Você está na página 1de 150

Fig.

01
provad
oa
o
esp çod
a

Literatura
ResuMapas de

espaoçvoado
do
apr
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O que você vai


Fig. 02

encontrar nesse e-book


Introdução e avisos legais ............................................. 3 Vanguardas Europeias ................................................... 112
Gêneros literários ........................................................... 10 Modernismo em Portugal ............................................... 117
Trovadorismo .................................................................. 19 Modernismo no Brasil: 1ª fase ........................................ 121
Humanismo ..................................................................... 18 Modernismo no Brasil: 2ª fase ........................................ 128
Classicismo .................................................................... 26 Romance de 1930 ............................................................. 133
Quinhentismo................................................................... 31 Geração de 45 e Concretismo ........................................ 138
Barroco ............................................................................ 35 Prosa pós-moderna ......................................................... 143
Arcadismo ....................................................................... 42 Lista de Ilustrações ............................................................... 145
Romantismo em Portugal ................................................ 51 Referências bibliográficas .................................................... 148
Romantismo no Brasil: 1ª geração ................................... 55
Romantismo no Brasil: 2ª geração .................................. 58
Romantismo no Brasil: 3ª geração .................................. 63
Romance Urbano ............................................................. 69
Romance Indianista ......................................................... 73
Romance Regionalista .................................................... 77
Realismo .......................................................................... 80
Naturalismo ..................................................................... 90
Parnasianismo ................................................................. 95
Simbolismo ...................................................................... 99
Pré-Modernismo .............................................................. 105

do
espaoçvoado
apr
3
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

3
Fig. 0

Introdução

Gostaríamos de te agradecer pela compra do material do Espaço do Aprovado (@espaçodoaprovado). Todo conteúdo foi
feito com muito carinho e dedicação para que você, estudante, possa alcançar seus sonhos e estudar com mais facilidade.
Esperamos que você se sinta satisfeito com o material, e por último, não esqueça de nos enviar um feedback em alguma
das nossas redes sociais!

Todo o conteúdo deste material, incluindo, mas não se limitando a textos, imagens, gráficos, logotipos, ícones, fotografias,
aúdio, vídeo, software e outros materiais aqui contidos, são protegidos pela legislação brasileira de direitos autorais e
propriedade intelectual. Estes direitos pertencem exclusivamente ao Espaço do Aprovado.

É proibido copiar, reproduzir, distribuir, modificar, exibir, publicar, transmitir ou criar obras derivadas deste material sem a
autorização prévia e expressa do titular dos direitos autorais. Qualquer meio de compartilhamento, seja por Google Drive,
Torrent, Mega, WhatsApp, redes sociais ou quaisquer outros meios se classificam como ato de pirataria, conforme o art.
184 do Código Penal. Qualquer uso não autorizado do conteúdo deste material pode violar as leis de direitos autorais e
outras leis aplicáveis, e pode resultar em sanções civis e criminais.

do
espaoçvoado
apr
4
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Reconhecer

Passos Entender
para aproveitar melhor os

ResuMapas Memorizar

Explicar

do
espaoçvoado
apr
5
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Reconhecer

A primeira forma de fixar um conteúdo é escrevendo e produzindo. Porém, como já fizemos


essa etapa para você, seu passo a passo muda, e acaba se tornando o seguinte:

Ler o material com calma

Primeiro dirija o seu foco para o que está escrito e depois, associe com as imagens

Dê o tempo de alguns segundos observando a imagem e tente associá-la com o que


está escrito.

A cada novo ResuMapa que você ler, o ideal é que você repita a leitura pelo menos 2x,
com calma.
Nessa primeira etapa, não tente memorizar nada, apenas leia e releia, prestando
atenção no que está escrito e tentando associar com as imagens e figuras.

do
espaoçvoado
apr
6
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Entender

Essa etapa é bem autoexplicativa, e você vai tentar entender o que leu.

Uma forma legal de fazer isso é reescrever ao lado do que está escrito, só que
dessa vez, usando as suas próprias palavras a forma como você entendeu aquilo.

Você pode ler um tópico, a frase, o destaque e tentar repetir o que está escrito sem
olhar para o ResuMapa.
Você também pode ler o que acabou de escrever em voz alta ou mentalmente.

do
espaoçvoado
apr
7
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Memorizar

Você pode usar e abusar dos mnemônicos ou da técnica de palácio da memória.

Essas técnicas foram feitas para você criar uma história ou palavra-chave
(acrônimo) para te ajudar na memorização do que você esteja estudando.

É importante você se atentar que essa etapa é muito mais uma "decoreba" de termos
muito práticos e difíceis de serem memorizados, e você só está inserindo em sua cabeça
por repetição, garantindo que vai lembrar sempre que precisar.

do
espaoçvoado
apr
8
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Explicar

É claro que uma das melhores formas de aprender um conteúdo, é ensinando para alguém.

Nessa etapa, pense que você é um professor administrando uma aula na sua
turma e tente explicar sobre o assunto que está estudando nesse ResuMapa.

Essa etapa é muito importante! Não sinta vergonha de falar sozinho, pode colocar o seu
porta lápis, mochila ou almofada na sua frente e explique para ela, o efeito de ensinar
continua.
Como você assumirá o papel de professor, tente explicar cada passo a passo de forma
concisa e eficiente, para que seu aluno fictício compreenda bem, e consequentemente,
você fixe mais o conteúdo.

do
espaoçvoado
apr
9
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Com esses passos, você assimilará mais de 80% do assunto e não terá
grandes chances de se esquecer do que estudou.

Antes de você partir para os ResuMapas, é importante que você saiba a


extrema importância de praticar seu conhecimento estudado por meio
dos exercícios. Já que o nosso foco é fazer com que você tenha um
estudo de qualidade e aprenda de forma eficiente, não esqueça de
esperar o acesso, após 7 dias da sua compra, às fichas de exercícios que
disponibilizamos para o seu estudo ficar ainda mais completo.

Pronto, agora que você entendeu nossa metodologia, vamos aos ResuMapas!

DICA: Use e abuse do ZOOM para


explorar os mapas digitalmente!

do
espaoçvoado
apr
10
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

@espaçodoaprovado

GÊNEROS LITERÁRIOS

GÊNEROS LITERÁRIOS
O primeiro a categorizar as formas de fazer literário foi o filósofo grego Aristóteles.

Ele dividiu em gêneros literários em três:

GÊNERO LÍRICO
Corresponde ao gênero que aborda a emoção e a subjetividade de um eu,

4
.0
ou seja, o eu-lírico, utilizando recursos expressivos, como o metro, o ritmo e Fi g

a rima, além da plurissignificação da linguagem.

A poesia lírica é responsável por manifestar o mundo interior, conforme as necessidades do


poeta.
O lirismo se define como a expressão pessoal de uma emoção demonstrada através de vias
ritmadas e musicais.
@espaçodoaprovado Esse caráter
. 05 Fig
. 06 metalinguístico
Fig Além de exercer a função poética da linguagem, característica do gênero permite que o poeta
lírico, vale ressaltar que também se encontra a função de pense o próprio
metalinguagem em vários poemas. fazer poético.

O soneto se configura como um poema de 14 versos: dois quartetos (conjuntos de quatro


versos) e dois tercetos (conjuntos de três versos). Essa estrutura remete a forte influência do
do
Renascimento. espaoçvoado
apr
11
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

@espaçodoaprovado

ASPECTOS ESTRUTURAIS DA POESIA

GÊNEROS LITERÁRIOS
As estrofes de um poema podem ser nomeadas conforme a sua quantidade de versos
pertencentes, como mostra a tabela abaixo:

TIPO DE TIPO DE
NÚMERO DE VERSOS NÚMERO DE VERSOS
ESTROFE ESTROFE

Dístico 2 Sétima 7

Terceto 3 Oitava 8

Quarteto 4 Novena 9

Quinteto 5 Décima 10

Sexteto 6

Além disso, alguns aspectos são importantes para atribuir a sonoridade das palavras, com base
na construção de recursos poéticos, como o ritmo, a rima e o metro.

do
espaoçvoado
apr
12
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Ritmo: Ele é marcado principalmente pela alternância entre os acentos (sílabas átonas/tônicas)
e as pausas.

GÊNEROS LITERÁRIOS
Metro: É o número de sílabas métricas pertencentes a um verso. Na sua contagem
(metrificação), não se deve considerar as sílabas que ocorrem após a última sílaba tônica do
verso.
Os metros são nomeados conforme ao nome referente ao número de sílabas
que o compõe: 4 sílabas = tetrassílabo; 6 sílabas = hexassílabo; 8 sílabas =
octossílabo, e assim por diante.

07 O que são versos livres? Nomes especiais.


g. Alguns metros possuem nomes especiais, como

8
. 0
Fi

É quando os versos de um poema possuem número

Fig
redondilha menor (5 sílabas métricas), redondilha
diferente de sílabas, ou seja, possuem irregularidade
maior (7sílabas), decassílabo (10 sílabas) e
no número de sílabas métricas.
alexandrino ou dodecassílabo (12 sílabas).
@espaçodoaprovado

As redondilhas são conhecidas como medida

Fig. 09
velha porque era uma estrutura métrica
utilizada na Idade Média. Já os versos
decassílabos são conhecidos como medida
nova, porque surgiram no Renascimento.

Rima: É a coincidência ou a semelhança entre sons a partir da última vogal tônica no fim dos
versos.
As rimas podem se classificar como:
do
espaoçvoado
apr
13
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Pobres: quando as palavras rimadas pertencem à mesma classe gramatical.


Ricas: quando as palavras rimadas pertencem a classes gramaticais diferentes

GÊNEROS LITERÁRIOS
g.
10 O que são versos brancos?
É quando os versos do poema não

Fi
apresentam rimas.
@espaçodoaprovado

Quando à distribuição da rima dos poemas, elas se classificam em:

Emparelhadas ou paralelas (AABBCC):


Chega-te a mim! Entra no meu amor (A)
E à minha carne entrega a tua flor! (A)
Preme contra o meu peito o teu seio agitado, (B)
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado! (B)
Abençoo o teu crime, acolho o teu desgosto, (C)
Bebo-te, de uma a uma, as lágrimas do rosto! (C)
BILAC, Olavo. A alvorada do amor. Antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 1997. p. 11. (Fragmento).

Intercaladas, interpoladas ou opostas (ABBA):


Poeta fui e do áspero destino (A)
senti bem cedo a mão pesada e dura. (B)
Conheci mais tristeza que ventura (B)
e sempre andei errante e peregrino. (A)
Vivi sujeito ao doce desatino (A)
que tanto engana, mas tão pouco dura; (B)
e inda choro o rigor da sorte escura, (B) do
espaoçvoado
se nas dores passadas imagino. (A) apr
ALBANO, José. In: FARACO, Sérgio (Org.). Livro dos sonetos: 1500-1900. Porto Alegre: L&PM, 1996. (Fragmento)..
14
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

@espaçodoaprovado
Cruzadas, entrecruzadas ou alternadas (ABAB):
Porém, como me agora vejo isento (A)

GÊNEROS LITERÁRIOS
dos sonhos que sonhava noite e dia (B)
e só com saudades me atormento, (A)
entendo que não tive outra alegria (B)

. 11
F ig
nem nunca outro qualquer contentamento (A)
senão ter cantado o que sofria. (B)
ALBANO, José. In: FARACO, Sérgio (Org.). Livro dos sonetos: 1500-1900. Porto Alegre: L&PM, 1996. (Fragmento)..

Encadeadas: o fim de um verso coincide com o interior do seguinte.


