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MATERIAL DE APOIO

LTT

Discente: _______________________________________________

Curso: ________________________________________________ Sala: _____________

2º Semestre
2022
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1. LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA

A Língua pode ser definida como um código formado por signos (palavras) e leis
combinatórias usados por uma mesma comunidade.

Quanto maior o domínio que temos da língua, maior é a possibilidade de um


desempenho lingüístico eficiente.

Por sua vez, a linguagem serve como instrumento de comunicação que faz uso de um
código, permitindo, assim, a interação entre as pessoas - é a atividade comunicativa.

As linguagens apresentam características próprias de composição para adequarem-se


aos veículos específicos, aos receptores, às épocas e às situações determinadas - são os
diversos tipos de linguagem: linguagem de teatro, linguagem de programação, linguagem de
cinema, linguagem popular.

Há inúmeros tipos de linguagem: a fala, os gestos, o desenho, a pintura, a música, a


dança, o código Morse, o código de trânsito.

As linguagens podem ser organizadas em dois grupos: a linguagem verbal, modelo de


todas as outras, e as linguagens não verbais. A linguagem verbal é aquela que tem por unidade
a palavra; as linguagens não verbais têm outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento,
a imagem.

Cada indivíduo pode fazer uso próprio e personalizado da língua, dando origem à fala,
embora esta prática deva estar sempre condicionada às regras socialmente estabelecidas da
língua.

Nesse sentido convém ressaltar que a colocação das palavras na frase e a mudança de
relação entre elas são fatores de mudança de significado. Além disso, a leitura dos sinais de
pontuação é também significativa, influenciando todo o significado de um enunciado.

Língua: sistema de signos, pertencente a toda uma comunidade de falantes.


Linguagem: é a faculdade humana através da qual o homem se comunica.
Fala: é o uso que cada indivíduo faz da língua comunitária.

( NICOLA, de José & INFANTE, Ulisses. Gramática Contemporânea da Língua


Portuguesa.. 15 ed. São Paulo, Scipione, 2003)
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2. VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA E NORMA

Como falantes da Língua Portuguesa, percebemos que existem situações em que a


língua apresenta-se sob uma forma bastante diferente daquela que nos habituamos a ouvir em
casa ou nos meios de comunicação. Essa diferença pode manifestar-se tanto pelo vocabulário
utilizado, como pela pronúncia ou organização da frase.

Nas relações sociais, observamos que nem todos falam da mesma forma. Isso ocorre
porque as línguas naturais são sistemas dinâmicos e extremamente sensíveis a fatores como,
por exemplo, a região geográfica, o sexo, a idade, a classe social dos falantes e o grau de
formalidade do contexto. Essas diferenças constituem as variações lingüísticas.

Entre as variedades da língua, há uma que tem maior prestígio: a variedade padrão
conhecida também como língua padrão e norma culta. Essa variedade é utilizada nos livros,
jornais, textos científicos e didáticos e é ensinada na escola. As outras variedades lingüísticas
são chamadas de variedades não padrão.

Observe no quadro abaixo as especificidades de cada variação:

No exercício de algumas atividades profissionais, o domínio de certas formas


de línguas técnicas é essencial. As variações profissionais são abundantes em
Profissional
termos específicos e têm seu uso restrito ao intercâmbio técnico.

As diferentes situações comunicativas exigem de um mesmo indivíduo


diferentes modalidades da língua. Empregam-se, em situações formais,
Situacional
modalidades diferentes das usadas em situações informais, com o objetivo de
adequar o nível vocabular e sintático ao ambiente lingüístico em que se está.
4

Há variações entre as formas que a língua portuguesa assume nas diferentes


regiões em que é falada. Basta prestar atenção na expressão de um gaúcho
Geográfica
em contraste com a de um amazonense. Essas variações regionais constituem
os falares e os dialetos. Não há motivo lingüístico algum para que se considere
qualquer uma dessas formas superior ou inferior às outras.

O português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos


meios de instrução difere do português empregado pelas pessoas privadas de
escolaridade. Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua
que goza prestígio, enquanto outras são vitimas de preconceito por
empregarem estilos menos prestigiados. Cria-se, dessa maneira, uma
modalidade de língua - a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida
escolar e cujo domínio é solicitado como modo de ascensão profissional e
social.
Social

Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns


grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por aqueles que não
fazem parte do grupo. O emprego dessas formas de língua proporciona o
reconhecimento fácil dos integrantes de uma comunidade restrita. Assim se
formam, por exemplo, as gírias, as línguas técnicas. Pode-se citar ainda a
variante de acordo com a faixa etária e o sexo.

Do ponto de vista estritamente lingüístico, não há nada nas variedades lingüísticas que
permita considerá-las boas ou ruins, melhores ou piores, feias ou bonitas, primitivas ou
elaboradas.

Dino Preti, autor e professor da PUC-SP, em reportagem na Folha de S.Paulo, afirma


não haver mais linguagens puras ou padrões melhores ou piores. “O que existem são
variações. A linguagem culta é ideal em certas condições e, em outras, não. Até palavrão é
5

ideal algumas vezes.” O falante culto, afirma, não é o que conhece a gramática, mas o que
sabe se adaptar às variações de linguagem, de acordo com cada situação. “Uma coisa é o
especialista usar ‘deletar’ entre colegas, outra é ostentar o fato de ser um técnico em
computação.” (Folha de S.Paulo, 24 jun. de 2003.)

Seja na fala seja na escrita, a linguagem de uma pessoa pode variar, ou seja, passar de
culta ou padrão à coloquial ou até mesmo à vulgar. O gramático Evanildo Bechara ensina que é
preciso ser “poliglota de nossa língua”. Poliglota é a pessoa que fala várias línguas. No caso,
ser poliglota do português significa ter domínio do maior número possível de variedades
lingüísticas e saber utilizá-las nas mais diferentes situações.

A linguagem culta é aquela utilizada pelas pessoas de instrução, niveladas pela escola.
Ela é mais restrita, pois constitui privilégio e conquista cultural de um número reduzido de
falantes.

Já a linguagem coloquial pode ser considerada um tipo de linguagem espontânea, ou


seja, utilizada para satisfazer as necessidades vitais do falante sem muita preocupação com
as formas lingüísticas. É a língua cotidiana, que comete pequenos – mas perdoáveis – deslizes
gramaticais.

A linguagem vulgar, porém, é própria das pessoas sem instrução. É natural, expressiva,
livre de convenções sociais.

Observe:

Causo Mineiro

Sapassado, era sessetembro, taveu na cuzinha tomando uma pincumel e cuzinhando


um kidicare cumastumate pra fazer uma macarronada cum galinhassada. Quascaí de susto
quanduvi um barui vinde denduforno parecenum tidiguerra. A receita mandopô midipipoca
denda galinha prassá. O forno isquentô, o mistorô e o fiofó da galinhispludiu! Nossinhora! Fiquei
brando quinein um lidileite. Foi um trem doidimais! Quascaí dendapia! Fiquei sensabê
doncovim, noncotô, proncovô. Ópceve quilocura! Grazadeus ninguem semaxucô!

Identifique a região em que cada um dos assaltos teria ocorrido:


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1. Ei, bichim . Isso é um assalto . Arriba os braços e num se bula ....e num faça munganga.
Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu
fato pra fora:. Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia. PARAIBA

2. Ô sô, prestenção: isso é um assarto, uai: Levanta os braço e fica quetin quesse trem na
minha mão tá cheio de bala . Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai
andando, uai! Ta esperando o que , uai! MINEIRO

3. O gurí, ficas atento:. Báh, isso é um assalto:. Levantas os braços e te aquieta, tchê ! Não
tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá ! E te
manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala. SUL

4. Seguiiiinnte, bicho: Tu te. Isso é um assalto... Passa a grana e levanta os braços rapá:. Não
fica de bobeira que eu atiro bem .... Vai andando e se olhar pra traz vira presunto. CARIOCA

5. Ô meu rei . (longa pausa ) Isso é um assalto . (longa pausa ) Levanta os braços, mas não se
avexe não .(longa pausa ) Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado:. Vai
passando a grana, bem devagarinho (longa pausa ) Num repara se o berro está sem bala, mas
é pra não ficar muito pesado:. Não esquenta, meu irmãozinho ( longa pausa ) Vou deixar teus
documentos na encruzilhada. BAHIA

6. Ôrra, meu:. Isso é um assalto, meu . Alevanta os braços, meu:. Passa a grana logo, meu!
Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pa comprar o ingresso do jogo
do Curintia, meu: Pô, se manda, meu:. SÃO PAULO

7. Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que no final do mês,
aumentaremos as seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, Passagem de ônibus, IPTU,
IPVA, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório, Gasolina, Álcool, Imposto de Renda, IPI,
CMS, PIS, COFINS, mas não se preocupe, somos PENTA!!!! BRASILIA

(http://www.osvigaristas.com.br/textos/listas/84.html)

Texto da música de Gilberto Gil sobre a Internet:


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PELA INTERNET

Gilberto Gil ( 1997 )

Criar meu web site


Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje
Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé
Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut acessar
O chefe da Macmilícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus pra atacar programas no Japão
Eu quero entrar na rede pra contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um vídeopôquer para se jogar

Gilberto Gil, na música Pela Internet, apresenta sua visão sobre a Internet, meio de
comunicação mundial que vem revolucionando nossos hábitos de obtenção e transmissão de
informações. Esse universo é trabalhado poeticamente.

a. Grife no texto as expressões típicas da linguagem da informática.


b. Grife os países e regiões citados pelo autor. Qual a intenção em usá-los na letra?

O autor faz uma brincadeira com a palavra navegar e induz seu leitor a sensação
de estar literalmente navegando pelo mundo.

c. A que o vocábulo “vírus” está associado no texto?

A palavra vírus no texto remete a um software onde “infecta” o computador


podendo travá-lo, absorver dados pessoais ou controlá-lo à distância.
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3. DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE FALA E ESCRITA

O primeiro mito que deve ser desfeito na relação entre fala e escrita é o de que a fala é o
lugar da informalidade, da liberdade, do dizer tudo e da forma que quiser, e a escrita, por sua
vez, é o lugar da realização formal, controlada e bem elaborada.

LINGUAGEM ORAL X LINGUAGEM ESCRITA

Modalidades de linguagem:

a) modalidade falada e escrita

Com relação à escrita, a história da espécie humana repete-se na vida de cada um de seus
indivíduos: a fala precede a escrita. Entretanto, a aquisição dessas duas modalidades de
linguagem não é igual, uma vez que os indivíduos desenvolvem a fala por meio do convívio com
a comunidade falante, ouvindo e imitando (imersão), enquanto a aquisição da escrita se dá em
contexto escolar. Além disso, fala e escrita apresentam características de constituição muito
particulares, apesar de se realizarem a partir da utilização de um mesmo sistema lingüístico, no
nosso caso, a Língua Portuguesa.

Veja no quadro abaixo algumas diferenças entre essas duas modalidades:

Linguagem1 oral Linguagem escrita

1. Presença do interlocutor* Ausência do interlocutor.

2. Permeia de subjetividade a informação. É mais objetiva e impessoal.

3. Não planejada; fragmentária; Planejada, não fragmentária, completa, mais


incompleta; pouco elaborada. elaborada.

4. Mesmo contexto situacional Diferente contexto situacional

1
Meio sistemático de comunicar idéias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
gestuais etc.
**
Cada uma das pessoas envolvidas num ato lingüístico, numa conversa. A pessoa com quem se conversa.
Ex. eu/alunos.
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5. Predominância de frases curtas, simples Predominância de frases completas e


e coordenadas. subordinadas.

6. Elementos prosódicos* Ausência de elementos prosódicos

7. Recursos extralingüísticos: físicos Pobreza de recursos extralingüísticos: uso dos


(gestos, expressão facial) e psíquicos. sinais de pontuação.

8. Efêmera, evanescente (transitório, Permanece gravada; duradoura.


passageiro, temporário, ex. desabrochar = dia).

9. Marcadores conversacionais; Sem marcadores conversacionais.


expressões próprias:
Formas contraídas: ce; pra; tá; tô; né; peraí;
taí...
Palavras de articulação entre idéias: então; aí;
que
Sinais q orientam a atenção do leitor: bem;
bom; vejam bem; certo?; viu?; entendeu?;
sabe?
Verbos de sentido mais geral do que exato:
dar; ficar; dizer; ter; fazer; achar; ser.
Gírias e coloquialismos: papo; se toca; velho;
manero; pega leva; rolando um papo, amarra.
Ex. Te cuida Paizão.2

**
Prosódia: parte da gramática tradicional que se dedica às características da emissão dos sons da fala,
como o acento e a entoação [Ger. está relacionada com os estudos de metrificação]. A própria acentuação
das palavras; ortoépia. Ex. Manteiga, umbigo, adevogado, beneficente x beneficientem mendigo x
mendingo; poça (ô fechado). Tóxico (ks) x tóchico; rubrica x rubrica, estupro x estrupo. TIMBRE: Olho
[ô]x Olhos [ó].
2
Esses elementos próprios da fala espontânea aparecem na escrita quando se deseja dar ao texto um tom
coloquial, informal, um efeito de intimidade que simula a oralidade ou o diálogo: Te cuida Paizão. Eu sei
que a vida não tá fácil. A gente só ouve falar em stress... Você diz pra gente que a vida corre mansa.... que
no seu tempo era diferente. Sabe, esse papo às vezes enche! Mas te vendo cansado e fazendo tudo pra
agradar, é que a gente sente o quanto te ama. Por isso, velho, manera, Um uisquinho de vez em quando,
vai lá... Vê se consegue mudar um pouco sua alimentação, pega leve nas frituras, diminui o açúcar. Faz
como a mamãe que se amarra num diet. Você fala pra tomar cuidado com excessos. E quando é que você
vai se tocar disso? Hoje não tem presente. Mas o que tá rolando é papo de amigo, sem essa de dinheiro.
Pai, a sua saúde é superimportante pra gente. Você vive dizendo que pensa no meu futuro. Só que eu
também penso no seu. (Texto publicitário: propaganda de adoçante dietético).
10

10. Auditiva Predominantemente visual (Importância do uso


de margens no texto, pois deve ser agradável
de se ver.)
Introduzir/situar o leitor: dar informações
imprescindíveis para que ele possa entender:
cabeçalho (nome, local, data, disciplina...).
11. Desenvolve-se no tempo, é redundante Desenvolve-se no espaço, é mais sintética.
(excessiva, supérflua)

Escrita: Três problemas básicos: 1. pontuação, acentuação, grafia. 2. Dificuldade com o


padrão/norma culta. 3. Inadequação vocabular: concepção errônea de língua escrita.

b) graus de formalidade
Não há uma correspondência entre fala/escrita e informalidade/formalidade. Assim como
a fala, a escrita pode ser formal ou informal, dependendo da situação em que é empregada. Uma
palestra ou um júri popular são situações de comunicação oral formais, ao passo que textos
produzidos em salas de bate papo da internet são extremamente informais.
Essas considerações não pressupõem que a linguagem escrita seja melhor do que a oral,
ou ainda, que os indivíduos que escrevem sejam mais inteligentes ou pensem melhor do que os
que não escrevem. É preciso deixar claro que a linguagem escrita não invalida a oral, são apenas
diferentes modos de conhecimento e de expressão da realidade. A utilização de cada uma e a
escolha do grau de formalidade dependem da situação em que a linguagem é empregada. É uma
questão de conhecer as opções e escolher a mais viável às circunstâncias. No texto acadêmico, a
linguagem adequada é a escrita formal, que obedece aos padrões da gramática normativa da
língua.
CARVALHO, M.C.M. de. O estudo de textos teóricos. In: Construindo o saber: metodologia científica –
fundamentos e técnicas. Campinas: Papirus, 1998.
Bibliografia: Português básico: p. 144-148.; Técnica de Redação (GARCEZ): p. 73-80.

