Você está na página 1de 80

INSTITUTO BÁSICO DE HUMANIDADES

Diretor: Prof. Me. Sílvio Luiz da Costa

Grupo de Estudos em Língua Portuguesa - GELP


Rua Visconde do Rio Branco, 22 -Taubaté - SP
Telefone: (12) 3622-5479

COORDENADORA
Profª Drª Ariádne Castilho de Frêitas

PROFESSORES DE CARREIRA

Profª Me. Adriana Milharezi Abud


Profª Me. Angela Popovici Berbare
Profª Drª Ariádne Castilho de Frêitas
Profª Drª Graziela Zamponi
Prof. Me. Joel Abdala
Profª Me. Maria do Carmo Souza de Almeida
Prof. Dr. Orlando de Paula
Profª Drª Roseli Hilsdorf Dias Rodrigues
Profª Me. Sílvia Regina Ferreira Pompeo Araújo
Profª Me. Teresinha de Jesus Cardoso e Cunha
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

2
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

APRESENTAÇÃO

O aluno do ensino superior tem como requisito indispensável em sua futura


carreira o domínio da norma culta da nossa língua, uma vez que os avanços
tecnológicos, aliados à globalização, passaram a exigir um profissional com maior
qualificação, inclusive no que se refere à capacitação em Língua Portuguesa.
Espera-se que o profissional saiba falar e escrever bem; isso porque a linguagem,
principalmente a escrita, insere-se em seu quotidiano com a produção de avisos,
relatórios, e-mails. Destaca-se, ainda, a relevância da linguagem oral ao procurar
emprego, ao fazer entrevistas e dinâmicas de grupo. Uma vez empregado, esse
profissional passa a participar de reuniões, fazer apresentações e processos de
negociação, redigir minutas, enfim, uma infinidade de atividades do dia a dia que
exigem clareza e correção, independentemente da área em que trabalha.

Os professores do Grupo de Estudos em Língua Portuguesa (GELP)


acreditam que cabe à Universidade dar oportunidade aos alunos/futuros
profissionais para que se tornem linguisticamente competentes. É preciso que o
aluno universitário se conscientize que o sucesso profissional está atrelado ao bom
uso da nossa Língua e que encare o estudo de Língua Portuguesa como uma
ferramenta para se tornar cidadão de primeira categoria.

AGRADECIMENTOS

A todos os colegas que, direta ou indiretamente, ajudaram a preparar e


organizar o conteúdo proposto.

Aos professores do GELP que compõem o Grupo de Pesquisa Docência


da Língua Portuguesa no Ensino Superior (CNPq)

3
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

4
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Português: leitura e escrita

Uso da língua portuguesa culta nas situações orais e escritas da

Ementa vida cotidiana e profissional. Aperfeiçoamento das habilidades de


leitura e de redação de textos dissertativo-argumentativos.

Conteúdo

Unidade 1 – Língua X Variação Lingüística

Unidade 2 – Gêneros Discursivos e Tipologia Textual

Unidade 3 – Estratégias de leitura


3.1 Leitura global
3.2 Leitura completa
3.3 Leitura detalhada

Unidade 4 – Ambiguidade – Paralelismo

Unidade 5 – Coesão textual

Unidade 6 – Coerência textual

Unidade 7 – Redação Acadêmica


7.1 Capa
7.2 Folha de rosto
7.3 Referências
Unidade 8 – Apoio Gramatical
8.1 Ortografia
8.2 Emprego do hífen
8.3 Acentuação Gráfica
8.4 Estudo do PORQUÊ
8.5 Regência
8.6 Crase

5
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

6
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

UNIDADE 1

LÍNGUA X VARIAÇÃO LINGUÍSTICA


Bibliografia básica:
CEREJA, W.R.; MAGALHÃES, T.C. Português: linguagens. São Paulo: Atual, 2003.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2.ed. São Paulo: Cortez,
2001.

Nesta unidade, você encontrará alguns conceitos importantes para iniciar o


estudo de Português Instrumental, em seu curso:

1. Língua: Para Marcuschi (2001), a língua é um fenômeno com múltiplas


formas de manifestação, variável, fruto de práticas sociais e históricas, submetendo-
se às condições de produção e se manifesta em situações de uso concretas como
texto e discurso.

2. Variedades Linguísticas: As línguas não são uniformes, ou seja, não são


faladas ou escritas da mesma maneira por todos que as usam; elas têm formas
variáveis porque as sociedades são divididas em grupos.

Veja o que Horácio, poeta da antiguidade, ensina:

“Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se um


velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; se uma
matrona autoritária ou uma ama dedicada; se um mercador errante
ou um lavrador de pequeno campo fértil."

Assim, observamos que há algumas modalidades específicas de variação


linguística:

2.1 Variação geográfica ou regional: o local em que pessoa mora determina sua
pronúncia e seu vocabulário. Podemos notar na pronúncia de toda a região
nordestina a abertura das vogais e/o, como em dezembro e colina, que são
fechadas em outras regiões. Temos o chamado regionalismo: aipim/mandioca,
guri/menino, jabá/charque/carne-seca. Outros exemplos:

Assaltante Mineiro: Ô sô, prestenção... Isso é um assalto, uai...Levanta os braços e fica


quetin que esse trem na minha mão tá cheio de bala... Mió passá logo os trocado que eu
num tô bão hoje. Vai andando, uai! Tá esperando o que uai!!

Assaltante Gaúcho: Ô guri, ficas atento... Báh, isso é um assalto. Levantas os braços e te
quieta, tchê. Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa
as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.

Disponível em:
<http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/escolaintegral/pdf/Oficina3_VariacaoLinguistica.pdf>
acesso em 16. fev.2012

7
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

2.2 Variação histórica: acontece no plano temporal. As palavras e expressões que


deixaram de ser usadas constituem o que denominamos ascaísmos. Um exemplo
dessa variante é encontrado na crônica Antigamente, de Carlos Drummond de
Andrade.

Antigamente as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas


mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões,
faziam-lhes pés-de-alferes, arrastando as asas, mas ficavam longos
meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o
cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando
corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca, e não caíam de
cavalo magro.

ANDRADE, C. D. Quadrante. 4. Ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor,


1966.

2.3 Variação social: depende do ambiente familiar e da classe social do usuário da


língua. São também fatores de diversidade linguística social o grau de educação, a
idade e o sexo. A gíria é um tipo de linguagem especial, quase sempre criada por
um grupo social, como o dos fãs de rock, dos presidiários, dos internautas. Vejamos
algumas, segundo Cereja (2003, p. 18):

Dos rappers Dos bikers


- atrás da muralha: presidiário - carniça: bicicleta ruim
- bisteca: mulher bonita - prego: ciclista sem preparo físico
- dar uma ripa: trabalhar - socador: ciclista veloz
- goma: casa - atacar: pedalar mais rápido

Dos presidiários Dos internautas


- truta: membro de quadrilha - playboy: homem rico
- zebrar: dar errado, falhar - filé: pessoa bonita
- rato: ladrão, “trombadinha” - patricinha: garota rica
- dar mala: dispensar - add: adicionar

2.4 Variação situacional: a situação de comunicação da fala e da escrita determina


a escolha pelo nível: formal, com o emprego da língua culta, que obedece à
gramática padrão; informal ou coloquial, em que é utilizada a língua do cotidiano,
sem muitas preocupações com as normas.

8
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Como universitário e futuro profissional, você deve saber a norma culta para:

a) escrever de forma correta o que deseja expressar;


b) entender claramente a fala/escrita de quem usa a norma culta;
c) ampliar suas possibilidades profissionais;

Disponível em: <http://piadavisual.blogspot.com.br/2009/08/ai-vareia.html?zx=d44e344ae9bedd0a>


acesso em 17.fev.2012

d) compreender leis, contratos, avisos escritos na norma culta.

Cada uma das variedades linguísticas pode apresentar-se nas modalidades


oral ou escrita. A fala e a escrita são atividades comunicativas; temos, em ambas, o
uso real da língua. Elas não são dicotômicas, mas complementares.

Marcuschi (2001), ao tratar da passagem da fala para a escrita, ensina que o


primeiro passo para a reescrita, reformulação ou retextualização é a compreensão
do que alguém disse. O autor sugere algumas operações especiais para se fazer a
transformação do texto oral para o escrito. Dentre elas:

- a eliminação de hesitações, repetições, marcadores conversacionais e a


introdução da pontuação e da paragrafação;

- a introdução de reformulações para explicitar; reconstruções de estruturas


truncadas, concordâncias; substituições, com a seleção de novas opções lexicais;
reorganização da sequência argumentativa e condensação de ideias.

Ainda segundo o autor, um texto falado, ao ser passado para a escrita, diminui
de tamanho. Como exemplo, podemos citar uma reunião de condomínio ou da
comissão de formatura. A pessoa encarregada de redigir a ata ouve atentamente o
que foi dito, proposto, discutido e, em seguida, resume tudo isso.

9
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Observe, agora, algumas diferenças entre a língua formal e a língua informal,


tanto na modalidade oral como na escrita:

Língua informal Língua formal

Pronúncia mais descuidada de certas palavras e Maior cuidado com a pronúncia: nós,
expressões: nóis, tá, num vô, cê, estudá. está, não vou, você, estudar.

Colocação pronominal livre: vi ela, me empresta. Colocação pronominal de acordo com a


norma culta.
Uso constante de a gente, em lugar de nós. Uso regular da forma nós.

Uso de truncamentos e expressões características Raro uso dessas expressões.


da fala: né, então, aí, pois é, bem, daí.

Mistura de pessoas gramaticais: Queria te dizer Uniformidade no uso das pessoas


que gosto muito de você. gramaticais: Queria lhe dizer que gosto
muito de você.

Uso “livre” da flexão dos verbos: se ele fazer, se Utilização da flexão verbal conforme as
você vir amanhã, se ele pôr. normas gramaticais: Se ele fizer, se você
vier amanhã, se ele puser.
Repetição de palavras: Vocabulário rico e variado, emprego de
sinônimos.
Emprego de certos verbos de “apoio”: Não emprego desse tipo de verbo.
Daí ela pegou e contou a história para o menino.

Emprego de gírias, neologismos, “palavras Emprego de vocabulário preciso,


muleta”: cara, mano, coisa, algo, tipo, inicializar. específico para cada área do
conhecimento, para cada situação.
Emprego de hipérboles (exageros) e Emprego de vocábulos formais.
onomatopéias: Havia milhões de bois naquele
sítio! Ele subiu no telhado e pumba!

Emprego de locuções verbais desnecessárias e Emprego da forma verbal sem acréscimo


gerundismos: Ele vai pegar e vai acabar fazendo de verbos desnecessários. Ele fará esse
esse projeto. Ele vai poder estar estudando, antes projeto. Ele estudará, antes da última
da última prova. prova.

Algumas vezes, o emprego da variante formal ou informal pode causar um


efeito de sentido não desejado pelo interlocutor. Isso acontece porque um dos
interlocutores pode não conhecer a variante empregada pelo outro.

10
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Disponível em: <http://viicttoriab.blogspot.com.br/2011/04/essa-estrada-q-vai-pra-sao-paulo.html>


acesso em 7. março. 2012

O certo e o errado no uso da língua: não existe uma forma “mais certa” ou
“mais errada” de se falar. A diferenciação do “certo” ou “errado” baseia-se em
critérios sociais e em situações de uso efetivo da língua, em outras palavras, o uso
da língua como instrumento de comunicação, de prática social.

Assim, o objetivo desta unidade é oferecer-lhe mais informações que possam


auxiliá-lo a conhecer a Língua Portuguesa, para que, em todas as práticas sociais,
você a utilize adequadamente, seja falando, seja escrevendo.

11
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

EXERCÍCIOS

1. Um filho dirigiu-se ao pai na hora do almoço, nestes termos: “Meu genitor, venho
respeitosamente solicitar-lhe se digne passar-me o saleiro”. A atitude desse filho
se assemelha à atitude da pessoa que:

a) ( ) vai a um baile de gala de smoking;


b) ( ) vai à praia de terno e gravata;
c) ( ) vai a um jogo de futebol de chinelo, bermuda e camiseta;
d) ( ) usa terno e gravata para falar na Câmara dos Deputados.

2. Observe o texto abaixo que apresenta variação linguística:

Disponível em:<http://blog.educacional.com.br/glaucegram/2010/02/19/variações-linguisticas-
teoria> acesso em 14 março 2012

a) Pelas características da linguagem do texto, onde ele pode ter sido publicado?
Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) Identifique diferenças lingüísticas em relação ao padrão culto.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

12
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

3. Leia o trecho de uma carta de amor escrita por Olavo Bilac a uma senhora:

Excelentíssima Senhora. Creio que esta carta não poderá absolutamente surpreendê-la.
Deve ser esperada. Porque V. Excia. compreendeu com certeza que, depois de tanta
súplica desprezada sem piedade, eu não podia continuar a sofrer o seu desprezo. Dizem
que V. Excia. me ama. Dizem, porque da boca de V. Excia, nunca me foi dado ouvir essa
declaração. Como, porém, se compreende que, amando-me V. Excia., nunca tivesse para
mim a menor palavra afetuosa, o mais insignificante carinho, o mais simples olhar
comovido? Inúmeras vezes lhe pedi humildemente uma palavra de consolo. Nunca a obtive,
porque V. Excia. ou ficava calada ou me respondia como uma ironia cruel. Não posso
compreendê-la: perdi toda a esperança de ser amado. Separemo-nos.

Disponível em: <http://gracindacalado.blogspot.com.br/2008/05/carta-de-amor-n-12-esta-carta-


foi.html> acesso em 25. ag.2012

Observe a variedade linguística empregada por Bilac no início do século XX.


Coloque-se no lugar do autor e reescreva o texto. Empregue uma variedade
linguística comum entre pessoas de sua idade nos dias de hoje.

