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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

Trecho do conto “Olhos D’água” para responder às questões 01, 02, 03 e 04:

Às vezes, no final da tarde, antes que a noite tomasse conta do tempo, ela se
sentava na soleira da porta e, juntas, ficávamos contemplando as artes das
nuvens no céu. Umas viravam carneirinhos; outras, cachorrinhos; algumas,
gigantes adormecidos, e havia aquelas que eram só nuvens, algodão doce. A
mãe, então, espichava o braço, que ia até o céu, colhia aquela nuvem, repartia
em pedacinhos e enfiava rápido na boca de cada uma de nós. Tudo tinha de
ser muito rápido, antes que a nuvem derretesse e com ela os nossos sonhos
se esvaecessem também. Mas de que cor eram os olhos de minha mãe?

Lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes chuvas. Em cima
da cama, agarrada a nós, ela nos protegia com seu abraço. E com os olhos
alagados de prantos balbuciava rezas à Santa Bárbara, temendo que o nosso
frágil barraco desabasse sobre nós. E eu não sei se o lamento-pranto de minha
mãe, se o barulho da chuva... Sei que tudo me causava a sensação de que a
nossa casa balançava ao vento. Nesses momentos os olhos de minha mãe se
confundiam com os olhos da natureza. Chovia, chorava! Chorava, chovia!
Então, por que eu não conseguia lembrar a cor dos olhos dela?

01. (Prof. Fernando Oliveira) A narrativa em 1ª pessoa costuma ter uma


tendência de caráter mais memorialista, explorando as impressões do
narrador perante os fatos mencionados. Nesse sentido, a referida
narradora promove uma descrição em que, em meio a certa
objetividade, surge, abruptamente, uma metáfora, como no seguinte
trecho:
a) Às vezes, no final da tarde, antes que a noite tomasse conta do tempo
b) ...e havia aquelas que eram só nuvens, algodão doce.
c) Lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes chuvas.
d) Em cima da cama, agarrada a nós, ela nos protegia com seu abraço.
e) Sei que tudo me causava a sensação de que a nossa casa balançava
ao vento.

02. (Prof. Fernando Oliveira) O processo de evasão emocional promovido


pela contemplação daquela família às nuvens, tem como
componente a rapidez na fruição desse sentimento. Dessa dinâmica
sentimental das mulheres da família depreende-se que essa rapidez
a) Está associada a ausência de um aproveitamento digno dos prazeres
da vida.
b) É apenas uma forma de a família usufruir das benesses do tempo.
c) Representa a necessidade de passar de um sonho a outro ao longo do
dia.
d) Vislumbra uma perspectiva duradoura da família com em realizar
sonhos.
e) Em nada se relaciona com expectativas criadas acerca de uma vida
melhor.

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03. (Prof. Fernando Oliveira) Baseando-se nos recursos expressivos das


figuras de linguagem, assinale a alternativa que contenha a correta
avaliação entre o fragmento a ser destacado e seu respectivo recurso
expressivo:
a) Lembro-me ainda do temor de minha mãe... (Assíndeto)
b) . Chovia, chorava! Chorava, chovia! (Quiasmo)
c) ...os olhos de minha mãe se confundiam com os olhos da natureza.
(Hipérbato)
d) E com os olhos alagados de prantos balbuciava rezas à Santa Bárbara
(Eufemismo)
e) A mãe, então, espichava o braço, que ia até o céu... (perífrase)

04.(Prof. Fernando Oliveira) Em uma narrativa, a construção frasal aliada


a uma pontuação expressiva pode nos dar a dimensão do ritmo
empregado na contagem das memórias. Nesse sentido, as reticências
no trecho “E eu não sei se o lamento-pranto de minha mãe, se o
barulho da chuva... Sei que tudo me causava a sensação de que a
nossa casa balançava ao vento” promovem
a) A explicitação de um processo enumerativo sobre as sensações da
narradora
b) Uma completude na expressividade da personagem sobre suas
emoções
c) Uma interrupção de caráter sintático-semântico na tentativa de
explicar um fato.
d) Uma retomada de aspecto causal de termos sequenciais que não se
relacionam.
e) Uma antecipação do que ainda será explicado quanto aos receios da
narradora.

Leia outro trecho do conto “Olhos D’água” para as questões 05, 06 e 07:

E naquela noite a pergunta continuava me atormentando. Havia anos que eu


estava fora de minha cidade natal. Saíra de minha casa em busca de melhor
condição de vida para mim e para minha família: ela e minhas irmãs tinham
ficado para trás. Mas eu nunca esquecera a minha mãe. Reconhecia a
importância dela na minha vida, não só dela, mas de minhas tias e de todas as
mulheres de minha família. E também, já naquela época, eu entoava cantos
de louvor a todas nossas ancestrais, que desde a África vinham arando a terra
da vida com as suas próprias mãos, palavras e sangue. Não, eu não esqueço
essas Senhoras, nossas Yabás, donas de tantas sabedorias. Mas de que cor
eram os olhos de minha mãe?

E foi então que, tomada pelo desespero por não me lembrar de que cor seriam
os olhos de minha mãe, naquele momento resolvi deixar tudo e, no dia
seguinte, voltar à cidade em que nasci. Eu precisava buscar o rosto de minha
mãe, fixar o meu olhar no dela, para nunca mais esquecer a cor de seus olhos.

Assim fiz. Voltei, aflita, mas satisfeita. Vivia a sensação de estar cumprindo um
ritual, em que a oferenda aos Orixás deveria ser descoberta da cor dos olhos
de minha mãe.

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05. (Prof. Fernando Oliveira) As Yabás, nome dado aos orixás de origem
feminina, são amplamente valorizadas no fragmento narrado pela
personagem. Do ponto de vista coesivo, essa afirmação ocorre em
consonância com
a) O desprezo de sua parentela de origem masculina.
b) Certo grau crítico em relação às entidades religiosas.
c) A importância das figuras femininas de sua família.
d) A pessoa de sua genitora em caráter exclusivo.
e) Valorização de todos os membros de sua família.

06. (Prof. Fernando Oliveira) Os textos literários possuem uma diversidade


rica, que vai das temáticas trabalhadas, passando pelas influências
emocionais dos autores, até os recursos linguísticos utilizados para
reforçar a expressividade do texto. Do ponto de vista estrutural,
narrativo e lexical, uma marca que não está presente no fragmento
em questão é:
a) A linguagem em 1ª pessoa
b) Vocabulário poético
c) Monólogo interior
d) Termos metafóricos
e) Léxico impessoal

07. (Prof. Fernando Oliveira) Em narrações revestidas de perspectiva


subjetiva, há uma tendência de um processo de desnudamento de
quem narra. Em situações do tipo, os sentimentos demonstram-se
simultâneos e paradoxais, como no seguinte trecho do fragmento:
a) Eu precisava buscar o rosto de minha mãe
b) a pergunta continuava me atormentando.
c) Assim fiz. Voltei, aflita, mas satisfeita.
d) eu entoava cantos de louvor a todas nossas ancestrais.
e) Vivia a sensação de estar cumprindo um ritual

Fragmento do conto “Ana Davenga” para as questões 08 a 11:

As batidas na porta ecoaram como um prenúncio de samba. O coração de


Ana Davenga naquela quase meia-noite, tão aflito, apaziguou um pouco. Tudo
era paz então, uma relativa paz. Deu um salto da cama e abriu a porta. Todos
entraram, menos o seu. Os homens cercaram Ana Davenga. As mulheres,
ouvindo o movimento vindo do barraco de Ana, foram também. De repente,
naquele minúsculo espaço coube o mundo. Ana Davenga reconhecera a
batida. Ela não havia confundido a senha. O toque prenúncio de samba ou de
macumba estava a dizer que tudo estava bem. Tudo em paz, na medida do
possível. Um toque diferente, de batidas apressadas dizia de algo mau, ruim,
danoso no ar. O toque que ela ouvira antes não prenunciava desgraça alguma.
Se era assim, onde andava o seu, já que os das outras estavam ali? Por onde
andava o seu homem? Por que Davenga não estava ali?

Davenga não estava ali. Os homens rodearam Ana com cuidado, e as


mulheres também. Era preciso cuidado. Davenga era bom. Tinha um coração

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de Deus, mas, invocado, era o próprio diabo. Todos haviam aprendido a olhar
Ana Davenga. Olhavam a mulher buscando não perceber a vida e as delícias
que explodiam por todo o seu corpo.

08.(Prof. Fernando Oliveira) O fragmento em questão é o que introduz o


conto Ana Davenga. Em alguns textos narrativos, os personagens
costumam ser apresentados antes das ações, levando a certa lentidão
narrativa. Neste caso, porém, as ações ganham contornos mais
dinâmicos, em razão da natureza de seu gênero textual: O conto. Neste
sentido, que vanguarda europeia dialoga com essa característica do
ritmo narrativo?
a) Cubismo
b) Dadaísmo
c) Surrealismo
d) Futurismo
e) Expressionismo

09. (Prof. Fernando Oliveira) O conhecimento acerca da coesão textual


permite entrever as ligações entre as partes do texto, em muitas
situações, retomando ou antecipando termos. Utilizando-se de frases
do fragmento em evidência e considerando o contexto de todo o conto,
assinale a alternativa que melhor analisa determinadas ações coesivas
no texto.
a) No trecho “As mulheres, ouvindo o movimento vindo do barraco de
Ana, foram também. O termo destacado tem relação com o ato de
bater na porta do barraco da personagem.
b) Na frase “Todos entraram, menos o seu.”, o pronome possessivo faz
referência ao parceiro de criminalidade de Ana Davenga.
c) No trecho “onde andava o seu, já que os das outras estavam ali?”, o
termo em destaque está associada à omissão do termo HOMENS.
d) Na frase “era o próprio diabo.”, o verbo de ligação presente nela,
determina uma classificação de sujeito como indeterminado.
e) No trecho “Os homens rodearam Ana com cuidado, e as mulheres
também.”, não ocorre omissão de termo.

10. (Prof. Fernando Oliveira) No período “Tinha um coração de Deus, mas,


invocado...”, o termo em destacado poderia ser substituído mantendo-
se a intencionalidade discursiva pelo seguinte vocábulo:
a) Passivo
b) Arredio
c) Duvidoso
d) Prolixo
e) Persistente

11. (Prof. Fernando Oliveira) Como na maioria dos contos da obra Olhos
D’água, as imagens vislumbradas das descrições e narrações do texto
permitem deduzir qual a visão dos personagens e da narradora acerca
da realidade empreendida, a partir daquilo que a autora chama de

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escrevivência. Nesse sentido, qual trecho evidencia esse conceito, a


partir do contexto em que se passa o conto?
a) Os homens rodearam Ana com cuidado
b) Tudo era paz então, uma relativa paz.
c) Por onde andava o seu homem?
d) Tinha um coração de Deus, mas, invocado
e) Deu um salto da cama e abriu a porta.

Outro trecho do conto “Ana Davenga” para as questões 12, 13 e 14:

Desde aquele dia Ana ficou para sempre no barraco e na vida de Davenga.
Não perguntou de que o homem vivia. Ele trazia sempre dinheiro e coisas. Nos
tempos em que ficava fora de casa, eram os companheiros dele que, através
das mulheres, lhe traziam o sustento. Ela não estranhava nada. Muitas vezes,
Davenga mandava que ela fosse entregar dinheiro ou coisas para as mulheres
dos amigos dele. Elas recebiam as encomendas e mandavam perguntar
quando e se seus homens voltariam. Davenga às vezes falava do regresso, às
vezes, não. Ana sabia bem qual era a atividade de seu homem. Sabia dos riscos
que corria ao lado dele. Mas achava também que qualquer vida era um risco
e o risco maior era o de não tentar viver. E naquela noite primeira, no barraco
de Davenga, depois de tudo, quando calmos e ele já de olhos enxutos, — ele
havia chorado copiosamente no gozo-pranto — puderam conversar, Ana
resolveu adotar o nome dele. Resolveu então que a partir daquele momento
se chamaria Ana Davenga. Ela queria a marca do homem dela no seu corpo e
no seu nome.

12. (Prof. Fernando Oliveira) As temáticas de caráter social representam


uma parte considerável do que se chama de literatura engajada, cujo
objetivo é jogar luz sobre a realidade acerca de figuras marginalizadas
pela sociedade e pelo governo. Ao tocar no contexto da criminalidade,
os quatro primeiros períodos do fragmento descrevem a origem do
dinheiro que sustentava o casal Davenga. Entre as alternativas abaixo,
a que promove certo diálogo de ordem estrutural e temática com os
períodos demarcados pelo enunciado está:
a) O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema. (Não há vagas – Ferreira Gullar)

b) A tempestade que faz dobrar as bétulas


E tida como violenta
E a tempestade que faz dobrar
Os dorsos dos operários na rua? (Sobre a violência – Bertold Brecht)

c) Chega no morro com o carregamento


Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos tá um horror (Meu guri – Chico Buarque)

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d) O morro não tem vez


E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocês
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar (O morro não tem vez – Tom Jobim)

e) às vezes sou o policial que me suspeito


me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo
e me dou porrada (Quebranto – Negroesia)

13. (Prof. Fernando Oliveira) Embora o livro “Olhos D’água” traga como
gênero textual contos, cujas histórias são, aparentemente
independentes entre si, percebe-se entre todas as histórias uma
relação de proximidade, uma vez que a figura do excluído socialmente
é recorrente nas histórias. Nesse sentido, um conto cujo temática
dialoga com certa convicção da personagem em “Mas achava também
que qualquer vida era um risco e o risco maior era o de não tentar viver
é:
a) O cooper de cida
b) Olhos D’água
c) Agente combinamos de não morrer
d) Beijo na face
e) Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos

14. (Prof. Fernando Oliveira) As histórias narradas por Conceição Evaristo


são repletas de intensidade na forma como as ações ocorrem com os
personagens. Boa parte das situações das tramas são permeadas de
medo, sofrimento e tantos outros sentimentos negativos. Em qual das
alternativas abaixo, há um termo gramatical denotando certa
amplitude nas ações narrativas?
a) Davenga às vezes falava do regresso, às vezes, não.
b) ... quando calmos e ele já de olhos enxutos...
c) Ela queria a marca do homem dela no seu corpo...
d) ...ele havia chorado copiosamente no gozo-pranto...
e) Desde aquele dia Ana ficou para sempre no barraco...

Trecho do conto “Duzu-Querença” para as questões 15 a 17:

Duzu lambeu os dedos gordurosos de comida, aproveitando os últimos bagos


de arroz que tinham ficado presos debaixo de suas unhas sujas. Um homem
passou e olhou para a mendiga, com uma expressão de asco. Ela lhe devolveu
um olhar de zombaria. O homem apressou o passo, temendo que ela se
levantasse e viesse lhe atrapalhar o caminho.

Duzu olhou no fundo da lata, encontrando apenas o espaço vazio. Insistiu


ainda. Diversas vezes levou a mão lá dentro e retornou com um imaginário

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alimento que jogava prazerosamente à boca. Quando se fartou deste sonho,


arrotou satisfeita, abandonando a lata na escadaria da igreja e caminhou até
mais adiante, se afastando dos outros mendigos. Agachou-se quieta. Ficou
por algum tempo olhando o mundo. Sentiu um início de cãibra nas pernas,
ergueu-se pela metade, acocorando-se de novo. Estava mesmo ficando velha,
pensou. Levantou devagar. Olhou para trás, viu os companheiros seus
estirados, depois do almoço, contemplando o meio-dia. Ensaiou e mudou os
passos, cambaleante e insegura feito criança que começa a andar. Sorriu da
lerdeza e da cãibra que insistiam. É, a perna estava querendo falhar. Ela é que
não ia ficar ali assentada. Se as pernas não andam, é preciso ter asas para voar.

15. (Prof. Fernando Oliveira) O conto em questão dimensiona o cotidiano


de uma mendiga. O estado de miserabilidade desta personagem é
perceptível com marcas linguísticas implícitas como o seguinte
conjunto de termos ou frases:
a) últimos bagos/ espaço vazio
b) arrotou satisfeita/ mudou os passos
c) dedos gordurosos/ olhar de zombaria
d) Agachou-se quieta/ olhando o mundo
e) Levantou devagar/ é preciso ter asas para voar

16. (Prof. Fernando Oliveira) O contexto popular do cotidiano retratado é


reforçado pelo linguajar utilizado, conferindo maior grau de realismo na
abordagem narrativa. Este nível linguagem pode ser percebido no
termo destacado em “Estava mesmo ficando velha...”, o qual pode ser
substituído, sem prejuízo ao sentido, por um termo de linguagem mais
erudita, como na seguinte opção:
a) Gagá
b) Pueril
c) Senil
d) Fraterna
e) Varonil

17. (Prof. Fernando Oliveira) Seja o seguinte trecho:

“Diversas vezes levou a mão lá dentro e retornou com um imaginário


alimento que jogava prazerosamente à boca.”

• Considerando as funções morfossintáticas identificáveis nos


fragmentos do período composto acima, assinale a alternativa que
contém a correta análise.
a) O termo A MÃO possui a função de objeto indireto.
b) À BOCA é um adjunto adnominal ligado ao termo MÃO.
c) LÁ DENTRO é um objeto direto pleonástico.
d) O verbo RETORNOU está flexionado no pretérito imperfeito.
e) DIVERSAS VEZES tem a função sintática de adjunto adverbial.

Trecho do conto “Duzu Querença” para as questões 18 a 21:

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Duzu ficou na casa da tal senhora durante muitos anos. Era uma casa grande
de muitos quartos. Nos quartos moravam mulheres que Duzu achava bonitas.
Gostava de ficar olhando para os rostos delas. Elas passavam muitas coisas no
rosto e na boca.

Ficavam mais bonitas ainda. Duzu trabalhava muito. Ajudava na lavagem e na


passagem da roupa. Era ela também quem fazia a limpeza dos quartos. A
senhora tinha explicado a Duzu que batesse nas portas sempre. Batesse forte
e esperasse o pode entrar. Um dia Duzu esqueceu e foi entrando. A moça do
quarto estava dormindo. Em cima dela dormia um homem. Duzu ficou
confusa: por que aquele homem dormia em cima da moça? Saiu devagar,
mas antes ficou olhando um pouco os dois. Estava engraçado. Estava bonito.
Estava bom de olhar. Então resolveu que nem sempre ia bater nas portas dos
quartos. Nem sempre ia esperar o pode entrar. Algumas vezes ia entrar-
entrando. E foi no entrar-entrando que Duzu viu várias vezes homens
dormindo em cima das mulheres. Homens acordados em cima das mulheres.
Homens mexendo em cima das mulheres. Homens trocando de lugar com as
mulheres. Gostava de ver aquilo tudo. Em alguns quartos a menina era
repreendida. Em outros, era bem-aceita.

Houve até aquele quarto em que o homem lhe fez um carinho no rosto e foi
abaixando a mão lentamente... A moça mandou que ele parasse. Não estava
vendo que ela era uma menina? O homem parou. Levantou embrulhado no
lençol. Duzu viu então que a moça estava nua. Ele pegou a carteira de dinheiro
e deu uma nota para Duzu. Ela olhou timidamente para o homem. Voltou ali
no outro dia no entrar-entrando. Não era o mesmo. Saiu desapontada e triste.
Passados alguns dias voltou a entrar de supetão. Era ele. Era o homem que
lhe havia feito um carinho e lhe dado um dinheiro. Era ele que estava lá.
Estavam os dois nuzinhos. Ele em cima, parecendo dentro da mulher. Duzu
ficou olhando tudo. Teve um momento em que o homem chamou por ela.

Vagarosamente ela foi se aproximando. Ele, em cima da mulher, com uma das
mãos fazia carinho no rosto e nos seios da menina. Duzu tinha gosto e medo.
Era estranho, mas era bom. Ganhou muito dinheiro depois.

18. (Prof. Fernando Oliveira) O texto, embora sendo contada por uma
narradora observadora, traz consigo marcas de um texto memorialista.
Nesse sentido, um traço narrativo observado no fragmento acima
acerca do domínio das lembranças sobre o texto é:
a) O uso de verbos com ideia de ações recorrentes no passado;
b) A falta de detalhamento nas sucessões de cena.
c) A linguagem dominantemente normativa.
d) A presença de marcadores de tempo iminentes.
e) A obrigatoriedade de elementos fantasiosos na contagem dos fatos.

19. (Prof. Fernando Oliveira) O eufemismo é uma figura de linguagem com


funcionalidade atenuante. Nesse sentido, é possível identificar a
diferença entre o termo utilizado para suavizar e outras possibilidades
lexicais entendidas como mais grotescas ou impactantes. Assim, qual

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das opções em que, a partir da intencionalidade discursiva, percebe-se


esse movimento na construção textual?
a) Teve um momento em que o homem chamou por ela.
b) Passados alguns dias voltou a entrar de supetão.
c) Era ela também quem fazia a limpeza dos quartos.
d) Homens trocando de lugar com as mulheres.
e) Em alguns quartos a menina era repreendida.

20. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando a formação das construções


lexicais, o termo em destacado em “Batesse forte e esperasse o pode
entrar.”, pode ser explicado pelo seguinte processo:
a) Derivação regressiva
b) Composição justaposta
c) Neologismo
d) Derivação imprópria
e) Composição por aglutinação

21. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando os aspectos semânticos na


construção das palavras compostas, o termo destacado em “Voltou ali
no outro dia no entrar-entrando...”, insere um valor semântico de:
a) Atenuação
b) Repetição
c) Intensidade
d) Contradição
e) Ambiguidade
• Fragmento do conto “Maria” para as questões 22 a 25:

Quando o ônibus apontou lá na esquina, Maria abaixou o corpo, pegando a


sacola que estava no chão entre as suas pernas. O ônibus não estava cheio,
havia lugares. Ela poderia descansar um pouco, cochilar até a hora da descida.
Ao entrar, um homem levantou lá de trás, do último banco, fazendo um sinal
para o trocador. Passou em silêncio, pagando a passagem dele e de Maria. Ela
reconheceu o homem. Quanto tempo, que saudades! Como era difícil
continuar a vida sem ele. Maria sentou-se na frente. O homem sentou-se a seu
lado. Ela se lembrou do passado. Do homem deitado com ela. Da vida dos dois
no barraco. Dos primeiros enjoos. Da barriga enorme que todos diziam
gêmeos, e da alegria dele. Que bom! Nasceu! Era um menino! E haveria de se
tornar um homem. Maria viu, sem olhar, que era o pai de seu filho. Ele
continuava o mesmo. Bonito, grande, o olhar assustado não se fixando em
nada e em ninguém.

Sentiu uma mágoa imensa. Por que não podia ser de uma outra forma? Por
que não podiam ser felizes? E o menino, Maria? Como vai o menino?
cochichou o homem. Sabe que sinto falta de vocês? Tenho um buraco no
peito, tamanha a saudade! Tou sozinho!

Não arrumei, não quis mais ninguém. Você já teve outros... outros filhos? A
mulher baixou os olhos como que pedindo perdão. É. Ela teve mais dois filhos,
mas não tinha ninguém também. Ficava, apenas de vez em quando, com um

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ou outro homem. Era tão difícil ficar sozinha! E dessas deitadas repentinas,
loucas, surgiram os dois filhos menores. E veja só, homens também! Homens
também? Eles haveriam de ter outra vida. Com eles tudo haveria de ser
diferente. Maria, não te esqueci! Tá tudo aqui no buraco do peito...

22. (Prof. Fernando Oliveira) Para denotar mais dinamicidade ao texto,


percebe-se nele certas estruturas em que há a fusão da fala do narrador
e do personagem, cuja falta de delimitação pode ser evidenciada no
seguinte trecho, com o respectivo recurso representativo desse
procedimento:
a) Maria sentou-se na frente. O homem sentou-se a seu lado. (discurso
direto)
b) Ela reconheceu o homem. Quanto tempo, que saudades! (discurso
indireto livre)
c) Não arrumei, não quis mais ninguém. Você já teve outros... outros
filhos? (discurso indireto)
d) Ela teve mais dois filhos, mas não tinha ninguém também. (narrador
onisciente intruso)
e) Maria, não te esqueci! Tá tudo aqui no buraco do peito... (narrador-
personagem)

23. (Prof. Fernando Oliveira) Uma narrativa pode ter ritmos diferentes de
sucessão de situações, a depender da proposta intencional. Por se
tratar de um conto e, ao mesmo, por tratar de temas impactantes, é
possível perceber, neste fragmento, certa simultaneidade, relativa a
algumas reações a outras ações, como se percebe no seguinte trecho:
a) Por que não podiam ser felizes?
b) E dessas deitadas repentinas, loucas, surgiram os dois filhos
menores.
c) Que bom! Nasceu! Era um menino!
d) Não arrumei, não quis mais ninguém.
e) Tá tudo aqui no buraco do peito...

24. (Prof. Fernando Oliveira) Para dar uma dimensão mais detalhista das
ações, a narradora utiliza recursos que trazem, ao mesmo tempo, um
verbo em que se centraliza a ação e um verbo que denota a forma como
essa ação acontece, como no seguinte trecho:
a) Sentiu uma mágoa imensa.
b) Da barriga enorme que todos diziam gêmeos
c) Por que não podia ser de uma outra forma?
d) Maria abaixou o corpo, pegando a sacola que estava no chão.
e) Não arrumei, não quis mais ninguém.

25. (Prof. Fernando Oliveira) Seja o trecho:

“Ela se lembrou do passado. Do homem deitado com ela. Da vida dos dois
no barraco. Dos primeiros enjoos. Da barriga enorme que todos diziam
gêmeos, e da alegria dele.”

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Este fragmento, em especial, possui um recurso estrutural narrativo


recorrente, representado por:

a) Sequências em que predominam orações subordinadas.


b) Incorreta regência do verbo pronominal “Lembrar”
c) Agrupamentos de texto com recorrência de objetos indiretos.
d) Presença constante de sujeito determinado nas frases.
e) Períodos longos com teor de gradação anticlímax.

Fragmento do conto Maria para as questões 26, 27 e 28:

Alguém gritou: Lincha! Lincha! Lincha!... Uns passageiros desceram e outros


voaram em direção à Maria. O motorista tinha parado o ônibus para defender
a passageira:

— Calma pessoal! Que loucura é esta? Eu conheço esta mulher de vista. Todos
os dias, mais ou menos neste horário, ela toma o ônibus comigo. Está vindo
do trabalho, da luta para sustentar os filhos...

Lincha! Lincha! Lincha! Maria punha sangue pela boca, pelo nariz e pelos
ouvidos. A sacola havia arrebentado e as frutas rolavam pelo chão. Será que os
meninos iriam gostar de melão?

Tudo foi tão rápido, tão breve, Maria tinha saudades de seu ex-homem. Por
que estavam fazendo isto com ela? O homem havia segredado um abraço,
um beijo, um carinho no filho. Ela precisava chegar em casa para transmitir o
recado. Estavam todos armados com facas a laser que cortam até a vida.
Quando o ônibus esvaziou, quando chegou a polícia, o corpo da mulher estava
todo dilacerado, todo pisoteado.

Maria queria tanto dizer ao filho que o pai havia mandado um abraço, um
beijo, um carinho.

26. (Prof. Fernando Oliveira) Nas relações modernas de comunicabilidade,


uma característica muito evidente são os ruídos de comunicação, em
que as pessoas não procuram compreender-se mutuamente.
Considerando as sequências textuais do fragmento, qual trecho,
contextualmente, introduz uma evidência dessa ausência de
percepção da comunicação do outro?
a) Está vindo do trabalho, da luta para sustentar os filhos... //Lincha!
Lincha! Lincha!
b) O homem havia segredado um abraço, um beijo, um carinho no filho.
c) O motorista tinha parado o ônibus para defender a passageira....
d) Estavam todos armados com facas a laser que cortam até a vida.
e) ...quando chegou a polícia, o corpo da mulher estava todo dilacerado,
todo pisoteado.

27. (Prof. Fernando Oliveira) As perguntas compostas nas frases “Que


loucura é esta?”/ “Por que estavam fazendo isto com ela?”, de acordo
com o contexto sequencial, introduzem, respectivamente, elementos
de:
a) Espaço simbólico/ narradora-personagem

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

b) Personagem esférico/ narradora observadora neutra


c) Discurso indireto/ narradora onisciente neutra
d) Discurso direto/ discurso indireto livre
e) Narrador intruso/ narradora intrusa

28. (Prof. Fernando Oliveira) Em textos de narrativa dinâmica, há, também,


certa fragmentação da lógica narrativa, cujo esfacelamento pode
inserir interrupções abruptas, como no seguinte trecho:
a) Tudo foi tão rápido, tão breve
b) ...e as frutas rolavam pelo chão. Será que os meninos iriam gostar de
melão?
c) Todos os dias, mais ou menos neste horário, ela toma o ônibus comigo.
d) Maria punha sangue pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos.
e) ...quando chegou a polícia, o corpo da mulher estava todo dilacerado,
todo pisoteado.

• Primeiro trecho do conto “Quantos filhos Natalina teve?” para


resolver as questões 29 a 31:

Enjoava e vomitava muito durante quase toda a gravidez.

Na terceira, vomitou até na hora do parto. Foi a pior gravidez para Natalina.
Pior até do que a primeira, embora fosse ainda quase uma menina quando
pariu o primeiro filho.

Brincava gostoso quase todas as noites com o seu namoradinho e quando


deu fé, o jogo prazeroso brincou de pique-esconde lá dentro de sua barriga. A
mãe desesperada perguntou se ela queria o filho e se Bilico queria também.
Ela não sabia responder por ele. Sabia, porém, que ela, Natalina, não queria.
Que a mãe a perdoasse, não batesse nela, não contasse nada para o pai. Que
fizesse segredo até para o Bilico. Ela estava com ódio e vergonha. Bilico nunca
mais brincaria com ela. Ele não ia querer uma menina que estivesse
esperando um filho. Que a mãe ficasse calada. Ela ia dar um jeito naquilo.

Natalina sabia de certos chás. Várias vezes vira a mãe beber. Sabia também
que às vezes os chás resolviam, outras vezes, não. Escutava a mãe comentar
com as vizinhas:

— Ei, fulana, o troço desceu! — E soltava uma gargalhada aliviada de quem


conhecia o valor da vida e o valor da morte.

29. (Prof. Fernando Oliveira) O conto acima traz a temática da gravidez


indesejada ou recorrente no contexto popular. As implicações desse
tipo de situação trazem certas fragmentações familiares, como a
maternidade-solo. Uma evidência da iminência dessa situação está
presente no seguinte trecho:
a) Que a mãe a perdoasse, não batesse nela...
b) Bilico nunca mais brincaria com ela.
c) Escutava a mãe comentar com as vizinhas...
d) Foi a pior gravidez para Natalina.
e) Enjoava e vomitava muito durante quase toda a gravidez.

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

30. (Prof. Fernando Oliveira) No contexto temático do conto, a inserção da


frase “Natalina sabia de certos chás.”, insere um tipo de conhecimento:
a) Filosófico
b) Elitista
c) Empírico
d) Racionalista
e) Objetivo

31. (Prof. Fernando Oliveira) No trecho “Sabia, porém, que ela, Natalina, não
queria.” e no título do conto “Quantos filhos Natalina teve?”, as funções
sintáticas da palavra NATALINA são, respectivamente
a) Sujeito e sujeito
b) Vocativo e sujeito
c) Complemento nominal e vocativo
d) Aposto e sujeito
e) Sujeito e complemento nominal

Segundo trecho do conto “Quantos filhos Natalina teve?” para resolver as


questões 32 a 35:

A mãe devia estar mesmo com muita mágoa dela. Estava querendo levá-la a
Sá Praxedes. A velha ia comer aquilo que estava na barriga dela. Ia conseguir
fazer o que os chás não tinham conseguido.

Natalina esperou. No outro dia, quando a mãe saiu cedo para a cozinha da
madame, ela saiu logo atrás para lugar algum. Não sabia para onde ia. Ao
descer o morro, em um dos becos passou em frente ao barraco de Bilico. Era
ali que os dois brincavam prazerosos, sempre. Passou rápido, pisando
levemente com medo de ser vista. Tinha de fugir de Sá Praxedes. Ganhou a
avenida, ganhou outras ruas. Escondeu-se o mais longe possível de casa.
Ganhou outros amigos também. Um dia, junto com outra menina-mulher que
também esperava um filho, tomou um trem para mais longe ainda. E respirou
aliviada. Sá Praxedes não a pegaria nunca.

