundo Cretella Júnior: expressa no texto legal.
“o fim de todo ato administrativo, discricionário ou não, é o Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput do
interesse público. O fim do ato administrativo é assegurar a ordem art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promoção do
da Administração, que restaria anarquizada e comprometida se o desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção expressa,
fim fosse privado ou particular”. apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010, contexto no
qual foi criada a “margem de preferência”, facilitando a concessão
de vantagens competitivas para empresas produtoras de bens e
serviços nacionais.

189
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípio da legalidade Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direito
A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também de de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não in-
juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda atividade terfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos trabalhos
de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento licitatório. (Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine).
A lei serve para ser usada como limite de base à atuação do gestor A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a publici-
público, representando, desta forma, uma garantia aos administra- dade é tanto maior, quanto maior for a competição propiciada pela
dos contra as condutas abusivas do Estado. modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível na concorrên-
No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega- cia, em que o interesse maior da Administração é o de atrair maior
lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento número de licitantes, e se reduz ao mínimo no convite, em que o
licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera-se valor do contrato dispensa maior divulgação. “
que todos os entes que participarem do certame, têm direito pú- Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a for-
blico subjetivo de fiel observância do procedimento paramentado necer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as ver-
na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993, podendo, caso bas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e também por
venham a se sentir prejudicados pela ausência de observância de obediência ao princípio da publicidade.
alguma regra, impugnar a ação ou omissão na esfera administrativa
ou judicial. Princípio da eficiência do interesse público
Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas qual- Trata-se de um dos princípios norteadores da administração
quer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licitação em de- pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, razoabili-
corrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a representar ao dade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou aos órgãos de con- da segurança jurídica e do interesse público.
trole interno em face de irregularidades em licitações públicas, nos Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto da
termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º da Lei 8666/1993. legalidade, posto que quando se refere serviço público, é essencial
que o agente público atue de forma mais eficaz, bem como que
Princípio da impessoalidade haja melhor organização e estruturação advinda da administração
Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio da pública.
impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Administra- Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar subme-
ção deve adotar o mesmo tratamento a todos os administrados que tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a
estejam em uma mesma situação jurídica, sem a prerrogativa de atuação administrativa agindo de forma contrária ao ordenamento
quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro ângulo, ligado ao jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos os princípios
princípio do julgamento objetivo, registra-se que todas as decisões devem atuar de forma acoplada e não sobreposta.
administrativas tomadas no contexto de uma licitação, deverão ob- Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais vanta-
servar os critérios objetivos estabelecidos de forma prévia no edital josa, o administrador deverá se encontrar eivado de honestidade ao
do certame. Desta forma, ainda que determinado licitante venha a cuidar da Administração Pública.
apresentar uma vantagem relevante para a consecução do objeto
do contrato, afirma-se que esta não poderá ser levada em consi- Princípio da Probidade Administrativa
deração, caso não haja regra editalícia ou legal que a preveja como A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da pro-
passível de fazer interferências no julgamento das propostas. bidade administrativa como formas distintas uma da outra. Os dois
princípios passam a noção de que a licitação deve ser configurada
Princípios da moralidade e da probidade administrativa pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da Administração
A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os princípios Pública, como por parte dos licitantes. Desta forma, para que um
da moralidade e da probidade administrativa possuem realidades comportamento tenha validade, é necessário que seja legal e esteja
distintas. Na realidade, os dois princípios passam a informação de em conformidade com a ética e os bons costumes.
que a licitação deve ser pautada pela honestidade, boa-fé e ética, Existe divergência quanto à distinção entre esses dois princí-
isso, tanto por parte da Administração como por parte dos entes pios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o mesmo
licitantes. Sendo assim, para que um comportamento seja conside- significado, ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos.
rado válido, é imprescindível que, além de ser legalizado, esteja nos O correto é que, enquanto a moralidade se constitui num conceito
ditames da lei e de acordo com a ética e os bons costumes. Exis- vago, a probidade administrativa, ou melhor dizendo, a improbida-
tem desentendimentos doutrinários acerca da distinção entre esses de administrativa se encontra eivada de contornos definidos na Lei
dois princípios. Alguns autores empregam as duas expressões com 8.429/1992.
o mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar
os conceitos. O que perdura, é que, ao passo que a moralidade é Princípio da igualdade
constituída em um conceito vago e sem definição legal, a probidade Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de que
administrativa, ou melhor dizendo, a improbidade administrativa a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos os licitan-
possui contornos paramentados na Lei 8.429/1992. tes que estiverem na mesma situação jurídica. O princípio da igual-
dade garante a oportunidade de participar do certame de licitação,
Princípio da Publicidade todos os que tem condições de adimplir o futuro contrato e proíbe,
Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos pu- ainda a feitura de discriminações injustificadas no julgamento das
blicamente de forma a garantir aos administrados o conhecimento propostas.
do que os administradores estão realizando, e também de manei- Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei
ra a possibilitar o controle social da conduta administrativa. Em se 8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos admitir,
tratando especificamente de licitação, determina o art. 3º, § 3º, da prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio de edital
Lei 8.666/1993 que “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam ou frustrem
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao o seu caráter de competição, inclusive nos casos de sociedades co-
conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”. operativas, e estabeleçam preferências ou diferenças em decorrên-

190
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cia da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes ou de Princípio da segregação de funções
“qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de evitar
específico objeto do contrato”, com ressalva ao disposto nos §§ 5º a falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a descentralizar o
12 do mesmo artigo, e no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991. poder e criando independência para as funções de execução opera-
Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância cional, custódia física, bem como de contabilização
restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente ou Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determina-
relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no instru- da tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de fun-
mento de convocação do certame. ções, evitando que nenhum empregado ou seção administrativa
O princípio da isonomia não impõe somente tratamento igua- venha a participar ou controlar todas as fases relativas à execução e
litário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos desi- controle da despesa pública, vindo assim, a possibilitar a realização
guais, na medida de suas desigualdades. de uma verificação cruzada.
O princípio da segregação de funções, advém do Princípio da
Princípio do Planejamento moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, caput,
A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en- da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção VIII, item
contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar o 3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal de Controle
dever legal do planejamento como um todo. Interno do Ministério da Fazenda.
Registra-se que a partir deste princípio, é possível compreen-
der que a Administração Pública tem o dever de planejar toda a Princípio da motivação
licitação e também toda a contratação pública de forma adequada O princípio da motivação predispõe que a administração no
e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que se mostre de processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vindo
forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe a todos os outros a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos, com
princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdição pátria como um a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessário que
todo. haja motivo para que os atos administrativos licitatórios tenham
Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla- sido realizados, sempre levando em conta as razões de direito que
nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que a levaram o agente público a proceder daquele modo.
ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a res-
ponsabilidade do agente público. Princípio da vinculação ao edital
Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objetivi-
Princípio da transparência dade das determinações de habilidades, que possui o condão de
O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposição de
aplicação de outros princípios, como os princípios da publicidade, que este venha a cumprir as normas contidas no edital de maneira
imparcialidade, eficiência, dentre outros. objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da competitividade.
Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência não é Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório devem
um princípio independente, o incorporando ao princípio da publici- estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo em vista
dade, posto ser o seu entendimento que uma das inúmeras funções que se trata de ato concretizador e de hierarquia inferior a essas
do princípio da publicidade é o dever de manter intacta a trans- entidades.
parência dos atos das entidades públicas. Entretanto, o princípio Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação destina-se
da transparência pode ser diferenciado do princípio da publicida- a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a
de pelo fato de que por intermédio da publicidade, existe o dever seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a pro-
das entidades públicas consistente na obrigação de divulgar os seus moção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada
atos, uma vez que nem sempre a divulgação de informações é feita e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da le-
de forma transparente. galidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publi-
O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à infor- cidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
mação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Constituição convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
Federal, é uma das formas de expressão concreta do Princípio da O princípio da vinculação ao instrumento convocatório princí-
Transparência, sendo também corolário do Princípio da Boa-fé Ob- pio se destaca por impor à Administração a não acatar qualquer
jetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ. RESP 200301612085, proposta que não se encaixe nas exigências do ato convocatório,
Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE DATA:19/03/2009). sendo que tais exigências deverão possuir total relação com o obje-
to da licitação, com a lei e com a Constituição Federal.
Princípio da eficácia
Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de for- Princípio do julgamento objetivo
ma eficaz e organizada promovendo uma melhor estruturação por O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório. De
parte da Administração Pública, mantendo a atuação do Estado acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo licitató-
dentro da legalidade. rio deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório,
Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar submetido para o julgamento das propostas apresentadas, devendo seguir de
ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a atuação forma fiel ao disposto no edital quando for julgar as propostas.
administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por mais eficien- Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer interpre-
te que seja, na medida em que ambos os princípios devem atuar de tações subjetivas do edital que possam favorecer um concorrente e,
maneira conjunta e não sobrepostas. por consequência, vir a prejudicar de forma desleal a outros.

Princípio da razoabilidade
Trata-se de um princípio de grande importância para o contro-
le da atividade administrativa dentro do processo licitatório, posto
que se incumbe de impor ao administrador, a atuação dentro dos

191
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional, uma vez que ao Princípio da licitação sustentável
trabalhar na interdição de decisões ou práticas discrepantes do mí- Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da susten-
nimo plausível, prova mais uma vez ser um veículo de suma im- tabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à ideia de
portância do respeito à legalidade, na medida em que é a lei que que é possível, por meio do procedimento licitatório, incentivar a
determina os parâmetros por intermédio dos quais é construída a preservação do meio ambiente”.
razão administrativa como um todo. Esse princípio passou a constar de maneira expressa do contido
Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra aco- na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração pela Lei
plado ao princípio da proporcionalidade, além de manter relação 12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação a promoção
com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja atendida do desenvolvimento nacional sustentável.
a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida. Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o desenvolvi-
Princípio da competitividade mento nacional sustentável como forma de princípio a ser obser-
O princípio da competição se encontra relacionado à competiti- vado nas licitações e contratações regidas por seu diploma legal.
vidade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a igualdade Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações realizadas com
de condições para todos os concorrentes licitatórios. Esse princípio fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contratações Públicas de-
se encontra ligado ao princípio da livre concorrência nos termos do vem respeitar, em especial, as normas relativas ao art. 4º, § 1º:
inciso IV do art. 170 da Constituição Federal Brasileira. Desta manei- A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só-
ra, devido ao fato da lei recalcar o abuso do poder econômico que lidos gerados pelas obras contratadas;
pretenda eliminar a concorrência, a lei e os demais atos normativos B) mitigação por condicionantes e compensação ambiental,
pertinentes não poderão agir com o fulcro de limitar a competitivi- que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental;
dade na licitação. c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprova-
Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou infrin- damente, reduzam o consumo de energia e recursos naturais;
gir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se que esta D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação
poderá recair sobre a questão da restrição de competição no pro- urbanística;
cesso licitatório. E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e
Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não é imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi-
aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do con- reto causado pelas obras contratadas;
tratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme para si- F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou com
tuações uniformes, uma vez que a licitação se encontra destinada mobilidade reduzida.
a garantir não apenas a seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração Pública, como também a observância do princípio Princípios correlatos
constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007 Plenário (Sumá- Além dos princípios anteriores determinados pela Lei
rio). 8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios que
também são atinentes aos procedimentos licitatórios, dentre os
Princípio da proporcionalidade quais se destacamos:
O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio
da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiaridades Princípio da obrigatoriedade
determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam feridas ou Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está disposto
suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judicial que possa no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação geral é que
exceder os limites por ela determinados e avance, sem permissão as obras, serviços, compras, alienações, concessões, permissões e
no âmbito dos direitos fundamentais. locações da Administração Pública, quando forem contratadas por
terceiros, sejam precedidas da realização de certame licitatório,
Princípio da celeridade com exceção somente dos casos previstos pela legislação vigente.
Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e conside-
rado um dos direcionadores de licitações na modalidade pregão, o Princípio do formalismo
princípio da celeridade trabalha na busca da simplificação de pro- Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acordo
cedimentos, formalidades desnecessárias, bem como de intransi- com o procedimento formal previsto na legislação. Assim sendo, o
gências excessivas, tendo em vista que as decisões, sempre que for art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina que “o pro-
possível, deverão ser aplicadas no momento da sessão. cedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrati-
vo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração
Princípio da economicidade Pública”.
Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais
vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é neces- Princípio do sigilo das propostas
sário que o administrador esteja dotado de honestidade ao cuidar Até a abertura dos envelopes licitatórios em ato público ante-
coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se relaciona- cipadamente designado, o conteúdo das propostas apresentadas
do ao princípio da moralidade e da eficiência. pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos do art. 43,
Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economicidade, § 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar o sigilo de pro-
entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta honestida- postas apresentadas em procedimento licitatório, ou oportunizar
de e boas intenções para validação de atos administrativos. A eco- a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além de prejudicar os de-
nomicidade impõe adoção da solução mais conveniente e eficiente mais licitantes, constitui crime tipificado no art. 94 do Estatuto das
sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos”. (Justen Filho, Licitações, vindo a sujeitar os infratores à pena de detenção, de 2
1998, p.66). (dois) a 3 (três) anos, e multa;

192
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor dispor a respeito de licitação e contratação de obras, serviços, com-
Significa que a Administração não pode, ao concluir o procedi- pras e alienações, desde que observados os princípios da adminis-
mento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente que não tração pública.
seja o vencedor. Esse princípio, também impede que seja aberta A mencionada modificação constitucional, teve como objeti-
nova licitação enquanto for válida a adjudicação anterior. vo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação e
Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que ga- contratos e com maior adequação condizente à natureza jurídica
rante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um con- das entidades exploradoras de atividades econômicas, que traba-
trato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o objeto. lham sob sistema jurídico predominantemente de direito privado.
Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido adjudicado, é O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições na maioria das
possível que não aconteça a celebração do contrato, posto que a vezes entram em concorrência com a iniciativa privada e precisam
licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por motivos de in- ter uma agilidade que pode, na maioria das situações, ser prejudi-
teresse público, ou anulada, caso seja constatada alguma irregula- cada pela necessidade de submissão aos procedimentos burocráti-
ridade Insanável. cos da administração direta, autárquica e fundacional.
Em observância e cumprimento à determinação da Constitui-
Princípio da competitividade ção Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Estatais, que
É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras, ha- criou regras e normas específicas paras as licitações que são dirigi-
vendo restrição à competição, de maneira a privilegiar determi- das por qualquer empresa pública e sociedade de economia mista
nado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao princípio da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ponde-
da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do princípio da ra-se que tais regras forma mantidas pela nova Lei de Licitações, Lei
competitividade, tem-se a regra de que é proibido aos agentes pú- nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º, inciso I.
blicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais em-
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem presas públicas e sociedades de economia mista não estão dispen-
o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades coope- sadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplindo tal obriga-
rativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da natu- ção com seguimento em procedimentos mais flexíveis e adequados
ralidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei 8.666/1993 acabou por
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto não mais ser aplicada às estatais e às suas subsidiárias.
do contrato”, com exceção do disposto nos §§ 5º a 12 deste art. e Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações de
no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991” . nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020, obser-
Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, enten- va-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as estatais
de que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido como naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 expressa ao reme-
manifestação do princípio da indistinção. ter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02.

Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que são
É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No referen- pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licitações de
te ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não poderá, nº. 14.133/2.021:
por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem que não es- 1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais regula-
teja prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos sub- da pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no art. 32,
sidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas IV, da Lei nº 13.303/16;
ofertas dos demais licitantes, nos ditames do art. 44, parag. 2°da 2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na
Lei 8.666/1993. seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão de
ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e
Competência Legislativa 3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei
A União é munida de competência privativa para legislar sobre nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de de-
normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para a admi- sempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que se
nistração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que por sua
Federal e dos Municípios, conforme determinação do art. 22, XXVII, vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de Licitações.
da CFB/1988.
Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edita- Dispensa e inexigibilidade
das pela União são de observância obrigatória por todos os entes Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que houver
federados, competindo a estes, editar normas específicas que são inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da Nova Lei
aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo a comple- de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e III, foi disposto
mentar a disciplina prevista na norma geral sem contrariá-la. as hipóteses por meio das quais a competição é inviável e que, por-
Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar tanto, nesses casos, a licitação é inexigível. Vejamos:
supletivamente não permite: a) a criação de novas modalidades li- Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição,
citatórias ou de novas hipóteses de dispensa de licitação; b) o esta- em especial nos casos de:
belecimento de novos tipos de licitação (critérios de julgamento das I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou
propostas); c) a redução dos prazos de publicidade ou de recursos. contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao art. empresa ou representante comercial exclusivos;
173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser editada II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente
lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da empresa pú- ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
blica, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que crítica especializada ou pela opinião pública;
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de
bens ou de prestação de serviços, sendo que esse estatuto deverá

193
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza dife-
serviços de publicidade e divulgação: rente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável porque
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou proje- nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por realizar ou não o
tos executivos; procedimento.
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alienação
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em grande
ou tributárias; parte das vezes, quando, ao pretender a Administração alienar bens
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser- de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis, deverá proce-
viços; der à realização de licitação. No entanto, em algumas situações, em
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; razão das peculiaridades do caso especifico, a lei acaba por dispen-
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; sar o procedimento, o que é verificado, por exemplo, na hipótese da
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; doação de um bem para outro órgão ou entidade da Administração
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e en- Pública de qualquer esfera de governo. Ocorre que nesse caso, a
saios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento Administração já determinou previamente para qual órgão ou en-
de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais tidade irá doar o bem. Assim sendo, não existe a necessidade de
serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso; realização do certame licitatório.
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
credenciamento; Critérios de Julgamento
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de ins- Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências
talações e de localização tornem necessária sua escolha. que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação. Regis-
Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor exclu- tra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas de carac-
sivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a exclu- terísticas e exigências diversas, sendo que as espécies de licitação
sividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de registro do tendem sempre a variam de acordo com seus prazos e ritos espe-
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o cíficos como um todo. Com a aprovação da Lei 14.133/2.021 em
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, seu art. 33, foram criados novos tipos de licitação designados para
ainda, pelas entidades equivalentes. a compra de bens e serviços. Sendo eles: menor preço, maior des-
Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se a dis- conto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço, maior
pensabilidade da exigência de licitação para a contratação de profis- lance (leilão), maior retorno econômico.
sionais da seara artística de forma direta ou através de empresário, Vejamos:
levando em conta que este deverá ser reconhecido publicamente.
Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços técnicos Menor preço
especializados, de natureza singular, com profissionais ou empresas Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que é
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão bási-
publicidade e divulgação. co e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, inclusive o
pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o preço menor
Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas de entre os participantes do certame, desde que a empresa licitante
forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossível a atenda a todos os requisitos estipulados no edital.
competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação deverá Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer e
ser adotado. comprovar maiores vantagens para a Administração Pública, ape-
Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao nas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, termina
inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico espe- por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar apenas
cializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, fato que a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir contratar um
se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for de natureza trabalho de qualidade.
singular e o seu prestador for dotado de notória especialização. O
serviço de natureza singular é reconhecido pela sua complexidade, Maior desconto
relevância ou pelos interesses públicos que estiverem em jogo, vin- Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério de
do demandar a contratação de prestador com a devida e notória maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo aceitá-
especialização. vel, deverá constar expressamente do edital. Isso acontece, por que
Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória nessas situações específicas, a publicação do valor de referência da
especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito no Administração Pública é extremamente essencial para que os pro-
âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho feito ante- ponentes venham a oferecer seus descontos.
riormente como estudos, experiências, publicações, organização, Denota-se que o texto de lei determina que a administração li-
equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos pertinentes com citante forneça o orçamento original da contratação, mesmo que tal
suas atividades, que permitam demonstrar e comprovar que o seu orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer instante tanto
trabalho é essencial e o mais adequado à plena satisfação do objeto para os órgãos de controle interno quanto externo. Esse fato é de
do contrato. grande importância para a administração Pública, tendo em vista
Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de que a depender do mercado, a divulgação do orçamento original no
serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem criado instante de ocorrência da licitação acarretará o efeito âncora, fazen-
várias controvérsias, principalmente quando se refere à contrata- do com que os valores das propostas sejam elevados ao patamar
ção de serviços de advocacia e também de contabilidade. mais aproximado possível no que diz respeito ao valor máximo que
a Administração admite.

194
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Melhor técnica ou conteúdo artístico Concorrência
Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora leva Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concorrência
em consideração a proposta que oferecer mais vantagem em ques- é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na
tão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se que esta es- fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requi-
pécie de licitação deve ser aplicada com exclusividade para serviços sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de
de cunho intelectual, como ocorre na elaboração de projetos, por seu objeto.
exemplo incluindo-se nesse rol, tanto os básicos como os executi- Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalidade
vos como: cálculos, gerenciamento, supervisão, fiscalização e ou- licitatória conveniente para contratações de grande aspecto. Isso
tros pertinentes à matéria. ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma espécie
de hierarquia quando a definição da modalidade de licitação acon-
Técnica e preço tece em razão do valor do contrato. Ocorre que quanto maiores
Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho obriga- forem os valores envolvidos, mais altos e maiores serão o nível de
tório quando da contratação de bens e serviços na área tecnológica publicidade bem como os prazos estipulados para a realização do
como de informática e áreas afins, e também nas modalidade de procedimento. Em alguns casos, não obstante, é permitido uso da
concorrência, segundo a nova lei de Licitações. Nesse caso espe- modalidade de maior publicidade no lugar das de menor publicida-
cífico, o licitante demonstra e apresenta a sua proposta e a docu- de, jamais o contrário.
mentação usando três envelopes distintos, sendo eles: o primeiro Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da con-
para a habilitação, o segundo para o deslinde da proposta técnica e corrência para valores elevados, vindo a permitir que seja realizada
o terceiro, com o preço, que deverão ser avaliados nessa respectiva a tomada de preços ou concorrência para montantes de cunho in-
ordem. termediário e convite (ou tomada de preços ou concorrência), para
contratos de valores mais reduzidos. Os gestores, na prática, ge-
Maior lance (leilão) ralmente optam por utilizar a modalidade licitatória que seja mais
Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se encon- simplificada dentro do possível, de maneira a evitar a submissão a
tra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudaremos nos prazos mais extensos de publicidade do certame.
próximos tópicos.
Concurso
Maior retorno econômico Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modalidade
Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novida- de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho técnico,
des advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requisito ser científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei de Licita-
um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e fulcro sejam ções:
uma espécie de contrato de eficiência. Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas
Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações: em edital, que indicará:
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação I - a qualificação exigida dos participantes;
de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;
de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser
na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contra- concedida ao vencedor.
tado com base em percentual da economia gerada; Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de
Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administração projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos ter-
não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propriamente mos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao
dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais vantagens projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e
advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor proposta de oportunidade das autoridades competentes.
ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno econômico à ma-
quina pública. Leilão
Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão poderá
Modalidades ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela auto-
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de Lici- ridade competente da Administração, sendo que seu regulamento
tações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma legal da deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: tomada de Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro
preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta forma, de acordo oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credencia-
com a Nova Lei de Licitações, são modalidades de licitação: con- mento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de jul-
corrência, concurso, leilão, pregão e diálogo competitivo. gamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas,
Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo, utilizados como parâmetro máximo, os percentuais definidos na lei
pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase de que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a
transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros anos serem leiloados
as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na aplicação O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de
para processos que começaram na Lei anterior, deverão continuar habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase
a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que começarem de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo
após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos com a aplica- licitante vencedor, na forma definida no edital.
ção da nova Lei.
Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota-se
que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de maior
lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou superior ao valor
de avaliação do bem.

195
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro oficial ou No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, deverá
por servidor indicado pela Administração, procedendo-se conforme de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser regis-
os ditames da legislação pertinente. trado no campo do sistema de compras pertinente, no qual deverá
conter as exposições com a motivação da interposição.
Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Admi-
nistração indireta executam contratos de mútuo que são garantidos Diálogo competitivo
por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a dívida não Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, modali-
for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empenhado que deve- dade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Admi-
rá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações. nistração:
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contrata-
Pregão ções em que a Administração:
Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, trata- I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
-se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor preço, a) inovação tecnológica ou técnica;
designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços comuns. b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade
Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sendo estas nas satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
formas eletrônica e presencial. c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei com precisão suficiente pela Administração;
10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial é II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o pregão alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com desta-
eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05. que para os seguintes aspectos:
Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de a) a solução técnica mais adequada;
processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de regras b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já defi-
diferentes que serão adotadas pelo Poder Público. nida;
Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato.
contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto
5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, prefe- Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Adminis-
rencial. tração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos
Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em partici- autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de
par do pregão presencial, deverão comparecer em hora e local nos diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital con-
quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito o credencia- tendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades
mento, devendo ainda, apresentar os envelopes de proposta, bem e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta
como os documentos pertinentes. mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis,
Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados fazer para todos os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste
cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente licitante, vin- parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os ele-
do, por conseguinte, cadastrar a sua proposta. mentos necessários para a realização do projeto.
A classificação a respeito das formas de pregão está também
eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, o prego- Habilitação, Julgamento e recursos
eiro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até 10% acima Habilitação
da melhor proposta e as classificar para a fase de lances. Havendo Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de Lici-
ausência de propostas que venham a atingir esses 10%, restarão tações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a fase
selecionadas, por conseguinte, as três melhores propostas. da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de informações
Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando em e documentos necessários e suficientes para demonstrar a capaci-
conta que todos os participantes são classificados e tem o direito de dade do licitante de realizar o objeto da licitação.
participar da fase na qual ocorrem os lances por meio do sistema, Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos foram
dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indicado no edital ou renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em lei de
carta convite. aceitação de balanço de abertura.
Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance da No que condiz à habilitação econômico-financeira, com supe-
licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por conse- dâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui utilidade
guinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor. para demonstrar que o licitante se encontra dotado de capacidade
É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances são para sintetizar com suas possíveis obrigações futuras, devendo a
lançados no sistema na medida em que os participantes vão ofer- mesma ser comprovada de forma objetiva, por intermédio de coefi-
tando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance que por cientes e índices econômicos que deverão estar previstos no edital
este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registrados no siste- e devidamente justificados no processo de licitação.
ma, até que esta fase venha a se encerrar. De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a ha-
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoeiro de- bilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de falência ex-
verá se informar de antemão, quem são os participantes, tendo em pedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por último, exige-se
vista que estes se identificam no momento do em que fazem o cre- o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios sociais, salvo das
denciamento. empresas que foram constituídas no lapso de menos de dois anos.
No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação, Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habilita-
o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitantes ção jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer
participantes, para evitar conluio. direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada
A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por parâ- por ele limita-se à comprovação de existência jurídica da pessoa e,
metros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao final quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a ser
da Sessão. contratada.

196
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documentação Adjudicação e homologação
exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-operacio- O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sendo
nal. Vejamos: o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a propriedade
Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profis- de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil a conceitua
sional e técnico-operacional será restrita a: como uma forma de pagamento feito ao exequente ou a terceira
I - apresentação de profissional, devidamente registrado no pessoa, por meio da transferência dos bens sobre os quais incide
conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de a execução.
atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou ser- Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm
viço de características semelhantes, para fins de contratação; início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson
II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conse- Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de classi-
lho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem ficação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obrigatório,
capacidade operacional na execução de serviços similares de com- embora não seja livre.
plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz o
como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º do encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação. Ho-
art. 88 desta Lei; mologação é a aprovação determinada por autoridade judicial ou
III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apare- administrativa a determinados atos particulares com o fulcro de
lhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes.
licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe téc- Considera-se que a homologação do processo de licitação re-
nica que se responsabilizará pelos trabalhos; presenta a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodrigues
IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei espe- (1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade concor-
cial, quando for o caso; dante e envolve adesão integral à proposta recebida.”
V - registro ou inscrição na entidade profissional competente, Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Admi-
quando for o caso; nistração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do con-
VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de todas trato.
as informações e das condições locais para o cumprimento das obri-
gações objeto da licitação. Registro de preços
Registro de preços é a modalidade de licitação que se encontra
Julgamento apropriada para possibilitar diversas contratações que sejam conco-
Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações mitantes ou sucessivas, sem que haja a realização de procedimento
trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que de de licitação de forma específica para cada uma destas contratações.
agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo sob Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto a
os seguintes critérios: mais órgãos pertencentes à Administração.
1. Menor preço; De modo geral, o registro de preços é usado para compras cor-
2. Maior desconto; riqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando daqueles
3. Melhor técnica ou conteúdo artístico; que não se sabe a quantidade que será preciso adquirir, bem como
4. Técnica e preço; quando tais compras estiverem sob a condição de entregas parcela-
5. Maior lance, no caso de leilão; das. O objetivo destas ações é evitar que se formem estoques, uma
6. Maior retorno econômico. vez que estes geram alto custo de manutenção, além do risco de
Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito do tais bens vir a perecer ou deteriorar.
seu funcionamento, bem como já foram estudados anteriormente Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei de
nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior novidade, Lictações que regem o sistema de registro de preços:
trata-se do critério de maior retorno econômico, que é uma espécie Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará
de licitação usada somente para certames cujo objeto seja contrato as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
de eficiência de forma geral. I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive a
Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;
que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, serviço II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou,
ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser aquela que no caso de serviços, de unidades de medida;
trouxer um maior retorno econômico. III - a possibilidade de prever preços diferentes:
a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais dife-
Recursos rentes;
Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não ocor- b) em razão da forma e do local de acondicionamento;
rendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os recursos em c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do
face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão ser apresenta- lote;
dos no término da fase de habilitação, tendo em vista que tal ato d) por outros motivos justificados no processo;
deverá acontecer em apenas uma etapa. IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em
Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do jul- quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se
gamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão se nos limites dela;
manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o térmi- V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor
no de cada sessão, sob pena de preclusão preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no
Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma pre- mercado;
cedente à apresentação das propostas, bem como o julgamento, VI - as condições para alteração de preços registrados;
afirma-se que os recursos terão que ser apresentados em dois in-
tervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o julgamento
das propostas.

197
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de servi- Revogação e anulação da licitação
ço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do licitante De antemão, em relação à revogação e a anulação do proce-
vencedor, assegurada a preferência de contratação de acordo com dimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que caso
a ordem de classificação; tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias legais o a
VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de vício que não
de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo, a anulação se
validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência de impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espécie de vício no cer-
ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo previsto tame, mas, a contratação tenha sido deixada de ser considerada de
no edital; interesse público, impõe-se a aplicação da revogação.
IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de preços Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início da
e suas consequências fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação ou a
§ 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de anulação da licitação somente será efetivada depois de se conceder
itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a invia- aos licitantes que manifestem interesse em contestar o respectivo
bilidade de se promover a adjudicação por item e for evidenciada a ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ao contraditó-
sua vantagem técnica e econômica, e o critério de aceitabilidade de rio e à ampla defesa”.
preços unitários máximos deverá ser indicado no edital. Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tratou
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de des-
os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei, fazimento do processo licitatório, ficará assegurado o contraditório
a contratação posterior de item específico constante de grupo de e a ampla defesa.
itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração de sua Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade da
vantagem para o órgão ou entidade. aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício do di-
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a reito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior ao ato
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma tradicio-
apenas nas seguintes situações: nal diversos debates tanto na doutrina quanto na jurisprudência
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se dos diversos
entidade não tiver registro de demandas anteriores; julgados que ressalvam a aplicação contida no art. 49, §3º da Lei
II - no caso de alimento perecível; 8.666/1.993 nas situações de revogação de licitação antes de sua
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento homologação. Pondera-se que esse entendimento afirma que o
de bens. contraditório e a ampla defesa apenas seriam exigíveis quando o
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigatória procedimento de licitação tiver sido concluído.
a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das quais é
de outro órgão ou entidade na ata. considerado dispensável dar a oportunidade aos licitantes do con-
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para traditório e a ampla defesa, a obrigação da administração em mo-
a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de tivar o ato revogatório não será afastada, uma vez que devendo se
engenharia, observadas as seguintes condições: ater aos princípios da transparência e da motivação, o gestor por
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; força de lei, deverá sempre evidenciar as razões pelas quais foram
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re- fundamentadas a conclusão pela revogação do certame, bem como
gulamento; os motivos de não prosseguir com o processo licitatório.
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle;
IV - atualização periódica dos preços registrados; Breves considerações adicionais acerca das mudanças no pro-
V - definição do período de validade do registro de preços; cesso de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que acei- • Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art. 17,
tar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante vence- será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de contratação
dor na sequência de classificação da licitação e inclusão do licitante para todos os procedimentos licitatórios.
que mantiver sua proposta original. • Como exceção, caso seja preciso que a forma de contratação
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de regu- seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos de fato
lamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispen- e de direito no processo administrativo, porém, ficará incumbido da
sa de licitação para a aquisição de bens ou para a contratação de obrigação de gravar a sessão em áudio e também em vídeo.
serviços por mais de um órgão ou entidade. • O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do siste-
Art. 83. A existência de preços registrados implicará compro- ma virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competitividade,
misso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obri- segurança e isonomia para as licitações de forma geral.
gará a Administração a contratar, facultada a realização de licita- • A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de
ção específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigatório.
motivada. • Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licitações,
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de sejam eles federais, estaduais ou municipais.
1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que • Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as de-
comprovado o preço vantajoso. mandas das estruturas da Administração Pública deverão ser de
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as finali-
preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as dis- dades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo.
posições nela contidas. • Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com
a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação
de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de va-
lor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

198
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
• São atos da Administração Pública antes de formalizar ou O controle sobre os órgãos da Administração Direta é um con-
prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade fiscal trole interno e decorre do poder de autotutela que permite à Admi-
do contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas idôneas nistração Pública rever os próprios atos quando ilegais, inoportunos
e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP). ou inconvenientes, sendo amplamente reconhecido pelo Poder Ju-
• A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código Pe- diciário (Súmulas 346 e 473 do STF).
nal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do Có-
digo Penal de 1.940: Controle Administrativo Exercitado de Ofício
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo- O controle é exercitado de ofício, pela própria Administração,
dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor ou por provocação. Na primeira hipótese, pode decorrer de: fiscali-
do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a zação hierárquica; supervisão superior; controle financeiro; parece-
Administração Pública sem autorização em lei, no edital da licitação res vinculantes; ouvidoria; e recursos administrativos hierárquicos
ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatu- ou de ofício.
ra com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade: a) fiscalização hierárquica: Procede do poder hierárquico, que
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. faculta à Administração a possibilidade de escalonar sua estrutura,
vinculando uns a outros e permitindo a ordenação, coordenação,
Perturbação de processo licitatório orientação de suas atividades.
• Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos pelo b) supervisão superior: Difere da fiscalização hierárquica por-
IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo federal atua- que não pressupõe o vínculo de subordinação, ficando limitada a
lizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ao hipóteses em que a lei expressamente admite a sua realização. No
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que venha a subs- âmbito da Administração Pública Federal é nominada de “supervi-
tituí-lo, os valores fixados por esta Lei, os quais serão divulgados no são ministerial” e aplicável às entidades vinculadas aos ministérios
PNCP. c) controle financeiro: O art. 74 da Constituição Federal deter-
mina que os Poderes mantenham sistema de controle interno com a
finalidade de “avaliar o cumprimento das metas previstas no plano
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTROLE plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos
EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTROLE da União; comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
JUDICIAL. CONTROLE LEGISLATIVO eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimo-
nial nos órgãos e entidades da Administração Federal, bem como
INTRODUÇÃO da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
A Administração Pública se sujeita a controle por parte dos Po- exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem
deres Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o contro- como dos direitos e haveres da União; apoiar o controle externo no
le sobre os próprios atos. exercício de sua missão institucional”.
Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro con- d) pareceres vinculantes: Trata-se de controle preventivo so-
ceitua “o controle da Administração Pública como o poder de fis- bre determinados atos e contratos administrativos realizado por órgão
calização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes técnico integrante da Administração ou por órgão do Poder Executivo.
Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a con- e) ouvidoria: limita-se a receber e proceder ao encaminhamen-
formidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos to das reclamações que recebe. Ouvidoria, assim entendido como
pelo ordenamento jurídico”. um canal de comunicação, tem-se dedicado a receber reclamações
Embora o controle seja atribuição estatal, há possibilidade de populares e usuários dos serviços públicos.
constitucional do administrado participar dele à medida que pode f) recursos administrativos hierárquicos ou de ofício: por ve-
e deve provocar o procedimento de controle, não apenas na defesa zes a lei condiciona a decisão ao reexame superior, carecendo ser
de seus interesses individuais, mas também na proteção do interes- conhecida e eventualmente revista por agente hierarquicamente
se coletivo. superior àquele que decidiu.
O controle abrange a fiscalização e a correção dos atos ilegais e, Controle Administrativo Exercitado Por Provocação: Nesta
em certa medida, dos inconvenientes ou inoportunos. hipótese de controle interno, ou administrativo (por provocação),
pode decorrer das seguintes formas:
CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (CON- a) direito de petição: A Constituição Federal assegura a todos,
TROLE INTERNO) independentemente do pagamento de taxas, “o direito de petição
O controle administrativo é o que decorre da aplicação do prin- aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
cípio do autocontrole, ou autotutela, do qual emerge o poder com abuso de poder” (art. 5º, XXXIV, a).
idêntica designação (poder de autotutela). O direito individual consagrado no inciso XXXIV é amplo, e seu
A Administração tem o dever de anular seus próprios atos, exercício não exige legitimidade ou interesse comprovado. Pode,
quando eivados de nulidade, podendo revogá-los ou alterá-los, por assim, ser a petição individual ou coletiva subscrita por brasileiro ou
conveniência e oportunidade, respeitados, nessa hipótese, os direi- estrangeiro, pessoa física ou jurídica, e ser endereçada a qualquer
tos adquiridos. dos Poderes do Estado.
É o poder de fiscalização e correção que a Administração Pú- Enquanto o direito de petição é utilizado para possibilitar o
blica (em sentido amplo) exerce sobre sua própria atuação, sob os acesso a informações de interesse coletivo, o direito de certidão
aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante é utilizado para a obtenção de informações que dizem respeito ao
provocação. próprio requerente.

199
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
b) pedido de reconsideração: O pedido de reconsideração abri- Coisa julgada administrativa
ga requerimento que objetiva a revisão de determinada decisão Quando inexiste, no âmbito administrativo, possibilidade de
administrativa. reforma da decisão oferecida pela Administração Pública, está-se
Exige a demonstração de interesse daquele que o subscreve, diante da coisa julgada administrativa. Esta não tem o alcance da
podendo ser exercido por pessoa física ou jurídica, brasileira ou coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração
estrangeira, desde que detentora de interesse. O prazo para sua Pública é tão-só um ato administrativo decisório, destituído do po-
interposição deve estar previsto na lei que autoriza o ato; no seu der de dizer do direito em caráter definitivo. Tal prerrogativa, no
silêncio, a prescrição opera-se em um ano, contado da data do ato Brasil, é só do Judiciário.
ou decisão. A imodificabilidade da decisão da Administração Pública só en-
c) reclamação administrativa: Esta modalidade de recurso ad- contra consistência na esfera administrativa. Perante o Judiciário,
ministrativo tem a finalidade de conferir à oportunidade do cidadão qualquer decisão administrativa pode ser modificada, salvo se tam-
questionar a realização de algum ato administrativo. bém essa via estiver prescrita.
Trata-se de pedido de revisão que impugna ato ou atividade Portanto, a expressão “coisa julgada”, no Direito Administrati-
administrativa. É a oposição solene, escrita e assinada, a ato ou vo, não tem o mesmo sentido que no Direito Judiciário. Ela significa
atividade pública que afete direitos ou interesses legítimos do re- apenas que a decisão se tornou irretratável pela própria Adminis-
clamante. Dessas reclamações são exemplos a que impugna lança- tração.
mentos tributários e a que se opõe a determinada medida punitiva.
d) recurso administrativo: Recurso é instrumento de defesa, CONTROLE JUDICIAL
meio hábil de impugnação ou ferramenta jurídica que possibilita o O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema de juris-
reexame de decisão da Administração. Os recursos administrativos dição una processar e julgar suas lides, pelo qual o Poder Judiciá-
podem ser: rio tem o monopólio da função jurisdicional, ou seja, do poder de
apreciar, com força de coisa julgada, a lesão ou ameaça de lesão a
1. provocados ou voluntários: é o interposto pelo interessado, direitos individuais e coletivos (art. 5º, XXXV CF/88).
pelo particular, devendo ser dirigido à autoridade competente para Neste aspecto afastou o sistema da dualidade de jurisdição,
rever a decisão, contendo a exposição dos fatos e fundamentos ju- em que, paralelamente ao Poder Judiciário, existem os órgãos de
rídicos da irresignação. Contencioso Administrativo, que exercem, como aquele, função
Nada impede, ainda, que, presente o recurso, julgue o admi- jurisdicional sobre lides de que a Administração Pública seja parte
nistrador conveniente a revogação da decisão, ou a sua anulação, interessada.
ainda que o recurso não objetive tal providência. Os recursos sem- O Poder Judiciário possui como prerrogativa inerente a função
pre produzem efeitos devolutivos, permitindo o reexame da maté- típica que exerce examinar os atos da Administração Pública, de
ria decidida (devolve à Administração a possibilidade de decidir), e qualquer natureza, sejam gerais ou individuais, unilaterais ou bila-
excepcionalmente produzirão efeitos suspensivos, obstando a exe- terais, vinculados ou discricionários, mas sempre sob o aspecto da
cução da decisão impugnada. legalidade e da moralidade (art. 5º, LXXIII, e art. 37).
Quanto aos atos discricionários, sujeitam-se à apreciação judi-
2. hierárquicos ou Administrativo: é o pedido de reexame do cial, desde que não invadam os aspectos reservados à apreciação
ato dirigido à autoridade superior à que o proferiu. Só podem recor- subjetiva da Administração, conhecidos sob a denominação de mé-
rer os legitimados, que, segundo o artigo 58 da Lei federal 9784/99, rito (oportunidade e conveniência).
são: No entanto, não há invasão do mérito quando o Judiciário
-. Os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro- aprecia os motivos, ou seja, os fatos que precedem a elaboração
cesso; do ato; a ausência ou falsidade do motivo caracteriza ilegalidade,
-. Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afe- suscetível de invalidação pelo Poder Judiciário.
tados pela decisão recorrida; Nos casos concretos, poderá o Poder Judiciário apreciar a le-
-. Organizações e associações representativas, no tocante a di- galidade ou constitucionalidade dos atos normativos do Poder
reitos e interesses coletivos; Executivo, mas a decisão produzirá efeitos apenas entre as partes,
-. Os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses devendo ser observada a norma do art. 97 da Constituição Federal,
difusos. que exige maioria absoluta dos membros dos Tribunais para a de-
claração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Pode-se, em tese, recorrer de qualquer ato ou decisão, salvo os Público.
atos de mero expediente ou preparatórios de decisões. Com relação aos atos políticos, é possível também a sua apre-
O recurso hierárquico tem sempre efeito devolutivo e pode ter ciação pelo Poder Judiciário, desde que causem lesão a direitos in-
efeito suspensivo, se previsto em lei. dividuais ou coletivos.
Na decisão do recurso, o órgão ou autoridade competente tem Quanto aos atos interna corporis (atos administrativos que pro-
amplo poder de revisão, podendo confirmar, desfazer ou modificar duzem efeitos internos), em regra, não são apreciados pelo Poder
o ato impugnado. Entretanto, a reforma não pode impor ao recor- Judiciário, porque se limitam a estabelecer normas sobre o funcio-
rente um maior gravame (reformatio in pejus). namento interno dos órgãos; no entanto, se exorbitarem em seu
conteúdo, ferindo direitos individuais e coletivos, poderão também
e) Pedido de revisão é o recurso utilizado pelo servidor público ser apreciados pelo Poder Judiciário.
punido pela Administração, visando ao reexame da decisão, no caso
de surgirem fatos novos suscetíveis de demonstrar a sua inocência.
Pode ser interposto pelo próprio interessado, por seu procurador
ou por terceiros, conforme dispuser a lei estatutária. É admissível
até mesmo após o falecimento do interessado.

200
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CONTROLE LEGISLATIVO Fiscalização pelo Tribunal de Contas: A função desempenhada
O controle legislativo, ou parlamentar, é exercido pelo Poder pelo Tribunal de Contas é técnica, administrativa, e não jurisdicio-
Legislativo em todas as suas esferas de atuação como: nal. Apesar de auxiliar o Legislativo, detém autonomia e não integra
a) Federal: Congresso Nacional composto pelo Senado Federal, a estrutura organizacional daquele Poder.
Câmara dos Deputados,
b) Estadual: Assembleias Legislativas, A fiscalização não se restringe ao “controle financeiro”, mas in-
c) Municipal: Câmara de Vereadores clui a fiscalização contábil, orçamentária, operacional e patrimonial
d) Distrital: Câmara Distrital da Administração Pública direta e indireta, bem como de qualquer
pessoa física ou jurídica que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Administra- administre dinheiros, bens e valores públicos (CF, art. 70, parágrafo
ção Pública limita-se às hipóteses previstas na Constituição Federal. único).
Alcança os órgãos do Poder Executivo, as entidades da Administra-
ção Indireta e o próprio Poder Judiciário, quando executa função CONTROLE PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS
administrativa. O Tribunal de Contas é competente para realizar a fiscalização
O exercício do controle constitui uma das funções típicas do contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos
Poder Legislativo, ao lado da função de legislar. entes federativos, da Administração Pública direta e indireta, além
das empresas públicas e sociedades de economia mista que tam-
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI): As Comissões bém estão sujeitas à fiscalização dos Tribunais de Contas.
Parlamentares de Inquérito são constituídas pelo Senado ou pela O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo mas não o inte-
Câmara, em conjunto ou separadamente, para investigar fato deter- gra de forma direta. Embora o nome sugira que faça parte do Poder
minado e por prazo certo. Exige-se que o requerimento para a insta- Judiciário, o Tribunal de Contas está administrativamente enqua-
lação contenha um terço de adesão dos membros que compõem as drado no Poder Legislativo. Essa é a posição adotada no Brasil, pois
Casas Legislativas, sendo suas conclusões encaminhadas, quando em outros países essa corte pode integrar qualquer dos outros dois
for o caso, ao Ministério Público. poderes. Sua situação é de órgão auxiliar do Congresso Nacional, e
As Comissões detêm poderes de investigação, mas não com- como tal exerce competências de assessoria do Parlamento, bem
petência para atos judiciais. Assim, investigam com amplitude, mas como outras privativas.
não julgam e submetem suas conclusões ao Ministério Público. Os Tribunais de Contas têm natureza jurídica de órgãos públi-
cos primários despersonalizados. São chamados de órgãos “pri-
Pedido de Informações: O controle exercido por “pedido de in- mários” ou “independentes” porque seu fundamento e estrutura
formações” está previsto no art. 50, § 2º, da Constituição Federal, encontram-se na própria Constituição Federal, não se sujeitando
podendo ser dirigido a ministro de Estado ou a qualquer agente a qualquer tipo de subordinação hierárquica ou funcional a outras
público subordinado à Presidência da República, a fim de aclarar autoridades estatais
matéria que lhe seja afeta.
Tal pedido somente pode ser formulado pelas Mesas da Câ- Composição dos Tribunais de Contas: O Tribunal de Contas da
mara e do Senado, devendo ser atendido no prazo de trinta dias, União é composto por nove ministros que possuem as mesmas ga-
sujeitando o agente, no caso de descumprimento, a crime de res- rantias, prerrogativas, vencimentos e impedimentos dos ministros
ponsabilidade. A norma é aplicável, por simetria, aos Estados e Mu- do STJ.
nicípios. Os Tribunais de Contas dos Estados são formados conforme
previsto nas Constituições Estaduais, respeitando sempre a Cons-
Convocação de Autoridades: A Constituição Federal permite às tituição Federal. É integrado por sete conselheiros, sendo quatro
Casas Legislativas e às suas Comissões a convocação de ministros de escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Governador do
Estado para prestarem esclarecimentos sobre matéria previamente Estado (súmula 653 do STF).
definida. Tais esclarecimentos, ou informações, deverão ser pres- Quanto à criação de Tribunais, Conselhos e órgãos de contas
tados pessoalmente e o descumprimento, repetimos, pode corres- municipais, a Constituição Federal veda a sua criação, no entanto,
ponder à prática de crime de responsabilidade. os municípios que possuíam estas instituições antes da Constituição
de 1988 poderão mantê-las. Já para os municípios posteriores a ela
CONSTITUIÇÃO FEDERAL terão o controle externo da Câmara Municipal realizado com o auxí-
lio dos Tribunais de Contas dos Estados e Ministério Público. Veja-se
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qual- o dispositivo constitucional:
quer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidên- Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
cia da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
assunto previamente determinado, importando crime de responsa- § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com
bilidade a ausência sem justificação adequada. o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou
Nos Estados e Municípios, a Constituição Estadual e as Leis dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
Orgânicas também disciplinam, invariavelmente, a convocação de
secretários municipais e dos dirigentes de autarquias, fundações, Competências: Os Tribunais de contas têm competência fisca-
sociedades de economia mista, empresas públicas ou outras enti- lizadora e a exercem por meio da realização de auditorias e inspe-
dades. Não há previsão constitucional para a convocação do chefe ções em entidades e órgãos da Administração Pública.
do Executivo. A competência de controle exercido pelos Tribunais de conta
atinge a: legalidade, legitimidade, economicidade e aplicação de
subvenções e renúncia de receitas A Constituição Federal ampliou
significativamente as atribuições das Cortes de Contas, dentre as
quais se destacam:

201
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) oferecer parecer prévio sobre contas prestadas anualmente Somente no século XIX passou a se admitir a responsabilidade
pelo chefe do Poder Executivo; subjetiva do Estado. Esse tipo de responsabilidade demanda uma
b) examinar, julgando, as contas dos agentes públicos e admi- análise sobre a intenção do agente pois, sem essa não se fala em
nistradores de dinheiros, bens e valores públicos; responsabilidade. Assim, por essa teoria, somente se responsabiliza
c) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa o sujeito que age com dolo ou culpa.
ou irregularidade de contas, sanções previstas em lei; Dado à ineficiência desse tipo de responsabilização, mostran-
d) fiscalizar repasses de recursos efetuados pela União a Esta- do-se insuficiente para as demandas sociais, surgiu a teoria da res-
dos, Distrito Federal ou a Municípios, mediante convênio, acordo, ponsabilidade objetiva que ignora a demonstração inicial de culpa,
ajuste ou outros instrumentos congêneres; logo, haverá responsabilidade quando houver dano, ilícito e nexo
e) conceder prazo para a correção de irregularidade ou ilega- causal.
lidade;
f) realizar auditorias e inspeções de natureza contábil, financei- ATENÇÃO: Nexo causal é o liame subjetivo que une o dano ao
ra, orçamentária, operacional e patrimonial em qualquer unidade ilícito, ou seja, à conduta.
administrativa dos três Poderes, seja da Administração direta, seja
da indireta. Desde os tempos do Império que a Legislação Brasileira prevê a
reparação dos danos causados a terceiros pelo Estado, por ação ou
O Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência do Tri- omissão dos seus agentes.
bunal de Contas para apreciar a inconstitucionalidade de leis e atos No Brasil, surgiu a criação do Tribunal de Conflitos, em 1.873,
do poder público, dessa forma suas atribuições não dizem respeito passando a evoluir à Responsabilidade Subjetiva.
somente à apreciação da legalidade, mas também da legitimidade Quando falamos em responsabilidade extracontratual, deve-
do órgão e do princípio da economicidade. Segue a súmula: mos pensar que será excluída a responsabilidade contratual, pois
será regida por princípios próprios
Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de suas atri- As Constituições de 1824 e de 1891 já previam a responsabili-
buições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do zação dos funcionários públicos por abusos e omissões no exercício
poder público. de seus cargos. Mas a responsabilidade era do funcionário, vingan-
do até aí, a teoria da irresponsabilidade do Estado.
É ainda competente para fiscalizar os procedimentos de licita- Durante a vigência das Constituições de 1934 e 1937 passou a
ções e, nesse caso, possui prerrogativa para adotar medidas caute- vigorar o princípio da responsabilidade solidária, por ele o lesado
lares com a finalidade de evitar futura lesão ao erário, bem como podia mover ação contra o Estado ou contra o servidor, ou contra
para garantir o cumprimento de suas decisões. ambos, inclusive a execução.
Cabe destacar que é da alçada do Tribunal de Contas julgar as contas O Código Civil de 1916, em seu art. 15, já tratava do assun-
anuais dos administradores e outros responsáveis pelo erário público. to, a saber: “As pessoas jurídicas de direito público são civilmente
Tem ainda o Tribunal a chamada competência sancionatória, responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade
ou seja, o poder de aplicar sanções em caso de ilegalidades nas des- causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito
pesas e nas contas. Suas decisões tem natureza de título executivo ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo con-
tra os causadores do dano”.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. RESPONSABI- Entretanto, a figura da responsabilidade direta ou solidária do
LIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO BRASILEIRO. funcionário desapareceu com o advento da Carta de 1946, que ado-
RESPONSABILIDADE POR ATO COMISSIVO DO ESTADO. tou o princípio da responsabilidade objetiva do Estado, evolução
RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO DO ESTADO. REQUI- jurídica que garante a possibilidade de ação regressiva contra o ser-
SITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE vidor no caso de culpa.
DO ESTADO. CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA Note-se que, a partir da Constituição de 1967 houve um alarga-
RESPONSABILIDADE DO ESTADO mento na responsabilização das pessoas jurídicas de direito público
por atos de seus servidores. Saiu a palavra interno, passando a al-
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO cançar tanto as entidades políticas nacionais, como as estrangeiras.
Esse alargamento ampliou-se ainda mais com a Constituição de
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 1988, que estendeu a aplicabilidade da responsabilidade civil obje-
Durante muito tempo o Estado não era civilmente responsável tiva às pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços
por seus atos, vigorava à época a era do Absolutismo em que o Rei públicos, os não essenciais, por concessão, permissão ou autoriza-
era a figura suprema e, justamente por isso, concentrava todo o ção.
poder em suas mãos.
A figura do rei era indissociável da figura do Estado e, em vá- Modalidades de responsabilidade civil
rias civilizações seu poder supremo era fundamentado na vontade A responsabilidade civil pode demonstrar-se de diversas mo-
de Deus. Surge então a expressão “the king can do no wrong”, ou dalidades:
seja, “o rei nunca erra, e por tal razão não se cogitava em respon-
sabilizá-lo e os danos eventualmente causados decorrente de seus - Subjetiva:
atos ficavam sem reparação. Essa é a teoria da irresponsabilidade A responsabilidade subjetiva difere-se da responsabilidade ob-
do Estado. jetiva com relação à forma, em ambas é exigido a reparação e inde-
Contudo, o funcionário do rei poderia ser responsabilizado nização do dano causado, diferenciando-se com relação à existên-
quando o ato lesivo tivesse relação direta com seu comportamento. cia ou não de culpa por parte do agente que tenha causado dano
à vítima.
Na responsabilidade subjetiva, o fundamento é a demonstra-
ção de que o dano contra a vítima foi causado por culpa do agente.

202
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Para que o agente repare o dano causado é necessário a plena Entretanto, é fundamental, que haja o nexo causal.
consciência do erro causado, caracterizando, desta forma o dolo ou Deve-se atentar para o fato de que a dispensa de comprova-
até mesmo a culpa por negligência, imprudência e imperícia. Con- ção de culpa da Administração pelo administrado não quer dizer
tudo, se o dano não tiver sido causado por dolo ou culpa do agente, que aquela esteja proibida de comprovar a culpa total ou parcial da
compete à vítima suportar os prejuízos, como se tivessem sido cau- vítima, para excluir ou atenuar a indenização. Verificado o dolo ou
sados em virtude de caso fortuito ou força maior. a culpa do agente, cabe à fazenda pública acionar regressivamente
para recuperar deste, tudo aquilo que despendeu com a indeniza-
- Contratual e Extracontratual: ção da vítima.
A responsabilidade contratual decorre da inexecução de um
contrato, unilateral ou bilateral, ou seja, foi quebrado o acordo de Como se sabe, o Estado é realmente um sujeito político, jurídi-
vontade entre as partes, o que acabou causando um ilícito contra- co e economicamente mais poderoso que o administrado, gozando
tual. Esse pacto de vontades pode se dar de maneira tácita ou ex- de determinadas prerrogativas que não se estendem aos demais
pressa, uma das partes pretende ver sua solicitação atendida e a sujeitos de direito.
outra, da mesma forma, assume a obrigação de cumpri-la, mesmo Em razão desse poder, o Estado teria que arcar com um risco
que seja de forma verbal. maior, decorrente de suas inúmeras atividades e, ter que responder
A responsabilidade extracontratual relaciona-se com a prática por ele, trazendo, assim a teoria do Risco Administrativo.
de um ato ilícito que origine dano a outrem, sem gerar vínculo con- Para excluir-se a responsabilidade objetiva, deverá estar ausen-
tratual entre as partes, devendo a parte lesada comprovar além do te ao menos um dos seus elementos, quais sejam conduta, dano
dano a culpa e o nexo de causalidade entre ambos, o que é difícil e nexo de causalidade. A culpa exclusiva da vítima, caso fortuito
de se comprovar. Irá se preocupar com a reparação dos danos pa- e força maior são excludentes de responsabilidade e se tratam de
trimoniais. hipóteses de interrupção do nexo de causalidade.
Este tipo de responsabilidade caracteriza o estado democrático
de direito, conferindo liberdade individual em face da coletividade, c) Teoria do risco integral: a Administração responde invariavel-
através de leis. mente pelo dano suportado por terceiro, ainda que decorrente de
O que ambas tem em comum é que existe a obrigação de re- culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É a exacerbação da
parar o prejuízo, ou por violação a um dever legal, ou por violação teoria do risco administrativo que conduz ao abuso e à iniquidade
a um dever contratual. social, com bem lembrado por Meirelles.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, § 6º, diz: “As
- Objetiva: pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestado-
O Brasil adota a Responsabilidade Objetiva do Estado. Na res- ras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
ponsabilidade objetiva, o dano decorre de uma atividade lícita, que nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
apesar deste caráter gera um perigo a outrem, ocasionando o dever gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
de ressarcimento, pelo simples fato do implemento do nexo cau- E no art. 5º, X, está escrito: “são invioláveis a intimidade, a vida
sal. Para tanto, surgiu a teoria do risco para preencher as lacunas privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
deixadas pela culpabilidade, permitindo que o dano fosse reparado denização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
independente de culpa. Vê-se por esse dispositivo que a indenização não se limita aos
Para Rui Stoco2: “a doutrina da responsabilidade civil objetiva, danos materiais. No entanto, há uma dificuldade nos casos de danos
em contrapartida aos elementos tradicionais (culpa, dano, vínculo morais na fixação do quantum da indenização, em vista da ausência de
de causalidade) determina que a responsabilidade civil assenta-se normas regulamentadoras para aferição objetiva desses danos.
na equação binária, cujos polos são o dano e a autoria do evento Portanto, a responsabilidade do Estado se traduz numa obriga-
danoso. Sem considerar a imputabilidade ou investigar a antijuri- ção, atribuída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais
cidade do evento danoso, o que importa, para garantir o ressar- causados a terceiros por seus agentes públicos, tanto no exercício
cimento, é a averiguação de que se sucedeu o episódio e se dele das suas atribuições, quanto agindo nessa qualidade.
proveio algum prejuízo, confirmando o autor do fato causador do O Estado responde pelos danos causados com base no concei-
dano como o responsável.” to de nexo de causalidade, ou seja, na relação de causa e efeito
existente entre o fato ocorrido e as consequências dele resultantes.
Teorias da responsabilidade objetiva do Estado Não se cogita a necessidade daquele que sofreu o prejuízo,
De acordo com o jurista Hely Lopes Meirelles, são teorias da comprovar a culpa ou o dolo, bastando apenas a demonstração do
responsabilidade objetiva do Estado. nexo de causalidade, como se observou na leitura do art. 37, § 6º
a) teoria da culpa administrativa: a obrigação do Estado inde- da Constituição Federal.
nizar decorre da ausência objetiva do serviço público em si. Não se
trata de culpa do agente público, mas de culpa especial do Poder RESPONSABILIDADE POR AÇÃO OU OMISSÃO DO ESTADO
Público, caracterizada pela falta de serviço público. Nos termos constitucionais. o dano indenizável pode ser mate-
b) teoria do risco administrativo: a responsabilidade civil do rial e/ou moral e ambos podem ser requeridos na mesma ação, se
Estado por atos comissivos ou omissivos de seus agentes é de natu- preencherem os requisitos expostos.
reza objetiva, ou seja, dispensa a comprovação de culpa, bastando Aquele que é investido de competências estatais tem o dever
assim a conduta, o fato danoso e o dano, seja ele material ou moral. objetivo de adotar as providências necessárias e adequadas a evitar
Não se indaga da culpa do Poder Público mesmo porque ela é infe- danos às pessoas e ao patrimônio.
rida do ato lesivo da Administração. Quando o Estado infringir esse dever objetivo e, exercitando
suas competências, der oportunidades a ocorrências do dano, esta-
rão presentes os elementos necessários à formulação de um juízo
de reprovabilidade quanto a sua conduta.
No entanto, não é necessário apurar a existência de uma von-
2 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisdicional. 4. ed.
tade psíquica no sentido da ação ou omissão causadoras do dano.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

203
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Danos por Ação do Estado somente quando configura omissão dolosa ou omissão culposa. Na
O exercício da atuação administrativa esta sujeita a causar le- omissão dolosa, o agente público encarregado de praticar a condu-
são a terceiros, ou seja, a ação estatal é apta a gerar danos e capaz ta decide omitir-se e, por isso, não evita o prejuízo. Já na omissão
de produzir o evento lesivo. Indenizável. culposa, a falta de ação do agente público não decorre de sua inten-
Se houve conduta estatal lesiva a bem jurídico tutelado, cau- ção deliberada em omitir-se, mas deriva da negligência na forma
sando prejuízos de ordem material ou moral ao cidadão, é suficien- de exercer a função administrativa. Exemplo: policial militar que
te para postular a reclamação e consequentemente a reparação do adorme em serviço e, por isso, não consegue evitar furto a banco
dano experimentado. privado.
Por obvio, eventualmente o Estado pode vir a lesar direitos ou
interesses de terceiros com o intuito de satisfazer um determinado REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDA-
interesse público, mediante ação legítima do Estado, sob o funda- DE DO ESTADO
mento da Supremacia dos Interesses Coletivos. No entanto, apesar Assim, pode-se afirmar que são requisitos para a demonstra-
de legitima a ação estatal, no caso de produção de evento lesivo a ção da responsabilidade do Estado a ação ou omissão (ato do agen-
outrem, coexiste o dever de indenizar os danos. te público), o resultado lesivo (dano) e nexo de causalidade.
Dano: decorre da violação de um bem juridicamente tutelado,
Danos por Omissão do Estado que pode ser patrimonial ou extrapatrimonial.
A omissão da conduta necessária e adequada consiste apta a Para que seja ressarcido deve ser certo, atual, próprio ou pes-
caracterizar responsabilidade do Estado consiste na materialização soal.
de vontade, defeituosamente desenvolvida do ente estatal. Insta dizer que o dano não é apenas patrimonial (atinge bens
Logo, a responsabilidade continua a envolver um elemento jurídicos que podem ser auferidos pecuniariamente) ele também
subjetivo, consiste na formulação defeituosa da vontade de agir ou pode ser moral (ofende direitos personalíssimos que atingem inte-
deixar de agir. gridade moral, física e psíquica).
Não há responsabilidade civil objetiva do Estado, mas há pre- Logo, o dano que gera a indenização deve ser:
sunção de culpabilidade derivada da existência de um dever de di- Certo: É o dano real, efetivo, existente. Para requerer indeniza-
ligência especial. Tanto é assim que, se a vítima tiver concorrido ção do Estado é necessário que o dano já tenha sido experimenta-
para o evento danoso, o valor de uma eventual condenação será do. Não se configura a possibilidade de indenização de danos que
minimizado. podem eventualmente ocorrer no futuro.
Essa distinção não é meramente acadêmica, especialmente Especial: É o dano que pode ser particularizado, aquele que
porque a avaliação do elemento subjetivo é indispensável, em cer- não atinge a coletividade em geral; deve ser possível a identificação
tas circunstâncias, para a determinação da indenização devida. do particular atingido.
A Constituição Federal de 1988, seguindo uma tradição estabe- Anormal: É aquele que ultrapassa as dificuldades da vida co-
lecida desde a Constituição Federal de 1946, determinou, em seu mum, as dificuldades do cotidiano.
art. 37, §6º, a responsabilidade objetiva do Estado e responsabili- Direto e imediato: O prejuízo deve ser resultado direito e ime-
dade subjetiva do funcionário. diato da ação ou omissão do Estado, sem quebra do nexo causal.

Em que pese a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILIDA-
ser adotada pela Constituição Federal, o Poder Judiciário, em deter- DE DO ESTADO
minados julgamentos, utiliza a teoria da culpa administrativa para A responsabilidade do Poder Público poderá ser excluída ou
responsabilizar o Estado em casos de omissão. será atenuada quando a conduta da Administração Pública não der
Assim, a omissão na prestação do serviço público tem levado à causa ao prejuízo, ou concorrerem outras circunstâncias que pos-
aplicação da teoria da culpa do serviço público (faute du service). A sam afastar ou mitigar sua responsabilidade.
culpa decorre da omissão do Estado, quando este deveria ter agido Em geral, são chamadas causas excludentes da responsabili-
e não agiu. Por exemplo, o Poder Público não conservou adequa- dade estatal; a força maior, o caso fortuito, a culpa exclusiva da
damente as rodovias e ocorreu um acidente automobilístico com vítima e a culpa de terceiro.
terceiros. Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a condu-
Com relação ao comportamento comissivo ou omissivo do Es- ta da Administração e o dano ocorrido, a responsabilidade estatal
tado, importante destacar o que dispõe MAZZA3 sobre o tema: será afastada.
Existem situações em que o comportamento comissivo de um A força maior pode ser definida como um evento previsível ou
agente público causa prejuízo a particular. São os chamados da- não, porém excepcional e inevitável.
nos por ação. Noutros casos, o Estado deixa de agir e, devido a tal Em regra, não há responsabilidade do Estado, contudo existe
inação, não consegue impedir um resultado lesivo. Nessa hipótese, a possibilidade de responsabilizá-lo mesmo na ocorrência de uma
fala-se me dano por omissão. Os exemplos envolvem prejuízos de- circunstância de força maior, desde que a vítima comprove o com-
correntes de assalto, enchente, bala perdida, queda de árvore, bu- portamento culposo da Administração Pública. Por exemplo, num
raco na via pública e bueiro aberto sem sinalização causando dano primeiro momento, uma enchente que causou danos a particulares
a particular. Tais casos têm em comum a circunstância de inexistir pode ser entendida como uma hipótese de força maior e afastar a
um ato estatal causador do prejuízo. responsabilidade Estatal, contudo, se o particular comprovar que
(...) os bueiros entupidos concorreram para o incidente, o Estado tam-
Em linhas gerais, sustenta-se que o estado só pode ser conde- bém responderá, pois a prestação do serviço de limpeza pública foi
nado a ressarcir prejuízos atribuídos à sua omissão quando a legis- deficiente.
lação considera obrigatória a prática da conduta omitida. Assim, a O caso fortuito é um evento imprevisível e, via de consequên-
omissão que gera responsabilidade é aquela violadora de um dever cia, inevitável. Alguns autores diferenciam-no da força maior ale-
de agir. Em outras palavras, os danos por omissão são indenizáveis gando que ele tem relação com o comportamento humano, en-
quanto a força maior deriva da natureza. Outros, atestam não haver
3 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição.
diferença entre ambos.
2014.

204
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A regra é que o caso fortuito exclua a responsabilidade do Esta- São pressupostos para a propositura da ação regressiva:
do, contudo, se o dano for consequência de falha da Administração, 1) condenação do Estado na ação indenizatória;
poderá haver a responsabilização. Ex: rompimento de um cabo de 2) trânsito em julgado da decisão condenatória;
energia elétrica por falta de manutenção ou por má colocação que 3) culpa ou dolo do agente;
cause a morte de uma pessoa. 4) ausência de denunciação da lide na ação indenizatória.
Nos casos em que está presente a culpa da vítima, duas situa-
ções podem surgir: Importante ressaltar a denunciação à lide, que trata-se de uma
a) O Estado não responde, desde que comprove que houve cul- ação secundária regressiva, podendo ser feita tanto pelo autor
pa exclusiva do lesado; como pelo réu, será citada e denunciada a pessoa contra quem o
b) O Estado responde parcialmente, se demonstrar que houve denunciante tem pretensão indenizatória ou de reembolso.
culpa concorrente do lesado para a ocorrência do dano.

Em caso de culpa concorrente, aplica-se o disposto no art. 945 REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. CONCEITO. PRIN-
do Código Civil: CÍPIOS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o PÚBLICA
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. CONCEITO
O Direito Administrativo é um dos ramos do Direito Público, já
A culpa de terceiro ocorre quando o dano é causado por pessoa que rege a organização e o exercício de atividades do Estado, visan-
diferente da vítima e do agente público. do os interesses da coletividade.
Observe-se que cabe ao Poder Público o ônus de provar a exis- Hely Lopes Meirelles, por sua vez, destaca o elemento finalís-
tência de excludente ou atenuante de responsabilidade. tico na conceituação: os órgãos, agentes e atividades administra-
tivas como instrumentos para realização dos fins desejados pelo
REPARAÇÃO DO DANO Estado. Vejamos: “o conceito de Direito Administrativo Brasileiro,
Quanto à reparação do dano, esta pode ser obtida administra- para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos
tivamente ou mediante ação de indenização junto ao Poder Judi- que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes
ciário. Para conseguir o ressarcimento do prejuízo, a vítima deverá a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo
demonstrar o nexo de causalidade entre o fato lesivo e o dano, bem Estado”.
como o valor do prejuízo. O jurista Celso Antônio Bandeira de Mello enfatiza a ideia de
Uma vez indenizada a vítima, fica a pessoa jurídica com direito função administrativa: “o direito administrativo é o ramo do direito
de regresso contra o responsável, isto é, com o direito de recuperar público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e
o valor da indenização junto ao agente que causou o dano, desde órgãos que a exercem”
que este tenha agido com dolo ou culpa. Observe-se que não está Portanto, direito administrativo é o conjunto dos princípios
sujeito a prazo prescricional a ação regressiva contra o agente pú- jurídicos que tratam da Administração Pública, suas entidades, ór-
blico que agiu com dolo ou culpa para a recuperação dos valores gãos, agentes públicos, enfim, tudo o que diz respeito à maneira
pagos pelos cofres públicos, conforme inteligência do art. 37, pará- de se atingir as finalidades do Estado. Assim, tudo que se refere à
grafo 5º da Constituição Federal: Administração Pública e a relação entre ela e os administrados e
§5º: A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra- seus servidores, é regrado e estudado pelo Direito Administrativo.
ticados por qualquer agente servidor ou não, que causem prejuízos
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. OBJETO
O Direito Administrativo é um ramo que estuda as normas que
DIREITO DE REGRESSO disciplinam o exercício da função administrativa, que regulam a
Nos casos em que se verificar a existência de culpa ou dolo atuação estatal diante da administração da “coisa pública”.
na conduta do agente público causador do dano (Art. 37, §6º, CF), O objeto imediato do Direito Administrativo são os princípios e
poderá o Estado propor ação regressiva, com a finalidade de apurar normas que regulam a função administrativa.
a responsabilidade pessoal do agente, sempre partindo-se do pres- Por sua vez, as normas e os princípios administrativos têm por
suposto de que o Estado já foi condenado anteriormente. objeto a disciplina das atividades, agentes, pessoas e órgãos da Ad-
A entidade estatal que propuser a ação deverá demonstrar a ministração Pública, constituindo o objeto mediato do Direito Ad-
ocorrência dos requisitos que comprovem a responsabilidade do ministrativo.
agente, ou seja, ato, dano, nexo e culpa ou dolo. Caso o elemento
subjetivo, representado pela culpa ou dolo, não esteja presente no FONTES
caso concreto, haverá exclusão da responsabilidade do agente pú- Pode-se entender fonte como a origem de algo, nesse caso a
blico. origem das normas de Direito Administrativo.
Note-se que a Administração Pública tem o dever de propor a) Lei - De acordo com o princípio da legalidade, previsto no
ação regressiva, em razão do princípio da indisponibilidade. Outra texto constitucional do Artigo 37 caput, somente a lei pode impor
questão importante é que não há prazo para propositura da ação obrigações, ou seja, somente a lei pode obrigar o sujeito a fazer ou
regressiva, uma vez que, por força do Art. 37, §5º da CF, esta é im- deixar de fazer algo.
prescritível. Conforme o entendimento da Prof.ª Maria Helena Diniz, em
Ensina mais Alexandre Mazza: quando se tratar de dano causa- sentido jurídico, a Lei é um texto oficial que engloba um conjunto
do por agente ligado a empresas públicas, sociedades de economia de normas, ditadas pelo Poder Legislativo e que integra a organiza-
mista, fundações governamentais, concessionários e permissioná- ção do Estado.
rios, isto é, para pessoas jurídicas de direito privado, o prazo é de
três anos (art. 206, § 3º, V, do CC) contados do trânsito em julgado
da decisão condenatória.

205
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Pode-se afirmar que a lei, em sentido jurídico ou formal, é um → Supremacia do Interesse Público: Também denominado
ato primário, pois encontra seu fundamento na Constituição Fede- supremacia do interesse público sobre o privado, o supraprincípio
ral, bem como possui por características a generalidade (a lei é vá- invoca a necessidade da sobreposição dos interesses da coletivida-
lida para todos) e a abstração (a lei não regula situação concreta). de sobre os individuais. A defesa do interesse público confere ao
Existem diversas espécies normativas: lei ordinária, lei comple- Estado uma série de prerrogativas (‘‘vantagens’’ atribuídas pelo
mentar, lei delegada, medida provisória, decretos legislativos, re- Direito Público) que permite uma atuação desigual em relação ao
soluções, etc. Por serem leis constituem fonte primária do Direito particular.
Administrativo. São exemplos de prerrogativas da Administração Pública: A
NOTA: Não se deve esquecer das normas constitucionais que imprescritibilidade dos bens públicos, ou seja, a impossibilidade
estão no ápice do ordenamento jurídico brasileiro. de aquisição de bens da Administração Pública mediante ação de
b) Doutrina é o resultado do trabalho dos estudiosos e pesqui- usucapião; a possibilidade que a Administração Pública possui de
sadores do Direito, ou seja, é a interpretação que os doutrinadores rescindir os contratos administrativos de forma unilateral, ou seja,
dão à lei. Vê-se que a doutrina não cria normas, mas tão somente independente da expressão de vontade do particular contratado; a
interpreta-as de forma que determinam o sentido e alcance dessa e possibilidade de requisitar os bens dos particulares mediante situa-
norteiam o caminho do seu aplicador. ção de iminente perigo para população, entre outros.
c) Jurisprudência é o resultado do trabalho dos aplicadores da
lei ao caso concreto, especificamente, são decisões reiteradas dos → Indisponibilidade do Interesse Público: O supraprincípio
Tribunais. Também não cria normas, ao contrário, assemelhar-se à da indisponibilidade do interesse público tem como principal função
doutrina porque se trata de uma interpretação da legislação. orientar a atuação dos agentes públicos, que, no exercício da função
d) Costumes, de modo geral, são conceituados como os com- administrativa, devem atuar em nome e em prol dos interesses da Ad-
portamentos reiterados que tem aceitação social. Ex: fila. Não há ministração Pública. Indisponibilidade significa que os agentes públicos
nenhuma regra jurídica que obrigue alguém a respeitar a fila, po- não poderão renunciar poderes (que são também deveres) e compe-
rém as pessoas respeitam porque esse é um costume, ou seja, um tências a eles atribuídos em prol da consecução do interesse público.
comportamento que está intrínseco no seio social. Ademais, uma vez que o agente público goza das prerrogativas
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a indis-
Princípios ponibilidade do interesse público, a fim de impedir que tais prerro-
Alexandre Mazza (2017) define princípios como sendo regras gativas sejam desvirtuadas e utilizadas para a consecução de inte-
condensadoras dos valores fundamentais de um sistema, cuja fun- resses privados, impõe limitações à atuação dos agentes públicos.
ção é informar e enformar o ordenamento jurídico e o modo de São exemplos de limitações impostas aos agentes públicos: A neces-
atuação dos aplicadores e intérpretes do direito. De acordo com o sidade de aprovação em concurso público para o provimento dos cargos
administrativista, a função de informar deve-se ao fato de que os públicos e a necessidade do procedimento licitatório para contratação
princípios possuem um núcleo valorativo essencial da ordem jurídi- de serviços e aquisição de bens para Administração Pública.
ca, ao passo que a função de enformar é caracterizada pelos contor-
nos que conferem a determinada seara jurídica. • Princípios Administrativos Clássicos:
Mazza (2017) atribui dupla funcionalidade aos princípios, quais O art. 37, caput da Constituição Federal disciplina que a Ad-
sejam, a função hermenêutica e a função integrativa. No que toca ministração Pública direta e indireta, tanto no que diz respeito ao
a função hermenêutica, os princípios são responsáveis por esclare- desempenho do serviço público, quanto no que concerne ao exer-
cer o conteúdo dos demais dispositivos legais, quando os mesmos cício da função econômica, deverá obedecer aos princípios da Le-
se mostrarem obscuros no ato de tutela dos casos concretos. Por galidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, os
meio da função integrativa, por sua vez, os princípios cumprem a famigerados princípios do LIMPE.
tarefa de suprir eventuais lacunas legais observadas em matérias Legalidade: O princípio da legalidade, no Direito Administrati-
específicas e/ou diante das particularidades que permeiam a apli- vo, ramo do Direito Público, possui um significado diferente do que
cação das normas aos casos concretos. apresenta no Direito Privado. Para o Direito Privado, considera-se
legal toda e qualquer conduta do indivíduo que não esteja defesa
Os princípios possuem papel importantíssimo para o Direito em lei, que não contrarie a lei. Para o Direito Administrativo, legali-
Administrativo. Uma vez que trata-se de ramo jurídico não codifica- dade significa subordinação à lei, assim, o administrador só poderá
do, os princípios, além de exercerem função hermenêutica e inte- atuar no momento e da maneira que a lei permite. Nesse sentido,
grativa, cumprem o papel de alinhavar os dispositivos legais espar- havendo omissão legislativa (lacuna legal, ausência de previsão le-
sos que compõe a seara do Direito Administrativo, conferindo-lhe gal) em determinada matéria, o administrador não poderá atuar,
coerência e unicidade. estará diante de uma vedação.
Os princípios do Direito Administrativo podem ser expressos,
ou seja, positivados, escritos na lei, ou implícitos, não positivados, Importante! O princípio da legalidade considera a lei em senti-
não expressamente escritos na lei. Importa esclarecer que não do amplo, assim, compreende-se como lei qualquer espécie norma-
existe hierarquia (grau de importância ou superioridade) entre os tiva prevista pelo art. 59 da Constituição Federal.
princípios expressos e implícitos, de forma que os últimos não são
inferiores aos primeiros. Prova de tal afirmação, é o fato de que os Impessoalidade: O princípio da impessoalidade deve ser anali-
dois princípios (ou supraprincípios) que dão forma o Regime Jurídi- sado sob duas óticas, são elas:
co Administrativo, são implícitos. a) Impessoalidade sob a ótica da atuação da Administração
• Regime Jurídico Administrativo: O Regime Jurídico Admi- Pública em relação aos administrados: O administrado deve pautar
nistrativo é formado por todos os princípios e demais dispositivos sua atuação na não discriminação e na não concessão de privilé-
legais que compõe o Direito Administrativo. Entretanto, é correta gios aos indivíduos que o ato atingirá, o que significa que sua atua-
a afirmação de que as bases desse regime são lançadas por dois ção deverá estar calcada na neutralidade e na objetividade, não na
princípios centrais, ou supraprincípios, são eles: Supremacia do In- subjetividade.
teresse Público e Indisponibilidade do Interesse Público.

206
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Sobre o assunto, Matheus Carvalho (2017) cita o exemplo do Em âmbito administrativo, a ampla defesa, conforme assevera
concurso público para provimento de cargos públicos. Ao nomear Matheus Carvalho (2017), compreende tanto o direito à defesa pré-
indivíduos para ocupação dos cargos em questão, o administrador via, direito de o particular se manifestar antes da decisão adminis-
estará vinculado a lista de aprovados no certame, não podendo se- trativa, a fim de formar o convencimento do administrador, quanto
lecionar qualquer outro sujeito. à defesa técnica, faculdade (possibilidade) que o particular possui
b) Impessoalidade do administrador em relação a sua própria de constituir procurador (advogado).
atuação: A compreensão desse tópico exige a leitura do parágrafo Importante! O processo administrativo admite o duplo grau
primeiro do art. 37 da CF/88. Vejamos: ‘‘A publicidade dos atos, pro- de jurisdição, ou seja, a possibilidade de interpor recursos em face
gramas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá sentença desfavorável.
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem Inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5, inciso XXXV da
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’ CF/88): Insatisfeito com decisão proferida em âmbito administrati-
Do dispositivo legal supratranscrito é possível inferir que o uso vo, o particular poderá recorrer ao judiciário. Diz-se que a decisão
da máquina pública para fins de promoção pessoal de autoridades administrativa não forma Coisa Julgada Material, ou seja, não afasta
e agentes públicos constitui violação ao princípio da impessoalida- a apreciação da matéria pelo judiciário, pois, caso o fizesse, consisti-
de. Quando o agente público atua, no exercício da função adminis- ria em violação ao princípio da Inafastabilidade do Poder Judiciário.
trativa, o faz em nome da Administração Pública, e não em nome Ocorre que, de acordo com o princípio ora em análise, qual-
próprio. quer indivíduo que sofra lesão ou ameaça a direito, poderá, sem
Assim, se o Prefeito João do município J, durante a inauguração ressalva, recorrer ao Poder Judiciário.
de uma praça com espaço recreativo voltado para crianças, contrata Autotutela: De acordo com a súmula 473 do STF, por meio da
um carro de som para transmitir a mensagem: ‘‘ A nova praça é um autotutela, a Administração Pública pode rever os atos que pratica.
presente do Prefeito João para a criançada do município J’’, estará A autotutela pode ser provocada pelo particular interessado, por
violando o princípio da impessoalidade. meio do direito de petição, mas também pode ser exercida de ofí-
cio, ou seja, é possível que a Administração Pública reveja os atos
Moralidade: Bom trato com a máquina pública. Atuação admi- que pratica sem que seja necessária qualquer provocação.
nistrativa pautada nos princípios da ética, honestidade, probidade
e boa fé. A moralidade na Administração Pública está intimamente Motivação: É dever da Administração Pública justificar, motivar
ligada a não corrupção, não se confundindo com o conceito de mo- os atos que pratica. Isso ocorre devido ao fato de que a sociedade
ralidade na vida privada. é a real titular do interesse público e, nessa qualidade, tem o direi-
to de conhecer as questões que levaram a Administração Pública a
Publicidade: A publicidade é um mecanismo de controle dos praticar determinado ato em determinado momento. Existem ex-
atos administrativos por parte da sociedade, está associada à pres- ceções ao dever de motivar, exemplo, a nomeação e exoneração de
tação de informação da atuação pública aos administrados. A regra servidores que ocupam cargos em comissão, conforme disciplina o
é que a atuação administrativa seja pública, viabilizando, assim, o art. 40,§13 da CF/88.
controle da sociedade. Entretanto, o princípio em questão não é O princípio da motivação é tratado pelos seguintes dispositivos
absoluto, admitindo exceções previstas em lei. Dessa forma, em legais:
situações em que devam ser preservadas a segurança nacional, Art. 50 da lei 9.784/99 ‘‘ Os atos administrativos deverão ser
relevante interesse coletivo e intimidade, honra e vida privada, o motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos.’’
princípio da publicidade será afastado. 50, §1° da lei 9.784/99‘‘A motivação deve ser explícita, clara e
Ademais, cumpre advertir que a publicidade é requisito de efi- congruente, podendo consistir em declaração de concordância com
cácia dos atos administrativos que se voltam para a sociedade, de fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
forma que os mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.’’
publicados. Ex: Proibição de levar animais e andar de bicicleta em O parágrafo primeiro do artigo cinquenta, de acordo com Ma-
praça (bem público) recentemente inaugurada só será eficaz me- theus Carvalho (2017) diz respeito à motivação aliunde, que como
diante placa com o aviso. o próprio dispositivo legal denuncia, ocorre quando o administra-
dor recorre a motivação de atos anteriormente praticados para jus-
Eficiência (Inserido pela Emenda Constitucional 19/98): De tificar o ato que expedirá.
acordo com esse princípio, a Administração Pública deve atingir
os melhores resultados possíveis com o mínimo de gastos, ou seja, Continuidade (Lei 8987/95): De acordo com o princípio da con-
produzir mais utilizando menos. Com a eficiência, deseja-se rapi- tinuidade, a atividade administrativa deve ser contínua e não pode
dez, qualidade, presteza e menos desperdício de recursos possível. sofrer interrupções. A respeito deste princípio, Matheus Carvalho
O princípio da eficiência inspirou, por exemplo, a avaliação pe- (2017) traz alguns questionamentos, vejamos:
riódica de desempenho do servidor público.
→ Se a atividade administrativa deve ser contínua e ininterrup-
• Demais princípios que desempenham papel fundamental ta, o servidor público não possui direito de greve?
no Direito Administrativo ( CARVALHO, 2017) Depende. Servidores militares não possuem direito de greve,
Ampla Defesa e Contraditório (art. 5, LV da CF/88): São os tampouco de sindicalização. Em se tratando dos servidores civis, o
princípios responsáveis por enunciar o direito do particular adquirir co- direito de greve existe e deve ser exercido nos termos e condições
nhecimento sobre o que se passa em processos nos quais componha da lei específica cabível. Tal lei específica, entretanto, nunca foi edi-
um dos polos (autor ou réu), bem como, de se manifestar acerca dos tada, de forma que STF decidiu que, diante da omissão, os servido-
fatos que lhe são imputados. Contraditório e Ampla Defesa, portanto, res públicos civis poderão fazer greve nos moldes da Lei Geral de
são princípios que se complementam, devendo ser observados tanto Greve.
em processos judiciais, quanto em processos administrativos.

207
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
→ É possível que o particular contratado pela Administração DECRETA:
Pública se valha da exceção de contrato não cumprido? Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor
Primeiramente, se faz necessário esclarecer que exceção de Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa.
contrato não cumprido é o direito que a parte possui de não cum- Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal
prir com suas obrigações contratuais caso a outra parte também direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências
não tenha cumprido com as dela. necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante
a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três
Dessa forma, suponhamos que a Administração Pública deixa servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego
de fazer os pagamentos ao particular contratado, este poderá dei- permanente.
xar de prestar o serviço pactuado? Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será co-
Sim, entretanto só poderá fazê-lo após 90 dias de inadimplên- municada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da
cia, trata-se de garantia conferida pelo princípio da continuidade República, com a indicação dos respectivos membros titulares e su-
disciplinada pelo art. 78, XV da Lei 8.666/93. plentes.
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.
→A interrupção de um serviço público em razão do inadimple-
mento do usuário fere o princípio da continuidade? Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106°
De acordo com o art. 6, § 3º da Lei 8987/95, a interrupção de da República.
serviço público em virtude do inadimplemento do usuário não fere ITAMAR FRANCO
o princípio da continuidade desde que haja prévio aviso ou seja
configurada situação de emergência, contanto, ainda, que seja pre- ANEXO
servado o interesse coletivo. Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po-
Razoabilidade e Proporcionalidade: A atividade da Administra- der Executivo Federal
ção Pública deve obedecer a padrões plausíveis, aceitáveis para a
sociedade. Diz-se então, que a atuação administrativa deve ser ra- CAPÍTULO I
zoável. No que diz respeito à proporcionalidade, deve-se pensar em
adequação entre a finalidade pretendida e os meios utilizados para Seção I
o alcance dessa finalidade, por exemplo, não é razoável e propor- Das Regras Deontológicas
cional que um servidor público que se ausenta de suas atividades
por apenas um dia seja punido com a sanção de exoneração. I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos
princípios morais são primados maiores que devem nortear o ser-
Isonomia: O princípio da isonomia consiste no tratamento vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já
igual aos indivíduos que se encontram na mesma situação e no tra- que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus
tamento diferenciado aos indivíduos que se encontram em situação atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preser-
de desigualdade. Exemplo: Tratamento diferenciado (‘‘vantagens’’) vação da honra e da tradição dos serviços públicos.
conferido às microempresas e empresas de pequeno porte no pro- II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
cedimento de licitação, a fim de que possam competir de forma ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
mais justa junto às empresas detentoras de maior poder econômi- legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
co. o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°,
Segurança Jurídica: Disciplinado pelo art. 2º, parágrafo único, da Constituição Federal.
XIII da Lei 9784/99 ‘‘ Nos processos administrativos será observada III - A moralidade da Administração Pública não se limita à dis-
a interpretação da norma administrativa da forma que melhor ga- tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que
ranta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplica- o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
ção retroativa de nova interpretação.’’. Do dispositivo legal é possí- finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar
vel extrair o fato de que não é possível aplicação retroativa de nova a moralidade do ato administrativo.
interpretação da norma em âmbito administrativo, visto que tal me- IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-
dida, ao ferir legítimas expectativas de direito dos administrados, tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e
constituiria lesão ao princípio da Segurança Jurídica. por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-
trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua
aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em
DECRETO Nº 1.171/ 1994 (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIO- fator de legalidade.
NAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a
FEDERAL) comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio
bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.
Poder Executivo Federal. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua
vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe vida funcional.
confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações poli-
no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° ciais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública,
8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso,
8.429, de 2 de junho de 1992, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo

208
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes
a negar. dano moral;
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re-
omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu-
pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado ra em que se funda o Poder Estatal;
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mes- contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa-
mo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica- imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;
dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe-
mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente cíficas da defesa da vida e da segurança coletiva;
significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua
qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa-
por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao mente em todo o sistema;
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
esperanças e seus esforços para construí-los. dências cabíveis;
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na ção;
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
usuários dos serviços públicos. zação do bem comum;
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, exercício da função;
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
pública. superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase boa ordem.
sempre conduz à desordem nas relações humanas. s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or- direito;
ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
da Nação. dicionados administrativos;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
Seção II ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes-
Dos Principais Deveres do Servidor Público mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual-
quer violação expressa à lei;
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
emprego público de que seja titular; cumprimento.
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen-
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações Seção III
procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer ou- Das Vedações ao Servidor Público
tra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que
exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; XV - E vedado ao servidor público;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri- a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum; para outrem;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es- b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu res ou de cidadãos que deles dependam;
cargo; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan- com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
do o processo de comunicação e contato com o público; de sua profissão;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú- regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
blicos; ou material;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al-
peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuá- cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
rios do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou

209
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o RESOLUÇÕES 1 A 10 DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA DA
público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie- PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
rarquicamente superiores ou inferiores;
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo Resolução nº 01, 13 de setembro de 2000
de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-
tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, Estabelece procedimentos para apresentação de informações, so-
para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi- bre situação patrimonial, pelas autoridades submetidas ao Código
dor para o mesmo fim; de Conduta da Alta Administração Federal.
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-
nhar para providências; A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições, e
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten- tendo em vista o disposto no art. 4o do Código de Conduta da Alta
dimento em serviços públicos; Administração Federal,
j) desviar servidor público para atendimento a interesse parti- RESOLVE:
cular; Art. 1º O cumprimento do disposto no art. 4o do Código de
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autoriza- Conduta da Alta Administração Federal, que trata da apresentação
do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio de informações sobre a situação patrimonial das autoridades a ele
público; submetidas, será atendido mediante o envio à Comissão de Ética
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito in- Pública - CEP de:
terno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos I - lista dos bens, com identificação dos respectivos valores es-
ou de terceiros; timados ou de aquisição, que poderá ser substituída pela remessa
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual- de cópia da última declaração de bens apresentada à Secretaria da
mente; Receita Federal do Ministério da Fazenda;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra II - informação sobre situação patrimonial específica que, a juízo
a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; da autoridade, suscite ou possa eventualmente suscitar conflito com o
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a interesse público e, se for o caso, o modo pelo qual pretende evitá-lo.
empreendimentos de cunho duvidoso. Art. 2º As informações prestadas na forma do artigo anterior
são de caráter sigiloso e, uma vez conferidas por pessoa designada
CAPÍTULO II pela CEP, serão encerradas em envelope lacrado.
DAS COMISSÕES DE ÉTICA Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à CEP as par-
ticipações de que for titular em sociedades de economia mista, de
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública instituição financeira ou de empresa que negocie com o Poder Pú-
Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer blico, conforme determina o art. 6o do Código de Conduta.
órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder Art. 4º O prazo de apresentação de informações será de dez
público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de dias, contados:
orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tra- I - da data de publicação desta Resolução, para as autoridades
tamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin- que já se encontram no exercício do cargo;
do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento II - da data da posse, para as autoridades que vierem a ser do-
susceptível de censura. ravante nomeadas.
XVII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a prestar in-
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos formações (art. 2º do Código de Conduta):
encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os I - Ministros e Secretários de Estado;
registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e funda- II - titulares de cargos de natureza especial, secretários-execu-
mentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios tivos, secretários ou autoridades equivalentes ocupantes de cargo
da carreira do servidor público. do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível seis;
XIX-(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) III - presidentes e diretores de agências nacionais, autarquias,
XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) inclusive as especiais, fundações mantidas pelo Poder Público, em-
XXI -(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) presas públicas e sociedades de economia mista.
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Art. 6º As informações prestadas serão mantidas em sigilo,
Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo como determina o § 2º do art. 5º do referido Código.
parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do fal- Art. 7º As informações de que trata esta Resolução deverão ser
toso. remetidas à CEP, em envelope lacrado, localizada no Anexo II do
XXIII -(Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) Palácio do Planalto, sala 250 - Brasília-DF.
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, en-
tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, Resolução nº 02, 24 de outubro de 2000
contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza
permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição Regula a participação de autoridade pública abrangida pelo
financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór- Código de Conduta da Alta Administração Federal em seminários e
gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, outros eventos
as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso
do Estado. V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente resolução
XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) interpretativa do parágrafo único do art.7º do Código de Conduta
da Alta Administração Federal.

210
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1. A participação de autoridade pública abrangida pelo Código Presentes
de Conduta da Alta Administração Federal em atividades externas, 1. A proibição de que trata o Código de Conduta se refere ao rece-
tais como seminários, congressos, palestras e eventos semelhan- bimento de presentes de qualquer valor, em razão do cargo que ocupa
tes, no Brasil ou no exterior, pode ser de interesse institucional ou a autoridade, quando o ofertante for pessoa, empresa ou entidade que:
pessoal. I – esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que per-
2. Quando se tratar de participação em evento de interesse tença a autoridade;
institucional, as despesas de transporte e estada, bem como as ta- II – tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial em
xas de inscrição, se devidas, correrão por conta do órgão a que per- decisão que possa ser tomada pela autoridade, individualmente ou
tença a autoridade, observado o seguinte: de caráter coletivo, em razão do cargo;
I - excepcionalmente, as despesas de transporte e estada, bem III – mantenha relação comercial com o órgão a que pertença
como as taxas de inscrição, poderão ser custeadas pelo patrocina- a autoridade; ou
dor do evento, se este for: IV – represente interesse de terceiros, como procurador ou
a) organismo internacional do qual o Brasil faça parte; preposto, de pessoas, empresas ou entidades compreendidas nos
b) governo estrangeiro e suas instituições; incisos I, II e III.
c) instituição acadêmica, científica e cultural; 2. É permitida a aceitação de presentes:
d) empresa, entidade ou associação de classe que não esteja I – em razão de laços de parentesco ou amizade, desde que
sob a jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autoridade, o seu custo seja arcado pelo próprio ofertante, e não por pessoa,
nem que possa ser beneficiária de decisão da qual participe a re- empresa ou entidade que se enquadre em qualquer das hipóteses
ferida autoridade, seja individualmente, seja em caráter coletivo. previstas no item anterior;
II - a autoridade poderá aceitar descontos de transporte, hos- II – quando ofertados por autoridades estrangeiras, nos casos
pedagem e refeição, bem como de taxas de inscrição, desde que protocolares em que houver reciprocidade ou em razão do exercício
não se refira a benefício pessoal. de funções diplomáticas.
3. Quando se tratar de evento de interesse pessoal da autorida- 3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de pre-
de, as despesas de remuneração, transporte e estada poderão ser sente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá adotar uma das
custeadas pelo patrocinador, desde que: seguintes providências, em razão da natureza do bem:
I - a autoridade torne públicas as condições aplicáveis à sua I – tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou artístico,
participação, inclusive o valor da remuneração, se for o caso; destiná-lo ao acervo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
II - o promotor do evento não tenha interesse em decisão que Nacional-IPHAN para que este lhe dê o destino legal adequado;
possa ser tomada pela autoridade, seja individualmente, seja de ca- II – promover a sua doação a entidade de caráter assistencial
ráter coletivo. ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que,
4. As atividades externas de interesse pessoal não poderão ser tratando-se de bem não perecível, esta se comprometa a aplicar o
exercidas em prejuízo das atividades normais inerentes ao cargo. bem ou o produto da sua alienação em suas atividades fim; ou
5. A publicidade da remuneração e das despesas de transpor- III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou
te e estada será assegurada mediante registro do compromisso na do órgão público onde exerce a função.
respectiva agenda de trabalho da autoridade, com explicitação das 4. Não caracteriza presente, para os fins desta Resolução:
condições de sua participação, a qual ficará disponível para consulta I – prêmio em dinheiro ou bens concedido à autoridade por
pelos interessados. entidade acadêmica, científica ou cultural, em reconhecimento por
6. A autoridade não poderá aceitar o pagamento ou reembolso sua contribuição de caráter intelectual;
de despesa de transporte e estada, referentes à sua participação II – prêmio concedido em razão de concurso de acesso público
em evento de interesse institucional ou pessoal, por pessoa física a trabalho de natureza acadêmica, científica, tecnológica ou cultural;
ou jurídica com a qual o órgão a que pertença mantenha relação de III – bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoamento profissio-
negócio, salvo se o pagamento ou reembolso decorrer de obrigação nal ou técnico da autoridade, desde que o patrocinador não tenha
contratual previamente assumida perante aquele órgão. interesse em decisão que possa ser tomada pela autoridade, em
razão do cargo que ocupa.
Resolução nº 03, 23 de novembro de 2000
Brindes
Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicáveis às 5. É permitida a aceitação de brindes, como tal entendidos
autoridades públicas abrangidas pelo Código de Conduta da Alta aqueles:
Administração Federal I –que não tenham valor comercial ou sejam distribuídos por
entidade de qualquer natureza a título de cortesia, propaganda, di-
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso vulgação habitual ou por ocasião de eventos ou datas comemora-
V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e considerando que: tivas de caráter histórico ou cultural, desde que não ultrapassem o
a) de acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta Admi- valor unitário de R$ 100,00 (cem reais);
nistração Federal, é vedada a aceitação de presentes por autorida- II – cuja periodicidade de distribuição não seja inferiora 12
des públicas a ele submetidas; (doze) meses; e
b) a aplicação da mencionada norma e de suas exceções re- III –. que sejam de caráter geral e, portanto, não se destinem a
quer orientação de caráter prático às referidas autoridades, agraciar exclusivamente uma determinada autoridade.
Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpretativo: 6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem reais),
será ele tratado como presente, aplicando-se-lhe a norma prevista
no item 3 acima.
7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de até R$
100,00 (cem reais), a autoridade determinará sua avaliação junto
ao comércio , podendo ainda, se julgar conveniente, dar-lhe desde
logo o tratamento de presente.

211
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Divulgação e solução de dúvidas CAPÍTULO III
8. A autoridade deverá transmitir a seus subordinados as nor- DO FUNCIONAMENTO
mas constantes desta Resolução, de modo a que tenham ampla di-
vulgação no ambiente de trabalho. Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu presidente, que
9. A incorporação de presentes ao patrimônio histórico cul- terá mandato de um ano, permitida a recondução.
tural e artístico, assim como a sua doação a entidade de caráter Art. 5º As reuniões colegiadas da CEP serão instauradas me-
assistencial ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, diante a presença, física ou remota, da maioria absoluta de seus
deverá constar da respectiva agenda de trabalho ou de registro es- membros (redação dada pela Resolução nº 14, de 25 de março de
pecífico da autoridade, para fins de eventual controle. 2020).
10. Dúvidas específicas a respeito da implementação das nor- Parágrafo único. As deliberações da CEP serão tomadas por
mas sobre presentes e brindes poderão ser submetidas à Comissão maioria simples, cabendo ao Presidente o voto de qualidade. (inclu-
de Ética Pública, conforme o previsto no art. 19 do Código de Con- ído pela Resolução nº 14, de 25 de março de 2020).
duta. Art. 6º A CEP terá um Secretário-Executivo, vinculado à Casa
Civil da Presidência da República, que lhe prestará apoio técnico e
Resolução nº 04, 07 de junho de 2001 administrativo.
§ 1º O Secretário-Executivo submeterá anualmente à CEP pla-
Aprova o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública A no de trabalho que contemple suas principais atividades e propo-
COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2o, inciso nha metas, indicadores e dimensione os recursos necessários.
VII, do Decreto de 26 de maio de 1999 § 2º Nas reuniões ordinárias da CEP, o Secretário-Executivo
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2º, prestará informações sobre o estágio de execução das atividades
inciso VII, do Decreto de 26 de maio de 1999 contempladas no plano de trabalho e seus resultados, ainda que
RESOLVE: parciais.
Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o Regimento Art. 7º As reuniões da CEP ocorrerão, em caráter ordinário,
Interno da Comissão de Ética Pública. mensalmente, e, extraordinariamente, sempre que necessário, por
iniciativa de qualquer de seus membros.
CAPÍTULO I § 1º A pauta das reuniões da CEP será composta a partir de
DA COMPETÊNCIA sugestões de qualquer de seus membros ou por iniciativa do Secre-
tário-Executivo, admitindo-se no início de cada reunião a inclusão
Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP): de novos assuntos na pauta.
I - assegurar a observância do Código de Conduta da Alta Admi- § 2º Assuntos específicos e urgentes poderão ser objeto de de-
nistração Federal, aprovado pelo Presidente da República em 21 de liberação mediante comunicação entre os membros da CEP.
agosto de 2000, pelas autoridades públicas federais por ele abran-
gidas; CAPÍTULO IV
II - submeter ao Presidente da República sugestões de aprimo- DAS ATRIBUIÇÕES
ramento do Código de Conduta e resoluções de caráter interpreta-
tivo de suas normas; Art. 8º Ao Presidente da CEP compete:
III - dar subsídios ao Presidente da República e aos Ministros I - convocar e presidir as reuniões;
de Estado na tomada de decisão concernente a atos de autorida- II - orientar os trabalhos da Comissão, ordenar os debates, ini-
de que possam implicar descumprimento das normas do Código de ciar e concluir as deliberações;
Conduta; III - orientar e supervisionar os trabalhos da Secretaria-Execu-
IV - apurar, de ofício ou em razão de denúncia, condutas que tiva;
possam configurar violação do Código de Conduta, e, se for o caso, IV - tomar os votos e proclamar os resultados;
adotar as providências nele previstas; V - autorizar a presença nas reuniões de pessoas que, por si ou
V - dirimir dúvidas a respeito da aplicação do Código de Condu- por entidades que representem, possam contribuir para os traba-
ta e deliberar sobre os casos omissos; lhos da CEP;
VI - colaborar, quando solicitado, com órgãos e entidades da VI - proferir voto de qualidade;
administração federal, estadual e municipal, ou dos Poderes Legis- VII - determinar o registro de seus atos enquanto membro da
lativo e Judiciário; e Comissão, inclusive reuniões com autoridades submetidas ao Códi-
VII - dar ampla divulgação ao Código de Conduta. go de Conduta;
VIII - determinar ao Secretário-Executivo, ouvida a CEP, a ins-
CAPÍTULO II tauração de processos de apuração de prática de ato em desres-
DA COMPOSIÇÃO peito ao preceituado no Código de Conduta da Alta Administração
Federal, a execução de diligências e a expedição de comunicados à
Art. 3o A CEP é composta por sete membros designados pelo autoridade pública para que se manifeste na forma prevista no art.
Presidente da República, com mandato de três anos, podendo ser 12 deste Regimento; e
reconduzidos. IX - decidir os casos de urgência, ad referendum da CEP.
§ 1º Os membros da CEP não terão remuneração e os trabalhos Art. 9º Aos membros da CEP compete:
por eles desenvolvidos são considerados prestação de relevante I - examinar as matérias que lhes forem submetidas, emitindo
serviço público. pareceres;
§ 2º As despesas com viagens e estada dos membros da CEP se- II - pedir vista de matéria em deliberação pela CEP;
rão custeadas pela Presidência da República, quando relacionadas III - solicitar informações a respeito de matérias sob exame da
com suas atividades. Comissão; e
IV - representar a CEP em atos públicos, por delegação de seu
Presidente.

212
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 10. Ao Secretário-Executivo compete: III - a CEP poderá promover as diligências que considerar neces-
I - organizar a agenda das reuniões e assegurar o apoio logístico sárias, assim como solicitar parecer de especialista quando julgar
à CEP; imprescindível;
II - secretariar as reuniões; IV - concluídas as diligências mencionadas no inciso anterior,
III - proceder ao registro das reuniões e à elaboração de suas a CEP oficiará à autoridade para nova manifestação, no prazo de
atas; três dias;
IV - dar apoio à CEP e aos seus integrantes no cumprimento das V - se a CEP concluir pela procedência da denúncia, adotará
atividades que lhes sejam próprias; uma das providências previstas no inciso V do art. 11, com comuni-
V - instruir as matérias submetidas à deliberação; cação ao denunciado e ao seu superior hierárquico.
VI - providenciar, previamente à instrução de matéria para de-
liberação pela CEP, nos casos em que houver necessidade, parecer CAPÍTULO VII
sobre a legalidade de ato a ser por ela baixado; DOS DEVERES E RESPONSABILIDADE DOS MEMBROS DA
VII - desenvolver ou supervisionar a elaboração de estudos e COMISSÃO
pareceres como subsídios ao processo de tomada de decisão da
CEP; Art. 13. Os membros da CEP obrigam-se a apresentar e manter
VIII - solicitar às autoridades submetidas ao Código de Condu- arquivadas na Secretaria-Executiva declarações prestadas nos ter-
ta informações e subsídios para instruir assunto sob apreciação da mos do art. 4o do Código de Conduta.
CEP; e Art. 14. Eventuais conflitos de interesse, efetivos ou potenciais,
IX - tomar as providências necessárias ao cumprimento do que possam surgir em função do exercício das atividades profissio-
disposto nos arts. 8o, inciso VII, e 12 deste Regimento, bem como nais de membro da Comissão, deverão ser informados aos demais
outras determinadas pelo Presidente da Comissão, no exercício de membros.
suas atribuições. Parágrafo único. O membro da CEP que, em razão de sua ativi-
dade profissional, tiver relacionamento específico em matéria que
CAPÍTULO V envolva autoridade submetida ao Código de Conduta da Alta Ad-
DAS DELIBERAÇÕES ministração, deverá abster-se de participar de deliberação que, de
qualquer modo, a afete.
Art. 11. As deliberações da CEP relativas ao Código de Conduta Art. 15. As matérias examinadas nas reuniões da CEP são con-
compreenderão: sideradas de caráter sigiloso até sua deliberação final, quando a Co-
I - homologação das informações prestadas em cumprimento missão deverá decidir sua forma de encaminhamento.
às obrigações nele previstas; Art. 16. Os membros da CEP não poderão se manifestar pu-
II - adoção de orientações complementares: blicamente sobre situação específica que possa vir a ser objeto de
a) mediante resposta a consultas formuladas por autoridade a deliberação formal do Colegiado.
ele submetidas; Art. 17. Os membros da CEP deverão justificar eventual impos-
b) de ofício, em caráter geral ou particular, mediante comuni- sibilidade de comparecer às reuniões.
cação às autoridades abrangidas, por meio de resolução, ou, ainda,
pela divulgação periódica de relação de perguntas e respostas apro- CAPÍTULO VIII
vada pela CEP; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
III - elaboração de sugestões ao Presidente da República de
atos normativos complementares ao Código de Conduta, além de Art. 18. O Presidente da CEP, em suas ausências, será substituí-
propostas para sua eventual alteração; do pelo membro mais antigo da Comissão.
IV - instauração de procedimento para apuração de ato que Art. 19. Caberá à CEP dirimir qualquer dúvida relacionada a
possa configurar descumprimento ao Código de Conduta; e este Regimento Interno, bem como promover as modificações que
V - adoção de uma das seguintes providências em caso de in- julgar necessárias.
fração: Parágrafo único. Os casos omissos serão resolvidos pelo cole-
a) advertência, quando se tratar de autoridade no exercício do giado.
cargo; Art. 20. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica-
b) censura ética, na hipótese de autoridade que já tiver deixado ção.
o cargo; e
c) encaminhamento de sugestão de exoneração à autoridade RESOLUÇÃO Nº 05, 07 DE JUNHO DE 2001
hierarquicamente superior, quando se tratar de infração grave ou
de reincidência. Aprova o modelo de Declaração Confidencial de Informações a
ser apresentada por autoridade submetida ao Código de Conduta
CAPÍTULO VI da Alta Administração Federal, e dispõe sobre a atualização de in-
DAS NORMAS DE PROCEDIMENTO formações patrimoniais para os fins do art. 4o do Código de Condu-
ta da Alta Administração Federal
Art. 12. O procedimento de apuração de infração ao Código de A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2º,
Conduta será instaurado pela CEP, de ofício ou em razão de denún- inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e nos termos do art. 4o
cia fundamentada, desde que haja indícios suficientes, observado do Código de Conduta da Alta Administração Federal,
o seguinte: RESOLVE:
I - a autoridade será oficiada para manifestar-se por escrito no Art. 1º A autoridade pública nomeada para cargo abrangido
prazo de cinco dias; pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal, aprovado
II - o eventual denunciante, a própria autoridade pública, bem pelo Presidente da República em 21 de agosto de 2000, encami-
assim a CEP, de ofício, poderão produzir prova documental;

213
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
nhará à Comissão de Ética Pública, no prazo de dez dias da data de II – expor publicamente divergências com outra autoridade ad-
nomeação, Declaração Confidencial de Informações - DCI, confor- ministrativa federal ou criticar-lhe a honorabilidade e o desempe-
me modelo anexo. nho funcional (artigos 11 e 12, inciso I, do CCAAF);
Art. 2º Estão obrigados à apresentação da DCI ministros, secre- III – exercer, formal ou informalmente, função de administra-
tários de estado, titulares de cargos de natureza especial, secretá- dor de campanha eleitoral.
rios executivos, secretários ou autoridade equivalentes ocupantes Art. 4º Nos eventos político-eleitorais de que participar, a au-
de cargos do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, toridade não poderá fazer promessa, ainda que de forma implícita,
nível seis, presidentes e diretores de agências nacionais, autarquias, cujo cumprimento dependa do cargo público que esteja exercendo,
inclusive as especiais, fundações mantidas pelo Poder Público, em- tais como realização de obras, liberação de recursos e nomeação
presas públicas e sociedades de economia mista. para cargos ou empregos.
Art. 3º A autoridade pública comunicará à CEP, no mesmo pra- Art. 5º A autoridade, a partir do momento em que manifestar
zo, quaisquer alterações relevantes nas informações prestadas, po- de forma pública a intenção de candidatar-se a cargo eletivo, não
dendo, para esse fim, apresentar nova DCI. poderá praticar ato de gestão do qual resulte privilégio para pessoa
Art. 4º Dúvidas específicas relativas ao preenchimento da DCI, física ou entidade, pública ou privada, situada em sua base eleitoral
assim como sobre situação patrimonial que, real ou potencialmen- ou de seus familiares.
te, possa suscitar conflito com o interesse público, serão submeti- Art. 6º Para prevenir-se de situação que possa suscitar dúvidas
das à CEP e esclarecidas por sua Secretaria Executiva. quanto à sua conduta ética e ao cumprimento das normas estabe-
lecidas pelo CCAAF, a autoridade deverá consignar em agenda de
RESOLUÇÃO Nº 06, 25 DE JULHO DE 2001 trabalho de acesso público:
I – audiências concedidas, com informações sobre seus objeti-
Dá nova redação ao item III da Resolução nº 3, de 23 de novem- vos, participantes e resultados, as quais deverão ser registradas por
bro de 2000. servidor do órgão ou entidade por ela designado para acompanhar
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições, e a reunião;
tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de II – eventos político-eleitorais de que participe, informando as
maio de 1999, que a instituiu, adotou a seguinte condições de logística e financeiras da sua participação.
RESOLUÇÃO: Art. 7º Havendo possibilidade de conflito de interesse entre a
Art. 1º O item 3 da Resolução nº 3, de 23 de novembro de 2000, atividade político-eleitoral e a função pública, a autoridade deverá
passa a vigorar com a seguinte redação: abster-se de participar daquela atividade ou requerer seu afasta-
“ 3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de pre- mento do cargo.
sente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá adotar uma das Art. 8º Em caso de dúvida, a autoridade poderá consultar a Co-
seguintes providências: missão de Ética Pública.
I - ......................................................
II - promover a sua doação a entidade de caráter assistencial Brasília, 14 de fevereiro de 2002
ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que,
tratando-se de bem não perecível, se comprometa a aplicar o bem COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA
ou o produto da sua alienação em suas atividades fim; ou O Presidente da República aprovou recomendação no sentido
III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou de que se regule a participação de autoridades submetidas ao Có-
do órgão público onde exerce a função.” digo de Conduta da Alta Administração Federal em atividades de
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- natureza político-eleitoral.
ção. A Resolução CEP Nº 7, publicada no Diário Ofícial da União de
25.2.2002, é interpretativa das normas do Código de Conduta da
RESOLUÇÃO Nº 07, 14 DE FEVEREIRO DE 2002 Alta Administração Federal e tem duplo objetivo. Primeiro, reco-
nhecer o direito de qualquer autoridade, na condição de cidadão-
Regula a participação de autoridade pública submetida ao Có- -eleitor, de participar em atividades e eventos políticos e eleitorais;
digo de Conduta da Alta Administração Federal em atividades de segundo, mediante explicitação de normas de conduta, permitir
natureza político-eleitoral que as autoridades exerçam esse direito a salvo de críticas, desde
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso que as cumpram adequadamente.
V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente resolução
interpretativa do Código de Conduta da Alta Administração Federal, Para facilitar a compreensão do cumprimento das referidas
no que se refere à participação de autoridades públicas em eventos normas, são prestados os esclarecimentos que seguem.
político-eleitorais. Art. 1º O dispositivo enfatiza o direito da autoridade de parti-
Art. 1º A autoridade pública vinculada ao Código de Conduta cipar de eventos eleitorais, tais como convenções partidárias, reu-
da Alta Administração Federal (CCAAF) poderá participar, na con- niões políticas e outras manifestações públicas que não contrariem
dição de cidadão-eleitor, de eventos de natureza político-eleitoral, a lei. O importante é que essa participação se enquadre nos princí-
tais como convenções e reuniões de partidos políticos, comícios e pios éticos inerentes ao cargo ou função da autoridade.
manifestações públicas autorizadas em lei. Art. 2º A norma reproduz dispositivo legal existente, aplican-
Art. 2º A atividade político-eleitoral da autoridade não poderá do-o de maneira específica à atividade político-eleitoral. Assim, a
resultar em prejuízo do exercício da função pública, nem implicar o autoridade pública, que pretenda ou não candidatar a cargo eleti-
uso de recursos, bens públicos de qualquer espécie ou de servido- vo, não poderá exercer tal atividade em prejuízo da função pública,
res a ela subordinados. como, por exemplo, durante o honorário normal de expediente ou
Art. 3º A autoridade deverá abster-se de: em detrimento de qualquer de suas obrigações funcionais.
I – se valer de viagens de trabalho para participar de eventos Da mesma forma, não poderá utilizar bens e serviços públicos
político-eleitorais; de qualquer espécie, assim como servidores a ela subordinados. É
o caso do uso de veículos, recursos de informática, serviços de re-

214
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
produção ou de publicação de documentos, material de escritório, Art. 8º A Comissão de Ética Pública esclarecerá as dúvidas que
entre outros. Especial atenção deve ser dada à vedação ao uso de eventualmente surjam na efetiva aplicação das normas.
funcionários subordinados, dentro ou fora do expediente oficial,
em atividades político-eleitorais de interesse da autoridade. Cum- RESOLUÇÃO Nº 08, 25 DE SETEMBRO DE 2003
pre esclarecer que esta norma não restringe a atividade político-
-eleitoral de interesse do próprio funcionário, nos limites da lei. Identifica situações que suscitam conflito de interesses e dis-
põe sobre o modo de preveni-los
Art. 3º, I A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo de orientar as
O dispositivo recomenda que a autoridade não se valha de autoridades submetidas ao Código de Conduta da Alta Administra-
viagem de trabalho para participar de eventos político-eleitorais. ção Federal na identificação de situações que possam suscitar con-
Trata-se de norma de ordem prática, pois seria muito difícil exer- flito de interesses, esclarece o seguinte:
cer algum controle sobre a segregação entre tais atividades e as 1. Suscita conflito de interesses o exercício de atividade que:
inerentes ao cargo público. a) em razão da sua natureza, seja incompatível com as atribui-
Esta norma não impede que a autoridade que viajou por seus ções do cargo ou função pública da autoridade, como tal considera-
próprios meios para participar de evento político-eleitoral cumpra da, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas ou matérias afins à
outros compromissos inerentes ao seu cargo ou função. competência funcional;

Art. 3º, II b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocupante de car-


A autoridade não deve expor publicamente suas divergências go em comissão ou função de confiança, que exige a precedência
com outra autoridade administrativa federal, ou criticar-lhe a hono- das atribuições do cargo ou função pública sobre quaisquer outras
rabilidade ou o desempenho funcional. Não se trata de censurar o atividades;
direito de crítica, de modo geral, mas de adequá-lo ao fato de que,
afinal, a autoridade exerce um cargo de livre nomeação na adminis- c) implique a prestação de serviços a pessoa física ou jurídi-
tração e está vinculada a deveres de fidelidade e confiança. ca ou a manutenção de vínculo de negócio com pessoa física ou
jurídica que tenha interesse em decisão individual ou coletiva da
Art. 3º, III autoridade;
A autoridade não poderá aceitar encargo de administrador de
campanha eleitoral, diante da dificuldade de compatibilizar essa d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de informação à
atividade com suas atribuições funcionais. Não haverá restrição se qual a autoridade tenha acesso em razão do cargo e não seja de
a autoridade se licenciar do cargo, sem vencimentos. conhecimento público;

Art. 4º É fundamental que a autoridade não faça promessa, de e) possa transmitir à opinião pública dúvida a respeito da inte-
forma explícita ou implícita, cujo cumprimento dependa do uso do gridade, moralidade, clareza de posições e decoro da autoridade.
cargo público, como realização de obras, liberação de recursos e
nomeação para cargo ou emprego. Essa restrição decorre da neces- 2. A ocorrência de conflito de interesses independe do recebi-
sidade de se manter a dignidade da função pública e de se demons- mento de qualquer ganho ou retribuição pela autoridade.
trar respeito à sociedade e ao eleitor.
3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de conflito de in-
Art. 5º A lei já determina que a autoridade que pretenda se teresses ao adotar, conforme o caso, uma ou mais das seguintes
candidatar a cargo eletivo peça exoneração até seis meses antes providências:
da respectiva eleição. Porém, se ela antes disso manifestar publi- a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do cargo, enquanto
camente sua pretensão eleitoral, não poderá mais praticar ato de perdurar a situação passível de suscitar conflito de interesses;
gestão que resulte em algum tipo de privilégio para qualquer pes-
soa ou entidade que esteja em sua base eleitoral. É importante en- b) alienar bens e direitos que integram o seu patrimônio e cuja
fatizar que se trata apenas de ato que gere privilégio, e não atos manutenção possa suscitar conflito de interesses;
normais de gestão.
c) transferir a administração dos bens e direitos que possam
Art. 6º Durante o período pré-eleitoral, a autoridade deve to- suscitar conflito de interesses a instituição financeira ou a adminis-
mar cautelas específicas para que seus contatos funcionais com tradora de carteira de valores mobiliários autorizada a funcionar
terceiros não se confundam com suas atividades político-eleitorais. pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários, con-
A forma adequada é fazer-se acompanhar de outro servidor em forme o caso, mediante instrumento contratual que contenha cláu-
audiências, o qual fará o registro dos participantes e dos assuntos sula que vede a participação da autoridade em qualquer decisão de
tratados na agenda de trabalho da autoridade. investimento assim como o seu prévio conhecimento de decisões
O mesmo procedimento de registro em agenda deve ser ado- da instituição administradora quanto à gestão dos bens e direitos;
tado com relação aos compromissos político-eleitorais da autori-
dade. E, ambos os casos os registros são de acesso público, sendo d) na hipótese de conflito de interesses específico e transitório,
recomendável também que a agenda seja divulgada pela internet. comunicar sua ocorrência ao superior hierárquico ou aos demais
membros de órgão colegiado de que faça parte a autoridade, em se
Art. 7º Se por qualquer motivo se verificar a possibilidade de tratando de decisão coletiva, abstendo-se de votar ou participar da
conflito de interesse entre a atividade político-eleitoral e a função discussão do assunto;
pública, a autoridade deverá escolher entre abster-se de participar
daquela atividade ou requerer o seu afastamento do cargo. e) divulgar publicamente sua agenda de compromissos, com
identificação das atividades que não sejam decorrência do cargo ou
função pública.

215
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informada pela au- CAPÍTULO I
toridade e opinará, em cada caso concreto, sobre a suficiência da DAS COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES
medida adotada para prevenir situação que possa suscitar conflito
de interesses. Art. 2º Compete às Comissões de Ética:
I - atuar como instância consultiva do dirigente máximo e dos
5. A participação de autoridade em conselhos de administração respectivos servidores de órgão ou de entidade federal;
e fiscal de empresa privada, da qual a União seja acionista, somente II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público
será permitida quando resultar de indicação institucional da autori- Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171,
dade pública competente. Nestes casos, é-lhe vedado participar de de 1994, devendo:
deliberação que possa suscitar conflito de interesses com o Poder a) submeter à Comissão de Ética Pública - CEP propostas de
Público. aperfeiçoamento do Código de Ética Profissional;
b) apurar, de ofício ou mediante denúncia, fato ou conduta em
6. No trabalho voluntário em organizações do terceiro setor, desacordo com as normas éticas pertinentes;
sem finalidade de lucro, também deverá ser observado o disposto c) recomendar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento de
nesta Resolução. ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamento so-
bre as normas de ética e disciplina;
7. As consultas dirigidas à Comissão de Ética Pública deverão III - representar o órgão ou a entidade na Rede de Ética do Po-
estar acompanhadas dos elementos pertinentes à legalidade da si- der Executivo Federal a que se refere o art. 9º do Decreto nº 6.029,
tuação exposta. de 2007;
IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta
RESOLUÇÃO Nº 9, DE 20 DE MAIO DE 2005 Administração Federal e comunicar à CEP situações que possam
configurar descumprimento de suas normas;
O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de V - aplicar o código de ética ou de conduta próprio, se couber;
suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso V, VI - orientar e aconselhar sobre a conduta ética do servidor,
do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão de Ética inclusive no relacionamento com o cidadão e no resguardo do pa-
Pública, e nos termos do art. 4º do Código de Conduta da Alta Ad- trimônio público;
ministração Federal, VII - responder consultas que lhes forem dirigidas;
RESOLVE: VIII - receber denúncias e representações contra servidores por
Art. 1º Fica aprovado o modelo anexo da Declaração Confiden- suposto descumprimento às normas éticas, procedendo à apura-
cial de Informações de que trata a Resolução no 5, de 7 de junho ção;
de 2001. IX - instaurar processo para apuração de fato ou conduta que
Art. 2º A autoridade ocupante de cargo público vinculado ao possa configurar descumprimento ao padrão ético recomendado
Código de Conduta da Alta Administração Federal deverá apresen- aos agentes públicos;
tar a Declaração Confidencial de Informações, devidamente preen- X - convocar servidor e convidar outras pessoas a prestar in-
chida: formação;
I - pela primeira vez, até dez dias após a posse; e XI - requisitar às partes, aos agentes públicos e aos órgãos e en-
II - sempre que ocorrer alteração relevante nas informações tidades federais informações e documentos necessários à instrução
prestadas, até trinta dias da ocorrência. de expedientes;
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- XII - requerer informações e documentos necessários à instru-
ção. ção de expedientes a agentes públicos e a órgãos e entidades de
Art. 4º Fica revogado o Anexo à Resolução no 5, de 7 de junho outros entes da federação ou de outros Poderes da República;
de 2001. XIII - realizar diligências e solicitar pareceres de especialistas;
XIV - esclarecer e julgar comportamentos com indícios de des-
RESOLUÇÃO Nº 10, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008 vios éticos;
XV - aplicar a penalidade de censura ética ao servidor e en-
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições caminhar cópia do ato à unidade de gestão de pessoal, podendo
conferidas pelo art. 1º do Decreto de 26 de maio de 1999 e pelos também:
arts. 1º, inciso III, e 4º, inciso IV, do Decreto nº 6.029, de 1º de feve- a) sugerir ao dirigente máximo a exoneração de ocupante de
reiro de 2007, nos termos dos Decretos nos 1.171, de 22 de junho cargo ou função de confiança;
de 1994, Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002 e tendo em b) sugerir ao dirigente máximo o retorno do servidor ao órgão
vista a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ou entidade de origem;
RESOLVE c) sugerir ao dirigente máximo a remessa de expediente ao se-
Art. 1º Ficam aprovadas, na forma desta Resolução, as normas tor competente para exame de eventuais transgressões de nature-
de funcionamento e de rito processual, delimitando competên- zas diversas;
cias, atribuições, procedimentos e outras providências no âmbito d) adotar outras medidas para evitar ou sanar desvios éticos,
das Comissões de Ética instituídas pelo Decreto nº 1.171, de 22 de lavrando, se for o caso, o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional
junho de 1994, com as alterações estabelecidas pelo Decreto nº - ACPP;
6.029, de 1º de fevereiro de 2007. XVI - arquivar os processos ou remetê-los ao órgão competente
quando, respectivamente, não seja comprovado o desvio ético ou
configurada infração cuja apuração seja da competência de órgão
distinto;
XVII - notificar as partes sobre suas decisões;

216
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XVIII - submeter ao dirigente máximo do órgão ou entidade CAPÍTULO III
sugestões de aprimoramento ao código de conduta ética da insti- DO FUNCIONAMENTO
tuição;
XIX - dirimir dúvidas a respeito da interpretação das normas Art. 5º As deliberações da Comissão de Ética serão tomadas
de conduta ética e deliberar sobre os casos omissos, observando as por votos da maioria de seus membros.
normas e orientações da CEP; Art. 6º As Comissões de Ética se reunirão ordinariamente pelo
XX - elaborar e propor alterações ao código de ética ou de con- menos uma vez por mês e, em caráter extraordinário por iniciativa
duta próprio e ao regimento interno da respectiva Comissão de Éti- do Presidente, dos seus membros ou do Secretário-Executivo.
ca; Art. 7º A pauta das reuniões da Comissão de Ética será com-
XXI - dar ampla divulgação ao regramento ético; posta a partir de sugestões do presidente, dos membros ou do Se-
XXII - dar publicidade de seus atos, observada a restrição do cretário-Executivo, sendo admitida a inclusão de novos assuntos no
art. 14 desta Resolução; início da reunião.
XXIII - requisitar agente público para prestar serviços transitó-
rios técnicos ou administrativos à Comissão de Ética, mediante pré- CAPÍTULO IV
via autorização do dirigente máximo do órgão ou entidade; DAS ATRIBUIÇÕES
XXIV - elaborar e executar o plano de trabalho de gestão da
ética; e Art. 8º Compete ao presidente da Comissão de Ética:
XXV - indicar por meio de ato interno, representantes locais da I - convocar e presidir as reuniões;
Comissão de Ética, que serão designados pelos dirigentes máximos II - determinar a instauração de processos para a apuração de
dos órgãos ou entidades, para contribuir nos trabalhos de educação prática contrária ao código de ética ou de conduta do órgão ou en-
e de comunicação. tidade, bem como as diligências e convocações;
III - designar relator para os processos;
CAPÍTULO II IV - orientar os trabalhos da Comissão de Ética, ordenar os de-
DA COMPOSIÇÃO bates e concluir as deliberações;
V - tomar os votos, proferindo voto de qualidade, e proclamar
Art. 3º A Comissão de Ética do órgão ou entidade será com- os resultados; e
posta por três membros titulares e respectivos suplentes, servido- VI - delegar competências para tarefas específicas aos demais
res públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do seu quadro integrantes da Comissão de Ética.
permanente, designados por ato do dirigente máximo do corres- Parágrafo único. O voto de qualidade de que trata o inciso V
pondente órgão ou entidade. somente será adotado em caso de desempate.
§ 1º Não havendo servidores públicos no órgão ou na entidade Art. 9º Compete aos membros da Comissão de Ética:
em número suficiente para instituir a Comissão de Ética, poderão I - examinar matérias, emitindo parecer e voto;
ser escolhidos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou II - pedir vista de matéria em deliberação;
emprego do quadro permanente da Administração Pública. III - fazer relatórios; e
§ 2º A atuação na Comissão de Ética é considerada prestação IV - solicitar informações a respeito de matérias sob exame da
de relevante serviço público e não enseja qualquer remuneração, Comissão de Ética.
devendo ser registrada nos assentamentos funcionais do servidor. Art. 10. Compete ao Secretário-Executivo:
§ 3º O dirigente máximo de órgão ou entidade não poderá ser I - organizar a agenda e a pauta das reuniões;
membro da Comissão de Ética. II - proceder ao registro das reuniões e à elaboração de suas
§ 4º O Presidente da Comissão será substituído pelo membro atas;
mais antigo, em caso de impedimento ou vacância. III - instruir as matérias submetidas à deliberação da Comissão
§ 5º No caso de vacância, o cargo de Presidente da Comissão de Ética;
será preenchido mediante nova escolha efetuada pelos seus mem- IV - desenvolver ou supervisionar a elaboração de estudos e
bros. subsídios ao processo de tomada de decisão da Comissão de Ética;
§ 6º Na ausência de membro titular, o respectivo suplente deve V - coordenar o trabalho da Secretaria-Executiva, bem como
imediatamente assumir suas atribuições. dos representantes locais;
§ 7º Cessará a investidura de membros das Comissões de Ética VI - fornecer apoio técnico e administrativo à Comissão de Éti-
com a extinção do mandato, a renúncia ou por desvio disciplinar ou ca;
ético reconhecido pela Comissão de Ética Pública. VII - executar e dar publicidade aos atos de competência da
Art. 4º A Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Execu- Secretaria-Executiva;
tiva, que terá como finalidade contribuir para a elaboração e o cum- VIII - coordenar o desenvolvimento de ações objetivando a
primento do plano de trabalho da gestão da ética e prover apoio disseminação, capacitação e treinamento sobre ética no órgão ou
técnico e material necessário ao cumprimento das atribuições. entidade; e
§ 1º O encargo de secretário-executivo recairá em detentor de IX - executar outras atividades determinadas pela Comissão de
cargo efetivo ou emprego permanente na administração pública, Ética.
indicado pelos membros da Comissão de Ética e designado pelo di- § 1º Compete aos demais integrantes da Secretaria-Executiva
rigente máximo do órgão ou da entidade. fornecer o suporte administrativo necessário ao desenvolvimento
§ 2º Fica vedado ao Secretário-Executivo ser membro da Co- ou exercício de suas funções.
missão de Ética. § 2º Aos representantes locais compete contribuir com as ati-
§ 3º A Comissão de Ética poderá designar representantes lo- vidades de educação e de comunicação.
cais que auxiliarão nos trabalhos de educação e de comunicação.
§ 4º Outros servidores do órgão ou da entidade poderão ser
requisitados, em caráter transitório, para realização de atividades
administrativas junto à Secretaria-Executiva.

217
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO V Art. 17. A decisão final sobre investigação de conduta ética que
DOS MANDATOS resultar em sanção, em recomendação ou em Acordo de Conduta
Pessoal e Profissional será resumida e publicada em ementa, com
Art. 11. Os membros da Comissão de Ética cumprirão manda- a omissão dos nomes dos envolvidos e de quaisquer outros dados
tos, não coincidentes, de três anos, permitida uma única recondu- que permitam a identificação.
ção. Parágrafo único. A decisão final contendo nome e identificação
§ 1º Os mandatos dos primeiros membros e dos respectivos do agente público deverá ser remetida à Comissão de Ética Pública
suplentes serão de um, dois e três anos, estabelecidos em portaria para formação de banco de dados de sanções, para fins de consul-
designatória. ta pelos órgãos ou entidades da administração pública federal, em
§ 2º Poderá ser reconduzido uma única vez ao cargo de mem- casos de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevância
bro da Comissão de ética o servidor público que for designado para pública.
cumprir o mandato complementar, caso o mesmo tenha se iniciado Art. 18. Os setores competentes do órgão ou entidade darão
antes do transcurso da metade do período estabelecido no manda- tratamento prioritário às solicitações de documentos e informações
to originário. necessárias à instrução dos procedimentos de investigação instau-
§ 3º Na hipótese de o mandato complementar ser exercido rados pela Comissão de Ética, conforme determina o Decreto nº
após o transcurso da metade do período estabelecido no mandato 6.029, de 2007.
originário, o membro da Comissão de Ética que o exercer poderá ser § 1º A inobservância da prioridade determinada neste artigo
conduzido imediatamente ao posterior mandato regular de 3 (três) implicará a responsabilidade de quem lhe der causa.
anos, permitindo-lhe uma única recondução ao mandado regular. § 2º No âmbito do órgão ou da entidade e em relação aos res-
pectivos agentes públicos a Comissão de Ética terá acesso a todos
CAPÍTULO VI os documentos necessários aos trabalhos, dando tratamento espe-
DAS NORMAS GERAIS DO PROCEDIMENTO cífico àqueles protegidos por sigilo legal.

Art. 12. As fases processuais no âmbito das Comissões de Ética CAPÍTULO VII
serão as seguintes: DO RITO PROCESSUAL
I - Procedimento Preliminar, compreendendo:
a) juízo de admissibilidade; Art. 19. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de
b) instauração; direito privado, associação ou entidade de classe poderá provocar a
c) provas documentais e, excepcionalmente, manifestação do atuação da Comissão de Ética, visando a apuração de transgressão
investigado e realização de diligências urgentes e necessárias; ética imputada ao agente público ou ocorrida em setores compe-
d) relatório; tentes do órgão ou entidade federal.
e) proposta de ACPP; Parágrafo único. Entende-se por agente público todo aquele
f) decisão preliminar determinando o arquivamento ou a con- que por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste servi-
versão em Processo de Apuração Ética; ços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual,
II - Processo de Apuração Ética, subdividindo-se em: ainda que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da Admi-
a) instauração; nistração Pública Federal direta e indireta.
b) instrução complementar, compreendendo: Art. 20. O Procedimento Preliminar para apuração de conduta
1. a realização de diligências; que, em tese, configure infração ao padrão ético será instaurado
2. a manifestação do investigado; e pela Comissão de Ética, de ofício ou mediante representação ou de-
3. a produção de provas; núncia formulada por quaisquer das pessoas mencionadas no caput
c) relatório; e do art. 19.
d) deliberação e decisão, que declarará improcedência, conterá § 1º A instauração, de ofício, de expediente de investigação
sanção, recomendação a ser aplicada ou proposta de ACPP. deve ser fundamentada pelos integrantes da Comissão de Ética e
Art. 13. A apuração de infração ética será formalizada por pro- apoiada em notícia pública de conduta ou em indícios capazes de
cedimento preliminar, que deverá observar as regras de autuação, lhe dar sustentação.
compreendendo numeração, rubrica da paginação, juntada de do- § 2º Se houver indícios de que a conduta configure, a um só
cumentos em ordem cronológica e demais atos de expediente ad- tempo, falta ética e infração de outra natureza, inclusive disciplinar,
ministrativo. a cópia dos autos deverá ser encaminhada imediatamente ao órgão
Art. 14. Até a conclusão final, todos os expedientes de apura- competente.
ção de infração ética terão a chancela de “reservado”, nos termos § 3º Na hipótese prevista no § 2º, o denunciado deverá ser
do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro 2002, após, estarão aces- notificado sobre a remessa do expediente ao órgão competente.
síveis aos interessados conforme disposto na Lei nº 9.784, de 29 de § 4º Havendo dúvida quanto ao enquadramento da conduta,
janeiro de 1999. se desvio ético, infração disciplinar, ato de improbidade, crime de
Art. 15. Ao denunciado é assegurado o direito de conhecer o responsabilidade ou infração de natureza diversa, a Comissão de
teor da acusação e ter vista dos autos no recinto da Comissão de Ética, em caráter excepcional, poderá solicitar parecer reservado
Ética, bem como de obter cópias de documentos. junto à unidade responsável pelo assessoramento jurídico do órgão
Parágrafo único. As cópias deverão ser solicitadas formalmen- ou da entidade.
te à Comissão de Ética. Art. 21. A representação, a denúncia ou qualquer outra de-
Art. 16. As Comissões de Ética, sempre que constatarem a pos- manda deve conter os seguintes requisitos:
sível ocorrência de ilícitos penais, civis, de improbidade adminis- I - descrição da conduta;
trativa ou de infração disciplinar, encaminhará cópia dos autos às II - indicação da autoria, caso seja possível; e
autoridades competentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo III - apresentação dos elementos de prova ou indicação de onde
da adoção das demais medidas de sua competência. podem ser encontrados.

218
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. Quando o autor da demanda não se identifi- III - o fato não possa ser provado por testemunha.
car, a Comissão de Ética poderá acolher os fatos narrados para fins § 2º As testemunhas poderão ser substituídas desde que o in-
de instauração, de ofício, de procedimento investigatório, desde vestigado formalize pedido à Comissão de Ética em tempo hábil e
que contenha indícios suficientes da ocorrência da infração ou, em em momento anterior à audiência de inquirição.
caso contrário, determinar o arquivamento sumário. Art. 27. O pedido de prova pericial deverá ser justificado, sen-
Art. 22. A representação, denúncia ou qualquer outra deman- do lícito à Comissão de Ética indeferi-lo nas seguintes hipóteses:
da será dirigida à Comissão de Ética, podendo ser protocolada di- I - a comprovação do fato não depender de conhecimento es-
retamente na sede da Comissão ou encaminhadas pela via postal, pecial de perito; ou
correio eletrônico ou fax. II - revelar-se meramente protelatório ou de nenhum interesse
§ 1º A Comissão de Ética expedirá comunicação oficial divul- para o esclarecimento do fato.
gando os endereços físico e eletrônico para atendimento e apresen- Art. 28. Na hipótese de o investigado não requerer a produ-
tação de demandas. ção de outras provas, além dos documentos apresentados com a
§ 2º Caso a pessoa interessada em denunciar ou representar defesa prévia, a Comissão de Ética, salvo se entender necessária a
compareça perante a Comissão de Ética, esta poderá reduzir a ter- inquirição de testemunhas, a realização de diligências ou de exame
mo as declarações e colher a assinatura do denunciante, bem como pericial, elaborará o relatório.
receber eventuais provas. Parágrafo único. Na hipótese de o investigado, comprovada-
§ 3º Será assegurada ao denunciante a comprovação do rece- mente notificado ou citado por edital público, não se apresentar,
bimento da denúncia ou representação por ele encaminhada. nem enviar procurador legalmente constituído para exercer o direi-
Art. 23. Oferecida a representação ou denúncia, a Comissão to ao contraditório e à ampla defesa, a Comissão de Ética designará
de Ética deliberará sobre sua admissibilidade, verificando o cumpri- um defensor dativo preferencialmente escolhido dentre os servido-
mento dos requisitos previstos nos incisos do art. 21. res do quadro permanente para acompanhar o processo, sendo-lhe
§ 1º A Comissão de Ética poderá determinar a colheita de in- vedada conduta contrária aos interesses do investigado.
formações complementares ou de outros elementos de prova que Art. 29. Concluída a instrução processual e elaborado o relató-
julgar necessários. rio, o investigado será notificado para apresentar as alegações finais
§ 2º A Comissão de Ética, mediante decisão fundamentada, ar- no prazo de dez dias.
quivará representação ou denúncia manifestamente improcedente, Art. 30. Apresentadas ou não as alegações finais, a Comissão
cientificando o denunciante. de Ética proferirá decisão.
§ 3º É facultado ao denunciado a interposição de pedido de § 1º Se a conclusão for pela culpabilidade do investigado, a
reconsideração dirigido à própria Comissão de Ética, no prazo de Comissão de Ética poderá aplicar a penalidade de censura ética
dez dias, contados da ciência da decisão, com a competente fun- prevista no Decreto nº 1.171, de 1994, e, cumulativamente, fazer
damentação. recomendações, bem como lavrar o Acordo de Conduta Pessoal e
§ 4º A juízo da Comissão de Ética e mediante consentimento Profissional, sem prejuízo de outras medidas a seu cargo.
do denunciado, poderá ser lavrado Acordo de Conduta Pessoal e § 2º Caso o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional seja des-
Profissional. cumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao Processo de
§ 5º Lavrado o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional, o Pro- Apuração Ética.
cedimento Preliminar será sobrestado, por até dois anos, a critério § 3º É facultada ao investigado pedir a reconsideração acom-
da Comissão de Ética, conforme o caso. panhada de fundamentação à própria Comissão de Ética, no prazo
§ 6º Se, até o final do prazo de sobrestamento, o Acordo de de dez dias, contado da ciência da respectiva decisão.
Conduta Pessoal e Profissional for cumprido, será determinado o Art. 31. Cópia da decisão definitiva que resultar em penalidade
arquivamento do feito. a detentor de cargo efetivo ou de emprego permanente na Admi-
§ 7º Se o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for descum- nistração Pública, bem como a ocupante de cargo em comissão ou
prido, a Comissão de Ética dará seguimento ao feito, convertendo o função de confiança, será encaminhada à unidade de gestão de pes-
Procedimento Preliminar em Processo de Apuração Ética. soal, para constar dos assentamentos do agente público, para fins
§ 8º Não será objeto de Acordo de Conduta Pessoal e Profis- exclusivamente éticos.
sional o descumprimento ao disposto no inciso XV do Anexo ao De- § 1º O registro referido neste artigo será cancelado após o de-
creto nº 1.171, de 1994. curso do prazo de três anos de efetivo exercício, contados da data
Art. 24. Ao final do Procedimento Preliminar, será proferida em que a decisão se tornou definitiva, desde que o servidor, nesse
decisão pela Comissão de Ética do órgão ou entidade determinando período, não tenha praticado nova infração ética.
o arquivamento ou sua conversão em Processo de Apuração Ética. § 2º Em se tratando de prestador de serviços sem vínculo dire-
Art. 25. Instaurado o Processo de Apuração Ética, a Comissão to ou formal com o órgão ou entidade, a cópia da decisão definitiva
de Ética notificará o investigado para, no prazo de dez dias, apresen- deverá ser remetida ao dirigente máximo, a quem competirá a ado-
tar defesa prévia, por escrito, listando eventuais testemunhas, até ção das providências cabíveis.
o número de quatro, e apresentando ou indicando as provas que § 3º Em relação aos agentes públicos listados no § 2º, a Co-
pretende produzir. missão de Ética expedirá decisão definitiva elencando as condutas
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá ser pror- infracionais, eximindo-se de aplicar ou de propor penalidades, reco-
rogado por igual período, a juízo da Comissão de Ética, mediante mendações ou Acordo de Conduta Pessoal e Profissional.
requerimento justificado do investigado.
Art. 26. O pedido de inquirição de testemunhas deverá ser jus-
tificado.
§ 1º Será indeferido o pedido de inquirição, quando:
I - formulado em desacordo com este artigo;
II - o fato já estiver suficientemente provado por documento
ou confissão do investigado ou quaisquer outros meios de prova
compatíveis com o rito descrito nesta Resolução; ou

219
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO VIII
DOS DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS INTEGRANTES DA EXERCÍCIOS
COMISSÃO
1. (CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/JURÍDI-
Art. 32. São princípios fundamentais no trabalho desenvolvido CA/2022)
pelos membros da Comissão de Ética: O Estado é formado pela junção de três elementos originários
I - preservar a honra e a imagem da pessoa investigada; e indissociáveis, que são
II - proteger a identidade do denunciante; (A) território, autonomia e Constituição Federal.
III - atuar de forma independente e imparcial; (B) autonomia, povo e governo.
IV - comparecer às reuniões da Comissão de Ética, justificando (C) Constituição Federal, governo e autonomia.
ao presidente da Comissão, por escrito, eventuais ausências e afas- (D) território, povo e governo.
tamentos; (E) povo, Constituição Federal e território.
V - em eventual ausência ou afastamento, instruir o substituto
sobre os trabalhos em curso; 2. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE AP)/MPE AP/2021)
VI - declarar aos demais membros o impedimento ou a suspei- Com relação aos princípios da administração pública, assinale
ção nos trabalhos da Comissão de Ética; e a opção correta.
VII - eximir-se de atuar em procedimento no qual tenha sido (A) Em observância à autonomia da vontade, respeitada a pre-
identificado seu impedimento ou suspeição. valência do interesse público, os acordos entre particulares e
a administração pública afastam a incidência de normas de di-
Art. 33. Dá-se o impedimento do membro da Comissão de Éti- reito público.
ca quando: (B) Na doutrina, prevalece o entendimento de que a falta de
I - tenha interesse direto ou indireto no feito; publicação dos atos administrativos não impede que eles ad-
II - tenha participado ou venha a participar, em outro proces- quiram eficácia, embora o agente público responsável por essa
so administrativo ou judicial, como perito, testemunha ou repre- omissão possa responder por ato de improbidade administra-
sentante legal do denunciante, denunciado ou investigado, ou de tiva.
seus respectivos cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro (C) O princípio da eficiência foi introduzido na Constituição Fe-
grau; deral de 1988 como parte do esforço para a reforma gerencial
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o de- da administração pública.
nunciante, denunciado ou investigado, ou com os respectivos côn- (D) O princípio da impessoalidade não impede que um agente
juges, companheiros ou parentes até o terceiro grau; ou público eleito insira, em propaganda oficial da administração
IV - for seu cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro pública, o slogan da sua candidatura ou do seu partido, por-
grau o denunciante, denunciado ou investigado. quanto esses dizeres se referem ao projeto político vencedor
das eleições.
Art. 34. Ocorre a suspeição do membro quando: (E) A moralidade administrativa não se distingue da moralida-
I - for amigo íntimo ou notório desafeto do denunciante, de- de comum, porquanto a sua preocupação central é a distinção
nunciado ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges, compa- entre o bem e o mal.
nheiros ou parentes até o terceiro grau; ou
II - for credor ou devedor do denunciante, denunciado ou in- 3. (CEBRASPE (CESPE) - DP SE/DPE SE/2022)
vestigado, ou de seus respectivos cônjuges, companheiros ou pa- A proibição de a administração anular os atos administrativos
rentes até o terceiro grau. de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, após o
prazo legal, está ligada ao princípio do(a)
(A) segurança jurídica.
CAPÍTULO IX (B) razoabilidade.
DISPOSIÇÕES FINAIS (C) moralidade.
(D) proporcionalidade.
Art. 35. As situações omissas serão resolvidas por deliberação (E) indisponibilidade.
da Comissão de Ética, de acordo com o previsto no Código de Ética
próprio, no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do 4. (CEBRASPE (CESPE) - TEC (COREN SE)/COREN SE/ADMI-
Poder Executivo Federal, no Código de Conduta da Alta Adminis- NISTRATIVO/2021)
tração Federal, bem como em outros atos normativos pertinentes. Os requisitos dos atos administrativos constituem pressupos-
Art. 36. O Regimento Interno de cada Comissão de Ética pode- tos necessários à sua validade. Assim, praticado o ato sem a ob-
rá estabelecer normas complementares a esta Resolução. servância de qualquer desses requisitos, estará este contaminado
Art. 37. Fica estabelecido o prazo de seis meses para que as Co- de vício de legalidade, fato que o deixará, como regra, sujeito à
missões de Ética dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal anulação. Quando o ato administrativo é realizado sem que seu
possam se adequar ao disposto nesta Resolução. autor aponte o fundamento fático ou jurídico, deverá ser anulado
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá ser pror- por vício no requisito
rogado, mediante envio de justificativas, nos trinta dias que antece- (A) competência.
dem o termo final, para apreciação e autorização da Comissão de (B) forma.
Ética Pública. (C) motivo.
Art. 38. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi- (D) objeto.
cação.