E tresloucadas ou casadas com o som das baladas, (A)
As fadas (A) são belas, e as estrelas (B)
São delas... (B) ei-las alheadas. (A)
PESSOA, Fernando. Ficções de Interlúdio; O eu profundo e outros eus: seleção poética. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 98. (Fragmento).

Misturadas: não se enquadram em nenhum dos esquemas apresentados.


Nas ruas da feira (A)
Da feira deserta (B)
Só a lua cheia (C)
Branqueia e clareia (C)
As ruas da feira (A)
Na noite entreaberta (B)
PESSOA, Fernando. Ficções de Interlúdio; III/Pierrot Bêbado. O eu profundo e outros eus: seleção
poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 96. (Fragmento)..
do
espaoçvoado
apr
15
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

GÊNERO DRAMÁTICO
Corresponde ao gênero da ação, do movimento e representa as ações num palco.

GÊNEROS LITERÁRIOS
A peça teatral é uma composição literária com a finalidade de ser apresentada por atores, num
palco, eles dialogando entre si, dividida em atos e cenas.

MODALIDADES MAIS COMUNS DO GÊNERO DRAMÁTICO:

TRAGÉDIA

2
Fig. 1
Representa ações trágicas e que podem despertar medo ou piedade.
Segundo o filósofo Aristóteles, a principal finalidade era tragédia era
impressionar o público para fazê-los refletirem sobre as paixões e os @espaçodoaprovado
vícios humanos.
Os personagens eram sempre da alta estirpe (nobres, deuses e semideuses), e os conflitos que
envolviam as questões de honra e de poder.
Assim, a principal finalidade da tragédia era a catarse: correspondia a purificação da alma pelo
terror e pela piedade que as tragédias podiam despertar, por conta da situações de dor e de
sofrimento que eram representados. Dessa forma, o espectador se simpatizava com o herói,
que, além da nobreza, reconhecia seu erro.
Os principais textos definitivos da tragédia grega são:
Prometeu acorrentado e a trilogia Orestíada, de Ésquilo;

Édipo rei, Electra e Antígona, de Sófocles;

Medeia, As troianas e As suplicantes, de Eurípedes. do


espaoçvoado
apr
16
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

COMÉDIA

Representa os fatos comuns e cotidianos da vida das pessoas.

GÊNEROS LITERÁRIOS
O principal objetivo da comédia era fazer as pessoas sorrirem, por meio de críticas aos costumes.

TRAGICOMÉDIA

Representa a comédia misturada com elementos cômicos e trágicos.

AUTO

É uma peça curta que tem por finalidade o conteúdo religioso ou

Fig. 13
profano, com caráter moralizante.
Surgiu na Idade Média. @espaçodoaprovado

FARSA

É uma pequena peça teatral com o objetivo de despertar o sorriso com situações ridículas,
grotescas ou engraçadas, para satirizar os costumes.
Surgiu por volta do século XIV.

GÊNERO ÉPICO
Se define como uma narrativa grandiosa em versos, contando os feitos heroicos pertencentes
a formação de um povo ou de uma nação.

Homero foi um poeta grego e autor das principais obras que influenciaram a literatura mundial:
Ilíada e Odisseia.
do
espaoçvoado
apr
17
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Fig. 1
4

A epopeia clássica é dividida em algumas partes, sendo elas:

Proposição: é o momento em que o autor apresenta a matéria do poema.

GÊNEROS LITERÁRIOS
Invocação: é o momento em que as musas e outras entidades místicas são invocadas.
Dedicatória: é o momento em que o autor dedica o poema a alguém. Essa etapa é
facultativa.
Narração: é o momento em que a ação começa no decurso dos acontecimentos, depois
seguindo a ordem cronológica, tendo a parte inicial da narrativa contada por meio de uma
retrospectiva, ou seja, por um “flashback”.
Epílogo: é o momento em que se encerra a epopeia.

Nas epopeias é comum a presença da mitologia greco-latina, ou seja, de heróis humanos


contracenando com heróis mitológicos.

GÊNERO NARRATIVO
Tem como principal tipo o romance, surgindo como o meio de experiência, do conhecimento e
da prática, para apresentar uma narrativa ficcional.
O personagem do romance, ou seja, da narrativa de ficção em geral, não é heroico, e reúne
diversos traços, positivos e negativos, sendo alguém se transforma e evolui, se configurando
como um personagem com o qual o público pode se identificar.
@espaçodoaprovado

ELEMENTOS DA NARRATIVA

Narrador: É quem narra a história, podendo ser onisciente, observador ou personagem. do


espaoçvoado
apr
18
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Tempo: É o determinado momento em que as personagens vivem as ações. Pode ser


cronológico ou psicológico.
Espaço: É o lugar em que ocorre e se desenvolve as ações.

GÊNEROS LITERÁRIOS
Enredo: É a trama da obra, a ação. Possui início, desenvolvimento, clímax e desfecho.
Personagens: São os seres fictícios de uma trama. O personagem principal recebe o nome de
protagonista e pode ser uma pessoa, animal ou objeto.

TIPOS DE NARRATIVA

5
. 1
Romance: É uma narrativa longa, que possui um enredo complexo e dividido

Fig
em capítulos, com diversos personagens variados em torno das quais
acontece a história principal. @espaçodoaprovado

Novela: É um módulo mais complicado do romance e mais dinâmico, possuindo enredo simples
dividido em episódios contínuos e sem interrupções.
Conto: É uma narrativa curta que gira em torno de um conflito, possuindo poucas personagens.
Crônica: É uma narrativa breve que objetiva comentar algo cotidiano; é um relato pessoal do
autor sobre algum fato do dia a dia.

do
espaoçvoado
apr
19
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

TROVADORISMO
Durante o século XII, ressurgiram as cidades, o progresso econômico e o intercâmbio cultural,
em detrimento do fim das grandes invasões na Europa.

Os cavaleiros assumiram a posição social de vassalagem amorosa.

TROVADORISMO
O princípio básico da literatura medieval era o servilismo, ou seja, a subserviência dos vassalos
ao seu suserano (senhor feudal) e dos fiéis a Deus. Assim, o trovador era subserviente à sua
dama (no caso da poesia) e um cavaleiro era subserviente à sua donzela (no caso das novelas
de cavalaria).

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM DE VASSALAGEM


AMOROSA
ESTRUTURA
6
. 1
A oralidade unia a música e poesia. Fig

Obediência a regras que definiam a vassalagem amorosa.


Preferência aos principais valores da sociedade cortês.

LINGUAGEM @espaçodoaprovado

Utilizava metros regulares, com várias rimas para facilitar a memorização.


Utilizava expressões para nomear a dama (senhor, mia senhor, senhor fremosa),
correspondentes ao papel social ocupado por ela.
O homem assumia o papel de servidor da dama, ou seja, lhe prestando generosidade, lealdade espaço doo
ap rovad
e principalmente, cortesia.
20
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O trovador abordava constantemente a mesura, ou seja, o mérito e o valor da sua dama.


O trovador também pedia que a sua dama o reconhecesse por conta da sua cortesia, lhe
garantindo um prêmio, já que seguia as regras da vassalagem amorosa.

O NASCIMENTO DA LITERATURA PORTUGUESA

TROVADORISMO
A literatura portuguesa coincide com o nascimento de Portugal, no ano de 1140, quando se
tornou independente do reino de Leão e Castela. O país não rompeu os laços econômicos,
sociais e culturais com o restante da península Ibérica, por isso, a sua mais forte influência era
a língua galego-português.

Dessa forma, os trovadores desenvolviam sua lírica amorosa baseada na literatura provençal.

O primeiro texto literário galego-português foi a “Cantiga da Ribeirinha” (ou “Cantiga da


Guarvaia”), supostamente feita em 1198, de Paay Soares de Taveiroos.

As cantigas galego-portuguesas se dividiam conforme o tema que abordaram:

líricas: cantigas de amor ou de amigo.


satíricas: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.

7
Fig. 1
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CANTIGAS

CANTIGAS DE AMOR @espaçodoaprovado

O tema abordava o sofrimento pelo amor que não era correspondido e que o trovador
dedicava a sua nobre senhora. do
espaoçvoado
apr
21
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O eu-lírico era sempre masculino e se denominava coitado e enlouquecedor, confuso.


O cenário era o ambiente palaciano.
A dama tinha sempre identificada as suas qualidades físicas (delgada, de bem parecer), morais
(bondade, lealdade) e também sociais (bom senso, saber falar mui bien).
Quando a dama era comparada às outras da mesma corte, o eu-lírico lhe representava com

TROVADORISMO
superior.
As comparações também funcionam para o trovador, que dizia ter sua dor maior do que a dos
outros.
O tom era pessimista, já que o amor cantado era impossível de ocorrer, por conta da
superioridade da posição do trovador e a que a dama ocupava.
@espaçodoaprovado
Costuma ser utilizada a redondilha maior (7 sílabas métricas).
O refrão é uma inovação em relação aos provençais.

F ig . 1 8
CANTIGAS DE AMIGO

O tema abordava uma relação amorosa concreta entre duas pessoas simples.
O tema central das cantigas de amigo é a saudade.
O eu-lírico é sempre feminino, representando a voz de uma mulher (amiga que está com
saudades por conta da ausência do amigo, que poderia ser namorado ou amante.
O cenário é o ambiente campesiano.
Vários personagens participam do universo amoroso, além da donzela e do amante, existe
também a mãe e algumas damas que são testemunhas do amor.
do
Às vezes, a mãe representa um obstáculo para os enamorados se encontrarem. espaoçvoado
apr
22
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O tom das cantigas de amigo é mais otimista, já que, apesar da saudade, se configurava como
um amor real entre pessoas de condição social semelhante.
Apresenta refrão.

Costuma ter redondilhas menores (5 sílabas métricas).


A organização dos versos e das estrofes é mais regular do que as outras cantigas.

TROVADORISMO
CANTIGAS DE ESCÁRNIO

O trovador critica alguém por meio de palavras com duplo sentido, ironias e trocadilhos.
Elas ridicularizam o comportamento de nobres, sejam homens ou mulheres.

Fig. 19
CANTIGAS DE MALDIZER
@espaçodoaprovado

O trovador critica alguém de modo explícito, por meio de linguagem ofensiva e de baixo calão.
Além disso, essas cantigas abordam as indiscrições amorosas de nobres e membros do clero.

Todas as cantigas foram preservadas graças às coletâneas manuscritas, os cancioneiros. Os


principais são: Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca
Nacional.
NOVELAS DE CAVALARIA
São os primeiros romances (longas narrativas em versos), que surgiram no século XII, contando
as aventuras dos cavaleiros andantes.

A origem das novelas de cavalaria se deu após o declínio do prestígio da poesia trovadoresca. do
espaoçvoado
apr
23
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

HUMANISMO
1434 é considerado o marco inicial do Humanismo em Portugal, por conta da nomeação de
Fernão Lopes como cronista-mor do reino.
Fernão Lopes assumiu o papel do povo e destacava a participação popular na história dos
reis, o que contribuía para o seu espírito humanista lhe destacar dos outros cronistas da
época.

HUMANISMO
A POESIA PALACIANA
Esta se passava nos serões do Paço Real. . 2
0
Fig

Abordava um amor menos idealizado.


@espaçodoaprovado

Usava a métrica regular, estrofes com menor número de versos e de glosas (estrofes que
retomavam e desenvolve o mote, o tema do poema).
As características citadas anteriormente permitiram ao poema não necessitar de um
acompanhamento musical para sustentar o ritmo, já que a linguagem desempenhou aquela
função.

O TEATRO DE GIL VICENTE


Ficou conhecido como o “pai do teatro português”, criando peças de caráter moralizante,
em que a religião católica aparece como referência de comportamento a partir da qual
são julgadas as virtudes e erros dos seres humanos.

