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Redação para

vestibular medicina
4ª edição • São Paulo
2019

L C
LINGUAGENS, CÓDIGOS

3
e suas tecnologias
Estudo da escrita - Redação
ENTRE FRASES Emily Cristina dos Ouros e Murilo de Almeida Gonçalves
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados.

Autores
Emily Cristina dos Ouros
Murilo de Almeida Gonçalves

Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Bruno Alves Oliveira Cruz
Claudio Guilherme da Silva
Eder Carlos Bastos de Lima
Fernando Cruz Botelho de Souza
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)

Impressão e acabamento
Meta Solutions

ISBN: 978-85-9542-097-7

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual-
quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2019
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CARO ALUNO

O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais
vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enri-
quecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019.
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula.
O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno
realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.
Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados nos
principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões propos-
tas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de informações para o
estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais acessível
e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar o
repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do aluno.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões
de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado com finos
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares de
hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e química,
história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacio-
nam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante consegue entender
que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando o
contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas” de
fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção “Aplicação no Cotidiano”. Como o próprio nome já
aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm contato em seu
dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas
habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expositiva, descre-
vendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurá-las na sua
prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles
é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e
fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos
ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu
sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.
Herlan Fellini
SUMÁRIO
ENTRE FRASES
ESTUDO DA ESCRITA - REDAÇÃO
Aula 10: Proposta de intervenção I - Composição 7
Aula 11: Proposta de intervenção II - Os agentes da intervenção 29
Aula 12: Conclusão 51
Aula 13: Coesão sequencial 69
Redações extras 95
Prontuário 111
1 0 Proposta de intervenção I -
Composição

L C
ENTRE
FRASES
Proposta de intervenção I - Composição
Nesta e na próxima aula, abordaremos – detalhadamente – quais são as principais características da pro-
posta de intervenção do ENEM. O objetivo é que você possa aprender a redigir uma intervenção extremamente
organizada e que contemple todas as exigências da banca elaboradora do exame.
Para isso, nessa aula você conhecerá as principais características da estrutura da intervenção, bem como
seus elementos de composição. O objetivo dessa primeira etapa é apresentar o modo mais utilizado pelos can-
didatos para a elaboração de sua intervenção, tendo em vista que ela geralmente é apresentada no parágrafo de
conclusão. Na próxima aula, você poderá conhecer mais afundo os agentes da intervenção e suas possíveis ações.

I) CARACTERÍSTICAS DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO DO ENEM


Sabemos que a competência 5 do ENEM refere-se a proposta de intervenção. Essa avaliação verifica se o
aluno é capaz de propor uma medida concreta para o problema discutido ao longo da redação. Para tanto, é preciso
que esteja muito claro na intervenção quem e quais são:
a) os responsáveis por realizar a ação (os atores sociais)

b) a ação a ser realizada e seu detalhamento (ação)

c) o modo com essa ação será implantada (meios)

d) a finalidade dessa ação. (efeitos/fins)

O manual de redação do ENEM 2018 define com clareza como essa relação é estabelecida:

“A proposta de intervenção deve refletir os conhecimentos de mundo de quem a redige e, quando muito
bem elaborada, deve conter não apenas a exposição da ação interventiva sugerida, mas também o ator social
competente para executá-la, de acordo com o âmbito da ação escolhida: individual, familiar, comunitário, social,
político, governamental e mundial. Além disso, a proposta de intervenção deve conter o meio de execução da
ação e seu possível efeito, bem como o algum outro detalhamento.

Em outras palavras podemos compreender essa exigência do seguinte modo:

ATOR – QUEM vai fazer a ação proposta?


AÇÃO – O QUE vai ser feito?
MEIO – COMO essa ação será realizada?
FINALIDADE – PARA QUE essa ação serve?

Os exemplos abaixo, retirados de redações com nota mil do ano de 2018, ajudam a compreender o modo como a
avaliação é realizada e como o detalhamento é exigido:

Com o intuito de amenizar essa problemática, o Congresso Nacional deve formular leis que limitem esse assédio
comercial realizado por empresas privadas, por meio de direitos e punições aos que descumprirem, a fim de acabar
com essa imposição midiática. As escolas, em parceria com as famílias, devem inserir a discussão sobre esse tema
tanto no ambiente doméstico quanto no estudantil, por intermédio de palestras, com a participação de psicólogos
e especialistas, que debatam acerca de como agir “online”, com o objetivo de desenvolver, desde a infância, a
capacidade de utilizar a tecnologia a seu favor. Feito isso, o conflito vivenciado na série não se tornará realidade.
Trecho da redação nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

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Diante desse panorama, antes que a internet seja transformada em instrumento de manipulação, é preciso intervir.
Logo, cabe ao Ministério da Educação abordar a importância dos múltiplos pontos de vista na esfera virtual, me-
diante palestras, projetos e debates, a fim de mitigar a homogeneização das manifestações individuais, uma vez
que o convívio social implica diálogo e consenso. Além disso, faz-se necessário que o Estado amplie a fiscalização
do uso de informações pessoais por corporações políticas e empresariais, por intermédio da criação de órgãos de
denúncia online, os quais inserirão os usuários nesse processo, com a finalidade de controlar o domínio elitista
sobre os limites e possibilidades do indivíduo. Desse modo, o Brasil poderá vivenciar aquilo que o Marco Civil de-
terminou: igualdade e segurança no paralelo universo virtual, indissociável da realidade do século XXI.
Trecho da redação nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

Com base nessas informações, veremos de que maneira podemos organizar nosso parágrafo de conclusão para
contemplar todas essas características. É importante dominar muito bem a estrutura do parágrafo e as exigências
do ENEM para garantir uma nota máxima na competência 5.

II) ESTRUTURA DO PARÁGRAFO DE CONCLUSÃO COM PROPOSTA DE INTERVENÇÃO


Embora a intervenção do ENEM exija todos esses elementos para ser bem avaliada, é fundamental consi-
derar que o parágrafo de intervenção necessita de uma estrutura que garanta sua função de conclusão. Em outras
palavras, não basta apresentar a intervenção diretamente: é preciso mostrar ao leitor como aquela intervenção se
articula com o restante do texto. Por isso, apresentamos a seguir os elementos estruturais ideais da conclusão
para que o candidato cumpra as exigências da competência 5 e consiga articulá-las bem com o restante da reda-
ção. Você verá que o parágrafo de conclusão também se articula com uma pequena introdução, desenvolvimento
e conclusão.

1) RETOMADA DO PROBLEMA (INTRODUÇÃO)

Para garantir a coesão entre os parágrafos, recomenda-se que o candidato redija um primeiro período que
retome o problema abordado no texto sem muito detalhamento. A função desse período é estabelecer conexão
entre a discussão feita e a resolução que será apresentada em seguida. Para isso, é importante que o período seja
iniciado por elementos (conjunções/pronomes) capazes revelar ao leitor tal conexão. Veja os exemplos abaixo:

Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização...
É possível defender, portanto, que impasses econômicos e sociais constituem desafios a superar. Para tanto, o
Poder Público...
Fica claro, portanto, que medidas são necessárias a fim de atenuar a manipulação do comportamento do usu-
ário pelo controle de dados na internet. Logo, é imperativo que o Ministério da...
Portanto, fica evidente a necessidade de combater o uso de informações pessoais por empresas de tecnologia.
Para tanto, é...
Portanto, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet é um problema que
aflige a sociedade atual e que necessita ser combatido. Para tanto, é dever...
Em suma, a manipulação comportamental pelo uso de dados é um complexo desafio hodierno e precisa ser
combatida.

Todos os excertos acima foram retirados de redações nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

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O que os períodos acima têm em comum? Todos eles retomam o problema discutido ao longo da redação (ou suas
causas) e anunciam que é preciso intervir para amenizá-lo. Além disso, eles também fazem uso de um conectivo
de CONCLUSÃO para estabelecer uma melhor conexão com o parágrafo anterior (observe a grande incidência da
palavra “portanto”). Assim, para garantir uma nota excelente na coesão e na intervenção, mostra-se importante
elaborar um período na redação do ENEM que possua essas características.

CONECTIVOS/EXPRESSÕES PARA CONCLUSÃO

Portanto Assim Logo


Em suma Em síntese Diante desse cenário

2) ELEMENTOS DA INTERVENÇÃO (DESENVOLVIMENTO)

Já sabemos que a intervenção do ENEM exige fundamentalmente 4 elementos para que o candidato tenha
a totalidade de sua nota contemplada. Sabemos também que elementos precisam estar visíveis na identificação
do corretor, o que leva o candidato a sempre redigir sua intervenção obedecendo uma ordem clara e direta da
aparição de tais termos. Portanto, vamos estudar agora as características de cada um deles, tendo em vista qual é
o vocabulário mais apropriado para redigi-los.

A) Agente - Organismos responsáveis por realizar as ações.

Considerando que a prova sempre tratará de um problema a ser enfrentado, é importante conhecermos –
minimamente – quais são os agentes competentes para realizar as ações. Ao dizer simplesmente que “O Estado
precisa realizar políticas”, temos uma proposta que – além de incompleta – é muito vaga, já que a concepção de
Estado pode variar (Gov. Federal?, Estadual?, Municipal?). Desse modo, cabe ao aluno – na hora de elaborar a
intervenção - refletir sobre qual instância da sociedade seria mais competente para amenizar o problema discutido.
Abaixo estão listados os principais agentes que costumam ou podem aparecer nas redações nota 1000 do
ENEM. Não se preocupe se você não conhecer a fundo a função de cada um deles: essas ações serão evidenciadas
na próxima aula.

VOCABULÁRIO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, MINISTÉRIO DA CIDADANIA, MINISTÉRIO DA SAÚDE, PODER LEGIS-
LATIVO, ESCOLAS, ONGs, SOCIEDADE CIVIL, MINISTÉRIO PÚBLICO, CONGRESSO NACIONAL, PODER
PÚBLICO, GOVERNOS ESTADUAL, PREFEITURAS.

Caso seja necessário, as ações também podem ser feitas por meio de parcerias entre – no máximo – dois
órgãos diferentes. Nesses casos, é importante empregar a palavra “parceria”.

Ex: Além disso é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas de tecnologia,
crie canais de denúncia de “fake news”, mediante a implementação de indicadores de confiabilidade nas notícias
veiculadas – como o projeto “The Trust Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilha-
mento de informações falsas e o impacto destes na sociedade.
Trecho retirado de redação nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

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B) Ação – Ação que pode minimizar o problema discutido.

A seleção da ação a ser descrita está diretamente ligada à escolha do agente. Novamente, é fundamental
conhecer bem as funções de cada organismo da sociedade para compreendê-las e saber utilizá-las. Elas são sempre
mais amplas, já que a viabilidade de cada uma é sempre descrita pelos meios.
Nesse sentido, é importante dominar um certo vocabulário de verbos capazes de descrever bem tal ação e
torná-la visualmente fácil de ser reconhecida pelo corretor. A tabela de verbos abaixo ajuda a compreender algu-
mas sugestões de técnicas de escrita desses termos:

VOCABULÁRIO

AGENTE AÇÃO

INFORMAR a população...
ELABORAR projetos que...
CRIAR programas...
O MINISTÉRIO DA SAÚDE DEVE IMPLANTAR políticas...
CABE AO MINISTÉRIO DA SAÚDE INCENTIVAR a promoção ...
AMPLIAR a fiscalização...
PROMOVER o acesso...
REALIZAR a discussão...
RESTRINGIR a divulgação...

C) Meio – Elementos práticos/concretos que irão viabilizar a ação proposta

Ao redigir os meios na proposta de intervenção, o aluno deve ter claro quais serão as atividades concretas,
do cotidiano, que poderão viabilizar a ação descrita. Enquanto a ação é mais ampla, os meios são mais específicos,
já que se restringem à aplicação prática da medida determinada. A tabela abaixo auxilia na compreensão dessa
lógica.

VOCABULÁRIO
CONJUNÇÕES MEIOS

criação de campanhas a serem veiculadas na TV e nas redes sociais...


POR MEIO DE
implantação de restrições e multas às empresas...
POR INTERMÉDIO DE
cursos de formação continuada oferecidos aos professores da rede pública...
A PARTIR
palestras, aulas e distribuição de materiais didáticos sobre a questão...
MEDIANTE
criação de órgãos de denúncia...

D) Finalidade/efeitos – Resultado que poderá ser observado após a realização da ação.

A composição da finalidade exige que o candidato saiba qual será o cenário posterior ao emprego da ação
escolhida. Novamente, é importante dominar um vocabulário de conjunções e verbos que ajudem a descrever esses
efeitos.

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VOCABULÁRIO
CONJUNÇÕES/VERBOS FINALIDADE/EFEITO
EVITAR o reaparecimento...
A FIM DE
DIMINUIR os índices...
COM O OBJETIVO DE
MELHORAR a qualidade...
COM A FINALIDADE DE
DESENVOLVER a capacidade...
PARA
ACABAR com a exploração...
COM O FITO
REDUZIR a emissão...
VISANDO
DESCONSTRUIR preconceitos...

3) FECHAMENTO ESPECIAL (CONCLUSÃO)

Para encerrar a redação, recomenda-se que o aluno escreva um período conclusivo curto no qual ele afirme
o que poderá melhorar a partir das ações informadas. Trata-se de algo bem conciso e mais amplo que pode, inclusi-
ve, fazer referência – histórica, filosófica, literária, sociológica, entre outras – a algum dado trabalhado, geralmente,
na introdução do texto. Assim, além de garantir o cumprimento do detalhamento descrito, ele consegue estabelecer
o paralelismo com algo que foi abordado ao longo da redação.

Observe os exemplos das redações nota mil do ano de 2018:

A sociedade distópica retratada no longa-metragem “Matrix“ era controlada por uma inteligência
artificial que ocasionava a ilusão de livre-arbítrio das pessoas, a qual era erroneamente interpreta-
INTRODUÇÃO da como decisão inerente ao ser humano. Para além da ficção, o poder de alienação e manipulação
dos indivíduos a partir do controle de dados na internet é uma realidade provocada pelas platafor-
mas de comunicação e redes sociais no Brasil e no mundo.

PERÍODO DE FECHAMENTO Só assim, a ignorância dará espaço a razão nas sociedades contemporâneas e a realidade do filme
“Matrix” não será repetida no mundo real.

George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os meios de comuni-
cação são controlados e manipulados para garantir a alienação da população frente a um governo
totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma ficção, o livro de Orwell parece refletir, em parte,
INTRODUÇÃO a realidade do século XXI, uma vez que, na atualidade, usuários da internet são constantemente in-
fluenciados por informações previamente selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse
contexto, questões econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a fim de serem devidamente
compreendidas e combatidas.

PERÍODO DE FECHAMENTO Assim, será possível restringir, de fato, a distopia de Orwell à ficção.

Ademais, é preciso compreender tal fenômeno patológico como um atentado às ins-


tituições democráticas. Isso porque a perspectiva de mundo dos indivíduos coordena
suas escolhas em eleições e plebiscitos públicos. Dessa maneira, o povo tende a agir
DESENVOLVIMENTO 3º PARÁGRAFO segundo o conceito de menoridade, do filósofo iluminista Immanuel Kant, no qual as
decisões pessoais são tomadas pelo intelecto e influência de outro. Evidencia-se, as-
sim, que o domínio da seletividade de informações nas redes sociais, como Facebook
e Twitter, pode representar uma sabotagem ao Estado Democrático.

PERÍODO DE FECHAMENTO Desse modo, atenuar-se-á, em médio e longo prazo, o impacto nocivo do controle
comportamental moderno, e a sociedade alcançará o estágio da maioridade Kantiana.

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No livro Admirável Mundo Novo do escritor inglês Aldous Huxley é retratada uma realidade distó-
pica na qual o corpo social padroniza-se pelo controle de informações e traços comportamentais.
Tal obra fictícia, em primeira análise, diverge substancialmente da realidade contemporânea, uma
INTRODUÇÃO vez que valores democráticos imperam. No entanto, com o influente papel atribuído à internet,
configurou-se uma liberdade paradoxal tangente à regulamentação de dados. Assim, faz-se pro-
fícuo observar a parcialidade informacional e o consumo exacerbado como pilares fundamentais
da problemática.

PERÍODO DE FECHAMENTO Enfim, será possível a construção de uma juventude responsável e dificilmente manipulada, sem
nenhuma semelhança a obra de Aldous Huxley.

George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os meios de comuni-
cação são controlados e manipulados para garantir a alienação da população frente a um governo
totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma ficção, o livro de Orwell parece refletir, em parte,
INTRODUÇÃO a realidade do século XXI, uma vez que, na atualidade, usuários da internet são constantemente in-
fluenciados por informações previamente selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse
contexto, questões econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a fim de serem devidamente
compreendidas e combatidas.

PERÍODO DE FECHAMENTO Enfim, será possível a construção de uma juventude responsável e dificilmente manipulada, sem
nenhuma semelhança à obra de Aldous Huxley.

ENCERRAMENTO Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.


SEM REFERÊNCIA

ENCERRAMENTO Dessa forma, será possível tornar o meio virtual um ambiente mais seguro e democrático para a
SEM REFERÊNCIA população brasileira.

ENCERRAMENTO Dessa forma, garantir-se-á o combate à manipulação do comportamento do usuário pelo controle
SEM REFERÊNCIA de dados na internet.
Todos os excertos acima foram retirados de redações nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

VOCABULÁRIO

Desse modo, será possível...


Feito isso, a sociedade poderá ...
Dessa maneira, os desafios...poderão ser atenuados.

*DICA IMPORTANTE

PARA NÃO SE ESQUECER DE NENHUM DESSES DETALHES, ORGANIZE O PLANEJAMENTO


DE SUA INTERVENÇÃO A PARTIR DA SELEÇÃO DAS INFORMAÇÕES:
RETOMADA:
QUEM?
O QUE?
COMO?
PARA QUE?
FECHAMENTO ESPECIAL:

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EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1: Reconheça e sublinhe os AGENTES, as AÇÕES, os MEIOS e as FINALIDADES das propos-
tas a seguir:

a) Portanto, é notório que a manipulação dos dados de pesquisa dos utentes se configura como um problema
relativo à fragilidade das leis na rede. Logo, o Congresso Nacional deveria elaborar uma legislação que reforçasse
os direitos e deveres dos usuários no ambiente virtual, por meio de reuniões com especialistas em segurança digi-
tal, com o fito de amenizar os crimes de roubos de dados por empresas. Assim, o Governo reverteria o estado de
anomia na internet.

b) Portanto, a manipulação de pessoas no meio digital, favorecida pela falta de autonomia nesse contexto, leva
à formação de grupos os quais só compartilham um único interesse. Logo, cabe às escolas, instituições que de-
senvolvem sujeitos autônomos, a tarefa de alertar acerca da necessidade de navegar com responsabilidade pela
internet, por meio de palestras e discussões sobre o assunto, envolvendo as disciplinas de Filosofia e Sociologia, a
fim de formar cidadãos que não sejam controlados pelas ferramentas virtuais. Ademais, as redes sociais, principal
espaço causador das “bolhas” de pensamentos e gostos, deve facilitar a interação de ideias divergentes, mediante
a criação de páginas voltadas para a troca de opiniões. Só assim, o controle de indivíduos na “Era da Informação”
será solucionado.

c) Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo, proporcione
a este maiores chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte adequado para a forma-
ção escolar e acadêmica desse indivíduo – com profissionais especializados em atendê-lo –, a fim de gerar maior
igualdade na qualificação e na disputa por emprego. É imprescindível , ainda, que as famílias desses deficientes
exijam do poder público a concretude dos princípios constitucionais de proteção a esse grupo, por meio do apro-
fundamento no conhecimento das leis que protegem essa camada, para que, a partir da obtenção do saber, esse
empenho seja fortalecido e, assim, essa parcela receba o acompanhamento necessário para atingir a formação
educacional e a contribuição à sociedade.

d) Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respeitem às
diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a famí-
lia, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de deficiên-
cia. Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à capacitação de profissionais
da educação especializados no ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer
aos surdos uma formação mais eficaz. Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por
empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse
grupo social no mercado de trabalho.

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Aula 10 - a banalização do TDAH
ACERVO
TEXTO 1
Os maiores problemas relacionados ao uso de Ritalina estão no uso incorreto e no descuido no diagnóstico. Geralmente,
psiquiatras e professores partem de uma análise estereotipada, baseada no senso comum: se é inquieto, tem TDAH; se é distraído,
também. Muitos não utilizam o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais) para diagnosticar o transtorno.
Aí está o erro. Quando as análises são feitas erroneamente, o paciente passa a ser medicado com Ritalina, mesmo sem precisar.
E um dado chama atenção para os possíveis diagnósticos errados: a explosão de vendas do medicamento. Em oito anos (de
2000 até 2008), a comercialização anual de caixas de Ritalina passou de 71 mil para 1,147 milhões, sem contabilizar as demandas
revendidas clandestinamente no País. O número coloca o Brasil como o segundo maior consumidor de metilfenidato do mundo,
perdendo apenas para os Estados Unidos. Entretanto, é válido lembrar que a Ritalina é o único medicamento para tratamento de
TDAH comercializado no território brasileiro, o que contribui com o grande consumo no País.
Para alguns médicos, esse crescimento se dá porque aumentou o acesso ao diagnóstico e ao conhecimento sobre o trans-
torno. “Enxergo esse aumento de maneira desejável. Segundo dados do IBGE, até 2010 existiam 924.732 pessoas com TDAH, mas
apenas 184.481 estavam em tratamento. Se as vendas continuarem aumentando, todos os portadores terão acesso à medicação”,
afirma o psiquiatra Paulo Mattos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o transtorno e, juntamente com Associação Americana de Psiquiatria,
estima que cerca de 4% dos adultos e de 5% a 8% de crianças e adolescentes em todo o mundo tenham TDAH. Além disso, as
entidades calculam que pelo menos duas crianças de uma sala de aula de 40 alunos sejam portadores.
Mas alguns psicólogos acreditam que o aumento no consumo é reflexo de uma política de medicalização. A psicóloga
Roseli Caldas afirma que tais vendas espelham uma sociedade imediatista, que busca nos remédios resultados rápidos e eficientes.
“A medicalização é como um mascaramento de questões sociais, uma vez que atribuir doenças a indivíduos nos exime de buscar
nas relações sociais, econômicas e políticas as causas e soluções para os problemas da sociedade. No caso da educação, fica mais
fácil diagnosticar crianças do que tentar compreender quais fatores poderiam ser responsáveis pela falta de atenção ou pela impul-
sividade”, enfatiza a psicóloga.
Recentemente, o Conselho Federal de Psicologia lançou uma campanha com o seguinte slogan: “Se você acha que seu filho
está muito arteiro, fique calmo. Ele está apenas sendo criança, não tem TDAH”.

Campanha dentro das escolas


Na contramão de minimizar a preocupação que deve ser dispendida com o diagnóstico do transtorno, existem boatos
de que a farmacêutica Novartis faça campanhas em escolas alertando sobre os riscos do TDAH e orientando sobre as formas de
identificá-lo. Para muitos, isso justificaria a maior quantidade de diagnósticos e, consequentemente, o maior uso da Ritalina nos
últimos anos. Durante entrevista cedida ao site Drauzio Varella, a existência de tais campanhas foi veementemente negada pela
farmacêutica.
Em 2010, porém, a Novartis e a ABDA (Associação Brasileira de Déficit de Atenção) promoveram o concurso “Atenção
Professor”, que tinha como objetivo “ajudar os educadores a conhecer e lidar melhor com o TDAH”. Para levar o prêmio de R$7 mil
era preciso apresentar as melhores propostas de inclusão de portadores de TDAH na sala de aula.
Além do valor, as escolas ganhariam um kit contendo uma champagne, um Certificado da Escola de Projeto de Inclusão
e um troféu. O líder do projeto iria receber nominalmente apoio para participar de um Congresso Nacional na área de educação,
“contemplando passagem, hospedagem e inscrição no valor máximo de R$4.000,00”. Três escolas foram sorteadas.

16
A Novartis negou qualquer tipo de envolvimento com projetos educacionais dentro e fora de escolas, apesar de o projeto
buscar auxiliar no reconhecimento e condução do transtorno e de a página oficial do concurso exibir a assinatura da empresa como
uma das responsáveis pela iniciativa.