220
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
5. (CEBRASPE (CESPE) - PROC (PGE MS)/PGE MS/2021) 10. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE TO)/MPE TO/2022)
No órgão público X, o dirigente máximo instituiu um progra- A respeito do poder de polícia, assinale a opção correta.
ma de redução do estoque regulatório. Por meio desse progra- (A) A discricionariedade, um dos atributos do poder de polícia,
ma, seriam revogados vários atos que não teriam mais serventia não está necessariamente presente em todas as suas manifes-
à administração e ao cidadão, incluídos portarias, circulares, des- tações.
pachos etc. O desempenho adequado no programa teria reflexo (B) O poder de polícia é prerrogativa exclusiva do Poder Execu-
na gratificação de desempenho paga aos servidores do referido tivo, para a garantia do interesse público.
órgão. A lista de atos a serem revogados foi enviada ao órgão jurí- (C) O poder de polícia difere da atividade de investigação crimi-
dico do órgão X. Entre os atos a serem revogados, encontrava-se nal por possuir natureza exclusivamente preventiva.
uma portaria de concessão de afastamento do país a um servidor, (D) A motivação do exercício do poder de polícia, por constituir
no ano de 2019, para um evento de capacitação.Nessa situação aspecto discricionário, não é passível de controle judicial.
hipotética, o órgão jurídico deve opinar pela impossibilidade de (E) Devido às situações de urgência que demandam exercício
revogação da referida portaria porque se trata da autoexecutoriedade do poder de polícia, esse atributo não
(A) de ato administrativo precluso no curso de procedimento se sujeita ao devido processo legal.
administrativo.
(B) de um ato meramente enunciativo. 11. (CEBRASPE (CESPE) - TEC MIN (MPE AP)/MPE AP/AUXI-
(C) de ato que gera direito adquirido. LIAR ADMINISTRATIVO/2021)
(D) de ato administrativo irrevogável por força de lei. Em seu sentido objetivo, a administração pública corresponde
(E) de ato administrativo consumado. (A) ao conjunto de finalidades públicas do Estado.
(B) aos órgãos públicos que compõem os poderes.
6. (CEBRASPE (CESPE) - TEC LEG (ALECE)/ALECE/2021) (C) à atividade administrativa.
O juízo de conveniência e oportunidade pelo administrador (D) à temporalidade dos governantes eleitos.
público decorre do exercício do poder (E) às normas editadas pelo Estado.
(A) regulamentar.
(B) de polícia. 12. (CEBRASPE (CESPE) - TJ (PGDF)/PG DF/ADMINISTRATI-
(C) discricionário. VO/2021)
(D) disciplinar. No que concerne à organização administrativa, julgue o pró-
(E) normativo. ximo item.
A Secretaria da Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fa-
7. (CEBRASPE (CESPE) - ATCG (MJSP)/MJSP/TÉCNICO ESPE- zenda Nacional são órgãos integrantes da administração pública
CIALIZADO EM GESTÃO DE ATIVOS E PARCERIAS/2021) federal indireta.
Consoante aos poderes da administração pública, julgue o ( ) CERTO
item subsequente. ( ) ERRADO
O poder regulamentar é o que cabe à administração pública
para apurar infrações e aplicar penalidades a servidores públicos 13. (CEBRASPE (CESPE) - PROC (PGE MS)/PGE MS/2021)
e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. Muito embora cada setor regulado conte com suas peculia-
( ) CERTO ridades, a Lei n.º 13.848/2019 surgiu como instrumento unifor-
( ) ERRADO mizador da forma e dos instrumentos de atuação dos agentes
reguladores, consagrando elevada autonomia decisória desses
8. (CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ RJ)/TJ RJ/ASSISTENCIAL/AS- agentes frente à administração direta. Nesse sentido, à luz da Lei
SISTENTE SOCIAL/2021) n.º 13.848/2019, assinale a opção correta com referência à auto-
As determinações superiores dirigidas aos servidores públi- nomia e transparência das agências reguladoras.
cos subordinados, a menos que sejam manifestamente ilegais, de- (A) A natureza especial conferida à agência reguladora
vem ser cumpridas. Essa relação de subordinação entre os agen- é caracterizada pela ausência de subordinação hierárquica, au-
tes públicos configura tonomia funcional, decisória, administrativa e financeira, pela
(A) poder de polícia administrativo. investidura a termo de seus dirigentes e a estabilidade durante
(B) poder administrativo disciplinar. os mandatos, estando ela sujeita apenas à tutela ministerial,
(C) poder administrativo hierárquico. que não a sujeitará a interferência nas suas competências fi-
(D) poder administrativo regulamentar. nalísticas.
(E) abuso de poder administrativo. (B) Quando uma agência pública submeter a consulta pública
minutas e propostas de alteração de atos normativos de inte-
9. (CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/AD- resse geral dos agentes econômicos, consumidores ou usuários
VOGADO/2022) dos serviços, competirá ao órgão responsável no Ministério da
Julgue o item que se segue, com base na teoria do direito Economia opinar, quando considerar pertinente, sobre os res-
administrativo e nas normas que o regem. pectivos impactos regulatórios.
O poder disciplinar da administração pública federal decor-
re do poder hierárquico e pode alcançar tanto agentes públicos
quanto outras entidades sujeitas à disciplina da administração
pública, como, por exemplo, uma empresa privada que celebre
contrato administrativo com órgão público federal.
( ) CERTO
( ) ERRADO

221
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
(C) Uma das características da autonomia administrativa confe- 18. (CEBRASPE (CESPE) - PROC (PGE MS)/PGE MS/2021)
rida à agência reguladora é a possibilidade de encaminhar di- As secretarias de saúde de quatro diferentes municípios ce-
retamente ao Congresso Nacional sua proposta orçamentária, lebraram convênio com uma empresa pública federal da área de
ouvido previamente o Ministério da Economia. tecnologia da informação e comunicação, sem prévio procedi-
(D) É facultado à agência reguladora adotar processo de dele- mento de licitação, com a finalidade de desenvolver um programa
gação interna de decisões regulatórias, sendo assegurado ao destinado a agendamento de consultas médicas.
diretor-presidente ou ao presidente do conselho diretor, ad Considerando essa situação hipotética e as normas sobre
referendum da diretoria colegiada ou do conselho diretor, o convênios e consórcios, assinale a opção correta.
direito de reexame das decisões delegadas. (A) Embora ausente na situação descrita, a finalidade de ob-
(E) As reuniões deliberativas envolvendo matéria regulatória e tenção de lucro é elemento frequente em convênios adminis-
administrativa do conselho diretor ou da diretoria colegiada da trativos.
agência reguladora serão públicas e divulgadas por meio ele- (B) Consórcios administrativos são essencialmente distintos
trônico. dos convênios, porquanto nos primeiros não há o intuito coo-
perativo dos segundos.
14. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) (C) O convênio em questão é inválido, porque, para formação
Com relação às organizações da sociedade civil e seu marco lícita, seria necessário que todos os convenentes detivessem
regulatório, julgue o item subsequente. personalidade jurídica.
Os termos de fomento e os acordos de cooperação envolvem (D) A celebração de convênios deve sujeitar-se a licitação pré-
a transferência de recursos financeiros, enquanto os termos de via ou a procedimento que justifique sua dispensa ou inexigi-
colaboração somente dizem respeito a parcerias que não envol- bilidade.
vam a transferência de recursos financeiros. (E) Na hipótese em apreço, a saída de uma das secretarias de
( ) CERTO saúde da relação jurídica, por denúncia do ajuste, não poria
( ) ERRADO necessariamente fim ao ato.

15. (CEBRASPE (CESPE) - DPF/PF/2021) 19. (CEBRASPE (CESPE) - ATCG (MJSP)/MJSP/TÉCNICO ES-
Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item que PECIALIZADO EM FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO/2021)
se seguem. Com base na Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei
Conforme a teoria do risco administrativo, uma empresa esta- n.º 14.133/2021) e acerca de parcerias público-privadas e princí-
tal dotada de personalidade jurídica de direito privado que exerça pios da administração pública, julgue o item a seguir.
atividade econômica responderá objetivamente pelos danos que Para que a administração pública possa celebrar parceria pu-
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, resguardado blico-privada, antes da celebração do contrato, deverá constituir
o direito de regresso contra o causador do dano. sociedade de propósito específico, com o objetivo de implantar e
( ) CERTO gerir a parceira, devendo também ser titular da maioria do capital
( ) ERRADO votante da sociedade a ser constituída.
( ) CERTO
16. (CEBRASPE (CESPE) - PROC (MPTC-DF)/TC-DF/2021) ( ) ERRADO
Acerca de serviços públicos, de atos administrativos, de con-
tratos administrativos e de licitações, julgue o item subsequente. 20. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE SC)/MPE SC/2021)
O usufruto de serviço público de natureza coletiva por deter- Julgue o item a seguir, de acordo com a Lei de Acesso à In-
minado grupo gera direito subjetivo individual para todos os de- formação e a Lei dos Direitos dos Usuários dos Serviços Públicos.
mais que se encontrarem na mesma situação. As regras previstas na Lei dos Direitos dos Usuários dos Ser-
( ) CERTO viços Públicos aplicam-se subsidiariamente aos serviços públicos
( ) ERRADO prestados por particular.
( ) CERTO
17. (CEBRASPE (CESPE) - ANA MIN (MPE AP)/MPE AP/PSI- ( ) ERRADO
COLOGIA/2021)
Acerca dos serviços públicos, assinale a opção correta. 21. (CEBRASPE (CESPE) - DPF/PF/2021)
(A) Serviços uti singuli são serviços específicos e limitados pres- No que concerne a controle da administração pública, julgue
tados por empresas concessionárias de serviço público. o item subsequente.
(B) A concessão a uma empresa vencedora da licitação implica Apenas a Constituição Federal de 1988 pode prever modali-
transferência da titularidade do serviço público. dades de controle externo.
(C) O serviço de pavimentação da rua principal de determinado ( ) CERTO
município é considerado serviço uti universi. ( ) ERRADO
(D) O Estado pode transferir recursos para entidades sem fins
lucrativos, para a consecução de serviços públicos, desde que 22. (CEBRASPE (CESPE) - DPF/PF/2021)
observada a Lei de Licitações. No que concerne a controle da administração pública, julgue
(E) Pelo princípio da continuidade do serviço público, é proi- o item subsequente.
bida a suspensão de serviços públicos essenciais, tal como o Embora as comissões parlamentares de inquérito estejam,
fornecimento de energia. como uma modalidade de controle legislativo, aptas a investigar
fatos determinados em prazos determinados, elas são desprovi-
das de poder condenatório.
( ) CERTO
( ) ERRADO

222
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
23. (CEBRASPE (CESPE) - DEL POL (PC RJ)/PC RJ/2022) 26. (CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ RJ)/TJ RJ/JUDICIAL/EXECU-
Em 29/12/2021, Jairo, ex-secretário de estado de polícia civil, ÇÃO DE MANDADOS/2021)
foi citado para pagamento referente a ação de execução interpos- O conceito de funcionário público, para fins penais,
ta pelo estado, decorrente de multa aplicada em acórdão do tribu- (A) não alcança administrador de hospital credenciado para a
nal de contas do estado (TCE), de 12/3/2015, em razão de a corte prestação de serviços para o Sistema Único de Saúde.
de contas ter identificado que, à época em que Jairo era o titular (B) não alcança os titulares de cartório não abrangidos pelo re-
da pasta e ordenador de despesas, fora adquirido um aparelho gime estatutário.
de radiologia que não se mostrou necessário nem foi utilizado (C) não alcança o depositário judicial nomeado como auxiliar
em benefício da instituição. Por esse motivo, o TCE concluiu pela do juízo para a guarda e conservação de bens penhorados.
ilegalidade da aquisição, aplicando multa ao ex-jurisdicionado, a (D) não alcança quem trabalha em função pública, sem remu-
qual até o momento não foi paga. neração.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção cor- (E) não alcança quem trabalha em cargo em comissão de em-
reta. presa pública.
(A) A ação não deve prosperar pela prescritibilidade da ação
fundada no ressarcimento de danos ao erário estadual. 27. (CEBRASPE (CESPE) - ATT (SEFAZ SE)/SEFAZ SE/2022)
(B) A imputação de multa deveria ser direcionada ao órgão, e Em relação aos agentes públicos, assinale a opção correta.
não à pessoa do administrador. (A) Agentes credenciados são particulares que, por delegação
(C) É cabível a execução do título executivo extrajudicial, já que do Estado, executam atividade ou serviço público, em nome
o TCE concluiu que o ex-jurisdicionado agiu com culpa na auto- próprio, por conta e risco, mas sempre sob a fiscalização da ad-
rização para compra do aparelho de radiologia. ministração.
(D) Não é cabível a ação de execução, pois o acórdão do TCE (B) Empregados temporários são os que mantêm relação fun-
não tem eficácia de título executivo. cional de caráter estatutário com o Estado, sendo titulares de
(E) A natureza do dano torna imprescritível a ação de ressarci- cargos públicos de provimento efetivo ou em comissão.
mento de danos ao erário estatal, observados o contraditório (C) Empregados públicos são os que mantêm relação funcional
e a ampla defesa. de caráter contratual trabalhista com o Estado, sendo regidos
basicamente pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
24. (CEBRASPE (CESPE) - AUD (TC-DF)/TC-DF/CONSELHEI- (D) Agentes delegados são cidadãos requisitados ou designa-
RO-SUBSTITUTO/2021) dos, em função da sua honra e de sua condição cívica, a cola-
O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) recebeu, pelo borarem transitoriamente com o Estado.
sistema de ouvidoria, uma denúncia anônima acerca de ilegalida- (E) Agentes honoríficos são os que recebem da administração a
des imputáveis a determinado servidor público, ainda em estágio incumbência de representá-la em determinado ato ou de pra-
probatório, encarregado da execução de um contrato em deter- ticar certa atividade.
minada secretaria de Estado. O TCDF encaminhou a denúncia a
essa secretaria, onde, após os trâmites habituais, foi instaurado 28. (CEBRASPE (CESPE) - TCE TCE RJ/TCE-RJ/TÉCNI-
processo administrativo disciplinar (PAD). Durante o trâmite desse CO/2022)
processo, o servidor denunciado requereu desistência do estágio Determinada autarquia deflagrou de ofício um processo ad-
probatório e recondução ao cargo que antes ocupava, o que foi ministrativo contra um servidor público comissionado, alegando
indeferido. Finalizado o PAD, o servidor foi punido, no entanto que a legislação determina a abertura de processo quando verifi-
ele ajuizou ação judicial contra tal decisão, alegando nulidades no cada irregularidade funcional praticada na repartição.
procedimento e pretendendo sua anulação ou, no mérito, a revi- Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o pró-
são da penalidade. ximo item.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir, A investidura de servidor público em cargo comissionado é
com base na jurisprudência do STF e nas disposições da Lei Com- condicionada à sua aprovação prévia em concurso público de pro-
plementar distrital n.º 840/2011 (Regime Jurídico dos Servidores vas ou de provas e títulos para essa finalidade.
Públicos Civis da Administração Direta, Autárquica e Fundacional ( ) CERTO
e dos Órgãos Relativamente Autônomos do Distrito Federal). ( ) ERRADO
O controle judicial no caso é amplo, abrangendo aprofundada
incursão no mérito administrativo. 29. (CEBRASPE (CESPE) - TEC MIN (MPE CE)/MPE CE/2020)
( ) CERTO No que diz respeito à administração pública direta, à adminis-
( ) ERRADO tração pública indireta e aos agentes públicos, julgue o item que
se segue.
25. (CEBRASPE (CESPE) - PROC (PGE CE)/PGE CE/2021) Cargos, empregos e funções públicas devem ser exercidos
Conforme a classificação dos bens públicos adotada pelo or- por brasileiros que preencham as condições estabelecidas em lei,
denamento positivo brasileiro, rios, mares e estradas federais são contudo, na forma da lei, há possibilidade de acesso para os es-
exemplos de bens trangeiros.
(A) dominicais. ( ) CERTO
(B) do domínio nacional. ( ) ERRADO
(C) de uso comum do povo.
(D) de uso especial.

223
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
30. (CEBRASPE (CESPE) - PGE PB/PGE PB/2021) Considerando-se a aplicação do princípio da boa-fé objetiva à
À luz do disposto na Constituição Federal a respeito de admi- luz jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é correto afir-
nistração pública e direito administrativo, assinale a opção corre- mar que, nessa situação hipotética,
ta. (A) é devida a exigência de devolução dos valores pagos a
(A) O direito constitucional de greve dos servidores públicos é maior pelo servidor beneficiado, de forma solidária com os de-
norma de eficácia imediata. mais servidores que o orientaram a permanecer inerte, sendo
(B) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Po- adequada a interrupção do pagamento do excedente na folha
der Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder de pagamento.
Executivo. (B) é indevida a exigência de devolução da quantia paga a
(C) A proibição de cumulação de cargos não se aplica à adminis- maior pela administração, uma vez que não estão sujeitos à
tração indireta regida pelo direito privado. repetição os valores recebidos de boa-fé pelo servidor, além
(D) Embora se exija lei específica para autorizar a instituição de ser exigível a manutenção do pagamento do excedente, já
de empresa pública, não é necessária tal autorização legal para que o servidor não concorreu para o erro e a remuneração é
criação de empresas subsidiárias. irredutível, por força de disposição constitucional.
(E) Considera-se como limite máximo de remuneração e subsí- (C) é indevida a exigência de devolução da quantia paga a maior
dios para servidores estaduais o salário dos ministros do Supre- pela administração, uma vez que não estão sujeitos à repetição
mo Tribunal Federal. os valores recebidos de boa-fé pelo servidor, embora a admi-
nistração possua a prerrogativa de corrigir o erro, no exercício
31. (CEBRASPE (CESPE) - AGFEP (DEPEN)/DEPEN/2021) do seu poder de autotutela.
Jorge, chefe de repartição vinculada a órgão público federal, (D) é devida a exigência de devolução dos valores pagos a maior
determinou, de forma expressa, que todos os servidores deveriam ao servidor, independentemente de o pagamento ter ocorrido
tratar os administrados com respeito e urbanidade e que não tole- em razão de erro operacional, de cálculo ou decorrente de in-
raria ofensa verbal. No entanto, Bruno, um de seus subordinados correta ou inadequada interpretação da lei, podendo o erário
que exerce cargo em comissão e não possui cargo efetivo, come- interromper o pagamento da parcela em excesso.
teu grave insubordinação em serviço ao insultar Fernanda, uma (E) é devida a exigência de devolução dos valores pagos a maior
administrada que havia solicitado informações sobre o andamen- ao servidor, mesmo que ele não tenha concorrido para o erro
to de processo que tramitava no referido órgão. Jorge, na figura da administração, sendo também adequada a interrupção do
de autoridade pública competente, abriu processo administrativo pagamento do excedente na folha de pagamento.
disciplinar contra Bruno, que culminou na aplicação de pena de
suspensão por 90 dias ao insubordinado. 34. (CEBRASPE (CESPE) - ACE (TC-DF)/TC-DF/2021)
Considerando essa situação hipotética e os dispositivos da Lei A respeito de atos administrativos, dos princípios administra-
n.º 8.112/1990 e da Lei n.º 9.784/1999, bem como as disposições tivos, do processo administrativo e dos poderes da administração
a respeito dos poderes administrativos e da responsabilidade civil pública, julgue o item:
do Estado no direito brasileiro, julgue o item subsequente. Segundo entendimento do STJ, o ato de instauração válido
A Lei n.º 8.112/1990 é inaplicável a Bruno, uma vez que ele do processo administrativo disciplinar constitui o marco inicial da
exerce cargo em comissão e não possui cargo efetivo. contagem do prazo prescricional.
( ) CERTO ( ) CERTO
( ) ERRADO ( ) ERRADO

32. (CEBRASPE (CESPE) - AAMB (ICMBIO)/ICMBIO/2022) 35. (CEBRASPE (CESPE) - PRF/PRF/2021)


No que diz respeito ao direito administrativo, julgue o item A respeito da ética no serviço público, da administração pú-
a seguir. blica federal bem como dos servidores públicos federais e seus
O candidato aprovado em concurso público iniciará o desem- direitos e deveres, julgue o item que se seguem.
penho das atribuições do respectivo cargo público imediatamente O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, desde que satis-
depois de ser nomeado e empossado nele. feitos os requisitos legais, poderá realizar a contratação direta de
( ) CERTO empresa na qual um primo seja sócio.
( ) ERRADO ( ) CERTO
( ) ERRADO
33. (CEBRASPE (CESPE) - PROC (PGE RO)/PGE RO/2022)
Determinado servidor público constatou ter recebido, no pa- 36. (CEBRASPE (CESPE) - TCE TCE RJ/TCE-RJ/TÉCNI-
gamento do mês atual, um valor 30% maior do que o habitual. CO/2022)
Ele não estava de férias, não havia recebido qualquer indenização Com base na Lei de Improbidade Administrativa, julgue o pró-
e não havia tido notícia de alteração legal. Em conversa sobre o ximo item.
assunto com seus colegas de repartição, foi por eles orientado a Garantir a integridade do patrimônio público é objetivo da Lei
permanecer inerte, já que não havia feito nenhum pedido indevi- de Improbidade Administrativa.
do nem prestado qualquer informação falsa ou equivocada para ( ) CERTO
o departamento responsável pelo pagamento. Não havia, pois, ( ) ERRADO
dado causa ao pagamento adicional. Na folha de pagamento se-
guinte, a administração constatou o equívoco e, considerando seu
dever de agir à luz do princípio da legalidade, da autotutela e da
indisponibilidade do interesse público sobre o privado, interrom-
peu o pagamento do valor excedente e solicitou a devolução do
valor recebido a maior pelo servidor.

224
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
37. (CEBRASPE (CESPE) - AAMB (IBAMA)/IBAMA/LICEN- 41. (CEBRASPE (CESPE) - AFRDF (SEFAZ DF)/SEFAZ DF/2020)
CIAMENTO AMBIENTAL/2022) A Lei distrital n.º 2.834/2001 tornou aplicável ao Distrito Fe-
Considerando a hipótese de que, no seu exercício profissio- deral a Lei federal n.º 9.784/1999, que regula o processo adminis-
nal, determinado servidor público tenha utilizado, para fins de trativo no âmbito da administração pública federal. Considerando
interesse particular, os serviços de servidor subordinado a ele, essas normas, julgue o item subsequente.
julgue o item seguinte. A citada norma distrital não recepcionou os dispositivos da
A atuação do superior hierárquico, nesse caso, constitui ato referida lei federal relativos aos direitos dos administrados.
de improbidade administrativa que importa lesão ao erário. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO
42. (CEBRASPE (CESPE) - ATM (PREF ARACAJU)/PREF ARA-
38. (CEBRASPE (CESPE) - DPF/PF/2021) CAJU/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2021)
Determinado órgão público, por intermédio de seu titular, Conforme o disposto na Lei n.º 8.666/1993, nos processos de
pretende delegar parte de sua competência administrativa para licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para a
outro órgão com a mesma estrutura, seguindo os preceitos da Lei aquisição de
Federal n.º 9.784/1999. (A) imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item sub- da administração, desde que comprovadas a necessidade de
sequente. instalação e a compatibilidade do preço com o valor de mer-
Nessa situação, o órgão delegante pertence necessariamente cado.
à administração pública federal, e não ao Poder Judiciário ou ao (B) produtos manufaturados e para serviços nacionais durante
Poder Legislativo. o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original dos
( ) CERTO equipamentos, desde que comprovada a condição indispensá-
( ) ERRADO vel para a vigência da garantia.
(C) serviços prestados por empresas que comprovem cumpri-
39. (CEBRASPE (CESPE) - AGFEP (DEPEN)/DEPEN/2021) mento de reserva de cargos prevista em lei para reabilitado da
Na pretensão de celebrar contrato administrativo com em- Previdência Social, desde que comprovado o atendimento às
presa fornecedora de serviço de mão de obra, João, servidor pú- regras de acessibilidade previstas na legislação.
blico competente de determinado órgão público, elaborou edital (D) bens produzidos por órgão que integre a administração
de licitação prevendo em uma de suas cláusulas que a empresa pública e que não tenha sido criado para esse fim específico,
contratada reserve percentual mínimo de sua mão de obra a pes- desde que comprovado preço não superior ao praticado no
soas oriundas do sistema prisional. Tomando conhecimento do mercado.
fato, o chefe de João, autoridade máxima do órgão, sem apresen- (E) bens para as forças militares, desde que comprovada a pos-
tar justificativa, suspendeu o edital e determinou a contratação sibilidade de comprometimento da segurança nacional e es-
direta da empresa por dispensa de licitação. Contrariado com a tabelecidos em decreto do presidente da República, ouvido o
atitude do seu superior hierárquico, João foi embora para casa Conselho de Defesa.
no meio do expediente sem autorização do seu chefe, coisa que
nunca antes fizera. 43. (CEBRASPE (CESPE) - OF (CBM AL)/CBM AL/2021)
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que se Com base nos princípios do regime jurídico administrativo e
segue. nas regras relativas à contratação direta pela administração públi-
A atitude do chefe de João foi equivocada, uma vez que os ca, julgue o item que se seguem.
atos administrativos que dispensem processo licitatório deverão Empresa de sociedade de economia mista sob o controle da
ser motivados com indicação dos fatos e dos fundamentos jurí- União está dispensada de licitar a venda de produtos por ela pro-
dicos. duzidos, em virtude de suas finalidades, porém, para contratos
( ) CERTO não vinculados diretamente à finalidade dessa entidade econômi-
( ) ERRADO ca, permanece a exigência de licitação.
( ) CERTO
40. (CEBRASPE (CESPE) - TAMB (ICMBIO)/ICMBIO/2022) ( ) ERRADO
Acerca da invalidação, revogação e convalidação dos atos ad-
ministrativos, julgue o item a seguir. 44. (CEBRASPE (CESPE) - AFRE (SEFAZ AL)/SEFAZ AL/2020)
Agirá de acordo com o previsto na Lei n.º 9.784/1999 o servi- Julgue o próximo item, relativo a licitações e contratos admi-
dor público federal que verificar, no ambiente de trabalho, a ile- nistrativos.
galidade de ato administrativo e, com base nisso, revogá-lo, para A existência de fornecedor exclusivo de determinado produto
não prejudicar administrados que sofreriam efeitos danosos em é hipótese de inexigibilidade de licitação.
consequência da aplicação desse ato. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO

225
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
45. (CEBRASPE (CESPE) - TDP (DPE RO)/DPE RO/OFICIAL 48. (CEBRASPE (CESPE) - AFCE (TCE-SC)/TCE-SC/ENGE-
DE DILIGÊNCIA/2022) NHARIA CIVIL/2022)
Acerca da gestão de contratos públicos, assinale a opção cor- Julgue o próximo item, relativos a análise e interpretação de
reta. documentação técnica.
(A) A dispensa de licitação é o único caso de contratação públi- Nas contratações de obras, serviços e compras, o seguro ga-
ca que prescinde do procedimento licitatório. rantia e a fiança bancária são as únicas opções do contratado para
(B) A estruturação e a atribuição de responsabilidade pelo ge- a prestação de garantia da proposta.
renciamento são insuficientes para uma eficiente gestão de um ( ) CERTO
contrato público. ( ) ERRADO
(C) Nos contratos e convênios públicos, os interesses são co-
muns. 49. (CEBRASPE (CESPE) - ANA (PGE RJ)/PGE RJ/PROCESSU-
(D) O sistema de gestão de contratos públicos encerra-se no AL/2022)
gerenciamento e acompanhamento de sua execução. Com base no que determina a Lei n.º 8.666/1993, julgue o
(E) Cada contrato público deve ter um único fiscal responsável próximo item.
pela sua execução. Nas contratações de obras, serviços e compras em que seja
exigida prestação de garantia, cabe ao contratado, e não à ad-
46. (CEBRASPE (CESPE) - ATCI NS (ME)/ME/PERFIL PROFIS- ministração pública, escolher o tipo de garantia contratual a ser
SIONAL 2/DIREITO/2020) prestada.
Observadas as exigências administrativas que devem antece- ( ) CERTO
der o contrato jurídico, determinado órgão da administração pú- ( ) ERRADO
blica, em razão de reforma em seu edifício- sede, alugou o imóvel
de Joana, o único localizado ao lado da sede e com preço acessí- 50. (CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/CON-
vel, pelo prazo de doze meses. Passados quatro meses, a obra foi SULTORIA TÉCNICA LEGISLATIVA/2021)
concluída e o órgão público desocupou a propriedade e rescindiu Após regular realização de procedimento licitatório, deter-
o contrato unilateralmente, sob o argumento de que a finalidade minado ente público firmou contrato com a empresa vencedora
do interesse público fora atingida, e sem considerar, portanto, a para prestação de serviços de baixa complexidade técnica. No ato
concordância de eventuais particulares prejudicados, o que frus- da celebração, a administração, mesmo sem previsão no instru-
trou os planos financeiros de Joana. mento convocatório, exigiu a prestação de garantia por parte da
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, con- empresa por meio de título da dívida pública no valor de dez por
siderando as regras relacionadas aos atos e contratos administra- cento do valor do contrato.
tivos e a legislação pertinente. Nessa situação hipotética, considerando o disposto na Lei n.º
A relação contratual de Joana com o órgão público é classi- 8.666/1993, a atuação da administração pública está
ficada pela doutrina como contrato da administração que tem (A) correta, pois a lei permite exigir garantia em dez por cento
paralelo no direito privado, não se confundindo com ato adminis- do valor do contrato.
trativo, e pode impor punições aos agentes públicos que agem de (B) correta, pois a administração é obrigada por lei a exigir ga-
modo ímprobo no trato da coisa pública. rantia em todos os contratos administrativos.
( ) CERTO (C) errada, pois o título de dívida pública não é modalidade de
( ) ERRADO garantia prevista em lei.
(D) errada, pois a garantia deve ter como parâmetro o valor
47. (CEBRASPE (CESPE) - ATCI NS (ME)/ME/PERFIL PROFIS- estimado da contratação quando da publicação do edital de
SIONAL 2/DIREITO/2020) licitação.
Observadas as exigências administrativas que devem antece- (E) errada, pois a exigência de prestação de garantia deve estar
der o contrato jurídico, determinado órgão da administração pú- prevista no instrumento convocatório.
blica, em razão de reforma em seu edifício- sede, alugou o imóvel
de Joana, o único localizado ao lado da sede e com preço acessí- 51. (CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/CON-
vel, pelo prazo de doze meses. Passados quatro meses, a obra foi TROLE INTERNO/2021)
concluída e o órgão público desocupou a propriedade e rescindiu Celebrado o contrato administrativo para aquisição de equi-
o contrato unilateralmente, sob o argumento de que a finalidade pamento de laboratório, com prestação de garantia pelo contrata-
do interesse público fora atingida, e sem considerar, portanto, a do, esta será liberada após
concordância de eventuais particulares prejudicados, o que frus- (A) o encerramento da garantia do equipamento.
trou os planos financeiros de Joana. (B) a entrega do objeto.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, con- (C) o recebimento definitivo do objeto.
siderando as regras relacionadas aos atos e contratos administra- (D) a execução do contrato.
tivos e a legislação pertinente. (E) o pagamento da fatura.
O órgão público não pode se valer de prerrogativas do regime
de direito público para rescindir, unilateralmente, o contrato com
Joana, uma vez que este é regulado por normas do direito priva-
do, situação em que o Estado coloca-se no plano dos particulares,
o que assegura a Joana igualdade de tratamento.
( ) CERTO
( ) ERRADO

226
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
52. (CEBRASPE (CESPE) - TEC LEG (ALECE)/ALECE/2021) 55. (CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/
Em relação aos contratos administrativos regidos pela Lei n.º AUDITORIA/2022)
8.666/1993, a variação do valor contratual em decorrência da Acerca das inovações da Lei nº 14.133/2021, julgue o próximo
aplicação de reajuste de preços previsto no próprio contrato item.
(A) não caracteriza alteração do contrato, mas demanda regis- Ao contrário da Lei nº 8.666/1993, a nova lei estabelece que,
tro mediante a formalização de termo aditivo específico, assi- de regra, a fase de habilitação é posterior à fase de julgamento
nado pela Administração e pelo contratado. das propostas.
(B) não caracteriza alteração do contrato, podendo ser forma- ( ) CERTO
lizado por simples apostilamento por parte da Administração. ( ) ERRADO
(C) caracteriza alteração do contrato, limitando-se a 25% so-
bre o valor inicial atualizado, nos casos de compras, obras ou 56. ( CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/ARQUI-
serviços. TETURA E URBANISMO/2021)
(D) caracteriza alteração do contrato, limitando-se a 25% sobre É hipótese de inexigibilidade de licitação a
o valor inicial atualizado, nos casos de reforma de edifício ou (A) contratação de prestação de serviços com organizações so-
equipamento. ciais.
(E) caracteriza alteração do contrato, limitando-se a 50% sobre (B) contratação de remanescente de obra, em consequência de
o valor inicial atualizado, nos casos de compras, obras ou ser- rescisão contratual.
viços. (C) contratação de associação sem fins lucrativos de pessoas
com deficiência física.
53. (CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ PA)/TJ PA/ADMINISTRA- (D) inscrição de servidores públicos em seminário sobre contra-
ÇÃO/2020) tos que tenha por objetivo a capacitação.
Determinado contrato administrativo para prestação de ser- (E) restauração de obras de arte e objetos históricos, de auten-
viços de limpeza e copa, no valor de R$ 150.000, foi assinado pe- ticidade certificada.
las partes no ano de 2019. Contudo, após três meses de vigência,
descobriu-se que houvera conluio na licitação, além de não ter 57. (CEBRASPE (CESPE) - AFCE (TCE-SC)/TCE-SC/CIÊNCIAS
havido a publicação do resumo do contrato na imprensa oficial. CONTÁBEIS/2022)
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção cor- Julgue o item que se segue, no que se refere a contratos ad-
reta. ministrativos.
(A) A administração pública estava impedida de substituir o Se o edital de licitação exigir a prestação de garantia, o con-
contrato por carta-contrato ou nota de empenho de despesa, tratado poderá optar pelas modalidades de caução em dinheiro,
dado que o valor estava acima do patamar previsto em lei. seguro-garantia ou fiança bancária, sendo vedado o oferecimento
(B) Embora haja previsão legal, a ausência de publicação do re- de garantia de outras espécies, como títulos da dívida pública.
sumo na imprensa oficial não bastaria, por si só, para anular o ( ) CERTO
contrato, porquanto não é condição para sua eficácia. ( ) ERRADO
(C) É obrigatória a exigência de garantia nos contratos de ter-
ceirização, dado o elevado risco de descontinuidade contratual 58. (CEBRASPE (CESPE) - PROC (PGE MS)/PGE MS/2021)
pela contratada. A administração pública firmou contrato de fornecimento de
(D) A declaração de nulidade do contrato administrativo opera serviço contínuo de programas de informática, pelo prazo de cin-
retroativamente e impede os efeitos que ordinariamente deve- co anos, e, no tempo devido, a autoridade competente decidiu
ria produzir, além de desconstituir os já produzidos. prorrogá-lo por mais cinco.
(E) A administração pública, em razão do conluio, está dispen- Em face dessa situação hipotética e da disciplina da duração
sada de indenizar a contratada pelos serviços já prestados e dos contratos administrativos na nova Lei de Licitações e Contra-
não pagos. tos Administrativos (Lei n.º 14.133/2021), assinale a opção cor-
reta.
54. (CEBRASPE (CESPE) - PGE PB/PGE PB/2021) (A) A administração pode celebrar contratos de serviço contí-
De acordo com a Lei n.º 14.133/2021, o conjunto de elemen- nuo em virtude da relevância do serviço, ainda que a contra-
tos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado tação plurianual não seja economicamente a opção mais van-
para definir e dimensionar a obra ou o serviço, ou o complexo de tajosa.
obras ou de serviços, objeto da licitação, elaborado com base nas (B) No caso de contratos de duração plurianual, como os de
indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegure a via- serviço contínuo, um requisito é o de que a administração de-
bilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental clare, no início do contrato, a previsão de créditos orçamentá-
do empreendimento e que possibilite a avaliação do custo da obra rios suficientes para todos os exercícios de vigência do ajuste.
e a definição dos métodos e do prazo de execução denomina-se (C) Se, na situação hipotética descrita, em vez de fornecimento
(A) projeto executivo. de serviço contínuo, se tratasse de serviço público prestado em
(B) projeto básico. regime de monopólio, a duração máxima do contrato seria de
(C) modelo de execução do objeto. vinte anos.
(D) modelo de gestão do objeto. (D) Conquanto haja firmado o contrato de serviço contínuo por
(E) matriz de riscos. prazo quinquenal, a administração pública em questão poderá
extingui-lo, sem ônus, caso demonstre formalmente que a con-
tratação deixou de ser vantajosa.
(E) A autoridade competente não agiu corretamente, visto que
contratos de fornecimento de serviço contínuo não podem ser
prorrogados, uma vez atingida a duração de cinco anos de vi-
gência.

227
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
59. (CEBRASPE (CESPE) - AFCE (TCE-SC)/TCE-SC/CIÊNCIAS 64. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE AC)/MPE AC/2022)
CONTÁBEIS/2022) Em razão de uma intensa chuva, diversas casas de determi-
Julgue o item que se segue, no que se refere a contratos ad- nado município foram inundadas, o que obrigou os moradores a
ministrativos. deixarem suas residências. Por essa razão, o prefeito do município
As infrações administrativas cometidas no curso da execução cogitou abrigá-los no ginásio de uma escola particular que funcio-
de um contrato administrativo poderão ser sancionadas com ad- na na cidade.
vertência, multa, impedimento de licitar e contratar ou declara- Nessa situação hipotética,
ção de inidoneidade. (A) como a situação envolve aspectos meramente particulares,
( ) CERTO o prefeito não poderia transformar o ginásio em abrigo, sob
( ) ERRADO pena de violação ao direito de propriedade.
(B) o município poderia realizar a ocupação temporária do gi-
60. (CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/JURÍDI- násio particular, independentemente de procedimento admi-
CA/2022) nistrativo prévio, mas seria devida indenização ao particular
Um servidor de uma empresa estatal deu causa à contratação caso se constatasse dano decorrente da utilização do referido
direta com particular, promovendo licitação para o fornecimento espaço.
de bens, fora das hipóteses previstas em lei, instaurando-se, por (C) o município poderia realizar a requisição administrativa do
consequência, a competente ação penal. ginásio particular, independentemente de procedimento admi-
Nessa situação hipotética, tratando-se de empresa estatal, nistrativo prévio, até a extinção da situação de perigo, garan-
(A) são aplicáveis as disposições penais da nova Lei de Licita- tindo-se ao particular indenização pelo tempo de uso do bem.
ções e Contratos (Lei n.º 14.133/2021). (D) o município poderia realizar a ocupação temporária do gi-
(B) são aplicáveis as disposições penais da nova Lei de Licita- násio particular, independentemente de procedimento admi-
ções e Contratos (Lei n.º 14.133/2021), todavia com penas di- nistrativo prévio, mas seria garantida ao particular indenização
versas e menos rigorosas. pelo tempo de uso do bem.
(C) não se aplica nenhuma das disposições penais da nova Lei (E) o município poderia realizar a requisição administrativa do
de Licitações e Contratos (Lei n.º 14.133/2021). ginásio particular, independentemente de procedimento ad-
(D) são aplicáveis as disposições penais da nova Lei de Licita- ministrativo prévio, até a extinção da situação de perigo, mas
ções e Contratos (Lei n.º 14.133/2021) somente de forma ex- seria devida indenização ao particular caso se constatasse dano
tensiva, quando a lei especial não disciplinar a matéria. decorrente da utilização do citado espaço.
(E) não são aplicáveis as disposições penais da nova Lei de Li-
citações e Contratos (Lei n.º 14.133/2021), salvo as penas pe- 65. (CEBRASPE (CESPE) - PROC (PGE CE)/PGE CE/2021)
cuniárias. O poder público editou um decreto de desapropriação com
a finalidade de construir um aeroporto regional em determina-
61. (CEBRASPE (CESPE) - AFCE (TCE-SC)/TCE-SC/ADMINIS- do município. Tal decreto incluiu, além da área necessária à re-
TRAÇÃO/2022) alização do empreendimento, zona do entorno que se valorizará
No que se refere a administração de compras e materiais e extraordinariamente em consequência da realização da obra pú-
assuntos correlatos, julgue o item subsequente. blica e onde o poder público planeja a construção de um distrito
Admite-se a constituição de consórcios públicos para a reali- industrial, com a consequente revenda da área urbanizada para
zação de compras centralizadas pelos municípios, desde que cada particulares.
um desses possua, no máximo, cinquenta mil habitantes. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta à
( ) CERTO luz da legislação federal pertinente.
( ) ERRADO (A) O decreto de desapropriação, relativamente à zona do en-
torno, é ilegal, uma vez que a legislação exige a comprovação
62. (CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/ da destinação específica da área para o objeto principal da de-
ANALISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2022) sapropriação, que é a construção do aeroporto.
Com relação à Lei n.º 10.520/2002, que dispõe sobre a moda- (B) A desapropriação do entorno do futuro aeroporto é ilegal
lidade de licitação denominada pregão, para a aquisição de bens e por ausência de previsão legal de desapropriação por zona e
serviços comuns, julgue o item que se segue. porque o poder público já dispõe de instrumento específico
Para julgamento das propostas, terá de ser adotado o critério para tributar áreas que, em razão de obras públicas, tiverem
de menor preço, que prescindirá da análise dos documentos de elevada valorização, como é o caso da contribuição de melho-
habilitação do licitante que apresentar a melhor proposta. ria.
( ) CERTO (C) Será legal a desapropriação da zona do entorno do futuro
( ) ERRADO aeroporto, desde que esta seja objeto de declaração de utili-
dade pública específica, sendo vedada a utilização do mesmo
63. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) decreto desapropriatório para as duas áreas.
Relativamente à modalidade de licitação pregão, em sua for- (D) É legal a desapropriação, inclusive em relação à zona do
ma eletrônica, regulada pelo Decreto n.º 10.024/2019, julgue o entorno do futuro aeroporto.
item subsequente.
Nessa modalidade de licitação, é admitido apenas o critério
de menor preço para o julgamento da seleção da proposta mais
vantajosa.
( ) CERTO
( ) ERRADO

228
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
66. (CEBRASPE (CESPE) - AAAJ (DP DF)/DP DF/ADMINIS-
27 C
TRAÇÃO/2022)
Julgue o próximo item, com base no disposto na Lei de Acesso 28 ERRADO
à Informação (Lei n.º 12.527/2011) e na Lei da Transparência (Lei 29 CERTO
Complementar n.º 131/2009).
As informações classificadas como reservadas e ultrassecre- 30 B
tas ficam indisponíveis para acesso pelos cidadãos pelos prazos 31 ERRADO
de 5 anos e 15 anos, respectivamente, contados a partir da data
32 ERRADO
de suas produções.
( ) CERTO 33 E
( ) ERRADO 34 ERRADO
67. (CEBRASPE (CESPE) - PRF/PRF/2021) 35 CERTO
A respeito da ética no serviço público, da administração pú- 36 CERTO
blica federal bem como dos servidores públicos federais e seus
direitos e deveres, julgue o item que se seguem. 37 ERRADO
38 ERRADO
Caso terceiro solicite, por telefone, informação sobre aquisi-
39 CERTO
ções de determinado órgão público, o servidor deverá orientá-lo a
preencher o formulário padrão, disponibilizado em meio eletrôni- 40 ERRADO
co e físico, com os dados exigidos pela lei. 41 ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO 42 C
43 CERTO
GABARITO 44 CERTO
45 B
1 D 46 CERTO
2 C 47 ERRADO
3 A 48 ERRADO
4 C 49 CERTO
5 E 50 E
6 C 51 D
7 ERRADO 52 B
8 C 53 D
9 ERRADO 54 B
10 A 55 CERTO
11 C 56 D
12 ERRADO 57 ERRADO
13 B 58 D
14 ERRADO 59 CERTO
15 ERRADO 60 A
16 ERRADO 61 ERRADO
17 C 62 ERRADO
18 E 63 ERRADO
19 ERRADO 64 E
20 CERTO 65 D
21 CERTO 66 ERRADO
22 CERTO 67 ERRADO
23 A
24 ERRADO
25 C
26 C

229
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ANOTAÇÕES

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230
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CONCEITO, CLASSIFICAÇÕES

Conceito de Constituição
A Constituição é a norma suprema que rege a organização de um Estado Nacional.
Por não haver na doutrina um consenso sobre o conceito de Constituição, faz-se importante o estudo das diversas concepções que o
englobam. Então vejamos:

Constituição Sociológica
Idealizada por Ferdinand Lassalle, em 1862, é aquela que deve traduzir a soma dos fatores reais de poder que rege determinada nação,
sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que não corresponde à Constituição real.

Constituição Política
Desenvolvida por Carl Schmitt, em 1928, é aquela que decorre de uma decisão política fundamental e se traduz na estrutura do Estado
e dos Poderes e na presença de um rol de direitos fundamentais. As normas que não traduzirem a decisão política fundamental não serão
Constituição propriamente dita, mas meras leis constitucionais.

Constituição Jurídica
Fundada nas lições de Hans Kelsen, em 1934, é aquela que se constitui em norma hipotética fundamental pura, que traz fundamento
transcendental para sua própria existência (sentido lógico-jurídico), e que, por se constituir no conjunto de normas com mais alto grau de
validade, deve servir de pressuposto para a criação das demais normas que compõem o ordenamento jurídico (sentido jurídico-positivo).
Na concepção jurídico-positiva de Hans Kelsen, a Constituição ocupa o ápice da pirâmide normativa, servindo como paradigma máxi-
mo de validade para todas as demais normas do ordenamento jurídico.
Ou seja, as leis e os atos infralegais são hierarquicamente inferiores à Constituição e, por isso, somente serão válidos se não contra-
riarem as suas normas.

Abaixo, segue a imagem ilustrativa da Pirâmide Normativa:

Pirâmide Normativa

Como Normas Infraconstitucionais entendem-se as Leis Complementares e Ordinárias;


Como Normas Infralegais entendem-se os Decretos, Portarias, Instruções Normativas, Resoluções, etc.

231
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Constitucionalismo → Mutações Constitucionais não seria alterações físicas, palpá-
Canotilho define o constitucionalismo como uma teoria (ou veis, materialmente perceptíveis, mas sim alterações no significado
ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável e sentido interpretativo de um texto constitucional. A transforma-
à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização ção não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra
político-social de uma comunidade. enunciada. O texto permanece inalterado.
Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará
uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos. As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter
O conceito de constitucionalismo transporta, assim, um claro dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, através de proces-
juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal sos informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre
como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo. aquelas mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucio-
Partindo, então, da ideia de que o Estado deva possuir uma nal.
Constituição, avança-se no sentido de que os textos constitucionais
contêm regras de limitação ao poder autoritário e de prevalência Métodos de Interpretação Constitucional
dos direitos fundamentais, afastando-se a visão autoritária do an- A hermenêutica constitucional tem por objeto o estudo e a
tigo regime. sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido
e o alcance das normas constitucionais. É a ciência que fornece a
Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Refor-
técnica e os princípios segundo os quais o operador do Direito po-
ma (Emendas e Revisão) e Mutação da Constituição
derá apreender o sentido social e jurídico da norma constitucional
em exame, ao passo que a interpretação consiste em desvendar o
Canotilho afirma que o poder constituinte tem suas raízes em
uma força geral da Nação. Assim, tal força geral da Nação atribui ao real significado da norma. É, enfim, a ciência da interpretação das
povo o poder de dirigir a organização do Estado, o que se conven- normas constitucionais.
cionou chamar de poder constituinte. A interpretação das normas constitucionais é realizada a partir
Munido do poder constituinte, o povo atribui parcela deste a da aplicação de um conjunto de métodos hermenêuticos desenvol-
órgãos estatais especializados, que passam a ser denominados de vidos pela doutrina e pela jurisprudência. Vejamos cada um deles:
Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).
Portanto, o poder constituinte é de titularidade do povo, mas Método Hermenêutico Clássico
é o Estado, por meio de seus órgãos especializados, que o exerce. Também chamado de método jurídico, desenvolvido por Ernest
Forsthoff, considera a Constituição como uma lei em sentido amplo,
Poder Constituinte Originário logo, a arte de interpretá-la deverá ser realizada tal qual a de uma
É aquele que cria a Constituição de um novo Estado, organi- lei, utilizando-se os métodos de interpretação clássicos, como, por
zando e estabelecendo os poderes destinados a reger os interesses exemplo, o literal, o lógico-sistemático, o histórico e o teleológico.
de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro poder, não sofre
qualquer limitação na órbita jurídica e não se subordina a nenhuma → Literal ou gramatical: examina-se separadamente o sentido
condição, por tudo isso é considerado um poder de fato ou poder de cada vocábulo da norma jurídica. É tida como a mais singela for-
político. ma de interpretação, por isso, nem sempre é o mais indicado;
→ Lógico-sistemático: conduz ao exame do sentido e do alcan-
Poder Constituinte Derivado ce da norma de forma contextualizada ao sistema jurídico que inte-
Também é chamado de Poder instituído, de segundo grau ou gra. Parte do pressuposto de que a norma é parcela integrante de
constituído, porque deriva do Poder Constituinte originário, encon- um todo, formando um sistema jurídico articulado;
trando na própria Constituição as limitações para o seu exercício, → Histórico: busca-se no momento da produção normativa o
por isso, possui natureza jurídica de um poder jurídico. verdadeiro sentido da lei a ser interpretada;
→ Teleológico: examina o fim social que a norma jurídica pre-
Poder Constituinte Derivado Decorrente tendeu atingir. Possui como pressuposto a intenção do legislador ao
É a capacidade dos Estados, Distrito Federal e unidades da Fe-
criar a norma.
deração elaborarem as suas próprias Constituições (Lei Orgânica),
no intuito de se auto-organizarem. O exercente deste Poder são as
Método Tópico-Problemático
Assembleias Legislativas dos Estados e a Câmara Legislativa do Dis-
trito Federal. Este método valoriza o problema, o caso concreto. Foi ideali-
zado por Theodor Viehweg. Ele interpreta a Constituição tentando
Poder Constituinte Derivado Reformador adaptar o problema concreto (o fato social) a uma norma consti-
Pode editar emendas à Constituição. O exercente deste Poder tucional. Busca-se, assim, solucionar o problema “encaixando” em
é o Congresso Nacional. uma norma prevista no texto constitucional.

Mutação da Constituição Método Hermenêutico-Concretizador


A interpretação constitucional deverá levar em consideração Seu principal mentor foi Konrad Hesse. Concretizar é aplicar a
todo o sistema. Em caso de antinomia de normas, buscar-se-á a so- norma abstrata ao caso concreto.
lução do aparente conflito através de uma interpretação sistemáti- Este método reconhece a relevância da pré-compreensão do
ca, orientada pelos princípios constitucionais. intérprete acerca dos elementos envolvidos no texto constitucional
Assim, faz-se importante diferenciarmos reforma e mutação a ser desvendado.
constitucional. Vejamos: A reformulação desta pré-compreensão e a subsequente re-
leitura do texto normativo, com o posterior contraponto do novo
→ Reforma Constitucional seria a modificação do texto consti- conteúdo obtido com a realidade social (movimento de ir e vir) de-
tucional, através dos mecanismos definidos pelo poder constituinte ve-se repetir continuamente até que se chegue à solução ótima do
originário (emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando ar- problema. Esse movimento é denominado círculo hermenêutico ou
tigos ao texto original. espiral hermenêutica.

232
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Método Científico-Espiritual Princípio da Interpretação conforme a Constituição
Desenvolvido por Rudolf Smend. Baseia-se no pressuposto de Este princípio determina que, em se tratando de atos norma-
que o intérprete deve buscar o espírito da Constituição, ou seja, os tivos primários que admitem mais de uma interpretação (normas
valores subjacentes ao texto constitucional. polissêmicas ou plurissignificativas), deve-se dar preferência à in-
É um método marcadamente sociológico que analisa as nor- terpretação legal que lhe dê um sentido conforme a Constituição.
mas constitucionais a partir da ordem de valores imanentes do
texto constitucional, a fim de alcançar a integração da Constituição Princípio da Supremacia
com a realidade social. Nele, tem-se que a Constituição Federal é a norma suprema,
haja vista ser fruto do exercício do Poder Constituinte originário.
Método Normativo-Estruturante Essa supremacia será pressuposto para toda interpretação jurídi-
Pensado por Friedrich Muller, parte da premissa de que não há co-constitucional e para o exercício do controle de constituciona-
uma identidade entre a norma jurídico-constitucional e o texto nor- lidade.
mativo. A norma constitucional é mais ampla, uma vez que alcança
a realidade social subjacente ao texto normativo. Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis
Assim, compete ao intérprete identificar o conteúdo da norma Segundo ele, presumem-se constitucionais as leis e atos nor-
constitucional para além do texto normativo. Daí concluir-se que a mativos primários até que o Poder Judiciário os declare inconstitu-
norma jurídica só surge após a interpretação do texto normativo. cionais. Ou seja, gozam de presunção relativa.

Princípios de Interpretação Constitucional Princípio da Simetria


Deste princípio extrai-se que, as Constituições Estaduais, a Lei
Princípio da Unidade da Constituição Orgânica do Distrito Federal e as Leis Orgânicas Municipais devem
O texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar seguir o modelo estatuído na Constituição Federal.
contradições internas (antinomias), sobretudo entre os princípios
constitucionais estabelecidos. O intérprete deve considerar a Cons- Princípio dos Poderes Implícitos
Segundo a teoria dos poderes implícitos, para cada dever ou-
tituição na sua totalidade, harmonizando suas aparentes contradi-
torgado pela Constituição Federal a um determinado órgão, são im-
ções.
plicitamente conferidos amplos poderes para o cumprimento dos
objetivos constitucionais.
Princípio do Efeito Integrador
Traduz a ideia de que na resolução dos problemas jurídico-
Classificação das Constituições
-constitucionais deve-se dar primazia aos critérios que favoreçam a
unidade político-social, uma vez que a Constituição é um elemento
Quanto à Origem
do processo de integração comunitária. a) Democrática, Promulgada ou Popular: elaborada por legíti-
mos representantes do povo, normalmente organizados em torno
Princípio da Máxima Efetividade de uma Assembleia Constituinte;
Também chamado de princípio da eficiência, ou princípio da b) Outorgada: Imposta pela vontade de um poder absolutista
interpretação efetiva, reza que a interpretação constitucional deve ou totalitário, não democrático;
atribuir o sentido que dê maior efetividade à norma constitucional c) Cesarista, Bonapartista, Plebiscitária ou Referendária: Criada
para que ela cumpra sua função social. por um ditador ou imperador e posteriormente submetida à apro-
É hoje um princípio aplicado a todas as normas constitucionais, vação popular por plebiscito ou referendo.
sendo, sobretudo, aplicado na interpretação dos direitos funda-
mentais. Quanto ao Conteúdo
a) Formal: compõe-se do que consta em documento solene;
Princípio da Justeza b) Material: composta por regras que exteriorizam a forma de
Também chamado de princípio da conformidade funcional, Estado, organizações dos Poderes e direitos fundamentais, poden-
estabelece que os órgãos encarregados da interpretação constitu- do ser escritas ou costumeiras.
cional não devem chegar a um resultado que subverta o esquema
organizatório e funcional traçado pelo legislador constituinte. Quanto à Forma
Ou seja, não pode o intérprete alterar a repartição de funções a) Escrita ou Instrumental: formada por um texto;
estabelecida pelos Poderes Constituintes originário e derivado. a.i) Escrita Legal – formada por um texto oriundo de documen-
tos esparsos ou fragmentados;
Princípio da Harmonização a.ii) Escrita Codificada – formada por um texto inscrito em do-
Este princípio também é conhecido como princípio da concor- cumento único.
dância prática, e determina que, em caso de conflito aparente entre b) Não Escrita: identificada a partir dos costumes, da jurispru-
normas constitucionais, o intérprete deve buscar a coordenação e dência predominante e até mesmo por documentos escritos.
a combinação dos bens jurídicos em conflito, de modo a evitar o
sacrifício total de uns em relação aos outros. Quanto à Estabilidade, Mutabilidade ou Alterabilidade
a) Imutável: não prevê nenhum processo para sua alteração;
Princípio da Força Normativa da Constituição b) Fixa: só pode ser alterada pelo Poder Constituinte Originário;
Neste princípio o interprete deve buscar a solução hermenêu- c) Rígida: o processo para a alteração de suas normas é mais
tica que possibilita a atualização normativa do texto constitucional, difícil do que o utilizado para criar leis;
concretizando sua eficácia e permanência ao longo do tempo. d) Flexível: o processo para sua alteração é igual ao utilizado
para criar leis;
e) Semirrígida ou Semiflexível: dotada de parte rígida e parte
flexível.

233
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Quanto à Extensão
a) Sintética: regulamenta apenas os princípios básicos de um Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação
de direitos e garantias fundamentais;
b) Analítica: vai além dos princípios básicos e dos direitos fundamentais, detalhando também outros assuntos, como de ordem eco-
nômica e social.

Quanto à Finalidade
a) Garantia: contém proteção especial às liberdades públicas;
b) Dirigente: confere atenção especial à implementação de programas pelo Estado.

Quanto ao Modo de Elaboração


a) Dogmática: sistematizada a partir de ideias fundamentais;
b) Histórica: de elaboração lenta, pois se materializa a partir dos costumes, que se modificam ao longo do tempo.

Quanto à Ideologia
a) Ortodoxa: forjada sob a ótica de somente uma ideologia;
b) Eclética: fundada em valores plurais.

Quanto ao Valor ou Ontologia (Karl Loewestein)


a) Normativa: dotada de valor jurídico legítimo;
b) Nominal: sem valor jurídico, apenas social;
c) Semântica: tem importância jurídica, mas não valoração legítima, pois é criada apenas para justificar o exercício de um Poder não
democrático.

Classificação da Constituição da República Federativa do Brasil


Democrática, Promulgada ou Popular Formal Escrita Rígida Analítica Dirigente Dogmática Eclética Normativa

Classificação das Normas Constitucionais


– Normas Constitucionais de Eficácia Plena: Possuem aplicabilidade imediata, direta e integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Contida: Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Institutivos: Possuem aplicabilidade indireta, dependem de lei
posterior para dar corpo a institutos jurídicos e aos órgãos ou entidades do Estado, previstos na Constituição.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Programáticos: Possuem aplicabilidade indireta, estabelecem
programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos pelo Estado, típicas das Constituições dirigentes.
– Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta: Não podem ser abolidas nem mesmo por emenda à Constituição Federal.
– Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida: Possuem aplicabilidade esgotada.
– Normas Constitucionais de Eficácia Negativa
→ Impedem a recepção das normas infraconstitucionais pré-constitucionais materialmente incompatíveis, revogando-as;
→ Impedem que sejam produzidas normas ulteriores que contrariem os programas por ela estabelecidos. Serve, assim, como parâ-
metro para o controle de constitucionalidade;
→ Obrigam a atuação do Estado no sentido de conferir eficácia aos programas estatuídos no texto constitucional.

História Constitucional Brasileira

Constituição de 18241
Primeira Constituição brasileira, a Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada por Dom Pedro I, em 25 de março de 1824.
Instalava-se um governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo.
Além dos três Poderes, Legislativo, Judiciário e Executivo, havia ainda o Poder Moderador. O Poder Legislativo era exercido pela As-
sembleia Geral, composta de duas câmaras: a dos senadores, cujos membros eram vitalícios e nomeados pelo Imperador dentre integran-
tes de uma lista tríplice enviada pela Província, e a dos deputados, eletiva e temporária.
Nesta Constituição destacaram-se: o fortalecimento da figura do Imperador com a criação do Poder Moderador acima dos outros
Poderes; a indicação pelo Imperador dos presidentes que governariam as províncias; o sistema eletivo indireto e censitário, com o voto
restrito aos homens livres e proprietários e subordinado a seu nível de renda.
Em 1834 foi promulgado o Ato Adicional, que criava as Assembleias Legislativas provinciais e suprimia o Poder Moderador, só restau-
rado em 1840, com a Emenda Interpretativa do Ato Adicional.
Foi a constituição que vigorou por maior tempo, 65 anos.

1 https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/copy_of_museu/publicacoes/arquivos-pdf/Constituicoes%20Brasi-
leiras-PDF.pdf

234
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Constituição de 1891 A Constituição de 1937 vigorou por 8 anos.
Foi promulgada pelo Congresso Constitucional, o mesmo que
elegeu Deodoro da Fonseca como Presidente. Tinha caráter liberal Constituição de 1946
e federalista, inspirado na tradição republicana dos Estados Unidos. Promulgada durante o governo do presidente Eurico Gaspar
Instituiu o presidencialismo, concedeu grande autonomia aos Dutra, foi elaborada sob os auspícios da derrota dos regimes totali-
estados da federação e garantiu a liberdade partidária. tários na Europa ao término da Segunda Guerra Mundial, refletia a
Estabeleceu eleições diretas para a Câmara, o Senado e a Pre- redemocratização do Estado brasileiro.
sidência da República, com mandato de quatro anos. Estabeleceu Restabeleceu os direitos individuais, extinguindo a censura e a
o voto universal e não-secreto para homens acima de 21 anos e pena de morte. Devolveu a independência dos três poderes, a au-
vetava o mesmo a mulheres, analfabetos, soldados e religiosos; de- tonomia dos estados e municípios e a eleição direta para presidente
terminou a separação oficial entre o Estado e a Igreja Católica; insti- da República, com mandato de cinco anos.
tuiu o casamento civil e o habeas corpus; aboliu a pena de morte e Em 1961 sofreu importante reforma com a adoção do parla-
extinguiu o Poder Moderador. mentarismo. Foi posteriormente anulada pelo plebiscito de 1963,
Também nesta Constituição ficou estabelecida, em seu artigo que restaurava o regime presidencialista.
terceiro, uma zona de 14.400 Km² no Planalto Central, para a futura
Capital Federal. A Constituição de 1946 vigorou por 21 anos.

A Constituição de 1891 vigorou por 39 anos. Constituição de 1967


Foi promulgada pelo Congresso Nacional durante o governo
Constituição de 1934 Castelo Branco.
Foi promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro go- Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime Militar de
verno do Presidente Getúlio Vargas e preservou a essência do mo- 1964. Foi por muitos denominada de “Super Polaca”.
delo liberal da Constituição anterior. Conservou o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional n° 2. Es-
Garantiu maior poder ao governo federal; instituiu o voto obri- tabeleceu eleições indiretas, por meio do Colégio Eleitoral, para a
gatório e secreto a partir dos 18 anos e o voto feminino, já institu- presidência da República, com quatro anos de mandato.
ídos pelo Código Eleitoral de 1932; fixou um salário mínimo; intro- Foram incorporadas nas suas Disposições Transitórias os dispo-
duziu a organização sindical mantida pelo Estado. sitivos do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, dando permissão ao
Criou o mandado de segurança. Sob a rubrica “Da Ordem Eco- presidente para, dentre outros, fechar o Congresso, cassar manda-
nômica e Social”, explicitava que deveria possibilitar “a todos exis- tos e suspender direitos políticos. Permitiu aos governos militares
tência digna” e sob a rubrica “Da família, da Educação e da Cultura” total liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, econômica
proclamava a educação “direito de todos”. e tributária.
Mudou também o enfoque da democracia individualista para Desta forma, o Executivo acabou por substituir, na prática, o
a democracia social. Estabeleceu os critérios acerca da criação da Legislativo e o Judiciário. Sofreu algumas reformas como a emen-
Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral. O Poder Legislativo seria da Constitucional nº 1, de 1969, outorgada pela Junta Militar. Tal
exercido pela Câmara dos Deputados com colaboração do Senado, emenda se apresenta como um “complemento” às leis e regula-
sendo aquela constituída por representantes eleitos pela popula- mentações da Constituição de 1967.
ção e por organizações de caráter profissional e trabalhista. Embora seja denominada por alguns como Constituição, já que
promulgou um texto reformulado a partir da Constituição de 1967,
A Constituição de 1934 vigorou por 3 anos. muitos são os que não a veem como tal. A verdade é que, a par-
tir desta emenda, ficam mais claras as características políticas da
Constituição de 1937 ditadura militar. Continuava em vigor o Ato Institucional nº 5 e os
No início de novembro de 1937, tropas da polícia militar do demais atos institucionais anteriormente baixados.
Distrito Federal cercaram o Congresso e impediram a entrada dos A Constituição de 1967 autorizava a expedição de decretos-lei,
parlamentares. No mesmo dia, Vargas apresentou uma nova fase a nomeação de senadores pelas Assembleias Legislativas, a pror-
política e a entrada em vigor de nova Carta Constitucional. Começa- rogação do mandato presidencial para seis anos e a alteração da
va oficialmente o “Estado Novo”. Deu-se a supressão dos partidos proporcionalidade de deputados no Congresso.
políticos e a concentração de poder nas mãos do chefe supremo.
A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos modelos fascistas A Constituição de 1967 vigorou por 21 anos.
europeus, institucionalizando o regime ditatorial do Estado Novo.
Ficaria conhecida como “Polaca”, devido a certas semelhanças com Constituição de 1988
a Constituição Polonesa de 1935. Atualmente em vigor, a Constituição de 1988 foi promulga-
Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a liberdade po- da no governo de José Sarney. Foi elaborada por uma Assembleia
lítico partidária e anulou a independência dos Poderes e a autono- Constituinte, legalmente convocada e eleita e a primeira a permitir
mia federativa. a incorporação de emendas populares.
Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade parlamen- O Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Gui-
tar, a prisão e o exílio de opositores. Instituiu a eleição indireta para marães, ao entregá-la à nação, chamou-a de “Constituição Cidadã”.
presidente da República, com mandato de seis anos; a pena de Seus pontos principais são a República representativa, federati-
morte e a censura prévia nos meios de comunicação. Manteve os va e presidencialista. Os direitos individuais e as liberdades públicas
direitos trabalhistas. são ampliados e fortalecidos. É garantida a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
O Poder Executivo mantém sua forte influência, permitindo a
edição de medidas provisórias com força de lei (vigorantes por um
mês, passíveis de serem reeditadas enquanto não forem aprovadas
ou rejeitadas pelo Congresso).

235
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O voto se torna permitido e facultativo a analfabetos e maiores de 16 anos. A educação fundamental é apresentada como obrigatória,
universal e gratuita.
Também são abordados temas como o dever da defesa do meio ambiente e de preservação de documentos, obras e outros bens de
valor histórico, artístico e cultural, bem como os sítios arqueológicos.
Reformas constitucionais começaram a ser votadas pelo Congresso Nacional a partir de 1992. Algumas das principais medidas abrem
para a iniciativa privada atividades antes restritas à esfera de ação do Estado, esvaziando, de certa forma, o poder e a influência estatais
em determinados setores.
A iniciativa privada, nacional ou internacional, recebe autorização para explorar a pesquisa, a lavra e a distribuição dos derivados
de petróleo, as telecomunicações e o gás encanado. As empresas estrangeiras adquirem o direito de exploração dos recursos minerais e
hídricos.
Na esfera política ocorrem mudanças na organização e regras referentes ao sistema eleitoral; o mandato do presidente da República é
reduzido de cinco para quatro anos e, em 1997, é aprovada a emenda que permite a reeleição do presidente da República, de governado-
res e prefeitos. Os candidatos processados por crime comum não podem ser eleitos, e os parlamentares submetidos a processo que possa
levar à perda de mandato e à inelegibilidade não podem renunciar para impedir a punição.

CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
OUTORGADAS PROMULGADAS
1824 – Constituição do Brasil-Império 1891 – 1ª Constituição da República
1937 – Imposta por Getúlio Vargas 1934 – Influenciada pela Constituição de Weimar (Alemanha – 1919). Evi-
denciou os direitos fundamentais de 2ª geração
1967 – Imposta após o Golpe Militar de 1964 1946 – Redemocratização do Brasil após a era Vargas
* EC nº1/1969 – Imposta pela ditadura 1988 – Atual Carta Política

Referências Bibliográficas:
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: Editora
JusPODIVM.

DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 edição – São Paulo: Editora Método.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, desti-
nado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Forma, Sistema e Fundamentos da República

• Papel dos Princípios e o Neoconstitucionalismo


Os princípios abandonam sua função meramente subsidiária na aplicação do Direito, quando serviam tão somente de meio de in-
tegração da ordem jurídica (na hipótese de eventual lacuna) e vetor interpretativo, e passam a ser dotados de elevada e reconhecida
normatividade.

• Princípio Federativo
Significa que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios possuem autonomia, caracteriza por um determinado
grau de liberdade referente à sua organização, à sua administração, à sua normatização e ao seu Governo, porém limitada por certos prin-
cípios consagrados pela Constituição Federal.

• Princípio Republicano
É uma forma de Governo fundada na igualdade formal entre as pessoas, em que os detentores do poder político exercem o comando
do Estado em caráter eletivo, representativo, temporário e com responsabilidade.

236
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
• Princípio do Estado Democrático de Direito IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani-
O Estado de Direito é aquele que se submete ao império da lei. dade;
Por sua vez, o Estado democrático caracteriza-se pelo respeito ao X - concessão de asilo político.
princípio fundamental da soberania popular, vale dizer, funda-se na Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in-
noção de Governo do povo, pelo povo e para o povo. tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
• Princípio da Soberania Popular de nações.
O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal reve-
la a adoção da soberania popular como princípio fundamental ao Referências Bibliográficas:
prever que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons- cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
tituição”.

• Princípio da Separação dos Poderes CAPÍTULO III SEGURANÇA PÚBLICA: ARTIGO 144
A visão moderna da separação dos Poderes não impede que
cada um deles exerça atipicamente (de forma secundária), além de TÍTULO V
sua função típica (preponderante), funções atribuídas a outro Po- DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
der. DEMOCRÁTICAS
Vejamos abaixo, os dispositivos constitucionais corresponden-
tes ao tema supracitado: O Título V da Carta Constitucional consagra as normas per-
tinentes à defesa do Estado e das instituições democráticas, pre-
TÍTULO I vendo medidas excepcionais para manter ou restabelecer a ordem
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS constitucional em momentos de anormalidade da vida política do
Estado, é o chamado sistema constitucional das crises, composto
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união pelo estado de defesa (Artigo 136, da CF) e pelo estado de sítio (Ar-
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- tigos 137 a 139, da CF).
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Ademais, prevê o Texto Maior o perfil constitucional das insti-
I - a soberania; tuições responsáveis pela defesa do Estado, quais sejam, as Forças
II - a cidadania Armadas (Artigos 142 e 143, da CF) e os órgãos de segurança públi-
III - a dignidade da pessoa humana; ca (Artigo 144, da CF).
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Com efeito, os estados de defesa e de sítio são momentos de
V - o pluralismo político. crise constitucional de legalidade extraordinária, em que são per-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce mitidas a suspensão ou a diminuição do alcance de certos direitos
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos fundamentais, mitigando a proteção dos cidadãos em face da ação
desta Constituição. opressora do Estado.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Sistema Constitucional das Crises
Objetivos Fundamentais da República Estado de Defesa Estado de Sítio
Os Objetivos Fundamentais da República estão elencados no
Artigo 3º da CF/88. Vejamos: Estado de Defesa
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede- Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por
rativa do Brasil: tempo certo, em locais restritos e determinados, mediante decreto
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o
II - garantir o desenvolvimento nacional; Conselho de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual- a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institu-
dades sociais e regionais; cional ou atingidas por calamidades de grandes proporções da na-
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, tureza.
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Vejamos o dispositivo constitucional que o representa:

Princípios de Direito Constitucional Internacional TÍTULO V


Os Princípios de Direito Constitucional Internacional estão DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
elencados no Artigo 4º da CF/88. Vejamos: DEMOCRÁTICAS
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
ções internacionais pelos seguintes princípios: CAPÍTULO I
I - independência nacional; DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos; SEÇÃO I
IV - não-intervenção; DO ESTADO DE DEFESA
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz; Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
VII - solução pacífica dos conflitos; da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais res-

237
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autori-
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por ca- zação para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará
lamidades de grandes proporções na natureza. os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacio-
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o nal decidir por maioria absoluta.
tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigo- Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração,
rarem, dentre as seguintes: as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucio-
I - restrições aos direitos de: nais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; República designará o executor das medidas específicas e as áreas
b) sigilo de correspondência; abrangidas.
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; § 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez,
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo
e custos decorrentes. o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior § 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio du-
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se rante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de
persistirem as razões que justificaram a sua decretação. imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional
§ 3º Na vigência do estado de defesa: para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe- § 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento
cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz até o término das medidas coercitivas.
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso re-
querer exame de corpo de delito à autoridade policial; Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com funda-
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au- mento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as
toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua seguintes medidas:
autuação; I - obrigação de permanência em localidade determinada;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condena-
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; dos por crimes comuns;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Pre- sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade
sidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que deci- IV - suspensão da liberdade de reunião;
dirá por maioria absoluta. V - busca e apreensão em domicílio;
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convoca- VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
do, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. VII - requisição de bens.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difu-
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando são de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Ca-
enquanto vigorar o estado de defesa. sas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de de-
fesa. SEÇÃO III
DISPOSIÇÕES GERAIS
Estado de Sítio
Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes
tempo determinado (que poderá ser no território nacional inteiro), partidários, designará Comissão composta de cinco de seus mem-
objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional, bros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referen-
perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional tes ao estado de defesa e ao estado de sítio.
ou por situação de beligerância com Estado estrangeiro (Artigo 49,
II c/c Artigo 84, XIX, da CF). Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, ces-
É mais grave que o estado de defesa, no sentido em que as me- sarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos
didas tomadas contra os direitos individuais serão mais restritivas, ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.
conforme faz ver o Artigo 139, da CF. Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado
Vejamos os dispositivos constitucionais correspondentes: de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo
Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional,
SEÇÃO II com especificação e justificação das providências adotadas, com
DO ESTADO DE SÍTIO relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho Forças Armadas e Segurança Pública
da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congres-
so Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos Forças Armadas
de: Constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica,
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas
fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o es- com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
tado de defesa; do Presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à ga-
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão ar- rantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer des-
mada estrangeira. tes, da lei e da ordem.

238
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Segurança Pública X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites
Dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exer- de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do mi-
cida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das litar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
pessoas e do patrimônio. prerrogativas e outras situações especiais dos militares, considera-
Os órgãos de segurança pública são: polícia federal, polícia ro- das as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpri-
doviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias das por força de compromissos internacionais e de guerra.
militares e corpos de bombeiros militares e polícias penais federal,
estaduais e distrital. Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir servi-
Segue abaixo os Artigos da CF, correspondentes aos referidos ço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem
temas: imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente
de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se exi-
CAPÍTULO II mirem de atividades de caráter essencialmente militar.
DAS FORÇAS ARMADAS § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço mi-
litar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encar-
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo gos que a lei lhes atribuir.
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes
e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob CAPÍTULO III
a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à DA SEGURANÇA PÚBLICA
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por ini-
ciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Ar- pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
madas. seguintes órgãos:
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições discipli- I - polícia federal;
nares militares. II - polícia rodoviária federal;
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados milita- III - polícia ferroviária federal;
res, aplicando-se lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as IV - polícias civis;
seguintes disposições: V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas ine- VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada
rentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sen- § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen-
do-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os te, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, des-
demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; tina-se a:
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em- I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in-
termos da lei; frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ain- II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
da que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no gas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fa-
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro e zendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de com-
somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promo- petência;
vido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois fronteiras;
de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária
reserva, nos termos da lei; da União.
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na for-
a partidos políticos; ma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indig- § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organiza-
no do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal do e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na
militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
especial, em tempo de guerra; § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as mi-
em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso ante- litares.
rior; § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além
XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. de defesa civil.
37, inciso XVI, alínea “c”;
IX - (Revogado)

239
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador • Direitos Fundamentais de Segunda Geração
do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a se- Possuem as seguintes características:
gurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda a) surgiram no início do século XX;
Constitucional nº 104, de 2019) b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, Estado Liberal;
forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente c) estão ligados ao ideal de igualdade;
com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Go- d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação
vernadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Reda- positiva do Estado;
ção dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos ór-
gãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a • Direitos Fundamentais de Terceira Geração
eficiência de suas atividades. Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu-
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais des- pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados
tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê-
dispuser a lei. neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do Direitos Metaindividuais
art. 39.
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem Natureza Destinatários
pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias Difusos Indivisível Indeterminados
públicas:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân- Determináveis
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao Coletivos Indivisível ligados por uma
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e relação jurídica
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Determinados
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus Individuais Homo-
Divisível ligados por uma
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. gêneos
situação fática

Referências Bibliográficas: Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se-


DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- guintes características:
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. a) surgiram no século XX;
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade),
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. DIREITOS que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos
E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS, DIREITOS bens da coletividade;
SOCIAIS, NACIONALIDADE, CIDADANIA, DIREITOS c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
POLÍTICOS, PARTIDOS POLÍTICOS povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
interesse coletivo;
d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
TÍTULO II de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.

Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais • Direitos Fundamentais de Quarta Geração


Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi- Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de Também são transindividuais.
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu-
ratório. • Direitos Fundamentais de Quinta Geração
Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais taria o direito fundamental de quinta geração.

• Direitos Fundamentais de Primeira Geração Características dos Direitos e Garantias Fundamentais


Possuem as seguintes características: São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina- índole evolutiva;
ram todo o século XIX; b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição dentemente de características pessoais;
ao Estado Absoluto; c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
c) estão ligados ao ideal de liberdade; d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
em favor das liberdades públicas; possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
teção em face da ação opressora do Estado; do pelo decurso do tempo.
f) são os direitos civis e políticos.

240
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
• Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais Direito à Igualdade
Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui-
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve
compatíveis com a sua natureza. ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade
formal.
Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce-
Muito embora criados para regular as relações verticais, de su- didos aos membros da coletividade por meio da norma.
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega- Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven- da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado. jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o
princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e
Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam.
Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis
ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons- que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com-
tituição (princípio da reserva legal). pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da
formação social.
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais
O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade- Direito à Privacidade
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con- gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais -se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
constitucionalmente consagrados. de sua violação.

Os quatro status de Jellinek Direito à Honra


a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo se encon- O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
tra em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan- nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por
do-se como detentor de deveres para com o Estado; tal motivo, são previstos no Código Penal.
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade
de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos; Direito de Propriedade
c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi- É assegurado o direito de propriedade, contudo, com
víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em restrições, como por exemplo, de que se atenda à função social da
seu favor; propriedade. Também se enquadram como espécies de restrição do
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- e o usucapião.
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto. Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
Referências Bibliográficas: intelectual) e os direitos reativos à herança.
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- Destes direitos, emanam todos os incisos do Art. 5º, da CF/88,
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. conforme veremos abaixo:

Os direitos individuais estão elencados no caput do Artigo 5º TÍTULO II


da CF. São eles: DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Direito à Vida CAPÍTULO I


O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna.
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem- Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla- qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
rada). residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc. termos desta Constituição;
II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coi-
Direito à Liberdade sa senão em virtude de lei;
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desu-
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir- mano ou degradante;
tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
privada. nimato;
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende, V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco- além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de
expressão.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; ros pelo tempo que a lei fixar;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência XXVIII- são assegurados, nos termos da lei:
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença re- à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para desportivas;
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
prestação alternativa, fixada em lei; obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, cientí- pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- légio temporário para sua utilização, bem como às criações indus-
gem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano ma- triais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
terial ou moral decorrente de sua violação; signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo mento tecnológico e econômico do País;
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- XXX- é garantido o direito de herança;
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
determinação judicial; regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica- brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, do de cujus;
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro- sumidor;
cessual penal; XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; sociedade e do Estado;
XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do paga-
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane- mento de taxas:
cer ou dele sair com seus bens; a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defe-
que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o sa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com- XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
petente; ou ameaça a direito;
XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
a de caráter paramilitar; perfeito e a coisa julgada;
XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de coope- XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção;
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a organização
estatal em seu funcionamento; que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude da defesa;
XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- b) o sigilo das votações;
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- c) a soberania dos veredictos;
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- a vida;
necer associado; XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
XXI- as entidades associativas, quando expressamente autori- sem prévia cominação legal;
zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
extrajudicialmente; XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos
XXII- é garantido o direito de propriedade; e liberdades fundamentais;
XXIII- a propriedade atenderá a sua função social; XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
previstos nesta Constituição; tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade com- dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- podendo evitá-los, se omitirem;
prietário indenização ulterior, se houver dano; XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru-
XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para Estado Democrático;
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

242
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
outras, as seguintes: ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
a) privação ou restrição de liberdade; de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
b) perda de bens; LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
c) multa; reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
d) prestação social alternativa; data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
e) suspensão ou interdição de direitos; autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
XLVII- não haverá penas: atribuições de Poder Público;
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
artigo 84, XIX; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) de caráter perpétuo; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
c) de trabalhos forçados; mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
d) de banimento; defesa dos interesses de seus membros ou associados;
e) cruéis; LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali-
XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e dade, à soberania e à cidadania;
moral; LXXII- conceder-se-á habeas data:
L- às presidiárias serão asseguradas condições para que possam a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em de entidades governamentais ou de caráter público;
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de com- b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
provado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
afins, na forma da lei; LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime po- popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
lítico ou de opinião; entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por au- ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
toridade competente; autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o da sucumbência;
devido processo legal; LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos aos que comprovarem insuficiência de recursos;
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as-
com os meios e recursos a ela inerentes; sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for-
meios ilícitos; ma da lei:
LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga- a) o registro civil de nascimento;
do da sentença penal condenatória; b) a certidão de óbito.
LVIII- o civilmente identificado não será submetido à identifica- LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data
ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da cidadania;
LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
esta não for intentada no prazo legal; gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação.
LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, Constitucional nº 115, de 2022)
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- §1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
litar, definidos em lei; têm aplicação imediata.
LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre §2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
ou à pessoa por ele indicada; adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o Federativa do Brasil seja parte.
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí- §3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
lia e de advogado; humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis por Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
sua prisão ou por seu interrogatório policial; §4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autorida- Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
de judiciária;
LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a O tratado foi equiparado no ordenamento jurídico brasileiro às
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este caráter, o men-
LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável cionado tratado diz respeito a direitos humanos, porém não possui
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen- característica de emenda constitucional, pois entrou em vigor em
tícia e a do depositário infiel;

243
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
nosso ordenamento jurídico antes da edição da Emenda Constitu- XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
cional nº 45/04. Para que tal tratado seja equiparado às emendas mingos;
constitucionais deverá passar pelo mesmo rito de aprovação destas. XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
mo, em cinquenta por cento à do normal;
Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
Os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas com a duração de cento e vinte dias;
pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas cons- XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
titucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações so- centivos específicos, nos termos da lei;
ciais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
igualdade. Estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Vejamos: mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
CAPÍTULO II normas de saúde, higiene e segurança;
DOS DIREITOS SOCIAIS XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, XXIV - aposentadoria;
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) trabalho;
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo poder XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
público em programa permanente de transferência de renda, cujas gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observa- incorrer em dolo ou culpa;
da a legislação fiscal e orçamentária. (Incluído pela Emenda Consti- XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
tucional nº 114, de 2021) trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
outros que visem à melhoria de sua condição social: contrato de trabalho;
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária a) (Revogada).
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá b) (Revogada).
indenização compensatória, dentre outros direitos; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
III - fundo de garantia do tempo de serviço; civil;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa- e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos intelectual ou entre os profissionais respectivos;
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
para qualquer fim; menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
trabalho; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção empregatício permanente e o trabalhador avulso.
ou acordo coletivo; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
percebem remuneração variável; XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim-
ou no valor da aposentadoria; plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida-
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
retenção dolosa; a sua integração à previdência social.
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- o seguinte:
sa, conforme definido em lei; I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha- de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas
dor de baixa renda nos termos da lei; ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sin-
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas di- dical;
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econô-
coletiva de trabalho; mica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalha-
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos dores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; área de um Município;

244
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti- Direitos relativos ao homem consumidor
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou Direito à saúde, à educação, à segurança social, ao desenvolvi-
administrativas; mento intelectual, o igual acesso das crianças e adultos à instrução,
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan- à cultura e garantia ao desenvolvimento da família, que estariam no
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio título da ordem social.
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
dependentemente da contribuição prevista em lei; Referências Bibliográficas:
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
sindicato; cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
coletivas de trabalho; Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas gos 12 a 13 da CF. Vejamos:
organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par- CAPÍTULO III
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação DA NACIONALIDADE
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Art. 12. São brasileiros:
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- I - natos:
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
as condições que a lei estabelecer. pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra- país;
balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
interesses que devam por meio dele defender. ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá tiva do Brasil;
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
da lei. petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte- nacionalidade brasileira;
resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão II - naturalizados:
e deliberação. a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as- exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi-
segurada a eleição de um representante destes com a finalidade dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
gadores. República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo: brasileira.
• Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela impos- § 1º Aos portugueses com residência permanente no País,
sibilidade de redução do grau de concretização dos direitos sociais se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado deter- os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
minado grau de concretização de um direito social, fica o legislador Constituição.
proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que haja § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias com- natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
pensatórias. § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
• Princípio da reserva do possível: a implementação dos direi- I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
tos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no óbi- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
ce do financeiramente possível. III - de Presidente do Senado Federal;
• Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
direitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, V - da carreira diplomática;
intrinsecamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa VI - de oficial das Forças Armadas.
humana previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo VII - de Ministro de Estado da Defesa.
existencial não se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
encontram na estrutura dos serviços púbicos essenciais. que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
Os direitos sociais são divididos em: virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
Direitos relativos aos trabalhadores a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
Direitos relativos ao salário, às condições de trabalho, à liber- trangeira;
dade de instituição sindical, o direito de greve, entre outros (CF, ar- b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
tigos 7º a 11). brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe-
derativa do Brasil.

245
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
o hino, as armas e o selo nacionais. A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às
símbolos próprios. seguintes hipóteses:
Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di- Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
mensão pessoal do Estado (o seu povo). Direito de propriedade → Artigo 222, CF.

Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei- Perda da Nacionalidade


ros natos e naturalizados. O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que
apenas poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas
Espécies de Nacionalidade na CF, sob pena de manifesta inconstitucionalidade.
São duas as espécies de nacionalidade:
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá- Dupla Nacionalidade
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento. O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção
Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do por outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan-
simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado do o nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida).
na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88.
b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade.
grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti-
vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na-
constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88. cionalidade.

O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre Idioma Oficial e Símbolos Nacionais
as duas: Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos
Nacionais do Brasil.
Nacionalidade
Referências Bibliográficas:
Primária Secundária DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
Nascimento + Requisitos Ato de vontade + Requisitos cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
constitucionais constitucionais
Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti-
Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado gos 14 a 16. Seguem abaixo:

• Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária CAPÍTULO IV


O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio- DOS DIREITOS POLÍTICOS
nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de
origem territorial (ius solis). Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer-
O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie- sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes. termos da lei, mediante:
O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas- I - plebiscito;
cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a II - referendo;
nacionalidade dos genitores. III - iniciativa popular.
A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili- § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau- I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
tada no ius sanguinis. II - facultativos para:
a) os analfabetos;
Portugueses Residentes no Brasil b) os maiores de setenta anos;
O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu- § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos. durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
Portugueses Equiparados I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
Igual os Direitos Se houver 1) Residência III - o alistamento eleitoral;
dos Brasileiros permanente no IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
Naturalizados Brasil; V - a filiação partidária;
2) Reciprocidade VI - a idade mínima de:
aos brasileiros em a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re-
Portugal. pública e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e
do Distrito Federal;

246
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela-
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais,
d) dezoito anos para Vereador. consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. de participação no processo político e nos órgãos governamentais.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra-
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou constitucionais que permitem o exercício concreto da participação
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um do povo nos negócios políticos do Estado.
único período subsequente.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Capacidade Eleitoral Ativa
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é o
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos, cuja
meses antes do pleito. aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao nacional
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o a condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos políticos).
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Alistamento Eleitoral e Voto
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo 14, §2º
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Maiores de 18 e Maiores de 16 Estrangeiros (com
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes menores de 70 e menores de exceção aos portugueses
condições: anos 18 anos equiparados, constantes no
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se Maiores de 70 Artigo 12, §1º da CF)
da atividade; anos Conscritos (aqueles
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela Analfabetos convocados para o serviço
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato militar obrigatório)
da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de • Características do Voto
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato valor igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre.
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e Capacidade Eleitoral Passiva
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas-
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na adminis- siva diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para
tração direta ou indireta. cargos políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída duas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos:
a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
fraude.
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou Alistabilidade Elegibilidade
de manifesta má-fé.
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições Direito de votar Direito de ser votado
municipais as consultas populares sobre questões locais aprovadas
pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até Inelegibilidades
90 (noventa) dias antes da data das eleições, observados os limites A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito
operacionais relativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emen- de ser votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man-
da Constitucional nº 111, de 2021) datos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo.
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões
submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão • Inelegibilidade Absoluta
durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab-
gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucio- soluta impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo
nal nº 111, de 2021) e, em virtude de natureza excepcional, somente pode ser estabele-
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou cida na Constituição Federal.
suspensão só se dará nos casos de: Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos.
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
julgado; • Inelegibilidade Relativa
II - incapacidade civil absoluta; Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi-
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- nados cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se
rarem seus efeitos; encontra o cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas:
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação → Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Poder Executivo (Artigo 14, §5º, CF);
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. → Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli-
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor cada apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF);
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até → Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por mo-
um ano da data de sua vigência. tivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não incide
sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14, §7º, CF).

247
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Condição de Militar § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber: e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha
da atividade; e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
da diplomação, para a inatividade. distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares Constitucional nº 97, de 2017)
alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade
quadro abaixo serve como exemplo: jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Superior Eleitoral.
Militares – Exceto os Conscritos § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos
Menos de 10 anos Registro da candidatura → políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda
Inatividade Constitucional nº 97, de 2017)
Mais de 10 anos Registro da candidatura → I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
Agregado mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
Na diplomação → Inatividade menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído
Privação dos Direitos Políticos pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis-
dos seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. (In-
que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende- cluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
rá do exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista- § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização
mento eleitoral. paramilitar.
Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar § 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos
por prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e
dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta- facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que
ção do suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão. os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins
Vejamos: de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso
gratuito ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 97, de 2017)
Privação dos Direitos Políticos § 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os
Perda Suspensão Deputados Distritais e os Vereadores que se desligarem do partido
pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos
Privação por prazo Privação por prazo de anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa
indeterminado determinado estabelecidas em lei, não computada, em qualquer caso, a migração
Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos de partido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário
políticos depende de um novo direitos políticos se dá ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à tele-
alistamento eleitoral automaticamente visão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco
Referências Bibliográficas: por cento) dos recursos do fundo partidário na criação e na
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- manutenção de programas de promoção e difusão da participação
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. política das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)
A previsão legal dos Partidos Políticos de dá no Artigo 17 da CF. § 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de
Vejamos: Campanha e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas
eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na
CAPÍTULO V televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas,
DOS PARTIDOS POLÍTICOS deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao
número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada confor-
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de me critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de- normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse parti-
mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa dário. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)
humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional; De acordo com os ensinamentos de José Afonso da Silva, o par-
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida- tido político é uma forma de agremiação de um grupo social que
de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de go-
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. verno.
Os partidos são a base do sistema político brasileiro, pois a filia-
ção a partido político é uma das condições de elegibilidade.

248
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Trata-se de um privilégio aos ideais políticos, que devem estar O quadro abaixo facilita este entendimento. Vejamos:
acima das características pessoais do candidato.
Segundo Dirley da Cunha Júnior, entende-se por partido polí- Formas de Estado
tico uma pessoa jurídica de Direito Privado que consiste na união
ou agremiação voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e Unitário
políticas, organizada segundo princípios de disciplina e fidelidade. Único centro de onde emana o poder estatal
Tal conceito vai ao encontro das disposições acerca dos parti-
dos políticos trazidas pelo Artigo 1º da Lei nº 9296/1995, para quem Puro Descentralizado
o partido político, pessoa jurídica de Direito Privado, destina-se a Não há delegação de Há delegação de competências
assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do competências
sistema representativo e a defender os direitos fundamentais defi-
Federado
nidos na Constituição Federal.
A Constituição confere ampla liberdade aos partidos políticos, O exercício do poder estatal é atribuído constitucionalmente a
uma vez que são instituições indispensáveis para concretização do entes regionais autônomos
Estado democrático de direito, muito embora restrinja a utilização
de organização paramilitar. • Confederação
Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados sobera-
Referências Bibliográficas: nos, que se unem por meio de um tratado internacional. Aqui, per-
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu- cebe-se o traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilida-
cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: de do pacto internacional pelos Estados soberanos que o integram,
Editora JusPODIVM. a partir de um juízo interno de conveniência.
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- Observe a ilustração das diferenças entre uma Federação e
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier uma Confederação:

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA. UNIÃO, Federação Confederação


ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, MUNICÍPIOS E Formada por uma Constituição Formada por um trato
TERRITÓRIOS internacional
Os entes regionais gozam de Os Estados que o integram
Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federação autonomia mantêm sua soberania
A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do po-
der político em função do território do Estado. Verifica-se no caso Indissolubilidade do pacto Dissolubilidade do pacto
concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes federativo internacional
autônomos, podendo ser criados, a partir dessa lógica, um modelo
de Estado unitário ou um Estado Federado. O Federalismo Brasileiro
Observe a disposição legal do Artigo 18 da CF:
• Estado Unitário
Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um TÍTULO III
único centro com capacidade legislativa, administrativa e judiciá- DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
ria, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se
concentram todas as competências constitucionais (exemplos: Uru- CAPÍTULO I
guai, e Brasil Colônia, com a Constituição de 1824, até a Proclama- DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
ção da República, com a Constituição de 1891).
O Estado Unitário pode ser classificado em: Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe-
a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Fe-
somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Ju- deral e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Cons-
diciário, exercido de forma central; tituição.
b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a for- § 1º Brasília é a Capital Federal.
mação de entes regionais com autonomia para exercer questões § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se con- transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem
cede a autonomia legislativa que continua pertencendo exclusiva- serão reguladas em lei complementar.
mente ao poder central. § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
• Estado Federativo – Federação Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
Também chamados de federados, complexos ou compostos, diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
são aqueles em que as capacidades judiciária, legislativa e admi- Nacional, por lei complementar.
nistrativa são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
passam a gozar de autonomias próprias (e não soberanias). de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delega- determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de
ção voluntária, como ocorre nos Estados unitários descentralizados, consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
de competências por ato voluntário do poder central. apresentados e publicados na forma da lei.

249
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Nos termos do supracitado Artigo 18, a organização político- Organização do Estado – União
-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a A União é a pessoa jurídica de Direito Público interno, parte
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô- integrante da Federação brasileira dotada de autonomia. Possui ca-
nomos (não soberanos). Trata-se de norma que reflete a forma fe- pacidade de auto-organização (Constituição Federal), autogoverno,
derativa de Estado. auto legislação (Artigo 22 da CF) e autoadministração (Artigo 20 da
Ser ente autônomo dentro de um federalismo significa a pos- CF).
sibilidade de implementar uma gestão particularizada, mas sempre A União tem previsão legal na CF, dos Artigos 20 a 24. Vejamos:
respeitando os limites impostos pelos princípios e regras do Estado
federal. Daí, têm-se os seguintes elementos: CAPÍTULO II
→ Auto-organização: permite aos Estados-membros criarem as DA UNIÃO
Constituições Estaduais (Artigo 25 da CF) e aos Municípios firmarem
suas Leis Orgânicas (Artigo 29 da CF); Art. 20. São bens da União:
→ Auto legislação: os entes da federação podem estabelecer I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
normas gerais e abstratas próprias, a exemplos das leis estaduais e atribuídos;
municipais (Artigos 22 e 24 da CF); II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
→ Auto governo: os Estados membros terão seus Governado- das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
res e Deputados estaduais, enquanto os Municípios possuirão Pre- nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
feitos e Vereadores, nos termos dos Artigos 27 a 29 da CF; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
→ Auto administração: os membros da federação podem pres- seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
tar e manter serviços próprios, atendendo às competências admi- com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
nistrativas da CF, notadamente de seu Artigo 23. provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
• Vedação aos Entes Federados países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí-
Consoante ao Artigo 19 da CF, destaca-se que a autonomia dos das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aque-
entes da federação não é limitada, e sofre as seguintes vedações: las áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal,
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos e as referidas no art. 26, II;
Municípios: V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, em- econômica exclusiva;
baraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre- VI - o mar territorial;
sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
da lei, a colaboração de interesse público; VIII - os potenciais de energia hidráulica;
II - recusar fé aos documentos públicos; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
e pré-históricos;
Repartição de Competências Constitucionais XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
A Repartição de competências é a técnica de distribuição de § 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao
competências administrativas, legislativas e tributárias aos entes Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da
federativos para que não haja conflitos de atribuições dentro do exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para
território nacional. fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais
Competência é a capacidade para emitir decisões dentro de um no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou
campo específico. zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa
A Constituição trabalha com três naturezas de competência, a exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de
administrativa, legislativa e a tributária. 2019)
→ Competência administrativa ou material: refere-se à execu- § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao
ção de alguma atividade estatal, ou seja, é a capacidade para atuar longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira,
concretamente sobre a matéria; é considerada fundamental para defesa do território nacional, e
→ Competência legislativa: atribui iniciativa para legislar sobre sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
determinada matéria, ou seja, é a capacidade para estabelecer nor- Art. 21. Compete à União:
mas gerais e abstratas sobre determinado campo; I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
→ Competência tributária: refere-se ao poder de instituir tri- organizações internacionais;
butos. II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
• Técnica da Repartição de Competência IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-
Trata-se da predominância do interesse, segundo a qual, à ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
União caberão as matérias de interesse nacional (Artigos 21 e 22 da neçam temporariamente;
CF), aos Estados-membros, o interesse regional, e aos municípios, V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
as questões de predominante interesse local (Artigo 30 da CF). ção federal;
Para tanto, a Constituição enumerou expressamente as com- VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
petências da União e dos municípios, resguardando aos Estados- bélico;
-membros a chamada competência residual, remanescente, não VII - emitir moeda;
enumerada ou não expressa (Artigo 25, §1º da CF). VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as ope-
Acresça-se que, para o Distrito Federal, a Constituição atribuiu rações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio
as competências previstas para os estados e os municípios, denomi- e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
nada de competência cumulativa (Artigo 32, § 1º da CF).

250
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
ção do território e de desenvolvimento econômico e social; atividade de garimpagem, em forma associativa.
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão pessoais, nos termos da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, nº 115, de 2022)
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
regulador e outros aspectos institucionais; I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
ou permissão: II - desapropriação;
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- em tempo de guerra;
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
dos onde se situam os potenciais hidro energéticos; radiodifusão;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor- V - serviço postal;
tuária; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- metais;
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limi- VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va-
tes de Estado ou Território; lores;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- VIII - comércio exterior e interestadual;
cional de passageiros; IX - diretrizes da política nacional de transportes;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi- aérea e aeroespacial;
co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos XI - trânsito e transporte;
Territórios; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polí- XIV - populações indígenas;
cia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de
como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execu- estrangeiros;
ção de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições
pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) para o exercício de profissões;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo- XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional; Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios,
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões bem como organização administrativa destes;
públicas e de programas de rádio e televisão; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
XVII - conceder anistia; nacionais;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala- XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
midades públicas, especialmente as secas e as inundações; popular;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos XX - sistemas de consórcios e sorteios;
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi- garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po-
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos; lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de viação; XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e ferroviária federais;
de fronteiras; XXIII - seguridade social;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o XXV - registros públicos;
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comér- XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
cio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as
princípios e condições: modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
Nacional; e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa- XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima,
ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e defesa civil e mobilização nacional;
industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de XXIX - propaganda comercial.
2022) XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co- Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta-
médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
2022) neste artigo.
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri-
existência de culpa; to Federal e dos Municípios:
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

251
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
democráticas e conservar o patrimônio público; exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
das pessoas portadoras de deficiência; § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais Lei nº 13.874, de 2019)
notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de Organização do Estado – Estados
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; Os Estados-membros são pessoas jurídicas de Direito Público
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à interno, dotados de autonomia, em razão da capacidade de auto-
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela -organização (Artigo 25 da CF), autoadministração (Artigo 26 da CF),
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) autogoverno (Artigos 27 e 28 da CF) e auto legislação (Artigo 25 e
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual- parágrafos da CF).
quer de suas formas; Os dispositivos constitucionais referentes ao tema vão dos Ar-
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; tigos 25 a 28:
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
cimento alimentar; CAPÍTULO III
IX - promover programas de construção de moradias e a melho- DOS ESTADOS FEDERADOS
ria das condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginaliza- Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
ção, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Consti-
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos tuição.
de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
territórios; sejam vedadas por esta Constituição.
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu-
rança do trânsito. § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
bem-estar em âmbito nacional. regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
gislar concorrentemente sobre: integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur- públicas de interesse comum.
banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019) Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
II - orçamento; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes
III - juntas comerciais; e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor-
IV - custas dos serviços forenses; rentes de obras da União;
V - produção e consumo; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de- seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e ou terceiros;
controle da poluição; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís- IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
tico e paisagístico; Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa cor-
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu- responderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos
midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turís- Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de
tico e paisagístico; tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emen- aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema
da Constitucional nº 85, de 2015) eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
causas; § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei
XI - procedimentos em matéria processual; de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo,
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º,
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
deficiência; § 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu
XV - proteção à infância e à juventude; regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. secretaria, e prover os respectivos cargos.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, legislativo estadual.
de 2019) Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Es-
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais tado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á no primeiro
não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de
13.874, de 2019) outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér-

252
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
mino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000
no art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Consti- (seiscentos mil) habitantes;
tucional nº 111, de 2021) j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a cinquenta mil) habitantes;
posse em virtude de concurso público e observado o disposto no k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
art. 38, I, IV e V. 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e (novecentos mil) habitantes;
dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. e cinquenta mil) habitantes;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
Organização do Estado – Municípios de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até
Sobre os Municípios, prevalece o entendimento de que são en- 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
tes federativos, uma vez que os artigos 1º e 18 da CF, são expressos n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
ao elencar a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000
como integrantes da Federação brasileira. (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
Como pessoa política também dotada de autonomia, possuem o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000
auto-organização (Artigo 29 da CF), auto legislação (Artigo 30 da (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até
CF), autogoverno (Incisos do Artigo 29 da CF) e autoadministração 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
(Artigo 30 da CF). p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
A previsão legal sobre os Municípios está prevista na CF, dos de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até
Artigos 29 a 31. Vejamos: 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
CAPÍTULO IV de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até
DOS MUNICÍPIOS 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, aten- s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
didos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constitui- 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro
ção do respectivo Estado e os seguintes preceitos: milhões) de habitantes;
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo rea- 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco
lizado em todo o País; milhões) de habitantes;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu- milhões) de habitantes;
nicípios com mais de duzentos mil eleitores; v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete mi-
ano subsequente ao da eleição; lhões) de habitantes;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observa- w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
do o limite máximo de: de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze milhões) de habitantes; e
mil) habitantes; x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
(quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Mu-
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 nicipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado
(trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câ-
(cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes; maras Municipais em cada legislatura para a subsequente, observa-
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de do o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabe-
80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
habitantes; a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos
120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento ses- Deputados Estaduais;
senta mil) habitantes; b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen- do subsídio dos Deputados Estaduais;
tos mil) habitantes; c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes,
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por
300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
e cinquenta mil) habitantes;

253
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi- IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessen- estadual;
ta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub- são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita tal;
do Município; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri-
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento
similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os e da ocupação do solo urbano;
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
Estado para os membros da Assembleia Legislativa; observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câ- Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
mara Municipal; de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
XII - cooperação das associações representativas no planeja- § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido
mento municipal; com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde
do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, houver.
pelo menos, cinco por cento do eleitorado; § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, pa- as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de
rágrafo único. prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, Municipal.
incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame
ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
§ 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no termos da lei.
exercício anterior: § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até Contas Municipais.
100.000 (cem mil) habitantes;
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre Organização do Estado - Distrito Federal e Territórios
100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre • Distrito Federal
300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes; O Distrito Federal é o ente federativo com competências par-
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para Mu- cialmente tuteladas pela União, conforme se extrai dos Artigos 21,
nicípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e XIII e XIV, e 22, VII da CF.
3.000.000 (três milhões) de habitantes; Por ser considerado um ente político dotado de autonomia,
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre possui capacidade de auto-organização (Artigo 32 da CF), autogo-
3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habi- verno (Artigo 32, §§ 2º e 3º da CF), autoadministração (Artigo 32, §§
tantes; 1º e 4º da CF) e auto legislação (Artigo 32, § 1º da CF).
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Muni-
cípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) ha- CAPÍTULO V
bitantes. DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento
de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o SEÇÃO I
subsídio de seus Vereadores. DO DISTRITO FEDERAL
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Or- mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
çamentária. tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Constituição.
Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
Art. 30. Compete aos Municípios: legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
I - legislar sobre assuntos de interesse local; § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a
dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
duração.

254
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União
o disposto no art. 27. nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar consecutivos, a dívida fundada;
e do corpo de bombeiros militar. (Redação dada pela Emenda II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
Constitucional nº 104, de 2019) III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita muni-
cipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
• Territórios serviços públicos de saúde;
Os Territórios possuem natureza jurídica de autarquias territo- IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
riais integrantes da Administração indireta da União. Por isso, não assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Es-
são dotados de autonomia política. tadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.
SEÇÃO II Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
DOS TERRITÓRIOS I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo
ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judi- Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder
ciária dos Territórios. Judiciário;
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária,
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
Título. Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de repre-
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da sentação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34,
União. VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, IV - (Revogado).
além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá § 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude,
órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o
Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional
sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro
deliberativa. horas.

Intervenção Federal e Estadual § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a


É uma excepcional possibilidade de supressão temporária da Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no
autonomia política de um ente federativo. Suas hipóteses integram mesmo prazo de vinte e quatro horas.
um rol taxativo previsto na Constituição Federal. § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a
apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa,
CAPÍTULO VI o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado,
DA INTERVENÇÃO se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Fe- afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
deral, exceto para:
I - manter a integridade nacional; Referências Bibliográficas:
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
em outra; cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; Editora JusPODIVM.
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas uni- DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
dades da Federação; cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois
anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.DISPOSIÇÕES GERAIS,
nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; SERVIDORES PÚBLICOS
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios consti- Disposições gerais e servidores públicos
tucionais: A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz
a) forma republicana, sistema representativo e regime demo- a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte-
crático; resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos
b) direitos da pessoa humana; e pessoas que desempenham função pública.
c) autonomia municipal; Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra-
d) prestação de contas da administração pública, direta e in- ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de-
direta. sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impos- seja, que estão a serviço da coletividade.
tos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde.

255
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípios da Administração Pública • Princípio da Publicidade
Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi- O princípio da publicidade determina que a Administração Pú-
ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de salvo a hipótese de sigilo necessário.
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos-
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori- sibilitar o controle por todos os interessados.
zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM-
PE”. Observe o quadro abaixo: • Princípio da Eficiência
Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
Princípios da Administração Pública deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
evitando atuações amadorísticas.
L Legalidade Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir
I Impessoalidade com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a
medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça
M Moralidade o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de
P Publicidade boa administração).
Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
E Eficiência
desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul-
LIMPE tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração
Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado
Passemos ao conceito de cada um deles: for atingido.

• Princípio da Legalidade Disposições Gerais na Administração Pública


De acordo com este princípio, o administrador não pode agir O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú-
ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada. blica:
O quadro abaixo demonstra suas divisões.
Administração Pública
Princípio da Legalidade Direta Indireta
A Administração Pública Autarquias (podem ser
Em relação à Administração somente pode fazer o que a qualificadas como agências
Pública lei permite → Princípio da reguladoras)
Estrita Legalidade Federal
Fundações (autarquias
Estadual
O Particular pode fazer tudo e fundações podem ser
Em relação ao Particular Distrital
que a lei não proíbe qualificadas como agências
Municipal
executivas)
• Princípio da Impessoalidade Sociedades de economia mista
Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve Empresas públicas
servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá- Entes Cooperados
rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de
sua função é sempre o interesse público. interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s

• Princípio da Moralidade As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen-


Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos:
um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de
probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé. CAPÍTULO VII
A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador
(moral comum) e sim com a profissional (ética profissional). SEÇÃO I
O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi- DISPOSIÇÕES GERAIS
do a atos de improbidade administrativa:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
Sanções ao cometimento de atos de improbidade cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
administrativa ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política) I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
Perda da função pública (responsabilidade disciplinar) brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei;
Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)
Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial)

256
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou em- qualquer caso o disposto no inciso XI:
prego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para car- a) a de dois cargos de professor;
go em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
anos, prorrogável uma vez, por igual período; saúde, com profissões regulamentadas;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e fun-
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- ções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, socieda-
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- des de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas,
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; direta ou indiretamente, pelo poder público;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser- XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se- rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
buições de direção, chefia e assessoramento; autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de eco-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- nomia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste úl-
ciação sindical; timo caso, definir as áreas de sua atuação;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação
definidos em lei específica; de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos como a participação de qualquer delas em empresa privada;
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
sua admissão; serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
interesse público; de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegu- obrigações.
rada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do
de índices; Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcio-
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- namento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específi-
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e cas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulati- campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
vamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espé- nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como de autoridades ou servidores públicos.
limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Dis- § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará
trito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos
Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito termos da lei.
do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tri- I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
bunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
Públicos; dos serviços;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
tivo; e XXXIII;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
serviço público; § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor públi- suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
co não serão computados nem acumulados para fins de concessão indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
de acréscimos ulteriores; gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos inci- ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
sos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
§ 2º, I; ressarcimento.

257
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito § 16. Os órgãos e entidades da administração pública, individual
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas públicas,
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
de dolo ou culpa. nº 109, de 2021)
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
ocupante de cargo ou emprego da administração direta e indireta e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
que possibilite o acesso a informações privilegiadas. guintes disposições:
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei ração;
dispor sobre: III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
I - o prazo de duração do contrato; dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
III - a remuneração do pessoal.” IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdên-
Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio cia social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo
em geral. de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de 2019)
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os Servidores Públicos
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
exoneração. cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as Distrito Federal ou aos Municípios.
parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, SEÇÃO II
como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do DOS SERVIDORES PÚBLICOS
respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único
parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos e planos de carreira para os servidores da administração pública
Vereadores. direta, das autarquias e das fundações públicas.
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e instituirão conselho de política de administração e remuneração de
responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto deres.
permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida componentes do sistema remuneratório observará:
a remuneração do cargo de origem. (Incluído pela Emenda I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
Constitucional nº 103, de 2019) cargos componentes de cada carreira;
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo II - os requisitos para a investidura;
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, III - as peculiaridades dos cargos.
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso,
servidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados.
não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,

258
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência,
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer Constitucional nº 103, de 2019)
caso, o disposto no art. 37, XI. § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
empregos públicos. penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela
provenientes da economia com despesas correntes em cada Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades
do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos
produtividade. e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
nº 103, de 2019) Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em Constitucional nº 103, de 2019)
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federa- respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
tivo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, critérios estabelecidos em lei.
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- municipal será contado para fins de aposentadoria, observado
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de 2019) § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores de tempo de contribuição fictício.
ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes
Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria de previdência social, e ao montante resultante da adição de
serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência § 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em
social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

259
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) 2019)
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Incluí-
regime de previdência complementar para servidores públicos do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das servados os princípios relacionados com governança, controle in-
aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência terno e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
social, ressalvado o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda de 2019)
Constitucional nº 103, de 2019) VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indireta-
oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição mente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucio-
definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por nal nº 103, de 2019)
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
correspondente regime de previdência complementar. vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o concurso público.
cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
na forma da lei. I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que rada ampla defesa;
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
que tenha completado as exigências para a aposentadoria aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer remuneração proporcional ao tempo de serviço.
jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento
Constitucional nº 103, de 2019) em outro cargo.
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora desse obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, ór- instituída para essa finalidade.
gãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros • Estabilidade
e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de
§ 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
§ 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional vado em estágio probatório.
nº 103, de 2019) De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de poder ser definida como a garantia constitucional de permanência
previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de
que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após
e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros o transcurso de estágio probatório.
aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe-
2019) tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o é o estágio probatório citado pela lei.
Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti- Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado,
tucional nº 103, de 2019) ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41,
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re- § 1º da CF.
cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

260
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia- § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
dos concursos públicos, segue a tabela explicativa: dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência
da atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101,
Estabilidade do Servidor de 2019)

Cargo de provimento efetivo/ Das Regiões


ocupado em razão de concurso De acordo com a CF/88 as políticas da União podem se dar de
público forma regionalizada e a disposição legal do Art. 43 visa reduzir as
Requisitos para aquisição de
3 anos de efetivo exercício desigualdades regionais. Este tema será regulado por Lei Comple-
Estabilidade
Avaliação de desempenho por mentar.
comissão instituída para esta Diz o Art. 43 da CF/88:
finalidade
Em virtude de sentença judicial SEÇÃO IV
transitada em julgado DAS REGIÕES
Mediante processo
administrativo em que lhe seja Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular
assegurada ampla defesa sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando
Hipóteses em que o servidor Mediante procedimento a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
estável pode perder o cargo de avaliação periódica de § 1º - Lei complementar disporá sobre:
desempenho, na forma de lei I - as condições para integração de regiões em desenvolvimen-
complementar, assegurada to;
ampla defesa II - a composição dos organismos regionais que executarão, na
Em razão de excesso de forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais
despesa de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente
com estes.
Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros,
A CF/88 impôs aos Militares, regime especial e diferenciado do na forma da lei:
servidor civil. Os direitos e deveres dos militares e dos civis não se I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos
misturam a não ser por expressa determinação constitucional. e preços de responsabilidade do Poder Público;
Não pode o legislador infraconstitucional cercear direitos ou II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori-
impor deveres que a Constituição Federal não trouxe de forma taxa- tárias;
tiva, tampouco não se pode inserir deveres dos servidores civis aos III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos
militares de forma reflexa. federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
A Emenda Constitucional nº 101/19, promulgada pelo Congres- IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos
so Nacional, permite acúmulo de cargos públicos nas áreas de saú- rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de
de e educação por militares. Através da referida Emenda, os Milita- baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
res poderão exercer funções de professor ou profissional da saúde § 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará
desde que haja compatibilidade de horário. Ou seja, aplicou-se a a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos
tais profissionais o disposto no art. 37, inciso XVI, da CF/88. e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas
Desde a promulgação da CF/88, o exercício simultâneo de glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.
cargos era permitido apenas para servidores públicos civis e para
militares das Forças Armadas que atuam na área de saúde. A acu- Referências Bibliográficas:
mulação passou a ser possível, desde que haja compatibilidade de BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu-
horários. cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador:
Vejamos as disposições do Art. 42 da CF/88: Editora JusPODIVM.
NADAL, Fábio; e SANTOS, Vauledir Ribeiro. Administrativo – Série Resu-
SEÇÃO III mo. 3ª edição. São Paulo: Editora Método.
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E
DOS TERRITÓRIOS PODER EXECUTIVO. ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE
DA REPÚBLICA E DOS MINISTROS DE ESTADO.
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom- CONSTITUIÇÃO FEDERAL
beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter-
ritórios. TÍTULO IV
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições (REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80,
do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo DE 2014)
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos Presidente da República, Vice-Presidente da República e Minis-
governadores. tros de Estado
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica • Presidente e Vice-Presidente
do respectivo ente estatal. O Poder Executivo, em âmbito federal, é exercido pelo Presi-
dente da República, auxiliado pelos ministros de Estado.

261
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Como função típica, compete ao Poder Executivo administrar a Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não po-
coisa pública. Atipicamente, o mesmo legisla (medidas provisórias, derão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por
leis delegadas e decretos autônomos) e julga (processos adminis- período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
trativos).
Segue abaixo os artigos 76 a 86 da CF: SEÇÃO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
SEÇÃO I II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repú- nesta Constituição;
blica, auxiliado pelos Ministros de Estado. IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da Re- expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
pública realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em VI – dispor, mediante decreto, sobre:
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do man- a) organização e funcionamento da administração federal,
dato presidencial vigente. quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice- de órgãos públicos;
-Presidente com ele registrado. b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, regis- VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
trado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não representantes diplomáticos;
computados os em branco e os nulos. VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujei-
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primei- tos a referendo do Congresso Nacional;
ra votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a procla- IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
mação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados X - decretar e executar a intervenção federal;
e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na-
válidos. cional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si-
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, de- tuação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
sistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
os remanescentes, o de maior votação. cessário, dos órgãos instituídos em lei;
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear
segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, quali- os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promo-
ficar-se-á o mais idoso. ver seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão privativos;
posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromis- XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis-
so de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, tros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Go-
promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a inte- vernadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presi-
gridade e a independência do Brasil. dente e os diretores do banco central e outros servidores, quando
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para determinado em lei;
a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. Tribunal de Contas da União;
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Consti-
suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. tuição, e o Advogado-Geral da União;
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de ou- XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos
tras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, do art. 89, VII;
auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conse-
especiais. lho de Defesa Nacional;
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Pre- XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autoriza-
sidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente do pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocor-
chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos rida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congres-
República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última so Nacional;
vaga. XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. maneçam temporariamente;
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o pro-
período de seus antecessores. jeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de 4 (quatro) previstos nesta Constituição;
anos e terá início em 5 de janeiro do ano seguinte ao de sua eleição.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)

262
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de Têm disposição legal nos Artigos 87 e 88 da CF. Vejamos:
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas refe-
rentes ao exercício anterior; SEÇÃO IV
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma DOS MINISTROS DE ESTADO
da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasilei-
do art. 62; ros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de ou-
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a decretação do estado tras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:
de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts. 167- I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos
B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Incluído e entidades da administração federal na área de sua competência
pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Re-
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as pública;
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e re-
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao gulamentos;
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de
respectivas delegações. sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem
SEÇÃO III outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.
DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e
órgãos da administração pública.
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente
da República que atentem contra a Constituição Federal e, especial- Imunidade, Crimes Comuns, Crimes de Responsabilidade (Lei
mente, contra: nº 1.079 de 1950) e Impeachment
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, • Imunidades do Presidente
do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades O Presidente não poderá ser preso, salvo em razão de uma sen-
da Federação; tença penal condenatória com trânsito em julgado. Ademais, o Pre-
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; sidente, durante o mandato, não poderá ser processado por atos
IV - a segurança interna do País; estranhos ao exercício da função, ou seja, só poderá ser processado
V - a probidade na administração; pela prática de crimes ex officio, assim considerados aqueles prati-
VI - a lei orçamentária; cados em razão do exercício da função presidencial (como exemplo:
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. crimes contra a Administração Pública).
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial,
que estabelecerá as normas de processo e julgamento. • Crimes Comuns
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, O Presidente da República será processado e julgado perante
por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a jul- o STF, nas infrações penais comuns, após admitida a acusação por
gamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais dois terços da Câmara dos Deputados (juízo de admissibilidade)
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabili-
dade. • Crimes de Responsabilidade (Lei nº 1.079 de 1950) e Impe-
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: achment
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou Os crimes de responsabilidade (também chamados de impe-
queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; achment ou impedimento), são infrações político-administrativas
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do pro- cometidas no desempenho de funções políticas, definidas por lei
cesso pelo Senado Federal. especial federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento O Artigo 85 da CF traz um rol de crimes de responsabilidade
não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem meramente exemplificativo, uma vez que seu próprio parágrafo
prejuízo do regular prosseguimento do processo. único dispõe que tais crimes serão definidos em lei especial, que
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infra- estabelecerá as normas de processo e julgamento.
ções comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. A Lei nº 1.079 de 1950 define os crimes de responsabilidade e
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, regula o respectivo processo de julgamento, que, segundo o STF, foi
não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de recepcionada com modificações decorrentes da Constituição.
suas funções. De acordo com o Artigo 86, caput, da CF, o Presidente da Re-
pública será processado e julgado por crimes de responsabilidade
Ministros de Estado perante o Senado Federal, após admitida a acusação por dois terços
Os Ministros de Estado exercem a função de auxiliares do Pre- da Câmara dos Deputados (juízo de admissibilidade).
sidente da República na direção superior da Administração Pública
federal.

263
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O quadro abaixo ilustra as hipóteses de julgamento do Presi- VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
dente da República: § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebra-
Julgamento do Presidente da República ção da paz, nos termos desta Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado
Juízo de admissibilidade: Câmara dos Deputados por 2/3 de sítio e da intervenção federal;
Crime comum → STF Crime de responsabilidade → III - propor os critérios e condições de utilização de áreas in-
Senado Federal dispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu
efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas
Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qual-
O Conselho da República (Artigos 89 e 90, da CF) e o Conselho quer tipo;
de Defesa Nacional (Artigo 91 da CF), são órgãos de assessoramento IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de inicia-
superior do Presidente da República, cujas manifestações não pos- tivas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do
suem caráter vinculante. Estado democrático.
Conforme o Artigo 84, XVIII, compete privativamente ao Presi- § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conse-
dente da República convocar e presidir o Conselho da República e o lho de Defesa Nacional.
Conselho de Defesa Nacional.
Vejamos os artigos supracitados correspondentes ao tema: Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
SEÇÃO V cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA
NACIONAL QUESTÕES
SUBSEÇÃO I
DO CONSELHO DA REPÚBLICA 1. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE CE)/MPE CE/2020)
Ao tratar dos princípios fundamentais, a CF estabelece, em seu
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta art. 1.º,
do Presidente da República, e dele participam: (A) a forma republicana de Estado, cláusula pétrea expressa,
I - o Vice-Presidente da República; caracterizada pela eletividade, temporariedade e responsabili-
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; dade do governante.
III - o Presidente do Senado Federal; (B) a forma republicana de governo, caracterizada pela eletivi-
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputa- dade, temporariedade e responsabilidade do governante.
dos; (C) a forma federativa de Estado, cláusula pétrea implícita, ca-
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; racterizada pela tripartição dos poderes da União.
VI - o Ministro da Justiça; (D) a forma federativa de Estado e o sistema presidencialista
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco de governo.
anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, (E) a forma republicana de governo e a forma federativa de Es-
dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos De- tado, cláusulas pétreas expressas.
putados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se so- 2. (CEBRASPE (CESPE) - APC (FUNPRESP-EXE)/FUNPRESP-EXE/
bre: Jurídica/2022)
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; Considerando a doutrina clássica e majoritária do direito cons-
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições titucional brasileiro, julgue o item a seguir.
democráticas. São características do neoconstitucionalismo teórico o reco-
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de nhecimento da normatividade dos dispositivos da Constituição de
Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da forma integral e a restrição ao uso das regras constitucionais para
pauta questão relacionada com o respectivo Ministério. resolução de conflitos nas demais áreas do direito.
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conse- ( ) Certo
lho da República. ( ) Errado

SUBSEÇÃO II 3. (CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/Controle Externo/


DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL Ciências Contábeis/2021)
Com base na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o se-
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do guinte item.
Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania Em razão do princípio federativo, as Constituições dos estados
nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como não se submetem às normas da CF.
membros natos: ( ) Certo
I - o Vice-Presidente da República; ( ) Errado
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa;
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.

264
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
4. (CEBRASPE (CESPE) - AFRE CE/SEFAZ CE/2021) 9. (CEBRASPE (CESPE) - Proc (Campo Grande)/Pref Campo
Com relação à eficácia do direito e à legitimidade da ordem Grande/2019)
jurídica, julgue o item a seguir. Acerca dos direitos e das garantias fundamentais previstos na
Quando há correspondência vertical das normas inferiores em Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.
relação às superiores, considera-se cumprido o atributo validade, Os direitos individuais, por estarem ligados ao conceito de pes-
mas nem toda norma válida é dotada de eficácia normativa. soa humana e de sua própria personalidade, correspondem às cha-
( ) Certo madas liberdades negativas; os direitos sociais, por sua vez, consti-
( ) Errado tuem as chamadas liberdades positivas, de observância obrigatória
em um estado social de direito para a concretização de um ideal de
5. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE CE)/MPE CE/2020) vida digna na sociedade.
Art. 5.º. (...) LVIII – o civilmente identificado não será subme- ( ) Certo
tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; ( ) Errado
Art. 18. (...) § 1.º Brasília é a Capital Federal.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) 10. (CEBRASPE (CESPE) - Del Pol (PC PB)/PC PB/2022)
VII – grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Brasil. Suponha que determinado canal na internet esteja divulgando
Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. a história de um crime que tenha ocorrido, em município brasileiro,
Brasília – DF: Senado Federal, 1988. há mais de 50 anos. Suponha, ainda, que a informação acerca des-
se fato verídico tenha sido licitamente obtida e divulgada e que o
Quanto ao grau de eficácia, as normas constitucionais prece- condenado pelo crime ajuíze ação na qual solicite a suspensão da
dentes classificam-se, respectivamente, como de eficácia divulgação do fato, alegando ter direito constitucional ao esqueci-
(A) programática, plena e contida. mento. Nessa situação, a referida alegação é
(B) limitada, plena e contida. (A) procedente, pois o referido direito embasa-se na proteção
(C) contida, limitada e plena. da honra individual.
(D) plena, contida e limitada. (B) improcedente, pois a ideia de um direito ao esquecimento
(E) contida, plena e limitada. é incompatível com a Constituição.
(C) procedente, visto que o referido direito justifica-se pela pro-
6. (CEBRASPE (CESPE) - Proc (MPTC-DF)/TC-DF/2021) teção da imagem da pessoa.
Em relação ao poder constituinte, julgue o item a seguir.
Tanto o poder constituinte originário quanto a assembleia (D) procedente, dado o princípio da inviolabilidade da privaci-
constituinte que tenha elaborado uma nova Constituição caracteri- dade humana.
zam-se por serem permanentes e inalienáveis. (E) improcedente, visto que os parâmetros constitucionais não
( ) Certo incluem a proteção da personalidade em geral.
( ) Errado
11. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Per (PC PB)/PC PB/Área Ge-
7. (CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/Controle Externo/ ral/2022)
Direito/2021) A liberdade assegurada no caput do art. 5.º da CF deve ser to-
Acerca de Constituição, poder constituinte e princípios funda- mada em sua mais genérica acepção, inserindo-se, nessa amplitude
mentais, julgue o item seguinte. normativa, o direito
Contemporaneamente, entende-se que o exercício de interpre- (A) ao exercício de culto religioso de caráter presencial coleti-
tação constitucional não é equivalente à busca da vontade original vo, salvo em casos de adoção, pelo poder público, de medidas
dos constituintes. restritivas para contenção do avanço de pandemias sanitárias.
( ) Certo (B) à associação sindical ao servidor público civil e militar, na
( ) Errado forma da lei.
(C) à manifestação de padrões de valoração ética ou moral, in-
8. (CEBRASPE (CESPE) - AAAJ (DP DF)/DP DF/Direito e Legisla- dependentemente de constituir incitação à discriminação ou à
ção/2022) hostilidade.
No que se refere à aplicabilidade das normas constitucionais e (D) à participação das culturas populares, indígenas e afrobrasi-
aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir. leiras no processo civilizatório nacional, desde que em confor-
Os direitos fundamentais caracterizam-se por seu caráter ab- midade com as aspirações do grupo social majoritário.
soluto, característica que permanece mesmo havendo eventuais (E) à reunião pacífica e sem armas, desde que seja comunicada
colisões entre eles. pelos interessados à administração pública, em um prazo míni-
( ) Certo mo de 30 dias antes de sua realização.
( ) Errado
12. (CEBRASPE (CESPE) - Esc Pol (PC DF)/PC DF/2021)
Com base no disposto na Constituição Federal de 1988, julgue
o item seguinte.
A obrigação de identificação do responsável por conduzir o in-
terrogatório do preso está expressamente prevista na Constituição
Federal.
( ) Certo
( ) Errado

265
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
13. (CEBRASPE (CESPE) - Ag Pol (PC AL)/PC AL/2021) 18. (CEBRASPE (CESPE) - Proc C (MPC TCE-PA)/TCE-PA/2019)
Com base nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF) Sobre as possibilidades de interferência estatal no direito fun-
acerca dos direitos e das garantias fundamentais e da segurança damental à liberdade de associação, assinale a opção correta.
pública, julgue o item subsequente. (A) Cabe ao Poder Executivo determinar a dissolução compul-
Se a autoridade policial deixar de informar à pessoa indicada sória de associação que tenha por objetivo a promoção de fins
pelo preso a prisão e o local onde ele se encontra, mas comunicá- ilícitos.
-los ao juiz competente, estará assegurado o cumprimento da CF. (B) A produção dos efeitos da decisão judicial que determina a
( ) Certo dissolução compulsória de associação depende do seu trânsito
( ) Errado em julgado.
(C) A legitimidade da associação para a representação de seus
14. (CEBRASPE (CESPE) - ATCG (MJSP)/MJSP/Técnico Especiali- filiados restringe-se ao âmbito judicial.
zado em Pesquisa e Análise de Dados/2021) (D) A atuação judicial de associação na condição de substituta
A Constituição Federal de 1988 (CF) dispensa extenso trata- processual depende de autorização dos associados por meio
mento quanto aos direitos e às garantias fundamentais. Acerca des- de procuração.
se assunto, julgue o item a seguir. (E) A exclusão de um associado de uma entidade religiosa por
O constituinte originário revelou grande preocupação em rela- questões ideológicas está sujeita a revisão pelo Estado.
ção às espécies e aos modos de cumprimento de sanções penais,
seja elencando as espécies de penas admitidas, entre as quais estão 19. (CEBRASPE (CESPE) - Conc (TJ BA)/TJ BA/2019)
a privação de liberdade e a multa, seja banindo outras modalidades, A Constituição Federal de 1988 (CF) prevê que, em caso de
como a interdição temporária de direitos ou as de caráter perpétuo. guerra declarada, poderá haver pena
( ) Certo (A) de trabalhos forçados.
( ) Errado (B) de banimento.
(C) cruel.
15. (CEBRASPE (CESPE) - AFRE (SEFAZ AL)/SEFAZ AL/2020) (D) de morte.
Com relação à aplicabilidade das normas constitucionais e aos (E) de caráter perpétuo.
direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, são reconhe- 20. (CEBRASPE (CESPE) - Esc Pol (PC AL)/PC AL/2021)
cidos como válidos somente os direitos e as garantias previstas no Durante investigação criminal, determinado policial civil reali-
texto constitucional ou os a ele incorporados formalmente. zou interceptação telefônica que captou diálogo entre dois suspei-
( ) Certo tos, o que permitiu verificar que alguns objetos do crime estariam
( ) Errado na residência de um deles. Com base nisso, o policial dirigiu-se ao
local e, sem autorização judicial ou do morador, ingressou na casa
16. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Min (MPE CE)/MPE CE/2020) a fim de colher provas para instruir o inquérito policial. Na saída,
Acerca de direitos e garantias fundamentais, julgue o item a o policial avistou o suspeito chegando ao local e o prendeu, infor-
seguir. mando-lhe, após a prisão, o seu direito constitucional de perma-
Se, com o intuito de eximir-se de obrigação legal a todos im- necer calado. No entanto, o policial não informou a prisão ao juiz
posta, uma pessoa se recusar a cumprir prestação alternativa, invo- competente.
cando convicção filosófica e política ou crença religiosa, os direitos Considerando essa situação, julgue o item que se seguem, ten-
associados a tais convicções poderão ser restringidos. do como base os direitos e as garantias fundamentais previstos na
( ) Certo Constituição Federal de 1988 (CF).
( ) Errado Para anular a prisão, cabe ao preso impetrar mandado de segu-
rança, que é o remédio constitucional cabível quando alguém sofre
17. (CEBRASPE (CESPE) - JE TJBA/TJ BA/2019) violência ou coação em sua liberdade de locomoção.
A lei estadual X estabeleceu a obrigatoriedade da realização de ( ) Certo
adaptações nos veículos de transporte coletivo intermunicipal de ( ) Errado
propriedade das empresas concessionárias do serviço, com a finali-
dade de facilitar o acesso de pessoas com deficiência física ou com 21. (CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/Organizacional/
dificuldades de locomoção. Tecnologia da Informação/2022)
Conforme as disposições do texto constitucional, a legislação, a Túlio, líder de movimento pela liberação do uso da maconha,
doutrina e a jurisprudência do STF, a lei estadual X é comunicou as autoridades acerca da realização de marcha, com cer-
(A) inconstitucional por ofensa à competência privativa da ca de duas mil pessoas, em determinado local público, a favor de
União para legislar sobre trânsito e transporte. projeto de lei que propunha a legalização do consumo recreativo
(B) inconstitucional por ofensa à competência concorrente dos desse entorpecente. Ao tomar conhecimento do evento, Luísa, pre-
entes federados, ainda que inexistente lei geral nacional. sidente da Associação de Prevenção ao Uso de Drogas, convocou,
(C) inconstitucional por ofensa à livre iniciativa e ao caráter sem avisar a autoridade competente, manifestação contra o men-
competitivo das licitações públicas para a área de transportes. cionado projeto de lei para o mesmo dia e local da referida marcha.
(D) constitucional, pois está compatível com a CF e com a Con- Considerando essa situação hipotética, as disposições da Cons-
venção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Defici- tituição Federal de 1988 (CF) e o entendimento do Supremo Tribu-
ência, incorporada ao direito nacional como norma de caráter nal Federal (STF), julgue o item que se segue.
supralegal. O remédio constitucional adequado para a tutela do exercício
(E) constitucional, pois está compatível com a CF e com a Con- do direito de reunião é o mandado de segurança.
venção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Defi- ( ) Certo
ciência, incorporada ao direito nacional como norma constitu- ( ) Errado
cional.