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4. Leia o texto a seguir, publicado na revista Veja São Paulo, 13, 3 out. 1991.

É MASSA, BROTHER.

Brother, dentro dessa nova edição do Vestibular 500 Testes tem tudo para que o
próximo vestiba role na maior. Só de português são 80 questões, sendo 50 testes e
30 escritas. Fora as questões de física, química, biologia, história, geografia,
matemática e inglês. Ah, tem uma lista de livros e uma série de dicas que você
precisa ficar por dentro antes de encarar os exames. Vestibular 500 testes,
especial do Guia do estudante /Desencana, brother. Vestibular agora é manha.

13
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

O texto é um anúncio publicitário. Reescreva-o, adequando-o às normas da língua


culta. Observe as recomendações de Marcuschi inseridas neste Roteiro.

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

5. Leia o texto abaixo, retirado de Marcuschi (1991, p. 94). De acordo com o autor, o
texto foi coletado por Dino Preti. A gravação secreta realizou-se logo após um
acidente de carro. O falante, de classe média, com ensino médio completo, na faixa
dos 26 anos, produziu a seguinte narrativa:

E capotou. Quer dizer, a frente do carro pegou no primeiro carro; e o segundo ele
ficou debruçadinho assim, saca? Que gracinha! Aí, né, chegaram: “Ô num sei que,
num sei que lá, qué que houve?” Viraram o carro, né? “Cê tá legal, aí? Ô tudo bem,
tudo bem. Que cara! Puta, que barbeiro!” num sei o que. Aí: Ô ajuda a desvirar o
carro aí”. Desviraram o carro, né, e tal e coisa e ele falou: “Pô, deixa eu vê se não
afetou o motor, né”. Ligou o carro, o carro vruuuuuuuuumm, pegou, e ele,
tchibuuuuuuummmmm, queimou o chão, pôs o pé no mundo, né. E foi embora.

A partir do texto oral, chegue a um texto escrito para ser inserido:

a) em um trecho de e-mail que você escreveu a alguém da sua família relatando o


acidente.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) em um jornal, como notícia. O público leitor é adulto culto. Dê um título ao texto.

14
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

6. Considerando o que foi tratado nesta Unidade, as observações do professor, os


comentários durante as aulas, assim como os exercícios anteriores, leia o mural a
seguir, citando exemplos das variedades linguísticas.

MURAL

Disponível em: <http://blog.educacional.com.br/glaucegram/2010/02/19/variações-linguisticas-


teoria> acesso em 14 março 2012

15
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

16
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

UNIDADE 2

GÊNEROS DISCURSIVOS E TIPOLOGIA TEXTUAL

Bibliografia básica:
DIONÍSIO, A.P. (Org.). Gêneros textuais & ensino. 3. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2008.

Leia o texto abaixo e responda:


Com gemas para financiá-los, nosso herói desafiou valentemente todos os risos
desdenhosos que tentaram dissuadi-lo de seu plano. ‘Os olhos enganam’, disse ele, ‘um ovo
e não uma mesa tipifica corretamente esse planeta inexplorado’. Então as três irmãs fortes e
resolutas saíram à procura de provas, abrindo caminho, às vezes através de imensidões
tranquilas, mas amiúde através de picos e vales turbulentos. Os dias se tornaram semanas,
enquanto os indecisos espalhavam rumores apavorantes a respeito da beira. Finalmente,
sem saber de onde, criaturas aladas e bem-vindas apareceram anunciando um sucesso
prodigioso. (Glucksberg & Danks)

a) Quem é nosso herói?


b) Quem se lançou em busca de provas?
c) O que eram as criaturas aladas?
d) Consegue responder a essas questões?

Possivelmente, não.

Isso porque a compreensão efetiva de um texto depende


da possibilidade de relacionar as informações com
conhecimentos prévios, ou seja, conhecimentos que
extrapolam a palavra grafada.
Há dois tipos de conhecimento prévio: o de mundo e o
linguístico.
Conhecimento de mundo: refere-se às experiências de
vida, desde fatos do dia a dia até conhecimentos científicos
adquiridos durante a vida escolar e/ou acadêmica.
Conhecimento linguístico: inclui o conhecimento
gramatical, semântico, textual, pragmático e discursivo.

Gramatical Semântico Textual Pragmático Discursivo

Relativo às Permite Refere-se ao Refere-se ao Diz respeito ao


regras de reconhecer o modo como os reconhecimento gênero do
construção de significado das textos são das intenções discurso em
palavras e palavras. construídos, do autor do questão.
orações, por ao papel dos texto.
exemplo. elementos de
coesão.

Assim, para compreendermos um gênero discursivo e sua tipologia, precisamos


ativar tanto o conhecimento de mundo como o linguístico (conhecimento prévio).

17
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Os gêneros se organizam de modo diferente uns dos outros, dependendo de quem


os produz, do público-alvo, do assunto e da intenção com que são produzidos.
Em nossa sociedade, circulam os mais variados gêneros discursivos que estão
ligados à nossa vida cultural, social, profissional e escolar.

O quadro abaixo apresenta uma possibilidade de agrupamento de alguns gêneros


discursivos, considerando sua função social e suas características:

ÁREA JORNALÍSTICA
Gênero discursivo Portador (veiculo) Função social (objetivo)
NOTÍCIA: conjunto de dados que Portadores de Informar, divulgar, comentar
informam as pessoas de um ampla circulação fatos e/ou acontecimentos.
acontecimento inesperado social: rádio,
televisão, jornal,
revista, internet.
ENTREVISTA: processo de Televisão, jornal, Informar as pessoas
investigação pela qual o entrevistador rádio, revista, sobre algum acontecimento
procura recolher do entrevistado um internet. social ou fazer com que o
conjunto de informações significativas, público conheça as ideias e
relacionadas com o objetivo proposto. opiniões da pessoa
entrevistada.
EDITORIAL / CARTA AO LEITOR: Jornal, revista, Exprimir a opinião do veículo
São textos de revistas ou jornais que internet. de comunicação.
expressam o posicionamento da
empresa sobre algum assunto.
REPORTAGEM: um gênero
jornalístico baseado no testemunho Rádio, televisão, Obter informações de certo
direto dos fatos e situações. O repórter jornal, revista, tema ou assunto e
pode valer-se também de fontes internet. transformar esse tema em
secundárias (documentos, livros, matéria, questionando as
almanaques, relatórios, censo, etc.). causas e os efeitos,
interpretando-os, orientando
os leitores.
ARTIGO DE OPINIÃO: texto em que o Jornal, revista, Persuadir, tentar convencer
autor expõe seu posicionamento internet. o leitor a adotar a opinião
diante de algum tema atual e apresentada.
de interesse de muitos. Deve
apresentar argumentos sobre o
assunto abordado. O escritor expõe
seu ponto de vista; as ideias
defendidas são de responsabilidade do
autor.

18
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

RESENHA: é uma produção textual, Jornal, revista,


Apresentar ao leitor um
por meio da qual o autor faz breve internet.
apreciação a respeito de objeto de natureza cultural:
acontecimentos culturais (como uma um livro, um filme, uma série
feira de livros) ou de obras de TV, etc, e eventos como
(cinematográficas, musicais, teatrais exibições de arte, shows e
ou literárias). concertos.

CARTA DO LEITOR texto pelo qual o Jornal, revista, Expor crítica, apresentar
leitor deixa suas impressões acerca de internet. elogio, expressar alguma
uma matéria com a qual estabeleceu dúvida, sugerir algo acerca
contato. do assunto relatado.

CHARGE: Ilustração cômica que Jornal, revista, Criticar assuntos cotidianos:


satiriza de forma crítica os televisão, livros, política, futebol, economia,
acontecimentos sociais e políticos. Ela internet. ciência, relacionamentos,
é feita ainda à mão para preservar seu artes, consumo, etc.
valor artístico, podendo ser montada
ou retocada por computador.

CARTUM: cartoon ou cartune é um Jornal, revista, Provocar o riso; sendo uma


desenho humorístico acompanhado ou internet. manifestação da caricatura,
não de legenda, de caráter chega-se a ele pela crítica
extremamente crítico, retratando de satírica, irônica e
uma forma bastante sintetizada algo principalmente humorística
que envolve o dia a dia de uma do comportamento do ser
sociedade. humano, dos seus hábitos e
costumes.

ÁREA PUBLICITÁRIA
Gênero discursivo Portador (veículo) Função Social
ANÚNCIO INSTITUCIONAL: toda Mídia impressa Persuadir o ouvinte/leitor
propaganda para divulgar uma (jornais, revistas, da qualidade de suas
mensagem de cunho social, cultural cartazes, folhetos); propriedades;
ou cívico; tem caráter expositivo. mídia eletrônica criar necessidades neles;
(cinema, televisão, convencer a aderir a uma
internet). ideia.
ANÚNCIOS CLASSIFICADOS: Mídia impressa Vender, trocar, alugar um
Recebem o nome de classificados (jornais, revistas, bem ou serviço.
porque são separados por cartazes, prospectos,
categorias. Representam o perfil de folhetos);
compra, venda, aluguel, entre outros. mídia eletrônica
Existem também as seções nas quais (cinema, televisão,
se oferecem vagas de serviços, e internet).
profissionais que se dispõem a
prestar um determinado tipo de
serviço, de acordo com a sua
competência.
19
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

ÁREA INSTRUCIONAL
Gênero discursivo Portador (veículo) Função Social
MANUAL DE INSTRUÇÃO: é Folhetos, livretos Tornar o usuário capaz de
um livro, folheto ou arquivo que fazer alguma coisa.
ensina a operar um objeto,
um equipamento. Muitas vezes o
manual tem imagens, para ilustrá-lo e
ajudar na compreensão.
RECEITA CULINÁRIA: tem como Livro de receita, Ensinar a executar a
objetivo orientar o usuário, por meio folhetos, sites, livretos, receita.
de instruções para que ele seja revistas
capaz de preparar um alimento.
BULA: nome dado ao conjunto de Folheto e outros Serve para os médicos
informações sobre um medicamento reconhecerem as
que os laboratórios farmacêuticos principais substâncias do
devem acrescentar à embalagem de medicamento e decidirem
seus produtos. As informações se ele é indicado ou não a
podem ser direcionadas aos usuários seus pacientes;
dos medicamentos, aos profissionais serve para os pacientes
de saúde ou a ambos. esclarecerem eventuais
dúvidas acerca do
medicamento
REGULAMENTO: estatuto; regra; Folhetos, livretos e Especificar o que pode
preceito. O essencial em um outros. e/ou o que não se pode
regulamento é utilizar uma linguagem fazer dentro de uma
de fácil entendimento. instituição (condomínios)
REGRAS DE JOGO: trazem o passo Folhetos, livretos e Ensinar como jogar.
a passo de como realizar o jogo outros.

ÁREA LITERÁRIA OU FICCIONAL


Gênero discursivo Portador (veículo) Função Social
HISTÓRIA EM QUADRINHOS: Jornais, revistas, Trabalhar valores; defender
quadrinhos, ou gibi, é uma forma de gibis, sites. direitos intelectuais; divertir;
arte que mistura texto e imagens com ensinar.
o objetivo de narrar histórias dos
mais variados gêneros e estilos.
CONTO: obra de ficção que cria um Livros, jornais, Transmitir ensinamentos;
universo de seres e acontecimentos, revistas, material preservar a cultura;
de fantasia ou imaginação. Apresenta didático, antologias. emocionar; entreter; revelar
narrador, personagens, ponto de sentimentos e valores da
vista e enredo. Define-se pela sua época.
pequena extensão; tem uma
estrutura fechada, desenvolve uma
história e tem apenas um clímax.

20
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

POEMA: obra literária geralmente Livros, sites e outros. Entreter; divertir; denunciar
apresentada em versos e estrofes. a realidade; criar um mundo
fictício.
PEÇA TEATRAL: forma literária Revistas, livros, Entreter, criticar, ensinar,
normalmente constituída de diálogos teatro. discutir ideias.
entre personagens e destinada a
ser encenada.
TIRINHA: forma de arte que conjuga Revistas, livros ou Entreter, divertir, criticar,
texto e imagens com o objetivo de em tiras publicadas ensinar.
narrar histórias dos mais variados em revistas e jornais.
gêneros e estilos.

ÁREA CIENTÍFICA E PEDAGÓGICA


Gênero discursivo Portador (veículo) Função Social
VERBETE DE DICIONÁRIO E Dicionários e/ou Explicar um conceito,
ENCICLOPÉDIA: texto escrito, enciclopédias definir uma palavra,
informativo, destinado a explicar um informar, instruir.
conceito. Os verbetes são destinados
à consulta, o que lhes impõe uma
construção discursiva sucinta e de
acesso imediato, Aparecem em ordem
alfabética.
TESE, DISSERTAÇÃO, MONOGRAFIA Impressos, Revelar a capacidade de
apresenta o resultado de investigação sites de instituições seu autor em incrementar
complexa e aprofundada sobre tema acadêmicas, a área de estudo alvo de
mais ou menos amplo, com abordagem revistas científicas. suas investigações; traz
teórica definida. contribuição para a
Tese: Doutorado especialidade em questão.
Dissertação: Mestrado
Monografia: Graduação
ARTIGO CIENTÍFICO: trabalho Periódicos, revistas de Divulgar pesquisas
acadêmico que apresenta resultados divulgação científica. científicas, ensinar,
sucintos de uma pesquisa realizada de Livros, anais de instruir.
acordo com o método científico aceito congressos e
por uma comunidade de seminários.
pesquisadores.
RESUMO: texto que sintetiza o Jornais, revistas, Ensinar, instruir, assimilar
conteúdo de um livro ou texto livros, artigos valores e conhecimentos.
abordando as ideias principais em uma científicos e outros.
quantidade reduzida de palavras.
RESENHA: elaboração de um texto, a Jornais, revistas, Ensinar, instruir, assimilar
partir de livro, documento, CD, DVD, livros, artigos valores e conhecimentos.
peças teatrais, filmes, em que se pode científicos e outros.
realizar uma comparação de seu
assunto ou uma avaliação crítica.