Tainah Medeiros. Jjornalista com foco em saúde, atuou como repórter de 2011 a 2016 no Portal Drauzio Varella. https://drau-
ziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/ritalina-contra-a-inquietacao-na-vida-escolar/ (Acessado em 08.04.2019)

TEXTO 2

O psiquiatra Paulo Matos falou sobre problemas de falta de atenção nos adultos. Até o egoísmo pode ser um dos sinais. A
consultora e pediatra Ana Escobar explicou os efeitos colaterais dos remédios.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que
aparece na infância e frequentemente acompanha a pessoa por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção,
inquietude e impulsividade.
O TDAH na infância se associa a dificuldades na escola e no relacionamento. As crianças são tidas como avoadas, que
vivem no mundo da lua e estabanadas. Já na fase adulta, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e trabalho,
bem como a memória. São frequentemente considerados egoístas.
O psiquiatra lembra que a falta de atenção e hiperatividade são sintomas que todo mundo tem, porém, o que diferencia uns
dos outros é o grau de intensidade. É ele que vai determinar se uma pessoa sofre de TDAH. Ele explica que houve uma banalização
da doença, mas é preciso tomar cuidado.
Um questionário pode ajudar a avaliar a intensidade da falta de atenção. As perguntas servem como ponto de partida para
o levantamento de alguns possíveis sintomas primários do TDAH. É importante ter um diagnóstico correto do transtorno. Veja o
questionário da Associação Brasileira de Déficit de Atenção
O diagnóstico de TDAH costuma ser feito a partir dos sete anos, pois é nessa idade que a criança passa a ter mais maturi-
dade e começa a entender melhor que é preciso fazer silêncio na sala de aula, por exemplo.
Os especialistas dão algumas dicas para o tratamento de TDAH: não tenha medo de usar remédio, elogie seu filho, não o
compare com as outras crianças e crie uma rotina. Não espere perfeição e não exija mais do que a criança pode dar.
https://g1.globo.com/bemestar/noticia/quando-a-falta-de-atencao-e-um-transtorno.ghtml (08.08.2017)

TEXTO 3

“Transformamos problemas cotidianos em transtornos mentais”


Catedrático emérito da Universidade Duke comandou a redação da ‘bíblia’ dos psiquiatras

Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento que define
e descreve as diferentes doenças mentais. Esse manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisado periodicamente para ser
adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipe que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta
revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. Em seu livro Saving Normal (inédito no Brasil), ele faz uma
autocrítica e questiona o fato de a principal referência acadêmica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida.
Pergunta. No livro, o senhor faz um mea culpa, mas é ainda mais duro com o trabalho de seus colegas do DSM V. Por quê?
Resposta. Fomos muito conservadores e só introduzimos [no DSM IV] dois dos 94 novos transtornos mentais sugeridos.
Ao acabar, nos felicitamos, convencidos de que tínhamos feito um bom trabalho. Mas o DSM IV acabou sendo um dique frágil de-
mais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades

17
patológicas. Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtorno
psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano, especialmente
na psiquiatria infantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a atual inflação diagnóstica em
hiperinflação.
P. Seremos todos considerados doentes mentais?
R. Algo assim. Há seis anos, encontrei amigos e colegas que tinham participado da última revisão e os vi tão entusiasmados
que não pude senão recorrer à ironia: vocês ampliaram tanto a lista de patologias, eu disse a eles, que eu mesmo me reconheço
em muitos desses transtornos. Com frequência me esqueço das coisas, de modo que certamente tenho uma demência em estágio
preliminar; de vez em quando como muito, então provavelmente tenho a síndrome do comedor compulsivo; e, como quando minha
mulher morreu a tristeza durou mais de uma semana e ainda me dói, devo ter caído em uma depressão. É absurdo. Criamos um
sistema de diagnóstico que transforma problemas cotidianos e normais da vida em transtornos mentais.
P. Com a colaboração da indústria farmacêutica...
R. É óbvio. Graças àqueles que lhes permitiram fazer publicidade de seus produtos, os laboratórios estão enganando o
público, fazendo acreditar que os problemas se resolvem com comprimidos. Mas não é assim. Os fármacos são necessários e muito
úteis em transtornos mentais severos e persistentes, que provocam uma grande incapacidade. Mas não ajudam nos problemas coti-
dianos, pelo contrário: o excesso de medicação causa mais danos que benefícios. Não existe tratamento mágico contra o mal-estar.
P. O que propõe para frear essa tendência?
R. Controlar melhor a indústria e educar de novo os médicos e a sociedade, que aceita de forma muito acrítica as facilida-
des oferecidas para se medicar, o que está provocando além do mais a aparição de um perigosíssimo mercado clandestino de fár-
macos psiquiátricos. Em meu país, 30% dos estudantes universitários e 10% dos do ensino médio compram fármacos no mercado
ilegal. Há um tipo de narcótico que cria muita dependência e pode dar lugar a casos de overdose e morte. Atualmente, já há mais
mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas.
P. Em 2009, um estudo realizado na Holanda concluiu que 34% das crianças entre 5 e 15 anos eram tratadas por hipera-
tividade e déficit de atenção. É crível que uma em cada três crianças seja hiperativa?
R. Claro que não. A incidência real está em torno de 2% a 3% da população infantil e, entretanto, 11% das crianças nos
EUA estão diagnosticadas como tal e, no caso dos adolescentes homens, 20%, sendo que metade é tratada com fármacos. Outro
dado surpreendente: entre as crianças em tratamento, mais de 10.000 têm menos de três anos! Isso é algo selvagem, desumano.
Os melhores especialistas, aqueles que honestamente ajudaram a definir a patologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controle.
P. E há tanta síndrome de Asperger como indicam as estatísticas sobre tratamentos psiquiátricos?
R. Esse foi um dos dois novos transtornos que incorporamos no DSM IV, e em pouco tempo o diagnóstico de autismo se
triplicou. O mesmo ocorreu com a hiperatividade. Calculamos que, com os novos critérios, os diagnósticos aumentariam em 15%,
mas houve uma mudança brusca a partir de 1997, quando os laboratórios lançaram no mercado fármacos novos e muito caros, e
além disso puderam fazer publicidade. O diagnóstico se multiplicou por 40.
P. A influência dos laboratórios é evidente, mas um psiquiatra dificilmente prescreverá psicoestimulantes a uma criança sem
pais angustiados que corram para o seu consultório, porque a professora disse que a criança não progride adequadamente, e eles
temem que ela perca oportunidades de competir na vida. Até que ponto esses fatores culturais influenciam?
R. Sobre isto tenho três coisas a dizer. Primeiro, não há evidência em longo prazo de que a medicação contribua para
melhorar os resultados escolares. Em curto prazo, pode acalmar a criança, inclusive ajudá-la a se concentrar melhor em suas tarefas.
Mas em longo prazo esses benefícios não foram demonstrados. Segundo: estamos fazendo um experimento em grande escala com
essas crianças, porque não sabemos que efeitos adversos esses fármacos podem ter com o passar do tempo. Assim como não nos
ocorre receitar testosterona a uma criança para que renda mais no futebol, tampouco faz sentido tentar melhorar o rendimento
escolar com fármacos. Terceiro: temos de aceitar que há diferenças entre as crianças e que nem todas cabem em um molde de nor-
malidade que tornamos cada vez mais estreito. É muito importante que os pais protejam seus filhos, mas do excesso de medicação.
P. Na medicalização da vida, não influi também a cultura hedonista que busca o bem-estar a qualquer preço?

18
R. Os seres humanos são criaturas muito maleáveis. Sobrevivemos há milhões de anos graças a essa capacidade de con-
frontar a adversidade e nos sobrepor a ela. Agora mesmo, no Iraque ou na Síria, a vida pode ser um inferno. E entretanto as pessoas
lutam para sobreviver. Se vivermos imersos em uma cultura que lança mão dos comprimidos diante de qualquer problema, vai se
reduzir a nossa capacidade de confrontar o estresse e também a segurança em nós mesmos. Se esse comportamento se generalizar,
a sociedade inteira se debilitará frente à adversidade. Além disso, quando tratamos um processo banal como se fosse uma enfermi-
dade, diminuímos a dignidade de quem verdadeiramente a sofre.
P. E ser rotulado como alguém que sofre um transtorno mental não tem consequências também?
R. Muitas, e de fato a cada semana recebo emails de pais cujos filhos foram diagnosticados com um transtorno mental e
estão desesperados por causa do preconceito que esse rótulo acarreta. É muito fácil fazer um diagnóstico errôneo, mas muito difícil
reverter os danos que isso causa. Tanto no social como pelos efeitos adversos que o tratamento pode ter. Felizmente, está crescendo
uma corrente crítica em relação a essas práticas. O próximo passo é conscientizar as pessoas de que remédio demais faz mal para
a saúde.
P. Não vai ser fácil…
R. Certo, mas a mudança cultural é possível. Temos um exemplo magnífico: há 25 anos, nos EUA, 65% da população
fumava. Agora, são menos de 20%. É um dos maiores avanços em saúde da história recente, e foi conseguido por uma mudança
cultural. As fábricas de cigarro gastavam enormes somas de dinheiro para desinformar. O mesmo que ocorre agora com certos me-
dicamentos psiquiátricos. Custou muito deslanchar as evidências científicas sobre o tabaco, mas, quando se conseguiu, a mudança
foi muito rápida.
P. Nos últimos anos as autoridades sanitárias tomaram medidas para reduzir a pressão dos laboratórios sobre os médicos.
Mas agora se deram conta de que podem influenciar o médico gerando demandas nos pacientes.
R. Há estudos que demonstram que, quando um paciente pede um medicamento, há 20 vezes mais possibilidades de ele
ser prescrito do que se a decisão coubesse apenas ao médico. Na Austrália, alguns laboratórios exigiam pessoas de muito boa apa-
rência para o cargo de visitador médico, porque haviam comprovado que gente bonita entrava com mais facilidade nos consultórios.
A esse ponto chegamos. Agora temos de trabalhar para obter uma mudança de atitude nas pessoas.
P. Em que sentido?
R. Que em vez de ir ao médico em busca da pílula mágica para algo tenhamos uma atitude mais precavida. Que o normal
seja que o paciente interrogue o médico cada vez que este receita algo. Perguntar por que prescreve, que benefícios traz, que
efeitos adversos causará, se há outras alternativas. Se o paciente mostrar uma atitude resistente, é mais provável que os fármacos
receitados a ele sejam justificados.
P. E também será preciso mudar hábitos.
R. Sim, e deixe-me lhe dizer um problema que observei. É preciso mudar os hábitos de sono! Vocês sofrem com uma grave
falta de sono, e isso provoca ansiedade e irritabilidade. Jantar às 22h e ir dormir à meia-noite ou à 1h fazia sentido quando vocês
faziam a sesta. O cérebro elimina toxinas à noite. Quem dorme pouco tem problemas, tanto físicos como psíquicos.
https://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/26/sociedad/1411730295_336861.html (28.11.2014)

19
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o transtorno e, juntamente com Associação Americana de Psiquiatria, es-
tima que cerca de 4% dos adultos e de 5% a 8% de crianças e adolescentes em todo o mundo tenham TDAH. Além disso, as
entidades calculam que pelo menos duas crianças de uma sala de aula de 40 alunos sejam portadoras.

Tainah Medeiros. Jjornalista com foco em saúde, atuou como repórter de 2011 a 2016 no Portal Drauzio Varella. https://drau-
ziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/ritalina-contra-a-inquietacao-na-vida-escolar/ (Acessado em 08.04.2019)

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

A psicóloga Roseli Caldas afirma que tais vendas espelham uma sociedade imediatista, que busca nos remédios resultados
rápidos e eficientes. “A medicalização é como um mascaramento de questões sociais, uma vez que atribuir doenças a indivíduos
nos exime de buscar nas relações sociais, econômicas e políticas as causas e soluções para os problemas da sociedade. No caso
da educação, fica mais fácil diagnosticar crianças do que tentar compreender quais fatores poderiam ser responsáveis pela falta
de atenção ou pela impulsividade”, enfatiza a psicóloga.

Tainah Medeiros. Jjornalista com foco em saúde, atuou como repórter de 2011 a 2016 no Portal Drauzio Varella. https://drau-
ziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/ritalina-contra-a-inquietacao-na-vida-escolar/ (Acessado em 08.04.2019)

III. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM)

APERFEIÇOAMENTO DA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA DOS PROFISSIONAIS RESPONSÁVEIS PELO DIAGNÓSTICO

Durante toda a entrevista, Giuseppe Pastura, professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ,
ressaltou que o mito da medicalização da infância, difundido pela grande mídia, contribui para impedir o avanço da ciência, já
que dissemina o pânico na população. “Precisamos acabar com esse mito de que estamos dando remédio em excesso, tratando
de crianças espertas. Algumas pessoas realmente precisam da medicação”, afirma.
Para isso, no entanto, segundo o especialista, uma boa formação acadêmica seria imprescindível. “O bom médico consegue
discernir quem precisa e quem não precisa de remédio. Se o profissional praticar uma medicina ruim, evidentemente vai pres-
crever medicamento para todo mundo”, enfatiza.

https://ufrj.br/noticia/2015/10/22/m-dico-faz-esclarecimentos-acerca-do-tdah (22.10.2015)

IV. ANALOGIA LITERÁRIA

Eles tinham certeza de que eu era um sessenta ponto seis, personalidade ansiosa. Eles me disseram que os sintomas da personalidade ansiosa
são um sentimento de tensão constante, um sentimento de insegurança e inferioridade, um desejo permanente de ser amado, de ser aceito,
hipersensibilidade à crítica e à rejeição, uma dificuldade ou desconforto para encontrar pessoas ou para sair da rotina, sempre com medo que
aconteça alguma coisa de ruim.
É perfeito, é exatamente isso. Finalmente eu encontrei alguém que descobria o que eu tinha. Só que eles tinham dúvidas se a minha ansiedade
era generalizada e já se manifestava na infância, ou se era induzida por substância. A ansiedade induzida por substância surge com a intoxi-
cação ou a abstinência. A ansiedade primária, que vem da infância, pode provocar o uso da substância. Enfim, eles tinham dúvidas se eu era
louco porque me drogava ou me drogava porque era louco.

Jorge Furtado. Conto: “Frontal com fanta”

20
VII. CITAÇÃO

Em nossa atualidade, cujos ideais socioculturais delineiam as categorias de valoração sobre o mundo de uma forma geral,
qualquer atitude que não corresponda às expectativas espetaculares está sujeita a ser considerada como patológica. Assim, a
incidência cada vez maior de diagnósticos de depressão revela a intolerância frente aos modos de subjetivação opostos aos
ideais contemporâneos – não pode haver tempo para a introspecção e a reflexão.

Leandro Tavares, professor e pesquisador em Psicologia. “A depressão como 'mal-estar' contemporâneo.” Editora Unesp, 2010.

21
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo TDAH no Fantastico

Fonte: Youtube

Vídeo TDAH - As Vidas de Mário: faça parte desta causa

Fonte: Youtube

LER

Artigo Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

Transtorno do déficit de atenção e


hiperatividade diagnosticado na
infância: as narrativas do adulto
e as contribuições da psicanálise.

22
Proposta ENEM
TEXTO 1
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o TDAH é um transtorno neurobiológico de causa
genética e que é passível de ser tratado com o uso de medicamentos. Entretanto, alguns estudiosos do assunto
negam a existência do distúrbio, alegando que até o presente momento não se conseguiu determinar a área do
cérebro comprometida pelo problema nem os genes diretamente envolvidos com o seu surgimento. Creem esses
estudiosos que crianças e adolescentes saudáveis que apresentam dificuldades no processo de escolarização estão
sendo rotuladas indevidamente como portadoras de supostas doenças neurológicas, sobretudo o TDAH, numa
clara medicalização dos processos de aprendizagem e desenvolvimento.
Dentro do conceito da OMS, há de se pensar no TDAH em crianças impulsivas, exageradamente ativas e
que apresentem déficit de concentração, além de serem incapazes de planejar e organizar tarefas e atividades
rotineiras.
As crianças hiperativas na faixa de 3 e 4 anos seriam como o “rabo de lagartixa”: em contínuo movimento,
incapazes de permanecer quietas por um só instante. Elas pulam, saltam, correm, se machucam e, quando senta-
das, balançam as pernas ou batucam com os dedos na mesa. Também são desorganizadas, não terminam o que
começaram, são loquazes, barulhentas, falam rápido e em voz alta e seus pais vivem ralhando com elas.
Já as impulsivas ou com déficit de inibição (entre 5 e 7 anos) agem e falam de supetão, ofendem e agridem
as pessoas ao seu redor — se arrependendo em seguida —, cometem erros frequentes nas lições, já que não leem
todo o enunciado dos exercícios, e se machucam com facilidade por serem descuidadas e ignorarem perigos como
atravessar a rua sem olhar os carros.
O tratamento preconizado quando existe o diagnóstico de TDAH envolve uma abordagem múltipla, englo-
bando tanto intervenções psicossociais como farmacológicas. A medicação recomendada costuma ser o metilfeni-
dato, que só deve ser prescrito por médicos experientes.
Ora, falamos de um remédio de difícil controle na dosagem e com muitas contraindicações e efeitos cola-
terais. As intervenções psicossociais devem envolver não só as crianças, mas também as famílias, as escolas e o
entorno. Como método psicoterápico, a maioria dos estudiosos recomenda a terapia cognitiva comportamental,
acompanhada de intervenções no âmbito familiar e escolar.

* Dr. Eduardo Goldenstein é pediatra, doutor em Psicologia Clínica e membro do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pe-
diatria de São Paulo (SPSP) https://saude.abril.com.br/blog/experts-na-infancia/tdah-ha-uma-epidemia-por-ai/ (30.03.2017)

24
TEXTO 2

MILIGRAMAS POR VAGA Como o vestibular está criando uma geração movida a remédios con-
trolados https://tab.uol.com.br/ritalina-vestibular#imagem-8 (29.03.2017)

TEXTO 3
TDA é um distúrbio neurológico, ou seja, não estamos falando de uma lesão ou defeito e sim de um fun-
cionamento diferente do cérebro. Um TDA apresenta um menor fluxo sanguíneo na região frontal do cérebro,
responsável pelo comportamento inibitório (freio), capacidade de planejamento, memória seletiva, regular o estado
de vigília, “filtrar” os estímulos, entre outras funções.
Sabe-se também que a quantidade de dopamina, um neurotransmissor responsável pelo controle motor e
pelo poder de concentração é menor no cérebro destas pessoas. Porém, o diagnóstico de um TDA será dado a partir
da análise cuidadosa da história de vida e do comportamento do sujeito.
O comportamento de um TDA apresenta um trio de sintomas significativos que são: alterações da atenção,
impulsividade, e da velocidade da atividade mental e física podendo apresentar grau de hiperatividade.
Fonte: http://www.saude.sc.gov.br/hijg/pedagogia/ambulatorio/dicas.htm (Acessado em 08.04.2019)

25
TEXTO 4

http://redehumanizasus.net/88154-medicar-para-controlar/ (Acessado em 08.04.2019)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, re-
dija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema A BANALI-
ZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE TDAH apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Proposta vestibular
TEXTO 1
Existe essa crítica comum e muito válida em relação à medicalização excessiva, especialmente na infância –
de se transformar questões e desafios normais da infância em problemas psiquiátricos. É uma crítica válida, temos
visto de fato uma necessidade grande de nomear e medicar o sofrimento, ainda mais com a pressão das indústrias
médica e farmacêutica. As dificuldades associadas ao autismo podem aparecer de diversas formas e em diversos
graus em qualquer criança. Essas dificuldades podem ser passageiras e estar associadas a questões de ordem social
(por exemplo, abandono e violência doméstica). Um diagnóstico muito precoce nesse caso pode ser uma decisão
precipitada, gerando o que chamamos de um “falso positivo”.
Por outro lado, é comum ouvir histórias entre familiares de autistas sobre a dificuldade de obter um diag-
nóstico. As mães reclamam com frequência de profissionais que desconsideravam seus relatos, dizendo que elas
estavam exagerando. Essas mães frequentemente passam por diversos profissionais até chegar a um diagnóstico
adequado. Podemos pensar nestes casos como “falsos negativos” – ou seja, há uma demanda por diagnóstico
ignorada por muitos profissionais de saúde.
Entrevista de Clarice Rios, antropóloga e psicóloga do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/
Uerj) https://outraspalavras.net/outrasaude/ha-uma-polarizacao-que-nao-ajuda-no-desenvolvimento-das-politicas/ (03.04.2019)

26
TEXTO 2
Voltando à infância, parece que os rótulos de “crianças hiperativas”, “crianças com transtorno do déficit de
atenção” e tantos outros têm crescido com o tempo. Obviamente que seria leviano generalizar. Doenças psiquiátri-
cas existem, sim, e devem ser levadas a sério. É grave. Quem é doente deve ser tratado ou as consequências podem
ser dramáticas. Ocorre que nem todo mundo que está medicado é propriamente doente.
Uma criança que está triste ou agitada talvez só precise ter tempo e condições de elaborar seus sentimen-
tos. Acompanhamento psicológico e amor podem ser um bom começo. Mas com pouca idade muitos têm agendas
semelhantes às dos executivos, com mil compromissos e obrigações, humanamente insustentáveis.
Na área social, a questão piora. Os juristas são muito claros em dizer que o encaminhamento ao abrigo
é sempre a última alternativa. Nunca é bom para uma criança ser afastada da família. Se isso aconteceu, pode
acreditar que o problema foi bem sério.
Artigo de opinião de BRUNA RIBEIRO, jornalista e especialista em Direito Internacional. “Medicalização na infância: controle so-
cial ou garantia de direitos?” https://emais.estadao.com.br/blogs/bruna-ribeiro/medicalizacao-na-infancia/ (16.11.2017)

TEXTO 3
Mas por que, mesmo sendo alertados sobre os possíveis efeitos negativos do uso incorreto da droga, os pais
ainda medicam seus filhos com ritalina sem ter certeza do diagnóstico de TDAH? Porque há uma certa sedução na
forma como o remédio é apresentado. Conhecido como a “pílula da inteligência”, o medicamento pode ter efeitos
imediatos na atuação da memória e provocar o aumento da disposição e o foco nos estudos, fazendo com que
alguns pais imaginem que seus filhos vão sofrer uma transformação em suas personalidades, serão “obedientes”
e ficarão mais calmos.
Entretanto, a ritalina só pode ser utilizada em casos confirmados de TDAH. E,para a confirmação, é preciso
utilizar ferramentas específicas, como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Se bem
administrada, seu uso pode ser positivo. Já em casos de crianças arteiras e curiosas, não! É importante reconhe-
cer: há muitos fatores perigosos no uso indiscriminado desse medicamento. Segundo estudo realizado em 2018
por pesquisadores da Universidade do Porto, em Portugal, doses orais relevantes de ritalina podem aumentar o
metabolismo cardíaco e cerebral, mas também podem provocar danos nos rins e no coração de adolescentes que
fazem uso da droga.
"Genoveva Ribas Claro é coordenadora do curso de licenciatura e bacharelado em Psicopedagogia do Centro Universitário Inter-
nacional Uninter. Dinamara Pereira Machado é diretora da Escola Superior de Educação do Uninter." //www.gazetadopovo.com.

br/opiniao/artigos/medicalizacao-infantil-liberdade-e-criatividade-77et0azej628t4u93ae6bh2m1/(19.04.2018)

27
TEXTO 4
A prescrição de fármacos é uma das mais antigas ações confiadas ao médico, não só pelo paciente, mas
por toda a sociedade. Até que ponto essa confiança é merecida é um questionamento que se abriu desde que a
saúde revelou-se um produto de mercado e um negócio altamente rentável, cotado nas bolsas de valores de todo
o mundo.
A pesquisa com os residentes da Escola Médica de Virgínia apontou ainda que a maioria dos médicos não
sente constrangimento por receber brindes ou participar de jantares oferecidos pela indústria farmacêutica. É
incrível que médicos façam tal afirmação! Seria como acreditar que a indústria farmacêutica, que reverte 30% de
seu faturamento em marketing junto aos médicos, distribui brindes e benesses por generosidade desinteressada.
É inegável a participação da indústria farmacêutica na pesquisa clínica e na busca de fármacos para novas
e antigas patologias. Também é inegável sua participação junto às universidades, no financiamento de pesquisas
e na atualização médica pelo patrocínio de eventos científicos e edição de livros distribuídos gratuitamente aos
profissionais. Mas é evidente que se trata de um negócio em um mercado muito competitivo.

Roberto Luiz D’Ávila. “Influentes ou influenciáveis?” www. Cremesp.org.br, outubro de 2007. Adaptado

TEXTO 5
Giuseppe Pastura, professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ e doutor em
Clínica Médica pela mesma universidade, ressalta que o mito da medicalização da infância, difundido pela grande
mídia, contribui para impedir o avanço da ciência, já que dissemina o pânico na população. “Precisamos acabar
com esse mito de que estamos dando remédio em excesso, tratando de crianças espertas. Algumas organizações
insistem em estigmatizar essa questão do remédio. E, contudo, algumas pessoas realmente precisam da medica-
ção”, afirma.
Para isso, no entanto, segundo o especialista, uma boa formação acadêmica seria imprescindível. “O bom
médico consegue discernir quem precisa e quem não precisa de remédio. Se o profissional praticar uma medicina
ruim, evidentemente vai prescrever medicamento para todo mundo”, enfatiza.

https://ufrj.br/noticia/2015/10/22/m-dico-faz-esclarecimentos-acerca-do-tdah (22.10.2015)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a
norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema: OS DESAFIOS NO CONTROLE DA MEDICALIZAÇÃO DA
INFÂNCIA.

28
1 1 Proposta de intervenção II -
Os agentes da intervenção

L C
ENTRE
FRASES
Proposta de intervenção II - Os agentes da intervenção
Para compreender melhor como devemos elaborar a intervenção, é importante conhecer mais de perto quais
são os atores que – efetivamente – podem agir diante dos problemas abordados, afinal, não é nada fácil sugerir so-
luções para as dificuldades enfrentadas em diferentes ambientes da vida social. Desse modo, esta aula ajudará você
a compreender quais são os principais atores sociais a serem considerados no momento de elaborar a intervenção.

1. Estado? Governo? O que usar?


Muitas vezes, até mesmo nas redações avaliadas com nota máxima, costumamos encontrar os termos ES-
TADO e GOVERNO como sinônimos, embora essas instâncias não sejam a mesma coisa. O esquema abaixo traduz
essa diferença: ESTADO é a unidade administrativa de um território. É composta por diversas instituições
que organizam, representam e atendem a população que habita esse território, como as escolas e os hospitais pú-
blicos, a polícia, as bibliotecas, as prisões. GOVERNO é o ator responsável por administrar o Estado e está
representado pelo Poder Executivo. O esquema abaixo ajuda a entender essas funções:

Bibliotecas Hospitais

Prefeitura
Delegacias Gov. estadual
Gov. federal
GOVERNO ESTADO
Bombeiros Transporte público

Tendo em vista essa concepção, torna-se fundamental que – ao redigir a proposta de intervenção – o aluno
tenha em mente qual setor do governo está mais capacitado para resolver essa ação. Portanto, é preciso conhecer,
com mais profundidade, a função de alguns deles (sugerimos uma visita ao link para conhecer os Ministérios do
atual governo.)

ACESSE AQUI

31
Abaixo, você encontra a divisão do PODER EXECUTIVO – cuja é função administrar o território – e do
PODER LEGISLATIVO – cuja função é criar leis. Além disso há a função de alguns ministérios importantes para
serem utilizados na redação do ENEM.

FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL

PODER EXECUTIVO Presidente + Ministérios Governador + Secretários Prefeito + Secretários

PODER LEGISLATIVO Senadores + Dep. Federais (Con- Deputados Estaduais Vereadores


gresso Nacional)

Executivo
GOVERNO FEDERAL - Ministérios

No âmbito federal, o Presidente da República governa o país com o auxílio dos Ministérios. Cada um deles
possui órgãos voltados a diferentes setores da administração pública. Veja abaixo alguns deles:

32
Principais ministérios para articulação na redação

- Ministério da Educação
- Ministério da Saúde
- Ministério do Meio Ambiente
- Ministério da Cidadania (Secretaria de Cultura) (Secretaria dos Esportes) (Secretaria do Desenvolvimento Social)
- Ministério das Relações Exteriores
- Ministério da Economia (Secretaria do Trabalho)
- Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
- Ministério da Justiça e Segurança Pública

- Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos – Temas: Crianças e Adolescentes, Pessoa com Deficiência,
Pessoa Idosa, LGBT, Mortos e Desaparecidos Políticos, Combate às Violações, Prevenção e Combate à Tortura,
População em Situação de Rua.