As peças são humorísticas e que denunciam o panorama da sociedade portuguesa,


do
apresentando comportamentos ditos como inadequados, a chamada sátira de costumes. espaoçvoado
apr
24
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

@espaçodoaprovado
Suas obras se dividem em:
Autos pastoris (éclogas): possuem caráter religioso, como o Auto pastoril português; e
um caráter profano, como o Auto pastoril da serra da Estrela.

Autos de moralidade: correspondem as obras mais famosas do autor, como o Auto da


alma e a Trilogia das barcas, composta pelo Auto da barca do inferno, o Auto da barca
do purgatório e o Auto da barca da glória.
Farsas: são as peças populares e que discutem os problemas da sociedade. As mais

HUMANISMO
conhecidas são a Farsa de Inês Pereira e O velho da horta.

do
espaoçvoado
apr
25
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

CLASSICISMO

Fig. 21
CONTEXTO HISTÓRICO
Renascimento cultural, passando a marcar a substituição do mundo teocêntrico
(centrado em Deus) da Idade Média por uma visão de mundo regida pelo
antropocentrismo (centrada no indivíduo). @espaçodoaprovado

CLASSICISMO
O Renascimento surge como um interesse dos artistas pela arte, pela cultura e pelo
pensamento da Antiguidade Clássica. Dessa forma, o próprio nome “renascimento” define o
projeto de recuperação dos valores do mundo clássico.

Além disso, a prosperidade proporcionada pela economia mercantil fez com que as cidades
proporcionassem vida nos espaços urbanos e a convivência naquela região fosse almejada.

A população desejava desfrutar de um conforto social e econômico trazido pelas cidades e


assim, passavam a cultivar valores terrenos, ou seja, valorizando o pensamento racional e o
esforço individual.

A VALORIZAÇÃO DAS REALIZAÇÕES HUMANAS


O Classicismo resgata da Antiguidade Clássica os valores que privilegiavam a razão e ação
humanas.
No movimento classicista são valorizados termos como proporções, a harmonia das formas e o
equilíbrio das composições.
Nessa época, como se valorizava o ser humano, surgia um interesse pictórico pelo corpo, o que
do
passou a levar muitos artistas, como Leonardo da Vinci, a investigar a anatomia em seus estudos. espraoçvoado
ap
26
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O antropocentrismo é manifestado nas obras literárias do Classicismo. @espaçodoaprovado

A única exceção a essa regra se aplica a Camões, já que sua obra Os lusíadas
transita entre o teocentrismo e o antropocentrismo.

Fig. 22
O soneto é muito utilizado, porque é uma forma prática de explicitar o raciocínio e
acomodar um desenvolvimento argumentativo completo, por meio da simetria da

CLASSICISMO
forma.

O soneto apresenta o ponto de vista desenvolvido nos quartetos e é sintetizado nos tercetos.

O soneto é definido como “doce estilo novo”, doce porque os poetas consideravam os versos de
dez sílabas mais musicais do que os de sete.

O “estilo novo” se remete ao tema do amor que é visto de uma visão


mais racional e questionadora, onde o poeta busca entender os seus
sentimentos.

CLASSICISMO EM PORTUGAL
Portugal vivia um período de prosperidade porque expandia o seu território opor meio das
grandes navegações.

FRANCISCO DE SÁ DE MIRANDA

Através da leitura de Petrarca, na Itália, o poeta conhece as inovações humanistas.


Quando retorna a Portugal, Sá de Miranda escreve utilizando formas poéticas classicistas e do
espaoçvoado
introduz uma cena lusitana ao poema, marcado ainda por estruturas medievais. apr
27
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

A volta de Sá de Miranda marca o início do Classicismo português.


Em sua obra, a medida nova (versos com dez sílabas poéticas, os decassílabos), convivem com
a medida velha (versos de sete a cinco sílabas poéticas, as redondilhas).
Comigo me desavim

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;

CLASSICISMO
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
Com dor da gente fugia,
Antes que esta assicrescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?
MIRANDA, Sá de. In: LAPA, Rodrigues (Sel., pref. e notas). Sá de Miranda: poesias
escolhidas. Lisboa: Seara Nova, 1970. p. 1.

LUIZ VAZ DE CAMÕES


@espaçodoaprovado
A obra de Camões é dividida em poesia épica e poesia lírica.
Sua obra mais conhecida é a epopeia Os lusíadas: poemas épicos em que o autor canta os feitos
do povo português.
Nessa época de produção, o império português estava em declínio, então Camões decidiu
do
escrever sua obra para exaltar as glórias do povo lusitano. espaoçvoado
apr
28
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

A obra Os lusíadas é estruturada em dez cantos, apresentando um total de 1.102 estrofes e 8.816
versos, todos eles decassílabos.
O esquema de rima da obra Os lusíadas é ABABABCC, conhecido como oitava rima ou oitava
real.
O poema desenvolve dois principais temas: a glória do navegador português e a reconstituição
da história dos reis de Portugal.
No enredo do poema, o herói é Vasco da Gama.

CLASSICISMO
Os 10 cantos da obra Os lusíadas são divididos em cinco partes:

Proposição: é a apresentação do poema, com a identificação do tema e


do herói.

Fig. 23
Invocação: o poeta pede às musas que lhe deem inteligência e “um som
alto e sublimado” para cantar as glórias dos lusíadas.
Dedicatória: o poema é oferecido em tributo a D. Sebastião, rei de @espaçodoaprovado
Portugal na época de sua publicação.
Narração: desenvolvimento do tema, com o relato da viagem de Vasco
da Gama, além da narrar os episódios da história de Portugal.
Epílogo: encerramento do poema, em que o poeta se mostra desiludido
com sua pátria e pede às musas que silenciem sua lira.

Na poesia lírica, Camões aborda diversas formas de produção, utilizando metros da medida
nova e da medida velha.
Nos sonetos de Camões, se desenvolvem três principais temas: o desconcerto do mundo, as
mudanças constantes e o sofrimento amoroso.
do
espaoçvoado
apr
29
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Nos sonetos de desconcerto do mundo, se abordam o descompasso entre a aparência e a


realidade.
O eu-lírico aborda a falta de lógica presente no mundo e a confusão e o sofrimento que o
causa.
O soneto abaixo aborda o tema de desconcerto do mundo:

CLASSICISMO
Verdade, Amor, Razão, Merecimento
Perceba que, além de Camões, ocorre
Qualquer alma farão segura e forte;
o resquício de uma religiosidade
Porém, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte medieval e o racionalismo do
Têm do confuso mundo o regimento. Renascimento.

4
Efeitos mil revolve o pensamento, ig. 2
F No primeiro terceto, o eu-lírico
E não sabe a que causa se reporte; aborda a valorização do conhecido
Mas sabe que o que é mais que vida e morte, dos “doutores varões”.
Que não o alcança o humano entendimento.

No segundo terceto, o eu-lírico


Doutos varões darão razões subidas;
aborda que “o melhor de tudo é crer
Mas são experiências mais provadas,
em Cristo”.
E por isso é melhor ter muito visto
@espaçodoaprovado

Cousas há i que passam sem ser cridas


E cousas cridas há sem ser passadas...
Mas o melhor de tudo é crer em Cristo.
CAMÕES, Luís de. In: TORRALVO, Izeti Fragata; MINCHILLO, Carlos Cortez (Sel., apres. e
notas). Sonetos de Camões: sonetos, redondilhas e gêneros maiores. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2001. p. 152.

do
espaoçvoado
apr
30
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Já o sofrimento amoroso em Camões costuma ser associado a um conflito entre o amor


material (aquele profano e carnal) e o amor idealizado (aquele puro e espiritualizado).

Esse embate entre o amor espiritualizado e o sentimento mais profano se trata do


neoplatonismo amoroso, a forma de amor que por ser tão idealizada, não deseja realização
carnal.

O soneto abaixo aborda o tema de sofrimento amoroso.

CLASSICISMO
Chorai, Ninfas, os fados poderosos
daquela soberana fermosura!
Onde foram parar na sepultura Perceba que existe a visão
aqueles reais olhos graciosos? neoplatônica sobre o amor.

5
Ó bens do mundo, falsos e enganosos! ig. 2 O eu-lírico lamenta a morte da
F
Que mágoas para ouvir! Que tal figura amada, mas se reconforta porque ela
jaza sem resplendor na terra dura, transcendeu aos “bens do mundo,
falsos e enganosos”.
com tal rosto e cabelos tão fermosos!
@espaçodoaprovado
Das outras que será, pois poder teve
a morte sobre cousa tanto bela
que ela eclipsava a luz do claro dia?

Mas o mundo não era digno dela;


por isso mais na terra não esteve:
ao Céu subiu, que já se lhe devia.
CAMÕES, Luís de. In: TORRALVO, Izeti Fragata; MINCHILLO, Carlos do
Cortez (Sel., apres. e notas). Sonetos de Camões: sonetos, redondilhas e espaoçvoado
gêneros maiores. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. p. 74. apr
31
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

QUINHENTISMO
O PROJETO COLONIAL PORTUGUÊS

Fig. 26
O principal projeto do império português era realizar a expansão territorial.
@espaçodoaprovado

QUINHENTISMO
O rei D.Manuel I continuou com o projeto iniciado no século XV e enviou uma armada de
Cabral até a África para encontrar especiarias, já ciente de que poderia encontrar terras a
noroeste de Açores. Assim, o “descobrimento” do Brasil fez parte desse processo de
exploração e ocupação.

Paraíso Nacionalidade

8
. 2
Esse olhar estrangeiro sobre o Brasil define os
Pero Vaz de Caminha é o primeiro a

Fig
27
principais símbolos de nacionalidade brasileira:
.

descrever o Novo Mundo de modo


Fig

a exuberância da terra e dos homens nativos,


idealizado, onde as matas, a água passando a configurar temas literários muito
abundante, os animais exóticos e os índios explorados mais tarde por escritores de
se configurar como um paraíso tropical. diferentes épocas.

@espaçodoaprovado

Fig. 30

A Carta de Caminha revela os principais


29

interesses do projeto colonialista


g.
Fi

português: encontrar ouro, metais


preciosos e “salvar” os índios, esse último
trabalho destinado aos padres jesuítas.
do
espaoçvoado
apr
32
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

A LITERATURA DAS VIAGENS


Após descoberta das terras americanas, toda a geometria medieval mudou.

Além disso, o contato com culturas e religiões permitiu a Europa a mudar de mentalidade,
muito embora os colonizadores passassem a impor seus valores às populações nativas dos
novos territórios.

QUINHENTISMO
A LITERATURA DE CATEQUESE
A Companhia de Jesus foi fundada em 1534 e foi um instrumento da Igreja Católica para lidar
com a diminuição do seu poder, causada pela Reforma Protestante.

A função dos jesuítas era levar o catolicismo a outros territórios e converter fiéis

No Brasil, entre 1549 e 1605 os jesuítas fundaram várias cidades e inauguravam


escolas com o objetivo de educação.

Fig. 31
José de Anchieta chegou ao Brasil, em 1553 e fundou, o Colégio de São Paulo de
Piratininga.
@espaçodoaprovado
Ele escreveu diversos poemas líricos, a maior parte de cunho religioso, quase
sempre dicados à Virgem Maria, sendo também autor de diversas peças de teatros,
com a função religiosa e pedagógica em território brasileiro.

