Você está na página 1de 5

§

w
ffi
ffi
ÀdAld

tu"*
ffi
toÀ#

ENTREVISTA CONCEDIDAA ROBERTO BARROS DE CARVALHO (CIÊNCIA HOJEIMG)

E DENISE GONTUO MACHADO (PROGRAMA DE PÓ5 GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGÜíSTICOS/UFMG)


Professores de português costumam dar É um equívoco, portanto, limitar-se ao ensino do que
muito valor ao que ó considerado certo e errado ê certo e eÍrado...
em matéria de língua. Já os lingüistas Como temos sido eficientes nesse estéril ofício de
relativizam os critérios de correção normalmente censores! Geramos na consciência do outro uma
empregados. Além de tingüista, o senhor convicçáo táo monstruosa sobre a possibilidade de
é também professor de português. reduzir a língua a uma questáo de certo ou errado,
O gue a seu ver há de certo que hoje o que as pessoas querem ouvir do profes-
e de errado na questão do certo e do errado? sor de português é um veredicto para elas mesmas.
Falando como professor de português, diria que o Estou certo? Estou errado? Serei condenado ou te-
que há de certo nessa questáo é nossa inarredável rei a absolviçáo? É uma lástima que a concepçào
obrigaçáo de passar a nossos alunos o modo culto, costumeira sobre o que seja estudar uma 1íngua te-
prestigiado, de falar e escrever. Falando como lin- nha chegado a nÍvel táo baixo! É o português do Bra-
güista, afirmo com convicÇáo que reduzir a isso a sil que está esculhambado? Não. É seu ensino, por
tarefa do ensino é de uma pobreza desoladora. A equir,ocacio, que se esculhambou. Só depois de co-
norma culta não derir,a de nacla intrínseco ao portu- nhecer o que é a língua, suas rrariaÇÕes, suas articu-
guês. Náo há formas ou construçôes intrinsecamen- laçoes, poderemos ter uma idéia de como intervir
te erradas ou certas, à exceçáo da graíia das pala- por meio do ensino.
vras, única matéria lingüística sujeita a legislaçào
explícita. Assim, o certo ou errado deriva apenas de Como o senhor define língua?
uma contingência social. Em todas as comunidades Em uma abordagem multissistêmica, a língua é o
sempre se atribui a determinada classe uma ascen- entrelaçamento de quatro sistemas: 1éxico, semân-
dência sobre as demais. A classe de prestígio dita as tica, cliscurso e gramática. O léxico é constituído
normas de comportamento, a moda, o gosto por cer- pelas palavras; o discurso, pelas regras de interaçáo
to tipo de música... Assim também a escolha das social por meio da linguagem; a semântica, pelos
variedades lingüísticas entre as que estáo à disposi- processos de criaçáo e administraçáo dos sentidos; e
ção dos falantes. Ao escolher uma, essa classe con- a gramática, pelas regularidades na organizaçáo da
dena as outras variedades. Para dar um exemplo sim- palavra, da oraçáo e do texto. Embora autônomos,
ples, a comunidade culta nacional torce o nariz quan- esses sistemas sáo interligados peio léxico e ativadós
do ouve alguém dizer "Os brasileiro gosta de fute- por um dispositivo sociocognitivo. Tal dispositivo é
bol". Essa construção náo é usada pelos integrantes social porque se fundamenta na continuada análise
da classe culta. Entretanto, quando indivíduos dessa da situação conversacional, é cognitivo porque se
classe precisam dizer â mesma frase em francês ou assenta no conhecimento do mundo que nos cerca,
inglês, náo se abomecem só porque nessas línguas representado sob a forma de categorias cognitivas,
náo há concordância verbal, e a marcação da con- como pessoa, espaÇo, tempo, movimento etc. As ca-
cordância nominal ficou restrita ou ao artigo, como tegorias discursivas, semânlicas e gramaticais sào
no francês, ou ao substantivo, como no inglês. É o representaçóes das categorias cognitivas e expres-
que constatamos em les brésiliens aiment le football sam o modo como organizamos o mundo. A língua,
ou Tfte Brazilians loveJootball. Franceses, ingleses e portanto, é multissistêmica e governada por um dis-