EXEMPLOS:

O governo federal, como instituição regulamentadora da internet e propaganda, deve criar medidas que
controlem e reduzam a publicidade direcionada, por meio da fiscalização e criação de leis que exijam a transpa-
rência das empresas. Espera-se, com isso, que os brasileiros possam ter a liberdade de escolha garantida e, assim,
sejam menos manipulados pela mídia, como Adorno e Horkheimer defendiam.

Trecho da redação nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

Então, o governo federal deve deixar obrigatória para todos os colégios (públicos e privados) a disciplina
Ensino Religioso durante o Ensino Fundamental. Outro caminho é o incentivo das prefeituras para que a popula-
ção conheça as religiões como elas realmente são, e não a imagem criada pela mídia nem aquela herdada desde a
época colonial, promovendo visitas aos centros religiosos, palestras e programas na televisão e no rádio."

Trecho da redação nota mil do ano de 2016.

Desse modo, com intuito de atenuar atos contrários a prática da religiosidade individual, cabe ao governo,
na figura do Ministério da Educação, a implementação na grade curricular a disciplina de teorias religiosas,
mitigando defeito histórico.

Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2016.

O MEC deve criar um projeto de conscientização para ser desenvolvido nas escolas, a qual promova pas-
seios turísticos aos templos de várias religiões, além de apresentações artísticas e palestras a fim de ensinar a
crianças e adolescentes a importância de conhecer e respeitar a pluralidade das crenças. Cabe ao Ministério da
Cultura e à Secretaria dos Direitos Humanos realizar campanhas combativas permanentes, as quais devem
ser divulgadas por meio da mídia. Outrossim, é fundamental que o Poder Legislativo desenvolva o “Estatuto
da Tolerância Religiosa”, para esclarecer melhor os direitos e deveres dos cidadãos a respeito do tema. Também, é
preciso que os sacerdotes brasileiros de todas as religiões unam-se com o objetivo de determinar a realização de
palestras e discussões nas igrejas para estimular o convívio harmônico e evitar qualquer tipo de radicalismo.

Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2016.

33
2. Sociedade civil
Para compreendermos qual é a noção de sociedade civil e qual é seu alcance enquanto agente da proposta
de intervenção, recorrermos à definição do filósofo político Norberto Bobbio.

“Sociedade civil é o lugar onde surgem e se desenvolvem os conflitos econômicos, sociais, ideológicos,
religiosos, que as instituições estatais têm o dever de resolver ou através da mediação ou através da repressão.
Sujeitos desses conflitos e portanto da sociedade civil exatamente enquanto contraposta ao Estado são as classes
sociais, ou mais amplamente os grupos, os movimentos, as associações, as organizações que as representam ou se
declaram seus representantes; ao lado das organizações de classe, os grupos de interesse, as associações de vários
gêneros com fins sociais, e indiretamente políticos, os movimentos de emancipação de grupos étnicos, de defesa
dos direitos civis, de libertação da mulher, os movimentos de jovens etc. ”

Norberto Bobbio, “Estado, Governo e Sociedade” Editora Paz e Terra, São Paulo, 1985.

A partir do conceito de Bobbio, é possível dizer que a sociedade civil é formada tanto pela população em
geral (aqueles que compõem a classe social), como – de modo mais amplo - pelas instituições que represen-
tam essa população (igrejas, associações, movimentos).
No entanto, com o objetivo de deixarmos nossa proposta de intervenção ainda mais detalhada, é interes-
sante sempre separar esses grupos quando necessário. Em outras palavras, devemos usar a expressão sociedade
civil para nos referirmos aos cidadãos como um todo, e – quando for o caso – devemos especificar qual é a insti-
tuição representante que está agindo como ator social em nossa intervenção.

Observe os exemplos abaixo:

EXEMPLOS:

Tendo em vista a desconstrução da herança etnocentrista, cabe à sociedade civil (desde estudiosos,
ativistas a familiares) incentivar o pluralismo e a tolerância religiosa, através de palestras e de núcleos culturais
gratuitos em praças públicas.
Trecho da redação nota mil do ano de 2016.

(AQUI HÁ ESPECIFICAÇÃO – População + ativistas)

Convém, portanto, que, primordialmente, a sociedade civil organizada exija do Estado, por meio de pro-
testos, a observância da questão religiosa no país.
Trecho da redação nota mil do ano de 2016.

(AQUI NÃO HÁ ESPECIFICAÇÃO – População em geral)

Além disso, cabe à sociedade efetivar o uso consciente da internet, por intermédio do policiamento acerca
da obtenção de informações, as quais devem ser originadas de fontes confiáveis — com o intuito de assegurar uma
mudança de pensamento social.
Trecho da redação nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

(AQUI O TERMO SOCIEDADE FOI UTILIZADO DE FORMA GENÉRICA)

34
3. Universidade
De acordo com a Constituição Federal, as universidades brasileiras são formadas a partir do Ensino, da pes-
quisa e da extensão: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão finan-
ceira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. (Artigo 207)
Em resumo, a universidade não deve apenas se dedicar à formação dos alunos ou à pesquisa científica, mas
também deve oferecer conhecimento e cultura à sociedade em geral, já que é a entidade pública onde diferentes
saberes são construídos. Esse é o papel da Extensão Universitária. Veja abaixo a descrição da Pró-Reitoria de Cul-
tura e Extensão da USP:
A extensão universitária é uma credencial de excelência, porque somente universidades com história e altos
índices de qualidade no âmbito da pesquisa e do ensino podem repassar à sociedade, em forma de serviços
ou ensinamentos, o conhecimento acumulado em todas as áreas. É o traço que melhor caracteriza o
perfil de universidade pública, entendida esta como instituição a serviço da coletividade. Entretanto,
a extensão universitária, ainda hoje, carece de reconhecimento, parcialmente, por não haver efetivamente se con-
cretizado, nos diplomas regimentais da Universidade, como prática nos trabalhos acadêmicos dos departamentos.

(http://prceu.usp.br/institucional/)

4. Escola/comunidade escolar
A escola é um dos agentes sociais mais presentes nas propostas de intervenção dos alunos. No entanto,
é importante lembrar que esse agente não deve ser considerado um grande “agente-coringa” a ser utilizado em
qualquer tema. Deve-se observar bem o problema analisado no texto, para, assim, selecionar os atores capazes
de nele intervir.

EXEMPLOS:

Logo, cabe às escolas, instituições que desenvolvem sujeitos autônomos, a tarefa de alertar acerca da
necessidade de navegar com responsabilidade pela internet, por meio de palestras e discussões sobre o assunto,
envolvendo as disciplinas de Filosofia e Sociologia, a fim de formar cidadãos que não sejam controlados pelas
ferramentas virtuais.

Trecho da redação nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respei-
tem às diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam
a família, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de
deficiência.

Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2017.

É imprescindível, também, que as escolas garantam a inclusão desses indivíduos, por intermédio de pro-
jetos e atividades lúdicas, com a participação de familiares, a fim de que os surdos tenham sua dignidade humana
preservada.
Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2017.

35
5. Empresas / iniciativa privada
Embora as empresas costumem figurar com frequência como agentes nas redações dos alunos, o seu uso
deve ser restrito. Como ENEM aborda questões ligadas aos direitos sociais e humanos, pensar numa transformação
nesse sentido que seja proveniente de empresas, pode – em alguns casos – soar utópico.
Assim, é interessante que a iniciativa privada apareça como uma parceira das instituições do Estado, ou
ainda, como agente de uma transformação na qual ela realmente está habituada a atuar.

EXEMPLOS:

Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por
meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado
de trabalho.
Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2017.

Além disso, cabe às empresas a garantia de igualdade no espaço laboral, pagando um salário justo e
admitindo funcionários pela sua qualificação, livre de preconceitos.

Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2017.

Além disso é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas de tecnologia,
crie canais de denúncia de “fake news”, mediante a implementação de indicadores de confiabilidade nas notícias
veiculadas – como o projeto “The Trust Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilha-
mento de informações falsas e o impacto destes na sociedade. Feito isso, a sociedade brasileira poderá se proteger
contra a manipulação.

Trecho da redação nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

6. Movimentos sociais
Os movimentos sociais constituem-se por grupo organizados que buscam alcançar mudanças sociais por
meio do embate político. Na maioria das vezes, os movimentos sociais pressionam o Governo para que este respeite
a constituição e, assim, garanta aos indivíduos uma série de direitos.
É importante lembrar que os movimentos costumam atuar em causas específicas. Por exemplo, uma das
principais pautas do movimento feminista – de modo geral – é defesa da igualdade de condições entre os membros
da mesma sociedade.
Assim, essas organizações podem aparecer como agentes capazes de fortalecer a população para a reivin-
dicação de determinados direitos.

EXEMPLOS:

Cabe à sociedade civil, o apoio às mulheres e aos movimentos feministas que protegem as mulheres
e defendem os seus direitos, expondo a postura machista da sociedade. Dessa maneira, com apoio do Estado e
da sociedade, aliado ao debate sobre a igualdade de gênero, é possível acabar com a violência contra a mulher.
Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2015.

36
7. ONGs
As ONGs (organizações não governamentais) são entidades privadas, sem fins lucrativos, com propósito é
defender e promover uma causa política de qualquer natureza. Tal causa pode estar vinculada a: direitos humanos,
direitos animais, direitos dos indígenas, combate ao racismo, meio ambiente, questões urbanas, imigrantes, entre
outras pautas.
Basicamente, as ONGs funcionam com a verba de doações e também com contemplação de seus projetos
por editais públicos e privados. Além disso, boa parte dos funcionários são voluntários e, por vezes, organizam
eventos para arrecadar dinheiro destinado à manutenção da entidade. Portanto, convém que elas sejam apresen-
tadas também em parceria com outros agentes.
Nas redações, as ONGs podem ser tratadas também como instituições de apoio a determinado público.

EXEMPLOS:

Paralelamente, ONGs devem corroborar esse processo a partir da atuação em comunidades com o fito de
distribuir cartilhas que informem acerca das alternativas de denúncia dessas desumanas práticas, além de sensibi-
lizar a pátria para a luta em prol da tolerância religiosa."

Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2016.

Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo, pro-
porcione a este maiores chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte adequado para
a formação escolar e acadêmica desse indivíduo – com profissionais especializados em atende-lo -, a fim de gerar
maior igualdade na qualificação e na disputa por emprego.
Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2017.

Ademais, a mídia, associada a ONGs, deve alertar a população sobre as mazelas de não questionar o
conteúdo acessado em rede, por meio de campanhas educativas. Isso pode ocorrer com a realização de narrativas
ficcionais engajadas, como novelas e seriados, e reportagens que tratem do tema, a fim de contribuir com o uso
crítico das novas tecnologias.

Trecho da redação nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

8. Mídia
A situação da mídia, como um ator social na proposta de intervenção, é muito semelhante à das empresas.
Não podemos considerar que ela, voluntariamente, atue em diferentes instâncias da vida social. Nesse sentido, é
interessante ela seja utilizada a partir de relações com outros agentes da intervenção ou como um MEIO através
do qual a ação será realizada.

EXEMPLOS:

Logo, é imperativo que o Ministério da Educação, junto aos veículos midiáticos, mobilize-se por meio
de palestras e campanhas sociais as quais atentem para a filtração virtual das informações. Isso ocorrerá com o
propósito de aprimorar o senso crítico da população e, então, reduzir a influência das empresas globais sobre suas
ações.
Trecho da redação nota mil do ano de 2018. Fonte: Cartilha: Redação a 1000.

37
Outrossim, ONGs devem promover, através da mídia, campanhas que conscientizem a população acerca
da importância do deficiente auditivo para a sociedade, enfatizando em mostrar a capacidade cognitiva e intelec-
tual do surdo, o qual seria capaz de participar da população economicamente ativa (PEA), como fosse concedido a
este o direito à educação e à equidade de tratamento, por meio da difusão do uso de libras.
Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2017.

Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro,
por meio de debates nas mídias sociais capazes de descontruir a prevalência de uma religião sobre as demais.

Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2016.

Ademais, as instituições de ensino, em parceria com a mídia e ONGs, podem fomentar o pensamento
crítico por intermédio de pesquisas, projetos, trabalhos, debates e campanhas publicitárias esclarecedoras.

Trecho extraído de redação nota mil do ano de 2016.

8. Ministério público
O Ministério Público é um órgão institucional autônomo, responsável por defender o regime democrático e
os interesses sociais e individuais indisponíveis. Ele não se alinha com nenhum dos três poderes (executivo, judiciá-
rio e legislativo), e por essa razão, ele não pode ser extinto ou ter suas obrigações repassadas a outro órgão. Sua
função principal é investigar e denunciar irregularidades (como a de Brumadinho, em 2019), observar a
correta aplicação da lei, promover ações penais públicas, entre outras.

Aula 11 - O combate ao tráfico humano


ACERVO
TEXTO 1

Tráfico humano: crime começa com promessa de realização de sonhos


Nem sempre o tráfico de pessoas ocorre de forma forçada. Na maior parte das vezes, o crime começa com a promessa
de realização de um sonho: um pedido de casamento que pode mudar a vida de mulheres, a oferta de um emprego ou a chance
de seguir a carreira de modelo ou de jogador de futebol. Só quando o sonho vira pesadelo é que as vítimas percebem que foram
alvos de aliciadores, dizem autoridades que atuam no combate a essa prática. A dificuldade em perceber a prática do crime desde
a origem tem sido um dos principais desafios no enfrentamento ao tráfico humano.
“Muitas vezes as vítimas não se enxergam como vítimas desse crime ou têm medo de denunciar por sofrer represália
porque os aliciadores conhecem as famílias. A principal dificuldade hoje é ter dados mais concretos deste crime”, afirmou Marina
Bernardes de Almeida, coordenadora de Política de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça.

38
Ao participar hoje (30) da abertura da 5ª Semana de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas que ocorre no Distrito Federal e
em vários estados, Marina Bernardes lembrou que esse tipo de ação de conscientização da população e a capacitação de agentes
públicos para identificarem os sinais desse crime têm sido uma ferramenta eficiente no combate ao tráfico humano.
No DF, ao longo de todo o dia, a rodoviária interestadual, por onde chegam e partem ônibus para todas as regiões do
país, foi invadida por artistas que apresentaram situações de vítimas do tráfico humano. As encenações ocorrem tanto em um palco
montado na entrada do local quanto nos corredores, onde é possível se deparar com cenas de mulheres exploradas sexualmente ou
com atores se passando por aliciadores e abordando quem passa por ali.
Analista do Programa do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Fernanda Fuentes lembrou que as
maiores vítimas desse tipo de crime são as populações vulneráveis que geralmente têm menos informações e buscam melhoria da
qualidade de vida. Fernanda ainda destacou que mulheres e crianças são as principais vítimas dessa prática. Relatório das Nações
Unidas confirma o dado ao apontar que 71% das pessoas traficadas são meninas e mulheres.
O Brasil e a Colômbia são os dois países latino-americanos que recebem apoio do UNODC para enfrentar essa prática
através de um programa financiado pelos países da União Europeia para fortalecer a ação de governos locais. Segundo Fernanda
Fuentes, um dos maiores desafios no combate ao tráfico humano no país é a diversidade regional que acaba refletindo nos diferen-
tes objetivos que a prática pode adotar dependendo da região em que ocorre.
“O tráfico de pessoas é enfrentado em rede, tanto pelo governo quanto pela sociedade civil. Dependendo de onde ocorre,
há objetivos diferentes prevalecendo. Em algumas regiões é o trabalho escravo, em outras a exploração sexual. Por isso é importante
a participação de organizações da sociedade civil que podem ajudar a enfrentar o crime dentro do contexto local”, afirmou.
A capital do país, onde ocorrem as ações de conscientização ao longo de toda a semana, é um dos destinos preferidos de
aliciadores do tráfico humano interno. Especialista em assistência social do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP)
da Secretaria de Justiça do DF, Annie Carvalho, explicou que Brasília ainda surge como promessa de grande oferta de trabalho.
“Tem muitas pessoas que vêm com a promessa de emprego aparentemente promissora, mas chega aqui e sofre exploração
da mão de obra ou exploração sexual. Essas são as principais modalidades que a gente vem atendendo”, disse a especialista.'
Segundo ela, as autoridades estão mais atentas e por isso o número de denúncias vêm aumentando. “Isto não quer dizer
que aumentou o tipo de crime, mas está aparecendo mais”, disse.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-07/trafico-humano-crime-

-comeca-com-promessa-de-realizacao-de-sonhos (30.07.2018)

TEXTO 2

Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas


A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Decreto nº 5.948/2006) adota a expressão “tráfico de pesso-
as” conforme o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção,
Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial Mulheres e Crianças, conhecido como Protocolo de Palermo, que a define
como “o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da
força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à
entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra
para fins de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração
sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos”.
De acordo com a Política Nacional, o consentimento dado pela vítima é irrelevante para a configuração do tráfico de pes-
soas (art. 7º, Decreto nº 5.948/2006).

39
O meio pelo qual o tráfico de pessoas é praticado fere por completo a dignidade humana e, muitas vezes, a própria inte-
gridade física da vítima, tornando-a extremamente vulnerável em decorrência de ameaças, uso da força, engano, rapto, abuso de
autoridade, ou mesmo outras formas de coação.
Esse crime tem três elementos constitutivos:
1. Um ato
2. Os meios
3. A finalidade de exploração

Matriz dos Elementos do Crime de Tráfico de Pessoas


Ato Meios Finalidade
§§ Recrutamento §§ Ameaça §§ Exploração da prostituição de
§§ Transporte §§ Uso da força outrem
§§ Transferência §§ Outras formas de coação §§ Outras formas da exploração
§§ Alojamento §§ Rapto sexual
§§ Acolhimento §§ Fraude §§ Exploração do trabalho
§§ Engano §§ Serviços forçados
§§ Abuso de autoridade §§ Escravidão ou situações aná-
§§ Abuso de uma situação de logas à escravidão
vulnerabilidade §§ Servidão
§§ Entrega ou aceitação de pa- §§ Extração de órgãos
gamentos ou benefícios para §§ Adoção ilegal
obter o consentimento de uma
pessoa que tenha autoridade so-
bre outra

https://justica.gov.br/sua-protecao/trafico-de-pessoas/leia-mais/leia-mais (Acessado em 12.04.2018)

TEXTO 3

II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas é lançado


O novo ciclo será executado por quatro anos e irá modernizar as ações de combate e prevenção do crime

Com o objetivo de aperfeiçoar e reforçar as ações de combate ao tráfico de pessoas, foi lançado no Ministério da Justiça,
nesta quinta-feira (05/07), o 3º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Programado para os próximos quatro anos,
o Plano possui 58 metas destinadas à prevenção, repressão ao tráfico de pessoas no território nacional, responsabilização dos
autores e atenção às vítimas.
“Nosso desafio agora é fortalecer a rede nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas e o comitê nacional de enfren-
tamento ao tráfico de pessoas - organismos governamentais e não-governamentais, juntamente com a sociedade civil, que apoia
a execução do plano”, explicou o Secretário Nacional de Justiça, Luiz Pontel. Conforme adiantou, será realizado o monitoramento
das metas, que são distribuídas em seis eixos temáticos: gestão da política e da informação, capacitação, responsabilização, as-
sistência à vítima, prevenção e conscientização pública, e a execução conjunta com órgãos municipais, estaduais e federais para
implementação do plano.

40
O evento também contou com a presença do secretário executivo do Ministério da Justiça, Gilson Libório, do secretário
nacional de Cidadania do Ministério dos Direitos Humanos, Herbert Barros, do representante do Escritório das Nações Unidas contra
Drogas e Crime no Brasil (UNODC), Rafael Franzini e do representante da delegação da União Europeia, João Gomes Cravinho,
entre outras autoridades. Instituições da sociedade civil que participam do Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas
(Conatrap) também foram homenageadas
Segundo a Coordenadora Geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça, Renata Braz, o novo plano
é uma oportunidade para conquistas adicionais nos campos da gestão da informação, gestão da política, na articulação e na inte-
gração de programas. “Esse terceiro ciclo reforça a necessária continuidade na capacitação de atores, na sensibilização das opiniões
públicas, na prevenção desse crime, na proteção das vítimas e na responsabilização dos seus agressores”, enfatizou.
O representante do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes - UNODC, Rafael Franzini, destacou que o lança-
mento do III Plano ocorre em um momento importante para o estabelecimento de uma parceria entre os países da América do Sul.
“Argentina e Uruguai são os principais destinos do tráfico de pessoas; já a Bolívia e o Paraguai, são os principais países de origem
desse crime. Temos que incentivar a cooperação de todos os países sul-americanos para que as ações de combate tenham efeitos
bastante significativos”, afirmou.
O enfrentamento ao tráfico de pessoas no Brasil
Com a adesão do Brasil, em 2004, ao Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial Mulheres e Crianças, conhecido como
Protocolo de Palermo, o governo brasileiro iniciou em sua agenda política a articulação para a aprovação da Polícia Nacional de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP).
Desde então, o país teve dois Planos: o I Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – 2008/2010, e o II Plano
Nacional, de 2013 a 2016. Durante a execução do 2º Plano Nacional, foi alcançado o importante marco brasileiro no enfrenta-
mento ao tráfico de pessoas, com a sanção da Lei nº 13.344/2016, que tipificou o crime, sendo assim consideradas as conjuntas
contrárias às liberdades individuais com a finalidade de exploração sexual, trabalho escravo e outras formas de servidão, adoção
ilegal e remoção de órgãos.
O III Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas corresponde ao Decreto 9.440, publicado no Diário Oficial da
União em 3 de julho de 2018.

https://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-content-84 (05.07.2018)

41
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

Relatório das Nações Unidas confirma o dado ao apontar que 71% das pessoas traficadas são meninas e mulheres.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-07/trafico-humano-
-crime-comeca-com-promessa-de-realizacao-de-sonhos (30.07.2018)

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

“Muitas vezes as vítimas não se enxergam como vítimas desse crime ou têm medo de denunciar por sofrer represália porque os
aliciadores conhecem as famílias. A principal dificuldade hoje é ter dados mais concretos deste crime”, afirmou Marina Bernar-
des de Almeida, coordenadora de Política de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-07/trafico-humano-crime-
-comeca-com-promessa-de-realizacao-de-sonhos (30.07.2018)

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

Crianças e adolescentes do sexo feminino, que residiam principalmente no interior, são os principais alvos do tráfico de pessoas
na Paraíba. A informação é do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico e Desaparecimento de Pessoas (CETDP), que apura
denúncias de pessoas levadas nessas condições para a região litorânea da Paraíba, outros estados e também para o exterior.

Embora não tenha repassado o número de denúncias, recebidas por do Disque 123, a coordenadora do CETDP, Vanessa Araújo,
informou que o principal objetivo do tráfico de pessoas na Paraíba é a exploração sexual das vítimas. Conforme as apurações
do Comitê, a região do Brejo tem sido a rota principal dos traficantes.

“Temos denúncias de meninas que foram traficadas para outras regiões do estado, em estados vizinhos e também para o exte-
rior. Muitas vezes, o crime não é notificado como tráfico, mas como exploração sexual. Porém, esse último crime é, geralmente,
a finalidade do tráfico humano”, explicou Vanessa Araújo.

https://www2.pbagora.com.br/noticia/policial/20180723113842/trafico-humano-
-criancas-e-adolescentes-sao-levadas-da-paraiba (24.07.2018)

IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM)

Art. 4º A prevenção ao tráfico de pessoas dar-se-á por meio:

I - da implementação de medidas intersetoriais e integradas nas áreas de saúde, educação, trabalho, segurança pública, justiça, turismo, assis-
tência social, desenvolvimento rural, esportes, comunicação, cultura e direitos humanos;
II - de campanhas socioeducativas e de conscientização, considerando as diferentes realidades e linguagens;
III - de incentivo à mobilização e à participação da sociedade civil; e
IV - de incentivo a projetos de prevenção ao tráfico de pessoas.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm

42
V. LEGISLAÇÃO:

Art. 2º São objetivos do III Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas:

I - ampliar e aperfeiçoar a atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no enfrentamento ao tráfico de pessoas, na
prevenção e repressão do crime de tráfico de pessoas, na responsabilização de seus autores, na atenção a suas vítimas e na proteção dos
direitos de suas vítimas;
II - fomentar e fortalecer a cooperação entre os órgãos públicos, as organizações da sociedade civil e os organismos internacionais no Brasil e
no exterior envolvidos no enfrentamento ao tráfico de pessoas;
III - reduzir as situações de vulnerabilidade ao tráfico de pessoas, consideradas as identidades e especificidades dos grupos sociais;
IV - capacitar profissionais, instituições e organizações envolvidas com o enfrentamento ao tráfico de pessoas;
V - produzir e disseminar informações sobre o tráfico de pessoas e as ações para seu enfrentamento; e
VI - sensibilizar e mobilizar a sociedade para prevenir a ocorrência, os riscos e os impactos do tráfico de pessoas.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9440.htm

VI. DIREITOS HUMANOS

Artigo VI
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

Declaração Universal dos Direitos Humanos

43
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Tráfico de seres humanos | ONU

Fonte: Youtube

Filme SOLD – De Jeffrey D. Brown

Uma menina arrisca tudo pela liberdade depois de ser traficada


da sua aldeia da montanha no Nepal a um bordel na Índia.

Filme Tráfico humano – De Ara Paiaya

Centenas de milhares de jovens mulheres desapareceram,


forçadas pela violência a uma vida infernal. Elas viram carga
rentável na indústria moderna da escravidão. O submundo as
chama de tráfico humano. Enquanto uma jovem de 16 anos da
Ucrânia, uma mãe solteira da Rússia, uma orfã de 17 anos da
Romênia e uma turista adolescente de 12 anos se tornam vítimas
de traficantes internacionais, um time especializado de agentes
federais luta para expor a rede mundial que as escravisou. A
agente Kate Morozov (Mira Sorvino) conhece os horrores da
exploração sexual de perto e se dedica a desmantelar a rede e
trazer os culpados para a Justiça.

