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a solução para o seu concurso!

SME-RECIFE-PE
SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO DE RECIFE

Comum para Professor I


e Professor II

EDITAL Nº 1 – SEDUC/RECIFE,
DE 27 DE MARÇO DE 2023

CÓD: SL-037AB-23
7908433234241
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. ................................................................................................. 7
2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. ........................................................................................................................... 10
3. Domínio da ortografia oficial...................................................................................................................................................... 11
4. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conec-
tores e de outros elementos de sequenciação textual............................................................................................................... 12
5. Emprego de tempos e modos verbais. . ..................................................................................................................................... 13
6. Domínio da estrutura morfossintática do período. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Re-
lações de subordinação entre orações e entre termos da oração. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do
texto............................................................................................................................................................................................ 15
7. Emprego das classes de palavras................................................................................................................................................ 18
8. Emprego dos sinais de pontuação.............................................................................................................................................. 26
9. Concordância verbal e nominal. ................................................................................................................................................ 28
10. Regência verbal e nominal.......................................................................................................................................................... 30
11. Emprego do sinal indicativo de crase......................................................................................................................................... 32
12. Colocação dos pronomes átonos................................................................................................................................................ 33
13. Reescrita de frases e parágrafos do texto. . Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reescrita de textos de diferentes
gêneros e níveis de formalidade................................................................................................................................................. 34
14. Significação das palavras............................................................................................................................................................. 35

Temas Educacionais e Pedagógicos


1. Planejamento e organização do trabalho pedagógico. Processo de planejamento. Concepção, importância, dimensões e
níveis. Planejamento participativo. Concepção, construção, acompanhamento e avaliação. Planejamento escolar. Planos
da escola, do ensino e da aula. ........................................................................................................................................... 45
2. Currículo: do proposto à prática.......................................................................................................................................... 51
3. Tecnologias da Informação e da Comunicação na educação............................................................................................... 55
4. Educação para a diversidade, cidadania e educação em e para os direitos humanos. ....................................................... 60
5. Educação integral................................................................................................................................................................. 65
6. Educação ambiental............................................................................................................................................................. 67
7. Fundamentos legais da Educação especial/inclusiva e o papel do professor...................................................................... 68
8. Educação/sociedade e prática escolar................................................................................................................................. 82
9. Tendências pedagógicas na prática escolar.......................................................................................................................... 86
10. Didática e prática histórico-cultural. A didática na formação do professor......................................................................... 89
11. Os Processos de Ensino e de Aprendizagem. ...................................................................................................................... 101
12. Aspectos pedagógicos e sociais da prática educativa, segundo as tendências pedagógicas. ............................................. 103
13. Práticas de letramento e multiletramentos. ....................................................................................................................... 106
14. Relação professor/estudante............................................................................................................................................... 106
15. Componentes do processo de ensino. Objetivos; conteúdos; métodos; estratégias pedagógicas e meios........................ 107
16. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem........................................................................................................................ 109
17. Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade do conhecimento.......................................................................................... 109

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ÍNDICE

18. Avaliação escolar e suas implicações pedagógicas.............................................................................................................. 110


19. O papel político-pedagógico e a organicidade do ensinar, do aprender e do pesquisar. Projeto político-pedagógico da
escola. Concepção, princípios e eixos norteadores. . .......................................................................................................... 112
20. Políticas Públicas para a Educação Básica............................................................................................................................ 126
21. Compromisso social e ético do professor. . ......................................................................................................................... 132
22. A Função histórico-cultural da escola. ................................................................................................................................ 134
23. Comunidade escolar e contextos institucional e sociocultural............................................................................................ 135
24. Gestão Democrática............................................................................................................................................................. 148
25. A aprendizagem da leitura como um direito humano......................................................................................................... 151

Uso de Tecnologia na Educação e Informática Básica


1. Segurança da informação (Noções de vírus e pragas virtuais, Procedimentos de backup). ...................................................... 155
2. Conhecimento da plataforma Google (Google Sala de Aula, Google Documentos, Google Planilha)........................................ 159
3. Sistema operacional e ambiente Windows................................................................................................................................ 165
4. (edição de textos, planilhas e apresentações em ambiente Windows)..................................................................................... 186
5. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet................................................................................. 191
6. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas................................................ 194

Material Digital:
Legislação
1. Constituição Federal de 1988 (arts. 205 a 214).......................................................................................................................... 5
2. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei Federal nº 9.394/1996 e suas alterações............................................................... 8
3. Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal nº 8.069/1990 e suas alterações.............................................................. 24
4. Lei Brasileira de Inclusão Lei Federal nº13.146/2015 e suas alterações..................................................................................... 64
5. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos – Resolução CNE-CEB nº 07/2010............................. 81
6. Estatuto dos funcionários públicos do município do Recife....................................................................................................... 89
7. Política de Ensino da Rede Municipal do Recife alinhada à BNCC............................................................................................. 107
8. Referenciais Docentes do Município do Recife, alinhado à Base Comum para a Formação Continuada de Professores da
Educação Básica (BNC-FC), instituída pela Resolução CNE/CP nº 1/2020.................................................................................. 107
9. Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-FI), instituída pela Resolução CNE/
CP nº 2/2019............................................................................................................................................................................... 115

Atenção
• Para estudar o Material Digital acesse sua “Área do Aluno” em nosso site ou faça o resgate do
material seguindo os passos da página 2.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNE-
ROS VARIADOS.

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objeti-
vo de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que nos
é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação, a res-
posta será localizada no próprio no texto, posteriormente, ocorre
a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada em
nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise
“A Constituição garante o direito à educação para todos e a
do que está explícito no texto, ou seja, na identificação da men-
inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
sagem. É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo
deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
uso da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender.
menos severas.”
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensa-
gem transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a
A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, ao
(A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos a men-
1988.
sagem transmitida por ela, assim como o seu propósito comunicati-
(B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
vo, que é informar o ouvinte sobre um determinado evento.
severas.
(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
Interpretação de Textos
ou não.
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os re-
(D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser in-
sultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias e,
cluídos socialmente.
em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar é
(E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
decodificar o sentido de um texto por indução.
A interpretação de textos compreende a habilidade de se che-
Comentário da questão:
gar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de texto,
Em “A” – Errado: o texto é sobre direito à educação, incluindo
seja ele escrito, oral ou visual.
as pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na socie-
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado
dade.
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado
Em “B” – Certo: o complemento “mais ou menos severas” se
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva,
refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis.
podendo ser diferente entre leitores.
Em “C” – Errado: o advérbio “também”, nesse caso, indica a
inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à
Exemplo de compreensão e interpretação de textos
educação, além das que não apresentam essas condições.
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de
Em “D” – Errado: além de mencionar “deficiências de toda or-
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em
dem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou temporá-
um texto misto (verbal e visual):
rias”.
Em “E” – Errado: este é o tema do texto, a inclusão dos defi-
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe-
cientes.
cial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos

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Resposta: Letra B. IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM


TEXTOS VARIADOS
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia Ironia
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
significativo, que é o texto. pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um novo sentido, gerando um efeito de humor.
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o Exemplo:
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS
Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
outro e a parceria deu certo.
Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex- Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-
to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso- Ironia verbal
ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens. nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
As informações que se relacionam com o tema chamamos de intenção são diferentes.
subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram, Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto Ironia de situação
fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o
conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.
Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja
capaz de identificar o tema do texto! uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se- personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da
cundarias/ vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-

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so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
morte. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Ironia dramática (ou satírica) Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar Busca de sentidos
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé- os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con- apreensão do conteúdo exposto.
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
da narrativa. relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o citadas ou apresentando novos conceitos.
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.

Humor Importância da interpretação


Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- específicos, aprimora a escrita.
rer algo fora do esperado numa situação. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
acessadas como forma de gerar o riso. pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
Exemplo: são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató-
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão,
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.

Diferença entre compreensão e interpretação


A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ- leitor tira conclusões subjetivas do texto.
NERO EM QUE SE INSCREVE
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que Gêneros Discursivos
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter- Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso-
pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
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novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No Interpretação


romance nós temos uma história central e várias histórias secun- É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
dárias. quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
sas, previmos suas consequências.
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações ças sejam detectáveis.
encaminham-se diretamente para um desfecho.
Exemplos de interpretação:
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a tro país.
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- do que com a filha.
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais Opinião
curto. A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que que fazemos do fato.
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
como horas ou mesmo minutos. pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.

Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações


Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
anteriores:
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de
tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
imagens.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
do que com a filha. Ela foi egoísta.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
vencer o leitor a concordar com ele. cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um mos expressando nosso julgamento.
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
de destaque sobre algum assunto de interesse. analisamos um texto dissertativo.
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- Exemplo:
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando com o sofrimento da filha.
os professores a identificar o nível de alfabetização delas.

Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo


de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li- RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS.
berdade para quem recebe a informação.

DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais
são dois conceitos distintos, cada qual com sua própria linguagem
Fato e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão da
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência estrutura linguística, enquanto os gêneros textuais têm sua classi-
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é ficação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros são
uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei- variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos
ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro. dos tipos textuais. A definição de um gênero textual é feita a partir
dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica.
Exemplo de fato: Logo, para cada tipo de texto, existem gêneros característicos.
A mãe foi viajar.

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Como se classificam os tipos e os gêneros textuais abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave);
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e
e são amplamente flexíveis. Os principais gêneros são: romance, decorrentes dessas funções, entre outros.  
conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre a qual
de restaurante, lista de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos ti- recaem, para que palavras com grafia similar possam ter leituras
pos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto com diferentes, e, por conseguinte, tenham significados distintos.  Re-
base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais são: sumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da vogal mais
narrativo, descritivo, dissertativo, expositivo e injuntivo. Resumin- aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz com que o
do, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto as tipolo- som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase). 
gias integram o campo das formas, da teoria. Acompanhe abaixo O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão estabele-
os principais gêneros textuais inseridos e como eles se inserem em cidos os sinais gráficos e os sons representados por cada um dos
cada tipo textual: sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.  
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresenta- As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras
ção, desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses textos se caracteri- foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português bra-
zam pela apresentação das ações de personagens em um tempo e sileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico. As
espaço determinado. Os principais gêneros textuais que pertencem possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente,
ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:  
e fábulas. – Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma). 
lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de – Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus deri-
texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, vados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova York.  
em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de
restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc. Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmi- do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais re-
tir ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição, gras: 
conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, «ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos: 
jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos ex- – Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum,
positivos. abacaxi.  
Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o obje- – Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa. 
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar. 
tivo de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto
– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, mex-
é, caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é
erica.   
composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os tex-
tos argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e
s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:
abaixo-assinado.
– Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa, ver-
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de
minose. 
orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor
– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjeti-
procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de vos. Exemplo: amazonense, formosa, jocoso. 
verbos no modo imperativo é sua característica principal. Perten- – Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título
cem a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, ma- ou nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holan-
nuais de instruções, entre outros. desa, burguês/burguesa. 
Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir – Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”.
o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma, Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar. 
impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele
siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de Porque, Por que, Porquê ou Por quê? 
texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos. – Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja,
indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto,
toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de
que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu,
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL.
porque/pois nada está molhado.  
– Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado
— Definições para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”,
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
“exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do can-
dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que celamento do show.  
indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refe- – Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e,
re às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortogra- ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento
fia são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas, do show.  

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– Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao – Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes demons-
fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente. trativos.
Por quê?   Exemplo:
“Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.” Te-
Parônimos e homônimos  mos uma referência demonstrativa catafórica.
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na
pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver – Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja
(perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e nome, verbo ou frase, por outro, para que ele não seja repetido.
apreender (capturar).  Analise o exemplo:
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas “Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.”
que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e
“gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é
demonstrativo). evidente principalmente no fato de que a substituição adiciona ao
texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o
pronome pessoal retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar
DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL. EM- quaisquer informações ao texto.
PREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUI-
ÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS ELE- – Elipse: trata-se da omissão de um componente textual – no-
MENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL.. minal, verbal ou frasal – por meio da figura denominando eclipse.
Exemplo:
— Definições e diferenciação “Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que
Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que proporciona o entendimento da segunda oração, pois o leitor fica
um texto coeso pode ser incoerente, e vice-versa. O que existe em ciente de que o locutor está procurando por Ana.
comum entre os dois é o fato de constituírem mecanismos funda-
mentais para uma produção textual satisfatória. Resumidamente, – Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as ora-
a coesão textual se volta para as questões gramaticais, isto é, na ções.
articulação interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na Exemplo:
articulação externa da mensagem. “Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente aconte-
ceu.” Conjunção concessiva.
— Coesão Textual
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado das – Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem
palavras que proporcionam a ligação entre frases, períodos e pará- parte de um mesmo campo lexical ou que carregam sentido apro-
grafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se realiza ximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos,
por meio de palavras denominadas conectivos. entre outros.
Exemplo:
As técnicas de coesão “Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos princi- dando conta da demanda populacional.”
pais, a anáfora e a catáfora. Por estarem relacionados à mensagem
expressa no texto, esses recursos classificam-se como endofóricas. — Coerência Textual
Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa, A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto
contribuindo com a ligação e a harmonia textual. que se origina da sua argumentação – consequência decorrente dos
saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto redun-
As regras de coesão dante e contraditório, ou cujas ideias introduzidas não apresentam
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência prejudica a
regras relacionadas abaixo sejam seguidas. fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer que a falta
de coerência não consiste apenas na ignorância por parte dos inter-
Referência locutores com relação a um determinado assunto, mas da emissão
– Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos. de ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais.
Exemplo: Observe os exemplos:
«Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de depar- “A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo até o
tamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal anafórica (retoma momento.” Aqui, temos um processo verbal acabado e um inaca-
termo já mencionado). bado.

– Comparativa: emprego de comparações com base em seme- “Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos não
lhanças. consomem produtos de origem animal.
Exemplo:
“Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência com- Princípios Básicos da Coerência
parativa endofórica. – Relevância: as ideias têm que estar relacionadas.
– Não Contradição: as ideias não podem se contradizer.
– Não Tautologia: as ideias não podem ser redundantes.
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Fatores de Coerência b) Pretérito:


– As inferências: se partimos do pressuposto que os interlo- - Perfeito: falei
cutores partilham do mesmo conhecimento, as inferências podem - Imperfeito: falava
simplificar as informações. - Mais-que-perfeito: falara
Exemplo:
“Sempre que for ligar os equipamentos, não se esqueça de que Obs.: O pretérito perfeito indica uma ação extinta; o imperfeito,
voltagem da lavadora é 220w”. uma ação que se prolongava num determinado ponto do passado;
o mais-que-perfeito, uma ação passada em relação a outra ação,
Aqui, emissor e receptor compartilham do conhecimento de também passada. Ex.:
que existe um local adequado para ligar determinado aparelho. Eu cantei aquela música. (perfeito)
Eu cantava aquela música. (imperfeito)
– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem Quando ele chegou, eu já cantara. (mais-que-perfeito)
de saberes adquirida ao longo da vida e que é arquivada na nos-
sa memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts c) Futuro:
(roteiros, tal como normas de etiqueta), planos (planejar algo com - Do presente: estudaremos
um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos de funcio- - Do pretérito: estudaríamos
namento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, sair
para o trabalho/escola), frames (rótulos), etc. Obs.: No modo subjuntivo, com relação aos tempos simples,
Exemplo: temos apenas o presente, o pretérito imperfeito e o futuro (sem
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!” divisão). Os tempos compostos serão estudados mais adiante.

O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na 5) Vozes: são três.


frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são elementos, os cha- a) Ativa: o sujeito pratica a ação verbal.
mados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e nada Ex.: O carro derrubou o poste.
têm a ver com o Natal.
b) Passiva: o sujeito sofre a ação verbal.
- Analítica ou verbal: com o particípio e um verbo auxiliar.
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. Ex.: O poste foi derrubado pelo carro.

- Sintética ou pronominal: com o pronome apassivador se.


1) Número: singular ou plural
Ex.: Derrubou-se o poste.
Ex.: ando, andas, anda → singular
andamos, andais, andam → plural
Obs.: Estudaremos bem o pronome apassivador (ou partícula
apassivadora) na sétima lição: concordância verbal.
2) Pessoas: são três.
a) A primeira é aquela que fala; corresponde aos pronomes eu
c) Reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal; aparece um
(singular) e nós (plural).
pronome reflexivo. Ex.: O garoto se machucou.
Ex.: escreverei, escreveremos.
Formação do Imperativo
b) A segunda é aquela com quem se fala; corresponde aos pro-
1) Afirmativo: tu e vós saem do presente do indicativo menos a
nomes tu (singular) e vós (plural).
letra s; você, nós e vocês, do presente do subjuntivo.
Ex.: escreverás, escrevereis.
Ex.: Imperativo afirmativo do verbo beber
Bebo → beba
c) A terceira é aquela acerca de quem se fala; corresponde aos
bebes → bebe (tu) bebas
pronomes ele ou ela (singular) e eles ou elas (plural).
bebe beba → beba (você)
Ex.: escreverá, escreverão.
bebemos bebamos → bebamos (nós)
bebeis → bebei (vós) bebais
3) Modos: são três.
bebem bebam → bebam (vocês)
a) Indicativo: apresenta o fato verbal de maneira positiva, indu-
Reunindo, temos: bebe, beba, bebamos, bebei, bebam.
bitável. Ex.: vendo.
2) Negativo: sai do presente do subjuntivo mais a palavra não.
b) Subjuntivo: apresenta o fato verbal de maneira duvidosa, hi-
Ex.: beba
potética. Ex.: que eu venda.
bebas → não bebas (tu)
beba → não beba (você)
c) Imperativo: apresenta o fato verbal como objeto de uma or-
bebamos → não bebamos (nós)
dem. Ex.: venda!
bebais → não bebais (vós)
bebam → não bebam (vocês)
4) Tempos: são três.
Assim, temos: não bebas, não beba, não bebamos, não bebais,
a) Presente: falo
não bebam.

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Observações: Ex.: caber → caberia, caberias, caberia, caberíamos, caberíeis,


a) No imperativo não existe a primeira pessoa do singular, eu; a caberiam.
terceira pessoa é você.
d) o infinitivo pessoal.
b) O verbo ser não segue a regra nas pessoas que saem do pre- Ex.: caber → caber, caberes, caber, cabermos, caberdes, cabe-
sente do indicativo. Eis o seu imperativo: rem.
- Afirmativo: sê, seja, sejamos, sede, sejam.
- Negativo: não sejas, não seja, não sejamos, não sejais, não se- e) o gerúndio.
jam. Ex.: caber → cabendo.

c) O tratamento dispensado a alguém numa frase não pode mu- f) o particípio.


dar. Se começamos a tratar a pessoa por você, não podemos passar Ex.: caber → cabido.
para tu, e vice-versa.
Ex.: Pede agora a tua comida. (tratamento: tu) Tempos Compostos
Peça agora a sua comida. (tratamento: você) Formam-se os tempos compostos com o verbo auxiliar (ter ou
haver) mais o particípio do verbo que se quer conjugar.
d) Os verbos que têm z no radical podem, no imperativo afirma-
tivo, perder também a letra e que aparece antes da desinência s. 1) Perfeito composto: presente do verbo auxiliar mais particípio
Ex.: faze (tu) ou faz (tu) do verbo principal.
dize (tu) ou diz (tu) Ex.: tenho falado ou hei falado → perfeito composto do indicati-
vo tenha falado ou haja falado → perfeito composto do subjuntivo.
e) Procure ter “na ponta da língua” a formação e o emprego do
imperativo. É assunto muito cobrado em concursos públicos. 2) Mais-que-perfeito composto: imperfeito do auxiliar mais par-
ticípio do principal.
Tempos Primitivos e Tempos Derivados Ex.: tinha falado → mais-que-perfeito composto do indicativo.
1) O presente do indicativo é tempo primitivo. Da primeira pes- tivesse falado → mais-que-perfeito composto do subjuntivo.
soa do singular sai todo o presente do subjuntivo.
Ex.: digo → que eu diga, que tu digas, que ele diga etc. 3) Demais tempos: basta classificar o verbo auxiliar.
dizes Ex.: terei falado → futuro do presente composto (terei é futuro
diz do presente).
Obs.: isso não ocorre apenas com os poucos verbos que não
apresentam a desinência o na primeira pessoa do singular. Verbos Irregulares Comuns em Concursos
Ex.: eu sou → que eu seja. É importante saber a conjugação dos verbos que seguem. Eles
eu sei → que eu saiba. estão conjugados apenas nas pessoas, tempos e modos mais pro-
blemáticos.
2) O pretérito perfeito é tempo primitivo. Da segunda pessoa 1) Compor, repor, impor, expor, depor etc.: seguem integral-
do singular saem: mente o verbo pôr.
Ex.: ponho → componho, imponho, deponho etc.
a) o mais-que-perfeito. pus → compus, repus, expus etc.
Ex.: coubeste → coubera, couberas, coubera, coubéramos, cou-
béreis, couberam. 2) Deter, conter, reter, manter etc.: seguem integralmente o ver-
bo ter.
b) o imperfeito do subjuntivo. Ex.: tivermos → contivermos, mantivermos etc.
Ex.: coubeste → coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, tiveste → retiveste, mantiveste etc.
coubésseis, coubessem.
3) Intervir, advir, provir, convir etc.: seguem integralmente o ver-
c) o futuro do subjuntivo. bo vir.
Ex.: coubeste → couber, couberes, couber, coubermos, couber- Ex.: vierem → intervierem, provierem etc.
des, couberem. vim → intervim, convim etc.

3) Do infinitivo impessoal derivam: 4) Rever, prever, antever etc.: seguem integralmente o verbo
ver.
a) o imperfeito do indicativo. Ex.: vi → revi, previ etc.
Ex.: caber → cabia, cabias, cabia, cabíamos, cabíeis, cabiam. víssemos → prevíssemos, antevíssemos etc.

b) o futuro do presente.
Ex.: caber → caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis, ca-
berão.

c) o futuro do pretérito.
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Observações: b) presente do subjuntivo: passeie, passeies, passeie, passee-


- Como se vê nesses quatro itens iniciais, o verbo derivado se- mos, passeeis, passeiem.
gue a conjugação do seu primitivo. Basta conjugar o verbo primitivo
e recolocar o prefixo. Há outros verbos que dão origem a verbos Observações:
derivados. Por exemplo, dizer, haver e fazer. Para eles, vale a mesma - Os verbos desse grupo (importantíssimo) apresentam o diton-
regra explicada acima. go ei nas formas rizotônicas, mas apenas nos dois presentes.
Ex.: eu houve → eu reouve (e não reavi, como normalmente se - Os verbos estrear e idear apresentam ditongo aberto.
fala por aí). Ex.: estreio, estreias, estreia; ideio, ideias, ideia.

- Requerer e prover não seguem integralmente os verbos querer 14) Confiar, renunciar, afiar, arriar etc.: verbos regulares.
e ver. Eles serão mostrados mais adiante. Ex.: confio, confias, confia, confiamos, confiais, confiam.

5) Crer, no pretérito perfeito do indicativo: cri, creste, creu, cre- Observações:


mos, crestes, creram. - Esses verbos não têm o ditongo ei nas formas rizotônicas.

6) Estourar, roubar, aleijar, inteirar etc.: mantém o ditongo fe- - Mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar, apesar
chado em todos os tempos, inclusive o presente do indicativo. Ex.: de terminarem em iar, apresentam o ditongo ei.
A bomba estoura. (e não estóra, como normalmente se diz). Ex.: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam,
medeie, medeies, medeie, mediemos, medieis, medeiem.
7) Aderir, competir, preterir, discernir, concernir, impelir, expelir,
repelir: 15) Requerer: só é irregular na 1ª pessoa do singular do pre-
a) presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos, ade- sente do indicativo e, consequentemente, em todo o presente do
rimos, aderem. subjuntivo.
Ex.: requeiro, requeres, requer
b) presente do subjuntivo: adira, adiras, adira, adiramos, adirais, requeira, requeiras, requeira
adiram. requeri, requereste, requereu

Obs.: Esses verbos mudam o e do infinitivo para i na primeira 16) Prover: conjuga-se como verbo regular no pretérito perfei-
pessoa do singular do presente do indicativo e em todas do presen- to, no mais-que-perfeito, no imperfeito do subjuntivo, no futuro do
te do subjuntivo. subjuntivo e no particípio; nos demais tempos, acompanha o verbo
ver.
8) Aguar, desaguar, enxaguar, minguar: Ex.: Provi, proveste, proveu; provera, proveras, provera; proves-
a) presente do indicativo: águo, águas, água; enxáguo, enxá- se, provesses, provesse etc.
guas, enxágua. provejo, provês, provê; provia, provias, provia; proverei, prove-
rás, proverá etc.
b) presente do subjuntivo: águe, águes, águe; enxágue, enxá-
gues, enxágue. 17) Reaver, precaver-se, falir, adequar, remir, abolir, colorir, res-
sarcir, demolir, acontecer, doer são verbos defectivos. Estude o que
9) Arguir, no presente do indicativo: arguo, argúis, argúi, argui- falamos sobre eles na lição anterior, no item sobre a classificação
mos, arguis, argúem. dos verbos. Ex.: Reaver, no presente do indicativo: reavemos, rea-
veis.
10) Apaziguar, averiguar, obliquar, no presente do subjuntivo:
apazigúe, apazigúes, apazigúe, apaziguemos, apazigueis, apazi-
gúem. DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍO-
DO. RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E EN-
11) Mobiliar: TRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO
a) presente do indicativo: mobílio, mobílias, mobília, mobilia- ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. REORGA-
mos, mobiliais, mobíliam. NIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS
DO TEXTO.
b) presente do subjuntivo: mobílie, mobílies, mobílie, mobilie-
mos, mobilieis, mobíliem.
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao es-
tudo da ordenação das palavras em uma frase, das frases em um
12) Polir, no presente do indicativo: pulo, pules, pule, polimos,
discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem
polis, pulem.
entre si. Sempre que uma frase é construída, é fundamental que
ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo
13) Passear, recear, pentear, ladear (e todos os outros termina-
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e ora-
dos em ear)
ções, a sintaxe é essencial para que essa compreensão se efetive.
a) presente do indicativo: passeio, passeias, passeia, passea-
mos, passeais, passeiam.

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Para que se possa compreender a análise sintática, é importante – Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou
retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período. ficarei preocupada.” - contém dois verbos.
Vejamos:
— Análise Sintática
Frase É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo estrutura de um período e das orações que compõem um período.
que possui sentido integral, podendo ser constituída por somen- Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem
te uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o
não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos, que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais
apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe
discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”. a seguir as especificidades de cada tipo.
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual
a disposição das palavras na frase também é fundamental para a se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por
compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos
Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.” respectivos exemplos a seguir:
Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” , Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”,
sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração
já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá sobre o sujeito).
ser compreendida pelo interlocutor. Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto),
podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após
Oração o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um ver- respectivos casos:
bo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração, des- “Fred fez um lindo discurso.”
de que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem “Um lindo discurso Fred fez.”
sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O “Fez um lindo discurso, Fred.”
importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é. – Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela
1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não con- concordância verbal.
tém verbo. – Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo liga-
2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase do ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”.
como oração. – Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos.
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.”
Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma oração
é formada por cada um dos termos, que, por sua vez, estabelecem – Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na
relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No exemplo supra- oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no
citado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras “Eu” e “silêncio” teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a
para que o receptor compreenda a mensagem. Dessa forma, cada concordância do verbo o destaca de forma indireta.
palavra desta oração recebe o nome de termo ou unidade sintática, – Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração e,
desempenhando, cada qual, uma função sintática diferente. diferente do caso anterior, não há concordância verbal para deter-
miná-lo.
Classificação das orações: as orações podem ser simples ou
compostas. As orações simples apresentam apenas uma frase; as Esse sujeito pode aparecer com:
compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração. – Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”.
Analise os exemplos abaixo e perceba que a oração composta tem – Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se
duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido. padeiro.”».
– Oração simples: “Eu quero silêncio.” – Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você es-
– Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o no- tiver lá.”
ticiário”.
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado,
Período e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. Essas
É a construção composta por uma ou mais orações, sempre orações podem ter verbos que constituam fenômenos da natureza,
com sentido completo. Assim como as orações, o período também ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos de fenôme-
pode ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do nú- no meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
mero de orações que apresenta: o período simples contém apenas “Choveu muito ontem”.
uma oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração é “Era uma hora e quinze”.
uma frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quan-
to à classificação, basta contar quantos verbos existentes na frase. – Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e ver-
– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” - bo, ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez, tam-
apresenta apenas um verbo. bém recebem sua classificação, conforme abaixo:
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– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adian- – “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – “rapida-
te para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o ver- mente” é advérbio de modo.
bo que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa – “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um
compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser di- substantivo.
reto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e – Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que prati-
complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.” cam a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva.
– Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de Assim, estão normalmente acompanhados pelas preposições de e
sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar, por. Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz
cair, mergulhar, correr. passiva:
– Verbo de ligação: servem para expressar características de – “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”), – “O cachorro foi alvo do meu medo.”
estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação – “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.”
(“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro conti-
nua esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”). 3 – Termos acessórios da oração
– Predicados nominais: são aqueles que têm um nome (subs- Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos
tantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração. Ade- acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem
mais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade, e é para complementar a informação, exprimindo circunstância, deter-
composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito. minando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira abaixo
– Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características quais são eles:
ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é inteligen- – Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido
te.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja, é sua do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos:
característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo “ser” “Dormimos muito.”
(é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica atual.
Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo, mas O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”.
pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou pala-
“Ele ficou pouco animado com a notícia.”
vra substantivada.
– Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado”
um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acresci-
“Maria escreve bastante bem.”
da de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo
da aula. Por isso, estavam contentes.
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”.
O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair”
e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o
predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”. Os adjuntos adverbiais podem ser:
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc.
2 – Termos integrantes da oração – Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc.
Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma – Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de
oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos tempo).
verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
– Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos – Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo,
completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma: com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado por
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não exi- adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou prono-
gindo preposição. mes adjetivos. Analise o exemplo:
– Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos, “O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega
isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido de escola.”
seja compreendido. – Sujeito: “jovem apaixonado”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou”
Quanto ao objeto direto, podemos ter: – Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê”
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.” – Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais:
– Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o aconte- no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam
cido.” o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo”
– Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração
os aparelhos.» da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os
adjuntos adnominais de “colega”.
– Complementos Nominais: esses termos completam o senti-
do de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos, – Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para carac-
adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe terizá-lo, contribuindo para a complementação uma informação já
os exemplos: completa. Observe os exemplos:
– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que “Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
“satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento no- “Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
minal.
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– Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento ou na
interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a quem ela é
dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de apelo. Observe:
“Ei, moça! Seu documento está pronto!”
“Senhor, tenha misericórdia de nós!”
“Vista o casaco, filha!”

— Estudo da relação entre as orações


Os períodos compostos são formados por várias orações. As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de subordina-
ção.
– Período composto por coordenação: é formado por orações independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções ou vírgulas,
as orações coordenadas podem ser entendidas individualmente porque apresentam sentidos completos. Acompanhe a seguir a classifi-
cação das orações coordenadas:
– Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os doces.”
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não preparei os doces.”
– Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou preparo os doces.”
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante, logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame porque estudou bastante.”

– Período composto por subordinação: são constituídos por orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas de forma separada. As orações subordinadas são divididas em substantivas,
adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado que o suspeito era realmente o culpado.”
– Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não queria que isso acontecesse.”
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É obrigatório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
– Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
– Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa é que meus pais são saudáveis.”

– Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba disto: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
– Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão felizes que pulamos de alegria.”
– Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando para que nós chegássemos a casa em segurança.”
– Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, espero por você.»
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que estivesse cansado, concluiu a maratona.”
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia como se ainda vivesse no interior.”
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.”
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais me exercito, mais tenho disposição.”
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que passou no concurso, mudou-se para o interior.”
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical. 

— Artigo 
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero. 

A classificação dos artigos 


Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para referirem-se a um ser específico por já ter sido mencionado ou por
ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento não
é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

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NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo 


Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.  

Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo: 
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo dela.

Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe: 
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.” 
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.” 

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse proces-
so ocorre:

PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo
masculino
plural os dos nos aos pelos
ARTIGOS
DEFINIDOS singular a da na à pela
feminino plural as das nas às pelas
singular um dum num
masculino plural uns duns nuns
ARTIGOS
INDEFINIDOS singular uma duma numa
feminino plural umas dumas numas

— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os substan-
tivos se subdividem em: 
Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula) ou lugares
(São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto, caneta, cachorro). 
Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por outra palavra,
é substantivo derivado (carruagem, planetário). 
Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que nomeiam
sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.  
Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de gado), conste-
lação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).  

— Adjetivo
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma quali-
dade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou extensão à palavra, locução, oração, pronome, enfim, ao que quer que
seja nomeado.

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Os tipos de adjetivos  – Associação de comércios (associação comercial). 


Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo sim-
ples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta mais de — Verbo
um radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo- É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo, fenô-
-limão).   meno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em: 
Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não
primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo, têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação),
substantivo morte → adjetivo mortal; adjetivo lamentar → adjetivo “-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe
lamentável).  o exemplo do verbo “nutrir”:
Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou – Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu
origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino).   significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e,
O gênero dos adjetivos  tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singu-
Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, lar ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo
isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.” (pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse no
/ “Ana é uma amiga leal.”   presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro;
variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.” / “Menina tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
travessa”.  – Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos
regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e /ou
O número dos adjetivos  têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma.
Por concordarem com o número do substantivo a que se re- Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito do
ferem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim, a indicativo:  Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; vós
sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa ins- dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda con-
truída → pessoas instruídas; campo formoso → campos formosos. jugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além de apresentar duas
desinências distintas do verbo paradigma”.  Se o verbo dizer fosse
O grau dos adjetivos regular, sua conjugação no pretérito perfeito do indicativo seria:
Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram. 
(compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades).
— Pronome 
Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom quan- O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem
to o anterior.”   fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
Comparativo  de  superioridade: “Maria é mais prestativa do e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em
que Luciana.”  número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo
Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
do que a equipe.”    substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, po- pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e
dendo ser:  relativos. 
– Analítico - “A modelo é extremamente bonita.” 
– Sintético - “Pedro é uma pessoa boníssima.”  Pronomes pessoais 
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pes-
Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de:  soas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto (de-
– Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.”  sempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos
– Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”   (atuam como complemento), sendo que, para cada caso reto, existe
um correspondente oblíquo.
Pronome adjetivo 
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses CASO RETO CASO OBLÍQUO
pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim,
esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer con- Eu Me, mim, comigo.
cordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é a mais Tu Te, ti, contigo.
querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o substan-
tivo comum professora).  Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Locução adjetiva  Nós Nos, conosco.
Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras,
Vós Vos, convosco.
que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente,
consiste na união preposição + substantivo ou advérbio. Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.
Exemplos: 
– Criaturas da noite (criaturas noturnas). 
– Paixão sem freio (paixão desenfreada). 
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Observe os exemplos: 
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno. 

Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na nos, e nas desempenham apenas a função de objeto direto.  

Pronomes possessivos 
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO DISCURSO PRONOME


1 pessoa – Eu
a
Meu, minha, meus, minhas
2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
3 pessoa–
a
Seu, sua, seus, suas

Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).

Pronomes de tratamento
Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação). São divididos conforme o nível de
formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual
seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser
usados em 3a pessoa.

PRONOME USO ABREVIAÇÕES


Você situações informais V./VV
Senhor (es) e
pessoas mais velhas Sr. Sr.a (singular) e Srs. , Sra.s. (plural)
Senhora (s)
Vossa Senhoria em correspondências e outros textos redigidos V. S.a/V.Sas
altas autoridades, como Presidente da República, senadores,
Vossa Excelência V. Ex.a/ V. Ex.as
deputados, embaixadores
Vossa Magnificência reitores das Universidades V. Mag.a/V. Mag.as
Vossa Alteza príncipes, princesas, duques V.A (singular) e V.V.A.A. (plural)
Vossa Reverendíssima sacerdotes e religiosos em geral V. Rev. m.a/V. Rev. m. as
Vossa Eminência cardeais V. Ex.a/V. Em.as
Vossa Santidade Papa V.S.

Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


1 pessoa
a
Este, esta, estes, estas, isto. Os seres ou objetos estão próximos da pessoa que fala.
2 pessoa
a
Esse, essa, esses, essas, isso. Os seres ou objetos estão próximos da pessoa com quem se fala.
3 pessoa
a
Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo. Com quem se fala.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
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– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS


VARIÁVEIS Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo, um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.
INVARIÁVEIS Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais, outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo importante, portanto, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


VARIÁVEIS O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos 
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos: 
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta) 
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.

 — Advérbio 
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior, depressa, deva-
gar.
“Coloquei-o cuidadosamente no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO Grande parte das palavras terminam em “-men-
“Andou depressa por causa da chuva”
te”, como cuidadosamente, calmamente, triste-
mente.
“O carro está fora.”

ADVERBIO DE LUGAR Perto, longe, dentro, fora, aqui, ali, lá e atrás. “Foi bem no teste?”

“Demorou, mas chegou longe!”

Antes, depois, hoje, ontem, amanhã sempre, “Sempre que precisar de algo, basta chamar-me.”
ADVÉRBIO DE TEMPO
nunca, cedo e tarde. “Cedo ou tarde, far-se-á justiça.”

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“Eles formam um casal tão bonito!”

ADVÉRBIO DE INTENSIDADE Muito, pouco, bastante, tão, demais, tanto. “Elas conversam demais”

“Você saiu muito depressa”


Sim e decerto e palavras afirmativas com o sufi- “Decerto passaram por aqui”
xo “-mente” (certamente, realmente). Palavras
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO “Claro que irei!”
como claro e positivo, podem ser advérbio,
dependendo do contexto. “Entendi, sim.”
“Jamais reatarei meu namoro com ele.”
Não e nem. Palavras como negativo, nenhum,
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO nunca, jamais, entre outras, podem ser advér- “Sequer pensou para falar.”
bio de negação, conforme o contexto.
“Não pediu ajuda.”
“Quiçá seremos recebidas.”
Talvez, quiçá, porventura e palavras que expres-
ADVÉRBIO DE DÚVIDA sem dúvida acrescidas do sufixo “-mente”, como “Provavelmente sairei mais cedo.”
possivelmente.
“Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?” (oração interrogativa dire-
ta, que indica causa)
Quando, como, onde, aonde, donde, por que.
ADVÉRBIO DE INTERROGA- Esse advérbio pode indicar circunstâncias de “Quando posso sair?” (oração interrogativa direta,
ÇÃO modo, tempo, lugar e causa. É usado somente que indica tempo)
em frases interrogativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez isso.”

(oração interrogativa indireta, que indica modo).

— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso, esta-
belecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos conectados,
as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras palavras, as
conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão ao enuncia-
do.

Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


“Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


“Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função o
sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

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CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS

Estabelecer relação de adição (positiva ou ne- “No safári, vimos girafas, leões e zebras.” /
Conjunções coordenativas
gativa). As principais conjunções coordenativas “Ela ainda não chegou, nem sabemos quando vai
aditivas
aditivas são “e”, “nem” e “também”. chegar.”
Estabelecer relação de oposição. As principais “Havia flores no jardim, mas estavam murchando.” /
Conjunções coordenativas conjunções coordenativas adversativas são
“mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”, “entre- “Era inteligente e bom com palavras, entretanto,
adversativas
tanto”. estava nervoso na prova.”

Estabelecer relação de alternância. As principais “Pode ser que o resultado saia amanhã ou depois.” /
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, “Ora queria viver ali para sempre, ora queria mudar
alternativas “ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”.. de país.”

Estabelecer relação de conclusão. As principais “Não era bem remunerada, então decidi trocar de
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas conclusivas são “por- emprego.” /
conclusivas tanto”, “então”, “assim”, “logo”. “Penso, logo existo.”

Estabelecer relação de explicação. As principais “Quisemos viajar porque não conseguiríamos des-
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas explicativas são “por- cansar aqui em casa.” /
explicativas que”, “pois”, “porquanto”. “Não trouxe o pedido, pois não havia ouvido.”

Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:  
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, comple-
mento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:  
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”   
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.” 

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo: 

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


Que e se. Analise:
São empregadas para introduzir a oração que
cumpre a função de sujeito, objeto direito, obje- “É obrigatório que o senhor compareça na data
Conjunções Integrantes
to indireto, predicativo, complemento nominal agendada.” e
ou aposto de outra oração.
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada que deno- Porque, pois, por isso que, uma vez que, já que, visto
causais ta causa. que, que, porquanto.

Conjunções subornativas Estabelecer relação de alternância. As principais


conjunções coordenativas alternativas são “ou”, Conforme, segundo, como, consoante.
conformativas “ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”..
Introduzem uma oração subordinada em que
Conjunções subornativas é indicada uma hipótese ou uma condição ne- Se, caso, salvo se, desde que, contanto que, dado
condicionais cessária para que seja realizada ou não o fato que, a menos que, a não ser que.
principal.
Mais, menos, menor, maior, pior, melhor, seguidas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração que expressa uma com- de que ou do que. Qual depois de tal. Quanto depois
comparativas paração. de tanto. Como, assim como, como se, bem como,
que nem.
Conjunções subornativas Indicam uma oração em que se admite um fato
Por mais que, por menos que, apesar de que, embo-
contrário à ação principal, mas incapaz de im-
concessivas ra, conquanto, mesmo que, ainda que, se bem que.
pedí-la.
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Introduzem uma oração, cujos acontecimentos


Conjunções subornativas são simultâneos, concomitantes, ou seja, ocor- À proporção que, ao passo que, à medida que, à
proporcionais rem no mesmo espaço temporal daqueles conti- proporção que.
dos na outra oração.
Conjunções subornativas Depois que, até que, desde que, cada vez que, todas
Introduzem uma oração subordinada indicadora
as vezes que, antes que, sempre que, logo que, mal,
temporais de circunstância de tempo.
quando.
Conjunções subornativas Introduzem uma oração na qual é indicada a Tal, tão, tamanho, tanto (em uma oração, seguida
consequência do que foi declarado na oração pelo que em outra oração). De maneira que, de for-
consecutivas anterior. ma que, de sorte que, de modo que.
Conjunções subornativas Introduzem uma oração indicando a finalidade
A fim de que, para que.
finais da oração principal.

— Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma sequência. Os nu-
merais podem ser: cardinais (um, dois, três), ordinais (primeiro, segundo, terceiro), fracionários (meio, terço, quarto) e multiplicativos (do-
bro, triplo, quádruplo). Antes de nos aprofundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais, que tem três principais finalidades: 
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados os
numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10 (Parágrafo 10). 
2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do primeiro
dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto. 
3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o décimo
utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis). 

Os tipos de numerais 
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e exprimem quantidades.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.  
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, quinhentos/quinhentas). 
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante. 
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste,
mas os dois/ambos foram reprovados. 

Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a ordem de su-
cessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos. 
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/primeira, primei-
ros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.  
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Exemplo: A carne de segunda está na promoção.  

Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. Exemplos: meio
ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três quartos (¾), 1/12 avos.  
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de leite,
meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.   

Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma carac-
terística que determina o aumento por meio dos múltiplos. Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo.  
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número e
gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios, duplos sentidos. 

Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12 unidades). 
– Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas. 

— Preposição
Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e advérbios)
exercem no discurso.  Por apenas marcarem algumas relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado, as preposições não
possuem significado próprio se isoladas no discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe gramatical dependente, ou
seja, sua função gramatical (organização e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que gera significado e sentido,
esteja presente, possui um valor menor.
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Classificação das preposições  elementos do enunciado.  As interjeições podem ser empregadas


Preposições essenciais: são aquelas que só aparecem na língua também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do in-
propriamente como preposições, sem outra função. São elas: a, an- terlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como: 
tes, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por – Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras
(ou per, em dadas variantes geográficas ou históricas), sem, sob, que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de
sobre, trás. mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”. 
Exemplo 1 – ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em – Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!” 
ambas as sentenças, a preposição  de  manteve-se sempre sendo – Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!» 
preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades lin-
guísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas confor- Os tipos de interjeição
me o contexto.  De acordo com as reações que expressam, as interjeições po-
dem ser de:
Exemplo 2 – “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Fina-
lizei o quadro com textura.” Perceba que nas duas fases, a mesma ADMIRAÇÃO “Ah!”, “Oh!”, “Uau!”
preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/
instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se ALÍVIO “Ah!, “Ufa!”
que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao ANIMAÇÃO “Coragem!”, “Força!”, “Vamos!”
valor estrutural (gramática).
APELO “Ei!”, “Oh!”, “Psiu!”
Classificação das preposições  APLAUSO “Bravo!”, “Bis!”
Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não
apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto, DESPEDIDA/SAUDAÇÃO “Alô!”, “Oi!”, “Salve!”, “Tchau!”
podem assumir essa atribuição.  São elas: afora, como, conforme,
durante, exceto, feito, fora, mediante, salvo, segundo, visto, entre DESEJO “Tomara!”
outras. DOR “Ai!”, “Ui!”
Exemplo: ”Segundo  o delegado, os depoimentos do suspeito
apresentaram contradições.”  A palavra “segundo”, que, normal- DÚVIDA “Hã?!”, “Hein?!”, “Hum?!”
mente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao ser in- ESPANTO “Eita!”, “Ué!”
serida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental, por
tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.   IMPACIÊNCIA (FRUSTRA-
“Puxa!”
ÇÃO)
Locuções prepositivas  IMPOSIÇÃO “Psiu!”, “Silêncio!”
Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e em-
SATISFAÇÃO “Eba!”, “Oba!”
prego de uma preposição. As principais locuções prepositivas são
constituídas por advérbio  ou locução adverbial acrescido da pre- SUSPENSÃO “Alto lá!”, “Basta!”, “Chega!”
posição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções pre-
positivas. 
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.
abaixo de de acordo junto a
acerca de debaixo de junto de — Visão Geral
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais gráfi-
acima de de modo a não obstante cos que, em um período sintático, têm a função primordial de indi-
a fim de dentro de para com car um nível maior ou menor de coesão entre estruturas e, ocasio-
nalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias) em um
à frente de diante de por debaixo de discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os gestos e as
antes de embaixo de por cima de expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a compreen-
são da frase.
a respeito de em cima de por dentro de
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
atrás de em frente de por detrás de – Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos
através de em razão de quanto a tipos textuais;
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
com respeito a fora de sem embargo de – Demarcar das unidades de um texto;
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
— Interjeição 
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que
manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma
hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., por
parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades autô-
nomas, que usufruem de independência em relação aos demais

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— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um “Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”
enunciado
2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéti-
Vírgula cas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”:
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado “Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos
para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem ajudasse.”
da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas,
se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes não 3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a
devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo tem- principal:
po que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em outras, “Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”
ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser empregada:
4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvi-
• No interior da sentença das ou reduzidas, especialmente as que antecedem a oração prin-
1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição: cipal:

ENUMERAÇÃO Reduzida Por ser sempre assim, ninguém dá atenção!


Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate. Desenvolvida Porque é sempre assim, já ninguém dá atenção!
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
5 – Separar as sentenças intercaladas:
“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu
REPETIÇÃO leito, até que você se recupere por completo.”
Os arranjos estão lindos, lindos!
• Antes da conjunção “e”
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada. 1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire valo-
res que não expressam adição, como consequência ou diversidade,
2 – Isolar o vocativo por exemplo.
“Crianças, venham almoçar!” “Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”
“Quando será a prova, professora?”
2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sem-
3 – Separar apostos pre que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de desta-
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.” car alguma ideia, por exemplo:
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede;
4 – Isolar expressões explicativas: e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o
“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi res- esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)
ponsabilizado.”
3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas
5 – Separar conjunções intercaladas apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.” “A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.”

6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado: O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome
do setor.” e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.” substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado: apositiva nem se apresente inversamente).
“Estas alegações, não as considero legítimas.”
Ponto
8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas 1 – Para indicar final de frase declarativa:
por conjunções) “O almoço está pronto e será servido.”
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
2 – Abrevia palavras:
9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas: – “p.” (página)
“São Paulo, 16 de outubro de 2022”. – “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor)
10 – Marcar a omissão de um termo:
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo “fa- 3 – Para separar períodos:
zer”). “O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”

• Entre as sentenças
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
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Ponto e Vírgula 1 – Após interjeição:


1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou “Nossa Que legal!”
orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; nos- 2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
sa amiga, de praticar esportes.” “Infelizmente!”

2 – Para separar os itens de uma sequência de itens: 3 – Após vocativo


“Os planetas que compõem o Sistema Solar são: “Ana, boa tarde!”
Mercúrio;
Vênus; 4 – Para fechar de frases imperativas:
Terra; “Entre já!”
Marte;
Júpiter; Parênteses
Saturno; a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases
Urano; intercaladas de valor explicativo, podendo substituir o travessão ou
Netuno.” a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sem-
Dois Pontos pre)
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, enumer- quem seria promovido.”
ações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem ideias
anteriores. Travessão
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.” 1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela “O rapaz perguntou ao padre:
grande ofensa.” — Amar demais é pecado?”

2 – Para introduzirem citação direta: 2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente “— Vou partir em breve.
muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se transfor- — Vá com Deus!”
ma’.”
3 – Para iniciar fala de personagens: 3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:
“Ele gritava repetidamente: “Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”
– Sou inocente!”
4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicati-
Reticências vas:
1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintati- “Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”
camente:
“Quem sabe um dia...” Aspas
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta,
2 – Para indicar hesitação ou dúvida: como termos populares, gírias, neologismos, estrangeirismos, ar-
“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar caísmos, palavrões, e neologismos.
ainda.” “Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
“A reunião será feita ‘online’.”
3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o
objetivo de prolongar o raciocínio: 2 – Para indicar uma citação direta:
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas “A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de
faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar). Assis)

4 – Suprimem palavras em uma transcrição:


“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.
Raimundo Fagner).
Concordância
Ponto de Interrogação
Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal
1 – Para perguntas diretas:
estudam a sintonia entre os componentes de uma oração.
“Quando você pode comparecer?”
– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao su-
jeito, sendo que o primeiro deve, obrigatoriamente, concordar em
2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para
número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, 2a, ou
destacar o enunciado:
3a pessoa) com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é flexiona-
“Não brinca, é sério?!”
do para concordar com o sujeito.
Ponto de Exclamação
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– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero Concordância verbal com a partícula de indeterminação do
(flexão em masculino e feminino) e número entre os vários nomes sujeito se: nesse caso, o verbo cria concordância com a 3a pessoa
da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos do singular sempre que a oração for constituída por verbos intran-
e o adjetivo. Em outras palavras, refere-se ao substantivo e suas sitivos ou por verbos transitivos indiretos:
formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal con- – «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”
cordância ocorre em gênero e pessoa
Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo
Casos específicos de concordância verbal concorda com o objeto direto, que desempenha a função de sujeito
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três si- paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
tuações em que o verbo no infinitivo é flexionado: – Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
I – Quando houver um sujeito definido;
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito; Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria,
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração fo- a maior parte: preferencialmente, o verbo fará concordância com
rem distintos. a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode
ser empregada:
Observe os exemplos: – “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos en-
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.” traram.”
“Isto é para nós solicitarmos.” – “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das
pessoas entenderam.”
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão
verbal quando o sujeito não for definido, ou sempre que o sujeito Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve
da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo em concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo,
locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos impe- mas também concordar com a forma no masculino plural:
rativos. – “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
– “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
Exemplos:
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.” Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo
“Foram proibidos de realizar o atendimento.” concorda em gênero e número com os pronomes pessoais:
– “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, – “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
verbo ficará sempre em concordância com a 3a pessoa do singular, Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois
tendo em vista que não existe um sujeito. ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular,
Observe os casos a seguir: se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, substantivo deve estar no plural:
nevar, amanhecer. – “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.» xadrez.”
– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas – “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e
professoras vigiando as crianças.” xadrez.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz
duas horas que estamos esperando.” Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas
expressões, o adjetivo flexiona em gênero e número, sempre que
Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista esse
tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito, há concordância ver- artigo, o adjetivo deve permanecer invariável, no masculino singu-
bal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer no lar:
singular ou no plural: – “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.” proibido circulação de pessoas não identificadas.”
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos – “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada
do que ocorreria.” de crianças acompanhadas.”

Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, ou Concordância nominal com menos: a palavra menos perman-
faz concordância com o termo precedente ao pronome, ou perma- ece é invariável independente da sua atuação, seja ela advérbio ou
nece na 3a pessoa do singular: adjetivo:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.» – “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”
Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo con-
corda com o termo que antecede o pronome: Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe,
– “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.» barato, meio e caro: esses termos instauram concordância em
– “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.» gênero e número com o substantivo quando exercem função de
adjetivo:
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
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– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.


– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

Regência
Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando, em um enunciado ou ora-
ção, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina termo determinante, essa relação entre esses termos
denominamos regência.

— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um substantivo, um adjetivo ou um
advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.” “Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”

Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O mesmo ocorre com os
substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem as preposições de e em para completude de seus
sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição
para que seu sentido seja completo. 

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO A


acessível a cego a fiel a nocivo a
agradável a cheiro a grato a oposto a
alheio a comum a horror a perpendicular a
análogo a contrário a idêntico a posterior a
anterior a desatento a inacessível a prestes a
apto a equivalente a indiferente a surdo a
atento a estranho a inerente a visível a
avesso a favorável a necessário a

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO POR


admiração por devoção por responsável por
ansioso por respeito por

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO DE


sedento
amante de cobiçoso de digno de inimigo de natural de
de
amigo de contemporâneo de dotado de livre de obrigação de seguro de
ávido de desejoso de fácil de longe de orgulhoso de sonho de
capaz de diferente de impossível de louco de passível de
cheio de difícil de incapaz de maior de possível de

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM


doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em

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firme em indeciso em morador em perito em

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO PARA


apto para essencial para mau para
bastante para impróprio para pronto para
bom para inútil para próprio para

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO COM


amoroso com compatível com descontente com intolerante com
aparentado com cruel com furioso com liberal com
caritativo com cuidadoso com impaciente com solícito com

— Regência Verbal 
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos. Um verbo
possui a mesma regência do nome do qual deriva.

Observe as duas frases:


I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica como verbo transitivo direto;
“ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.  
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum lugar), portanto, é verbo
transitivo indireto.  

No sentido de / pela transiti- REGE


VERBO EXEMPLO
vidade PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
Assistir ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
pertencer SIM “Assiste aos cidadãos o direito de protestar.”
valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar
desafio, dano, peso moral SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
fundamento / verbo instran-
NÃO “Isso não procede.”
Proceder sitivo
origem SIM “Essa conclusão procede de muito vivência.”
finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”
Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar
absorção ou respiração NÃO “Evite aspirar fumaça.”
consequência / verbo transiti-
NÃO “A sua solicitação implicará alteração do meu trajeto.”
Implicar vo direto
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”

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convocação NÃO “Chame todos!”


“Chamo a Talita de Tatá.”

Chamar Rege complemento, com “Chamo Talita de Tatá.”


apelido
e sem preposição “Chamo a Talita Tatá.”

“Chamo Talita Tatá.”


o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega a algum
Chegar SIM “Quando chegar ao local, espere.”
lugar / verbo transitivo indireto
quem obedece a algo / alguém
Obedecer SIM “Obedeçam às regras.”
/ transitivo indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
... exige um complemen-
verbo transitivo direito e indi-
Informar to sem e outro com pre- “Informe o ocorrido ao gerente.”
reto, portanto...
posição
quem vai vai a algum lugar /
Ir SIM “Vamos ao teatro.”
verbo transitivo indireto

Quem mora em algum lugar “Eles moram no interior.”


Morar SIM
(verbo transitivo indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
Namorar verbo transitivio direito NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
verbo bi transitivo (direto e
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
indireto)
quem simpatiza simpatiza com
Simpatizar algo/ alguém/ verbo transitivo SIM “Simpatizei-me com todos.”
indireto

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.

Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou “contração”, e ocorre entre duas vogais, uma final e outra inicial, em
palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a (preposição) + a (artigo feminino) = aa à; a (preposição) + aquela (pronome de-
monstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + aquilo (pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção das vogais, a crase,
como regra geral, ocorre diante de palavras femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos aquilo e aquele, que recebem
a crase por terem “a” como sua vogal inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno de união representado pelo
acento grave.

A crase pode ser a contração da preposição a com:


– O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não assistiu às aulas.”
– O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: “Retorne àquele mesmo local.”
– O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às quais devemos o maior respeito e consideração”.

Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de duas vogais a (preposição + artigo ou preposição + pronome) na constru-
ção sintática.

Técnicas para o emprego da crase


1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe semelhante. Se a combinação ao aparecer, ocorrerá crase diante da palavra
feminina.
Exemplos:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
“Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
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“Comprei o carro / a moto.” Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
“Irei ao evento / à festa.” as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir, dique a eufonia da frase.
chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar. Se aparecer a preposição da,
ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não Próclise
deve ser empregado. Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Exemplos: Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.” Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
“Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.” cientemente.
“Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.” Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
3 – Troque o termo regente da preposição a por um que es- Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
tabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas preposições não Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
pela(s), na(s) ou da(s), a crase não ocorrerá. Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
Exemplos: posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
“Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
de estudar / Insiste em estudar.” Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
“Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua filha jam reduzidas: Percebia que o observavam.
/ Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.” Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
“Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você / Gos- tudo dá.
to de você / Penso em você.” Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
tentos são para nos prejudicarem.
4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que ex-
pressam uma única ideia, a crase somente deve ser empregada se Ênclise
a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como nú- Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
cleo uma palavra feminina, ocorrerá crase. Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
Exemplos: indicativo: Trago-te flores.
“Tudo às avessas.” Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
“Barcos à deriva.” Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
posição em: Saí, deixando-a aflita.
5 – Outros casos envolvendo locuções e crase: Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
“moda de”, ficando somente o à explícito. Apressei-me a convidá-los.
Exemplos:
“Arroz à (moda) grega.” Mesóclise
“Bife à (moda) parmegiana.” Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no
Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso futuro do pretérito que iniciam a oração.
de horas especificadas e definidas: Exemplos: Dir-lhe-ei toda a verdade.
“À uma hora.” Far-me-ias um favor?
“Às cinco e quinze”.
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?

A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da Colocação do pronome átono nas locuções verbais
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
após o verbo – ênclise. Exemplos:
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini- Devo-lhe dizer a verdade.
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua- Devo dizer-lhe a verdade.
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
do auxiliar ou depois do principal.
Exemplos:
Não lhe devo dizer a verdade.
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Não devo dizer-lhe a verdade. - Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, ma, ou sobre conjuntos generalizados.
o pronome átono ficará depois do auxiliar. - Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. dificar sua ordem no processo de encadeamento.

Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do Graus de Formalismo


auxiliar. São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
do infinitivo. curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
Exemplos: de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado
Hei de dizer-lhe a verdade. entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
Tenho de dizer-lhe a verdade. As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
Observação expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
Devo-lhe dizer tudo. cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
Estava-lhe dizendo tudo. cífico de algum campo científico, por exemplo).
Havia-lhe dito tudo.
Expressões que demandam atenção
– acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO. . SUBS- – aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
TITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO. REES- aceito
CRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE – acendido, aceso (formas similares) – idem
FORMALIDADE. – à custa de – e não às custas de
– à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
forme
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi-
– na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos
– a meu ver – e não ao meu ver
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que
– a ponto de – e não ao ponto de
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá,
– a posteriori, a priori – não tem valor temporal
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório.
– em termos de – modismo; evitar
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois,
– enquanto que – o que é redundância
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não
– entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto.
– implicar em – a regência é direta (sem em)
Quando reescrevemos,  refazemos  nosso texto, é um proces-
– ir de encontro a – chocar-se com
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor
– ir ao encontro de – concordar com
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente,
– se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se-
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er-
parado; quando não se pode, junto
ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen-
– todo mundo – todos
volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer
– todo o mundo – o mundo inteiro
melhor seus objetivos e razões para a produção de textos.
– não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja
for substantivo
um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa
– este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
do processo de escrever do aluno.
– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
Operações linguísticas de reescrita:
sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope-
rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons-
Expressões não recomendadas
trução do texto escrito.
– a partir de (a não ser com valor temporal).
- Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele-
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de...
mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam-
bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
– através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
várias frases.
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se-
- Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi-
gundo...
do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
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– devido a. Sinonímia e antonímia


Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de. A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem se-
melhantes em significado. Já antonímia se refere aos significados
– dito. opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras
Opção: citado, mencionado. expressam proximidade e contrariedade.
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = ve-
– enquanto. loz.
Opção: ao passo que. Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x
atrasado.
– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. Homonímia e paronímia
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras apresen-
– no sentido de, com vistas a. tarem: semelhanças sonoras e gráficas, mas distinção de sentido
Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista. (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas distinção grá-
fica e de sentido (palavras homófonas) semelhanças gráficas, mas
– pois (no início da oração). distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). A paronímia
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de forma pa-
recida, mas que apresentam significados diferentes. Veja os exem-
– principalmente. plos:
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular. – Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo
caminhar); morro (monte) e morro (verbo morrer).
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apre-
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS çar (definir o preço); arrochar (apertar com força) e arroxar (tornar
roxo).
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar);
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo da
boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro (pranto) e choro (verbo
semântica, a área da gramática que se dedica ao sentido das pala-
chorar) .
vras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas.
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e após-
trofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e cumprimento (sau-
Denotação e conotação
dação).
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das pa-
lavras, enquanto a conotação diz respeito ao sentido figurado das
palavras. Exemplos: QUESTÕES
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”

No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadei- 1. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Biblio-
ro sentido, indicando uma espécie real de animal. Na segunda frase, teconomia- O rio de minha terra é um deus estranho.
a palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
de dizer que ele é tão bonito quanto o bichano. muitas vezes homicida,
foi ele quem levou o meu irmão.
Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, É muito calmo o rio de minha terra.
palavra superior com um sentido mais abrangente, engloba um hi-
pônimo, palavra inferior com sentido mais restrito. Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
Exemplos: Nas solidões das noites enluaradas
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia. a maldição de Crispim desce
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho. sobre as águas encrespadas.

Polissemia e monossemia O rio de minha terra é um deus estranho.


A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra apresen-
tar uma multiplicidade de significados, de acordo com o contexto Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
em que ocorre. A monossemia indica que determinadas palavras para subir as poucas rampas do seu cais.
apresentam apenas um significado. Exemplos: Foi conhecendo o movimento da cidade,
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma a pobreza residente nas taperas marginais.
ou um órgão do corpo, dependendo do contexto em que é inserida.
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
tem outro significado, por isso é uma palavra monossêmica. que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
Mas ele prosseguiu indiferente,
carregando no seu dorso bois e gente,
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até roçados de arroz e de feijão. lume para chamar nossa atenção para esse problema. Suprimir as
emoções nos esgota mental e fisicamente. Não é saudável e não é
Na sua obstinada e galopante caminhada, sustentável a longo prazo”, diz a terapeuta. (...)
destruiu paredes, casas, barricadas, Teresa Gutiérrez, psicopedagoga e especialista em neuropsico-
deixando no percurso mágoa e dor. logia, considera que “o positivismo tóxico tem consequências psi-
cológicas e psiquiátricas mais graves do que a depressão”. “Pode
Depois subiu os degraus da igreja santa levar a uma vida irreal que prejudica nossa saúde mental. Tanto
e postou-se horas sob os pés do Criador. positivismo não é positivo para ninguém. Se não houver frustração
e fracasso, não aprendemos a desenvolver em nossas vidas”, disse
E desceu devagarinho, até deitar-se ele à BBC Mundo.
novamente no seu leito. O positivismo tóxico está na moda? Baker pensa que sim e atri-
bui isso às redes sociais, “que nos obrigam a comparar nossas vidas
Mas toda noite o seu olhar de rio com as vidas perfeitas que vemos online”. (...) “Se houvesse mais
fica boiando sob as luzes da cidade. honestidade sobre as vulnerabilidades, nos sentiríamos mais livres
para experimentar todos os tipos de emoções. Somos humanos e
(Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha devemos nos permitir sentir todo o espectro de emoções. É ok não
terra. Disponível em: https://www.escritas.org) estar bem. Não podemos ser positivos o tempo todo.”
Gutiérrez acredita que houve um aumento do positivismo tóxi-
No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” clas- co “nos últimos anos”, mas principalmente durante a pandemia. (...)
sifica-se como “Todas as emoções são como ondas: ganham intensidade e depois
(A) pronome. descem e tornam-se espuma, até desaparecer aos poucos. O pro-
(B) preposição. blema é quando não as queremos sentir porque nos tornamos mais
(C) artigo. dóceis perante uma ‘onda’ que se aproxima”. (...)
(D) advérbio. Stephanie Preston, professora de psicologia da Universidade
(E) conjunção. de Michigan, nos EUA, acredita que a melhor maneira de validar as
emoções é “apenas ouvi-las”. “Quando alguém compartilha senti-
2. INSTITUTO AOCP - 2022 - IPE Prev - Analista em Previdência mentos negativos com você, em vez de correr para fazer essa pes-
- Direito - Edital nº 002(E) metonímia. soa se sentir melhor ou pensar mais positivamente (“Tudo vai ficar
bem”), tente levar um segundo para refletir sobre seu desconforto
O surpreendente efeito da positividade tóxica na saúde men- ou medo e faça o possível para ouvir”, aconselha a especialista. (...)
tal Como aplicar isso na prática? Em vez de dizer “não pense nisso,
Lucía Blasco seja positivo”, diga “me diz o que você está sentindo, eu te escuto”.
Pode parecer contraditório, mas a positividade pode ser tóxica. Em vez de falar “poderia ser pior”, diga “sinto muito que está pas-
sando por isso”. Em vez de “não se preocupe, seja feliz”, diga “estou
“Qualquer tentativa de escapar do negativo — evitá-lo, sufocá- aqui para você”. (...) “Tudo bem olhar para o copo meio cheio, mas
-lo ou silenciá-lo — falha. Evitar o sofrimento é uma forma de sofri- aceitando que pode haver situações em que o copo está meio va-
mento”, escreveu o escritor americano Mark Manson em seu livro zio e, a partir daí, assumir a responsabilidade de como construímos
A Arte Sutil de Ligar o Foda-se. É precisamente nisso que consiste nossas vidas”.
a positividade tóxica ou positivismo extremo: impor a nós mesmos Para Baker, o que devemos lembrar é que “todas as nossas
— ou aos outros — uma atitude falsamente positiva, generalizar emoções são autênticas e reais, e todas elas são válidas”.
um estado feliz e otimista seja qual for a situação, silenciar nossas
emoções “negativas” ou as dos outros. (...) Adaptado de: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55278174.
O psicólogo da saúde Antonio Rodellar, especialista em trans- Acesso em: 28 dez. 2021.
tornos de ansiedade e hipnose clínica, prefere falar em “emoções
desreguladas” do que “negativas”. “A paleta de cores emocionais A função da linguagem predominante no texto é
engloba emoções desreguladas, como tristeza, frustração, raiva, an- (A) referencial, visto que se propõe a informar o leitor a res-
siedade ou inveja. Não podemos ignorar que, como seres humanos, peito da positividade tóxica e seus efeitos na vida das pessoas,
temos aquela gama de emoções que têm uma utilidade e que nos sobretudo, mediante pareceres de especialistas.
dão informações sobre o que acontece no nosso meio e no nosso (B) emotiva, pois a autora expressa sua visão, ainda que de
corpo”, explica Rodellar à BBC News Mundo. modo sutil, acerca da severidade do problema exposto, em es-
Para a terapeuta e psicóloga britânica Sally Baker, “o problema pecial, no que tange à saúde mental.
com a positividade tóxica é que ela é uma negação de todos os as- (C) conativa, já que procura persuadir os leitores quanto à gra-
pectos emocionais que sentimos diante de qualquer situação que vidade dos efeitos do positivismo extremo com relação à saúde
nos represente um desafio.” “É desonesto em relação a quem so- física e mental da população.
mos permitir-nos apenas expressões positivas”, diz Baker. (...) “Nós (D) fática, por centrar-se na comunicação entre autor e leitor,
nos escondemos atrás da positividade para manter outras pessoas principal interessado em termos de conhecimento sobre o
longe de uma imagem que nos mostra imperfeitos.” (...) “Quando tema “positividade tóxica ou positivismo extremo”.
ignoramos nossas emoções negativas, nosso corpo aumenta o vo- (E) metalinguística, uma vez que evidencia o uso de uma lin-
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guagem científica ao apresentar diversos posicionamentos técnicos letal.


para tratar do assunto “positividade tóxica”.
4. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Área
3. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Área Administrativa- Atenção: Para responder à questão, leia a crônica
Judiciária- “Tatu”, de Carlos Drummond de Andrade.
Lembram-se da história de Tristão e Isolda? O enredo gira em
torno da transformação da relação entre os dois protagonistas. Isol- O luar continua sendo uma graça da vida, mesmo depois que
da pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção letal, mas, o pé do homem pisou e trocou em miúdos a Lua, mas o tatu pensa
em vez disso, ela prepara-lhe um “filtro de amor”, que tanto Tristão de outra maneira. Não que ele seja insensível aos amavios do ple-
como Isolda bebem sem saber o efeito que irá produzir. A misterio- nilúnio; é sensível, e muito. Não lhe deixam, porém, curtir em paz
sa bebida desperta neles a mais profunda das paixões e arrasta-os a claridade noturna, de que, aliás, necessita para suas expedições
para um êxtase que nada consegue dissipar − nem sequer o fato de de objetivo alimentar. Por que me caçam em noites de lua cheia,
ambos estarem traindo infamemente o bondoso rei Mark. Na ópera quando saio precisamente para caçar? Como prover a minha sub-
Tristão e Isolda, Richard Wagner captou a força da ligação entre os sistência, se de dia é aquela competição desvairada entre bichos,
amantes numa das passagens mais exaltadas da história da música. como entre homens, e de noite não me dão folga?
Devemos interrogar-nos sobre o que o atraiu para essa história e Isso aí, suponho, é matutado pelo tatu, e se não escapa do in-
por que motivo milhões de pessoas, durante mais de um século, terior das placas de sua couraça, em termos de português, é porque
têm partilhado o fascínio de Wagner por ela. o tatu ignora sabiamente os idiomas humanos, sem exceção, além
A resposta à primeira pergunta é que a composição ce- de não acreditar em audiência civilizada para seus queixumes. A
lebrava uma paixão semelhante e muito real da vida de Wagner. armadura dos bípedes é ainda mais invulnerável que a dele, e não
Wagner e Mathilde Wesendonck tinham se apaixonado de forma há sensibilidade para a dor ou a problemática do tatu.
não menos insensata, se considerarmos que Mathilde era a mulher Meu amigo andou pelas encostas do Corcovado, em noite de
do generoso benfeitor de Wagner e que Wagner era um homem prata lunal, e conseguiu, por artimanhas só dele sabidas, capturar
casado. Wagner tinha sentido as forças ocultas e indomáveis que vivo um tatu distraído. É, distraído. Do contrário não o pegaria. Es-
por vezes conseguem se sobrepor à vontade própria e que, na au- tava imóvel, estático, fruindo o banho de luz na folhagem, essa ou-
sência de explicações mais adequadas, têm sido atribuídas à magia tra cor que as cores assumem debaixo da poeira argentina da Lua.
ou ao destino. A resposta à segunda questão é um desafio ainda Esquecido das formigas, que lhe cumpria pesquisar e atacar, como
mais atraente. quem diz, diante de um motivo de prazer: “Daqui a pouco eu vou
Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cére- trabalhar; só um minuto mais, alegria da vida”, quedou-se à mercê
bros capazes de impor comportamentos que podemos ser capazes de inimigos maiores. Sem pressentir que o mais temível deles anda-
ou não de eliminar por meio da chamada força de vontade. Um va por perto, em horas impróprias à deambulação de um professor
exemplo elementar é a substância química oxitocina. No caso dos universitário.
mamíferos, incluindo os seres humanos, essa substância é produzi- − Mas que diabo você foi fazer naqueles matos, de madru-
da tanto no cérebro como no corpo. De modo geral, influencia toda gada?
uma série de comportamentos, facilita as interações sociais e induz
a ligação entre os parceiros amorosos. − Nada. Estava sem sono, e gosto de andar a esmo, quando
Não há dúvida de que os seres humanos estão constante- todos roncam.
mente usando muitos dos efeitos da oxitocina, conquanto tenham
aprendido a evitar, em determinadas circunstâncias, os efeitos que Sem sono e sem propósito de agredir o reino animal, pois é de
podem vir a não ser bons. Não se deve esquecer que o filtro de feitio manso, mas o velho instinto cavernal acordou nele, ao sentir
amor não trouxe bons resultados para o Tristão e Isolda de Wagner. qualquer coisa a certa distância, parecida com a forma de um bicho.
Ao fim de três horas de espetáculo, eles encontram uma morte de- Achou logo um cipó bem forte, pedindo para ser usado na caça;
soladora. e jamais tendo feito um laço de caçador, soube improvisá-lo com
(Adaptado de: DAMÁSIO, António. O erro de Descartes. São Paulo: perícia de muitos milhares de anos (o que a universidade esconde,
Companhia das Letras, edição digital) nas profundas camadas do ser, e só permite que venha aflorar em
A misteriosa bebida desperta neles a mais profunda das pai- noite de lua cheia!).
xões. Aproximou-se sutil, laçou de jeito o animal desprevenido. O
coitado nem teve tempo de cravar as garras no laçador. Quando
No contexto em que se encontra, o segmento sublinhado aci- agiu, já este, num pulo, desviara o corpo. Outra volta no laço. E ou-
ma exerce a mesma função sintática do que está também sublinha- tra. Era fácil para o tatu arrebentar o cipó com a força que a natu-
do em: reza depositou em suas extremidades. Mas esse devia ser um tatu
(A) Wagner era um homem casado. meio parvo, e se embaraçou em movimentos frustrados. Ou o sere-
(B) O enredo gira em torno da transformação da relação entre no narrador mentiu, sei lá. Talvez o tenha comprado numa dessas
os dois protagonistas. casas de suplício que há por aí, para negócio de animais. Talvez na
(C) Existem, com efeito, poções em nossos organismos e cére- rua, a um vendedor de ocasião, quando tudo se vende, desde o
bros mico à alma, se o PM não ronda perto.
(D) o que o atraiu para essa história Não importa. O caso é que meu amigo tem em sua casa um
(E) Isolda pede à criada, Brangena, que lhe prepare uma poção tatu que não se acomodou ao palmo de terra nos fundos da casa e
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tratou de abrigar longa escavação que o conduziu a uma pedreira, (B) testemunhar a determinação de um indivíduo em alcançar
e lá faz greve de fome. De lá não sai, de lá ninguém o tira. A noite seus altos objetivos.
perdeu para ele seu encanto luminoso. A ideia de levá-lo para o (C) indicar a possibilidade da transformação sistemática da dor
zoológico, aventada pela mulher do caçador, não frutificou. Melhor em franca alegria.
reconduzi-lo a seu hábitat, mas o tatu se revela profundamente (D) personificar a complexa conjunção entre força poética e
contrário a qualquer negociação com o bicho humano, que pensa marginalidade social.
em apelar para os bombeiros a fim de demolir o metrô tão rapi- (E) promover a felicidade que pode desfrutar quem não está
damente feito, ao contrário do nosso, urbano, e salvar o infeliz. O comprometido com nada.
tatu tem razões de sobra para não confiar no homem e no luar do
Corcovado. 6. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Tecno-
Não é fábula. Eu compreendo o tatu. logia da Informação-
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. Os dias lindos. São Paulo: A independência política em 1822 não trouxe muitas novida-
Companhia das Letras, 2013) des em termos institucionais, mas consolidou um objetivo claro,
No desfecho da crônica, o cronista revela, em relação ao tatu, qual seja: estruturar e justificar uma nova nação.
um sentimento de A tarefa não era pequena e quem a assumiu foi o Instituto His-
(A) empatia. tórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que, aberto em 1838, no Rio
(B) desconfiança. de Janeiro, logo deixaria claras suas principais metas: construir uma
(C) superioridade. história que elevasse o passado e que fosse patriótica nas suas pro-
(D) soberba. posições, trabalhos e argumentos.
(E) desdém. Para referendar a coerência da filosofia que inaugurou o IHGB,
basta prestar atenção no primeiro concurso público por lá orga-
5. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área nizado. Em 1844, abriam-se as portas para os candidatos que se
Administrativa- dispusessem a discorrer sobre uma questão espinhosa: “Como se
Melancolia e criatividade deve escrever a história do Brasil”. Tratava-se de inventar uma nova
Desde sempre o sentimento da melancolia gozou de má história do e para o Brasil. Foi dado, então, um pontapé inicial, e
fama. O melancólico é costumeiramente tomado como um ser de- fundamental, para a disciplina que chamaríamos, anos mais tarde,
sanimado, depressivo, “pra baixo”, em suma: um chato que con- e com grande naturalidade, de “História do Brasil”.
vém evitar. Mas é uma fama injusta: há grandes melancólicos que A singularidade da competição também ficou associada a seu
fazem grande arte com sua melancolia, e assim preenchem a vida resultado e à divulgação do nome do vencedor. O primeiro lugar,
da gente, como uma espécie de contrabando da tristeza que a arte nessa disputa histórica, foi para um estrangeiro − o conhecido na-
transforma em beleza. “Pra fazer um samba com beleza é preciso turalista bávaro Karl von Martius (1794-1868), cientista de ilibada
um bocado de tristeza”, já defendeu o poeta Vinícius de Moraes, na importância, embora novato no que dizia respeito à história em
letra de um conhecido samba seu. geral e àquela do Brasil em particular − , o qual advogou a tese de
Mas a melancolia não para nos sambas: ela desde sempre que o país se definia por sua mistura, sem igual, de gentes e po-
anima a literatura, a música, a pintura, o cinema, as artes todas. vos. Utilizando a metáfora de um caudaloso rio, correspondente à
Anima, sim: tanto anima que a gente gosta de voltar a ver um bom herança portuguesa que acabaria por “limpar” e “absorver os pe-
filme melancólico, revisitar um belo poema desesperançado, ouvir quenos confluentes das raças índia e etiópica”, representava o país
uma vez mais um inspirado noturno para piano. Ou seja: os artis- a partir da singularidade e dimensão da mestiçagem de povos por
tas melancólicos fazem de sua melancolia a matéria-prima de uma aqui existentes.
obra-prima. Sorte deles, nossa e da própria melancolia, que é as- A essa altura, porém, e depois de tantos séculos de vigência
sim resgatada do escuro do inferno para a nitidez da forma artística de um sistema violento como o escravocrata, era no mínimo com-
bem iluminada. plicado simplesmente exaltar a harmonia. Além do mais, indígenas
Confira: seria possível haver uma história da arte que continuavam sendo dizimados no litoral e no interior do país.
deixasse de falar das grandes obras melancólicas? Por certo se per- Martius, que em 1832 havia publicado um ensaio chamado “O
deria a parte melhor do nosso humanismo criativo, que sabe fazer estado do direito entre os autóctones no Brasil”, condenando os
de uma dor um objeto aberto ao nosso reconhecimento prazero- indígenas ao desaparecimento, agora optava por definir o país por
so. Charles Chaplin, ao conceber Carlitos, dotou essa figura huma- meio da redentora metáfora fluvial. Três longos rios resumiriam a
na inesquecível da complexa composição de fracasso, melancolia, nação: um grande e caudaloso, formado pelas populações brancas;
riso, esperteza e esperança. O vagabundo sem destino, que vive a outro um pouco menor, nutrido pelos indígenas; e ainda outro,
apanhar da vida, ganhou de seu criador o condão de emocionar o mais diminuto, alimentado pelos negros.
mundo não com feitos gloriosos, mas com a resistente poesia que o Ali estavam, pois, os três povos formadores do Brasil; todos
faz enfrentar a vida munido da força interior de um melancólico dis- juntos, mas (também) diferentes e separados. Mistura não era (e
posto a trilhar com determinação seu caminho, ainda que no rumo nunca foi) sinônimo de igualdade. Essa era uma ótima maneira de
a um horizonte incerto. “inventar” uma história não só particular (uma monarquia tropical
(Humberto Couto Villares, a publicar) e mestiçada) como também muito otimista: a água que corria re-
No terceiro parágrafo, a personagem Carlitos é invocada para presentava o futuro desse país constituído por um grande rio cau-
(A) dar um sentido de nobreza a todas as experiências de fra- daloso no qual desaguavam os demais pequenos afluentes.
casso humano. É possível dizer que começava a ganhar força então a la-
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dainha das três raças formadoras da nação, que continuaria encon- 8. FCC - 2022 - SEDU-ES - Professor MaPB - Ensino Fundamental
trando ampla ressonância no Brasil, pelo tempo afora. e Médio - Língua Portuguesa-
(Adaptado de: SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasilei- Ai de ti, Ipanema
ro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019)
O verbo sublinhado no segmento Mistura não era (e nunca foi) Há muitos anos, Rubem Braga começava assim uma de suas
sinônimo de igualdade está flexionado nos mesmos tempo e modo mais famosas crônicas: “Ai de ti, Copacabana, porque eu já fiz o si-
que o sublinhado em: nal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste;
(A) a disciplina que chamaríamos, anos mais tarde, e com gran- porém minha voz te abalará até as entranhas.” Era uma exortação
de naturalidade bíblica, apocalíptica, profética, ainda que irônica e hiperbólica. “En-
(B) Três longos rios resumiriam a nação tão quem especulará sobre o metro quadrado de teu terreno? Pois
(C) O primeiro lugar, nessa disputa histórica, foi para um es- na verdade não haverá terreno algum.”
trangeiro Na sua condenação, o Velho Braga antevia os sinais da
(D) A independência política em 1822 não trouxe muitas novi- degradação e da dissolução moral de um bairro prestes a ser tra-
dades gado pelo pecado e afogado pelo oceano, sucumbindo em meio às
(E) a água que corria representava o futuro desse país abjeções e ao vício: “E os escuros peixes nadarão nas tuas ruas e a
vasa fétida das marés cobrirá tua face”.
7. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ci- A praia já chamada de “princesinha do mar”, coitada,
ências Jurídicas- Atenção: Considere o texto abaixo, do pensador inofensiva e pura, era então, como Ipanema seria depois, a síntese
francês Voltaire (1694-1778), para responder à questão. mítica do hedonismo carioca, mais do que uma metáfora, uma me-
O preço da justiça tonímia.
Vós, que trabalhais na reforma das leis, pensai, assim como No fim dos anos 50, Copacabana era o éden não contami-
grande jurisconsulto Beccaria, se é racional que, para ensinar os nado ainda pelos plenos pecados, eram tempos idílicos e pastorais,
homens a detestar o homicídio, os magistrados sejam homicidas e a era da inocência, da bossa nova, dos anos dourados de JK, de Gar-
matem um homem em grande aparato. rincha. Digo eu agora: Ai de ti, Ipanema, que perdeste a inocência
Vede se é necessário matá-lo quando é possível puni-lo de ou- e o sossego, e tomaste o lugar de Copacabana, e não percebeste os
tra maneira, e se cabe empregar um de vossos compatriotas para sinais que não são mais simbólicos: o emissário submarino se rom-
massacrar habilmente outro compatriota. [...] Em qualquer circuns- pendo, as águas poluídas, as valas negras, as agressões, os assaltos,
tância, condenai o criminoso a viver para ser útil: que ele trabalhe o medo e a morte.
continuamente para seu país, porque ele prejudicou o seu país. É
preciso reparar o prejuízo; a morte não repara nada. (Adaptado de: VENTURA, Zuenir. Crônicas de um fim de século. Rio de
Talvez alguém vos diga: “O senhor Beccaria está enganado: a Janeiro: Objetiva, 1999, p. 166/167)
preferência que ele dá a trabalhos penosos e úteis, que durem toda
a vida, baseia-se apenas na opinião de que essa longa e ignominio- Ao qualificar a linguagem de Rubem Braga em sua crônica “Ai
sa pena é mais terrível que a morte, pois esta só é sentida por um de ti, Copacabana”, Zuenir Ventura se vale dos termos exortação e
momento”. condenação, para reconhecer no texto do Velho Braga,
Não se trata de discutir qual é a punição mais suave, porém (A) a tonalidade grave de uma invectiva.
a mais útil. O grande objetivo, como já dissemos em outra passa- (B) a informalidade de um discurso emocional.
gem, é servir o público; e, sem dúvida, um homem votado todos os (C) o coloquialismo de um lírico confessional.
dias de sua vida a preservar uma região da inundação por meio de (D) a retórica argumentativa dos clássicos.
diques, ou a abrir canais que facilitem o comércio, ou a drenar pân- (E) a força épica de uma celebração.
tanos infestados, presta mais serviços ao Estado que um esqueleto
a pendular de uma forca numa corrente de ferro, ou desfeito em 9. FGV - 2022 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim- A lin-
pedaços sobre uma roda de carroça. guagem tem múltiplas funções; a frase abaixo em que a função da
(VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São linguagem empregada é a de abordar a própria linguagem (meta-
Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 18-20) linguagem) é:
Voltaire acusa o sentido contraditório de um determinado po- (A) Para salvar seu crédito, você deve esconder a sua ruína;
sicionamento ao referir-se a ele nestes segmentos: (B) Colhe as rosas enquanto estão vivas; amanhã, já não esta-
(A) massacrar habilmente um compatriota / detestar o homi- rão como hoje;
cídio (C) Em geral, logo que uma coisa se torna útil deixa de ser bela;
(B) matem um homem / em grande aparato (D) Se você tiver que ser atropelado por um carro, é melhor que
(C) Beccaria está enganado / o grande objetivo é servir o pú- seja por uma Ferrari;
blico (E) O não produz inimigos; o sim, falsos amigos.
(D) presta mais serviços ao Estado / trabalhos penosos e úteis
(E) servir ao público / preservar uma região da inundação

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10. FCC - 2022 - Prefeitura de Recife - PE - Agente Administra- Gomes de Sá que se come em casa de d. Concessa. E foi detalhando:
tivo da Assistência Social- Atenção: Leia a crônica para responder − Lá em casa é que se prepara um legal, sabe? Muito tomate,
à questão pimentão, azeite de verdade, para fazer um molho pra lá de bom, e
ainda acrescentam um ovo…
O dono do pequeno restaurante é amável, sem derrame, e a Seu Adelino emergiu da apatia, comoveu-se, os olhos brilhan-
fregueses mais antigos oferece, antes do menu, o jornal do dia “fa- do, desta vez em sorriso aberto:
cilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as notícias impor- − Isso mesmo! Ovo cozido e ralado, azeitonas portuguesas,
tantes. Vez por outra, indaga se a comida está boa, oferece cigar- daquelas… Um santo, santíssimo prato!
rinho, queixa-se do resfriado crônico e pergunta pelo nosso, se o Mas, encarando o concreto:
temos; se não temos, por aquele regime começado em janeiro, e de − Essa gente aqui não tem a ciência, não tem a ciência!
que desistimos. Também pelos filmes de espionagem, que mexem − Espera aí, seu Adelino, vamos ver no jornal se tem um bom
com ele na alma. filme de espionagem para o senhor se consolar.
Espetar a despesa não tem problema, em dia de barra pe- Não tinha, infelizmente.
sada. Chega a descontar o cheque a ser recebido no mês que vem (Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 histórias. São Pau-
(“Falta só uma semana, seu Adelino”). lo: Companhia das Letras, 2016, p. 110-111)
Além dessas delícias raras, seu Adelino faculta ao cliente dar O termo sublinhado em a fregueses mais antigos oferece, an-
palpites ao cozinheiro e beneficiar-se com o filé mais fresquinho, o tes do menu, o jornal do dia “facilitado” exerce a mesma função
palmito de primeira, a batata feita na hora, especialmente para os sintática do termo sublinhado em:
eleitos. Enfim, autêntico papo-firme. (A) O garçom estendeu-lhe o menu e esperou
Uma noite dessas, o movimento era pequeno, seu Adelino (B) seu Adelino veio sentar-se ao lado da antiga freguesa
veio sentar-se ao lado da antiga freguesa. Era hora do jantar dele, (C) Vez por outra, indaga se a comida está boa
também. O garçom estendeu-lhe o menu e esperou. Seu Adelino, (D) Uma noite dessas, o movimento era pequeno
calado, olhava para a lista inexpressiva dos pratos do dia. A inspira- (E) seu Adelino faculta ao cliente dar palpites ao cozinheiro
ção não vinha. O garçom já tinha ido e voltado duas vezes, e nada.
A freguesa resolveu colaborar: 11. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário
− Que tal um fígado acebolado? - Área Judiciária-
− Acabou, madame − atalhou o garçom. A chama é bela
− Deixe ver… Assada com coradas, está bem?
− Não, não tenho vontade disso − e seu Adelino sacudiu a Nos anos 1970 comprei uma casa no campo com uma
cabeça. bela lareira, e para meus filhos, entre 10 e 12 anos, a experiência do
− Bem, estou vendo aqui umas costeletas de porco com fei- fogo, da brasa que arde, da chama, era um fenômeno absolutamen-
jão-branco, farofa e arroz… te novo. E percebi que quando a lareira estava acesa eles deixavam
− Não é mau, mas acontece que ainda ontem comi uma car- a televisão de lado. A chama era mais bela e variada do que qual-
nezita de porco, e há dois dias que me servem feijão ao almoço quer programa, contava histórias infinitas, não seguia esquemas
− ponderou. fixos como um programa televisivo.
A freguesa de boa vontade virou-se para o garçom: O fogo também se faz metáfora de muitas pulsões, do infla-
− Aqui no menu não tem, mas quem sabe se há um bacalhau mar-se de ódio ao fogo da paixão amorosa. E o fogo pode ser a luz
a qualquer coisa? − pois seu Adelino (refletiu ela) é português, e ofuscante que os olhos não podem fixar, como não podem encarar
como todo lusíada que se preza, há de achar isso a pedida. o Sol (o calor do fogo remete ao calor do Sol), mas devidamente
Da cozinha veio a informação: amestrado, quando se transforma em luz de vela, permite jogos de
− Tem bacalhau à Gomes de Sá. Quer? claro-escuro, vigílias noturnas nas quais uma chama solitária nos
− Pode ser isso − concordou seu Adelino, sem entusiasmo. obriga a imaginar coisas sem nome...
Ao cabo de dez minutos, veio o garçom brandindo o Gomes O fogo nasce da matéria para transformar-se em substância
de Sá. A freguesa olhou o prato, invejando-o, e, para estimular o cada vez mais leve e aérea, da chama rubra ou azulada da raiz à cha-
apetite de seu Adelino: ma branca do ápice, até desmaiar em fumaça... Nesse sentido, a na-
− Está uma beleza! tureza do fogo é ascensional, remete a uma transcendência e, con-
− Não acho muito não − retorquiu, inapetente. tudo, talvez porque tenhamos aprendido que ele vive no coração da
O prato foi servido, o azeite adicionado, e seu Adelino traçou Terra, é também símbolo de profundidades infernais. É vida, mas é
o bacalhau, depois de lhe ser desejado bom apetite. Em silêncio. também experiência de seu apagar-se e de sua contínua fragilidade.
Vendo que ele não se manifestava, sua leal conviva interpe-
lou-o: (Adaptado de: ECO, Umberto. Construir o inimigo. Rio de Ja-
− Como é, está bom? neiro: Record, 2021, p. 54-55)
Com um risinho meio de banda, fez a crítica:
− Bom nada, madame. Isso não é bacalhau à Gomes de Sá O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa
nem aqui nem em Macau. É bacalhau com batatas. E vou lhe dizer: forma do plural para integrar corretamente a frase:
está mais para sem gosto do que com ele. A batata me sabe a insos- (A) Mais que os esquemas fixos dos programas de TV (atrair) as
sa, e o bacalhau salgado em demasia, ai! crianças o espetáculo da lareira.
A cliente se lembrou, com saudade vera, daquele maravilhoso (B) Sempre (haver), por conta dos poderes do fogo, as metáfo-
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ras que o fazem representar nossas paixões. 13. FCC - 2022 - TJ-CE - Analista Judiciário - Ciência da Compu-
(C) Não (convir) aos espectadores do fogo fixar-se demorada- tação - Infraestrutura de TI- Atenção: Para responder à questão, leia
mente em suas luzes que podem enceguecê-los. o início do conto “Missa do Galo”, de Machado de Assis.
(D) No fogo (convergir), como espetáculo que é, as proprieda- Nunca pude entender a conversação que tive com uma
des do brilho físico e as do estatuto metafórico. senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela, trinta. Era noite
(E) Aos múltiplos apelos do fogo (atender) nosso olhar aberto de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo,
para o eterno espetáculo que suas chamas constituem. preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite.
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Me-
12. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário neses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas
- Área Judiciária primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-
O meu ofício -me bem quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses
antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela casa asso-
O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo. bradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações,
Espero não ser mal-entendida: não sei nada sobre o valor daquilo alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra
que posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extra- e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gen-
ordinariamente à vontade e me movo num elemento que tenho te estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido
a impressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo instru- ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao
mentos que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra
em minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se estudo uma lín- fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia,
gua estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que
uma malha, ou viajar, sofro e me pergunto como é que os outros eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia
conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão de ser cega e amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de
surda como uma náusea dentro de mim. casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a
Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo existência da comborça*; mas afinal, resignara-se, acostumara-se, e
mais correto, do qual os outros escritores se servem. Não me im- acabou achando que era muito direito.
porta nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escre- Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao
ver histórias. Se tento escrever um ensaio de crítica ou um artigo título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em
sob encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que escrevo verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem
nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sen- grandes lágrimas, nem grandes risos. Tudo nela era atenuado e pas-
sação de enganar o próximo com palavras tomadas de empréstimo sivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que
ou furtadas aqui e ali. chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, per-
Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu doava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.
país, nas ruas que conhece desde a infância, entre as árvores e os Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos
muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em férias;
os cinco e dez anos ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que mas fiquei até o Natal para ver “a missa do galo na Corte”. A família
podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou inventar uma nova recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vesti-
máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto, do e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada e sairia sem acor-
um conto curto, de cinco ou seis páginas: saiu de mim como um mi- dar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão,
lagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava exausta, eu levaria outra, a terceira ficava em casa.
atônita, estupefata. — Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? per-
(Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. Maurí- guntou-me a mãe de Conceição.
cio Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p, 72-77, passim) — Leio, D. Inácia.
As normas de concordância verbal encontram-se plenamente Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha
observadas em: tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que havia
(A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto
por identificar o estilo mesmo de quem as escreveu. a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artag-
(B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca
nan e fui-me às aventuras. Os minutos voavam, ao contrário do que
falta a espontaneidade dos bons escritos.
costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas
(C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a fa-
quase sem dar por elas, um acaso. Entretanto, um pequeno rumor
cilidade que encontra ela em escrever seus textos.
que ouvi dentro veio acordar-me da leitura.
(D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a au-
(Adaptado de: Machado de Assis. Contos: uma antologia. São Paulo:
tora, logo se dissipou em sua primeira tentativa.
Companhia das Letras, 1988)
(E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escri-
tora, do que os que a levaram a imaginar histórias *comborça: qualificação humilhante da amante de homem ca-
sado
Verifica-se o emprego de vírgula para assinalar a supressão de
um verbo em:
(A) A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas
escravas.
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(B) Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu noso.
levaria outra, a terceira ficava em casa.
(C) A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Me- 15. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ci-
neses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de mi- ências Jurídicas Considere o texto abaixo para responder à questão.
nhas primas. [Viver a pressa]
(D) Nunca pude entender a conversação que tive com uma se- Há uma continuidade entre a lógica intensamente competitiva
nhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela, trinta. e calculista do mundo do trabalho e aquilo que somos e fazemos
(E) Vivia tranquilo, naquela casa assobradada da Rua do Sena- nas horas em que estamos fora dele.
do, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. O vírus da pressa alastra-se em nossos dias de uma forma tão
epidêmica como a peste em outros tempos: a frequência do acesso
14. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário a um website despenca caso ele seja mais lento que um site rival.
- Área Administrativa- Mais de um quinto dos usuários da internet desistem de um vídeo
Crimes ditos “passionais” caso ele demore mais que cinco segundos para carregar.
A história da humanidade registra poucos casos de mulhe- Excitação efêmera, sinal de tédio à espreita. Estará longe o dia
res que mataram por se sentirem traídas ou desprezadas. Não sabe- em que toda essa pressa deixe de ser uma obsessão? Será que a
mos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também esse tipo adaptação triunfante aos novos tempos da velocidade máxima aca-
de igualdade: a igualdade no crime e na violência. Provavelmente, bará por esvaziar até mesmo a consciência dessa nossa degradação
não. O crime dado como passional costuma ser uma reação daque- descontrolada?
le que se sente “possuidor” da vítima. O sentimento de posse, por (Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo:
sua vez, decorre não apenas do relacionamento sexual, mas tam- Companhia das Letras, 2016, p. 88)
bém do fator econômico: o homem é, em boa parte dos casos, o Está plenamente adequada a pontuação do seguinte período:
responsável maior pelo sustento da casa. Por tudo isso, quando ele (A) Ao detectar, em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa,
se vê contrariado, repelido ou traído, acha-se no direito de matar. que contamina não apenas o tempo do trabalho, mas também
O que acontece com os homens que matam mulheres quan- o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
do são levados a julgamento? São execrados ou perdoados? Como que, se assim continuar, nossa civilização se degradará.
reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da brutalidade que (B) Ao detectar em nossos dias, tão agitados o vírus da pressa,
se tenta justificar como resultante da paixão? Há decisões estapa- que contamina não apenas o tempo do trabalho mas, também,
fúrdias, sentenças que decorrem mais em função da eloquência dos o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor, de
advogados e do clima emocional prevalecente entre os jurados do que, se assim continuar, nossa civilização se degradará.
que das provas dos autos. (C) Ao detectar, em nossos dias tão agitados o vírus da pressa,
Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos res- que contamina, não apenas o tempo do trabalho mas também
ponsáveis acabaram sendo inocentados com o argumento de que o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na lei. Os que, se assim continuar nossa civilização, se degradará.
motivos que levam o criminoso passional a praticar o ato delituoso (D) Ao detectar em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa
têm mais a ver com os sentimentos de vingança, ódio, rancor, frus- que contamina, não apenas o tempo do trabalho mas, também
tração, vaidade ferida, narcisismo maligno, prepotência, egoísmo o tempo, de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
do que com o verdadeiro sentimento de honra. que, se assim continuar nossa civilização se degradará.
A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmo- (E) Ao detectar em nossos dias tão agitados o vírus, da pressa
que contamina não apenas o tempo do trabalho, mas também
ronamento dos padrões patriarcais tiveram grande repercussão nas
o tempo de outras ocupações, o autor mostra, seu temor, de
decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes passionais.
que, se assim continuar nossa civilização se degradará.
A sociedade brasileira vem se dando conta de que mulheres não
podem ser tratadas como cidadãs de segunda categoria, submeti-
16. FCC - 2020 - AL-AP - Analista Legislativo - Assessor Jurídico
das ao poder de homens que, com o subterfúgio da sua “paixão”,
Legislativo- Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto
vinham assumindo o direito de vida e morte sobre elas.
abaixo.
(Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus. São
Distribuição justa
Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim)
A justiça de um resultado distributivo das riquezas depende
É inteiramente regular a pontuação do seguinte período:
das dotações iniciais dos participantes e da lisura do processo do
(A) A autora do texto reclama, com senso de justiça que não se
considere passional um crime movido pelo rancor, e pelo ódio. qual ele decorre. Do ponto de vista coletivo, a questão crucial é:
(B) Como reage, a sociedade, quando se vê diante desses cri- a desigualdade observada reflete essencialmente os talentos, es-
mes em que, a paixão alegada, vale como uma atenuante. forços e valores diferenciados dos indivíduos, ou, ao contrário, ela
(C) Tratadas há muito, como cidadãs de segunda classe, as mu- resulta de um jogo viciado na origem e no processo, de uma profun-
lheres, aos poucos, têm garantido seus direitos fundamentais. da falta de equidade nas condições iniciais de vida, da privação de
(D) Não é a paixão, mas sim, os motivos mais torpes, que es- direitos elementares ou da discriminação racial, sexual, de gênero
tão na raiz mesma, dos crimes hediondos apresentados como ou religiosa?
passionais. A condição da família em que uma criança tiver a sorte ou o
(E) Há advogados cuja retórica, encenada em tom emocional, infortúnio de nascer, um risco comum, a todos, passa a exercer um
acaba por convencer o júri, inocentando assim um frio crimi- papel mais decisivo na definição de seu futuro do que qualquer ou-

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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

tra coisa ou escolha que possa fazer no ciclo da vida. A falta de um obra independente do seu criador. Ao invés disso, toda a energia e
mínimo de equidade nas condições iniciais e na capacitação para a os recursos estilísticos estão dirigidos a que esse autor de si mesmo
vida tolhe a margem de escolha, vicia o jogo distributivo e envene- seja capaz de criar um personagem dotado de uma personalidade
na os valores da convivência. A igualdade de oportunidades está na atraente. Trata-se de uma obra para ser vista e, nessa exposição, a
origem da emancipação das pessoas. Crianças e jovens precisam obra precisa conquistar os aplausos do público. É uma subjetividade
ter a oportunidade de desenvolver seus talentos de modo a ampliar que se autocria em contato permanente com o olhar alheio, algo
seu leque de escolhas possíveis na vida prática e eleger seus proje- que se cinzela a todo momento para ser compartilhado, curtido, co-
tos, apostas e sonhos de realização. mentado e admirado. Por isso, trata-se de um tipo de construção de
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Com- si alterdirigida, recorrendo aos conceitos propostos pelo sociólogo
panhia das Letras, 2016, p. 106) David Riesman, no livro A multidão solitária.
No emprego das formas verbais, são regulares a flexão e a con- (Adaptado de: Paula Sibilia. O show do eu: a intimidade como espetá-
cordância na frase: culo. Contraponto, edição digital)
(A) Se ninguém se dispuser a mudar esse processo, ou vir pelo Está correta a redação da seguinte frase:
menos a reavaliá-lo, não se fará justiça quanto às riquezas a se (A) Têm-se que o modo de vida dos jovens mais abastados das
distribuir. grandes cidades estadunidenses estão no cerne do novo tipo
(B) À medida que se recomporem as condições iniciais do pro- de personalidade das mídias sociais.
cesso, será maior a possibilidade de se atenderem a cada um (B) Diariamente exibe-se fotografias autorreferentes nas mí-
de seus ideais. dias sociais, fazendo de seus autores um tipo de personagem já
(C) Se não se contiverem os vícios do processo de distribuição visto no cinema e na televisão.
das riquezas, ele seguirá sendo envenenado pelas mesmas in- (C) Por tratar-se de uma obra à ser vista, os relatos autobio-
justiças. gráficos encontrados nas mídias sociais, precisam conquistar
(D) Caso não se retenhem seus pecados de origem, a distribui- grande audiência.
ção de riquezas não alcançará os objetivos da justiça que se (D) Como é sabido, existe inúmeras estratégias de autopromo-
desejam fazer. ção com o intuito de aumentar a visibilidade de uma persona-
(E) Como eles não requiseram maior igualdade de oportunida- lidade virtual.
des, viram-se prejudicados pelo processo a que se deram um (E) Grande parte dos relatos cotidianos encontrados nas mídias
referendo. sociais possui como meta a autopromoção da própria perso-
nalidade.
17. FCC - 2022 - TJ-CE - Analista Judiciário - Ciência da Compu-
tação - Sistemas da Informação- 18. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário -
1. Qual é a principal obra que produzem os autores e narrado- Área Administrativa- Crimes ditos “passionais”
res dos novos gêneros autobiográficos? Um personagem chamado
eu. O que todos criam e recriam ao performar as suas vidas nas A história da humanidade registra poucos casos de mulhe-
vitrines interativas de hoje é a própria personalidade. res que mataram por se sentirem traídas ou desprezadas. Não sabe-
2. A autoconstrução de si como um personagem visível seria mos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também esse tipo
uma das metas prioritárias de grande parte dos relatos cotidianos, de igualdade: a igualdade no crime e na violência. Provavelmente,
compostos por imagens autorreferentes, numa sorte de espetáculo não. O crime dado como passional costuma ser uma reação daque-
pessoal em diálogo com os demais membros das diversas redes. le que se sente “possuidor” da vítima. O sentimento de posse, por
3. Por isso, os canais de comunicação das mídias sociais da inte- sua vez, decorre não apenas do relacionamento sexual, mas tam-
met são também ferramentas para a criação de si. Esses instrumen- bém do fator econômico: o homem é, em boa parte dos casos, o
tos de autoestilização agora se encontram à disposição de qualquer responsável maior pelo sustento da casa. Por tudo isso, quando ele
um. Isso significa um setor crescente da população mundial, mas se vê contrariado, repelido ou traído, acha-se no direito de matar.
também, ao mesmo tempo, remete a outro sentido dessa expres-
são. “Qualquer um” significa ninguém extraordinário, em princípio, O que acontece com os homens que matam mulheres quan-
por ter produzido alguma coisa excepcional, e que tampouco se vê do são levados a julgamento? São execrados ou perdoados? Como
impelido a fazê-lo para virar um personagem público. A insistência reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da brutalidade que
nessa ideia de que “agora qualquer um pode” encontra-se no ceme se tenta justificar como resultante da paixão? Há decisões estapa-
das louvações democratizantes plasmadas em conceitos como os fúrdias, sentenças que decorrem mais em função da eloquência dos
de “inclusão digital”, recorrentes nas análises mais entusiastas des- advogados e do clima emocional prevalecente entre os jurados do
tes fenômenos, tanto no âmbito acadêmico como no jornalístico. que das provas dos autos.
4. Em que pese a suposta liberdade de escolha de cada usuário,
há códigos implícitos e fórmulas bastante explícitas para o sucesso Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos res-
dessa autocriação. ponsáveis acabaram sendo inocentados com o argumento de que
5. As diversas versões dessas personalidades que performam houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na lei. Os
em múltiplas telas admitem certa variabilidade individual, mas cos- motivos que levam o criminoso passional a praticar o ato delituoso
tumam partir de uma base comum. Essa modalidade subjetiva que têm mais a ver com os sentimentos de vingança, ódio, rancor, frus-
hoje triunfa está impregnada com alguns vestígios do estilo do artis- tração, vaidade ferida, narcisismo maligno, prepotência, egoísmo
ta romântico, mas não se trata de alguém que procura produzir uma do que com o verdadeiro sentimento de honra.