Uma obra de grande importância escrita por Anchieta é a Arte da gramática da língua mais
usada na costa do Brasil, de 1595, a primeira gramática da língua tupi.

do
espaoçvoado
apr
33
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRINCIPAIS LITERATURAS PRODUZIDAS NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO


NOVO MUNDO @espaçodoaprovado

LITERATURA DE VIAGENS OU DE INFORMAÇÃO

Os textos dos viajantes abordaram a nova terra como um paraíso

QUINHENTISMO
tropical, sendo a manifestação da bondade divina, a fim de estimular a
colonização do território descoberto.

32
Fi g

.
Os autores apresentam perfis diferentes e entre eles existem representantes tanto do
teocentrismo quanto do humanismo renascentista.

O que une os tipos de autores é o mesmo contexto de produção.

A produção textual aborda tratados, diários e relatos de viagens essencialmente


informativas, ou seja, trazendo informações sobre o povo nativo, a fauna e a flora.

A produção textual se caracteriza como crônica histórica.

Na linguagem, se utilizam estruturas descritivas dos relatos, com uso frequente de


comparações dos achados exóticos com os elementos conhecidos pelos europeus.

Os textos de Vespúcio tiveram ampla circulação na Europa.

A Carta de Caminha foi mantida em


Fig. 34
segredo, já que continha informações
preciosas sobre a rota de navegação da
esquadra de Cabral. do
espaoçvoado
33

apr
ig.

F @espaçodoaprovado
34
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

LITERATURA DE CATEQUESE

O principal objetivo dos textos era catequizar os índios e manter


presente a fé cristã.

Fig. 35
Os autores possuíam o mesmo perfil, sendo religiosos e buscavam formas

QUINHENTISMO
@espaçodoaprovado
de contato com a população nativa para convertê-los ao catolicismo.

Os poemas e as peças de teatro foram produzidas para converter os índios ao catolicismo.

As cenas bíblicas eram dramatizadas e a vida dos santos era feita, muitas vezes, em tupi,
para garantir a assimilação do conteúdo moral.
Além das cenas, também eram utilizadas formas mais populares de linguagem, como o
canto, o diálogo e as narrativas, utilizando mitos indígenas.

A circulação dos textos era feita de forma essencialmente oral.

do
espaoçvoado
apr
35
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

BARROCO
CONTEXTO HISTÓRICO

A Reforma Protestante surgiu com o objetivo de contestar algumas práticas da Igreja Católica.

João Calvino, que seguia as ideias de Lutero, introduziu a tese de que a prosperidade
alcançada por meio do trabalho não era pecado, e isso abria caminho, pela primeira vez na

BARROCO
religião, para que o lucro não fosse visto como algo negativo.

Por meio disso, vários fiéis trocavam a Igreja Católica pelo luteranismo.

No ano de 1545, a Igreja Católica instalava o Concílio de Trento, reagindo à propagação da


Reforma Protestante.

A reação da Igreja Católica é chamada de Contrarreforma.

As principais medidas tomadas pelo Concílio de Trento foram:

Reativou o Tribunal do Santo Ofício


Criou o Índice dos livros proibidos

Fig. 36
Fundou a Companhia de Jesus
@espaçodoaprovado

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
As visões de mundo se contrapõem: a antropocêntrica x a teocêntrica.
A tensão de mundo é expressada pela corrente barroca, sob a forma de uma consciência do
espaoçvoado
atormentada por grandes dúvidas existenciais. apr
36
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Nas principais obras barrocas, existe a tendência de unir os contrários, como o paganismo e o
cristianismo, o racional e o irracional, etc.

No movimento barroco, existe a tentativa de fundir as visões de mundo antagônicas


(medieval e renascentista), ocorrendo o fenômeno de fusionismo.

O Barroco também objetiva representar um mundo instável.

A ornamentação excessiva é uma típica característica do Barroco e tem como finalidade


exaltar a glória de Deus e de convencer o público a seguir a fé cristã.

BARROCO
Na literatura Palavras rebuscadas
. 37
Fig
Na literatura barroca, a ornamentação Toda essa ornamentação em excesso

8
. 3
excessiva está presente na abundância de leva os poetas a apreciarem uma

Fig
figuras de linguagem e nos jogos de linguagem rebuscada e valorizem a
palavras. agudeza e o engenho.

@espaçodoaprovado

. 41

F ig . 4 2
Agudeza: é o que acontece quando

F ig
se diz o que se pretende dizer, se
39
Fig.

forma inusitada e inteligente.

Engenho: é a capacidade de apontar


as semelhanças inesperadas entre
ideias e expressar um pensamento
em forma concisa. do
espaoçvoado
Fig. 40 @espaçodoaprovado apr
37
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Achando-se um braço perdido do Menino Deus Fig. 4


3
de N. S. das Maravilhas, que desacataram infiéis
na Sé da Bahia

O todo sem a parte não é todo;


A parte sem o todo não é parte;
Mas se a gente o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo. Nesse poema, Gregório de Matos
transforma, de maneira engenhosa,

BARROCO
Em todo o sacramento está Deus todo, um acontecimento observado (acha-
E todo assiste inteiro em qualquer parte, 4 se o braço perdido de uma imagem,
. 4
Fig do Menino Jesus) como uma forma de
E, feito em partes todo em toda a parte,
reflexão sobre a relação entre a
Em qualquer parte sempre fica todo.
parte e o todo para a fé cristã.

O braço de Jesus não seja parte, @espaçodoaprovado


Pois que feito Jesus em partes todo
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,


Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos diz as partes todas deste todo.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de


Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 289..

CORRENTES DO BARROCO
CULTISMO OU GONGORISMO
do
É comum na poesia. espaoçvoado
apr
38
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Aqui, a linguagem é bastante rebuscada, ocorrendo um uso intenso de jogos de palavras,


jogos de imagens e jogos de construção, além de apelar aos estímulos sensoriais que se
obtém, por exemplo, com o uso de sons e de cores no texto.

No sermão que pregou na Madre de Deus,


dom João Franco de Oliveira,
pondera o poeta a fragilidade humana

Na oração que desaterra .......................................... a terra, Nesse poema de Gregório de Matos,


Quer Deus que a quem está o cuidado ......................dado ele cria uma estrutura em que o final

BARROCO
Pregue, que a vida é emprestado ............................estado, da penúltima palavra de cada um dos
versos é duplicado, originando outra
Mistérios mil que desenterra .................................. enterra.
palavra.
Quem não cuida de si, que é terra ...............................erra,
5
Que o alto Rei, por afamado....................................amado, Fig
. 4
Essa estrutura é realizada de forma
É quem lhe assiste ao desvelado ................................. lado, que as palavras finais de cada verso
Da morte ao ar não desaferra, ...................................aferra. são retiradas das anteriores,
Quem do mundo a mortal loucura.............................. cura passando a sintetizar o que foi dito
A vontade de Deus sagrada......................................agrada, no verso que o concluem.
Firma-lhe a vida em atadura........................................dura.
@espaçodoaprovado
Ó voz zelosa, que dobrada .........................................brada,
Já sei que a flor da formosura, ................................... usura,
Será no fim desta jornada............................................ nada.
MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas
escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 290.

CONCEPTISMO OU QUEVEDISMO

Ocorre a valorização do conteúdo, em lugar da forma e da linguagem.


É comum em textos em prosa. do
espaoçvoado
Está presente, por exemplo, nos sermões do padre Antônio Vieira. apr
39
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O BARROCO NO BRASIL

PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Fig. 46
Como os protestantes e os católicos estavam em constante disputa, no século
@espaçodoaprovado
XVII, o sermão surge como uma estrutura para propagar a doutrina cristã,
utilizado pelos padres católicos.
Nos sermões barrocos, há a presença de uma posição moral defendida por meio do uso de

BARROCO
uma imagem, muitas vezes associada a uma passagem bíblica, que a ilustre.
Os sermões do padre Antônio Vieira ficaram famosos por conta da sua engenhosidade de
argumentação e pela destreza com que o autor manuseava os recursos da retórica.

Estão essas praças no verão cobertas de pó; dá um pé de vento, levanta-se o


pó no ar e o que faz? O que fazem os vivos, e muitos vivos. Não aquieta o pó,
nem pode estar quedo: anda, corre, voa, entra por esta rua, sai por aquela; já
vai adiante, já torna atrás; tudo enche, tudo cobre, tudo envolve, tudo
perturba, tudo toma, tudo cega, tudo penetra; em tudo e por tudo se mete, Perceba como, no Sermão da Quarta-
Feira de Cinzas, padre Antônio Vieira
sem aquietar, nem sossegar um momento, enquanto o vento dura. Acalmou o
utiliza a imagem do pó para
vento, cai o pó, e onde o vento parou, ali fica, ou dentro de casa, ou na rua, exemplificar a fragilidade da vida
ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na humana.
campanha. Não é assim? Assim é. E que pó e que vento é este? O pó somos
nós: Quia pulvis es; o vento é a nossa vida: Quia ventus es vita meã. Deu o Aqui, ocorre o desenvolvimento do
vento, levantou-se o pó; parou o vento, caiu. Deu o vento, eis o pó levantado: conceptismo.

esses são os vivos. Parou o vento, eis o pó caído: estes são os mortos. Os @espaçodoaprovado

Fig. 47
vivos pó, os mortos pó; os vivos, pó levantado, os mortos, pó caído; os vivos,
pó com vento, e por isso vãos; os mortos, pó sem vento, e por isso sem
vaidade. Esta é a distinção, e não há outra. do
espaoçvoado
VIEIRA, Antônio. In: PÉCORA, Alcir (Org. e intr.). Sermões: padre Antônio Vieira. São Paulo: Hedra, 2000. p. 60. apr
(Fragmento).
40
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

GREGÓRIO DE MATOS

Ele é considerado o primeiro grande poeta brasileiro.


Sua poesia é dividida em lírica, sacra e satírica.
Na poesia lírica, ele retoma temas clássicos privilegiando o desenvolvimento de um raciocínio
exemplar.
Abaixo está presente um exemplo de poesia lírica de Gregório de Matos:

BARROCO
A uma dama dormindo junto a uma fonte

À margem de uma fonte que corria,


Lira doce dos pássaros cantores,
A bela ocasião das minhas dores.
Canoras: melodiosas, sonoras.
Dormindo estava ao despertar do dia.
Mas como dorme Sílvia, não vestia Âmbar: cheiro suave; aroma.
O céu seus horizontes de mil cores; . 4
8
Fig
Dominava o silêncio entre as flores, Os dois diamantes: referência
Calava o mar, e rio não se ouvia. aos olhos de Sílvia.

Não dão o parabém à nova aurora @espaçodoaprovado

Flores canoras, pássaros cantantes,


Nem seu âmbar respira a rica flora.

Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,


Tudo a Sílvia festeja, tudo a adora,
Ave cheirosa, flores ressonantes. do
MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: espaoçvoado
poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 203. apr
41
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Em sua poesia sacra, os temas abordados são o senso do pecado, a ideia da fragilidade
humana e o medo da morte e da condenação eterna.
O poema citado anteriormente, “Achando-se um braço perdido do Menino Deus…” é um
exemplo da poesia sacra de Gregório de Matos.
O tipo de poesia que fez Gregório de Matos ficar conhecido foi a satírica, que retratava
aspectos negativos da sociedade em que vivia. Isso fez com que ele fosse apelidado de “Boca
do Inferno”.
Abaixo está presente um exemplo de poesia satírica de Gregório de Matos:

BARROCO
Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia

A cada canto um grande conselheiro


Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha, Trazidos sob os pés os homens
E podem governar o mundo inteiro. nobres: na visão de Gregório,
os mulatos em ascensão
Em cada porta um bem frequente olheiro subjugam com esperteza os
Que a vida do vizinho e da vizinha 9 verdadeiros “homens nobres”.
. 4
Fig
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha, (Nota de rodapé.)
Para o levar à praça e ao terreiro. Picardia: esperteza,
Muitos mulatos desavergonhados, sagacidade.
Trazidos sob os pés os homens nobres, Usura: lucro exagerado;
Posta nas palmas toda a picardia, avareza, mesquinharia,
sovinice.
Estupendas usuras nos mercados, @espaçodoaprovado
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
do
MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas espaoçvoado
escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 31.
apr
42
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ARCADISMO

Fig. 50
CONTEXTO HISTÓRICO

A população começa a mudar de mentalidade no final do século XVII @espaçodoaprovado

A pesquisa científica ganhou forte impulso e o ser humano passa a recuperar o seu desejo em

ARCADISMO
encontrar explicações racionais para os fenômenos.