EXERCÍCIOS

1. Reescreva as frases abaixo substituindo os lugares-comuns, expressões típicas da linguagem


falada, por uma linguagem mais elaborada, pertinente à escrita formal.

a. O mal de certos políticos é querer agradar a gregos e troianos.


12. Certos políticos desejam agradar a todos.

a. O brasileiro aprendeu a viver numa verdadeira corda bamba.


O brasileiro aprendeu a ter uma vida instável.

b. É muito difícil estudar sob um calor tão escaldante.


É complicado estudar sob pressão
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c. Ele achava que aquele emprego seria a tábua da salvação de sua vida.
Ele acreditava que aquele emprego seria sua melhor opção.

d. Durante o depoimento houve um momento em que o réu deu com os burros n’água.
Durante o depoimento houve um momento em que o réu não foi bem sucedido.

e. A vida do funcionário público está em petição de miséria.


A vida do funcionário público está em situações deploráveis.

f. Temos às vezes a impressão de que estamos numa nau sem rumo.


Temo as vezes a impressão de que estamos sem rumo

g. O deputado demonstrou todo o seu poder de fogo.


O deputado demonstrou seu poder.

h. Durante a reunião o diretor e a professora trocaram farpas o tempo todo.


Durante a reunião o diretor e a professora não se deram bem.

i. Depois de todo o trabalho feito, voltamos à estaca zero.


Depois de todo o trabalho feito, não obtivemos o sucesso esperado.

2. Substitua as marcas de oralidade, os termos em negrito, por outros mais apropriados à


linguagem escrita.

a. A educação é uma coisa com que todo governo devia se preocupar. ALGO

b. Os projetos para retirar as crianças da rua não passam de conversa fiada. PROPOSTAS

c. A justiça não deveria ser tão frouxa com quem rouba o dinheiro público. BRANDA,

d. Se o governo não jogar duro com o crime organizado, a violência será cada vez maior nas
grandes cidades. SER JUSTA

e. Gasta-se muito com computadores para as escolas, mas não é por aí que se vai melhorar a
educação. POR CONTA DELE

f. Fica difícil acreditar no futuro de um país que tem tanto ladrão ocupando cargos importantes.
MUITOS CORRUPTOS

g. A tecnologia está cada vez mais agindo sobre a vida do homem. INFLUENCIANDO

h. A escola pública ensaia os primeiros passos para melhorar sua qualidade. INICIA

3. Texto para questões de A a E:


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A arte de escrever
Há, portanto, uma arte de escrever – que é a redação. Não é uma prerrogativa dos
literatos, senão uma atividade social indispensável para a qual falta, não obstante, muitas
vezes, uma preparação preliminar.
A arte de falar, necessária à exposição oral, é mais fácil na medida em que se beneficia
da prática da fala cotidiana, de cujos elementos parte em princípio.
O que há de comum, antes de tudo, entre a exposição oral e a escrita é a necessidade
da boa composição, isto é, uma distribuição metódica e compreensível de idéias.
Impõem-se igualmente a visualização de um objetivo definido. Ninguém é capaz de
escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever.
Justamente por causa disso, as condições para a redação no exercício da vida
profissional ou no intercâmbio amplo dentro da sociedade são muito diversas das da redação
escolar. A convicção do que vamos dizer, a importância que há em dizê-lo, o domínio de um
assunto de nossa especialidade tiram à redação o caráter negativo de mero exercício formal,
como tem na escola.
Qualquer um de nós senhor de um assunto é, em princípio, capaz de escrever sobre ele.
Não há um jeito especial para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas
uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem.
Por outro lado, a arte de escrever, na medida em que consubstancia a nossa
capacidade de expressão do pensar e do sentir, tem de firmar raízes na nossa própria
personalidade e decorre, em grande parte, de um trabalho nosso para desenvolver a
personalidade por esse ângulo. [...]
A arte de escrever precisa assentar numa atividade preliminar já radicada, que parte do
ensino escolar e de um hábito de leitura inteligentemente conduzido; depende muito, portanto,
de nós mesmos, de uma disciplina mental adquirida pela autocrítica e pela observação
cuidadosa do que outros com bom resultado escreveram.
(CAMARA Jr., Joaquim Mattoso. Manual de expressão oral & escrita. 7ª. ed. Petrópolis: Vozes, 1983)

A. Explique o primeiro parágrafo do texto.


O texto diz que, para fazer uma redação é necessária uma preparação preliminar.

B. Há algum ponto de convergência entre um texto proferido oralmente e um texto


escrito? Justifique sua resposta.
Sim, o ponto de convergência é a distribuição de ideias, ou seja, quando obtém-se o
domínio na escrita e gramática a fim de se organizar para a realização da redação.

C. Quais as diferenças, segundo Mattoso Camara, entre a prática redacional na


escola e fora dela?
A principal diferença, de acordo com Mattoso Camara é a dominância de determinado
assunto, o caráter sociológico, as vivências são totalmente distintas de uma criança
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Durante seu período escolar.

D. Quais são os fatores importantes para a elaboração de uma boa redação?


Entender sobre o tema solicitado, ter domínio gramatical, ser criativo e não “fugir” do
tema.

E. Explique, com suas palavras, a citação abaixo:


“Impõem-se igualmente a visualização de um objetivo definido. Ninguém é
capaz de escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever.”

A citação afirma que se não se têm domínio sobre aquilo que será escrito, não há como
escrever uma boa redação.

4. O texto a seguir mostra como uma criança da quarta série do ensino fundamental, ao produzir
textos escritos, ora se utiliza de recursos da modalidade escrita, ora de recursos sintáticos e de
articulação dos enunciados que são típicos da oralidade. Identifique e circule os recursos orais.

O urso que sabia voar


Era uma vez um urso selvagem e livre, mas que invejava os pássaros porque sabiam voar.
Só que um dia um circo carioca pegou o urso para fazer um show no Rio de Janeiro, mas ele
continuava com aquele velho sonho. Um dia ele fugiu do circo, e saiu andando pela cidade, todos
que o viam quase morriam de susto. Até que ele olhou pro céu e viu um monte de homens com
asa delta e chegou a seguinte conclusão: os homens também voam e ficou fascinado com aquilo,
mas continuou a andar até que chegou no alto do pão de açúcar lá tinha vários homens saltando
de asa delta mas quando ele chegou perto de um homem o homem saltou sem asa delta (só de
medo) aí o urso pegou a asa delta e saltou por aí, muito feliz.

5. O articulista Luiz Nassif em seu artigo “O FMI vem aí. Viva o FMI”, publicado na revista Ícaro,
fez uso do registro culto típico do jornalismo, mas utilizou também algumas expressões da
linguagem técnica dos economistas e outras próprias da linguagem informal. Leia o trecho
abaixo e resolva as questões propostas a seguir.
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“Países já chegam ao FMI com todos esses impasses, denotando a incapacidade de suas elites
de chegarem a fórmulas consensuais para enfrentar a crise – mesmo porque essas fórmulas
implicam prejuízos aos interesses de alguns grupos poderosos. Aí a burocracia do FMI deita e
rola. Há, em geral, economistas especializados em determinadas regiões do globo. Mas, na
maioria das vezes, as fórmulas aplicadas aos países são homogêneas, burocráticas, de quem
está por cima da carne-seca e não quer saber de limitações de ordem social ou política.(...)
Sem os recursos adicionais do Fundo, a travessia de 1999 seria um inferno, com as reservas
cambiais se esvaindo e o país sendo obrigado ou a fechar sua economia ou a entrar em
parafuso. O desafio será produzir um acordo que obrigue, sim, o governo e Congresso a
acelerarem as formas essenciais.” (Ícaro, 170, outubro de 1998 – questão adaptada do
vestibular da Unicamp)

a) Transcreva as expressões que nos remetem ao universo econômico.

homogêneas, burocráticas, de quem está por cima da carne-seca e não quer saber de
limitações de ordem social ou política.

b) Transcreva as expressões que têm características de informalidade.

AÍ, deita e rola; de quem está por cima da carne-seca; entrar em parafuso;

c) Substitua essas expressões apresentadas no nível coloquial por outras típicas da linguagem
formal.

"Aí" = dessa forma, assim, então.


"deita e rola" = faz o que quer.
"está por cima da carne-seca" = está em situação
privilegiada.
"seria um inferno" = seria traumático, difícil.
"entrar em parafuso" = perder o controle.
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6. Abaixo, temos a simulação de uma entrevista para a ocupação de um cargo numa empresa.
É nítido nesta entrevista o uso de duas variações lingüísticas bem marcadas pelos
interlocutores. A nossa atividade é assumir o papel do entrevistado e tentar adequar o nível de
linguagem ao da entrevistadora.

- Bom dia. Sente-se, por favor, preciso fazer algumas perguntas para o senhor a fim de saber
se está devidamente qualificado para a nossa empresa.

- Ah. Falô, na boa.

- Qual o nome do Sr., por favor?

- José Carlos, mas o pessoal lá de casa e da rua me chama de zé.

- Muito bem Sr. José Carlos, temos uma vaga para o cargo de Assistente Administrativo, mas
precisamos que o candidato tenha domínio de algumas habilidades.

- Certo! É só perguntar.

- O Sr. Possui algum conhecimento na área de informática? Nos dias de hoje ela é
imprescindível para qualquer profissional da área administrativa.

- Sim, eu manjo bastante de informática, você sabe, aqueles programas de sempre: Window,
Word, Excel, esses baratos todos.

- O Sr. costuma acessar a Internet? Conhece as principais ferramentas desse instrumento de


comunicação?

- OH! Nossa! Eu costumo viajar bastante na Internet, conheço muitos sites.

- Qual o grau de escolaridade do Sr.?

- Bem, eu estudei Administração Geral numa faculdade e agora tô pensando em me


especializar em Marketing.

- O Sr. fala algum idioma: inglês, espanhol?

- Bem, fiz um cursinho de espanhol rápido por causa do barato do Mercosul né. Inglês só no the
book is on the table.

- O Sr. é casado? Qual sua Idade?

- Não, por enquanto tô fora... Só namoro mesmo! Tô com 25 anos.

- Qual a sua experiência profissional? O Sr. já trabalhou numa empresa de grande porte como
esta?

- AH! pra falar a verdade eu trabalhei sempre como boy em empresas pequenas, mas o meu
último trampo foi numa distribuidora de medicamentos - empresa grande.

- E quais eram as atividades do Sr. nessa empresa?


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- Nossa! Eu fazia um pouco de tudo. Às vezes fazia umas coisas no departamento pessoal,
depois fui para o financeiro, passei uns meses também no CPD... rodei bastante por lá.

- Muito bem Sr. José Carlos, estou com os dados do Sr. aqui. Assim que tivermos uma posição
entramos em contato. Bom dia.

- Certo, bom dia, mas o trampo é meu?

(Texto elaborado pelo Professor Jorge Torresan)

4. TEXTO VERBAL E NÃO-VERBAL


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A capacidade humana ligada ao pensamento que se manifesta por meio de palavras


(verbum, em latim) de uma determinada língua caracteriza o texto ou linguagem verbal.
Existem, porém, outras formas de linguagem de que o homem lança mão para
representar o mundo, expressar-se, comunicar-se: os gestos, a música, a pintura, a mímica, as
cores. Trata-se da linguagem ou do texto não-verbal.
É possível apontar semelhanças e diferenças entre os dois tipos de textos. A análise
criteriosa (leitura) dos signos utilizados nos textos não-verbais permite que o sentido seja
apreendido e que se estabeleça comunicação, mesmo que a correspondência não seja
absoluta e um mesmo tipo de mecanismo assuma contornos específicos em cada tipo de
linguagem.
A utilização de recursos não-verbais na comunicação é freqüente e exige que o leitor
esteja atento a essas formas de interação que, muitas vezes tomam o lugar dos textos verbais -
ou a eles se associam -com o objetivo de produzir sentido de maneira mais rápida e eficiente –
é o caso das tabelas, dos gráficos, dos sinais de trânsito, charges.
As charges abaixo foram retiradas do site WWW.acharge.com.br. Analise o assunto e os efeitos
de sentido de cada uma (referências, efeitos de humor...):
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A capa da revista Veja, apresentada abaixo, associa a linguagem verbal e a linguagem não-
verbal. Faça uma leitura detalhada do texto, analisando os seguintes aspectos:

 De que maneira a capa aborda o problema em foco? Que efeitos de sentido produzem?

 Há alguma relação entre as duas chamadas da capa: Cielo e a Educação brasileira?

 No que se refere às cores: existe alguma relação entre elas?

(http://veja.abril.com.br/busca/resultadoCapas)

a capa aborda o tema usando uma crianca escrevendo que o ensino do Brasil é otimo mas
erroneamente, sendo irônico.

Não

São as cores da bandeira do brasil.