266
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
22. (CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM AL)/CBM AL/2021) 27. (CEBRASPE (CESPE) - Tec GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/Assis-
Com base na Constituição Federal de 1988 (CF) e no entendi- tente Administrativo/2022)
mento doutrinário acerca dos direitos e das garantias fundamen- Com base na Constituição Federal de 1988, julgue o item que
tais, julgue o item a seguir. se segue, a respeito da organização dos poderes e da organização
A garantia de salário nunca inferior ao mínimo para os que do Estado.
percebem remuneração variável configura direito social do traba- A competência legislativa acerca de responsabilidade por da-
lhador, porém essa garantia não se aplica às praças prestadoras de nos ao consumidor é concorrente entre União, estados e Distrito
serviço militar obrigatório. Federal.
( ) Certo ( ) Certo
( ) Errado ( ) Errado

23. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE AP)/MPE AP/2021) 28. (CEBRASPE (CESPE) - AnDR (CODEVASF)/CODEVASF/Admi-
Com base na distinção entre brasileiros natos e brasileiros na- nistração/2021)
turalizados sob o prisma constitucional, é correto afirmar que a CF Julgue o item que se segue, a respeito do Estado brasileiro e da
prevê que brasileiro naturalizado sua organização.
(A) poderá ser extraditado se comprovado o seu envolvimento A organização político-administrativa da República Federativa
em tráfico ilícito de entorpecentes. do Brasil abrange não somente a União, os estados e o Distrito Fe-
(B) poderá compor o Conselho da República, desde que tenha deral, mas também os municípios, sendo todos esses entes autô-
sido naturalizado há mais de dez anos. nomos.
(C) não poderá ser extraditado pela prática de crime comum ( ) Certo
cometido antes da sua naturalização. ( ) Errado
(D) está impedido de ocupar cargo de ministro da justiça, pois
este é privativo de brasileiro nato. 29. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE AC)/MPE AC/2022)
(E) não poderá ser proprietário de empresa jornalística e de Tipificada como medida excepcional, a intervenção de um es-
radiodifusão. tado federado em um de seus municípios poderá ocorrer quando
(A) houver, sem justo motivo, impontualidade no pagamento
24. (CEBRASPE (CESPE) - AFCE (TCE-SC)/TCE-SC/Direito/2022) de empréstimo garantido pelo referido estado.
Julgue o item subsequente, tendo em vista os termos da CF e a (B) deixar de ser paga, em qualquer hipótese, por dois anos
jurisprudência do STF. consecutivos, a dívida fundada do município.
Não implica disposição de competência legal a eventual dele- (C) tal medida se destinar a garantir o livre exercício de qual-
gação de ato de expulsão de estrangeiro ao ministro de Estado da quer um dos poderes municipais.
Justiça pelo presidente da República. (D) não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita muni-
( ) Certo cipal na manutenção e no desenvolvimento do ensino e nas
( ) Errado ações e serviços públicos de saúde.
(E) forem praticados, na administração municipal, atos de cor-
25. (CEBRASPE (CESPE) - PRF/PRF/2019) rupção devidamente comprovados.
À luz da Constituição Federal de 1988, julgue o item que se se-
gue, a respeito de direitos e garantias fundamentais e da defesa do 30. (CEBRASPE (CESPE) - AFCE (TCE-SC)/TCE-SC/Direito/2022)
Estado e das instituições democráticas. Julgue o item a seguir, considerando as disposições constitucio-
Policial rodoviário federal com mais de dez anos de serviço nais e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca do
pode candidatar-se ao cargo de deputado federal, devendo, no direito administrativo.
caso de ser eleito, passar para inatividade a partir do ato de sua Apenas por lei se pode sujeitar o candidato a exame psicotécni-
diplomação. co para habilitação em cargo público.
( ) Certo ( ) Certo
( ) Errado ( ) Errado

26. (CEBRASPE (CESPE) - Ag PJ (PC SE)/PC SE/2021) 31. (CEBRASPE (CESPE) - TCE TCE RJ/TCE-RJ/Técnico/2022)
A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos pre- A Câmara dos Deputados convocou o ministro da educação a
vistos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir. prestar pessoalmente informações relativas a erros na impressão
No tocante às limitações ao exercício da vida política, além de de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O minis-
hipóteses de inelegibilidade, nas quais se macula a capacidade elei- tro da educação recebeu o pedido, porém não compareceu na data
toral passiva, o constituinte elencou situações de perda ou suspen- aprazada, por entender que essa convocação violava a CF.
são dos direitos políticos, a exemplo da incapacidade civil absoluta, Com relação a essa situação hipotética, julgue os itens a seguir,
quando se restringem tanto a capacidade eleitoral ativa quanto a de acordo com as disposições constitucionais acerca do Poder Le-
passiva. gislativo e do Poder Executivo.
( ) Certo A ausência injustificada do ministro da educação configura cri-
( ) Errado me de responsabilidade, a ser julgado com exclusividade pelo Se-
nado Federal.
( ) Certo
( ) Errado

267
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
32. (CEBRASPE (CESPE) - Ana Min (MPE CE)/MPE CE/Direi- (C) É de iniciativa privativa do presidente da República lei que
to/2020) disponha sobre a organização administrativa e judiciária dos
Acerca da ação penal, de causas de extinção da punibilidade e estados e dos territórios.
da imposição de medidas de segurança, julgue o item subsequente. (D) Atendidos os requisitos constitucionais e legais, é permitida
A Constituição Federal de 1988 prevê a interrupção da prescri- a apresentação de projetos de lei de iniciativa popular no âm-
ção de processo penal contra parlamentar federal se houver susta- bito federal, estadual e municipal.
ção pela respectiva casa no Congresso Nacional. (E) Por meio de delegação do presidente da República, compe-
( ) Certo te ao Congresso Nacional a elaboração das leis delegadas.
( ) Errado
38. (CEBRASPE (CESPE) - AFCE (TCE-SC)/TCE-SC/Direito/2022)
33. (CEBRASPE (CESPE) - ATCI NS (ME)/ME/Perfil Profissional 2/ Tendo em vista as disposições da CF, a legislação em vigor e a
Direito/2020) jurisprudência do STF, julgue o seguinte item.
Considerando as regras sobre as comissões parlamentares de Segundo o STF, é prescritível a pretensão de ressarcimento ao
inquérito (CPI), julgue o item a seguir. erário baseada em decisão de tribunal de contas.
Uma CPI possui atribuições investigatórias que lhe são ineren- ( ) Certo
tes, como ordenar busca e apreensão de bens, objetos e computa- ( ) Errado
dores, desde que essa diligência não se efetive em espaços domi-
ciliares, porém não tem poder jurídico para, mediante requisição a 39. (CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/Controle Externo/
operadoras de telefonia, determinar interceptação telefônica nem Ciências Contábeis/2021)
para quebrar sigilo imposto a processo sujeito a sigilo judicial. Com base na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o se-
( ) Certo guinte item.
( ) Errado Partidos políticos têm legitimidade para denunciar ao Tribunal
de Contas da União irregularidades na aplicação de recursos públi-
34. (CEBRASPE (CESPE) - Ana (PGE RJ)/PGE RJ/Contábil/2022) cos.
A respeito do conceito de Constituição, das teorias da Consti- ( ) Certo
tuição e do poder constituinte, julgue o item a seguir. ( ) Errado
A Constituição Federal de 1988 (CF) permite, excepcionalmen-
te, a iniciativa popular para a propositura de emendas constitucio- 40. (CEBRASPE (CESPE) - Tec GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/Assis-
nais. tente Administrativo/2022)
( ) Certo Com base na Constituição Federal de 1988, julgue o item que
( ) Errado se segue, a respeito da organização dos poderes e da organização
do Estado.
35. (CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Consultoria Quando os cargos de presidente e de vice-presidente da Repú-
Técnica Legislativa/2021) blica estiverem em vacância, serão chamados ao exercício da presi-
Assinale a opção correspondente a instrumento normativo que dência, sucessiva e exclusivamente, os presidentes da Câmara dos
regule outro dispositivo contido no texto constitucional, exigindo Deputados e do Supremo Tribunal Federal.
quórum de maioria absoluta para a sua aprovação. ( ) Certo
(A) medida provisória ( ) Errado
(B) emenda constitucional
(C) lei complementar 41. (CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ RJ)/TJ RJ/Judicial/Comissário de
(D) lei ordinária Justiça da Infância, da Juventude e do Idoso/2021)
(E) lei delegada Acerca do que dispõe a CF sobre o Poder Executivo, assinale a
opção correta.
36. (CEBRASPE (CESPE) - Ana Min (MPE AP)/MPE AP/Psicolo- (A) As competências do vice-presidente da República estão pre-
gia/2021) vistas em rol taxativo no texto constitucional.
Assinale a opção correta que, conforme a Constituição Federal (B) No caso de vacância dos cargos de presidente e vice-pre-
de 1988 (CF), apresenta espécie legislativa adotada em caso de re- sidente da República, caberá ao Congresso Nacional a eleição
levância e urgência e que não pode dispor sobre matéria relativa à durante todo o período presidencial.
organização do Poder Judiciário e do Ministério Público. (C) Caberá à Câmara dos Deputados o juízo de admissibilidade
(A) emenda à Constituição da acusação contra o presidente da República, tanto nas infra-
(B) lei delegada ções penais comuns quanto nos crimes de responsabilidade.
(C) lei complementar (D) Em qualquer hipótese, poderá o presidente da República
(D) medida provisória extinguir cargos públicos por meio de decreto.
(E) decreto legislativo (E) Em razão dos preceitos de segurança nacional, são indelegá-
veis as atribuições do presidente da República.
37. (CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Direito/2021)
No que diz respeito a iniciativa no processo legislativo federal,
assinale a opção correta.
(A) As assembleias legislativas podem propor, isoladamente,
proposta de emenda à CF, desde que encaminhada pela maio-
ria relativa dos respectivos membros.
(B) No âmbito da iniciativa parlamentar, os projetos de lei com-
plementar exigem quórum de maioria absoluta para sua pro-
positura.

268
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
42. (CEBRASPE (CESPE) - Ana (PGE RJ)/PGE RJ/Contábil/2022) 47. (CEBRASPE (CESPE) - AssP (PGE PE)/PGE PE/2019)
Julgue o item a seguir, relativo à organização político-adminis- Com relação ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), julgue o
trativa do Estado e às disposições constitucionais aplicáveis aos Po- item.
deres Executivo, Legislativo e Judiciário e às funções essenciais à Compete ao CNJ o controle da atuação administrativa e finan-
justiça. ceira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais
Conforme regra consagrada na CF, o presidente da República dos juízes.
detém imunidade penal relativa no que se refere às infrações pe- ( ) Certo
nais que, cometidas antes ou durante o exercício do mandato, não ( ) Errado
guardem relação com as funções de chefe do Poder Executivo.
( ) Certo 48. (CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/Organizacional/
( ) Errado Tecnologia da Informação/2022)
Tendo como referência a disciplina constitucional acerca do Po-
43. (CEBRASPE (CESPE) - EspFAEP (DEPEN)/DEPEN/Enferma- der Judiciário e do Ministério Público, julgue o seguinte item.
gem/2021) Um quinto das vagas do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é re-
À luz das disposições constitucionais relativas aos direitos e de- servado a membros do Ministério Público com mais de dez anos de
veres individuais e coletivos, direitos sociais, Poder Executivo, segu- carreira e a advogados de notório saber jurídico e reputação ilibada
rança pública e ordem social, julgue o item subsequente. com mais de dez anos de efetiva atividade profissional.
No caso de o Supremo Tribunal Federal receber queixa concer- ( ) Certo
nente à prática de crime doloso contra a vida cometido pelo presi- ( ) Errado
dente da República, o presidente ficará suspenso de suas funções.
( ) Certo 49. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Min (MPE CE)/MPE CE/2020)
( ) Errado Acerca do Poder Judiciário e das funções essenciais à justiça,
julgue o item que se segue.
44. (CEBRASPE (CESPE) - AJP (PGE PE)/PGE PE/2019) O Ministério Público, observando sua autonomia funcional e
Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores e a le- administrativa, pode propor ao Poder Legislativo a extinção e a cria-
gislação de regência, julgue os itens seguintes, referentes ao Conse- ção de cargos e serviços auxiliares para o próprio Ministério Público.
lho de República, ao princípio da separação dos poderes e ao Poder ( ) Certo
Judiciário. ( ) Errado
Compete ao Conselho da República se pronunciar acerca de
questões relevantes para a estabilidade das instituições democrá- 50. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Min (MPE AP)/MPE AP/Auxiliar Ad-
ticas, assim como acerca de estado de defesa, de estado de sítio e ministrativo/2021)
de intervenção federal. Considerando as disposições da CF acerca do Ministério Públi-
( ) Certo co, é correto afirmar que os procuradores-gerais nos estados e no
( ) Errado Distrito Federal e territórios poderão ser destituídos
(A) por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo,
45. (CEBRASPE (CESPE) - Proc (MPTC-DF)/TC-DF/2021) na forma da lei complementar respectiva.
No que diz respeito às limitações do poder de tributar, aos me- (B) por deliberação da maioria simples do Poder Legislativo, na
canismos de freios e contrapesos e ao regime de precatórios, julgue forma da lei complementar respectiva.
o item a seguir. (C) por deliberação da maioria simples do Poder Legislativo, na
Para que determinada empresa pública se utilize do regime forma da lei ordinária respectiva.
especial de precatório, é necessário que ela não atue em regime (D) por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo,
de concorrência com empresas do setor privado e que não tenha na forma da lei ordinária respectiva.
objetivo de lucro. (E) por deliberação da maioria relativa do Poder Legislativo, na
( ) Certo forma da lei ordinária respectiva.
( ) Errado
51. (CEBRASPE (CESPE) - Proc (MPTC-DF)/TC-DF/2021)
46. (CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ PA)/TJ PA/Direito/2020) Acerca das funções essenciais à justiça, julgue o item que se
Considerando o entendimento do STF acerca do Conselho Na- segue, à luz do entendimento do STF.
cional de Justiça (CNJ), julgue os itens a seguir. Não há exigência constitucional de o procurador-geral do es-
I. Embora seja órgão do Poder Judiciário, o CNJ não é dotado de tado integrar a carreira de representação judicial do ente, uma vez
função jurisdicional. que o chefe do Poder Executivo possui ampla discricionariedade na
II. O CNJ deve atuar somente se houver necessariamente o escolha de seu auxiliar imediato.
exaurimento da instância administrativa ordinária. ( ) Certo
III. O CNJ tem competência para apurar violações aos deveres ( ) Errado
funcionais dos magistrados e servidores do Poder Judiciário.
IV. Não é permitido ao CNJ apreciar a constitucionalidade dos 52. (CEBRASPE (CESPE) - Tec Min (MPE CE)/MPE CE/2020)
atos administrativos, mas somente sua legalidade. Acerca do Poder Judiciário e das funções essenciais à justiça,
julgue o item que se segue.
Estão certos apenas os itens A Advocacia-Geral da União é responsável por promover inqué-
(A) I e II. rito civil e ação civil pública para proteção do meio ambiente e de
(B) I e IV. outros interesses difusos e coletivos.
(C) III e IV. ( ) Certo
(D) I, II e III. ( ) Errado
(E) II, III e IV.

269
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
53. (CEBRASPE (CESPE) - Ass Min (MPC TCE-PA)/TCE-PA/Contro- 58. (CEBRASPE (CESPE) - PGE PB/PGE PB/2021)
le Externo/2019) Considerando o entendimento sumulado do STF sobre o Siste-
No que se refere às funções essenciais à justiça, conforme os ma Tributário Nacional, assinale a opção correta.
dispositivos da CF, julgue os itens a seguir. (A) O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
I. Cabe ao Ministério Público a defesa judicial dos direitos das mediante contribuição.
populações indígenas. (B) Imóvel pertencente a instituição de assistência social sem
II. São reconhecidas ao advogado público independência fun- fins lucrativos, mesmo que alugado a terceiros, são imunes ao
cional e inamovibilidade. IPTU, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas ativida-
III. É vedado aos defensores públicos o exercício da advocacia des essenciais para as quais a entidade foi constituída.
fora das atribuições institucionais. (C) Na entrada de mercadoria importada do exterior, é incons-
titucional a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço
Assinale a opção correta. aduaneiro.
(A) Apenas o item I está certo. (D) A norma legal que altera o prazo de recolhimento da obriga-
(B) Apenas o item II está certo. ção tributária se sujeita ao princípio da anterioridade.
(C) Apenas os itens I e III estão certos. (E) É constitucional a incidência do ISSQN sobre operações de
(D) Apenas os itens II e III estão certos. locação de bens móveis.
(E) Todos os itens estão certos.
59. (CEBRASPE (CESPE) - Proc Mun (Boa Vista)/Pref Boa Vis-
54. (CEBRASPE (CESPE) - AAAJ (DP DF)/DP DF/Direito e Legis- ta/2019)
lação/2022) Relativamente às normas constitucionais aplicáveis aos orça-
Acerca dos fundamentos da organização dos Poderes e do Dis- mentos, julgue o seguinte item.
trito Federal, julgue o seguinte item. Desde que autorizados por lei específica, os estados podem re-
Às pessoas naturais e jurídicas, com ou sem fins lucrativos, que alizar transferência voluntária de recursos financeiros para realizar
comprovarem insuficiência de recursos é garantida a prestação da o pagamento de despesas com pessoal ativo dos municípios.
assistência jurídica integral e gratuita por meio da Defensoria Pú- ( ) Certo
blica. ( ) Errado
( ) Certo
( ) Errado 60. (CEBRASPE (CESPE) - Proc (MPTC-DF)/TC-DF/2021)
A respeito da ordem econômico-financeira na Constituição Fe-
55. (CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM AL)/CBM AL/2021) deral de 1988, julgue o item a seguir.
Considerando o entendimento da doutrina e da jurisprudência A subsidiariedade da atuação estatal à iniciativa privada na or-
a respeito da administração pública, da defesa do Estado e das ins- dem econômica é princípio implícito do texto constitucional, uma
tituições democráticas, julgue o próximo item. vez que o principal papel reservado ao Estado é o de agente norma-
Embora estejam sob a autoridade suprema do presidente da tivo e regulador da atividade econômica.
República, as Forças Armadas podem atuar para a garantia da lei e ( ) Certo
da ordem quando assim determinado por iniciativa de qualquer um ( ) Errado
dos três poderes.
( ) Certo 61. (CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ RJ)/TJ RJ/Assistencial/Assistente
( ) Errado Social/2021)
Considerando o disposto na Constituição Federal do Brasil acer-
56. (CEBRASPE (CESPE) - DPF/PF/2021) ca da Seguridade Social, julgue os itens a seguir.
Considerando a posição majoritária e atual do Supremo Tribu- I. A universalidade da cobertura é um dos objetivos da Segu-
nal Federal (STF), julgue o item a seguir, a respeito dos fundamen- ridade Social.
tos constitucionais dos direitos e deveres fundamentais, do Poder II. A seguridade Social é financiada pelo empregador e pelo em-
Judiciário, da segurança pública e das atribuições constitucionais da pregado.
Polícia Federal. III. A execução de ações de saneamento básico não é atribuição
Devido ao fato de a Força Nacional de Segurança Pública ser do Sistema Único de Saúde.
um programa de cooperação federativa ao qual podem aderir os IV. A descentralização é um objetivo da Previdência Social.
entes federados, é inconstitucional o seu emprego em território de V. A promoção da integração ao mercado de trabalho é um ob-
estado-membro sem a anuência de seu governador. jetivo do Sistema Único de Saúde.
( ) Certo
( ) Errado É correto apenas o que se afirma em
(A) I e II.
57. (CEBRASPE (CESPE) - Ag Pol (PC AL)/PC AL/2021) (B) I e IV.
Com base nos dispositivos da Constituição Federal de 1988 (CF) (C) II e V.
acerca dos direitos e das garantias fundamentais e da segurança (D) III e IV.
pública, julgue o item subsequente. (E) III e V.
A repressão do crime de tráfico de entorpecentes que não te-
nha repercussão internacional é atribuição das polícias estaduais.
( ) Certo
( ) Errado

270
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
62. (CEBRASPE (CESPE) - Cons Tut (CDCA DF)/SEJC DF/2019) 67. (CEBRASPE (CESPE) - Del Pol (PC PB)/PC PB/2022)
À luz da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a se- Se, em ação direta de inconstitucionalidade proposta perante
guir. o Supremo Tribunal Federal, for alegada a inconstitucionalidade de
Além dos recursos do orçamento da seguridade social, outras certa lei federal,
fontes podem ser empregadas nas ações governamentais na área (A) a decisão definitiva de mérito vinculará o Poder Legislativo.
da assistência social, devendo tais ações ser organizadas com base (B) o Poder Legislativo ficará impossibilitado de revogar a lei
em diretrizes previstas na CF. questionada.
( ) Certo (C) o Poder Legislativo ficará impossibilitado de reeditar o di-
( ) Errado ploma julgado inconstitucional.
(D) a decisão definitiva de mérito vinculará parcialmente o Po-
63. (CEBRASPE (CESPE) - DPF/PF/2021) der Judiciário.
Considerando a posição majoritária e atual do Supremo Tribu- (E) a decisão definitiva de mérito vinculará todos os níveis da
nal Federal (STF), julgue o item a seguir, a respeito dos fundamen- administração pública.
tos constitucionais dos direitos e deveres fundamentais, do Poder
Judiciário, da segurança pública e das atribuições constitucionais da
Polícia Federal. GABARITO
O confisco e a posterior reversão a fundo especial de bem apre-
endido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes exigem
1 B
prova de habitualidade e reiteração do uso do bem para a referida
finalidade. 2 ERRADO
( ) Certo 3 ERRADO
( ) Errado
4 CERTO
64. (CEBRASPE (CESPE) - DPF/PF/2021) 5 E
A respeito do controle de constitucionalidade no sistema cons-
6 ERRADO
titucional brasileiro, julgue o item subsequente.
Conforme o conceito de bloco de constitucionalidade, há nor- 7 CERTO
mas constitucionais não expressamente incluídas no texto da CF 8 ERRADO
que podem servir como paradigma para o exercício de controle de
constitucionalidade. 9 CERTO
( ) Certo 10 B
( ) Errado
11 A
65. (CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE PI)/MPE PI/2019) 12 CERTO
No curso de uma ação de ressarcimento por dano material,
13 ERRADO
uma das partes suscitou a inconstitucionalidade de um dispositivo
legal. 14 ERRADO
Nesse caso, a sentença que julgar procedente o pedido de de- 15 ERRADO
claração de inconstitucionalidade
(A) não fará coisa julgada nem no caso, nem entre as partes, até 16 CERTO
que o STF se pronuncie. 17 E
(B) fará coisa julgada no caso e entre as partes, bem como sur-
tirá efeitos ex tunc. 18 B
(C) surtirá efeitos ex tunc quando, posteriormente à prolação 19 D
da sentença, for suspensa a executoriedade do dispositivo pelo
20 ERRADO
Senado Federal.
(D) fará coisa julgada com efeitos ex nunc caso a inconstitucio- 21 CERTO
nalidade também seja suscitada junto ao STF. 22 CERTO
(E) gerará a ineficácia e a inaplicabilidade imediata do dispositi-
vo legal, que será declarado nulo. 23 A
24 CERTO
66. (CEBRASPE (CESPE) - Esp GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/Advo-
25 ERRADO
gado/2022)
A respeito do controle de constitucionalidade, julgue o item 26 CERTO
a seguir, com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal 27 CERTO
(STF).
Lei municipal somente pode ser impugnada por meio de ação 28 CERTO
direta de inconstitucionalidade se tiver como parâmetro de contro- 29 D
le norma de constituição estadual.
( ) Certo 30 CERTO
( ) Errado 31 ERRADO
32 ERRADO
33 CERTO

271
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
______________________________________________________
34 ERRADO
35 C ______________________________________________________
36 D ______________________________________________________
37 D
______________________________________________________
38 CERTO
39 CERTO ______________________________________________________
40 ERRADO ______________________________________________________
41 C
______________________________________________________
42 CERTO
______________________________________________________
43 CERTO
44 CERTO ______________________________________________________
45 CERTO ______________________________________________________
46 B
______________________________________________________
47 CERTO
48 ERRADO ______________________________________________________

49 CERTO ______________________________________________________
50 A
______________________________________________________
51 CERTO
______________________________________________________
52 ERRADO
53 C ______________________________________________________
54 CERTO ______________________________________________________
55 CERTO
______________________________________________________
56 CERTO
57 ERRADO ______________________________________________________

58 B ______________________________________________________
59 ERRADO ______________________________________________________
60 CERTO
______________________________________________________
61 A
62 CERTO ______________________________________________________
63 ERRADO ______________________________________________________
64 CERTO
______________________________________________________
65 B
______________________________________________________
66 ERRADO
67 E ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
_____________________________________________________
______________________________________________________
_____________________________________________________

272
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

As organizações informais não possuem objetivos predetermi-


CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES FOR- nados, surgem de forma natural, estando presentes nos usos e cos-
MAIS MODERNAS: TIPOS DE ESTRUTURA ORGANI- tumes, e se manifestam por meio de sentimentos e necessidade de
ZACIONAL, NATUREZA, FINALIDADES E CRITÉRIOS DE associação pelos membros da organização formal.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Características das Organizações Informais
As organizações formais modernas caracterizam-se como um
sistema constituído de elementos interativos, que recebe entradas São oriundas das relações pessoais e sociais desenvolvidas natu-
do ambiente, transformando-os, e emite saídas para o ambiente ralmente entre os membros de determinada organização;
externo. Nesse sentido, os elementos interativos da organização, Sua relação é de coesão ou antagonismo;
pessoas e departamentos, dependem uns dos outros e devem tra-
balhar juntos. As lideranças são informais, por meio da influência;
As organizações podem ser formais e informais. Possuem colaboração espontânea, independente da autoridade
formal;
— Formais
Têm possibilidade de oposição à organização formal;
A estrutura formal das organizações é composta pela estrutura
instituída pela vontade humana para atingir determinado objetivo. Transcende a organização formal, não se limitando ao horário de
Ela é representada por um organograma composto por órgãos, car- trabalho, barreiras organizacionais ou hierarquias;
gos e relações de autoridade e responsabilidade. São intangíveis (não visíveis);
Elas são regidas por normas e regulamentos que estabelecem
e especificam os padrões para atingir os objetivos organizacionais. São resistentes às modificações nos processos, uma vez que as
pessoas tendem a defender excessivamente os seus padrões.
Características das Organizações Formais
— Tipos de estrutura organizacional
São instituídas pela vontade humana; A estrutura organizacional é o conjunto de responsabilidades,
São planejadas e deliberadamente estruturadas; autoridades, comunicações e decisões de unidades de uma empre-
sa. É um meio para o alcance dos objetivos, estando relacionada
São tangíveis (visíveis); com a estratégia da organização, de tal forma que mudanças na es-
Seus líderes se valem da autoridade e responsabilidade (líderes tratégia precedem e promovem mudanças na estrutura.
formais); A estrutura organizacional de uma empresa define como as ta-
refas são formalmente distribuídas, agrupadas e coordenadas. No
São regidas por normas e regulamentos definidos de forma tipo de estrutura formal, a relação hierárquica é impessoal e sem-
racional (lógica); pre realizada por meio de ordem escrita.
São representadas por organogramas; São seis os elementos básicos a serem focados pelos adminis-
tradores quando projetam a estrutura das organizações: a especia-
São flexíveis às modificações em sua estrutura e nos processos
lização do trabalho, a departamentalização, a cadeia de comando,
organizacionais, em face da hierarquia formal e impessoal.
a amplitude de controle, a centralização e descentralização e, por
fim, a formalização.
— Informais
Ao planejar a estrutura organizacional, uma das variáveis refe-
Visto as organizações formais serem compostas por redes de
re-se a quem os indivíduos e os grupos se reportam. Essa variável
relacionamento no ambiente de trabalho, esse relacionamento
consiste em estruturar a cadeia de comando.
dá origem à organização informal. As organizações informais defi-
nem-se como o conjunto de interações e relacionamentos que se
estabelecem entre as pessoas, sendo esta paralela à organização
formal.

273
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

São tipos tradicionais de organização: to de uma estrutura organizacional, considera-se como mais ade-
a) Organização Linear: autoridade única com base na hierar- quada a análise de seus componentes, condicionantes e níveis de
quia (unidade de comando), comunicação formal, decisões centra- influência.
lizadas e aspecto piramidal;
b) Organização Funcional: autoridade funcional ou dividida, — Finalidades
linhas diretas de comunicação, decisões descentralizadas e ênfase A estrutura formal tem como finalidade o sistema de autorida-
na especialização; de, responsabilidade, divisão de trabalho, comunicação e processo
c) Organização Linha-staff: coexistência da estrutura linear decisório. São princípios fundamentais da organização formal:
com a estrutura funcional, ou seja, comunicação formal com asses- a) Divisão do trabalho: é a decomposição de um processo com-
soria funcional, separação entre órgãos operacionais (de linha) e ór- plexo em pequenas tarefas, proporcionando maior produtividade,
gãos de apoio (staff). Há, ao mesmo tempo, hierarquia de comando melhorando a eficiência organizacional e o desempenho dos envol-
e da especialização técnica. vidos e reduzindo custos de produção;
b) Especialização: considerada uma consequência da divisão
São estruturas organizacionais modernas: do trabalho. Cada cargo passa a ter funções específicas, assim como
a) Estrutura Divisional: é caracterizada pela criação de unida- cada tarefa;
des denominadas centros de resultados, que operam com relativa c) Hierarquia: divisão da empresa e, camadas hierárquicas. A
autonomia, inclusive apurando lucros ou prejuízos para cada uma hierarquia visa assegurar que os subordinados aceitem e executem
delas. Os departamentos prestam informações e se responsabili- rigorosamente as ordens e orientações dadas pelos seus superio-
zam pela execução integral dos serviços prestados, mediados por res;
um sistema de gestão eficaz; d) Amplitude administrativa: também chamada de amplitude
b) Estrutura Matricial: combina as vantagens da especialização de controle ou amplitude de comando, determina o número de fun-
funcional com o foco e responsabilidades da departamentalização cionários que um administrador consegue dirigir com eficiência e
do produto, ou divisional. Suas aplicações acontecem, em hospitais, eficácia. A estrutura organizacional que apresenta pequena ampli-
laboratórios governamentais, instituições financeiras etc. tude de controle é a aguda ou vertical.

O que a difere das outras formas de estrutura organizacional, — Critérios de departamentalização


é que características de mais de uma estrutura atuam ao mesmo Departamentalização é o nome dado à especialização hori-
tempo sobre os empregados. Além disso, existe múltipla subordina- zontal na organização por meio da criação de departamentos para
ção, ou seja, os empregados se reportam a mais de um chefe, o que cuidar das atividades organizacionais. É decorrente da divisão do
pode gerar confusão nos subordinados e se tornar uma desvanta- trabalho e da homogeneização das atividades. É o agrupamento
gem desse tipo de estrutura. adequado das atividades em departamentos específicos.
É uma ótima alternativa para empresas que trabalham desen- São critérios de departamentalização:
volvendo projetos e ações temporárias. Nesse tipo de estrutura o a) Departamentalização Funcional: representa o agrupamento
processo de decisão é descentralizado, com existência de centros por atividades ou funções principais. A divisão do trabalho ocor-
de resultados de duração limitada a determinados projetos; re internamente, por especialidade. Abordagem indicada para cir-
c) Estrutura em Rede: competitividade global, a flexibilidade cunstâncias estáveis, de poucas mudanças e que requeiram desem-
da força de trabalho e a sua estrutura enxuta. As redes organiza- penho continuado de tarefas rotineiras;
cionais se caracterizam por constituir unidades interdependentes b) Departamentalização por Produtos ou Serviços: represen-
orientadas para identificar e solucionar problemas; ta o agrupamento por resultados quanto a produtos ou serviços.
d) Estrutura por Projeto: manutenção dos recursos necessários A divisão do trabalho ocorre por linhas de produtos/serviços. A
sob o controle de um único indivíduo. orientação é para o alcance de resultados, por meio da ênfase nos
produtos/serviços;
— Natureza c) Departamentalização Geográfica: também chamada de De-
Estão entre os fatores internos que influenciam a natureza da partamentalização Territorial, representa o agrupamento conforme
estrutura organizacional da empresa: localização geográfica ou territorial. Caso uma organização, para
• a natureza dos objetivos estabelecidos para a empresa e seus estabelecer seus departamentos, deseje considerar a distribuição
membros; territorial de suas atividades, ela deverá observar as técnicas de de-
• as atividades operantes exigidas para realizar esses objetivos; partamentalização geográfica;
• a sequência de passos necessária para proporcionar os bens d) Departamentalização por Clientela: representa o agrupa-
ou serviços que os membros e clientes desejam ou necessitam; mento conforme o tipo ou tamanho do cliente ou comprador. Pos-
• as funções administrativas a desempenhar; sui ênfase e direcionamento para o cliente;
• as limitações da habilidade de cada pessoa na empresa, além e) Departamentalização por Processos: representa o agrupa-
das limitações tecnológicas; mento por etapas do processo, do produto ou da operação. Possui
• as necessidades sociais dos membros da empresa; e ênfase na tecnologia utilizada;
• o tamanho da empresa. f) Departamentalização por Projetos: representa o agrupa-
mento em função de entregas (saídas) ou resultados quanto a um
Da mesma forma consideram-se os elementos e as mudanças ou mais projetos. É necessária uma estrutura flexível e adaptável às
no ambiente externo que são também forças poderosas que dão circunstâncias do projeto, pois o mesmo pode ser encerrado antes
forma à natureza das relações externas. Mas para o estabelecimen- do prazo previsto. Dessa forma, os recursos envolvidos, ao término
do projeto, são liberados;

274
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

g) Departamentalização Matricial: também chamada de orga- Tarefas da Gestão por Processos


nização em grade, combina duas formas de departamentalização, Como forma de viabilizar a gestão por processos, visando con-
a funcional com a departamentalização de produto ou projeto, na tribuir para o aumento da performance, suas tarefas são divididas
mesma estrutura organizacional. Representa uma estrutura mista em três grupos, conforme demonstra as tabelas a seguir:
ou híbrida.
O desenho matricial apresenta duas dimensões: gerentes fun- Tarefas da Gestão de Processos
cionais e gerentes de produtos ou de projeto. Logo, não há unidade
de comando. É criada uma balança de duplo poder e, por consequ- PROJETAR PROCESSOS
ência, dupla subordinação. Entender o ambiente interno e externo;
Estabelecer estratégia, objetivos e abordagens de mudanças;
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: CENTRALIZAÇÃO,
DESCENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E DESCONCEN- Assegurar patrimônio para mudança;
TRAÇÃO; ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO; Entender, selecionar e priorizar processos;
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
Entender, selecionar e priorizar ferramentas de modelagem;
Entender, selecionar e priorizar técnicas de MIASP1
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
na matéria de Noções de Direito Administrativo. Formar equipe e time de diagnóstico de processos;
Entender e modelar processos de situação atual;
GESTÃO DE PROCESSOS Definir e priorizar problemas atuais;
Definir e priorizar soluções para os problemas atuais;
Toda organização desenvolve diversas atividades que levam à
Reprojetar práticas de gestão e execução de processos;
produção de resultados. Essas atividades em conjunto podem ser
enquadradas como processos, que, de forma integrada, trabalham Entender e modelar processos na situação futura;
para atingir os objetivos principais do órgão, diretamente relacio- Definir mudanças nos processos.
nados à sua missão institucional[ Manual de gestão por processos
/ Secretaria Jurídica e de Documentação / Escritório de Processos Tarefas da Gestão de Processos
Organizacionais do MPF. - Brasília: MPF/PGR, 2013.].
GERIR PROCESSOS
A Gestão por Processos ou Business Process Management
(BPM) é uma abordagem sistemática de gestão que trata de proces- Implantar novos processos;
sos de negócios como ativos, que potencializam diretamente o de- Implementar processos e mudanças;
sempenho da organização, primando pela excelência organizacional
e agilidade nos negócios. Isso envolve a determinação de recursos Promover a realização dos processos;
necessários, monitoramento de desempenho, manutenção e ges- Acompanhar execução dos processos;
tão do ciclo de vida do processo.
Fatores críticos de sucesso na gestão por processos estão rela- Controlar execução dos processos;
cionados a como mudar as atitudes das pessoas e ou perspectivas Realizar mudanças de curto prazo;
de processos para avaliar o desempenho dos processos das orga-
Registrar o desempenho dos processos;
nizações. O BPM permite a análise, definição, execução, monitora-
mento e administração, incluindo o suporte para a interação entre Comparar o desempenho com referências internas e externas.
pessoas e aplicações informatizadas diversas.
Acima de tudo, ele possibilita que as regras de negócio da or- Tarefas da Gestão de Processos
ganização, travestidas na forma de processos, sejam criadas e in-
formatizadas pelas próprias áreas de gestão, sem interferência das PROMOVER O APRENDIZADO
áreas técnicas. A meta desses sistemas é padronizar processos cor- Registrar e controlar desvios dos processos;
porativos e ganhar pontos em produtividade e eficiência.
As soluções de BPM são vistas como aplicações cujo principal Avaliar desempenho dos processos;
propósito é medir, analisar e otimizar a gestão do negócio e os pro- Registrar aprendizado sobre os processos.
cessos de análise financeira da empresa.
Objetivos da Gestão de Processos
A gestão de processos organizacionais tem como principais ob-
jetivos:
Conhecer e mapear os processos organizacionais desenvolvi-
dos pela instituição e disponibilizar as informações sobre eles, pro-
movendo a sua uniformização e descrição em manuais;

1 MIASP é um Método para Identificação, Análise e Solução de Problemas,


inclui em suas etapas as ações de planejamento, execução, verificação e ações
propostas em um processo de abordagem de um dado problema apresentado.

275
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Identificar, desenvolver e difundir internamente metodologias Gestão de contratos


e melhores práticas da gestão de processos; A gestão de contratos refere-se ao acompanhamento e a fisca-
Promover o monitoramento e a avaliação de desempenho dos lização, pela Administração, da execução de todos seus contratos e
processos organizacionais, de forma contínua, mediante a constru- deve ser promovida por todos os órgãos públicos.
ção de indicadores apropriados; A gestão do contrato é realizada por um representante da Ad-
Implantar melhorias nos processos, visando alcançar maior efi- ministração, conforme exigência do artigo 67 da Lei nº8.666/93[
ciência, eficácia e efetividade no seu desempenho. Lembrando que de acordo com o Art. 193 da Lei nº 14.133, de 1º
de abril de 2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), RE-
Princípios para a Gestão de Processos Organizacionais VOGA-SE a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, após decorridos
A gestão de processos organizacionais se baseia em alguns 2 (dois) anos da publicação oficial desta Lei.]. Este representante é
princípios que norteiam o desenvolvimento das ações e encontram- denominado gestor do contrato:
-se representados a seguir: Artigo 67 – A execução do contrato deverá ser acompanhada
Satisfação dos clientes: necessidades, perspectivas e requisitos e fiscalizada por um responsável da Administração especialmente
dos clientes internos e externos devem ser conhecidos para que o designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
processo seja projetado de modo a produzir resultados que satisfa- subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
çam suas necessidades;
Gerência participativa: conhecer e avaliar a opinião dos seus Competência da Gestão
colaboradores é um aspecto importante para que sejam discutidas A gestão de contratos abrange uma série de condutas e pro-
as ideias e melhor desempenho do processo seja alcançado; cedimentos a serem aplicados pelo agente público e por seus re-
Desenvolvimento humano: para se chegar a melhor eficiência, presentantes desde o planejamento da contratação, a seleção do
eficácia e efetividade da organização é necessário o conhecimento, fornecedor, e a fiscalização da execução contratual, que contribuem
as habilidades, a criatividade, a motivação e a competência das pes- para o bom uso do dinheiro público, e, para que as necessidades da
soas, de oportunidades de aprendizado e de um ambiente favorável Administração e da população sejam atendidas da melhor forma
ao pleno desenvolvimento depende o sucesso das pessoas; possível.
Metodologia padronizada: para evitar desvios de interpretação
e alcançar os resultados esperados, é importante seguir os padrões Finalidade da gestão de contratos
e a metodologia definida, que poderá ser constantemente melho- A gestão de contratos deve garantir que os contratados pela
rada; Administração forneçam os bens ou prestem os serviços pactuados,
Melhoria contínua: o comprometimento com o aperfeiçoa- e que tais bens e serviços sejam da melhor qualidade possível. Deve
mento contínuo é o principal objetivo da gestão de processos, de atuar na tentativa de aliar a busca pelo bem ou serviço de menor
modo a evitar retrabalhos, gargalos e garantir a qualidade do pro- preço e o atendimento ao princípio constitucional da eficiência, evi-
cesso de trabalho; tando desperdícios e oferecendo bens e serviços públicos de quali-
Informação e comunicação: é de fundamental importância a dade à população.
disseminação da cultura organizacional, divulgar os resultados al- Outra finalidade da gestão de contratos é a de evitar prejuízos
cançados e compartilhar o conhecimento adquirido; aos cofres públicos ocasionados pela necessidade de novas contra-
Busca da excelência: para alcançar a excelência, os erros de- tações para substituir ou concluir obras e serviços não prestados
vem ser mitigados e as suas causas eliminadas. Deve-se buscar as ou insatisfatórios, e pela condenação da Administração, nas esferas
melhores práticas reconhecidas como geradoras de resultados e trabalhista e previdenciária, ao pagamento de encargos devidos aos
aprimoramento constante, visando à identificação e ao aperfeiço- empregados e fornecedores inadimplentes.
amento de oportunidades de melhorias e reforço de pontos fortes A gestão dos contratos abrange duas esferas de trabalho a se-
da instituição. rem desenvolvidas, sendo uma de perfil administrativo, cujo foco é
a relação jurídica com a contratada, efetuada pelo Gestor de Con-
GESTÃO DE CONTRATOS tratos; e outra, de perfil técnico, que tem como foco o próprio obje-
to, sua execução, que é a fiscalização.
O Fiscal de Contratos necessita ter conhecimento técnico e do-
A gestão dos contratos administrativos mínio do objeto para que possa avaliá-lo.
Os contratos administrativos necessitam de um acompanha-
mento diário e, diante disso, é preciso que os gestores públicos/ Diferença entre Gestão e Fiscalização
ordenadores de despesas atentem para a necessidade de nomea- Não podemos, entretanto, confundir gestão com fiscalização. A
rem fiscais e gestores de contratos devidamente qualificados para a Gestão é o serviço geral de gerenciamento dos contratos; a fiscali-
missão, além de propiciarem reais condições para uma fiscalização zação é pontual.
e acompanhamento eficientes ao longo da realização de cada con- É necessário diferenciarmos estas duas funções, tão comumen-
trato em particular. Somente assim procedendo o gestor público/ te confundidas, visto que possuem atribuições semelhantes, não
ordenador de despesas estará resguardando o interesse público e esquecendo que os responsáveis pelas mesmas, ou seja, gestor de
a si próprio. contrato e fiscal, devem atuar em perfeita sintonia, pois objetivam,
É importante esclarecer, entretanto, que o gestor público/or- cada um a seu tempo e modo, a perfeita execução do contrato.
denador de despesas precisa estar atento aos requisitos na escolha
de seus prepostos, pois uma incorreta indicação pode gerar respon-
sabilidade. É a figura da culpa in elegendo, ou seja, a culpa pela má
eleição dos funcionários.

276
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Na gestão do contrato cuida-se, por exemplo, do equilíbrio eco- ções de pagamento; conter orçamento detalhado do custo global
nômico-financeiro, de incidentes relativos a pagamentos, de ques- da obra ou serviço, e outras informações relevantes para a descri-
tões ligadas à documentação, ao controle dos prazos de vencimen- ção do objeto, conforme o caso.
to, de prorrogações, etc. É um serviço administrativo propriamente É muito importante, também, que conste no Memorial Descri-
dito, que pode ser exercido por uma pessoa ou um setor. tivo e no Termo Contratual o procedimento de fiscalização das obri-
Já a fiscalização, exercida necessariamente por um represen- gações trabalhistas e previdenciárias da Contratada, e que o gestor
tante da Administração, especialmente designado, como preceitua do contrato execute este procedimento e arquive toda a respectiva
a lei, cuida pontualmente de cada contrato. Cada órgão deve orga- documentação.
nizar e regulamentar a gestão dos contratos de acordo com o pes- Como medida de resguardo de incidentes, a recomendação é
soal disponível, o número de contratos existentes e a complexidade de que a descrição do objeto seja feita pelo funcionário que o re-
dos objetos contratados. quisita; ou seja, que este busque o assessoramento técnico para fa-
A lei exige que pelo menos um servidor seja responsável pelo zê-lo. Sem isso, corremos o risco de termos um contrato impróprio,
acompanhamento da execução, exercendo a função de gestor do com dinheiro público desperdiçado, ou com remendos na execução,
contrato. Ele pode ser auxiliado por outros servidores ou por ter- transferindo ao contratado encargos de trocas ou ajustes e caracte-
ceiros contratados, mediante processo licitatório dispensa ou ine- rizando ineficiência da Administração.
xigibilidade de licitação, conforme o caso, quando tecnicamente
justificável, para auxiliá-lo. Do Termo Contratual
Em sendo estas tarefas exercidas por apenas um servidor, é re- O contrato deve conter cláusulas referentes ao gestor e à fisca-
comendável que ele tenha formação ou conhecimento na área do lização, estabelecendo que a execução do objeto seja acompanha-
objeto a ser fiscalizado. da e fiscalizada por um representante da Administração (gestor do
contrato), além de conter cláusulas que definam como a prestação
Da contratação dos serviços do serviço, obra ou fornecimento de bem que será avaliada por este
A contratação de particulares pela Administração Pública é ne- representante. O nome do servidor especialmente designado para
cessária para atender uma necessidade do próprio órgão ou da po- acompanhar a execução pode constar em cláusula do contrato, sen-
pulação. Em todos os casos, a necessidade a ser atendida deve ser do este aditado para alteração desta cláusula caso seja necessário
identificada e bem conhecida pelos setores responsáveis. substituir o gestor do contrato.
É importante que se estabeleça uma perfeita comunicação en- É possível também fazer constar no contrato que o gestor será
tre o setor que necessita o objeto (Requisitante) e o setor encarre- nomeado através de portaria, pela autoridade competente. Além
gado do expediente licitatório (Serviço de Compras). disso, é importante fazer constar expressamente as prerrogativas e
Muitas vezes, há requisição de compra de determinado produ- atribuições do gestor do contrato.
to/serviço, sem que se descreva com nitidez as características, as
peculiaridades daquilo que se precisa. Na etapa seguinte o Serviço Gestor de Contratos
de Compras acaba por fazer uma descrição do objeto que não aten- É o servidor especialmente designado pela Administração,
de rigorosamente ao interesse de quem o solicitou. através de Portaria, para cumprir as atribuições legais definidas
Todas as informações sobre os serviços e obras devem ser reu- no artigo 67 da Lei de Licitações. Ele é o responsável por tomar as
nidas e organizadas em um Memorial Descritivo (Projeto Básico). medidas necessárias ao fiel cumprimento da avença administrativa,
Este memorial serve, portanto, para descrever a necessidade da cabendo-lhe as estratégias de gestão, tais como as questões relacio-
Administração que justifica a contratação de uma empresa ou pro- nadas a: verificação da execução do objeto [serviço, obra ou forne-
fissional da iniciativa privada. cimento de bem contratado, constatação da adequação do objeto
Ao mesmo tempo, ele contém as informações sobre o obje- contratado às especificações constantes nas cláusulas contratuais
to a ser contratado, que são utilizadas pelos setores responsáveis que descrevem a forma de execução, observando o desempenho
pela elaboração do edital e da minuta do contrato. Além disso, as do serviço prestado ou a qualidade da obra ou do bem fornecido e
informações do Memorial Descritivo são essenciais para que as em- as eventuais irregularidades ou imperfeições; equilíbrio econômico
presas e profissionais conheçam as características do serviço ou da financeiro do contrato; responsável pela conferência dos valores
obra e possam decidir se têm condições técnicas para executá-las, faturados, assinando o aceite definitivo nas Notas Fiscais emitidas
optando por participar da licitação ou não. pela Contratada; encaminhamento das notas fiscais ao setor res-
Por isso é importante que a Administração elabore um Me- ponsável, para que proceda o pagamento.
morial Descritivo claro e detalhado, que descreva com precisão a O gestor do contrato deve ainda acompanhar o cumprimento
necessidade pública que deve ser atendida e o padrão de qualida- das obrigações decorrentes da execução contratual (trabalhistas,
de exigido, ou ainda, a descrição do objeto no Memorial Descritivo previdenciárias e garantias contratual e técnica), e penalidades.
deve ter como foco o resultado pretendido pela Administração.
O artigo 6º, inciso IX, da Lei de Licitações, define o Memorial
Descritivo (Projeto Básico) e lista os elementos que ele deve conter
(alíneas “a” a “f”). Em linhas gerais, o Memorial Descritivo deve:
descrever a solução escolhida para a necessidade a ser atendida;
especificar as técnicas que podem ou devem ser utilizadas; enume-
rar os serviços principais e assessórios a serem executados e tipos
de materiais necessários; descrever as condições de execução do
serviço ou da obra (organização, periodicidade, horários, etc.); fixar
obrigações das partes, prazos, garantias contratuais, forma e condi-

277
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É tarefa do gestor fiscalizar a manutenção, pela contratada, das pecificações e condições de execução do objeto, quanto falhas e
condições de habilitação exigida pela Lei de Licitações, edital e con- imperfeições verificadas, comunicações à Administração e à Contra-
trato, solicitando os documentos comprobatórios pertinentes. Em tada e respostas obtidas, fatores externos que causaram atrasos ou
relação à fiscalização de ausência de débitos trabalhistas e previ- alterações nas especificações ou cronograma, determinando o que
denciários, o gestor deve: for necessário à regularização das ocorrências das faltas ou defeitos
→ Nos casos em que o contrato condiciona o pagamento à observados.
apresentação de certidões negativas, recolher e conferir as certi- Esta determinação deverá ser feita na forma escrita e mencio-
dões antes de atestar as notas fiscais; nada ou anexada ao registro de ocorrências, pois é fato relacionado
→ Nos casos em que o contrato exige que a Contratada via- à execução do contrato. Caso haja um Fiscal nomeado para apoiar
bilize o acesso de seus funcionários aos sistemas do INSS e FGTS, o trabalho do Gestor, estes registros de acompanhamento diário fi-
solicitar mensalmente aos funcionários, por amostragem, que con- cam à cargo do mesmo.
sultem seus respectivos extratos e confirmem se os recolhimentos No parágrafo 2º do artigo 67 da Lei de Licitações temos que
estão em ordem; as decisões e providências que ultrapassarem a competência do
→ Silenciando o contrato sobre o procedimento de fiscalização, representante deverão ser solicitadas a seus superiores em tempo
o gestor pode, a qualquer tempo, requerer da contratada as certi- hábil para a adoção de medidas convenientes. As decisões e provi-
dões negativas de débitos, com amparo nos artigos 71 e 55, inciso dências de que trata este parágrafo são, por exemplo, alterações
XIII, da Lei de Licitações. contratuais necessárias, prorrogação de prazos e aplicações de pe-
nalidades à Contratada, ou até mesmo a rescisão do contrato.
O descumprimento dessas obrigações deve ser comunicado à A partir das cláusulas contratuais, o gestor pode elaborar um
autoridade competente para que esta aplique as penalidades legais roteiro, um plano de trabalho e/ou um check list (modelo anexo)
e as previstas no contrato, como a execução da garantia contratual com os prazos, etapas e especificações a serem conferidos durante
e até mesmo a rescisão contratual, após notificar a Contratada a a execução do objeto, para facilitar seu trabalho, podendo inclusive
apresentar justificativas para o inadimplemento. Caso verifique que apresentar este roteiro à autoridade que o designou, para que ve-
há necessidade de prorrogação do prazo contratual conforme hipó- rifique a compatibilidade com o que foi estipulado contratualmen-
tese prevista no artigo 57 da Lei de Licitações, o gestor do contrato te. O gestor deve optar pelo formato do registro de ocorrências da
deve informar esta necessidade à autoridade competente, encami- execução contratual que entender apropriado ao tipo de contrato e
nhando as justificativas para a prorrogação. às atividades que lhe foram atribuídas na Portaria de Designação e
Se a prorrogação não for cabível na forma da lei, o gestor deve cláusulas contratuais.
informar a necessidade de realização de nova licitação antes do tér- Este registro pode ser, por exemplo, em forma de processo, no
mino do prazo contratual, de modo que a nova empresa Contrata- qual são anexadas todas as manifestações, relatórios e documen-
da comece a atuar logo após o término do contrato anterior. Caso tos, em formato de livro ou de relatório (em todos os casos, as fo-
constate a necessidade de alterações em cláusulas contratuais, para lhas devem ser numeradas).
melhor execução do objeto, atendimento do objetivo da contrata- Quando o gestor for o único servidor designado para exercer
ção ou gestão do contrato, o gestor deve solicitar a alteração à au- a função de gestão e fiscalização, é recomendável que o mesmo
toridade competente, apresentando as justificativas do seu pedido. tenha formação ou conhecimento técnico na área do objeto a ser
Nos casos de complexidade técnica do objeto, é importante fiscalizado.
que ele encaminhe também pareceres ou relatórios elaborados por
servidores da área ou por profissionais contratados para auxiliá-lo, Responsabilidades do Gestor
que contenham as informações técnicas necessárias. Se a Contra- A Administração e a Contratada respondem pelos danos que
tada tem interesse que alguma cláusula do contrato seja alterada seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Porém ambas
ou que o prazo seja prorrogado, esta pode apresentar justificativas podem processar administrativamente ou judicialmente, conforme
e comprovações necessárias à Administração, que deve analisar a o caso, o responsável pelos danos, se este agiu com dolo ou culpa.
legalidade e conveniência da alteração contratual, observando o A culpa verifica-se na ação ou omissão lesiva, resultante de im-
disposto no artigo 65 da Lei de Licitações. prudência, negligência ou imperícia do agente; o dolo ocorre quan-
O gestor deve assinar o termo de recebimento definitivo do do o agente deseja a ação ou omissão lesiva ou assume o risco de
serviço, para que seja efetivado o pagamento do Contratado. A situ- produzi-la. Desta forma, a Administração pode abrir processo admi-
ação ideal é que o servidor que vai atuar como gestor acompanhe nistrativo, ingressar com ação civil ou penal, conforme o caso, para
todas as fases da contratação, desde o planejamento e elaboração apurar a responsabilidade do servidor por danos causados ao erário
do Memorial Descritivo (Projeto Básico), para conhecer todos os ou a terceiros no exercício de suas funções.
detalhes do objeto a ser fiscalizado. Tanto na esfera administrativa quanto na civil e penal, a con-
Caso não tenha participado das fases de Planejamento e Lici- duta do servidor será examinada para apuração da culpa ou dolo.
tação, é imprescindível que o gestor leia atentamente o Memorial O gestor do contrato é responsável por sua conduta, ou seja, pelo
Descritivo, o Projeto Executivo (quando for o caso) e o Contrato, desempenho das atividades que lhe foram atribuídas na portaria
prestando especial atenção às cláusulas que descrevem as especi- de designação e no contrato, respondendo se não tomar as provi-
ficações do objeto, as condições de execução, os procedimentos de dências que estiverem ao seu alcance e forem de sua competência
fiscalização e as penalidades aplicáveis à Contratada. para garantir o fiel cumprimento das cláusulas contratuais e atingi-
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 67 da Lei de Licitações, mento do objetivo da contratação, ou para interromper a execução
este representante da Administração deverá anotar em registro em desconformidade com o pactuado e evitar prejuízos à Adminis-
próprio todas as ocorrências relacionadas à execução do contrato, tração.
ou seja, registrar por escrito tanto o cumprimento de etapas, es-

278
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim sendo, ressaltamos a importância da formalização de to-


dos os atos do gestor de contrato. Ele deve comunicar-se sempre QUESTÕES
por escrito com o ordenador de despesas, com os servidores que
auxiliam na fiscalização e, principalmente, com os representantes 1.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Judiciário (TRT 8ª Região)/Ad-
da Contratada. ministrativa/2023/”REAPLICADA”)
Além de registrar por escrito todas as ocorrências relacionadas Na utilização do método PDCA para a melhoria de processos,
com a execução do objeto, sobretudo nos casos de falhas e defei- a etapa D — execução do processo — corresponde ao procedi-
tos, ele deve fotografar tanto o cumprimento quanto o descumpri- mento de
mento de etapas, condições e especificações contratuais. Se tudo (A) identificar o produto a ser entregue ao cliente.
estiver documentado, será possível comprovar qual foi a conduta (B) realizar as tarefas conforme o determinado.
do gestor em cada situação, bem como as condutas dos demais (C) comparar os resultados obtidos com as metas estipuladas.
servidores envolvidos, do ordenador de despesas (autoridade que (D) estabelecer o plano de ação das etapas que compõem o
assinou o contrato) e da Contratada. processo.
Essa comprovação será necessária nos casos de falhas na exe- (E) adotar ações corretivas para a eliminação de erros.
cução do contrato, danos causados a terceiros e/ou inadimplemen-
to das obrigações trabalhistas e previdenciárias devidas a funcioná- 2.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Ambiental (IBAMA)/2022)
rios terceirizados, quando a conduta de cada um dos envolvidos na Julgue o próximo item, acerca de gestão de processos.
execução contratual irá determinar o responsável pela falha, dano Quadros de distribuição do trabalho são diagramas que des-
ou inadimplemento, conforme o caso. crevem os passos e as etapas sequenciais de processos, em que
Finalmente, não podemos deixar de lembrar sobre a Respon- são apresentados o caminho da informação, as unidades organiza-
sabilidade Fiscal. É sabido que a impropriamente chamada Lei de cionais envolvidas e as atividades a serem executadas.
Responsabilidade Fiscal trouxe um novo elenco de atribuições ao ( ) CERTO
gestor. Em seu primeiro artigo, a lei indica o ponto de cautela: ela ( ) ERRADO
não é a lei de responsabilidade, mas é a lei de responsabilidade do
gestor na gerência fiscal. 3.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Ambiental (IBAMA)/2022)
Julgue o próximo item, acerca de gestão de processos.
Capacitação do Gestor/Fiscal do contrato O diagrama de objetivos estabelece visão de alto nível dos
Dadas as responsabilidades que envolvem o acompanhamen- processos que agregam valor à organização.
to da execução contratual, é necessário que a Administração/Or- ( ) CERTO
denador de Despesas tome medidas para informar e capacitar os ( ) ERRADO
servidores que designa, bem como estes servidores devem adotar
condutas e tomar precauções necessárias ao bom e seguro desem- 4.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Ambiental (IBAMA)/2022)
penho da gestão contratual, a fim de que tenham condições de Julgue o próximo item, acerca de gestão de processos.
acompanhar e fiscalizar os contratos firmados, evitando que a no- Denominam-se processos de suporte os processos associados
meação destes gestores se limite ao cumprimento de formalidades ao atendimento direto ao cliente externo, em que se entregam a
e trazendo benefícios reais para a Administração. ele produtos ou serviços requisitados e se satisfazem suas neces-
Nesse sentido, sempre que possível, o ordenador de despesas sidades e expectativas.
pode custear a participação de seus servidores em cursos de capa- ( ) CERTO
citação em gestão de contratos oferecidos por órgãos públicos e ( ) ERRADO
empresas privadas. A qualificação dos servidores contribui para que
desempenhem melhor suas funções. 5.(CEBRASPE (CESPE) - Analista de Previdência Complementar
Caso o servidor designado não tenha conhecimentos técnicos (FUNPRESP-EXE)/Auditoria e Controle/2022)
sobre o objeto, deve informar este fato, por escrito, à autoridade Julgue o seguinte item, relativo às melhorias de processos.
que o designou, solicitando inclusive a designação de servidores da Entre os fatores-chave que devem ser considerados no es-
área para auxiliá-lo ou a contratação de profissionais, conforme o forço rumo à orientação por processos incluem-se redução dos
caso. custos empresariais e estabelecimento explícito e permanente de
parcerias. Caso não sejam observados tais fatores, pode-se colo-
NOÇÕES DE PROCESSOS LICITATÓRIOS. CONCEITO, car em risco o esforço para a efetiva implantação de melhorias de
FINALIDADES, PRINCÍPIOS E OBJETO. MODALIDADES. processos de negócio na organização.
DISPENSA E INEXIGIBILIDADE ( ) CERTO
( ) ERRADO

Prezado candidato, o tema supracitado já foi abordado na atéria


de “NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO”.

279
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

6.(CEBRASPE (CESPE) - Auditor Técnico de Tributos (SEFAZ 8.(CEBRASPE (CESPE) - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SE-
SE)/2022) FAZ CE)/2021 (e mais 1 concurso)
Situação hipotética 2A3-I Com o intuito de melhorar a gestão e o controle dos seus cus-
Determinada indústria produz um conjunto para jardim cons- tos de produção, determinada empresa industrial decidiu dividir
tituído de uma mesa e quatro cadeiras. As peças do conjunto não a sua unidade fabril nos seguintes seis setores distintos, nos quais
são vendidas separadamente. A empresa utiliza, para fins fiscais e são exercidas atividades bastante específicas: Gerência geral; Ma-
societários, o sistema de custeio por absorção. Os custos estima- nutenção de máquinas e equipamentos; Almoxarifado; Monta-
dos para o próximo período foram: gem; Pintura; Embalagem.
matérias-primas de uso direto R$ 950 mil;
mão de obra direta R$ 160 mil; Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
supervisão e apoio à produção R$ 40 mil; A divisão da unidade fabril em departamentos permitirá que
depreciação de equipamentos fabris R$ 120 mil; alguns custos considerados indiretos em relação aos produtos
materiais de consumo industrial R$ 60 mil; possam ser alocados diretamente em seus respectivos departa-
consumo de água e luz na área industrial R$ 20 mil; mentos.
depreciação das instalações industriais R$ 24 mil; ( ) CERTO
custo do almoxarifado de produtos acabados R$ 18 mil; ( ) ERRADO
comissão sobre vendas de produtos acabados R$ 45 mil;
gastos gerais administrativos R$ 16 mil; 9.(CEBRASPE (CESPE) - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SE-
salários e honorários da administração geral R$ 80 mil; FAZ CE)/2021 (e mais 1 concurso)
materiais e consumo administrativos R$ 5 mil. Com o intuito de melhorar a gestão e o controle dos seus cus-
tos de produção, determinada empresa industrial decidiu dividir
OBS.: (i) o tempo improdutivo da mão de obra direta é alo- a sua unidade fabril nos seguintes seis setores distintos, nos quais
cado como despesa; (ii) a depreciação é calculada pelo método são exercidas atividades bastante específicas: Gerência geral; Ma-
linear. nutenção de máquinas e equipamentos; Almoxarifado; Monta-
gem; Pintura; Embalagem.
A partir da situação hipotética 2A3-I, julgue os itens a seguir.
I As matérias-primas destinadas à produção ingressam na en- Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
tidade como um investimento, depois são transformadas em cus- Os custos incorridos na Gerência geral, na Manutenção de
to de produção e, finalmente, em um tipo de despesa. máquinas e equipamentos e no Almoxarifado deverão ser apro-
II O custo de mão de obra direta, quando produtivo, é um priados diretamente aos produtos, tendo por base o tempo que
custo que pode ser estocado. tais departamentos venham a dedicar dos seus serviços a cada um
III O custo com o almoxarifado de produtos acabados é um desses produtos.
custo indireto de produção. ( ) CERTO
IV A departamentalização, quando aplicada a um sistema de ( ) ERRADO
custeio por absorção, permite que os gastos administrativos em-
pregados na aquisição de insumos para a produção sejam aloca- 10.(CEBRASPE (CESPE) - Assistente (FUB)/Administra-
dos ao custo dos produtos. ção/2022)
Julgue o item a seguir, referentes a organização.
Assinale a opção correta. Organogramas e descrições de cargo são parte da organiza-
(A) Apenas o item II está certo. ção informal.
(B) Apenas o item III está certo. ( ) CERTO
(C) Apenas os itens I e II estão certos. ( ) ERRADO
(D) Apenas os itens I e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos. 11.(CEBRASPE (CESPE) - Assistente Administrativo (Pref B dos
Coqueiros)/2020)
7.(CEBRASPE (CESPE) - Auditor Técnico de Tributos (SEFAZ As atribuições típicas da função organização incluem
SE)/2022) (A) definição de recursos e atribuição de autoridade e respon-
Relativamente aos métodos e sistemas de apuração de cus- sabilidade para a realização de tarefas.
tos, julgue o item seguinte. (B) preenchimento de cargos e motivação dos colaboradores.
A utilização da departamentalização na apuração de custos (C) liderança de pessoas e comunicação organizacional.
elimina os rateios arbitrários e transforma em diretos custos que, (D) definição de objetivos e metas organizacionais.
sem ela, seriam indiretos. (E) estabelecimento de padrões de desempenho e avaliação de
( ) CERTO resultados.
( ) ERRADO

280
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

12.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Portuário I (EMAP)/Adminis-


13 CERTO
trativa/2018)
Julgue o item subsequente, referente a organização e sua es- 14 CERTO
trutura. 15 ERRADO
A organização informal caracteriza-se por grupos formados a
partir de interesses, atitudes e comportamentos comuns, inspi-
rados por formadores de opinião e influenciadores de atitudes.
( ) CERTO
ANOTAÇÕES
( ) ERRADO
______________________________________________________
13.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Técnico-Administrativo (SU-
FRAMA)/Geral/2014) ______________________________________________________
Acerca da evolução da administração pública no Brasil, julgue
o item a seguir. ______________________________________________________
O Estado do bem-estar, proposto na Alemanha no final do sé-
culo XIX, é um modelo associado à garantia de seguridade social ______________________________________________________
dos cidadãos.
______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

14.(CEBRASPE (CESPE) - Secretário Executivo (FUB)/2013) ______________________________________________________


A respeito de organização, sistemas e métodos administrati-
vos, julgue o item a seguir. ______________________________________________________
Consumidores, fornecedores, governo, sindicatos podem fa-
zer parte do ambiente de um sistema empresarial ou administra- ______________________________________________________
tivo.
______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________
15.(CEBRASPE (CESPE) - Especialista em Gestão de Telecomu- ______________________________________________________
nicações (TELEBRAS)/Analista Superior/Psicologia/2013)
Julgue o item a seguir, relativo aos planos de carreira. ______________________________________________________
Grandes organizações são concebidas como organismos com-
plexos em que as pessoas assumem atividades definidas e dese- ______________________________________________________
nhadas para o posto de trabalho, mediante estabelecimento da
carreira. ______________________________________________________
( ) CERTO
______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 B
2 ERRADO ______________________________________________________
3 ERRADO ______________________________________________________
4 ERRADO
______________________________________________________
5 ERRADO
6 C ______________________________________________________

7 ERRADO _____________________________________________________
8 CERTO _____________________________________________________
9 ERRADO
______________________________________________________
10 ERRADO
11 A ______________________________________________________
12 CERTO ______________________________________________________

281
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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282
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

po, função), destacando-se individualmente aqueles que tenham


ORÇAMENTO PÚBLICO. CONCEITO. TÉCNICAS participação significativa. É apresentada a participação percentual
ORÇAMENTÁRIAS. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS. dos valores destinados a cada item no total das despesas ou recei-
CICLO ORÇAMENTÁRIO. O ORÇAMENTO PÚBLICO NO tas. Em vez de comunicar um conjunto de números de difícil enten-
BRASIL dimento ou valores sem base de comparação, é possível divulgar
informações do tipo “a prefeitura vai gastar 15% dos seus recursos
Orçamento com pavimentação”, por exemplo.
Tradicionalmente o orçamento é compreendido como uma Uma outra análise que pode ser realizada é a análise horizontal
peça que contém apenas a previsão das receitas e a fixação das do orçamento. Esta técnica compara os valores do orçamento com
despesas para determinado período, sem preocupação com planos os valores correspondentes nos orçamentos anteriores (expressos
governamentais de desenvolvimento, tratando-se assim de mera em valores reais, atualizados monetariamente, ou em moeda for-
peça contábil - financeira. te).
Tal conceito não pode mais ser admitido, pois, conforme vimos Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser aplica-
no módulo anterior, a intervenção estatal na vida da sociedade au- dos na apresentação dos resultados da execução orçamentária (ou
mentou de forma acentuada e com isso o planejamento das ações seja, do cumprimento do orçamento), confrontando o previsto com
do Estado é imprescindível. o realizado em cada período e para cada rubrica. Deve-se apresen-
Hoje, o orçamento é utilizado como instrumento de planeja- tar, também, qual a porcentagem já recebida das receitas e a por-
mento da ação governamental, possuindo um aspecto dinâmico, ao centagem já realizada das despesas.
contrário do orçamento tradicional já superado, que possuía cará- É fundamental que a peça orçamentária seja convertida em
ter eminentemente estático. valores constantes, permitindo avaliar o montante real de recursos
Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual envolvidos.
o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo Uma outra forma de alteração do valor real é através das mar-
período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcio- gens de suplementação. Para garantir flexibilidade na execução
namento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política do orçamento, normalmente são previstas elevadas margens de
econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas suplementação, o que permite um uso dos recursos que modifica
já criadas em lei”. profundamente as prioridades estabelecidas. Com a indexação or-
çamentária mensal à inflação real, consegue-se o grau necessário
A função do Orçamento é permitir que a sociedade acompa- de flexibilidade na execução orçamentária, sem permitir burlar o
nhe o fluxo de recursos do Estado (receitas e despesas). Para isto, o orçamento através de elevadas margens de suplementação. Pode-
governo traduz o seu plano de ação em forma de lei. Esta lei passa -se restringir a margem a um máximo de 3%.
a representar seu compromisso executivo com a sociedade que lhe Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É preciso
delegou poder. apresentar as condições que permitiram os níveis previstos de en-
O projeto de lei orçamentária é elaborado pelo Executivo, e trada e dispêndio de recursos.
submetido à apreciação do Legislativo, que pode realizar alterações No caso da receita, é importante destacar o nível de evolução
no texto final. A partir daí, o Executivo deve promover sua imple- econômica, as melhorias realizadas no sistema arrecadador, o nível
mentação de forma eficiente e econômica, dando transparência de inadimplência, as alterações realizadas na legislação, os meca-
pública a esta implementação. Por isso o orçamento é um proble- nismos de cobrança adotados.
ma quando uma administração tem dificuldades para conviver com No caso da despesa, é importante destacar os principais custos
a vontade do Legislativo e da sociedade: devido à sua força de lei, o unitários de serviços e obras, as taxas de juros e demais encargos
orçamento é um limite à sua ação. financeiros, a evolução do quadro de pessoal, a política salarial e a
Em sua expressão final, o orçamento é um extenso conjunto política de pagamento de empréstimos e de atrasados.
de valores agrupados por unidades orçamentárias, funções, progra- Os resultados que a simplificação do orçamento geram são,
mas, atividades e projetos. fundamentalmente, de natureza política. Ela permite transformar
Com a inflação, os valores não são imediatamente compreensí- um processo nebuloso e de difícil compreensão em um conjunto de
veis, requerendo vários cálculos e o conhecimento de conceitos de atividades caracterizadas pela transparência.
matemática financeira para seu entendimento. Isso tudo dificulta Como o orçamento passa a ser apresentado de forma mais
a compreensão do orçamento e a sociedade vê debilitada sua pos- simples e acessível, mais gente pode entender seu significado. A
sibilidade de participar da elaboração, da aprovação, e, posterior- sociedade passa a ter mais condições de fiscalizar a execução orça-
mente, acompanhar a sua execução. mentária e, por extensão, as próprias ações do governo municipal.
Pode-se melhorar a informação oferecida aos cidadãos sem di- Se, juntamente com esta simplificação, forem adotados instrumen-
ficultar o entendimento, através da técnica chamada análise verti- tos efetivos de intervenção da população na sua elaboração e con-
cal, agrupando as receitas e despesas em conjuntos (atividade, gru- trole, a participação popular terá maior eficácia.

283
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Os orçamentos sintéticos, ao apresentar o orçamento (ou par- ção de novo instrumental de trabalho, como a introdução do SIAFI
tes dele, como o plano de obras e os orçamentos setoriais) de for- e da conta única do Tesouro Nacional, acompanhados de diversos
ma resumida, fornecem uma informação rápida e acessível. outros aperfeiçoamentos de ferramentas de gestão.
A análise vertical permite compreender o que de fato influen-
cia a receita e para onde se destinam os recursos, sem a “poluição Evolução histórica dos princípios orçamentários constitucio-
numérica” de dezenas de rubricas de baixo valor. Funciona como nais
um demonstrativo de origens e aplicações dos recursos da prefei- Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú-
tura, permitindo identificar com clareza o grau de dependência do blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela
governo de recursos próprios e de terceiros, a importância relativa doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá-
das principais despesas, através do esclarecimento da proporção rias adquirirem crescente eficácia.
dos recursos destinada ao pagamento do serviço de terceiros, dos Assim, os princípios, sendo enunciados em sua totalidade de
materiais de consumo, encargos financeiros, obras, etc. maneira genérica que quase sempre se expressam em linguagem
A análise horizontal facilita as comparações com governos e constitucional ou legal, estão entre os valores e as normas na escala
anos anteriores. da concretização do direito e com eles não se confundem.
A evidenciação das premissas desnuda o orçamento ao públi- Os princípios representam o primeiro estágio de concretização
co, trazendo possibilidades de comparação. Permite perguntas do dos valores jurídicos a que se vinculam. A justiça e a segurança jurí-
tipo: “por que a prefeitura vai pagar x por este serviço, se o seu dica começam a adquirir concretitude normativa e ganham expres-
preço de mercado é metade de x ?”. Contribui para esclarecer os são escrita.
motivos de ineficiência da prefeitura nas suas atividades-meio e na Mas os princípios ainda comportam grau elevado de abstração
execução das políticas públicas. e indeterminação.
Apesar dos muitos avanços alcançados na gestão das contas Os princípios financeiros são dotados de eficácia, isto é, produ-
públicas no Brasil, a sociedade ainda não se desfez da sensação de zem efeitos e vinculam a eficácia principiológica, conducente à nor-
caixa preta quando se trata de acompanhar as contas públicas. mativa plena, e não a eficácia própria da regra concreta, atributiva
A gestão das contas públicas brasileiras passou por melhorias de direitos e obrigações.
institucionais tão expressivas que é possível falar-se de uma verda- Assim, os princípios não se colocam, pois, além ou acima do
deira revolução. Mudanças relevantes abrangeram os processos e Direito (ou do próprio Direito positivo); também eles - numa visão
ferramentas de trabalho, a organização institucional, a constituição ampla, superadora de concepções positivistas, literalista e absoluti-
e capacitação de quadros de servidores, a reformulação do arca- zantes das fontes legais - fazem parte do complexo ordenamental.
bouço legal e normativo e a melhoria do relacionamento com a so- Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão-somente
ciedade, em âmbito federal, estadual e municipal. aos preceitos; as normas jurídicas é que se dividem em normas-
Os diferentes atores que participam da gestão das finanças pú- -princípios e normas-disposições.
blicas tiveram suas funções redefinidas, ampliando-se as prerroga- Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú-
tivas do Poder Legislativo na condução do processo decisório perti- blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela
nente à priorização do gasto e à alocação da despesa. Esse processo doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá-
se efetivou fundamentalmente pela unificação dos orçamentos do rias adquirirem crescente eficácia, ou seja, que produzissem o efei-
Governo Federal, antes constituído pelo orçamento da União, pelo to desejado, tivessem efetividade social, e fossem realmente ob-
orçamento monetário e pelo orçamento da previdência social. servadas pelos receptores da norma, em especial o agente público.
Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, em processo em Como princípios informadores do direito - e são na verdade as
que foram redefinidas as funções do Banco do Brasil, do Banco Cen- idéias centrais do sistema dando-lhe sentido lógico - foram sendo,
tral e do Tesouro Nacional. gradativa e cumulativamente, incorporados ao sistema normativo.
Consolidou-se a visão de que o horizonte do planejamento Os princípios orçamentários, portanto, projetam efeitos sobre
deve compreender a elaboração de um Plano Plurianual (PPA) e, a a criação - subsidiando o processo legislativo -, a integração - pos-
cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que por sua sibilitando a colmatagem das lacunas existentes no ordenamento
vez deve preceder a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). - e a interpretação do direito orçamentário, auxiliando no exercício
Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal, reconhe- da função jurisdicional ao permitir a aplicação da norma a situação
cendo-se que os resultados fiscais e, por consequência, os níveis não regulada especificamente.
de endividamento do Estado, não podem ficar ao sabor do acaso, Alguns desses princípios foram adotados em certo momento
mas devem decorrer de atividade planejada, consubstanciada na por condizerem com as necessidades da época e posteriormen-
fixação de metas fiscais. Os processos orçamentário e de plane- te abandonados, ou pelo menos transformados, relativizados, ou
jamento, seguindo a tendência mundial, evoluíram das bases do mesmo mitigados, e o que ocorreu com o princípio do equilíbrio
orçamento-programa para a incorporação do conceito de resulta- orçamentário, tão precioso ao estado liberal do século XIX, e que
dos finalísticos, em que os recursos arrecadados devem retornar à foi em parte relativizado com o advento do estado do bem estar
sociedade na forma de bens e serviços que transformem positiva- social no período pós guerra.
mente sua realidade. Nos anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o prin-
A transparência dos gastos públicos tornou-se possível graças cípio do equilíbrio orçamentário foi revigorado e dada nova roupa-
à introdução de modernos recursos tecnológicos, propiciando re- gem em face dos crescentes déficits estruturais advindos da dificul-
gistros contábeis mais ágeis e plenamente confiáveis. A execução dade do Estado em financiar os extensos programas de segurança
orçamentária e financeira passou a contar com facilidades opera- social e de alavancagem do desenvolvimento econômico.
cionais e melhores mecanismos de controle. Por consequência, a Nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sempre de-
atuação dos órgãos de controle tornou-se mais eficaz, com a ado- ram tratamento privilegiado à matéria orçamentária.

284
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

De maneira crescente, foram sendo incorporados novos princí- abertura de créditos suplementares e para operações de crédito
pios orçamentários às várias cartas constitucionais reguladoras do como antecipação da receita; b) a determinação do destino a dar
Estado brasileiro. ao saldo do exercício ou do modo de cobrir o deficit.”
Instaura-se a ordem constitucional soberana em nosso Impé- O PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE, ou da pureza orçamentá-
rio, e a Carta de 1824, em seus arts.171 e 172, institui as primeiras ria, limita o conteúdo da lei orçamentária, impedindo que nela se
normas sobre o orçamento público no Brasil . pretendam incluir normas pertencentes a outros campos jurídicos,
Estatui-se a reserva de lei - a aprovação da peça orçamentária como forma de se tirar proveito de um processo legislativo mais
deve observar regular processo legislativo - e a reserva de parla- rápido, as denominadas “caudas orçamentárias”, tackings dos in-
mento - a competência para a aprovação é privativa do Poder Le- gleses, os riders dos norte-americanos, ou os Bepackungen dos ale-
gislativo, sujeita à sanção do Poder Executivo - para a aprovação do mães, ou ainda os cavaliers budgetaires dos franceses. Prática essa
orçamento. denominada por Epitácio Pessoa em 1922 de “verdadeira calamida-
Insere-se O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE, ou temporalidade- de nacional”. No dizer de Ruy Barbosa, eram os “orçamentos rabi-
significa que a autorização legislativa do gasto deve ser renovada a longos”, que introduziram o registro de hipotecas no Brasil e até a
cada exercício financeiro - o orçamento era para viger por um ano alteração no processo de desquite propiciaram. Essa foi a primeira
e sua elaboração competência do Ministro da Fazenda, cabendo à inserção deste princípio em textos constitucionais brasileiros, já
Assembléia-Geral - Câmara dos Deputados e Senado - sua discussão na sua formulação clássica, segundo a qual a lei orçamentária não
e aprovação. deveria conter matéria estranha à previsão da receita e à fixação
Pari passu com a inserção da anualidade, fixa-se o PRINCÍPIO da despesa, ressalvadas: a autorização para abertura de créditos
DA LEGALIDADE DA DESPESA - advindo do princípio geral da sub- suplementares e para operações de crédito como antecipação de
missão da Administração à lei, a despesa pública deve ter prévia receita; e a determinação do destino a dar ao saldo do exercício ou
autorização legal. Entretanto, no período de 1822 a 1829, o Brasil do modo de cobrir o déficit.
somente teve orçamentos para a Corte e a Província do Rio de Ja- O princípio da exclusividade sofreu duas modificações na Cons-
neiro, não sendo observado o PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE - o tituição de 1988. Na primeira, não mais se autoriza a inclusão na lei
orçamento deve conter todas as receitas e despesas da entidade, orçamentária de normas sobre o destino a dar ao saldo do exercício
de qualquer natureza, procedência ou destino, inclusive a dos fun- como o fazia a Constituição de 1967.
dos, dos empréstimos e dos subsídios. Na segunda, podem ser autorizadas quaisquer operações de
O primeiro orçamento geral do Império somente seria apro- crédito, por antecipação de receita ou não.
vado oito anos após a Independência, pelo Decreto Legislativo de A mudança refletiu um aprimoramento da técnica orçamen-
15.12.1830, referente ao exercício 1831-32. tária, com o advento principalmente da Lei 4.320, de 1964, que
Este orçamento continha normas relativas à elaboração dos regulou a utilização dos saldos financeiros apurados no exercício
orçamentos futuros, aos balanços, à instituição de comissões par- anterior pelo Tesouro ou entidades autárquicas e classificou como
lamentares para o exame de qualquer repartição pública e à obri- receita do orçamento o produto das operações de crédito.
gatoriedade de os ministros de Estado apresentarem relatórios im- A Constituição de 1934 restaurou, no plano constitucional, a
pressos sobre o estado dos negócios a cargo das respectivas pastas competência do Poder Executivo para elaboração da proposta, que
e a utilização das verbas sob sua responsabilidade. passou à responsabilidade direta do Presidente da República. Cabia
A reforma na Constituição imperial de 1824, emendada pela ao Legislativo a análise e votação do orçamento, que podia, inclu-
Lei de 12.08.1834, regulou o funcionamento das assembléias le- sive, ser emendado.
gislativas provinciais definindo-lhes a competência na fixação das Além disso, a Constituição de 1934, como já mencionado an-
receitas e despesas municipais e provinciais, bem como regrando a teriormente, estabelecia que a despesa deveria ser discriminada,
repartição entre os municípios e a sua fiscalização. obedecendo, pelo menos a parte variável, a rigorosa especializa-
A Constituição republicana de 1891 introduziu profundas alte- ção.
rações no processo orçamentário. A elaboração do orçamento pas- Trata-se do PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ou especialidade,
sou à competência privativa do Congresso Nacional. ou ainda, da discriminação da despesa, que se confunde com a pró-
Embora a Câmara dos Deputados tenha assumido a responsa- pria questão da legalidade da despesa pública e é a razão de ser
bilidade pela elaboração do orçamento, a iniciativa sempre partiu da lei orçamentária, prescrevendo que a autorização legislativa se
do gabinete do ministro da Fazenda que, mediante entendimentos refira a despesas específicas e não a dotações globais.
reservados e extra-oficiais, orientava a comissão parlamentar de O princípio da especialidade abrange tanto o aspecto qualita-
finanças na confecção da lei orçamentária. tivo dos créditos orçamentários quanto o quantitativo, vedando a
A experiência orçamentária da República Velha revelou-se ina- concessão de créditos ilimitados.
dequada. Os parlamentos, em toda parte, são mais sensíveis à cria- Tal princípio só veio a ser expresso na Constituição de 1934,
ção de despesas do que ao controle do déficit. encerrando a explicitação da finalidade e da natureza da despesa e
A reforma Constitucional de 1926 tratou de eliminar as distor- dando efetividade à indicação do limite preciso do gasto, ou seja,
ções observadas no orçamento da República. Buscou-se, para tan- a dotação.
to, promover duas alterações significativas: a proibição da conces- Norma no sentido da limitação dos créditos orçamentários
são de créditos ilimitados e a introdução do princípio constitucional permaneceu em todas as constituições subseqüentes à reforma de
da exclusividade, ao inserir-se preceito prevendo: “Art. 34. § 1º As 1926, com a exceção da Super lei de 1937.
leis de orçamento não podem conter disposições estranhas à pre- O princípio da especificação tem profunda significância para a
visão da receita e à despesa fixada para os serviços anteriormen- eficácia da lei orçamentária, determinando a fixação do montante
te criados. Não se incluem nessa proibição: a) a autorização para dos gastos, proibindo a concessão de créditos ilimitados, que na

285
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Constituição de 1988, como nas demais anteriores, encontra-se ex- Hoje não mais se busca o equilíbrio orçamentário formal, mas
presso no texto constitucional, art. 167, VII (art. 62, § 1º, “b”, na de sim o equilíbrio amplo das finanças públicas.
1969 e art. 75 na de 1946). O grande princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal é o prin-
Pode ser também de caráter qualitativo, vedando a transposi- cípio do equilíbrio fiscal. Esse princípio é mais amplo e transcende
ção, remanejamento ou a transferência de recursos de uma cate- o mero equilíbrio orçamentário. Equilíbrio fiscal significa que o Es-
goria de programação para outra ou de um órgão para outro, como tado deverá pautar sua gestão pelo equilíbrio entre receitas e des-
hoje dispõe o art. 167, VI (art. 62, §1º, “a”, na de 1969 e art. 75 na pesa. Dessa forma, toda vez que ações ou fatos venham a desviar
de 1946). a gestão da equalização, medidas devem ser tomadas para que a
Ou, finalmente pode o princípio referir-se ao aspecto tempo- trajetória de equilíbrio seja retomada.
ral, limitando a vigência dos créditos especiais e extraordinários Os PRINCÍPIOS DA UNIDADE E DA UNIVERSALIDADE tam-
ao exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato bém sofreriam alterações na Constituição de 1967. Esses princípios
de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele são complementares: todas as receitas e todas as despesas de to-
exercício, caso em que reabertos nos limites dos seus saldos, serão dos os Poderes, órgãos e entidades devem estar consignadas num
incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente, único documento, numa única conta, de modo a evidenciar a com-
ex vi do atual art. 167, § 2º (art. 62, § 4º, na de 1969 e sem previsão pleta situação fiscal para o período.
na de 1946). A partir de 1967, a Constituição deixou de consignar expres-
Exceção a este princípio basilar foi a Constituição de 1937, que samente o mandamento de que o orçamento seria uno, inserto
previa a aprovação pelo Legislativo de verbas globais por órgãos e no texto constitucional desde 1934. Coincidentemente, foi nessa
entidades. A elaboração do orçamento continuava sendo de res- Constituição que, ao lado do orçamento anual, se introduziu o or-
ponsabilidade do Poder Executivo - agora a cargo de um departa- çamento plurianual de investimentos. Desta maneira, introduziu-se
mento administrativo a ser criado junto à Presidência da República um novo PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL-ORÇAMENTÁRIO, O DA
- e seu exame e aprovação seria da competência da Câmara dos PROGRAMAÇÃO - a programação constante da lei orçamentária
Deputados e do Conselho Fiscal. Durante o Estado Novo, entretan- relativa aos projetos com duração superior ao exercício financeiro
to, nem mesmo essa prerrogativa chegou a ser exercida, uma vez devem observar o planejamento de médio e longo prazo constante
que as casas legislativas não foram instaladas e os orçamentos do de outras normas preordenadoras. Sem ferir o princípio da unida-
período 1938-45 terminaram sendo elaborados e aprovados pelo de, por se tratar de instrumento de planejamento, complementar
Presidente da República, com o assessoramento do recém criado à autorização para a despesa contida na lei orçamentária anual, ou
Departamento Administrativo do Serviço Público-DASP. o princípio da universalidade, que diz respeito unicamente ao or-
O período do Estado Novo marca de forma indelével a ausência çamento anual, veio propiciar uma ligação entre o planejamento
do estado de direito, demonstrando cabalmente a importância da de médio e longo prazo com a orçamentação anual. O Orçamento
existência de uma lei orçamentária, soberanamente aprovada pelo Plurianual de Investimentos - OPI não chegou a ter eficácia, não
Parlamento, para a manutenção da equipotência dos poderes cons- encontrando abrigo na Constituição de 1988, que estabeleceu, ao
tituídos, esteio da democracia. invés, um plano plurianual (PPA).
A Constituição de 1946 reafirmaria a competência do Poder Não obstante o fato das Constituições e normas a ela inferiores
Executivo quanto à elaboração da proposta orçamentária, mas de- alardearem os princípios da universalidade e unidade orçamentá-
volveria ao Poder Legislativo suas prerrogativas quanto à análise e ria, na prática, até meados dos anos oitenta, parcela considerável
aprovação do orçamento, inclusive emendas à proposta do gover- dos dispêndios da União não passavam pelo Orçamento Geral da
no. União - OGU. O orçamento discutido e aprovado pelo Congresso
Manteria, também, intactos os princípios orçamentários até Nacional não incluía os encargos da dívida mobiliária federal, os
então consagrados. Sob a égide da Constituição de 1946 foi apro- gastos com subsídios e praticamente a totalidade das operações de
vada e sancionada a Lei nº 4.320, de 17.03.64, estatuindo “Normas crédito de responsabilidade do Tesouro, como fundos e programas.
Gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos or- Tais despesas eram realizadas autonomamente pelo Banco Central
çamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do e Banco do Brasil por intermédio do denominado “Orçamento Mo-
Distrito Federal”. netário-OM” E “Conta-movimento”, respectivamente. Ainda tinha-
Verdadeiro estatuto das finanças públicas, levando mais de -se o Orçamento-SEST, que consistia no orçamento de investimen-
dez anos sua tramitação legislativa, tal lei incorporou importantes to das empresas públicas, de economia mista, suas subsidiárias e
avanços em termos de técnica orçamentária, inclusive com a in- controladas direta ou indiretamente pela União.
trodução da técnica do orçamento-programa a nível federal. A Lei Todos estes documentos eram aprovados exclusivamente pelo
4.320/64, art. 15, estabeleceu que a despesa fosse discriminada no Presidente da República. Somente a partir de 1984, com a gradativa
mínimo por elementos. inclusão no OGU do OM, extinção da “conta-movimento” no Banco
A Constituição de 1967 registrou pela primeira vez em um tex- do Brasil e de outras medidas administrativas, coroadas pela pro-
to constitucional o PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO. mulgação da carta constitucional de 1988, passou-se a dar efetivi-
O axioma clássico de boa administração para as finanças públicas dade ao princípio da unidade e universalidade orçamentária.
perdeu seu caráter absoluto, tendo sido abandonado pela doutrina A aplicação do PRINCÍPIO DA UNIDADE foi elastecido na
o equilíbrio geral e formal, embora não se deixe de postular a busca Constituição de 1988, embora o art. 165 § 5º diga “A lei orçamentá-
de um equilíbrio dinâmico. Inserem-se neste contexto as normas ria anual compreenderá”, porquanto deixou de fora do orçamento
que limitam os gastos com pessoal, acolhidas nas Constituições de fiscal as ações de saúde e assistência social, tipicamente financia-
67 e de 88 (CF art. 169) e a vedação à realização de operações de das com os recursos ordinários do Tesouro, para compor com elas
créditos que excedam o montante das despesas de capital (CF art. um orçamento distinto, em relação promíscua com as prestações
167, III). da Previdência Social.

286
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Princípios Orçamentários
Esta última sim, e somente esta, merecedora de tratamento Os princípios orçamentários básicos para a elaboração, execu-
em documento separado, observadas em seu âmbito a unidade e ção e controle do orçamento público, válidos para todos os pode-
a universalidade, já que se trata de um sistema distinto de presta- res e nos três níveis de governo, estão definidos na Constituição
ções e contraprestações de caráter continuado, que deve manter Federal de 1988 e na Lei nº 4.320/1964, que estatui normas gerais
um equilíbrio econômico- financeiro auto-sustentado. de direito financeiro, aplicadas à elaboração e ao controle dos or-
Outra inovação da Constituição de 1988 foi o orçamento de çamentos.
investimentos das empresas estatais. Não há aqui, entretanto, que-
bra da unidade orçamentária, uma vez que se trata, obviamente, de Princípio Orçamentário da Unidade
um segmento nitidamente distinto do orçamento fiscal, a não ser De acordo com este princípio previsto no artigo 2º da Lei nº
no que se refere àquelas unidades empresariais dependentes de 4.320/1964, cada ente da federação (União, Estado ou Município)
recursos do Tesouro para sua manutenção, caso em que devem ser deve possuir apenas um orçamento, estruturado de maneira uni-
incluídas integralmente no orçamento fiscal, como vem ocorrendo forme.
por força de disposições contidas na últimas LDOs. Tal princípio é reforçado pelo princípio da “unidade de caixa”,
A adoção do Orçamento de Investimento nas empresas nas previsto no artigo 56 da referida Lei, segundo o qual todas as recei-
quais a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capi- tas e despesas convergem para um fundo geral (conta única), a fim
tal com direito a voto, nos termos do art. 165, § 5º, correspondeu a de se evitar as vinculações de certos fundos a fins específicos.
um avanço na aplicação do princípio da universalidade dos gastos, O objetivo é apresentar todas as receitas e despesas numa só
ainda que excluídos os dispêndios relativos à manutenção destas conta, a fim de confrontar os totais e apurar o resultado: equilíbrio,
entidades. déficit ou superávit. Atualmente, o processo de integração planeja-
O PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DE RECEITAS determina mento-orçamento tornou o orçamento necessariamente multi-do-
que essas não sejam previamente vinculadas a determinadas des- cumental, em virtude da aprovação, por leis diferentes, de vários
pesas, a fim de que estejam livres para sua alocação racional, no documentos (Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentá-
momento oportuno, conforme as prioridades públicas. rias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA), uns de planejamento
A Constituição de 1967 o adotou, relativamente aos tributos, e outros de orçamento e programas. Em que pese tais documentos
ressalvados os impostos únicos e o disposto na própria Constituição serem distintos, inclusive com datas de encaminhamento diferen-
e em leis complementares. tes para aprovação pelo Poder Legislativo, devem, obrigatoria-
A Carta de 1988, por sua vez, restringe a aplicação do princípio mente ser compatibilizados entre si, conforme definido na própria
aos impostos, observadas as exceções indicadas na Constituição e Constituição Federal.
somente nesta, não permitindo sua ampliação mediante lei com-
plementar. O modelo orçamentário adotado a partir da Constituição Fe-
A emenda constitucional revisional nº 1, de 1994, ao criar o deral de 1988, com base no § 5º do artigo165 da CF 88 consiste em
Fundo Social de Emergência-FSE e desvincular, ainda que somente elaborar orçamento único, desmembrado em: Orçamento Fiscal,
para os exercícios financeiros de 1994 e 1995, 20% dos impostos e da Seguridade Social e de Investimento da Empresas Estatais, para
contribuições da União, demonstrou a necessidade de se permitir melhor visibilidade dos programas do governo em cada área. O ar-
a flexibilidade na alocação dos recursos na elaboração e execução tigo 165 da Constituição Federal define em seu parágrafo 5º o que
orçamentária. deverá constar em cada desdobramento do orçamento:
A Constituição de 1988 inovou em termos de constitucionali- “§ 5º –A lei orçamentária anual compreenderá:
zação de princípios regentes dos atos administrativos em geral e I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fun-
aplicando-os à matéria orçamentária, elevando a nível constitucio- dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
nal os PRINCÍPIOS DA CLAREZA E DA PUBLICIDADE, a exemplo fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
do previsto no art. 165, § 6º - que determina que o projeto da lei II – o orçamento de investimento das empresas em que a
orçamentária venha acompanhado de demonstrativo regionalizado União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social
do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções, com direito a voto;
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
tributária e creditícia - e no art. 165, §3º - que estipula a publicação entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou in-
bimestralmente de relatório resumido da execução orçamentária. direta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
Poder Público.”

Princípio Orçamentário da Universalidade


Segundo os artigos 3º e 4º da Lei nº 4.320/1964, a Lei Orça-
mentária deverá conter todas as receitas e despesas. Isso possi-
bilita controle parlamentar sobre todos os ingressos e dispêndios
administrados pelo ente público.
“Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas,
inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo
as operações de crédito por antecipação da receita, as emissões de
papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo
financeiros.

287
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas “ Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida
próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Comple-
ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o dispos- mentar.
to no artigo 2°.” Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um
ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, au-
Tal princípio complementa-se pela “regra do orçamento bru- tarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusi-
to”, definida no artigo 6º da Lei nº4.320/1964: ve suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma
“Art. 6º.Todas as receitas e despesas constarão da lei de orça- de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída
mento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.” anteriormente.
§ 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as ope-
Princípio Orçamentário da Anualidade ou Periodicidade rações entre instituição financeira estatal e outro ente da Federa-
ção, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se
O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um deter- destinem a:
minado período de tempo, geralmente um ano. No Brasil, o exercí- I – financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
cio financeiro coincide com o ano civil, conforme dispõe o artigo 34 II – refinanciar dívidas não contraídas junto à própria institui-
da Lei nº 4320/1964: ção concedente.
“Art. 34.O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.” § 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo-
Observa-se, entretanto, que os créditos especiais e extraordi- nibilidades.
nários autorizados nos últimos quatro meses do exercício podem Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição
ser reabertos, se necessário, e, neste caso, serão incorporados ao financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualida-
orçamento do exercício subseqüente, conforme estabelecido no § de de beneficiário do empréstimo.
3º do artigo 167 da Carta Magna. Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição fi-
nanceira controlada de adquirir, no mercado,títulos da dívida públi-
Princípio Orçamentário da Exclusividade ca para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida
Tal princípio tem por objetivo impedir a prática, muito comum de emissão da União para aplicação de recursos próprios.
no passado, da inclusão de dispositivos de natureza diversa de ma- Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:
téria orçamentária, ou seja, previsão da receita e fixação da despe- I – captação de recursos a título de antecipação de receita de
sa. Previsto no artigo 165, § 8º da Constituição Federal, estabelece tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido,
que a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho à sem prejuízo do disposto no § 7 o do art. 150 da Constituição;
previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proi- II – recebimento antecipado de valores de empresa em que o
bição a autorização para abertura de créditos suplementares e a Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do ca-
contratação de operações de crédito, inclusive por antecipação de pital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma
receita orçamentária (ARO), nos termos da lei. As leis de créditos da legislação;
adicionais também devem observar esse princípio. III – assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou
operação assemelhada, com fornecedor de bens,mercadorias ou
Princípio Orçamentário do Equilíbrio serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não
Esse princípio estabelece que o montante da despesa autori- se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;
zada em cada exercício financeiro não poderá ser superior ao total IV – assunção de obrigação, sem autorização orçamentária,
de receitas estimadas para o mesmo período. Havendo reestimati- com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.”
va de receitas com base no excesso de arrecadação e na observa-
ção da tendência do exercício, pode ocorrer solicitação de crédito Princípio Orçamentário da Legalidade
adicional. Nesse caso, para fins de atualização da previsão, devem Tem o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplica-
ser considerados apenas os valores utilizados para a abertura de do à administração pública, segundo o qual cabe ao Poder Público
crédito adicional. fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressamente
Conforme o caput do artigo 3º da Lei nº 4.320/1964, a Lei de autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei.
Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de opera- A Constituição Federal de 1988, no artigo 37 estabelece os
ções de crédito autorizadas em lei. princípios da administração pública, dentre os quais o da legalidade
Assim, o equilíbrio orçamentário pode ser obtido por meio de e, no seu art. 165 estabelece a necessidade de formalização legal
operações de crédito. Entretanto, conforme estabelece o artigo das leis orçamentárias:
167, III, da Constituição Federal é vedada a realização de operações “ Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
de crédito que excedam o montante das despesas de capital, dispo- I – o plano plurianual;
sitivo conhecido como “regra de ouro”. De acordo com esta regra, II – as diretrizes orçamentárias;
cada unidade governamental deve manter o seu endividamento III – os orçamentos anuais.”
vinculado à realização de investimentos e não à manutenção da
máquina administrativa e demais serviços. Princípio Orçamentário da Publicidade
A Lei de Responsabilidade Fiscal também estabelece regras li- O princípio da publicidade está previsto no artigo 37 da Cons-
mitando o endividamento dos entes federados, nos artigos 34 a 37: tituição Federal e também se aplica às peças orçamentárias. Justi-
fica-se especialmente no fato de o orçamento ser fixado em lei, e
esta, para criar, modificar, extinguir ou condicionar direitos e deve-

288
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

res, obrigando a todos, há que ser publicada.Portanto, o conteúdo “Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 de
orçamentário deve ser divulgado nos veículos oficiais para que te- dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadação da União
nha validade. de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio
econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida
Princípio Orçamentário da Especificação ou Especialização data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais.
Segundo este princípio, as receitas e despesas orçamentárias § 1º O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de
devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discrimi- cálculo das transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios
nadas e não pelo seu valor global, facilitando o acompanhamento na forma dos arts. 153, § 5º; 157, I; 158, I e II; e 159, I, a e b; e II, da
e o controle do gasto público. Esse princípio está previsto no artigo Constituição, bem como a base de cálculo das destinações a que se
5º da Lei nº 4.320/1964: refere o art. 159, I, c, da Constituição.
“Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais § 2º Excetua-se da desvinculação de que trata o caput deste
destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, ma- artigo a arrecadação da contribuição social do salário-educação a
terial, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras [...]” que se refere o art. 212, § 5 o, da Constituição.”
O princípio da especificação confere maior transparência ao
processo orçamentário, possibilitando a fiscalização parlamentar, Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO),
dos órgãos de controle e da sociedade, inibindo o excesso de flexi- Lei Orçamentária Anual (LOA), outros planos e programas.
bilidade na alocação dos recursos pelo poder executivo. Além disso, O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento
facilita o processo de padronização e elaboração dos orçamentos, legal (aprovado por lei) contendo a previsão de receitas e a esti-
bem como o processo de consolidação de contas. mativa de despesas a serem realizadas por um Governo em um
determinado exercício, geralmente compreendido por um ano. No
Princípio Orçamentário da Não-Afetação da Receita entanto, para que o orçamento seja elaborado corretamente, ele
Tal princípio encontra-se consagrado, como regra geral, no precisa se basear em estudos e documentos cuidadosamente trata-
inciso IV, do artigo 167, da Constituição Federal de 1988, quando dos que irão compor todo o processo de elaboração orçamentária
veda a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou des- do governo.
pesa: No Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com um tex-
“Art. 167. São vedados: [...] to elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao Poder Legislativo
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou para discussão, aprovação e conversão em lei. O documento con-
despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos tém a estimativa de arrecadação das receitas federais para o ano
impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de re- seguinte e a autorização para a realização de despesas do Governo.
cursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manuten- Porém, está atrelado a um forte sistema de planejamento público
ção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades das ações a realizar no exercício.
da administração tributária, como determinado, respectivamente, O Orçamento Geral da União é constituído de três peças em
pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às sua composição: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade
operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. Social e o Orçamento de Investimento das Empresas Estatais Fe-
165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada derais.
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); [...] Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elabo-
§ 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pe- ração e controle dos Orçamentos Públicos, que estão definidos no
los impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de caso brasileiro na Constituição, na Lei 4.320/64, no Plano Plurianu-
que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação al, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na recente Lei de Respon-
de garantia ou contra garantia à União e para pagamento de débi- sabilidade Fiscal.
tos para com esta. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de É no Orçamento que o cidadão identifica a destinação dos re-
1993).” cursos que o governo recolhe sob a forma de impostos. Nenhuma
As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição e es- despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento.
tão relacionadas à repartição do produto da arrecadação dos im- O Orçamento Geral da União (OGU) é o coração da administração
postos (Fundos de Participação dos Estados – FPE e dos Municípios pública federal.
– FPM e Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste
e Centro-Oeste), à destinação de recursos para as áreas de saúde DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO FE-
e educação, além do oferecimento de garantias às operações de DERAL
crédito por antecipação de receitas.
Trata-se de medida de bom-senso, uma vez que possibilita ao
administrador público dispor dos recursos de forma mais flexível DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
para o atendimento de despesas em programas prioritários. No Brasil, as principais normas jurídicas relativas ao Orçamen-
No âmbito federal, a Constituição reforça a não-vinculação das to Público encontram-se contidas nos seguintes dispositivos legais:
receitas por meio do artigo 76 do Ato das Disposições Constitucio- ● Constituição Federal da República, de 1988, nos seus artigos
nais Transitórias – ADCT, ao criar a “Desvinculação das Receitas da 163 a 169 (Capítulo II – Das Finanças Públicas);
União – DRU”, abaixo transcrito: ● Lei Federal nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito
Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal;

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

● Lei Complementar nº 101/2000– Lei de Responsabilidade Fis- PLANO PLURIANUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
cal – LRF–Estabelece Normas de Finanças Públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências;
●Portaria nº 42/99 do Ministério do Planejamento, Orçamento PLANO PLURIANUAL
e Gestão –Atualiza a discriminação da despesa por funções de que O plano plurianual – PPA é instrumento de planejamento de
trata a Lei 4.320/64,estabelece os conceitos de função, subfunção, médio prazo, que estabelece as diretrizes, objetivos e metas do
programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras pro- governo para os projetos e programas de longa duração, para um
vidências; período de quatro anos. Nenhuma obra de grande vulto ou cuja
● Portaria Interministerial nº163/2001 da Secretaria do Tesou- execução ultrapasse um exercício financeiro pode ser iniciada sem
ro Nacional– STN e Secretaria de Orçamento Federal – SOF, conso- prévia inclusão no plano plurianual.
lidada com as Portarias 212/2001, 325/2001 e 519/2001. 01) PROJETO DE LEI: O projeto de PPA (PPPA) é elaborado pela
Secretaria de Investimentos e Planejamento Estratégico (SPI) do
ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e encaminhado
O Estado Nacional, por meio de seus órgãos administrativos, é ao Congresso Nacional pelo Presidente da República, que possui
o ente responsável pela gestão da máquina pública, e, mais recen- exclusividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo
temente, pela consecução do bem-estar social da população, so- texto da lei e diversos anexos, o projeto de lei deve ser encami-
bretudo no que diz respeito à execução da política de atendimento nhado ao Congresso Nacional até 31 de agosto do primeiro ano de
de suas necessidades básicas. mandato presidencial, devendo vigorar por quatro anos.
Nesse sentido, o legislador constitucional originário houve por Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a tramita-
bem traçar objetivos a serem alcançados pelo Estado brasileiro, es- ção legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº.
tabelecendo-os no art. 3º da Carta Magna, a saber: 01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminhado à Co-
«Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Fe- missão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO.
derativa do Brasil: 02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser
I - construir uma sociedade livra, justa e solidária; o relator do projeto de plano plurianual (PPPA) deve, primeiramen-
II - garantir o desenvolvimento nacional; te, elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual, aprovado
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- pela CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer
gualdades sociais e regionais; estabelece regras e parâmetros a serem observados quando da
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, análise e apreciação do projeto, tais como:
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimina- I) condições para o remanejamento e cancelamento de valores
ção.” financeiros constantes do projeto;
II) critérios para alocação de eventuais recursos adicionais de-
Muito mais do que um rol casuístico, o citado dispositivo legal correntes da reestimativa das receitas; e
é, na verdade, uma norma constitucional dirigente, pois presta-se a III) orientações sobre apresentação e apreciação de emendas.
estabelecer um plano para a evolução política do Estado, ocupan-
do-se, assim, não com uma situação presente, mas com um ideal Em complemento à análise inicial, a CMO pode realizar audiên-
futuro, visto que condiciona a atividade estatal à sua concreta re- cias públicas regionais para debater o projeto.
alização. Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por
Tais objetivos constituem, por assim dizer, as razões fundamen- parlamentares, Comissões Permanentes da Câmara e do Senado e
tais para a existência do planejamento e do orçamento no âmbito Bancadas Estaduais.
do setor público, pois estes mecanismos são as principais ferramen-
tas para a consecução de políticas condizentes com as exigências de 03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se
uma sociedade democrática e participativa, cujos membros devem prazo para a apresentação de emendas ao projeto de plano pluria-
ser partes integrantes do processo de gestão dos recursos públicos. nual, com vistas a inserir, suprimir, substituir ou modificar disposi-
A origem da palavra orçamento é de origem italiana: “orzare”, tivos constantes do projeto.
que significa “fazer cálculos”. Ao projeto podem ser apresentadas até dez emendas por par-
Lembra o professor CELSO RIBEIRO BASTOS que a finalidade lamentar, até cinco emendas por Comissão Permanente da Câmara
última do orçamento “é de se tornar um instrumento de exercício e do Senado e até cinco emendas por Bancada Estadual.
da democracia pelo qual os particulares exercem o direito, por in- As emendas são apresentadas perante a CMO, que sobre elas
termédio de seus mandatários, de só verem efetivadas as despesas emite parecer conclusivo e final, o qual somente poderá ser modifi-
e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas cado mediante a aprovação de destaque no Plenário do Congresso
na lei orçamentária” Nacional.
O citado jurista conclui afirmando que “o orçamento é, por-
tanto, uma peça jurídica, visto que aprovado pelo legislativo para 04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de plano plu-
vigorar como lei cujo objeto disponha sobre a atividade financeira rianual e as emendas apresentadas, tendo como orientação as re-
do Estado, quer do ponto de vista das receitas, quer das despesas. gras estabelecidas no Parecer Preliminar, e formalizar, em relatório,
O seu objeto, portanto, é financeiro” as razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. Deve também
justificar quaisquer outras alterações que tenham sido introduzidas
no texto do projeto de lei. O produto final desse trabalho, contendo

290
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

as alterações propostas ao texto do PPPA, decorrentes das emen- ESTRUTURA PROGRAMÁTICA


das acolhidas pelo relator e das por ele apresentadas, constitui a
proposta de substitutivo.
O relatório e a proposta de substitutivo são discutidos e vota- Estrutura Programática
dos no Plenário da CMO, sendo necessário para aprová-los a mani- Toda ação do Governo está estruturada em programas orien-
festação favorável da maioria dos membros de cada uma das Casas, tados para a realização dos objetivos estratégicos definidos para o
que integram a CMO. período do PPA, ou seja, quatro anos.
O relatório aprovado em definitivo pela Comissão constitui o A Lei do PPA foi elaborada como um instrumento mais estra-
parecer da CMO, o qual será encaminhado à Secretaria-Geral da tégico, no qual seja possível ver com clareza as principais diretrizes
Mesa do Congresso Nacional, para ser submetido à deliberação das de governo e a relação destas com os Objetivos a serem alcançados
duas Casas, em sessão conjunta. nos Programas Temáticos.
Com base nessas diretrizes, o PPA contempla os Programas Te-
05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da CMO é máticos e os de Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao
submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacio- Estado:
nal. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em I- Programa Temático: aquele que expressa e orienta a ação go-
separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres vernamental para a entrega de bens e serviços à sociedade.
aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um II- Programa de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado:
décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Na- aquele que expressa e orienta as ações destinadas ao apoio, à ges-
cional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria tão e à manutenção da atuação governamental.
no Plenário do Congresso Nacional. Na base de dados do SIOP (Sistema Integrado de Planejamento
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re- e Orçamento), o campo que identifica o programa contém quatro
dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do dígitos.
substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina- 1º 2º 3º 4º
do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da
Presidência da República para sanção. A integração das ações orçamentárias com o PPA é retratada
O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou na figura a seguir:
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do
recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os
motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial
da União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Na-
cional.
A Lei 4320/64 estabelece dois sistemas de controle da exe-
cução orçamentária: interno e externo. A Constituição Federal de
1988 manteve essa concepção e deu-lhe um sentido ainda mais
amplo.
Enquanto a Constituição anterior enfatizava a fiscalização fi-
nanceira e orçamentária, a atual ampliou o conceito, passando a
abranger, também, as áreas operacional e patrimonial, além de
cobrir de forma explicita, o controle da aplicação de subvenções e
a própria política de isenções, estímulos e incentivos fiscais. Ficou
demonstrado, igualmente de forma clara, a abrangência do con-
trole constitucional sobre as entidades de administração indireta,
questão controversa na sistemática anterior.

O controle da execução orçamentária compreenderá:


I - a legalidade dos atos que resultem a arrecadação da receita
ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos
e obrigações;
II- a fidelidade funcional dos agentes da administração respon-
sáveis por bens e valores públicos;
III- o cumprimento do programa de trabalho, expresso em ter- A partir da Portaria n 42, de 14 de abril de 1999, os programas
mos monetários e em termos de realização de obras e prestação deixaram de ter o caráter de classificador e cada nível de governo
de serviços. passou a ter a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus
problemas, originária do processo de planejamento desenvolvido
ORÇAMENTO ANUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL durante a formulação do Plano Plurianual – PPA.
Há convergência entre as estruturas do plano plurianual e do
orçamento anual a partir do programa, “módulo” comum integra-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado dor do PPA com o Orçamento. Em termos de estruturação, o plano
em tópicos anteriores. termina no programa e o orçamento começa nele, o que confere a
esses documentos uma integração desde a origem, sem a necessi-

291
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

dade, portanto, de buscar-se uma compatibilização entre módulos Programas de Serviços ao Estado: são os que resultam em bens
diversificados. O programa age como único módulo integrador, e e serviços ofertados diretamente ao Estado, por instituições criadas
os projetos e as atividades como instrumentos de realização dos para esse fim específico. Seus atributos básicos são: denominação,
programas. objetivo, indicador(es), órgão(s), unidades orçamentárias e unidade
Cada programa contém, no mínimo, objetivo - indicador que responsável pelo programa.
quantifica a situação que o programa tem por fim modificar e os Programa de Apoio Administrativo: corresponde ao conjunto
produtos (bens e serviços) necessários para atingi-lo. Os produtos de despesas de natureza tipicamente administrativa e outras que,
dos programas dão origem aos projetos e atividades. A cada projeto embora colaborem para a consecução dos objetivos dos programas
ou atividade só pode estar associado um produto, que, quantificado finalísticos e de gestão de políticas públicas, não são passíveis de
por sua unidade de medida, dá origem à meta. apropriação a esses programas. Seus objetivos são, portanto, os de
Os programas são compostos por atividades, projetos e uma prover os órgãos da União dos meios administrativos para a imple-
nova categoria de programação denominada operações especiais. mentação e gestão de seus programas finalísticos.
Estas podem fazer parte dos programas quando entendido que, efe- A versão vigente foi sancionada em 27/12/2020 através da lei
tivamente, contribuem para a consecução de seus objetivos; tais nº 13.971 de 27/12/2020 que institui o Plano Plurianual da União
operações, quando associadas a programas finalísticos apresentam, para o período de 2020 a 2023 cujo o conteúdo pode ser acessado
na maioria dos casos, produtos associados. Daí a necessidade de ca- na integra no Portal do Ministério da Economia.
racterização desses produtos. Quando não, as operações especiais Abaixo a Lei
não se vincularão a programas.
A estruturação de programas e respectivos produtos, consubs- LEI Nº 13.971, DE 27 DE DEZEMBRO DE 20191
tanciados em projetos e em atividades, é sempre revisada anual-
mente e seu resultado disponibilizado para que os órgãos setoriais Institui o Plano Plurianual da União para o período de 2020 a
e as unidades orçamentárias apresentem as suas propostas orça- 2023.
mentárias. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
O programa é o instrumento de organização da atuação gover- cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
namental. Articula um conjunto de ações que concorrem para um
objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores esta- CAPÍTULO I
belecidos no plano plurianual, visando à solução de um problema DO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL E DO PLANO PLURIA-
ou o atendimento de uma necessidade ou demanda da sociedade. NUAL DA UNIÃO
Toda a ação finalística do Governo Federal deverá ser estru-
turada em programas, orientados para consecução dos objetivos Art. 1º Esta Lei institui o Plano Plurianual da União para o perí-
estratégicos definidos, para o período, no PPA. A ação finalística é odo de 2020 a 2023 (PPA 2020-2023), em cumprimento ao disposto
a que proporciona bem ou serviço para atendimento direto às de- no § 1º do art. 165 da Constituição.
mandas da sociedade. Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:
I - objetivo - declaração de resultado a ser alcançado que ex-
Tipos de Programas pressa, em seu conteúdo, o que deve ser feito para a transformação
Programas Finalísticos: são programas que resultam em bens e de determinada realidade;
serviços ofertados diretamente à sociedade. Seus atributos básicos II - meta - declaração de resultado a ser alcançado, de natureza
são: denominação, objetivo, público-alvo, indicador(es), fórmulas quantitativa ou qualitativa, que contribui para o alcance do objeti-
de cálculo do índice, órgão(s), unidades orçamentárias e unidade vo;
responsável pelo programa. III - indicador - instrumento gerencial que permite a mensu-
O indicador quantifica a situação que o programa tenha por ração de desempenho de programa em relação à meta declarada;
fim modificar, de modo a explicitar o impacto das ações sobre o IV - regionalização - conjunto de informações, no âmbito das
público-alvo. metas do PPA 2020-2023, com vistas a compatibilizar os recursos
públicos disponíveis com o atendimento de necessidades da socie-
Programas de Gestão de Políticas Públicas: assumirão deno- dade no território nacional e a possibilitar a avaliação regional da
minação específica de acordo com a missão institucional de cada execução do gasto público;
órgão. Portanto, haverá apenas um programa dessa natureza por V - política pública - conjunto de iniciativas governamentais or-
órgão. Exemplo: “Gestão da Política de Saúde”. ganizadas em função de necessidades socioeconômicas, que con-
Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, órgão(s), tém instrumentos, finalidades e fontes de financiamento;
unidades orçamentárias e unidade responsável pelo programa. VI - programa - conjunto de políticas públicas financiadas por
Na Presidência da República e nos Ministérios que constituam ações orçamentárias e não orçamentárias;
órgãos centrais de sistemas (Orçamento e Gestão, Fazenda), poderá VII - planejamento governamental - sistemática de orientação
haver mais de um programa desse tipo. de escolha de políticas públicas e de definição de prioridades, a par-
Os Programas de Gestão de Políticas Públicas abrangem as tir de estudos prospectivos e diagnósticos, com o propósito de dimi-
ações de gestão de Governo e serão compostos de atividades de nuir as desigualdades, melhorar a alocação de recursos e aprimorar
planejamento, orçamento, controle interno, sistemas de informa- o ambiente econômico e social;
ção e diagnóstico de suporte à formulação, coordenação, supervi-
são, avaliação e divulgação de políticas públicas. As atividades deve-
rão assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setorial. 1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13971.htm.
Acessado em 17.01.2022

292
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

VIII - Plano Plurianual da União (PPA) - instrumento de plane- a) processos de relacionamento formal, por meio da celebra-
jamento governamental de médio prazo, que define diretrizes, ob- ção de contratos ou convênios, que envolvam a transferência de
jetivos e metas, com propósito de viabilizar a implementação dos recursos e responsabilidades; e
programas; b) mecanismos de monitoramento e avaliação;
IX - planos nacionais, setoriais e regionais - instrumentos de IV - a eficiência da ação do setor público, com a valorização da
comunicação à sociedade das ações governamentais, observados a ciência e tecnologia e redução da ingerência do Estado na econo-
estratégia nacional de desenvolvimento econômico e social, o PPA mia;
2020-2023 e as diretrizes das políticas nacionais; V - a garantia do equilíbrio das contas públicas, com vistas a
X - política nacional - conjunto de diretrizes, princípios e ins- reinserir o Brasil entre os países com grau de investimento;
trumentos destinados a orientar a atuação de agentes públicos no VI - a intensificação do combate à corrupção, à violência e ao
atendimento às demandas da sociedade, cuja operacionalização crime organizado;
será detalhada em planos nacionais, setoriais e regionais, com es- VII – (VETADO);
copo e prazo definidos; VIII - a promoção e defesa dos direitos humanos, com foco no
XI - diretriz - declaração ou conjunto de declarações que orien- amparo à família;
tam os programas abrangidos no PPA 2020-2023, com fundamento IX - o combate à fome, à miséria e às desigualdades sociais;
nas demandas da população; X - a dedicação prioritária à qualidade da educação básica, es-
XII - programa finalístico - conjunto de ações orçamentárias e pecialmente a educação infantil, e à preparação para o mercado de
não orçamentárias, suficientes para enfrentar problema da socieda- trabalho;
de, conforme objetivo e meta; XI - a ampliação da cobertura e da resolutividade da atenção
XIII - unidade responsável - órgão ou entidade da administra- primária à saúde, com prioridade na prevenção, e o fortalecimento
ção pública federal direta ou indireta, responsável pela gestão de da integração entre os serviços de saúde;
programa finalístico; XII - a ênfase na geração de oportunidades e de estímulos à
XIV - valor global do programa - estimativa dos recursos orça- inserção no mercado de trabalho, com especial atenção ao primeiro
mentários e não orçamentários, segregados nas esferas fiscal, da emprego;
seguridade social e de investimento das empresas estatais, com as XIII - a promoção da melhoria da qualidade ambiental, da con-
respectivas categorias econômicas e indicação das fontes de finan- servação e do uso sustentável de recursos naturais, considerados os
ciamento; custos e os benefícios ambientais;
XV - programa de gestão - conjunto de ações orçamentárias e XIV - o fomento à pesquisa científica e tecnológica, com foco
não orçamentárias, que não são passíveis de associação aos progra- no atendimento à saúde, inclusive para prevenção e tratamento de
mas finalísticos, relacionadas à gestão da atuação governamental doenças raras;
ou à manutenção da capacidade produtiva das empresas estatais. XV - a ampliação do investimento privado em infraestrutura,
XVI - subsídios - benefícios de natureza financeira, tributária e orientado pela associação entre planejamento de longo prazo e re-
creditícia de que trata o § 6º do art. 165 da Constituição; dução da insegurança jurídica;
XVII - gastos diretos - recursos utilizados na consecução de XVI - a ampliação e a orientação do investimento público, com
políticas públicas, executadas de forma direta ou descentralizada, ênfase no provimento de infraestrutura e na sua manutenção;
que não se caracterizam como subsídios, nos termos do disposto XVII - o desenvolvimento das capacidades e das condições ne-
no inciso XVI; cessárias à promoção da soberania e dos interesses nacionais, con-
XVIII - governança - conjunto de mecanismos de liderança, es- sideradas as vertentes de defesa nacional, as relações exteriores e
tratégia e controle utilizados para avaliar, direcionar e monitorar a a segurança institucional;
gestão pública, com vistas à consecução de políticas públicas e à XVIII - a ênfase no desenvolvimento urbano sustentável, com a
prestação de serviços de interesse da sociedade; utilização do conceito de cidades inteligentes e o fomento aos ne-
XIX - investimento plurianual prioritário - investimento sele- gócios de impacto social e ambiental;
cionado que impacta programa finalístico em mais de um exercício XIX - a simplificação e a progressividade do sistema tributário,
financeiro; e a melhoria do ambiente de negócios, o estímulo à concorrência e a
XX - investimento plurianual de empresa estatal não depen- maior abertura da economia nacional ao comércio exterior, priori-
dente - investimento que se enquadra nas hipóteses previstas no zando o apoio às micro e pequenas empresas e promovendo a pro-
PPA 2020-2023 e abrange empresa em que a União, direta ou indi- teção da indústria nacional em grau equivalente àquele praticado
retamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto, pelos países mais industrializados; e
cujas programações não constem do Orçamento Fiscal ou da Segu- XX - o estímulo ao empreendedorismo, por meio da facilitação
ridade Social. ao crédito para o setor produtivo, da concessão de incentivos e be-
Art. 3º São diretrizes do PPA 2020-2023: nefícios fiscais e da redução de entraves burocráticos.
I - o aprimoramento da governança, da modernização do Esta-
do e da gestão pública federal, com eficiência administrativa, trans-
parência da ação estatal, digitalização de serviços governamentais e
promoção da produtividade da estrutura administrativa do Estado;
II - a busca contínua pelo aprimoramento da qualidade do gas-
to público, por meio da adoção de indicadores e metas que possibi-
litem a mensuração da eficácia das políticas públicas;
III - a articulação e a coordenação com os entes federativos,
com vistas à redução das desigualdades regionais, combinados:

293
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

CAPÍTULO II exceto os investimentos relacionados exclusivamente às transfe-


DA ESTRUTURA E DA ORGANIZAÇÃO DO PLANO PLURIANUAL rências da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
DA UNIÃO observadas as seguintes diretrizes:
I - execução financeira acumulada superior a vinte por cento de
Art. 4º O PPA 2020-2023 reflete políticas públicas, orienta a seu custo total estimado na data-base de 30 de junho de 2019; ou
atuação governamental e define diretrizes, objetivos, metas e pro- II - conclusão até 2023.
gramas. § 1º A Seção II do Anexo III dispõe os investimentos plurianuais
§ 1º Não integram o PPA 2020-2023 os programas destinados prioritários que estão condicionados ao espaço fiscal nos exercícios
exclusivamente a operações especiais. financeiros de referência, em atendimento aos ditames da Emenda
§ 2º A cada programa finalístico será associada uma unidade Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, e à apresentação
responsável, um objetivo e uma meta. de emendas impositivas individuais ou de bancada estadual, disci-
Art. 5º Integram o PPA 2020-2023: plinadas aos §§ 9º e seguintes do art. 166 da Constituição Federal.
I - Anexo I - Programas Finalísticos; § 2º As transferências da União para a realização de investi-
II - Anexo II - Programas de Gestão; mentos plurianuais considerarão os planos nacionais e setoriais, a
III - Anexo III - Investimentos Plurianuais Prioritários; e regionalização, o estágio de execução, as restrições e a capacidade
IV - Anexo IV - Investimentos Plurianuais das Empresas Estatais de implementação do ente federativo destinatário dos recursos.
Não Dependentes. Art. 10. Os orçamentos anuais serão compatibilizados com o
PPA 2020-2023 e as respectivas leis de diretrizes orçamentárias e
CAPÍTULO III serão orientados pelas diretrizes de que trata o art. 3º.
DA INTEGRAÇÃO COM OS ORÇAMENTOS DA UNIÃO Parágrafo único. O conjunto de ações governamentais voltadas
ao atendimento da primeira infância possui caráter prioritário para
Art. 6º Os programas do PPA 2020-2023 estarão expressos nas o orçamento de 2020, nos termos do art. 3º da Lei nº 13.898, de 11
leis orçamentárias anuais e nas leis de créditos adicionais. de novembro de 2019, e possui antecedência na programação e na
§ 1º As ações orçamentárias serão discriminadas exclusivamen- execução orçamentária e financeira durante o período de vigência
te nas leis orçamentárias anuais e nos créditos adicionais. do Plano Plurianual, conforme agenda transversal e multissetorial a
§ 2º Cada ação orçamentária estará vinculada a apenas um pro- ser regulamentada pelo Poder Executivo.
grama, exceto as ações padronizadas.
§ 3º As vinculações entre ações orçamentárias e programas CAPÍTULO IV
constarão das leis orçamentárias anuais. DA GOVERNANÇA DO PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO
§ 4º As ações não orçamentárias serão vinculadas aos progra-
mas e serão disponibilizadas na internet, incluídos os respectivos Seção I
valores, na forma a ser definida pelo Poder Executivo federal. Aspectos gerais
Art. 7º O valor global dos programas não constitui limite à
programação ou à execução das despesas expressas nas leis orça- Art. 11. A governança do PPA 2020-2023 visa a alcançar os ob-
mentárias anuais ou nos créditos adicionais, respeitados os limites jetivos e as metas estabelecidos, sobretudo para a garantia de aces-
individualizados para despesas primárias impostos pela Emenda so às políticas públicas e de sua fruição pela sociedade e busca o
Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016 (Novo Regime aperfeiçoamento dos:
Fiscal). I - mecanismos de implementação e integração de políticas pú-
Art. 8º Entende-se por projeto de investimento de grande vulto blicas;
aquele cujo valor seja superior a: II - critérios de regionalização de políticas públicas; e
I - R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais), se financiado com III - mecanismos de monitoramento, avaliação e revisão do PPA
recursos do orçamento de investimentos das estatais independen- 2020-2023.
tes, sob responsabilidade de empresa de capital aberto ou sua sub- Art. 12. A gestão do PPA 2020-2023 observará os princípios de
sidiária; ou publicidade, eficiência, impessoalidade, economicidade e efetivida-
II - R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), se financia- de e compreenderá a implementação, o monitoramento, a avalia-
do com recursos dos orçamentos fiscal ou da seguridade social, ou ção e a revisão do PPA 2020-2023.
com recursos do orçamento de investimentos de empresa estatal
que não se enquadre no disposto no inciso anterior. Seção II
§ 1º Os projetos de investimentos de grande vulto somente po- Do monitoramento e da avaliação
derão ser executados à conta de crédito orçamentário específico.
§ 2º A partir de 2021, os novos projetos de investimentos de Art. 13. O monitoramento do PPA 2020-2023 abrangerá seus
grande vulto somente poderão ser iniciados se constarem do regis- programas e as ações orçamentárias e não orçamentárias a eles vin-
tro centralizado a que alude o § 15 do art. 165 da Constituição Fe- culadas, conforme regulamento.
deral, mediante prévio atesto da viabilidade técnica e socioeconô- Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no caput¸ o Poder
mica, nos termos do que dispuser regulamento do Poder Executivo. Executivo publicará em portal eletrônico dados estruturados e in-
Art. 9º Compõem o Anexo III os investimentos plurianuais prio- formações sobre a implementação e o acompanhamento do PPA
ritários, definidos entre as ações do tipo projeto, dos programas fi- 2020-2023
nalísticos integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social,

294
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 14. A avaliação do PPA 2020-2023 consiste em processo CAPÍTULO V


sistemático, integrado e institucionalizado de análise das políticas DISPOSIÇÕES GERAIS
públicas, com objetivo de aprimorar os programas e a qualidade do
gasto público. Art. 20. Para fins do disposto no § 1º do art. 167 da Consti-
Art. 15. O Poder Executivo encaminhará anualmente ao Con- tuição, o investimento que ultrapassar um exercício financeiro, du-
gresso Nacional Relatório Anual de Monitoramento do PPA 2020- rante o período de 2020 a 2023, será incluído no valor global dos
2023 com o resultado do processo de monitoramento, que conterá: programas.
I - o comportamento das variáveis macroeconômicas que em- Parágrafo único. As leis orçamentárias e as leis de créditos adi-
basaram a elaboração do Plano Plurianual, explicitando as eventuais cionais detalharão, em seus anexos, os investimentos de que trata o
discrepâncias verificadas entre os valores previstos e os realizados; caput, para o ano de sua vigência.
II - a situação, por programa finalístico, dos objetivos, das me- Art. 21. Fica o Poder Executivo federal autorizado a promover
tas e dos indicadores; e alterações no PPA 2020-2023, em ato próprio, para:
III - demonstrativo da execução orçamentária e financeira dos I - conciliar com o PPA 2020-2023 as alterações promovidas
investimentos plurianuais. pelas leis orçamentárias anuais e pelas leis de crédito adicional e
Art. 16. A Avaliação prevista no art. 14 desta Lei será realizada poderá, para tanto:
no âmbito do Conselho de Monitoramento e Avaliação de Políti- a) alterar o valor global do programa;
cas Públicas (CMAP) e contemplará avaliações de políticas públicas b) adequar vinculações entre ações orçamentárias e programas;
financiadas por gastos diretos e subsídios da União, selecionadas c) revisar ou atualizar as metas; e
anualmente a partir dos programas dispostos no Anexo I desta Lei. d) revisar ou atualizar os investimentos plurianuais constantes
§ 1º A escolha das políticas que constarão da lista anual de ava- dos Anexos III, Seção I, e IV, em até 25% (vinte e cinco por cento) do
liações ocorrerá segundo critérios de materialidade, criticidade e valor total previsto para cada um dos dois conjuntos de investimen-
relevância. tos discriminados nesta alínea;
§ 2º O Poder Executivo dará publicidade, por meio de sítio ele- II - alterar metas; e
trônico, sobre os montantes de recursos dos programas classifica- III - incluir, excluir ou alterar:
dos em gasto direto ou em subsídio. a) a unidade responsável por programa;
§ 3º O Poder Executivo encaminhará anualmente ao Congresso b) o valor global do programa, em razão de alteração de fontes
Nacional relatório contendo os resultados e as recomendações das de financiamento com recursos não orçamentários; e
avaliações. c) o valor dos gastos diretos ou dos subsídios de que trata o §
Art. 17. Em até trinta dias após o encaminhamento dos relató- 2º do art. 16.
rios previstos no caput do art. 15 e no § 3º do art. 16, representan- Parágrafo único. Modificações realizadas nos termos do dispos-
te do órgão central do Sistema de Planejamento e de Orçamento to no caput serão informadas à Comissão Mista de Planos, Orça-
Federal, disciplinado pela Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001, mentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional e publicadas
apresentará os resultados e as recomendações dos referidos relató- em sítio eletrônico oficial.
rios, em audiência pública a ser realizada na comissão referida no § Art. 22. Os órgãos e as entidades da administração pública fe-
1º do art. 166 da Constituição Federal. deral direta, autárquica e fundacional promoverão o alinhamento
Art. 18. O Poder Executivo federal promoverá o desenvolvi- contínuo entre os instrumentos de planejamento sob sua responsa-
mento e a manutenção de mecanismos de transparência nas etapas bilidade, com vistas ao fortalecimento da governança pública.
do ciclo de gestão do PPA 2020-2023, por meio de sistemas de in- § 1º Para as políticas públicas constantes dos programas de
formações periodicamente atualizados, definidos em regulamento. atendimento em educação e de amparo às mulheres, são instru-
§ 1º Com vistas ao acompanhamento e à fiscalização a que se mentos de referência, respectivamente, o Plano Nacional de Educa-
referem o art. 70 e o inciso II do § 1º do art. 166 da Constituição, ção e o Plano Nacional de
serão assegurados aos membros e aos órgãos competentes dos Po- Políticas para as Mulheres.
deres da União, inclusive ao Tribunal de Contas da União, ao Mi- § 2º Os órgãos e as entidades de que trata o caput elaborarão
nistério Público Federal e à Controladoria-Geral da União, o acesso ou atualizarão seu planejamento estratégico institucional de forma
irrestrito, para consulta, aos sistemas de informações referidos no alinhada ao PPA 2020-2023 e aos planos nacionais, setoriais e re-
caput e o recebimento de seus dados em meio digital. gionais, no prazo de:
§ 2º Poderão ser habilitados para consulta os cidadãos e as en- I - quatro meses, contados da data de publicação desta Lei,
tidades sem fins lucrativos credenciados segundo requisitos estabe- para Ministérios e demais órgãos da administração direta e para au-
lecidos pelos órgãos gestores dos sistemas de informações de que tarquias organizadas na forma de agências reguladoras, ressalvado
trata este artigo. o disposto no inciso III;
Art. 19. O Poder Executivo federal regulamentará os prazos, os II - oito meses, contados da data de publicação desta Lei, para
critérios e as orientações técnicas complementares ao monitora- as entidades autárquicas não referidas nos incisos I e III e para as
mento e à avaliação do PPA 2020-2023. fundações;
III - doze meses, contados da data de publicação desta Lei, para
as instituições federais de ensino.
Art. 23. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Alterações do anexo - Vide Lei 14.235, de 2021

Brasília, 27 de dezembro de 2019; 198º da Independência e


131º da República.

295
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Cada modalidade de crédito adicional possui as seguintes ca-


CRÉDITOS ORDINÁRIOS E ADICIONAIS racterísticas:
− Crédito suplementar – destinado ao reforço de dotação or-
Apenas depois da publicação da Lei de Orçamento Anual2 o çamentária prevista na lei orçamentária anual quando o seu saldo
Chefe do Poder Executivo pode iniciar a execução de seus progra- torna-se insuficiente. Deve ser autorizado por lei, podendo ser a
mas. Passa-se da fase de estimativa das receitas e fixação das des- própria lei orçamentária, e aberto por decreto do Poder Executivo;
pesas (Planejamento Orçamentário) para a fase de realização da − Crédito especial – é utilizado para atender as despesas para
receita e da despesa (Execução Orçamentária). as quais não haja dotação orçamentária específica na lei orçamen-
Nem sempre o Orçamento é cumprido na íntegra devido a fa- tária anual. Deve ser autorizado por lei específica e aberto por de-
tores como: arrecadação que não se efetiva conforme planejado, creto do Poder Executivo;
pressões políticas, calamidades naturais, comoções internas, entre − Crédito extraordinário – é utilizado para cobrir despesas im-
outros fatores. previsíveis e urgentes, em caso de guerra, comoção interna ou ca-
Os créditos que autorizam a realização da despesa pública têm lamidade pública. Deve ser aberto por decreto do Poder Executivo,
duas classificações: créditos ordinários e créditos adicionais. devendo ser dado conhecimento imediato ao Poder Legislativo.
Créditos Orçamentários - são autorizações constantes da Lei
de Orçamento Anual. Os créditos suplementares e especiais requerem autorização
Créditos Adicionais – representam autorizações de despesas legislativa para que possam ser utilizados. No caso dos créditos su-
não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamen- plementares, essa autorização pode estar contida na LOA ou em
to Anual uma lei específica para esse fim, caso a LOA já tenha sido aprovada.
É importante que essa lei seja específica, que trate somente desses
A lei orçamentária anual, quando da sua aprovação, conterá novos créditos. Isso serve para evitar que sejam aprovadas maté-
créditos orçamentários, também denominados créditos iniciais, rias maliciosamente “escondidas” em um projeto de lei de crédito
os quais estarão distribuídos nos programas de trabalho que com- suplementar.
põem o Orçamento Geral da União. Ocorre que, muitas vezes, a Lei No caso dos créditos especiais, a única forma de aprovação é
Orçamentária Anual, também denominada Lei de Meios, não prevê por meio de uma lei específica. Após a aprovação legislativa, especí-
a realização de determinados dispêndios ou não dispõe de recursos fica ou na própria LOA, dependo do caráter dos créditos adicionais,
suficientes para atendê-los no exato momento em que deveriam o Poder Executivo insere esses novos créditos no orçamento corren-
ser efetuados. te por meio de um decreto.
Assim, denomina-se como “insuficientemente dotada” aque- No caso dos créditos suplementares, seu valor é acrescido ao
la despesa que, embora prevista pela LOA, não dispõe de recursos valor da LOA original, e no caso dos créditos especiais, é criada uma
suficientes que atendam ao dispêndio em questão. Já aquelas des- nova dotação, que discrimina o novo gasto.
pesas não dotadas de recursos na lei orçamentária e que, em face Para os créditos extraordinários, o procedimento é totalmente
da influência de diversos fatores, necessitam ser executadas deno- diferente. Em decorrência da maior urgência, a autorização legisla-
minam-se “não computadas”. tiva é dispensada.
Para solucionar ambos os casos, adota-se o mecanismo de crédi- A União e alguns estados abrem esses créditos por meio de
tos adicionais, são autorizações de despesas não computadas ou in- medida provisória. Nos municípios e em estados em que não há
suficientemente dotadas na lei de orçamento. Em outras palavras, os a previsão de MP em suas constituições, essa abertura ocorre por
créditos adicionais são instrumentos de ajustes orçamentários, sendo meio de decreto do Executivo. Se a abertura for realizada por decre-
“fundamental para oferecer flexibilidade e permitir a operacionalidade to, ele deverá ser imediatamente submetido ao Poder Legislativo. A
de qualquer sistema orçamentário” e que visam a atender as seguin- Constituição Federal veda a edição de Medida Provisória sobre ins-
tes situações: corrigir falhas da LOA; mudança de rumos das políticas trumentos de planejamento, como planos plurianuais, diretrizes or-
públicas; variações de preço de mercado de bens e serviços a serem çamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais suplementa-
adquiridos pelo governo; e situações emergenciais imprevistas. res, exceto no caso de abertura de créditos extraordinários (art. 62,
De acordo com o artigo 40 da Lei Federal 4.320/1964, a qual § 1º, I, d). Os créditos extraordinários incorporam-se ao orçamen-
estatui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e con- to em dotações específicas, ou seja, não se misturam com outras
trole dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Muni- despesas. A outra diferença é que, para os créditos extraordinários,
cípios e do Distrito Federal, “são créditos adicionais as autorizações em decorrência de sua urgência e importância, não é necessário
de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei justificar a origem dos recursos. Já no caso dos créditos especiais
de Orçamento”. O artigo 41 da mesma lei define três modalidades e suplementares, para que sejam abertos, é necessário demons-
de créditos adicionais, as quais foram recepcionadas pelo artigo trar qual será a origem dos recursos utilizados. Essa demonstração
167 da Constituição Federal de 1988: é fundamental para preservar o equilíbrio orçamentário ou, pelo
Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em: menos, para não aumentar o desequilíbrio. Está inscrito na própria
I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamen- Constituição Federal:
tária;
II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja Os créditos adicionais na Constituição art. 166, § 8°, e na Lei
dotação orçamentária específica; 4.320/64 surgiram para corrigir ou amenizar situações que surgem,
III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e im- durante a execução orçamentária, por razões de fatos de ordem
previstas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pú- econômica ou imprevisíveis. Os créditos adicionais são incorpora-
blica. dos aos orçamentos em execução, desta forma, os créditos adicio-
2 http://www.cnsp.org.br/website/pdfs/Guia_Orcamento.pdf nais alteraram o Orçamento.

296
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Constituição art. 166, § 8°: A Lei 4.320/64 estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às di- elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Es-
retrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicio- tados, dos Municípios e do Distrito Federal, versando sobre créditos
nais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na adicionais:
forma do regimento comum.
§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou TÍTULO V
rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despe- DOS CRÉDITOS ADICIONAIS
sas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, me-
diante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não
autorização legislativa. computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.
Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:
Dica: Em relação aos Créditos Ilimitados: É vedada a concessão I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamen-
ou utilização de créditos ilimitados e, portanto, de autorizações de tária;
despesas sem a indicação precisa de receita e do montante de gasto II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja
autorizado pelo Legislativo. dotação orçamentária específica;
Artigo 1673 da Constituição Federal: III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e im-
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orça- previstas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pú-
mentária anual; blica.
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações dire- Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autoriza-
tas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; dos por lei e abertos por decreto executivo.
III - a realização de operações de créditos que excedam o mon- Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais de-
tante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante pende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa
créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprova- e será precedida de exposição justificativa.
dos pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; § 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou des- não comprometidos:
pesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos im- I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
postos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos exercício anterior;
para manutenção e desenvolvimento do ensino, como determinado II - os provenientes de excesso de arrecadação;
pelo art. 212, e a prestação de garantias às operações de crédito III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações or-
por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º; çamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei;
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma
autorização legislativa e sem indicação dos recursos corresponden- que juridicamente possibilite ao poder executivo realiza-las
tes; § 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ain-
recursos de uma categoria de programação para outra ou de um da, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de
órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; credito a eles vinculadas.
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; § 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre
recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a ten-
necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, in- dência do exercício.
clusive dos mencionados no art. 165, § 5º; § 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia de excesso de arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos
autorização legislativa. extraordinários abertos no exercício.
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exer- Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto
cício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano do Poder Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Po-
plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de der Legislativo.
responsabilidade. Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercí-
§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no cio financeiro em que forem abertos, salvo expressa disposição legal
exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de em contrário, quanto aos especiais e extraordinários.
autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a importân-
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão cia, a espécie do mesmo e a classificação da despesa, até onde for
incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente. possível
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será ad-
mitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as
decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública,
observado o disposto no art. 62.

3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm

297
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Por fim, apresentamos a tabela resumo contendo as principais Prorroga- Improrrogável Só para o exer- Só para o exercício
informações sobre os Créditos Adicionais: ção cício seguinte seguinte quando
quando o ato o ato de abertura
CRÉDITOS ADICIONAIS de autorização (MP ou Decreto)
TIPOS SUPLEMEN- ESPECIAIS EXTRAORDINÁRIOS tiver sido tiver sido editado
TARES promulgado nos últimos 4 meses
nos últimos do exercício. Nesse
Finalidade Reforçar Atender des- Atender despesas 4 meses do caso, os saldos
despesas já pesas não imprevisíveis e ur- exercício. são incorporados,
previstas no previstas no gentes (ex: guerra, Nesse caso, por decreto, ao
orçamento. orçamento. comoção interna ou os saldos são orçamento seguinte
calamidade) incorporados, (créditos com vigên-
Autori- Necessidade Necessidade Independe. por decreto, cia plurianual).
zação de autori- de autoriza- ao orçamen-
legislativa zação na ção em lei to seguinte
própria LOA específica. (créditos
ou em lei com vigência
específica plurianual)
Abertura Decreto (Exe- Decreto Na União, abertura Indicar SIM SIM NÃO
e incorpo- cutivo): incor- (Executivo): se dá por meio de fontes
ração poram-se ao incorporam- MP; Nos Estados,
orçamento -se ao orça- Distrito Federal Contabilização
adicionando- mento, mas e Municípios, a
-se à dotação conservam abertura se dá por Registro da abertura de crédito disponível4
orçamentária sua especi- Decreto Executi- Documento: nota de dotação
a que se des- ficidade, de- vo ou por MP, se - Sistema Orçamentário
tinou reforçar monstrando- houver previsão D: crédito inicial
-se a conta na CE ou na Lei C: crédito disponível
dos mesmos Orgânica do Muni-
separada- cípio. Se a abertura Registro do empenho de despesa
mente ocorrer por meio Documento: nota de empenho
de Decreto, este - Sistema Orçamentário
deverá ser enviado D: crédito disponível
imediatamente ao C: crédito empenhado e liquidado
Legislativo. Incorpo-
ram-se ao orçamen- D: emissão de empenhos
to, mas conservam C: empenhos a liquidar
sua especificidade,
demonstrando-se a D: valores comprometidos
contas dos mesmos C: valores em liquidação
separadamente.
Registro da apropriação de despesa
Vigência No exercício No exercício No exercício em
Documento: ordem bancária
em que foi em que foi que foi aberto (até
- Sistema Orçamentário
aberto (até aberto (até 31/12).
D: crédito empenhado a liquidar
31/12) 31/12).
C: crédito empenhado liquidado

D: empenhos a liquidar
C: empenhos liquidados

D: valores em liquidação
C: valores liquidados
- Sistema Financeiro

D: despesa orçamentária
C: bancos conta única
- Sistema Patrimonial e Compensatório
4 https://jus.com.br/artigos/14728/realizacao-de-despesa-sem-autorizacao-legal-e-
-a-abertura-de-credito-adicional-pelo-poder-legislativo-municipal

298
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

A Programação Financeira compreende um conjunto de atividades com o objetivo de ajustar o ritmo de execução do orçamento ao fluxo provável de recursos
financeiros. Assegurando a execução dos programas anuais de trabalho, realizados por meio do SIAFI, com base nas diretrizes e regras estabelecidas pela legislação vigente.
Logo após a sanção presidencial à Lei Orçamentária aprovada pelo Congresso Nacional, o Poder Executivo mediante decreto estabelece em até trinta dias a
programação financeira e o cronograma de desembolso mensal por órgãos, observadas as metas de resultados fiscais dispostas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
A Programação Financeira se realiza em três níveis distintos, sendo a Secretaria do Tesouro Nacional o órgão central, contando ainda com a participação
das Subsecretárias de Planejamento, Orçamento e Administração (ou equivalentes os órgãos setoriais - OSPF) e as Unidades Gestoras Executoras (UGE).
Compete ao Tesouro Nacional estabelecer as diretrizes para a elaboração e formulação da programação financeira mensal e anual,
bem como a adoção dos procedimentos necessários a sua execução. Aos órgãos setoriais competem a consolidação das propostas de pro-
gramação financeira dos órgãos vinculados (UGE) e a descentralização dos recursos financeiros recebidos do órgão central. Às Unidades
Gestoras Executoras cabem a realização da despesa pública nas suas três etapas, ou seja: o empenho, a liquidação e o pagamento.
A execução financeira representa o fluxo de recursos financeiros necessários à realização efetiva dos gastos dos recursos públicos para
a realização dos programas de trabalho definidos. Lembre-se de que RECURSO é dinheiro ou saldo de disponibilidade bancária (enfoque
da execução financeira) e que CRÉDITO é dotação ou autorização de gasto ou sua descentralização (enfoque da execução orçamentária).
De acordo com a Lei 4.320/64 o exercício financeiro no Brasil é o espaço de tempo compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezem-
bro de cada ano, no qual a administração promove a execução orçamentária e demais fatos relacionados com as variações qualitativas e
quantitativas que tocam os elementos patrimoniais da entidade ou órgão público.
O dispêndio de recursos financeiros oriundos do Orçamento Geral da União se faz exclusivamente por meio de Ordem Bancária - OB e da Conta Única do Governo
Federal e se destina ao pagamento de compromissos, bem como a transferência de recursos entre as Unidades Gestoras, tais como liberação de recursos para fins de
adiantamento, suprimento de fundos, cota, repasse, sub-repasse e afins. A Ordem Bancária é portanto o único documento de transferência de recursos financeiros.
O ingresso de recursos se dá quando o contribuinte efetua o pagamento de seus tributos por meio de DARF, junto à rede bancária, que
deve efetuar o recolhimento dos recursos arrecadados, ao BACEN, no prazo de um dia. Com o DARF Eletrônico e a GRPS Eletrônica, os usuá-
rios do sistema podem efetuar o recolhimento dos tributos federais e contribuições previdenciárias diretamente à Conta Única, sem trânsito
pela rede bancária. Ao mesmo tempo, a Secretaria da Receita Federal recebe informações da receita bruta arrecadada, que é classificada
decendialmente (ou seja, a cada 10 dias) no SIAFI. Esse valor classificado deve corresponder ao montante registrado no BACEN no período.
Uma vez tendo recursos em caixa, começa a fase de saída desses recursos, para pagamentos diversos. O pagamento entre Unidades
Gestoras ocorre mediante a transferência de limite de saque, que é a disponibilidade financeira da UG on-line, existente na Conta Única.

ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO.

ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO
Com a nova estrutura do Plano Plurianual – PPA 2012-2015, que apresenta Programas Temáticos, Objetivos, Metas e Iniciativas, além dos
Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado, buscou-se evitar a sobreposição entre o Plano e o Orçamento, verificada anteriormente
entre os dois instrumentos, e priorizar a relação de complementaridade existente entre eles. Os programas possuem Indicadores e Objetivos.
Cada Objetivo é composto por Metas e Iniciativas que, no seu conjunto, expressa o que será feito, em que intensidade e quais os resultados
pretendidos. As Iniciativas do PPA 2012-2015 asseguram o vínculo com as ações orçamentárias, agora detalhadas apenas nas Leis Orçamentárias
Anuais – LOAs, vinculadas diretamente aos Programas (Temáticos ou de Gestão), quando se observa somente as LOAs, conforme figura abaixo:

299
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Como as ações constam apenas nos Orçamentos, e o Sistema Quando se considera a amplitude, o foco está na extensão pro-
de Informações Gerenciais e de Planejamento – SIGPlan utilizado porcionada por cada um dos conceitos.
para registro e apoio às etapas do ciclo de gestão do PPA 2012-2015 Assim, o acompanhamento das ações orçamentárias pressu-
foi desativado, as informações acerca domonitoramento e avalia- põe uma visão geral do que está sendo acompanhado e o monito-
ção do Plano foram incluídas em um novo módulo desenvolvido no ramento, por sua vez, busca a Especificidade.
Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento – SIOP. Com relação à aplicação, o acompanhamento permite a obten-
Entretanto, permanecia a necessidade do acompanhamento fí- ção de subsídios úteis para prestação de contas e transparência exi-
sico-financeiro das ações orçamentárias, principalmente porque os gida pela sociedade, tal qual como previsto na Constituição. Como
bens e serviços ofertados à sociedade, oriundos das despesas orça- os dados fornecidos pelo acompanhamento são de conformidade
mentárias, precisam ser mensurados. Ademais, é necessário verifi- para controle, eles são estáticos. O monitoramento traz subsídios
car se o produto especificado e sua respectiva meta estão adequa- para a tomada de decisão. Ao se identificar tempestivamente os
dos com a descrição e implementação previstas nos atributos da pontos frágeis e as restrições, os dados são importantes para pro-
ação. Para tanto, evidenciar o valor físico executado torna-se uma porcionar intervenções corretivas por meio de uma ação proativa
questão indispensável para que, entre outras finalidades, se possa do gestor. Essa é uma atividade gerencial que maximiza os resulta-
aperfeiçoar os próximos orçamentos públicos a serem elaborados, dos. Os dados, por conseguinte, são dinâmicos.
com foco, sobretudo, em resultados. Por isso, a partir de 2012, a Para fazer o acompanhamento orçamentário, que considera os
Secretaria de Orçamento Federal - SOF implementa um processo de valores físicos e financeiros das ações, são utilizados, como forma
acompanhamento físico-financeiro das ações orçamentárias, apoia- de medição, indicadores de eficiência e eficácia. O monitoramento,
do por uma solução em Tecnologia de Informação - TI, implementa- por sua vez, faz uso de indicadores de eficácia e os instrumentali-
da em um módulo adicional no SIOP. za para uma análise posterior na busca de sinais para efetividade,
Para que o acompanhamento seja bem-sucedido, é necessária resultados e impactos, que são comumente buscados quando da
a participação dos Órgãos Setoriais de Orçamento (OS) e das Uni- avaliação de uma política pública.
dades Orçamentárias (UO). Assim, é de fundamental importância a A informação proporcionada pelo acompanhamento é perene
capacitação das pessoas envolvidas no preenchimento do módulo e contribui para realização de monitoramento e avaliação. Por sua
do SIOP correspondente. vez, as informações do monitoramento são transitórias (dinâmicas)
Esse trabalho de acompanhamento também servirá para o Ór- e servem como subsídio para a avaliação.
gão de Controle, cujo interesse é verificar se o que realmente foi Em relação à responsabilidade por executar o acompanhamen-
previsto foi efetivamente realizado, ou seja, poderá acompanhar a to, esta recai legalmente sobre os administradores e demais res-
execução da lei orçamentária (e suas alterações). ponsáveis por bens, dinheiro e valores públicos. No caso do moni-
Este orientador está dividido em nove partes, a primeira é a toramento, é atribuída aos administradores que precisam priorizar
introdução. Em seguida, apresenta-se a diferença entre acompa- os projetos da sua pasta para garantir a efetiva realização.
nhamento e monitoramento.A terceira descreve o processo, como
é desenvolvido e quais suas características. A seguir, são elencadas O quadro abaixo apresenta o resumo das diferenças entre
as responsabilidades da SOF e do Órgão Setorial no Acompanha- acompanhamento e monitoramento.
mento Orçamentário. A quinta refere-se aos indicadores que serão
utilizados no processo. A parte seguinte explicará como deverá ser DIMENSÕES ACOMPANHAMENTO MONITORAMENTO
preenchido o campo comentários do subtítulo/localizador. Os indi-
cadores citados anteriormente precisarão ser compilados e a for- Pressupõe Especifici-
Amplitude Pressupõe Visão Geral
ma como isso será feito é apresentada na sétima parte. A oitava dade
versará sobre o sistema: seus campos, os momentos existentes, as Dados para inter-
tramitações possíveis, os perfis e papéis existentes e o histórico. Na Dados de Confor-
venções corretivas/
última parte, há um cronograma das etapas do Acompanhamento midade – Controle
proativas – Gerencial
Orçamentário para 2012/2013. O orientador também conta com 4 (Estático)
Aplicação (Dinamico)
anexos, que apresentam os exemplos dos relatórios que serão gera-
Subsidios para Pres-
dos automaticamente pelo sistema. Subsidios para a to-
tação de Contas e
mada de decisão
Transparencia
DIFERENÇA ENTRE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO
Em um contexto de limitação de recursos e de foco em resul- Indicadores de efi-
tados, a importância do acompanhamento e do monitoramento se Forma de Indicadores de efi- cácia e sinais para a
maximiza. Medição ciência e eficacia efetividade, resulta-
Para auxiliar a compreensão dos dois conceitos, poder-se-ia dos impactos
comparar o acompanhamento a uma foto e o monitoramento a Perene: contribui para
uma filmagem. O acompanhamento retrata uma situação passa- Transitória: subsídios
Informação o Monitoramento e
da que pode, portanto, não ser mais verdadeira no presente, mas para avaliação
Avaliação
que é de grande valia quando o recorte temporal se aproxima do
período em que recursos são utilizados (ao final de um exercício Atribuida legalmente Atribuida aos adminis-
financeiro, por exemplo). Já o monitoramento busca detectar as aos administradores e tradores que precisam
dificuldades que ocorrem durante a programação para corrigi-las Responsabilidade demais responsáveis priorizar os projetos
oportunamente. por bens, dinheiro e para garantir a efetiva
valores públicos. realização

300
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Na lição de Aliomar Baleeiro receita pública é a entrada que,


DESCENTRALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, con-
dições ou correspondência no passivo vem acrescer o seu vulto
DESCENTRALIZAÇÃO como elemento novo e positivo Associando os princípios expostos,
A descentralização orçamentária é o mecanismo de transferên- concluímos que toda receita (em sentido estrito) é entrada, mas a
cia de créditos orçamentários para as unidades gestoras cuja execu- recíproca não é verdadeira.
ção da despesa (empenho, liquidação e pagamento) ocorre de for-
ma descentralizada, de acordo com delegação de competência. O Contabilização Da Receita Pública
lançamento é feito por intermédio de documento do SIAFI denomi- Conforme a variação na situação patrimonial que possa provo-
nado Nota de Crédito, podendo se processar da seguinte maneira: car, sendo:
• Programação anual com descentralização semestral realizada - Receita pública efetiva; e
de acordo com o planejamento realizado pelas Secretaria localiza- - Receita pública não-efetiva.
das nos estados e pelo ISC;
• em processos específicos de autorização de despesas (ressar- Receita Publica Efetiva
cimento, dívida de exercícios anteriores); - Não representam obrigação do ente público
• mensagens via SIAFI das Unidades Gestoras (SECEXs e ISC) - Alteram a situação líquida patrimonial incorporando-se defi-
para complementação das dotações; nitivamente ao patrimônio público.
• autorização do ISC para a descentralização orçamentária re-
lativo às despesas com a execução de cursos nos estados PTRES Receita Pública Não-Efetiva
(039667); - São as que possuem reconhecimento do direito
• autorização da SETEC para envio de recursos de “Ações de - Não alteram a situação patrimonial líquida do ente.
Informática” (PTRES 811050). - No momento da entrada do recurso, registra-se, também,
uma obrigação.
São consideradas Unidades de Origem (SECEX, ISC, SETEC, SE-
GEDAM, SECOF, DICON, SPR). Classificação das Receitas Públicas
A Unidade do Tribunal responsável pela descentralização orça-
mentária é a Secretaria de Orçamento, Finanças e Contabilidade - a) Quanto à Origem: Originárias X Derivadas
SECOF, por subdelegação de competência da SEGEDAM. Receitas Originárias são aquelas provenientes da exploração
do patrimônio da pessoa jurídica de direito público, ou seja, o Esta-
do coloca parte do seu patrimônio a disposição de pessoas físicas
RECEITA PÚBLICA. CONCEITO. CLASSIFICAÇÃO ou jurídicas, que poderão se beneficiar de bens ou de serviços, me-
SEGUNDO A NATUREZA. ETAPAS E ESTÁGIOS diante pagamento de um preço estipulado.
Elas independem de autorização legal e pode ocorrer a qual-
RECEITA PÚBLICA quer momento, e são oriundas da exploração do patrimônio mo-
Os recursos financeiros canalizados para os cofres públicos os- biliário ou imobiliário, ou do exercício de atividade econômica, in-
tentam, na prática, natureza e conteúdo bastante diversificados. dustrial, comercial ou de serviços, pelo Estado ou suas entidades.
Nem sempre derivam da atividade impositiva do Estado - cam- Exemplos: Rendas obtidas sobre os bens sujeitos à sua propriedade
po de abrangência do Direito Tributário - podendo resultar de con- (aluguéis, dividendos, aplicações financeiras).
tratos firmados pela administração, com caráter de bilateralidade. Receitas Derivadas são aquelas cobradas pelo Estado, por força
Uns e outros devem ser tidos como receitas públicas, cujo es- do seu poder de império, sobre as relações econômicas praticadas
tudo amplo, pertence ao campo do Direito Financeiro, e mais remo- pelos particulares, pessoas físicas ou jurídicas, ou sobre seus bens.
tamente, ao da Ciência das Finanças. Na atualidade, constitui-se na instituição de tributos, que serão
Por isso, ao definirmos o Direito Financeiro como ramo do exigidos da população, para financiar os gastos da administração
Direito Administrativo que regula a atividade desenvolvida pelo pública em geral, ou para o custeio de serviços públicos específicos
Estado na obtenção, gestão e aplicação dos recursos financeiros, prestados ou colocados a disposição da comunidade. Exemplos: Ta-
referimo-nos à receita pública como um dos capítulos dessa disci- xas, Impostos e Contribuições de Melhoria.
plina: justamente aquele que versa sobre a captação de recursos
financeiros. b) Quanto à Natureza: Receitas Orçamentárias X Receitas Ex-
Entrada ou ingresso é todo dinheiro recolhido aos cofres públi- tra Orçamentárias
cos, mesmo sujeito à restituição. Receitas Orçamentárias são todos os ingressos financeiros de
A noção compreende as importâncias e valores realizados a caráter não devolutivo auferidos pelo Poder Público. A receita orça-
qualquer título. Assim, os tributos (impostos, taxas, e contribuição mentária se subdivide ainda nas seguintes categorias econômicas:
de melhoria) e as rendas da atividade econômica do Estado (pre- receitas correntes e receitas de capital.
ços), não restituíveis, são ingressos ou entradas. Receita Extra Orçamentária correspondem aos valores prove-
À semelhança, as fianças, cauções, empréstimos públicos, pos- nientes de toda e qualquer arrecadação que não figurem no orça-
to que restituíveis. mento público e, consequentemente, que não lhe pertencem. O
Receita é a quantia recolhida aos cofres públicos não sujeita a Governo fica como mero depositário dos valores recebidos. Exem-
restituição, ou, por outra, a importância que integra o patrimônio plos: Depósitos recebidos, Cauções em dinheiro recebidas, Consig-
do Estado em caráter definitivo. nações retidas a pagar, etc.

301
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

c) Quanto à Repercussão Patrimonial: Efetivas X Não efetivas ●Receita Patrimonial são proveniente do resultado financeiro
Receitas Públicas Efetivas são aquelas em que os ingressos de da fruição do patrimônio, decorrente da propriedade de bens mo-
disponibilidades de recursos não foram precedidos de registro de biliários ou imobiliários; por exemplo: Aluguéis, dividendos, receita
reconhecimento do direito e não constituem obrigações correspon- oriunda de aplicação financeira, etc.
dentes: Por isso, aumentam a situação liquida do patrimônio finan- ●Receita Agropecuária decorre da exploração das atividades
ceiro e a situação líquida patrimonial. Exemplos: Receita Tributária, agropecuárias; por exemplo: receita da produção vegetal, receita
Receita Patrimonial, Receita de Serviços, etc. da produção animal e derivados.
Receitas Públicas Não efetivas são aquelas em que os ingres- ●Receita Industrial obtida com atividades ligadas à indústria
sos de disponibilidades de recursos foram precedidos de registro de de transformação. Exemplos: indústria editorial e gráfica, recicla-
reconhecimento do direito. Por isso, aumentam a situação líquida gem de lixo, etc.
do patrimônio financeiro, mas não altera a situação líquida patri- ●Receitas de Serviços são provenientes de atividades caracte-
monial. São exemplos: Alienação de bens; Operações de crédito; rizadas pela prestação se serviços por órgãos do Estado; por exem-
Amortização de empréstimo concedido; Cobrança de dívida ativa. plo: serviços comerciais (compra e venda de mercadorias), etc.
●Transferências Correntes são recursos recebidos de outras
d) Quanto à Regularidade: Ordinárias X Extraordinárias pessoas de direito público ou privado, destinados ao atendimento
Receitas Ordinárias são aquelas que representam certa regu- de despesas correntes.
laridade na sua arrecadação, sendo normatizadas pela Constituição
ou por leis específicas. Exemplos: Arrecadação de Impostos (Fede- Outras Receitas Correntes são o grupo que compreende as
rais, Estaduais ou Municipais), Transferências do Fundo de Partici- Receitas de Multas e Juros de Mora, Indenizações e Restituições,
pação dos Estados e do Distrito Federal, do Fundo de Participação Receita da Dívida Ativa, etc.
dos Municípios, Cota parte do ICMS destinado aos Municípios, etc. Receitas de Capital são aquelas provenientes de realização de
Receitas Extraordinárias são aquelas inconstantes, esporádi- recursos oriundos da contratação de dívidas; da conversão em es-
cas, às vezes excepcionais, e que, por isso, não se renovam de ano a pécie de bens (alienação de bens móveis e imóveis); dos recursos
ano na peça orçamentária. Como exemplo mais típico, costuma-se recebidos de outras pessoas de direito público ou privados destina-
citar o imposto extraordinário, previsto no art. 76 do Código Tribu- dos a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital. São
tário Nacional, e decretado, em circunstâncias anormais, nos casos destinadas ao atendimento das Despesas de Capital e classificam-se
de guerra ou sua iminência. As receitas patrimoniais devem, tam- em:
bém, ser consideradas como extraordinárias, sob o aspecto orça- • Operações de Crédito são os financiamentos obtidos den-
mentário. tro e fora do País; trata-se de recursos captados de terceiros para
obras e serviços públicos. Exemplos: colocação de títulos públicos,
e) Quanto à forma de sua realização: Receitas Próprias, de contratação de empréstimos e financiamentos, etc.;
Transferência se de Financiamentos. • Alienação de Bens são receitas provenientes da venda de
●Receitas Próprias se dão quando seu ingresso é promovido bens móveis e imóveis;
pela própria entidade, diretamente, ou através de agentes arreca- • Amortização de Empréstimos são receitas provenientes
dadores autorizados. Exemplo: tributos, aluguéis, rendimento de do recebimento do principal mais correção monetária, de emprésti-
aplicações financeiras, multas e juros de mora, alienação de bens, mos efetuados a terceiros;
etc. • Transferências de Capital são recursos recebidos de ou-
●Transferências se dão quando a sua arrecadação se processa tras entidades; aplicação desses recursos deverá ser em despesas
através de outras entidades, em virtude de dispositivos constitucio- de capital. O recebimento desses recursos não gera nenhuma con-
nais e/ou legais, ou ainda, mediante celebração de acordos e/ou traprestação direta em bens e serviços;
convênios. Exemplo: cota parte de Tributos Federais aos Estados e
Municípios (FPE e FPM), Cota parte de Tributos Estaduais aos Muni- Outras Receitas de Capital são as que envolvem as receitas de
cípios (ICMS e IPV A), convênios, etc. capital não classificáveis nas anteriores.
●Financiamentos são as operações de crédito realizadas com
destinação específica, vinculadas à comprovação da aplicação dos Estágios ou Fases Da Receita Pública
recursos. São exemplos os financiamentos para implantação de par- A realização da receita pública se dá mediante uma sequencia
ques industriais, aquisição de bens de consumo durável, obras de de atividades, cujo resultado é o recebimento de recursos financei-
saneamento básico, etc. ros pelos cofres públicos. Os estágios são os seguintes:

f) Segundo a Categoria Econômica: Receitas Correntes X Re- a) Previsão


ceitas de Capital Compreende a estimativa das receitas para compor a proposta
●Receitas Correntes são destinadas a financiar as Despesas orçamentária e aprovação do orçamento público pelo legislativo,
Correntes. Classificam-se em: transformando-o em Lei Orçamentária.
●Receitas Tributárias que são provenientes da cobrança de im- Na previsão de receita devem ser observadas as normas téc-
postos, taxas e contribuições de melhoria. nicas e legais,considerados os efeitos das alterações na legislação,
●Receitas de Contribuições que são provenientes da arreca- da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
dação de contribuições sociais e econômicas; por exemplo: con- qualquer outro fator relevante, sendo acompanhada de demonstra-
tribuições para o PIS/PASEP, contribuições para fundo de saúde de tivo de sua evolução nos três últimos anos, da projeção para os dois
servidores públicos, etc. seguintes àquele a que se referir a estimativa, e da metodologia de
cálculo e premissas utilizadas, segundo dispõe o art. 12 da LRF.

302
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

b) Lançamento (aplicável às receitas tributárias)


É o ato da repartição competente que verifica a procedência do crédito fiscal, identifica a pessoa que é devedora e inscreve o débito
desta.
Compreende os procedimentos determinação da matéria tributável, cálculo do imposto, identificação do sujeito passivo e notificação.
As importâncias relativas a tributos, multas e outros créditos da Fazenda Pública, lançadas mas não cobradas ou não recolhidas no
exercício de origem, constituem Dívida Ativa a partir da sua inscrição pela repartição competente.

c) Arrecadação
É o ato pelo qual o Estado recebe os tributos, multas e demais créditos, sendo distinguida em;
•Direta, a que é realizada pelo próprio Estado ou seus servidores e;
•Indireta, a que é efetuada sob a responsabilidade de terceiros credenciados pelo Estado.
Os agentes da arrecadação são devidamente autorizados para receberem os recursos e entregarem ao Tesouro Público, sendo dividi-
dos em dois grupos:
•Agentes públicos (coletorias, tesourarias, delegacias, postos fiscais, etc);
•Agentes privados (bancos autorizados).

d) Recolhimento
Consiste na entrega do numerário, pelos agentes arrecadadores, públicos ou privados, diretamente ao Tesouro Público ou ao banco
oficial.
O recolhimento de todas as receitas deve ser feito com a observância do princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer frag-
mentação para a criação de caixas especiais. (art.56 da Lei 4.320/64).
Os recursos de caixa do Tesouro Nacional serão mantidos no Banco do Brasil S/A, somente sendo permitidos saques para o pagamento
de despesas formalmente processadas e dentro dos limites estabelecidos na programação financeira; A conta única do Tesouro Nacional é
mantida no Banco Central, mas o agente financeiro é o Banco do Brasil, que deve receber as importâncias provenientes da arrecadação de
tributos ou rendas federais e realizar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União.
DÍVIDA ATIVA
Dívida ativa corresponde a uma RECEITA, o que justifica ser chamada de ATIVA.
Representa um conjunto de créditos ou direitos de distintas naturezas em favor da Fazenda Pública, sendo que esses créditos ou di-
reitos possuem prazos estabelecidos na legislação pertinente e que, caso não sejam pagos ao vencimento, terá sua cobrança realizada por
meio de órgão ou unidade específica instituída em lei.
Sendo assim, a inscrição de créditos em Dívida Ativa representa um fato permutativo que resulta da transferência de um valor não
recebido no prazo estabelecido, representando um aumento da situação líquida patrimonial.
*** Para a Dívida Ativa ser considerada presume-se a legalidade ao crédito como dívida passível de cobrança e a inscrição equivale a
uma prova pré-constituída contra o devedor.
*** Outro aspecto relevante quanto à esse crédito é que, sendo ele passível de cobrança, essa gerará um custo, que por vez gera uma
despesa, PORÉM, essa despesa não transita pelas contas relativas à Dívida Ativa.

Essa inscrição poderá ser cancelada e esse cancelamento está relacionado ao raciocínio de extinção e consequente diminuição na
situação líquida patrimonial.
*** Outra forma de cancelamento da inscrição da dívida ativa pode ser percebida através de registros de abatimentos, anistia e outros
valores, DESDE QUE essa diminuição não seja decorrente do recebimento efetivo da dívida ativa.

DESPESA PÚBLICA. CONCEITO. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A NATUREZA. ETAPAS E ESTÁGIOS. RESTOS A PAGAR.
DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

DESPESA PÚBLICA
Despesa pública é o conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito público a qualquer título, a fim de saldar gastos
fixados na lei do orçamento ou em lei especial, visando à realização e ao funcionamento dos serviços públicos. Nesse sentido, a despesa
é parte do orçamento, ou seja, aquela em que se encontram classificadas todas as autorizações para gastos com as várias atribuições e
funções governamentais. Em outras palavras, as despesas públicas formam o complexo da distribuição e emprego das receitas das receitas
para custeio e investimento em diferentes setores da administração governamental.
Quanto à sua natureza, classificam-se em:
Despesa Orçamentária: é aquela que depende de autorização legislativa para ser realizada e que não pode ser efetivada sem a exis-
tência de crédito orçamentário que a corresponda suficientemente.
Despesa Extra Orçamentária: trata-se dos pagamentos que não dependem de autorização legislativa, ou seja, não integram o orça-
mento público. Correspondem à restituição ou entrega de valores arrecadados sob o titulo de receita extra orçamentária. Ex.: devolução
de fianças e cauções; recolhimento de imposto de renda retido na fonte, etc.

303
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

A despesa Orçamentária se divide ainda conforme figura abaixo:

Despesa Efetiva e Não Efetiva


Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada quanto ao impacto na situação líquida patrimonial em: - Despesa
Orçamentária Efetiva - aquela que, no momento de sua realização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil
modificativo diminutivo. - Despesa Orçamentária Não Efetiva – aquela que, no momento da sua realização, não reduz a situação líquida
patrimonial da entidade e constitui fato contábil permutativo. Neste caso, além da despesa orçamentária, registra-se concomitantemente
conta de variação aumentativa para anular o efeito dessa despesa sobre o patrimônio líquido da entidade.
Em geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa corrente. Entretanto, pode haver despesa corrente não efetiva como, por exem-
plo, a despesa com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos, que representam fatos permutativos. A despesa
não efetiva normalmente se enquadra como despesa de capital. Entretanto, há despesa de capital que é efetiva como, por exemplo, as
transferências de capital, que causam variação patrimonial diminutiva e, por isso, classificam-se como despesa efetiva.
Segundo o Professor Garrido Neto, aideia da classificação das despesas em efetivas ou não efetivas é saber qual a afetação patrimonial
trazida pelas mesmas, em virtude da execução do orçamento. A LOA é uma lei de execução financeira, onde constam fluxos de caixa de en-
tradas e saídas de recursos, autorizados por lei pelo poder legislativo. Por natureza, receitas deveriam aumentar o patrimônio da entidade
que as reconhece e as despesas deveriam diminuí-lo.
Mas essa lógica não funciona em sua totalidade na execução orçamentária, em virtude do conceito de receita e despesa, sob o ponto
de vista do patrimônio, ser diferente daquele conceito orçamentário, de fluxo de caixa. No patrimônio, receita representa o acréscimo
definitivo de recursos, sem o surgimento de um passivo correspondente ou o consumo de um ativo. Já a despesa representa a diminuição
de um ativo, em virtude de seu consumo, ou a transferência de propriedade de um bem, necessário para obtenção de receitas. No orça-
mento, receita é entrada, em dinheiro e disponível para atendimento das políticas públicas. Já a despesa é uma saída, em dinheiro e que

304
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

consome recursos disponíveis, autorizados através do empenho de unidade orçamentária. Não há ato que estabeleça , sendo definida
despesas. Quando o conceito de receita, sob o aspecto patrimonial, no contexto da elaboração da lei orçamentária anual ou da abertura
coincide com o conceito orçamentário, de fluxo de caixa de entrada, de crédito especial.
temos uma receita efetiva, que afeta o patrimônio positivamente. Cabe ressaltar que uma unidade orçamentária não correspon-
EX: arrecadação de impostos. de necessariamente a uma estrutura administrativa, como ocorre,
Quando o conceito de despesa, sob o aspecto patrimonial, por exemplo, com alguns fundos especiais e com as Unidades Orça-
coincide com o conceito orçamentário, de fluxo de caixa de saída, mentárias “Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios”,
autorizado por um empenho, temos uma despesa efetiva, que afeta “Encargos Financeiros da União”, “Operações Oficiais de Crédito”,
o patrimônio negativamente. EX: reconhecimento de despesas com “Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal” e “Reserva
serviços de terceiros. Ocorre que nem toda receita orçamentária de Contingência”
tem afetação positiva no patrimônio, porque tem como contrapar-
tida um consumo de um ativo ou o surgimento de um passivo. Ex: A classificação funcional segrega as dotações orçamentárias
arrecadação da dívida ativa (entra dinheiro, mas se baixa o direito a em funções e subfunções, buscando responder basicamente à in-
receber, previamente contabilizado quando da inscrição), obtenção dagação “em que” área de ação governamental a despesa será rea-
de empréstimos (entra dinheiro, mas surge um passivo - emprésti- lizada. A atual classificação funcional foi instituída pela Portaria nº
mos a pagar). 42, de 14 de abril de 1999, do então Ministério do Orçamento e
Do mesmo modo, nem toda despesa orçamentária tem afe- Gestão, e é composta de um rol de funções e subfunções prefixa-
tação negativa no patrimônio, porque tem como contrapartida o das, que servem como agregador dos gastos públicos por área de
surgimento de um ativo ou a baixa de um passivo. Ex: aquisição de ação governamental nas três esferas de Governo. Trata-se de clas-
bens (sai o dinheiro, com uma despesa empenhada previamente, sificação de aplicação comum e obrigatória, no âmbito da União,
mas entra o bem adquirido. Note que não há despesa no patrimô- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o que permite
nio, já que ocorre ingresso de um bem), amortização da dívida (sai o a consolidação nacional dos gastos do setor público. A classifica-
dinheiro, mas há uma baixa concomitante no passivo, empréstimos ção funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros
a pagar. Note que não há despesa no patrimônio, já que houve dimi- referem-se à função, enquanto que os três últimos dígitos represen-
nuição de um passivo, tornando o ente menos devedor. tam a subfunção, que podem ser traduzidos como agregadores das
Ou seja, a saída de dinheiro compensa com a diminuição da diversas áreas de atuação do setor público, nas esferas legislativa,
dívida. Não há despesa). Por isso, a despesa não efetiva é aquela executiva e judiciária.
que afeta o orçamento, mas, como gera um fato permutativo, não Função - A função é representada pelos dois primeiros dígitos
afeta a situação líquida patrimonial do ente. Vamos ver mais uma da classificação funcional e pode ser traduzida como o maior nível
vez o exemplo da aquisição de bens; Quando se compra um bem, de agregação das diversas áreas de atuação do setor público. A fun-
é preciso empenhar/pagar a despesa orçamentária. Portanto essa ção quase sempre se relaciona com a missão institucional do órgão,
despesa diminui o ativo disponível da entidade. Caso se verificasse por exemplo, cultura, educação, saúde, defesa, que, na União, guar-
apenas essa diminuição, a despesa seria efetiva, pois reduziria um da relação com os respectivos Ministérios.
ativo de forma definitiva. Mas a operação contábil não está conclu- A função “Encargos Especiais” engloba as despesas orçamentá-
ída, pois é preciso dar entrada no bem. rias em relação às quais não se pode associar um bem ou serviço a
Quando contabilizamos o bem, aumentamos outro ativo, o ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, res-
ativo permanente bens móveis/imóveis. Portanto, vendo isolada- sarcimentos, indenizações e outras afins, representando, portanto,
mente esse segundo registro, houve aumento do patrimônio, pela uma agregação neutra. Nesse caso, na União, as ações estarão as-
entrada do item, causando uma mutação (conjugando a diminuição sociadas aos programas do tipo “Operações Especiais” que consta-
do caixa com o aumento do bem) ativa (pela entrada de um ativo rão apenas do orçamento, não integrando o PPA. A dotação global
no patrimônio do governo). Daí o porquê da questão ter utilizado denominada “Reserva de Contingência”, permitida para a União no
essas expressões, beleza? Para maiores detalhes, consulte o manual art. 91 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, ou em
da receita/despesa nacional, encontrado no site da STN, e procure atos das demais esferas de Governo, a ser utilizada como fonte de
pelo item reconhecimento de receitas/despesas pelo aspecto orça- recursos para abertura de créditos adicionais e para o atendimento
mentário e patrimonial. ao disposto no art. 5º, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de
2000, sob coordenação do órgão responsável pela sua destinação,
Classificação Institucional e Funcional será identificada nos orçamentos de todas as esferas de Governo
A classificação institucional reflete a estrutura de alocação dos pelo código “99.999.9999.xxxx.xxxx”, no que se refere às classifica-
créditos orçamentários e está estruturada em dois níveis hierárqui- ções por função e subfunção e estrutura programática, onde o “x”
cos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. Constitui unidade representa a codificação da ação e o respectivo detalhamento.
orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo Subfunção - A subfunção, indicada pelos três últimos dígitos da
órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias classificação funcional, representa um nível de agregação imedia-
(art. 14 da Lei nº 4.320/1964). Os órgãos orçamentários, por sua tamente inferior à função e deve evidenciar cada área da atuação
vez, correspondem a agrupamentos de unidades orçamentárias. As governamental, por intermédio da agregação de determinado sub-
dotações são consignadas às unidades orçamentárias, responsáveis conjunto de despesas e identificação da natureza básica das ações
pela realização das ações. No caso do Governo Federal, o código que se aglutinam em torno das funções. As subfunções podem ser
da classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo os combinadas com funções diferentes daquelas às quais estão rela-
dois primeiros reservados à identificação do órgão e os demais à cionadas na Portaria MOG nº 42/1999. Deve-se adotar como fun-
ção aquela que é típica ou principal do órgão. Assim, a programação
de um órgão, via de regra, é classificada em uma única função, ao

305
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

passo que a subfunção é escolhida de acordo com a especificidade contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das
de cada ação governamental. A exceção à combinação encontra-se ações de governo, das quais não resulta um produto, e não gera
na função 28 – Encargos Especiais e suas subfunções típicas que só contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços.5
podem ser utilizadas conjugadas.
Estrutura Programática
Classificação por Estrutura Programática Como já assinalado anteriormente, os programas deixam de
Toda ação do Governo está estruturada em programas orienta- ter o caráter de classificador e cada nível de governo passará a ter
dos para a realização dos objetivos estratégicos definidos no Plano a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus problemas,
Plurianual (PPA) para o período de quatro anos. Conforme estabe- e originária do processo de planejamento desenvolvido durante a
lecido no art. 3º da Portaria MOG nº 42/1999, a União, os Estados, formulação do Plano Plurianual – PPA, ora em fase de elaboração.
o Distrito Federal e os Municípios estabelecerão, em atos próprios, Haverá convergência entre as estruturas do plano plurianual e
suas estruturas de programas, códigos e identificação, respeitados do orçamento anual a partir do programa, “módulo” comum inte-
os conceitos e determinações nela contidos. Ou seja, todos os entes grador do PPA com o Orçamento. Em termos de estruturação, o pla-
devem ter seus trabalhos organizados por programas e ações, mas no termina no programa e o orçamento começa no programa, o que
cada um estabelecerá seus próprios programas e ações de acordo confere a esses documentos uma integração desde a origem, sem
com a referida Portaria. a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibilização entre
1. Programa - Programa é o instrumento de organização da módulos diversificados. O programa, como único módulo integra-
atuação governamental que articula um conjunto de ações que dor, e os projetos e as atividades, como instrumento de realização
concorrem para a concretização de um objetivo comum preesta- dos programas.
belecido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visan- Cada programa deverá conter, no mínimo, objetivo, indicador
do à solução de um problema ou ao atendimento de determinada que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar
necessidade ou demanda da sociedade. O programa é o módulo e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir o objetivo.
comum integrador entre o plano e o orçamento. O plano termina Os produtos dos programas darão origem aos projetos e atividades.
no programa e o orçamento começa no programa, o que confere A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto,
a esses instrumentos uma integração desde a origem. O progra- que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta.
ma age como módulo integrador, e as ações, como instrumentos Os programas serão compostos por atividades, projetos e uma
de realização dos programas. A organização das ações do governo nova categoria de programação denominada operações especiais.
sob a forma de programas visa proporcionar maior racionalidade Essas últimas poderão fazer parte dos programas quando entendido
e eficiência na administração pública e ampliar a visibilidade dos que efetivamente contribuem para a consecução de seus objetivos.
resultados e benefícios gerados para a sociedade, bem como elevar Quando não, as operações especiais não se vincularão a programas.
a transparência na aplicação dos recursos públicos. Cada progra- A estruturação de programas e respectivos produtos, consubs-
ma deve conter objetivo, indicador que quantifica a situação que tanciados em projetos e em atividades, está sendo definida no atual
o programa tenha como finalidade modificar e os produtos (bens e momento, na etapa de validação SOF/SPI e Setoriais, e seu resulta-
serviços) necessários para atingir o objetivo. A partir do programa do será disponibilizado para que os órgãos setoriais e as unidades
são identificadas as ações sob a forma de atividades, projetos ou orçamentárias apresentem as suas propostas orçamentárias.
operações especiais, especificando os respectivos valores e metas
e as unidades orçamentárias responsáveis pela realização da ação. A despesa pública é executada em três estágios: empenho, li-
A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto, quidação e pagamento.
que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta.
Os programas da União constam no Plano Plurianual e podem ser 1º ESTÁGIO – EMPENHO DA DESPESA
visualizados no sítio www.planejamento.gov.br. - Ordinário – despesas normais
2. Ação - As ações são operações das quais resultam produ- - Estimativa – despesas variáveis
tos (bens ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo de - Global – despesas contratuais e sujeitas a parcelamentos
um programa. Incluem-se também no conceito de ação as transfe-
rências obrigatórias ou voluntárias a outros Entes da Federação e a Empenho é o primeiro estágio da despesa e “é o ato emana-
pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxí- do de autoridade competente que cria para o Estado obrigação
lios, contribuições e financiamentos, dentre outros. As ações, con- de pagamento pendente ou não de implemento de condição”. O
forme suas características podem ser classificadas como atividades, empenho é prévio, ou seja, precede a realização da despesa e está
projetos ou operações especiais. a) Atividade É um instrumento de restrito ao limite de crédito orçamentário (art. 59). É vedada a re-
programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, alização da despesa sem prévio empenho (art. 60). A formalização
envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo do empenho se dá com a emissão do pedido de empenho, pelos
contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço setores competentes, e devidamente autorizados, no Módulo Fi-
necessário à manutenção da ação de Governo. Exemplo: “Fiscaliza- nanceiro. A emissão da Nota de Empenho representa uma garantia
ção e Monitoramento das Operadoras de Planos e Seguros Privados para o fornecedor ou para o prestador de serviço contratado pela
de Assistência à Saúde”. b) Projeto É um instrumento de programa- Administração Pública de que a parcela referente a seu contrato
ção utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo foi bloqueada para honrar os compromissos assumidos. Pode-se
um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta deduzir, portanto, que o orçamento é compromissado através do
um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento empenho. O empenho da despesa é o instrumento de utilização de
da ação de Governo. Exemplo: “Implantação da rede nacional de créditos orçamentários.
bancos de leite humano”. c) Operação Especial Despesas que não 5Fonte: www.eventos.fecam.org.br

306
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Entende-se por nota de empenho o documento utilizado para Vale ressaltar que, a Secretaria do Tesouro Nacional considera,
fins de registro da operação de empenho de uma despesa. Para durante o exercício financeiro, a despesa pela sua liquidação, en-
cada empenho será extraída uma nota de empenho, que indicará tretanto, para fins de encerramento do exercício financeiro, toda a
o nome do credor (beneficiário do empenho), a especificação e a despesa empenhada e não anulada até 31 de dezembro, será consi-
importância da despesa. derada despesa nas demonstrações contábeis.
O empenho para compras, obras e serviços só pode ser emi- O exame da despesa pública deve anteceder ao estudo da re-
tido após a conclusão da licitação, salvo nos casos de dispensa ou ceita pública, pois não pode mais ser compreendida apenas vincu-
inexigibilidade, desde que haja amparo legal na legislação que re- lada ao conceito econômico privado, isto é, de que a despesa deva
gulamenta as licitações (Lei nº 8.666/93). As despesas só podem ser ser realizada após o cálculo da receita, como ocorre normalmente
empenhadas até o limite dos créditos orçamentários iniciais e adi- com as empresas particulares.
cionais, e de acordo com o cronograma de desembolso da unidade Aliás, hoje em dia, os particulares recorrem ao empréstimo
gestora, devidamente aprovado. sempre que a receita se apresenta deficiente em relação à despesa.
O Estado tem como objetivo, no exercício de sua atividade
O empenho deverá ser anulado: financeira, a realização de seus fins, pelo que procura ajustar a re-
• no decorrer do exercício: ceita à programação de sua política, ou seja, a despesa precede a
– parcialmente, quando seu valor exceder o montante da des- esta. Tal ocorre porque o Estado cuida primeiro de conhecer as ne-
pesa realizada; ou – totalmente, quando o serviço contratado não cessidades públicas ditadas pelos reclamos da comunidade social,
tiver sido prestado, quando o material encomendado não tiver sido ao contrário do que acontece com o particular, que regula as suas
entregue ou quando o empenho tiver sido emitido incorretamente. despesas em face de sua receita.
• no encerramento do exercício, quando o empenho referir-se Deve-se conceituar a despesa pública sob os pontos de vista
a despesas não liquidadas, salvo aquelas que se enquadrarem nas orçamentário e científico.
condições previstas para a inscrição em restos a pagar. Aliomar Baleeiro ensina que a despesa pública, sob o enfoque
orçamentário, é “a aplicação de certa quantia em dinheiro, por par-
O valor correspondente ao empenho anulado reverte ao cré- te da autoridade ou agente público competente, entro de uma au-
dito, tornando-se disponível para novo empenho ou descentraliza- torização legislativa, para execução de um fim a cargo do governo”.
ção, respeitado o regime de exercício. Assim a despesa pública é a soma de gastos realizados pelo
Estado para a realização de obras e para a prestação de serviços
2º ESTÁGIO – LIQUIDAÇÃO públicos.
A liquidação da despesa consiste na verificação do direito ad- Por outro lado, há o entendimento que, por despesa pública
quirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos com- deve-se entender a inversão ou distribuição de riqueza que as en-
probatórios do respectivo crédito. tidades públicas realizam, objetivando a produção dos serviços re-
A liquidação tem por fim apurar: clamados para satisfação das necessidades públicas e para fazer em
- a origem e o objeto do que se deve pagar; face de outras exigências da vida pública, as quais não são chama-
- a importância exata a ser paga e das propriamente serviços.
- a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obriga-
ção Despesa Pública no Período Clássico e no Período Moderno
No período clássico o Estado realizava o mínimo possível de
O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, todos os despesas públicas porque restringia as suas atividades somente ao
atos de verificação e conferência, desde a entrada do material ou a desempenho das denominadas atividades essenciais, em razão de
prestação do serviço até o reconhecimento da despesa. ser encarado apenas como consumidor, deixando a maior parte das
A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou por servi- atividades para o particular.
ços prestados terá por base: Assim, a despesa pública tinha apenas a finalidade de possibili-
- Contrato, ajuste ou acordo respectivo; tar ao Estado o exercício das mencionadas atividades básicas.
- A nota de empenho; Mas, nos dias de hoje, ocorre uma análise preponderante da
- Os comprovantes da entrega de material ou da prestação efe- natureza econômica das despesas públicas, que são também utiliza-
tiva do serviço. das para outros fins, como o combate ao desemprego. Em suma, no
período clássico das finanças públicas, em razão da prevalência da
3º ESTÁGIO – PAGAMENTO escola liberal, o Estado procurava comprimir as despesas aos seus
A ordem de pagamento é o despacho exarado pela autoridade menores limites, e era encarado apenas como consumidor. Tal po-
competente determinando que a despesa seja paga. lítica se devia à absoluta supremacia da iniciativa privada e à teoria
A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos da imutabilidade das leis financeiras.
processados pelos serviços de contabilidade. As despesas visavam apenas a cobrir os gastos essenciais do
O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pa- governo.
gadoria regularmente instituído por estabelecimentos bancários Por outro lado, na concepção moderna das finanças públicas, o
credenciados, ou em casos excepcionais, por meio de adiantamento Estado funciona como um órgão de redistribuição da riqueza, con-
Não confundir ordem de pagamento com ordem bancária.A correndo com a iniciativa privada. O Estado passa a realizar despe-
ordem de pagamento é despacho exarado pela autoridade compe- sas que, embora não sejam úteis sob o ponto de vista econômico,
tente, determinando que a despesa seja paga. Ordem bancária é o são úteis sob o ponto de vista da coletividade, como, por exemplo,
documento emitido através do Siaf, que transfere o recurso finan- as despesas de guerra, vigendo, pois, hoje, a regra de que a neces-
ceiro para a conta do credor. sidade pública faz a despesa.

307
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Elementos Da Despesa Pública § 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anterio-
Os elementos da despesa pública são os seguintes: res será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego
a) De natureza econômica: o dispêndio, incidente em um gas- ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de
to para os cofres do Estado e em consumo para os beneficiados; a quatro anos
riqueza pública, bem econômico, representada pelo acervo originá- § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obede-
rio das rendas do domínio privado do Estado e da arrecadação dos cidas na efetivação do disposto no § 4º.”
tributos;
b) De natureza jurídica: a autorização legal dada pelo poder Por outro lado, a concessão de qualquer vantagem ou aumento
competente para a efetivação da despesa; de remuneração, a criação de cargos ou alterações de estruturas de
c) De natureza política: a finalidade de satisfação da necessi- carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, pe-
dade pública pelo Estado, o que é feita pelo processo do serviço los órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive
público, como medida de sua política financeira. fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão
É universal o princípio de que a escolha do objetivo da despe- ser feitas se atendidos os pressupostos constantes dos incisos I e II
sa pública envolve um ato político, referente à determinação das do art. 169 da CF.
necessidades públicas que deverão ser satisfeitas pelo processo do Por sua vez, o art. 38 do ADCT estabelece que até “a promulga-
serviço público. ção da lei complementar referida no art. 169, a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios não poderão despender com o
Despesa Pública e a Constituição Federal De 88 pessoal mais do que sessenta e cinco por cento do valor das respec-
A Constituição de 1988 demonstra que o constituinte se preo- tivas receitas correntes”.
cupou com o problema do limite da despesa pública. O parágrafo único do mesmo art. 38 determina que os mencio-
Assim, o art. 169 revela a preocupação do constituinte com a nados entes políticos, quando a respectiva despesa de pessoal ex-
limitação de despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Es- ceder o limite previsto no caput do artigo, deverão retornar àquele
tados do Distrito Federal e dos Municípios, que não poderá exceder limite, reduzindo o percentual excedente à razão de um quinto por
os limites estabelecidos em lei complementar. ano.
“Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os Espécies De Despesa Pública
limites estabelecidos em lei complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remu- Quanto à forma
neração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de a) Despesa em espécie, que constitui hoje a forma usual de sua
estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de execução, embora, como já se disse anteriormente, ainda existam
pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administra- alguns serviços públicos que não são remunerados pelo Estado;
ção direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas b) Despesa em natureza, forma que predominava na antiguida-
pelo poder público, só poderão ser feitas: de mas que hoje está praticamente abolida, embora ainda ocorra,
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para aten- como no caso de indenização pela desapropriação de imóvel rural
der às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela de- mediante títulos da dívida pública com cláusula de correção mone-
correntes; tária (CF, art.184);2)
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orça-
mentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de Quanto ao aspecto econômico em geral
economia mista. a) Despesa real ou de serviço é a efetivamente realizada pelo
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar refe- Estado em razão da utilização de bens e serviços particulares na sa-
rida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, se- tisfação de necessidades públicas, havendo uma amputação desses
rão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais bens ou serviços do setor privado em proveito do setor público;
ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que corresponde, pois, à vida dos serviços públicos e à atividade das
não observarem os referidos limites. administrações, caracterizando-se pela contraprestação que é feita
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base em favor do Estado;
neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida b) Despesa de transferência, que é aquela que é efetivada pelo
no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Estado sem que receba diretamente qualquer contraprestação a
adotarão as seguintes providências seu favor, tendo o propósito meramente redistributivo, já que o
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com dinheiro de uns se transfere para outros, como, por exemplo, no
cargos em comissão e funções de confiança; pagamento de pensões e de subvenções a atividades ou empresas
II - exoneração dos servidores não estáveis. privadas;
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior
não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determi- Quanto ao ambiente
nação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável a) Despesa interna é a feita para atender às necessidades de
poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada ordem interna do país e se realiza em moeda nacional e dentro do
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou uni- território nacional;
dade administrativa objeto da redução de pessoal. b) Despesa externa, que se realiza fora do país, em moeda es-
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo ante- trangeira e visa a liquidar dívidas externas;
rior fará jus a indenização correspondente a um mês de remunera-
ção por ano de serviço.

308
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Quanto à duração Quanto à competência


a) Despesa ordinária, que visa a atender às necessidades pú- a) Despesa federal, que visa a atender a fins e serviços da União
blicas estáveis, permanentes e periodicamente previstas no orça- Federal, em cujo orçamento está consignada;
mento, constituindo mesmo uma rotina no serviço público, como, b) Despesa estadual, que objetiva atender a fins e serviços do
por exemplo, a despesa relativa ao pagamento do funcionalismo Estado, estando fixada em seu orçamento;
público; c) Despesa municipal, que tem por finalidade atender a fins e
b) Despesa extraordinária, que objetiva satisfazer necessida- serviços do Município, sendo consignada no orçamento municipal;
des públicas acidentais, imprevisíveis e, portanto, não constantes
do orçamento, não apresentando, por outro lado, regularidade em Quanto ao fim
sua verificação, e estão mencionadas na Constituição Federal (art. a) Despesa de governo é a despesa pública própria e verdadei-
167, §3º) como sendo as despesas decorrentes de guerra, comoção ra, pois se destina à produção e à manutenção do serviço público,
interna ou calamidade pública, que por serem urgentes e inadiáveis estando enquadrados nesta categoria os gastos com os pagamentos
não podem esperar o processo prévio da autorização legal; dos funcionários, militares, magistrados, etc., à aplicação de rique-
c) Despesa especial, que tem por finalidade permitir o aten- zas na realização de obras públicas e emprego de materiais de ser-
dimento de necessidades públicas novas, surgidas no decorrer do viçoe à conservação do domínio público;
exercício financeiro e, portanto, após a aprovação do orçamento, b) Despesa de exercício é a que se destina à obtenção e utili-
embora não apresentem as características de imprevisibilidade e zação da receita, como a despesa para a administração do domínio
urgência; assim, dependem de prévia lei para a sua efetivação, sen- fiscal (fiscalização de terras, de bosques, das minas, manutenção
do de se citar, como exemplo, a despesa que o Estado é obrigado a de fábricas, etc.) e para a administração financeira (arrecadação e
fazer em decorrência de sentença judicial; fiscalização de receitas tributárias, serviço de dívida pública, com o
pagamento dos juros e amortização dos empréstimos contraídos).
Quanto à importância de que se revestem
a) Despesa necessária é aquela intransferível em face da neces- Classificação da Lei nº4.320/64
sidade pública, sendo sua efetivação provocada pela coletividade; Finalmente, deve ser mencionada a classificação adotada pela
b) Despesa útil é aquela que, embora não seja reclamada pela Lei nº 4.320, de 17/03/64, que estatui normas de direito financeiro
coletividade e não vise a atender necessidades públicas premen- para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,
tes,é feita pelo Estado para produzir uma utilidade à comunidade Estados, Municípios e Distrito Federal, tendo a referida lei procedi-
social, como as despesas de assistência social; portanto, à luz deste do à classificação com base nas diversas categorias econômicas da
critério, não se pode falar em despesa inútil, e mesmo as despesas despesa pública:
de guerra podem produzir uma utilidade, como a independência
nacional e a realização de unidade nacional, podendo, inclusive; I) Despesas correntes são aquelas que não enriquecem o patri-
esta utilidade ser de caráter econômico, pois o Estado quando evita mônio público e são necessárias à execução dos serviços públicos e
ou limita uma invasão ao seu território, impede ou diminui um pre- à vida do Estado, sendo, assim, verdadeiras despesas operacionais
juízo econômico. e economicamente improdutivas:
a) Despesas de custeio são aquelas que são feitas objetivan-
Quanto aos efeitos econômicos do assegurar o funcionamento dos serviços públicos, inclusive às
a) Despesa produtiva, que, além de satisfazer necessidades pú- destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens
blicas, enriquece o patrimônio do Estado ou aumenta a capacidade imóveis, recebendo o Estado, em contraprestação, bens e serviços
econômica do contribuinte, como as despesas referentes à constru- (art. 12, §12, e art. 13): Pessoal civil - Pessoal militar - Material de
ção de portos, estradas de ferro, etc.; consumo - Serviços de terceiros - Encargos diversos.
b) Despesa improdutiva é aquela que não gera um benefício de b) Despesas de transferências correntes são as que se limitam
ordem econômica em favor da coletividade; a criar rendimentos para os indivíduos, sem qualquer contrapresta-
ção direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e sub-
Quanto à mobilidade venções destinadas a atender à manifestação de outras entidades
a) Despesa fixa é aquela que consta do orçamento e é obrigató- de direito público ou privado, compreendendo todos os gastos sem
ria pela Constituição, não podendo ser alterada a não ser por uma aplicação governamental direta dos recursos de produção nacional
lei anterior, e não pode deixar de ser efetivada pelo Estado; de bens e serviços (art. 12, § 2º, Ebert. 13): Subvenções sociais -
b) Despesa variável é aquela que não é obrigatória pela Cons- Subvenções econômicas – Inativos – Pensionistas - Salário-família
tituição, sendo limitativa, isto é, o Poder Executivo fica obrigado a e Abono familiar - Juros da dívida pública - Contribuições de Previ-
respeitar seu limite, mas não imperativa; daí o Estado ter a faculda- dência Social - Diversas transferências correntes.
de de realizá-la ou não, dependendo de seus critérios administrati-
vo e de oportunidade, sendo de se citar, como exemplo, um auxílio II) Despesas de capital são as que determinam uma modifica-
pecuniário em favor de uma instituição de caridade, não gerando, ção do patrimônio público através de seu crescimento,sendo, pois,
por outro lado, direito subjetivo em favor do beneficiário; economicamente produtivas, e assim se dividem:
a) Despesas de investimentos são as que não revelam fins re-
produtivos (art. 12, § 42, e art. 13): Obras públicas - Serviços em
regime de programação especial - Equipamentos e instalações -
Material permanente -Participação em constituição ou aumento de
capital de empresas ou entidades industriais ou agrícolas.

309
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

b) Despesas de inversões financeiras são as que correspondem Como um corolário do princípio da legalidade da despesa pú-
a aplicações feitas pelo Estado e suscetíveis de lhe produzir rendas blica, a autoridade somente pode efetivar a despesa se for compe-
(art. 12, § 5º, e art. 13): - Aquisição de imóveis - Participação em tente para tal e se cinja ao limite e fim previstos na lei.
constituição ou aumento de capital de empresas ou entidades co-
merciais ou financeiras - Aquisição de títulos representativos de ca- Despesas de Exercícios Anteriores
pital de empresas em funcionamento - Constituição de fundos rota- O assunto está regulado pelo art. 37 da Lei nº 4.320/64, regu-
tivos - Concessão de empréstimos - Diversas inversões financeiras. lamentada pelo Decreto nº 93.872, de 23/12/86, que incorporou os
c) Despesas de transferências de capital são as que correspon- conceitos do Decreto nº 62.115, de 15/01/68.
dem a dotações para investimentos ou inversões financeiras a se- Além desse dispositivo, cada ente da Federação poderá regu-
rem realizadas por outras pessoas jurídicas de direito público ou lamentar a matéria visando atender às suas peculiaridades, desde
de direito privado, independentemente de contraprestação direta que, é evidente, observe os limites traçados pelo Diploma Legal.
em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou
contribuições, segundo derivem diretamente da lei de orçamento Conceito
ou de lei especial anterior, bem como dotações para amortização Despesas de Exercícios Anteriores são as dívidas resultantes de
da dívida pública (art. 12, § 6º, e art. 13): compromissos gerados em exercícios financeiros anteriores àqueles
- Amortização da dívida pública em que ocorreram os pagamentos.
- Auxílios para obras públicas O regime de competência exige que as despesas sejam conta-
- Auxílios para equipamentos e instalações bilizadas conforme o exercício a que pertençam, ou seja, em que
- Auxílios para inversões financeiras foram geradas. Se uma determinada despesa tiver origem, por
- Outras contribuições. exemplo, em 1987 e só foi reconhecida e paga em 1989, a sua con-
tabilização deverá ser feita à “Conta de Despesas de Exercícios An-
Princípios Da Legalidade Da Despesa Pública teriores” para evidenciar o regime do exercício.

Noções Gerais Ocorrência


A despesa pública somente pode ser realizada mediante prévia Poderão ser pagas à conta de despesas de exercício anteriores,
autorização legal, conforme prescrevem os arts. 165, § 8º, e 167, I, mediante autorização do ordenador de despesa, respeitada a cate-
II, V, VI e VII da Constituição Federal. goria econômica própria:
Tal regra aplica-se inclusive às despesas que são objeto de cré- a) as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orça-
ditos adicionais e visam a atender a necessidades novas, não pre- mento respectivo consignava crédito próprio com saldo suficiente
vistas (créditos especiais), ou insuficientemente previstas no orça- para atendê-las, que não se tenham processado na época própria;
mento (créditos suplementares), em razão do disposto no art. 167, assim entendidas aquelas cujo empenho tenha sido considerado
V, da CF. insubsistente e anulado no encerramento do exercício correspon-
dente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cum-
As Despesas Ordinárias prido sua obrigação;
São aquelas que visam a atender a necessidades públicas está- b) os restos a pagar com prescrição interrompida; retomando a
veis, permanentes, que têm um caráter de periodicidade, e sejam situação descrita no item precedente, na hipótese de o administra-
previstas e autorizadas no orçamento, como o pagamento do fun- dor público, entretanto, optar por manter o empenho correspon-
cionalismo público. dente, inscrevendo-o em restos a pagar, também é possível, por
Daí, se tais despesas não foram previstas, ou foram insuficien- razões diversas, que o fornecedor não implemente a prestação que
temente previstas, a sua execução dependerá também da prévia se obrigou durante todo o transcorrer do exercício seguinte. Nessa
autorização do Poder Legislativo. hipótese, o administrador público poderá cancelar o valor inscrito.
Tal exigência justifica-se plenamente, pois caso o Poder Execu- Se assim ocorrer, o valor que vier a ser reclamado no futuro
tivo pudesse livremente aumentar as despesas a votação do orça- pelo fornecedor, também poderá ser reempenhado à conta de Des-
mento pelo Poder Legislativo não passaria, segundo Gaston Jèze, de pesas de Exercícios Anteriores ; e
uma formalidade meramente ilusória. c) os compromissos decorrentes de obrigação de pagamento
criada em virtude de lei e reconhecidos após o encerramento do
As Despesas Extraordinárias exercício - em dadas situações, alguns compromissos são reconhe-
A exigência da prévia autorização legal não se aplica a estas, cidos pelo administrador público após o término do exercício em
porque sendo urgentes e imprevisíveis, não admitem delongas na que foram gerados. Um bom exemplo dessas situações é o caso
sua satisfação, como as decorrentes de calamidade pública, como- de um servidor público cujo filho tenha nascido em dezembro de
ção interna e guerra externa (CF, art. 167, § 3º). um ano qualquer mas que somente veio a solicitar o benefício do
Nestes casos, a autoridade realizará a despesa, cabendo ao Po- salário-família em janeiro do ano subsequente. Para proceder ao
der Legislativo ratificá-la ou não (Lei nº 4.320/64, art. 44). pagamento das despesas relativas ao mês de dezembro, é preci-
Observe-se que a autoridade pública deve ter muito cuidado so, primeiramente, reconhecê-las e, após, empenhá-las à conta de
na efetivação de tais despesas, uma vez que ficará sujeita a sanções, Despesas de Exercícios Anteriores. Tais despesas, portanto, sofrem
caso realize uma despesa considerando-a como extraordinária, sem o empenho pela primeira vez, diferentemente das outras duas situ-
que a necessidade pública atendida se revista das características ações apontadas, cujos objetos já sofreram empenhos no passado.
exigidas. Quanto às despesas relativas ao mês de janeiro e seguintes, serão
empenhadas no elemento de despesa correspondente.

310
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Pode-se citar como exemplo dessa última situação: o caso de O artigo 37 da Lei nº 4.320/64 dispõe que as despesas de exer-
um servidor, cujo filho tenha nascido em setembro e somente re- cícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava
quereu o benefício do salário-família em março do ano seguinte. crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se
As despesas referentes aos meses de setembro a dezembro irão à tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar
conta de despesas de exercícios anteriores, classificados, como de com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após
transferências correntes; as dos demais meses no elemento de des- o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à
pesa próprio. A promoção de um funcionário com data retroativa e conta de dotação específica consignada no orçamento, discrimina-
que alcance anos anteriores ao exercício financeiro, também é caso da por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cro-
de despesa de exercícios anteriores. nológica.
O reconhecimento da obrigação de pagamento das despesas
Formalização com exercícios anteriores cabe à autoridade competente para em-
Constituem elementos próprios e essenciais à instrução do penhar a despesa.
processo relativo a despesas de exercícios anteriores, para fins de As despesas que não se tenham processado na época própria
autorização do pagamento: são aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e
a) nome do credor, CGC/CPF e endereço; anulado no encerramento do exercício correspondente, mas que,
b) importância a pagar; dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cumprido sua obri-
c) data do vencimento do compromisso; gação. Os restos a pagar com prescrição interrompida são aqueles
d) causa da inobservância do empenho prévio de despesa; cancelados, mas ainda vigente o direito do credor.
e) indicação do nome do ordenador da despesa à época do fato Os compromissos reconhecidos após o encerramento do exer-
gerador do compromisso; e cício são aqueles cuja obrigação de pagamento foi criada em virtu-
f) reconhecimento expresso do atual ordenador de despesa. de de lei, mas somente reconhecido o direito do reclamante após o
encerramento do exercício correspondente.
Prescrição Portanto, Suprimento de Fundos consiste na entrega de nu-
As dívidas de exercícios anteriores, que dependam de reque- merário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação
rimento do favorecido, prescrevem em 05 (cinco) anos, contados própria, para o fim de realizar despesas que não possam subordi-
da data do ato ou fato que tiver dado origem ao respectivo direito. nar-se ao processo normal de aplicação. Os artigos 68 e 69 da Lei
O início do período da dívida corresponde à data constante do nº 4.320/1964 definem e estabelecem regras gerais de observância
fato gerador do direito, não devendo ser considerado, para fins de obrigatória para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios apli-
prescrição quinquenal, o tempo de tramitação burocrática e o de cáveis ao regime de adiantamento. Segundo a Lei nº 4.320/1964,
providências administrativas a que estiver sujeito o processo. não se pode efetuar adiantamento a servidor em alcance e nem a
responsável por dois adiantamentos.
Consoante doutrina dominante, o dispositivo em causa foi in- Por servidor em alcance, entende-se aquele que não efetuou,
serido no texto da referida lei a fim de se tentar coibir a prática no prazo, a comprovação dos recursos recebidos ou que, caso tenha
(comum entre nós) de, a cada virada de mandato, os governantes apresentado a prestação de contas dos recursos, a mesma tenha
transferirem para seus sucessores dívidas constituídas no último sido impugnada total ou parcialmente.
ano de seus mandatos. A partir da Lei de Responsabilidade Fiscal,
mencionada prática, a princípio, deveria ter sido obstada ante à Cada ente da federação deve regulamentar o seu regime de
proibição legal. Dizemos “deveria” porque o que se observa é que adiantamento, observando as peculiaridades de seu sistema de
muitos governantes, a fim de fugirem ao regramento em referência, controle interno, de forma a garantir a correta aplicação do dinheiro
passaram a incorporar a prática (nociva) de cancelar os empenhos público. Destacam-se algumas regras estabelecidas para esse regi-
emitidos em sua gestão deixando tão-somente, no último ano de me:
seus mandatos, aqueles com suficiente disponibilidade financeira. a) O suprimento de fundos deve ser utilizado nos seguintes ca-
Com tal prática, acabam “atendendo” ao comando legal, mas con- sos:
tinuando a transferir as dívidas por eles constituídas a seus suces- - Para atender despesas de pequeno vulto. (item I, do art. 2º do
sores. Decreto Estadual nº 1.180/08);
- Para atender despesas eventuais, inclusive em viagens e com
SUPRIMENTO DE FUNDOS serviços especiais, que exijam pronto pagamento em espécie. (item
O suprimento de fundos (também denominado de regime de II, do art. 2º do Decreto Estadual nº 1.180/08);
adiantamento) é caracterizado por ser um adiantamento de valores - Para atender despesas de caráter secreto ou reservado, reali-
a um servidor para futura prestação de contas. Esse adiantamento zadas pela Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Estado de
constitui despesa orçamentária, ou seja, para conceder o recurso Justiça e Direitos Humanos, pelo Gabinete da Governadoria ou pela
ao suprido é necessário percorrer os três estágios da despesa orça- Casa Militar, conforme dispuser regulamento. (item II, do art. 2º do
mentária: empenho, liquidação e pagamento. Decreto Estadual nº 1.180/08).
Apesar disso, não representa uma despesa pelo enfoque pa- Despesas de pequeno vulto devem ser entendidas como des-
trimonial, pois no momento da concessão não ocorre redução no pesas não rotineiras ou normais, cujo valor do suprimento não
patrimônio líquido. Na liquidação da despesa orçamentária, ao poderá exceder a R$-2.000,00(dois mil reais) e cujo comprovante
mesmo tempo em que ocorre o registro de um passivo, há também de despesa não poderá ultrapassar o valor de R$-200,00(duzentos
a incorporação de um ativo, que representa o direito de receber um reais), consoante preveem as alíneas “a” e “b” do §1º do art. 2º do
bem ou serviço, objeto do gasto a ser efetuado pelo suprido, ou a Decreto Estadual nº 1.180/08, como por exemplo gastos com pos-
devolução do numerário adiantado.

311
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

tagem e autenticação de documentos, reconhecimento de firmas, D) PRAZO PARA APLICAÇÃO E PRESTAÇÃO DE CONTAS
confecção de carimbos, pequenos reparos etc., desde que não aco- Para prestação de contas do Suprimento de Fundos o prazo é
bertados por contratos. de até15(quinze) dias após o período de aplicação.
É importante esclarecer que quando se solicita suprimento
de fundos para pagamento de despesas de pequeno vulto deve- NOTA: Os suprimentos de fundos concedidos no mês de de-
-se sempre atestar a falta momentânea dos materiais a adquirir ou zembro devem ser aplicados até o dia 31 deste mês, não podendo
a necessidade imperiosa de contratação do serviço, encontrando em nenhuma hipótese ser utilizados no exercício financeiro seguin-
o seu limite para cada comprovante de despesa no valor de R$- te. A recomendação é que, caso haja saldo, o suprido o deposite
200,00. na conta da instituição, sob pena de ter que devolver o numerário
Sendo assim, o suprimento de fundos é um instrumento de gasto em desacordo com a legislação.
exceção ao qual pode recorrer o Ordenador de Despesas, em situa-
ções que não permitam o processo normal de execução da despesa E) FORMA DE CONCESSÃO
pública, isto é, licitação, dispensa ou inexigibilidade, empenho, li- Será concedido através de Portaria assinada pelo Ordenador de
quidação e pagamento, Por isso, é recomendável muita prudência Despesas e publicada no Diário Oficial do Estado, emitida em nome
na sua concessão, no sentido de evitar a generalização do seu uso. do servidor sempre precedida de Nota de Empenho, onde irá cons-
tar o nome completo, posto ou graduação, cargo ou função e matrí-
b) Não se concederá suprimento de fundos: cula do suprido; destinação ou a finalidade da despesa a realizar; o
I. A responsável por dois suprimentos; valor do suprimento, em algarismos e por extenso, da importância
II. A servidor que tenha a seu cargo a guarda ou utilização do a ser entregue; a classificação funcional e a natureza de despesa;
material a adquirir, salvo quando não houver na repartição outro prazo de aplicação e prestação de contas.
servidor;
III. A responsável por suprimento de fundos que, esgotado o F) ELEMENTOS DE DESPESA QUE PODEM SER UTILIZADOS
prazo, não tenha prestado contas de sua aplicação; e O suprimento de fundos será concedido nos seguintes elemen-
IV. A servidor declarado em alcance. tos de despesa:
3390.30 – Material de Consumo;
Quando do seu uso, é necessário observar o seguinte: 3390.36 – Serviços de Terceiros/Pessoa Física;
A) NA AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE CONSUMO 3390.39 – Serviços de Terceiros/Pessoa Jurídica;
- Inexistência de fornecedor contratado/registrado. Atualmen- 339033 – Passagem e Locomoção.
te, com a possibilidade de registrar-se preços - Ata de Registro de
Preços, é possível ter fornecedores registrados para a grande maio- NOTA: A aplicação de suprimentos de fundos em elemento de
ria das necessidades de material de consumo da unidade; despesa diverso dos que foram citados acima, como, por exemplo,
- Se não se trata de aquisições de um mesmo objeto, passíveis para aquisição de Equipamentos ou Material Permanente (339052)
de planejamento, e que ao longo do exercício possam vir a ser ca- constitui irregularidade insanável, estando o suprido obrigado a de-
racterizadas como fracionamento de despesa e, consequentemen- volver o recurso gasto incorretamente. Por isso, quando o suprido
te, como fuga ao processo licitatório; e esteja em dúvida quanto à classificação correta do material a adqui-
- Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às ativi- rir, recomendamos que antes de realizar a compra, procure obter
dades da unidade e, como é óbvio, se servem ao interesse público. informações junto à Coordenação de Prestação de Contas – CPC, ao
Departamento de Administração de Recursos Materiais – DARM ou
B) NA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS à Coordenação de Controle Interno.
- Inexistência de cobertura contratual; Da mesma forma terá a prestação de contas impugnada, isto
- Se não se trata de contratações de um mesmo objeto, pas- é, considerada IRREGULAR, não sujeita à aprovação pelo Ordena-
síveis de planejamento, e que ao longo do exercício possam vir a dor de Despesas, o suprido que utilizar recurso de uma rubrica para
ser caracterizadas como fracionamento de despesa e, consequen- pagamento de produto ou serviço classificado em outra. Por exem-
temente, como fuga ao processo licitatório; e plo, utilizar recurso da rubrica 339039(Serviços de Terceiro Pessoa
- Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às ativi- Jurídica) pagar despesas classificadas na rubrica339030 (Material
dades da unidade e, como é óbvio, se servem ao interesse público; de Consumo). Portanto, a recomendação é que se evite terminan-
temente este tipo de prática.
C) LIMITES PARA CONCESSÃO
Os limites para concessão de Suprimento de Fundos são os se- G) SERVIDOR IMPEDIDO DE RECEBER
guintes, de acordo com o Decreto Estadual nº 1.180/08: a) Responsável por dois Suprimentos de Fundos ainda não
comprovados;
b) Declarado em alcance, assim entendido aquele que tenha
VALOR (EM
TIPO DE DESPESA DISPOSITIVO LEGAL cometido apropriação indevida, extravio, desvio ou falta verificada
R$)
na prestação de contas, de dinheiro ou valores confiados à sua guar-
Art. 2º, item I, §1º, da;
Até 2.000,00 Pequeno Vulto
alínea “a”. c) Que esteja respondendo a inquérito administrativo;
Art. 2º, item I, §1º, d) Que exerça as funções de Ordenador de Despesas;
Até 4.000,00 Despesas Eventuais e) Responsável pelo setor financeiro;
alínea “b”.
f) Que esteja de licença, férias ou afastado.

312
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

H)DOCUMENTOS QUE DEVEM COMPOR A PRESTAÇÃO DE CON- Registro de passivos sem execução orçamentária
TAS A característica fundamental da despesa orçamentária é de ser
O processo de comprovação de suprimento de fundos deve ser precedida de autorização legislativa, por meio do orçamento.
organizado com os documentos comprobatórios da efetivação da A Constituição Federal veda, no inciso II do artigo 167, a realiza-
despesa em ordem cronológica e com a rubrica do responsável pelo ção de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam
referido suprimento, contendo as seguintes peças e nesta ordem: os créditos orçamentários ou adicionais.
a) Memorando de encaminhamento da prestação de contas; Não obstante a exigência constitucional, para evidenciar a real
b) Cópia da Portaria de concessão do Suprimento de Fundos; situação patrimonial da entidade, todos os fatos devem ser registra-
c) Cópia da Ordem de Saque ou do extrato bancário; dos na sua totalidade e no momento em que ocorrerem.
d) Demonstrativos de Comprovação do Suprimento de Fundos, Assim, mesmo pendente de autorização legislativa, deve haver
preenchidos de acordo com o elemento de despesa; o reconhecimento de obrigação pelo enfoque patrimonial no mo-
e) Originais dos documentos comprobatórios da despesa (No- mento do fato gerador, observando-se o regime de competência e
tas Fiscais de vendas, Notas Fiscais de prestação de serviços – pes- da oportunidade da despesa, conforme estabelece a Resolução do
soa jurídica, faturas e recibos de pessoas físicas) sem emendas, ra- Conselho Federal de Contabilidade nº 750/93 que trata dos Princí-
suras, acréscimos ou entrelinhas; pios Fundamentais de Contabilidade. Como apresentado no início
f) Cópia da Guia de Recolhimento (GR) do saldo não aplicado deste Manual, o Princípio da Competência estabelece que as despe-
(se houver). sas deverão ser incluídas na apuração do resultado do período em
que ocorrerem, independentemente do pagamento e o Princípio
É importante frisar que os documentos fiscais deverão obser- da Oportunidade dispõe que os registros no patrimônio e das suas
var ainda as seguintes exigências: mutações devem ocorrer de imediato e com a extensão correta, in-
a) Serem emitidos em nome da UEPA por quem forneceu o ma- dependentemente das causas que as originaram.
terial ou prestou o serviço; O momento de reconhecimento da despesa por competência
b) Serem obrigatoriamente emitidos sempre igual ou posterior também foi adotado pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, no
à data da concessão do suprimento de fundos; inciso II, do artigo 50, reforçando entendimento patrimonialista so-
c) Conterem o detalhamento do material fornecido ou do ser- bre a utilização da ocorrência do fato gerador como o momento
viço prestado (discriminação da quantidade de produto ou serviço), determinante para o registro da despesa.
evitando generalizações ou abreviaturas que impeçam o conheci- A LRF também determina que o Anexo de Metas Fiscais de-
mento da natureza das despesas e da unidade fornecida. monstre a real evolução do patrimônio líquido do exercício e dos
últimos três.
I) ATESTO DOS COMPROVANTES DE DESPESAS Para que essa informação seja útil e confiável é necessário que
Para comprovar o efetivo recebimento do material e da presta- os lançamentos observem os Princípios Fundamentais de Contabi-
ção de serviço no que concerne à quantidade e à qualidade adqui- lidade.
rida, os comprovantes de despesas deverão ser atestados por servi- Portanto, ocorrendo o fato gerador de uma despesa e não ha-
dor suficientemente identificado (cargo, função, assinatura legível) vendo dotação no orçamento, a contabilidade, em observância aos
que não seja necessariamente o suprido. Princípios Fundamentais de Contabilidade e às legislações citadas,
deverá registrá-la no sistema patrimonial.
J) IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO O reconhecimento dessa despesa ocorrerá com a incorporação
São consideradas irregularidades na aplicação e comprovação de passivo em contrapartida ao registro no Sistema Patrimonial de
de recursos liberados a título de suprimento de fundos: variação passiva.
a) Qualquer despesa realizada anteriormente ou posterior ao Ressalta-se que esse passivo pertence ao Sistema Patrimonial,
prazo de aplicação; portanto depende de autorização legislativa para amortização.
b) Quando forem aplicados em projeto ou atividade incompatí- No momento do registro da despesa orçamentária, o passivo
veis com a finalidade de sua concessão; patrimonial deve ser baixado em contrapartida de variação ativa
c) Quando forem aplicados em desacordo com o elemento de patrimonial. Simultaneamente, ocorre o registro de passivo cor-
despesa especificado no ato da concessão e na Nota de Empenho; respondente no Sistema Financeiro em contrapartida da despesa
d) Quando aplicado em outro exercício financeiro do ato con- orçamentária, em substituição ao passivo do Sistema Patrimonial.
cessivo; Logo, tendo ocorrido a contraprestação de bens e serviços ou
e) Quando constatado o parcelamento de despesa na aplica- qualquer outra situação que enseje obrigação a pagar para uma
ção do numerário, ou seja, a soma das Notas Fiscais com o mesmo determinada unidade gestora, mesmo sem previsão orçamentária,
objeto; esta deverá registrar o passivo correspondente, sem prejuízo das
f) Realizar os pagamentos que não seja em dinheiro e à vista, possíveis responsabilidades e providências previstas na legislação,
dada a vedação legal para aquisição/contratação a prazo. inclusive as citadas pela Lei de Crimes Fiscais.
Caso o crédito orçamentário conste em orçamento de exer-
Se configurada alguma das situações acima previstas, o suprido cício posterior à ocorrência do fato gerador da obrigação, deverá
terá que devolver o numerário gasto em desacordo com as normas ser utilizada natureza de despesa com elemento 92 – Despesas de
legais, independentemente de outras sanções disciplinares cabí- Exercícios Anteriores, em cumprimento à Portaria Interministerial
veis. STN/SOF nº 163/01 e ao artigo 37 da Lei nº4.320/1964, que dispõe:

313
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

“Art. 37.As despesas de exercícios encerrados, para os quais o quais despesas devem ser inscritas em Restos a Pagar, anulam-se as
orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo sufi- demais e inscrevem-se os Restos a Pagar não processados do exer-
ciente para atendê-las, que não se tenham processados na época cício.
própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida No momento do pagamento de Restos a Pagar referente à des-
e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício pesa empenhada pelo valor estimado, verifica-se se existe diferença
correspondente, poderão ser pagos à conta de dotação específica entre o valor da despesa inscrita e o valor real a ser pago; se existir
consignada no orçamento, discriminada por elemento, obedecida, diferença, procede-se da seguinte forma:
sempre que possível, a ordem cronológica.” Se o valor real a ser pago for superior ao valor inscrito, a di-
A falta de registro de obrigações oriundas de despesas já in- ferença deverá ser empenhada a conta de despesas de exercícios
corridas resultará em demonstrações incompatíveis com as normas anteriores;
de contabilidade, além da geração de informações incompletas em Se o valor real for inferior ao valor inscrito, o saldo existente
demonstrativos exigidos pela LRF, a exemplo do Demonstrativo da deverá ser cancelado.
Dívida Consolidada Líquida, tendo como consequência análise dis- A inscrição de Restos a Pagar deve observar aos limites e condi-
torcida da situação fiscal e patrimonial do ente. ções de modo a prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar
o equilíbrio das contas públicas, conforme estabelecido na Lei de
RESTOS A PAGAR Responsabilidade Fiscal – LRF.
No final do exercício, as despesas orçamentárias empenhadas e A LRF determina ainda, em seu artigo 42, que qualquer despesa
não pagas serão inscritas em Restos a Pagar e constituirão a Dívida empenhada nos últimos oito meses do mandato deve ser totalmen-
Flutuante. te paga no exercício, acabando por vetar sua inscrição ou parte dela
Podem-se distinguir dois tipos de Restos a Pagar, os Processa- em Restos a Pagar, a não ser que haja suficiente disponibilidade de
dos e os Não processados. caixa para viabilizar seu correspondente pagamento.
Os Restos a Pagar Processados são aqueles em que a despesa
orçamentária percorreu os estágios de empenho e liquidação, res- Observa-se que, embora a Lei de Responsabilidade Fiscal não
tando pendente, apenas, o estágio do pagamento. aborde o mérito do que pode ou não ser inscrito em Restos a Pagar,
Os Restos a Pagar Processados não podem ser cancelados, veda contrair obrigação no último ano do mandato do governante
tendo em vista que o fornecedor de bens/serviços cumpriu com a sem que exista a respectiva cobertura financeira, eliminando desta
obrigação de fazer e a administração não poderá deixar de cumprir forma as heranças fiscais, conforme disposto no seu artigo 42:
coma obrigação de pagar sob pena de estar deixando de cumprir os “Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art.
Princípios da Moralidade que rege a Administração Pública e está 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obri-
previsto no artigo 37 da Constituição Federal, abaixo transcrito. gação de despesa que não possa ser cumprida integralmente den-
O cancelamento caracteriza, inclusive, forma de enriquecimen- tro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte
to ilícito, conforme Parecer nº 401/2000 da Procuradoria-Geral da sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.
Fazenda Nacional. Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pa-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- gar até o final do exercício.”
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”. É prudente que a inscrição de despesas orçamentárias em Res-
tos a Pagar não processados observe a disponibilidade de caixa e a
Somente poderão ser inscritas em Restos a Pagar as despesas competência da despesa.
de competência do exercício financeiro, considerando-se como des- Reconhecimento da despesa orçamentária inscrita em restos a
pesa liquidada aquela em que o serviço, obra ou material contra- pagar não processados no encerramento do exercício.
tado tenha sido prestado ou entregue e aceito pelo contratante, e A norma legal estabeleceu que, no encerramento do exercício,
não liquidada, mas de competência do exercício, aquela em que o a parcela da despesa orçamentária que se encontrar em qualquer
serviço ou material contratado tenha sido prestado ou entregue e fase de execução posterior à emissão do Empenho e anterior ao
que se encontre, em 31 de dezembro de cada exercício financeiro, Pagamento será considerada restos a pagar.
em fase de verificação do direito adquirido pelo credor ou quando o O raciocínio implícito na lei é de que a receita orçamentária
prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor estiver a ser utilizada para pagamento da despesa empenhada em deter-
vigente. minado exercício já foi arrecadada ou ainda será arrecadada no
Observando-se o Princípio da Anualidade Orçamentária, as par- mesmo ano e estará disponível no caixa do governo ainda neste
celas dos contratos e convênios somente deverão ser empenhadas exercício.
e contabilizadas no exercício financeiro se a execução for realizada Logo, como a receita orçamentária que ampara o empenho
até 31 de dezembro ou se o prazo para cumprimento da obrigação pertence ao exercício e serviu de base, dentro do princípio orça-
assumida pelo credor estiver vigente. mentário do equilíbrio, para a fixação da despesa orçamentária au-
As parcelas remanescentes deverão ser registradas nas Contas torizada pelo congresso, a despesa que for empenhada com base
de Compensação e incluídas na previsão orçamentária para o exer- nesse crédito orçamentário também deverá pertencer ao exercício.
cício financeiro em que estiver prevista a competência da despesa. Supondo que determinada receita tenha sido arrecadada e
A inscrição de despesa em Restos a Pagar não processados é permaneça no caixa, portanto, integrando o ativo financeiro do
procedida após a depuração das despesas pela anulação de empe- ente público no final do exercício.
nhos, no exercício financeiro de sua emissão, ou seja, verificam-se

314
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Existindo concomitantemente uma despesa empenhada, que criou para o estado uma obrigação pendente do cumprimento do pro-
gramo de condição, terá que ser registrada também numa conta de passivo financeiro, senão o ente público estará apresentando em seu
balanço patrimonial, ao final do exercício, superávit financeiro (ativo financeiro – passivo financeiro), que poderia ser objeto de abertura
de crédito adicional no ano seguinte na forma prevista na lei.
No entanto, a receita que permaneceu no caixa na virada do exercício já está comprometida com o empenho que foi inscrito em restos
a pagar e, portanto, não poderia ser utilizada para abertura de novo crédito.
Dessa forma, o registro do passivo financeiro é inevitável, mesmo não se tratando de um passivo consumado, pois falta o cumprimen-
to do programo de condição, mas por força do artigo 35 da Lei 4.320/1964 e da apuração do superávit financeiro tem que ser registrado.
Assim, suponha os seguintes fatos a serem registrados na contabilidade de um determinado ente público:
1) recebimento de receitas tributárias no valor de $1000 unidades monetárias
2) empenho da despesa no valor de $900 unidades monetárias
3) liquidação de despesa corrente no valor de $ 700 unidades monetárias
4) pagamento da despesa no valor de $ 400
5) inscrição de restos a pagar, sendo $300 de restos a pagar processado ($700-$400) e $200de restos a apagar não processado ($900-
700).
O ingresso no caixa será registrado no sistema financeiro em contrapartida de receita orçamentária.
(1). O empenho da despesa é um ato que potencialmente poderá afetar o patrimônio após o cumprimento do implemento de condi-
ção e a verificação do direito adquirido pelo credor,devendo então ser registrado no ativo e passivo compensado
(2).O reconhecimento da despesa orçamentária ao longo do exercício deve ser realizado no momento da liquidação, em contrapartida
da assunção de uma obrigação a pagar (passivo)
(3). Ao efetuar o pagamento de parte da despesa liquidada o saldo na conta movimento diminuirá no mesmo valor da diminuição do
passivo.
(4). Registrando de forma simplificada as operações na contabilidade do ente teríamos a seguinte apresentação das contas num ba-
lancete

2 – PASSIVO
Fornecedores – 700 (C)
1 – ATIVO
(3)
Conta Movimento – 1.000
400 (D) (4)
(D) (1)
Saldo –300 (C)
400 (C) (4)
2.9 – PASSIVO COMPEN-
Saldo – 600 (D)
SADO
1.9 – ATIVO COMPENSADO
Empenhos a Liquidar – R$
Crédito Disponível –
900 (C) (2)
R$900 (D) (2)
3 – DESPESA
4 – RECEITA
Despesa Corrente – 700 (D)
Receitas Tributárias –
(3)
1.000 (C) (1)
Total 2.200 (C) (1+2+3+4)
Total 2.200 (D)
(1+2+3+4)

Se ao final do exercício somente existiram essas operações serão inscritos em restos a pagar a despesa empenhada e não paga ($900-
$400), separando-se a liquidada da não liquidada.
Assim o total de restos a pagar inscrito será de $500, sendo $300 ($700-400) referente a restos a pagar processados (liquidados) e
$200 ($900-$700) restos a apagar não processado (liquidado).
Os restos apagar processado já está registrado no passivo financeiro em contrapartida da despesa ($700), resta agora registrar a ins-
crição de restos a pagar não processado.

Verifica-se que na situação anterior ao momento da inscrição dos restos a pagar, o ente está apresentando um superávit financeiro
(ativo financeiro - passivo financeiro) de $300 ($600-$300), pois possui saldo na conta movimento de $600 e passivo com fornecedores de
$300. No entanto, do total empenhado ($900) permanecem ($200) que ainda não foram liquidados até o final do exercício, mas que tem
um compromisso assumido entre o ente e o fornecedor.

315
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Assim, o superávit financeiro real não é de $300, mas de $100, pois parte do saldo de caixa está comprometido com o empenho que
está a liquidar. Dessa forma, a contabilidade deve reconhecer um passivo financeiro quando da inscrição do resto a pagar não processado,
em contrapartida de despesa, como foi explicado anteriormente.

1. ATIVO 2. PASSIVO 300 (C)


600 (C) 200 (C)
Conta Movimento Fornecedores 500(C)
(5) Saldo
1.9 Ativo Compensado 900 (C)
2.9 Passivo Compensado 900 (D)
Empenhos a Liquidar
700 (D) Crédito Disponível
3. Despesa 200 (D)
Despesa Corrente 900 (D) 4 -Receita 1.000 (C)
(5) Receitas Tributárias
Saldo Total
2400 (D)
Total

(5) Agora, após o lançamento da inscrição do restos a pagar não processado o superávit financeiro será de $100 (Saldo Conta Movimento
– Saldo Fornecedores), ou seja, a contabilidade informa para o gestor que somente $100 unidades monetárias estão livres para consecução de
novas despesas, a partir da abertura de novos créditos orçamentários, pois o empenho não liquidado é um compromisso assumido que só de-
pende agora do cumprimento do implemento de condição por parte do fornecedor, que quando acontecer deverá ser reconhecido pela entidade
e registrado na contabilidade para posterior pagamento com a receita ingressada no ano anterior, ou seja, no mesmo exercício da despesa.
O Balanço Financeiro simplificado ao final do exercício em cumprimento ao artigo 103 da Lei4.320/1964 será:

INGRESSOS 1.000 DISPÊNDIOS 400


500
Receita Orçamentária (Saldo Atual) 300 Despesa Orçamentária
200 (Saldo Atual)
Inscrição de Restos A Pagar (Saldo
Atual) Paga 600
0 Não Paga
Processados (Fornecedor)
Não processados Disponível saldo atual 1.500
1.500
Disponível (Saldo Anterior) Total

Total

Ao determinar que, no final do exercício, fosse reconhecida como despesa orçamentária aquela empenhada, independentemente de
sua liquidação, observa-se claramente que o legislador deu mais importância ao princípio da legalidade da despesa e da anualidade do
Orçamento, em detrimento do registro da despesa sob o regime da competência restrita.
Porém, para atender ao Princípio da Competência e aos Princípios da Legalidade da Despesa e da Anualidade do Orçamento, é neces-
sário fazer alguns ajustes no encerramento do exercício, a saber:
Com o objetivo de evitar demonstrar um superávit financeiro inexistente, que pode ser utilizado para abertura de créditos adicionais
sem lastro, comprometendo a situação financeira do ente, é recomendável que se proceda a execução da despesa orçamentária mesmo
faltando o cumprimento do implemento de condição.
Tal procedimento é concebido mediante o registro da despesa orçamentária em contrapartida com uma conta de passivo no sistema
financeiro. Observa-se que tal registro criou um passivo “fictício” e, portanto, deve-se registrar, simultaneamente, uma conta redutora
deste passivo, no sistema patrimonial.

CONTA ÚNICA DO TESOURO


A Conta Única do Tesouro Nacional, mantida no Banco Central do Brasil, acolhe todas as disponibilidades financeiras da União, inclu-
sive fundos, de suas autarquias e fundações.
Constitui importante instrumento de controle das finanças públicas, uma vez que permite a racionalização da administração dos recur-
sos financeiros, reduzindo a pressão sobre a caixa do Tesouro, além de agilizar os processos de transferência e descentralização financeira
e os pagamentos a terceiros.

316
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que promoveu a organização da Administração Federal e estabeleceu as diretrizes
para Reforma Administrativa, determinou ao Ministério da Fazenda que implementasse a unificação dos recursos movimentados pelo
Tesouro Nacional, através de sua Caixa junto ao agente financeiro da União, de forma a garantir maior economia operacional e a raciona-
lização dos procedimentos relativos a execução da programação financeira de desembolso.
Tal determinação legal só foi integralmente cumprida com a promulgação da Constituição de 1988, quando todas as disponibilidades
do Tesouro Nacional, existentes nos diversos agentes financeiros, foram transferidas para o Banco Central do Brasil, em Conta Única cen-
tralizada, exercendo o Banco do Brasil a função de agente financeiro do Tesouro.
As regras dispondo sobre a unificação dos recursos do Tesouro Nacional em Conta Única foram estabelecidas pelo Decreto nº. 93.872,
de 23 de dezembro de 1986.

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL. CONCEITOS E OBJETIVOS. PLANEJAMENTO

Estamos aqui falando da Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê um mecanismo para melhor controlar as contas publicas, impondo
mais rigor nas ações do governo no tocante à contrair empréstimos ou dividas, proporcionando mais fiscalização e transparência.
Quanto aos seus princípios, o quadro abaixo mostra cada um deles com sua respectiva descrição.

Planejamento
Outro ponto importante da Lei é sobre o planejamento. Ela busca enfatizar o papel dessa função, vinculando inclusive o planejamento
à execução do gasto publico, e para isso, aponta alguns instrumentos que permitem o planejamento do gasto publico, dentre eles o PPA,
a LDO e LOA.

LDO (art. 4°) - Requisitos/Funções da LDO além do disposto no art. 165, §2°, CF/88
· Equilíbrio entre receitas e despesas
· Critérios e Forma da Limitação de Empenho (art. 9°,II, “ b” e art. 31, §1°, II)
· Condições/Exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas, além das contidas na CF/88 e na LRF (vide art.
25, §1° - transferências voluntárias e art. 26, caput, - destinação de recursos para o setor privado).
· Anexo de Metas Fiscais (art. 4°, §1° - exercício de referência + 2 seguintes)
· Anexo de Riscos Fiscais (art. 4°, §3°) - Riscos capazes de afetar as contas públicas
· Definição da forma de utilização e do montante, em percentual da RCL, da Reserva de Contingência, com base na análise dos riscos
fiscais.
· Condições para renúncia de receitas (art. 14, caput)
· Autorização para os municípios contribuírem para o custeio de despesas de competência de outros entes federados (art. 62)

317
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

LOA (art. 5°) Dívida e endividamento


· compatibilidade com o PPA e da LDO (art. 5°, caput) Dívida consolidada ou fundada: prazo de amortização superior
· reserva de contingência (art. 5°, III) a 12 meses (art. 29, I) (REGRA)
· vedação à consignação na LOA de crédito com finalidade im- · No caso da União, os títulos de responsabilidade do BACEN
precisa ou dotação ilimitada (art. 5°, §4°) estão incluídos (art. 29, §2°)
· Op. Crédito com prazo inferior a 12 meses cujas receitas te-
Receita Pública nham constado do orçamento (art. 29, §3°)
· Dever de instituir, prever e arrecadas os tributos da compe- · Precatórios não pagos durante a execução do orçamento em
tência constitucional do ente federado (art. 11) - Sanção institu- que houverem sido incluídos integram a dívida consolidada, para
cional: vedação às transferências voluntárias para o ente que não fins de aplicação dos limites (art. 30, §7°)
observe este dever, no tocante aos impostos. Dívida flutuante (art. 92, Lei n° 4.320/64): obrigações como
· Renúncia de Receitas: a lei não veda, mas impõe condições prazo inferior a 12 meses
(art. 14): a) restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
• estimativa de impacto financeiro-orçamentário (exercício b) serviços da dívida;
ref. + 2 seguintes) c) depósitos;
• atendimento das condições/requisitos da LDO d) débitos em tesouraria.
• atendimento a uma das condições:
§ demonstração de que a renúncia de receitas foi considerada Gestão Patrimonial e Contábil (art. 43)
na LOA e de que não afetará as metas fiscais (art. 14, I) Atendimento ao art. 164, §3°, CF/88
§ medidas de compensação com o aumento de receita (art. 14, Disponibilidades financeiras dos Estados/Municípios deverão
II) - a adoção destas medidas de compensação constitui condição ser depositadas em Instituições Financeiras Oficiais, ressalvados os
para que a renúncia de receita entre em vigor. casos previstos em lei nacional.
Disponibilidades de Caixa dos Regimes de Previdência
Despesa Pública - Geração de despesa (art. 16) a) conta separada das demais disponibilidades de cada ente;
· condições para criação, expansão e aperfeiçoamento da ação b) aplicação nas condições de mercado com a observância dos
governamental: limites e condições de proteção e prudência financeira.
• estimativa de impacto financeiro-orçamentário (exercício c) vedada a aplicação em títulos da dívida pública dos estados/
ref. + 2 seguintes) municípios e em ações/papeis de empresas controladas ou em em-
• declaração do ordenador de despesas sobre a adequação préstimos aos segurados, ao poder público e empresas controla-
financeira/orçamentária com a LOA, LDO, PPA. das.6
· o atendimento a estes requisitos constitui condição prévia
para empenho/licitação e para a desapropriação de imóveis urba- LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000
nos (art. 16, §4°)
Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a res-
Transferências Voluntárias (art. 25) ponsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
Entrega de recursos de um ente federado a outro a título de co- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
operação, auxílio ou assistência financeira que não seja decorrente cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
de determinação constitucional, legal ou do SUS.
Exigências para a realização de transferências voluntárias (art. CAPÍTULO I
25, §1°) DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
a) existência de dotação específica;
b) atendimento às condições específicas da LDO; Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças
c) não podem ser destinadas ao pagamento de despesas de públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com am-
pessoal; paro no Capítulo II do Título VI da Constituição.
d) contrapartida; § 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação pla-
e) comprovação, pelo beneficiário de atendimento de determi- nejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem des-
nadas condições como: prestação de contas dos recursos já recebi- vios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o
dos; atendimento aos limites constitucionais de educação e saúde; cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a
atendimento aos limites da dívida, das despesas de pessoal e com obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita,
restos a pagar. geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dí-
vidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
Destinação de recursos públicos para o setor privado (art. 26) antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos
a) autorização em lei específica; a Pagar.
b) condições previstas na LDO; § 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União,
c) previsão na LOA e nos créditos adicionais; os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
§ 3o Nas referências:
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
estão compreendidos:

6 Fonte: www.direito-administrativo.blogspot.com.br

318
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os SEÇÃO II


Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; DA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias,
fundações e empresas estatais dependentes; Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no
II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; § 2o do art. 165 da Constituição e:
III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da I - disporá também sobre:
União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de a) equilíbrio entre receitas e despesas;
Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município. b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada
Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art.
como: 9o e no inciso II do § 1o do art. 31;
I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal c)(VETADO)
e cada Município; d)(VETADO)
II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital so- e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos re-
cial com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da sultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;
Federação; f) demais condições e exigências para transferências de recur-
III - empresa estatal dependente: empresa controlada que re- sos a entidades públicas e privadas;
ceba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de II -(VETADO)
despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, exclu- III -(VETADO)
ídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de partici- § 1o Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Ane-
pação acionária; xo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em
IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, re-
de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de servi- sultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o
ços, transferências correntes e outras receitas também correntes, exercício a que se referirem e para os dois seguintes.
deduzidos: § 2o O Anexo conterá, ainda:
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano ante-
por determinação constitucional ou legal, e as contribuições men- rior;
cionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e
239 da Constituição; metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos,
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por deter- comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evi-
minação constitucional; denciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos política econômica nacional;
servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistên- III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três
cia social e as receitas provenientes da compensação financeira ci- exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos
tada no § 9º do art. 201 da Constituição. com a alienação de ativos;
§ 1o Serão computados no cálculo da receita corrente líquida IV - avaliação da situação financeira e atuarial:
os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servi-
no 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 dores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natu-
§ 2o Não serão considerados na receita corrente líquida do reza atuarial;
Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia
recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de
inciso V do § 1o do art. 19. caráter continuado.
§ 3o A receita corrente líquida será apurada somando-se as § 3o A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos
receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros ris-
excluídas as duplicidades. cos capazes de afetar as contas públicas, informando as providên-
cias a serem tomadas, caso se concretizem.
CAPÍTULO II § 4o A mensagem que encaminhar o projeto da União apre-
DO PLANEJAMENTO sentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária,
creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para
SEÇÃO I seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação,
DO PLANO PLURIANUAL para o exercício subseqüente.

Art. 3o(VETADO)

319
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

SEÇÃO III SEÇÃO IV


DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E DO CUMPRIMENTO DAS
METAS
Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de for-
ma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orça- Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos
mentárias e com as normas desta Lei Complementar: termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e obser-
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da vado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo
programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execu-
do documento de que trata o § 1o do art. 4o; ção mensal de desembolso. (Vide Decreto nº 4.959, de 2004)(Vide
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do Decreto nº 5.356, de 2005)
art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalida-
a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de de específica serão utilizados exclusivamente para atender ao ob-
caráter continuado; jeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização que ocorrer o ingresso.
e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao: da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de re-
a)(VETADO) sultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fis-
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e cais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio
eventos fiscais imprevistos. e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limita-
§ 1o Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou ção de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios
contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orça- fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
mentária anual. § 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda
§ 2o O refinanciamento da dívida pública constará separada- que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram
mente na lei orçamentária e nas de crédito adicional. limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
§ 3o A atualização monetária do principal da dívida mobiliária § 2ºNão serão objeto de limitação as despesas que constituam
refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços pre- obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas des-
visto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica. tinadas ao pagamento do serviço da dívida, as relativas à inovação
§ 4o É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finali- e ao desenvolvimento científico e tecnológico custeadas por fundo
dade imprecisa ou com dotação ilimitada. criado para tal finalidade e as ressalvadas pela lei de diretrizes orça-
§ 5o A lei orçamentária não consignará dotação para investi- mentárias. (Redação dada pela Lei Complementar nº 177, de 2021)
mento com duração superior a um exercício financeiro que não es- § 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministé-
teja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclu- rio Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no
são, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição. caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financei-
§ 6o Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei ros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e (Vide ADIN 2.238-5)
encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a § 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o
benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos. Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas
§ 7o(VETADO) fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão re-
Art. 6o(VETADO) ferida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas
Art. 7o O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após Legislativas estaduais e municipais.
a constituição ou reversão de reservas, constitui receita do Tesou- § 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada
ro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subseqüente à semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião con-
aprovação dos balanços semestrais. junta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional,
§ 1o O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas mo-
para com o Banco Central do Brasil e será consignado em dotação netária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal
específica no orçamento. de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços.
§ 2o O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os
Banco Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente, nos beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União. sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de
§ 3o Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil con- observância da ordem cronológica determinada no art. 100 da
terão notas explicativas sobre os custos da remuneração das dis- Constituição.
ponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas
cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os
de emissão da União.

320
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

CAPÍTULO III § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédi-


DA RECEITA PÚBLICA to presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração
de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redu-
SEÇÃO I ção discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios
DA PREVISÃO E DA ARRECADAÇÃO que correspondam a tratamento diferenciado.
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou bene-
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade fício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida
na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de to- no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas
dos os tributos da competência constitucional do ente da Federa- as medidas referidas no mencionado inciso.
ção. § 3o O disposto neste artigo não se aplica:
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências volun- I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos in-
tárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se cisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º;
refere aos impostos. II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técni- dos respectivos custos de cobrança.
cas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação,
da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de CAPÍTULO IV
qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demons- DA DESPESA PÚBLICA
trativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os
dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cál- SEÇÃO I
culo e premissas utilizadas. DA GERAÇÃO DA DESPESA
§ 1o Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só
será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e le-
ou legal. sivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de
§ 2o O montante previsto para as receitas de operações de cré- obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
dito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação go-
do projeto de lei orçamentária.(Vide ADIN 2.238-5) vernamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado
§ 3o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos de:(Vide ADI 6357)
demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício
do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentá- em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;
rias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício sub- II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem
seqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual
de cálculo. e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão orçamentárias.
desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arre- § 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:]
cadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto
medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valo- de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por cré-
res de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da dito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma
evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobran- espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho,
ça administrativa. não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orça-
SEÇÃO II mentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos,
DA RENÚNCIA DE RECEITA prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja
qualquer de suas disposições.
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de § 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompa-
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar nhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.
acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro § 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considera-
no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, da irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orça-
atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo me- mentárias.
nos uma das seguintes condições:(Vide Medida Provisória nº 2.159, § 4o As normas do caput constituem condição prévia para:
de 2001)(Vide Lei nº 10.276, de 2001) (Vide ADI 6357) I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi con- execução de obras;
siderada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o
art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas do art. 182 da Constituição.
no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no perí-
odo mencionado no caput, por meio do aumento de receita, pro-
veniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo,
majoração ou criação de tributo ou contribuição.

321
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

SUBSEÇÃO I § 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a


DA DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁTER CONTINUADO realizada no mês em referência com as dos 11 (onze) imediatamen-
te anteriores, adotando-se o regime de competência, independen-
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a des- temente de empenho. (Redação dada pela Lei Complementar nº
pesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato adminis- 178, de 2021)
trativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua § 3º Para a apuração da despesa total com pessoal, será obser-
execução por um período superior a dois exercícios. (Vide ADI 6357) vada a remuneração bruta do servidor, sem qualquer dedução ou
§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata retenção, ressalvada a redução para atendimento ao disposto no
o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso art. 37, inciso XI, da Constituição Federal. (Incluído pela Lei Comple-
I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. mentar nº 178, de 2021)
(Vide Lei Complementar nº 176, de 2020) Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Consti-
§ 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato será acompa- tuição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração
nhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido da receita corrente líquida, a seguir discriminados:
no § 1o do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos I - União: 50% (cinqüenta por cento);
seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita II - Estados: 60% (sessenta por cento);
ou pela redução permanente de despesa. (Vide Lei Complementar III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
nº 176, de 2020) § 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste
§ 3o Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de artigo, não serão computadas as despesas:
receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.(Vide II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
Lei Complementar nº 176, de 2020) III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do
§ 4o A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo pro- art. 57 da Constituição;
ponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de perío-
sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as de- do anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;
mais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentá- V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e
rias. (Vide Lei Complementar nº 176, de 2020) Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma
§ 5o A despesa de que trata este artigo não será executada dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emen-
antes da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais da Constitucional no 19;
integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. (Vide Lei Com- VI - com inativos e pensionistas, ainda que pagas por inter-
plementar nº 176, de 2020) médio de unidade gestora única ou fundo previsto no art. 249 da
§ 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao Constituição Federal, quanto à parcela custeada por recursos pro-
serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pesso- venientes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
al de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201
criada por prazo determinado. da Constituição;
c) de transferências destinadas a promover o equilíbrio atuarial
SEÇÃO II do regime de previdência, na forma definida pelo órgão do Poder
DAS DESPESAS COM PESSOAL Executivo federal responsável pela orientação, pela supervisão e
pelo acompanhamento dos regimes próprios de previdência social
SUBSEÇÃO I dos servidores públicos. (Redação dada pela Lei Complementar nº
DEFINIÇÕES E LIMITES 178, de 2021)
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no
como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.
da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos § 3º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste
a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e artigo, é vedada a dedução da parcela custeada com recursos apor-
de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais tados para a cobertura do déficit financeiro dos regimes de previ-
como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proven- dência. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
tos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gra- Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá
tificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, exceder os seguintes percentuais:
bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às I - na esfera federal:
entidades de previdência. a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legisla-
§ 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra tivo, incluído o Tribunal de Contas da União;
que se referem à substituição de servidores e empregados públicos b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
serão contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”. c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para
o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas
com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do
art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19,
repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas

322
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente SUBSEÇÃO II


líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente DO CONTROLE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar; (Vide Decreto
nº 3.917, de 2001) Art. 21. É nulo de pleno direito: (Redação dada pela Lei Com-
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da plementar nº 173, de 2020)
União; I - o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não
II - na esfera estadual: atenda:
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de a) às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar e o
Contas do Estado; disposto no inciso XIII do caput do art. 37 e no § 1º do art. 169 da
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; Constituição Federal; e (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo; 2020)
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados; b) ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas
III - na esfera municipal: com pessoal inativo; (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de 2020)
Contas do Município, quando houver; II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos
b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo. 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular
§ 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os li- de Poder ou órgão referido no art. 20; (Redação dada pela Lei Com-
mites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à plementar nº 173, de 2020)
média das despesas com pessoal, em percentual da receita corren- III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que
te líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente preveja parcelas a serem implementadas em períodos posteriores
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar. ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20;
§ 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão: (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
I - o Ministério Público; IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Exe-
II - no Poder Legislativo: cutivo, por Presidente e demais membros da Mesa ou órgão deci-
a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União; sório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de Tribunal
b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas; do Poder Judiciário e pelo Chefe do Ministério Público, da União e
c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Con- dos Estados, de norma legal contendo plano de alteração, reajuste e
tas do Distrito Federal; reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição de ato, por
d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas esses agentes, para nomeação de aprovados em concurso público,
do Município, quando houver; quando: (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
III - no Poder Judiciário: a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento
a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição; e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular do Poder
b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver. Executivo; ou (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
§ 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciá- b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja
rio, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constitui- parcelas a serem implementadas em períodos posteriores ao final
ção, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o. do mandato do titular do Poder Executivo. (Incluído pela Lei Com-
§ 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Mu- plementar nº 173, de 2020)
nicípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do § 1º As restrições de que tratam os incisos II, III e IV: (Incluído
caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
(quatro décimos por cento). I - devem ser aplicadas inclusive durante o período de recondu-
§ 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega ção ou reeleição para o cargo de titular do Poder ou órgão autôno-
dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pes- mo; e (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
soal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percen- II - aplicam-se somente aos titulares ocupantes de cargo eletivo
tuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes dos Poderes referidos no art. 20. (Incluído pela Lei Complementar
orçamentárias. nº 173, de 2020)
§ 6o(VETADO) § 2º Para fins do disposto neste artigo, serão considerados atos
§ 7º Os Poderes e órgãos referidos neste artigo deverão apu- de nomeação ou de provimento de cargo público aqueles referidos
rar, de forma segregada para aplicação dos limites de que trata este no § 1º do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles que, de qual-
artigo, a integralidade das despesas com pessoal dos respectivos quer modo, acarretem a criação ou o aumento de despesa obriga-
servidores inativos e pensionistas, mesmo que o custeio dessas tória. (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
despesas esteja a cargo de outro Poder ou órgão. (Incluído pela Lei Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabeleci-
Complementar nº 178, de 2021) dos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95%
(noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou ór-
gão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de
remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença ju-
dicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão
prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;
II - criação de cargo, emprego ou função;

323
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento SEÇÃO III


de despesa; DAS DESPESAS COM A SEGURIDADE SOCIAL
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação
de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade so-
aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, cial poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da
saúde e segurança; fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constitui-
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no in- ção, atendidas ainda as exigências do art. 17.(Vide ADI 6357)
ciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na § 1o É dispensada da compensação referida no art. 17 o au-
lei de diretrizes orçamentárias. mento de despesa decorrente de:
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão re- I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de ha-
ferido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, bilitação prevista na legislação pertinente;
sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual exce- II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços pres-
dente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sen- tados;
do pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de
providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição. preservar o seu valor real.
§ 1o No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o § 2o O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de
objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e fun- saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos
ções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos.(Vide ADIN servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.
2.238-5)
§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho CAPÍTULO V
com adequação dos vencimentos à nova carga horária. (Vide ADIN DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS
2.238-5)
§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido e enquan- Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por
to perdurar o excesso, o Poder ou órgão referido no art. 20 não transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de ca-
poderá: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021) pital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou
I - receber transferências voluntárias; assistência financeira, que não decorra de determinação constitu-
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; cional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas § 1o São exigências para a realização de transferência voluntá-
ao pagamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das ria, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:
despesas com pessoal. (Redação dada pela Lei Complementar nº I - existência de dotação específica;
178, de 2021) II -(VETADO)
§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a des- III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Consti-
pesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre tuição;
do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:
no art. 20. a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, em-
§ 5º As restrições previstas no § 3º deste artigo não se aplicam préstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem
ao Município em caso de queda de receita real superior a 10% (dez como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele
por cento), em comparação ao correspondente quadrimestre do recebidos;
exercício financeiro anterior, devido a: (Incluído pela Lei Comple- b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educa-
mentar nº 164, de 2018) Produção de efeitos ção e à saúde;
I – diminuição das transferências recebidas do Fundo de Par- c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária,
ticipação dos Municípios decorrente de concessão de isenções tri- de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de
butárias pela União; e (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;
2018) Produção de efeitos d) previsão orçamentária de contrapartida.
II – diminuição das receitas recebidas de royalties e participa- § 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalida-
ções especiais. (Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) de diversa da pactuada.
Produção de efeitos § 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de trans-
§ 6º O disposto no § 5º deste artigo só se aplica caso a despesa ferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetu-
total com pessoal do quadrimestre vigente não ultrapasse o limite am-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência
percentual previsto no art. 19 desta Lei Complementar, considera- social.
da, para este cálculo, a receita corrente líquida do quadrimestre
correspondente do ano anterior atualizada monetariamente. (In- CAPÍTULO VI
cluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) Produção de efeitos DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR PRI-
VADO

Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente,


cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídi-
cas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no
orçamento ou em seus créditos adicionais.

324
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

§ 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração in- § 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a re-
direta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no lativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do
exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e Brasil.
o Banco Central do Brasil. § 3o Também integram a dívida pública consolidada as ope-
§ 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, fi- rações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas te-
nanciamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorro- nham constado do orçamento.
gações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a § 4o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não
participação em constituição ou aumento de capital. excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do
Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pes- final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito au-
soa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou in- torizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas,
direto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres acrescido de atualização monetária.
não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.
Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as SEÇÃO II
prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações DOS LIMITES DA DÍVIDA PÚBLICA E DAS OPERAÇÕES DE CRÉ-
de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financia- DITO
mentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspon-
dente consignado na lei orçamentária. Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei
Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser uti- Complementar, o Presidente da República submeterá ao:
lizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, para I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante
socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo
mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financia- o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como
mentos para mudança de controle acionário. de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo
§ 1o A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo artigo;
de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas instituições do II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites
Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei. para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inci-
§ 2o O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil so XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração
de conceder às instituições financeiras operações de redesconto e de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da
de empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias. União, atendido o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.
§ 1o As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas
CAPÍTULO VII alterações conterão:
DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO I - demonstração de que os limites e condições guardam coe-
rência com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com
SEÇÃO I os objetivos da política fiscal;
DEFINIÇÕES BÁSICAS II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma
das três esferas de governo;
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por
as seguintes definições: esfera de governo;
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apu- IV - metodologia de apuração dos resultados primário e nomi-
rado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Fede- nal.
ração, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou trata- § 2o As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput tam-
dos e da realização de operações de crédito, para amortização em bém poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida, evi-
prazo superior a doze meses; denciando a forma e a metodologia de sua apuração.
II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por § 3o Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão
títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera
Estados e Municípios; de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação
III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos.
em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, § 4o Para fins de verificação do atendimento do limite, a apu-
aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores ração do montante da dívida consolidada será efetuada ao final de
provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento cada quadrimestre.
mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de § 5o No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República
derivativos financeiros; enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional, conforme o
IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições
obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação previstos nos incisos I e II do caput.
ou entidade a ele vinculada; § 6o Sempre que alterados os fundamentos das propostas de
V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos que trata este artigo, em razão de instabilidade econômica ou alte-
para pagamento do principal acrescido da atualização monetária. rações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da Repúbli-
§ 1o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconhe- ca poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional
cimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem pre- solicitação de revisão dos limites.
juízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.

325
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

§ 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei
orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida con- Complementar.
solidada, para fins de aplicação dos limites. § 2o As operações relativas à dívida mobiliária federal autori-
zadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão
SEÇÃO III objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades.
DA RECONDUÇÃO DA DÍVIDA AOS LIMITES § 3o Para fins do disposto no inciso V do § 1o, considerar-se-á,
em cada exercício financeiro, o total dos recursos de operações de
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultra- crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas,
passar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser observado o seguinte:
a ele reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas
o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no pri- sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com
meiro. o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de
§ 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver in- competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta
corrido: ou indireta, do ônus deste;
I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I
externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvadas as para for concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Fe-
pagamento de dívidas mobiliárias; (Redação dada pela Lei Comple- deração, o valor da operação será deduzido das despesas de capital;
mentar nº 178, de 2021) III -(VETADO)
II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívi- § 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e
da ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de em- do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o regis-
penho, na forma do art. 9o. tro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna
§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e en- e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão:
quanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de re- I - encargos e condições de contratação;
ceber transferências voluntárias da União ou do Estado. II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada
§ 3o As restrições do § 1o aplicam-se imediatamente se o mon- e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.
tante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último § 5o Os contratos de operação de crédito externo não conte-
ano do mandato do Chefe do Poder Executivo. rão cláusula que importe na compensação automática de débitos
§ 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a rela- e créditos.
ção dos entes que tenham ultrapassado os limites das dívidas con- § 6oO prazo de validade da verificação dos limites e das condi-
solidada e mobiliária. ções de que trata este artigo e da análise realizada para a concessão
§ 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de de garantia pela União será de, no mínimo, 90 (noventa) dias e, no
descumprimento dos limites da dívida mobiliária e das operações máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério do Ministério da
de crédito internas e externas. Fazenda. (Incluído pela Lei Complementar nº 159, de 2017)
§ 7º Poderá haver alteração da finalidade de operação de cré-
SEÇÃO IV dito de Estados, do Distrito Federal e de Municípios sem a necessi-
DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO dade de nova verificação pelo Ministério da Economia, desde que
haja prévia e expressa autorização para tanto, no texto da lei orça-
SUBSEÇÃO I mentária, em créditos adicionais ou em lei específica, que se de-
DA CONTRATAÇÃO monstre a relação custo-benefício e o interesse econômico e social
da operação e que não configure infração a dispositivo desta Lei
Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021)
limites e condições relativos à realização de operações de crédito Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de cré-
de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles contro- dito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobi-
ladas, direta ou indiretamente. liária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação
§ 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando- atende às condições e limites estabelecidos.
-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a § 1o A operação realizada com infração do disposto nesta Lei
relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação Complementar será considerada nula, procedendo-se ao seu cance-
e o atendimento das seguintes condições: lamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento
I - existência de prévia e expressa autorização para a contra- de juros e demais encargos financeiros.
tação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei § 2o Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso
específica; dos recursos, será consignada reserva específica na lei orçamentá-
II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos re- ria para o exercício seguinte.
cursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por § 3º Enquanto não for efetuado o cancelamento ou a amortiza-
antecipação de receita; ção ou constituída a reserva de que trata o § 2º, aplicam-se ao ente
III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado as restrições previstas no § 3º do art. 23. (Redação dada pela Lei
Federal; Complementar nº 178, de 2021)
IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar § 4o Também se constituirá reserva, no montante equivalente
de operação de crédito externo; ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do art. 167 da
V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons- Constituição, consideradas as disposições do § 3o do art. 32.
tituição;

326
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

SUBSEÇÃO II a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não


DAS VEDAÇÕES integralmente resgatada;
b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou
Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida Prefeito Municipal.
pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Comple- § 1o As operações de que trata este artigo não serão computa-
mentar. das para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição,
Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um desde que liquidadas no prazo definido no inciso II do caput.
ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autar- § 2o As operações de crédito por antecipação de receita reali-
quia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive zadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertu-
suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma ra de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo
de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.
anteriormente. § 3o O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanha-
§ 1o Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as opera- mento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso de inobser-
ções entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, vância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.
inclusive suas entidades da administração indireta, que não se des-
tinem a: SUBSEÇÃO IV
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; DAS OPERAÇÕES COM O BANCO CENTRAL DO BRASIL
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição
concedente. Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Cen-
§ 2o O disposto no caput não impede Estados e Municípios de tral do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e mais
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo- às seguintes:
nibilidades. I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no mer-
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição cado, ressalvado o disposto no § 2o deste artigo;
financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualida- II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de institui-
de de beneficiário do empréstimo. ção financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição fi- título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e
nanceira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida públi- venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à
ca para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida permuta;
de emissão da União para aplicação de recursos próprios. III - concessão de garantia.
Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados: § 1o O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de
I - captação de recursos a título de antecipação de receita de Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na cartei-
tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, ra das instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante
sem prejuízo do disposto no § 7o do art. 150 da Constituição; novas operações de venda a termo.
II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o § 2o O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente
Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do ca- títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária fede-
pital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma ral que estiver vencendo na sua carteira.
da legislação; § 3o A operação mencionada no § 2o deverá ser realizada à
III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão público.
operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou § 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pú-
serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não blica federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil, ainda
se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes; que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.
IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com
fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços. SEÇÃO V
DA GARANTIA E DA CONTRAGARANTIA
SUBSEÇÃO III
DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de
ORÇAMENTÁRIA crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo,
as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita desti- condições estabelecidos pelo Senado Federal e as normas emitidas
na-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro pelo Ministério da Economia acerca da classificação de capacidade
e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguin- de pagamento dos mutuários. (Redação dada pela Lei Complemen-
tes: tar nº 178, de 2021)
I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do § 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de contra-
exercício; garantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida,
II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos inciden- e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas
tes, até o dia dez de dezembro de cada ano; obrigações junto ao garantidor e às entidades por este controladas,
III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que observado o seguinte:
não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou in- I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do
dexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir; próprio ente;
IV - estará proibida:

327
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, CAPÍTULO VIII


ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação DA GESTÃO PATRIMONIAL
de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de
transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garan- SEÇÃO I
tidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da DAS DISPONIBILIDADES DE CAIXA
dívida vencida.
§ 2o No caso de operação de crédito junto a organismo finan- Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação
ceiro internacional, ou a instituição federal de crédito e fomento serão depositadas conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Cons-
para o repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a tituição.
ente que atenda, além do disposto no § 1o, as exigências legais para § 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência
o recebimento de transferências voluntárias. social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas
§ 3o(VETADO) a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Cons-
§ 4o(VETADO) tituição, ficarão depositadas em conta separada das demais dispo-
§ 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo nibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado,
Senado Federal. com observância dos limites e condições de proteção e prudência
§ 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive financeira.
suas empresas controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda § 2o É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o
que com recursos de fundos. § 1o em:
§ 7o O disposto no § 6o não se aplica à concessão de garantia I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em
por: ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo res-
I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à pectivo ente da Federação;
prestação de contragarantia nas mesmas condições; II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Po-
II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei. der Público, inclusive a suas empresas controladas.
§ 8o Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada:
I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às SEÇÃO II
normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
com a legislação pertinente;
II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da
financeira por ela controladas, direta e indiretamente, quanto às alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público
operações de seguro de crédito à exportação. para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por
§ 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de ga- lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores
rantia prestada, a União e os Estados poderão condicionar as trans- públicos.
ferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento. Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei orçamen-
§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela tária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após
União ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em ope- adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as
ração de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou finan- despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em
ciamentos até a total liquidação da mencionada dívida. que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 11. A alteração da metodologia utilizada para fins de classifi- Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará
cação da capacidade de pagamento de Estados e Municípios deverá ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes
ser precedida de consulta pública, assegurada a manifestação dos orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cum-
entes. (Incluído pela Lei Complementar nº 178, de 2021) primento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divul-
gação.
SEÇÃO VI Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imó-
DOS RESTOS A PAGAR vel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3o do
art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da in-
Art. 41.(VETADO) denização.
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art.
20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obri- SEÇÃO III
gação de despesa que não possa ser cumprida integralmente den- DAS EMPRESAS CONTROLADAS PELO SETOR PÚBLICO
tro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte
sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão
(Vide Lei Complementar nº 178, de 2021) (Vigência) em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na for-
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa ma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e finan-
serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pa- ceira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 da
gar até o final do exercício. Constituição.
Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balan-
ços trimestrais nota explicativa em que informará:
I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com res-
pectivos preços e condições, comparando-os com os praticados no
mercado;

328
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, especi- Art. 48-A.Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo
ficando valor, fonte e destinação; único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer
III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de em- pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Inclu-
préstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou condições ído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
diferentes dos vigentes no mercado. I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
CAPÍTULO IX realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao ser-
viço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
SEÇÃO I e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado;(Incluído
DA TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extra-
quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos ordinários.(Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orça- Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
mentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder
o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para
Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
§ 1o A transparência será assegurada também mediante: (Re- Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá de-
dação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016) monstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais
I – incentivo à participação popular e realização de audiências de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos pla- nômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
nos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da segu-
Complementar nº 131, de 2009). ridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circuns-
II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da tanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre
a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de SEÇÃO II
acesso público; e(Redação dada pela Lei Complementar nº 156, de DA ESCRITURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS
2016)
III – adoção de sistema integrado de administração financeira Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade
e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:
pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de
pela Lei Complementar nº 131, de 2009)(Vide Decreto nº 7.185, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obriga-
2010) tória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;
§ 2ºA União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dis- II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas
ponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter com-
e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos plementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;
pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e con-
divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público.(Incluído juntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou en-
pela Lei Complementar nº 156, de 2016) tidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive
§ 3oOs Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminha- empresa estatal dependente;
rão ao Ministério da Fazenda, nos termos e na periodicidade a se- IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas
rem definidos em instrução específica deste órgão, as informações em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;
necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e
e atualizado das dívidas públicas interna e externa, de que trata o as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos
§ 4o do art. 32. (Incluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016) junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o
§ 4oA inobservância do dispostonos §§ 2o e 3o ensejará as pe- montante e a variação da dívida pública no período, detalhando,
nalidades previstasno § 2o do art. 51. (Incluído pela Lei Comple- pelo menos, a natureza e o tipo de credor;
mentar nº 156, de 2016) VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque
§ 5oNos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de
os efeitos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ativos.
cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput.(In- § 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as
cluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016) operações intragovernamentais.
§ 6oTodos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos § 2oA edição de normas gerais para consolidação das contas
autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, en-
fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de quanto não implantado o conselho de que trata o art. 67.
execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo § 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que
Poder Executivo, resguardada a autonomia.(Incluído pela Lei Com- permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária,
plementar nº 156, de 2016) financeira e patrimonial.

329
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social,
de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das con- geral e próprio dos servidores públicos;
tas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos
divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público. e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
§ 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao § 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
Poder Executivo da União nos seguintes prazos: (Vide Lei Comple- I - da limitação de empenho;
mentar nº 178, de 2021) (Vigência) II - da frustração de receitas, especificando as medidas de com-
I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo bate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações
Estado, até trinta de abril; de fiscalização e cobrança.
II - Estados, até trinta e um de maio.
§ 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo SEÇÃO IV
impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da Fe- DO RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL
deração receba transferências voluntárias e contrate operações
de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titu-
atualizado da dívida mobiliária. (Vide Lei Complementar nº 178, de lares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão
2021) (Vigência) Fiscal, assinado pelo:
I - Chefe do Poder Executivo;
SEÇÃO III II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão
DO RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
Poder Legislativo;
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Cons- III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de
tituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimen-
publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e tos internos dos órgãos do Poder Judiciário;
composto de: IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria eco- Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas auto-
nômica, as: ridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada
como a previsão atualizada; Poder ou órgão referido no art. 20.
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação Art. 55. O relatório conterá:
para o exercício, a despesa liquidada e o saldo; I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Comple-
II - demonstrativos da execução das: mentar, dos seguintes montantes:
a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e
previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita re- pensionistas;
alizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar; b) dívidas consolidada e mobiliária;
b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da c) concessão de garantias;
despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício; e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
c) despesas, por função e subfunção. II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se
§ 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobili- ultrapassado qualquer dos limites;
ária constarão destacadamente nas receitas de operações de crédi- III - demonstrativos, no último quadrimestre:
to e nas despesas com amortização da dívida. a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um
§ 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita de dezembro;
o ente às sanções previstas no § 2o do art. 51. b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:
Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos 1) liquidadas;
relativos a: 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a
I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no uma das condições do inciso II do art. 41;
inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo
desempenho até o final do exercício; da disponibilidade de caixa;
II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso 4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos em-
IV do art. 50; penhos foram cancelados;
III - resultados nominal e primário; c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do
IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o; inciso IV do art. 38.
V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no § 1o O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos in-
art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante cisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações relativas
a pagar. à alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III.
§ 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será § 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerra-
acompanhado também de demonstrativos: mento do período a que corresponder, com amplo acesso ao públi-
I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons- co, inclusive por meio eletrônico.
tituição, conforme o § 3o do art. 32; § 3o O descumprimento do prazo a que se refere o § 2o sujeita
o ente à sanção prevista no § 2o do art. 51.

330
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser ela- V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos,
borados de forma padronizada, segundo modelos que poderão ser tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Comple-
atualizados pelo conselho de que trata o art. 67. mentar;
VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos mu-
SEÇÃO V nicipais, quando houver.
DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS § 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos re-
feridos no art. 20 quando constatarem:
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inci-
incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos so II do art. 4o e no art. 9o;
Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou
referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separada- 90% (noventa por cento) do limite;
mente, do respectivo Tribunal de Contas.(Vide ADIN 2324) III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das
§ 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âm- operações de crédito e da concessão de garantia se encontram aci-
bito: ma de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram
dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais; acima do limite definido em lei;
II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, con- V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos pro-
solidando as dos demais tribunais. gramas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será § 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálcu-
proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão mista perma- los dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão
nente referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente referido no art. 20.
das Casas Legislativas estaduais e municipais.(Vide ADIN 2324) § 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumpri-
§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação mento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.
das contas, julgadas ou tomadas.
Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclu- CAPÍTULO X
sivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas
leis orgânicas municipais. Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores
§ 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que te- àqueles previstos nesta Lei Complementar para as dívidas consoli-
nham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de cento e dada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.
oitenta dias. Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente
§ 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, po-
existirem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes derão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou
de parecer prévio. em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico,
Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da conforme definido pelo Ministério da Fazenda.
arrecadação em relação à previsão, destacando as providências Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despe-
adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sone- sas de competência de outros entes da Federação se houver:
gação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias adminis- I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orça-
trativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento mentária anual;
das receitas tributárias e de contribuições. II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legis-
lação.
SEÇÃO VI Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a
DA FISCALIZAÇÃO DA GESTÃO FISCAL cinqüenta mil habitantes optar por:
I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos semestre;
Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder II - divulgar semestralmente:
e do Ministério Público fiscalizarão o cumprimento desta Lei Com- a)(VETADO)
plementar, consideradas as normas de padronização metodológica b) o Relatório de Gestão Fiscal;
editadas pelo conselho de que trata o art. 67, com ênfase no que c) os demonstrativos de que trata o art. 53;
se refere a: (Redação dada pela Lei Complementar nº 178, de 2021) III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o
I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes or- Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de dire-
çamentárias; trizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a
II - limites e condições para realização de operações de crédito partir do quinto exercício seguinte ao da publicação desta Lei Com-
e inscrição em Restos a Pagar; plementar.
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pes- § 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser
soal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23; realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre.
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para § 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com
recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta situação,
respectivos limites; o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de
retorno ao limite definidos para os demais entes.

331
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação fi- II - não afasta as disposições relativas a transparência, controle
nanceira aos Municípios para a modernização das respectivas admi- e fiscalização.(Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
nistrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com § 3º No caso de aditamento de operações de crédito garantidas
vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar. pela União com amparo no disposto no § 1º deste artigo, a garantia
§ 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desen- será mantida, não sendo necessária a alteração dos contratos de
volvimento de recursos humanos e na transferência de tecnologia, garantia e de contragarantia vigentes. (Incluído pela Lei Comple-
bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o mentar nº 173, de 2020)
art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público. Art. 65-A. Não serão contabilizadas na meta de resultado pri-
§ 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens mário, para efeito do disposto no art. 9º desta Lei Complementar,
e valores, o financiamento por intermédio das instituições finan- as transferências federais aos demais entes da Federação, devida-
ceiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações ex- mente identificadas, para enfrentamento das consequências sociais
ternas. e econômicas no setor cultural decorrentes de calamidades pú-
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo blicas ou pandemias, desde que sejam autorizadas em acréscimo
Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembléias Legis- aos valores inicialmente previstos pelo Congresso Nacional na lei
lativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a orçamentária anual. (Incluído pela Lei Complementar nº 195,
situação: de 2022)
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições es- Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão du-
tabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70; plicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual
limitação de empenho prevista no art. 9o. ou superior a quatro trimestres.
§ 1º Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo § 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real
Congresso Nacional, nos termos de decreto legislativo, em parte ou acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento),
na integralidade do território nacional e enquanto perdurar a situ- no período correspondente aos quatro últimos trimestres.
ação, além do previsto nos inciso I e II do caput: (Incluído pela Lei § 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Ins-
Complementar nº 173, de 2020) tituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a
I - serão dispensados os limites, condições e demais restrições substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB
aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí- nacional, estadual e regional.
pios, bem como sua verificação, para: (Incluído pela Lei Comple- § 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as me-
mentar nº 173, de 2020) didas previstas no art. 22.
a) contratação e aditamento de operações de crédito; (Incluído § 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na con-
pela Lei Complementar nº 173, de 2020) dução das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado
b) concessão de garantias; (Incluído pela Lei Complementar nº Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado
173, de 2020) em até quatro quadrimestres.
c) contratação entre entes da Federação; e (Incluído pela Lei Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma perma-
Complementar nº 173, de 2020) nente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão reali-
d) recebimento de transferências voluntárias; (Incluído pela Lei zados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes
Complementar nº 173, de 2020) de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e
II - serão dispensados os limites e afastadas as vedações e san- de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a:
ções previstas e decorrentes dos arts. 35, 37 e 42, bem como será I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação;
dispensado o cumprimento do disposto no parágrafo único do art. II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência
8º desta Lei Complementar, desde que os recursos arrecadados se- na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de recei-
jam destinados ao combate à calamidade pública; (Incluído pela Lei tas, no controle do endividamento e na transparência da gestão
Complementar nº 173, de 2020) fiscal;
III - serão afastadas as condições e as vedações previstas nos III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, pa-
arts. 14, 16 e 17 desta Lei Complementar, desde que o incentivo ou dronização das prestações de contas e dos relatórios e demonstra-
benefício e a criação ou o aumento da despesa sejam destinados ao tivos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas
combate à calamidade pública. (Incluído pela Lei Complementar nº e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como
173, de 2020) outros, necessários ao controle social;
§ 2º O disposto no § 1º deste artigo, observados os termos es- IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.
tabelecidos no decreto legislativo que reconhecer o estado de cala- § 1o O conselho a que se refere o caput instituirá formas de
midade pública: (Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020) premiação e reconhecimento público aos titulares de Poder que
I - aplicar-se-á exclusivamente: (Incluído pela Lei Complemen- alcançarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvi-
tar nº 173, de 2020) mento social, conjugados com a prática de uma gestão fiscal pauta-
a) às unidades da Federação atingidas e localizadas no territó- da pelas normas desta Lei Complementar.
rio em que for reconhecido o estado de calamidade pública pelo § 2o Lei disporá sobre a composição e a forma de funcionamen-
Congresso Nacional e enquanto perdurar o referido estado de cala- to do conselho.
midade;(Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)
b) aos atos de gestão orçamentária e financeira necessários ao
atendimento de despesas relacionadas ao cumprimento do decreto
legislativo;(Incluído pela Lei Complementar nº 173, de 2020)

332
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e
do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da os Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído
Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recur- pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
sos para o pagamento dos benefícios do regime geral da previdên- II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000
cia social. (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes;(Incluído pela Lei
§ 1o O Fundo será constituído de: Complementar nº 131, de 2009).
I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacio- III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000
nal do Seguro Social não utilizados na operacionalização deste; (cinquenta mil) habitantes.(Incluído pela Lei Complementar nº 131,
II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados de 2009).
ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei; Parágrafo único.Os prazos estabelecidos neste artigo serão
III - receita das contribuições sociais para a seguridade social, contados a partir da data de publicação da lei complementar que
previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Consti- introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo. (Incluído
tuição; pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou Art. 73-C.O não atendimento, até o encerramento dos prazos
jurídica em débito com a Previdência Social; previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III
V - resultado da aplicação financeira de seus ativos; do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção
VI - recursos provenientes do orçamento da União. prevista no inciso I do § 3o do art. 23. (Incluído pela Lei Comple-
§ 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro So- mentar nº 131, de 2009).
cial, na forma da lei. Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua
Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir publicação.
regime próprio de previdência social para seus servidores conferir- Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, de 31 de maio
-lhe-á caráter contributivo e o organizará com base em normas de de 1999.
contabilidade e atuária que preservem seu equilíbrio financeiro e
atuarial.
Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total QUESTÕES
com pessoal no exercício anterior ao da publicação desta Lei Com-
plementar estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 1.(CEBRASPE (CESPE) - Auditor Fiscal de Controle Externo (TCE-
deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios, eli- -SC)/Administração/2022)
minando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. No que se refere à gestão de projetos, gestão de processos e
(cinqüenta por cento ao ano), mediante a adoção, entre outras, das administração financeira, julgue o item seguinte.
medidas previstas nos arts. 22 e 23. Suponha-se que dois adolescentes recebam mesadas mensais:
Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no pra- um deles, com 14 anos de idade, pretende guardar os recursos para
zo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3o do art. 23. iniciar sua faculdade aos 18 anos; o outro, com 17 anos de idade,
Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Cons- pretende guardar os recursos para realizar uma viagem ao exterior
tituição, até o término do terceiro exercício financeiro seguinte à logo que completar 18 anos, o que ocorrerá daqui a 11 meses. Nes-
entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa total com pes- sa situação, são relatados, respectivamente, um planejamento fi-
soal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em nanceiro de longo prazo e outro de curto prazo.
percentual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exer- ( ) CERTO
cício imediatamente anterior, acrescida de até 10% (dez por cento), ( ) ERRADO
se esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20.
Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e 2.(CEBRASPE (CESPE) - Analista de Apoio à Assistência Judiciá-
órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em percentual da ria (DP DF)/Administração/2022)
receita corrente líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor Acerca da gestão por processos e de conceitos de administra-
desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercício seguin- ção financeira, julgue o item seguinte.
te. Em uma análise de balanço, a análise utilizada para medir o
Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar grau de utilização do capital de terceiros e seus efeitos na formação
serão punidas segundo o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro da taxa de retorno do capital próprio é denominada análise finan-
de 1940 (Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950; o ceira.
Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2 ( ) CERTO
de junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente. ( ) ERRADO

Art. 73-A.Qualquer cidadão, partido político, associação ou 3.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico em Gestão de Telecomunica-
sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de ções (TELEBRAS)/Assistente Administrativo/2022)
Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumpri- Em relação à administração financeira de empresas, julgue o
mento das prescrições estabelecidas nesta Lei Complementar. (In- item subsequente.
cluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). A antecipação de recebíveis é prática recorrente de empresas
Art. 73-B.Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cum- e constitui-se como opção para evitar o comprometimento de imó-
primento das determinações dispostas nos incisos II e III do pará- veis como garantia.
grafo único do art. 48 e do art. 48-A:(Incluído pela Lei Complemen- ( ) CERTO
tar nº 131, de 2009). ( ) ERRADO

333
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

4.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico em Gestão de Telecomunica- 10.(CEBRASPE (CESPE) - Analista em Gestão Educacional (SEE
ções (TELEBRAS)/Assistente Administrativo/2022) PE)/Geral/2022)
Em relação à administração financeira de empresas, julgue o A respeito de finanças públicas, julgue o item a seguir.
item subsequente. O orçamento público é um processo dinâmico que evoluiu com
Caso determinado empregado solicite adiantamento de salário o tempo; no percurso histórico, o orçamento moderno ficou conhe-
e seja atendido mediante indicação de retirada de numerário no cido por ser um instrumento de controle, com vistas a avaliar vis-à-
caixa da empresa, o responsável pelo caixa deverá ficar com docu- -vis as receitas e as despesas.
mento assinado pelo funcionário que retirou o dinheiro em lugar do ( ) CERTO
numerário correspondente. ( ) ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO GABARITO
5.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico em Gestão de Telecomunica-
ções (TELEBRAS)/Assistente Administrativo/2022) 1 CERTO
Em relação à administração financeira de empresas, julgue o
item subsequente. 2 ERRADO
O lucro projetado tomará em consideração os insumos a se- 3 CERTO
rem consumidos pela empresa, as despesas, os custos e as receitas.
Contudo, os gastos com depreciação, amortização e exaustão não 4 CERTO
serão considerados para a projeção dos lucros. 5 ERRADO
( ) CERTO
6 CERTO
( ) ERRADO
7 CERTO
6.(CEBRASPE (CESPE) - Analista de Planejamento e Orçamento 8 ERRADO
(SEPLAN RR)/Planejamento e Orçamento/2023)
Com relação ao orçamento público no Brasil, julgue o item se- 9 ERRADO
guinte. 10 ERRADO
A multiplicidade de critérios de classificação orçamentária visa
atender à pluralidade de aspectos do orçamento público.
( ) CERTO ANOTAÇÕES
( ) ERRADO

7.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico (PGE RJ)/Processual/2022) ______________________________________________________


Relativamente a aspectos relacionados ao orçamento público,
julgue o item. ______________________________________________________
O conceito de orçamento público modifica-se ao longo do tem-
po, em razão das mudanças sofridas nas funções do próprio orça- ______________________________________________________
mento.
______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________
8.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico (FUB)/Contabilidade/2022) ______________________________________________________
Em relação ao orçamento público, julgue o item a seguir.
No âmbito da União, o caráter autorizativo do orçamento públi- ______________________________________________________
co está presente em todas as suas dotações orçamentárias.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
9.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico (FUB)/Contabilidade/2022)
______________________________________________________
Em relação ao orçamento público, julgue o item a seguir.
A lei orçamentária, por constituir uma previsão de receitas e ______________________________________________________
uma autorização para despesas, é considerada uma lei material,
ainda que não crie direitos subjetivos a terceiros. ______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

334
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES

A importância das pessoas nas Organizações:


CONCEITOS, IMPORTÂNCIA, RELAÇÃO COM OS Qual a importância das organizações em ter lideres, preparados
OUTROS SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO para liderar pessoas. Liderança é uma das maiores competência nos
dias de hoje, pessoas com visão, habilidades de relacionamento,
Gestão de pessoas: Conceito, importância, relação com os ou- boa comunicação, com a capacidade de desenvolver lideres de in-
tros sistemas de organização fluenciar e motivar pessoas é o maior patrimônio das organizações.
As instituições não funcionam sozinhas, os cargos que fazem
Conceito de Gestão de Pessoas parte do plano de carreira não tem vida própria. Equipes, empresas,
A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade corporações ou governos é resultado do trabalho de um grupo de
que predomina nas organizações.Ela é contingencial e situacional, pessoas. Empresas não têm sucesso, pessoas sim. Pessoas são im-
pois depende de vários aspectos coma a cultura que existe em cada portantes nas corporações, nas empresas no governo ou em qual-
organização, a estrutura organizacional adotada, as características quer outra instituição, Robert W. Woodruff, ex-diretor executivo da
do contexto ambiental, o negócio da organização, a tecnologia uti- Coca-Cola diz, “são as pessoas e suas reações que fazem as empre-
lizada, os processos internos e uma infinidade de outras variáveis sas serem bem-sucedidas ou quebrar”.
importantes. No mundo globalizado muito se fala em diferencial competiti-
vo, neste processo existe vários fatores que influenciam a tecnolo-
Conceitos de RH ou de Gestão de Pessoas gia, os orçamentos milionários as metodologias de desenvolvimen-
Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de to de novos projetos, novos métodos de gerenciamento tudo isto
políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posi- são alguns dos fatores essenciais para o diferencial competitivo e o
ção gerencial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, crescimento de qualquer organização, mas só farão diferença aque-
incluindo recrutamento, seleção, treinamento, re­compensas e ava- les que investirem no desenvolvimento de pessoas, com equipes
liação de desempenho. de alto desempenho, formando lideres capazes de criar ambientes
ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treina- ideais que façam com que as pessoas dêem o melhor de si e ex-
mento, avaliação e remuneração dos empregados. Todos os geren- pressam o que há de melhor como potencial. Quando uma organi-
tes são, em um certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos zação passa por dificuldade não se troca o nome da empresa ou as
estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, suas instalações, trocam as pessoas, procuram um novo gerente um
seleção e treinamento. novo CEO, ou seja, uma nova liderança. Quando a seleção brasileira
ARH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de de futebol não corresponde às expectativas a CBF procura um novo
emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e das organi- técnico de futebol, ai se percebe a importância das pessoas dentro
zações. das organizações. Quando as pessoas são motivadas a usar o que
ARH é a função na organização que está relacionada com provi- têm de melhor de si as qualidades individuais aparecem.
são, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos O papel do líder dentro das organizações é extremamente im-
empregados. portante, líder com uma liderança afirmadora, que sejam os melho-
res “animadores de torcida” das pessoas, seus melhores incentiva-
O que é a Gestão de Pessoas? dores! Devem ser capazes de dizer-lhes: “Vocês podem voar! Eu as
Em seu trabalho, cada administrador — seja ele, um diretor, ajudo” e não ficar esperando que cometam um erro para repreen-
gerente, chefe ou supervisor — desempenha as quatro funções ad- dê-las.
ministrativas que constituem o processo administrativo: planejar, No mundo globalizado a diferença será feita pelas pessoas
organizar, dirigir e controlar. A ARH está relacionada a todas essas que compõem o organismo das organizações, indivíduos com ca-
funções do administrador. A ARH refere-se às políticas e práticas pacidade de comunicação, espírito de equipe, liderança, percepção
necessárias para se administrar o trabalho das pessoas, a saber: da relação custo-benefício e foco em resultados. Gente que tenha
- Análise e descrição de cargos. iniciativa, vontade de assumir riscos e agilidade na adaptação a no-
- Desenho de cargos. vas situações, através do comprometimento, motivação, disciplina
- Recrutamento e seleção de pessoal. a busca constante de conhecimento e da habilidade no relaciona-
- Admissão de candidatos selecionados. mento pessoal. E quanto mais às pessoas assumirem esses papéis
- Orientação e integração de novos funcionários. mais fortes se tornará as organizações.
- Administração de cargos e salários.
- Incentivos salariais e benefícios sociais. Relação com os outros sistemas de organização
- Avaliação do desempenho dos funcionários. Confesso que pesquisei muito este último item e não achei
- Comunicação aos funcionários. nada que fosse mais especifico, então pelo que entendi a matéria
- Treinamento e desenvolvimento de pessoal. abaixo pode servir. Você que está estudando e talvez tenha alguma
- Desenvolvimento organizacional. apostila sobre este tema especifico, me ajuda aí fazendo um co-
- Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho. mentário de onde eu poderia encontrar ou digite o que leu na sua
- Relações com empregados e relações sindicais. apostila, sua informação terá enorme valor, obrigado

335
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
A sociedade busca uma Justiça mais célere, capaz de resolver
questões cada vez mais complexas. Neste sentido, espera-se das A FUNÇÃO DO ÓRGÃO DE GESTÃO DE PESSOAS:
instituições, o desenvolvimento e utilização de instrumentos de ATRIBUIÇÕES BÁSICAS E OBJETIVOS, POLÍTICAS E
gestão que garantam uma resposta eficaz. Esse cenário impõe a ne- SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS
cessidade de contar com profissionais altamente capacitados, ap-
tos a fazer frente às ameaças e oportunidades, propondo mudanças Evolução da Administração de Recursos Humanos (ARH)
que possam atender as demandas do cidadão. A área de Administração de Recursos Humanos (ARH), atual-
A partir desse raciocínio é possível visualizar a gestão de pesso- mente conhecida como Gestão de Pessoas, surgiu a partir de uma
as por competências. necessidade global das organizações de evoluírem no sentido de
A gestão de pessoas por competências consiste em planejar, desenvolver seus colaboradores e tornar-se mais competitivo no
captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização mercado.
(individual, grupal e organizacional), as competências necessárias à Essa área dentro das empresas surgiu após a Era Industrial, com
consecução dos objetivos institucionais. o surgimento das tecnologias injetadas nas máquinas e equipamen-
Para a Justiça Federal foi adotado o conceito de competência tos para aceleração da produtividade nas grandes indústrias. Assim,
como a combinação sinérgica de conhecimentos, habilidades e ati- o empresário notou que os investimentos de uma organização não
tudes, expressas pelo desempenho profissional, que agreguem va- poderiam ser voltados somente à produção e ao lucro.
lor à pessoa e à organização. De modo gradativo, percebeu-se que aquele antigo sistema
O modelo de gestão de pessoas por competências tem como das organizações, com ênfase nos recursos tecnológicos, materiais
diretriz a busca pelo autodesenvolvimento e possibilita um diagnós- e patrimoniais foi sendo tomado pela grande necessidade de inves-
tico capaz de investigar as reais necessidades apresentadas no con- tir nas pessoas. Tais recursos são considerados hoje como primor-
texto de trabalho, bem como aquelas necessárias ao atingimento diais para a engrenagem dos negócios em qualquer área ou setor
dos desafios estratégicos da organização. de atuação.
A Revolução Industrial desencadeou muitas transformações
As competências classificam-se em: nas relações sociais, rurais, econômicas e financeiras, tanto para os
a) humanas (ou individuais), quando constituírem atributos de empresários ou também chamados de proprietários que estavam
indivíduos; e no comando das indústrias como para os trabalhadores que esta-
b) organizacionais (ou institucionais), quando representarem vam por trás das máquinas e equipamentos. Houve a substituição
propriedades da organização como um todo ou de suas unidades da manufatura pela “maquinofatura”, o trabalho rural foi trocado
produtivas. pelas máquinas, fazendo com que a população deixasse o campo
com uma proposta de uma condição de vida mais rentável na ci-
As competências humanas ou individuais serão classificadas dade. Porém, o que aconteceu foi o abandono das áreas rurais e
como: a revolta dos trabalhadores, pois as indústrias prometiam dema-
a) fundamentais, aquelas que descrevem comportamentos de- siadamente e pouco conseguia cumprir, os salários eram baixos, as
sejados de todos os servidores; cargas horárias eram excessivas, acidentes de trabalhos eram cons-
b) gerenciais, que descrevem comportamentos desejados de tantes, crianças e mulheres eram submetidas a trabalhos pesados,
todos os servidores que exercem funções gerenciais; e não havia direito dos operários para gozarem de férias ou qualquer
c) específicas, aquelas que descrevem comportamentos espe- descanso.
rados apenas de grupos específicos de servidores, em razão da área Durante a Revolução Industrial, as organizações eram vistas pu-
ou unidade em que eles atuam. ramente como indústrias de lucro, pois almejavam grande escala de
produção, redução dos custos e maximização dos recursos mate-
A adoção do método de diagnóstico com base no modelo de riais, a fim de alcançar seus objetivos contábeis e financeiros.
gestão de pessoas por competências requer, em primeiro lugar, a
definição do dicionário de competências que será utilizado como Onde pretende-se chegar com esse breve resumo da Revolução
referência do processo – o dicionário de competências fundamen- Industrial? O ponto-chave é a evolução das organizações passando
tais, válidas para todos os servidores da Justiça Federal, e geren- de foco do negócio para foco nas pessoas.
ciais, que são específicas daqueles que ocupam função de gestão.
Há um terceiro grupo, as competências específicas, referentes Com os deveres abusivos impostos pelos proprietários das in-
aos diversos sistemas técnicos, tais como gestão de pessoas, de ma- dústrias, houve uma grande revolta dos operários ou trabalhadores,
terial, informática, assuntos judiciários, entre outros. Estas compe- surgiram os direitos trabalhistas, de forma a resguardar as condi-
tências, ao contrário das outras duas, variam de um sistema para ções de trabalho assegurando assim, maior qualidade de vida.
o outro e precisam de uma aproximação maior dos processos de As novas exigências da legislação fizeram com que os empresá-
trabalho para serem mapeadas. rios fossem obrigados a se enquadrarem conforme o determinado
pelos direitos trabalhistas. Esse processo de enquadramento não
foi facilmente aceito, porém as greves foram cada vez mais frequen-
tes e fizeram com que os empresários aceitassem mesmo a con-
tragosto. Sem trabalhadores a indústria ou fábrica não produziria,
assim sendo o empresário teria mais prejuízo sem os trabalhadores
do que pagando-lhes o que era de direito.