21
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

ÁREA JURÍDICA E COMERCIAL


Gênero discursivo Portador (veículo) Função Social
ATA: resumo escrito, com clareza e Livros próprios, com Relatar fidedignamente
precisão, das deliberações e folhas numeradas. Ou o evento.
resoluções de assembleias, reuniões folhas avulsas que são
ou solenidades. encadernadas.
PROCURAÇÃO: documento público Papel timbrado ou Designar alguém para
ou particular, no qual se designa simples. atuar em nome de quem
alguém para atuar em nome de quem a assina.
a outorga.
CARTA FORMAL: correspondência Papel timbrado Informar, solicitar algo.
que se escreve para uma instituição
pública ou privada, de acordo com
uma estrutura rígida convencionada
que deve ser respeitada.
DECLARAÇÂO e CERTIDÃO: Papel timbrado ou Declarar ou certificar
documento que comprova algo. comum algo como verídico.
ATESTADO: documento escrito, Papel timbrado da Provar, confirmar ou
afirmando ou negando que instituição emitente assegurar a existência
determinada coisa ou algum fato ou inexistência de uma
referente a alguém corresponde à situação de direito.
verdade.

ABAIXO-ASSINADO: tipo de Pode ser feito tanto Pedir, manifestar apoio


solicitação coletiva feita para pedir em papel quanto pela ou queixa de alguém, ou
algo de interesse comum. O internet. para protestar contra
documento é dirigido á autoridade ou algo coletivamente.
pessoa que pode decidir o pedido.
REQUERIMENTO: pedido, verbal ou Escrito: Papel Escrito: pedir algo;
escrito, com as fórmulas legais, no timbrado, pautado ou
qual se solicita algo sobre qualquer não. Verbal: pedir o
assunto, que implique decisão ou levantamento de
resposta. Verbal: representante questões de ordem, a
designado prorrogação da sessão,
o adiamento de
apreciação de matéria,
da ordem do dia ou a
retirada de proposição, a
verificação de votação
ou de presença, etc.
CONTRATO: documento resultante Papel timbrado ou Criar, modificar ou
de um acordo entre duas ou mais comum extinguir direitos.
pessoas que transferem uma para a
outra algum direito ou se sujeitam a
alguma obrigação.

22
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

ÁREA INTERPESSOAL
Gênero discursivo Portador (veículo) Função Social
RECADO: Mensagem curta, oral ou Escritos: papeis Informar, avisar
escrita, para informar sobre algo. comuns ou internet
Oral: mensageiro
CARTA PESSOAL: gênero utilizado Correios Comunicar-se com
na comunicação com parentes, amigos, parentes, cônjuge.
amigos ou cônjuges. Não segue
modelos prontos; sua linguagem é
coloquial.
ANOTAÇÕES: instrumento de Cadernos, agendas, Facilitar o aprendizado, a
produtividade que tem várias bloco de notas, papéis memorização.
aplicações no dia-a-dia, como anotar avulsos.
aulas, seminários, cursos e qualquer
outro evento.

DIÁRIO: anotações de Cadernos, agendas, Fazer anotações de


narrativa diária de experiências blogs. experiências pessoais,
pessoais, organizada pela data das pensamentos e
informações. sentimentos.

CARTÕES DE FELICITAÇÕES: Impressos próprios ou Felicitar alguém ou alguma


cartões contendo mensagens internet instituição em datas
relacionadas à festividade, como por importantes.
exemplo, de Natal, de Debutante, de
Bodas, de Aniversário, entre outros.
BILHETE são mensagens Pequeno papel Avisar sobre o local onde
simples, escritas de forma clara e se está, provável horário
rápida. de retorno, entre outros.

ÁREA ELETRONICO DIGITAL


Gênero Discursivo Portador (veículo) Função social
CHAT/BATE-PAPO Programas de IRC, sítio Conversar em tempo real a
VIRTUAL: conversação web ou mensageiros distância.
em tempo real. instantâneos.
E-MAIL: termo adotado Internet Comunicar-se formal ou
para caracterizar o correio informalmente.
eletrônico.

Internet Ambiente virtual para se inserir


BLOG: diário com espaço fotos, publicar poesias, contos,
de livre fluxo de ideias. para fazer análises políticas,
falar de economia, futebol...
FOTOBLOG: diário de Internet, dispositivos Compartilhar, em tempo real,
compartilhamento de móveis. fotos e imagens em redes
imagens sociais.

23
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Tipos de Ordenação de Textos

Os textos que produzimos nos diferentes gêneros discursivos podem ser


organizados em certas sequências básicas: diálogo, narração, descrição, exposição,
argumentação e injunção. Esses tipos de texto aparecem combinados e
hierarquicamente organizados, mas quando dizemos que um texto, por exemplo, é
narrativo, referimo-nos a seu padrão básico de organização.

Veja o quadro abaixo, que apresenta exemplos dessa classificação:

Tipos de ordenação de Exemplificação


texto
“– Ela me pediu que viesse buscar uns livros. A senhora
1- conversação ou está sabendo?
diálogo – Estou. Já separei os livros de que ela precisa.
(texto conversacional) – Coitada, está estudando muito, não pode nem vir buscar
os livros.

2- narração “Nas últimas férias, meu marido e eu levamos minha tia


para viajar conosco. Ela nunca tinha viajado e por isso se
(texto narrativo) encantava com tudo que via.”

“Simpático, romântico, solteiro.


Autodidata, poeta, socialista.
3- descrição
Da classe de 38, reservista,
(texto descritivo)
De outubro, 22, Rio de Janeiro.”
(Juca Chaves)

4- exposição
“A vitamina C é essencial para o funcionamento do nosso
(texto expositivo) sistema imunológico e responsável pela defesa do nosso
organismo.”
“O amor entre um homem e uma mulher deveria ser a
5- argumentação experiência mais libertadora, construtiva e completa da
(texto argumentativo) vida humana adulta. No entanto, o tipo de união profunda
que leva a essa experiência não é fácil de ser alcançado.”

6- injunção “Vem pra Caixa você também”.


(texto injuntivo) “Beba coca-cola.”

24
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

EXERCÍCIOS
1) Identifique os gêneros discursivos a seguir, seu(s) portador(es), sua função social
e a área a que eles pertencem:
A)

Gênero discursivo Portador Função social Área

B)

Gênero discursivo Portador Função social Área

C)

Gênero discursivo Portador Função social Área

25
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

D)

Gênero discursivo Portador Função social Área

E)
UMA PALAVRA

uma
palavra
escrita é uma
palavra não dita é uma
palavra maldita é uma palavra
gravada como gravata que é uma palavra
gaiata como goiaba que é uma palavra gostosa

Gênero discursivo Portador Função social Área

26
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

F)

Gênero discursivo Portador Função social Área

G)

Gênero discursivo Portador Função social Área

27
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

28
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

UNIDADE 3

ESTRATÉGIAS DE LEITURA

Bibliografia básica:
KLEIMAN, A. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. Campinas, SP: Pontes, 1989.
______. Oficina de leitura: teoria e prática. 6. ed. Campinas, SP, 1998.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

Num primeiro momento, apresentamos, de forma resumida, a postura teórica


de Kleiman (1989, 1998) a respeito da leitura. Para ela, a leitura é uma prática social
que remete a outros textos e a outras leituras. De acordo com a autora, é mediante a
interação de conhecimentos prévios, como o linguístico, o textual e o de mundo que
o leitor consegue construir o sentido do texto. Ela enfatiza o estabelecimento de
objetivos e propósitos claros para a leitura.

Na mesma linha, Solé (1998) vê a leitura como um processo de interação entre


o leitor e o texto; neste processo, o leitor examina o texto com um objetivo e, a partir
de seus conhecimentos prévios, constrói o significado do texto. A autora enumera
alguns objetivos gerais de leitura: ler para:

a) obter uma informação precisa;


b) seguir instruções;
c) conseguir uma informação de caráter geral;
d) aprender;
e) revisar um escrito próprio;
f) praticar a leitura em voz alta;
g) verificar o que se compreendeu;
h) ter prazer.

Kleiman (1989, p. 31-32) relata uma experiência realizada por dois psicólogos
americanos. Os sujeitos deviam ler um texto, com objetivos específicos
diferentes. (Seu/sua professor(a) de Português Instrumental vai estabelecer os
objetivos para os grupos de alunos). Vejamos o texto:

Os dois garotos correram até a entrada da casa. “Veja, eu disse a você que hoje
era um bom dia para brincar aqui”, disse Eduardo. “Mamãe nunca está em casa na
quinta feira”, ele acrescentou. Altos arbustos escondiam a entrada da casa; os
meninos podiam correr no jardim extremamente bem cuidado. “Eu não sabia que a sua
casa era tão grande”, disse Marcos. “É, mas ela está mais bonita agora, desde que
meu pai mandou revestir com pedras essa parede lateral e colocou uma lareira”. Havia
portas na frente e atrás e uma porta lateral que levava à garagem, que estava vazia
exceto pelas três bicicletas com marcha guardadas aí. Eles entraram pela porta lateral;
Eduardo explicou que ela ficava sempre aberta para suas irmãs mais novas entrarem e
saírem sem dificuldade.

29
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Marcos queria ver a casa, então Eduardo começou a mostrá-la pela sala de estar.
Estava recém pintada, como o resto do primeiro andar. Eduardo ligou o som: o barulho
preocupou Marcos. “Não se preocupe, a casa mais próxima está a meio quilômetro
daqui”, gritou Eduardo. Marcos se sentiu mais confortável ao observar que nenhuma
casa podia ser vista em qualquer direção além do enorme jardim.

A sala de jantar, com toda a porcelana, prata e cristais, não era lugar para
brincar: os garotos foram para a cozinha onde fizeram um lanche.

Eduardo disse que não era para usar o lavabo, porque ele ficara úmido e
mofado, uma vez que o encanamento arrebentara.

“Aqui é onde meu pai guarda suas coleções de selos e moedas raras”, disse
Eduardo, enquanto eles davam uma olhada no escritório. Além do escritório, havia três
quartos no andar superior da casa.

Eduardo mostrou a Marcos o closet de sua mãe cheio de roupas e o cofre


trancado onde havia jóias. O quarto de suas irmãs não era tão interessante, exceto
pela televisão com o Atari. Eduardo comentou que o melhor de tudo era que o
banheiro do corredor era seu, desde que um outro foi construído no quarto de suas
irmãs. Não era tão bonito como o de seus pais, que estava revestido de mármore, mas
para ele era a melhor coisa do mundo. (traduzido e adaptado de Pitchert, J &
Anderson, R. “Taking different perspectives on a story”, Journal of Educational
Psychology, 1977, 69).

1- Faça uma lista de 10 informações relevantes, de acordo com o objetivo de


leitura estabelecido pelo(a) professor(a):

___________________________ ___________________________

___________________________ ___________________________

___________________________ ___________________________

___________________________ ___________________________

___________________________ ___________________________

Após essa atividade, apresentamos a você as considerações de Salomon


(2001) sobre a leitura. Para ele, o estudo eficiente depende das técnicas de leitura.
Pesquisas concluíram que o sucesso nas carreiras e atividades do mundo moderno
está em relação direta com o hábito de leitura proveitosa. A pessoa interessada em
se atualizar precisa medir suas possibilidades, saber que espécie de leitor é.

Para ajudar a pessoa a descobrir que tipo de leitor é, Salomon (2001, p. 52-53)
apresenta um quadro com as características do bom e do mau leitor. Mostramos,
nos quadros a seguir, de forma resumida, essas características:

30
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

BOM LEITOR MAU LEITOR

1- Lê com objetivo determinado. 1- Lê sem finalidade.


2- Lê unidades de pensamento. 2- Lê palavra por palavra.
3- Tem vários padrões de 3- Só tem um ritmo de leitura.
comportamento. 4- Acredita em tudo o que lê.
4- Avalia o que lê. 5- Possui vocabulário limitado.
5- Possui bom vocabulário. 6- Não possui nenhum critério
6- Tem habilidades para conhecer o técnico para conhecer o valor do
valor do livro. livro.
7- Sabe quando deve ler um livro. 7- Não sabe decidir se é
8- Discute frequentemente o que lê conveniente ou não interromper
com os colegas. a leitura.
9- Adquire livros com frequência e 8- Raramente discute com colegas
cuida de ter biblioteca particular. o que lê.
10- Lê assuntos variados. 9- Não possui biblioteca particular.
11- Lê muito e gosta de ler. 10- Está condicionado a ler sempre a
12- O BOM LEITOR é aquele que não mesma espécie de assunto.
só lê, mas o que sabe ler. 11- Lê pouco e não gosta de ler.
12- O MAU LEITOR é aquele que
resiste ao hábito de leitura.

Agora que você já descobriu que tipo de leitor é, apresentamos algumas


estratégias de leitura.

3.1 - Leitura global

(para exploração do texto)

Um leitor com certo nível de escolaridade tem conhecimentos prévios (de


mundo, textual e linguístico), que o capacitam a perceber uma série de
informações dos textos apenas com uma “passada de olhos” sobre o texto. Essa
leitura de exploração do texto é uma estratégia muito usada pelo leitor experiente
e deve ser praticada por todos que querem melhorar sua capacidade de
compreensão de texto. (KLEIMAN, 1989)

A leitura global começa com uma exploração do texto que deve resultar em
previsões sobre o conteúdo da interação da informação verbo-visual (fonte, título,
autor, data, sinais gráficos, ilustrações, divisões do texto, legendas, referências),
da leitura rápida de algumas partes e do conhecimento linguístico, textual e de
mundo do leitor.