No início do século XVIII, surgem grandes pensadores e que passam a organizar pesquisas,
proporcionando a razão ser metaforicamente apresentada como a luz interior, assumindo uma
postura iluminista.

O Iluminismo é o conjunto das tendências ideológicas, científicas e filosóficas, resultantes do


espírito racional.

A primeira expressão do Iluminismo foi a Enciclopédia, uma obra com 28 volumes e que
objetivava reunir todos os conhecimentos filosóficos e científicos da época.

Visão diferente Centro das atenções


51
Deus passa a ser visto como uma razão Para isso, o ser humano se tornava o
.
Fig

2
. 5

superior, criador do universo, mas não o senhor do próprio destino, passando a


Fig

responsável por todos os pequenos compreender, na ciência, os


acontecimentos da vida. acontecimentos do mundo.

@espaçodoaprovado
do
espaoçvoado
apr
43
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Arcádia significa uma região quase mítica da Grécia antiga, onde se habitavam
pastores e que cantavam o paraíso que viviam.

Esse termo foi utilizado para identificar as academias ou agremiações de


poetas, com o objetivo de resgatar o estilo dos poetas clássicos e

Fig. 53
renascentistas e combater toda a ornamentação excessiva do Barroco.

ARCADISMO
A principal característica do Arcadismo é a idealização da vida no campo.
@espaçodoaprovado

Por conta da idealização da vida no campo, a produção do período nos poemas era feita
de forma convencional: nas obras, era sempre mostrado campos verdes, árvores, ovelhas
e gados tranquilos.

O Arcadismo também recebeu o nome de Neoclassicismo, por seguir as regras da poesia clássica.

Produção Essas arcádias eram


ig.
55
compostas por membros da
Cada uma das arcádias literárias
F

54
g. nobreza e da burguesia.
possuam doutrinadores, ou seja, os
Fi

Fig. 56
estudiosos da poética clássica, e que Fig. 57

tinham como função julgar os Esse cenário de produção permitiu


princípios da produção artística dos um ambiente de igualdade, e assim,
seus membros. a produção era aberta aos artistas
F ig
burgueses, sem que eles
. 58
@espaçodoaprovado
59

precisassem do serviço de um
Fig.

senhor ou mecenas para publicar a do


sua obra. espaoçvoado
apr
44
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PROJETO LITERÁRIO DO ARCADISMO


O cenário acolhedor e natural era constantemente presente nas obras
do Arcadismo, representando uma vida simples dos pastores no campo.

Fig. 60
Essa característica foi o modo como os autores conseguiram divulgar @espaçodoaprovado
seus ideais de uma sociedade mais justa e igualitária.

Assim, no final de cada poema árcade, eles objetivavam mudar a mentalidade das elites

ARCADISMO
do período, para combater a futilidade da época.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA POESIA ÁRCADE

Bucolismo: era uma representação idealizada da natureza como um espaço primaveril e


alegre, dando sentido a tranquilidade e harmonia de viver. O adjetivo “bucólico” se refere a
tudo que é relativo a pastores e os seus rebanhos, ou seja, uma vida no campo.

Pastoralismo: é o uso constante de nomes de pastores e pastoras, para identificar o poeta e


as suas musas, nas obras árcades. O uso de pseudônimos é algo que eliminava as marcas
de origem nobre ou plebeia, passando a neutralizar as diferenças sociais, apagando tudo
aquilo que pudesse associar à hipocrisia de uma vida na corte.

Simplicidade da linguagem: o principal objetivo do Arcadismo é combater


com a ornamentação excessiva do Barroco, e por isso, os poetas passam
a escrever textos de linguagem mais acessível aos leitores, para que a

Fig. 61
sua simplicidade fosse mais facilmente alcançada da literatura. Essa
característica proporcionou aos textos uma circulação mais ampla, e a do
espaoçvoado
poesia deixava de ser aristocrática, passando a atingir espaços públicos. @espaçodoaprovado apr
45
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Resgate de temas clássicos: os temas abordados pelos clássicos gregos e latinos é


retomado, passando a expressar as filosofias de vida do mundo antigo.

PRINCIPAIS TEMAS CLÁSSICOS ABORDADOS PELOS ÁRCADES

FUGA DA CIDADE (FUGERE URBEM)

Era a necessidade de se
Fig. 62

ARCADISMO
afastar da urbanização, CORTAR O INÚTIL (INUTILLA
passando a afirmar as TRUNCAT)

5
. 6
Fig
qualidades de vida no campo.
Era a exclusão dos excessos
presentes na linguagem, a
fim de aproximar os textos
MEDIOCRIDADE ÁUREA/DOURADA
literários da perfeição que a
(AUREA MEDIOCRITAS)
natureza possuía.
Era a valorização das coisas
Fig. 63

@espaçodoaprovado
mais simples da vida
cotidiana, enaltecendo a
razão e o bom senso.
CANTAR O DIA (CARPE DIEM)

Era o aproveitamento do
LUGAR AMENO (LOCUS AMOENUS)
Fig. 66

momento atual, já que o


Era a descrição de um ambiente tempo passa, trazendo a
calmo e agradável, no qual as velhice, a fragilidade da vida.
Fig. 64

pessoas pudessem desfrutar a


tranquilidade da natureza.
do
espaoçvoado
@espaçodoaprovado
apr
46
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O poema abaixo é um exemplo de um modelo árcade e lírico, trazendo características como o


bucolismo, o pastoralismo e a caracterização do locus amoenus.

Olha, Marília, as flautas dos pastores

Olha, Marília, as flautas dos pastores


Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes Ósculos: beijos

ARCADISMO
Os Zéfiros brincar por entre flores?
Zéfiros: os ventos do
Vê como ali beijando-se os g.
67
Fi
Ocidente, na tradição
Amores Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes, greco-latina.
As vagas borboletas de mil cores. @espaçodoaprovado

Naquele arbusto o rouxinol suspira,


Ora nas folgas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!


Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
BOCAGE, M. M. In: ALMEIDA, F. (Org.). Sonetos/Bocage. Rio de Janeiro: Ediouro; São
Paulo: Publifolha, 1997. p. 39.

ARCADISMO EM PORTUGAL
Marquês de Pombal foi uma figura importante, porque ele buscou elevar Portugal às condições
dos outros países europeus.
Para isso, ele tornou o ensino laico, já que, até o momento, os jesuítas comandava a educação. do
espaoçvoado
apr
47
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Isso proporcionou uma volta dos estrangeiros para Portugal, aqueles


intelectuais que sofreram e fugiram por conta da Inquisição.
O ideário iluminista chegou a Portugal.

A Arcádia Lusitana foi fundada no ano de 1756, tendo uma atividade

Fig. 68
primordialmente teórica, e lá, os intelectuais criavam e discutiam seus
parâmetros clássicos. @espaçodoaprovado

ARCADISMO
Quando a Arcádia Lusitana chegou ao fim, foi fundada Nova Arcádia, no ano de 1790, tendo
como um dos participantes Manuel Maria du Bocage, com o pseudônimo Elmano Sadino.

CARACTERÍSTICAS DAS OBRAS DE BOCAGE


Bocage é um dos três maiores sonetistas portugueses, ao lado de Camões e Antero de Quental.

O autor se destacou por desafiar os limites do modelo árcade estabelecidos.


Na Nova Arcádia, ele adotou um pseudônimo e escreveu diversos poemas com bastante clichê
(contendo os cenários da natureza, pastores convidando as suas amadas para aproveitar o amor
na natureza, etc).
Quando ele largou os versos clichês, passou a escrever um lirismo com
bastante subjetividade, adquirindo alguns temas românticos, como a
desilusão amorosa, a morte, etc.

Fig. 69
Com esse tipo de lirismo, sua literatura assume um papel carregado de
sofrimento.
do
O soneto a seguir aborda um dos versos de Bocage:
@espaçodoaprovado espaoçvoado
apr
48
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Meu ser evaporei na vida insana

Meu ser evaporei na vida insana


Do tropel de paixões que me arrastava;
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.
Ufana: orgulhosa;
De que inúmeros sóis a mente ufana imodesta.
Existência falaz me não dourava! Falaz: enganosa,

ARCADISMO
70
Mas eis sucumbe Natureza escrava g.
Fi
ilusória.
Ao mal, que a vida em sua origem dana.
Dourava: tornava feliz;
Prazeres, sócios meus e meus tiranos! dava aparência de
Esta alma, que sedenta em si não coube, felicidade
No abismo vos sumiu dos desenganos.
@espaçodoaprovado
Deus, ó Deus!...

Quando a morte à luz me roube


Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.
BOCAGE, M. M. In: ALMEIDA, F. (Org.). Sonetos/Bocage. Rio de Janeiro: Ediouro; São
Paulo: Publifolha, 1997. p. 81..

ARCADISMO BRASILEIRO
A descoberta do ouro em Minas Gerais, no século XVIII possibilitou o Fig
. 7
1
desenvolvimento urbano e o deslocamento da produção cultural para a
cidade de Vila Rica (que hoje corresponde a Ouro Preto).

A diversidade social da região possibilitou uma maior exploração das @espaçodoaprovado


do
riquezas minerais. espaoçvoado
apr
49
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Opressão administrativa portuguesa. A independência norte-americana.

Declínio da produção do ouro. A Inconfidência Mineira.

A convivência com as ideias liberais dos iluministas.

PRINCIPAIS AUTORES

ARCADISMO
Cláudio Manuel da Costa se caracteriza como o iniciador do Arcadismo no Brasil, adotando o
pseudônimo de Glauceste Satúrnio, escrevendo sonetos e poemas épicos sobre a Vila Rica.

Tomas Antônio Gonzaga é o mais conhecido entre os árcades brasileiros.

É dono de Marília de Dirceu, versos escritos pelo poeta no momento em que se encontrava
encarcerado e através deles era contado a sua paixão pela Maria Doroteia de Seixas Brandão
(a sua Marília).
PRIMEIRA PARTE

. 7
3 Possui um tom característico das liras e
Fig
é otimista. Dirceu descreve Marília e

Fig. 74
comenta sobre a vida futura que eles
Fig
. 72
Divisão da obra terão quando forem casados. Dirceu
cita o locus amoenus.
A obra é dividida em duas partes,
são elas:
SEGUNDA PARTE
@espaçodoaprovado
Possui um tom mais melancólico, pois
foi um trecho escrito enquanto o autor
F ig .
75
estava na prisão, abordando temas
como saudades, antecipando do
espaoçvoado
76

características da geração romântica.


apr
g.
Fi
50
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Os poemas de Tomás Antônio Gonzaga obtiveram sucesso porque naquele

Fig. 77
momento se formava um público leitor no Brasil.

Ele e outros autores possibilitaram a geração romântica um terreno propício


de leitores que se interessaram pelas obras românticas brasileiras.
@espaçodoaprovado

Na obra Cartas chilenas é apresentado os descasos políticos do governador “Fanfarrão


Minésio”, criticado de forma satírica. Na obra, o Chile representa Minas Gerais, e a capital

ARCADISMO
Santiago, representa Vila Rica.