A mudança no foco foi gradativa, deixando de lado as carac-


terísticas incisivas de produtividade e lucratividade. Ou seja, nessa
fase da Revolução o foco da organização ainda estava voltado aos
recursos materiais, instalações, prédios, maquinários, equipamen-
tos, e outros bens materiais. As pessoas ainda não eram vistas como

336
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
um bem necessário ao desenvolvimento do negócio. Ainda não se fornecedor até o concorrente, pois são as pessoas que dão vida e
tinha a percepção da significância que as pessoas representavam, dinamismo ao negócio, que fazem o crescimento e o desenvolvi-
pois estas são formadas de habilidades e competências. mento acontecer.
Dessa forma, para Chiavenato2, a Administração de Recursos
Habilidades são as capacidades técnicas que um indivíduo Humanos (ARH) trata especificamente de um conjunto de políticas
possui para realizar determinadas tarefas ou atividades. Como e práticas necessárias para conduzir, os aspectos da posição geren-
por exemplo, a profissão de mecânico exige tanto conhecimento cial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, incluindo
quanto experiência. O mecânico precisa entender sobre o assunto recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação do
para conseguir colocar na prática. desempenho.

Já a competência seria a soma de talento com a habilidade, Conjunto de Políticas e Práticas


como um profissional que gosta do que faz e, portanto colocar em A ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treina-
prática da melhor forma possível. Como por exemplo, um piloto de mento, avaliação, e remuneração dos empregos. Todos os gerentes
Fórmula 1, o profissional precisa ter a habilidade para pilotar (ser são, em um certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos eles
treinado = ser habilitado) como também necessita a competência estão envolvidos com atividades como recrutamento, entrevistas,
que no caso é o talento para disputar competições e desenvolver a seleção e treinamento.
vocação pelo que faz, só assim o sucesso é mais garantido. Assim, eles podem: conduzir análise de cargo (determinar a na-
tureza do trabalho de cada funcionário), prever a necessidade de
Sendo assim, as pessoas dotadas com as habilidades e compe- trabalho e recrutar candidatos, selecionar candidatos, orientar no-
tências podem contribuir para o futuro de uma organização. As pes- vos funcionários, gerenciar recompensas e salários, oferecer incen-
soas não são apenas fonte de mão de obra, são muito além disso, tivos e benefícios (remunerar funcionários), avaliar o desempenho,
são agentes transformadores que contribuem com melhores ideias comunicar-se (entrevistando, aconselhando, disciplinando), treinar,
e novas práticas. desenvolver e construir o comprometimento do funcionário.
De modo que é inerente à Gestão de Pessoas a prática de lidar
Como diz Chiavenato1, e onde estão as competências? Em que com o comportamento humano e administrar a justiça nos relacio-
lugar? Quase sempre na cabeça – e não nos músculos – das pes- namentos. Sendo está uma tarefa árdua e difícil (desafio), pois é
soas. passível de erros ou de práticas injustas e/ou de situações desgas-
tantes. Contudo faz-se necessário o investimento para com aqueles
O que ele quer dizer com isso é que, as pessoas ou os trabalha- que fazem a organização, que contribuem diretamente para o su-
dores neste caso, deixaram de ocupar um papel mecanicista dentro cesso e o desenvolvimento interno.
da gestão de uma empresa, para passarem a ocupar uma posição
mais estratégica. As pessoas evoluíram do simples executar para A Gestão de Pessoas é a área que constrói talentos por meio de
o pensar, melhorar, modificar. E na Revolução Industrial esse fato um conjunto integrado de processos e cuida do capital humano das
fica muito evidente, pois as pessoas além de exigirem por melhores organizações, o elemento fundamental do seu capital intelectual e
condições de trabalho passaram a perceber que eram valiosas pelo a base do seu sucesso.
que podiam oferecer ao negócio, não só pela força física, mas pela
força mental e estratégica. Até então, as pessoas não tinham cons- Administração Estratégica de Pessoas
ciência nem de seus direitos nem do que podiam contribuir. A área de Gestão de Pessoas tem passado por uma grande
É importante enfatizar que o fenômeno da Revolução Indus- transformação nos últimos anos, a principal mudança notável nesse
trial apenas foi um marco inicial para esse olhar mais analítico dos modelo de gestão é sua atuação, que vem deixando de ter papel
empresários frente aos seus colaboradores. Pois esse processo de somente operacional para atuar em campo mais estratégico dentro
constituição da Administração de Recursos Humanos custou muito das organizações.
ser realidade e até nos dias atuais ainda há muitas transformações A administração dos recursos humanos era concebida como
e melhorias a serem conquistadas nessa área. uma área operacional, pois atuava principalmente como departa-
Após introduzir esse breve marco das relações humanas, é fato mento de pessoal. Conhecida como o departamento da empresa
de que as mudanças estão cada vez mais constantes. Muitos fatores que se restringia apenas na execução de contratações, realização
têm contribuído para essas mudanças como os fatores econômicos, da folha de pagamento e demissões. Trazendo para outras palavras,
tecnológicos, sociais, ambientais, culturais, demográficos, legais, uma área que apenas executava decisões tomadas por outros de-
etc. partamentos e ainda levava “fama” de departamento burocrático
Essas mudanças, tais como a Revolução Industrial, contribuí- por ter que fazer cumprir muitas leis, normas e regras que envol-
ram para a transformação com relação à nomenclatura adotada do vem o trabalhador.
que chamamos de Área de Recursos Humanos, ora conhecida por Essa área foi considerada por muito tempo como uma fonte de
Gestão de Pessoas, ora conhecida por Recursos Humanos somente, despesa, por ser vista por muitos gestores como um “mal neces-
ora tratada como Gestão de Talentos, Gestão de Parceiros ou de Co- sário”. Esse ponto de vista mal explorado pela administração das
laboradores, Gestão do Capital Humano, Administração do Capital empresas foi mudando consideravelmente, ao ponto de nos dias
Intelectual e enfim Gestão de Pessoas. atuais, ser considerada a área de maior importância em uma orga-
Embora cada empresa conforme sua gestão trate este depar- nização.
tamento voltado às pessoas de uma forma, adotando um nome Houve alguns marcos históricos que contribuíram para que as
distinto, os objetivos são os mesmos, fazer com que as pessoas se- empresas passassem a enxergar as pessoas como recursos-chaves e
jam parceiras da organização. Isso significa parceria com todos os não apenas despesas. No Brasil, entre 1930 e 1950, Getúlio Vargas
envolvidos no negócio, desde o acionista até o porteiro, desde o passa a criar a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), abrangen-
do os direitos e deveres dos empregados bem como do emprega-
1 CHIAVENATO, Idalberto. Princípios da Administração - o essencial em Teoria 2 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas - 3ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
Geral da Administração - 2ª Ed. 2012 2010.

337
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
dor. As organizações passam a ter uma maior preocupação com as Ela visa cooperar com a organização, em prol do alcance de
leis estabelecidas, e assim paulatinamente começam um processo seus objetivos, utilizando como meio as políticas de manutenção
de restauração nos direitos trabalhistas e garantia de uma melhor dos recursos humanos. Em suma, a organização passa a visualizar
qualidade de vida e consequentemente maior produtividade para melhor os impactos que as ações podem causar ao seu ambiente,
as empresas. Um processo ganha-ganha, onde as duas partes são tanto interno quanto externo. Logo, o Gerente de RH passa a inte-
beneficiadas. grar a diretoria, em nível estratégico.

A partir desse contexto, surge o conceito de gestão de pessoas, Nesse contexto, é possível compreender a importância da
sendo uma área vulnerável e sujeita a instabilidade frente à cultu- Gestão de Pessoas e da área de recursos humanos. Pois agora as
ra que se aplica às organizações. O funcionário deixou de ser uma empresas estão diante de um ambiente marcado por constante
mera engrenagem de máquina e passou a ser o sujeito colaborador, competitividade, pela busca de novos modelos de gestão eficazes
contribuindo com o seu recurso intelectual ao desempenhar sua e pela velocidade de informações que sejam capazes de reagir ao
parte no processo de transformação da empresa. dinamismo do mercado.
O ambiente empresarial está cada vez mais complexo, hierar-
Assim, o colaborador passa a ser visto como o principal patri- quizado e especializado e requer cada vez mais supervisão e gerên-
mônio das organizações. E como o próprio termo utilizado, se passa cia. Como resultado, há a necessidade de planejar, controlar, coor-
a enfatizar a importância e o papel que cada trabalhador desem- denar, delegar responsabilidade e autoridade, além de melhorar as
penha dentro de uma organização, no qual este passa a ser um relações no trabalho.
parceiro, um colaborador no negócio e um recurso intelectual que Com contato mais intenso entre a administração e a psicologia,
contribui unicamente para o crescimento da empresa. propiciada pelas teorias humanistas, a Gestão RH deixa de se con-
Mas revelando também ser um grande desafio para as organi- centrar exclusivamente na tarefa, para atuar no comportamento
zações, uma vez que elas reconhecendo o real papel dos colabora- das pessoas. Segundo Fischer4, o modelo de Gestão RH tem a ênfa-
dores dentro da administração de uma empresa passaram a exigir se na gestão do comportamento humano, sendo que esse modelo
muito mais de seus profissionais. é conhecido por duas formas, o Modelo de Relações Humanas e o
Modelo do Comportamento Humano.
Todavia, com as transformações no mercado global, nos depa- A partir da citação de Fischer podemos concluir que a Adminis-
ramos com um gap3, bastante preocupante que é a escassez de pro- tração de Recursos Humanos, área que cuida especificamente do
fissionais, principalmente no que tange profissionais que possuam desenvolvimento humano de uma empresa, ou seja, dos colabora-
habilidades comportamentais que se ajustem aos valores e filosofia dores, toma posição estratégica.
das empresas. Nenhuma organização consegue sobreviver em um mercado
competitivo senão tiver pessoas qualificadas trabalhando. O suces-
Esse gap é o que chamamos de “gargalo” do mercado, é onde so de qualquer empresa depende diretamente das pessoas, por isso
existe uma extrema necessidade de profissionais para suprir a de- o nome Gestão Estratégica de Pessoas. Por meio de uma ação inte-
manda do mercado de trabalho, mas em contrapartida as empresas grada, trabalho em equipe, unindo diferentes competências é que
não conseguem selecionar um perfil de profissional que se enqua- uma organização consegue o sucesso.
dre dentro de suas expectativas. Isso ocorre porque os profissionais Antes o Departamento Pessoal visto como um departamento
estão sempre em busca de algo a mais, algo que há pouco tempo restrito somente a cuidar das burocracias, entre contratações e de-
era inexistente na administração das empresas. missões, não participava do processo decisório ou do planejamento
Esse algo a mais é considerado pelos profissionais como aquilo estratégico de uma organização. A alta administração considerava
que a empresa pode oferecer além do que estão estipulados pelas esse departamento apenas operacional, porém com as mudanças o
leis, como benefícios, vale-transporte, vale-alimentação, vale-refei- Departamento Pessoal deixa de ser um simples departamento “es-
ção, férias, horas extras, 13º salário, etc. O que o profissional mo- quecido” e passa a ser uma área de grande abrangência e respeito
derno almeja é mais do que uma carreira estável, almeja um pla- por todos os colaboradores, entre gerentes e diretores.
no de carreira, sentir-se engajado no desempenho do negócio, é Hoje, todos os colaboradores têm papel fundamental no pro-
participar de uma gestão por competências, por reconhecimento. É cesso decisório, cada colaborador desempenha sua função alinhada
saber que há possibilidades de crescimento, promoções, conseguir aos elementos do modelo de gestão.
enxergar onde o profissional está hoje e onde ele pode chegar. Essa Discutir gestão estratégica de pessoas é discutir práticas de
conquista na carreira é algo desafiador tanto para o profissional gestão de pessoas com foco no negócio e nos resultados da empre-
quanto para as empresas, pois com essa mudança nos objetivos dos sa, ou seja, é garantir um estreito alinhamento das ações e progra-
profissionais oferecidos no mercado torna-se cada vez mais difícil mas da área com as estratégias e objetivos globais da organização.
reter “talentos” dentro de uma organização, pois eles estão sempre
buscando novos desafios além de uma empresa que possa oferecer Compete a todos os gestores da empresa, desde a alta adminis-
o tão almejado plano de carreira. tração até a baixa gerência, assumir o papel de gestão de pessoas.
Retomando os fatos históricos que marcaram as transforma-
ções na área de Gestão de Pessoas, por conseguinte, entre 1965 Para que isso ocorra a área de gestão de pessoas precisa des-
e 1980 a fase administrativa abre espaço ao movimento sindical, centralizar suas práticas, por meio de um processo intenso de capa-
agora o Gerente de Relações Industriais passa a ser chamado de citação e sensibilização dos gestores, passando a atuar muito mais
Gerente de RH. A partir de 1980, dá se início ao período da Admi- como uma consultoria interna. E, para que as organizações passem
nistração Estratégica que perdura até os dias atuais. a adotar uma gestão estratégica de pessoas, torna-se necessário
migrar do controle para o comprometimento dos colaboradores.

3 Palavra inglesa que significa lacuna, vão ou brecha – retirado do site: www. 4 FISCHER, André L. Um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão
significados.com.br. de pessoas. In: As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002.

338
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Enquanto uma organização se preocupar única e exclusivamente em adotar mecanismos de controle de seus colaboradores, o com-
prometimento estará cada vez mais distante, pois o controle dificulta a iniciativa, a criatividade, a parceria na busca de melhores resulta-
dos. Já as estratégias de comprometimento permitem o engajamento, a participação ativa, novas ideias, enfim, o sentimento de pertencer
a algo importante, pois o sucesso da empresa será também o sucesso do profissional.

Assim, uma Gestão Estratégica de Pessoas significa estreitar laços e aproximar-se dos colaboradores, dos gestores e área de gestão de
pessoas, de forma a mobilizá-los para alcançar os resultados e metas planejados para a organização.

Ou seja, todos podem fazer parte do processo de tomada de decisões, desde que a empresa permita isso, desenvolva essa autonomia
e reconhecimento. Todos colaboradores podem ser estratégicos, peças-chaves para o sucesso organizacional. Isso deve ocorrer tendo em
vista que existem objetivos distintos entre as organizações e as pessoas dessas organizações.

Sendo assim, é importante resumir as 5 fases evolutivas da Gestão de Pessoas:


- Fase Contábil (1930): caracteriza-se pela preocupação com os custos da organização. Os trabalhadores eram vistos, exclusivamente,
sob o enfoque contábil.
- Fase Legal (1930 - 1950): preocupação com o acompanhamento e manutenção das recém criadas leis trabalhistas da era getulista.
- Fase Tecnicista (1950 - 1965): o Brasil implantou o modelo americano de gestão de pessoas e alavancou a função de RH ao status
orgânico de gerência. Foi nessa fase que a área de RH passou a operacionalizar serviços como os de treinamento, recrutamento e seleção,
cargos e salários, higiene e segurança no trabalho, benefícios e outros.
- Fase Administrativa, ou Sindicalista (1965 - 1985): criou um marco histórico nas relações entre capital e trabalho, na medida em que
é berço de uma verdadeira revolução que, movida pelas bases trabalhadoras, implementou o movimento sindical denominado “novo sin-
dicalismo”. Nessa fase, registrou-se nova mudança – significativa – na denominação e na responsabilidade do até aqui gerente de relações
industriais: o cargo passou a se chamar Gerente de Recursos Humanos. Pretendia-se com essa mudança transferir a ênfase em procedi-
mentos burocráticos e puramente operacionais para as responsabilidades de ordem mais humanísticas, voltadas para os indivíduos e suas
relações (com os sindicatos, a sociedade etc.).
- Fase Estratégica (1985 a atual): demarcada pela introdução dos primeiros programas de planejamento estratégico atrelados ao pla-
nejamento estratégico das organizações. Nessa fase se registraram as primeiras preocupações de longo prazo por parte das empresas com
os seus trabalhadores. Iniciou-se nova alavancagem organizacional do cargo de GRH, que, de posição gerencial, de terceiro escalão, em
nível ainda tático, passou a ser reconhecido como diretoria, em nível estratégico nas organizações.

Objetivos Individuais e Objetivos Organizacionais


As organizações são constituídas de pessoas e dependem delas para atingir seus objetivos e cumprir suas missões.
Para as pessoas, as organizações constituem o meio através do qual elas podem alcançar vários objetivos pessoais, com um custo míni-
mo de tempo, de esforço e de conflito. Muitos dos objetivos pessoais jamais poderiam ser alcançados apenas por meio do esforço pessoal
isolado. As organizações surgem para aproveitar a sinergia dos esforços de várias pessoas que trabalham em conjunto. Sem organizações
e sem pessoas certamente não haveria a Gestão de Pessoas.
Termos como empregabilidade e empresabilidade são usados para indicar, de um lado, a capacidade das pessoas em conquistar e
manter seus empregos e, de outro, a capacidade das empresas em desenvolver e utilizar as habilidades intelectuais e capacidades com-
petitivas dos seus membros.

Objetivos Organizacionais Objetivos Individuais


- Sobrevivência - Melhores salários
- Crescimento Sustentado - Melhores benefícios
- Lucratividade - Estabilidade no emprego
- Produtividade - Segurança no trabalho
- Qualidade nos Produtos/Serviços - Qualidade de vida no trabalho
- Redução de Custos - Satisfação no trabalho
- Participação no mercado - Consideração e respeito
- Novos mercados - Oportunidade de crescimento
- Novos clientes - Liberdade para trabalhar
- Competitividade - Liderança liberal
- Imagem no mercado - Orgulho da organização
Os objetivos organizacionais e os objetivos individuais das pessoas.

As pessoas como Parceiras da Organização


Nos tempos atuais, as organizações estão ampliando sua visão e atuação estratégica. Todo processo produtivo somente se realiza com
a participação conjunta de diversos parceiros, cada qual contribuindo com algum recurso.
- Os fornecedores contribuem com matérias-primas, insumos básicos, serviços e tecnologias.
- Os acionistas e investidores contribuem com capital e investimentos que permitem o aporte financeiro para a aquisição de recursos.
- Os empregados contribuem com seus conhecimentos, capacidades e habilidades, proporcionando decisões e ações que dinamizam
a organização.
- Os clientes e consumidores contribuem para a organização, adquirindo seus bens ou serviços colocados no mercado.
- Cada um dos parceiros da organização contribui com algo na expectativa de obter um retorno pela sua contribuição.

339
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Muitas organizações utilizam meios para obter a inclusão de novos e diferentes parceiros para consolidar e fortificar seus negócios e
expandir suas fronteiras através de alianças estratégicas.
Cada parceiro está disposto a continuar investindo seus recursos na medida em que obtém retornos e resultados satisfatórios de seus
investimentos.
Graças ao emergente sistêmico - que é o efeito sinergístico da organização - este consegue reunir e juntar todos os recursos ofereci-
dos pelos diversos parceiros e aumentar seus resultados. Através desses resultados a organização pode proporcionar um retorno maior às
contribuições efetuadas pelos parceiros e manter a continuidade do negócio.
Geralmente, as organizações procuram privilegiar os parceiros mais importantes. Os acionistas e investidores eram, até há pouco
tempo, os mais privilegiados na distribuição e apropriação dos resultados organizacionais. Essa assimetria está sendo substituída por uma
visão sistêmica e integrada de todos os parceiros do negócio, já que todos eles são indispensáveis para o sucesso da empresa.
Acontece que o parceiro mais íntimo da organização é o empregado: aquele que está dentro dela, que lhe dá vida e dinamismo e que
faz as coisas acontecerem.

Parceiros da Organização Contribuem com: Esperam retornos de:


Acionistas e Investidores Capital de risco e investimento Lucros e dividendos, valor agregado
Trabalho, esforço, conhecimentos e competên- Salários, benefícios, retribuições e
Empregados cias satisfações
Matérias-primas, serviços, insumos básicos,
Fornecedores Lucros e Novos negócios
tecnologias
Qualidade, preço, satisfação, valor
Clientes e Consumidores Compras, aquisição e uso dos bens e serviços agregado
Os parceiros da organização.

Pessoas como Recursos ou como Parceiras da Organização?


Dentro desse contexto, a questão básica é escolher entre tratar as pessoas como Recursos Organizacionais ou como Parceiras da
Organização.
Os empregados podem ser tratados como Recursos Produtivos das Organizações: os chamados recursos humanos. Como recursos,
eles precisam ser administrados, o que envolve planejamento, organização, direção e controle de suas atividades, já que são considerados
sujeitos passivos da ação organizacional. Daí, a necessidade de administrar os recursos humanos para obter deles o máximo rendimento
possível. Neste sentido, as pessoas constituem parte do patrimônio físico na contabilidade organizacional. Isso significa “coisificar” as
pessoas.
As pessoas devem ser visualizadas como Parceiras das Organizações. Como tais, elas são fornecedoras de conhecimentos, habilidades,
competências e, sobretudo, o mais importante aporte para as organizações: a inteligência que proporciona decisões racionais e que impri-
me significado e rumo aos objetivos globais. Neste sentido, as pessoas constituem parte integrante do capital intelectual da organização.
As organizações bem-sucedidas se deram conta disso e tratam seus funcionários como parceiros do negócio e fornecedores de competên-
cias e não mais como simples empregados contratados (como recursos).
Observe a seguir a diferença em organizações que percebem as pessoas como recursos das que percebem as pessoas como parceiros:

Pessoas como recursos Pessoas como parceiras


- Empregados isolados nos cargos; - Colaboradores agrupados em equipes;
- Horário rigidamente estabelecido; - Metas negociadas e compartilhadas;
- Preocupação com normas e regras; - Preocupação com resultados;
- Subordinação ao chefe; - Atendimento e satisfação do cliente;
- Fidelidade à organização; - Vinculação à missão e à visão;
- Dependência da chefia; - Interdependência com colegas e equipes;
- Alienação à organização; - Participação e comprometimento;
- Ênfase na especialização; - Ênfase na ética e na responsabilidade;
- Executoras de tarefas; - Fornecedoras de atividades;
- Ênfase nas destrezas manuais; - Ênfase no conhecimento;
- Mão de obra. - Inteligência e talento.

Assim, a Gestão de Pessoas se baseia em três aspectos fundamentais, segundo Chiavenato:


- As pessoas como seres humanos;
- As pessoas como ativadores inteligentes de recursos organizacionais;
- As pessoas como parceiros da organização.

340
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Objetivos da Gestão de Pessoas 6. Administrar e impulsionar a mudança: nas últimas décadas,
houve um período turbulento de mudanças sociais, tecnológicas,
Ela deve contribuir para a eficácia organizacional através dos econômicas, culturais e políticas. Essas mudanças e tendências tra-
seguintes meios: zem novas abordagens, mais flexíveis e ágeis, que devem ser utili-
1. Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua zadas para garantir a sobrevivência das organizações. E os profis-
missão: antigamente, a ênfase era colocada no fazer corretamente sionais de GP devem saber como lidar com mudanças se realmente
as coisas através dos métodos e regras impostos aos funcionários querem contribuir para o sucesso de sua organização. São mudan-
para obter eficiência. O salto para a eficácia veio com a preocupa- ças que se multiplicam exponencialmente e cujas soluções impõem
ção em atingir objetivos e resultados. Não se pode imaginar a fun- novas estratégias, filosofias, programas, procedimentos e soluções.
ção da GP sem se conhecer o negócio de uma organização. Cada A GP está comprometida com as mudanças.
negócio tem diferentes implicações na GP.
7. Manter políticas éticas de comportamento socialmente res-
O principal objetivo da GP é ajudar a organização a atingir suas ponsável: toda atividade de GP deve ser aberta, transparente, justa,
metas, objetivos e realizar sua missão. confiável e ética. As pessoas não devem ser discriminadas, e os seus
direitos básicos devem ser garantidos. Os princípios éticos devem
2. Proporcionar competitividade à organização: isto significa ser aplicados a todas as atividades da GP. Tanto as pessoas como
saber criar, desenvolver e aplicar as habilidades e competências da as organizações devem seguir padrões éticos e de responsabilidade
força de trabalho. A função da GP é fazer com que as forças das social. A responsabilidade social não é uma exigência feita apenas
pessoas sejam mais produtivas para beneficiar clientes, parceiros às organizações, mas também principalmente às pessoas que nelas
e empregados. trabalham.

3. Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e bem 8. Construir a melhor empresa e a melhor equipe: não basta
motivadas: quando um executivo diz que o propósito da Adminis- mais cuidar somente das pessoas. Ao cuidar dos talentos, a GP
tração de RH é construir e proteger o mais valioso patrimônio da precisa cuidar também do contexto onde eles trabalham. Isso en-
empresa – as pessoas – ele está se referindo a este objetivo da GP. volve a organização do trabalho, a cultura corporativa e o estilo da
Preparar e capacitar continuamente as pessoas é o primeiro passo. gestão. Ao lidar com essas variáveis, a GP conduz à criação não so-
O segundo é dar reconhecimento às pessoas e não apenas dinheiro. mente de uma força de trabalho fortemente engajada como tam-
Para melhorar e incrementar seu desempenho, as pessoas devem bém a uma nova e diferente empresa.
perceber justiça nas recompensas que recebem. Isso significa re-
compensar bons resultados e não recompensar pessoas que não Os Processos de Gestão de Pessoas
se desempenham bem. Tornar os objetivos claros e explicitar como A Gestão de Pessoas é um conjunto integrado de processos di-
são medidos e quais as decorrências do seu alcance. As medidas nâmicos e interativos. Os seis processos básicos de Gestão de Pes-
de eficácia da GP – e não apenas a medida de cada chefe – é que soas são os seguintes:
devem ser proporcionais às pessoas certas, na fase certa do desem- 1. Processos de agregar pessoas: são os processos utilizados
penho para a organização. para incluir novas pessoas na empresa. Podem ser denominados
processos de provisão ou de suprimento de pessoas. Incluem
4. Aumentar a auto atualização e a satisfação das pessoas no recrutamento e seleção de pessoas.
trabalho: antigamente a ênfase era colocada nas necessidades da 2. Processos de aplicar pessoas: são os processos utilizados
organização. Hoje, sabe-se que as pessoas precisam ser felizes. Para para desenhar as atividades que as pessoas irão realizar na
que sejam produtivas, as pessoas devem sentir que o trabalho é empresa, orientar e acompanhar seu desempenho. Incluem
adequado às suas competências e que estão sendo tratadas equi- desenho organizacional e desenho de cargos, análise e descrição
tativamente. Para as pessoas, o trabalho é a maior fonte de identi- de cargos, orientação das pessoas e avaliação do desempenho.
dade pessoal. As pessoas despedem a maior parte de suas vidas no 3. Processos de recompensar pessoas: são os processos
trabalho, e isso requer uma estreita identidade com o trabalho que utilizados para incentivar as pessoas e satisfazer suas necessidades
fazem. Pessoas satisfeitas não são necessariamente as mais produ- individuais mais elevadas. Incluem recompensas, remuneração e
tivas. Mas pessoas insatisfeitas tendem a desligar-se da empresa, benefícios e serviços sociais.
a se ausentar frequentemente e a produzir pior qualidade do que 4. Processos de desenvolver pessoas: são os processos utilizados
pessoas satisfeitas. A felicidade na organização e a satisfação no tra- para capacitar e incrementar o desenvolvimento profissional e
balho são determinantes do sucesso organizacional. pessoal das pessoas. Incluem seu treinamento e desenvolvimento,
gestão do conhecimento e gestão de competências, programas
5. Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho: qua- de mudanças e desenvolvimento de carreiras e programas de
lidade de vida no trabalho (QVT) é um conceito que se refere aos comunicações e consonância.
aspectos da experiência do trabalho, como estilo de gestão, liber- 5. Processos de manter pessoas: são os processos utilizados
dade e autonomia para tomar decisões, ambiente de trabalho agra- para criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias para
dável, camaradagem, segurança no emprego, horas adequadas de as atividades das pessoas. Incluem administração da cultura
trabalho e tarefas significativas e agradáveis. Um programa de QVT organizacional, clima, disciplina, higiene, segurança e qualidade de
procura estruturar o trabalho e o ambiente de trabalho no sentido vida e manutenção de relações sindicais.
de satisfazer a maioria das necessidades individuais das pessoas e 6. Processos de monitorar pessoas: são os processos utilizados
tornar a organização um local desejável e atraente. A confiança das para acompanhar e controlar as atividades das pessoas e verificar
pessoas na organização também é fundamental para a retenção e a resultados. Incluem banco de dados e sistemas de informações ge-
fixação de talentos. renciais.

341
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Todos esses processos estão bastante relacionados entre si, de Os gerentes de linha utilizam um tempo considerável na gestão
tal maneira que se interpenetram e se influenciam reciprocamente. de pessoas, em reuniões, conversas individuais ou grupais, telefo-
Cada processo tende a favorecer ou prejudicar os demais, nemas, e-mails, solução de problemas e definição de planos futu-
quando bem ou mal utilizado. Um processo rudimentar de agregar ros. Todo gerente de linha é responsável se a produção cai ou se
pessoas pode exigir um intenso processo de desenvolver pessoas a máquina falha e prejudica a produção. Da mesma maneira, ele
para compensar as suas falhas. Se o processo de recompensar pes- também deve cuidar pessoalmente do treinamento, desempenho e
soas é falho, ele pode exigir um intenso processo de manter pes- satisfação dos subordinados.
soas.
O equilíbrio na condução de todos esses processos é funda- Conflitos entre Linha e Staff
mental. Quando um processo é falho, ele compromete todos os de- Quando os dois lados - gerentes de linha e especialistas de RH
mais. Além disso, todos esses processos são desenhados de acordo - tomam decisões sobre as mesmas pessoas, geralmente ocorrem
com as exigências das influências ambientais externas e das influên- conflitos. O conflito ocorre porque os gerentes de linha e os espe-
cias organizacionais internas para obter a melhor compatibilização cialistas em RH discordam sobre quem tem a autoridade para tomar
entre si. Ele deve funcionar como um sistema aberto e interativo. as decisões sobre pessoas ou porque têm diferentes orientações a
respeito.
Administração de RH como responsabilidade de Linha e Fun- Os conflitos entre linha e staff já são tradicionais:
ção de Staff O especialista de staff está preocupado com suas funções bá-
Há um princípio básico em ARH: “Gerir pessoas é uma respon- sicas de proporcionar consultoria, aconselhamento e informação
sabilidade de linha e uma função de staff.” sobre a sua especialidade. Ele não tem autoridade direta sobre o
gerente de linha.
O que significa isso? O gerente de linha tem autoridade para tomar as decisões re-
Quem deve gerir as pessoas é o próprio gerente - ou supervisor lacionadas com suas operações e seus subordinados. Ocorre que
ou líder de equipe - ao qual elas estão subordinadas. Ele tem a res- nem sempre existe uma distinção clara entre linha staff nas orga-
ponsabilidade linear e direta pela condução de seus subordinados. nizações.
Por essa razão, existe o princípio da unidade de comando: cada O conflito entre especialistas de RH e gerentes de linha é mais
pessoa deve ter um e apenas um gerente. A contrapartida desse crítico quando as decisões exigem um trabalho conjunto em assun-
princípio é que cada gerente é o único e exclusivo chefe dos seus tos como disciplina, condições de trabalho, transferências, promo-
subordinados. Para que o gerente possa assumir plena autonomia ções e planejamento de pessoal.
essa responsabilidade de gerir seu pessoal, ele precisa receber as- Existem três maneiras para reduzir o conflito entre linha e staff:
sessoria e consultoria do órgão de ARH, que lhe proporciona os 1. Demonstrar aos gerentes de linha os benefícios de usar pro-
meios e serviços de apoio. gramas de RH.
Assim, gerir pessoas é uma responsabilidade de cada gerente 2. Atribuir responsabilidades por certas decisões de RH exclusi-
que deve receber orientação do staff a respeito das políticas e pro- vamente aos gerentes de linha, e outras exclusivamente aos espe-
cedimentos adotados pela organização. cialistas de RH.
3. Treinar ambos os lados – gerentes de linha e especialistas de
Centralização/Descentralização das Atividades de RH RH – em como trabalhar juntos e tomar decisões conjuntas. Esta al-
O conceito básico de que administrar pessoas é responsabilida- ternativa é mais eficaz se a organização tem um padrão de carreiras
de de linha e uma função de staff é fundamental. Acontece que as que proporciona o rodízio entre posições de linha e staff. A rotação
empresas sempre se defrontaram com o problema do relativo grau de cargos entre linha e staff ajuda cada grupo a compreender me-
de centralização/descentralização de suas áreas de atividades. E na lhor os problemas do outro.
área de ARH sempre predominou uma forte tendência para a cen-
tralização e concentração na prestação de serviços para as demais As Responsabilidades da Administração de Recursos Huma-
áreas empresariais. nos e dos Gerentes de Linha
A tal ponto que, em muitas empresas, o recrutamento e sele- Lidar com pessoas sempre foi parte integral da responsabilida-
ção, a admissão, integração, treinamento e desenvolvimento, admi- de de linha de cada executivo, desde o presidente até o mais baixo
nistração de salários e remuneração, administração de benefícios, nível de supervisão.
higiene e segurança do trabalho, avaliação do desempenho, eram Organizações bem-sucedidas definem as seguintes responsabi-
estreitamente concentrados na área de ARH, com pouca participa- lidades de linha para os gerentes:
ção gerencial das demais áreas. 1. Colocar a pessoa certa no lugar certo, isto é, recrutar e se-
E nisso a área de ARH era essencialmente exclusivista e, até lecionar.
certo ponto, hermética mantendo a sete chaves os segredos das 2. Integrar e orientar os novos funcionários na equipe.
suas decisões e atividades. A atividade prestadora de serviços do 3. Treinar e preparar as pessoas para o trabalho.
staff prevalecia fortemente sobre a responsabilidade de linha dos 4. Avaliar e melhorar o desempenho de cada pessoa no cargo
gerentes da empresa. A tal ponto que o staff é quem tomava as ocupado.
decisões peculiares da linha. A centralização preponderava sobre 5. Ganhar cooperação criativa e desenvolver relações agradá-
a descentralização. veis de trabalho.
6. Interpretar e aplicar as políticas e procedimentos da organi-
A Interação entre Especialistas de RH e Gerentes de Linha zação.
Na realidade, as tarefas de ARH mudaram com o tempo. Hoje, 7. Controlar os custos trabalhistas.
elas são desempenhadas nas organizações por dois grupos de exe- 8. Desenvolver as habilidades e competências de cada pessoa.
cutivos: de um lado, os especialistas em RH que atuam como con- 9. Criar e manter elevado moral na equipe.
sultores internos, e de outro, os gerentes de linha (gerentes, super- 10. Proteger a saúde e proporcionar condições adequadas de
visores etc.) que estão envolvidos diretamente nas atividades de RH trabalho.
por serem responsáveis pela utilização eficaz de seus subordinados.

342
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Em organizações de pequeno porte, os gerentes de linha assumem todas as funções e responsabilidades sem qualquer assistência
interna ou externa. A medida que as organizações crescem, o trabalho dos gerentes de linha se divide e se especializa e eles passam a
necessitar de assistência através da consultoria de um staff de RH. A partir daí a ARH torna-se então uma função especializada de staff.
Com o princípio da responsabilidade de linha e função de staff em vista, deve-se descentralizar a gestão das pessoas no nível das
gerências de linha de um lado, enquanto, de outro, mantém-se a função de assessoria e consultoria interna através do órgão de RH. Cada
qual no seu papel para proporcionar o melhor em termos de condução de pessoas em direção aos objetivos da organização, permitindo
também o alcance dos objetivos individuais.

Função de Staff Responsabilidade de Linha


Órgão de ARH Gestor de Pessoas (gestores de linha)
- Cuidar das políticas de RH. - Cuidar da sua equipe de pessoas.
- Prestar assessoria e suporte. - Tomar decisões sobre subordinados.
- Dar Consultoria interna de RH. - Executar as ações de RH.
- Proporcionar serviços de RH. - Cumprir as metas de RH.
- Dar orientação de RH. - Alcançar resultados de RH.
- Cuidar da estratégia de RH. - Cuidar da tática e operações.
A função de staff e a responsabilidade de linha na Gestão de Pessoas.

As Tecnologias da Informação são ferramentas essenciais na criação de sistemas de informação integrados e coordenados. Como re-
fere Zorrinho5, “a gestão da informação é uma função que conjuga a gestão do sistema de informação e do sistema informático de suporte
com a concepção dinâmica da organização num determinado contexto envolvente”.
E hoje, mais do que nunca, os gestores têm que estar sensibilizados para o fato de o planeamento estratégico dos Sistemas da Infor-
mação ser um fator chave da criação de valor agregado e das vantagens competitivas para a empresa.
Se, por um lado, ajudam a detectar novas oportunidades e criar vantagens competitivas, por outro lado, ajudam a defendê-la de
ameaças provenientes da concorrência. É neste âmbito que o binômio SI/TI deve ser considerado no processo de formulação estratégica
do negócio e sempre na perspectiva de poder dar um contributo positivo para uma melhor estratégia.
Ao nível dos Sistemas da Informação, são definidas as necessidades de informação e sua aplicação no negócio, baseadas numa análise
da organização e do seu meio envolvente, bem como na análise da estratégia global da organização.
Ao nível das Tecnologias da Informação, é estabelecido qual a sua real contribuição para o processamento de informação e para a
satisfação das necessidades informacionais e aplicacionais, bem como o desenvolvimento de sistemas e criação de vantagens competitivas
para a empresa, tendo em conta as prioridades fixadas na estratégia dos Sistemas da Informação.

Os Sistemas de Informação são distribuídos em três modelos: decisão, mensuração e informação:


a) A informação: a informação vem de acordo com o seu propósito, que é possibilitar a uma organização alcançar seus objetivos pelo
eficiente uso de seus outros recursos. Contempla, além da identificação e da classificação, a transmissão de sinais por meio de canais
denominados relatórios gerenciais.
b) A mensuração: trabalha com o problema de avaliação dos dados e por isso é importante que esta seja estabelecida corretamente.
Logo, para que uma decisão seja tomada, é necessário que a informação seja trabalhada, ou seja, mensurada. A mensuração atribui valor
a informação. É a informação mensurada, comparada, com valor dentro de um contexto, que subsidia a tomada de decisão.
c) A decisão: a tomada de decisões, objetiva solucionar problemas e manter o caráter preditivo através de um modelo de decisão que
visa explicar como as decisões realmente devem acontecer.

Impactos dos Sistemas e Tecnologias da Informação nas Organizações


A introdução de Sistemas e Tecnologias da Informação numa organização irá provocar um conjunto de alterações, nomeadamente ao
nível das relações da organização com o meio envolvente (analisado em termos de eficácia) e ao nível de impactos internos na organização
(analisados através da eficiência).
As Tecnologias de Informação são recursos valiosos que provocam repercussões em todos os níveis da estrutura organizacional:
a) Ao nível estratégico, quando uma ação é susceptível de aumentar a coerência entre a organização e o meio envolvente, que por sua
vez se traduz num aumento de eficácia em termos de cumprimento da missão organizacional;
b) Aos níveis táticos e operacionais, quando existem efeitos endógenos, traduzidos em aumento da eficiência organizacional em ter-
mos de opções estratégicas.

Os Sistemas de Informações permitem às organizações a oferta de produtos a preços mais baixos que, aliados a um bom serviço e à
boa relação com os clientes, resultam numa vantagem competitiva adicional, através de elementos de valor acrescentado cujo efeito será
a fidelidade dos clientes.
A utilização de Sistemas de Informações pode provocar, também, alterações nas condições competitivas de determinado mercado, em
termos de alteração do equilíbrio dentro do setor de atividade, dissuasão e criação de barreiras à entrada de novos concorrentes.
Os SI/TI permitem, ainda, desenvolver novos produtos/serviços aos clientes ou diferenciar os já existentes daqueles ofertados pela
concorrência e que atraem o cliente de forma preferencial em relação à concorrência.
A utilização de alta tecnologia vai permitir uma relação mais estreita e permanente entre empresa e fornecedores, na medida em que
qualquer pedido/sugestão da parte da empresa é possível ser atendido/testado pelos fornecedores. A tecnologia permitiu uma modifica-
ção na maneira de pensar e de agir dos produtores e consumidores.
5 ZORRINHO, C. Gestão da Informação. Condição para Vencer. Iapmei.1995.

343
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Os Sistemas de Informação e Tecnologias de Informação se 1) Conceitos de Sistemas: Sistema é qualquer conjunto de com-
configuram ainda importante ferramenta nas relações travadas na ponentes e processos por eles executado, que visam transformar
esfera da Administração Pública, na medida em que permite reduzir determinadas entradas em saídas (saídas do sistema). Assim, os
a burocratização de procedimentos existentes entre Organização/ componentes são também sistemas (subsistemas), e que, por sua
Administração Pública, na constante busca do cumprimento inte- vez, podem ser decompostos em novos sistemas menores.
gral das obrigações legais das organizações e de acordo com os pra- Assim, trata-se de uma série de elementos ou componentes in-
zos prescritos em lei, através da transmissão de informação por via ter-relacionados que coletam (entrada), manipulam e armazenam
magnética. (processo), disseminam (saída) os dados e informações e fornecem
As Tecnologias de Informação apresentam inegáveis impactos um mecanismo de feedback, apoiando o controle, a coordenação e
ao nível interno das organizações, atingindo fortemente: a tomada de decisão em uma organização; auxiliam gerentes e fun-
- a estrutura orgânica e o papel de enquadramento/coordena- cionários a analisar problemas, visualizar soluções e a criar novos
ção na organização; produtos.
- o nível psico-sociológico e das relações pessoais; Os conceitos de sistemas são subjacentes ao campo dos siste-
- o subsistema de objetivos e valores das pessoas que traba- mas de informação. Entendê-los irá ajudá-lo a compreender mui-
lham nas organizações; tos outros conceitos na tecnologia, aplicações, desenvolvimento e
- bem como o subsistema tecnológico. administração dos sistemas de informação que abordaremos neste
livro. Os conceitos de sistemas o ajudam a entender:
Os maiores benefícios aparecem quando as estratégias organi- - Tecnologia: Que as redes de computadores são sistemas de
zacionais, as estruturas e os processos são alterados conjuntamen- componentes de processamento de informações.
te com os investimentos em Tecnologia de Informações. Segundo - Aplicações: Que os usos das redes de computadores pelas
Venkatraman, referido por O’Brien6, o verdadeiro poder das TI está empresas são, na verdade, sistemas de informação empresarial in-
em “reestruturar as relações nas redes empresariais para aprovei- terconectados.
tar um leque mais vasto de competências.” - Desenvolvimento: Que o desenvolvimento de maneiras de
As Tecnologias da Informação permitem assim, ultrapassar utilizar as redes de computadores nos negócios inclui o projeto dos
todo um conjunto de barreiras na medida em que existe uma nova componentes básicos dos sistemas de informação.
maneira de pensar, pois em tempo real é possível às empresas agir - Administração: Que a administração da informática enfatiza
e reagir rapidamente aos clientes, mercados e concorrência. a qualidade, valor para o negócio e a segurança dos sistemas de
Portanto, nas organizações, a informação é um fator decisivo informação de uma organização.
na gestão por ser um recurso importante e indispensável tanto no
contexto interno como no relacionamento com o exterior. Portanto um sistema pode ser definido como um conjunto de
Quanto mais confiável, oportuna e exaustiva for essa informa- componentes inter-relacionados trabalhando juntos para coletar,
ção, mais coesa será a empresa e maior será o seu potencial de recuperar, processar, armazenar e distribuir a informação com a fi-
resposta às solicitações concorrenciais. Alcançar este objetivo de- nalidade de facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a
pende, em grande parte, do reconhecimento da importância da in- análise e o processo decisório em empresas e organizações.
formação e do aproveitamento das oportunidades oferecidas pela Um sistema (por vezes chamado sistema dinâmico) possui al-
tecnologia para orientarem os problemas enraizados da informa- guns ou funções básicas em interação:
ção. Entradas: são todos os elementos que o sistema deve receber
A revolução da Informação exige, assim, mudanças profundas para serem processados e convertidos em saídas ou produtos, ou
no modo como vemos a sociedade na organização e sua estrutura, seja, envolve a captação e reunião de elementos que entram no
o que se traduz num grande desafio: aproveitar as oportunidades, sistema para serem processados;
dominando os riscos inerentes ou submeter-se aos riscos com todas Saídas: são os resultados produzidos pelo sistema, em geral
as incertezas que acarretam. diretamente relacionados aos objetivos ou razões dos sistemas;
Na chamada “Sociedade de Informação”, esta possui um efeito quando não acontece, então o sistema não está cumprindo o seu
multiplicador que dinamizará todos os setores da economia, cons- fim. As saídas envolvem a transferência de elementos produzidos
tituindo, por sua vez, a força motora do desenvolvimento político, por um processo de transformação até seu destino final.
econômico, social, cultural e tecnológico.
Componentes e Processos Internos: são as partes internas
Sistemas de Informações Gerenciais do sistema, utilizadas para converter as entradas em saídas. Os
Como já mencionado, entender a administração e o uso res- processos são as ações realizadas pelos componentes do sistema
ponsável e eficaz dos sistemas de informação é importante para na transformação das entradas e saídas.
gerentes e outros trabalhadores do conhecimento atual sociedade Envolve processos de transformação que convertem insumo
de informação. (entrada) em produto;
Os mais variados sistemas e tecnologias da informação se
tornaram um componente vital para o sucesso de empresas e or-
ganizações. Os sistemas de informação constituem um campo de
estudo essencial em administração e gerenciamento de empresas,
uma vez que é considerado uma importante área funcional para as
operações das empresas.
Um sistema de informação (SI) é uma combinação de pessoas,
hardware, software, redes de comunicações e recursos de dados
que coleta, transforma e dissemina informações em uma organi-
zação.
6 O’BRIEN Virgínia. MBA intensivo em Gestão. Instituto Superior de Gestão. Abril/
Controljomal Editora, Lda.1996.

344
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
- Feedback e Controle: Os dois conceitos adicionais do conceito de sistema (entrada, processamento e saída) incluem o feedback e o
controle. Um sistema dotado de componentes de feedback e controle às vezes é chamado de um sistema cibernético, ou seja, um sistema
auto monitorado, autorregulado.
a) Feedback: são dados sobre o desempenho de um sistema. É o retorno sobre as saídas produzidas pelo sistema sobre as entradas
do mesmo. É a avaliação da qualidade do produto do sistema. A realimentação deve ser contínua, para que se tenha certeza da evolução
dirigida do sistema, garantindo seu desenvolvimento no sentido de adaptação as necessidades.
b) Controle: envolve monitoração e avaliação do feedback para determinar se um sistema está se dirigindo para a realização de sua
meta; em seguida, a função de controle faz os ajustes necessários aos componentes de entrada e processamento de um sistema para
garantir que seja alcançada a produção adequada.

Identificação de Processos

Exemplo: Uma Padaria - produzir pães e comercializá-los

2) Objetivos (Razões do Sistema)


A todo sistema devem ser associadas às razões de sua existência, de modo que seus elementos possam ser devidamente entendidos.
Essas razões constituem-se os “objetivos” do sistema, e estão diretamente relacionadas às saídas que o sistema deve produzir.
Um automóvel, por exemplo, pode ser definido, numa versão simplista de suas razões, como um sistema do qual se quer “movimento
dirigido com transporte de carga”.
Isto é, nessa definição simplista, o que se espera de um automóvel é o transporte de carga (pessoas, materiais, etc.) de um ponto
para outro, o que implica definir um automóvel como um produtor de “trabalho dirigido” (força aplicada), que a partir de uma certa fonte
geradora de energia, é capaz de transportar, de forma dirigida, carga de um ponto para outro, à velocidade desejada.
Para tanto é necessário:
- Transformar insumos em um novo produto;
- Satisfazer as necessidades dos clientes;
- Tornar a relação custo x benefício favorável para gerar lucro e crescimento da empresa;
- Vender outros produtos.

Vejamos mais alguns objetivos dos Sistemas e Tecnologias da Informação:


a. Produzir informações realmente necessárias, confiáveis, em tempo hábil e com custo condizente, atendendo aos requisitos opera-
cionais e gerenciais de tomada de decisão.
b. Ter por base diretrizes capazes de assegurar a realização dos objetivos, de maneira direta, simples e eficiente.
c. Integrar-se à estrutura da organização e auxiliar na coordenação das diferentes unidades organizacionais (departamentos, divisões,
diretorias, etc.) por ele interligado.
d. Ter um fluxo de procedimentos (internos e externos ao processamento) racional, integrado, rápido e de menor custo possível.
e. Contar com dispositivos de controle interno que garantam a confiabilidade das informações de saída e adequada proteção aos
dados controlados pelo sistema
f. Ser simples, seguro e rápido em sua operação.

345
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
3) Características dos Sistemas: - Operadores do sistema: monitoram e operam grandes redes e
Um sistema não existe em um “vácuo”, ou seja, isolado; na ver- sistemas de computadores.
dade, ele existe e funciona em um ambiente que contém outros
sistemas, vejamos: B) Recursos de hardware: Os recursos de hardware incluem
Subsistema: Um sistema que é um componente de um sistema todos os dispositivos físicos e equipamentos utilizados no proces-
maior que, por sua vez, é seu ambiente. Todo sistema pode ser divi- samento de informações.
dido em subsistemas menores, que recebem entradas específicas e - Máquinas: dispositivos físicos (redes de telecomunicações,
produzem saídas específicas. A divisão pode ser feita até o nível de periféricos, computadores)
interesse da análise. - Mídia: todos os objetos tangíveis nos quais são registrados
Cada Subsistema tem os mesmos elementos que um sistema, dados (papel, discos magnéticos).
isto é, recebe entradas e produz saídas através de componentes e
processos. Nota-se que cada subsistema é, na realidade, um siste- Para tanto podemos citar dois exemplos de hardware em siste-
ma em si, e poderia ser novamente em subsistemas componentes, mas de informação computadorizados são:
e assim por adiante, até o nível desejado de composição. 1. Sistemas de computadores – consistem em unidades de pro-
Fronteira de Sistema: Um sistema se separa de seu ambiente e cessamento central contendo microprocessadores e uma multipli-
de outros sistemas por meio de suas fronteiras de sistema. cidade de dispositivos periféricos interconectados
Interface: Vários sistemas podem compartilhar o mesmo am-
biente. Alguns desses sistemas podem ser conectados entre si por 2. Periféricos de computador – são dispositivos, como um te-
meio de um limite compartilhado, ou interface. clado ou um mouse, para a entrada de dados e de comandos, uma
Sistema Aberto: Um sistema que interage com outros sistemas tela de vídeo ou impressora, para a saída de informação, e discos
em seu ambiente é chamado de um sistema aberto (conectado com magnéticos ou ópticos para armazenamento de recursos de dados.
seu ambiente pela troca de entrada e saída).
Sistema Adaptável: Um sistema que tem a capacidade de trans- C) Recursos de software: Os recursos de software incluem to-
formar a si mesmo ou seu ambiente a fim de sobreviver é chamado dos os conjuntos de instruções de processamento da informação.
de um sistema adaptável. - Programas: um conjunto de instruções que fazem com que
um computador execute uma tarefa específica.
4) Tipos de Sistema da Informação: - Procedimentos: conjunto de instruções utilizadas por pessoas
Os sistemas de informação podem ser manuais ou computado- para finalizar uma tarefa.
rizados. Muitos sistemas de informação começam como sistemas
manuais e se transformam em computadorizados que estão confi- Exemplos de recursos de software são:
gurados para coletar, manipular, armazenar e processar dados. 1. Software de sistema – por exemplo, um programa de sistema
Assim, temos os seguintes tipos de sistemas de informação: operacional, que controla e apoia as operações de um sistema de
a) Sistemas de informação manuais (papel-e-lápis) computador.
b) Sistemas de informação informais (boca-a-boca) 2. Software aplicativo - programas que dirigem o processamen-
c) Sistemas de informação formais (procedimentos escritos) to para um determinado uso do computador pelo usuário final.
d) Sistemas de informação computadorizados 3. Procedimentos – são instruções operacionais para as pes-
soas que utilizarão um sistema de informação.
5) Componentes de Sistema de Informação Computadorizado:
Um modelo de sistema de informação expressa uma estrutura D) Recursos de redes: Os recursos de rede consistem em mídias
conceitual fundamental para os principais componentes e ativida- e redes de comunicação, apoiam componentes que são parte dos
des dos sistemas de informação computadorizado. recursos de rede necessários ao apoio dos processos de e-business
Um sistema de informação depende dos recursos de pessoal, e de e-commerce e dos sistemas internos.
hardware, software e redes para executar atividades de entrada,
processamento, saída, armazenamento e controle que convertem Redes de telecomunicações como a Internet, Intranets e Extra-
recursos de dados em produtos de informação. nets tornaram-se essenciais ao sucesso de operações de todos os
O modelo de Sistemas de Informação destaca os cinco recursos tipos de organizações e de seus sistemas de informação baseados
principais que podem ser aplicados a todos os tipos de sistemas de no computador. As redes de telecomunicações consistem em com-
informação, vejamos: putadores, processadores de comunicações e outros dispositivos
interconectados por mídia de comunicações e controlados por sof-
A) Recursos pessoais: compreendem os usuários finais, tais tware de comunicações.
como os clientes online, fornecedores, funcionários e especialistas O conceito de recursos de rede enfatiza que as redes de comu-
de SI, bem como os engenheiros de software, os diretores executi- nicações são um componente de recurso fundamental de todos os
vos de informação (CIOs, e o diretor executivo de tecnologia (CTO). sistemas de informação. Os recursos de rede incluem:
São necessárias pessoas para a operação de todos os sistemas
de informação. Esses recursos incluem os usuários finais e os espe- - Mídia de comunicações: cabos de pares trançados, cabo
cialistas em SI. coaxial, cabo de fibra ótica, sistemas de micro-onda e sistemas de
- Usuários finais: são pessoas que utilizam um sistema de infor- satélite de comunicações.
mação ou a informação que ele produz. - Suporte de rede: recursos de dados, pessoas, hardware e sof-
- Especialistas em SI: são pessoas que desenvolvem e operam tware que apoiam diretamente a operação e uso de uma rede de
sistemas de informação. comunicações.
- Analistas de Sistemas: projetam sistemas de informação com
base nas demandas dos usuários finais.
- Desenvolvedores de Software: criam programas de computa-
dor seguindo as especificações dos analistas de sistemas.

346
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
E) Recursos de dados: Os recursos de dados podem incluir da- - Sistemas Especialistas e Inteligência Artificial
dos, modelo e bases de conhecimento, arquivos sobre seus clien- Objetivo: ser capaz de fazer sugestões e checar as conclusões,
tes, fornecedores, funcionários, produtos e outras informações tal como um especialista no assunto. Uma de suas vantagens é a
necessárias para os negócios, incluindo as bases de conhecimento capacidade explicativa das conclusões às quais chega. Ex: Previsões
que são parte de seu sistema Central de Apoio à administração do de aplicações no mercado financeiro.
conhecimento.
Os dados constituem um valioso recurso organizacional. Dessa 7) Dados x Informações
forma, os recursos de dados devem ser efetivamente administra- Os termos dados e informações são muitas vezes empregados
dos para beneficiar todos os usuários finais de uma organização. Os de modo intercambiável. Entretanto, você deve fazer a seguinte dis-
recursos de dados dos sistemas de informação normalmente são tinção:
organizados em: A) Dados: - são fatos ou observações crus, normalmente sobre
- Bancos de dados - uma coleção de registros e arquivos logica- fenômenos físicos ou transações de negócios. Mais especificamen-
mente relacionados. Um banco de dados incorpora muitos registros te, os dados são medidas objetivas dos atributos (características) de
anteriormente armazenados em arquivos separados para que uma entidades como pessoas, lugares, coisas e eventos.
fonte comum de registros de dados sirva muitas aplicações. São os fatos em sua forma primária.
- Bases de conhecimento - que guardam conhecimento em Ex: número de horas trabalhadas em uma semana.
uma multiplicidade de formas como fatos, regras e inferência sobre
vários assuntos. B) Informações: - são dados processados que foram colocados
em um contexto significativo e útil para um usuário final. Os dados
6) Aplicações-Chaves na Organização são submetidos a um processo de “valor adicionado” (processa-
- Sistemas Nível-Operacional - suporte aos gerentes organiza- mento de dados ou processamento de informação) onde:
cionais no desenvolvimento de atividades elementares e transacio- - Sua forma é agregada, manipulada e organizada
nais na organização - Seu conteúdo é analisado e avaliado
-TPS (Sistemas de Processamento de Transações - Transaction - São colocados em um contexto adequado a um usuário hu-
Processing Systems). mano.

- Sistemas Nível-Gerenciamento - suporte ao monitoramento, C) Relações e Regras


controle, tomada de decisões e atividades administrativas de ge- - Estabelecer relações e regras para organizar os dados
rentes. - Informação útil e valiosa
-DSS (Sistemas de Suporte a Decisão - Decision Support Sys- - O tipo de informação criada depende da relação definida en-
tems) tre os dados existentes
-MIS (Sistemas de Informações Gerenciais - Management Infor- - Adicionar dados novos ou diferentes significa que as relações
mation Systems) podem ser redefinidas e novas informações podem ser criadas
Ex. Adicionar dados de produtos específicos aos seus dados de
- Sistemas Nível-Estratégico - auxiliam gerentes sêniores a ma- vendas para criar informações sobre vendas mensais quebradas por
nipular e situar questões estratégicas e tendências de longo-prazo, linhas de produtos
ambas na organização e no ambiente externo.
-ESS (Sistemas de Suporte Executivo - Executive Support Sys- D) Conhecimento
tems) É o corpo ou as regras, diretrizes e procedimentos usados para
selecionar, organizar e manipular os dados, para torná-los úteis
- Sistemas Nível-Conhecimento - suporte aos negócios para para uma tarefa específica. O ato de seleção ou rejeição dos fatos,
integrar novos conhecimentos e auxiliar a organização controlar o baseados na sua relevância em relação às tarefas particulares é
fluxo de papéis também um tipo de conhecimento usado no processo de conversão
-KWA (Sistemas de Conhecimento do Trabalho - Knowledge de dados em informação
Work Systems) O conjunto de dados, regras, procedimentos e relações que de-
-OAS (Sistemas de Automação de Escritório - Office Automa- vem ser seguidos para se atingir o valor informacional ou o resulta-
tion Systems) do adequado do processo está contido na base do conhecimento.
-Data Warehouse (organizar dados corporativos) A organização ou o processamento dos dados pode ser feito
-Data Mining - Mineração de dados mentalmente, manualmente ou através de um computador. A im-
-Workflow é definido como uma coleção de tarefas organizadas portância deve ser dada para que os resultados sejam úteis e de
valor para tomar decisões
- Sistemas de Processamento de Transações
Objetivo: reduzir custos através da automatização de rotinas. E) Informação
Ex: imprimir cheques Um dado tornado mais útil através da aplicação do conheci-
mento.
- Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) A informação é valiosa se for pertinente à situação, fornecida
Objetivo: produzir relatórios gerenciais para o planejamento e no tempo certo, para as pessoas certas de forma não complexa de-
controle. Ex: relatório de custos totais da folha de pagamento mais para ser entendida, deve ser precisa e completa, e de custo
compatível.
- Sistemas de Apoio à Decisão
Objetivo: dar apoio e assistência em todos os aspectos da to- F) Características da boa informação:
mada de decisões sobre um problema específico, sugerindo alter- - Precisa (ELSL) - entra lixo, sai lixo
nativas e dando assistência à decisão final. Ex: Auxiliar a determinar - Completa - contém todos os fatos importantes
a melhor localização para construir uma nova instalação industrial. - Econômico - valor da informação x custo de sua produção

347
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
- Flexível - pode ser usada para diversas finalidades As atividades de controle incluem a utilização de senhas e ou-
- Confiável - depende da coleta dos dados e das fontes de in- tros códigos de segurança pelos clientes, fornecedores e funcioná-
formação rios para a entrada nos websites de e-commerce e de e-business
- Relevante - Importante para tomada de decisões (mais rele- da empresa e para o acesso a seus bancos de dados e bases de
vante para uns e menos para outros) conhecimento.
- Simples - Informações em excesso podem não demonstrar o
que é realmente importante 9) Importância do Planejamento de Informática para a Eficácia
- Em tempo - A informação deve ser enviada a tempo para a dos Sistemas de Informação:
tomada de decisão Hoje as tecnologias de informação são muito mais complexas e
- Verificável - pode ser checada, talvez em várias fontes abrangentes que o tradicional processamento de dados, incluindo,
além destes, uma imensa variedade de recursos, classificados sob
8) Atividades dos Sistemas de Informação: as atividades de os mais variados títulos:
processamento de informação (ou processamento de dados) que - Sistemas de Informações Gerenciais
acontecem nos sistemas de informação incluem: - Sistemas de Suporte a Decisões
- Entrada de recursos de dados: Os dados sobre transações co- - Sistemas de Suporte à Gestão
merciais e outros eventos devem ser capturados e preparados para - Automação de Escritórios
processamento pela atividade de entrada. A entrada normalmente - Automação de Processos
assume a forma de atividades de registro de dados como gravar e - Automação Industrial
editar. - Inteligência Artificial
Uma vez registrados, os dados podem ser transferidos para - Sistemas Especialistas
uma mídia que pode ser lida por máquina, como um disco magnéti- - Automação Bancária
co, por exemplo, até serem requisitados para processamento. - Captura Direta de Informações
Atividades de entrada incluem a entrada de cliques de navega-
ção do website, entradas e seleções de dados de e-commerce e de As tecnologias de informações, com toda essa abrangência, es-
e-business, e consultas e respostas de colaboração online feitas por tão transformando os valores atuais, principalmente no mundo em-
clientes, fornecedores e funcionários. presarial, muito mais profunda e rapidamente que qualquer outra
transformação tecno-social da história.
- Transformação de dados em informação: Os dados normal- Os impactos das tecnologias já foram suficientemente grandes
mente são submetidos a atividades de processamento como cálcu- para que alguns autores concluíssem que as mudanças delas decor-
lo, comparação, separação, classificação e resumo. Estas atividades rentes trarão consequentemente muito mais profundas e rápidas
organizam, analisam e manipulam dados, convertendo-os assim em que todas as revoluções tecnológicas anteriores, alterando drastica-
informação para os usuários finais. mente o perfil de toda a sociedade e de suas organizações.
As atividades de processamento são realizadas sempre que al- Cada vez mais o foco de atenção para o uso dos recursos de
gum dos computadores da empresa executa os programas que são informática se desloca para resultados, por meio de abordagens
parte dos recursos de software de e-business, de e-commerce ou inovadoras, que diferenciam produtos, mudam as relações de força
dos sistemas internos. no mercado, criam ou destroem dependências entre organizações,
A informação é transmitida de várias formas aos usuários finais prendem clientes a fornecedores, reduzem prazos para atividades
e colocada à disposição deles na atividade de saída. A meta dos essenciais da organização, como o lançamento de novos produtos,
sistemas de informação é a produção de produtos de informação mudam drasticamente as estruturas de custos de produtos e servi-
adequados aos usuários finais. ços, criam canais de comunicação inimagináveis com o mercado há
alguns anos.
- Saída de produtos da informação: A informação é transmitida Tudo isso é possível e já está sendo utilizado nas empresas que
em várias formas para os usuários finais e colocadas à disposição perceberam a importância estratégica das tecnologias de informa-
destes na atividade de saída. A meta dos sistemas de informação é a ção.
produção de produtos de informação apropriados para os usuários Por muito tempo as organizações têm feito uso das tecnolo-
finais. gias de informação, mas de forma não administrada ou inadequa-
- Armazenamento de recursos de dados: Armazenamento é um damente administrada. A maior parte das empresas ainda utiliza os
componente básico dos sistemas de informação. É a atividade do recursos de informática orientados para “dentro” da organização,
sistema de informação na qual os dados e informações são retidos isto é, para resolver problemas internos de processamento de in-
de uma maneira organizada para uso posterior. formações.
As atividades de armazenamento têm lugar quando os dados Obviamente, esse tipo de uso também é necessário, mas im-
da empresa são armazenados e controlados nos arquivos e bancos portante que a visão das possibilidades de utilização daquelas tec-
de dados nas drives de disco e em outros meios de armazenamento nologias seja ampliada e contemple o novo universo que cada vez
dos computadores da empresa. mais mudará as relações de competitividade em todos os segmen-
- Controle de desempenho do sistema: Uma importante ativi- tos da economia. Ao lado do uso estratégico, tais tecnologias repre-
dade do sistema de informação é o controle de seu desempenho. sentam, também, um papel fundamental como agente de integra-
Um sistema de informação deve produzir feedback sobre suas ativi- ção e coesão organizacional.
dades de entrada, processamento, saída e armazenamento. O fee- Surge, então, uma situação complexa, em que muitos fatores
dback deve ser monitorado e avaliado para determinar se o sistema de grande impacto empresarial precisam ser analisados. Esta é a
está atendendo os padrões de desempenho estabelecidos. O fee- função do planejamento de informática: pesquisar, adequar e pla-
dback é utilizado para fazer ajustes nas atividades do sistema para nejar o uso das tecnologias de informações, contemplando a multi-
a correção de defeitos. plicidade e as possibilidades de uso dessas tecnologias.

348
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
O planejamento do uso das tecnologias de informações deixa de ser uma preocupação técnica para assumir uma importância estraté-
gica, passando a ser responsável por grande parte do sucesso empresarial.

O uso das tecnologias de informação sob diversos ângulos:


- Uso estratégico das tecnologias de informação;
- Integração organizacional;
- Apoio funcional e pessoal;
- Apoio às decisões básicas e processos administrativos

Os usos potenciais das tecnologias de informações são pesquisados exaustivamente, identificando-se, assim, o conjunto de aplicações
e sistemas mais indicados para a empresa. Questões fundamentais são analisadas:

- Como devem ser associados os recursos técnicos de informação à estrutura e filosofia administrativa da empresa?
- Como devem ser utilizadas as tecnologias de informações. Principalmente visando o aumento da competitividade da organização e
o suporte eficaz às suas atividades essenciais?
- Que impactos devem ser esperados, e como a empresa deve se preparar, em função das rápidas transformações nas tecnologias de
informação?
- Como a informática, em toda a sua abrangência, deverá evoluir na empresa, de modo que os benefícios decorrentes possam ser
adequadamente aproveitados, causando o mínimo de perturbação organizacional, ou, em outras ocasiões, provocando mudanças orga-
nizacionais desejadas?

Estas questões devem ser analisadas de acordo com a empresa a ser informatizada, mesmo em empresas de pequeno porte, mas que
já sentem a necessidade de se informatizarem, mesmo que parcialmente.
Para qualquer tipo de organização, o processo sistemático de planejamento da informatização dá rumo mais claro e objetivo, orientan-
do o uso das tecnologias disponíveis de forma mais produtiva e para aplicações que efetivamente tragam benefícios reais, principalmente
considerando que em organizações pequenas os recursos disponíveis para a informática são limitados, devendo ser orientados para as
melhores oportunidades de uso.
Já para organizações de médio e grande porte, o que se constata é que os recursos de informática têm sido subaproveitados, sendo,
em geral, utilizados para sistemas e aplicações essencialmente transacionais (isto é, orientados para o processamento de transações, tais
como contabilidade, folha de pagamentos, controle de estoques, etc.), sem uma preocupação mais fortemente voltada para um melhor
posicionamento estratégico e para um maior grau de integração organizacional.

Questões básicas a considerar num processo de Planejamento de Informática


O planejamento de informática deve atentar para três questionamentos fundamentais:

1. Qual a filosofia de informações que a empresa deseja perseguir, incluindo o grau de disseminação de recursos pretendidos, a auto-
nomia desejada para as áreas (em termos de sistemas de informação), entre outros aspectos?
2. Como as tecnologias de informações podem contribuir para um melhor posicionamento estratégico, econômico e organizacional
da empresa?
3. Como a empresa deve tratar a sua evolução, em termos de atualização e capacitação permanente em relação às tecnologias de
informações?

A primeira questão é determinante para a condução de um processo de informatização com baixo nível de atrito entre a filosofia ad-
ministrativa da empresa e a estrutura de informática criada.
Já a segunda questão refere-se mais ao uso propriamente dito das tecnologias de informações para um elenco de aplicações de curto
a longo prazo, mas que tenham um fim orientado para resultados bem determinados.
A terceira questão refere-se ao cuidado permanente quanto à capacitação em face do conjunto de tecnologias, de forma que a em-
presa esteja continuamente preparada para acompanhar as novas possibilidades de utilização dessas tecnologias. Em outras palavras,
pode ser importante desenvolver aplicações e usos das tecnologias de informações, com o fim principal de manter a empresa a par das
evoluções dessas tecnologias, independentemente de aplicações com um fim mais imediato ou determinado.
As respostas a essas três questões fundamentais exigem o questionamento de diversos aspectos da organização, tais como suas filo-
sofias e estratégias básicas, seus processos operacionais, as funções executadas, bem como o desenvolvimento organizacional planejado.

10) O que é a Tecnologia da Informação? Hardware + Software + Comunicação

349
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Para a implantação de um novo Sistema de Informação é ne- O outro desafio é ter visão ampla, pois na filosofia da adminis-
cessário o cumprimento de algumas diretrizes: tração os administradores são treinados para gerenciar uma linha
a) Projeto de produto e não a organização inteira como é exigido pelos siste-
Um projeto é um empreendimento com começo e fim defini- mas integrados e redes setoriais. Estes desafios exigem enormes
dos, dirigido por pessoas, para cumprir metas estabelecidas dentro investimentos.
de parâmetros de custo, tempo e qualidade.
Aproveite e leia isto:
b) Intuição Devido à existência de diferentes interesses, especialidades e
Respeite a sua intuição, no entanto, use também abordagens níveis em uma organização são necessários diversos tipos de siste-
analíticas. Esteja aberto a soluções alternativas, como análise se- mas, pois nenhum sistema individual pode atender todas as neces-
quencial e tomada de decisão consensual. Antes de tomar a deci- sidades de uma empresa. Destacam se 4 tipos principais de siste-
são final, reveja a situação e escute cuidadosamente o seu “sexto mas que atendem diversos níveis organizacionais:
sentido”. - Sistemas do nível operacional, que dão suporte a gerentes
operacionais em transações como vendas, contas, depósitos, fluxo
c) Concentrar-se ativamente na função Interface de matéria prima etc.
Dê atenção às interfaces gerencias. Às áreas indefinidas e - Sistemas do nível de conhecimento envolvem as estações de
nebulosas. Procure aproximar equipes, organizações e sistemas. trabalho e automação de escritório a fim de controlar o fluxo de
Questione responsabilidades que não estejam claras. Pergunte documentos.
“para que”, “quando”, “como”, e “por que”. - Sistemas do Nível Gerencial atendem atividades de monitora-
Comece pelo planejamento em níveis globais, utilizando a ção, controle, tomada de decisões e procedimentos administrativos
abordagem estratégica. Esteja seguro dos objetivos globais. De- dos gerentes médios e
termine marcos. Estabeleça um consenso em relação à filosofia de - Sistemas de nível estratégico, que ajudam a gerencia sênior a
gerenciamento. Para projetos maiores, utilize a estrutura analítica, enfrentar questões e tendências, tanto no ambiente externo como
comece no topo e em seguida estruture o projeto em diversos ní- interno a empresa.
veis até que consiga chegar a “pacotes de trabalho” gerenciáveis. Além das características dos sistemas por níveis empresariais,
eles também atendem diversas áreas funcionais, como vendas,
d) Controle e avalie resultados marketing, fabricação, finanças, contabilidade e recursos humanos.
Implante sistemas e técnicas gerenciais que lhe permitem
acompanhar o andamento dos trabalhos e tomar medidas correti- Sistemas de Informação para cada nível organizacional
vas ao longo do curso dos mesmos. Os sistemas deverão ser simples Sistemas de Processamento de Transações (SPTs) sistemas in-
e flexíveis, especialmente para projetos de curta duração. tegrados que atendem o nível operacional, são computadorizados,
realizando transações rotineiras como folha de pagamento, pedidos
e) Gerenciando a Qualidade etc.,
O zelo e atenção quanto a qualidade é uma das metas prin- Sistemas nos quais os recursos são predefinidos e estrutura-
cipais. Os padrões de qualidade são ditados pelas especificações dos, é através deles que os gerentes monitoram operações internas
que, por sua vez, são usadas como base para monitorar o desempe- e externas da empresa. Apesar de constituir importante ferramenta
nho do projeto. Mesmo em projetos que não usam especificações que dinamiza e flexibiliza as atividades dos gestores, são considera-
detalhadas para estabelecer padrões de qualidade, espera-se um dos “críticos”, pois se deixarem de funcionar podem causar danos a
mínimo de qualidade funcional. As pressões exercidas por outros outras empresas inter-relacionadas e a própria. Atendem 4 catego-
fatores, como custos e tempo, podem provocar negociações nas rias funcionais: vendas/marketing, fabricação/produção, finanças/
quais a qualidade será comprometida em favor do cronograma ou contabilidade e recursos humanos.
do orçamento. Contudo, a defesa da qualidade do projeto perma-
nece como uma das responsabilidades primordiais da gerência do Sistemas de Trabalhadores de Conhecimento (STCs) e Siste-
projeto. mas de automação de escritório
Atendem necessidades do nível de conhecimento envolvendo
11) Sistemas Específicos de Gestão de Informação7: trabalhadores de conhecimento, pessoas com formação universitá-
ria como engenheiros e cientistas e trabalhadores de dados multi-
Sistemas Informatizados na Administração disciplinares como secretárias, contadores, arquivistas etc.
Um administrador, precisa entender o papel dos diversos tipos Se diferenciam, pois trabalhadores de conhecimento criam
de Sistemas de Informação existentes nas empresas hoje, que são informações e trabalhadores de dados manipulam, usam informa-
necessários para apoiar a tomada de decisões e atividades de traba- ções prontas, a produtividade destes é aumentada com o uso dos
lho existentes nos diversos níveis e funções organizacionais, sejam Sistemas de automação de escritório que coordenam e comunicam
elas desktop ou via web. diversas unidades, trabalhadores, e fontes externas como clientes
Eles provocam mudanças organizacionais e administrativas tra- e fornecedores.
zendo desafios para administração, como Integração que é obter Eles manipulam e gerenciam documentos, programação e co-
vantagens com sistemas que integrem diversos níveis e funções municação, envolvendo além de textos, gráficos etc, hoje publica-
organizacionais possibilitando troca de informações entre diversos dos digitalmente em forma de sites para facilitar o acesso e distri-
setores, este é o principal desafio, pois é o administrador que iden- buição de informações.
tifica quais setores precisam estar interligados.

7 https://www.oficinadanet.com.br/artigo/738/tipos_de_sistemas_de_informa-
cao_na_empresa

350
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Sistemas de Informação Gerenciais (SIG) Sistemas de Informação de Fabricação e Produção, responsável
É o estudo dos sistemas de informação nas empresas e na pela produção de bens e serviços tratam do planejamento, desen-
administração, dão suporte ao nível gerencial através de relatórios, volvimento, manutenção e estabelecimento de metas de produção
processos correntes, histórico através de acessos on-line, aquisição e armazenagem de equipamentos, matérias primas para
orientados a eventos internos, apoiando o planejamento controle fabricar produtos acabados.
e decisão, dependem dos SPTs para aquisição de dados, resumindo No Nível Estratégico ajudam a localizar novas fábricas e investir
e apresentando operações e dados básicos periodicamente. em novas de tecnologias de fabricação, no Nível de Gerencia anali-
sam e monitoram custos, recursos de fabricação e produção no de
Sistemas de Apoio a Decisão (SAD) Conhecimento criam e distribuem conhecimentos especializados
Atendem também o nível de gerencia ajudando a tomar de- orientando o processo de produção e no Operacional monitoram e
cisões não usuais com rapidez e antecedência a fim de solucionar controlam a produção. Um exemplo simples deste tipo de sistema é
problemas não predefinidos, usam informações internas obtidas o controle de estoque com emissão de relatórios.
dos SPT e SIG e também externas como preços de produtos con-
correntes etc. Sistemas de Informação Financeira e Contábil
Têm maior poder analítico que os outros sistemas, construídos Responsáveis pela administração de ativos financeiros visando
em diversos modelos para analisar e armazenar dados, tomar deci- o retorno ao investimento. A função Finanças se encarrega de iden-
sões diárias, por isso possuem uma interface de fácil acesso e aten- tificar novos ativos financeiros (ações títulos e dividas) através de
dimento ao usuário, são interativos, podendo-se alterar e incluir informações externas. Já a função Contabilidade é responsável pela
dados através de menus que facilitam a entrada deles e obtenção manutenção e gerenciamento de registros financeiros (recibos fo-
de informações processadas. lha de pagamento etc.) para prestar contas aos seus recursos. Estes
sistemas compartilham problemas, acompanhando o que possuem
Sistemas de Apoio ao Executivo (SAEs) com o que necessitam.
Atendem o nível gerencial, os gerentes seniores que tem pouco No nível Estratégico estabelecem metas de investimento pre-
ou nenhuma experiência com computadores, servem para tomar vendo desempenho financeiro, no nível de Gerencia ajudam geren-
decisões não rotineiras que exigem bom senso avaliação e percep- tes a supervisionar e controlar recursos financeiros, no de Conheci-
ção. mento fornecem ferramentas analíticas como estações de trabalho
Criam um ambiente generalizado de computação e comunica- para aumentar o retorno sobre investimento, e no Operacional
ção em vez de aplicações fixas e capacidades específicas. Projeta- monitoram o fluxo de recursos realizados pelas transações como
dos para incorporar dados externos como leis e novos concorren- cheques, pagamentos a fornecedores, relatórios e recibos.
tes, também adquirem informações dos SIG e SAD a fim de obter
informações resumidas e úteis aos executivos, não só sob forma de Sistemas de Recursos Humanos
textos, mas também gráficos projetados para solucionar problemas Responsável por atrair, aperfeiçoar e manter a força de traba-
específicos que se alteram seguidamente, através de modelos me- lho da empresa. Ajudam a identificar funcionários potenciais e se-
nos analíticos. lecionar novos, desenvolver talentos e potencialidades. No nível es-
Ele é formado por estações de trabalho, menus gráficos, dados tratégico identificam habilidades, escolaridade, tipos de cargo além
históricos e de concorrentes, bancos de dados externos, e possuem de atender os planos de negócio.
fácil comunicação e interface. No Nível de Gerência monitoram o recrutamento, alocação e
Os Sistemas de Informação se relacionam um com outros a fim remuneração de funcionários, no de Conhecimento descrevem fun-
de atender os diversos níveis e organizacionais, sendo os SPT a fon- ções relacionadas ao treinamento, elaboração de planos de carreira
te de dados mais importante para os outros sistemas, os SAEs são e relacionamentos hierárquicos entre funcionários e no Operacio-
os recebedores de dados de sistemas de níveis inferiores, os outros nal registram o recrutamento e colocação de funcionários da em-
trocam dados entre si. presa. Eles armazenam dados básicos de funcionários como nome
Também atendem diferentes áreas funcionais, por isso é im- endereço, telefone, escolaridade, função salário, etc.
portante e vantajoso a integração entre eles para há informação
possa chegar a diferentes partes da organização, no entanto, isto Sistema Integrado de Informação e Processos de Negócios
tem alto custo, é demorado e complexo por isso cada organização Além de SIs para coordenar atividades e decisões da empresa
deve ligar os setores que acha necessário para atender suas neces- e por setores através dos Sistemas Integrados e Processos de Ne-
sidades. gócios automatizando o fluxo de informações, também necessitam
Quanto a função organizacional, os SI se dividem em Sistemas de Sistemas de Informação para gerenciamento de relações com
de Venda e Marketing, responsável pela venda do produto ou ser- clientes (CRM) e da cadeia de suprimento (SCM) para coordenar
viço. O Marketing procura identificar o que os clientes querem con- processos que abrangem diferentes funções empresariais, inclusive
sumir e também os melhores clientes, criando e mostrando novos compartilhadas com clientes e outros parceiros da cadeia de supri-
produtos ou serviços através de propagandas e promoções, já as mento.
Vendas contatam os clientes, oferecem os produtos e serviços fe- Os Processos de negócio é a maneira como o trabalho é orga-
cham pedidos, acompanham o comércio. nizado, planejado e focado para produzir um produto ou serviço de
No nível estratégico eles monitoram e apoiam novos produtos valor. Pode se dizer que são um conjunto de atividades, fluxos de
e oportunidades e identificam o desempenho dos concorrentes. trabalho, materiais, informações e conhecimentos, mas por outro
No nível de Gerencia dão suporte a pesquisas de mercado cam- lado referem-se a maneira da gerencia coordenar o trabalho.
panhas promocionais e determinação e preços, analisando o de- Embora cada função empresarial tenha seus processos de ne-
sempenho do pessoal de vendas. gócio, eles podem ser Transfuncionais porque ligam fronteiras entre
No nível de conhecimento apoiam estações de trabalho anali- as principais áreas funcionais e agrupam funcionários de diferentes
sando marketing e no Operacional dão suporte ao atendimento e especialidades para completar as tarefas. Reprojetar um processo
localização de clientes. de negócio exige análise e planejamento para evitar que os siste-
mas façam o que a organização não precisa.

351
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Os processos de relacionamento entre clientes e fornecedores dados dos processos de negócio podendo ser acessados por todos
são repensados de forma estratégica, pois com as empresas digi- os setores da empresa, proporcionando aos gerentes informações
tais, o comercio eletrônico e a competição global eles tornaram-se precisas para coordenar informações diárias da empresa com am-
cada vez mais exigentes e se a organização não os atendem como pla visão dos processos de negócio e fluxo de informações.
quiserem perdem-nos. Por isso os clientes não são mais tratados Os Sistemas Integrados geram benefícios, promovem altera-
como fontes de receita, mas como ativos que precisam ser preser- ções em 4 dimensões da empresa: estrutura, processos de gerencia-
vados, tentar conquistar novos clientes também é importante. Atra- mento, plataforma de tecnologia e capacidade. Usados para apoiar
vés do Gerenciamento das relações com o cliente CRM que envolve estruturas organizacionais e criar uma nova cultura organizacional.
administração e tecnologia usando SIs para coordenar os processos As informações são estruturadas ao redor de processos de negó-
de negócio e interações da empresa com clientes, vendas marketing cio transfuncionais aperfeiçoando relatórios gerenciais e tomada
e serviços. de decisões. Eles também oferecem a empresa uma plataforma de
Antigamente eram cadastrados apenas alguns dados de clien- tecnologia de SI única contendo dados de todos os processos de
tes em fichas hoje com as ferramentas do CRM e os múltiplos canais negócio. Aumentam a capacidade das empresas em interagir com
de comunicação armazenam-se dados completos ajudando as em- todos os níveis da cadeia de suprimento ainda mais se usarem os
presas a identificar os melhores clientes e até mesmo o que dese- mesmos softwares para integração, pois assim trocarão dados sem
jam consumir ou consomem mais. intervenção manual.
Mas quando a benefícios sempre a desafios para serem en-
O Gerenciamento da Cadeia de Suprimento (SCE) frentados, os SI integrados são difíceis de montar e exigem gran-
É a ligação e coordenação das atividades de compra fabricação des investimentos em tecnologia, softwares complexos, hardware e
e movimentação de um produto para entregá-lo mais rapidamente meios de armazenamento potentes, e mudanças nos processos de
ao consumidor com baixo custo. A cadeia de suprimento são proces- negócios e atividades.
sos de negócios para selecionar matérias primas e transforma-las As empresas que não aceitarem ou não possuem condições
em produtos intermediários e acabados interligando fornecedores, para acompanhar as mudanças não conseguirão integrar processos
indústrias, transporte, varejo, clientes, com seleção de matéria pri- funcionais e empresarias, além do custo também envolve tempo,
ma, controle de estoque, entrega, ou seja, fornecer serviços desde cujo atraso na entrega ou implementação do sistema pode acar-
a fonte até o consumidor. Este também inclui a Logística Reversa retar sua desatualização. Ainda pode ocorrer que as empresas não
que é a devolução de produtos identificando o motivo e o produto. alcancem suas metas se utilizarem ERPs padrões e fiquem desatua-
Enfim o motivo principal é atender a todos evitar a falta de lizadas, pois não atenderão o consumidor da forma que ele exige
produtos e matérias primas para comercialização e fabricação perdendo a competitividade. As menores organizações ou as que
respectivamente. Isto quando não ocorre o “Efeito Chicote” a in- possuem sistemas isolados que atendem suas necessidades podem
formação é modificada à medida que passa de entidade a entidade não optar pelos SIs Integrados.
(Fornecedor-Fabricante-Distribuidor-Varejo-Cliente), se estes níveis Quando as empresas operam internacionalmente, há diferen-
compartilhassem informações teriam um melhor desempenho. tes maneiras de configurar os SI, baseando-se na estrutura orga-
nizacional, que pode ser Exportadora Nacional, onde as atividades
Este gerenciamento tem duas formas, ele pode ser: funcionais são centralizadas no pais de origem, Multinacionais
a) SPC que é o planejamento da cadeia de suprimentos habili- concentram administração e controle financeiro no pais de origem
tando a empresa a gerar previsões de demanda e desenvolver pla- deixando produção vendas e marketing em outros países que são
nos de aquisição de matéria prima e fabricação para um produto; adaptados para atender as condições locais de mercado. As fran-
queadoras projetam, fabricam e financiam o produto no pais de
b) SCE que é a execução da cadeia de suprimentos serve para origem, levando a produção, marketing e recursos humanos para
gerenciar o fluxo de produtos por meio das centrais de distribuição outros países. As Transnacionais não possuem sede local única e
e depósitos garantindo a entrega dos produtos. sim diversas e regionais ou mundiais, tendo suas estratégias geren-
ciadas globalmente obtendo vantagens competitivas em cada local
Para garantir o gerenciamento da cadeia de suprimentos é pre- que está inserida.
ciso que os membros da cadeia trabalhem em conjunto para atingir Com a evolução da TI e os meios de comunicação as organi-
a mesma meta e coordenar melhor os processos de negócio, para zações internacionais ganham mais flexibilidade em seus projetos
isso as empresas estão recorrendo ao Processo Colaborativo que empresariais globais, tendo 4 tipos de configuração: Sistemas Cen-
é o uso de tecnologias digitais como Internet, Intranet e Extranet tralizados onde o desenvolvimento e a operação ocorre no pais de
para capacitar as organizações a desenvolver, montar e gerenciar os origem, Sistemas duplicados, o desenvolvimento ocorre no pais de
produtos durante seu ciclo de vida. origem e as operações em unidades autônomas localizadas em ou-
Muitas empresas hoje são donas e responsáveis por sua pró- tros países. Sistemas Descentralizados cada unidade e em cada pais
pria rede o que diminui custos e facilita o compartilhamento de in- elaboram sistemas específicos. Sistemas em rede o desenvolvimen-
formações é claro tendo algumas restrições de acesso. Utilizam as to e operação ocorre de modo integrado e coordenado em todas
redes chamadas setoriais privadas para coordenar pedidos e outras as unidades.
atividades com fornecedores, distribuidores, empresas parceiras e Então Sistemas Integrados exigem conhecimento dos proces-
até mesmo alguns clientes. sos e níveis empresariais bem como fluxos de informações, sendo
O uso de diversos SIs não integrados em uma organização pode determinados pelos gerentes os setores que devem estar ligados
dificultar o acesso e compreensão de informações por parte da para atender as necessidades da empresa de acordo com os recur-
gerencia e outros níveis organizacionais ou até mesmo apresentar sos tecnológicos e administrativos que ela possui.
a informação de forma errada e incompreensível causando grandes
danos, por isso muitas empresas estão montando ERPs Sistemas de
Informação de planejamento empresarial que modelam e automa-
tizam os processos de negócio atendendo todos os níveis da em-
presa, coletando e armazenando em um único arquivo os principais

352
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Sistemas de Informações Logísticas Movimento ECR Brasil. Com tal prática, algumas redes varejistas
Os sistemas de informações logísticas funcionam como elos começam a disponibilizar informações do ponto de venda para seus
que ligam as atividades logísticas em um processo integrado, com- fornecedores de modo que estes sejam responsáveis pelo ressu-
binando hardware e software para medir, controlar e gerenciar as primento automático dos produtos. Isto reduz consideravelmente
operações logísticas. Estas operações tanto ocorrem dentro de uma o custo com estoque dos varejistas e possibilita aos fabricantes ter
empresa específica, bem como ao longo de toda cadeia de supri- melhor previsibilidade da demanda, propiciando uma utilização de
mentos. recursos mais racionalizada.
Podemos considerar como hardware desde computadores e
dispositivos para armazenagem de dados até instrumentos de en-
trada e saída do mesmo, tais como: impressoras de código de bar-
ras, leitores óticos, GPS, etc. Software inclui sistemas e aplicativos /
programas usados na logística.
Os sistemas de informações logísticas possuem quatro diferen-
tes níveis funcionais:
a) sistema transacional,
b) controle gerencial,
c) apoio à decisão e
d) planejamento estratégico.

O papel da informação na logística8


O fluxo de informações é um elemento de grande importância Figura: Funcionalidades de um Sistema de Informações Logísticas
nas operações logísticas. Pedidos de clientes e de ressuprimento,
necessidades de estoque, movimentações nos armazéns, docu- O formato piramidal apresentado na figura sugere que a imple-
mentação de transporte e faturas são algumas das formas mais co- mentação de um sistema transacional robusto é a base que susten-
muns de informações logísticas. ta o aprimoramento dos outros três níveis.
Antigamente, o fluxo de informações baseava-se principal- A seguir será analisado cada um dos níveis, ressaltando a im-
mente em papel, resultando em uma transferência de informações portância para a competitividade logística da empresa.
lenta, pouco confiável e propensa a erros. O custo decrescente da
tecnologia, associado a sua maior facilidade de uso, permitem aos Sistema Transacional
executivos poder contar com meios para coletar, armazenar, trans- É a base para as operações logísticas e fonte para atividades de
ferir e processar dados com maior eficiência, eficácia e rapidez. planejamento e coordenação. Através de um sistema transacional,
A transferência e o gerenciamento eletrônico de informações informações logísticas são compartilhadas com outras áreas da
proporcionam uma oportunidade de reduzir os custos logísticos empresa, tais como: marketing, finanças, entre outras.
através da sua melhor coordenação. Além disso, permite o aperfei- Um sistema transacional é caracterizado por regras formaliza-
çoamento do serviço baseando-se principalmente na melhoria da das, comunicações interfuncionais, grande volume de transações e
oferta de informações aos clientes. um foco operacional nas atividades cotidianas. A combinação de
Tradicionalmente, a logística concentrou-se no fluxo eficiente processos estruturados e grande volume de transações aumenta a
de bens ao longo do canal de distribuição. O fluxo de informações ênfase na eficiência do sistema de informações.
muitas vezes foi deixado de lado, pois não era visto como algo im- A partir dele, ocorre o principal processo transacional logístico:
portante para os clientes. Além disso, a velocidade de troca/transfe- o ciclo do pedido. Com isso, todas as atividades e eventos perten-
rência de informações limitava-se à velocidade do papel. centes a este ciclo devem ser processados: entrada de pedidos, che-
Os clientes percebem que informações sobre status do pedido, cagem de crédito, alocação de estoque, emissão de notas, expedi-
disponibilidade de produtos, programação de entrega e faturas são ção, transporte e chegada do produto ao cliente. Informações sobre
elementos necessários do serviço total ao cliente; tais atividades/eventos, devem estar prontamente disponíveis, vis-
Com a meta de redução do estoque total na cadeia de supri- to que o status do pedido é uma questão cada vez mais necessária
mento, os executivos percebem que a informação pode reduzir de para um bom serviço ao cliente.
forma eficaz as necessidades de estoque e recursos humanos. Em A falta de integração entre operações logísticas é um problema
especial, o planejamento de necessidades que utiliza as informa- comumente encontrado em sistemas transacionais que não estão
ções mais recentes, pode reduzir o estoque, minimizando as incer- sob um sistema de gestão integrada. Isto pode ocorrer basicamente
tezas em torno da demanda; em três instâncias:
A informação aumenta a flexibilidade permitindo identificar - Entre atividades logísticas executadas dentro da empresa;
(qual, quanto, como, quando e onde) os recursos que podem ser - Entre instalações da empresa;
utilizados para que se obtenha vantagem estratégica. - Entre a empresa e outras pertencentes à cadeia de suprimen-
Um exemplo de posicionamento estratégico baseado em tec- tos ou prestadores de serviços logísticos.
nologia de informação é o caso de empresas de entrega expressa. A
Fedex foi a primeira a oferecer serviço de entrega para o dia seguin- Controle Gerencial
te em 1973 nos Estados Unidos. No final dos anos 80, com elevados Este nível permite com que se utilize as informações disponí-
investimentos em TI, ela passou a ter o controle de todo o ciclo do veis no sistema transacional para o gerenciamento das atividades
pedido do cliente. Com isso podia manter total rastreabilidade do logísticas. A mensuração de desempenho inclui indicadores: finan-
pedido. ceiros, de produtividade, de qualidade e de serviço ao cliente.
Outro exemplo de como a informação tem grande importân-
cia na logística é a interação entre fabricantes e varejistas no ge-
renciamento da cadeia de suprimentos, promovida no Brasil pelo
8 http://www.tecspace.com.br/paginas/aula/faccamp/TI/

353
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
De maneira geral, existe grande carência de indicadores / rela- Sistemas de Gestão Empresarial
tórios de desempenho nas empresas brasileiras. Entre os principais Cada vez mais empresas brasileiras de médio e grande porte
fatores estão a ausência de um sistema transacional que possua e de vários setores da economia vêm implementando sistemas de
todas as informações relevantes e de visão sobre as vantagens de gestão empresarial - ERP. Este tipo de sistema visa resolver proble-
controlar as operações logísticas. mas de integração das informações nas empresas, visto que antes
Um exemplo disso, é a mensuração da disponibilidade de pro- elas operavam com muitos sistemas, caracterizando em alguns ca-
dutos, ou seja, indicadores que apontem o percentual de pedidos sos “uma verdadeira colcha de retalhos”, o que inviabilizava uma
que foram entregues completos; gestão integrada. Além disso, a implementação de um sistema ERP
A presença de relatórios que tratam exceções é fundamental permite que as empresas façam uma revisão em seus processos,
para um bom gerenciamento, visto que as operações logísticas se eliminando atividades que não agregam valor.
caracterizam pelo intenso fluxo de informações. Por exemplo, um Associando sistemas ERP à funcionalidade de sistemas de in-
sistema de controle proativo deve ter capacidade de prever futuras formações logísticas, podemos verificar claramente que o principal
faltas no estoque com base nas previsões de demanda e recebi- objetivo de um sistema ERP, sob o ponto de vista logístico, é atuar
mentos previstos. como um sistema transacional, solucionando problemas com a au-
Um conceito cada vez mais utilizado nas empresas é o de Data sência de integração entre atividades logísticas.
Warehouse (DW). Como o nome sugere, armazena dados históricos Porém, nem todas as implementações de ERP consideram as
e atuais de várias áreas da empresa em um único banco de dados atividades logísticas de maneira integrada, isto resulta da falta de
com o objetivo de facilitar a elaboração de relatórios. O processo foco na logística, o que após o processo de implementação pode
de desenvolvimento de um DW fornece uma oportunidade para a trazer uma série de problemas para a gestão da logística.
empresa rever e formalizar objetivos, planos e estratégia. Como exemplo podemos ter a seguinte situação: o responsável
pelo transporte não possui informação sobre o status do pedido,
Apoio à Decisão que contém dados sobre a alocação de estoque (disponibilidade) e
Esta funcionalidade caracteriza-se pelo uso de softwares para sobre a data limite de expedição. Com isso, torna-se impraticável o
apoiar atividades operacionais, táticas e estratégicas que possuem processo de consolidação de cargas.
elevado nível de complexidade. Sem o uso de tais ferramentas, mui- Os principais sistemas ERP disponibilizam uma vasta possibi-
tas decisões são tomadas baseadas apenas no feeling, o que em lidade de gerar relatórios e fornecer indicadores de desempenho
muitos casos aponta para um resultado distante do ótimo. Entre- pré-configurados para mensuração, análise e controle. Entretanto,
tanto, se elas forem usadas, existe significativa melhoria na eficiên- nem sempre as necessidades das empresas são atendidas. Com
cia das operações logísticas, possibilitando, além do incremento do isso, surge a necessidade de especificar estruturas de relatórios
nível de serviço, reduções de custos que justificam os investimentos adequadas a operação da empresa.
realizados. A adoção de um Data Warehouse9 (depósito de dados digitais
Existem diferenças entre as aplicações de ferramentas de apoio que serve para armazenar informações detalhadas relativamente
à decisão. Algumas são operacionais, pois estão voltadas para ope- a uma empresa, criando e organizando relatórios através de his-
rações mais rotineiras, tais como: programação e roteamento de ve- tóricos que são depois usados pela empresa para ajudar a tomar
ículos, gestão de estoque, etc. Por outro lado, existem ferramentas decisões importantes com base nos fatos apresentados) favorece
que atuam mais tática e estrategicamente, tais como: localização de bastante este processo.
instalações, análise da rentabilidade de clientes e etc. A aplicação Embora um sistema ERP possua atributos que contribua para
destas ferramentas vai depender principalmente da complexidade melhorar a gestão na empresa, ele não possui ferramentas de apoio
existente nas atividades logísticas e de seu custo/benefício. à decisão. Vários fornecedores deste tipo de sistema investiram em
Ferramentas que tendem a ser mais operacionais, devem estar parcerias e aquisições para disponibilizar ferramentas de apoio à
inteiramente conectadas com o sistema transacional, de modo que decisão que auxiliem na melhoria da eficiência das operações lo-
os inputs sejam informações atualizadas e no formato adequado. gísticas na empresa e na cadeia de suprimentos, como forma de
Em geral, as empresas que não possuem um sistema integrado en- preencher esta lacuna.
frentam problemas na implementação destas ferramentas no que
diz respeito à conectividade com o sistema utilizado. Softwares de apoio à decisão
Em ambos os tipos de ferramentas de apoio à decisão, exige-se A presença do sistema ERP está fortemente relacionada com
que o nível de expertise dos usuários seja elevado para lidar com aspectos transacionais e de execução de atividades operacionais,
as dificuldades na implementação e utilização. Caso contrário, exis- servindo como base para uma série de aplicações de apoio à de-
te necessidade de treinamento específico, o que ocorre na maioria cisão.
dos casos. As ferramentas logísticas mais comuns encontradas no mer-
cado são para as seguintes áreas: programação e roteamento de
Planejamento Estratégico veículos, previsão da demanda, gerenciamento do armazém e pla-
No planejamento estratégico as informações logísticas são sus- nejamento de estoques.
tentáculos para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da estraté- Vale destacar que os sistemas ERP possuem módulos de geren-
gia logística. Com frequência, as decisões tomadas são extensões ciamento de armazéns, cujo principal objetivo é gerenciar o fluxo
do nível de apoio à decisão, embora sejam mais abstratas, menos de informações, através do controle de posições e lote, regra FIFO,
estruturadas e com foco no longo prazo. Como exemplo, podemos entre outras funcionalidades. Entretanto, funções relacionadas com
citar as decisões baseadas em resultados de modelos de localização a existência de inteligência não são disponibilizadas.
de instalações e na análise da receptividade dos clientes à melhoria Duas ferramentas que não foram comentadas anteriormente
de um serviço. merecem destaque, principalmente pela pouca difusão nas empre-
sas brasileiras dos conceitos que as norteiam.

9 https://www.significados.com.br/data-warehouse/

354
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
O primeiro é o módulo informações sobre a demanda. Nele uma extensão do grupo, muitas vezes se estendendo para ambien-
são armazenados dados mercadológicos sobre a concorrência, da- tes externos da organização, quando passam a adotar comporta-
dos obtidos a partir dos PDV (ponto de venda) de seus principais mentos padronizados nas mais diversas situações.
clientes varejistas e ações promocionais tomadas pela empresa. O Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos Organizacio-
objetivo é fornecer mais informações para o processo de previsão nais, destacamos:
da demanda. •Nível Individual – Estuda as expectativas, motivações, habili-
O segundo trata-se do módulo informações de transporte que dades e competências que cada colaborador demonstra individual-
armazena dados referentes ao transporte, como frete e tempo de mente por meio de seu trabalho.
trânsito, visando auxiliar na otimização da rede logística, bem como •Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, dos grupos,
no planejamento de transporte, que determina o melhor modal as funções desempenhadas por estes e a comunicação e interação
para certas rotas. uns com os outros, além de estudar a influência e o poder do líder
As vantagens competitivas são obtidas através da utilização de neste contexto.
redes de comunicação e sistemas informáticos que interconectem
empresas, clientes e fornecedores, aumentando a produtividade, Ao ingressar em uma organização, indivíduos com característi-
logística e lucratividade, dentre outros benefícios às organizações cas diversas se unem para atuar dentro de um mesmo sistema so-
empresariais. ciocultural na busca de objetivos determinados. Essa união provoca
um compartilhamento de crenças, valores, hábitos, entre outros,
que irão orientar suas ações dentro de um contexto preexistente,
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: RELAÇÕES
definindo assim as suas identidades.
INDIVÍDUO/ORGANIZAÇÃO, MOTIVAÇÃO, LIDERANÇA,
Segundo Dupuis (1996), são os indivíduos que, por meio de
DESEMPENHO
suas ações, contribuem para a construção de sua sociedade. Entre-
tanto, os indivíduos agem sempre dentro de contextos que lhes são
Comportamento Organizacional “é um campo de estudo que preexistentes e orientam o sentido de suas ações. A construção do
investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm so- mundo social é assim mais a reprodução e a transformação do mun-
bre o comportamento dentro das organizações com o propósito de do existente do que sua reconstrução total. Para Berger e Luckmann
aplicar este conhecimento em prol do aprimoramento da eficácia (1983), a vida cotidiana apresenta-se para os homens como rea-
de uma organização”. lidade ordenada. Os fenômenos estão pré-arranjados em padrões
Tem por finalidade compreender os “espaços vazios” da orga- que parecem ser independentes da apreensão que cada pessoa faz
nização de forma que estes não prejudiquem o desenvolvimento da deles, individualmente.
organização, possibilitando, assim, reter talentos, evitar o turnover Dentro dessa perspectiva, a ação humana, em nível do indiví-
e promover engajamento e harmonia entre os stakeholders. duo e do grupo, mediada pelos processos cognitivos, e interdepen-
Ter uma compreensão quanto ao comportamento organiza- dente do contexto, varia conforme a inserção ambiental e o tipo de
cional é extremamente importante para que as lideranças possam organização, tanto quanto também varia internamente em suas su-
prever, e especialmente evitar, problemas individuais ou coletivos bunidades. É importante salientar que o universo simbólico integra
entre os colaboradores. um conjunto de significados, atribuindo-lhes consistência, justifica-
O comportamento organizacional refere-se a comportamentos tiva e legitimidade. Em outras palavras, o universo simbólico possi-
relacionados a cargos, trabalho, absenteísmo, rotatividade no em- bilita aos membros integrantes de um grupo uma forma consensual
prego, produtividade, desempenho humano e gerenciamento. de apreender a realidade, integrando os significados e viabilizando
Refere-se ainda à motivação, liderança, poder, comunicação in- a comunicação.
terpessoal, estrutura e processos de grupo, aprendizagem, desen- É por meio desse compartilhar da realidade que as identidades
volvimento e percepção de atitude, processo de mudanças, confli- dos indivíduos nas organizações são construídas, ao se comunicar
tos. aos membros, de forma tangível, um conjunto de normas, valores e
concepções que são tidas como certas no contexto organizacional.
Considerando que, diferentemente das organizações, que pos- Ao definir a identidade social dos indivíduos, o que se pretende é
suem uma certa formalidade em sua essência, as pessoas são mais garantir a produtividade, pela harmonia e manutenção do que foi
complexas, mais influenciáveis por variáveis diversas e, muitas ve- aprendido na convivência. É importante ressaltar que muitas vezes
zes, são pouco previsíveis. essas identidades precisam ser reconstruídas quando a empresa se
Ao apresentar aos funcionários os ritos, crenças, valores, ri- vê diante de situações que exigem mudanças.
tuais, normas, rotinas e tabus da organização, o que se pretende
é buscar a sua identificação com os padrões a serem seguidos na Daí vem o papel principal da análise do comportamento orga-
empresa. Dessa forma, se fornece um senso de direção para todas nizacional, que é o de permitir fazer uma leitura da dinâmica exis-
as pessoas que compartilham desse meio. As definições do que é tente na organização e como essa interfere e influencia o compor-
desejável e indesejável são introjetadas pelos indivíduos atuantes tamento das pessoas envolvidas.
no sistema, orientando suas ações nas diversas interações que exe- Considerando que nas relações entre indivíduo e organização
cutam no cotidiano. existe uma troca de interesses, de conteúdo, de aporte, entre tan-
tos outros aspectos, gerir essa troca é papel da área de gestão de
Reconhecer os significados e a própria razão de ser da empre- pessoa, que garante que, nessa troca, ambas as partes fiquem sa-
sa, bem como se familiarizar com as percepções e comportamentos tisfeitas.
mais aceitos e valorizados na organização, conduz os funcionários
a uma uniformidade de atitudes, o que é positivo no sentido de
possibilitar maior coesão. No entanto, pode levar a uma perda de
individualidade, pois o comportamento dos indivíduos passa a ser

355
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
— Motivação cessidades fisiológicas e de segurança, estando na base da pirâmide
A implantação da psicologia nas organizações nas últimas dé- hierárquica de Maslow, o indivíduo conseguiria atingir uma nova
cadas concedeu aos gestores, as respostas de certas lacunas sobre necessidade a partir do momento que a anterior tiver sido satis-
o trabalho humano, pois o homem é movido por uma força interior, feita, as necessidades superiores apresentam-se como motivadoras
mas, para que seja satisfatória, e traga bem estar, é estimulada por da conduta humana, ou seja, as necessidades sociais, estima e au-
fatores externos. No ponto econômico das organizações, quando to-realização. Sobre esta mesma teoria Maximiano (2007, p.262),
o colaborador trabalha com satisfação é sinal de mais resultado e vai dizer:
mais rentabilidade para a empresa. Maslow desenvolveu a idéia de que as necessidades humanas
Motivação é um processo responsável por impulso no compor- dispõem-se numa hierarquia mais complexa que a simples divisão
tamento do ser humano para uma determinada ação, que o estimu- em dois grandes grupos. Segundo Maslow, as necessidades huma-
la para realizar suas tarefas de forma que o objetivo esperado seja nas dividem-se em cinco grupos, necessidades fisiológicas ou bási-
alcançado de forma satisfatória. cas, segurança, sociais, estima, auto-realização.
De acordo com Robbins (2005) a motivação possui três proprie- Segundo Robbins (2005), Herzberg, com a teoria dos dois fa-
dades que a regem, uma é a direção, o foco da pessoa em sua meta tores, traz que os estímulos de insatisfação se eliminados podem
e como realizar, outra é a intensidade, se o objetivo proposto é feito apaziguar os colaboradores, mas não necessariamente trazem a sa-
como algo que vai lhe trazer satisfação ou será realizado por obriga- tisfação. Desse modo o contrário de satisfação é a não-satisfação;
ção, e a permanência. “A motivação é específica. Uma pessoa mo- e da insatisfação é a não-satisfação. Pelo fato das pessoas não es-
tivada para trabalhar pode não ter motivação para estudar ou vice- tarem insatisfeitas, não quer dizer que estão satisfeitas. Os incenti-
-versa. Não há um estado geral de motivação, que leve uma pessoa vos motivacionais que acercam as condições de trabalho, Herzberg
a sempre ter disposição para tudo.” (MAXIMILIANO, 2007, p.250). caracterizou como fatores higiênicos.
“Motivação é ter um motivo para fazer determinada tarefa, agir Ainda dentro da teoria de Herzberg, Chiavenato (2005), aborda
com algum propósito ou razão. Ser feliz ou estar feliz no período dizendo que para Herzberg a motivação das pessoas para o trabalho
de execução da tarefa, auxiliado por fatores externos, mas princi- vai depender de dois fatores, sendo os higiênicos que correspon-
palmente pelos internos. O sentir-se bem num ambiente holístico, dem ao contexto do trabalho e os motivacionais que correspondem
ambientar pessoas e manter-se em paz e harmonia, com a soma ao cargo, tarefas e atividades relacionadas com o cargo.
dos diversos papéis que encaramos neste teatro da vida chamado “As condições ambientais, no entanto, não são suficientes para
“sociedade”, resulta em uma parcialidade única e que requer cuida- induzir o estado de motivação para o trabalho. Para que haja moti-
dos e atenção.” (KLAVA, 2010). vação, de acordo com Herzberg, é preciso que a pessoa esteja sinto-
O que os gestores estão buscando são como manter sempre nizada com seu trabalho, que enxergue nele a possibilidade de exer-
seus colaboradores satisfeitos, para que assim possam exercer suas citar suas habilidades ou desenvolver suas aptidões.” (MAXIMIANO,
funções com o rendimento esperado pela organização, de modo 2007 p.268-269).
que também, lhe seja prazeroso e satisfatório. Por exemplo, além Seguindo ainda a linha das teorias que aborda à motivação
da remuneração, que já foi provado não ser o principal fator moti- Zanelli (2004), apresenta a teoria X e Y, onde McGregor abordou
vacional do ser humano, existe os fatores de relações interpessoais, que o homem tem aversão ao trabalho, precisa ser controlado e
como ambiente de trabalho, o relacionamento com os demais co- punido, só se interessa pela parte financeira que o trabalho irá lhe
laboradores, são estímulos para que os funcionários se motivem ao proporcionar, sendo está à teoria X, dentro da teoria Y, McGregor
trabalho. diz que o desempenho do homem no trabalho é um fator mais de
A partir da análise do filme Invictus (2010) a liderança exercida natureza gerencial do que motivacional. O autor ainda acrescenta:
com democracia revela o respeito das pessoas, sem forçá-las para “A conclusão de McGregor foi a de que a prática gerencial
que isso aconteça. E dessa forma as pessoas se sentem motivadas apoiada na teoria X ignorava os estudos da motivação desenvolvi-
a realizarem seus trabalhos sem uma pressão superior, dando-lhes dos por Maslow, que ressaltavam o quanto a motivação seria decor-
bem estar em seu ambiente. rente da emergência de necessidades humanas dispostas hierarqui-
Com a compreensão desses pontos, sabemos de que forma camente.” (ZANELLI, 2004 p.151-152).
uma pessoa pode sentir-se motivada dentro da organização. Mas, Entende-se pois, que várias teorias foram criadas para abordar
por trás de tudo isso, tem a questão do poder, pois pela busca do a motivação, cada uma com um enfoque, mais aliadas a analisar de
bem estar no trabalho, há também a ambição econômica e por sta- forma criteriosa a respeito do comportamento do indivíduo; de que
tus dentro das organizações, cabe aos gestores a complicada tarefa formas são motivados, quais os mecanismos que poderão ser usados
de fazer dos seus colaboradores, aliados, de forma benéfica para para que o processo motivacional aconteça de forma a trazer êxodo
todos da organização. tanto para o indivíduo quanto para a organização. Segundo Chiavena-
to (2005, p.247). “Não faltam teorias sobre motivação. Nem pesqui-
Teorias que abordam a motivação sas sobre o assunto. O fato é que o assunto é complexo”.
De acordo com Zanelli (2004) ao longo do tempo foram sur-
gindo conceitos e posteriormente teorias abordando a motivação Processo motivacional
humana, diversos teóricos contribuíram para tal propósito, anali- De acordo com Chiavenato (2005), a motivação vai estar atrela-
sando o comportamento do indivíduo e buscando entender o que da com o comportamento humano, quando este pretende alcançar
o faz motivado, e como o processo da motivação ocorre na vida do algum objetivo, a uma variedade de fatores que poderão influenciar
ser humano, dentre esses teóricos se destacaram alguns, que ana- a motivação do indivíduo, quando o mesmo tem uma determinada
lisaram de forma a colocar essas teorias dentro do contexto organi- necessidade, imediatamente busca mecanismos que faz com que a
zacional: Maslow, Herzberg, McGregor são alguns desses teóricos. satisfação seja suprida de forma a lhe garantir um conforto e reali-
Pode-se observar que Maslow em sua teoria destaca que o zação, ainda segundo o autor:
comportamento do indivíduo está sujeito a uma hierarquia de fa- “Os seres humanos são motivados por uma grande variedade
tores, baseada nas necessidades humanas, o teórico afirma que o de fatores. O processo motivacional pode ser explicado da seguinte
indivíduo só será motivado a partir do momento que suas necessi- forma: as necessidades e carências provocam tensão e desconforto
dades básicas forem supridas, colocando estas como sendo as ne- na pessoa e desencadeiam um processo que busca reduzir ou eli-

356
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
minar a tensão. A pessoa escolhe um curso de ação para satisfazer prestígio e a influência do que propriamente com o desempenho
determinada necessidade ou carência. Se a pessoa consegue satis- eficaz. “Pessoas orientadas pela necessidade de associação buscam
fazer a necessidade, o processo motivacional é bem-sucedido. Essa a amizade, preferem situações de cooperação em vez de compe-
avaliação do desempenho determina algum tipo de recompensa ou tição e desejam relacionamentos que envolvam um alto grau de
punição à pessoa.” (CHIAVENATO, 2005 p. 273). compreensão mútua.” (ROBBINS, 2005 p.139)
Essas considerações referentes à motivação nos levam a enten- As demais teorias, como, a teoria da fixação de objetivos, ênfa-
der que o processo motivacional está intimamente ligado ao com- se na produtividade; teoria do reforço, qualidade e volume de tra-
portamento do indivíduo, ou seja, o que ele busca alcançar; é claro balho; teoria do planejamento do trabalho, produtividade, absente-
e faz se lembrar que o ambiente é fator preponderante para a busca ísmo, satisfação e rotatividade; teoria da equidade, ponto forte na
da realização das necessidades, vários fatores são responsáveis pela previsão do absenteísmo e da rotatividade; e a teoria da expectati-
motivação humana. Dentro do contexto organizacional entende-se, va, o colaborador se sente motivado sabendo que a força exercida
pois que o clima organizacional está relacionado com a motivação, para objetivo terá o resultado esperado.
segundo Chiavenato (2005). “O ambiente de trabalho moderno é, para dizer o mínimo, desafia-
“O clima organizacional está intimamente relacionado com o dor. O sucesso das organizações e das pessoas que as fazem funcionar
grau de motivação de seus participantes. Quando há elevada moti- não vem fácil. Essa era de contrastes abre a porta para a criatividade na
vação entre os membros, o clima organizacional se eleva e traduz- administração. Os ganhos em produtividade, desempenho e lealdade
-se em relações de satisfação, animação, interesse, colaboração ir- do consumidor ficam à disposição daqueles que realmente respeitam
restrita etc., todavia, quando a baixa motivação entre os membros, as necessidades dos trabalhadores, tanto no emprego quanto na vida
seja por frustração ou imposição de barreiras a satisfação, das ne- pessoal.” (KLAVA apud SCHERMERHORN et al, 2010).
cessidades, o clima organizacional tende a baixar, caracterizando-se As teorias motivacionais contemporâneas trouxeram uma nova
por estados de depressão, desinteresse, apatia, insatisfação etc., roupagem, sobre a motivação do indivíduo, adequando as teorias
podendo em casos extremos chegar ao estado de agressividade, tu- anteriores a um contexto organizacional moderno e desafiador, que
multo, inconformismo etc., típicos de situação em que os membros as organizações terão que enfrentar.
se defrontam abertamente com a organização, como nos casos de
greves, piquetes etc.” (CHIAVENATO, 2005 p. 269). — Liderança
Portanto, os gestores devem compreender que o clima organi- As organizações têm evoluído, sobretudo em termos estrutu-
zacional é fator de grande importância nas organizações, a partir do rais e tecnológicos. As mudanças e o conhecimento são os novos
momento que a organização oferece um ambiente que seja propí- paradigmas e têm vindo a exigir uma nova postura nos estilos pes-
cio para o colaborador se sentir motivado, animado e interessado soais e organizacionais, voltados para uma realidade diferenciada
com o trabalho, a organização caminhará ao alcance dos resultados e emergente. Neste contexto, a Liderança passa a ser a chave para
positivos, colaborador que trabalha satisfeito a organização só ten- o sucesso organizacional, decorrendo de uma nova cultura e estru-
de a crescer, mas para isso é preciso que haja condições; uma desta tura, na qual se privilegia o capital intelectual, pois são as pessoas
é favorecer um ambiente de trabalho agradável. que proporcionam as condições essenciais ao desenvolvimento das
organizações.
As relações das teorias motivacionais contemporâneas e as Ao longo dos tempos, a liderança tem sido alvo de interesse
organizações por parte das organizações e dos gestores, estes começaram a per-
A expansão da globalização exige pessoas bem instruídas e ceber a importância que a mesma tem para o sucesso e o alcance
qualificadas. As teorias contemporâneas baseiam-se na necessida- dos objetivos traçados.
de de auto realização, a ambição por um bom cargo e status dos co- Os líderes devem procurar incrementar, um melhor relaciona-
laboradores, essas teorias dão ênfase aos estímulos motivacionais mento entre as pessoas, incentivando o trabalho em equipa, moti-
principalmente no trabalho. vando os colaboradores e proporcionando um ambiente de traba-
Clayton Alderfer, com a Teoria ERG (Existence, Relatedness, lho saudável, seguro e propício ao progresso e desenvolvimento das
Growth), somou à Teoria das Necessidades descrita por Maslow, in- suas capacidades e talentos.
formações das organizações contemporâneas, e propôs três grupos A Liderança é um tema muito atual e de importância estratégi-
de motivação no trabalho. O primeiro grupo foi o de existência, que ca para as organizações, como tal, deve ser integrada na definição
está associado às necessidades básicas, como descritas por Maslow da estratégia organizacional. As organizações precisam das pessoas
nas necessidades fisiológicas e de segurança. O segundo, as neces- para atingirem os seus objetivos e alcançar a sua visão e missão de
sidades de relacionamento, desejo que os seres humanos têm em futuro, assim como as pessoas necessitam das organizações para
manter relações sociais. No último grupo, aparece a necessidade de atingirem as suas metas e realizações pessoais.
crescimento do colaborador, o desejo por cargos e status dentro da As pessoas têm sido uma preocupação constante da gestão das
organização, realização pessoal dá ênfase as necessidades de nível organizações, uma vez que uma boa gestão das mesmas se traduz
alto da teoria de Maslow. “Um desejo intrínseco de desenvolvimen- no diferencial que alavanca os bons resultados. Para trabalhar o ca-
to pessoal. Isto inclui os componentes intrínsecos da categoria esti- pital humano de modo a maximizar o seu desempenho, é necessá-
ma de Maslow, bem como as características da necessidade de auto rio que os indivíduos se sintam motivados e satisfeitos com o seu
realização”. (ROBBINS, 2005 p.136). líder e com a forma como que a Liderança vem sendo exercida.
David McClelland e sua equipe deram ênfase a três necessi- Os líderes têm a missão de atingir os resultados pretendidos
dades: realização, poder e associação; que aparecem de forma di- pela organização através das pessoas que lideram. Assim sendo,
ferenciada em cada pessoa, caracterizando-as. A necessidade de para que a gestão de pessoas seja eficaz, os líderes têm de ser os
realização, a compulsão por eficiência, o desejo de ser cada vez modelos sociais, dando o exemplo, estando sempre na linha da
melhor, e suprir sua necessidade pessoal, os grandes realizadores frente, mostrando como se faz, fazendo.
se destacam das outras pessoas pelo seu desejo de fazer melhor as A liderança é considerada como um processo dinâmico e que
coisas. As pessoas que gostam de estar no comando, se caracteriza vem sofrendo alterações e adaptações aos vários níveis, daí a ne-
pela necessidade de poder, em estar liderando e preferem situa- cessidade de trabalhar algumas das suas principais características
ções competitivas e de status, tendem a se preocupar mais com o que permitem obter o máximo de eficiência e eficácia.

357
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Sejam quais forem as características pessoais e de personali- • Gestão
dade do líder, estas afetam as relações com os liderados e, conse- A gestão tem uma abrangência muito maior do que a liderança,
quentemente, o desempenho destes nas tarefas que executam nas envolve tanto os aspectos comportamentais como os que estão di-
organizações. retamente ligados à sua gestão, tais como: planeamento, controlo e
As diversas definições de liderança não são unânimes e estão regulamentos internos e externos. Os gestores são mais racionais,
longe de gerar consenso entre os autores. Desta forma, tem sido trabalham mais com a “cabeça” do que com o “coração”.
muito difícil definir o que é ser líder e o que é a liderança, havendo Segundo Bennis & Nanus (1995), “gerir consiste em provocar,
inúmeras definições para este conceito. realizar, assumir responsabilidades, comandar. Diferentemente, li-
Segundo Yukl (1998, p.5), “A liderança é um processo através derar consiste em exercer influência, guiar, orientar. Os gestores são
do qual um membro de um grupo ou organização influencia a in- pessoas que sabem o que devem fazer. Os líderes são as que sabem
terpretação dos eventos pelos restantes membros, a escolha dos o que é necessário fazer.”
objectivos e estratégias, a organização das actividades de trabalho, Os gestores são conservadores e analíticos, reagem e adaptam-
a motivação das pessoas para alcançar os objectivos, a manutenção -se aos factos ao invés de transformá-los. Tendem a adoptar atitu-
das relações de cooperação, o desenvolvimento das competências des impessoais, calculam as vantagens da competição, negoceiam e
e confiança pelos membros, e a obtenção de apoio e cooperação de usam as recompensas e as punições como formas de coação. Estes
pessoas exteriores ao grupo ou organização.” estão perfeitamente enquadrados na cultura organizacional e lutam
A Liderança é uma tentativa de influência, de modo a conse- pela optimização dos recursos de modo a alcançarem os resultados
guir dos seus liderados empenho e cooperação. Nessa perspectiva, desejados.
quando um chefe manipula ou exige obediência e cooperação de Para que as organizações possam sobreviver num mercado glo-
forma coerciva, não há liderança. balizado e cada vez mais competitivo têm de ter uma boa gestão. A
gestão tem que ter a implementação da mudança através da visão
• Liderança X Gestão do seu líder de forma a alcançar os resultados previamente defini-
A liderança e a gestão são vocábulos que por vezes são vistos dos. Sem uma boa gestão as organizações não conseguirão atingir
por muitos como sinônimos, no entanto existem diferenças bem esses resultados e tornam-se pouco produtivas e competitivas.
notórias entre ambos, além disso um bom líder pode não ser um Quer a gestão quer a liderança têm diferentes formas de gerir
bom chefe e vice-versa. a sua equipa, através dos diferentes líderes. Esta hipótese é bem
De acordo com Rost & Smith (1992), “A liderança é uma influên- acolhida por Rowe (2001), através de um modelo triangular cujos
cia de relacionamento, ao passo que a gestão é um relacionamento vértices são a liderança gestionária, a liderança visionária e a lide-
de autoridade. A liderança é levada a cabo com líderes seguidores, rança estratégica.
enquanto a gestão é executada com gestores e subordinados.”
Tipos de liderança
• Liderança
A liderança é um processo mais emocional, envolve o coração. • Líder Gestionário
Os líderes são dinâmicos, criativos, carismáticos e inspiradores, são O líder gestionário está mais virado para a estabilidade finan-
visionários, assumem os riscos e sabem lidar com a mudança. ceira a longo prazo e orientado para os comportamentos de curto
Os líderes são criativos e têm estilos mais imprevisíveis, são prazo e baixo custo. O seu relacionamento com as pessoas está in-
mais intuitivos do que racionais. Em vez de se adaptarem, tentam timamente ligado com os seus papéis no processo de decisão, mas
transformar o estado das coisas. Os líderes atuam proativamente raramente decide com base em valores. Não investe na inovação
formando ideias em vez de lhes reagirem. que pode mudar a organização pois falta-lhe visão, iniciativa e cria-
Um bom líder não é aquele que se preocupa em sê-lo, mas tividade. Normalmente é reativo e adapta atitudes passivas perante
aquele que dá o exemplo mostrando como as coisas devem ser fei- os objetivos, estes centram-se nas necessidades sentidas e não nos
tas, que tem ética e se preocupa com as pessoas que o rodeiam, desejosos ou sonhos.
que envolve e motiva toda a equipa. Deve focar-se no desenvolvi-
mento das pessoas com quem trabalha para que se tornem mais • Líder Visionário
autónomas. Já o líder visionário fomenta a mudança, a inovação e a criati-
O líder tem a capacidade de gerir diferentes personalidades vidade. É proativo, muda o modo de as pessoas pensarem acerca
mobilizando-as para objetivos comuns. Liderar é saber comunicar daquilo que é desejável e necessário. Está orientado para o desen-
e conquistar a admiração e o respeito dos outros, fazendo com que volvimento das pessoas e para o sucesso das organizações. Normal-
todo o grupo se identifique com o líder, o siga e execute as suas mente decide com base em valores e relaciona-se com as pessoas
decisões. de modo intuitivo e empático. Enfatiza a viabilidade de empresa a
longo prazo mas os seus sonhos podem ser destruidores da riqueza
Os líderes são inovadores e criativos, procuram agir sobre a si- no curto prazo.
tuação em causa, as suas perspectivas e aspirações são a longo pra-
zo, têm uma atitude proativa, são emocionais e empáticos e atraem • Líder Estratégico
fortes sentimentos de identidade e diferenciação. As competências O líder estratégico combina as duas orientações, ou seja, com-
de liderança não podem ser ensinadas nem aprendidas são inatas bina as qualidades dos gestores com as dos líderes. Acredita nas
ao ser humano, estas vão sendo moldadas pelas experiências e co- escolhas estratégicas que fazem a diferença na organização. Essas
nhecimentos adquiridos. estratégias devem ter impacto imediato, sendo que as responsa-
Para Monford e tal. (2000, p.24), “Os líderes não nascem nem bilidades serão a longo prazo. Fomenta o comportamento ético e
são feitos; de facto, o seu potencial inato é moldado pelas experi- as decisões baseadas em valores. Tem elevadas expectativas acerca
ências que lhes permitem desenvolver as capacidades necessárias dos seus superiores, colaboradores e dele próprio.
à resolução de problemas sociais significativas. Podemos então concluir que a liderança estratégica resulta da
conciliação da liderança visionária e gestionária.

358
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Alguns indivíduos terão mais aptidão para liderar e outros para e os seus objetivos são o lucro e os resultados. Por norma, neste
gerir, enquanto outros conciliam as duas vertentes. tipo de liderança as consequências são nefastas, existe ausência de
No entanto, muitos líderes podem aprender a gerir e muitos espontaneidade e de iniciativa e quando o líder abandona a orga-
gestores podem melhorar as suas capacidades de liderança. nização as pessoas sentem-se completamente perdidas pois não
Estabelecendo a correspondência com a tese de Zaleznik, Rowe estavam habituadas a tomar decisões e a terem iniciativa própria.
(2001) “ a liderança gestionária está para os gestores como a lide- O trabalho só se realiza na presença do líder, pois na sua ausên-
rança visionária está para os líderes. Ao contrário de Zaleznik “con- cia o grupo é pouco produtivo e indisciplinado. O líder autoritário
sidera ainda que os dois papéis são conciliáveis na figura do líder normalmente não delega tarefas, prefere ser ele a executá-las. A
estratégico.” liderança autoritária apresenta elevados níveis de produção, mas
com evidentes sinais de frustração e agressividade.
A importância dos líderes
HARRIS (2001, p.394) “O Papel dos líderes é criar um ambiente • Liderança Liberal
em que as pessoas se sintam livres para experimentar, exprimir-se A liderança liberal é totalmente inversa à autocrática, “há liber-
com franqueza, tentar novas coisas. Ainda mais importante, o seu dade total para as decisões grupais ou individuais, e mínima partici-
papel é o de (…) construir o espaço, remover obstáculos e permitir pação do líder.” (CHIAVENATO, 2003)
que os empregados façam o seu trabalho. Um dos objetivos primor- Na liderança laissez faire ou liberal não há imposição de regras,
diais dos líderes deveria ser o de libertar os talentos de cada pessoa parte-se do princípio que o grupo atingiu a maturidade e não ne-
para benefício delas próprias e da empresa como um todo.” cessita do líder para o orientar e o supervisionar. Caracteriza-se pela
Nas organizações é crucial que os líderes sejam pessoas idóne- total liberdade da equipa o líder não interfere na divisão das tarefas
as e sejam um exemplo para toda a equipa, pois sem um bom líder nem na tomada de decisão, quem decide é o próprio grupo. Este é
não haverá uma boa equipa. É fundamental que exista uma boa considerado o pior estilo de liderança, uma vez que não há demar-
liderança por parte dos líderes, somente assim a equipa será coesa cação dos níveis hierárquicos instala-se a confusão, a desorganiza-
e trabalhará afincadamente para o alcance das metas organizacio- ção, o desrespeito e a falta de um líder com poder e autoridade
nais e dos objetivos conjuntos. Se o objetivo primordial de um líder para resolver os conflitos.
é fazer com que os outros o sigam, então é imprescindível que dê Na liderança liberal o líder só participa na tomada de decisão
bons exemplos e lhes mostre o caminho a seguir. quando é solicitado pelo grupo, os níveis de produtividade são in-
A liderança é um tópico fundamental nas relações de trabalho, satisfatórios e existem fortes sinais de individualismo, insatisfação e
os líderes têm de trabalhar no sentido de evitar conflitos laborais e desrespeito pelo líder.
proporcionar benefícios para todos.
Por vezes, as incompatibilidades pessoais e profissionais entre • Liderança Democrática
os líderes e os liderados, fazem com que surjam conflitos difíceis de No que respeita à liderança democrática, participativa ou con-
gerir, contribuindo para o insucesso das pessoas e o fracasso das sultiva, este estilo está voltado para as pessoas e há participação de
organizações, dificultando assim o alcance das metas traçadas. toda a equipa no processo de decisão. É o grupo que define as téc-
Segundo Russo (2005) “a discussão se os líderes nascem líderes nicas para atingir os objetivos, no entanto o líder tem a responsabi-
ou aprendem a sê-lo é longa. Contudo a resposta diz Russo é sim- lidade de alertar o grupo para as dificuldades existentes no alcance
ples e direta: as duas afirmações são verdadeiras.” desses mesmos objetivos.
O líder deve ser capaz de criar um ambiente saudável, bem Segundo, Chiavenato (2003, p.125), “As diretrizes são debati-
como interação e dinâmica com toda a equipa de trabalho. É fun- das e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder”.
damental criar desafios e dar autonomia, para que em conjunto se O líder envolve todo grupo, pede sugestões e aceita opiniões,
implementem e tomem as melhores decisões. existe confiança mútua, relações amistosas e muita compreensão.
Este estilo de liderança está orientado para as tarefas e para as pes-
Estilos de liderança soas. Os grupos submetidos à liderança democrática, apresentam
As organizações, as equipas e as situações variam no tempo e elevados níveis de produtividade, quer em quantidade quer em
no espaço, os líderes também, daí que é bastante comum que o su- qualidade. Existe ainda, um clima de satisfação, integração e com-
cesso do líder e dos seus seguidores esteja diretamente relacionado prometimento das pessoas para com a organização.
com o estilo de liderança adoptado. De acordo com Fachada (1998), “A diferença entre o estilo efi-
White & Lippit (1939) fizeram os primeiros estudos para verifi- caz e ineficaz não depende unicamente do comportamento do líder,
car o impacto causado pelas diferentes formas de liderar. Segundo mas da adequação desses comportamentos ao ambiente onde ele
eles existem essencialmente três estilos de liderança: liderança au- desempenha as suas funções.”
toritária, liberal e democrática.
O estilo de liderança a adoptar vai depender sobretudo da
• Liderança Autoritária equipa a liderar e do seu tamanho. Deverá estar adaptada a cada
Em primeiro lugar aparece a liderança autoritária, “o líder fixa pessoa, à equipa e à tarefa a realizar, só assim se conseguirá a máxi-
as diretrizes, sem qualquer participação do grupo”, é ele que fixa ma eficácia na persecução dos objetivos.
todas as diretrizes e determina qual tarefa deve ser realizada, tudo
tem que ser feito como ele define. (CHIAVENATO, 2003) Teorias da liderança
Na liderança autoritária, autocrática ou diretiva o líder foca- Existem várias teorias de liderança e podem ser classificadas
-se apenas nas tarefas e determina técnicas para a execução das em quatro grupos: teorias de traços de personalidade (até aos anos
mesmas. O líder toma as decisões individualmente e não considera 40), teorias sobre estilos de liderança/comportamento do líder (até
a opinião da equipe, ordena e impõe a sua vontade. Este tipo de aos anos 60), teorias situacionais/contingências da liderança (desde
liderança provoca tensão e frustração no grupo. O líder tem uma os anos 50 até final da década de 70) e por último as teorias dos
postura essencialmente diretiva e não dá espaço à criatividade dos traços e do carisma (últimas décadas).
liderados. A sua postura por vezes é paternalista e fica satisfeito por
sentir que os outros dependem dele. É rápido na tomada de decisão

359
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
• Teoria dos Estilos de Liderança Um líder Transformacional consegue que os seus seguidores
Na Teoria sobre os Estilos de Liderança a preocupação domi- prossigam além dos seus próprios interesses e altera ou transforma
nante nas várias teorias foi definir o comportamento do líder mais as suas metas em metas de todo o grupo ou da organização. Ele
eficaz. A abordagem dos estilos refere-se não ao que o indivíduo é faz com que os seguidores se envolvam integralmente para que se
mas ao que ele faz, ou seja, o seu estilo de liderar. Aqui destacam-se atinjam os objetivos organizacionais.
as maneiras e estilos de comportamento adoptados pelo líder: au- Segundo Yukl (1999, p.46), “as teorias da liderança carismáti-
tocracia, liberalismo e democracia, bem como a liderança centrada ca e transformacional contribuem para o nosso entendimento da
nos resultados da tarefa e a liderança centrada na preocupação com eficácia de liderança, mas a sua singularidade e contributo foram
as pessoas. exagerados.”
Como instrumento de avaliação dos estilos de liderança Black
e Mouton (1964), apresentam uma grelha de gestão, que é uma • Liderança Transacional
tabela de dupla entrada, composta por dois eixos: o eixo vertical A Liderança Transacional baseia-se na relação do líder e do li-
representa a “ênfase nas pessoas” e o eixo horizontal representa derado. O líder conduz e motiva toda a equipa na direção dos obje-
a “ênfase na produção”. Nos quatro cantos e no centro da grelha tivos estabelecidos.
os autores colocaram os principais estilos de liderança, de acordo Segundo Bass (1995), a liderança transacional “envolve a atri-
com a orientação para a tarefa ou para o relacionamento. Segundo buição de recompensas aos seguidores em troca da sua obediência.
os autores, é muito importante que cada líder aprenda a observar O líder reconhece as necessidades e desejos dos seus colaborado-
o seu estilo de liderança através da grelha, a fim de melhorar o seu res, clarificando-lhes como podem satisfazê-las em troca da execu-
desempenho, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento pro- ção das tarefas e do desempenho.”
fissional, bem como para o desenvolvimento da organização. Muitas situações de liderança são baseadas num entendimen-
Para Chiavenato (2003, p.124), “São teorias que estudam a li- to entre o líder e os seus seguidores. Existe um contrato social im-
derança em termos de estilos de comportamento do líder em rela- plícito indicando que se concordar com o que o líder deseja fazer, o
ção aos seus subordinados. A abordagem dos estilos de liderança seguidor terá certos benefícios, tais como remuneração melhorada
se refere àquilo que o líder faz, isto é, o seu comportamento de ou a não-demissão.
liderar”. As transações construtivas resultam em consequências posi-
tivas, tais como a obtenção de uma promoção. Essas promoções
• Teoria dos Traços e do Carisma são vistas como mais eficazes e satisfatórias do que as transações
Nas últimas décadas os psicólogos organizacionais começam a corretivas, que trazem consequências negativas, tais como uma hu-
interessar-se pela cultura organizacional e pela mudança cultural. milhação.
De acordo com o trabalho de Shein (1989) os líderes têm de ter Este tipo de liderança, a par da liderança carismática, constitui
capacidades específicas como a paciência, persistência, contenção o estilo de liderança mais apropriado para a mudança organizacio-
da ansiedade, garantir estabilidade e confiança emocional, etc. Da nal.
análise de Shein resultam dois importantes conceitos: a liderança Não é a força da autoridade que os chefes possuem devido à
transformacional e a liderança transacional. sua posição privilegiada no organograma da organização que lhes
proporciona eficácia para liderar as pessoas, mas a percepção posi-
• Liderança Transformacional tiva desses seguidores que faz dele um verdadeiro líder.
Bass (1985), foi um dos pioneiros nos estudos da liderança Num mundo altamente dinâmico e instável onde o ambiente
transformacional e transacional, a considerar que a liderança tanto organizacional sofre continuamente profundas alterações impul-
envolve comportamentos transformacionais como transacionais. sionadas pelo processo de globalização, o mercado torna-se mais
Alguns autores (Barling, Slater e Kelloway, 2000; Judge e Bono, exigente e competitivo, exigindo das organizações adaptações e
2000) destacaram exclusivamente o papel da liderança transforma- respostas rápidas a estas mudanças e alterações sofridas. As em-
cional. presas necessitam de profissionais capazes de responderem de for-
A Liderança Transformacional é o tipo de liderança que resul- ma ajustada e em tempo útil aos novos desafios.
ta do processo de influenciar as grandes mudanças das atitudes e O alinhamento entre as Práticas de Liderança e a Cultura Orga-
comportamentos dos membros da organização e o comprometi- nizacional é compreendido através dos conceitos percebidos atra-
mento com a missão e os objetivos da organização. vés da revisão bibliográfica. A revisão da literatura permitiu uma
Segundo Bass (1985), os líderes transformacionais têm “visão”, melhor compreensão dos conceitos de Liderança e dos principais
prendem-se às suas convicções internas, têm vontade de encorajar fatores que a influenciam.
e olhar os problemas de diferentes formas. Estes líderes são donos A chave do sucesso para um elevado desempenho das orga-
do seu próprio destino e têm talento para atravessar os tempos de nizações está na congruência entre os elementos da organização,
adversidade com sucesso. principalmente entre a estratégia, a estrutura, as pessoas, a própria
cultura e como não podia deixar de ser a Liderança. Assim sendo,
Bass (1995) descobriu que as três principais características de será crucial que a organização repense a forma como a Liderança
um líder transformacional são o carisma, reconhecimento e estímu- vem sendo exercida, só assim, conseguirá pessoas motivadas e feli-
lo de cada seguidor como incentivo intelectual para que os segui- zes, contribuindo de forma decisiva para o aumento da performan-
dores examinem as situações de acordo com novas perspectivas. ce da organização.
O mesmo autor (BASS, 2000, p.297) sustenta que “as qualida-
des dos líderes transformacionais são afetadas pelas experiências Conclui-se, que diante das mudanças, o líder deve conciliar os
de infância (pais zelosos e que estabelecem objetivos desafiantes). interesses da organização com os da sua equipa de trabalho, em-
Afirma mesmo que causas hereditárias podem estar na sua origem.” penhando-se afincadamente para proporcionar um ambiente fa-
vorável ao desenvolvimento dos seus liderado, influenciando-os a
alcançarem os objetivos comuns.