Na terceira barriga ela sabia de tudo que ia acontecer. Na primeira e na


segunda fora apanhada de surpresa. Bilico, amigo de infância, crescera com
ela. Os dois haviam descoberto juntos o corpo. Foi com ele que ela descobriu
que, apesar de doer um pouco, o seu buraco abria e ali dentro cabia o prazer,
cabia a alegria. Quando a criança nasceu era a cara de Bilico. Igual, igualzinha.
Ela conseguira fugir de Sá Praxedes. Não queria o menino, mas também não
queria que ele fosse comido pela velha. Uma enfermeira quis o menino. A
menina-mãe saiu leve e vazia do hospital! E era como se ela tivesse ganho
uma boneca que não desejasse e cedesse o brinquedo para alguém que
quisesse.

32. (Prof. Fernando Oliveira) O termo destacado na frase “No outro dia,
quando a mãe saiu cedo para a cozinha da madame”, pressupõe um
contexto de:
a) Realidade econômica desfavorecida

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b) Ancestralidade cultural
c) Posição social privilegiada
d) Função trabalhista subalterna
e) Quesito racial elitista

• Seja o trecho

“Ganhou a avenida, ganhou outras ruas. Escondeu-se o mais longe


possível de casa. Ganhou outros amigos também.”

33. (Prof. Fernando Oliveira) O verbo GANHAR assume um


sequenciamento poético no fragmento destacado. Duas terminologias
que podem assumir os dois sentidos expressos, respectivamente, com
adaptações no texto são:
a) OBTER e PERCEBER
b) VISUALIZAR e ANDAR
c) FUGIR e CONQUISTAR
d) PARALISAR e CONSEGUIR
e) REPARAR e PRESENTEAR

34. (Prof. Fernando Oliveira) O termo MENINA-MULHER, visualizado no


segundo parágrafo, é um dos exemplos do processo recorrente no
conto, de formação composta com hifenização, em que uma palavra
qualifica a outra. Nesse sentido, o termo MULHER, no contexto da
construção do termo, adquire um apelo semântico de:
a) Inocência
b) Imaturidade
c) Precocidade
d) Irresponsabilidade
e) Zelo

35. (Prof. Fernando Oliveira) Determinadas flexões verbais, muitas vezes,


são usadas em tempos diferentes daqueles convencionadas pela
norma culta. Nesse sentido, considerando-se o contexto, qual das
opções abaixo possui uma frase, cujo verbo destacado traz uma
distorção da correspondência entre desinência e tempo verbal?
a) A velha ia comer aquilo que estava na barriga dela.
b) Ela conseguira fugir de Sá Praxedes.
c) A menina-mãe saiu leve e vazia do hospital!
d) Na primeira e na segunda fora apanhada de surpresa.
e) Ao descer o morro, em um dos becos passou em frente ao barraco de
Bilico.

• Primeiro trecho do conto “Beijo na face” para responder às questões


36 a 39:

Salinda tombou suavemente o rosto e com as mãos em concha colheu, pela


milésima vez, a sensação impregnada do beijo em sua face. Depois com um
gesto lento e cuidadoso, abriu as palmas das mãos, contemplando-as. Sim, lá

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estava o vestígio do carinho. Algo tão tênue, como os restos de uma asa
amarela, de uma borboleta-menina, que foi atropelada nos primeiros
instantes de seu inaugural voo. Rememorou ainda o corpo que um dia antes
estivera em ofertório ao seu lado. Tudo parecia um sonho. Os toques
aconteceram carregados de sutileza. Carinhos inicialmente experimentados
apenas com as pontas dos dedos-desejos. Ela estava aprendendo um novo
amor. Um amor que vivia e se fortalecia na espera do amanhã, que se fazia
inesperadamente nas frinchas de um momento qualquer, que se revelava por
um simples piscar de olhos, por um sorriso ensaiado na metade das bordas de
um lábio, por um repetir constante do eu te amo, declaração feita, muitas
vezes, em voz silenciosa, audível somente para dentro, fazendo com que o eco
dessa fala se expandisse no interior mesmo do próprio declarante.

No princípio a aprendizagem lhe custara muito. Acostumada ao amor em que


tudo ou quase tudo pode ser gritado, exibido aos quatro ventos, Salinda
perdeu o chão. Habituada ao amor que pede e permite testemunhas,
inclusive nas horas do desamor, viver silente tamanha emoção, era como
deglutir a própria boca, repleta de fala, desejosa de contar as glórias amorosas.
E por que não gritar, não pichar pelos muros, não expor em outdoor a
grandeza do sentimento? Não, não era a ostentação que aquele amor pedia.
O amor pedia o direito de amar, somente.

36. (Prof. Fernando Oliveira) No conto em questão, a autora explora um


contraponto entre uma relação amorosa mais recente com evidências
de identificação da personagem com essa realidade afetiva, e uma
relação mais tradicional, porém, repleta de violência e opressão. Na
descrição da relação mais recente, existe uma crítica a um tipo de
relação afetiva com a qual a personagem se acostumou. Essa crítica
remete a um aspecto do comportamento romântico, descrito no
seguinte trecho:
a) No princípio a aprendizagem lhe custara muito.
b) Os toques aconteceram carregados de sutileza.
c) Não, não era a ostentação que aquele amor pedia.
d) Sim, lá estava o vestígio do carinho.
e) ...declaração feita, muitas vezes, em voz silenciosa...

37. (Prof. Fernando Oliveira) Na perspectiva psicológica de determinados


personagens, algumas expressões linguísticas podem evidenciar a
perspectiva de profundidade e repetição prazerosa de determinadas
ações que, do ponto de vista racional, apenas ocorreram algumas vezes.
No fragmento acima, o período que contém essa ênfase de perspectiva
é:
a) ... e com as mãos em concha colheu, pela milésima vez, a sensação
impregnada do beijo...
b) Algo tão tênue, como os restos de uma asa amarela, de uma borboleta-
menina,
c) Não, não era a ostentação que aquele amor pedia.
d) Carinhos inicialmente experimentados apenas com as pontas dos
dedos-desejos.

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e) Rememorou ainda o corpo que um dia antes estivera em ofertório ao


seu lado.

Seja o trecho:

(...) Um amor que vivia e se fortalecia na espera do amanhã, que se fazia


inesperadamente nas frinchas de um momento qualquer, que se revelava por
um simples piscar de olhos, por um sorriso ensaiado na metade das bordas de
um lábio, por um repetir constante do eu te amo, declaração feita, muitas
vezes, em voz silenciosa, audível somente para dentro, fazendo com que o eco
dessa fala se expandisse no interior mesmo do próprio declarante.

38. (Prof. Fernando Oliveira) Percebe-se, neste trecho, a construção de um


período longo, ressalta o aspecto poético do novo relacionamento
amoroso de Salinda. A repetição do termo QUE (com exceção da última
ocorrência) e da preposição POR, trazem, acerca do tipo de amor
desenvolvido, um valor semântico de:
a) Generalização e causa
b) Especificidade e modo
c) Finalidade e proporcionalidade
d) Substituição e meio
e) Relatividade e generalização

39. (Prof. Fernando Oliveira) No primeiro parágrafo, a partir do quarto


período, a introdução do verbo REMEMORAR permite perceber a
adoção de um recurso narrativo que enfatiza um movimento
psicológico da personagem que é:
a) O narrador observador neutro
b) O monólogo interior
c) O fluxo de consciência
d) A abordagem enigmática
e) A narrativa misteriosa

Segundo trecho do conto “Beijo na face” para as questões 40 a 45:

Aos poucos, as ameaças feitas pelo marido, as mais diversificadas e cruéis,


foram surgindo. Tomar as crianças, matá-la ou suicidar-se deixando uma
carta culpando-a.

Salinda, por isso, vinha há anos adiando um rompimento definitivo com


ele. Tinha medo, sentia-se acuada, embora às vezes pensasse que ele
nunca faria nada, caso ela o deixasse de vez. Aprendera, desde então,
certas artimanhas, sondava terreno, procurava saídas. Aos poucos foi se
fortalecendo, criando defesas, garantindo pelo menos o seu espaço íntimo.

Tia Vandu, em Chã da Alegria, era única pessoa que adivinhou o sofrimento
de Salinda, acolheu seu segredo e se tornou cúmplice. Era na casa da tia
que os encontros aconteciam. De noite, depois das crianças,
desconhecendo o que se passava com a mãe, dormirem, Salinda, no
quarto destinado a ela, podia se dar, receber, se ter e ser para ela mesma e
para mais alguém. Tia Vandu era guardiã do novo e secreto amor de

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Salinda. Salinda desfazia a mala relembrando o seu regresso de Chã da


Alegria. Voltava para casa trazendo lembranças entalhadas na memória.
Jogou algumas roupas no tanque; outras, ainda úmidas do desejo que
brincava nos corpos amantes, para essas, ela inventou um esconderijo.
Queria a preservação do tesouro, que as peças mofassem sob a ação do
tempo íntimo de sua esperança.

40.(Prof. Fernando Oliveira) O fragmento em questão mostra, com clareza,


a angústia de um relacionamento abusivo, cujos procedimentos são
comuns a várias relações matrimoniais dessa natureza. Um termo que
resume todas as nuances desses atos de abuso é:
a) Autonomia
b) Cerceamento
c) Manipulação
d) Fingimento
e) Sororidade

41. (Prof. Fernando Oliveira) Segundo o mesmo fragmento, a maneira


como Salinda conseguiu se desfazer dessa relação abusiva combina
dois processos, relacionados com os seguintes aspectos:
a) Conivência e passividade
b) Apatia e transgressão
c) Fortalecimento e acolhimento
d) Inércia e submissão
e) Coragem e pessimismo

42. (Prof. Fernando Oliveira) Mesmo sendo um texto narrativos, os contos


de Conceição Evaristo são imbuídos de uma construção poética
bastante criativa, para designar o que passa nos sentimentos dos
personagens. Um trecho que enfatiza a semântica dessa elaboração da
linguagem é:
a) Jogou algumas roupas no tanque
b) ... que as peças mofassem sob a ação do tempo íntimo
c) Salinda, por isso, vinha há anos adiando um rompimento definitivo com
ele.
d) Tomar as crianças, matá-la ou suicidar-se deixando uma carta
culpando-a.
e) Tia Vandu, em Chã da Alegria, era única pessoa que adivinhou o
sofrimento de Salinda,

43. (Prof. Fernando Oliveira) Do ponto de vista coesivo, o termo destacado


em “Queria a preservação do tesouro, retoma qual dos vocábulos
destacados nas frases abaixo:
a) ...era única pessoa que adivinhou o sofrimento de Salinda
b) Aos poucos, as ameaças feitas pelo marido...
c) Tia Vandu era guardiã do novo e secreto amor de Salinda.
d) que as peças mofassem sob a ação do tempo íntimo de sua esperança.
e)

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Considere o seguinte trecho do fragmento:

De noite, depois das crianças, desconhecendo o que se passava com a mãe,


dormirem, Salinda, no quarto destinado a ela, podia se dar, receber, se ter e
ser para ela mesma e para mais alguém.

44. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto deduzido pela


descrição da cena da segunda parte deste período, podemos entender
que as palavras utilizadas neste sequenciamento possuem um aspecto:
a) Objetivo
b) Atenuante
c) Banal
d) Grotesco
e) Ambíguo

45. (Prof. Fernando Oliveira) As duas ocorrências destacadas do termo SE,


no fragmento em questão, convergem para um apelo sintático-
semântico, que remonta, em relação à Salinda, o ato de:
a) Autonomia afetiva
b) Reciprocidade amorosa
c) Egoísmo exacerbado
d) Empatia fraterna
e) Indiferença relativa

Trecho do conto “Luamanda” para as questões 46 a 49:

Um dia, aos treze anos, a cama do gozo foi arrumada em pleno terreno baldio.
A lua espiava no céu denunciando com a sua luz um corpo confuso de uma
quase menina, de uma quase mulher. Corpo-coração espetado por um falo,
também estreante. Um menino que se fazia homem ali, a inaugurar em
Luamanda o primeiro jorro, fora de suas próprias masturbantes mãos. E
ambos se lambuzavam festivamente um no corpo do outro. Luamanda
chorando de prazer. O gozo-dor entre as suas pernas lacrimevaginava no falo
intumescido do macho menino, em sua vez primeira no corpo de uma
mulher. O amor é terremoto?

Depois, em outro tempo, quando já acumulada de várias vivências, ela


deparou-se com um homem que viria inaugurar novos ritos em seu corpo.
Uma sensação estranha, algo como um jorro-d’água ou um tapa inesperado
caiu sobre o rosto de Luamanda, ao avistá-lo pela primeira vez. Ele sorriu. Ela
sentiu o sorriso desgrudando da face dele e mordendo lá dentro dela. O
coração de Luamanda coçou e palpitou, embora a cara da lua nem estivesse
escancarada no céu. Não fazia mal, a lua viria depois. E veio, várias vezes. Lua
cúmplice das barrigas-luas de Luamanda. Vinha para demarcar o tempo
grávido da mulher e expulsar, em lágrimas amnióticas e sangue, os filhos:
cinco.

Navegação íntima de seu homem no buraco-céu aberto de seu corpo. O amor


é um poço misterioso onde se acumulam águas-lágrimas?

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46. (Prof. Fernando Oliveira) No título, o termo Luamanda é formado por


uma composição por justaposição. Considerando esse fato, infere-se,
portanto, que os termos que compõe o título apontam para:
a) A submissão da mulher
b) A liberdade de gênero
c) A subalternidade social
d) A desigualdade racial
e) A autonomia profissional

47. (Prof. Fernando Oliveira) A descrição da cena realizada no trecho “A lua


espiava no céu denunciando com a sua luz um corpo confuso de uma
quase menina”, traz consigo recursos estilísticos que reforçam o
aspecto poético da linguagem de Conceição Evaristo na obra “Olhos
D’água. No trecho em questão, um dos recursos presentes permite:
a) Trazer denotações objetivas acerca do corpo de Luamanda.
b) Inserir uma humanização ambiental como testemunha de cena.
c) Realizar fusões sensoriais que cercam a figura da personagem.
d) Construir repetições de termos que enfatizam a ideia de precocidade.
e) Criar recorrências sonoras que trazem como efeito um ritmo
contagiante.

48.(Prof. Fernando Oliveira) O livro de contos de Conceição Evaristo não


possui um pertencimento claro a uma determinada escola literária, já
que, lançado em 2014, pode-se configurar como um texto de tendência
pós-moderna. Apesar disso, sabe-se que os textos contemporâneos são
resultado de um caminho aberto pelo modernismo. Considerando a
construção do termo destacado em “O gozo-dor entre as suas pernas
lacrimevaginava no falo intumescido do macho menino.”, que marca
do movimento modernista pode ser associada a este vocábulo?
a) Valorização da cultura popular
b) Inserção temática do cotidiano
c) Experimentação linguística
d) Culto à informalidade temática
e) Crítica aos termos cultos elitistas

49. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando, ainda, o mesmo termo


destacado na questão 48, percebe-se a ligação do termo a dois
processos de formação de palavras, os quais são:
a) Derivação parassintética/ Composição por aglutinação
b) Hibridismo/ estrangeirismo
c) Derivação sufixal/ composição por justaposição
d) Cacofonia/ derivação prefixal
e) Neologismo/ composição por aglutinação

50. (Prof. Fernando Oliveira) No trecho “Lua cúmplice das barrigas-luas de


Luamanda.”, percebe-se, novamente, o processo de hifenização dos
termos em que cada um deles possui uma função semântico-

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gramatical diferente. Nesse sentido, considerando o contexto, o termo


destacado apela para um aspecto:
a) Afetivo
b) Estético
c) Psicológico
d) Social
e) Ambiental

• Leia este outro trecho do conto “Luamanda” para responder às


questões 51 a 53:

Entre encontros e desencontros, Luamanda estava em franca aprendizagem.


Uma aprendizagem no, por dentro e fora do corpo. A cada amor vivido,
Luamanda percebia que a lição encompridava, mas que ainda faltava testes,
arguições, sabatinas e que ela sabia só um pouquinho ou talvez nem soubesse
nada ainda.

Havia os filhos, três mulheres e dois homens. Todos eles já inaugurados no


mistério maior da vida. A mais nova estava redonda da cabeça aos pés
guardando e aguardando a velha e nova espécie humana desafiadora do
tempo. Estava em vésperas de parir.

Luamanda, avó, mãe, amiga, companheira, amante, alma-menina no tempo.


Alma-menina no tempo? Não, ela não se envergonhava de seu narcisismo. Era
com ele que ela compunha e recompunha toda a sua dignidade. Encarou
novamente o espelho e se lembrou de um poema, em que uma mulher
contemplando a sua imagem refletida, perguntava angustiada onde é que ela
deixara a sua outra face, a antiga, pois não se reconhecia naquela que lhe
estava sendo apresentada naquele momento.

Não, não era o caso de Luamanda, que se reconhecia e se descobria sempre.


Pouquíssimos fios de cabelos brancos avançavam buscando criar um
território próprio em sua cabeça. Escolheu esses fios, puxou-os querendo
destacá-los entre os demais.

51. (Prof. Fernando Oliveira) A composição de um texto pode ser repleta de


diálogos com outros textos. No trecho há uma referência intertextual
que pode ser reconhecida no seguinte trecho:
a) Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face? (Retrato – Cecília Meireles)

b) O que é um espelho? É o único material inventado que é natural. Quem


olha um espelho, quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que
a sua profundidade consiste em ele ser vazio (...) esse alguém percebeu
o seu mistério de coisa. (Água viva – Clarice Lispector)

c) Quando estou só reconheço


Se por momentos me esqueço

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

Que existo entre outros que são


Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo. (Novas poesias inéditas - Fernando Pessoa)

d) Sou o que sabe não ser menos vão


Que o vão observador que frente ao mudo
Vidro do espelho segue o mais agudo
Reflexo ou o corpo do irmão. (Sou – Jorge Luís Borges)

e) Hoje que seja esta ou aquela,


pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta. (Mulher ao espelho – Cecília Meireles)

52. (Prof. Fernando Oliveira) A partir de aspectos contextuais e coesivos,


pode-se deduzir da frase “não era o caso de Luamanda...” que:
a) A protagonista possuía conflitos em relação à identidade.
b) Não havia relação entre o nome da personagem e sua obstinação.
c) Era falsa a percepção sobre a certeza acerca do seu próprio corpo.
d) A convicção de Luamanda acerca de suas verdades era notória.
e) Havia conflitos entre o aspecto espiritual e corporal da personagem.

53. (Prof. Fernando Oliveira) O contexto pode ser responsável por


determinar o sentido de palavras cujos termos em si mesmos não são
tão claros. Nesse sentido, o termo destacado em “Havia os filhos, três
mulheres e dois homens. Todos eles já inaugurados no mistério maior
da vida.” está relacionado ao fato de:
a) Estarem inseridos precocemente no âmbito do trabalho.
b) Terem a oportunidade de gerar filhos e filhas.
c) Envolverem-se, de forma inusitada, na iniciação sexual.
d) Compreenderem, muito cedo, o valor da vida social.
e) Entrarem em conflito com as próprias vontades.

54. (Prof. Fernando Oliveira) Os termos relacionados à Luamanda no


trecho “Luamanda, avó, mãe, amiga, companheira, amante, alma-
menina no tempo.”, representam, gramaticalmente e
semanticamente
a) Apostos resumitivos com valor depreciativo.
b) Vocativos com intencionalidade paradoxal.
c) Apostos enumerativos de teor familiar e afetivo.
d) Vocativos complexos, com representação apática.
e) Apostos especificativos, com viés polissêmico.

Fragmento do conto “O cooper de Cida” para as questões 55 a 59:

Ela era vencedora de outras distâncias. Já saltara montanhas e divisas de


um tempoespaço que ficara para trás. Como era mesmo a sua cidade
natal? Não sabia bem.

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

Lembrava-se, entretanto, que as pessoas eram lentas. Andavam, falavam e


viviam de-vagar-zi-nho. A vida era de uma lerdeza tal, que algumas
mulheres esqueciam-se de parir seus rebentos. A barriga crescia até aos
onze meses. As crianças nasciam moles, desesperadamente calmas e
adiavam indefinidamente o exercício de crescer. Cida desde pequena
guardava um sentimento de urgência. Seu corpo aos nove anos maturou-
se no sangue mensal de mulher. As suas brincadeiras prediletas, ainda
nessa época, eram a de apostar corrida com as crianças e a de desafiar
grandes e pequenas, no tempo gasto para execução de qualquer tarefa.
Vencia sempre, utilizando um tempo diminuto em relação a todos.

Aos onze anos, Cida foi pela primeira vez ao Rio com a mãe, em viagens
de negócios.

A mãe reclamava da velocidade dos carros, do amontoado e da correria


das pessoas, do vai e vem de todos. Cida bebeu enlouquecida o zigue-
zague dos carros, das pessoas, dos pés quase voantes dos pedestres
desafiando, vencendo e encontrando a morte. Descobriu no turbilhão da
cidade um jogo de caleidoscópio formado por peças, gentemáquinas se
cruzando, entrecortando braços, rodas, cabeças, buzinas, motos, pernas,
pés e corpos aromatizados pela essência da gasolina. Cida descobriu
outras pessoas também portadoras da urgência de vida que ela trazia em
si. E naquele momento optou por retornar um dia para ficar ali. Tinham
razão, a cidade era maravilhosa.

55. (Prof. Fernando Oliveira) As descrições de cenas do cotidiano é um


aspecto que teve maior ênfase a partir do movimento modernista,
iniciando em 1922. O fragmento em questão é um exemplo desse tipo
detalhamento. Considerando todo o contexto e temática empregada
nesse fragmento como em todo conto, o adjetivo destacado em “a
cidade era maravilhosa...” aponta para uma impressão positiva da
protagonista acerca
a) Das belezas naturais do Rio de Janeiro.
b) Do ritmo veloz que a cidade descrita imprimia.
c) Das possibilidades de trabalho oferecidas pelo lugar.
d) Do sentimento de acolhimento afetivo por parte do Rio.
e) Do futuro promissor enxergado para se criar uma criança.

56. (Prof. Fernando Oliveira) O trecho “Andavam, falavam e viviam de-


vagar-zi-nho.” Possui em sua composição uma palavra que une a
fragmentação material e semântica da ideia de lentidão. Esse
procedimento remonta a uma tendência artística conhecida como:
a) Poesia concreta
b) Surrealismo
c) Antropofagia
d) Poesia marginal
e) Tropicalismo

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57. (Prof. Fernando Oliveira) No fragmento em análise, percebe-se alguns


juízos de valor que a narradora utiliza para representar o pensamento
de Cida acerca da velocidade dos fatos. No trecho “As crianças
nasciam moles, desesperadamente calmas e adiavam
indefinidamente o exercício de crescer.”, percebe-se que, no trecho, há
um juízo de valor que une dois termos, formando um recurso
estilístico de ordem:
a) Convergente
b) Paradoxal
c) Antitética
d) Regular
e) Atenuante

58. (Prof. Fernando Oliveira) O futurismo é uma das vanguardas europeias


que dialogam, nitidamente, com este texto. Em qual das opções
abaixo, todos os termos mencionados permitem esse diálogo com o
referido movimento vanguardista?
a) Viagens/ maravilhosas/mãe
b) Lerdeza/barriga/braços
c) Corrida/zigue-zague/turbilhão
d) Urgência/ morte/pedestres
e) Montanhas/ essência/jogo

59. (Prof. Fernando Oliveira) No trecho “A vida era de uma lerdeza tal, que
algumas mulheres esqueciam-se de parir seus rebentos.” o valor
semântico do termo destacado é o mesmo do que pode ser
observado na seguinte frase:
a) O rapaz era tão arrogante que se acha o tal.
b) Você é linda tal e qual uma princesa de filme.
c) Chegue-se ao fulano de tal e diga tudo o que sente.
d) Tal era a sua doçucra que chegávamos a suspirar.
e) 30 de novembro sempre foi especial. Lembro com carinho de tal dia.

• Novo fragmento do conto “O cooper de Cida” para as questões 60


a 65:

Nada de gastar o tempo curto e raro. É preciso correr, para chegar antes,
conseguir a vaga, o lugar ao sol, pegar a fila pequena no banco, encontrar a
lavanderia aberta, testemunhar a metade da missa. O padre era lento e o ritual
também. Assistia a metade da liturgia, pelo menos não ficava com o remorso
inteiro. Não perder a missa aos domingos foi a única recomendação que a
mãe fizera. Alguns hábitos ela havia deixado para trás, outros reforçara e havia
adquirido alguns novos. Passou a beber diariamente um refrigerante, como
também comprava todos os dias um jornal, que na maioria das vezes nem lia.
Aumentara vertiginosamente o hábito de correr. Todas as manhãs, os pés de
Cida pisavam rápido o calçadão da praia. Iam e vinham em toques rápidos e
furtivos, como se tivessem envergonhados dos carinhos que o solo pudesse
lhes insinuar no decorrer da marcha. A moça imprimia mais e mais velocidade

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a sua louca e solitária maratona. Corria contra ela própria, não perdendo e não
ganhando nunca. Mas naquele dia, a semidesperta manhã inundava Cida de
um sentimento pachorrento, de um desejo de querer parar, de não querer ir.
Sem perceber, permitiu uma lentidão aos seus passos e pela primeira vez viu
o mar. A princípio experimentou uma profunda monotonia observando os
movimentos repetidos e maníacos das ondas.

Como a natureza repetia séculos e séculos, por todo o sempre, os mesmos


atos? O dia raiar, a noite cair, o sol, a lua... O mar magnânimo lavando
repetidamente, a curtos intervalos a areia circundante. Tudo monótono, certo
e previsível. Tão previsível como os principais atos dela: levantar, correr, sair,
voltar. Contemplou os rostos que passavam, conhecia todos de relance. Todas
as manhãs topava com aquelas faces suadas diante de si. Assustou-se.
Percebeu que não estava correndo. Estava andando em câmera lenta, quase.
Sentiu a planta dos pés, mesmo guardadas nos tênis, tocando o solo. Ela
estava andando, parando, andando, parando, parando. Todos os seus
membros estavam lassos, só o coração batia estonteado. Cida levou a mão ao
peito. Sentiu o coração e os seios. Lembrou-se então que era uma mulher e
não uma máquina desenfreada, louca, programada para corrercorrer.
Envergonhou-se dos orgasmos premeditados, cronometrados que vinha
cultivando até ali. Ela não se entregava nunca e repudiava qualquer gesto de
abandono que alguém pudesse ter diante dela.

60. (Prof. Fernando Oliveira) Na discussão sobre a o ritmo das ações e o


uso do tempo, qual das alternativas trazem termos que se repelem no
que se refere às lógicas de percepção?
a) Parando/previsível
b) Corrercorrer/rápido
c) Relance/correr
d) Ritual/ vertiginosamente
e) Monótono/liturgia

61. (Prof. Fernando Oliveira) Consideravam o contexto da narrativa e a


função morfossintática, do termo destacado em “os pés de Cida
pisavam rápido o calçadão da praia.”, infere-se que:
a) Trata-se de um adjetivo que qualifica os pés da protagonista.
b) É um termo descritivo com valor subjetivo por parte da narradora.
c) Representa um termo com função adverbial referente à ação
realizada.
d) Insere uma natureza substantiva que reforça o ritmo da vida de Cida.
e) É um conectivo com apelo semântico duplo de causa e consequência.

62. (Prof. Fernando Oliveira) A velocidade extremamente rápida do


cotidiano de Cida permite uma reflexão de como essa aceleração no
uso do tempo inibe certa profundidade em usufruir a vida e em senti-
la de forma mais profunda. Um trecho que confirma a ideia de
velocidade como um ritmo que furta a ideia de aproveitar a vida é:
a) Ela estava andando, parando, andando, parando, parando.
b) Sentiu a planta dos pés, mesmo guardadas nos tênis...

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c) Lembrou-se então que era uma mulher...


d) ...como se tivessem envergonhados dos carinhos que o solo
pudesse lhes insinuar
e) É preciso correr, para chegar antes, conseguir a vaga...

63. (Prof. Fernando Oliveira) Conceição Evaristo desenvolve, neste livro,


alguns jogos poéticos de palavras em alguns períodos deste
fragmento, como no seguinte grupo de orações:
a) Estava andando em câmera lenta...
b) a semidesperta manhã inundava Cida de um sentimento
pachorrento...
c) Assistia a metade da liturgia, pelo menos não ficava com o remorso
inteiro.
d) Nada de gastar o tempo curto e raro.
e) Sentiu o coração e os seios.

64. (Prof. Fernando Oliveira) A narrativa empreendida por este conto


permite demonstrar um antes e depois permitido pelo desenrolar dos
acontecimentos. Com o tempo, a personagem faz descobertas
importantes, permitindo uma tomada de consciência, conhecida
como epifania. Um fragmento que demarca essa revelação sobre a
vida é:
a) “Não perder a missa aos domingos foi a única recomendação que a
mãe fizera.”
b) “Como a natureza repetia séculos e séculos, por todo o sempre, os
mesmos atos?”
c) “A moça imprimia mais e mais velocidade a sua louca e solitária
maratona.”
d) “Lembrou-se então que era uma mulher e não uma máquina
desenfreada”
e) “Todas as manhãs topava com aquelas faces suadas diante de si.”

65. (Prof. Fernando Oliveira) Os termos gramaticais não representam,


simplesmente, um fim em si mesmo. Eles apontam para
intencionalidades discursivas significativas a partir dos impactos que
eles proporcionam. Nesse sentido, os adjetivos que se sucedem no
trecho “Tudo monótono, certo e previsível” convergem para a inserção
de um elemento prosaico conhecido como:
a) Espaço simbólico
b) Personagem esférico
c) Narrador onisciente
d) Intrusão narrativa
e) Discurso indireto livre

• Fragmento do conto “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos”


para as questões 66 a 69:

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O irmão de Zaíta, o que não estava no Exército, mas queria seguir carreira,
buscava outra forma e local de poder. Tinha um querer bem forte dentro
do peito. Queria uma vida que valesse a pena. Uma vida farta, um caminho
menos árduo e o bolso não vazio.

Via os seus trabalharem e acumularem miséria no dia a dia. O pai dele e do


irmão mais velho gastava seu pouco tempo de vida comendo poeira de
tijolos, areia, cimento e cal nas construções civis. O pai das gêmeas, que
durante anos morou com sua mãe, trabalhava muito e nunca trazia o bolso
cheio. O moço via mulheres, homens e até mesmo crianças, ainda meio
adormecidos, saírem para o trabalho e voltarem pobres como foram,
acumulados de cansaço apenas. Queria, pois, arrumar a vida de outra
forma. Havia alguns que trabalhavam de outro modo e ficavam ricos. Era
só insistir, só ter coragem. Só dominar o medo e ir adiante. Desde pequeno
ele vinha acumulando experiências. Novo, criança ainda, a mãe nem
desconfiava e ele já traçava o seu caminho. Corria ágil pelos becos, colhia
recados, entregava encomendas, e displicentemente assobiava uma
música infantil, som indicativo de que os homens estavam chegando.

66. (Prof. Fernando Oliveira) Em muitas situações comunicativos, termos


gramaticais de apoio podem ganhar conotações mais amplas. Nesse
sentido, a expressão destacada em “Via os seus trabalharem”
pressupõe, contextualmente, uma relação:
a) Profissional
b) Matrimonial
c) Familiar
d) Fraternal
e) Filial

67. (Prof. Fernando Oliveira) O primeiro parágrafo do fragmento detalha, a


partir de certa onisciência narrativa, as aspirações e anseios de um dos
irmãos de Zaíta. Considerando o contexto em que se passa o conto, dois
termos que definem essa expectativa referem-se aos conceitos de:
a) Escassez e simplicidade
b) Sentimentalismo e pureza
c) Dominação e fartura
d) Esforço e honestidade
e) Humildade e solidariedade

68. (Prof. Fernando Oliveira) A poeticidade de um texto tem à sua


disposição vários recursos que podem atenuar uma terminologia de
maior impacto. Nesse sentido, considerando a sequência de ações, a
parte sublinhada em “Havia alguns que trabalhavam de outro modo e
ficavam ricos.” sugere uma relação entre a riqueza e
a) O trabalho de carteira assinada
b) Os bicos da construção civil
c) O tráfico de drogas
d) Os assaltos pontuais
e) A prostituição nas favelas

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69. (Prof. Fernando Oliveira) O verbo destacado em “Via os seus


trabalharem e acumularem miséria no dia a dia.” Está flexionado em
um tempo verbal que pressupõe uma relação entre a descrição dos
fatos e
a) Uma ocorrência pontual
b) Um aspecto recorrente
c) Uma hipótese absurda
d) Uma situação superada
e) Uma memória sutil

Segundo fragmento do conto “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos”


para as questões 70 a 74:

A mãe de Zaíta, às vezes, chegava a pensar que o segundo filho tinha razão.
Vinha a vontade de aceitar o dinheiro que ele oferecia sempre, mas não queria
compactuar com a escolha dele. Orgulhosamente, não aceitava que ele
contribuísse com nada em casa.