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a solução para o seu concurso!
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A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmo- (D) Em poucas palavras, a ideia principal do projeto consiste
ronamento dos padrões patriarcais tiveram grande repercussão nas em deixar que as correntes oceânicas realizem o trabalho com-
decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes passionais. pleto.
A sociedade brasileira vem se dando conta de que mulheres não (E) Sem mais delongas, a ideia principal do projeto assemelha-
podem ser tratadas como cidadãs de segunda categoria, submeti- -se a deixar que as correntes oceânicas desempenhem hesito-
das ao poder de homens que, com o subterfúgio da sua “paixão”, samente o trabalho.
vinham assumindo o direito de vida e morte sobre elas.
(Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus. São 20. FCC - 2018 - SABESP - Estagiário - Nível Médio- A concordân-
Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim) cia, a ortografia e a acentuação estão plenamente corretas na frase
Considere as orações: que se encontra em:
I. Há crimes ditos passionais. (A) Falta e ausência têm em quaizquer seres humanos.
II. Os agentes desses crimes são por vezes inocentados. (B) Não hão falta e ausência em uma série de individuos.
III. Os inocentados alegam legítima defesa da honra. (C) Não existem falta e ausência como sentimentos humanos.
(D) Todos nós nos sentimos em falta para com o outro as vezes.
Essas orações articulam-se de modo claro, correto e coerente (E) Não haviam falta e ausência em nós quando eramos crian-
neste período único: ças.
(A) São ditos passionais os crimes inocentados, por alegarem os
criminosos, por vezes, legítima defesa da honra.
GABARITO
(B) É a legítima defesa da honra a alegação de que os agentes
de crimes ditos passionais usam ao serem inocentados.
(C) Os inocentados agentes de crimes ditos passionais, alegam
a razão da legítima defesa da honra. 1 D
(D) Ao alegarem legítima defesa da honra, são por vezes ino-
centados os agentes dos crimes ditos passionais. 2 A
(E) São por vezes inocentados, sendo alegado legítima defesa 3 D
da honra, os agentes de crimes ditos passionais.
4 A
19. FCC - 2019 - SANASA Campinas - Técnico de Instrumentação 5 D
- Automação de Processos- 6 E
Diversos países estão propondo alternativas para enfrentar o
problema da poluição oceânica, mas, até o momento, não tomaram 7 A
quaisquer medidas concretas.A organização holandesa The Ocean 8 A
Cleanup resolveu dar um passo à frente e assumir a missão de com-
9 E
bater a poluição oceânica nos próximos anos.
A organização desenvolveu uma tecnologia para erradicar 10 E
os plásticos que poluem os mares do planeta e pretende começar 11 D
a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior coleção de detritos
12 B
marinhos do mundo), no Oceano Pacífico Norte, utilizando seu sis-
tema de limpeza recentemente redesenhado. 13 D
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes 14 E
oceânicas fazer todo o trabalho. Uma rede de telas em forma de
“U” coletaria o plástico flutuante até um ponto central. O plástico 15 A
concentrado poderia, então, ser extraído e enviado à costa maríti- 16 C
ma para fins de reciclagem. 17 E
(Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial.
com) 18 D
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as correntes 19 D
oceânicas fazer todo o trabalho. (3° parágrafo)
20 C
O conteúdo da frase acima está preservado nesta outra reda-
ção, respeitando-se as regras de ortografia e acentuação:
(A) Em sintese, a ideia principal do projeto equivale a deixar
que as correntes oceânicas furtem-se a quaisquer trabalhos.
(B) Para sintetisar, a ideia principal do projeto tem haver com
deixar que as correntes oceânicas executem o trabalho inte-
gralmente.
(C) De modo suscinto, a ideia principal do projeto está em dei-
xar que as correntes oceânicas desempenhem qualquer traba-
lho.

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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS
E PEDAGÓGICOS
Neste patamar de como é descrito a organização do trabalho
PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDA- pedagógico, o planejamento é entendido como instrumento pelo
GÓGICO: PROCESSO DE PLANEJAMENTO, CONCEPÇÃO, qual se estima o modo de elaborar, executar e avaliar os planos de
IMPORTÂNCIA, DIMENSÕES E NÍVEIS; PLANEJAMENTO ensino que organizam o trabalho docente. Porquanto o planeja-
PARTICIPATIVO: CONCEPÇÃO, CONSTRUÇÃO, ACOMPA- mento norteia as possibilidades do processo de ensino aprendiza-
NHAMENTO E AVALIAÇÃO; PLANEJAMENTO ESCOLAR: gem, constituindo-se assim, em um todo ativo, visto que ao falar de
PLANOS DA ESCOLA, DO ENSINO E DA AULA planejamento deve-se inferir como sua característica principal a re-
flexão. São fatores do sucesso do trabalho docente a viabilidade das
ações dispostas no plano de ensino durante o planejamento, que
Os regulamentos de ensino existem como ferramentas que neste contexto é um documento que descreve os procedimentos
confiabilizam o prosseguimento do processo educativo sistematiza- fundamentais do ensino e as respectivas considerações de contro-
do e que, por isso, todas as suas ações têm como intento aprovar os le e projeções indicativas de intervenções diarias realizadas pelos
objetivos que a escola pretendem alcançar, isto denota envergadu- educadores.
ra para ter uma inserção social analítica e modificadora. Portanto, o A partir da ação docente planejada pode-se problematizá-la,
propósito da escola é que as crianças obtenham os conhecimentos ampliar a compreensão teórica sobre esta, elaborando ações estra-
produzidos pela humanidade, ampliem as possibilidades para ope- tégicas compartilhadas para transformá-las. Portanto, a definição
rá-los, transformá-los e redirecioná-los tendo como meta alocar os da direção política da prática educativa decorre da análise crítica da
avanços da civilização a serviço da humanização da sociedade. atual prática educativa, desabrochando numa perspectiva também
Diante disso, o projeto político-pedagógico brota da construção crítica para o futuro trabalho.
coletiva da Educação Escolar. Ele é a tradução maior da organização A reflexão no ato do planejamento em si incube-se de fixar
pedagógica que a escola faz de suas finalidades, a partir das ne- parâmetros e requisitos, que se destinará ao cidadão que se quer
cessidades que lhe estão colocadas diante dos recursos humanos e formar dentro da atual conjuntura da sociedade, prevendo quais
materiais. O projeto político-pedagógico ganha coerência e estabi- as aprendizagens realmente significativas e contextualizadas com
lidade à medida que apresenta a realidade na qual se insere, desta- as quais as crianças terão acesso e evidenciando propriedades de
cando como são organizadas as práticas para trabalhar com sujeitos novos conhecimentos, uma vez que, a ação de obtenção do conhe-
que atenderão, pois seu enfoque é o eixo principal da organização cimento deriva da relação sujeito-objeto-conhecimento, neste sen-
das práticas pedagógicas que serão adotadas pelo educador. tido os aspectos do planejamento são articulados na totalidade das
No ensino da Educação Infantil, as instituições se aparelha de reflexões. Tal premissa do planejamento, ou seja, da organização
forma incisiva com a necessidade social que está culturalmente des- pedagógica nem sempre é adotada por todos os educadores, é o
crita. No âmbito do currículo, há a significação de como se dará a que encontra-se muito no contexto geral da educação, onde profis-
organização do trabalho pedagógico como explicitação do fazer da sionais necessitam restaurar sua compreensão de planificação, ain-
escola e do professor, mostrando que sucedem ações ordenadas e da tida como mera formalidade sistêmica e burocrática, sem ação
amparadas por uma filosofia educacional. E é neste sentido que o coesa, que em linhas gerais restringe-se em um mecanismo nulo.
professor desempenha papel fundamental, visto que ele organizará Em nível pedagógico do sistema educativo o professor é res-
o dia a dia das vivências que as crianças terão acesso na Educa- ponsável pela organização do trabalho docente observando os tra-
ção Infantil, e bem como os procedimentos que as levarão a atingir mites da função maior da escola, o de democratizar os conhecimen-
maiores níveis de desenvolvimento. tos construídos pela humanidade ao longo da história. Na Educação
Falar de organização remete-se a um acompanhamento e con- Infantil os conteúdos programáticos dos eixos oferecem propostas
trole que objetiva detalhar as metas e prioridades dentro do traba- de encaminhamento para alcançar os objetivos traçados pelo edu-
lho docente, ou seja, a organização é uma peça chave que está inti- cador, mediando as crianças a aprenderem e a construírem novos
mamente ligada ao objetivo primordial da escola que é promover o conhecimentos. Nesta direção a organização pedagógica da Educa-
desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. É importante pon- ção Infantil dispõe de alternativas metodológicas como o trabalho
tuar que a organização do trabalho pedagógico se dá em dois níveis: com projetos que ressurge com nova terminologia “Pedagogia de
no da escola como um todo, com seu projeto político pedagógico e Projetos” que adota uma visão global e interdisciplinar dos conteú-
no da sala de aula, incluindo as ações do professor na dinâmica com dos. Os Temas Geradores formam as crianças na exploração de te-
seus alunos, através de seu planejamento e planos de aulas. Este mas cíclicos ou geradores, e os Centros de Interesse que decorre da
trabalho como é mencionado por Libâneo é uma atividade global observação, associação e expressão do agrupamento de conteúdos
da organização que requer diligência e preparação. e atividades em torno de temas centrais.
“O trabalho docente é uma atividade intencional, planejada
conscientemente visando a atingir objetivos de aprendizagem. Por
isso precisa ser estruturado e ordenado”. LIBÃNEO, 1994, p. 96)
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Outro fator essencial na organização do trabalho docente diz Dimensão política – toda ação humana é eminentemente uma
respeito a função desempenhada pela avaliação da aprendizagem. ação política. O planejamento não pode ser uma ação docente en-
Comumente são instrumentos avaliativos encontrados na Educação carada como uma atividade neutra, descompromissada e ingênua.
Infantil os pareceres descritivos, relatórios, fichas comportamen- Mesmo quando o docente “não” planeja, ele traduz uma escolha
tais, etc. Esses mecanismos são geralmente uniformizados adqui- política. A ação de planejar é carregada de intencionalidades, por
rindo assim uma conotação mecânica, onde acata mais os interes- isso, o planejamento deve ser uma ação pedagógica comprometida
ses da família, do que descrevem o real grau de desenvolvimento e consciente.
infantil. Apreender os elementos que compõem a organização pe- Dimensão técnica – o saber técnico é aquele que permite viabi-
dagógica, são centrais na organização do planejamento de ensino, lizar a execução do ensino, é o saber fazer a atividade profissional.
pois cuida da articulação interna que estes fazem, então, as práticas No caso da prática do planejamento educacional, o saber técnico
pedagógicas necessitam ser re-significadas, revendo seus paradig- determina a competência para organizar as ações que serão desen-
mas, conceitos, no movimento da ação-consideração. Diante disso, volvidas com visando à aprendizagem dos alunos. Cabe ao profes-
a avaliação deve ser percebida como estratégia de observação no sor saber fazer, elaborar, organizar a prática docente.
processo individual, que declara com mais precisão as reais con-
quistas nas experiências educativas. E não se pauta em comporta- Momentos ou etapas do planejamento
mentos padronizados, mas em dados relevantes, que encaminham Por ser uma atividade de natureza prática, o planejamento
novas oportunidades de desenvolvimento. organiza-se em etapas sequenciais, que devem ser rigorosamente
Em consonância a todo o exposto, o planejamento como per- respeitadas no ato de planejar:
no que norteia a organização pedagógica do trabalho docente na 1.Diagnóstico sincero da realidade concreta dos alunos. Estudo
Educação Infantil perpassa pelos eixos de conteúdos, as formas de real da escola e a sua relação com todo contexto social que está
organização sistêmica seguida pela instituição e as alternativas de inserida.
avaliação do ensino-aprendizagem. De modo que para compreen- 2. Os alunos e os professores possuem uma experiência social e
der melhor todo esse procedimento da organização é importante cultural que não pode ser ignorada pelo planejamento.
refletir a formação de iniciativas de propostas de inovação e criativi- 3.Organização do trabalho pedagógico. Nesta etapa os elemen-
dade a fim de atingir a operalização de uma prática pedagógica con- tos da Didática são sistematizados através de escolhas intencionais.
textualizada e em conformidade com a realidade de cada criança. Definição de objetivos a serem alcançados, escolha de conteúdos a
Pensar em Educação Infantil implica ponderar que tipo de tra- serem aprendidos pelos alunos e a seleção das atividades, técnicas
balho se pretende desenvolver. Neste sentido, a proposta peda- de ensino, que serão desenvolvidas para que a aprendizagem dos
gógica desenvolvida precisa estar voltada à formação integral das alunos se efetive. Esse momento representa a organização da me-
crianças. Para isso eles devem ser concebidos como seres históricos todologia de ensino.
e sociais, construtores de conhecimento e cultura e que estão em 4. Sistematização do processo de avaliação da aprendizagem.
permanente progresso. Portanto vale lembrar que as práticas peda- Avaliação entendida como um meio, não um fim em si mesma, mas
gógicas destinadas às crianças devem estar sempre em harmonia um meio que acompanha todo processo da metodologia de ensino.
com a realidade das mesmas. A avaliação deve diagnosticar, durante a aplicação da metodologia
Por isso o trabalho docente deve considerar as manifestações de ensino, como os alunos estão aprendendo e o que aprenderam,
culturais, trazidas pela criança, bem como o meio social em que para que a tempo, se for necessário, a metodologia mude seus pro-
ela está inserida. Esta postura do planejamento valoriza cada indi- cedimentos didáticos, favorecendo a reelaboração do ensino, tendo
víduo em suas peculiaridades e acaba por fomentar nele o respeito em vista a efetiva aprendizagem.
e a consideração pelo outro, além de propiciar uma aprendizagem
significativa bem delineada pelo planejamento/plano da prática do- Requisitos para o planejamento do ensino
cente no cotidiano da instituição infantil.1 Agora que estudamos que o planejamento necessita de um
rigor de sistematização das atividades, apresentamos alguns requi-
Planejamento e ação pedagógica: dimensões técnicas e polí- sitos essenciais para o professor realizar um planejamento justo e
ticas do planejamento coerente com seus alunos. Lembre-se, estes requisitos são saberes
Todo planejamento deve retratar a prática pedagógica da esco- adquiridos ao longo da formação de professor, por isso, aproveitem
la e do professor. No entanto, a história da educação brasileira tem ao máximo cada disciplina, cada conteúdo e cada atividade.
demonstrado que o planejamento educacional tem sido uma práti- - Conhecer em profundidade os conceitos centrais e leis gerais
ca desvinculada da realidade social, marcada por uma ação mecâ- da disciplina, conteúdos básicos, bem como dos seus procedimen-
nica, repetitiva e burocrática, contribuindo pouco para mudanças tos investigativos (e como surgiram historicamente na atividade
na qualidade da educação escolar. Por isso, caro(a) aluno(a), ao científica).
estudar esta unidade, reflita sobre a importância do planejamento - Saber avançar das leis gerais para a realidade concreta, enten-
como uma prática crítica e transformadora do pedagogo; por isso, der a complexidade do conhecimento para poder orientar a apren-
faz-se necessário que você compreenda as duas dimensões que dizagem.
constituem o planejamento: - Escolher exemplos concretos e atividades práticas que de-
monstrem os conceitos e leis gerais, os conteúdos e os assuntos de
maneira que todos os entendam.
- Iniciar o ensino do assunto pela realidade concreta (objetos,
fenômenos, visitas, filmes), para que os alunos formulem relações
entre conceitos, ideias- chave, das leis particulares às leis gerais,
1 Fonte: www.webartigos.com para chegar aos conceitos científicos mais complexos.
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

- Saber criar problemas e saber orientá-los (situações de apren- como a formação inicial do professor. Para permanecer planejando
dizagem mais complexas, com maior grau de incerteza que propi- o ensino atualizado, contemporâneo e coerente com seus alunos,
ciam em maior medida a iniciativa e a criatividade do aluno). faz-se necessária a continuação dos estudos através da formação
continuada.
Objetivo da educação e do ensino Quando explico sobre o que ensinar, faço referência aos con-
Toda ação humana tem um propósito orientado e dirigido em teúdos de ensino. A seleção dos conteúdos que farão parte do en-
prol daquilo que se quer alcançar. Assim é a ação docente que deve sino é uma tomada de decisão carregada de intencionalidades. É
ser realizada em função dos objetivos educacionais. Objetivos edu- da responsabilidade do professor escolher os conteúdos que de-
cacionais orientam a tomada de decisão no planejamento, porque senvolverão aprendizagens nos alunos para que estes expliquem a
são proposições que expressam com clareza e objetividade a apren- realidade conscientemente. Deve-se ensinar o que é significativo
dizagem que se espera do aluno. São os objetivos que norteiam a sobre o mundo, a vida, a experiência existencial, as possibilidades
seleção e organização dos conteúdos, a escolha dos procedimentos de mudança, o trabalho, o passado, o presente e o futuro do ho-
metodológicos e definem o que avaliar. mem (MARTINS, 1995.)
Os objetivos são finalidades que pretendemos alcançar. Retra- Veja o que escreve o professor Libâneo sobre os conteúdos de
tam os valores e os ideais educacionais, a aprendizagem dos con- ensino: Conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, ha-
teúdos das ciências, as expectativas e necessidades de um grupo bilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social,
social. Para articularmos os valores gerais da educação (concepção organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimi-
de educação) com as aprendizagens dos conteúdos programáticos lação ativa e aplicação pelos alunos na sua vida prática. Englobam,
e as atividades que o professor pretende desenvolver na sua aula, portanto: conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis cientí-
devemos elaborar os objetivos gerais e os específicos. ficas, regras; habilidades cognoscitivas, modos de atividade, méto-
O objetivo geral expressa propósitos mais amplos acerca da dos de compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho e
função da educação, da escola, do ensino, considerando as exigên- de convivência social; valores convicções, atitudes. São expressos
cias sociais, do desenvolvimento da personalidade ou do desenvol- nos programas oficiais, nos livros didáticos, nos planos de ensino e
vimento profissional dos alunos. Podemos pontuar os seguintes de aula, nas atitudes e convicções do professor, nos exercícios nos
objetivos gerais que orientam a prática dos professores: métodos e forma de organização do ensino. Podemos dizer que os
- A educação escolar deve possibilitar a compreensão do mun- conteúdos retratam a experiência social da humanidade no que se
do e os conteúdos de ensino; instrumentalizar culturalmente os refere a conhecimentos e modos de ação, transformando-se em
professores e os alunos para o exercício consciente da cidadania; instrumentos pelos quais os alunos assimilam, compreendem e en-
- A escola deve garantir o acesso e a qualidade do ensino a to- frentam as exigências teóricas e práticas da vida social. Constituem
dos, garantindo o desenvolvimento das capacidades físicas, men- o objeto de mediação escolar no processo de ensino, no sentido
tais, emocionais dos professores e alunos; de que a assimilação e compreensão dos conhecimentos e modos
- A educação escolar deve formar a capacidade crítica e criativa de ação se convertem em ideias sobre as propriedades e relações
dos conteúdos das matérias de ensino. Sob a responsabilidade do fundamentais da natureza e da sociedade, formando convicções e
professor os alunos desenvolverão o raciocínio investigativo e de critérios de orientação das opções dos alunos frente às atividades
reflexão; teóricas e práticas postas pela vida social (1991, p.128-129).
- O percurso de escolarização visa atender à formação da qua- Desta forma, os conteúdos de ensino junto com a metodologia
lidade de vida humana. Professores e alunos deverão desenvolver são responsáveis pela produção e elaboração das aprendizagens e
uma atitude ética frente ao trabalho, aos estudos, à natureza etc. dos saberes na escola. Libâneo (1991) acrescenta que escolher os
O objetivo específico expressa as expectativas do professor so- conteúdos de ensino não é tarefa fácil; por isso, quanto mais plane-
bre o que deseja obter dos alunos no processo de ensino. Ao iniciar jado, ordenado e esquematizado estiver mais os alunos entenderão
o planejamento, o professor deve analisar e prever quais resultados a sua importância social; porém, a seleção e a organização dos con-
ele pretende obter, com relação à aprendizagem dos alunos. Esta teúdos não se confundem com uma mera listagem.
aprendizagem pode ser da ordem dos conhecimentos, habilidades Cabe ao professor selecionar e organizar o conteúdo devida-
e hábitos, atitudes e convicções, envolvendo aspectos cognitivo, mente planejado para atender às necessidades dos seus alunos.
afetivo, social e motor. Conteúdos de ensino bem selecionados devem atender aos crité-
Os objetivos específicos devem estar vinculados aos objetivos rios de validade, flexibilidade, significação, possibilidade de ela-
gerais, e retratar a realidade concreta da escola, do ensino e dos boração pessoal; sem esses critérios, o professor corre o risco de
alunos. Correspondem às aprendizagens de conteúdos, atitudes e escolher conteúdos sem relevância para seus alunos. Atendendo
comportamentos. aos critérios, o conteúdo terá validade quando apresenta o caráter
científico do conhecimento, e faz parte de um conhecimento que
Seleção e organização dos conteúdos escolares reflete os conceitos, ideias e métodos de uma ciência. O conteúdo
Os estudos da Didática contribuem com o professor, oferecen- será significativo quando expressar de forma coerente os objetivos
do possibilidades de escolher o que ensinar, para que o aluno apren- sociais e pedagógicos da educação, atendendo à formação cultural
da e descubra como aprendeu. Essa é uma habilidade que requer e científica do aluno; eles não são rígidos, são flexíveis. O conteúdo
conhecimento e um compromisso com a realidade do aluno. Neste de ensino está a serviço da aprendizagem dos alunos, e estes o uti-
sentido, o professor deve ter conhecimento do presente e perspec- lizam para explicar a sua realidade. Todo conteúdo de ensino deve
tivas de futuro, tanto pessoal como dos alunos. Em hipótese alguma ser articulado com a experiência social do aluno. Para que haja a
o professor pode se basear na ideia de que deve somente ensinar o possibilidade de elaboração pessoal e o domínio efetivo do conte-
que lhe ensinaram. É neste sentido, que o Curso de Graduação em údo, conhecimento, o ensino não pode se limitar à memorização e
Licenciatura: Pedagogia, Matemática, Geografia etc. é reconhecido repetição de fórmulas e regras. Deve, fundamentalmente, possibi-
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

litar a compreensão teórica e prática através de conhecimentos e o jeito de trabalhar do grupo, e, claro, mostrar os dados da escola
habilidades, obtidas na aula ou obtidas em situações concretas da para todos os docentes, além de apresentar as informações sobre
vida cotidiana (LIBÂNEO, 1991). as turmas para as quais cada um vai lecionar.
Podemos considerar três fontes que o professor deve utilizar
para selecionar os conteúdos de ensino e organizar suas aulas: a Veja o que é importante planejar, discutir, elaborar e definir
primeira é a programação oficial, na qual são fixados os conteúdos nessa primeira semana do ano:
de cada matéria; a segunda são os próprios conhecimentos básicos 1. as diretrizes quanto à organização e à administração da es-
das ciências transformados em matéria de ensino; a terceira são as cola,
exigências teóricas e práticas que emergem da experiência de vida 2. normas gerais de funcionamento da escola,
dos alunos, tendo em vista o mundo do trabalho e a participação 3. atividades coletivas do corpo docente,
democrática na sociedade. 4. o calendário escolar,
5. o período de avaliações,
Planejamento Educacional 6. o conselho de classe,
O Planejamento Educacional, de responsabilidade do estado, 7. as atividades extraclasse,
é o mais amplo, geral e abrangente. Tem a duração de 10 anos e 8. o sistema de acompanhamento e aconselhamento dos alu-
prevê a estruturação e o funcionamento da totalidade do sistema nos e o trabalho com os pais,
educacional. Determina as diretrizes da política nacional de edu- 9. as metas da escola e os passos que precisam ser dados, du-
cação. Segundo Sant’anna (1986), o Planejamento Educacional “é rante o ano, para atingi-las,
um processo contínuo que se preocupa com o para onde ir e quais 10. os projetos realizados no ano anterior,
as maneiras adequadas para chegar lá, tendo em vista a situação 11. os novos projetos que serão desenvolvidos durante o ano,
presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da 12. os temas transversais que serão trabalhados e distribuí-los
educação atenda tanto as necessidades do desenvolvimento da nos meses,
sociedade, quanto as do indivíduo.” É um processo de abordagem 13. revisar o PPP.
racional e científica dos problemas da educação, incluindo definição De acordo com uma pesquisa feita por Vasconcellos (2000), há
de prioridades e levando em conta a relação entre os diversos níveis a descrença na utilidade do planejamento. Ele aponta que alguns
do contexto educacional. professores consideram impossível dar conta da tarefa por diferen-
tes motivos: o trabalho em sala de aula é dinâmico e imprevisível;
Segundo Coaracy (1972), os objetivos do Planejamento Educa- faltam condições mínimas, como tempo; e existe o pensamento de
cional são: que nada vai mudar e, portanto, basta repetir o que já tem sido
1. relacionar o desenvolvimento do sistema educacional com o feito. Há também aqueles que acreditam na importância do plane-
desenvolvimento econômico, social, político e cultural do país, em jamento, mas não concordam com a maneira como é feito.
geral, e de cada comunidade, em particular;
2. estabelecer as condições necessárias para o aperfeiçoamen- Planejamento Curricular
to dos fatores que influem diretamente sobre a eficiência do siste- O Planejamento Curricular tem por objetivo orientar o trabalho
ma educacional (estrutura, administração, financiamento, pessoal, do professor na prática pedagógica da sala de aula. Segundo Coll
conteúdo, procedimentos e instrumentos); (2004), definir o currículo a ser desenvolvido em um ano letivo é
3. alcançar maior coerência interna na determinação dos obje- uma das tarefas mais complexas da prática educativa e de todo o
tivos e nos meios mais adequados para atingi-los; corpo pedagógico das instituições. De acordo com Sacristán (2000),
4. conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do sis- “[...] planejar o currículo para seu desenvolvimento em práticas pe-
tema. dagógicas concretas não só exige ordenar seus componentes para
É condição primordial do processo de planejamento integral da serem aprendidos pelos alunos, mas também prever as próprias
educação que, em nenhum caso, interesses pessoais ou de grupos condições do ensino no contexto escolar ou fora dele. A função
possam desviá-lo de seus fins essenciais que vão contribuir para a mais imediata que os professores devem realizar é a de planejar ou
dignificação do homem e para o desenvolvimento cultural, social e prever a prática do ensino.”
econômico do país. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados por
O PNE - Plano Nacional de Educação é o resultado do Planeja- equipes de especialistas ligadas ao Ministério da Educação (MEC),
mento Educacional da União. O novo Plano Nacional de Educação têm por objetivo estabelecer uma referência curricular e apoiar a
para a próxima década (2011-2020) foi apresentado no dia 15 de revisão e/ou a elaboração da proposta curricular dos Estados ou
dezembro de 2010, pelo ministro da Educação Fernando Haddad ao das escolas integrantes dos sistemas de ensino. Os PCNs são, por-
presidente Lula. O projeto de lei descreve, dentre outras coisas, as tanto, uma proposta do MEC para a eficiência da educação escolar
20 metas para os próximos dez anos. brasileira. São referências a todas as escolas do país para que elas
garantam aos estudantes uma educação básica de qualidade. Seu
Planejamento Escolar objetivo é garantir que crianças e jovens tenham acesso aos co-
Mais um ano se inicia! Um bom Planejamento Escolar feito nhecimentos necessários para a integração na sociedade moderna
na primeira semana do ano letivo, certamente, evitará problemas como cidadãos conscientes, responsáveis e participantes.
futuros. Esse é o objetivo da Semana Pedagógica: reunir gestores, Todavia, a escola não deve simplesmente executar o que é de-
orientadores, supervisores, coordenadores e corpo docente para terminado nos PCNs, mas sim, interpretar e operacionalizar essas
planejarem os próximos 200 dias letivos. É o momento de integrar determinações, adaptando-as de acordo com os objetivos que quer
os professores que estão chegando, colocando-os em contato com alcançar, coerentes com a clientela e de forma que a aprendizagem
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

seja favorecida. Portanto, o planejamento curricular segundo Tur- Planejamento da ação didática.
ra et al. (1995), “[...] deve ser funcional. Deve promover não só a Na prática pedagógica atual o processo de planejamento do
aprendizagem de conteúdo e habilidades específicas, mas também ensino tem sido objeto de constantes indagações quanto à sua vali-
fornecer condições favoráveis à aplicação e integração desses co- dade como efetivo instrumento de melhoria qualitativa do trabalho
nhecimentos. Isto é viável através da proposição de situações que do professor. As razões de tais indagações são múltiplas e se apre-
favoreçam o desenvolvimento das capacidades do aluno para so- sentam em níveis diferentes na prática docente.
lucionar problemas, muitos dos quais comuns no seu dia-a-dia. A A vivência do cotidiano escolar nos tem evidenciado situações
previsão global e sistemática de toda ação a ser desencadeada pela bastante questionáveis nesse sentido. Percebeu-se, de início, que
escola, em consonância com os objetivos educacionais, tendo por os objetivos educacionais propostos nos currículos dos cursos apre-
foco o aluno, constitui o planejamento curricular. Portanto, este ní- sentam-se confusos e desvinculados da realidade social. Os con-
vel de planejamento é relativo à escola. Através dele são estabeleci- teúdos a serem trabalhados, por sua vez, são definidos de forma
das as linhas-mestras que norteiam todo o trabalho[...]. autoritária, pois os professores, via de regra, não participam dessa
tarefa. Nessas condições, tendem a mostrarem-se sem elos signi-
Planejamento de Ensino ficativos com as experiências de vida dos alunos, seus interesses e
O Planejamento de Ensino é a especificação do planejamento necessidades.
curricular. É desenvolvido, basicamente, a partir da ação do profes- Percebe-se também que os recursos disponíveis para o desen-
sor e compete a ele definir os objetivos a serem alcançados, desde volvimento do trabalho didático tendem a ser considerados como
seu programa de trabalho até eventuais e necessárias mudanças simples instrumentos de ilustração das aulas, reduzindo-se dessa
de rumo. Cabe ao professor, também, definir os objetivos a serem forma a equipamentos e objetos, muitas vezes até inadequados aos
alcançados, o conteúdo da matéria, as estratégias de ensino e de objetivos e conteúdos estudados.
avaliação e agir de forma a obter um retorno de seus alunos no Com relação à metodologia utilizada pelo professor, observa-
sentido de redirecionar sua matéria. -se que esta tem se caracterizado pela predominância de atividades
O Planejamento de Ensino não pode ser visto como uma ativi- transmissoras de conhecimentos, com pouco ou nenhum espaço
dade estanque. Segundo Turra et al. (1995), “[...] o professor que para a discussão e a análise crítica dos conteúdos. O aluno sob esta
deseja realizar uma boa atuação docente sabe que deve participar, situação tem se mostrado mais passivo do que ativo e, por decor-
elaborar e organizar planos em diferentes níveis de complexidade rência, seu pensamento criativo tem sido mais bloqueado do que
para atender, em classe, seus alunos. Pelo envolvimento no pro- estimulado. A avaliação da aprendizagem, por outro lado, tem sido
resumida ao ritual das provas periódicas, através das quais é verifi-
cesso ensino-aprendizagem, ele deve estimular a participação do
cada a quantidade de conteúdos assimilada pelo aluno.
aluno, a fim de que este possa, realmente, efetuar uma aprendi-
Completando esse quadro de desacertos, observa-se ainda
zagem tão significativa quanto o permitam suas possibilidades e
que o professor, assumindo sua autoridade institucional, termina
necessidades. O planejamento, neste caso, envolve a previsão de
por direcionar o processo ensino-aprendizagem de forma isolada
resultados desejáveis, assim como também os meios necessários
dos condicionantes históricos presentes na experiência de vida dos
para alcançá-los. A responsabilidade do mestre é imensa. Grande
alunos.
parte da eficácia de seu ensino depende da organicidade, coerência
No contexto acima descrito, o planejamento do ensino tem se
e flexibilidade de seu planejamento.”
apresentado como desvinculado da realidade social, caracterizan-
do-se como uma ação mecânica e burocrática do professor, pouco
O Planejamento de Ensino deve prever: contribuindo para elevar a qualidade da ação pedagógica desenvol-
1. objetivos específicos estabelecidos a partir dos objetivos vida no âmbito escolar.
educacionais; No meio escolar, quando se faz referência a planejamento do
2. conhecimentos a serem aprendidos pelos alunos no sentido ensino, a ideia que passa é aquela que identifica o processo atra-
determinado pelos objetivos; vés do qual são definidos os objetivos, o conteúdo pragmático, os
3. procedimentos e recursos de ensino que estimulam, orien- procedimentos de ensino, os recursos didáticos, a sistemática de
tam e promovem as atividades de aprendizagem; avaliação da aprendizagem, bem como a bibliografia básica a ser
4. procedimentos de avaliação que possibilitem a verificação, consultada no decorrer de um curso, série ou disciplina de estudo.
a qualificação e a apreciação qualitativa dos objetivos propostos, Com efeito, este é o padrão de planejamento adotado pela grande
cumprindo pelo menos a função pedagógico-didática, de diagnósti- maioria dos professores e que, em nome da eficiência do ensino
co e de controle no processo educacional. disseminada pela concepção tecnicista de educação, passou a ser
O resultado desse planejamento é o plano de ensino, um ro- valorizado apenas em sua dimensão técnica.
teiro organizado das unidades didáticas para um ano, um semes- Ao que parece, essa situação dos componentes do plano de
tre ou um bimestre. Esse plano deve conter: ementa da disciplina, ensino de uma maneira fragmentária e desarticulada do todo social
justificativa da disciplina em relação ao objetivos gerais da escola é que tem gerado a concepção de planejamento incapaz de dina-
e do curso, objetivos gerais, objetivos específicos, conteúdo (com mizar e facilitar o trabalho didático. Consideramos, contudo, que
a divisão temática de cada unidade), tempo provável (número de numa perspectiva trasformadora, ou seja, o processo de planeja-
aulas do período de abrangência do plano), desenvolvimento meto- mento visto sob uma perspectiva crítica de educação, passa a extra-
dológico (métodos e técnicas pedagógicas específicas da disciplina), polar a simple tarefa de se elaborar um documento contendo todos
recursos tecnológicos, formas de avaliação e referencial teórico (li- os componentes tecnicamente recomendáveis.
vros, documentos, sites etc). Do plano de ensino resultará, ainda, o
plano de aula, onde o professor vai especificar as realizações diárias
para a concretização dos planos anteriores.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Após analisarmos os aspectos do processo de planejamento, Nesse sentido trivial, qualquer indivíduo razoavelmente equi-
faremos agora uma síntese do didatismo no planejamento. librado é um planejador [...]. Não há uma ‘ciência do planejamen-
Quando falamos em planejar o ensino, ou a ação didática, es- to’ nem mesmo há métodos de planejamentos gerais e abstratos
tamos prevendo as ações e os procedimentos que o professor vai que possam ser aplicados a tantas variedades de situações sociais e
realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades discen- educacionais principalmente se considerarmos a natureza política,
tes e da experiência de aprendizagem, visando atingir os objetivos histórica, cultural, econômica etc. (AZANHA, 1993, p. 70-78).
educacionais estabelecidos. Nesse sentido, o planejamento de ensi- - Planejamento é um processo de busca de equilíbrio entre
no torna-se a operacionalização do currículo escolar. meios e fins, entre recursos e objetivos, na busca da melhoria do
Assim, no que se refere ao aspecto didático, segundo HAIDT funcionamento do sistema educacional. Como processo o planeja-
(1995), planejar é: mento não corre em um momento do ano, mas a cada dia. A reali-
- Analisar as características da clientela (aspirações, necessida- dade educacional é dinâmica. Os problemas, as reivindicações não
des e possibilidades dos alunos); têm hora nem lugar para se manifestarem. Assim, decide-se a cada
- Refletir sobre os recursos disponíveis; dia a cada hora (SOBRINHO, 1994, p.3).
- Definir os objetivos educacionais considerados mais adequa- - Planejamento é um “processo de tomada de decisão sobre
dos para a clientela em questão; uma ação. Processo que num planejamento coletivo (que é nossa
- Selecionar e estruturar os conteúdos a serem assimilados, meta) envolve busca de informações, elaboração de propostas, en-
distribuídos ao longo do tempo disponível para o seu desenvolvi- contro de discussões, reunião de decisão, avaliação permanente”
mento; (MST, 1995, p.5).
- Prever e organizar os procedimentos do professor, bem como - Planejamento é processo de reflexão, de tomada de decisão
as atividades e experiências de construção do conhecimento con- [...] enquanto processo, ele é permanente (VASCONCELOS, 1995,
sideradas mais adequadas para a consecução dos objetivos esta- p.43).
belecidos; Em síntese, o planejamento é uma tomada de decisão siste-
- Prever e escolher os recursos de ensino mais adequados para matizada, racionalmente organizada sobre a educação, o educando,
estimular a participação dos alunos nas atividades de aprendiza- o ensino, o educador, as matérias, as disciplinas, os conteúdos, os
gem; métodos e técnicas de ensino, a organização administrativa da es-
- E prever os procedimentos de avaliação mais condizentes com cola e sobre a comunidade escolar.
os objetivos propostos. O planejamento da educação é composto por diferentes níveis
O planejamento didático também é um processo que envolve de organização. Assim, podemos pensar em nível macro no Planeja-
operações mentais, como: analisar, refletir, definir, selecionar, es- mento do Sistema de Educação, que corresponde ao planejamento
truturar, distribuir ao longo do tempo, e prever formas de agir e da educação em âmbito nacional, estadual e municipal. Este plane-
organizar. O processo de planejamento da ação docente é o plano jamento elabora, incorpora e reflete as políticas educacionais.
didático. Em geral, o plano didático assume a forma de um docu- O planejamento global da escola corresponde às ações sobre o
mento escrito, pois é o registro das conclusões do processo de pre- funcionamento administrativo e pedagógico da escola; para tanto,
visão das atividades docentes e discentes. este planejamento necessita da participação em conjunto da comu-
Outro aspecto a ser lembrado é que o plano é apenas um ro- nidade escolar. Nos dias atuais, em que o trabalho pedagógico tem
teiro, um instrumento de referência e, como tal, é abreviado, es- sido solicitado em forma de projeto, o planejamento escolar pode
quemático, sem colorido e aparentemente sem vida. Compete ao estar contido no Projeto Político Pedagógico – PPP, ou no Plano de
professor que o confeccionou dar-lhe vida, relevo e colorido no ato Desenvolvimento Escolar – PDE.
de sua execução, impregnando-o de sua personalidade e entusias- O planejamento curricular é a organização da dinâmica escolar.
mo, enriquecendo-o com sua habilidade e expressividade. É um instrumento que sistematiza as ações escolares do espaço físi-
Planejamento participativo e organização do trabalho docen- co às avaliações da aprendizagem.
te O planejamento de ensino envolve a organização das ações dos
O planejamento é um processo de sistematização e organiza- educadores durante o processo de ensino, integrando professores,
ção das ações do professor. É um instrumento da racionalização do coordenadores e alunos na elaboração de uma proposta de ensino,
trabalho pedagógico que articula a atividade escolar com os con- que será projetada para o ano letivo e constantemente avaliada.
teúdos do contexto social (LIBÂNEO, 1991). O ato de planejar está O planejamento de aula organiza ações referentes ao trabalho na
presente em todos os momentos da vida humana. A todo o mo- sala de aula. É o que o professor prepara para o desenvolvimento
mento as pessoas são obrigadas a planejar, a tomar decisões que, da aprendizagem de seus alunos coerentemente articulado com o
em alguns momentos, são definidas a partir de improvisações; em planejamento curricular, com o planejamento escolar e com o pla-
outros, são decididas partindo de ações previamente organizadas nejamento de ensino.2
(KENSKI, 1995).
- O significado do termo ‘planejamento’ é muito ambíguo, mas
no seu uso trivial ele compreende a ideia de que sem um mínimo
de conhecimento das condições existentes numa determinada situ-
ação e sem um esforço de previsões das alterações possíveis desta
situação nenhuma ação de mudança será eficaz e eficiente, ainda
que haja clareza dos objetivos dessa ação.

2 Fonte: www.rcolacique.files.wordpress.com/www.educamoc.com.br/www.
educador.brasilescola.uol.com.br – Por Eliane da Costa Bruini
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

O currículo surge, então, em uma dimensão ampla que o en-


CURRÍCULO DO PROPOSTO À PRÁTICA tende em sua função socializadora e cultural, bem como forma de
apropriação da experiência social acumulada e trabalhada a partir
do conhecimento formal que a escola escolhe, organiza e propõe
A palavra currículo deriva do latim curriculum (originada do como centro as atividades escolares.
verbo latino currere, que significa correr) e refere-se ao curso, à Atualmente, verifica-se que ainda há professores/educadores,
rota, ao caminho da vida ou das atividades de uma pessoa ou grupo que demostram compreender o currículo escolar, como, uma área
de pessoas (GORDON apud FERRAÇO, 2005, p. 54). Já, conforme meramente técnica, passiva/ neutra. Segundo Moreira e Silva (1994,
o Dicionário Aurélio da língua portuguesa, Ferreira (1986, p. 512), p. 7), o currículo tem que possuir uma “tradição” crítica, pois:
define-se currículo como “a parte de um curso literário, as matérias O currículo há muito tempo deixou de ser apenas uma área
constantes de um curso”. De acordo com Zotti (2008), o termo foi meramente técnica, voltada para questões relativas a procedimen-
utilizado pela primeira vez, para caracterizar um plano estruturado tos, técnicas, métodos. Já se pode falar agora em uma tradição
de estudos, em 1963, no Oxford English Dictionary. crítica de currículo, guiada por questões sociológicas, políticas e
É importante repensar, a função socializadora que o currículo epistemológicas. Embora questões relativas ao currículo continuem
escolar deve exercer no âmbito educacional. Analisa-se contem- importantes, elas só adquirem sentido dentro de uma perspectiva
poraneamente, que o currículo escolar não pode ser visto e nem que as considere em sua relação com questões que perguntem pelo
compreendido, como, um “acúmulo” de disciplinas isoladas, frag- “por que” das formas de organização do conhecimento escolar.
mentadas, com conteúdos apresentados de modo tradicional, e É interessante recordar, que as definições de currículo até o sé-
transmitidos sem reflexão pelo professor/educador em sala de culo XIX, referiam-se restritamente á matéria, conforme indica Zotti
aula. Verifica-se, que o currículo escolar é histórico, e vai além de (2008):
conteúdos e disciplinas, sendo que o currículo deve que ser elabo- Inserido no campo pedagógico, o termo passou por diversas
rado de forma a oportunizar condições de conhecimentos para os definições ao longo da história da educação. Tradicionalmente o
educandos, na busca de abranger e atender as diversas realidades currículo significou uma relação de matérias/disciplinas com seu
sociais existentes, de maneira ampla, real, significativa, reflexiva, corpo de conhecimento organizado numa sequência lógica, com o
dinâmica, democrática, inclusiva, ética e moral. respectivo tempo de cada uma (grade ou matriz curricular). Esta co-
Discutir sobre o currículo escolar na contemporaneidade, é de notação guarda estreita relação com o “plano de estudos”, tratado
fato, analisar profundamente o sistema educacional, como tam- como o conjunto das matérias a serem ensinadas em cada curso ou
bém, o que o ser humano produziu e contínua produzindo ao longo série e o tempo reservado a cada uma.
do tempo, tempo esse, chamado história. Portanto, é necessário Após o século XIX, o significado de currículo vai tomado outra
buscar compreender os conhecimentos elaborados e apropriados proporção, o que inclui não apenas o conhecimento escolar, mas
por todos os membros da sociedade, assim como, as diversas cultu- também, as experiências de aprendizagem. Sendo assim, o currícu-
ras existentes, ampliadas gradativamente ou até mesmo modifica- lo envolve tanto a construção, quanto o aprimoramento necessá-
das de geração em geração. rio para o desenvolvimento do sujeito. Segundo Moreira e Candau
O currículo é transformação, não apenas no que se refere a (2008, p. 18).
mudar o sentido, de ir por outro caminho, mas de buscar novas al- Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços pedagó-
ternativas, novas soluções, novas metas e novas conquistas. O cur- gicos desenvolvidos com as intenções educativas. Por esse motivo,
rículo consiste em transformar o impreciso em conhecido, e tal fato, a palavra tem sido usada para todo e qualquer espaço organizado
envolve um ensino-aprendizagem qualitativo. para afetar e educar pessoas, o que explica o uso de expressões
O currículo nunca é simplesmente uma montagem neutra de como o currículo da mídia, o currículo da prisão etc. Nós, contudo,
conhecimentos, que de alguma forma aparece nos livros e nas salas estamos empregando a palavra currículo apenas para nos referir-
de aula de um país. Sempre parte de uma tradição seletiva, da se- mos ás atividades organizadas por instituições escolares. Ou seja,
leção feita por alguém, as visões que algum grupo tem do que seja para nos referirmos á escola.
o conhecimento legítimo. Ele é produzido pelos conflitos, tensões Podemos entender, que ao falarmos de currículo, estamos tra-
e compromissos culturais, políticos e econômicos que organizam e tando da escola, ou seja, a maneira como os conteúdos são dosados
desorganizam um povo. (APLLE, 2000, p. 53) e sequenciados no processo pedagógico. Não existe um currículo
O currículo representa a caminhada que o sujeito irá fazer ao único a ser seguido por todas as instituições brasileiras, pois em
longo de sua vida escolar, tanto em relação aos conteúdos apropria- seu art. 26 a Lei n° 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
dos, quanto ás atividades realizadas sob a sistematização da escola. cação Nacional – LDBEN), define disciplinas de Base Nacional co-
Nesse sentido, Sácristán e Gómez (1998, p. 125), afirmam que “a mum, àquelas que devem ser ensinada em todo o país, e uma parte
escolaridade é um percurso para alunos/as, e o currículo é seu re- diversificada, aquela exigida pelas características regionais e locais
cheio, seu conteúdo, o guia de seu progresso pela escolaridade”. da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Dessa forma,
No contexto escolar, o currículo deve ter uma função formati- a Base Nacional Comum é o conjunto mínimo de conteúdos arti-
va, educativa, social e cultural. O currículo escolar, como prática de culados a aspectos da cidadania. Por ser obrigatória nos currículos
transformação da realidade e do conhecimento concreto, precisa nacionais, a Base Nacional Comum deve predominar em relação à
ser debatido e refletido constantemente, por todos aqueles que parte diversificada.
compõem a equipe escolar, onde, todos os profissionais da escola
devem estar preparados para entenderem, que o currículo é essen-
cial na práxis pedagógica e na vida escolar, social e cultural de todos
os alunos que chegam até a escola em busca de conhecimentos sig-
nificativos. De acordo com Krug (2001, p. 56).
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

De acordo com o parecer CNE/CEB 4/98, que estabelece dire- É necessário refletir, sobre as diversas atividades elaboradas em
trizes curriculares para o Ensino Fundamental, a parte diversificada algumas escolas, onde, se observa a carga horária extensa utilizada
“envolve os conteúdos complementares, escolhidos por cada siste- para a realização de atividades festivas/ comemorativas no âmbito
ma de ensino e estabelecimentos escolares, integrados à Base Na- educacional. Sabe-se, que há muitas datas comemorativas que as
cional Comum, de acordo com as características regionais e locais escolas adquirem como uma “tradição popular”, datas essas, que
da sociedade, da cultura e da economia, refletindo-se, portanto, na começam a ser celebradas no início do ano no mês de fevereiro, no
Proposta Pedagógica de cada escola, conforme o artigo 26”. (BRA- momento em que os alunos voltam ás aulas, sendo que tais cele-
SIL, 1992) brações só se encerram no mês de dezembro, e assim finaliza-se o
Além disso, ela constitui uma ampla faixa do currículo em que a ano, com um “recheio de festividades, sem reflexão para a vida hu-
escola pode exercitar toda a sua criatividade, no sentido de atender mana dos alunos”. É preciso ressaltar, que nem tudo que acontece
às reais necessidades de seus alunos, considerando as característi- ou realiza-se na escola, pode ser considerado do currículo escolar,
cas culturais e econômicas da comunidade que atua, construindo-a, isso pelo fato, que inúmeras vezes, não há uma reflexão intencional
essencialmente, mediante o desenvolvimento de projetos e ativi- sobre as atividades elaboradas dentro do contexto educacional.
dades de interesse. A parte diversificada pode tanto ser utilizada Saviani (2000), ao tratar sobre os conteúdos que são trabalha-
para aprofundar elementos da Base Nacional Comum, como para dos na escola, afirma que, muitas vezes, os professores dedicam
introduzir novos elementos, sempre de acordo com as necessida- bastante tempo ás questões secundárias em detrimento da real
des. No Ensino Médio, é um espaço em que pode ser iniciada a necessidade da escola. Perde-se, muito tempo com atividades des-
formação profissional, mediante o oferecimento de componentes contextualizadas, como, por exemplo, as diversas comemorações
curriculares passíveis de aproveitamento em curso técnico da área realizadas durante o ano letivo, que seguem desde o carnaval até as
correspondente. festas natalinas. Essas atividades, em sua maioria, partem de ações
Se para a escola é importante poder contar com uma parcela isoladas, não vinculadas ao planejamento, e com uma concepção
do currículo livremente estabelecida, para o aluno essa pode ser de cunho ideológico que relegam para segundo plano as questões
uma importante oportunidade de participar ativamente da seleção históricas que permeiam tais festividades.
de um plano de estudos. Isso pode acontecer na escolha de discipli- Segundo o mesmo autor, a escola poderia dedicar seu tem-
nas optativas ou facultativas, por exemplo. “As disciplinas optativas po para a apropriação do saber científico. Nas palavras de Saviani
são aquelas que, sendo obrigatórias, admitem que o aluno esco- (2000, p. 1):
lha entre as alternativas disponíveis, não podendo, porém, deixar Dou apenas um exemplo: o ano letivo começa em fevereiro e
de fazê-las […] A disciplinas facultativas são aquelas que o aluno logo temos a semana do índio, a semana santa, a semana das mães,
acrescenta a um plano de estudos que já satisfaz os mínimos exi- semana do folclore, as festas juninas, em agosto vem à semana do
gidos pela escola.” (BRASIL, 2006). Ou seja, a disciplinas optativas soldado, depois a semana da Pátria, a semana da árvore, os jogos
fazem parte da base curricular obrigatória, enquanto as disciplinas da primavera, semana da criança, festa do professor, do funcionário
facultativas podem ser escolhidas livremente para complementar público, semana da asa, semana da República, festa da bandeira, e
o currículo. nesse momento já chegamos ao final de novembro. O ano letivo se
Contudo, a lei indica que compete á escola elaboração de sua encerra e estamos diante da seguinte constatação: fez-se tudo na
proposta pedagógica. Em continuação, a Lei de Diretrizes e Bases escola; encontrou-se tempo para toda espécie de comemoração,
da Educação Nacional (LDBEN), identifica os delineamentos gerais mas muito pouco tempo foi destinado ao processo de transmis-
para a organização do trabalho pedagógico nas escolas. No art. 27 são-assimilação de conhecimentos sistematizados. Mas, pode-se
da lei que trata da educação básica, podemos destacar as seguintes perguntar: qual é o problema? Se tudo é currículo, se tudo o que
diretrizes no que se refere aos conteúdos dos currículos escolares a escola faz é importante, se tudo concorre para o crescimento e
da educação básica. aprendizagem dos alunos, então tudo o que faz é válido e a escola
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observa- não deixou de cumprir sua função educativa. No entanto, o que se
rão ainda, as seguintes Diretrizes: constata é que, de semana em semana, de comemoração em come-
I – a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos moração a verdade é que a escola perdeu de vista a sua atividade
direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e á nuclear que é a de propiciar aos alunos a aquisição dos instrumen-
ordem democrática: tos de acesso ao saber elaborado.
II – consideração das condições de escolaridade dos alunos em É imprescindível repensar, a ideia crítica do autor Saviani (2000),
cada estabelecimento: ideia essa, que permite analisar de fato, que a escola dispõe sim, de
III – orientação para o trabalho; muito tempo para atividades comemorativas, fragilizadas e secun-
IV – promoção do desporto educacional e apoio ás práticas dárias. É importante acrescentar, que ninguém está afirmando que
desportivas não formais. essas atividades são desnecessárias no contexto escolar, muito pelo
O currículo escolar é um elemento enriquecedor do trabalho contrário, as atividades comemorativas, históricas e culturais, tem
do professor/educador no contexto formal e no contexto não for- que ser realizada, vivenciada, praticada e compreendida verdadei-
mal. O currículo é de suma importância para a vida e para o plane- ramente pelos discentes no ambiente escolar, onde tais atividades
jamento do docente, pois é o currículo que possibilita ao profes- devem ser praticadas de uma maneira mais real e reflexiva, e não
sor uma organização fixa dos conteúdos e das atividades de forma apenas do professor chegar à sala de aula e disser para os alunos,
clara, crítica, autônoma, reflexiva, ativa e democrática no contexto por exemplo: “hoje comemoramos o dia do índio, vamos colorir em
escolar, sendo o currículo, um recurso em prol ao ensino-aprendiza- folha de papel sulfite, a aldeia, a qual representa a comunidade dos
gem e ao desenvolvimento significativo dos discentes na sociedade. povos indígenas”. Nota-se, que só dos alunos saber que tal data co-
memora-se o dia do índio, e que a aldeia representa a comunidade
dos povos indígenas, não vai contribuir para a aprendizagem dos
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

discentes, muito menos para ampliar qualquer conhecimento ou no ambiente escolar; e do professor, para o correto aproveitamento
entendimento, pois, o assunto precisa ser exemplificado, a história da carga horária de seu contrato de trabalho. Além disso, é neces-
precisa ser contada com valores, ensinamentos, princípios e princi- sário distribuir, ao longo dos diferentes anos letivos – seja qual for a
palmente com reflexão e análise crítica. organização adotada na escola, em séries semestrais, anuais, por ci-
Não há como negar, que há um distanciamento das atividades clos, etapas ou módulos – os conteúdos programáticos, a planejada
escolares com a realidade social dos discentes, a escola e os profes- complexificação de atividades e a crescente autonomia dos alunos
sores/educadores, precisam propor metodologias de ensino mais no desenvolvimento de tarefas, aquisição de habilidades e demons-
concreta, como também, estar mais abertos ao diálogo, na busca de tração de competências (BRASIL, 2006).
obter uma conversa sensibilizada com os pais e com os educandos A escola quando segue passo a passo o calendário tradicional,
que chegam até a escola, na tentativa de conhecer concretamente e uma grade curricular baseada em conteúdos e disciplinas isola-
a realidade dos discentes, para então, poder oferecer uma apren- das, causa á impressão, que tal escola pouco se preocupa, ou se
dizagem de qualidade, sendo que esta aprendizagem deve atender quer, reflete sobre a aprendizagem e as dificuldades encontradas
as necessidades e as diversas realidades dos alunos em processo de no ensino dos alunos, como também, no desenvolvimento cientí-
escolarização. fico, social, cultural, e ativo dos discentes na sociedade, pois além
Contudo, observa-se que tais atividades comemorativas de- de atividades comemorativas, os discentes precisam primeiramen-
vem ter certos limites, pois é muitas comemorações de fevereiro te de um ensino-aprendizagem concreto, significativo, qualitativo,
á dezembro na escola. Não há como contrariar a opinião do autor democrático, autônomo e inclusivo nos diversos contextos sociais.
Saviani (2000), quando o mesmo afirma que a escola desperdiça O currículo escolar quando bem elaborado pela comunidade
muito tempo com atividades comemorativas e secundárias. Se pa- escolar, este busca atender há diversidade cultural presente na
rarmos para refletir, e analisar concretamente cada data festiva que escola, e ao mesmo, oferece um conjunto significativo de conhe-
a escola comemora, e não consegue se “desligar um pouco”, nem cimentos, o qual deve ser compreendido de maneira democrática
mesmo, deixar de lado nenhuma comemoração, certamente, en- no contexto escolar, pois quando o currículo apresenta conteúdos
tenderemos a carga horária esbanjada com atividades repetitivas passivos, certamente, é porque a escola também é passiva frente
todo ano no contexto escolar, ano após ano, as atividades comemo- ao processo de aprendizagem. A escola deve lutar incansavelmente
rativas seguem o mesmo padrão, isto é, comemoração de fevereiro pela formação da consciência humana, científica, e não apenas de-
há dezembro. Diante desse fato, é possível entender também, as sempenhar a tarefa de preparar os discentes para ás necessidades
muitas dificuldades de aprendizagem que tantos alunos enfrentam do mercado de trabalho, pois nessa ênfase do trabalho, a escola
durante o ano todo na escola, pois com tantas comemorações e não é capaz de formar seus alunos para a cidadania, nem mesmo,
festividades, o tempo para reflexão e para a assimilação concreta oportuniza aos educandos, o entendimento e a compreensão de
do conhecimento, é limitado. seus direitos e deveres enquanto pessoas humanas.
Exemplo: as comemorações de festas juninas parecem ser sim- Sobre essa questão, Wihby, Favaro e Lima (2007, p. 13) pro-
ples, rotineiras, com pouco tempo de ensaio, mas, se vamos á qual- põem:
quer escola, e acompanhamos a turma, o professor/educador nos A luta pela garantia de uma escola pública da melhor qualida-
ensaios, nas danças, no entendimento por parte dos alunos sobre de possível nas condições históricas atuais, que supere os projetos
como dançar e entender a música apresentada pelo educador, nes- pedagógicos capitalistas, o paradigma do mercado aplicado á edu-
se tempo, pode-se observar quantas horas e quantas aulas se aca- cação, indo além da função de preparar para o mercado de trabalho
bam apenas de explicações que se faz necessário para a concretiza- ou universidade. O objetivo deve ser o de assegurar aos indivíduos
ção da dança e para a compreensão da música. Nas festas juninas, a apropriação dos conhecimentos sistematizados, ou seja, da ciên-
é interessante lembrar, que o ensaio por turma pode levar até um cia, propiciando o desenvolvimento de uma concepção mais elabo-
mês, obvio que não é ensaiado todo dia na escola, mas é claro, que rada de mundo, que possibilite sua compreensão, a apreensão de
é ensaiado pelo menos duas vezes por semana. suas múltiplas e complexas dimensões, para uma atuação humana
Obviamente, essa cultura curricular instalada dentro das es- mais racional e consciente.
colas, prejudica gradativamente o desenvolvimento científico dos Nesse sentido, analisa-se que currículo escolar deve ser mais
alunos, a qual precisa ser modificada tempo ao tempo. É quase bem elaborado na escola, pois o currículo é um conjunto de co-
“normal” visualizarmos ou lermos em jornais, livros ou revistas, o nhecimentos em prol ao ensino-aprendizagem dos educandos, e
quanto é constante em algumas escolas, os alunos não aprenderem quando o mesmo é bem planejado, organizado e elaborado cole-
nem o básico dos valores humanos e educacionais, para então, po- tivamente por todos no contexto escolar, certamente os conheci-
derem viver bem em sociedade. Infelizmente, o ensino-aprendiza- mentos serão muito mais abrangentes, qualitativos e gratificantes
gem está muito fragilizado, passivo, fragmentado, e precisa sim, de para todos que fazem parte do processo do aprender-aprender. O
uma reestruturação na aprendizagem escolar de todos os alunos. que se analisa muitas vezes são instituições escolares que não sa-
A carga horária para atividades comemorativas no contexto esco- bem fazer um bom uso do currículo escolar, onde acabam desvalori-
lar deve ser levada em conta, isto é, precisa ser diminuída, pois, zando o mesmo, ou fragmentando-o. Contudo, a escola passiva que
se refletirmos um pouco sobre tantas comemorações o ano todo, não valoriza o currículo como fundamental na práxis pedagógica,
chegaremos à conclusão, que a escola não precisa comemorar cada obviamente não consegue formar cidadãos críticos, não humaniza,
data festiva, como destacada no calendário tradicionalmente. não sensibiliza para com o respeito ás diferenças, nem ativa o pen-
Na estruturação do currículo é importante a apropriada admi- samento crítico/ reflexivo dos discentes, assim como não atende
nistração do tempo: da escola, no que diz respeito ao cumprimento aos interesses da comunidade, e muito menos, dos alunos em pro-
do ano letivo, do aluno, otimizando a utilização de sua permanência cesso de aprendizagem e conhecimento.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Diante desse fato, pode-se afirmar, que quando há na esco- Certamente, saberemos as repostas, se um dia questionados,
la um ensino-aprendizagem sem estratégia, sem estrutura e sem pois, nossos bisavôs, avôs ou qualquer outra pessoa mais de idade,
reflexão para o desenvolvimento humano, certamente tal ensino, nos acrescentaram fatos, ou contaram algumas histórias sobre o
deve ser excluído totalmente da escola e da vida de todos que com- tempo vívido por elas e por sua família.
põem o espaço formal. Resumindo a tal reflexão, tantas pessoas não estudaram déca-
O currículo escolar como um eixo na concretização de objetivos das atrás por falta de oportunidades concretas no sistema de ensi-
educacionais no, da dificuldade de transporte que não existia, da pobreza extre-
O currículo escolar é muito significativo na prática educativa, ma que viviam tais pessoas, sendo que hoje, muitos não se dedicam
no dia-a-dia no âmbito educacional, sendo o currículo, um eixo para e não estudam por falta de interesse e não de oportunidade, essa
a consecução/realização dos objetivos propostos pela escola. O cur- é uma real e triste situação a qual enfrentamos na sociedade con-
rículo escolar faz parte da história da educação brasileira, portanto temporânea.
o currículo é histórico, o qual passou por debates, transformações, É essencial relembrar, que ao final da Primeira República 80%
alterações, e modificações inúmeras vezes no contexto educacional. da população brasileira era analfabeta. Como comentado acima, es-
Contemporaneamente, o currículo escolar tem um importante ses oitenta por cento, pode-se concluir, que eram pessoas da classe
papel no ambiente formal, pois o currículo é uma ferramenta in- trabalhadora, do proletariado, as quais não tinham acesso á educa-
dispensável e essencial ao conhecimento e á transformação social, ção, muito menos oportunidade para concretizar os seus estudos.
cultural, educacional e no ensino de crianças, jovens e adultos. O Desde então, com a maioria da população sem saber ler, escrever
currículo deve ter uma base e uma estrutura coletiva, inclusiva e e fazer cálculos, o espanto e preocupação por parte do governo de
jamais neutra. Por vez, o currículo deve propiciar ao aluno o acesso Getúlio Vargas foi ampla, pois o governo desejava a prosperidade/
ao conjunto de conhecimentos historicamente produzidos, tanto crescimento do país, e com um povo analfabeto, Getúlio Vargas
para a vida escolar do educando, quanto para vida social do mesmo. jamais conseguiria a tão sonhada prosperidade para o Brasil. Por-
O currículo tem que ser olhado pelos educadores de forma diferen- tanto, em 1930, o governo do então Presidente Getúlio Vargas, con-
ciada, bem mais que uma simples grade curricular a ser cumprida, siderou a educação como fundamental para a qualificação do tra-
mas um compromisso ético no ensino-aprendizagem, na busca de balho e para a formação da pessoa humana, oferecendo educação
investigar e refletir sobre questões de natureza teórica e prática que pública gratuita para todos. Contudo, observa-se que a educação
norteiam a prática pedagógica voltada a atender as demandas da escolar começou há se desenvolver com mais prioridade, durante o
atualidade, e principalmente a diversidade cultural presente nas governo de Getúlio Vargas, onde, ocorreu o processo de urbaniza-
instituições de ensino. ção e industrialização do Brasil, sendo que o trabalho e a educação
O currículo escolar, sempre foi um elemento fundamental para passaram a ser necessário para o crescimento significativo do país.
as decisões e reflexões da prática pedagógica no contexto escolar. É Percebe-se, então, que o currículo escolar tem finalidades po-
imprescindível, relatar um pouco da história da educação, onde se líticas muito precisas. Zotti (2004), afirma que os currículos oficiais
analisa que, o primeiro modelo de educação brasileira foi caracte- foram elaborados ao longo da história, para atenderem ás deman-
rizado pelos jesuítas, os quais chegaram ao Brasil no ano de 1549, das econômicas. Nesse sentido, todas as mudanças no campo cur-
e trouxeram consigo um programa de educação bem definido, ricular que já foram realizadas seguiram os interesses políticos do
chamado Ratio Studiorum. A educação jesuítica era baseada num modelo econômico vigente. A autora nos conduz a refletir sobre as
ensino fragmentado, descontextualizado da realidade, e ideológico implicações político-econômicas que subsidiaram a construção dos
com base no método tradicional, sendo que esse método de ensino currículos oficiais durante toda a história da educação brasileira.
tradicional valorizava á memorização, a aprovação, o rendimento Essa maneira de pensar o currículo dá origem a questionamentos
quantitativo e a decoreba dos alunos, onde, apenas o professor/ sobre o que já foi estabelecido no campo curricular, as possíveis
educador “era o dono do saber”, ou seja, a pessoa que possuía todo ideologias ocultas e as contradições eminentes, quando se compara
e qualquer ensinamento/ conhecimento, sendo o professor o trans- o discurso pedagógico com a realidade escolar.
missor dos conhecimentos fragmentados, sem reflexão nenhuma Nesse enfoque, a escola, juntamente com os professores/edu-
para com a vida dos discentes. O período jesuítico durou 210 anos cadores e a comunidade escolar em geral, deve analisar a consecu-
no Brasil, nessa época, o período foi marcado como educação je- ção do currículo na busca de objetivos específicos no âmbito educa-
suítica, onde as disciplinas e os conteúdos escolares, já eram orga- cional, na intenção de oferecer novas possibilidades, aos alunos, e
nizados de forma a manter certa distância com realidade dos fatos. ao mesmo tempo, criar oportunidades para todos através da apren-
É essencial lembrar, que o termo currículo não se falava no ensino dizagem, sendo que o ensino tem que ser comprometido com os
dos jesuítas, pois o termo apareceu somente no ano de 1963, isto é, interesses de toda a sociedade, principalmente com os interesses,
no tempo jesuítico em 1549, os mesmos obtinham uma educação e as diversas realidades dos discentes. O professor educador tem
tradicional e moral, baseada em uma grade de disciplinas estabele- um papel fundamental na elaboração do currículo na escola, sendo
cidas pelos próprios jesuítas, disciplinas essas, que contemporane- que o mesmo deve sempre se envolver nos assuntos escolares. Para
amente, entendemos por currículo escolar. Moreira e Candau (2007).
É comum ouvirmos, as pessoas mais de idade falar, que no sé- O currículo é, em outras palavras, o coração da escola, o espa-
culo passado ou nos “tempos mais severos”, tudo era mais difícil ço central em que todos atuamos o que nos torna, nos diferentes
para as pessoas, podemos então pensar no passado, e refletir niti- níveis do processo educacional, responsáveis por sua elaboração.
damente, como por exemplo: como era a oportunidade de estudo O papel do educador no processo curricular é, assim, fundamental.
de tantas pessoas há décadas atrás? Ou, como era a vida das pes- Ele é um dos grandes artífices, queira ou não, da construção dos
soas antigamente era mais benéfica ou mais rigorosa que a nossa currículos construídos que sistematizam nas escolas e nas salas de
hoje? aula. (MOREIRA e CANDAU, 2007, p. 19).

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O currículo escolar contemporaneamente está muito fragmen- tivas, econômicas, culturais, sociais, escolares…) na base das quais
tado, e sem relação nenhuma para com a vida dos discentes que existe interesses concretos e responsabilidades compartilhadas.
chegam até a escola. Analisa-se em muitas escolas, que o currículo (PACHECO, 2001, p. 20)
não é repensado e utilizado para concretizar o ensino-aprendiza- Compreender as diferenças e contemplar a multiplicidade de
gem dos alunos de forma diversificada, ativa, democrática, crítica indivíduos que compõem a mesma sala de aula é de fato saber
e social. incluir com valores e princípios como manda há legislação educa-
Obviamente, muitas escolas insistem em utilizar o método de cional vigente. O currículo deve ser usado para possibilitar a trans-
ensino tradicional no contexto escolar. Observa-se, que as escolas formação social e não para ser guardado em uma gaveta e de vez
quando buscam priorizar e oferecer um ensino fragmentado e tra- em quando ser olhado, e verificado a grade de disciplina que no
dicional aos seus alunos, certamente são escolas que tem como currículo contém.
foco, os conteúdos passivos e as disciplinas a serem seguidas sem Desde então, como verificado no desenvolvimento do trabalho,
reflexão ativa, e, contudo, se distanciam totalmente da realidade o currículo escolar deve ser visto como, “o coração da escola”, isto
social dos educandos que frequentam a escola, assim como da po- é, o currículo tem que ser respeitado, valorizado coletivamente e
pulação em geral. democraticamente no âmbito educacional e social, pois é o currí-
culo que oportuniza a concretização de ações sociais, culturais e
Em relação há isso Mantoan declara: educacionais nas instituições de ensino.3
O ensino curricular de nossas escolas, organizado em discipli-
nas, isola, separa os conhecimentos, em vez de reconhecer suas
inter-relações. Contrariamente, o conhecimento evolui por recom- TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
posição, contextualização e integração de saberes em rede de en- NA EDUCAÇÃO
tendimento. O conhecimento não reduz o complexo ao simples,
para aumentar a capacidade de reconhecer o caráter multidimen-
sional dos problemas e de suas soluções. (MANTOAN 2006, p. 15). A mídia pode ser inserida em sala de aula através dos Recursos
As escolas, juntamente com seus educadores, precisam se or- de Ensino. Estes segundo Gagné (1971, p. 247) “são componentes
ganizar e verificar de forma diferenciada o currículo escolar, focan- do ambiente da aprendizagem que dão origem à estimulação para
do a realidade social, e não apenas os conteúdos enciclopédicos. Os o aluno”. Estes componentes são, além do professor, todos os tipos
conteúdos de forma geral devem ser trabalhados de acordo com as de mídias que podem ser utilizadas em sala de aula, tais como, re-
diversas realidades encontradas em cada escola, em cada sala de vistas, livros, mapas, fotografias, gravações, filmes etc.
aula, pois a escola precisa formar cidadãos de consciência crítica, A utilização de recursos de ensino diminui o nível de abstração
para o conhecimento humano e científico. Os discentes precisam dos alunos, pois eles vêem na prática o que estão aprendendo na
escola, e podem relacionar a matéria aprendida com fatos reais do
saber questionar as diversas realidades existentes, como também,
seu cotidiano. Desta forma é mais fácil eles absolverem os conteú-
compreender as injustiças muitas vezes “mascaradas” em nossa so-
dos escolares.
ciedade, caso o ensino curricular seja passivo, não teremos como
Dale (1966) criou uma classificação de recursos de ensino que
desenvolver a consciência crítica no ensino-aprendizagem, e, por-
é bastante utilizada. Ele nos trouxe o “cone de experiências”, que
tanto, não atenderemos á diversidade cultural.
mostra que o ensino verbalizado, uso de palavras sem experiência,
Sabe-se que a construção curricular é um projeto que deve
não deve mais ser usado pelo professor, pois os alunos aprendem
levar em conta muitos fatores da contemporaneidade, como por
mais quanto mais pratica experiências em torno do que está sendo
exemplo, (classe social, econômica, religião, família, raça, gênero,
ensinado.
valores, dificuldades de aprendizagem, até mesmo o emocional dos Segundo Dale (1966), os objetivos do uso dos recursos de en-
educandos), Zotti (2004, p. 229) defende que: sino são:
O educador, então, não pode se limitar a desenvolver o que • motivar e despertar o interesse dos alunos;
diversos agentes decidem, mas deve estar atento aos diversos con- • favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação;
textos em que são gestadas as propostas curriculares, pois esse é o • aproximar o aluno da realidade;
instrumento de intervenção e defesa de propostas coerentes com • visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem;
uma educação e uma sociedade mais condizentes com os desejos • oferecer informações e dados;
da maioria da população. • permitir a fixação da aprendizagem;
A escola deve ter uma função socializadora, e o projeto curricu- • ilustrar noções mais abstratas;
lar tem que ser elaborado com base em ações práticas e educativas, • desenvolver a experimentação concreta.
ações essas, voltadas há coletividade, a interatividade, e a intencio-
nalidade no ensino-aprendizagem, na compreensão dos fatos histó- Para utilização dos recursos de ensino é preciso estar atento
ricos do passado, como também, da diversidade cultural presente aos seus objetivos, eficácia e função em relação à matéria ensinada.
nos diversos contextos sociais. Em relação ao projeto curricular, Pa- Todos esses objetivos podem ser alcançados através de recursos de
checo (2001) afirma: ensino, midiáticos, como, por exemplo, computador, internet, em
[…] um projeto, cujo processo de construção e desenvolvimen- que o aluno além de conhecer novas tecnologias, faz também inte-
to é interativo, que implica unidade, continuidade e interdependên- ração com o mundo e novas informações. O aluno busca algo novo,
cia entre o que se decide ao nível do plano normativo, ou oficial, e algo atrativo, e a educação deve acompanhar essa busca. Mas não
ao nível do plano real, ou do processo de ensino e de aprendizagem. basta apenas usar a tecnologia, no ambiente de ensino/aprendiza-
Mais ainda, o currículo é uma prática pedagógica que resulta da gem temos que rever o uso que fazemos de diferentes tecnologias
interação e confluência de várias estruturas (políticas, administra- 3 Fonte: www.nucleodoconhecimento.com.br
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

enquanto estratégias, tendo clareza quanto à função do que esta- Em relação ao universo da comunicação, a Resolução CNE/CEB
mos utilizando, não basta trocar o livro por um computador se na nº. 7, de 14/12/2010, que estipula as diretrizes para o ensino de
prática não promovemos a inclusão do aluno, no que se refere aos nove anos, não permanece, contudo, apenas num denuncismo inó-
processos de aprendizagem. cuo. Ao contrário, estabelece metas a serem cumpridas.
O computador é conhecido como uma tecnologia da informa- É necessário, por exemplo, que a escola contribua para trans-
ção devido a sua grande capacidade na solução de problemas rela- formar os alunos em consumidores críticos dos produtos midiáticos
cionados a armazenamento, organização e produção de informa- (meta número 1), ao mesmo tempo em que passem a usar os re-
ção de várias áreas do conhecimento. A utilização dessa tecnologia cursos tecnológicos como instrumentos relevantes no processo de
pode ser usada de varias formas, como programas de exercício-e- aprendizagem (meta número 2). É dessa criticidade do olhar e da
-prática, jogos educacionais, programas de simulação, linguagem de criatividade no uso dos recursos midiáticos que pode surgir uma
programação entre outros, despertando assim um grande interesse nova aliança entre o aluno e o professor (meta número 3), favore-
do aluno. cida justamente pelo diálogo que a produção cultural na escola é
Conforme observado por Valente (1993), o computador não é capaz de propiciar.
mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com No caso do docente, o parecer que justificou o documento do
a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre CNE entende que “muitas vezes terá que se colocar na situação de
pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do com- aprendiz e buscar junto com os alunos as respostas para as ques-
putador. O processo de interação se torna mais agradável com a tões suscitadas”. Surge, aqui, a meta número 4: reconhecer o aluno
como partícipe e corresponsável por sua própria educação, sujeito
presença da multimídia na aprendizagem, pois naquele momento o
que é de um direito muito especial: o de expressar-se numa socie-
aluno está descobrindo o novo, o contemporâneo.
dade plural.
Assim como a tecnologia, a comunicação envolvida no proces-
Educação, Mídia e Tecnologia
so de ensino e aprendizagem também está em constante transfor-
A aplicação de novas tecnologias na educação vem modifican- mação. Por esse motivo, não é mais possível estar diante de uma
do o panorama do sistema educacional e, por isso, pode-se falar sala de aula com a expectativa de captar a atenção de toda uma
de um tipo de aula antes e depois da difusão de mídias integradas turma de crianças e adolescentes e utilizando uma linguagem do
e tecnologias avançadas de comunicação digital. Os resultados das século passado. Hoje, não é mais possível falar sobre ecologia, sem
aplicações de tais tecnologias estão criando condições objetivas falar sobre sustentabilidade e tecnologias limpas. Ou falar sobre
para questionarem a real necessidade de se preparar para o ensino linguagens, sem mencionar os memes e as fake news. E esses são
virtual. Hoje, há a percepção de algumas tendências relativas aos apenas alguns dos exemplos possíveis.
novos modelos de ensino e aprendizagem de idiomas mediados por Para estabelecer uma comunicação verdadeira com a realidade
computador. Uma dessas tendências é a aprendizagem por meio de dos estudantes das novas gerações, o processo de ensino e apren-
Redes Sociais ou Comunidades Virtuais de Aprendizagem. dizagem necessita, invariavelmente, levar em conta e valer-se da
Afirma-se que a Educomunicação apresenta-se, hoje, como tecnologia. Dessa necessidade emergiu a Tecnologia Educacional.
um paradigma, um conceito orientador de caráter sociopolítico e Pensada especificamente para trazer inovação e facilitar o processo
educacional a partir da interface Comunicação/Educação. Mais do de ensino e aprendizagem, ela aparece nas salas de aula de diversas
que como uma metodologia, no âmbito da didática, o neologismo maneiras: em novos dispositivos ou gadgets, softwares e soluções
tem sido visto como um parâmetro capaz de mobilizar consciências educacionais.
em torno de metas a serem alcanças coletivamente nas diferentes É raro ver qualquer tipo de interação entre professor e alunos
esferas da leitura e da construção do mundo, como propunha Paulo em sala de aula que ignore completamente as novas tecnologias.
Freire. Mesmo em uma sala de aula desprovida de equipamentos de últi-
O fato permite e facilita um diálogo permanente entre os que ma geração, com o professor mais tradicional, a interação é sempre
buscam dar respostas tanto às questões vitais anunciadas e des- permeada por ela. E não poderia deixar de ser: além dos avanços
critas nas diretrizes propostas pelo poder público quanto às “ex- tecnológicos que conquistaram as gerações X e Y (você se lembra
periências escolares” inovadoras e multidisciplinares, previstas na como enviava mensagens e fazia planos com os amigos antes do
reforma do ensino smartphone?), os estudantes das novas gerações são nativos digi-
Trata-se de um percurso que leva em conta a sociedade da in- tais. Isso significa que a maioria deles nunca conheceu um mundo
sem internet, celular, Google ou redes sociais, dessa forma, o uso
formação e o papel da mídia na geração de conteúdos, mensagens
de tecnologias educacionais se tornou fundamental para potencia-
e apelos comportamentais.
lizar o ensino e principalmente, gerar maior interesse e interação
Segundo a justificativa do CNE que embasa o documento, se,
dos alunos.
de um lado, “é importante a escola valer-se dos recursos midiáti-
A Tecnologia Educacional é um conceito que diz respeito à utili-
cos é, igualmente, fundamental submetê-los aos seus propósitos zação de recursos tecnológicos para fins pedagógicos. Seu objetivo
educativos”. Nesse sentido, o texto propõe que valores — presen- é trazer para a educação – seja dentro ou fora de sala de aula – prá-
tes muitas vezes de forma conflituosa no convívio social e assim ticas inovadoras, que facilitem e potencializem o processo de en-
reproduzidos pela mídia — sejam identificados e revisitados pela sino e aprendizagem. O uso da TE tem sido amplamente discutido
educação. É o caso, por exemplo, do consumismo e de uma pouco no meio acadêmico, na mídia e nos círculos sociais, espaços onde
disfarçada indiferença com relação aos desequilíbrios que ocorrem nem sempre é bem recebido. As maiores críticas dizem respeito à
no mundo; indiferença essa que leva, com certa naturalidade, à ba- sua relação com o papel da escola e do professor e à dificuldade de
nalização dos acontecimentos por parte significativa dos meios de acesso à tecnologia, especialmente nas escolas da rede pública e
informação. entre estudantes com menor renda familiar.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Mas, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, o foco situações reais, apresentação de casos locais) ou dos meios utiliza-
principal da Tecnologia Educacional não está sobre os dispositivos dos para transmiti-la (tecnologias digitais, canais frequentemente
tecnológicos (a escola não precisa, obrigatoriamente, contar com utilizados pelas novas gerações). Isso auxilia não apenas na com-
os equipamentos mais modernos para trabalhar a TE), e sim sobre preensão do conteúdo, mas também na visualização e na resolução
as práticas que o seu uso possibilita. Em outras palavras: ter bem de problemas reais que se apresentam no dia a dia do estudante.
definida a finalidade do uso da tecnologia em sala de aula é mais
importante que os meios e recursos tecnológicos que serão empre- 3. A tecnologia digital insere os jovens no debate social e con-
gados para tal prática. tribui para a formação do senso crítico.
E é aí que entra o papel fundamental do professor e do profis- Uma das principais vantagens da aplicação da tecnologia digital
sional da educação no emprego da Tecnologia Educacional: definir na educação é a possibilidade de acessar informações atualizadas,
quais são os recursos e ferramentas mais adequados para a realida- em tempo real. Não é mais preciso aguardar pela atualização do
de de seus alunos, e também a forma mais relevante de os utilizar livro didático impresso para ter acesso a temas contemporâneos,
em suas práticas pedagógicas. Ainda assim, pode surgir a dúvida: questões recentes de vestibulares, dados atualizados e debates so-
com que objetivo um profissional da educação deveria inserir a tec- ciais relevantes. Trabalhar com informações hiperatualizadas con-
nologia nas práticas pedagógicas e no dia a dia da sua instituição tribui para inserir o estudante no debate social e desenvolver seu
de ensino? senso crítico e de argumentação, preparando-o simultaneamente
para os desafios da vida social e acadêmica.
Tecnologia Educacional: por que usar?
4. A tecnologia digital trabalha a responsabilidade na utiliza-
Ao longo das últimas décadas praticamente todas as áreas da
ção da internet e dos recursos digitais.
sociedade têm experimentado uma grande evolução tecnológica.
A tecnologia digital está presente na vida das novas gerações
Toda evolução compreende uma mudança na comunicação, nas re- desde muito cedo. É extremamente comum ver crianças em idade
lações sociais e, é claro, no processo de ensino e aprendizagem. pré-escolar utilizando tablets e smartphones, por exemplo. A inser-
Mas, como dissemos no tópico acima, a utilização da Tecnologia ção da tecnologia no ambiente escolar ajuda a estabelecer regras
Educacional nem sempre é bem recebida – inclusive por educado- de convivência e segurança nos ambientes virtuais. Também é uma
res. A raiz dessa resistência talvez esteja na desinformação sobre as boa oportunidade para trabalhar a responsabilidade no manuseio e
diferentes possibilidades que ela oferece à educação. na conservação dos equipamentos digitais.

Listamos aqui alguns dos motivos para utilizar a Tecnologia 5. A tecnologia digital contribui para democratizar o acesso
Educacional em sua escola. ao ensino.
- Ampliar o acesso à informação. Hoje existem diversas ferramentas e metodologias desenvolvi-
- Facilitar a comunicação escola – aluno – família. das com o objetivo de ajudar os profissionais da educação a promo-
- Automatizar processos de gestão escolar. ver a democratização do acesso ao ensino e a trabalhar a favor de
- Estimular a troca de experiências. uma educação mais inclusiva. O uso da tecnologia digital em sala de
- Aproximar o diálogo entre professor e aluno. aula (na forma de recursos sonoros, visuais e de escrita, por exem-
- Possibilitar novas formas de interação. plo) pode dar mais autonomia aos estudantes portadores de defi-
- Melhorar o desempenho dos estudantes. ciência, transtornos ou problemas de aprendizagem, ajudando-os a
Vamos analisar alguns motivos por que o uso da tecnologia di- superar limitações e a desenvolver ao máximo seu potencial.
gital em sala de aula pode melhorar o desempenho dos seus alunos.
6. A tecnologia digital oferece feedback imediato e constante
1. A tecnologia digital desperta maior interesse e prende a a professores, alunos e responsáveis.
atenção dos alunos. Nas escolas que utilizam um ambiente virtual de aprendizagem
O uso da tecnologia digital na educação contribui enorme- (AVA), transferir as tarefas e avaliações para o meio digital é uma
mente para o engajamento dos estudantes na dinâmica de aula. A maneira de gerar dados de desempenho imediatos para professo-
mente humana é apaixonada por novidades. Por isso, é importante res, alunos e responsáveis. Dessa maneira, o aluno pode corrigir
equívocos enquanto o conteúdo continua “fresco” na memória, em
variar a rotina de estudos, fazer pequenas mudanças no local e, es-
vez de descobrir dias depois (ou apenas no final do bimestre) que,
pecialmente, experimentar diferentes ferramentas e recursos tec-
durante todo o tempo, seu desempenho esteve abaixo do espera-
nológicos. Quando se buscam novas formas de ensinar e aprender,
do. Além disso, professores e responsáveis acompanham de perto a
coloca-se uma aura de novidade sobre a rotina de estudos, tornan-
evolução de cada estudante, intervindo e direcionando os estudos
do-a mais interessante e prazerosa. Consequentemente, crescem a conforme necessário.
atenção e o interesse dos alunos pelo assunto em pauta.
7. A tecnologia digital permite traçar um plano de ensino ade-
2. A tecnologia digital auxilia na percepção e na resolução de quado a cada aluno.
problemas reais. A tecnologia digital permite gerar uma grande quantidade de
Grande parte dos artigos e discussões recentes na área da edu- dados educacionais. É possível identificar temas e conceitos nos
cação (inclusive a recém-aprovada Base Nacional Comum Curricu- quais os estudantes apresentam maior facilidade ou dificuldade de
lar) diz que é preciso aproximar o conteúdo estudado da realidade compreensão, bem como verificar o desempenho da turma e de
dos alunos. Experimente dar um sentido mais prático à sua discipli- cada aluno, individualmente. A análise desses dados dá autonomia
na, seja por meio da contextualização da informação (aplicação em para que professores, pais e alunos tracem um plano de ensino per-
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sonalizado, mais adequado a cada turma e estudante. Também pos- Microlearning


sibilita que o próprio aluno, nas etapas mais avançadas da educação Tanto para as novas gerações quanto para as anteriores, a enor-
básica, direcione seu aprendizado para suas áreas de interesse e da me quantidade de informações com as quais temos contato diaria-
formação que pretende seguir. mente ocasionou uma transformação na forma como consumimos
conteúdo. Para que a atenção não seja desviada de pronto, este
Exemplos de usos da Tecnologia Educacional conteúdo aparece em nosso dia a dia de forma muito mais frag-
A Tecnologia Educacional pode estar presente na educação de mentada, em vídeos e mensagens breves. Daí surge a expressão
diversas maneiras, algumas delas são: microlearning, que consiste na fragmentação de conteúdo educa-
- em gadgets (dispositivos), como a lousa digital, os tablets e as cional para que este seja melhor assimilado pelos alunos. O meio
mesas educacionais; digital favorece este tipo de interação, por meio de vídeos, jogos,
- em softwares, como os aplicativos, os jogos e os livros digitais; animações, apresentações interativas etc.
- e em outras soluções educacionais, como a realidade aumen-
tada, os ambientes virtuais de aprendizagem e as plataformas de Como inserir a tecnologia na minha escola?
vídeo. Existem medidas essenciais para inserir a Tecnologia Educacio-
nal de maneira relevante no dia a dia de sua instituição de ensino.
Diversas práticas e iniciativas educacionais apenas tornaram-se Elencamos algumas delas a seguir:
realidade com o uso da TE. A seguir, vamos falar um pouco sobre
as possibilidades do uso da Tecnologia Educacional e as diferentes Diagnóstico
formas de como ela vem transformando a educação. Antes de mais nada, é preciso entender os alunos e professores
da sua escola. Em que momentos eles estão conectados? A partir
Ensino híbrido de quais dispositivos? Quais são as redes sociais em que estão pre-
A prática de combinar o estudo on e offline, conhecido como sentes e os sites que acessam? Essa investigação é essencial caso
ensino híbrido, é uma grande tendência possibilitada pela Tecnolo- sua instituição pretenda estabelecer uma conexão verdadeira com
gia Educacional. Ela confere maior autonomia aos estudantes, para os seus públicos e propor usos significativos para a Tecnologia Edu-
que trilhem seus próprios roteiros de estudo, desenvolvam proje- cacional.
tos ou atividades de sistematização e de reforço. Também é uma
prática que incentiva e facilita que o aluno desenvolva o hábito do Documentos normativos
estudo diário, fora do ambiente escolar. As possibilidades para o uso da TE, bem como o destaque da
sua importância, devem estar previstas dentro do PPP e em outros
Sala de aula invertida documentos normativos da instituição de ensino.
Na sala de aula invertida, o aluno traz para a aula o conheci-
Investimento
mento prévio sobre o tema que será estudado, adquirido a partir
É importante relacionar tudo aquilo que a escola possui de su-
de textos, vídeos, jogos e outros formatos de conteúdo recomen-
porte para o uso da tecnologia, para daí desenvolver planos reais
dados pelo professor – quase sempre no meio digital. A constru-
sobre as práticas que podem ser adotadas. Essa relação também
ção e significação deste conhecimento, no entanto, acontecem em
deixa claro aquilo que é preciso melhorar e o investimento que
conjunto, na sala de aula. Assim como o ensino híbrido, a proposta
pode ser feito com esta finalidade.
da sala de aula invertida tem como objetivo colocar o estudante no
papel de protagonista de seu processo de aprendizagem e da sua
Capacitação
própria evolução, engajando também os outros membros do seu De nada adiantam os recursos tecnológicos sem uma equipe de
núcleo familiar. professores e profissionais capacitados para extrair deles as melho-
res práticas pedagógicas. Por isso, a formação dos educadores para
Gamificação a tecnologia é primordial.
A gamificação, assunto muito comentado no meio educacional
nos últimos anos, consiste em utilizar elementos de jogos digitais Diálogo
(como avatares, desafios, rankings, prêmios etc.) em contextos que Uma ação importante é estimular o diálogo e a troca de expe-
diferem da sua proposta original – como na educação. A principal riências entre as equipes. Os professores sentem-se mais seguros,
vantagem apontada pelos profissionais da educação no uso da ga- dispostos e motivados a utilizar a tecnologia quando compartilham
mificação é o aumento no interesse, na atenção e no engajamento das experiências de seus pares.
dos alunos com o conteúdo e as práticas propostas.
Segurança
Personalização do ensino É preciso estimular o uso consciente e seguro dos recursos digi-
A geração de dados educacionais é extremamente beneficiada tais, por parte tanto das equipes da escola quanto dos estudantes.
pelo uso da TE, pois simplifica a aferição do desempenho e dos re-
sultados de avaliações objetivas. A partir desses dados, é possível Atualização
criar modelos de ensino personalizados, que estejam em sintonia A partir do momento em que o professor identifica uma prática
com o momento real de aprendizagem de cada estudante. Assim, o ou rotina que poderia ser inovada com o uso da tecnologia, tam-
professor tem uma noção mais clara do panorama da turma e pode bém é importante pensar na atualização dos planos de aula que
agir individualmente e de forma personalizada sobre os pontos po- irão nortear essas práticas.
tenciais e de maior dificuldade de cada estudante.
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Plano de Aula X tecnologia O hipertexto, pela sua natureza não sequencial e não linear,
A partir da modernização de espaços, ferramentas e práticas afeta não só a maneira como lemos, possibilitando múltiplas entra-
educacionais, profissionais da educação em todo o mundo estão das e múltiplas formas de prosseguir, mas também afeta o modo
trabalhando por uma transformação cada vez mais profunda e efe- como escrevemos, proporcionando a distribuição da inteligência
tiva no processo de ensino e aprendizagem. Essa transformação e cognição. De um lado, diminui a fronteira entre leitor e escritor,
é um processo nascido e desenvolvido dentro de cada espaço de tornando-os parte do mesmo processo; do outro, faz com que a es-
aprendizagem, baseado em uma mudança de hábitos e paradigmas crita seja uma tarefa menos individual para se tornar uma atividade
estabelecidos nas relações diárias entre alunos e professores. Não mais coletiva e colaborativa. O poder e a autoridade ficam distri-
basta esperar que a transformação chegue até a sala de aula, ela buídos pelas imensas redes digitais, facilitando a construção social
precisa ter um ponto de partida dentro do ambiente escolar. Que do conhecimento.(MARCUSCHI, Luiz A. O hipertexto como um novo
tal ser um agente dessa mudança na sua escola, começando pelo espaço de escrita em sala de aula. Linguagem e Ensino, Rio Grande
plano de aula? do Sul, 2001. v.4, n. 1, p. 79-111.)
A chegada da Base Nacional Comum Curricular deixa ainda
mais evidente a necessidade de trazer a tecnologia para dentro da A BNCC e os gêneros digitais
realidade das escolas. Segundo a BNCC, os estudantes devem de- A tecnologia está presente ao longo de todo o texto da Base
senvolver ao longo da Educação Básica a competência para: Nacional Comum Curricular. Ela aparece especialmente na leitura,
Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e interpretação e produção dos novos gêneros digitais, como:
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas di- - Blogs;
versas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar - Tweets;
por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimen- - Mensagens instantâneas;
tos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos. - Memes;
(BNCC) - GIFs;
- Vlogs;
A seguir, apresentamos 6 ideias para atualizar seu plano de aula - Fanfics;
e trabalhar a tecnologia de maneira relevante e integrada ao dia a - Entre diversos outros.
dia da turma.
Se engana quem pensa que os novos gêneros digitais devem
1. Interação em ambientes virtuais ser trabalhados apenas pelo professor de Língua Portuguesa. O tra-
Desde a primeira infância, os estudantes da Geração Z estão balho com esses gêneros pode ser explorado em diferentes áreas
navegando em ambientes virtuais. Eles comunicam-se com desen- do conhecimento, valorizando também o trabalho interdisciplinar
voltura no meio digital, às vezes mais do que seus pais e professo- – como sugere, inclusive, a própria BNCC.
res. Incentivar e orientar a interação nesses espaços tem muito a
acrescentar à prática pedagógica. Procure identificar as tarefas que 3. Métodos colaborativos de produção de conteúdo
podem ser transpostas, facilitadas ou repensadas para o meio di- Uma maneira de engajar os estudantes com o plano de aula
gital. da sua disciplina é torná-los parte da construção do conhecimento.
As ferramentas para isso são abundantes: é possível criar gru- Mobilize a criação de um blog para a turma e estimule a interação
pos e comunidades nas redes sociais; fóruns de discussão com te- por meio dos comentários; organize e deixe disponível para con-
máticas específicas relacionadas ao conteúdo que está sendo es- sulta um banco de textos e artigos com as produções dos alunos;
tudado; ou mesmo utilizar um ambiente virtual de aprendizagem, desenvolva projetos interdisciplinares.
caso a sua escola ou sistema de ensino disponha de um. O Google Docs, por exemplo, é uma ferramenta gratuita, que
permite construir textos de maneira colaborativa, editando, adicio-
2. Textos em formato digital nando comentários e enviando feedback em tempo real. No entan-
O consumo de textos em formato digital é baseado na lingua- to, existem diversas outras ferramentas disponíveis. Procure pelas
gem hipertextual e em uma forma de leitura não linear. O texto em melhores soluções que conversem com a realidade e as necessida-
formato digital permite ampliar o conhecimento acerca de uma te- des da turma.
mática, elucidar e ilustrar conceitos, contextualizar momentos his-
tóricos, esclarecer vocabulários específicos, entre diversas outras 4. Apresentações em formatos multimídia
possibilidades. A leitura deixa de ser apenas receptiva para tornar- É importante empregar recursos tecnológicos ao seu plano de
-se um processo interativo. aula, uma vez que o uso de materiais em diferentes formatos (como
Muitos materiais didáticos já possuem uma versão digital que vídeos, apresentações em slides, mapas mentais etc.) colabora para
pode ser aproveitada como recurso em sala de aula ou em casa. o engajamento da turma. Além disso, pode servir para enriquecer
Explore também as funcionalidades oferecidas por portais de no- tanto a aula do professor quanto as apresentações dos próprios alu-
tícia online, e-books, PDFs interativos etc. O hipertexto permite nos.
adicionar links, imagens, vídeos, referências e diversos formatos de Algumas ferramentas que apresentam essas funcionalidades
conteúdo adicional ao corpo do texto, transformando a forma como são o YouTube (edição e compartilhamento de vídeos), o Google Sli-
lemos e aprendemos. Quando se transforma a forma de ler, modifi- des e o Prezi (apresentação de slides e construção de mapas men-
ca-se também a forma de produzir conteúdo. tais), o PowToon (construção de vídeos e animações – em inglês),
entre outras. Busque também compartilhar experiências e conhe-
cer as ferramentas utilizadas por outros professores.

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5. Diferentes formatos de avaliação Pensar novas formas de utilização da tecnologia a favor da edu-
A tecnologia também pode convergir para o plano de aula no cação é uma missão de todo profissional que atua hoje nessa área.
modo de avaliação. Por mais que a prova em papel e caneta – com Procure manter-se atualizado sobre as tendências em tecnologia
os alunos em fila e vigiados pelo professor – continue sendo o mé- educacional, acompanhando blogs, revistas e portais de notícia so-
todo de avaliação mais comum, existem formas diferentes de verifi- bre o assunto. Troque experiências com outros profissionais e des-
car a aprendizagem dos estudantes. cubra novas práticas, soluções e ferramentas que estão surgindo a
Caso a sua escola utilize um sistema de ensino, uma dica é ve- cada dia.4
rificar se ele disponibiliza avaliações em formato digital, como ativi-
dades de fixação e reforço, provas e simulados. Você também pode
desenvolver suas próprias avaliações, pesquisas e questionários uti-
lizando ferramentas gratuitas como o Google Forms. EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE, CIDADANIA E EDUCA-
6. Aplicativos e softwares educacionais ÇÃO EM E PARA OS DIREITOS HUMANOS
Utilizar elementos lúdicos para facilitar o entendimento de
conceitos, além de estimular e engajar os estudantes para a realiza-
ção de tarefas, das mais simples as mais complexas, não é nenhu- Vivemos em uma sociedade complexa, plural, diversa e desi-
ma novidade na área da educação. No entanto, o desenvolvimento gual, em que o tema Educar para a Diversidade e Cidadania conduz
tecnológico ocorrido nos últimos anos possibilitou que essa prática a uma grande reflexão e a um desafio, pois somos parte integrante
fosse transportada para o meio digital e amplamente difundida nas desta sociedade.
salas de aula em diferentes partes do mundo. Nas pautas mais re-
centes, esse fenômeno é conhecido como gamificação. Como cidadãos promotores de uma política educacional, re-
Ao buscar no App Store ou Play Store, na categoria “Educação”, conhecemos que a luta pelos direitos e respeito às diferenças não
é possível encontrar inúmeros jogos e aplicativos – muitos deles pode se dar de maneira isolada, mas sim, como resultados de prá-
gratuitos – que podem ser aproveitados dentro do contexto edu- ticas culturais, políticas, sociais e pedagógicas, que reconheçam a
cacional. participação de toda sociedade extrapolando os muros escolares.