360
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Comunicação falha na comunicação – que impactará o andamento das atividades
Diferente do que muitos acreditam, a comunicação não está de toda uma equipe – poderá afetar negativamente o ambiente de
ligada apenas ao fato de saber dizer algo a outras pessoas. Ela con- trabalho e trazer diversos outros prejuízos para os negócios.
siste em fazer com que o outro lado – no caso, o receptor – entenda Uma informação mal transmitida poderá impactar negativa-
aquilo que é dito, sem que haja qualquer tipo de má interpretação. mente o atendimento aos clientes e fornecedores, por exemplo,
além de interferir nas relações interpessoais de colegas de trabalho.
• O que é comunicação eficaz? Diante disso, é essencial que você, seja empreendedor, empre-
Uma comunicação eficaz no cenário organizacional pode ser sário ou colaborador de uma empresa, perceba como é importante
entendida como aquela que transforma a atitude das pessoas. Se a garantir que a comunicação dentro das organizações seja realmente
comunicação apenas muda suas ideias, mas não provoca nenhuma eficaz, pois ela contribui de maneira positiva com o equilíbrio orga-
mudança de comportamentos, então ela não atingiu seu resultado. nizacional.
Assim, quando falamos em comunicação eficaz, estamos falan-
do daquela que atinge com efetividade seu objetivo, que é transmi- • Assertividade nos processos
tir uma mensagem com clareza, utilizando os mais diversos tipos de Todos sabemos que um dos maiores gaps existentes nos mais
canais de comunicação para isso. Ou seja, basicamente é quando diversos ambientes corporativos é a falha na comunicação. Isso
o emissor passa uma informação ao seu receptor e este entende a acontece, pois, em grande parte dos casos, as pessoas que fazem
mensagem exatamente como ela foi transmitida, sem acrescentar parte da empresa e dos negócios, de uma forma geral, não têm a
nada a mais ou a menos à sua interpretação. consciência de que é necessário transmitir informações com clareza
Veja que neste parágrafo eu falei sobre os elementos que com- e objetividade, para que assim, a execução dos processos organiza-
põem a comunicação eficaz, aos quais vou ressaltar mais uma vez, cionais sejam o mais assertivos possíveis.
para que fique claro o que é necessário para que se estabeleça um Assim, criar esta consciência e este hábito em todos, indepen-
processo comunicacional: dentemente dos cargos ocupados, faz com que os processos te-
– Emissor: Responsável por transmitir a mensagem, com todas nham um bom andamento e as demandas sejam executadas com
as informações necessárias para que haja o entendimento assertivo muito mais facilidade, tornando, assim, muito mais fácil, também, o
e efetivo desta; alcance dos objetivos e resultados extraordinários.
– Receptor: Trata-se de quem recebe a mensagem e faz a sua
interpretação; • Engaja e motiva os colaboradores
– Linguagem: Aqui estamos falando dos códigos de linguagem Quando existe uma comunicação eficaz nas empresas, os co-
que são utilizados para que haja a transmissão correta das infor- laboradores que dela fazem parte sentem-se altamente satisfeitos.
mações; Isso acontece, pois eles enxergam que estão em um lugar onde exis-
– Mensagem: Por fim, a mensagem é basicamente o conjunto te transparência, objetividade e espírito de cooperação na forma de
de informações que são transmitidas se comunicar.
A consequência disso é um ambiente em que as atividades são
A junção de todos estes elementos, faz com que a comunicação realizadas com muito mais fluidez, o que traz resultados positivos
aconteça, de forma verdadeiramente eficaz, nos mais diversos con- para todos. Além disso, quando observam que a comunicação é efi-
textos, principalmente no empresarial. caz na empresa, ou seja, que o que cada um diz verdadeiramente
E por falar em mundo corporativo, é necessário lembrar que importa e é levado em consideração, aumenta a sensação de per-
a boa comunicação neste ambiente é bastante dinâmica. Ela não tencimento destes colaboradores, fazendo com haja um aumento
é realizada apenas por meio de conversas, formais e informais, te- significativo de seu engajamento e motivação.
lefonemas e reuniões. Ela está presente desde a pausa do café até
a emissão de documentos importantes. Além disso, há também a • Diminuição de conflitos
utilização de ferramentas de comunicação escrita – como e-mail, A partir do momento que uma empresa investe em comuni-
memorandos e circulares, por exemplo – que fazem parte do dia a cação eficaz, ela evita a incidência de conflitos entre seus colabo-
dia de qualquer organização atualmente. radores. O motivo disso se dá pelo fato de que todos têm a grande
Por isso, saber escrever de forma clara e objetiva, assim como preocupação de transmitirem suas mensagens com o maior núme-
se comunicar de forma geral, utilizando todos os meios, é funda- ro de informações possíveis, que facilitem a interpretação do colega
mental para o desenvolvimento das demandas. Neste sentido, que irá recebê-la e que, por ventura, executará determinada tarefa.
investir em uma comunicação eficaz não é somente investir em Com isso, ocorre uma diminuição considerável de discussões
comunicações verbais, uma vez que esta envolve também as comu- desnecessárias, que surgem por simples falhas que acontecem na
nicações não verbais. comunicação, seja por parte do emissor, ou por parte do receptor,
Lembre-se sempre que um bom profissional deve saber plane- situações estas que, infelizmente, ainda são bastante corriqueiras
jar e esquematizar suas ideias para transmiti-las de forma eficiente nos mais diversos ambientes organizacionais.
e serem entendidas com assertividade por aqueles que receberem
estas mensagens. Além disso, por tornar o ambiente organizacional o mais trans-
parente possível, caso ocorram conflitos, estes logo são resolvidos
• Porque é importante investir em uma comunicação eficaz? entre todos os envolvidos, uma vez que, através da comunicação
É importante que as empresas entendam o quão valioso é ter eficaz, estes tornaram-se maduros o suficiente, para, em um con-
uma comunicação eficaz, que seja clara e direta entre todos aqueles versa amigável, sentarem-se e resolverem suas diferenças, sem que
que fazem parte dos negócios. É essa comunicação que garante o ninguém saia ofendido ou prejudicado com isso.
bom andamento dos processos, a execução das atividades e o al-
cance de resultados extraordinários. • Melhora o clima organizacional
Pode soar como exagero, querida pessoa, mas não é. Quando Como um dos benefícios trazidos pelo investimento em uma
uma mensagem ou uma informação relevante para a equipe é mal comunicação assertiva e eficaz nas empresas é a transparência, o
transmitida ela, consequentemente, será mal compreendida. Essa clima organizacional melhora de forma considerável com isso.

361
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Isso acontece, pois os gestores, principalmente, fazem questão Dessa maneira, assegure-se do retorno da mensagem que foi
de compartilhar todas as informações necessárias com seus cola- transmitida, certifique-se se ela cumpriu com o objetivo e, de fato,
boradores, o que tem como resultado uma equipe mais motivada e gerou a atitude esperada. Caso isto não ocorra, o que você pode
altamente valorizada, pois se sente parte dos processos, bem como fazer é passar a informação novamente, porém, dessa vez, utilizan-
a diminuição de fofocas e especulações, que geralmente são os mo- do mecanismos que a deixem mais clara, usando outros meios e
tivos mais recorrentes dentro de uma empresa, que fazem com que palavras, por exemplo.
o seu clima seja prejudicado, assim como o trabalho de todos. O ideal aqui, na implementação da cultura de feedback, é que
todos procurem entender quais são as dúvidas, a fim de esclarecê-
• Dicas para desenvolver a comunicação eficaz na sua organi- -las, e melhorar cada vez mais a comunicação existente entre cada
zação um que faz parte da organização.
Agora que conseguimos entender o quão importante é ter
uma comunicação cada vez mais eficaz no ambiente corporativo, • Atente-se para o uso da Língua Portuguesa
vou compartilhar com você algumas dicas para que você consiga Umas das situações, que ainda observamos bastante nos mais
desenvolver e acelerar este processo em seus negócios. Continue diversos tipos de empresas, é o uso incorreto da língua portuguesa,
a leitura e confira: seja de forma falada ou escrita. Por mais que tenhamos acesso à
uma infinidade de informações, bem como facilidade para aprimo-
• Avalie o cenário rar nossos conhecimentos, muitos de nós ainda comete inúmeros
No dia a dia das organizações é muito importante que os co- pecados linguísticos, o que acaba por prejudicar consideravelmente
laboradores e a empresa estejam alinhados quanto aos objetivos a comunicação no ambiente organizacional.
a serem alcançados, para que assim, todos caminhem juntos em Sendo assim, é essencial que antes de falarmos algo ou, prin-
direção aos resultados extraordinários. Sendo assim, é através da cipalmente, de escrevermos um e-mail ou ainda aquela mensagem
comunicação eficaz que a organização conseguirá criar uma cultura no bate-papo do trabalho, independentemente das pessoas com as
corporativa, onde cada membro da equipe entende quais são os quais estejamos conversando, nós façamos o exercício de nos certi-
valores, crenças e regras de conduta da empresa. ficamos se estamos nos comunicando corretamente, ou seja, se as
Neste sentido, para iniciar o processo de desenvolvimento de palavras estão ortográfica e gramaticalmente certas, se cada uma
uma comunicação assertiva e transparente em seus negócios, é pri- delas está transmitido a mensagem com o sentido que queremos
mordial que o seu primeiro passo a ser dado seja reunir os gestores transmitir, entre outros cuidados, que farão com que a comunica-
e líderes da sua empresa, para avaliarem se a comunicação exis- ção seja de fato eficaz e alcance o seu objetivo, que é passar infor-
tente contribui positivamente com a cultura corporativa e também mações, sem que haja erros de interpretação, tanto decorrentes de
com todos os processos que citei nos parágrafos anteriores deste nossa parte, quanto do receptor.
texto. Caso a resposta não seja satisfatória, vejam o que pode ser Cultive o hábito de, sempre que tiver em dúvida sobre como
feito, levando em consideração o cenário da organização em si, bus- dizer ou escrever isso ou aquilo, pesquisar antes, seja na internet ou
cando e pesquisando ferramentas que lhes ajude a reverter esse em um dicionário, pois isso não é vergonha nenhuma e vai te aju-
quadro. dar no aprimoramento de seus conhecimentos e em seu repertório
com o passar do tempo.
• Conheça o seu receptor
Quando se diz que cada indivíduo é único não é algo dito alea- — Trabalho em equipe
toriamente. Cada pessoa tem a sua própria construção de significa- Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços con-
dos, que é pautada por toda uma carga cultural adquirida durante juntos de um grupo ou sociedade visando a solução de um proble-
toda a sua existência. Ou seja, as pessoas não agem igual, pois suas ma. Ou seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se dedicam a
formas de pensar são embasadas em questões culturais e particu- realizar determinada tarefa estão trabalhando em equipe.
lares. Essa denominação se origina da época logo após a Primeira
Com isso, a forma de se expressar, a escolha das palavras, o Guerra Mundial. O trabalho em equipe, através da ação conjunta,
tom da voz ou o meio utilizado na comunicação influencia tanto na possibilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas
maneira como o ouvinte interpretará a mensagem recebida quanto áreas.
na forma que esta mensagem será transmitida. Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o
Devido a isso, é importante entender quem é o seu receptor, trabalho em equipe oferece também maior agilidade e dinamismo.
para que assim você consiga se comunicar com ele, de uma maneira Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que
que seja mais fácil para que ele compreenda e também para que o grupo possua metas ou objetivos compartilhados. Também é ne-
a sua mensagem seja recebida exatamente da forma como você cessário que haja comunicação eficiente e clareza na delegação de
transmitiu, sem interpretações dúbias no futuro. cada tarefa.

• Invista na cultura de feedbacks Um bom exemplo de trabalho em equipe é a forma que times
O processo de comunicação deve estar em evolução contínua, esportivos são divididos. Cada jogador possui uma função específi-
sendo aperfeiçoado todos os dias. Para isso, o feedback é uma ca, devendo desempenhá-la bem sem invadir o espaço e função dos
ferramenta de suma importância, pois ele dá a oportunidade de seus companheiros de time.
conversarmos com nossos receptores, no sentido de entender se a Cada vez mais as organizações valorizam colaboradores que
mensagem que transmitimos foi bem compreendida, se eles neces- apresentam facilidade com trabalho em equipe. Como a grande
sitam de mais informações, entre outros pontos, assim como eles maioria das tarefas e serviços requerem a atuação de diferentes
também podem nos ajudar com sugestões, dizendo de que forma setores profissionais, colaborar e se comunicar bem é mais do que
podemos melhorar estes processos dentro da empresa, para que essencial.
se tornem verdadeiramente eficazes e contribuam com o trabalho
de todos.

362
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
A capacidade para trabalho em equipe possibilita que você Uma equipe formada por colaboradores proativos tem um fun-
apresente melhores resultados e mais eficiência. Além disso, um cionamento mais eficiente. Os resultados são melhores e obtidos
ambiente corporativo composto por pessoas que se comunicam de forma mais rápida. Essa característica também possibilita que
bem e colaboram sem problemas é mais harmonioso, melhorando os processos sejam otimizados, elevando a qualidade do trabalho
muito a qualidade de vida de todos os envolvidos. como um todo.
O trabalho em equipe é uma habilidade fundamental para bons Para que funcionários sejam proativos, no entanto, é necessá-
líderes. Por isso, se a liderança está no seu plano de carreira, você rio que o estilo de liderança da organização seja flexível. A abertura
precisa desenvolver essa capacidade. a feedbacks, sugestões e opiniões entre os gestores é essencial para
De uma forma geral, pessoas que possuem facilidade com estimular a proatividade.
trabalho em equipe são mais contratáveis, trabalham melhor, têm
mais qualidade de vida no trabalho e mais possibilidades de rece- • Inovação
ber uma promoção. A criatividade e inovação são habilidades capazes de transfor-
mar a forma que uma equipe interage. Para o bom trabalho em
Quais as principais competências para trabalhar bem em equipe, é preciso que seus integrantes estejam sempre inovando
equipe os processos e procurando soluções criativas. Isso possibilita a ob-
O trabalho em equipe é uma competência composta de dife- tenção de melhores resultados, aumento da eficiência e otimização
rentes habilidades. São capacidades que podem ser aprendidas e dos processos.
desenvolvidas, e que devem ser trabalhadas por todos os profis- Da mesma forma que a proatividade, a criatividade na equipe
sionais. Independente da sua área, o autoconhecimento visando a precisa de espaço concedido pela liderança para florescer. Estimular
melhora nunca deve cessar. a autogestão na equipe possibilita que os profissionais criem solu-
A seguir, confira quais habilidades precisam ser desenvolvidas ções inovativas para realizar suas tarefas.
para aprimorar sua capacidade de trabalho em equipe.
• Confiança
• Gerenciar conflitos Não existe trabalho em equipe sem confiança mútua. Afinal,
Grande parte dos profissionais procura evitar os conflitos a cada um precisa fazer a sua parte das tarefas e acreditar no po-
todo custo. No entanto, muitas vezes eles aparecem, e ignorá-los tencial de seus companheiros. Quando você confia no resto na sua
não é uma maneira saudável ou eficiente de proceder. Para traba- equipe, consegue delegar tarefas sem temer pela qualidade do pro-
lhar em equipe efetivamente, é preciso identificar, gerenciar e re- duto final.
solver conflitos. Isso é especialmente verdadeiro para os líderes. Muitos gesto-
Para isso, é necessário desenvolver um conjunto de habilidades res cometem o erro de praticar a microgestão, tentando controlar
sociais. Destacam-se a empatia e a assertividade. A empatia é fun- todos os aspectos das tarefas de toda a equipe. Isso passa aos co-
damental para que você consiga acessar o ponto de vista das outras laboradores a mensagem de que o líder não confia em suas habili-
pessoas, compreendendo a situação por diferentes perspectivas. Já dades, afetando o relacionamento entre a equipe, a autoconfiança
a assertividade ajudará a não fugir das situações socialmente des- e a motivação.
confortáveis e estabelecer os seus limites sem agressividade. Para delegar, é preciso confiar. Se sua equipe sentir que a lide-
Falando na agressividade, a inteligência emocional é outra ha- rança e seus pares confiam em seu trabalho, tem muito mais chan-
bilidade importantíssima tanto para a gestão de conflitos quanto ces de realizar as tarefas eficientemente e com motivação.
para o ambiente profissional como um todo.
• Respeito
• Comunicação eficiente O respeito mútuo é importantíssimo para o bom trabalho em
Se comunicar de forma clara e eficiente é essencial para um equipe. Colaboradores que não se respeitam como profissionais e
bom trabalho em equipe. Alinhar as metas e objetivos é o primei- como pessoas jamais terão um bom relacionamento. Sem o respei-
ro passo para que tudo funcione sem problemas. Quando todos os to, nenhuma outra habilidade que citamos anteriormente é possí-
colaboradores entendem qual a direção que devem seguir com o vel.
trabalho, é mais fácil orquestrar a execução. Para estimular o respeito entre a equipe, é necessário trabalhar
A comunicação também é importante para que todas as partes as habilidades de empatia e construir uma boa convivência entre os
saibam o que é esperado delas. A delegação de tarefas deve ser membros. Dinâmicas e exercícios de team building são ferramentas
clara, e ser respeitada. Novamente, a assertividade será uma habili- valiosíssimas nesse cenário.
dade essencial para a boa comunicação.
Quando um colaborador não sabe expressar seus limites, pode — Relacionamento interpessoal
acabar pressionado a aceitar prazos que não pode cumprir ou tare- Para Albuquerque (2012), uma maneira de desenvolver a in-
fas que não sabe realizar. Isso prejudicará tanto o desempenho da dividualidade de cada ser é aprender a aceitá-los como são, pois
equipe, quanto a confiança dos colaboradores. E claro, o produto assim nos adaptamos a cada um, construindo um comportamento
final também será amplamente afetado. tolerante. Quando estamos dispostos a aceitar as pessoas, conse-
Por isso a comunicação pode ser vista como um dos principais quentemente nos tornamos mais flexíveis e observadores, o que
pilares do bom trabalho em equipe. facilita o convívio, o aprendizado, e a capacidade de desenvolver-se,
descobrindo valores a partir de fraquezas de outros.
• Proatividade Mesmo sendo impossível agradar a todos o ser humano ne-
A proatividade é antecipar necessidades e, de forma autôno- cessita entender que precisa conviver com as pessoas a sua volta,
ma, todas as atitudes para atendê-las. Para o bom trabalho em ninguém consegue viver sozinho, por isso tratar as pessoas bem ou
equipe, é preciso que todos os colaboradores tenham a habilidade saber lhe dar com a presença de vários a sua volta é o mínimo que
de identificar situações-problema antes que elas aconteçam. O mais se precisa diante de uma sociedade em decorrente ascensão.
importante, no entanto, é tomar uma atitude e oferecer soluções.

363
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
De acordo com Chiavenato (2010), o relacionamento inter- A comunicação é uma poderosa ferramenta capaz transformar
pessoal é uma variável do sistema de administração participativo, situações, resolver conflitos e também esclarecer fatos embaraço-
que representa o comportamento humano que gera o trabalho em sos decorrentes do dia a dia, bem como ser gentil e educado no
equipe, confiança e participação das pessoas. “As pessoas não atu- ambiente de trabalho.
am isoladamente, mas por meio de interações com outras pessoas Além de influenciar os outros, uma boa comunicação contribui
para poderem alcançar seus objetivos” (CHIAVENATO, 2010, p. 115). para a imagem de si mesmo, em um ambiente de trabalho não é
Manter um bom relacionamento é imprescindível, o sucesso diferente, saber conversar com o gestor ou com a equipe de traba-
no dia a dia, na convivência com pessoas e também no ambiente lho é necessário, expressar ideias, expor opiniões, concordar com
profissional depende muito de como você trata as pessoas a sua palavras e atitudes que vão levar a empresa a resultados positivos
volta, não se pode escolher com quem trabalhar, ou com quem é essencial.
dividir uma mesa no trabalho, somos “convidados” a lidar com as A comunicação é uma “ferramenta muito poderosa para o co-
diferenças em todos os aspectos. mando, tanto que é considerada uma das competências essenciais
Um relacionamento interpessoal saudável entre o líder e seus para o êxito profissional. Nos relacionamentos humanos tem seu
liderados facilita no desbloqueio da insegurança que rodeiam os co- valor potencializado” (ALBUQUERQUE, 2012, p. 104).
laboradores no dia a dia, o respeito e admiração trazem harmonia A dificuldade em expressar ideias ou falar em público existe e
para o ambiente de trabalho. acompanha diversas pessoas, somente o fato do colaborador saber
O aprimoramento deste relacionamento é diário, construído que precisa apresentar sua proposta em uma reunião ou expor sua
aos poucos e deve ser regado para que futuras frustrações e discór- opinião em algo importante dentro da organização gera medo e an-
dias no trabalho não venham a aparecer. siedade. O desenvolvimento pessoal de cada profissional é neces-
Algumas vezes, lidar com as diferenças causa incompatibilida- sário, aperfeiçoar nas habilidades propostas deixa de lado o fato de
de, desentendimentos, problemas, que devem ser solucionados a não entregar o trabalho ofertado pela empresa.
partir do bom relacionamento e diálogo entre os colaboradores, Um assunto mal falado gera confusão de informações tornando
pois, “pequenas ações são as sementes dos grandes resultados” o ambiente de trabalho confuso e tenso, a união do relacionamento
(ALBUQUERQUE, 2012, p. 85). interpessoal com uma boa comunicação torna-se eficaz diante de
“As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do uma organização que necessita de colaboradores fluentes e certos
processo de interação” (MOSCOVICI, 2011, p. 69). É uma maneira do seu papel no trabalho.
de conhecer mais, aprender com situações diversas no grupo social, “O desenvolvimento de competência interpessoal exige a aqui-
vivenciando e trocando informações. sição e o aperfeiçoamento de certas habilidades de comunicação
Interagir com o outro ou se comunicar muita das vezes se torna para facilidade de compreensão mútua” (MOSCOVICI, 2011, p. 102).
uma tarefa complicada, quando essa prática costuma falhar alguns Existem vários elementos primordiais e fundamentais dentro
conflitos surgem e não são fáceis de serem resolvidos. O ser hu- da comunicação e que devemos utilizar em nosso dia a dia.
mano é envolvido por sentimentos, sensações e quase nunca pela Elementos - Segundo NASSAR (2005, p. 51), a estrutura comu-
razão, para se trabalhar em equipe é necessário a flexibilidade e nicacional possui quatro características essenciais. Tais como: Emis-
compreensão, afinal realizar tarefas em equipe e estar no meio de sor – está ligado a organização é quem inicia a mensagem; Meio ou
pessoas no ambiente de trabalho pode gerar eficiência nas ativi- Canal de transmissão – ligado as ferramentas de comunicação, é o
dades e os objetivos lançados são alcançados com mais facilidade. meio através do qual é transmitida a mensagem; Receptor – público
“Influenciar pessoas é conseguir colaboração e cooperação. interno, a quem a mensagem é dirigida e as Respostas ou Feedback
A cooperação vai além do favor, que é uma gentileza espontânea, – que são os resultados obtidos.
além da obrigação e do poder de mando” (ALBUQUERQUE, 2012, p. Obstáculos – Algumas palavras transmitidas não possuem o
84). As pessoas se sentem parte do grupo quando podem colaborar. mesmo significado para o emissor e receptor, surge então proble-
O trabalho em equipe também é muito característico do rela- mas devido diferenças de interpretação.
cionamento interpessoal, o individuo precisa aprender a trabalhar Para que a importante comunicação exerça seu papel dentro
dentro de uma organização. das empresas é necessário as ferramentas citadas acima, através
Equipe é considerada um “conjunto ou grupo de pessoas com delas as pessoas terão mais facilidade em transmitir suas ideias e
habilidades complementares, comprometidas umas com as outras opiniões e também de ouvir o que está sendo falado.
pela missão comum, objetivos comuns, obtidos pela negociação en- A valorização do seu quadro de pessoal é primordial para que
tre os membros envolvidos em um plano de trabalho bem difundi- a empresa cresça e dê frutos, através disto os colaboradores se tor-
do” (CARVALHO, 2009, p. 94). naram mais satisfeitos e comprometidos com seu trabalho e com as
As empresas necessitam de funcionários qualificados e com atividades designadas.
desenvoltura, transformar um grupo em equipe é um grande de- Para ARGENTI (2006, p. 169), “A comunicação interna no sé-
safio, os funcionários estão cada dia mais isolados uns dos outros, culo XXI envolve mais do que memorandos e publicações; envolve
possuem egoísmo e temem se aproximar demais do outro temendo desenvolver uma cultura corporativa e ter o potencial de motivar a
perder a vaga para um colega da mesma equipe. Gestores estão mudança organizacional”.
a procura de pessoas que pensam juntas, desenvolvem juntas e O ideal é envolver os colaboradores certos na área certa e no
buscam crescimentos visando os lucros da empresa, hoje em dia local correto, resultados positivos virão e uma gestão mais eficaz
funcionários estão sendo desligados por falta destas características. irá surgir.
Muitos visam somente o salário no começo do mês ou benefí- Baseado nos conceitos acima se entende que a comunicação
cios que a empresa pode oferecer a ele, é necessário abrir a mente, interna exerce um importante papel dentro das empresas, através
pensar e agir alto, ter ações que vão deixar a empresa orgulhosa de dela os colaboradores executam suas funções de forma mais objeti-
ter um funcionário que possua os valores da organização, proativo va e de acordo com os negócios da organização.
e faz acontecer na área de atuação. Para DUBRIN (2003) os canais formais de comunicação são os
caminhos oficiais para envio de informações dentro e fora da em-
presa, tendo como fonte de informação o organograma organiza-
cional, que indica os canais que a mensagem deve seguir.

364
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
A metodologia utilizada neste trabalho foi à pesquisa de cam- 2 – Todo ser humano tem seu comportamento direcionado pelo
po, onde foi elaborado um questionário fechado com perguntas sistema social, em conjunto com as suas necessidades biológicas
direcionadas ao relacionamento interpessoal dentro das organiza- 3 – As pessoas precisam de alguns elementos fundamentais
ções. para viver, tais como: carinho, aprovação social, influência, prote-
O uso do questionário para Luz (2003) é a técnica mais utilizada ção e autorrealização.
nas pesquisas de clima, pois permite o uso das questões abertas ou
fechadas, o custo é relativamente baixo, e pode ser aplicada a todos • Como surgiu a teoria das relações humanas?
ou só a uma amostra de colaboradores. A teoria das relações humanas surgiu no período entre o final
A escolha do questionário com questões fechadas deu-se pelo da década de 1920 e início da década de 1930, nos Estado Unidos.
fato dos resultados obtidos serem mais reais, o leitor e responsável Na época, o país vivia a chamada Grande Depressão, que cul-
por responder as perguntas necessita de mais atenção e compro- minou com a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929.
metimento em analisar e interagir com o responsável pela pesquisa. O movimento, então, aparece como uma tentativa de encon-
O questionário elaborado foi aplicado a gestores de uma em- trar respostas para os problemas econômicos vividos no país.
presa, logo em seguida os dados foram abordados e analisados sob Soluções que até então eram inquestionáveis passaram a ser
uma estatística, objetivando descrever qual o grau de satisfação e problematizadas.
de interesse dos mesmos em seus subordinados. Tudo o que os empresários e a população em geral queriam
Através do gráfico 4.3 podemos observar que as mulheres naquele momento era se reerguer como nação.
possuem maior dificuldade no relacionamento interpessoal dentro Justamente por isso, a teoria traz uma nova visão administra-
desta organização. Não foi identificada a quantidade de homens e tiva para as empresas, com o intuito de rever o entendimento do
mulheres em cada área, porem com este questionário foi possível capital humano dentro das organizações.
identificar que o publico feminino tem certa dificuldade em se re-
lacionar. Experiência de Hawthorne
Mesmo possuindo certa dificuldade com as colaboradoras, O grande marco da teoria das relações humanas foi a chamada
este índice não prejudica a gestão dos gerentes, conforme gráfico “experiência de Hawthorne”.
4.4 podemos ver que é maior a satisfação dos gestores quando hou- Hawthorne é um bairro da cidade de Chicago, onde ficava a
ve falar em relacionamento interpessoal. Western Electric Company, empresa de componentes telefônicos
Olhando de um modo geral os colaboradores conseguem se na qual foi realizado o primeiro estudo, dividido em quatro etapas e
adequar uns aos outros e também com a empresa, a organização conduzido por Elton Mayo e Fritz Roethlisberger.
oferece benefícios que fazem com que os mesmos se sintam moti- Os dois professores da Universidade de Harvard foram contra-
vados a trabalhar em equipe. tados para analisar a produtividade dos funcionários e a sua relação
Lacombe (2005) afirma que a satisfação do pessoal com o am- com as condições físicas de trabalho.
biente interno da empresa está vinculada a motivação, á lealdade
e á identificação com a empresa, facilitando, assim, a comunicação Elton Mayo
interna e o relacionamento entre as pessoas. Elton Mayo é considerado por muitos como o pai da teoria das
relações humanas.
— Relações humanas O pesquisador australiano foi o principal responsável pela me-
O principal conceito dessa teoria administrativa é procurar todologia da experiência de Hawthorne, assim como pela sua apli-
identificar e entender os sentimentos dos trabalhadores, bem como cação.
relacionar essas emoções com as atividades por eles desempenha-
das. – Primeira fase:
Em outras palavras, é quando o colaborador deixa de ser trata- Conhecida como estudos de iluminação, essa etapa contava
do apenas como um “homem profissional” e começa a ser analisa- com dois grupos de funcionárias que realizavam o mesmo tipo de
do por um viés mais humano, como um “homem social”, que tem atividade, só quem em condições distintas.
um comportamento complexo e mutável. Na primeira equipe, a experimental, as colaboradoras deve-
Assim, o seu desempenho não poderia ser avaliado apenas pe- riam desempenhar suas funções com uma exposição variável de
los números finais apresentados, mas por todo o processo de pro- luz. Ora elas recebiam mais luminosidade, ora menos.
dução. No time dois, o de controle, as trabalhadoras produziam com
Surgem aí questões como: o que o levou a produzir assim? Por uma exposição constante à luz.
que em determinado mês ele tinha uma performance melhor ou O resultado foi que, em ambos os casos, a eficiência aumentou.
pior? Foi, então, que os pesquisadores procuraram entender o que
Tudo começou a fazer parte de uma questão maior e, a partir levava a isso.
de então, fatores externos ao ambiente organizacional passaram a Depois de aumentar, diminuir e deixar os dois grupos em uma
ser observados como elementos impactantes na mensuração dos exposição contínua de luz, a conclusão foi de que a melhora no de-
resultados. sempenho se dava mais por um fator psicológico do que algo fisio-
lógico.
Características da teoria das relações humanas Ou seja, as mulheres se viam mais pressionadas a produzirem,
Também conhecida como Escola das Relações Humanas, essa muito em função da pressão colocada sobre elas do que propria-
teoria se baseava em três princípios básicos, que contrastavam com mente por uma mudança drástica causada pela luz.
o modelo vigente até então, chamado de clássico ou mecanicista. Por isso, os resultados encontrados nessa primeira fase foram
deixados à margem do experimento.
Confira as suas principais características:
1 – O homem não é somente um ser mecânico, pois suas ações
são muito mais complexas do que as de uma máquina

365
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
– Segunda fase: Nos próximos tópicos, vamos trazer detalhes sobre elas.
A segunda fase também era composta por dois grupos.
Um deles era formado por seis moças, sendo que cinco delas – Produtividade e interação social
realizavam o trabalho de montar as relés – parte dos aparelhos te- Diferentemente do que defendiam as teorias clássicas, que
lefônicos – e a outra era responsável por prestar ajuda a elas, alcan- entendiam que o desempenho profissional estava baseado única e
çando ferramentas para abastecer o trabalho. Esse era o chamado exclusivamente em questões fisiológicas e físicas, a escola das rela-
time experimental. ções humanas trouxe o contraponto, que relacionava produtividade
O outro grupo era formado por apenas cinco funcionárias e um e interação social.
contador, que contabilizava o número de peças produzidas. Essa era Ou seja, quanto mais uma equipe trabalhar em sintonia, me-
a equipe de controle. lhores vão ser os resultados alcançados.
O estudo foi dividido em 12 períodos e identificou que o time
experimental produziu melhor, pois a supervisão era mais branda – A influência do grupo no pensamento individual
e não havia aquela cobrança induzida pelo instrumento que fazia a A reação dos trabalhadores não acontece de forma isolada,
quantificação do trabalho. mas sim como membros de uma coletividade.
No cenário um, o ambiente mais amistoso possibilitava um cli- Isso fica evidente ao observar a maneira como todos procuram
ma mais descontraído, no qual as colegas passaram a ficar amigas e se adequar a determinados padrões e evitar punições por não se-
a construir uma boa relação fora dali. guirem uma diretriz aceita pelo grande grupo.
Isso sem falar nos sentimentos de colaboração e de empatia,
também bastante reforçados. – O reconhecimento além do monetário
Era o oposto do encontrado no grupo de controle, no qual a Receber um aumento é importante, é claro. Mas o que a teo-
competitividade imperava e o individualismo tomava conta. ria das relações humanas busca mostrar é que o trabalhador busca
uma aprovação social, mais do que qualquer reajuste salarial. Ele
– Terceira fase: também deseja participar das atividades em grupo com maior re-
Nesse momento, as questões físicas começaram a ser deixadas presentatividade e da criação de outras estruturas organizacionais.
um pouco de lado para dar mais atenção ao emocional e às relações Quem foi que disse que a única estrutura possível dentro de
interpessoais no trabalho. uma empresa é a tradicional, aquela montada pelos gestores?
Foi quando iniciou o programa de entrevistas, que tinha como A teoria das relações humanas mostrou o contrário, com os
objetivo ouvir as opiniões dos funcionários a respeito de suas atri- próprios operários montando o seu próprio grupo classista.
buições.
O objetivo era entender como eles se sentiam ao realizar deter- – A especialização e a troca de funções
minadas atividades e também como mudanças dentro da empresa A especialização não era vista como uma forma de tornar uma
poderiam ser conduzidas e em quais aspectos. empresa mais eficaz. Na verdade, a busca por mais capacitação era
No início, essas conversas eram dirigidas: o entrevistador con- a oportunidade que os profissionais tinham de se livrar da rotina
duzia o bate-papo conforme desejava. monótona e repetitiva de seus cargos.
No entanto, com o passar do tempo, os diálogos se tornaram Assim, era possível buscar uma promoção e trocar de função
mais livres e os colaboradores podiam abrir o coração e falar aber- dentro da organização.
tamente sobre os seus anseios.
Durante as entrevistas, foi descoberta uma organização com- – Foco maior nos sentimentos do trabalhador
posta pelos operários, algo informal, mas muito sério, que servia A maior conclusão tirada da teoria das relações humanas foi,
como uma rede de apoio para que a classe se protegesse dos even- sem dúvidas, o aprofundamento do lado social do profissional.
tuais desmandos das chefias. O comportamento teve atenção total dos chamados autores
humanistas, que viam nos operários gente de carne e osso, que
– Quarta fase: também tem anseios, dificuldades e sentimentos irracionais.
A quarta e última fase se propôs, justamente, a entender um – Quais são as críticas à teoria das relações humanas?
pouco mais sobre esse movimento iniciado pelos empregados. Mas como nem tudo são flores, também existem muitas críti-
A ideia foi de apresentar uma alternativa que poderia ser van- cas referentes a alguns métodos desenvolvidos pelos pensadores
tajosa para todos os funcionários: que tal oferecer aumento às da teoria.
equipes caso houvesse um crescimento geral da produção?
De pronto, a maioria aceitou e o que se observou foi um senti- Conheça os pontos mais desaprovados dentro da escola das
mento de solidariedade total. relações humanas:
Cada trabalhador ajudava o outro, a fim de que todos conse-
guissem cumprir suas metas e, assim, aumentassem os seus salá- – Negação total de outras teorias
rios ao final do mês. É natural que um pensamento surja para contrapor uma norma
Foi criada uma uniformidade de comportamento, de modo que vigente. No entanto, para muitos estudiosos, a teoria das relações
todos tinham que produzir em um determinado ritmo, com um ní- humanas simplesmente negou todos os preceitos das chamadas
vel de exigência que pudesse ser acompanhado pelos demais. teorias clássicas e não debateu nem confrontou nenhum posicio-
namento anterior.
Conclusão da experiência
A experiência de Hawthorne não trouxe só uma, mas inúmeras – Desvio do principal problema das indústrias
conclusões, que serviram como verdadeiras bandeiras para a teoria Muitos críticos defendem que a falta de produtividade nas em-
das relações humanas. presas ainda não tem uma resposta conclusiva.
Segundo eles, o que a teoria das relações humanas fez foi ma-
quiar o problema, melhorando as relações de trabalho e valorizan-
do o empenho coletivo.

366
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
– Visão romântica do trabalhador A importância de olhar e valorizar o colaborador
Essa objeção vai muito ao encontro do que foi citado no item Um dos principais ensinamentos da teoria que pode ser trazido
anterior. para a atualidade é o de que o colaborador é parte fundamental do
Os defensores da escola das relações humanas acreditavam desempenho da empresa e que, como tal, precisa ser valorizado.
que um trabalhador feliz teria um desempenho melhor, mas muitos Por isso, enfatizar questões sociais e humanísticas defendidas pela
argumentam que isso nem sempre representa a realidade. teoria é algo que deve ser feito, mesmo 90 anos depois.
Valorizar esse profissional significa dar todas as condições para
– Baixo nível de amostragem em seus estudos que ele desempenhe o seu papel da melhor maneira possível, além
Outro ponto bastante criticado é a limitação do campo expe- de recompensar sua atuação acima da média.
rimental. Afinal, como basear um experimento em um grupo tão Escutar o que ele tem a dizer, suas principais necessidades e
pequeno? suas inseguranças, é um meio de oferecer esse suporte, assim como
Autores resistentes à teoria defendem que as pesquisas deve- dar feedbacks constantes.
riam ser aprofundadas para se alcançar resultados mais conclusi- Como medir o desempenho do colaborador?
vos. Garantir a valorização do seus funcionários é certeza de uma
produtividade mais elevada e com qualidade.
Escola das relações humanas e seus teóricos Mas como se certificar de que esse desempenho é, de fato,
Como já dito, Elton Mayo é considerado o maior expoente da aquele esperado?
escola das relações humanas. Mas isso não significa dizer que ele é Quanto a isso, você pode ficar tranquilo. Existem formas de
o único. mensurar a performance do seus colaboradores.
Nomes como o próprio Fritz Roethlisberger, co-autor da expe- Resolução de situações com a avaliação de desempenho
riência de Hawthorne, William Dickson e Idalberto Chiavenato tam- Com os Key Performance Indicators (KPIs), popularmente co-
bém contribuíram com temas relevantes para a área. nhecidos como indicadores de performance, é possível recolher da-
dos confiáveis para basear uma avaliação de desempenho.
Roethlisberger e Dickson Existem diferentes tipos, capazes de avaliar questões como
Juntos, os pesquisadores lançaram em 1939 a obra “Manage- produtividade, eficácia e vendas, por exemplo.
ment and the worker”, na qual analisaram um grupo de emprega- Basta escolher as melhores opções para o seu caso e manter
dos trabalhando. um acompanhamento contínuo.
Entre outros elementos, o livro trouxe contribuições importan-
tes para a corrente teórica, enfatizando, por exemplo, que costu- Teoria das relações humanas e o ciclo motivacional
mes e códigos de comportamento eram mais importantes do que A partir dos estudos propostos pela teoria das relações huma-
incentivos financeiros. nas, outros elementos comportamentais dos profissionais começa-
Além disso, os autores abordaram o desenvolvimento natural ram a ser analisados.
da liderança. Segundo eles, essa é uma habilidade inata, mas que A motivação foi um deles, entendendo que um indivíduo moti-
pode ser aprimorada. vado tem maior propensão a atingir um objetivo pré-determinado
Em outras palavras, você pode se tornar o líder que tanto de- do que aquele que já não tem perspectivas.
seja ser. Em um primeiro momento, isso parece uma dedução lógica,
Ainda de acordo com Roethlisberger e Dickson, todas as pes- mas foi fazendo com que cada vez mais e mais empresas se preo-
soas têm necessidades sociais, que são tão importantes quanto às cupassem em manter seus colaboradores dispostos e comprome-
físicas. tidos, inclusive a partir de incentivos e melhorias na qualidade do
Em outras palavras, o lado técnico e humano estão intimamen- ambiente organizacional.10
te ligados e, para a compreensão total de um trabalhador, precisam
ser analisados em conjunto. QUESTÕES
Chiavenato
Idalberto Chiavenato é um pensador contemporâneo da teoria 01. (CESPE/ANAC) A respeito de gestão de pessoas, julgue os
das relações humanas. item abaixo.
O escritor brasileiro tem diversos livros publicados nas áreas de O mapeamento de competências origina tanto lacunas de
administração de empresas e de recursos humanos. aprendizagem a serem desenvolvidas como insumos para a reali-
Com algumas adaptações para a realidade atual em relação ao zação de avaliações de desempenho nas organizações, o que repre-
texto original da Escola, como a correlação da satisfação profissio- senta uma tendência da gestão de pessoas no setor público.
nal e os índices de turnover, por exemplo, Chiavenato é visto como ( ) Certo
um dos maiores pensadores dos processos administrativos corpo- ( ) Errado
rativos no mundo.
02. (CESPE/MTE) - Agente Administrativo ) No que se refere ao
Qual a importância da teoria das relações humanas para as comportamento organizacional, julgue o item a seguir.
empresas? A motivação para o trabalho, por vincular-se a um aspecto in-
Criada há quase um século, a teoria das relações humanas ain- trínseco ao indivíduo, de difícil observação, não pode ser influencia-
da é bastante atual e tem diversos pontos que podem ser explora- da por práticas de gestão de pessoas.
dos nos dias de hoje. ( ) Certo
( ) Errado
10 Fonte: www.administradores.com.br/www.rhportal.com.br/www.
ibccoaching.com.br/www.sbcoaching.com.br/www.administradores.
com.br . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

367
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
03. (CEBRASPE (CESPE) - Técnico em Gestão de Telecomunica- 09. (CESPE/TRE-MT) - Com relação ao processo organizacional,
ções (TELEBRAS)/Assistente Administrativo/2022) assinale a opção correta.
Julgue o próximo item, relativo a relações públicas. (A) Na realidade das organizações modernas, não há motivo
administrativo para se manter uma estrutura organizacional
O principal objetivo da área de relações públicas é manter a predominantemente centralizada.
compreensão mútua entre as empresas e os seus públicos. (B) A abordagem divisional da departamentalização ocorre
( ) Certo quando as atividades são agrupadas de acordo com as habili-
( ) Errado dades, conhecimentos e recursos similares.
. (C) Os administradores que atuam de acordo com a teoria X dos
estilos de direção tendem a dirigir e controlar os subordinados
04. (CESPE/FUB) Considerando a gestão do clima e da cultura de maneira rígida e intensiva, fiscalizando constantemente seu
organizacional como estratégia necessária à gestão de pessoas, jul- trabalho.
gue o item seguinte.
(D) No exercício do controle, o administrador deve estar mais
O nível de favorabilidade do clima organizacional pode ser ava-
atento aos casos padronizados do que às exceções.
liado com base em taxa de turnover e de absenteísmo, em resulta-
(E) Os controles táticos devem estar localizados no mais alto
dos de avaliações de desempenho e em tipos de queixas no serviço
médico. nível da organização.
( ) CERTO
( ) ERRADO 10. (CEBRASPE (CESPE) - Professor (SEED PR)/Gestão e Negó-
cios/2021)
05. (CEBRASPE (CESPE) - Psicólogo (FUB)/Organizacional/2022) O setor de recursos humanos de uma grande empresa está pre-
A manutenção de colaboradores engajados depende, em larga ocupado com faltas e atrasos constantes dos colaboradores, devido
escala, da gestão de pessoas e do controle desses sistemas e seus ao impacto na produtividade.
resultados. Considerando a afirmativa anterior, julgue o item sub-
sequente. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção que
indica o fenômeno que está ocorrendo na citada empresa.
O tipo de regime empregatício, as condições de trabalho e as (A) turnover
características do trabalhador afetam o absenteísmo. (B) absenteísmo
( ) CERTO (C) rotatividade
( ) ERRADO (D) avaliação de desempenho
(E) feedback
06. (CESPE/TC-DF) A respeito das funções de caráter estraté-
gico desempenhadas por organizações públicas, julgue o próximo 11. (CEBRASPE (CESPE) - Analista Administrativo de Procurado-
item. ria (PGE PE)/Recursos Humanos/2019)
O termo educação corporativa, adotado por unidades de ges-
tão de pessoas, relaciona-se ao diagnóstico e ao planejamento de Julgue o item, relativo à competência interpessoal.
programas e de ações de aprendizagem direcionados por objetivos
organizacionais de curto prazo. Essa competência refere-se à habilidade no trato com pessoas
( ) CERTO em qualquer nível hierárquico, profissional ou social, de tal forma
( ) ERRADO que ocorram influência construtiva, tolerância e respeito à indivi-
dualidade.
07. (CEBRASPE (CESPE) - Psicólogo (FUB)/Organizacional/2022)
( ) CERTO
A manutenção de colaboradores engajados depende, em larga
( ) ERRADO
escala, da gestão de pessoas e do controle desses sistemas e seus
resultados. Considerando a afirmativa anterior, julgue o item sub-
sequente. 12. (CEBRASPE (CESPE) - Analista Judiciário (STJ)/Administrati-
va/2018)
Repensar a organização do trabalho, as estruturas e os mode- Julgue o item subsequente, relativo a qualidade de vida no tra-
los gerenciais e organizacionais aumenta a probabilidade de rotati- balho.
vidade no trabalho.
( ) CERTO A conciliação dos interesses dos indivíduos e das organizações
( ) ERRADO gera conflitos e reduz a produtividade da empresa.
( ) CERTO
08. (CEBRASPE (CESPE) - Assistente (FUB)/Administração/2022) ( ) ERRADO
A teoria do equilíbrio organizacional, advinda da Teoria Com-
portamental, supõe que a organização seja um sistema social no 13. (CNJ/CESPE) Com referência a organização e processo deci-
qual os participantes oferecem trabalho e dedicação em troca de sório, julgue os próximos itens.
incentivos (benefícios). A respeito desse assunto, julgue o item sub- O processo racional de tomada de decisão pressupõe que o
sequente. agente tenha conhecimento absoluto de todas as opções disponí-
veis para a ação.
Considerando-se esse equilíbrio organizacional, é correto afir- ( ) CERTO
mar que a contribuição dos empregados acarreta custos pessoais, ( ) ERRADO
como: trabalho, dedicação, esforço, desempenho, lealdade, assidui-
dade.
( ) CERTO
( ) ERRADO

368
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
14. (CNJ/CESPE) Com referência a organização e processo deci- 06 ERRADO
sório, julgue os próximos itens.
As decisões do tipo não programadas ou descritivas são aque- 07 ERRADO
las preparadas uma a uma para tratar de problemas que não foram 08 CERTO
resolvidos mediante a aplicação de soluções padronizadas.
09 C
( ) Certo
( ) Errado 10 B
11 CERTO
15. (CEBRASPE (CESPE) - Assistente Administrativo (EB-
SERH)/2018) 12 ERRADO
13 ERRADO
Com referência à gestão de pessoas em uma organização, jul- 14 CERTO
gue o item seguinte.
15 CERTO
A necessidade do aumento da produtividade nas organizações 16 ERRADO
tornou o trabalho mais flexível, o que rompeu com as identidades e
17 CERTO
os papéis profissionais definidos.
( ) Certo 18 CERTO
( ) Errado

16. (CEBRASPE (CESPE) - Analista em Políticas Públicas e Gestão ANOTAÇÕES


Educacional (SEDF)/Apoio Administrativo/2017)

Com relação a equilíbrio organizacional, liderança, motivação e ______________________________________________________


objetivos da gestão de pessoas, julgue o seguinte item.
______________________________________________________
O equilíbrio organizacional de uma instituição pública é men- ______________________________________________________
surado pela efetividade dos resultados alcançados em relação às
metas estabelecidas pelo respectivo órgão controlador. ______________________________________________________
( ) Certo
( ) Errado ______________________________________________________

17. (CEBRASPE (CESPE) - Assistente (FUNPRESP-JUD)/Adminis- ______________________________________________________


trativo/”Sem Especialidade”/2016)
______________________________________________________
Julgue o item a seguir, relativo à gestão de pessoas.
______________________________________________________
Um postulado básico da teoria do equilíbrio organizacional ______________________________________________________
consiste em oferecer estímulos aos participantes da organização,
como, por exemplo, recompensas, para incentivá-los a contribuir, ______________________________________________________
de modo mais eficaz, com o desenvolvimento da instituição.
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________
18. (TRT 10ª/ 2013 - CESPE - Analista Judiciário – Administra-
tiva) Acerca de noções de administração, julgue os itens a seguir. ______________________________________________________
Os modos de conversão do conhecimento (externalização, in- ______________________________________________________
ternalização, socialização e combinação) são operacionalizados nas
organizações a partir dos espaços de interação, chamados de ba, ______________________________________________________
em que conhecimentos, experiências, habilidades e demais recur-
sos valiosos são combinados nas interações entre as pessoas. ______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

01 CERTO ______________________________________________________
02 ERRADO ______________________________________________________
03 CERTO
______________________________________________________
04 CERTO
05 CERTO ______________________________________________________

369
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
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370
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE
RECURSOS MATERIAIS

CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS. TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO

Conceito de Classificação de Materiais


De acordo com o dicionário de significados “classificação” é a ação ou efeito de classificar algo, isto é, agrupar em classes e/ou grupos,
conforme um sistema ou método. Sendo assim a Classificação de Materiais é o processo onde agrupam-se materiais do estoque de acordo
com algum critério.
Um sistema dinâmico de classificação de materiais é essencial para as organizações, sejam elas privadas ou públicas, pois sem ele não
pode existir um controle eficiente dos estoques, codificação dos itens, procedimentos de armazenagem adequados e uma operacionaliza-
ção do almoxarifado de maneira correta.
De acordo com Viana1 um sistema de classificação de materiais deve possuir alguns atributos específicos para que seja totalmente
eficiente, o autor afirma que com a existência de vários tipos, a classificação deve ser analisada como um todo, e em conjunto, tendo em
vista propiciar decisões e resultados que colaborem para diminuir os riscos, dessa forma um método eficaz de classificação deve ter algu-
mas características que são: ser abrangente, flexível e prático.

ATRIBUTOS DA CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS


Para classificar os materiais, é preciso abordar uma série de características de cada um deles, características essas
ABRANGÊNCIA que devem ser totalmente abrangentes, ou seja, é necessário especificar os aspectos físicos, financeiros, contábeis
e etc. Esses aspectos são fundamentais para que o sistema de classificação seja abrangente.
Um sistema de classificação flexível é aquele que permite interfaces entre os diversos tipos de classificação, de
FLEXIBILIDADE modo a obter uma visão ampla da gestão de estoques. Enquanto a abrangência tem a ver com as características
de material, a flexibilidade refere-se à comunicação entre os tipos.2
A classificação deve ser simples e direta, sem demandar do gestor ou outro colaborador de realizar procedimentos
PR ATICIDADE complexos, isto é, quanto mais praticidade para poder administrar o sistema, mais eficácia trará para a gestão da
organização como um todo.

Etapas da Classificação de Materiais


De acordo com Felini3, além dos atributos do sistema de classificação materiais, existem as etapas necessárias para poder executar
essa tarefa. O processo de classificação de materiais é composto por etapas/princípios/objetivos sendo:4

1. Catalogação 2. Simplificação 3. Identificação 4. Normalização 5. Padronização 6. Codificação

1. Catalogação
A catalogação, também chamada de cadastramento, é a primeira fase do processo de classificação de materiais e consiste em ordenar,
de forma lógica, todo um conjunto de dados relativos aos itens identificados, codificados e cadastrados, de modo a facilitar a sua consulta
pelas diversas áreas da organização, nessa etapa cria-se grupos e subgrupos, por afinidade, finalidade e uso. De uma forma mais simplista
a catalogação é a etapa onde se realiza o inventário (ou arrolamento) dos itens existentes em estoque.

2. Simplificação
Essa etapa realiza a redução/simplificação da variedade de itens de material em estoque que se destinam a um mesmo fim, simplificar
os materiais é, por exemplo, no caso de existir dois ou mais itens, que tem o objetivo de exercer a mesma função, ou seja, a opção pelo uso
de um deles para realizar uma tarefa. Um exemplo disso são os cadernos, eles podem ter características divergentes, porém contribuem
para que haja a normalização, até porque eles possuem uma única finalidade.

1 VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2006.


2 VIANA, J. J. Administração de Materiais. São Paulo: Atlas, 2000.
3 FELINI, R. R.; Gestão de materiais. Escola Nacional de Administração Pública, Brasília, 2015.
4 FELINI, R. R.; Gestão de materiais. Escola Nacional de Administração Pública, Brasília, 2015.

371
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

3. Identificação Materiais não de estoque: são materiais de demanda imprevi-


A identificação, também denominada como especificação, é a sível para os quais não são definidos parâmetros para ressuprimen-
etapa onde se realiza uma descrição meticulosa do material, pos- to automático. A aquisição desses materiais somente é feita por so-
sibilitando sua individualização em uma linguagem que possibilite licitação, na oportunidade em que se constata a necessidade deles.
melhor entendimento entre o consumidor e o fornecedor. No mo- Devem ser comprados para utilização imediata e são debitados no
mento de recepção dos materiais é possível realizar uma conferên- centro de custo de aplicação.6
cia das especificações pedidas com as recebidas.
Quanto à aplicação:
4. Normalização Materiais Produtivos: estão ligados direta ou indiretamente ao
A normalização é o estabelecimento de normas técnicas para processo de fabricação. (Matéria-prima, materiais básicos e insu-
os materiais, com o objetivo de solucionar ou prevenir problemas. mos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo pro-
Essa etapa se ocupa da maneira pela qual devem ser utilizados os dutivo da empresa. Produtos em fabricação, são os que estão sendo
materiais em suas diversas finalidades e da padronização e iden- processados ao longo do processo produtivo da empresa. Produtos
tificação do material, de modo que tanto o usuário como o almo- acabados, produtos já prontos para comercialização. Materiais de
xarifado possam requisitar e atender os itens utilizando a mesma manutenção, materiais de consumo, com utilização repetitiva, apli-
terminologia. cados em manutenção.)
Materiais Improdutivos: qualquer material não incorporado
5. Padronização às características do produto fabricado, ou seja, não agrupado ao
A padronização nada mais é do que deixar os materiais unifor- produto no processo produtivo da empresa. (Como por exemplo:
mizados, quando eles seguem um determinado padrão o diálogo materiais para limpeza, de escritório.)
com o mercado e o controle, são muito mais fáceis e práticos de se Materiais de Manutenção: são os materiais aplicados em ma-
realizar. Dentro desta conceituação de padronização estabelecem- nutenção com utilização repetitiva (Como o óleo, ferramentas, e
-se padrões de medição, qualidade, peso, dimensão do material, etc.).
etc. Materiais de Consumo Geral: materiais de consumo, com uti-
lização repetitiva, aplicados em diversos setores da empresa, para
6. Codificação fins que não sejam de manutenção.
É a apresentação de cada item por meio de um código, frequen-
temente representada por um sistema alfabético, alfanumérico ou Metodologia da curva ABC - Classificação pelo Valor de Con-
decimal, a codificação trata-se da atribuição de uma série de núme- sumo
ros e/ou letras a cada item de material, de forma que essa informa- A Classificação ABC (também chamada de Curva de Pareto) é
ção, codificada, represente as características do item. A codificação utilizada no planejamento e controle de estoques levando em con-
é utilizada para facilitar a localização de materiais armazenados no sideração a demanda dos materiais, e é baseada no princípio de
almoxarifado, quando a quantidade de itens é muito grande. que a maior parte do investimento em materiais está concentrada
em um pequeno número de itens. Nessa classificação, os itens são
Tipos de Classificação divididos em três classes:
Classe A: pequeno número de itens responsáveis por alta parti-
Para atender às necessidades de cada organização, é necessá- cipação no valor total dos estoques. Justificam procedimentos me-
ria uma divisão que guie os vários tipos de classificação. Existem ticulosos no seu dimensionamento e controle (mais importantes).
diferentes maneiras de se classificar o material, cada uma poderá Classe B: são itens intermediários entre as classes A e C. Os
adotar seu critério. Segundo Viana5, existem 8 principais tipos de procedimentos de dimensionamento e controle não precisam ser
classificação de materiais, sendo eles: tão meticulosos (importância intermediária).
1. Classificação por tipo de demanda; Classe C: são itens de menor importância, que não justificam
2. Materiais Críticos; procedimentos rigorosos de dimensionamento e controle, devendo
3. Perecibilidade; predominar a adoção de estoques elevados (pouco importantes).
4. Periculosidade;
5. Possibilidade de fazer ou comprar; A Classificação ABC pode ser feita de diversas formas, mas a
6. Tipos de estocagem; mais difundida e assimilada é a que considera o valor de custo da
7. Dificuldade de aquisição; e demanda anual de cada material em estoque.
8. Mercado fornecedor.
Os elementos necessários para que a classificação possa ser
1. Classificação por tipo de demanda feita são:
Essa classificação é bastante usada nas organizações e é dividi- 1. Relação de todos os materiais em estoque;
da em materiais de estoque e materiais não de estoque. 2. Preço unitário de aquisição de cada material;
Materiais de estoque: são aqueles materiais que devem existir 3. Demanda ou consumo anual de cada material;
em estoque e para os quais são determinados critérios e parâme- 4. Montante do capital investido no exercício para a aquisição
tros de ressuprimento automático, com base na demanda e na im- desses materiais.
portância para a empresa.

5 VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 6 VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas,
2006. 2006.

372
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Com esses elementos, é possível calcular o valor do consumo - Pela limitação do tempo: materiais com prazo de validade.
anual, a relação de materiais em ordem decrescente de capital in- Ex.: remédios, alimentos etc;
vestido e a relação de valores acumulados de capital investido. As - Instáveis: produtos sujeitos a reações químicas. Ex.: peróxido
letras ABC servem para classificar cada grupo de item estocado, le- de éter, óxido de etileno etc;
vando em conta a quantidade armazenada e seu respectivo valor - Voláteis: produtos que se evaporam naturalmente. Ex.: amo-
(custo): níaco;
A: materiais de alta prioridade, corresponde a 80% do valor do - Por contaminação pela água: materiais que se degradam pela
estoque distribuídos em 20% dos itens. adição de água. Ex.: óleo para transformadores;
B: materiais intermediários, e representa 15% do valor dissemi- - Por contaminação por partículas sólidas: materiais que per-
nados em 30% dos itens. dem suas propriedades físicas ou químicas se contaminados por
C: materiais de baixa prioridade, e condiz a 5% do valor parti- partículas sólidas. Ex.: graxas;
lhado em 50% das mercadorias. - Pela ação da gravidade: materiais que se deformam se estoca-
dos incorretamente. Ex.: eixos de grande comprimento;
2. Materiais Críticos - Pela queda, colisão ou vibração: materiais de grande sensibi-
São aqueles materiais de reposição específica de um equipa- lidade ou fragilidade. Ex.: vidros, cristais, instrumentos de medição
mento ou de um grupo de equipamentos iguais, cuja demanda não etc.;
é previsível e cuja falta pode causar grande risco às organizações. - Pela mudança de temperatura: materiais que perdem suas ca-
Esse tipo de classificação é muito utilizado por indústrias. Por serem racterísticas se mantidos em temperaturas diferentes da requerida.
sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem perma- Ex.: selantes para vedação, anéis de vedação de borracha, etc.;
necer estocados até sua utilização, não estando, portanto, sujeitos - Pela ação da luz: materiais que se degradam pela incidência
ao controle de obsolescência. direta da luz. Ex.: filmes fotográficos;
A quantidade de material cadastrado como material crítico - Por ação de atmosfera agressiva: materiais que sofre corrosão
dentro de uma empresa deve ser mínima, para ser classificado quando em contato com atmosfera com grande concentração de
como material crítico deve seguir os seguintes critérios: gases ou vapores (de água ou ácidos);
- Críticos por problemas de obtenção: normalmente material - Pela ação de animais: materiais sujeitos ao ataque de insetos
importado, de único fornecedor, que falta no mercado, estratégico ou outros animais, durante o estoque. Ex.: grãos, madeiras, peles,
e de difícil obtenção ou fabricação. etc.
- Críticos por razões econômicas: materiais de valor elevado
com alto custo de armazenagem ou de transporte. A adoção da classificação por perecimento permite:
- Críticos por problemas de armazenagem ou transporte: ma- a. Determinar lotes de compras mais racionais;
teriais perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou grandes b. Programar revisões periódicas para detectar falhas de esto-
dimensões. cagem;
- Críticos por problema de previsão: materiais que são difíceis c. Selecionar adequadamente os locais de estoque, utilizando
prever seu uso. técnicas adequadas de manuseio e transporte de materiais.
- Críticos por razões de segurança: materiais de alto custo de
reposição ou para equipamento vital da produção. 4. Periculosidade
Os materiais considerados perigosos são aqueles que oferecem
3. Perecibilidade risco, em especial durante as atividades de manuseio e transporte.
Não só as deteriorações das propriedades físico-químicas dos Nesse tipo de classificação, estão inseridos os explosivos, líquidos
materiais influem nesse tipo de classificação, como também a ação e sólidos inflamáveis, materiais radioativos, corrosivos, oxidante
do fator tempo. Dessa maneira, quando a organização adquire de- etc. A adoção dessa classificação visa à identificação de materiais,
terminado material para ser utilizado em data oportuna, e, se por como, por exemplo, produtos químicos e gases, que, por suas carac-
ventura não houver mais consumo, sua utilização poderá não ser terísticas físico-químicas, possuam incompatibilidade com outros,
mais necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos períodos. oferecendo riscos à segurança. Essa classificação é útil para o ma-
Alguns materiais apresentam recomendações quanto à sua nuseio, transporte e armazenagem desses materiais.
preservação e sua adequada embalagem, como forma de proteção
contra a umidade, oxidação, poeira, choques mecânicos, pressão, 5. Possibilidade de fazer ou comprar
etc. Toda operação, de manufatura ou serviço, hora ou outra, irá
De uma maneira mais simplista os materiais perecíveis tra- precisar de insumos, sendo assim na administração da cadeia de su-
tam-se de uma classificação que leva em conta a probabilidade de primentos, a organização tem a opção make or buy (fazer ou com-
perecimento ou não do material, pois compreendemos que alguns prar), essa deliberação vai determinar o grau de integração vertical
materiais estragam mais rápido que outros. Além disso, o modo de da organização. Se ela optar por fazer, maior será sua integração
armazenagem influencia na durabilidade do material. Quanto à pe- vertical e, consequentemente, menor será a terceirização (outsour-
recibilidade os materiais podem ser classificados em: Perecíveis e cing).
Não Perecíveis. Esse tipo de classificação visa determinar quais os materiais
que poderão ser recondicionados, fabricados internamente ou
Os materiais perecíveis podem ser classificados: comprados. A recuperação de um material deve ter custo inferior à
- Pela ação higroscópica: materiais que possuem grande afini- compra de um novo item. Material que após a sua utilização passou
dade com a água (vapor d´água). por um processo de beneficiamento, permitindo a sua reutilização
Ex.: sal marinho, cal virgem etc.; sem que suas qualidades originais fossem diminuídas.

373
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

a. Fazer internamente: materiais que são fabricados na empresa;


b. Comprar: são materiais que devem ser adquiridos no mercado, para os quais não há a possibilidade de fabricação na empresa;
c. Decidir por fazer ou comprar: são materiais que estão sujeitos à análise de fazer internamente ou comprar;
d. Recondicionar: materiais passíveis de recuperação que devem ser recondicionados após desgaste e uso, não devendo ser compra-
dos nem feitos internamente.

6. Tipos de estocagem
Os materiais podem ser classificados em 2 tipos de estocagem a permanente e a temporária.
Estocagem Permanente: materiais com ressuprimento constante do estoque (renovação automática), devendo sempre existir saldo
no almoxarifado, isto é, materiais para os quais foram aprovados níveis de estoque e que necessitam de ressuprimento constantemente.
Estocagem de Consumo: são materiais de utilização imediata, ou seja, de não estoque, que ficam estocados no almoxarifado somente
até a sua utilização.

7. Dificuldade de aquisição
Os materiais podem ser classificados por suas dificuldades de compra, ou seja, materiais de difícil aquisição e materiais de fácil aqui-
sição. As dificuldades podem ocorrer de:
Fabricação especial: envolve encomendas especiais, com cronogramas de fabricação longos e acompanhamentos e inspeções nas
diversas fases da fabricação.
Escassez: há pouca oferta no mercado, o que pode comprometer a produção.
Sazonalidade: a oferta sofre alterações durante o ano.
Monopólio ou tecnologia exclusiva: há um único fornecedor.
Logística sofisticada: transporte especial, ou difícil acesso para a retirada ou entrega.
Importações: dependem da liberação de verbas ou financiamentos externos.

Quanto à dificuldade de aquisição os materiais podem ser classificados em:


- Fácil aquisição.
- Difícil aquisição.

A classificação “dificuldades de aquisição” proporciona alguns benefícios à organização, benefícios esses que são:
- Dimensionar os níveis de estoque;
- Fornecer subsídios aos gestores de estoque para a seleção do método a ser adotado para o ressurgimento;
- Propiciar maior experiência aos compradores em materiais com maior grau de dificuldade;
- Propicia maior experiência, pois tais materiais necessitam de ações ágeis e prioritárias.

8. Mercado fornecedor
Esse tipo de classificação está intensamente ligado à anterior e a complementa:
Mercado Nacional: materiais fabricados no próprio país;
Mercado Estrangeiro: materiais fabricados fora do país;
Materiais em Processo de Nacionalização: materiais para os quais se estão desenvolvendo fornecedores nacionais.

Material de Consumo e Material Permanente


A classificação de um material como permanente ou de consumo é, predominantemente, uma classificação contábil, pois é referente
à Natureza de Despesa no âmbito do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI)7. De modo geral, podemos
traçar as seguintes definições:

7 http://www.stn.fazenda.gov.br/SIAFI

374
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Material de Consumo
Os materiais de consumo são caracterizados por não se agregarem, fisicamente, ao produto final, sendo simplesmente utilizados nas
atividades de apoio administrativo, comercial e operacional. Abaixo segue a tabela referente aos materiais de consumo:

Materiais de Consumo
Tipo Descrição

Aditivos, álcool hidratado, fluido para amortecedor, fluido para transmissão hidráulica, gasoli-
Combustíveis e lubrificantes
na, graxas, óleo diesel, óleo para carter, óleo para freio hidráulico, fluidos em geral, carbureto,
automotivos, de aviação e outras
carvão mineral, carvão vegetal, lenha, querosene comum, combustíveis e lubrificantes de uso
finalidades.
ferroviário e afins.

Acetileno, carbônico freon, hélio, hidrogênio, liquefeito de petróleo, nitrogênio, oxigênio e


Gás engarrafado
afins.
Artefatos explosivos, artigos pirotécnicos, cápsulas de detonação, dinamite, espoleta, fogos de
Explosivos e munições
artifício, granada, pólvora e afins.
Alfafa, alpiste, capim verde, farelo, farinhas em geral, fubá grosso, milho em grão, ração balan-
Alimentos para animais
ceada, sal mineral, suplementos vitamínicos e afins.
Açúcar, adoçante, água mineral, bebidas, café, carnes em geral, cereais, chás, condimentos,
Gêneros de alimentação
frutas, gelo, legumes, refrigerantes, sucos, temperos, verduras e afins.
Animais para pesquisa e abate Boi, cabrito, cobaias em geral, macaco, rato, rã e afins.
Material farmacológico Medicamentos, soro, vacinas e afins.
Agulhas, amálgama, anestésicos, broca, cimento odontológico, espátula odontológica, filmes
Material odontológico
para raios-X, platina, seringas, sugador e afins.
Ácidos, inseticidas, produtos químicos para tratamento de água, reagentes químicos, sais,
Material químico
solventes, substâncias utilizadas para combater insetos, fungos e bactérias e afins.
Argolas de metal, arreamento, barrigueiras, bridões, cabrestos, cinchas, cravos, escovas para
Material de coudelaria ou de uso
animais, estribos, ferraduras, mantas de pano, material para apicultura, material de ferragem e
zootécnico
contenção de animais, peitorais, raspadeiras e afins.
Anzóis, cordoalhas para redes chumbadas, iscas, linhas de nylon, máscaras para visão submari-
Material de caça e pesca
na, molinetes, nadadeiras de borracha, redes, roupas e acessórios para mergulho, varas e afins.
Apitos, bolas, bonés, botas especiais, brinquedos educativos, calções, camisas de malha, chu-
teiras, cordas, esteiras, joelheiras, luvas, materiais pedagógicos, meias, óculos para motociclis-
Material educativo e esportivo
tas, patins, quimonos, raquetes, redes para prática de esportes, tênis e sapatilhas, tornozelei-
ras, touca para natação e afins.
Material para festividades e home-
Arranjos e coroas de flores, bebidas, doces, salgados e afins
nagens
Agenda, almofada para carimbos, apagador, apontador de lápis, bandeja para papéis, blo-
co para rascunho, borracha, caderno, caneta, clipes, cola, corretivo, envelope, grampeador,
Material de expediente
grampos, guia para arquivo, guia de endereçamento postal, impressos e formulário em geral, e
afins.
Material de processamento de Cartuchos de tinta, etiqueta em formulário contínuo, formulário contínuo, mouse PAD, peças e
dados acessórios para computadores e periféricos, e afins.
Materiais e medicamentos para
Vacinas, medicamentos e afins.
uso veterinário
Arame, barbante, caixas plásticas, de madeira, papelão e isopor, cordas, engradados, fitas de
Material de acondicionamento e
aço ou metálicas, fitas gomadoras, garrafas e potes, linha, papel de embrulho, papelão, saco-
embalagem
las, sacos e afins.
Material de cama, mesa e banho Cobertores, colchas, colchonetes, fronhas, guardanapos, lençóis, toalhas, travesseiros e afins.

375
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Abridor de garrafa, açucareiros, artigos de vidro e plástico, bandejas, coadores, colheres,


copos, ebulidores, facas, farinheiras, fósforos, frigideiras, garfos, garrafas térmicas, paliteiros,
Material de copa e cozinha
panelas, panos de cozinha, papel alumínio, pratos, recipientes para água, suportes de copos
para cafezinho, tigelas, velas, xícaras e afins.
Álcool etílico, anticorrosivo, aparelho de barbear descartável, balde plástico, bomba para
inseticida, capacho, cera, cesto para lixo, creme dental, desinfetante, desodorizante,
Material de limpeza e produção de detergente, escova de dente, escova para roupas e sapatos, espanador, esponja, estopa,
higienização flanela, inseticida, lustra-móveis, mangueira, naftalina, pá para lixo, palha de aço, panos para
limpeza, papel higiênico, pasta para limpeza de utensílios, porta-sabão, removedor, rodo,
sabão, sabonete, saco para lixo, saponáceo, soda cáustica, toalha de papel, vassoura e afins
Agasalhos, artigos de costura, aventais, blusas, botões, cadarços, calçados, calças, camisas, ca-
Uniformes, tecidos e aviamentos pas, chapéus, cintos, elásticos, gravatas, guarda-pós, linhas, macacões, meias, tecidos em geral,
uniformes militares ou de uso civil, zíperes e afins.
Amianto, aparelhos sanitários, arames liso e farpado, areia, basculante, boca de lobo, boia,
brita, brocha, cabo metálico, cal, cano, cerâmica, cimento, cola, condutores de fios, conexões,
curvas, esquadrias, fechaduras, ferro, gaxetas, grades, impermeabilizantes, isolantes acústicos
Material para manutenção de bens
e térmicos, janelas, joelhos, ladrilhos, lavatórios, lixas, madeira, marcos de concreto, massa
imóveis
corrida, niple, papel de parede, parafusos, pias, pigmentos, portas e portais, pregos, rolos
solventes, sifão, tacos, tampa para vaso, tampão de ferro, tanque, tela de estuque, telha, tijolo,
tinta, torneira, trincha, tubo de concreto, válvulas, verniz, vidro e afins.
Cabos, chaves, cilindros para máquinas copiadoras, compressor para ar condicionado, esferas
Material para manutenção de bens
para máquina datilográfica, mangueira para fogão margaridas, peças de reposição de aparelhos
móveis
e máquinas em geral, materiais de reposição para instrumentos musicais e afins.
Benjamins, bocais, calhas, capacitores e resistores, chaves de ligação, circuitos eletrônicos,
condutores, componentes de aparelho eletrônico, diodos, disjuntores, eletrodos, eliminador
Material elétrico e eletrônico de pilhas, espelhos para interruptores, fios e cabos, fita isolante, fusíveis, interruptores, lâmpa-
das e luminárias, pilhas e baterias, pinos e plugs, placas de baquelite, reatores, receptáculos,
resistências, starts, suportes, tomada de corrente e afins.
Material de manobra e patrulha- Binóculo, carta náutica, cantil, cordas, flâmulas e bandeiras de sinalização, lanternas, medica-
mento mentos de pronto-socorro, mochilas, piquetes, sacolas, sacos de dormir, sinaleiros e afins.
Botas, cadeados, calcados especiais, capacetes, chaves, cintos, coletes, dedais, guarda-chuvas,
Material de proteção e segurança
lona, luvas, mangueira de lona, máscaras, óculos e afins.
Aetze especial para chapa de papel, álbuns para retratos, alto-falantes, antenas, artigos para
gravação em acetato, filmes virgens, fitas virgens de áudio e vídeo, lâmpadas especiais, ma-
Material para áudio, vídeo e foto
terial para radiografia, microfilmagem e cinematografia, molduras, papel para revelação de
fotografias, pegadores, reveladores e afins.
Material para comunicações Radiofônicas, radiotelegráficas, telegráficas e afins.
Sementes, mudas de plantas e Adubos, argila, plantas ornamentais, borbulhas, bulbos, enxertos, fertilizantes, mudas envasa-
insumos das ou com raízes nuas, sementes, terra, tubérculos, xaxim e afins.
Suprimento de aviação Acessórios, peças de reposição de aeronaves, sobressalentes e afins.
Material para produção industrial Borracha, couro, matérias-primas em geral, minérios e afins.
Sobressalentes, máquinas e moto- Material utilizado na manutenção e reparo de máquinas e motores de navios, inclusive da
res de navios e embarcações esquadra e de embarcações em geral.
Almofarizes, bastões, bico de gás, cálices, corantes, filtros de papel, fixadoras, frascos, funis,
garra metálica, lâminas de vidro para microscópio, lâmpadas especiais, luvas de borracha,
Material laboratorial
metais e metaloides para análise, pinças, rolhas, vidraria, tais como: balão volumétrico, Becker,
conta-gotas, Erlemeyer, pipeta, proveta, termômetro, tubo de ensaio e afins.
Agulhas hipodérmicas, algodão, cânulas, cateteres, compressa de gaze, drenos, esparadrapo,
Material hospitalar
fios cirúrgicos, lâminas para bisturi, luvas, seringas, termômetro clínico e afins.
Sobressalentes de armamento Material de manutenção e armamento, peças de reposição e afins.

376
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

água destilada, amortecedores, baterias, borrachas, buzina, cabos de acelerador, cabos de


embreagem, câmara de ar, carburador completo, cifa, colar de embreagem, condensador e
platinado, correias, disco de embreagem, ignição, junta homocinética, lâmpadas e lanternas
Suprimento de proteção ao voo
para veículos, lonas e pastilhas de freio, mangueiras, material utilizado em lanternagem
e pintura, motor de reposição, párabrisa, pára-choque, platô, pneus, reparos, retentores,
retrovisores, rolamentos, tapetes, válvula da marcha-lenta etermostática, velas e afins.
Material biológico Meios de cultura, sêmen e afins.
Chapas de off-set, clichês, cola, espirais, fotolitos, logotipos, papel, solventes, tinta, tipos e
Material para utilização em gráfica
afins.
Alicate, broca, caixa para ferramentas, canivete, chaves em geral, enxada, espátulas, ferro de
Ferramentas solda, foice, lâmina de serra, lima, machado, martelo, pá, picareta, ponteira, primo, serrote,
tesoura de podar, trena e afins.
Material para reabilitação profis- Bastões, bengalas, joelheiras, meias elásticas e assemelhados, óculos, órteses, pesos, próteses
sional e afins.
Placas de sinalização em geral, tais como, placas indicativas para os setores e seções, placas
Material de sinalização visual e
para veículos, plaquetas para tombamento de material, placas sinalizadoras de trânsito, cones
afins
sinalizadores de trânsito, crachás, botons identificadores para servidores e afins.
Material técnico para seleção e Apostilas e similares, folhetos de orientação, livros, manuais explicativos para candidatos e
treinamento afins.
Material bibliográfico não imobi- Jornais, revistas, periódicos em geral, anuários médicos, anuário estatístico e afins (podendo
lizável estar na forma de CD-ROM).
Aquisição de softwares de base (de prateleira) que são aqueles incluídos na parte física do
computador (hardware) que integram o custo de aquisição desse no Ativo Imobilizado. Tais
Aquisição de softwares de base
softwares representam também aqueles adquiridos no mercado sem características fornecidas
pelo adquirente, ou seja, sem as especificações do comprador.
Bens móveis de natureza permanente não ativáveis, ou seja, aqueles considerados como
Bens móveis não ativáveis despesa operacional, para fins de dedução de imposto de renda, desde que atenda as especifi-
cações contidas no artigo 301 do RIR (Regulamento de Imposto de Renda).
Bilhetes de passagem Registra o valor das despesas com aquisição de bilhetes de passagem para guarda em estoque.
Aquisição de bandeiras, flâmulas e insígnias, a saber, tais como: brasões, escudos, armas da
Bandeiras, flâmulas e insígnias
república, selo nacional e afins
Registra o valor das apropriações das despesas, referentes ao pagamento de suprimento de
Material de consumo - pagamento
fundos, para posterior prestação de contas, onde o saldo excedente a 5% do total do agrupa-
antecipado
mento deverá ser classificado nos subitens específicos, dentro do mesmo grupo.
Registra o valor da apropriação da despesa com outros materiais de consumo não classificadas
Outros materiais de consumo
nos subitens anteriores.

Fonte: BRASIL8, 2002.

8 BRASIL. Portaria nº 448 de setembro de 2002, DOU de 17.9.2002.

377
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Material Permanente
São aqueles materiais que em seu uso corrente não perdem a sua identidade física, e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos.
Abaixo segue a tabela referente aos materiais permanentes:

Materiais Permanentes
Tipos Descrição
Qualquer tipo de aeronave de asa fixa ou asa rotativa, tais como: avião, balão, helicóptero,
Aeronaves
planador, ultraleve e afins.
Todos os aparelhos de medição ou contagem. Quando estes aparelhos forem incorporados a
Aparelhos de medição e orienta- um equipamento maior serão os mesmos considerados componentes, tais como: amperímetro,
ção aparelho de medição meteorológica, balanças em geral, bússola, calibrador de pneus, cronô-
metro, hidrômetro, magnetômetro, manômetro, medidor de gás e afins.
Todo material considerado permanente, portátil ou transportável, de uso em comunicações,
Aparelhos e equipamentos de que não se incorporem em instalações, veículos de qualquer espécie, aeronaves ou embar-
comunicação cações, tais como: antena parabólica, aparelho de telefonia, bloqueador telefônico, central
telefônica, detector de chamadas telefônicas, fac-símile, e afins.
Qualquer aparelho, utensílio ou equipamento de uso médico, odontológico, laboratorial e hos-
pitalar que não se integrem a instalações, ou a outros conjuntos monitores. No caso de fazerem
parte de instalações ou outros conjuntos, deverão ser considerados componentes, tais como:
afastador, alargador, aparelho de esterilização, aparelho de Raio X, aparelho de transfusão
Aparelhos, equipamentos, utensí-
de sangue, aparelho infravermelho, aparelho para inalação, aparelho de ultravioleta, balança
lios médico-odontológico, labora-
pediátrica, berço aquecido, biombo, boticão, cadeira de dentista, cadeira de rodas, câmara de
torial e Hospitalar
infravermelho, câmara de oxigênio, câmara de radioterapia, carro-maca, centrifugador, desti-
lador, eletro-analisador, eletrocardiográfico, estetoscópio, estufa, maca, medidor de pressão
arterial (esfignomanômetro), megatoscópio, mesa para exames clínicos, microscópio, tenda de
oxigênio, termocautério e afins.
Eletrodomésticos em geral e utensílios, com durabilidade superior a dois anos, utilizados em
serviços domésticos, tais como: aparelhos de copa e cozinha, aspirador de pó, batedeira, boti-
jão de gás, cafeteira elétrica, chuveiro ou ducha elétrica, circulador de ar, condicionador de ar
Aparelhos e equipamentos para
(móvel), conjunto de chá/café/jantar, escada portátil, enceradeira, exaustor, faqueiro, filtro de
esportes e diversões
água, fogão, forno de micro-ondas, geladeira, grill, liquidificador, máquina de lavar louca, má-
quina de lavar roupa, máquina de moer café, máquina de secar pratos, secador de prato, tábua
de passar roupas, torneira elétrica, torradeira elétrica, umidificador de ar e afins.
Armas de porte, portáteis transportáveis autopropulsionadas, de tiro tenso, de tiro curvo, cen-
Armamentos tral de tiro, rebocáveis ou motorizadas, rampas lançadoras de foguetes motorizadas e outros
apetrechos bélicos, tais como: Fuzil, metralhadora, pistola, revolver e afins.
Coleções bibliográficas de obras científicas, românticas, contos e documentários históricos,
mapotecas, dicionários para uso em bibliotecas, enciclopédias, periódicos encadernados para
uso em bibliotecas, palestras, tais como: álbum de caráter educativo, coleções e materiais
Coleções e materiais bibliográficos
bibliográficos informatizados, dicionários, enciclopédia, ficha bibliográfica, jornal e revista (que
constitua documentário), livro, mapa, material folclórico, partitura musical, publicações e docu-
mentos especializados destinados a bibliotecas, repertorio legislativo e afins.
Discos, CD e coleções de fitas gravadas com músicas e fitas cinematográficas de caráter edu-
Discotecas e filmotecas cativo, científico e informativo, tais como: disco educativo, fita de áudio e vídeo com aula de
caráter educativo, microfilme e afins.
Todas as embarcações fluviais, lacustres ou marítimas exceto os navios graneleiros, petroleiros
Embarcações e transportadores de passageiros que são considerados como bens imóveis, tais como: canoa,
casa flutuante, chata, lancha, navio, rebocador, traineira e afins.
Todos os materiais permanentes utilizados em manobras militares e paramilitares, bem assim,
Equipamentos de manobra e pa- aqueles utilizados em qualquer patrulhamento ostensivo, tais como: barraca, bloqueios, cama
trulhamento de campanha, farol de comunicação – mesa de campanha, paraquedas, pistola de sinalização,
sirene de campanha e afins.

378
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Todos os materiais permanentes utilizados na proteção e segurança de pessoas ou bens


públicos, como também qualquer outro utilizado para socorro diverso, ou sobrevivência em
Equipamento de proteção, segu-
qualquer ecossistema, tais como: alarme, algema, arma para vigilante, barraca para uso não
rança e socorro
militar, boia salva-vidas, cabine para guarda (guarita), cofre, extintor de incêndio, para-raios,
sinalizador de garagem, porta giratória, circuito interno de televisão e afins.
Todos os instrumentos de cordas, sopro ou percussão, como também outros instrumentos
Instrumentos musicais e artísticos utilizados pelos artistas em geral, tais como clarinete, guitarra, pistão, saxofone, trombone,
xilofone e afins.
Máquinas, aparelhos e equipamentos não incorporáveis a instalações, destinados a geração de
Máquinas e equipamentos de energia de qualquer espécie, tais como: alternador energético, carregador de bateria, chave au-
natureza industrial tomática, estabilizador, gerador, haste de contato, NO-BREAK, poste de iluminação, retificador,
transformador de voltagem, trilho, truck-tunga, turbina (hidrelétrica) e afins.
Todas as máquinas, aparelhos e equipamentos utilizados em reprografia ou artes gráficas, tais
como: aparelho para encadernação, copiadora, cortadeira elétrica, costuradora de papel, dupli-
Máquinas e equipamentos gráficos
cadora, grampeadeira, gravadora de extenso, guilhotina, linotipo, máquina de Offset, operado-
ra de ilhoses, picotadeira, teleimpressora e receptadora de páginas e afins.
Equipamentos de filmagem, gravação e reprodução de sons e imagens, bem como os acessó-
rios de durabilidade superior a dois anos, tais como: amplificador de som, caixa acústica, data
Equipamentos para áudio, vídeo show, eletrola, equalizador de som, filmadora, flash eletrônico, fone de ouvido, gravador de
e foto som, máquina fotográfica, microfilmadora, microfone, objetiva, projetor, rádio, rebobinadora,
retro-projetor, sintonizador de som, tanques para revelação de filmes, tape-deck, televisor, tela
para projeção, toca-discos, videocassete e afins.
Máquinas, aparelhos e equipamentos que não estejam classificados em grupo específico, tais
Máquinas, utensílios e equipa-
como: aparador de grama, aparelho de ar condicionado, bebedouro – carrinho de feira, contai-
mentos diversos
ner, furadeira, maleta executiva, urna eleitoral, ventilador de coluna e de mesa e afins.
Todas as máquinas, aparelhos e equipamentos utilizados em processamento de dados de
qualquer natureza, exceto quando for aquisição de peças destinadas à reposição diretamente
Equipamentos de processamento ao equipamento ou mesmo para estoque, tais como: caneta óptica, computador, controladora
de dados de linhas, data show – fitas e discos magnéticos, impressora, kit multimídia, leitora, micro e mi-
nicomputadores, mesa digitalizadora, modem, monitor de vídeo, placas, processador, scanner,
teclado para micro, urna eletrônica e afins.
Todas as máquinas, aparelhos e utensílios utilizados em escritório e destinados ao auxílio do
trabalho administrativo, tais como: aparelho rotulador, apontador fixo (de mesa), caixa registra-
Máquinas, instalações e utensílios dora, carimbo digitador de metal, compasso, estojo para desenho, globo terrestre, grampeador
de escritório (exceto de mesa), máquina autenticadora, máquina de calcular, máquina de contabilidade,
máquina de escrever, máquina franqueadora, normógrafo, pantógrafo, quebra-luz (luminária
de mesa), régua de precisão, régua T, relógio protocolador e afins.
Máquinas, ferramentas e utensílios utilizados em oficinas mecânicas, marcenaria, carpintaria
e serralheria, não incluindo ferramentas que não façam parte de um conjunto, nem tão pouco
materiais permanentes utilizados em oficinas gráficas, tais como: analisador de motores, arcos
de serra, bomba para esgotamento de tambores, compressor de ar, conjunto de oxigênio, con-
Máquinas, ferramentas e utensí- junto de solda, conjunto para lubrificação, desbastadeira, desempenadeira, elevador hidráulico,
lios de oficina esmerilhadeira, extrator de precisão, forja, fundidora para confecção de broca, laminadora,
lavadora de carro, lixadeira, macaco mecânico e hidráulico, mandril, marcador de velocidade,
martelo mecânico, níveis de aço ou madeira, pistola metalizadora, polidora, prensa, rebitado-
ra, recipiente de ferro para combustíveis, saca-pino, serra de bancada, serra mecânica, talhas,
tanques para água, tarraxa, testadora, torno mecânico, vulcanizadora e afins.
Equipamentos destinados a instalação conservação e manutenção de sistemas hidráulicos e
elétricos, tais como: bomba d’água, bomba de desentupimento, bomba de irrigação, bomba
Equipamentos e utensílios hidráu-
de lubrificação, bomba de sucção e elevação de água e de gasolina carneiro hidráulico, desi-
licos e elétricos
dratadora, máquina de tratamento de água, máquina de tratamento de esgoto, máquina de
tratamento de lixo, moinho, roda d’água e afins.

379
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

todas as máquinas, tratores e equipamentos utilizados na agricultura, na construção e conser-


vação de estradas, tais como: arado, carregadora, ceifadeira, compactador, conjunto de irriga-
ção, conjunto moto bomba para irrigação, cultivador, desintegrador, escavadeira, forno e estufa
Máquinas e equipamentos agríco-
de secagem ou amadurecimento, máquinas de beneficiamento, micro trator – misturador de
las e rodoviários
ração, moinho agrícola, moto niveladora, motosserra, pasteurizador, picador de forragens,
plaina terraceadora, plantadeira, pulverizador, de tração animal ou mecânica, rolo compressor,
roçadeira, semeadeira, silo para depósito de cimento, sulcador, trator de roda e esteira e afins.
Móveis destinados ao uso ou decoração interior de ambientes, tais como: abajur, aparelho
para apoiar os braços, armário, arquivo de aço ou madeira, balcão (tipo atendimento), banco,
banqueta, base para mastro, cadeira, cama, carrinho fichário, carteira e banco escolar, char-
ter negro, cinzeiro com pedestal, criado-mudo, cristaleira, escrivaninha, espelho moldurado,
Mobiliário em geral
estante de madeira ou aço, estofado, flipsharter, guarda-louça, guarda roupa, mapoteca, mesa,
penteadeira, poltrona, porta-chapéus, prancheta para desenho, quadro de chaves, quadro
imantado, quadro para editais e avisos, relógio de mesa/parede/ponto, roupeiro, sofá, suporte
para TV e vídeo, suporte para bandeira (mastro), vitrine e afins.
Objetos de valor artístico e histórico destinados a decoração ou exposição em museus, tais
como: alfaias em louça, documentos e objetos históricos, esculturas, gravuras, molduras, peças
Obras de arte e peças para museu
em marfim e cerâmica, pedestais especiais e similares, pinacotecas completas, pinturas em
tela, porcelana, tapeçaria, trilhos para exposição de quadros e afins.
Animais para trabalho, produção, reprodução ou exposição e equipamentos de montaria, tais
Semoventes e equipamentos de
como: animais não destinados a laboratório ou corte, animais para jardim zoológico, animais
montaria
para produção, reprodução e guarda, animais para sela e tração, selas e afins.
Veículos não classificados em subitens específicos, tais como: bicicleta, carrinho de mão, carro-
Veículos diversos
ça, charrete, empilhadeira e afins
Veículos empregados em estradas de ferro, tais como: locomotiva, prancha, reboque, tender,
Veículos ferroviários
vagão para transporte de carga ou passageiros e afins.
Materiais empregados em imóveis e que possam ser removidos ou recuperados, tais como:
Peças não incorporáveis a imóveis biombos, carpetes (primeira instalação), cortinas, divisórias removíveis, estrados, persianas,
tapetes, grades e afins.
Veículos de tração mecânica, tais como: ambulância, automóvel, basculante, caçamba, cami-
Veículos de tração mecânica nhão, carro-forte, consultório volante, furgão, lambreta, micro-ônibus, motocicleta, ônibus,
rabecão, vassoura mecânica, veículo coletor de lixo e afins.
Veículos utilizados em manobras militares, tais como: auto choque, blindado, carro-bomba,
Carros de combate
carro-tanque e afins.
Equipamentos, peças e acessórios Equipamentos, peças e acessórios aeronáuticos, tais como: hélice, microcomputador de bordo,
aeronáuticos turbina e afins.
Equipamentos, peças e acessórios
Equipamentos, peças e acessórios de proteção ao voo, tais como: radar, rádio e afins.
de proteção ao voo
Acessórios para automóveis que possam ser desincorporados, sem prejuízo dos mesmos, para
Acessórios para automóveis
aplicação em outro veículo, tais como: ar condicionado, capota, rádio/toca-fitas e afins.
Equipamentos de mergulho e Equipamentos destinados as atividades de mergulho e salvamento marítimo, tais como: esca-
salvamento fandro, jet-ski, tanque de oxigênio e afins.
Equipamentos, peças e acessórios marítimos, tais como: instrumentos de navegação, instru-
Equipamentos, peças e acessórios
mentos de medição do tempo, instrumentos óticos, instrumentos geográficos e astronômicos,
marítimos
instrumentos e aparelhos meteorológicos e afins.
Equipamentos e sistema de prote-
Equipamentos e sistema de proteção e vigilância ambiental.
ção e vigilância ambiental
Equipamentos, sobressalventes
de máquinas, motor de navios de Componentes de propulsão de navios da esquadra e maquinarias de convés.
esquadra
Outros materiais permanentes Materiais e equipamentos não classificados em subitens específicos.

380
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Outra finalidade dos estoques é possibilitar descontos no


GESTÃO DE ESTOQUES transporte de grandes lotes equivalentes à capacidade dos veículos,
gerando, assim, fretes menores.
O estoque representa uma armazenagem de mercadorias com
previsão de uso futuro. Tem, como objetivo, atender a demanda, Proteção contra oscilações na demanda ou no tempo de res-
assegurando a disponibilidade de produtos. Sua formação é onero- suprimento
sa, uma vez que representa de 25% a 40% dos custos totais. Devido à impossibilidade de se conhecerem as demandas pe-
Com o propósito de se evitar o descontrole financeiro, é ne- los produtos ou seus tempos de ressuprimento de maneira exata
cessário que haja uma sincronização perfeita entre a demanda e no sistema logístico e, para garantir a disponibilidade do produto,
a oferta de mercadorias. Como isso é impossível, deve-se formar deve-se formar um estoque adicional (estoque de segurança). Este
um estoque essencialmente para atender a demanda, minimizando
é adicionado ao estoque regulador para atender às necessidades da
seus custos de formação.
produção e do mercado.
Classificação dos estoques
Proteção contra situações inesperadas
Estoques de Matérias-Primas (MPs) Algumas situações inesperadas podem atingir as empresas de
Os estoques de MPs constituem os insumos e materiais básicos maneira inesperada. Por exemplo: greves, incêndios, inundações,
que ingressam no processo produtivo da empresa. São itens iniciais etc. A manutenção do estoque de reserva é uma maneira viável de
para a produção. garantir o fornecimento normal nessas ocasiões.

Estoques de Produtos em Elaboração ou Processamento Custos do Estoque


Os estoques de materiais em processamento - também deno- • Custo de colocação do pedido: custo da operação de compra
minados materiais em vias - são constituídos de materiais que estão • Descontos de preços para quantidades: pequenas compras
sendo processados ao longo das diversas seções que compõem o podem ser mais caras
processo produtivo da empresa. Não estão nem no almoxarifado - • Custo pela falta de estoque: suprimento de emergência sem-
por não serem mais MPs iniciais - nem no depósito - por ainda não pre é muito caro
serem produtos acabados. • Custo de capital de giro: contrair empréstimo para fazer es-
toque
Estoques de Produtos Acabados • Custo de armazenagem: custo da operação de armazenagem
Referem-se aos produtos já prontos e acabados, cujo processa-
• Custo de obsolescência: estocagem por longos períodos corre
mento foi completado inteiramente. Constituem o estágio final do
processo produtivo e já passaram por todas as fases. este perigo

Estoque em Trânsito Sendo assim, todo e qualquer armazenamento de material


São os estoques que estão em trânsito entre o ponto de esto- gera determinados custos, que são: juros; depreciação; aluguel;
cagem ou de produção. Quanto maior a distância e menor a velo- equipamentos de movimentação, deterioração; obsolescência; se-
cidade de deslocamento, maior será a quantidade de estoque em guros; salários; conservação.
trânsito. Exemplo: produtos acabados sendo expedidos de uma fá- Todos eles podem ser agrupados nas seguintes modalidades:
brica para um centro de distribuição. - Custos de capital (juros, depreciação);
- Custos com pessoal (salários, encargos sociais);
Estoques em Consignação - Custos com edificação (aluguéis, impostos, luz, conservação);
Estoque de produtos com um cliente externo que ainda é pro- - Custos de manutenção (deterioração, obsolescência, equipa-
priedade do fornecedor. O pagamento por estes produtos só é feito mento).
quando eles são utilizados pelo cliente.
Controle do estoques
Finalidades
Princípios básicos para o controle de estoques
Abaixo descrevemos as diversas finalidades dos estoques:
Para se organizar um setor de controle de estoque, inicialmen-
te deveremos descrever suas principais funções:
Melhora do nível de serviço oferecido
Os estoques auxiliam no marketing da empresa, uma vez que 1. Determinar o que deve permanecer em estoque. Número
podem ser oferecidos produtos com mais descontos, com quanti- de itens;
dades mais adequadas, com mais vantagens para os clientes que 2. Determinar quando se deve reabastecer o estoque. Priori-
precisam de fornecimento imediato ou de períodos curtos de res- dade;
suprimento. 3. Determinar a quantidade de estoque que será necessário
Isso representa maiores vantagens competitivas, diminuição para um período pré-determinado;
nos custos e maiores lucros nas vendas. 4. Acionar o departamento de compras para executar a aquisi-
ção de estoque;
Métodos geradores de eficiência no manuseio 5. Receber, armazenar e atender os materiais estocados de
A geração de pequenos lotes de compras implica maiores cus- acordo com as necessidades;
tos de fretes, uma vez que não há volume suficiente para obter des- 6. Controlar o estoque em termos de quantidade e valor e for-
contos oferecidos aos maiores lotes. necer informações sobre sua posição;

381
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

7. Manter inventários periódicos para avaliação das quantida- - Dados estatísticos de consumo por área da organização e/ou
des e estados dos materiais estocados; dados globais.
8. Identificar e retirar do estoque os itens danificados. - Áreas da organização (departamento, divisão, setor, seção
9. Existem determinados aspectos que devem ser especifica- etc.) que utilizam o material, datas de fornecimentos, quantidades,
dos, antes de se montar um sistema de controle de estoque. custos e outras informações relevantes sobre o material requisita-
do.
Um deles refere-se aos diferentes tipos de estoques existentes - Tipo de acondicionamento do material, embalagem de apre-
em uma fábrica. Os principais tipos encontrados em uma empresa sentação, de comercialização e de movimentação, unidade (caixa,
industrial são: matéria-prima, produto em processo, produto aca- cento, dúzia, metro etc.) e observações gerais sobre a apresenta-
bado e peças de manutenção. ção, aspecto, conservação etc.
- Observações gerais sobre o comportamento do material no
Controle de Estoque pelo Tipo de Demanda estoque e/ ou na linha de produção, conforme ocorram devoluções
Os estoques podem ser controlados, adotando-se diversos ti- ou outras situações registradas pela área de materiais.
pos de critérios.
Se considerarmos a natureza de sua demanda, teremos as se- Uma política inteligente nos estoques
guintes classificações: A ausência de padronização nos materiais adquiridos pelo Ser-
• Estoques de demanda permanente: são estoques daqueles viço Público, por exemplo, ocasiona um aumento considerável de
produtos que requerem ressuprimento contínuo, pois seus produ- itens com a mesma finalidade. Produtos, cujos fins e metodologia
tos são consumidos durante todas as fases do ano. Ex: creme den- de ação estão ultrapassados, são adquiridos muitas vezes a preços
tal; absurdos, para satisfazer necessidades pouco significativas. Esse
• Estoques de demanda sazonal: são estoques de produtos co- procedimento “incha” o Almoxarifado ocasionando um desgaste
mercializados em determinados momentos do ano. Ex: Árvores de desnecessário de pessoal e de maquinário.
Natal; Quando se fala de uma política inteligente de estoques, não
• Estoques de demanda irregular: são estoques cuja venda de estamos apontando apenas para as formas de estocagem, mas na
seus produtos não pode ser prevista na íntegra. Ex: automóveis a maneira de compra que gera esse estoque. Estocar produtos ultra-
gasolina x automóveis a álcool; passados implica em aumento de gastos e dispêndio de recursos
• Estoques de demanda em declínio: ocorre no caso de produ- que poderiam ser utilizados de outra forma.
tos que estão sendo retirados do mercado em razão do declínio da Comprar demais para não perder a verba, comprar sem realizar
demanda. Ex: Fitas VHS x DVDs; uma avaliação criteriosa do consumo, e sem levar em conta as nor-
• Estoques de demanda derivada: ocorrem no caso de itens mas mínimas de segurança, fazem do Almoxarifado um lugar cheio
que são usados na linha de produção de alguns produtos acabados. de produtos, mas vazio de utilidade.
Ex: Pneus de automóveis em razão das vendas do produto acabado, Uma Política Inteligente de Estoque é aquela que respeita os
que é o automóvel. limites físicos do Almoxarifado e o dinheiro do contribuinte, aten-
dendo a todas as necessidades, sem desperdício.
Técnicas de Controle de Estoque
Os métodos mais tradicionalmente utilizados são os seguintes: Controle do estoque mínimo
• Empurrar estoques (push): utilizado, quando há mais de um Quando uma determinada unidade requisita um material é
depósito no sistema de distribuição. Ocorre quando o que é vendi- porque necessita dele naquele momento. Não atender a um pedido
do é maior que a necessidade dos estoques. pode ocasionar a paralisação de um determinado setor ou trabalho.
• Puxar Estoques (pull): Apenas o estoque necessário para se É muito desagradável quando, por ausência de um estoque mínimo
atender a demanda daquele produto precisa ser mantido. As quan- de segurança, não se pode cumprir a função básica de qualquer Al-
tidades mantidas tendem a ser menores do que no método push. moxarifado: suprir.
• Ponto de Reposição (estoque mínimo): objetiva reduzir os Para evitar que isso ocorra, basta que se tenha um ESTOQUE
custos de manutenção de estoques, mas sem correr o risco de não MÍNIMO de itens como garantia mínima de fornecimento. Estoque
se atender a demanda. O objetivo é encontrar o nível ótimo de es- mínimo, ou estoque de segurança, tem a função de assegurar que
toques para um determinado produto. Para isso, é necessário que não ocorra falta de um determinado item, cobrindo eventuais atra-
o estoque esteja devidamente controlado e que determine o ponto sos derivados dos processos de compra. Serve como um pulmão
de reposição (PR). contra a variabilidade na demanda e nos prazos de recomposição.

Principais informações proporcionadas pelo controle Pode-se determinar o estoque mínimo através de:
- Dados cadastrais do fornecedor. a) projeção estimada do consumo;
- Preço médio do item controlado. b) cálculos e módulos matemáticos.
- Quantidades de materiais em estoques, na data do levanta-
mento. Baseando-se nos consumos anteriores é possível se estabele-
- Data da última aquisição e preço pago. cer uma projeção estimada de cada item, ou grupo de itens, por
- Quantidades máximas e mínimas a serem consideradas com período. Lançando mão desses dados pode-se estimar os níveis de
relação aos estoques disponíveis. consumo e a partir dessa estimativa determinar o valor do estoque
- Cálculo sobre as possibilidades do estoque em relação ao con- de segurança.
sumo médio.

382
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Há uma considerável quantidade de maneiras e fórmulas para As fórmulas aplicáveis à gerência de Estoques são:
o cálculo do estoque mínimo. Ressaltaremos a mais simples, mas a) Consumo Médio Mensal c = Consumo Anual / 12
capaz de fornecer àquele que cuida do controle das quantidades, b) Estoque Mínimo Em = c x f
condições de calcular matematicamente seus estoques de seguran- c) Estoque Máximo EM = Em + c x I
ça. d) Ponto de Pedido Pp = Em + c x T
e) Quantidade a Ressuprir Q = C x I
Fórmula Simples
E.Mn = C x K Manutenção dos estoques
A movimentação dos materiais deve sempre ser realizada com
Onde: E.Mn = estoque mínimo máxima cautela e segurança, a fim de evitar perdas de materiais e,
C = consumo médio mensal ainda, acidentes de trabalho. Para que o manuseio seja efetuado de
K = fator de segurança arbitrário com o qual se deseja garantir forma segura, alguns pontos devem ser destacados e observados,
contra um risco de ausência. obrigatoriamente, por todos os responsáveis:
• Os materiais paletizados com maior peso deverão ser aloca-
O fator K é arbitrado, ele é proporcional ao grau de atendimen- dos no chão, apenas sobre o pallet. Ou seja, não deverá ser alocado
to desejado para o item. nos primeiros ou segundos níveis das estruturas porta-pallets;
Por exemplo: se quisermos que determinada peça tenha um • Não é permitido o acondicionamento de caixas, materiais ou
grau de atendimento de 90%, ou seja, queremos uma garantia de embalagens diretamente no solo, visto que a umidade danifica toda
que somente em 10% das vezes o estoque desta peça esteja a zero; a proteção e pode, inclusive, danificar o bem;
sabendo que o consumo médio mensal é de 60 unidades, o estoque • Materiais de mesma natureza deverão ser alocados próximos
mínimo será: nas prateleiras para facilitar a localização e o inventário;
E.Mn = 60 x 0,9 • Não é permitido estocar materiais, mesmo que provisoria-
E.Mn = 54 unidades. mente, nos corredores, áreas livres ou áreas demarcadas para ou-
tros fins. As áreas de circulação deverão sempre permanecer livres.
Observe também os seguintes conceitos como método de aná- • O empilhamento dos materiais não deve incorrer em riscos
lise de renovação dos estoques (Níveis de Estoque): para os trabalhadores, além de preservar as características dos ma-
a) Consumo Médio Mensal (c) - média aritmética do consumo teriais, levando em consideração a pressão ocasionada no empilha-
nos últimos 12 meses; mento;
b) Tempo de Aquisição (T)- período decorrido entre a emissão • Materiais inflamáveis deverão ficar armazenados isolada-
do pedido de compra e o recebimento do material no Almoxarifado mente dos demais;
(relativo, sempre, à unidade mês); • Os extintores de incêndio deverão sempre estar livres para
c) Intervalo de Aquisição (I)- período compreendido entre duas alcance, não podendo ser obstruído por materiais, mesmo que
aquisições normais e sucessivas; temporariamente;
d) Estoque Mínimo ou de Segurança (Em)- é a menor quan- • Materiais inservíveis ou em desuso deverão ser separados
tidade de material a ser mantida em estoque capaz de atender a para desfazimento.
um consumo superior ao estimado para um certo período ou para • Produtos mais antigos ou com prazos de vencimento meno-
atender a demanda normal em caso de entrega da nova aquisição. res deverão ser entregues primeiro.
É aplicável tão somente aos itens indispensáveis aos serviços do ór-
gão ou entidade. Obtém-se multiplicando o consumo médio mensal Alguns critérios de avaliação de estoques:
por uma fração (f) do tempo de aquisição que deve, em princípio,
variar de 0,25 de T a 0,50 de T; - Método PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai), do in-
e) Estoque Máximo (EM) - a maior quantidade de material ad- glês, FIFO (first-in, first-out), ou seja, os primeiros artigos a entra-
missível em estoque, suficiente para o consumo em certo período, rem no estoque, serão aqueles que sairão em primeiro lugar, deste
devendo-se considerar a área de armazenagem, disponibilidade modo o custo da matéria-prima deve ser considerado pelo valor de
financeira, imobilização de recursos, intervalo e tempo de aquisi- compra desses primeiros artigos.
ção, perecimento, obsoletismo etc. Obtém-se somando ao Estoque O estoque apresenta uma relação forte com o custo de reposi-
Mínimo o produto do Consumo Médio Mensal pelo intervalo de ção, pois esse estoque representa os preços pagos recentemente.
Aquisição; Adotar este método, faz com que haja oscilação dos preços sobre
f) Ponto de Pedido (Pp) - Nível de Estoque que, ao ser atingi- os resultados, pois as saídas são confrontadas com os custos mais
do, determina imediata emissão de um pedido de compra, visando antigos, sendo esta uma das principais razões pelas quais alguns se
a recompletar o Estoque Máximo. Obtém-se somando ao Estoque mostram contrários a este método.
Mínimo o produto do Consumo Médio Mensal pelo Tempo de Aqui-
sição; As vantagens desse método consistem no controle preciso dos
g) Quantidade a Ressuprir (Q) - número de unidades adquirir materiais, pois são ordenados em uma base contínua de acordo
para recompor o Estoque Máximo. Obtém-se multiplicando o Con- com sua entrada, o que é importante, quando se trata de produ-
sumo Médio Mensal pelo Intervalo de Aquisição. tos sujeitos a mudança de qualidade, decomposição, deterioração
etc.; o resultado obtido revela o custo real dos artigos específicos
utilizados nas saídas; os artigos utilizados são retirados do estoque
e a baixa dos mesmos é dada de uma maneira sistemática e lógica.

383
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

- Método UEPS (último a entrar, primeiro a sair), do inglês LIFO Para que isso aconteça, é importante que o empresário levante
(last-in first-out) é um método de avaliar estoque bastante discuti- periodicamente a média mensal de compras para compará-las com
do. O custo do estoque é obtido como se as unidades mais recentes as vendas e, com isso, saber se o investimento em mercadorias está
adicionadas ao estoque (últimas a entrar) fossem as primeiras uni- tendo o retorno desejado.
dades vendidas (saídas). O ato de comprar deve ser sempre precedido de um bom pla-
Pressupõe-se, deste modo, que o estoque final consiste nas nejamento. De acordo com Stickney10: “A compra de mercadorias
unidades mais antigas e é avaliado ao custo das mesmas. Segue-se envolve a colocação do pedido, o recebimento e a inspeção das
que, de acordo com o método UEPS, o custo dos artigos vendidos mercadorias encomendadas e o registro da compra. Rigorosamen-
(saídas) tende a refletir no custo dos artigos comprados mais recen- te, o comprador de uma mercadoria somente deveria registrar a
temente (comprados ou produzidos). Também permite reduzir os compra quando a propriedade legal da mercadoria adquirida pas-
lucros líquidos expostos. sasse do vendedor para o comprador.
As vantagens de utilização deste método consistem na apu- Caracterizar quando isso acontece envolve tecnicalidades le-
ração correta de seus custos correntes; o estoque é avaliado em gais associadas ao contrato entre as duas partes”. E para que isso
termos do nível de preço da época em que o UEPS foi introduzido; aconteça, é de grande importância a elaboração de uma previsão
é uma forma de se custear os artigos consumidos de uma manei- de compras. Nas empresas comerciais, essa previsão é complica-
ra realista e sistemática; em períodos de alta de preços, os preços da, pois o número de mercadorias comercializadas é muito gran-
maiores das compras mais recentes, são ajustados mais rapidamen- de. Como observa Stickney, “as empresas preferem vender tanto
te às produções, reduzindo o lucro. No entanto, não é aceito pela quanto possível, com um número mínimo de capital ‘empatado’ em
legislação brasileira. estoque”. Por isso, a previsão deve ser elaborada pelos diversos
setores funcionais da empresa, observando-se as características e
- Custo Médio é o método utilizado nas empresas brasileiras peculiaridades do mercado fornecedor e do comportamento das
para atendimento à legislação fiscal. Empresas multinacionais com vendas.
operações no Brasil frequentemente têm de avaliar o estoque se- É aconselhável que sejam feitas previsões individuais para cada
gundo o método da matriz, e também segundo o custo médio para setor ou departamento e reuni-las posteriormente em uma só, fa-
atendimento à legislação brasileira. cilitando o planejamento das compras. Depois de preparada a pre-
Esse método permite que as empresas realizem um controle visão de compras, esta deve ser ajustada ás condições financeiras
permanente de seus estoques, e que a cada aquisição, o seu preço da empresa. Isso deve ser feito em reunião com os encarregados de
médio dos produtos seja atualizado, pelo método do custo médio compras, os encarregados de vendas e os encarregados pelo con-
ponderado. trole financeiro para que se encontre um equilíbrio entre os setores.
A empresa que não faz a previsão de compras encontra difi-
Geralmente as empresas que não possuem uma boa política culdades para manter seus estoques de forma equilibrada. Acabam
de estocagem e vivem um dilema: quanto a empresa deve esto- comprando mercadorias de acordo com as necessidades surgidas
car para que seus interesses e os dos seus clientes sejam atendidos correndo o risco de não ter produtos em épocas que o volume de
de forma satisfatória? A esse respeito, o Planejamento é um dos vendas cresce.
principais instrumentos para o estabelecimento de uma política de Perdendo dessa forma, oportunidade de aumentar suas ven-
estocagem eficiente. Pois, o departamento de vendas deseja um es- das, perdendo clientes e, consequentemente, diminuído o lucro da
toque elevado para atender melhor o cliente e a área de produção empresa. E não tendo a previsão correta de compras, ele pode com-
prefere também trabalhar com uma maior margem de segurança prar um volume inadequado de mercadorias aumentando o custo
de estoque. de manutenção dos estoques. Para Stickney: “Manter estoques –
Em contrapartida, o departamento financeiro quer estoques ou como também se diz, carregar estoques - gera custos”.
reduzidos para diminuir o capital investido e melhorar seu fluxo Isso ocorre, porque quanto maior a quantidade de mercadorias
de caixa. Segundo Erasmo9, planejar esta atividade é fundamental, estocadas, maior será o espaço físico necessário para guardá-las,
porque de um bom planejamento virão, por exemplo, uma menor maior o número de funcionários necessários e maiores os gastos
necessidade de capital de giro e uma margem de lucro maior”. Por para controle do estoque.
esse motivo, os empresários devem estar atentos aos objetivos da Além disso, o mesmo autor destaca que pelo menos uma pe-
empresa para definir as quantidades corretas de cada mercadoria quena quantidade de mercadorias precisa ser mantida em estoque
que deve estar no estoque em um determinado período de tempo, para satisfazer às necessidades dos clientes à medida que elas apa-
para que a empresa não sofra nenhum prejuízo. reçam.

E, já que o alto custo do dinheiro não permite imobilizar gran-


des quantias em estoque e que manter uma empresa com uma boa
variedade de produtos exige uma imobilização elevada de capital
de giro, ele deve saber exatamente o equilíbrio entre a quantidade
de compras suficiente para um determinado período de vendas e a
variedade de artigos para que os clientes tenham opção de escolha.

9 Operações com estoques. Disponível em: <http://pessoal.sercomtel.com.br/ 10 STICKNEY; Weil. Contabilidade Financeira: Uma introdução aos Conceitos
carneiro/contII>. Acesso em: 12 mai. 2015. Métodos e Usos; ed. São Paulo: Atlas, 2001

384
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Previsão de consumo

Existem algumas técnicas de previsão de consumo:


As técnicas de previsão do consumo podem ser classificadas em três grupos:
a) Projeção: são aquelas que admitem que o futuro será repetição do passado ou as vendas evoluirão no tempo futuro da mesma
forma do que no passado; segundo a mesma lei observada no passado, este grupo de técnicas é de natureza essencialmente quantitativa.
b) Explicação: procuram-se explicar as vendas do passado mediante leis que relacionem as mesmas com outras variáveis cuja evolução
é conhecida ou previsível. São basicamente aplicações de técnicas de regressão e correlação.
c) Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores influentes nas vendas e no mercado estabelecem a evolução das
vendas futuras.

Logo, existem métodos de previsão de estoques:


Método do último período: Esse método consiste apenas em repetir o consumo do último período. Se, por exemplo, o consumo em
um mês qualquer for de 50, você repete o mesmo valor no estoque para o próximo mês.
Método da média móvel: Deve-se determinar um período para se efetuar a previsão de consumo do próximo período, o período deve
levar em consideração a sazonalidade do produto. Exemplo: Uma loja de brinquedos tem suas vendas aumentadas no dia das crianças e
no natal.

Exemplo
2014
- fevereiro – Consumo de 160
- março – Consumo de 165
- abril – Consumo de 170
- maio – Consumo de 165
- junho – Consumo de 160
- julho – Consumo de 170
- agosto – Consumo de 165
- setembro – Consumo de 170
- outubro – Consumo de 200
- novembro – Consumo de 170
- dezembro – Consumo de 170

Calcule a previsão para janeiro de 2015, utilizando todo o período apresentado. Deve-se somar os valores dos 11 períodos apresen-
tados e posteriormente dividir por 11:

160+165+170+165+160+170+165+170+200+170+170= 1865/11= 169,54

Como não se pode ter metade de um produto, devemos arredondar para 170. De acordo com esse método da média móvel, a previsão
de consumo médio para janeiro de 2015, é de 170.

Método da média móvel ponderada: São estabelecidas porcentagens colocando as maiores nos períodos mais próximos do que será
previsto. Considere os dados da Tabela 1. Prever o mês de Janeiro do Ano 2 utilizando a média móvel trimestral com fator de ajustamento
0,5 para Dezembro, 0,3 para Novembro e 0,2 para Outubro.

Ano 1
Mês Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/Ano 2
Consumo 900 1000 800 900 900 700 1100 800 900 900 900
Fator 0,2 0,3 0,5

De acordo com esse método da média móvel ponderada, a previsão de consumo médio para janeiro do Ano 2 é de 900.

385
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Diante dos fatos apresentados, fica claro que a utilização corre- É um dos principais instrumentos para medir a avaliar a gestão
ta do estoque de mercadorias é fator determinante para a lucrativi- de inventário, e pode ser avaliado em diferentes periodicidades,
dade das empresas comerciais. A escolha de um bom critério para embora a análise anual seja mais frequente. Você pode usar esse
atribuição dos custos das mercadorias é um dos passos importantes recurso conforme a necessidade de sua empresa e do volume de
para uma política de estoque eficiente. Pois, mesmo que todos os bens guardados. Por ser aplicável a qualquer escala e tipo de pro-
critérios tenham como base o mesmo custo de aquisição, tornando dutos, esse indicador se mostra útil como padrão de mercado, na
suas situações reais idênticas, os resultados obtidos são diferentes busca de equilíbrio com o ritmo de vendas.
influenciando na lucratividade e na carga tributária da empresa. Aplicação: Indicador para apuração de qualidade do estoque e
Outro fator na determinação da lucratividade da empresa é o mix de produtos que compõe o mesmo.
bom planejamento da previsão de compras. Sendo o planejamento É um indicador que demonstra o desempenho do estoque,
bem feito, fica fácil fazer as compras, já que toda empresa organi- apontando de forma padronizada a qualidade do mesmo no que
zada tem seus fornecedores tradicionais cadastrados. O encarrega- se refere a utilização dos recursos estocados, independente do seu
do de compras deve acompanhar permanentemente os pedidos, tamanho e/ou complexidade.
principalmente, aqueles que não foram atendidos, pois se os prazos
de entrega não forem cumpridos pelos fornecedores, a previsão de Tendo um giro de estoque alto:
compras pode ser prejudicada e, consequentemente, a produção e – O produto não fica ultrapassado na prateleira;
as vendas da empresa também. Mais um fato notado, é que estocar – Não é necessário muito espaço para armazenamento;
mercadorias por muito tempo é um fator de diminuição da lucrati- – Em caso de sinistros, como incêndios ou roubos, o prejuízo
vidade das empresas. Os produtos devem ser estocados o menor é menor.
tempo possível, visto que reduz custo de manutenção e indica que
o investimento feito pela empresa na compra das mercadorias re- Calculando o Giro de Estoque
tornou rapidamente. Calculando giro do estoque com base nas quantidades em es-
Enfim, conclui-se que o estoque garante os objetivos principais toque e quantidades vendidas
das empresas comerciais e quando o planejamento é adequado, Divida o número de produtos vendidos pela média de estoque
através de uma política de estoques eficiente, a empresa não fica
à mercê da sorte, podendo controlar seus gastos e aumentar sua Número de produtos vendidos / média de estoque
lucratividade.
Ex: você vendeu 50 televisões durante o mês, e a média do es-
Lote Econômico de Compras refere-se à quantidade ideal de toque de televisões nesse período foi de 50:
material a ser adquirida em cada operação de reposição de esto- 50 ÷ 50 = 1
que, onde o custo total de aquisição, bem como os respectivos cus-
tos de estocagem são mínimos para o período considerado. Este O giro do estoque foi “1″. O que quer dizer que seus produtos gira-
conceito aplica-se tanto na relação de abastecimento pela manu- ram uma vez – todos eles foram vendidos e precisaram ser repostos.
fatura para a área de estoque, recebendo a denominação de lote
econômico de produção, quanto à relação de reposição de estoque Calculando giro do estoque com base no valor dos produtos
por compras no mercado, passando a ser designado como lote eco-
nômico de compras. Divida o valor dos produtos vendidos pelo valor médio do esto-
Os Sistemas de Controle de Estoque permitem que o poder pú- que valor dos produtos vendidos / valor médio do estoque
blico controle seu estoque com maior eficiência e agilidade, o con-
trole pode ser feito por programas de computador institucionais ou Ex: As vendas totais do mês foram de R$ 50.000,00 e o valor
não institucionais. Os sistemas de controle de estoque fazem con- médio do estoque nesse período foi de R$ 25.000,00:
trole das entradas e saídas dos produtos permitindo a identificação 50.000 ÷ 25.000 = 2
das unidades que tiveram suas entradas e saídas e a identificação O giro do estoque foi de “2″. O que quer dizer que o estoque foi
dos produtos e permitem a emissão de vários relatórios para con- renovado duas vezes nesse período.
ferência do estoque.
Tempo médio de Giro de Estoque
Giro de Estoque Para saber de quanto em quanto tempo seu estoque foi reno-
É um indicador que demonstra o desempenho do estoque, vado você pode calcular o tempo médio do giro do estoque, fazen-
apontando de forma padronizada a qualidade do mesmo no que do a seguinte conta:
se refere a utilização dos recursos estocados, independente do seu
tamanho e/ou complexidade. Número de dias do período analisado / número do giro de es-
Assim, a rotatividade ou giro de estoque é um indicador que toque nesse período
releva a velocidade em que o inventário foi renovado em um deter-
minado período ou qual é o tempo médio de permanência de um Exemplo: Se você quer saber o tempo médio de renovação do
produto antes da venda. O cálculo desse giro pode ser feito a partir seu estoque em um ano em que o giro do estoque foi de 15:
custos ou itens, considerando o volume total de vendas e a média 365 ÷ 15 = 24,3
de estoque. Se o resultado for menor do que 1, significa que, ao
final do período, sobraram produtos não vendidos no estoque. Se Seu estoque foi renovado 15 vezes no ano e essa renovação
for maior do que 1, quer dizer que todos os itens foram renovados aconteceu cerca de a cada 24 dias.
pelo menos uma vez no período avaliado.

386
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

c) Registro de preço;
COMPRAS. MODALIDADES DE COMPRA d) Registro de estoque e consumo;
e) Registro de fornecedores;
Conceito de Compra f) Arquivo e especificações;
É a função responsável pela obtenção do material no mercado g) Arquivo de catálogos.
fornecedor, interno ou externo, através da mais correta tradução
das necessidades em termos de fornecedor / requisitante. É ainda, Completando a organização, podemos incluir como atividade
a unidade organizacional que, agindo em nome das atividades re- da seção de compras:
quisitantes, compra o material certo, ao preço certo, na hora certa, a) Pesquisa dos fornecedores (ou pesquisa de preços): Nesse
na quantidade certa e da fonte certa. item envolverá o estudo de mercado e dos materiais, análise de
custos, investigação das fontes de fornecimento e desenvolvimento
Administração de Compras de fontes de materiais alternativos;

Compreendendo os seus Objetivos b) Aquisição: Ressaltando a importância da conferência de re-


Toda atividade realizada em uma empresa, seja ela industrial, quisições, análise das cotações, decisão de compra, entrevista a
comercial ou burocrática, necessita de matérias-primas, compo- vendedores, negociação de contratos e encomendas e acompanha-
nentes, equipamentos e serviços para ser executada. mento do recebimento de materiais.
Portanto, a administração de compras é um elemento essencial c) Administração: Envolvendo as funções de manutenção de
da área de materiais no alcance dos objetivos empresariais. Uma estoques mínimos, transferências de materiais, conferência siste-
seção de compras tem por finalidade suprir as necessidades de ma- mática para evitar excessos e obsolescência de estoque, cuidando
teriais ou serviços, realizar o planejamento quantitativo e qualitati- de relações comerciais recíprocas, padronização, entre outras que
vo, satisfazer as necessidades no momento certo com quantidades for necessário.
corretas, bem como verificar todo o montante comprado, providen- Segundo Dias (1993), a pesquisa é o elemento básico para a
ciando o transporte, armazenamento e distribuição. própria operação da seção de compras. A busca e a investigação
Segundo Dias (1993), podemos concluir que os objetivos bási- estão vinculadas diretamente às atividades básicas de compras:
cos de uma Seção de Compras seriam: a determinação e o encontro da qualidade certa, a localização de
a) obter um fluxo contínuo de suprimentos, a fim de atender uma fonte de suprimento, a seleção de um fornecedor adequado,
aos programas de produção; o estabelecimento de padrões e análises de valores são exemplos
b) coordenar esse fluxo de maneira que seja aplicado um mí- de pesquisas.
nimo de investimento que afete a operacionalidade da empresa;
c) comprar materiais e insumos aos menores preços, obede- Gestão de compras de recursos materiais11
cendo padrões de quantidade e qualidade definidos; A gestão de compras é muito importante, pois pode criar van-
d) procurar sempre, dentro de uma negociação justa e honesta, tagens competitivas. Comprar significa procurar e providenciar a
as melhores condições para empresa, principalmente em condições entrega de materiais, suprimentos e máquinas, dentro da qualidade
de pagamento. especificada e no prazo pedido a um preço justo, para a manuten-
ção, a expansão e o funcionamento da empresa.
A necessidade de se comprar cada vez melhor é enfatizada por A função compras “assume papel verdadeiramente estratégico
todos os empresários, juntamente com as necessidades de estocar nos negócios de hoje em face do volume de recursos, principalmen-
em níveis adequados e de racionalizar o processo produtivo. te financeiros, envolvidos, deixando cada vez para trás a visão pre-
Comprar bem é um dos meios que a empresa deve usar para conceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um
reduzir custos. Existem certos mandamentos que definem como centro de despesas e não um centro de lucros”.
comprar bem e que incluem a verificação dos prazos, preços, qua- Como a função compras exerce uma grande influência sobre os
lidade e volume. lucros da organização, a responsabilidade de comprador consiste
Mas manter-se bem relacionado com o mercado fornecedor, em comprar materiais com qualidade correta, na quantidade certa,
antevendo na medida do possível eventuais problemas que possam no instante certo e ao preço correto, da fonte certa, para entrega no
prejudicar a empresa no cumprimento de suas metas, é talvez o local correto. Dessa forma, a compra tem em vista responder às ne-
mais importante na época de escassez e altos preços. A seleção de cessidades da empresa, para esta obter lucros. Por esse motivo, os
fornecedores é considerada igualmente ponto-chave do processo materiais comprados têm enorme impacto nos lucros das empresas
de compras. mesmo nas manufatureiras automatizadas, conferindo à atividade
A potencialidade do fornecedor deve ser verificada, assim de compras uma importância crescente.
como suas instalações e seus produtos, e isso é importante. O seu
balanço deve ser cuidadosamente analisado. Com um cadastro atu-
alizado e completo de fornecedores e com cotações de preços feitas 11 TCHAMO, Joaquim Eugênio. Administração de Bens Materiais e Patrimoniais
semestralmente, muitos problemas serão evitados. na Universidade Pedagógica de Maputo (Moçambique) – Um Estudo de Caso /
Joaquim Eugênio Tchamo – Piracicaba, São Paulo, 2007.
Independentemente do porte da empresa, os princípios bási- Cláudia de Oliveira; Juliana Jeronymo Jorvino. COMPRAS: NEGOCIAÇÃO,
cos da organização de compras constituem-se de normas funda- ESTRATÉGIA, REDUÇÃO DE CUSTOS SÃO ELEMENTOS PARA AGREGAR EM
mentais assim consideradas: SUA EMPRESA?
a) Autoridade para compra; DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: Uma abordagem logística. 4a
b) Registro de compra; edição. São Paulo: Editora Atlas S. A. 1993.

387
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Os materiais adquiridos devem ser compatíveis com as necessidades de produção e da competitividade, considerando o papel que
estes exercem no custo total da produção.
Qualquer atividade industrial necessita de matérias-primas, componentes, equipamentos e serviços que possa operar. Em todo siste-
ma empresarial, para se manter um volume de vendas, um perfil competitivo no mercado e, consequentemente, gerar lucros satisfatórios,
a minimização de custos deve ser perseguida e alcançada, principalmente os que se referem aos materiais utilizados, já que representam
uma parcela por demais considerável na estrutura de custo total.
Para as organizações não manufatureiras a administração de compras exerce uma grande importância no controle financeiro, consi-
derando que “os órgãos públicos estão cada vez mais trabalhando com menos dinheiro, o que significa esforços extenuantes para reduzir
custos por meio de compras mais eficazes [...] a tarefa do executivo responsável por esses serviços é atender às demandas exigidas dentro
das restrições orçamentárias”.
Desse modo, é importante que o gestor da área de compras desempenhe a sua função consciente de que faz parte do sistema empre-
sa e das elevadas somas envolvidas no investimento em bens públicos, de modo a dar uma resposta positiva ao público consumidor dos
serviços. A função compras ou suprimentos para uma organização de prestação de serviços tem a missão de proporcionar ao cliente final
a garantia de que este receberá o produto final de acordo com as suas expectativas.
Na Administração Pública, a Administração de Recursos Materiais pode ser definida como um conjunto de atividades desenvolvidas
dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais necessários ao desem-
penho normal das respectivas atribuições.
Tais atividades abrangem a aquisição, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o registro, o fornecimento dos mesmos aos
órgãos requisitantes, até as operações gerais de controle de estoques, etc. Visam gerenciar de maneira eficaz os recursos do processo pro-
dutivo, indo além de um simples controle de estoques, envolvendo um vasto campo de relações que são interdependentes e que precisam
ser bem geridos para evitar desperdícios.
Por isso, para um desempenho adequado e eficiente do gestor de compras é necessário que se perceba que este exerce uma ligação
vital entre a empresa e os fornecedores. Para os gestores de compras realizarem suas atividades de maneira eficaz “precisam compreender
em detalhe tanto as necessidades de todos os processos da empresa que estão servindo, como as capacitações dos fornecedores [...] que
potencialmente podem fornecer produtos e serviços para a organização”.
(...) o departamento de compras desempenha um papel fundamental na realização dos objetivos estratégicos da empresa [...] a mis-
são do departamento de compras é perceber as prioridades competitivas necessárias para cada produto/serviço importante (baixos custos
de produção, entregas rápidas e no tempo certo, produtos/serviços de alta qualidade e flexibilidade) e desenvolver planos de compras
para cada produto/serviço importante que sejam coerentes com as estratégias de operações.
Desta visão, entende-se que a função compras deve ser manejada de forma a manter os estoques equilibrados para responder às
necessidades da empresa. À área de compras também compete o cuidado com os níveis de estoque da empresa, pois, embora altos níveis
de estoque possam significar poucos problemas com a produção, acarretam um custo exagerado para sua manutenção - despesas com o
espaço ocupado, custo do capital, pessoal de almoxarifado e controles
Baixos níveis de estoque, por outro lado, podem fazer com que a empresa trabalhe em um limiar arriscado, no qual qualquer detalhe,
por menor que seja, acabe prejudicando ou parando a produção.

Neste sentido, e com vista a responder ao controle de estoques na organização, a função compras deve ter diversos cuidados visando
alcançar as seguintes metas/objetivos fundamentais.
a) permitir continuidade de suprimentos para o perfeito fluxo de produção;
b) coordenar os fluxos com o mínimo de investimentos em estoques e adequado cumprimento dos programas;
c) comprar materiais e produtos aos mais baixos custos, dentro das especificações predeterminadas em qualidade, prazos e preços;
d) evitar desperdícios e obsolescência de materiais por meio de avaliação e percepção do mercado;
e) permitir à empresa uma posição competitiva, mediante negociações justas e credibilidade;
f) manter parceria com os fornecedores para crescer junto com a empresa.

Slack et al. (1997) define cinco objetivos, também denominados “os cinco corretos de compras”:
- Comprar ao preço correto
- Acertar entrega para o momento correto
- Garantir produtos e serviços na qualidade correta
- Garantir produtos e serviços na quantidade correta
- Garantir o fornecedor correto.

388
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Organização do setor de compras

O setor de compras deve se organizar de modo a atender aos cinco corretos de compras:
A complexidade da função de compras e de sua estruturação é proporcional ao tamanho da empresa. O seu gestor responde por deve-
res administrativos e executivos, por isso “é responsável pelo perfeito relacionamento com as empresas fornecedoras e com as exigências
operacionais dos demais departamentos da organização”.

Atividade Especificações
Controle e registro de fornecedores
Controle e registro de compras
Controle e registro de preços
Controle e registro de especificações
Informação Básica Controle e registro de estoques
Controle e registro de consumo
Controle e registro de catálogos
Controle e registro econômicos
Estudo de mercado
Especificações de materiais
Análise de custos
Pesquisa de Suprimento Análise financeira
Desenvolvimento de novos fornecedores
Desenvolvimento de novos materiais
Qualificação de fornecedores
Garantir atendimento das requisições
Manutenção de estoques
Evitar excesso de estoques
Administração de Materiais Melhorar giro de estoques
Garantir transferência de materiais
Padronizar embalagens
Elaborar relatórios
Negociar contratos
Efetivar as compras
Analisar cotações
Analisar requisições
Analisar condições de contratos
Sistema de Aquisição Verificar recebimento de materiais
Conferir fatura de compra
Contatar vendedores
Negociar redução e preços
Relacionamento interdepartamental

Dispor de materiais obsoletos


Projeções de custos
Ações Diversas Comparações de materiais
Manter relações comercias de confiabilidade
Atividades Partilhadas com outros setores

Padronização
Normatização
Projetos de Produção
Controle de estoques
Testes de novos produtos
Diretrizes de reciprocidade
Especificação de fornecedores
Definir em comprar ou fabricar
Contatar seguros e sistemas de transportes

Fonte: Adaptado in POZO, 2001, Pp. 142-144

Para o efeito, no desenvolvimento das suas funções, o gestor de compras deve ter em conta que a sua atividade requer o desenvol-
vimento da pesquisa do mercado, como uma das atividades básicas, pois, a busca e a investigação estão vinculadas diretamente às ativi-
dades básicas de compras: a determinação e o encontro da qualidade certa, a localização de uma fonte de suprimento, a seleção de um
fornecedor adequado, o estudo para determinar se o produto deve ser fabricado ou comprado, o estabelecimento de padrões e análises
de valores são exemplos de pesquisa.

389
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Relações entre o Setor de Compras e os Outros Setores Gestão de compras de recursos patrimoniais12
Administração de Vendas: A área de vendas envia o pedido Os recursos patrimoniais - ou ativo imobilizado – se constituem
para este setor, que mantém contato constante e direto com os em elementos que são primordiais para as operações tanto de uma
clientes, informando a situação dos pedidos. organização produtora de bens como a de prestação de serviços, e
são determinantes para o sucesso operacional da organização; me-
Planejamento e Controle da Produção: Planejamento do siste- recem, portanto, uma atenção especial.
ma produtivo mediante informações de administração de vendas e
programação das necessidades baseando-se nos inventários. Os recursos patrimoniais devem:
- Ter natureza relativamente permanente;
Materiais: É a área que administra os materiais na organização - Ser utilizado na operação do negócio;
e informa a situação dos estoques e os recebimentos dos pedidos - Não ser destinado à venda.
de compras em andamento.
Nesse contexto - diferente das mercadorias, materiais de pro-
Transportes: Situação dos fretes e posicionamento dos mate- dução ou suprimentos - os bens de capital não são comprados para
riais em trânsito, negociação de redução de custos, recebimentos e as necessidades correntes, para uso em curto prazo, mas para exi-
distribuição e, principalmente, a otimização das entregas aos clien- gências em longo prazo, para serem utilizados na produção de bens
tes. ou serviços. Como regra geral, os bens de capital têm vida útil muito
superior a um ano.
Produção: Atendimento às necessidades de programa de pro- Após a implantação de uma instalação ou da montagem de
dução, materiais auxiliares necessários, relacionamento de benefí- equipamento é necessário administrá-lo da melhor forma possível,
cios comuns e globais da empresa. É o setor que produz a necessi- pois são fatores de produção e, portanto, devem contribuir para o
dade do mercado. resultado operacional da empresa. Ou seja, verificar se estão sendo
operados de forma econômica e se a sua manutenção está sendo
Qualidade: Definições dos parâmetros de qualidade e perfor- realizada de acordo com as recomendações.
mance dos materiais comprados e confirmação destas especifica-
Esta análise permite visualizar se os equipamentos ou instala-
ções. Desenvolver conjuntamente novos fornecedores e avaliar pe-
ções já atingiram o limite da sua vida econômica, se há necessidade
riodicamente os atuais.
de substituí-los por outros e, ao mesmo tempo, ver até que ponto
a manutenção preventiva é eficiente na redução dos custos com as
Finanças: Avaliação das condições econômicas e contábeis dos
paradas do equipamento, porque é necessário ter-se em conta que
contratos e das compras. Elaboração de informes contábeis para
a gestão operacional dos imobilizados tem como foco central a ve-
análise de estoques, compras, prazos e rentabilidade dos produtos
rificação periódica da capacidade de geração de serviços dos Ativos
envolvidos nas transações de compras e vendas.
Fixos e dos custos reais de operá-los. Esta verificação se dá em ter-
A pesquisa que ocorre no setor de compras tem em vista suprir mos de comparação com os serviços e custos esperados pelo equi-
com informações e orientações aos outros setores interessados, pamento, mensurados quando da decisão inicial de investir nele.
sendo este campo dividido em áreas distintas, das quais se pode Por esse motivo que as organizações, em face de suas comple-
destacar: estudos dos materiais, análises econômica, de fornecedo- xidades e tamanho, transacionam constantemente seus recursos
res, do custo e do preço, das embalagens e transporte e a análise patrimoniais, ora adquirindo, ora vendendo, ou trocando-os. Além
administrativa. Além destes estudos, deve se ter em conta que o disso, com a constante evolução dos equipamentos aliada à robó-
sistema de compras gera informações úteis para outros setores e tica, as organizações precisam estar em constante alerta quanto à
estes também o fazem de forma recíproca. modernização de seus equipamentos para não perderem para a
concorrência.
O outro problema inerente à função compra é a decisão de Tendo-se em conta a especificidade de cada organização, é ne-
comprar ou alugar um bem patrimonial, como veículo, avião, edi- cessário se fazer a distinção do que são bens patrimoniais, porque
fício ou equipamento. Uma das modalidades mais frequentes é o o que é imobilizado para uma organização pode não ser para outra,
leasing, que geralmente está ligado a um banco, em que “o cliente dependendo da área em que cada uma opera. É nesta ótica que
(arrendatário) escolhe o bem, a empresa de leasing (arrendador) Francischini e Gurgel fazem algumas distinções:
adquire o bem escolhido junto ao fornecedor e o aluga ao cliente. - Terrenos e edifícios de uma empresa imobiliária não são ati-
Dependendo da forma do contrato, o cliente, no encerramento do vos imobilizados, pois se destinam à venda;
prazo contratual, poderá exercer o direito de compra do bem em - Veículos são considerados ativos imobilizados em uma em-
pauta”. presa de transporte, mas não para a indústria automobilística, pois
se destinam à venda;
- As máquinas e as prensas de uma montadora são considera-
das ativo imobilizado, não o sendo, porém, para os fornecedores
desse tipo de equipamento.
12 ADMINISTRAÇÃO DE BENS MATERIAIS E PATRIMONIAIS NA UNIVERSI-
DADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO (MOÇAMBIQUE) – UM ESTUDO DE CASO.
Disponível em: https://www.unimep.br/phpg/bibdig/pdfs/2006/GAQJKEYBITJS.pdf
Renato Fenili. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais para concur-
sos. 3ª Edição. Editora Método, 2014.