Faça uma leitura rápida, de reconhecimento, de exploração do texto a seguir,


para buscar as informações solicitadas:

31
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Texto 1

a) Fonte: _________________________________________________________

b) Público- alvo: ___________________________________________________

c) Informações que poderiam estar no texto:


_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

d) Provável objetivo do autor: _________________________________________

e) Variante linguística empregada: _____________________________________

f) Gênero do texto: _________________________________________________

32
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

3.2- Leitura completa

(para exploração das ideias principais e secundárias do texto)

A compreensão do texto melhora significativamente quando o leitor


estabelece objetivos e propósitos claros para a leitura. Isso também pode ser feito
pelo professor que solicita a leitura de um texto.

Leia o texto abaixo, Humanidade, com o objetivo de responder às


perguntas a respeito dos pontos principais do texto:
a) Qual a primeira cena relatada no texto?
b) Qual a segunda cena?
c) Qual a terceira cena?

Humanidade

Cristina Grillo

RIO DE JANEIRO – A cena, exibida no de respeito ao próximo de cabelo em


início da semana no noticiário local e pé.
depois repetida no “Jornal Nacional, Passageiros começam a
não me sai da cabeça. reclamar do fato de o motorista ter
O cadeirante tenta entrar em um parado o ônibus para tentar embarcar o
ônibus equipado com um elevador para cadeirante.
facilitar o acesso. Na primeira tentativa, “Tenho hora, tenho que
o motorista alega não poder ajudá-lo trabalhar”, reclama um. “O senhor não
porque não tem a chave que aciona o pode atrasar a viagem das pessoas
equipamento. que pagaram passagem”, diz outro.
A empresa proprietária do Todos nós temos hora para
veículo deve entender que está trabalhar. Nenhum de nós quer chegar
cumprindo a lei municipal que obriga atrasado. É responsabilidade da
todos os ônibus fabricados a partir de empresa manter o equipamento em
2008 a terem elevador. A lei, afinal, não perfeitas condições de uso e treinar os
estabelece que o motorista deve ter a motoristas para manejá-lo.
chave que o aciona. Mas o egoísmo de quem só se
Na cena seguinte, outro ônibus preocupava, naquele momento, com a
para. O motorista tem a chave, mas própria vida, choca. Não se vê um sinal
não consegue fazer o elevador de solidariedade. Não aparece alguém
funcionar. Tenta uma, duas, três vezes, que se disponha a ajudar a colocar a
mas as engrenagens travam. cadeira de rodas no ônibus – solução
Obviamente ele não recebeu o provisória, sim, mas que mostraria um
treinamento adequado para acionar o pinguinho de preocupação com o outro.
equipamento e não sabe o que fazer. Não se vê sequer uma gota de
O que vem a seguir é de deixar humanidade.
qualquer pessoa que tenha o mínimo Fonte: Folha de São Paulo, 16/03/12

33
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

3.3 – Leitura detalhada

(para desenvolvimento da capacidade de analisar criticamente a


intenção do autor)

A leitura detalhada possibilita ao leitor perceber a importância da análise das


pistas linguísticas e não linguísticas do texto, para inferir a intenção do autor.

Leia o texto A CEIA e responda às perguntas que foram retiradas de:


CARNEIRO, Agostinho D. Texto em construção: interpretação do texto. São Paulo:
Moderna, 1992.

A CEIA

O restaurante era modesto e pouco freqüentado, com mesinhas ao ar livre,


espalhadas debaixo das árvores. Em cada mesinha, um abajur feito de garrafa, projetando
sobre a toalha xadrez vermelho e branco, um pálido círculo de luz.
A mulher parou no meio do jardim.
- Que noite!
Ele lhe bateu brandamente no braço.
- Vamos, Alice... Que mesa você prefere?
Ela arqueou as sobrancelhas.
- Com pressa?
- Ora, que idéia...
Sentaram-se numa mesa próxima ao muro e que parecia a menos favorecida pela
iluminação. Ela tirou o estojo da bolsa e retocou rapidamente os lábios. Em seguida, com
gesto tranqüilo, mas firme, estendeu a mão até o abajur e apagou-o.
- As estrelas ficam maiores no escuro.
Ele ergueu o olhar para a copa da árvore que abria sobre a mesa um teto de
folhagem.
- Daqui não vejo nenhuma estrela.
- Mas ficam maiores.
Abrindo o cardápio, ele lançou um olhar ansioso para os lados. Fechou-o com um
suspiro.
- Também não enxergo os nomes dos pratos. Paciência, acho que quero um bife.
Você me acompanha?
Ela apoiou os cotovelos na mesa e ficou olhando para o homem. Seu rosto fanado
era uma máscara delicada emergindo da gola negra do casaco. O homem se agitou na
cadeira. Tentou se fazer ver por um garçom que passou a uma certa distância. Desistiu.
Num gesto fatigado, esfregou os olhos com as pontas dos dedos.
- Meu bem, você ainda não mandou fazer esses óculos! Faz meses que quebrou o
outro e até agora...
-A verdade é que não fazem muita falta.
- Mas a vida inteira você usou óculos.
- Pois é, acho que agora não preciso mais.
-Nem de mim.
-Ora, Alice...

TELLES, Lygia Fagundes. Antes do baile verde. 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 143-
144.

34
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

1- Um texto narrativo se estrutura sobre uma série de elementos fundamentais: o


quê (o fato), quem (os personagens), onde (o lugar), quando (o tempo), como (o
modo) e por quê (a causa).
Qual desses elementos é o motivo do primeiro parágrafo?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2- Ao descrever o restaurante, o narrador o caracteriza inicialmente com duas


qualidades. Quais? Qual delas é explicitada no texto? Por que a outra não é?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3- Que elementos do restaurante dão ao cenário um tom melancólico?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4- Na linha 4, o autor introduz outro elemento narrativo. Qual?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

5- Qual o estado de espírito dos dois personagens? Justifique com apoio de termos
do texto.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

6- A primeira frase de Alice (-Que noite!) tem sentido positivo ou negativo? Justifique
sua resposta.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

7- Quais as possíveis explicações para o fato de os personagens preferirem um local


menos iluminado?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

8- Alguns gestos traduzem significados. Indique, por exemplo, o significado de:


35
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

“olhar ansioso para os lados” (l. 19) e “fechou-o com um suspiro”. (l. 19-20).
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

9- A palavra também, usada pelo homem, indica que, além dos pratos, ele não
enxergava algo mais. O quê?
___________________________________________________________________

10- Como o narrador demonstrou a pressa do homem?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

11- Indique uma possível razão para a pressa do homem.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

12- Justifique com duas razões diferentes o fato de o homem agitar-se na cadeira.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

13- Qual o significado do gesto de esfregar os olhos?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

14- Como o narrador demonstra a intimidade que existe ou existiu entre os dois
personagens?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

15- O que demonstra a difícil relação entre os dois personagens?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

16- No decorrer do texto, o narrador lançou mão da linguagem gestual para indicar
sentimentos dos personagens. Qual o significado das seguintes frases:

36
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

“Ela arqueou as sobrancelhas”.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
“Ela apoiou os cotovelos na mesa”.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

“Ele encolheu os ombros”.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

17- Na frase: “A mulher parou no meio do jardim”. Que diferença de sentido haveria
se, em lugar de parou, o texto trouxesse estancou?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

18- “Ele lhe bateu brandamente no braço”. Há uma contradição aparente entre bateu
e brandamente. Que verbo poderia ser usado em lugar de bater a fim de que tal
contradição desaparecesse?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

19- “Você me acompanha?”. Que sentido tem o verbo acompanhar nessa frase?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

20- Qual seu significado nas frases a seguir?

- Eu não acompanho novelas de televisão _________________________________

- Eu vou acompanhar você até a sua casa _________________________________

37
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

38
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

UNIDADE 4

AMBIGUIDADE – PARALELISMO
Bibliografia básica:
MORENO, C.; GUEDES, P. C. Curso básico de redação. 6.ed. São Paulo, Ática, 1991.

Ao escrever um texto, pode acontecer de uma frase ficar ambígua. Ela é


ambígua quando dá margem a mais de uma interpretação.
Na publicidade, a frase ambígua é considerada uma qualidade, pois é proposital.
Veja um exemplo:

Disponível em:<http://blog.educacional.com.br/glaucegram/2010/02/19/variações-linguisticas-
teoria> acesso em 14 março 2012

A propaganda apresenta uma frase que pode ter dois significados:


a) O dicionário Aurélio é muito bom.
b) O dicionário Aurélio é bom para quem é “burro”.

A imagem também pode ser ambígua. Observe:

Disponível em: < http://www.google.com.br/imgres?> acesso em 11 abril 2012-04-25

O que você vê aí?

39
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Observe alguns exemplos de frases com ambiguidade:

1- João ficou com Mariana em sua casa.


- Na casa de quem: de João ou de Mariana?

2- Levaram o computador da sala que eu usava.


- Usava o computador ou a sala?

3- Pedro perguntou ao amigo se ele havia recebido o convite para a festa.


- Quem havia recebido: Pedro ou o amigo?

4- Maria recebeu da professora um volume do seu livro preferido.


- Livro preferido de quem: de Maria ou da professora?

EXERCÍCIOS

Identifique a ambiguidade e escreva os dois sentidos possíveis.

1- Crianças que comem chocolate com frequência ficam doentes.


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2- Nós vimos o incêndio da casa.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

3- O policial deteve o suspeito do crime em sua casa.


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

4- Comprei uma televisão por meio do site da firma, que logo depois apresentou
problemas.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
40
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

5- O político falou da reunião na prefeitura.


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

6- Há cinco meses ela espera o primeiro filho do marido, que mora no exterior.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

7- João encontrou o ladrão em seu quarto.


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

8- Observe o anúncio.

Disponível em:<http://blog.educacional.com.br/glaucegram/2010/02/19/variações-linguisticas-
teoria> acesso em 14 março 2012

A fala do personagem Cebolinha apresenta ambiguidade. Se substituirmos


a palavra celta por certa, o efeito de sentido seria o mesmo? Justifique:
_________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

41
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

PARALELISMO

O princípio do paralelismo baseia-se em que a ideias semelhantes


correspondem estruturas similares. Elementos coordenados, por terem o mesmo
valor, devem apresentar a mesma forma. O paralelismo ajuda a tornar a frase
gramaticalmente clara. Quando isso não acontece, quebra-se a harmonia estrutural.
Vejamos exemplos de paralelismo, retirados da Constituição Federal.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

Observe que os cinco fundamentos informados no artigo 1º são constituídos por


artigos definidos mais substantivos, deixando-os paralelos.

Isso também acontece no artigo 2º da Constituição.


Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

Observe que os quatro objetivos fundamentais são constituídos por verbos no


infinitivo, o que deixa a frase com paralelismo.
Na propaganda, há a presença do paralelismo:

Disponível em: <http://se.quebarato.com.br/aracaju/terral-comunicacao-propaganda-e-marketing-


politico-aracaju-se__6527D8.html> Acesso em 25 abril 2012

42
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Vejamos alguns exemplos de falta de paralelismo:

1- Aquela moça passa os dias estudando e nas compras.

O verbo estudando, no gerúndio, não está paralelo com o substantivo


compras. Temos duas opções para deixar a frase correta quanto ao paralelismo:
- Aquela moça passa os dias estudando e comprando.
- Aquela moça passa os dias nos estudos e nas compras.

2- Quando viajou, ele visitou Portugal, Itália e sua prima.

A expressão de parentesco sua prima recebeu, incorretamente, o mesmo


tratamento que os países Portugal, França e Itália, como se fosse o último item de
uma série de quatro elementos equivalentes. A construção correta da frase é:
Quando viajou, ele visitou Portugal e Itália. Aproveitou para visitar sua prima.

3- Eu desejo sua vinda e que tragas minha encomenda.

Não há possibilidade de se escrever e que na segunda oração, se não há um


quê na oração anterior. A construção correta é:
- Eu desejo que venhas e que tragas minha encomenda.

4- Na propaganda:

Disponível em: <http://spfcpedia.blogspot.com.br/2010/11/propaganda-rainha.html> acesso em 25


abril 2012

43
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

EXERCÍCIOS

Corrija as frases a seguir, observando o paralelismo:

1- Meu amigo gosta de conversar e de televisão.


___________________________________________________________________

2- É preciso ler o livro e que você faça o resumo.

___________________________________________________________________

3- O que mais procuro é ser honesto e lealdade.

___________________________________________________________________

4- Pessoas aprendem muito quando escrevem e como leitores de bons livros.

___________________________________________________________________

5- Eu passo o dia todo na biblioteca e estudando na faculdade.

___________________________________________________________________

6- O preço de um avião é diferente de um carro.

___________________________________________________________________

7- O presidente negou estar a inflação descontrolada e que a população mostrou


preocupação com isso.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

8- Encontramos dois tipos de alunos: os que estudam todos os dias e os que


procuram estudar só na hora da prova.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

9- Ele afirmou ser o fumo prejudicial e que a bebida faz mal à saúde.

___________________________________________________________________

10- Para se inscrever no concurso é preciso: levar cópia do RG, 2 fotos e pagamento
da taxa de inscrição.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

44
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

UNIDADE 5

COESÃO TEXTUAL

Bibliografia básica:
FÁVERO, L.L. Coesão e coerência textuais. 9.ed. São Paulo: Ática, 2002.
KOCH, I. G. V. A coesão textual. 14. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

O texto é uma unidade básica de sentido, em que cada elemento linguístico


(palavra, frase, parágrafo) se relaciona, direta ou indiretamente, com todos os
outros. A coesão textual resulta das articulações gramaticais existentes entre as
palavras, orações, frases, parágrafos e partes maiores de um texto que garantem
sua conexão seqüencial. Denominamos mecanismos de coesão as pistas que nos
fazem interligar o que se segue ao que foi dito antes; interpretar como são
relacionadas pelo sentido, palavras, partes de frases ou frases; agrupar, organizar e
hierarquizar idéias.