5. GRAMÁTICA DE USO
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Palavras homônimas e palavras parônimas – Exercícios

1. Preencha as lacunas com um dos termos entre parênteses:

1. Em tempos de crise, é necessário sortir a despensa de alimentos (sortir - surtir).

2. Os direitos de cidadania do rapaz foram cassados pelo governo (caçados - cassados).

3. O mandato dos senadores é de oito anos. (mandado- mandato).

4. A Marechal Rondon estava coberta pela cerração (cerração - serração).

5. César não teve senso de justiça (censo - senso).

6. Todos os assentos haviam sido ocupados (acentos - assentos).

7. Devemos vultosa uma quantia ao banco (vultosa - vultuosa).

8. A próxima sessão começará atrasada (seção - sessão).

9. Cumprimentaram-se, mas havia hostilidade entre eles (cumprimentaram - comprimentaram).

10. Na intersecção das avenidas, houve uma colisão. (intersecção - intercessão).

11. O tráfego no final do dia estava insuportável (tráfego - tráfico).

12. O marido entrou vagarosamente e passou despercebido (despercebido - desapercebido)

13. Não costume infringir as leis. (infligir - infringir).

14. Após o bombardeio, o navio atingido imergiu (emergiu- imergiu).

15. Vários imigrantes japoneses chega-ram a São Paulo nas primeiras décadas do século
(emigrantes - imigrantes).

16. Não há discriminação de raças naque-le país. (discriminação - descriminação).

17. Após anos de luta, consegui a dispensa (dispensa - despensa).

18. A chegada do eminente diplomata era iminente ( eminente - iminente).

19. O corpo docente era formado por doutores (docente- discente).

20. Houve alguns incidentes no Congresso (acidentes - incidentes).


20

21. Fomos destratados pelos anfitriões (destratados - distratados).

22. A cessão dos direitos da emissora foi uma das tarefas do governo (seção - cessão).

23. Ali, na seção de eletrodomés-ticos, há uma grande liquidação (seção - cessão).

24. É um senhor distinto (distinto - destinto).

25. Dei o xeque-mate ao gerente, por causa do cheque sem fundos. (cheque - xeque)

26. A nuvem de gafanhotos infestou a plantação. (infestou - enfestou)

27. Quando Joana toca piano é mais um conserto que um concerto (conserto - concerto).

28. Todos eles fruem o prazer da bela melodia (fruem - fluem).

29. Estava muito apressado para apreçar quanto custava aquele aparelho (apreçar - apressar).

30. Nas festas de São João é comum acender balões e vê-los ascender (ascender - acender).

31. As pessoas foram recolhidas a suas celas (celas - selas).

32. Segui a prescrição médica, mas não obtive resultados (proscrição - prescrição).

33. Alguns modelos recriados serão vendidos. (recreados - recriados)

34. A bandeira de São Paulo tem listras pretas (listas - listras).

35. Para passar, precisava aprender mais das lições ( apreender -aprender).

36. O réu expiará suas culpas (expiará - espiará).

37. Encontrei uma carteira com cédulas de cem dólares. (cédulas - sédulas)

38. Iremos à chácara para lermos deliciosa xácara medieval. (xácara - chácara)

39. Na hora da sesta, os mexicanos dormem (cesta-sesta).

40. Percebe-se que ele ainda é meio incipiente, pois não tem prática de comércio (incipiente -
insipiente).

DIFICULDADES COM A LINGUAGEM ESCRITA

POR QUE, POR QUÊ, PORQUE OU PORQUÊ?


21

POR QUE – Utilizado no início de frases interrogativas diretas. Com sentido de razão / motivo
pelo(a) qual.

Por que você não foi à festa?

Também empregado nas interrogativas indiretas (frases em que se pergunta algo, mas sem o
ponto de interrogação ao final):

Gostaria de saber por que você não foi à festa.

POR QUÊ – Utilizado no final de frases interrogativas ou quando estiver isolado.

Você não foi à festa, por quê?

PORQUE – Utilizado em respostas, na introdução de causa ou explicação.

Não fui à festa porque estava doente.

PORQUÊ – Com valor substantivo, precedido de determinante. Pode ser substituído por
motivo.

Quero saber o porquê de tanta gritaria.

A FIM DE ou AFIM?

A FIM DE – Com intuito: Nós procuramos a fim de estabelecermos relações comerciais.

AFIM – Com afinidade: São pessoas afins.

ONDE ou AONDE?

ONDE – Usado quando o verbo indica permanência (em que lugar). Onde está o meu carro?

AONDE – Usado quando o verbo indica movimento (a que lugar). Aonde você vai agora?
22

HÁ CERCA DE, ACERCA DE ou CERCA DE?

HÁ CERCA DE – Indica tempo decorrido.

A peça teatral está sendo apresentada há cerca de dois anos.

ACERCA DE – a respeito de. Falávamos acerca de sua demissão.

CERCA DE – Indica arredondamento (perto de, coisa de, por volta de, em torno de,
aproximadamente)

Cerca de 10 mil pessoas compareceram à manifestação.

Obs: Não usar para números exatos. Ex.: “Cerca de 543 pessoas...”

HAJA VISTO ou HAJA VISTA?

A expressão correta é HAJA VISTA, mesmo antes de palavras masculinas.

Vamos repetir a demonstração, haja vista o interesse dos participantes.

TAMPOUCO ou TÃO POUCO?

TAMPOUCO – Também não. Não compareci a festa tampouco ao almoço.

TÃO POUCO – Muito pouco. Tenho tão pouco tempo disponível para essa tarefa.

A ou HÁ?

A – Preposição, indica tempo futuro, idéia de distância e na expressão a tempo.

Ele chegará daqui a duas semanas. / A cidade fica a 20 km daqui.

Não chegaremos a tempo de ver o espetáculo.


23

HÁ – Indica tempo decorrido, passado.

Há tempo que não trabalho tanto quanto agora. Saiu há pouco do Rio de Janeiro.

A PAR ou AO PAR?

A PAR – Estar ciente de, sabedor. Estou a par do ocorrido.

AO PAR – Termo usado em Operadores de Mercado Financeiro (indica paridade ou igualdade).

O lançamento de ações foi feito ao par (com base no valor nominal).

MENOS ou MENAS?

Forma correta é : “Há menos pessoas aqui do que lá”.

Não esqueça que NÃO existe a forma MENAS.

MÁS, MAS ou MAIS?

MÁS – Ruins. Essas pessoas são muito más.

MAS – Conjunção coordenativa adversativa: entretanto, porém.

A virtude é comunicável. Mas o vício é contagioso.

MAIS – Antônimo de menos. O jornal de hoje publicou mais fotos da vencedora do festival.

MAL ou MAU?

MAL – Antônimo de bem. A criança estava passando mal desde ontem.

MAU – Antônimo de bom. Houve mau uso dos equipamentos eletrônicos.

AO INVÉS DE ou EM VEZ DE?


24

AO INVÉS DE – Significa ao contrário de.

Maura, ao invés de Alice, resolveu se dedicar à música.

EM VEZ DE – É o mesmo que em lugar de. Em vez de José, Carlos esteve presente.

A NÍVEL DE ou EM NÍVEL DE?

A forma A NÍVEL DE dita com tanta propriedade não existe, portanto deve ser eliminada ou
substituída por EM RELAÇÃO A, NO QUE DIZ RESPEITO A.

A nível de presidente, eu acredito que...(INCORRETO)

No que diz respeito ao presidente, eu acredito que...(CORRETO)

A expressão EM NÍVEL DE pode ser usada quando for possível estabelecer níveis /patamares
em relação ao que se fala.

As decisões tomadas em nível federal (estadual, municipal) poderão ser definitivas.

Obs: Em relação ao mar, aceita-se ao nível do mar ou no nível do mar.

A PRINCÍPIO ou EM PRINCÍPIO?

A PRINCÍPIO – Significa inicialmente, no começo, num primeiro momento.

A princípio havia um homem e uma mulher.

EM PRINCÍPIO – Quer dizer em tese, por princípios, teoricamente.

Em princípio, sou contra a pena de morte.

Ou use simplesmente: Em tese, sou contra a pena de morte.

EM CORES (A cores: incorreto)


25

O pronunciamento do presidente foi filmado em cores ontem. / Conserta-se TV em cores.

NA RUA

Todos moramos em algum lugar e não a algum lugar. / Roberto residia na rua Augusta.

EM DOMICÍLIO ou A DOMICÍLIO?

O correto é entregas em domicílio. É o mesmo que fazer entregas em casa, no


escritório: Fazemos entregas em domicílio.

Obs.: Só usamos a domicílio com verbos de movimento.

Conduziram o doente a domicílio (melhor: ...ao seu domicílio).

SITO A ou SITO EM?

Nosso escritório situa-se na Avenida Brasil.

DIA-A-DIA ou DIA A DIA?

DIA-A-DIA – Cotidiano. Isso é freqüente no nosso dia-a-dia.

DIA A DIA – Diariamente. Suas chances de vitória aumentam dia a dia.

SE NÃO ou SENÃO?

SE NÃO – Pode ser substituído por caso não. / Devolva o relatório se não estiver de acordo.

SENÃO – Pode ser substituído por somente, apenas. / Não vejo outra alternativa senão
concordar.

SENÃO – Substantivo, significando contratempo. / O show não teve nenhum senão.

PORISSO ou POR ISSO?

NÃO existe a forma PORISSO. / A forma correta é POR ISSO. / É por isso que você...
26

AO ENCONTRO DE ou DE ENCONTRO A?

AO ENCONTRO DE – Designa uma situação favorável.

Nossas propostas vão ao encontro das atuais tendências do mercado.

DE ENCONTRO A – Dá a idéia de oposição, contrariedade, choque.

Temos pontos de vista diferentes: minhas idéias vão de encontro às suas.

COM CERTEZA OU CONCERTEZA?

Com certeza, é com certeza, separado!

CONTUDO OU COM TUDO?

COM TUDO – Faz referência a algo mencionado anteriormente, invariavelmente acompanhado


do pronome ISSO.

Com tudo isso é possível perceber que estudar é essencial!

CONTUDO – Introduz uma idéia oposta ao que foi mencionado anteriormente, pode ser
substituído por entretanto, porém, todavia, mas.

Contudo não é possível afirmar que todas as pessoas são felizes.

DERREPENTE OU DE REPENTE?

Só existe a forma DE REPENTE.

INFELIZMENTE OU INFELISMENTE?

Grafa-se infeliz com Z, portanto o advérbio INFELIZMENTE, derivado de infeliz, deve também
ser grafado com Z.

OQUE OU O QUE?

Trata-se de uma expressão formada por duas palavras, portanto O QUE.

A falta de desenvolvimento sustentável é O QUE acarreta tantos problemas ao meio


ambiente.

QUIS OU QUIS?
27

O verbo querer deve ser grafado com S, assim:

Eu não QUIS incomodar você. Ele também não QUIS. Talvez os outros QUISESSEM...

AGENTE OU A GENTE?

AGENTE – é substantivo. Este é o AGENTE 007. Ele é um AGENTE da Polícia Federal.

A GENTE – forma oral que na linguagem coloquial substitui o pronome NÓS.

- Vocês preferem ir ao cinema ou ao teatro?

- É claro que A GENTE preferi ir ao cinema.

OPNIÃO OU OPINIÃO? / OPITAR OU OPTAR? CORRUPTO OU CORRUPITO?

As formas corretas são OPTAR, OPINIÃO E CORRUPTO.

5.2. ERRO NA ACENTUAÇÃO DE ALGUMAS PALAVRAS

Em algumas situações, a acentuação altera não só a classe gramatical, mas também o


sentido da palavra.

influência influencia

Pronúncia pronuncia

Tecnológico tecnologia

Maquinaria maquinária não existe

Mês Meses

Vocês Voces, vocêis, voçês não existem

Secretária secretaria

5.3. ERRO NA PRONÚNCIA DE ALGUMAS PALAVRAS

PRONÚNCIA CORRETA PRONÚNCIA ERRADA

Aeronáutica Areonáutica

Bandeja Bandeija
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Emagrecer Esmagrecer

Progresso Pogresso

Coincidência Conhicidência

Advogado Adevogado

Mortadela Mortandela

Bicarbonato Bicarbornato

Problema Poblema, probrema, ploblema

Salsicha Shalchicha

Próprio Póprio

Sobrancelha Sombrancelha

Perturbar Pertubar

Frustrado Frustado

Cabeleireiro Cabelereiro, cabeleileiro

Entretela Entertela

Engajamento Enganjamento

Mendigo Mendingo

Meteorologia Metereologia

Ignorante Inguinorante

Reivindicação Reinvidicação

Privilégio Previlégio

Superstição Supertição

Lagartixa Largatixa

Receoso Receioso

Digladiar Degladiar

Subsídio Subzidio

Rubrica Rubrica

Disenteria Desinteria
29

Empecilho Impecilho

Estupro Estrupo

Beneficente Beneficiente

Irrequieto Irriquieto

Prazerosamente Prazeirosamente

Misto Mixto

Caderneta Cardeneta

Xifópagos Xipófagos

Dignitário Dignatário

Cinqüenta Cincoenta

Asterisco Asterístico

EXERCÍCIOS

1. Preencha os espaços com por que, por quê, porque ou porquê:

a)__por quê____você pretende sair mais cedo?

b)________porquê________ jamais levanta a voz, todos o admiram.

c) Você se julga uma pessoa melhor do que as outras _________por quê_________?

d) ____porquê_________leio? Ora. Leio _______porque__________a leitura me faz sonhar.

e) As cidades __________por que__________ passei são magníficas.