44
LER

Artigo
RELATÓRIO NACIONAL
RELATÓRIO NACIONAL SOBRE TRÁFICO
TÍTULO
SOBRE TRÁFICO DE PESSOAS:
DADOS DE 2013.
DE PESSOAS: DADOS DE 2013.

Tráfico de Pessoas:

UMA ABORDAGEM PARA


OS DIREITOS HUMANOS

Tráfico de Pessoas
UMA ABORDAGEM PARA
OS DIREITOS HUMANOS
SNJ
Secretaria Nacional de Justiça
1

45
Proposta ENEM
TEXTO 1
A Organização das Nações Unidas (ONU), no Protocolo de Palermo (2003), define tráfico de pessoas como
“o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo-se à ameaça
ou ao uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à
situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento
de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração”.
Segundo a ONU, o tráfico de pessoas movimenta anualmente 32 bilhões de dólares em todo o mundo.
Desse valor, 85% provêm da exploração sexual.

http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/assuntos-fundiarios-trabalho-escravo-e-trafico-de-pessoas/trafico-de-pessoas (11.04.2019)

TEXTO 2
Para Livia Xerez Azevedo – coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP) do
Ceará há sete anos – o tráfico de pessoas é um delito relacionado a ambições e desejos o que torna qualquer pes-
soa um alvo fácil para criminosos. "É um crime que vítima homens, mulheres, crianças, profissionais do sexo que
querem ganhar em dólar e euro, e também aquela pessoa que sonha em fazer um intercâmbio pra estudar outro
idioma. Todos nós podemos ser vítimas do tráfico de pessoas. Todos nós temos sonhos e necessidades", defende.
Ela explica que as vítimas, quando identificadas, têm dificuldade de se reconhecer como tal, por ter, em pri-
meiro lugar, de assumir que foram ludibriadas. "Nesse momento do retorno, principalmente no tráfico internacio-
nal, são muitas as mulheres e os homens que chegam com seus sonhos destroçados completamente. Elas voltam
com um sentimento de fracasso, de vergonha.”. Além disso, em alguns casos, conta ela, a negação da vítima pode
levá-la a repetir a experiência de abuso. "Elas acham que foi uma grande oportunidade. Elas estão tão vulneráveis
que elas acreditam que foi uma grande oportunidade de viver melhor que, com elas, infelizmente não deu certo,
mas que, com outras pessoas, poderia ter dado, e que elas vão tentar novamente".
Para a coordenadora, os membros das equipes de resgate devem evitar julgar as pessoas que se encontram
nessa situação. "Existe ainda um preconceito em atender a essas vítimas. Elas são, muitas vezes, rechaçadas, por
seus sonhos. E entendemos que essa articulação [de sensibilizar os atendentes] é importante. Muitas vezes, elas
[as vítimas] se aventuram nessas falsas promessas porque não tiveram seu direito à saúde, à assistência social,
convivência familiar e comunitária na sua terra natal", diz
Já para Renata Braz – coordenadora-geral de enfrentamento ao tráfico de pessoas – um dos desafios da
área é unificar as informações relativas a esse tipo de crime, inclusive para tocar adiante políticas públicas na área.
"Esses números estão fragmentados. Temos os da Polícia Federal, os do Ministério do Desenvolvimento Social, [do
Ministério] da Saúde, da Polícia Rodoviária Federal, Ministério das Relações Exteriores, mas eles não conversam
entre si. E esse é o nosso maior desafio agora, para a próxima gestão.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-11/especialista-diz-que-qualquer-um-pode-ser-alvo-do-trafico-de (27.11.2018)

46
TEXTO 3

http://www.mt.gov.br/-/combate-ao-trafico-de-pessoas. (Acessado em 12.04.2018)

TEXTO 5
Esta Lei dispõe sobre o tráfico de pessoas cometido no território nacional contra vítima brasileira ou estran-
geira e no exterior contra vítima brasileira. O enfrentamento ao tráfico de pessoas compreende a prevenção e a
repressão desse delito, bem como a atenção às suas vítimas.

Art. 2º O enfrentamento ao tráfico de pessoas atenderá aos seguintes princípios:

I - respeito à dignidade da pessoa humana;


II - promoção e garantia da cidadania e dos direitos humanos;
III - universalidade, indivisibilidade e interdependência;
IV - não discriminação por motivo de gênero, orientação sexual, origem étnica ou social, procedência, na-
cionalidade, atuação profissional, raça, religião, faixa etária, situação migratória ou outro status;
V - transversalidade das dimensões de gênero, orientação sexual, origem étnica ou social, procedência, raça
e faixa etária nas políticas públicas;
VI - atenção integral às vítimas diretas e indiretas, independentemente de nacionalidade e de colaboração
em investigações ou processos judiciais;
VII - proteção integral da criança e do adolescente.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema ENTRAVES NO COMBATE AO TRÁFICO HUMANO NO BRASIL, apresentando proposta de inter-
venção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.

47
Proposta vestibular
TEXTO 1
Para Livia Xerez Azevedo – coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP) do
Ceará há sete anos – o tráfico de pessoas é um delito relacionado a ambições e desejos o que torna qualquer pes-
soa um alvo fácil para criminosos. "É um crime que vítima homens, mulheres, crianças, profissionais do sexo que
querem ganhar em dólar e euro, e também aquela pessoa que sonha em fazer um intercâmbio pra estudar outro
idioma. Todos nós podemos ser vítimas do tráfico de pessoas. Todos nós temos sonhos e necessidades", defende.
Ela explica que as vítimas, quando identificadas, têm dificuldade de se reconhecer como tal, por ter, em
primeiro lugar, de assumir que foram ludibriadas. "Nesse momento do retorno, principalmente no tráfico interna-
cional, são muitas as mulheres e os homens que chegam com seus sonhos destroçados completamente. Elas voltam
com um sentimento de fracasso, de vergonha.”. Além disso, em alguns casos, conta ela, a negação da vítima pode
levá-la a repetir a experiência de abuso. "Elas acham que foi uma grande oportunidade. Elas estão tão vulneráveis
que elas acreditam que foi uma grande oportunidade de viver melhor que, com elas, infelizmente não deu certo,
mas que, com outras pessoas, poderia ter dado, e que elas vão tentar novamente".

http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-11/especialista-diz-que-qualquer-um-pode-ser-alvo-do-trafico-de (27.11.2018)

TEXTO 2
O grupo criminoso acusado de fazer parte da rede de uma rede internacional de tráfico de seres humanos
e favorecimento à prostituição desmontado pela Polícia Federal nesta semana agia desde 2010 e levou para a
Europa mais de 150 mulheres nesse período, segundo as investigações.
Brasileiros que trabalhavam para a quadrilha também foram presos na Itália e na Eslovênia. Com a ajuda da
Interpol e dos adidos da Polícia Federal na Embaixada em Roma, a polícia italiana prendeu três brasileiras acusadas
de fazer parte da quadrilha: Carla Sueli Silva Freitas, Dayana Paula Ribeiro da Silva - conhecida como Paloma, e
Emanuella Andrade Bernardo. Carla, Dayana e Emanuella ainda não foram extraditadas ao Brasil.

Ilusão financeira

Em um telefonema gravado com autorização da Justiça, Emanuella e Paloma conversam sobre a dúvida, de
uma outra brasileira, em relação ao faturamento das prostitutas da quadrilha. “Não é possível que ela não ganhe
250 euros em dois dias. Não existe isso. Eu ganhei quase mil euros na primeira noite; por que ela não vai ganhar?
Ela é bonita como eu”, diz Emanuella na ligação. Duzentos e cinquenta euros equivalem a cerca de R$ 820.
Cada programa custava 200 euros (cerca de R$ 620) e a quadrilha ficava com metade desse dinheiro. Ex-
plorando 20 brasileiras, eles podiam ganhar 10 mil euros por dia (cerca de R$ 65 mil).
Para a polícia, esse dinheiro é, na verdade, uma ilusão. “O canto da sereia é que muitas já estavam se pros-
tituindo aqui, então decidiam se prostituir lá porque iam ganhar em euro. Chega lá a realidade é diferente, porque
ela tem que cumprir com o que eles determinam, de se submeter a diversas relações sexuais mesmo doente ou
cansada. Todos os dias”, explica a delegada da PF Juliana Pacheco.

”Grupo levou mais de 150 mulheres em 7 anos para se prostituir na Europa http://g1.globo.com/ceara/noti-
cia/2017/02/veja-como-funcionava-o-esquema-de-trafico-de-mulheres-para-o-exterior.html

48
TEXTO 3
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) participou no início do mês de encontro para
debater a assistência dada pelo Brasil a vítimas de tráfico internacional. Evento em Brasília reuniu representantes
do Judiciário e do Executivo para discutir marcos sul-americanos que podem melhorar políticas públicas do país.
Especialistas alertaram para momento de fragilização das instituições que prestam serviços para quem sofreu esse
tipo de violação.
Na pauta dos diálogos, ocorridos em 2 e 3 de maio, estava a implementação do protocolo de atenção às
mulheres em situação de tráfico internacional, um documento regional aprovado pela Reunião de Ministras e Altas
Autoridades do MERCOSUL. A medida prevê que países do bloco estabeleçam formas de cooperação ampla para
ajudar mulheres nessas circunstâncias. Outra determinação é a adoção de uma abordagem de gênero na aplicação
das legislações sobre direitos humanos.
“O contexto nacional atual cria desafios para a institucionalização de políticas públicas e a implementação
do protocolo, considerando que as instituições que prestam assistência direta às vítimas de tráfico foram reduzi-
das”, ressaltou Tais Cerqueira, coordenadora-geral de Acesso à Justiça e Fortalecimento da Rede de Assistência à
Mulher, da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SPM).
Outra problema discutido foi a necessidade de melhorias na articulação entre os serviços de assistência
social e de saúde. “É importante unir as redes para melhorar as ações contra o tráfico de pessoas”, afirmou a
delegada Janaína Gadelha.
Rafaela Seixas Fontes, da Divisão de Assistência Consular do Ministério das Relações Exteriores, explicou
como os postos consulares são pontos focais de denúncia e apoio às vítimas do tráfico de pessoas no exterior. Os
especialistas presentes lembraram que minorias raciais e trans estão frequentemente entre as vítimas desse tipo
de crime.

“ONU vê baixa eficiência do Brasil em combater tráfico de mulheres ”http://envolverde.cartacapital.com.


br/onu-ve-baixa-eficiencia-do-brasil-em-combater-trafico-de-mulheres/ (16.05.2018)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregan-
do a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: TRÁFICO DE MULHERES: ENTRE O SONHO DE UMA
VIDA MELHOR E AUSÊNCIA DE PROTEÇÃO DO ESTADO.

49
1 2 Conclusão

L C
ENTRE
FRASES
Conclusão
Todos os textos dissertativos-argumentativos exigem um parágrafo destinado à conclusão do texto. Nas au-
las anteriores, vimos como esse parágrafo pode ser desenvolvido na redação ENEM, observando todas exigências
propostas na competência 5. Na aula de hoje, o parágrafo de conclusão será abordado com foco em outros exames,
como FUVEST, VUNESP entre outros, tendo em vista a não obrigação de construir uma proposta de intervenção.
Primeiramente, é preciso compreender qual é função do parágrafo de conclusão no texto dissertativo-argu-
mentativo. Embora seja comum a ideia de que conclusão representa apenas a finalização das ideias já trabalhadas
durante o texto, ela possui uma função muito mais relevante: precisa amarrar o raciocínio desenvolvido ao
longo dos parágrafos e precisa explicitar a abordagem feita na introdução.
Em outras palavras, a conclusão deve retomar a tese anunciada pelo autor no início do texto, mostrando
ao leitor que aquela redação apresenta uma organização coerente de todo o raciocínio desenvolvido, com come-
ço, meio e fim. Nesse sentido, é fundamental fugir das “frases prontas”, como “é possível concluir que”, “dado
o exposto”, “com base nas análises realizadas” pois para cada tese, haverá uma construção ideal de conclusão.
Outro detalhe importante que pode render uma avaliação melhor da conclusão do texto dissertativo é a
elaboração de um período final capaz de surpreender os olhos do leitor. Uma espécie de “fechamento
especial” que pode ser uma reflexão, uma ressalva, e até mesmo um questionamento que possam levar a discussão
para um outro nível, ou para outro caminho.
Nessa aula, aprenderemos maneiras diferentes de realizar essa conclusão e daremos algumas sugestões –
para os que já se sentem mais confortáveis com o texto – de introduzirem uma frase final bem apropriada para a
conclusão da redação.

1) Retomada da tese
A ação de retomar tese na conclusão é uma das formas de garantir que o texto tenha unidade. É a maneira
de assegurar ao leitor que a redação foi planejada, organizada e realizada. Portanto, ao recuperar a ideia proposta,
a ideia principal se fecha e o texto se torna redondo, coeso e coerente.
Essa retomada não deve ser construída com as mesmas palavras expostas na tese. Tal estratégia demonstra
despreparo e até mesmo falta de repertório vocabular. Uma possibilidade é tentar explicitar a tese com outras
palavras, realizando uma paráfrase, e até mesmo desenvolvendo um pouco mais o raciocínio dado pela tese. O
candidato pode, além disso, retomar – brevemente – os argumentos discutidos ao longo do texto.
Observe o exemplo de um texto escrito para o tema “Por se tratar de uma obra de ficção, a telenovela pode
abrir mão do compromisso com a realidade?”

INTRODUÇÃO

Atualmente, vive-se o auge do desenvolvimento dos meios de comunicação. E, apesar da grande quantidade de opções disponíveis, a
televisão ainda continua presente na maioria dos lares brasileiros, sobretudo ao se considerar a grande audiência das telenovelas de sua
programação. Tais atrações ganham destaque na mídia e, em alguns casos, desempenham um importante papel na representação da
sociedade, o que demonstra, portanto, que elas têm compromisso direto com a realidade.

CONCLUSÃO

A telenovela, mesmo sendo obra de ficção, está, pois, diretamente relacionada à realidade. Ela, além de ter o papel de representar o povo
brasileiro através do entretenimento, estabelece conexões fortes com seus expectadores, de identificação e influência, criando imagens e
tendências. Dessa forma, é necessário que, nas suas criações, sejam considerados, além da imaginação do autor, o próprio povo represen-
tado e os impactos gerados em todos os envolvidos com o tema da trama.

53
2) Modelos de conclusão
A) Conclusão por reflexão

A conclusão por reflexão é um dos modelos mais usados nos textos que não necessitem de intervenção.
Na retomada por reflexão, o autor apresenta uma ponderação sua a partir de todas as ideias apresentadas. Uma
espécie de síntese reflexiva diante dos dados analisados. Observe a redação abaixo:

Portanto, o uso da propaganda e dos anúncios publicitários não é tão grande por acaso: a união entre a
manipulação e a imposição é capaz de gerar resultados muito satisfatórios para quem a emprega, seja o governo
de um país, uma comissão partidária, ou uma empresa de cartões de crédito. Para algumas pessoas, um cartão de
crédito pode fazê-las aproveitar um shopping, tornando-o a melhor coisa do mundo; para outros, a melhor coisa
do mundo não é um shopping, mas este passa a o ser.

(Extraído de melhores redações FUVEST 2013)

No exemplo acima, o autor finaliza seu texto com uma reflexão sobre o funcionamento da sociedade. Ele
inicia o parágrafo com a retomada da tese e em seguida, descreve – a partir de suas análises – como a sociedade
de consumo funciona.

B) Conclusão por remissão a textos

A conclusão por remissão a textos também pode ser uma ferramenta interessante para finalizar a disserta-
ção. Trata-se de citar um texto ou um autor para endossar a síntese desenvolvida. Tal recurso demonstra erudição
e elegância na finalização das ideias. Observe o excerto:
Por fim, é notório a estreita relação entre a capacidade individual de compra e o acesso a benefícios sociais,
o que acaba por despertar o caráter peculiarmente egoísta do ser humano, podendo até ser nefasto como no caso
do personagem de Aluísio de Azevedo, João Romão, onde a avareza toma conta do indivíduo. Na sociedade do
consumo, a avareza deixa de ser um pecado para se tornar quase um estilo de vida.
(Extraído de melhores redações FUVEST 2013)

O autor refere-se ao personagem de Machado de Assis a fim de confirmar a tese de que a avareza pode
tomar conta do indivíduo.

C) Conclusão por solução

No caso do ENEM, como vimos, a conclusão por meio de uma “solução”, é obrigatória, uma vez que integra
a competência “proposta de intervenção”. No entanto, a ideia de propor soluções para problemas abordados não
se restringe ao exame nacional: ela pode ser utilizada também em vestibulares como Fuvest, UERJ e UNESP, desde
que a proposta assim o permita. Vejamos abaixo o exemplo de umas das melhores redações FUVEST de 2013:

Faz-se necessário, então, que a sociedade global repense seus valores e assuma um modelo de produção
e consumo mais humanizado e responsável e que seja capaz de abranger a totalidade da população mundial de
forma sustentável, afinal, todos os indivíduos devem ter direito ao acesso aos mesmos bens, à mesma dignidade
e à mesma felicidade. Somente assim cada indivíduo poderá desfrutar do melhor que o mundo tem a oferecer, de
maneira comedida, coletiva e verdadeira.
(Extraído de melhores redações FUVEST 2013)

54
No excerto, vemos que o candidato(a) propõe uma ação que deveria acontecer na sociedade, através da
mudança de postura da “sociedade global”. Por se tratar da articulação entre a felicidade e o consumo – como
sugeria a proposta – tal proposição soa um tanto utópica, já que requer uma mudança coletiva de comportamen-
to. Embora o período esteja muito bem construído, talvez seja melhor se distanciar da sugestão de soluções para
problemas muito gerais: elas podem facilmente se transformarem em clichês irrealizáveis. Por mais difícil que seja,
o pessimismo costuma vir acompanhado de uma boa dose de realidade bem fundamentada.

3) Período final – elemento especial


No final do texto, um detalhe bem construído pode fazer a diferença na atribuição da nota. Trata-se da
criação de um período não muito longo capaz de elaborar uma síntese, reflexão, sugestão ou ressalva em
relação ao que já foi dito. Não há uma regra fixa: tais construções dependem da criatividade e de capacidade
de analogia de cada aluno. Uma boa dica é utilizar as referências históricas, sociológicas, filosóficas, lite-
rárias empregadas na introdução do texto, com o objetivo de manter o paralelismo entre a introdução
e a conclusão.
Na redação abaixo, o autor optou por recuperar uma citação famosa, propondo-lhe outra versão:
O capitalismo inerente à maioria das nações contemporânea trouxe consequências aterradoras para seus
cidadãos. A felicidade atribuída ao ato de comprar desencadeou diversas mazelas atuais, entre elas a sobreposição
do "ter" em relação ao "ser". Assim, tendo seu valor intrínseco associado às posses, as pessoas começaram a
relacionar-se de forma efêmera, em um mundo onde apenas os endinheirados vivem perigosamente. Se Descar-
tes vivesse no século XXI, alteraria sua afirmação para "tenho, logo existo".

(Extraído de melhores redações FUVEST 2013)

No texto abaixo, o autor preferiu levar a discussão mais adiante, sugerindo uma possibilidade de se pensar
em outras coisas além do consumo.
É inegável que o consumismo provoca uma distorção social caótica e, sobretudo, cognitiva. É preciso com-
batê-lo em sua própria trincheira: nossos cérebros. Só então será possível enxergar o que realmente existe no céu
do shopping center: concreto, vidro e metal. O mundo tem coisas bem melhores a oferecer.

(Extraído de melhores redações FUVEST 2013)

55
Aula 12 – a maternidade na vida contemporânea
ACERVO
TEXTO 1
Mães criticam a cobrança social e romantização da maternidade

Para elas, essas questões fazem com que alguns momentos da experiência da maternidade sejam frustrantes e solitários.

“Sabe aquela imagem da mulher maravilha, que tem nos desenhos? Que é aquela mulher de força e poder? Ela se encaixa
perfeitamente em uma mãe”. É assim que a empreendedora de Petrolina, no Sertão Pernambucano, Marina Mendes, mãe da Malu,
de quatro anos, descreve o entendimento social de maternidade. Apesar desta ser uma imagem difundida, nem sempre é a que as
mães gostariam de assumir. De acordo com a Professora Doutora em Sociologia do Colegiado de Ciências Sociais da Universidade
Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Paula Galrão, essa imagem está atrelada à romantização da maternidade, que acaba
gerando cobranças excessivas às mulheres que desempenham esse papel.
“Eu acredito que há uma romantização que a sociedade demanda à mulher enquanto mãe. Esse papel social, da identidade
feminina vista a partir da maternidade, é complicado. Se supõe que a mulher só é completa se for mãe. E ainda há uma demanda
de como a mulher precisa agir para ser uma boa mãe e perfeita, mas ninguém é perfeito”, pontua.
A estudante universitária Bruna Barbosa, mãe de Joaquim Santxiê, de dois anos, acredita que essa construção do papel
que a mãe deve exercer acaba tornando a experiência da maternidade frustrante em alguns momentos. “A romantização é uma
realidade na maternidade e o reflexo disso é a quantidade de mães que se sentem frustradas por não se encaixarem nesse padrão
de 'super mãe' que a sociedade vende e nos impõe todos os dias, para que nós mulheres sigamos nos achando solitariamente
responsáveis por nossos filhos e filhas. É mais uma forma de desviar o foco das mulheres, para não lutarmos por nossos direitos, nos
excluírem da sociedade e nos voltarmos apenas à maternidade”, declarou.
Para Paula Galrão, a romantização da maternidade e a cobrança social que as mulheres sofrem quando se tornam mães
têm uma raiz histórica. “A ideia central nas sociedades modernas é que da mulher não é esperado que assuma a esfera da rua.
Da mulher, espera-se que esteja na esfera doméstica, na gestão e cuidado com a casa, com a prole, espera-se construir o papel a
partir da mulher enquanto procriadora, atrelada não à esfera pública, da palavra, do debate, do poder, mas dos cuidados e emo-
ções. Então, há esse pensamento dicotômico de quem funcionaria em cada esfera. Desde a Revolução Francesa, ela [mulher] ficou
restrita ao que sobrou. A partir daí ela precisa de excelência, ser ótima, porque isso é ‘natural’ dela. Existem teorias para provar a
capacidade racional do homem, que buscam diminuir a mulher, alegando que não estão aptas para atividades como esportes de
luta. A partir desses debates públicos e científicos veio a cobrança social para mulher exercer o que é considerado natural e que fez
com que acreditassem que é o ideal”.
Um outro aspecto reforçado com a cobrança social é a anulação dos outros espaços da vida após a maternidade. “A mãe
tem que ser vista como comercial de margarina, perfeita, serena e paciente. Qualquer aspecto diferente desse é abominado pela
sociedade. Entende-se que se você virou mãe, você não pode fazer nada que fazia antes, porque sua vida é em prol do seu filho.
Para a maioria das mães, com certeza é, para mim é também, mas eu não me anulo como uma pessoa e mulher, pois filho cresce e
vai viver suas escolhas, que já foram as nossas também em algum momento”, exemplificou Marina.
Para Bruna, essa anulação se reflete na vida profissional, quando por exemplo as mães são proibidas de assistirem aulas
com a presença dos filhos. “A violência estrutural da sociedade, nós mães sofremos todos os dias. E quando isso se estende às
instituições é muito mais gritante. Vemos universidades que deveriam ter o ensino universal como base de princípios, atitudes de
violência direta às mulheres mães que acabam nos excluindo dos espaços e nos limitando intelectualmente. Essa é a pior coisa da

56
maternidade, pois essas exclusões tornam a maternidade um caminho muito solitário”, lamentou.
Na opinião de Paula, o único caminho para que haja uma concepção mais ampla da maternidade é a educação. “A prin-
cipal forma [de iniciar essa mudança] é a gente desconstruir as naturalizações. A mulher tem uma possibilidade de ser mãe, não
é fatalidade. Ela pode ser milhões de coisas além de mãe. O segundo ponto é desconstruir a ideia do que seria uma boa mãe. Por
trás dessa ideia está o que se espera na separação de gênero nas expectativas sociais, em que o homem ocupa a esfera da rua e
a mulher a esfera da casa. Apenas por meio da educação é possível traçar essas desconstruções. Não só da educação escolar ou
doméstica, porque outros espaços educam, como a mídia, os movimentos sociais, a internet. Outro ponto é possibilitar que mães
ocupem espaço. Existem muitos empregadores que rejeitam a mulher, então a gente precisa que a sociedade conceba a mulher
além da maternidade. Só por meio da educação mais ampla, que conscientize que esses papéis são construções sociais e não dizem
respeito ao natural”, explicou.
Apesar das dificuldades no exercício da maternidade, Bruna não esconde a satisfação ao descrever as descobertas dessa
fase com o pequeno Joaquim. “A melhor coisa da maternidade não é uma coisa, são momentos, caminhos, aprendizados. É com-
preender que mulher nenhuma nasceu pra ser mãe, e que o tornar-se mãe é uma construção diária, onde o aprendizado é mútuo e
onde podemos conhecer o real sentido do amor. Na maternidade, temos a oportunidade de nos empoderar de nós mesmas, expandir
o conceito de ser mulher, aprender mais sobre empatia, sobre paciência, e perceber que enquanto achamos que estamos criando
um ser humano, somos nós que estamos construindo uma nova mulher, nos reinventando”, finalizou.

https://g1.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/maes-criticam-a-cobranca-social-e-romantizacao-da-maternidade.ghtml (11.05.2018)

TEXTO 2
Maternidade real: "Eu amo meu filho, mas a maternidade..."

“Ninguém me avisou o quão dura a maternidade poderia ser”, diz Priscila Braz Ribas, 35 anos, mãe de um menino, em seu
relato sobre a maternidade

É comum se deparar com algum relato de mãe nas redes sociais desabafando sobre as dificuldades que envolvem a mater-
nidade . Afinal, apesar de a vivência materna ainda ser muito romantizada, a realidade é que ser mãe é algo complexo, espinhoso
e até mesmo solitário para algumas mulheres.
Priscila Braz Ribas, 35 anos, foi uma dessas mulheres que se deparou com uma realidade dura e diferente do que esperava.
Por isso, a administradora faz questão de compartilhar sua experiência com a maternidade para evidenciar um lado da história que
nem sempre é lembrado. Confira o relato de mãe feito por ela ao Delas.