fl*ss':+ Fs"+É€sg*fl ** p*#*g:**== * :::==== ;==:l**===ê **=êg=Çê* Fã==ãí ã**


eâae*** * -#*d* e*Aã* *= ieê*r = ===.=É=r" {*=* ãi=g*i*t*u *5ã*# {**v;*ã*
d* q** r**a;eÉr # **s:-* * ê==* * ** *r** F**í#ã* **=r:àe**ra

norte-americanos devem ser muito atrasados, pois positivo sociocognitivo pré-verbal que antecede a
quase despacharam por inteiro 'dona concordância' execuçáo lingüística e a governa. Nossa mente ope-
para o cesto das inutilidades. Em suma, a norma ra ao mesmo tempo nos domínios da semântica, da
culta é a variedade escolhida como padráo. E as ou- gramática e do discurso para produzir expressóes
tras? No ensino tradicional elas foram solenemente verbais ou interpretar as produzidas por seu
ignoradas. interlocutor. +

maio de zooz . ctÊt'tctl HoJE o 9


O senhor acredita que o Brasil esteja viajar para o passado, voltando as costas para o que é
mesmo vivendo uma onda de interesse urgente no nosso tempo.
por falar e escrever bem?
Náo é só o Brasil qlle tem valorizado a habilidade de Quat o papel do professor de português nos
ler e escrever com eficiência. Mas é bom lembrar diversos níveis de ensino do país?
que o conceito de faiar e escrever bem varia de país Quando a criança chega à escola, ela já domina as
para país. Em um viés ibérico, quer dizer expressar- enormes complexlclades de uma língua natural. Em I

se de acordo com a norma culta. ]á os países rlais sua fase de aprendizagem da língua falada, na famí- I

adiantados náo dâo tanta importância à norma cul- lia, e depois da língua escrita, no ensino básico, ela
ta como aqui. Lá, sáo outros os objetivos ao valorizar teve de dominar o conjunto dos quatro sistemas já
a leitura e a redação. A explosáo das trocas comer- mencionados. O papel do professor de português dos
ciais no mundo globalizado aumentou a necessi- graus médio e superior está em suscitar no aluno
dade de escrever com clareza e de entender com efi- esse conhecimento. em fazê-lo 'lembrar-se' disso.

fr**=*se§, ing**ses e E*rte-americanos devem ser muito atra-


sfrds$, poís qilâse desparharam 'dona concordância' para o cesto
das inutfltüdades

ciência textos escritos. Atividades como escrever Sáo muitas as experiências pedagógicas no Brasil -
relatórios sobre processos industriais, compor a cor- infelizmente conhecidas por uma minoria dos pro-
respondência eletrônica, Ier jornais e interpretar ma- fessores - de levar o aluno a exteriorizar as regulari-
nuais de instrr.rçóes que acompanham produtos pas- dades discursivas, semânticas e sintáticas qr-re ele
saram a ser prementes no clia-a-dia. Além de falar internalizou quando aprendeu a falar e a escrever
ao menos duas lÍnguas estrangeiras e saber compu- em sua língua. As atividades que levam a esse obje-
tação, o cidadáo do novo milênio ainda terá de ler tivo constituem o centro da atividade pedagógica,
e escrever bem. Um hábito antes restrito à aristocra- reconhecidas nos Pnrdmetros curriculares nacio-
cia (que lia literatura, naturalmenteJ espal.hou-se nois, editados pelo MEC. Esses parâmetros enfeixam
por toda a comunidade alfabetizada, para o bom uma percepÇão do ensino de português que se situa
exercÍcio das atividades diárias. O fosso entre alfa- muito além das pobres práticas pedagógicas vigen-
betizados e náo-alfabetizados se aprofundou e ame- tes, nas quais se alimentam sujeitos espertos, com
aça o futuro de nações como o Brasil, onde ainda há fino senso mercadológico e espessa ignorância lin-
analfabetos. gtiística,