2. Preencha os espaços com mal ou mau:
a) Você fez um ______mau_________ acordo.
b) Era um casa ________mal_______feita.
c) Que_______mau________ gosto você tem!
d) Isso tudo que você disse faz muito ________mal_______ aos seus amigos.
e) Um edifício _______mal________ construído é um perigo.
f) Todos falam __________mal_______ de você.
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3.Preencha as lacunas das frases seguintes com as formas entre parênteses.


a) Tenho muito o..............que................. fazer. (que/quê)
b) É preciso um..................quê............. de louco para poder fazer isso. (que/quê)
c) Estamos rindo sem ter de.......quê.................... (que/quê)
d) ..................quê.................. você quer saber? ............que........sua curiosidade é maior que sua
inteligência? (por que/porque/por quê/porquê)
e) Você quer saber...............por.quê............. ? Não lhe direi.....por.que........ (por que, porque, por quê,
porquê)
f) Resta ainda descobrir o...............porquê........... dessas declarações. É difícil
entender.........porque.....ele teria dito tudo aquilo. (por que, porque, por quê, porquê)
g) ....................onde............... está seu orgulho? (onde, aonde)
h) Irei..................aonde.................. você quiser que eu vá. (onde, aonde)
i) Não gosto muito dela, .......mas...tenho de admitir que é....mais......inteligente do que eu supunha.
(mas, mais)

j) Comportou-se...........mal........... durante a reunião. Não creio que seja um....mau ..sujeito, porém.
(mal, mau)
l) Às vezes, penso que o.............mal.............. anda vencendo o bem de goleada neste nosso mundo.
Isso é tão! (mal, mau)
m) ..........mal................. -humorados de todo o mundo, uni-vos! (mal, mau)
n) Deixe-me.............a par................ de tudo o que estiver acontecendo. (a par, ao par)
o) Várias pessoas expuseram opiniões que vieram..............de encontro as................... minhas durante
o debate, o que muito me animou. (ao encontro das, de encontro às)
p) Muitas pessoas têm opiniões que vêm..........ao encontro das.............................. minhas, o que não
chega a me desanimar. (ao encontro das, de encontro às)
q) ................há........... anos não nos vemos. E só poderei reencontrá-lo daqui....à....dois meses! (há, a)
r) Dali...............a....... três meses, eu mudaria de vida. (há, a)
s) Nada sei ............a cerca............................ das manifestações que ocorreram no país ....há cerca de...
de dois anos. (acerca, há cerca)
t) Já que temos ideias.........afins....... , deveríamos trabalhar juntos......a fim........ de conseguir
melhores resultados. (afins, a fim)
u) Não há nada............de mais.............. em gostar.....demais....... de doces. (de mais, demais)
31

v) .....se nçao............ se fizer alguma coisa, o país escorregará para o caos. E ainda há quem não faça
nada .........senão.......... perseguir privilégios. (se não, senão)

4. Preencha os espaços com eu ou mim:

a) Traga os documentos para _______eu_____ assinar.

b) Entre ________eu_________e você não pode haver nenhuma espécie de segredo.

c) Para _______mim________é difícil dizer não.

d) Venham até ________mim___________ para que eu possa explicar o que realmente


ocorreu.

e) São projetos para __________eu__________ construir um hotel.

5. Preencha, agora, utilizando más, mas ou mais:

a) Suas intenções não são ___________más_______ .

b) É um bom homem ________mas___________ ninguém reconhece.

c) Você está __________mais_________ perto da vitória.

d) Fez o jantar ___________mas_________ não comeu..

e) Chegou tarde, _________mas________chegou.

f) Apesar de tentarem sempre praticar boas ações, elas são realmente _______más________.

g) Não sei __________mais_______ nada sobre isso.

h) Hoje você está ___________mais_______ cansado do que ontem.

6. Complete as lacunas com uma das opções entre parênteses.

a) _____se não____ encontrar seu gerente, entregue os documentos à secretária. (se não –
senão)

b) Nunca entraremos em acordo: suas opiniões vão de encontro a__________ meus princípios.
(de encontro a – ao encontro de)

c) Não vejo ________privilégio___________ algum em ocupar tal cargo. ( previlégio –


privilégio)

d) Todas as entregas serão feitas ____________a domicilio ________. ( a domicílio – em


domicílio)

e) Por favor, coloque os clientes ___________a par__________ do andamento de seus


processos. (a par – ao par)
32

f) ________a fim de________ de evitar problemas e criar __________menos_______


expectativas, o gerente de vendas resolveu cancelar o evento de lançamento marcado para a
próxima semana. ( afim de – a fim de / menas – menos)

7. Preencha os espaços vazios com porque, porquê, por que, por quê.
a. ____porquê__ desistir agora de um projeto____por que___debatemos há tanto tempo?
b. A situação haveria de mudar______por quê_____? Não há razões ____por que___ isso
deva ocorrer.
c. _____por que_____ águas estamos navegando ninguém sabe dizer. Todos ignoram o
____porquê____ dessa instabilidade.
d. _____por quê_____ exigir essas coisas dos candidatos aos nossos cargos públicos?
e. Perguntava ______PORQUÊ____ aquele espinho doía tanto no peito.
f. “O trenzinho seguia danado para Belém_____porquê______ o maquinista não tinha
jantado até aquela hora.” (Antônio de Alcântara Machado)

8. Elimine o que está sobrando:

a) O gerente tem certeza do prazo estipulado.

b) A taxa vigente no mercado é igual à do mês passado.

c) A data para pagamento da mensalidade é dia 30 do mês de janeiro.

d) As visitas são de sua escolha.

e) Os transportes públicos são alvo de vandalismo.

f) Na eleição para presidente, houve unanimidade.

g) foi comunicado o cancelamento da compra do imóvel.

h) A solução para o problema é iminente.

i) não foi encontrado um elo de ligação entre as versões apresentadas pelas testemunhas.

j) O lançamento do novo tipo de computador foi um sucesso e excedeu muito às expectativas.


33

6. INTERPRETAÇÃO DE ENUNCIADOS - VERBOS DE COMANDO

Antes de iniciar o uso desta apostila, pergunte-se: VOCÊ FAZ O QUE REALMENTE SE
PEDE? Para medir o nível do aproveitamento e o desenvolvimento dos alunos em sala de aula, o
professor pode utilizar vários instrumentos de avaliação. Entre esses instrumentos, é muito
comum o emprego de provas e/ou testes dissertativos, nos quais os alunos têm um espaço para
mostrar, sobre algum assunto determinado, a sua capacidade de análise, criação, comparação,
identificação, conceituação etc.
É muito comum nas discussões entre professores comentários sobre a dificuldade que os
alunos têm diante do momento de dissertar numa prova, mesmo que ela seja composta por
questões breves. Essa dificuldade pode ocorrer, muitas vezes, porque eles não conseguem
compreender exatamente o que é pedido em uma questão. Se observarmos com atenção, todas as
questões se iniciam ou se desenvolvem tendo como base um verbo-comando (geralmente na
forma do imperativo) que especifica para o aluno a forma como ele deve responder a uma
questão. A tabela abaixo demonstra alguns dos verbos-comando mais utilizados.
Definição dos verbos Especificação dos
Verbos de (adaptada do Moderno Dicionário da procedimentos
comando Língua Portuguesa Michaelis e Aurélio)

Determinar os componentes ou elementos Exige a elaboração de um


Analise fundamentais de alguma idéia, teoria, fato texto como resposta.
etc.; determinar por discernimento
natureza, significado, aspectos ou
qualidades do que está sendo examinado.

Justifique Explicar ou demonstrar a veracidade ou Exige a elaboração de um


Explique não de algum fato ou ocorrência por meio texto como resposta.
de elementos/argumentos plausíveis.
Tornar claro e coerente os elementos
levantados.

Transcreva Reproduzir, extrair, copiar algum trecho de A resposta não pode ser
Cite algum texto sem qualquer tipo de elaborada e sim apenas
Destaque modificação. recortada utilizando-se sinais
adequados com aspas
34

Compare Examinar, simultaneamente, as Exige a elaboração de um


Confronte particularidades de duas ou mais idéias, texto como resposta.
fatos, ocorrências.

Critique Examinar com muito critério alguma idéia, Exige a elaboração de um


(“faça um noção ou entendimento tentando perceber texto como resposta.
comentário qualidades e/ou defeitos, pontos negativos Importante observar que
crítico”) e/ou positivos etc. criticar não é somente
levantar aspectos negativos
do que se está observando –
a crítica pode ser também de
caráter positivo.
Reescreva Tornar a escrever; escrever uma segunda Exige a reelaboração de um
vez. texto, consertando os
defeitos do primeiro texto.

Sugestões para responder melhor às questões dissertativas :


 Leia atentamente, se necessário, várias vezes, os enunciados das questões detectando os verbos-
comando que estruturam as questões.
 Responda exatamente o que está sendo pedido, não tente “complementar” suas respostas com
informações desnecessárias achando que elas irão compensar o que você não souber responder.
 Não se esqueça de que uma resposta a uma questão dissertativa, por menor que seja, é sempre um
texto, sendo assim, seja claro, coeso, coerente.
 Suas respostas deverão ter, como em qualquer outro texto, um início, um desenvolvimento e, quando
necessário, uma conclusão.
 Não responda às questões utilizando frases inteiras de textos, leia atentamente o material que está
sendo analisado e construa a resposta com o seu próprio discurso. Os recortes de frases devem ser
feitos apenas quando se tratar de verbos-comando como “transcreva”, “retire” etc.
 Respeite o número de linhas especificado para as suas respostas. Não seja muito sucinto nem muito
prolixo – responda de maneira que você dê conta do que está sendo pedido.
 Toda boa resposta geralmente se inicia com traços da questão que a originou.
Ex.: Pergunta: De acordo com o texto, qual o nível financeiro daquela população?
Resposta: De acordo com o texto, o nível financeiro daquela população é muito baixo.
 Não use em suas respostas gírias e/ou construções típicas da linguagem coloquial.

Nesta apostila, e nas provas/avaliações que serão dadas para você elaborar, muitos
destes verbos serão solicitados. Fique atento!

(Fonte: Profs. Patrícia Quel e Jorge Luís Torresan)


35

EXERCÍCIOS

1-UNICAMP 1993 - A leitura literal do texto a seguir produz um efeito de humor.


"As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas fitas de sexo explícito. A decisão
atende a uma portaria de dezembro de 91, do Juizado de Menores, que proíbe que as casas de
vídeo aluguem, exponham e vendam fitas pornográficas a menores de 18 anos. A portaria proíbe
ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos
pais."
("Folha Sudeste", 06/06/92)
a) Transcreva a passagem que produz efeito de humor.
b) Qual a situação engraçada que essa passagem permite imaginar?
c) Reescreva o trecho de forma a impedir tal interpretação.

2. Faça o que se pede de acordo com os textos OBESIDADE INFANTIL e EDUCANDO


O PALADAR.

OBESIDADE INFANTIL
O papel dos hábitos sedentários, da publicidade e da educação alimentar na
globalização de uma epidemia
.
Nos últimos 20 anos, a obesidade infantil tornou-se epidemia mundial. O número de casos
pode ser atribuído à farta disponibilidade de alimentos densamente calóricos e à vida sedentária
das crianças nas cidades.
Não existe um gene único que possa ser responsabilizado pela obesidade. A predisposição
é causada por uma interação complexa de cerca de 250 genes envolvidos no controle de peso do
organismo.
Células especiais para armazenar gordura (adipócitos) surgem no feto ao redor da 15ª
semana de gestação. Durante o primeiro ano de vida elas não mais se multiplicam, apenas
crescem e se enchem de gordura para armazenar energia que será utilizada quando a criança
começar a andar.
À medida que a criança cresce em altura, essas reservas são consumidas até atingir seus
níveis mais baixos aos 5 ou 6 anos. Meninos e meninas que chegam gordinhos a essa idade
apresentarão maior probabilidade de desenvolver obesidade na adolescência e na vida adulta.
Na criança de peso normal, entre 2 e 10 anos, ocorre apenas um pequeno aumento do
número de adipócitos. Já nas obesas, quando a quantidade de gordura contida em cada célula
atinge 1 grama — o limite máximo de sua capacidade —, ocorre a multiplicação celular com
formação de novos adipócitos.
Quando a criança obesa perde peso, a velocidade de formação de novas células
gordurosas diminui. Mas, ainda assim, são formadas mais células novas do que aquelas das
crianças magras.
A obesidade materna durante a gravidez interfere com a troca de nutrientes com o feto e
favorece o aparecimento de obesidade infantil. Ao contrário, má nutrição durante a gravidez
também pode levar à obesidade como mecanismo compensatório.
36

Crianças negligenciadas, solitárias ou deprimidas tendem a apresentar maiores índices de


obesidade quando adultas.
A falta de atividade física é fator crucial. A redução dos espaços urbanos disponíveis para
brincar em segurança, os computadores, os jogos eletrônicos e, especialmente, o número de horas
diante da tevê, expostas a comerciais de alimentos com alta densidade calórica, são fatores de
risco associados à explosão de obesidade nas crianças.
Pesquisas conduzidas na Inglaterra e nos Estados Unidos mostram que, nesses países, elas
estão expostas, em média, a dez comerciais de alimentos por hora diante da tevê; a maioria sobre
doces, refrigerantes e salgadinhos.
Da mesma forma que nos adultos, a obesidade na infância causa hipertensão arterial,
aumento de colesterol e triglicérides, inflamação crônica, facilita a formação de coágulos, altera a
parede interna das artérias e aumenta a produção de insulina. Esse conjunto de fatores de risco
para doença cardiovascular, conhecido como síndrome da resistência à insulina ou síndrome
metabólica, tem sido descrito até em crianças com 5 anos de idade.
Anteriormente conhecido como diabetes do adulto, o diabetes do tipo 2 é cada vez mais
encontrado na infância. Em certas populações, seus portadores chegam a representar metade do
total de crianças diabéticas.
(Drauzio Varella)

EDUCANDO O PALADAR

O sabor do leite materno não é o mesmo em todas as mamadas, pois ocorrem


modificações no decorrer do dia por causa da alimentação da mãe. Bebês alimentados com
mamadeira não experimentam tal variedade de sabores, já que o gosto do leite em pó é sempre o
mesmo.
Estudos mostram que a diversidade de sensações gustativas associadas à amamentação
facilita mais tarde a instalação de paladares mais variados.
As crianças têm preferência inata por sabores doces e salgados, rejeição pelos amargos e
azedos, e apresentam dificuldade para aceitar novas experiências gustativas.
Calcula-se que devam ser expostas de cinco a dez vezes, em média, para adaptar-se ao
gosto de um novo alimento.
Nessa fase da vida, existe nítida predisposição para alimentos com alta densidade calórica,
como as gorduras e os doces, por causa do gosto agradável e por levar à saciedade mais
prontamente. Se não houver insistência na oferta, o paladar poderá fixar-se exclusivamente em
doces e gorduras, com graves conseqüências futuras.
(In: Carta Capital, n.º 332, 08/03/2005.)

a) Cite as causas do número de casos de obesidade infantil.


b) Explique por que uma criança que é gordinha aos cinco ou seis anos de idade tem maiores
chances de desenvolver obesidade na vida adulta.
c) Analise as conseqüências da obesidade para a saúde da criança.
37

d) Explique a importância da amamentação no processo de desenvolvimento do paladar da


criança.
e) Compare os dois textos e explique a relação entre os dois.