Relato de mãe sobre a maternidade

Priscila Braz Ribas fez um relato de mãe sincero ao Delas sobre como é a sua experiência com a maternidade
“Em 2011 me vi grávida do meu primeiro filho. Como foi algo muito desejado e planejado, as expectativas eram as melho-
res possíveis. Exames, consultas, vitaminas , tudo transcorria na mais perfeita ordem e eu, não sentia absolutamente nada; apenas
o êxtase de estar esperando um filho e fazendo mil planos.
Próximo das 12 semanas, resolvi fazer o exame de sexagem fetal. Porém, na semana do exame, exatamente em uma
quarta-feira, acordei sangrando. Meu tampão estava saindo e, por consequência, perdendo meu filho. Foi a primeira vez que a
maternidade se mostrou implacável, que nem tudo eram flores e que ela iria dizer e me mostrar que os planos que eu tinha feito de
nada adiantavam, afinal era ela quem ditava as regras.
“ Confesso que foram nove meses angustiantes, tomando diversos remédios e vitaminas, tentando ao máximo fazer tudo
certo, já que certa culpa me acompanhava por ter perdido meu primeiro bebê"
Perdi meu filho após sangrar durante 15 dias (minha médica achou melhor não fazer a curetagem). E desta forma, todo o

57
encanto tinha se perdido um pouco.
Após dois anos, já em 2013, engravidei novamente em mais uma gravidez planejada e desejada. Só que agora eu estava
diferente, com os pés mais no chão, tomando mais cuidado e, confesso, sem muitos planos, apenas seguindo o curso.
Confesso que foram nove meses angustiantes, tomando diversos remédios e vitaminas, tentando ao máximo fazer tudo
certo, já que certa culpa me acompanhava por ter perdido meu primeiro bebê. Não teve um só dia que eu não pensava que poderia
sangrar novamente. Mas o tempo foi passando e minha gestação se desenvolvendo na mais perfeita ordem. Assim pude curtir tudo:
chá de fraldas, decoração do quarto, escolha dos moveis, ensaio de gestante . Que felicidade!
Eu estava me sentindo plena e realizada, afinal desta vez a vida estava me mostrando o lado mais doce de ser mãe. Thales
nasceu em uma tarde quente de fevereiro em 2014 e com ele, uma mãe. Só que como minha mãe sempre diz: dentro da barriga é
uma coisa, fora dela é outra totalmente diferente".

Expectativa x realidade

"Ser mãe não é algo do tipo ‘teste por 7 dias e, se não gostar, pode devolver’. Não existe devolução. É realmente estar
construindo um avião em pleno voo. Apesar de você passar pelo parto (seja ele qual for), você não tem descanso, não existe repouso.
Claro, um bebê precisa de você. E ali, com toda ternura do mundo, a vida começa a te ensinar a ter paciência e a acreditar no seu
sexto sentido. Começa, enfim, a te mostrar que você é mãe.
Passando os dias, você acaba por experimentar experiências novas e a conhecer seu filho. Aprende quais são os melhores
horários para dormir e para dar banho. Se vai dar o leite em livre demanda... É tudo muito lindo, mas existe o outro lado.
O bebê não nasce sabendo fazer a ' pega ', seus peitos doem, o bico pode rachar... E as noites mal dormidas? Isso aconte-
ceu comigo e, o pior, aos 13 dias de vida, ele teve um engasgo feio e que chegou a ficar roxo. E eu me senti culpada mais uma vez.
Aos 40 dias, descobri que ele era alérgico alimentar (Alergia à Proteína do Leite da Vaca), não engordava e não crescia o que deveria
crescer durante um tempo, tinha reações fortíssimas e, mais uma vez, me sentia culpada. Fora as reações às vacinas...
Ou seja, o sentimento de culpa me acompanhava sempre. E, para cuidar dele, decidi abrir mão da minha carreira. Assim,
mais uma vez a maternidade foi me mostrando que quem manda é ela, que não adiantava eu fazer planejamento algum...
É claro que teve também momentos ímpares como o nascer do primeiro dentinho, a primeira vez que sentou sozinho, o
engatinhar, os primeiros passos e palavrinhas. Quando essas coisas boas acontecem, você esquece que durante o caminho passou
por muitas pedras. A felicidade de ver essas realizações e conquistas deixam o fato de ser mais mais leve, mais tranquilo.
“ Para cuidar dele, decidi abrir mão da minha carreira. Assim, mais uma vez a maternidade foi me mostrando que quem
manda é ela"
Na minha cabeça eu achava que todas as mulheres vinham preparadas para passar por ela, afinal é algo natural, instinti-
vo... Eu romantizava tudo em relação a ser mãe, sendo como um mar de rosas.
Eu amo meu filho, mas a maternidade... Quando você olha de fora é aquela maravilha, mas quando você mergulha nela, ela
tem muitos espinhos. Digo que minhas expectativas não foram quebradas, apenas comecei a ver o fato de ser mãe sob uma ótica
diferente. E não, ninguém me avisou o quão dura ela também poderia ser.
Às vezes eu até evito ficar falando. Não quero desencorajar. Afinal, essa é minha experiência e cada pessoa é diferente da
outra. Gosto de demonstrar o outro lado para que todas saibam que nem tudo é o que parece, nem tudo é tão lindo assim. Durante
um tempo, temos que saber que vamos nos anular, que não vamos dormir, que vamos nos culpar... a adaptação não é fácil, sua
rotina será outra, sua vida irá mudar drasticamente”, finaliza o relato de mãe.
É importante lembrar que o relato feito por Priscila não representa a realidade de todas as mães. Na verdade, é apenas uma
perspectiva sobre a infinidade de formas possíveis de viver a maternidade . E é exatamente pela complexidade que envolve o “ser
mãe” que precisamos trazer à tona relatos como o dela. “Essa é a minha experiência pessoal, não é uma regra e não quer dizer que
para todas as mulheres será dessa forma. Mas é bom que as leitoras conheçam o outro lado da moeda, não é?”, completa Priscila.

https://delas.ig.com.br/filhos/2018-11-07/maternidade-real-relato.html (07.11.2018)

58
TEXTO 3
ONU alerta para alto índice de gravidez na adolescência no Brasil

A taxa nacional, de 62 adolescentes grávidas para cada grupo de mil na faixa etária entre 15 e 19 anos, é maior que a
média mundial

A Organização das Nações Unidas divulgou hoje (10/4) relatório a respeito dos direitos relativos à saúde sexual e reprodu-
tiva das populações. Em relação ao Brasil, um dos principais alertas feitos pela organização mundial diz respeito a elevada incidência
de gravidez na adolescência.
No Brasil, a taxa é de 62 adolescentes grávidas para cada grupo de mil jovens do sexo feminino na faixa etária entre 15 e
19 anos. O índice é maior que a taxa mundial, que corresponde a 44 adolescentes grávidas para cada grupo de mil.
“Elas precisam ter mais acesso à informação e aos métodos contraceptivos. Também precisam estar mais empoderadas
para exigir que os parceiros encarem as responsabilidades relativas à vida sexual”, afirma Anna Cunha, oficial para Saúde Reprodu-
tiva e Direitos do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil.
A ONU defende que as informações sobre a vida sexual, as doenças sexualmente transmissíveis e os métodos contra-
ceptivos sejam repassadas para os adolescentes – tanto os do sexo masculino como do feminino – nas escolas e nos serviços de
saúde pública. “Os rapazes também precisam encarar a contracepção como de responsabilidade deles para que tomem as medidas
necessárias para evitar a paternidade antes da hora “, pontua Anna Cunha.
O relatório divulgado hoje comemora os 25 anos da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD),
realizada em 1994, no Cairo. Naquele momento, o enfoque para as questões sobre população deixou de ser o controle populacional
feito pelos Estados e passou a ser o dos direitos relativos à liberdade individual. “A agenda passou a ser a dos direitos reproduti-
vos, adotando a perspectiva dos sujeitos de direitos e não das políticas de controle exercidas pelos Estados”, explica Anna Cunha.

Avanços

Em 1969, a população mundial era de 3,6 bilhões. As taxas de fecundidade em todo o mundo eram quase o dobro das
que são hoje. No Brasil, a população saltou de 92,9 milhões, naquele ano, para 212,4 milhões em 2019. A taxa de fecundidade,
que era de 5,2 filhos para cada mulher, caiu para 1,7. “De lá para cá, registramos avanços concretos em relação à possibilidade de
as mulheres escolherem se desejam ou não ter filhos, mas percebemos que, ainda hoje, o poder de decisão em relação aos direitos
reprodutivos é afetado pelas desigualdades econômicas e sociais do país”, analisa a representante da ONU para o assunto.

https://www.metropoles.com/saude/onu-alerta-para-alto-indice-de-gravidez-na-adolescencia-no-brasil (10.04.2019)

59
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

A) No Brasil, a taxa é de 62 adolescentes grávidas para cada grupo de mil jovens do sexo feminino na faixa etária entre 15 e 19
anos. O índice é maior que a taxa mundial, que corresponde a 44 adolescentes grávidas para cada grupo de mil.

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE

De acordo com a Professora Doutora em Sociologia do Colegiado de Ciências Sociais da Universidade Federal do Vale do São
Francisco (Univasf), Paula Galrão, essa imagem está atrelada à romantização da maternidade, que acaba gerando cobranças
excessivas às mulheres que desempenham esse papel. “Eu acredito que há uma romantização que a sociedade demanda à
mulher enquanto mãe. Esse papel social, da identidade feminina vista a partir da maternidade, é complicado. Se supõe que a
mulher só é completa se for mãe. E ainda há uma demanda de como a mulher precisa agir para ser uma boa mãe e perfeita,
mas ninguém é perfeito”, pontua.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

O bebê não nasce sabendo fazer a ' pega ', seus peitos doem, o bico pode rachar... E as noites mal dormidas? Isso aconteceu
comigo e, o pior, aos 13 dias de vida, ele teve um engasgo feio e que chegou a ficar roxo. E eu me senti culpada mais uma vez.
Aos 40 dias, descobri que ele era alérgico alimentar (Alergia à Proteína do Leite da Vaca), não engordava e não crescia o que
deveria crescer durante um tempo, tinha reações fortíssimas e, mais uma vez, me sentia culpada. Fora as reações às vacinas...
Ou seja, o sentimento de culpa me acompanhava sempre. E, para cuidar dele, decidi abrir mão da minha carreira. Assim, mais
uma vez a maternidade foi me mostrando que quem manda é ela, que não adiantava eu fazer planejamento algum...

Depoimento de Priscila Braz Ribas, 35 anos, mãe de um menino, em seu relato sobre a maternidade
https://delas.ig.com.br/filhos/2018-11-07/maternidade-real-relato.html (07.11.2018)

IV. ANALOGIA LITERÁRIA

Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instan-
tes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento
que estavam aos poucos pagando.(...)Crescia sua rápida conversa com o cobrador de luz, crescia a água enchendo o tanque,
cresciam seus filhos, crescia a mesa com comidas, o marido chegando com os jornais e sorrindo de fome, o canto importuno das
empregadas do edifício. Ana dava a tudo, tranquilamente, sua mão pequena e forte, sua corrente de vida.
(...)
E por um instante a vida sadia que levara até agora pareceu-lhe um modo moralmente louco de viver. O menino que se
aproximou correndo era um ser de pernas compridas e rosto igual ao seu, que corria e a abraçava. Apertou-o com força, com
espanto. Protegia-se tremula. Porque a vida era periclitante. Ela amava o mundo, amava o que fora criado — amava com nojo.
Do mesmo modo como sempre fora fascinada pelas ostras, com aquele vago sentimento de asco que a aproximação da ver-
dade lhe provocava, avisando-a. Abraçou o filho, quase a ponto de machucá-lo. Como se soubesse de um mal — o cego ou o
belo Jardim Botânico? — agarrava-se a ele, a quem queria acima de tudo. Fora atingida pelo demônio da fé. A vida é horrível,
disse-lhe baixo, faminta.

Clarice Lispector. "Feliz Aniversário."

60
V. CITAÇÃO

No dia que for possível à mulher amar-se em sua força e não em sua fraqueza; não para fugir de si mesma, mas para se en-
contrar; não para se renunciar, mas para se afirmar, nesse dia então o amor tornar-se-á para ela, como para o homem, fonte
de vida e não perigo mortal.

Simone de Beauvoir. Todos os homens são mortais.

VI. LEGISLAÇÃO:

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Estatuto da criança e do adolescente. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm

61
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Filme Como nossos pais - Direção: Laís Bodanzky

Rosa (Maria Ribeiro), 38 anos, é uma mulher que se encontra em uma


fase peculiar de sua vida, marcada por conflitos pessoais e geracionais:
ao mesmo tempo em que precisa desenvolver sua habilidade como
mãe de suas filhas, manter seus sonhos, seus objetivos profissionais e
enfrentar as dificuldades do casamento, Rosa também continua sendo
filha de sua mãe, Clarice (Clarisse Abujamra), com quem possui uma
relação cheia de conflitos.

Filme Fala comigo – Direção: Felipe Sholl

Diogo (Tom Karabachian) tem um estranho fetiche: ele sente prazer


ao ligar para as pacientes de sua mãe, Clarice (Denise Fraga), que é
terapeuta. Certo dia, ele liga para Ângela (Karine Teles), uma mulher
de 43 anos que acaba de se separar do marido. Os dois iniciam uma
complicada relação pelo telefone, repleta de curiosidade e de silêncio.

Filme Preciosa - Direção: Lee Daniels

1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece "Preciosa" Jones


(Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de
privações durante sua juventude. Violentada pelo pai (Rodney Jackson)
e abusada pela mãe (Mo'Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo
de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajuda nem um
pouco. Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de "Mongo", por
ser portador de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó.

Filme O olmo e a gaivota – Direção: Petra Costa

Olívia é uma atriz que está prestes a estrelar a peça "A Gaivota",
de Anton Tchekov, quando descobre que está grávida. Enquanto a
produção fica pronta, o bebê dentro dela cresce e as dificuldades da
gravidez começam a afastá-la da montagem, ao mesmo tempo que as
aproximam das personagens que ela interpreta.

62
ASSISTIR

Vídeo Odeio a Maternidade, Amo meu Filho - Documentário

Fonte: Youtube

Filme Meninas: gravidez na adolescência - Direção: Sandra Werneck

Evelin tem 13 anos e está grávida de um ex-traficante. Aos 15 anos,


Luana diz que planejou sua gravidez. Edilene, 14 anos, espera um
filho de Alex, que também engravidou Joice. MENINAS acompanha
por um ano o cotidiano dessas jovens.

LER

Livros

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

Nesta coletânea de vinte e cinco textos, reúnem-se alguns contos e


crônicas publicados nos livrosA legião estrangeira, Para não esquecer
e A descoberta do mundo. Temas caros ao universo clariceano estão
presentes neste livro: a relação mágica com os animais, a descoberta
do outro, as inúmeras possibilidades de se escrever uma história, a
presença do inesperado no cotidiano previsível.

63
Proposta ENEM
TEXTO 1
O Brasil é uma das nações com maior índice de gestação na adolescência, à frente de mais de 150 países.
Todos os anos, pelo menos 1 milhão de adolescentes engravidam. Levantamento do Ministério da Saúde de 2017,
referente a 2015, mostrou que naquele ano foram 546.529 mil nascidos vivos de mães com idade entre 10 e 19
anos. Número que representa 18% dos 3 milhões de nascidos vivos na ocasião.
Como forma de criar políticas de combate a esse problema de saúde e social, na data de 1º de fevereiro foi
instituída a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, conforme previsto na Lei nº 13.798/2019,
acrescida ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Em cerimônia no Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) da Sejus, a subsecretária de Políticas para Crianças
e Adolescentes, Adriana Farias, destacou a importância de cuidar dos jovens.
“A gravidez na adolescência traz complicações e adversidades para a adolescente e para a criança que está
por vir. A proposta é que façamos ações de prevenção durante todo o ano, com os órgãos públicos, para tratar o
tema com seriedade”, pede.
Assessora do secretário de Educação, Rafael Parente, Sônia Prado participou do evento e lembrou a impor-
tância de conscientização, informação e corresponsabilização dos garotos em uma gravidez. “Os meninos também
precisam ter essa conversa. Nós da Educação vamos desenvolver ações para dar clareza ao tema. Não só para
meninas, mas também para os meninos”, pontuou Sônia.
Fala que foi corroborada pelo secretário-adjunto de Justiça, Maurício Carvalho. “Os rapazes também con-
correm com isso. Gravidez não se faz sozinha, não existe ação espontânea. Ao acontecer temos vidas e ciclos
interrompidos, pessoas fora do mercado de trabalho, carregando e perpetuando essa situação”, alerta.

Governo Distrito Federal propõe ações para prevenir gravidez na adolescência. https://www.agenciabra-

silia.df.gov.br/2019/02/07/gdf-propoe-acoes-para-prevenir-gravidez-na-adolescencia/

TEXTO 2

https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/gravidez-precoce-ainda-e-alta-mostram-dados

64
TEXTO 3

http://planalto.ba.gov.br/secretarias-irao-promover-campanha-de-prevencao-da-gravidez-na-adolescencia/

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema ALTERNATIVAS PARA PREVENÇÃO À GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA, apresentando proposta
de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argu-
mentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

65
Proposta vestibular
TEXTO 1
Em janeiro de 2017, a internet foi invadida com imagens do Desafio da Maternidade. A proposta é com-
partilhar ao menos três fotos que demonstrem como as mulheres que têm filhos se sentem felizes. Quem participa
deve marcar outras mães na postagem para que elas façam o mesmo e, assim, a corrente continua. Em terras
britânicas, o desafio foi acusado de ser presunçoso e insensível. E, assim como lá, o que era para ser mais uma
brincadeira nas redes sociais acabou virando polêmica. Isso porque algumas mulheres não concordaram com a
ideia romantizada que muitas pessoas têm sobre o que é a maternidade, em meio a fotos de bebês dormindo como
anjos, sorrindo e famílias ~ aparentemente ~ perfeitas.
Mãe de primeira viagem, Juliana Reis, de 25 anos, não quis entrar no jogo e fez um desabafo na rede so-
cial sobre os julgamentos que as mulheres recebem desde a gravidez e as dificuldades que enfrentam durante o
puerpério. “Desafio NÃO aceito! Me recuso a ser mais uma ferrramenta pra iludir outras mulheres de que a mater-
nidade é um mar de rosas e que toda mulher nasceu pra desempenhar esse papel… Eu vou lançar outro desafio,
o desafio da MATERNIDADE REAL”, ressaltou. O depoimento de Juliana viralizou, recebeu mensagens de apoio e,
principalmente, uma enxurrada de críticas, tanto que seu perfil foi denunciado para o Facebook e bloqueado.
Diante de tanta controvérsia, uma outra mãe resolveu se pronunciar, afirmando que entende os dois lados:
o de quem idealiza a maternidade e o de quem expõe os problemas e o peso que cai sobre os ombros das mulhe-
res. “A gente não pode romantizar a maternidade, mas a gente não pode demonizar a maternidade. Precisamos,
sim, libertar as mulheres da maternidade compulsória, mas a gente precisa também lutar por mulheres grávidas
que querem ter parto normal sem intervenção, por exemplo. O ativismo materno deveria estar para o feminismo,
mas não está, porque não suportam a ideia de ver mulheres na luta por direitos para grávidas, por exemplo, não
vejo criação com apego ser pauta do feminismo, deveria ser, mas não é”, declarou Janice Mascarenhas, do Rio de
Janeiro.
https://bebe.abril.com.br/familia/voce-aceitou-o-desafio-da-maternidade/ (25.01.2017)

TEXTO 2
Por esse motivo, é preciso antes de tudo se questionar: quem, em você, te motiva a querer ter um filho? Essa
vontade está verdadeiramente dentro de você, ou está sendo influenciada pelo medo da solidão, pela pressão so-
cial ou pela romantização da maternidade tão proclamada pela mídia? Infelizmente, mais da metade das gestações
não são planejadas, enquanto uma boa parcela da outra metade não foi escolhida de maneira verdadeiramente
consciente, causando um número absurdo de nascimentos de bebês cujos genitores não estavam realmente prepa-
rados para ter filhos. Tanto a maternidade quanto a paternidade, em tese, deveriam ser uma escolha bem informada
e consciente que exige disponibilidade de tempo e emocional de ambos, e não uma predeterminação biológica. É
curioso pensar que, para fazer uma laqueadura, é necessário comprovar primeiro que a decisão se deu dentro das
faculdades mentais e saudáveis dos indivíduos e que conta com parecer de profissionais, enquanto que não existe
nada parecido para que os futuros pais demonstrem capacidade psíquica, emocional e financeira para ter um filho.
https://revistatrip.uol.com.br/trip-transformadores/pressao-social-medo-da-solidao-romantizacao-da-maternidade-o-que-te-faz-querer-ter-um-filho-por-eri-
ca-de-paula (26.10.2017)

66
TEXTO 3
Mais do que padecer é compadecer, é sofrer, pois, apesar de estarmos conscientes da decisão tomada, não
gostamos de ver nosso filho triste. Mais uma vez, apesar de toda intensidade, veremos que isso também vai pas-
sar. Assim como nós, hoje, neste papel de mãe, reconhecemos e aceitamos a postura que as nossas mães tiveram
conosco. E pensamos: “Elas estavam certas…” Olhando tudo isso, parece que o ditado está certo: “Ser mãe é
padecer no paraíso”. Agora, é preciso dizer que tudo isso vale a pena.
A presença, a realização, as conquistas, alegrias e tristezas de um filho não têm preço. Esse é o nosso paraí-
so: a maternidade! As mães são capazes de abrir mão e renunciar a várias coisas na vida, somente não conseguem
renunciar à maternidade, pois esta é inegociável.

http://www.cnbbsul1.org.br/page/3/?s=maternidade (Acessado em 12.04.2019)

TEXTO 4
Esse é o conceito com o qual fomos educados. A mãe é essa pessoa incondicional que nunca vai falhar.
Essa pessoa capaz de renunciar a tudo para que você esteja bem, a que espera com paciência, a que sempre tem
uma palavra de apoio para animar ou a que empresta seu ombro para você chorar quando for preciso. Esta visão
de mãe é de quando as mulheres eram educadas para não terem outra ambição mais do que serem boas esposas,
mulheres, educadoras e transmissoras de valores; quando só se dedicavam a cuidar da família e organizar o lar,
costurar, fazer coletas, tirar piolhos, cozinhar, limpar ou mandar em quem limpava a casa. Havia exceções, claro,
como Marie Curie, física, matemática, química, mãe de duas filhas e premiada com dois prêmios Nobel, mas não
era a regra geral.
Mas os tempos mudaram. Muitas avós dizem: “Como é difícil para vocês triunfarem agora”. Não basta ter
filhos limpos, bons estudantes e educados. Triunfar hoje em dia para a mulher implica em ser boa mãe, uma profis-
sional brilhante; conseguir ter um grupo de amigas; aprender a ser independente em nível emocional e econômico;
ter um tempo para ler, fazer exercício e ter hobbies; usar manequim 40 pelo resto da vida; ter ao lado um homem
que valorize seu esforço, seu trabalho, goste como ela é, seja carinhoso e compreensivo, e saiba compatibilizar com
você as tarefas domésticas e a educação dos filhos.

https://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/27/actualidad/1425053577_221825.html (27.02.2015)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregan-
do a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

MATERNIDADE CONTEMPORÂNEA: DESAFIO NATURAL DA VIDA SOCIAL OU EXPERIÊNCIA ROMAN-


TIZADA?

67
1 3 Coesão sequencial

L C
ENTRE
FRASES
Coesão textual I
Coesão textual é a conexão estabelecida entre orações, períodos e parágrafos que possibilita a amarração
das ideias dentro de um texto. Em outras palavras, ela é a responsável por “costurar” as reflexões de modo a não
as deixar soltas ou desconexas de outras ideias.
A coesão textual também é responsável por garantir que o raciocínio do autor do texto seja transmitido
ao leitor de modo claro e lógico, obedecendo a um encadeamento sequencial de reflexões. Elas são divididas em
coesão sequencial e coesão referencial.

Coesão sequencial
Coesão sequencial é aquela que cria – dentro do texto – condições para que a leitura possa avançar ou
progredir. São responsáveis por esse tipo de coesão as flexões verbais (tempo e modo) e as conjunções, também
chamadas de conectivos. Estes são os principais responsáveis por articular a coesão no interior da dissertação
argumentativa.

TEMPO – Sua função é conectar duas orações relacionando-as por meio de uma relação de
temporalidade.
CONECTIVOS: Imediatamente, logo após, a princípio, pouco antes, pouco depois, anteriormente, poste-
riormente, em seguida, frequentemente, constantemente, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, não raro, ao
mesmo tempo, simultaneamente.

Desde a chegada dos europeus no país, as religiões diferentes do oficial são discriminadas. Logo no início
da colonização, o processo de catequização dos nativos foi incentivado, o que demonstra o desrespeito com as
religiões indígenas, e, décadas depois, com o início do tráfico negreiro, houve também perseguição às religiões
afro-brasileiras e a construção de uma imagem negativa acerca delas.
Trecho da redação ENEM de João Vitor Vasconcelos Ponte, texto nota mil do ano de 2016.

71
ADIÇÃO – Sua função é somar enunciados que constituem argumentos para uma mesma
conclusão.
CONECTIVOS: E, também, em adição a, além de, além do mais, além disso, ademais, não só... mas também,
não apenas... como também.

Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as camadas sociais, camu-
flada em pequenos hábitos cotidianos. Ela se revela não apenas na brutalidade dos assassinatos, mas também nos
atos de misoginia e ridicularização da figura feminina em ditos populares, piadas ou músicas. Essa é a opressão
simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bordieu: a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no
embate físico, o desrespeito está –sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da
pessoa humana ou de um grupo social.
Trecho da redação ENEM de Cecilia Maria Leite, texto nota mil do ano de 2015.

ENUMERAÇÃO – Sua função é ordenar a sequência de apresentação de ideias.


CONECTIVOS: Primeiro, primeiramente, em primeiro lugar, segundo, em segundo lugar, para começar, em
seguida; primeiro de tudo, depois; antes de tudo, de saída, a princípio.