O que inserir em seu plano Criar de fato condições de conhecimento e compreensão em


… e como? diversos espaços como lares, instituições e comunidades, reivindi-
de aula…
cando o respeito às diferenças e garantindo o direito de todos os
- Grupos e comunidades nas redes grupos sem perder a direção do diálogo, são atitudes marcantes de
sociais; combate às desigualdades sociais.
1. Interação em ambientes - Fóruns de discussão;
virtuais - Ambiente virtual de aprendiza- Sabemos que esta luta pelos direitos contra as diferenças sem-
gem; pre esteve presente na história da humanidade. A diferença de tra-
- Etc. tar o outro sempre teve conotação violenta e excludente. (Escravi-
- Portais de notícia; dão, Nazismo, Inquisição).
2. Textos em formato - E-books;
digital - PDFs interativos; Hoje verificamos que esta diversidade não se evidencia somen-
- Etc. te nas diferentes culturas constituintes da população, mas sim na
desigualdade social, cultural, econômica e racial, encontrando-se
- Blog/vlog;
3. Métodos colaborativos refletida no sistema educacional.
- Banco de textos e artigos;
de produção de conteúdo
- Etc.
A escola constitui um dos espaços socioculturais onde as dife-
- Vídeos; renças se encontram?
4. Apresentações em for- - Slides;
matos multimídia - Mapas mentais; Será que as diferenças são tratadas de forma adequada?
- Etc.
- Avaliações online; Será que a garantia da educação escolar visa seus direitos so-
5. Diferentes formatos de - Atividades de fixação e reforço; ciais na inclusão dos ditos diferentes, criando recursos adequados à
avaliação - Simulados; formação integral de cidadão?
- Etc.
Educar para a Diversidade e Cidadania é fazer das diferenças
- Jogos o ponto de arranque para o caminhar em direção ao respeito ao
6. Aplicativos e softwares
- Aplicativos educacionais; outro. É saber enxergar e aprender com a riqueza que esta relação
educacionais
- Etc. pode nos propiciar e não apenas reconhecer o outro como dife-
rente, mas reconhecer que esta relação entre eu e o outro pode
significar uma troca de crescimento social, político e pedagógico.

4 Fonte: www.blog.sae.digital/www.revistas.usp.br/www.administradores.com.
br
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Não é fácil, mas devemos dirigir o olhar para história, repen- Diferenciar é trabalhar prioritariamente com os alunos que têm
sar valores, reconhecer e romper com muitos preconceitos, velhas dificuldades. Ora, nem sempre eles são cooperativos, trabalhado-
opiniões formadas muitas vezes sem o menor contato com o outro, res, simpáticos, bem educados, divertidos, limpos e charmosos, ou
enfim mudar paradigmas. seja, gratificantes. Diferenciar é enfrentar com frequência certa dis-
Será que estamos dispostos aceitar este desafio? tância cultural, gerar certa tensão com quaisquer alunos rebeldes
As desigualdades (sociais, econômicas, sexuais, raciais, entre à aprendizagem, superar momentos de desânimo quanto o tédio
outras), exigem de todos, um posicionamento crítico, político um inerente à repetição das mesmas explicações, as quais acompa-
olhar mais avançado que envolve reconhecer os direitos dos grupos nham tarefas elementares, por mais fundamentais que elas sejam.
(negros, índios, mulheres, portadores de necessidades especiais, (PERRENOUD, 2001, p. 46.)
homossexuais entre outros) numa visão frente a frente com a luta Daí a proposta de novas formas de se educar, enxergando o
de todos pelos direitos, colocando-nos diante do grande desafio de aluno não somente como uma folha em branco, que está esperan-
implementação de políticas públicas, ações afirmativas contribuin- do para ser escrita, mas que, todavia, já traz consigo suas histórias,
do para o processo educacional e a garantia da cidadania. anseios e modos de vida própria e somente a escola poderá se ade-
quar às necessidades das práticas escolares justamente às caracte-
Devemos todos nos propor a encontrar a igualdade na diversi- rísticas de cada estudante, pois claramente como afirma o próprio
dade, lembrando sempre que, acima de tudo, somos todos huma- Perrenoud (2001, p.48), “é normal ter vontade de trabalhar com os
nos e como tal temos grande capacidade para a solidariedade, a alunos mais gratificantes, mais curiosos, mais rápidos. É inútil sen-
cooperação e o amor. tir-se culpado. O essencial é analisar lucidamente suas escolhas”.
Em uma abordagem de se trabalhar com as diferenças apresen-
A sociedade e o homem se transformam a cada dia. A educa- tadas pelos alunos é que Candau e Leite (2006) afirmam a necessi-
ção precisa acompanhar essas mudanças. O processo de formação dade da quebra de paradigmas impostos pela escola tradicional e a
do professor deve ser pensado nessa perspectiva. Portanto, os pro- proposta de uma educação que reconheça as diferenças individuais
jetos pedagógicos dos cursos e suas matrizes curriculares, devem dos alunos e, consequentemente, a adequação de práticas peda-
apresentar disciplinas que favoreçam acompanhar as vicissitudes gógicas que priorizem essas características individuais desses estu-
da humanidade. dantes. As autoras justificam essa necessidade já que a aquisição
Cada instituição escolar é única, se analisarmos e levarmos em do conhecimento não se dá da mesma forma para todos e essas
consideração o ambiente em que estes alunos estão inseridos, e é diferenças na aprendizagem acabam tornando-se manifestações
justamente pela importância do tema, que a discussão em relação excludentes e discriminatórias.
à diversidade cultural vem ganhando uma maior conotação, o que Ainda segundo Candau e Leite (2006) foi justamente essa
incentivou o estudo desta questão à alguns anos, ratificando assim, proposta na mudança educacional desenvolvida na década de 60,
não se tratar de algo novo, apontando para a necessidade de apro- que motivou Paulo Freire, no nordeste brasileiro, na implantação
fundar se nessa construção do discurso sobre as diferenças, e de da educação de jovens e adultos. O método implantado por Paulo
uma educação que seja capaz de produzir um espírito de criticidade Freire tem como proposta uma educação que considera o universo
e do real significado do termo cidadania. cultural no qual está inserido. Dessa maneira, é possível considerar
Cada escola, cada sala de aula tem a sua história e suas preo- também a diferença cultural que influencia diretamente na defici-
cupações que a faz diferente uma das outras, essas diferenças apre- ência da aprendizagem no espaço escolar e nas interações sociais.
sentadas pela comunidade escolar, pode ser explicada justamente É comum, na obra de Paulo Freire a crítica à educação e à prá-
pela diversidade cultural/territorial expressas no chão de cada es- ticas escolares que carregam uma concepção massificadora e exclu-
cola, pois trata se de uma população formada por diversos grupos dente, induzindo seus alunos a simples repetição de conhecimen-
étnicos, com seus costumes, seus rituais e suas crenças. tos que foram disseminados durante anos, não proporcionando e
Ao analisarmos como se dá o processo de aprendizagem nos muito menos possibilitando aos discentes a discussão de proble-
dias atuais, e principalmente em nossas escolas, vários fatores in- mas emergentes do cotidiano. Para o autor é preciso considerarmos
fluenciadores poderiam ser enumerados tanto enquanto aspectos uma sociedade que passa constantemente por transição e, dessa
positivos, no que se refere à possibilidade de conhecer e conviver forma, negarmos uma educação que não leva a discussão de ideias,
com novas culturas, tanto nos aspectos negativos, principalmen- e muito menos a produção de novos conhecimentos.
te na definição de culturas, que com o passar dos anos vieram de Freire (2003, p.98) exorta que “só podíamos compreender uma
outras regiões do país, e essas passaram a ser consideradas como educação que fizesse do homem um ser cada vez mais consciente
inferiores em relação as que já existiam naquele chão. de sua transitividade que deve ser usada tanto quanto possível criti-
A atual sociedade tem passado por significativas transforma- camente, ou com acento cada vez maior da racionalidade”.
ções em seus vários aspectos, político, econômico, religioso, fami- Não é mais justificável uma educação estática que não contem-
liar e principalmente o aspecto cultural. E é justamente no âmbito ple a conscientização e a libertação do indivíduo, daí a importância
cultural, que mais tem se divergido as ideias, principalmente de sua do questionamento não somente dos conteúdos, mas da própria
influência na vida de nossos alunos na relação ensino aprendiza- forma e da relação entre educadores e educandos. Dessa forma a
gem. educação era concebida de forma arbitrária e os indivíduos foram
Nota se claramente que há um distanciamento cultural muito moldados de acordo com os interesses culturais e políticos, e o pro-
grande, o que tem causado sérios danos à formação das crianças, fessor era puramente um reprodutor de ideias e não um formador
jovens e adultos, seja tanto dentro da sociedade, assim como no de cidadão críticos capazes de transformar uma sociedade.
próprio ambiente escolar, o que tem levado constantemente aos Assim poderíamos enxergar que a escola possui uma função
professores a trabalharem com alunos que teoricamente não lhes política e social que pautada pela razão deve tentar ajudar na me-
trarão problemas, como pontua claramente Philippe Perrenoud: lhora da qualidade do ensino/aprendizagem uma vez que somos
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frutos de um sistema que acaba engessando o pensamento dos Estas visões naturalizadas, biologizadas e patológicas dos se-
indivíduos com um conhecimento que fora outrora padronizado, tores populares ainda estão muito arraigadas e orientam o pensa-
criando barreiras que impedem os professores de alcançarem re- mento, as análises e a ação, as políticas, programas e campanhas
sultados que possam ser visíveis não só na formação intelectual, de educação, de saúde e de assistência. Estas metáforas afirmam
mas também na formação pessoal do educando, o que exigirá ques- que assim como os acidentes naturais e as doenças põem em perigo
tionamento não só aos conteúdos, mas à própria forma, ao próprio o corpo social, político, cultural e moral. (ARROYO, 2009, p.45)
método da educação e da relação entre educadores e educandos. Ainda de acordo com o autor, foram criadas campanhas que vi-
A flexibilidade da consciência e a necessidade constante da savam proteger a educação popular que acabava infantilizando-a ao
participação do individuo nas mudanças necessárias na sociedade, invés de protegê-la, e que verdadeiramente acabava por desqualifi-
deve passar por uma mudança educacional no agir educativo, que car e desconceituar tal grupo. Dessa forma, em tempos modernos
várias vezes pode ter sido reprimida pelo próprio sistema educa- autoimagens foram criadas a respeito da cultura popular e saúde,
cional através da padronização do ensino, priorizando o ensino de que exigem uma mudança de postura de todos os envolvidos nes-
conteúdos programáticos que não conseguem contemplar realida- se processo, possibilitando o aparecimento de uma nova dinâmica
des vivenciadas por esses alunos e o que só seria possível, quando político-cultural, que exigirá a ressignificação dessas manifestações
os cidadãos estiverem participando efetivamente das mudanças preconceituosas.
que ocorrem na sociedade, através de uma educação que pudesse Com isso Arroyo (2009) qualifica a educação popular e saúde
enquadrar esse individuo nas discussões pertinentes ao seu espaço como uma “reação as tentativas conservadoras de despolitização
e tempo. de suas ações inventando gestos para chocar a cultura política e
Agir educativo que, não esquecendo ou desconhecendo as con- abrem espaços para explorar suas dimensões pedagógicas” (p.410).
dições culturológicas de nossa formação paternalista, vertical, por E esse processo de mudança se dará com a formação e cons-
tudo isso antidemocrática, não esquecesse também e, sobretudo
cientização dos novos educadores, com a configuração de novos
as condições novas da atualidade. De resto, condições propícias ao
hábitos, valores éticos, políticos e culturais e com novos rumos pro-
desenvolvimento de nossa mentalidade democrática, se não fossem
postos por uma educação transformadora, quebrando velhos pa-
destorcidas pelos irracionalistas. (FREIRE, 2003, p.99)
radigmas e criando novos conceitos de educação popular e saúde,
Freire e Shor (1987) falam sobre enfrentar o medo no cotidiano
de nossas lutas pela transformação da sociedade. Essa transforma- pois a intenção das classes dominantes não é a de educar as classes
ção seria mais eficaz a partir do momento que professores fizessem populares mais simplesmente massificá-la, dominá-la ou simples-
uso da chamada educação informal, que seria justamente o reco- mente aniquilá-la.
nhecimento de conhecimentos empíricos adquiridos e vivenciados Os movimentos populares repolitizam e radicalizam a peda-
por esses sujeitos em sua realidade cotidiana, não priorizando ape- gogia popular, na medida em que repõem suas lutas no campo de
nas a educação formal, que seguem um ensino padronizado e ins- direito. Ao afirmarem-se sujeitos de direitos, vinculam as políticas
titucionalizado. Os autores afirmam que “se estou seguro do meu sociais com a igualdade, a justiça e a equidade. Não mais com a in-
sonho político, então uma das condições para continuar a ter esse clusão excludente. Fazem avançar uma conformação do povo como
sonho é não me imobilizar enquanto caminho para sua realização. E sujeito de direitos. (ARROYO, 2009, p.411)
o medo pode ser paralisante” (1986, p.35). A legitimidade dos movimentos sociais populares acaba por
A abordagem da educação libertadora, não se faz em favor dos resgatar aos cidadãos princípios básicos de igualdade e cidadania,
oprimidos; é feita a partir do povo e com ele, é o que justamente que reagindo a ideais conservadores acabam por abrir novos cami-
é chamado de cultura popular. Nessa globalidade do processo da nhos para a aplicação de diferentes e inovadores dispositivos peda-
cultura popular, a educação ganha sentido originário de busca do gógicos que poderá em um futuro muito breve contribuir na refor-
pleno reconhecimento ativo do homem e pelo homem. Educar-se mulação e reorganização da práxis pedagógica, principalmente na
é participar ativamente do processo total da cultura, através da formação político pedagógico e ideológico de uma classe jovem que
qual o homem se faz e refaz, radicalmente, é o processo da cultura amanhã possivelmente estará a frente do nosso país, incentivada e
do povo trabalhador, sendo assim, cultura popular no seu sentido sustentada por uma nova classe de professores, abertos para uma
mais profundo e originário. Assim, na luta pela educação popular nova discussão do que seria, ou deveria ser a aproximação da nova
como objeto de resistência à ideologia dominante e, como objeto dinâmica educativa provocada pelos novos educadores.
na construção de uma cultura geral, todos temos uma parcela de Daí também em se pensar em uma nova proposta na recons-
responsabilidade. trução dessas autoimagens, que os referidos movimentos popula-
É justamente nesse terreno da chamada educação popular que res deveriam continuar submissos ao próprio sistema, esperando
Arroyo (2009) chama-nos a atenção que desde seu surgimento na uma mudança política e ideológica de forma pacífica por parte dos
década de 60, concepções estereotipadas e errôneas tem sido cons-
governos ou representações políticas. Não é concebível na atual
truída do que seja esse movimento e consequentemente a constru-
sociedade moderna, luta por direitos sem manifestações ou con-
ção de imagens que acabaram padronizando as pessoas de classes
fronto, principalmente o confronto de ideias que contribuirá na for-
menos favorecidas como seres inferiores ou portadores de uma cul-
mação do senso crítico desses novos cidadãos.
tura que fora ocultada por essa classe dominante.
Segundo Arroyo (2009) a ligação entre a educação popular e Assim é impensável discutir sobre direito à diversidade e edu-
saúde se dá justamente por que determinados setores da socieda- cação para cidadania sem antes partirmos de uma abordagem an-
de criam imagens metafóricas tiradas da patologia: fala-se da igno- tropológica com o intuito de podermos tentar compreender qual o
rância popular como chaga social, não enxergando nesses grupos real significado do termo identidade, como uma construção que se
qualquer tipo de conhecimento, seja no aspecto cultural ou inte- faz com atributos culturais, isto é, ela se caracteriza pelo conjunto
lectual. de elementos culturais adquiridos pelo indivíduo através da heran-
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ça cultural. E é essa mesma identidade que confere diferenças aos ência de que ser diferente é algo bom e que deve ser respeitado, é
grupos humanos, evidenciando-se em termos da consciência da di- algo que necessita ser buscado frequentemente em nossa socieda-
ferença e do contraste do outro. de e principalmente no ambiente escolar.
Uma afirmação que muito poderá nos ajudar na reflexão na Mesmo considerando que no Brasil a diversidade cultural seja
diversidade das culturas é de Lévi-Strauss (1976, p.328-329), ao facilmente notada e que a escola é a instituição em que mais se
ponderar que; convive com as mais diversas formas de manifestações culturais,
[...] resultaria em um esforço vão ter consagrado tanto talento a mesma mostra-se despreparada para trabalhar com manifesta-
e tantos esforços para demonstrar que nada, no estado atual da ções preconceituosas e discriminatórias que ocorrem no dia a dia.
ciência, permita afirmar que superioridade ou a inferioridade inte- E esses preconceitos perpassam desde a relação entre educandos
lectual de uma raça em relação à outra, e que as culturas humanas e educandos e entre educadores e educandos, e esse educador até
não diferem entre si do mesmo modo nem no mesmo plano, mas por não ter recebimento formação suficiente para lidar com essa di-
que a diversidade das culturas é de fato no presente, e também de versidade mostrando-se despreparado para lidar com tal situação,
direito no passado, muito maior e mais rica que tudo o que estamos acaba por estereotipar o aluno contribuindo para que a discrimi-
destinados a dela conhecer. nação possa interferir na aprendizagem e na aquisição do conhe-
O autor pontua que a diversidade cultural faz parte das rela- cimento.
ções estabelecidas no interior de cada sociedade, ou seja, não é Diante de todas essas situações,a sociedade brasileira também
um problema apenas das relações entre sociedades diferentes, mas tem o desafio de redefinir suas colocações, seus conceitos políticos
acontece em cada subcultura que compõe a sociedade estudada, e sociais, para garantir às minorias, o direito de igualdade de opor-
sendo que cada uma delas atribui importância a suas diferenças. tunidades e respeito às suas diferenças, valorizando as característi-
(LÉVI-STRAUS, 1976) cas culturais de todas as partes do país e principalmente a caracte-
rística de cada escola em particular, promovendo um diálogo cada
Para Ruben George Oliven vez maior entre o verdadeiro conceito de cidadania tantas vezes
O que se verifica atualmente é um cruzamento das fronteiras desprezado por nossa sociedade e também por nossas escolas.
culturais e simbólicas que faz com que haja uma desterritorializa- Sendo de grande relevância, priorizar a cultura específica de
ção dos fenômenos culturais. Todo esse processo de mundialização cada cidadão, e consequentemente a diversidade cultural de cada
da cultura, que dá a impressão de que vivemos numa aldeia glo- região, contribuindo para a preservação da identidade cultural de
bal, acaba repondo a questão da tradição, da nação e da região. A cada povo.
A existência humana como as diferentes formas que assumem
medida em que o mundo se torna mais complexo e se internaliza,
as sociedades ao longo dos tempos e dos espaços, as relações en-
a questão das diferenças se recoloca e há um intenso processo de
tre povos, culturas, civilizações, etnias, grupos sociais e indivíduos,
construção de identidades. (OLIVEN, 1992, p. 135).
configurando-se como desafio central, não só das práticas peda-
Historicamente e até pelo pesado fardo que carregamos em
gógicas escolares, mas das possíveis formas de convivência que se
nossos ombros pelo processo de colonização ao qual fomos bru-
queira construir, para humanizar as relações na economia, na polí-
talmente submetidos até os dias atuais, fica evidente que nossa
tica e no saber.
sociedade ainda não adquiriu uma cultura de aceitar, respeitar e
Baseado na ideia de Philippe Perrenoud (2001), podemos afir-
trabalhar com o diferente.
mar que existe uma grande distância cultural na relação pedagó-
gica. Entre professores e alunos, a comunicação, a cumplicidade,
Como alerta o autor, ao tratar da questão das novas fronteiras a estima mútua dependem muito de gostos e valores comuns, em
da cultura: âmbitos aparentemente estranhos ao programa, pois a escola não é
A tensão entre o global e o local não está restrito ao Velho Mun- feita apenas de saberes intelectuais a serem estudados, ensinados
do. Os Estados Unidos estão experimentando conflitos de grande e exigidos.
violência, por trás dos quais estão diferentes grupos étnicos que afir- Com isso se confirma,segundo Perrenoud, que,na interação co-
mam suas diferenças em relação aos outros e não aceitam mais um tidiana, a escola é elitista, mesma que essa não seja sua intenção:
modelo único de ser dos norte-americanos. (OLIVEN, 1992, p.133). Não podemos subestimar o choque cotidiano das culturas. Ele
Oliven (1992) ainda aponta que, no Brasil, apesar de não ter- influência o fracasso escolar: as rejeições, as rupturas na comuni-
mos conflitos étnicos, regionais ou religiosos vivenciamos debates cação, os conflitos de valores e as diferenças de costumes contam
que apontam para discussões semelhantes pois, apesar de não per- tanto quanto o eventual elitismo dos conteúdos. Uma criança que
tencermos ao chamado mundo desenvolvido ou primeiro mundo, rejeita a violência, que respeita os livros, que cumprimenta educa-
não queremos fazer parte do mundo subdesenvolvido ou terceiro damente e sempre tem as mãos limpas será mais apreciada do que
mundo. aquela que, com iguais dificuldades, agride os outros, diz palavrões,
Direito de ser autêntico, de ser diferente, ainda parece uma masca chiclete, cheira mal, destrói disfarçadamente as plantas do
conquista longe de ser alcançada em nossa sociedade, ignorando professor ou acaba abertamente com suas profissões de fé ecoló-
muitas vezes que o que realmente deveria ser posto em prática, gicas em nome do “sacrossanto carrão”. (PERRENOUD, 2001, p. 57)
são a consciência e a razão, e não os aspectos sociais, econômicos, Essa educação elitista, bem como as diferenças culturais são
raciais, religiosos e culturais, esquecendo que isso sim, é requisito bem claras na sociedade, e na educação isso se evidencia ainda
indispensável para que possamos ter uma equidade social. mais, pois as diferenças não estão somente fora dos portões das
Num país tão rico culturalmente como o Brasil, não se justifi- escolas, mas está dentro da própria escola, e muitas vezes vem sen-
ca haver tanto preconceito e discriminação, eles se tornaram uma do utilizada mesmo de forma camuflada, ou até inconscientemente
arma contra a nossa civilização e cabe a nós combatê-lo. A consci- como fator de discriminação e preconceito.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Exemplo maior é o defendido por Vera Candau e Miriam Leite Cabe aos professores conseguir perceber essas diferenças e
(2006, p.2-3), para quem: promover a mediação da tentativa de solucionar esses problemas e
[...] a forma mais básica de aplicação desse processo discrimi- propiciar ao aluno a retomada não somente dos valores educacio-
natório é a forma mais básica de aplicação dessa perspectiva na nais, seja da escola formal ou não, mas a retomada de valores que
prática pedagógica que sobreviveu até os dias atuais: a diferencia- foramuita das vezes, esquecidos por ele e pela própria sociedade,
ção tipológica, ou seja, o agrupamento de alunos em classes homo- e consequentemente o direito a diversidade e a educação na cons-
gêneas, em função do que seria a sua “capacidade de aprendiza- trução da cidadania.
gem” (TITONE, 1966) Assim, podemos entender o verdadeiro sentido da educação e
A escola acaba rotulando e criando pré-juízos dos alunos pela da instituição escola, aquela instituição consciente que possa cons-
sua capacidade ou não de aprendizagem, excluindo e discriminan- truir e oferecer aos seus, uma educação de equidade, voltados para
do várias vezes esses alunos, fomentando assim a própria exclusão a finalidade de atender as reais necessidades apresentadas pela co-
social, o que em diversos casos acaba sendo camuflado pela própria munidade escolar.
intituição de ensino, enquanto a função primordial da escola além Dentro desse contexto torna-se claro a afirmativa de Sandra
da transmissão do conhecimento elaborado e intelectual seria a so- Pereira Tosta:
cialização do indivíduo, formando o aluno para o exercício pleno da De todo modo, é inegável que diferenças e desigualdades fa-
chamada cidadania. zem parte do cotidiano escolar e tais questões muito importam pe-
A partir dessa concepção do papel da escola, podemos refletir los significados que contém e que dizem respeito empiricamente à
sobre o que aborda os PCNS (1997), afirmando que: problemática das culturas presentes na escola, mesmo que, como
O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como tais, não sejam consideradas. Remetem, em termos epistemológi-
parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a riqueza cos, à questão fundante da Antropologia –a relação com o outro.
representada por essa diversidade etnocultural que compõe o patri- (PEREIRA-TOSTA, 2011, p. 418)
mônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer A autora sugere que os educadores possam ser formados a
tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular dos gru- partir do diálogo interdisciplinar, em que educação e antropologia,
pos que compõem a sociedade. (PCNS, p. 117) mesmo sendo ciências diferentes, estejam simplesmente unidas,
Dessa forma podemos entender que a mudança desse quadro mas que possa contribuir na interlocução dos sujeitos e consequen-
de uma educação elitista poderá ser modificada com a valorização temente na aquisição do conhecimento.
da cultura desses alunos, que consequentemente irá ajudar na me- Não é mais possível permanecer com práticas embasadas por
lhor absorção dos conteúdos, sem desconsiderar o aspecto peda- visões nonodisciplinares e descoladas de realidades sociais dife-
gógico de cada instituição, partindo do pressuposto que o convívio
rentes e desiguais que demandam uma visão diferente e mais po-
com essa diversidade cultural promoverá a compreensão do seu
lissêmica do que sejam os processos educacionais, a escola, o co-
próprio valor, melhorando a autoestima dos educandos que fora
nhecimento, as práticas pedagógicas, os currículos, a formação e a
sendo perdido no convívio com a sociedade. “A escola como insti-
profissão. (idem, 2011, p.416)
tuição voltada para a constituição de sujeitos sociais deve afirmar
Teoricamente poderíamos afirmar que o objetivo primordial
um compromisso com a cidadania, colocando em análise suas rela-
da escola seria um local destinado a aquisição do conhecimento
ções, suas práticas, as informações e os valores que veicula” (PCNS,
formal, cientifico e sistematizado, onde diversas culturas pudes-
p. 52) não só na formação ética, mas sim também na formação in-
sem conviver harmoniosamente entre si, visto que, temos escola
telectual que acaba sendo o objetivo principal da instituição escola.
E infelizmente a forma como se tem tratado a diferença vem para pobre e para rico, para negros e para brancos, para mulheres
trazendo sérios prejuízos ao educando, seja nas relações de apren- e para homens, de boa e de má qualidade, pública e privada, onde
dizagem, socialização, convívio com professores e colegas e com a a pública esta intrinsicamente ligada à defesa de interesses de uma
própria sociedade da qual ele faz parte ou está inserido. pequena classe social dominante e jamais poderá competir em real
Como afirmam os PCN: igualdade com a privada, mas na prática podemos perceber que a
A criança na escola convive com a diversidade e poderá apren- escola se tornou um dos lugares mais discriminatórios e excluden-
der com ela. Singularidades presentes nas características de cultu- tes da sociedade.
ra, de etnias, de regiões, de famílias, são de fato percebidas com E é justamente a partir de meados da década de 60, segundo
mais clareza quando colocadas junto a outras. A percepção de cada Candau, que aparece a discussão de novas abordagens sociológicas,
um, individualmente, elabora-se com maior precisão graças ao como a Nova Sociologia da Educação (NSE):
outro, que se coloca como limite e possibilidade. Limite, de quem Desenvolvida na Inglaterra, que iniciaram uma discussão que
efetivamente cada um é. Possibilidade, de vínculos, realizações de tratavam especificamente das populações recentemente ingressas
“vir-a-ser”. Para tanto, há necessidade de a escola instrumentalizar- nos sistemas de educação formal que opunha se a teoria do deficit
-se para fornecer informações mais precisas a questões que vêm linguístico e cultural, que entendia que os alunos de camadas popu-
sendo indevidamente respondidas pelo senso comum, quando não lares trariam para a escola uma linguagem e um background cul-
ignoradas por um silêncio constrangimento. Essa proposta traz a tural deficientes, inadequados ao pensamento cultural deficientes,
necessidade imperiosa da formação de professores no tema da Plu- inadequados ao pensamento lógico e à apropriação do que seria o
ralidade cultural. Provocar essa demanda específica na formação patrimônio cultural da humanidade, explicando assim o quadro fre-
docente é exercício de cidadania. É um investimento importante e quente de fracasso escolar desses estudantes. (CANDAU, 2006, p.6)
precisa ser um compromisso político-pedagógico de qualquer pla- O sistema educacional poderia e deveria se sentir privilegiado,
nejamento educacional/escolar para a formação e/ou desenvolvi- pois é este o local ideal para discutir as diferentes culturas, como
mento profissional dos professores. (PCNS, p. 123) elas se entrelaçam e criam novas culturas, e principalmente as
suas contribuições na formação do nosso povo, mas sem nunca es-
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

quecer a particularidade do sujeito, pois cada vez mais o diferente expansão do tempo integral no Brasil, na maioria das vezes, é uma
aparece, seja na forma de aprender, de se comunicar, de se vestir, tentativa de suprir necessidades sociais básicas não abarcadas pelo
ou na de refletir, para tanto, é importante, valorizar o espaço so- Estado.
cial, ampliar ações e principalmente, reconhecer que as crianças e A educação integral é uma concepção da educação que não se
adolescentes precisam sonhar, ter oportunidades, não importando confunde com o horário integral, o tempo integral ou a jornada in-
qual a sua diferença. tegral. Alguns projetos de escola de tempo integral surgiram, como
Em um país cada vez mais globalizado, trabalhar com o diferen- é o caso dos Cieps, para compensar deficiências do meio familiar, da
te parece uma tarefa árdua e difícil de ser concluída, mas sem dú- própria sociedade. Os Cieps foram criados, tanto no estado quanto
vida antes de se trabalhar com a diversidade cultural, é necessário no município do Rio de Janeiro, nas décadas de 1980 e de 1990,
que os professores estejam preparados para assumir tão grandiosa como um ‘Programa Especial de Educação’. [...] O projeto original
missão. dos Cieps previa até a construção de residências, na própria escola,
Muitas vezes somos encurralados por perguntas, hábitos, mo- para os alunos mais pobres e suas famílias, numa clara confusão en-
dos e atitudes de nossos alunos, o que quase sempre nos leva a tre o papel da escola e as políticas sociais. A escola não pode fazer
emitir certos juízos de valores sem termos conhecimento de causa, tudo o que a sociedade não está fazendo; ela não pode substituir
e os professores quase na sua totalidade, estão trabalhando com a todas as políticas sociais. A escola precisa cumprir bem a sua função
diversidade cultural a partir de forma padronizada. de ensinar (Gadotti, 2009, p. 29-30).
Acabam lidando com essas questões, não por terem sido pre- Retomando os documentos oficiais, o Plano Nacional de Educa-
parados por meio de um conhecimento científico elaborado e dis- ção (PNE), aprovado pela Lei n. 10.172/2001, estabelece a obrigato-
cutido por estudiosos que dedicam suas pesquisas sobre o assunto, riedade do ensino fundamental, assegurando o acesso e a perma-
mas sim através de suas experiências que aprenderam ao longo de nência de todas as crianças na escola até a conclusão dessa etapa.
suas vidas, bem anterior, ou durante a sua formação profissional. O documento ainda ratifica que o cumprimento dessa prioridade:
A mudança tão esperada e falada em nossa sociedade só se [...] inclui o necessário esforço dos sistemas de ensino para que
dará quando nós professores assumirmos nosso papel nesse pro- todos obtenham a formação mínima para o exercício da cidadania
cesso, fazendo com que nossos alunos entendam que conviver com e para o usufruto do patrimônio cultural da sociedade moderna.
as diferenças é possível. Ser diferente não é definitivamente ser in- O processo pedagógico deverá ser adequado às necessidades dos
ferior. alunos e corresponder a um ensino socialmente significativo. Prio-
Assim estaremos dando a real possibilidade da contribuição ridade de tempo integral para as crianças das camadas sociais mais
na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em que necessitadas (Brasil - PNE, 2001, p. 35).
o indivíduo seja respeitado por aquilo que ele é, e não por aquilo A Constituição Federal (1988), o Estatuto da Criança e do Ado-
que a sociedade queria que ele fosse independente da diversidade lescente (Lei 8.069/1990) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
cultural/territorial na qual está inserido.5 Nacional (LDB) (Lei 9.394/1996) são documentos legais que esta-
belecem o direito à educação integral a todas as crianças e adoles-
centes do País. A LDB também preconiza a progressiva implantação
EDUCAÇÃO INTEGRAL do ensino em tempo integral nas instituições nacionais de ensino
público:
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo
O século XXI consolidou demandas que foram historicamente menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo
construídas em todas as esferas sociais, inclusive na educacional. A progressivamente ampliado o período de permanência na escola.
organização social atual exige uma escola multifuncional, com pro- [...]§ 2º. O ensino fundamental será ministrado progressivamente
fissionais mais completos, integrais, que, além de dominar o conte- em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino (Brasil - LDB
údo especializado, sejam preparados para lidar com os desafios da Lei 9.394/1996).
contemporaneidade. Esses profissionais devem estar capacitados
para atuar na formação integral dos discentes, preparando-os para Diferenciando educação integral de educação de tempo inte-
a vida em sociedade e para exercerem a cidadania em todas as suas gral
vertentes. A Educação Integral é uma concepção que compreende que a
É nesse novo paradigma social que o discurso de educar inte- educação deve garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas
gralmente, de preparar os educandos, física, afetiva, cultural e cog- as suas dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural
nitivamente ganha força e atinge todos os âmbitos da esfera polí- e se constituir como projeto coletivo, compartilhado por crianças,
tica, concretizando-se nos documentos oficiais que regulamentam jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades locais.
a educação no País. Assim, vemos as ideias do educador brasileiro A Educação Integral:
Anísio Teixeira (1962) serem retomadas de forma contundente, - é uma proposta contemporânea porque, alinhada as deman-
pelo menos no discurso oficial. Para Anísio Teixeira, a efetivação da das do século XXI, tem como foco a formação de sujeitos críticos,
educação integral está subordinada à ampliação do tempo, sendo autônomos e responsáveis consigo mesmos e com o mundo;
a escola de tempo integral a solução para melhorar a qualidade do - é inclusiva porque reconhece a singularidade dos sujeitos,
ensino e atender às demandas da sociedade atual. suas múltiplas identidades e se sustenta na construção da pertinên-
Contemporâneo de Anísio Teixeira, Gadotti (2009) contesta a cia do projeto educativo para todos e todas;
premissa de que a educação integral está subordinada ao tempo - é uma proposta alinhada com a noção de sustentabilidade
integral. Para o autor, educar integralmente deve ser o objetivo pri- porque se compromete com processos educativos contextualizados
mordial da escola, seja ela de tempo parcial ou integral. Contudo, a e com a interação permanente entre o que se aprende e o que se
5 Fonte: www.itu.com.br/www.fucamp.edu.br pratica;
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

- promove a equidade ao reconhecer o direito de todos e to- - Novo papel dos pais
das de aprender e acessar oportunidades educativas diferenciadas A educação integral valoriza a autonomia do aluno. Entretanto,
e diversificadas a partir da interação com múltiplas linguagens, re- alguns pais ressentem-se de participarem menos da rotina de seus
cursos, espaços, saberes e agentes, condição fundamental para o filhos. É importante lembrar que a presença dos pais é fundamental
enfrentamento das desigualdades educacionais. para o desenvolvimento dos jovens. Por isso, é preciso encontrar
outras formas de participar do dia a dia dos filhos já que a educação
Como concepção, a proposta de Educação Integral deve ser integral ocupa-se apenas de uma esfera de seu desenvolvimento.
assumida por todos os agentes envolvidos no processo formativo Os pais não devem pensar que a escola os substituirá.
das crianças, jovens e adultos. Nesse contexto, a escola se converte
em um espaço essencial para assegurar que todos e todas tenham - Falta de um projeto pedagógico específico
garantida uma formação integral. Ela assume o papel de articulado- O projeto pedagógico de uma escola com educação integral
ra das diversas experiências educativas que os alunos podem viver precisa ser muito bem definido para que o período estendido não
dentro e fora dela, a partir de uma intencionalidade clara que fa- seja maçante para o aluno, mas o auxilie em seu desenvolvimento
voreça as aprendizagens importantes para o seu desenvolvimento completo enquanto cidadão.
integral. Ao contrário do que diz o senso comum, passar mais tempo na
escola não é sinônimo de educação integral. A educação em tempo
Vantagens da educação integral integral precisa estar baseada em aprendizagens significativas que
Entre as vantagens da educação em tempo integral, destacam- levem a uma educação de qualidade e que forme integralmente os
-se: jovens alunos.

- Melhoria no desempenho dos alunos - Falta de estrutura de algumas escolas


Nesse regime de ensino há períodos destinados para que o alu- Para que a educação integral funcione, é preciso que as esco-
no estude para as provas e faça os trabalhos do dia, sempre com o las tenham estruturas físicas adequadas. Nesse tipo de proposta, as
apoio de profissionais. Isso pode levar à melhoria no desempenho escolas precisam ter locais específicos para práticas esportivas, por
do aluno. exemplo. Assim, é preciso que a escola esteja bem adaptada para
esse modelo antes de lançá-lo. É importante que os pais conheçam
- Utilização do tempo ocioso as instalações escolares antes de realizar a matrícula.
Muitas vezes o jovem que sai da escola e vai para casa não uti-
liza o seu tempo para atividades de culturais ou de estudo. Nas es- Educação em Tempo Integral
colas com educação integral, há melhor aproveitamento desse tem- O termo Educação em Tempo Integral ou Escola de Tempo In-
po que seria ocioso, podendo afastá-lo, inclusive, do envolvimento tegral diz respeito àquelas escolas e secretarias de educação que
com atividades que levem a problemas de risco social. ampliaram a jornada escolar de seus estudantes, trazendo ou não
novas disciplinas para o currículo escolar. A maioria das unidades
- Contato com atividades de lazer, esportes e cultura de ensino que adota esse modelo geralmente implementam a ex-
Nas escolas com educação em tempo integral há uma série de tensão do tempo em turno e contraturno escolar – durante metade
atividades recreativas, esportivas e culturais voltadas aos alunos de um dia letivo, os estudantes estudam as disciplinas do currículo
que, de outro modo, talvez não tivessem acesso a elas e com a van- básico, como português e matemática, e o outro período é utilizado
tagem extra de que elas são pensadas pedagogicamente. para aulas ligadas às artes ou esporte.
Na perspectiva da educação integral, o conceito de tempo in-
- Melhoria na relação familiar tegral suscita várias discussões, uma vez que há algumas corren-
Muitas vezes, depois de um dia atribulado no trabalho, os pais tes dos movimentos sociais ligados à educação que defendem que
chegam em casa e precisam conferir e ajudar os filhos a fazer seus apenas a ampliação do tempo de estudo não garante o resultado
deveres. Essas cobranças podem levar a conflitos e desgastar a re- ambicionado pela educação integral no ensino e aprendizagem dos
lação familiar. Já quando o jovem já estudou e fez os deveres na es- estudantes – resultado este que deseja garantir o pleno desenvolvi-
cola, esse período poderá ser utilizado apenas para atividades mais mento das crianças e adolescentes.
prazerosas junto à família.
Vantagens da Educação em Tempo Integral
- Desenvolvimento da autonomia
Na educação integral há desenvolvimento da autonomia dos - Melhora o aproveitamento do tempo
jovens, que não dependerão apenas dos pais para estudarem e fa- Além das brincadeiras livres, as crianças participam de outras
zerem suas atividades escolares. O convívio frequente com outros que proporcionam aprendizados importantes. “A escola integral
jovens e adultos também colabora para o desenvolvimento de ha- qualifica a interação e o tempo da criança”, diz Tatiana Almendra,
bilidades sociais. diretora da Móbile Integral, iniciativa que tem como base a expe-
riência de sucesso de mais de 40 anos da instituição e que terá um
Desafios da educação integral corpo de professores dedicados exclusivamente ao novo projeto,
Como vimos, a educação em tempo integral possui diversas dialogando com os mesmos princípios educacionais.
vantagens. Agora, veremos alguns de seus principais desafios.

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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

- Favorece o desenvolvimento social Esses são alguns, há muito outros fatores que interferem na
As crianças aprendem, brincam e interagem entre elas. Estudos construção de uma proposta de educação integral em tempo in-
mostram que, quando os alunos resolvem desafios de forma cola- tegral, que proporcione aos alunos o direito à formação integral,
borativa, o desenvolvimento social e emocional é mais estimulado, direito que se traduz na possibilidade de percorrer seu processo
além da criatividade. educativo, de adquirir e construir conhecimentos e de desenvolver
potencialidades para interpretar a complexa realidade em que se
- Oferece educação bilíngue vive, ao assumir a condição de sujeito interativo. A concretização
Além de não ter que se deslocar para outra instituição, o perí- desse direito exige outra compreensão do que seja o processo de
odo integral permite inserir atividades durante as aulas de idiomas ensino-aprendizagem e de como ele se articula com a totalidade da
que as tornam mais eficientes. Em vez de aprender apenas gramá- formação humana.
tica, por exemplo, o aluno pode usar o inglês em uma aula de ciên- Apesar dos problemas, consideramos que a implantação do
cias. A criança já cresce com um bom conhecimento de inglês ou tempo integral, pautado na educação integral, constitui-se de um
espanhol para que, no futuro, possa estudar, se desejar, em uma avanço na tentativa de melhorar a qualidade do ensino no Brasil.
universidade fora do país. Contudo, os paradigmas impostos para que esta educação se realize
estão equivocados. Conforme defendido por Borges (2012) e Paro
- Supre a carência de lazer e cultura (1988), o papel da escola é prioritariamente pedagógico. Outras
Uma grade curricular estendida e planejada oferece ativida- funções podem coexistir desde que não interfiram, prejudiquem
des artísticas e culturais diversificadas. “Isso amplia a capacidade ou impossibilitem o cumprimento da função primeira da escola: a
da criança de estabelecer relações que a farão entender melhor o pedagógica. Ademais, a escola de tempo integral não deve ser um
mundo”, afirma Tatiana Almendra. lugar para deixar a criança porque a rua é um risco, mas sim porque
essa criança precisa ter acesso ao conhecimento científico e cultu-
- Permite mais prática de esportes ral acumulado pela humanidade, desenvolver suas potencialidades
Com um número maior de aulas de educação física, o aluno e ser devidamente preparada para atuar na sociedade, ciente dos
tem acesso a diversas modalidades de esportes, sempre respeitan- seus direitos, deveres e das regras que permitem a convivência so-
do seu desenvolvimento motor e a capacidade de atuar em grupo. cial.6

- Estimula a criatividade e o pensamento crítico


Uma carga horária maior permite a realização de projetos in-
terdisciplinares mais complexos, que desafiam a criança a resol- EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ver situações-problema em lugar de decorar conceitos. Os alunos
podem, por exemplo, aplicar conceitos de física na construção de
“engenhocas”. Dessa forma, haverá maior desenvolvimento de sua A Educação Ambiental corresponde à conscientização ambien-
capacidade criativa. tal para questões que envolvem a valorização do meio ambiente e o
comprometimento de atitudes voltadas à sua preservação.
- Oferece educação digital A importância da educação ambiental reside na formação de
A criança aprende a usar o computador não apenas como mais cidadãos conscientes. Ela visa o aumento de práticas sustentáveis,
um instrumento de comunicação e de pesquisa. No currículo da bem como a redução de danos ambientais.
Móbile Integral, por exemplo, os estudantes, por meio do uso de A educação ambiental nasceu com o objetivo de gerar uma
robôs e de jogos, aprendem a “falar” com o computador, aproxi- consciência ecológica em cada ser humano, preocupada com o en-
mando-se gradualmente da linguagem de programação. sejar a oportunidade de um conhecimento que permitisse mudar o
comportamento volvido à proteção da natureza.
- Oferece educação alimentar O desenvolvimento sustentável deve estar, também, aliada à
A criança aprende a comer de forma saudável e conhece uma educação ambiental, a família e a escola devem ser os iniciadores
variedade maior de alimentos por ter acesso a uma alimentação da educação para preservar o ambiente natural. A criança, desde
planejada por uma equipe de especialistas. cedo, deve aprender cuidar da natureza, no seio familiar e na es-
cola é que se deve iniciar a conscientização do cuidado com o meio
Entre os desafios podemos citar: ambiente natural.
- Falta estrutura física; É fundamental essa educação ambiental, pois, responsabilizará
- Falta integração de disciplinas; o educando para o resto de sua vida.
- Falta de profissionais: faltam porteiros, inspetores de alunos, Segundo Munhoz (2004), uma das formas de levar educação
merendeiras, pessoal administrativo. ambiental à comunidade é pela ação direta do professor na sala de
- Aumentar o número de horas não resolve: é preciso dar refor- aula e em atividades extracurriculares.
ço escolar, atividades esportivas e culturais; Através de atividades como leitura, trabalhos escolares, pes-
- Dificuldades na implementação do ensino integral: se terá quisas e debates, os alunos poderão entender os problemas que
professores suficientes, se o projeto pedagógico está alinhado. afetam a comunidade onde vivem; instados a refletir e criticar as
ações de desrespeito à ecologia, a essa riqueza que é patrimônio do
planeta, e, de todos os que nele se encontram. E ainda diz: Os pro-
fessores são a peça fundamental no processo de conscientização da
6 Fonte: www.educacaointegral.org.br/ www.seer.ufrgs.br/ www.scielo.br/
www.blog.wpensar.com.br/ vejasp.abril.com.br
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

sociedade dos problemas ambientais, pois, buscarão desenvolver ¨Em março de 1998, foram detectados níveis alarmantes da
em seus alunos hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental substância cancerígenos dioxina no leite produzido no estado ale-
e respeito à natureza transformando-os em cidadãos conscientes e mão de Baden – Wurttemberg (sudeste da Alemanha).
comprometidos com o futuro do país. ¨O leite foi retirado do mercado.
Apesar da importância fundamental do professor no processo Investigações científicas realizadas pelo Freiburg State Istitute
de desenvolvimento da nação, ainda, não se dá o devido valor, por for Chemical Analysis of Food indicaram um aumento assustador
parte de nossas autoridades, ao professor e com isto a educação. dos índices de dioxina nas amostras de leite e manteiga coletadas
O Estado, ainda, não se conscientizou que a educação é o veículo desde setembro de 1997.
do bem estar social, mas, sim, de forma oposta, se tem priorizado A descoberta levou as autoridades alemãs a conduzirem um
o interesse político de manter a massa sem uma formação cultural estudo abrangente para determinar a fonte da contaminação¨.
adequada. São alguns exemplos, dos muitos existentes, de referências a
Qualquer ação de proteção ambiental deve passar pela educa- poluição ambiental e de produtos que comprometem a vida do ser
ção ambiental. humano e da terra.
Na carta de Belgrado, de 1975, apud Rebollo (2001), foi apre- O que precisa ser feito é acelerar a conscientização ecológica
sentado uma linha de ação onde diz: a) conscientizar os cidadãos de na empresa e na comunidade e construir uma cultura ambiental,
todo mundo sobre o problema ambiental; b) disponibilizar o acesso que se imponha àquela do consumo.
a conhecimentos específicos sobre o meio ambiente; c) promover Para melhorar a qualidade ambiental diz Frers (2000): ¨Dar a
atitudes para a preservação ambiental; d) desenvolver habilidades conhecer a um público cada vez mais amplo as causas principais do
específicas para ações ambientais; e) criar uma capacidade de ava- problema e conseguir nele a compreensão e conscientização sobre
isso, conhecer, compreender, tomar consciência e atuar, essa deve
liação das ações e programas implantados; f) promover a participa-
ser a dinâmica e finalmente, formar uma Associação não governa-
ção de todos na solução dos problemas ambientais.
mental que congrega a todos os participantes ativos no processo,
Lopes de Sá (1999), afirma: ¨há uma consciência mundial em
com o objetivo de organizar professores e estudantes do sistema
marcha, cuja formação se acelera e que condena a especulação gra-
educativo nacional desde os níveis elementares até os pós-gradu-
vosa da riqueza tão como o uso inadequado de utilidades, como ados, a todos as associações civis não governamentais e em fim a
fatores de destruição do planeta e lesão à vida dos entes eu povo- toda pessoa que responsável e organizadamente, baseada em sua
am o mundo¨. própria experiência ou em dos demais, deseja atuar para oferecer
Diversos movimentos de massa humana pressionaram os po- um projeto alternativo e fundamentado que possa dar aos gover-
deres políticos e catástrofes expressivas (Bhopal em 1984, Cherno- nos de mecanismos de ação cuja proposta seja da sociedade civil
byl em 1986, afundamentos de petroleiros, destruições de florestas organizada¨.
etc.) e em parte terminaram por convencer aos dirigentes do Esta- Ainda é importante observar o referido sobre o assunto em
do de que era grave a questão. evento que reuniu Ministros da Educação em Cúpula das Américas,
Caseirão (2000) diz (1997) ¨no pólo norte foi detectado partí- Cúpula de Brasília (1998): ¨A educação ambiental para a sustentabi-
culas de césio, que é produto radioativo, acumulados nos tecidos lidade deve permitir que a educação se converta em uma experiên-
das focas da área. cia vital, alegre, lúdica, atrativa, criadora de sentidos e significados,
Este fato demonstra que os problemas da poluição não têm in- que estimule a criatividade e permita redirecionar a energia e a re-
cidência meramente local. beldia da juventude para execução de projetos de atividades com a
A poluição é transportada para locais muito distantes daqueles construção de uma sociedade mais justa, mais tolerante, mais eqüi-
em que a mesma é produzida; tativa, mais solidária democrática e mais participativa e na qual seja
¨No Rio Grande do Sul, Brasil (1998) um barco esteve cerca possível a vida com qualidade e dignidade¨.
de uma semana a descarregar ácido sulfúrico diretamente para as Na atualidade se impõe a necessidade da educação para o de-
águas do porto, que se situa perto da reserva ecológica da Lagoa senvolvimento sustentável e do controle, por legislação do meio
dos Patos¨. ambiente natural e da gestão ambiental.7
¨Resultado: a pesca teve de ser proibida numa faixa de 18 km,
cerca de 6,5 mil famílias de pescadores ficaram sem meio de subsis-
FUNDAMENTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL/ INCLU-
tência e o prazo estimado para a recuperação do ecossistema des-
SIVA E O PAPEL DO PROFESSOR
truído é de 10 anos¨.
Minamata, Japão (195?) informou: ¨As descargas contínuas de
mercúrio na baía de Minamata, provocaram o nascimento de vários
As questões sobre inclusão e diversidade estão cada vez mais
bebes com graves deformações físicas¨.
presentes nos debates sobre educação, principalmente pelo fato,
Prince William Sound, Alasca (1989), também recrimina: ¨Um
que cresce a necessidade de diminuir as desigualdades existentes
derramamento causado pelo superpetroleiro Exxon Valdez destruiu
nas escolas. Conforme Lima (2009, p.87) “pensar sobre a diversida-
todo o ecossistema da região, liquidou mais de 250.000 aves e ma- de no contexto escolar é uma necessidade no momento atual, essa
tou um número não determinado de mamíferos marinhos e peixes. temática é alvo constante de debate e reflexões pelos profissionais
¨Passados que estão 10 anos, a vida na região não está ainda da educação”. Já que a instituição escolar tem como desafio lidar
reconstituída e a Exxon já pagou indenizações de valor superior a com a diversidade que constitui os seres humanos.
2,5 mil milhões de dólares (cerca de 450 milhões de contos)¨;
Consta no relatório Greenpeace sobre a contaminação do leite
por dioxina na Alemanha. 7 Fonte: www.brasilescola.uol.com.br
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Com base nisso, é necessário compreender e valorizar as di- dos agentes educativos a uma reflexão sobre a diversidade cultural
ferenças existentes na sociedade em geral, principalmente porque e inclusão no ambiente escolar, ou seja, pensar na construção de
essas diferenças estão intimamente ligadas ao âmbito educacional, espaços de diálogo, na qual as diferenças se complementem e não
pois, “é delegado à escola um papel cada vez mais decisivo, de tal sejam fatores de exclusão. E aqui cabe nos bem o papel do pro-
modo que a função não se restringe a formação formal, mas en- fessor como agente prioritário para a construção de uma educação
volve ao mesmo tempo, também, a formação social” (SILVA, 2011, igualitária, ou seja, inclusiva.
p.4). De acordo com Zampieri; Souza; Monteiro (2008, p.4) “temos
Além disso, Rodrigues (2013, p.14) aborda que: [...] a escola convicção de que o professor é uma peça muito importante no con-
é uma entidade que tem por função principal educar e ensinar, de junto que movimenta todo o sistema educacional”. E por isso há
modo organizado, uma população com características próprias de necessidade do professor estar preparado para atuação significativa
idade, de saberes e de experiências. A escola deve responder, no com seu alunado, pois é ele que irá organizar a sala de aula, guiará
contexto do seu tempo, ao desenvolvimento dos seus destinatários e orientará as atividades dos alunos durante o processo de aprendi-
que são os alunos, de acordo com o processo de educação ao longo zagem para a aquisição de saberes e competências. Pois quando se
da vida e tendo em conta a sua plena inserção na sociedade. fala em trabalhar com a inclusão requer-se alguns aspectos, como:
Dessa forma, a escola pode ser considerada como “lócus da - Maturidade do profissional em busca de um trabalho efetivo,
diversidade social” (LIMA, 2009), pois, verifica-se no contexto edu- de uma vivência para a construção do conhecimento;
cacional um amplo e diversificado ambiente de culturas. Diante - Capacidade de desenvolver recursos próprios para lidar com a
disso, surge a equidade na educação que está muito presente nos frustação de estar limitado quanto às possibilidades;
discursos políticos e nos documentos oficiais brasileiros, contudo - Conhecer o aluno para educá-lo;
é preciso averiguar se esses discursos estão sendo concretizados. - Conhecer como aprende para ensiná-lo;
No campo educacional brasileiro, as discussões acerca de te- - Saber quais aprendizagens estão construídas nesse sujeito;
mas como diversidade, diferenças, cultura intensificaram-se a partir - Saber quais marcas estão definindo suas escolhas;
da criação da Lei nº 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de - Estar disposto a vincular-se ao sujeito;
história da cultura afro-brasileira e africana nas escolas brasileiras - Ter possibilidade para o vínculo afetivo;
e a Lei nº 11.645/08 que inclui também a questão indígena nos - Ter disponibilidade para aceitação do outro em sua maneira
currículos escolares. Em 2004 o Ministério da Educação (MEC) cria de ser. (SANTOS, 2004, p.6)
uma secretária específica, a Secretaria de Educação Continuada, Contudo desenvolver práticas pedagógicas que tenham como
Alfabetização e Diversidade (SECAD), com intuito de articular, en- princípio a inclusão plena de todos os alunos ainda é um desafio,
tre outras questões, o tema diversidade nas políticas educacionais. já que muitos profissionais se recusam a realizar essa atividade ou
Essa secretaria procurou aglutinar, programas, projetos e ações, na sentem dificuldade em lidar com essa questão. De acordo com Al-
qual vieram compor dois departamentos, o de Educação de Jovens ves (2012, p.35) “ao que parece o medo dos professores está ligado
e Adultos e o de Educação para a Diversidade e Cidadania, neste à ausência do conhecimento necessário para lidar com as limita-
último subdividido em cinco coordenações gerais: Educação Escolar ções, o que gera, no professor, resistência ou rejeição em relação à
Indígena; Diversidade e Inclusão Educacional; Educação do Campo; inclusão”. Seguindo esse mesmo raciocínio Pimentel (2012, p.142)
Educação Ambiental; Ações Educacionais Complementares. discute que, “por não saber o que fazer e nem como atuar, alguns
O tema inclusão, principalmente a que se refere à entrada de docentes, em sua impotência, acabam por sugerir, através de pa-
alunos com necessidades especiais, vem sendo discutido há mais lavras ou ações, que não conseguem lidar com a diferença e que,
tempo, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988 e portanto, é mais produtiva a retirada dos estudantes daquele es-
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB – nº 9394/96, na paço escolar”.
qual preconizam ideias de sistemas educacionais inclusivos. Na LDB Portanto, não se pode negar o fato de que se deve haver uma
9394/96 em seu artigo 58º é determinado que a educação para alu- formação específica para os professores, sendo esse processo im-
nos com necessidades especiais seja ofertada preferencialmente na prescindível ao atendimento das especificidades e singularidades
rede regular de ensino (BRASIL, 1996). dos educandos. Sendo assim, é necessária a formação inicial, assim
Contudo é comum presenciarmos discussões acerca dos temas como, a formação continuada entre todos os profissionais de en-
inclusão e diversidade cultural no ambiente escolar separadamen- sino. De acordo com Martins (2012, p.33), A formação dos profis-
te, algo equivocado. Pensar num sistema educacional inclusivo, não sionais de ensino, porém, de maneira geral, não se esgota na fase
significa estarmos nos referindo apenas a inclusão de alunos com inicial, por melhor que essa tenha se processado. Para aprimorar a
necessidades especiais, mais sim num conjunto imenso de diferen- qualidade de ensino ministrado pelos profissionais de ensino em
ças que habitam as instituições de ensino. De acordo com Santos geral, nas escolas regulares, atenção especial deve ser atribuída
(2008, p.18) pensar em inclusão parte do pressuposto “de que in- também à sua formação continuada.
clusão é a ideia de que todas as crianças têm direito de se educar Nesse caso, essa formação continuada contribui para possibili-
juntos em uma mesma escola, sem que esta escola exija requisitos tar condições de reflexão por parte dos docentes sobre a sua prá-
para o ingresso e não selecione os alunos, mas, sim uma escola que tica educativa, de forma a melhorar a atuação com as diferenças
garanta o acesso e a permanência a todos os seus alunos”. que se fazem presentes na sala de aula. Dessa maneira, a formação
Dessa maneira, alunos advindos dos mais diferentes ambien- permanente é um dos fatores imprescindíveis para que os educa-
tes, com culturas e experiências de vida diferenciadas, necessitam dores possam atuar de maneira ampla, oferecendo condições de
ser acolhidos, respeitados e educados da mesma maneira, sem ne- atendimento educacional que sejam adequados a cada educando
nhuma distinção. Nesse contexto, surge a necessidade por parte (MARTINS, 2012).
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Porém, infelizmente verificamos ainda a inclusão como um Quando que na verdade desde que o aluno ingressa no curso
simples espaço de socialização. Observamos que, na educação in- de licenciatura, deve se possibilitar situações de prática vinculadas
clusiva, principalmente no que se refere à inclusão de alunos com aos conteúdos das disciplinas, ou seja, os futuros professores pre-
deficiências, há uma proposta que traz um professor formado e ex- cisam conhecer o mais cedo possível os sujeitos e as situações com
periente em educação especial para sala de aula. Esse profissional qual irá trabalhar.
passa a ser conhecido como sendo próprio a esses alunos o que sig- Segundo dados da Organização Mundial de Saúde – OMS,
nifica uma segregação dentro da própria sala de aula, fortalecendo aproximadamente 10% de qualquer população são portadoras de
assim o preconceito e não combatendo (CROCHÍK, 2012). Contudo algum tipo de deficiência. O Brasil possui atualmente cerca de mais
não se trata de desconhecer que alunos com deficiências necessi- de 180 milhões de habitantes, logo mais de 18 milhões de pessoas
tem de um profissional especializado, mas que isso não signifique possuem algum tipo de deficiência. Desse total, 50% são portado-
que deva haver um isolamento desses alunos em relação a seus co- ras de deficiência mental.
legas.
Numa escola que pretende ser inclusiva todos devem estar en- Quem são?
volvidos, ou seja, gestores, professores e funcionários. Com isso, São pessoas que apresentam significativas diferenças físicas,
“investimentos na formação dos professores, valorização do tra- sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores inatos ou adqui-
balho docente, estímulos à formação continuada de todos aque- ridos, de caráter permanente, que acarretam dificuldades em sua
les que fazem parte da escola,” (CRUZ; TASSA, 2014, p.3), fazem-se interação com o meio físico, moral e material.
necessários, pois, através destes mecanismos pode se pensar real-
mente em uma educação de todos e para todos. O que eles precisam?
Martins (2012, p.35) questiona que, Não basta, porém, apenas Eles precisam exatamente das mesmas coisas que qualquer
oferecer aos alunos o acesso à escola. Necessário se faz ministrar um de nós: dignidade, respeito, liberdade, educação, saúde, lazer,
um ensino que seja de qualidade para todos, que atenda às reais assistência social, trabalho e amparo. Direitos fundamentais e ina-
necessidades dos educandos. Em outras palavras, deve existir aber- lienáveis de todos os seres humanos.
tura para um trabalho pedagógico efetivo com a diferença presente Maria Tereza Mantoan, coordenadora do LEPED (Laboratório
nos educandos, em geral. de Estudos e Pesquisas em Ensino e Reabilitação de Pessoas com
Dessa forma, percebe-se a importância de uma formação ini- Deficiência) da UNICAMP, que é responsável pela implantação do
cial e continuada que ofereça aos professores e futuros docentes Ensino Inclusivo em redes municipais e estaduais para todo o Brasil,
condições de reflexão sobre a sua prática educativa, de forma a me- diz que: “o mais difícil é a transformação da mentalidade do profes-
lhorar sua atuação com as diferenças que se fazem tão presentes sor e de muitos pais que acreditam que as escolas especiais são a
na sala de aula. solução ideal, e que o grande receio dos professores é de não terem
Um modelo que pode auxiliar muitos professores em relação à a formação adequada para lidar com os deficientes”.
inclusão é o ensino colaborativo. Este ensino parte de uma parceria
entre os professores de educação regular e os de educação espe- O portador de necessidades especiais
cial, na qual ambos trabalham juntos compartilhando objetivos, ex- Quando se fala na inclusão de alunos portadores de necessi-
pectativas e frustrações (MENDES, 2006). Essa colaboração possibi- dades especiais em sala de aula, duas constatações se fazem sentir
lita que cada um com suas experiências auxiliem nas resoluções de que são expressas pela maioria dos professores:
problemas mais sérios de aprendizagem e/ou comportamento de – Ignorância: Por não conhecerem adequadamente as carac-
seus alunos, envolvendo a parceria direta entre eles. Dessa manei- terísticas desse tipo de clientela, já que antes eram denominados
ra, essa prática possibilita que o professor não atue sozinho, mais “deficientes”.
sim possa contar com a participação de outros profissionais. – Preconceito: Por reproduzirem a percepção estereotipada
Porém é perceptível ainda, no diálogo de muitos professores, a de que se trata de “gente diferente”, “doentes”, “inadequados”,
ausência de conhecimentos sobre questões referentes à inclusão e “defeituosos” e outras expressões igualmente equivocadas, ali-
diversidade. Falamos anteriormente na formação dos profissionais mentada por mitos ou representações equivocadas sobre a nature-
de ensino e de um modelo colaborativo de educação, mas mesmo za do problema dos portadores de necessidades especiais.
assim, vemos que ainda há uma carência profunda nos discursos Convém ressaltar que essa não é uma crítica aos educadores,
desses profissionais, dessa forma entende-se que não adianta ofe- pois eles somente expressam a forma como a sociedade em geral
recer somente capacitação aos docentes, mais estes precisam estar sempre encarou o portador de necessidades especiais – como pes-
totalmente envolvidos com o processo de educação, já que o objeti- soas esteticamente indesejáveis, cujo contato e convivência geram
vo primordial do profissional de ensino é desenvolver em seu aluna- constrangimento e como sujeitos incapacitados para desempenha-
do autonomia e competências pra que este possa viver e conviver rem papéis sociais autônomos na comunidade, ou seja, eternos de-
em sociedade, ou, seja não cabe ao professor abordar mais que não pendentes.
tem capacidade de ensinar alunos “diferentes”. Nos últimos anos, a preocupação com problema de exclusão
Contudo, o que se verifica de modo geral nas licenciaturas é social ganhou impulso, tendo o conceito tomado o lugar de muitos
que estas não têm estado preparadas para assumir a função de for- outros. A inclusão social tomou impulso primeiro nos meios acadê-
mar profissionais de ensino, capazes de lidar com a diversidade nas micos e técnicos e depois junto à mídia e, mais especificamente,
salas de aulas, o que vemos então é um tipo de inclusão precária. junto aos setores ligados à educação e a promoção social.
De acordo com Libâneo e Pimenta (1999), boa parte dos cursos de
licenciatura, a aproximação do futuro docente com a realidade de
sala de aula acontece depois de ter passado pela formação “teóri-
ca”, tanto na disciplina especifica como nas disciplinas pedagógicas.
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

A partir da lei específica e regulamentada, a inclusão educacio- A importância da inclusão nas escolas
nal como sendo obrigatória caiu como uma bomba na cabeça dos De acordo com o Artigo 205 da Constituição Federal de 1988,
educadores e dos organismos educacionais, pois teriam de incluir a “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
qualquer custo, clientes deficientes em salas de aula comuns, den- promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
tro de um curto prazo. ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
Se por um lado à lei traz o benefício, por outro, causa muitos da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
transtornos, já que a falta de preparo nos cursos de magistério e Todos nós, como cidadãos brasileiros, temos direito a educa-
licenciatura, aliada a falta de vivência e ao preconceito, transfor- ção, sendo que qualquer tipo de restrição em relação a isso não é
ma os portadores de necessidades especiais em fantasmas, assom- correto e impede que esse direito seja exercido. Por isso, o debate
brando o cotidiano dos professores. sobre a inclusão desde a Educação Infantil vem se fortalecendo bas-
tante nos últimos anos.
Todo diagnóstico tem duas funções básicas Por muito tempo, a educação inclusiva era realizada de forma
– Localizar e analisar as causas das dificuldades dos alunos em paralela, por instituições de ensino especializadas nesta área. Po-
todas as áreas das suas atividades, rém, muitas escolas estão investindo em ações reais de inclusão
– Identificar e avaliar as áreas de aprendizagem e ajustamen- para que todas as crianças aprendam e se desenvolvam no mesmo
to, tanto as positivas, quanto às negativas. ambiente, sempre respeitando o tempo e as necessidades de cada
uma.
Classificação e caracterização dos alunos especiais Nesta proposta, a instituição de ensino se compromete a ofe-
São em inúmeras as desvantagens e desvios existentes na recer atividades diárias nas quais os alunos da Educação Infantil
classificação de pessoas em categorias, mas acabam tornando-se possam cultivar o respeito, a cidadania, o cuidar de si e do outro,
necessárias principalmente do ponto vista da administração do Sis- a aceitação, o companheirismo e tantos outros valores necessários
tema Educacional. para a formação de cidadãos justos, éticos e que respeitam as di-
versidades que tanto contribuem para o nosso desenvolvimento.
1. Excepcionais intelectuais Para a criança portadora de necessidades especiais, participar
1.1. Superdotados de um processo de inclusão é essencial para que ela tenha acesso a
1.2. Deficientes mentais estratégias multidisciplinares, que irão ajudar no desenvolvimento
a) Educáveis da linguagem, das competências e das habilidades motoras, cog-
b) Treináveis nitivas e emocionais que são fundamentais para a sua formação.
c) Dependentes Esse acompanhamento exige muito preparo e conhecimento
dos gestores e professores, pois a inclusão é uma etapa complexa
2. Excepcionais psicossociais e repleta de desafios, mas essencial para que as crianças tenham
2.1. Deficientes físicos não sensoriais esse estímulo desde a Educação Infantil, as preparando para os pró-
2.2. Deficientes físicos sensoriais ximos passos que serão ainda mais desafiadores.
a) Deficientes auditivos
b) Deficientes visuais Trabalhando a inclusão na Educação Infantil
Como mencionado no tópico anterior, a inclusão na Educação
3. Excepcionais psicossociais Infantil é uma ação social e cidadã muito importante, pois ajuda
3.1. Alunos com distúrbios emocionais diretamente as crianças com necessidades especiais e também pro-
3.2. Alunos com desajustes sociais move um aprendizado valiosíssimo para todos os alunos, que é o
4. Excepcionalidade múltipla respeito às diferenças.
4.1. Alunos com mais de um tipo de desvio Para trabalhar a inclusão na Educação Infantil na prática, é
essencial que a equipe pedagógica faça um planejamento das ati-
O papel da escola na inclusão vidades que são significativas para os alunos e que promovam a
A escola é um espaço democrático, que deve estar aberto e integração. Também é importante considerar o ritmo de cada es-
preparado para receber todos os alunos. A Educação Infantil, fase tudante e as suas peculiaridades, somente assim a educação será
inicial da formação acadêmica, representa o primeiro contato das realmente inclusiva
crianças com esse universo repleto de aprendizados e novas des- A inclusão escolar vai muito além do pensar em “educação es-
cobertas, e a inclusão neste período é fundamental, pois além de pecial”. Ela foi criada com o intuito de reconhecer as diferenças en-
todos os desafios que o pequeno terá ao iniciar a socialização, é tre os alunos e valorizar essas características por meio de atividades
preciso levar em conta que esse é um dos primeiros momentos em que favoreçam as potencialidades de cada criança.
que o estudante estará longe dos olhares de sua família. Desse modo, o paradigma de que as crianças que apresentam
Trabalhar a inclusão na Educação Infantil é muito importan- um desenvolvimento diferenciado precisam frequentar a educação
te para que a criança se adapte ao ambiente escolar e possa dar especial é quebrado. Por meio desse entendimento, educadores e
sequência aos seus estudos no Ensino Fundamental sem maiores pais precisam se unir para encontrar atividades pedagógicas que se
dificuldades. Para isso, gestores, educadores e toda a equipe peda- encaixem no perfil dos alunos.
gógica precisam estar engajados e preparados para oferecer todo o
suporte e atenção que as crianças precisam.
Na sequência deste artigo, iremos falar mais sobre a inclusão
na Educação Infantil e apresentar dicas de como a instituição de
ensino pode trabalhar esse conceito na prática.
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Compreenda as diferenças entre educação inclusiva e espe- 1. Preparação dos professores


cial Se educar uma criança que apresenta um desenvolvimento
O conceito de educação especial partia do princípio de que dentro do padrão já apresenta alguns desafios, a inclusão dos pe-
crianças com desenvolvimento diferente do “senso comum” preci- quenos com alguma deficiência pode ser um problema para a esco-
savam frequentar escolas diferenciadas. A partir disso, foram cria- la que não se prepara para a situação.
das as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), e de- Por esse motivo, cabe ao gestor da escola cobrar o aperfeiçoa-
mais instituições para alunos com autismo ou surdez, por exemplo. mento profissional de seus professores e oferecer cursos de capaci-
Em 1996 essa metodologia começou a mudar um pouco. O tação com esse foco. Eles precisam aprender práticas pedagógicas
Governo Federal aprovou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação diferenciadas para que possam atender as especificidades de cada
(LDB), de nº 9.394. Desse modo, foi criada a obrigatoriedade de aluno especial.
todas as escolas oferecerem atendimento aos alunos com necessi- O professor precisa compreender as características de cada
dades especiais. deficiência, para que saiba identificá-las e criar um programa ade-
A criação da lei também mudou a maneira como a sociedade quado de ensino. Ele também deve estar preparado para buscar
e a escola devem avaliar a educação de crianças com deficiência. A ajuda de um psicólogo quando o aluno apresentar dificuldades de
inclusão escolar tem justamente o intuito de promover a integra- inclusão em sala de aula.
ção entre os alunos com desenvolvimento padrão e os que apre-
sentam maneiras diferentes de aprendizado. 2. Foco nas potencialidades do aluno
Dessa forma, entende-se que todas as crianças aprenderão A gestão escolar precisa estar preparada para direcionar a
com as diferenças, sabendo respeitar mais uns aos outros. Essa atenção aos potenciais de aprendizado da criança especial. Por
nova maneira de pensar e agir tem como objetivo mudar a cultura esse motivo, é importante promover encontros entre os professo-
educacional e assegurar o acesso de todos à educação tradicional, res para que eles possam trocar experiências e ampliar o conheci-
para que as crianças possam ser valorizadas e se sentirem integra- mento sobre o assunto.
das à sociedade. O educador deve compreender que a inclusão escolar se ba-
seia em entender as dificuldades do educando e ajustar as ativida-
Conheça o que trata a legislação sobre inclusão escolar des para que ele possa apresentar o melhor desempenho possível
No artigo 58, a LDB define que a educação especial deve ser em sala de aula.
oferecida na rede regular de ensino, para qualquer educando com Também faz parte desse processo a aproximação da escola
deficiência — seja ela transtorno de desenvolvimento ou altas ha- com os pais. É por meio dessa relação que todos poderão identificar
bilidades. Para tanto, cabe à escola oferecer apoio especializado as formas de aprendizagem que funcionam melhor para a criança
nos casos em que o aluno demandar um atendimento mais perso- e como a convivência em grupo pode beneficiar o desenvolvimen-
nalizado. to do aluno. Muitas vezes, é necessário adequar o planejamento
A lei abrange não apenas as escolas de nível fundamental ou a cada mês, de acordo com o desenvolvimento apresentado pela
médio, ela também obriga o cumprimento da exigência pela edu- criança.
cação infantil. Nesse sentido, as escolas precisam aperfeiçoar os
métodos de ensino e práticas adotadas em sala de aula para que o 3. Espaços adequados
aluno especial possa desenvolver suas habilidades. A escola de educação infantil precisa estar preparada em todos
Também é dever na escola de educação infantil criar metodo- os aspectos para receber o aluno especial. Sendo assim, o gestor
logias diferenciadas de avaliação dos educandos de acordo com o deve ficar atento à regulamentação sobre acessibilidade para pes-
grau de deficiência ou segundo o alto grau de habilidade. soas com mobilidade reduzida.
Para complementar, em 1999 o Governo Federal aprovou o Mas essa compreensão vai além. As salas de aula devem estar
Decreto nº 3.298 que apresenta normativas para a integração das preparadas para receber os alunos especiais, bem como o gestor
pessoas portadoras com deficiência, seja ela física ou mental. precisa criar espaços diferenciados para que o educador possa rea-
Desse modo, o aluno que demanda atenção especial tem direi- lizar aulas complementares com as crianças.
to a ingressar na educação infantil a partir dos primeiros meses de A educação é um direito de todos e a escola tem o dever de es-
vida. Cabe à escola criar uma equipe especializada para atender às tar preparada para receber bem as crianças e promover a inclusão.
demandas da criança e oferecer orientações pedagógicas de acor-
do com o perfil do aluno. 4. Parceria entre pais e educadores
A criança só poderá ser encaminhada para uma instituição de Quando a criança apresenta necessidades especiais, a comuni-
ensino especializada quando ela não se adaptar aos processos edu- cação eficaz entre a escola e os pais se torna ainda mais importan-
cacionais do ensino regular. te. Os professores podem compartilhar as experiências em sala de
aula e orientar a família sobre as atividades que podem ser desen-
Saiba o que levar em consideração na hora de adotar a volvidas em casa para ampliar o aprendizado dos pequenos.
inclusão escolar Os pais, por sua vez, podem identificar alguns exercícios que
Agora você já sabe como é importante a participação dos ges- apresentam mais resultados com os seus filhos e repassar esse
tores, professores e dos pais no processo educacional dos peque- conhecimento para os educadores. Desse modo, a parceria con-
nos com algum grau de deficiência. Então, é hora de compreender tribuirá para o desenvolvimento das habilidades da criança e sua
os aspectos que devem ser considerados para oferecer o melhor inclusão na sociedade.
modelo de educação inclusiva:

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

A educação inclusiva é uma oportunidade da escola, em con- Outro ponto que consta da política educacional de inclusão é
junto com a comunidade, de contribuir para que os pequenos se a criação de salas de recursos multifuncionais, que não pode ser
tornem cidadãos solidários e conscientes sobre o valor das diferen- confundida com uma sala qualquer de recursos. As salas multifun-
ças.8 cionais são pensadas para complementar ou suplementar a apren-
dizagem dos estudantes com deficiência, transtornos globais do
Desenvolvimento para crianças portadoras de necessidades desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Mas o que tem
especiais pesado, em algumas escolas, é a interpretação de que é preciso
A escola inclusiva é aquela que abre espaço para todas as crian- laudo médico para que a escola receba o Fundeb em dobro. “Está
ças, incluindo as que apresentam necessidades especiais. As crian- nas notas técnicas do MEC e Secadi que nenhuma criança precisa
ças com deficiência têm direito à Educação em escola regular. No de laudo médico para isso. Não é o laudo que vai dizer que uma
convívio com todos os alunos, a criança com deficiência deixa de criança precisa de serviço de Educação Especial e sim o laudo edu-
ser “segregada” e sua acolhida pode contribuir muito para a cons- cacional, que é o estudo de caso feito pelo professor AEE. Infeliz-
trução de uma visão inclusiva. Garantir que o processo de inclusão mente, poucos fazem por desconhecer a política”, diz Maria Teresa.
possa fluir da melhor maneira é responsabilidade da equipe direti-
va – formada pelo diretor, coordenador pedagógico, orientador e O que diz a lei
vice-diretor, quando houver – e para isso é importante que tenham A Lei nº 7.853 estipula a obrigatoriedade de todas as escolas
conhecimento e condições para aplicá-lo no dia a dia da escola. em aceitar matrículas de alunos com deficiência – e transforma em
O princípio de inclusão parte dos direitos de todos à Educa- crime a recusa a esse direito. Aprovada em 1989 e regulamentada
ção, independentemente das diferenças individuais – inspirada nos em 1999, a lei é clara: todas as crianças têm o mesmo direito à
princípios da Declaração de Salamanca (Unesco, 1994). Está pre- educação. Os gestores estaduais e municipais devem organizar sis-
sente na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de temas de ensino que sejam voltados à diversidade, firmando e fis-
Educação Inclusiva, de 2008. Os gestores devem saber o que diz calizando parcerias com instituições especializadas e administram
a Constituição, mas principalmente conhecer o Plano Nacional de os recursos que vêm do governo federal. Mas é somente um dos
Educação (PNE), que estabelece a obrigatoriedade de pessoas com documentos que o gestor precisa conhecer. Do ponto de vista edu-
deficiência e com qualquer necessidade especial de frequentar am- cacional, o maior conteúdo está na Política Nacional de Educação
bientes educacionais inclusivos. Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva.

“Por ser inovador e diferente em sua concepção da Educação Apoio e recursos do governo
Especial, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) tem sido O aluno com deficiência tem direito à educação regular na es-
motivo de dúvidas e interpretações”, afirma Maria Teresa Eglés cola, com aulas dadas pelos professores, e atendimento especiali-
Mantoan, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas zado que não é responsabilidade do professor de sala de aula. O
em Ensino e Diferença (Leped), na Universidade Estadual de Cam- estado oferece assistência técnica e financeira. Conforme a defi-
pinas Unicamp). Segundo ela, com a compreensão correta do que ciência, o estado deve oferecer um cuidador, que nada mais é do
é o AEEE e o entendimento dos demais documentos, o gestor tem que uma pessoa para ajudar a cuidar do aluno. Esse cuidador deve
à sua disposição toda informação necessária para fazer o devido participar das reuniões sobre acompanhamento de aprendizagem.
acolhimento ao aluno com deficiência. “O que não se pode fazer é Conforme a jurisdição da escola, o gestor deve procurar a Secreta-
basear esse acolhimento nos conhecimentos anteriores sobre Edu- ria estadual ou municipal para suas reivindicações, além de buscar
cação Especial”, diz ela. “Porque aí é como tirar um óculos e colocar informações junto a organizações não governamentais, associa-
outro. É preciso ler com rigor e responsabilidade, ou seja, trocar de ções e universidades.
óculos”.
Adaptação e previsão de recursos em sala
A educadora reforça que “ninguém pode tirar o direito à edu- Cabe ao gestor oferecer tempo e espaço para que professores,
cação do aluno”. E lamenta que na leitura feita dos documentos de coordenador e especialistas possam conversar e tirar dúvidas sobre
inclusão, muitas vezes a interpretação dada para o termo “adapta- a integração do aluno com deficiência. O coordenador deve estar
ções razoáveis” seja entendida como adaptações curriculares. “O atento a possíveis alterações no plano político-pedagógico (PPP) e
documento fala em adaptações no meio físico, na comunicação, na no currículo para contemplar o atendimento à diversidade e ma-
forma de realizar as provas, por exemplo. Se um aluno tem defici- teriais pedagógicos necessários ao atendimento, além de prever o
ência física ou auditiva, ele pode precisar de um recurso, como uma uso de projeções, áudio e outros recursos nas atividades.
carteira adaptada ou uma avaliação em braile. Mas não deve ser
confundida com adaptação curricular”, diz. Segundo ela, os docen- Formação da equipe inclusiva
tes não precisam imaginar atividades completamente diferentes O ideal é garantir a formação na própria escola, já que o gestor
para o aluno com deficiência, nem tentar simplificar a realização conhece melhor sua equipe e a comunidade. O gestor pode formar
para evitar problemas. “Nós não temos a capacidade de fazer nin- um grupo para levantar as informações relevantes em relação à de-
guém aprender. Temos que dar liberdade para que o aluno possa ficiência dos alunos (junto a organizações e sites oficiais) e compar-
aprender e considerar o que ele consegue e o que não tem inte- tilhar em reunião. É essencial abrir o diálogo para que professores
resse em aprender. O bom professor considera o ensino igual para e funcionários possam tirar dúvidas. Se ficar claro durante as con-
todos, mas o aprendizado completamente díspar”. versas que é necessário orientar melhor algumas pessoas, o gestor
pode recorrer a possíveis formações oferecidas pela Secretaria de
Educação.
8 Fonte: www.educacaoinfantil.aix.com.br/www.sophia.com.br
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Conversa e resolução de conflitos em sala Omote (1990) se refere à deficiência não só como um proble-
Os professores podem conversar com suas turmas sobre a che- ma do aluno, mas de nosso próprio comportamento. Singer fala de
gada de um aluno com deficiência para reforçar a visão inclusiva. um princípio muito importante, para ele o princípio da igualdade
Sendo um estudante com deficiência de locomoção, que talvez pre- relaciona-se com a igual consideração de interesses. Sassaki fala em
cise de uma carteira adaptada, pode-se orientar os alunos como adaptação da sociedade para que o processo de inclusão se realize.
proceder (evitar correrias, empurra-empurra etc). Se o aluno apre- Montoan destaca o conceito de autonomia como finalidade da edu-
sentar comportamento agressivo, é importante analisar a origem cação de pessoas com necessidades educativas especiais.
do problema junto a professores, especialistas e familiares. Caso Enfim todos os autores citados convergem em um senso co-
ocorra um incidente, é importante convidar as famílias para uma mum, a inclusão na vida escolar de pessoas com algum tipo de de-
conversa. E ao menor indicativo de bullying, a equipe diretiva e os ficiência é fundamental para seu desenvolvimento e a torne uma
professores podem conversar sobre ações que envolvam todos os pessoa digna de todos os direitos de qualquer cidadão comum.
alunos para reforçar a formação de valores.
Princípios e conceitos
Qualidade do ensino e da aprendizagem
Todas as crianças são capazes de aprender: esse processo é O princípio da igualdade e a igual consideração de interesses
individual e o professor deve estar atento para as necessidades dos Segundo dicionário da língua portuguesa (FERREIRA, 1986,
alunos. Crianças com deficiência visual e auditiva desenvolvem a p.34) entende-se por igualdade, “Qualidade daquilo que é igual;
linguagem e pensamento conceitual. Alunos com deficiência men- uniformidade; identidade de condições entre os membros de uma
tal podem enfrentar mais dificuldade no processo de alfabetização, sociedade, em que não há privilégios de classes”.
mas são capazes de desenvolver oralidade e reconhecer sinais grá- A história comprova que pessoas muito diferentes da média
ficos. É importante valorizar a diversidade e estimular as crianças na aparência física ou no modo de pensar e de agir tem sido vistas
a apresentar seu melhor desempenho, sem fazer uso de um único como deslize da natureza. É como se a humanidade tivesse um evi-
nivelador. A avaliação deve ser feita em relação ao avanço do pró- dente padrão de qualidade.
prio aluno, sem usar critérios comparativos.9 As sociedades preferem serem lembradas e referidas mais por
Princípios e fundamentos da Educação especial suas identidades do que por suas diferenças. Seres humanos ten-
Princípios e Conceitos na Educação Inclusiva. Esse é um tema dem a se agrupar com seus semelhantes em bairros, grupos de ado-
muito já discutido pela sociedade, mas muito ainda se tem a refletir lescentes, de apreciadores de música clássica, etc.. E sempre que
sobre esse tema, pois é notória, a necessidade de mudanças pro- possível, até mesmo inconscientemente, desprezamos ou evitamos
fundas na mentalidade da sociedade diante a sua negação sobre o o convívio íntimo com quem consideramos diferente. Quando a di-
tema inclusão, dificultando assim o entendimento que a inclusão ferença é uma deficiência, essa tendência se agrava.
é o caminho certo para que pessoas com necessidades especiais A busca do padrão de normalidade, quase sempre baseado em
tenham o direito a igualdade perante todos, pois assim como qual- conceitos estáticos culturais, tem justificado, através dos séculos,
quer outro ser humano, elas sejam olhadas e aceitas por aquilo que assassinatos de pessoas que se diferenciavam da maioria, apenas
são hoje, e não por aquilo que poderão vir a ser e a produzir. por terem pele mais escura ou defenderem crenças que fugisse da
A pessoa com necessidades especiais tem os mesmos direitos época.
como qualquer outro cidadão brasileiro, pois conforme a legislação Segundo Werneck (1997), a sociedade para todos, conscientes
que nos rege, Art. 5º da CF/88, “Todos são iguais perante a lei, sem da diversidade da raça humana, estaria estruturada para atender
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos às necessidades básicas de cada cidadão, das maiorias às minorias,
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à dos privilegiados aos marginalizados. Crianças, jovens e adultos
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. com deficiência seriam naturalmente incorporadas à sociedade
O preconceito e a falta de informação talvez seja um dos maio- inclusiva, definida pelo princípio: “todas as pessoas tem o mesmo
res fatores que justifique a resistência da sociedade em aceitar a in- valor”. E assim, trabalhariam juntas com papéis diferenciados para
clusão de pessoas com necessidades especiais em nosso cotidiano. atingir o bem comum:
Através de uma pesquisa qualitativa de várias obras de auto- Na sociedade inclusiva não há lugar para atitudes como “abrir
res renomados como: Werneck, Omote, Sassaki, Singer e Montoan, espaço para deficientes” ou “aceita-los”, num gesto de solidarieda-
podemos fundamentar nossa pesquisa sobre os princípios e concei- de, e depois bater no peito ou mesmo ir dormir com a sensação de
tos na educação inclusiva. ter sido muito bonzinho. (WERNECK, 1998, p.22)
Ninguém precisa ser caridoso, bonzinho, somos sim todos cida-
Para Werneck: dãos, e é nosso dever privar pela qualidade de vida do nosso seme-
A sociedade esta sempre em busca de um padrão de normali- lhante, por mais diferente que ele nos pareça ser.
dade, quase sempre baseado em conceitos estáticos culturais, isso Em todas as regiões do planeta, pessoas com necessidades
justifica a dificuldade de aceitação no processo de inclusão de pes- especiais estão entre os mais excluídos. Excluídos das escolas, do
soas com necessidades educativas especiais nas escolas regulares direito de ir e vir, da sociedade em fim.
de ensino, pois consideram essas pessoas fora do padrão de beleza Temos a Política Nacional de Educação, elaborada desde 1993.
e de normalidade da sociedade. (WERNECK, 1998, p.21) E a partir da Declaração de Salamanca (1994) e da nova Lei de Di-
retrizes e base da Educação, Lei n.º 9.394, muito tem se discutido e
se atualizado sobre este tema através de discussões de várias ideias
com representantes de organizações governamentais e não gover-
namentais, abrangendo todos os campos de pessoas com necessi-
9 Fonte: www.gestaoescolar.org.br dades educativas especiais.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

O objetivo dessa política é garantir o atendimento educacio- Levar em conta os interesses das pessoas, sejam elas quais
nal ao aluno portador de necessidades especiais, pois num passado forem, devesse aplicar-se a todos, sem levar em consideração sua
não muito distante as crianças eram segregadas em instituições es- raça, sexo ou nível de inteligência, pois ela nada tem a haver com
pecializadas, perdendo a chance de conviver e participar da socie- muitos interesses do ser humano como o interesse de evitar a dor,
dade em geral. desenvolver as próprias aptidões, satisfazer as necessidades bási-
Atualmente através de muitas discussões vem se buscando de cas de alimentação, abrigo e de manter relações saudáveis com os
forma gradual a inclusão de pessoas com necessidades educativas outros.
especiais nas classes regulares de ensino, com ótimos resultados. Nossa sociedade, muitas vezes escraviza pessoas ditas defi-
No entanto, infelizmente esse caminho é longo e moroso, pois cientes mentais, impedindo-as se satisfazer seus interesses. No
vários obstáculos devem ser vencidos como: a maioria das escolas entanto, o principio da igual consideração de interesses é forte o
do país ainda não recebeu a infraestrutura adequada para a inclu- suficiente para excluir essa sociedade baseada no índice de inteli-
são, à maioria dos professores ainda não recebeu qualificação ade- gência. Também exclui a discriminação sob o pretexto de incapaci-
quada para trabalharem com aluno com necessidades educativas dade, tanto intelectual como física.
especiais previstas em lei, sem falar no pior dos obstáculos, a re- Com o passar dos tempos difundiu-se a constatação de que
sistência de todos nós, família, educadores, governo e a sociedade, todas as tentativas de “normalização” das vidas das pessoas com
em aceitar a pessoa com necessidades especiais iguais a quaisquer necessidades especiais se baseavam na modificação da própria pes-
outras pessoas, com os mesmos direitos. soa, como premissa para o seu ingresso na sociedade. Depois foi se
As pessoas com necessidades especiais na maioria das vezes generalizando a compreensão de que a deficiência, qualquer ela
não são vistas como cidadãs, e sim como pessoas que precisam de seja, tem como referência, “a norma”, o ambiente psicossocial ou
atendimento tão especial que acabam sendo diferenciados ainda o espaço físico, para que a pessoa possa desenvolver ao máximo
mais dos outros, trazendo para ela uma única realidade: a diferen- suas capacidades.
ça. Acreditamos que todas as pessoas devem levar em conta o ver-
Segundo Carvalho (1997, p. 18): dadeiro sentido da igualdade, não como discurso, mas como princí-
Embora a desigualdade seja estrutural em qualquer socieda- pio de guiar suas vidas.
de, os índices ainda registrados no Brasil são indicadores dos baixos
níveis de bem estar social, com o que temos convivido. A produção Autonomia
da deficiência se dá portanto, não apenas sob a ótica do aluno que “Autonomia é a condição de domínio no ambiente físico e so-
se torna deficiente circunstancial ou tem agravada sua deficiência cial, preservando ao máximo a privacidade e a dignidade da pessoa
real. Pode-se dizer que a produção da deficiência na nossa qualida- que a exerce”. (Sassaki, 1997, p.36)
de de vida é de nossa considerável participação. Para o autor citado, ter mais ou menos autonomia significa que
a pessoa com necessidades especiais tem maior ou menor controle
Essa desigualdade social se reflete nas dificuldades de acesso e nos vários ambientes físicos e sociais que ela queira ou necessite
permanência na escola, de crianças com dificuldades e com neces- frequentar, para atingir seus objetivos. Por exemplo, as rampas de
sidades especiais. Com isso nasce um tipo de deficiência cultural, acesso nas calçadas, transporte coletivo com acesso aos cadeiran-
que é mais comum em nossas escolas, tendo como consequência, tes enfim adaptação de todas as infraestruturas facilitando o deslo-
o fracasso escolar de muitos alunos. camento o mais autônomo possível no espaço físico.
Todos são diferentes uns dos outros, temos preferências dife- Muitas pessoas com necessidades especiais, na conquista de
rentes, necessidades diferentes. sua autonomia no meio escolar, possuem uma percepção negativa
Essas diferenças dependem e são produto da interação das delas mesmas. As pessoas creem que o sucesso escolar está fora
características biológicas com cada um de nós vem equipado (ge- de seu alcance, também tendem a um sub desempenho escolar,
néticas, hereditárias e adquiridas após o nascimento), do nível de porque essa percepção negativa inibe a aquisição do meio para
desenvolvimento real em que cada um de nós se encontra e do sig- adaptarem-se as exigências da escola. Na maioria das vezes, elas
nificado que atribuímos às situações que vivemos em nosso cotidia- percebem o esforço de adaptação como sendo não gratificante e
no. (MEC, 1986, p.30) tornarem-se dependentes e mesmo subordinadas às outras, esco-
Todos podem se desenvolver, todos podem aprender desde lhas e respostas alheias. Nesse sentido, a atitude passiva de aceita-
que ensinemos e possamos mediar esse processo. Entretanto, para ção no meio escolar, que é largamente adotada pela escola e pela
que isso acorra, temos que garantir a igualdade de condições. sociedade com relação às pessoas com necessidades educativas
Segundo Peter Singer (1994) o princípio da igualdade relacio- especiais, deve ser substituída por atitudes ativas e modificadoras.
na-se diretamente com a igual consideração de interesses. Elas precisam ser colocadas em situações problemáticas para
O princípio de igual consideração de interesses dos outros não aprender a viver o equilíbrio cognitivo e emocional. Se aos conflitos
dependem das aptidões ou de características destes, executando a lhes sã evitados, como poderão chegar a uma tomada de consci-
característica de ter interesse. É verdade que não podemos saber ência dos problemas a resolver e como testarão sua capacidade de
aonde vai nos levar a igual consideração de interesse enquanto não enfrentá-los? (Montoan, 1997, p.141)
soubermos quais interesses tem as pessoas, o que pode variar de Montoan (1997) comenta que a situação remete a quadros
acordo com suas aptidões, ou outras características. conceituais e a paradigmas educacionais mais amplos, que estão
sendo apontados como propostas para prover o meio escolar de
condições favoráveis ao desenvolvimento da à autonomia de alu-
nos com necessidades educativas especiais.

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Independência Este conceito vem revolucionando a prática das instituições as-


Segundo Sassaki (1997), independência é a faculdade de de- sistenciais que excluem pessoas cujas deficiências ou necessidades
cidir sem depender de outras pessoas, tais como: membros da fa- especiais não possam ser atendidas pelos programas ou serviços
mília ou profissionais especializados. Uma pessoa com deficiência disponíveis.
pode ser mais independente ou menos independente em decor- A luz do princípio da exclusão zero, porém, as instituições são
rência não só da quantidade e qualidade de informações que lhes desafiadas a serem capazes de criar programas e serviços interna-
estiverem disponíveis para tomar a melhor decisão, mas também mente ou busca-los em entidades comuns da comunidade a fim de
da sua autodeterminação e prontidão para tomar decisões numa melhor atenderem as pessoas com deficiência. As avaliações (so-
determinada situação. Esta situação pode ser pessoal (quando en- ciais, psicológicas, educacionais, profissionais, etc.) devem trocar
volve a pessoa na privacidade), social (quando ocorre junto a outras sua finalidade tradicional de diagnosticar e separar pessoas, pas-
pessoas) e econômica (quando se refere às finanças dessa pessoa). sando para a moderna finalidade de oferecer parâmetros em face
Tanto a autodeterminação como prontidão pode ser aprendida ou dos quais as soluções são buscadas a todos. (SASSAKI, 1997, p.41)
desenvolvida. E quanto mais cedo na vida, a pessoa tiver oportuni- Isso faz com que as instituições tenham que servir às pessoas e
dade para fazer isso, melhor. Porém, muitos adultos parecem espe- não às pessoas terem que se ajustar às instituições.
rar que a independência da criança com necessidades especiais irá Para Montoan (1997), as comunidades que rejeitam a riqueza
ocorrer de repente, depois que ela crescer. da diversidade continuam ultrapassadas, colocando a sociedade
em risco, não permitindo, assim, que todos exerçam seus direitos.
Equiparação de Oportunidades Verifica-se que os princípios e conceitos essenciais da proposta
Existem várias declarações que amparam a Equiparação de de inclusão envolvem: igualdade e equiparação de oportunidades,
oportunidades das pessoas com necessidades especiais. autonomia, independência e rejeição zero.
De acordo com Sassaki (1997), uma das primeiras organiza- Tudo está mudando tão rápido, são novas tecnologias que mui-
ções foi a Disables International (DPI), uma organização criada por tos de nós nem conseguimos conhece-las direito.
pessoas portadoras de deficiência (termo usado na época), não go- Para os mais jovens, já é quase normal às pessoas não se cum-
vernamental e sem fins lucrativos. A DPI define “equiparação de primentarem. Tudo é cercado por “interesses” e “aparências”, o
oportunidades” como processo mediante o qual os sistemas gerais tempo é algo muito importante, quase todos querem ganhar sem
da sociedade são feitos acessíveis para todos. Inclui a remoção das pensar naqueles que precisam de uma chance para poder “andar”
barreiras que impedem a plena participação das pessoas deficien- pelas ruas sem olhares preconceituosos.
tes em todas as áreas, permitindo-lhes alcançar uma qualidade de O país e o mundo vivem atravessando crises financeiras, usan-
vida igual à de outras pessoas. do-a como desculpa pela falta de investimento na saúde, educação
Uma definição semelhante consta no documento “Progra- etc... Afetando os mais fracos: pobres, idosos e pessoas com ne-
ma Mundial de Ação às pessoas com Deficiência”, adotado em cessidades especiais, isto é, todos que se diferenciam um pouco do
3/12/1982 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Uni- que a sociedade impõe que deva ser normal.
das (ONU). Este documento define Equiparação de Oportunidades Verificamos também que a sociedade deve se esforçar para
como o processo através do qual os sistemas gerais da sociedade, transformar esta situação de rejeição ao que se considera fora do
tais como o ambiente físico e cultural, a habitação e os transportes, padrão. Não existe nenhuma fórmula, basta que as pessoas pen-
os serviços sociais e de saúde, as oportunidades educacionais e de sem um pouco naqueles que estão a sua volta como cidadãos que
trabalho, a vida cultural e social, incluindo as instalações esportivas possuem os mesmos direitos e deveres, não importando se pos-
e recreativas devem ser acessíveis a todos. sui necessidades especiais ou não, todos viemos do mesmo lugar
Dez anos depois, a Assembleia Geral da ONU adotou o docu- e vamos acabar no mesmo lugar, independente se somos ricos ou
mento Normas Sobre Equiparação de Oportunidades que traz outra pobres, brancos ou pretos, enfim de qualquer coisa.
definição: “Significa o processo através do qual os diversos sistemas A luta pela educação especial no Brasil nunca foi fácil. Temos
da sociedade e do ambiente são tornados disponíveis para todos”. uma legislação, mas sabemos que ela sozinha não resolve nada.
Mais adiante esse documento acrescenta que pessoas com de- Ainda são poucas as pessoas que lutam pelos direitos das pesso-
ficiência são membros da sociedade e tem o direito de permanecer as com necessidades especiais e que defendem para todos, uma
em suas comunidades locais. Elas devem receber o apoio que neces- sociedade inclusiva. Precisamos dar as mãos nesta luta e repensar-
sitam dentro das estruturas comuns de educação, saúde, emprego mos a maneira pela qual lidamos com as diferenças.
e serviços sociais. (SASSAKI, 1997, p.39) Incluir não é favor, mas uma troca e todos saem ganhando.
Em todas estas definições, esta em primeiro lugar a igualdade E convivendo com as diferenças humanas construiremos um país
de direitos. O princípio de direitos iguais implica nas necessidades diferente e melhor.10
de cada um e de todos. As comunidades devem basear-se nisso
para construção de uma vida melhor e digna para todos os mem- A educação especial e o Currículo.
bros de uma sociedade. Ainda há espaços que compreendem o Currículo como mero
guia de conteúdos a serem administrados aos estudantes. Tem-se
Rejeição zero hoje a consciência de que a real concepção do mesmo está muito
De acordo com Sassaki (1997), inicialmente a rejeição zero, ou além dessa perspectiva. Isto é, compreendemos o, como um cami-
exclusão zero, consistia em não rejeitar uma pessoa, par qualquer nho a percorrer muito além do caminho meramente de conteúdos
finalidade, com base no fato de que ela possuía uma deficiência a serem compridos.
ou por causa do grau de severidade dessa deficiência. Mais tarde,
o conceito passou a abranger as necessidades especiais, indepen-
dente de suas causas. 10Fonte: www.centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Ele pode ser compreendido como um contexto de produção de É nessa conjuntura que o Currículo se configura como locus de
significações, aonde habitam as diversas identidades que são forja- importância no que diz respeito à discussão quanto à questão da
das em meio a um campo de luta e conflitos, pelo domínio do saber diferença e da diversidade.
e do poder. Sobre isso, atesta Lunardi (2008), citando Silva (1999): A inclusão vem tomando espaço cada vez maior nas políticas
[...] o currículo pode ser entendido como território de produ- públicas, na sociedade e nas escolas, princípios educacionais for-
ção, circulação e consolidação de significados. Nesse sentido, ele é mulados a partir dos ideais de Educação para Todos ganharam mais
também um espaço privilegiado de política de identidade. A cultu- consistência com as diversas diretrizes, elaboradas para os diferen-
ra, nesse contexto, é um campo de lutas em torno da significação tes níveis de ensino (Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensi-
social. É ‘onde se define não apenas a forma que o mundo deve no Fundamental, 1996; Diretrizes Curriculares para a Educação Es-
ter, mas também a forma como as pessoas e os grupos devem ser’. pecial na Educação Básica, 2001; Diretrizes Curriculares Nacionais
(LUNARDI, 2008 apud SILVA, 1999, p. 44-5). para a Formação de Professores, 2002).
As teorias do Currículo, entretanto, na busca de compreender Esses documentos configuram‐se como um conjunto de defini-
o sentido e o significado fazem o seu cruzamento com aspectos que ções doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos,
superam os limites de sua configuração prescritiva, especialmente com o objetivo de orientar as escolas em suas organizações, articu-
as teorias críticas e pós‐críticas. Para Sacristán (2000): lações, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógi-
A prática a que se refere o currículo [...] é uma realidade prévia cas. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial
muito bem estabelecida através de comportamentos didáticos, po- na Educação Básica (CNE/CB, Nº 2, 11 de fevereiro de 2001) expres-
líticos, administrativos, econômicos, etc., através dos quais se enco- sam determinações e orientações voltadas ao processo de inclusão
brem muitos pressupostos, teorias parciais, esquemas de racionali- dos alunos com necessidades educacionais especiais, no que tange
dade, crenças, valores, etc., que condicionam a teorização sobre o aos aspectos pedagógicos e formação de professores. No Parecer
currículo. (SACRISTÁN, 2000, p.13). 17/2001, referente à Resolução 2/2001.
As concepções atuais acerca do Currículo são oriundas da pers- A inclusão é definida como a garantia, a todos, do acesso con-
pectiva pós-estruturalista, que concebe a ideia do sujeito como um tínuo ao espaço comum da vida em sociedade, sociedade essa que
ser centrado em sua subjetividade e individualidade. Observamos deve estar orientada por relações de acolhimento à diversidade hu-
que, ao se tratar deste e do pós-estruturalismo, estes são, interpre- mana, de aceitação das diferenças individuais, de esforço coletivo
tados como prática cultural e como produtos de significações, em na equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com quali-
que a cultura se configura como um campo de lutas em torno das dade, em todas as dimensões da vida (BRASIL/CNE, 2001).
significações. Em outras palavras, a cultura não é entendida nesta Nesse contexto entendemos que a educação voltada às pes-
perspectiva como algo concluído, mas sim, como algo que se mani- soas com necessidades educacionais especiais está fundamentada
pula em meio a conflitos. nos princípios da preservação da dignidade humana, na busca da
identidade e no exercício da cidadania.
Currículo na Educação Inclusiva – Especial na Perspectiva Práticas durante muito tempo negligenciadas no trato às pes-
Contemporânea soas que apresentassem qualquer tipo de deficiência fosse ela físi-
A escola é concebida como instituição, capaz e capacitada, ca sensorial ou cognitiva. De acordo com o Parecer, os princípios
para disseminar o conhecimento, assim sendo, todos os alunos que que orientam a elaboração das diretrizes têm por finalidade acabar
a frequentam necessitam desenvolver de forma adequada suas po- com qualquer tipo de discriminação e garantir o desenvolvimento
tencialidades, independentemente de possuírem ou não uma ne- da cidadania.
cessidade mais específica na aprendizagem. Embasadas na LDB 9394/96 e na Declaração de Salamanca
Porém, quando há estudantes que não estão tendo evolução (1994), podemos dizer que o princípio fundamental da escola inclu-
em seu processo de ensino e aprendizagem (no caso aqueles com siva é o de que todas as crianças devem aprender juntas.
necessidades educacionais especiais), o Currículo embutido no Pro- Sendo assim, as escolas devem reconhecer e responder às ne-
jeto Pedagógico construído na escola, pode vim a torna-se um me- cessidades diversas de seus estudantes, acomodando os estilos e
canismo de exclusão, um estigma da diferença. ritmos de aprendizagem, por fim, assegurando uma educação de
Quanto aos discursos em torno do processo da inclusão da qualidade a todos, por meio de um Currículo apropriado, arranjo
pessoa com deficiência, Silva (2010, p.2) destaca que “[...] parece organizacional, estratégias de ensino, usa de recursos e parceria
refletir o modo pelo qual são representadas e expressadas, histo- com a comunidade.
ricamente, as principais inquietações das práticas de escolarização De acordo com os Parâmetros Curriculares para a educação
desses indivíduos, particularmente, àquelas relacionadas à escola inclusiva (1998), o Currículo é construído a partir do projeto peda-
e ao Currículo”. gógico da escola e deve viabilizar a operacionalização do mesmo,
Por isso, entendemos que, é de suma importância realizar uma orientando as atividades educativas, as formas de executá-las e de-
reflexão construtiva sobre a pessoa com deficiência, nesse contex- finindo as suas finalidades. O mesmo documento usa as palavras
to educacional inclusivo, aonde cada sujeito apresenta uma carac- “Adequações Curriculares” para referir-se ao mesmo como sendo
terística peculiar em que o discurso inclusivo, por tendência, massi- um elemento dinâmico da educação para todos e que a sua via-
fica. Desta forma, quando se defende a inclusão sem a valorização bilização para os alunos com necessidades educacionais especiais,
de fato da alteridade e das especificidades que a constitui, está se pode ser realizando através da flexibilização, na prática educacio-
compreendendo o grupo das pessoas com deficiência de forma he- nal, com o objetivo de atender todos os alunos.
gemônica, colocando estes sujeitos, como seres que apresentam
características e necessidades únicas e comuns.