Estava, porém, chegando à conclusão de que trabalho como o dela não


resolvia nada. Mas o que fazer? Se parasse, a fome viria mais rápida e voraz
ainda. Benícia, ao dar por falta das meninas, interrompeu os pensamentos.
Não ouvia as vozes das duas há algum tempo. Deviam estar metidas em
alguma arte. Sentiu certo temor. Veio andando aflita da cozinha e tropeçou
nos brinquedos esparramados pelo chão. A preocupação anterior se
transformou em raiva. Que merda! Todos os dias tinha que falar a mesma
coisa! Onde as duas haviam se metido? Por que tinham deixado tudo
espalhado? Apanhou a boneca negra, a mais bonitinha, a que só faltava um
braço, e arrancou o outro, depois a cabeça e as pernas. Em poucos minutos a
boneca estava destruída; cabelos arrancados e olhos vazados. A outra menina,
Naíta, que estava no barraco ao lado, escutando os berros da mãe, voltou aflita.
Foi recebida com tapas e safanões. Saiu chorando para procurar Zaíta. Tinha
duas tristezas para contar a sua irmã igual. Havia perdido uma coisa que Zaíta
gostava muito. De manhã tinha apanhado a figurinha debaixo do travesseiro.

Queria sentir o perfume de perto. E agora não sabia mais onde estava a flor...
A outra coisa era que a mamãe estava brava porque os brinquedos estavam
largados no chão e de raiva ela havia arrebentado aquela bonequinha negra,
a mais linda...

70. (Prof. Fernando Oliveira) A dinâmica da narrativa permite eliminar


certas formalidades na transição de elementos distintos do texto. Uma
demarcação dessa lógica dinâmica encontra-se no seguinte
fragmento:
a) A mãe de Zaíta, às vezes, chegava a pensar que o segundo filho tinha
razão.
b) De manhã tinha apanhado a figurinha debaixo do travesseiro.
c) A preocupação anterior se transformou em raiva. Que merda!
d) Tinha duas tristezas para contar a sua irmã igual.
e) Se parasse, a fome viria mais rápida e voraz ainda.

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71. (Prof. Fernando Oliveira) Uma das virtudes dos contos desta obra é a
relação entre as situações narradas e a valorização da identidade
cultural. Um trecho que pressupõe esse processo de identificação é:
a) E agora não sabia mais onde estava a flor...
b) Tinha duas tristezas para contar a sua irmã igual.
c) Apanhou a boneca negra, a mais bonitinha...
d) Em poucos minutos a boneca estava destruída...
e) não aceitava que ele contribuísse com nada em casa.

72. (Prof. Fernando Oliveira) Em um fragmento razoavelmente pequeno


como este, é possível perceber como a autora chama a atenção para
várias temáticas que circundam o universo abordado, entre os quais
não se pode perceber:
a) A busca pelos ganhos rápidos na criminalidade
b) A relação desproporcional entre esforço e compensação.
c) A experiência vasta e receosa com a violência urbana.
d) A imprevisibilidade da vida econômica nas favelas.
e) A equivalência entre simplicidade e contentamento.

73. (Prof. Fernando Oliveira) O conceito de Escrevivência desenvolvido por


Conceição Evaristo relaciona as histórias contadas a certas
experiências do cotidiano, especialmente, a das figuras
marginalizadas em geral pela sociedade. Em qual dos trechos abaixo
percebe-se uma certa compreensão e solidariedade por parte da
narradora com as angústias de uma das personagens?
a) A outra coisa era que a mamãe estava brava porque os brinquedos
estavam largados...
b) Mas o que fazer? Se parasse, a fome viria mais rápida e voraz ainda.
c) Onde as duas haviam se metido? Por que tinham deixado tudo
espalhado?
d) Veio andando aflita da cozinha e tropeçou nos brinquedos
esparramados pelo chão.
e) A outra menina, Naíta, que estava no barraco ao lado, escutando os
berros da mãe, voltou aflita.

74. (Prof. Fernando Oliveira) Há muitas temáticas em obras literárias que


são discutidas de forma implícita ou mais explícita. Considerando o
contexto do conto associado ao trecho “Benícia, ao dar por falta das
meninas, interrompeu os pensamentos.”, infere-se, indiretamente, uma
conjuntura relacionada:
a) aos conflitos nas relações matrimoniais da mulher pobre.
b) aos desafios das múltiplas jornadas da figura feminina.
c) à falta de perspectiva lúdica das crianças em sua rotina.
d) à presença da violência contra a mulher no âmbito do conto.
e) à discussão sobre o domínio masculino no universo trabalhista.

Fragmento do conto “Di Lixão” para as questões 75 a 79:

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Di Lixão abriu os olhos sob a madrugada clara que já se tornava dia. Apalpou
um lado do rosto, sentindo a diferença, mesmo sem tocar o outro. O dente
latejou espalhando a dor por todo o céu da boca. Passou lentamente a língua
no canto da gengiva. Sentiu que a bola de pus estava inteira.

O companheiro de quarto-marquise levantou um pouco o corpo e entre o


sono olhou espantado, meio adormecido, para ele. Di Lixão encheu rápido a
boca de saliva e deu uma cusparada no rosto do menino. O outro, num
sobressalto, acordou de seu sono todo instinto de defesa. Pulou
inesperadamente, acabando de se levantar. Di Lixão acompanhou o gesto
raivoso do menino, levantando também. Numa fração de segundos recebeu
um pontapé nas suas partes baixas. Abaixou desesperado, segurando os ovos-
vida. E foi se encolhendo, se enroscando até ganhar a posição de feto. Pela
primeira vez, depois de tudo, se lembrou da mãe. Ainda bem que aquela puta
tinha morrido! Ele sabia quem havia matado a mulher. Tinha visto tudo
direitinho. Na polícia negou que estivesse por perto, que suspeitasse de
alguém. Depois de três ou quatro idas à delegacia, os policiais acabaram por
deixá-lo em paz. Ele sabia quem. Pouco importava. Que deixassem o homem
solto. Não gostava mesmo da mãe. Nenhuma falta ela fazia. Não aguentava a
falação dela. Di, vai para a escola! Di, não fala com meus homens! Di, eu nasci
aqui, você nasceu aqui, mas dá um jeito de mudar o seu caminho!

Puta safada que vivia querendo ensinar a vida para ele. Depois, pouco
adiantava. Zona por zona, ficava ali mesmo. Lá fora, o outro mundo também
era uma zona. Sabia quem tinha matado a mãe. E daí? O que ele tinha com
isso?

As partes de baixo de Di Lixão doíam. O dente continuava a latejar. Será que


ele ia morrer? Será que a dor de cima ia se encontrar com a dor de baixo? Será
que o encontro seria uma dor só?

75. (Prof. Fernando Oliveira) A composição do título do conto, que também


dá nome ao personagem, é uma tentativa de conferir particularidade a
um aspecto comum a tantos garotos desse universo. Essa construção
remete a uma realidade social muito valorizada por alguns escritores,
como se pode observar no seguinte trecho:
a) Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou. (Humildade – Cora Coralina)

b) Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará.


Ele está comprometido de monge.
De tarde deambula no azedal entre torsos de
cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros, (Retrato do artista
quando coisa - Manoel de Barros)

c) A CIÊNCIA, a ciência, a ciência...


Ah, como tudo é nulo e vão!
A pobreza da inteligência
Ante a riqueza da emoção! (A ciência – Fernando Pessoa)

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d) Porque na pobreza de corpo e espírito eu toco na santidade, eu que


quero sentir o sopro do meu além. Para ser mais do que eu, pois tão
pouco sou. (Clarice Lispector)

e) Cristo! embalde morreste sobre um monte


Teu sangue não lavou de minha fronte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal... (Vozes d’África – Castro Alves)

76. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto e a linguagem usada


na frase destacada em “E daí? O que ele tinha com isso?”, demarca-se
um elemento da narrativa compreendido como:
a) Narrador-personagem
b) Discurso indireto livre
c) Epifania
d) Discurso indireto
e) Narrador múltiplo

77. (Prof. Fernando Oliveira) A ideia tradicional de determinismo, aspecto


científico, muito influente no Naturalismo brasileiro, concebe certa
passividade na conformação com a influência do meio. Embora em
certa medida haja essa influência dessa perspectiva nesta obra de
Conceição Evaristo, pode-se também conceber essa narrativa como
Neonaturalista, uma vez que parte dessa conformidade é
questionada, como na seguinte frase do fragmento:
a) Zona por zona, ficava ali mesmo.
b) ...se enroscando até ganhar a posição de feto.
c) Que deixassem o homem solto. Não gostava mesmo da mãe.
d) ...mas dá um jeito de mudar o seu caminho!
e) Ele sabia quem havia matado a mulher.

78. (Prof. Fernando Oliveira) O uso dos diminutivos em uma expressão


podem garantir valores para além de sua função flexional relativo a
dimensões físicas. Sendo assim, o valor assumido pelo diminutivo no
termo presente em “Tinha visto tudo direitinho”, traz um apelo de:
a) Parcialidade
b) Contraditoriedade
c) Convicção
d) Inveja
e) Avareza

79. (Prof. Fernando Oliveira) O jogo de palavras envolvendo a frase “As


partes de baixo de Di Lixão doíam.” remetem a um recurso linguísticos
conhecido como:
a) Paronomásia
b) Aliteração

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c) Onomatopeia
d) Cacofonia
e) Assonância

• Fragmentos do conto “Lumbiá” para as questões 80 a 84

Trecho 1

Havia, porém, uma ocasião em que nada ameaçava os dias gozosos do


menino: o advento do Natal. A cidade se enfeitava com luzes que brotavam
de todos os cantos. Lâmpadas como fogueiras incendiárias ateavam um falso
fogo iluminário sobre as fachadas dos prédios, sobre as árvores, das ruas, dos
jardins públicos e privados. Entretanto, não era esse pirotécnico espetáculo
que seduzia Lumbiá. Nem o personagem Papai Noel gordo e feliz, com o seu
sorriso envidraçado dentro das vitrines. Das árvores de natal, não gostava dos
pinheiros iluminados e coloridos. Dos presentes expostos nas vitrines,
principalmente os embrulhados, tinha vontade de apanhá-los e amassá-los.
Ficava irritado, sabia que tudo eram caixas vazias. Só havia uma coisa que o
menino gostava no Natal. Um único signo: o presépio com a imagem de Deus-
menino. Todos os anos, desde pequeno, em suas andanças pela cidade com a
mãe e mais tarde sozinho, buscava de loja em loja, de igreja em igreja, a cena
natalina. Gostava da família, da pobreza de todos, parecia a sua. Da imagem-
mulher que era a mãe, da imagem-homem que era o pai. A casinha simples e
a caminha de palha do Deusmenino, pobre, só faltava ser negro como ele.
Lumbiá ficava extasiado olhando o presépio, buscando e encontrando o Deus-
menino.

Trecho 2

"Lá estava o Deus-menino de braços abertos. Nu, pobre, vazio e friorento como
ele. Nem as luzes da loja, nem as falsas estrelas conseguiam esconder a sua
pobreza e solidão. Lumbiá olhava. De braços abertos, o Deus-menino pedia
por ele. Erê queria sair dali. Estava nu, sentia frio. Lumbiá tocou na imagem, à
sua semelhança. Deus-menino, Deus-menino! Tomou-o rapidamente nos
braços. Chorava e ria. Era seu. Saiu da loja levando o Deus-menino. O
segurança voltou. Tentou agarrar Lumbiá. O menino escorregou ágil, pulando
na rua. O sinal! O carro! Lumbiá! Pivete! Criança! Erê, Jesus-menino.
Amassados, massacrados, quebrados! Deus- menino, Lumbiá morreu!".

80.(Prof. Fernando Oliveira) No trecho 1, a narradora promove uma


descrição sobre aquilo que enchia os olhos de Lumbiá em relação ao
natal. E um dos recursos utilizados nessa descrição, que contrapõem
Papai Noel e Jesus Cristo, há construções vocabulares que podem ser
compreendidas para além de seu sentido denotativo, como o que se
pode constatar na seguinte frase:
a) Das árvores de natal, não gostava dos pinheiros iluminados
b) Só havia uma coisa que o menino gostava no Natal.
c) Ficava irritado, sabia que tudo eram caixas vazias.
d) ...buscava de loja em loja, de igreja em igreja, a cena natalina.
e) Lumbiá ficava extasiado olhando o presépio...

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81. (Prof. Fernando Oliveira) Como alguém esclarecido e, ao mesmo


tempo, baseada em suas vivências, Conceição Evaristo tenta
aproximar-se da figura não intelectualizada, alternando essa realidade
como uma tentativa de ampliar a profundidade analítica daquilo que
descreve. Assim sendo, o uso do termo SIGNO na frase “Só havia uma
coisa que o menino gostava no Natal. Um único signo: o presépio com
a imagem de Deus-menino.” pode ser compreendido, considerando o
contexto abordado, como uma busca:
a) Contraditória
b) Simbólica
c) Destoante
d) Inocente
e) Incompreensiva

82. (Prof. Fernando Oliveira) Ainda no trecho 1, na frase “Só havia uma coisa
que o menino gostava no Natal.”, o termo em destaque assume a
função sintática de:
a) Complemento nominal
b) Adjunto adverbial de lugar
c) Adjunto adverbial de tempo
d) Adjunto adnominal
e) Objeto indireto

83. (Prof. Fernando Oliveira) o diálogo com a religião cristã no texto aponta
para certo sincretismo religioso. Nesse intertexto, há frases que
remontam a essa referência do cristianismo, como na frase:
a) Chorava e ria. Era seu.
b) Amassados, massacrados, quebrados!
c) Lumbiá tocou na imagem, à sua semelhança.
d) O carro! Lumbiá! Pivete! Criança!
e) Erê queria sair dali.

84.(Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto empregado na


descrição deste conto “o Deus-menino pedia por ele.” Aponta para a
seguinte figura de linguagem:
a) Metonímia
b) Comparação
c) Eufemismo
d) Prosopopeia
e) Perífrase

• Fragmento do conto “Os amores de Kimbá” para responder às


questões 85 a 88

Kimbá jogou a água e sabão no chão esfregando violentamente a sujeira


como se estivesse com raiva. Estava mesmo. Estava cansado do dia a dia no
supermercado e da noite a noite com Beth e o amigo. Não aguentava mais.

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Ou era o amigo ou era Beth. Eles lhe dariam tudo, caso ele quisesse. Tanto um
como o outro já lhe haviam feito a proposta, para que ele deixasse de trabalhar
e fosse morar em casas deles. Era tentador. Deixar a favela. Deixar a miséria.
Deixar a família. As rezas de Vó Lidumira lhe irritavam profundamente. A velha
rezava por tudo e por nada. E ele não via milagre algum. Não via nada de bom
acontecer com ela ou com a família. A avó nascera de mãe e de pai que foram
escravizados. Ela já era filha do “Ventre Livre”, entretanto vivera a maior parte
de sua vida entregue aos trabalhos em uma fazenda. A mãe e as tias passaram
a vida se gastando nos tanques e nas cozinhas das madames. As irmãs iam
por esses mesmos caminhos. E ele, ele mesmo, estava ali, naquele esfrega-
esfrega de chão de supermercado.

85. (Prof. Fernando Oliveira) Como é percebido durante os contos de


Conceição Evaristo, o uso de termos iguais em mais de um sentido dá
a tônica da expressividade poética à prosa empreendida. Assim, o uso
do verbo ESFREGAR nas duas ocorrências frasais do fragmento
converge para uma percepção que Kimbá tem de si mesmo,
relacionado à perspectiva de:
a) Abandono
b) Humilhação
c) Incompreensão
d) Deslealdade
e) Cautela

86. (Prof. Fernando Oliveira) Apesar de a história ser protagonizada por um


personagem masculino, ele explora também as dificuldades sociais
experimentadas pelas personagens do universo feminino. O exemplo
que ilustra o recurso utilizado para demonstrar a origem do sofrimento
das mulheres da família está contido no seguinte trecho:
a) As rezas de Vó Lidumira lhe irritavam profundamente.
b) vivera a maior parte de sua vida entregue aos trabalhos...
c) E ele, ele mesmo, estava ali, naquele esfrega-esfrega...
d) Não via nada de bom acontecer com ela ou com a família.
e) As irmãs iam por esses mesmos caminhos.

87. (Prof. Fernando Oliveira) Apesar de representar aparentemente uma


antítese, os termos destacados em “A velha rezava por tudo e por nada.”
Convergem, de acordo com o contexto captado, para a ideia de:
a) Apatia
b) Convicção
c) Banalização
d) Concretude
e) Serenidade

88. (Prof. Fernando Oliveira) As referências pessoais e de ação obtidas no


trecho “A mãe e as tias passaram a vida se gastando nos tanques e nas
cozinhas das madames.” promovem uma expressividade de caráter:
a) Perifrásica

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b) Eufêmica
c) Paradoxal
d) Antitética
e) Hiperbólica

• Fragmento do conto “Ei, ardoca!’ para as questões 89 a 92:

— Ei, Ardoca! Ei, Ardoca!

Rapidamente o tomou no colo, desceu do trem e o depositou no banco da


estação. A composição iniciou lentamente a partida. Cá de dentro, a mulher
que se condoera de Ardoca e alguns outros passageiros ainda puderam ver.
Aquele que o socorrera estava a meter a mão nos bolsos de Ardoca e a
arrancar-lhe os sapatos e o relógio que ele trazia no pulso. Ardoca estava
sendo assaltado. A mulher fez menção de descer, mas a máquina ganhou
velocidade e partiu. Não era preciso porém nem dor, nem lágrimas. O outro
podia levar os poucos pertences de Ardoca. Podia tomar-lhe tudo. Ardoca não
tinha mais nada, nem a vida. Naquela tarde, ainda no trabalho ele resolvera
tudo. Num gesto desesperado e solitário bebera lentamente um veneno e
decidira levantar para morrer no trem. O outro levava os pertences de alguém
que já despertencia à vida e jazia no banco da estação.

O barulho da máquina sobre os trilhos entoava uma música réquiem de


descanso eterno para Ardoca. Amém.

89. (Prof. Fernando Oliveira) O título do conto traz como composição frasal
uma expressão citada no texto. A expressividade dessa frase aponta
para um recurso expressivo, conhecido como:
a) Anáfora
b) Apóstrofe
c) Assíndeto
d) Polissíndeto
e) Perífrase

90. (Prof. Fernando Oliveira) A intratextualidade representa um processo


de diálogo entre textos da mesma obra. Considerando essa
conceituação e a temática empreendida, especialmente, no que se
refere à atitude drástica tomada, o referido conto traz consigo uma
relação com o conto:
a) Os amores de Kimbá
b) Maria
c) Luamanda
d) Ayoluwa, a alegria do nosso povo
e) A gente combinamos de não morrer

91. (Prof. Fernando Oliveira) A descrição da cena que antecede e perdura


no fim trágico é repleta de atos e motivações bastante paradoxais,
como se percebe no trecho:
a) Ardoca não tinha mais nada, nem a vida.
b) A mulher fez menção de descer, mas a máquina ganhou velocidade...

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

c) Aquele que o socorrera estava a meter a mão nos bolsos de Ardoca...


d) O outro levava os pertences de alguém que já despertencia à vida
e) Num gesto desesperado e solitário bebera lentamente um veneno...

92. (Prof. Fernando Oliveira) O último período do fragmento destacado


utiliza uma metáfora de caráter religioso. Essa religiosidade está
contida no som da composição do trem nos trilhos. Essa personificação
observada contém, também, um eufemismo que simboliza:
a) Uma situação especulativa a essa realidade.
b) Uma realidade relacionada apenas à decisão trágica de Ardoca.
c) Uma situação recorrente na rotina de Ardoca.
d) Um aspecto poético que promove um momento específico.
e) Ausência de poeticidade em um momento ímpar da história.

• Fragmento do conto “a gente combinamos de não morrer” para as


questões 93 a 97:

Trecho 1

Gosto de escrever palavras inteiras, cortadas, compostas, frases, não frases.


Gosto de ver as palavras plenas de sentido ou carregadas de vazio
dependuradas no varal da linha. Palavras caídas, apanhadas, surgidas,
inventadas na corda bamba da vida. Outro dia, tarde da noite, ouvi um escritor
dizer que ficava perplexo diante da fome do mundo. Perplexo! Eu pedi para
ele ter a bondade, a caridade cristã e que incluísse ali todos os tipos de fome,
inclusive a minha, que pode ser diferente da fome dos meus. Falei, mas pelo
menos naquele momento, me pareceu que ele fazia ouvidos moucos.

Trecho 2

Dorvi não virá mais. Ele que tinha um trato de viver fincado nessa fala desejo:

— A gente combinamos de não morrer.

— Deve haver uma maneira de não morrer tão cedo e de viver uma vida
menos cruel.

Vivo implicando com as novelas de minha mãe. Entretanto, sei que ela separa
e separa com violência os dois mundos. Ela sabe que a verdade da telinha é a
da ficção. Minha mãe sempre costurou a vida com fios de ferro. Tenho fome,
outra fome. Meu leite jorra para o alimento de meu filho e de filhos alheios.
Quero contagiar de esperanças outras bocas. Lidinha e Biunda tiveram filhos
também, meninas. Biunda tem o leite escasso, Lidinha trabalha o dia inteiro.
Elas trazem as menininhas para eu alimentar. Entre Dorvi e os companheiros
dele havia o pacto de não morrer. Eu sei que não morrer, nem sempre é viver.
Deve haver outros caminhos, saídas mais amenas. Meu filho dorme. Lá fora a
sonata seca continua explodindo balas. Neste momento, corpos caídos no
chão, devem estar esvaindo em sangue. Eu aqui escrevo e relembro um verso
que li um dia.

“Escrever é uma maneira de sangrar”. Acrescento: e de muito sangrar, muito


e muito...

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93. (Prof. Fernando Oliveira) Observando-se os conceitos básicos de


funções da linguagem, percebe-se a convergência dos dois trechos a
partir de uma delas, a partir do seguinte procedimento:
a) Estabelecimento de um diálogo entre dois personagens da trama.
b) Tentativa de convencimento do leitor sobre a realidade da narrativa.
c) Uso da escrita para refletir sobre sua construção no cotidiano da
personagem.
d) Centralidade no delineamento de informação de caráter prático e
objetivo.
e) Subjetividade idealizada a partir de parâmetros românticos de
descrição.

94. (Prof. Fernando Oliveira) A expressão CORDA BAMBA, utilizada neste


conto, metaforiza a tentativa de equilibrar a vida em meio a tantas
angústias e dificuldades. Uma personagem de outro conto, cuja
realidade foi metaforizada com igual expressão, é denominada:
a) Zaíta
b) Benícia
c) Lumbiá
d) Salinda
e) Bica

95. (Prof. Fernando Oliveira) A metalinguagem explorada na frase


“Escrever é uma maneira de sangrar”, embora dita por uma
personagem, é um procedimento central na escrita de Conceição
Evaristo. Tanto nesta como em outras obras, as histórias obtidas são um
reflexo de uma realidade dolorida, do cotidiano de figuras
marginalizadas e esquecidas pela sociedade. Assim, o termo SANGRAR
pode ser substituído, no contexto em questão, sem comprometer a
intenção comunicativa, pelo termo:
a) Refletir
b) Influenciar
c) Confrontar
d) Desabafar
e) Conformar

96. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando os aspectos coesivos e


semânticos, a introdução da conjunção adversativa em relação ao
período anterior na frase “Entretanto, sei que ela separa e separa com
violência os dois mundos.” representa:
a) A desconstrução de uma preocupação desnecessária por parte de Bica.
b) Uma contradição evidente nas atitudes da mãe de Bica.
c) A confirmação de uma perspectiva levantada por Bica.
d) Uma relação de causa e consequência entre os atos da mãe de Bica.
e) Uma enumeração consistente acerca dos atos promovidos pela mãe de
Bica.

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97. (Prof. Fernando Oliveira) Entre um emaranhado de descrições, os


narradores promovem reflexões de caráter existencial. Uma evidência
dessa perspectiva filosófica pode ser encontrada na seguinte oração:
a) Meu leite jorra para o alimento de meu filho e de filhos alheios.
b) Lá fora a sonata seca continua explodindo balas...
c) ...corpos caídos no chão, devem estar esvaindo em sangue.
d) Eu aqui escrevo e relembro um verso que li um dia.
e) Eu sei que não morrer, nem sempre é viver.

• Fragmento do conto “Ayoluwa, a alegria do nosso povo”, para


responder às questões 98 a 100:

Trecho 1

O milagre da vida deixou de acontecer também, nenhuma criança nascia e,


sem a chegada dos pequenos, tudo piorou. As velhas parteiras do povoado,
cansadas de esperar por novos nascimentos, sem função, haviam desistido
igualmente de viver. Tinham percebido na escassez dos partos, que suas mãos
não tinham mais a serventia de aparar a vida. Nenhuma família mais festejava
a esperança que renascia no surgimento da prole. As crianças foram
esquecidas, ficando longe do coração dos grandes. E os pequenos, os que já
existiam, como Mandisa, a doce, Kizzi, a que veio para ficar, Zola, a produtiva,
Nyame, o criador, Lutalo, o guerreiro, Bwerani, o bemvindo, e os bem novinhos,
alguns sem palavras ainda na boca, só faziam chorar. Pranto em vão, já que os
pais, entregues às suas próprias tristezas, desprezavam as de seus rebentos. O
nosso povoado infértil morria à míngua e mais e mais a nossa vida passou a
desesperançar...

Trecho 2

Ayoluwa, alegria de nosso povo, continua entre nós, ela veio não com a
promessa da salvação, mas também não veio para morrer na cruz. Não digo
que esse mundo desconsertado já se consertou. Mas Ayoluwa, alegria de
nosso povo, e sua mãe, Bamidele, a esperança, continuam fermentando o pão
nosso de cada dia. E quando a dor vem encostar-se a nós, enquanto um olho
chora, o outro espia o tempo procurando a solução.

98. (Prof. Fernando Oliveira) Os dois trechos escolhidos trazem situações


bastante opostas neste conto. No primeiro deles, a descrição das
situações assemelha-se a uma tragédia sem fim. Para ampliar a noção
sobre esse cenário, a autora cita o nome de crianças africanas que se
entregaram à tristeza. Cada um desses nomes veio acompanhado de
uma referência, que traz um valor semântico e, ao mesmo tempo
sintático de:
a) Designação vocativa
b) Qualificação apositiva
c) Modificadora transitiva verbal
d) Restritiva intransitiva verbal
e) Conectiva oracional subordinada

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99. (Prof. Fernando Oliveira) A descrição desse cenário de horror no


cotidiano da comunidade pobre pode ser definida a partir da ampliação
simbólica do conceito de:
a) Amizade
b) Unidade
c) Infertilidade
d) Abandono
e) Reestruturação

100. (Prof. Fernando Oliveira) O senso de coletividade é bastante


explorado durante o conto, notadamente, no trecho 2, delimitado por
este material. Uma das marcas dessa perspectiva de comunidade pode
ser encontrada, no termo destacado, na seguinte sequência:
a) . E quando a dor vem encostar-se a nós
b) ela veio não com a promessa da salvação,
c) continuam fermentando o pão nosso de cada dia.
d) Não digo que esse mundo desconsertado já se consertou.
e) Ayoluwa, alegria de nosso povo, continua entre nós

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Leia o texto denominado “Mistério” que inicia a obra Mar morto para as
questões 01 e 02:

Agora eu quero contar as histórias da beira do cais da Bahia. Os velhos


marinheiros que remendam velas, os mestres de saveiros, os pretos tatuados,
os malandros, sabem essas histórias e essas canções. Eu as ouvi nas noites de
lua no cais do mercado, nas feiras, nos pequenos portos do Recôncavos, junto
aos enormes navios suecos nas pontes de Ilhéus. O povo de Iemanjá tem
muito que contar.

Vinde ouvir essas histórias e essas canções. Vinde ouvir a história de Guma e
de Lívia, que é a história da vida e do amor no mar. E se ela não vos parecer
bela a culpa não é dos homens rudes que a narram. É que a ouvistes da boca
de um homem da terra, e dificilmente um homem da terra entende o coração
dos marinheiros. Mesmo quando esse homem ama essas histórias e essas
canções e vai às festas de D. Janaína, mesmo assim ele não conhece todos os
segredos do mar. Pois o mar é mistério que nem os velhos marinheiros
entendem.

01. (Prof. Fernando Oliveira) O conceito de Verossimilhança está


relacionado a certa coerência narrativa, que traz uma dimensão de
verdade à história narrada, ainda que com aspectos fantasiosos. Para
dar maior notoriedade e veracidade ao fato narrado, um trecho que
exerce essa função é:
a) Os velhos marinheiros que remendam velas, os mestres de saveiros,...
b) Vinde ouvir essas histórias e essas canções.
c) Eu as ouvi nas noites de lua no cais do mercado, nas feiras....
d) ... mesmo assim ele não conhece todos os segredos do mar.
e) E se ela não vos parecer bela a culpa não é dos homens rudes que a
narram.

02. (Prof. Fernando Oliveira) Entre tantas frases, orações e períodos que se
sucedem nesta introdução e em outros trechos da obra, há uma
alternância entre descrições de fatos com teor concreto e certas
construções frasais mais abstratas. Um trecho que traz uma
abordagem de natureza mais reflexiva é:
a) Os velhos marinheiros que remendam velas...
b) ... os malandros, sabem essas histórias e essas canções.
c) Pois o mar é mistério que nem os velhos marinheiros entendem.
d) Eu as ouvi nas noites de lua no cais do mercado, nas feiras...
e) Vinde ouvir a história de Guma e de Lívia.

Fragmento relativo ao capítulo para as questões 03 a 07:

A noite veio, nesse dia, sem música que a saudasse. Não ecoara pela cidade
a voz clara dos sinos do fim da tarde. Nenhum negro aparecera ainda de
violão na areia do cais. Nenhuma harmônica saudava a noite da proa de
um saveiro. Não rolara sequer pelas ladeiras o baticum monótono dos
candomblés e macumbas.

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Por que então a noite já chegara sem esperar a música, sem esperar o aviso
dos sinos, a cadência das violas e harmônicas, o misterioso bater dos
instrumentos religiosos? Porque viera assim antes da hora, fora do tempo?

Aquela era uma noite diferente e angustiante. Sim, porque os homens


tinham um ar de desassossego e o marinheiro que bebia solitário no Farol
das Estrelas correu para o seu navio como se o fosse salvar de um desastre
irremediável. E a mulher, que no pequeno cais do mercado esperava o
saveiro onde vinha o seu amor, começou a tremer, não do frio do vento,
não do frio da chuva, mas de um frio que vinha do coração amante cheio
de maus presságios da noite que se estendia repentinamente.

Porque eles, o marinheiro e a mulher morena, eram familiares do mar e


bem sabiam que se a noite chegara antes da hora, muitos homens
morreriam no mar, navios não terminariam a sua rota, mulheres viúvas
chorariam sobre a cabeça dos filhos pequeninos. Porque — eles sabiam –
não era a verdadeira noite, a noite da lua e das estrelas, da música e do
amor, que chegara. Esta só chegava na sua hora, quando os sinos tocavam
e um negro cantava ao violão, no cais, uma cantiga de saudade. A que
chegara carregada de nuvens, trazida pelo vento, fora a tempestade que
derrubava os navios e matava os homens. A tempestade é a falsa noite.

