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ARTIGO FC
ESPECIAL
DOI: 10.5935/0103-8486.20200015
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Por um PNA capaz de respeitar diferenças de língua e biológicas
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Capovilla FC
combinações entre diferenças culturais de um palavras que soam do mesmo modo (e.g.,
lado e diferentes combinações entre diferenças conserto-concerto, passo-paço, sinto-cinto)
constitucionais de outro lado. Assim, por exem- a partir da percepção do contexto frasal
plo, o Plano deve propor que crianças surdas ou semântico em que se inserem.
tenham acesso precoce a Libras visual e, sub- É preciso que um Plano Nacional de Alfabeti-
sequentemente, durante a alfabetização, para zação tenha clareza de que, em termos de ordem:
aperfeiçoar a qualidade ortográfica da escrita e (1.) O princípio fonotático precede o semio-
a precisão de leitura17,18, a diversos recursos efica- tático nas crianças ouvintes cuja língua
zes para permitir às crianças surdas compreen materna (L1) é o Português, o princípio
der melhor a fala por leitura orofacial visual fonotático é básico à aquisição da leitura e
(e.g., Cued Speech19,20). O Plano também deve escrita alfabética; ao passo que o princípio
propor que crianças surdocegas tenham acesso semiotático é importante para permitir
precoce a Libras Tátil e, subsequentemente, à criança interpretar adequadamente o
para viabilizar a alfabetização, a diversos re- significado das palavras a partir dos mor-
cursos eficazes para permitir às crianças surdas femas componentes, para além da fala
compreender melhor a fala por leitura orofacial interna; e a escrever corretamente a partir
tátil (e.g., Tadoma). do contexto semântico, novamente para
além da fala interna. Por exemplo, durante
LEITURA E ESCRITA ALFABÉTICAS: a escrita sob ditado, ao ouvir a frase: “O
PRINCÍPIOS FONOTÁTICO E SEMIO- homem andou três passos e chegou ao
TÁTICO, E A SUA ORDEM NA ALFABE- Paço Municipal” a criança competente no
TIZAÇÃO COMO FUNÇÃO DA LÍNGUA princípio semiotático escreverá a primeira
MATERNA DO EDUCANDO palavra com “ss”, e a segunda com “ç”.
Com vistas a atender toda essa ampla gama Como as palavras soam do mesmo modo,
de variabilidade linguística e constitucional, é o princípio fonotático por si só não permite
preciso que um Plano Nacional de Alfabetização escrever corretamente. A competência
tenha uma visão ampla e compreensiva da es- semiotática torna a criança sensível ao
crita. É preciso considerar que a escrita é regida contexto, que condiciona a escrita correta.
por dois princípios: o fonotático e o semiotático. (2.) O princípio semiotático precede o fono-
(1.) O princípio fonotático diz respeito ao fato tático nas crianças com surdez congênita
claro de que a escrita mapeia a fala. As profunda, e cuja L1 é a Libras, nas crianças
unidades da escrita (grafemas) mapeiam indígenas cuja L1 é um idioma ameríndio
unidades da fala correspondentes (lale- como o Tupi-guarani, e nas crianças indí-
mas). Essas unidades da fala podem ser genas cuja L1 é um idioma ameríndio de
audíveis (fonemas ou otolalemas, que sinais como o Urubu-Kaapor21. Como a
ouvintes processam para a compreensão criança está aprendendo a ler e escrever
auditiva da fala), visíveis (optolalemas, uma L2 a partir de sua L1, ela começará
que surdos videntes processam para com- pelo princípio semiotático, estabelecendo
preender a fala na leitura orofacial visual), correspondências entre as unidades de
ou táteis (esteselalemas, que surdocegos significado (morfemas) da L2 que está
processam para compreender a fala na aprendendo e as unidades de significa-
leitura orofacial tátil). do de sua L1. Isso ocorre sempre que se
(2.) O princípio semiotático trata da composi- aprende uma língua estrangeira. No caso
ção morfêmica das palavras conforme seu da criança surda, ela aprende a usar Li-
significado (semântica) e origem (etimo- bras como metalinguagem para analisar
logia), e permite escrever corretamente as palavras em morfemas semânticos (i.e.,
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Lexemas, como os radicais gregos e lati- sematossêmica dos sinais pode ser encontrado
nos, por exemplo) e morfemas gramaticais em Capovilla & Oliveira23. Sua importância para
(i.e., Gramemas, que denotam as catego- o processamento cognitivo dos surdos pode ser
rias gramaticais de gênero, número, modo, encontrada em Capovilla & Martins24.