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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Pensar em adequação curricular significa considerar o cotidia- Neste momento de mudança de paradigma de uma escola ex-
no das escolas, levando-se em conta as necessidades e capacidades cludente para uma que inclui, é conciso que se trilhem os recursos
dos seus alunos e os valores que orientam a prática pedagógica. necessários para efetivar o compromisso de desenvolver em cada
Para os alunos que apresentam necessidades educacionais espe- estudante as suas potencialidades.
ciais essas questões têm um significado particularmente importan- Pois, a educação inclusiva, entendida sob a dinâmica didáti-
te (PCNs, 1998, p. 32). co-curricular, é aquela que proporciona ao aluno com necessida-
As Políticas Públicas colocam para os sistemas de ensino, a des educacionais especiais, participar das atividades cotidianas da
responsabilidade de garantir que nenhum aluno seja discriminado, classe regular, aprendendo as mesmas coisas que os demais, mes-
de reestruturar as escolas de ensino regular, de elaborar projeto mo que de modos diferentes, preferencialmente sem defasagem
pedagógico inclusivo, de programar propostas e atividades diversi- idade-série. Sendo o professor, o agente mediador do processo de
ficadas, de planejar recursos para promoção da acessibilidade nos ensino aprendizagem, cabe a ele o papel de fazer as adequações
ambientes e de atender às necessidades educacionais especiais, de necessárias ao currículo (GLAT, 2004).
forma que todos os alunos tenham acesso pleno ao Currículo. A escola inclusiva precisa ter claro o reconhecimento de que
Considerando que os aspectos acima mencionados são deter- cada estudante tem um potencial, ritmo de trabalho diferenciado,
minantes para o sucesso da Política Educacional Inclusiva e que os expectativas, estilos de aprendizagens, motivações e valores cultu-
resultados do censo escolar em nosso país, indicam o crescimento rais, ou seja, reconhecê-los como diferentes. Segundo a Declaração
de alunos incluídos no ensino regular. de Salamanca:
Porém o que se vê é despreparo na prática para lidar com toda O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em to-
a situação que permeia a inclusão. Além do mais, não bastam so- dos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independen-
mente Leis, Decretos, Portarias, Resoluções em âmbito federal, temente das dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas
estadual e municipal que digam o que fazer, necessita-se urgen- escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos
temente articular a legislação com a prática executada no dia a dia seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendi-
nas escolas. zagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos,
Tendo em vista que, as dificuldades que emergem do cotidiano através de currículos adequados, de uma boa organização escolar,
escolar, nos mostraram que o tema inclusão escolar ainda perma- de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma
nece como um problema a ser resolvido pelas escolas e pela socie- cooperação com as respectivas comunidades. É preciso, portanto,
dade. Ter acesso à instituição escolar, em si, não garante que os um conjunto de apoios e de serviços para satisfazer o conjunto de
alunos estão tendo o suporte necessário para o desenvolvimento necessidades especiais dentro da escola (UNESCO, 1994, p.11-12).
do seu processo de ensino e aprendizagem. Podemos assim analisar que, o termo “necessidades educa-
É corriqueiro observarmos que, em alguns espaços pedagógi- cionais especiais” estar se referindo a todas aquelas crianças ou
cos, ao receber alunos com necessidades educacionais especiais, jovens, cujas necessidades educacionais que surgiram em função
em escolas ditas como inclusivas (aonde na proposta pedagógica de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças
tem-se um relato de que a escola é inclusiva e de que todos os experimentam dificuldades de aprendizagem e, portanto, possuem
professores participaram das discussões – gestão democrática), penúrias especiais em algum momento em seu processo de esco-
tenha-se dificuldades para recepciona-los e orienta-los, apresen- larização.
tando uma à prática que foge da proposta apresentada no Projeto Com esse contexto em que a criança esta inserida espera-se
Pedagógico. que o professor saiba acolher a diversidade e desenvolver a apren-
Por isso, quando há o ingresso de um estudante com necessi- dizagem em seus alunos, levando em consideração a diversidade
dades educacionais especiais, por mais que, a professora faça um nos ritmos que se encontram presentes em sua sala de aula. Por
trabalho de aceitação dos demais estudantes e isso aconteça com isso, é imprescindível que a escola se adapte às necessidades dos
sucesso, à prática diária escolar demonstra o quanto à mesma de- alunos.
monstra dificuldade, em desenvolver os conteúdos do Currículo Para tal, destaca-se a necessidade de um Currículo flexível,
junto a esse aluno, e a reconhecer aonde inicia a capacidade de abrangente de uma proposta de conteúdos, a partir da realidade
aprendizagem desse estudante e como fazer com que ele se apro- de cada escola com base na sua autonomia, aonde, os elementos
prie de tais conteúdos curriculares. curriculares ganhem novas formas, ou seja, os conteúdos não se-
No contexto da perspectiva de inclusão da pessoa com defi- rão decorados, mas apreendidos compreensivamente; a relação de
ciência, compreendemos que esta discussão ajude a promover o professor e alunos será de uma parceria mútua; as metodologias
olhar sobre o sujeito com deficiência como o Outro. Somente, a serão diversificadas e ativas; a avaliação não será a cobrança da
partir daí, a escola será uma real ação onde a diferença será com- falta ou o reforço do comportamento obediente, mas a análise do
preendida como algo inerente à humanidade, conforme Silva processo para reorganizar as ações na rotina escolar.
(2010), não mais será entendido como:
[...] um instrumento pedagógico neutro, ao contrário (o currí- É de fundamental importância salientar que o currículo não
culo) é um campo de conflitos, tensões e relações de poder do qual deve ser concebido de maneira a ser o aluno quem se adapte aos
resulta um conjunto de prescrições sobre os conteúdos, as organi- moldes que a escola oferece, mas como um campo aberto à diversi-
zações e as práticas que refletem (e reproduzem) as relações sociais dade. Essa diversidade não é no sentido de que cada aluno poderia
e políticas existentes em cada momento histórico, que são negocia- aprender conteúdos diferentes, mas sim aprender conteúdos de
das, efetivadas, construídas e reconstruídas na escola (SILVA, 2010, diferentes maneiras. Para efetivar tal acontecimento, ao planejar,
p. 06). professor precisa estabelecer expectativas altas e criar oportunida-
des para todos os alunos aprenderem com sucesso, incluídos todos.

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Moreira e Baumel (2001) escrevem que, as adaptações curri- Metodologias e estratégias na educação especial
culares não podem correr o risco de produzirem na mesma sala de As estratégias pedagógicas correspondem aos diversos proce-
aula um Currículo de segunda categoria, que possa denotar a sim- dimentos planejados e implementados por educadores com a fina-
plificação ou retirar do contexto referente ao conhecimento. Com lidade de atingir seus objetivos de ensino. Elas envolvem métodos,
isso, não querem dizer que o aluno incluído não necessite de adap- técnicas e práticas explorados como meios para acessar, produzir e
tações curriculares, mas argumentam em favor de uma inclusão expressar o conhecimento.
real, que repense o currículo escolar, que efetive um atendimento No contexto da educação inclusiva, recomenda-se que o ponto
de qualidade. de partida seja as singularidades do sujeito, com foco em suas po-
Para Carvalho (2004, p. 79), a educação inclusiva pode ser con- tencialidades. Se, por um lado, a proposta curricular deve ser uma
siderada como um “processo que permite colocar valores em prá- só para todos os estudantes, por outro, é imprescindível que as es-
tica, sem pieguismos, caridade, filantropia, pois está alicerçada em tratégias pedagógicas sejam diversificadas, com base nos interes-
princípios que conferem igualdade de valor a todas as pessoas”. ses, habilidades e necessidades de cada um. Só assim se torna viá-
Nesse sentido, a reformulação do processo educacional deveria ga- vel a participação efetiva, em igualdade de oportunidades, para o
rantir currículos que valorizassem a diferença como constituição da pleno desenvolvimento de todos os alunos, com e sem deficiência.
sociedade e não como deformações diante de padrões estabeleci- Esta página apresenta orientações e exemplos práticos sobre
dos socialmente. como desenvolver estratégias pedagógicas nessa perspectiva e
Contudo, superar a lógica de adaptações, pressupõe uma pro- como construir um planejamento pedagógico, escolher ou até mes-
posta curricular construída na perspectiva de viabilizar a articulação mo criar materiais e conceber estratégias de avaliação capazes de
dos conhecimentos do ensino especial e do ensino comum, ambos garantir a participação e a aprendizagem de todos os estudantes.
devem promover a ampliação dos conhecimentos, das experiências
de vida e a valorização dos percursos de aprendizagem. Como desenvolver estratégias pedagógicas inclusivas
Um Currículo fundamentado na perspectiva da inclusão preci- O ponto de partida deve ser o próprio estudante. É preciso em-
sa ser construído, de fato, pelo sistema educacional brasileiro (prin- penhar-se em conhecê-lo bem. Partir do seu repertório e dos seus
cipalmente na escola), pois passa pela formação inicial e continua- eixos de interesse torna o processo de ensino-aprendizagem muito
da de professores, pela organização do trabalho pedagógico, pelo mais espontâneo, prazeroso e significativo. Uma dica é se pergun-
desvelamento e superação de práticas culturais e pedagógicas que tar com frequência: o que cada um deles sabe sobre o conceito a
perpetuam preconceitos reforçam discriminações. ser trabalhado? Como seus interesses podem ser explorados como
Para tanto, não é possível atribuir apenas a figura do professor facilitadores do ensino de cada conteúdo?
em sala de aula a responsabilidade por um Currículo que se consti- Vale ressaltar a importância de se observar as barreiras exis-
tua a partir da diversidade e respeite os ritmos diferentes de apren- tentes e investir na diversificação de estratégias pedagógicas. O
dizagem. O progresso é, sem dúvida, o fator mais importante para profissional de em o papel de colaborar com esse processo. Pro-
se alcançar uma educação inclusiva de qualidade, primando pela fessores criativos ou que já tenham experiência com inclusão de
heterogeneidade de nossos alunos. O grande objetivo para a esco- estudantes com deficiência também podem ser bons parceiros.
la inclusiva consiste em planejar a participação de todos os alunos Exemplo disso aconteceu na Escola Municipal de Educação
e saber como dar suporte à aprendizagem dos mesmos, sem lhes Básica Professora Maria Therezinha Besana, em São Bernardo do
fornecer respostas predeterminadas ou fazer do Currículo, um es- Campo (SP). Ao chegar na unidade, Gustavo, um aluno com autis-
tigma da diferença. É necessário estar atento à importância de que mo, começou a apresentar dificuldades no processo de alfabetiza-
não é o aluno que tem que se adaptar aos moldes da escola, mas a ção. A situação se modificou quando suas educadoras passaram a
escola que deve adaptar-se a atender seus alunos. contextualizar as atividades de acordo com os gostos e interesses
Assim sendo, para a execução de um Currículo inclusivo é pre- do garoto.
ciso garantir uma educação com atitude abrangente, que antes de
tudo, uma questão de direitos humanos, que se insere na perspecti- Atividades para alunos com um mesmo diagnóstico devem
va de assegurar o direito à educação das crianças, jovens e adultos, ser iguais?
independentemente de suas características ou dificuldades. Impor- Durante muito tempo, acreditou-se ser possível generalizar
ta não perder de vista que assegurar o direito à educação é ir além as características das pessoas e, assim, padronizar estratégias pe-
do acesso: é prever e redefinir ações verdadeiramente destinadas dagógicas a partir de um mesmo quadro diagnóstico. Atualmente,
a estes sujeitos/alunos, em função das suas necessidades/ou espe- sabemos que essa noção é, no mínimo, simplista. Ainda que apre-
cificidades, tendo em vista sua formação humana e educacional. sentem pareceres diagnósticos absolutamente iguais, duas pesso-
Por fim, de acordo com o que foi apresentado percebemos as podem reagir às mesmas estratégias de maneiras totalmente
então que o Currículo faz diferença sim, no processo de ensino e distintas.
aprendizagem, sendo importante investir estudos para o avanço do Não há, portanto, “receitas prontas” ou manuais de atividades
mesmo no cotidiano escolar, e vale ressaltar que este deve alcançar ideais, indicando exatamente como ou o que trabalhar com um alu-
todos os sujeitos, independente das características apresentadas no com esse ou aquele diagnóstico. E isso não se aplica somente a
por estes considerando todos os aspectos culturais que fazem par- pessoas com alguma deficiência. Posto que a diferença é inerente à
te do meio social onde os sujeitos habitam.11 condição humana, o processo de aprendizagem de cada estudante
torna-se singular.

11Fonte: www.editorarealize.com.br
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Qual a relação entre estratégias pedagógicas e fracasso esco- Como o AEE pode contribuir um planejamento pedagógico
lar? inclusivo?
Se partirmos do pressuposto de que toda pessoa aprende, O atendimento educacional especializado pode contribuir para
quando isso não acontece, pode ser que o problema resida nas es- um planejamento pedagógico inclusivo tanto na proposição de es-
tratégias pedagógicas adotadas em sala de aula. É por meio delas tratégias diversificadas, considerando os interesses e as necessi-
que o estudante se conecta ao currículo, ou seja, acessa o conhe- dades de cada um dos estudantes com deficiência, transtorno do
cimento. espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, quanto
Quando o planejamento não leva em conta as particularidades na identificação das barreiras a sua aprendizagem e na escolha
de cada aluno, as estratégias pedagógicas podem constituir uma ou construção de recursos ou estratégias para a superá-las e para
das principais barreiras à inclusão educacional de alunos com e equiparar oportunidades.
sem deficiência. Apesar de atender diretamente somente os alunos com defici-
ência, o profissional de AEE pode contribuir para que o planejamen-
O que fazer quando um aluno “não aprende”? to pedagógico seja de fato inclusivo, ou seja, garanta a aprendiza-
Na verdade, não são os estudantes que não aprendem. A esco- gem e o pleno desenvolvimento do potencial de todos os alunos,
la é que, muitas vezes, não está habituada a lidar com a diferença já que as estratégias pensadas para estudantes com deficiência
e, assim, não oferece estratégias pedagógicas que favoreçam a cria- podem servir, também, para outras crianças.
ção de vínculos, as relações de troca e o acesso ao conhecimento.
Um dos princípios da educação inclusiva é justamente esse: toda O que significa dizer que o planejamento é contínuo?
pessoa aprende, sejam quais forem suas particularidades intelec- Um planejamento fechado, “parado no tempo”, baseado em
tuais, sensoriais e físicas. O que remete a outro princípio: o proces- etapas estanques fundamentadas na expectativa de homogeneiza-
so de aprendizagem de cada pessoa é singular. Por isso, torna-se ção é característico de uma pedagogia tradicional, excludente. A
fundamental avaliar cada situação, a fim de encontrar meios de partir da perspectiva inclusiva, sabemos que o processo de apren-
garantir a inclusão efetiva de qualquer estudante, independente- dizagem e o desenvolvimento de cada estudante é único, singular.
mente do laudo que o acompanha. Assim como também é dinâmico, não linear.
E a colaboração do profissional do atendimento educacional Não há como prever, por exemplo, o que um determinado alu-
especializado (AEE) nesse processo pode ser determinante, con- no será capaz de fazer sozinho em um mês. Por isso o processo de
siderando que, segundo a Política nacional de educação especial elaboração do planejamento pedagógico na perspectiva inclusiva é
na perspectiva da educação inclusiva, esse serviço tem a função de contínuo, isto é, baseado no que cada estudante – e o grupo como
identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibi- um todo – demanda, aqui e agora. O planejamento deve ser revisto
lidade para a eliminação de barreiras para a plena participação dos continuadamente a partir da configuração dos novos desafios e po-
alunos, levando em conta suas necessidades específicas. tencialidades que se apresentam para a garantia de uma educação
de qualidade para todos, em igualdade de condições.
Planejamento pedagógico
O planejamento pedagógico tem como finalidade definir os Como o currículo influencia na construção de um planejamen-
objetivos e as estratégias que orientam o processo de ensino- to pedagógico inclusivo?
-aprendizagem. A perspectiva inclusiva indica o direito de todos os estudantes,
No contexto da educação inclusiva o planejamento deve ser com e sem deficiência, acessarem um mesmo currículo. Um currí-
contínuo e colaborativo. Ao mesmo tempo, deve valorizar os inte- culo flexível, que implica a busca pela coesão da base curricular co-
resses e atender às necessidades de cada estudante. Isso significa mum com a realidade dos estudantes, suas características sociais,
pensar aulas desafiadoras para todos, diversificando as formas de culturais e individuais – incorporando também os diferentes mo-
apresentar e explorar os conteúdos curriculares. dos de aprender presentes em sala de aula.
Quem deve planejar as atividades para os alunos com defici- Um planejamento pedagógico tradicional, baseado em conteú-
ência? dos pré-determinados que desconsideram o contexto e as diferen-
O responsável pelo planejamento – para todos os estudantes ças que compõe o grupo, está fadado à exclusão, particularmente
– é o professor regente. No entanto, essa não precisa, nem deve, daqueles que historicamente já vem sendo excluídos do direito à
ser uma tarefa solitária. Ao contrário, a perspectiva inclusiva prevê participação e à aprendizagem.
que o processo de elaboração do planejamento pedagógico inclusi-
vo seja colaborativo, envolvendo a participação de outros agentes Como lidar com os diferentes tempos de aprendizagem dos
da escola, docentes e não docentes, das famílias e até mesmo dos alunos?
alunos, como protagonistas do próprio processo de ensino e apren- Esperar que todos os alunos de um mesmo grupo realizem uma
dizagem. determinada atividade ou aprendam determinados conteúdos num
Assim, outros professores criativos ou que já tenham trabalha- mesmo período de tempo corresponde à lógica da homogeneiza-
do com alunos com deficiência e, particularmente, o profissional ção e gera, inevitavelmente, exclusão. A educação inclusiva parte
do atendimento educacional especializado (AEE) podem contribuir do pressuposto de que a diferença é uma característica humana.
significativamente sugerindo atividades e recursos – desde que isso Assim, os diferentes tempos de aprendizagem devem ser não
se dê numa perspectiva de colaboração, considerando que tais ati- somente respeitados bem como considerados no planejamento
vidades precisam estar contextualizadas no planejamento. pedagógico. Ou seja, planejar na perspectiva inclusiva implica pre-
ver estratégias pedagógicas diversificadas também em relação ao
tempo, considerando o ritmo de cada um.

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Diversificando também os modos de interação, proporcionan- Os erros são bem-vindos, produções autorais são valorizadas e
do oportunidades de realizar atividades individualmente, em dupla um mesmo problema suscita a oportunidade de explorar múltiplas
e em grupos – cujos critérios de formação também devem ser di- respostas. Provas, testes ou outras estratégias pontuais de avalia-
versificados. E flexibilizando a rotina, a partir de um planejamento ção têm menor valor que os processos de aprendizagem, a partir
que muda constantemente. dos quais é possível reconhecer a evolução em relação ao que o
educando já sabia ou era capaz de fazer anteriormente.
Material pedagógico A atribuição de nota emerge justamente dos fenômenos ob-
Material pedagógico é todo e qualquer recurso utilizado em servados no cotidiano da aprendizagem, em contextos que tornam
sala de aula com uma finalidade específica de ensino e aprendiza- visíveis os novos conhecimentos e as novas execuções.
gem.
A educação inclusiva prevê o uso de diferentes materiais peda- Faz sentido adaptar avaliações para estudantes com deficiên-
gógicos para alcançar um mesmo objetivo de ensino. Nesse caso, a cia?
referência para a escolha ou desenvolvimento de atividades deve As estratégias de avaliação deveriam ser “adaptadas” a todos
ser o próprio estudante, suas necessidades (baseadas em caracte- os alunos, e a cada um, no sentido de levar em conta suas especifi-
rísticas físicas, sensoriais ou outras), seus interesses e habilidades, cidades – necessidades, interesses, estilo de aprendizagem, conhe-
visando sempre a equiparação de oportunidades. cimentos prévios etc. Ou seja, o objetivo central ao se “adaptar”
A rede municipal de Sorriso (MT) criou uma formação entre uma avaliação ou qualquer outra estratégia pedagógica deve ser a
professores do atendimento educacional especializado para a troca equiparação de oportunidades. E para isso, é fundamental avaliar
de soluções criativas e materiais pedagógicos para a inclusão. cada situação especificamente.

Avaliação Quem deve adaptar uma avaliação para um estudante com


A avaliação na perspectiva inclusiva é um processo contínuo deficiência?
e contextualizado, no qual a referência deve ser a trajetória indi- O professor do atendimento educacional especializado (AEE)
vidual do estudante, sem que haja classificações ou comparações. deve trabalhar como aliado dos professores das classes comuns
Isso porque a educação inclusiva parte do pressuposto de que cada e demais profissionais da escola para a elaboração e definição
pessoa tem um modo singular de acessar, produzir e expressar o do processo de avaliação. Infelizmente, essa não é a realidade de
conhecimento. Por essa razão, a avaliação demanda a adoção de muitas escolas. Alguns professores do ensino regular, por falta de
estratégias e ferramentas diversificadas, considerando as especifi- conhecimento ou comodismo, depositam toda a responsabilidade
cidades de cada aluno. nos serviços de apoio, como se esses fossem os únicos responsáveis
O Plano educacional individualizado (PEI), instrumento cada pela aprendizagem e inclusão.
vez mais utilizado no contexto do atendimento educacional espe-
cializado (AEE), pode se tornar um importante recurso de avaliação Plano educacional individualizado (PEI)
para todos os estudantes, com e sem deficiência. O plano educacional individualizado (PEI) é um instrumento de
planejamento e acompanhamento do processo de aprendizagem
Qual a diferença entre a avaliação tradicional e a inclusiva? e desenvolvimento de estudantes com deficiência, transtornos do
A avaliação tradicional tem como referência um padrão con- espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, cuja refe-
siderado “normal” ou estatisticamente mais frequente. É como se rência é a trajetória individual de cada um. O modelo mais comum,
todos os estudantes devessem aprender da mesma forma, no mes- adotado por escolas e redes de ensino no Brasil e em outros países,
mo ritmo e no mesmo espaço de tempo. Os métodos de medição baseia-se em seis áreas de habilidades: acadêmicas, da vida diá-
de conhecimento são padronizados, justamente porque se espera ria, motoras/atividade física, sociais, recreação/lazer e pré-profis-
o mesmo resultado de todos os alunos. Aqueles que não alcançam sionais/profissionais. Quando aplicado numa perspectiva inclusiva,
esse parâmetro são excluídos. pode-se tornar uma importante ferramenta de apoio ao trabalho
Na perspectiva inclusiva, a avaliação tem como referência o em sala de aula, principalmente na avaliação de estudantes públi-
processo individual do estudante. Não há comparação com o ou- co-alvo da educação especial.
tro. O parâmetro do aluno é ele mesmo. Por isso, o objetivo não é
classificar nem selecionar. O PEI pode ser usado na sala de aula regular?
Para desenvolver uma avaliação inclusiva, o ponto de partida Sim. Usar o plano educacional individualizado na sala de aula
deve ser o próprio estudante. Ou seja, é preciso, antes de qualquer regular não só recomendável como necessário.
coisa, “olhar” para ele – porém não pontualmente, nem descon- Primeiro porque, considerando seus objetivos, o trabalho do
textualizadamente. É preciso acompanhá-lo processualmente para atendimento educacional individualizado (AEE) perde o sentido se
conhecer sua trajetória individual e conhecê-lo profundamente não for diretamente articulado com o realizado em sala de aula.
para descobrir de que modo é capaz de expressar melhor o co- Idealmente, o PEI deveria ser construído de forma colaborativa, a
nhecimento. partir do estabelecimento de uma parceria efetiva entre o profes-
Não há um padrão de avaliação para o grupo como um todo sor de sala e o de AEE. Além disso, considerando que a educação in-
que é adaptado a alguns poucos “diferentes”. Partindo do pressu- clusiva diz respeito a todos os estudantes e que o processo de cada
posto de que a diferença é uma característica humana, ou seja, de estudante é singular, estratégias de planejamento e acompanha-
que todos são diferentes, é preciso pensar em estratégias de ava- mento individual do processo de aprendizagem e desenvolvimento
liação diversificadas para todos os alunos, não somente os com como o PEI deveriam ser estendidas a todos, ao invés de ficarem
deficiência. restritas somente ao público-alvo da educação especial.

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

O uso do plano educacional individualizado é obrigatório? A participação deve ser vista como um processo permanente
Em alguns países, como em Portugal e nos Estados Unidos, a de estabelecer um equilíbrio dinâmico entre: a autoridade delega-
aplicação do instrumento é obrigatória para todos os estudantes da do poder central ou local na escola; as competências profissio-
com deficiência. No Brasil, essa obrigatoriedade não existe. Entre- nais dos professores (enquanto especialistas do ensino) e de outros
tanto, algumas redes de ensino regulamentam o uso da ferramenta trabalhadores não docentes; os direitos dos alunos enquanto «au-
localmente. tores» do seu próprio crescimento; e a responsabilidade dos pais na
A legislação brasileira garante aos alunos com deficiência o ple- educação dos seus filhos.
no acesso ao currículo e a participação em todas as atividades da Considerando que toda criança faz parte de uma família e que
escola em condições de igualdade. Ou seja, o modelo não precisa toda família, além de possuir características próprias, está inserida
necessariamente ser o mesmo, mas estratégias de planejamento e em uma comunidade, hoje, ambas, família e comunidade, estão in-
acompanhamento individual do processo de aprendizagem e de- cumbidas, juntamente com a escola, da formação de um mesmo
senvolvimento dos alunos público-alvo da educação especial são, cidadão, portanto são peças fundamentais no processo educativo
sim, necessários.12 e, porque não, na elaboração do projeto pedagógico da escola e na
gestão da mesma.
Quando a escola recebe os educandos, de onde eles vêm?
Quem os encaminha? Eles vêm de uma sociedade, de uma família,
EDUCAÇÃO/ SOCIEDADE E PRÁTICA ESCOLAR e os pais e responsáveis realizam seu encaminhamento.
Não são os educandos seres viventes em um núcleo familiar
e social, onde recebem orientação moral, vivenciam experiências e
Sendo a escola uma instituição organizada e integrada na co- reforçam seus conhecimentos? Tudo isso é educação. Para estabele-
munidade, ela deve desempenhar uma função pró-ativa de súbita cer uma educação moral, crítica e comprometida com o meio social,
importância na formação, transformação e desenvolvimento do ca- é primordial a integração entre escola, família e sociedade. Pois, o
pital social. ser humano é um ser social por excelência. Podemos pensar na res-
Pensar a escola de hoje é refletir a sociedade nas vertentes so- ponsabilidade da escola na vida de uma pessoa. E ainda, partindo
cial, económico e pessoal. desse princípio, é um equívoco desvincular a família no processo da
A relação escola, família e comunidade carece de melhoria, educação escolar. A escola vem reforçar os valores recebidos em
pois constata-se quase que um divórcio entre elas. As escolas, mui- casa, além de transmitir conhecimentos. Age também na formação
tas vezes, não fomentam nem facilitam o intercâmbio de experiên- humana, salientando a autonomia, o equilíbrio e a liberdade - que
cias com outras escolas e com o meio em que estão inseridas, não está condicionada a limites e respeito mútuo. Por que não, a escola
promovem a procura de soluções inovadoras, nem proporcionam trabalhar com a família e a sociedade em prol de um bem comum?
uma participação efetiva dos pais e encarregados de educação na A parceria entre família, sociedade e escola só tem a contribuir
gestão escolar. para o desenvolvimento do educando. Assim, a escola passa a ser
Escola é a principal instituição para a transmissão e aquisição um espaço que se relaciona com a vida e não uma ilha, que se isola
de conhecimentos, valores e habilidades, por isso deve ser tida da sociedade. Com a participação da família no meio escolar, cria-se
como o bem mais importante de qualquer sociedade. espaços de escuta, voz e acesso às informações que dizem respeito
Escola – instituição social que tem o encargo de educar, segun- a seus filhos, responsáveis tanto pela materialidade da escola, bem
do planos sistemáticos, os indivíduos nas diferentes idades da sua como pelo ambiente no qual seus filhos estão inseridos. É preciso
formação, casa ou estabelecimento onde se ministra o ensino. que os pais se impliquem nos processos educativos de seus filhos no
Escola é uma instituição educativa fundamental onde são or- sentido de motivá-los afetivamente ao aprendizado. O aprendizado
ganizadas, sistematicamente, atividades práticas de carácter peda- formal ou a educação escolar, para ser bem sucedida não depende
gógico. apenas de uma boa escola, de bons professores e bons programas,
Para Gary Marx, (in Azevedo, 1994,p.147) a escola é verdadei- mas principalmente de como o educando é tratado na sociedade e
ramente uma instituição de último recurso, após a família, comuni- em casa e dos estímulos que recebe para aprender. É preciso enten-
dade e a igreja terem fracassado. der que o aprender é um processo contínuo que não cessa quando
Comunidade é um conjunto de pessoas que vive num determi- ele está em casa. Qualquer gesto, palavra ou ação positiva de qual-
nado lugar e ligado por um ideal e objetivos comuns. quer membro da sociedade ou da família pode motivá-la, porém,
Participação – de acordo com a etimologia da palavra, partici- qualquer palavra ou ação que tenha uma conotação negativa pode
pação origina-se do latim “participatio” (pars + in + actio) que ignifi- gerar um bloqueio no aprendizado. É claro que, como qualquer ser
ca ter parte na ação. Para ter parte na ação é necessário ter acesso humano, ele precisa de limites, e que não pode fazer tudo que qui-
ao agir e às decisões que orientam o agir. “ ser, porém os limites devem ser dados de maneira clara, sem o uso
Executar uma ação não significa ter parte, ou seja, responsabi- de palavras rudes, que agridam ou desqualifiquem-no.
lidade sobre a ação. E só será sujeito da ação quem puder decidir Uma pessoa agredida, com palavras ou ações, além de apren-
sobre ela” der a agredir, perde uma boa parte da motivação para aprender,
A participação é «um modo de vida» que permite resolver fa- pois seus sentimentos em relação a si mesma e aos outros ficam
voravelmente a tensão sempre existente entre o individual e o cole- confusos, tornando-a insegura com relação às suas capacidades, e
tivo, a pessoa e o grupo, na organização. consequentemente gerando uma baixa autoestima.

12Fonte: www.diversa.org.br/www.gestaoescolar.org.br
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Outro aspecto que merece ser lembrado é o que se refere à O papel da educação na sociedade brasileira
comparação com outros irmãos que foram bem sucedidos; os pais Sempre estamos nos perguntando qual é a finalidade da educa-
ou responsáveis devem evitar a comparação, pois cada um é único ção? Escolarizamos nossos alunos para a vida ou para a sociedade?
e tem seu próprio ritmo de aprendizado e sua maneira singular de Ao longo dos anos, muitos estudiosos e autores, se compeliram em
ver o mundo e a sociedade em que esta inserido. compreender o real papel da escola, perante a sociedade. A insti-
É preciso ainda ressaltar que o conhecimento e o aprendizado tuição de ensino foi concebida com o principal objetivo de originar
não são adquiridos somente nos bancos escolares, mas é construído grandes transformações que causariam nos indivíduos e na socie-
pelo contato com o social, dentro da família, e no mundo ao seu dade, a libertação da classe dominadora, onde todos poderiam,
redor. Fazer do aprendizado um prazer é tarefa não só dos professo- a priori, ter as mesmas oportunidades e privilégios que só à bur-
res, mas também, de pais, da sociedade e de qualquer profissional guesia, até então, possuía. Ir a escolar, ocupar um lugar nas salas
interessado no bem-estar de quem aprende.13 de aula, deixou de ser um lugar privilegiado, sacralizado e de aces-
Pensar em educação de qualidade hoje, é preciso ter em mente so restrito ao conhecimento e a informação, para ser um recinto
que a família esteja presente na vida escolar de todos os alunos em aberto, amplo, onde todos poderiam aprender e desenvolver suas
todos os sentidos. Ou seja, é preciso uma interação entre escola e capacidades de inter-relacionar-se, construindo assim, múltiplos sa-
família. Nesse sentido, escola e família possuem uma grande tare- beres. Existem ainda, muitas ideias que estão enraizadas na nossa
fa, pois nelas é que se formam os primeiros grupos sociais de uma forma de pensar sobre a educação e seu papel junto à sociedade.
criança. Em inúmeras formas e diversos prismas, conhecemos discursos que
Envolver os familiares na elaboração da proposta pedagógica definem o papel da educação, da escola, como sendo, reconstruto-
pode ser a meta da escola que pretende ter um equilíbrio no que res da sociedade, por meio da homogeneização das desigualdades,
diz respeito à disciplina de seus educandos. A sociedade moderna com a produção de indivíduos críticos e conscientes, estimulados
vive uma crise de valores éticos e morais sem precedentes. Essa é para o desenvolvimento cognitivo e socioeconômico.
uma constatação que norteia os arredores dos setores educacio- O Filósofo e Prof. Dr. Mario Sergio Cortella (1998), diz que, dis-
nais, pois é na escola que essa crise pode aflorar mais, ficando em cutir o papel da escola, é procurar uma compreensão política da
maior evidência. própria finalidade do trabalho pedagógico. Diante disso, nos per-
Nesse sentido, A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação guntamos mais uma vez, Qual o Papel da Educação para a Socie-
( lei 9394, de dezembro de 1996) formaliza e institui a gestão de- dade? Formar indivíduos críticos ou especializar mão de obra? Em
mocrática nas escolas e vai além. Dentre algumas conquistas des- longo prazo, acredita-se que a escolarização, irá melhorar a socie-
tacam-se: dade brasileira e que o sistema educacional permitirá que todos,
A concepção de educação, concepção ampla, estendendo a crianças, jovens e adultos, possam ter um ensino de qualidade, que
educação para além da educação escolar, ou seja, comprometimen- lhes garanta a possibilidade de ascensão social. É estéril debater
to com a formação do caráter do educando. sobre o tema proposto, sem esquecer-se das imensas mazelas que
Nunca na escola se discutiu tanto quanto hoje assuntos como figuram nosso Brasil, as desigualdades sociais que persistem em
falta de limites, desrespeito na sala de aula e desmotivação dos existir, nos fazem pensar mais a fundo, sobre o principal papel da
alunos. Nunca se observou tantos professores cansados e muitas escola para a sociedade, pois, a educação é vista como forma de
vezes, doentes física e mentalmente. Nunca os sentimentos de im- nivelar essas desigualdades, uma vez que, o indivíduo adentrando a
potência e frustração estiveram tão marcantemente presentes na instituição de ensino, teria oportunidades iguais de conhecimento e
vida escolar. aprendizagem, onde poderia assim, desenvolver suas habilidades e
Por essa razão, dentro das escolas as discussões que procuram conquistar seu lugar no mercado de trabalhando, sendo valorizado
compreender esse quadro tão complexo e, muitas vezes, caótico, por ser um profissional diferenciado, que soube aproveitar as opor-
no qual a educação se encontra mergulhada, são cada vez mais fre- tunidades a ele oferecidas, conquistando, por mérito próprio seu
quentes. Professores debatem formas de tentar superar todas essas lugar perante a sociedade. No entanto, fala-se tanto dessa inclu-
dificuldades e conflitos, pois percebem que se nada for feito em são, mas infelizmente, a escola está muito longe de ser um ambien-
breve não se conseguirá mais ensinar e educar. te seguro e imparcial, que impede que as diferenças que existem
Entretanto, observa-se que, até o momento, essas discussões fora dos seus portões, adentrem o ceio escolar e massacrem vários
vêm sendo realizadas apenas dentro do âmbito da escola, basica- discentes por serem negros e/ou pobres e/ou homossexuais e/ou
mente envolvendo direções, coordenações e grupos de professo- adolescentes grávidas e/ou usuários de entorpecentes, enfim, eles
res. Em outras palavras, a escola vem, gradativamente, assumindo acabam sendo excluídos e humilhados, porque a escola não está
a maior parte da responsabilidade pelas situações de conflito que preparada para evitar o Bulling, pois, cabe a escola como institui-
nela são observadas. ção de ensino, fazer um trabalho de conscientização de respeito,
Assim, procuram-se novas metodologias de trabalho, muitos à homofobia, racismo, violência (de todas as formas), gravidez na
projetos são lançados e inúmeros recursos também lançados pelo adolescência, educação para o trânsito, ética profissional, além, dos
governo no sentido de não deixar que o aluno deixe de estudar. conteúdos que fazem parte de sua grade curricular.
Porém, observa-se que se não houver um comprometimento maior “O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será
dos responsáveis e das instituições escolares isso pouco adiantará.14 para o século XXI mais do que a Revolução Industrial já foi para o
século XX”. Jeffry Timmons, 1990.

13 Texto adaptado de Claudia Puget Ferreira / Fabiola Carmanhanes Anequim /


Valéria Cristina P.Alves Bino
14 Fonte: www.portaldoconhecimento.gov.cv
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Qual o papel da educação para a sociedade? Segundo diver- Ao dar início a leitura de alguns artigos sobre educação e em-
sos autores e estudiosos cabe a Educação iniciar um processo de preendedorismo deparei-me, com o artigo de Marival Coanl (2012):
aprendizagem continuo que possibilite crianças, jovens e adultos, “Educação para o Empreendedor com Estratégia para formar um
alcançarem a excelência em suas habilidades cognitivas e sociais, trabalhador de novo tipo”, cita que:
transformando-se em profissionais dedicados, críticos e especiali- A necessidade de se formar um homem trabalhador para o
zados em suas áreas de atuação. O papel da escolarização é dar empreendedorismo, por meio da educação, tornou-se evidente
condições para o processo de formação contínua e continuada para nos últimos tempos como estratégia para combater o desempre-
todos aqueles que anseiam crescer como pessoas e profissionais. O go, constituindo-se dessa forma, uma ideologia que, enaltecendo
profissional que almeja destacar-se no mercado de trabalho, fica- o modo de produção capitalista, intenta moldar os indivíduos à or-
rá sempre antenado em inúmeras formas de manter-se atualizado, dem social vigente com a promessa de que, com o desenvolvimen-
dando assim, continuidade a sua formação profissional e com isso to de suas potencialidades empreendedoras, obterão sucesso na
qualificando sua mão de obra. A ação de ensinar tem como prin- vida profissional e pessoal. O discurso sobre o empreendedorismo,
cípio fundamental a formação integral do indivíduo, bem como, o embebido de valores liberais, prima por ocultar as causas dos pro-
objetivo de prepará-lo para o espírito de liderança, de consciência blemas sociais, inclusive, apresentando-os como desafios a serem
crítica, ética e moral, para que ele possa aprender a viver e conviver superados com iniciativa e proatividade individual.
em sociedade, de forma consciente, ativa, participativa, discernin- Percebe-se que a sociedade capitalista estimula a competitivi-
do o certo do errado, diferenciando bem de mal e assim, transfor- dade e o individualismo, de forma a sobressair-se a todos sem pre-
mar-se em um cidadão integro e de respeito. ocupar-se com as diferenças sociais. No entanto, com o surgimento
Ao encetar a leitura de um artigo escrito por Terezinha Saraiva, do empreendedorismo, e inúmeros projetos que visam abrandar a
onde ela fala que, competia a família a educação de seus filhos e à pobreza, através da educação, estimula-se a competitividade e o in-
escola o ensinar, percebeu que hoje, em pleno século XXI, muitos dividualismo como valor moral, como também, a sociedade é cha-
pais inverteram essa ação. Ela cita o seguinte: mada para a responsabilidade de forma a contribuir para a solução
“A educação passou a ser exercida por vários agentes, meios e das diferenças sociais. Mesmo que, o indivíduo seja estimulado a
espaços, que avultam o papel da escola. Agigantou-se sua respon- competitividade e individualismo, ele torna-se solidário e preocu-
sabilidade, ao ser tornar um espaço educativo, abrangendo a edu- pado com essas tais “diferenças”, e acaba por colaborar na dimi-
cação e o ensino. E isto ocorreu à proporção que as famílias, muitas nuição da desventura humana. O Novo Trabalhador, como é cha-
delas, declinaram do dever de educar seus filhos. Por esta razão, a mado o Empreendedor do século XXI, utiliza-se de estratégias para
par de ser responsável pelo processo de ensino e de aprendizagem difundir o empreendedorismo, mas é através da educação, que o
de conteúdos cognitivos, sobretudo em se tratando de crianças e ensino sobre empreendedorismo torna-se significativo, dinâmico,
adolescentes, a escola assumiu a atribuição de formar o cidadão, atrativo. É pela educação, através de cursos e/ou capacitações e/ou
construindo com ele não só conhecimentos, competências e habili- especializações que ele aprende a suprir as demandas num perío-
dades, mas a escala de valores, onde avultam a moral e a ética, que do que, novos modelos de escolas e profissionais estão surgindo. A
vai servir de farol, iluminando sua caminhada”. Terezinha Saraiva demanda atualmente, por profissionais proativos, que sabem agir, e
Reforçando o que Terezinha Saraiva fala o Filósofo Professor Dr. tem bem definido as competências, habilidades e atitudes que todo
Mário Sergio Cortella, em entrevista para a Revista Filosofia, cita profissional em excelência almeja ter, saberá ser um empreende-
que certo dia um pai de aluno lhe perguntou como ou o quê, a famí- dor capaz de amenizar as diferenças e a superar as individualidades
lia deveria fazer para colaborar com a educação dos filhos na escola, existentes num mundo capitalista. A educação para o empreende-
e gentilmente, ele responde ao pai que existia um equívoco na for- dorismo faz parte de uma ideologia que faria a inclusão social por
mulação da questão, pois, não cabia a escola educar os filhos, por- meio de atitudes inovadoras e criativas – empreendedoras. Sua ori-
que a escola colabora na educação, escolarizando e dando oportu- gem, está associada a crise do emprego formal. Para Souza (2009):
nidades de desenvolvimento das crianças e jovens, e que a função O “aprender a empreender” reduz o trabalho educativo à pro-
de educar era da família, e, salienta mais, dizendo que a escola nos dução de mais-valia em contexto de crise estrutural, aproxima, des-
últimos 20 anos, principalmente a pública, assumiu diversas tarefas, sa forma, a educação ao complexo da alienação, “pois pretende, em
porque ela é a parte da rede de proteção social, e por isso desem- vão, adaptar o indivíduo à sociedade capitalista de forma a tentar
penha tarefas do Estado, entre elas a proteção à vida, segurança e inutilmente harmonizar os conflitos entre capital e trabalho, ao des-
liberdade dos indivíduos. De acordo com esses fatos, a proeminên- considerar o conteúdo desumano que existe durante a produção de
cia de que a família não cumpre com seu dever é notório, e por con- mais-valia” (SOUZA, 2009, p.15).
ta disso, a escola, teve sua responsabilidade aumentada, e a função É público e de ciência de todos, que a Educação, nem sempre
de propiciar e mediar a construção do saber, do conhecimento e esteve relacionada ao desenvolvimento econômico, destarte, é
do exercício da socialização, foi-lhe agregada a responsabilidade de através da educação que se qualificam e especializam-se profissio-
educar e preparar crianças e jovens, para a vida, e ainda, para en- nais, os quais são entregues a sociedade com senso crítico apurado
frentarem as desigualdades, injustiças, Bulling e etc. e mão de obra especializada. A título de exemplo, o SENAC – Serviço
Sobre empreendedorismo e desenvolvimento socioeconômi- Nacional de Aprendizagem Comercial que tem como Missão: “Edu-
co, Ivan Luís Tonon (2011), em seu artigo: “O papel da Educação no car para o trabalho em atividades de Comércio de Bens, Serviços
desenvolvimento Econômico e no surgimento do empreendedoris- e Turismo, no contexto nacional, concentra todos os seus esforços
mo”, defende que, através do desenvolvimento econômico e suas no sentido de incrementar ações educativas voltadas à formação
influências, a educação pode ser mediada contribuindo, assertiva- de profissionais criativos, colaborando assim com as empresas que
mente, com o desenvolvimento econômico aliado ordenadamente desejam permanecer operando num mercado cada vez mais com-
ao desenvolvimento educacional, criando condições eficientes para petitivo”.
acabar com a desigualdade social.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Sua Visão: “É consolidar-se, como referência brasileira em Edu- O empreendedor não é um ser mágico, é uma pessoa como
cação para o trabalho, conciliando ações mercadológicas e de pro- qualquer outra, porém, apresenta algumas características que o de-
moção social”. Existem muitas Instituições de Ensino como o SENAC, ferem dos demais, por exemplo, o senso de oportunidade, a capa-
que qualificam e especializam inúmeros profissionais ao longo dos cidade de lidar com as pessoas, a persistência e a criatividade. Isso
anos, com uma equipe de professores qualificados, que ao contra- é muito bom, uma vez que todas estas características são passivas
tar, selecionam professores especializados como Mestres e douto- de se adquirir com a vivência, busca de instituição de ensino e com
res, para que, o ensino e a qualidade do nome SENAC, seja elevada, a força de vontade. Diniz, 2009.
mantendo-se como referência em qualidade de ensino. A escolha Temos que estimular uma valorização que nunca deveria ter
de um profissional, qualificado e especializado conta muito, para a deixado de existir, teremos avanços e melhorias perceptíveis em
contratação de novos profissionais. Os mais qualificados, têm um todos os aspectos, do ensino básico ao superior, do presencial ao
lugar garantido ao sol, aos que não procuraram ascender em sua virtual, de dentro das nossas casas ao convívio social. Cuidar da
formação, infelizmente, continuarão reclamando da desigualdade educação é uma das ações de maior valor para garantir uma vida
salarial e manter-se-ão no obscurantismo da profissão, sendo dei- melhor em nossas casas, em nossas famílias, em nossa comunida-
xados para trás, por não oferecerem habilidades e qualificações ne- de, em nosso município, enfim, em nosso Brasil e no mundo. Ante o
cessárias para o cargo/ocupação que o mercado de trabalho ofere- exposto, notamos, que o papel da educação para a sociedade, não
ce/exige, e que tanto anseiam ocupar. O mercado de trabalho está é só formar e especializar, é preparar um cidadão blindado, para
muito exigente, e procura por profissionais qualificados e críticos. que este possa transpor as barreiras que encontrará durante sua
Pois ao tornarem-se qualificados e especializados em sua área de jornada profissional. Nesse caso, a responsabilidade para o docen-
formação, tornam-se peça chave para o desenvolvimento socio- te aumenta, quando este, terá de exercer sua função, não só de
econômico. Acredito que a desigualdade salarial, hoje existente professor, mas de educador, pai e conselheiro, mantendo-se atu-
entre diversos profissionais, ocorre pela falta de desenvolvimento alizado, crítico, conhecedor de uma visão de mundo adequada e
educacional. Não adianta querer abraçar o mundo sem ao menos, justa, tendo uma vida regrada, ética e digna, para servir de modelo
aprender como abraça-lo! Os indivíduos precisam aprender que, para seus alunos, pois, o professor será uma bússola, que apontará
singularmente falando, somente a educação pode melhorar sua para qual caminho seguir e quais conhecimentos adquirir de valores
formação, somente o profissional qualificado tem uma vida finan- morais e éticos, além, dos cognitivos que deverá ensinar em sala de
ceira saudável, além, é claro, são valorizados pelos seus gestores, aula, enfim, caminhos desafiadores, que infelizmente, apenas pou-
que, sem sombra de dúvida, procuram investir nesse profissional, cos (determinados) seguiram. Não nos aprofundando muito nesse
propiciando a eles, novos conhecimentos, através de capacitações assunto, mas diante desse fato, o docente terá de ser a pessoa mais
e treinamentos, oferecidos pela empresa que labutam. correta, regrada e empreendedora que possa existir, onde, então,
Nos dias atuais, a educação vem criando vários projetos para ele poderá fazer os apontamentos adequados, sem correr o risco de
que o ensino do empreendedorismo seja consolidado na grade ser apontado como um infrator de regras e normas, pois sua condu-
curricular, das escolas de ensino fundamental e médio, baseados ta moral e ética será intocável. Destarte, o papel da educação é um
na pedagogia empresarial, como disciplina ou atividades extracur- caminho abstruso, mas de extrema importância para a vida de um
riculares. Projetos como a Empresa Júnior, dentro das escolas, tem indivíduo, pois, através da escola que o futuro profissional fará sua
o apoio do SEBRAE, que participa ativamente destas atividades e formação e dará continuidade a ela. A escola pode ser vista como
apoia o desenvolvimento das Micro e Pequenas empresas. Além um realizador de sonhos, um tanto filosófico, mas sine qua non. A
desse apoio, o SEBRAE criou o “Desafio Universitário Empreende- demanda por profissionais capacitados e especializados é grande, e
dor”, projeto este, que se destina aos acadêmicos de instituições somente e exclusivamente, só a Educação pode proporcionar isso.
públicas e/ou privadas de qualquer curso, que queiram estimular Não há nada mais valoroso e imprescindível para a transformação
atitudes empreendedoras, através de inúmeras atividades, jogos de realidades, de uma sociedade e de um País, do que a Educação!
virtuais e cursos de capacitação presenciais. Muitas pesquisas des- Diante disso, entendo que a educação não conseguirá transfor-
crevem a necessidade de se educar os alunos e jovens acadêmicos, mar a sociedade e a sociedade por sua vez, não conseguirá mudar
para o desenvolvimento de habilidades empreendedoras, onde sem a educação. A pergunta é pertinente: Qual o Papel da Educa-
possam formar uma mentalidade adequada para atender as mu- ção para a Sociedade: Formar um indivíduo critico ou especializar a
danças do mundo atual. mão de obra? O que queremos para uma sociedade que está desa-
A palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa brochando para o desenvolvimento econômico e que tanto se fala
e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo, sen- em empreendedorismo? Como definir o papel da educação, se não
do assim, Empreendedorismo é o estudo dedicado ao desenvolvi- conseguimos mensurar a forma pela qual, ela pode contribuir ob-
mento de competências e habilidades relacionadas à criação, que jetivamente e definitivamente no desenvolvimento econômico das
oportuniza o indivíduo a saber identificar oportunidades e transfor- famílias e das pessoas? Enquanto, a sociedade não compreender
má-las em realidade. A importância do empreendedorismo está na que deve investir colaborar e corroborar com a melhoria da educa-
geração de riquezas, que promove crescimento e desenvolvimento, ção, estará fadado a “criar” profissionais frustrados, obsoletos, ir-
gerando mudança tanto econômica quanto social. responsáveis, duvidosos e que não passam de meros expectadores
Diniz (2009), em seu artigo: “Empreendedorismo, uma nova da ruína humana, e mal querem saber de aniquilar as desigualdades
visão: enfoque no perfil empreendedor”, fala que: humanas as quais fazem parte, pois, preferem continuar no lamaçal
da ignorância a terem que “perder tempo” adquirindo a fórmula do
crescimento cognitivo, pessoal e social que se chama: Educação!15

15 Fonte: www.todamateria.com.br/www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br/
www.infoescola.com/www.blog.abmes.org.br/ www.pensaraeducacao.com.br
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

- Rumar a ciclos de aprendizagem: interagir grupos de alunos e


TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR dispositivos de ensino-aprendizagem.
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.
- Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma, com
Tendências pedagógicas e o pensamento pedagógico brasi- o propósito de grupos de necessidades, de projetos e não de homo-
leiro geneidade;
O ofício de professor deve consagrar temas como a prática - Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto,
educativa, a profissionalização docente, o trabalho em equipe, pro- organizar para facilitar a cooperação e a geração de grupos utilida-
jetos, autonomia e responsabilidades crescentes, pedagogias dife- des;
renciadas, e propostas concretas. O autor toma como referencial - Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores
de competência adotado em Genebra, 1996, para uma formação de grandes dificuldades, sem todavia, transforma-se num psicote-
continua. O professor deve dominar saberes a ser ensinado, ser ca- rapeuta;
paz de dar aulas, de administrar uma turma e de avaliar. Ressalta a - Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas
urgência de novas competências, devido às transformações sociais simples de ensino mútuo, provocando aprendizagens através de
existentes. As tecnologias mudam o trabalho, a comunicação, a vida ações coletivas, criando uma cultura de cooperação através de ati-
cotidiana e mesmo o pensamento. A prática docência tem que re- tudes e da reflexão sobre a experiência.
fletir sobre o mundo. 4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu traba-
Os professores são os intelectuais e mediadores, interpretes lho.
ativos da cultura, dos valores e do saber em transformação. Se não - Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o sa-
se perceberem como depositários da tradição ou percursos do fu- ber, o sentido do trabalho escolar e desenvolver na criança a capa-
turo, não serão desempenhar esse papel por si mesmos. O currículo cidade de auto avaliação. O professor deve ter em mente o que é
deve ser orientado para se designar competências, a capacidade ensinar, reforçar a decisão de aprender, estimular o desejo de saber,
de mobilizar diversos recursos cognitivos (saberes, capacidades, in- instituindo um conselho de alunos e negociar regras e contratos;
formações, etc.) para enfrentar, solucionar uma serie de situações. - Oferecer atividades opcionais de formação, à la carte;
Dez domínios de competências reconhecidas como prioritárias na - Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno, valori-
formação contínua das professoras e dos professores do ensino fun- zando-os e reforçando-os a incitar o aluno a realizar projetos pesso-
damental. ais, sem retornar isso um pré-requisito.

1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem. 5. Trabalhar em equipe.


- Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem - Elaborar um projeto de equipe, representações comuns;
ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem: nos está- - Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões;
gios de planejamento didático, da analise posterior e da avaliação. - Formar e renovar uma equipe pedagógica;
- Trabalhar a partir das representações dos alunos: consideran- - Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práti-
do o conhecimento do aluno, colocando-se no lugar do aprendiz, cas e problemas profissionais.
utilizando se de uma competência didática para dialogar com ele - Administrar crises ou conflitos interpessoais.
e fazer com que suas concepções se aproxime dos conhecimentos
científicos; 6. Participar da administração da escola.
- Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem: - Elaborar, negociar um projeto da instituição;
usando de uma situação-problema ara transposição didática, consi- - Administrar os recursos da escola;
derando o erro, como ferramenta para o ensino. - Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros
- Construir e planejar dispositivos e sequências didáticas; (serviços para escolares, bairro, associações de pais, professores de
- Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de línguas e cultura de origem);
conhecimento. - Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação
dos alunos.
2. Administrar a progressão das aprendizagens.
- Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao ní- 7. Informar e envolver os pais.
vel e as possibilidades dos alunos: em torno da resolução de um - Dirigir reuniões de informação e de debate;
obstáculo pela classe, propiciando reflexões, desafios, intelectuais, - Fazer entrevistas;
conflitos sociocognitivos; - Envolver os pais na construção dos saberes.
- Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino: do-
minar a formação do ciclo de aprendizagem, as fases do conheci- 8. Utilizar novas tecnologias.
mento e do desenvolvimento intelectual da criança e do adoles- As novas tecnologias da informação e da comunicação trans-
cente, além do sentimento de responsabilidade do professor pleno formam as maneiras de se comunicar, de trabalhar, de decidir e de
conjunto da formação do ensino fundamental; pensar. O professor predica usar editores de textos, explorando di-
- Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de dáticas e programas com objetivos educacionais.
aprendizagens; - Discutir a questão da informática na escola;
- Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagens; - Utilizar editores de texto;
- Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões - Explorar as potencialidades didáticas dos programas em rela-
de progressão; ção aos objetivos do ensino;
- Comunicar-se à distância por meio da telemática;
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

- Utilizar as ferramentas multimídia no ensino. Tendências Pedagógicas Liberais


Segundo LIBÂNEO (1990), a pedagogia liberal sustenta a ideia
Assim, quanto à oitava competência de Perrenoud, que traba- de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o de-
lhos nessa pesquisa, a Informática na Educação, nos fez perceber sempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais.
que cada vez mais precisamos do computador, porque estamos na Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos valores e nor-
era da informatização e por isso é primordial que nós profissionais mas vigentes na sociedade de classe, através do desenvolvimento
da educação estejamos modernizados e acompanhando essa ten- da cultura individual. Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as
dência, visto que assim como um simples pagamento no banco, diferenças entre as classes sociais não são consideradas, pois, em-
utilizamos o computador , para estarmos atualizados necessitamos bora a escola passe a difundir a ideia de igualdade de oportunida-
obter mais esta competência para se fazer uma docência de quali- des, não leva em conta a desigualdade de condições.
dade.
Tendência Liberal Tradicional
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão. Segundo esse quadro teórico, a tendência liberal tradicional se
- Prevenir a violência na escola e fora dela; caracteriza por acentuar o ensino humanístico, de cultura geral. De
- Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, ét- acordo com essa escola tradicional, o aluno é educado para atingir
nicas e sociais; sua plena realização através de seu próprio esforço. Sendo assim,
- Participar da criação de regras de vida comum referente á dis- as diferenças de classe social não são consideradas e toda a prática
ciplina na escola, às sanções e à apreciação da conduta; escolar não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno.
- Analisar a relação pedagógica, a autoridade, a comunicação Quanto aos pressupostos de aprendizagem, a ideia de que o
em aula; ensino consiste em repassar os conhecimentos para o espírito da
- Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o criança é acompanhada de outra: a de que a capacidade de assimi-
sentimento de justiça. lação da criança é idêntica à do adulto, sem levar em conta as carac-
terísticas próprias de cada idade. A criança é vista, assim, como um
10. Administrar sua própria formação contínua. adulto em miniatura, apenas menos desenvolvida.
- Saber explicitar as próprias práticas; No ensino da língua portuguesa, parte-se da concepção que
- Estabelecer seu próprio balanço de competência e seu pro- considera a linguagem como expressão do pensamento. Os segui-
grama pessoa de formação contínua; dores dessa corrente linguística, em razão disso, preocupam-se com
- Negociar um projeto de formação comum com os colegas a organização lógica do pensamento, o que presume a necessidade
(equipe, escola, rede); de regras do bem falar e do bem escrever. Segundo essa concepção
- Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou de linguagem, a Gramática Tradicional ou Normativa se constitui
do sistema educativo; no núcleo dessa visão do ensino da língua, pois vê nessa gramática
- Acolher a formação dos colegas e participar dela. uma perspectiva de normatização linguística, tomando como mo-
delo de norma culta as obras dos nossos grandes escritores clássi-
Conclusão: Contribuir para o debate sobe a sua profissionaliza- cos. Portanto, saber gramática, teoria gramatical, é a garantia de se
ção, com responsabilidade numa formação continua.16 chegar ao domínio da língua oral ou escrita.
Assim, predomina, nessa tendência tradicional, o ensino da
Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicionantes de gramática pela gramática, com ênfase nos exercícios repetitivos
ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de ho- e de recapitulação da matéria, exigindo uma atitude receptiva e
mem e de sociedade e, consequentemente, diferentes pressupos- mecânica do aluno. Os conteúdos são organizados pelo professor,
tos sobre o papel da escola e da aprendizagem, inter alia. Assim, numa sequencia lógica, e a avaliação é realizada através de provas
justifica-se o presente estudo, tendo em vista que o modo como os escritas e exercícios de casa.
professores realizam o seu trabalho na escola tem a ver com esses
pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente. Tendência Liberal Renovada Progressivista
Segundo essa perspectiva teórica de Libâneo, a tendência libe-
O objetivo deste artigo é verificar os pressupostos de apren- ral renovada (ou pragmatista) acentua o sentido da cultura como
dizagem empregados pelas diferentes tendências pedagógicas na desenvolvimento das aptidões individuais.
prática escolar brasileira, numa tentativa de contribuir, teoricamen- A escola continua, dessa forma, a preparar o aluno para assu-
te, para a formação continuada de professores. mir seu papel na sociedade, adaptando as necessidades do edu-
Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicionantes de cando ao meio social, por isso ela deve imitar a vida. Se, na ten-
ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de ho- dência liberal tradicional, a atividade pedagógica estava centrada
mem e de sociedade e, consequentemente, diferentes pressupos- no professor, na escola renovada progressivista, defende-se a ideia
tos sobre o papel da escola e da aprendizagem, inter alia. Assim, de “aprender fazendo”, portanto centrada no aluno, valorizando
justifica-se o presente estudo, tendo em vista que o modo como os as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do
professores realizam o seu trabalho na escola tem a ver com esses meio natural e social, etc, levando em conta os interesses do aluno.
pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente.

16 Fonte: Perrenoud, Philippe. 10 Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre:


ARTMED, 2000. Reimpressão 2008
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Como pressupostos de aprendizagem, aprender se torna uma A tendência tecnicista é, de certa forma, uma modernização
atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem, sendo o am- da escola tradicional e, apesar das contribuições teóricas do estru-
biente apenas um meio estimulador. Só é retido aquilo que se in- turalismo, não conseguiu superar os equívocos apresentados pelo
corpora à atividade do aluno, através da descoberta pessoal; o que ensino da língua centrado na gramática normativa. Em parte, esses
é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser em- problemas ocorreram devido às dificuldades de o professor assimi-
pregado em novas situações. É a tomada de consciência, segundo lar as novas teorias sobre o ensino da língua materna.
Piaget.
No ensino da língua, essas ideias escolanovistas não trouxeram Tendências Pedagógicas Progressistas
maiores consequências, pois esbarraram na prática da tendência Segundo Libâneo, a pedagogia progressista designa as tendên-
liberal tradicional. cias que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sus-
tentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação.
Tendência Liberal Renovada Não-Diretiva
Acentua-se, nessa tendência, o papel da escola na formação Tendência Progressista Libertadora
de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os As tendências progressistas libertadoras e libertárias têm, em
problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo comum, a defesa da autogestão pedagógica e o antiautoritarismo.
o esforço deve visar a uma mudança dentro do indivíduo, ou seja, a A escola libertadora, também conhecida como a pedagogia de Pau-
uma adequação pessoal às solicitações do ambiente. lo Freire, vincula a educação à luta e organização de classe do opri-
Aprender é modificar suas próprias percepções. Apenas se mido. Segundo GADOTTI (1988), Paulo Freire não considera o papel
aprende o que estiver significativamente relacionado com essas informativo, o ato de conhecimento na relação educativa, mas in-
percepções. A retenção se dá pela relevância do aprendido em re- siste que o conhecimento não é suficiente se, ao lado e junto deste,
lação ao “eu”, o que torna a avaliação escolar sem sentido, privile- não se elabora uma nova teoria do conhecimento e se os oprimi-
giando-se a auto-avaliação. Trata-se de um ensino centrado no alu- dos não podem adquirir uma nova estrutura do conhecimento que
no, sendo o professor apenas um facilitador. No ensino da língua, lhes permita reelaborar e reordenar seus próprios conhecimentos e
tal como ocorreu com a corrente pragmatista, as ideias da escola apropriar-se de outros.
renovada não-diretiva, embora muito difundidas, encontraram,
também, uma barreira na prática da tendência liberal tradicional. Assim, para Paulo Freire, no contexto da luta de classes, o saber
mais importante para o oprimido é a descoberta da sua situação de
Tendência Liberal Tecnicista oprimido, a condição para se libertar da exploração política e eco-
A escola liberal tecnicista atua no aperfeiçoamento da ordem nômica, através da elaboração da consciência crítica passo a passo
social vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com sua organização de classe. Por isso, a pedagogia libertadora
com o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudan- ultrapassa os limites da pedagogia, situando-se também no campo
ça de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu da economia, da política e das ciências sociais, conforme Gadotti.
interesse principal é, portanto, produzir indivíduos “competentes”
para o mercado de trabalho, não se preocupando com as mudanças Como pressuposto de aprendizagem, a força motivadora deve
sociais. decorrer da codificação de uma situação-problema que será anali-
sada criticamente, envolvendo o exercício da abstração, pelo qual
Conforme MATUI (1988), a escola tecnicista, baseada na teo- se procura alcançar, por meio de representações da realidade con-
ria de aprendizagem S-R, vê o aluno como depositário passivo dos creta, a razão de ser dos fatos. Assim, como afirma Libâneo, apren-
conhecimentos, que devem ser acumulados na mente através de der é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da
associações. Skinner foi o expoente principal dessa corrente psico- situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de
lógica, também conhecida como behaviorista. Segundo RICHTER uma aproximação crítica dessa realidade. Portanto o conhecimento
(2000), a visão behaviorista acredita que adquirimos uma língua por que o educando transfere representa uma resposta à situação de
meio de imitação e formação de hábitos, por isso a ênfase na repe- opressão a que se chega pelo processo de compreensão, reflexão
tição, nos drills, na instrução programada, para que o aluno forme e crítica.
“hábitos” do uso correto da linguagem. No ensino da Leitura, Paulo Freire, numa entrevista, sinteti-
A partir da Reforma do Ensino, com a Lei 5.692/71, que implan- za sua ideia de dialogismo: “Eu vou ao texto carinhosamente. De
tou a escola tecnicista no Brasil, preponderaram as influências do modo geral, simbolicamente, eu puxo uma cadeira e convido o au-
estruturalismo linguístico e a concepção de linguagem como ins- tor, não importa qual, a travar um diálogo comigo”.
trumento de comunicação. A língua – como diz TRAVAGLIA (1998)
– é vista como um código, ou seja, um conjunto de signos que se Tendência Progressista Libertária
combinam segundo regras e que é capaz de transmitir uma mensa- A escola progressista libertária parte do pressuposto de que
gem, informações de um emissor a um receptor. Portanto, para os somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado em si-
estruturalistas, saber a língua é, sobretudo, dominar o código. tuações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se
No ensino da Língua Portuguesa, segundo essa concepção de for possível seu uso prático. A ênfase na aprendizagem informal via
linguagem, o trabalho com as estruturas linguísticas, separadas do grupo, e a negação de toda forma de repressão, visam a favorecer o
homem no seu contexto social, é visto como possibilidade de de- desenvolvimento de pessoas mais livres. No ensino da língua, pro-
senvolver a expressão oral e escrita. cura valorizar o texto produzido pelo aluno, além da negociação de
sentidos na leitura.

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Tendência Progressista Crítico-Social Dos Conteúdos Nos dias atuais, a definição de didática ganhou contornos mais
Conforme Libâneo, a tendência progressista crítico-social dos amplos e deve ser compreendida enquanto um campo de estudo
conteúdos, diferentemente da libertadora e libertária, acentua a que discute as questões que envolvem os processos de ensino.
primazia dos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. Nessa perspectiva a didática pode ser definida como um ramo da
A atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo ciência pedagógica voltada para a formação do aluno em função de
adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por finalidades educativas e que tem como objeto de estudo os proces-
meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma partici- sos de ensino e aprendizagem e as relações que se estabelecem en-
pação organizada e ativa na democratização da sociedade. tre o ato de ensinar (professor) e o ato de aprender (aluno). Nesta
Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o princípio perspectiva a didática passa a abordar o ensino ou a arte de ensinar
da aprendizagem significativa, partindo do que o aluno já sabe. A como um trabalho de mediação de ações pré-definidas destinadas
transferência da aprendizagem só se realiza no momento da sín- à aprendizagem, criando condições e estratégias que assegurem a
tese, isto é, quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e construção do conhecimento.
adquire uma visão mais clara e unificadora. Nesse contexto, a Didática enquanto campo de estudo visa pro-
por princípios, formas e diretrizes que são comuns ao ensino de
Tendências Pedagógicas Pós-LDB 9.394/96 todas as áreas de conhecimento. Não se restringe a uma prática de
Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.º ensino, mas se propõe a compreender a relação que se estabelece
9.394/96, revalorizam-se as ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon. Um entre três elementos: professor, aluno e a matéria a ser ensinada.
dos pontos em comum entre esses psicólogos é o fato de serem Ao investigar as relações entre o ensino e a aprendizagem media-
interacionistas, porque concebem o conhecimento como resultado das por um ato didático, procura compreender também as relações
da ação que se passa entre o sujeito e um objeto. De acordo com que o aluno estabelece com os objetos do conhecimento. Para isso
Aranha (1998), o conhecimento não está, então, no sujeito, como privilegia a análise das condições de ensino e suas relações com os
queriam os inatistas, nem no objeto, como diziam os empiristas, objetivos, conteúdos, métodos e procedimentos de ensino.
mas resulta da interação entre ambos. Entretanto, postular que o campo de estudo da Didática é res-
ponsável por produzir conhecimentos sobre modos de transmissão
de conteúdos curriculares através de métodos e conhecimentos
DIDÁTICA E PRÁTICA HISTÓRICO- CULTURAL, A DIDÁTICA não deve reduzir a Didática a visão de estudo meramente tecnicista.
NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR Ao contrário, a produção de conhecimentos sobre as técnicas
de ensino oriundos desse campo de estudo tem por objetivo tornar
a pratica docente reflexiva, para que a ação do professor não seja
A didática na formação do professor. uma mera reprodução de estratégias presentes em livros didáticos
A organização didática do processo de ensino-aprendizagem ou manuais de ensino. Não basta ao professor reproduzir pressu-
passa por três momentos importantes: o planejamento, a execução postos teóricos ou programas disciplinares pré-estabelecidos, as
e a avaliação. Como processo, esses momentos sempre se apresen- informações acumuladas na prática ao longo do processo ensino-
tam inacabados, incompletos, imperfeitos, flexíveis e abertos a no- -aprendizagem devem despertar a capacidade crítica capaz de pro-
vas reformulações e contribuições dos professores e dos próprios porcionar questionamentos e reflexões sobre essas informações a
alunos, com a finalidade de aperfeiçoá-los de maneira continua e fim de garantir uma transformação na prática. Como um processo
permanente à luz das teorias mais contemporâneas. Como proces- em constante transformação, a formação do educador exige esta
so, esses momentos também se apresentam interligados uns ao ou- interligação entre a teoria e a prática como forma de desenvolvi-
tros, sendo difícil identificarem onde termina um para dar lugar ao mento da capacidade crítica profissional.17
outro e vice-versa. Há execução e avaliação enquanto se planeja; há A didática, o processo de aprendizagem e a organização do
planejamento e avaliação enquanto se executa; há planejamento e processo didático.
execução enquanto se avalia. No texto pretendemos estudar o Pla- A didática é uma disciplina técnica e que tem como objeto es-
nejamento, deixando claro que separar o planejamento dos demais pecífico a técnica de ensino (direção técnica da aprendizagem). A
momentos da organização didática do processo, apenas responde a Didática, portanto, estuda a técnica de ensino em todos os aspectos
uma questão metodológica para seu melhor tratamento. práticos e operacionais, podendo ser definida como:
No universo da educação, especialmente no ambiente escolar “A técnica de estimular, dirigir e encaminhar, no decurso da
a palavra didática está presente de forma imperativa, afinal são aprendizagem, a formação do homem”. (AGUAYO)
componentes fundamentais do cotidiano escolar os materiais didá-
ticos, livros didáticos, projetos didáticos e a própria didática como Didática Geral e Especial
um instrumento qualificador do trabalho do professor em sala de A Didática Geral estuda os princípios, as normas e as técnicas
aula. Afinal, a partir do significado atribuído à didática no campo que devem regular qualquer tipo de ensino, para qualquer tipo de
educacional, é comum ouvir que o professor x ou y é um bom pro- aluno.
fessor porque tem didática. A Didática Geral nos dar uma visão geral da atividade docente.
Para as teorias da educação, porém, a didática é mais do que A Didática Especial estuda aspectos científicos de uma determi-
um termo utilizado para representar a dicotomia entre o bom e o nada disciplina ou faixa de escolaridade. A Didática Especial analisa
mal professor ou para designar os materiais utilizados no ambiente os problemas e as dificuldades que o ensino de cada disciplina apre-
escolar. Termo de origem grega (didaktiké), a didática foi instituída senta e organiza os meios e as sugestões para resolve-los. Assim,
no século XVI como ciência reguladora do ensino. Mais tarde Co- temos as didáticas especiais das línguas (francês, inglês, etc.); as
menius atribuiu seu caráter pedagógico ao defini-la como a arte de didáticas especiais das ciências (Física, Química, etc.).
ensinar. 17 Fonte: www.infoescola.com
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Didática e Metodologia e internos. De um lado, atuam na formação humana como direção


Tanto a Didática como a metodologia estudam os métodos de consciente e planejada, através de objetivos/conteúdos/métodos e
ensino. Há, no entanto, diferença quanto ao ponto de vista de cada formas de organização propostos pela escola e pelos professores;
uma. A Metodologia estuda os métodos de ensino, classificando-os de outro, essa influência externa depende de fatores internos, tais
e descrevendo-os sem fazer juízo de valor. como as condições físicas, psíquicas e sócio-culturais do alunos.
A Didática, por sua vez, faz um julgamento ou uma crítica do va- A Pedagogia sendo ciência da e para a educação, estuda a edu-
lor dos métodos de ensino. Podemos dizer que a metodologia nos cação, a instrução e o ensino. Para tanto compõe-se de ramos de es-
dá juízos de realidades, e a Didática nos dá juízos de valor. tudo próprios como a Teoria da Educação, a Didática, a Organização
- Juízos de realidade são juízos descritivos e constatativos. Escolar e a História da Educação e da Pedagogia. Ao mesmo tem-
Exemplos: po, busca em outras ciências os conhecimentos teóricos e práticos
Dois mais dois são quatro. que concorrem para o esclarecimento do seu objeto, o fenômeno
Acham-se presentes na sala 50 alunos. educativo. São elas a Filosofia da Educação, Sociologia da Educação,
Psicologia da Educação, Biologia da Educação, Economia da educa-
- Juízos de valor são juízos que estabelecem valores ou normas. ção e outras.
Exemplo: A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela in-
A democracia é a melhor forma de governo. vestiga os fundamentos, condições e modos de realização da ins-
Os velhos merecem nosso respeito. trução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sócio-políticos
e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e mé-
A partir dessa diferenciação, concluímos que podemos ser me- todos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre
todologistas sem ser didáticos, mas não podemos ser didáticos sem ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das ca-
ser metodologistas, pois não podemos julgar sem conhecer. Por pacidades mentais dos alunos. A Didática está intimamente ligada
isso, o estudo da metodologia é importante por uma razão muito à Teoria da Educação e à Teoria da Organização Escolar e, de modo
muito especial, vincula-se a Teoria do Conhecimento e à Psicologia
simples: para escolher o método mais adequado de ensino precisa-
da Educação.
mos conhecer os métodos existentes.
A Didática e as metodologias específicas das matérias de ensi-
no formam uma unidade, mantendo entre si relações recíprocas. A
Educação escolar, pedagogia e Didática
Didática trata da teoria geral do ensino. As metodologias específi-
A educação escolar constitui-se num sistema de instrução e cas, integrando o campo da Didática, ocupam-se dos conteúdos e
ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e alto métodos próprios de cada matéria na sua relação com fins educa-
grau de organização, ligado intimamente as demais práticas sociais. cionais.
Pela educação escolar democratizam-se os conhecimentos, sendo A Didática, com base em seus vínculos com a Pedagogia , gene-
na escola que os trabalhadores continuam tendo a oportunidade raliza processos e procedimentos obtidos na investigação das ma-
de prover escolarização formal aos seus filhos, adquirindo conheci- térias específicas, das ciências que dão embasamento ao ensino e
mentos científicos e formando capacidades de pensar criticamente a aprendizagem e das situações concretas da prática docente. Com
os problemas e desafios postos pela realidade social. isso, pode generalizar para todas as matérias, sem prejuízo das pe-
A Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a na- culiaridades metodológicas de cada uma, o que é comum e funda-
tureza das finalidades da educação numa determinada sociedade, mental no processo educativo escolar.
bem como os meios apropriados para a formação dos indivíduos, Há uma estreita ligação da Didática com os demais campo do
tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social. conhecimento pedagógico. A Filosofia e a História da Educação
ajudam a reflexão em torno das teorias educacionais, indagando
Uma vez que a prática educativa é o processo pelo qual são em que consiste o ato educativo, seus condicionantes externos e
assimilados conhecimentos e experiências acumulados pela prática internos, seus fins e objetivos; busca os fundamentos da prática do-
social da humanidade, cabe à Pedagogia assegura-lo, orientando-o cente.
para finalidades sociais e políticas, e criando um conjunto de condi- A Sociologia da Educação estuda a educação com processo so-
ções metodológicas e organizativas para viabiliza-lo. cial e ajuda os professores a reconhecerem as relações entre o tra-
O caráter pedagógico da prática educativa se verifica como balho docente e a sociedade. Ensina a ver a realidade social no seu
ação consciente, intencional e planejada no processo de formação movimento, a partir da dependência mútua entre seus elementos
humana, através de objetivos e meios estabelecidos por critérios constitutivos, para determinar os nexos constitutivos da realidade
socialmente determinados e que indicam o tipo de homem a for- educacional. A partir disso estuda a escola como “fenômeno socio-
mar, para qual sociedade, com que propósitos. Vincula-se pois a lógico”, isto é, uma organização social que tem a sua estrutura in-
opções sociais. A partir daí a Pedagogia pode dirigir e orientar a terna de funcionamento interligada ao mesmo tempo com outras
organizações sociais(conselhos de pais, associações de bairros, sin-
formulação de objetivos e meios do processo educativo.
dicatos, partidos políticos). A própria sala de aula é um ambiente
Podemos, agora, explicar as relações entre educação escolar.
social que forma, junto com a escola como um todo, o ambiente
Pedagogia e ensino: a educação escolar, manifestação peculiar do
global da atividade docente organizado para cumprir os objetivos
processo educativo global: a Pedagogia como determinação do
de ensino.
rumo desse processo em suas finalidades e meios de ação; o ensino A Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do pro-
como campo específico da instrução e educação escolar. Podemos cesso de ensino e da aprendizagem, como as implicações das fases
dizer que o processo de ensino-aprendizagem é, fundamentalmen- de desenvolvimento dos alunos conforme idades e os mecanismos
te, um trabalho pedagógico no qual se conjugam fatores externos psicológicos presentes na assimilação ativa de conhecimentos e ha-
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

bilidades. A psicologia aborda questões como: o funcionamento da O processo de assimilação de determinados conhecimentos,
atividade mental, a influência do ensino no desenvolvimento inte- habilidades, percepção e reflexão é desenvolvido por meios atitu-
lectual, a ativação das potencialidades mentais para a aprendiza- dinais, motivacionais e intelectuais do aluno, sendo o professor o
gem, organização das relações professor-alunos e dos alunos entre principal orientador desse processo de assimilação ativa, é através
si, a estimulação e o despertamento do gosto pelo estudo etc. disso que se pode adquirir um melhor entendimento, favorecendo
A Estrutura e Funcionamento do Ensino inclui questões da or- um desenvolvimento cognitivo.
ganização do sistema escolar nos seus aspectos políticos e legais, Através do ensino podemos compreender o ato de aprender
administrativos, e aspectos do funcionamento interno da escola que é o ato no qual assimilamos mentalmente os fatos e as relações
como a estrutura organizacional e administrativa, planos e progra- da natureza e da sociedade. Esse processo de assimilação de co-
mas, organização do trabalho pedagógico e das atividades discentes nhecimentos é resultado da reflexão proporcionada pela percepção
etc.18 prático-sensorial e pelas ações mentais que caracterizam o pensa-
mento (Libâneo, 1994). Entendida como fundamental no processo
O Processo Didático Pedagógico de Ensinar e Aprender de ensino a assimilação ativa desenvolve no individuo a capacidade
Didática é considerada como arte e ciência do ensino, o ob- de lógica e raciocínio, facilitando o processo de aprendizagem do
jetivo deste artigo é analisar o processo didático educativo e suas aluno.
contribuições positivas para um melhor desempenho no processo Sempre estamos aprendendo, seja de maneira sistemática ou
de ensino-aprendizagem. Como arte a didática não objetiva ape- de forma espontânea, teoricamente podemos dizer que há dois
nas o conhecimento por conhecimento, mas procura aplicar os seus níveis de aprendizagem humana: o reflexo e o cognitivo. O nível
próprios princípios com a finalidade de desenvolver no individuo as reflexo refere-se às nossas sensações pelas quais desenvolvemos
habilidades cognoscitivas, tornando-os críticos e reflexivos, desen- processos de observação e percepção das coisas e nossas ações fí-
volvendo assim um pensamento independente. sicas no ambiente. Este tipo de aprendizagem é responsável pela
Nesse Artigo abordamos esse assunto acerca das visões de Li- formação de hábitos sensório motor (Libâneo, 1994).
bâneo (1994), destacando as relações e os processos didáticos de O nível cognitivo refere-se à aprendizagem de determinados
ensino e aprendizagem, o caráter educativo e crítico desse processo conhecimentos e operações mentais, caracterizada pela apreen-
de ensino, levando em consideração o trabalho docente além da or- são consciente, compreensão e generalização das propriedades e
ganização da aula e seus componentes didáticos do processo edu- relações essenciais da realidade, bem como pela aquisição de mo-
cacional tais como objetivos, conteúdos, métodos, meios de ensino dos de ação e aplicação referentes a essas propriedades e relações
e avaliação. Concluímos o nosso trabalho ressaltando a importância (Libâneo, 1994). De acordo com esse contexto podemos despertar
da didática no processo educativo de ensino e aprendizagem. uma aprendizagem autônoma, seja no meio escolar ou no ambien-
te em que estamos.
A Didática é o principal ramo de estudo da pedagogia, pois ela Pelo meio cognitivo, os indivíduos aprendem tanto pelo conta-
situa-se num conjunto de conhecimentos pedagógicos, investiga os
to com as coisas no ambiente, como pelas palavras que designam
fundamentos, as condições e os modos de realização da instrução e
das coisas e dos fenômenos do ambiente. Portanto as palavras são
do ensino, portanto é considerada a ciência de ensinar. Nesse con-
importantes condições de aprendizagem, pois através delas são for-
texto, o professor tem como papel principal garantir uma relação
mados conceitos pelos quais podemos pensar.
didática entre ensino e aprendizagem através da arte de ensinar,
O ensino é o principal meio de progresso intelectual dos alu-
pois ambos fazem parte de um mesmo processo. Segundo Libâneo
nos, através dele é possível adquirir conhecimentos e habilidades
(1994), o professor tem o dever de planejar, dirigir e controlar esse
individuais e coletivas. Por meio do ensino, o professor transmite os
processo de ensino, bem como estimular as atividades e competên-
conteúdos de forma que os alunos assimilem esse conhecimento,
cias próprias do aluno para a sua aprendizagem.
A condição do processo de ensino requer uma clara e segura auxiliando no desenvolvimento intelectual, reflexivo e crítico.
compreensão do processo de aprendizagem, ou seja, deseja enten- Por meio do processo de ensino o professor pode alcançar seu
der como as pessoas aprendem e quais as condições que influen- objetivo de aprendizagem, essa atividade de ensino está ligada à
ciam para esse aprendizado. Sendo assim Libâneo (1994) ressalta vida social mais ampla, chamada de prática social, portanto o papel
que podemos distinguir a aprendizagem em dois tipos: aprendiza- fundamental do ensino é mediar à relação entre indivíduos, escola
gem casual e a aprendizagem organizada. e sociedade.
a.Aprendizagem casual: É quase sempre espontânea, surge na-
turalmente da interação entre as pessoas com o ambiente em que O Caráter Educativo do Processo de Ensino e o Ensino Crítico.
vivem, ou seja, através da convivência social, observação de objetos De acordo com Libâneo (1994), o processo de ensino, ao mes-
e acontecimentos. mo tempo em que realiza as tarefas da instrução de crianças e jo-
b.Aprendizagem organizada: É aquela que tem por finalidade vens, também é um processo educacional.
específica aprender determinados conhecimentos, habilidades e No desempenho de sua profissão, o professor deve ter em
normas de convivência social. Este tipo de aprendizagem é trans- mente a formação da personalidade dos alunos, não apenas no as-
mitido pela escola, que é uma organização intencional, planejada e pecto intelectual, como também nos aspectos morais, afetivos e fí-
sistemática, as finalidades e condições da aprendizagem escolar é sicos. Como resultado do trabalho escolar, os alunos vão formando
tarefa específica do ensino (LIBÂNEO, 1994. Pág. 82). o senso de observação, a capacidade de exame objetivo e crítico de
Esses tipos de aprendizagem tem grande relevância na assimi- fatos e fenômenos da natureza e das relações sociais, habilidades
lação ativa dos indivíduos, favorecendo um conhecimento a partir de expressão verbal e escrita. A unidade instrução-educação se re-
das circunstâncias vivenciadas pelo mesmo. flete, assim, na formação de atitudes e convicções frente à realida-
18 Fonte: www.pedagogiadidatica.blogspot.com.br de, no transcorrer do processo de ensino.
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O processo de ensino deve estimular o desejo e o gosto pelo es- A aula é norteada por uma série de componentes, que vão
tudo, mostrando assim a importância do conhecimento para a vida conduzir o processo didático facilitando tanto o desenvolvimento
e o trabalho, (LIBÂNEO, 1994). das atividades educacionais pelo educador como a compreensão
Nesse processo o professor deve criar situações que estimule o e entendimento pelos indivíduos em formação; ela deve, pois, ter
indivíduo a pensar, analisar e relacionar os aspectos estudados com uma estruturação e organização, afim de que sejam alcançados os
a realidade que vive. Essa realização consciente das tarefas de en- objetivos do ensino.
sino e aprendizagem é uma fonte de convicções, princípios e ações Ao preparar uma aula o professor deve estar atento às quais in-
que irão relacionar as práticas educativas dos alunos, propondo teresses e necessidades almeja atender, o que pretende com a aula,
situações reais que faça com que os individuo reflita e analise de quais seus objetivos e o que é de caráter urgente naquele momen-
acordo com sua realidade (TAVARES, 2011). to. A organização e estruturação didática da aula têm por finalidade
Entretanto o caráter educativo está relacionado aos objetivos proporcionar um trabalho mais significativo e bem elaborado para
do ensino crítico e é realizado dentro do processo de ensino. È atra- a transmissão dos conteúdos. O estabelecimento desses caminhos
vés desse processo que acontece a formação da consciência crítica proporciona ao professor um maior controle do processo e aos alu-
dos indivíduos, fazendo-os pensar independentemente, por isso o nos uma orientação mais eficaz, que vá de acordo com previsto.
ensino crítico, chamado assim por implicar diretamente nos objeti- As indicações das etapas para o desenvolvimento da aula, não
vos sócio-políticos e pedagógicos, também os conteúdos, métodos significa que todas elas devam seguir um cronograma rígido (LIBÂ-
escolhidos e organizados mediante determinada postura frente ao NEO, 1994-Pág. 179), pois isso depende dos objetivos, conteúdos
contexto das relações sociais vigentes da prática social, (LIBÂNEO, da disciplina, recursos disponíveis e das características dos alunos e
1994). de cada aluno e situações didáticas especificas.
È através desse ensino crítico que os processos mentais são
Dentro da organização da aula destacaremos agora seus Com-
desenvolvidos, formando assim uma atitude intelectual. Nesse con-
ponentes Didáticos, que são também abordados em alguns traba-
texto os conteúdos deixam de serem apenas matérias, e passam
lhos como elementos estruturantes do ensino didático. São eles: os
então a ser transmitidos pelo professor aos seus alunos formando
objetivos (gerais e específicos), os conteúdos, os métodos, os meios
assim um pensamento independente, para que esses indivíduos
busquem resolver os problemas postos pela sociedade de uma ma- e as avaliações.
neira criativa e reflexiva.
Objetivos
A Organização da Aula e seus Componentes Didáticos do Pro- São metas que se deseja alcançar, para isso usa-se de diversos
cesso Educacional meios para se chegar ao esperado. Os objetivos educacionais ex-
A aula é a forma predominante pela qual é organizado o pro- pressam propósitos definidos, pois o professor quando vai ministrar
cesso de ensino e aprendizagem. É o meio pelo qual o professor a aula já vai com os objetivos definidos. Eles têm por finalidade, pre-
transmite aos seus alunos conhecimentos adquirido no seu proces- parar o docente para determinar o que se requer com o processo
so de formação, experiências de vida, conteúdos específicos para a de ensino, isto é prepará-lo para estabelecer quais as metas a serem
superação de dificuldades e meios para a construção de seu próprio alcançadas, eles constituem uma ação intencional e sistemática.
conhecimento, nesse sentido sendo protagonista de sua formação Os objetivos são exigências que requerem do professor um po-
humana e escolar. sicionamento reflexivo, que o leve a questionamentos sobre a sua
É ainda o espaço de interação entre o professor e o indivíduo própria prática, sobre os conteúdos os materiais e os métodos pelos
em formação constituindo um espaço de troca mútua. A aula é o quais as práticas educativas se concretizam.
ambiente propício para se pensar, criar, desenvolver e aprimorar Ao elaborar um plano de aula, por exemplo, o professor deve
conhecimentos, habilidades, atitudes e conceitos, é também onde levar em conta muitos questionamentos acerca dos objetivos que
surgem os questionamentos, indagações e respostas, em uma bus- aspira, como O que? Para que? Como? E Para quem ensinar?, e isso
ca ativa pelo esclarecimento e entendimento acerca desses questio- só irá melhorar didaticamente as suas ações no planejamento da
namentos e investigações. aula.
Por intermédio de um conjunto de métodos, o educador busca Não há prática educativa sem objetivos; uma vez que estes in-
melhor transmitir os conteúdos, ensinamentos e conhecimentos de tegram o ponto de partida, as premissas gerais para o processo pe-
uma disciplina, utilizando-se dos recursos disponíveis e das habili- dagógico (LIBÂNEO, 1994- pág.122). Os objetivos são um guia para
dades que possui para infundir no aluno o desejo pelo saber. orientar a prática educativa sem os quais não haveria uma lógica
Deve-se ainda compreender a aula como um conjunto de meios para orientar o processo educativo.
e condições por meio das quais o professor orienta, guia e fornece
Para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de
estímulos ao processo de ensino em função da atividade própria
modo mais organizado faz-se necessário, classificar os objetivos de
dos alunos, ou seja, da assimilação e desenvolvimento de habilida-
acordo com os seus propósitos e abrangência, se são mais amplos,
des naturais do aluno na aprendizagem educacional. Sendo a aula
denominados objetivos gerais e se são destinados a determinados
um lugar privilegiado da vida pedagógica refere-se às dimensões do
processo didático preparado pelo professor e por seus alunos. fins com relação aos alunos, chamados de objetivos específicos.
Aula é toda situação didática na qual se põem objetivos, co- a.Objetivos Gerais: exprimem propósitos mais amplos acerca
nhecimentos, problemas, desafios com fins instrutivos e formati- do papel da escola e do ensino diante das exigências postas pela
vos, que incitam as crianças e jovens a aprender (LIBÂNEO, 1994- realidade social e diante do desenvolvimento da personalidade dos
Pág.178). Cada aula é única, pois ela possui seus próprios objetivos alunos (LIBANÊO, 1994- pág. 121). Por isso ele também afirma que
e métodos que devem ir de acordo com a necessidade observada os objetivos educacionais transcendem o espaço da sala de aula
no educando. atuando na capacitação do indivíduo para as lutas sociais de trans-
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

formação da sociedade, e isso fica claro, uma vez que os objetivos ao selecionar e organizar os conteúdos de ensino de uma aula o
têm por fim formar cidadãos que venham a atender os anseios da professor deve levar em consideração a realidade vivenciada pelos
coletividade. alunos.
b.Objetivos Específicos: compreendem as intencionalidades
específicas para a disciplina, os caminhos traçados para que se b.A relação professor-aluno no processo de ensino e aprendi-
possa alcançar o maior entendimento, desenvolvimento de habili- zagem:
dades por parte dos alunos que só se concretizam no decorrer do O professor no processo de ensino é o mediador entre o indiví-
processo de transmissão e assimilação dos estudos propostos pelas duo em formação e os conhecimentos prévios de uma matéria. Tem
disciplinas de ensino e aprendizagem. Expressam as expectativas do como função planejar, orientar a direção dos conteúdos, visando à
professor sobre o que deseja obter dos alunos no decorrer do pro- assimilação constante pelos alunos e o desenvolvimento de suas
cesso de ensino. Têm sempre um caráter pedagógico, porque expli- capacidades e habilidades. É uma ação conjunta em que o educa-
citam a direção a ser estabelecida ao trabalho escolar, em torno de dor é o promotor, que faz questionamentos, propõem problemas,
um programa de formação. (TAVARES, 2001- Pág. 66). instiga, faz desafios nas atividades e o educando é o receptor ativo
e atuante, que através de suas ações responde ao proposto produ-
Conteúdos zindo assim conhecimentos. O papel do professor é levar o aluno a
Os conteúdos de ensino são constituídos por um conjunto de desenvolver sua autonomia de pensamento.
conhecimentos. É a forma pela qual, o professor expõem os saberes
de uma disciplina para ser trabalhado por ele e pelos seus alunos. Métodos de Ensino
Esses saberes são advindos do conjunto social formado pela cultura, Métodos de ensino são as formas que o professor organiza
a ciência, a técnica e a arte. Constituem ainda o elemento de me- as suas atividades de ensino e de seus alunos com a finalidade de
diação no processo de ensino, pois permitem ao discente através da atingir objetivos do trabalho docente em relação aos conteúdos es-
assimilação o conhecimentohistórico, cientifico, cultural acerca do pecíficos que serão aplicados. Os métodos de ensino regulam as
mundo e possibilitam ainda a construção de convicções e conceitos. formas de interação entre ensino e aprendizagem, professor e os
O professor, na sala de aula, utiliza-se dos conteúdos da matéria alunos, na qual os resultados obtidos é assimilação consciente de
para ajudar os alunos a desenvolverem competências e habilidades conhecimentos e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e
de observar a realidade, perceber as propriedades e características operativas dos alunos.
Segundo Libâneo (1994) a escolha e organização os métodos
do objeto de estudo, estabelecer relações entre um conhecimento
de ensino devem corresponder à necessária unidade objetivos-con-
e outro, adquirir métodos de raciocínio, capacidade de pensar por
teúdos-métodos e formas de organização do ensino e as condições
si próprios, fazer comparações entre fatos e acontecimentos, for-
concretas das situações didáticas. Os métodos de ensino dependem
mar conceitos para lidar com eles no dia-a-dia de modo que sejam
das ações imediatas em sala de aula, dos conteúdos específicos, de
instrumentos mentais para aplicá-los em situações da vida prática
métodos peculiares de cada disciplina e assimilação, além disso, es-
(LIBÂNEO 2001, pág. 09). Neste contexto pretende-se que os con-
ses métodos implica o conhecimento das características dos alunos
teúdos aplicados pelo professor tenham como fundamento não só
quanto à capacidade de assimilação de conteúdos conforme a ida-
a transmissão das informações de uma disciplina, mas que esses
de e o nível de desenvolvimento mental e físico e suas característi-
conteúdos apresentem relação com a realidade dos discentes e que
cas socioculturais e individuais.
sirvam para que os mesmos possam enfrentar os desafios impostos A relação objetivo-conteúdo-método procuram mostrar que
pela vida cotidiana. Estes devem também proporcionar o desenvol- essas unidades constituem a linhagem fundamental de compreen-
vimento das capacidades intelectuais e cognitivas do aluno, que o são do processo didático: os objetivos, explicitando os propósitos
levem ao desenvolvimento critico e reflexivo acerca da sociedade pedagógicos intencionais e planejados de instrução e educação dos
que integram. alunos, para a participação na vida social; os conteúdos, constituin-
Os conteúdos de ensino devem ser vistos como uma relação do a base informativa concreta para alcançar os objetivos e deter-
entre os seus componentes, matéria, ensino e o conhecimento que minar os métodos; os métodos, formando a totalidade dos passos,
cada aluno já traz consigo. Pois não basta apenas a seleção e organi- formas didáticas e meios organizativos do ensino que viabilizam a
zação lógica dos conteúdos para transmiti-los. Antes os conteúdos assimilação dos conteúdos, e assim, o atingimento dos objetivos.
devem incluir elementos da vivência prática dos alunos para torná- No trabalho docente, os professores selecionam e organizam
-los mais significativos, mais vivos, mais vitais, de modo que eles seus métodos e procedimentos didáticos de acordo com cada ma-
possam assimilá-los de forma ativa e consciente (LIBÂNEO, 1994 téria. Dessa forma destacamos os principais métodos de ensino uti-
pág. 128). Ao proferir estas palavras, o autor aponta para um ele- lizado pelo professor em sala de aula: método de exposição pelo
mento de fundamental importância na preparação da aula, a con- professor, método de trabalho independente, método de elabora-
textualização dos conteúdos. ção conjunta, método de trabalho em grupo. Nestes métodos, os
conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentados, explicadas
a.Contextualização dos conteúdos e demonstradas pelo professor, além dos trabalhos planejados in-
A contextualização consiste em trazer para dentro da sala de dividuais, a elaboração conjunta de atividades entre professores e
aula questões presentes no dia a dia do aluno e que vão contribuir alunos visando à obtenção de novos conhecimentos e os trabalhos
para melhorar o processo de ensino e aprendizagem do mesmo. em grupo. Dessa maneira designamos todos os meios e recursos
Valorizando desta forma o contexto social em que ele está inserido matérias utilizados pelo professor e pelos alunos.19
e proporcionando a reflexão sobre o meio em que se encontra, le- 19 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br - Elieide
vando-o a agir como construtor e transformador deste. Então, pois, Pereira dos Santos/Isleide Carvalho Batista/Mayane Leite da Silva
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Didática e Organização Do Ensino nham nessa direção. Do ponto de vista didático, o ensino orienta-se
Um breve resgate histórico da Didática no Brasil é de funda- pelo eixo da transmissão-assimilação ativa de conhecimentos. Dirá
mental importância para compreender o lugar que essa área do Libâneo (1985 p. 127-128):
conhecimento ocupa na formação do professor hoje. Isso porque A pedagogia crítico-social dos conteúdos valoriza a instrução
entendemos que a organização curricular dos cursos de licencia- enquanto domínio do saber sistematizado e os meios de ensino,
tura nas novas propostas para os cursos de licenciaturas expressa enquanto processo de desenvolvimento das capacidades cognitivas
a relação social básica do sistema nesse momento histórico. Data dos alunos e viabilização da atividade de transmissão/assimilação
de 1972 o I Encontro Nacional de Professores de Didática realizado ativa de conhecimentos.
na Universidade de Brasília, período pós-64, momento histórico em Nessa proposta, o elemento central está calcado na concepção
que o planejamento educacional é considerado “área prioritária”, segundo a qual a aprendizagem se faz fundamentalmente a partir
integrado ao Plano Nacional de Desenvolvimento, e a educação do domínio da teoria. A prática decorre da teoria. Daí a importância
passa a ser vista como fator de desenvolvimento, investimento indi- do racional, do cognitivo, do pensamento. Nessa concepção, a ação
vidual e social. Nesse momento discute-se a necessidade de formar prática é guiada pela teoria. Valoriza-se o pensamento sobre a ação.
um novo professor tecnicamente competente e comprometido com Por outro lado, grupos mais radicais se voltam para a alteração
o programa político-econômico do país. E a formação do professor dos próprios processos de produção do conhecimento; das relações
passa a se fazer por meio de treinamentos, em que são transmitidos sociais. A Pedagogia dos Conflitos Sociais, de Oder José dos Santos
os instrumentos técnicos necessários à aplicação do conhecimento (1992), base teórica da Sistematização coletiva do conhecimento,
científico, fundado na qualidade dos produtos, eficiência e eficá- proposta por Martins (1998), caminha nessa direção.
cia. A racionalização do processo aparece como necessidade básica Passa-se a discutir a importância de se romper com o eixo da
para o alcance dos objetivos do ensino e o planejamento tem papel transmissão-assimilação dos conteúdos, ainda que críticos, buscan-
central na sua organização. do um processo de ensino que altere, na prática, suas relações bá-
Dez anos depois, em 1982, realiza-se no Rio de Janeiro o I Semi- sicas na direção da sistematização coletiva do conhecimento. Dirá
nário A Didática em Questão num período marcado pela abertura Martins, (2009, p.175)
política do regime militar instalado em 1964 e pelo acirramento das Um dos pontos-chave da nova proposta pedagógica encontra-
lutas de classe no país. -se na alteração do processo de ensino e não apenas na alteração
Nesse momento histórico, enfatiza-se a necessidade de formar do discurso a respeito dele. (...) não basta transmitir ao futuro pro-
educadores críticos e conscientes do papel da educação na socie- fessor um conteúdo mais crítico; (...) é preciso romper com o eixo
dade, e mais, comprometidos com as necessidades das camadas da transmissão-assimilação em que se distribui um saber sistemati-
populares cada vez mais presentes na escola e cedo dela excluídos. zado falando sobre ele. Não se trata de falar sobre, mas de vivenciar
A dimensão política do ato pedagógico torna-se objeto de discus- e refletir com.
são e análise, e a contextualização da prática pedagógica, buscando Desse movimento resultaram alterações na organização das
compreender a íntima relação entre a prática escolar e a estrutura escolas, nos cursos de formação de professores, nas produções aca-
social mais ampla, passa a ser fundamental. Esses desafios marca- dêmicas dos estudiosos da área e fundamentalmente na prática pe-
ram a década de oitenta como um período de intenso movimento dagógica dos professores de todos os níveis de ensino. Nesse perí-
de revisão crítica e reconstrução da Didática no Brasil. odo, os professores intensificaram suas iniciativas para fazer frente
Ao longo da década de oitenta, as produções teóricas dos edu- às contradições do sistema e produziram saberes pedagógicos nas
cadores expressam tentativas de dar conta dessa nova situação. suas próprias práticas.
Tomando como parâmetro a questão da relação teoria-prática, Nesse contexto, uma pesquisa-ensino longitudinal realizada
podemos identificar processos distintos que procuram ampliar a por Martins (1998) acompanhando durante dez anos as iniciativas
discussão da Didática, iniciada por Candau (1984), em reação ao dos professores de todos os níveis de ensino, além da produção da
modelo pedagógico centrado no campo da instrumentalidade. área, resultou na sistematização de três momentos fundamentais,
A autora propõe uma Didática Fundamental, que, nas palavras com ênfases específicas, nas discussões e práticas da didática na
de Freitas (1995, p.22), “(...) mais do que um enfoque propriamen- formação de professores. Esses momentos, que não se anulam,
te dito, foi um amplo movimento de reação a um tipo de didática mas se interpenetram, devem ser entendidos como uma parte de
baseada na neutralidade”. um todo, quais sejam: (i) a Dimensão política do ato pedagógico
Desta forma, o movimento que inicialmente incluiu uma críti- (1985/88); (ii) a organização do trabalho na escola (1989/93); (iii) a
ca e uma denúncia ao caráter meramente instrumental da Didática produção e sistematização coletivas de conhecimento (1994/2000).
avançou em seguida para a busca de alternativas e reconstrução O primeiro momento a Dimensão política do ato pedagógico
do conhecimento da área. E, em oposição ao modelo pedagógico é marcado por intensa movimentação social no Brasil, que conso-
centrado no campo da instrumentalidade, grupos de educadores lida novas formas de organização e mobilização quando os grupos
passam a discutir a importância de formar uma consciência crítica sociais se definem como classe. Passa-se, então, a dar ênfase à pro-
nos professores para que estes coloquem em prática as formas mais blemática política. Os professores, no seu dia-a-dia, na sala de aula
críticas de ensino, articuladas aos interesses e necessidades práti- e na escola reclamam da predeterminação do seu trabalho por ins-
cas das camadas populares, tendo em vista garantir sua permanên- tâncias superiores, estão querendo participar e essa participação
cia na escola pública. tem um caráter eminentemente político. A centralidade do planeja-
Propostas expressivas como a Pedagogia Históricocrítica, de mento passa a ser questionada.
Dermeval Saviani (1983), base teórica da Pedagogia Crítico-social Já no final da década de oitenta e início dos anos noventa,
dos Conteúdos, sistematizada por José Carlos Libâneo (1985), cami- avança-se para as discussões em torno da organização do trabalho
Souza na escola (1989/93), segundo momento. Ocorre uma intensificação
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