03. (Prof. Fernando Oliveira) O trecho acima faz uma descrição de uma das
noites no cais da Bahia. A abordagem narrativa predominante é repleta
de juízos de valor e perspectivas muito pessoais do autor sobre os fatos,
inserindo um viés intrusivo. Que tendência artística de Vanguarda mais
se aproxima dessa natureza narrativa?
a) Cubismo
b) Surrealismo
c) Futurismo
d) Impressionismo
e) Dadaísmo
04. (Prof. Fernando Oliveira) A confluência dos dois verbos destacados
em “e bem sabiam que se a noite chegara antes da hora, muitos
homens morreriam no mar...” traz, à narração, uma perspectiva típica
do naturalismo brasileiro que é:
a) O sentimentalismo
b) O determinismo
c) O misticismo
d) O bucolismo
e) O regionalismo

05. (Prof. Fernando Oliveira) As palavras possuem uma amplitude que


permitem trabalhar infinitas possibilidades significativas, de modo a
conferir maior riqueza poética ao texto. Considerando o contexto do
fragmento, os termos destacados em “começou a tremer, não do frio
do vento, não do frio da chuva, mas de um frio que vinha do coração”,
permitem uma análise que alinham, respectivamente, uma natureza:
a) Simples/composta

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b) Concreta/abstrata
c) Sentimental e física
d) Conotativa/denotativa
e) Própria/comum

06. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando que o fragmento acima foi


retirado do primeiro capítulo do livro, a presença de Lívia logo neste
início, comparando-se com os capítulos que se seguem, revelam:
a) A obediência rigorosa à linearidade do enredo.
b) A neutralidade do narrador em relação às ações dos personagens.
c) Uma pequena alteração na cronologia sequencial do texto.
d) A percepção rasa do narrador em relação àquilo que é narrado.
e) A falta de um espaço simbólico na narrativa.

07. (Prof. Fernando Oliveira) Em razão de essa ser uma história ouvida
pelo narrador por outra pessoa, há uma certa onisciência relativa, uma
vez que o autor não dá conta de preencher todas as lacunas de
intencionalidade das ações. Ainda assim, há trechos do fragmento
cujas marcas textuais podem revelar a presença de aspectos internos
dos personagens captadas em parte pelo autor, como a alternativa
correta abaixo:
a) ... e bem sabiam que se a noite chegara antes da hora...
b) ...fora a tempestade que derrubava os navios e matava os homens.
c) o marinheiro e a mulher morena, eram familiares do mar
d) não era a verdadeira noite, a noite da lua e das estrelas
e) Nenhum negro aparecera ainda de violão na areia do cais.

• Fragmento para as questões 08 e 09:

Lívia olha os homens que sobem a pequena ladeira. Vêm em dois grupos.
Lanternas dão um ar de fantasmagoria a esta procissão fúnebre. Como que
pressentindo a chegada, os soluços de Judith redobram no quarto. Bastaria
ver os homens de cabeça descoberta para saber que eles trazem os corpos.
Pai e filho morreram juntos na tempestade. Sem dúvida, um tentou salvar o
outro e pereceram no mar. No fundo de tudo, vinda do forte velho, vinda do
cais, dos saveiros, de algum lugar distante e indefinível, uma música
confortadora acompanha os corpos. Diz que é doce morrer no mar...

Lívia soluça. Ampara Judith no seu peito, mas soluça também, soluça pela
certeza que seu dia chegará e o de Maria Clara e o de todas elas. A música
atravessa o cais para chegar até eles: É doce morrer no mar...

08. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o processo narrativo, o trecho


“Sem dúvida, um tentou salvar o outro e pereceram no mar.”, revela:
a) Uma abordagem ambígua acerca do que se sucedeu no mar.
b) Uma reação mutuamente indiferente entre os que morreram.
c) Uma perspectiva narrativa com viés de concretude testemunhal.
d) Uma constatação que nega a relação entre as vítimas da tragédia.

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e) Uma intrusão narrativa que faz afirmações desencontradas sobre os


fatos.

09. (Prof. Fernando Oliveira) O tempo verbal predominante no segundo


parágrafo do fragmento traz uma intencionalidade discursiva de:
a) Inserir situações recorrentes no cotidiano dos pescadores.
b) Transportar o leitor para as cenas retratadas, trazendo uma ideia de
atualidade.
c) Promover a distância entre as ações narradas e o tempo em que o
narrador aparece.
d) Introduzir situações hipotéticas, reforçando o aspecto ficcional da
narrativa.
e) Permitir flashbacks narrativos, em que tempos verbais se misturam.

Fragmento para as questões 10, 11 e 12:

E agora sob a Lua não brilham mais os cabelos de Iemanjá, a dona do mar. O
que fez calar a música do negro são os soluços de amor de Lívia, a mulher da
beira do cais que todos desejam, e que na proa do Valente muito ama o seu
homem porque muito temeu por ele e muito teme ainda.

Os ventos da tempestade já estão longe. As águas das nuvens da falsa noite


estão caindo noutros portos. Iemanjá viajará com outros corpos por outras
terras.

Agora o mar é sereno e doce. O mar é amigo dos mestres de saveiro. Pois o
mar não é a estrada, não é o caminho, não é a casa deles todos ? Não é sobre
o mar, na proa dos saveiros, que eles amam e fazem seus filhos?

Sim, Guma ama o mar e Lívia também o ama. O mar é belo assim de noite,
azul, azul sem fim, espelho das estrelas, cheio de lanternas de saveiros, cheio
das lanternas das brasas dos cachimbos, cheio de ruídos de amor.

O mar é amigo, o mar é doce amigo para todos aqueles que vivem nele. E Lívia
sente o gosto de mar da carne de Guma. 0 Valente balança como uma rede.

10. (Prof. Fernando Oliveira) O texto poético permite uma grande


quantidade de possibilidades de combinações entre as palavras,
permitindo maior expressividade e complexidade de termos. Nesse
sentido, percebe-se a presença do recurso denominado sinestesia,
compreendido como um apelo à mistura de sensações, como no
seguinte trecho:
a) O Valente balança como uma rede.
b) O mar é amigo...
c) ... cheio de ruídos de amor.
d) E Lívia sente o gosto de mar da carne de Guma.
e) ... Pois o mar não é a estrada...

11. (Prof. Fernando Oliveira) O narrador testemunha é aquele que


demonstra proximidade aos fatos narrados, como se estivessem
acontecendo no exato instante em que eles acontecem. Em qual dos

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trechos abaixo há uma marca textual que aponta para essa


proximidade?
a) Sim, Guma ama o mar...
b) o mar é doce amigo...
c) Os ventos da tempestade já estão longe.
d) O que fez calar a música do negro são os soluços de amor de Lívia...
e) ...e Lívia também o ama.

12. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto do fragmento e o


termo destacado em “Iemanjá viajará com outros corpos por outras
terras.”, nota-se a presença da seguinte figura de linguagem:
a) Hipérbole
b) Eufemismo
c) Catacrese
d) Elipse
e) Metonímia

Fragmento do Capítulo “Terras do sem-fim” para as questões 13 a 15:

O velho Francisco conhece essa música e esse mundão de estrelas que


se reflete no mar. Senão, de que valeriam quarenta anos passados em
cima de um saveiro. E não é só as estrelas que ele conhece. Conhece
também todas as coroas, as curvas, os canais da baía e do rio
Paraguaçu, todos os portos daquelas bandas, todas as músicas que por
ali são cantadas. Os moradores daquele pedaço de rio e do cais são seus
amigos, e há até quem diga que uma vez, na noite, em que salvou toda
a tripulação de um barco de pesca, viu o vulto de Iemanjá, que se
mostrou a ele como prêmio. Quando se fala nisso (e todo jovem mestre
de saveiro pergunta ao velho Francisco se é verdade), ele somente sorri
e diz: — Se fala muita coisa neste mundo, menino.. Assim, ninguém
sabe se é verdade ou não. Bem que poderia ser. Iemanjá tem caprichos
e se havia alguém que merecesse vê-1a e amá-la era o velho Francisco,
que estava na beira do cais desde ninguém sabe quando. Ainda melhor,
porém, que todas as coroas, os viajantes, os canais, ele conhece as
histórias daquelas águas, daquelas festas de Janaína, daqueles
naufrágios e temporais. Haverá história que o velho Francisco não
conheça?

13. (Prof. Fernando Oliveira) Algumas palavras podem revelar a relação


entre os personagens descritos com o contexto em questão. Nesse
sentido, qual termo abaixo cujo adjetivo utilizado remete à ideia de
vivência?
a) velho Francisco
b) todas as coroas
c) quarenta anos
d) beira do cais
e) mundão de estrelas

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14. (Prof. Fernando Oliveira) O romance Mar morto é classificado como


regionalista, por privilegiar um outro Brasil, de caráter mais popular.
Umas das evidências dessa valorização é a linguagem. No texto, o
narrador alterna o uso da norma-padrão e a linguagem regional e a
informal. Nesse sentido, qual dos trechos abaixo não está de acordo
com os aspectos normativos da língua?
a) Se fala muita coisa neste mundo, menino...
b) E não é só as estrelas que ele conhece.
c) Assim, ninguém sabe se é verdade ou não.
d) Haverá história que o velho Francisco não conheça?
e) Conhece também todas as coroas, as curvas...

15. (Prof. Fernando Oliveira) Em um texto narrativo, a coesão textual ajuda


a entender o processo de sequenciamento e a identificar os referentes.
Nesse sentido, o termo NISSO em “Quando se fala nisso...” é uma
referência:
a) À solidariedade de Francisco em salvar seus companheiros.
b) À visão mística acerca do vulto de Iemanjá.
c) Às músicas cantadas ao redor do Cais.
d) Ao conhecimento acerca das estrelas por Francisco.
e) À certeza de amizade dos moradores do Cais por Francisco.

Fragmento para as questões 16 a 19:

— Faz só três dias que cheguei do Recife. Já 'tava mesmo pra vim ver o
menino, foi um conhecido que me disse que Frederico morreu, faz dois anos.
Agora vim buscar meu filho... Vou com ele...

Francisco não ouvia mais o barulho que vinha do mercado. Ouvia somente
aquela mulher que dizia ser mãe de Guma e o vinha buscar. Ele não gostava
de brigar com mulher. Discussão com mulher não acaba mais e ele tinha que
discutir porque não queria entregar Guma, que já ia tão bem no leme do
saveiro e já suspendia um saco de farinha nos braços de menino. Francisco
estava acostumado a discutir com homens rudes do cais, mestres de saveiro,
fortes a quem podia ofender porque eles sabiam se defender, um nome feio
que escapasse não fazia mal. Agora com uma mulher, e com uma mulher
como a mãe de Guma, cheirando, vestida com uma sombrinha no braço e um
dente de ouro, ele não sabia brigar. Se uma má palavra lhe escapasse, ela era
capaz de começar a chorar, e ele não gostava de ver mulher chorar. Demais,
seu irmão não tinha andado direito com ela. Mas marinheiros podem lá viver
pensando nas mulheres que deixam nos portos? E não é pior quando se
casam e deixam viúvas ou então elas morrem de coração quando os veem
chegar salvos da tempestade?

Era bem pior. Guma não casará. Será sempre livre no seu saveiro. Irá com
Iemanjá quando bem quiser. Não terá âncoras que o prendam à terra. O
homem que vive no mar deve ser livre. Mas se aquela mulher levasse Guma,
que seria do menino? Seria marceneiro, pedreiro, talvez doutor ou até padre
vestido de mulher, quem sabe! E as faces do velho Francisco se cobririam de
vergonha pelo fim de seu sobrinho, e nada lhe restava senão ir ele próprio ao

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encontro de Janaína numa noite do mar. Não, por nada ele deixaria que
aquela mulher levasse Guma.

16. (Prof. Fernando Oliveira) A objetividade de um texto dificilmente


costuma ser plena, já que a construção do texto pode revelar escolhas
bastante particulares. Sendo assim, aponte a opção em que se percebe,
com clareza, uma marca textual constituída de percepção subjetiva
sobre as ações:
a) Francisco não ouvia mais o barulho que vinha do mercado.
b) Agora vim buscar meu filho... Vou com ele...
c) Discussão com mulher não acaba mais...
d) Ele não gostava de brigar com mulher.
e) e já suspendia um saco de farinha nos braços de menino.

17. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto empregado na


narrativa, qual trecho abaixo revela um processo de atenuação de uma
realidade mais impactante?
a) Guma não casará. Será sempre livre no seu saveiro.
b) Não, por nada ele deixaria que aquela mulher levasse Guma.
c) Seria marceneiro, pedreiro, talvez doutor ou até padre vestido de
mulher, quem sabe!
d) Francisco estava acostumado a discutir com homens rudes do cais...
e) Irá com Iemanjá quando bem quiser.

18. (Prof. Fernando Oliveira) Em razão de certos traços poéticos, algumas


partes da narrativa utilizam a linguagem simbólica para relacionar com
o entorno contextual da narrativa. Um trecho que evidencia essa
linguagem conotativa é:
a) O homem que vive no mar deve ser livre.
b) Não terá âncoras que o prendam à terra.
c) ...e ele não gostava de ver mulher chorar.
d) E não é pior quando se casam e deixam viúvas...
e) ou então elas morrem de coração quando os veem chegar...

19. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o raciocínio empreendido pelo


narrador em que se capta as reações de Francisco acerca da suposta
mãe de Guma, a frase “Não, por nada ele deixaria que aquela mulher
levasse Guma.” assume um teor
a) Decisório
b) Dubitável
c) Introdutório
d) Conflitante
e) Sem convicção

• Fragmento para as questões 20 a 23:

— Donde vai vosmecê arranjar dinheiro para fazer ele estudar? Mulher-dama
eu bem conheço: um dia tem, outro não tem... Vosmecê falou que é hoje aqui,

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amanhã acolá... E filho de mulher-dama é pior que cachorro, vosmecê sabe


disso...

Ela baixou a cabeça, porque sabia que era verdade. Levar seu filho era criar
para ele a suprema humilhação de todos saberem que sua mãe era da vida.
Onde quer que andasse, nas ruas, nos colégios, em qualquer parte, nada
poderia dizer porque havia contra ele o insulto maior. Do mercado vinha a voz
do homem que contava o caso: — Eu só vi a faca brilhando que nem para
destrinchar um peixe.

Levantei o cotovelo, meti o joelho pra frente. Foi uma coisa feia... (Era bem
melhor que ele ficasse ali, aprendesse a levar um saveiro pelos portos, fizesse
filhos em mulheres desconhecidas, arrancasse facas das mãos de homens,
bebesse nos botequins, tatuasse corações no braço, atravessasse a
tempestade, fosse com Janaína quando seu dia chegasse. Ali ninguém
perguntaria quem era sua mãe.) — Mas posso ver ele de vez em quando?

20. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando a sequência de fatos narrados


no trecho acima, percebe-se que outro narrador assume a contagem
da história, excluindo-se o discurso direto, a partir da frase:
a) meti o joelho pra frente
b) Levantei o cotovelo
c) Foi uma coisa feia
d) Eu só vi a faca brilhando
e) Mas posso ver ele de vez em quando?

21. (Prof. Fernando Oliveira) No trecho em destaque, o uso dos parênteses


assume algumas intencionalidades discursivas, como :
a) Inserir um fato concreto como na frase “fizesse filhos em mulheres
desconhecidas”
b) Destacar um juízo de valor como na frase “Era bem melhor”
c) Denotar um narrador onisciente como em “Mas posso ver ele de vez em
quando?”
d) Utilizar uma hipérbole sobre a morte como em “fosse com Janaína
quando seu dia chegasse.”
e) Inferir falta de coragem como percebido na frase “atravessasse a
tempestade”.

22. (Prof. Fernando Oliveira) Cada escrita reflete aspectos temporais,


regionais ou culturais. Nesse sentido, na frase “Donde vai vosmecê
arranjar dinheiro para fazer ele estudar?”, o termo destacado reflete
mais fortemente:
a) Uma variação linguística regional
b) Uma composição por aglutinação
c) Uma linguagem científica
d) Uma abreviatura
e) Uma composição justaposta

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23. (Prof. Fernando Oliveira) A expressividade contida no trecho “Levar seu


filho era criar para ele a suprema humilhação de todos saberem que
sua mãe era da vida.” Conjuga, ao mesmo tempo, os seguintes recursos
estilísticos:
a) Comparação/ metonímia
b) Antítese/ catacrese
c) Paradoxo/ eufemismo
d) Hipérbole/ pleonasmo
e) Prosopopeia/ sinestesia

Trecho do capítulo “Iemanjá dos cinco nomes” para responder às questões


24 e 25:

Hoje é dia de festa de Iemanjá. No Dique, onde ela passa uns tempos durante
o ano, sua festa é a 2 de Fevereiro. Também nas Cabeceiras da Ponte, em Mar
Grande, em Gameleira, em Bom Despacho, na Amoreira, seu dia é a 2 de
Fevereiro, e nessa data a festejam. Porém, em Monte Serrat, é onde a sua festa
ainda maior, pois é feita na sua própria morada na loca da Kã e-d'Água, ela é
festejada a 20 de Outubro. E vêm os pais-de-santo, do Dique, de Amoreira, de
Bom Despacho, de Gameleira, de toda a ilha de Itaparica. E nesse ano até o
pai Deusdedith veio da Cabeceira da Ponte assistir à iniciação, das feitas de
Iemanjá.

24. (Prof. Fernando Oliveira) A inserção de termos gramaticais específicos


podem trazer dimensões e sensações ímpares relativas ao processo
narrativo. A frase “Hoje é dia de festa de Iemanjá.” traz consigo, a partir
de suas marcas linguísticas, a possiblidade de:
a) Compreender os fatos mais distantes da cultura tradicional brasileira.
b) Recriar fatos contados a partir de um personagem da trama.
c) Visualizar fatos futuros que permearão a narrativa de Jorge Amado
d) Transportar-se para o momento exato em que se passa uma ação.
e) Determinar valores e princípios irrefutáveis acerca dos personagens.

25. (Prof. Fernando Oliveira) O uso da contração destacada em “seu dia é a


2 de Fevereiro, e nessa data a festejam.” pode ser avaliada como:
a) Incorreta, pois deve ser trocada por NESTA em situações de retomada.
b) Correta, pois representa proximidade espacial com o fato narrado.
c) Incorreta, pois deveria ser trocada por NAQUELA em face da distância
temporal.
d) Correta, pois representa um termo anafórico, ou seja, de retomada do
referente.
e) Correta, pois trata-se de termo catafórico, relativo a recriação da
referência anterior.

Novo trecho do capítulo ““Iemanjá dos cinco nomes”” para responder às


questões 26, 27 e 28:

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Iemanjá, que é dona do cais, dos saveiros, da vida deles todos, tem cinco
nomes, cinco nomes doces que todo o mundo sabe. Ela se chama Iemanjá,
sempre foi chamada assim e esse é seu verdadeiro nome, de dona das águas,
de senhora dos oceanos. No entanto os canoeiros amam chamá-la D. Janaína,
e os pretos, que são seus filhos mais diretos, que dançam para ela e mais que
todos a temem, a chamam de Inaê, com devoção, ou fazem suas súplicas à
Princesa de Aiocá, minha deusa de terras misteriosas que se escondem na
linha azul que as separa de outros termos. Porém, as mulheres do cais, que
são simples e valentes, Rosa Palmeirão, as mulheres da vida, as mulheres
casadas, as moças que esperam noivos, a tratam de D. Maria, que Maria é um
nome bonito, é mesmo o mais bonito de todos, o mais venerado, e assim o
dão a Iemanjá como um presente, como se lhe levassem uma caixa de
sabonetes à sua pedra no Dique.

Ela é sereia, é a mãe-d'água, a dona do mar, Iemanjá, D. Janaína, D. Maria, Inaê,


Princesa de Aiocá. Ela domina esses mares, ela adora a Lua, que vem ver as
noites sem nuvens, ela ama as músicas dos negros. Todo o ano se faz a festa
de Iemanjá, no Dique e em Monte Serrat. Então a chamam por todos seus
cinco nomes, dão-lhe todos os seus títulos, levam-lhe presentes, cantam para
ela.

26. (Prof. Fernando Oliveira) Embora parte da segunda geração


modernista brasileira, o romance de Jorge Amado atende a uma marca
iniciada ainda na primeira geração, evidenciada na centralidade deste
texto pela:
a) Liberdade de criação poético-textual
b) Valorização do cotidiano das famílias brasileiras.
c) Ênfase de aspectos da cultura popular nacional.
d) Apelo engajado da literatura brasileira em geral.
e) Retorno às tradições inspiradas nas vanguardas.

27. (Prof. Fernando Oliveira) Na frase “Ela é sereia, é a mãe-d'água, a dona


do mar, Iemanjá, D. Janaína, D. Maria, Inaê”, os termos que são
enumerados, acompanhados ou não do verbo de ligação, possuem a
mesma função morfológica. Apesar de serem substantivos, esses
termos atuam junto ao verbo de ligação como:
a) Modificador do verbo de ação
b) Qualificador do pronome pessoal
c) Acompanhante do pronome pessoal
d) Modalizador do verbo de ligação
e) Quantificador das ações realizadas

28. (Prof. Fernando Oliveira) No fragmento “Então a chamam por todos


seus cinco nomes, dão-lhe todos os seus títulos, levam-lhe presentes,
cantam para ela.”, o termo destacado aponta para um valor semântico,
em relação à Iemanjá, de:
a) Simplicidade
b) Serenidade

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c) Depreciação
d) Opressão
e) Superioridade

• Fragmento do capítulo “Um navio ancorou no cais”, para


responder às questões 29 e 30:

O saveiro corre na noite mansa do rio. Entra na grande curva de Maragogipe.


Guma está feliz. Ela se chama Lívia. Ele não conheceu mulher nenhuma com
esse nome. Quando ela estiver com ele, mestre Manuel perderá todas as
carreiras porque ela cantará como Maria Clara aquelas velhas canções do cais.
Iemanjá o ouviu, lhe mandou sua mulher.

29. (Prof. Fernando Oliveira) O narrador do texto promove uma mistura de


especulação com captação das emoções de Guma. Cria-se, portanto,
algumas possibilidades que, ao comparar a futura relação com Lívia, ao
canto primoroso de Maria Clara, Guma insere uma perspectiva:
a) Romantizada
b) Surrealista
c) Religiosa
d) Saudosista
e) Pessimista

30. (Prof. Fernando Oliveira) Percebe-se que, entre as duas orações


presentes em “Guma está feliz. Ela se chama Lívia.”, não há conjunção
de ligação. Um valor semântico a ser introduzido por uma conjunção
mais conveniente seria o de:
a) Adversidade
b) Conclusão
c) Finalidade
d) Explicação
e) Complementariedade

• Trecho do capítulo “Marta, Margarida e Rachel” para responder às


questões 31 e 32:

Quando tudo tinha acabado, Guma perguntou:

— Ele vai ficar bom, doutor?

— Acho que ele não resiste, Guma. Foi muito tarde. — Rodrigo lavava as mãos.

(...)

Eles saíram. Guma, ainda olhou o homem que ressonava pesado. Dr. Rodrigo,
quando se viu só, olhou o mar pela janela. Vida difícil aquela dos marinheiros.
Guma dizia que eles não deviam casar. Há sempre um dia em que a família
fica na miséria, há sempre Martas, Margaridas, Raquéis, para passarem fome.
D. Dulce esperava um milagre. Rodrigo quis voltar para os seus versos, mas o
homem que agonizava era um protesto contra a poesia descritiva do mar.

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E pela primeira vez Rodrigo pensou em fazer um poema que falasse no


sofrimento e na miséria da vida do cais.

Depois, a morte veio calma. Agora Traíra não ia mais no navio.

31. (Prof. Fernando Oliveira) O texto traz uma sequência sobre as


consequências de uma confusão envolvendo o personagem Traíra,
atingido por tiros e entre a vida e a morte, ao ser socorrido por Guma e,
também, por Rodrigo. A condição mais pobre de Traíra promove uma
reflexão sobre a vida do barqueiro e, nessa lógica, o nome das filhas de
Traíra (Marta e Margarida) bem como de sua esposa (Raquel) é citado
no plural. Esse recurso associa-se à figura de linguagem:
a) Metonímia
b) Catacrese
c) Antítese
d) Perífrase
e) Hipérbato

32. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando a posição da frase “Vida difícil


aquela dos marinheiros.”, percebe-se que ela se refere a um dos
personagens, logo após o narrador descrever o ato. Considerando o teor
dessa frase e a ausência de determinadas pontuações, infere-se que a
sequência frasal introduz um narrador:
a) Onisciente
b) Intruso
c) Testemunha
d) Múltiplo
e) Polifônico

• Trecho do capítulo “Viscondes, Condes, Marqueses e Besouro” para


responder às questões 33, 34 e 35:

Mas foi ali que nasceu Besouro, correu naquelas ruas, ali derramou sangue,
esfaqueou, atirou, lutou capoeira, cantou sambas. Foi ali perto, em
Maracangalha, que o cortaram todinho a facão, foi ali que seu sangue correu
e ali brilha a sua estrela, clara e grande, quase tão grande como a deLucas da
Feira. Ele virou estrela, que foi um negro valente.

Santo Amaro é a pátria de Besouro. É nisso que Guma pensa nesse momento
deitado no seu saveiro. Há três dias os pensamentos de Guma eram outros.
No dia em que Traíra morreu, ele estava para ir ver Lívia, que era toda a sua
preocupação. Mais uma vez a frase do velho Francisco, a canção que
cantavam no mar, o exemplo diário (desgraçada é a mulher que casa com um
homem do mar e marítimo não deve se casar), o caso de Traíra deixando
mulher e três filhas, vieram inquietá-lo.

(...)

Nasceu aqui. No Recôncavo nascem os homens valentes das águas. Na Bahia,


a capital, a cidade das sete portas, nascem as mulheres mais bonitas do cais.
Lívia nasceu lá. Se Besouro a visse — pensa Guma, pitando no Valente — se

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apaixonaria por ela, por sua causa esfaquearia três ou quatro. Foi um homem
valente o marítimo Besouro. E no cais não há mulher mais bonita que Lívia.
Lívia, que veio à festa de Iemanjá só para ver Guma, que é valente também, já
correu aventuras, pensa um dia viajar por terras estranhas nos grandes navios.

33. (Prof. Fernando Oliveira) observando-se o trecho destacado, promove-


se um flashback que, além de ser uma história levantada,
aparentemente, pelo narrador, acaba povoando os pensamentos de
Guma. A referência à figura de Besouro liga-se a um grau de
identificação por parte de Guma. Essa coincidência implícita aponta
para aspectos qualificativos entre ambos e possui grande relação com
um gênero literário conhecido como:
a) Conto
b) Epopeia
c) Crônica
d) Romance
e) Fábula

34. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando os aspectos literários, artísticos


e geográficos e qualificativos, o personagem Besouro possui uma
descrição que dialoga com o seguinte personagem da arte literária:
a) Robin Hood
b) Macunaíma
c) Lampião
d) Iracema
e) Brás Cubas

35. (Prof. Fernando Oliveira) As flexões de graus de determinadas palavras


podem ir além do valor semântico de tamanho. Em várias classes
gramaticais, variam as possibilidades de significado a partir desses
usos. Sendo assim, o termo destacado em “Foi ali perto, em
Maracangalha, que o cortaram todinho a facão”, considerando sua
posição na frase assume valor:
a) Adjetival subjetivo
b) Adverbial de modo
c) Adjetival objetivo
d) Adverbial de meio
e) Adverbial de finalidade

• Trecho do capítulo “Melodia” para as questões 36 e 37:

O nordeste traz as canções da beira do rio, canções de mulheres lavadeiras,


cantigas de pescadores. Os tubarões saltam nas ondas da entrada da
barra. Há danças no navio iluminado que entra. À luz da Lua um casal
conversa.

"Boa viagem", diz Guma, e sacode a mão. Eles respondem e ficam


comentando, entre sorrisos, a saudação daquele marítimo desconhecido.

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Ele vai buscar Lívia, ele vai buscar uma mulher bonita para oferecer ao mar.
Não demorará muito a carne de Lívia terá o gosto da água salgada do
oceano, os seus cabelos serão úmidos dos salpicos do mar.

36. (Prof. Fernando Oliveira) A poeticidade deste romance utiliza uma


linguagem fluída e, em certa medida, dinâmica. Um dos recursos que
enfatiza essa dinamicidade é a personificação, identificada no seguinte
trecho:
a) "Boa viagem", diz Guma
b) e sacode a mão.
c) ele vai buscar uma mulher bonita...
d) O nordeste traz as canções da beira do rio
e) À luz da Lua um casal conversa.

37. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto narrativo, o termo


destacado em “Não demorará muito a carne de Lívia terá o gosto da
água salgada do oceano” representa uma transformação da
personagem em seu aspecto:
a) Afetivo
b) Religioso
c) Filosófico
d) Identitário
e) Financeiro

• Fragmento do capítulo “rapto de Lívia” para as questões 38 e 39:

Era em Junho e foi no mês do vento sul que Lívia se mudou para o mar. O
saveiro partiu contra o vento e ia inclinado, a lanterna vermelha
iluminando a estrada do mar. Um canoeiro que entrava desejou boa
viagem a Guma. Pela primeira vez Lívia respondeu à saudação do mar: —
Boa viagem...

O vento sul levantava seus cabelos, Guma ia curvado no leme, do mar vinha
um cheiro sem comparação e de dentro dela uma alegria que a fez cantar
para o oceano. Lívia saudou o mar com a mais bela canção que sabia, e
assim o saveiro atravessou o quebra-mar e entrou na boca da barra,
porque as belas canções, que as mulheres cantam, compram o vento e o
mar. Lívia era feliz e Guma, de tão feliz, não viu pela primeira vez o temporal
que se aproximava, Lívia deitou-se a seus pés e os seus cabelos
esvoaçavam com o vento. Iam calados porque ela já não cantava. Agora só
o vento sul assoviava a sua canção de morte.

38. (Prof. Fernando Oliveira) O texto traz um aspecto místico que permeia
o processo de navegação da embarcação de Guma. Essa perspectiva
transcendente representa, a partir de Lívia:
a) Um desvirtuamento de sua religião original
b) Um alinhamento à ancestralidade dos habitantes do cais.
c) Uma tentativa apenas de agradar a Guma.
d) A obediência irrestrita a um ritual inconsciente.
e) Uma construção simbólico-afetiva confusa.

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39. (Prof. Fernando Oliveira) Há vários recursos que permitem a


interligação entre partes do texto. Um deles é determinado pela
omissão de termos já expressos, como no seguinte trecho:
a) Um canoeiro que entrava desejou boa viagem a Guma.
b) O saveiro partiu contra o vento e ia inclinado, a lanterna vermelha
iluminando a estrada do mar.
c) Agora só o vento sul assoviava a sua canção de morte.
d) e foi no mês do vento sul que Lívia se mudou para o mar.
e) Pela primeira vez Lívia respondeu à saudação do mar: — Boa viagem...

• Fragmento do capítulo “Marcha nupcial” para responder às


questões 40, 41 e 42:

— Há muitos anos que a senhora está aqui, não é, D. Dulce?

Ela corou um pouco e respondeu:

— Faz muito tempo, sim. É muito triste...

Dr. Rodrigo ficou sem saber se ela se referia à sua própria história ou à vida
do cais. Ela ia curva e a chuva prateava seu cabelo.

— Por vezes eu fico pensando... Já podia sair daqui, arranjar uma cadeira
melhor... Mas tenho pena dessa gente que gosta tanto de mim. No entanto
eu não sei o que dizer a eles...

— Como?

— Nunca foi uma mulher chorando à sua casa? Nunca foi uma recém-
viúva?

Muitas eu vi casar como Lívia. E depois vão lá em casa chorando porque o


marido ficou no mar. Eu não sei o que dizer...

— Não faz muito tempo morreu um homem no meu consultório, se se


pode chamar aquilo de consultório... Morreu com uma bala na barriga. Só
falava nas filhas, era canoeiro...

— Eu não sei o que dizer a elas... A princípio eu tinha fé, ainda era feliz.
Acreditava que um dia Deus teria pena dessa gente. Hoje tenho visto tanta
coisa que até não creio mais. Porém naquele tempo ao menos eu
consolava...