tempo e pessoa). Um Plano Nacional de Alfabetização precisa
Essa distinção é essencial a um Plano Nacional considerar, como denominador comum a todas
de Alfabetização compreensivo e consistente: essas crianças, o fato de que todas elas terão de
Enquanto os ouvintes, que têm no Português aprender a ler e escrever a Língua Portuguesa,
sua L1, começarão abordando a escrita pelo já que são todas são cidadãs brasileiras. Isso
princípio fonotático (ancorando as unidades da ocorre a despeito de toda a diversidade cultural,
escrita nas unidades da fala); os surdos congê- englobando as surdas congênitas que pensam e
nitos profundos (cuja L1 é Libras), os indígenas se comunicam em Libras como L1, as indígenas
ouvintes (cuja L1 é um idioma ameríndio falado) que pensam e se comunicam em seus idiomas
e os indígenas surdos (cuja L1 é um idioma ame- ameríndios como L1, e as quilombolas, com
ríndio de sinais, como, por exemplo a Língua seu léxico próprio. Igualmente, isso ocorre a
de Sinais Urubu-Kaapor) partirão do princípio despeito de toda a diversidade constitucional,
semiotático. Ao abordar palavras escritas do englobando as crianças com comprometimento
Português, o aluno, cuja L1 não é o Português neurossensorial (as surdas, as cegas, as surdo-
(seja esse aluno indígena, surdo, ou indígena cegas), neuromotor (as com paralisia cerebral
surdo), começará aprendendo a traduzir as pa- e tetraplegia), neurolinguístico (as disléxicas
lavras do Português para sua língua, e de sua e afásicas). Além das crianças com os mais
língua para o Português. Em seguida, aprenderá variados quadros como Discalculia, Disartria,
a fazer análise morfêmica de cada palavra, Disgrafia, Deficiência Intelectual, Transtorno de
decompondo-a em seus lexemas e gramemas. Déficit de Atenção e Hiperatividade, Distúrbio
Para fixar o conhecimento, o indígena aprende do Sistema Vestibular, Distúrbio de Processa-
diversas palavras formadas por um mesmo mento Auditivo Central, dentre outras25.
lexema (por exemplo, “beb-” em Português, A alfabetização em Português deve ancorar
que está presente em palavras como “bebida”, a escrita na fala, uma vez que:
“beber”, “bebericar”, “bêbado”, etc.; “estud-” (1) Todas essas crianças terão de aprender a
que está presente em palavras como “estudo”, ler e escrever a Língua Portuguesa,
“estudar”, “estudante”, etc.) variando apenas (2) O Português emprega o sistema de escrita
os gramemas, no caso, os sufixos. E, em segui- alfabético; e
da, deve aprender diversas palavras formadas (3) O sistema alfabético mapeia a fala.
por um mesmo gramema (e.g., o sufixo “-er”, Como vimos, essa ancoragem deve ser feita
presente em “beber” e “-ar” em “estudar”) logo no início para a criança ouvinte cuja L1 é
variando apenas os lexemas. Isso permite com- Português; e apenas no fim para crianças cuja L1
preender como o Português codifica significado não é Português. Uma observação fundamental
pelo princípio semiotático. precisa ser feita aqui. A Filosofia Educacional de
Nessa abordagem, a todo momento, o surdos mais aceita é a do Bilinguismo10,14-16,26,27.