O que poderia ser feito para desenvolver Por que é tão difícit ensinar a norma culta na escola?
as habilidades de leitura e redação, no caso PeIo menos três complicadores tornam difícil a exe-
da língua portuguesa? cuçáo dessa tarefa em nossos dias: a mudança so-
Deveriam ser oÍ'erecidos aos alunos textos de cará- cia1, a mudança lingüística e a mudança cle pers-
ter prático combinados aos de alcance artístico. Não pectiva didática. Quando falo de r.nudança social,
se trata de pôr abaixo o texto literário nem de limi- refiro-me às alterações da sociedade brasileira. De
tar a experiência unicamente a ele. A criatirra lin- 1950 para cá, o Brasil deixou de ser um país rural e
guagem brasileira da propaganda está aÍ para mos- passou a ser um país urbano. Com as fortes migra-
trar a eficácia da confluência entre textos rzeicula- ções de europeus no século 19 e de brasileiros que
res e textos literários. Veículos de comunicaçáo cle vieram do campo pala a cidade no século 20, a so-
mâssa se deram conta da atual demanda do grande ciedade urbana se tornou muito heterogênea. Nesse
público por um desempenho lingüístico eficiente e, quadro de mobilidade social. em que a subida de
antes deies, autores de manuais didáticos. Até aí, segmentos e a descida de outros acarretam uma pro-
tudo bem. Mas há o risco de respostas simplistas a funda rerrisão dos r,alores, como ficam as certezas da
essa demanda, como algumas já disponíveis no mer- gramática escolar? Como elas se sustentaráo nesse
cado. Em lugar de ensinar de fato a ler e escrever - clima de mudançà? O que está ocorrendo afinal com
uma tarefa nada fácil -, tem-se optaclo por reduzir o a nossa língua brasileira? A rnr-rdança lingüÍstica vem
ensino da língua materna a uma questâo de certo e sendo amplamente documentada nas pesquisas dia-
errado. Balizar o ensino unicamente nesse critério é crônicas empreendidas peias universidades brasi-

ro. ctÊNclA HoJE . vot. 3r . ne rBz

re=ryEiil
leirasa partir dos anos 80. Desde o século 19, o por- cracia direta, na praÇa pública. Com o tempo, a gra-
tuguês brasileiro comeÇou a se afastar do portugr.rês mática virou uma disciplina com um fim em si mes-
europeu. A mudança começou no quadro dos prono- ma. Começaram aí os fracassos em seu ensino. Recon-
mes e daí se irradiou para a morfologia e para a di"rzir a reÍlexão gramatical ao seu lugar de origem,
sintaxe, atingindo o sistema gramatical, cerne de isto é, ao uso lingüístico concreto, é uma boa proposta
toda lÍngua. Ora, nossos nanuais didáticos ainda nos para a renovaçáo de seu ensino. Uma pequena retifi-
julgam muito próximos de Portugal! Será qlle nos- cação: não ensinamos gramática, pois e1a já está
sos joguinhos do certo e do errado ainda se susten- internalizada na mente dos alunos, Eles não falariam
tam em face do novo quadro lingüístico? N4as a mu- se náo dominassem a chamada gramática implícita.
dança de perspectiva didática é a que torna ainda Como nos diá1ogos platônicos, devemos Íàzer com que
mais duvidoso centrar o ensino na questáo do certo e os alunos se lembrem dessa gramática e a explicitem.
do errado. A ninguém deve ter passado despercebi- Então náo há ensino de gramática, há reflexóes sobre
do que a escola deixou cle ser a úrnica institr.rição que eIa. Precisamos deixar de laclo a aula de 'pacotes gra-
dissemina informaçóes, A mídia faz isso com muito malicais', em que recitamos um ponto decorado, que
mais eficiência. Libertada finalmente de seus en- às rrezes nem nós trresmos entendemos direito, da-
cargos de depositária do conhecin-rento, a escola po- mos exercícios com o que se encaixa e depois, na
derá finalmente cumprir o mais alto de seus objeti- prova, propomos questÕes que igualmente se encai-
vos: criar conhecimento e levar as pessoas a desen- xem. Fingimos que ensinamos e os alunos, que apren-
volver juízo crÍtico. deram. Sugiro que o professor de português, em vez
de responder a perguntas que os alunos náo formula-
A dificuldade de ensino da norma cutta ram, faça perguntas e deixe que eles respondam. Se-
ameaça o português brasileiro? ria mais proveitoso se cada unidade se constituísse
Ouvimos todo dia na televisáo e lemos nos 1'ornais que à volta de um projeto de descobertas, a partir de um
o português está decadente, que todo mundo fala mal conjunto de dados previamente selecionados, sobre
e escreve pior; qr,re é preciso defender a pátria, os qtiais formularÍamos perguntas articuladas.
ameaçada pelos solecismos e pela entrada maciça
dos anglicismos. A1iás, mr-rita gente está ganhando Que dados seriam esses?
um bom dinheiro com esse pânico todo. Voitando uo Inicialmente, a própria fala e escrita dos alunos. Em
tempo, parece que alguns iluminados lançaram a seguida, a fala e a escrita dos outros, em uma exten-
campanha "Ouro para o bem do português clo Brasil"! sáo tal que inclua amostras da linguagem familiar e