da quebra do sistema organizacional da escola. Os professores já se a) Didática: Trabalho Pedagógico Docente;


compreendem e se posicionam como trabalhadores, assalariados; b) Didática: Organização do Trabalho Pedagógico;
organizam-se em sindicatos, participam de movimentos reivindica- c) Didática: Avaliação e Ensino.
tórios. Na escola, vão quebrando normas, tomando iniciativas que Também no curso de Filosofia encontramos uma disciplina
consolidem novas formas de organização da escola e da relação denominada Didática e Teoria da Educação. Nos demais cursos, o
professor, aluno e conhecimento. processo de ensino – objeto de estudo da didática – é desenvolvi-
À medida que se verificam alterações no interior da organiza- do através das didáticas específicas, metodologias específicas, nas
ção escolar, por iniciativa de seus agentes, intensifica-se a busca da disciplinas de práticas de ensino e nas propostas de estágio super-
produção e sistematização coletivas de conhecimento e a ênfase na visionado. Isso se repete com alguma variação, nas demais univer-
problemática do aluno como sujeito vai se aprofundando. No perío- sidades investigadas.
do 1994/2000, o aluno passa a ser concebido como um ser histori- Com relação à articulação da disciplina Didática com as escolas
camente situado, pertencente a uma determinada classe, portador de Educação Básica, observa-se uma variação significativa nas ini-
de uma prática social com interesses próprios e um conhecimento ciativas desses cursos. Há uma busca pela aproximação da universi-
que adquire nessa prática, os quais não podem mais ser ignorados dade com as escolas de Educação Básica em que esses egressos irão
pela escola. atuar. Contudo, pode-se observar que a lógica subjacente à organi-
Esse período se relaciona com os anteriores através da proble- zação desses cursos, via de regra, valoriza a preparação do futuro
mática da interdisciplinaridade, que passa a ser uma questão im- professor com recursos técnicos, tendo em vista posterior aplicação
portante. na prática de ensino no espaço escolar. Essa lógica se verifica nas
Com efeito, o movimento histórico do final do século passado disciplinas que compõem o currículo, incluindo as que focalizam o
provocou uma alteração na concepção de conhecimento que deu ensino, tais como: Didática Geral, didática específica, metodologias
um passo à frente em relação aos modelos anteriores. Trata-se de específicas por área de conhecimento.
um processo didático pautado numa concepção de conhecimento Em decorrência, no que tange à articulação da Didática, geral
que tem a prática como elemento básico, fazendo a mediação en- e/ou específicas, com as práticas pedagógicas desenvolvidas nas es-
tre a realidade e o pensamento. Nessa concepção a teoria não é colas de Educação Básica, numa primeira leitura dos programas e
entendida como verdade que vai guiar a ação prática, mas como ex- pela entrevista com professores, verifica-se que o espaço da escola
pressão de uma relação, de uma ação sobre a realidade, que pode de Educação Básica são tidos como forma de ilustração, exemplos
indicar caminhos para novas práticas; nunca guiá-la. Desse princípio práticos que reafirmam os conteúdos trabalhados nas disciplinas;
básico, delineia-se um modelo aberto de Didática que vai além de ou ainda, como espaço de aplicação dos preceitos teóricos traba-
compreender o processo de ensino em suas múltiplas determina- lhados na universidade. Com efeito, o que se observa é que a for-
ções para intervir nele e reorientá-lo na direção política pretendida
mação de professores está centrada no aprender a aprender ha-
(MARTINS, 2008, p.176); ela vai expressara ação prática dos pro-
bilidades específicas que garantam competência no fazer. Há uma
fessores, sendo uma forma de abrir caminhos possíveis para novas
valorização da prática, não mais como campo de problematização,
ações.
explicação e compreensão dos processos de ensinar e aprender,
Acompanhando esse movimento, nesse momento histórico, al-
tendo em vista a sua transformação, mas sim como espaço de de-
gumas questões se colocam: quais são as prioridades estabelecidas
monstração de habilidades e competências técnicas no exercício
pelos cursos de licenciaturas para a formação de professores nesse
profissional. Isso implica valorização de procedimentos específicos,
início de século? Que espaço da didática ocupa nesse processo de
vinculados às áreas de conteúdo e trabalhadas nas metodologias e
formação?
didáticas específicas. Verifica-se que a didática geral, enquanto área
A didática nas propostas curriculares das licenciaturas
Com relação à didática nesse processo de formação em desen- do conhecimento que tem como objeto de estudo o processo de
volvimento nas universidades investigadas, o que se verifica numa ensino numa dimensão de totalidade, buscando compreendê-lo em
primeira aproximação com a estruturação desses cursos é a perda suas múltiplas determinações para intervir nele e reorientá-lo na di-
de espaço dessa área do conhecimento e a mudança na sua abor- reção pretendida, (MARTINS, 2008, p.176) vem perdendo espaço.20
dagem. Em outros termos, a didática tende a priorizar aspectos es-
pecíficos do fazer pedagógico, perdendo a dimensão de totalidade Planejamento da ação didática.
conquistada na década de oitenta do século passado. Na prática pedagógica atual o processo de planejamento do
Os dados coletados nos projetos pedagógicos dos cursos de ensino tem sido objeto de constantes indagações quanto à sua vali-
licenciaturas das universidades investigadas mostram que a maio- dade como efetivo instrumento de melhoria qualitativa do trabalho
ria dos cursos deixa de oferecer a disciplina Didática Geral e vol- do professor. As razões de tais indagações são múltiplas e se apre-
ta a trabalhar o processo de ensino – seu objeto de estudo – em sentam em níveis diferentes na prática docente.
disciplinas específicas voltadas para as metodologias das áreas de A vivência do cotidiano escolar nos tem evidenciado situações
conhecimento. Essa tendência também se manifesta na produção bastante questionáveis nesse sentido. Percebeu-se, de início, que
acadêmica da última década, conforme estudo realizado sobre o os objetivos educacionais propostos nos currículos dos cursos apre-
estado do conhecimento (MARTINS e ROMANOWSkI, 2008). sentam-se confusos e desvinculados da realidade social. Os con-
Em uma universidade pública do interior do Estado, por exem- teúdos a serem trabalhados, por sua vez, são definidos de forma
plo, dos 15 (quinze) cursos oferecidos, apenas os cursos de Física, autoritária, pois os professores, via de regra, não participam dessa
Química e Música apresentam a disciplina de Didática Geral. Ela é tarefa.
encontrada também no curso de Pedagogia com outras denomina- 20 Fonte: www.webartigos.com – Texto adaptado de Lourival
ções: De Oliveira Santos
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Nessas condições, tendem a mostrarem-se sem elos significa- - Definir os objetivos educacionais considerados mais adequa-
tivos com as experiências de vida dos alunos, seus interesses e ne- dos para a clientela em questão;
cessidades. - Selecionar e estruturar os conteúdos a serem assimilados,
Percebe-se também que os recursos disponíveis para o desen- distribuídos ao longo do tempo disponível para o seu desenvolvi-
volvimento do trabalho didático tendem a ser considerados como mento;
simples instrumentos de ilustração das aulas, reduzindo-se dessa - Prever e organizar os procedimentos do professor, bem como
forma a equipamentos e objetos, muitas vezes até inadequados aos as atividades e experiências de construção do conhecimento con-
objetivos e conteúdos estudados. sideradas mais adequadas para a consecução dos objetivos esta-
Com relação à metodologia utilizada pelo professor, observa- belecidos;
-se que esta tem se caracterizado pela predominância de atividades - Prever e escolher os recursos de ensino mais adequados para
transmissoras de conhecimentos, com pouco ou nenhum espaço estimular a participação dos alunos nas atividades de aprendiza-
para a discussão e a análise crítica dos conteúdos. O aluno sob esta gem;
situação tem se mostrado mais passivo do que ativo e, por decor- - E prever os procedimentos de avaliação mais condizentes com
rência, seu pensamento criativo tem sido mais bloqueado do que os objetivos propostos.
estimulado. A avaliação da aprendizagem, por outro lado, tem sido O planejamento didático também é um processo que envolve
resumida ao ritual das provas periódicas, através das quais é verifi- operações mentais, como: analisar, refletir, definir, selecionar, es-
cada a quantidade de conteúdos assimilada pelo aluno. truturar, distribuir ao longo do tempo, e prever formas de agir e
Completando esse quadro de desacertos, observa-se ainda organizar. O processo de planejamento da ação docente é o plano
que o professor, assumindo sua autoridade institucional, termina didático. Em geral, o plano didático assume a forma de um docu-
por direcionar o processo ensino-aprendizagem de forma isolada mento escrito, pois é o registro das conclusões do processo de pre-
dos condicionantes históricos presentes na experiência de vida dos visão das atividades docentes e discentes.
alunos. Outro aspecto a ser lembrado é que o plano é apenas um rotei-
No contexto acima descrito, o planejamento do ensino tem se ro, um instrumento de referência e, como tal, é abreviado, esque-
apresentado como desvinculado da realidade social, caracterizan- mático, sem colorido e aparentemente sem vida. Compete ao pro-
do-se como uma ação mecânica e burocrática do professor, pouco fessor que o confeccionou dar-lhe vida, relevo e colorido no ato de
contribuindo para elevar a qualidade da ação pedagógica desenvol- sua execução, impregnando-o de sua personalidade e entusiasmo,
vida no âmbito escolar. enriquecendo-o com sua habilidade e expressividade.21
No meio escolar, quando se faz referência a planejamento do
ensino, a ideia que passa é aquela que identifica o processo atra- A didática na formação do professor.
vés do qual são definidos os objetivos, o conteúdo pragmático, os Compreender-se que o educador, é visto como “um sujeito,
procedimentos de ensino, os recursos didáticos, a sistemática de que junto com outros sujeitos, constrói em seu agir” (LUCKESI,
avaliação da aprendizagem, bem como a bibliografia básica a ser 2001), entretanto o educador tem a capacidade de transformar vi-
consultada no decorrer de um curso, série ou disciplina de estudo. das por meio da educação.
Com efeito, este é o padrão de planejamento adotado pela grande Portanto sua formação pedagógica reflete em sua prática de
maioria dos professores e que, em nome da eficiência do ensino ensino, por isso, a importância da didática, como disciplina, em sua
disseminada pela concepção tecnicista de educação, passou a ser formação acadêmica dos futuros educadores. Nessa prerrogativa da
valorizado apenas em sua dimensão técnica. importância da didática na formação dos educadores que abordare-
Ao que parece, essa situação dos componentes do plano de mos neste artigo, envolvendo o estudo sintetizado da contribuição
ensino de uma maneira fragmentária e desarticulada do todo social da didática na pratica pedagógica e a avaliação das diferentes ten-
é que tem gerado a concepção de planejamento incapaz de dina- dências pedagógicas que influencia a didática dos educadores no
mizar e facilitar o trabalho didático. Consideramos, contudo, que âmbito escolar.
numa perspectiva trasformadora, ou seja, o processo de planeja- A palavra didática origina-se do grego didaktiké, traduzido
mento visto sob uma perspectiva crítica de educação, passa a extra- como “arte de ensinar”. Em primeiro momento, este sentido mais
polar a simple tarefa de se elaborar um documento contendo todos originário correspondia aproximadamente a tudo aquilo que é
os componentes tecnicamente recomendáveis. “próprio para o ensino”.
O termo Didática surge das ações de Comênio (1592-1670) em
Após analisarmos os aspectos do processo de planejamento, sua obra Didática Magna, e originalmente significa “a arte de en-
faremos agora uma síntese do didatismo no planejamento. sinar” que tinha como objetivo a reformar a escola e o ensino. E
Quando falamos em planejar o ensino, ou a ação didática, es- através da Didática Magna, Comenius pretendia estabelecer os fun-
tamos prevendo as ações e os procedimentos que o professor vai damentos da “arte universal de ensinar tudo a todos”, privilegiando
realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades discen- sobre tudo o educador, o método e o conteúdo.
tes e da experiência de aprendizagem, visando atingir os objetivos Durantes séculos, a didática foi entendida como técnicas e mé-
educacionais estabelecidos. Nesse sentido, o planejamento de ensi- todos de ensino, sendo uma ramificação da pedagogia que corres-
no torna-se a operacionalização do currículo escolar. pondia somente por “como ensinar”.
Assim, no que se refere ao aspecto didático, segundo HAIDT Entretanto, a didática pode ser definida como um conjunto de
(1995), planejar é: atividades organizadas pelo docente visando o favorecimento da
- Analisar as características da clientela (aspirações, necessida- construção do conhecimento pelos estudantes.
des e possibilidades dos alunos); 21 Fonte: www.educador.brasilescola.uol.com.br – Por Eliane
- Refletir sobre os recursos disponíveis; da Costa Bruini
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Os elementos da ação da didática constituem tradicionalmente questão da organização do trabalho na escola e no período de 1994
em: professor, aluno, conteúdo, contexto e estratégias metodológi- a 2000 focalizou a questão da produção e sistematização coletiva de
cas (PACIEVITCH, 2012). conhecimento (MARTINS, 1998).
Presentemente, a didática é uma ramificação da pedagogia, Nesse início de século, esboça-se um quarto momento carac-
sendo uma das disciplinas fundamentais na formação dos profes- terizado pela ênfase na aprendizagem: “aprender a aprender”, que
sores, denominada por LIBÂNEO (1990, p.25) como “teoria do en- tem sua centralidade no aluno como sujeito, não mais como um ser
sino” por investigar os fundamentos, as condições e as formas de historicamente situado, portador de um conhecimento que adquire
realização do ensino. na prática laboral, mas um sujeito intelectualmente ativo, criativo,
Portanto, a didática está inteiramente associada à teoria da produtivo, capaz de dominar os processos de aprender (MARTINS,
educação, as teorias da organização escolar, as teorias do conheci- 2004).
mento e à psicologia da educação. Nesse contexto teórico a base da A questão central é que o aluno aprenda a aprender habilida-
pratica educativa, entretanto, a didática tornou-se principal ramo des específicas, definidas como competências, que são previamen-
da pedagogia, sendo necessária a dominação de todas as teorias te definidas nos programas de aprendizagem em sintonia com as
na integração para desenvolver uma boa pratica educativa. Assim, demandas do mercado de trabalho.
o professor dispõe de recursos teóricos para organização e articula- Assim, verifica-se que a expressão “aprender a aprender” do
ção dos processos de ensino e aprendizagem. final do século XIX e início do século XX retorna em outras bases.
Segundo LIBÂNEO (1990) aponta que a didática: Não mais centrada no sujeito psicológico, mas no sujeito produtivo,
“A ela cabe converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em na perspectiva neoliberal. Articula-se ao aprender fazer da segunda
objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função des- metade do século XX. (MARTINS, 2008).
ses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, Sobre essa tendência, Saviani (2007), referindo-se ao final do
tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alu- século XX, registra que os movimentos em prol da educação popu-
nos (...) trata da teoria geral do ensino (1990, p.26).” lar perderam o vigor.
De acordo com PACIEVITCH (2012) afirma que a disciplina da Durante a década de 1990, o autor destaca os movimentos da
didática deve desenvolver a capacidade crítica dos docentes, no in- Escola Cidadã, vinculados ao Instituto Paulo Freire; a Escola Plural
tuito que possam avaliar de forma clara a realidade do ensino. Um em Belo Horizonte, inspirados no Relatório Jacques Delors, publica-
dos desafios da didática é de articular os conhecimentos adquiridos do com título “Educação: um tesouro a descobrir”, que desenvolve
sobre o como, para quem, “o que” ensinar e o “por que” ensinar. propostas na perspectiva do aprender a aprender, aprender a co-
Para Luckesi (2001) a função da Didática é de criar condições nhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser.
para que o educador se prepare técnica, cientifica, filosófica e efe- Além disso, Saviani (2007) escreve que o lema “aprender a
tivamente para qualquer tipo de ação que irar exercer. Por sua vez, aprender” está ligado às ideias escolanovistas, mas na perspectiva
existem vários elementos que formarão a didática do professor, e da constante atualização para ampliar as possibilidades de empre-
cada classe turma exigirá uma pratica diferente. gabilidade. Com efeito, trata-se da flexibilidade do trabalhador para
Entre os elementos da didática encontramos o planejamento, a ocupar vários tipos de trabalho, o que exige educação ao longo da
metodologia e a avaliação. Para isso o professor necessitar conhecer vida para responder aos desafios das mudanças constantes da reor-
cada um deles para desenvolver um trabalho de excelência como ganização dos processos produtivos, com inserção de novas tecno-
educador. Em outras palavras o professor tem o conhecimento teó- logias e de novos processos de gestão das empresas.
rico da didática e dos métodos a ser aplicados em sala de aula. De Refletindo sobre esse momento histórico, Santos (2005) apon-
acordo com COMENIUS (2001, p.51) expõe que “os educadores são ta um novo modo de exigência da organização do trabalho, em que
os especialistas que estão mais bem-dotados para exercer a tarefa além da força produtiva, do tempo para a produção, há especula-
educativa, dado que, por um lado, detém o conhecimento e por ção das capacidades cognitivas dos trabalhadores para a melhoria
um lado conhecem o método”. Portanto, como a tarefa educativa é do processo de produção. Tais exigências solicitam capacidades de
reponsabilidade dos educadores, compete aos professores à atua- adaptabilidade, flexibilidade, iniciativa e inovação para a melhoria
lização constantemente, pois a competência de ensinar deve estar dos resultados da cadeia de produção.
unida as de aprender. O professor antes de exercer suas atividades Estas capacidades atrelam-se a um tipo de cognição e aprendi-
de ensinar, deve optar por uma tendência pedagógica que orienta a zagem para o imprevisível, para a solução de problemas, planejar,
sua pratica educativa, não se deve usar uma delas de forma isolada tomar decisões, uso estratégico dos recursos, regulação do proces-
em toda a sua docência. Entretanto, procurar analisar cada uma e so, relacionados ao aprender a aprender.
averiguar a melhor que convém ao seu desempenho acadêmico, Nesse sentido, entendemos que a perda de espaço da Didáti-
com maior eficiência e qualidade de atuação. Atualmente, na prati- ca, numa dimensão mais ampla, e a valorização das didáticas espe-
ca docente, existem uma mistura dessas tendências. cíficas e metodologias específicas das áreas de conhecimento nas
atuais propostas de formação de professores expressam o novo
A didática e o docente momento do capitalismo no qual “as novas formas de exploração e
Tendência da didática nos processos de formação de professo- controle da força de trabalho exigem um novo tipo de trabalhador,
res no momento atual uma vez que a produtividade repousa cada vez mais na utilização do
Numa primeira aproximação com os dados da pesquisa, po- trabalho complexo” (SANTOS, 2005, p.42). Ainda que os indicado-
demos dizer que enquanto no período de 1985 a 1988 a didática res sejam desfavoráveis para a área, ampliar a compreensão desse
trouxe como ênfase a dimensão política do ato pedagógico; no pe- momento da didática é o nosso desafio. Auscultar e sistematizar os
ríodo de 1989 a 1993 a área trouxe para o centro das discussões a processos de formação de professores e o lugar da didática no con-
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

junto dessas ações.22 Quanto a organização do ensino veremos abai- formação de professores não atrelada ao bacharelado com iniciati-
xo os entraves que a educação infantil tem enfrentado em busca de vas dos seus agentes, que vão desde a criação de uma coordenação
maiores investimentos e valorização deste nível de ensino, por se geral para os cursos de Licenciaturas, fóruns de Licenciaturas até
tratar da primeira etapa que o indivíduo tem com as instituições de simples ajustes e redistribuição de carga horária das disciplinas.
ensino, a educação infantil deveria ser inclusa no ensino obrigatório Uma das universidades particulares, aqui identificada pela letra
previsto na Constituição Federal de 1988. Será abordada também A, por exemplo, criou uma coordenação geral dos cursos de Licen-
a significativa melhoria ao atendimento do ensino fundamental se- ciaturas, que tem um papel articulador nas discussões e proposi-
gunda etapa da educação básica e de acordo com a Lei 9394/96, em ções para esses cursos. A coordenadora das Licenciaturas da univer-
seu artigo nº 32 obrigatório, e gratuito com duração de nove anos e sidade A informa que das 800 horas regulamentadas para estágios,
matrícula a partir dos seis anos de idade, levando em consideração 400 são distribuídas durante o curso, enquanto as outras 400 horas
o antigo Fundo de Valorização do Ensino Fundamental (FUNDEF), e são destinadas ao estágio supervisionado.
veremos também sobre a educação de jovens e adultos (EJA), um Nas palavras da coordenadora: Em média, 10% de cada uma
programa do governo federal destinado a erradicar o analfabetismo das disciplinas devem articular suas disciplinas com prática. Quan-
no Brasil, pois são inúmeros os esforços nesse sentido, atualmente do ele aprende morfologia, por exemplo, de que forma essa apren-
o governo tem investido no programa Brasil Alfabetizado (educação dizagem é aplicada na prática.(...) Também temos grupos de estudo
de jovens e adultos), programa este que pode ser desenvolvido em interdisciplinar onde nossos alunos são levados à reflexão.
parcerias com instituições não governamentais, além, das secreta- Observamos uma iniciativa de trabalhar a relação teoria e prá-
rias estaduais e municipais de educação. tica ao longo do curso e no interior de cada disciplina que compõe
o currículo. Além disso, o grupo está buscando uma integração das
Prioridades estabelecidas para a formação dos professores disciplinas de fundamentos comum a todas as licenciaturas, já que
nos cursos de licenciaturas tais disciplinas eram trabalhadas de forma isolada e em tempos di-
Para compreender a tendência atual da formação de professo- ferentes de acordo com o colegiado de cada curso.
res e o lugar da didática nessa formação, trabalhando com a con- Com relação à proposta de práticas de ensino e de estágio, per-
cepção da teoria como expressão de uma determinada prática e cebemos que a instituição busca manter essa integração, articulan-
não de qualquer prática, desenvolvemos uma pesquisa tomando do teoria e prática entre as disciplinas de fundamentos e a ação do
como campo de investigação os cursos de licenciatura de cinco uni- aluno na escola.
versidades de grande porte do estado do Paraná. Há uma preocupação de estabelecer a estreita relação entre
Por meio de análise documental e entrevistas semiestrutura- as disciplinas teóricas com as didáticas específicas e metodologias
das, numa abordagem qualitativa de pesquisa buscamos analisar específicas por área de conhecimento.
as tensões e prioridades dessas universidades nos processos de for- Contudo numa perspectiva de aplicação prática: “de que forma
mação de professores. a aprendizagem de determinado conteúdo é aplicado na prática...”.
Já o contato direto com a escola – o estágio – mantém o for-
Assim, nosso estudo apoia-se no entendimento de que a prá-
mato usual dessas práticas, qual seja: a observação, a participação
tica não é dirigida pela teoria, mas a teoria vai expressar a ação
em sala de aula junto ao professor regente e finalmente a regência.
prática dos sujeitos. São as formas de agir que vão determinar as
Esses estágios ocorrem em escolas conveniadas e preferencialmen-
formas de pensar dos homens.
te públicas.
“A teoria pensa e compreende a prática sobre as coisas, não a
Com efeito, a criação de uma coordenação geral das licenciatu-
coisa. Daí, a sua única função é indicar caminhos possíveis, nunca
ras, forma encontrada pela instituição A para reorganizar as licen-
governar a prática.” (BRUNO 1989, p.18). A base do conhecimento
ciaturas tendo em vista as novas exigências do CNE, tem favorecido
é a ação prática que os homens realizam através de relações sociais,
alguns avanços na busca da articulação teoria e prática. Os agentes
mediante instituições. O pressuposto básico é que “o homem não envolvidos tentam minimizar a dicotomia teoria-prática existentes
reflete sobre o mundo, mas reflete a sua prática sobre o mundo” nessa formação. Contudo, observa-se que não se altera a lógica da
(BERNARDO, 1977, v. 1, p.86). aplicação prática e a valorização do como aplicar esse conhecimen-
Dessa forma, “(...) o conhecimento é sempre o conhecimen- to na prática.
to de uma prática, nunca da realidade natural ou social” (SANTOS Já na Universidade B criou-se o espaço do Fórum de Licencia-
1992, p.29). turas para discutir as novas exigências do CNE, buscando a obser-
Desse ponto de vista, buscamos analisar os cursos de formação vância das horas exigidas. Nesse espaço os professores discutem
de professores procurando entender à tendência da sua organiza- seus projetos de curso, as disciplinas que integram o currículo de
ção. Procedemos a um mapeamento das propostas curriculares dos cada licenciatura e a integração entre elas. Observa-se uma preo-
cursos para, em seguida, buscar junto aos agentes envolvidos no cupação de adequar as horas exigidas na nova legislação e também
planejamento e desenvolvimento dessas propostas as formas e prá- de viabilizar a inserção do aluno nas escolas onde irão atuar desde
ticas dessa formação. o primeiro semestre do curso. Essa busca de inserção dos alunos
Uma primeira aproximação com os dados revelam que as ins- desde o início do curso tem sido a marca dessa instituição. Na fala
tituições de educação superior estão em processo de alteração de de um coordenador de curso:
suas propostas de cursos de licenciaturas, tendo em vista as de- O aluno tem a formação pedagógica desde o primeiro período.
terminações legais do Parecer 09/2001 e Resoluções 01/2002 e Ele sempre vai ter algo relacionado com a formação pedagógica e
02/2002, aprovados pelos Conselho Nacional de Educação. Há um a escola. Todo um eixo que é ministrado pelo pessoal da educação
movimento que busca atender à nova proposta para os cursos de e depois tem outra vertente que é ministrada pelos próprios pro-
22 Texto adaptado de Pura Lúcia Oliver Martin; Joana Paulin fessores da área específica com experiência na área da escola e da
Romanowski licenciatura.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Observa-se que essa solução encontrada pelo grupos de pro- Observa-se uma preocupação e um movimento no sentido de
fessores e coordenadores de curso discutidas no Fórum de Licen- aproximar os professores em formação com as escolas de educação
ciaturas mantido pela instituição constitui um avanço na busca de básica, e cada curso a seu modo vai buscando essa aproximação. No
articulação teoria-prática. entanto a prática ali desenvolvida não avança no sentido de promo-
Contudo, a ênfase da formação pedagógica continua no final ver uma reflexão a partir das iniciativas dos professores na busca
do curso, o estágio a partir do 5º Período. A base epistemológica de equacionar os problemas que enfrentam nesse espaço escolar.
da organização desses cursos mantém a concepção da teoria como Além disso, a manutenção dos estágios no final do curso indica a
guia da ação prática. manutenção da lógica das escolas como espaço de aplicação dos
Já nas instituições públicas, as alterações ficam a cargo dos de- conteúdos das disciplinas teóricas.
partamentos e é mais evidente a manutenção da cisão: pedagógico Dentre as universidades públicas pesquisadas, a Universidade
e conteúdos específicos, teoria e prática. Uma das universidade pú- D é a que deixa clara a manutenção do esquema três mais um. A
blicas, aqui identificada pela letra c, embora tenha criado uma coor- maioria dos coordenadores de cursos afirmou que para atender a
denação geral para os cursos de licenciaturas, manifesta dificuldade resolução foram criadas disciplinas práticas e ampliada a carga ho-
de viabilizar a integração almejada. Assim ela se expressa: rária de estágio nos dois últimos anos. A coordenadora do curso de
Convocamos o CEP, convidamos pessoas das licenciaturas, con- Letras aponta que a carga horária das disciplinas teóricas foi reduzi-
vidamos coordenadores, convocamos também o pessoal da educa- da em função do aumento das horas de estágio.
ção, o pessoal de métodos, chamamos todas as pessoas e algumas A maioria regista que o currículo foi alterado e as mudanças
pessoas ficaram. estão em processo de implantação a partir de 2009.
Porém, outras saíram do processo dizendo: “essa lei não vai pe- Na fala de um coordenador fica clara a preocupação com os
gar”, é o que ocorre sempre por aí. fundamentos teóricos nos anos iniciais para posterior formação
Não obstante essas dificuldades, observamos que a instituição pedagógica, implicando opção do aluno após dois anos e meio de
faz um movimento para articular teoria e prática, inserindo, nas curso. Assim ele se expressa:
disciplinas de conteúdo específico da área, uma articulação com a Aqui na Universidade nós oferecemos duas habilitações: bacha-
prática de ensino daquela área. A coordenadora explica: relado e licenciatura... como uma recomendação da própria estru-
Quanto àquele intem, a prática como componente curricular, tura curricular tivemos de pensar nos núcleos de formação de base
existem mil e uma interpretações de como fazer aqui (...) toda dis- e depois nos núcleos de formação específica. Os dois primeiros anos
ciplina nós sabemos que tem uma dimensão prática, tudo isso é são comuns para qualquer uma das habilitações e na passagem da
perfeito, tudo bem, tudo certo. Você vai me convencer que vai criar segunda para a terceira série o aluno faz a opção pela sua habilita-
dentro da disciplina (...) uma ponte com a educação básica. ção – bacharelado ou licenciatura.
Não obstante essa lógica dos três mais um, há uma tentativa de
No entanto, não se pode ter garantia de que o professor indivi- distribuir a prática, que antes era concentrada em dois semestres
dualmente vá fazer isso, embora seja o desejável. Então, a comissão de estágio no final do curso, ao longo do curso. Nas palavras do
achou por bem criar uma disciplina de 1ª a 4ª séries denominada coordenador:
disciplina articuladora, que contempla 400 horas. Esta deverá estar Com o aumento da carga horária, procuramos contemplar às
articulada à escola de educação básica e ficou a cargo da cada co- 800 horas e distribuir melhor a prática ao longo do curso. Tanto é
legiado de curso a definição da ementa e sua forma de realização. que a oficina 1 e 2 surge com essa finalidade. Ela tem um caráter
Cada curso buscou a articulação com a prática das escolas, respei- prático que é de criar a identidade do estudante com a área de atu-
tando as peculiaridades de cada área do conhecimento. ação. (...) Nós dividimos os estágios em estágio I e 2 que é de forma-
A coordenadora explica: ção mais conceitual; o estágio 3 que tem a finalidade da regência de
Os colegiados foram achando suas peculiaridades. Você tem classe, tem a finalidade de integrar teoria e prática na licenciatura.
matéria de instrumentação no ensino de matemática, matérias Observa-se que a tentativa de tratar da prática ao longo do cur-
como laboratório de física e ciências e tem ensino de biologia. O so mantém a lógica do esquema três mais um garantindo a articula-
mais bonito foi que eles foram chegando, sem imposição, a certos ção teoria e prática no último estágio do curso.
denominadores comuns. Eles estudam toda a legislação pertinente Também a Universidade pública e, para atender as 800 horas
à educação, os PCNs e fazem uma ligação com a escola básica. Essa de estágio regulamentadas pelo CNE, evidencia que alguns cursos
disciplina envolve todos os professores da série. (...) era sempre o tendem a aumentar a quantidade de disciplinas que promovem a
que se quis: que as licenciaturas pensassem sempre em educação prática dos alunos, enquanto outros procuram desenvolver no inte-
básica e em ensino. Não se bacharelassem. rior das disciplinas de conteúdos específicos algum tipo de relação
Com relação aos estágios, estes acontecem da metade do curso com a prática de ensino. Há uma ênfase na formação teórica sólida
para o final e, segundo a coordenadora, alguns cursos estão indo para garantir uma prática consequente.
muito bem, enquanto outros têm encontrado muitas dificuldades. Nas palavras de uma coordenadora:
Nas palavras dela: Nós temos 240 horas de estágio de docência e 240 horas de
Isso é um calcanhar de Aquiles. (...) o estágio é da segunda me- estágio na função propriamente dita do pedagogo nas dimensões
tade do curso para frente. Então em alguns cursos está indo muito de organizações de trabalhos pedagógicos de passes escolares e
bem e em alguns cursos está indo muito mal. (...) Pelo pouco que não escolares e temos outras dimensões que é a questão da pes-
eu sei a universidade já tem uma caminhada de conquistas com a quisa (...) o pedagogo pesquisador. (...) Além desses estágios que
escola. (...) Primeiro a universidade conquistou as escolas e depois dá um total de 480 horas, nós temos algumas disciplinas facilmente
foi para dentro das escolas. ligadas à prática... Não abrimos mão de uma sólida formação teóri-
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ca. Essa lógica está presente na totalidade dos cursos e os estágios a teoria. É verdade que muitos que muitos professores manifestam
concentram-se no final dos cursos. Observa-se que as ações para especial tendência e gosto pela profissão, assim como se sabe que
adequar os cursos às novas normas ficam a cargo dos colegiados mais tempo de experiência ajuda no desempenho profissional. En-
de cursos e não há um espaço, uma coordenação geral onde essas tretanto, o domínio das bases teórico-científicas e técnicas, e sua
discussões possam ocorrer, tendo em vista uma integração entre os articulação com as exigências concretas do ensino, permitem maior
cursos. segurança profissional, de modo que o docente ganhe base para
Com efeito, as discussões nesses espaços – fóruns, coordena- pensar sua prática e aprimore sempre mais a qualidade do seu tra-
ções de Licenciaturas – indicadas pelos entrevistados, as formas balho.23
como encaminham a ampliação de tempo de estágio na determina-
ção das 800 horas, nos possibilitam perceber a estrutura do pensa- A Didática e o Trabalho Docente
mento educacional que está na base da organização desses cursos Como vimos anteriormente à didática estuda o processo de en-
e a forma como concebem e encaminham a articulação teoria e prá- sino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos fazem parte,
tica na formação do professor. de modo a criar condições que garantam uma aprendizagem signi-
Nesse sentido, percebemos que ainda é marcante a concepção ficativa dos alunos. Ela ajuda o professor na direção, orientação das
de que uma formação teórica sólida garante uma prática conse- tarefas do ensino e da aprendizagem, dando a ele uma segurança
quente. Os encaminhamentos, com raras exceções, invariavelmen- profissional. Segundo Libâneo (1994), o trabalho docente também
te situam o momento da prática nos anos finais do curso, antecedi- chamado de atividade pedagógica tem como objetivos primordiais:
da pela formação teórica. • Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro
possível dos conhecimentos científicos;
A Didática e a formação profissional do professor • Criar as condições e os meios para que os alunos desen-
A formação do professor abrange, pois, duas dimensões: a for-
volvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que domi-
mação teórico-científica, incluindo a formação acadêmica específi-
ca nas disciplinas em que o docente vai especializar-se e a formação nem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando a sua
pedagógica, que envolve os conhecimentos da Filosofia, Sociologia, autonomia no processo de aprendizagem e independência de pen-
História da Educação e da própria Pedagogia que contribuem para samento;
o esclarecimento do fenômeno educativo no contexto histórico-so-
• Orientar as tarefas de ensino para objetivo educativo de
cial; a formação técnico-prática visando a preparação profissional formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a escolherem
específica para a docência, incluindo a Didática as metodologias um caminho na vida, a terem atitudes e convicções que norteiem
específicas das matérias, a Psicologia da Educação, a pesquisa edu- suas opções diante dos problemas e situações da vida real (LIBÂ-
cacional e outras. NEO, 1994, Pág. 71).
A organização dos conteúdos da formação do professor em Além dos objetivos da disciplina e dos conteúdos, é fundamen-
aspectos teóricos e práticos de modo algum significa considera-los tal que o professor tenha clareza das finalidades que ele tem em
isoladamente. São aspectos que devem ser articulados. As disci- mente, a atividade docente tem a ver diretamente com “para que
plinas teórico-científicas são necessariamente referidas a prática educar”, pois a educação se realiza numa sociedade que é forma-
escolar, de modo que os estudos específicos realizados no âmbito da por grupos sociais que tem uma visão diferente das finalidades
da formação acadêmica sejam relacionados com os de formação educativas.
pedagógica que tratam das finalidades da educação e dos condicio- Para Libâneo (1994), a didática trata dos objetivos, condições
nantes históricos, sociais e políticos da escola. Do mesmo modo, os e meios de realização do processo de ensino, ligando meios peda-
conteúdos das disciplinas específicas precisam ligar-se às suas exi- gógico-didáticos a objetivos sócio-políticos. Não há técnica peda-
gências metodológicas. As disciplinas de formação teórico-prática gógica sem uma concepção de homem e de sociedade, sem uma
não se reduzem ao mero domínio de técnicas e regras, mas impli- competência técnica para realiza-la educacionalmente, portanto o
cam também os aspectos teóricos, ao mesmo tempo que fornecem ensino deve ser planejado e ter propósitos claros sobre suas finali-
à teoria os problemas e desafios da prática. A formação profissional dades, preparando os alunos para viverem em sociedade.
do professor implica, pois, uma contínua interpenetração entre te- É papel de o professor planejar a aula, selecionar, organizar os
oria e prática, a teoria vinculada aos problemas reais postos pela conteúdos de ensino, programar atividades, criar condições favo-
experiência prática orientada teoricamente. ráveis de estudo dentro da sala de aula, estimular a curiosidade e
Nesse entendimento, a Didática se caracteriza como mediação
criatividade dos alunos, ou seja, o professor dirige as atividades de
entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prática
aprendizagem dos alunos a fim de que estes se tornem sujeitos ati-
docente. Ela opera como que uma ponte entre o “o que” e o “como”
vos da própria aprendizagem.
do processo pedagógico escolar. Para isso recorre às contribuições
Entretanto é necessário que haja uma interação mútua entre
das ciências auxiliares da Educação e das próprias metodologias
específicas. É, pois, uma matéria de estudo que integra e articula docentes e discentes, pois não há ensino se os alunos não desenvol-
conhecimentos teóricos e práticos obtidos nas disciplinas de forma- verem suas capacidades e habilidades mentais.
ção acadêmica, formação pedagógica e formação técnico-prática, Podemos dizer que o processo didático se baseia no conjunto
provendo o que é comum, básico e indispensável para o ensino de de atividades do professor e dos alunos, sob a direção do professor,
todas as demais disciplinas de conteúdo. para que haja uma assimilação ativa de conhecimentos e desen-
A formação profissional para o magistério requer, assim, uma volvimento das habilidades dos alunos. Como diz Libâneo (1994), é
sólida formação teórico-prática. Muitas pessoas acreditam que o necessário para o planejamento de ensino que o professor compre-
desempenho satisfatório do professor na sala de aula depende de enda as relações entre educação escolar, os objetivos pedagógicos
vocação natural ou somente da experiência prática, descartando-se 23 Fonte: www.pedagogiadidatica.blogspot.com.br
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e tenha um domínio seguro dos conteúdos ao qual ele leciona, sen- Mas a prática educativa não pode suceder de forma espontânea,
do assim capaz de conhecer os programas oficiais e adequá-los ás sem um planejamento, metas e instrumentos a ser aplicados em
necessidades reais da escola e de seus alunos. sala de aula. Segundo Marinho e Ferreira (2012) o professor tendo
Um professor que aspira ter uma boa didática necessita apren- posse desses conhecimentos, terá uma variedade de metodologias
der a cada dia como lidar com a subjetividade do aluno, sua lingua- e concepção que auxiliarão a elaborar seus planejamentos e sua
gem, suas percepções e sua prática de ensino. Sem essas condições didática em sala de aula.Por isso é fundamental o professor tem
o professor será incapaz de elaborar problemas, desafios, pergun- uma excelente formação em didática no curso de graduação conhe-
tas relacionadas com os conteúdos, pois essas são as condições cendo diversos tipos de abordagens de práticas educativas, pois ele
para que haja uma aprendizagem significativa. No entanto para que exercer a função de educador e disseminador de conhecimento aos
o professor atinja efetivamente seus objetivos, é preciso que ele discentes no processo de ensino e aprendizagem.
saiba realizar vários processos didáticos coordenados entre si, tais Para exercer uma pratica educativa de qualidade, os profissio-
como o planejamento, a direção do ensino da aprendizagem e da nais da educação precisam ter um pleno “domínio das bases teóri-
avaliação (LIBÂNEO, 1994). cas cientificas e tecnológicas, e sua articulação com as exigências
concretas do ensino” (LIBANÊO, 2002, p.28), por meio desse domí-
A Profissão Docente e sua Repercussão Social nio que ele poderá estar revendo, analisando e aprimorando sua
Segundo Libâneo (1994) o trabalho docente é a parte integran- prática educativa.
te do processo educativo mais global pelo qual os membros da so- Essa concepção de didática visa auxiliar na compreensão crítica
ciedade são preparados para a participação da vida social. Com es- da arte de ensinar.24
sas palavras Libâneo deixa bem claro o importante e essencial papel
do professor na inserção e construção social de cada individuo em
formação. O educador deve ter como principal e fundamental com- OS PROCESSOS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM
promisso com a sociedade formar alunos que se tornem cidadãos
ativos, críticos, reflexivos e participativos na vida social.
O docente no processo de ensino e aprendizagem é a ponte Quando entendida na perspectiva do senso comum, a relação
de mediação entre o aluno em formação e o meio social no qual ensino-aprendizagem é linear; assim, quando há ensino, deve ne-
está inserido; uma vez que ele vai através de instruções, conteú- cessariamente haver aprendizagem.
dos e métodos orientar aos seus alunos a viver socialmente.Sendo Ao inverso, quando não houve aprendizagem, não houve en-
a educação um fenômeno social necessário à existência e funciona- sino. Desse modo, o ensino é subordinado à aprendizagem. Essa
subordinação é expressa em concepções que compreendem o pro-
mento de toda a sociedade, exige-se a todo instante do professor as
fessor como facilitador da aprendizagem, ou ainda como mediador
competências técnicas e teóricas para a transmissão desses conhe-
do conhecimento.
cimentos que são essenciais para a manutenção e progresso social.
Aqui a proposta é discutir referências teóricas e metodológicas
O processo educacional, notadamente os objetivos, conteúdos
que possam revelar uma concepção não linear da relação em foco,
do ensino e o trabalho do professor são regidos por uma série de
bem como criticar as concepções de professor facilitador e profes-
exigências da sociedade, ao passo que a sociedade reclama da edu-
sor mediador.
cação a adequação de todos os componentes do ensino aos seus
A mediação no campo educacional é geralmente considerada
anseios e necessidades. Porém a prática educativa não se restringe
como o produto de uma relação entre dois termos distintos que,
as exigências da vida em sociedade, mas também ao processo de
por meio dela podem ser homogeneizados. Essa homogeneização
promover aos indivíduos os saberes e experiências culturais que o elimina a diferença entre eles e, por conseguinte, a possibilidade de
tornem aptos a atuar no meio social e transformá-lo em função das conflito entre ambos. Portanto, quando se compreende a mediação
necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade (LIBÂ- como o resultado, como um produto, a necessária relação entre
NEO, 1994 pág.17). O professor deve formar para a emancipação, dois termos se reduz à sua soma, o que resulta na sua anulação mú-
reflexão, criticidade e atuação social do indivíduo e não para a sub- tua, levando-os ao equilíbrio. Essa ideia concebe a mediação como
missão ou o comodismo. o resultado da aproximação entre dois termos que, embora distin-
Com este conteúdo podemos perceber o importante papel que tos no início, quando totalmente separados, tendem a igualar-se à
a didática desempenha no processo de ensino e aprendizagem. medida que se aproximam um do outro.
Como vimos ela proporciona os meios, as condições pelos quais a Em estudos desse contexto discute-se o conceito de mediação
prática educacional se concretiza. Ela orienta o trabalho do profes- local, indicando que mediar implica solucionar conflitos por meio
sor fazendo-o significativo para que possa guiar de forma compe- de ações educativas. Assim, a mediação restringe-se a uma ação
tente, expressiva e coerente as práticas de ensino. pragmática, circunscrita a uma situação de conflito. Este entendi-
Através dos componentes que constituem o processo de en- mento da mediação não é muito distante daquele em que ela é
sino, visa propiciar os meios para a atividade própria de cada alu- compreendida na situação da sala de aula.
no, busca ainda formá-los para serem indivíduos críticos, reflexivos A mediação na sala de aula é também pragmática, pois preten-
capazes de desenvolverem habilidades e capacidades intelectuais. de que o aluno aprenda de modo imediato. Nos dois casos, em que
Para que toda prática educativa seja efetiva, o professor preci- mediar é agir de modo pragmático, todo conflito pode ser “solucio-
sa conhecer a didática enquanto conteúdo específico, isto ajudara nado”, e o aluno pode “aprender”.
em sua formação no âmbito escolar discernindo as diferentes for- 24 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br - Elieide
mas de educar e as diversificadas tendências pedagógicas buscan- Pereira dos Santos/Isleide Carvalho Batista/Mayane Leite da Silva
do a melhor pratica para desenvolver em cada turma estudantil. Souza /www.nucleodoconhecimento.com.br
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Para compreendermos a mediação na sala de aula, é preciso, será sempre necessário que ela [criança] se fatigue a fim de
em primeiro lugar, estabelecermos que o estudante está sempre aprender e que se obrigue a privações e limitações de movimento
no plano do imediato, e o professor está, ou deveria estar, no pla- físico isto é que se submeta a um tirocínio psicofísico. Deve-se con-
no do mediato. Assim, entre eles se estabelece uma mediação que vencer a muita gente que o estudo é também um trabalho e muito
visa, como já o dissemos, a superação do imediato no mediato. Em fatigante com um tirocínio particular próprio, não só muscular-ner-
outras palavras, o estudante deve superar a sua compreensão ime- voso mas intelectual: é um processo de adaptação, é um hábito ad-
diata e ascender a outra que é mediata. E isso só pode ocorrer pela quirido com esforço, aborrecimento e mesmo sofrimento. (Gramsci,
ação do professor que medeia com o aluno, estabelecendo com ele 1985, p. 89)
uma tensão que implica negar o seu cotidiano. Por outro lado, o alu- Como assinala Gramsci, a aprendizagem depende do esforço
no tentará trazer o professor para o cotidiano vivido por ele, aluno, pessoal de cada estudante. É claro que o professor sempre pode-
negando, assim, o conhecimento veiculado pelo professor. Nessa rá intervir, de modo direto, neste processo, auxiliando o aluno. Ele
luta de contrários – professor e aluno, conhecimento sistematizado deve esforçar-se para que os estudantes aprendam, mas não pode
pela humanidade e experiência cotidiana – é que se dá a media- minimizar nem esconder as dificuldades inerentes à aprendizagem.
ção; e ela ocorre nos dois sentidos, tanto do professor para o aluno Quando se compreende a relação ensino-aprendizagem na
quanto do a É uma luta de contrários. sala de aula como mediação, o ensino e aprendizagem são opostos
Esse modo de compreender a mediação não aceita a ideia do entre si e se relacionam por meio de uma tensão dialética. Desse
professor mediador do conhecimento, tampouco a noção de pro- modo, esses termos, apesar de negarem-se mutuamente, se com-
fessor facilitador da aprendizagem. pletam, mas, como já o dissemos, essa unidade não se estabelece
Essas duas acepções são equivocadas, porque, em primeiro de modo linear.
lugar, o professor não é o único mediador, pois o aluno também Neste artigo, conceituaremos primeiro o ensino e, pela sua
negação, conceituaremos aprendizagem. Sabemos da dificuldade
medeia, e, em segundo lugar, a mediação não se estabelece com
de conceituar esses dois termos, pois de modo geral os estudiosos
o conhecimento e sim entre o aluno e o professor. Trata-se de uma
da área de educação e os professores, talvez por influência das pe-
automediação no segundo sentido atribuído por Mészáros; ou seja,
dagogias contemporâneas, não o fazem; pois preocupam-se quase
a mediação entre o homem e os outros homens: aluno para o pro-
exclusivamente com o “como ensinar”, ou mais precisamente como
fessor. Em outros termos, a mediação, na escola, é um processo que facilitar a aprendizagem dos alunos.
ocorre a sala de aula e promove a superação do imediato no media- A ideia principal que informa o nosso conceito de ensino é a
to por meio de uma tensão dialética entre pólos opostos. de que ele expressa a relação que o professor estabelece com o
conhecimento produzido e sistematizado pela humanidade. Assim,
A relação entre o homem e a natureza é ‘automediadora’ o ensino constitui-se de três atividades distintas a serem desenvol-
num duplo sentido. Primeiro, porque é a natureza que propicia a vidas pelo professor.
mediação entre si mesma e o homem; segundo, porque a própria A primeira consiste em, diante de um tema, selecionar o que
atividade mediadora é apenas um atributo do homem, localizado deve ser apresentado aos alunos; por exemplo, no tema “Revolução
numa parte específica da natureza. Assim,na atividade produtiva, Francesa”, próprio da História, selecionar o que é mais importante
sob o primeiro desses dois aspectos ontológicos a natureza faz a ensinar aos alunos da 5ª série (nomenclatura brasileira). Já o pro-
mediação entre si mesma e a natureza; e, sob o segundo aspecto fessor do 1º ano do Ensino Médio deve defrontar-se com a mesma
ontológico - em virtude do fato de ser a atividade produtiva ine- pergunta; a mesma situação se coloca ao professor universitário
rentemente social - o homem faz a mediação ente si mesmo e os encarregado de abordá-lo. Dessa forma, o docente deve preocu-
demais homens. (Mészáros, 1981, p.77-78) par-se em compatibilizar a seleção do conhecimento a ser ensina-
do com a possibilidade de aprendizagem dos alunos. Nos dias de
Sendo a mediação na sala de aula uma automediação, não po- hoje, é bastante comum que a seleção seja abrangente; e isso pode
demos abrir mão da relação direta entre professor e aluno. Desse levar os professores a apresentarem aos seus alunos informações
modo, não podemos substituí-la por falsos mediadores, como por supérfluas, que, quando confundidas com conhecimento, não lhes
exemplo, a exibição de filmes quando a temática não corresponde permitem fazer as sínteses necessárias para a superação do cotidia-
àquela tratada pelo professor, ou a execução aleatório de atividades no, produzindo neles uma “erudição balofa” que pode ao contrário
de ensino. Os professores que se utilizam com frequência desses encerrá-los na vida cotidiana. Esse equívoco ocorre, por exemplo,
recursos nutrem a esperança de que essas práticas sejam capazes quando o professor de História, ao abordar a Revolução francesa,
de estabelecer mediações que eles, os professores, talvez não se preocupa-se com detalhes da vida privada de Maria Antonieta ou
sintam seguros para desenvolver. Alguns professores precisam ser com a moda ditada por Luís XV. Ainda exemplificando, o mesmo
pode ocorrer com o professor de Literatura que expõe aos alunos
lembrados de que sala de aula não é sala de cinema nem oficina de
os períodos literários e seus principais expoentes sem apresentar as
terapia ocupacional.
relações entre os autores, bem como entre os períodos literários,
Os professores que se utilizam desses artifícios o fazem muitas
ocultando assim a historicidade inerente à literatura.
vezes no intuito de facilitar a aprendizagem; porém, sendo a rela-
A erudição balofa pode também estar presente nas disciplinas
ção entre o ensino e a aprendizagem uma luta de contrários, não ligadas às ciências naturais; ela tem levado os professores a acredi-
há como facilitá-la. Ao inverso, o professor deve dificultar a vida tar que quanto maior a quantidade de informações mais os alunos
cotidiana do aluno inserindo nela o conhecimento, e, dessa forma, sabem.
negando-a. Pois, na vida cotidiana não há conhecimento e sim ex-
periência. Desse modo, não há como facilitar o que é difícil. Apren-
der é difícil.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

A segunda atividade desenvolvida pelo professor é a organiza- Para que o aluno aprenda, ele precisa desenvolver sua síntese
ção, ou seja, diante da seleção feita a partir de um tema é preciso singular do conhecimento transmitido, e isso se dá pelo confron-
organizar esta seleção para apresentá-la aos alunos. Desde o mo- to, por meio da negação mútua, desse conhecimento com a vida
mento em que fazemos a seleção já não podemos falar mais em te- cotidiana do aluno. Como cada aluno tem um cotidiano, e o co-
mas; devemos preocupar-nos com os conceitos que os constituem. nhecimento é aprendido por meio da síntese já explicitada, o co-
Agora o que o professor deve fazer é organizar os conceitos e as nhecimento não pode ser aprendido igualmente por todos os alu-
relações entre eles. Esse processo, de acordo com Lefebvre (1983), nos, embora aquele transmitido pelo professor seja único. Assim,
implica dois movimentos: a retrospecção e a prospecção. a relação ensino-aprendizagem na perspectiva aqui apresentada
A retrospecção permite que o estudante compreenda o pro- expressa o vínculo dialético entre unidade e diversidade. Por isso,
cesso de formação e desenvolvimento do conceito abordado e a o conhecimento transmitido pelo professor pode ser uno e aquele
prospecção possibilita o entendimento do estado atual do conceito aprendido pelo aluno pode ser diverso. A unidade e a diversidade
a partir das relações que o conceito estudado estabelece com ou- são opostos que se completam, ou e é próprio do humano.
tros, tanto com aqueles que o corroboram quanto com os que a
ele se opõem. A prospecção do conceito permite o estabelecimento
de relações interdisciplinares, a que temos chamado de interdisci- ASPECTOS PEDAGÓGICOS E SOCIAIS DA PRÁTICA EDUCA-
plinaridade conceitual para distingui-la daquela que é corrente na TIVA, SEGUNDO AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
escola, a interdisciplinaridade temática. Não podemos ensinar por
meio do tema, devemos fazê-lo por meio do conceito. Evitamos o
uso da expressão conteúdo de ensino em virtude da sua impreci- A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA ATUALIDADE
são. Quando a organização do ensino é baseada nos processos de O processo educacional sempre foi alvo de constantes discus-
retrospecção e prospecção de conceitos, o fundamental são as re- sões e apontamentos que motivaram sua evolução em vários as-
lações que se estabelecem nos dois processos. No primeiro, elas pectos, principalmente no que tange a condução de metodologias
dizem respeito ao desenvolvimento do conceito, à oposição entre a de ensino por nossos educadores e a valorização do contexto esco-
sua origem e o estado atual, no segundo, elas tratam dos vínculos lar formador para nossos alunos. Nesse aspecto GADOTTI (2000:4),
entre conceitos. Assim, podemos afirmar que ensinar é fazer rela- pesquisador desse processo afirma que,
ções. Por isso, ensinar é tão difícil quanto aprender. Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga,
A terceira tarefa do professor é transmitir aos alunos aqui- destinada a uma pequena minoria, a educação tradicional iniciou
lo que foi previamente selecionado e organizado. Dessa forma, a seu declínio já no movimento renascentista, mas ela sobrevive até
transmissão é a única etapa do processo de ensino que ocorre efeti- hoje, apesar da extensão média da escolaridade trazida pela edu-
vamente na sala de aula. Em que pese o preconceito sobre a palavra cação burguesa. A educação nova, que surge de forma mais clara a
transmissão, não abrimos mão dela, porque é isso o que o professor partir da obra de Rousseau, desenvolveu-se nesses últimos dois sé-
faz na sala de aula. É na transmissão do conhecimento que ocorrem culos e trouxe consigo numerosas conquistas, sobretudo no campo
as mediações entre professores e alunos. das ciências da educação e das metodologias de ensino. O conceito
Se o ensino é a relação que o professor estabelece com o co- de “aprender fazendo” de John Dewey e as técnicas Freinet, por
nhecimento, a aprendizagem ao contrário é a relação que o estu- exemplo, são aquisições definitivas na história da pedagogia. Tanto
dante estabelece com o conhecimento e, portanto, é nela que a a concepção tradicional de educação quanto a nova, amplamente
mediação se efetiva: pela superação do imediato no mediato. consolidadas, terão um lugar garantido na educação do futuro. (GA-
Não é possível discutir a aprendizagem como fizemos com o DOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000)
ensino, porque ela é de cunho singular e, dessa forma, ocorre de
modo diverso em cada estudante. A discussão da aprendizagem Diante de enumeras transformações sociais, onde informações
na perspectiva deste texto, ou seja, em oposição ao ensino, ainda e descobertas acontecem em frações de segundo, o processo de
deve ser elaborada e, certamente, não poderá sê-lo pela psicologia, desenvolvimento da escola entra na pauta como um dos mais im-
mas sim pela filosofia. A única possibilidade, ainda que remota no portantes aspectos a serem discutidos neste processo, pois é nela
âmbito da psicologia, estaria no desenvolvimento do pensamento que são promovidas as mais importantes formulações teóricas so-
de Vigotski, desde que compreendido numa perspectiva filosófica, bre o desenvolvimento cultural e social de todas as nações, des-
pois a psicologia como ciência tem por objeto o comportamento, e sa forma, a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
aprender não é o mesmo que comportar-se, em que pese o esforço na busca de perspectivas que possibilitem uma nova prática edu-
das pedagogias contemporâneas em desenvolver esta associação. cacional, envolvendo principalmente os agentes que conduzem o
Do nosso ponto de vista, o que a psicologia, no seu estado atual, ambiente escolar, transformando o ensino em parte integrante ou
pode fazer é controlar a aprendizagem, o que é diferente de com- principal na motivação dessas transformações.
preendê-la. Com as constantes modificações sofridas por nossa sociedade
no decorrer do tempo, dentre elas o desenvolvimento de tecnolo-
Quando a relação ensino-aprendizagem é tomada na perspec- gias e o aprimoramento de um modo de pensar menos autoritário e
tiva da mediação no seu sentido original, ao mesmo tempo em que menos regrado, os agentes educacionais e a escola de uma maneira
não há uma relação direta entre ensino e aprendizagem, não há geral, vêm vivenciando um processo de mudança que tem refletido
também uma desvinculação desses dois processos. Ou seja, para principalmente nas ações de seus alunos e na materialização destas
haver aprendizagem, necessariamente deve haver ensino. no contexto escolar, fato que tem se tornado ponto de dificuldade
Porém, eles não ocorrem de modo simultâneo. Dessa forma, o e insegurança entre professores e agentes escolares de forma geral,
professor pode desenvolver o ensino – selecionar, organizar e trans- configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
mitir o conhecimento – e o aluno pode não aprender. -aprendizagem, sobre isso, GADOTTI (2000:6) afirma que,
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Neste começo de um novo milênio, a educação apresenta- se Dessa Forma, a prática pedagógica dos agentes educacionais
numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema no momento atual, bem como a condução do processo ensino-
escolar não tem dado conta da universalização da educação básica -aprendizagem na sociedade contemporânea, precisa ter como pri-
de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas não apresentam mícia a necessidade de uma reformulação pedagógica que priorize
ainda a consistência global necessária para indicar caminhos real- uma prática formadora para o desenvolvimento, onde a escola dei-
mente seguros numa época de profundas e rápidas transforma- xe de ser vista como uma obrigação a ser cumprida pelo aluno, e
ções.(GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000) se torne uma fonte de efetivação de seu conhecimento intelectual
que o motivará a participar do processo de desenvolvimento social,
A escola contemporânea sofre com o desenvolvimento acele- não como mero receptor de informações, mas como idealizador de
rado que ocorre a sua volta, onde as informações são atualizadas práticas que favoreçam esse processo,
em frações de segundos, ocasionando de certa forma, o desgaste e
o comprometimento das ações voltadas para o aprimoramento do Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola
ensino, fazendo com que a sala de aula se torne um ambiente de para navegar nesse mar do conhecimento, superando a visão utili-
pouca relevância para a consolidação do conhecimento, tornando a tarista de só oferecer informações “úteis” para a competitividade,
vivência social o requisito primordial para a busca de aprendizado, para obter resultados. Deve oferecer uma formação geral na dire-
sobre essa escola, AMÉLIA HAMZE (2004:1) afirma em seu artigo “O ção de uma educação integral. O que significa servir de bússola?
Professor e o Mundo Contemporâneo”, que Significa orientar criticamente, sobretudo as crianças e jovens, na
Como educadores não devemos identificar o termo informação busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer.
como conhecimento, pois, embora andem juntos, não são palavras (GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000)
sinônimas. Informações são fatos, expressão, opinião, que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que Segundo Ladislau Dowbor (1998:259), a escola deixará de ser
acarretam. Conhecimento é a compreensão da procedência da in- “lecionadora” para ser “gestora do conhecimento”. Prossegue di-
formação, da sua dinâmica própria, e das conseqüências que dela zendo que pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser
advem, exigindo para isso um certo grau de racionalidade. A apro- determinante sobre o desenvolvimento. A educação tornou-se es-
priação do conhecimento, é feita através da construção de concei- tratégica para o desenvolvimento, mas, para isso, não basta “mo-
tos, que possibilitam a leitura critica da informação, processo ne- dernizá-la”, como querem alguns. Será preciso transformá-la pro-
cessário para absorção da liberdade e autonomia mental.(HAMZE, fundamente.
A .O professor e o mundo contemporâneo, 2004)
É perceptível que o saber cientifico e a busca pelo conhecimen- O professor nesse contexto deve ter em mente a necessida-
to, tem fugido do interesse da sociedade em geral, pois a atualiza- de de se colocar em uma postura norteadora do processo ensino-
ção das informações tem ocorrido de forma acessível a todos os -aprendizagem, levando em consideração que sua prática pedagó-
segmentos satisfazendo de uma forma geral aos interesses daque- gica em sala de aula tem papel fundamental no desenvolvimento
les que as buscam. A escola nesse contexto tem por opção repensar intelectual de seu aluno, podendo ele ser o foco de crescimento
suas ações e o seu papel no aprimoramento do saber, e para isso, ou de introspecção do mesmo quando da sua aplicação metodo-
uma reflexão sobre seus conceitos didático-metodológicos precisa lógica na condução da aprendizagem. Sobre essa prática, GADOTTI
ser feita, de forma a adequar-se ao momento atual e principalmen- (2000:9) afirma que “nesse contexto, o educador é um mediador
te colocar-se na postura de organização principal e mais impor- do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria
tante na evolução dos princípios fundamentais de uma sociedade, formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e,
DOWBOR (1998:259), sobre essa temática diz que, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz
e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos”.
...será preciso trabalhar em dois tempos: o tempo do passado Ele afirma ainda que,
e o tempo do futuro. Fazer tudo hoje para superar as condições
do atraso e, ao mesmo tempo, criar as condições para aproveitar Os educadores, numa visão emancipadora, não só transfor-
amanhã as possibilidades das novas tecnologias.(DOWBOR, L. A Re- mam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas
produção Social, 1998) também formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra,
dos marketeiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”,
GADOTTI (2000:8), sobre o assunto afirma que seja qual for à os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber (não
perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma educação o dado, a informação e o puro conhecimento), porque constroem
voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora, su- sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam,
peradora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portan- juntos, um mundo mais justo, mas produtivo e mais saudável para
to, uma educação muito mais voltada para a transformação social todos. Por isso eles são imprescindíveis.(GADOTTI, M. Perspectivas
do que para a transmissão cultural. atuais da educação, 2000)

HAMZE (2004:1) em seu artigo “O Professor e o Mundo Con-


temporâneo” considera que

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Os novos tempos exigem um padrão educacional que esteja voltado para o desenvolvimento de um conjunto de competências e de
habilidades essenciais, a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e refletir sobre a realidade, participando e agindo
no contexto de uma sociedade comprometida com o futuro. (HAMZE, A .O professor e o mundo contemporâneo, 2004)

Assim, faz-se necessário à busca de uma nova reflexão no processo educativo, onde o agente escolar passe a vivenciar essas trans-
formações de forma a beneficiar suas ações podendo buscar novas formas didáticas e metodológicas de promoção do processo ensino-
-aprendizagem com seu aluno, sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanços estruturais de nossa sociedade, mas um
instrumento de enfoque motivador desse processo.

De acordo com as tendências pedagógicas temos:

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

As tendências libertadora e libertária têm em comum o antiautoritarismo, a valorização da experiência vivida como base da relação
educativa e a ideia de autogestão pedagógica. Dando mais valor ao processo de aprendizagem grupal (participação em discussões, assem-
bleias, votações) do que aos conteúdos de ensino.
A tendência da pedagogia crítico-social dos conteúdos propõe uma síntese superadora das pedagogias tradicional e renovada, valori-
zando a ação pedagógica enquanto inserida na prática social concreta.

PRÁTICAS DE LETRAMENTO E MULTILETRAMENTOS

Os temas “Letramentos e Ensino”, “Multiletramentos” e “Práticas de Letramento” são fundamentais para compreender a relação
entre a educação e as diversas formas de linguagem presentes na sociedade atual.
O letramento pode ser definido como o processo de aquisição e uso da linguagem escrita, ou seja, a habilidade de ler e escrever. O
ensino de letramento é essencial na educação básica, pois possibilita que os alunos tenham acesso a diferentes formas de linguagem,
desenvolvendo habilidades para compreender e se expressar por meio da escrita.
No entanto, o conceito de letramento evoluiu para além da simples habilidade de ler e escrever. Surgiu então o conceito de multiletra-
mentos, que considera a presença de diferentes formas de comunicação na sociedade atual, como as tecnologias digitais e audiovisuais.
Nesse contexto, é importante que a escola desenvolva práticas de ensino que considerem essas novas formas de linguagem, promovendo
um ensino mais abrangente e conectado com a realidade dos alunos.
As práticas de letramento são atividades que visam desenvolver as habilidades de leitura e escrita, podendo envolver diferentes gê-
neros textuais, como contos, poesias, reportagens, entre outros. Além disso, essas práticas devem estar conectadas com o cotidiano dos
alunos, a fim de que eles possam perceber a relevância do que estão aprendendo para sua vida.
Em resumo, os temas “Letramentos e Ensino”, “Multiletramentos” e “Práticas de Letramento” são essenciais para uma educação mais
conectada com a realidade dos alunos e com as diversas formas de comunicação presentes na sociedade atual. O ensino de letramento
deve ser desenvolvido de forma abrangente, considerando as diferentes formas de linguagem, e as práticas de letramento devem estar
conectadas com o cotidiano dos alunos, para que eles possam perceber a importância do que estão aprendendo para sua vida.

RELAÇÃO PROFESSOR/ESTUDANTE

Uma relação extremamente importante para qualquer estudante, independentemente da sua idade ou do seu grau de formação, é
aquela que se estabelece com o educador. Quando os professores e os alunos mantêm um bom relacionamento em sala de aula, o apren-
dizado se torna mais eficiente e passa a existir um maior engajamento de ambas as partes.
Durante o momento de aprendizagem, todas as partes envolvidas trocam experiências, informações e conhecimentos. Sendo assim, a
dinâmica flui melhor quando se mantém uma relação positiva, o que também contribui para se manter a motivação em sala.
Como é a convivência entre professor e aluno em sala de aula?
Essa é uma pergunta essencial que educadores de todos os níveis de aprendizado devem se fazer. Afinal, ter uma boa convivência
com os alunos, em vez de alimentar relações conflituosas e de tensão, é uma ótima forma de garantir um ambiente saudável, muito mais
propício ao aprendizado.

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Salas de aula com brigas constantes, alunos desafiando a auto- Diálogo


ridade do professor a todo momento e intimidação definitivamente Independentemente dos tipos de personalidade dos alunos,
não favorecem a convivência adequada entre professores e alunos. é imprescindível que a relação seja permeada por muito diálogo.
Entretanto, muitas vezes essa tensão é intensificada pelo fato de Assim, cada tarefa deve vir acompanhada de explicações sobre sua
que os estudantes estão crescendo em um mundo globalizado, com importância e pertinência, fazendo com que o estudante compre-
grande acesso às informações pela internet. Com isso, comumente enda seu propósito. Se surgirem desentendimentos, tem-se uma
os alunos assumem uma posição crítica, com opiniões pré-estabele- brecha para, mais uma vez, esclarecer finalidades e papéis. É preci-
cidas e dispostos a se impor em uma argumentação. so ter sempre em mente que o diálogo é a melhor reposta para os
Como estabelecer uma relação de confiança? problemas em sala.
Para contornar esses desafios de convivência, é preciso estabe- Assim como é fundamental o bom relacionamento entre os
lecer uma relação de confiança entre alunos e professores. Quando alunos e o corpo docente, a relação entre os familiares e a escola
existe esse sentimento em sala de aula, os alunos têm mais disposi- também é responsável pelo melhor aproveitamento do ensino. Isso
ção para aprender e os professores se sentem mais motivados para porque o processo de aprendizagem vai muito além da sala de aula
aprimorar seu processo didático. e depende não apenas da escola, mas também da família. Pensan-
Comece pela transparência ao estabelecer critérios avaliativos. do nisso, preparamos um infográfico com dicas para melhorar o re-
Assim, seus alunos saberão exatamente o que esperar em relação às lacionamento com os pais e responsáveis dos alunos.25
notas, aos esforços de estudo e ao desempenho geral. Além disso,
procure criar um ambiente em que seja possível questionar temas
e aprender em conjunto, sem repreender perguntas e curiosidades, OS COMPONENTES DO PROCESSO DE ENSINO: OBJETIVOS,
por mais básicas que sejam. Os alunos devem se sentir confortáveis CONTEÚDOS, MÉTODOS, ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E
para expressar suas dúvidas livremente de maneira que o seu de- OS MEIOS
senvolvimento seja garantido.
Uma boa alternativa é pensar em atividades interdisciplinares
e contextualizadas para os alunos. Isso porque o conteúdo passa a O planejamento de ensino possui componentes básicos que
fazer muito mais sentido para o estudante quando é entendido de são: os objetivos, o conteúdo, procedimento de ensino, recursos de
forma contextualizada, o que contribui com a motivação em sala. ensino e avaliação.
O objetivo é a descrição clara do que se pretende alcançar
E o que fazer com conflitos de personalidade? como resultado da atividade e são sempre do aluno e para o aluno.
Uma sala de aula sempre reúne vários tipos de personalidade, Esses objetivos são divididos em educacionais e instrucionais. Os
incluindo aí até mesmo a do professor. Alguns são mais tímidos, objetivos educacionais são as metas e os valores mais amplos que a
outros mais extrovertidos. Há aqueles que gostam de demonstrar escola procura atingir. Já os objetivos instrucionais são proposições
conhecimento, os que buscam afirmação, bem como aqueles que mais específicas referentes às mudanças comportamentais espera-
são extremamente inseguros ou possuem dificuldades específicas. das para um determinado grupo-classe.
Sendo assim, como lidar com essa diversidade, uma vez que os con- Segundo Piletti (1991), para manter a coerência interna do tra-
flitos são naturais da vivência em sociedade? balho de uma escola, o primeiro cuidado que devemos ter é sele-
Nesse contexto, é importante que o professor aja como um ver- cionar os objetivos instrucionais que tenham correspondência com
dadeiro gestor de conflitos, a fim de estabelecer, da melhor forma os objetivos gerais das áreas de estudo que, por sua vez, devem
possível, um equilíbrio entre todas essas personalidades. No caso, estar coerentes com os objetivos educacionais do planejamento de
repreender atitudes desrespeitosas, garantir voz aos alunos mais currículo; e os objetivos educacionais, consequentemente, devem
tímidos e também estimular o convívio saudável entre eles passam estar coerentes com a linha de pensamento da entidade à qual o
a figurar entre as tarefas do educador. plano se destina.
Essa ações são imprescindíveis para o crescimento pessoal de O conteúdo refere-se à organização do conhecimento em si
cada um, pois dessa maneira, eles poderão aprender como convi- com bases nas próprias regras, além de abranger as experiências
ver com as opiniões e os pensamentos diferentes dos seus. Todo educativas no campo do conhecimento, devidamente selecionadas
aprendizado que começa em sala deve ser uma ponte para o conhe- e organizadas pela escola. Sendo assim o conteúdo é o instrumento
cimento, assim como para a sua aplicação na vida de cada aluno. básico para se atingir os objetivos.

Pertencimento Contudo alguns cuidados devem ser tomados em relação aos


Outra importante função do professor consiste em fomentar, conteúdos como:
dentro da sala de aula, o espírito de grupo e de pertencimento dos - o conteúdo selecionado precisa estar relacionado com os ob-
alunos. Esse sentimento deve estar presente para estimular o en- jetivos definidos. Devemos escolher os conhecimentos indispensá-
gajamento dos estudantes nos estudos e também na vida social veis para que os alunos adquiram os comportamentos fixados;
escolar como um todo. Isso pode ser feito por meio de atividades - um bom critério de seleção é a escolha feita em torno de con-
em grupo, discussões em sala e constante estímulo à cooperação. teúdos mais importantes, mais centrais e mais atuais;
- o conteúdo precisa ir do mais simples para o mais complexo,
do mais concreto para o mais abstrato.

25 Fonte: www.somospar.com.br
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

O procedimento de ensino são ações, processos ou comporta- Para Petrucci e Batiston (2006, p. 263), a palavra estratégia es-
mentos planejados pelo professor para colocar o aluno em conta- teve, historicamente, vinculada à arte militar no planejamento das
to direto com as coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibilitem ações a serem executadas nas guerras, e, atualmente, é largamente
modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos (TURRA, utilizada no ambiente empresarial.
1982). Porém, os autores admitem que:
O professor, ao planejar sua aula, deve utilizar-se de técnicas [...] a palavra ‘estratégia’ possui estreita ligação com o ensino.
de ensino, que são maneiras específicas de provocar a atividade dos Ensinar requer arte por parte do docente, que precisa envolver o
alunos durante o processo de aprendizagem. Ao planejar os proce- aluno e fazer com ele se encante com o saber. O professor precisa
dimentos de ensino, não basta fazer uma listagem de técnicas que promover a curiosidade, a segurança e a criatividade para que o
serão selecionadas como aula expositiva, trabalho dirigido, entre principal objetivo educacional, a aprendizagem do aluno, seja al-
outros, e sim o professor deve prever como utilizar o conteúdo se- cançada.
lecionado com a finalidade de atingir os objetivos propostos. Desse modo, o uso do termo “estratégias de ensino” refere-se
Os procedimentos não são apenas uma coletânea de técnicas aos meios utilizados pelos docentes na articulação do processo de
isoladas. Eles têm uma abrangência mais ampla, pois envolvem ensino, de acordo com cada atividade e os resultados esperados.
todos os passos do desenvolvimento da atividade de ensino pro- Anastasiou e Alves (2004, p. 71) advertem que:
priamente dita. Os procedimentos de ensino selecionados pelo pro- As estratégias visam à consecução de objetivos, portanto, há
fessor devem ser diversificados; estar coerentes com os objetivos que ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele momento
propostos e com o tipo de aprendizagem previsto nos objetivos; com o processo de ensinagem. Por isso, os objetivos que norteiam
adequar-se às necessidades dos alunos; servir de estímulo à par- devem estar claros para os sujeitos envolvidos – professores e alu-
ticipação do aluno no que se refere às descobertas e apresentar nos – e estar presentes no contrato didático, registrado no Progra-
desafios (PILETTI, 1991). ma de Aprendizagem correspondente ao módulo, fase, curso, etc.
Os recursos/meio de ensino são os componentes do ambiente Luckesi (1994) considera que os procedimentos de ensino ge-
da aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno e se ram consequências para a prática docente: para se definir procedi-
classifica em dois tipos: os recursos humanos e os recursos mate- mentos de ensino com certa precisão, é necessário ter clara uma
riais. proposta pedagógica; é preciso compreender que os procedimen-
Os recursos humanos são os professores, os alunos que são os tos de ensino selecionados ou construídos são mediações da pro-
colegas de outras classes, o diretor e outros profissionais que traba- posta pedagógica e metodológica, devendo estar estreitamente ar-
lham na escola, e a comunidade na qual a escola está inserida. Já os ticulados; se a intenção é que efetivamente a proposta pedagógica
recursos materiais são classificados em materiais do ambiente que se traduza em resultados concretos, tem-se que selecionar ou cons-
são os materiais naturais como água, folha, e os materiais escolares truir procedimentos que conduzam a resultados, ainda que parciais,
que são quadro, giz, Datashow. E os materiais da comunidade que porém complexos com a dinâmica do tempo e da história; ao lado
podem ser a biblioteca, lojas, indústrias, entre outros. da proposta pedagógica, o educador deve lançar mão dos conheci-
A avaliação é o processo pelo qual se determina o grau e a qua- mentos científicos disponíveis; estar permanentemente alerta para
lidade de resultados alcançados em relação aos objetivos propos- o que se está fazendo, avaliando a atividade e tomando novas e
tos, sempre considerando o contexto no qual o trabalho de apren- subsequentes decisões.
dizagem foi desenvolvido. No processo de ensino-aprendizagem, vários são os fatores
que interferem nos resultados esperados: as condições estruturais
Estratégias e métodos de ensino da instituição de ensino, as condições de trabalho dos docentes, as
A atividade docente é caracterizada pelo desafio permanente condições sociais dos alunos, os recursos disponíveis.
dos profissionais da educação em estabelecer relações interpesso- Outro fator é o de que as estratégias de ensino utilizadas pelos
ais com os educandos, de modo que o processo de ensino-apren- docentes devem ser capazes de sensibilizar (motivar) e de envolver
dizagem seja articulado e que os métodos utilizados cumpram os os alunos ao ofício do aprendizado, deixando claro o papel que lhe
objetivos a que se propõem. cabe.
No ensino superior nota-se de maneira acentuada que os
universitários, genericamente falando, buscam na formação uma O uso de formas e procedimentos de ensino deve considerar
oportunidade de ascensão social. Esse fator condiciona a postura que o modo pelo qual o aluno aprende não é um ato isolado, esco-
do aluno para uma conduta de interesse maior, senão quase ex- lhido ao acaso, sem análise dos conteúdos trabalhados, sem consi-
clusivo, nas disciplinas de formação específica, não compreenden- derar as habilidades necessárias para a execução e dos objetivos a
do, muitas vezes, a relevância das disciplinas de formação básica e serem alcançados.
complementar. A definição do uso de determinada estratégia de ensino-apre-
Dessa forma, o discente espera dos professores das disciplinas dizagem considera os objetivos que o docente estabelece e as ha-
específicas uma atuação destacada, tendo-o como modelo profis- bilidades a serem desenvolvidas em cada série de conteúdos. No
sional, esperando desses profissionais a transmissão dos conhe- entender de Pimenta e Anastasiou (2002, p. 195) “a respeito do
cimentos e métodos necessários para um destaque na sua futura método de ensinar e fazer aprender (ensinagem) pode-se dizer que
atuação no mercado de trabalho. ele depende, inicialmente, da visão de ciência, de conhecimento e
A maneira pela qual o professor planeja suas atividades de sala de saber escolar do professor”.26
de aula é determinante para que o grupo de alunos de sua plateia
reaja com maior ou menor interesse e contribua no modo como a
aula transcorre. 26 Fonte: www.portaleducacao.com.br/www.siteantigo.por-
taleducacao.com.br
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Saviani [Saviani, 2003] é categórico quando apresenta os posi-


O DIÁLOGO ENTRE O ENSINO E A APRENDIZAGEM cionamentos de autores como Apple e Weis sobre o currículo. Para
estes o foco central na estruturação do currículo esta na concre-
tização do monopólio social sobre a sociedade através do campo
educacional. Apple prossegue afirmando que esta ferramenta será
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi aborda- estruturada através de regras não formalizadas que constituirão o
do em tópicos anteriores. que ele mesmo denominou de “currículo oculto”.
Berticelli (Berticelli, 2003) e Moreira e Silva (Moreira e Silva,
1995)não destoam de Saviani ao indicar que o currículo é um local
de “jogos de poder”, de inclusões e exclusões, uma arena política.
INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSDISCIPLINARIDADE DO Na busca da prática da horizontalização do pensamento e do
CONHECIMENTO estudo a presença do currículo como selecionador de conhecimen-
tos pré-definidos se constitui como uma ferramenta castratória que
limita o docente a mero reprodutor de conhecimento. São verda-
O papel da escola, mais precisamente do ensino e da educa- deiros instrumentos que tolem o processo crítico-criativo necessá-
ção, sempre foi e sempre será questionado através dos tempos. rio ao entendimento contextualizado e multifacetado das proble-
Questionar-se-á não sobre a sua necessidade e importância na vida máticas presentes na vida real.
dos indivíduos, uma vez que estes temas já foram amplamente dis- A presença do currículo formal como ferramenta norteado-
cutidos e esgotados por diversos grupos durante a história. Ques- ra do processo de ensino-aprendizado institui a fragmentação do
tionar-se-á sempre se esta, a escola, tem servido ao seu papel so- conhecimento trazendo ao discente uma visão completamente
ciológico, propósito central, de “cunhar” indivíduos preparando-os esfacelada do item analisado e desta forma impossibilitando uma
para se posicionarem como seres sociais integrados e adaptados compreensão maior de mundo, de sociedade e de problemática
à convivência em grupo, à sociedade, agindo como participantes estudada. Em busca de uma solução Silva (Silva, 1999) propõe o
no desenvolvimento do todo. Ainda, não somente como membros abandono do currículo padrão, pré-definido utilizado atualmente,
destes grupos capazes de se interrelacionarem com seus entes, mas para a adoção do “currículo da sala de aula”. Este, construído no
como membros qualitativos capazes de somar através de suas habi- trabalho diário do docente e do seu relacionamento com o meio na
lidades e conhecimentos. busca pela compreensão multifacetada da realidade vivenciada do
Ao pontuarmos a escola, e suas responsabilidades, como algo aluno. Seria a instituição da relação dialógica real entre o professor
focado na “formatação” de indivíduos para serem inseridos em e o aluno na construção do saber.
grupos sociais perceberemos, claramente, de que o desafio aqui Na construção deste currículo informal, mas real, extraído das
proposto para a escola é, indubitavelmente, complexo e dinâmico. páginas da realidade do aluno Fazenda indica a necessidade da dis-
Dinâmico pelo fato de se estruturar sobre um conjunto de regras solução das barreiras entre as disciplinas buscando uma visão inter-
e padrões, os sociais, que se apresentam em constante mudança, disciplinar do saber “que respeite a verdade e a relatividade de cada
reflexo do próprio processo evolutivo social de cada era na qual disciplina, tendo-se em vista um conhecer melhor” (Fazenda,1992)
se viverá; Complexo pelo fato de exigir de si mesma a necessidade Surge então a necessidade de reformular o  modus operand
de capacitar o indivíduo a observar a sociedade, seus problemas, iestabelecido através da re-análise das atuais temáticas e conse-
relacionamentos e saberes de uma forma dinâmica, interligada, qüentemente propondo uma visão horizontalizada para a analise e
completamente dependente de causas e efeitos nas mais diversas pesquisa dos temas apresentados no dia-a-dia do discente surgem
áreas, do saber do conhecimento ao saber do relacionamento, per- a multidisciplinaridade, a interdisciplinaridade e a transdisciplina-
mitindo assim, e somente assim, que estes possam ser formados ridade.
com as habilidades necessários, acima descritas, para ocuparem
sua posição dentro desta sociedade. Multidisciplinaridade
Diante do entendimento da complexidade na qual estamos in- A multidisciplinaridade é a visão menos compartilhada de to-
seridos percebe-se a necessidade da implantação de um raciocínio das as 3 visões. Para este, um elemento pode ser estudado por dis-
horizontalizado complementar para o estabelecimento do saber. O ciplinas diferentes ao mesmo tempo, contudo, não ocorrerá uma
estudo dos problemas através de uma comunicação horizontalizada sobreposição dos seus saberes no estudo do elemento analisado.
se faz necessário no intuito de maximizar o “produto social final” Segundo Almeida Filho (Almeida Filho, 1997) a idéia mais correta
esperado das escolas, e mais do que isso, para a busca da democra- para esta visão seria a da justaposição das disciplinas cada uma co-
tização real do conhecimento através da libertação do pensamento, operando dentro do seu saber para o estudo do elemento em ques-
da visão e do raciocínio crítico na formação do saber individual seja tão. Nesta, cada professor cooperará com o estudo dentro da sua
ele de quem for. própria ótica; um estudo sob diversos ângulos, mas sem existir um
rompimento entre as fronteiras das disciplinas.
Currículo e as disciplinas Como um processo inicial rumo à tentativa de um pensamento
O questionamento se inicia ao analisarmos a estrutura atual na horizontalizado entre as disciplinas, a multidisciplinaridade institui
qual estão inseridas as escolas e centros de pensamento crítico-cria- o inicio do fim da especialização do conteúdo. Para Morin (Morin,
tivo, os centros de ensino superior. Umas das primeiras barreiras 2000) a grande dificuldade nesta linha de trabalho se encontra na
encontradas para a implantação de um pensamento horizontaliza- difícil localização da “via de interarticulação” entre as diferentes
do na construção do conhecimento esta na estrutura do currículo. ciências.É importante lembrar que cada uma delas possui uma lin-
guagem própria e conceitos particulares que precisam ser traduzi-
dos entre as linguagens.
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Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade, segundo Saviani (Saviani, 2003) é indis- AVALIAÇÃO ESCOLAR E SUAS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
pensável para a implantação de uma processo inteligente de cons-
trução do currículo de sala de aula – informal, realístico e integrado.
Através da interdisciplinaridade o conhecimento passa de algo se- A avaliação escolar é um componente do processo de ensino e
torizado para um conhecimento integrado onde as disciplinas cien- aprendizagem que busca comparar o que foi adquirido com o que
tíficas interagem entre si. se pretende alcançar.
Bochniak (Bochniak, 1992) afirma que a interdisciplinaridade Podemos dizer que a avaliação tem como objetivo diagnosticar
é a forma correta de se superar a fragmentação do saber instituída como a escola e o professor estão contribuindo para o desenvolvi-
no currículo formal. Através desta visão ocorrem interações recípro- mento dos alunos.
cas entre as disciplinas. Estas geram a troca de dados, resultados, - Avaliação processual: é a avaliação continua.
informações e métodos. Esta perspectiva transcende a justaposição - Avaliação pontual: é a avaliação de resultado.
das disciplinas, é na verdade um “processo de co-participação, reci- Segundo Libâneo (2017) ao analisar os resultados obtidos, por
procidade, mutualidade, diálogo que caracterizam não somente as meio da avaliação, percebe-se se os objetivos propostos foram al-
disciplinas, mas todos os envolvidos no processo educativo”(idem). cançados para que o trabalho docente seja reorientado, logo a ava-
liação é uma reflexão do processo educativo que abrange aluo e
Transdisciplinaridade professor. Os dados coletados são mensurados em quantitativos e
A transdisciplinaridade foi primeiramente proposta por Piaget qualitativos.
em 1970 (PIAGET, 1970) há muitos anos, contudo, só recentemente
é que esta proposta tem sido analisada e pontualmente estudada Avaliação quantitativo e qualitativo
para implementação como processo de ensino/aprendizado. - Avaliação quantitativo: é o que pode ser mensurado por meio
Para a transdisciplinaridade as fronteiras das disciplinas são de nota e informações. Ela é classificatória.
praticamente inexistentes. Há uma sobreposição tal que é impossí- - Avaliação qualitativa: é o que não pode ser mensurável, ob-
vel identificar onde um começa e onde ela termina. serva-se o processo de ensino-aprendizagem de forma contínua e
“a transdisciplinaridade como uma forma de ser, saber e abor- global.
dar, atravessando as fronteiras epistemológicas de cada ciência, Vamos ver o que a LDB 9.394/96 fala sobre a avaliação?
praticando o diálogo dos saberes sem perder de vista a diversidade Art. 24. V – a verificação do rendimento escolar observará os
e a preservação da vida no planeta, construindo um texto contextu- seguintes critérios:
alizado e personalizado de leitura de fenôminos”. (Theofilo, 2000) a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
A importância deste novo método de analise das problemáticas com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e
sob a ótica da transdisciplinaridade pode ser constatada através da dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
recomendação instituída pela UNESCO em sua conferência mundial finais;
para o ensino Superior (UNESCO, 1998). Perceba que os aspectos abordados na lei não são notas, mas
Nicolescu (Nicolescu, 1996) formula a frase: “A transdisciplina- registros de acompanhamento das atividades alunos. A avaliação
ridade diz respeito ao que se encontra entre as disciplinas, através contínua e cumulativa demonstra que ela é diária, transparente,
das disciplinas e para além de toda a disciplina”. A esta ultima colo- assim possui uma aparência diagnóstica. Os aspectos qualitativos
cação entende-se “zona do espiritual e/ou sagrado”. devem sobrepor os aspectos quantitativos.
O indivíduo do terceiro milênio esta exposto a problemas cada
vez mais complexos. Estes podem estar ligados a própria comple- Princípios da avaliação:
xidade do inter-relacionamento dentro da sociedade humana ou Integralidade: a avaliação deve perceber o estudante como um
através do grau de especialização atingido pelo conhecimento cien- todo, considerando todos os envolvidos no processo.
tífico da humanidade. - Funcionalidade: relaciona a avaliação aos objetivos educacio-
O fato é que o ser social deste novo milênio, caracterizado pela nais.
era da informação, do avanço tecnológico diuturno, da capacidade - Orientação: direciona a prática escolar. Ela não pode assumir
de interconexão em rede e de outras propriedades que caracteri- um caráter excludente.
zam os paradigmas que constituem essa nova era, precisa encontrar - Sistematicidade: a avaliação deve ser muito bem planejada,
na escola, seu ente social para a formação, o aparato técnico-cientí- integrando todo o trabalho educativo.
fico-social capaz de o “cunhar” para a sua participação social.
Diante de paradigmas tão dispares quanto os que são vivencia- A avaliação é um processo contínuo, por isso deve ser projeta-
dos hoje pela humanidade, a necessidade de se repensar o proces- da para acompanhar a aprendizagem, identificando as conquistas
so de ensino-aprendizagem atual se faz necessário. Continuar com diante do desenvolvimento real do aluno. Uma avaliação inicial traz
o processo pedagógico-histórico atualmente instituído nas escolas para o professor as características e o suporte necessário para que
e centros de estudo acadêmico é somente comparável com a gera- ele possa desenvolver o planejamento de acordo com as caracterís-
ção de indivíduos, e consequentemente, de uma sociedade, intelec- ticas de seus alunos.
tualmente analfabeta e limitada.27
Segue abaixo, as principais características da avaliação escolar
conforme Libâneo:
27 Baseado em “Ensinar a ensinar: didática para a escola funda- - Reflete a unidade objetivos-conteúdos-métodos
mental e média” - Por Amélia Domingues de Castro, Anna Maria/ - Possibilita a revisão do plano de ensino
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/www.webartigos - Ajuda a desenvolver capacidades e habilidades
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- Volta-se para a atividade dos alunos O processo de avaliação tem início quando: São levantados os
- Deve ser objetiva conhecimentos prévios dos alunos. A partir disso é possível esta-
- Ajuda na percepção do professor belecer objetivos e metas, escolher conteúdos e aplicar métodos.
- Reflete valores e expectativas do professor em relação aos (SANTOS, 2011, p. 106)
alunos Tendo um ponto de partida, a avaliação torna-se auxiliadora,
Esse autor ainda nos traz como tarefas da avaliação a verifica- quantitativamente e principalmente qualitativamente, do processo
ção, a qualificação e a apreciação qualitativa. de ensino-aprendizagem em que progresso ou fracasso são impor-
- Verificação: coleta de dados por meio de provas, exercícios e tantes para se repensar as estratégias com vistas a auxiliar o desen-
tarefas ou outros meios auxiliares. volvimento do aluno. (SANTOS, 2011, p. 106)
- Qualificação: comprovação dos resultados alcançados e con- Assim sendo, a avaliar os alunos representa incluí-la no mun-
forme o caso, atribuição de notas. do do conhecimento. Assim caracteriza-se o tipo de avaliação que
- Apreciação Qualitativa: avaliação propriamente dita, referin- é preparada para ensinar, reforçar o processo de aprendizagem, e
do-se aos padrões de desempenho esperados. não apenas para atribuir notas, medindo o que foi memorizado.
Muita atenção nas funções da avaliação (que mudam de acor- (ANDRADE 2014, p. 21).
do com alguns autores) e que sempre caem nas provas. O conceito Agora que já sabemos desses conceitos, vamos analisar as fun-
abaixo é um dos mais cobrados por nossas bancas examinadoras. ções da avaliação escolar na perspectiva de José Carlos Libâneo que
também é muito cobrado.
Funções da avaliação
A avaliação apresenta três funções, sendo elas: Libâneo classifica a avaliação em três funções:
- Função diagnóstica: é realizada no início do processo para di- Pedagógico-didática: está relacionada ao cumprimento dos ob-
recionar o trabalho do professor. Nessa fase é estudado e levantado jetivos educacionais. Essa avaliação ajuda na compreensão acerca
os conhecimentos prévios dos alunos para que o professor possa do alcance dos objetivos educacionais.
verificar como colocará em prática o seu planejamento, de forma a Diagnóstica: apresenta os avanços e os problemas dos alunos
atender as características dos alunos. junto com a atuação do professor.
- Função formativa ou processual: é realizada durante o proces-
so para acompanhar o desenvolvimento dos alunos. A função for- Ocorre em três fases:
mativa proporciona ao professor e aos estudantes as informações - Início: para sondar os conhecimentos.
necessárias para corrigir as possíveis falhas, estimulando todos a - Durante: para acompanhar o desenvolvimento dos professo-
continuarem o trabalho. Nessa fase encontra-se o famoso feedback res e alunos.
que reorienta os envolvidos em suas tarefas de forma positiva. - Final: para verificar o resultado do trabalho desenvolvido.
- Função somativa (classificatória): é realizada no final do pro- Com essas informações o professor poderá propor modifica-
cesso, classificando os alunos quanto ao nível de desenvolvimento. ções durante o processo de ensino e aprendizagem.
Esta fase oferece também as informações necessárias para o regis- Controle: está relacionada aos meios e a frequência das veri-
tro das atividades que foram desempenhadas pelos alunos. ficações e de qualificação dos resultados escolares, permitindo o
diagnóstico das situações didáticas.
Em resumo, segue simplificação da visão apresentada acima: Essas três funções atuam de forma interdependentes, não po-
dendo ser isoladas!
Avaliação Diagnóstica
- Realiza-se no início do curso, do ano letivo, do semestre/tri- Outros conceitos da avaliação escolar
mestre, da unidade ou de um novo tema. Vamos conhecer um pouquinho mais sobre alguns fatores que
- Verifica pré-requisitos. envolvem a avaliação escolar e que não foram conceituados:
A observação: é muito importante durante o acompanhamen-
Avaliação Formativa to dos alunos. Com ela o professor pode modificar as dificuldades
- Ocorre ao longo do ano letivo. identificadas que influenciam a aprendizagem dos estudantes.
- Localiza deficiências/dificuldades. A entrevista: ajuda e busca conhecer o aluno em seu desempe-
nho escolar. Contribui com as informações que o professor já tem,
Avaliação Somativa tratando assim problemas mais específicos, esclarecendo dúvidas
- Classifica os alunos no fim de um semestre/trimestre, do cur- quanto às atitudes e hábitos de determinada criança.
so, do ano letivo, segundo níveis de aproveitamento. Existem também outras formas de avaliação que já caíram em
- Tem a função Classificadora (classificação final). Avaliação es- concursos, vamos conhecer um pouquinho mais:
colar na visão dos principais autores. - Avaliação informal: faz parte do processo desenvolvido pelo
professor que consiste em elogios, castigos, ameaças entre outros
Vejamos como alguns autores abordam sobre a avaliação: aspectos em que o educador traça sobre o perfil do aluno durante
O momento de avaliar é também para diagnosticar dificuldades o processo de ensino. Para Freitas, esse tipo de avaliação consiste
e mostrar caminhos de superação. (ANDRADE 2014, p. 21). na construção, pelo professor, “de juízos gerais sobre o aluno, cujo
Nenhuma avaliação dá resultados absolutos, mas informações processo de constituição está encoberto e é aparentemente assis-
sobre o que e como o aluno aprendeu. E a função da avaliação é temático”.
diagnosticar o processo de aprendizagem, não a capacidade do alu-
no. (TAVARES, 2011, p. 108)

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- Avaliação formal: é formada por instrumentos específicos de Função social da escola


avaliação como provas, trabalhos e tarefas organizadas. Compõe-se A escola tem como função criar uma forte ligação entre o for-
das práticas “que envolvem o uso de instrumentos explícitos de ava- mal e teórico, ao cotidiano e prático. Reúne os conhecimentos com-
liação, cujos resultados podem ser examinados objetivamente pelo provados pela ciência ao conhecimento que o aluno adquire em sua
aluno, à luz de um procedimento claro” (Freitas). rotina, o chamado senso comum. Já o professor, é o agente que
possibilita o intermédio entre escola e vida, e o seu papel principal
O papel da avaliação na prática escolar é ministrar a vivência do aluno ao meio em que vive.
Que tal lembrarmos o papel da avaliação que está presente em A escola, principalmente a pública, é espaço democrático den-
cada prática pedagógica? Vamos para elas: tro da sociedade contemporânea. Servindo para discutir suas ques-
- Função da avaliação tradicional: é exercida de forma classifi- tões, possibilitar o desenvolvimento do pensamento crítico, trazer
catória com memorização e reprodução através de provas e exer- as informações, contextualizá-las e dar caminhos para o aluno bus-
cícios. car mais conhecimento. Além disso, é o lugar de sociabilidade de
- Avaliação – escola nova: há a valorização dos aspectos afeti- jovens, adolescentes e também de difusão sóciocultural. Mas é pre-
vos. A auto avaliação está presente priorizando o desenvolvimento ciso considerar alguns aspectos no que se refere a sua função social
individual do aluno. e a realidade vivida por grande parte dos estudantes brasileiros.
- Avaliação – tecnicista: é analisada através do comportamento Na atualidade alguns discursos tenham ganhado força na teoria
desejado. Há o apego aos livros didáticos, a produtividade do aluno da educação. Estes discursos e teorias, centrados na problemática
com exercícios programados. educacional e na contradição existente entre teoria e prática pro-
- Avaliação – libertária: não há uma avaliação dos conteúdos. duzem certas conformações e acomodações entre os educadores.
- Avaliação – libertadora: busca a emancipação do grupo. Muitos atribuem a problemática da educação às situações as-
- Avaliação – histórico-crítica: existe a tomada de decisão para sociadas aos valores humanos, como a ausência e/ou ruptura de
a transformação da sociedade. Função diagnóstica.28 valores essenciais ao convívio humano. Assim, como alegam des-
preparo profissional dos educadores, salas de aula superlotadas,
cursos de formação acelerados, salários baixos, falta de recursos,
currículos e programas pré-elaborados pelo governo, dentre tantos
O PAPEL POLÍTICO-PEDAGÓGICO E A ORGANICIDADE DO outros fatores, tudo em busca da redução de custos.
ENSINAR, DO APRENDER E DO PESQUISAR. Todas essas questões contribuem de fato para a crise educa-
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA: CONCEP- cional, mas é preciso ir além e buscar compreender o núcleo dessa
ÇÃO, PRINCÍPIOS E EIXOS NORTEADORES problemática, encontrar a raiz desses fatores, entendendo de onde
  eles surgem. A grande questão é: qual a origem desses fatores que
impedem a qualidade na educação?
A escola é um espaço educativo, o seu trabalho não pode ser Certamente a resposta para uma discussão tão atual como essa
pensado nem realizado no vazio e na improvisação. O projeto pe- surja com o estudo sobre as bases que compõem a sociedade atual.
dagógico que possibilita à escola inovar sua prática pedagógica, na Pois, ao analisar o sistema capitalista nas suas mais amplas esferas,
medida em que apresenta novos caminhos para as situações que descobre-se que todas essas problemáticas surgem da forma como
precisam ser modificadas. a sociedade está organizada com bases na propriedade privada, lu-
Definir o papel político que a escola exerce é de extrema im- cro, exploração do ser humano e da natureza e se manifestam na
portância quando discutimos sobre o Projeto Político-Pedagógico. ideologia do sistema.
A ação pedagógica é também política, pois visa formar cidadãos, Um sistema que prega a acumulação privada de bens de pro-
e esta ação será assumida no Projeto Político-Pedagógico, já que o dução, formando uma concepção de mundo e de poder baseada
mesmo oferece a identidade da escola. no acumular sempre para consumir mais, onde quanto mais bens
Quando se fala do papel da escola frente à sociedade não se possuir, maior será o poder que exercerá sobre a sociedade, acaba
pode esquecer que a escola cumpre seu papel dentro de uma so- por provocar diversos problemas para a população, principalmen-
ciedade que está historicamente situada, possuindo ideologias, te para as classes menos favorecidas, como: falta de qualidade na
relações de poder, divisões de classes sociais, modo de produção, educação, ineficiência na saúde, aumento da violência, tornando os
analisar o papel da escola dentro de uma determinada sociedade sistemas públicos, muitas vezes, caóticos.
implica reconhecer a educação como um ato político, pois suas Independentemente do discurso sobre a educação, ele sempre
ações possuem uma intencionalidade que reforçará o modo im- terá uma base numa determinada visão de homem, dentro e em
posto pela sociedade ou criará um espaço de construção de uma função de uma realidade histórica e social específica. Acredita-se
contra - ideologia. Ao conter em si uma concepção de sociedade, que a educação baseia-se em significações políticas, de classe. Frei-
de homem, de cultura e conhecimento, a educação essencialmente tag (1980) ressalta a frequente aceitação por parte de muitos estu-
afirma-se intencional, não existindo uma neutralidade no fazer pe- diosos de que toda doutrina pedagógica, de um modo ou de outro,
dagógico, pois a escola incorpora interesses ideológicos e políticos. sempre terá como base uma filosofia de vida, uma concepção de
[...]“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor homem e, portanto, de sociedade.
que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma defini- Ainda segundo Freitag (1980, p.17) a educação é responsável
ção... Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou pela manutenção, integração, preservação da ordem e do equilí-
da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante brio, e conservação dos limites do sistema social. E reforça “para
com a concretude da prática educativa.” (Freire 1996, p. 115). que o sistema sobreviva, os novos indivíduos que nele ingressam
precisam assimilar e internalizar os valores e as normas que regem
28 Fonte: www.pedagogiaparaconcurso.com.br o seu funcionamento.”
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