3-UNICAMP 1995
Defender a língua é, de modo geral, uma tarefa ambígua e até certo ponto inútil. Mas
também é quase inútil e ambíguo dar conselhos aos jovens de uma perspectiva adulta e no
entanto todo adulto cumpre o que julga seu dever. (...) Ora, no que se refere à língua, o choque ou
oposição situam-se normalmente na linha divisória do novo e do antigo. Mas fixar no antigo a
norma para o atual obrigaria este antigo a recorrer a um mais antigo, até ao limite das origens da
língua. A própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou recusar. A
língua mastiga e joga fora inúmeros arranjos de frase e vocábulos. Outros, ela absorve e integra a
seu modo de ser.
(Vergílio Ferreira, "Em Defesa da Língua", em: Estão a Assassinar o Português! trecho adaptado)

a) Transcreva a tese de Vergílio Ferreira, isto é, a afirmação básica que o autor aceita como
verdadeira e defende nesse trecho.
b) Transcreva o argumento no qual o autor se baseia para defender sua tese.

7. IDENTIFICAÇÃO DOS OBJETIVOS, DOS ARGUMENTOS E DAS CONCLUSÕES DO


TEXTO

Algumas definições:

Assunto: de que fala o texto, idéia ampla e geral, germe a partir do qual se desenvolverão as
idéias do texto.

Tema: delimitação do assunto, aspecto a ser abordado, enfoque, tratamento especial dado pelo
autor.

Objetivo do texto: para que é escrito o texto, finalidade com que se elabora o texto.

Tese ou frase-núcleo: o que fala o texto expressão verbal de um juízo, afirmação básica,
ponto de vista do autor.

Argumentos: provas que sustentam a tese: exemplos, informações que comprovam a tese
(dados, fatos).

EXERCÍCIO
38

COMPUTADOR REVOLUCIONA COMUNICAÇÃO

A comunicação por computador ameniza as distâncias - físicas ou de hierarquias. Um


jornalista americano surpreendeu-se ao descobrir que o mais humilde empregado de Bill Gates,
o mitológico criador e presidente da Microsoft, empresa que domina o Mercado mundial de
programas de computador, pode facilmente comunicar-se com ele apenas enviando uma
mensagem para o endereço eletrônico. A tendência é cada vez mais empresas terem as
próprias redes internas de comunicação eletrônica. Pode-se prever que haverá uma revolução
nos sistemas de administração baseados em níveis hierárquicos. A comunicação está correndo
solta, livre de rédeas. Ultrapassa os organogramas. “Isso vai acirrar a competitividade, porque a
real eficiência das pessoas poderá vir à tona”, prevê a antropóloga Claudine Bichara de
Oliveira.

Como assistente de coordenação da Rede Nacional de Pesquisa, rede eletrônica que o


Ministério da Ciência e Tecnologia criou para atender as atividades de educação e pesquisa no
Brasil, Claudine está num posto privilegiado para observar essas mudanças. Ela detecta, por
exemplo, o fim do formalismo típico das atividades acadêmicas. “Antigamente, só se tinha
acesso ao resultado de uma pesquisa depois do texto pronto e publicado numa revista
científica. Só aí ele começava a ser debatido. Agora o cientista debate o texto com outras
pessoas enquanto ainda é um simples rascunho.”

E os códigos para emoções? Uma das regras da comunicação eletrônica é que não se
perde tempo usando nas mensagens expressões formais como “prezado senhor” ou “cordiais
saudações”. A regra é entrar direto no assunto, ser objetivo, conciso e sucinto. Mas ao
dispensar as sutilezas de linguagem, a comunicação por computador dificulta a expressão de
emoções e sentimentos, ainda mais porque é feita por escrito, sem apoio do tom de voz ( como
ao telefone) ou da expressão facial ( como nas conversas ao vivo). Como ser objetivo e, ao
mesmo tempo, expressar alegria, tristeza, medo, raiva, sarcasmo, ironia?

(adaptado de JB,25/4/94(JB, 25/4/94.In: Gold, Miriam: Redação Empresarial – escrevendo com sucesso na era da globalização,
1999)

1. Responda às questões a seguir de modo a criar pequenos textos. Observe o comando da


questão.

1. Indique o assunto discutido no texto.


39

2. Qual o objetivo do texto?

4. Destaque do texto os argumentos utilizados pela autora para comprovar sua tese.

5. Explique a frase “Claudine está num posto privilegiado para observar essas mudanças”.

8.1. IDENTIFICAÇÃO DAS PALAVRAS-CHAVE

Palavra Chave: são aquelas que estão mais de perto associadas especificamente ao assunto
do texto, podendo aparecer repetidas e algumas vezes na forma de sinônimos. A identificação
das palavras-chave através do skimming (estratégia ou procedimento que consiste em lançar
os olhos rapidamente sobre o texto, numa breve leitura para captar o assunto geral apenas, se
esse for o objetivo da leitura) leva-nos a ter uma identificação do assunto no texto.

Normalmente as palavras-chave perpassam todo o texto podendo aparecer modificadas


ou substituídas por sinônimos.

Exercício:

Os megaproblemas das grandes cidades

A população das megacidades cresce muito mais depressa do que sua capacidade de
prover empregos e fornecer serviços decentes a seus novos moradores. O fenômeno, detectado no
relatório da ONU sobre a população, é tanto mais grave porque atinge em cheio justamente os
países mais pobres. Das dez megacidades de 2000, sete estarão fincadas no Terceiro Mundo. As
pessoas saem do campo para as cidades por um razão tão antiga quanto a Revolução Industrial:
querem melhorar de vida. Mesmo apinhadas em periferias, suas chances de prosperar são maiores
do que na área rural. As cidades, escreveu o historiador Lewis Mumford, “são o lugar certo para
multiplicar oportunidades”.
40

A típica explosão urbana é registrada em várias cidades da África e da Índia, que dobram de
população a cada doze anos e não dão conta da demanda por emprego, educação e saneamento.
Mesmo as que crescem a uma taxa menos selvagem, como a de veículos e 35.000 fábricas da
capital mexicana, por exemplo, pode chegar como em fevereiro passado, a um nível quatro vezes
além do ponto em que o ar é considerado seguro.
Ainda que todos os prognósticos sejam pessimistas, não se deve desprezar a capacidade
de as megacidades encontrarem soluções até para seus piores desastres. A mobilização da
população da capital mexicana em 1985 para reconstruir partes da cidade arrasadas por um
violentíssimo terremoto evitou o pior, e mostrou que as mobilizações coletivas podem driblar o
apocalipse anunciado para as megalópoles.

a. Retire do texto acima as palavras-chave:

b. Qual a ideia-chave de cada parágrafo?

c. Elabore o resumo do texto, a partir das idéias-chave.

9. PARAGRAFAÇÃO E ARTICULAÇÃO ENTRE OS PARÁGRAFOS DO TEXTO

A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO - PARÁGRAFO-PADRÃO

O parágrafo é uma unidade de composição do texto em que é desenvolvida uma idéia


central a que se agregam outras secundárias, estabelecendo entre si sentido e lógica.

Muito comum em textos dissertativos, o parágrafo-padrão estrutura-se em tópico frasal,


desenvolvimento e conclusão.

Introdução, também conhecida denominada tópico frasal, é formada de uma ou de duas


frases curtas que expressam, de maneira sucinta, a idéia principal do parágrafo, definindo seu
objetivo.
41

Desenvolvimento: corresponde à ampliação do tópico frasal, à sua fundamentação ou que o


esclarecem ( exemplos, detalhes, demonstração e fatos, comparações, referências históricas ou
científicas).
Conclusão: nem sempre presente, especialmente em parágrafos mais simples e curtos, a
conclusão retoma a idéia central, levando em consideração os diversos aspectos selecionados
no desenvolvimento.

OBSERVAÇÃO: Cada um dos parágrafos do texto deve apresentar necessariamente


um tópico frasal.

Observe o parágrafo a seguir em que estão destacados cada um dos elementos que
constituem o parágrafo.

A comunicação por computador ameniza as distâncias - físicas ou de hierarquias. Um


jornalista americano surpreendeu-se ao descobrir que o mais humilde empregado de Bill Gates,
o mitológico criador e presidente da Microsoft, empresa que domina o Mercado mundial de
programas de computador, pode facilmente comunicar-se com ele apenas enviando uma
mensagem para o endereço eletrônico. A tendência é cada vez mais empresas terem as
próprias redes internas de comunicação eletrônica. Pode-se prever que haverá uma revolução
nos sistemas de administração baseados em níveis hierárquicos. A comunicação está
correndo solta, livre de rédeas. Ultrapassa os organogramas. “Isso vai acirrar a
competitividade, porque a real eficiência das pessoas poderá vir à tona”, prevê a antropóloga
Claudine Bichara de Oliveira.

EXERCÍCIOS

1. Divida o parágrafo em introdução, desenvolvimento e conclusão – utilize barras.

Vantagens e riscos da nanotecnologia ao meio ambiente

“A manipulação da matéria na escala nanométrica, num bilionésimo de metro, tem


produzido efeitos positivos na área ambiental. As resinas magnéticas têm a capacidade de
remover metais de um meio aquoso, o que pode ser utilizado no tratamento de efluentes. As
nanopartículas são capazes de remover contaminantes onde não há eficácia de outros
processos químicos. Há quem defenda a nanotecnologia como a garantia de que o mundo
atingirá, enfim, o desenvolvimento sustentável. Entretanto, ao mesmo tempo que as vantagens
42

dessa tecnologia são nítidas para o meio ambiente, alguns especialistas começam a atentar
para o impacto dos nanomateriais na saúde do ser humano e na natureza. Tornando-se, assim,
necessário o estudo contínuo desse novo processo.”

(adaptadohttp://www.mct.gov.br/html/template/frame)

2. Leia atentamente o texto abaixo, divida-o em parágrafos e, a seguir, responda ao que se


pede.

Viver em sociedade

A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem


umas às outras, a fim de que possam garantir a continuidade da vida e satisfazer seus
interesses e desejos. Sem vida em sociedade, as pessoas não conseguiriam sobreviver, pois o
ser humano, durante muito tempo, necessita de outros para conseguir alimentação e abrigo. E
no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas morando na cidade, com hábitos que
tornam necessários muitos bens produzidos pela indústria, não há quem não necessite dos
outros muitas vezes por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não são apenas de
ordem material, como os alimentos, a roupa, a moradia, os meios de transportes e os cuidados
de saúde. Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa humana necessita
de afeto, precisa amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos
a respeitem. Além disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que
é a base de suas esperanças. Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade,
apenas porque escolhem esse modo de vida; mas porque a vida em sociedade é uma
necessidade da natureza humana. Assim, por exemplo, se dependesse apenas da vontade,
seria possível uma pessoa muito rica isolar-se em algum lugar, onde tivesse armazenado
grande quantidade de alimentos. Mas essa pessoa estaria, em pouco tempo, sentindo falta de
companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando de alguém com quem falar e trocar
idéias, necessitada de dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria louca se continuasse
sozinha por muito tempo. Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa
humana pode satisfazer suas necessidades, é preciso que a sociedade seja organizada de tal
modo que sirva, realmente, para esse fim. E não basta que a vida social permita apenas a
satisfação de algumas necessidades da pessoa humana ou de todas as necessidades de
apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com justiça é aquela em que se procura
fazer com que todas as pessoas possam satisfazer todas as suas necessidades, é aquela em
que todos, desde o momento em que nascem, têm as mesmas oportunidades, aquela em que
43

os benefícios e encargos são repartidos igualmente entre todos. Para que essa repartição se
faça com justiça, é preciso que todos procurem conhecer seus direitos e exijam que eles sejam
respeitados, como também devem conhecer e cumprir seus deveres e suas responsabilidades
sociais.

(DALLARI, Dalmo de D Viver em sociedade. São Paulo: Moderna, 1985. p. 5-6)

a) Que idéia Dalmo de Abreu Dallari defende em seu texto?

b) Releia o primeiro parágrafo e responda: qual é a sua função em relação aos demais
parágrafos que formam o texto?

c) No texto, o autor nos apresenta uma série de argumentos, ordenados logicamente, a fim
de convencer o leitor. Quais são esses argumentos e como eles nos são apresentados?

d) Qual a função do último parágrafo? Que idéias ele defende?

10. O PARÁGRAFO-CHAVE
44

O primeiro parágrafo do texto deve ser criativo, deve atrair a atenção do leitor. Assim é
preciso evitar expressões desgastadas como: nos dias de hoje, hoje em dia, atualmente, a cada
dia que passa, desde os primórdios, desde épocas remotas, no mundo de hoje, na atualidade, o
mundo em que vivemos.

Para auxiliar seu trabalho, observe abaixo dezoito formas de começar um texto,
sugeridas pelo professor Antônio Carlos Viana.

Algumas formas para você começar um texto

1. Uma declaração

(tema: liberação da maconha)

É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo.


O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas
instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.

Alberto Corazza, Istoé, 20 dez. 1995.

A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma


declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

2. Definição

(tema: o mito)

O mito, entre os primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar
entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e
não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos
naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão também, as formas da ação humana.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São
Paulo, Moderna, 1992. p. 62.

A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, sobretudo


em texto dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.

3. Divisão
45

(tema: exclusão social)

Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a
de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve
muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o
combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder
público e ampla participação da iniciativa privada.

Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996.

Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o
parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-las na frase seguinte.

4. Oposição

(tema: a educação no Brasil)

De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro,


gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É este
o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.

As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro) que
estabelecerá o rumo da argumentação.

Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste exemplo:

Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de envolvimento:
raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a cultura ainda é vista como algo
supérfluo em nossa terra; esperança por observar quantos movimentos culturais têm
acontecido em nossa história, e quase sempre como forma de resistência e/ou transformação.
(...)

FEIJÓ, Martin César. O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985. p. 7.

O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a compõem.

5. Alusão histórica

(tema: globalização)
46

Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece


ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia
entrou em rota acelerada de competição.

O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado
no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

6. Citação

(tema: política demográfica)

“As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a
criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora.” O comentário, do
fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de
letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.