&fleffiüw dm #m*mr ffi{,x ffi'?'$ffifl}#s dNms âír*ga.am* *sÊreffiffitr$rmm m ffiffifuffifr'flflüflrl&}e$tffiÇffim, m

{;fldmdffim dm w§mqdm *T**âffim#m mêrtdm ter& ds âms'm *sil$"*td*r hmrm. e,$m'm"s &Tffifu$*tr$ ffifi§-
frmw rms*ritw ,& mrfimtffi{:ü"ffiffiíffi ffisffiffifrüTffie#-ffiffi ffisffitr frmdm #, mffiffHL$$rfid;mdm m$Wmfumfrfipm-

dm* pmu'm m fuqmm mffiffiflflfrffififfi dm*+ mfi§u'#dmdq*m q$$#u"$ms

A despeito desse catastrofismo, todo mundo se en- amostras da iinguagenr paciráo - a da classe culta.
tende por meio da linguagem, a tiragem dos jornais Orientados pelo professor, os alunos gravarian suas
aumenta e a indÍrstria editorial do país corneca a próprias conversas, e esses recortes de iÍngua se-
ombrear-se com a de lugares adiantados. tiarl a seguir transcritos. Isso permitiria ao profes-
sor e aos aiunos obsen ar os rlecanismos da lÍngua
Como o senhor acha que deveria falada. Trechos narrativos dessas conr,ersas seriarl
ser o ensino de gramática? escritos, e novas obsen,açóes intuitivas sobre a fala
Acho que a gramática deveria ser restituída à sua e a escrita poderian.r ser feitas. A atividade é espe-
climensáo original. Os prinleiros gramáticos gre- cialilente rnotivadora porque é o próprio indir,íducr
gos e latinos estavam mais preocupados com a eÍici- que prodr-rz os clados que analisa.
ência no uso da linguagem do que com a prescri-
çáo de normas. Tudo se subordinava a um objetivo Como analisar os dados assim coletados?
maior: preparar o cidadáo para o exercÍcio da demo- Com perguntas sistemáticas a respeito deles. Üm r

maio de 2oo2 . ctÊNctA HoJE. í1


i

primeiro grupo abordaria o discurso: Como se orga- Essa abordagem lá tem sido utilizada
niza uma conversa? Como se dá a passagem dos tur- sistematicamente em sala de auta?
nos da fala? Que faz o ouvinte para tomar o turno? Ainda náo. Os professores de português do eirsino
Que faz o falante para defender seu turno? Que mar- básico e médio em exercício náo foram bem prepa-
cas lingüísticas encontramos rresses jogos? Essas rados, razáo pela qual sáo urgentes cursos de atuali-
análises do discurso seriam seguidas de análises da zação. Nas ocasiÕes em que me envolvi nessa ativi-
organizaçáo textual - e aqui seriam valorizados ar- dade, inrrariavelmente constatei entre eles um gran-
gumentos da semântica: Como sáo desenvolvidos os de desgosto com a prática atr.tal e grandes dificulda-
assuntos em ulrl texto? Que processos lingüísticos des em encontrar alternativas. Mas suas mentes es-
sáo usados para dizer o novo ou repetir o velho em tão abertas. A neutralização dos charlatães. a cierro-
matéria de inÍbrmação? Que uniclades clo texto fala- luçáo das aulas de português à dignidade perdlda,
do e do texto escrito contêm esses bocados de infor- passa por um esforço articr-rlado das universiclades
maçáo? Como essas unidades sáo articuladas formal- púrblicas, instrumentalizadas peias secretarias esta-
mente ou, em outras palar,ras, como são utilizados duais e municipais de educaçâo. Â sociedade nacio-
os conectivos textuais? Finalmente chegamos à aná- nal deveria enrrolveL-se fortemente na solucáo do