A educação em geral, designa-se com esse termo a transmissão (...) sem ingenuidade, cabe reconhecer os limites impostos pela
e o aprendizado das técnicas culturais, que são as técnicas de uso, exploração, pela exclusão social e pela renovada força da violência,
produção e comportamento, mediante as quais um grupo de ho- da competição e do individualismo. Assim, se a educação e a ética
mens é capaz de satisfazer suas necessidades, proteger-se contra a não são as únicas instâncias fundamentais, é inegável reconhecer
hostilidade do ambiente físico e biológico e trabalhar em conjunto, que, sem a palavra, a participação, a criatividade e apolítica, muito
de modo mais ou menos ordenado e pacífico. Como o conjunto des- pouco, ou quase nada, podemos fazer para interferir nos contextos
sas técnicas se chama cultura, uma sociedade humana não pode so- complexos do mundo contemporâneo. Esse é o desafio que diz res-
breviver se sua cultura não é transmitida de geração para geração; peito a todos nós. (RIBEIRO; MARQUES; RIBEIRO 2003, p.93)
as modalidades ou formas de realizar ou garantir essa transmissão A escola não pode continuar a desenvolver o papel de agência
chama-se educação. (ABBAGNANO, 2000, p. 305-306) produtora de mão de obra. Seu objetivo principal deve ser formar o
Assim a educação não alienada deve ter como finalidade a for- educando como homem humanizado e não apenas prepará-lo para
mação do homem para que este possa realizar as transformações o exercício de funções produtivas, para ser consumidor de produ-
sociais necessárias à sua humanização, buscando romper com o os tos, logo, esvaziados, alienados, deprimidos, fetichizados.29
sistemas que impedem seu livre desenvolvimento.
A alienação toma as diretrizes do mundo do trabalho no seio A complexidade da educação como prática social não permite
da sociedade capitalista e no modo como esse modelo de produção tratá-la como fenômeno abstrato e natural, mas sim, imerso num
nega o homem enquanto ser, pois a maioria das pessoas vive ape- sistema educacional situado em uma dada sociedade e em um tem-
nas para o trabalho alienado, não se completa enquanto ser, tem po histórico determinado. A análise levada a efeito, neste texto,
como objetivo atingir a classe mais alta da sociedade ou, ao menos, propõe discutir, ainda que brevemente, sobre a corrente da psicolo-
sair do estado de oprimido, de miserável. Perde-se em valores e gia soviética autodenominada Históricocultural e sua contribuição
valorações, não consegue discernir situações e atitudes, vive para para a educação e busca responder ao seguinte questionamento:
o trabalho e trabalha para sobreviver. Sendo levado a esquecer de em quais aspectos a teoria histórico-cultural, elaborada no início do
que é um ser humano, um integrante do meio social em que vive, século XX por estudiosos soviéticos, implica na educação escolar da
um cidadão capaz de transformar a realidade que o aliena, o exclui. contemporaneidade no Brasil?
Há uma contribuição de Saviani (2000, p.36) que a respeito do A resposta para essa questão se dará mediante a dissertação
homem considera “(...) existindo num meio que se define pelas co- dos seguintes pontos: os aspectos sociais, históricos e culturais da
ordenadas de espaço e tempo. Este meio condiciona-o, determina- elaboração da teoria de Vigotski; a relação do pensamento e da lin-
-o em todas as suas manifestações.” Vê-se a relação da escola na guagem e sua função social; a formação dos conceitos espontâneos
formação do homem e na forma como ela reproduz o sistema de e científicos; e a relação entre trabalho, educação e práticas edu-
classes. cativas.
Para Duarte (2003) assim como para Saviani (1997) o trabalho Ao afirmarmos que não podemos discutir a educação alijada
educativo produz nos indivíduos a humanidade, alcançando sua fi- das questões que formam a sociedade, dialogamos com Gasparin
nalidade quando os indivíduos se apropriam dos elementos cultu- (2007, p. 1-2) que enfatiza que “a escola, em cada momento histó-
rais necessários a sua humanização. rico, constitui uma expressão e uma resposta à sociedade na qual
O essencial do trabalho educativo é garantir a possibilidade do está inserida. Nesse sentido, ela nunca é neutra, mas sempre ideo-
homem tornar-se livre, consciente, responsável a fim de concretizar lógica e politicamente comprometida. Por isso, cumpre uma função
sua humanização. E para issotanto a escola como as demais esfe- específica”, e tem sua função política.
ras sociaisdevem proporcionar a procura, a investigação, a reflexão, Esta citação nos remete à discussão da função da escola no pro-
buscando razões para a explicação da realidade, uma vez que é atra- cesso de formação do homem. Pela Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
vés da reflexão e do diálogo que surgem respostas aos problemas. cação Nacional (LDBEN) Lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996, p. 1) a edu-
Saviani (2000, p.35) questiona “(...) a educação visa o homem; cação tem por finalidade o “pleno desenvolvimento do educando,
na verdade, que sentido terá a educação se ela não estiver voltada seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
para a promoção do homem?” E continua sua indagação ao refle- trabalho”. Para atingir a formação indicada pela legislação, partimos
tir “(...) uma visão histórica da educação mostra como esta esteve da ideia de que a escola tem um pressuposto teórico e filosófico
sempre preocupada em formar determinado tipo de homem. Os que determina sua dinâmica e seu desenvolvimento. Isto porque,
tipos variam de acordo com as diferentes exigências das diferentes temos o entendimento defendido por Duarte (2007) o qual seria
épocas. Mas a preocupação com o homem é uma constante.” impossível analisar histórica e criticamente a educação sem a fun-
Os espaços educativos, principalmente aqueles de formação de damentação em uma teoria que a sustente. Ao nosso ver, essa deve
educadores devem orientar para a necessidade da relação subjeti- definir a formação do indivíduo como um processo, em essência,
vidade-objetividade, buscando compreender as relações, uma vez histórico e social. Ao nos posicionarmos desta forma, justificamos
que, os homens se constroem na convivência, na troca de experi- a escolha da base teórica e anunciamos a importância do aprofun-
ências. É função daqueles que educam levar os alunos a romperem damento nos aspectos históricos em que se originou e como ela se
com a superficialidade de uma relação onde muitos se relacionam desenvolve na contemporaneidade educacional do início do século
protegidos por máscaras sociais, rótulos. XXI.
A educação, vista de um outro paradigma, enquanto mecanis-
mo de socialização e de inserção social aponta-se como o caminho
para construção da ética. Não usando-a para cumprir funções ou
realizar papéis sociais, mas para difundir e exercitar a capacidade de
reflexão, de criticidade e de trabalho não-alienado.
29 Fonte: www.webartigos.com
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Vigotski e a Teoria Histórico-Cultural Vygotsky estava interessado em estudar história ou filologia,


A teoria Histórico-Cultural é uma corrente da psicologia so- mas estas áreas de estudo o levariam a uma carreira de professor,
viética de base materialista que parte do entendimento de que o e como judeu ele não poderia ser um empregado do Estado. Con-
homem é um ser histórico e social e que, pelo processo de apren- sequentemente, ingressou no curso de medicina, uma opção enco-
dizagem e desenvolvimento, participa da coletividade. A teoria foi rajada por seus pais por garantir uma vida profissional modesta,
elaborada pelo pensador russo Vigotski com a colaboração de seus porém segura. Depois de um mês; todavia, transferiu-se para a
compatriotas Leontiev4 (1904-1979) e Luria5 (1902-1977). escola de direito, uma opção mais adequada a seus interesses nas
4 Alexei humanidades. Ironicamente, anos mais tarde, já como um psicólo-
Lev Semyonovich Vygodsky6 nasceu em 05 de novembro de go renomado, Vygotsky entrou uma vez mais na escola de medicina
1896 em Orsha, cidade provinciana da Bielo-Rússia e faleceu em 11 como um modesto estudante de primeiro ano. A vida é uma estrada
de junho de 1934, em decorrência de complicações causadas pela com muitas curvas (BLANCK, 1996, p. 34).
tuberculose. Sua vida foi muito breve, mas, em seus 37 anos teve O preconceito que sua origem judaica sofreu esteve presente
uma singular contribuição para a compreensão da natureza huma- em muitos momentos da vida de Vigotski, entre eles: na obrigato-
na e seu desenvolvimento. riedade de viver no Território de Assentamento durante o gover-
De acordo com Blanck (1996), a produção intelectual do insig- no czarista; no ingresso à universidade e na escolha e exercício da
ne psicólogo apresenta mais de 180 trabalhos e alguns manuscritos profissão. Em relação à formação profissional como trazemos no
importantes os quais ainda não foram publicados. Seus estudos tra- texto supracitado, a opção inicial não era viável porque na época,
duzidos e ou interpretados são fontes de consultas de pesquisado- professores judeus não tinham permissão para serem funcionários
res das diversas áreas das ciências humanas, em principal: da psico-
públicos, restaria então lecionar no Gymnasium judeu particular,
logia e da educação. É necessário evidenciar que não é possível se
o mesmo em que ele tinha se formado. Enquanto que o curso de
apropriar da teoria descontextualizada do tempo em que ele viveu
Direito poderia possibilitar sua mudança para fora do Território de
e os fatos históricos que vivenciou tais como a revolução popular
Assentamento onde morava.
contra o czar (1905); a crise social (1905-1917); a Revolução Russa
(1917-1929); a morte de Lênin (1924); e, o início da ditadura de Conforme Blanck (1996) e Van Der Veer e Valsiner (2006), Vi-
Stalin (1929). Vigotski nasceu em uma família judia de boa instru- gotski casou-se em 1924 com Rosa Noevna Smekhova7. Foi nesse
ção e situação financeira favorável para uma excelente formação. ano que participou do II Congresso de Psiconeurologia de Leningra-
De acordo com Van Der Veer e Valsiner (2006) e Blanck (1996) foi o do, marco importante em sua vida profissional, porque determina
segundo filho de uma família de oito irmãos. Com um ano de idade, a segunda fase da sua produção biográfica. Nesse mais importante
mudou-se para Gomel, localizada no sudoeste da Bielo-Rússia.Tinha evento da Rússia, estavam presentes Luria e Kornilov, diretor do Ins-
acesso à boa biblioteca e estudou até 15 anos com tutores particu- tituto de Psicologia de Moscou. Em pouco tempo, Kornilov, suficien-
lares. Blanck (1996) relata que com essa idade ele era chamado de temente impressionado com a genialidade de Vigotski, convida-lhe
“pequeno professor”, porque realizava debates e estudos com seus para ingressar ao Instituto como pesquisador. Em algumas sema-
amigos. Foi nessa época que teve contato e interesse pelas ideias de nas, ele e sua família se estabelecem em Moscou.
Karl Marx (1812-1883) e Friedrich Engels (1820-1895). Na literatura, podemos identificar que é nesse momento que
Após os quinze anos de instrução com professores particulares, Vigotski se associa à Luria e Leontiev para iniciar sua teoria revolu-
Vigotski foi um dos melhores alunos do Gymnasium judeu particu- cionária:
lar de Gomel. Em 1913, aos 17 anos já tinha concluído os estudos [...] Na manhã seguinte de sua chegada, ele se reuniu com Luria
básicos com medalha de ouro. Devido à sua religião, essa láurea, e Leontiev para planejar um projeto ambicioso que contrastava no-
era o seu acesso ao ensino universitário, já que apenas três por tavelmente com a posição modesta de assistente de segunda classe
cento dos estudantes podiam ser judeus. Todavia, Vigotski precisou com a qual Vygotsky iniciava sua carreira: a criação de uma nova
mais do que capacidade para entrar na universidade, precisou de psicologia. [...] Foi assim que a famosa troika Vygotsky – Luria –
sorte, porque: Leontiev foi formada, com Vygotsky assumindo a liderança natu-
[...] quando Vygotsky estava fazendo seus exames, o ministro ral. Cada um dos principais conceitos de psicologia cognitiva foram
da educação divulgou uma circular declarando que estudantes ju- revisados radicalmente. No início, eles reuniram-se duas vezes por
deus deveriam ser matriculados por sorteio. Esse foi um golpe vio- semana no quarto de Vygotsky para organizar as pesquisas neces-
lento para Vygotsky, cuja medalha de ouro tornara-se praticamente sárias ao desenvolvimento de suas idéias. Em cerca de dois anos
sem valor. Por sorte, ele foi um dos poucos felizardos e começou a eles se agregaram estudantes como Alexandre Zaporovhets, Liya
a estudar na Universidade de Moscou (VAN DER VEER; VALSINER,
Slavina, Lidia Bozhovich, Natália Morova e Rosa Levina. Os ‘oito’,
2006, p. 19).
como eles eram chamados por seus colegas, encontravam-se no
O objetivo da mudança no critério de seleção era de diminuir
apartamento de uma peça da rua Bolshaya Serpukhova, onde Vy-
a qualidade dos estudantes judeus nas melhores universidades, já
gotsky passara a viver, e onde passaria o resto de sua vida. Mais
que a cota de três por cento estava mantida. Sobre esse dado bio-
gráfico Blanck (1996) relata que Vigotski, favorecido pela boa sorte, tarde, eles continuariam suas investigações no laboratório da Aca-
ingressou no curso de medicina. A escolha foi determinada por in- demia Krupskaya, sob a direção de Luria (BLANCK, 1996, p. 38).
fluência de seus pais. Com um mês de estudos trocou pelo Direito O contexto histórico em que estava inserido exigia uma revolu-
formando-se em 1917, e ainda se formou em História e Filosofia. ção na forma de entender e desenvolver seu país. A União Soviética
apresentava sérios problemas sociais, entre eles, a educação. Havia
nesse momento histórico pós-revolução um alto índice de analfa-
betismo, e ainda, o descaso com as pessoas com deficiência. O ob-
jetivo de Vigotski e seus colaboradores era construir uma psicologia
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

marxista para atender e solucionar as contradições sociais. A psico- Isto posto, evidenciamos a importância de se conhecer o con-
logia burguesa não apresentava condições de superar e revolucio- texto da produção de uma teoria; pois assim, entendemos o todo
nar o status quo. Aceitá-la seria negar a revolução e o comunismo. maior da qual ela faz parte. Ao percebermos que o momento pes-
Era necessário criar um novo conceito de homem para uma nova soal de elaboração da teoria era de pós-revolução e que para o
sociedade. homem daquela época era imprescindível à apropriação do saber,
De acordo com Tuleski (2008, p. 91) a nova compreensão da compreendemos a importância que a teoria vigotskiana atribui à
especificidade humana precisaria ser comprovada cientificamente, apropriação do indivíduo, da experiência histórica e social e, dos
pois não se reduzia a noções subjetivistas ou mecanicistas. A nova conhecimentos produzidos e acumulados historicamente pela hu-
psicologia deveria tratar a “relação homem e natureza de uma pers- manidade.
pectiva histórica, na qual o homem fosse produto e produtor de si e A escola tem papel fundamental na formação dos intelectuais,
da própria natureza”. Em outras palavras, era necessária a negação é nela que se transmite cultura. A classe dominada precisa desse
das bases filosóficas empregadas até então, para a compreensão do espaço de formação cultural. Neste caso, com o entendimento de
indivíduo como um ser histórico, complexo e dinâmico. A presença cultura como instrumento pela transformação social, formar indiví-
duos que fazem a distinção entre o senso comum e a “filosofia da
de Marx é o determinante para a elaboração de uma teoria sobre
práxis”. Cidadãos que consigam, conforme Kosik (2002), compreen-
essa temática, em principal, pela visão de totalidade e síntese de
der e destruir o mundo da pseudoconcreticidade.
homem. Mas, não intentava utilizar-se do método existente e adap-
Para finalizar, trazemos Saviani (2003, p. 88) que ao analisar a
tar às condições da sociedade, o objetivo era empregar a metodo-
dimensão política da educação e a dimensão educacional da polí-
logia marxista para desenvolver uma nova psicologia. Os interesses tica, conclui que “[...] a importância política da educação reside na
da troika e de seus colaboradores parece-nos explícitos na seguinte sua função de socialização do conhecimento. É realizando-se na es-
passagem das Obras Escogidas, tomo 1: pecificidade que lhe é própria, que a educação cumpre sua função
Não se trata de adaptar o indivíduo ao sábado, mas sim, o sá- política”. Em síntese, ela só poderá desenvolver sua função política
bado ao indivíduo; o que necessitamos encontrar em nossos autores de humanização se fundamentar sua prática na sua função peda-
é uma teoria que ajude a conhecer a psique, mas em modo algum gógica de promover o ensino e a apropriação dos conhecimentos
a solução do problema da psique, a fórmula que fecha e resume a elaborados e acumulados pela sociedade.
totalidade da verdade científica. [...] O que se pode buscar previa- Projeto Político-Pedagógico
mente nos mestres do marxismo não é a solução da questão, e nem O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é uma ferramenta primor-
sequer uma hipótese de trabalho (porque esta se obtém sobre a dial na organização e no direcionamento do ano letivo. Administrar
base da própria ciência), mas o método de construção. [...] o que eu uma instituição escolar requer conhecimento, tempo, colaboração
quero é aprender a totalidade do método de Marx, como a ciência é e planejamento de uma série de pessoas envolvidas com o ambien-
construída, a forma de abordar a análise da psique. [...] O que falta te educacional.
não são opiniões pontuais, mas um método: e não o materialismo Tudo isso, porém, tem grandes chances de acabar se voltando
dialético, mas o materialismo histórico (VYGOTSKI, 1997, p. 390- para a figura central da direção: o diretor ou gestor escolar.
391, grifo do autor, tradução nossa). O problema é que os diretores já realizam inúmeras tarefas,
É possível estabelecermos, por meio dessa citação, duas con- como lidar com fornecedores e parceiros da instituição, por exem-
dições essenciais para compreender a complexidade em que esses plo. Além também de lidar com o corpo docente e até com os res-
pensadores pretendiam estruturar a nova teoria. Sinalizamos como ponsáveis pelos alunos e interessados na matrícula. Tudo isso pode
primeira, a clareza de que não bastava utilizar-se de uma metodo- acabar sobrecarregando-o e, na ausência de um planejamento sóli-
logia que adaptasse á ideia, o interesse vogava em estruturar uma do, revelar-se como algo muito prejudicial.
teoria, que obedecesse o conjunto do método de análise do fenô-
meno. E para isso, eis aqui a segunda, o materialismo dialético, por O que é o Projeto Político Pedagógico?
buscar compreender os fenômenos naturais e sociais em termos da Em termos gerais, trata-se de um documento que norteia as
bases de ações da instituição. Ele assumirá as diretrizes da institui-
lógica dialética do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel
ção como compromisso de gestão escolar participativa. Esse docu-
(1770-1831), seria incompleto. Faltava a essência da tese marxis-
mento tem uma longa história. Simultaneamente, tem comprovada
ta, a qual estabelece que a história da humanidade é impulsionada
importância para o bom desenvolvimento das diretrizes de educa-
pelos avanços tecnológicos (meios para a produção de bens mate-
ção.
riais) e pelas mudanças na organização social, política e econômica. A partir da década de 1980 o Fórum Nacional em Defesa da Es-
Portanto, como afirma Duarte (2007, p. 79) “para se compreender cola Pública iniciou um processo que pudesse instituir uma gestão
o pensamento de Vigotski e sua escola é indispensável o estudo dos democrática no ensino. Isto proporcionou uma autonomia escolar.
fundamentos filosóficos marxistas dessa escola psicológica”. Além de ter gerado diversas consequências positivas, como a Lei de
É inevitável pesquisar sobre Vigotski e não referenciar a ques- Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996.
tão pontual sobre as apropriações neoliberais e pós-moderna da De acordo com os artigos 12 a 14 da LDB, a escola tem auto-
teoria vigotskiana que entre outros aspectos cruciais exclui a con- nomia para determinar qual será o seu PPP e a estrutura que será
cepção marxista da teoria, a qual tem como princípio fundamental seguida. O documento é encaminhado posteriormente para a se-
do ser social, o trabalho. Essa corrente teórica nega a existência cretaria de ensino e deverá ser revisado pela instituição de ano em
de uma cultura de valor universal e retira da escola sua função de ano.
transmitir e garantir a apropriação da cultura pelos indivíduos e
que, por conta de sua ideologia, secundariza o papel do professor
nesse processo.
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TÍTULO IV Por que esse documento é necessário?


DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL O PPP vai contemplar todo o trabalho desenvolvido na insti-
tuição ao longo do ano letivo. Ele é o norte, a direção a seguir, e,
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas por isso, deve ser elaborado de acordo com a realidade da escola.
comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: Posteriormente é necessário ver a realidade da comunidade na qual
I – elaborar e executar sua proposta pedagógica; ela está inserida. O objetivo é garantir que ele seja útil e possa servir
II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e finan- a seu propósito.
ceiros; É fundamental que o PPP seja anualmente atualizado para que
III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula es- possa ser mantido vivo dentro da instituição, pois é a partir dos indi-
tabelecidas; cadores trazidos por ele que a escola terá a consciência empresarial
IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada do- da verdadeira necessidade de determinar e executar um plano de
cente; ação que lhe traga reais vantagens. Entretanto, infelizmente, é co-
V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor ren- mum vê-lo engavetado e tornando-se um instrumento meramente
dimento; burocrático.
VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando pro- Uma situação comum que merece atenção é que os indicado-
cessos de integração da sociedade com a escola; res precisam servir para identificar os problemas e trabalhar em so-
VII – informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o ren- luções. Quer dizer, a escola precisa saber o que fazer com os dados
dimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta que consegue obter para chegar em melhores resultados.
pedagógica; Uma escola que pretende proporcionar uma educação eficien-
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos te e de qualidade deve ter a consciência da importância que o PPP
alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta tem. É um caminho flexível e que se adapta às necessidades que os
por cento) do percentual permitido em lei; (Redação dada pela Lei alunos e a própria instituição apresentam e pode ajudar bastante
nº 13.803, de 2019) na tomada de decisões estratégicas.
IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de
combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação O que ele deve conter?
sistemática (bullying), no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº Em princípio, o PPP deve conter as informações gerais que
13.663, de 2018) identificam a escola. É essencial, também, que descreva a missão,
X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz caracterização da clientela, informações sobre a aprendizagem, re-
nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) cursos, composição do corpo administrativo e docente, composição
XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias do conselho de pais e mestres, e planos de ação estratégicos.
de prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas. Deve reunir, ainda, outras informações igualmente importan-
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) tes, como a forma de avaliação dos alunos, os projetos que serão
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: desenvolvidos ao longo do ano, temas geradores de debates e as
I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabe- aulas ou redes temáticas para serem desenvolvidas nas aulas minis-
lecimento de ensino; tradas pelos professores.
II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta Como complemento, deve conter o método de ensino, os no-
pedagógica do estabelecimento de ensino; mes dos autores em que se baseia o processo de aprendizagem,
III – zelar pela aprendizagem dos alunos; qual o modelo pedagógico da escola e como esse trabalho será de-
IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de senvolvido por ela. Ou seja, o PPP vai desenvolver tanto uma ava-
menor rendimento; liação geral da educação, como as etapas a serem seguidas durante
V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de o ano.
participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, Importante lembrar que o Projeto Político-Pedagógico da es-
à avaliação e ao desenvolvimento profissional; cola é um guia para a execução das atividades e deve manter a
VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com flexibilidade necessária para lidar com imprevistos. Além disso, é
as famílias e a comunidade. relevante conter os métodos da escola para gerenciamento de cri-
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão ses e especificações para lidar com eventuais problemas que são
democrática do ensino público na educação básica, de acordo com possíveis de serem previstos.
as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: Basicamente, o Projeto Político Pedagógico vai reunir sete
I – participação dos profissionais da educação na elaboração do itens, que podem ser divididos em capítulos da seguinte forma.
projeto pedagógico da escola;
II – participação das comunidades escolar e local em conselhos 1. Identificação da escola
escolares ou equivalentes. Nessa parte inicial, devem constar os dados gerais sobre a es-
O nome se refere aos planos de ações futuros que a escola pre- cola, tais como CNPJ, endereço, entidade mantenedora, nome do
tende executar quanto às situações apresentadas, seja em curto, diretor e do coordenador pedagógico, membros da equipe de ela-
médio ou longo prazo. Outro ponto são as diretrizes políticas, par- boração do PPP, além da caracterização: se a escola atende ao en-
tindo do princípio que o ambiente forma cidadãos conscientes de sino fundamental, médio e/ou técnico, horários de atendimento,
suas responsabilidades. E por fim com a parte acadêmica, mostran- turnos etc.
do quais serão os recursos necessários para suprir essa demanda.

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A identificação da escola é essencial, visto que o Projeto Polí- 5. Recursos


tico-Pedagógico é um documento oficial que deverá ser registrado Os recursos, nesse caso, não se referem apenas às questões e
na Secretaria de Educação da unidade federativa da escola. Logo, é métricas financeiras. Esses podem estar citados, mas o importante
parte integrante dos requisitos mínimos para a validade do docu- são os recursos humanos, ou seja, quantos e quem são os profes-
mento. sores e demais funcionários, qual a infraestrutura da escola e os
recursos tecnológicos para atender à necessidade de aprendizado
2. Missão dos alunos.
A missão se refere aos valores e princípios sobre os quais a Isso ajuda no mapeamento de alocação de recursos e nas for-
escola se baseia. Essa parte do documento pode iniciar com um mas de otimizar os gastos. É possível, por meio desse tópico, tornar
histórico da instituição, desde a sua fundação, por quais mudanças os gastos e despesas mais eficientes, planejar melhor as compras,
passou, entre outras informações relevantes que reforcem as suas ser mais eficaz na construção dos horários de aulas etc.
diretrizes.
A missão em si costuma se resumir a uma frase que designa o 6. Diretrizes pedagógicas
objetivo primário da instituição, considerando o modelo pedagógi- Aqui são detalhadas as diretrizes da escola, tais como o mode-
co utilizado e o que se deseja alcançar em relação aos alunos, co- lo pedagógico: tradicional, democrático, construtivista etc. Deve-se
munidade e própria equipe. explicar o que está previsto no currículo para cada nível ou etapa
Como os valores e princípios tendem, ao longo do tempo, a se escolar, o que permite uma construção mais sólida da estrutura pe-
consolidar, essa é uma parte do PPP que não precisa ser reajustada dagógica da instituição.
anualmente — a não ser que a escola passe por mudanças significa- Cabe lembrar que a base curricular é nacional, porém, devido
tivas em sua missão naquela comunidade. No entanto, não se deve às características regionais, cada instituição também tem liberdade
engessar a instituição com base no seu histórico, pois toda escola para construir sua grade de disciplinas e focar mais ou menos em
precisa estar aberta a evolução e melhorias. determinados temas. Nessa hora, a participação dos professores de
cada área na elaboração do documento é fundamental, com coor-
3. Contexto denações atuantes.
O contexto no qual a escola está inserida influencia diretamen-
te no seu PPP. Conhecer a realidade no seu entorno é fundamental 7. Plano de ação
para definir metas e objetivos do projeto. É preciso ter um panora- Por último, mas não menos importante, entra o plano de ação.
ma da comunidade, e isso envolve a análise de dados e pesquisa O PPP deve conter as propostas de ações que serão executadas para
de campo demográfica, assim como colher informações relevantes que a instituição alcance seus objetivos e metas. Qual o caminho
entre os próprios alunos. que será percorrido para que, no final do ano, haja 100% de aprova-
A equipe de elaboração do PPP pode, por exemplo, fazer um ção, por exemplo. Ou que índices de qualidade precisam superados,
levantamento de informações básicas, utilizando as fichas de ma- são exemplos dessa reflexão.
trícula dos alunos e, a partir daí, elaborar uma pesquisa para obter O conjunto desses dados é que vai determinar quais são os
informações mais específicas, como a situação socioeconômica das caminhos que a instituição pretende seguir e os prazos que serão
famílias e da comunidade ao redor. estipulados para isso. O documento deve ficar disponível para as
É o momento, também, de firmar compromisso com as famí- pessoas que participaram e na incumbência dos diretores de com-
lias, deixando claro o que a escola tem a oferecer e o que espera pilar os dados e concluir essa documentação.
da comunidade escolar. Isso também fornece importantes infor-
mações para eventuais ações de marketing educacional e subsídios Como elaborar o PPP?
para lidar melhor com questões externas. Para que o Projeto Político-Pedagógico tenha a eficiência de-
sejada para o desenvolvimento da escola, é preciso saber de que
4. Indicativos sobre aprendizado forma deve ser elaborado. Ou seja, quais as melhores práticas que
Essa parte do documento interessa diretamente aos pais, que devem ser adotadas.
procuram indicativos para saber de que qualidade é o ensino na
instituição. Portanto, entram nesse tópico o número atualizado de Conhecimento regional
alunos na escola (total e por segmento), as taxas de reprovação, a Toda escola nasce com o propósito de instruir e formar cida-
média de notas, o desempenho nas avaliações governamentais, os dãos dentro da comunidade que está sendo inserida. Sendo assim,
prêmios recebidos (quando houver) entre outros. é imprescindível que seja feita uma análise dos motivos da existên-
Os indicativos sobre aprendizado são igualmente importantes cia de uma instituição de ensino naquele ambiente.
para delimitar planos de ação da gestão escolar e pedagógica da A equipe escolar deve verificar se a comunidade é carente ou
instituição de ensino. Com base neles, é possível verificar o que é não. Isto é, qual o poder aquisitivo das famílias, assim como os cos-
passível de melhora, as áreas de risco e os campos de incentivo, por tumes, moradias, enfim! Tudo que indique o contexto socioeconô-
exemplo. mico do entorno da escola.
Estando isso claro, passa a ser observado qual o contexto so-
cial que aquela instituição pode proporcionar à comunidade que
se encontra. Os objetivos estratégicos devem ter total clareza para
que a instituição consiga alcançá-los, considerando ainda prazos de
implantação.

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Participação colaborativa 3. Não ter transparência


Na teoria, esse documento deveria ser elaborado por todos Algumas escolas mantêm o projeto guardado e dificultam o
que contribuem para o crescimento e desenvolvimento da institui- acesso a ele. Isso é um grande equívoco, pois o seu conhecimento
ção. Ou seja: pais, mestres, coordenação, diretoria etc. Isso aconte- pela comunidade escolar é o que vai torná-lo efetivo. Por exemplo,
ce naturalmente em uma gestão participativa. o ideal é imprimi-lo e fixá-lo nos murais da escola ou deixá-lo dis-
Infelizmente, é comum muitos gestores optarem pela elabo- ponível no site da escola. Outra boa opção é compartilhá-lo com
ração por meio de consultores externos ou cópias compradas de todos os professores e funcionários. Além também dos familiares
outros estabelecimentos estudantis. O ideal seria que sua execução dos alunos já no começo do período letivo, junto com a matrícula.
fosse algo colaborativo. Por mais que a escola tenha a autonomia
de fazer o que acha necessário dentro da construção desse docu- 4. Ignorar conflitos de ideias
mento. Isto é, de responsabilidade de várias pessoas e de diferentes Como dissemos, o PPP deve ser elaborado coletivamente — e
competências e atribuições. isso implica em debates. Todas as opiniões devem ser considera-
das e discutidas até que haja consenso majoritário. Desconsiderar
Plano de ação a partir da matrícula a opinião da comunidade em geral cria um distanciamento com a
Vários indicadores podem ser formulados a partir do momento realidade. Portanto, não passe por cima dos conflitos de forma ar-
em que a matrícula é efetivada. Esses dados, por conseguinte, serão bitrária.
muito úteis na confecção do Projeto Político-Pedagógico da escola.
Por meio da matrícula, a escola consegue mapear a localização 5. Estagnar a evolução tecnológica
dos alunos para prever, por exemplo, se pode ou não ocorrer eva- Escolas que têm um sistema de gestão escolar conseguem
são escolar e quais as ferramentas necessárias para controlar isso. apurar diversas situações que auxiliam no PPP. Além de ajudar nas
Além disso, o plano de ação pode lidar com a potencial ina- várias áreas nele descritas. Bons exemplos são os aspectos acadê-
dimplência escolar, ao já estabelecer meios e táticas para melhor micos, financeiros, de controle bibliotecário e de integração entre
cobrança. Aqui entram as diversas estratégias usadas para aumen- alunos, responsáveis, professores, etc.
tar a adimplência. Muitos gestores se beneficiariam dos resultados obtidos e as
informações seriam melhor alimentadas e atualizadas no sistema,
tornando o processo bem menos burocrático e engessado.
Quais os erros comuns na elaboração e execução do PPP? Dentre os mais variados planos de ação que uma escola pode
Infelizmente, muitas escolas não dão o devido valor ao Projeto executar, a aplicação de simulados é muito eficiente. Por meio da
Político-Pedagógico e cometem erros repetidamente. utilização de uma tecnologia atual, é possível proporcionar índices
1. Copiar o PPP de outra instituição menores de reprovação. Além de uma preparação maior para os
Quando o gestor não tem ideia de como elaborar o PPP, parece alunos em provas futuras.
fácil usar outro como base. É comum fazer pequenas modificações,
como a identificação da escola, por exemplo. A construção do Projeto Político Pedagógico – PPP, pelas Insti-
A elaboração de um Projeto Político-Pedagógico, ainda que tuições Educacionais é uma necessidade sem precedência, disposto
possa se valer de um modelo, deve ser específica e construída para na Lei de Diretrizes e Bases - LDB nº 9.394/96, especificamente nos
a escola e sua comunidade. O objetivo é garantir melhores resulta- artigos 12, 13, e 14.
dos. Pensar no processo de construção de um projeto político-pe-
2. Não revisar anualmente o documento dagógico requer uma reflexão inicial sobre seu significado e impor-
Depois de tanta pesquisa e elaboração, o PPP está pronto e não tância. Vamos verificar como a LDB ressalta a importância desse
há mais no que mexer, certo? Errado. O documento deve ser re- instrumento:
visado anualmente. Inclusive, ao longo do ano. Isto deve ser feito No artigo 12, inciso I, que vem sendo chamado o “artigo da
quantas vezes for necessário para melhorar a escola para oferecer o escola” a Lei dá aos estabelecimentos de ensino a incumbência de
melhor serviço educacional. elaborar e executar sua proposta pedagógica.
Ele não é algo engessado, pois o contexto socioeconômico da O artigo 12, inciso VII define como incumbência da escola infor-
comunidade pode mudar. Com isso, as avaliações podem apresen- mar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos
tar resultados diferentes, problemas e soluções surgem ao longo alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica.
do tempo. No artigo 13, chamado o “artigo dos professores”, aparecem
A instalação de uma indústria no bairro ou mesmo um desastre como incumbências desse segmento, entre outras, as de partici-
natural são exemplos de algo que pode interferir no contexto. Isto par da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de
pode mexer com as vidas dos alunos e afetar os estudos. Enfim, ensino, elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
é importante manter o projeto atualizado, pois ele deve refletir a pedagógica do estabelecimento de ensino.
realidade local e da própria escola. No artigo 14, em que são definidos os princípios da gestão de-
mocrática, o primeiro deles é a participação dos profissionais da
educação na elaboração do projeto pedagógico da escola.

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No artigo 15, concedeu à escola progressivos graus de autono- Um projeto político-pedagógico voltado para construir e asse-
mia pedagógica, administrativa e de gestão financeira. O que isso gurar a gestão democrática se caracteriza por sua elaboração cole-
significa? Ter autonomia significa construir um espaço de liberdade tiva e não se constitui em um agrupamento de projetos individuais,
e de responsabilidade para elaborar seu próprio plano de trabalho, ou em um plano apenas construído dentro de normas técnicas para
definindo seus rumos e planejando suas atividades de modo a res- ser apresentado às autoridades superiores. Mas o que é mesmo
ponder às demandas da sociedade, ou seja, atendendo ao que a so- projeto político-pedagógico?
ciedade espera dela. A autonomia permite à escola a construção de Segundo Libâneo (2004), é o documento que detalha objetivos,
sua identidade e à equipe escolar uma atuação que a torna sujeito diretrizes e ações do processo educativo a ser desenvolvido na es-
histórico de sua própria prática. cola, expressando a síntese das exigências sociais e legais do siste-
A Resolução nº 17/99/CEE/SC DE 13/04/99, estabelece diretri- ma de ensino e os propósitos e expectativas da comunidade escolar.
zes para a elaboração do PPP. No Capítulo IV, art. 8ª, define o prazo Na verdade, o projeto político-pedagógico é a expressão da
final para as escolas aprovarem o seu projeto político pedagógico cultura da escola com sua (re)criação e desenvolvimento, pois ex-
até o dia 31 de dezembro de 1999. pressa a cultura da escola, impregnada de crenças, valores, signifi-
No parecer nº 405 aprovado em 14/12/2004, o PPP aparece cados, modos de pensar e agir das pessoas que participaram da sua
como: PPP como direito e dever: o PPP se apresenta como direito elaboração.
ao permitir a escola consolidar sua autonomia pensando, executan- Assim, o projeto orienta a prática de produzir uma realidade.
do e avaliando o próprio trabalho, ao mesmo tempo que, explicita a Para isso, é preciso primeiro conhecer essa realidade. Em seguida
intencionalidade de suas ações. O PPP se apresenta como dever por reflete-se sobre ela, para só depois planejar as ações para a cons-
se vincular aos aspectos legais que emanam da Lei de Diretrizes e trução da realidade desejada. É imprescindível que, nessas ações,
Bases da Educação Nacional, Lei do Sistema Estadual de Educação e estejam contempladas as metodologias mais adequadas para aten-
diretrizes emanadas pelo Conselho Estadual de Educação de Santa der às necessidades sociais e individuais dos educandos.
Catarina. (Proc. PCEE 781/045 fl. 4). A partir dessas finalidades, é preciso destacar que o projeto
Quando a escola solicita auxílio para elaboração de sua pro- políticopedagógico extrapola a dimensão pedagógica, englobando
posta, ela não está se referindo apenas ao documento em questão, também a gestão financeira e administrativa, ou seja, os recursos
mas também busca subsídios que a ajude a enfrentar os desafios necessários à sua implementação e as formas de gerenciamento.
presentes no seu cotidiano. Em suma: construir o projeto político-pedagógico significa enfren-
Os cursos de formação também poderiam incentivar as escolas tar o desafio da transformação global da escola, tanto na dimensão
a reestruturarem o seu PPP, utilizando o curso como estratégia de pedagógica, administrativa, como na sua dimensão política.
motivação (ou sensibilização) para se repensar a prática e os objeti- Segundo Vasconcellos (2006, p169), projeto político-pedagógi-
vos da escola, como também propor mudanças necessárias. co é “a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Plane-
As escolas já não sabem mais como trabalhar as questões de jamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na cami-
violência e falta de ambiente favorável à aprendizagem. Professores nhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer
e alunos cada vez mais estressados e desesperançados. Estamos vi- realizar. É um importante caminho para a construção da identidade
vendo um momento de conflitos interiores e exteriores. da instituição. É um instrumento teórico-metodológico para a in-
O que fazer? Como fazer? São perguntas que nos atormentam tervenção e mudança da realidade. É um elemento de organização
constantemente. (SILVA, 2004, p. 32). “Discutir com os professores e integração da atividade prática da instituição neste processo de
assuntos relacionados a esta temática foi considerado de grande transformação.”
importância neste período, para efetivar melhorias no relaciona- Ao concluir este documento coletivamente, a escola terá dado
mento dentro das instituições escolares. Porém, cabe destacar que um grande passo, não apenas pela definição do trabalho pedagógi-
esses assuntos podem ser resolvidos dentro da própria escola, bus- co, mas pela vivência de um trabalho onde foi possível exercitar a
cando os pressupostos filosóficos presentes nos PPPs e consideran- cidadania.
do os problemas apontados no cotidiano de cada uma delas.” O projeto político pedagógico faz parte do planejamento e da
Pensar no processo de construção de um projeto político-peda- gestão escolar e sua importância reside no fato de que ele passa a
gógico requer uma reflexão inicial sobre seu significado e importân- ser uma direção, um rumo para as ações da escola. É uma ação in-
cia. Como vimos anteriormente a LDB ressalta a importância desse tencional que precisa ser definida coletivamente, com consequente
instrumento em vários de seus artigos. É bom lembrar que, pela compromisso coletivo. O projeto é político porque reflete as opções
primeira vez no Brasil, há uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação e escolhas de caminhos e prioridades na formação do cidadão,
Nacional que detalha aspectos pedagógicos da organização escolar, como membro ativo e transformador da sociedade em que vive. O
o que mostra bem o valor atribuído a essa questão pela atual legis- projeto é pedagógico porque expressa as atividades pedagógicas e
lação educacional. didáticas é que levam a escola a alcançar seus objetivos educacio-
Dessa forma, essa é uma exigência legal que precisa ser trans- nais.30
formada em realidade por todas as escolas do país. Entretanto, não
se trata apenas de assegurar o cumprimento da legislação vigente,
mas, sobretudo, de garantir um momento privilegiado de constru-
ção, organização, decisão e autonomia da escola. Por isso, é impor-
tante evitar que essa exigência se reduza a mais uma atividade bu-
rocrática e formal a ser cumprida.

30 Fonte: www. escolaweb.com.br/www2.senado.leg.br/www.antigo.fecam.


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Eixos norteadores do PPP É importante que os diretores escolares viabilizem espaços e


O PPP, contemplando a organização do trabalho da escola horários para interação dos segmentos com seus pares e com ou-
como um todo, deve estar embasado em princípios que norteiam tros, por meio de reuniões e assembleias que permitam a discussão
a escola democrática, pública e gratuita, dando identidade à ins- e a troca de ideias sobre as possibilidades e necessidades da escola,
tituição escolar. De acordo com Veiga (1991, p. 82), os princípios de modo que a comunidade seja ouvida como parte integrante dos
do PPP são: igualdade, qualidade, gestão democrática, liberdade/ processos decisórios.
autonomia e valorização do magistério. Esses possuem um caráter
permanente e fundamentado nas ações pedagógicas. Igualdade
Acreditamos que os princípios analisados e o aprofundamen- Segundo Veiga (2013, p.16), a igualdade de oportunidades,
to dos estudos sobre a organização do trabalho pedagógico trarão mais do que a expansão quantitativa de ofertas, necessita da am-
contribuições relevantes para a compreensão dos limites e das pos- pliação do atendimento com simultânea manutenção de qualidade.
sibilidades dos PPPs voltados aos interesses das camadas menos Isso quer dizer: acesso, permanência com sucesso escolar.
favorecidas. A Constituição Federal, a LDBEN n.º 9.394/96 e a Lei nº
Segundo Veiga (1991, p.82), a importância desses princípios 8.069/1990, que trata do Estatuto da Criança e do Adolescente
está em garantir sua operacionalização nas estruturas escolares, (ECA), também citam a igualdade de condições para acesso e per-
pois uma coisa é estar no papel, na legislação, na proposta, no cur- manência na escola. Assim, para enfrentar este desafio, é impres-
rículo pensado, e outra é estar ocorrendo na dinâmica interna da cindível a previsão de ações e estratégias de acompanhamento para
escola, na ação-reflexão-ação, no real, no concreto. todos os estudantes, especialmente aqueles que se encontram em
A seguir, serão abordados cada um desses princípios. situação de risco de abandono e/ou vulnerabilidade, no sentido de
assegurar a permanência na escola. Há que se prever uma prática
Gestão democrática pedagógica diferenciada para os estudantes com dificuldades de
É um dos princípios contemplados pela Constituição Federal, aprendizagem.
abrange as dimensões pedagógicas, administrativas e financeira. A Conforme aponta Cury (2007, p. 490), “não basta o acesso à
gestão democrática implica o repensar da estrutura de poder da escola. É preciso entrar e permanecer. A permanência se garante
escola, tendo em vista sua socialização, propiciando a participação com critérios extrínsecos e intrínsecos ao ato pedagógico próprio
coletiva dos diferentes segmentos no processo de tomada de deci- do ensino/ aprendizagem”. Os critérios extrínsecos são determina-
sões. dos socialmente, interferem na prática pedagógica, mas as possibili-
A gestão democrática é um princípio fundamental para a elabo- dades de resolução estão para além da escola. Quanto aos critérios
ração do PPP, constituindo-se em um importante direcionamento, intrínsecos à prática pedagógica, destacamos a organização curri-
pois a partir dela a integralidade das ações da escola, sejam elas po- cular adotada, tendo em vista garantir uma aprendizagem voltada
líticas ou pedagógicas, são definidas por toda a comunidade escolar. às necessidades e ao sucesso do aluno. Os critérios extrínsecos e
De acordo com o Módulo 5 - Gestão Escolar Democrática, verifica- intrínsecos à prática pedagógica por sua vez estão intimamente re-
-se que o grande desafio da gestão democrática é como incentivar a lacionados com a qualidade do ensino
participação da comunidade nas discussões e tomadas de decisões
para que ela se torne corresponsável pelos objetivos da escola em Qualidade
função do aprendizado dos estudantes Este direcionamento pressu- O desafio do PPP é propiciar uma educação de qualidade para
põe que todos os envolvidos no trabalho escolar devem participar todos, não sendo um privilégio de minorias econômicas e sociais,
das definições e dos rumos que a escola seguirá para atingir seus além de assegurar um padrão mínimo de qualidade para a institui-
objetivos. Ao adotar este princípio na elaboração do PPP, eviden- ção de ensino.
cia-se que a escola não está centralizada nas decisões dos diretores
escolares ou de uns poucos profissionais, estando aberta à parti- Segundo Veiga (2013, p. 17),
cipação de todos os segmentos da comunidade escolar nos seus A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as ma-
processos de discussão e decisões. neiras possíveis a repetência e a evasão. Precisa garantir a meta
É por meio dessa participação que as relações entre escola e qualitativa do desempenho satisfatório de todos. Qualidade para
comunidade se estreitam. Segundo Libâneo (2013), todos, portanto, vai além da meta quantitativa de acesso global, no
a participação é o principal meio de assegurar a gestão demo- sentido de que as crianças, em idade escolar, entrem na escola. É
crática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da preciso garantir a permanência dos que nela ingressarem.
escola no processo de tomada de decisão e no funcionamento da O PPP deve definir os fins e o tipo de escola que almeja, pressu-
organização escolar. A participação proporciona melhor conheci- pondo uma concepção de sociedade, de homem/cidadão, de escola
mento dos objetivos e das metas da escola, de sua estrutura organi- e de mundo, as quais são essenciais para a construção de um proje-
zacional e de sua dinâmica, de suas relações com a comunidade, e to de qualidade, pois norteiam as ações específicas para obtenção
propicia um clima de trabalho favorável a maior aproximação entre dos fins que se pretende.
professores, alunos e pais. (LIBÂNEO, 2013, p.89). Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é
Entretanto, para gerar a participação da comunidade no am- aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio
biente escolar faz-se necessário que os diretores escolares com- dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas
preendam a real importância da participação e permitam que ela e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individu-
ocorra de maneira efetiva. ais e sociais dos alunos. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2010, p.117).

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Liberdade/autonomia Marco situacional - o que somos?


O princípio da liberdade está sempre associado à ideia de au- Esta primeira parte do PPP apresenta o diagnóstico da realida-
tonomia, a qual nos remete para regras e orientações criadas pe- de escolar e do seu entorno, bem como as necessidades detectadas
los próprios sujeitos da ação educativa, sem imposições externas. no Plano de Ação da instituição de ensino. É importante porque a
A liberdade deve ser considerada, também, como liberdade para partir do estudo da realidade escolar, delineia-se a identidade insti-
aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e o saber direciona- tucional da escola, o que possibilita identificar e fortalecer práticas
dos para uma intencionalidade definida coletivamente. Na escola, a pedagógicas coerentes com essa identidade, ou seja, a análise dos
liberdade deve ser pensada na relação entre os diferentes segmen- dados da realidade escolar possibilita definições de permanências
tos em um contexto participativo, em que todos podem influir no e/ou mudanças pautadas em concepções condizentes com os prin-
processo de tomada dedecisões e, em consequência, terem respon- cípios da escola pública e que visem à aprendizagem de todos os
sabilidades sobre elas, inclusive no que diz respeito à elaboração estudantes daquela comunidade específica.
do PPP. Chegar a esse diagnóstico exige, além da observação atenta e
De acordo com Medel (2008, p. 54), a autonomia refere-se à criteriosa da comunidade escolar, o conhecimento das concepções
capacidade de governar e de dirigir-se dentro de certos limites de- que subsidiam o entendimento da sua realidade. Além disso, essa
finidos pela legislação e pelos órgãos do sistema educacional, auxi- análise deve valorizar a pluralidade cultural, o respeito às diferen-
liando os vários atores a estabelecerem os caminhos que a escola ças de gêneros, raça, etnia e orientação sexual, que são elementos
define para percorrer. Faz-se necessário compreender que quanto constitutivos do território educacional em que a escola está locali-
mais a instituição de ensino adquire autonomia e competência, zada.
mais responsabilidade ela assume diante da comunidade. Esse território educacional é registrado no Marco Situacional
A escola tem autonomia para definir em seu PPP as concepções do PPP, em que se apresenta uma descrição da realidade escolar
e ações a serem desenvolvidas, no entanto deve observar o que com as características mais relevantes da comunidade em que a es-
compete a ela segundo os preceitos legais. cola está inserida (perfil socioeconômico), incluindo a diversidade
dos sujeitos e priorizando os aspectos que implicam no processo de
Valorização do magistério ensino e aprendizagem.
A qualidade de educação está estreitamente relacionada à for- Para planejar as ações, é preciso saber o que se quer realizar,
mação inicial e continuada, condições de trabalho e remuneração o que está dando certo e o que precisa ser mudado. Os diretores
dos profissionais do magistério. A formação continuada é indispen- escolares, como condutores do processo de elaboração do PPP,
sável para a discussão da organização da escola como um todo e de devem ficar atentos ao diagnóstico e tê-lo em mente em todas as
suas relações com a sociedade. decisões da gestão.
A formação continuada é um direito de todos os profissio- As considerações a respeito da realidade da instituição incluem
nais que trabalham na escola, uma vez que não só ela possibilita os aspectos positivos e os desafios que subsidiam o planejamento,
a progressão funcional baseada na titulação, na qualificação e na e, essencialmente, definem a identidade da escola.
competência dos profissionais, mas também propicia, fundamental-
mente, o desenvolvimento profissional dos professores articulado Marco conceitual - o que queremos?
com as escolas e seus projetos. (VEIGA, 2013, p. 20). Esta segunda parte do PPP apresenta a conceituação dos fun-
Dessa forma, o PPP deve contemplar a formação dos profissio- damentos teóricos nos quais a escola se pauta para atender à sua
nais da escola, sendo necessário que o diretor investigue as neces- função social, ou seja, a partir do que foi descrito no Marco Situa-
sidades destes para a sua formação continuada, elaborando seus cional, a instituição de ensino relaciona o seu contexto com concep-
programas com apoio da entidade mantenedora. É importante que ções e pressupostos teóricos que mais se aproximam da realidade
o diretor oportunize tempos e espaços para a formação continuada de sua comunidade escolar e das necessidades da escola pública, a
em serviço, acompanhando e estimulando a participação de todos fim de definir as ações a serem desenvolvidas no cotidiano escolar,
os profissionais da educação nos eventos previstos no Calendário bem como as projetadas como referência para o futuro.
Escolar. Assim, as concepções e os pressupostos descritos no Marco
Após conhecer os princípios norteadores do PPP, é preciso or- Conceitual constituem-se como base para o planejamento do pro-
ganizar este documento. Confira no próximo tópico os elementos fessor, a fim de que a sua prática pedagógica seja condizente com
que constituem a (re)construção do PPP. as necessidades educativas dos estudantes, possibilitando que a es-
cola cumpra sua função social.
Elementos constitutivos do PPP Somente com conhecimento das concepções é possível tomar
Ao projetar ações e intenções partindo do já existente e das decisões condizentes com as necessidades delineadas no Marco
possibilidades concretas, o PPP se apoia em concepções necessaria- Conceitual. Identificar as concepções em que se pautam as práti-
mente ligadas ao caráter social da educação e que definem a opção cas pedagógicas realizadas na escola implica em reconhecer quais
educativa da escola, a partir da qual, a escola organiza e registra as valores, objetivos e compromissos são priorizados nas experiências
ações que serão realizadas pela comunidade escolar para atingir os de aprendizagens propiciadas aos estudantes, bem como quais os
objetivos educacionais. princípios que sustentam as práticas dos sujeitos presentes na esco-
O PPP é constituído de três partes que se integram para traçar la. Assim, sugerimos que os diretores escolares incentivem a equi-
o projeto da escola: Marco Situacional, Marco Conceitual e Marco pe pedagógica e os docentes a refletirem sobre a função social da
Operacional. escola aliada aos estudos das tendências pedagógicas da educação
brasileira, bem como atentar para as discussões atuais, como a Base
Nacional Comum Curricular e as legislações dos Conselhos Nacional
e Estadual de Educação.
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Marco operacional - o que faremos? No caso brasileiro, a Gestão Educacional tem fundamentação
É a parte do PPP que compreende o planejamento das ações nas mais importantes leis que envolvem a educação escolar: a Cons-
a serem tomadas pela comunidade escolar para efetivar o projeto tituição Federal de 1988 (CF/88) e a Lei de Diretrizes e Bases para a
de escola traçado nos dois primeiros marcos. Tal planejamento é Educação Nacional (LDB). Com base nesses documentos podemos
um processo contínuo de conhecimento e análise da realidade es- compreender a Gestão Educacional como a forma de planejar, or-
colar em busca da solução de problemas no propósito de tomada ganizar, normatizar, regular e executar a educação escolar pelos sis-
de decisões. temas de ensino, que, por sua vez, são regulados pelos respectivos
Nesse sentido, deve passar periodicamente por avaliação e re- entes federados: nacional, estadual, municipal e distrito federal.
visão, tendo em vista o redirecionamento das ações. Isso porque, Sobre o significado dos termos concernentes à gestão educa-
o Marco Operacional indica o caminho a seguir antecipando resul- cional, vale organizá-los conforme o contexto a que se refere, a fim
tados, uma vez que articula objetivos e elementos para atingi-los, de viabilizar a melhor compreensão do leitor. Assim, apresentamos
como as estratégias, os recursos e os responsáveis. Assim, definem- abaixo, de forma breve e à luz de alguns autores da área e de do-
-se ações de curto, médio e longo prazo a serem realizadas nos âm- cumentos oficiais, concepções sobre o termo gestão nas diversas
bitos pedagógico e administrativo, as quais estão correlacionadas esferas de sua abrangência no contexto educacional.
com o Plano de Ação da escola. Em linhas gerais, o termo gestão é concebido por Libâneo
Além disso, o Marco Operacional deve contemplar a descrição (2008) como a atividade pela qual são mobilizados meios e proce-
de quais projetos e/ou programas, sejam eles institucionais/esta- dimentos para se atingir determinados objetivos, ou seja, são “os
duais/ federais, que a escola desenvolve. No entanto, deve ter em processos intencionais e sistemáticos de se chegar a uma decisão e
mente sempre que as ações didático-pedagógicas descritas terão de fazer a decisão funcionar [...]” (LIBÂNEO, 2008, p. 101).
como ponto de partida e de chegada a articulação com a PPP. No contexto educacional, a gestão é concebida por Paro (2010)
Essa parte do PPP é a referência para a sua execução, pois é um como o ato de administrar ou de mediar todos os recursos, mobi-
instrumento para guiar as ações da escola. Para tanto, o marco ope- lizando-os para a obtenção de resultados. Ainda na concepção do
racional deve conter as proposições de ações voltadas às situações autor, a gestão educacional, com ênfase no papel desempenhado
identificadas no marco situacional (diagnóstico) considerando o pelo diretor escolar, pode ser comparada à administração empre-
marco conceitual (fundamentos) em que se estabeleceu a intencio- sarial, que se curva muito mais aos aspectos burocráticos do que às
nalidade. As ações na prática indicam como a escola pretende che- ações de natureza diretamente pedagógicas.
gar ao projeto de escola político e pedagógico. Reflete as decisões No caso dos Sistemas de Ensino, com base na LDB e demais
tomadas pelo grupo e pelas quais os diretores são responsáveis por legislações educacionais, a gestão é dirigida ou administrada por ór-
mobilizar a efetivação, ou seja, implementar as ações propostas gãos (Secretarias de Educação, diretorias de ensino), que orientam,
neste documento. instituem normas, acompanham e avaliam o desenvolvimento do
A implementação do PPP acontece na inter-relação entre os trabalho pedagógico nas unidades de ensino.
três marcos (situacional/conceitual/operacional), por meio da efe- Além das esferas de abrangência supramencionadas, há ainda
tiva execução das ações assumidas coletivamente. a gestão que ocorre no interior dos estabelecimentos de ensino,
Uma dica para os diretores organizarem melhor o marco opera- ou seja, feita no cotidiano de cada escola. Nesse espaço o trabalho
cional é dividir as ações em curto prazo, médio prazo e longo prazo. escolar conta com a orientação e o acompanhamento de gestores
Para as ações de curto prazo, pode-se estabelecer um formato se- escolares, tanto no âmbito administrativo como na organização do
melhante ao Plano de Ação da escola, pois este é um instrumento trabalho pedagógico.
de planejamento dinâmico com o intuito de especificar ações ime- Portanto, abordar o tema gestão consiste em lançar questões,
diatas e contínuas. As ações de médio e longo prazo preveem os discussões e declarações sobre um processo intencional, de caráter
projetos e programas que a escola pretende desenvolver ou dar político e social. Trata-se de uma ação, que materializará o planeja-
continuidade incorporados às práticas escolares. mento ideológico e político que a fundamenta.
A gestão educacional a partir do PPP Vale retomar que a partir das reformas educacionais ocorridas
Abordar o tema Gestão Educacional é uma tarefa complexa no Brasil após o período da ditadura civil militar, na década de 1980,
em virtude, principalmente, de sua abrangência. Significa tecer o advento da CF/88 estabeleceu uma lógica de participação federa-
considerações sobre as ações pedagógicas desenvolvidas no cam- tiva na oferta e no desenvolvimento da educação escolar.
po educacional, e, por conseguinte, fomentar reflexões sobre as Por meio do estabelecido regime de colaboração entre os entes
concepções que motivam o desenvolvimento do todo o processo federativos (sistemas: federal, estaduais, municipais e do distrito fe-
educativo. deral), iniciou-se um processo de descentralização do planejamen-
Sabemos que a Educação sistematizada não é imparcial e que to, do financiamento e da administração do ensino.
o desenvolvimento de um projeto de educação é permeado de in- Anterior à promulgação da CF/88, os encontros, as conferên-
tenções e de ideologias (FREIRE, 2002). Do mesmo modo, quando cias internacionais já davam sinais de grande influência sobre a edu-
falamos em Gestão Educacional nos referimos à materialização de cação brasileira. Essa articulação com os organismos internacionais
intenções e de planejamentos repletos de influências ideológicas. suscitaram planos, programas, documentos oficiais e dispositivos
legais que modificaram concepções e ações em torno do cenário
educacional do país, principalmente a partir da década de 1990.

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Nessa esteira, com a perspectiva de descentralização da gestão Entre as reformas ocorridas na época, a promulgação da CF/88
escolar, a legislação educacional passou a regulamentar a ampliação consolidou a conquista de direitos sociais, inclusive no que se refere
da autonomia da escola quanto à organização do processo educati- à democratização da educação e abriu possibilidades de ampliação
vo, o que culminou na elaboração de Projetos Políticos Pedagógicos da participação popular na gestão educacional e favoreceu o desen-
(PPP) preconizados em lei. Consoante a isso, nos termos da LDB, em volvimento da autonomia dos entes federados e dos sistemas de
seu artigo 12, fica estabelecido que, entre outras atribuições, cabe ensino. Os movimentos sociais em prol da democracia alcançaram
aos estabelecimentos de ensino: “elaborar e executar sua propos- o interior das unidades escolares, fortalecendo a implementação
ta pedagógica, administrar seu pessoal e seus recursos materiais e dos órgãos colegiados.
financeiros, assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula Na década seguinte, anos de 1990, a educação escolar foi pauta
estabelecidas”, velar pela aprendizagem dos alunos, assegurando, de muitos estudos teóricos e de agendas políticas. Nesse período,
inclusive formas de recuperação da aprendizagem, além de promo- uma das ações de expressiva relevância consiste na promulgação da
ver a articulação com a família e com a comunidade em geral. nova LDB/96, que, apesar de suas limitações e/ou omissões, vem
Sobre a elaboração do PPP na escola, Libâneo, Oliveira e Toschi garantir no texto legal a abertura da gestão educacional, principal-
(2009, p.178) afirmam que o documento/ação é “[...] proposto com mente ao estabelecer a prática da democracia no planejamento e
o objetivo de descentralizar e democratizar a tomada de decisões nas decisões do trabalho escolar como um dos princípios funda-
pedagógicas, jurídicas e organizacionais na escola, buscando maior mentais de desenvolvimento da educação escolar. Assim, estabe-
participação dos agentes escolares”. leceu-se a organização do espaço e do trabalho pedagógico escolar
Podemos notar que a elaboração do PPP vai ao encontro dos tendo como participantes dessa gestão pais, alunos, professores e
princípios constitucionais que agrega à educação o direito funda- demais educadores, com vistas à articulação efetiva entre a institui-
mental inalienável e como vistas à formação integral do aluno. Pois, ção escolar e a comunidade.
ao produzirem o PPP, as unidades escolares, em consonância com Diante dessa concepção de gestão participativa e democrática
os respectivos órgãos administrativos, devem garantir que sejam surge a necessidade de implementação de ações e de mecanismos
priorizadas as necessidades e as realidades dos alunos e da comu- voltados às perspectivas políticas e educacionais da gestão escolar.
nidade local/regional. Vale retomar a CF/88 para não perdermos de vista que o texto
Nesse percurso que aponta para a consolidação da educação legal garantiu, por um lado, a autonomia aos sistemas de ensino em
participativa, Freire (2003) tece advertências sobre algumas ca- elaborarem as suas propostas pedagógicas e por outro lado, por
racterísticas histórico-culturais da educação escolar que precisam meio da LDB, estabeleceu a participação dos profissionais da edu-
ser superadas. Entre elas, destacam-se: a superposição da escola à cação e dos pais de alunos no planejamento e no acompanhamento
realidade escolar local/regional, a orientação excessivamente cen- de seus projetos pedagógicos locais.
tralizadora das instituições escolares; o histórico autoritarismo e o No desdobramento desse cenário, foram surgindo progressi-
caráter assistencialista das atividades (BEISIEGEL, 2008). vamente necessidades de planejamentos e de elaboração de do-
Por outro lado, para que a educação escolar cumpra o papel cumentos oficiais que garantissem a consolidação das perspectivas
de formação integral, torna-se necessário o planejamento de ações lançadas nos projetos educacionais.
educativas voltadas à educação para e pela cidadania, o que sig- Notamos nesse contexto que os termos planejamento, plano
nifica transformar o ambiente escolar num espaço de práticas de- e projetos se tornaram alvos de muitos estudos e passaram a ser
mocráticas e democratizantes. Nessa perspectiva, a produção de comumente incorporados nos discursos relacionados aos processos
mecanismos e instrumentos de gestão democrática no espaço in- de gestão educacional.
tra-escolar se torna condição sine qua non. Gandin (2001) aborda a questão concernente ao planejamento
Considerando o exposto, salientamos neste texto a importân- e declara que podemos compreendê-lo como as ações a serem exe-
cia das reflexões e das discussões em torno da construção do PPP cutadas com vistas às necessidades de alguém ou de grupos, tendo
escolar, pois compreendemos e defendemos que esse instrumento/ por base o que é socialmente desejável.
mecanismo de gestão educacional pode viabilizar a educação parti- Entretanto, elucida que,
cipativa, a qual concebemos como um dos pilares para a efetivação É impossível enumerar todos os tipos e níveis de planejamento
da democracia na gestão da escola. necessários à atividade humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa
Sendo assim, este estudo tem como objetivo central refletir e humana condenada, por sua racionalidade, a realizar algum tipo
lançar a discussão sobre a importante função social do PPP escolar de planejamento, está sempre ensaiando processos de transformar
na organização e no desenvolvimento do projeto educativo voltado suas ideias em realidade. Embora não o faça de maneira consciente
à participação popular, na perspectiva de uma educação não ape- e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura básica que a leva
nas participativa, mas, sobretudo, democrática. a divisar o futuro, a analisar a realidade e a propor ações e atitudes
para transformá-la (GANDIN, 2001, p. 85).
O Projeto Político Pedagógico como mecanismo da gestão No que se refere ao termo projeto, Veiga (2013) esclarece que
educacional democrática está ligado à ideia de lançar para diante, ao futuro. No caso educa-
O processo de redemocratização do Brasil na década de 1980 cional, a autora afirma que se trata de planejar o que se tem a in-
suscitou mudanças importantes no cenário educacional. Esse perí- tenção de fazer, de realizar, partindo da realidade constatada, tendo
odo foi marcado pela busca da abertura política, com participação por base os recursos disponíveis e visando a alterações do futuro.
popular e a organização da sociedade na luta por direitos, por ges- Trata-se da busca de um rumo, uma direção. É intencional e,
tão democrática do Estado, em prol da construção de uma socie- no caso educacional, constitui-se como um compromisso definido
dade mais justa e igualitária. Esse cenário favoreceu mudanças nas coletivamente, a partir dos interesses reais e coletivos da população
concepções e no planejamento de ações e políticas educacionais majoritária e caminha na direção da formação do cidadão para um
voltadas para a abertura à democracia. tipo de sociedade, daí a sua dimensão política. (VEIGA, 2013).
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Na dimensão pedagógica é caracterizado pela possibilidade de produzido a partir das aspirações sociais. Contudo, a sua aprovação
efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do ci- marcou o início de um novo momento para o cumprimento das me-
dadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. tas projetadas para uma década (MILITÃO; PERBONI, 2017).
Define as ações educativas e as características necessárias às esco- Vale retomar que, assim como mencionou Gracindo (2009)
las de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade (VEIGA, sobre o primeiro PNE, o novo plano resultou na reelaboração dos
2013). planos educacionais dos estados e municípios.
Por fim, quanto ao sentido de plano, concebemos neste texto Outro documento de importância na orientação da educação
como as formas escritas de oficialização dos planejamentos e dos escolar se trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa-
projetos. ção Básica (DCNs), criadas pelo Conselho Nacional de Educação com
o propósito de articularem os princípios, os critérios e os procedi-
Bases legais para a elaboração do Projeto Político Pedagógico mentos a serem observados nos sistemas de ensino e nas unidades
Considerando as abordagens anteriores, é importante salien- escolares com vistas aos objetivos da educação básica para o ensino
tarmos a necessidade e as formas de materialização dos projetos e da etapa escolar obrigatória, que compreende os alunos de 4 a 17
planejamentos voltados à gestão educacional. anos de idade. Tal documento visa orientar os estabelecimentos de
Ao longo das décadas, observamos o surgimento de diversos ensino na elaboração de seus PPP, tendo como foco a garantia do
documentos oficiais, sendo que alguns contaram com a força da lei acesso, da permanência e da aprendizagem almejada dos alunos
e outros foram publicados como diretrizes e propostas aos sistemas
em prol da oferta da educação de qualidade.
e estabelecimentos de ensino.
Mais recentemente, foi criada a Base Nacional Comum Curri-
Entre a gama de documentos supramencionados, destacamos
cular (BNCC), definindo as habilidades necessárias à aprendizagem
alguns que permanecem em vigência no contexto atual ou que am-
dos alunos, visando o cumprimento dos princípios da igualdade,
pararam a implementação de outros.
No âmbito federal, a definição do Plano Nacional de Educação estabelecidos na CF-88 e na LDB e buscando legitimar a unidade
(PNE) pela lei 10.172/01, constituiu-se em um documento com me- e a qualidade da ação pedagógica na diversidade do país (BRASIL,
tas e ações com prazo de cumprimento de dez anos. Teve o objetivo 2017).
combater o analfabetismo, universalizar, prioritariamente, a educa- Diante disso, o documento define um conjunto de conteúdos
ção básica e garantir a qualidade do ensino e a permanência do curriculares básicos, que devem estar articulados com as diversas
aluno na escola, estando em conformidade como o estabelecido na dimensões da vida social/cidadã. E por isso, abrange conteúdos
Constituição Federal de 1988. complementares, definidos pelos sistemas de ensino e pelas unida-
Na explanação de Gracindo (2009), a aprovação desse PNE tor- des escolares, conforme as características regionais e locais (BRA-
nou-se a base para os planos decenais das outras instâncias fede- SIL, 2017).
rativas de poder (estados e municípios), bem como para a elabo- Assim como os documentos citados anteriormente, a BNCC
ração dos planos plurianuais, que dariam suporte à realização de fundamenta a elaboração dos PPP institucionais e escolares.
suas metas. Vale ressaltar que a partir do PNE, os planos estaduais A primeira versão da BNCC foi apresentada à sociedade entre
e municipais passaram a ser encaminhados aos respectivos poderes outubro de 2015 e março de 2016. Em 2016 a segunda versão da
legislativos, ganhando força de lei e representando as decisões da BNCC foi publicada, após passar por discussões entre as Secreta-
sociedade nos âmbitos regionais e locais. rias Estaduais de Educação e redes de educação de todo país. Esse
Para Gracindo (2009), um dos pontos fortes do PNE se deve ao processo foi coordenado pelo Conselho Nacional de Secretários de
fato da apresentação quantificada e datada de suas metas, o que Educação (Consed) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais
possibilitou a verificação de seu cumprimento. A autora ressalta de Educação (Undime). Em 2017, a segunda versão da BNCC passou
que após o prazo de dez anos da promulgação do primeiro PNE, ve- por revisões e foi complementada, o que deu corpo à terceira ver-
rificou-se que, apesar do amparo legal, o documento não garantiu são, disponibilizada para consulta pública no site do Ministério da
impactos que influenciassem diretamente na concepção de políti- Educação (MEC).
cas públicas. Gracindo (2009) destaca o Plano de Desenvolvimento Vale ser destacada que o documento oficial da BNCC afirma
da Educação (PDE), apresentado à sociedade brasileira, em maio de que a segunda versão foi examinada por especialistas do Brasil e de
2007. Trata-se de documento constituído por 28 ações voltadas à outros países e que, em distintos momentos, a terceira versão pas-
educação básica, das quais “todas se voltam para, de alguma ma-
sou por análises de leitores críticos, como especialistas, associações
neira, intervir na melhoria da qualidade do ensino e somente oito
científicas e professores universitários, sendo que esses emitiram
garantem, direta ou indiretamente, a ampliação do acesso e per-
pareceres referentes às especificidades das etapas da Educação Bá-
manência dos estudantes na educação básica” (GRACINDO, p. 78).
sica.
A autora enfatiza que, assim como o PNE/2001, o PDE não provocou
impactos na realidade educacional. Destacamos que, conforme o PNE, o levantamento da realida-
Na atualidade, o novo PNE (2014-2024) foi definido pela lei de, bem como as ações planejadas e implementadas para o alcan-
13.005/14, representando, por um lado, o final de um processo e, ce das metas e dos objetivos presentes nos documentos oficiais,
de outro, o início de outro momento. Não significa que se trata de como as DCNs e a BNCC, são responsabilidades dos estados, dos
uma ruptura, mas de um marco representativo, sendo configurado municípios, das instituições de ensino e de educadores de todos os
pelo resultado de um longo processo de discussões com a socie- segmentos do país.
dade, a partir das Conferências de Educação (Nacional, estaduais, Dentro dessa perspectiva, a CF/88 estabelece que cada um dos
intermunicipais e municipais) e de embates no âmbito do congres- entes federativos, usando da autonomia conferida pela lei, elabore
so nacional com as emendas e/ou tentativas de alterações do texto e implemente ações e políticas que atendam as necessidades edu-
cacionais locais e regionais, bem como garantam a articulação com
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os interesses públicos de todo o país. Por isso, os documentos ofi- Sobre a construção do PPP na escola, ressalta-se que deve ser
ciais elaborados pelos sistemas de ensino estaduais e municipais pautada nos princípios de igualdade, qualidade, liberdade, gestão
devem estar em conformidade os da esfera federal. democrática e valorização do magistério. Visa à concretização de
Notamos que os documentos citados acima visam, em tese, um novo jeito de promover a gestão, partindo da reflexão coletiva
contribuir para a construção de uma educação de melhor qualida- sobre os princípios supracitados e projetando ações voltadas às ne-
de, considerando as características e peculiaridades de cada região cessidades locais.
e localidade do país, tendo como foco a garantia das aprendizagens Ainda sobre a sua construção, alguns elementos básicos devem
fundamentais à formação humana dos alunos. contemplados: as finalidades da escola, a estrutura organizacional,
o currículo, o tempo escolar, o processo de decisão, as relações de
Conceitos e considerações sobre o Projeto Político e Pedagó- trabalho, a avaliação. Contudo, a escola deve assumir a tarefa fun-
gico escolar damental de refletir sobre os seus objetivos e sobre o seu papel
Os documentos oficiais mencionados na seção anterior bus- na formação humana, política e social (FREIRE, 2006; VEIGA, 2013).
cam orientar a elaboração dos documentos-base que representam Por se constituir em um processo democrático de decisões na
os planos e projetos pedagógicos dos sistemas de ensino e das es- gestão educacional, algumas ações são indispensáveis na elabo-
colas. Assim, com amparo da LDB e de resoluções específicas, cada ração do referido documento. Em consonância com Vasconcellos
sistema de ensino regulamenta os seus regimentos e/ou estatutos- (2013), destacamos algumas que consideramos vitais para a sua
para estabelecerem as diretrizes e as orientações administrativas e construção:
pedagógicas concernentes à organização do trabalho educacional. · Reuniões pedagógicas com a equipe escolar, onde a escuta e
Da mesma forma, as unidades escolares elaboram os seus re- o registro do parecer de todos os segmentos do conjunto de profis-
gimentos internos, representados pelas suas diretrizes, suas orien- sionais devem ser considerados.
tações e suas normas específicas. Entretanto, vale lembrarmos que · Implementação dos órgãos colegiados, partindo da discussão
esses documentos, ou seja, suas normatizações devem estar alinha- de sua finalidade e do estudo de como viabilizá-los.
das com as legislações vigentes. Ou seja, a escola possui uma au- · Reuniões pedagógicas ou conferências abertas a toda comu-
tonomia relativa para elaborar os seus documentos-base internos. nidade escolar, refletindo e discutindo sobre a questão da respon-
Entre os documentos elaborados pelas unidades de ensino, sabilidade de cada e do coletivo no desenvolvimento da gestão do
destacamos dos que podem ser considerados peças centrais no de- trabalho educativo.
senvolvimento da gestão educacional, o regimento escolar e o PPP. · Ações e atividades pedagógicas que envolvam a comunidade,
Com base na legislação educacional, podemos caracterizar o salientando sobre a responsabilidade para com o projeto escolar.
regimento escolar como em um instrumento em que se estabe-
A relação entre a construção do PPP e a gestão educacional
lecem as diretrizes administrativas e as orientações para a vida
passa pela autonomia da escola quanto ao delineamento de sua
escolar. Ele estabelece as normas a serem seguidas, velando pela
identidade. A relação de poder e com o poder da liderança é algo
materialização dos direitos e dos deveres de todos que convivem
imprescindível. Cabe a orientação Freire (2006) quando salienta
no ambiente escolar. Esse documento deve ser produzido mediante
que na gestão educacional o poder conferido ao gestor líder deve
reflexões e diálogos entre a comunidade escolar, já que vislumbra a
ser utilizado em favor do bem social e jamais para impor as suas
melhor convivência entre todas as partes envolvidas.
próprias “verdades”.
O outro documento escrito que representa a vida da escola
Ressaltamos ainda que é de suma importância que a constru-
é o PPP escolar, que se trata de um mecanismo oficializado que, ção do PPP passe pela avaliação do trabalho escolar e após a sua
em tese, representa e apresenta a realidade e as necessidades da elaboração seja acompanhado e avaliado continuamente, garantin-
escola. O seu conteúdo deve ser conhecido, bem como revisitado do, assim, a sua dimensão de controle social (VEIGA, 2013).
permanentemente pela comunidade escolar (VEIGA, 2013). PPP e Observamos que a escola sempre foi um espaço social marca-
regimento escolar devem ser produzidos em conformidade um com do, por um lado, por inúmeras contradições, que dão forma às re-
o outro e com as legislações vigentes. lações opressor/oprimido, controlador/controlado, administrado/
Ainda sobre o PPP, deve ser um documento revelador da iden- administrados e por outro lado pela luta de uns e acomodação de
tidade da escola, deve projetar ações e refletir os fundamentos da outros (FREIRE, 1987).
organização do trabalho escolar, bem como a sua realidade. Em oposição às contradições supramencionadas defendemos
Nas palavras de Veiga (2013), neste estudo a importância do PPP escolar como articulador do mo-
[...] o projeto político-pedagógico tem a ver com a organização delo de gestão educacional pautado na democracia.
do trabalho em dois níveis: como organização da escola como um Entendemos que a educação escolar abrange possiblidades
todo e como organização da sala de aula, incluindo a sua relação plurais de lançar sua comunidade à evolução do pensamento ingê-
como o contexto social imediato, procurando preservar a visão de nuo para o patamar da consciência crítica. Isso implica possibilitar
totalidade. Nesta caminhada será importante ressaltar que o proje- o conhecimento (lúcido e crítico) da importância do seu papel na
to político-pedagógico busca a organização do trabalho pedagógico organização do trabalho pedagógico, de tal forma que cada um as-
da escola na sua globalidade (VEIGA, 2013, p 14). suma as responsabilidades quanto à ingerência da escola (FREIRE,
Reiterando as palavras acima, o PPP deve ser concebido como 2016).
o instrumento de organização do trabalho escolar na micro e na
macro dimensão. Deve ser fundado em princípios que garantam os
direitos e os deveres de sua comunidade e, portanto, precisa ser
um produto social e estar fundado nos princípios constitucionais da
escola pública e gratuita, conforme vimos acima.
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Neves (2005) enfatiza que a nova pedagogia da hegemonia, “Projeto – é um instrumento de programação para alcançar os
que busca educar o consenso da sociedade, por meio da assunção objetivos de um programa, envolvendo um conjunto de operações,
de responsabilidades do Estado, tem velado a histórica ingenuidade das quais resulta um produto final que concorre para a expansão ou
das camadas populares no que se refere aos processos decisórios aperfeiçoamento da ação do governo” (GARCIA, 1997, p. 6).
da gestão educacional. O progressivo incentivo ao trabalho volun- Ensino Fundamental e Médio
tário nas últimas décadas, o fortalecimento das parcerias do Estado As medidas tomadas pelo governo brasileiro em relação à edu-
com o terceiro setor, destacando-se as Organizações Não Governa- cação básica constituem um conjunto de políticas públicas estabe-
mentais – ONGS – voltadas, muitas vezes, a projetos assistenciais lecidas na tentativa de colocar o país em condições similares aos
– tem resultado na impressão de participação efetiva da sociedade presentes nos demais países, tanto nos resultados alcançados pelos
na gestão das políticas educacionais, pois, de certa forma, a parti- alunos como na duração da escolaridade obrigatória.
cipação existe, porém é, na maioria das vezes, restrita ao plano da Na década de 1990, com a globalização ocorreram várias mu-
execução e não da construção/elaboração coletiva. danças no mundo do trabalho e nas relações sociais. Em relação à
Em oposição ao modelo de gestão acima, concordamos com educação, foi aprovada a proposta do governo em 1996, a Lei de
Freire (2006) na defesa de outro jeito de gerir o trabalho pedagó- Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394 de 20 de De-
gico escolar, que é através da participação consciente, crítica e re- zembro de 1996. “[…] pelo seu caráter geral, possibilitou um con-
flexiva do público em questão, que busca melhorias em seu projeto junto de reformas que foi se processando de forma isolada, mas
educativo, a partir de interesses coletivos, especialmente de sua que correspondia a um bem elaborado plano de governo, que,
comunidade. articulando os projetos para as áreas econômicas, administrativa,
Para a efetivação do modelo de gestão democrática e partici- previdenciária e fiscal, foi dando forma ao novo modelo de Estado.”
pativa defendida neste artigo, torna-se essencial a incorporação de (KÜENZER, 1999, p.10)
um método fundado na práxis dialógica, que busca reduzir a frag- Tal legislação ao ser sancionada, ainda não admitia a obriga-
mentação na divisão das tarefas e do controle hierárquico, propon- toriedade da entrada de crianças no ensino fundamental a partir
do a reflexão e o diálogo sobre as necessidades do coletivo escolar. dos seis anos. A lei nº 10.172, de 9 de Janeiro de 2001, que aprova
Nessa direção, o PPP deve ser um instrumento pautado nos objeti- o Plano Nacional de Educação (2001-2011), com a sinalização na
vos e na luta de todas/os e produzido nos anseios e responsabilida- LDB lei nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996, institui entre outras
des de todas/as. medidas os objetivos e metas do ensino fundamental: Ampliar para
Em termos de conclusão, a gestão da escola não pode mais ser nove anos a duração do ensino fundamental obrigatório com início
dirigida de cima para baixo e, tampouco, ser ditada por normas ins- aos seis anos de idade, à medida que for sendo universalizado o
titucionais descoladas da realidade local. Em oposição a isso deve atendimento na faixa de sete a quatorze anos.
ser feita de uma forma mais humana, democrática, que garanta à Durante a década de 1990, viu-se construir um aparato teóri-
organização do trabalho pedagógico o seu caráter essencialmente co em torno da chamada “pedagogia das competências”, na qual
social, ou seja, que consolide o projeto educativo como um produto garantiu a propagação de um tipo de educação que considerava o
social (FREIRE, 2003).31 domínio dos “conhecimentos e habilidades necessárias ao exercício
do trabalho em uma sociedade industrializada e urbanizada” (Ra-
mos, 2002, p.19). O nível de ensino mais atingido por essa pedago-
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EDUCAÇÃO BÁSICA gia foi o ensino médio, podendo ser comprovado pela Lei nº 9.394
de 20 de Dezembro de 1996, que no seu artigo 35 determina: O
ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima
de três anos, terá como finalidades:
Supervisão e avaliação do desenvolvimento e do alcance das I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos ad-
políticas públicas para a educação básica e de ensino médio quiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento
Práticas de Política Pública de estudos;
Política pública são ações sociais coletivas que têm por objetivo II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do edu-
à garantia de direitos perante a sociedade, envolvendo compromis- cando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se
sos e tomadas de decisões para determinadas finalidades. É impor- adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aper-
tante saber como são definidas algumas atividades que requerem feiçoamento posteriores;
uma avaliação nas etapas de planejamento das políticas e instru- De acordo Brandão (2004, p.61) ao analisar as finalidades do
ções governamentais, que geram informações que possibilitam no- ensino médio postas na LDB, explica que estariam divididas em três
vas escolhas na análise para possíveis necessidades de reorienta- ideias básicas: a formação do cidadão, a preparação para o trabalho
ções de ações para se alcançar os objetivos traçados. e a preparação para continuação dos estudos.
Por isso é preciso compreender que: O Ensino Médio poderá formar o educando para o exercício de
“Programa – é um conjunto de atividades constituídas para se- profissões técnicas, sendo este item facultativo. (BRASIL, 1996). Em
rem realizadas dentro de um cronograma e orçamento específicos suma, ao término do Ensino Médio, segundo a LDB nº 9.394/96, de
disponíveis para a criação de condições que permitam o alcance de modo geral, o aluno deverá ser capaz de possuir domínio dos prin-
metas políticas desejáveis” (SILVA, 2002, p. 18). cípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna;
conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; e domí-
nio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao
exercício da cidadania.
31 Fonte: www.bdm.unb.br/www.educere.bruc.com.br/www.gestaoescolar.
diaadia.pr.gov.br/www.journal.unoeste.br
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No artigo 36 da LDB 9.394/96, são tratadas as diretrizes do cur- – Assegurar que ingressando mais cedo nas unidades de ensino
rículo do ensino médio, a compreensão do significado da ciência, a criança tenha um tempo mais longo para a aprendizagem da alfa-
das letras e das artes; o processo histórico transformação da socie- betização e do letramento.
dade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de co-
municação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania. Este O intuito do Ministério da Educação (MEC) ao estabelecer esses
artigo sugere também adotar uma metodologia e uma avaliação objetivos era o de proporcionar às crianças de seis anos de idade o
que estimulem a iniciativa dos estudantes, assim como, à inclusão ingresso mais cedo, e conclusão do ensino fundamental aos cator-
de uma língua estrangeira moderna como disciplina obrigatória es- ze anos. Vale reafirmar que as políticas de antecipação do ingresso
colhida pela escola, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das obrigatório das crianças de seis anos no ensino fundamental e a am-
disponibilidades da instituição. Ao término do curso, o educando pliação deste para nove anos de duração, que foram implantadas no
terá que demonstrar domínio dos princípios científicos e tecnológi- Brasil nestes últimos anos, como objetivo de melhorar as condições
cos que presidem a produção moderna; conhecimento das formas do nível escolar das crianças brasileiras. Por tanto, um processo de
contemporâneas da linguagem; domínio dos conhecimentos de Fi- ensino e aprendizagem de qualidade requer mais ações, responsa-
losofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania. bilidade, investimento e comprometimento, ou seja, um conjunto
O Plano Nacional de Educação foi elaborado com significativa de medidas que ultrapassem a política de focalização.
pressão da sociedade, ocorrida no Fórum Nacional em Defesa da Objetivo do Governo
Escola Pública, com a população presente, educadores, pais de alu- O principal objetivo do governo é erradicar o analfabetismo no
nos, estudantes e demais profissionais da educação impediram o país, assim como a desigualdade étnica, melhorar a qualidade de
governo a dar entrada, na Câmara dos Deputados, em 10 de feve- ensino para que assim possamos entrar no nível mundial de educa-
reiro de 1998. O plano consolidou no Projeto de Lei nº 4.155/98. O ção. Para isso o governo criou muitas alternativas das políticas pú-
PNE foi aprovado pelo Governo Federal em 2000 e regulamentado blicas voltadas para a educação: FUNDEB, Piso Salarial Nacional do
pela Lei nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001. Descrevendo metas para Magistério, IDEB, REUNI, IFET, entre outras iniciativas. O sentido é
a Educação no Brasil e tem tempo determinado de até dez anos colocar esses projetos em prática, com os fundamentos do trabalho
para que todas elas sejam realizadas. Entre as principais metas es- que vem sendo desenvolvido, visando ao aprimoramento cada vez
tão à melhoria da qualidade do ensino e a erradicação do analfabe- maior, e ao intuito de melhorar cada vez mais o sistema educacional
tismo. Nem todos os itens do plano foram aprovados pelo Governo brasileiro. O Ministério da Educação diz: “A educação, como sempre
Federal. afirmamos, é um caminho sólido para o Brasil crescer beneficiando
Dentre os principais objetivos do PDN destaca-se a elevação todo o nosso povo. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)
do nível de escolaridade da população; a melhoria da qualidade é um passo grandioso nesse sentido”.
do ensino em todos os níveis; redução das desigualdades sociais Com o Programa Mais Educação do MEC com o objetivo de in-
e regionais, na educação pública e a democratização da gestão do duzir a ampliação do horário escolar e a organização curricular na
ensino público. perspectiva da Educação Integral. As escolas das redes públicas de
Como Metas do PNE destacam-se a ampliação das matrículas ensino estaduais, municipais e do Distrito Federal fazem a adesão
no Ensino Médio, de forma a atender, no final da década, pelo me- ao Programa e, de acordo com o projeto educativo em curso, op-
nos 80% dos concluintes do ensino fundamental; implantar e con- tam por desenvolver atividades nos macro campos de acompanha-
solidar no prazo de cinco anos, a nova concepção curricular, estabe- mento pedagógico; educação ambiental; esporte e lazer; direitos
lecida pela forma de ensino médio proposta pelo MEC.; estabelecer humanos em educação; cultura e artes; cultura digital; promoção
e consolidar, em cinco anos, um sistema nacional de avaliação da da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação no campo das
Educação Básica (SAEB) e pelos sistemas de avaliação que venham a ciências da natureza e educação econômica.
ser implantadas nos estados; e, finalmente, assegurar que em cinco Essas atividades tiveram início em 2008, com a participação de
anos, todas as escolas estejam equipadas, pelo menos, com biblio- 1.380 escolas, em 55 municípios nos 26 estados e no Distrito Fede-
teca, telefone e reprodutor de textos. ral, atendendo 386 mil estudantes. Em 2009, houve a ampliação
para cinco mil escolas, 126 municípios, de todos os estados e no
Objetivos da ampliação do Ensino Fundamental Distrito Federal com o atendimento a 1,5 milhão de estudantes, ins-
A partir de 2009 a matrícula no ensino se tornou obrigatória a critos pelas escolas e suas respectivas redes de ensino. Em 2010, o
partir dos quatro anos de idade, por meio de uma emenda constitu- Programa foi implantado em 389 municípios, atendendo cerca de
cional. Antes só era obrigatória a de crianças de seis a quatorze anos 10 mil escolas e beneficiando 2,3 milhões de alunos a partir dos
de idade, depois da emenda a matrícula passa a ser obrigatória dos seguintes critérios: escolas contempladas com PDDE/Integral no
quatro aos dezessete anos, incluído pré-escola, ensino fundamental ano de 2008 e 2009; escolas com baixo IDEB e/ou localizadas em
e médio. zonas de vulnerabilidade social; escolas situadas nas capitais e nas
Com essa medida o estado estabelece o ensino fundamental cidades das nove regiões metropolitanas, bem como naquelas com
como ensino publico e subjetivo, garantido vagas e infraestruturas mais de 90 mil habitantes.
satisfatória e adequado para o desenvolvimento do ensino. Metas de maior impacto do Plano Nacional de Educação (a con-
Principais objetivos: tar de 2001)
– Melhorar as condições e a qualidade da educação básica;
– Estruturar um novo ensino fundamental para que as crianças Ensino Fundamental
prossigam nos estudos, alcançando assim um nível maior de esco- - Ampliar a duração do ensino fundamental para nove anos,
laridade; com início aos seis anos de idade;
- Assegurar escolas com padrões mínimos de infra-estrutura,
em cinco anos;
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- Assegurar o Programa de Garantia de Renda Mínima para fa- - Apoio à educação fundamental no campo;
mílias carentes (não define %); - Apoio à educação para a ciência no ensino médio;
- Oferecer escolas com dois turnos diurnos e um noturno; - Apoio à Educação Profissional com elevação de escolaridade;
- Ampliar progressivamente a jornada escolar para, pelo me- - Apoio a grupos socialmente desfavorecidos para acesso à uni-
nos, sete horas/dia; versidade;
- Promover a eliminação gradual da necessidade de oferta do - Apoio à melhoria da qualidade do ensino médio noturno;
ensino noturno. - Apoio a projetos de cursos voltados para a diversidade social
e cultural;
Ensino Médio - Apoio a projetos especiais para oferta de ensino fundamental
- Atendimento a 50% da demanda (população de quinze a de- a jovens e adultos;
zessete anos) em cinco anos; - Apoio ao combate à evasão escolar;
- Atendimento a 100% da demanda (população de quinze a de- - Apoio ao desenvolvimento da educação infantil, ensino fun-
zessete anos) em dez anos; damental, ensino médio;
- A formação superior para todos os professores, em cinco - Apoio ao desenvolvimento de atividades educativas comple-
anos; mentares nos municípios;
- Assegurar escolas com padrões mínimos de infraestrutura, - Apoio ao ensino médio de jovens e adultos trabalhadores;
em cinco anos; - Apoio ao transporte escolar no ensino fundamental;
- Assegurar programa emergencial para a formação de profes- - Aquisição de vagas na rede particular de ensino fundamental;
sores, especialmente nas áreas de Ciências e Matemática. - Avaliação Internacional de Alunos (PISA);
- Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB);
Principais benefícios para a sociedade - Avaliação Nacional das Condições da Educação Básica (ACEB);
A ampliação do ensino fundamental para nove anos se com- - Avaliação Nacional de Educação de Jovens e Adultos (ANEJA);
pactua com a prática de vários países que apresentam em média - Censo Escolar da Educação Básica;
12 anos de escolarização básica, incluindo países da América Lati- - Complementação da União ao Fundo de Manutenção e De-
na. Assim, o Brasil busca alinhar-se a tal situação, na expectativa de senvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magis-
melhorar a educação no país, por que historicamente a educação tério (FUNDEF);
brasileira enfrenta muitos desafios ainda não superados: altas ta- - Concessão de Bolsa Escola para o ensino fundamental;
xas de evasão e repetência; analfabetismo; carreira e valorização - Correção do fluxo escolar;
de professores; infraestrutura inadequada e o ingresso nas esco- - Dinheiro direto na escola para o ensino fundamental e ensino
las brasileiras não têm representado a apropriação do processo de médio;
alfabetização, sendo este um dos maiores impasses a tão buscada - Disseminação de conhecimento sobre educação especial;
qualidade na educação. - Distribuição de livro didático para o ensino fundamental e en-
Percebe-se nas camadas menos privilegiadas que a educação sino médio;
escolar é uma parte predominante na vida das crianças, sendo esta - Distribuição de material didático para a educação especial;
obrigatória, pública e gratuita. É importante reconhecer que nos - Distribuição de material especializado e de livros e textos no
últimos anos, vários esforços têm sido realizados por parte do Es- sistema Braille;
tado, no sentido de melhorar a escolarização dos brasileiros. Vale - Distribuição de uniformes escolares para alunos do ensino
ressaltar que as taxas de acesso das crianças e jovens à educação fundamental;
é de 98%, segundo a Organização para a Cooperação e o Desen- - Expansão e melhoria da rede escolar (PROMED);
volvimento Econômicos (OCDE/PNAD/2006). Os investimentos re- - Fortalecimento da Escola – Fundescola II e III;
alizados nos últimos anos, também são considerados significativos, - Funcionamento do ensino fundamental e ensino médio na
embora, não sejam suficientes para atender de fato às demandas e rede federal;
prioridades de uma educação pública de qualidade. - Funcionamento do Instituto Benjamin Constant e do Instituto
Programas e objetivo para os alunos e o professor Nacional de Educação de Surdos;
- Garantia das condições de aprendizagem com atendimento
Programa: Brasil escolarizado integral;
Objetivo: Garantir, com melhoria de qualidade, o acesso e a - Implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensi-
permanência de todas as crianças, adolescentes, jovens e adultos no médio (PROMED);
na educação básica. - Poupança-Escola para alunos carentes do ensino fundamen-
- Apoio à alimentação escolar na educação básica; tal/médio que progredirem nas séries/ciclos sem reprovação/inter-
- Apoio à ampliação da oferta de vagas do ensino fundamental rupção;
a jovens e adultos; - Produção e distribuição de periódicos para a educação infan-
- Apoio à difusão de metodologias inovadoras de professores til;
do ensino médio; - Promoção da educação especial como fator de inclusão es-
- Apoio à distribuição de materiais didáticos e pedagógicos para colar;
a pré-escola, ensino fundamental, educação de jovens e adultos; - Promoção e desenvolvimento da saúde do escolar na educa-
- Apoio à distribuição de material didático para a promoção de ção básica;
uma cultura de paz nas escolas de ensino fundamental; - Resgate da cidadania da criança e do adolescente em situação
- Apoio à educação ambiental nas escolas públicas de educação de risco;
básica; - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB).
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Programa: Escola básica ideal - Apoio à capacitação dos trabalhadores atuantes no ensino
Objetivo: Oferecer atendimento integral e de qualidade em es- fundamental;
colas de educação básica modelares de referência. - Apoio à capacitação dos trabalhadores estaduais atuantes no
- Apoio à ampliação da jornada escolar no ensino fundamental ensino médio;
e no ensino médio; - Apoio à capacitação permanente dos trabalhadores estaduais
- Apoio à implantação de projetos juvenis no ensino médio; e municipais de ensino fundamental;
- Apoio à implantação do 4º ano vocacional no ensino médio; - Apoio à educação fiscal nos Estados e municípios;
- Apoio à implantação da escola básica ideal; - Apoio à melhoria e democratização da gestão escolar das es-
- Apoio à reestruturação da rede pública de ensino para escola colas de ensino médio;
básica ideal; - Apoio à organização de sistemas estaduais de avaliação do
- Apoio ao transporte escolar no ensino médio; ensino fundamental;
- Concessão de bolsa de estudos no ensino médio. - Capacitação de gestores para o monitoramento de programas
e projetos educacionais;
Programa: Gestão da política de educação - Capacitação para o exercício do controle social;
Objetivo: Coordenar o planejamento e a formulação de polí- - Fortalecimento da capacidade tecnológica de municípios be-
ticas setoriais e a avaliação e controle dos programas na área da neficiados por programas de inclusão educacional.
educação.
- Acompanhamento do Plano Nacional de Educação; Programa: Valorização e formação de professores e trabalha-
- Capacitação de servidores públicos federais em processo de dores da educação
qualificação e requalificação; Objetivo: Oferecer oportunidades de capacidade e formação
- Certificação Nacional de Competência do Trabalhador; continuada aos professores, associados aos planos de carreira, car-
- Controle e inspeção de arrecadação do salário-educação e sua gos e salários e promover acesso a bens culturais e a meios de tra-
regular aplicação; balho.
- Cooperação internacional com países em desenvolvimento; - Apoio à capacitação de educadores para promoção de uma
- Desenvolvimento de modelos de gestão escolar para a educa- cultura de paz nas escolas de ensino fundamental;
ção profissional (PROEP); - Apoio à capacitação de professores da educação infantil;
- Desenvolvimento de parâmetros curriculares nacionais do ní- - Apoio à capacitação de professores de jovens e adultos;
vel tecnológico (PROEP); - Apoio à capacitação de professores do ensino fundamental;
- Estudos e pesquisas para a implantação das políticas para o - Apoio à capacitação de professores do ensino médio;
ensino médio (PROMED); - Apoio à capacitação de professores e profissionais para edu-
- Estudos e pesquisas sócias educativas; cação especial;
- Estudos, pesquisas, estatísticas e avaliações educacionais; - Apoio à capacitação de recursos humanos no ensino médio
- Formulação de políticas para educação nacional; (PROMEB);
- Fortalecimento da política nacional para formação de profes- - Apoio à especialização pedagógica de professores do ensino
sor do ensino fundamental; médio;
- Fórum Brasil de Educação; - Capacitação de docentes da educação profissional;
- Gerenciamento das políticas de educação a distância, educa- - Capacitação de profissionais para a área de surdez;
ção especial, erradicação do analfabetismo, inclusão educacional, - Capacitação de recursos humanos para a educação a distância
ensino fundamental, ensino médio e tecnológico, ensino superior; e para o Programa TV Escola;
- Gestão democrática das instituições da rede federal de edu- - Capacitação de recursos humanos para a educação profissio-
cação profissional; nal (PROEP/FAT);
- Implantação do centro de memória e informação do Conselho - Capacitação de recursos humanos para o uso de tecnologia na
Nacional de Educação; educação pública;
- Implantação do Sistema de Informações da Educação Profis- - Capacitação dos profissionais da educação profissional (PRO-
sional (PROED); EP);
- Implantação do Sistema Nacional de Certificação Profissional - Certificação de professores da educação infantil e fundamen-
(PROED); tal;
- Integração das fundações de apoio às instituições federais de - Concessão de bolsa de incentivo à formação inicial e continu-
educação superior e hospitais de ensino; ada de professores da educação infantil e fundamental;
- Plano estratégico do setor educacional do MERCOSUL. - Fomento à pesquisa e desenvolvimento da educação infantil;
- Fomento à pesquisa e desenvolvimento do ensino fundamen-
Programa: Democratização da gestão nos sistemas de ensino tal;
Objetivo: Promover e fortalecer a gestão democrática nos Esta- - Formação em serviço e certificação em nível médio de pro-
dos e municípios, assegurando a implantação de forma contínua e fessores leigos;
eficaz das políticas educacionais em todos os níveis e modalidades - Qualificação de docentes em nível de pós-graduação.
de ensino com a adoção de novos mecanismos de participação e
controle social.
- Apoio à capacitação de profissionais atuantes nas instituições
de educação infantil;