aluno, cuja L1 não é o Português estabelece Segundo Filosofia Educacional do Bilinguismo,
correspondências entre os morfemas do Por- a alfabetização da criança surda não deve al-
tuguês e os morfemas metafóricos de sua L1 mejar que ela venha a articular a fala, de modo
(seja ela Tupi-Guarani, Libras, ou língua de algum. Espera-se apenas que ela venha a ser
sinais Urubu-Kaapor, por exemplo). Um ma- capaz de ler silenciosamente com precisão
peamento preliminar da estrutura morfêmica de compreensão; e a escrever com precisão
da Libras pode ser encontrado em Capovilla et ortográfica e correção semântica. A escrita é
al.22. Um mapeamento completo da estrutura considerada competente quando as mensagens
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essa criança usa esse sinal para tentar produzindo paragrafias optolalêmicas. A
resgatar a palavra escrita correspondente. origem das paragrafias optolalêmicas é
Como essa palavra (“peteca”) é bastante que os optolalemas são iguais à visão. Por
incomum no Português escrito (de fato, exemplo, os optolalemas velares {\k\} e
sua frequência média anual em base de {\g\} são homoscópicos, ou seja {\k\} = {\g\}.
dados como o Google AdWords é baixís- Assim, o surdo é incapaz de distinguir en-
sima), a criança não consegue resgatar a tre as palavras faladas “calo” e “galo”. O
representação ortográfica dessa palavra mesmo ocorre entre os optolalemas {\f\}
de sua memória de longo prazo (léxico = {\v\}, {\t\} = {\d\}, {\p\}= {\b\} = {\m\},
ortográfico). Ela, então, usa o seu sinal de {\ʒ\} = {\ʃ\}. Por isso, o surdo é incapaz de
Libras como ponto de apoio para procurar, distinguir entre as palavras faladas “foto”
em sua memória, palavras escritas cujo e “voto”; “teto” e “dedo”; entre “pico”,
sinal é semelhante ao sinal peteca. Mui- “bico” e “mico”; entre “chato” e “jato”,
tas crianças surdas acabam escrevendo, e assim por diante. Na escrita dos nomes
então, a palavra “café” para designar a de figuras, o surdo imagina visualmente
figura de peteca, uma vez que a forma do as palavras faladas sendo articuladas em
sinal café é muito parecido com o sinal sua mente. Como aquelas unidades da fala
peteca. No sinal peteca, uma mão simula
visível (optolalemas) são indistinguíveis
segurar algo cilíndrico como o corpo de entre si, eles tendem a cometer trocas
uma peteca no ar defronte o corpo, e a na escrita. Essas trocas são chamadas de
outra mão, espalmada, vem por baixo e paragrafias optolalêmicas. Elas são muito
simula bater na peteca, então, que sobe fáceis de documentar quando a pessoa
levemente. Já no sinal café, uma mão
com deficiência auditiva ou o surdo orali-
simula segurar algo cilíndrico como uma
zado está escrevendo sob ditado a fala lida
xícara de café no ar defronte o corpo, e
orofacialmente por visão.
a outra mão, espalmada, dá apoio por
baixo da primeira mão, como se fosse
ALFABETIZAÇÃO FÔNICA-OTOLÁLICA
o pires daquela xícara. Ao testar 5.200
PARA ENSINO DE LEITURA E ESCRITA
alunos surdos num teste de nomeação
de 72 figuras, Capovilla e colaboradores A OUVINTES
documentaram várias centenas desses Ensino de escrita a ouvintes
erros, mostrando que semelhança entre Conforme Capovilla17,18, na Alfabetização Fô-
os sinais subjacentes é a única explicação nica-Otolálica para ouvintes, a criança aprende a
possível para esse tipo de erro, que revela escrever por cifragem de fonemas-otolalemas em
a importância da Libras para o pensar e grafemas. Para facilitar esse ensino, Capovilla17,18
o escrever e o ler da criança com surdez mapeou todas as relações entre fonemas e gra-
congênita bilateral profunda. femas da Língua Portuguesa. Esse levantamento
(2) Em termos de paragrafias optolalêmicas, descobriu todas as formas de cifrar (i.e., grafar)
eles descobriram que, na escrita para no- cada fonema, e as organizou uma hierarquia que
mear 144 figuras, as 5.200 crianças tendem vai das mais comuns (as dominantes) às mais
a trocar os grafemas com base na seme- raras (as recessivas). Por exemplo, o fonema /k/
lhança da articulação visível da fala. Por pode ser cifrado de sete formas: “c” (em “calor”),
exemplo, embora os fonemas-otolalemas “qu” (“querido”), “q” (“quadro”), “k” (“kart”),
[\k\] e [\g\] velares sejam distintos à au- “ck” (“lamarckista”), “ch” (“chroma”), “cqu”
dição, como o surdo não ouve, e tem de (“hecquéria”). As três formas mais dominantes
fazer leitura orofacial visual, a semelhança são “c”, “qu”, “q”; e as três formas mais re
visual entre optolalemas diferentes acaba cessivas são “ck”, “ch”, e “cqu”.