(...)

E então toma uma súbita resolução. Irá sempre com ele. Será marítima
também, cantará as canções do mar, conhecerá os ventos, as coroas de
pedra do rio, os mistérios do mar. Sua voz aplacará também as
tempestades como a de Maria Clara. Correrá apostas no seu saveiro,
vencerá com sua música. E se um dia ele for para o fundo das águas, ela irá
com ele e farão juntos a viagem para as terras desconhecidas de Aiocá.

(...)

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40. (Prof. Fernando Oliveira) O primeiro trecho do fragmento em questão


é uma conversa entre Doutor Rodrigo e Dona Dulce, a professora da
região do cais. A temática desse diálogo tem relação com a vida dura
em vários aspectos dos habitantes do cais. Observando-se a sequência
dos fatos, o personagem referenciado no trecho “Só falava nas filhas,
era canoeiro...” é:
a) Rufino
b) Guma
c) Traíra
d) Besouro
e) Velho Francisco

41. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o conteúdo e o contexto


relacionado ao período “Dr. Rodrigo ficou sem saber se ela se referia à
sua própria história ou à vida do cais.”, infere-se o diálogo com o
processo discursivo de:
a) Metalinguagem
b) Intertextualidade
c) Intratextualidade
d) Ambiguidade
e) Subentendido

42. (Prof. Fernando Oliveira) O último trecho do fragmento destacado


enfatiza uma resolução tomada por Lívia. Essa decisão reflete um
aspecto que dialoga com o naturalismo brasileiro na literatura,
conhecido como:
a) Assimilação racial
b) Adaptação ao meio
c) Culto ao mórbido
d) Valorização do místico
e) Psicologismo científico

• Trecho do capítulo “Roteiro do mar grande” para responder às


questões 43 e 44:

Um dia em que Lívia chorava, ela disse: — Você 'tá bestando. Ligando muita
importância a homem... Deixe eles ter suas mulher por lá. Faça como eu...
Não ligo.

— Não é por isso não, Esmeralda. Tenho medo é que numa viagem ele
morra.

— E nós todos não tem que morrer? Eu é que não me abalo. Se o meu
morrer, arranjo outro.

Lívia não compreendia. Se Guma morresse, ela morreria também, porque,


além da falta que sentiria dele, não era mulher para trabalho duro e não
pretendia vender seu corpo para ganhar o que comer.

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Esmeralda não concordava. Se Rufino morresse, arranjaria outro,


continuaria sua vida. Não era o primeiro que tinha. Um ficara nas ondas
também, seu marido se fora num navio cargueiro para outras praias, o
terceiro se mudara numa canoa com uma noiva. Ela não ligava, ia vivendo.

43. (Prof. Fernando Oliveira) O trecho menciona uma conversa entre Lívia
e Esmeralda. Considerando as percepções de cada uma delas sobre a
morte de seus homens, percebe-se que, entre tais perspectivas, há um
valor de caráter:
a) Complementar
b) Contrapositivo
c) Convergente
d) Inconsistente
e) Superficial

44. (Prof. Fernando Oliveira) As perspectivas sobre a morte dos homens do


mar não são as mesmas para ambas as mulheres mencionadas no
fragmento. Nesse sentido, a estratégia argumentativa de Esmeralda
sobre esse tema está relacionada:
a) Às suas experiências anteriores
b) A uma conjectura sem evidência prática
c) A uma hipótese baseada na experiência alheia
d) A uma concepção discursiva dos homens do cais.
e) A demarcação de uma visão religiosa sobre o tema.

• Trecho do capítulo “Esmeralda” para responder às questões 45 e 46:

D. Dulce quis replicar qualquer coisa, mas calou. Ele tinha realmente razão.
E ela baixou a cabeça. Bem sabia que não era por maldade que as
mulheres do cais abortavam. Se o faziam, era para depois não ter que
abandonar os filhos pelos botequins do cais, não ter que vê-los trabalhar
desde os 8 anos. Havia sempre falta de dinheiro. Dr. Rodrigo tinha razão.
Apenas D. Dulce falava o seu fracassado instinto de maternidade. Pensava
em braços de criancinhas se agitando, em cabelos loiros, em vozes
balbuciantes. Dr. Rodrigo disse: — É preciso encarar a realidade como ela
é. Eu não espero milagres...

45. (Prof. Fernando Oliveira) Os diálogos entre personagens promovem


constantes referencias mútuas dos discursos entronizados no texto.
Considerando o fragmento em questão e conhecimento dos
personagens, a frase que insere uma resposta a uma concepção da
personagem Dulce é:
a) D. Dulce quis replicar qualquer coisa
b) Havia sempre falta de dinheiro.
c) Eu não espero milagres...
d) ... não era por maldade que as mulheres do cais abortavam.
e) D. Dulce falava o seu fracassado instinto de maternidade.

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46. (Prof. Fernando Oliveira) Determinadas omissões de termos apontam


para valores semânticos que poderiam ser melhor evidenciados a
depender da inserção de termos que explicitem melhor as conexões
semânticas. Assim, um termo que conectaria melhor a flexão do verbo
FALAR e seu complemento em “Apenas D. Dulce falava o seu
fracassado instinto de maternidade.” seria:
a) Caso
b) Sobre
c) Sob
d) Ante
e) Perante

• Novo trecho do capítulo “Esmeralda” para responder às questões 47


e 48:

— Guma.

Ela veio, pegou na mão dele, puxava-o para dentro:

— Lívia está morrendo, Esmeralda. Deu uma coisa nela. 'tá morrendo.

(...)

Sentou-se na rede. Agora as suas pernas tocam nas de Guma. E de repente


ela se atira sobre ele e o morde na boca. Enrolam-se na rede e ele a possui
sem sequer a despir, sem pensar. A rede range e Lívia acorda: — Guma!

Sacode Esmeralda, que está trepada nas suas pernas. Corre para o quarto.

Lívia pergunta: — Tu 'tá aí?

— ‘tou sim.

Ia alisar o cabelo dela, mas sua mão ainda traz um calor do corpo de
Esmeralda e ele suspende o gesto. Ela chama:

— Vem dormir comigo...

Ele fica sem saber o que dizer. Na outra sala Esmeralda o espera para
concluírem o que começaram. Mas se recorda dos tios dela: — Durma você.
Eu estou esperando teus tios que mandei o velho Francisco chamar...

47. (Prof. Fernando Oliveira) O texto pode trazer diversas dimensões


artístico-literárias que influenciam a composição da narrativa. Assim,
um aspecto bastante evidente do Naturalismo Brasileiro no trecho
acima é:
a) A influência do coletivo sobre o individual
b) A prevalência dos instintos sobre o comportamento.
c) O apelo às ambições materiais dos personagens.
d) A desconstrução das instituições burguesas.
e) A crítica aos hábitos religiosos brasileiros.

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

48. (Prof. Fernando Oliveira) O enredo de uma história pode ser composto
de alguns elementos que, em maior ou menor grau, conferem maior
tensão às sequências de acontecimentos. Assim, considerando o
contexto do fragmento, uma frase que inspira um clímax tensional no
texto é:
a) — Vem dormir comigo...
b) Agora as suas pernas tocam nas de Guma.
c) — Durma você.
d) Lívia pergunta: — Tu 'tá aí?
e) Eu estou esperando teus tios

• Trecho do capítulo “Eram cinco meninos” para responder às


questões 49 e 50:

Ficou olhando o casal que subia. Guma fugia dela. Medo de Rufino, medo de
Lívia, ou não gostara do amor dela? Muito homem no cais se pelava por ela.
Tinham medo de Rufino, mas assim mesmo achavam jeito de lhe dizer
dichotes, de fazer propostas, de enviar presentes. Só Guma fugia dela, Guma
que ela desejava porque era claro, tinha cabelos pretos, longos quase até ao
pescoço, e os lábios vermelhos como lábios de criança. Seu peito se levantou,
seus olhos acompanharam com saudades o homem que subia o cais. Porque
ele fugia? Não pensou que pudesse ser remorso.

49. (Prof. Fernando Oliveira) O medo que toma conta de Guma possui uma
motivação bastante ligada ao perfil comum que a narrativa faz do
protagonista. Esse modelo representa um conflito entre as
perspectivas, exceto:
a) Pobre x rica
b) Idealizada x realista
c) Amorosa x erótica
d) Ética x instintiva
e) Moral x patológica

50. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando a sequência narrativa aliada a


aspectos coesivos, o termo em destaque na frase “achavam jeito de lhe
dizer dichotes”, faz referência a:
a) Lívia
b) Maria Clara
c) Esmeralda
d) Rufino
e) Guma

• Trecho do capítulo “Água mansa” para responder às questões 51, 52


e 53:

— Tu vai ver Janaína. Te prepara.

— Foi Guma que te disse, não foi ? Ele 'tava com ciúme, eu já tinha visto.

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

Pensava que eu era só dele ? Mas eu só tive com Guma poucas vezes. Gostava
era do marinheiro.

— Tu não me intriga com Guma, não. Ele me tirou da boca do tubarão, você
'tá querendo me intrigar com ele.

— 'Tou querendo?

Contou tudo com os mínimos detalhes. Contou como Guma a possuíra n noite
da moléstia de Lívia. E ria.

— Agora tu me mata. Fica muita gente no cais pra rir quando você passar, fica
o Floriano, fica o Guma.

Rufino sabia que ela tinha contado a verdade. Seu coração estava triste, estava
querendo a morte. Não se sentia capaz de matar Guma, que o salvara uma
vez. E demais havia Lívia, que não tinha culpa. Mas seu coração pedia a morte,
e, já que não podia ser a de Guma, seria a dele. A grande lua do mar brilhava
no céu. Esmeralda ainda ria. E foi rindo assim que morreu, o remo abriu sua
cabeça.

51. (Prof. Fernando Oliveira) O trecho em questão representa um embate


físico e verbal entre Rufino e Esmeralda, a partir da descoberta das
traições da companheira do melhor amigo de Guma. Nesse sentido,
considerando o contexto e a intenção do personagem, a frase “Tu vai
ver Janaína.” representa a figura de linguagem:
a) Eufemismo
b) Metonímia
c) Antonomásia
d) Sinédoque
e) Hipérbole

52. (Prof. Fernando Oliveira) A reação de Rufino em relação à notícia de que


Guma o havia traído não parece uma reação completamente absurda
à lógica do contexto em que estão inseridos. Essa forma de reagir pode
ser resumida pela seguinte constatação:
a) A traição feminina fere a honra de um homem do cais.
b) Não se suporta a ideia da traição entre melhores amigos.
c) Havia uma preocupação sobre a opinião de outros homens do cais.
d) Haveria perdas financeiras a partir da repercussão dessa notícia.
e) A traição fere a masculinidade do indivíduo perante outras mulheres.

53. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o perfil da personagem


Esmeralda, a oração destacada em “Contou como Guma a possuíra n
noite da moléstia de Lívia. E ria.” Demonstra, por parte da amasiada de
Rufino, um sentimento de:
a) Bom humor
b) Hipocrisia
c) Indiferença
d) Apreço
e) Seriedade

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• Trecho do capítulo “O valente” para responder às questões 54, 55 e


56:

Chico Tristeza contou: — Lá pras bandas da África onde eu 'tive, meu povo,
vida de negro é pior que vida de cachorro. 'tive nas terras dos negros que
agora são dos Franceses. Ali negro não vale nada, negro é só escravo de
branco, apanha de chicote. E ali é terra deles...

— Calcule se não fosse...

Chico Tristeza olhou o aparteador:

— Nas terras deles eles não vale nada. Só vale branco, branco é tudo, pode
tudo. Os negros trabalha no cais, carrega, descarrega navio. Anda tudo
depressa que nem rato de bordo, com os sacos nas costas. Se um não anda
depressa, o branco manda o chicote que é mesmo uma beleza.

Os outros ouviam mudos. Um negro tremia de raiva. Chico Tristeza continuou:

— Foi nessa terra que se passou a história que eu 'tou contando, meu povo.
Foi quando 'tive lá num navio do Lloyd Brasileiro. Os negros 'tava carregando
o navio, o chicote do branco estalava no ar.

54. (Prof. Fernando Oliveira) Chico Tristeza é um dos poucos homens


criados naquela região do cais que sonharam e conseguiram expandir
seus horizontes a partir dos grandes navios. A história que domina a
narrativa feita por ele representa uma desilusão, Uma obra da literatura
que dialoga com a mesma lógica ilusória descrita por Tristeza é:
a) Iracema
b) O guarani
c) Navio Negreiro
d) Canção do Exílio
e) O canto do guerreiro

55. (Prof. Fernando Oliveira) A linguagem popular é conhecida por recursos


de facilitação e de diferenciação gráfica do processo comunicativo.
Assim, qual das orações a seguir aponta para uma dessas funções da
coloquialidade?
a) — Calcule se não fosse...
b) Só vale branco, branco é tudo, pode tudo.
c) 'tive nas terras dos negros que agora são dos Franceses.
d) ...o chicote do branco estalava no ar.
e) Os outros ouviam mudos. Um negro tremia de raiva.

56. (Prof. Fernando Oliveira) O termo destacado em “Os outros ouviam


mudos.” pode ser substituído, sem prejuízo ao sentido do texto, por:
a) Indiferentes
b) Apáticos
c) Inertes
d) Pasmados

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e) Confusos

• Trecho do capítulo “O filho” para responder às questões 57 e 58:

Contou do negócio que tinha em vista. Com um saveiro como o Roncador,


faria dinheiro na certa. Um barco grande e ligeiro: — Tu sabe que eu não
podia ir para casa de seu tio assim, sem entrar com nada. Mas quando a
gente tiver ganho dinheiro com o saveiro a gente pode vender e se juntar
com eles. Aí sim...

— De verdade?

— Juro.

— Quanto demora isso?

— Seis meses levo pagando... Com mais um ano a gente já juntou um


dinheirinho, pode vender o barco. Junta tudo com o do velho, funda um
armazém...

— Tu jura?

— Juro.

Ela então lhe mostrou o filhinho. E dizia com os olhos que era por causa
dele. Somente por causa dele.

57. (Prof. Fernando Oliveira) A situação de Guma em relação às questões


financeiras ganha um capítulo conflitante com a pobreza que toma
conta do cais. Uma oportunidade de se juntar aos tios de Lívia aparece
como forma de atenuar esta crise. Apesar do juramento feito por Guma
sobre a possibilidade de mudar de vida, uma outra declaração feita pelo
narrador em outro trecho da obra pode pôr em dúvida essa promessa,
representada pelo trecho:
a) Guma nunca foi tentado pela terra.
b) Guma falou: — Eu quero é casar.
c) ... eu penso que o teu coração é uma concha dourada
d) Lívia, meu amor, já nasci te amando...
e) Guma pensou em Lívia, que (...) estaria em casa angustiada.

58. (Prof. Fernando Oliveira) Ainda que a linguagem possa destoar da


norma padrão, esse fato não exclui a constatação dos valores
semânticos presentes nela. Assim, o termo destacado em “faria
dinheiro na certa.” expressa, no contexto morfológico e semântico um
valor de:
a) Qualificador da ação
b) Modificador circunstancial
c) Determinante de gênero
d) Determinante de número
e) Caracterizador pronominal

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• Fragmento do capítulo “Toufick, o árabe”, para responder às


questões 59, 60 e 61:

Não era só em busca de riqueza que Toufick vinha. Abandonara a sua terra
porque queria ser esquecido lá, deixara um rastro de sangue atrás de si. F.
Murad o deixou em observação vários meses. Viu como ele prosperava
rapidamente. Era além de tudo um homem de coragem, capaz de
qualquer negócio que lhe trouxesse dinheiro. F. Murad o chamou e o
empregou no mais rendoso dos seus vários negócios. Agora era Toufick
quem tratava com os despenseiros de bordo, com os comandantes de
navio, com os pilotos, com todos aqueles que se relacionavam com os
carregamentos de seda que não deviam pagar impostos. Se revelara
habilíssimo, nunca haviam corrido tão bem os negócios.

59. (Prof. Fernando Oliveira) A linguagem poética tem, em muitas


situações, a capacidade de abrandar termos mais impactantes. Assim,
a expressão que é construída sobre essa lógica, considerando o
contexto narrativo é:
a) Vários negócios
b) Despenseiros de bordo
c) Rastro de sangue
d) Sua terra
e) Qualquer negócio

60. (Prof. Fernando Oliveira) Os tempos verbais apontam para a percepção


sobre as sequências dos fatos colocados na narrativa. Nesse sentido, a
frase que traz a ação mais distante no tempo é:
a) F. Murad o chamou e o empregou no mais rendoso dos seus vários
negócios.
b) Não era só em busca de riqueza que Toufick vinha.
c) Era além de tudo um homem de coragem,
d) Abandonara a sua terra porque queria ser esquecido lá,
e) Agora era Toufick quem tratava com os despenseiros de bordo,

61. (Prof. Fernando Oliveira) No trecho “ Agora era Toufick quem tratava
com os despenseiros de bordo, com os comandantes de navio, com os
pilotos, com todos aqueles que se relacionavam com os carregamentos
de seda que não deviam pagar impostos.”, os termos relacionados ao
verbo TRATAR assumem a função de:
a) Adjunto adverbial
b) Complemento nominal
c) Objeto direto
d) Aposto explicativo
e) Objeto indireto

Fragmentos do capítulo “Contrabandista” para responder às questões 62 a


65:

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Trecho 1

Lívia olhava com medo o urso, o palhaço, o trem abandonados. Nunca o


garoto fizera o trem descarrilar no passeio da casa. Nunca fizera o urso
matar o palhaço. Os destinos da terra não lhe interessavam. Seus olhos
vivos seguiam o pequeno saveiro, na sua luta contra a tempestade que saía
das bochechas do velho Francisco. O urso, o palhaço, o trem abandonados.

Trecho 2

Lívia já desanimara de conseguir que Guma abandonasse a vida do mar


nesse ano. Trabalhava agora para que ele pudesse pagar o que devia,
pudesse ficar com o saveiro livre. João Caçula andava em cima, as
prestações estavam atrasadas. João Caçula também não ia bem com os
batelões que comprara.

62. (Prof. Fernando Oliveira) Os textos selecionados dialogam a partir de


uma inquietação de Lívia, mulher de Guma. Nesse sentido, a
preocupação que permeia ambos os textos é:
a) A falta de perspectiva social do filho do casal.
b) A insistência das figuras masculinas acerca da vida no mar.
c) A simples rejeição pelos brinquedos típicos de criança.
d) A divergência existencial entre Guma e seu filho.
e) A má influência do velho Francisco na vida de Guma.

63. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto promovido pela


descrição feita no trecho 1, as ações contidas no trecho “Nunca o garoto
fizera o trem descarrilar no passeio da casa. Nunca fizera o urso matar
o palhaço.” Assumem uma dimensão:
a) Hostil
b) Lúdica
c) Ingênua
d) Filosófica
e) Superficial

64. (Prof. Fernando Oliveira) O romance, por ser contextualizado em um


ambiente popular, traz consigo uma riqueza linguística. No trecho 2,
algumas construções coloquiais aparecem, como é o caso da frase
“João Caçula andava em cima”, relacionada à ideia de:
a) Assédio sexual
b) Hostilidade moral
c) Cobrança financeira
d) Cerceamento de gênero
e) Insistência trabalhista

65. (Prof. Fernando Oliveira) Uma marca recorrente em vários trechos de


Mar Morto é a construção de períodos compostos com orações
coordenadas assindéticas, em que não há conjunções de ligação entre
elas. Apesar dessa ausência, isso não elimina a identificação das
relações semânticas entre as tais. Um exemplo disso é a conexão entre

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

as frases contidas em “João Caçula andava em cima, as prestações


estavam atrasadas.” designada pela ideia de:
a) Contrariedade
b) Finalidade
c) Concessão
d) Explicação
e) Conclusão

• Novo trecho do capítulo “Contrabandista” para responder às


questões 66 a 68:

Aprontou o saveiro e se dirigiu para casa. Sairia depois do almoço. Lívia


o esperava na janela com o filho ao lado. Ele foi logo mostrando a seda:
— Tinha me esquecido no saveiro.
— Que é isso?
— Veja...
Entrou. Ela saiu da janela, botou o filho no chão. Examinou a seda:
— Mas isso é seda cara — e tinha uma interrogação nos olhos.
— Ganhei numa quermesse em Cachoeira.
— Tu 'tá mentindo. Porque tu não me diz?
— Dizer o quê? Ganhei na quermesse, sim.
Ela dobrou a seda. Ficou em silêncio um minuto, de repente falou:
— Pra que tu deixa que eu vá saber pela boca dos outros?
— Mas o quê?
— É pior.
— Tu 'tá é gira...
— Tu pensa que eu não já soube? Coisa ruim a gente sabe logo. Tu 'tá
metido em contrabando, não é?
— Foi Rodolfo que contou a você?
— Faz tempo que não ponho os olhos nele. Mas todo mundo no cais
sabe que você está no lugar de Xavier...
— É mentira.
Mas era impossível negar. Era melhor contar tudo:
— Tu não vê que a gente não tinha outro jeito de se desenterrar? João
Caçula já 'tava querendo vender o Paquete Voador, a gente ficava na
mão. Eu tinha que me alugar como canoeiro, nunca que saía do cais
como tu quer...

66. (Prof. Fernando Oliveira) O trecho em questão faz parte da descoberta


de Lívia sobre o envolvimento do marido, Guma, com o tráfico de seda.
O texto traz um momento de tensão entre o argumento falacioso de
Guma sobre a origem da seda que deu a Lívia e a rendição à confissão
verdadeira sobre essa origem. Essa dificuldade em assumir a verdade
sobre os fatos denota uma preocupação principal de Guma em:
a) Manter os negócios para conseguir sair da miséria financeira
b) Não prejudicar a relação afetiva com Lívia, receoso de ser visto como
traidor.
c) Não comprometer a imagem de homem direito conhecida no cais.

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

d) Honrar o compromisso feito com Rufino, seu melhor amigo.


e) Visualizar outras possibilidades de enganar a própria esposa.

67. (Prof. Fernando Oliveira) A linguagem popular, em muitas situações,


possui inadequações nas relações de concordância e regência, tanto no
aspecto nominal como no verbal. Nesse sentido, qual das frases dita por
um dos personagens traz consigo essa discrepância normativa?
a) Coisa ruim a gente sabe logo
b) Eu tinha que me alugar como canoeiro
c) Ganhei na quermesse, sim.
d) Foi Rodolfo que contou a você?
e) Tu pensa que eu não já soube?

68. (Prof. Fernando Oliveira) Na frase “nunca que saía do cais como tu
quer...” o termo destacado uma inadequação normativa quanto à flexão
verbal de tempo e modo, considerando o contexto semântico. Assim, o
referido verbo deveria ser substituído por uma flexão do tipo:
a) Pretérito imperfeito
b) Imperativo
c) Futuro do presente
d) Futuro do pretérito
e) Pretérito mais que perfeito

• Fragmentos do capítulo “Terras de Aiocá” para responder às


questões 69 a 73:

Fragmento 1

Lívia a recebeu como a uma amiga que não via há muito:

— Essa casa é sua.

Rosa baixou a cabeça, se apertou muito contra a criança, que a princípio fugira
dela, depois tentou sorrir:

— Guma foi um bicho de sorte.

O garoto perguntou se ela era mulher de Francisco, já que era sua avó. Ela
pôde então chorar, já não tinha a navalha na saia, o punhal no peito. Vestiu
roupas sem espalhafato, sentava na porta da casa com o menino no colo.
Havia noites em que ouvia cantarem no cais o seu ABC e o escutava enleada
como se fosse o ABC de outra pessoa. Só o mar dá desses presentes a seus
filhos.

Fragmento 2

Estava carregado de mais. Virou como se fosse um brinquedo na mão do mar.


Os tubarões vieram de alguma parte, eles estão sempre próximos dos
naufrágios.

Guma viu Toufick se debatendo. Pegou o árabe pelo braço e jogou nas suas
costas. E nadou para o cais. Uma luz fraca brilhava no porto de Santo Antônio.

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Mas veio uma réstia de luz do farol da Barra e iluminou o caminho para Guma.
Olhando para trás, ele viu os tubarões em torno do saveiro. E uns braços se
agitando.

Depôs Toufick na praia e mal se levantava ouviu a voz de F. Murad:

— E meu filho? Meu Antônio? Ele foi com vocês, não foi?

— Vá salvar ele. Vá. Lhe dou tudo que quiser.

Guma mal se aguentava em pé. Murad suplicava de mãos postas:

— Você também tem um filho. Vá, pelo amor de seu filho.

69. (Prof. Fernando Oliveira) Os textos trazem uma perspectiva sobre


aquilo que o mar proporciona. Considerando o conteúdo dos
fragmentos, podemos identificar entre eles uma relação de:
a) Causa/consequência
b) Mutualidade
c) Uniformidade
d) Antagonismo
e) Simetria

70. (Prof. Fernando Oliveira) Os discursos relativos aos personagens


permitem entrever determinadas intencionalidades ou, muitas vezes, a
falta delas. Nesse sentido, o contexto da frase “O garoto perguntou se
ela era mulher de Francisco, já que era sua avó.” revela um grau de:
a) Perspicácia
b) Ironia
c) Ingenuidade
d) Depreciação
e) Resistência

71. (Prof. Fernando Oliveira) Qual frase revela, dentre os dois fragmentos
destacados, uma adaptação conveniente a sensibilidade de um
momento importante da cena?
a) já não tinha a navalha na saia, o punhal no peito.
b) Só o mar dá desses presentes a seus filhos.
c) — Guma foi um bicho de sorte.
d) Havia noites em que ouvia cantarem no cais o seu ABC
e) e o escutava enleada como se fosse o ABC de outra pessoa.

72. (Prof. Fernando Oliveira) No trecho 2, descreve-se a cena que vai gerar
a morte de Guma. Um dos recursos que dá poeticidade ao texto, além
do uso de linguagem figurada, é a relação percebida entre uma das
descrições e uma cena que dialoga com os atos do filho de Guma, como
na seguinte frase:
a) Os tubarões vieram de alguma parte
b) Vá, pelo amor de seu filho.
c) Virou como se fosse um brinquedo na mão do mar.
d) Uma luz fraca brilhava no porto de Santo Antônio.

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e) — E meu filho? Meu Antônio?

73. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando a situação em que Guma se


encontrava na cena do trecho 2, que frase soa falaciosa, considerando
beneficiários e prejudicados na cena?
a) Pegou o árabe pelo braço e jogou nas suas costas.
b) — Você também tem um filho. Vá, pelo amor de seu filho.
c) — E meu filho? Meu Antônio? Ele foi com vocês, não foi?
d) Mas veio uma réstia de luz do farol da Barra e iluminou o caminho para
Guma.
e) Olhando para trás, ele viu os tubarões em torno do saveiro.

• Trecho do capítulo “O mar é doce amigo” para responder às


questões 74 a 76:

Lentamente a vela se afasta. Vai devagar nas ondas. Sobe e desce, parece uma
minúscula embarcação mal-assombrada. Os olhos estão fitos nela, as bocas
não falam. Dr. Rodrigo revê Guma trazendo Traíra ferido, salvando o
Canavieiras, salvando gente nos temporais, passando contrabando para pagar
as dívidas. Já o velho Francisco vê o sobrinho em cima do seu barco cortando
as águas. Manuel enxerga a figura de Guma no Farol das Estrelas, conversando
com sua voz descansada, botando para trás a cabeleira morena e comprida.

Maria Clara pensa nele, correndo aposta ao som da sua voz. Maneca Mãozinha
se recorda das brigas que tiveram, foram bons amigos apesar disso. Só Lívia
não vê Guma, só ela não o enxerga nem o recorda. Só ela espera encontrá-lo
ainda.

A vela anda ao redor das águas. Águas plúmbeas para Lívia, águas de um mar
morto. Águas sem ondas, águas sem vida. A vela para. 0 velho Francisco diz:
— Está ali.

74. (Prof. Fernando Oliveira) nos três primeiros períodos do fragmento, a


descrição feita sobre uma embarcação dialoga com um período da
literatura, cujo conceito mais próximo e o de:
a) Misticismo simbolista
b) Romantismo pessimista
c) Realismo psicológico
d) Naturalismo grotesco
e) Barroco cultista

75. (Prof. Fernando Oliveira) o narrador explora as reações psicológicas de


cada personagem diante da morte de Guma, protagonista do romance.
Nesse sentido, a frase “só ela não o enxerga nem o recorda.”,
considerando o contexto do fragmento, manifesta, acerca de Lívia, uma
atitude de:
a) Incompreensão
b) Inconformidade
c) Afirmação
d) Justiçamento

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e) Vingança

76. (Prof. Fernando Oliveira) Em qual dos trechos do fragmento explora-se


uma substituição de termos entre aspectos gerais e particulares?
a) Águas plúmbeas para Lívia, águas de um mar morto.
b) Os olhos estão fitos nela, as bocas não falam.
c) Maria Clara pensa nele, correndo aposta ao som da sua voz.
d) Maneca Mãozinha se recorda das brigas que tiveram,
e) só ela não o enxerga nem o recorda.

• Novo trecho do capítulo “O mar é doce amigo” para responder às


questões 77 a 79:

Mestre Manuel acende o cachimbo. Maria Clara abraça Lívia, procura


consolar: "É o destino da gente."

Mas Maria Clara nasceu no mar, viveu sempre ali. Para ela aquilo é uma lei
fatal: um dia o homem fica no mar, morre com o saveiro que vira. E a
mulher procura seu corpo e espera que o filho cresça para vê-lo morrer
também. Lívia, porém, não nasceu no cais. Ela veio da cidade, veio de outro
destino. A estrada larga do mar não era a sua estrada. Ela a tomou por
amor. Por isso não se conforma. Ela não aceita essa lei como uma
fatalidade, como a aceita Maria Clara. Ela lutou, ela ia vencer. Ia vencer...
Tudo estava tão próximo. Os soluços rompem do peito de Lívia.

77. (Prof. Fernando Oliveira) A cena do fragmento é mais uma que traz
algumas reações dos personagens sobre a morte de Guma.
Considerando esse contexto, a inserção da frase “Mas Maria Clara
nasceu no mar”, representa, em relação à frase anterior de consolo do
Mestre Manuel:
a) Uma equivalência à dor que Lívia demonstra na incompreensão do
luto.
b) Uma discrepância absurda inserida pelo narrador que não entende o
luto de Lívia
c) Uma atenuação comparativa à dor de Lívia diante de fatos parecidos.
d) Uma comparação que aumenta a dor de Maria Clara em relação à Lívia.
e) Uma contradição na abordagem sobre o mesmo tipo de fato.

78. (Prof. Fernando Oliveira) A frase “Ela veio da cidade, veio de outro
destino.”, aponta para um tipo de elemento da narrativa compreendido
como:
a) Personagem linear
b) Personagem esférico
c) Espaço mítico
d) Espaço simbólico
e) Tempo psicológico

79. (Prof. Fernando Oliveira) Sentimentos de intensidade, sejam bons ou


ruins, em textos poéticos, requerem uma estilística que ajudem a

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enfatizar essa expressividade. Assim, uma frase que contenha uma


abordagem hiperbólica é:
a) Ela lutou, ela ia vencer. Ia vencer...
b) A estrada larga do mar não era a sua estrada.
c) Ela não aceita essa lei como uma fatalidade
d) Os soluços rompem do peito de Lívia.
e) e espera que o filho cresça para vê-lo morrer também.

• Fragmento do capítulo “A noite é para o mar” para responder às


questões 80 e 81:

Não confessa que é arrumadeira numa casa de mulheres. 0 velho


Francisco nota o quanto ela envelheceu. Fazia quase vinte anos que ela
estivera no porto uma vez, em busca do filho. Quisera levar Guma, ele não
deixara. Se ela o tivesse levado, talvez fosse melhor. Com certeza Lívia não
choraria agora, uma criança não estaria tão cedo sem pai. Mas destino é
coisa que não se muda.