Para estabelecer a coesão, realizamos dois movimentos:

a) Um desses movimentos é o de remissão ou referência a elementos do próprio


texto ou da situação enunciativa.
- Os principais meios de coesão por remissão são:
a) repetição de palavras;
b) substituição de uma palavra ou expressão por outra de sentido equivalente ou
semelhante;
c) pronomes.

Veja, no texto abaixo, como o antropônimo Fernanda Montenegro é retomado ao


longo do texto pela expressão nominal (a atriz) e pelos pronomes que e ela:
“O sucesso de Central do Brasil virou pelo avesso a vida de Fernanda Montenegro. De
repente, a atriz que se habitou a ser chamada de grande dama do teatro brasileiro – título
que considera bobo – passou a ser a sensação das telas. Ela já se havia destacado em
filmes como “ A Falecida” e “ Eles não usam black-tie”, este premiado no Festival de
Veneza, mas nenhum deles alcançou a projeção de Central. Para promover o filme, ela vem
fazendo uma maratona de viagens pelo mundo, orquestrada pela Sony Classics,
encarregada de distribuir Central do Brasil nos mercados internacionais.” (fragmento)

Fonte:VEJA. São Paulo: Abril, ed. 1582, ano 32, nº4, p.147, 27 jan.1999

Observe, no exemplo que segue, a concordância, tanto verbal quanto nominal,


como elemento de coesão: não só o verbo faz referências ao substantivo, que
funciona como sujeito, como também os adjetivos ligados ao substantivo-sujeito:

“As piadas que um país faz sobre si mesmo deveriam merecer profundas análises,
talvez fossem mais reveladoras que caríssimas enquetes e vastos tratados analíticos.
Narradas nos intervalos dos coquetéis e jantares, funcionam como recreio, discurso
cômico e crítico.
Fonte: SANT’ANNA, A.R. de. Política e paixão. 2.ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1984

45
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

b) O outro movimento é o de progressão, que nos permite estabelecer relações


lógicas entre as ideias do texto. As conjunções ou articuladores trabalham para a
progressão das ideias de um texto.
A articulação das ideias se faz considerando o significado resultante das
interligações dos termos, orações e frases. As palavras podem expressar, por seu
valor semântico, relações de causa, conseqüência, finalidade, conclusão, etc.

Observe, no quadro abaixo, alguns articuladores e a função que podem exercem na


coesão textual:
Indicadores de Oposição, mas, porém, todavia,contudo,entretanto,no
Contraste entanto, ao contrário, etc.
Indicadores de Adição, e, também, nem, não só...mas também, além de, além disso,
Continuação ainda, tanto...como, etc.
Indicadores de embora, ainda que, mesmo que, se bem que, mesmo, apesar
Concessão de, etc.
portanto, então, assim, logo, por isso, pois, por conseguinte, de
Indicadores de Conclusão
modo que, em vista disso, etc.
Indicadores de da mesma forma, semelhantemente, tanto...quanto, mais...(do)
Comparação, que, menos...(do) que, tal qual, assim também, do mesmo
Semelhança modo, por analogia, em analogia a, como, assim como, etc.
se, caso, contanto que, a não ser que, desde que, a menos que,
Indicadores de Condição
etc.
Indicadores de
ou...ou, ora...ora, etc.
Alternância
Indicadores de
Por exemplo, como exemplo, etc.
Exemplificação
Indicadores de
a fim de, a fim de que, com o intuito de, para, para que, com o
Finalidade, Intenção,
objetivo de, com o propósito de, etc.
Propósito, Mediação
Indicadores de Causa e porque, visto que, em virtude de, já que, uma vez que, devido a,
Consequência – ou por motivo de, graças a, em decorrência de, por causa de, por
Explicação consequência, por conseguinte, etc.
Indicadores de Proporção à proporção que, ao passo que, tanto quanto, tanto mais, etc.
Indicadores de
Segundo, conforme, como, de acordo com, etc.
Conformidade
Indicadores de Tempo quando, mal, nem bem, assim que, logo que, no momento em
(simultâneo, anterior, que, agora, desde que, antes, depois, pouco antes, pouco
posterior, contínuo ou depois, logo depois, nesse meio tempo, enquanto, à medida
progressivo) que, sempre que, etc.
Indicadores de Lugar lá, aqui, ali, acima, abaixo, etc.
Indicadores de Dúvida Talvez, possivelmente, é provável, etc.
Indicadores de Certeza certamente, sem dúvida, com toda certeza, por certo, etc.
Em suma, em síntese, enfim, em resumo, dessa forma, assim,
Indicadores de Resumo,
dessa maneira, a hipótese acima aventada, fazendo um balanço
Recapitulação
do que foi discutido até o momento, etc.
Indicadores de Em primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente, primeiro,
Prioridade, Relevância acima de tudo, sobretudo, etc.
Indicadores de Correção, Isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras, ou melhor, de
Redefinição,Rearfimação fato, pelo contrário

46
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

EXERCÍCIOS
1- Identifique o termo a que cada um dos vocábulos gramaticais abaixo, em
destaque, faz referência:
a) “Combustíveis – O governo promete que não haverá reajuste. Mas isso não
depende muito dele, pois o Brasil ainda importa uma parte do petróleo que
consome.” ( Fonte:VEJA 1582,1999 p.45.)

isso:___________________________________________________________

(d) ele:_________________________________________________________

que:___________________________________________________________

b) “Da minha janela eu vejo dois homens. Eles agora se ajeitaram no degrau de
terra defronte ao lixo na ribanceira. Aquele que tem nas mãos uma arma,
limpa-a com uma flanela. Digo a mim mesmo: limpam a arma como nós
limpamos o carro nos fins-de-semana. A arma lhes é familiar, não os
ameaça.” (fragmento adaptado).
Fonte:SANT’ANNA, A. R. de. Porta de colégio e outras crônicas. São Paulo: Ática,1995.

eles:____________________________________________________________

a:______________________________________________________________

lhes: ___________________________________________________________

os: ____________________________________________________________

c) (Faap-SP) “Ouvindo-te dizer: eu te amo,


creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
E no seguinte
Como sabê-lo?”

O pronome o refere-se a : ____________________

3-Indique a função dos articuladores em destaque nos textos abaixo:

3.1- Xampu serve para maquiar imperfeições, mas não trata. Assim, não espere
que um xampu de melhor qualidade vá, por si só, restaurar o viço do cabelo.
Para recuperar um cabelo danificado, só cortando e deixando crescer de novo.
mas:_________________________________________________________

assim: _______________________________________________________

para:_________________________________________________________

47
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

3.2- Paulo ainda vai aos encontros do grupo porque não se considera curado.
ainda:________________________________________________________

porque:_______________________________________________________

3.3- A maioria dos jovens vai a esses lugares apenas para se divertir e encontrar
amigos. Uma boa parte, no entanto, acaba viciada em jogo.
apenas:__________________________________________________________
no entanto:_______________________________________________________

4-(PUC-SP) No período: “Da própria garganta saiu um grito de admiração, que Cirino
acompanhou, embora com menos entusiasmo”, a palavra em destaque expressa
uma relação de:
a) explicação b) concessão c) comparação d) modo e) consequência

5- “Podemos falar qualquer coisa: estou absolutamente calmo.”


Os dois pontos do período poderiam ser substituídos pelo articulador:
a) e b) portanto c) logo d) pois e) mas
A ideia que esse articulador traz a frase é de ____________________________

6- Que sentido o articulador mas, que introduz a conclusão do conto, indica:


“Todos os dias esvaziava entregava ao mar.
uma garrafa, colocava Nunca recebeu resposta
dentro sua mensagem, e a Mas tornou-se alcoólatra.

7- Preencha as lacunas com conectivos adequados:

a) No segundo semestre, os franceses deverão modificar sua Constituição


_______ introduzir o conceito de proteção ambiental. _______ a proposta do
presidente Jacques Chirac for aprovada sem grandes modificações, estará
assegurado o direito a um ambiente equilibrado, saudável e protegido. O texto
torna a proteção ambiental “norma que se impõe a todos, poderes públicos,
jurisdições e sujeitos de direito”. O projeto também consagra o chamado
princípio da precaução, __________, a noção de que, ____________ houver
dúvida, __________ pequena, sobre os efeitos de uma determinada medida,
deve-se sempre optar pela solução que resguarde o meio ambiente.

48
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

b) Desde o início da civilização, o homem tinha consciência de quanto ele


dependia da água para viver, __________ não sabia exatamente por que a
água era tão imprescindível. _________ ela adquiriu uma conotação divina
para os povos da Antiguidade. __________, ao longo do tempo, o
desenvolvimento da ciência trouxe a desmistificação da água, que passou a ser
vista como fonte de higiene e saneamento, melhorando as condições de saúde
da população. ______________ a ciência forneceu o entendimento, o respeito
pela água e a preocupação com a sua preservação se esvaneceram.
_____________ o homem não readquirir a consciência de que a água é vital e
está se tornando cada vez mais escassa por causa da sua atitude predatória, o
próprio futuro da humanidade estará ameaçado.

8- Nos períodos abaixo foi empregado o pronome "onde". Em alguns deles, esse
emprego é inadequado. Assinale as alternativas em que ocorre o problema e
reescreva o trecho de modo a saná-lo.

(a) A literatura médica de vários países serviu de base para uma pesquisa, onde o
resultado mostrou que dois terços dos cegos do mundo estão concentrados na
Índia, China e na África.
(b) Para as crianças de países pobres, onde as condições de saúde são precárias,
o risco de cegueira é dez vezes maior comparativamente ao risco de cegueira
que correm as crianças de países ricos.
(c) Após mais de uma década de controvérsia, os artefatos da caverna sul-
africana, onde se encontram também ossadas humanas, já estão sendo
aceitos como a mais antiga evidência de que o homem surgiu na África.
(d) Talvez por conta de um maior número de pobres, o Nordeste é a região do país
onde as marcas dos produtos estão menos presentes nas cabeças das
pessoas.
(e) Aqueles produtos da pesquisa Top of Mind onde as marcas estão mais
presentes nas cabeças femininas são margarina, chocolate e desodorante.
(f) Para a Unilever Brasil, fabricante do produto, é mais do que razão para
comemorar, já que o Brasil é o país onde mais se vende Omo no mundo.

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

49
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

50
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

UNIDADE 6

COERÊNCIA TEXTUAL
Bibliografia básica:
ABREU, A. S. Curso de Redação.São Paulo: Ática, 2004.
FÁVERO, L.L. Coesão e coerência textuais. 9. ed. São Paulo: Ática, 2002.
KOCH, I. G. V. A coerência textual. 15. ed. São Paulo: Contexto, 2003.

A coerência é a ligação semântica (sentido), é o resultado da articulação das


idéias de um texto. Há coerência num texto quando não há contradição de ideias,
quando suas palavras e frases compõem um todo significativo para os
interlocutores.
Abreu (2004, p.42) apresenta uma situação em que os elementos
contextualizadores – data, local, assinatura, elementos gráficos, que “ancoram” um
texto em uma situação comunicativa determinada – são decisivos para o
estabelecimento do sentido. Diz ele:

“Imagine o seguinte texto contextualizado de duas maneiras diferentes:


Hoje, eu, o rei, convido todos a comparecer em massa, para assistir ao massacre de Israel.
assinado: Imperador Tito, Jerusalém, ano 70
assinado: Pelé, Rio de Janeiro, 1995.”

No primeiro caso, teríamos o relato de um fato relacionado à história do povo


judeu. No segundo, um prognóstico sobre um jogo de futebol, envolvendo duas
seleções.
Mas a coerência de um texto depende também do nosso conhecimento de
mundo. Alguém que não conheça a história de Roma, da ocupação da Judeia pelos
romanos e a sua destruição pelo imperador Tito, terá mais dificuldades para
entender a primeira contextualização.

Entretanto, a par desses fatores, parece inegável que um texto deva ter
algumas qualidades que garantam a coerência. Um estudioso francês (Michel
Charolles) propôs quatro princípios responsáveis pela coerência textual. Tratemos
aqui de três desses princípios, já que o primeiro diz respeito à coesão, que já vimos
anteriormente.

1. Princípio da progressão: para ser coerente, um texto deve apresentar


informações novas.
2. Princípio da não-contradição: em um texto coerente, o que se diz depois não
pode contradizer o que se disse antes ou ficou pressuposto.
3. Princípio da relação: o conteúdo de um texto coerente deve ser adequado a
um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis.

Vejamos alguns casos de textos em que esses princípios não foram observados.

51
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Texto 1 - Trata-se de um texto que circulou pela Internet, aparentemente verídico,


retirado de uma prova ou trabalho de aluno. O professor considerou a resposta
meio certa.

Pergunta do professor: Todas as células, a partir da célula que sofre mutação serão
anômalas? Justifique sua resposta.

Resposta do aluno: Não, porque umas são anômalas e outras não. Se algumas células
são anômalas e algumas não são, conclui-se que nem todas são anômalas, já que não são
todas que apresentam anomalia. Se não são todas que apresentam anomalias, não se
pode dizer que todas são anômalas. E vice-versa.

Texto 2
João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina árida, cuja frente
dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o horizonte,
uma planície coberta de areia. Na noite em que completava 30 anos, João, sentado nos
degraus da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e observava como a
sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que
descia para sua casa. As árvores e as folhagens não lhe permitiam ver distintamente;
entretanto, observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que o
visitante era seu filho Guilherme, que há vinte anos tinha partido para alistar-se no exército
e, em todo esse tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai,
desmontou imediatamente, correu até ele, lançando-se nos seus braços, e começou a
chorar.

Exercícios
(Este exercício foi retirado de Abreu (2004, p.45-47). O que está marcado com
asterisco foi acrescentado.