fa[*m errãdo é I
ehegar à ese*ta e sô mLcv§fl Err# vorê s suâ fami§.Es =eceb*r I

âJma s*mteffiÇã de ex«[nx*âm" H dmpm§m ffiffiffi trspffiiltãffimffis qua**o ês§*s eH-


I
ctuídçs voltam e çandaâEãam ã esc*âã!

lise gramatical dos textos: Qne classes de palavras problema do ensino se é que deseja mesmo ingres-
nele encontramos e qual sua funçáo? Em que unida- sar no primeiro mrindo.
des de complexidade crescente as palavras se agru-
pam? Qual o formato dos sintagmas e clas oraçóes? Quat é a seu ver a verdadeira missão do professor
Corno uns e otitros se interligarn no enunciado? Ha- de português hoje?
verá alguma correspondência entre marcadores Temos de lembrar que nosso ofício maior não é ensi-
conversacionais, conectivos textuais e conectivos nar a crase, é formar o cidadão de um estado derno-
oracionais? Por meio de que expedientes sintáti- r;rático. Na democracia, exige-se do cidadáo senso
cos alteramos orações de base para a eficácia da crítico, capacidade de julgar entre alternativas e es-
interaçáo? Trata-se, pois, de descrever a gramática colher a que the pareça melhor. Dele se exige anipla
da língua viva em sala de aula: coieta de dados, per- exposiçáo à variedacle de possibilidades, à varieda-
guntas sobre eles, elaboraçáo de respostas. de de entendimentos e também à variedade Iingtiís-
tica. Se the prescrevermos sem mais debates e que é
Não se estudariam então as anátises considerado certo e condenarmos o que os manuais
de gramáticos e [ingüistas? atirmam ser errado, estaremos matando na fonte a
Em um segundo morlento, sim. Os alunos seriant formaçáo do cidadáo. lsso é mais glave no caso dos
orientados a verificar corno se arranjou nessas ques- alunos de classes subalternas - hoje a maiorla. Esta-
tóes quem iá escreveu sobre a língr.ra. No ritmo aqui remos destruindo seu apego à r,ariedade lingüística
sugerido - e já testado em rnais de um arnbiente - as aprendida em famÍlia, um dos tundamentos de sua
questoes da língua ganham sua verdadeira dimen- identidade psicossocial. Chegar à escola e só ouvir
são, retomam sua vitalidade, transformando as au- que você e sua família falam errado é receber uma Í
las em lugares de descoberta cientÍfica. Nossos alu- sentença de exclusáo. E depois nos espantamos quan-
nos sáo nossos colegas mais jovens. Não tentemos do esses excluídos voltam e vandalizam a escola!
transformar a cabeça deles em um armário de re- Quantos cidadãos nào temos castrado em nome do
gras clitadas de fora para dentro; deixemos que eles certo e do erradol Em lugar disso, qr,re tai conscien-
mesmos descubram essas regras, isto é, essas regu- tizar os alunos da adequaçáo de cada variedade lin-
laridades, conduzidos por uma Iiderança esclareci- giiística a determinado contexto? Derrocracia é a I
cla, náo por imposições ou pela recitaçáo de regras convivência dos contrários. Há algr-rm senso demo-
que nem nós mesmos aplicamos. Expus essas idéias I
crático em nos limitarmos a um único recorte de
no livro LÍngtta falada e ensino do portugttês, publi- lÍngua, mesmo que seja aqr.rele prestigiado pela so-
cado pela editora Contexto. ciedade,condenaldooresto? s

rz. ctÊucte Ho,E . vol.3r o nQ r8z

Você também pode gostar