80. (Prof. Fernando Oliveira) O conteúdo da frase “Mas destino é coisa que
não se muda.” dialoga com um gênero textual conhecido como:
a) Aforismo
b) Fábula
c) Apólogo
d) Conto
e) Aviso
81. (Prof. Fernando Oliveira) No processo de narração intrusiva, há vários
marcadores linguísticos que refletem essa tentativa de interferência no
texto. Das frases abaixo, qual delas demarca essa intenção narrativa?
a) Não confessa que é arrumadeira numa casa de mulheres.
b) Quisera levar Guma, ele não deixara.
c) 0 velho Francisco nota o quanto ela envelheceu.
d) Com certeza Lívia não choraria agora,
e) Fazia quase vinte anos que ela estivera no porto...

• Novo trecho do capítulo “A noite é para o mar” para responder às


questões 82 e 83:

A vela está no mesmo lugar. Os saveiros ficam lado a lado. Na noite de mil
estrelas uma vela percorrera o mar procurando um corpo. E os olhos de todas
a seguem ansiosamente. Ela anda devagar, vai de um lugar para outro, não
para. Arriaram as velas dos saveiros. A Lua bate sobre eles, derrama a sua luz
suave. As noites no cais, quando são belas assim, são destinadas ao amor.
Nessas noites, as mulheres que muito temeram pelos maridos muito amor
recebem.

82. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando a sequência dos períodos e o


contexto sintático-semântico, a construção da frase “Arriaram as velas
dos saveiros.” permite a análise de sujeito:
a) Oculto
b) Indeterminado

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c) Composto
d) Múltiplo
e) Inexistente

83. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto poético do


fragmento, a que aponta para a existência de uma humanização de
seres inanimados, é:
a) A vela está no mesmo lugar. Os saveiros ficam lado a lado.
b) As noites no cais, quando são belas assim, são destinadas ao amor.
c) as mulheres que muito temeram pelos maridos muito amor recebem.
d) E os olhos de todas a seguem ansiosamente.
e) Arriaram as velas dos saveiros.

• Trecho do capítulo “Hora da noite” para responder às questões 84 e


85:

Lívia olha da sua janela o mar morto sem lua. Aponta a madrugada. Os
homens que rondavam a sua porta, o seu corpo sem dono, voltaram para as
suas casas. Agora tudo é mistério. A música acabou. Aos poucos as coisas se
animam, os cenários se movem, os homens se alegram. A madrugada rompe
sobre o mar morto.

Só Lívia tem o corpo frio e frio o coração. Para Lívia a noite continua, a noite
sem estrelas do mar morto.

84. (Prof. Fernando Oliveira)


85. (Prof. Fernando Oliveira) Em um dicionário, um determinado vocábulo
dificilmente assume apenas uma acepção, considerando a
dinamicidade da língua. Assim sendo, que palavra pode substituir o
termo NOITE na frase “Para Lívia a noite continua”, considerando os
aspectos simbólicos?
a) Negação
b) Tormento
c) Serenidade
d) Indiferença
e) Superficialidade

• Trecho do conto “Estrela” para responder às questões 86 a 89:

O Viajante sem Porto rompe as águas primeiro. Maria Clara canta uma
canção do cais. Fala em amor e saudade. Mestre Manuel vai abrindo a
caminho, olha para trás para ver como Lívia se arranja. Rosa Palmeirão vai
no leme. Lívia suspendeu as velas com as suas mãos de mulher. Seus
cabelos voam, ela vai de pé. Alcança o Viajante sem Porto, mestre Manuel
deixa que ela passe na frente, ele irá comboiando o Paquete Voador.

Aves marinhas volteiam em torno do saveiro, passam perto da cabeça de


Lívia. Ela vai ereta e pensa que na outra viagem trará seu filho, o destino
dele é o mar. A voz de Maria Clara fica suspensa de súbito. Porque, na

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

madrugada que rompe, um preto canta dominando o mar misterioso:


Salve, estrela matutina.

Estrela matutina. No cais o velho Francisco balança a cabeça. Uma vez,


quando fez o que nenhum mestre de saveiro faria, ele viu Iemanjá, a dona
do mar. E não é ela quem vai agora de pé no Paquete Voador? Não é ela?
Ela é, sim. É Iemanjá quem vai ali. E o velho Francisco grita para os outros
no cais: — Vejam! Vejam! É Janaína.

Olharam e viram. D. Dulce olhou também da janela da escola. Viu uma


mulher forte que lutava. A luta era seu milagre. Começava a se realizar. No
cais os marítimos viam Iemanjá, a dos cinco nomes. O velho Francisco
gritava, era a segunda vez que ele a via.

Assim contam na beira do cais.

86. (Prof. Fernando Oliveira) O fragmento acima representa exatamente a


finalização do romance. A centralidade temática desta parte relaciona-
se a uma expectativa atendida de caráter:
a) Afetivo
b) Religioso
c) Social
d) Cético
e) Impassível

87. (Prof. Fernando Oliveira) Qual das frases do fragmento representa a


satisfação de um desejo idealizado pela professora Dulce?
a) No cais os marítimos viam Iemanjá
b) O velho Francisco gritava
c) A luta era seu milagre.
d) Viu uma mulher forte que lutava.
e) É Iemanjá quem vai ali.

88. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando os valores sintático-semânticos


inerentes aos termos de uma frase, na oração “D. Dulce olhou também
da janela da escola.” as duas preposições presentes nela assumem
valores de sentido, respectivamente de:
a) Causa e distância
b) Meio e modo
c) Conformidade e posse
d) Origem e posse
e) Oposição e meio

89. (Prof. Fernando Oliveira) Cada termo gramatical possui uma função
específica no âmbito comunicativo. Há termos porém que podem
conotar funções além de seus aspectos originais. Nesse sentido,
considerando os contextos de ligação entre as orações, em qual das
frases abaixo o artigo assume valor de pronome demonstrativo?
a) Viu uma mulher forte que lutava.
b) era a segunda vez que ele a via.

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c) a dos cinco nomes.


d) A luta era seu milagre.
e) No cais os marítimos viam Iemanjá

• Trecho do capítulo “Tempestade” para responder às questões 90, 91


e 92:

Porque eles, o marinheiro e a mulher morena, eram familiares do mar e bem


sabiam que se a noite chegara antes da hora, muitos homens morreriam no
mar, navios não terminariam a sua rota, mulheres viúvas chorariam sobre a
cabeça dos filhos pequeninos. Porque — eles sabiam – não era a verdadeira
noite, a noite da lua e das estrelas, da música e do amor, que chegara. Esta só
chegava na sua hora, quando os sinos tocavam e um negro cantava ao violão,
no cais, uma cantiga de saudade. A que chegara carregada de nuvens, trazida
pelo vento, fora a tempestade que derrubava os navios e matava os homens.
A tempestade é a falsa noite.

90. (Prof. Fernando Oliveira) A escolha das palavras podem representar


uma subjetividade por trás de uma história aparentemente objetiva.
Ela pode delinear um juízo de valor que aponta para uma visão de
mundo. Nesse sentido, na frase “Porque — eles sabiam – não era a
verdadeira noite”, o adjetivo presente traz uma representação de:
a) Estabilidade
b) Freneticidade
c) Violência
d) Apatia
e) Inocência

91. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando a função das pontuações em


uma oração, o primeiro uso da vírgula no primeiro período do
fragmento assume a intenção discursiva de:
a) Promover a invocação de pessoas participantes da história.
b) Enumerar palavras de mesma função morfossintática.
c) Demarcar a omissão de termos já expressos.
d) Especificar algo em relação ao termo anterior.
e) Enfatizar a troca de posição de termos de uma oração.

92. (Prof. Fernando Oliveira) observando os vários trechos da obra,


percebe-se que, perante a descrição dos fatos, alternam-se os
sentimentos dos personagens captados pelo narrador e as perspectivas
do próprio narrador. Nesse sentido, a frase “A tempestade é a falsa
noite.”, representa:
a) Uma opinião que é adotada apenas pelo narrador.
b) Uma captação do sentimento de um personagem específico.
c) Uma constatação do narrador que é confirmada pelos personagens.
d) Uma visão deturpada do narrador acerca do que pensam os
personagens.
e) Uma visão incompleta dos personagens que o narrador capta melhor.

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• Trecho do capítulo “Cancioneiro do Cais” para responder às


questões 93, 94 e 95:

Os gemidos de Maria Clara eram como soluços de alegria, quase em surdina,


quase canção. Lívia tirou por um momento os olhos do mar sereno e ouviu
aqueles gemidos. Em breve, Guma chegaria, o Valente atravessaria a baía, e
ela o teria entre os braços morenos, e gemeriam de amor. Agora a tempestade
cessara, ela já não tinha medo. Não demoraria a enxergar a lanterna vermelha
do saveiro brilhando na noite do mar. Pequenas ondas batiam nas pedras do
cais e os saveiros balouçavam mansamente. Ao longe, as luzes brilhavam
sobre o asfalto molhado da cidade. Grupos de homens que já não tinham nem
pressa, nem medo, se encaminhavam para o grande elevador.

93. (Prof. Fernando Oliveira) o autor explora, neste fragmento, as


perspectivas internas de cada personagem diante da observância de
outros personagens. Assim, o período “...e ela o teria entre os braços
morenos, e gemeriam de amor.” representa, naquele momento:
a) Uma hipótese banalizada e simplista acerca de um fato por vir.
b) Uma expectativa comparativa a partir dos fatos concernentes à Maria
Clara.
c) Uma perspectiva absurda, encarada como um fato utópico
contextualmente.
d) Uma comparação arrogante, em que Lívia se percebe em patamar
melhor.
e) Uma representação pessimista, considerando a impossibilidade de
realizar o fato.

94. (Prof. Fernando Oliveira) O texto traz, na linguagem poética, uma


exploração antitética, representado pela sequência;
a) Agora a tempestade cessara, ela já não tinha medo.
b) Não demoraria a enxergar a lanterna vermelha do saveiro
c) Em breve, Guma chegaria, o Valente atravessaria a baía
d) ...eram como soluços de alegria, quase em surdina, quase canção.
e) Lívia tirou por um momento os olhos do mar sereno

95. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto do romance, o


espaço físico que representa uma demarcação divisional de caráter
social é representado pela expressão:
a) asfalto molhado
b) pedras do cais
c) grande elevador
d) mar sereno
e) baía

• Novo trecho do capítulo “Cancioneiro do Cais” para responder às


questões 96, 97 e 98:

Maria Clara ainda soluça de amor. Judith não terá amor esta noite. Lívia amará
quando Guma chegar molhado da tempestade, com gosto de mar. Como está

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belo o mar com a Lua alvejando tudo! Rufino está ali parado. Do forte velho
vem uma música. Tocam harmônica. E, cantam: A noite é para o amor...

Voz possante de negro. Rufino olha a Lua. Talvez ele pense, também, que
Judith não terá amor esta noite. Nem nunca mais... o seu homem morreu no
mar.

Vem amar nas águas, que a Lua brilha...

96. (Prof. Fernando Oliveira) A frase “Como está belo o mar com a Lua
alvejando tudo!” traz consigo termos que convergem para o domínio
da função da linguagem:
a) Apelativa
b) Expressiva
c) Metalinguística
d) Referencial
e) Fática

97. (Prof. Fernando Oliveira) Há palavras que trazem significados


aparentemente aproximados, mas que destoam em razão do contexto.
Considerando a trama narrativa, o termo AMOR na frase “Judith não
terá amor esta noite.”, traz uma perspectiva:
a) Fraterna
b) Erótica
c) Materna
d) Paterna
e) Religiosa

98. (Prof. Fernando Oliveira) Existem, nas construções frasais, informações


explícitas, como, também, há referências implícitas. Dessa forma, na
frase “Maria Clara ainda soluça de amor.”, depreende-se um ato:
a) Transitório
b) Extensivo
c) Restrito
d) Confuso
e) Permanente

• Fragmento do capítulo “Terras do sem fim” para responder às


questões 99 e 100:

Os moradores daquele pedaço de rio e do cais são seus amigos, e há até quem
diga que uma vez, na noite, em que salvou toda a tripulação de um barco de
pesca, viu o vulto de Iemanjá, que se mostrou a ele como prêmio. Quando se
fala nisso (e todo jovem mestre de saveiro pergunta ao velho Francisco se é
verdade), ele somente sorri e diz: — Se fala muita coisa neste mundo, menino...
Assim, ninguém sabe se é verdade ou não. Bem que poderia ser. Iemanjá tem
caprichos e se havia alguém que merecesse vê-la e amá-la era o velho
Francisco, que estava na beira do cais desde ninguém sabe quando. Ainda
melhor, porém, que todas as coroas, os viajantes, os canais, ele conhece as

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

histórias daquelas águas, daquelas festas de Janaína, daqueles naufrágios e


temporais. Haverá história que o velho Francisco não conheça?

99. (Prof. Fernando Oliveira) A função do SE na frase “Se fala muita coisa
neste mundo, menino...”, assume o mesmo valor sintático-semântico
da seguinte frase:
a) Precisa-se de novos funcionários de tempo integral.
b) Não se desespere por causa desse problema.
c) E se você continuasse a realizar este ótimo curso?
d) Os colegas de escola cumprimentaram-se durante a dinâmica.
e) Viva a sua vida, se não, você se tornará refém da vida alheia.
100. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o teor da frase “Se fala
muita coisa neste mundo, menino...”, o conteúdo dela em relação à
pergunta realizada pode ser compreendido como:
a) Afirmativo
b) Negativo
c) Evasivo
d) Convicto
e) Contraditório

Há uma canção do cais que diz que desgraçado é o destino das mulheres dos
marítimos. Dizem também que o coração dos marítimos é volúvel como o
vento, como os barcos que não se fixam em nenhum porto. Mas todo o barco
tem o nome do seu porto na proa. Pode andar por outros, pode viajar muitos
anos, mas não esquece o seu porto, voltará a ele um dia. Assim o coração dos
marinheiros.

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

Trecho do poema “Canção do Exílio” para as questões 01, 02 e 03:

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

01. (Prof. Fernando Oliveira) O texto sabidamente é um dos mais


conhecidos da literatura brasileira. Com a concepção romântica de
sua composição, o poema traz consigo no trecho “as aves que aqui
gorjeiam, não gorjeiam como lá”, a seguinte característica:

a) Determinismo histórico
b) Idealização sentimental
c) Opinião convergente
d) Delírio místico
e) Apego ao materialismo

02. (Prof. Fernando Oliveira) Cada léxico pode operar, em um texto, algo
além de sua função gramatical mais imediata. Nesse sentido, percebe-
se que os advérbios LÁ e CÁ,
a) Representam a equivalência comparativa entre os ambientes
descritos.
b) Enfatizam uma contraposição entre os ambientes mencionados.
c) Desfazem, em conjunto, o processo sentimentalista acerca da terra
natal.
d) Destacam dois lugares ideais do ponto de vista místico.
e) Inserem certa melancolia acerca de ambas as regiões.

03. (Prof. Fernando Oliveira) no trecho “Nossos bosques tem mais


vida,/Nossa vida mais amores.” percebe-se a inserção de um recurso
estilístico-sintático conhecido como:
a) Catacrese
b) Aliteração
c) Polissíndeto

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d) Quiasmo
e) Zeugma

Trechos de alguns cantos do poema “O canto do guerreiro” para as questões


04 e 05:

III
Quem guia nos ares
A frecha imprumada,
Ferindo uma presa,
Com tanta certeza,
Na altura arrojada
Onde eu a mandar?
- Guerreiros, ouvi-me,
- Ouvi meu cantar.
IV
Quem tantos imigos
Em guerras preou?
Quem canta seus feitos
Com mais energia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
- Guerreiros, ouvi-me:
- Quem há, como eu sou?
V
Na caça ou na lide,
Quem há que me afronte?!
A onça raivosa
Meus passos conhece,
O imigo estremece,
E a ave medrosa
Se esconde no céu.
- Quem há mais valente,
- Mais destro do que eu?

04. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando os aspectos relativos às


funções da linguagem, pode se avaliar que:
a) No trecho “- Quem há mais valente,/- Mais destro do que eu?”, a
linguagem empregada denota referencialidade
b) O vocativo empregado em “- Guerreiros, ouvi-me,/- Ouvi meu cantar.”
Aponta para a função conativa da linguagem.
c) Estabelece-se uma metalinguagem no trecho “A onça raivosa/ Meus
passos conhece,
d) O termo destacado em “E a ave medrosa/Se esconde no céu.”,
remonta à função emotiva.
e) No trecho “- Quem há mais valente,/ - Mais destro do que eu?”, a
pergunta em destaque representa um foco na informação fornecida.

05. (Prof. Fernando Oliveira) o hipérbato costuma ser um recurso que


enfatiza a formalidade de um texto, por se tratar de uma construção

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mais rara e de maior sofisticação. Esse recurso é encontrado no


seguinte trecho:

a) Quem há que me afronte?!


b) E a ave medrosa/ Se esconde no céu.
c) A onça raivosa/Meus passos conhece.
d) - Ouvi meu cantar.
e) Quem canta seus feitos/Com mais energia?

Trechos do poema “Canto do Piaga” para responder às questões 06 e


07:

Não sabeis o que o monstro procura?


Não sabeis a que vem, o que quer?
Vem matar vossos bravos guerreiros,
Vem roubar-vos a filha, a mulher!

Vem trazer-vos crueza, impiedade -


Dons cruéis do cruel Anhangá;
Vem quebrar-vos a maça valente,
Profanar Manitôs, Maracás.

Vem trazer-vos algemas pesadas,


Com que a tribu Tupi vai gemer;
Hão-de os velhos servirem de escravos
Mesmo o Piaga inda escravo há de ser!

(...)

Vossos Deuses, ó Piaga, conjura,


Susta as iras do fero Anhangá.
Manitôs já fugiram da Taba,
Ó desgraça! ó ruína!! ó Tupá!

06. (Prof. Fernando Oliveira) O poema em questão representa uma visão


profética do que aconteceria com os índios. Considerando o
sentimento que permeia o Romantismo enquanto tendência artístico-
temática daquele período, a preocupação inspirada pela profecia
aponta para:
a) A manutenção do poder dos pajés nas tribos.
b) A fragmentação da figura heroica do índio.
c) Uma inversão cultural assimilada pacificamente pelo índio.
d) Um descrédito no poder dos deuses indígenas em evitar a destruição
das tribos.
e) O atingimento destrutivo restrito aos líderes das tribos, poupando-se
os familiares.

07. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando a intencionalidade discursiva


empregada no texto relacionados aos aspectos gramaticais, o termo

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

destacado em “Vem roubar-vos a filha, a mulher!” é um pronome com


valor:
a) Relativo
b) Pessoal de caso reto
c) Demonstrativo
d) Interrogativo indireto
e) Possessivo

• Trecho do poema “O canto do índio” para as questões 08, 09 e 10:

Eis que os seus loiros cabelos


Pelas águas se espalhavam,
Pelas águas, que de vê-los
Tão loiros se enamoravam.
Ela erguia o colo ebúrneo,
Por que melhor os colhesse;
Níveo colo, quem te visse,
Que de amores não morresse!

Passara a vida inteira a contemplar-te,


Ó Virgem, loira Virgem tão formosa,
Sem que dos meus irmãos ouvisse o canto,
Sem que o som do Boré que incita à guerra
Me infiltrasse o valor que m’hás roubado,
Ó Virgem, loira Virgem tão formosa.

(...)

Ah! que não queiras tu vir ser rainha


Aqui dos meus irmãos, qual sou rei deles!
Escuta, ó Virgem dos Cristãos formosa.
Odeio tanto aos teus, como te adoro;

Mas queiras tu ser minha, que eu prometo


Vencer por teu amor meu ódio antigo,
Trocar a maça do poder por ferros
E ser, por te gozar, escravo deles.

08. (Prof. Fernando Oliveira) Embora haja a figura indígena no título do


poema, o texto está centralizado em outra figura. Nesse sentido, a
referência de idealização feminina no texto representa:
a) Um alinhamento pleno ao sentimento nacionalista brasileiro;
b) Um afastamento do sentimento exacerbado por parte do índio.
c) Uma assimilação da tribo do eu-lírico à mulher idealizada pelo eu-
lírico.
d) Certo grau de influência do modelo europeu na ideia de beleza
feminina.
e) A falta de menção a elementos da cultura indígena brasileira.
09. (Prof. Fernando Oliveira) As palavras escolhidas para compor um
poema demarcam percepções acerca daquilo que é narrado ou

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

descrito. Nesse sentido, em qual dos trechos abaixo há uma


perspectiva de pureza em relação à figura amada?
a) Ah! que não queiras tu vir ser rainha
b) Ó Virgem, loira Virgem tão formosa,
c) Odeio tanto aos teus, como te adoro;
d) Eis que os seus loiros cabelos/Pelas águas se espalhavam
e) Mas queiras tu ser minha...

10. (Prof. Fernando Oliveira) Determinados recursos dão maior vivacidade


aos sentimentos designados pelo eu-lírico. Assim, a figura de
linguagem prosopopeia dá o tom desse movimento poético a partir do
seguinte trecho:
a) Passara a vida inteira a contemplar-te,
b) Ah! que não queiras tu vir ser rainha
c) Sem que o som do Boré que incita à guerra
d) Ó Virgem, loira Virgem tão formosa.
e) Odeio tanto aos teus, como te adoro;

Fragmento do poema “Caxias” para responder às questões 11, 12 e 13:

És qual tênue vapor que a brisa espalha


No frescor da manhã meiga soprando
À flor de manso lago.
(...)
Em mole seda as graças não escondes,
Não cinges d’oiro a fronte que descansas
Na base da montanha;
És bela como a virgem das florestas,
Que no espelho das águas se contempla,
Firmada em tronco anoso.
(...)
Mas dia inda virá, em que te pejes
Dos, que ora trajas, símplices ornatos
E amável desalinho:
Da pompa e luxo amiga, hão de cair-te
Aos pés então - da poesia a c’roa
E da inocência o cinto.

11. (Prof. Fernando Oliveira) O sentimento nacionalista que envolve a arte


romântica do período tem como manifestações diversos elementos.
Dentre eles, o que se alinha mais claramente ao momento literário em
evidência, observando-se o fragmento destacado é:
a) O apelo metafísico a temáticas universais.
b) A valorização da natureza local.
c) A referência a elementos da cultura clássica.
d) A crítica ao colonialismo imposta ao país.
e) A figura indígena como modelo moral.

12. (Prof. Fernando Oliveira) Os últimos versos em destaque do fragmento


acima, aponta para uma iminente perda de sua beleza. Essa perda
poderá ser motivada, segundo o texto:

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a) Pelo apego ao materialismo


b) Pelo culto à natureza
c) Pelo descuido de sua beleza
d) Pela obsessão sentimentalista
e) Pela insistência na poeticidade

13. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando os aspectos sintáticos,


morfológicos e semânticos do trecho “Da pompa e luxo amiga, hão de
cair-te /Aos pés então - da poesia a c’roa/E da inocência o cinto.”,
considera-se que:
a) O uso do pronome em “Cair-te”, assume valor possessivo.
b) Em “Da inocência”, a preposição assume valor causal.
c) A conjunção ENTÃO, insere valor de finalidade.
d) Na locução verbal HÃO DE CAIR-TE o verbo HAVER é o verbo principal.
e) A conjunção E assume valor semânticos distintos nas duas
ocorrências.

Fragmentos do poema Deprecação para responder às questões 14, 15 e 16:

Tupã, ó Deus grande! cobriste o teu rosto


Com denso velâmen de penas gentis;
E jazem teus filhos clamando vingança
Dos bens que lhes deste da perda infeliz!

Tupã, ó Deus grande! teu rosto descobre:


Bastante sofremos com tua vingança!
Já lágrimas tristes choraram teus filhos
Teus filhos que choram tão grande mudança.

Anhangá impiedoso nos trouxe de longe


Os homens que o raio manejam cruentos,
Que vivem sem pátria, que vagam sem tino
Trás do ouro correndo, voraces, sedentos.

(...)

Teus filhos valentes causavam terror,


Teus filhos enchiam as bordas do mar,
As ondas coalhavam de estreitas igaras,
De frechas cobrindo os espaços do ar.

Já hoje não caçam nas matas frondosas


A corça ligeira, o trombudo quati...
A morte pousava nas plumas da frecha,
No gume da maça, no arco Tupi!

14. (Prof. Fernando Oliveira) A referência à figura de Anhangá neste


poema, remete a uma referência já visualizada nesta coletânea de
poemas. Esse recurso pode ser compreendido como:
a) Metalinguagem
b) Intratextualidade

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c) Intertextualidade
d) Intencionalidade
e) Intergenericidade

15. (Prof. Fernando Oliveira) O poema em questão tem como título o


termo “Deprecação”, um tipo de oração em forma de súplica, em que
há certa urgência na resolução de problemáticas. Uma das estratégias
argumentativas utilizadas para dar relevância a esse pedido usa como
recurso o saudosismo, marcado linguisticamente,
a) Pelos verbos no pretérito imperfeito.
b) Pela mensagem dirigida ao interlocutor.
c) Pelo uso de termos na língua Tupi.
d) Pelo vocativo dirigido à Tupã.
e) Pela linguagem afetiva em “Teus filhos”.

16. (Prof. Fernando Oliveira) Um dos recursos mais utilizados pelos poetas
para dar ênfase à sua expressividade é a repetição de termos ou de
sentidos. Esse procedimento possui várias nuances expressivas, como
o pleonasmo, demarcado no trecho:
a) Já hoje não caçam nas matas frondosas
b) A morte pousava nas plumas da frecha,
c) Tupã, ó Deus grande! cobriste o teu rosto
d) Já lágrimas tristes choraram teus filhos
e) Teus filhos que choram tão grande mudança.

Fragmentos do poema “Soldado Espanhol” para as questões 17 a 20:

Ela era brilhante,


Qual raio do sol;
E ele arrogante,
De sangue espanhol.

E o espanhol muito amava


A virgem mimosa e bela;
Ela amante, ele zeloso
Dos amores da donzela;
Ele tão nobre e folgando
De chamar-se escravo dela!

(...)

E ele disse: - Vês o céu? -


E ela disse: - Vejo. sim;
Mais polido que o polido
Do meu véu azul cetim. -
Torna-lhe ele. .. (oh! quanto é doce
Passar-se uma noite assim!).

(...)

E o espanhol viril, nobre e formoso,

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

No bandolim
Seus amores dizia mavioso,
Cantando assim:

“Já me vou por mar em fora


Daqui longe a mover guerra,
Já me vou, deixando tudo,
Meus amores, minha terra.

“Já me vou lidar em guerras,


Vou-me a Índia ocidental;
Hei de ter novos amores. . .
De guerras... não temas al.

“Não chores, não, tão coitada,


Não chores por t’eu deixar;
Não chores, que assim me custa
O pranto meu sofrear.

“Não chores! - sou como o Cid


Partindo para a campanha;
Não ceifarei tantos louros,
Mas terei pena tamanha.”

OBSERVAÇÃO: O uso das reticências entre parênteses servirá de parâmetro


para delimitar os trechos para efeito de enunciado das questões.

17. (Prof. Fernando Oliveira) o grupo de versos “Soldado Espanhol” pode ser
considerado um poema narrativo, já que possui formato versificado e
com recursos próprios da poesia, como as rimas, e, ao mesmo, relata
uma história de amor entre duas pessoas. A primeira estrofe destacada
inicia com uma descrição de ambos os personagens. Nessa descrição
pode-se identificar:
a) Uma prosopopeia e um paradoxo
b) Uma hipérbole e uma catacrese
c) Uma antítese e um zeugma
d) Uma anáfora e um hipérbato
e) Um eufemismo e uma sinestesia

18. (Prof. Fernando Oliveira) O texto, embora seja do período romântico,


remonta a traços artísticos da literatura medieval. Há uma mescla
entre aspectos das cantigas de amor e das cantigas de amigo. Deste
último tipo de cantiga, um dos traços visíveis é:
a) A vassalagem amorosa
b) O amor platônico
c) O amor concretizado
d) A ironia sentimental
e) A coita amorosa

19. (Prof. Fernando Oliveira) Na segunda parte do fragmento destacado,


um elemento narrativo que predomina é o:
a) Discurso indireto livre

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b) Narrador intruso
c) Discurso direto
d) Espaço mítico
e) Discurso indireto

20. (Prof. Fernando Oliveira) No último grupo de estrofes selecionadas, a


inserção repetida das frases “Já me vou” e “Não chores”, remete a um
recurso poético formal bastante comum na literatura medieval
conhecido como:
a) Sinestesia
b) Paralelismo
c) Rimas emparelhadas
d) Rimas alternadas
e) Verso decassílabo

Fragmentos do poema “Minha vida e meus amores” para responder às


questões 21, 22 e 23:

Foi esta a infância minha; a juventude


Falou-me ao coração: - amemos, disse,
Porque amar é viver.
E esta era linda, como é linda a aurora
No fresco da manhã tingindo as nuvens
De rósea cor fagueira;
Aquela tinha um quê de anelos meigos
Artífice sublime;
Feiticeiro sorrir dos lábios dela
Prendeu-me o coração; - julguei-o ao menos.

(...)

O amor sincero e fundo e firme e eterno,


Como o mar em bonança meigo e doce,
Do templo como a luz perene e santo,
Não, nunca o senti; - somente o viço
Tão forte dos meus anos, por amores
Tão fáceis quanto indi’nos fui trocando.
Quanto fui louco, ó Deus! - Em vez do fruto
Sazonado e maduro, que eu podia
Como em jardim colher, mordi no fruto
Pútrido e amargo e rebuçado em cinzas,
Como infante glutão, que se não senta
À mesa de seus pais.

21. (Prof. Fernando Oliveira) Em textos poéticos mais tradicionais, as


construções frasais podem ser mais complexas, exigindo do leitor
maior perícia ao perceber os referentes coesivos dos termos. Nesse
sentido, o termo destacado em “E esta era linda”, considerando o
contexto empregado, refere-se ao termo:
a) Coração
b) Juventude
c) Infância

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d) Amores
e) Aurora

22. (Prof. Fernando Oliveira) Na segunda parte destacada do fragmento, o


eu-lírico faz um comparativo entre o ideal de amor pretendido e o
que, de fato, experimentou do ponto de vista afetivo. A partir dessa
comparação, infere-se que:
a) O eu-lírico não se sente culpado pelo tipo de amor experimentado.
b) O eu-lírico considera-se imaturo e desmedido, demonstrado pela
metáfora “infante glutão”.
c) Havia robustez nos amores que se apresentavam para o eu-lírico.
d) O termo “cinzas” usado nos últimos versos relaciona-se à
intensidade amorosa.
e) O eu-lírico opõe a ideia de serenidade à ideia de profundidade
amorosa.

23. (Prof. Fernando Oliveira) Os textos românticos são construídos a partir


de vários elementos memorialistas, uma vez que elas marcam e
permanecem no pensamento humano. Considerando a temática
empregada na primeira parte do fragmento destacado, pode-se
identificar um poema que dialoga, em certa medida, com os versos de
Gonçalves Dias aqui destacados, representado pelo fragmento:

a) De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento. (Soneto de Fidelidade –
Vinícius de Moraes)

b) Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto… (Via Láctea – Olavo Bilac)

c) Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá. (Canção do Exílio – Gonçalves Dias)

d) Oh! Que saudades que tenho


Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais! (Meus oito anos – Casimiro de
Abreu)

e) Amemos! Quero de amor


Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão! (Amor – Álvares Azevedo)

• Fragmento do poema “Recordação” para responder às questões


24, 25 e 26:

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Quando minha alma de sofrer cansada, .


Bem que afeita a sofrer, sequer não pode
Clamar: Senhor piedade; - e que os meus olhos
Rebeldes, uma lágrima não vertem
Do mar d’angústias que meu peito oprime:

Volvo aos instantes de ventura, e penso


Que a sós contigo, em prática serena,
Melhor futuro me augurava, as doces
Palavras tuas, sôfregos, atentos
Sorvendo meus ouvidos, - nos teus olhos
Lendo os meus olhos tanto amor, que a vida
Longa, bem longa, não bastara ainda

Porque de os ver me saciasse!... O pranto


Então dos olhos meus corre espontâneo,
Que não mais te verei. - Em tal pensando
De martírios calar sinto em meu peito
Tão grande plenitude, que a minha alma
Sente amargo prazer de quanto sofre.