DI FRANCO, Carlos Alberto. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995. p.
73.

A criação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra
comentário da segunda frase.

7. Citação de forma indireta

(tema: consumismo)

Para Marx a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco: marxismo é o ópio dos
intelectuais. Mas nos Estudos Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as modas
americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata.

Cláudio de Moura e Castro, Veja, 13 nov. 1996.

Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É melhor
citar de forma indireta que de forma errada.

EXERCÍCIOS
47

1. Seguem abaixo alguns tópicos frasais para serem desenvolvidos de acordo com a
maneira sugerida.
a) Anacleto é um detetive trapalhão. (por enumeração de detalhes: forneça a descrição
física e psicológica do personagem).
b) As novelas transmitidas pela televisão brasileira são muito mais atraentes que nossos
filmes. (por oposição)
c) As cidades brasileiras estão se tornando ingovernáveis. (por exemplo específico)
d) Nunca diga que algum ser humano é uma ilha: tudo que acontece a um semelhante
nos atinge. (por exemplificação)

2. Dadas as idéias centrais, desenvolva os parágrafos abaixo tentando, inclusive,


concluir tais idéias.

a) Dois são os principais motivos que contribuem para o empobrecimento acelerado da


sociedade______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

b) Nos últimos dez anos, a internet tornou-se necessária a todas as pessoas que desejam ser
bem sucedidas ________________________________________________________________

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

2. Dadas as conclusões, escreva o início do parágrafo expondo a idéia principal a ser


tratada e o seu desenvolvimento. Indique a técnica usada para iniciar os parágrafos.

a)___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
______________________________________________________ por isso o Brasil está
nestas condições!

b)___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
___________________________________ Portanto, diante de tudo isso, precisamos
urgentemente reorganizar toda a estrutura das vias públicas da cidade de São Paulo.

Sobre Política e Jardinagem


48

Por Rubem Alves


" Escrevo para você, jovem, para seduzi-lo à vocação política. Talvez haja um jardineiro adormecido dentro de
você"

De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim "vocare", quer dizer
"chamado". Vocação é um chamado de amor por um "fazer". No lugar desse "fazer" o vocacionado quer "fazer
amor" com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.
" Política" vem de "polis", cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e
manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria deste
espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.
Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades; sonhavam com
jardins. Quem mora no deserto sonha com oásis. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se
perguntássemos a um profeta hebreu "o que é política?", ele nos responderia: "A arte da jardinagem aplicada às
coisas públicas".
O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande
que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se a
sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.
Amo a minha vocação que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor,
mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de
transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade.
A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu
que os políticos não precisavam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o
jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço
muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.
Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na
profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela
vocação é um amante. Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele
ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.
Todas as vocações podem ser transformadas em profissões. O jardineiro por vocação ama o jardim
de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que
isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.
Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda
tese: de todas as profissões, a política é a mais vil. O que explica o desencantamento total do povo, em relação à
política. Guimarães Rosa, questionado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: "Eu jamais
poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade. Ao contrário dos legítimos políticos, acredito no
homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu
penso na ressurreição do homem".
Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva anos para
crescer. É mais lucrativo cortá-las.
Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é
que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de ser
confundido com gigolôs e de ter de conviver com gigolôs.
Escrevo para você, jovem, para seduzi-lo à vocação política. Talvez haja um jardineiro
adormecido dentro de você. A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas
esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas são legítimas, se forem
vocação. Mas todas elas são afunilantes: vão colocá-lo num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar
onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?
Acabamos de celebrar os 500 anos do Descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegarem,
não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis,
indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem.
49

Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não
eram jardineiros, mas lenhadores e madeireiros. Foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim, para a
felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde poucos
encontram vida e prazer.
Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os
políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, em vez de
desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiverem o amor e a
paciência de plantar árvores em cuja sombra nunca se assentariam.
Rubem Alves é educador, escritor, psicanalista e professor emérito da Unicamp.
(Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 19/05/2000.)

Exercícios

1. Podemos afirmar que o texto de Rubem Alves é uma carta argumentativa. Que elementos
estruturais nos levam a essa afirmação? Justifique sua resposta com elementos do texto.

2. Centre sua atenção no assunto tratado pela carta. Poderíamos afirmar que há um “tema”
abordado pelo autor. Que tema é esse?

3. Com base na leitura dos quatro primeiros parágrafos, responda:

a. De qual argumento/afirmação parte Rubem Alves no primeiro parágrafo?


b. Retire do texto dois argumentos por definição empregados pelo autor para justificar/explicar
tal afirmação.
c. Há algum argumento por alusão histórica? Qual?
d. A partir daí, o autor conclui que “político por vocação é............................................................
e. .”, abrindo mão do “...................................................................................................................”
f. Dessa forma, o autor pretende fazer com que o leitor aceite como ( ) válida ( ) falsa a
primeira afirmação sobre a “natureza política”.

4. No 5º parágrafo, o autor afirma que a “literatura é uma vocação bela e fraca”.


a. Qual o sentido dessa afirmação na estrutura argumentativa da carta?
b. Em qual parágrafo ele retoma esse argumento? Por quê?

5. Agora, volte sua atenção para as idéias que estão expostas nos parágrafos 7 e 8.
a. O autor explica a diferença entre vocação e profissão. Que diferença é essa?
b. O objetivo do autor é, a partir dessa diferenciação, definir um outro tipo de político: o “político
profissional”. O que significa, segundo o autor, ser esse tipo de político?

6. No 9º parágrafo, Rubem Alves enuncia uma outra tese, conforme ele próprio afirma. Que tese
é essa?

7. De que maneira Rubem Alves conclui seu texto?


50

11. COESÃO e COERÊCIA

Quando escrevemos um texto, uma das maiores preocupações é como amarrar a frase
seguinte à anterior. Isso só é possível se dominarmos os princípios básicos de coesão. A casa
frase enunciada devemos ver se ela mantém um vínculo com a anterior ou anteriores para não
perdermos o fio do pensamento. De outra forma, teremos uma seqüência de frases sem sentido,
sucedendo-se umas às outras sem muita lógica, sem nenhuma coerência.
A coesão, no entanto, não é só esse processo de olhar constantemente para trás. É também
o de olhar adiante. Um termo pode esclarecer-se somente na frase seguinte. Se minha frase inicial
for Pedro tinha um grande desejo, estou criando um movimento para adiante. Só vamos saber de
que desejo se trata na próxima frase: Ele queria ser escritor. O importante é cada enunciado
estabelecer relações estreitas com os outros a fim de se tornar sólida a estrutura do texto.
A coerência exige uma concatenação perfeita entre as diversas frases, sempre em busca de
uma unidade de sentido. Você não pode dizer, por exemplo, numa frase, que o “desarmamento
da população pode contribuir para diminuir a violência”, e, na seguinte, escrever: “Além disso,
ele não viajou ontem”. É flagrante a incoerência existente entre elas.

Alguns recursos de coesão


Para escrever de forma coesa, há uma série de recursos, como:
1. Epítetos: Palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa: Ex. Glauber Rocha fez filmes
memoráveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha morrido tão
cedo. Glauber rocha foi substituído pelo qualificativo o cineasta mais famoso do cinema
brasileiro.
2. Nominalizações: Quando se emprega um substantivo que remete a um verbo enunciado
anteriormente, ou o contrário: um verbo retoma um substantivo já enunciado. Ex. Eles
foram testemunhar o caso. O juiz disse que o testemunho não era válido por serem
parentes do assassino. Ex.2: Os grevistas paralisaram as atividades da fábrica. A
paralisação durou uma semana. Ex. 3: Ele não suportou a agressão das palavras. Agredir
uma pessoa causa implicações sérias.
3. Palavras ou expressões sinônimas ou quase-sinônimas. Ex. Os quadros de Van Gogh
não tinham valor em sua época. Houve telas que serviram até de porta de galinheiro. Ex.2:
A porta se abriu e apareceu uma menina. A garotinha tinha olhos verdes e pele morena.
4. Um termo-síntese: Palavra ou expressão que sintetiza o que foi dito: O país é cheio de
entraves burocráticos. É preciso preencher um sem-número de papéis. Depois, pagar uma
infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam prejudicando o importador.
5. Pronomes. Ex.1. Vitaminas fazem bem à saúde. Mas não devemos tomá-las ao acaso.
Ex.2: O colégio é um dos melhores da cidade. Seus dirigentes se preocupam muito com a
educação integral. Ex.3: Aquele político tem um discurso muito convincente. Ele já foi
eleito três vezes. Ex.4: Há uma grande diferença entre Paulo e Maurício. Este guarda
rancor de todos, enquanto aquele tende a perdoar.
6. Numerais. Ex.1: Não se pode dizer que a turma esteja mal preparada. Um terço pelo
menos parece estar dominando o assunto. Ex.2: Recebemos dois telegramas. O primeiro
confirmava a sua chegada; o segundo dizia justamente o contrário.
7. Advérbios pronominais (aqui, lá, ali, aí...). Ex. Não podíamos deixar de ir ao Louvre.
Lá está a obra-prima de Leonardo da Vinci: a “Mona Lisa”.
51

8. Elipse: É a omissão de uma ou mais palavras que facilmente se subentendem. Ex. O


ministro foi o primeiro a chegar. (Ele) Abriu a sessão às oito em ponto e (ele) fez então o
seu discurso emocionado.
9. Metonímia: É o processo de substituição de uma palavra por outra, pelo emprego da
causa em vez do efeito, do todo pela parte, do continente pelo conteúdo, etc., e vice-versa.
Ex. O governo tem se preocupado com os índices de inflação. O Planalto diz que não
aceita qualquer demarcação de preço. Ex.2: Santos Dumont chamou a atenção de toda
Paris. O Sena curvou-se diante de sua invenção.
10. Associação. Quando uma palavra retoma outra porque mantém com ela, em determinado
contexto, vínculos precisos de significação. Ex. São Paulo é sempre vítima das enchentes
de verão. Os alagamentos prejudicam o trânsito, provocando grandes engarrafamentos. A
palavra alagamentos surgiu por estar associada a enchentes. Mas poderia ter sido usada
uma outra como transtornos, acidentes, transbordamentos etc.

Exercício 1.
Utilizando os elementos de coesão, reescreva o texto, substituindo os elementos repetidos
quando necessário:
Todos ficam sempre atentos quando se fala de uma um casamento de Elizabeth Taylor.
Casadoura inveterada, Elizabeth Taylor já está em seu oitavo casamento. Agora, diferentemente
das outras vezes, o casamento de Elizabeth Taylor foi com um homem do povo que Elizabeth
Taylor encontrou numa clínica para tratamento de alcoólatras, onde Elizabeth Taylor estava. Com
toda pompa, o casamento foi realizado na casa do cantor Michael Jakson e a imprensa ficou
proibida de assistir ao casamento de Elizabeth Taylor com um homem do povo. Ninguém sabia se
será o último casamento de Elizabeth Taylor.

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

2. Complete as lacunas de modo a tornar os textos claros e coesos.


a) O dia ......................................................conheci você foi muito importante.

b) A cidade ..........................................passei era maravilhosa.

c) A sala .................................................tudo ocorreu tornou-se inesquecível.


52

d) A garota ......................................................... pais são médicos é fascinante.

e) Muitos candidatos ........................................ compareceram não reuniam condições


favoráveis.

f) O filme, ....................................... gostaram muito, é uma produção européia.

g) Estudei algumas línguas, ....................................................não falo muito bem.

h) Freqüentei escolas .............................................................cursos não eram bons.

i) A faculdade ...................................................... estudo agora está abrindo meus horizontes.

j) O livro, ....................................me referi, é aquele, de capa azul.

3. Abaixo temos alguns fragmentos de textos que apresentam algum tipo de incoerência.
Aponte-os e discuta a razão dessas incoerências.

a) Conheci Sheng no primeiro colegial e aí começou um namoro apaixonado que dura até
hoje e talvez para sempre. Mas não gosto da sua família: repressora, preconceituosa,
preocupada em manter as milenares tradições chinesas. O pior é que sou brasileira,
detesto comida chinesa e não sei comer com pauzinhos. Em casa, só falam chinês e de
chinês eu só sei o nome do Sheing. No dia do seu aniversário, já fazia dois anos de
namoro, ele ganhou coragem e me convidou para jantar em sua casa. Eu não podia
recusar e fui. Fiquei conhecendo os velhos, conversei com eles, ouvi muitas histórias da
família e da China, comi tantas coisas diferentes que nem sei. Depois fomos ao cinema
eu e o Sheing.

b) O quarto espelha características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar


livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia
sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um
tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas
de um poeta inglês.
53

c) Era meia-noite. Oswald preparou o despertador para acordar às seis da manhã e


encarar mais um dia de trabalho. Ouvindo o rádio, deu conta de que fizera sozinho a
quina da loto. Fora de si, acordou toda a sua família e bebeu durante a noite inteira. Às
quinze para as seis, sem forças sequer para erguer-se da cadeira, o filho mais velho
teve de carregá-lo para a cama. Não tinhas mais força nem para erguer o braço.
Quando o despertador tocou, Oswald, esquecido da loteria, pôs-se imediatamente de pé
e ia preparar-se para ir trabalhar. Mas o filho, rindo, disse: pai, você não precisa
trabalhar nunca mais na vida.

4. Leia o texto abaixo e responda às questões propostas:

Diário de um Louco

Era noite e o sol raiava no horizonte. Estava eu andando parado e sentado numa pedra de
algodão.
Longe dali e bem perto, havia um bosque sem árvores, onde os passarinhos pastavam,
vacas pulavam de galho em galho e os elefantes tomavam sol à sombra de um pé de alface.
Mais à direita, seguindo pela esquerda, havia um lago com solo pedregoso, no qual os
peixinhos nadavam e aos poucos morriam afogados.
Resolvi voltar pra casa e entrei pela porta da frente, que ficava nos fundos. Entrei sem sair do
meu quarto, onde deitei o paletó na cama e pendurei-o no cabide. Passei a noite em claro pois
esqueci a luz acesa.
Almocei no banheiro e, assim que terminei o almoço, senti um gosto horrível na boca, e
concluí que havia almoçado um guardanapo e limpado a boca com o bife.
Fui rápido e vagarosamente para o jardim onde, na falta de flores, substituí-as por canetas bic
e encontrei um papel em branco onde estava escrito (...)
Autor Anônimo

a) O trecho transcrito acima pode provocar risos no leitor. A que se deve esse efeito
cômico do texto? Dê exemplos.