O pseudônimo de Antônio Gonzaga nessa obra é Critilo, e ele conversa com o amigo Doroteu.

Os dois principais poemas épicos árcades brasileiros são:

O Uraguai, do autor José Basílio da Gama, sob o pseudônimo de Termindo Sipílio.

Os versos do poema não possuem rimas e nem estrofação.


A estrutura do poema segue o modelo épico (proposição, invocação,
dedicatória, narração e epílogo).
A história narra a luta entre índios que vivem nas missões dos Sete Povos

Fig. 78
(Uruguai) e um exército luso-espanhol.

Caramuru, do autor José de Santa Rita Durão.

Segue o modelo camoniano (dividido em dez cantos, todos compostos em


oitava rima).

Fig. 79
A história conta o descobrimento e a conquista da Bahia por Diogo Álvares
do
Correia, um náufrago português. espaoçvoado
@espaçodoaprovado
apr
51
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO EM PORTUGAL

Fig. 80

ROMANTISMO EM PORTUGAL
No século XVIII, a Independência dos Estados Unidos, a Revolução
Francesa e a Revolução Industrial, ou seja, revoluções burguesas,
possibilitaram a queda do Antigo Regime, ocasionando o surgimento do @espaçodoaprovado

capitalismo como novo sistema de economia.

Além disso, passa a ser valorizado o caráter individual, os valores burgueses (como trabalho,
esforço e sacrifício) e o amor à pátria, temas que irão nortear a estética do período
romântico.
Dessa forma, o herói passa a adquirir características comuns do ser humano, espelhados em
valores da sociedade capitalista.

O movimento romântico marca a ruptura dos padrões clássicos de beleza, ganhando maior
enfoque, naquele momento, tudo que abordasse a imaginação, as emoções e a criatividade
individual do artista.

O Iluminismo SUBJETIVISMO
. 8
1 . 83
Fig Essa mentalidade é o principal objetivo
ig
Em diversas obras, o autor romântico
F

Fig
. 82 que o autor deseja mudar: o seu
descreve uma sociedade influenciada pelo sentimento de frustração surge do
Iluminismo, uma corrente que passa a confronto entre os valores que ele
valorizar os processos racionais e as defende, que estão fixados no
subjetivismo e na emoção, contra
posturas coletivas.
aqueles que a sociedade impõe a ele.
@espaçodoaprovado
do
espaoçvoado
apr
52
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Todo esse confronto sentido pelo eu-lírico e se torna um dos pontos

Fig. 84
mais explorados no Romantismo: a fuga da realidade.

ROMANTISMO EM PORTUGAL
Assim, a morte surge como uma possibilidade de fuga do real,
passando a ser idealizada. @espaçodoaprovado

A morte se configura como o alívio para os males do mundo e ela permite o encontro
definitivo entre os amantes, que estão separados pelos obstáculos da vida.
Além disso, o mundo dos sonhos e o passado idealizado também é uma possibilidade de fuga
da realidade.
Os temas medievais são resgatados, isso porque o eu-lírico retrata uma época em que a
sociedade estava emersa de feitos heroicos, sentimentos nobres e harmonia.

Recuperar o passado histórico reconstruir a identidade de um povo


Fig. 85

O PÚBLICO DO ROMANTISMO
Os artistas passam a ser profissionalizados, já que a figura dos mecenas

Fi
desapareceu.

g.
86
Assim, os autores românticos possuíam dois principais objetivos:

divulgar os valores da burguesia


@espaçodoaprovado
divertir os leitores.
Os textos passaram a ser divulgados em grandes veículos de circulação, como os jornais e as do
espaoçvoado
revistas. apr
53
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O perfil do público leitor é mais heterogêneo do que os séculos anteriores.


Isso acontece porque os burgueses passam a ler mais jornais e

ROMANTISMO EM PORTUGAL
folhetins, preferindo textos com um linguagem mais direta e passional.

Fig.
87
CONTEXTO HISTÓRICO @espaçodoaprovado

No século XIX, Napoleão Bonaparte impôs o bloqueio continental, obrigando que a coroa
portuguesa rompesse as suas relações comerciais com a Inglaterra. Após ignorar aquela
ordem, o país foi invadido e a corte de D. João VI foi obrigada a fugir para o Brasil.

Naquele momento, a colônia brasileira foi elevada à condição de Reino Unido a Portugal e
Algarve.

A burguesia portuguesa entrou em crise, já que ela vivia de exportações para o mercado
brasileiro.
Nesse momento, a estética romântica chega ao país e dá voz à sociedade
transformada pela revolução liberal, que vai se tornando laica.

A onda nacionalista em Portugal surge, quando jovens exilados da revolução


liberal retornam para o país, objetivando resgatar o passado de glórias do país.

Fig. 88
OS PRIMEIROS POETAS ROMÂNTICOS @espaçodoaprovado

A primeira geração romântica portuguesa é marcada por traços clássicos (como o que ocorre
na poesia de Antônio Feliciano de Castilho). do
espaoçvoado
apr
54
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Os autores Almeida Garrett e Alexandre Herculano passam a recuperar um passado


histórico português, marcado pelo medievalismo e de caráter nacionalista.

ROMANTISMO EM PORTUGAL
O que dá início ao Romantismo em Portugal é a publicação de “Camões”, do autor Almeida
Garrett, em 1825.

Entretanto, a produção de textos românticos se inicia somente a partir de 1836, quando a


revolução liberal facilita a introdução de ideias românticas.

O ULTRARROMANTISMO PORTUGUÊS
As crises de natureza política na primeira geração romântica portuguesa

9
Fig. 8
chegou ao fim, e assim, os autores da segunda geração romântica portuguesa
possuem um tom mais pessoal e com exagero sentimental.
@espaçodoaprovado

Lord Byron influenciou boa parte dos autores da segunda geração romântica portuguesa,
destacado a imagem de um herói romântico incompreendido, lutando pela honestidade, pelo
amor e pelo direito à liberdade.

O autor Camilo Castelo Branco aborda diversos temas em suas obras, tendo o centro a
tragédia romântica e outras com tons satíricos, que quase ridicularizam os exageros do
movimento romântico.

do
espaoçvoado
apr
55
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 1ª GERAÇÃO


Fig.
90

ROMANTISMO NO BRASIL: PRIMEIRA GERAÇÃO


A corte portuguesa chega ao Brasil em 1808 e inicia um período de
transformações na cidade do Rio de Janeiro, modificando a cultura do país.
@espaçodoaprovado

Na primeira metade do século XIX, o Brasil recebeu várias missões estrangeiras, compostas
de artistas e cientistas.

Essas missões foram importantes porque se formou uma identidade nacional que
posteriormente proporcionaram aos escritores os registros da natureza e dos costumes
brasileiros.

Ademais, essas missões trouxeram para o Brasil ideias liberais e nacionalistas, que
posteriormente influenciaram os intelectuais brasileiros.

Após a Proclamação da República, em 1822, o país necessitou conquistar a sua independência


cultural.
Para construir essa independência, os intelectuais utilizaram referências concretas, como o
índio e a natureza exuberante, como símbolos da identidade nacional brasileira.

SUBJETIVISMO
93

ig.
91 O objetivo 2
ig.
No ano de 1836 surgiu a revista

F
. 9
Fig
F

Os escritores objetivavam apresentar, Nitheroy, publicada por jovens


brasileiros, tendo na epígrafe: “Tudo
para os brasileiros e aos estrangeiros, a
pelo Brasil, e para o Brasil”. Aqui, se
face o novo país independente. objetivava uma valorização da cultural
local.
@espaçodoaprovado

A obra “Suspiros poéticos e saudades”, de 1836, do autor Gonçalves Dias, marcou o início do do
espaoçvoado
Romantismo no Brasil. apr
56
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 1ª GERAÇÃO


A POESIA INDIANISTA DA PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA
Os poetas elegeram o índio como símbolo nacional para divulgar os valores e os princípios que
pretendiam apresentar aos leitores.

Além do símbolo nacional, os românticos idealizavam o índio como um indivíduo livre e ainda
@espaçodoaprovado
não vítima dos males da civilização e da sociedade.

Esse conceito foi influenciado pela definição de “bom selvagem”, dada pelo filósofo francês
Jean-Jacques Rousseau. Segundo ele, o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.
De acordo com esse mesmo raciocínio, o índio ainda vivia no estágio anterior à corrupção
das sociedades.
Os versos indianistas possuem controle de métrica e rimas.
Um recurso muito utilizado nos versos indianistas é fazer com que o ritmo
do poema se assemelhe ao toque ritual dos tambores, utilizados nas

Fig. 94
cerimônias dos índios.
Outro recurso utilizado nos versos indianistas é a delicada caracterização da
@espaçodoaprovado
natureza brasileira, um espaço onde ocorre a maior parte dos fatos
narrados nos poemas.

PRINCIPAL AUTOR - GONÇALVES DIAS


Teve contato com as obras românticas dos autores Almeida Garrett e de Alexandre Herculano,
quando estudou na Universidade de Coimbra.
do
Esse contato influenciou no desenvolvimento dele como poeta romântico. espaoçvoado
apr
57
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 1ª GERAÇÃO


Em suas obras, surgem temas principais como: natureza, pátria e religião.

Suas principais obras são: Primeiros cantos (1846), Segundos cantos (1848), As sextilhas do frei
Antão (1848) e Últimos cantos (1851).

Em seus versos indianistas, são presentes uma imagem heroica e nobre do índio brasileiro.

O ritmo nesses poemas facilitou a sua popularidade e ajudou diversos poetas daquela
primeira geração romântica a propagarem os símbolos nacionais escolhidos.

Os índios sempre são apresentados com características positivas: bravura, honra, lealdade.
Canção do Tamoio V
II O forte,
o cobarde E, pois que és meu filho,
I Meus brios reveste; Tamoio
Não chores, meu filho; Seus feitos inveja
De o ver na peleja nasceste, Valente serás.
Não chores, que a vida
Garboso e feroz; Sê duro guerreiro, Robusto,
É luta renhida:
E os tímidos velhos fragueiro, Brasão dos
Viver é lutar.
A vida é combate, Nos graves conselhos, tamoios
Que os fracos abate, Curvadas as frontes, Na guerra e na paz.
Que os fortes os bravos DIAS, Gonçalves. Poesias
Escutam-lhe a voz!
Só pode exaltar. completas. v. II. Rio de Janeiro:
Científica, 1965. p. 139-142.
IV
II
Domina, se vive;
Um dia vivemos! Nesse poema, percebe-se o índio
Se morre, descansa
O homem que é forte
5
Fig
. 9
sendo enaltecido e possuindo
Não teme da morte; Dos seus na lembrança, Na
características positivas.
Só teme fugir; voz do porvir.
No arco que entesa Não cures da vida! @espaçodoaprovado

Tem certa uma presa, Sê bravo, sê forte!


Quer seja tapuia, Não fujas da morte, Que a do
espaoçvoado
Condor ou tapir. morte há de vir! apr
58
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 2ª GERAÇÃO


ROMANTISMO NO BRASIL: SEGUNDA GERAÇÃO
A principal característica dessa geração é o exagero sentimental.

Fig. 96
Essa característica foi inspirada por escritores ingleses, como Byron e Shelley,
os chamados poetas ultrarromânticos, que expressavam seus sentimentos
@espaçodoaprovado
arrebatados. Esse arrebatamento aparece nas obras da seguinte forma:
No desejo de fugir da realidade
Na atração pelo mistério
Na consciência da inadequação do artista na sociedade em que vive
No culto pela natureza mórbida
Na idealização da mulher virgem e etérea

A natureza é representada pelos ultrarromânticos como algo misterioso e incontrolável,


passando a expressar sentimentos arrebatados dos eu-lírico.