Em primeiro lugar, é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao


se tratar de algo tão pessoal como a religião. Prova disso é a presença da não aceitação das crenças alheias em
diferentes regiões e momentos históricos, como no Império Romano antigo, com as perseguições aos cristãos,
na Europa medieval, com as Cruzadas e no atual Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o Estado Islâmico.
Também pode-se comprovar a existência da intolerância religiosa pela frase popular “religião não se discute”, que
propõe ignorar a temática para evitar os conflitos evidentes ao se tratar do assunto. Desse modo, nota-se que a
intolerância não se restringe a um grupo específico e é, de certa forma, natural ao ser humano, o que, porém, não
significa que não pode e deve ser combatida.
Trecho da redação ENEM de João Vitor Vasconcelos Ponte, texto nota mil do ano de 2016.

72
CONDIÇÃO – Consiste em estabelecer uma condição para que uma ação decorra de outra.
CONECTIVOS: Se, desde que, salvo se, exceto se, contanto que, com tal que, caso, a não ser que, a menos
que, sem que, suposto que, desde que, eventualmente, etc.

Há também medidas que contribuem para reduzir assédios sexuais e estupros, como a criação do vagão
feminino em São Paulo e a permissão para que ônibus parem em qualquer lugar durante a noite, desde que isso
seja solicitado por uma mulher.
Trecho da redação ENEM de José Miguel Zanetti Trigueros, texto nota mil do ano de 2015.

CAUSALIDADE/CONSEQUÊNCIA – Consiste na conexão de duas orações, sendo que uma delas


aponta a causa da consequência contida na outra.
CONECTIVOS: como resultado, por esta razão, por conta disso, em decorrência disso, por consequência,
por conseguinte, por isso.

Com a vinda dos escravos ao Brasil, a intolerância só aumentou e eles foram proibidos de praticarem suas
religiões, tendo que se submeter ao cristianismo imposto pelos colonos. É por isso que as práticas das religiões
afro-brasileiras são vistas como "bruxaria" e "macumba" e seus fiéis são os que mais denunciam atos de discrimi-
nação (75 denúncias entre 2011 e 2014).
Trecho da redação ENEM de Julia Mitie Oya, texto nota mil do ano de 2016.

73
ÊNFASE – Trata-se da estratégia de realçar uma ideia determinada dentro do texto.
CONECTIVOS: Realmente, de fato, certamente, principalmente, decerto, por certo, sem dúvida, inegavel-
mente.

A ausência de representantes das minorias religiosas impede a implantação de políticas afirmativas e que
garantam, de fato, a potencialização da tolerância e da igualdade na manifestação das diversas crenças.
Trecho da redação ENEM de Nathalia Couri Vieira Marques, texto nota mil do ano de 2016.

FINALIDADE – Consiste na conexão de duas orações quando uma apresenta o meio para atin-
gir o fim expresso na outra.
CONECTIVOS: Com o fim de, a fim de, com o propósito de, para que, a fim de que, com o intuito de, com
o objetivo de, para, etc.

Também, é preciso que os sacerdotes brasileiros de todas as religiões unam-se com o objetivo de deter-
minar a realização de palestras e discussões nas igrejas para estimular o convívio harmônico e evitar qualquer tipo
de radicalismo.
Trecho da redação ENEM de Thaís Fonseca Lopes de Oliveira, texto nota mil do ano de 2016.

ALTERNÂNCIA – Trata-se de apresentar duas ações entre as quais é possível alternar, escolher.
CONECTIVOS: Ou, ora...ora..., nem, já.

Então, quando alguém assiste ou lê uma notícia sobre políticos da bancada evangélica que são contra
o aborto e repudiam homossexuais, esse alguém tende a pensar que todos os seguidores dessa religião são da
mesma maneira.
Trecho da redação ENEM de Julia Mitie Oya, texto nota mil do ano de 2016.

74
CONFORMIDADE: Trata-se do estabelecimento de duas orações, quando uma mostra confor-
midade de algo asseverado na outra.
CONECTIVOS: Conforme, segundo, de acordo com.

Como, segundo Marilena Chauí, a democracia é baseada na igualdade, liberdade e participação, percebe-
-se que a não participação de toda a sociedade na política, aliada à frágil liberdade religiosa, dificultam a existência
de um regime democrático pleno no Brasil.
Trecho da redação ENEM de Nathalia Couri Vieira Marques, texto nota mil do ano de 2016.

OPOSIÇÃO – Trata-se da apresentação de enunciados com orientações argumentativas opos-


tas.
CONETIVOS: Entretanto, porém, contudo, no entanto, todavia.

De maneira análoga, muitos religiosos, a fim de evitar conflitos, hesitam em denunciar casos de intolerância,
sobretudo quando envolvem violência. Entretanto, omitir crimes, ao contrário do que se pensa, significa colaborar
com a insistência da discriminação, o que funciona como um forte empecilho para resolução dessa problemática.

Trecho da redação ENEM de Helário Azevedo e Silva Neto, texto nota mil do ano de 2016.

75
CONCESSÃO – Consiste na apresentação de duas orações de sentidos opostos, sendo que o
enunciado de uma delas não impede que a ação da outra aconteça.
CONECTIVOS: Embora, apesar de que, ainda que, por mais que, se bem que, mesmo que.

Logo no início da colonização, o processo de catequização dos nativos foi incentivado, o que demonstra o
desrespeito com as religiões indígenas, e, décadas depois, com o início do tráfico negreiro, houve também perse-
guição às religiões afrobrasileiras e a construção de uma imagem negativa acerca delas. Toda essa mentalidade
perpetuou-se no ideário coletivo brasileiro e, apesar dos avanços legais, faz com que essas religiões sejam as mais
afetadas pela intolerância atualmente.
Trecho da redação ENEM de João Vitor Vasconcelos Ponte, texto nota mil do ano de 2016.

EXPLICAÇÃO – Trata-se da explicação ou justificação de um fato expresso por outro.


CONECTIVOS: Porque , já que, uma vez que, que, pois.

A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se a questões políticas-estruturais. Isso se deve
ao fato de que, a partir da impunidade em relação a atos que manifestem discriminação religiosa, o seu combate
é minimizado e subaproveitado, já que não há interferência para mudar tal situação.
Trecho da redação ENEM de Desirée Macarroni Abbade, texto nota mil do ano de 2016.

76
EXEMPLIFICAÇÃO – Ocorre quando o segundo enunciado tem a função de exemplificar o
primeiro.
CONECTIVOS: Por exemplo, exemplificando, tal como, um exemplo disso, a exemplo.

Durante a formação do Estado brasileiro, a escravidão se fez presente em parte significativa do processo; e
com ela vieram as discriminações e intolerâncias culturais, derivadas de ideologias como superioridade do homem
branco e darwinismo social. Lamentavelmente, tal perspectiva é vista até hoje no território brasileiro. Bom exem-
plo disso são os índices que indicam que os indivíduos seguidores e pertencentes das religiões afro-brasileiras
são os mais afetados.
Trecho da redação ENEM de Desirée Macarroni Abbade, texto nota mil do ano de 2016.

CONCLUSÃO – Trata-se da apresentação de uma nova ideia, baseada na análise de ideias


anteriores.
CONECTIVOS: Assim, em suma, portanto, logo, assim sendo, em síntese, em resumo, dessa maneira, assim,
desse modo, etc.

Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias especializadas em crimes de ódio contra
religião, a fim de atenuar a prática do preconceito na sociedade, além de aumentar a pena para quem o praticar.
Trecho da redação ENEM de Larissa Cristine Ferreira, texto nota mil do ano de 2016.

77
COMPARAÇÃO – Trata-se do ato de comparar duas ações para atingir um objetivo argumen-
tativo.
CONECTIVOS: Da mesma maneira, da mesma forma, como, similarmente, correspondentemente, do mes-
mo modo, assim como, igualmente.

A globalização é um processo que tende à homogeneização, à cultura de massa. No entanto, ainda existem
diversas formas de expressão cultural e artística, assim como de manifestações religiosas. Dessa maneira, surge
na população um preconceito latente, que pode evoluir e motivar a prática de atos violentos pelo indivíduo. Essa
situação pode ser considerada reflexo da visão etnocêntrica de parte da sociedade, que considera seus costumes e
crenças superiores aos hábitos dos demais. A educação brasileira, que, na maioria das vezes, é altamente conser-
vadora, agrava a questão.
Trecho da redação ENEM de, texto nota mil do ano de 2016.

CORREÇÃO/REDEFINIÇÃO – Ocorre quando, por meio de um segundo enunciado, se corrige ou


redefine o enunciado anterior.
CONECTIVOS: Ou seja, isto é, em outras palavras, aliás, ou melhor,

Não há como negar que esse tipo de intolerância é fruto da colonização, pois o encontro cultural entre por-
tugueses, os quais manifestavam o Catolicismo, e povos politeístas foi devastador. Uma vez que os colonizadores
impuseram sua fé para submeter ameríndios e africanos ao seu poder ocorreu um processo de aculturação, ou
seja, perda ou modificação de suas culturas.

Trecho da redação ENEM de Nathalia Couri Vieira Marques, texto nota mil do ano de 2016.

78
CONTINUAÇÃO – Serve para continuar a ideia apresentada no período anterior.
CONECTIVOS: Nessa mesma linha, nesse sentido, sob esse mesmo viés, nesse mesmo viés, sob tal ótica,
nessa lógica.
Immanuel Kant, filósofo iluminista, argumentava que a menoridade é o estado em que o homem se encon-
tra manipulado e sem a capacidade de pensar por conta própria, dependendo dos outros para que suas ações se
concretizem. Nesse sentido, Kant afirmava que a saída para essa triste realidade é o esclarecimento, ou seja, o
uso da razão para que o indivíduo se emancipe. No entanto, o que se observa na atualidade é o contrário do que
o filósofo pregava, uma vez que o controle de dados na internet favorece a manipulação dos usuários, a qual não
é combatida pelas escolas, que não oferecem educação tecnológica, e pelo Poder Público, que não pune empresas
que comercializam esses dados

Trecho da redação ENEM Melissa Fiuza, texto nota mil do ano de 2018.

TABELA DE CONECTIVOS
Logo após, a princípio, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida,
TEMPO frequentemente, constantemente, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, não raro, ao mesmo
tempo, simultaneamente.

ADIÇÃO e, também, em adição a, além de, além do mais, além disso, ademais, outrossim.

primeiro, primeiramente, em primeiro lugar, segundo, em segundo lugar, para começar, em seguida;
ENUMERAÇÃO
primeiro de tudo, depois; antes de tudo, de saída, a princípio, por fim
se, desde que, salvo se, exceto se, contanto que, com tal que, caso, a menos que, sem que, suposto
CONDIÇÃO
que, desde que.
como resultado, por esta razão, por conta disso, em decorrência disso, por consequência, por con-
CONSEQUÊNCIA
seguinte, por isso, a partir disso

ÊNFASE realmente, de fato, certamente, principalmente, decerto, por certo, sem dúvida

Com o fim de, a fim de, com o propósito de, para que, a fim de que, com o intuito de, com o objetivo
FINALIDADE
de, com o fito de, para tanto

ALTERNÂNCIA Ou, ora...ora..., nem, já.

CONFORMIDADE Conforme, segundo, de acordo com.

OPOSIÇÃO Entretanto, porém, contudo, no entanto, todavia.

CONCESSÃO Embora, apesar de que, ainda que, por mais que, mesmo que.

EXPLICAÇÃO isso porque, em virtude de, já que, uma vez que...

EXEMPLIFICAÇÃO um exemplo disso, a exemplo disso, por exemplo,

CONCLUSÃO Assim, em suma, portanto, em síntese, em resumo, logo

da mesma forma, como, similarmente, correspondentemente, do mesmo modo, assim como, igual-
COMPARAÇÃO
mente, de modo análogo, analogamente

CORREÇÃO/REDEFINIÇÃO Ou seja, isto é, em outras palavras, aliás, ou melhor,

Nessa mesma linha, nesse sentido, sob esse mesmo viés, nesse mesmo viés, sob tal ótica, nessa
CONTINUAÇÃO
lógica,

79
Exercícios
EXERCÍCIO 1. Os conectivos foram removidos dos períodos abaixo. Analise as relações semânticas e
identifique qual ou quais conjunções podem ser usadas em cada um dos casos:

a) O Poder Público conhece os principais problemas do país e, *, não usa essas necessidades para promover polí-
ticas públicas.

b) Boa parte da população nordestina decidiu migrar para as grandes metrópoles, * as ofertas de emprego e a
possibilidade de ascensão social no ambiente urbano eram mais numerosas.

c) * o direito à propriedade privada esteja previsto na constituição, ele não é exercido em sua integralidade.

d) A condição econômica das pessoas em situação de risco se tornará melhor * haja o comprometimento do Estado
em cumprir as políticas públicas propostas.

e) O avanço tecnológico das telecomunicações – * tenha atingido um percentual considerável de habitantes – não
veio acompanhado de transformações socioeconômicas efetivas na vida da população. Hoje, é comum observar
indivíduos com total acesso à internet e nenhum ao saneamento, sendo que esse acesso à rede raramente é con-
vertido no aumento da renda ou do grau de escolaridade. *, é possível dizer que a tecnologia – quando desacom-
panhada de políticas públicas – mais reproduz do que combate as desigualdades, já que sua única via de atuação
em larga escala ocorre pela via do consumo.

f) * o professor de psicologia Leandro Tavares, a incidência cada vez maior de diagnósticos de depressão revela a
intolerância frente aos modos de subjetivação opostos aos ideais contemporâneos.

g) É fundamental que a homofobia seja combatida – * – que seja criminalizada no Brasil.

h) Muitos cidadãos passam a defender o pressuposto de que a vingança é a melhor solução. * , a justiça por conta
própria apenas faz o problema duplicar e não o resolve.

i) Os desafios da atuação da Polícia Militar são enormes. *, porque ainda é muito forte na formação desses profis-
sionais os valores disseminados durante a ditadura, como a ideia de tortura e de demonstração de poder, atitudes
que não coincidem com o conceito de justiça próprio de uma sociedade democrática. *, a existência de milícias e
de grupos corruptos dentro das corporações diminuem a possibilidade de renovar a atuação dos policiais, criando
um círculo vicioso dificilmente combatível.

80
Aula 12 – Ativismo digital
ACERVO
TEXTO 1
EM SUAS MÃOS

O novo "milagre econômico" brasileiro - aquele sobre o qual conversávamos antes de a crise nos interromper - criou uma
massa de consumidores que até então só via tudo pela vitrine. Há quem tenha apontado uma diminuição da desigualdade, há quem
reclame que tudo não passou de uma ilusão. Mas foi justamente um símbolo do status econômico que permitiu a esses novos con-
sumidores colocarem em prática sua cidadania: o telefone celular. Essa ferramenta popularizou de fato a internet entre a classe C, o
grupo mais populoso do país, dando um megafone para pessoas até então sem voz. É o que mostra a 15ª edição do estudo F/Radar,
sobre democracia e consumo, realizado em parceria entre a agência de publicidade F/Nazca S&S e o instituto de pesquisa Datafolha.
Essa mudança permitiu à classe C fazer valer o seu tamanho e colocar o foco do ativismo digital em questões próximas,
como o conserto das calçadas do bairro. Só depois vêm as mais abrangentes, como reforma política e maioridade penal. Esse mo-
vimento mostra que, hoje, é tão legítimo querer mudar o mundo quanto querer mudar o SEU mundo. E a explosão na quantidade e
variedade de causas - aquelas que pipocam na timeline do Facebook - deu-se junto a outro boom, o da internet móvel. Hoje ela está
disponível para 87 milhões dos 107 milhões de brasileiros conectados (53% do total de acessos, contra 26% há apenas dois anos,
segundo a F/Radar). "É difícil identificar causa e consequência. Mas o ativismo digital aumenta proporcionalmente e paralelamente
ao crescimento da internet móvel no país", afirma José Porto, diretor geral de planejamento da F/Nazca S&S. "JÁ TÍNHAMOS
MÍDIAS DE MASSA E AGORA PASSAMOS TAMBÉM A TER MASSAS DE MÍDIA", completa.
O telefone celular ocupou nesse processo um papel já desempenhado pelas LAN houses, outrora porta de entrada para
muitos ao universo digital. Enquanto os computadores representavam um obstáculo ao acesso pessoal (preço da máquina, da
conexão, disponibilidade de cabeamento), os telefones e as redes móveis permitem navegação mais barata a qualquer momento,
em qualquer lugar - até mesmo no tempo gasto para ir e voltar do trabalho. "O indivíduo da classe C passa muito mais tempo fora
do que em casa, em frente ao computador. Antes não havia um contexto para ele usar a máquina, mas agora, no ônibus, vemos
todos debruçados sobre o celular", compara Luli Radfahrer, professor de comunicação digital da ECA-USP (Escola de Comunicações
e Artes da Universidade de São Paulo). Nessa disputa online pela atenção, vencem as ferramentas otimizadas para internet móvel
- até porque muitas operadoras oferecem planos com acesso ilimitado a essas plataformas. De 2013 a 2015, por exemplo, cresceu
de 12% para 77% o acesso ao aplicativo WhatsApp no país.

TRABALHO DE BASE
PAULO ROGÉRIO NUNES, COORDENADOR DO VOJO BRASIL
"O projeto atinge a base da base da pirâmide, um Brasil profundo que não conhece Wi-Fi", explica
Nunes. São comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas que fazem via telefone (voz, texto e fotos)
seus relatos, publicados automaticamente no vojo.com.br. A ligação é grátis e transforma esses grupos
em narradores de suas histórias. Em 2013, essa ferramenta foi usada por uma quilombola para denun-
ciar o derramamento de óleo causado por um navio no Porto de Aratu (Bahia).

O acesso a ferramentas antes restritas faz da classe C a protagonista de sua história: esse grupo social é o mais atuante
entre ativistas online e presenciais: 45% e 41% dos manifestantes, respectivamente. "Eles têm um pragmatismo muito maior que
as classes A e B. Preocupam-se mais com aquilo que afeta diretamente seu cotidiano. NÃO É O EFEITO ESTUFA, MAS SIM A

81
ENCHENTE NO BAIRRO. NÃO É A RECICLAGEM, MAS COMO GANHAR DINHEIRO COM A LATINHA DE ALUMÍNIO”, ex-
plica Renato Meirelles, presidente do instituto de pesquisa Data Popular. "A classe C quer participar, pertencer. Isso também explica
o fenômeno das selfies, tão forte entre esse grupo. Ele quer se ver, deixou de ser um cidadão invisível", analisa.
Os dados apontados pela pesquisa contradizem o preconceito de que a classe C, menos escolarizada, seria menos engajada
sobre o seu entorno. "Mesmo que a educação formal seja menor entre este grupo, a internet lhes dá acesso à informação. Isso
gera um poder de articulação e participação que essas pessoas antes não tinham", explica José Porto. Diante das possibilidades, os
ativistas digitais optam principalmente por causas que não ganhavam destaque na mídia tradicional - a principal curadora e porta-
-voz dos assuntos que mereciam atenção. O internauta pode brigar pela proteção das baleias e também por questões mais práticas
de seu dia a dia. "Quanto maior o nível de complexidade dos assuntos, mais distantes eles ficam. E muitos perdem a crença de que,
nessa esfera, poderão causar mudanças e ver resultados concretos em suas vidas", completa.

A BOA VIZINHANÇA

O australiano Jeremy Heimans começou a vida de ativista em 1986, aos 8 anos, alertando os políticos de seu país sobre os
problemas do Terceiro Mundo. Em 1991, organizou via fax uma campanha contra a guerra no Iraque. Em 1999 estagiou na ONU
(Organização das Nações Unidas) e, desde então, vem ganhando importância em sua área de atuação. Cofundador da plataforma
de petições Avaaz, ele define o movimento que hoje testemunhamos - e do qual muitas vezes participamos - de "novo poder".
Segundo Heimans, trata-se da coordenação compartilhada e participação em massa para criar mudanças ou alterar os resultados
esperados. Na base desse movimento, entram a transparência, a participação e a iniciativa de cada um dos membros.
Essa postura já rendeu cerca de 15 mil vitórias em 196 países só no site Change.org - atualmente, a média é de uma vitória
por hora. Nessa lista tem de tudo: a jovem que conseguiu incluir jogadoras mulheres no game Fifa, a companhia aérea que deixou
de transportar troféus de caça, a brasileira que impediu a cobrança de taxas extras para alunos deficientes, o casal gay que mudou a
definição de casamento em um dicionário em português ("união legítima entre homem e mulher") e o aplicativo de táxi que adotou
uma medida para dificultar o assédio às passageiras. Isso sem contar as muitas iniciativas que você vê - e até adere - via e-mail e
redes sociais. As inimigas dirão que é ativismo de sofá. Mas que funciona, funciona.
"Transição" define este momento, segundo o especialista Augusto de Franco, criador da Escola de Redes. Ele explicou
que, com sociedades cada vez mais conectadas, o padrão de conexão ficou menos centralizado. A consequência é um nível de
interatividade jamais visto e também a redução nos graus de separação entre as pessoas. Esse formato viabiliza mobilizações sem
convocações centralizadas, como as realizadas em diversas partes do mundo desde o início do século. As manifestações de junho
de 2013 no Brasil, por exemplo, não tiveram um líder ou entidade hierárquica. O movimento baseou-se em processos P2P (ponto
a ponto), originados por um alto grau de conectividade e disponibilidade de mídias interativas em tempo real. "O telefone celular
tem um grande papel, mesmo quando não havia conexão móvel. A CONVOCAÇÃO PARA O MARÇO DE 2004 NA ESPANHA
[MANIFESTAÇÃO APÓS ATENTADO EM MADRI] ESPALHOU-SE BASICAMENTE POR SMS", lembra Franco.
Essas mensagens de texto também foram usadas pela blogueira cubana Yoani Sánchez, do blog oposicionista Generación
Y, para espalhar sua mensagem ao mundo. Sem acesso liberado à internet, ela aderiu aos torpedos para fazer postagens "às cegas"
no Twitter: só enviava, sem visualizar ou interagir com outros internautas. A cubana criou seu blog em 2007, no que ela chama de
um "exercício de covardia": dizer naquele espaço virtual o que não podia falar sendo cidadã de um país comunista. Ela queria ser
ouvida e encontrou na internet uma forma de fazer isso. Situação parecida com aqueles que, até pouco tempo atrás, não tinham
meios de veicular sua mensagem - com a diferença de não estarem necessariamente em Cuba, mas sim às margens de qualquer
sociedade.
Em média, 60% dos acessos ao Change.org vêm de telefones celulares. Grande parte desses usuários toma conhecimen-
to das causas via redes sociais, uma prova de que as manifestações têm de estar onde o povo está. Para Lucas Pretti, diretor da
organização no Brasil, há uma diferença clara na abrangência dos pedidos (uma rápida pesquisa no site mostra que eles vão do
impeachment de Dilma Rousseff ao estudante que pleiteia letras maiores na prova do Enem). No entanto, todos buscam algum
tipo de transformação: "SE 40 PASSAGEIROS PASSAREM A USAR UM TRAJETO DE ÔNIBUS QUE ANTES NÃO EXISTIA, O

82
MUNDO DELES MUDOU. O IMPACTO PODE SER EM UMA ESCALA LOCAL OU GLOBAL", afirma.
Para que as manifestações tragam mudanças, Pretti destaca a importância de se fazer pedidos concretos para as pessoas
certas. Não adianta, por exemplo, mobilizar a internet pedindo que todos os políticos corruptos sejam presos (spoiler: isso não vai
acontecer). Nem pedir para a presidente mais linhas de ônibus em seu bairro, considerando que ela não cuida disso. Mas adiantou,
sim, entregar à Anvisa um abaixo-assinado pedindo a liberação de um remédio até então proibido, que reduz e ameniza crises de
epilepsia - isso aconteceu com o enfermeiro Valdir Francisco Vaz, que precisava da medicação para o filho, Lorenzo. "Relatando sua
história, ele conseguiu um benefício para muitas outras pessoas que enfrentam o mesmo problema", analisa o diretor da Change.
org no Brasil.

AULA DE RESISTÊNCIARAFAEL REZENDE, COORDENADOR DA REDE MEU RIO

A Escola Municipal Friedenreich, no Rio, quase foi demolida antes da Copa. Motivo: dar espaço
a um estacionamento no Maracanã. Junto à rede Meu Rio, pais, professores e alunos criaram abaixo
assinado, telefonaram para dirigentes, participaram de audiências. Nas férias de 2012, uma webcam
transmitiu imagens da escola em tempo real. Em caso de alerta, Rezende acionaria via SMS toda a rede,
que iria ao local. Não precisou. A pressão funcionou, e hoje a escola é tombada.