1. Identifique, em cada um dos textos a seguir, a incoerência:


a) *Estamos tentando explicar como as coisas estão, e elas estão como elas estão.
Algumas coisas vão bem e outras obviamente não vão bem. Você tem dias
bons e dias ruins. No caminho da democracia este é um momento, e teremos
outros momentos. E serão bons momentos e momentos não tão bons. (Donald
Rumsfeld, ex-Secretário de Defesa dos EUA. Veja, 14/04/2004, n. 15, edição
1849, p. 43)
___________________________________________________________________

b) É realmente apropriado que nos reunamos aqui hoje, para homenagear


Abraham Lincoln, o homem que nasceu numa cabana de troncos que ele
construiu com suas próprias mãos. (Político, em um discurso, homenageando
Lincoln)
___________________________________________________________________

52
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

c) Damos cem por cento na primeira parte do jogo e, se isso não for suficiente, na
segunda parte damos o resto. (Yogi Berra, jogador norte-americano de
beisebol, famoso por suas declarações exdrúxulas)
___________________________________________________________________

d) Mantle rebate com as duas mãos por que é anfíbio. (Idem)


___________________________________________________________________

e) Encontrando um milhão de dólares na rua, eu procuraria o cara que o perdeu e,


se ele fosse pobre, devolveria (Idem)
___________________________________________________________________

f)... considerando etc., etc., este Conselho resolve: a) que uma nova cadeia seja
construída; b) que a ;nova cadeia seja construída com os materiais da velha cadeia;
c) que a velha cadeia seja usada até que a nova esteja pronta. (Resolução da
Junta dos Conselheiros, Canto, Mississipi, 1800)
__________________________________________________________________________

g) Por que judeus e árabes não podem se reunir e discutir a questão como bons
cristãos? (Arthur Balfour, estadista britânico, primeiro-ministro e ministro do
Exterior)
___________________________________________________________________

2- A seguir, há mais um texto, leia-o e responda: ele é coerente ou incoerente?


Justifique sua resposta com elementos do texto:

“Os pesquisadores recomendam aos dentistas o uso de luvas, óculos de proteção e outras
precauções no tratamento de qualquer paciente devido à abundância de microorganismos a
que são expostos. Segundo John Molinari, diretor da faculdade de Odontologia da
Universidade de Detroit (EUA), os dentistas não devem tratar todos os seus pacientes como
se fossem potencialmente contagiantes”. (Folha de S.Paulo, 27/11/ 1988)

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

53
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

54
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

UNIDADE 7

REDAÇÃO ACADÊMICA
Bibliografia básica:
ABDALA, Joel; ALMEIDA, Ivete Batista da Silva. Manual de Redação de Trabalho de Conclusão de
Curso. Taubaté: Departamento de Ciências Sociais e Letras, Universidade de Taubaté, 2008.

7.1 CAPA

Deve conter o nome da instituição, todo em maiúsculas, no alto da folha,


centralizado, tamanho 14, negrito. Em seguida, o nome do autor, ou autores, todos
centralizados, em tamanho 14, letras maiúsculas e minúsculas, negrito. Depois o
título, centralizado, todo em maiúsculas, tamanho 16 e o subtítulo, se houver, em
maiúsculas e minúsculas, negrito. Embaixo vem o nome da cidade, em maiúsculas e
minúsculas, um hífen, seguido da unidade da federação e na linha de baixo, o ano,
todos com destaque em negrito.
Utilizar os tipos Times New Roman (tamanho 12) ou Arial (tamanho 11), e
obedecer à ordem do exemplo mostrado. Observe que não se usa ponto final após
o título do trabalho.
Na página seguinte, apresentamos o modelo de capa, para que você se
habitue a elaborar todos os seus trabalhos Acadêmicos, de acordo com as normas
adotadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Deixe a capa
para seus trabalhos de resumos resenhas, relatórios, já pronta em seu computador.

7.2 FOLHA DE ROSTO

Deve conter o nome do autor, ou dos autores, no alto da folha, centralizado,


tamanho 14, negrito, em letras maiúsculas, menor que o título.
No meio da folha, centralizado, negrito, vem o título do trabalho, todo em
letras maiúsculas. Se houver subtítulo, virá em letras maiúsculas e minúsculas.
Tamanho da letra: 16.
Depois do título, numa entrada à direita (9cm da margem esquerda), a
natureza e o objetivo do trabalho e também o nome do professor orientador, em
letras tamanho 12, normal, (sem destaque), espaçamento simples. Para fazer essa
entrada à direita, digite o texto normalmente, do lado esquerdo, selecione-o, e vá
para Formatar, Parágrafo. Coloque 9 cm em esquerdo, mande justificar, com
espaçamento simples, e clique em OK. Pronto! Fica perfeito.
Embaixo da folha, o nome da Instituição, em letras maiúsculas; na linha
seguinte, cidade, em letras minúsculas e maiúsculas, seguida de hífen e unidade da
federação; na próxima linha, ano. Todos centralizados, tamanho 14, negrito, menor
que o título.
Observação: Na folha de rosto e na capa, mantenha o espaçamento simples.
Não se esqueça de que não se usa ponto final depois de títulos.
Nas páginas a seguir, apresentamos sugestões de capa e de folha de rosto.

55
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

INSTITUIÇÃO

Nome do Autor
(letra tamanho 14 a 16, negrito) menor que o título

TÍTULO DO TRABALHO: subtítulo (se houver)


(letra tamanho 16 a 20, negrito)

Taubaté – SP
2013
(letra tamanho 14 a 16, negrito, menor que o título)

56
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Nome do(s) Autor(es)


(letra tamanho 14 a 16, negrito) menor que o título

TÍTULO DO TRABALHO: subtítulo (se houver)


(letra tamanho 16 a 20, negrito)

Resumo apresentado ao Departamento de -------


---------------------da Universidade de Taubaté,
como parte dos requisitos para nota do segundo
semestre.
Prof. ou Profª (titulação e nome)
(letra tamanho 12 – recuo = metade da distância entre as
margens; 9 cm da margem esquerda)

INSTITUIÇÃO
Taubaté - SP
2013
(letra tamanho 14 a 16, negrito, menor que o título)

57
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

7.3 REFERÊNCIAS

Bibliografia básica:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:2002. Informação e documentação –
referências – elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

Saber fazer uma referência bibliográfica é muito importante para o aluno, uma vez
que é preciso sempre fazer citação dos autores que estão embasando nossos trabalhos
de pesquisa.
No quadro que segue, você encontra algumas orientações para fazer as referências
em seus trabalhos. Leia-as com atenção e procure sempre aplicá-las em seus trabalhos
acadêmicos. Lembre-se de que a omissão de um autor ou autores em um trabalho
científico é plágio, o que é crime.

PARA COMO SE FAZ EXEMPLO


SOBRENOME, nome do
Livros com primeiro autor;
até três SOBRENOME, OLIVEIRA, J. P.; MOTTA, C. A. Como
autores nome do segundo autor. escrever melhor. 6. ed. São Paulo:
Título. Número da edição. Publifolha, 2000.
Local de publicação:
Editora, ano de publicação.
Cita-se apenas um deles,
Livros com seguido da expressão et al. MAZZON, J. A. et al. Marketing:
mais de três Mantêm-se as demais aspectos quantitativos. São Paulo:
autores informações. Atlas, 1983.

SOBRENOME, nome do ABREU, A. S. Curso de Redação. São


autor.Título. Número da Paulo: Ática, 2004. p. 30-40.
edição. Ou
Capítulo ou
Local de ublicação:Editora, LOPES-ROSSI, M. A. G. A produção
parte de livro
Ano de publicação. Páginas de texto escrito com base em gêneros
inicial e final. discursivos. In: SILVA, E. E. R. da.
(Org.). Texto & Ensino. Taubaté:
Cabral Editora Universitária, 2002. p.
133-148.

NOME DA ENTIDADE, local ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


Normas da sede.Título. Local de NORMAS
nacionais e publicação, ano de TÉCNICAS – ABNT, Rio de Janeiro.
internacionais publicação. NBR 10522 –
Abreviação na descrição bibliográfica.
Rio de Janeiro, 1988.

58
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

SOBRENOME, nome do
Artigo
autor. BAGNO, M.; RANGEL, E. de O.
assinado
Título do artigo. Nome da Tarefas da Educação lingüística no
em revista
Revista, local de publicação, Brasil. Revista Brasileira de Lingüística
número da publicação, Aplicada, Belo Horizonte, UFMG v.5,
número do fascículo, n.1, p.63-82, 2005.
páginas inicial e final, mês e
ano.
SOBRENOME, nome do
Artigo autor. MASCARENHAS, M. das G. Sua safra,
assinado Título do artigo. Nome do seu dinheiro. O Estado de S. Paulo,
em jornal jornal, local de publicação, São Paulo, 27 set. 1998. Suplemento
dia, mês e ano. Agrícola, p. 14-16.
Número ou título do
caderno, seção ou
suplemento, páginas inicial
e final.
TÍTULO DA MATÉRIA (As
primeiras palavras COMO NÃO SE SENTIR perdido
Matéria de
significativas depois de perder os documentos do
jornal
em letras maiúsculas). automóvel. O Globo. Rio de Janeiro, 9
ou
Nome da revista ou jornal. jan. 2002. Suplemento Carro, p. 3.
revista
Local de publicação, dia,
mês e ano.
Número ou título do
caderno, seção ou
suplemento.
Páginas inicial e final.
SOBRENOME, nome do ALMEIDA, I.B.S. O Olhar de Quem
autor. Faz: A participação do Operariado
Dissertação e Título: subtítulo, ano, folhas. Paulista na Revolução
tese Tipo de trabalho – Constitucionalista de 1932. 1999, 189
Faculdade f. Dissertação (Mestrado em História
ou Escola, Universidade, Social) – Faculdade de Filosofia,
local. Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, São
Paulo, 1999.
NOME DO LOCAL (país, BRASIL. Medida Provisória 1.569-9 de
Leis, decretos estado ou município). 11 de Dezembro de 1997. Estabelece
e portarias Especificação da legislação, multa em operações de importação e
número e data. Ementa. dá outras providências. Diário Oficial,
Indicação da publicação Brasília, DF, 14 dez. 1997. Seção 1,
oficial. p.29514.
SOBRENOME, nome do
Informações
autor. SILVA, M.M.L. Crimes da Era Digital.
com autoria
Título do trabalho. Disponível em:
obtidas
Disponível <http//www.brazilnet.com.br/contexts
na Internet
em: nome do site e arquivo). /brasilre- vistas.htm>. Acesso em: 28
(site)
Acesso em: (dia, mês e ano nov. 1998.
da consulta).

59
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Informações NOME DA INSTITUIÇÃO. GRUPO INDEPENDENTE DE


obtidas Disponível em: (nome do PORTUGUÊS.
em sites, site e arquivo). Acesso em: Disponível em:
sem autoria (dia, mês) e ano da http://www.grupoindependente.
consulta). com.br/artigo45.htm. Acesso em: 3 fev.
2003.

Escreva corretamente as referências abaixo:


a) Obra Como se faz uma tese
Editora Perspectiva.
Edição 10ª
Local São Paulo
Autor Umberto Eco
Data 1977

________________________________________________________________________

b) Obra Moderno dicionário da língua portuguesa


Autor Michaelis
Edição 1ª
Data 1998
Editora Melhoramentos

________________________________________________________________________

c) Obra A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso


Local Campinas
Data 1987
Editora Pontes
Autor Eni Pulcineli Orlandi
Edição 2ª

________________________________________________________________________

d) Obra Vila dos Confins


Editora José Olympio
Data 1976
Local Rio de Janeiro
Autor Mário Palmério.

________________________________________________________________________

60
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

8. APOIO GRAMATICAL

Bibliografia Básica:
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. rev., ampl. e atual. conforme
o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 3. ed. São Paulo:
Publifolha, 2010.

GRUPO DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA. Roteiro de Estudos em Português


Instrumental: ênfase em leitura e produção de gêneros discursivos. Vol. I.-II Universidade
de Taubaté, IBH/GELP, 2012.