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A educação brasileira está longe de chegar ao seu objetivo de rientações. São essas análises que, uma vez realizadas, indicarão
se igualar ao patamar mundial, mas devemos fazer a nossa parte as supostas lacunas das ineficiências, possibilitando, assim, novas
em ajudar e a lutar para que as leis sejam posta em prática. Muitos estratégias para as suas superações.
programas para escola e professor estão disponíveis pelo governo, De modo que há uma urgente necessidade de ajustamento nas
para que possamos fazer nossa parte e melhorar o rumo da edu- políticas públicas brasileiras em todas as áreas, principalmente na
cação. Ao governo cabe investir cada vez mais na educação, pois educacional, por ser essa a orientadora e a responsável pelas de-
o investimento feito ate agora não foi o suficiente para melhorar a mais. Segundo a UNESCO,
qualidade de educação brasileira. Os problemas educacionais não tem origem exclusivamente na
Se não foi possível afirmar que os problemas da educação no educação, mas busca-se resolvê-los apenas com reformas educa-
país podem ser resolvidos com as mudanças adotadas, entretanto cionais. O tema do abandono precoce da escola é um exemplo pa-
não se pode afirmar que também nada tem foi e tem sido feito para radigmático desta situação, um alto percentual de fracasso escolar
alterar a situação. Com as reformas educacionais destacamos que tem sua origem direta nas carências econômicas, sociais e culturais
as crianças têm a oportunidade de estar na escola por um perío- que sofrem determinados grupos da população. (UNESCO, 2002, p.
do maior de tempo, se socializam melhor com as outras crianças, 102)
criando maiores oportunidades de brincar e inserir-se num contex- As metas provindas das políticas educacionais devem deter-
minar a implementação de ações que norteiem a redistribuição
to cultural novo. O ensino médio tem como principal objetivo ser
dos benefícios sociais, visando a diminuição das desigualdades e o
um complemento do ensino fundamental e preparar o jovem para
desenvolvimento socioeconômico. Nesse contexto cabe, priorita-
o mercado de trabalho e ensino superior, entretanto muito ainda
riamente, as autoridades responsáveis pelo sistema educacional,
deve ser feito para que haja menos evasão escolar nesse período.
analisar e refletir sobre os investimentos aplicados e os seus res-
pectivos resultados. O que se tem percebido, com certa nitidez, é
POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA que prioridades educacionais vem sendo substituídas por outros
A educação, por ser um dever do estado, da família e de toda interesses, que não fazem parte do sistema educativo.
a sociedade, deveria ser muito mais democratizada, com acessibili- O nosso país avançou muito com políticas públicas, nos últimos
dade assistida e a cobrança, incessante, de sua qualidade, tanto do anos, por entender que a educação é a mola mestra responsável
poder público quanto da sociedade, tendo em vista, que a sua es- pela alavancagem do desenvolvimento. No entanto, fez-se menção
sência depende dos esforços coletivos. É essa qualidade, que uma anteriormente que, não basta o esforço específico do governo, é
vez levada em conta, promoverá o desenvolvimento individual e so- preciso que todos estejam envolvidos na luta, com os mesmos ob-
cial do homem além de propiciar a efetivação da perfeita cidadania. jetivos, com as mesmas perspectivas e com mesmos sonhos. É esse
Admite-se que se refaça uma profunda reflexão sobre as ações conjunto de esforços, sobretudo os educacionais, que proporcio-
das políticas públicas na área educacional, descartando aspectos de narão a consolidação das equidades e dos valores humanos para
pouca relevância e aprimorando os que possam gerar os efeitos ne- todos.
cessários. Os programas educacionais implementados pelo governo Enfim, as políticas educacionais definem que todos tem o di-
tendem a ser úteis, desde que a sociedade não se debruce no co- reito assistido à escola, que deverá ofertar um ensino de qualidade.
modismo esquecendo-se de exigir o seu íntegro cumprimento, pois Para Comênio, “o sistema de ensino deve ser articulado, reconhe-
o acesso e a permanência a uma educação de qualidade é direito cendo o igual direito de todos os homens ao conhecimento, desen-
de todos. volvido através de uma educação permanente, durante toda a vida
Na verdade, todos aqueles que acreditam e reconhecem o di- humana”. COMÊNIO (1592-1670)
reito à educação, devem exigir a efetivação de políticas, cujos alme- As políticas que regem a educação no Brasil precisam refletir
jos estejam voltados para a sua qualidade e não para estatísticas profundamente à respeito do assunto, descartando a importância
numerológicas que só servem para uma amostragem ficticiosa. A quantitativa mas dando ênfase a qualidade que possibilitará o exer-
qualificação da educação brasileira depende dos programas oferta- cício pleno da cidadania do indivíduo. Os países de primeiro mun-
dos pelo governo, da harmonia entre esse, as entidades formadoras do sinalizam essa preocupação e não poupam nos investimentos,
e a sociedade que, por sua vez, deve refletir sobre os resultados. por terem a certeza que investir no setor educacional é, ao mesmo
tempo, apostar no desenvolvimento sociocultural de seu povo e no
As políticas públicas são ações desenvolvidas pelo Estado com
futuro promissor de seu país.
o envolvimento de compromissos e ações que possibilitem o desen-
volvimento cultural e social de um povo. É um conjunto de ações
Na concepção de Tedesco,
sociais que dependem, não só do governo, mas de toda a sociedade
Democratizar a educação seria a condição necessária para a
e das instituições educacionais, com intenções à garantia dos di- democratização social. Depois da Segunda Guerra Mundial, a ex-
reitos à cidadania de todos, principalmente dos que encontram-se pansão educativa foi considerada como uma necessidade para o
no declive da pobreza. No entanto, é preciso que haja uma relação crescimento econômico. Gastar em educação seria investir, tanto
harmônica entre o Estado, as entidades formadoras e a população, ao nível individual quanto social. Dessa forma, a democratização e o
além da definição de algumas atividades avaliativas do planejamen- desenvolvimento econômico apareceram com os objetivos básicos
to dessas políticas, para a posterior busca de novas ações. da política educacional, e foi a partir dessa perspectiva que o fun-
É sabido que a educação é uma área que requer atenção espe- cionamento real dos sistemas educacionais existentes foi avaliado.
cial do Estado, com políticas que favoreçam o fortalecimento das (TEDESCO, 1995, p. 92)
competências intelectuais, éticas e afetivas do cidadão. Os obje- É inegável que, nas últimas décadas, tenha havido uma que-
tivos traçados nas ações dessas políticas só se efetivarão a partir da no índice de analfabetismo no Brasil, graças aos investimentos
do momento em que se permita uma análise para possíveis reo- econômicos na área educacional, a preparação de profissionais e
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

a conscientização da própria sociedade que, paulatinamente, pas- O novo Plano Nacional de Educação – PNE, reacendeu muitas
sou a perceber a imensurável importância dos esforços aplicados expectativas da sociedade brasileira, que sempre almejou maiores
na educação dos filhos. Mesmo assim, a reflexão sobre a educação investimentos no setor e por acreditar na consolidação de grande
que a sociedade brasileira espera, está sendo posta como desafio. parte de suas metas. Suas estratégias estabelecidas trouxeram cre-
dibilidade e otimismo com a sinalização de mudanças positivas em
A POLÍTICA E ALGUNS DOS INVESTIMENTOS EDUCACIONAIS tempo breve. Com base no PNE, estados e municípios criaram os
O governo federal, através do Ministério de Educação e Cultu- seus Planos Estaduais de Educação – PEE e Planos Municipais de
ra – MEC, tem proporcionado programas educacionais que visam Educação – PME, ajustados ou condicionados às suas realidades.
o resgate da qualidade da educação brasileira. Programas, esses, Muitas são as leis que tem gerado expectativas à população
que demonstram as melhores intenções possíveis, mas, às vezes, brasileira, que ainda acredita em melhores dias e aguarda uma
tornam-se ineficientes pela a ausência de interesse do seu cumpri- educação que atenda as reais necessidades dos indivíduos, trans-
mento, pela falta de fiscalização dos recursos destinados, pela sua formando-os em verdadeiros cidadãos. São essas políticas públicas
má aplicação, além de uma série de fatores. educacionais que poderão fazer a diferença, possibilitando a aboli-
A implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- ção das desigualdades sociais, da exclusão e do racismo.
cional – LDBEN, Lei nº 9.394/96, que objetiva disciplinar e estrutu- Todavia, essas expectativas sinalizam a perda de forças me-
rar o funcionamento do sistema educacional brasileiro, a criação
diante a uma Proposta de Emenda Constitucional – PEC, de nº 241
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Bási-
que tem como objetivo criar um teto para os gastos públicos e fre-
ca e Valorização dos Profissionais em Educação – FUNDEB, Lei nº
ar o seu crescimento por vinte anos. Diante disso, e por saber que
11.494/07, com vigência entre 2007/2020, que orienta a aplicação
educação e saúde poderão deixar de receber um terço das verbas
dos recursos na área, com almejos no desenvolvimento social, a
instituição do Piso Salarial Nacional do Magistério – PSNM, Lei nº obrigatórias que injetariam recursos para a alavancagem nessas
11.738/08, que regulamento o salário nacional dos profissionais áreas, conclui-se que as políticas públicas educacionais dão sinal de
em educação básica, a elaboração do Plano Nacional de Educa- fraquejamento. Ora, se o setor educacional necessita da ampliação
ção – PNE, Lei nº 13.005/04, referido no artigo 214 da Constituição de investimentos para a retomada do desenvolvimento, como po-
Federal, contendo 20 metas e 254 estratégias, com vigência entre deria avançar com recursos limitados? Como consolidar as metas e
2014/2024 além de outras, trouxeram fôlego e muita energia para as estratégias do PNE, que almejam estimular a formação inicial e
a condução de uma das tarefas mais árduas e mais complexas do continuada de professores, oferecer educação integral em 50% das
seio social. escolas, ampliar investimentos do Produto Interno Bruto – PIB, em
Com normativas delicadamente elaboradas, essas leis obje- até 10% entre outras, se a PEC limita gastos?
tivam o avanço do desenvolvimento educacional básico do Brasil,
porém os seus efeitos não tem culminado onde a sociedade almeja. A ESSÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO
Os seus desnorteios se dão, graças as políticas partidárias, a ausên- O Estado brasileiro encontra-se incumbido de implementar
cia de fiscalização e de cobranças efetivas da população. políticas enérgicas que reparem supostas ineficiências e ofereçam
A LDB, no seu artigo 2º garante que a educação, dever da fa- possibilidades para os avanços norteadores da verdadeira cidada-
mília e do estado, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do nia. Acredita-se que o financiamento da educação, antecipadamen-
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação te refletido e previamente consultado a sociedade, seria a causa
para o trabalho e o artigo 32º, inciso I, faz menção ao Ensino Fun- determinante para que se alcançasse uma educação de nível qua-
damental, tendo como objetivo, o desenvolvimento da capacidade, litativo. Os recursos previstos para a educação, em especial a dos
com pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo. Contudo, é municípios, são imprescindíveis e significativos para a efetivação
preciso que se refaça a seguinte reflexão: Será que os nossos alu- dos benefícios comuns que sociedade necessita.
nos, ao concluir o Ensino Fundamental, estão correspondendo com Considera-se, portanto, ser missão do Estado, desenvolver
essas perspectivas? E ao consumar o Ensino Médio, estão realmen- projetos que elenquem metas e estratégias possíveis para a exe-
te preparados para o exercício pleno da cidadania? cução de ações. No entanto, o que se tem percebido são criações
Em relação ao FUNDEB, os recursos destinados podem até ser de apreciáveis projetos que finalmente tornam-se fictícios ou são
suficientes, mas a sua empregabilidade é que talvez não seja feita
desprezados pelo meio do caminho. O compromisso público deve
de forma legal e dentro das exigências do Fundo. Dentre os recursos
visar as verdadeiras demandas sociais oferecendo medidas que
federais, a verba da educação é uma das maiores destinadas aos
possibilitem mudanças para uma vida melhor e mais digna para a
municípios que, muitas vezes, a usam para fins que, supostamente,
sociedade.
não fazem parte do orçamento, proporcionando, de certa forma,
um déficit na área. É sabido que nenhum país progredirá se a sua educação não for
O Piso Salarial do Magistério, criado em julho de 2008, é um prioridade. A precariedade da educação traz prejuízos irreversíveis
determinante, que veio contemplar os profissionais que desem- além de contribuir para a formação de uma sociedade mascarada
penham atividades docentes, pedagogos, diretores, supervisores, e acomodada. Todas as pessoas necessitam e devem ter acesso a
orientadores, inspetores ou seja, nenhum desses profissionais de- uma educação de qualidade, que deve ser buscada nas políticas pú-
vem receber abaixo do piso. O piso passou a ser a verdadeira refe- blicas, com base nas normativas das leis que lhes garantem.
rência dos Planos de Carreira Cargos e Salários, criados pelos esta- As políticas públicas são necessárias, por fazerem parte da vida
dos e municípios, com o objetivo de valorizar os profissionais em social cotidiana, sendo decisivas ao norteamento de projetos que,
educação, além de incentivá-los ao aperfeiçoamento e permanên- uma vez desenvolvidos, propiciarão resultados satisfatórios. Pelo
cia na área. No entanto, a sua normativa não é respeitada nem tam- contrário, haveria uma perda de trabalho e de recursos, tendo como
pouco considerada como devia, por alguns estados e municípios. consequências, o descrédito e a nodoação de sequelas irreparáveis.
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Investir bem na área educacional, através de projetos que este- A priori, intenções que proporcionam comodidade à população
jam sintonizados às necessidade da sociedade, significa economizar ruralista, mas a posteriori, o atropelamento dos artigos 22 da LDB e
gastos futuros em outras áreas como saúde e segurança. Uma so- 105 da CF, que preveem o pleno desenvolvimento do indivíduo, seu
ciedade que tem a educação consolidada nos preceitos constitucio- preparo para o exercício da cidadania, qualificação para o trabalho
nais, está preparada para contribuir com o desenvolvimento de sua e estudos posteriores, após concluir o ensino básico.
Pátria. (Grifo nosso) Essa modalidade, supostamente, deixa de oferecer condições
Sabe-se que investir bem na educação é acreditar em um futu- necessárias a uma aprendizagem que possibilite ao educando o
ro melhor, em uma sociedade mais justa e igualitária. A construção exercício da cidadania, tendo em vista, muitas carências encontra-
da cidadania se dá por meio dos estudos que dependem da imple- das, desde a falta de professores capacitados, a ausência de mate-
mentação de recursos provindos das políticas públicas. No entanto, rial pedagógico e da inter-relação com outros professores, à osci-
é preciso que se democratize a sua construção, realizando diagnós- lação de internet, além de outros fatores. É um curso que poderia
ticos, discutindo os problemas com a sociedade e flexibilizando as ter como público alvo aqueles que estão com o currículo em atraso,
suas estratégias conforme as reais necessidades. que não tiveram oportunidade ou condições de participar de um
Em nosso país ainda existe o empecilho da escolarização e do curso médio normal.
sucesso acadêmico que permeia por inúmeras variáveis, desde a Com isso, termina se obstruindo qualquer possibilidade de
falta de preparo dos professores, às inadequações dos espaços fí- uma educação escolar pública qualitativa para a juventude baiana/
sicos, recursos mal administrados, condições econômicas deficitá- brasileira, sobretudo para os menos favorecidos e periféricos que já
rias, entre outras. Por isso, há a necessidade de políticas educacio- vem sofrendo o descaso da sociedade e do estado.
nais que priorize todas essas demandas para o combate à exclusão
e o avanço do desenvolvimento social. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As políticas públicas devem priorizar a qualidade da educação Por se considerar a educação um campo de cunho social, res-
para que os resultados acadêmicos dos estudantes melhorem e ponsável pela transformação positiva da sociedade, necessita ser
o nível socioeconômico se estabilize. É percebível que o financia- vista e considerada como um direito fundamental do indivíduo e
mento dessas políticas é razão decisiva para que a educação possa dever do Estado, que tem a responsabilidade de implementar políti-
alcançar o melhor nível qualitativo, proporcionando ao educando cas públicas capazes de garanti-la com qualidade. O único e exclusi-
subsídios para a consumação dos objetivos almejados. vo caminho que possibilitará as melhores condições socioeconômi-
cas de uma nação é a educação que, uma vez valorizada, propiciará
OS PALIATIVOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA oportunidades de igualdade para todas as classes sociais.
Em meio toda essa turbulência socioeconômica, que o Brasil No entanto, é preciso pensar em políticas educacionais como
vem atravessando, nos últimos anos, tem-se observado políticas essência para o norteamento da cidadania e para a formação de
que são utilizadas como meros paliativos na educação. São progra- uma base nacional igualitária e verdadeiramente ativa. Não basta a
mas de cunho político que não desenvolvem o espírito crítico, nem criação de “Reforma Educacional”, simplesmente para atender con-
o pensamento reflexivo, tampouco estimulam a criação cultural do vicções políticas, o que se espera é por um sistema que possa aten-
indivíduo. A expansão dos programas educacionais é vista com niti- der as reais necessidades da nação, atenuando as desigualdades so-
dez, mas os resultados esperados são nebulosos. ciais, desmascarando e fortalecendo o senso crítico dos indivíduos.
A Reforma do Ensino Médio, por exemplo, pode ser interpreta- As políticas públicas surgiram com o intuito de viabilizar a cons-
da, por muitos, como uma dessas medidas paliativas no setor edu- trução do bem comum de todos os cidadãos que integram a so-
cacional, uma vez que, apresenta o aumento progressivo da carga ciedade. Cabe, pois, o Estado refletir sobre o compromisso que a
horária, a farsa do ensino integral e da formação técnica e profissio- ação governamental tem com as suas implementações, para que
nal, tendo como consequências, o encolhimento do conhecimento contribuam com a transformação educacional e a efetivação da ci-
a quem o tem por direito, previsto na lei. Para o Coordenador Na- dadania, em virtude dos direitos previstos na Constituição Federal.
cional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, É percebível que as políticas educacionais, no Brasil, avança-
Essa reforma é uma falácia, porque não resolve as questões es- ram bastante nas últimas décadas, mas é percebível também, que
truturais, como a formação de professores e pontos que eram de- os seus efeitos não atingiram grande parte das metas almejadas.
mandas dos estudantes que ocuparam as escolas, como a redução Com isso, fica a sociedade credenciada a lutar por um ensino de
do número de alunos por classe. De nada adianta ênfase em exatas qualidade, que possibilite a melhoria do nível de desenvolvimento
ou humanas, se o professor for mal preparado, se não houver recur- do nosso país.
so. (DANIEL CARA, 2017)
A exemplo de alguns desses programas destaca-se, como pres-
suposto, o Ensino Médio com Intermediação Tecnológica – EMITEC,
no estado da Bahia, que originou-se em 2001, com a justificativa de COMPROMISSO SOCIAL E ÉTICO DO PROFESSOR
atender a três vertentes desafiadoras da educação baiana: a exten-
são territorial, a carência de docentes habilitados e atenuação às
desigualdades socioculturais do estado, prevendo o encolhimento Quando se fala na função social do professor, observa-se que
do êxodo rural e o desenvolvimento para o campo, além de possibi- existe um conjunto de situações relacionadas como atitudes, valo-
litar a continuidade das famílias em suas terras de origem. res, éticas, que formam itens fundamentais para o seu desenvolvi-
mento no papel da educação. No primeiro momento ira se fazer um
análise sobre as atitudes e valores de ensino, e em seguida sobre
o papel da educação no desenvolvimento de competências éticas
e de valores.
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Percebe-se que existe uma série de fatores que se relacionam Um ponto importante no processo de construção das atitudes
com o processo de aprendizagem, que envolvem professor, aluno esta o papel do professor. Ele tem a função de criar um processo de
e escola. Esses fatores são: Atitudes e valores vão se formando ao aprendizagem dinâmico entendendo a necessidade e diversidade
longo da vida, através de influências sociais; A escola tem papel do aluno, mostrando os caminhos corretos para o desenvolvimento
fundamental no desenvolvimento das atitudes e valores através de das atitudes.
um modelo pedagógico eficiente; O ensino e a aprendizagem estão Segundo Trillo ( 2000, p.44) o professor tem que ter a habili-
relacionados num processo de desenvolvimento das atitudes e va- dade de estimular os alunos através de trabalhos dinâmicos de ex-
lores de acordo com a diversidade cultural; O Professor como ponte pressão pessoal, em meio a diversidade e perspectivas diferentes,
de ligação entre a escola e o aluno, proporcionando o desenvolvi- acompanhando e valorizando os pontos dos trabalhos, de modo a
mento das atitudes no processo de aprendizagem. enriquecer as atitudes dos aluno.
Quando se fala em atitude, é comum escutar frases como: ela [...] O professor /a que procura nos trabalhos a expressão
é uma pessoa de atitude, ou não vejo que ela tenha atitude. Mas pessoal dos seus estudantes, e que os adverte valorará a origina-
afinal o que é atitude. lidade como um dos pontos importantes dos seus trabalhos, esta
De acordo com Trilo (2000, p.26) atitude é algo interno que a estabelecer as bases de uma atitude de expressão livre. E se isto
se manifesta através de um estado mental e emocional, e que não ampliar, no sentido em que, numa fase posterior do processo, cada
tem como ser realizadas medições para avaliação de desempenho um deverá ir expondo e justificando as suas conclusões pessoais,
e não esta exposto de forma que possam ser visualizados de ma- parece provável que a atitude de trabalho pessoal será enriquecida
neira clara. com a componente de reflexão e a que diz respeito a diversidade e
[...] Que se trata de uma dimensão ou de um processo inte- as diferentes perspectivas sobre as coisas [...]
rior das pessoas, uma espécie de substrato que orienta e predispõe As atitudes de valores de ensino é um processo dinâmico e
atuar de uma determinada maneira. Caso se trate de um estado construtivo, e cada vez mais necessita da presença da escola, pro-
mental e emocional interior, não estará acessível diretamente (não fessor, aluno e demais ambientes sociais, visto que o processo de
será visível de fora e nem se poderá medir) se não através de suas aprendizagem se torna eficiente e eficaz, quando todos os envolvi-
manifestações internas. [...] dos tenham discernimento de trabalhar o conhecimento tomando
A atitude é um processo dinâmico que vai se desenvolvendo no atitudes corretas de acordo com os valores éticos, morais e sociais.
decorrer da vida mediante situações que estão em sua volta como
escola, família, trabalho. Trillo(2000) relata que “atitude é mas uma O Papel da Educação no Desenvolvimento de Competências
condição adaptável as circunstâncias: surgem e mantém-se intera- Éticas e de Valores
ção que individuo tem com os que o rodeiam”. Desenvolver a educação alinhada a ferramentas como ética e
A escola é fator importante no desenvolvimento da atitude, valores não é tarefa fácil quando se depara com uma diversidade
pois no decorrer de nossa vida se passa boa parte do tempo numa de situações que se encontra na sociedade do mundo de hoje.
unidade de ensino, o que proporciona uma inserção de conheci- A educação não é a única alternativa para todas as dificuldades
mento. que se encontra no mundo atual. Mas, a educação significa um im-
Segundo Trillo (2000, p.28) a escola através ações educativas, portante caminho para que o conhecimento, seja uma semente de
proporciona os estímulos necessários na natureza para a constru- uma nova era para ser plantada e que cresça para dar bons frutos
ção de valores. para sociedade.
[...] Do ponto de vista da teoria das atitudes, pelo nos casos em De acordo com Johann (2009, p.19) a ética é um fator primor-
que se acedeu ao seu estudo a partir de casos de delineamentos dial na educação, pois já é parte do principio da existência humana.
vinculados a educação, não surgem controvérsias importantes no [...] Se a educação inclui a ética como uma condição para que
que se refere ao facto de se tratar ou não natureza humana suscep- ela se construa de acordo com a sua tarefa primordial, antes de
tíveis de serem estimulados através da ação educativa. Ou seja, pa- tudo, buscaremos compreender o que se entende por educar e de
rece existir um acordo geral segundo o qual as atitudes e os valores que tarefa se trata aqui. Para explicitar o conceito de educação que
poderiam se ensinados na escola [...] assumimos ao relacioná-la com a ética, começaremos por contex-
As ações das atitudes começam a se desenvolver logo na tualizar a existência humana, razão da emergência do fenômeno
criança quando ela esta rodeada de exemplos de família, amigos e educativo e das exigências éticas [...]
principalmente pelos ensinamentos da escola. É interessante que Percebe-se a importância da ética no processo de aprendiza-
quando se tem um ambiente favorável e principalmente dos pais, gem, onde alunos professores e escolas, devem selar este principio
acompanhando e orientando a criança, percebe-se a construção de na troca de informações para o crescimento do conhecimento.
boas atitudes. Os valores a serem desenvolvidos como uma competência edu-
De acordo com Trillo (200, p.35) as crianças imitam os compor- cacional, é um desafio para escolas, professores e alunos devido a
tamentos em sua volta, de maneira que são estimuladas através de diversidade social, em que tem que ter um alinhamento flexível do
exemplos de atitudes positivas, o que proporciona a autoestima. modelo pedagógico das escolas e da didática do professor.
[...] Nesta perspectiva, os mecanismos básicos da aquisição Segundo Araujo e Puig ( 2007, p.35) os valores mundo educa-
são a imitação e o esforço. As crianças pequenas vão imitando os cional devem ser construídos com base num envolto de ferramen-
comportamentos que observam a sua volta e, desta forma, esses tas como democracia, cidadania e direitos humanos, de modo que
comportamentos vão se fixando ou desaparecendo, como conse- estes valores a todo instante se relacionam com a diversidade so-
quência do reforço positivo ou negativo que recebem (em forma cial no ambiente interno e externo da escola.
de aprovação e reconhecimento dos outros ou em forma de auto-
gratificação: sentir-se bem, reforçar a própria autoestima, etc [...]

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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

[...] Assim o universo educacional em que os sujeitos vivem de- Inclusão: o direito à aprendizagem e o acesso à educação e
vem estar permeados por possibilidades de convivência cotidiana constituem garantias constitucionais universais, isto é, são previstos
com valores éticos e instrumentos que facilitem as relações inter- a todos os cidadãos brasileiros como dever a família e do Estado. As
pessoais pautadas em valores vinculados a democracia, a cidada- práticas educacionais inclusivas propiciam uma realidade putada na
nia e aos direitos humanos. Com isso, fugimos de um modelo de diversidade de habilidades, contextos, experiências, e capacidades
educação em valores baseado exclusivamente baseado em aulas entre alunos. À medida que as diferenças são respeitadas, maior é
de religião, moral ou ética e compreendemos que a construção de o progresso de estudantes e educadores, independente de se trata-
valores se da a todo instante, dentro e fora da escola. Se a escola e rem de portadores de quaisquer tipos de deficiências.  
a sociedade propiciarem possibilidades constantes e significativas – Padrão excludente e capacitismo: tradicionalmente, a diversi-
de convívio com temáticas éticas, haverá maior probabilidade de dade de habilidades e características intelectuais e físicas foi classi-
que tais valores sejam construídos pelo sujeitos [...] ficada pelo conhecimento científico e clínico na forma de padroni-
Contudo, a função social do professor é um ambiente bem zações excludentes. Essa perspectiva fez conformar-se no decorrer
complexo de se analisar, visto que ela esta relacionada a situações do século XVIII o denominado “corpo normal”, que consistia em um
como atitudes, valores e éticas, estes itens de grande importância parâmetro arbitrário de humanidade fundamentada em uma série
para o desenvolvimento além do professor, mas para escolas e alu- de atributos considerados indispensáveis para se constituir como
nos, pois a sociedade em que se vive, é cada vez mais diversificada, um sujeito de direitos. Um indivíduo que não se enquadrasse nes-
exigindo do professor flexibilidade de métodos de ensino, e das es- ses padrões era tido como menos apto e, portanto, era excluído
colas modelos pedagógicos mais dinâmicos, para satisfazer a neces- dos ambientes de educação, trabalho e convívio social. Daí surgiu
sidade dos alunos diversificados a fim de construir uma sociedade o capacitismo, fenômeno social e histórico, produto da sucessão es-
com conhecimento.32 trutural e sistêmica de pessoas portadoras de deficiência. 
– Lei Brasileira de Inclusão - Lei nº 13.146/2015): conhecida
também como como Estatuto da Pessoa com Deficiência, trata-se
de um grupo de diretrizes que voltadas à seguridade da promoção,
A FUNÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL DA ESCOLA. em isonomia de condições, do exercício das liberdades e dos direi-
tos fundamentais por pessoas portadoras deficiência, para fins de
sua cidadania e inclusão na sociedade. A LBI tem sua importância
A educação tem o compromisso social de desenvolver as ca- na desconstrução dessa tradição histórica, estabelecendo a defici-
pacidades cognitivas, físicas e afetivas do indivíduo, preparando-o ência como característica indissociável do contexto, por se realizar
para exercer cidadania participativa na sociedade em que se encon- na interação de um sujeito portador de um ou mais atributos diver-
tra inserido. Em outras palavras, a função social da escola no que gentes do parâmetro. Aliás, a deficiência – independentemente de
tange à garantia de direitos consiste na formação do cidadão com sua ordem – existe apenas na relação com uma realidade satura-
consolidação dos valores de solidariedade e comprometimento da de barreiras para inclusão total do indivíduo que a porta. Esses
com a transformação do meio social.  impedimentos podem ser de ordem arquitetônica (banheiros não
  adaptados, passagens estreitas, etc.), nos transportes (ausência de
• Constituição Federal 1988 - Artigo 205  corrimão e rampas etc.), tecnológicas (que impedem o acesso à tec-
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, nologia), urbanística (ausência sinal sonoro em semáforos e de piso
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, tátil, calçada desnivelada, etc.), na comunicação (ausência texto al-
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o ternativo, de libras e legendas). 
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. 
Democracia: na educação democrática, a decisão sobre seu
• LDB (1996)  destino é prerrogativa de todos. A divisão das responsabilidades e
“A educação abrange os processos formativos que se desen- as resoluções capazes de modificar a posição de cada um são toma-
volvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas das no coletivo, englobando os administradores, os funcionários, o
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organi- corpo docente e os pais dos alunos. Assim, cada um está responsá-
zações da sociedade civil e nas manifestações culturais.” (TÍTULO I vel por si mesmo e pelos outros.   
Da Educação Art. 1º)  – Aprendizagem na Escola Democrática: essa abordagem se
  fundamenta no incentivo e na prática do desejo de aprender e en-
Aprendizagem: é a função básica da escola, e consiste em as- sinar. Essa escola se baseia em três princípios: 1) autogestão - em
segurar a aquisição de habilidades, conhecimentos e valores fun- que os sujeitos que fazem parte de uma experiência de Educação
damentais à socialização do aluno, fazendo-se imprescindível que a Democrática são responsáveis por ela; 2) prazer do conhecimento -
escola proporcione o domínio dos temas culturais elementares da porque se acredita que o aprendizado proporciona prazer e alegria
escrita, leitura, da leitura, das letras e da ciência das artes. O pleno e, sendo assim, aos indivíduos que se envolvem nesse processo não
exercício dos direitos de cidadão é completamente inviável sem tais se aplicam disciplinas ou punições; 3) não existe hierarquia no co-
aprendizagens.  nhecimento, pois, de acordo com esse princípio, os conhecimentos
científico, acadêmico, comunitário, tradicional e religioso são res-
peitados, valorizados e se desenvolvem exatamente no seu contato.  

32 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Cultura: além da socialização, a educação cultural tem a capa- 5. método: trata-se da forma, isto é, a programação que se deve
cidade de integração dos diversos saberes e a promoção de seu de- seguir no PEA para que os educandos possam se apropriar de todo
bate em sala de aula. Sabe-se que a socialização do conhecimento é o conteúdo transmitido e, assim, cumprir os objetivos [Como se en-
missão da escola, mas também é sua função observar e abordar as sina e como se aprende?].
manifestações culturais como meio de ensinar e socializar os estu- 6. meios: consistem nos objetos materiais dos quais se fazem
dantes. Para que a cultura possa nutrir o processo de aprendizagem, uso no PEA como suporte das metodologias, a fim de que os edu-
é importante invalidar o caráter excludente do currículo tradicional candos possam se apropriar do conteúdo transmitido mais eficiente
de muitas escolas, pois isso reforça as desigualdades sociais, diante e eficazmente possível, e, assim, cumprir os objetivos [Com o que se
da adoção de parâmetros culturais discrepantes  à  realidades dos ensina e com o que se aprende?].
educandos. Para que haja uma cooperação entre a educação e a 7. formas organizavas: compreende toda ordenação externa
cultura, é crucial desconstruir certos estereótipos que ainda vagam que o PEA adota em conformidade com os objetivos que os edu-
nas mentes tanto de professores quanto de alunos, que insistem candos devem atingir e com o conteúdo a ser assimilado [Como or-
em legitimar como cultura somente as datas comemorativas tradi- ganizar a relação educador/educando?].
cionais e as festas popularmente conhecidas. Diante desse cenário, 8. avaliação: reflete as mudanças realizadas pelos educandos,
surge a necessidade de postar atenção às demais culturas como um se estão ou não em conformidade com o objetivo [Qual foi o nível
princípio de riqueza que pode aprimorar o processo ensino-apren- de aprendizado?].
dizagem, adotando metodologias adequadas para que o educador
possa atingir os resultados esperados. A cultura é o componente
fundamental no processo ensino-aprendizagem, sendo necessário COMUNIDADE ESCOLAR E CONTEXTOS INSTITUCIONAL E
que a escola a incorpore em seu contexto e a insira nos seus currí- SOCIOCULTURAL
culos, projetos e demais ações pedagógicas. 
– Daltonismo cultural: uma prática docente multiculturalmen-
te  direcionada, (que desafie os obstáculos estabelecidos pela di- Concepção de Sociedade
versidade de culturas na sociedade e nos espaços de ensino) exige
uma conduta de superação do ‘daltonismo cultural’, tão comumen- 333435
Vivemos num mundo onde a informação é diversificada
te observado nas escolas e agente da negligencia do ‘arco-íris de e atualizada rapidamente, o mundo mudou, as pessoas mudaram
culturas’. O exercício docente orientado nesse sentido requer, ain- e, ao constatar a velocidade com que ocorrem transformações em
da, uma abordagem de valorização da bagagem cultural resultante nossa vida cotidiana, podemos afirmar que estamos diante de um
da Requer uma perspectiva que valorize e leve em conta a riqueza novo tempo, uma outra realidade que nos envolve e nos desafia.
decorrente da presença de culturas diversas no ambiente de apren- A forma com que compreendíamos a vida e tudo que acon-
dizado (CANDAU, 2003).   tecia, já não parece ser o que prevalece hoje. Vivemos uma nova
era, onde o conhecimento que tínhamos como entendimento de se
— Os processos de ensino e aprendizagem   estar no mundo (algo pronto e acabado), não é mais aceito e absor-
Definição: o processo de ensino-aprendizagem (PEA) é de- vido pela maioria das instituições, como também pelo processo que
finido como um sistema de transferência de conhecimento entre configura a produção do conhecimento.
professores e alunos, devendo se basear na objetividade do que é Isto significa que a sociedade atual exige uma prática pedagó-
necessário ao aprendizado do educando. Não se pode exercer uma gica que assegure a construção da cidadania, fundada na criativida-
educação superficial, mas uma educação que se proponha a apren- de, criticidade, nas responsabilidades advindas das relações sociais,
dizagem e o desenvolvimento, visando à transformação de pensa- econômicas, políticas e culturais. Essas reais exigências cognitivas e
mento dos educandos. A atuação do professor deve ser calcada na atitudinais requeridas nos permitem o questionamento: o que tem
contínua reflexão sobre o modo como o ensino é propiciado no am- a educação a refletir sobre as relações e transformações em curso e
biente escolar e se há correspondência com a teoria compreendida.     a formação do homem?
A educação e a escola, por sua importância política, merecem
Componentes pessoais do PEA: professor e aluno.  um papel de destaque numa proposta de sociedade. Neste esforço
de reorganização da vida social e política, velhas instituições e anti-
Componentes não pessoais do PEA: gos conceitos são redefinidos de acordo com essa lógica. Portanto,
1. problema: manifesta a demanda social. Estabelece a cir- “o que está em jogo não é apenas uma reestruturação das esferas
cunstância existente no objeto de estudo e que exige a ação de um econômicas, sociais e políticas, mas uma reelaboração e redefinição
sujeito para a sua modificação, para atendimento da demanda e das próprias formas de representação e significação social”.
cumprimento do objetivo [Por que se ensina e aprende?].  A escola tem muito que refletir sobre sua organização curri-
2. objeto: trata-se do âmbito portador do problema, que, ao cular, a começar pela compreensão de que a sua ação passa a ser
progredir, transforma-se na solução para o problema, levando ao uma intervenção singular no processo de formação do homem na
alcance do objetivo [O que se desenvolve?].  sociedade atual. Nesse paradigma, o professor já não pode ser con-
3. objetivo: consistem nas aspirações ou objetivos a se alcançar siderado como único detentor de um saber que simplesmente lhe
no PEA para se atingir as mudanças pretendidas tanto nos educan- basta transmitir, mas deve ser um mediador do saber coletivo, com
dos quando nos educadores [Por que ensinar e por que aprender?]. competência para situar-se como agente do processo de mudança.
4. conteúdo: compreende toda cultura acumulada pela hu-
manidade e que deve ser objeto de aprendizado pelos educandos,
33 https://bit.ly/2QyKpYU

como forma de se atingir os objetivos estabelecidos [O que se ensi- 34 https://bit.ly/3lzqxDx


na e o que se aprende?]. 35 https://bit.ly/32yCVdZ
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Assim, concebemos que a educação, a escola e o objeto de co- ção coletiva de novos conhecimentos sobre o mundo, na qual a
nhecimento constituem os elementos essenciais para o processo de sua proposta pedagógica permite a permanente articulação dos
formação de homens e mulheres que contribuirão para a organiza- conteúdos escolares com as vivências e as indagações da criança e
ção da sociedade. do jovem sobre a realidade em que vivem.
Podemos considerar os processos interativos, a cooperação, o
Concepção de Homem trabalho em grupo, a arte, a imaginação, a brincadeira, a mediação
do professor e a construção do conhecimento em rede como eixos
Partindo do que diz Morin36 ao se referir sobre a complexida- do trabalho pedagógico voltado para o desenvolvimento da crian-
de do ser humano: “ser, ao mesmo tempo, totalmente biológico e ça e do jovem visando à constituição do sujeito solidário, criativo,
totalmente cultural”, apresentamos nossa concepção de homem e, autônomo, crítico e com estruturas afetivo-cognitivas necessárias
em consequência, as aspirações pretendidas em relação ao cidadão para operar sua realidade social e pessoal.
que queremos formar. Entendendo o sujeito tanto biológico como O processo de desenvolvimento, na perspectiva histórico-cul-
social, temos por objetivo desenvolver no aluno a consciência e o tural, é compreendido como o processo por meio do qual o sujeito
sentimento de pertencer ao mundo, de modo que possa compre- internaliza os modos culturalmente construídos de pensar e agir
ender a interdependência entre os fenômenos e seja capaz de inte- no mundo. Este processo se dá nas relações com o outro, indo do
ragir de maneira crítica, criativa e consciente com seu meio natural social para o individual.
e social. O caminho do objeto do conhecimento até o indivíduo e deste
Alguns desafios são fundamentais no que se refere à formação até o objeto passa através de uma outra pessoa. Essa estrutura hu-
do sujeito, desenvolver competências para contextualizar e inte- mana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento
grar, para situar qualquer informação em seu contexto, para colocar profundamente enraizado nas ligações entre história individual e
e tratar os problemas, ou seja, o grande desafio de formar sujeitos história social.
que possam enfrentar realidades cada vez mais complexas. Assim,
Além dos aspectos abordados, importante lembrar que nos
acreditamos na possibilidade de formar um cidadão mais indignado
processos de aprendizagem e desenvolvimento, os ambientes edu-
com as manifestações e acontecimentos da vida cotidiana, um ci-
cacionais são espaços que possibilitam ampliar suas experiências e
dadão que saiba mediar conflitos e propor soluções criativas e ade-
se desenvolver nas diferentes dimensões humanas: afetiva, motora,
quadas a favor da coletividade, que tenha liberdade de pensamento
e atitudes autônomas para buscar informações nos diferentes con- cognitiva, social, imaginativa, lúdica, estética, criativa, expressiva e
textos, organizá-las e transformá-las em conhecimentos aplicáveis. linguística.
Para o educador Paulo Freire, o homem só começa a ser um su- As abordagens dos conteúdos não se limitam a fatos e concei-
jeito social, quando estabelece contato com outros homens, com o tos, mas também aos procedimentos, atitudes, valores e normas
mundo e com o contexto de realidade que os determina geográfica, que são entendidos como conteúdos imprescindíveis no mesmo
histórica e culturalmente, é nessa perspectiva que a escola se torna nível que os fatos e conceitos. Isto [...] pressupõe aceitar até as
um dos espaços privilegiados para a formação do homem. suas últimas consequências o princípio de que tudo o que pode ser
aprendido pelas crianças e jovens podem e devem ser ensinado pe-
Concepção de Escola los professores.

A Escola é um espaço privilegiado para o desenvolvimento das A) Conteúdos relacionados a fatos, conceitos e princípios -
relações sociais e, é nesse ambiente que a criança e o jovem inte- correspondem ao compromisso científico da educação: transmitir
ragem com grupos de sua idade, criam vínculos e laços de convi- o conhecimento socialmente produzido.
vência, além de desenvolverem habilidades e competências para B) Conteúdos relacionados a procedimentos - que são os ob-
continuar seu processo de aprendizagem. jetivos, resultados e meios para alcançá-los, articulados por ações,
Sabemos que os modos de vida também são vivenciados pela passos ou procedimentos a serem implementados e aprendidos.
escola. São variantes de diversos matizes, que se multiplicam a cada C) Conteúdos relacionados a atitudes, normas e valores -
dia e esses acontecimentos não podem ser desprezados. As ações correspondem ao compromisso filosófico da educação: promover
educativas vinculadas às práticas sociais compõem o rol de compro- aspectos que nos completam como seres humanos, que dão uma
missos da educação formal. Por isso, o cotidiano escolar exerce um dimensão maior, que dão razão e sentido para o conhecimento
papel expressivo na formação cognitiva, afetiva, social, política e científico.
cultural dos alunos que passam parte de suas vidas nesse ambiente
pedagógico e educativo. Sociedade Contemporânea
Concepção de Educação, Ensino e Aprendizagem
O sociólogo e filosofo polonês Bauman37 apresenta a socieda-
de caracterizando-a como modernidade líquida, utiliza assim está
O caráter eminentemente pedagógico da Educação no contex-
metáfora para explanar o advento de uma sociedade mais leve em
to escolar fundamenta-se numa perspectiva de considerar que a
detrimento da chamada modernidade sólida. Atualmente o que se
criança está inserida em determinado contexto social e, portanto,
deve ser respeitada em sua história de vida, classe social, cultura e vivencia difere de tempos passados, que ganham novas formas.
etnia. Nesse sentido, a escola é vista como espaço para a constru- Portanto, a modernidade sólida possui características contrárias
aos novos tempos.
36 MORIN, Edgar. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio
37 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. Ed., 2001.
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Para Bauman, vive-se hoje, uma modernidade líquida que é que domina é aquele que tem capacidade para adaptar-se a novas
marcada pela instantaneidade e pela liquidez. O conceito de liqui- formas de vida, novos lugares, que consegue decidir rapidamente e
dez utilizado pelo teórico destaca uma sociedade que não mantém agir aceleradamente. Nesse sentido, sobre a instantaneidade asso-
sua forma, não é estável, mas é marcada por transformações, de- ciada à flexibilidade,
sestabilidades, construções e desconstruções, imprevisibilidade, Bauman enfatiza: “neste mundo, tudo pode acontecer e tudo
não se atendo a um só formato, ao contrário de solidez que se refe- pode ser feito, mas nada pode ser feito uma vez por todas - e o
re à metáfora das marcas da modernidade, adjetivado por aspectos que quer que aconteça chega sem se anunciar e vai-se embora sem
de durabilidade, de controle, de estabilidade. aviso”.
A esse respeito, afirma: “Se o sociólogo empregou a metáfora Para o autor, compreende-se que a modernidade líquida de-
da solidez como marca característica da modernidade nas primeiras marca uma grande transformação nos âmbitos social, político, eco-
décadas do século XX (destruir a tradição e colocar outra, poten- nômico, ambiental, sempre no sentido de esquecer o passado, ou
cialmente superior e mais sólida, em seu lugar), na transição para seja, aquilo que significava importante nas ações dos indivíduos e
o século XXI ele destacará o novo aspecto da condição moderna, agora acaba perdendo seu efeito. As possibilidades de criar novas
desta vez baseado na metáfora da liquidez. Por isso a modernidade formas de vida são aceitas e o mundo movimenta-se conforme as
líquida passou a ser a denominação preferencial de Bauman para demandas imediatas. É o mundo do imediatismo, das coisas des-
referir-se ao contemporâneo. É essa oposição entre solidez e liqui- cartáveis. A diferença da modernidade sólida para a modernidade
líquida é a duração da ação. Na modernidade líquida, a ação é ime-
dez que permite a ele explicar a distinção entre o nosso modo de
diata, em curto prazo.
vida moderno e aquele vivido por nossos antepassados”.
Ainda, tomando-se em consideração os novos formatos e rela-
Entretanto, diante dos conceitos sólido e líquido, apresentados
ções estabelecidas pelas novas tecnologias, surgem novas relações
por Bauman, é importante considerar aquilo que Berman, enfatiza
oferecidas pela internet. Esse recurso oferece meios de conexão
como conceito de solidez. Ao contrário de Bauman, assinala que o com o mundo todo, levando os indivíduos a estarem constante-
sólido também pode sofrer alterações. O conceito de sólido tratado mente em movimento, mesmo permanecendo no lugar onde se en-
por Berman difere da definição criada por Bauman na medida em contra. A internet também favorece novas formas de relações entre
que, para o primeiro, as bases sólidas, os valores fundados na socie- as pessoas, sendo que, a comunicação ocorre por intermédio de
dade moderna são permanentes e imutáveis, já na pós-modernida- meios eletrônicos, a qualquer tempo, descartando outras formas
de, difundiram-se, sofreram alterações marcadas pelos novos pres- de contato. A mídia, assim como a internet, possibilita também re-
supostos da vida moderna. Para Bauman, somente a metáfora da passar informações em um curto espaço de tempo em uma grande
liquidez se compara a esse processo de transformação. Percebe-se, velocidade, permitindo a sensação de mobilidade. “O espaço dei-
entretanto, que, referindo-se às características gerais da moderni- xou de ser um obstáculo - basta uma fração de segundo para con-
dade, os autores compartilham as mesmas definições, apresentan- quistá-lo”. Com esse aspecto de instantaneidade, Berman destaca
do o mesmo painel sobre os tempos modernos. que é preciso adaptar-se às novas transformações, considerando-as
O sentido da modernidade apresentada por Berman é o mes- como novos processos que necessitam ser imbuídos na vida pessoal
mo em comparação ao que apresenta Bauman, na medida em am- e social:
bos ressaltam que esta modernidade é passível de transformações,
de mudanças, de desintegração de ambientes, de construção de Homens e mulheres modernos precisam aprender a aspirar à
novas formas de vida. Destacam-se, nesse movimento, algumas mudança: não apenas estar aptos a mudanças em sua vida pessoal
características, como: crescente explosão demográfica, grandes e social, mas ir efetivamente em busca das mudanças, procurá-las
descobertas nas ciências, crescimento acelerado da tecnologia e de maneira ativa, levando-as adiante. Precisam aprender a não la-
dos sistemas de comunicação de massa e expansão do mercado mentar com muita nostalgia as “relações fixas, imobilizadas” de um
capitalista mundial. Esses fatores, por sua vez, influenciam a vida passado real ou de fantasia, mas a se deliciar na mobilidade, a se
das pessoas e geram novas formas de adaptação, de movimento, empenhar na renovação, a olhar sempre na direção de futuros de-
de poder e de sobrevivência. Em tempos como esses, “o indivíduo senvolvimentos em suas condições de vida e em suas relações com
ousa individualizar-se”. De outro lado, esse ousado indivíduo preci- outros seres humanos.
sa desesperadamente “de um conjunto de leis próprias, precisa de
Referindo-se aos modos de trabalho, o ser humano busca o
habilidades e astúcias, necessárias à autopreservação, à autoimpo-
progresso, sendo visualizado como um caminho sem fim, que deve
sição, à autoafirmação, à autolibertação.”
ser alcançado constantemente, através do esforço do homem. Para
Retornando às características subjacentes à modernidade líqui-
o alcance do progresso, novos valores passam a permear as rela-
da de Bauman, o tempo é um fator que assinala esta modernidade,
ções de trabalho: a competição e a individualização que concorrem,
marcada fortemente por fatos instantâneos. simultaneamente, para o alcance deste progresso. Todos esses pro-
cessos mudam o modo de vida humana, sendo que cada indivíduo
[...] os fluidos não se atêm muito a qualquer forma e estão é responsável por encontrar meios para o alcance de melhores con-
constantemente prontos e propensos a mudá-la; assim, para eles, dições de vida.
o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhes toca ocupar;
espaço que, afinal, preenchem apenas “por um momento”. Bauman destaca: [...] são homens e mulheres individuais que
às suas próprias custas deverão usar, individualmente, seu próprio
As pessoas que comandam o mundo são aquelas que agem juízo, recursos e indústria para elevar-se a uma condição mais satis-
com maior rapidez, que mais se aproximam do momentâneo. A ins- fatória e deixar para trás qualquer aspecto de sua condição presen-
tantaneidade auxilia a dominação, no sentido de que o indivíduo te de que se ressintam.
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O trabalho, na modernidade sólida, era considerado uma vir- Desse modo, estar na sociedade de consumidores requer estar
tude, sendo fundamental para a vida nos tempos modernos para adaptado aos novos padrões do mercado. Consumir é estar de acor-
alcançar status. Capital e trabalho eram interdependentes. Os tra- do com aquilo que o mercado impõe como símbolo de comodida-
balhadores dependiam do emprego para sobreviver e o capital de- de, de autoafirmação, de conforto, de emancipação dos indivíduos.
pendia dos trabalhadores para seu crescimento. Com o trabalho, Bauman acrescenta a esses aspectos outros fatores que auxi-
o trabalhador comandava seu próprio destino. Como o modelo liam a compreender a configuração da nova sociedade. Ressalta que
fordista, o trabalhador iniciava sua carreira em uma empresa e lá a comunidade como defensora do direito à vida decente transfor-
permanecia, ficando “preso” em seu lugar, impedindo a sua mobi- mou este projeto em promover o mercado como garantia de auto
lidade. Porém, na contemporaneidade, o trabalho não é mais um enriquecimento, gerando maiores sofrimentos entre aqueles que
projeto de vida, uma base sólida, mas um significado de satisfação, não podem consumir como o mercado demanda. Ele completa essa
assim como, não significa estabilidade, como nos tempos passados. ideia, enfatizando que, na sociedade pós-moderna nenhum empre-
“Neste mundo, estabilidade significa tão somente entropia, morte go é garantido, nenhuma posição é segura. Além disso, ressalta:
lenta, uma vez que nosso sentido de progresso e crescimento é o Em sua versão presente, os direitos humanos não trazem con-
único meio que dispomos para saber, com certeza, que estamos vi- sigo a aquisição do direito a um emprego, por mais que bem de-
vos”. sempenhado, ou - de um modo mais geral - o direito ao cuidado e à
Da Era Industrial passa-se à Era do Acesso, sendo que, nesta, consideração por causa de méritos passados. Meio de vida, posição
máquinas inteligentes, na forma de programas de computador, da social, reconhecimento da utilidade e merecimento da autoestima
robótica, da biotecnologia, substituíram rapidamente a mão-de-o- podem todos desvanecer-se simultaneamente da noite para o dia e
bra humana na agricultura, nas manufaturas e nos setores de servi- sem se perceber.
ços. Segundo a lógica reinante do mundo globalizado, comandado Bauman38 enfatiza que as relações entre as pessoas também
pelas linhas mestras da tecnologia, uma multidão de seres huma- se dão de forma diferente, dependendo da situação econômica das
nos encontra-se sem razão para viver neste mundo. A ideologia de mesmas, do usufruto de bens e da posição de conforto que pos-
sustentação da economia do mercado é excludente e busca elimi- suem. Noutras palavras, dependendo da posição que se ocupa,
nar quem não entra e consegue seguir seus parâmetros. Deve-se as pessoas são consideradas como “estranhos”, pois não ocupam
executar o ofício de separar e eliminar o refugo, o descartável. Tudo a mesma posição social e servem apenas para oferecer serviços e
se estrutura a partir do privilégio e do padrão de vida e consumo. bens para o consumo, conforme afirma
Assim, mudar de emprego tornou-se algo comum, reafirmando Para alguns moradores da cidade moderna, seguros em suas
o conceito de transitoriedade e flexibilidade que marcam a denomi- casas à prova de ladrões em bairros bem arborizados, em escritó-
nada modernidade líquida. “A vida de trabalho está saturada de in- rios fortificados no mundo dos negócios fortemente policiado, e nos
certezas”. As incertezas são marcadas pelo descontrole e desconhe- carros cobertos de engenhocas de segurança para levá-los das casas
cimento das situações. Não há, neste tempo, segurança em relação para os escritórios e de volta, o “estranho” é tão agradável quanto a
ao trabalho, no sentido de permanecer nele a vida toda. praia da rebentação [...]. Os estranhos dirigem restaurantes, prome-
Os conceitos de emancipação e individualidade ganham um tendo experiências insólitas e excitantes para as papilas gustativas,
peso maior nesta sociedade, sendo que o coletivo e a comunidade vendem objetos de aspecto esquisito e misterioso, [...], oferecem
passam a ser conceitos abstratos, aquilo que vem depois das esco- serviços que outras pessoas não se rebaixariam ou se dignariam a
lhas individuais. A solidariedade é um valor que não possui mais oferecer, acenam com guloseimas de sensatez, revigorantemente
fundamento. O indivíduo é capaz de decidir sobre as ações e fins. diversas da rotina e da chateação.
Cabe ao indivíduo descobrir o que é capaz de fazer, esticar essa O poder de consumo avalia a posição social dos indivíduos.
capacidade ao máximo e escolher os fins a que essa capacidade po- Aquelas pessoas que não possuem certa posição de conforto na so-
deria melhor servir - isto é, com a máxima satisfação concebível. ciedade e que não detêm um mínimo de condições de escolha de
Nesse sentido, nada está pronto e acabado. As oportunidades consumo, acabam muitas vezes demonstrando revolta, estranheza
são infinitas ao indivíduo e sua liberdade de escolha favorece um para muitos e violência, assim, como ao que se assiste nos novos
estado de ansiedade e incertezas. tempos.
O sentimento de felicidade está, em muitos casos, ligado a Uma vez que as únicas senhas para defender a liberdade de es-
situações de consumo. “O consumo é um investimento em tudo colha, moeda corrente na sociedade do consumidor, estão escassas
que serve para o ‘valor social’ e a autoestima do indivíduo”. Neste em seu estoque ou lhes são inteiramente negadas, elas precisam
sentido, o consumismo passa a ser algo de desejo imediato. Con- recorrer aos únicos recursos que possuem em quantidade suficien-
some-se mais e, geralmente, para satisfazer desejos instantâneos temente grande para impressionar. Elas defendem o território si-
e individuais. A sociedade do consumo privilegia não só aquisição tiado através de “rituais, vestindo-se estranhamente, inventando
de bens e produtos, mas a busca incessante de novas receitas para atitudes bizarras, quebrando normas, quebrando garrafas, janelas,
uma vida melhor; novos exemplos, novas habilidades, novas com- cabeças, e lançando retóricos desafios à lei”. Reagem de maneira
petências em detrimento daquilo que ainda o indivíduo não é, para selvagem, furiosa, alucinada e aturdida [...].
aparentar uma imagem, mostrar aos outros aquilo que não é, para Além disso, cresceram as taxas de desemprego e um grande
agradá-los ou como um modo de atrair atenção. O consumo não é número de excluídos socialmente, pois os empregos tomaram no-
mais caracterizado como a satisfação das necessidades, mas serve vas configurações, não sendo possível projetar uma vida em longo
para satisfazer os desejos insaciáveis. As necessidades são sólidas, prazo, com projetos e planejamentos.
inflexíveis, já o desejo é marcado pela fluidez, são flexíveis, mutá-
veis e podem ser substituídos.
38 BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro:
Zahar, 1998.
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De acordo com estas características, Bauman destaca que Nestes tempos de mutações profundas e de incerteza acentu-
aqueles que não possuem emprego não são considerados como ada, deve-se investir muito na educação, facilitando assim o em-
“desempregados”, mas sim como consumidores falhos, pois não prego, despertando as mentes e as consciências diante dos novos
desempenham a função ativa de consumir e, portanto, não são ap- desafios, facilitando o acesso à cultura e reduzindo a exclusão. A
tos de usufruir dos bens e serviços que o mercado pode oferecer, educação é o melhor investimento social.
sendo definidos como os “pobres” da sociedade atual. Ele enfatiza Sabe-se que, entre outros fatores, pontos, movimentos e ten-
a esse respeito. dências, o cientificismo positivista impôs a fragmentação do conhe-
Antes de mais nada, os pobres de hoje (ou seja, as pessoas que cimento, sustentando a ordem econômica e social da modernidade.
são “problemas” para as outras) são “não-consumidores”, e Atualmente, não se pode mais conceber que esta fragmentação dê
não “desempregados”. São definidos em primeiro lugar por serem conta de formar e desenvolver o homem na nova ordem social vi-
consumidores falhos, já que o mais crucial dos deveres sociais que gente. Como se vê, muitas transformações têm surgido ao longo
eles não desempenham é o de ser comprador ativo e efetivo dos dos tempos: as novas tecnologias, as comunicações, a preocupa-
bens e serviços que o mercado oferece. Nos livros de contabilidade ção com o meio ambiente, a produção econômica cada vez mais
de uma sociedade de consumo, os pobres entram na coluna dos crescente e diversificada com novos produtos no mercado, deman-
débitos, e nem por exagero da imaginação poderiam ser registrados dando novos cursos de capacitação e aperfeiçoamento, entre tan-
na coluna dos ativos, sejam estes presentes ou futuros. tas outras mudanças as quais a escola deve acompanhar e produzir
Nesse panorama da sociedade de consumidores e busca pela reflexões acerca destes novos elementos.
satisfação pessoal, alguns valores e princípios passaram a tomar ou- Além disso, a escola, mergulhada neste contexto, não pode
tras configurações. O valor da responsabilidade, por exemplo, que, ficar alheia às transformações sociais e culturais advindas da so-
em outros tempos, residia no dever ético e na preocupação pelo ciedade. Mas, pelo contrário, a escola pertence ao meio social e,
outro, atualmente, configurou-se em relação a si próprio, levando o por isso, sofre as influências do meio. “A escola é uma comunida-
indivíduo a compreender-se como único responsável por seus atos de. Como parte da sociedade, ela está normalmente estruturada
e deveres, excluindo a responsabilidade pelos interesses, necessi- de forma a reproduzir a estrutura social.” Nesse sentido, Bauman
dades e desejos do outro. destaca que, muitas transformações estão permeando a socieda-
Entretanto, observa-se que, neste período atual, há certa am- de contemporânea e essas acabam por invadir todos os contextos,
biguidade em torno da vida responsável, pois surgem reflexões, or- inclusive a escola. O processo educativo escolar, de acordo com as
ganizações e movimentos em favor da vida, do respeito à natureza, novas estruturas, procura desenvolver um currículo que considera
à sustentabilidade. Enquanto se afirma que o indivíduo se preocupa as mudanças e atenda aos novos conceitos, novos pressupostos e
com si mesmo, ao mesmo tempo, surgem preocupações acerca do novas demandas.
outro e do mundo. Percebe-se que há uma evolução para a possibi- Relacionando os conceitos apresentados, pode-se dizer que
lidade de construção de uma vida responsável. a escola, na sociedade sólida, referenciando Bauman, era aquela
O panorama apresentado até aqui, certamente, não contem- que educava para toda a vida. A escola era um espaço que tinha
pla todos os aspectos referentes à sociedade contemporânea, mas como propósito estabelecer a ordem. A formação dos indivíduos
apresenta definições importantes que levam a analisar e refletir era responsabilidade de toda a sociedade, dos governantes e do
sobre a configuração subjacente aos tempos atuais e que podem Estado, com vistas a formá-los para um comportamento correto e
instigar a questão referente à tarefa da escola frente a tais aspectos moralmente aceitável. Desse modo, somente os professores eram
presentes na sociedade atual. capazes de fornecer esta formação para uma integração social, des-
Desse modo, é urgente compreender sua missão como institui- tacando uma vida correta e moral, disciplinada e eficiente. Além
ção educativa que, assim como outras instâncias, desempenha um disso, o conhecimento era um produto duradouro e a qualidade da
papel importante na formação dos sujeitos. escola era medida pela transmissão deste conhecimento de valor
adaptado ao mundo sólido. As pessoas se ajustavam ao mundo pela
A Tarefa da Escola educação, entendendo que este mundo era imutável e considera-
velmente manipulável. O professor detinha o poder de transmitir o
Compreender a missão da escola perante as novas configura- conhecimento ao aluno, compreendendo este conhecimento como
ções da sociedade, torna-se essencial para avaliar a sua tarefa, dian- justo e confiável.
te das transformações sociais e culturais e de suas implicações no Para Pourtois e Desmet39, a escola contemporânea continua a
processo educativo atual. repetir os princípios defendidos pela escola moderna, na qual en-
Desse modo, diante dos processos sociais que se desenca- fatizava o modelo de que o aluno deveria aprender as regras da
deiam na atualidade, surgem algumas questões que se referem ao vida em sociedade e o pensamento racional, sendo disciplinado
processo educativo escolar: qual é o papel da escola? A escola está por meio de recompensas ou castigos, sendo que a personalidade
preparada para formar sujeitos oriundos da sociedade descrita por individual deve ser ocultada atrás da moral do dever. Para esses au-
Bauman? A educação escolar dá conta de compreender esses pro- tores, a pedagogia moderna ainda está fortemente enraizada nas
cessos de transformação? práticas escolares.
Essas questões remetem à reflexão sobre a verdadeira missão Na passagem da modernidade sólida para a líquida, de acor-
da escola frente aos processos de mudança e ao contexto atual que, do com a visão de sociedade de Bauman, a escola assume outras
de maneira geral, recebe as influências das mudanças, passando a características, sendo que a ordem social, sólida e imutável não é
adquirir novos pressupostos, novos objetivos, novas concepções. mais aceita na chamada modernidade líquida. O mundo é diferente
Diante dos temas que perfazem a realidade, a educação é vista daquele em que a escola estava preparada para formar os alunos.
como um meio indispensável na constituição da sociedade e passa 39 POURTOIS, Jean-Pierre; DESMET, Huguette. A Educação pós-moder-
a ocupar um papel fundamental. na. São Paulo: Loyola, 1999.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

“Em tais circunstâncias, preparar para toda a vida, essa invariá- Nesse enredo, Gadotti41 enfatiza que esta época de rápidas
vel e perene tarefa da educação na modernidade sólida, vai adquirir transformações acaba por demandar uma nova configuração da
um novo significado diante das atuais circunstâncias sociais.” O co- educação na busca de um melhor desempenho do sistema escolar:
nhecimento não será mais considerado como um produto conser- Neste começo de um novo milênio, a educação apresenta-se
vado, pronto e acabado para toda a vida, assumindo, muito mais numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema
um caráter inconcluso, podendo ser substituível. O conhecimento escolar não tem dado conta da universalização da educação básica
passa a ter o objetivo de oferecer eficiência, criatividade, competi- de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas não apresentam
tividade, habilidades básicas para o mundo do trabalho. Em síntese, ainda a consistência global necessária para indicar caminhos real-
o conhecimento se transforma em informação que logo será substi- mente seguros numa época de profundas e rápidas transformações.
tuída, por considerar que rapidamente estará ultrapassado. Para esse propósito, é necessário que a escola fortaleça seu
A escola então, transmissora deste conhecimento, passa agora projeto educativo, relacionando-o com o contexto social e suas ca-
a não ser a detentora do saber, pois as novas tecnologias oferecem racterísticas, sendo este um princípio da educação contemporânea,
as informações em um rápido espaço de tempo, no qual todos têm no mesmo modo que esta educação possa sempre superar os limi-
acesso ao “conhecimento”. Os professores perdem a autoridade so- tes impostos pelo mercado, buscando a transformação social.
bre o domínio exclusivo dos saberes. A nova dinâmica do mercado Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea to-
passa a ter autoridade, decidindo sobre as formações de opiniões, mar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma educa-
verificação de valores, definindo o que é bom ou mal, belo ou feio, ção contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e
verdadeiro ou falso. Os alunos passam a dar atenção àqueles que pelo mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para a
oferecem várias possibilidades de experiência, prazer e provei- transformação social.
to (geralmente a mídia - televisão, internet), os seduzindo para a Nesse sentido, a educação, na era contemporânea, deve apro-
arte de saber viver. O professor, desse modo, não é mais aquele priar-se das informações e refletir sobre elas. O contexto deve ser
conselheiro que orientava os alunos a seguirem, de modo seguro, de um agir comunicacional, ou seja, comunicação intersubjetiva em
sua vida, através de seus estudos e saberes. Nesse sentido, a não que os outros constituem uma forma de mediação entre saberes
mais inquestionável autoridade do professor em orientar a lógica existentes e os saberes de base do sujeito. O ato educativo deve
da aprendizagem compete, [...], com as sedutoras e muito mais ter sentido no contexto social atual e deixar transparecer seus ob-
atraentes mensagens das celebridades, sejam jogadores de futebol, jetivos.
artistas, frequentadores de reality shows ou políticos oportunistas. Além disso, com as novas configurações da sociedade, a escola
Diante de todos esses desafios, Almeida40 enfatiza que, ao mes- passou a aceitar todas as visões de mundo que chegam até ela, sem
mo tempo em que Bauman apresenta tais aspectos, o próprio autor desconsiderar os direitos de propriedade das mais diversas comu-
também oportuniza uma solução para a escola poder enfrentá-los, nidades. Na modernidade, a construção da ordem era estabeleci-
destacando o poder da escola de facilitar a socialização entre os in- da pelos intelectuais, ou seja, professores e teóricos educacionais
divíduos e de promover uma sensibilização acerca do mundo atual detinham a função de “legislar acerca do modo correto de separar
e conscientizar para a busca de novas formas de relações em supri- a verdade da inverdade das culturas [...].” Atualmente, a escola en-
mento das relações individualistas. Almeida afirma: frenta o desafio de aceitar a multiplicidade de culturas e verdades
que perpassam os saberes escolares, pois a verdade do conheci-
[...] além de promover a socialização, ou seja, preparar as pes- mento torna-se questionável nesse novo contexto.
soas para o mundo cambiável em que vivemos, a individualização Almeida, parafraseando Bauman, destaca esta nova configura-
pressuposta nos mecanismos educacionais, ao mesmo tempo em ção da escola em detrimento de um espaço multicultural que apos-
que evita decretar o que é certo ou verdadeiro e provocar sua ma- ta na pluralidade de culturas, no intuito de compreendê-las, forta-
nifestação, consiste no exercício de “agitar” os estudantes e inci- lecê-las e relacioná-las com outras culturas, assinalando-as como
tar-lhes a dúvida sobre a imagem que têm de si e da sociedade em parte de um diálogo que enriquece os saberes educativos:
que estão inseridos e, nesse movimento, desafiar o consenso pre- Diante dos inúmeros “textos” que escrevem o mundo, a arte da
valecente. Os professores seriam, assim, intelectuais que ajudam a conversação civilizada é algo que o espaço da escola necessita de
assegurar que a consciência moral de cada geração seja diferente maneira urgente. Dialogar com as distintas tradições que chegam
da geração anterior. até ela, sem combatê-las; procurar entendê-las, sem aniquilá-las
ou descartá-las como mutantes; fortalecer sua própria perspectiva
A escola, articulada como uma instituição, em harmonia com (a do professor, por exemplo) com o livre recurso às experiências
a preparação de indivíduos adequados a habitar um mundo orde- alheias (a dos alunos e suas culturas, por que não?). Levando isso
nado, não se configura nos tempos atuais. Configura-se hoje como em conta, extraímos da posição de Bauman o seguinte imperativo
um espaço destinado a dar oportunidades iguais a todos, inclusive para a educação escolarizada na sociedade líquida: conversar ou
às minorias e aos excluídos, sendo um ambiente no qual se recebe perecer!
uma pluralidade de culturas e valores de uma mesma sociedade, De acordo com essa nova forma curricular, os Parâmetros Cur-
respeitando diferenças e enfatizando os princípios de solidariedade. riculares Nacionais (1997), de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (Lei Federal n. 9.394/96) destacam a valori-
zação dos temas transversais, os quais possuem a intenção de res-
ponder aos novos pressupostos e novas configurações da educação
escolar. Dentre os temas transversais salientam-se a Ética e a Plura-

41 GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Pers-


40 ALMEIDA, Felipe Quintão de; BRACHT, Valter; GOMES, Ivan Marcelo.
Bauman e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. pec]. 2000..
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lidade Cultural. De acordo com o enredo apresentado, entende-se de armas nucleares, mas pelo descontrole da produção industrial,
que a educação escolar deve preocupar-se com as condutas huma- pode-se destruir toda a vida do planeta. Mais do que a solidarieda-
nas e não só com o desenvolvimento de habilidades e competên- de, estamos vendo crescer a competitividade.
cias técnicas, mas referenciar valores que valorizem a relação com Hoje muitos educadores, perplexos diante das rápidas mudan-
o outro, já que ética e valores estão imbuídos no currículo escolar e ças na sociedade, na tecnologia e na economia, perguntam-se sobre
nas relações entre os indivíduos. o futuro de sua profissão, alguns com medo de perdê-la sem saber
Segundo Gómez42, a função educativa da escola deve cumprir o que devem fazer. Então, aparecem, no pensamento educacional,
não só o processo de socialização, mas oferecer às futuras gerações todas as palavras citadas por Abbagnano e Aurélio: “projeto” políti-
a possibilidade de questionar a validade dos conteúdos, de elaborar co-pedagógico, pedagogia da “esperança”, “ideal” pedagógico, “ilu-
alternativas e tomar decisões autônomas acerca das transforma- são” e “utopia” pedagógica, o futuro como “possibilidade”. Fala-se
ções sociais e culturais. O conjunto de conhecimentos adquiridos na muito hoje em “cenários” possíveis para a educação, portanto, em
escola só será válido se oferecer ao indivíduo um modo consciente “panoramas”, representação de “paisagens”. Para se desenhar uma
de pensamento e ação. Afirma o autor que: A formação de cidadãos perspectiva é preciso “distanciamento”. É sempre um “ponto de vis-
autônomos, conscientes, informados e solidários requer uma escola ta”. Todas essas palavras entre aspas indicam uma certa direção ou,
onde possa-se recriar a cultura, não uma academia para aprendiza-
pelo menos, um horizonte em direção ao qual se caminha ou se
gens mecânicas ou aquisições irrelevantes, mas uma escola viva e
pode caminhar. Elas designam “expectativas” e anseios que podem
comprometida com a análise e a reconstrução das contingências so-
ser captados, capturados, sistematizados e colocados em evidência.
ciais, onde os estudantes e os docentes aprendem os aspectos mais
diversos da experiência humana.
Nesse sentido, salienta-se que a existência da escola perante Educação Tradicional
a todas as transformações culturais e sociais, deve assumir uma Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga,
postura, não só de transmissão de conteúdos sem significados, de destinada a uma pequena minoria, a educação tradicional iniciou
aprendizagens mecânicas, sem sentido, somente para atender às seu declínio já no movimento renascentista, mas ela sobrevive até
influências do mercado competitivo, mas assumir a condição de hoje, apesar da extensão média da escolaridade trazida pela edu-
um espaço no qual valorize as experiências trazidas pelas culturas cação burguesa. A educação nova, que surge de forma mais clara a
e assim, construir uma interlocução entre elas, permeadas pela re- partir da obra de Rousseau, desenvolveu-se nesses últimos dois sé-
flexão, pela socialização e pela relação de valores indispensáveis à culos e trouxe consigo numerosas conquistas, sobretudo no campo
formação do homem. das ciências da educação e das metodologias de ensino. O conceito
de “aprender fazendo” de John Dewey e as técnicas Freinet, por
Educação e Sociedade no Brasil exemplo, são aquisições definitivas na história da pedagogia. Tanto
a concepção tradicional de educação quanto a nova, amplamente
Nas últimas duas décadas do século XX assistiu-se a grandes consolidadas, terão um lugar garantido na educação do futuro.
mudanças tanto no campo socioeconômico e político quanto no da A educação tradicional e a nova têm em comum a concepção
cultura, da ciência e da tecnologia. Ocorreram grandes movimentos da educação como processo de desenvolvimento individual. Toda-
sociais, como aqueles no leste europeu, no final dos anos 80, culmi- via, o traço mais original da educação desse século é o deslocamen-
nando com a queda do Muro de Berlim. Ainda não se tem ideia clara to de enfoque do individual para o social, para o político e para o
do que deverá representar, para todos nós, a globalização capitalis- ideológico. A pedagogia institucional é um exemplo disso. A expe-
ta da economia, das comunicações e da cultura. As transformações riência de mais de meio século de educação nos países socialistas
tecnológicas tornaram possível o surgimento da era da informação. também a testemunha. A educação, no século XX, tornou-se per-
É um tempo de expectativas, de perplexidade e da crise de con- manente e social. É verdade, existem ainda muitos desníveis entre
cepções e paradigmas. É um momento novo e rico de possibilida- regiões e países, entre o Norte e o Sul, entre países periféricos e
des. Por isso, não se pode falar do futuro da educação sem certa hegemônicos, entre países globalizadores e globalizados. Entretan-
dose de cautela. É com essa cautela que serão examinadas, neste to, há ideias universalmente difundidas, entre elas a de que não há
artigo, algumas das perspectivas atuais da teoria e da prática da
idade para se educar, de que a educação se estende pela vida e que
educação, apoiando-se naqueles educadores e filósofos que tenta-
ela não é neutra.
ram, em meio a essa perplexidade, apesar de tudo, apontar algum
caminho para o futuro. A perplexidade e a crise de paradigmas não
Educação Internacionalizada
podem se constituir num álibi para o imobilismo.
No início deste século, H. G. Wells dizia que “a História da Hu- No início da segunda metade deste século, educadores e políti-
manidade é cada vez mais a disputa de uma corrida entre a educa- cos imaginaram uma educação internacionalizada, confiada a uma
ção e a catástrofe”. A julgar pelas duas grandes guerras que mar- grande organização, a Unesco. Os países altamente desenvolvidos
caram a “História da Humanidade”, na primeira metade do século já haviam universalizado o ensino fundamental e eliminado o anal-
XX, a catástrofe venceu. No início dos anos 50, dizia-se que só havia fabetismo. Os sistemas nacionais de educação trouxeram um gran-
uma alternativa: “socialismo ou barbárie” (Cornelius Castoriadis), de impulso, desde o século passado, possibilitando numerosos pla-
mas chegou-se ao final do século com a derrocada do socialismo nos de educação, que diminuíram custos e elevaram os benefícios.
burocrático de tipo soviético e enfraquecimento da ética socialista. A tese de uma educação internacional já existia deste 1899, quando
E mais: pela primeira vez na história da humanidade, não por efeito foi fundado, em Bruxelas, o Bureau Internacional de Novas Escolas,
por iniciativa do educador Adolphe Ferrière. Como resultado, tem-
42 GÓMEZ, A. I. Pérez. A Cultura escolar na sociedade neoliberal. -se hoje uma grande uniformidade nos sistemas de ensino. Pode-se
Tradução: Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2001. dizer que hoje todos os sistemas educacionais contam com uma es-
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

trutura básica muito parecida. No final do século XX, o fenômeno da senso sem fricções. Ao aceitar como fundamento da educação uma
globalização deu novo impulso à ideia de uma educação igual para antropologia que concebe o homem como um ser essencialmente
todos, agora não como princípio de justiça social, mas apenas como contraditorial, os paradigmas holonômicos pretendem manter, sem
parâmetro curricular comum. pretender superar, todos os elementos da complexidade da vida.
Os holistas sustentam que o imaginário e a utopia são os gran-
Novas Tecnologias des fatores instituintes da sociedade e recusam uma ordem que
As consequências da evolução das novas tecnologias, cen- aniquila o desejo, a paixão, o olhar e a escuta. Os enfoques clássi-
tradas na comunicação de massa, na difusão do conhecimento, cos, segundo eles, banalizam essas dimensões da vida porque so-
ainda não se fizeram sentir plenamente no ensino - como previra brevalorizam o macroestrutural, o sistema, em que tudo é função
McLuhan já em 1969 -, pelo menos na maioria das nações, mas a ou efeito das superestruturas socioeconômicas ou epistêmicas, lin-
aprendizagem a distância, sobretudo a baseada na Internet, parece guísticas e psíquicas. Para os novos paradigmas, a história é essen-
ter sido a grande novidade educacional nos últimos tempos. A edu- cialmente possibilidade, em que o que vale é o imaginário (Gilbert
cação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual domi- Durand, Cornelius Castoriadis), o projeto. Existem tantos mundos
nante vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e a quanto nossa capacidade de imaginar. Para eles, “a imaginação está
da informática, particularmente a linguagem da Internet. A cultura no poder”, como queriam os estudantes em maio de 1968.
do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Na verdade, essas categorias não são novas na teoria da edu-
Internet, em particular da educação a distância com base na Inter- cação, mas hoje são lidas e analisadas com mais simpatia do que
net. Por isso, os jovens que ainda não internalizaram inteiramente no passado. Sob diversas formas e com diferentes significados, es-
essa cultura adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao sas categorias são encontradas em muitos intelectuais, filósofos e
uso do computador. Eles já estão nascendo com essa nova cultura, educadores, de ontem e de hoje: o “sentido do outro”, a “curiosi-
dade” (Paulo Freire), a “tolerância” (Karl Jaspers), a “estrutura de
a cultura digital.
acolhida” (Paul Ricoeur), o “diálogo” (Martin Buber), a “autogestão”
Os sistemas educacionais ainda não conseguiram avaliar sufi-
(Celestin Freinet, Michel Lobrot), a “desordem” (Edgar Morin), a
cientemente o impacto da comunicação audiovisual e da informá-
“ação comunicativa”, o “mundo vivido” (Jürgen Habermas), a “ra-
tica, seja para informar, seja para bitolar ou controlar as mentes.
dicalidade” (Agnes Heller), a “empatia” (Carl Rogers), a “questão de
Ainda se trabalha muito com recursos tradicionais que não têm gênero” (Moema Viezzer, Nelly Stromquist), o “cuidado” (Leonardo
apelo para as crianças e jovens. Os que defendem a informatiza- Boff), a “esperança” (Ernest Bloch), a “alegria” (Georges Snyders),
ção da educação sustentam que é preciso mudar profundamente a unidade do homem contra as “unidimensionalizações” (Herbert
os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe Marcuse), etc.
é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memó- Evidentemente, nem todos esses autores aceitariam enqua-
ria. Para ele, a função da escola será, cada vez mais, a de ensinar a drar-se nos paradigmas holonômicos. Todas as classificações e ti-
pensar criticamente. Para isso é preciso dominar mais metodolo- pologias, no campo das ideias, são necessariamente reducionistas.
gias e linguagens, inclusive a linguagem eletrônica. Não se pode negar as divergências existentes entre eles. Contudo,
as categorias apontadas anteriormente indicam uma certa tendên-
Paradigmas Holonômicos cia, ou melhor, uma perspectiva da educação. Os que sustentam os
Entre as novas teorias surgidas nesses últimos anos, desper- paradigmas holonômicos procuram buscar na unidade dos contrá-
taram interesse dos educadores os chamados paradigmas holo- rios e na cultura contemporânea um sinal dos tempos, uma direção
nômicos, ainda pouco consistentes. Complexidade e holismo são do futuro, que eles chamam de pedagogia da unidade.
palavras cada vez mais ouvidas nos debates educacionais. Nesta
perspectiva, pode-se incluir as reflexões de Edgar Morin, que critica Educação Popular
a razão produtivista e a racionalização modernas, propondo uma O paradigma da educação popular, inspirado originalmente no
lógica do vivente. Esses paradigmas sustentam um princípio unifi- trabalho de Paulo Freire nos anos 60, encontrava na conscientiza-
cador do saber, do conhecimento, em torno do ser humano, valo- ção sua categoria fundamental. A prática e a reflexão sobre a prática
rizando o seu cotidiano, o seu vivido, o pessoal, a singularidade, o levaram a incorporar outra categoria não menos importante: a da
entorno, o acaso e outras categorias como: decisão, projeto, ruído, organização. Afinal, não basta estar consciente, é preciso organizar-
ambiguidade, finitude, escolha, síntese, vínculo e totalidade. -se para poder transformar. Nos últimos anos, os educadores que
Essas seriam algumas das categorias dos paradigmas chamados permaneceram fiéis aos princípios da educação popular atuaram
holonômicos. Etimologicamente, holos, em grego, significa todo e principalmente em duas direções: na educação pública popular - no
os novos paradigmas procuram centrar-se na totalidade. Mais do espaço conquistado no interior do Estado -; e na educação popular
comunitária e na educação ambiental ou sustentável, predominan-
que a ideologia, seria a utopia que teria essa força para resgatar a
temente não governamentais. Durante os regimes autoritários da
totalidade do real, totalidade perdida. Para os defensores desses
América Latina, a educação popular manteve sua unidade, com-
novos paradigmas, os paradigmas clássicos - identificados no posi-
batendo as ditaduras e apresentando projetos “alternativos”. Com
tivismo e no marxismo - seriam marcados pela ideologia e lidariam
as conquistas democráticas, ocorreu com a educação popular uma
com categorias redutoras da totalidade. Ao contrário, os paradig- grande fragmentação em dois sentidos: de um lado ela ganhou uma
mas holonômicos pretendem restaurar a totalidade do sujeito, va- nova vitalidade no interior do Estado, diluindo-se em suas políticas
lorizando a sua iniciativa e a sua criatividade, valorizando o micro, públicas; e, de outro, continuou como educação não-formal, disper-
a complementaridade, a convergência e a complexidade. Para eles, sando-se em milhares de pequenas experiências. Perdeu em unida-
os paradigmas clássicos sustentam o sonho milenarista de uma de, ganhou em diversidade e conseguiu atravessar numerosas fron-
sociedade plena, sem arestas, em que nada perturbaria um con- teiras. Hoje ela incorporou-se ao pensamento pedagógico universal
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

e orienta a atuação de muitos educadores espalhados pelo mundo, Sociedade da Informação e Educação
como o testemunha no Fórum Paulo Freire, que se realiza de dois Costuma-se definir nossa era como a era do conhecimento. Se
em dois anos, reunindo educadores de muitos países. for pela importância dada hoje ao conhecimento, em todos os se-
As práticas de educação popular também constituem-se em tores, pode-se dizer que se vive mesmo na era do conhecimento,
mecanismos de democratização, em que se refletem os valores de na sociedade do conhecimento, sobretudo em consequência da in-
solidariedade e de reciprocidade e novas formas alternativas de formatização e do processo de globalização das telecomunicações
produção e de consumo, sobretudo as práticas de educação po- a ela associado. Pode ser que, de fato, já se tenha ingressado na
pular comunitária, muitas delas voluntárias. O Terceiro Setor está era do conhecimento, mesmo admitindo que grandes massas da
crescendo não apenas como alternativa entre o Estado burocrático população estejam excluídas dele. Todavia, o que se constata é a
e o mercado insolidário, mas também como espaço de novas vi- predominância da difusão de dados e informações e não de conhe-
vências sociais e políticas hoje consolidadas com as organizações cimentos. Isso está sendo possível graças às novas tecnologias que
não-governamentais (ONGs) e as organizações de base comunitária estocam o conhecimento, de forma prática e acessível, em gigan-
(OBCs). Este está sendo hoje o campo mais fértil da educação po- tescos volumes de informações, que são armazenadas inteligente-
pular. mente, permitindo a pesquisa e o acesso de maneira muito simples,
Diante desse quadro, a educação popular, como modelo teóri- amigável e flexível. É o que já acontece com a Internet: para ser
co reconceituado, tem oferecido grandes alternativas. Dentre elas, “usuário”, basta dispor de uma linha telefônica e um computador.
está a reforma dos sistemas de escolarização pública. A vinculação “Usuário” não significa aqui apenas receptor de informações, mas
da educação popular com o poder local e a economia popular abre, também emissor de informações. Pela Internet, a partir de qual-
também, novas e inéditas possibilidades para a prática da educa- quer sala de aula do planeta, pode-se acessar inúmeras bibliotecas
ção. O modelo teórico da educação popular, elaborado na reflexão em muitas partes do mundo. As novas tecnologias permitem aces-
sobre a prática da educação durante várias décadas, tornou-se, sem sar conhecimentos transmitidos não apenas por palavras, mas tam-
dúvida, uma das grandes contribuições da América Latina à teoria e bém por imagens, sons, fotos, vídeos (hipermídia), etc. Nos últimos
à prática educativa em âmbito internacional. A noção de aprender anos, a informação deixou de ser uma área ou especialidade para
a partir do conhecimento do sujeito, a noção de ensinar a partir se tornar uma dimensão de tudo, transformando profundamente a
de palavras e temas geradores, a educação como ato de conheci- forma como a sociedade se organiza. Pode-se dizer que está em an-
mento e de transformação social e a politicidade da educação são damento uma Revolução da Informação, como ocorreram no passa-
apenas alguns dos legados da educação popular à pedagogia crítica do a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial.
universal.
Ladislau Dowbor43, após descrever as facilidades que as novas
tecnologias oferecem ao professor, se pergunta: o que eu tenho a
Universalização da Educação Básica e Novas Matrizes Teóricas
ver com tudo isso, se na minha escola não tem nem biblioteca e
com o meu salário eu não posso comprar um computador? Ele mes-
A educação apresenta-se numa dupla encruzilhada: de um
mo responde que será preciso trabalhar em dois tempos: o tempo
lado, o desempenho do sistema escolar não tem dado conta da
do passado e o tempo do futuro. Fazer tudo hoje para superar as
universalização da educação básica de qualidade; de outro, as no-
condições do atraso e, ao mesmo tempo, criar as condições para
vas matrizes teóricas não apresentam ainda a consistência global
aproveitar amanhã as possibilidades das novas tecnologias.
necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época
de profundas e rápidas transformações. Essa é uma das preocupa- As novas tecnologias criaram novos espaços do conhecimento.
ções do Instituto Paulo Freire, buscando, a partir do legado de Paulo Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o
Freire, consolidar o seu “Projeto da Escola Cidadã”, como resposta espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estu-
à crise de paradigmas. A concepção teórica e as práticas desenvolvi- dam em casa, pois podem, de casa, acessar o ciberespaço da for-
das a partir do conceito de Escola Cidadã podem constituir-se numa mação e da aprendizagem a distância, buscar “fora” - a informação
alternativa viável, de um lado, ao projeto neoliberal de educação, disponível nas redes de computadores interligados - serviços que
amplamente hegemônico, baseado na ética do mercado, e, de ou- respondem às suas demandas de conhecimento. Por outro lado, a
tro lado, à teoria e à prática de uma educação burocrática, susten- sociedade civil (ONGs, associações, sindicatos, igrejas, etc.) está se
tada na “estatolatria” (Antônio Gramsci). É uma escola que busca fortalecendo não apenas como espaço de trabalho, em muitos ca-
fortalecer autonomamente o seu projeto político-pedagógico, re- sos, voluntário, mas também como espaço de difusão de conheci-
lacionando-se dialeticamente - não mecânica e subordinadamente mentos e de formação continuada. É um espaço potencializado pe-
- com o mercado, o Estado e a sociedade. Ela visa formar o cidadão las novas tecnologias, inovando constantemente nas metodologias.
para controlar o mercado e o Estado, sendo, ao mesmo tempo, pú- Novas oportunidades parecem abrir-se para os educadores. Esses
blica quanto ao seu destino - isto é, para todos - estatal quanto ao espaços de formação têm tudo para permitir maior democratiza-
financiamento e democrática e comunitária quanto à sua gestão. ção da informação e do conhecimento, portanto, menos distorção
Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea to- e menos manipulação, menos controle e mais liberdade. É uma
mar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma edu- questão de tempo, de políticas públicas adequadas e de iniciativa
cação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado da sociedade. A tecnologia não basta. É preciso a participação mais
e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para intensa e organizada da sociedade. O acesso à informação não é
a transformação social do que para a transmissão cultural. Por apenas um direito. É um direito fundamental, um direito primário,
isso, acredita-se que a pedagogia da práxis, como uma pedagogia o primeiro de todos os direitos, pois sem ele não se tem acesso aos
transformadora, em suas várias manifestações, pode oferecer um outros direitos.
referencial geral mais seguro do que as pedagogias centradas na
transmissão cultural, neste momento de perplexidade. 43 DOWBOR, L. A reprodução social. São Paulo, Vozes, 1998. 
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Na formação continuada necessita-se de maior integração en- são enormes: ensinar a pensar; saber comunicar-se; saber pesqui-
tre os espaços sociais (domiciliar, escolar, empresarial, etc.), visando sar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas; sa-
equipar o aluno para viver melhor na sociedade do conhecimento. ber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina para o trabalho;
Como previa Herbert McLuhan, o planeta tornou-se a nossa sala de ser independente e autônomo; saber articular o conhecimento com
aula e o nosso endereço. O ciberespaço não está em lugar nenhum, a prática; ser aprendiz autônomo e a distância.
pois está em todo o lugar o tempo todo. Estar num lugar significa- Neste contexto de impregnação do conhecimento, cabe à es-
ria estar determinado pelo tempo (hoje, ontem, amanhã). No cibe- cola: amar o conhecimento como espaço de realização humana, de
respaço, a informação está sempre e permanentemente presente alegria e de contentamento cultural; selecionar e rever criticamen-
e em renovação constante. O ciberespaço rompeu com a ideia de te a informação; formular hipóteses; ser criativa e inventiva (ino-
tempo próprio para a aprendizagem. Não há tempo e espaço pró- var); ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produ-
prios para a aprendizagem. Como ele está todo o tempo em todo zir, construir e reconstruir conhecimento elaborado. E mais: numa
lugar, o espaço da aprendizagem é aqui - em qualquer lugar - e o perspectiva emancipadora da educação, a escola tem que fazer
tempo de aprender é hoje e sempre. A sociedade do conhecimento tudo isso em favor dos excluídos, não discriminando o pobre. Ela
se traduz por redes, “teias” (Ivan Illich), “árvores do conhecimento” não pode distribuir poder, mas pode construir e reconstruir conhe-
(Humberto Maturana), sem hierarquias, em unidades dinâmicas cimentos, saber, que é poder. Numa perspectiva emancipadora da
e criativas, favorecendo a conectividade, o intercâmbio, consultas educação, a tecnologia contribui muito pouco para a emancipação
entre instituições e pessoas, articulação, contatos e vínculos, inte- dos excluídos se não for associada ao exercício da cidadania.
ratividade. A conectividade é a principal característica da Internet. Como diz Ladislau Dowbor, a escola deixará de ser “leciona-
O conhecimento é o grande capital da humanidade. Não é ape- dora” para ser “gestora do conhecimento”. Segundo o autor, “pela
nas o capital da transnacional que precisa dele para a inovação tec- primeira vez a educação tem a possibilidade de ser determinante
nológica. Ele é básico para a sobrevivência de todos e, por isso, não sobre o desenvolvimento”. A educação tornou-se estratégica para
deve ser vendido ou comprado, mas sim disponibilizado a todos. o desenvolvimento, mas, para isso, não basta “modernizá-la”, como
Esta é a função de instituições que se dedicam ao conhecimento querem alguns. Será preciso transformá-la profundamente.
apoiado nos avanços tecnológicos. Espera-se que a educação do A escola precisa ter projeto, precisa de dados, precisa fazer sua
futuro seja mais democrática, menos excludente. Essa é ao mesmo própria inovação, planejar-se a médio e a longo prazos, fazer sua
tempo nossa causa e nosso desafio. Infelizmente, diante da falta própria reestruturação curricular, elaborar seus parâmetros curricu-
de políticas públicas no setor, acabaram surgindo “indústrias do co- lares, enfim, ser cidadã. As mudanças que vêm de dentro das esco-
nhecimento”, prejudicando uma possível visão humanista, tornan- las são mais duradouras. Da sua capacidade de inovar, registrar, sis-
do-o instrumento de lucro e de poder econômico. tematizar a sua prática/experiência, dependerá o seu futuro. Nesse
A educação, em particular a educação a distância, é um bem contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do
coletivo e, por isso, não deve ser regulada pelo jogo do mercado, aluno que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa cons-
nem pelos interesses políticos ou pelo furor legiferante de regu- truir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa
lamentar, credenciar, autorizar, reconhecer, avaliar, etc. de muitos ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos
tecnoburocratas. Quem deve decidir sobre a qualidade dos seus para o que fazer dos seus alunos.
certificados não é nem o Estado e nem o mercado, mas sim a so- Em geral, temos a tendência de desvalorizar o que fazemos
ciedade e o sujeito aprendente. Na era da informação generalizada, na escola e de buscar receitas fora dela quando é ela mesma que
existirá ainda necessidade de diplomas? deveria governar-se. É dever dela ser cidadã e desenvolver na so-
O que cabe à escola na sociedade informacional? Cabe a ela or- ciedade a capacidade de governar e controlar o desenvolvimento
ganizar um movimento global de renovação cultural, aproveitando- econômico e o mercado. A cidadania precisa controlar o Estado e o
-se de toda essa riqueza de informações. Hoje é a empresa que está mercado, verdadeira alternativa ao capitalismo neoliberal e ao so-
assumindo esse papel inovador. A escola não pode ficar a reboque cialismo burocrático e autoritário. A escola precisa dar o exemplo,
das inovações tecnológicas. Ela precisa ser um centro de inovação. ousar construir o futuro. Inovar é mais importante do que repro-
Temos uma tradição de dar pouca importância à educação tecnoló- duzir com qualidade o que existe. A matéria-prima da escola é sua
gica, a qual deveria começar já na educação infantil. visão do futuro.
Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola A escola está desafiada a mudar a lógica da construção do co-
para navegar nesse mar do conhecimento, superando a visão utili- nhecimento, pois a aprendizagem agora ocupa toda a nossa vida. E
tarista de só oferecer informações “úteis” para a competitividade, porque passamos todo o tempo de nossas vidas na escola - não só
para obter resultados. Deve oferecer uma formação geral na dire- nós, professores - devemos ser felizes nela. A felicidade na escola
não é uma questão de opção metodológica ou ideológica, mas sim
ção de uma educação integral. O que significa servir de bússola?
uma obrigação essencial dela. Como diz Georges Snyders no livro ‘A
Significa orientar criticamente, sobretudo as crianças e jovens, na
alegria na escola, precisamos de uma nova “cultura da satisfação”,
busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer.
precisamos da “alegria cultural’. O mundo de hoje é “favorável à
Hoje vale tudo para aprender. Isso vai além da “reciclagem” e
satisfação” e a escola também pode sê-lo.
da atualização de conhecimentos e muito mais além da “assimila-
O que é ser professor hoje? Ser professor hoje é viver intensa-
ção” de conhecimentos. A sociedade do conhecimento possui múl-
mente o seu tempo, conviver; é ter consciência e sensibilidade. Não
tiplas oportunidades de aprendizagem: parcerias entre o público e
se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores,
o privado (família, empresa, associações, etc.); avaliações perma-
assim como não se pode pensar num futuro sem poetas e filósofos.
nentes; debate público; autonomia da escola; generalização da ino-
Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a
vação. As consequências para a escola e para a educação em geral informação em conhecimento e em consciência crítica, mas tam-
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

bém formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos Aprender a ser: desenvolvimento integral da pessoa: inteligên-
marketeiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, os cia, sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pesso-
filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber (não al, espiritualidade, pensamento autônomo e crítico, imaginação,
o dado, a informação e o puro conhecimento), porque constroem criatividade, iniciativa. Para isso não se deve negligenciar nenhuma
sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, das potencialidades de cada indivíduo. A aprendizagem não pode
juntos, um mundo mais justo, mas produtivo e mais saudável para ser apenas lógico-matemática e linguística. Precisa ser integral.
todos. Por isso eles são imprescindíveis. Iniciou-se este texto procurando situar o que significa “pers-
pectiva”. Sem pretender fazer qualquer exercício de futurologia e
Educação do Futuro muito mais no sentido de estabelecer pontos para o debate, serão
Jacques Delors44, coordenador do “Relatório para a Unesco da apontados aqui algumas categorias em torno da educação do futu-
Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI”, no livro ro, que indicam o surgimento de temas com importantes consequ-
Educação: um tesouro a descobrir, aponta como principal consequ- ências para a educação.
ência da sociedade do conhecimento a necessidade de uma apren-
dizagem ao longo de toda a vida (Lifelong Learning) fundada em As categorias “contradição”, “determinação”, “reprodução”,
quatro pilares que são ao mesmo tempo pilares do conhecimento e “mudança”, “trabalho”, “práxis”, “necessidade”, “possibilidade”
da formação continuada. Esses pilares podem ser tomados também aparecem frequentemente na literatura pedagógica contempo-
como bússola para nos orientar rumo ao futuro da educação. rânea, sinalizando já uma perspectiva da educação, a perspectiva
da pedagogia da práxis. Essas categorias tornaram-se clássicas na
Aprender a conhecer: prazer de compreender, descobrir, cons- explicação do fenômeno da educação, principalmente a partir de
truir e reconstruir o conhecimento, curiosidade, autonomia, aten- Hegel e de Marx. A dialética constitui-se, até hoje, no paradigma
ção. Inútil tentar conhecer tudo. Isso supõe uma cultura geral, o mais consistente para analisar o fenômeno da educação. Pode-se
que não prejudica o domínio de certos assuntos especializados. e deve-se estudá-la e estudar todas as categorias anteriormente
Aprender a conhecer é mais do que aprender a aprender. Aprender apontadas. Elas não podem ser negadas, pois ajudarão muito na
mais linguagens e metodologias do que conteúdos, pois estes en- leitura do mundo da educação atual. Elas não podem ser negadas
velhecem rapidamente. Não basta aprender a conhecer. É preciso
ou desprezadas como categorias “ultrapassadas”.
aprender a pensar, a pensar a realidade e não apenas “pensar pen-
Porém, também podemos nos ocupar mais especificamente
samentos”, pensar o já dito, o já feito, reproduzir o pensamento. É
de outras, ao pensar a educação do futuro, categorias nascidas ao
preciso pensar também o novo, reinventar o pensar, pensar e rein-
mesmo tempo da prática da educação e da reflexão sobre ela. Eis
ventar o futuro.
algumas delas a título de exemplo:
a) Cidadania: o que implica também tratar do tema da auto-
Aprender a fazer: é indissociável do aprender a conhecer. A
nomia da escola, de seu projeto político-pedagógico, da questão da
substituição de certas atividades humanas por máquinas acentuou
participação, da educação para a cidadania. Dentro desta categoria,
o caráter cognitivo do fazer. O fazer deixou de ser puramente instru-
pode-se discutir particularmente o significado da concepção de es-
mental. Nesse sentido, vale mais hoje a competência pessoal que
torna a pessoa apta a enfrentar novas situações de emprego, mas cola cidadã e de suas diferentes práticas. Educar para a cidadania
apta a trabalhar em equipe, do que a pura qualificação profissional. ativa tornou-se hoje projeto e programa de muitas escolas e de sis-
Hoje, o importante na formação do trabalhador, também do traba- temas educacionais.
lhador em educação, é saber trabalhar coletivamente, ter iniciati- b) Planetaridade: a Terra é um “novo paradigma” (Leonardo
va, gostar do risco, ter intuição, saber comunicar-se, saber resol- Boff). Que implicações tem essa visão de mundo sobre a educação?
ver conflitos, ter estabilidade emocional. Essas são, acima de tudo, O que seria uma ecopedagogia (Francisco Gutiérrez) e uma ecofor-
qualidades humanas que se manifestam nas relações interpessoais mação (Gaston Pineau)? O tema da cidadania planetária pode ser
mantidas no trabalho. A flexibilidade é essencial. Existem hoje per- discutido a partir desta categoria. Podemos nos perguntar como
to de 11 mil funções na sociedade contra aproximadamente 60 pro- Milton Nascimento: “para que passaporte se fazemos parte de uma
fissões oferecidas pelas universidades. Como as profissões evoluem única nação?” Que consequências podemos tirar para alunos, pro-
muito rapidamente, não basta preparar-se profissionalmente para fessores e currículos?
um trabalho. c) Sustentabilidade: o tema da sustentabilidade originou-se na
economia (“desenvolvimento sustentável”) e na ecologia, para se
Aprender a viver juntos: a viver com os outros. Compreender inserir definitivamente no campo da educação, sintetizada no lema
o outro, desenvolver a percepção da interdependência, da não-vio- “uma educação sustentável para a sobrevivência do planeta”. O que
lência, administrar conflitos. Descobrir o outro, participar em pro- seria uma cultura da sustentabilidade? Esse tema deverá dominar
jetos comuns. Ter prazer no esforço comum. Participar de projetos muitos debates educativos das próximas décadas. O que estamos
de cooperação. Essa é a tendência. No Brasil, como exemplo desta estudando nas escolas? Não estaremos construindo uma ciência e
tendência, pode-se citar a inclusão de temas/eixos transversais (éti- uma cultura que servem para a degradação/deterioração do pla-
ca, ecologia, cidadania, saúde, diversidade cultural) nos Parâmetros neta?
Curriculares Nacionais, que exigem equipes interdisciplinares e tra- d) Virtualidade: esse tema implica toda a discussão atual sobre
balho em projetos comuns. a educação a distância e o uso dos computadores nas escolas (Inter-
net). A informática, associada à telefonia, nos inseriu definitivamen-
44 DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para te na era da informação. Quais as consequências para a educação,
a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São
Paulo: Cortez, 1998. para a escola, para a formação do professor e para a aprendizagem?
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Consequências da obsolescência do conhecimento. Como fica a es- na educação dos anos iniciais do que nas outras etapas, os contatos
cola diante da pluralidade dos meios de comunicação? Eles abrem podem ser de várias naturezas: contatos rotineiros, reunião de pais,
os novos espaços da formação ou irão substituir a escola? reuniões de, reuniões de conselho de escola, comemorações, tra-
e) Globalização: o processo da globalização está mudando a balho do professor e informações da própria criança.
política, a economia, a cultura, a história e, portanto, também a Todas as formas de contatos entre escola e família sevem para
educação. É um tema que deve ser enfocado sob vários prismas. aproximar as famílias do universo escolar e para que a escola possa
A globalização remete também ao poder local e às consequências conhecer a dinâmica familiar daquele aluno, quanto mais à escola
locais da nossa dívida externa global (e dívida interna também, a conhece o aluno e sua família mais próxima estarão do sucesso na
ela associada). O global e o local se fundem numa nova realidade: educação dele.
o “global”. O estudo desta categoria remete à necessária discussão Quando falamos na necessidade da relação entre família e es-
do papel dos municípios e do “regime de colaboração” entre União, cola, falamos principalmente na possibilidade de compartilhar cri-
estados, municípios e comunidade, nas perspectivas atuais da edu- térios educativos para que possam minimizar as possíveis diferen-
cação básica. Para pensar a educação do futuro, é necessário refle- ças entre os dois ambientes, Para o aluno, é muito mais produtivo
tir sobre o processo de globalização da economia, da cultura e das que os ambientes tenham ideias parecidas sobre educação. O cres-
comunicações. cimento harmonioso do aluno deve permear a colaboração entre
f) Transdisciplinaridade: embora com significados distintos, as duas instâncias, família e escola, de forma que possa contribuir
certas categorias como transculturalidade, transversalidade, multi- para:
culturalidade e outras como complexidade e holismo também in- Buscar meios para que a família possa criar o hábito de partici-
dicam uma nova tendência na educação que será preciso analisar. par da vida escolar dos seus filhos, percebendo o quanto a família é
Como construir interdisciplinarmente o projeto pedagógico da es-
importante no processo Ensino Aprendizagem do aluno, através de
cola? Como relacionar multiculturalidade e currículo? É necessário
ações previstas no Projeto Político Pedagógico, propor alteração no
realizar o debate dos PCN. Como trabalhar com os “temas transver-
Projeto Político Pedagógico com o intuito de melhorar o processo
sais”? O desafio de uma educação sem discriminação étnica, cultu-
ensino aprendizagem, despertar as famílias, fazendo com que pos-
ral, de gênero.
g) Dialogicidade, dialeticidade: não se pode negar a atualidade sam perceber a importância da participação nas atividades escola-
de certas categorias freireanas e marxistas, a validade de uma pe- res dos filhos, promover atividades que permitam o envolvimento
dagogia dialógica ou da práxis. Marx, em O capital, privilegiou as ca- das famílias, criar momentos de integração entre pais, alunos e co-
tegorias hegelianas “determinação”, “contradição”, “necessidade” munidade escolar, mostrando-lhes o quanto eles são importantes
e “possibilidade”. A fenomenologia hegeliana continua inspirando na vida escolar de seus filhos.
nossa educação e deverá atravessar os anos. A educação popular e
a pedagogia da práxis deverão continuar como paradigmas válidos Relação Escola x Comunidade
para o futuro que virá. Para Libâneo45 a organização de atividades que asseguram a
relação entre escola e comunidade, implica ações que envolvem
A análise dessas categorias e a identificação da sua presença na a escola e suas relações externas, tais como os níveis superiores
pedagogia contemporânea podem constituir-se, sem dúvida, num de gestão do sistema escolar, os pais, as organizações políticas e
grande programa a ser desenvolvido hoje em torno das “perspec- comunitárias, as cidades e os equipamentos urbanos. O objetivo
tivas atuais da educação”. Não se pretende aqui dar respostas defi- dessas atividades é buscar as possibilidades de cooperação e de
nitivas. Com esse pequeno texto introdutório, procurou-se apenas apoio, oferecidas pelas diferentes instituições, que contribuam para
iniciar um debate sobre as perspectivas atuais da educação, sem o aprimoramento do trabalho da escola, isto é, para as atividades
a intenção de, com isso, encerrá-lo. Existem muitos outros desa- de ensino e de educação dos alunos. Espera-se especialmente, que
fios para a educação. A reflexão crítica não basta, como também os pais atuam na gestão escolar mediante canais de participação
não basta a prática sem a reflexão sobre ela. Aqui, são indicadas bem definidos.
apenas algumas pistas, dentro de uma visão otimista e crítica - não Assim, podemos inferir que a participação efetiva da comuni-
pessimista e ingênua - para uma análise em profundidade daqueles dade na escola é uma responsabilidade da escola. Essa participação
que se interessam por uma “educação voltada para o futuro”, como traz, sem dúvidas, inúmeras vantagens, porém reconhece-se que há
dizia o grande educador polonês, o marxista Bogdan Suchodolski. inúmeros obstáculos em relação a tal participação. Mesmo assim, a
escola não deve desistir, pois essa participação deve ser entendida
A integração da Escola x Família x Comunidade como uma questão política, que auxilia na construção da cidadania.
Um bom começo para efetivas mudanças no padrão de participação
Não há como pensarmos em educação sem o envolvimento
da comunidade é, por exemplo, um incentivo e a implantação dos
da família nesse processo. Escola e família são instituições sociais
conselhos escolares que devem atuar de maneira ativa e autônoma.
muito presentes na vida escolar do aluno, de forma que só se pode
Pais e mães podem participar de várias formas no ambiente
pensar em sucesso educativo se pensarmos também em trabalho
conjunto. Educar é sem dúvida um papel que recai sobre a família e escolar e na própria educação dos filhos, basta que a escola ofereça
a escola. Por isso, quanto mais estreita for essa relação, melhor será opções e dedique um tempo para que isso aconteça. Claro que essa
o resultado. Pais e professores têm objetivos comuns e precisam ser não é uma tarefa fácil, uma vez que os professores estão envolvidos
os mais cordiais, coerentes e responsáveis nesse processo. emocionalmente com seus alunos e famílias. Famílias e escola têm
Não há como conceber um compartilhamento da ação educa- a responsabilidade de educar as crianças, para isso precisam esta-
tiva sem considerar os contatos entre as famílias e os educadores. 45 LIBANEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: políticas,
Essa é uma questão primordial que deve ser muito mais frequente estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