Para Rosemary Segurado, cientista política e professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), o indi-
cador de sucesso no ativismo não se resume a atingir o objetivo final - isso muda, é claro, de acordo com o que for pleiteado. Ela
cita como exemplo o movimento das Diretas Já, em 1984, que defendia o direito de o povo escolher o presidente. "A reivindicação
não foi atendida naquele momento, mas não conheço ninguém que considere aquele movimento derrotado. Foi extremamente
vitorioso, porque conseguiu rearticular forças políticas importantes, proporcionou o desenvolvimento de partidos e movimentos
sociais", compara. A derrota pode ser uma análise simplista, reducionista, considerando outros tipos de ganhos. "Esses processos
são importantes para a construção da cidadania", completa.
A especialista chama atenção para outro ponto importante das manifestações, desta vez negativo. Num momento em
que a democracia vive uma crise de representatividade em todo o mundo (#nãomerepresenta), Rosemary alerta para o surgimento
de grupos com discurso fácil, sem consistência, que se apresentam como alternativa às lideranças tradicionais. "Aqueles que não
conhecem a dinâmica da política podem facilmente cair no canto da sereia. Na política não existe vácuo e alguém sempre ocupará o
espaço vazio", analisa. Na esteira da Primavera Árabe, por exemplo, muitos tunisianos acabaram sendo recrutados pelos terroristas
do Estado Islâmico para lutar na Síria e no Iraque.
Atualmente, o Estado Islâmico é considerado um exemplo do uso eficaz do ativismo. O marechal Robert Hannigan, diretor
da GCHQ, o órgão de segurança e inteligência do governo britânico, escreveu recentemente um artigo no qual classifica o grupo
terrorista como o primeiro composto por nativos digitais. Daí tanta familiaridade e noção em como fazer as coisas: aderiram a pla-
taformas como Twitter, Facebook e WhatsApp, onde falam a linguagem dos outros usuários. Seus vídeos online com ataques, tiros
e explosões têm o visual típico de games. Eles usam hashtags populares - ligadas à Copa do Mundo ou à epidemia de ebola, por
exemplo - para espalhar sua mensagem entre diferentes públicos. Já as imagens grotescas de decapitação param bem na hora do
ato: eles perceberam que muita violência pode ser contraprodutiva e bani-los das redes sociais.
"Enquanto a Al-Qaeda e seus associados viam a internet como um lugar para disseminar anonimamente material ou se
encontrar em 'espaços obscuros', o Estado Islâmico abraçou a web como um canal para se promover, intimidar pessoas e tornar os
novos recrutas mais radicais", escreveu Hannigan. Em discurso no Pentágono sobre os avanços desse grupo extremista, o presidente
Barack Obama afirmou que os EUA continuarão a ajudar seus parceiros a conter a propaganda de ódio do EI: "PRINCIPALMENTE
ONLINE", destacou.
Nem precisa chegar ao Estado Islâmico para encontrar exemplos em que o ativismo não causa transformações positivas. A
edição do TAB sobre humilhação na internet mostra diversos casos em que internautas se mobilizaram - muitas vezes sob o pretexto

83
de um bom motivo - e acabaram destruindo a vida de outras pessoas. Em setembro, na zona sul do Rio, um grupo de jovens se
organizou para fazer "blitze" em ônibus que vinham do subúrbio: o objetivo era impedir que suspeitos de arrastões chegassem até
as praias. Os "fiscais", que combinavam a ação via WhatsApp, visavam "moleques de chinelo, com cara de quem não tem R$ 1 no
bolso". Alguns foram tirados dos ônibus, recebendo socos e chutes daqueles que colocavam em prática uma versão deplorável do
faça você mesmo.
A ferramenta contra o lado B do ativismo pode estar justamente na internet: na busca de mais informações, na análise da
origem do conteúdo, na replicação apenas daquilo que pode ser confirmado. Para o filósofo francês Pierre Lévy, especializado em
cibercultura, os riscos de manipulação são maiores quando o cidadão tem acesso a alguns poucos jornais e canais de TV. "Quanto
mais fontes, menores são as possibilidades de manipulação absoluta", afirmou durante uma palestra em São Paulo no ano passado.
Muitos tentarão fazê-lo, claro, mas o cidadão tem a possibilidade e o dever de pensar, comparar, aprender e praticar o pensamento
crítico. "HÁ RISCOS NA CIBERDEMOCRACIA. MAS NADA QUE É ORGÂNICO SEGUE SEM RISCO: SE ELES NÃO EXIS-
TEM, É PORQUE AQUILO JÁ ESTÁ MORTO", afirma. Ele lembra que IBM e Microsoft já ocuparam o papel de lobo mau hoje
pertencente ao Google e Facebook, mas isso passou: "todo poder é mortal".
Enquanto essas duas empresas dão as cartas, é preciso estar ciente sobre como elas usam algoritmos para mimar seus
internautas, entregando sempre aquilo que eles já gostam - um mecanismo que pode dar uma falsa força ao ativismo, indicando
que "todos" estão de acordo com sua causa. "Se você tem alguma tendência feminista e clica nesse tipo de conteúdo, começa a
receber mais informações relacionadas até estar cercada delas. É como se amanhã abrisse a 'Folha' e 70% das reportagens falassem
sobre feminismo. Isso não acontece, é um retrato distorcido da realidade", compara Radfahrer, da ECA.
Em outras palavras, o engajamento passa também por conhecimento e busca de mais informação - que certamente estão
na internet, mas não apenas no feudo do Facebook. "Chega a ser contraditório. A internet abriu espaço para aprofundarmos no
conteúdo, mas a gente segue a lógica da timeline: rolar a tela para baixo de forma infinita, esperando o que vem em seguida. O
conteúdo passa e já cai no esquecimento", conclui Porto, da F/Nazca. Cabe a cada usuário, hoje com o poder nas mãos, decidir o
que vai fazer: realmente engajar-se nas causas que acredita ou restringir seu ativismo à ação de um clique.
https://tab.uol.com.br/ativismo-digital/ (19.10.15)

TEXTO 2
Contra ativismo de sofá, amigos criam movimento ‘Geração Atitude’ no AC
Geração Atitude busca despertar a consciência política dos eleitores.

Tentar mudar o que incomoda sentado em frente do computador é fácil, difícil é ver algum resultado prático disso. E é
justamente contra o chamado 'ativismo de sofá', que um grupo de amigos de Rio Branco decidiu criar o movimento Geração Atitude,
que traz como lema "eu apoio, sem nada em troca''.
Dizendo não ter ligação política com nenhum partido, o advogado Emerson Jarude e o empresário Lucas Profeta, dois
dos idealizadores do movimento, explicam que o objetivo é informar as pessoas sobre seus direitos e deveres, principalmente, os
políticos. Dessa forma os eleitores vão saber como e de quem cobrar melhorias no serviço público.
"A partir do momento que as pessoas foram aderindo ao movimento surgiram novas ideias, a coisa ganhou corpo. A ideia
inicial era se mexer, a gente entendeu que nós dos anos 80 e 90 possuíamos muita sabedoria e conhecimento para deixar um legado
para a próxima geração. Entendemos que ficar só em casa no sofá reclamando não iria adiantar. Vimos a inércia das pessoas, elas
reclamavam e debatiam, mas sempre no conforto de suas casas", conta Profeta.
O Geração Atitude procura levar as informações a respeito do movimento e dos projetos que fazem parte dele de várias
formas. Através de postagens nas redes sociais, grupos no WhatsApp e até visitas na casa de amigos e familiares para discutir o
tema, debater projetos municipais e também para receber sugestões que dão seguimento ao projeto.

84
Na página no Facebook, que já conta com mais de 3 mil seguidores, no Instagram são 2 mil e no Whatsapp o um grupo de
ao menos 220 pessoas ajudam na divulgação de campanhas como doações de medula óssea e doação de livros, além de incentivar
o consumo consciente de água e energia elétrica.
"Percebemos que há a necessidade de uma consciência política onde a população deve saber qual a função dos seus
gestores como o prefeito, o vereador, entre outros. O Geração Atitude busca levar transparência para que as pessoas saibam onde
são investidas as verbas repassadas para Rio Branco e como devem funcionar as instituições públicas. Nosso trabalho não é criticar,
nós informamos e a população decide a análise que deve ser feita", explica Jarude.

Pilares

O grupo foi formado a partir de pilares importantes como a busca pela redução de gastos públicos, corte de regalias para
políticos, valorização do servidor público com base na meritocracia, diminuição da carga tributária, transparência e acessibilidade.
"Fazemos um trabalho de formiguinhas. Às vezes falta divulgação sobre os direitos do eleitor, mas existem vários meca-
nismos para fazer isso, inclusive as redes sociais que possuem um custo baixo. O Geração Atitude está nas redes, não temos aporte
financeiro, mas provamos que a informação pode ser levada à população", afirma o advogado.
Profeta relata que muitos possuem dúvidas em relação à ligação do movimento com partidos ou políticos. Porém, o em-
presário destaca que a intenção é justamente não possuir amarras. O projeto busca a conscientização política ao mostrar os pontos
bons e ruins das gestões, principalmente a de Rio Branco, e também destacar as mudanças que podem ser feitas.
"Percebemos que para fazer mudanças reais nós precisávamos começar em algum ponto, sair para as ruas, debater, con-
versar e trocar ideias. Dessa forma o projeto agrega uma pluralidade de ideias importante. Nós não temos bandeias partidárias, se
a ideia é boa aplaudimos, se é ruim mostramos outro caminho", destaca Profeta.

Combate à corrupção

Dentre os pilares estabelecidos pelo grupo está o combate à corrupção e falta de transparência das instituições públicas.
Com uma linguagem fácil, acessível e usando as redes sociais para divulgação, o grupo mostra, por exemplo, quanto os vereadores
e prefeitos podem gastar durante a campanha após o projeto de reforma política ser aprovado no Congresso e sancionado pela
presidente Dilma Rousseff em outubro de 2015.
"Com base nas informações que temos, buscamos conscientizar as pessoas para que fiquem mais atentas em relação aos
gastos públicos. Se um vereador ganhar R$ 12 mil por mês, como ele pode gastar R$ 500 mil na campanha? Essa conta não bate,
por isso a população deve abrir os olhos e cobrar transparência dos seus gestores", destaca.
Para os integrantes do movimento, algumas iniciativas simples podem fazer diferença para que a população acompanhe,
por exemplo, o processo de construção de obras pública, e tenha acesso aos prazos e também os valores gastos. A principal neces-
sidade, segundo eles, é criar mecanismos que possibilitem o acesso à informação.
"Algumas pessoas achavam que era tudo muito utópico, coisa de sonhador. Mas isso mudou a partir do momento em que
o movimento ganhou as redes sociais e os integrantes passam a acreditar na ideia. Esse movimento não surgiu como um modismo,
não é um clamor popular, é uma coisa que vem sendo pensada há bastante tempo. Somos apenas jovens querendo deixar um
legado, pois há muito tempo esses ideiais foram perdidos", finaliza Profeta.
http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2016/05/contra-ativismo-de-sofa-amigos-
-criam-movimento-geracao-atitude-no-ac.html (14.05.2016)

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É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

Em média, 60% dos acessos ao Change.org vêm de telefones celulares. Grande parte desses usuários toma conhecimento das
causas via redes sociais, uma prova de que as manifestações têm de estar onde o povo está.
https://tab.uol.com.br/ativismo-digital/ (19.10.15)

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE


A) De acordo com o filósofo Kwame Anthony Appiah, de Princeton – em seu livro O Código de Honra – muitas revoluções
morais se dão porque as pessoas que resistem à mudança, com o tempo, passam a se sentir ridicularizadas. Ele cita o exemplo
dos chineses que obrigavam as mulheres a deformar os pés para que ficassem artificialmente pequenos. Quando a convivência
com os ocidentais aumentou, o costume foi abolido para que a China não ficasse mal no cenário internacional."
https://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/o-ativismo-de-facebook-
-funciona-a2gv7jl59b5zl930qlb1uzepp/ (04.07.2015)

B) Para Pedro Abramovay, diretor de campanhas da ONG internacional de ativismo online Avaaz, o modelo tradicional de demo-
cracia representativa, com um voto a cada quatro anos, é insuficiente para dar conta de uma realidade na qual os cidadãos po-
dem se conectar rapidamente em torno de um objetivo comum. Ele acha que o ato de compartilhar uma petição no Facebook,
por exemplo, é um comportamento “profundamente político”, na medida em que as pessoas assumem uma posição diante de
seus amigos e abrem espaço para contra-argumentos. “As pessoas passam 14 tanto tempo na internet, ela é tão importante
para nossas vidas, que considero despolitizador dizer que a política feita ali é menos importante”, diz. Um exemplo do êxito
dos abaixo-assinados online é a Lei da Ficha Limpa: dois milhões de pessoas assinaram uma petição para que a Câmara dos
Deputados aprovasse o projeto de lei.
Cartilha: Internet e Redes Sociais como ferramentas de Mobilização http://www.mobilizado-
res.org.br/wp-content/uploads/2016/01/Cartilha-Redes-Sociais-e-Mobilizacao.pdf

III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

A Escola Municipal Friedenreich, no Rio, quase foi demolida antes da Copa. Motivo: dar espaço a um estacionamento no
Maracanã. Junto à rede Meu Rio, pais, professores e alunos criaram abaixo assinado, telefonaram para dirigentes, partici-
param de audiências. Nas férias de 2012, uma webcam transmitiu imagens da escola em tempo real. Em caso de alerta,
Rezende acionaria via SMS toda a rede, que iria ao local. Não precisou. A pressão funcionou, e hoje a escola é tombada.
https://tab.uol.com.br/ativismo-digital/ (19.10.15)

IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM)

Exemplos desse tipo de ativismo vão desde petições online, criação de sites denúncia sobre uma determinada causa,
organização e mobilização de protestos e atos que aconteçam fora da rede, flashmobs, hackerativismo e o uso de games
com uma função política e social.
Cartilha: Internet e Redes Sociais como ferramentas de Mobilização http://www.mobilizadores.

86
org.br/wp-content/uploads/2016/01/Cartilha-Redes-Sociais-e-Mobilizacao.pdf

V. CITAÇÃO

Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob uma interpretação e um sentido também
compartilhados”
Bernardo Toro e Nísia Wernek. Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação

VI. DIREITOS HUMANOS

Artigo 22.º

Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos
direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmo-
nia com a organização e os recursos de cada país.
Declaração Universal dos Direiros Humanos.

87
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Metrópolis: Ativismo Digital

Fonte: Youtube

LER

Artigo

O CÓDIGO DE HONRA: Como ocorrem as


revoluções morais – Kwame Anthony Appiah

ATIVISMO DIGITAL E IMAGEM ESTRATÉGIAS


DE ENGAJAMENTO E MOBILIZAÇÃO EM
REDE - Tarcísio Torres Silva

Cartilha: Internet e Redes Sociais como


ferramentas de Mobilização

88
Proposta ENEM
TEXTO 1
O ativismo digital, de acordo com Oscar Howell-Fernández, é uma forma poderosa de expressão e de ação
social. “É uma representação mais ou menos exata de nossas preferências e de nossa atividade social que se
desenvolve de maneira constante e diária online, diante de instituições públicas ou privadas, governamentais ou
comerciais”, afirma em seu livro. Cada clique, cada comentários, cada like é um tipo de voto. Às vezes, esse magma
de opiniões eclode em forma de protesto; no resto do tempo é uma fonte incrível de informação para os cientistas
de dados.
Oscar Howell-Fernández, em entrevista ao El país. https://brasil.elpais.com/bra-
sil/2017/12/08/tecnologia/1512753235_185478.html (♣08.12.2017)

TEXTO 2
As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa
não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de
conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de
suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.
Zigmunt Bauman, em entrevista ao El país. “Zygmunt Bauman: “As redes sociais são uma armadilha”” ht-
tps://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html (30.12.2015)

TEXTO 3
Rede Mobilizadores - Alguns especialistas chamam o ciberativismo de ativismo de sofá, num certo tom
pejorativo e dizem temer o enfraquecimento das formas tradicionais de protesto. O que pensa a respeito?
R. Gustavo: De fato, é plenamente possível que, a partir de um sofá, uma pessoa acabe se envolvendo
em uma série de iniciativas virtuais. Essa conduta pode ser boa ou ruim. Se houver a ilusão de que tais iniciativas
substituem a articulação e o engajamento no mundo “real”, então não há dúvidas de que teremos sérios proble-
mas. Por outro lado, esse ativismo virtual pode ser um importante elemento para se somar à militância no mundo
“real”. Imaginemos, por exemplo, uma iniciativa contrária à construção de uma hidrelétrica que vai inundar uma
área indígena. O uso das redes sociais pode ser importante ferramenta de mobilização, tanto para ampliar o alcan-
ce da luta quanto para constranger os tomadores de decisão. No entanto, as iniciativas na internet jamais poderão
substituir a luta concreta, no mundo real, dos povos atingidos por essa barragem.
Entrevista a Gustavo Gindre, jornalista, professor e integrante do Coletivo Intervozes. http://www.mobilizadores.org.
br/entrevistas/ativismo-virtual-so-e-eficaz-se-houver-engajamento-no-mundo-real/ (Acessado em 12.04.2019)

90
TEXTO 4

Estudo especial Mobile, divulgado pelo Ibope Nielsen (pesquisa realizada entre 25 de abril a 2 de maio
de 2012) http://www.nuvemlab.com.br/blog/habitos-dos-internautas-de-internet-movel/

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema DESAFIOS PARA TRANSFORMAR O CYBERATIVISMO EM MUDANÇAS SOCIAIS, apresentan-
do proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

91
Proposta vestibular
TEXTO 1
Sofativismo significa "ativismo de sofá". Consiste em um tipo de mobilização social que surge na Internet,
o meio usado pelos participantes (também designados "sofativistas") para manifestarem o seu apoio em uma
causa através de ações diversas nas redes sociais. O neologismo "sofativismo" é proveniente da palavra inglesa
"slacktivism", uma junção dos termos "slacker" (preguiçoso) e "actvism" (ativismo), formando a expressão "ati-
vismo preguiçoso".
https://www.significados.com.br/sofativismo/

TEXTO 2

https://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/o-ativismo-de-facebook-funciona-a2gv7jl59b5zl930qlb1uzepp/

TEXTO 3
As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa
não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de
conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de
suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.
Zigmunt Bauman, em entrevista ao El país. “Zygmunt Bauman: “As redes sociais são uma armadilha”” ht-
tps://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html (30.12.2015)

92
TEXTO 4
O ativismo digital, de acordo com Oscar Howell-Fernández, é uma forma poderosa de expressão e de ação
social. “É uma representação mais ou menos exata de nossas preferências e de nossa atividade social que se
desenvolve de maneira constante e diária online, diante de instituições públicas ou privadas, governamentais ou
comerciais”, afirma em seu livro. Cada clique, cada comentários, cada like é um tipo de voto. Às vezes, esse magma
de opiniões eclode em forma de protesto; no resto do tempo é uma fonte incrível de informação para os cientistas
de dados.
Oscar Howell-Fernández, em entrevista ao El país. https://brasil.elpais.com/bra-
sil/2017/12/08/tecnologia/1512753235_185478.html (08.12.2017)

TEXTO 5
Rede Mobilizadores - Alguns especialistas chamam o ciberativismo de ativismo de sofá, num certo tom
pejorativo e dizem temer o enfraquecimento das formas tradicionais de protesto. O que pensa a respeito?
R. Gustavo: De fato, é plenamente possível que, a partir de um sofá, uma pessoa acabe se envolvendo em
uma série de iniciativas virtuais. Essa conduta pode ser boa ou ruim. Se houver a ilusão de que tais iniciativas subs-
tituem a articulação e o engajamento no mundo “real”, então não há dúvidas de que teremos sérios problemas.
Por outro lado, esse ativismo virtual pode ser um importante elemento para se somar à militância no mundo “real”.
Imaginemos, por exemplo, uma iniciativa contrária à construção de uma hidrelétrica que vai inundar uma área indí-
gena. O uso das redes sociais pode ser importante ferramenta de mobilização, tanto para ampliar o alcance da luta
quanto para constranger os tomadores de decisão. No entanto, as iniciativas na internet jamais poderão substituir
a luta concreta, no mundo real, dos povos atingidos por essa barragem.
Entrevista a Gustavo Gindre, jornalista, professor e integrante do Coletivo Intervozes. http://www.mobilizadores.org.

br/entrevistas/ativismo-virtual-so-e-eficaz-se-houver-engajamento-no-mundo-real/ (Acessado em 12.04.2019)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregan-
do a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

O ATIVISMO DIGITAL: FERRAMENTA DE MUDANÇA OU FALSO ENGAJAMENTO?

93
94
L C ENTRE
REDAÇÕES EXTRAS

FRASES

Pratique mais

L C
ENTRE
FRASES
Propostas extras – ENEM
Proposta 1

TEXTO 1
O desperdício de alimentos é usualmente classificado por parlamentares, estudiosos e líderes de opinião
como crime, mas sempre em sentido metafórico. Afinal, não é ato tipificado em código legal, embora signifique
a deterioração de nutrientes, quando ainda há pessoas passando fome, e a dilapidação de insumos agrícolas e
recursos ambientais.
Desperdiçar alimentos, portanto, não gera multa e tampouco leva à prisão. A culpa é de quem, em particular,
se, de praxe, decorre do encadeamento de ações compartilhado por toda a sociedade?
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alerta: 30% de tudo o que é pro-
duzido no mundo perdem-se em alguma parte do caminho entre as mãos de quem planta e as bocas de quem
come (ou quer comer). Isso corresponde a 1,3 bilhão de toneladas. Só no Brasil, 26 milhões de toneladas ficam no
meio do caminho em vez de chegarem ao prato dos mais de 7 milhões de famintos (veja infográfico na página 24).
O conhecimento técnico para minimizar essas perdas ao longo do processo de plantio, colheita, encaixo-
tamento, transporte, armazenamento e venda já existe. De modo idêntico, estão claras as principais mudanças de
hábitos exigidas dos moradores das cidades: planejamento de compras, maior cuidado na escolha e manuseio de
frutas e hortaliças e incremento da disciplina na conservação dos produtos. O problema, conforme o consultor do
Senado Marcus Peixoto, é a falta de informação e capacitação das pessoas envolvidas.
https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/regulacao-economica/desperdicio-de-alimentos (Acesso em 14.04.2019)

TEXTO 2

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/brasileiros-jogam-fora-comida-
-boa-e-nao-enxergam-o-desperdicio.shtml (julho/2018)

97
TEXTO 3
As perdas no início da cadeia de alimento são mais comuns em países subdesenvolvidos, que lidam com
baixo aporte tecnológico no manejo das lavouras, carência de estrutura para estocagem da produção e infraes-
trutura inadequada para escoamento das safras. Já em países de média e alta renda, a maior contribuição para o
desperdício parte do consumidor. Porém, mesmo no contexto da classe média baixa, o desperdício pode ocorrer
por fatores culturais, como o gosto pela abundância à mesa, compras excessivas, armazenamento inadequado do
alimento ou mesmo desinteresse pelo consumo das sobras.
Na primeira etapa, as perdas derivam de colheita inapropriada, entre outras causas, como ataque de pragas,
doenças e desastres naturais. Após a colheita, o produto que estraga rapidamente é geralmente manuseado de
forma rudimentar, o que vai acarretar danos físicos e deteriorações fisiológicas e patológicas.
Nas etapas após a colheita, as perdas são oriundas do uso de embalagens inadequadas, transporte im-
próprio, não uso de refrigeração, desconhecimento de técnicas de manuseio, disponibilização inadequada nas
gôndolas e excesso de toque nos produtos pelos consumidores. As perdas pós-colheita podem ser classificadas
como fisiológicas (ex.: amadurecimento), por injúria mecânica (ex.: armazenamento em caixas inadequadas) ou
fitopatológicas (ex.: ataque por microrganismos).
https://www.embrapa.br/tema-perdas-e-desperdicio-de-alimentos/sobre-o-tema (Acesso em 14.04.2019)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema OS ENTRAVES NO COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS NO BRASIL, apresentando
proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Proposta 2

TEXTO 1
Como é a prevenção das IST*
O uso da camisinha (masculina ou feminina) em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o méto-
do mais eficaz para evitar a transmissão das IST, do HIV/aids e das hepatites virais B e C. Serve também para evitar
a gravidez. A camisinha masculina ou feminina pode ser retirada gratuitamente nas unidades de saúde.
Quem tem relação sexual desprotegida pode contrair uma IST. Não importa idade, estado civil, classe social,
identidade de gênero, orientação sexual, credo ou religião. A pessoa pode estar aparentemente saudável, mas pode
estar infectada por uma IST.
A prevenção combinada abrange o uso da camisinha masculina ou feminina, ações de prevenção, diagnósti-
co e tratamento das IST, testagem para HIV, sífilis e hepatites virais B e C, profilaxia pós-exposição ao HIV, imuniza-
ção para HPV e hepatite B, prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatite B, tratamento antirretroviral
para todas as PVHA, redução de danos, entre outros.

*Segundo o Ministério da Saúde, A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passa a ser
adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade
de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas.
http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist/como-e-prevencao-das-ist (Acessado em 14.2019)

98
TEXTO 2
Apesar das informações sobre as DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) circularem livremente, espe-
cialmente hoje em dia por causa das redes sociais, o jovem brasileiro não se preocupa em se prevenir. Seja por
não ter tido contato com alguém doente ou por acreditar que “isso nunca vai acontecer” com ele. Só de HIV, uma
das mais graves DSTs, houve aumento principalmente entre os mais jovens. Na faixa etária dos 20 aos 24 anos,
a taxa de detecção subiu de 16,2 casos por 100 mil habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015, informou o
Ministério da Saúde.
https://noticias.r7.com/saude/sem-medo-de-doencas-jovens-nao-se-protegem-na-hora-
-do-sexo-e-casos-de-dsts-disparam-no-brasil-28042017 (28.04.2017)

TEXTO 3

https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2017/02/13/por-que-os-jovens-nao-usam-camisinha.htm (13.02.2017)

99
TEXTO 4

https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2017/02/13/por-que-os-jovens-nao-usam-camisinha.htm (13.02.2017)

TEXTO 5

http://ceagespoficial.blogspot.com/2017/12/tire-suas-duvidas-sobre-hiv-e-aids.html (Acessado em 14.2019)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua for-
mação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema
O AUMENTO DOS CASOS DSTS ENTRE OS JOVENS NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.

100
Proposta 3
TEXTO 1
Definida como a incapacidade que uma pessoa demonstra ao não compreender textos simples, muitos
brasileiros, mesmo se achando “capacitados” por possuírem um diploma de determinado nível de escolaridade,
só conseguem decodificar, minimamente, letras, frases isoladas, algumas sentenças e textos curtos, demonstrando
uma absoluta dificuldade de interpretação de textos.
Segundo matéria exibida em 10 de novembro de 2016, no Jornal da Record, o percentual desfavorável ao
nível de alfabetização do brasileiro é alarmante. Quase metade da população brasileira entre 15 e 64 anos sabe ler
e escrever, mas tem imensa dificuldade de interpretar textos, bem como organizar as ideias no papel na argumen-
tação sobre uma tese a se defender. […]
No Brasil, menos de 70% daqueles que possuem diploma de nível superior conseguem ser proficientes na
leitura e escrita, ou seja, demonstrar habilidade e competência na leitura e na produção de textos. E Somente 8 em
cada 100 pessoas têm um perfeito domínio da leitura e produção de qualquer tipo de texto.
Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/academico/analfabetismo-
-funcional-no-brasil/103313/ Acesso em 15 agosto 2017.

TEXTO 2
Taxa de analfabetismo funcional.

FONTE: IBGE (Censo Demográfico) ANO: 2010

TEXTO 3
Meta 9 – Alfabetização e Analfabetismo Funcional

Elevar a taxa de alfabetização da população de 15 (quinze) anos ou mais para 97,5% até o 5º (quinto) ano
de vigência do PEE e, até o final da vigência, superar o analfabetismo absoluto e reduzir em pelo menos 50% a
taxa de analfabetismo funcional no Estado.
http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-tecnicas/areas-da-conle/tema11/a-meta-9-

-do-pne-e-a-alfabetizacao-de-jovens-e-adultos-a-persistencia-do-passado-o-olhar-para-o-presente-o-desafio-futuro-1

101
TEXTO 4

(Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/-o5APVAYBCUs/UCWxbhTuyaI/AAAAAAAAAQk/8C8VDqx9HqQ/


s1600/313066_473361359355177_1594481690_n.jpg - Acesso em: 8 jun. 2017).