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o optolalema {\k\=\g\} pode ser cifrado de dez Ensino de leitura a crianças videntes com
formas: “c”, “g”, “qu”, “q”, “gu”, “k”, “ck”, DA e surdez
“ch”, “gh”, “cqu”. Os cinco mais dominantes A Alfabetização Optolálica ensina a ler por
são: “c”, “g”, “qu”, “q”, “gu”. Os cinco mais decifragem de grafemas em optolalemas. O pro-
recessivos são: “k”, “ck”, “ch”, “gh”, “cqu”. cesso é paralelo àquele aqui exposto. Por falta
Ao errar na escrita, as crianças com deficiência de espaço não poderá ser descrito em detalhes.
auditiva e as crianças surdas oralizadas quase
sempre vão errar nos grafemas que são recessi- PANDESB: PROGRAMA DE AVALIAÇÃO
vos (raros) para aquele optolalema. Além disso, NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO DO
elas vão tender a grafar (cifrar) um grafema ESCOLAR SURDO BRASILEIRO
dominante (comum) no lugar do recessivo. Por Para descobrir sob que circunstância a
exemplo, elas vão tender a escrever trocar “g”
criança surda aprende mais e melhor, Capo-
por “c” porque, segundo Capovilla e colabora-
villa e colaboradores17,18,50-55 criaram o Pandesb.
dores, a frequência do grafema “c” é três vezes
Trata-se de um programa de avaliação do de-
maior que a do “g” para cifrar o optolalema
senvolvimento da linguagem oral, escrita e de
{\k\=\g\}. Esse levantamento permite prever a
sinais do escolar surdo brasileiro. O programa
probabilidade de erro de escrita (paragrafia) de
foi financiado pelo Observatório da Educação,
cada optolalema na escrita sob ditado orofacial
num consórcio entre a Capes e INEP. Ao longo
visual de qualquer palavra falada do Português.
de 16 anos, de 2001 a 2017, o Pandesb examinou
A explicação para isso é simples: Na escrita
as competências linguísticas e metalinguísticas
sob ditado de uma dada palavra lida orofacial-
de 9.200 estudantes surdos brasileiros do 1º ano
mente por visão, de modo a poder produzir
do ensino fundamental até o ensino superior
a correspondente palavra escrita, a criança
de 15 estados brasileiros, representando todas
vai convertendo cada optolalema no grafema
as regiões geográficas do Brasil. Cada um dos
correspondente. Cada uma dessas conversões
9.200 estudantes surdos foi examinado durante
tem um Grau de Facilidade de Cifragem da
Fala Vista (GFCfv). A média aritmética desses 26 horas em diversas baterias de testes estan-
GFCfv constitui o Grau de Facilidade de Escrita dardizados que avaliam diversas competências,
da Palavra (GFEP) por Leitura Orofacial Visual como leitura alfabética e orofacial, compreensão
(LOV) (i.e., GFEP-LOV) pela rota perilexical de leitura de textos, vocabulário de escrita e
(i.e., de cifragem optolalema-grafema) durante qualidade ortográfica da escrita, vocabulário
a alfabetização. Quando a professora alfabeti- em Libras, dentre outras. Sub-amostras foram
zadora prepara uma lista de palavras faladas também avaliadas na Prova Brasil adaptada em
para escrita sob ditado por leitura orofacial vi- Libras, na competência de Leitura Orofacial em
sual, ela pode saber exatamente qual é o grau Português, e no Vocabulário de Leitura Orofa-
de facilidade de escrita de cada uma delas. cial do Português.