DIFERENÇAS
97
O poeta Ao contrário dos poetas da primeira
98
.
Fig

g.
Nessa geração, o poeta é incompreendido Fi geração, os poetas da segunda
e isolado, por defenderem valores morais e geração romântica buscavam
manifestar os seus próprios
éticos diferentes da sociedade burguesa. sentimentos, ao invés de criar uma

Fig. 99
identidade nacional.
@espaçodoaprovado

O tema do amor é idealizado, e os poetas projetam as suas realizações no campo dos sonhos
e da fantasia, não esperando que elas se realizem no mundo real.

A morte é visto com um sentido positivo, pois representa o fim da agonia de viver. do
espaoçvoado
apr
59
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 2ª GERAÇÃO


Se eu morresse amanhã!

Se eu morresse amanhã, viria ao menos


Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro! Nesse poema, o eu-lírico


Que aurora de porvir e que manhã! apresenta a morte como uma
solução para a “dor da vida que
Eu perdera chorando essas coroas
devora”.
Se eu morresse amanhã! 10
0
Fi
g. Essa visão da morte é vista como
um fim de todo sofrimento, tema
Que sol! que céu azul! que doce n’alva abordado nos poetas
Acorda a natureza mais louçã! ultrarromânticos.
Não me batera tanto amor no peito @espaçodoaprovado

Se eu morresse amanhã!

Fig. 101
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
AZEVEDO, Álvares de. In: FACIOLI, Valentin; OLIVIERI, Antônio Carlos (Orgs.).
Poesia brasileira: Romantismo. São Paulo: Ática, 2000. p. 60

A morte é idealizada pelos poetas ultrarromânticos porque propaga a ideia da beleza


feminina: virgens lânguidas, pálidas e etéreas, no lugar das virgens robustas da primeira do
espaoçvoado
geração. apr
60
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 2ª GERAÇÃO


Fig. 102
A LINGUAGEM POÉTICA
Mesmo que a liberdade formal seja um traço presente nas obras dessa geração,
os autores ainda sim utilizam com frequência palavras que constroem o ideal de
saudade, solidão, morte e pessimismo.
@espaçodoaprovado
Os termos utilizados no poema retomam a uma existência depressiva, repleta de
irracionalidade e pela obsessão pela morte.

Os substantivos e os adjetivos são utilizados para remeter a palidez.

PRINCIPAIS AUTORES - CASIMIRO DE ABREU


Seus poemas foram os mais aclamados da segunda geração romântica.

Fig. 103
Os principais temas dos seus poemas eram: saudade, natureza e o desejo. @espaçodoaprovado

Esses traços fizeram o ator ter seus poemas mais lidos, ao contrário dos outros poetas, em
que seus poemas eram carregados de pessimismo.

Ao invés de tratar o amor com pessimismo, em Casimiro de Abreu se tem sonhos de amor e
suspiros de saudades.
Ele também trata do tema saudosismo, utilizando versos simples para remeter a sua saudade
de uma infância idealizada e inocente.

do
espaoçvoado
apr
61
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 2ª GERAÇÃO


Meus oito anos

Oh! dias de minha infância! Nesse trecho, percebe-se como o


Oh! meu céu de primavera! 4
eu-lírico aborda a sua infância,
. 10

Que doce a vida não era


Fig
tendo a “risonha manhã”, um
tempo em que a vida era doce, em
Nessa risonha manhã!
oposição às “mágoas de agora”.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias @espaçodoaprovado

De minha mãe as carícias


E beijos de minha irmã!
ABREU, Casimiro de. In: FACIOLI, Valentin; OLIVIERI,
Antônio Carlos (Orgs.). Poesia brasileira: Romantismo. São Paulo: Ática,
2000. p. 43. (Fragmento).

PRINCIPAIS AUTORES - ÁLVARES DE AZEVEDO


Sua poesia é pessimista e possui uma visão irônica do desespero dos românticos
solitários.

Essa característica pessimista-irônica está presente na sua principal obra, Lira


dos vinte anos.

O autor também possui obras em prosa, como Noite na taverna.

Em Noite na taverna, existe um grupo de rapazes reunidos numa taverna e relatam as suas
aventuras amorosas.
do
espaoçvoado
apr
62
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 2ª GERAÇÃO


O poeta moribundo
Perceba que o poema apresenta
Poetas! amanhã ao meu cadáver uma perspectiva irônica da figura
Minha tripa cortai mais sonorosa!... do poeta solitário e sofredor.

Façam dela uma corda e cantem nela


Aqui, Azevedo aborda com humor
Os amores da vida esperançosa! [...] os temas recorrentes da poesia
05
. 1
Fig
ultrarromântica: a aproximação
Coração, por que tremes? da morte (“amanhã ao meu
Se esta lira cadáver”) e a insatisfação com as
Nas minhas mãos sem força desafina, aspirações amorosas (“cantem
nela / Os amores da vida
Enquanto ao cemitério não te levam,
esperançosa”).
Casa no marimbau a alma divina!
@espaçodoaprovado
Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia...
Como o cisne de outrora... que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.
AZEVEDO, Álvares de. In: CANDIDO, Antonio. Melhores poemas. 4. ed. São
Paulo: Global, 2001. p. 76. (Fragmento).

PRINCIPAIS AUTORES - FAGUNDES VARELA


O autor, mesmo que tenha escrito textos ultrarromânticos, possui um conjunto de obras que
mostram os primeiros sinais da terceira geração romântica, quando trata de questões sociais.

Ele compôs, além de temas preferidos dos ultrarromânticos, trouxe poemas sobre a escravidão
e a injustiça social.
do
espaoçvoado
O autor é visto como um autor de transição. apr
63
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 3ª GERAÇÃO


ROMANTISMO NO BRASIL: TERCEIRA GERAÇÃO

Fig. 106
O Brasil estava vivenciando uma dura crise econômica desde o ano de 1840,
sendo governado por D. Pedro II.

Durante os dez primeiros anos de reinado, o Brasil foi palco de diversas ideias @espaçodoaprovado

abolicionistas e republicanas, como a Balaiada, no Maranhão, as revoltas


liberais, em São Paulo e o movimento farroupilhas, no Rio Grande do Sul.

A partir da década de 1850, o contexto econômico do Brasil começou a mudar, por conta da
cultura do café.

Esse cenário dava prosperidade a classe latifundiária, os quais defendiam o sistema escravista.

Burlando as regras
Fig
. 1
07 Escravos
No ano de 1850, a Lei Eusébio de
Entre os anos de 1500 e 1822, a população . 1
08
Fig Queirós puniu aqueles que realizassem
africana no Brasil era três vezes maior do

Fig. 109
o tráfico de escravos, porém, sempre
que a de portugueses. existiam pessoas que burlavam as
regras.
@espaçodoaprovado

A SOCIEDADE DIVIDIDA
A questão escravista acabou por dividir a população em três principais grupos:
EMANCIPACIONISTAS: Eles defendiam a extinção lenta e gradual da escravidão, para que os
latifundiários se organizassem para substituir a mão de obra africana, sem obter prejuízo
com isso. do
espaoçvoado
apr
64
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 3ª GERAÇÃO


ABOLICIONISTAS: Eles defendiam a libertação imediata de todos os
escravos.

Fig. 110
ESCRAVISTAS: Eles defendiam a manutenção do sistema e exigiam o
pagamento de indenizações aos proprietários, caso a escravidão fosse @espaçodoaprovado

abolida.

O CONDOREIRISMO
Como a exportação do café trouxe prosperidade econômica, São Paulo iniciou a sua
modernização e promoveu festas, assim como ocorria nas cidades europeias.

Enquanto essa modernização acontecia, os escravos sofriam nas senzalas.

Os autores Castro Alves, Pedro Luís e Sounsândrade se inspiraram nos princípios de liberdade do
autor Victor Hugo - “a arte de hoje não deve buscar apenas o belo, mas sobretudo o bem”,
passando a escrever a situação de escravidão no Brasil.

Fig. 111
A ave condor era pertencente dos Andes e podia voar em grandes altitudes.

O animal foi escolhido como símbolo de liberdade, e os poetas que


puderam abordar questões sociais, ficaram conhecidos como condoreiros.
@espaçodoaprovado

PROJETO LITERÁRIO
Ao invés de valorizar os sentimentos, como os ultrarromânticos faziam, os condoreiros
estavam preocupados nos debates sociais e proporcionar uma literatura mais engajada e mais
consciente com o contexto histórico-social que o Brasil estava imerso. do
espaoçvoado
apr
65
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 3ª GERAÇÃO


O principal objetivo da literatura da terceira geração romântica brasileira era
denunciar as injustiças sociais brasileiras.

Fig. 112
Castro Alves e os demais condoreiros utilizavam a poesia como o principal
instrumento de denunciar uma causa social: a libertação dos escravos. @espaçodoaprovado

Os jornais funcionaram como instrumento de divulgação das obras literárias.

LINGUAGEM
O poeta-orador surgiu como a finalidade de atingir públicos mais numerosos,
passando a ir a teatros e praças públicas.

Fig. 113
A poesia condoreira foi feita para ser declamada, por isso, ela utilizava muitos
vocativos e exclamações. @espaçodoaprovado

HIPÉRBOLES
14
Oratória 115
ig. O movimento condoreiro possua
1

Outro recurso muito utilizado nos poemas


F
Fig.

afinidade por imagens exageradas,


é a pontuação, já que os poetas buscavam hiperbólicas e que provocavam

16
dar aos textos o recurso da oratória. impacto nos leitores, despertando

. 1
Fi g
suas mais fortes emoções.
@espaçodoaprovado

do
espaoçvoado
apr
66
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 2ª GERAÇÃO


[...]
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra, Nesse poema, é possível notar


E após fitando o céu que se desdobra, 117 as características do
ig.
movimento condoreiro, citados

F
Tão puro sobre o mar,
anteriormente.
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: @espaçodoaprovado
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”

E ri-se a orquestra irônica, estridente...


E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf.>
Acesso em: 22 jan. 2023.

do
espaoçvoado
apr
67
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 3ª GERAÇÃO


PRINCIPAIS AUTORES - CASTRO ALVES
Em relação as duas primeiras gerações românticas, nas obras de Castro Alves,

Fig. 118
o sentimento de natureza é substituído pelo sentimento de humanidade, e a
ordem do coração é substituída pela ordem do pensamento. @espaçodoaprovado

As principais obras de Castro Alves são: Espumas flutuantes (1870), publicado ainda em vida, A
cachoeira de Paulo Afonso (1876) e Os escravos (1883), publicações póstumas.
Um dos poemas mais conhecidos de Castro Alves é “o navio negreiro”, um longo poema que
aborda o sofrimento dos negros que estão presos num navio, o que o auxilia o entendimento da
sua adesão abolicionista ter tido grande impulso.

A imagem inicial do poema é de um navio entre os mares. O eu-lírico está perdido e pede
auxílio ao albatroz, uma águia do oceano.

No poema, mesmo que o cenário seja paradisíaco, as cenas Fig


. 1
19

representadas são macabras.