24. (Prof. Fernando Oliveira) A depender da ordem da construção de uma


frase, há de se ter maior cautela na identificação de suas funções
sintáticas. Por conta disso, no trecho “e que os meus olhos/ Rebeldes,
uma lágrima não vertem”, os termos destacados assumem funções
sintáticas respectivas de:
a) Adjunto adverbial e objeto indireto
b) Vocativo e aposto
c) Adjunto adnominal e objeto direto
d) Complemento nominal e sujeito simples
e) Agente da passiva e objeto direto

25. (Prof. Fernando Oliveira) Assim como em outros poemas que


tematizam o sofrimento, neste existe a constatação do sentimento,
porém, somente com o tempo é que se compreende melhor a origem
dessa angústia. Nesse sentido, considerando o contexto, a frase que
demarca a raiz de sua amargura emocional é:
a) Que não mais te verei.
b) Do mar d’angústias que meu peito oprime:
c) Porque de os ver me saciasse!...
d) Quando minha alma de sofrer cansada
e) Volvo aos instantes de ventura.

26. (Prof. Fernando Oliveira) Dentre as expressões poéticas usadas no


poema acima, a que conjuga substantivo e adjetivo, imprimindo uma
abordagem ilógica é:
a) Grande plenitude
b) Martírios calar
c) Instantes de ventura
d) Afeito a sofrer
e) Amargo prazer

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Fragmento do poema “tristeza” para responder às questões 27, 28 e 29:

Que leda noite! - Este ar embalsamado,


Este silêncio harmônico da terra
Que sereno prazer n’alma cansada
Não espreme, não filtra, não difunde?
A brisa lá sussurra na folhagem
D’espessas matas, d’árvores robustas,
Que velam sempre e sós, que a Deus elevam
Misterioso coro, que do Bardo
A crença quase morta inda alimenta.
É esta a hora mágica de encantos,
Hora d’inspirações dos céus descidas,
Que em delírio de amor aos céus remontam.

(...)

Aqui reina o silêncio, o religioso,


Morno sossego, que povoa as ruínas,
E o mausoléu soberbo, carcomido,
E o templo majestoso, em cuja nave
Suspira ainda a nota maviosa,
O derradeiro arfar d’órgão solene.
Em puro céu a lua resplandece,
Melancólica e pura, semelhando
Gentil viúva que pranteia o extinto,
O belo esposo amado, e vem de noite,
Vivendo pelo amor, mau grado a morte,
Ferventes orações chorar sobre ele.

27. (Prof. Fernando Oliveira) O poema acima, embora escrita no período


romântico, traz algumas marcas linguísticas que dialogam com
temáticas simbolistas. Nesse sentido, o grupo de palavras que lembra
aspectos do simbolismo é:
a) Esposo, pura, Ferventes
b) Templo, amor, orações
c) Hora mágica, delírio, mausoléu
d) Órgão, prazer, cansada
e) Nota, gentil, majestoso

28. (Prof. Fernando Oliveira) A expressão “ar embalsamado”, considerando


sua conexão com o tema da morte como algo poético e considerando
os contextos comuns de emprego literário, remete a um outro período
da literatura cujo tema principal é denominado de:
a) Esteticismo
b) Condoreirismo
c) Nacionalismo
d) Mal-do-século
e) Determinismo

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29. (Prof. Fernando Oliveira) Determinados recursos gramaticais podem


ser bons demarcadores de aspectos modalizadores de alguns fatos,
como espaço, tempo, intensidade, dentre outros. Assim, qual das
orações abaixo retiradas do poema denota proximidade material com
o cenário descrito?
a) Aqui reina o silêncio, o religioso,
b) Suspira ainda a nota maviosa,
c) Em puro céu a lua resplandece
d) Vivendo pelo amor, mau grado a morte,
e) Gentil viúva que pranteia o extinto,

• Fragmentos do poema “O trovador” para responder às questões 30


a 32:

Numa terra antigamente


Existia um Trovador;
Na Lira sua inocente
Só cantava o seu amor.

Nenhum sarau se acabava


Sem a Lira de marfim,
Pois cantar tão alto e doce
Nunca alguém ouvira assim.

E quer donzela, quer dona,


Que sentira comoção
Pular-lhe n’alma, escutando
Do Trovador a canção;

(...)

E o Trovador conheceu
Que era traído - por fim;
Pôs-se a andar, e só se ouvia
Nos seus lábios: ai de mim!

Enlutou de negro fumo


A rosa de seu amor,
Que meia oculta se via
Na gorra do Trovador;

(...)

No meio do seu caminho


Gentil donzela encontrou:
Canta - disse; e as cordas d’oiro
Vibrando, o triste cantou.

“Teu rosto engraçado e belo


“Tem a lindeza da flor;
“Mas é risonho o teu rosto:
“Não tens de sentir amor!

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(...)

“Sorriso jovial te enfeita os lábios,


“Nas faces de jasmim tens rósea cor;
“Fundo amor não se ri, não é corado...
“Não tens de sentir amor;

“Mas se queres amar, eu te aconselho,


“Que não guerreiro, escolhe um trovador,
“Que não tem um punhal, quando é traído,
“Que vingue o seu amor.”

30. (Prof. Fernando Oliveira) Este poema possui função narrativa, uma vez
que relata a saga de um trovador em sua função artística e lírica. Nesse
sentido, o termo destacado em “Numa terra antigamente...” aponta, do
ponto de vista narrativo, para uma:
a) Especificidade temporal
b) Relatividade lírica
c) Imprecisão espacial
d) Genericidade sentimental
e) Inatividade de ação

31. (Prof. Fernando Oliveira) A desilusão amorosa acaba sendo a sina do


trovador, uma vez que ele se percebe traído pelas donzelas para quem
cantava suas trovas. Nesse sentido, uma frase do texto contendo um
termo que aponta para a fragilidade do trovador perante a mulher é:
a) Mas se queres amar, eu te aconselho
b) Mas é risonho o teu rosto:
c) Nunca alguém ouvira assim.
d) Nos seus lábios: ai de mim!
e) Nenhum sarau se acabava

32. (Prof. Fernando Oliveira) O uso do termo SE na frase “Mas se queres


amar, eu te aconselho,” assume o mesmo valor sintático-semântico do
que é observado na seguinte frase:
a) Arrependa-se dos seus pecados urgentemente.
b) Vende-se imóvel em bairro nobre de São Luís
c) Não venha aqui se não estiveres preparado.
d) Olhe a si mesmo no espelho e não se deixe enganar.
e) A menina cortou-se no braço esquerdo.

Trechos do poema “Amor! Delírio-engano” para responder às questões 33,


34 e 35:

Amor! delírio - engano... Sobre a terra


Amor tão bem fruí; a vida Inteira
Concentrei num só ponto - amá-la, e sempre.
Amei! - dedicação, ternura, extremos
Cismou meu coração, cismou minha alma,
- Minha alma que na taça da ventura
Vida breve d’amor sorveu gostosa.

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Eu e ela, ambos nós, na terra ingrata


Oásis, paraíso, éden ou templo

Habitamos uma hora; e logo o tempo


Com a foice roaz quebrou-lhe o encanto,
Doce encanto que o amor nos fabricara.

(...)

E ela!... ela talvez nos braços doutrem


Com sua vida alimenta uma outra vida,
Com o seu coração o de outro amante,
Que mais feliz do que eu, inferno! a goza.
Ela, que eu respeitei, que eu venerava
Como a relíquia santa! - a quem meus olhos,
Receando ofendê-la, tantas vezes
De castos e de humildes se abaixaram!

33. (Prof. Fernando Oliveira) A poeticidade de um texto pode ser gerada


por variados recursos que transformam o impossível em algo viável
liricamente. Nesse sentido, em qual dos trechos abaixo o sentimento
ganha ares prosopopeicos?
a) Concentrei num só ponto - amá-la, e sempre.
b) E ela!... ela talvez nos braços doutrem
c) Doce encanto que o amor nos fabricara.
d) Ela, que eu respeitei, que eu venerava
e) Amei! - dedicação, ternura, extremos

34. (Prof. Fernando Oliveira) Por ser um texto de caráter confessional, o


poema utiliza de alguns vocabulários que conotam a intensidade dos
sentimentos do poeta. Assim, em qual dos trechos abaixo fica mais
evidente a profundidade da desilusão do sujeito poético?
a) Que mais feliz do que eu, inferno! a goza.
b) Ela, que eu respeitei, que eu venerava
c) Eu e ela, ambos nós, na terra ingrata
d) Amor tão bem fruí; a vida Inteira
e) Cismou meu coração, cismou minha alma,

35. (Prof. Fernando Oliveira) As pontuações colaboram de forma


significativa para enfatizar intencionalidades discursivas. Assim, o uso
do travessão em “Concentrei num só ponto - amá-la, e sempre.” e
“Amei! - dedicação, ternura, extremos” convergem para a função de:
a) Esclarecer e ampliar a perspectiva do que foi dito
b) Inserir aspectos dialogais do eu-lírico com o leitor
c) Introduzir metáforas acerca dos sentimentos.
d) Enumerar situações que envolvem as afeições confessadas.
e) Contradizer a abordagem feita em oração anterior.

Fragmentos do poema “Delírio” para responder às questões 36, 37 e 38:

A noite quando durmo, esclarecendo

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As trevas do meu sono,


Uma etérea visão vem assentar-se
Junto ao meu leito aflito!
Anjo ou mulher? não sei. - Ah! se não fosse
Um qual véu transparente,
Como que a alma pura ali se pinta
Ao través do semblante,
Eu a crera mulher... - E tentas, louco,
Recordar o passado,
Transformando o prazer, que desfrutaste,
Em lentas agonias?!

(...)

Visão, fatal visão, por que derramas


Sobre o meu rosto pálido
A luz de um longo olhar, que amor exprime
E pede compaixão?
Por que teu coração exala uns fundos,
Magoados suspiros,
Que eu não escuto, mas que vejo e sinto
Nos teus lábios morrer?

(...)

Acordo do meu sonho tormentoso,


E choro o meu sonhar!
E fecho os olhos, e de novo intento
O sonho reatar.
Embalde! porque a vida me tem preso;
E eu sou escravo seu!
Acordado ou dormindo, é triste a vida
Dês que o amor se perdeu.
Há contudo prazer em nos lembrarmos
Da passada ventura,
Como o que educa flores vicejantes
Em triste sepultura.

36. (Prof. Fernando Oliveira) Percebe-se, por parte do eu-lírico, certa


insistência em relacionar sua melancolia existencial à perda amorosa.
Apesar disso, o autor tenta reduzir essa dor, cujo alívio transitório é
demarcado pela expressão:
a) Triste sepultura
b) Sonho tormentoso
c) Escravo seu
d) Etérea visão
e) Passada ventura

37. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o trecho “E fecho os olhos,/e de


novo intento
O sonho reatar. /Embalde! porque a vida me tem preso;”, percebe-se, na
intencionalidade discursiva do autor, uma marca temática do

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Romantismo, relacionada à busca pelo alívio do sujeito poético,


denominada:
a) Evasão
b) Indiferença
c) Negação amorosa
d) Logicidade
e) Ternura sentimental

38. (Prof. Fernando Oliveira) O termo destacado em “e de novo intento /O


sonho reatar. Embalde! /porque a vida me tem preso;”, assume um
aspecto expressivo em relação à decisão tomada. Esse termo pode ser
substituído, sem prejuízo ao sentido pelo termo:
a) Afinal
b) Em vão
c) Assim
d) Outrossim
e) Ademais

• Trecho do poema “Epicédio” para responder às questões 39, 40 e


41:

Seu rosto pálido e belo


Já não tem vida nem cor!
Sobre ele a morte descansa,
Envolta em baço palor.

Cerraram-se olhos tão puros,


Que tinham tanto fulgor;
Coração que tanto amava
Já hoje não sente amor;

(...)

Ventura, prazer, ledice


Duma outra vida contou;
E o anjo puro da terra
Prazer da terra enjeitou.

Depois co’as asas candentes


O formoso anjo do céu
Roçou-lhe a face mimosa,
Cobriu-lhe o rosto co’um véu.

39. (Prof. Fernando Oliveira) O texto descreve a morte de uma pessoa, não
identificada explicitamente. Porém, considerando os valores do
Romantismo e os termos utilizados, infere-se que a figura descrita é
de uma mulher uma vez que o eu-lírico:
a) Ressalta o aspecto angelical que envolve a morte da pessoa
b) Inclui na descrição da figura humana a pureza de seus olhos
c) Destaca a palidez do rosto da figura humana ao morrer.
d) Compreende a morte dessa pessoa como um descanso.
e) Insere uma concepção melancólica sobre a morte da pessoa.

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40. (Prof. Fernando Oliveira) A segunda parte do fragmento destacado


envolve uma descrição da partida da figura feminina a partir de
elementos religiosos. Um vocábulo percebido como inadequado ao
campo semântico abordado é:
a) Puro
b) Formoso
c) Asas
d) Ventura
e) Candentes

41. (Prof. Fernando Oliveira) Os poemas desta coletânea datam do século


XIX, em que as construções linguísticas portuguesas possuíam
configurações diferentes das de hoje. Considerando a apóstrofe
inserida em “Depois co’as asas candentes”, percebe-se a assimilação
de um recurso de formação conhecido como:
a) Abreviação
b) Aglutinação
c) Justaposição
d) Hibridismo
e) Cacofonia

Trechos do poema “Sofrimento” para responder às questões 42 a 45:

Meu Deus, Senhor meu Deus, o que há no mundo


Que não seja sofrer?
O homem nasce, e vive um só instante,
E sofre até morrer!

A flor ao menos, nesse breve espaço


Do seu doce viver,
Encanta os ares com celeste aroma,
Querida até morrer.

É breve o romper d’alva, mas ao menos


Traz consigo prazer;
E o homem nasce e vive um só instante:
E sofre até morrer!

(...)

O amor que eu tanto amava do imo peito,


Que nunca pude achar,
Que embalde procurei, na flor, na planta,
No prado, e terra, e mar!

E agora o que sou eu? - Pálido espectro,


Que da campa fugiu;
Flor ceifada em botão; imagem triste
De um ente que existiu...

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(...)

Não escutes, meu Deus, esta blasfêmia;


Perdão, Senhor, perdão!
Minha alma sinto ainda, - sinto, escuto
Bater-me o coração.

Quando roja meu corpo sobre a terra,


Quando me aflige a dor,
Minha alma aos céus se eleva, como o incenso,
Como o aroma da flor.

(...)

Bendigo o nome teu, que uma outra vida


Me fez descortinar,
Uma outra vida, onde não há só trevas,
E nem há só penar.

42. (Prof. Fernando Oliveira) O sujeito lírico deste texto traz consigo
conflitos referentes aos sentimentos duros que permeiam a existência
humana. Assinale o trecho de música popular brasileira que promove
diálogo com a primeira estrofe do poema:
a) “Tristeza não tem fim/Felicidade sim” (A felicidade - Tom Jobim e
Vinícius de Moraes)
b) “Onde foi que eu errei? / Eu só sei que amei (Flor de Lis – Djavan)
c) Eu vou ficar aqui, / E sei que vou chorar a mesma dor. (Do fundo do
meu coração – Roberto Carlos)
d) E na vida a gente tem que entender/ Que um nasce pra sofrer/
Enquanto o outro ri (Azul da cor do mar – Tim Maia)
e) Chega de saudade/ A realidade é que sem ela não há paz / Não há
beleza (Chega de saudade – João Gilberto)

43. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando os sentimentos expressos no


início e no final do texto, fica evidente que há uma reflexão que
promove dicotomia entre:
a) O amor e o ódio
b) O finito e o eterno
c) O sentimento e a racionalidade
d) A ingenuidade e a raiva
e) A observação e a indiferença

44. (Prof. Fernando Oliveira) o primeiro trecho destacado em que aparece


a invocação à figura divina é permeada, em comparação ao que é dito
no início do poema, de um sentimento de:
a) Convicção
b) Indiferença
c) Arrependimento
d) Soberba
e) Imutabilidade

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45. (Prof. Fernando Oliveira) Dentre os autores abaixo, qual deles não
tematiza, em sua lírica, a efemeridade do tempo, como no trecho “E o
homem nasce e vive um só instante:
a) Luís Vaz de Camões (Classicismo)
b) Gregório de Matos (Barroco)
c) Tomás Antônio de Gonzaga (Arcadismo)
d) Cláudio Manuel da Costa (Arcadismo)
e) Tristan Tzara (Dadaísmo)

• Fragmentos do poema “Visões” para responder às questões 46 e


47:

Naquele instante em que vacila a mente


Do sono ao despertar, quando pejada
Vem doutros mundos de visões etéreas;
Quando sobre a manhã surge brilhante
A luz da madrugada, - eu vi!... nem sonhos
Era a minha visão, real não era;
Mas tinha d’ambos o talvez. - Quem sabe?
Foi capricho falaz da fantasia,
Ou foi certo aventar d’eras venturas?

A ira do Senhor baixou tremenda


Sobre uma vasta capital! - em pedra
Tornou-se a gente impura. Muitos homens
Às portas férreas, largas, vi sentados.
Melhor do que um pintor ou estatuário
A morte, que de súbito os colhera
No ardor, no afã da vida, conservou-lhes
A ação - partida em meio, com tal força,
Que a mente seu malgrado a completava.

46. (Prof. Fernando Oliveira) Este poema, é grupo de cantos denominado


“Visões”, representando um conjunto de experiências para além do
palpável. Na frase “nem sonhos/Era a minha visão, real não era;”, há uma
distinção, respectivamente, entre os conceitos de:
a) Sentimentalismo e delírio
b) Onirismo e transcendentalismo
c) Religiosidade e hedonismo
d) Ateísmo e religiosidade
e) Afetividade e comedimento

47. (Prof. Fernando Oliveira) O texto traz uma reação de Deus perante o
povo de uma determinada cidade. Segundo esse fragmento, a
motivação da ira divina relaciona-se à ideia de:
a) Mornidão espiritual
b) Pecaminosidade aguda
c) Apatia relacional
d) Ignorância mística
e) Vivência superficial

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• Trechos do poema “No álbum de um poeta” para responder às


questões 48, 49 e 50:

E ele cantava então: - Jeová me disse,


Majestoso e terrível.

“Vês tu Jerusalém como orgulhosa


“Campeã entre as nações, como no Líbano
“Um cedro a cuja sombra a hissope cresce?
“Breve a minha ira transformada em raios
“Sobre ela cairá;
“Um fero vencedor dentro em seus muros
“Tributária a fará;
“E quando escravos seus filhos, sobre pedra
“Pedra não ficará.”

(...)

E os réprobos de saco se vestiam,


Em pó, em cinza envoltos;
E colando co’a terra os torpes lábios,
E açoitando cu’as mãos o peito imbele,
Senhor! Senhor! - clamavam.

(...)

E hoje!... em nosso exílio erramos tristes,


Mimosa esp’rança ao infeliz legando.
Maldizendo a soberba, o crime, os vicios;:
E o infeliz se consola, e o grande treme.
Damos ao infante aqui do pão que temos,
E o manto além ao mísero raquítico:
Somos hoje Cristãos.

48. (Prof. Fernando Oliveira) O texto faz menção a uma nova visão
envolvendo Cristo que dialoga com o eu-poético. A ira de Deus cairá
sobre uma cidade, que faz analogia com Jerusalém, uma cidade
querida por Deus, porém, objeto de sua ira. Considerando as
sequências destacadas, a profecia gerada a essa cidade produz nela
um sentimento de:
a) Obstinação
b) Dureza
c) Inflexibilidade
d) Remorso
e) Arrependimento

49. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando que o poema em questão tem


aspecto narrativo, observa-se, em relação aos elementos da narração
do trecho acima, que há:
a) Polifonia narrativa
b) Personagens planos
c) Apenas narrador personagem

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d) Discurso indireto livre


e) Foco dominante em terceira pessoa narrativa.

50. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o trecho “em nosso exílio


erramos tristes”, o termo em destaque assume a função de:
a) Adjunto adnominal
b) Adjunto adverbial
c) Predicativo do objeto
d) Predicativo do sujeito
e) Predicado verbal

• Fragmento do poema póstumo “Morte Prematura Da Il.ma Sra. D.”,


para responder às questões 51, 52 e 53:

Lá, bem longe daqui, em tarde amena,


Gozando a viração das frescas auras,
Que do Brasil os bosques brandamente
Faziam balançar, - e que espalhavam
No éter encantado odor, pureza -
Do que a rosa mais bela, - meiga e casta,
Como as virgens do sol,
Que de vezes não foi ela pendente
Dos braços fraternais em meigo abraço;

E ela morreu no viço de seus anos!...


E a laje fria e muda dos sepulcros
Se fechou sobre o ente esmorecido
Ao despontar de vida
Tão rica de esperanças e tão cheia
De formosura e graças!...
E o Irmão que só nela se revia,
O Irmão que a adorava, qual se adora
Um mimo do Senhor;
Que a tinha por farol, conforto e guia,
Os seus dias contava por encantos;
E as virtudes co’os dias pleiteavam.

51. (Prof. Fernando Oliveira) A homenagem póstuma em forma de poema


tem relação com certa proximidade do eu-lírico com a família da
pessoa citada. Antes de mencionar esse fato triste, o sujeito poético
envolve o texto com uma contextualização, nos quatro primeiros
versos, que aponta para uma marca romântica que é:
a) O sentimentalismo amoroso
b) A valorização da natureza local
c) O descritivismo objetivo
d) O culto à forma
e) A idealização romântica

52. (Prof. Fernando Oliveira) Observando-se a descrição da referida


mulher, pode-se apontar três termos que definem sua importância e
grandiosidade, os quais são:
a) Fragilidade, inteligência e pudor

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b) Perspicácia, beleza e astúcia


c) Pureza, beleza e maturidade
d) Inteligência, sensualidade e esperteza
e) Altivez, vaidade e presunção

53. (Prof. Fernando Oliveira) A função gramatical do termo SE no trecho


“E o Irmão que só nela se revia”, insere uma relação entre a mulher
descrita e o amigo do eu-lírico de:
a) Oposicionismo
b) Reflexividade
c) Contraditoriedade
d) Complementaridade
e) Possibilidade

• Trechos do poema “A mendiga” para responder às questões 54, 55


e 56:

Vestia rotos andrajos,


Que o seu corpo mal cobriam;
Por vergonha os olhos dela
Sobre ela se não volviam.

Pelas costas descobertas


Cortador o frio entrava;
Tinha fome e sede, - e o pranto
Nos seus olhos borbulhava.

(...)

E qual vemos dos céus descendo rápido


Um fugaz meteoro, vi descendo
Um anjo do Senhor; - Parou sobre ela,
E mudo a contemplava. - Uma tristeza
Simpática, indizível pouco e pouco
Do anjo nas feições se foi pintando:
Qual tristeza de irmão que a irmã mais nova
Conhece enferma e chora. - Ela no peito
Menor sentiu a dor, e humilde orava.

(...)

E a triste mendiga ali ‘stava ao relento,


Com fome, com frio, com sede e com dor;
E eu vi o seu anjo, mais triste no aspecto,
Mais baço, mais turvo da glória o fulgor.

54. (Prof. Fernando Oliveira) Embora Gonçalves Dias seja conhecido como
um autor de teor mais lírico sentimental, o tema, embora revestido de
certa subjetividade, apela a um tema social, tendo como personagem
principal uma mendiga. Considerando o contexto em questão, a frase
“Por vergonha os olhos dela/ Sobre ela se não volviam.”, permite inferir
que:

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a) A mendiga possuía problemas de saúde que dificultavam sua visão.


b) A personagem em questão não consegue enxergar saída para seus
dilemas.
c) A mendiga não se considerava digna em sua existência naquele
estado.
d) A mulher retratada não admitia estar naquele ambiente de
invisibilidade.
e) A figura humana descrita não enxergava bem o templo onde estava.

55. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando a frase “Vestia rotos andrajos”,


em que o adjetivo “Rotos” representa algo maltrapilho e o termo
“Andrajos” é um substantivo com significado semelhante”, conclui-se
que a junção dos dois termos cria um efeito:
a) Pleonástico
b) Hiperbólico
c) Eufêmico
d) Personificado
e) Comparativo

56. (Prof. Fernando Oliveira) Na visão experimentada pelo eu-lírico,


percebe-se a presença de uma figura celestial, um anjo do Senhor. Ao
observar a sequência narrativa desde que esse ser transcendente
aparece até o fim do trecho destacado, infere-se acerca dele uma
intencionalidade:
a) Substitutiva
b) Empática
c) Indiferente
d) Desequilibrada
e) Incompreensiva

Novo trecho de “A mendiga” para as questões 57 e 58:

E eu dizia também - Ó bela Dona,


Dai-lhe uma esmola, daí; - de que vos serve
Um óbolo mesquinha, que não pode
Sequer um dixe sem valor comprar-vos?
Ah! bela como sois, que vos importam
Custosas flores, com que ornais a fronte?
Para a salvar do vórtice do crime,
O preço delas, uma só, da coisa,
Que sem valor julgardes, é bastante.
Sabeis? - Além da vida, além da morte,
Quando deixardes o ouropel na campa,
Quando subirdes do Senhor ao trono,
Sem andrajos sequer, também mendiga,
Ali tereis as lágrimas do pobre,
A bênção do afligido, a prece ardente
Do que sofrendo vos bendisse, - ó Dona.

57. (Prof. Fernando Oliveira) o poema, ao traçar o diálogo entre o eu-lírico


e uma transeunte que se negou a dar uma esmola à mendiga, insere
uma tipologia textual que se aproxima do aspecto:

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a) Narrativo
b) Injuntivo
c) Argumentativo
d) Expositivo
e) Descritivo

58. (Prof. Fernando Oliveira) Nesse diálogo entre eu-lírico e uma


transeunte de melhor condição financeira do que a mendiga, cita-se
uma ideia de que a morte representa o abandono dos aspectos
materiais, representada pela seguinte sequência:
a) Ali tereis as lágrimas do pobre/A benção do afligido
b) Quando subirdes do Senhor ao trono,/Sem andrajos sequer
c) Ah! bela como sois, que vos importam/ Custosas flores...
d) O preço delas, uma só, da coisa, /Que sem valor julgardes
e) E eu dizia também - Ó bela Dona,/Dai-lhe uma esmola, dai

Fragmentos do poema “A escrava” para responder às questões 59, 60 e 61:

Oh! doce país de Congo


Doces terras d’além-mar!
Oh! dias de sol formoso!
Oh! noites d’almo luar!

Desertos de branca areia


De vasta, imensa extensão,
Onde livre corre a mente,
Livre bate o coração!

Onde a leda caravana


Rasga o caminho passando,
Onde bem longe se escuta
As vozes que vão cantando!

(...)

Eu o aguardava - sentada
Debaixo da bananeira.

Um rochedo ao pé se erguia,
Dele à base uma corrente
Despenhada sobre pedras,
Murmurava docemente.
E ele às vezes me dizia:

- Minha Alsgá, não tenhas medo;


Vem comigo, vem sentar-te
Sobre o cimo do rochedo.
E eu respondia animosa:

- Irei contigo. onde fores! -


E tremendo e palpitando
Me cingia aos meus amores.

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(...)

Do ríspido senhor a voz irada


Rábida soa,
Sem o pranto enxugar a triste escrava
Pávida voa.

Mas era em mora por cismar na terra,


Onde nascera,
Onde vivera tão ditosa, e onde
Morrer devera!

59. (Prof. Fernando Oliveira) O texto remete, em sua primeira parte, a um


eu-lírico feminino, que sente falta de sua terra natal. A essa terra, ela
promove uma descrição repleta de sentimentos positivos, os quais
fazem contraposição a sua situação atual. Assim sendo, assinale a
alternativa cujas palavras de louvor ao seu espaço primitivo remetem
ao amor por essa terra, reforçando a contraposição com o ambiente
mais atual.
a) Branca/Vasta
b) Livre/doce
c) Imensa/ caravana
d) Vozes/caminho
e) Extensão/ coração

60. (Prof. Fernando Oliveira) Para além da temática social, o autor do texto
insere uma perspectiva lírico-amorosa, que amplia o saudosismo
afetivo. Uma frase que demarca essa perspectiva ao texto é:
a) Onde vivera tão ditosa, e onde/Morrer devera!
b) Sem o pranto enxugar a triste escrava/ Pávida voa.
c) - Minha Alsgá, não tenhas medo;/ Vem comigo, vem sentar-te
d) Onde bem longe se escuta/ As vozes que vão cantando!
e) Um rochedo ao pé se erguia,/ Dele à base uma corrente

61. (Prof. Fernando Oliveira) Os trechos selecionados demonstram um


movimento abrupto de mudança de foco discursivo da primeira
pessoa para a terceira. Essa interrupção aponta para:
a) Uma tentativa do senhor de escravos em falar pela mulher escrava.
b) A introdução de um desnudamento sentimental apenas na parte final.
c) A inserção de um narrador aparentemente distante da cena narrada.
d) A supressão da voz da escrava que precisa voltar aos seus afazeres.
e) A colocação de um narrador múltiplo, representando vozes diferentes.

• Trecho do poema “Ao Dr. João Duarte Lisboa Serra” para responder
às questões 62 e 63:

Escuta, ó meu amigo: da minha alma


Foi uma lira outrora o instrumento;
Cantava nela amor, prazer, venturas,
Até que um dia a morte inexorável
Triste pranto de irmão veio arrancar-te!

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As lágrimas dos olhos me caíram,


E a minha lira emudeceu de mágoa!
Então aventei eu que a vida inteira
Do bardo, era um perene sacerdócio
De lágrimas e dor; - tomei uma Harpa:
Na corda da aflição gemeu minha alma,
Foi meu primeiro canto um epicédio!
Minha alma batizou-se em pranto amargo,
Na frágua do sofrer purificou-se!

62. (Prof. Fernando Oliveira) Amigo pessoal de Gonçalves Dias, Dr. João
Duarte Lisboa Serra recebe, neste poema, uma homenagem póstuma,
tal como a irmã do mesmo amigo, citada em poema anterior. Apesar
de haver essa coincidência entre os dois poemas, existe uma diferença
na profundidade do sofrimento entre ambas as ocorrências de perda.
Uma frase que associa esse sofrimento a um certo comprometimento
negativo à continuidade poética é:

a) E a minha lira emudeceu de mágoa!


b) Na corda da aflição gemeu minha alma,
c) Triste pranto de irmão veio arrancar-te!
d) Minha alma batizou-se em pranto amargo
e) As lágrimas dos olhos me caíram,

63. (Prof. Fernando Oliveira) Um recurso que enfatiza um tom dialogal ao


texto é o uso do seguinte recurso gramatical:
a) Os pronomes pessoais em primeira pessoa do singular
b) Os pronomes possessivos em primeira pessoa do plural.
c) Os apostos explicativos referentes ao homenageado.
d) Os substantivos enumerados apontando qualidades do amigo.
e) A presença de um pronome pessoal oblíquo em segunda pessoa.

• Trechos do poema “O desterro de um pobre velho” para responder


às questões 64 e 65:

Em demanda da fragata,
Leve barco vem vogando;
Nele um velho cujas faces
Mudo choro está cortando.

Quem era o velho tão nobre,


Que chorava,
Por assim deixar seus lares,
Que deixava?
(...)

“Ancião, por que te ausentas?


Corres tu trás de ventura?
Louco! a morte já vem perto.
Tens aberta a sepultura.

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“Louco velho, já não sentes


Bater frouxo o coração? .
Oh! que o sente! - É lei d’exílio
A que o leva em tal sazão!

“Não ver mais a cara pátria,


Não ver mais o que deixava,
Não ver nem filhos, nem filhas,
Nem o casal, que habitava!...