61
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

62
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

8.1 ORTOGRAFIA

1. Dos vocábulos abaixo, somente um está grafado incorretamente. Assinale-o:


empresa, êxito, hesitar, lucidez, ritmo, hélice, paralizar, azeite, fantasia, anestésico

2- Assinale a alternativa que completa, corretamente, a frase; “O espetáculo foi


_____________ porque a participação do público foi ____________ .
a) explêndido / expontânea
b) explêndido / espontânea
c) esplêndido / espontânea
d) esplêndido / expontânea

3- Complete as frases abaixo com a forma correta da palavra indicada entre


parênteses:
a) Não será aberta nenhuma ____________ . (excessão / exceção)
b) Os ____________ do carro foram retirados para a revisão. (acessórios /
assessórios)
c) O ____________ do presidente foi demitido. (acessor / assessor)
d) É necessário que você ____________ o depósito. (efetui / efetue)
e) A empresa não ____________ capital suficiente para o empreendimento
(possue / possui)
f) Isso não ____________ problema ao desenvolvimento do paciente. (constitue /
constitui)

4- Assinale a alternativa em que todas as palavras estão escritas corretamente:


a) sossego, sucesso, começo
b) ricaço, sussego, assúcar
c) missanga, assado, assucena
d) moça, argamassa, salça
e) calsa, cansaço, falsa

5- Corrija as palavras que foram grafadas incorretamente nas alternativas do


exercício acima:______________________________________________________

6- Assinale, nos pares apresentados, a palavra que apresenta a grafia correta:

63
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

quase arrepio desinteria choviscar


quaze arripio disenteria chuviscar
proesa bueiro assenção polir
proeza boeiro ascenção pulir
endossar dessendente alcançar ultilizar
endoçar descendente alcansar utilizar

7 – Complete com:
S ou Z G ou J X ou CH S ou X
Atrá___ Ti___ela En_____arcar Mi____to
Qui___er Berin___ela En_____ergar Prote____to
Mai___ena Gen___iva _____ampu E____trangero
Fu___ível Gor___eta _____ope E____pressão
Fu___il ___eito _____iclete E____pansão
Pobre___a Tra___etória _____ingar E____igente
Va___ar La___e Salsi_____a E____tenso
Atravé___ An___elical Me_____er E____plêndido
Marqui___e Can___ica In_____ar Prete____to
Pê___ames ___irafa Be_____iga Bisse____to
Lucide___ Va___em Fle_____a E____tintor
Va___o Mo___i _____u_____u Pu____ar
Formo___a Acara___é En_____ada Conte____tar
Gá___ Ultra___e Pi_____e E____plicar
Talve___ Mon___e Bre_____a Ê____ito

64
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

8. 2 EMPREGO DO HÍFEN

OS PRINCIPAIS PREFIXOS E FALSOS PREFIXOS QUE EXIGEM HÍFEN DIANTE DAS


LETRAS LISTADAS EM CADA COLUNA

O I A E R B
H
aero- aero- ______ ______ ______ ______ ______
agro- agro- ______ ______ ______ ______ ______
ante- ______ ______ ______ ante- ______ ______
anti- ______ anti- ______ ______ ______ ______
arqui- ______ arqui- ______ ______ ______ ______
auto- auto- ______ ______ ______ ______ ______
Bio- bio- ______ ______ ______ ______ ______
contra- ______ ______ contra- ______ ______ ______
eletro- eletro- ______ ______ ______ ______ ______
entre- ______ ______ ______ entre- ______ ______
extra- ______ ______ Extra- ______ ______ ______
geo- geo- ______ ______ ______ ______ ______
hidro- hidro- ______ ______ ______ ______ ______
hiper- ______ ______ ______ ______ hiper- ______
infra- ______ ______ Infra- ______ ______ ______
inter- ______ ______ ______ ______ inter- ______
intra- ______ ______ Intra- ______ ______ ______
macro- macro- ______ ______ ______ ______ ______
maxi- ______ maxi- ______ ______ ______ ______
micro- micro- ______ ______ ______ ______ ______
mini- ______ mini- ______ ______ ______ ______
multi- ______ multi- ______ ______ ______ ______
neo- neo- ______ ______ ______ ______ ______
pluri- ______ pluri- ______ ______ ______ ______
proto- proto- ______ ______ ______ ______ ______
pseudo- pseudo- ______ ______ ______ ______ ______
retro- retro- ______ ______ ______ ______ ______
semi- ______ semi- ______ ______ ______ ______
sobre- ______ ______ ______ sobre- ______ ______
sub- ______ ______ ______ ______ sub- sub-
super- ______ ______ ______ ______ super- ______
supra- ______ ______ supra- ______ ______ ______
tele- ______ ______ ______ tele- ______ ______
ultra- ______ ______ Ultra- ______ ______ ______

BRASIL, Lucila Medeiros. Para entender o novo acordo ortográfico. Rio de Janeiro: Walk Editora,
2009

65
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

REGRAS DO EMPREGO DO HÍFEN

1. Os seguintes prefixos são sempre seguidos de hífen: além-, aquém-, recém-,


sem-, pré-, pró-, pós-, ex-, vice-, grão-, grã-, sota-, soto-.

2. Emprega-se o hífen quando o radical se inicia por h.

3. Emprega-se o hífen quando a última letra do prefixo e a primeira do radical forem


iguais.

4. Emprega-se o hífen com os prefixos circum- e pan- , quando o radical se inicia


por vogal, h, m, ou n.

5. Emprega-se o hífen com mal- antes de vogal, h e l.

6. Emprega-se o hífen com bem- antes de vogal, h e m. Porém, há inúmeras


exceções: bem-casado, bem-criado, bem-fadado, bem-falante, bem-nascido,
bem-pensante, bem-vindo, bem-visto.

7. Não se emprega o hífen quando o prefixo termina por vogal e o radical se inicia
por s ou r. Nesses casos, dobra-se o s ou o r.

8. Não se emprega o hífen quando o prefixo termina por vogal e o radical seinicia
por vogal diferente.

9. Nos demais casos, não se emprega o hífen, ou seja, quando o prefixo termina
por vogal, e o radical começa por consoante diferente de h, r e s.

Exercícios

1-Aplique, agora, as novas regras do hífen apresentadas anteriormente, escreva a


palavra composta sugerida na coluna da esquerda e indique o número da regra
aplicada:

a)além/mar: ________________________ (regra n°_____)

b)ante/sala: _________________________(regra n°_____)

c)anti/didático: _______________________(regra n°_____)

d)anti/hemorrágico:___________________ (regra n°_____)

e)anti/escravismo:____________________ (regra n°_____)

f)arqui-milionário: _____________________(regra n°_____)

66
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

g)auto/biografia:______________________ (regra n°_____)

h)auto/suficiente:_______________________(regra n°_____)

i)bem/comportado: _____________________(regra n°_____)

j)contra/ofensiva:_______________________(regra n°_____)

k)contra/ponto:_________________________ (regra n°_____)

l)contra/senso:_________________________ (regra n°_____)

m)extra/regulamentar:___________________ (regra n°_____)

n)extra/oficial: _________________________(regra n°_____)

o)infra/vermelho:_______________________ (regra n°_____)

p)intra/venoso:_________________________ (regra n°_____)

q)mal/agradecido:______________________ (regra n°_____)

r)mal/criado:__________________________ (regra n°_____)

s) neo/modernismo:____________________ (regra n°_____)

t) neo/socialismo:______________________ (regra n°_____)

u)pró-democracia:______________________(regra n°_____)

v) pré-vestibular: _______________________(regra n°_____)

1- Sublinhe as palavras que devem ser escritas com hífen. Indique o número da
regra aplicada:

a)anti alérgico b)aquém mar c)mini incubadora

d) ex aluno e)ex vice reitor f)super resistente

g) retro alimentação h)mono ocular i)inter relacionar

2- Das palavras abaixo, quais , pela nova ortografia, devem ter a consoante
inicial da segunda palavra dobrada, conforme a regra 7?

a)auto suficiente b) sobre saia c) sub oficial

d) auto retrato e) anti higiênico

67
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

8.3 ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Quadro geral
Acentuam-se:
1- Monossílabos A, E, O (s)
má, más, pé, sós
tônicos terminados EM, nos verbos ter e vir, na terceira
eles têm, eles vêm
em pessoa do plural
2. Oxítonos A, E, O (s) sofá, café, através, avô
terminados em EM, ENS e ditongo aberto: ÉU, ÓI vintém, parabéns,
chapéu, herói
3. Paroxítonos R caráter, éter
terminados em L agradável
N (en, on, ons) hífen, nêutron
X tórax, ônix
I, IS júri, tênis
US vênus
UM (uns) álbum
à (s) ímã
ÃO (s) órfão
EI (s) jóquei, amáveis
Ditongo crescente óleo, mágoa, cárie
PS bíceps
4. Proparoxítonos Todos único, cronômetro
5. Vogais I e U quando formarem hiato com a vogal saída, saúde
tônicas anterior e vierem sozinhas na sílaba país, baú
ou seguidas de s. rainha
Obs.: seguidas de nh, não se
acentuam.

Observação:

Quanto à acentuação, as palavras da esquerda se opõem às da direita:


pôde (verbo poder - pretérito) pode (verbo poder - presente)
pôr (verbo) por (preposição)

Exercícios

1- Acentue, se necessário, os monossílabos tônicos da frase que segue:


“Nos ja nos responsabilizamos pela ma atuação da equipe”.

2. Quanto às palavras intuito, gratuito, fortuito, fluido, é correto afirmar que:


a) Devem receber acento gráfico no i, porque ele é a segunda vogal do hiato, está
sozinho na sílaba e não está seguido de nh.
b) A vogal tônica é o i.

68
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

c) Não devem receber acento gráfico, pois a vogal tônica é o u e não há separação
do u e i, porque formam um ditongo.

3. Justifique a presença e a ausência do acento gráfico nas palavras destacadas na


frase: “A fábrica em que se fabrica esse produto fica no Nordeste”.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4. Complete as frases com a forma correta entre parênteses:


a) Resolveu _______ tudo em ordem, mas não aceitou opiniões _______ razões
pessoais; ______ isso, não vamos ______ em dúvida a sua competência. (pôr, por )
b) Ontem, o professor não _____ vir, mas hoje ele _____ vir. (pode, pôde)

5. Justifique a acentuação das palavras que estão destacadas em negrito, no trecho


que segue:
“A jovem caminhava sorridente por Paris. Era primavera, a cidade inteira floria.
Encantada observava os pequenos vasos de gerânios pelas janelas dependurados,
as árvores verdejantes, as esquinas onde floristas juntavam cores e levezas em
românticos e simples buquês.
(Texto adaptado. ABRAMOVICH, Fanny. “Em Paris, na Primavera.” In As Cerejas, SP: Atual,1992.)
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

6-Sublinhe as palavras abaixo que, de acordo com as novas regras de acentuação,


não devem mais ser acentuadas:
anéis mausoléu véu assembléia baiúca apnéia
apóio(eu) coronéis destróier saída enjôo freqüente
geléia pêlo vêem têm pára pólo

69
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

8.4 Estudo do PORQUÊ

Usa-se Por que Por quê Porque Porquê


nas frases interrogativas diretas e X
indiretas.
sempre que estiverem
subentendidas as palavras motivo/ X
razão.
quando a expressão puder ser
substituída por pelo qual, pela X
qual, pelos quais, pelas quais.
em títulos / manchetes. X
em final de frase interrogativa ou
X
quando estiver sozinho.
quando equivaler a pois, uma vez
X
que, para que
em respostas, em explicações. X
quando for sinônimo de motivo,
razão. Funciona como substantivo,
X
aparece precedido de artigo ou
pronome.

Exercícios

1-Empregue por que, porque, por quê, ou porquê:


a) Pedro, ____________ você não comprou o que lhe pedi?
b) Não ouvi o discurso ____________ não acredito na sua mensagem.
c) Gostaria de saber, ____________ ?
d) Você vai me criticar? ____________?
e) Eis a razão ____________ faltei ontem.
f) Felizes os que conhecem o ____________ dos acontecimentos.
g) O motivo ____________ abandonei o curso é evidente.

2-Duas das frases abaixo apresentam a forma errada do porquê, no contexto.


Assinale-as:
a) O médico não veio porque tinha uma consulta.
b) Creio em Deus por que não há criatura sem criador.
c) Ele abandonou a família, por quê?
d) O titulo da reportagem é: Porque o novo Código de Trânsito tem falhas?

70
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

3- Que alternativa completa corretamente a frase:


“_________ o carro não quer pegar? Não será _________ está frio?”
a) porque / porque b) por que / por que c) por que / por quê
d) por que / porque e) porque / por quê

4- Assinale a alternativa que substitui adequadamente a palavra assinalada nas


frases:
4.1- A prova foi muito cansativa, pois as questões eram muito extensas.
a) por que b) por quê c) porquê d) porque

4.2- Ele conseguiu a promoção pela qual sempre lutou.


a) porquê b) porque c) por que d) por quê

71
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

8.5 REGÊNCIA

É a relação que se estabelece entre um termo principal (termo regente) e o


seu complemento (termo regido). A regência pode ser nominal (se o termo regente é
um nome) ou verbal (se o termo regente é um verbo).

Quadro das preposições essenciais


a – ante – até – após – com – contra – de – desde – em – entre – para – perante –
por – sem – sob – sobre – trás

8.5.1 Regência nominal


Amor - Tenha amor a seus livros.
“Meu amor pelos moços divinizava outrora a mocidade.” (Rui Barbosa)

Ansioso - Olhos ansiosos de novas paisagens.


Estava ansioso por vê-la.

Eis uma pequena relação de substantivos e adjetivos


acompanhados de suas preposições mais usuais:

afável com, para com cruel com, para com imune a, de


aflito com, por curioso de, por junto a, de
alheio a, de desgostoso com, de lento em
aliado a, com desprezo a, de, por peculiar a
antipatia a, contra, por devoção a, para com, por próximo a, de
apto a, para devoto a, de respeito a, com, de, para
atencioso com, para com dúvida acerca de, de, em, com, por
aversão a, para, por sobre simpatia a, para com, por
avesso a empenho de, em, por situado a, em, entre
compaixão de, para com, fácil a, de, para suspeito a, de
por falho de, em último a, de, em
conforme a, com feliz com, de, em, por união a, com, entre
constituído com, de, por fértil de, em vizinho a, com, de
contente com, de, em, por hostil a, para com

72
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

8.5.2 Regência verbal


Há verbos que admitem mais de uma regência, sem mudar de sentido; outros,
pelo contrário, assumem outra significação, quando se lhes muda a regência:

Aspirei o aroma das flores. (sorver, absorver)


Aspirei ao sacerdócio. (desejar, pretender)
Bonifácio assistiu ao jogo. (presenciar, ver)
O médico assistiu o enfermo. (prestar assistência, ajudar)
Olhe para ele. (fixar o olhar)
Olhe por ele. (cuidar, interessar-se)

Regência de alguns verbos:


Verbos se o verbo prep Exemplos emprego do
significar... osiçã pronome oblíquo
o
1. agradar = fazer carinho - A mãe agradou o filho. A mãe agradou-o.
= satisfazer a A novela agradou a todos A novela agradou-
lhes.
2. aspirar = cheirar - Aspira o perfume. Aspira-o.
= desejar a Aspirar ao cargo. Aspira a ele.
3. assistir = estar presente a Assistiu ao jogo. Assistiu a ele.
(ver) - Assistiu o doente. Assistiu-o.
= cuidar a Este direito assiste ao Este direito lhe
= caber em jovem. assiste.
= morar (em Assisto em Taubaté.
desuso)
4. chegar = atingir a meta a Chegou a casa. -
= parar de Chega de barulho. -
5. implicar = acarretar, exigir - Isto implica outra solução. -
= ter rixa com Carlos implica com todos -
= envolver-se em Implicou-se em roubo de -
(implicar-se) carros.
6. querer = desejar - Não queria o emprego. Não o queria.
= amar, estimar a Queria bem ao filho. Queria-lhe bem.
7. visar = mirar, apontar - Visava o alvo. Visava-o.
para - Visava o passaporte. Visava-o
= pôr o visto a Visava ao novo cargo. Visava a ele.
desejar, ter por
finalidade
8. Informar / alguma coisa - Informou o dia da reunião Informou-o ao
avisar a alguém a Ao diretor. diretor.
alguém - Informou o diretor Informou-lhe o dia
de (sobre) alguma Do (sobre o) dia da da reunião.
coisa reunião Informou-o do
(sobre o) dia da
reunião.
9. ir a algum lugar a Foi ao clube. -
10. preferir uma coisa - Prefiro passear a estudar. -
a outra a Prefiro maçã a pêra. -

73
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

11. pagar / alguma coisa - Pagava o imposto. Perdoava-o.