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema DESAFIOS PARA REDUZIR O ANALFABETISMO FUNCIONAL NO BRASIL, apresentando pro-
posta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Proposta 4
TEXTO 1
Ato de adquirir, de maneira ilegal, vegetais, animais, entre outros recursos naturais, destinados à pesquisas
ou desenvolvimento de produtos. A região da Amazônia é um grande alvo da biopirataria, geralmente são as
grandes empresas multinacionais que praticam essa ilegalidade.
https://www.dicionarioinformal.com.br/biopirataria/ (Acessado em 14.04.2019)

TEXTO 2
O juiz federal Jucélio Fleury Neto aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) do Amapá
contra a Sambazon e o diretor-presidente da empresa, que acusa o empreendimento de biopirataria. A empresa
teria explorado o patrimônio genético do açaí sem autorização do Brasil e não teria beneficiado comunidade ribei-
rinha de onde houve a exploração.
Em nota enviada quando a empresa foi denunciada à Justiça Federal, a Sambazon negou que houve acesso
ao patrimônio genético do açaí e declarou que vem trabalhando junto às autoridades reguladoras para alinhar os
entendimentos. A empresa ressaltou ainda que segue com o compromisso de trabalhar no desenvolvimento da
floresta amazônica.
O MPF, que investiga a Sambazon há 12 anos, quer que a empresa deixe de usar o açaí brasileiro em seus
produtos até que obtenha o cadastro regular no conselho.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também avaliou a
conduta da empresa americana por 5 anos e concluiu que ocorreu, ilegalmente, acesso ao material genético. Na
época foi aplicada multa no valor de aproximadamente R$ 75 mil.
https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2018/10/08/justica-federal-aceita-denuncia-

-contra-empresa-acusada-de-biopirataria-do-acai.ghtml (08.10.2018)

102
TEXTO 3

http://www.arionaurocartuns.com.br/2018/11/charge-biopirataria.html (Novembro de 2018)

TEXTO 4
O Brasil é considerado um país biodiverso, com cerca de 22% das espécies nativas mundiais. Nós somos o
país com maior diversidade biológica (biodiversidade) do planeta. Devido à vasta riqueza vegetal e animal, o país é
alvo constante de biopiratas. Ao contrário de outras formas de contrabando ou reprodução ilegal de conhecimentos
sem autorização de seus proprietários ou detentores, a biopirataria não é tipificada como um ato criminal, mas
apenas administrativo. Isso quer dizer que infratores sofrem aplicação de multas.
Contudo, a biopirataria não é algo recente. Essa prática é observada desde a época do Brasil Colônia.
Lembre-se da exploração predatória do pau-brasil pelos portugueses. Ou ainda, do envio de mudas de seringueira
da região norte brasileira para a Ásia, no final do século XIX. No entanto, o termo ficou mais conhecido a partir
de denúncias que foram veiculadas na mídia sobre produtos tipicamente brasileiros, mas que tiveram seus nomes
registrados e patenteados em outros países. Além do cupuaçu, o açaí, a copaíba e a andiroba também estão na
lista de produtos biopirateados.
De maneira simplificada, a biopirataria consiste na exploração, manipulação, exportação de recursos bioló-
gicos, com fins comerciais. Para você entender melhor, a biopirataria poderia ser retratada como uma espécie de
contrabando de organismos vegetais e animais, com apropriação de seus princípios ativos e monopolização desse
conhecimento por meio do sistema de patentes. Um exemplo é o cupuaçu, típico do nosso país, mas que teve seu
nome popular registrado como marca por diversos países. Isso obrigou o Brasil a pagar royalties ao exportar pro-
dutos à base desse fruto.
http://eurekabrasil.com/biopirataria-crime-ou-nao/ (24.05.2018)

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema AS DIFICULDADES EM COMBATER A BIOPIRATARIA NO BRASIL, apresentando proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumen-
tos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

103
Propostas extras – vestibular
Proposta 1
TEXTO 1
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH) aprovou, no dia 21.06.2017,
o requerimento de audiência pública para debater a criminalização do funk, segundo uma proposta de Sugestão
Legislativa apresentada pelo cidadão Marcelo Alonso.
Na CDH, a matéria vai ser relatada pelo senador Romário, que solicitou audiência pública para discutir a
questão. Romário quer trazer para o debate no Senado o autor da proposta, compositores e cantores de funk, além
de antropólogos que estudam o gênero musical. Entre os artistas listados para opinar sobre o assunto estão Anitta,
Nego do Borel e Valesca Popozuda –expoentes do estilo musical.
Para Romário, é preciso avaliar em que medida os crimes ocorridos durante ou após os bailes podem ser
coibidos pelo Estado, sem que seja necessária uma medida tão drástica como transformar o funk em crime. “Como
carioca nato e eternofunkeiro, faço questão de defender essa bandeira” – disse o senador.
Para virar projeto de lei, a sugestão ainda precisa ser aprovada na CDH. Qualquer brasileiro pode apresentar
ideias
legislativas para modificar ou criar novas leis. Se em um período de 4 meses essas ideias receberem mais
de 20 mil apoios,
são encaminhadas para a CDH e formalizadas. A ideia legislativa de Marcelo Alonso teve quase 22 mil
apoios. A comissão
ainda vai divulgar a data para a realização da audiência.
(Pedro França. “CDH fará audiência para debater se o funk pode ser criminalizado”. www12.senado.leg.br, 23.06.2017. Adaptado.)

TEXTO 2
Diante da Sugestão Legislativa 17/2017 apresentada pelo cidadão Marcelo Alonso, a Comissão de Direitos
Humanos e
Legislação Participativa do Senado acatou requerimento de audiência pública para debate acerca da cri-
minalização do funk, cuja relatoria foi incumbida ao senador Romário. A descrição da ideia legislativa no 65.513
expressa: “É fato e de conhecimento dos brasileiros, difundido inclusive por diversos veículos de comunicação de
mídia e internet com conteúdos podres, alertando a população e o poder público sobre o crime contra a criança, o
menor adolescente e a família. Crime de saúde pública desta ‘falsa cultura’ denominada ‘funk’. Os chamados bailes
de ‘pancadões’ são somente
um recrutamento organizado nas redes sociais por e para atender criminosos, estupradores e pedófilos para
a prática de
crime contra a criança e o adolescente, incentivando o uso, a venda e o consumo de álcool e drogas, agen-
ciamento, orgia e exploração sexual, estupro e sexo grupal entre crianças e adolescentes, pornografia, pedofilia,
arruaça, sequestro, roubo etc.” A sugestão recebeu apoio de quase 22 mil pessoas e, em pesquisa de opinião no
sítio do Senado, recebeu mais de 54% de votos favoráveis.
(Adriane Célia de Souza Porto e Júlia Pupin de Castro. “O funk estigmatizado e criminalizado:
inconcebível num Estado Democrático de Direito”. justificando.cartacapital.com.br, 27.07.2017. Adaptado.)

104
TEXTO 2
“No momento em que não se sabe lidar com uma série de assuntos complexos como violência, tráfico de
drogas, sexo, educação e juventude, cria-se a ideia de que todos os males da sociedade que não têm uma solução
fácil são provenientes de um gênero musical, de uma festa que, se acabasse, acabariam-se os problemas. É muito
cômodo e simplista acreditar que a proibição do baile funk acabaria com o abuso de drogas, com a gravidez na
adolescência e com outros problemas. Estou falando de coisas que acontecem independentemente do funk”,
afirma Danilo Cymrot, mestre em criminologia pela USP e autor da dissertação “A criminalização do funk sob a
perspectiva da teoria crítica”.
Segundo MC Leonardo, funkeiro carioca e fundador da Apafunk, associação que luta “pela Cultura Funk,
contra o
preconceito e a criminalização”, os bailes cariocas já estão criminalizados “informalmente”, por meio de
ações administrativas e da Polícia Militar. Eles deixaram de existir, “viraram folclore”, argumenta. O gênero ainda
atinge milhares de reproduções no YouTube, mas a proibição dos bailes, diz o funkeiro, impede a cadeia produtiva
de se formar: o surgimento de DJs, MCs, fotógrafos e outros profissionais do funk se dava nos bailes.
Em entrevista de março de 2017, a funkeira de Niterói MC Carol já havia anunciado o fim dos bailes nas
comunidades.“Não tem mais bailes nas comunidades do Rio de Janeiro. A UPP acabou com os bailes. Só com eles,
porque droga e arma ainda tem, o tráfico ainda existe, não mudou. Não tem mais baile funk há uns três anos. Se
tivesse um baile organizado, estaria gerando mais empregos. Se o baile rolasse numa quadra, com horário para co-
meçar e terminar seria legal. Acho que as pessoas deviam ver que o funk gerou muitos empregos: DJs, dançarinos,
MCs, gente que faz passinho e vai para os Estados Unidos”.
(Juliana Domingos de Lima. “Um projeto de lei quer criminalizar o funk. De onde vem

essa vontade”. www.nexojornal.com.br, 03.06.2017. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregan-
do a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A CRIMINALIZAÇÃO DO FUNK DIMINUIRIA A PRÁTICA DE DELITOS?

Proposta 2
TEXTO 1
Em 2015, o estopim foi o penteado com dreadlocks¹, tradicionalmente associado à cultura negra, usado
pelas celebridades americanas Miley Cyrus e Kylie Jenner, ambas brancas. Em 2016, foi um baile de Carnaval, em
São Paulo, em homenagem à África. Em 2017, foi uma estudante paranaense branca que disfarçou sua queda de
cabelos, consequência de um tratamento contra leucemia, com um turbante, acessório também tradicionalmente
associado à cultura negra. A discussão sobre apropriação cultural tornou-se tão recorrente quanto inflamada.
Afinal, quando uma manifestação cultural pode ser considerada própria de um grupo? Quando usar elementos
tradicionais de outro grupo é um desrespeito?
Para a cantora Leci Brandão, a apropriação cultural é desrespeitosa por se apropriar de símbolos da cultura
negra, sem levar junto suas mensagens. Já para o antropólogo Antonio Risério, o debate no Brasil é descabido por-
que pressupõe que, aqui, a divisão entre brancos e negros é profunda como é, por exemplo, a divisão que ocorre
nos Estados Unidos. “Nada doque chegou ao Brasil permaneceu ‘puro’”, afirma. “Falar em apropriação cultural é
coisa de quem quer implantar apartheids² em nossos trópicos, em vez de se lançar às marés das misturas.”
(Marcelo Moura. “Apropriação cultural é racismo?”. http://epoca.globo.com, 10.03.2017. Adaptado.)
1 dreadlocks: forma de se manter os cabelos, que consiste em fazer bolos cilíndri-
cos de cabelo que aparentam “cordas” pendendo do topo da cabeça.
2 apartheid: regime segregacionista que negava aos negros da África do Sul os direitos sociais, econômicos e políticos.

105
TEXTO 2
Apropriação cultural acontece quando não se incorpora, em sua difusão, o grupo social que a gerou. Ou
seja, o mercado quer aquele bem cultural, mas, antes de transformá-lo em um produto de consumo, ele o transfor-
ma, pasteuriza e impede que o grupo que o gerou participe dessa difusão. Sendo assim, o problema não está na
difusão do produto cultural tradicional, em si, mas na eliminação da população negra, que criou a tradição, desse
processo.
Um exemplo que se aplica bem a isso está nos desfiles das escolas de samba. Com o passar dos anos, o
protagonismodo Carnaval mudou. As Tias Baianas e as meninas das comunidades passaram a ser desprezadas para
dar lugar a pessoas famosas ou em busca da fama. É aí que falamos de apropriação. Ela ocorre quando aqueles
que de fato fizeram o desfile são substituídos por pessoas que nada têm a ver com a produção simbólica da agre-
miação, por mera questão estética, midiáticaou propriamente comercial.
Nesse momento da discussão, normalmente ouvimos o seguinte argumento: “Ah, mas como brasileiro te-
nho muito da cultura negra”. A troca cultural entre grupos sociais não é e nunca foi um problema. O problema
está no fato de que os elementos simbólicos da cultura negra sempre são esvaziados de sua negritude. Essa é a
questão! Nesse sentido, a apropriação cultural da identidade negra está na tentativa cruel de relativizar e diminuir,
insistentemente, aquilo que proporciona à própria comunidade a noção de pertencimento e identidade. Por isso, a
apropriação cultural é uma forma de dizer que isso ou aquilo não pode ser negro, mas é brasileiro ou multicultural.
(Leci Brandão. “Apropriação cultural é uma pasteurização da cultura negra”. http://epoca.globo.com, 10.03.2017. Adaptado.)

TEXTO 3
A cultura é a expressão de um conjunto de relações sociais que são dinâmicas e que tornam a própria cultu-
ra também dinâmica. Isso não quer dizer que determinado grupo perde a identidade ao longo do tempo, mas sim
que a sua cultura modifica-se, mantendo sua identidade.
Não somos os mesmos que nossos ancestrais. A nossa cultura não é a dos nossos antepassados, apesar de
mantermos um laço de identidade com eles. Vivemos em uma sociedade com diversos grupos sociais e identitá-
rios em constante interação, ou seja, uma sociedade onde negros, brancos, índios e um sem fim de miscigenados
convivem entre si, formando diferentes laços. Então é possível falar de apropriação cultural se entendemos que o
indivíduo está inserido em uma série de relações sociais com grupos identitários diferentes?
Falar sobre apropriação cultural é sinal de que parte de nós, negros, entendemos a nossa cultura atual atra-
vés de um essencialismo imutável ao longo do tempo. Existem diversos riscos nessa postura, sendo o mais impor-
tante o isolamento das relações sociais da sociedade. Apropriação cultural tenta dar conta de uma invisibilização
da cultura, surgida da própria dinâmica social, em um contexto de opressão. Uma pessoa usando turbante não é
apropriação. O próprio dinamismo cultural e as relações sociais que o produzem atingem brancos que podem dar
significações próprias, devido ao seu pertencimento a outros grupos identitários, a traços culturais aprendidos do
contato com grupos identitários negros. É assim que as culturas se modificam, não apenas por processos internos,
mas por contato externo com outras culturas.
(Lucas Cabral. “Sobre apropriação cultural e brancos usando turbantes”. https://amulherdopiolho.com.br, 12.02.2017. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregan-
do a norma-
-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
OS LIMITES ENTRE O DINAMISMO CULTURAL E A APROPRIAÇÃO DA CULTURA NEGRA

106
Proposta 3

TEXTO 1

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no Brasil há 5 624 crianças aptas a serem adotadas.
Para cada uma delas há seis adotantes (casais ou pessoas sozinhas) que poderiam ser seus pais (33 633), mas não
são. De acordo com o juiz Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, da Vara da Infância e Juventude do Foro Regional da
Lapa, São Paulo, o motivo do descompasso é claro: “os futuros pais têm um sonho adotivo com a criança que irá
constituir a família, e a maioria dos pais deseja recém-nascidos de pele clara”. Outros pais desejam especificamen-
te um bebê, e não querem crianças com mais de um ano.
Ocorre que apenas 6% das crianças aptas a serem adotadas têm menos de um ano de idade, enquanto
87,42% têm mais de cinco anos, faixa etária aceita por apenas 11% dos pretendentes. A questão racial também
pesa: 67,8% das crianças não são brancas, mas 26,33% dos futuros pais adotivos só aceitam crianças brancas. O
perfil das crianças na fila da adoção pode ser explicado por sua origem. A maior parte delas vem de setores vulne-
ráveis da sociedade. Segundo Carvalho, os principais motivos que levam famílias a perderem seus menores são a
negligência, o abandono e a violência física e sexual.
(Ingrid Matuoka. “Para cada criança na fila de adoção há seis famílias interessa-
das”. www.cartacapital.com.br, 08.06.2015. Adaptado.)

TEXTO 2

A raça ainda é um fator essencial na hora de uma família escolher uma criança. Segundo a juíza Andréa
Pachá, titular da 1a Vara de Família de Petrópolis (RJ), “Ainda é forte a fantasia de que a adoção deve obedecer aos
critérios da família biológica. Família é muito mais um núcleo de afeto do que herança biológica. Criança é criança,
não tem cor. O discurso que se tem é o de que a criança não pode se sentir diferente. Mas isso é uma forma de
preconceito”, analisa.
Há ainda outras dissonâncias entre o perfil desejado pelos pais e as crianças disponíveis para a adoção,
como a idade, os eventuais problemas de saúde e o fato de haver irmãos (nesses casos, não é recomendada a
separação deles). Essas exigências têm impedido milhares de adoções no país.
(Carolina Brígido. “Quase metade dos adultos que querem adotar faz questão de esco-

lher a cor da criança”.http://oglobo.globo.com, 24.01.2011. Adaptado.)

107
TEXTO 3
Receber uma criança de origem, muitas vezes, desconhecida, é um ato de amor e abnegação.
As crianças nos abrigos vêm, muitas vezes, de um passado de violência, abusos e privações severas em to-
dos os sentidos. Algumas, inclusive, precisarão reaprender a confiar e a amar as figuras materna e paterna. Os pais
podem optar por restringir-se a um tipo de criança para adotar ou estar abertos a qualquer perfil. Para a supervisora
da Vara da Infância do Distrito Federal, Niva Campos, a opção por crianças da mesma cor de pele na hora daadoção
não caracteriza preconceito. “Eu diria que é um desejo que tem a ver com o narcisismo de cada um, com a história
de vida de cada um. Para uns, isso vai ser muito importante, para outros adotantes não têm muita importância”.
Na opinião de Wagner Yamuto, administrador do site Adoção Brasil, é compreensível o fato de que quanto
mais nova a criança, maiores as suas chances de ser adotada. “Podemos afirmar que a maior parte dos pretenden-
tes adotam porque não podem gerar filhos da forma tradicional. Com isso, entra o desejo de ver a criança dar seus
primeiros passos, [dizer] as primeiras palavras, [dar] o primeiro sorriso. Isso acontece nos primeiros meses de vida
e não há como dizer que épreconceito e sim um desejo”.
(Marcelo Brandão. “Adotar significa abrir-se para uma nova aventura, no melhor sen-

tido da palavra”. www.ebc.com.br, 12.05.2013. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregan-
do a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
RESTRINGIR O PERFIL DA CRIANÇA PARA ADOÇÃO É UM ATO PRECONCEITUOSO?

Proposta 4
TEXTO 1
"O AR DA CIDADE liberta", diz um conhecido provérbio alemão do fim da Idade Média. Depois, no início do
século 20, pensadores como Georg Simmel e Walter Benjamin mostraram como a grande cidade, lugar impessoal
da massa, é, paradoxalmente, o lugar da individualidade. Pois, no contexto de comunidades pequenas, a liberdade
individual está sempre tolhida pelo olhar e o julgamento do vizinho. Já na cidade grande, ao contrário, o sujeito
é anônimo na multidão, por isso está livre para ser ele mesmo, isto é, ser outro, aquilo que não se esperaria dele.
A mistura de classes sociais, culturas, línguas, etnias e religiões que se dá na cidade é o melhor antídoto
que inventamos até hoje contra a intolerância e os fundamentalismos. Filha e irmã da imigração, a cidade quebra
os laços estamentais e a mentalidade paroquial dos clãs, colocando as pessoas em relação imanente e horizontal:
moeda, comércio, indivíduo, democracia. O mercado, porém, não coincide com a política. Enquanto o consumo é
balizado pelo poder aquisitivo e tende à desigualdade, a política existe para garantir certa equalização na multi-
plicidade, regulando a expansão do consumo e da desigualdade, assim como uma praça deveria ser lugar que não
fosse ocupado pela "casa" ou "nome" de ninguém.
Toda a graça da cidade, por isso, repousa no fato de que ela existe para dar espaço à individualidade, não
ao individualismo. Lugar da coletividade, ela se funda sobre as noções de comum e de público.
Folha de S. Paulo. 24/04/2015. Adaptado.

108
TEXTO 2
Uma grande cidade, onde se pode viajar horas a fio sem se chegar sequer ao início do fim, é algo realmente
singular. Essa concentração colossal, esse amontoado de milhões de seres humanos num único ponto centuplicou
a força desses milhões... Mas os sacrifícios que isso custou, só mais tarde se descobre. Depois de se vagar durante
dias pelas calçadas das ruas principais, descobre-se que esses habitantes tiveram de sacrificar a melhor parte de
sua humanidade para realizar todos os prodígios da civilização, com que fervilha sua cidade; que centenas de
forças, neles adormecidas permaneceram inativas e foram reprimidas... O próprio tumulto das ruas tem algo de
repugnante, algo que revolta a natureza humana. Essas centenas de milhares de pessoas de todas as classes e
situações, que se empurram umas às outras, não são todas seres humanos presumidamente semelhantes?... E, no
entanto, passam correndo uns pelos outros, como se não tivessem nada em comum; não ocorre a ninguém con-
ceder ao outro um olhar sequer. Essa indiferença brutal, esse isolamento insensível de cada indivíduo é tanto mais
repugnante e ofensivo quanto mais esses indivíduos se comprimirem em espaço exíguo.

F. Engels. Adaptado.

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema,
elabore um texto ‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
A VIDA NAS CIDADES: OPRESSÃO OU LIBERTAÇÃO?

Proposta 5

TEXTO 1
Vivemos numa época em que quase tudo pode ser comprado e vendido. Nas três últimas décadas, os mer-
cados – e os valores do mercado – passaram a governar nossa vida como nunca. Não chegamos a essa situação
por escolha deliberada. É quase como se a coisa tivesse se abatido sobre nós.
Quando a guerra fria acabou, os mercados e o pensamento pautado pelo mercado passaram a desfrutar
de um prestígio sem igual, e muito compreensivelmente. Nenhum outro mecanismo de organização de produção e
distribuição de bens tinha se revelado tão bem-sucedido na geração de afluência e prioridade. Mas, enquanto um
número cada vez maior de países em todo o mundo adotava mecanismos de mercado na gestão da economia, algo
mais também acontecia. Os valores de mercado passavam a desempenhar um papel cada vez maior na vida social.
A economia se tornava um domínio imperial. Hoje, a lógica de compra e venda não se aplica apenas a bens mate-
riais: governa crescentemente a vida como um todo. Está na hora de nos perguntarmos se queremos viver assim.
(...) Essa chegada do mercado e do pensamento centrado nela a aspectos da vida tradicionalmente governados por
outras normas é um dos acontecimentos mais significativos de nossa época.
Michel J. Sandel, filósofo, Professor na Universidade Harvard.
O que o dinheiro não compra. Os limites morais do mercado. RJ, Civilização Brasilleira, 2012 (Adaptado).

109
TEXTO 2
Reduzir o valor da vida ao dinheiro mata toda possibilidade de idealizar um mundo melhor. Somente o saber
pode fazer frente ao domínio do dinheiro, pelo menos por três razões. A primeira: com o dinheiro pode-se comprar
tudo (dos juízes aos parlamentares, do poder ao sucesso), menos o conhecimento. Sócrates lembra a Agatão que
o saber não pode ser transferido mecanicamente de uma pessoa a outra. O conhecimento não se adquire, mas
se conquista com grande empenho interior. A segunda razão diz respeito à total reversão da lógica do mercado.
Em qualquer troca econômica há sempre uma perda e um ganho. Se compro um relógio, por exemplo, "perco" o
dinheiro e fico com o relógio; e quem me vende o relógio "perde" o relógio e recebe o dinheiro. Mas, no âmbito
do conhecimento, um professor pode ensinar um teorema sem perdê-lo. No círculo virtuoso do ensinar, enriquece
quem recebe (o estudante), enriquece quem dá (quantas vezes o professor aprende com seus estudantes?). Trata-se
de um pequeno milagre. Um milagre - e essa é a terceira razão - que o dramaturgo irlandês George Bernard Shaw
sintetiza num exemplo: se dois indivíduos têm uma maçã cada um e fazem uma troca, ao voltar para casa cada
um deles terá uma maçã. Mas, se esses indivíduos possuem cada um uma ideia e a trocam, ao voltarem para casa
cada um deles terá duas ideias.(...)
A ditadura do lucro e do utilitarismo infectou todos os aspectos da nossa vida, chegando a contaminar esfe-
ras nas quais o dinheiro não deveria ter peso, como a educação. Transformar escolas e universidades em empresas
que devem produzir unicamente diplomados para o mundo do trabalho é destruir o valor universal do ensino. Os
estudantes adquirem créditos e pagam débitos com a esperança de conquistar uma profissão que possa dar a
eles o máximo de riqueza. A escola e a universidade, ao contrário, devem formar os heréticos capazes de rejeitar
o lugar-comum, de repelir a ideologia dominante de que a dignidade pode ser medida com base no dinheiro que
possuímos ou com base no poder que possamos gerenciar. A felicidade, como nos recorda Montaigne, não consiste
em possuir, mas em saber viver.
Professor E. Ordine. Sociólogo italiano – Universidade da Calábria, em entrevis-

ta a João Marcos Coelho. O Estado de S. Paulo, 15/2/2014.

A partir da leitura dos fragmentos de textos acima e do planejamento de seus argumentos sobre o tema,
elabore um texto ‘dissertativo-argumentativo’, com o uso da norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema
É DESEJÁVEL E POSSÍVEL LIMITAR O PODER DO DINHEIRO?

110
L C ENTRE
PRONTUÁRIO

FRASES

L C
ENTRE
FRASES
Prontuário
Meta 2019:

Conquistar uma vaga no curso de Medicina.


Para conquistar a sua meta, divida-a em objetivos menores. Assim, fica mais fácil acompanhar a sua evo-
lução:

Escrever redações nota dez.


Para atingir esse objetivo:

Escrever _____ redações por semana.

Minhas Notas
Semana 10 11 12 13
Check

Redações Extras
Extras 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Original

Reescrita

LEMBRE-SE:

As notas fazem parte de um processo. Cada uma representa uma avaliação


pontual.
É importante olhar para elas e autoavaliar-se para desenhar estratégias
que ajudem a melhorar seus textos.

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