390
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

A aquisição dos bens patrimoniais é um processo complexo e Compradores com boa qualificação profissional fornecem às
precisa de um bom planejamento para poder responder às neces- empresas condições de fazer bons negócios; daí vem a maior res-
sidades do projeto. Para a aquisição dos bens patrimoniais, há a ponsabilidade, constituindo o comprador uma força vital, que faz
necessidade de elaboração de um planejamento em que estejam parte da própria vida da empresa, pois o objetivo é comprar bem e
envolvidas todas as necessidades, de acordo com a capacidade fi- eficientemente.
nanceira da empresa.
Por esse motivo, em geral pode conhecer duas etapas, sendo A negociação do comprador
a primeira durante a implantação do projeto inicial do negócio e a Saber negociar é uma das habilidades mais exigidas de um
segunda quando a empresa é ampliada ou há troca de recursos. comprador. Negociação não é uma disputa em que uma das partes
A primeira etapa é elaborada em um projeto amplo, que envol- ganha e a outra tem prejuízo. Podemos afirmar que houve uma boa
ve todas as necessidades iniciais da empresa e os bens são adquiri- negociação quando ambas as partes saem ganhando.
dos em uma só vez ou dentro de um planejamento financeiro para A confiança presente no relacionamento dos negociadores é
que, em determinado período, a empresa tenha todos os recursos um fator facilitador nesse processo. Gerar confiança é muito im-
patrimoniais necessários para iniciar sua operação. A etapa que se portante e existem alguns procedimentos que devem ser evitados,
refere à ampliação ou substituição sempre deverá estar subordina- como a impessoalidade, julgamentos morais, preocupação com pu-
da a um planejamento estratégico e fundamentada em uma proje- nições e prêmios, concentrar-se nas limitações das pessoas, utilizar
ção de retorno de investimento para sua aprovação e garantia de de terminologias de medo ou risco e o próprio modo de se expres-
sucesso. sar.
Um bom negociador deverá ver a negociação como um pro-
Perfil do comprador: a habilidade da equipe de compras cesso contínuo e usar da colaboração para proporcionar um clima
Atualmente o comprador é um elemento experiente e a fun- agradável, propício para solução de problemas e não tentar con-
ção é tida e reconhecida como uma das mais importantes em uma vencer o seu oponente de que o ponto de vista dele está errado e
empresa. deve ser mudado.
Segundo informações da CBO – Classificação Brasileira de Ocu-
pações - Compradores, ou profissionais de Compras, são aqueles Relacionamento comprador / fornecedor
que executam o processo de cotação e compra de produtos, maté- De acordo com Dias (1993), uma das grandes dificuldades en-
rias-primas e equipamentos. Esses profissionais acompanham o flu- contradas pelo departamento de compras em relação ao fornece-
xo de entregas, desenvolvem fornecedores, supervisionam equipes dor é a consulta não correspondida.
e processos de compras, fazem relatórios e executam o papel de Ocorrem diversos motivos que levam um comprador a não re-
interlocutor entre requisitantes e fornecedores. ceber propostas de fornecedores consultados, sendo os principais:
Para tanto, precisa-se que o profissional desta área tenha um desinteresse no fornecimento, preço muito elevado, dificuldades
conjunto de conhecimentos e habilidades para que possa adminis- no relacionamento ou na comunicação, ou ainda, cotações com for-
trar suas atribuições com êxito. O padrão atual exige que o compra- necedores inadequados e ineficientes.
dor tenha ótimas qualificações e esteja preparado para usá-las em Um dos documentos primordiais do Departamento de Com-
todas as ocasiões (DIAS, 1995). pras é o cadastro de fornecedores e materiais, para que exista con-
Conforme Heinritz e Farrell (1994) para as posições na linha dições de escolha do fornecedor ou prováveis fornecedores de de-
das Compras, os requisitos necessários de um profissional desse terminado material.
setor são a integridade, habilidade de tratar com outras pessoas, Através desse cadastro é que se realizará a seleção dos fornece-
desenvoltura, iniciativa e conhecimento, além de uma boa base de dores que atendam às quatro condições básicas de uma boa com-
instrução, de preferência um grau universitário. Também se faz ne- pra: preço, prazo, qualidade e condições de pagamento. Por isso,
cessário que as pessoas que trabalham nesta área estejam muito para se obter um cadastro de fornecedores eficiente, que atenda
bem informadas e atualizadas, e também tenham habilidades in- às suas necessidades, deve-se elaborar formas de verificar e acom-
terpessoais, tais como poder de negociação, facilidade de trabalhar panhar o desempenho desses fornecedores. Uma das forma de re-
em equipe, boa comunicação e capacidade de gestão de conflitos. alizar sua atividade é manter as informações sobre fornecedores
Para conduzir eficazmente suas compras, deve demonstrar e mercadorias atualizadas, retirando e acrescentando informações
conhecimentos amplos das características dos produtos, dos pro- continuamente, monitorando suas respostas, e realizando um tra-
cessos e das fases de fabricação dos itens comprados. Deve estar balho de compararão das consultas efetuadas com as propostas
preparado para discutir em igual nível de conhecimento com os for- obtidas.
necedores.
Outra característica do bom comprador é estar perfeitamente Seleção de Fornecedores
identificado com a política e os padrões de ética definidos pela em- A escolha de um fornecedor é uma das atividades fundamen-
presa, como, por exemplo, a manutenção do sigilo nas negociações tais e prerrogativa exclusiva de compras. O bom fornecedor é quem
que envolvam mais de um fornecedor ou até mesmo quando um só vai garantir que todas aquelas clausulas solicitadas, quando de uma
está envolvido. As concorrências, as discussões de preços e a finali- compra, sejam cumpridas.
zação da compra devem ser orientadas pelos mais elevados níveis. Deve o comprador procurar, de todas as maneiras, aumentar
O objetivo é obter dos fornecedores negócios honestos e com- o número de fornecedores em potencial a serem consultados, de
pensadores, sem que pairem dúvidas quanto à dignidade daqueles maneira que se tenha certeza de que o melhor negócio foi execu-
que o conduziam. tado em benefício da empresa. O número limitado de fornecedo-
res a serem consultados, constitui uma limitação das atividades de
compras.

391
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

O processo de seleção das fontes de fornecimento não se restringe a uma única ocasião, ou seja, quando e necessária a aquisição de
determinado material.

A atividade deve ser exercida de forma permanente e contínua, através de várias etapas, entre as quais selecionamos as seguintes:

Etapa 1 - Levantamento E Pesquisa De Mercado


Estabelecida a necessidade da aquisição para determinado material, e necessário levantar e pesquisar fornecedores em potencial.
O levantamento poderá ser realizado através dos seguintes instrumentos:
- Cadastro de Fornecedores do órgão de Compras;
- Edital de Convocação;
- Guias Comerciais e Industriais;
- Catálogos de Fornecedores;
- Revistas especializadas;
- Catálogos Telefônicos;
- Associações Profissionais e Sindicatos Industriais.

Etapa 2 - Análise E Classificação


Compreende a análise dos dados cadastrais do fornecedor e a respectiva classificação quanto aos tipos de materiais a fornecer, bem
como, a eliminação daqueles fornecedores que não satisfizerem as exigências da empresa.

Etapa 3 - Avaliação De Desempenho


Esta etapa é efetuada pós cadastramento e nela faz-se o acompanhamento do fornecedor quanto ao cumprimento do contratado,
servindo não raras vezes como elemento de eliminação das empresas fornecedoras.

Cadastro De Fornecedores
Um dos documentos primordiais do Departamento de Compras é o cadastro de fornecedores e materiais, para que exista condições
de escolha do fornecedor ou prováveis fornecedores de determinado material.
Por meio desse cadastro é que se realizará a seleção dos fornecedores que atendam às quatro condições básicas de uma boa compra:
preço, prazo, qualidade e condições de pagamento. Por isso, para se obter um cadastro de fornecedores eficiente, que atenda às suas
necessidades, deve-se elaborar formas de verificar e acompanhar o desempenho desses fornecedores.
Uma das forma de realizar sua atividade é manter as informações sobre fornecedores e mercadorias atualizadas, retirando e acrescen-
tando informações continuamente, monitorando suas respostas, e realizando um trabalho de compararão das consultas efetuadas com as
propostas obtidas.
A potencialidade do fornecedor deve ser verificada, assim como suas instalações e seus produtos, e isso é importante. O seu balanço
deve ser cuidadosamente analisado. Com um cadastro atualizado e completo de fornecedores e com cotações de preços feitas semestral-
mente, muitos problemas serão evitados.
É possível desenvolver um controle eletrônico para cadastro de fornecedores, no qual devem constar itens básicos e outros específi-
cos, de acordo com as necessidades do negócio.

Tipos ou modalidades de compras


Toda e qualquer ação de compra é precedida por um desejo de consumir algo ou investir.
Didaticamente, há autores que dividem as compras de acordo com seus tipos, ou modalidades. Não se tratam de modalidades de
licitação, mas sim da “categoria”, em que é possível classificar uma determinada requisição de compras recebida pelo órgão responsável
por executá-la.

O quadro a seguir sintetiza as principais modalidades de compras:

MODALIDADES DE COMPRAS
De acordo com o item comprado
Aquisição de bens patrimoniais (equipamentos, instalações etc.), que irão compor o ativo imobilizado da
Compra para investimento
empresa.
Aquisição de matérias-primas e produtos intermediários (= materiais produtivos) ou materiais auxiliares
Compra para consumo
(= materiais improdutivos).
De acordo com o local de origem do fornecedor
Compra local O fornecedor é do mesmo país do comprador.
Compra por importação Comprador e fornecedor são de países distintos. Nesse caso, há maior exigência burocrática.

392
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

MODALIDADES DE COMPRAS
De acordo com a formalização das compras
São compras que exigem documentos que comprovem a instrução do processo de compra
Compras formais
(orçamentos, editais, notas fiscais, contratos etc.)
São compras de pequeno valor, que dispensam maiores trâmites burocráticos.
No setor público, há exigência de menor formalidade nas compras por suprimento de fundos,
Compras informais
dado seu baixo vulto (valor). No entanto, não há de se falar em informalidade em órgãos públi-
cos.
De acordo com a necessidade de entrega do item
São compras que antecedem a necessidade efetiva de consumo, cujos itens irão compor o
Compras antecipadas estoque da organização.
Essas compras carecem de planejamento prévio do gestor de estoques.
Compras parceladas (ou contrata- São compras formalizadas por meio de contratos que preveem a entrega dos itens de material
das) parcelada mente, ou em determinada época desejada.
São compras urgentes, originárias de uma necessidade não prevista com a devida antecedência.
Compras emergenciais São prejudiciais à empresa, dado que o caráter de emergência reduz o poder de negociação
com o fornecedor (há menos tempo para fazer a pesquisa de mercado, por exemplo).
De acordo com o ineditismo ou a recorrência da compra
São compras inéditas, não realizadas anteriormente pela organização. Quanto maior o custo/
Compra nova risco e menor as informações disponíveis no mercado, maior o tempo inerente à tomada de
decisão da compra.
São compras rotineiras, realizadas usualmente pela organização, nas quais as variáveis envolvi-
Recompra direta
das são conhecidas, e que a avaliação de alternativas é considerada desnecessária.
São compras rotineiras, mas que sofrem alterações nas especificações, nos termos de compra,
nos potenciais fornecedores ou em qualquer outra variável envolvida, o que exige uma reava-
Recompra modificada
liação da situação, e nova tomada de decisão. Pode ser simples (poucas variáveis envolvidas) ou
complexa.

Fonte: Renato Fenili, 2014.

Sequência Lógica De Compras - Etapas Do Processo


Para se comprar bem é preciso conhecer as respostas de cinco perguntas, as quais irão compor a lógica de toda e qualquer compra:

O que comprar?
R. – Especificação / Descrição do Material

Esta pergunta deve ser respondida pelo requisitante, que pode ou não ser apoiado por áreas técnicas ou mesmo compra para espe-
cificar o material. Antes de se iniciar uma especificação, é importante ter em mente, de forma clara: O QUÊ se quer comprar, PARA QUE
servirá esse produto e QUEM fará uso dele; Depois de definido o produto, sua utilidade e o usuário, o segundo passo é procurar conhecer
bem o produto.
a) Custo-benefício - Conhecido bem o produto, atinge-se a fase mais difícil da especificação: a melhor relação custo-benefício. Uma
boa especificação não deve prever apenas as características dos materiais e o custo da compra, mas deve ser também uma forma de fazer
com que o dinheiro gasto na compra renda mais. Essa difícil tarefa de estabelecer critérios na especificação capazes de favorecer a quali-
dade e o uso adequado do produto - sem, no entanto, encarecê-lo ou suprimir características julgadas supérfluas - é a aplicação prática da
RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO. Nem sempre o mais barato é ruim, como também nem sempre o mais caro é o melhor.
b) Utilização - Quem especifica deve conhecer como se utiliza o produto que será comprado. Ajudado pelos usuários finais e pelos
responsáveis pelo recebimento, o “especificador “ fará constar da especificação as qualidades necessárias para correta utilização e os de-
feitos que, se presentes, causarão a recusa do produto. Não é possível fazer uma boa especificação sem se manter contato com os outros
setores de compras.

Quanto e Quando comprar?


R.- É função direta da expectativa de consumo, disponibilidade financeira, capacidade de armazenamento e prazo de entrega.
A maior parte das variáveis acima deve ser determinada pelo órgão de material ou suprimento no setor denominado gestão de esto-
ques.

393
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

A disponibilidade financeira deve ser determinada pelo orçamento financeiro da Empresa. A capacidade de armazenamento é limitada
pela própria condição física da Empresa.

Onde comprar?
R.- Cadastro de Fornecedores.

É de responsabilidade do órgão de compras criar e manter um cadastro confiável (qualitativamente) e numericamente adequado
(quantitativa). Como suporte alimentador do cadastro de fornecedores deve figurar o usuário de material ou equipamentos e logicamente
os próprios compradores.

Como comprar?
R.- Normas ou Manual de Compras da Empresa.

Estas Normas deverão retratar praticamente a política de compras na qual se fundamenta a Empresa. Originadas e definidas pela
cúpula Administrativa deverão mostrar entre outras, competência para comprar, contratação de serviços, tipos de compras, fórmulas para
reajustes de preços, formulários e rotinas de compras, etc.

Outros Fatores
Além das respostas as perguntas básicas o comprador deve procurar, através da sua experiência e conhecimento, sentir em cada com-
pra qual fator que a influência mais, a fim de que possa ponderar melhor o seu julgamento.
Os fatores de maior influência na compra são: Preço; Prazo; Qualidade; Prazos de Pagamento; Assistência Técnica.

Centralização das compras


Em quase todas as empresas mantém-se um departamento separado para compras. A razão que as leve a proceder assim diz respeito
a custos e padronização, assim sendo, somente alguns materiais são delegados a aquisição, e estes são aqueles de uso mais insignificante,
em termos de custos, para a empresa, e que por essa razão não sofrem maiores controles.

A empresa que atua em diversos locais distintos não necessariamente deve centralizar compras em um único local, neste caso proce-
de-se uma análise e se a mesma for favorável deve-se regionalizar as compras visando um atendimento mais rápido e um custo menor de
transporte.

O quadro abaixo apresenta as principais vantagens dessas duas estruturas:

VANTAGENS DAS ESTRUTURAS DE COMPRAS


CENTRALIZAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO
• Obtenção de maior economia de escala. • Resposta mais rápida e ágil às solicitações de compra.
• Possibilita melhor controle global do processo de compras e • Maior flexibilidade na negociação com fornecedores regionais.
dos estoques. • Maior autonomia funcional das unidades administrativas-regionais.
• Reduz o custo de pedido (menor número de pedidos e
redução do quadro de pessoal).
• Evita a disparidade de preços de aquisição de um mesmo
material por distintos compradores (o que poderia suscitar
uma competição danosa entre eles).

Fonte: Renato Fenili, 2014

Cotação (Pesquisa) De Preços


O departamento de compras com base nas solicitações de mercadorias efetua a cotação dos produtos requisitados.
Após efetuadas as cotações o órgão competente analisa qual a proposta mais vantajosa levando em consideração os seguintes itens:
a) prazo de pagamento;
b) valor das parcelas;

Para análise, utilizamos a seguinte fórmula:


VA = VF
(n + i)
VA = Valor atual do produto
VF = Valor futuro do produto
i = Taxa de juros
n = prazo de pagamento

394
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

O Pedido De Compra Cadastro de Fornecedores


Após término da fase de cotação de preços dos materiais e É o órgão responsável pela qualificação, avaliação e desempe-
análise da melhor proposta para fornecimento, o setor de compras nho de fornecedores de materiais e serviços. São atribuições do ca-
emite o pedido de compras para a empresa escolhida. Esse pedido dastro de fornecedores:
deverá ter com clareza a descrição do material a ser comprado, bem - Qualificar e avaliar o desempenho dos fornecedores de ma-
como as descrições técnicas, para que não ocorram as frequentes teriais e serviços;
dúvidas que comumente acontecem. - Acompanhar a evolução do mercado;
Preferencialmente o pedido deverá ser emitido em 3 vias, sen- - Subsidiar as informações e tarefas do comprador;
do a 1ª e 2ª vias enviadas ao fornecedor, o qual colocará ciente na - Efetuar a manutenção dos dados cadastrais;
2ª via e a devolverá, que passará a ter força de contrato, funcionan- - Pontuar cada fornecedor com méritos e deméritos durante as
do como um “instrumento particular de compromisso de compra e fases de consulta e fornecimento.
venda”. A 3ª via funciona como follow up do pedido.
As premissas do cadastro de fornecedores são:
- Preço; qualidade; e prazo.
CADASTRO DE FORNECEDORES.
Essas premissas determinam a atuação do setor:
Compras e Desenvolvimento de Fornecedores - Ter registrado fornecedores cujos produtos ou serviços pos-
A atividade de compras é realizada no lado do suprimento da sam ser de interesse efetivo ou potencial da empresa;
empresa, estabelecendo contratos com fornecedores para adquirir - Garantir um plantel de fornecedores com padrão acima do
materiais e serviços, ligados ou não à atividade principal. mínimo necessário;
Os gestores de compras fazem uma ligação vital entre a empre- - Despertar o interesse do fornecedor em manter
sa e seus fornecedores. Para serem eficazes, precisam compreender - Se atualizado perante as metas da empresa;
tanto as necessidades de todos os processos da empresa, como as - Antecipar-se às necessidades de aquisição da empresa.
capacitações dos fornecedores que podem fornecer produtos e ser-
viços para a organização. Critérios de cadastramento: A quantidade de empresas manti-
A compra interfere diretamente nas vendas. A qualidade, quan- das no cadastro varia em função do número e da diversidade dos
tidade, preço e prazo dos produtos fabricados numa indústria de- materiais consumidos. Esse número não deve ser tão reduzido e
pendem muito das condições em que foram adquiridos os insumos nem tão elevado, mantendo uma quantidade equilibrada.
e as matérias-primas.
No comércio, as compras de mercadorias realizadas em melho- a) Critérios políticos: são definidos pela administração da em-
res condições proporcionam vendas mais rápidas, e possivelmente, presa, tendo como fatores: estabelecimento de prioridades para
com maior margem de lucro. cadastramento de empresas da região ou do Estado, prioridade nas
A gestão de compras é tida como um fator estratégico nos ne- consultas a empresas de pequeno a médio porte etc.
gócios. Comprar significa procurar, adquirir e receber mercadorias
e insumos necessários à manutenção, funcionamento e expansão b) Critérios técnicos: envolvem as carências de abastecimento,
da empresa. na procura de desenvolvimento de novas alternativas de forneci-
Não é tão fácil definir quais os fornecedores que apresentam mento.
todas as condições necessárias, por esse motivo é preciso verificar
as seguintes condições: c) Critérios legais: aplicados exclusivamente às empresas esta-
- Se o preço de aquisição é justo e oferece condições de marcar tais, autárquicas e do serviço público.
um preço de venda que permita concorrer no mercado e, ao mes-
mo tempo, obter uma boa margem de lucro; Os fatores de decisão para inclusão de fornecedores funda-
- Se a qualidade dos produtos oferecidos tem a perfeição do mentam-se:
acabamento exigida pelo consumidor; - Na estabilidade econômico-financeira;
- Se a quantidade oferecida é suficiente para as necessidades - Na idoneidade comercial;
de produção e vendas de um determinado período; - Na capacidade produtiva;
- Se os prazos de entrega satisfazem as programações de ven- - Na capacidade técnica;
das da empresa; - Na tradição no mercado.
- Se os prazos de pagamento cobrem os prazos médios de ven-
das e não comprometem o capital de giro próprio. Os critérios para cadastramento envolvem duas fases distintas:
a) Fase Inicial - Análise Preliminar;
Toda empresa deve possuir um bom cadastro, onde são regis- b) Fase Final - Análise Complementar.
tradas as informações necessárias sobre os fornecedores (endere-
ço, número do CNPJ, número da inscrição, objetivos sociais, pessoas a) Fase Inicial - Análise Preliminar: consiste na análise sumária e
para contato, linhas de produtos ou mercadorias, prazo médio de rápida dos documentos preliminares apresentados pelo interessado
entrega, condições de pagamento, política de descontos etc.). no cadastramento. Para tanto, os interessados devem apresentar:
a. Ato constitutivo da empresa, estatutos ou contrato social e
alterações;
b. Atestados de capacidade técnica e/ou de fornecimento a ou-
tras empresas de ramo e porte equivalente;

395
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

c. Atestados de capacidade e idoneidade financeira; a) Desempenho comercial


d. Cópias dos dois últimos balanços; e. linha de produtos e/ou São os seguintes aspectos:
serviços oferecidos. Com esses documentos a empresa compradora - Coleta de preços: número de respostas às consultas e obedi-
poderá realizar as seguintes análises: ência as condições gerais de fornecimento.
a1) Análise social: verifica-se seu objetivo, capital e composição - Cumprimento das condições contratuais: condições de paga-
acionária. Com isso procura-se evitar o cadastro de empresas que mento, reajustes de preços, preços propostos e ética comercial.
em cuja composição acionária constem funcionários da empresa
que está cadastrando; sócio e ex-sócio de empresas excluídas do b) Cumprimento dos prazos de entrega
cadastro por falta grave; sócio de empresa já cadastrada para a O fornecedor é avaliado quanto a:
mesma linha de materiais etc. - Cumprimento dos prazos de entrega;
a2) Análise econômico-financeira: é constatada por meio de - Presteza no atendimento de emergências.
balanços, referências bancárias e cartas de crédito, cadastrando
apenas empresas tidas como solventes. c) Qualidade do produto
a3) Análise técnica preliminar: é realizada com base nos atesta- O fornecedor é avaliado por meio da quantidade de devoluções
dos de capacidade técnica e na relação de equipamentos, visando efetuadas.
constatar a tradição comercial da empresa, o interesse nos mate-
riais e serviços oferecidos, a necessidade ou não de visita técnica, a d) Desempenho do produto em serviço
qualificação de produtos ou testes de materiais. O fornecedor é avaliado por meio das ocorrências de desempe-
nho insatisfatório no serviço.
b) Fase Final - Análise Complementar: Procede-se à análise
complementar para as empresas aprovadas na fase preliminar, de- Modalidades de Compras
finindo ou não o registro. De Emergência: É aquela que se realiza às pressas. Acontece
b1) Análise jurídica É realizada utilizando-se as certidões positi- quando a empresa não faz planejamento das compras.
vas dos cartórios de feitos executivos, certidões negativas de falên- Especulativa: É realizada, antes de se apresentar a necessidade.
cia ou concordata e inscrições fiscais de âmbito federal, estadual e Destina-se a especular com uma possível alta de preços.
municipal. Antecipada: É realizada, a fim de atender às reais necessida-
b2) Análise técnica conclusiva des da loja para determinado período. Exige rigorosa previsão das
Sendo necessária, realiza-se a visita técnica, em companhia de vendas.
especialistas no campo envolvido, por meio da qual obtêm-se os Contratada: É aquela que prevê a entrega dos pedidos em épo-
seguintes elementos para avaliação: cas pré-determinadas.
a. Recursos Humanos: quantidade, qualidade e especialização; Reposição: É aquela para adquirir mercadorias com comporta-
b. Recursos Materiais: maquinário, ferramental e instalações; mento estável das vendas. Exemplo: produtos de higiene, limpeza e
c. Organização: programação, controle da produção, segurança outros que registram comportamento de vendas equilibrado.
e layout;
d. Produção: capacidade, flexibilidade e diversificação;
e. Controle de qualidade: recebimento, produção e produto. COMPRAS NO SETOR PÚBLICO. EDITAL DE LICITAÇÃO

Aprovação de Cadastro A gestão de compras assume papel verdadeiramente estraté-


Depois de coletar os dados dos fornecedores a empresa deve gico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, princi-
efetuar a análise do conceito técnico do fornecedor: palmente financeiros, quebra-se então uma visão preconceituosa
- Deficiente - não deverá obter registro; de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de
- Regular - poderá vir a ser registrada; despesas e não um centro de lucros.
- Bom e excelente - deverão ser cadastradas. A função é muito mais ampla e, se realizada com eficiência, en-
volve todos os departamentos da empresa. Obter o material certo,
Seleção de Fornecedores nas quantidades certas, com a entrega correta (tempo e lugar), da
São os seguintes os critérios de seleção: fonte correta e no preço certo são todas as funções de compras.
- O fornecedor da última compra deve sempre ser indicado; O departamento de compras tem a responsabilidade principal
- Não indicar fornecedores com atrasos na entrega; de localizar fontes adequadas de suprimentos e de negociar preços.
- Evitar consultas em grupos reduzidos de fornecedores; O insumo vindo de outros departamentos é necessário para a busca
- Priorizar as consultas aos fabricantes; e a avaliação das fontes de suprimento, auxiliando também o de-
- Evitar a consulta a fornecedores com baixo índice de cotação. partamento de compras na negociação dos preços. Comprar, nesse
sentido amplo, é responsabilidade de todos.
Avaliação de Fornecedores Segundo Arnold “essa função é responsável pelo estabeleci-
Os fornecedores devem ser constantemente e sistematicamen- mento do fluxo dos materiais na firma, pelo segmento junto ao for-
te avaliados por meio dos seguintes critérios: necedor, e pela agilização da entrega.”.
a) Desempenho comercial; A função compras é vista hoje como uma parte do processo
b) Cumprimento de prazos de entrega; de logística das empresas, ou seja, parte integrante da cadeia de
c) Qualidade do produto; suprimentos (suplly chain).
d) Desempenho do produto em serviço.

396
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Sua influência é de caráter direto nos processos produtivos em uma empresa, os prazos devem ser cumpridos de maneira rígida tanto
na entrada como na saída de insumos, pois poderão gerar sérios problemas dentro do ciclo, em especial nos departamentos de produção
e vendas.
Esta função pode ser dividida em quatro categorias:
- Obter mercadorias e serviços na quantidade e com qualidade necessárias.
- Obter mercadorias e serviços ao menos custo.
- Garantir o melhor serviço possível e pronta entrega por parte do fornecedor
- Desenvolver e manter boas relações com fornecedores.
Para alcançar tais objetivos, devem ser desempenhadas certas funções básicas:
- Tempo e lugar (especificações de compra).
- Fonte certa (fornecedores).
- Negociar condições de compra.
- Administrar pedido de compra.

Diante ao exposto, tais argumentos servirão para dar continuidade ao ciclo produtivo, tendo em vista que dentro desta pasta, os cri-
térios adotados deverão ser de suma importância para a administração em si na busca de aumento de lucros dentro menor custo possível.

O Setor de Compras ocupa papel de destaque na Cadeia de Suprimentos das organizações.


Segundo Martins et al. (2006, p. 81):
A função de compras assume papel verdadeiramente estratégico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, principalmente
financeiros envolvidos, deixando cada vez mais a visão preconceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de
despesas e não um centro de lucros.

Nas empresas estatais e autárquicas, como também no serviço público em geral, o processo de compras obedece uma série de requi-
sitos, conforme estabelece a Lei nº. 8.666, de 21-6-1993, alterada pela Lei nº. 8.883, de 8-6-1994, motivo pelo qual se tornam totalmente
transparentes.
Sabemos que há várias diferenças entre o processo de compra no sistema privado e no sistema público, mas destacamos como prin-
cipal:
Compras na Administração Pública – FORMALIDADE
Compras na Administração Privada – INFORMALIDADE

De acordo com o Art. 14 da Lei da Licitação, dois princípios preliminares devem ser seguidos:
1 - A definição precisa do seu objeto;
2 - A existência de recursos orçamentários que garantam o pagamento resultante.

A seguir, as condições necessárias para validar o processo de compras públicas:


1. Avaliar a necessidade (planejamento);
2. Definir o quanto adquirir;
3. Verificar as condições de guarda e armazenamento;
4. Buscar atender o princípio da padronização;
5. Obter as informações técnicas quando necessárias;
6. Proceder a pesquisas de mercado;
7. Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua dispensa / inexigibilidade;
8.Indicar (empenho) os recursos orçamentários.

O principal elemento que justifica o processo licitatório para realização de compras no setor público é a TRANSPARÊNCIA que este
representa.

Portanto, conceituando temos que:


Licitação é o procedimento administrativo pelo qual uma pessoa governamental pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, realizar
obras ou serviços, segundo condições por ela estipuladas previamente, convoca interessados na apresentação de propostas, a fim de sele-
cionar a que se revele mais conveniente em função de parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este procedimento visa
garantir duplo objetivo: de um, lado proporcionar às entidades governamentais possibilidade de realizarem o negócio mais vantajoso; de
outro, assegurar aos administrados ensejo de disputarem entre si a participação nos negócios que as pessoas administrativas entendam
de realizar com os particulares.

397
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM. ENTRADA. CONFERÊNCIA. CRITÉRIOS E TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM

O recebimento de materiais é a etapa inicial do processo de armazenagem, as atividades de recebimento abrangem desde a recepção
do material na entrega pelo fornecedor, até a entrada nos estoques. A função de recebimento é parte de um sistema integrado com as
áreas de contabilidade, compras e transportes, ou seja, ele é caracterizado como uma interconexão entre o atendimento do pedido pelo
fornecedor e os estoques físico e contábil da organização.

As atribuições básicas do Recebimento de Materiais são:


- Liberar o material para estoque no almoxarifado;
- Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso;
- Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos materiais recebidos;
- Analisar a documentação recebida, verificando se a compra está autorizada;
- Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devolução de materiais;
- Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da liberação de pagamento ao fornecedor;
- Controlar os volumes declarados na Nota Fiscal (NF) e no Manifesto de Transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos; e
- Proceder a conferência visual, verificando as condições de embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se for o
caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos documentos.

Etapas do Recebimento

O recebimento de materiais é composto por 4 etapas, as quais abrangem uma série de funções e princípios, que serão especificados
a seguir:

Recebimento Provisório 1. Entrada de Materiais


2. Conferencia Quantitativa
Etapas intermediarias
3. Conferencia Qualitativa
Regularização 4. Regularização

1. Entrada de Materiais
É o recebimento provisório, a recepção dos veículos transportadores de materiais é efetuada na portaria da organização, e logo após
encaminha-se esses veículos para a área de descarga da empresa, essa etapa representa o início do processo de recebimento e tem os
seguintes objetivos:
- Triagem da documentação do recebimento;
- Constatação se a compra (objeto da NF em análise), está autorizada pela empresa;
- Verificação se a compra está no prazo de entrega combinado;
- Constatar se o N° do documento de compra consta na NF;
- Cadastrar no sistema da empresa as informações referentes a compras.

Recomendações para a realização dessa etapa:


- A descarga é a retirada das mercadorias do veículo transportador, dessa maneira, deve-se estabelecer uma rotina de solicitação
prévia de reserva de praça junto aos clientes para evitar congestionamentos, filas de espera ou problemas decorrentes de falta de espaço.
- As compras não autorizadas ou em desacordo com a programação de entrega devem ser recusadas, transcrevendo-se os motivos no
verso da NF. Outro documento que serve para as operações de análise de avarias e conferência de volumes é o “Conhecimento de Trans-
porte Rodoviário de Carga”, que é emitido quando o recebimento da mercadoria a ser transportada é efetuado.
- As divergências e irregularidades insanáveis constatadas em relação às condições de contrato devem motivar a recusa do recebimen-
to, anotando-se no verso da 1ª via da NF as circunstâncias que motivaram a recusa, bem como nos documentos do transportador. O exame
para constatação das avarias é feito através da análise da disposição das cargas, da observação das embalagens, quanto a evidências de
quebras, umidade e amassados e etc.
- Os materiais que passaram por essa primeira etapa devem ser encaminhados ao almoxarifado, para efeito de descarga do material no
depósito, a recepção é voltada para a conferência de volumes, confrontando-se a NF com os respectivos registros e controles de compra.
- Para a descarga do veículo transportador é necessária a utilização de equipamentos especiais, quais sejam: paleteiras, talhas, empi-
lhadeiras e pontes rolantes.

398
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

- O cadastramento dos dados necessários ao registro do recebimento do material compreende a atualização dos seguintes sistemas:

Sistema de Administração de Materiais e Ges-


Dados necessários à entrada dos materiais em estoque, visando ao seu controle.
tão de Estoques
Dados referentes à liberação de pendências com fornecedores, dados necessários à
Sistema de Contas a pagar
atualização da posição de fornecedores.
Sistema de Compras Dados necessários à atualização de saldos e baixa dos processos de compras.

2. Conferência Quantitativa
É a atividade que verifica se a quantidade declarada pelo fornecedor na NF corresponde efetivamente à quantidade de materiais re-
cebida pela organização. Dependendo da natureza dos materiais envolvidos, estes podem ser contados utilizando os seguintes métodos:

a) Manual: para o caso de pequenas quantidades de materiais;


b) Cálculos: para o caso que envolvem embalagens padronizadas com grandes quantidades;
c) Balanças contadoras/pesadoras: para casos que envolvem grande quantidade de pequenas peças como parafusos, porcas, pregos,
arruelas e etc.;
d) Pesagem: para materiais de maior peso ou volume, a pesagem pode ser feita por meio de balanças rodoviárias ou ferroviárias (são
os casos de materiais como areia e pedra);
c) Medição: em geral as medições são feitas por meio de trenas;

3. Conferência Qualitativa
Essa conferência visa garantir a adequação do material ao fim que se destina, ou seja, a análise de qualidade efetuada pela inspeção
técnica, por meio da confrontação das condições contratadas na Autorização de Fornecimento com as registradas na NF pelo fornecedor,
essa atividade visa garantir o recebimento adequado do material contratado pelo exame dos seguintes itens:
1. Características dimensionais;
2. Características específicas;
3. Restrições de especificação.

Inspeção de Materiais
A inspeção de materiais está presente na etapa de conferencia qualitativa, e possui algumas Modalidades, que dependendo dos tipos
de materiais que são adquiridos, são selecionadas as seguintes:
a) Acompanhamento durante a fabricação: torna-se conveniente acompanhar in loco13 todas as fases de produção, por questão de
segurança operacional;
b) Inspeção do produto acabado no fornecedor: por interesse do comprador, a inspeção do produto acabado será feita em cada for-
necedor;
c) Inspeção por ocasião do fornecimento: a inspeção será feita por ocasião dos respectivos recebimentos.

1Documentos Utilizados no Processo de Inspeção


- Especificação de compra do material e alternativas aprovadas;
- Desenhos e catálogos técnicos;
- Padrão de inspeção, instrumento que norteia os parâmetros que o inspetor deve seguir para auxiliá-lo a decidir pela recusa ou acei-
tação do material.

Seleção dos Tipos de Inspeção


A depender da quantidade, a inspeção pode ser total ou por amostragem, utilizando-se de conceitos estatísticos
Essa análise tem por finalidade verificar o acabamento do material, possíveis defeitos, danos à pintura, amas-
Análise Visual
samentos, quebras e etc.
Essa análise tem por objetivo verificar as dimensões dos materiais, tais como largura, comprimento, altura,
Análise Dimensional
espessura, diâmetros, e etc.
Os ensaios específicos para materiais mecânicos e elétricos comprovam a qualidade, a resistência mecânica,
Ensaios
o balanceamento e o desempenho de materiais e/ou equipamentos.
Os testes não destrutivos de ultrassom, radiografia, líquido penetrante, dureza, rugosidade, hidráulicos,
Testes não destrutivos
pneumáticos também podem ser realizados a depender do tipo de material.

13 É uma locução adverbial, que significa no próprio local; in situ.

399
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

4. Regularização
Essa etapa caracteriza-se pelo controle do processo de recebimento, pela confirmação da conferência qualitativa e quantitativa, res-
pectivamente por meio do laudo de inspeção técnica e pela confrontação das quantidades conferidas versus faturadas.
O processo de Regularização poderá dar origem a uma das seguintes situações:
- Liberação de pagamento ao fornecedor (material recebido sem ressalvas);
- Liberação parcial de pagamento ao fornecedor;
- Devolução de material ao fornecedor;
- Reclamação de falta ao fornecedor;
- Entrada do material no estoque.

Documentos envolvidos na Regularização: os procedimentos de Regularização, visando à confrontação dos dados, objetivando recon-
tagem e aceite ou não de quantidades remetidas em excesso pelo fornecedor, envolvem os seguintes documentos:
- Nota Fiscal;
- Conhecimento de transporte rodoviário de carga;
- Documento de contagem efetuada;
- Relatório técnico da inspeção;
- Especificação de compra;
- Catálogos técnicos;
- Desenhos.

Devolução ao Fornecedor: o material em excesso ou com defeito será devolvido ao Fornecedor, dentro de um prazo de 10 dias a con-
tar da data do recebimento, acompanhado da NF de Devolução, emitida pela empresa compradora.

Manuseio: é a execução de um conjunto de métodos e técnicas recomendadas visando à movimentação e o manejo correto e seguro
de materiais, desde o recebimento até às áreas de estocagem e quando de sua separação para distribuição às outras Unidades Armaze-
nadoras de Materiais ou Unidades Consumidoras e que envolvem trabalhadores, equipamentos e utensílios, manuais e motorizados, bus-
cando agilidade, redução de custos e tempos, segurança patrimonial e física dos trabalhadores, com a eliminação de acidentes e perdas.

ARMAZENAGEM DE MATERIAIS
A armazenagem é a gestão do espaço necessário para manter os estoques, esse espaço é denominado “almoxarifado”. Segundo Feni-
li14, o almoxarifado é um local destinado a guarda e a conservação dos itens de material em estoque em uma determinada organização, e
o profissional encarregado de um almoxarifado é denominado almoxarife15.
Ainda de acordo com o autor, a armazenagem de materiais pode ser compreendida como a atividade de planejamento e organização
das operações destinadas a manter e abrigar adequadamente os materiais no almoxarifado, mantendo-os em condições de uso até o mo-
mento de sua demanda efetiva pela organização.16
O planejamento dos almoxarifados inclui: localização, dimensionamento de área, arranjo físico, baias de atracação, equipamentos
para movimentação, tipo e sistemas de armazenagem, de sistemas informatizados para localização de estoques e mão de obra disponível.

O funcionamento adequado do almoxarifado exige que o mesmo disponha de um sistema rápido para transferência da carga, imobi-
lizando o veículo durante o menor tempo possível, portanto a armazenagem nada mais é do que um conjunto de funções que tem nele a
recepção, descarga, carregamento, arrumação e conservação dos materiais, matérias-primas, produtos acabados ou semiacabados.
Este processo envolve mercadorias, e apenas produz resultados quando é realizado uma operação com o objetivo de lhe acrescentar
valor, a armazenagem, no entanto pode ser definida como o compromisso entre os custos e a melhor solução para as empresas. Na prática
isso só é possível se tiver em conta todos os fatores que influenciam os custos de armazenagem, bem como a importância relativa dos
mesmos.
O conceito de armazenagem se relaciona com o processo de guarda e movimentação dos materiais em uma instalação, ao passo que
estocagem está diretamente ligada a colocação dos materiais em um local dessa instalação.

Vantagens e Desvantagens da Armazenagem

Vantagens
As vantagens da armazenagem consistem em:
- Melhor aproveitamento do espaço físico;
- Menor índice de perda por avaria
- Melhoria dos índices de avaliação do inventário; e
- Mais facilidade na movimentação dos materiais, determinando redução dos custos do armazém e melhorando a eficiência no aten-
dimento aos clientes.
Além dessas vantagens a armazenagem visa facilitar o acesso aos itens do almoxarifado, proteger e abrigar os materiais, e facilitar a
movimentação interna do depósito. Dessa forma, durante a produção, ela movimenta e controla os estoques de produtos em processo,
armazenando os produtos acabados em tempo hábil, o que exige velocidade e flexibilidade operacional para atender o cliente final. Assim,
uma importante vantagem trazida é atender devidamente o cliente, quando a armazenagem é bem realizada.

14 FELINI, R. Administração de recursos materiais e patrimoniais para concursos: abordagem completa (Teoria e Questões), 3° ed, RJ; 2014.
15 A título de curiosidade, a etimologia da palavra almoxarife é originaria do idioma árabe “al muxarif”, que significa ilustre, nobre, intendente, honrado.
16 FELINI, R. Administração de recursos materiais e patrimoniais para concursos: abordagem completa (Teoria e Questões), 3° ed, RJ; 2014.

400
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Desvantagens
As desvantagens estão no capital aplicado, nos custos administrativos, nos sistemas logísticos das empresas, a armazenagem é uma
das funções que mais agrega valor à gestão da cadeia de suprimentos, porque conta com um sistema de armazenagem racional de maté-
rias-primas e produtos.

Um aspecto importante é que a Armazenagem por frequência implica em armazenar tão próximo quanto possível da saída dos mate-
riais que tenham maior frequência de movimento, facilitando assim as atividades que compõem a armazenagem.

Objetivos da Armazenagem
Segundo Viana17, uma armazenagem tem como objetivo principal a minimização dos custos que ela traz para a organização, e além
deste, temos os seguintes objetivos:
- Prover acesso facilitado a todos os itens de material;
- Prover proteção aos itens estocados, de forma que sua manipulação não incorra em danos;
- Prover um ambiente cujas características não afetem a qualidade e a integridade dos itens estocados;
- Apresentar um arranjo físico que possibilite o uso eficiente de mão de obra e de equipamentos.
- Maximizar a utilização dos espaços, ou utilizar eles nas três dimensões, da maneira mais eficiente possível;

As atividades que compõem a armazenagem são:


- Recebimento: é o conjunto de operações que envolvem a identificação do material recebido, analisar documento fiscal com o pedi-
do, a inspeção do material e a sua aceitação formal.
- Estocagem: é o conjunto de operações relacionadas à guarda do material. A classificação dos estoques constitui-se em: estoque de
produtos em processo, estoque de matéria-prima e materiais auxiliares, estoque operacional, estoque de produtos acabados e estoques
de materiais administrativos.
- Distribuição: está relacionada à expedição do material, que envolve a acumulação do que foi recebido da parte de estocagem, a
embalagem que deve ser adequada e assim a entrega ao seu destino final, nessa atividade normalmente precisa-se de nota fiscal de saída
para que haja controle do estoque.

Tipos de Armazenagem
Existem dois tipos de armazenagem, que são a temporária e a permanente.
- Armazenagem Temporária: tem como função conseguir uma forma de arrumação fácil de material, como por exemplo a colocação
de estrados para uma armazenagem direta entre outros.
- Armazenagem Permanente: tem um local pré-definido para o depósito de materiais, assim o fluxo do material determina a disposi-
ção do armazém, onde os acessórios do armazém ficarão, assim, garantindo a organização do mesmo.

Na definição do local adequado para o armazenamento deve-se considerar:


- Volume das mercadorias / espaço disponível;
- Resistência / tipo das mercadorias (itens de fino acabamento);
- Número de itens; -Temperatura, umidade, incidência de sol, chuva, etc;
- Manutenção das embalagens originais / tipos de embalagens;
- Velocidade necessária no atendimento.

Critérios e Técnicas de Armazenagem


Segundo Viana18, a armazenagem por ser categorizada em dois grupos, que são a armazenagem simples, e a complexa.
- Armazenagem Simples: envolve os materiais que por suas características físicas ou químicas, não demandam cuidados adicionais,
do gestor de almoxarifados.
- Armazenagem Complexa: ao contrário da anterior, essa armazenagem é inerente a materiais que carecem de medidas especiais em
sua guarda. Os aspectos físicos ou químicos dos materiais que justificam uma armazenagem complexa podem ser assim listados:

Materiais de Armazenagem Complexa


ASPECTOS FÍSICOS ASPECTOS QUÍMICOS
- Inflamabilidade ou Combustibilidade
- Explosividade
- Fragilidade
- Volatilização
- Volume
- Oxidação
- Peso
- Potencial de intoxicação
- Forma
- Radiação
- Perecibilidade

17 VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2000.


18 VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2000.

401
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Alguns outros critérios e técnicas de armazenagem são: Em caso de derrames ou vazamentos:


- Armazenagem por agrupamento: materiais de características - Absorver o produto derramado ou que tenha vazado, com
semelhantes são juntamente agrupados. material absorvente/neutralizante, conforme conste da ficha de
- Armazenagem por tamanho/peso/volume: materiais com ta- segurança. Em caso de dúvida, contatar o fabricante do produto;
manhos/pesos/volumes significativos são armazenados próximos - Isolar a área contaminada;
uns dos outros. - Não utilizar água para lavagem e/ou limpeza;
- Armazenagem por frequência: materiais mais solicitados, isto - No caso de produto sólido, varrer com cuidado, procurando
é, aqueles que têm uma maior frequência de movimento, são agru- gerar o mínimo possível de poeira.
pados. - Suspender todas as operações.
- Armazenagem Especial: critério que diz respeito à natureza
especial do material, armazenagem complexa, e aos cuidados ne- Equipamentos para facilitar a Armazenagem:
cessários no seu armazenamento e manuseio. A evolução tecnológica, como não poderia deixar de ser, es-
tendeu seus múltiplos benefícios à área de armazenagem, tanto
Recomendações para a armazenagem, quanto à organização e pela introdução de novos métodos de racionalização e dos fluxos
o local de armazenamento: de distribuição de produtos, como pela adequação de instalações e
- Deve estar sempre limpo; equipamentos para movimentação física de cargas.
- Estabelecer um esquema de armazenamento; Como já mencionado anteriormente, o objetivo primordial do
- Proteger os materiais do calor excessivo e da luz do sol; armazenamento é utilizar o espaço nas três dimensões, e da manei-
- Os materiais devem estar sempre organizados por grupo; ra mais eficiente possível. As instalações do armazém devem pro-
- Os materiais não podem ficar em contato direto com o chão; porcionar a movimentação rápida e fácil de suprimentos desde o
- Os Materiais em pó devem ser acomodados em cima dos ma- recebimento até a expedição.
teriais em líquido; Assim, alguns cuidados essenciais devem ser observados:
- Os Materiais mais pesados devem ser acomodados na parte a. Determinação do local, em recinto coberto ou não;
inferior da prateleira; b. Definição adequada do layout;
- Isolado de agentes físicos e químicos, que possam prejudicar c. Definição de uma política de preservação, com embalagens
os produtos armazenados; plenamente convenientes aos materiais;
- Isolado de locais onde se conservem ou consumam alimentos, d. Ordem, arrumação e limpeza, de forma constante;
bebidas, medicamentos, etc; e. Segurança patrimonial, contra furtos, incêndio etc.
- É necessário evitar que pessoas não autorizadas, e especial-
mente crianças, tenham acesso. Para entrar no almoxarifado, toda e Ao se otimizar a armazenagem, obtém-se:
qualquer pessoa, funcionário ou visitante, deve estar devidamente a. Máxima utilização do espaço (ocupação do espaço);
identificado. b. Efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão-de-obra e
equipamentos);
Princípios das Técnicas de Armazenagem c. Pronto acesso a todos os itens (seletividade);
d. Máxima proteção aos itens estocados;
As técnicas de armazenagem são compostas por 3 princípios: e. Boa organização;
1° Princípio de economia de escala na movimentação: é o prin- f. Satisfação das necessidades dos clientes.
cípio que se baseia no trabalho com o uso do palete (material de
madeira usado para armazenar as mercadorias); Estruturas de Armazenagem
2° Princípio da continuidade do movimento: aquele operador As estruturas de armazenagem são elementos básicos para a
com ou sem equipamento, mas, que quem começou o movimento paletização e o uso racional de espaço, e atendem aos mais diversos
termina. Não se trabalha o movimento em divisão com outra pes- tipos de carga. São estruturas constituídas por perfis em L, U, tubos
soa, pois ocorre perda de tempo e risco maior de acidentes; modulares e perfurados, dispostos de modo a formar estantes, ber-
3° Princípio de redução do esforço: cargas com maior peso, ços ou outros dispositivos de sustentação de cargas. Os principais
maior volume ou maior rotatividade, devem ficar armazenados tipos são:
sempre na parte inferior.
Porta-paletes convencionais: esse tipo de estrutura é empre-
Deveres do Responsável gada quando é necessária seletividade nas operações de carrega-
- Manter os rótulos existentes nas embalagens sempre volta- mento, isto é, quando as cargas dos paletes forem muito variadas,
dos para o lado de fora da pilha, para uma fácil identificação; permitindo a escolha da carga em qualquer posição da estrutura
- Manter um afastamento de, entre 30 e 50 cm, entre as pare- sem nenhum obstáculo. Apesar de necessitar de muita área para
des laterais e as pilhas de produtos (além de funcionar como área corredores, compensa por sua seletividade e rapidez na operação.
de ventilação, permite localizar e identificar vazamentos);
- Manter uma área de circulação. Esta deve, pelo menos, ter Porta-paletes para corredores estreitos: permite otimização do
um corredor central orientado para a porta principal do armazém, e espaço útil de armazenagem, em função da redução dos corredo-
corredores secundários, separando as diversas áreas; res para movimentação. Porém, o custo do investimento torna-se
- Promover o manuseio seguro dos produtos, atuando da en- maior em função dos trilhos ou fios indutivos que são necessários
trada e saída destes do armazém; para a movimentação das empilhadeiras trilaterais. Em caso de
pane da empilhadeira, outra máquina convencional não tem acesso
aos paletes.

402
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Porta-paletes para transelevadores: também otimiza o espaço - Estrutura tipo Drive-Through: Na estrutura Drive-Through a
útil, já que seu corredor é ainda menor que dá empilhadeira trila- operação é administrada por meio do FIFO (First In First Out), onde
teral. Em função de alturas superiores às estruturas convencionais, o primeiro palete que entra é o primeiro a sair. Geralmente essa
permite elevada densidade de carga com rapidez na movimenta- estrutura é instalada em áreas livres com acesso a ambas as faces.
ção. Possibilita o aproveitamento do espaço vertical e propicia se- Assim, diferente do drive in que a empilhadeira entra e sai pelo
gurança no manuseio do palete, automação e controle do FIFO mesmo lado, no drive Through a empilhadeira tem acesso pelos
dois lados, sendo dois corredores um de entrada e outro de saída.
Porta-paletes autoportante: Elimina a necessidade de constru-
ção de um edifício, previamente. Permite o aproveitamento do es-
paço vertical (em média, utiliza-se em torno de 30 m). O tempo de
construção é menor e pode-se conseguir, também, redução no va-
lor do investimento, uma vez que a estrutura de armazenagem vai
ser utilizada como suporte do fechamento lateral e da cobertura,
possibilitando uma maior distribuição de cargas no piso, traduzindo
em economia nas fundações.

Porta-paletes deslizante: Sua principal característica é a peque-


na área destinada à circulação. O palete fica mais protegido, pois
quando não se está movimentando, a estrutura fica na forma de
um blocado. Muito utilizado em espaços extremamente restritos
para armazenagem de produtos de baixo giro e alto valor agregado.
Apresenta, como vantagem, alta densidade. Nos dois sistemas de Drive, quando os corredores de armaze-
nagem são muito longos, a velocidade de movimentação diminui
Drive-in e Drive- Through: A estrutura empregada tanto no Dri- bastante, pois além de aumentar o espaço a ser percorrido pela em-
ve-in, quanto no Drive-Through é a mesma, porém, o que as dife- pilhadeira, obriga o operador a voltar de ré (este último transtorno
rencia é o conceito de armazenagem. pode ser minimizado com a colocação de trilhos de guia junto ao
solo).
- Estrutura tipo Drive-in: a operação do Drive-In é feita através O Drive-in ou o Drive-Through é o tipo de estrutura á ideal para
do LIFO (Last In First Out), ou seja, o último palete que entra, será o as operações que necessitam de alta densidade de armazenagem
primeiro a sair. Recomenda-se que sua instalação seja feita próxima e baixa seletividade de produtos, justificado pelo reduzido número
à parede ou delimitações de áreas. As estruturas drive-in são ope- de corredores operacionais, sendo comuns em armazéns frigorifi-
racionalizadas por uma única entrada. Tem como vantagem a Ren- cados.
tabilidade máxima do espaço disponível, eliminação dos corredores
entre as estantes, rigoroso controle de entradas e saídas e admite Estrutura dinâmica: A principal característica é a rotação auto-
tantas referências como ruas de carga. mática de estoques, permitindo a utilização do sistema FIFO pois,
pela sua configuração, o palete é colocado em uma das extremi-
dades do túnel e desliza até a outra por uma pista de roletes com
redutores de velocidade, para manter o palete em uma velocidade
constante. Permite grande concentração de carga, pois necessita de
somente dois corredores, um para abastecimento e outro para re-
tirada do palete.
É empregada, principalmente, para estocagem de produtos
alimentícios, com controle de validade, e cargas paletizadas. Neste
sistema, o palete é colocado pela empilhadeira num trilho inclina-
do com roletes e desliza até a outra extremidade, onde existe um
“stop” para contenção do mesmo. Sem dúvida, é uma das mais ca-
ras, mas muito utilizada na indústria de alimentos, para atender aos
prazos de validade dos produtos perecíveis.

Estrutura tipo Cantilever: Permite boa seletividade e velocida-


de de armazenagem. Sistema perfeito para armazenagem de peças
de grande comprimento. É destinada às cargas armazenadas, pela
lateral, preferencialmente por empilhadeiras, como: madeiras, bar-
ras, tubos, trefilados, pranchas, etc. De preço elevado é composta
por colunas centrais e braços em balanço para suporte das cargas,
formando um tipo de árvore metálica.
Em alguns casos, pode ser substituída por estrutura com can-
toneiras perfuradas, montadas no sentido vertical e horizontal,
formando quadros de casulos e possibilitando armazenar os mais
variados tipos de perfis pela parte frontal. Esse outro tipo de es-

403
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

trutura é extremamente mais barato, porém exige carregamento e


descarregamento manual, tornando a movimentação mais morosa GESTÃO PATRIMONIAL. CONTROLE DE BENS.
que a da estrutura tipo Cantilever, onde se movimenta vários perfis INVENTÁRIO. ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS
de uma só vez.
Gestão patrimonial
Estrutura tipo Push-Back: Sistema utilizado para armazenagem O patrimônio é o objeto administrado que serve para propi-
de paletes semelhante ao drive-in, porém, com inúmeras vanta- ciar às entidades a obtenção de seus fins. Para que um patrimônio
gens, principalmente relacionadas à operação, permitindo uma se- seja considerado como tal, este deve atender a dois requisitos: o
letividade maior em função de permitir o acesso a qualquer nível de elemento ser componente de um conjunto que possua conteúdo
armazenagem. Neste sistema, a empilhadeira “empurra” cada pale- econômico avaliável em moeda; e exista interdependência dos ele-
te sobre um trilho com vários níveis, permitindo a armazenagem de mentos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a
até quatro paletes na profundidade. Também conhecida por Glide uma entidade que vise alcançar determinados fins.
In - Gravity feed, Push Back – alimentado por gravidade, empurra e Do ponto de vista econômico, o patrimônio é considerado uma
volta), é insuperável em produtividade de movimentação, densida- riqueza ou um bem suscetível de cumprir uma necessidade coletiva,
de de armazenagem e economia total de armazenagem de cargas sendo este observado sob o aspecto qualitativo, enquanto que sob
diferentes. o enfoque contábil observa-se o aspecto quantitativo (Ativo =Pas-
Esta é uma opção para o aumento da densidade de armaze- sivo + Situação Líquida). Exceção a alguns casos, quando se utiliza
nagem sem a necessidade de investimentos em equipamentos de o termo “substância patrimonial” é que a contabilidade visualiza o
movimentação, pois os paletes ficam sempre posicionados nos cor- patrimônio de forma qualitativa.
redores com fácil acesso, isto é, qualquer nível é completamente A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – conhecida
acessado sem a necessidade de descarregar o nível inferior. como Lei de Responsabilidade Fiscal – apresentam em seus artigos
A utilização dos perfis de aço laminados estruturais é absolu- 44, 45 e 46, medidas destinadas à preservação do patrimônio públi-
tamente necessária para garantir o perfeito funcionamento de tri- co. Uma delas estabelece que o resultado da venda de bens móveis
lhos, carros e rodízios dos sistemas. Com o aumento da ocupação e imóveis e de direitos que integram o patrimônio público não po-
volumétrica da fábrica (relação entre o volume total do armazém derá mais ser aplicado em despesas correntes, exceto se a lei auto-
e o volume da carga estocada), podem-se listar como benefícios a rizativa destiná-la aos financiamentos dos regimes de previdência
obtenção de maior produtividade operacional (itens movimenta- social, geral e própria dos servidores.
dos por homem-hora), maior agilidade no fluxo de materiais, maior Dessa forma, os recursos decorrentes da desincorporação de
organização dos estoques, maior produtividade nas operações de ativos por venda, que é receita de capital, deverão ser aplicados em
inventário e a utilização do LIFO (Last i - First out) nas operações despesa de capital, provocando a desincorporação de dívidas (pas-
de transferências entre Centro de Distribuição e lojas ou depósitos. sivo), por meio da despesa de amortização da dívida ou o incremen-
to de outro ativo, com a realização de despesas de investimento, de
Estrutura tipo Flow-rack: Sistema indicado para pequenos volu- forma a manter preservado o valor do patrimônio público.
mes e grande rotatividade, onde se faz necessário o picking, facili-
tando a separação de materiais e permitindo naturalmente o prin- TOMBAMENTO DE BENS.
cípio FIFO Neste sistema, o produto é colocado num plano inclinado O tombamento dos bens públicos inicia-se com recebimento
com trilhos que possuem pequenos rodízios deslizando, assim, por dos bens móveis pelos órgãos, como visto anteriormente, pela con-
gravidade, até a outra extremidade, onde existe um “stop” para ferência física dos bens pelo Almoxarifado. Após registro de entrada
sua contenção do mesmo. É usada com movimentações manuais do bem no sistema de gerenciamento de material no estoque, o
e mantém, sempre, uma caixa à disposição do usuário, facilitando, responsável por este encaminhará uma comunicação ao Setor de
assim, o picking, ou seja, a montagem de um pedido, como se fosse Patrimônio (com cópia da nota de empenho, documentos fiscais e
um supermercado. outros que se fizerem necessários), informando o destino (centros
Como elas precisam ser de pouca altura, pois são usadas ma- de responsabilidades) dos bens. Se eles permanecerem em esto-
nualmente, é bastante comum montá-las na parte inferior de uma que, o Setor de Patrimônio deverá aguardar comunicação de saí-
estrutura porta-paletes convencional, no intuito de usar a parte su- da deste, através de uma Guia de Baixa de Materiais emitida pelo
perior para estocagem do mesmo produto, em paletes, simulando, Almoxarifado. Caso o bem seja entregue diretamente ao destino
assim, um atacado na parte superior e um varejo na parte inferior. final, o Almoxarifado encaminhará a Guia de Saída ao Patrimônio,
juntamente com os demais documentos do processo de empenho.
Estante: Sistema estático para a estocagem de itens de peque- O tombamento consiste na formalização da inclusão física de
no tamanho que podem ter acessórios, como divisores, retentores, um bem patrimonial no acervo do órgão, com a atribuição de um
gavetas e painéis laterais e de fundo. único número por registro patrimonial, ou agrupando-se uma sequ-
Possibilita a montagem de mais de um nível, com pisos inter- ência de registros patrimoniais quando for por lote, que é denomi-
mediários. São adequadas para armazenar itens leves, manuseáveis nado “número de tombamento”. Pelo tombamento aplica-se uma
sem a ajuda de qualquer equipamento e com volume máximo de conta patrimonial do Plano de Contas do órgão a cada material, de
0,5 m3. acordo com a finalidade para a qual foi adquirido. O valor do bem
a ser registrado é o valor constante do respectivo documento de
Estante de grande comprimento: Utilizada, basicamente, para incorporação (valor de aquisição).
cargas leves que possuem um tamanho relativamente grande para A marcação física caracteriza-se pela aplicação, no bem, de pla-
ser colocado nas estantes convencionais. É um produto intermediá- queta de identificação, por colagem ou rebitamento, a qual conterá
rio entre as estantes e os porta-paletes. o número de registro patrimonial.

404
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

Na colocação da plaqueta deverão ser observados os seguintes histórico); agregação (acessório ou componente); forma de ingres-
aspectos: local de fácil visualização para efeito de identificação por so (compra, fabricação própria, doação, permuta, cessão, outras);
meio de leitor óptico, preferencialmente na parte frontal do bem; classificação contábil/patrimonial; número do empenho e data
evitar áreas que possam curvar ou dobrar a plaqueta ou que pos- de emissão; fonte de recurso; número do processo de aquisição e
sam acarretar sua deterioração; evitar fixar a plaqueta em partes ano; tipo/número do documento de aquisição (nota fiscal/fatura,
que não ofereçam boa aderência, por apenas uma das extremida- comercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de Doação, Ter-
des ou sobre alguma indicação importante do bem. mo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros); nome do
Os bens patrimoniais recebidos sofrerão marcação física antes fornecedor (código); garantia (data limite da garantia e empresa de
de serem distribuídos aos diversos centros de responsabilidade do manutenção); localização (identificação do centro de responsabili-
órgão. Os bens patrimoniais cujas características físicas ou a sua dade); situação do bem (registrado, alocado, cedido em comodato,
própria natureza impossibilitem a aplicação de plaqueta também em manutenção, em depósito para manutenção, em depósito para
terão número de tombamento, mas serão marcados e controlados triagem, em depósito para redistribuição, em depósito para aliena-
em separado. Caso o local padrão para a colagem da plaqueta seja ção, em sindicância, desaparecido, baixado, outros); estado de con-
de difícil acesso, como, por exemplo, nos arquivos ou estantes en- servação (bom, regular, precário, inservível, recuperável); histórico
costadas na parede, que não possam ser movimentados devido ao do bem vinculado a um sistema de manutenção, quando existir. Tal
peso excessivo, a plaqueta deverá ser colada no lugar mais próximo informação permitirá o acompanhamento da manutenção dos bens
ao local padrão. Em caso de perda, descolagem ou deterioração da e identificação de todos os problemas ocorridos nestes números
plaqueta, o responsável pelo setor onde o bem está localizado de- do Termo de Responsabilidade; e plaquetável ou não plaquetável.
verá comunicar, impreterivelmente, o fato ao Setor de Patrimônio. O registro dos bens imóveis no órgão inicia-se com o recebimen-
A seguir, são apresentadas algumas sugestões para fixação to da documentação hábil, pelo Setor de Patrimônio, que procederá
de plaquetas (ou adesivos): a) estantes, armários, arquivos e bens ao tombamento e cadastramento em sistema específico, utilizando
semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na parte frontal superior diversos dados, tais como: número do registro; tipo de imóvel; de-
direita, no caso de arquivos de aço, e na parte lateral superior direi- nominação do imóvel; características (descrição detalhada do bem);
ta, no caso de armários, estantes e bens semelhantes, sempre com valor de aquisição (valor histórico); forma de ingresso (compra, do-
relação a quem olha o móvel; b) mesas e bens semelhantes: a pla- ação, permuta, comodato, construção, usucapião, desapropriação,
queta deve ser fixada na parte frontal central, contrária à posição cessão, outras); classificação contábil/patrimonial; número do em-
de quem usa o bem, com exceção das estações de trabalho e/ou penho e data de emissão; fonte de recurso; número do processo
àqueles móveis que foram projetados para ficarem encostados em de aquisição e ano; tipo/número do documento de aquisição (nota
paredes, nos quais as plaquetas serão fixadas em parte de fácil visu- fiscal/fatura, comercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de
alização; c) motores: a plaqueta deve ser fixada na parte fixa inferior Doação, Termo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros);
do motor; d) máquinas e bens semelhantes: a plaqueta deve ser nome do fornecedor (código); localização (identificação do centro
fixada no lado externo direito, em relação a quem opera a máquina; de responsabilidade); situação do bem (registrado, alocado, cedido
e) cadeiras, poltronas e bens semelhantes: neste caso a plaqueta em comodato, em manutenção, em depósito para manutenção, em
nunca deve ser colocada em partes revestidas por courvin, couro depósito para triagem, em depósito para redistribuição, em depó-
ou tecido, pois estes revestimentos não oferecem segurança. A pla- sito para alienação, em sindicância, desaparecido, baixado, outros);
queta deverá ser fixada na base, nos pés ou na parte mais sólida; f) estado de conservação (bom, regular, precário, inservível); data da
aparelhos de ar condicionado e bens semelhantes: em aparelhos de incorporação; unidade da federação; tipo de logradouro; número;
ar condicionado, o local indicado é sempre na parte mais fixa e per- complemento;bairro/distrito; município; cartório de registro; ma-
manente do aparelho, nunca no painel removível ou na carcaça; g) trícula; livro; folhas; data do registro; data da reavaliação; moeda
automóveis e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na par- da reavaliação; valor do aluguel; valor do arrendamento; valor de
te lateral direita do painel de direção, em relação ao motorista, na utilização; valor de atualização; moeda de atualização; data da atu-
parte mais sólida e nãoremovível, nunca em acessórios; h) quadros alização; reavaliador; e CPF/CNPJ do reavaliador.
e obras de arte: a colocação da plaqueta, neste caso, deve ser feita
de tal forma que não lhes tire a estética, nem diminua seu valor CONTROLE DE BENS.
comercial; i) esculturas: nas esculturas a plaqueta deve ser fixada na Caracteriza-se como movimentação de bens patrimoniais o
base. Nos quadros ela deve ser colocada na parte de trás, na lateral conjunto de procedimentos relativos à distribuição, transferência,
direita; j) quadros magnéticos: nos quadros magnéticos a plaqueta saída provisória, empréstimo e arrendamento a que estão sujeitos
deverá ser colocada na parte frontal inferior direita, caso não seja no período decorrido entre sua incorporação e desincorporação.
possível a colagem neste local, colar nesta mesma posição na parte Compete ao Setor de Patrimônio a primeira distribuição de
posterior do quadro; e k) fixação de plaquetas em outros bens: en- material permanente recém adquirido, de acordo com a destinação
tende-se como outros bens aqueles materiais que não podem ser dada no processo administrativo de aquisição correspondente.
classificados claramente como aparelhos, máquinas, motores, etc. A movimentação de qualquer bem móvel será feita mediante o
Em tais bens, a plaqueta deve ser fixada na base, na parte onde são preenchimento do Termo de Responsabilidade, que deverá conter
manuseados. no mínimo, as seguintes informações: número do Termo de Res-
A seguir são elencados, como sugestões, dados necessários ponsabilidade; nome do local de lotação do bem (incluindo tam-
ao registro dos bens no sistema de patrimônio: número do tomba- bém o nome do sublocal de lotação); declaração de responsabilida-
mento; data do tombo; descrição padronizada do bem (descrição de; número do tombamento; descrição; quantidade; indicação se é
básica pré-definida em um sistema de patrimônio); marca/modelo/ plaquetável; valor unitário; valor total; total de bens arrolados no
série (também pré-definidos em um sistema de patrimônio); carac- Termo de Responsabilidade; data do Termo; nome e assinatura do
terísticas (descrição detalhada); valor unitário de aquisição (valor responsável patrimonial; e data de assinatura do Termo.

405
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

A transferência é a operação de movimentação de bens, com a Empréstimo: O empréstimo é a operação de remanejamento


consequente alteração da carga patrimonial. A autoridade transfe- de bens entre órgãos por um período determinado de tempo, sem
ridora solicita ao setor competente do órgão a oficialização do ato, envolvimento de transação financeira. O empréstimo deve ser evi-
por meio das providências preliminares. É importante destacar que tado. Porém, se não houver alternativa, os órgãos envolvidos devem
a transferência de responsabilidade com movimentação de bens manter um rigoroso controle, de modo a assegurar a devolução do
somente será efetivada pelo Setor de Patrimônio mediante solicita- bem na mesma condição em que estava na ocasião do empréstimo.
ção do responsável pela carga cedente com anuência do recebedor. Já o empréstimo a terceiros de bens pertencentes ao poder público
A devolução ao Setor de Patrimônio de bens avariados, obsoletos é vedado, salvo exceções previstas em leis.
ou sem utilização também se caracteriza como transferência. Neste Arrendamento a terceiros: O arrendamento a terceiros tam-
caso, a autoridade da unidade onde o bem está localizado devolve- bém deve ser evitado, por não encontrar, a princípio, nenhum res-
-o com a observância das normas regulamentares, a fim de que a o paldo legal.
Setor Patrimonial possa manter rigoroso controle sobre a situação
do bem. Os bens que foram restituídos ao Setor de Patrimônio do INVENTÁRIO.
órgão também ficam sob a guarda dos servidores deste setor (fiéis O Inventário determina a contagem física dos itens de estoque
depositários), e serão objetos de análise para a determinação da e em processos, para comparar a quantidade física com os dados
baixa ou transferência a outros setores. É importante colocar que contabilizados em seus registros, a fim de eliminar as discrepâncias
uma cópia do Termo de Responsabilidade de cada setor deverá ser que possam existir entre os valores contábeis, dos livros, e o que
fixada em local visível a todos, dentro de seu recinto de trabalho, realmente existe em estoque.
visando facilitar o controle dos bens (sugestão: atrás da porta de O inventário pode ser geral ou rotativo: O inventário geral é
acesso ao setor). Para que ocorra a transferência de responsabili- elaborado no fim de cada exercício fiscal de cada empresa, com a
dade entre dois setores pertencentes a um mesmo órgão, deverão contagem física de todos os itens de uma só vez. O inventário ro-
ser observados os seguintes parâmetros:solicitação, por escrito, do tativo é feito no decorrer do ano fiscal da empresa, sem qualquer
interessado em receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de tipo de parada no processo operacional, concentrando-se em cada
acordo” do setor cedente com a autorização de transferência ; soli- grupo de itens em determinados períodos.
citação do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão Inventário na administração pública: Inventário são a discrimi-
do Termo de Responsabilidade; após a emissão do Termo de Res- nação organizada e analítica de todos os bens (permanentes ou de
ponsabilidade, o Setor de Patrimônio remeterá o mesmo ao agente consumo) e valores de um patrimônio, num determinado momen-
patrimonial, para que este colha assinaturas do cedente e do rece- to, visando atender uma finalidade específica. É um instrumento
bedor. de controle para verificação dos saldos de estoques nos almoxari-
Para que ocorra a transferência de responsabilidade entre dois fados e depósitos, e da existência física dos bens em uso no órgão
setores pertencentes órgãos diferentes, deverão ser observados ou entidade, informando seu estado de conservação, e mantendo
os seguintes parâmetros: solicitação, por escrito, do interessado atualizados e conciliados os registros do sistema de administração
em receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de acordo” do patrimonial e os contábeis, constantes do sistema financeiro. Além
setor cedente com a autorização de transferência e anuência das disso, o inventário também pode ser utilizado para subsidiar as to-
unidades de controle do patrimônio e do titular do órgão; solici- madas de contas indicando saldos existentes, detectar irregularida-
tação do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão des e providenciar as medidas cabíveis.
do Termo de Transferência de Responsabilidade; após a emissão do Através do inventário pode-se confirmar a localização e atribui-
Termo de Responsabilidade, o Setor de Patrimônio o remeterá ao ção da carga de cada material permanente, permitindo a atualiza-
agente patrimonial, para que este colha assinaturas do cedente e ção dos registros dos bens permanentes bem como o levantamento
do recebedor. Quando a transferência de responsabilidade do bem da situação dos equipamentos e materiais em uso, apurando a ocor-
ocorrer sem a movimentação deste, isto é, quando ocorrer a mu- rência de dano, extravio ou qualquer outra irregularidade. Podem-
dança da responsabilidade patrimonial de um servidor para outro, -se verificar também no inventário as necessidades de manutenção
desde que não pressuponha mudança de local do bem, deverão ser e reparo e constatação de possíveis ociosidades de bens móveis,
observados os seguintes procedimentos: o Setor de Recursos Hu- possibilitando maior racionalização e minimização de custos, bem
manos (ou equivalente) deverá encaminhar ao Setor de Patrimônio como a correta fixação da plaqueta de identificação. Na Adminis-
cópia da portaria que substitui o servidor responsável; de posse das tração Pública, o inventário é entendido como o arrolamento dos
informações contidas na portaria, o Setor de Patrimônio emite o direitos e comprometimentos da Fazenda Pública, feito periodica-
respectivo Termo de Transferência de Responsabilidade; emitido o mente, com o objetivo de se conhecer a exatidão dos valores que
Termo, este será encaminhado ao agente patrimonial da unidade, são registrados na contabilidade e que formam o Ativo e o Passivo
que providenciará a conferência dos bens e assinatura do Termo; ou, ainda, com o objetivo de apurar a responsabilidade dos agen-
uma vez assinado o Termo, o agente providenciará para que uma tes sob cuja guarda se encontram determinados bens. Os diversos
das vias seja arquivada no setor onde os bens se encontram e outra tipos de inventários são realizados por determinação de autorida-
encaminhada ao Setor de Patrimônio. de competente, por iniciativa própria do Setor de Patrimônio e das
Saída provisória: A saída provisória caracteriza-se pela movi- unidades de controle patrimonial ou de qualquer detentor de car-
mentação de bens patrimoniais para fora da instalação ou depen- ga dos diversos centros de responsabilidade, periodicamente ou a
dência onde estão localizados, em decorrência da necessidade de qualquer tempo. Os inventários na Administração Pública devem
conserto, manutenção ou da sua utilização temporária por outro ser levantados não apenas por uma questão de rotina ou de dispo-
centro de responsabilidade ou outro órgão, quando devidamente sição legal, mas também como medida de controle, tendo em vis-
autorizado. Qualquer que seja o motivo da saída provisória, esta ta que os bens nele arrolados não pertencem a uma pessoa física,
deverá ser autorizada pelo dirigente do órgão gestor ou por outro mas ao Estado, e precisam estar resguardados quanto a quaisquer
servidor que recebeu delegação para autorizar tal ato. Toda a ma- danos. Na Administração Pública o inventário é obrigatório, pois a
nutenção de bem incorporado ao patrimônio de um órgão deverá legislação estabelece que o levantamento geral de bens móveis e
ser solicitada pelos agentes patrimoniais ou responsáveis e resulta- imóveis terá por base o inventário analítico de cada unidade gestora
rá na emissão de uma Ordem de Serviço pelo Setor de Manutenção, e os elementos da escrituração sintética da contabilidade (art. 96 da
que tomará todas as providências para proceder à assistência de Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de 1964).
bem em garantia ou utilizando-se de seus recursos próprios.

406
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

A fim de manter atualizados os registros dos bens patrimoniais, A alienação de bens está sujeita à existência de interesse públi-
bem como a responsabilidade dos setores onde se localizam tais co e à autorização da Assembleia Legislativa (para os casos previs-
bens, a Administração Pública deve proceder ao inventário median- tos em lei), e dependerá de avaliação prévia, que será efetuada por
te verificações físicas pelo menos uma vez por ano. Para fins de atu- comissão de licitação de leilão ou outra modalidade prevista para a
alização física e monetária e de controle, a época da inventariação Administração Pública.
será: anual para todos os bens móveis e imóveis sob-responsabi- A seguir, são sugeridos alguns procedimentos voltados à alie-
lidade da unidade gestora em 31 de dezembro (confirmação dos nação dos bens: o requerimento de baixa deverá ser remetido ao
dados apresentados no Balanço Geral); e no início e término da ges- Setor de Patrimônio, o qual instaurará o procedimento respectivo;
tão, isto é, na substituição dos respectivos responsáveis, no caso de sempre que possível, os bens serão agrupados em lotes para que
bens móveis. seja procedida a sua baixa; os bens objeto de baixa serão vistoria-
Os bens serão inventariados pelos respectivos valores históri- dos in loco por uma Comissão Interna de Avaliação de Bens, no pró-
cos ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos valores constan- prio órgão, os quais, observando o estado de conservação, a vida
útil, o valor de mercado e o valor contábil, formalizando laudo de
tes de inventários já existentes, com indicação da data de aquisição.
avaliação dos bens, classificando-os em: a) bens móveis permanen-
Durante a realização de qualquer tipo de inventário, fica ve-
tes inservíveis: quando for constatado serem os bens danificados,
dada toda e qualquer movimentação física de bens localizados nos
obsoletos, fora do padrão ou em desuso devido ao seu estado pre-
endereços individuais abrangidos pelos trabalhos, exceto mediante cário de conservação; e b) bens móveis permanentes excedentes
autorização específica das unidades de controle patrimonial, ou do ou ociosos: quando for constatado estarem os bens em perfeitas
dirigente do órgão, com subsequente comunicação formal a Comis- condições de uso e operação, porém sem utilização.
são de Inventário de Bens. Os bens móveis permanentes considerados excedentes ou
Nas fases do inventário dois pontos devem ser destacados ociosos serão recolhidos para o Almoxarifado Central, ficando proi-
sobre as fases do inventário: o levantamento pode ser físico e/ou bida a retirada de peças e dos periféricos a ele relacionados, exceto
contábil: Levantamento físico, material ou de fato é o levantamento nos casos autorizados pelo chefe da unidade gestora.
efetuado diretamente pela identificação e contagem ou medida dos
componentes patrimoniais. ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS.
Levantamento contábil é o levantamento pelo apanhado de O desfazimento é a operação de baixa de um bem pertencente
elementos registrados nos livros e fichas de escrituração. O simples ao acervo patrimonial do órgão e consequente retirada do seu valor
arrolamento não interessa para a contabilidade se não for comple- do ativo imobilizado. Considera-se baixa patrimonial, a retirada de
tado pela avaliação. Sem a expressão econômica, o arrolamento bem da carga patrimonial do órgão, mediante registro da transfe-
serve apenas para controle da existência dos componentes patri- rência deste para o controle de bens baixados, feita exclusivamente
moniais. pelo Setor de Patrimônio, devidamente autorizado pelo gestor. O
O inventário é dividido em três fases: Levantamento: compre- número de patrimônio de um bem baixado não deverá ser utilizado
ende a coleta de dados sobre todos os elementos ativos e passivos em outro bem.
do patrimônio e é subdividido nas seguintes partes: identificação, A baixa patrimonial pode ocorrer por quaisquer das formas a
agrupamento e mensuração. Arrolamento: é o registro das carac- seguir: alienação; permuta; perda total; extravio; destruição; como-
terísticas e quantidades obtidas no levantamento. O arrolamento dato; transferência; sinistro; e exclusão de bens no cadastro. Em
pode apresentar os componentes patrimoniais deforma resumida qualquer uma das situações expostas, deve-se proceder à baixa
e recebe a denominação “sintética”. Quando tais componentes são definitiva dos bens considerados inservíveis por obsoletismo, por
relacionados individualmente, o arrolamento é analítico; Avaliação: seu estado irrecuperável e inaproveitável em instituições do serviço
é nesta fase que é atribuída uma unidade de valor ao elemento pa- público. As orientações administrativas devem ser obedecidas, em
cada caso, para não ocorrer prejuízo à harmonia do sistema de ges-
trimonial. Os critérios de avaliação dos componentes patrimoniais
tão patrimonial, que, além da Contabilidade, é parte interessada.
devem ter sempre por base o custo. A atribuição do valor aos com-
Sendo o bem considerado obsoleto ou não havendo interesse em
ponentes patrimoniais obedece a critérios que se ajustam a sua na-
utilizá-lo no órgão onde se encontra, mas estando em condições
tureza, função na massa patrimonial e a sua finalidade. de uso (em estado regular de conservação), o dirigente do órgão
deverá, primeiramente, colocá-lo em disponibilidade. Para tanto,
ALIENAÇÃO DE BENS. o detentor da carga deverá preencher formulário próprio criado
De acordo com o direito administrativo brasileiro, entende-se pelo órgão normatizador e encaminhar ao órgão competente que
como alienação a transferência de propriedade, remunerada ou poderá verificar, antecipadamente, junto às entidades filantrópicas
gratuita, sob a forma de venda, permuta, doação, dação em paga- reconhecidas como de interesse público, delegacias, escolas ou bi-
mento, investidura, legitimação de posse ou concessão de domínio. bliotecas municipais e estaduais, no âmbito de sua jurisdição, se
Qualquer dessas formas de alienação pode ser usada pela existe interesse pelos bens.
Administração, desde que satisfaça as exigências administrativas. Se houver interesse, a autoridade competente deverá efetuar
Muito embora as Constituições Estaduais possam determinar que o Termo de Doação. Enquanto isso, o bem a ser baixado permane-
a autorização de doação de bens móveis seja submetida à Assem- cerá guardado em local apropriado, sob a responsabilidade de um
bleia Legislativa, a Lei Federal n° 8.666, de 21 de junho de 1993, que servidor público, até a aprovação de baixa, ficando expressamente
institui normas para licitações e contratos da Administração Pública proibido o uso do bem desde o início da tramitação do processo de
37 e dá outras providências, faculta a obrigação de licitação especí- baixa até sua destinação final.
fica para doação de bens para fins sociais e dispõe sobre a alienação
por leilão.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subor-
dinada à existência de interesse público devidamente justificado.

407
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

O registro no sistema patrimonial será efetivado com base no 3.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Judiciário (TRF 1ª Região)/Ad-
Termo de Baixa de Bens, onde deverão constar os seguintes dados: ministrativa/2017)
número do tombamento; descrição; quantidade baixada (quando Acerca das compras e estoques nas organizações, julgue o item.
se tratar de lote de bens não plaquetados); forma de baixa; motivo
de baixa; data de baixa; número da Portaria ou Termo de Baixa. Vi- Entre as etapas do processo de reposição de estoques, in-
sando o correto processo de baixa de bens do sistema patrimonial, cluem-se a verificação da necessidade de reposição de material, a
faz-se necessário a adoção dos procedimentos a seguir: o Setor de comunicação ao setor de compras da necessidade de reposição do
Patrimônio, ao receber o processo que autoriza a baixa, emitirá por material e a comunicação com fornecedores para obter propostas
processamento o Termo de Baixa dos Bens; o Setor de Patrimônio de cotações.
verificará junto ao Setor Financeiro quanto à existência do compro- ( ) CERTO
vante de pagamento, em caso de licitação e, em seguida, procede- ( ) ERRADO
rá à entrega do mesmo mediante recibo próprio; emitido o Termo,
o Setor de Patrimônio providenciará o documento de quitação de
4.(CEBRASPE (CESPE) - Agente Administrativo (DPU)/2016)
responsabilidade patrimonial e entregará uma via a quem detinha a
Acerca da gestão patrimonial, julgue o item subsecutivo.
responsabilidade do bem.
Compete às unidades de controle dos bens patrimoniais e ao
Item do ativo imobilizado da organização refere-se a bem que
dirigente do órgão, periodicamente, provocar expedientes para que
possui tempo ilimitado de uso e de vida útil.
seja efetuado levantamento de bens suscetíveis de alienação ou
( ) CERTO
desfazimento.19
( ) ERRADO
“Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas
5.(CEBRASPE (CESPE) - Agente Administrativo (MDIC)/2014)
nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que
Com referência à gestão de materiais, julgue o item.
descreve bem o dilema da descrição de estoques. O controle de
estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem ab-
Os principais problemas relativos à administração de materiais
sorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção
são: a má localização dos estoques, o armazenamento inadequado,
substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta
os erros de cálculo nos relatórios de entrada e saída de materiais, os
compreensão do seu papel na logística e de como devem ser ge-
erros gerados no recebimento, o esquecimento e atraso na emissão
renciados”.
de documentos relativos à entrada e saída de material e a inade-
quação nos procedimentos de contagem física.
QUESTÕES ( ) CERTO
( ) ERRADO
1.(CEBRASPE (CESPE) - Enfermeiro (EBSERH)/Gerenciamento
6.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Administrativo (ANATEL)/Admi-
Gestão/Gestão da Qualidade em Saúde/2018)
nistrativo/2014)
No que se refere ao aprimoramento dos sistemas de gerencia-
Julgue o item seguinte, a respeito de gestão patrimonial.
mento dos recursos materiais na saúde, julgue o item subsecutivo.
A palavra alienação é atribuída a toda transferência de domínio
Quanto ao gerenciamento de materiais, cabe ao enfermeiro,
de bens a terceiros.
entre outras funções, determinar o material necessário, definir as
( ) CERTO
especificações, estabelecer o quantitativo e analisar a qualidade do
( ) ERRADO
material.
( ) CERTO
7.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico do Banco Central do Brasil/Área
( ) ERRADO
1 (Suporte Técnico-Administrativo)/2013)
No que se refere à administração de materiais, julgue o item
2.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Judiciário (TRF 1ª Região)/Ad-
a seguir.
ministrativa/2017)
Julgue o item que se segue, relativo às atividades básicas de
A integração entre logística e marketing ocorre no nível de ser-
administração de materiais e patrimônio.
viço logístico, sendo importante a observação de aspectos referen-
tes ao atendimento ao cliente para garantir que o fluxo de bens e
Entre os procedimentos básicos da administração de mate-
serviços seja gerenciado com qualidade.
riais incluem-se a especificação de compras, a ocasião oportuna de
( ) CERTO
comprar, o conhecimento dos fornecedores e o estabelecimento da
( ) ERRADO
quantidade ideal.
( ) CERTO
( ) ERRADO
19 Fonte: BRASIL Revista TECHOJE/Ttransportes, administração de
materiais e distribuição física. Trad. Hugo T. Y. Yoshizaki/ FOINA, Paulo
Rogério. Tecnologia de informação: planejamento e gestão/www.
administradores.com.br /www.itsmnapratica.com.br/www.purainfo.
com.br – por DiegoDuarte/ por Rogerio Araujo)

408
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

8.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico do Banco Central do Brasil/Área 12.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Administrativo (ANS)/2013 (e
1 (Suporte Técnico-Administrativo)/2013) mais 1 concurso)
No que se refere à administração de materiais, julgue o item A respeito da administração de recursos materiais, julgue o
a seguir. item que se segue.

Qualidade do material, quantidade necessária, prazo de entre- Nos dias atuais, a administração de materiais caracteriza-se
ga, preço e condições de pagamento são pré-requisitos da adminis- como um conjunto de atividades orientadas a evitar a falta e a des-
tração de materiais para abastecer, continuamente, determinada mobilização dos estoques.
empresa com material necessário para suas atividades. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO
13.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Administrativo (ANS)/2013 (e
9.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Judiciário (STF)/Administrati- mais 1 concurso)
va/”Sem Especialidade”/2013) A respeito da administração de recursos materiais, julgue o
Apesar da aparência meramente operacional, a administração item que se segue.
de materiais constitui função de grande valor estratégico de uma
organização. A respeito desse assunto, julgue o próximo item. A classificação de materiais e o gerenciamento dos estoques
são funções usualmente exercidas pelo sistema de administração
A transmissão simultânea de dados, a informatização de tare- de materiais.
fas administrativas e a automação de processos têm contribuído ( ) CERTO
para diminuir o tempo de processamento de um pedido ou entrada. ( ) ERRADO
( ) CERTO
( ) ERRADO 14.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Administrativo (ANS)/2013 (e
mais 1 concurso)
10.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Judiciário (TRT 8ª Região)/Ad- A respeito da administração de recursos materiais, julgue o
ministrativa/”Sem Especialidade”/2013) item que se segue.
No que se refere à gestão do material de consumo, assinale a
opção correta. A área de administração de materiais pode atuar como con-
(A) No governo federal, o inventário físico realizado na mudan- ciliadora de interesses conflitantes entre as áreas de vendas e de
ça do dirigente da unidade gestora é denominado inicial. administração financeira, uma vez que desenvolve técnicas de pla-
(B) No sistema de estocagem livre, há locais fixos de armaze- nejamento para garantir 100% da entrega dos pedidos realizados
nagem para todos os itens em guarda, o que facilita o controle pelos clientes.
dos endereçamentos. ( ) CERTO
(C) O sistema das revisões periódicas possibilita que a reposi- ( ) ERRADO
ção seja automaticamente providenciada quando for atingido
o ponto de pedido. 15.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Administrativo (ANS)/2013 (e
(D) Fardos de algodão devem ser assentados sobre paletes para mais 1 concurso)
possibilitar transporte, manuseio e armazenagem do produto. A respeito da administração de recursos materiais, julgue o
(E) Catalogação, simplificação, especificação e normalização item que se segue.
são etapas da classificação de materiais.
A demanda independente está relacionada à demanda conhe-
11.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Judiciário (TRT 8ª Região)/Ad- cida e controlada pela empresa, intimamente vinculada, entretan-
ministrativa/”Sem Especialidade”/2013) to, às variações de mercado e dos custos de produção.
( ) CERTO
Na administração de recursos materiais, o estágio do ciclo de ( ) ERRADO
vida do produto no qual o volume vendido não se altera rapidamen-
te, podendo ser absorvido nos perfis de distribuição de produtos 16.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Judiciário (TRE RJ)/Administra-
similares já existentes, corresponde à fase de tiva/2012)
(A) crescimento. Acerca da administração de recursos materiais e patrimoniais,
(B) maturidade. julgue o item a seguir.
(C) declínio.
(D) concepção. Os materiais processados ao longo das diversas seções que
(E) introdução. compõem o processo produtivo da empresa são denominados ma-
térias-primas.
( ) CERTO
( ) ERRADO

409
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS

17.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Ministerial (MPE PI)/Adminis- 7 CERTO


trativa/2012)
A respeito da função administração de recursos materiais, jul- 8 CERTO
gue o item a seguir. 9 CERTO
10 E
A administração de materiais pode ser conceituada como um
sistema integrado que garante o suprimento da organização, no 11 B
tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida 12 ERRADO
e pelo menor custo.
( ) CERTO 13 CERTO
( ) ERRADO 14 CERTO
15 ERRADO
18.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Administrativo (PREVIC)/2011)
Julgue o item a seguir, relativo à eficiência, ao uso de indicado- 16 ERRADO
res de desempenho e à ética profissional no âmbito da administra- 17 CERTO
ção de recursos materiais.
18 ERRADO
Entre as formas de exercício do princípio da eficiência na admi- 19 ERRADO
nistração pública, incluem-se a realização de avaliação de desempe- 20 CERTO
nho entre os servidores e a manutenção dos estoques de materiais
com baixo giro, mediante ajustamento dos ritmos da reposição dos
estoques e das demandas dos usuários.
( ) CERTO
ANOTAÇÕES
( ) ERRADO
______________________________________________________
19.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Judiciário (STM)/Administra-
tiva/2011) ______________________________________________________
Com relação a licitações e administração patrimonial e de ma-
teriais, julgue o item a seguir. ______________________________________________________

A administração de materiais visa colocar os materiais necessá- ______________________________________________________


rios na quantidade certa, no local certo e no tempo certo à dispo- ______________________________________________________
sição dos órgãos que compõem o processo produtivo da empresa.
São duas as funções da administração de materiais: programação ______________________________________________________
e compras.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
20.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Legislativo (ALECE)/Adminis-
tração/2011) ______________________________________________________
A respeito da gestão de materiais, julgue o item.
______________________________________________________
A alienação de um bem consiste na operação que transfere o ______________________________________________________
direito de propriedade do material mediante venda, permuta ou
doação. ______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 CERTO ______________________________________________________
2 CERTO
______________________________________________________
3 CERTO
______________________________________________________
4 ERRADO
5 CERTO ______________________________________________________
6 CERTO ______________________________________________________

410
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ARQUIVOLOGIA. GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO E A GESTÃO DE


DOCUMENTOS. DIAGNÓSTICOS. ARQUIVOS CORRENTES E INTERMEDIÁRIO. PROTOCOLOS. ARQUIVOS
PERMANENTES

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados durante a atu-
ação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam ser registradas em documentos
de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências) nos dá sobre
arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições
de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que
seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores, para fins de prova ou
informação”, CONARQ.

“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas ativi-
dades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado por PAES, Marilena Leite,
1986).

“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua ativida-
de, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.” (PAES, Marilena Leite, 1986).

De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para conservar o acervo.
A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes.

Vejamos:

411
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo, que se caracteriza como
um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade, suporte, modo de produção, utilização e
conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por um processo natural que decorre da própria atividade da ins-
tituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma pessoa física, jurídica ou poruma família no exercício das suas atividades ou das
suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios e por outros,
como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada, são relevantes no estudo da
arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influenciou sua produção.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua imparcialidade explica-se
pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos quais os documentos se referem não funcio-
narão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta o
mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada, guardada e pre-
servada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.

Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação, que são a Bi-
blioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados, porém, frisa-se que trata-se de
conceitos distintos.

O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:

Arquivos Públicos
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos
de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à instituição
arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.»
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público – mediante
delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera de governo.

412
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Arquivos Privados
De acordo com a mesma Lei citada acima:
“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decor-
rência de suas atividades.”
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz respeito à pessoa
jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público, pois os órgãos que compõe a adminis-
tração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também pessoas jurídicas, destituídas de poder político e dotadas de
personalidade jurídica própria, porém, de direito público.

Exemplos:
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc.
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc.
• Comercial: companhias, empresas, etc.
A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional com formação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado. Ele
pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de documentação, arquivos privados ou públicos, instituições culturais etc.
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da gestão documental, conservação, preservação e disseminação da informa-
ção contida nos documentos, assim como pela preservação do patrimônio documental de um pessoa (física ou jurídica), institução e, em
última instância, da sociedade como um todo.
Também é função do arquivista recuperar informações ou elaborar instrumentos de pesquisas arquivisticas.1

GESTÃO DE DOCUMENTOS
Um documento (do latim documentum, derivado de docere “ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que compro-
ve a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma afirmação etc. No meio jurídico, documentos são frequentemente sinônimos
de atos, cartas ou escritos que carregam um valor probatório.
Documento arquivístico: Informação registrada, independente da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da ativida-
de de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, contexto e estrutura suficientes para servir de prova dessa atividade.
Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma tarefa de considerável importância para as organizações atuais, sejam essas
privadas ou públicas, tarefa essa que encontra suporte na Tecnologia da Gestão de Documentos, importante ferramenta que auxilia na
gestão e no processo decisório.
A gestão de documentos representa umconjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso,
avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para a guarda permanente.

Através da Gestão Documental é possível definir qual a politica arquivistica adotada, através da qual, se constitui o patrimônio arqui-
vistico. Outro aspecto importante da gestão documental é definir os responsáveis pelo processo arquivistico.
A Gestão de Documentos é ainda responsável pela implantação do programa de gestão, que envolve ações como as de acesso, pre-
servação, conservação de arquivo, entre outras atividades.
Por assegurar que a informação produzida terá gestão adequada, sua confidencialidade garantida e com possibilidade de ser rastrea-
da, a Gestão de Documentos favorece o processo de Acreditação e Certificação ISO, processos esses que para determinadas organizações
são de extrema importância ser adquirido.
Outras vantagens de se adotar a gestão de documentos é a racionalização de espaço para guarda de documentos e o controle deste a
produção até arquivamento final dessas informações.
A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso adequado da microfilmagem e das tecnologias do Gerenciamento Eletrôni-
co de Documentos deve ser efetiva visando à garantia no processo de atualização da documentação, interrupção no processo de deterio-
ração dos documentos e na eliminação do risco de perda do acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas que permitam acesso
à informação pela internet e intranet.
A Gestão de Documentos no âmbito da administração pública atua na elaboração dos planos de classificação dos documentos, TTD
(Tabela Temporalidade Documental) e comissão permanente de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso rápido à informação e pre-
servação dos documentos.
Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos.
Esse processo acima descrito de gestão de informação e documentos segue um tramite para que possa ser aplicado de forma eficaz,
é o que chamamos de protocolo.
O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções pertinentes aos documentos, como, recebimento, registro, distribuição e
movimentação dos documentos em curso.
A finalidade principal do protocolo é permitir que as informações e documentos sejam administradas e coordenadas de forma conci-
sa, otimizada, evitando acúmulo de dados desnecessários, de forma que mesmo havendo um aumento de produção de documentos sua
gestão seja feita com agilidade, rapidez e organização.
Para atender essa finalidade, as organizações adotam um sistema de base de dados, onde os documentos são registrados assim que
chegam à organização.

1Adaptado de George Melo Rodrigues

413
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

A partir do momento que a informação ou documento chega é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole ou problemas de-
correntes por falta de zelo com esses, como podemos perceber:

Recebimento:
Como o próprio nome diz, é onde se recebe os documentos e onde se separa o que é oficial e o que é pessoal.
Os pessoais são encaminhados aos seus destinatários.
Já os oficiais podem sem ostensivos e sigilosos. Os ostensivos são abertos e analisados, anexando mais informações e assim encami-
nhados aos seus destinos e os sigilosos são enviados diretos para seus destinatários.

Registro:
Todos os documentos recebidos devem ser registrados eletronicamentecom seu número, nome do remetente, data, assunto dentre
outras informações.
Depois do registro o documento é numerado (autuado) em ordem de chegada.
Depois de analisado o documento ele é classificado em uma categoria de assuntopara que possam ser achados. Neste momento
pode-se ate dar um código a ele.

Distribuição:
Também conhecido como movimentação, é a entrega para seus destinatários internos da empresa. Caso fosse para fora da empresa
seria feita pela expedição.

Tramitação:
A tramitação são procedimentos formais definidas pela empresa.É o caminho que o documento percorre desde sua entrada na empre-
sa até chegar ao seu destinatário (cumprir sua função).Todas as etapas devem ser seguidas sem erro para que o protocolo consiga localizar
o documento. Quando os dados são colocados corretamente, como datas e setores em que o documento caminhou por exemplo, ajudará
aagilizar a sua localização.

Expedição de documentos:
A expedição é por onde sai o documento. Deve-se verificar se faltam folhas ou anexos. Também deve numerar e datar a correspon-
dência no original e nas cópias, pois as cópias são o acompanhamento da tramitação do documento na empresa e serão encaminhadas ao
arquivo. As originais são expedidas para seus destinatários.

Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou

Sistemas de classificação
O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração de um
plano de classificação que permita um bom funcionamento do arquivo.
Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes características:
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais simples
forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da documentação;
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do organismo (divisão de competências) ou em última análise, focando a
estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se enten-
der conveniente.

A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua
recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a
esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete a atividade que
o gerou e determina o uso da informação nele contida. A classificação define, portanto, a organização física dos documentos arquivados,
constituindo-se em referencial básico para sua recuperação.

414
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais distribuídos de acordo com as funções e atividades desempe-
nhadas pelo órgão.

A classificação deve ser realizada de acordo com as seguintes características:

De acordo com a entidade criadora:


- PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de âmbito federal ou estadual ou municipal.
- INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou relacionados à instituições educacionais, igrejas, corporações não-lucrativas, sociedades
e associações.
- COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e companhias.
- FAMILIAR ou PESSOAL - arquivo organizado por grupos familiares ou pessoas individualmente.
.
De acordo com o estágio de evolução (considera-se o tempo de vida de um arquivo)
- ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a documentação mais atual e frequentemente consultada. Pode ser mantido
em local de fácil acesso para facilitar a consulta.
- ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui documentos que vieram do arquivo corrente, porque deixaram de ser
usados com frequência. Mas eles ainda podem ser consultados pelos órgãos que os produziram e os receberam, se surgir uma situação
idêntica àquela que os gerou.
- ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se encontram os documentos que perderam o valor administrativo e cujo uso
deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são conservados somente por causa de seu valor histórico, informativo para comprovar algo
para fins de pesquisa em geral, permitindo que se conheça como os fatos evoluíram.

De acordo com a extensão da atenção:


Os arquivos se dividem em:
- ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacionais, cumprindo as funções de um arquivo corrente.
- ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os documentos correntes provenientes dos diversos órgãos que integram a
estrutura de uma instituição.

De acordo com a natureza de seus documentos:


- ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas formas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, microformas (fichas
microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles merecem tratamento adequado não apenas quanto ao armazenamento das peças, mas
também quanto ao registro, acondicionamento, controle e conservação.
- ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como arquivo técnico, é responsável pela guarda os documentos de um determinado
assunto ou setor/departamento específico.

De acordo com a natureza do assunto:


- OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não prejudicam a administração;
- SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, com divulgação restrita.

De acordo com a espécie:


- ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente administrativas;
- JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais;
- CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orientação jurídica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca alternativas para
evitar a esfera judicial.

De acordo com o grau de sigilo:


- RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não-autorizada possa comprometer planos, operações ou objetivos neles previs-
tos;
- SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, instalações, projetos, planos ou operações de interesse nacional, a assuntos
diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, programas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não autorizado possa
acarretar dano grave à segurança da sociedade e do Estado;
- ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à soberania e à integridade territorial nacional, a plano ou operações militares,
às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da defesa nacional e a
programas econômicos, cujo conhecimento não autorizado possa acarretar dano excepcionalmente grave à segurança da sociedade e do
Estado.

415
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Arquivamento e ordenação de documentos A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram classifi-
O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que cados dentre de um mesmo assunto.
visa ao acondicionamento e armazenamento dos documentos no Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organizada e
arquivo. categorizada previamente para posterior arquivamento.
Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades com- Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza dos
petentes, o documento deverá ser encaminhado ao seu destino documentos, podendo ser:2
para arquivamento, após receber despacho final.
O arquivamento é a guarda dos documentos no local esta- 1. Arquivamento por assunto
belecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa toda a Uma das técnicas mais utilizadas para a gestão de documentos
atenção é necessária, pois um documento arquivado erroneamente é o arquivamento por assunto. Como o próprio nome já adianta,
poderá ficar perdido quando solicitado posteriormente. essa técnica consiste em realizar o arquivamento dos documentos
O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o de acordo com o assunto tratado neles.
prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua eliminação. Isso permite agrupar documentos que tratem de assuntos cor-
relatos e permite encontrar informações completas sobre deter-
As operações para arquivamento são: minada matéria de forma simples e direta, sendo especialmente
1. Verificar se o documento destina-se ao arquivamento; interessante para empresas que lidam com um grande volume de
2. Checar a classificação do documento, caso não haja, atribuir documentos de um mesmo tema.
um código conforme o assunto;
3. Ordenar os documentos na ordem sequencial; 2. Método alfabético
4. Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência de Uma das mais conhecidas técnicas de arquivamento de docu-
antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que tratam do mentos é o método alfabético, que consiste em organizar os docu-
mesmo assunto, por consequência, o mesmo código; mentos arquivados de acordo com a ordem alfabética desses, per-
5. Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos – usar mitindo uma consulta mais intuitiva e eficiente.
uma pasta para cada código, evitando a classificação “diversos”;
Como a própria denominação já indica, nesse esquema o ele-
6. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes de mento principal considerado é o nome. Estamos falando sobre um
acordo com a ordem estabelecida – cronológica, alfabética, geográ- método muito usado nas empresas por apresentar a vantagem de
fica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. Caso não ser rápido e simples.
exista o original manter uma única cópia; No entanto, quando se armazena um número muito grande de
7. Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em cai- informações, é comum que existam alguns erros. Isso acontece de-
xa ou pasta apropriada, identificando externamente o seu conteúdo vido à grande variedade de grafia dos nomes e também ao cansaço
e registrando a sua localização no documento que o encaminhou. visual do funcionário.
8. Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os Para que a localização e o armazenamento dos documentos
documentos/processos estão armazenados. se tornem mais rápidos, é possível combinar esse método com a
Devemos considerar duas formas de arquivamento: A horizon- escolha de cores. Dessa forma, fica mais simples encontrar a letra
tal e a vertical. procurada.
- Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos uns Esse método é conhecido como Variadex e utiliza as cores
sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário. É indicado para como elementos auxiliares, com o objetivo de facilitar a localização
arquivos permanentes e para documentos de grandes dimensões, e a recuperação dos documentos. Vale lembrar que essa é somen-
pois evitam marcas e dobras nos mesmos. te uma variação do método alfabético. É possível, ainda, combinar
- Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns esse método ao de arquivamento por assunto, usando a ordem al-
atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para arquivos fabética para subdividir a organização.
correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição dos
documentos. 3. Método numérico
O método numérico é outra opção de arquivamento e uma óti-
Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arquivo, ma escolha para empresas que lidam com um grande volume de
devemos considerar tantos os métodos quanto os sistemas. documentos. Ele consiste em determinar um número sequencial
Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a possibi- para cada documento, permitindo sua consulta de acordo com um
lidade ou não de recuperação da informação sem o uso de instru- índice numérico previamente determinado.
mentos. Como o próprio nome indica, esse método é aquele usado
Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de uma quando os documentos são ordenados por números. É possível es-
ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro semelhante) para lo- colher três formas distintas de utilizá-lo: numérico simples, crono-
calizar um documento em um arquivo. lógico ou dígito-terminal.
Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema
direto de busca e/ou recuperação, como por exemplo, os métodos - Método numérico simples
alfabético e geográfico. Esse método é usado quando o modo de organizar é feito pelo
Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema indi- número da pasta ou do documento em que ele foi arquivado. É mui-
reto de busca e/ou recuperação, como são os métodos numéricos. to utilizado na organização de prontuários médicos, filmes, proces-
sos e pastas de funcionários.
2Adaptado de www.agu.gov.br

416
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

- Método numérico cronológico


Um método usado para fazer a organização dos documentos por data. É extremamente utilizado para organizar documentos financei-
ros, fotos e outros arquivos em que a data é o elemento essencial para buscar a informação.

- Método numérico dígito-terminal


A partir do momento em que se faz uso de números maiores, com diversos dígitos, o método simples não é eficiente. Isso ocorre por-
que ele acaba se tornando trabalhoso e lento. Por isso, nesse caso, o mais indicado é utilizar o método dígito-terminal.
Nesse método, a ordenação é realizada com base nos dois últimos dígitos. Quando esses são idênticos, a ordenação é dada a partir
dos dois dígitos anteriores. Isso acaba tornando o arquivamento mais ágil e eficiente.

4. Método eletrônico
O método eletrônico consiste em arquivar os documentos de forma eletrônica, realizando sua digitalização — o que permite não só
organizá-los de diversas formas distintas e de acordo com o método que mais se encaixa na organização e nas necessidades da empresa,
mas fazer sua gestão online e até mesmo remota.

5. Método geográfico
Esse método é aquele usado quando os documentos apresentam a sua organização por meio do local, isto é, quando a empresa esco-
lhe classificar os documentos a partir de seu local de origem.
No entanto, de acordo com a literatura arquivística, duas normas precisam ser empregadas para que o método geográfico seja utili-
zado de forma adequada. Confira!
- Norma do método geográfico 1
Quando os documentos são organizados por país ou por estado, eles precisam ser ordenados alfabeticamente. Dessa forma, fica mais
fácil localizá-los depois. Isso vale também para as cidades de um mesmo país ou estado: sempre postas em ordem alfabética. Nesse caso,
as capitais precisam aparecer no início da lista, uma vez que elas são, normalmente, as mais procuradas, tendo uma quantidade maior de
documentos.

- Norma do método geográfico 2


Ao realizar um arquivamento por cidades, quando não existe separação por estado, não há a exigência de que as capitais fiquem no
início. A ordem vai ser simplesmente alfabética. Entretanto, ao final de cada cidade, o estado a que ela corresponde precisa aparecer na
identificação.

6. Método temático
Esse é um método que propõe a organização dos documentos por assunto. Assim, a classificação é elaborada pelos assuntos e temas
básicos, que podem admitir diversas composições.

7. Índice onomástico (opcional)


Índice de nomes próprios que aparecem no texto. Deve ser utilizado quando o Coordenador da coleção assim o decidir. Deve ser or-
ganizado da mesma maneira que o índice remissivo.

Tabela de temporalidade
Instrumento de destinação, que determina prazos e condições de guarda tendo em vista a transferência, recolhimento, descarte de
documentos, com a finalidade de garantir o acesso à informação a quantos dela necessitem.
É um instrumento resultante da atividade de avaliação de documentos, que consiste em identificar seus valores (primário/administra-
tivo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo de vida dos documentos.
Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários na instituição.
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma instituição no
exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda permanen-
te, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do instrumento:


1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de acordo com as
funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para agili-
zar a sua localização na tabela.

2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e intermediária, visando
atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação daaposentadoria; e até qui-
tação da dívida.
- Os prazos são preferencialmente em ANOS

417
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

- Os prazos são determinados pelas: - Normas


- Precaução
- Informações recaptulativas
- Frequência de uso

3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da tabela.
Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação dos documentos,
segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.

A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO.


Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados procedimentos específicos,
de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação durante o prazo de guarda estabelecido na
tabela de temporalidade e destinação.

Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente. As alternativas são diversas,
como dispositivos externos de gravação,porém, o mais indicado hoje, é armazenar os dados em nuvem, que oferece além da segurança,
a facilidade de acesso.

Armazenamento

Áreas de armazenamento

Áreas Externas
A localização de um depósito de arquivo deve prever facilidades de acesso e de segurança contra perigos iminentes, evitando-se, por
exemplo:
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inundações, como margens de rios e subsolos;
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções irregulares;

418
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de po- - monitorar as condições do ar quanto à presença de poeira e
luição atmosférica, como refinarias de petróleo; poluentes, procurando reduzir ao máximo os contaminantes, uti-
- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias e lizando cortinas, filtros, bem como realizando o fechamento e a
depósitos de munições, de material bélico e aeroportos. abertura controlada de janelas;
- armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios magnéticos
Áreas Internas e ópticos em condições climáticas especiais, de baixa temperatura
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão aten- e umidade relativa, obtidas por meio de equipamentos mecânicos
der às necessidades de funcionalidade e conforto, enquanto as de bem dimensionados, sobretudo para a manutenção da estabilidade
armazenamento de documentos devem ser totalmente indepen- dessas condições, a saber: fotografias em preto e branco T 12ºC ±
dentes das demais. 1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5%
filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e UR 40% ± 5%.
Condições Ambientais
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de tra- Acondicionamento
balho devem receber tratamento diferenciado das áreas dos depó- Os documentos devem ser acondicionados em mobiliário e in-
sitos, as quais, por sua vez, também devem se diferenciar entre si, vólucros apropriados, que assegurem sua preservação.
considerando-se as necessidades específicas de preservação para A escolha deverá ser feita observando-se as características fí-
cada tipo de suporte. sicas e a natureza de cada suporte. A confecção e a disposição do
mobiliário deverão acatar as normas existentes sobre qualidade e
A deterioração natural dos suportes dos documentos, ao longo resistência e sobre segurança no trabalho.
do tempo, ocorre por reações químicas, que são aceleradas por flu- O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, promove
tuações e extremos de temperatura e umidade relativa do ar e pela a proteção contra danos físicos, químicos e mecânicos. Os docu-
exposição aos poluentes atmosféricos e às radiações luminosas, es- mentos devem ser guardados em arquivos, estantes, armários ou
pecialmente dos raios ultravioleta. prateleiras, apropriados a cada suporte e formato.
A adoção dos parâmetros recomendados por diferentes auto- Os documentos de valor permanente que apresentam grandes
res (de temperatura entre 15° e 22° C e de umidade relativa en- formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser armazenados
tre 45% e 60%) exige, nos climas quentes e úmidos, o emprego de horizontalmente, em mapotecas adequadas às suas medidas, ou
meios mecânicos sofisticados, resultando em altos custos de inves- enrolados sobre tubos confeccionados em cartão alcalino e acon-
timento em equipamentos, manutenção e energia. dicionados em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser
Os índices muito elevados de temperatura e umidade relativa armazenado diretamente sobre o chão.
do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação promovem a ocor- As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de compu-
rência de infestações de insetos e o desenvolvimento de microorga- tador, devem ser armazenadas longe de campos magnéticos que
nismos, que aumentam as proporções dos danos. possam causar a distorção ou a perda de dados. O armazenamento
Com base nessas constatações, recomenda-se: será preferencialmente em mobiliário de aço tratado com pintura
- armazenar todos os documentos em condições ambientais sintética, de efeito antiestático.
que assegurem sua preservação, pelo prazo de guarda estabeleci- As embalagens protegem os documentos contra a poeira e da-
do, isto é, em temperatura e umidade relativa do ar adequadas a nos acidentais, minimizam as variações externas de temperatura e
cada suporte documental; umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água e fogo em
- monitorar as condições de temperatura e umidade relativa do casos de desastre.
ar, utilizando pessoal treinado, a partir de metodologia previamen- As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao
te definida; peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser empilhadas.
- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo direciona- Precisam ser mantidas em boas condições de conservação e limpe-
das à obtenção de níveis de temperatura e umidade relativa estabi- za, de forma a proteger os documentos.
lizados na média, evitando variações súbitas; As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar for-
- reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos quando matos padronizados, e devem ser sempre iguais às dos documentos
os equipamentos de climatização não puderem ser mantidos em que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser preenchidos
funcionamento sem interrupção; para proteger o documento.
- proteger os documentos e suas embalagens da incidência di- Todos os materiais usados para o armazenamento de docu-
reta de luz solar, por meio de filtros, persianas ou cortinas; mentos permanentes devem manter-se quimicamente estáveis ao
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial das radia- longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações que afe-
ções ultravioleta; tem a preservação dos documentos.
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâmpadas fluo- Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e invó-
rescentes, aplicando filtros bloqueadores aos tubos ou às luminá- lucros devem ser alcalinos e corresponder às expectativas de pre-
rias; servação dos documentos.
- promover regularmente a limpeza e o controle de insetos ras- No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, reco-
teiros nas áreas de armazenamento; menda-se o uso de invólucros internos de papel alcalino, para evitar
- manter um programa integrado de higienização do acervo e o contato direto de documentos com materiais instáveis.3
de prevenção de insetos;

3Adaptado de CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/ www.ebox-


digital.com.br

419
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Classificação6
AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS 1. Organização dos documentos de um arquivo ou coleção, de
acordo com um plano de classificação ou quadro de arranjo.
A avaliação de documentos, juntamente com a classificação, é
fundamental para a gestão de documentos, pois organizam as infor- 2. Ato ou efeito de analisar e identificar o conteúdo de docu-
mações de forma racional, favorecendo a recuperação e a elimina- mentos, selecionar a categoria de assunto sob a qual devem ser
ção de documentos, quando estes não são mais aplicadas na forma basicamente recuperados, podendo-se atribuir um código.
administrativo, histórica e cultural.
A eliminação de documentos consiste na destruição dos docu- 3. Ato pelo qual se atribui a documentos ou às informações ne-
mentos que já cumpriram prazo de guarda e não possuem valor les contidas, graus de sigilo conforme legislação específica. Também
secundário. O objetivo da eliminação é evitar o acúmulo desneces- chamada classificação de segurança.
sário de documentos em depósitos, diminuindo os gastos com re-
cursos humanos e materiais. A eliminação é resultado da avaliação Plano de classificação
documental e deve ter como base a Tabela de Temporalidade de É um esquema elaborado a partir do estudo das estruturas e
Documentos em vigor. funções da instituição e análise do arquivo por ela produzido, pelo
A função da avaliação de documentos é de desprezar o que qual se distribuem os documentos em classes, de acordo com mé-
não é mais de serventia para a organização. Sendo assim, as regras todos de arquivamento específicos. Expressão geralmente adotada
de avaliação devem ser elencado na visão crítica nas utilizações ar- em arquivos correntes.
quivísticas. Bernardes e Delatorre apud Schäfer e Lima4 dizem que Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística,
“existem documentos que jamais podem ser eliminados, pois com- “plano de classificação é um esquema de distribuição de documen-
provam fatos e atos fundamentais para nossa existência civil e para tos em classes, de acordo com os métodos de arquivamento especí-
nossa vida pessoal. Ao mesmo tempo, não é possível e nem desejá- ficos, elaborado a partir do estudo das estruturas e funções de uma
vel que todos os documentos sejam preservados, afinal, documen- instituição e da análise do arquivo por ela produzido. Esse plano
tos que cumprem uma função importante durante determinado geralmente é adotado em arquivos correntes”.
tempo, posteriormente, perdem o seu valor original, devendo ser
eliminados, para que não dificultem o acesso a outros documentos Etapa
com valor informativo e probatório relevantes”. A avaliação deverá ser feita na fase corrente a fim de se dis-
O processo de avaliação de documentos busca a estabelecer tinguir não só os documentos de valor eventual, de eliminação
a destinação desses documentos: arquivamento, recolhimento ou sumária, como os de valor informativo e probatório. Na avaliação,
eliminação. Isso varia de acordo com seus valores informativos, his- primeiro devemos observar o valor “probatório” dos documentos.
tóricos, ou probatórios.
A avaliação deve ser feita na fase corrente, a fim de se distingui- Competência
rem não só os documentos de valor eventual, de eliminação sumá- Equipe técnica será constituída para integrar uma comissão de
ria, como os de valor informativo e probatório. avaliação e destinação documental, formada por pessoas ligadas a
As ferramentas fundamentais para a classificação e avaliação áreas profissionais diversas, tais como:
de documentos são o plano de classificação e a tabela de tempo- • arquivista ou responsável pela guarda da documentação;
ralidade. Essas duas ferramentas devem ser compostas tendo re- • profissionais ligados ao campo de conhecimento que trata o
ferência nos princípios arquivísticos, dentre elas a organicidade, acervo, objeto de avaliação, entre outros.
coerência e adaptabilidade. A comissão de avaliação e destinação documental deve conhe-
cer a estrutura e o funcionamento da instituição a ser avaliada (com
Objetivos de Avaliação de Documentos5 o propósito de poder exercer de forma competente o seu trabalho).
- Redução da massa documental Observações:
- Agilidade na recuperação dos documentos e das informações a) De acordo com o prazo de guarda, os documentos têm as
- Eficiência administrativa seguintes características:
- Melhor conservação dos documentos de guarda permanente • Guarda eventual – de interesse efêmero, sem valor adminis-
- Racionalização da produção e do fluxo de documentos (trâ- trativo para o órgão.
mite) • Guarda temporária – possuem valor administrativo, retido
- Liberação de espaço físico por um tempo específico.
- Incremento à pesquisa • Guarda permanente – considerados de suma importância,
possuem valores probatório e informativo.
a) Instrumentos de destinação
Há 2 instrumentos básicos: tabela de temporalidade e lista de
eliminação

4 SCHÄFER, Murilo Billig; LIMA, Eliseu dos Santos. A classificação e a avaliação


de documentos: análise de sua aplicação em um sistema de gestão de documen-
tos arquivísticos digitais. Perspectivas em Ciência da Informação, v.17, n.3, p.137-
154, jul./set. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pci/v17n3/a10v17n3>.
Acesso em: 08 mai. 2015. 6 CONARQ. Classificação, Temporalidade, e destinação de documentos de arqui-
5 De acordo com Ieda Pimenta Bernardes vo relativos às atividades-meio da administração pública. Rio de Janeiro, 2001.

420
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Destinação de Documentos7 A Ata de Eliminação de Documentos é um documento onde


A destinação de documentos é um conjunto de operações que deverá ser registrados todos os procedimentos relacionados à ava-
ocorre após a avaliação, que determina o encaminhamento dos do- liação e destinação de documentos, e está deverá ser elaborada por
cumentos à guarda temporária, permanente ou eliminação. Esse uma Comissão Permanente de Avaliação de Documentos (CPAD),
conjunto de operações identificam os documentos produzidos e que aprova a relação/listagem dos documentos a serem eliminados.
recebidos por um órgão e indicam o destino que se deve dar aos
mesmos. O Edital de Ciência de Eliminação de Documentos, tem como
Os tipos de instrumentos de destinação de documentos8 são: objetivo dar publicidade, em periódicos oficiais, ao ato de elimina-
Tabela de Temporalidade de Documentos (TTD), Calendário de ção dos acervos arquivísticos sob a sua guarda. De acordo com a
Transferência e Calendário de Recolhimento, Relação de Transfe- Resolução nº 5 do CONARQ, os editais para eliminação de docu-
rência e Relação de Recolhimento, Termo de Eliminação, Ata de mentos deverão consignar um prazo de 30 a 45 dias para possíveis
Eliminação de Documentos e Edital de Ciência de Eliminação de manifestações ou, quando for o caso, possibilitar as partes interes-
Documentos. sadas requererem, a suas expensas, o desentranhamento de docu-
mentos ou cópias de peças de processos.
A Tabela de temporalidade, conforme o Dicionário Brasileiro
de Terminologia Arquivística, “tabela de temporalidade é um ins-
trumento de destinação, previamente aprovado por uma autorida- TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS
de, que determina prazos e condições de guarda tendo em vista
a transferência, recolhimento, descarte ou eliminação de docu- Identificação Arquivística e Tipologia Documental
mentos (prazo de eliminação). O grupo de comissão de avaliação Carmona Mendo (2004, p.41), referindo-se ao conceito de
e destinação é o órgão responsável pela elaboração da tabela de identificação definido na Espanha nas Actas de las Primeras Jorna-
temporalidade”. das sobre Identificación de Fondos Documentales en las Adminis-
traciones Públicas, realizadas em Madrid, em 1991, explica que a
Também podemos dizer que a tabela de temporalidade é: o identificação compreende:
registro esquemático do ciclo de vida documental do órgão. A apli- [...] o processo de investigação e sistematização de categorias
cação da tabela de temporalidade permite eliminar documentos administrativas e arquivísticas nas quais se sustenta a estrutura de
ainda no arquivo corrente. um fundo, sendo um dos seus objetivos principais assegurar através
O principais elementos constantes numa tabela de temporali- dos seu resultados a avaliação das séries documentais. (CARMONA
dade são: MENDO, 2004, p.41).
• tipo e/ou assunto dos documentos;
• período (datas-limites); Merece referencia os estudos de Martín-Palomino y Benito e
• quantificação; La Torre Merino, autores que definem a identificação como “[...]
• prazos de retenção (arquivos corrente e intermediário); fase do tratamento arquivístico que consiste na investigação e sis-
• destinação (transferência, recolhimento, microfilmagem ou tematização de categorias administrativas e arquivísticas em que se
eliminação); sustenta a estrutura de um fundo” (LA TORRE MERINO; MARTÍN-
• campo destinado a observações. -PALOMINO y BENITO 2000, p.14 tradução nossa).
Essa definição foi desenvolvida no âmbito dos estudos de Ma-
O Calendário de Transferência e o Calendário de Recolhimento ría Luisa Conde Villaverde, que toma por referencia os trabalhos do
determina a época de transferência de documentos dos arquivos Grupo de Archivistas Municipales de Madrid, marcando o pionei-
correntes para os arquivos intermediários. rismo da Espanha na difusão da teoria e da metodologia a respeito
A Relação de Transferência e Relação de Recolhimento é um dos processos de identificação como fase independente no âmbito
instrumento de controle utilizado para a transferência de documen- das metodologias arquivísticas, diferenciando-a da classificação e
tos de um arquivo para outro. Esses instrumentos devem identificar da avaliação, afirmando que a identificação antecede à essas fun-
as séries e os tipos documentais, as datas abrangentes, a quantida- ções e todas antecedem à descrição.
de de documentos, o órgão de origem da documentação e devem Quando nos referimos à identificação para o tratamento dos
ser elaboradas em duas vias a serem encaminhadas juntamente fundos acumulados em arquivos, estamos falando do conhecimen-
com a documentação. Quando do recebimento, após a assinatura, to dos elementos que constituem as séries documentais. Pedro Ló-
uma via deve retornar ao órgão de origem e a outra fica junto ao pez Gómez (1998, p.39), aponta que é importante que essas tarefas
órgão receptor. se apoiem no princípio básico da arquivística, isto é, no “princípio
da proveniência” que deve ser a diretriz fundamental para o tra-
O Termo de Eliminação é o instrumento em que consta o re- tamento dos fundos de arquivo. Além disso, Pedro López Gómez
gistro de informações sobre documentos eliminados após terem ressalta que:
cumprido o prazo de guarda, e comprova e especifica que um de- Este método deve ser combinado com a análise documental,
terminado conjunto de documentos foi eliminado. que mediante o processo analítico dos documentos, nos permite,
a partir do conhecimento das características externas e internas,
chegar à identificação das séries documentais a que pertencem, e
mediante um processo de síntese, pelo estudo das agrupações do-
7 BRASIL, Plano de Destinação de Documentos. Porto Alegre, 2001. cumentais, reconstruir tanto a organicidade como a funcionalidade
8 BRASIL, plano de destinação de documentos da universidade federal da frontei- dos arquivos e consequentemente das instituições que os produzi-
ra sul – UFFS ram. (LÓPEZ GÓMEZ 1998, p.39).

421
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

O método analítico sustentado por Pedro López Gómez é deno- A finalidade dessa primeira etapa do método proposto pela
minado de análise documental para fins de normalização das séries identificação é conhecer o completo funcionamento do órgão, as
documentais. A partir dos parâmetros da tipologia documental e estruturas hierárquicas e suas atribuições, através de uma exaustiva
diante da necessidade deimplantar sistemas de gestão de docu- investigação destes elementos orgânicos e funcionais, a partir das
mentos automatizados, que supõe padronização, as séries devem fontes de informações específicas, como explica Carmona Mendo:
estar perfeitamente identificadas de maneira prévia, o que exige
também o estudo prévio de tipos documentais. As fontes que devemos consultar são as externas e internas.
Entre as primeiras podemos citar: boletins oficiais, legislação, estu-
Na dimensão desta necessidade de caracterizar os tipos docu- dos históricos realizados...; entre as internas: a própria documenta-
mentais, inicia-se o debate das relações estabelecidas entre a arqui- ção que é objeto de estudo, ou seja, as normas internas produzidas
vística e a diplomática. O resultado deste debate fica evidente nos pelas instituições, e quando seja possível, realizar entrevistas com
vários projetos que foram surgindo. A Espanha registra numerosas os responsáveis pela gênese dos documentos. (CARMONA MENDO,
iniciativas de criação de grupos de trabalho para identificar e avaliar 2004, p.42)
documentos de arquivo. Carmona Mendo (2004, p.43) e Rodrigues (2008, p.71), apon-
No âmbito municipal outras propostas se destacam, “com forte tam que os elementos a serem considerados neste estudo sobre as
personalidade”, apresentando resultados que somados se tradu- categorias administrativas são:
zem numa “verdadeira teoria da gestão de documentos em âmbito • As datas de criação e/ou extinção de órgão das administra-
local”, como observa Pedro López Gómez (1998). ções;
Os manuais de tipologia documental, elaborados com rigor • As normas e a legislação que regularam ou regulam o seu
pelo Grupo de Madri, passaram a servir de modelo para outros funcionamento (competências, funções, atividades e procedimen-
arquivistas e para outros conjuntos de documentos. (RODRIGUES, tos administrativos);
2008, p.55). • Órgão que tenham precedido o desenvolvimento das compe-
tências análogas; e,
Na mesma linha, Carmona Mendo (2004, p.42 tradução nossa, • Órgãos que herdaram competências semelhantes.
grifo da autora) aponta que:
A identificação é a melhor ferramenta para aplicar o princípio Como resultado deste levantamento de dados, são elaborados
básico da arquivística: o de respeito à proveniência e da ordem ori- os seguintes instrumentos, produtos dessa primeira etapa da iden-
ginal. Consiste na investigação das características dos elementos tificação:
implicados na gênese do fundo: o sujeito produtor e o objeto pro- • Índices de organismos produtores (também chamados de fi-
duzido. Entende-se por sujeito produtor a pessoa física, família ou cheiros de organismos);
organismo que produziu e/ou acumulou o fundo. Entende-se por • Repertório de organogramas (permitem conhecer a estrutura
objeto produzido a totalidade do fundo e cada uma das agrupações e suas modificações de forma gráfica durante sua vigência);
documentais que o compõem. • Índice legislativo (também chamado de repertório legislati-
vo de órgãos produtores), um instrumento que tem por objetivo
Neste sentido, Carmona Mendo (2004) ressalta que a identifi- o estudo de cada norma individualizada referenciada no primeiro
cação é um método analítico que sustenta todo o tratamento arqui- instrumento.
vÍstico dos documentos que compõem o fundo de arquivo de qual-
quer organização, seja pública ou privada, e que pode ser aplicado A partir desses dados coletados e estruturados nos instrumen-
em todo o ciclo de vida dos documentos e que tem dois objetos: o tos referenciados, o arquivista estará apto e bem preparado com
órgão produtor e os documentos por ele produzido. condições para obter uma imagem fiel e completa da organização
Rodrigues (2008), Martín-Palomino y Benito e La Torre Merino produtora, desenvolvendo parâmetros seguros para a gestão de do-
(2000), Carmona Mendo (2004), analisam este método a partir de cumentos.
duas grandes etapas, a saber: identificação do órgão produtor (ele- Concluída esta etapa, inicia-se a segunda etapa do método
mento orgânico e funcional); e identificação e do tipo documental, proposto, ou seja, a identificação do tipo documental e das séries
para definir as séries documentais. documentais.

Identificação do órgão produtor Identificação de tipos documentais


A primeira etapa do método proposto pelos autores analisados A segunda etapa da metodologia se caracteriza pelo estudo
é a identificação do organismo produtor, ou seja, é a coleta de da- detalhado do tipo documental, através da análise dos elementos
dos sobre as informações essenciais a respeito da estrutura orgâni- que identificam os documentos e que por comparação se agrupam
ca do órgão produtor. na mesma série documental, tornando seguro o tratamento técnico
A autora ressalta que também é necessária a investigação de destes conjuntos (as séries documentais) durante todas as fases do
seu elemento funcional nesta primeira etapa, com a finalidade de seu ciclo de vida, bem como a elaboração de instrumentos estáveis
entender as competências, funções, atividades, tarefas e procedi- que normalizem os procedimentos para o correto funcionamento
mentos administrativos da instituição em análise, que se materia- dos sistemas de arquivos.
lizam nos documentos de arquivo que formam as diferentes séries
documentais. Segundo Duplá Del Moral (apud CARMONA MENDO, 2004, p.43),

422
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

[...] se define a série documental como o conjunto de docu- Nessa perspectiva, a autora faz distinção entre o objeto da di-
mentos que correspondem a um mesmo tipo documental, produ- plomática clássica e da nova diplomática, a tipologia documental, e
zido por um mesmo órgão, seu antecessor e sucessor, sempre que seu método de análise, que são complementares para a identifica-
não forme parte de outro fundo de arquivo; no exercício de uma ção dos documentos arquivísticos.
função determinada. Geralmente estão sujeitos a um mesmo pro- As metodologias de tratamento documental num e noutro
cedimento administrativo e apresentam a mesma aparência e um campo são distintas, porém, ao mesmo tempo, imbricadas. O cam-
conteúdo informativo homogêneo. po de aplicação da Diplomática gira em torno do verídico quanto
à estrutura e à finalidade do ato jurídico. Já o da Tipologia gira em
Para Rodrigues (2008, p.74), este mesmo grupo de autores par- torno da relação dos documentos com as atividades institucionais/
te de um parâmetro conceitual normalizado de série documental, pessoais. (BELLOTTO, 2002, p. 21)
“[...] representado pela seguinte fórmula: série = sujeito produtor +
função tipo documental”. Heloisa Bellotto (apud Rodrigues 2008, p.140), aponta que po-
No Brasil, de acordo com o Dicionário de Terminologia Arqui- demos estabelecer dois pontos de partida para a análise tipológica:
vística de São Paulo (2010, p.76), o conceito de série documental o da diplomática ou o da arquivística.
remete “à sequência de unidades de um mesmo tipo documental”, 1. Quando se parte da diplomática, o elemento inicial é a de-
cuja denominação obedece a seguinte fórmula: espécie + atividade. codificação do próprio documento, sendo suas etapas: da anatomia
O núcleo duro da definição esta no reconhecimento da ativida- do texto ao discurso, do discurso à espécie, da espécie ao tipo, do
de como fundamento do reconhecimento do tipo documental e de tipo à atividade, da atividade ao produtor.
seu agrupamento em séries. 2. Quando se parte da arquivística, o elemento inicial tem que
ser necessariamente a entidade produtora, cujo percurso é: da
Entende-se por tipo documental, a ”unidade produzida por competência à estrutura, da estrutura ao funcionamento, do fun-
um organismo no desenvolvimento de uma competência concreta, cionamento à atividade refletida no documento, da atividade ao
regulamentada por uma norma de procedimento e cujo formato, tipo, do tipo à espécie, da espécie ao documento.
conteúdo informativo e suporte são homogêneos” e por série do-
cumental, “o conjunto de documentos produzidos por um mesmo A Tipologia documental é a ampliação da Diplomática na dire-
sujeito produtor no desenvolvimento da mesma função e cuja atu- ção da gênese documental, ou seja, é a determinação e contextua-
ação administrativa foi plasmada num mesmo tipo documental” lização da competência, funções e atividades da instituição gerado-
(RODRIGUES, 2008, p.74). ra/acumuladora em um determinado contexto documental.

O conceito de espécie e tipo documental, introduzidos por He- Enquanto a espécie documental é o objeto da Diplomática,
loisa Bellotto na arquivística brasileira, são objetos de estudos da a Tipologia Documental, representando melhor uma extensão da
Diplomática e da Tipologia Documental, respectivamente. Diplomática em direção à Arquivística, tem por objeto o tipo do-
O que se verifica na literatura, é que o objeto da Diplomática e cumental, entendido como a “configuração que assume a espécie
seu campo de estudos sofrem uma adaptação na sua metodologia documental de acordo com a atividade que a gerou” [...] (BELLOTO,
para atender às necessidades de sua aplicabilidade no campo das 2002, p.19, grifo da autora).
outras ciências que auxilia, ou seja, num primeiro momento o Direi-
to, depois a História e hoje a Arquivística. Os autores analisados apontam que uma vez coletadas, estru-
turadas e analisadas as informações da primeira etapa da identifica-
Sempre adequado às necessidades de registro de dados sobre ção arquivística (estruturas orgânicas e funcionais – competências,
o documento arquivístico e considerando as informações que serão funções, atividades), passase a estudar as normas e os procedimen-
usadas nas análises posteriores efetuadas no campo das demais tos administrativos, bem como os trâmites que tiveram cada tipo
funções arquivísticas, este modelo metodológico vai além da carac- documental desde sua produção. Nesta etapa será formatado o ins-
terização da estrutura documental, campo de estudos da diplomáti- trumento que registra os dados de cada série documental, produzi-
ca clássica, buscando a contextualização do documento, chave para da ou acumulada, denominados:
a compreensão e tratamento do documento arquivístico, campo de • ficha de identificação e avaliação de séries documentais (Con-
estudos da tipologia documental. (RODRIGUES, 2008, p. 162). de Villaverde, 1996; Martín-Palomino y Benito e La Torre Merino,
2000)
A partir da metade do século XX até os dias atuais, os arquivis- • ficha de tipos documentais (Molina Nortes e Leyva Palma,
tas veem na diplomática novos usos para essa ciência no campo de 1996 apud RODRIGUES, 2008, p.75).
investigação daarquivística, isto é, como um método de análise im- • sistemas ou manuais de tipologia documental (RODRIGUES,
prescindível para compreender o complexo processo de produção 2008)
dos documentos criados pela burocracia moderna. Bellotto (2002)
explica que: Como aponta segundo Carmona Mendo (2004, p.44-46), o re-
O objeto do moderno campo de estudos da Diplomática é a sultado do desenvolvimento, análise e aplicação das duas etapas de
unidade arquivística elementar analisada enquanto espécie docu- identificação arquivística permitirá ao arquivista conhecer e desen-
mental, servindo-se dos seus aspectos formais para definir a na- volver parâmetros seguros para:
tureza jurídica dos atos nela implicados, tanto relativamente à sua • A correta denominação da série, ou seja, sua definição; o as-
produção, como a seus efeitos (CARUCCI, 1987 apud BELLOTTO, pecto externo e a materialidade do documento: meio pelo qual se
2002, p.17). transmite a mensagem; o suporte; o formato; e, a tradição docu-
mental, ou seja, se cópia, minuta ou original.

423
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

• O organismo produtor, as modificações orgânicas e funcio- GÊNERO


nais decorrentes de sua evolução no tempo e no espaço, chegando Designação dos documentos segundo aspecto de sua formata-
até a unidade administrativa encarregada da gestão das séries do- ção nos diferentes suportes. Segundo a maneira que a informação
cumentais em sua responsabilidade. foi registrada.
• A legislação que regulamenta as funções materializadas nos A)Documentos textuais: informações escrita ou textual. Ex:
distintos tipos documentais. Os tramites ou procedimentos admi- contrato, ata, relatório, certidão
nistrativos que explica a gênese do tipo documental,conhecimento B)Documentos audiovisuais (analógico): informação esteja em
importantíssimo para delimitar corretamente a vigência administra- forma de som e/ou imagem em movimento. Ex: filme, registro so-
tiva, jurídica e/ou histórica dos documentos para a sua avaliação. noro em fita cassete. Temos os sonoros (em som) e os filmográficos
• A tipologia documental, os documentos básicos que com- (em filme)
põem um processo ou dossiê, no caso de documentos compostos. C)Documentos micrográficos: em microforma. Ex: microfilmes
• A ordenação das séries, que dependerá das características e microfichas.
identificadas nos tipos documentais que vem determinada pelo ór- D)Documentos iconográficos: em imagem estática. Ex: fotogra-
gão produtor. fia, negativos, diapositivos (slides), desenhos, gravuras
• O conteúdo dos documentos, sobre as pessoas, datas, luga- E)Documentos cartográficos: representação de forma reduzida
res, etc. e os assuntos que aparecem em cada série. de uma área maior. Ex: mapa, perfil, planta
• A vigência administrativa que virá determinada por uma nor- F)Documentos informáticos ou digitais: codificado em dígitos
ma administrativa do direito para cada série documental. binários, produzido, tramitado e armazenado por sistema computa-
• A conveniência de conservar ou eliminar as séries documen- cional. Ex: arquivo em MP3, arquivo do Word, DVD
tais de acordo com seus prazos de vigência administrativas e jurí-
dicas. ESPÉCIE
• O acesso e o grau de consulta dos documentos pelos usuá- Designação do documento segundo seu aspecto formal e da
rios, ou seja, é possível orientar a informação determinada pelas aplicação a que esse documento se destina
próprias normas ou necessidades dos usuários. Carta, certidão, decreto, edital, ofício, relatório, requerimento,
gravura, diapositivo (slide), planta, mapa
A gestão de documentos se caracteriza como um processo
de intervenção no ciclo de vida dos documentos de arquivo, inci- 1TIPO
dindo sobre o momento de produção e acumulação na primeira e Soma da espécie documental com atividade fim (finalidade) a
segunda idade e que se sustenta na classificação e avaliação. Para que o documento se destina
o desenvolvimento destes programas é necessário a padronização Atestados médicos, atas de reunião dos empregados, cartas
de procedimentos, o que tem inicio pela denominação correta dos precatórias, cartas régias, cartas-patentes, decretos sem número,
documentos contextualizada no âmbito das competências, funções, decreto-leis, decretos legislativos, fotografias temáticas, retratos,
atividades, tarefas e procedimentos desenvolvidos pelo órgão que litogravuras, serigrafias e xilogravuras
os produziram.
Posto isso, verificamos que existe uma estreita relação da iden-
tificação arquivística com a gestão de documentos, uma vez que ela
se apresenta no campo teórico como um método analítico baseado
nos princípios propostos pela diplomática, mais especificamente
nos parâmetros dos estudos de tipologia documental.

TIPOLOGIA DOCUMENTAL

SUPORTE
Material sobre o qual as informações são registradas. Ex: Fita Natureza do Assunto:
magnética, filme de nitrato, papel, CD A)Ostensivos/Ordinário: pode ser de livre conhecimento

FORMA B)Sigiloso: deve ser de conhecimento restrito


Características físicas de apresentação, das técnicas de registro ULTRASSECRETO
e da estrutura da informação, conteúdo de um documento. Estágio SECRETO
de PREPARAÇÃO e TRANSMISSÃO de documentos. Ex: Cópia, origi- SIGILOSO
nal, rascunho, minuta.

FORMATO
Configuração física de um suporte de acordo com a sua natu-
reza e o modo como foi confeccionado. Ex: Formulário, ficha, livro,
caderno, planta, folha, cartaz, microficha, rolo de filme, tira de mi-
crofilme

424
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

MICROFILMAGEM. AUTOMAÇÃO

De acordo com a obra Estudos Avançados em Arquivologia9, as organizações podem apresentar as seguintes tipologias documentais:
- Informação estratégica que apoia o planejamento e o processo de tomada de decisão e, por sua vez, possibilita definir ações de
médio e longo prazo;
- Informação sobre o negócio que possibilita a prospecção e o monitoramento de concorrentes e entrantes, bem como observar o
comportamento dos clientes;
- Informação financeira que possibilita o processamento de custos, lucros, riscos e controles;
- Informação comercial que subsidia as atividades relacionadas às transações comerciais no país e no exterior;
- Informação estatística como séries históricas, estudos comparativos etc.;
- Informação gerencial que auxilia a gestão da qualidade, o gerenciamento de projetos, a gestão de pessoas etc.;
- Informação tecnológica que subsidia a pesquisa e desenvolvimento (P&D) buscando a inovação de produtos, materiais e processos.

Cada tipologia congrega inúmeros tipos documentais que, por sua vez, são relacionados às responsabilidades, funções, atividades
e tarefas desempenhadas na organização, dessa forma os documentos devem ser gerenciados desde a sua gênese, por meio da gestão
documental.
A gestão documental permite a integração, importação e exportação de conteúdos de diversos tipos, formatos, produtos e ambientes:
texto, imagem, folhas de dados, gráficos, áudio, vídeo, e-mail, fax e páginas web.
A impressão de documentos ou a gravação em CD-ROM, DVD, ou outro suporte eletrônico/digital poderá ser feita, desde que o usuário
tenha sido autorizado (níveis de acesso) para tal ação. Além disso, a GD propicia maior segurança no que tange às assinaturas eletrônicas,
à certificação cronológica e controle de acessos aos documentos/informações.
O suporte físico é o meio físico empregado para registrar documentos, ou seja, é a base onde se encontra determinada informação ou
mesmo um documento. A matéria do concurso pede especificamente para tratarmos de microfilmagem:

Microfilmagem10
Microfilme é o resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, dados e imagens, por meios fotográficos ou eletrôni-
cos, em diferentes graus de redução. O microfilme reduz os espaços em aproximadamente 98%, em relação ao documento original. Dessa
forma, há um domínio maior da massa documental, implicando a busca mais eficiente da informação.
A microfilmagem não elimina o prévio tratamento da documentação. O objetivo da microfilmagem é reduzir o volume documental e
garantir a durabilidade das informações documentais. Um microfilme tem vida útil de 500 anos.
A microfilmagem está prevista na Lei Nº 5.433, de 8 de maio de 1968, regulamentada pelo Decreto Nº 1.799/1996).

A seguir apresentaremos a legislação pertinente a microfilmagem:

LEI Nº 5.433, DE 8 DE MAIO DE 1968

Regula a microfilmagem de documentos oficiais e dá outras providências.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art 1º É autorizada, em todo o território nacional, a microfilmagem de documentos particulares e oficiais arquivados, êstes de órgãos
federais, estaduais e municipais.
§ 1º Os microfilmes de que trata esta Lei, assim como as certidões, os traslados e as cópias fotográficas obtidas diretamente dos filmes
produzirão os mesmos efeitos legais dos documentos originais em juízo ou fora dele.
§ 2º Os documentos microfilmados poderão, a critério da autoridade competente, ser eliminados por incineração, destruição mecâni-
ca ou por outro processo adequado que assegure a sua desintegração.
§ 3º A incineração dos documentos microfilmados ou sua transferência para outro local far-se-á mediante lavratura de têrmo, por
autoridade competente, em livro próprio.
§ 4º Os filmes negativos resultantes de microfilmagem ficarão arquivados na repartição detentora do arquivo, vedada sua saída sob
qualquer pretexto.

9 Estudos avançados em Arquivologia/Marta Lígia Pomim Valentim (org.) – Marília. Oficina Universitária; São Paulo. Cultura Acadêmica, 2012.
10 VALENTINI, Renato. Arquivologia para concursos. Elsevier, 4. ed. Rio de Janeiro, 2013.