Perdoar a alguém a Perdoava a dívida Perdoava-a.
Pagava ao dentista. Pagava-lhe.
Perdoava ao filho. Perdoava-lhe.
Pagava a conta ao Pagava-lha.
padeiro. Perdoava-lho.
Perdoava o erro ao rapaz.
12. namorar - Ele namora Helena. Ele a namora.
13.obedecer/ a Obedece às leis. Obedece-lhe.
desobedecer a Desobedece ao pai. Desobedece-lhe.
14. pisar - Não pise a grama. Não a pise.
15. lembrar/ - Lembrou o recado. Lembrou-o
esquecer. - Esqueceu o livro. Esqueceu-o
lembrar-se/ de Lembrou-se do recado. -
esquecer-se de esqueceu-se do livro. -
16. residir/ em Residir em São Paulo. -
morar em Moro na rua América. -
17. simpatizar/ com Simpatizou com a garota. -
antipatizar com Antipatizou com o diretor.

ATENÇÃO: Não se deve usar um complemento comum a termos de


regências diferentes.
Assim, não se diz: Assisti e gostei do filme.
Porque: assisti ao filme - assistir exige preposição a
gostar do filme - gostar exige preposição de.
O correto: Assisti ao filme e gostei dele. ou Gostei do filme a que assisti.

Exercícios

Bibliografia básica:
ABREU, A. S. Curso de redação. São Paulo: Ática, 2004.
FARACO, C. A.; TEZZA, C. Prática de Texto para estudantes universitários. 12. ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 2004.
MARTINS, S. M.; ZILBERKNOP, L. S. Português Instrumental. 24. ed. Porto Alegre:Sagra Luzzatto,
2003.

1. Preencha as lacunas com as preposições adequadas:

a. Não confio ________ pessoas que desistem ________ as tarefas no meio do


caminho.
b. Ela estava com tanta enxaqueca, que não atinava _________ nada.
c. Os médicos insistiram tanto _________ ela, que conseguiram demovê-la
________ a ideia de se operar em outro lugar.
d. O patrão condoeu-se _________ seus empregados e intercedeu _________
eles.
e. Os governos não simpatizam ________ aqueles que pactuam __________ o seu
inimigo.
74
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

2. Preencha as lacunas com o (a, os, as) ou lhe (s):


a. Encontrei _______ logo, agradecendo- _______ a boa vontade.
b. Você não estava na última aula? Procurei-_______ mas não _______ vi.
c. Convenceram- _______ a acompanhar- _______ até a porta.
d. Não adianta: os netos não _______ respeitam nem _______ obedecem.
e. Porque _______ estimamos muito, convidamos- _______ para jantar lá em casa.
f. Convenceram- _______ a pagar- _______ a dívida.
g. Preveniram- _______ de que _______ proibiriam o consumo de gordura animal.
h. Atribuíram- _______ tarefas difíceis e, por isso, permitiram- _______ faltar um
dia ao serviço.

3. Reescreva as frases abaixo, substituindo os verbos destacados pelos que estão


entre parênteses:

a. Você viu o último capítulo da novela? (assistir)


_______________________________________________________________

b. Nós objetivamos um aumento de salário. (almejar)


________________________________________________________________

c. As economias que tenho são poucas. (dispor)


________________________________________________________________

d. Os bombons que aprecio são artesanais. (gostar)


________________________________________________________________

4. Complete com a preposição adequada, se necessário, as seguintes frases,


observando a regência verbal:
A companhia aérea avisou ________ os passageiros que o vôo foi adiado.
A companhia aérea avisou ________ os passageiros de que o vôo foi adiado.
A renovação do empréstimo implicou ________ aumento de juros.
Ninguém obedece ________ o que não tem direito de mandar.
Os americanos sempre preferiram carros conversíveis ________ carros
convencionais.
A Secretaria da Saúde pede ________ que ninguém acumule água parada ao ar
livre.
Muitas casas situadas ________ rua da Assembléia foram demolidas.

5. Preencha os espaços com a preposição adequada;


O pai foi justo_______os filhos.
Encaminhou recursos________juíza.
Residente______Rua Augusta.
Ficaram alegres________a novidade.
São todos viciados________jogos de azar.
Foi o último_________chegar.

75
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

São devotos________ Santo Antônio.


Os advogados mostraram empenho_______absolvê-lo.
Sentiu raiva________vê-la chorar.
Ele foi injusto________julgar o amigo.

6. Assinale as frases abaixo que não estão de acordo com a norma culta:
a) Com quem você está namorando agora? ( )
b) Lá em casa somos em quatro filhos. ( )
c) Isto implicará em sua suspensão. ( )
d) O filho obedece aos pais. ( )
e) Ele aspira ao ar puro do campo. ( )
f) Não gostaria que você deixasse esse problema para mim resolver. ( )
g) Pagaremos pela casa preço justo. ( )
h) O candidato residente na Rua dos Operários não compareceu. ( )

76
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

8. 6 CRASE

Conceito: crase é a fusão da preposição A com:

o artigo A: Assisti à festa.


A + A (s) = À (s)
o demonstrativo A (s) = aquela (s): Sua casa é igual à que
A + A (s) = À (s). comprei.
o relativo “a qual”, “as quais”: Eis a filha à qual dedico
A + A QUAL = À QUAL muito amor.
A + AS QUAIS = ÀS QUAIS
o A inicial do demonstrativo AQUELE
(S), AQUELA (S), AQUILO : Dirijo-me àquele senhor.
A + AQUELE (S) = ÀQUELE (S)
A + AQUELA (S)_ = ÀQUELA (S)
A + AQUILO = ÀQUILO

A crase é indicada, na língua escrita, pelo acento grave ( ` ).


Modo prático para verificar a ocorrência da crase:

Quando o nome for Troque o feminino por masculino. Encostei a cabeça à parede.
comum Se aparecer AO antes do (ao muro)
masculino, existe crase (À) diante
do feminino.
Quando o nome for Troque a preposição A por DE
próprio de lugar usando o verbo voltar. Fui à Bolívia (Voltei da...)
Se A transformar-se em DA, há
crase. Fui a Brasília (Voltei de...)
Se A transformar-se em DE, não
há crase.
Se o nome próprio é obrigatório o emprego da crase. Fui a Minas.
de lugar vier Fui à Minas de Tiradentes.
especificado,
qualificado
Eis minha filha à qual dedico
Quando for Verifique a substituição pelo muito amor.
pronome relativo e o masculino. (meu filho ao qual...)
demonstrativo A Sua casa é igual à que comprei.
(seu apartamento é igual ao
que...)
Quando for Troque pelo demonstrativo ESTE, Dirigi-me àquele senhor. (a este
pronome ESTAS, ISTO. senhor)
demonstrativo Se antes ocorrer preposição A, há
AQUELE, AQUELA, crase.
AQUILO Se antes não ocorrer, não há
crase.

77
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Regras do uso da crase


Crase obrigatória Crase facultativa Crase proibida
1. antes do numeral que 1. diante de pronomes 1. antes de masculinos
indica hora determinada: adjetivos possessivos. Andei a cavalo.
Chegar à uma hora. às Dirigi-me a sua irmã / à Fui a pé.
2h15min. sua irmã.

2. quando subentender 2. diante de nomes de 2. antes de verbos no infinitivo


“moda”, “maneira”. pessoas (femininos). Comecei a ler o livro.
Bife à milanesa. (à moda) Oferecer à Cecília / a Ficou a ver navios.
Calçado à Luís XV (à moda) Cecília.
Estilo à Camões (à maneira
de)

3. locuções formadas de 3. depois da preposição 3. antes de pronomes:


palavras femininas: ATÉ: a- pessoais: Recorrer a ela.
à maneira de Ir até à vila / a vila. b- de tratamento: Recorrer a você
à medida que c- demonstrativos: Recorrer a esta
à espera de mulher
à força de d- indefinidos: Recorrer a ninguém
à noite e- interrogativos: Recorrer a
à direita ... quem?

4. Diante de pronomes 4. Nas locuções 4. antes de nomes próprios


substantivos possessivos: femininas adverbiais femininos em que não se observa
Dirigi-me à sua irmã/a sua como: intimidade:
irmã e não à minha. Escrever à máquina/ a Recorrer a Nossa Senhora
máquina Rezo a Virgem Maria

5. Antes de nomes de 5. Antes de locuções formadas


pessoas (femininos) quando com a repetição da mesma
especificados: palavra:
Ofereci flores à Cecília de Tomar o remédio gota a gota
meus sonhos. Estavam frente a frente

6. Diante dos pronomes de 6. Diante de palavra de sentido


tratamento “senhora”, indefinido:
“senhorita”: Falar a uma/a certa/a cada
Ofereci flores à senhora. pessoa.

7. Não se acentua o a simples


antes de elementos no plural:
Falar a alunas interessadas.

Casos especiais de crase


Palavra sem qualificativo  a com qualificativo  à
Casa Voltarei cedo a casa. Voltarei cedo à casa de meu pai.
Palavra no sentido que se opõe a No sentido de chão, lugar  à
Terra “estar a bordo”  a Ir à terra onde nasceu. (ao lugar)
O navio regressou a terra.
Palavra quando indeterminada - a Quando determinada - à
Distância Ver a distância. Ver à distância de um quilômetro.

78
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

Observações
Repare que o acento grave, além de ser o sinal indicador da crase, é também
esclarecedor, ou seja, deixa a frase com um sentido único. Melhor explicando, o
acento grave, muitas vezes, define o sentido que o autor quer dar à mensagem. Sua
não colocação (ou colocação desnecessária) pode mudar todo o sentido de uma
frase..

Veja os exemplos:
Despediu-se a francesa. (A francesa foi despedida por alguém.)
Despediu-se à francesa. (Ele se despediu à moda francesa.)
Recebeu o cangaceiro a bala. (O cangaceiro pegou a bala que lhe ofertaram.)
Recebeu o cangaceiro à bala. (Ele recebeu o cangaceiro com tiros de espingarda...)

Há ou a
a indica tempo futuro Daqui a pouco chegaremos.
indica distância A escola fica a 100 metros daqui.
Há indica tempo passado Chegou há pouco.
existir Há alunos no pátio.

Exercícios
1. Preencha os espaços com: a - à - às - ao
Ele chegou ______ conclusão do trabalho.
Ele chegou ______ essa conclusão.
Ele chegou ______ conclusões completamente diferentes.
Ele chegou ______ ver o fim do túnel.
Ele chegou ______ sete horas.
Ele chegou ______ fim de criar problemas.

2- Nas frases que seguem, use o acento indicador da crase, quando necessário:
- Resistimos a paixão mais por sua fraqueza do que por nossa força
- A rebelião contra os tiranos é obediência a Deus.
- Cristina chegou a uma hora e estava a procura do Maurício.
- Simone voltou duas vezes a casa, a procurar o passaporte.
- Aquele que sobrevive a seu inimigo, um dia só que seja, atingiu a sua meta.
- O amor vê, a distância, a liberdade, mas prefere ficar preso a doçura de um sorriso.
- Apressemo-nos a ceder a tentação, antes que ela se vá.
- Os restaurantes de bordo servem lanches a base de sanduíche.
- Quanto as experiências, os clubes enviam propostas a Ciranda da Ciência.
- Há pessoas que compram a fama e outras que se vendem a ela.
- Renunciamos a paz, a medida que queremos preservar nossa liberdade.

79
GRUPO DE ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – GELP – 2013

- A visita a National Gallery, em Londres, favoreceu a compreensão dos quadros de


Monet.
- Atribuía-se a iniciativa privada a maioria dos benefícios sociais.
- A visita a reserva da Lagoa São Paulo provocou uma reação a crise ecológica.
- A felicidade não é o pão, mas o sonho que se oferece as pessoas.
- A lógica matemática permite as pessoas ordenar fatos, objetos e números.
- É importante ser sensível as diferenças entre as pessoas e as suas emoções.

3-Escolha a alternativa correta:

A. Muitas vezes os educadores erram, porque pretendem que_______ vida da


criança não seja diferente da do jovem e _______ deste da do homem maduro.
Aquilo que agrada _____ velhice geralmente não atrai _______ juventude. É
preciso compreender ______ diferenças individuais e etárias para se dosar _______
educação.
a) à - a - a - a - às - a;
b) a - a - à - a - as - a;
c) a - à - à - a - as - à;
d) à - à - à - a - as - a;
e) a - a - a - à - às - à.

B. Ela sentiu-se ____ vontade, falando _____ claras _____ respeito do crime.
a) a - as - a;
b) à - as - à;
c) à - às - à;
d) à - às - a
e) a - às - a.

C. ______ muitos anos que ele ______procura, percorrendo______ estrada que vai
_____ Santa Maria.
a) Há - a - a - a;
b) Há - a - a - à;
c) A - a - a - a;
d) A - a - à - a;
e) Há - à - a - a.

4 Complete:

____ medida que o tempo passava, ele sentia que perdia ____ vontade de viver e
que ____ morte chegaria ____ qualquer momento.

80

Você também pode gostar