belecer uma relação de parceria, aumentando as possibilidades de Portanto, se a escola busca desenvolver valores democráticos
compartilhar critérios educativos que possam minimizar as possí- como o respeito, a justiça, a liberdade e a solidariedade, devem ne-
veis diferenças entre os dois ambientes, escola e família. cessariamente, democratizar os métodos e os processos de ensino-
Não há dúvidas que o ambiente escolar e a família compõem o -aprendizagem e, fundamentalmente, o relacionamento entre pro-
meio social no qual o aluno está inserido. Eles dois mais o local em fessor e aluno. Professores que estabelecem relações horizontais
que localiza sua residência ou sua escola, bem como os laços sociais com seus alunos, propiciando o diálogo sobre conteúdos e vivên-
e econômicos compõem o meio social com forte interferência no cias, conseguem concretizar intervenções que atendem ás questões
aprendizado e na motivação para aprendê-lo. individuais e coletivas. Essa atitude, além de respeitar as condições
e possibilidades de cada um, proporciona o êxito do processo de
A Educação como Responsabilidade de Todos ensino-aprendizagem.
Observa-se nas últimas décadas, uma crescente preocupação
com essa inserção da comunidade na escola, inclusive com progra- A Relação Família x Escola
mas voluntários, como os famosos “Amigos na escola”. Indepen- Há inúmeros fatores a serem levados em conta na considera-
dentemente das questões ideológicas que esse tipo de participação ção da relação família/escola. O primeiro deles, é que a ação educa-
possa suscitar sabemos que a comunidade tem um papel importan- tiva dos pais difere, necessariamente, da escola, dos seus objetivos,
te na construção da autonomia da escola, principalmente da escola conteúdos, métodos, no padrão de sentimentos e emoções que es-
pública porque essa correrá uma medida em que a escola se coloca tão em jogo, na natureza dos laços pessoais entre os protagonistas
a serviço dos interesses da população que dela necessita. e, evidentemente, nas circunstâncias em que ocorrem.
Paro argumenta que a ausência da comunidade na escola pú- Outra consideração refere-se ao comportamento das famílias
blica torna-se mais difícil a avaliação da qualidade do ensino ofer- das diferentes camadas sociais em relação à escola pública, famílias
tado. Os pais, até mesmo mais que os alunos, como co-usuário da de classe média desenvolvem estratégias de participação, tendo em
escola, são capazes de apontar problemas e, muitas vezes, sugerir vista a criação de condições para o sucesso escolar de seus filhos,
ações para solução deles. Além de todos esses aspectos é ainda além dos mais, o nível de escolaridade e a facilidade de verbalização
importante realizar a divisão do poder na escola possibilitando a possibilitam a esses pais uma crítica que famílias das classes traba-
comunidade participar da tomada de decisões. lhadoras não conseguem ou não ousam fazer.
A relação entre escola e comunidade precisa ser um espaço Outro fator a ser considerado refere-se às estratégias de socia-
aberto onde favoreça e solicite a participação de toda essa abertu- lização escolar, se são complementares ou não às da escola, e isto
ra aponta para o caráter interdependente da escola. Essa interação depende muito de classe social que a família pertence. As famílias
entre escola e comunidade é amparada por leis que exigem, por podem desenvolver práticas que venham facilitar a aprendizagem
exemplo, a criação dos conselhos escolares. Essas são estratégias escolar (por exemplo: preparar para a alfabetização) e desenvolver
de interação e de democratização do espaço escolar e favorecem a hábitos coerentes com os exigidos pela escola (por exemplo: hábi-
democratização do ensino. tos de conversação) ou não.
Além de estratégias de socialização, as famílias diferem uma
Gestão Escolar Democrática das outras quanto a modelos educativos. Bouchard46 distingue, de
A escola tem como uma de suas atribuições desenvolver ações forma geral, três modelos: o “racional”, o “humanista” e o “simbios-
e atividades que ensinem e aprimorem o respeito ás diferenças en- sinérgico”. No racional, os pais mantêm uma hierarquia na qual de-
tre todos. Para tanto, se faz necessário que a escola efetive ações cidem e impõem suas decisões sobre as atividades e o futuro dos
em prol do desenvolvimento da cidadania. É nesse contexto que filhos. Dão muita importância à disciplina, à ordem, à submissão,
se destaca a gestão democrática do ensino público, princípio cons- à autoridade. Nas suas estratégias educativas, os pais distribuem
titucional que traduz a participação ativa e cidadã da comunidade ordens, impõem, ameaçam, criticam, controlam, proíbem, dão as
escolar e local na condução da escola, pois a gestão da escola é um soluções para a criança. Orientam mais para um conformismo do
ato político que implica tomada de decisões que não podem ser que para a autonomia.
individuais, mas coletivas. No modelo humanista, os pais se colocam mais como guias,
No contexto educacional, a democracia deve ser o princípio dando aos filhos o poder de decisão, numa política que Bouchard
norteador da prática pedagógica, configurando-se como fundamen- chama de autogestão no poder pela criança. Entre as estratégias
to das ações escolares. Desse modo, o desenvolvimento de práticas educativas estão as seguintes: permite e estimula a expressão das
democrático é parte da construção de um sistema que respeita os emoções pelos filhos, encoraja nos seus empreendimentos, reco-
direitos individuais e coletivos de todos. Assim, é fundamental que nhece e valoriza as capacidades dos filhos, favorece a autonomia
a escola efetive ações que concretizem a gestão democrática, entre e a autodeterminação nos seus filhos sua comunicação orienta-se
elas, a efetivação do Conselho da Escola e a realização de eleições necessidades dos filhos.
diretas para direção e vice direção. 47
No modelo simbiossinérgico há uma cogestão do poder, res-
No entanto, para que a gestão democrática se concretize é ponsáveis e filhos são parceiros nas atividades que dizem respeito
essencial o desenvolvimento de ações pautada nos princípios de a ambos. Na relação escola-família, há uma valorização da interde-
autonomia e interculturalismo, em processos de participação e de pendência e da reciprocidade. Podemos dizer que este modelo é
cooperação na construção de uma sociedade mais justo e igualitá- mais democrático, pois os pais deixam de lado essa hierarquia e tra-
ria. Para tanto, o processo de ensino-aprendizagem é fundamental,
pois por meio de práticas democráticas desenvolvidas em sala de
46 BOUCHARD, J. M. De I’Institution a Ia communauté: les parents et
les professionels-une relation qui se construit. In: DURNING, R Education familiale.
aula se vivencia e se aprende o respeito às diferenças, possibilitan- Vigneux: Matrice, 1988.
do a resolução positiva de conflitos e favorecendo a realização de 47 https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/33975/1/MARCELA%20
objetivos coletiva. FARIA%20FILADELFO.pdf
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

tam os filhos como iguais, com todos respeitando os mesmos deve- Também a democratização do acesso e estratégias que garantam a
res e direitos, bem como partilhando responsabilidades cotidianas. permanência na escola, tendo como horizonte a universalização do
Essa relação possibilitará o desenvolvimento de uma consciência ensino para toda a população, bem como o debate sobre a qualida-
social baseada na troca de experiências, sentimentos e emoções. de social dessa educação universalizada. Portanto,
Os conflitos entre famílias e escolas podem advir das diferenças A autonomia pedagógica diz respeito a um mínimo de liberda-
de classes sociais, valores, crenças, hábitos de interação e comu- de que a escola precisa ter para escolher os conteúdos e os métodos
nicação subjacentes aos modelos educativos. Tanto crianças como de ensino, sem o qual fica comprometido o caráter pedagógico de
pai pode comportar-se segundo modelos que não são da escola. sua intervenção escolar. Essa autonomia é requerida, por um lado,
Isto pode não ser um problema para as famílias das camadas sócias pela própria natureza da atividade pedagógica que, por seu caráter
mais altas, quem tem a possibilidade de escolher uma escola que de imprevisibilidade, não é suscetível de uma completa e inflexível
se assemelhe ao seu próprio modelo. Esta não é a realidade para as antecipação de suas ações, sem comprometer a necessária criati-
classes trabalhadoras. Os modelos adotados pelas escolas depen- vidade que se espera do processo pedagógico (...). Com relação à
dem, em geral, da disposição das diretorias e de sua orientação. autonomia administrativa, esta significa a possibilidade de dispor
de recursos e utilizá-los da forma mais adequada aos fins educati-
A Participação dos Pais na Vida da Escola vos. (...) Porém, também a autonomia administrativa da escola tem
Sabe-se que em geral, os pais poucas participações exercem na limites nas ações do Estado, que não pode abrir mão de seu dever
determinação do que acontece na escola. Algumas vezes teme-se a e de suas prerrogativas em matéria de ensino. Isso significa que ge-
participação de certos pais que, sendo muito eloquentes e de tem- rir recursos com autonomia não implica utilizá-los apenas de forma
peramento forte, tentam impor sua vontade sobre procedimentos que professores e diretores considerarem mais convenientes. Sig-
escolares e que muitas vezes funcionariam mais para “facilitar” sua nifica que, a partir das diretrizes gerais traçadas pelo sistema, cada
própria vida, ou de seus filhos, do que para melhorar a qualidade unidade escolar imprime à sua gestão uma forma mais adequada a
do ensino, conforme percebido por gestores e professores. Em vis- suas peculiaridades.
ta disso, muitas vezes, os dirigentes escolares não apenas deixam Entende-se por autonomia da escola a capacidade de elabora-
de ouvir os pais, como até evitam fazê-lo, e de dar espaço para a ção e realização de um projeto educativo próprio em benefício dos
participação familiar. É possível que ajam dessa forma também por alunos e com a participação de todos os intervenientes no processo
terem receio de perder espaço e autoridade. educativo. A autonomia da escola é, pois, um exercício de demo-
Observando a escola, podemos perceber que a maioria dos cratização de um espaço público: é delegar ao diretor e aos demais
pais por terem dificuldades em estarem frequentes na escola tem agentes pedagógicos a possibilidade de dar respostas ao cidadão
nos revelado não apenas uma carência, mas nos fez perceber que a quem servem, em vez de encaminhá-lo para órgãos centrais dis-
estamos no caminho certo ao realizar ações que despertem neles tantes onde ele não é conhecido e, muitas vezes, sequer atendido.
o entendimento da importância dessa participação. Porém não po- O objetivo da autonomia é a busca da qualidade com equidade en-
demos deixar de registrar um imobilismo ou incapacidade da escola quanto meta e o fortalecimento da escola enquanto meio. A auto-
em elaborar ações que superem ou ajudam superar essas limita- nomia coloca na escola a responsabilidade de prestar contas do que
ções, pois o que mais ouvimos a escola dizer que é muito difícil tra- faz ou deixa de fazer sem repassar para outro setor essa tarefa e, ao
zer os pais para a escola, isso tem caracterizado o desânimo e a falta aproximar escola e família, é capaz de permitir uma participação
de vontade em mudar situações. realmente efetiva da comunidade, o que a caracteriza como uma
Exemplificando esforços de mudanças dessa situação, decidi- categoria eminentemente democrática.
mos assumir juntamente com os diretores a realização de trabalho
para promover a superação dessas dificuldades, e tomamos a ini- Aspectos da gestão democrática e os objetivos educacionais
ciativa de promover encontros, realizar reuniões e palestras com na figura do diretor
pais de alunos de nossas escolas, abrindo-se para apoiar as famílias A escola, antes vista como uma organização racional e plani-
como forma de promover a integração dos mesmos ao seu traba- ficada (cumpridora apenas de objetivos burocráticos), passa a ser
lho. considerada como uma organização social, cultural e humana, na
A participação dos pais na vida da escola tem sido observada qual podem ser tomadas importantes decisões educativas, curri-
em pesquisas, como um dos indicadores mais significativos na de- culares e pedagógicas. Cada personagem presente no seu interior
terminação da qualidade do ensino, isto é aprendem mais os alunos — comunidade familiar, professores, alunos, gestores, dentre ou-
cujos pais participam mais da vida da escola. tros — tem importância fundamental, pois todos fazem o cotidiano
escolar acontecer.
Para romper as relações de poder autoritárias, rígidas e buro-
cratizantes existentes durante anos na escola, o trabalho coletivo
GESTÃO DEMOCRÁTICA torna-se condição sinequa non para a construção e reconstrução do
dia a dia escolar. O trabalho coletivo é o melhor meio de atualização
e reflexão sobre a ação educativa de seus profissionais. Trabalhar
A gestão democrática da educação formal, permeada pela au- coletivamente não significa, necessariamente, todos trabalharem
tonomia, está associada ao estabelecimento de mecanismos legais junto o tempo todo. Dependendo dos objetivos comuns, é possível
e institucionais e à organização de ações que desencadeiem a par- dividir responsabilidades e executar atividades com subgrupos ou
ticipação social: na formulação de políticas educacionais; no plane- mesmo individualmente, desde que se garanta a troca constante de
jamento; na tomada de decisões; na definição do uso de recursos e informações e a continuidade do trabalho na direção dos objetivos
necessidades de investimento; na execução das deliberações coleti- estabelecidos de comum acordo. E para que haja essa participação,
vas; nos momentos de avaliação da escola e da política educacional. há que se ter consciência e responsabilidade, o que exigirá de to-
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

dos, presença, reflexão e crítica constantes. A consolidação do tra- reuniões; Fortalecer a relação entre escola e comunidade; Garantir
balho coletivo na escola resulta de um processo intencional e árduo a efetivação do Projeto Político Pedagógico e da Proposta Pedagó-
na busca do rompimento das relações de poder autoritário para um gica Curricular, na perspectiva de uma escola inclusiva e que atenda
processo mais democrático. As linhas de qualquer Projeto Político às necessidades reais da comunidade envolvida; Garantir a transpa-
Pedagógico devem refletir o desejo de um trabalho coletivo. O tra- rência da gestão dos recursos financeiros descentralizados através
balho coletivo não é meta fácil de atingir. Todavia, para uma escola do orçamento participativo; Proporcionar e garantir o fortalecimen-
que deseja ser democrática, é o caminho para um processo peda- to da formação continuada para todos os profissionais da educação
gógico eficiente e para a qualidade de ensino desejada por todos. do estabelecimento de ensino; Articular de forma permanente com
O diretor da escola, como um líder, é peça fundamental no pro- todos os órgãos públicos para suprir as demandas que surgirem no
cesso de trabalho coletivo, pois caberá a ele promover o clima de estabelecimento de ensino; Instituir uma avaliação qualitativa para
fraternidade, de respeito, de diálogo e de responsabilidade entre os apreciação, análise e julgamento das práticas educacionais desen-
educadores e, este mesmo clima, deverá ser extensivo aos alunos. volvidas no âmbito da escola, a partir de uma construção coletiva
Estabelecer o permanente diálogo entre a direção e todos os seg-
de padrões que alicercem a tomada de decisões sobre o que fazer
mentos da escola é fundamental, pois neles repousa a possibilidade
para melhorar as ações pedagógicas.
de viabilizar um ensino de qualidade. O diretor da escola é também
A concretização do trabalho coletivo na escola deriva de um
um educador, portanto cabe a ele a ação de garantir a execução da
processo propositado e intenso na busca da quebra das relações de
função educativa que é a razão primordial da escola. Sendo assim,
a direção procura dar subsídios educacionais para que se dê e se poder autoritário para a almejada democracia verdadeira. As fron-
permita a formação de alunos como sujeitos críticos e participativos teiras de qualquer Projeto Político Pedagógico devem raciocinar o
em nossa sociedade, pois a finalidade da escola é a busca de uma desejo de um trabalho coletivo. Para isso, faz-se necessária a par-
educação de qualidade, assegurando os objetivos que compõem o ticipação efetiva das Instâncias Colegiadas como: Conselho Escolar,
Projeto Político Pedagógico da mesma, com o desenvolvendo de APMF, Grêmio Estudantil, Conselho de Classe e representantes de
uma política que visa formar cidadãos preparados para a vida. turma (ação esta que prepara o aluno para atuar efetivamente de
Considerando os princípios de uma gestão democrática, an- forma crítica na sociedade), além dos trabalhadores da educação,
seia-se que o Diretor atue de forma efetiva, garantindo o acesso e Conselhos Tutelares e demais órgãos que defendem os direitos das
a permanência das crianças e dos jovens em uma educação básica crianças e adolescentes.
de qualidade. Para tal, o trabalho coletivo com o envolvimento de
toda equipe torna-se fundamental para a construção de estratégias Metas a serem atingidas pelo gestor na construção do projeto
de ação que favoreça a atuação em grupo, de forma a diagnosticar educativo de qualidade
a situação do estabelecimento, propondo encaminhamentos para
melhoria do processo de ensino e aprendizagem, otimizando as Aspectos tecnológicos aplicados a educação
tarefas administrativas e, sobretudo, acompanhando e supervisio- Embora seja verdade que a tecnologia educacional não irá re-
nando este processo. solver os problemas da educação, que são muito mais profundos,
Em suma, o objetivo principal do Diretor é dirigir um projeto de natureza social, política, ideológica, econômica e cultural, elas
educativo, politicamente comprometido com a transformação so- auxiliam o desenvolvimento do trabalho do educador, pois propor-
cial da escola e da comunidade, visando: propiciar condições para cionam novas concepções de ensino e aprendizagem. O uso das tec-
a prática docente e discente; possibilitar ao aluno compreender o nologias de comunicação pode contribuir para o desenvolvimento
mundo onde vive e apropriar-se de informações, estudar, pensar, de novas práticas pedagógicas, desde que seu uso seja baseado
refletir e dirigir suas ações segundo as necessidades que são pos- em novas concepções de conhecimento, de alunos e de professor,
tas historicamente aos homens; assegurar uma organização inter- transformando uma série de elementos que compõem o processo
na da escola em que os processos de gestão, administração e os ensino-aprendizagem.
de participação democrática de todos os elementos envolvidos na
As tecnologias de informação e comunicação têm um papel
vida escolar estejam voltados para o atendimento da função bási-
de destaque no momento atual que vivemos. O aluno de hoje, in-
ca da escola que é o ensino/aprendizagem; assegurar o desenvol-
dependente do nível de ensino em que se encontra, tem acesso
vimento das capacidades e habilidades intelectuais sobre a base
às tecnologias de informação e comunicação em seu cotidiano, e
dos conhecimentos científicos, que formem o pensamento crítico
e independente que permitam o domínio de métodos e o acesso começa a desempenhar um novo papel no contexto escolar, apre-
ao conhecimento científico; privilegiar a escola como local de apro- sentando vantagens em relação aos alunos de dez anos atrás. Esse
priação sistemática e organizado dos conhecimentos necessários à novo educando traz para a escola maior conhecimento factual, do
formação humana, incentivando o uso dos espaços escolares como mundo globalizado e demonstra maiores expectativas e objetivos
bibliotecas, laboratórios de informática e de ciências; incentivar o quanto à sua formação.
uso das tecnologias de informação e comunicação visando contri- A introdução de novas tecnologias na educação não implica no-
buir para novas práticas pedagógicas, baseado em novas concep- vas práticas pedagógicas, pois simplesmente utilizar as tecnologias
ções de conhecimento, de aluno, de professor, transformando uma pode significar vestir o velho com roupas novas. Portanto, Moran
série de elementos que compõem o processo de ensino aprendiza- (1998) considera que o ensino com as novas mídias deveria ques-
gem; Aperfeiçoar as relações humanas dentro do ambiente escolar tionar as relações convencionais entre professor e aluno. Para tanto
para melhorar a qualidade de ensino; Garantir a efetivação da ges- define o perfil desse novo professor: ser aberto, humano, valorizar
tão democrática, incentivando o fortalecimento das instâncias cole- a busca, o estímulo, o apoio, e ser capaz de estabelecer formas de-
giadas e promovendo reuniões periódicas com os mesmos. Garantir mocráticas de pesquisa e comunicação.
a participação efetiva dos funcionários, técnicos e professores nas Esse novo tempo em que estamos vivendo, o tempo da globali-
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

zação do conhecimento, obriga o cidadão a dominar as tecnologias de pessoal no serviço público e, mais especificamente, aquelas que
existentes, inclusive e, principalmente, o professor. Assim sendo, o tratam dos servidores na educação. Ver-se aí a necessidade des-
uso das tecnologias educacionais é possibilidade de construir estra- se profissional desenvolver além da sua competência pedagógica
tégias e habilidades necessárias para a compreensão e inserção no a sua competência nos aspectos legais para poder programar uma
mundo atual com novas formas de expressão e comunicação. Neste gestão de mais eficiente.
enfoque as tecnologias são tratadas como recurso e estratégia para
garantir e ampliar a qualidade do processo ensino aprendizagem. A Aspectos pedagógicos
aprendizagem baseada no uso das tecnologias educacionais enfati- Existe a gestão escolar como meio para a efetivação do ensino
za a interação do estudante com uma gama de recursos de apren- aprendizagem. Sabemos que a gestão escolar é eficaz quando os di-
dizagem como vídeos, internet, músicas, textos virtuais, dados ele- rigentes buscam uma visão global e abrangente do seu trabalho, em
trônicos, dentre outros, para resolver um determinado problema. A que venha a favorecer o desenvolvimento da escola e qualidade de
utilização das tecnologias educacionais deve ter como objetivo edu- suas ações. Escolas efetivas são capazes de promover aprendizagem
cacional muito mais do que a transmissão de informação, pois sua significativa na formação dos seus alunos e conseguem estabelecer
compreensão inclui a busca da informação, a análise, a avaliação e metas para a melhoria objetiva da aprendizagem, do desempenho
a organização da mesma. É preciso que o professor ensine o edu- de seus alunos e das condições para promovê-la. Melhoram e au-
cando a trabalhar com a informação que recebe, utilizando-a para mentam a capacidade de mobilização de pessoas em torno da edu-
colaborar na solução dos problemas da realidade. Dessa forma, o cação, sejam professores, pais, alunos e/ou comunidade. Buscam
uso das tecnologias educacionais possibilita ao professor ensinar de comprometimento com o desenvolvimento de programas de alcan-
formas diferentes transformando a aula em investigação. ce a médio e longo prazo. Melhoram a mobilização e utilização de
recursos para a educação e desenvolvem sinergia coletiva e espírito
Mencionamos o quão importante é o uso das tecnologias de de equipe.
informação na prática pedagógica, mas devemos lembrar que essas A preocupação com a melhoria da qualidade da Educação le-
tecnologias devem se adequar ao Projeto Político Pedagógico da es- vantou a necessidade de descentralização, da democratização da
cola, colocando-se a serviço de seus objetivos e nunca os determi- gestão escolar e, consequentemente, sua participação tornou-se
nando, levando em conta a comunidade escolar onde está inserida um conceito nuclear. É no ato de planejar que relacionamos o Pro-
e qual o tipo de acesso à informação se tem nesta comunidade e jeto Político Pedagógico (PPP) da escola, a sua Proposta Pedagógica
como é sua estrutura física para receber informações. É importante Curricular (PPC) e o Plano de Trabalho Docente. Todo projeto supõe
se lembrar também que o uso das tecnologias deve ser guiado pe- ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar signifi-
las necessidades dos alunos e professores calcados em abordagens ca tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar
teóricas sobre a natureza do conhecimento e do processo ensino um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função
aprendizagem. de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o
presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa
Aspectos dos recursos humanos frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os
O que ocorre normalmente é que a pessoa que assume a fun- campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores.
ção de gestor escolar teve sua formação voltada para o magistério O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o
e, nos cursos dessa área, é comum não ensinarem conteúdos que desejo de transformar sonhos em realidade objetiva é uma preo-
tratem da legislação de pessoal. Então quando uma pessoa se depa- cupação marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, sempre
ra no cargo de gestor escolar além das atividades pedagógicas, ela estamos enfrentando situações que necessitam de planejamento,
deverá coordenar as atividades de pessoal da escola para que eles mas nem sempre as nossas atividades diárias são delineadas em
executem o projeto pedagógico e garantam uma educação de qua- etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao contexto
lidade. Esse quadro de pessoal da escola é formado principalmente de nossa rotina. Entretanto, para a realização de atividades que não
pelos servidores públicos, pelo pessoal do magistério e pelos agen- estão inseridas em nosso cotidiano, usamos os processos racionais
tes de apoio da educação. O gestor escolar é o responsável por eles para alcançar o que desejamos. Para oferecer um ensino adequado
e deverá, portanto, conhecer muito bem os assuntos relacionados às necessidades de seus alunos, a escola precisa saber o que quer,
com a gestão de recursos humanos na escola, pois ficará sob sua envolvendo a equipe pedagógica e a comunidade na definição das
responsabilidade a obrigação de resolver os problemas dessa área. metas, por esse motivo, dentro de uma instituição de ensino há
Somente para citar alguns exemplos de atividades que dizem os documentos que organizam o processo de ensino e aprendiza-
respeito à gestão de recursos humanos e que o gestor deve estar gem. Toda escola tem objetivos que deseja alcançar, metas a cum-
envolvido, temos: conhecer as atribuições de cada cargo que os prir e sonhos a realizar. O conjunto dessas aspirações, bem como
servidores que estão sob sua coordenação têm que executar e que os meios para concretizá-las, é o que dá forma e vida ao chamado
estão definidas na legislação; saber qual a duração da jornada de Projeto Político Pedagógico (PPP). Como parte integrante do PPP,
trabalho e qual o horário em que a jornada deverá ser cumprida temos a Proposta Pedagógica Curricular (PPC), que define os con-
pelos servidores na escola; conferir as tarefas a serem executadas e teúdos básicos a serem trabalhados em cada disciplina conforme a
as responsabilidades dos diferentes servidores; resolver problemas legislação vigente.
de licenças, suprimentos, cancelamentos e substituição de profes- Outro aspecto a ser destacado é a efetivação do Conselho de
sores e demais funcionários, faltas, não cumprimento de horários, Classe como órgão de caráter consultivo e deliberativo, sendo uma
afastamentos, encaminhamentos de medidas disciplinares e muitas instância de reflexão, discussão, decisão, ação e revisão da prática
outras mais; conhecer as resoluções de distribuição de aulas efeti- educativa.
vas, extraordinárias e contratos temporários.
O gestor escolar precisa conhecer a Legislação relativa à gestão
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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

Suas finalidades são analisar dados referentes ao desenvolvi- Finalmente, para encerrar este panorama da gestão da gestão
mento ensino-aprendizagem, da relação professor-aluno, deve su- administrativa e financeira no âmbito escolar, enfatizamos que a
gerir medidas pedagógicas a serem adotadas, visando superar as gestão democrática pode ser melhorada com a efetiva participação
dificuldades detectadas e também deliberara a respeito da promo- da comunidade escolar nas atividades educacionais, pois a presen-
ção final dos alunos. Sua finalidade é intervir em tempo hábil no ça e o envolvimento dos pais, alunos, professores, e de toda equi-
processo ensino aprendizagem e indicar alternativas que busquem pe técnico pedagógica da escola é princípio fundamental para uma
sanar as dificuldades e garantir aprendizagem dos alunos. A coleta educação de qualidade e democrática.
e organização dos dados a serem analisados durante a reunião do
colegiado são de responsabilidade da equipe pedagógica. Aspectos da legislação escolar
O Conselho de Classe deve suscitar as decisões a respeito da Para um bom desempenho da escrituração e o arquivamento
recondução do processo ensino-aprendizagem. Como processo au- de documentos escolares, o gestor deve: Refletir sobre o papel da
xiliar de aprendizagem, ele deve refletir a ação pedagógica e não secretaria no contexto escolar; conhecer o funcionamento da se-
apenas se ater a notas e problemas comportamentais de determi- cretaria; refletir acerca das relações entre a secretaria e os outros
nados alunos. Deve ser encarado como um momento privilegiado setores da escola; dar subsídios ao profissional da secretaria para
para a realização de uma avaliação diagnóstica da ação pedagógica atuar na construção e implantação do Projeto Político Pedagógico;
educativa, em que professores, alunos e equipe pedagógica parti- conhecer a função social da secretaria escolar; dinamizar as rela-
cipem ativamente. O conselho verifica se os objetivos, processos, ções entre a secretaria e os outros setores da escola; analisar a LDB
conteúdos e relações estão coerentes com a proposta pedagógica em seus principais artigos; desenvolver habilidades e competências
da escola, sendo também um instrumento de avaliação da mesma. para atuar na organização de arquivos e documentos da secretaria
escolar, tendo como finalidade assegurar, em qualquer tempo, a
Aspectos administrativos e financeiros verificação de identificação de cada aluno, regularidade de seus es-
A legislação brasileira tem como característica central na po- tudos, autenticidade de sua vida escolar; aprofundar as reflexões
lítica de financiamento da educação a previsão constitucional de sobre a função social da secretaria escolar; compreender o funcio-
recursos para a educação. Esses recursos são aplicados de forma namento da secretaria e do seu papel enquanto setor de interação
centralizada pelas mantenedoras, como exemplo para pagamento com o público; conhecer a Estrutura e Funcionamento do Estabe-
da folha salarial, compra de materiais e/ou equipamentos para dis- lecimento de Ensino, como Resoluções, Matrizes Curriculares, Atos
tribuição às escolas, investimentos em infraestrutura e capacitação Legais, Regimento, prazos para Tramitação de Processos; conhecer
dos educadores; ou podem ser aplicados de forma descentralizada a legislação pertinente no que tange o correto preenchimento do
pelo repasse de recursos para a escola realizar as despesas. Livro Registro de Classe; conhecer o Regimento escolar; conhecer a
Os recursos descentralizados para as escolas são uma parte vi- Resolução que ampara o Calendário Escolar.
sível e concreta do financiamento da educação no cotidiano da es-
cola. A importância do controle social sobre o uso destes recursos e Referência:
a transparência na sua utilização é o fator primordial da democrati- BORTOLINI, J. C. O Papel do Diretor na Gestão Democrática:
zação e do controle do financiamento público da educação pela co- Desafios e Possibilidades na Prática da Gestão Escolar. Interletras,
munidade escolar. Ao acompanhar os gastos descentralizados pais, volume 3, Edição número 17, abril 2013/ setembro.2013.
alunos, professores e demais membros podem familiarizar-se com
as preocupações com a gestão correta dos recursos públicos e con-
tribuir para o debate sobre como e onde investir os recursos a fim
de melhorar o processo ensino-aprendizagem no âmbito escolar. A APRENDIZAGEM DA LEITURA COMO UM DIREITO
A participação efetiva da comunidade escolar através das HUMANO
instâncias colegiadas- Associação de Pais Mestres e Funcionários
(APMF), Conselho Escolar e Grêmio Estudantil - é fundamental para
a deliberação e fiscalização da aplicação dos recursos. Esta é uma A aprendizagem da leitura é um direito humano fundamental,
questão fundamental em termos de controle social do recurso des- essencial para o desenvolvimento individual e social. É por meio da
tinado a educação: a possibilidade de a comunidade escolar saber leitura que se adquire conhecimento, amplia-se a visão de mundo
que os recursos de fato existem, sua quantidade e as possibilidades e se desenvolve a capacidade de compreensão e interpretação de
de uso. Portanto, a transparência nas informações é imprescindível textos. Nesta apostila, discutiremos a importância da aprendizagem
para que a aplicação dos recursos possibilite suprir as necessidades da leitura como um direito humano e apresentaremos algumas fer-
reais da escola e não apenas da lógica geral da descentralização da ramentas relevantes para o ensino da leitura.
política educacional e burocrática.
Também destacamos como importante função do gestor edu- — O direito humano à leitura
cacional, o conhecimento de outras fontes de recursos descentra- A leitura é um direito humano fundamental, previsto em diver-
lizados provenientes do Ministério da Educação, além do gerencia- sos documentos internacionais de direitos humanos, como a Decla-
mento patrimonial, do conhecimento da rede física da escola e da ração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção sobre os Direi-
logística educacional, bem como acompanhamento e gerenciamen- tos da Criança. O acesso à leitura é uma condição para a realização
to do programa de alimentação escolar. de outros direitos humanos, como o direito à educação, à liberdade
de expressão e à informação. Além disso, a leitura é essencial para
o desenvolvimento pessoal e social, permitindo a formação de cida-
dãos críticos e conscientes.

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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

— Ferramentas para o ensino da leitura A aprendizagem da leitura é um direito humano fundamental,


Existem diversas ferramentas e metodologias que podem ser essencial para o desenvolvimento pessoal e social. A utilização de
utilizadas no ensino da leitura, que variam de acordo com a idade, ferramentas e metodologias adequadas para o ensino da leitura
o nível de escolaridade e as habilidades individuais de cada aluno. pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades importan-
Algumas ferramentas relevantes para o ensino da leitura são: tes, como a compreensão e a interpretação de textos. É importante
adaptar as atividades para o perfil dos alunos e variar as ferramen-
• Alfabetização fonética: a alfabetização fonética é uma meto- tas utilizadas, para manter o interesse e o engajamento dos alunos
dologia que ensina as relações entre os sons da língua e as letras do no processo de aprendizagem da leitura.
alfabeto. Essa metodologia é especialmente útil para crianças em
fase de alfabetização, pois ajuda a compreender a relação entre a
escrita e a oralidade.
• Leitura compartilhada: a leitura compartilhada é uma técnica QUESTÕES
em que o professor ou responsável lê um texto em voz alta e os
alunos acompanham a leitura, seguindo o texto em suas próprias
cópias. Essa técnica ajuda a desenvolver a habilidade de compreen- 1. (Quadrix/2017 - SEDF)
são de textos, além de incentivar o gosto pela leitura. No que se refere aos aspectos pedagógicos e sociais da prática
• Rodas de leitura: as rodas de leitura são atividades em que os educativa, julgue o item a seguir.
alunos se reúnem para discutir um texto previamente selecionado. De acordo com a tendência progressista histórico-crítica, a edu-
Essa atividade ajuda a desenvolver a capacidade de interpretação cação deve estar centralizada no aluno e o professor deve garantir
e análise crítica de textos, além de incentivar o diálogo e o debate. um relacionamento de respeito, promovendo uma aprendizagem
• Leitura em voz alta: a leitura em voz alta é uma técnica em baseada na motivação e na estimulação de problemas.
que o aluno lê um texto em voz alta para o professor ou para a ( ) CERTO
classe. Essa técnica ajuda a desenvolver a fluência e a entonação ( ) ERRADO
na leitura, além de incentivar a autoconfiança e a participação ativa
dos alunos. 2. (IBFC/2013 - SEAP-DF)
• Bibliotecas escolares: as bibliotecas escolares são espaços de- Considerando o papel político pedagógico e organicidade do
dicados à leitura, onde os alunos podem escolher livros e materiais ensinar, aprender e pesquisar, e de acordo com seus conhecimen-
para ler e estudar. As bibliotecas escolares são importantes para tos sobre essa temática, julgue os itens a seguir:
incentivar o hábito da leitura e para fornecer recursos de pesquisa I. O projeto político-pedagógico contribui na sistematização e
e estudo. organicidade da prática reflexiva dos sujeitos, estes que são múl-
tiplos e convergem para ações autônomas e compromissadas com
a construção do projeto, voltado para crítica, intervenção social e
— Como usar essas ferramentas formação de sujeitos reflexivos.
Cada uma das ferramentas apresentadas acima requer uma II. O projeto político-pedagógico pode ser definido como um
abordagem diferente para ser utilizada de forma eficaz. No entanto, simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diver-
algumas dicas gerais podem ser úteis para a aplicação dessas ferra- sas, sendo construído e encaminhado às autoridades educacionais
mentas no ensino da leitura: como prova do cumprimento de tarefas burocráticas da escola.
III. A construção de um projeto político-pedagógico deve con-
• Conheça seus alunos: para escolher a melhor ferramenta siderar as singularidades e a participação de todos os sujeitos da
para ensinar a leitura, é importante conhecer as habilidades indivi- escola, potencializando a criatividade e a capacidade reflexiva. Essa
duais de cada aluno, além de sua idade e nível de escolaridade. Isso perspectiva remete à compreensão das relações entre os sujeitos
ajudará a adaptar as atividades para o perfil dos alunos. que interagem no contexto do pesquisar, ensinar, aprender, de
• Varie as atividades: é importante variar as atividades para modo a ser coletiva a construção do projeto em questão.
manter o interesse e o engajamento dos alunos. Utilize diferentes IV. O processo político-pedagógico, embora constituído em
ferramentas e metodologias para ensinar a leitura, alternando en- processo democrático, não aborda a eliminação de relações com-
tre atividades individuais, em grupo, de escrita e de oralidade. petitivas e corporativas, reiterando a rotina do mando racionalizado
• Escolha textos adequados: escolha textos adequados ao ní- da burocracia, aumentando efeitos fragmentários da divisão do tra-
vel de escolaridade e às habilidades dos alunos. Textos muito com- balho que acaba por hierarquizar os poderes de decisão.
plexos ou muito simples podem desmotivar os alunos e dificultar o É correto o que se afirma nas sentenças:
aprendizado da leitura. (A) I, II e III, apenas
• Incentive o diálogo: incentive o diálogo e o debate entre os (B) I e III, apenas.
alunos, para que possam trocar ideias e opiniões sobre os textos (C) III e IV, apenas.
lidos. Isso ajuda a desenvolver a capacidade de análise crítica e de (D) I, III e IV, apenas.
interpretação de textos.
• Utilize recursos audiovisuais: utilize recursos audiovisuais,
como vídeos, músicas e podcasts, para complementar o ensino da
leitura. Isso ajuda a diversificar as atividades e a ampliar o repertó-
rio dos alunos.

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a solução para o seu concurso!
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

3. (TJ-MA - FESAG - Pedagogo - 2005) (D) aprimorar os sistemas educacionais, tendo como princípio
O projeto político pedagógico é um instrumento que deve ser a integração.
implementado na perspectiva de uma educação para a cidadania.
Com esta compreensão é correto afirmar que: 7. (CESPE/2018 - ABIN)
(A) O projeto político pedagógico precisa ser construído inclu- A questão não é mais discutir a inserção ou não de tecnologias
sive por interferência política partidária. Um processo sempre da informação e comunicação na educação, mas a sua apropriação
inconcluso e se possível parcial. pelos sujeitos pedagógicos (alunos e professores), para contribuir
(B) O projeto político pedagógico não nega o instituído coleti- com a melhoria da qualidade dos processos educativos e, conse-
vamente, que é a sua história, seus atores. O projeto político quentemente, da aprendizagem. Com relação a esse assunto, jul-
pedagógico não deve confrontar o instituído com o instituinte. gue o item que se segue.
(C) O projeto político pedagógico precisa ser construído sem Iniciativas educacionais e culturais têm procurado minimizar a
interferência política. Um processo sempre inconcluso e se discrepância no acesso às tecnologias da informação e comunica-
possível imparcial. ção por meio da utilização das mídias nos processos educacionais.
(D) O projeto político pedagógico não nega o instituído coleti- ( ) CERTO
vamente, que é a sua história, seus atores. O projeto político ( ) ERRADO
pedagógico sempre confronta o instituído com o instituinte.
(E) N.R.A.
4. “Qual é o papel da avaliação no processo de ensino aprendi- 8. (CESPE - 2012 - TJ-RO)
zagem? É certo que podermos separar o fato de ensinar do fato de Confrontar a experiência do aluno com o saber sistematizado
ensinar e avaliar? Antes de ensinar, sempre fazemos uma avaliação constitui método de ensino-aprendizagem próprio da concepção
inicial?” BASSEDAS, HUGUETE, SOLE, 1999. São muitos os questio- pedagógica.
namentos sobre avaliação. Analise as afirmativas a seguir e marque (A) liberal tecnicista.
a alternativa INCORRETA: (B) progressista histórico-crítica.
(A) A avaliação é utilizada para ajustar ou modificar as ativida- (C) liberal renovadora progressiva.
des em função dos conhecimentos e as dificuldades no início (D) progressista libertadora.
de uma sequência de ensino e de aprendizagem. (E) progressista libertária.
(B) Uma prática de avaliação formativa supõe um domínio do
currículo e dos processos de ensino e de aprendizagem. 9. (Quadrix/2018 - SEDUCE-GO)
(C) Ao elaborar uma avaliação, o educador deve observar a Na escola, o coordenador pedagógico exerce um papel estra-
contextualização, a interdisciplinaridade e a parametrização. tégico nas diversas instâncias que a permeiam. Considerando essa
(D) A avaliação se restringe ao julgamento sobre sucesso ou informação, assinale a alternativa que apresenta corretamente a
fracasso do aluno e pode ser compreendida como um conjunto função do coordenador pedagógico na escola.
de ações que orientam a intervenção pedagógica. (A) motivar os professores a manterem a boa aparência da es-
cola, de modo a estimular, na comunidade escolar, a aderência
5. (Professor – Anos Iniciais – 2013 – ICAP). às propostas feitas pela gestão
A contribuição da escola é a de: (B) cuidar da disciplina dos alunos, assumindo a postura de
(A) Não eleger a cidadania como eixo vertebrador da educação uma personagem apaziguadora da escola
escolar. (C) cuidar dos critérios de avaliação em sala de aula, optando
(B) Colocar-se contra valores e práticas sociais. sempre por um sistema mais rígido, mantendo o controle dos
(C) Desenvolver um projeto de educação comprometida com professores e assegurando o bom desempenho dos alunos
o desenvolvimento de capacidades que permitam intervir na (D) ser articulador, formador e transformador, possibilitando
realidade para transformá-la. que novos significados sejam atribuídos à prática educativa da
(D) Desrespeitar princípios e descomprometer-se com as pers- escola e à prática pedagógica dos professores
pectivas e decisões que as favoreçam. (E) cuidar da administração do tempo nas salas de aula, contro-
(E) Não valorizar conhecimentos que permitam desenvolver as lando principalmente o tempo destinado aos intervalos e evi-
capacidades necessárias para a participação efetiva. tando que haja dispersão dos alunos e dificuldades no retorno

6. (IF/GO – 2019 – IF/Goiano) 10. (FURB/2019 - Prefeitura de Blumenau/SC)


A inclusão implica um esforço de modernização e reestrutura- Valorização da diversidade como elemento enriquecedor da
ção das condições de funcionamento e organização da maioria das aprendizagem, atendimento às necessidades coletivas e individu-
escolas brasileiras, em especial as de educação básica. No entanto, ais de ensino e aprendizagem, adaptação da escola às necessidades
mudar a escola é enfrentar, de acordo com Mantoan, estudiosa da dos alunos e currículo flexível são fundamentos relacionados, cor-
questão da inclusão, muitas frentes de trabalho, cuja tarefa funda- retamente, à/ao:
mental é: (A) Educação inclusiva.
(A) recriar o modelo educativo da escola, tendo como eixo o (B) Ensino especial.
ensino para todos. (C) Educação especial.
(B) reorganizar administrativamente as escolas, tendo como (D) Ensino integrativo.
princípio a normalização. (E) Atendimento especializado.
(C) reestruturar a prática pedagógica dos professores, tendo
como eixo o ensino especializado.
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TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS

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GABARITO
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1 ERRADO ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 C
6 A ______________________________________________________
7 CERTO ______________________________________________________
8 E
______________________________________________________
9 D
10 A ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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USO DE TECNOLOGIA NA EDU-
CAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Tipos de ataques
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO (NOÇÕES DE VÍRUS E PRA- Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles3:
GAS VIRTUAIS, PROCEDIMENTOS DE BACKUP). – Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar
de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses-
Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera-
de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para ção, fraude, reprodução, bloqueio).
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organi- – Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole-
zação1. tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema,
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma corpo- infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da
ração, sendo também fundamentais para as atividades do negócio. máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep-
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata- tação, monitoramento, análise de pacotes).
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, Política de Segurança da Informação
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para pro- Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança
blemas. da organização através de regras de alto nível que representam os
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares2: princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponí- a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti-
vel somente a pessoas autorizadas.
co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam
a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja,
para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo:
de modo permanente a elas.
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja,
recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra
sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e
de formação e periodicidade de troca.
nem em qual etapa, se no processamento ou no envio.
• Política de backup: define as regras sobre a realização de có-
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e auto-
pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten-
ria do conteúdo seja mesmo a anunciada.
ção e frequência de execução.
Existem outros termos importantes com os quais um profissio- • Política de privacidade: define como são tratadas as infor-
nal da área trabalha no dia a dia. mações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do • Política de confidencialidade: define como são tratadas as
conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se re- informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas
fere ao controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, a terceiros.
que permite examinar o histórico de um evento de segurança da
informação, rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada Mecanismos de segurança
uma delas. Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni-
ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo pro- Ele pode ser aplicado de duas formas:
tegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
da informação, ainda que sem intenção qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à infor-
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne- mação ou infraestrutura que dá suporte a ela
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio. – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um anti-
explorada por uma ameaça. vírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con- infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada. de encriptação, que transformam as informações em códigos que
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran- certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
ça da informação. no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.

1 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/ 3 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-
2 https://bit.ly/2E5beRr -seguranca-da-informacao/
Editora
155
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por profissional habilitado conforme o plano de segurança da informação da
empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.

Criptografia
É uma maneira de codificar uma informação para que somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de uma
chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a informação4.
Tem duas maneiras de criptografar informações:
• Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma sequ-
ência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto o emissor
quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
• Criptografia assimétrica (chave pública): tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pessoa
que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.
Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da infor-
mação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a ação. A
chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados podem
ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basicamente em
bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.5

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser6.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.

4 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/
5 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%-
C3%A7%C3%A3o%20de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
6 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/
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– Evite sites duvidosos. almente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal


– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente,
anexos (link). pelo uso de pen-drives.
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades. Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocul-
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja tos, infectando arquivos do disco e executando uma série de ativi-
necessário, fornecer somente em sites seguros. dades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem
– Cuidado com informações em redes sociais. inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em
– Instalar um anti-spyware. datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são:
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos an- – Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo ane-
teriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado. xo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre
este arquivo, fazendo com que seja executado.
NOÇÕES DE VÍRUS E ANTIVÍRUS – Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS-
cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por
Códigos maliciosos (Malware) e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail
Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente escrito em formato HTML.
desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas – Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em
em um computador7. Algumas das diversas formas como os códigos linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por
maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são: aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos progra- compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre outros).
mas instalados; – Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para
– Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS
pen-drives; (Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usu-
– Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegado- ário permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa.
res vulneráveis;
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o compu- Worm
tador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos; Worm é um programa capaz de se propagar automaticamen-
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos te pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para
em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em computador.
páginas Web ou diretamente de outros computadores (através do Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da inclu-
compartilhamento de recursos). são de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, mas
sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração auto-
Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso mática de vulnerabilidades existentes em programas instalados em
aos dados armazenados no computador e podem executar ações computadores.
em nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usu- Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos
ário. recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que
Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver costumam propagar e, como consequência, podem afetar o desem-
e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens fi- penho de redes e a utilização de computadores.
nanceiras, a coleta de informações confidenciais, o desejo de au-
topromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são Bot e botnet
muitas vezes usados como intermediários e possibilitam a prática Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comunicação
de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais com o invasor que permitem que ele seja controlado remotamente.
detalhes nos Capítulos Golpes na Internet, Ataques na Internet e Possui processo de infecção e propagação similar ao do worm, ou
Spam, respectivamente). seja, é capaz de se propagar automaticamente, explorando vulne-
A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos ma- rabilidades existentes em programas instalados em computadores.
liciosos existentes. A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo
bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo
Vírus P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar
Vírus é um programa ou parte de um programa de computador, instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como des-
normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mes- ferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar spam.
mo e se tornando parte de outros programas e arquivos. Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de
zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente,
Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo
sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de
de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo
spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor
hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é
de e-mails e o utiliza para o envio de spam.
preciso que um programa já infectado seja executado.
Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de com-
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os
putadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas
disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e
executadas pelos bots.
começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atu-

7 https://cartilha.cert.br/malware/
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela Estes programas, geralmente, consistem de um único arquivo e ne-
será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios cessitam ser explicitamente executados para que sejam instalados
ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que no computador.
desejem que uma ação maliciosa específica seja executada. Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após
Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas invadirem um computador, alteram programas já existentes para
por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço, que, além de continuarem a desempenhar as funções originais,
propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta também executem ações maliciosas.
de informações de um grande número de computadores, envio de
spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de pro- Rootkit
xies instalados nos zumbis). Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite
esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código
Spyware malicioso em um computador comprometido.
Spyware é um programa projetado para monitorar as ativida- Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após in-
des de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros. vadirem um computador, os instalavam para manter o acesso pri-
Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, de- vilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos utilizados
pendendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de na invasão, e para esconder suas atividades do responsável e/ou
informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante usa-
informações coletadas. Pode ser considerado de uso: dos por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também utili-
– Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, pelo zados e incorporados por outros códigos maliciosos para ficarem
próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de veri- ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por mecanis-
ficar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou não mos de proteção.
autorizado.
– Malicioso: quando executa ações que podem comprometer a Ransomware
privacidade do usuário e a segurança do computador, como monitorar Ransomware é um tipo de código malicioso que torna inacessí-
e capturar informações referentes à navegação do usuário ou inseridas veis os dados armazenados em um equipamento, geralmente usan-
em outros programas (por exemplo, conta de usuário e senha). do criptografia, e que exige pagamento de resgate (ransom) para
Alguns tipos específicos de programas spyware são: restabelecer o acesso ao usuário8.
– Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins.
pelo usuário no teclado do computador. Pode se propagar de diversas formas, embora as mais comuns
– Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a po- sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo ou que
sição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos em induzam o usuário a seguir um link e explorando vulnerabilidades
que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde o em sistemas que não tenham recebido as devidas atualizações de
mouse é clicado. segurança.
– Adware: projetado especificamente para apresentar propa-
gandas. Antivírus
O antivírus é um software de proteção do computador que eli-
Backdoor mina programas maliciosos que foram desenvolvidos para prejudi-
Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor car o computador.
a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços O vírus infecta o computador através da multiplicação dele (có-
criados ou modificados para este fim. pias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar dados.
Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que O antivírus analisa os arquivos do computador buscando pa-
tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes, drões de comportamento e códigos que não seriam comuns em
que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados. Com
no computador para invadi-lo. isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar pro-
Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso fu- vidência.
turo ao computador comprometido, permitindo que ele seja aces- O banco de dados do antivírus é muito importante neste pro-
sado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer nova- cesso, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois todos
mente aos métodos utilizados na realização da invasão ou infecção os dias são criados vírus novos.
e, na maioria dos casos, sem que seja notado. Uma grande parte das infecções de vírus tem participação do
usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por e-mail
Cavalo de troia (Trojan) ou download de arquivos na internet de sites desconhecidos ou
Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que, mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acontecer uma
além de executar as funções para as quais foi aparentemente proje- contaminação.
tado, também executa outras funções, normalmente maliciosas, e Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de armaze-
sem o conhecimento do usuário. namentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes casos de-
Exemplos de trojans são programas que você recebe ou obtém vem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes.
de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtuais ani- Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto pa-
mados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre outros. gas. Entre as principais estão:
– Avast;
8 https://cartilha.cert.br/ransomware/
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

– AVG; dados, um pen-drive pode ser indicado para dados constantemen-


– Norton; te modificados, ao passo que um disco rígido pode ser usado para
– Avira; grandes volumes que devam perdurar.
– Kaspersky; • Quais arquivos copiar: apenas arquivos confiáveis e que
– McAffe. tenham importância para você devem ser copiados. Arquivos de
programas que podem ser reinstalados, geralmente, não precisam
Filtro anti-spam ser copiados. Fazer cópia de arquivos desnecessários pode ocupar
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não solici- espaço inutilmente e dificultar a localização dos demais dados. Mui-
tados, que geralmente são enviados para um grande número de tos programas de backup já possuem listas de arquivos e diretórios
pessoas. recomendados, podendo optar por aceitá-las ou criar suas próprias
Spam zombies são computadores de usuários finais que foram listas.
comprometidos por códigos maliciosos em geral, como worms, • Com que periodicidade realizar: depende da frequência com
bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma vez ins- que os arquivos são criados ou modificados. Arquivos frequente-
talados, permitem que spammers utilizem a máquina para o envio mente modificados podem ser copiados diariamente ao passo que
de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto utilizam má- aqueles pouco alterados podem ser copiados semanalmente ou
quinas comprometidas para executar suas atividades, dificultam a mensalmente.
identificação da origem do spam e dos autores também. Os spam
zombies são muito explorados pelos spammers, por proporcionar o Tipos de backup
anonimato que tanto os protege. • Backups completos (normal): cópias de todos os arquivos,
Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens indese- independente de backups anteriores. Conforma a quantidade de
jadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail. dados ele pode ser é um backup demorado. Ele marca os arquivos
copiados.
Anti-malwares • Backups incrementais: é uma cópia dos dados criados e al-
Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram detectar terados desde o último backup completo (normal) ou incremental,
e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computa- ou seja, cópia dos novos arquivos criados. Por ser mais rápidos e
dor. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan são exemplos ocupar menos espaço no disco ele tem maior frequência de backup.
de ferramentas deste tipo. Ele marca os arquivos copiados.
• Backups diferenciais: da mesma forma que o backup incre-
PROCEDIMENTOS DE BACKUP mental, o backup diferencial só copia arquivos criados ou alterados
desde o último backup completo (normal), mas isso pode variar em
Backup é uma cópia de segurança que você faz em outro dis- diferentes programas de backup. Juntos, um backup completo e
positivo de armazenamento como HD externo, armazenamento na um backup diferencial incluem todos os arquivos no computador,
nuvem ou pen drive por exemplo, para caso você perca os dados alterados e inalterados. No entanto, a diferença deste para o incre-
originais de sua máquina devido a vírus, dados corrompidos ou ou- mental é que cada backup diferencial mapeia as modificações em
tros motivos e assim possa restaurá-los (recuperá-los)9. relação ao último backup completo. Ele é mais seguro na manipula-
Backups são extremamente importantes, pois permitem10: ção de dados. Ele não marca os arquivos copiados.
• Proteção de dados: você pode preservar seus dados para que
sejam recuperados em situações como falha de disco rígido, atua- • Arquivamento: você pode copiar ou mover dados que deseja
lização malsucedida do sistema operacional, exclusão ou substitui- ou que precisa guardar, mas que não são necessários no seu dia a
ção acidental de arquivos, ação de códigos maliciosos/atacantes e dia e que raramente são alterados.
furto/perda de dispositivos.
• Recuperação de versões: você pode recuperar uma versão
antiga de um arquivo alterado, como uma parte excluída de um tex- CONHECIMENTO DA PLATAFORMA GOOGLE (GOOGLE
to editado ou a imagem original de uma foto manipulada. SALA DE AULA, GOOGLE DOCUMENTOS, GOOGLE PLANI-
LHA).
Muitos sistemas operacionais já possuem ferramentas de ba-
ckup e recuperação integradas e também há a opção de instalar
Classroom é o nome sala de aula em inglês, é o serviço do
programas externos. Na maioria dos casos, ao usar estas ferramen-
google que permite que alunos e professores interajam entre si, de
tas, basta que você tome algumas decisões, como:
acordo com o conteúdo ensinado.
• Onde gravar os backups: podem ser usadas mídias (como CD,
Dentro da sala de aula o aluno aceita o convite, realizado
DVD, pen-drive, disco de Blu-ray e disco rígido interno ou externo)
pelo professor, para participar das atividades propostas dentro de
ou armazená-los remotamente (on-line ou off-site). A escolha de-
determinado período.
pende do programa de backup que está sendo usado e de ques-
tões como capacidade de armazenamento, custo e confiabilidade.
Pontos importantes relatados abaixo:
Um CD, DVD ou Blu-ray pode bastar para pequenas quantidades de
– Integração entre o GOOGLE CLASSROOM (Google sala de
aula) e os serviços do google:
– Permite armazenar materiais do professor e do aluno no
9 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/02/procedimentos-de-
Google Drive;
-backup/
– Interação com o google agenda, para marcar datas de entrega;
10 https://cartilha.cert.br/mecanismos/
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a solução para o seu concurso!
USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

– Alunos e professores precisam de uma conta Google (GOOGLE.COM);


– É preciso que a escola tenha uma conta no Gsuite For Education (conta gratuita).

O professor cria uma turma no GOOGLE CLASSROOM e convida os alunos para participar da turma.
Para entrar no Google Classroom basta clicar no ícone indicado na figura abaixo, a partir desse processo, o professor poderá criar uma
turma.

Uma vez criada a turma pelo professor e os alunos terem aceitado o convite para entrar na turma, os discentes terão acesso a seguinte
tela:

Ao clicar em aula 1, a presente tela será exposta:

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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Nesta tela, os alunos poderão comentar e entregar atividades anexando documentos que estão no Google Drive.
Dentro da “Turma” também é possível acompanhar as atividades e visualizar os participantes, como descrito na seguinte imagem:

— Vantagens do uso do Google para elaboração de documentos em geral


– Utilização em qualquer lugar, sendo necessário apenas o acesso à Internet;
– Compartilhamento e colaboração de documentos;
– Fácil utilização;
– Utilização via celular.

— Documentos
Para acessar os documentos basta clicar no ícone indicado na figura abaixo:

Abaixo estão relatadas as principais funções da tela de entrada dos Documentos Google:

Funções de acordo com a numeração da figura:


1 – Documento em branco;
2 – Procurar arquivos;
3 – Pesquisar documentos dentro do drive;
4 – Modelos exibidos;
5 – Galeria de modelos.

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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Uma vez escolhido o item 1 (documento em branco), será aberta uma tela conforme a figura abaixo:

A tela acima é usada para a digitação de documentos, suas funcionalidades são semelhantes às funções do WORD, conforme o que
está descrito abaixo:
– Formatação em geral de palavras;
– Alinhamentos diversos;
– Inserção de tabelas, imagens, desenho, elementos básicos, cabeçalhos, rodapés e etc;
– Opções de arquivo, visualização, ferramentas e extensões;
– Opções de visualização.

O ícone relativo à função é um desenho bem intuitivo, dessa forma, é possível identificar a função visualmente.

— Planilhas
Para acessar o google planilhas, basta clicar no ícone indicado na figura abaixo:

As principais funções da tela de entrada do Planilhas Google estão numeradas na presente figura:

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Funções da tela de entrada do Planilha Google:


1 – Planilha em branco;
2 – Procurar arquivos;
3 – Pesquisar documentos no drive;
4 – Ocultar/Mostrar Modelos;
5 – Galeria de modelos;
6 – Aplicativos google.

Ao selecionar o item 1 (planilha em branco) acontecerá o que está exposto na figura abaixo:

A tela acima é a de digitação de planilhas, suas funcionalidades são às funções do EXCEL conforme descrito abaixo:
– Formatação em geral de palavras, tais como sublinhado, negrito, tamanho, cor e etc.
– Alinhamentos diversos, tais como: a direita, a esquerda, centralizar e etc.
– Inserção de tabelas, imagens, desenho, elementos básicos, cabeçalhos, rodapés e etc.
– Opções de arquivo, visualização, ferramentas e extensões, impressão e etc.
– Opções de visualização, zoom e etc.

Obs: Os desenhos dos ícones são bem intuitivos, é possível identificar suas funções visualmente.

— Apresentações
Para acessar o google apresentações basta clicar no ícone indicado na figura abaixo:

As principais funções da tela de entrada do Apresentações Google estão numeradas na figura abaixo:

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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Funções da tela de entrada do Apresentações Google:


1 – Apresentação em branco;
2 – Procurar arquivos;
3 – Pesquisar apresentações dentro do drive;
4 – Ocultar / Mostrar Modelos;
5 – Galeria de modelos.

Uma vez escolhido o item 1 (apresentação em branco), será aberta uma tela conforme na figura abaixo:

A tela acima é a tela para a digitação de slides, suas funcionalidades são semelhantes às funções disponíveis no POWER POINT,
conforme descrito abaixo:
– Formatação em geral de palavras, tais como cor, negrito, sublinhado e etc.
– Alinhamentos diversos, tais como centralizado, a direita e a esquerda.
– Inserção de desenhos, tabelas, imagens, áudio, vídeo e etc.
– Opções de arquivo, importar slides, publicar na Web e etc.
– Opções de visualização tais como apresentação slides e etc.

O desenho representativo da função é um desenho intuitivo, sendo assim, é possível identificá-lo visualmente.

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SISTEMA OPERACIONAL E AMBIENTE WINDOWS

O Windows 7 é um dos sistemas operacionais mais populares desenvolvido pela Microsoft11.


Visualmente o Windows 7 é semelhante ao seu antecessor, o Windows Vista, porém a interface é muito mais rica e intuitiva.
É Sistema Operacional multitarefa e para múltiplos usuários. O novo sistema operacional da Microsoft trouxe, além dos recursos do
Windows 7, muitos recursos que tornam a utilização do computador mais amigável.
Algumas características não mudam, inclusive porque os elementos que constroem a interface são os mesmos.

Edições do Windows 7
– Windows 7 Starter;
– Windows 7 Home Premium;
– Windows 7 Professional;
– Windows 7 Ultimate.

Área de Trabalho

Área de Trabalho do Windows 7.12

A Área de trabalho é composta pela maior parte de sua tela, em que ficam dispostos alguns ícones. Uma das novidades do Windows
7 é a interface mais limpa, com menos ícones e maior ênfase às imagens do plano de fundo da tela. Com isso você desfruta uma área de
trabalho suave. A barra de tarefas que fica na parte inferior também sofreu mudanças significativas.
Barra de tarefas
– Avisar quais são os aplicativos em uso, pois é mostrado um retângulo pequeno com a descrição do(s) aplicativo(s) que está(ão) ati-
vo(s) no momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas
ou entre programas.

11 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/AulaDemo-4147.pdf
12 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2012/05/como-ocultar-lixeira-da-area-de-trabalho-do-windows.html
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Alternar entre janelas.13

– A barra de tarefas também possui o menu Iniciar, barra de inicialização rápida e a área de notificação, onde você verá o relógio.
– É organizada, consolidando os botões quando há muitos acumulados, ou seja, são agrupados automaticamente em um único botão.
– Outra característica muito interessante é a pré-visualização das janelas ao passar a seta do mouse sobre os botões na barra de ta-
refas.

Pré-visualização de janela.14

Botão Iniciar

Botão Iniciar15

13 Fonte: https://pplware.sapo.pt/tutoriais/windows-7-flip-3d
14 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2010/12/como-aumentar-o-tamanho-das-miniaturas-da-taskbar-do-win-
dows-7.html
15 Fonte: https://br.ign.com/tech/47262/news/suporte-oficial-ao-windows-vista-acaba-em-11-de-abril
Editora
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se podem acessar outros menus que,
por sua vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

Menu Iniciar.16

Desligando o computador
O novo conjunto de comandos permite Desligar o computador, Bloquear o computador, Fazer Logoff, Trocar Usuário, Reiniciar, Sus-
pender ou Hibernar.

Ícones
Representação gráfica de um arquivo, pasta ou programa. Você pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir.
Alguns ícones são padrões do Windows: Computador, Painel de Controle, Rede, Lixeira e a Pasta do usuário.

Windows Explorer
No computador, para que tudo fique organizado, existe o Windows Explorer. Ele é um programa que já vem instalado com o Windows
e pode ser aberto através do Botão Iniciar ou do seu ícone na barra de tarefas.
Este é um dos principais utilitários encontrados no Windows 7. Permite ao usuário enxergar de forma interessante a divisão organiza-
da do disco (em pastas e arquivos), criar outras pastas, movê-las, copiá-las e até mesmo apagá-las.
Com relação aos arquivos, permite protegê-los, copiá-los e movê-los entre pastas e/ou unidades de disco, inclusive apagá-los e tam-
bém renomeá-los. Em suma, é este o programa que disponibiliza ao usuário a possibilidade de gerenciar todos os seus dados gravados.

16 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2019/04/como-deixar-a-interface-do-windows-10-parecida-com-o-windows-7.ghtml
Editora
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Uma das novidades do Windows 7 são as Bibliotecas. Por padrão já consta uma na qual você pode armazenar todos os seus arquivos
e documentos pessoais/trabalho, bem como arquivos de músicas, imagens e vídeos. Também é possível criar outra biblioteca para que
você organize da forma como desejar.

Bibliotecas no Windows 7.18

Aplicativos de Windows 7
O Windows 7 inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramen-
tas para melhorar o desempenho do computador, calculadora e etc.
A pasta Acessórios é acessível dando-se um clique no botão Iniciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas e no
submenu, que aparece, escolha Acessórios.

Bloco de Notas
Aplicativo de edição de textos (não oferece nenhum recurso de formatação) usado para criar ou modificar arquivos de texto. Utilizado
normalmente para editar arquivos que podem ser usados pelo sistema da sua máquina.
O Bloco de Notas serve para criar ou editar arquivos de texto que não exijam formatação e não ultrapassem 64KB. Ele cria arquivos
com extensões .INI, .SYS e .BAT, pois abre e salva texto somente no formato ASCII (somente texto).

17 Fonte: https://www.softdownload.com.br/adicione-guias-windows-explorer-clover-2.html
18 Fonte: https://www.tecmundo.com.br/musica/3612-dicas-do-windows-7-aprenda-a-usar-o-recurso-bibliotecas.htm
Editora
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Bloco de Notas.

WordPad
Editor de texto com formatação do Windows. Pode conter imagens, tabelas e outros objetos. A formatação é limitada se comparado
com o Word. A extensão padrão gerada pelo WordPad é a RTF. Por meio do programa WordPad podemos salvar um arquivo com a exten-
são DOC entre outras.

WordPad.19

19 Fonte: https://www.nextofwindows.com/windows-7-gives-wordpad-a-new-life
Editora
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Paint
Editor simples de imagens do Windows. A extensão padrão é a BMP. Permite manipular arquivos de imagens com as extensões: JPG
ou JPEG, GIF, TIFF, PNG, ICO entre outras.

Paint.20

• Calculadora
Pode ser exibida de quatro maneiras: padrão, científica, programador e estatística.

20 Fonte: https://www.techtudo.com.br/listas/noticia/2017/03/microsoft-paint-todas-versoes-do-famoso-editor-de-fotos-do-windows.html
Editora
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Painel de Controle
O Painel de controle fornece um conjunto de ferramentas administrativas com finalidades especiais que podem ser usadas para confi-
gurar o Windows, aplicativos e ambiente de serviços. O Painel de Controle inclui itens padrão que podem ser usados para tarefas comuns
(por exemplo, Vídeo, Sistemas, Teclado, Mouse e Adicionar hardware). Os aplicativos e os serviços instalados pelo usuário também podem
inserir ícones no Painel de controle.

Painel de Controle.21

Novidades do Windows 7

Ajustar: o recurso Ajustar permite o redimensionamento rápido e simétrico das janelas abertas, basta arrastar a janela para as bordas
pré-definidas e o sistema a ajustará às grades.
Aero Peek: exclusivo das versões Home Premium, Professional e Ultimate, o Aero Peek permite que o usuário visualize as janelas que
ficam ocultadas pela janela principal.
Nova Barra de Tarefas: o usuário pode ter uma prévia do que está sendo rodado, apenas passando o mouse sobre o item minimizado.
Alternância de Tarefas: a barra de alternância de tarefas do Windows 7 foi reformulada e agora é interativa. Permite a fixação de
ícones em determinado local, a reorganização de ícones para facilitar o acesso e também a visualização de miniaturas na própria barra.
Gadgets: diferentemente do Windows Vista, que prendia as gadgets na barra lateral do sistema. O Windows 7 permite que o usuário
redimensione, arraste e deixe as gadgets onde quiser, não dependendo de grades determinadas.
Windows Media Center: o novo Windows Media Center tem compatibilidade com mais formatos de áudio e vídeo, além do suporte a
TVs on-line de várias qualidades, incluindo HD. Também conta com um serviço de busca mais dinâmico nas bibliotecas locais, o TurboScroll.
Windows Backup: além do já conhecido Ponto de Restauração, o Windows 7 vem também com o Windows Backup, que permite a
restauração de documentos e arquivos pessoais, não somente os programas e configurações.
Windows Touch: uma das inovações mais esperadas do novo OS da Microsoft, a compatibilidade total com a tecnologia do toque na
tela, o que inclui o acesso a pastas, redimensionamento de janelas e a interação com aplicativos.
Windows Defender: livre-se de spywares e outras pragas virtuais com o Windows Defender do Windows 7, agora mais limpo e mais
simples de ser configurado e usado.
Windows Firewall: para proteção contra crackers e programas mal-intencionados, o Firewall do Windows. Agora com configuração de
perfis alternáveis, muito útil para uso da rede em ambientes variados, como shoppings com Wi-Fi pública ou conexões residências.
Flip 3D: Flip 3D é um feature padrão do Windows Vista que ficou muito funcional também no Windows 7. No Windows 7 ele ficou com
realismo para cada janela e melhorou no reconhecimento de screens atualizadas.

21 Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2016/06/como-mudar-o-idioma-do-windows-7.html
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WINDOWS 8

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

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Área de trabalho do Windows 8

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos execu-
tar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

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Uso dos menus

Programas e aplicativos

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para entendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Capturador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a parte
desejada e colar em outro lugar.

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Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente experiência
de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar playlists e etc.,
isso também é válido para o media center

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito importante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem salvos,
tendo assim uma cópia de segurança.

Editora
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A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o armaze-
namento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na internet).

WINDOWS 10

Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma única
plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console Xbox One e
produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de realidade aumentada HoloLens22.

Versões do Windows 10

– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e note-
book), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home, os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em pequenas
empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os
alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em tecnologias
desenvolvidas no campo da segurança digital e produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessidades
do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem como
objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento para
o varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso pro-
fissional mais avançado em máquinas poderosas com vários processadores e grande quantidade de RAM.

Área de Trabalho (pacote aero)


Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

22 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDemo-4147.pdf
Editora
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Área de Trabalho do Windows 10.23


Aero Glass (Efeito Vidro)
Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

Efeito Aero Glass.24

Aero Flip (Alt+Tab)


Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.

23 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/
24 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm
Editora
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Aero Shake (Win+Home)


Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta sacudir
novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)

Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)


Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida de
modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap.

Editora
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Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)


O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil quando
você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue ver o que
precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de trabalho (parte
inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto transparente. Ao clicar sobre
ele, as janelas serão minimizadas.

Efeito Aero Peek.

Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na direita,
temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita temos uma
versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

Menu Iniciar no Windows 10.25


25 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar
Editora
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Nova Central de Ações


A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões an-
teriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.26

Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas antigas
de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar o programa
mais versátil.
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

Paint 3D.

Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o caso
do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades nativas. O
assistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar quando for solicita-
do, por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.
Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o
tema que deseja.

26 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center
Editora
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180
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Cortana no Windows 10.27

Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da Mi-
crosoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de suporte a
tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de armaze-
namento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da Web. Use
a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas para visuali-
zá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.

Microsoft Edge no Windows 10.

Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.
Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por Hello
ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

27 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm
Editora
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Windows Hello.

Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades
ou em sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos
Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.28


28 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas
Editora
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você pode
acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está
disponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.29

Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo está
disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela extensão
recebida no ato de sua criação ou alteração.
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns são
arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.xlsx) e
apresentações (monografia.pptx).

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos de
arquivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

29 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10
Editora
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Central de Segurança do Windows Defender


A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e segurança >
Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Windows Defender.30

Lixeira
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas excluídos das unidades internas do computador (c:\).
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL.
- Arrasta-lo para a lixeira.
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir.
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D.

Arquivos apagados permanentemente:


- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...).
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mostrado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho do
HD (disco rígido) do computador).
- Deletar pressionando a tecla SHIFT.
- Desabilitar a lixeira (Propriedades).

Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na área de trabalho do Windows 10.

Outros Acessórios do Windows 10

Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados, mas os relacionados a seguir são os mais populares:
– Alarmes e relógio.
– Assistência Rápida.
– Bloco de Notas.
– Calculadora.
– Calendário.
– Clima.
– E-mail.

30 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de-
7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1
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– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes fí- e tons pastéis. O icônico menu Iniciar também se move para o cen-
sicos). tro da tela junto com a barra de tarefas. Mas você pode movê-los
– Ferramenta de Captura. de volta para a esquerda, onde estão no Windows 10, se preferir.
– Gravador de passos.
– Internet Explorer. Integração de aplicativos Android
– Mapas.
– Mapa de Caracteres. O Windows 11 finalmente permite que você baixe aplicativos
– Paint. Android para o seu PC. Os aplicativos Android agora estão dispo-
– Windows Explorer. níveis para Windows 11 por meio da Microsoft Store, por meio da
– WordPad. Amazon Appstore. (Havia algumas maneiras de acessar aplicati-
– Xbox. vos Android no Windows 10, inclusive se você tivesse um telefone
Samsung Galaxy, mas isso o tornará nativo.) Isso é algo que os
Principais teclas de atalho usuários do Windows esperam há anos e marca outro movimento
CTRL + F4: fechar o documento ativo. em direção à fusão. de dispositivos móveis e laptops.
CTRL + R ou F5: atualizar a janela.
CTRL + Y: refazer. Melhor suporte para área de trabalho virtual
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas. Você achará mais fácil criar e alternar entre diferentes áreas
WIN + A: central de ações. de trabalho virtuais no Windows 11 do que no Windows 10. O
WIN + C: cortana. Windows 11 permite configurar áreas de trabalho virtuais de ma-
WIN + E: explorador de arquivos. neira semelhante a um Mac. Ele permite que você alterne entre
WIN + H: compartilhar. vários desktops ao mesmo tempo para uso pessoal, profissional,
WIN + I: configurações. escolar ou para jogos. No Windows 10, esse recurso era mais difícil
WIN + L: bloquear/trocar conta. de configurar e usar.
WIN + M: minimizar as janelas.
WIN + R: executar. Transição mais fácil do monitor para o laptop
WIN + S: pesquisar.
WIN + “,”: aero peek. É mais fácil agrupar diferentes conjuntos de janelas e aplica-
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas. tivos e alternar entre uma área de trabalho e um monitor graças
WIN + TAB: task view (visão de tarefas). aos Snap Layouts e Snap Groups. O novo sistema operacional in-
WIN + HOME: aero shake. clui recursos chamados Snap Groups e Snap Layouts - coleções de
ALT + TAB: alternar entre janelas. aplicativos que você está usando ao mesmo tempo que ficam na
WIN + X: menu de acesso rápido. barra de tarefas e podem aparecer ou ser minimizados ao mesmo
F1: ajuda. tempo para facilitar a troca de tarefas. Eles também permitem que
você conecte e desconecte de um monitor facilmente, sem perder
WINDOWS 11 a localização das janelas abertas.

Os sistemas operacionais Windows 11 e Windows 10 compar- Microsoft Teams adicionado à barra de tarefas
tilham muitas semelhanças, mas existem algumas grandes dife-
renças. A versão mais recente oferece uma estética mais parecida O Microsoft Teams está integrado diretamente na Barra de
com o Mac e mais recursos de produtividade – além da chance Tarefas do Windows 11 para facilitar as videochamadas. O Teams
de finalmente usar aplicativos Android em seu computador com recebeu uma reformulação e agora está integrado diretamente à
Windows 11. barra de tarefas do Windows 11, facilitando o acesso (e um pou-
Vamos nos aprofundar nas grandes mudanças que a Micro- co mais parecido com o FaceTime da Apple). Você pode acessar o
soft fez e o que realmente mudou. E certifique-se de verificar nos- Teams no Windows, Mac, Android ou iOS.
sos recursos favoritos do Windows 11 e como usá-los, tudo o que
queríamos no Windows 11, mas não obtivemos e como definir seu Widgets (bem, mais ou menos)
mecanismo de pesquisa padrão. Quando estiver pronto, mostra-
remos como baixar o novo sistema operacional. Inicie widgets na barra de tarefas do Windows 11 para ver
informações rápidas, como clima, notícias e ações. Embora eles
WINDOWS 10 VS. WINDOWS 11: TODAS AS GRANDES DIFE- já existam há algum tempo (lembra dos gadgets de área de traba-
RENÇAS NO SISTEMA OPERACIONAL lho no Windows Vista?), incluindo em uma atualização recente do
Windows 10, agora você pode acessar os widgets diretamente da
Design e interface barra de tarefas e personalizá-los para ver o que quiser.
Tela sensível ao toque aprimorada, suporte para voz e caneta
O Windows 11 apresenta um novo design com um menu Ini- A Microsoft tornou o Windows 11 mais fácil de usar em ta-
ciar centralizado e uma barra de tarefas. O Windows 11 traz uma blets do que o Windows 10. Para tablets, a Microsoft buscou me-
interface totalmente nova, mais parecida com o Mac, para o siste- lhorar a experiência de toque, com mais espaço entre os ícones
ma operacional. Possui um design clean com cantos arredondados na barra de tarefas e suporte para gestos. O Windows 11 também
adiciona haptics à sua caneta digital, para que você possa ouvir
Editora
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e sentir as vibrações ao usá-la para fazer anotações ou desenhar. • Área de trabalho do Word
Por fim, o sistema operacional apresenta digitação por voz e co- Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo
mandos em todo o sistema. com a necessidade.

Tecnologia do Xbox para melhorar os jogos

O Windows 11 traz algumas adições de tecnologia do Xbox


para melhorar os jogos. O Windows 11 terá alguns recursos en-
contrados nos consoles Xbox, como Auto HDR e DirectStorage,
para melhorar os jogos em seu PC com Windows. Isso marca outro
movimento em direção à integração de PCs e consoles Xbox para
a Microsoft.
O Windows 11 vale a atualização para a maioria das pessoas.
Ele vem com uma ampla gama de novos recursos, melhorias de
desempenho e alterações de design. Como o sistema operacional
Windows mais recente, ele também recebe mais atenção do que
o Windows 10. • Iniciando um novo documento
Também não há muito risco em atualizar para o Windows
11. Com algum planejamento, você pode facilmente desinstalar o
Windows 11 e voltar para o Windows 10. E com a atualização mais
recente disponível, nunca fez tanto sentido tentar.

(EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES EM


AMBIENTE WINDOWS).

Microsoft Office

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA TECLA DE


ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para Justificar (arruma a direito
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas e a esquerda de acordo Ctrl + J
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – com a margem
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações –
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum: Alinhamento à direita Ctrl + G

Word Centralizar o texto Ctrl + E


O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos Alinhamento à esquerda Ctrl + Q
então apresentar suas principais funcionalidades.
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)

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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de


trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
Verificação e
de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
Revisão correção ortográ-
se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
fica
máticos.

Arquivo Salvar

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO Excel


O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
Tipo de letra culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
a dia do uso pessoal e empresarial.
Tamanho São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.
Aumenta / diminui tamanho
Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-
Recursos automáticos de caixa-altas tomaticamente.
e baixas
• Mas como é uma planilha de cálculo?
Limpa a formatação – Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
pecíficas do aplicativo.
• Marcadores – A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se- entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

• Outros Recursos interessantes:


– Podemos também ter o intervalo A1..B3
GUIA ÍCONE FUNÇÃO
- Mudar
Forma
Página - Mudar cor
inicial de Fundo
- Mudar cor
do texto

- Inserir
Tabelas
Inserir
- Inserir
Imagens

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– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé- • Área de Trabalho do PowerPoint
lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
uma planilha.

• Formatação células

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-


ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY) Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo
• Fórmulas de comum interesse tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que
diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referente
MÉDIA (em um intervalo de
=MEDIA(célula X:célulaY) ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, ti-
células)
pos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
MÁXIMA (em um intervalo Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
=MAX(célula X:célulaY)
de células) utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
MÍNIMA (em um intervalo a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
=MIN(célula X:célulaY) trabalho com o programa.
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

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Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários Office 2013
no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe- A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho. a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque
apresentado anteriormente. (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen-
tos com telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem,
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smart-
fones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro • Atualizações no PowerPoint
slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se – O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
uma posição para outra utilizando o mouse. de apresentações profissionais;
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas – Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
para passagem entre elementos das apresentações. destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre- ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando smartfones de forma geral.
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito.
• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade quisa inteligente;
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le- – É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
vando a experiência dos usuários a outro nível. que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
a digitação de equações.
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
questão do compartilhamento dos arquivos.

• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis,
além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques-
tão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
desenvolvimento de documentos;

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.


Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

• Atualizações no Excel Office 365


– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura
destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário
algum mapa que deseja construir. sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
Word, Excel e PowerPoint.
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Observações importantes: finidas todas as regras necessárias para que o computador de desti-
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me- no, “entenda” as informações no formato que foram enviadas pelo
lhorias citadas constam nele; computador de origem.
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res- Existem diversos protocolos, atualmente a grande maioria das
ponsável por isso; redes utiliza o protocolo TCP/IP já que este é utilizado também na
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre Internet.
atualizados. O protocolo TCP/IP acabou se tornando um padrão, inclusive
para redes locais, como a maioria das redes corporativas hoje tem
acesso Internet, usar TCP/IP resolve a rede local e também o acesso
CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E externo.
PROCEDIMENTOS DE INTERNET.
TCP / IP
Sigla de Transmission Control Protocol/Internet Protocol (Pro-
Internet tocolo de Controle de Transmissão/Protocolo Internet).
A Internet é uma rede mundial de computadores interligados Embora sejam dois protocolos, o TCP e o IP, o TCP/IP aparece
através de linhas de telefone, linhas de comunicação privadas, ca- nas literaturas como sendo:
bos submarinos, canais de satélite, etc31. Ela nasceu em 1969, nos - O protocolo principal da Internet;
Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de pesquisa - O protocolo padrão da Internet;
e se chamava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency). - O protocolo principal da família de protocolos que dá suporte
Com o passar do tempo, e com o sucesso que a rede foi tendo, o nú- ao funcionamento da Internet e seus serviços.
mero de adesões foi crescendo continuamente. Como nesta época,
o computador era extremamente difícil de lidar, somente algumas Considerando ainda o protocolo TCP/IP, pode-se dizer que:
instituições possuíam internet. A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é respon-
No entanto, com a elaboração de softwares e interfaces cada sável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho para o trans-
vez mais fáceis de manipular, as pessoas foram se encorajando a porte dos pacotes).
participar da rede. O grande atrativo da internet era a possibilida-
de de se trocar e compartilhar ideias, estudos e informações com Domínio
outras pessoas que, muitas vezes nem se conhecia pessoalmente. Se não fosse o conceito de domínio quando fossemos acessar
um determinado endereço na web teríamos que digitar o seu en-
Conectando-se à Internet dereço IP. Por exemplo: para acessar o site do Google ao invés de
Para se conectar à Internet, é necessário que se ligue a uma você digitar www.google.com você teria que digitar um número IP
rede que está conectada à Internet. Essa rede é de um provedor de – 74.125.234.180.
acesso à internet. Assim, para se conectar você liga o seu computa- É através do protocolo DNS (Domain Name System), que é pos-
dor à rede do provedor de acesso à Internet; isto é feito por meio sível associar um endereço de um site a um número IP na rede.
de um conjunto como modem, roteadores e redes de acesso (linha O formato mais comum de um endereço na Internet é algo como
telefônica, cabo, fibra-ótica, wireless, etc.). http://www.empresa.com.br, em que:
www: (World Wide Web): convenção que indica que o ende-
World Wide Web reço pertence à web.
A web nasceu em 1991, no laboratório CERN, na Suíça. Seu empresa: nome da empresa ou instituição que mantém o ser-
criador, Tim Berners-Lee, concebeu-a unicamente como uma lin- viço.
guagem que serviria para interligar computadores do laboratório e com: indica que é comercial.
outras instituições de pesquisa, e exibir documentos científicos de br: indica que o endereço é no Brasil.
forma simples e fácil de acessar.
Hoje é o segmento que mais cresce. A chave do sucesso da URL
World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interli- Um URL (de Uniform Resource Locator), em português, Locali-
gados por meio de palavras-chave, tornando a navegação simples zador-Padrão de Recursos, é o endereço de um recurso (um arqui-
e agradável. vo, uma impressora etc.), disponível em uma rede; seja a Internet,
ou uma rede corporativa, uma intranet.
Protocolo de comunicação Uma URL tem a seguinte estrutura: protocolo://máquina/ca-
Transmissão e fundamentalmente por um conjunto de proto- minho/recurso.
colos encabeçados pelo TCP/IP. Para que os computadores de uma
rede possam trocar informações entre si é necessário que todos os HTTP
computadores adotem as mesmas regras para o envio e o recebi- É o protocolo responsável pelo tratamento de pedidos e res-
mento de informações. Este conjunto de regras é conhecido como postas entre clientes e servidor na World Wide Web. Os endereços
Protocolo de Comunicação. No protocolo de comunicação estão de- web sempre iniciam com http:// (http significa Hypertext Transfer
Protocol, Protocolo de transferência hipertexto).

Hipertexto
31 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20 São textos ou figuras que possuem endereços vinculados a
Avan%E7ado.pdf eles. Essa é a maneira mais comum de navegar pela web.
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Navegadores – Gerenciador de Downloads: permite administrar os downlo-


Um navegador de internet é um programa que mostra informa- ads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e pausar
ções da internet na tela do computador do usuário. por tempo indeterminado. É um maior controle na usabilidade do
Além de também serem conhecidos como browser ou web navegador de internet.
browser, eles funcionam em computadores, notebooks, dispositi- – Extensões: já é padrão dos navegadores de internet terem
vos móveis, aparelhos portáteis, videogames e televisores conec- um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades.
tados à internet. Com alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plug-ins com
Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, ícones, entre
e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada pelo outros.
internauta. – Central de Ajuda: espaço para verificar a versão instalada do
Esse conteúdo pode ser um texto, uma imagem, um vídeo, um navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também exis-
jogo eletrônico, uma animação, um aplicativo ou mesmo servidor. tam em português) de como realizar tarefas ou ações específicas
Ou seja, o navegador é o meio que permite o acesso a qualquer no navegador.
página ou site na rede.
Para funcionar, um navegador de internet se comunica com Firefox, Internet Explorer, Google Chrome, Safari e Opera são
servidores hospedados na internet usando diversos tipos de pro- alguns dos navegadores mais utilizados atualmente. Também co-
tocolos de rede. Um dos mais conhecidos é o protocolo HTTP, que nhecidos como web browsers ou, simplesmente, browsers, os na-
transfere dados binários na comunicação entre a máquina, o nave- vegadores são uma espécie de ponte entre o usuário e o conteúdo
gador e os servidores. virtual da Internet.
Internet Explorer
Funcionalidades de um Navegador de Internet Lançado em 1995, vem junto com o Windows, está sendo
A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para o substituído pelo Microsoft Edge, mas ainda está disponível como
usuário uma tela de exibição através de uma janela do navegador. segundo navegador, pois ainda existem usuários que necessitam de
Ele decodifica informações solicitadas pelo usuário, através de algumas tecnologias que estão no Internet Explorer e não foram
códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo internauta. atualizadas no Edge.
Ou seja, entender a mensagem enviada pelo usuário, solicitada Já foi o mais navegador mais utilizado do mundo, mas hoje per-
através do endereço eletrônico, e traduzir essa informação na tela deu a posição para o Google Chrome e o Mozilla Firefox.
do computador. É assim que o usuário consegue acessar qualquer
site na internet.
O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML, uma
linguagem de marcação para criar páginas na web e para ser inter-
pretado pelos navegadores.
Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF,
imagens e outros tipos de dados.
Essas ferramentas traduzem esses tipos de solicitações por
meio das URLs, ou seja, os endereços eletrônicos que digitamos na
parte superior dos navegadores para entrarmos numa determinada Principais recursos do Internet Explorer:
página. – Transformar a página num aplicativo na área de trabalho,
Abaixo estão outros recursos de um navegador de internet: permitindo que o usuário defina sites como se fossem aplicativos
– Barra de Endereço: é o espaço em branco que fica localiza- instalados no PC. Através dessa configuração, ao invés de apenas
do no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve digitar manter os sites nos favoritos, eles ficarão acessíveis mais facilmente
a URL (ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar qualquer através de ícones.
página na web. – Gerenciador de downloads integrado.
– Botões de Início, Voltar e Avançar: botões clicáveis básicos – Mais estabilidade e segurança.
que levam o usuário, respectivamente, ao começo de abertura do – Suporte aprimorado para HTML5 e CSS3, o que permite uma
navegador, à página visitada antes ou à página visitada seguinte. navegação plena para que o internauta possa usufruir dos recursos
– Favoritos: é a aba que armazena as URLs de preferência do implementados nos sites mais modernos.
usuário. Com um único simples, o usuário pode guardar esses en- – Com a possibilidade de adicionar complementos, o navega-
dereços nesse espaço, sendo que não existe uma quantidade limite dor já não é apenas um programa para acessar sites. Dessa forma, é
de links. É muito útil para quando você quer acessar as páginas mais possível instalar pequenos aplicativos que melhoram a navegação e
recorrentes da sua rotina diária de tarefas. oferecem funcionalidades adicionais.
– Atualizar: botão básico que recarrega a página aberta naque- – One Box: recurso já conhecido entre os usuários do Google
le momento, atualizando o conteúdo nela mostrado. Serve para Chrome, agora está na versão mais recente do Internet Explorer.
mostrar possíveis edições, correções e até melhorias de estrutura Através dele, é possível realizar buscas apenas informando a pala-
no visual de um site. Em alguns casos, é necessário limpar o cache vra-chave digitando-a na barra de endereços.
para mostrar as atualizações.
– Histórico: opção que mostra o histórico de navegação do
usuário usando determinado navegador. É muito útil para recupe-
rar links, páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode ser
apagado, caso o usuário queira.
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

Microsoft Edge
Da Microsoft, o Edge é a evolução natural do antigo Explorer32.
O navegador vem integrado com o Windows 10. Ele pode receber
aprimoramentos com novos recursos na própria loja do aplicativo.
Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário con-
vertendo sites complexos em páginas mais amigáveis para leitura.

Principais recursos do Google Chrome:


– Desempenho ultra veloz, desde que a máquina tenha recur-
sos RAM suficientes.
– Gigantesca quantidade de extensões para adicionar novas
funcionalidades.
– Estável e ocupa o mínimo espaço da tela para mostrar conte-
údos otimizados.
Outras características do Edge são:
– Segurança avançada com encriptação por Certificado SSL (HT-
– Experiência de navegação com alto desempenho.
TPS).
– Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de qual-
– Disponível em desktop e mobile.
quer lugar conectado à internet.
– Funciona com a assistente de navegação Cortana.
Opera
– Disponível em desktops e mobile com Windows 10.
Um dos primeiros navegadores existentes, o Opera segue evo-
– Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.
luindo como um dos melhores navegadores de internet.
Firefox
Ele entrega uma interface limpa, intuitiva e agradável de usar.
Um dos navegadores de internet mais populares, o Firefox é
Além disso, a ferramenta também é leve e não prejudica a qualida-
conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da média.
de da experiência do usuário.
Desenvolvido pela Fundação Mozilla, é distribuído gratuita-
mente para usuários dos principais sistemas operacionais. Ou seja,
mesmo que o usuário possua uma versão defasada do sistema ins-
talado no PC, ele poderá ser instalado.

Outros pontos de destaques do Opera são:


– Alto desempenho com baixo consumo de recursos e de ener-
gia.
– Recurso Turbo Opera filtra o tráfego recebido, aumentando a
velocidade de conexões de baixo desempenho.
Algumas características de destaque do Firefox são: – Poupa a quantidade de dados usados em conexões móveis
– Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente. (3G ou 4G).
– Não exige um hardware poderoso para rodar. – Impede armazenamento de dados sigilosos, sobretudo em
– Grande quantidade de extensões para adicionar novos recur- páginas bancárias e de vendas on-line.
sos. – Quantidade moderada de plug-ins para implementar novas
– Interface simplificada facilita o entendimento do usuário. funções, além de um bloqueador de publicidade integrado.
– Atualizações frequentes para melhorias de segurança e pri- – Disponível em desktop e mobile.
vacidade.
– Disponível em desktop e mobile. Safari
O Safari é o navegador oficial dos dispositivos da Apple. Pela
Google Chorme sua otimização focada nos aparelhos da gigante de tecnologia, ele
É possível instalar o Google Chrome nas principais versões do é um dos navegadores de internet mais leves, rápidos, seguros e
sistema operacional Windows e também no Linux e Mac. confiáveis para usar.
O Chrome é o navegador de internet mais usado no mundo.
É, também, um dos que têm melhor suporte a extensões, maior
compatibilidade com uma diversidade de dispositivos e é bastante
convidativo à navegação simplificada.

32 https://bit.ly/2WITu4N
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USO DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA BÁSICA

O Safari também se destaca em:


– Sincronização de dados e informações em qualquer disposi-
tivo Apple (iOS).
– Tem uma tecnologia anti-rastreio capaz de impedir o direcio-
namento de anúncios com base no comportamento do usuário.
– Modo de navegação privada não guarda os dados das páginas
visitadas, inclusive histórico e preenchimento automático de cam-
pos de informação.
– Compatível também com sistemas operacionais que não seja
da Apple (Windows e Linux).
– Disponível em desktops e mobile.
Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os
Intranet
quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identi-
A intranet é uma rede de computadores privada que assenta
fica o tipo de dado que ele representa.
sobre a suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo de
um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma empresa,
Extensões de arquivos
que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou colaboradores
internos33.
Pelo fato, a sua aplicação a todos os conceitos emprega-se à EXTENSÃO TIPO
intranet, como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor. Para .jpg, .jpeg, .png, .bpm, .gif, ... Imagem
tal, a gama de endereços IP reservada para esse tipo de aplicação
situa-se entre 192.168.0.0 até 192.168.255.255. .xls, .xlsx, .xlsm, ... Planilha
Dentro de uma empresa, todos os departamentos possuem .doc, .docx, .docm, ... Texto formatado
alguma informação que pode ser trocada com os demais setores, .txt Texto sem formatação
podendo cada sessão ter uma forma direta de se comunicar com as
demais, o que se assemelha muito com a conexão LAN (Local Area .mp3, .wma, .aac, .wav, ... Áudio
Network), que, porém, não emprega restrições de acesso. .mp4, .avi, rmvb, .mov, ... Vídeo
A intranet é um dos principais veículos de comunicação em cor-
.zip, .rar, .7z, ... Compactadores
porações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de documentos,
formulários, notícias da empresa, etc.) é constante, pretendendo .ppt, .pptx, .pptm, ... Apresentação
reduzir os custos e ganhar velocidade na divulgação e distribuição .exe Executável
de informações.
Apesar do seu uso interno, acessando aos dados corporativos, .msl, ... Instalador
a intranet permite que computadores localizados numa filial, se co-
nectados à internet com uma senha, acessem conteúdos que este- Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, ar-
jam na sua matriz. Ela cria um canal de comunicação direto entre quivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são univer-
a empresa e os seus funcionários/colaboradores, tendo um ganho sais podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros
significativo em termos de segurança. que dependem de um programa específico como os arquivos do
Corel Draw que necessita o programa para visualizar. Nós identifi-
camos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas
CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE letras que ficam no final do nome do arquivo.
INFORMAÇÕES, ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS. Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
Pasta .doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tama-
nhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documen-
pastas (subpastas)34. to do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto
do LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não
são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no
momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres
33 https://centraldefavoritos.com.br/2018/01/11/conceitos-basicos-
(letras, números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \
-ferramentas-aplicativos-e-procedimentos-de-internet-e-intranet-par-
| > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.
te-2/
Bibliotecas
34 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/
aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas
Editora
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Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft35.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.
Operações básicas com arquivos do Windows Explorer
35 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/
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• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

QUESTÕES

1. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computadores, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponibi-
lizados por meio de endereços e links com formatos padronizados URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de endereço
válido na Internet é:
(A) http:@site.com.br
(B) HTML:site.estado.gov
(C) html://www.mundo.com
(D) https://meusite.org.br
(E) www.#social.*site.com

2. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servidores e armazenamento compartilhados, com software disponível e localiza-
dos em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso presencial, chamamos esse serviço de:
(A) Computação On-Line.
(B) Computação na nuvem.
(C) Computação em Tempo Real.

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(D) Computação em Block Time. 9. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
(E) Computação Visual Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
cuta?
3. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
tos associados à Internet, julgue o próximo item. (C) Capturar uma janela inteira
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- (D) Capturar uma seção retangular da tela.
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no uma caneta eletrônica
Youtube (http://www.youtube.com).
( ) CERTO 10. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
( ) ERRADO assinale a alternativa INCORRETA:
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
4. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a pela Microsoft.
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
danos ao computador do usuário. ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
( ) Certo pre visível ao usuário.
( ) Errado (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
5. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- Kapersky.
cia de vírus. (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser res x86 e 64 bits.
adotado no exemplo acima.
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo 11. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - MÉDICO - OBJETIVA/2019)
ao administrador de rede. Para que a segurança da informação seja efetiva, é necessário que
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo os serviços disponibilizados e as comunicações realizadas garantam
de vírus. alguns requisitos básicos de segurança. Sobre esses requisitos, assi-
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo. nalar a alternativa CORRETA:
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- (A) Repúdio de ações realizadas, integridade, monitoramento
toramento. e irretratabilidade.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a (B) Protocolos abertos, publicidade de informação, incidentes
analisá-lo posteriormente. e segurança física.
(C) Confidencialidade, integridade, disponibilidade e autentica-
6. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows ção.
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver- (D) Indisponibilidade, acessibilidade, repúdio de ações realiza-
são para processadores de 64 bits. das e planejamento.
( ) Certo
( ) Errado 12. (PREFEITURA DE JAHU/SP - MONITOR DE ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS - OBJETIVA/2019) Em
7. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do Mi- conformidade com a Cartilha de Segurança para Internet, quanto
crosoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é a alguns cuidados que se deve tomar ao usar redes, independente-
uma versão oficial do Microsoft Windows mente da tecnologia, analisar os itens abaixo:
(A) Windows 7 I. Manter o computador atualizado, com as versões mais recen-
(B) Windows 10 tes e com todas as atualizações aplicadas.
(C) Windows 8.1 II. Utilizar e manter atualizados mecanismos de segurança,
(D) Windows 9 como programa antimalware e firewall pessoal.
(E) Windows Server 2012 III. Ser cuidadoso ao elaborar e ao usar suas senhas.
Estão CORRETOS:
8. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do (A) Somente os itens I e II.
Windows: (B) Somente os itens I e III.
(A) Windows Gold. (C) Somente os itens II e III.
(B) Windows 8. (D) Todos os itens.
(C) Windows 7.
(D) Windows XP.

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13. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - TÉCNICO EM IN-


FORMÁTICA - COTEC/2020) Os softwares antivírus são comumente GABARITO
utilizados para proteger os sistemas de ameaças e potenciais sof-
twares malintencionados (conhecidos por malwares). Alguns usu-
ários de computadores chegam a instalar mais de um antivírus na
mesma máquina para sua proteção. Verifique o que pode ocorrer 1 D
no caso da instalação de mais de um antivírus: 2 B
I - Um antivírus pode identificar o outro antivírus como sendo
3 ERRADO
uma possível ameaça.
II - Vai ocasionar um uso excessivo de processamento na CPU 4 CERTO
do computador. 5 C
III - Apesar de alguns inconvenientes, há um acréscimo do nível
6 CERTO
de segurança.
IV - Instabilidades e incompatibilidades podem fazer com que 7 D
vulnerabilidades se apresentem. 8 A
Estão CORRETAS as afirmativas:
(A) I, II e IV, apenas. 9 B
(B) I, III e IV, apenas. 10 D
(C) II e III, apenas. 11 C
(D) II e IV, apenas.
(E) II, III e IV, apenas. 12 D
13 A
14. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
14 A
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção 15 C
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú- 16 CERTO
meros e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
ANOTAÇÕES
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
que o Excel. ______________________________________________________
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
gens de correio eletrônico. ______________________________________________________
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
e recebimento de páginas web. ______________________________________________________

______________________________________________________
15. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ/SC - ANALISTA JURÍDICO - IE- ______________________________________________________
SES/2019) Qual o tipo de backup que deve ser realizado para fazer
a cópia apenas das alterações relativas ao último backup? ______________________________________________________
(A) Diferencial.
(B) Completo. ______________________________________________________
(C) Incremental.
(D) Analógico. ______________________________________________________

______________________________________________________
16. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
noros à apresentação em elaboração. ______________________________________________________
( ) CERTO
( ) ERRADO ______________________________________________________

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