425
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

§ 5º A eliminação ou transferência para outro local dos docu- Art. 4° A microfilmagem será feita em equipamentos que ga-
mentos microfilmados far-se-á mediante lavratura de têrmo em li- rantam a fiel reprodução das informações, sendo permitida a utili-
vro próprio pela autoridade competente. zação de qualquer microforma.
§ 6º Os originais dos documentos ainda em trânsito, microfil- Parágrafo único. Em se tratando da utilização de microfichas,
mados não poderão ser eliminados antes de seu arquivamento. além dos procedimentos previstos neste Decreto, tanto a original
§ 7º Quando houver conveniência, ou por medida de segu- como a cópia terão, na sua parte superior, área reservada à titula-
rança, poderão excepcionalmente ser microfilmados documentos ção, à identificação e à numeração seqüencial, legíveis com a vista
ainda não arquivados, desde que autorizados por autoridade com- desarmada, e fotogramas destinados à indexação.
petente. Art. 5° A microfilmagem, de qualquer espécie, será feita sem-
Art 2º Os documentos de valor histórico não deverão ser eli- pre em filme original, com o mínimo de 180 linhas por milímetro
minados, podendo ser arquivados em local diverso da repartição de definição, garantida a segurança e a qualidade de imagem e de
detentora dos mesmos. reprodução.
Art 3º O Poder Executivo regulamentará, no prazo de 90 (no- § 1° Será obrigatória, para efeito de segurança, a extração de
venta) dias, a presente Lei, indicando as autoridades competentes, filme cópia do filme original.
nas esferas federais, estaduais e municipais para a autenticação de § 2° Fica vedada a utilização de filmes atualizáveis, de qualquer
traslados e certidões originárias de microfilmagem de documentos tipo, tanto para a confecção do original, como para a extração de
oficiais. cópias.
§ 1º O decreto de regulamentação determinará, igualmente, § 3° O armazenamento do filme original deverá ser feito em
quais os cartórios e órgãos públicos capacitados para efetuarem a local diferente do seu filme cópia.
microfilmagem de documentos particulares, bem como os requisi- Art. 6° Na microfilmagem poderá ser utilizado qualquer grau
tos que a microfilmagem realizada por aquêles cartórios e órgãos de redução, garantida a legibilidade e a qualidade de reprodução.
públicos devem preencher para serem autenticados, a fim de pro- Parágrafo único. Quando se tratar de original cujo tamanho ul-
duzirem efeitos jurídicos, em juízo ou fora dêle, quer os microfil- trapasse a dimensão máxima do campo fotográfico do equipamen-
mes, quer os seus traslados e certidões originárias. to em uso, a microfilmagem poderá ser feita por etapas, sendo obri-
§ 2º Prescreverá também o decreto as condições que os car- gatória a repetição de uma parte da imagem anterior na imagem
tórios competentes terão de cumprir para a autenticação de mi- subseqüente, de modo que se possa identificar, por superposição, a
crofilmes realizados por particulares, para produzir efeitos jurídicos continuidade entre as seções adjacentes microfilmadas.
contra terceiros. Art. 7° Na microfilmagem de documentos, cada série será pre-
Art 4º É dispensável o reconhecimento da firma da autoridade cedida de imagem de abertura, com os seguintes elementos:
que autenticar os documentos oficiais arquivados, para efeito de I - identificação do detentor dos documentos, a serem micro-
microfilmagem e os traslados e certidões originais de microfilmes. filmados;
Art 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. II - número do microfilme, se for o caso;
Art 6º Revogam-se as disposições em contrário. III - local e data da microfilmagem;
IV - registro no Ministério da Justiça;
DECRETO N° 1.799, DE 30 DE JANEIRO DE 1996 V - ordenação, identificação e resumo da série de documentos
a serem microfilmados;
Regulamenta a Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, que regula VI - menção, quando for o caso, de que a série de documentos
a microfilmagem de documentos oficiais, e dá outras providências. a serem microfilmados é continuação da série contida em microfil-
me anterior;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe VII - identificação do equipamento utilizado, da unidade filma-
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis- dora e do grau de redução;
posto na art. 3° da Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, VIII - nome por extenso, qualificação funcional, se for o caso,
DECRETA: e assinatura do detentor dos documentos a serem microfilmados;
IX - nome por extenso, qualificação funcional e assinatura do
Art. 1° A microfilmagem, em todo território nacional, autoriza- responsável pela unidade, cartório ou empresa executora da micro-
da pela Lei n° 5.433, de 8 de maio de 1968, abrange os documentos filmagem.
oficiais ou públicos, de qualquer espécie e em qualquer suporte, Art. 8º No final da microfilmagem de cada série, será repro-
produzidos e recebidos pelos órgãos dos Poderes Executivo, Judi- duzida a imagem de encerramento, imediatamente após o último
ciário e Legislativo, inclusive da Administração indireta da União, documento, com os seguintes elementos:
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e os documentos I - identificação do detentor dos documentos microfilmados;
particulares ou privados, de pessoas físicas ou jurídicas. II - informações complementares relativas ao inciso V do artigo
Art. 2° A emissão de cópias, traslados e certidões extraídas de anterior;
microfilmes, bem assim a autenticação desses documentos, para III - termo de encerramento atestando a fiel observância às dis-
que possam produzir efeitos legais, em juízo ou fora dele, é regula- posições deste Decreto;
da por este Decreto. IV - menção, quando for o caso, de que a série de documentos
Art. 3° Entende-se por microfilme, para fins deste Decreto, o microfilmados continua em microfilme posterior;
resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, da- V - nome por extenso, qualificação funcional e assinatura do
dos e imagens, por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes responsável pela unidade, cartório ou empresa executora da micro-
graus de redução. filmagem.

426
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Art. 9° Os documentos da mesma série ou seqüência, eventu- I - que a microfilmagem foi executada de acordo com o dispos-
almente omitidos quando da microfilmagem, ou aqueles cujas ima- to neste Decreto;
gens não apresentarem legibilidade, por falha de operação ou por II - que se responsabilizam pelo padrão de qualidade do serviço
problema técnico, serão reproduzidos posteriormente, não sendo executado;
permitido corte ou inserção no filme original. III - que o usuário passa a ser responsável pelo manuseio e con-
§ 1° A microfilmagem destes documentos será precedida de servação das microformas.
uma imagem de observação, com os seguintes elementos: Art. 17. Os microfilmes e filmes cópias, produzidos no exterior,
a) identificação do microfilme, local e data; somente terão valor legal, em juízo ou fora dele, quando:
b) descrição das irregularidades constatadas; I - autenticados por autoridade estrangeira competente;
c) nome por extenso, qualificação funcional e assinatura do II - tiverem reconhecida, pela autoridade consular brasileira, a
responsável pela unidade, cartório ou empresa executora da micro- firma da autoridade estrangeira que os houver autenticado;
filmagem. III - forem acompanhados de tradução oficial.
§ 2° É obrigatório fazer indexação remissiva para recuperar as Art. 18. Os microfilmes originais e os filmes cópias resultantes
informações e assegurar a localização dos documentos. de microfilmagem de documentos sujeitos à fiscalização, ou neces-
§ 3° Caso a complementação não satisfaça os padrões de quali- sários à prestação de contas, deverão ser mantidos pelos prazos de
dade. exigidos, a microfilmagem dessa série de documentos deverá prescrição a que estariam sujeitos os seus respectivos originais.
ser repetida integralmente. Art. 19. As infrações às normas deste Decreto, por parte dos
Art. 10. Para o processamento dos filmes, serão utilizados equi- cartórios e empresas registrados no Ministério da Justiça sujeitarão
pamentos e técnicas que assegurem ao filme alto poder de defini- o infrator, observada a gravidade do fato, às penalidades de adver-
ção, densidade uniforme e durabilidade. tência ou suspensão do registro, sem prejuízo das sanções penais e
Art. 11. Os documentos, em tramitação ou em estudo, pode- civis cabíveis.
rão, a critério da autoridade competente, ser microfilmados, não Parágrafo único. No caso de reincidência por falta grave, o re-
sendo permitida a sua eliminação até a definição de sua destinação gistro para microfilmar será cassado definitivamente.
final. Art. 20. O Ministério da Justiça expedirá as instruções que se
Art. 12. A eliminação de documentos, após a microfilmagem, fizerem necessárias ao cumprimento deste Decreto.
dar-se-á por meios que garantam sua inutilização, sendo a mesma Art. 21. Revoga-se o Decreto n° 64.398, de 24 de abril de 1969.
precedida de lavratura de termo próprio e após a revisão e a extra- Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
ção de filme cópia.
Parágrafo único. A eliminação de documentos oficiais ou pú- Comentários sobre a Legislação Pertinente à Microfilmagem
blicos só deverá ocorrer se prevista na tabela de temporalidade A Lei Nº 5.433, de 08 de maio de 1968 regula a microfilmagem
do órgão, aprovada pela autoridade competente na esfera de sua de documentos oficiais em 6 artigos.
atuação e respeitado o disposto no art. 9° da Lei n° 8.159, de 8 de Ressaltamos o Art. 1º que trata da autorização da utilização
janeiro de 1991. da microfilmagem de documentos particulares e oficiais, e do ar-
Art. 13. Os documentos oficiais ou públicos, com valor de guar- quivamento e eliminação dos microfilmes; e o Art. 2º apresenta o
da permanente, não poderão ser eliminados após a microfilmagem, fato de que os documentos “históricos” não devem ser eliminados,
devendo ser recolhidos ao arquivo público de sua esfera de atuação podendo ser arquivados em local diferente do organismo detentor
ou preservados pelo próprio órgão detentor. dos mesmos.
Art. 14. Os traslados, as certidões e as cópias em papel ou em O Decreto Nº 1.799, de 30 de janeiro de 1996 regulamenta a
filme de documentos microfilmados, para produzirem efeitos legais Lei Nº 5.433/1968.
em juízo ou fora dele, deverão estar autenticados pela autoridade Ressaltamos o Art. 3º que define microfilme como o resulta-
competente detentora do filme original. do do processo de reprodução em filme, de documentos, dados e
§ 1° Em se tratando de cópia em filme, extraída de microfilmes imagens, por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes graus
de documentos privados, deverá ser emitido termo próprio, no qual de redução; os artigos 7º e 8º que tratam dos elementos de ima-
constará que o filme que o acompanha é cópia fiel do filme original, gem de abertura, e dos elementos de imagem de encerramento,
cuja autenticação far-se-á nos cartórios que satisfizerem os requisi- respectivamente; e o Art. 13 que trata da guarda permanente dos
tos especificados no artigo seguinte. documentos oficiais e públicos após a microfilmagem pelo arquivo
§ 2° Em se tratando de cópia em papel, extraída de microfil- público ou órgão detentor, pois os documentos microfilmados não
mes de documentos privados, a autenticação far-se-á por meio de poderão mais ser eliminados.
carimbo, aposto em cada folha, nos cartórios que satisfizerem os
requisitos especificados no artigo seguinte. Propósitos da Microfilmagem
§ 3° A cópia em papel, de que trata o parágrafo anterior, poderá 1º Microfilmagem de Substituição: ocorre quando o documen-
ser extraída utilizando-se qualquer meio de reprodução, desde que to microfilmado não tem valor permanente (secundário), poden-
seja assegurada a sua fidelidade e a sua qualidade de leitura. do, dessa forma, ser eliminado. Assim, libera espaço nos arquivos
Art. 15. A microfilmagem de documentos poderá ser feita por corrente e intermediário. Como o documento original (no suporte
empresas e cartórios habilitados nos termos deste Decreto. papel) será eliminado, substituiremos o mesmo pelo microfilme.
Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto nº 10.148, de 2019)
Art. 16. As empresas e os cartórios que se dedicarem a microfil-
magem de documentos de terceiros, fornecerão, obrigatoriamente,
um documento de garantia, declarando:

427
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

2º Microfilmagem de Preservação: ocorre quando o documento original tem valor permanente (secundário). Por essa razão, mesmo
microfilmado, ele nunca poderá ser eliminado. Será preservado em definitivo. A razão da microfilmagem é preservar o documento original,
sendo utilizado o microfilme para fins de consulta.

Etapas do Processo de Microfilmagem

Etapa 1: Preparo do Documento: para preparar os documentos para a microfilmagem é necessário remover os grampos e clips,
desamassar todos os documentos e definir o arranjo da documentação. Outros procedimentos do preparo podem envolver pequenos
remendos e reparos.

Etapa 2: Microfilmagem: depois que os documentos estiverem preparados os documentos serão microfilmados por microfilmadoras
rotativas ou planetárias. Fatores como tamanho e estado de conservação dos documentos devem ser levados em consideração ao escolher
os equipamentos a serem utilizados.

Etapa 3: Processamento: o processamento é o procedimento que dará visibilidade ao documento microfilmado.

Etapa 4: Duplicação: a microforma original deve ser preservada em um arquivo de segurança, e as cópias poderão ser acessadas por
quem possuir os direitos.

A seguir apresenta-se um quadro com as vantagens e as desvantagens da microfilmagem:

VANTAGENS DESVANTAGENS
Validade legal (confere ao microfilme o mesmo valor do docu-
Alto custo
mento original);
Dificuldade de comparação entre imagens em um mesmo
Economia de espaço;
documento.
Redução do volume de papéis e documentos;
Segurança na conservação dos documentos vitais da empresa;
Facilidade de consulta a documentos arquivados;
Durabilidade do suporte;
Complementação de acervos;
Reprodução fiel e exata do documentos microfilmado (às vezes,
um documento encontra-se em mau estado de conservação, mas a
imagem não será a reprodução exata do documento original, e sim
do documento microfilmado, mas a imagem não será a reprodução
exata do documento original, e sim do documento microfilmado).
Portanto, a leitura do documento não ocorrerá de forma tão fácil.
Haverá um pouco de dificuldade, nesses casos específicos.
Preservação dos documentos originais;
Favorece o sigilo documental.

Digitalização e Automação11
O termo automação é um termo polissêmico, ou seja, a palavra é capaz de reunir diversos significados. O termo – ou os seus sinôni-
mos: “automatização” e “informatização” – representa, de uma maneira geral, a substituição do trabalho do homem, manual, por siste-
mas previamente programados que se auto-controlam, regulam e realizam uma série de operações em velocidade superior à capacidade
humana.
Em arquivos, ou na literatura da área, a automação pode se referir, primeiramente, à utilização de computadores para realizar as
práticas arquivísticas (produções de índices, inventários, pesquisa, acesso etc.). Dessa maneira, a máquina é utilizada para substituir o
longo trabalho manual que vários profissionais teriam que dispensar para produzir instrumentos de recuperação em arquivos. O termo
automação, nesse sentido, é utilizado no sentido genérico, para designar qualquer atividade que envolva a utilização de computadores.

11 VALENTINI, Renato. Arquivologia para concursos. Elsevier, 4. ed. Rio de Janeiro, 2013.
NEGREIROS, L. R.; DIAS, E. W. AUTOMAÇÃO DE ARQUIVOS NO BRASIL: OS DISCURSOS E SEUS MOMENTOS. Rio de janeiro, v.3, n.1, p. 38-53, jan./jun.2007.

428
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

A inserção de documentos eletrônicos num ambiente arquivístico é considerado um “sintoma” de automação das unidades arquivís-
ticas. Sendo assim, o termo automação é utilizado nos discursos sobre as práticas de produção, uso e armazenamento de documentos
arquivísticos eletrônicos.
Outro uso comum para o termo automação é o que associa o fornecimento de serviços relacionados aos documentos arquivísticos
através da Internet. O atendimento de referência em arquivos – ou a disseminação da informação – tem atingido cada vez mais usuários
através dos sites de instituições arquivísticas naquilo que alguns autores podem designar como automação dos serviços de atendimento
ao usuário de arquivos.
Mas é com o processo de seleção de sistemas informatizados de gestão arquivística de documentos, ou seja, o que pode ser designa-
do, grosso modo, como a busca por um software que gerencie a produção, uso e destinação dos documentos arquivísticos produzidos em
uma organização, que o termo automação está mais associado. É comum, portanto, na literatura encontrar a expressão “automação de
arquivos” no sentido de processo de seleção de um aplicativo indicado para o controle da gestão documental arquivística.

Dica: O Gerenciamento Eletrônico dos Documentos (GED) funciona com softwares e hardwares específicos e usa, geralmente, as mí-
dias ópticas para armazenamento. A sua finalidade é otimizar e racionalizar a gestão documental.

Principais Conceitos
A digitalização é o processo de conversão de um documento para o formato digital por meio de dispositivo apropriado, como um
escâner (definição do Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, do Arquivo Nacional)
Os documentos eletrônicos são elaborados por meio de um computador, sendo seu autor identificável por meio de um código, chave
e outros procedimentos técnicos, e conservados, grande parte deles, em memórias eletrônicas de massa.

Vantagens e Desvantagens dos Documentos Digitais

No GED, os documentos são preparados para serem digitalizados em “escâners especiais”. Depois de digitalizados, eles são conferidos
e gravados em meios magnéticos ou discos ópticos.

Tecnologias Relacionadas à Arquivologia


- Document Management - DM (Gerenciamento de Documentos): é a tecnologia que permite gerenciar a produção, revisão, aprova-
ção e eliminação de documentos eletrônicos. O setor de protocolo se beneficiou bastante com ela.

- Document Imaging - DI (Gerenciamento da Imagem dos Documentos): é a tecnologia mais divulgada do GED. Converte papel em
imagem (meio físico para o digital), através do processo de digitalização, com o uso de scanners.

- Record and Information Management - RIM: é o gerenciamento do ciclo vital de um documento, não importando a mídia em que
ele se insira.

- Workflow (Gestão do Fluxo de Trabalho): controla e gerencia processos dentro de uma organização, garantindo que as tarefas sejam
executadas por pessoas capacitadas, e no espaço de tempo previsto.

PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE DOCUMENTOS

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO


A manutenção dos documentos pelo prazo determinado na tabela de temporalidade dependem de três aspectos:

Fatores de deterioração em acervos de arquivos


Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos acervos e seu comportamento diante dos fatores aos quais estão expostos,
torna-se bastante fácil detectar elementos nocivos e traçar políticas de conservação para minimizá-los.
A grande maioria dos arquivos é constituída de documentos impressos, e o papel é basicamente composto por fibras de celulose,
portanto, identificar os principais agentes nocivos da celulose e descobrir soluções para evita-los é um grande passo na preservação e na
conservação documental.

429
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se limita - praticar a higienização tanto do local quanto dos documentos,
a um único fator, pelo contrário, são várias as formas dessa degra- com metodologia e técnicas adequadas;
dação ocorrer, como veremos a seguir: - instruir o usuário e os funcionários com relação ao manuseio
dos documentos e regras de higiene do local;
1. Fatores ambientais - manter vigilância constante dos documentos contra acidentes
São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo, com água, secando-os imediatamente caso ocorram.
como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do Ar, Radiação
da Luz, Qualidade do Ar. - Roedores
A presença de roedores em recintos de bibliotecas e arquivos
- Temperatura e umidade relativa ocorre pelos mesmos motivos citados acima. Tentar obstruir as pos-
O calor e a umidade contribuem significativamente para a des- síveis entradas para os ambientes dos acervos é um começo. As is-
truição dos documentos, principalmente quando em suporte-pa- cas são válidas, mas para que surtam efeito devem ser definidas por
pel. O desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. O calor especialistas em zoonose. O produto deve ser eficiente, desde que
acelera a deterioração. A velocidade de muitas reações químicas, é não provoque a morte dos roedores no recinto. A profilaxia se faz
dobrada a cada aumento de 10°C. A alteração da umidade relativa nos mesmos moldes citados acima: temperatura e umidade relativa
proporciona as condições necessárias para desencadear intensas controladas, além de higiene periódica.
reações químicas nos materiais.
A circulação do ar ambiente representa um fator bastante im- - Ataques de insetos
portante para amenizar os efeitos da temperatura e umidade rela- Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto revestimen-
tiva elevada. tos, provocam perdas de superfície e manchas de excrementos. As
baratas se reproduzem no próprio local e se tornam infestação mui-
- Radiação da luz to rapidamente, caso não sejam combatidas.
Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais de acer- Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos imensos
vos, provocando consideráveis danos através da oxidação. em acervos, principalmente em livros. A fase de ataque ao acervo
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos acer- é a de larva. Esse inseto se reproduz por acasalamento, que ocorre
vos: no próprio acervo. Uma vez instalado, ataca não só o papel e seus
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas que derivados, como também a madeira do mobiliário, portas, pisos e
bloqueiem totalmente o sol; todos os materiais à base de celulose.
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no controle O ataque causa perda de suporte. A larva digere os materiais
da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto em lâmpadas para chegar à fase adulta. Na fase adulta, acasala e põe ovos. Os
fluorescentes. ovos eclodem e o ciclo se repete.
Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só para
- Qualidades do ar as coleções como para o prédio em si. Os cupins percorrem áreas
O controle da qualidade é muito importante porque os gases e internas de alvenaria, tubulações, conduítes de instalações elétri-
as partículas sólidas contribuem muito para a deterioração de ma- cas, rodapés, batentes de portas e janelas etc., muitas vezes fora do
teriais de bibliotecas e arquivos, destacando que esses poluentes alcance dos nossos olhos.
podem tanto vir do ambiente externo como podem ser gerando no Chegam aos acervos em ataques massivos, através de estantes
próprio ambiente. coladas às paredes, caixas de interruptores de luz, assoalhos etc.

2. Agentes biológicos 3. Intervenções inadequadas nos acervos


Os agentes biológicos de deterioração de acervos são, entre Trata-se de procedimentos de conservação que realizamos em
outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os roedores e os fun- um conjunto de documentos com o objetivo de interromper ou me-
gos, cuja presença depende quase que exclusivamente das condi- lhorar seu estado de degradação e que as vezes, resultam em danos
ções ambientais reinantes nas dependências onde se encontram os ainda maiores.
documentos. Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar exige um
conhecimento das características individuais dos documentos e dos
- Fungos materiais a serem empregados no processo de conservação.
Como qualquer outro ser vivo, necessitam de alimento e umi-
dade para sobreviver e proliferar. O alimento provém dos papéis, 4. Problemas no manuseio de livros e documentos
amidos (colas), couros, pigmentos, tecidos etc. A umidade é fator O manuseio inadequado dos documentos é um fator de degra-
indispensável para o metabolismo dos nutrientes e para sua pro- dação muito frequente em qualquer tipo de acervo.
liferação. Essa umidade é encontrada na atmosfera local, nos ma- O manuseio abrange todas as ações de tocar no documento,
teriais atacados e na própria colônia de fungos. Além da umidade sejam elas durante a higienização pelos funcionários da instituição,
e nutrientes, outras condições contribuem para o crescimento das na remoção das estantes ou arquivos para uso do pesquisador, nas
colônias: temperatura elevada, falta de circulação de ar e falta de foto-reproduções, na pesquisa pelo usuário etc.
higiene.
5. Fatores de deterioração
As medidas para proteger o acervo de infestação de fungos são: Como podemos ver, os danos são intensos e muitos são irrever-
- estabelecer política de controle ambiental, principalmente síveis. Apesar de toda a problemática dos custos de uma política de
temperatura, umidade relativa e ar circulante conservação, existem medidas que podemos tomar sem despender

430
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

grandes somas de dinheiro, minimizando drasticamente os efeitos - Materiais usados para limpeza de superfície - a remoção da
desses agentes. Alguns investimentos de baixo custo devem ser fei- sujidade superficial (que está solta sobre o documento) é feita
tos, a começar por: através de pincéis, flanela macia, aspirador e inúmeras outras fer-
- treinamento dos profissionais na área da conservação e pre- ramentas que se adaptam à técnica, como bisturi, pinça, espátula,
servação; agulha, cotonete;
- atualização desses profissionais (a conservação é uma ciência - Limpeza de livros
em desenvolvimento constante e a cada dia novas técnicas, mate- - Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, pincel ma-
riais e equipamentos surgem para facilitar e melhorar a conserva- cio, aspirador, flanela macia, conforme o estado da encadernação;
ção dos documentos); - Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela lombada,
- monitoração do ambiente – temperatura e umidade relativa apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, limpar os cortes,
em níveis aceitáveis; começando pela cabeça do livro, que é a área que está mais exposta
- uso de filtros e protetores contra a luz direta nos documentos; à sujidade. Quando a sujeira está muito incrustada e intensa, utili-
- adoção de política de higienização do ambiente e dos acervos; zar, primeiramente, aspirador de pó de baixa potência ou ainda um
- contato com profissionais experientes que possam assessorar pedaço de carpete sem uso;
em caso de necessidade. - O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, numa primei-
ra higienização;
6. Características gerais dos materiais empregados em conser- - Oxigenar as folhas várias vezes.
vação
Nos projetos de conservação/preservação de acervos de biblio- - Higienização de documentos de arquivo - materiais arquivís-
tecas, arquivos e museus, é recomendado apenas o uso de mate- ticos têm os seus suportes geralmente quebradiços, frágeis, distor-
riais de qualidade arquivística, isto é, daqueles materiais livres de cidos ou fragmentados. Isso se deve principalmente ao alto índice
quaisquer impurezas, quimicamente estáveis, resistentes, duráveis. de acidez resultante do uso de papéis de baixa qualidade. As más
Suas características, em relação aos documentos onde são aplica- condições de armazenamento e o excesso de manuseio também
dos, distinguem-se pela estabilidade, neutralidade, reversibilidade contribuem para a degradação dos materiais. Tais documentos têm
e inércia.Dentro das especificações positivas, encontramos vários que ser higienizados com muito critério e cuidado.
materiais: os papéis e cartões alcalinos, os poliésteres inertes, os
adesivos alcalinos e reversíveis, os papéis orientais, borrachas plás- - Documentos manuscritos - os mesmos cuidados para com os
ticas etc., usados tanto para pequenas intervenções sobre os docu- livros devem ser tomados em relação aos manuscritos. O exame
mentos como para acondicionamento. dos documentos, testes de estabilidade de seus componentes para
o uso dos materiais de limpeza mecânica e critérios de intervenção
7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais para a devem ser cuidadosamente realizados.
conservação de acervos
Como já enfatizamos anteriormente, é muito importante ter - Documentos em grande formato
conhecimentos básicos sobre os materiais que integram nossos - Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura (no ge-
acervos para que não corramos o risco de lhes causar mais danos. ral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de borracha, após
Vários são os procedimentos que, apesar de simples, são de testes. Pode-se também usar um cotonete - bem enxuto e embebi-
grande importância para a estabilização dos documentos. do em álcool. Muito sensíveis à água, esses papéis podem ter dis-
torções causadas pela umidade que são irreversíveis ou de difícil
8. Higienização remoção.
A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os docu- - Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são muito
mentos. A sujidade não é inócua e, quando conjugada a condições frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica. Todo cuidado é
ambientais inadequadas, provoca reações de destruição de todos pouco, até mesmo na escolha de seu acondicionamento.
os suportes num acervo. Portanto, a higienização das coleções deve - Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma atenção es-
ser um hábito de rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos, pecial na limpeza. Em mapas impressos, desde que em boas condi-
razão por que é considerada a conservação preventiva por excelên- ções, o pó de borracha pode ser aplicado para tratar grandes áreas.
cia.
- Processos de higienização 9. Pequenos reparos
- Limpeza de superfície - o processo de limpeza de acervos de Os pequenos reparos são diminutas intervenções que pode-
bibliotecas e arquivos se restringe à limpeza de superfície e, por- mos executar visando interromper um processo de deterioração
tanto, é mecânica, feita a seco, com o objetivo de reduzir poeira, em andamento. Essas pequenas intervenções devem obedecer a
partículas sólidas, incrustações, resíduos de excrementos de insetos critérios rigorosos de ética e técnica e têm a função de melhorar o
ou outros depósitos de superfície. estado de conservação dos documentos. Caso esses critérios não
- Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto deve ser avalia- sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é muito grande e
do individualmente para determinar se a higienização é necessária muitas vezes de caráter irreversível.
e se pode ser realizada com segurança. No caso de termos as condi- Os livros raros e os documentos de arquivo mais antigos de-
ções abaixo, provavelmente o tratamento não será possível: vem ser tratados por especialistas da área. Os demais documentos
• Fragilidade física do suporte permitem algumas intervenções, de simples a moderadas. Os ma-
• Papéis de textura muito porosa teriais utilizados para esse fim devem ser de qualidade arquivística
e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a intervenção deve

431
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

obedecer a técnicas e procedimentos reversíveis. Isso significa que, 6.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico em Atividades Administrativas
caso seja necessário reverter o processo, não pode existir nenhum (MP TCE-SC)/2022)
obstáculo na técnica e nos materiais utilizados. Em relação ao gerenciamento da informação e à gestão de do-
Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoriamente cumentos, julgue o item que se segue.
deve ser feito com o uso dos EPIs – Equipamentos de Proteção Indi-
vidual – tais como avental, luva, máscara, toucas, óculos de prote- O valor primário dos documentos do arquivo intermediário é
ção e pró-pé/bota, a fim de evitar diversas manifestações alérgicas, reduzido significativamente em relação ao do arquivo corrente e
como rinite, irritação ocular, problemas respiratórios, protegendo depois se extingue totalmente.
assim a saúde do profissional.12 ( ) CERTO
( ) ERRADO
QUESTÕES 7.(CEBRASPE (CESPE) - Assistente Administrativo Educacional
(SEE PE)/2022)
1.(CEBRASPE (CESPE) - Auxiliar de Perícia (POLC AL)/2023) Considerando princípios e conceitos arquivísticos, julgue o item
Quanto aos princípios e conceitos arquivísticos, julgue o pró- a seguir.
ximo item.
Os documentos que compõem o arquivo permanente são
O arquivo setorial é indicado para documentos que têm valor aqueles com valor secundário.
permanente. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO
8.(CEBRASPE (CESPE) - Assistente Administrativo Educacional
2.(CEBRASPE (CESPE) - Auxiliar de Perícia (POLC AL)/2023) (SEE PE)/2022)
Quanto aos princípios e conceitos arquivísticos, julgue o pró- Julgue o item a seguir, acerca da gestão de documentos.
ximo item.
Algumas espécies de documentos ficam permanentemente no
Arquivos correntes, por suas características, devem ser des- arquivo corrente.
centralizados na instituição. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO
9.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Jurídico (PGDF)/Bibliotecono-
3.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico em Gestão de Telecomunica- mia/2021)
ções (TELEBRAS)/Assistente Administrativo/2022) A respeito de documentação geral e jurídica, julgue o item a
Com relação a procedimentos administrativos, julgue o item seguir.
que se segue.
A documentação inclui o arquivo administrativo, o qual com-
Após expedição, cópias de documentos devem ser arquivadas. preende documentos como ofícios, cartas e relatórios, e a enciclo-
( ) CERTO pédia, a qual, como uma espécie de extratos organizados por um
( ) ERRADO plano de sistematização única, difere dos livros, porque estes apre-
sentam temáticas específicas.
4.(CEBRASPE (CESPE) - Assistente (FUB)/Administração/2022) ( ) CERTO
Com relação ao arquivamento e a procedimentos administrati- ( ) ERRADO
vos, julgue o item a seguir.
10.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Jurídico (PGDF)/Administrati-
Chama-se centro de documentação o setor responsável pelo vo/2021)
arquivo ativo da instituição. Acerca dos princípios e conceitos da arquivística, bem como da
( ) CERTO legislação que a regula, julgue o item que se segue.
( ) ERRADO
Para que seja classificado como arquivo, um conjunto docu-
5.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico em Atividades Administrativas mental deverá ser acumulado por uma pessoa física ou jurídica du-
(MP TCE-SC)/2022) rante o desenvolvimento de suas atividades.
Acerca dos princípios e conceitos da arquivística e das tipolo- ( ) CERTO
gias documentais e suportes físicos, julgue o item a seguir. ( ) ERRADO

Os arquivos setoriais têm função de arquivo corrente.


( ) CERTO
( ) ERRADO

12Adaptado de Norma Cianflone Cassares

432
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

11.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Administrativo (COREN 4 ERRADO


CE)/2021)
Em uma instituição, pode haver documentos de arquivo, docu- 5 CERTO
mentos de biblioteca e, em alguns casos, documentos de museu. 6 CERTO
Nesse contexto, os documentos de arquivo caracterizam-se por se-
rem 7 CERTO
(A) resultado das atividades da instituição. 8 ERRADO
(B) produzidos em numerosos exemplares.
9 CERTO
(C) conservados com objetivos estritamente culturais.
(D) objetos de coleção de fontes diversas. 10 CERTO
11 A
12.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Judiciário (TJ AM)/Arquivolo-
gia/2019) 12 CERTO
Julgue o próximo item, relativo aos princípios e conceitos da 13 ERRADO
ciência arquivística.
14 CERTO
O caráter orgânico que interliga os documentos de um mesmo 15 CERTO
conjunto constitui característica primordial dos arquivos.
( ) CERTO
( ) ERRADO ANOTAÇÕES
13.(CEBRASPE (CESPE) - Analista Judiciário (TJ AM)/Arquivolo-
gia/2019) ______________________________________________________
Julgue o próximo item, relativo aos princípios e conceitos da
ciência arquivística. ______________________________________________________

______________________________________________________
A função básica do arquivo é preservar a memória de uma
instituição e, justamente por isso, existe a guarda permanente de ______________________________________________________
documentos.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
14.(CEBRASPE (CESPE) - Técnico Municipal de Controle Interno
(CGM João Pessoa)/2018) ______________________________________________________
Acerca de conceitos relativos à arquivologia, julgue o item que
se segue. ______________________________________________________

______________________________________________________
A atividade funcional ou intelectual de instituições ou pessoas
explica a origem do acervo de arquivos. ______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

15.(CEBRASPE (CESPE) - Oficial Técnico de Inteligência/Área ______________________________________________________


10/2018)
Acerca de princípios e de conceitos arquivísticos, julgue o item ______________________________________________________
que se segue.
______________________________________________________
Os arquivos de um órgão público existente há mais de cem ______________________________________________________
anos fazem parte de um fundo aberto.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 ERRADO
2 CERTO ______________________________________________________

3 CERTO ______________________________________________________

433
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

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434
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

Art. 2º - O sistema de segurança referido no artigo anterior in-


LEI Nº 7.102/1983: DISPÕE SOBRE SEGURANÇA PARA clui pessoas adequadamente preparadas, assim chamadas vigilan-
ESTABELECIMENTOS FINANCEIROS, ESTABELECE NOR- tes; alarme capaz de permitir, com segurança, comunicação entre o
MAS PARA CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição, empresa
EMPRESAS PARTICULARES QUE EXPLORAM SERVIÇOS de vigilância ou órgão policial mais próximo; e, pelo menos, mais
DE VIGILÂNCIA E DE TRANSPORTE DE VALORES, E DÁ um dos seguintes dispositivos:
OUTRAS PROVIDÊNCIAS. I - equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que pos-
sibilitem a identificação dos assaltantes;
LEI Nº 7.102, DE 20 DE JUNHO DE 1983. II - artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo
sua perseguição, identificação ou captura; e
Dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, es- III - cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante
tabelece normas para constituição e funcionamento das empresas durante o expediente para o público e enquanto houver movimen-
particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de tação de numerário no interior do estabelecimento.
valores, e dá outras providências. Parágrafo único. (Revogado pela Lei 9.017, de 1995)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- Art. 2º-A As instituições financeiras e demais instituições au-
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: torizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, que colocarem
Art. 1º É vedado o funcionamento de qualquer estabeleci- à disposição do público caixas eletrônicos, são obrigadas a instalar
mento financeiro onde haja guarda de valores ou movimentação equipamentos que inutilizem as cédulas de moeda corrente depo-
de numerário, que não possua sistema de segurança com parecer sitadas no interior das máquinas em caso de arrombamento, movi-
favorável à sua aprovação, elaborado pelo Ministério da Justiça, na mento brusco ou alta temperatura. (Incluído pela Lei nº
forma desta lei. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) 13.654, de 2018)
(Vide art. 16 da Lei nº 9.017, de 1995) § 1º Para cumprimento do disposto no caput deste artigo,
§ 1o Os estabelecimentos financeiros referidos neste artigo as instituições financeiras poderão utilizar-se de qualquer tipo de
compreendem bancos oficiais ou privados, caixas econômicas, tecnologia existente para inutilizar as cédulas de moeda corren-
sociedades de crédito, associações de poupança, suas agências, te depositadas no interior dos seus caixas eletrônicos, tais como:
postos de atendimento, subagências e seções, assim como as co- (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
operativas singulares de crédito e suas respectivas dependências. I – tinta especial colorida; (Incluído pela Lei nº 13.654,
(Renumerado do parágrafo único com nova redação pela Lei nº de 2018)
11.718, de 2008) II – pó químico; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 2o O Poder Executivo estabelecerá, considerando a reduzida III – ácidos insolventes; (Incluído pela Lei nº 13.654,
circulação financeira, requisitos próprios de segurança para as co- de 2018)
operativas singulares de crédito e suas dependências que contem- IV – pirotecnia, desde que não coloque em perigo os usuários
plem, entre outros, os seguintes procedimentos: (Incluído e funcionários que utilizam os caixas eletrônicos; (Incluído
pela Lei nº 11.718, de 2008) pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – dispensa de sistema de segurança para o estabelecimento V – qualquer outra substância, desde que não coloque em pe-
de cooperativa singular de crédito que se situe dentro de qualquer rigo os usuários dos caixas eletrônicos. (Incluído pela Lei
edificação que possua estrutura de segurança instalada em confor- nº 13.654, de 2018)
midade com o art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº § 2º Será obrigatória a instalação de placa de alerta, que de-
11.718, de 2008) verá ser afixada de forma visível no caixa eletrônico, bem como na
II – necessidade de elaboração e aprovação de apenas um úni- entrada da instituição bancária que possua caixa eletrônico em seu
co plano de segurança por cooperativa singular de crédito, desde interior, informando a existência do referido dispositivo e seu fun-
que detalhadas todas as suas dependências; (Incluído pela Lei cionamento. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
nº 11.718, de 2008) § 3º O descumprimento do disposto acima sujeitará as institui-
III – dispensa de contratação de vigilantes, caso isso inviabilize ções financeiras infratoras às penalidades previstas no art. 7º desta
economicamente a existência do estabelecimento. (Incluído Lei. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
pela Lei nº 11.718, de 2008) § 4º As exigências previstas neste artigo poderão ser implan-
§ 3o Os processos administrativos em curso no âmbito do De- tadas pelas instituições financeiras de maneira gradativa, atingin-
partamento de Polícia Federal observarão os requisitos próprios de do-se, no mínimo, os seguintes percentuais, a partir da entrada em
segurança para as cooperativas singulares de crédito e suas depen- vigor desta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
dências. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

435
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

I – nos municípios com até 50.000 (cinquenta mil) habitantes, Art 8º - Nenhuma sociedade seguradora poderá emitir, em fa-
50% (cinquenta por cento) em nove meses e os outros 50% (cin- vor de estabelecimentos financeiros, apólice de seguros que inclua
quenta por cento) em dezoito meses; (Incluído pela Lei nº cobertura garantindo riscos de roubo e furto qualificado de nume-
13.654, de 2018) rário e outros valores, sem comprovação de cumprimento, pelo se-
II – nos municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) até gurado, das exigências previstas nesta Lei.
500.000 (quinhentos mil) habitantes, 100% (cem por cento) em até Parágrafo único - As apólices com infringência do disposto nes-
vinte e quatro meses; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) te artigo não terão cobertura de resseguros pelo Instituto de Res-
III – nos municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habi- seguros do Brasil.
tantes, 100% (cem por cento) em até trinta e seis meses. (In- Art. 9º - Nos seguros contra roubo e furto qualificado de es-
cluído pela Lei nº 13.654, de 2018) tabelecimentos financeiros, serão concedidos descontos sobre os
Art. 3º A vigilância ostensiva e o transporte de valores serão prêmios aos segurados que possuírem, além dos requisitos míni-
executados: (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) mos de segurança, outros meios de proteção previstos nesta Lei, na
I - por empresa especializada contratada; ou (Redação forma de seu regulamento.
dada pela Lei nº 9.017, de 1995) Art. 10. São considerados como segurança privada as ativida-
II - pelo próprio estabelecimento financeiro, desde que organi- des desenvolvidas em prestação de serviços com a finalidade de:
zado e preparado para tal fim, com pessoal próprio, aprovado em (Redação dada pela Lei nº 8.863, de 1994)
curso de formação de vigilante autorizado pelo Ministério da Justiça I - proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras
e cujo sistema de segurança tenha parecer favorável à sua aprova- e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a
ção emitido pelo Ministério da Justiça. (Redação dada pela segurança de pessoas físicas; (Incluído pela Lei nº 8.863, de
Lei nº 9.017, de 1995) 1994)
Parágrafo único. Nos estabelecimentos financeiros estaduais, II - realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de
o serviço de vigilância ostensiva poderá ser desempenhado pelas qualquer outro tipo de carga. (Incluído pela Lei nº 8.863,
Polícias Militares, a critério do Governo da respectiva Unidade da de 1994)
Federação. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) § 1º Os serviços de vigilância e de transporte de valores pode-
Art. 4º O transporte de numerário em montante superior a vin- rão ser executados por uma mesma empresa. (Renumerado
te mil Ufir, para suprimento ou recolhimento do movimento diário do parágrafo único pela Lei nº 8.863, de 1994)
dos estabelecimentos financeiros, será obrigatoriamente efetuado § 2º As empresas especializadas em prestação de serviços de
em veículo especial da própria instituição ou de empresa especiali- segurança, vigilância e transporte de valores, constituídas sob a for-
zada. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) ma de empresas privadas, além das hipóteses previstas nos incisos
Art. 5º O transporte de numerário entre sete mil e vinte mil do caput deste artigo, poderão se prestar ao exercício das ativida-
Ufirs poderá ser efetuado em veículo comum, com a presença de des de segurança privada a pessoas; a estabelecimentos comerciais,
dois vigilantes. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) industriais, de prestação de serviços e residências; a entidades sem
Art. 6º Além das atribuições previstas no art. 20, compete ao fins lucrativos; e órgãos e empresas públicas. (Incluído pela Lei nº
Ministério da Justiça: (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 8.863, de 1994)
1995) (Vide art. 16 da Lei nº 9.017, de 1995) § 3º Serão regidas por esta lei, pelos regulamentos dela decor-
I - fiscalizar os estabelecimentos financeiros quanto ao cumpri- rentes e pelas disposições da legislação civil, comercial, trabalhista,
mento desta lei; (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) previdenciária e penal, as empresas definidas no parágrafo anterior.
II - encaminhar parecer conclusivo quanto ao prévio cumpri- (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
mento desta lei, pelo estabelecimento financeiro, à autoridade que § 4º As empresas que tenham objeto econômico diverso da
autoriza o seu funcionamento; (Redação dada pela Lei vigilância ostensiva e do transporte de valores, que utilizem pes-
nº 9.017, de 1995) soal de quadro funcional próprio, para execução dessas atividades,
III - aplicar aos estabelecimentos financeiros as penalidades ficam obrigadas ao cumprimento do disposto nesta lei e demais le-
previstas nesta lei. gislações pertinentes. (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
Parágrafo único. Para a execução da competência prevista no § 5º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
inciso I, o Ministério da Justiça poderá celebrar convênio com as § 6º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.863, de 1994)
Secretarias de Segurança Pública dos respectivos Estados e Distrito Art. 11 - A propriedade e a administração das empresas espe-
Federal. (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) cializadas que vierem a se constituir são vedadas a estrangeiros.
Art. 7º O estabelecimento financeiro que infringir disposição Art. 12 - Os diretores e demais empregados das empresas espe-
desta lei ficará sujeito às seguintes penalidades, conforme a gravi- cializadas não poderão ter antecedentes criminais registrados.
dade da infração e levando-se em conta a reincidência e a condição Art. 13. O capital integralizado das empresas especializadas
econômica do infrator: (Redação dada pela Lei nº 9.017, de não pode ser inferior a cem mil Ufirs. (Redação dada pela
1995) (Vide art. 16 da Lei nº 9.017, de 1995) Lei nº 9.017, de 1995)
I - advertência; (Redação dada pela Lei nº 9.017, de 1995) Art. 14 - São condições essenciais para que as empresas espe-
II - multa, de mil a vinte mil Ufirs; (Redação dada pela cializadas operem nos Estados, Territórios e Distrito Federal:
Lei nº 9.017, de 1995) I - autorização de funcionamento concedida conforme o art. 20
III - interdição do estabelecimento. (Redação dada pela desta Lei; e
Lei nº 9.017, de 1995) II - comunicação à Secretaria de Segurança Pública do respecti-
vo Estado, Território ou Distrito Federal.

436
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

Art. 15. Vigilante, para os efeitos desta lei, é o empregado con- I - das empresas especializadas;
tratado para a execução das atividades definidas nos incisos I e II do II - dos estabelecimentos financeiros quando dispuserem de
caput e §§ 2º, 3º e 4º do art. 10. (Redação dada pela Lei nº serviço organizado de vigilância, ou mesmo quando contratarem
8.863, de 1994) empresas especializadas.
Art. 16 - Para o exercício da profissão, o vigilante preencherá os Art. 22 - Será permitido ao vigilante, quando em serviço, por-
seguintes requisitos: tar revólver calibre 32 ou 38 e utilizar cassetete de madeira ou de
I - ser brasileiro; borracha.
II - ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos; Parágrafo único - Os vigilantes, quando empenhados em trans-
III - ter instrução correspondente à quarta série do primeiro porte de valores, poderão também utilizar espingarda de uso per-
grau; mitido, de calibre 12, 16 ou 20, de fabricação nacional.
IV - ter sido aprovado, em curso de formação de vigilante, rea- Art. 23 - As empresas especializadas e os cursos de formação
lizado em estabelecimento com funcionamento autorizado nos ter- de vigilantes que infringirem disposições desta Lei ficarão sujeitos
mos desta lei. (Redação dada pela Lei nº 8.863, de 1994) às seguintes penalidades, aplicáveis pelo Ministério da Justiça, ou,
V - ter sido aprovado em exame de saúde física, mental e psi- mediante convênio, pelas Secretarias de Segurança Pública, confor-
cotécnico; me a gravidade da infração, levando-se em conta a reincidência e a
VI - não ter antecedentes criminais registrados; e condição econômica do infrator:
VII - estar quite com as obrigações eleitorais e militares. I - advertência;
Parágrafo único - O requisito previsto no inciso III deste artigo II - multa de quinhentas até cinco mil Ufirs: (Redação
não se aplica aos vigilantes admitidos até a publicação da presente dada pela Lei nº 9.017, de 1995)
Lei III - proibição temporária de funcionamento; e
Art. 17. O exercício da profissão de vigilante requer prévio re- IV - cancelamento do registro para funcionar.
gistro no Departamento de Polícia Federal, que se fará após a apre- Parágrafo único - Incorrerão nas penas previstas neste artigo
sentação dos documentos comprobatórios das situações enumera- as empresas e os estabelecimentos financeiros responsáveis pelo
das no art. 16. (Redação dada pela Medida Provisória nº extravio de armas e munições.
2.184-23, de 2001) Art. 24 - As empresas já em funcionamento deverão proceder
Art. 18 - O vigilante usará uniforme somente quando em efe- à adaptação de suas atividades aos preceitos desta Lei no prazo de
tivo serviço. 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data em que entrar em vigor
Art. 19 - É assegurado ao vigilante: o regulamento da presente Lei, sob pena de terem suspenso seu
I - uniforme especial às expensas da empresa a que se vincular; funcionamento até que comprovem essa adaptação.
II - porte de arma, quando em serviço; Art. 25 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
III - prisão especial por ato decorrente do serviço; 90 (noventa) dias a contar da data de sua publicação.
IV - seguro de vida em grupo, feito pela empresa empregadora. Art. 26 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 20. Cabe ao Ministério da Justiça, por intermédio do seu Art. 27 - Revogam-se os Decretos-leis nº 1.034, de 21 de outu-
órgão competente ou mediante convênio com as Secretarias de Se- bro de 1969, e nº 1.103, de 6 de abril de 1970, e as demais disposi-
gurança Pública dos Estados e Distrito Federal: (Redação ções em contrário.
dada pela Lei nº 9.017, de 1995) Brasília, em 20 de junho de 1983; 162º da Independência e 95º
I - conceder autorização para o funcionamento: da República.
a) das empresas especializadas em serviços de vigilância;
b) das empresas especializadas em transporte de valores; e LEI Nº 10.357/2001: ESTABELECE NORMAS DE CON-
c) dos cursos de formação de vigilantes; TROLE E FISCALIZAÇÃO SOBRE PRODUTOS QUÍMICOS
II - fiscalizar as empresas e os cursos mencionados no inciso QUE DIRETA OU INDIRETAMENTE POSSAM SER DES-
anterior; TINADOS À ELABORAÇÃO ILÍCITA DE SUBSTÂNCIAS
Ill - aplicar às empresas e aos cursos a que se refere o inciso I ENTORPECENTES, PSICOTRÓPICAS OU QUE DETERMI-
deste artigo as penalidades previstas no art. 23 desta Lei; NEM DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA, E DÁ OU-
IV - aprovar uniforme; TRAS PROVIDÊNCIAS.
V - fixar o currículo dos cursos de formação de vigilantes;
VI - fixar o número de vigilantes das empresas especializadas
em cada unidade da Federação; LEI NO 10.357, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001.
VII - fixar a natureza e a quantidade de armas de propriedade
das empresas especializadas e dos estabelecimentos financeiros; Estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos
VIII - autorizar a aquisição e a posse de armas e munições; e químicos que direta ou indiretamente possam ser destinados à ela-
IX - fiscalizar e controlar o armamento e a munição utilizados. boração ilícita de substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que
X - rever anualmente a autorização de funcionamento das em- determinem dependência física ou psíquica, e dá outras providên-
presas elencadas no inciso I deste artigo. (Incluído pela Lei cias.
nº 8.863, de 1994) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
Parágrafo único. As competências previstas nos incisos I e V cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
deste artigo não serão objeto de convênio. (Redação dada Art. 1o Estão sujeitos a controle e fiscalização, na forma previs-
pela Lei nº 9.017, de 1995) ta nesta Lei, em sua fabricação, produção, armazenamento, trans-
Art. 21 - As armas destinadas ao uso dos vigilantes serão de formação, embalagem, compra, venda, comercialização, aquisição,
propriedade e responsabilidade: posse, doação, empréstimo, permuta, remessa, transporte, distri-

437
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

buição, importação, exportação, reexportação, cessão, reaprovei- Parágrafo único. Os documentos que consubstanciam as in-
tamento, reciclagem, transferência e utilização, todos os produtos formações a que se refere este artigo deverão ser arquivados pelo
químicos que possam ser utilizados como insumo na elaboração de prazo de cinco anos e apresentados ao Departamento de Polícia Fe-
substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem de- deral quando solicitados.
pendência física ou psíquica. Art. 9o Os modelos de mapas e formulários necessários à im-
§ 1o Aplica-se o disposto neste artigo às substâncias entorpe- plementação das normas a que se referem os artigos anteriores se-
centes, psicotrópicas ou que determinem dependência física ou rão publicados em portaria ministerial.
psíquica que não estejam sob controle do órgão competente do Art. 10. A pessoa física ou jurídica que, por qualquer motivo,
Ministério da Saúde. suspender o exercício de atividade sujeita a controle e fiscalização
§ 2o Para efeito de aplicação das medidas de controle e fisca- ou mudar de atividade controlada deverá comunicar a paralisação
lização previstas nesta Lei, considera-se produto químico as subs- ou alteração ao Departamento de Polícia Federal, no prazo de trinta
tâncias químicas e as formulações que as contenham, nas con- dias a partir da data da suspensão ou da mudança de atividade.
centrações estabelecidas em portaria, em qualquer estado físico, Art. 11. A pessoa física ou jurídica que exerça atividade sujeita a
independentemente do nome fantasia dado ao produto e do uso controle e fiscalização deverá informar ao Departamento de Polícia
lícito a que se destina. Federal, no prazo máximo de vinte e quatro horas, qualquer suspei-
Art. 2o O Ministro de Estado da Justiça, de ofício ou em razão ta de desvio de produto químico a que se refere esta Lei.
de proposta do Departamento de Polícia Federal, da Secretaria Na- Art. 12. Constitui infração administrativa:
cional Antidrogas ou da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, I – deixar de cadastrar-se ou licenciar-se no prazo legal;
definirá, em portaria, os produtos químicos a serem controlados II – deixar de comunicar ao Departamento de Polícia Federal,
e, quando necessário, promoverá sua atualização, excluindo ou in- no prazo de trinta dias, qualquer alteração cadastral ou estatutária
cluindo produtos, bem como estabelecerá os critérios e as formas a partir da data do ato aditivo, bem como a suspensão ou mudança
de controle. de atividade sujeita a controle e fiscalização;
Art. 3o Compete ao Departamento de Polícia Federal o controle III – omitir as informações a que se refere o art. 8o desta Lei, ou
e a fiscalização dos produtos químicos a que se refere o art. 1o des- prestá-las com dados incompletos ou inexatos;
ta Lei e a aplicação das sanções administrativas decorrentes. IV – deixar de apresentar ao órgão fiscalizador, quando solici-
Art. 4o Para exercer qualquer uma das atividades sujeitas a tado, notas fiscais, manifestos e outros documentos de controle;
controle e fiscalização relacionadas no art. 1o , a pessoa física ou V – exercer qualquer das atividades sujeitas a controle e fis-
jurídica deverá se cadastrar e requerer licença de funcionamento calização, sem a devida Licença de Funcionamento ou Autorização
ao Departamento de Polícia Federal, de acordo com os critérios e Especial do órgão competente;
as formas a serem estabelecidas na portaria a que se refere o art. VI – exercer atividade sujeita a controle e fiscalização com pes-
2o, independentemente das demais exigências legais e regulamen- soa física ou jurídica não autorizada ou em situação irregular, nos
tares. termos desta Lei;
§ 1o As pessoas jurídicas já cadastradas, que estejam exercen- VII – deixar de informar qualquer suspeita de desvio de produ-
do atividade sujeita a controle e fiscalização, deverão providenciar to químico controlado, para fins ilícitos;
seu recadastramento junto ao Departamento de Polícia Federal, na VIII – importar, exportar ou reexportar produto químico contro-
forma a ser estabelecida em regulamento. lado, sem autorização prévia;
§ 2o A pessoa física ou jurídica que, em caráter eventual, neces- IX – alterar a composição de produto químico controlado, sem
sitar exercer qualquer uma das atividades sujeitas a controle e fisca- prévia comunicação ao órgão competente;
lização, deverá providenciar o seu cadastro junto ao Departamento X – adulterar laudos técnicos, notas fiscais, rótulos e embala-
de Polícia Federal e requerer autorização especial para efetivar as gens de produtos químicos controlados visando a burlar o controle
suas operações. e a fiscalização;
Art. 5o A pessoa jurídica referida no caput do art. 4o deverá XI – deixar de informar no laudo técnico, ou nota fiscal, quando
requerer, anualmente, a Renovação da Licença de Funcionamento for o caso, em local visível da embalagem e do rótulo, a concentra-
para o prosseguimento de suas atividades. ção do produto químico controlado;
Art. 6o Todas as partes envolvidas deverão possuir licença de XII – deixar de comunicar ao Departamento de Polícia Federal
funcionamento, exceto quando se tratar de quantidades de produ- furto, roubo ou extravio de produto químico controlado e docu-
tos químicos inferiores aos limites a serem estabelecidos em porta- mento de controle, no prazo de quarenta e oito horas; e
ria do Ministro de Estado da Justiça. XIII – dificultar, de qualquer maneira, a ação do órgão de con-
Art. 7o Para importar, exportar ou reexportar os produtos quí- trole e fiscalização.
micos sujeitos a controle e fiscalização, nos termos dos arts. 1o e Art. 13. Os procedimentos realizados no exercício da fiscaliza-
2o, será necessária autorização prévia do Departamento de Polícia ção deverão ser formalizados mediante a elaboração de documento
Federal, nos casos previstos em portaria, sem prejuízo do dispos- próprio.
to no art. 6o e dos procedimentos adotados pelos demais órgãos Art. 14. O descumprimento das normas estabelecidas nesta
competentes. Lei, independentemente de responsabilidade penal, sujeitará os in-
Art. 8o A pessoa jurídica que realizar qualquer uma das ativi- fratores às seguintes medidas administrativas, aplicadas cumulativa
dades a que se refere o art. 1o desta Lei é obrigada a fornecer ao ou isoladamente:
Departamento de Polícia Federal, periodicamente, as informações I – advertência formal;
sobre suas operações. II – apreensão do produto químico encontrado em situação ir-
regular;
III – suspensão ou cancelamento de licença de funcionamento;

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

IV – revogação da autorização especial; e c. renovação de Licença de Funcionamento;


V – multa de R$ 2.128,20 (dois mil, cento e vinte e oito reais e III – no valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais) para:
vinte centavos) a R$ 1.064.100,00 (um milhão, sessenta e quatro a. emissão de Autorização Especial; e
mil e cem reais). b. emissão de segunda via de Autorização Especial.
§ 1o Na dosimetria da medida administrativa, serão considera- Parágrafo único. Os valores constantes dos incisos I e II deste
das a situação econômica, a conduta do infrator, a reincidência, a artigo serão reduzidos de:
natureza da infração, a quantidade dos produtos químicos encon- I - quarenta por cento, quando se tratar de empresa de peque-
trados em situação irregular e as circunstâncias em que ocorreram no porte;
os fatos. II - cinqüenta por cento, quando se tratar de filial de empresa
§ 2o A critério da autoridade competente, o recolhimento do já cadastrada;
valor total da multa arbitrada poderá ser feito em até cinco parcelas III - setenta por cento, quando se tratar de microempresa.
mensais e consecutivas. Art. 20. A Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos
§ 3o Das sanções aplicadas caberá recurso ao Diretor-Geral do será recolhida nos prazos e nas condições estabelecidas em ato do
Departamento de Polícia Federal, na forma e prazo estabelecidos Departamento de Polícia Federal.
em regulamento. Art. 21. Os recursos relativos à cobrança da Taxa de Controle e
Art. 15. A pessoa física ou jurídica que cometer qualquer uma Fiscalização de Produtos Químicos, à aplicação de multa e à aliena-
das infrações previstas nesta Lei terá prazo de trinta dias, a contar ção de produtos químicos previstas nesta Lei constituem receita do
da data da fiscalização, para sanar as irregularidades verificadas, Fundo Nacional Antidrogas – FUNAD.
sem prejuízo da aplicação de medidas administrativas previstas no Parágrafo único. O Fundo Nacional Antidrogas destinará oiten-
art. 14. ta por cento dos recursos relativos à cobrança da Taxa, à aplicação
§ 1o Sanadas as irregularidades, os produtos químicos eventu- de multa e à alienação de produtos químicos, referidos no caput
almente apreendidos serão devolvidos ao seu legítimo proprietário deste artigo, ao Departamento de Polícia Federal, para o reapare-
ou representante legal. lhamento e custeio das atividades de controle e fiscalização de pro-
§ 2o Os produtos químicos que não forem regularizados e res- dutos químicos e de repressão ao tráfico ilícito de drogas.
tituídos no prazo e nas condições estabelecidas neste artigo serão Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
destruídos, alienados ou doados pelo Departamento de Polícia Art. 23. Ficam revogados os arts. 1o a 13 e 18 da Lei no 9.017,
Federal a instituições de ensino, pesquisa ou saúde pública, após de 30 de março de 1995.
trânsito em julgado da decisão proferida no respectivo processo
administrativo. Brasília, 27 de dezembro de 2001; 180o da Independência e
§ 3o Em caso de risco iminente à saúde pública ou ao meio am- 113o da República.
biente, o órgão fiscalizador poderá dar destinação imediata aos pro-
dutos químicos apreendidos. LEI Nº 6.815/1980: DEFINE A SITUAÇÃO JURÍDICA DO
Art. 16. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização de Pro- ESTRANGEIRO NO BRASIL, CRIA O CONSELHO NACIO-
dutos Químicos, cujo fato gerador é o exercício do poder de polícia NAL DE IMIGRAÇÃO.
conferido ao Departamento de Polícia Federal para controle e fisca-
lização das atividades relacionadas no art. 1o desta Lei.
Art. 17. São sujeitos passivos da Taxa de Controle e Fiscalização LEI Nº 6.815, DE 19 DE AGOSTO DE 1980.
de Produtos Químicos as pessoas físicas e jurídicas que exerçam
qualquer uma das atividades sujeitas a controle e fiscalização de Define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conse-
que trata o art. 1o desta Lei. lho Nacional de Imigração.
Art. 18. São isentos do pagamento da Taxa de Controle e Fisca- ESTA LEI FOI REPUBLICADA PELA DETERMINAÇÃO DO ARTI-
lização de Produtos Químicos, sem prejuízo das demais obrigações GO 11, DA LEI Nº 6.964, DE 09.12.1981.
previstas nesta Lei: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
I – os órgãos da Administração Pública direta federal, estadual cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
e municipal; Art. 1° Em tempo de paz, qualquer estrangeiro poderá, satisfei-
II – as instituições públicas de ensino, pesquisa e saúde; tas as condições desta Lei, entrar e permanecer no Brasil e dele sair,
III – as entidades particulares de caráter assistencial, filantrópi- resguardados os interesses nacionais.
co e sem fins lucrativos que comprovem essa condição na forma da
lei específica em vigor. TÍTULO I
Art. 19. A Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos DA APLICAÇÃO
é devida pela prática dos seguintes atos de controle e fiscalização:
I – no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para: Art. 2º Na aplicação desta Lei atender-se-á precipuamente à
a. emissão de Certificado de Registro Cadastral; segurança nacional, à organização institucional, aos interesses polí-
b. emissão de segunda via de Certificado de Registro Cadastral; ticos, sócio-econômicos e culturais do Brasil, bem assim à defesa do
e trabalhador nacional.
c. alteração de Registro Cadastral; Art. 3º A concessão do visto, a sua prorrogação ou transforma-
II – no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para: ção ficarão sempre condicionadas aos interesses nacionais.
a. emissão de Certificado de Licença de Funcionamento;
b. emissão de segunda via de Certificado de Licença de Funcio-
namento; e

439
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

TÍTULO II III – pagar os emolumentos e taxas cobrados para processa-


DA ADMISSÃO, ENTRADA E IMPEDIMENTO mento do pedido de visto; (Incluído pela Lei nº 12.968,
de 2014)
CAPÍTULO I IV – seguir o rito procedimental previsto nas normas do Manual
DA ADMISSÃO do Serviço Consular e Jurídico do Ministério das Relações Exterio-
res. (Incluído pela Lei nº 12.968, de 2014)
Art. 4º Ao estrangeiro que pretenda entrar no território nacio- § 4o A autoridade consular brasileira poderá solicitar a apre-
nal poderá ser concedido visto: sentação dos originais dos documentos para dirimir dúvidas, bem
I - de trânsito; como solicitar documentos adicionais para a instrução do pedido.
II - de turista; (Incluído pela Lei nº 12.968, de 2014)
III - temporário; § 5o O Ministério das Relações Exteriores poderá editar normas
IV - permanente; visando a: (Incluído pela Lei nº 12.968, de 2014)
V - de cortesia; I – simplificação de procedimentos, por reciprocidade ou por
VI - oficial; e outros motivos que julgar pertinentes; (Incluído pela
VII - diplomático. Lei nº 12.968, de 2014)
Parágrafo único. O visto é individual e sua concessão poderá es- II – sem prejuízo da segurança do sistema e de outras comina-
tender-se a dependentes legais, observado o disposto no artigo 7º. ções legais cabíveis, inclusão de regras para a obtenção de vistos
Art. 5º Serão fixados em regulamento os requisitos para a ob- fisicamente separados da caderneta de passaporte do requerente.
tenção dos vistos de entrada previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.968, de 2014)
Art. 6º A posse ou a propriedade de bens no Brasil não confere § 6o O estrangeiro que fornecer informações falsas ou descum-
ao estrangeiro o direito de obter visto de qualquer natureza, ou au- prir as regras previstas nos §§ 3o e 4o e nas normas legais pertinen-
torização de permanência no território nacional. tes estará sujeito às penalidades previstas nos incisos I, III, IV, XIII,
Art. 7º Não se concederá visto ao estrangeiro: XV e XVI do art. 125 e no art. 126 desta Lei. (Incluído
I - menor de 18 (dezoito) anos, desacompanhado do responsá- pela Lei nº 12.968, de 2014)
vel legal ou sem a sua autorização expressa; Art. 10 Poderá ser estabelecida a dispensa recíproca do visto de
II - considerado nocivo à ordem pública ou aos interesses na- turista e dos vistos temporários a que se referem os incisos II e III do
cionais; caput do art. 13, observados prazos de estada definidos nesta Lei.
III - anteriormente expulso do País, salvo se a expulsão tiver (Redação dada pela Lei nº 12.968, de 2014)
sido revogada; Parágrafo único. A dispensa de vistos a que se refere o caput
IV - condenado ou processado em outro país por crime doloso, deste artigo será concedida mediante acordo internacional, salvo,
passível de extradição segundo a lei brasileira; ou a juízo do Ministério das Relações Exteriores, aos nacionais de país
V - que não satisfaça às condições de saúde estabelecidas pelo que assegure a reciprocidade de tratamento aos nacionais brasilei-
Ministério da Saúde. ros, situação em que a dispensa poderá ser concedida, enquanto
Art. 8º O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro durar essa reciprocidade, mediante comunicação diplomática, sem
que, para atingir o país de destino, tenha de entrar em território a necessidade de acordo internacional. (Redação dada
nacional. pela Lei nº 12.968, de 2014)
§ 1º O visto de trânsito é válido para uma estada de até 10 (dez) Art. 11. A empresa transportadora deverá verificar, por ocasião
dias improrrogáveis e uma só entrada. do embarque, no exterior, a documentação exigida, sendo respon-
§ 2° Não se exigirá visto de trânsito ao estrangeiro em viagem sável, no caso de irregularidade apurada no momento da entrada,
contínua, que só se interrompa para as escalas obrigatórias do meio pela saída do estrangeiro, sem prejuízo do disposto no artigo 125,
de transporte utilizado. item VI.
Art. 9º O visto de turista poderá ser concedido ao estrangeiro Art. 12. O prazo de validade do visto de turista será de até cinco
que venha ao Brasil em caráter recreativo ou de visita, assim consi- anos, fixado pelo Ministério das Relações Exteriores, dentro de cri-
derado aquele que não tenha finalidade imigratória, nem intuito de térios de reciprocidade, e proporcionará múltiplas entradas no País,
exercício de atividade remunerada. com estadas não excedentes a noventa dias, prorrogáveis por igual
§ 1o O visto de turista poderá, alternativamente, ser solicitado período, totalizando o máximo de cento e oitenta dias por ano.
e emitido por meio eletrônico, conforme regulamento. (In- (Redação dada pela Lei nº 9.076, de 10/07/95)
cluído pela Lei nº 12.968, de 2014) Art. 13. O visto temporário poderá ser concedido ao estrangei-
§ 2o As solicitações do visto de que trata o § 1o serão processa- ro que pretenda vir ao Brasil:
das pelo Sistema Consular Integrado do Ministério das Relações Ex- I - em viagem cultural ou em missão de estudos;
teriores, na forma disciplinada pelo Poder Executivo. (In- II - em viagem de negócios;
cluído pela Lei nº 12.968, de 2014) III - na condição de artista ou desportista;
§ 3o Para a obtenção de visto por meio eletrônico, o estrangei- IV - na condição de estudante;
ro deverá: (Incluído pela Lei nº 12.968, de 2014) V - na condição de cientista, pesquisador, professor, técnico ou
I – preencher e enviar formulário eletrônico disponível no Por- profissional de outra categoria, sob regime de contrato ou a servi-
tal Consular do Ministério das Relações Exteriores; (In- ço do governo brasileiro; (Redação dada pela Lei nº
cluído pela Lei nº 12.968, de 2014) 13.243, de 2016)
II – apresentar por meio eletrônico os documentos solicita- VI - na condição de correspondente de jornal, revista, rádio,
dos para comprovar o que tiver sido declarado no requerimento; televisão ou agência noticiosa estrangeira.
(Incluído pela Lei nº 12.968, de 2014)

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

VII - na condição de ministro de confissão religiosa ou membro Art. 18-B. Ato do Ministro de Estado da Justiça e Cidadania
de instituto de vida consagrada e de congregação ou ordem religio- estabelecerá os procedimentos para concessão da residência per-
sa. (Incluído pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) manente de que trata o art. 18-A. (Incluído pela Lei
VIII - na condição de beneficiário de bolsa vinculada a projeto nº 13.344, de 2016) (Vigência)
de pesquisa, desenvolvimento e inovação concedida por órgão ou Art. 19. O Ministério das Relações Exteriores definirá os casos
agência de fomento. (Incluído pela Lei nº 13.243, de de concessão, prorrogação ou dispensa dos vistos diplomáticos, ofi-
2016) cial e de cortesia.
Art. 14. O prazo de estada no Brasil, nos casos dos incisos II e Art. 20. Pela concessão de visto cobrar-se-ão emolumentos
III do art. 13, será de até noventa dias; no caso do inciso VII, de até consulares, ressalvados:
um ano; e nos demais, salvo o disposto no parágrafo único deste I - os regulados por acordos que concedam gratuidade;
artigo, o correspondente à duração da missão, do contrato, ou da II - os vistos de cortesia, oficial ou diplomático;
prestação de serviços, comprovada perante a autoridade consular, III - os vistos de trânsito, temporário ou de turista, se concedi-
observado o disposto na legislação trabalhista. (Re- dos a titulares de passaporte diplomático ou de serviço.
dação dada pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) Parágrafo único. A validade para a utilização de qualquer dos
Parágrafo único. No caso do item IV do artigo 13 o prazo será de vistos é de 90 (noventa) dias, contados da data de sua concessão,
até 1 (um) ano, prorrogável, quando for o caso, mediante prova do podendo ser prorrogada pela autoridade consular uma só vez, por
aproveitamento escolar e da matrícula. igual prazo, cobrando-se os emolumentos devidos, aplicando-se
Art. 15. Ao estrangeiro referido no item III ou V do artigo 13 só esta exigência somente a cidadãos de países onde seja verificada
se concederá o visto se satisfizer às exigências especiais estabele- a limitação recíproca. (Redação dada pela Lei nº
cidas pelo Conselho Nacional de Imigração e for parte em contrato 12.134, de 2009).
de trabalho, visado pelo Ministério do Trabalho, salvo no caso de Art. 21. Ao natural de país limítrofe, domiciliado em cidade con-
comprovada prestação de serviço ao Governo brasileiro. tígua ao território nacional, respeitados os interesses da segurança
Art. 16. O visto permanente poderá ser concedido ao estrangei- nacional, poder-se-á permitir a entrada nos municípios fronteiriços
ro que pretenda se fixar definitivamente no Brasil. a seu respectivo país, desde que apresente prova de identidade.
Parágrafo único. A imigração objetivará, primordialmente, pro- § 1º Ao estrangeiro, referido neste artigo, que pretenda exer-
piciar mão-de-obra especializada aos vários setores da economia cer atividade remunerada ou freqüentar estabelecimento de ensi-
nacional, visando à Política Nacional de Desenvolvimento em todos no naqueles municípios, será fornecido documento especial que o
os aspectos e, em especial, ao aumento da produtividade, à assimi- identifique e caracterize a sua condição, e, ainda, Carteira de Traba-
lação de tecnologia e à captação de recursos para setores específi- lho e Previdência Social, quando for o caso.
cos. (Redação dada pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) § 2º Os documentos referidos no parágrafo anterior não confe-
Art. 17. Para obter visto permanente o estrangeiro deverá sa- rem o direito de residência no Brasil, nem autorizam o afastamento
tisfazer, além dos requisitos referidos no artigo 5º, as exigências de dos limites territoriais daqueles municípios.
caráter especial previstas nas normas de seleção de imigrantes es-
tabelecidas pelo Conselho Nacional de Imigração. CAPÍTULO II
Art. 18. A concessão do visto permanente poderá ficar condi- DA ENTRADA
cionada, por prazo não-superior a 5 (cinco) anos, ao exercício de
atividade certa e à fixação em região determinada do território na- Art. 22. A entrada no território nacional far-se-á somente pelos
cional. locais onde houver fiscalização dos órgãos competentes dos Minis-
Art. 18-A. Conceder-se-á residência permanente às vítimas de térios da Saúde, da Justiça e da Fazenda.
tráfico de pessoas no território nacional, independentemente de Art. 23. O transportador ou seu agente responderá, a qualquer
sua situação migratória e de colaboração em procedimento admi- tempo, pela manutenção e demais despesas do passageiro em via-
nistrativo, policial ou judicial. (Incluído pela Lei nº gem contínua ou do tripulante que não estiver presente por ocasião
13.344, de 2016) (Vigência) da saída do meio de transporte, bem como pela retirada dos mes-
§ 1o O visto ou a residência permanentes poderão ser conce- mos do território nacional.
didos, a título de reunião familiar: (Incluído pela Lei Art. 24. Nenhum estrangeiro procedente do exterior poderá
nº 13.344, de 2016) (Vigência) afastar-se do local de entrada e inspeção, sem que o seu documen-
I - a cônjuges, companheiros, ascendentes e descendentes; e to de viagem e o cartão de entrada e saída hajam sido visados pelo
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) órgão competente do Ministério da Justiça. (Redação
II - a outros membros do grupo familiar que comprovem de- dada pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
pendência econômica ou convivência habitual com a vítima. Art. 25. Não poderá ser resgatado no Brasil, sem prévia autori-
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) zação do Ministério da Justiça, o bilhete de viagem do estrangeiro
§ 2o Os beneficiários do visto ou da residência permanentes que tenha entrado no território nacional na condição de turista ou
são isentos do pagamento da multa prevista no inciso II do art. 125. em trânsito.
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 3o Os beneficiários do visto ou da residência permanentes
de que trata este artigo são isentos do pagamento das taxas e emo-
lumentos previstos nos arts. 20, 33 e 131. (Incluído pela
Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

CAPÍTULO III Art. 33. Ao estrangeiro registrado será fornecido documento


DO IMPEDIMENTO de identidade.
Parágrafo único. A emissão de documento de identidade, salvo
Art. 26. O visto concedido pela autoridade consular configura nos casos de asilado ou de titular de visto de cortesia, oficial ou
mera expectativa de direito, podendo a entrada, a estada ou o re- diplomático, está sujeita ao pagamento da taxa prevista na Tabela
gistro do estrangeiro ser obstado ocorrendo qualquer dos casos do de que trata o artigo 130.
artigo 7º, ou a inconveniência de sua presença no território nacio-
nal, a critério do Ministério da Justiça. CAPÍTULO II
§ 1º O estrangeiro que se tiver retirado do País sem recolher a DA PRORROGAÇÃO DO PRAZO DE ESTADA
multa devida em virtude desta Lei, não poderá reentrar sem efetuar
o seu pagamento, acrescido de correção monetária. Art. 34. Ao estrangeiro que tenha entrado na condição de turis-
§ 2º O impedimento de qualquer dos integrantes da família po- ta, temporário ou asilado e aos titulares de visto de cortesia, oficial
derá estender-se a todo o grupo familiar. ou diplomático, poderá ser concedida a prorrogação do prazo de
Art. 27. A empresa transportadora responde, a qualquer tem- estada no Brasil.
po, pela saída do clandestino e do impedido. Art. 35. A prorrogação do prazo de estada do turista não exce-
Parágrafo único. Na impossibilidade da saída imediata do im- derá a 90 (noventa) dias, podendo ser cancelada a critério do Mi-
pedido ou do clandestino, o Ministério da Justiça poderá permitir nistério da Justiça.
a sua entrada condicional, mediante termo de responsabilidade fir- Art. 36. A prorrogação do prazo de estada do titular do visto
mado pelo representante da empresa transportadora, que lhe asse- temporário, de que trata o item VII, do artigo 13, não excederá a um
gure a manutenção, fixados o prazo de estada e o local em que deva ano. (Incluído pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
permanecer o impedido, ficando o clandestino custodiado pelo pra-
zo máximo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período. CAPÍTULO III
DA TRANSFORMAÇÃO DOS VISTOS
TÍTULO III
DA CONDIÇÃO DE ASILADO Art. 37. O titular do visto de que trata o artigo 13, incisos V e
VII, poderá obter transformação do mesmo para permanente (art.
Art. 28. O estrangeiro admitido no território nacional na con- 16), satisfeitas às condições previstas nesta Lei e no seu Regulamen-
dição de asilado político ficará sujeito, além dos deveres que lhe to. (Renumerado e alterado pela Lei nº 6.964, de 1981)
forem impostos pelo Direito Internacional, a cumprir as disposições § 1º. Ao titular do visto temporário previsto no inciso VII do art.
da legislação vigente e as que o Governo brasileiro lhe fixar. 13 só poderá ser concedida a transformação após o prazo de dois
Art. 29. O asilado não poderá sair do País sem prévia autoriza- anos de residência no País. (Incluído pela Lei nº 6.964,
ção do Governo brasileiro. de 1981)
Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo im- § 2º. Na transformação do visto poder-se-á aplicar o disposto
portará na renúncia ao asilo e impedirá o reingresso nessa condi- no artigo 18 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 6.964,
ção. de 1981)
Art. 38. É vedada a legalização da estada de clandestino e de
TÍTULO IV irregular, e a transformação em permanente, dos vistos de trânsito,
DO REGISTRO E SUAS ALTERAÇÕES de turista, temporário (artigo 13, itens I a IV e VI) e de cortesia.
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
CAPÍTULO I Art. 39. O titular de visto diplomático ou oficial poderá obter
DO REGISTRO transformação desses vistos para temporário (artigo 13, itens I a VI)
ou para permanente (artigo 16), ouvido o Ministério das Relações
Art. 30. O estrangeiro admitido na condição de permanente, Exteriores, e satisfeitas as exigências previstas nesta Lei e no seu
de temporário (incisos I e de IV a VI do art. 13) ou de asilado é obri- Regulamento. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 1981)
gado a registrar-se no Ministério da Justiça, dentro dos trinta dias Parágrafo único. A transformação do visto oficial ou diplomáti-
seguintes à entrada ou à concessão do asilo, e a identificar-se pelo co em temporário ou permanente importará na cessação de todas
sistema datiloscópico, observadas as disposições regulamentares. as prerrogativas, privilégios e imunidades decorrentes daqueles vis-
(Redação dada pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) tos.
Art. 31. O nome e a nacionalidade do estrangeiro, para o efeito Art. 40. A solicitação da transformação de visto não impede a
de registro, serão os constantes do documento de viagem. aplicação do disposto no artigo 57, se o estrangeiro ultrapassar o
Art. 32. O titular de visto diplomático, oficial ou de cortesia, prazo legal de estada no território nacional. (Renume-
acreditado junto ao Governo brasileiro ou cujo prazo previsto de es- rado pela Lei nº 6.964, de 1981)
tada no País seja superior a 90 (noventa) dias, deverá providenciar Parágrafo único. Do despacho que denegar a transformação
seu registro no Ministério das Relações Exteriores. do visto, caberá pedido de reconsideração na forma definida em
Parágrafo único. O estrangeiro titular de passaporte de servi- Regulamento.
ço, oficial ou diplomático, que haja entrado no Brasil ao amparo Art. 41. A transformação de vistos de que tratam os artigos 37
de acordo de dispensa de visto, deverá, igualmente, proceder ao e 39 ficará sem efeito, se não for efetuado o registro no prazo de
registro mencionado neste artigo sempre que sua estada no Brasil noventa dias, contados da publicação, no Diário Oficial, do deferi-
deva ser superior a 90 (noventa) dias. mento do pedido. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 1981)

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

Art. 42. O titular de quaisquer dos vistos definidos nos artigos Parágrafo único. As entidades, a que se refere este artigo re-
8°, 9°, 10, 13 e 16, poderá ter os mesmos transformados para oficial meterão ao Ministério da Justiça, que dará conhecimento ao Minis-
ou diplomático. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 1981) tério do Trabalho, quando for o caso, os dados de identificação do
Art. 42-A. O estrangeiro estará em situação regular no País en- estrangeiro admitido ou matriculado e comunicarão, à medida que
quanto tramitar pedido de regularização migratória. (In- ocorrer, o término do contrato de trabalho, sua rescisão ou prorro-
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) gação, bem como a suspensão ou cancelamento da matrícula e a
conclusão do curso.
CAPÍTULO IV
DA ALTERAÇÃO DE ASSENTAMENTOS CAPÍTULO VI
DO CANCELAMENTO E DO RESTABELECIMENTO DO REGISTRO
Art. 43. O nome do estrangeiro, constante do registro (art. 30),
poderá ser alterado: (Renumerado pela Lei nº 6.964, Art. 49. O estrangeiro terá o registro cancelado: (Re-
de 1981) numerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
I - se estiver comprovadamente errado; I - se obtiver naturalização brasileira;
II - se tiver sentido pejorativo ou expuser o titular ao ridículo; II - se tiver decretada sua expulsão;
ou III - se requerer a saída do território nacional em caráter defi-
III - se for de pronunciação e compreensão difíceis e puder ser nitivo, renunciando, expressamente, ao direito de retorno previsto
traduzido ou adaptado à prosódia da língua portuguesa. no artigo 51;
§ 1° O pedido de alteração de nome deverá ser instruído com a IV - se permanecer ausente do Brasil por prazo superior ao pre-
documentação prevista em Regulamento e será sempre objeto de visto no artigo 51;
investigação sobre o comportamento do requerente. V - se ocorrer a transformação de visto de que trata o artigo 42;
§ 2° Os erros materiais no registro serão corrigidos de ofício. VI - se houver transgressão do artigo 18, artigo 37, § 2º, ou 99
§ 3° A alteração decorrente de desquite ou divórcio obtido em a 101; e
país estrangeiro dependerá de homologação, no Brasil, da sentença VII - se temporário ou asilado, no término do prazo de sua esta-
respectiva. da no território nacional.
§ 4° Poderá ser averbado no registro o nome abreviado usado § 1° O registro poderá ser restabelecido, nos casos do item I ou
pelo estrangeiro como firma comercial registrada ou em qualquer II, se cessada a causa do cancelamento, e, nos demais casos, se o
atividade profissional. estrangeiro retornar ao território nacional com visto de que trata o
Art. 44. Compete ao Ministro da Justiça autorizar a alteração de artigo 13 ou 16, ou obtiver a transformação prevista no artigo 39.
assentamentos constantes do registro de estrangeiro. (Renume- § 2° Ocorrendo a hipótese prevista no item III deste artigo, o es-
rado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) trangeiro deverá proceder à entrega do documento de identidade
para estrangeiro e deixar o território nacional dentro de 30 (trinta)
CAPÍTULO V dias.
DA ATUALIZAÇÃO DO REGISTRO § 3° Se da solicitação de que trata o item III deste artigo resultar
isenção de ônus fiscal ou financeiro, o restabelecimento do registro
Art. 45. A Junta Comercial, ao registrar firma de que participe dependerá, sempre, da satisfação prévia dos referidos encargos.
estrangeiro, remeterá ao Ministério da Justiça os dados de identifi-
cação do estrangeiro e os do seu documento de identidade emitido TÍTULO V
no Brasil. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) DA SAÍDA E DO RETORNO
Parágrafo único. Tratando-se de sociedade anônima, a provi-
dência é obrigatória em relação ao estrangeiro que figure na con- Art. 50. Não se exigirá visto de saída do estrangeiro que preten-
dição de administrador, gerente, diretor ou acionista controlador. der sair do território nacional. (Renumerado pela Lei
(Incluído pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) nº 6.964, de 09/12/81)
Art. 46. Os Cartórios de Registro Civil remeterão, mensalmen- § 1° O Ministro da Justiça poderá, a qualquer tempo, estabele-
te, ao Ministério da Justiça cópia dos registros de casamento e de cer a exigência de visto de saída, quando razões de segurança inter-
óbito de estrangeiro. (Renumerado pela Lei nº 6.964, na aconselharem a medida.
de 09/12/81) § 2° Na hipótese do parágrafo anterior, o ato que estabelecer a
Art. 47. O estabelecimento hoteleiro, a empresa imobiliária, o exigência disporá sobre o prazo de validade do visto e as condições
proprietário, locador, sublocador ou locatário de imóvel e o síndico para a sua concessão.
de edifício remeterão ao Ministério da Justiça, quando requisitados, § 3º O asilado deverá observar o disposto no artigo 29.
os dados de identificação do estrangeiro admitido na condição de Art. 51. O estrangeiro registrado como permanente, que se au-
hóspede, locatário, sublocatário ou morador. (Renume- sentar do Brasil, poderá regressar independentemente de visto se
rado e alterado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) o fizer dentro de dois anos. (Renumerado pela Lei nº
Art. 48. Salvo o disposto no § 1° do artigo 21, a admissão de 6.964, de 09/12/81)
estrangeiro a serviço de entidade pública ou privada, ou a matrícula Parágrafo único. A prova da data da saída, para os fins deste
em estabelecimento de ensino de qualquer grau, só se efetivará se artigo, far-se-á pela anotação aposta, pelo órgão competente do
o mesmo estiver devidamente registrado (art. 30). (Re- Ministério da Justiça, no documento de viagem do estrangeiro, no
numerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) momento em que o mesmo deixar o território nacional.

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

Art. 52. O estrangeiro registrado como temporário, que se au- Parágrafo único. A deportação far-se-á para o país da nacionali-
sentar do Brasil, poderá regressar independentemente de novo vis- dade ou de procedência do estrangeiro, ou para outro que consinta
to, se o fizer dentro do prazo de validade de sua estada no território em recebê-lo.
nacional. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) Art. 59. Não sendo apurada a responsabilidade do transporta-
Art. 53. (Suprimido pela Lei nº 9.076, de 10/07/95) dor pelas despesas com a retirada do estrangeiro, nem podendo
este ou terceiro por ela responder, serão as mesmas custeadas pelo
TÍTULO VI Tesouro Nacional. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de
DO DOCUMENTO DE VIAGEM PARA ESTRANGEIRO 09/12/81)
Art. 60. O estrangeiro poderá ser dispensado de quaisquer
Art. 54. São documentos de viagem o passaporte para estran- penalidades relativas à entrada ou estada irregular no Brasil ou
geiro e o laissez-passer. (Renumerado pela Lei nº formalidade cujo cumprimento possa dificultar a deportação.
6.964, de 09/12/81) (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
Parágrafo único. Os documentos de que trata este artigo são Art. 61. O estrangeiro, enquanto não se efetivar a deportação,
de propriedade da União, cabendo a seus titulares a posse direta e poderá ser recolhido à prisão por ordem do Ministro da Justiça,
o uso regular. pelo prazo de sessenta dias. (Renumerado pela Lei nº
Art. 55. Poderá ser concedido passaporte para estrangeiro: 6.964, de 09/12/81)
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) Parágrafo único. Sempre que não for possível, dentro do prazo
I - no Brasil: previsto neste artigo, determinar-se a identidade do deportando ou
a) ao apátrida e ao de nacionalidade indefinida; obter-se documento de viagem para promover a sua retirada, a pri-
b) a nacional de país que não tenha representação diplomática são poderá ser prorrogada por igual período, findo o qual será ele
ou consular no Brasil, nem representante de outro país encarrega- posto em liberdade, aplicando-se o disposto no artigo 73.
do de protegê-lo; Art. 62. Não sendo exeqüível a deportação ou quando existi-
c) a asilado ou a refugiado, como tal admitido no Brasil. rem indícios sérios de periculosidade ou indesejabilidade do estran-
II - no Brasil e no exterior, ao cônjuge ou à viúva de brasileiro geiro, proceder-se-á à sua expulsão. (Renumerado pela
que haja perdido a nacionalidade originária em virtude do casa- Lei nº 6.964, de 09/12/81)
mento. Art. 63. Não se procederá à deportação se implicar em extradi-
Parágrafo único. A concessão de passaporte, no caso da letra b, ção inadmitida pela lei brasileira. (Renumerado pela Lei
do item I, deste artigo, dependerá de prévia consulta ao Ministério nº 6.964, de 09/12/81)
das Relações Exteriores. Art. 64. O deportado só poderá reingressar no território nacio-
Art. 56. O laissez-passer poderá ser concedido, no Brasil ou no nal se ressarcir o Tesouro Nacional, com correção monetária, das
exterior, ao estrangeiro portador de documento de viagem emitido despesas com a sua deportação e efetuar, se for o caso, o pagamen-
por governo não reconhecido pelo Governo brasileiro, ou não váli- to da multa devida à época, também corrigida. (Re-
do para o Brasil. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) numerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
§ 1º A concessão, no exterior, de laissez-passer a estrangeiro
registrado no Brasil como permanente, temporário ou asilado, de- TÍTULO VIII
penderá de audiência prévia do Ministério da Justiça. (Re- DA EXPULSÃO
numerado do Parágrafo único pela Lei nº 12.968, de 2014)
§ 2o O visto concedido pela autoridade consular poderá ser Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer
aposto a qualquer documento de viagem emitido nos padrões es- forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou so-
tabelecidos pela Organização da Aviação Civil Internacional - OACI, cial, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular,
não implicando a aposição do visto o reconhecimento de Estado ou ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interes-
Governo pelo Governo brasileiro. (Incluído pela Lei ses nacionais. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de
nº 12.968, de 2014) 09/12/81)
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro
TÍTULO VII que:
DA DEPORTAÇÃO a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência
no Brasil;
Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irregular de estran- b) havendo entrado no território nacional com infração à lei,
geiro, se este não se retirar voluntariamente do território nacional dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo,
no prazo fixado em Regulamento, será promovida sua deportação. não sendo aconselhável a deportação;
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
§ 1º Será igualmente deportado o estrangeiro que infringir o d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para
disposto nos artigos 21, § 2º, 24, 37, § 2º, 98 a 101, §§ 1º ou 2º do estrangeiro.
artigo 104 ou artigo 105. Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente da República re-
§ 2º Desde que conveniente aos interesses nacionais, a depor- solver sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou de sua
tação far-se-á independentemente da fixação do prazo de que trata revogação. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
o caput deste artigo. Parágrafo único. A medida expulsória ou a sua revogação far-
Art. 58. A deportação consistirá na saída compulsória do es- -se-á por decreto.
trangeiro. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

Art. 67. Desde que conveniente ao interesse nacional, a expul- a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou sepa-
são do estrangeiro poderá efetivar-se, ainda que haja processo ou rado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido
tenha ocorrido condenação. (Renumerado pela Lei nº celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou
6.964, de 09/12/81) b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guar-
Art. 68. Os órgãos do Ministério Público remeterão ao Ministé- da e dele dependa economicamente.
rio da Justiça, de ofício, até trinta dias após o trânsito em julgado, § 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o
cópia da sentença condenatória de estrangeiro autor de crime dolo- reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o
so ou de qualquer crime contra a segurança nacional, a ordem polí- motivar.
tica ou social, a economia popular, a moralidade ou a saúde pública, § 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separa-
assim como da folha de antecedentes penais constantes dos autos. ção, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) tempo.
Parágrafo único. O Ministro da Justiça, recebidos os documen-
tos mencionados neste artigo, determinará a instauração de inqué- TÍTULO IX
rito para a expulsão do estrangeiro. DA EXTRADIÇÃO
Art. 69. O Ministro da Justiça, a qualquer tempo, poderá de-
terminar a prisão, por 90 (noventa) dias, do estrangeiro submetido Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo
a processo de expulsão e, para concluir o inquérito ou assegurar a requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao
execução da medida, prorrogá-la por igual prazo. (Renu- Brasil a reciprocidade. (Renumerado e alterado pela
merado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) Lei nº 6.964, de 09/12/81)
Parágrafo único. Em caso de medida interposta junto ao Poder Art. 77. Não se concederá a extradição quando: (Re-
Judiciário que suspenda, provisoriamente, a efetivação do ato ex- numerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
pulsório, o prazo de prisão de que trata a parte final do caput deste I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionalida-
artigo ficará interrompido, até a decisão definitiva do Tribunal a que de verificar-se após o fato que motivar o pedido;
estiver submetido o feito. II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no
Art. 70. Compete ao Ministro da Justiça, de ofício ou acolhendo Brasil ou no Estado requerente;
solicitação fundamentada, determinar a instauração de inquérito III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o
para a expulsão do estrangeiro. (Renumerado pela Lei nº 6.964, crime imputado ao extraditando;
de 09/12/81) IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou
Art. 71. Nos casos de infração contra a segurança nacional, a inferior a 1 (um) ano;
ordem política ou social e a economia popular, assim como nos ca- V - o extraditando estiver a responder a processo ou já houver
sos de comércio, posse ou facilitação de uso indevido de substância sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, ou fundar o pedido;
de desrespeito à proibição especialmente prevista em lei para es- VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei
trangeiro, o inquérito será sumário e não excederá o prazo de quin- brasileira ou a do Estado requerente;
ze dias, dentro do qual fica assegurado ao expulsando o direito de VII - o fato constituir crime político; e
defesa. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) VIII - o extraditando houver de responder, no Estado requeren-
Art. 72. Salvo as hipóteses previstas no artigo anterior, cabe- te, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
rá pedido de reconsideração no prazo de 10 (dez) dias, a contar § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando
da publicação do decreto de expulsão, no Diário Oficial da União. o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, ou
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato
Art. 73. O estrangeiro, cuja prisão não se torne necessária, principal.
ou que tenha o prazo desta vencido, permanecerá em liberdade § 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, a
vigiada, em lugar designado pelo Ministério da Justiça, e guarda- apreciação do caráter da infração.
rá as normas de comportamento que lhe forem estabelecidas. § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quaisquer
Parágrafo único. Descumprida qualquer das normas fixadas de autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo, sabota-
conformidade com o disposto neste artigo ou no seguinte, o Minis- gem, seqüestro de pessoa, ou que importem propaganda de guerra
tro da Justiça, a qualquer tempo, poderá determinar a prisão admi- ou de processos violentos para subverter a ordem política ou social.
nistrativa do estrangeiro, cujo prazo não excederá a 90 (noventa) Art. 78. São condições para concessão da extradição:
dias. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
Art. 74. O Ministro da Justiça poderá modificar, de ofício ou a I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente
pedido, as normas de conduta impostas ao estrangeiro e designar ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e
outro lugar para a sua residência. (Renumerado pela II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a
Lei nº 6.964, de 09/12/81) prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou autoridade
Art. 75. Não se procederá à expulsão: (Renumerado competente do Estado requerente, salvo o disposto no artigo 82.
e alterado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da
I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque-
(Incluído incisos, alíneas e §§ pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) le em cujo território a infração foi cometida. (Renu-
II - quando o estrangeiro tiver: merado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, suces- § 3o O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa)
sivamente: dias contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido o extraditando, formalizar o pedido de extradição. (Redação
crime mais grave, segundo a lei brasileira; dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do extra- § 4o Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no §
ditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admitindo
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do extra- novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a extra-
ditando, se os pedidos forem simultâneos. dição haja sido devidamente requerida. (Redação dada
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Go- pela Lei nº 12.878, de 2013)
verno brasileiro. Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro-
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados nunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre
requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito à sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.
preferência de que trata este artigo. (Redação dada (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o pedido
Art. 80. A extradição será requerida por via diplomática ou, será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. (Re-
quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça, numerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certidão Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento final do
da sentença condenatória ou decisão penal proferida por juiz ou Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade vigiada,
autoridade competente. (Redação dada pela Lei nº a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
12.878, de 2013) Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora
§ 1o O pedido deverá ser instruído com indicações precisas so- para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-lhe-á
bre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato criminoso, curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interrogatório o
a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos legais sobre prazo de dez dias para a defesa. (Renumerado pela
o crime, a competência, a pena e sua prescrição. (Reda- Lei nº 6.964, de 09/12/81)
ção dada pela Lei nº 12.878, de 2013) § 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada,
§ 2o O encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justi- defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da
ça ou por via diplomática confere autenticidade aos documentos. extradição.
(Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) § 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tri-
§ 3o Os documentos indicados neste artigo serão acompa- bunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, poderá
nhados de versão feita oficialmente para o idioma português. converter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo
(Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) improrrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido
Art. 81. O pedido, após exame da presença dos pressupostos será julgado independentemente da diligência.
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, será § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data da
encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal Fede- notificação que o Ministério das Relações Exteriores fizer à Missão
ral. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) Diplomática do Estado requerente.
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos de que trata Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado atra-
o caput, o pedido será arquivado mediante decisão fundamentada vés do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomática do
do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de renovação do pe- Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da comunicação,
dido, devidamente instruído, uma vez superado o óbice apontado. deverá retirar o extraditando do território nacional. (Re-
(Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) numerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá, em caso de Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do
urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou con- território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto em
juntamente com este, requerer a prisão cautelar do extraditando liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o
por via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Ministério motivo da extradição o recomendar. (Renumerado
da Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos formais pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido ba-
ao Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Lei seado no mesmo fato. (Renumerado pela Lei nº 6.964,
nº 12.878, de 2013) de 09/12/81)
§ 1o O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou
e deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio, tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena pri-
fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a vativa de liberdade, a extradição será executada somente depois
comunicação por escrito. (Redação dada pela Lei nº da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvado,
12.878, de 2013) entretanto, o disposto no artigo 67. (Renumerado pela
§ 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao Lei nº 6.964, de 09/12/81)
Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de Polí- Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmente
cia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a documentação adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida por cau-
comprobatória da existência de ordem de prisão proferida por Esta- sa de enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial.
do estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda
que responda a processo ou esteja condenado por contravenção.
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado reque- como inscrever-se em entidade fiscalizadora do exercício de profis-
rente assuma o compromisso: (Renumerado pela Lei são regulamentada. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de
nº 6.964, de 09/12/81) 09/12/81) (Vide Medida Provisória nº 621, de 2013)
I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos Parágrafo único. Aos estrangeiros portadores do visto de que
anteriores ao pedido; trata o inciso V do art. 13 é permitida a inscrição temporária em
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta entidade fiscalizadora do exercício de profissão regulamentada. (In-
por força da extradição; cluído pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal Art. 100. O estrangeiro admitido na condição de temporário,
ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei sob regime de contrato, só poderá exercer atividade junto à enti-
brasileira permitir a sua aplicação; dade pela qual foi contratado, na oportunidade da concessão do
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento do visto, salvo autorização expressa do Ministério da Justiça, ouvido
Brasil, a outro Estado que o reclame; e o Ministério do Trabalho. ((Renumerado pela Lei nº
V - de não considerar qualquer motivo político, para agravar a 6.964, de 09/12/81)
pena. Art. 101. O estrangeiro admitido na forma do artigo 18, ou do
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis bra- artigo 37, § 2º, para o desempenho de atividade profissional certa,
sileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos e a fixação em região determinada, não poderá, dentro do prazo
e instrumentos do crime encontrados em seu poder. (Renumerado que lhe for fixado na oportunidade da concessão ou da transforma-
pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) ção do visto, mudar de domicílio nem de atividade profissional, ou
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste ar- exercê-la fora daquela região, salvo em caso excepcional, mediante
tigo poderão ser entregues independentemente da entrega do ex- autorização prévia do Ministério da Justiça, ouvido o Ministério do
traditando. Trabalho, quando necessário. (Renumerado pela Lei
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado nº 6.964, de 09/12/81)
requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou Art. 102. O estrangeiro registrado é obrigado a comunicar ao
por ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente Ministério da Justiça a mudança do seu domicílio ou residência, de-
por via diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades. vendo fazê-lo nos 30 (trinta) dias imediatamente seguintes à sua
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) efetivação. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permitido, Art. 103. O estrangeiro que adquirir nacionalidade diversa da
pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, de pesso- constante do registro (art. 30), deverá, nos noventa dias seguintes,
as extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da respectiva requerer a averbação da nova nacionalidade em seus assentamen-
guarda, mediante apresentação de documentos comprobatórios de tos. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
concessão da medida. (Renumerado pela Lei nº 6.964, Art. 104. O portador de visto de cortesia, oficial ou diplomá-
de 09/12/81) tico só poderá exercer atividade remunerada em favor do Estado
estrangeiro, organização ou agência internacional de caráter inter-
TÍTULO X governamental a cujo serviço se encontre no País, ou do Governo
DOS DIREITOS E DEVERES DO ESTRANGEIRO ou de entidade brasileiros, mediante instrumento internacional fir-
mado com outro Governo que encerre cláusula específica sobre o
Art. 95. O estrangeiro residente no Brasil goza de todos os di- assunto. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
reitos reconhecidos aos brasileiros, nos termos da Constituição e § 1º O serviçal com visto de cortesia só poderá exercer ativida-
das leis. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) de remunerada a serviço particular de titular de visto de cortesia,
Art. 96. Sempre que lhe for exigido por qualquer autoridade ou oficial ou diplomático.
seu agente, o estrangeiro deverá exibir documento comprobatório § 2º A missão, organização ou pessoa, a cujo serviço se encon-
de sua estada legal no território nacional. (Renumerado tra o serviçal, fica responsável pela sua saída do território nacional,
pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data em que cessar o víncu-
Parágrafo único. Para os fins deste artigo e dos artigos 43, 45, lo empregatício, sob pena de deportação do mesmo.
47 e 48, o documento deverá ser apresentado no original. § 3º Ao titular de quaisquer dos vistos referidos neste artigo
Art. 97. O exercício de atividade remunerada e a matrícu- não se aplica o disposto na legislação trabalhista brasileira.
la em estabelecimento de ensino são permitidos ao estrangeiro Art. 105. Ao estrangeiro que tenha entrado no Brasil na con-
com as restrições estabelecidas nesta Lei e no seu Regulamento. dição de turista ou em trânsito é proibido o engajamento como
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) tripulante em porto brasileiro, salvo em navio de bandeira de seu
Art. 98. Ao estrangeiro que se encontra no Brasil ao amparo país, por viagem não redonda, a requerimento do transportador
de visto de turista, de trânsito ou temporário de que trata o artigo ou do seu agente, mediante autorização do Ministério da Justiça.
13, item IV, bem como aos dependentes de titulares de quaisquer (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
vistos temporários é vedado o exercício de atividade remunerada. Art. 106. É vedado ao estrangeiro: (Renumerado
Ao titular de visto temporário de que trata o artigo 13, item VI, é pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
vedado o exercício de atividade remunerada por fonte brasileira. I - ser proprietário, armador ou comandante de navio nacional,
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) inclusive nos serviços de navegação fluvial e lacustre;
Art. 99. Ao estrangeiro titular de visto temporário e ao que se II - ser proprietário de empresa jornalística de qualquer espé-
encontre no Brasil na condição do artigo 21, § 1°, é vedado estabe- cie, e de empresas de televisão e de radiodifusão, sócio ou acionista
lecer-se com firma individual, ou exercer cargo ou função de admi- de sociedade proprietária dessas empresas;
nistrador, gerente ou diretor de sociedade comercial ou civil, bem

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

III - ser responsável, orientador intelectual ou administrativo o seu funcionamento será suspenso por ato do Ministro da Justi-
das empresas mencionadas no item anterior; ça, até final julgamento do processo de dissolução, a ser instaurado
IV - obter concessão ou autorização para a pesquisa, prospec- imediatamente. (Renumerado e alterado pela Lei nº
ção, exploração e aproveitamento das jazidas, minas e demais re- 6.964, de 09/12/81)
cursos minerais e dos potenciais de energia hidráulica; Art. 110. O Ministro da Justiça poderá, sempre que conside-
V - ser proprietário ou explorador de aeronave brasileira, res- rar conveniente aos interesses nacionais, impedir a realização, por
salvado o disposto na legislação específica; estrangeiros, de conferências, congressos e exibições artísticas ou
VI - ser corretor de navios, de fundos públicos, leiloeiro e des- folclóricas. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
pachante aduaneiro;
VII - participar da administração ou representação de sindicato TÍTULO XI
ou associação profissional, bem como de entidade fiscalizadora do DA NATURALIZAÇÃO
exercício de profissão regulamentada;
VIII - ser prático de barras, portos, rios, lagos e canais; CAPÍTULO I
IX - possuir, manter ou operar, mesmo como amador, aparelho DAS CONDIÇÕES
de radiodifusão, de radiotelegrafia e similar, salvo reciprocidade de
tratamento; e Art. 111. A concessão da naturalização nos casos previstos no
X - prestar assistência religiosa às Forças Armadas e auxiliares, artigo 145, item II, alínea b, da Constituição, é faculdade exclusiva
e também aos estabelecimentos de internação coletiva. do Poder Executivo e far-se-á mediante portaria do Ministro da Jus-
§ 1º O disposto no item I deste artigo não se aplica aos navios tiça. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
nacionais de pesca. Art. 112. São condições para a concessão da naturalização:
§ 2º Ao português, no gozo dos direitos e obrigações previstos (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
no Estatuto da Igualdade, apenas lhe é defeso: I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
a) assumir a responsabilidade e a orientação intelectual e ad- II - ser registrado como permanente no Brasil;
ministrativa das empresas mencionadas no item II deste artigo; III - residência contínua no território nacional, pelo prazo míni-
b) ser proprietário, armador ou comandante de navio nacional, mo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de natu-
inclusive de navegação fluvial e lacustre, ressalvado o disposto no ralização;
parágrafo anterior; e IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condi-
c) prestar assistência religiosa às Forças Armadas e auxiliares. ções do naturalizando;
Art. 107. O estrangeiro admitido no território nacional não V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manu-
pode exercer atividade de natureza política, nem se imiscuir, direta tenção própria e da família;
ou indiretamente, nos negócios públicos do Brasil, sendo-lhe espe- VI - bom procedimento;
cialmente vedado: (Renumerado pela Lei nº 6.964, de VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no
09/12/81) Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena
I - organizar, criar ou manter sociedade ou quaisquer entidades mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um)
de caráter político, ainda que tenham por fim apenas a propaganda ano; e
ou a difusão, exclusivamente entre compatriotas, de idéias, progra- VIII - boa saúde.
mas ou normas de ação de partidos políticos do país de origem; § 1º não se exigirá a prova de boa saúde a nenhum estrangeiro
II - exercer ação individual, junto a compatriotas ou não, no que residir no País há mais de dois anos. (Incluído pela
sentido de obter, mediante coação ou constrangimento de qual- Lei nº 6.964, de 09/12/81)
quer natureza, adesão a idéias, programas ou normas de ação de § 2º verificada, a qualquer tempo, a falsidade ideológica ou
partidos ou facções políticas de qualquer país; material de qualquer dos requisitos exigidos neste artigo ou nos
III - organizar desfiles, passeatas, comícios e reuniões de qual- arts. 113 e 114 desta Lei, será declarado nulo o ato de naturali-
quer natureza, ou deles participar, com os fins a que se referem os zação sem prejuízo da ação penal cabível pela infração cometida.
itens I e II deste artigo. (Renumerado e alterado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica § 3º A declaração de nulidade a que se refere o parágrafo an-
ao português beneficiário do Estatuto da Igualdade ao qual tiver terior processar-se-á administrativamente, no Ministério da Justiça,
sido reconhecido o gozo de direitos políticos. de ofício ou mediante representação fundamentada, concedido ao
Art. 108. É lícito aos estrangeiros associarem-se para fins cultu- naturalizado, para defesa, o prazo de quinze dias, contados da no-
rais, religiosos, recreativos, beneficentes ou de assistência, filiarem- tificação. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
-se a clubes sociais e desportivos, e a quaisquer outras entidades Art. 113. O prazo de residência fixado no artigo 112, item III,
com iguais fins, bem como participarem de reunião comemorativa poderá ser reduzido se o naturalizando preencher quaisquer das
de datas nacionais ou acontecimentos de significação patriótica. seguintes condições: (Renumerado pela Lei nº 6.964,
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) de 09/12/81)
Parágrafo único. As entidades mencionadas neste artigo, se I - ter filho ou cônjuge brasileiro;
constituídas de mais da metade de associados estrangeiros, somen- II - ser filho de brasileiro;
te poderão funcionar mediante autorização do Ministro da Justiça. III - haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao Bra-
Art. 109. A entidade que houver obtido registro mediante fal- sil, a juízo do Ministro da Justiça;
sa declaração de seus fins ou que, depois de registrada, passar a IV - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica
exercer atividades proibidas ilícitas, terá sumariamente cassada a ou artística; ou
autorização a que se refere o parágrafo único do artigo anterior e

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V - ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor seja procederá à sindicância sobre a vida pregressa do naturalizando e
igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de Referência; ou ser opinará quanto à conveniência da naturalização. (Renu-
industrial que disponha de fundos de igual valor; ou possuir cota ou merado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
ações integralizadas de montante, no mínimo, idêntico, em socie- Art. 118. Recebido o processo pelo dirigente do órgão compe-
dade comercial ou civil, destinada, principal e permanentemente, à tente do Ministério da Justiça, poderá ele determinar, se necessá-
exploração de atividade industrial ou agrícola. rio, outras diligências. Em qualquer hipótese, o processo deverá ser
Parágrafo único. A residência será, no mínimo, de um ano, nos submetido, com parecer, ao Ministro da Justiça. (Re-
casos dos itens I a III; de dois anos, no do item IV; e de três anos, numerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
no do item V. Parágrafo único. O dirigente do órgão competente do Minis-
Art. 114. Dispensar-se-á o requisito da residência, exigindo- tério da Justiça determinará o arquivamento do pedido, se o na-
-se apenas a estada no Brasil por trinta dias, quando se tratar: turalizando não satisfizer, conforme o caso, a qualquer das condi-
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) ções previstas no artigo 112 ou 116, cabendo reconsideração desse
I - de cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco anos com despacho; se o arquivamento for mantido, poderá o naturalizando
diplomata brasileiro em atividade; ou recorrer ao Ministro da Justiça; em ambos os casos, o prazo é de
II - de estrangeiro que, empregado em Missão Diplomática ou trinta dias contados da publicação do ato.
em Repartição Consular do Brasil, contar mais de 10 (dez) anos de Art. 119. Publicada no Diário Oficial a portaria de naturalização,
serviços ininterruptos. será ela arquivada no órgão competente do Ministério da Justiça,
Art. 115. O estrangeiro que pretender a naturalização deverá que emitirá certificado relativo a cada naturalizando, o qual será so-
requerê-la ao Ministro da Justiça, declarando: nome por extenso, lenemente entregue, na forma fixada em Regulamento, pelo juiz fe-
naturalidade, nacionalidade, filiação, sexo, estado civil, dia, mês e deral da cidade onde tenha domicílio o interessado. (Re-
ano de nascimento, profissão, lugares onde haja residido anterior- numerado o art. 118 para art. 119 e alterado pela Lei nº 6.964, de
mente no Brasil e no exterior, se satisfaz ao requisito a que alude 09/12/81)
o artigo 112, item VII e se deseja ou não traduzir ou adaptar o seu § 1º. Onde houver mais de um juiz federal, a entrega será feita
nome à língua portuguesa. (Renumerado pela Lei nº pelo da Primeira Vara. (Incluído alterado pela Lei nº
6.964, de 09/12/81) 6.964, de 09/12/81)
§ 1º. A petição será assinada pelo naturalizando e instruí- § 2º. Quando não houver juiz federal na cidade em que tiverem
da com os documentos a serem especificados em regulamento. domicílio os interessados, a entrega será feita através do juiz ordi-
(Incluído pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) nário da comarca e, na sua falta, pelo da comarca mais próxima.
§ 2º. Exigir-se-á a apresentação apenas de documento de iden- (Incluído alterado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
tidade para estrangeiro, atestado policial de residência contínua § 3º. A naturalização ficará sem efeito se o certificado não for
no Brasil e atestado policial de antecedentes, passado pelo serviço solicitado pelo naturalizando no prazo de doze meses contados da
competente do lugar de residência no Brasil, quando se tratar de: data de publicação do ato, salvo motivo de força maior, devidamen-
(Incluído § e incisos pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) te comprovado. (Parágrafo único transformado em
I - estrangeiro admitido no Brasil até a idade de 5 (cinco) anos, em § 3º pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
radicado definitivamente no território nacional, desde que requeira Art. 120. No curso do processo de naturalização, poderá qual-
a naturalização até 2 (dois) anos após atingir a maioridade; quer do povo impugná-la, desde que o faça fundamentadamente.
II - estrangeiro que tenha vindo residir no Brasil antes de atin- (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
gida a maioridade e haja feito curso superior em estabelecimento Art. 121. A satisfação das condições previstas nesta Lei não as-
nacional de ensino, se requerida a naturalização até 1 (um) ano de- segura ao estrangeiro direito à naturalização. (Renu-
pois da formatura. merado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
§ 3º. Qualquer mudança de nome ou de prenome, posterior-
mente à naturalização, só por exceção e motivadamente será per- CAPÍTULO II
mitida, mediante autorização do Ministro da Justiça. (Pa- DOS EFEITOS DA NATURALIZAÇÃO
rágrafo único transformado em § 3º pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
Art. 116. O estrangeiro admitido no Brasil durante os primeiros Art. 122. A naturalização, salvo a hipótese do artigo 116, só pro-
5 (cinco) anos de vida, estabelecido definitivamente no território duzirá efeitos após a entrega do certificado e confere ao naturaliza-
nacional, poderá, enquanto menor, requerer ao Ministro da Justiça, do o gozo de todos os direitos civis e políticos, excetuados os que
por intermédio de seu representante legal, a emissão de certifica- a Constituição Federal atribui exclusivamente ao brasileiro nato.
do provisório de naturalização, que valerá como prova de nacio- (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
nalidade brasileira até dois anos depois de atingida a maioridade. Art. 123. A naturalização não importa aquisição da nacionali-
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) dade brasileira pelo cônjuge e filhos do naturalizado, nem autoriza
Parágrafo único. A naturalização se tornará definitiva se o titu- que estes entrem ou se radiquem no Brasil sem que satisfaçam às
lar do certificado provisório, até dois anos após atingir a maiorida- exigências desta Lei. (Renumerado pela Lei nº 6.964,
de, confirmar expressamente a intenção de continuar brasileiro, em de 09/12/81)
requerimento dirigido ao Ministro da Justiça. Art. 124. A naturalização não extingue a responsabilidade civil
Art. 117. O requerimento de que trata o artigo 115, dirigido ao ou penal a que o naturalizando estava anteriormente sujeito em
Ministro da Justiça, será apresentado, no Distrito Federal, Estados qualquer outro país. (Renumerado pela Lei nº 6.964,
e Territórios, ao órgão competente do Ministério da Justiça, que de 09/12/81)

449
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

TÍTULO XII Pena: multa de 5 (cinco) a 10 (dez) vezes o Maior Valor de Re-
DAS INFRAÇÕES, PENALIDADES E SEU PROCEDIMENTO ferência.
XV - infringir o disposto no artigo 26, § 1º ou 64:
CAPÍTULO I Pena: deportação e na reincidência, expulsão.
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES XVI - infringir ou deixar de observar qualquer disposição desta
Lei ou de seu Regulamento para a qual não seja cominada sanção
Art. 125. Constitui infração, sujeitando o infrator às penas aqui especial:
cominadas: (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) Pena: multa de 2 (duas) a 5 (cinco) vezes o Maior Valor de Re-
ferência.
I - entrar no território nacional sem estar autorizado (clandes- Parágrafo único. As penalidades previstas no item XI, aplicam-
tino): -se também aos diretores das entidades referidas no item I do ar-
Pena: deportação. tigo 107.
II - demorar-se no território nacional após esgotado o prazo le- Art. 126. As multas previstas neste Capítulo, nos casos de rein-
gal de estada: cidência, poderão ter os respectivos valores aumentados do dobro
Pena: multa de um décimo do Maior Valor de Referência, por ao quíntuplo. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de
dia de excesso, até o máximo de 10 (dez) vezes o Maior Valor de 09/12/81)
Referência, e deportação, caso não saia no prazo fixado.
III - deixar de registrar-se no órgão competente, dentro do pra- CAPÍTULO II
zo estabelecido nesta Lei (artigo 30): DO PROCEDIMENTO PARA APURAÇÃO DAS INFRAÇÕES
Pena: multa de um décimo do Maior Valor de Referência, por
dia de excesso, até o máximo de 10 (dez) vezes o Maior Valor de Art. 127. A infração punida com multa será apurada em proces-
Referência. so administrativo, que terá por base o respectivo auto, conforme
IV - deixar de cumprir o disposto nos artigos 96, 102 e 103: se dispuser em Regulamento. (Renumerado pela Lei nº
Pena: multa de duas a dez vezes o Maior Valor de Referência. 6.964, de 09/12/81)
V - deixar a empresa transportadora de atender à manutenção Art. 128. No caso do artigo 125, itens XI a XIII, observar-se-á
ou promover a saída do território nacional do clandestino ou do o Código de Processo Penal e, nos casos de deportação e expul-
impedido (artigo 27): são, o disposto nos Títulos VII e VIII desta Lei, respectivamente.
Pena: multa de 30 (trinta) vezes o Maior Valor de Referência, (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
por estrangeiro.
VI - transportar para o Brasil estrangeiro que esteja sem a do- TÍTULO XIII
cumentação em ordem: DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Pena: multa de dez vezes o Maior Valor de Referência, por es-
trangeiro, além da responsabilidade pelas despesas com a retirada Art 128. (Revogado pela Lei nº 8.422, de 13/05/92)
deste do território nacional. (Redação dada pela Lei nº Art. 129. (Revogado pela Lei nº 8.422, de 13/05/92)
6.964, de 09/12/81) Art. 130. O Poder Executivo fica autorizado a firmar acordos
VII - empregar ou manter a seu serviço estrangeiro em situação internacionais pelos quais, observado o princípio da reciprocidade
irregular ou impedido de exercer atividade remunerada: de tratamento a brasileiros e respeitados a conveniência e os in-
Pena: multa de 30 (trinta) vezes o Maior Valor de Referência, teresses nacionais, estabeleçam-se as condições para a concessão,
por estrangeiro. gratuidade, isenção ou dispensa dos vistos estatuídos nesta Lei.
VIII - infringir o disposto nos artigos 21, § 2º, 24, 98, 104, §§ 1º (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
ou 2º e 105: Art. 130-A. Tendo em vista os Jogos Olímpicos e Paralímpi-
Pena: deportação. cos de 2016, a serem realizados na cidade do Rio de Janeiro, Rio
IX - infringir o disposto no artigo 25: 2016, portaria conjunta dos Ministérios das Relações Exteriores, da
Pena: multa de 5 (cinco) vezes o Maior Valor de Referência para Justiça e do Turismo poderá dispor sobre a dispensa unilateral da
o resgatador e deportação para o estrangeiro. exigência de visto de turismo previsto nesta Lei para os nacionais
X - infringir o disposto nos artigos 18, 37, § 2º, ou 99 a 101: de países nela especificados, que venham a entrar em território na-
Pena: cancelamento do registro e deportação. cional até a data de 18 de setembro de 2016, com prazo de estada
XI - infringir o disposto no artigo 106 ou 107: de até noventa dias, improrrogáveis, a contar da data da primeira
Pena: detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e expulsão. entrada em território nacional. (Incluído pela Lei nº
XII - introduzir estrangeiro clandestinamente ou ocultar clan- 13.193, de 2015)
destino ou irregular: Parágrafo único. A dispensa unilateral prevista no caput não
Pena: detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e, se o infrator for estará condicionada à comprovação de aquisição de ingressos para
estrangeiro, expulsão. assistir a qualquer evento das modalidades desportivas dos Jogos
XIII - fazer declaração falsa em processo de transformação de Rio 2016. (Incluído pela Lei nº 13.193, de 2015)
visto, de registro, de alteração de assentamentos, de naturalização, Art. 131. Fica aprovada a Tabela de Emolumentos Consulares
ou para a obtenção de passaporte para estrangeiro, laissez-passer, e Taxas que integra esta Lei. (Renumerado pela Lei
ou, quando exigido, visto de saída: nº 6.964, de 09/12/81) (Vide Decreto-Lei nº 2.236, de
Pena: reclusão de 1 (um) a 5 (cinco) anos e, se o infrator for 23.01.1985)
estrangeiro, expulsão.
XIV - infringir o disposto nos artigos 45 a 48:

450
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

§ 1º Os valores das taxas incluídas na tabela terão reajustamen- Parágrafo único. Independerá da satisfação das exigências de
to anual na mesma proporção do coeficiente do valor de referên- caráter especial referidas no artigo 17 desta Lei a autorização a que
cias. alude este artigo.
§ 2º O Ministro das Relações Exteriores fica autorizado a apro- Art. 136. Se o estrangeiro tiver ingressado no Brasil até 20 de
var, mediante Portaria, a revisão dos valores dos emolumentos con- agosto de 1938, data da entrada em vigor do Decreto n. 3.010, des-
sulares, tendo em conta a taxa de câmbio do cruzeiro-ouro com as de que tenha mantido residência contínua no território nacional, a
principais moedas de livre convertibilidade. partir daquela data, e prove a qualificação, inclusive a nacionalida-
Art. 132. Fica o Ministro da Justiça autorizado a instituir mo- de, poderá requerer permanência ao órgão competente do Minis-
delo único de Cédula de Identidade para estrangeiro, portador de tério da Justiça, observado o disposto no parágrafo único do artigo
visto temporário ou permanente, a qual terá validade em todo o anterior. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
território nacional e substituirá as carteiras de identidade em vigor. Art. 137. Aos processos em curso no Ministério da Justiça, na
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) data de publicação desta Lei, aplicar-se-á o disposto no Decreto-lei
Parágrafo único. Enquanto não for criada a cédula de que trata nº. 941, de 13 de outubro de 1969, e no seu Regulamento, Decreto
este artigo, continuarão válidas: nº 66.689, de 11 de junho de 1970. (Renumerado o
I - as Carteiras de Identidade emitidas com base no artigo 135 art. 135 para art. 137e alterado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
do Decreto n. 3.010, de 20 de agosto de 1938, bem como as certi- Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos pro-
dões de que trata o § 2º, do artigo 149, do mesmo Decreto; e cessos de naturalização, sobre os quais incidirão, desde logo, as nor-
II - as emitidas e as que o sejam, com base no Decreto-Lei n. mas desta Lei. (Alterado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
670, de 3 de julho de 1969, e nos artigos 57, § 1º, e 60, § 2°, do Art. 138. Aplica-se o disposto nesta Lei às pessoas de nacionali-
Decreto n. 66.689, de 11 de junho de 1970. dade portuguesa, sob reserva de disposições especiais expressas na
Art. 133. (Revogado pela Lei nº 7.180, de 20.12.1983) Constituição Federal ou nos tratados em vigor. (Incluído
Art. 134. Poderá ser regularizada, provisoriamente, a situação pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
dos estrangeiros de que trata o artigo anterior. (Incluído Art. 139. Fica o Ministro da Justiça autorizado a delegar a
pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) competência, que esta lei lhe atribui, para determinar a prisão
§ 1º. Para os fins deste artigo, fica instituído no Ministério da do estrangeiro, em caso de deportação, expulsão e extradição.
Justiça o registro provisório de estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
§ 2º. O registro de que trata o parágrafo anterior implicará na Art. 140. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
expedição de cédula de identidade, que permitirá ao estrangeiro (Desmembrado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
em situação ilegal o exercício de atividade remunerada e a livre lo- Art. 141. Revogadas as disposições em contrário, especialmen-
comoção no território nacional. te o Decreto-Lei nº 406, de 4 de maio de 1938; artigo 69 do Decre-
§ 3º. O pedido de registro provisório deverá ser feito no prazo to-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941; Decreto-Lei nº 5.101, de
de 120 (cento e vinte) dias, a contar da data de publicação desta Lei. 17 de dezembro de 1942; Decreto-Lei nº 7.967, de 18 de setembro
§ 4º. A petição, em formulário próprio, será dirigida ao órgão de 1945; Lei nº 5.333, de 11 de outubro de 1967; Decreto-Lei nº
do Departamento de Polícia mais próximo do domicílio do interes- 417, de 10 de janeiro de 1969; Decreto-Lei nº 941, de 13 de outubro
sado e instruída com um dos seguintes documentos: de 1969; artigo 2° da Lei nº 5.709, de 7 de outubro de 1971, e Lei
I - cópia autêntica do passaporte ou documento equivalente; nº 6.262, de 18 de novembro de 1975. (Desmembrado pela Lei nº
II - certidão fornecida pela representação diplomática ou con- 6.964, de 09/12/81)
sular do país de que seja nacional o estrangeiro, atestando a sua
nacionalidade; Brasília, 19 de agosto de 1980; 159º da Independência e 92º
III - certidão do registro de nascimento ou casamento; da República.
IV - qualquer outro documento idôneo que permita à Adminis-
tração conferir os dados de qualificação do estrangeiro. LEI Nº 10.826/2003: ESTATUTO DO DESARMAMENTO.
§ 5º. O registro provisório e a cédula de identidade, de que tra-
ta este artigo, terão prazo de validade de dois anos improrrogáveis,
ressalvado o disposto no parágrafo seguinte. LEI NO 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
§ 6º. Firmados, antes de esgotar o prazo previsto no § 5º. os
acordos bilaterais, referidos no artigo anterior, os nacionais dos pa- Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de
íses respectivos deverão requerer a regularização de sua situação, fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, defi-
no prazo previsto na alínea c, do item II do art. 133. ne crimes e dá outras providências.
§ 7º. O Ministro da Justiça instituirá modelo especial da cédula O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
de identidade de que trata este artigo. Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 135. O estrangeiro que se encontre residindo no Brasil na
condição prevista no artigo 26 do Decreto-Lei n. 941, de 13 de outu- CAPÍTULO I
bro de 1969, deverá, para continuar a residir no território nacional, DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
requerer permanência ao órgão competente do Ministério da Jus-
tiça dentro do prazo de 90 (noventa) dias improrrogáveis, a contar Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no
da data da entrada em vigor desta Lei. (Renumerado Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscri-
pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) ção em todo o território nacional.
Art. 2o Ao Sinarm compete:

451
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

I – identificar as características e a propriedade de armas de § 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no cali-
fogo, mediante cadastro; bre correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e ven- no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
didas no País; 2008) (Vide ADI 6466) (Vide ADI 6139)
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território
renovações expedidas pela Polícia Federal; nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente,
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, como também a manter banco de dados com todas as característi-
roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadas- cas da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.
trais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segu- § 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e
rança privada e de transporte de valores; munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando re-
V – identificar as modificações que alterem as características gistradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
ou o funcionamento de arma de fogo; § 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e muni-
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes; ções entre pessoas físicas somente será efetivada mediante auto-
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as rização do Sinarm.
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; § 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será con-
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como cedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30
conceder licença para exercer a atividade; (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado.
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do
varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo.
fogo, acessórios e munições; § 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em
das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil dis- adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar auto-
parado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados rizado a portar arma com as mesmas características daquela a ser
pelo fabricante; adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade
e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de armas em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter
de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou do-
atualizado para consulta. micílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho,
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabeleci-
armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as de- mento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
mais que constem dos seus registros próprios. § 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
CAPÍTULO II § 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4o
DO REGISTRO deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior
a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão com- desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de
petente. Fogo.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão regis- § 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de re-
tradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei. gistro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interes- Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela en-
sado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos trega espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo me-
seguintes requisitos: diante o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de cer- 2008, ante a apresentação de documento de identificação pessoal e
tidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça comprovante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos
inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser forneci- incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela
das por meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo)
de 2008) § 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste arti-
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação go, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento
lícita e de residência certa; de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicoló- rede mundial de computadores - internet, na forma do regulamen-
gica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta to e obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela
no regulamento desta Lei. Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de I - emissão de certificado de registro provisório pela internet,
fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído pela Lei
nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível nº 11.706, de 2008)
esta autorização. II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Fe-
deral do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar
como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro
de propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

452
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas
caput deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a ex- prisionais poderão portar arma de fogo de propriedade particular
tensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora
de 2019) de serviço, desde que estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993, de
2014)
CAPÍTULO III I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluído
DO PORTE pela Lei nº 12.993, de 2014)
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento;
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle
I – os integrantes das Forças Armadas; interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V § 1º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da Força Nacional § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integran-
de Segurança Pública (FNSP); (Redação dada pela Lei nº 13.500, tes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste
de 2017) artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se re-
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos fere o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabe-
Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) lecidas no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; 11.706, de 2008)
(Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948) (Vide ADC 38) § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com municipais está condicionada à formação funcional de seus in-
mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos tegrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à
mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas
10.867, de 2004) (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948) (Vide condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a su-
ADC 38) pervisão do Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligên- 10.884, de 2004)
cia e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e
Segurança Institucional da Presidência da República; (Vide estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados
Decreto nº 9.685, de 2019) e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o,
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III
e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cin-
prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas por- co) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo
tuárias; para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de va- Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para
lores constituídas, nos termos desta Lei; subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com
IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessi-
de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que dade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes
couber, a legislação ambiental. documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei
Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e nº 11.706, de 2008)
Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da pela Lei nº 11.706, de 2008)
Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Es- III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº
tados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais 11.706, de 2008)
que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma
forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Jus- de fogo, independentemente de outras tipificações penais, respon-
tiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. derá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de
(Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) fogo de uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput 2008)
deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706,
validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, de 2008)
II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das em-
§ 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) presas de segurança privada e de transporte de valores, consti-
tuídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e
guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas
quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores
certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polí- e caçadores e de representantes estrangeiros em competição inter-
cia Federal em nome da empresa. nacional oficial de tiro realizada no território nacional.
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de se- Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso per-
gurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime mitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia
previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocor- § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida
rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos
ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e muni- regulamentares, e dependerá de o requerente:
ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de ati-
horas depois de ocorrido o fato. vidade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deve- (Vide ADI 6139)
rá apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados III – apresentar documentação de propriedade de arma de
que portarão arma de fogo. fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente.
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste
artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm. artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de
instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, substâncias químicas ou alucinógenas.
responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constan-
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar tes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos:
as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão I – ao registro de arma de fogo;
competente, sendo o certificado de registro e a autorização de por- II – à renovação de registro de arma de fogo;
te expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (In- III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
cluído pela Lei nº 12.694, de 2012) IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata V – à renovação de porte de arma de fogo;
este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de
nº 12.694, de 2012) fogo.
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manu-
designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de tenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando
funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilidades.
o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de ser- § 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo
vidores que exerçam funções de segurança. (Incluído pela Lei as pessoas e as instituições a que se referem os incisos I a VII e X e
nº 12.694, de 2012) o § 5o do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706,
§ 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que de 2008)
trata este artigo fica condicionado à apresentação de documenta- Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as con-
ção comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do dições do credenciamento de profissionais pela Polícia Federal para
art. 4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabeleci- comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica para
mentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanis- o manuseio de arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 11.706, de
mos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabele- 2008)
cidas no regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, § 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado
de 2012) pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos honorários
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que tra- profissionais para realização de avaliação psicológica constante do
ta este artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a § 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado
registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exceder R$ 80,00
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, (oitenta reais), acrescido do custo da munição. (Incluído pela
acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras Lei nº 11.706, de 2008)
24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído § 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ 1o e
pela Lei nº 12.694, de 2012) 2o deste artigo implicará o descredenciamento do profissional pela
Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas Polícia Federal. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo
o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na
forma do regulamento desta Lei.
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte
de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estran-
geiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército,
nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

CAPÍTULO IV IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de


DOS CRIMES E DAS PENAS fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identifica-
ção raspado, suprimido ou adulterado;
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, aces- arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou ado-
sório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determina- lescente; e
ção legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou depen- VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou
dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de
Omissão de cautela 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impe- Comércio ilegal de arma de fogo
dir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de defici- Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar,
ência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender,
ou que seja de sua propriedade: expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valo- determinação legal ou regulamentar:
res que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda-
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de ção dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito
nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em resi-
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depó- dência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
sito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, reme- § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de
ter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessó- fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com
rio ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
com determinação legal ou regulamentar: quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta cri-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. minal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, Tráfico internacional de arma de fogo
salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do ter-
(Vide Adin 3.112-1) ritório nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou
Disparo de arma de fogo munição, sem autorização da autoridade competente:
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa.
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entre-
outro crime: ga arma de fogo, acessório ou munição, em operação de importa-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. ção, sem autorização da autoridade competente, a agente policial
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de
(Vide Adin 3.112-1) conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 2019)
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumen-
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, tada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de
remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, uso proibido ou restrito.
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desa- Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
cordo com determinação legal ou regulamentar: (Redação dada pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas re-
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela feridas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº
Lei nº 13.964, de 2019) 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de II - o agente for reincidente específico em crimes dessa nature-
identificação de arma de fogo ou artefato; za. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insus-
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou cetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)
para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autorida-
de policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar;

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

CAPÍTULO V com prioridade para os órgãos de segurança pública e do sistema


DISPOSIÇÕES GERAIS penitenciário da unidade da federação responsável pela apreensão.
(Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com § 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas
os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do disposto nes- a serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu perdi-
ta Lei. mento em favor da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a defini- 11.706, de 2008)
ção das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos proi- § 3o O transporte das armas de fogo doadas será de respon-
bidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão sabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu cadas-
disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante tramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706,
proposta do Comando do Exército. (Redação dada pela Lei nº de 2008)
11.706, de 2008) § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o encami-
acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras, nhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma de
gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de
e do adquirente, entre outras informações definidas pelo regula- armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o
mento desta Lei. local onde se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão expedi- Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização
das autorizações de compra de munição com identificação do lote e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de
e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento fogo, que com estas se possam confundir.
desta Lei. Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os si-
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da mulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de
data de publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco de se- usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exér-
gurança e de identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo cito.
regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6o. Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcional-
§ 4o As instituições de ensino policial e as guardas municipais mente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito. (Vide ADI
referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o desta Lei e no seu 6139)
§ 7o poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de munição Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisi-
para o fim exclusivo de suprimento de suas atividades, median- ções dos Comandos Militares.
te autorização concedida nos termos definidos em regulamento. Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir
(Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) arma de fogo, ressalvados os integrantes das entidades constantes
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei. (Re-
Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a pro- dação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
dução, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o co- Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já conce-
mércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive didas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação desta Lei.
o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, (Vide Lei nº 10.884, de 2004)
atiradores e caçadores. Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de va-
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do lidade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, perante a
laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessa- Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no
rem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o
ao Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, requerente.
para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso
Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro até o
dada pela Lei nº 13.886, de 2019) dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documen-
§ 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército to de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acom-
que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão panhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita
e a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública, da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração
atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério firmada na qual constem as características da arma e a sua condição
da Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em rela- de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de taxas e
tório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III
abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interesse. (Incluído do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706,
pela Lei nº 11.706, de 2008) de 2008) (Prorrogação de prazo)
§ 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas em decor- Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no
rência do tráfico de drogas de abuso, ou de qualquer forma utiliza- caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no
das em atividades ilícitas de produção ou comercialização de dro- Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório,
gas abusivas, ou, ainda, que tenham sido adquiridas com recursos expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Lei. (Incluído pela
provenientes do tráfico de drogas de abuso, perdidas em favor da Lei nº 11.706, de 2008)
União e encaminhadas para o Comando do Exército, devem ser,
após perícia ou vistoria que atestem seu bom estado, destinadas

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo ad- CAPÍTULO VI


quiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-las à DISPOSIÇÕES FINAIS
Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do re-
gulamento desta Lei. Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e muni-
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo pode- ção em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas
rão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo- no art. 6o desta Lei.
-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando § 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de apro-
extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. vação mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 2005.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) § 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resulta-
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme especificar o regula- do pelo Tribunal Superior Eleitoral.
mento desta Lei: Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, ma- Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
rítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer meio, Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182o da Independência e
faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou munição 115o da República.
sem a devida autorização ou com inobservância das normas de se-
gurança; LEI Nº 12.830/2013: DISPÕE SOBRE A INVESTIGAÇÃO
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO DE POLÍCIA.
realize publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado
de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com LEI Nº 12.830, DE 20 DE JUNHO DE 2013.
aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão, sob pena
de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o in- Dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado
gresso de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo de polícia.
inciso VI do art. 5o da Constituição Federal. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
serviços de transporte internacional e interestadual de passageiros Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida
adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de pelo delegado de polícia.
passageiros armados. Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infra-
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos ções penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurí-
serão armazenados no Banco Nacional de Perfis Balísticos. (Inclu- dica, essenciais e exclusivas de Estado.
ído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade poli-
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inqué-
cadastrar armas de fogo e armazenar características de classe e in- rito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como
dividualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da auto-
por arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ria das infrações penais.
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pe- § 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de po-
los registros de elementos de munição deflagrados por armas de lícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que
fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apu- interessem à apuração dos fatos.
rações criminais federais, estaduais e distritais. (Incluído pela Lei § 3º (VETADO).
nº 13.964, de 2019) § 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela uni- em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por supe-
dade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de rior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de
2019) interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedi-
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísti- mentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a
cos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou promover sua eficácia da investigação.
utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão § 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por
judicial responderá civil, penal e administrativamente. (Incluído ato fundamentado.
pela Lei nº 13.964, de 2019) § 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato,
dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído pela Lei que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
nº 13.964, de 2019) Art. 3º O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento pro-
Perfis Balísticos serão regulamentados em ato do Poder Executivo tocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria
federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pública e do Ministério Público e os advogados.
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 20 de junho de 2013; 192º da Independência e 125º


da República.

457
LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

(C) Configura o delito de porte de arma, e não de posse de


QUESTÕES arma de fogo, a conduta do caminhoneiro que seja surpreendi-
do transportando em seu caminhão revólver de uso permitido,
1. CESPE - 2017 - PJC-MT - Delegado de Polícia Substituto- A sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
autorização para que uma empresa especializada em transporte de regulamentar.
valores funcione em determinado estado caberá (D) O indivíduo que carrega consigo silenciador, desacompa-
(A) à secretaria de segurança pública do estado, mediante con- nhado de qualquer arma de fogo ou munição, não pratica cri-
vênio, sendo vedado autorizar o uso de espingardas de calibres me, pois a essa lei não prevê punição para a posse ou porte de
12, 16 ou 20, ainda que de uso permitido. acessórios.
(B) à secretaria de segurança pública do estado, mediante con- (E) A pena referente ao delito de posse de arma de fogo de uso
vênio, à qual caberá fiscalizar e controlar o armamento e a mu- permitido, prevista no art. 12 da referida lei, é aumentada de
nição utilizados. metade se a conduta criminosa for praticada por integrante de
(C) ao Ministério da Justiça, por meio de seu órgão competen- empresas de segurança privada e de transporte de valores.
te, ao qual também caberá aprovar o uniforme da empresa.
(D) ao Ministério da Justiça, por meio de seu órgão competen- 4. CESPE / CEBRASPE - 2021 - DEPEN - Cargo 8 - Agente Federal
te, e terá validade de dez anos, quando deverá ser revista. de Execução Penal- Com base na legislação especial, julgue o pró-
(E) à secretaria de segurança pública do estado, mediante con- ximo item.
vênio, à qual caberá autorizar a aquisição das armas de fogo Quando não mais interessarem à investigação, as armas de
que forem necessárias à prestação do referido serviço. fogo apreendidas serão encaminhadas ao Ministério da Justiça para
destruição.
2. CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Escrivão de Polícia- Com ( ) Certo
relação ao Estatuto do Desarmamento (Lei n.º 10.826/2003), que, ( ) Errado
entre outros aspectos, estabeleceu regras mais restritivas em rela-
ção à compra e ao porte de arma, bem como penas mais rigorosas 5. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-RJ - Delegado de Polí-
para os crimes nele indicados, assinale a opção correta. cia- Cada uma das opções a seguir apresenta uma situação hipotéti-
(A) Aquele que tiver a posse ilegal ou o porte ilegal de arma ca a ser julgada com base nas incriminações contidas nos artigos 14
de fogo de uso permitido, com numeração, marca ou qualquer e 16, caput e §§ 1.º e 2.º, da Lei n.º 10.826/2003. Assinale a opção
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, cuja situação hipotética contempla uma conduta que — formal e
responderá por um mesmo delito (em um caso ou em outro, materialmente — encontra adequação típica em um dos mencio-
tanto para a posse como para o porte). nados dispositivos.
(B) Artigo da lei em questão determinou que o crime de porte (A) Sem contar com expressa autorização do secretário de esta-
ilegal de arma de fogo de uso permitido é inafiançável, salvo do responsável pela administração penitenciária, Paulo César,
quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente, policial penal do Estado do Rio de Janeiro, porta em via públi-
dispositivo este que foi declarado constitucional pelo STF. ca, junto à cintura, uma pistola calibre .380 municiada, devida-
(C) A guarda ilegal de arma de fogo de uso restrito, sem muni- mente registrada em seu nome.
ção, no interior da residência, não configura o crime de posse (B) Leonardo, guarda municipal de um município mineiro com
ilegal de arma de fogo de uso restrito, uma vez que o referido 4.000 habitantes, autorizado pelo poder público local e satisfei-
delito exige a situação concreta de perigo. tas as disposições regulamentares, porta em serviço um revól-
(D) Na lei em apreço, o artigo que dispõe sobre o delito de ver calibre .38, de propriedade do município; ao ser escalado
omissão de cautela prevê reprimenda para aquele que deixar para um curso de aperfeiçoamento no Rio de Janeiro, leva a
de observar as cautelas necessárias para impedir que menor arma municiada no porta-luvas de seu carro.
de dezoito anos ou pessoa portadora de deficiência mental se (C) Gustavo, policial civil aposentado, com teste de aptidão psi-
apodere de munição que esteja sob sua posse ou que seja de cológica em dia, contratado para trabalhar em uma segurança
sua propriedade. privada, mantém consigo, de forma velada, uma arma de fogo
(E) O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito é de uso permitido, municiada e registrada em seu nome.
considerado hediondo. (D) Bernardo compra regularmente uma pistola calibre .40 e,
por razões estéticas, desejando ostentar sua capacidade patri-
3. CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de Polícia monial, banha a arma em ouro, o que modifica suas caracterís-
Civil- Tendo como base as disposições estabelecidas na Lei n.º ticas físicas, mas não prejudica os caracteres alfanuméricos de
10.826/2003 e a jurisprudência do STJ e do STF acerca da matéria, identificação.
assinale a opção correta. (E) Victor possui em sua casa uma prensa para recarga de muni-
(A) Não afasta a tipicidade da conduta criminosa o fato de a ções recém-adquirida, pois tem o objetivo de vender munições
arma de fogo apreendida ter sido declarada absolutamente recarregadas informalmente; todavia, antes que possa fazer
ineficaz por meio de perícia realizada no curso da ação penal. uso do equipamento, a prensa é apreendida durante o cumpri-
(B) Não se admite a incidência do princípio da insignificância mento de mandado de busca domiciliar pela Polícia Civil.
aos crimes previstos na referida lei, ainda que seja apreensão
de pouca munição desacompanhada de arma de fogo, por se
tratar de infrações penais de perigo abstrato.

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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

6. CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Escrivão de Polícia- Mar- 10. CESPE - 2014 - Polícia Federal - Agente Administrati-
lene, cidadã comum com trinta e seis anos de idade, foi detida por vo- Julgue o item abaixo, com base nos dispositivos da Lei n.º
possuir, em sua residência, uma arma de fogo de uso permitido, 7.102/1983.
sem munição. Marlene possui o registro da arma, mas ele está ven- Os estabelecimentos financeiros estão autorizados a organi-
cido há cerca de seis meses. zar e a executar seus próprios serviços de vigilância ostensiva e
Acerca dessa situação hipotética, julgue os seguintes itens transporte de valores, desde que os sistemas de segurança em-
à luz das disposições do Estatuto do Desarmamento (Lei n.º pregados em tais atividades sejam auditados, anualmente, por
10.826/2003). empresas especializadas.
I Segundo o entendimento do STJ, a posse de arma de fogo de ( ) Certo
uso permitido, com o registro vencido, como no caso de Marlene, ( ) Errado
não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo de uso per-
mitido, uma vez que não há o dolo do agente que procede ao regis-
tro e, depois de expirado o prazo, é apanhando com a arma nessa GABARITO
circunstância.
II O fato de a arma estar sem munição impede a configuração
1 C
do crime de posse ilegal de arma de fogo, dado que não existe uma
situação concreta de perigo à segurança pública. 2 A
III O crime de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido 3 C
admite a concessão de liberdade provisória com fiança, diferente-
mente do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, 4 ERRADO
que, por ser hediondo, não admite a concessão desse benefício. 5 B
IV A conduta de Marlene configura o crime de posse ilegal de
6 A
arma de fogo de uso permitido, uma vez que o fato de o certificado
de registro estar vencido é suficiente para violar o bem jurídico tu- 7 E
telado pelo estatuto em apreço. 8 ERRADO
Assinale a opção correta. 9 ERRADO
(A) Apenas o item I está certo. 10 ERRADO
(B) Apenas o item IV está certo.
(C) Apenas os itens I e II estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos. ANOTAÇÕES
(E) Apenas os itens III e IV estão certos.

7. CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-ES - Delegado de Polícia- No ______________________________________________________


Estatuto do Desarmamento, considera-se crime hediondo
(A) o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. ______________________________________________________
(B) ter em depósito arma de fogo de uso permitido.
(C) o porte ilegal de arma de fogo, em qualquer modalidade. ______________________________________________________
(D) o crime de disparo de arma de fogo.
(E) a posse ilegal de arma de fogo de uso proibido. ______________________________________________________

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8. CEBRASPE (CESPE) - Agente Federal de Execução Penal (DE-
PEN)/2021- Com base na legislação penal, julgue o item seguinte. ______________________________________________________
É permitido a agentes e guardas prisionais não submetidos a
regime de dedicação exclusiva portar arma de fogo particular ou ______________________________________________________
fornecida por sua corporação enquanto não estiverem de serviço.
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________
9. CEBRASPE (CESPE) - Agente Penitenciário (SERIS AL)/2021-
______________________________________________________
Considerando as disposições legais do Estatuto do Desarmamento
e da Lei de Drogas, julgue o item que se segue. ______________________________________________________
No caso de cidadão detentor do certificado de registro de
arma de fogo expedido pela Polícia Federal, o certificado garante ______________________________________________________
o livre porte do armamento em todo o território nacional.
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
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LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL

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