64. (Prof. Fernando Oliveira) Além das visões místicas ou oníricas, o autor
apela também para certos testemunhos do cotidiano para traçar
algumas reflexões sobre a existência e a vida do homem em relação à
terra, ou sobre temas relacionados. Neste poema, um homem mais
idoso preparava-se para navegar para outras terras. E, nessa
constatação, o narrador também insere uma avaliação da forma como
se dá essa partida. Por isso, a inserção do termo destacado em “Nele
um velho cujas faces/ Mudo choro está cortando.”, considerando a
expressividade desse termo, revela a adoção de um elemento narrativo
compreendido como:
a) Discurso direto
b) Personagem plano
c) Narrador intruso
d) Narrador onisciente
e) Discurso indireto livre

65. (Prof. Fernando Oliveira) Existe aqui neste texto uma tentativa de
convencimento ao velho navegante para que reconsidere sua decisão
relativa a essa navegação. A estratégia argumentativa usada,
principalmente, na última estrofe destacada, reflete uma marca do
romantismo conhecida como:
a) Nacionalismo crítico
b) Culto à natureza clássica
c) Lirismo afetivo-amoroso
d) Valorização da terra natal
e) Religiosidade afetiva

Trechos do poema “O orgulhoso” para responder às questões 66 e 67:

Eu o vi! - tremendo era no gesto,


Terrível seu olhar;
E o cenho carregado pretendia
O globo dominar.

Tremendo era na voz, quando no peito


Fervia-lhe o rancor!
E aos demais homens, como um cedro à relva,
Se cria sup’rior.

(...)

Alguns dias apenas decorreram;

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E eis que ele se sumiu!


E a laje dos sepulcros fria e muda
Sobre ele já caiu.

E o bárbaro tropel dos que o serviam


Exulta com seu fim!
E a turba aplaude; e ninguém chora a morte
De homem tão ruim.

66. . (Prof. Fernando Oliveira) O poema em questão foge um pouco aos


temas comuns da coletânea “Primeiros cantos” ao descrever o perfil
de um homem distinto. Nessa descrição, o texto ganha um tom
implicitamente reflexivo, ao apontar para o tema da:
a) Resiliência do ser humano.
b) Sociabilidade à família e aos amigos.
c) Boa convivência com os subordinados.
d) Indiferença para com valores matrimoniais.
e) Ambição negativa que gera vaidade.

67. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o grau de relevância da


inserção de termos em uma frase, o termo SE na frase “E eis que ele se
sumiu!”, impõe a função gramatical de:
a) Partícula apassivadora
b) Pronome reflexivo recíproco
c) Partícula expletiva
d) Pronome reflexivo individual
e) Índice de indeterminação do sujeito

• Fragmentos do poema “O cometa” para responder ás questões 68


a 70:

Eis nos céus rutilando ígneo cometa!


A imensa cabeleira o espaço alastra,
E o núcleo, como um sol tingido em sangue,
Alvacento luzir verte agoireiro
Sobre a pávida terra.

Poderosos do mundo, grandes, povo,


Dos lábios removei a taça ingente,
Que em vossas festas gira; eis que rutila
O sangüíneo cometa em céus infindos!...
Pobres mortais, - sois vermes!

O Senhor o formou terrível, grande;


Como indócil corcel que morde o freio,
Retinha-o só a mão do Onipotente.
Ao fim lhe disse: - Vai, Senhor dos Mundos,
Senhor do espaço infindo.

(...)

Se junto doutro mundo acaso passa,

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Consigo o arrasta e leva transformado;


A cauda portentosa o enlaça e prende,
E o astro vai com ele, como argueiro
Em turbilhão levado.

Como Leviatã perturba os mares,


Ele perturba o espaço; - como a lava,
Ele marcha incessante e sempre; - eterno,
Marcou-lhe largo giro a lei que o rege,
- Às vezes o infinito.

Ele carece então da eternidade!


E aos homens diz - e majestoso e grande
Que jamais o verão; e passa, e longe
Se entranha em céus sem fim, como se perde
Um barco no horizonte!

68. (Prof. Fernando Oliveira) Embora este poema não esteja da seção de
poemas religiosos, ele é permeado da descrição sobre a grandiosidade
da criação divina. Para ressaltar essa grandeza, o eu-lírico lança da
prosopopeia, destacando sua imponência, como na seguinte frase:
a) E o astro vai com ele, como argueiro
b) Consigo o arrasta e leva transformado;
c) O sangüíneo cometa em céus infindos!...
d) Se junto doutro mundo acaso passa
e) O Senhor o formou terrível, grande;

69. (Prof. Fernando Oliveira) Seja o trecho

Poderosos do mundo, grandes, povo,


Dos lábios removei a taça ingente,
Que em vossas festas gira;

As marcas linguísticas deste trecho, como o uso do verbo REMOVEI e do


pronome possessivo VOSSAS, apontam para o predomínio da seguinte
função da linguagem:
a) metalinguística
b) fática
c) poética
d) expressiva
e) conativa

70. (Prof. Fernando Oliveira) O termo destacado em “Ele carece então da


eternidade!” pode ser substituído por uma conjunção, sem prejuízo ao
sentido que tenha valor:
a) Inclusivo
b) Conclusivo
c) Aditivo
d) Complementar
e) Concessivo

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Trechos do poema “Oiro” para responder ás questões 71 e 72:

Oiro, - poder, encanto ou maravilha


Da nossa idade, - regedor da terra,
Que dás honra e valor, virtude e força,
Que tens ofertas, oblações e altares, -
Embora teu louvor cante na lira
Vendido Menestrel que pôde insano
Do grande à porta renegar seu gênio!

(...)

Outro, sim, que não eu. - Bardo sem nome,


Com pouco vivo; - sobre a terra, à noite,
Meu corpo lanço, descansando a fronte
Num tronco ou pedra ou mal nascido arbusto.
Sou mais que um rei co’o meu dossel de nuvens
Que tem gravados cintilantes mundos!
Com a vista no céu percorro os astros.
Vagueia a minha mente além das nuvens,
Vagueia o meu pensar - alto, arrojado
Além de quanto o olhar nos céus alcança.

71. (Prof. Fernando Oliveira) O título do poema remete a uma palavra


arcaica do termo “ouro”, fazendo menção à ideia de riqueza. Nesse
sentido, o uso do termo “regedor da terra”, tem relação mais próxima
com outra referência escrita no poema, representada pelo termo:
a) Poder
b) Encanto
c) Maravilha
d) Ofertas
e) Virtude

72. (Prof. Fernando Oliveira) No segundo trecho destacado, o eu-lírico faz


menção a outro tipo de riqueza possuída, embora com poucas
condições financeiras. Essa riqueza está associada a uma relação de:
a) Proximidade com outros seres humanos
b) Dimensionamento regular com a saúde
c) Afastamento total do dinheiro.
d) Intimidade profunda com a natureza.
e) Indiferença ao processo de existência

Trechos do poema “A um menino” para responder às questões 73, 74 e 75:

I
Gentil, engraçado infante
Nos teus jogos inconstante,
Que tens tão belo semblante,
Que vives sempre a brincar,
- Dos teus brinquedos te esqueces
À noitinha, - e te entristeces
Como a bonina, - e adormeces,

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Adormeces a sonhar!
II
Infante, serão as cores
De várias, viçosas flores,
Ou são da aurora os fulgores
Que vem teus sonhos doirar?
Foi de algum ente celeste,
Que de luzeiros se veste,
Ou da brisa é que aprendeste,
Que aprendeste a suspirar?

VII
Mas de repente chorando
Despertas do sono brando
Assustado e soluçando...
Foi uma revelação!
Esta vida acerba e dura
Por um dia de ventura
Dá-nos anos de amargura
E fráguas do coração.

VIII

Só aquele que da morte


Sofreu o terrível corte,
Não tem dores que suporte,
Nem sonhos o acordarão:
Gentil infante, engraçado,
Que vives tão sem cuidado,
Serás homem - mal pecado!
Findará teu sonho então.

73. (Prof. Fernando Oliveira) O texto é dedicado a uma criança. A ela,


alguns elogios são feitos, ressaltando a ideia de pureza e beleza.
Segundo o poema, uma das situações que mais se desenvolvem em
torno de um infante tem relação com:
a) O amor à natureza local
b) O culto à pureza sentimental
c) A criação de expectativas sobre a vida
d) A busca incessante pela loucura
e) A ignorância sobre a existência

74. (Prof. Fernando Oliveira) O último grupo de estrofes destacado faz um


contraponto à abordagem das primeiras que foram mencionadas.
Nesse sentido, qual frase do poema representa o momento de
transição entre a ternura e a dor?
a) Nem sonhos o acordarão:
b) Serás homem
c) Ou da brisa é que aprendeste
d) Que vives tão sem cuidado
e) Ou são da aurora os fulgores

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75. (Prof. Fernando Oliveira) A função do QUE na frase “Gentil infante,


engraçado, / Que vives tão sem cuidado” é a mesma da seguinte frase
abaixo:
a) Que diremos, pois, a estas coisas?
b) Vamos que vamos: a vida segue.
c) A vida, que é bela, deve ser bem vivida.
d) Agora é que vamos almoçar!
e) A que você se refere ao dizer isso?

Trechos do poema “O pirata (Episódio)”, para responder às questões 76, 77 e


78:
Nas asas breves do tempo
Um ano e outro passou,
E Lia sempre formosa
Novos amores tomou.

Novo amante mão de esposo,


De mimos cheia, lh’of’rece;
E bela, apesar de ingrata,
Do que a amou Lia se esquece.

Do que a amou que longe pára,


Do que a amou, que pensa nela,
Pensando encontrar firmeza
Em Lia, que era tão bela!

(...)

E qual ave que em silêncio


A face do mar desflora,
À noite bela fragata
Chega ao porto, amaina, ancora.

Cai da popa e fere as ondas


Inquieta, esguia falua,
Que resvala sobre as águas
Na esteira que traça a lua.

(...)

Malfadado! por que aportas


A este sítio fatal!
Queres o brilho aumentar
Das bodas do teu rival?

Não, que a vingança lhe range


Nos duros dentes cerrados,
Não, que a cabeça referve
Em maus projetos danados!

76. (Prof. Fernando Oliveira) A composição frasal dos versos de Gonçalves


Dias é plena de ordenamentos sintáticos inversos. Qual das frases

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abaixo retiradas do poema, considerando o contexto coesivo, não


atende a essa lógica sintática?
a) Cai da popa e fere as ondas
b) Novos amores tomou
c) A face do mar desflora
d) De mimos cheia
e) À noite bela fragata /Chega

77. (Prof. Fernando Oliveira) Embora o narrador intruso seja mais comum
em prosas, por ser um poema narrativo, esse recurso também aparece
neste poema, em que há uma intenção de interferir nas ações e
sentimentos dos personagens e na abordagem feita ao leitor. Assim,
qual dos versos do poema em questão demonstra esse tipo de
atitude?
a) Em Lia, que era tão bela!
b) por que aportas/ A este sítio fatal!
c) Inquieta, esguia falua
d) Que resvala sobre as águas
e) Um ano e outro passou

78. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando as sequências narrativas do


poema, percebe-se um comportamento amoroso-afetivo por parte da
mulher que destoa em parte dos ideais românticos. Nesse sentido, ela
se aproxima muito mais de um diálogo artístico-literário com o:
a) Arcadismo
b) Trovadorismo
c) Naturalismo
d) Simbolismo
e) Classicismo

• Trechos do poema “A Vila Maldita, Cidade de Deus” para responder


às questões 79, 80 e 81:

O imenso aposento a luz alaga


Com soberbo clarão,
E as mesas do banquete se devolvem
Pelo vasto salão;

E os instrumentos palpitantes soam


Frenética harmonia;
E o coro dos convivas se levanta
Pleno d’ébria alegria!

Ali se ostenta o nobre vicioso


Rebuçado em orgulho, - o rico infame,
Cheio de mesquinhez, - o envilecido,
Imundo pobre no seu manto involto

De misérias, torpeza e vilanias;


- A prostituta que alardeia os vícios,
Menosprezando a castidade e a honra,

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

Sem pejo, sem pudor, d’infâmia eivada.

(...)

A larga porta despedia em turmas


A noturna coorte;
Ouvia-se depois por toda a parte
Gritos, horror de morte!

E ninguém vinha ao retinir de ferro,


Que assassinava;
Porque era dum valente o punhal nobre,
Que as leis ditava.

Outra vez a cair se emaranhavam


Da porta pelo umbral:
Tinham tintas de sangue a face, as vestes,
Em sangue tinto o punhal.

(...)

E o mancebo que via esperançoso


Longa vida futura,
Doido sentiu quebrar-lhe as esperanças
Pedra de sepultura.

E a donzela tão linda que vivia


Confiada no amor,
Entre os braços da mãe provou bem cedo
Da morte o dissabor.

79. (Prof. Fernando Oliveira) O poema narrativo traz a descrição do perfil


comportamental de uma cidade. Curiosamente, o título traz consigo
duas qualificações dessa cidade, apontando para uma figura de
linguagem conhecida como:
a) Antítese
b) Paradoxo
c) Prosopopeia
d) Metonímia
e) Eufemismo

80. (Prof. Fernando Oliveira) De acordo com a sequência narrativa, a


morte aparece envolvendo alguns habitantes da cidade, como
consequência:
a) Apenas da simples vontade divina
b) Estimulável da religião cristã
c) Dos pecados de muitos habitantes.
d) Da devoção a outras religiões.
e) Da falta de solidariedade social.

81. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando que vários versos deste poema
estão em ordem sintática inversa, a função gramatical do termo

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

destacado em " Entre os braços da mãe provou bem cedo/ Da morte o


dissabor.” é a de:
a) Adjunto adverbial
b) Adjunto adnominal
c) Complemento nominal
d) Aposto especificativo
e) Aposto enumerativo

• Trechos do poema “Quadras da Minha Vida /Recordação e Desejo”


para responder às questões 82, 83 e 84:

(...)

Inteira a natureza me sorria!


A luz brilhante, o sussurrar da brisa,
O verde bosque, o rosicler d’aurora,
Estrelas, céus, e mar, e sol, e terra,
D’esperança e d’amor minha alma ardente,
De luz e de calor meu peito enchiam.
Inteira a natureza parecia
Meus mais fundos, mais íntimos desejos
Perscrutar e cumprir; - almo sorriso
Parecia enfeitar co’os seus encantos,
Com todo o seu amor compor, doirá-lo,
Porque os meus olhos deslumbrados vissem-no,
Porque minha alma de o sentir folgasse.

(...)

Agora a flor que m’importa,


Ou a brisa perfumada,
Ou o som d’amiga fonte
Sobre pedras despenhada?

Que me importa a voz confusa


Do bosque verde-frondoso,
Que m’importa a branca lua,
Que m’importa o sol formoso?

(...)

Infante e velho! - princípio e fim da vida! -


Um entra neste mundo, outro sai dele,
Gozando ambos da aurora; - um sobre a terra,
E o outro lá nos céus. - O Deus, que é grande,
Do pobre velho compensando as dores,
O chama para si; o Deus clemente
Sobre a inocência de continuo vela.
Amei do velho o majestoso aspecto,
Amei o infante que não tem segredos,
Nem cobre o coração co’os folhos d’alma.

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

Armei as doces vozes da inocência,


A ríspida franqueza amei do velho,
E as rígidas verdades mal sabidas,
Só por lábios senis pronunciadas.

82. (Prof. Fernando Oliveira) O poema traz consigo um contraponto entre


duas realidades. A primeira delas é bastante positiva, considerando
uma relação de mesmo nível entre natureza e estados emocionais,
como se percebe na sequência:
a) Que me importa a voz confusa/ Do bosque verde-frondoso
b) Infante e velho! - princípio e fim da vida! -
c) Agora a flor que m’importa, / Ou a brisa perfumada,
d) Inteira a natureza parecia / Meus mais fundos, mais íntimos desejos
e) Porque minha alma de o sentir folgasse.

83. (Prof. Fernando Oliveira) O saudosismo é uma das marcas mais


vibrantes do texto de Gonçalves Dias. A identificação deste recurso é
possível a partir de vários marcadores linguísticos, como, por exemplo,
o termo destacado na seguinte oração:
a) Um entra neste mundo, outro sai dele
b) Inteira a natureza me sorria!
c) Amei o infante que não tem segredos
d) D’esperança e d’amor minha alma ardente
e) Amei do velho o majestoso aspecto

84. (Prof. Fernando Oliveira) Durante o poema, a descrição aponta para


um aprendizado obtido através da observação de dois tipos de pessoa:
as crianças e os idosos. Cada espécie de ser humano permite
significativas reflexões sobre a existência humana. Assim, os
substantivos que retomam a ambos, respectivamente, com outras
palavras
a) Infante e majestoso
b) Inocência e velho
c) Rígidas e senis
d) Aurora e céus
e) Doces e franqueza

• Trechos do poema “O mar”, primeiro poema da seção “HINOS” para


responder às questões 85, 86 e 87:

Donde houveste, ó pélago revolto,


Esse rugido teu? Em vão dos ventos
Corre o insano pegão lascando os troncos,
E do profundo abismo
Chamando à superfície infindas vagas,
Que avaro encerras no teu seio undoso;
Ao insano rugir dos ventos bravos
Sobressai teu rugido.
Em vão troveja horríssona tormenta;
Essa voz do trovão, que os céus abala,
Não cobre a tua voz. - Ah! donde a houveste,
Majestoso oceano?

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QUESTÕES SOBRE AS OBRAS LITERÁRIAS - PAES UEMA 2024

Ó mar, o teu rugido é um eco incerto


Da criadora voz, de que surgiste:
Seja, disse; e tu foste, e contra as rochas
As vagas competiste.
E à noite, quando o céu é puro e limpo,
Teu chão tinges de azul, - tuas ondas correm
Por sobre estrelas mil; turvam-se os olhos
Entre dois céus brilhantes.

(...)

Da voz de Jeová um eco incerto


Julgo ser teu rugir; mas só, perene,
Imagem do infinito, retratando
As feituras de Deus.

(...)

O que há mais forte do que tu? Se eriças


A coma perigosa, a nau possante,
Extremo de artifício, em breve tempo
Se afunda e se aniquila.
És poderoso sem rival na terra;
Mas lá te vais quebrar num grão d’areia,
Tão forte contra os homens, tão sem força
Contra coisa tão fraca!

85. (Prof. Fernando Oliveira) O mar e sua grandiosidade são a temática


central deste poema. Embora motivados pela criação divina, que
também é exaltada no texto, o poema se concentra em delinear uma
qualificação poderosa desse elemento da natureza, a partir de vários
recursos como a prosopopeia, identificada no seguinte trecho:
a) tuas ondas correm/ Por sobre estrelas mil;
b) Ó mar, o teu rugido é um eco incerto
c) E à noite, quando o céu é puro e limpo...
d) O que há mais forte do que tu?
e) Imagem do infinito, retratando / As feituras de Deus.

86. (Prof. Fernando Oliveira) Uma marca textual que aponta para a função
conativa da linguagem neste texto tem relação com a presença de:
a) Vocativos direcionados
b) Hipérboles qualificativas.
c) Linguagem em terceira pessoa
d) Adjetivos objetivos
e) Marcas linguísticas religiosas

87. (Prof. Fernando Oliveira) O termo destacado em “Ao insano rugir dos
ventos bravos
Sobressai teu rugido.” compõe uma oração subordinada, classificada como:
a) Adjetiva restritiva
b) Substantiva objetiva direta

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c) Adverbial causal
d) Adverbial temporal
e) Adjetiva explicativa

• Fragmentos do poema “Ideia de Deus” para responder às questões


88 e 89:

À voz de Jeová infindos mundos


Se formaram do nada;
Rasgou-se o horror das trevas, fez-se o dia,
E a noite foi criada,

A morte, as aflições, o espaço, o tempo,


O que é para o Senhor?
Eterno, imenso, que lh’importa a sanha
Do tempo roedor?

(...)

Tão forte como ele é,


E vê e passa, e não castiga o crime,
Nem o ímpio sem fé!

Porém quando corrupto um povo inteiro


O Nome seu maldiz,
Quando só vive de vingança e roubos,
Julgando-se feliz;

(...)

Ai da perversa, da nação maldita,


Cheia de ingratidão,
Que há de ela mesma sujeitar seu colo
A justa punição.

88. (Prof. Fernando Oliveira) Destacamos, deste poema, 5 estrofes. A


primeira delas, promove um intertexto com uma representa divina:
a) Da ressureição de Cristo
b) Da crucificação de Jesus
c) Do apocalipse bíblico
d) Do gênesis bíblico
e) Da expulsão do Éden

89. (Prof. Fernando Oliveira) Dentre os vários atributos divinos exaltados


no poema, destaca-se na frase “E vê e passa, e não castiga o crime”
um deles, conhecido como:
a) Justiça
b) Paciência
c) Ira
d) Grandiosidade
e) Criatividade

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• Trechos do poema “O romper D’alva” para responder ás questões


90, 91 e 92:

Do vento o rijo sopro as mansas ondas


Varreu do imenso pego, - e o mar rugindo
As nuvens se elevou com fúria insana;
Enoveladas vagas se arrojaram
Ao céu co’a branca espuma!
Raivando em vão se encontram soluçando
Na base d’erma rocha descalvada;
Em vão de fúrias crescem, que se quebra
A força enorme do impotente orgulho

(...)

Mas a brisa sussurrando


A face do céu varreu,
Tristes nuvens espalhando,
Que a noite em ondas verteu.

Além, atrás da montanha,


Branda luz se patenteia,
Que d’alma a dor afugenta,
Se dentro sentida anseia.

Branda luz, que afaga a vista,


De que se ama o céu tingir,
Quando entre o azul transparente
Parece alegre sorrir;

90. (Prof. Fernando Oliveira) As duas primeiras estrofes trazem um aspecto


antitético relativo a climas que são, ao mesmo tempo, natural e
emocional. Um trecho bíblico que dialoga com essa dicotomia é:
a) O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. (Salmos
30:5)
b) Das profundezas a ti clamo, ó SENHOR. (Salmos 130:1)
c) O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios
vem do SENHOR. (Provérbios 16.1)
d) Quem é correto nunca fracassará e será lembrado para sempre.
(Salmos 112.6)
e) O ódio provoca dissensão, mas o amor cobre todos os pecados.
(Provérbios 10.12)

91. (Prof. Fernando Oliveira) Considerando o contexto lírico do poema, a


função emotiva da linguagem delineia uma perspectiva reacional
acerca do eu-lírico. Nesse aspecto, o termo destacado em “Branda luz
se patenteia” pode ser sinonimizado, contextualmente, pelo termo:
a) Descontrói
b) Pulveriza
c) Refaz
d) Discerne
e) Fragmenta

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92. (Prof. Fernando Oliveira) Na frase “Parece alegre sorrir”, percebe-se a


presença de um adjetivo que, sintaticamente, assume a função de:
a) Predicativo do objeto
b) Adjunto adverbial de modo
c) Predicativo do sujeito
d) Adjunto adnominal
e) Complemento nominal

Trechos do poema “A tarde” para a resolução das questões 93 e 94:

Ó tarde, oh bela tarde, oh meus amores,


Mãe da meditação, meu doce encanto!
Os rogos da minha alma enfim ouviste,
E grato refrigério vens trazer-lhe
No teu remansear prenhe de enlevos!

(...)

Mas nessa escuridão, nesse silêncio


Que ela consigo traz, há um quê de horrível
Que espanta e desespera e geme n’alma;
Um quê de triste que nos lembra a morte!
No romper d’alva há tanto amor, tal vida,
Há tantas cores, brilhantismo e pompa,
Que fascina, que atrai, que a amar convida;

(...)

Só tu, feliz, só tu, a todos prendes!


A mente, o coração, sentidos, olhos,
A ledice e a dor, o pranto e o riso,
Folgam de te avistar; - são teus, - és deles
Homem que sente dor folga contigo,
Homem que tem prazer folga de ver-te!

93. (Prof. Fernando Oliveira) Na última estrofe, o sujeito poético promove


uma associação entre a natureza e
a) O alívio das dores
b) O encontro lírico-amoroso
c) A satisfação material
d) O desencontro espiritual
e) A realização etária

94. (Prof. Fernando Oliveira) Os termos destacados em “Ó tarde, oh bela


tarde, oh meus amores”, embora parecidos, possuem valores
semânticos distintos, respectivamente, de:
a) Invocação e admiração
b) Depreciação e grandeza
c) Contradição e invocação
d) Contraposição e admiração

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e) Validação e grandeza

Fragmentos do poema “O templo” para responder às questões 95 e 96:

Eu só, com minha dor, com minhas penas!


E o pranto nos meus olhos represado,
Que nunca viu correr humana vista,
Livremente o derramo aos pés de Cristo,
Que tão bem suspirou, gemeu sozinho,
Que tão bem padeceu sem ter conforto,
Como eu padeço, e sofro, e gemo, e choro.

(...)

Remorso não me punge a consciência,


Vergonha não me tinge a cor do rosto,
Nem crimes perpetrei; - porque assim choro?
E direi eu por quê? - Antes meu berço,
Que vagidos de infante vividouro,
Os sons finais de um moribundo ouvisse!
Que esperanças que eu tinha tão formosas,
Que mimosos enlevos de ternura,
Não continha minha alma toda amores!
Esperanças e amor, que é feito delas?

(...)

95. (Prof. Fernando Oliveira) O poema em questão traz um lamento do


eu-poético, traçando suas desilusões e dores a partir das angústias
existenciais. Um recurso utilizado para dar algum alento ao sujeito
lírico é a alegoria desenvolvida no texto, delimitada na seguinte frase:
a) Não continha minha alma toda amores!
b) Nem crimes perpetrei; - porque assim choro?
c) Eu só, com minha dor, com minhas penas!
d) Que esperanças que eu tinha tão formosas
e) Que tão bem padeceu sem ter conforto

96. (Prof. Fernando Oliveira) Na sequência “Antes meu berço,/ Que


vagidos de infante vividouro, /Os sons finais de um moribundo
ouvisse!”, o autor revela um aprendizado descoberto apenas na vida
adulta. Uma frase que resume bem a centralidade temática dessa
constatação é:
a) Antes um pássaro na mão do que dois voando.
b) Farinha pouca, meu pirão primeiro.
c) Melhor é fim das coisas do que o início delas.
d) A gente era feliz e não sabia.
e) A adolescência é uma fase de grande satisfação.

• Trechos do poema “Te deum” para responder às questões 97 e 98:

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Senhor Deus Sabaot, três vezes santo,


Imenso é o poder, tua força imensa,
Teus prodígios sem conta: - e os céus e a terra
Teu ser e nome e glória preconizam.
E o arcanjo forte, e o serafim sem mancha,
E o coro dos profetas, e dos mártires
A turba eleita - a ti, Senhor, proclamam
Senhor Deus Sabaot, três vezes santo.

(...)

Na inocência do infante és tu quem falas;


A beleza, o pudor - és tu que as gravas
Nas faces da mulher, - és tu que ao velho
Prudência dás, - e o que verdade e força
Nos puros lábios, do que é justo, imprimes.

97. (Prof. Fernando Oliveira) O poema associa Deus a algumas atribuições


qualificativas distribuídas a seres humanos comuns, figuras celestiais
e grandes referências bíblicas. A opção que faz incorreta associação
desenhada pelo poema é:
a) Serafim – Sem pecado
b) Criança – pureza
c) Mulher – escrúpulo
d) Velho – inocência
e) Deus – santidade

98. (Prof. Fernando Oliveira) A expressão destacada em “Teus prodígios


sem conta”, assume um valor de sentido associado:
a) À intensidade
b) À incompreensão
c) À obscuridade
d) À incomparabilidade
e) À imutabilidade

• Trechos do poema “Adeus (Aos meus amigos do Maranhão)”, para


as questões 99 e 100:

Meus Amigos, Adeus! - Verei fulgindo


A lua em campo azul, e o sol no ocaso
Tingir de fogo a implacidez das águas;
Verei hórridas trevas lento e lento
Desceram, como um crepe funerário
Em negro esquife, onde repoisa a morte;
Verei a tempestade quando alarga
As negras asas de bulcões, e as vagas
Soberbas encastela, esporeando
O curto bojo de ligeiro barco,
Que geme, e ruge, e empina-se insofrido
Galgando os escarcéus, - bem larga esteira
De fósforo e de luz trás si deixando:

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Generoso corcel, que sente as cruzes


Agudas de teimosos acicates
Lacerarem-lhe rábidas o ventre.

(...)

Inda uma vez, Adeus! Curtos instantes


De inefável prazer - horas bem curtas
De ventura e de paz frui convosco:
Oásis que encontrei no meu deserto,
Tépido vale entre fragosas serras
Virente derramado, foi a quadra
Da minha vida, que passei convosco.
Aqui de quanto amei, do que hei sofrido,
De tudo quanto almejo, espero, ou temo
Deslembrado vivi! - Oh! quem me dera
Que entre vós outros me alvejasse a fronte,
E que eu morresse entre vós! Mas força oculta,
lrresistível, me persegue e impele.

99. (Prof. Fernando Oliveira) Esse texto traz um processo de despedida do


eu-lírico, provavelmente, o próprio ator, de um período de estadia em
sua terra natal, acompanhado de seus grandes amigos. As metáforas
utilizadas para detalhar essa partida na primeira parte do fragmento
lembram um aspecto literário, cujo autor mais representativo é:
a) Castro Alves
b) Cruz e Sousa
c) Álvares de Azevedo
d) Victor Hugo
e) Gregório de Matos

100. (Prof. Fernando Oliveira) A frase “...E que eu morresse entre vós!”
revela, além de um aspecto afetivo, uma ligação do poeta com:
a) Sua função de escritor
b) A terra natal
c) Paixão amorosa
d) Aspectos engajados
e) Temáticas de pessimismo

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GABARITOS

Olhos D’água (Conceição Evaristo)

01. B
02. A
03. B
04. C
05. C
06.E
07. C
08.D
09.C
10. B
11. B
12. C
13. C
14. D
15. A
16. C
17. E
18. A
19. D
20. D
21. C
22. B
23. C
24.D
25. C
26. A
27. D
28. B
29. B
30. C
31. D
32. C
33. C
34.C
35. A
36. C
37. A
38. B
39. C
40.B
41. C
42.B
43. C
44. B
45.A
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46.B
47. B
48.C
49.E
50. B
51. A
52. D
53. B
54.C
55. B
56. A
57. B
58. C
59. D
60.D
61. C
62. D
63. C
64.D
65. D
66.C
67. C
68.C
69. B
70. C
71. C
72. E
73. B
74. B
75. B
76. D
77. D
78. C
79. B
80.C
81. B
82. C
83. C
84.D
85. B
86.B
87. C
88.D
89.B
90.A
91. C
92. D
93. C
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94.D
95. D
96.A
97. E
98.B
99. C
100. E

Mar morto (Jorge Amado)

01. C
02. C
03. D
04. B
05. B
06.C
07. A
08.C
09.B
10. D
11. C
12. B
13. A
14. A
15. B
16. C
17. E
18. B
19. A
20. B
21. B
22. B
23. C
24.D
25. D
26. C
27. B
28. E
29. A
30. D
31. A
32. A
33. B
34.C
35. B
36. D
37. D
38. B
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39. B
40.C
41. D
42.B
43. B
44. A
45.C
46.B
47. B
48.D
49.A
50. D
51. A
52. B
53. C
54.C
55. C
56. D
57. A
58. B
59. C
60.E
61. B
62. B
63. B
64.C
65. D
66.C
67. E
68.D
69. D
70. C
71. A
72. C
73. B
74. B
75. B
76. B
77. C
78. D
79. D
80.A
81. D
82. B
83. D
84.B
85. B
86.B
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87. C
88.D
89.C
90.A
91. D
92. C
93. B
94.D
95. C
96.B
97. B
98.B
99. A
100. C

Primeiros Cantos (Gonçalves Dias)

01. B
02. B
03. E
04. B
05. C
06. B
07. E
08. D
09. B
10. C
11. B
12. A
13. A
14. B
15. D
16. D
17. C
18. C
19. C
20. B
21. C
22. B
23. D
24. C
25. A
26. E
27. C
28. D
29. A
30. C
31. D
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32. C
33. C
34. A
35. A
36. D
37. A
38. B
39. B
40. D
41. B
42. A
43. B
44. C
45. E
46. B
47. B
48. E
49. A
50. D
51. B
52. C
53. B
54. C
55. A
56. B
57. C
58. B
59. B
60. C
61. D
62. A
63. E
64. D
65. D
66. E
67. C
68. C
69. E
70. B
71. A
72. D
73. A
74. B
75. C
76. A
77. B
78. C
79. B
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80. C
81. B
82. D
83. B
84. B
85. B
86. A
87. D
88. D
89. B
90. A
91. D
92. B
93. A
94. A
95. E
96. C
97. D
98. A
99. C
100. B
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