5. Leia o texto abaixo e responda às questões propostas:

A Televisão e a Sociedade
É evidente que a televisão é uma realidade no cotidiano de inúmeras sociedades. Não há
dúvida, também, de que este meio de comunicação leva as pessoas a serem bem informadas e
instruídas. É um fato que uma boa parte do nosso conhecimento vem da televisão. São
inúmeros, por exemplo, os programas televisivos educativos, que falam sobre a natureza, sobre
a saúde, sobre as artes, etc.
Ela pode ser igualmente considerada como um instrumento de cultura e de lazer. Ou seja,
permite que o homem conheça lugares que, muitas vezes, não terá a oportunidade de conhecer
pessoalmente; dá acesso a espetáculos, como peças de teatro, filmes ou apresentações
54

musicais; apresenta histórias, debates e curiosidades sobre os mais variados assuntos. Enfim,
cabe ao espectador escolher de que forma ele irá se entreter ou de que forma ele irá aprender.
A TV, como a vemos hoje em dia, acaba menosprezando o espectador. Há uma quantidade
enorme de informações provenientes da televisão, e estas informações podem ser
extremamente superficiais e manipuladoras. Muitos programas televisivos transmitem as
informações de maneira que faça com que o espectador seja influenciado e aceite tudo
passivamente. Assim, informações que possam ser contraditórias são omitidas. Grandes
reportagens, por exemplo, podem ser constituídas de montagens, com corte de imagens ou
deturpação de falas.
Outro aspecto negativo da televisão atual é a baixa qualidade de conteúdo. A televisão pode
contribuir para que o homem adquira conhecimento. Se levarmos em consideração a
programação de um canal televisivo durante um dia, veremos que o número de programas que
têm um bom conteúdo e que são realmente interessantes é muito menor do que o número de
programas que têm como objetivo apenas "distrair" o espectador por algumas horas,
subestimando-o. É possível dizer que a televisão, atualmente, é o meio de comunicação com
maior repercussão na sociedade, por isso, deixa muito a desejar.

a) O texto acima pode ser considerado incoerente. Por quê?

b) Faça modificações que tornem o texto coerente.


55

Referências Bibliográficas

ABAURRE, Maria Luiza et alii. (2003). Português: língua e literatura. 2. ed. São Paulo: Moderna.

ABREU, Ântônio Suarez. (2001). Curso de Redação.11ª ed. São Paulo: Ática.

CASTRO, Adriane Belluci Belório de et alii .(2000). Os degraus da leitura. São Paulo: Edusc.

EMEDIATO, Wander (2004). A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. São Paulo: Geração editorial.

FARACO, Carlos Alberto & TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua portuguesa para nossos estudantes. 7. ed.
Petrópolis: Vozes,1999.

FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 11. ed. São Paulo: Ática,
1995.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

PACHECO, Agnelo de Carvalho. A dissertação: teoria e prática. 19 ed. São Paulo: Atual, 1988.

SAVIOLI, Francisco Platão et alii. Coleção Anglo de Ensino. São Paulo: Anglo, 2004.

SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: Escrevendo com prática. São Paulo: Iglu, 1997.

TERRA, Ermani & NICOLA, José de.( Gramática, literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1997.

VIANA. Antônio Carlos et alii. Roteiro de Redação – lendo e argumentando. 1 ed. São Paulo. Scipione, 2004.
56

ANEXOS
57

SINAIS DE PONTUAÇÃO
Ponto Final
 O ponto final encerra o período e é, de todos os sinais de pontuação, o que
exige pausa mais ampla.
       Ex.: "A velhice é uma idade sagrada." (A Cândido)
 O ponto também é empregado em abreviações: Sr., p., V.Exa., etc.

Ponto-e-vírgula (;)
Marca pausa maior que a da vírgula e menor que a do ponto.
 Para separar os itens de uma enumeração (relação) feita na vertical até o
penúltimo item.
 Para separar os considerandos de uma lei ou de um decreto.
 Num trecho em que ocorreram muitas vírgulas.

Dois pontos (:)


 Antes de uma enumeração.
 Antes de citações.
 Nos diálogos de um texto, antes da fala de uma personagem.
 Antes de um esclarecimento ou explicação.
 Na invocação das correspondências.
 Antes de um exemplo.
 Depois de nota ou observação.

Parênteses ( )
 Depois de uma citação, para indicar o nome da obra e do autor de que ela foi
extraída.
 Para fazer uma explicação a respeito de um termo citado no texto. Para incluir no
texto letra, número ou sinal (asterisco, por exemplo) indicando nota de rodapé ou
nota bibliográfica.
 Não se usa vírgula antes de parênteses e nem se usa esse sinal para indicar a
grafia de uma palavra errada.

Aspas (" ")


 No início e no fim de uma citação ou de um trecho/texto transcrito de uma obra.
 Para indicar o uso proposital de um vício de linguagem.
 Nos nomes de obras.
 Em legendas.
 Para dar ênfase ou destacar uma palavra, expressão ou frase.
 Se as aspas abrangem todo um trecho, elas devem ser colocadas depois do
ponto final desse trecho.

Travessão ( - )
 Para pôr em evidência palavras, expressões ou orações.
 Para introduzir a fala de uma personagem no diálogo.
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 Para indicar trajeto (Estrada de ferro Santos-Jundiaí).

Reticências (...)
 Para indicar suspensão ou interrupção de pensamento.
 Para indicar hesitação.
 Para indicar ironia, malícia ou qualquer outro sentimento que o autor não quer
explicitar (Exemplo: Aqui jaz meu amigo. Ele repousa e eu também...).
 Para dar tempo ao leitor para que ele reflita sobre o que foi escrito na
mensagem.

EXERCÍCIOS

1. Assinale a alternativa em que o espaço em branco não deve ser preenchido pelos dois pontos:
a. ( ) Mas o pai disse _ “menino, você está criando muito amor a esse bicho.
b. ( ) Dasdores e suas numerosas obrigações _ cuidar dos irmãos, velar pelos doces de
caldas, pelas conservas, manejar agulha e escrever as cartas de todos.
c. ( ) — Escuta aqui, mano Laudônio _ é verdade que espanhol não vota?
d. ( ) A inflação de maio _ 6,1%.
e. ( ) “Entre as estrelas e lá detrás da igreja _
surge a lua cheia
para chorar com os poetas.” (Jorge de Lima)

2. Do período que segue foram excluídos dois sinais de pontuação. Assinale a alternativa que os
recupera.
Marcela teve primeiro um silêncio indignado _ depois fez um gesto magnífico _ tentou
atirar o colar à rua.
a. ( ) vírgula; vírgula.
b. ( ) ponto-e-vírgula; dois pontos.
c. ( ) dois pontos; ponto-e-vírgula.

3. Justifique o uso das reticências e dos dois pontos nesses versos do poeta Manuel Bandeira:
“Não te afastes de mim, temendo a minha sanha
E o meu veneno... Escuta a minha triste história:
Aracne foi meu nome e na trama ilusória
Das rendas florescia a minha graça estranha.”
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4. Do texto abaixo, de Rubem Braga, foram omitidos os seguintes sinais de pontuação: um ponto-
e-vírgula, os dois pontos e as aspas. Tente recuperar estes sinais nos lugares adequados.
“Estava solitário, mas não triste lembrei o velho dito dos bêbados A noite ainda é uma
criança.”

5. O trecho que segue é de Carlos Drummond de Andrade e reproduz o diálogo em que um pai,
em um restaurante, tenta convencer sua filha de quatro anos a pedir camarão em vez de lasanha.
Vou querer lasanha filhinha por que não pedimos camarão você gosta tanto de camarão gosto
mas quero lasanha eu sei eu sei que você adora camarão a gente pede uma fritada bem bacana de
camarão tá quero lasanha papai não quero camarão
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VÍRGULA ( , )

Usa-se a vírgula:

1. Para marcar intercalação:


a. do adjunto adverbial:
O petróleo, por causa da escassez, vem subindo de preço.

Obs. Tratando-se de da inversão de um adjunto adverbial de curta extensão, pode-se


omitir a vírgula.
A agricultura tem usado ultimamente métodos mais eficazes.

b. da conjunção:
Os cerrados são secos e áridos. Estão produzindo, todavia, muitos alimentos.
Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar a banca.

c. das expressões explicativas ou corretivas:


Os países subdesenvolvidos, ou melhor, alguns países subdesenvolvidos estão
encontrando petróleo.
As indústrias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir
mão dos altos lucros.

2. Para marcar inversão:


a. do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Às vezes, a peça termina muito tarde.
Obs. Pode-se omitir a vírgula se o adjunto adverbial invertido tiver pequena extensão:
Hoje ele irá assumir o papel que era do pai.
b. de nome de lugar anteposto às datas:
São Paulo, 5 de maio de 2005.

3. Usa-se a vírgula para separar entre si elementos coordenados (dispostos em numeração):


a. Era um homem de quarenta anos, baixo, meio gordo.

Obs. A presença da conjunção e antes do último elemento dispensa a vírgula:


A ventania levou árvores, pontes e animais.

Obs. 2. Se a conjunção e vier repetida várias vezes, usa-se a vírgula antes de cada
uma: A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

4. Usa-se vírgula para marcar elipse (omissão) do verbo:

Nós nos referimos a fatos e vocês, a hipóteses.

5. Usa-se vírgula para isolar:


a. o aposto: Norberto, o meu vizinho, é o síndico do prédio.
b. o vocativo: A vida, Luzia, só dura um dia.
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EXERCÍCIOS: Sinais de pontuação e uso da vírgula

1. Em cada uma das questões que seguem, ocorre um par de frases de modo que a segunda
contém algum termo intercalado ou em posição tal, que justifica o uso da vírgula. Use a
vírgula adequadamente na segunda frase:
Samuel beija a mão da dama com uma elegância perfeita.
Com uma elegância perfeita Samuel beija a mão da dama.

Um verdadeiro tesouro em obras de arte foi encontrado no cofre de um banco em


Paris.
No cofre de um banco em Paris um verdadeiro tesouro em obras de arte foi
encontrado.

O Brasil conseguiu a segunda vitória nos bastidores do Mundialito.


O Brasil conseguiu nos bastidores do Mundialito a segunda vitória.

2. Em cada um das questões que seguem, há um termo intercalado. Separe-o por meio de
vírgulas.
 Toda lei do mercado é por natureza flutuante.
 Sofia era em casa melhor que no trem.
 “Os empregados iriam todos; não havia por conseguinte necessidade de ficar
escravo nenhum em casa” (Aluísio Azevedo).
 Minhas música têm por exemplo várias frases rítmicas que convivem.

3. Em cada uma dessas questões há inversões que devem ser assinaladas com vírgula.
Assinale-as:
 Em síntese não houve um só trabalho digno de crédito.
 A roupa guardo-a no corpo
 Paris 30 de setembro.
 Outros processos mais econômicos não há quem os invente.

4. Nos textos abaixo, empregue aspas e dois pontos, quando necessário.


a. Não podemos comer a fruta enquanto a árvore está em flor. (Disraeli)
b. Além da possibilidade de instalação customizada, todos os novos equipamentos, à
exceção do Apple PowerBook Duo 200C, apresentam pelo menos um slot de extensão
padrão PCMCIA.
c. Um camponês chileno, durante o processo de alfabetização com o método Paulo Freire,
afirmou Agora eu sei que sou um homem com cultura, porque trabalho e, trabalhando,
transformo o mundo.
d. A incompetência cedo ou tarde virá à tona e ele acabará dançando.
e. Estudo faz previsão catastrófica em 2025 metade da população ficará sem água.
f. Fé na razão não é somente fé em nossa própria razão, mas também — e ainda mais — na
razão dos outros, argumenta o filósofo Karl Popper. Isso significa que a outra pessoa tem
o direito de ser ouvida, e de defender seus argumentos.
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g. Em O horror econômico (1997, p. 27), Viviane Forrester adverte Uma quantidade


importante de seres humanos já não é mais necessária ao pequeno número que molda a
economia e detém o poder. Segundo a lógica reinante, uma multidão de seres humanos
encontra-se assim sem razão razoável para viver neste mundo, onde, entretanto, eles
encontraram a vida.
h. Disse Fernando Pessoa Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.
i. Cada golfinho emite um som único. É uma espécie de assobio agudo, que funciona como
assinatura sonora.

5. Reescreva as frases que seguem, antecipando o adjunto adverbial em destaque:


a. Não servimos como exemplo de civilidade no dia-a-dia.
b. Comunicaram a derrota de nosso time no dia seguinte.
c. A construção do Cristo Redentor terminou em 1931.
d. Os professores colocam as informações sobre os cursos nos corredores da faculdade.

6. Assinale as frases pontuadas erradamente:


a. ( ) Jovens caribenhos, tiveram participação decisiva em sua constituição.
b. ( ) A dança “break”, o grafite e o “rap” integraram-se como parte do sistema cultural e
juvenil em construção.
c. ( ) Há três anos, estive em Porto Alegre.
d. ( ) Belo Horizonte, terá dia ensolarado, amanhã.

7. Reescreva as frases, utilizando a vírgula, quando necessário.


a. Economia reanima os investidores.
b. Fez surgir o céu os vales planícies e cordilheiras.
c. Imagine-se dirigindo numa estrada cheia de curvas serras túneis pontes onde terá de
mudar de marcha o tempo inteiro.
d. Recife e Olinda têm em festas religiosas e pagãs o colorido forte a sensualidade e os
ritmos: maracatu ciranda samba de coco e frevo.

8. Nas frases abaixo, empregue a vírgula para separar o aposto e o vocativo, quando necessário:
a. O futebol famoso esporte de origem inglesa está perdendo adeptos no Brasil.
b. Obrigado São Paulo. Obrigado São Pedro. O racionamento acabou. (SABESP)
c. Ventura colunista da revista Época escreveu este artigo.
d. Menina venha cá.
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Pré-requisitos para entender as regras de acentuação da Língua Portuguesa:

FALA x ESCRITA: Na fala, diferentemente da escrita, todas as palavras com mais de duas
sílabas são acentuadas:

Que não seja imortal posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure. (Vinicius de
Moraes)

Todas as palavras de duas ou mais sílabas têm o acento da fala, que é o acento prosódico. Só
algumas possuem o acento gráfico, que marca, na escrita, a sílaba tônica das palavras.
Sílaba tônica: é aquela pronunciada com maior intensidade, pois sobre ela recai o acento tônico.
Sílaba átona: é aquela pronunciada com menor intensidade que a sílaba tônica.