Ao corrigir as provas, a professora verá que as O estudo analisou o desenvolvimento de
crianças videntes com DA e surdez erram mais linguagem em crianças surdas como função
na escrita das palavras que têm menor GFEP- das características do estudante, da alocação
LOV. Além disso, a professora verá que, dentro escolar, e da língua de ensino, tendo como co-
de qualquer palavra, as trocas de escrita que as variantes fatores como o ano escolar e a idade
crianças cometem tendem a envolver a troca de cronológica. O desenvolvimento da linguagem
um grafema com baixo GFCfv por outro com considerou especialmente os escores de de-
alto GFCfv. Isso é importante para o ensino da codificação e reconhecimento de palavras, de
escrita sob ditado orofacial visual, pois as rela- compreensão de texto, e de vocabulário em
ções optolalema-grafema com menor GFCfv são Libras. As características do estudante incluíam
as que requerem mais atenção. a idade e o grau de perda auditiva. A alocação
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bilíngues do que em escolas comuns, fica claro da 1a série (2o ano). No estudo, a Prova Brasil foi
que a tentativa de removê-las da escola bilíngue adaptada em Libras, gerando a Prova Brasil em
antes que possam se alfabetizar seria contrapro- Libras. Ela é composta de 28 itens, cada qual
ducente e danosa. com quatro alternativas. Nesse estudo, ela foi
Os dados sugerem que as crianças surdas de aplicada a alunos surdos do 2o ano (i.e., 7 anos
escola pública só devem ser alocadas em turno de idade) ao 5o ano (i.e., 10 anos de idade), jun-
principal de escolas comuns depois que tenham tamente com testes de vocabulário em Libras,
tido a chance de adquirir competência de leitura nomeação de figuras por escrita, compreensão
e escrita em turno principal na escola bilíngue. de leitura de sentenças, e decodificação e
A análise dos prontuários desses 5.600 alu- reconhecimento de palavras. O objetivo era
nos surdos revela que 95% deles nascem em descobrir quais são as competências que mais
lares ouvintes. São crianças cujos pais desco- contribuem para o desempenho de leitura na
nhecem Libras. Portanto, essas crianças surdas Prova Brasil em Libras.
necessitam de escolas bilíngues para que pos- Os achados mostram que os escores de lei-
sam aprender Libras. Se elas forem privadas tura aumentaram significativamente, de ano
de Libras, de nada adiantará prover intérpretes a ano. Os escores de leitura aumentaram do
de Libras (TILS) porque elas simplesmente 2o ano (10 pontos) ao 3o ano (15 pontos); do 3o ao
não terão aprendido Libras o suficiente para 4o ano (19 pontos); e daí para o 5o ano (22 pon-
compreender esse intérprete. A escola bilíngue tos). Como a Prova Brasil em Libras tem 28 itens,
constitui uma comunidade linguística sinali- com quatro alternativas cada um, a pontuação
zadora, que é o contexto ideal para a criança casual é de 7 acertos. A pontuação se destacou
adquirir Libras. É importante que essa aquisição do nível de acerto casual já no 2o ano, e cresceu
seja precoce. Estudos de plasticidade neural61 de ano a ano, até o 5o ano. Isso permitiu norma-
sugerem que, quanto mais cedo ocorrer o acesso tizar a Prova Brasil em Libras como prova válida
a língua de sinais, maior será o desempenho para avaliar rendimento escolar de surdos do
escolar da criança. 2o ao 5o ano. A Prova Brasil em Libras, valida-
Evidência ulterior sugestiva da importância da e normatizada para o alunado surdo, torna
da língua de sinais para a alfabetização e o possível sondar que competências cognitivas
desempenho de leitura de crianças surdas do poderiam estar relacionadas ao desempenho, de
ensino fundamental é dada pela Prova Brasil modo a descobrir como melhorar o desempenho
adaptada em Libras, que foi administrada a uma na Prova Brasil em Libras, consequentemente, o
subamostra dos alunos avaliados no Pandesb. rendimento escolar dos surdos. A competência
A Prova Brasil faz parte da avaliação nacional que mais contribuiu para o bom desempenho na
de leitura em Português destinada a estudantes Prova Brasil em Libras foi o escore em Libras54.
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SUMMARY
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221
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