Classificação das palavras quanto à posição da sílaba tônica


Na Língua Portuguesa, o acento tônico pode recair na antepenúltima, penúltima ou na última
sílaba:

Oxítona: acento na última sílaba: café, racional, feroz.


Paroxítona: penúltima sílaba tônica: gostoso, lápis, acham, otorrinolaringologista, asterisco (*).
Proparoxítona: antepenúltima sílaba: benéfico, cântaro, vítima.

Classificação quanto ao número de sílabas


Dissílabas: até, ontem, está.
Trissílaba: janela, âmago, parabéns.
Polissílaba: incompetência, aplicação.
Monossílabos: pé, até, há (Tônicas) de, me, lhe (átonas)

Monossílabos átonos: é aquele que não tem acento próprio e, por isso, se apóia na palavra que
vem antes ou depois dele.
Ex A área de distribuição do lobo-guará já chegou até o Ceará.

Monossílabos tônicos: é aquele que tem acento próprio.


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Regras de acentuação (conforme o Novo Acordo Ortográfico)

QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA


1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas ou não de “S”, inclusive as
formas verbais quando seguidas de “LO(s)” ou “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas
terminadas em ditongos abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”
Ex.
Chá Mês nós
Gás Sapé cipó
Dará Café avós
Pará Vocês compôs
vatapá pontapés só
Aliás português robô
dá-lo vê-lo avó
recuperá-los Conhecê-los pô-los
guardá-la Fé compô-los
réis (moeda) Véu dói
méis céu mói
pastéis Chapéus anzóis
ninguém parabéns Jerusalém
Resumindo:
Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que seja um caso de hiato. Por
exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e “atraí-lo” são acentuadas porque as semivogais “i” e
“u” estão tônicas nestas palavras.
2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
 L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível.
 N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen.
 R – câncer, caráter, néctar, repórter.
 X – tórax, látex, ônix, fênix.
 PS – fórceps, Quéops, bíceps.
 Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.
 ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
 I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.
 ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.
 UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
 US – ânus, bônus, vírus, Vênus.
Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes (semivogal+vogal):
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio.
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3. Todas as proparoxítonas são acentuadas.


Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisântemo, público, pároco,
proparoxítona.
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS
4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:
 Formarem sílabas sozinhos ou com “S”
Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.
IMPORTANTE
Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”, se todos são “i” e “u”
tônicas, portanto hiatos?
Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tônicos de “ruim”, “cair” e
“Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectivamente. Essas consoantes já soam forte por
natureza, tornando naturalmente a sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso.
5. Trema
Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só vai permanecer em nomes
próprios e seus derivados, de origem estrangeira, como Bündchen, Müller, mülleriano (neste
caso, o “ü” lê-se “i”)
6. Acento Diferencial
O acento diferencial permanece nas palavras:
pôde (passado), pode (presente)
pôr (verbo), por (preposição)
Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do verbo está no singular ou
plural:
SINGULAR PLURAL
Ele tem Eles têm
Ele vem Eles vêm
Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, como: conter, manter, intervir,
deter, sobrevir, reter, etc.
66

EXERCÍCIOS

Acentue se necessário:
aparencia facil bone ureter voo insonia genuino bebado rubrica gratuito prototipo
bauxita duplex omega ibero lampada materia piloto palito paleto Jacarei tatu
vandalo juiz juizes Luis Luiz apoio (subs.) chapeu improprio miudo refem ele
contribui estagio sovietico plagio moida eu contribui hifen itens saci anzol apoio
(verbo) abençoo bilingue ele mantem intuito ziper colher ele obtem tres
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REGÊNCIA VERBAL (Pré-requisito para entender o fenômeno da crase)

     Regência verbal é a relação de dependência que se estabelece entre o verbo e seu


complemento.
     Dependendo da regência, os verbos podem  ter o seu sentido modificado. Veja:

Ele aspira o perfume das flores.


Ele aspira ao cargo de diretor.

REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS


ASSISTIR
 Exige a preposição a quando significa “ver”,  “presenciar”.
     Assistimos a um belo espetáculo. / Assistiu ao filme. / Assistimos à novela.
 Usa-se sem preposição quando significa  “socorrer”,  “ prestar ajuda”.
     O médico assistiu o ferido. / Assistiu o doente com carinho. / A enfermeira assistiu a criança.
   Exige a preposição em quando significa  “morar”,  “residir”.
 O presidente assiste em Brasília. /   Assisto em João Pessoa.
    
ASPIRAR
 É usado sem preposição quando significa  “ sorver”,  “cheirar”, “inalar”
   
      Aspirou o perfume da rosa.
      Aspiro o ar da manhã.
      O doente aspirou o álcool e começou a melhorar.
      
 Exige a preposição a quando significa “desejar”, “almejar”, “pretender”.
       Ele aspirava ao cargo político.
       Aspirei ao cargo de chefe da seção.
       Os trabalhadores aspiravam a maior segurança no trabalho.

  AGRADECER
 É usado com a preposição a quando significa “demonstrar gratidão por alguém”.
      Agradeço ao amigo. /  Agradeci à professora.
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 É usado sem preposição quando se refere a coisas. 


       Agradeço o presente que me deram. / Agradeci o  presente.

CHEGAR
 É usado com a preposição a quando indica  “direção”, “alcançar”.
        Cheguei atrasado ao colégio. / Chegamos à faculdade muito cedo.
 É usado com a preposição em quando se refere a tempo.
        A ambulância chegou em meia hora.

ESQUECER / LEMBRAR
 São usados sem preposição quando não estão acompanhados de pronomes.
        Esqueci o livro de História. / Ele esqueceu o dinheiro. / Lembrei o nome do artista.
        Não esqueça os amigos.

 Exigem a preposição de quando estão acompanhados de pronomes.


        Esqueci-me de seu endereço. / Mário esqueceu-se do dinheiro.
        Lembrei-me do nome do artista. /   Não se esqueça dos amigos.
  
OBEDECER / DESOBEDECER
   Exigem a preposição a
    Obedecia  aos seus instintos. / Obedeça à sua mãe. / Paulo obedece ao regulamento.
    Não desobedeça às leis do trânsito. / O motorista desobedece ao sinal.
    Poucos desobedeciam à faixa de pedestre.

PRECISAR
 É empregado sem preposição quando indica  “precisão”,  “certeza”.
     O legista precisou a hora do acidente. /     Ele precisou o lugar do encontro.

 Exige a preposição de quando indica “ter necessidade”.


      Os presos precisam de melhores condições de tratamento.
      O homem do campo precisa de terra para trabalhar.

PREFERIR
   Sem preposição, (ter preferência, sem sugerir a escolha).
   O menino prefere chocolate.  / Ele prefere cinema.
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 Com preposição, (ter preferência, sugerindo a escolha).


   O menino prefere chocolate a doce de leite. /   Ele prefere jogar futebol a jogar tênis.
   Preferia a dura verdade do filho à doce mentira do marido.

VISAR
 É usado com a preposição a quando significa “ter em vista”, “ desejar”
    Ele visava ao cargo de gerente da firma. /   Eles visam ao lucro..
    Nós visávamos a um pouco de sol e aos dias calmos da praia.

 É suado sem preposição quando significa “ apontar”,  “mirar”  “ assinar”,


“rubricar”.
   O caçador visou o animal. /   O homem visou o alvo e disparou o tiro.
   Elas visaram o passaporte. /   Para nossa segurança, visamos o cheque antes de viajar.

EXERCÍCIOS
I - Complete as frases com a preposição exigida pelos verbos em destaque.
1) Aqui está a ferramenta _______  que preciso.
2) Esse é o documento _____ que necessito.
3) Essa é a pessoa ______ quem devemos entregar a encomenda.
4) Essa é a comida _____ que mais gosto.
5) O prêmio ______ que aspiramos é valioso.
6) A piada ____ que ele lembrou é muita engraçada. de
7) A causa _____ que lutamos é justa.
8) Esse é o homem _____ quem a justiça perdoou.
9) Esse é o regulamento _____ que todos devem obedecer.
10) Ele preferia multiplicar os seus ganhos ____ dividir com os empregados os seus lucros.
11) Os condôminos não obedeciam _____ regulamento do prédio.
12) Não me refiro _____ você e sim ____ seu irmão. 
13) Fomos ____ cinema mais próximo.
14) Os espectadores  assistiam ____ peça de teatro muito emocionados. 

II – Dê o significado dos verbos em destaque.


1) Algumas rádios assistem os doentes com programações assistencialistas. Veem
2) Os turistas assistiram a apresentações folclóricas na Bahia.  viram
3) O jogador visou as traves e chutou a bola certeira.   mirou
4) Tudo que fazia era visando à tranqüilidade dos pais.
5) O gerente do banco visou o cheque.
6) Na primavera, aspiramos o perfume das flores. 
7) Há homens que aspiram ao poder pela força.  
8) O helicóptero precisou o local onde o avião havia caído. 
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CRASE
A crase é a fusão da preposição a com o artigo feminino a(as) e com os pronomes
demonstrativos aquela (s), aquele(s) e aquilo.
Refiro-me à novela das oito. Ela se referia àquela passagem do romance.
Nas frases acima, ocorre crase em à e àquela.

CASOS EM QUE OCORRE EMPREGO DA CRASE


 Na indicação de horas.
   Cheguei à uma hora da manhã.    Vamos sair às oito horas em ponto.   Saímos à meia-noite.
   O foguete partirá à zero hora.

 Nas locuções adverbiais femininas.


   Ela entrou à esquerda e sumiu.    A biblioteca fica à direita da porta de entrada.
  Ele vem aqui às vezes.    Voltaremos à tarde.   Ele saiu às pressas.

 Nas locuções prepositivas compostas de palavras femininas.


   Ele estava à espera de alguém.    Lá vinha ela, à frente de todos!
O carro parou à beira do precipício.

 Nas locuções conjuntivas à medida que e à proporção que etc.


   O nervosismo aumentava à medida que o tempo passava.
   À proporção que o dia vai clareando, muitos animais se escondem.
   O Brasil cresce à medida que trabalhamos.

 Quando os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo vierem precedidos


de     verbos que são regidos pela preposição a.
     Todos nós iremos àquele show na praça. / Raquel referia-se àquilo que você fez ontem.
     Nossa equipe é superior àquela que jogou ontem.

 Quando se subentendem as expressões: à moda de, à maneira de etc.


      Tinha preferência por sapatos à Luís XV.    /   Preparou para  o jantar bifes à milanesa.
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 Antes de nomes de lugares que admitem artigo.


      O presidente foi á Itália em visita ao Papa. /   Voltarei à  Europa ainda este mês.

 Antes dos pronomes relativos a qual ou as quais desde que o verbo regente exija
     preposição.
       Esta é a moça à qual me referi. /  Estas são as moças  às quais me referi.
      
   CASOS EM QUE NÃO OCORRE O USO A CRASE

 Antes de verbos no infinitivo.


      Estava disposta a colaborar conosco. /  Flávio se pôs a andar de lá para cá.
      Estou decidido a fazer essa viagem.

 Antes de palavra masculinas.


      Vou a pé para a escola. /  Andar a cavalo / andar a pé. /  Pedir a Deus.

 Nas expressões com palavras repetidas.


       Gota a gota. /   Frente a frente. / Cara a cara.
     
 Antes dos pronomes pessoais e de tratamento.
       Dirijo-me a ti. / Esse assunto só interessa a ela. /   Peço a Vossa Senhoria esse grande favor.

 Antes  de alguns pronomes indefinidos, como nenhuma, certa, toda, ninguém.


       alguém e cada.
        Ele não se dedica a nenhuma modalidade esportiva. /   Não diga a ninguém o que você sabe.
       
   Antes de uma palavra no plural.
         Entreguei os convites a pessoas amigas. /  Ele se dedica a crianças carentes.
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TESTES
I – Complete as frases com  à, a, ás ou há.
1) Conversei  com ......a.... secretária .....há... poucos minutos.  
2) Ele chegou ......à... dez minutos, mas voltará ....a....sair daqui .....a... pouco.  
3) Ele se dedica .....à.... política......há... muitos anos. 
4) Esse projeto .a...... meu ver, está indo de mal ...a..... pior.  
5) Ontem, ..à...... tarde, ele contou várias histórias.....a... essas crianças.  
6) Ele disse adeus ......à...  carreira de jogador de futebol.  
7) ......à... noite, fomos a......... praia ver o luar. 
8) Falei com ....a.... diretora ...há..... poucos minutos.  
9) Começou ..a.....chover assim que chegamos ....à... festa.
10) Fomos ..a.... pé ......à... casa de meu colega. 
11) O calor aumentava ...à.... medida que .....as... horas passavam. 
12)Entregue ...as.... notas fiscais....à...... secretária do diretor.  

II -  Escreva as frases completando-as com aquele, àquele, aquela, àquela, aqueles,


àqueles, aquelas, aquelas.  
1) Entregue esses documentos ....ÁQUELES................ funcionários. 
2) Refiro-me .........ÁQUELES....... alunos e não a esses. 
3) Pegue ........aqueles.......... papéis e guarde-os na pasta.  
4) Devolva as redações.......áquelas............... alunas. 
5) Ele se dirigiu ......ÁQUELA.............. casa e bateu ..........áquela... porta. 
6) Diga......aquele.............menino que venha à minha sala. 
7) Mostre ........aqueles......... alunos o resultado dos testes.
8) Você vai ..........aquele....cinema? 
9) Chame ..........aquele..........homem que está na porta do bar. 
10) Explique.....áquela........... mulher onde fica o hospital. 

III -  Justifique a ausência ou não do sinal de crase.


1) Andar a pé é bom a saúde. MODO  
2) A custa do irmão ela conseguiu estudar.  
3) Entreguei os folhetos a ela. Não especificado      
4) Com os amigos saíram a procura de donativos. 
5) Não assisto a cenas sensacionalistas apresentadas pela TV. 
6) Atravessamos a cidade de ponta a ponta.   
7) A medida que caminhava, recordava-se da infância.  
8) Sairemos as oito horas em ponto.  
9) Dirigi-me a Vossa Senhoria por confiar nos seus propósitos 

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