A última parte do poema denuncia um país que empresta a sua bandeira, esta
como um símbolo de nação livre, para cobrir os corpos torturados dos
escravos. @espaçodoaprovado

Castro Alves também possui poemas líricos, compostos de sensualidade explícita, abordando,
ao invés de virgens inacessíveis, característica dos poetas ultrarromânticos, mulheres reais e
sedutoras.

do
espaoçvoado
apr
68
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANTISMO NO BR: 3ª GERAÇÃO


Teu seio é vaga dourada
Ao tíbio clarão da lua, Vaga: onda.
Que, ao murmúrio das volúpias, Fig
. 1
20
Tíbio: sem vigor; fraco, débil.
Arqueja, palpita nua; Languor: sensualidade;
Como é doce, em pensamento, voluptuosidade.
Do teu colo no languor Vogar: deslizar.
Vogar, naufragar, perder-se @espaçodoaprovado

O gondoleiro do amor!?
ALVES, Castro. O gondoleiro do amor. Espumas flutuantes. São
Paulo: Ateliê Editorial, 1997. p. 104. (Fragmento).

PRINCIPAIS AUTORES - SOUSÂNDRADE


Foi um autor que se preocupou em definir a identidade representativa de toda a América, não
só do Brasil.

Num dos seus poemas, como “Guesa errante”, ele narra uma viagem e destaca os elementos da
natureza indiana, exaltando a exuberância do cenário americano e a força dos habitantes
daquele continente.
O termo guesa significa “sem casa” e remete a condição de errante, de desamparo.

do
espaoçvoado
apr
69
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANCE URBANO
Os folhetins passam a ser publicados nos jornais brasileiros a partir da

Fig. 121
década de 1830, se configurando uma nova forma de entretenimento.
@espaçodoaprovado
O sucesso desses folhetins se dava ao sucesso estrangeiro, que estimulou os autores brasileiros
a publicarem romances que seguissem a mesma estrutura estrangeira: com momentos

ROMANCE URBANO
melodramáticos e finais felizes, com amores cheio de obstáculos.
Os folhetins brasileiros propagavam os aspectos típicos do país: a vida na corte e os costumes
da burguesia.

OS AGENTES DO DISCURSO
O escritor passa a ser mais profissional, dependendo de publicações para
sobreviver, e esse fator propicia o aumento de volume de obras escritas.

Os romances, no início, são publicados em jornais e revistas, passando a

Fig. 122
originar um público leitor que compravam os periódicos a fim de
acompanharem a história. @espaçodoaprovado

Por conta da alta taxa de analfabetismo brasileiro no século XIX, o público leitor era reduzido.
Os leitores dos folhetins românticos eram membros da elite, profissionais liberais e jovens bem
informados sobre o que ocorria nas cidades europeias.

As mulheres se destacam como leitora, já que a maior parte das interlocutoras dos
narradores dos livros eram mulheres.
do
espaoçvoado
apr
70
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

SOCIEDADE EM FORMAÇÃO
O romance urbano surge com o objetivo de oferecer uma representação literária

Fig. 123
brasileira para a elite local, através de personagens criados praticamente iguais

ROMANCE URBANO
à elite, divulgando valores fundamentais para aquela sociedade.
@espaçodoaprovado

O romance urbano auxilia na construção de uma identidade nacional porque aborda costumes e
personagens locais nas obras.

Esse tipo de romance auxiliou na democratização da leitura, visto que possuía uma narrativa
simples.

LINGUAGEM Fi

g.
124
Duas principais características são importantes no romance urbano:
O diálogo que o narrador faz com o leitor, proporcionando uma ideia de @espaçodoaprovado
confidência.

As referências entre os locais e as situações do mundo real.


19 – Entremos nos corações
O que é bom dura pouco. As festas estão acabadas; nossas belas
conhecidas bordam; nossos alegres estudantes estão de livro na
mão. Mas, pelo que toca a estes, qual é, digam-me, qual é o Nesse trecho, é possível
estudante que, depois de uma patuscada de tom, não fica por oito notar como o narrador se
dias incapaz de compreender a mais insignificante lição? Isto sucede dirige ao leitor como se eles
assim; essa pobre gente vê, por toda a parte, e misturando-se com estivessem conversando.
todos os pensamentos, no livro em que estuda, nas estampas que
@espaçodoaprovado
observa, na dissertação que escreve, o baile, as moças e os
Fig. 125

prazeres que apreciou. do


espaoçvoado
MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha.
apr
71
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRINCIPAIS AUTORES - JOAQUIM MANUEL DE MACEDO


Seus romances possuem simplicidade na estrutura narrativa, humor, com
personagens com características tipicamente brasileiras.

ROMANCE URBANO
Fig. 126
Joaquim Manuel de Macedo publicou 18 obras e as suas mais conhecidas são:
A Moreninha (1844), O Moço Loiro (1845) e A luneta mágica (1869). @espaçodoaprovado

Na obra A Moreninha, é o primeiro romance urbano com qualidade literária brasileiro. A obra
aborda a história de Augusto e Carolina, que, quando crianças, ainda trocam juras de amor.
Quando são adultos, tomam rumos diferentes, mas logo voltam a se reencontrar, sem que se
conheçam, e após muitas reviravoltas, passam a ficar juntos, quando sabem da verdade.

Seus romances possuem simplicidade na estrutura narrativa, humor, com


personagens com características tipicamente brasileiras.

Nas histórias de Joaquim Manuel de Macedo, manifestam-se alguns traços do Romantismo,


como: a pureza do amor infantil (que se concretiza na idade adulta), o mistério da identidade
dos amantes, e o traço nacionalista, já que se apresenta uma lenda indígena.

PRINCIPAIS AUTORES - JOSÉ DE ALENCAR


O autor foca em humanizar os seus personagens, passando a atribuir o papel de
vítimas das pressões da sociedade, do meio em que vivem.
Os personagens possuem comportamentos não tão condenáveis, mas que, no final da trama,
passam a se redimir, se entregando a sentimentos nobres, como o amor e compaixão.
do
espaoçvoado
apr
72
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

As obras de José de Alencar possuem fortes influências do Romantismo, mas


apelam para alguns traços realistas, ao examinar a sociedade modo crítico.

Em sua obra Senhora, ocorre o casamento por interesse, por parte de Aurélia,

ROMANCE URBANO
uma moça de poucas posses e recebe uma grande herança, passando a

Fig
. 1
comprar de volta o seu amado, que tinha decidido ficar com uma noiva rica.

27
@espaçodoaprovado
Nos romances de José de Alencar, as heroínas românticas são caracterizadas
como mulheres fortes e donas do seu destino.

PRINCIPAIS AUTORES - JOSÉ DE ALENCAR


Ele é autor da obra Memórias de um sargento de milícias, passando a dar
destacar as camadas mais baixas da sociedade.

Fig. 128
Nos romances desse autor, os personagens passam a enfrentar as
dificuldades da vida, passando a cometer pequenos golpes e favores para
@espaçodoaprovado
superá-las.

Na obra Memórias de um sargento de milícias, tem-se a presença de Leonardinho, um anti-


herói, por gostar da malandragem, quase sempre envolvido com confusões.

do
espaoçvoado
apr
73
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANCE INDIANISTA
Principalmente nas obras de José de Alencar, os índios passam a ser visto como

Fig. 129
os heróis, possuindo nome próprio e características definidas.

ROMANCE INDIANISTA
Esses índios, ao possuírem gestos nobres, passam a participar do processo de @espaçodoaprovado

gestação do Brasil.

PROJETO LITERÁRIO
A principal função do romance indianista é proporcionar aos leitores obras para resgatar o
passado histórico do país.

Os índios são personagens que passam a ser elevados à condição de herói, a


fim de atuarem como representantes de um povo americano, e, ao mesmo

130
tempo, passando a lutar por princípios da sociedade burguesa, como

g.
Fi
honestidade, bravura, etc, características que eram extremamente
valorizadas pelo Romantismo. @espaçodoaprovado

Os personagens do romance indianista são construídos com base em característica da natureza


exuberante, passando, assim, a se reforçar os traços nacionais.
Isso acontece porque, além dos personagens, terem nascido no Brasil, eles possuem traços da
beleza do país.

A estrutura narrativa segue o mesmo modelo dos romances europeus: o herói é o


representante de um passado glorioso e passa a elevar a identidade de um povo.
do
espaoçvoado
apr
74
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O principal meio de circulação dos romances indianista é o folhetim.

Os romances indianistas fazem sucesso, porque, nessa época, se tinha um

Fig. 131

ROMANCE INDIANISTA
desejo de ler exatamente uma história em que o herói valorizasse o passado
histórico do país e tivesse valores burgueses.

Os autores buscavam a verossimilhança linguísticas dos indígenas em suas @espaçodoaprovado

obras, é por isso que se utilizam muitas palavras de origem indígena nas obras,
como: uiraçaba, aratuba, canitar, tocantim, morubixaba, cujo significado é
explicado pelo autor em inúmeras notas.

PRINCIPAIS AUTORES - JOSÉ DE ALENCAR


Ele escreveu uma série de romances ficcionais, passando a dividir o período de formação
do povo e do país em três fases, escrevendo um romance indianista para cada uma
dessas fases.
UBIRAJARA: Aqui é abordado o momento antecedente à chegada dos colonizadores
portugueses. Na obra, o leitor percebe uma série de mitos e lendas a respeito da terra
“selvagem” e do povo que ali habitava.
IRACEMA: Aqui, é o período inicial da ocupação das terras pelos colonizadores.
Nessa fase, ocorre o primeiro contato entre os índios e os europeus, ocorrendo a miscigenação
entre as duas raças.
O GUARANI: Aqui, ocorre o processo de colonização, que já está adiantado, e o autor busca
mostrar como os nobres portugueses lidavam com problemas sobre a natureza virgem,
do
destacando a importância do índio para se superar esses desafios. espaoçvoado
apr
75
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

34
. 1
Fig NATUREZA
13
2 União perfeita 33
Fig
. 1 Além disso, a natureza exuberante
Fig.

Nos romances de José de Alencar, o índio é extremamente explorada pelas

ROMANCE INDIANISTA
representa uma união perfeita entre o obras, passando a representar um
elemento nativo e os valores burgueses. espaço ainda intocado pela
civilização.

@espaçodoaprovado

ANÁLISE DA OBRA “O GUARANI”


A publicação dessa obra marca o início da ficção indianista.

A obra conta a história de Peri, um índio que se apaixona por Cecília (Ceci) a filha
de um fidalgo português D. Antônio de Mariz.

Fig. 135
No final da obra, é sugerido que Peri e Cecília se unam, a fim de unir os dois povos.

É possível notar alguns pontos de idealização e lirismo, características do Romantismo se


manifestando na obra O Guarani.

O primeiro corresponde a trama inventada por Alencar, onde a história de amor traz obstáculos
para se concretizar. Além disso, as origens dos personagens contribuem para eles serem
identificados como pertencentes a duas culturas muito diferentes.
O segundo corresponde a uma construção forte do comportamento de Peri, que vive para
garantir a felicidade de Cecília, sem esperar nenhum reconhecimento.

do
espaoçvoado
apr
76
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Fig. 136
ANÁLISE DA OBRA “IRACEMA”
A obra apresenta a lenda da fundação do Ceará, simbolizada pelo amor de
Iracema, uma jovem da tribo dos índios tabajaras, e Martin, um colonizador

ROMANCE INDIANISTA
português.
Martim se apaixona por Iracema, que é guardiã do segredo da jurema, e por isso,
@espaçodoaprovado
deveria permanecer virgem. Porém, o amor dos dois supera os obstáculos, e
Iracema acaba abandonando a sua tribo para viver com Martim.

Dessa união, surge Moacir (“filho da dor”), passando a representar a formação do povo
brasileiro, resultante da miscigenação dos índios com os portugueses.

do
espaoçvoado
apr
77
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANCE REGIONALISTA Fi
g.
13
7

ROMANCE REGIONALISTA
Nesse tipo de romance, surge um Brasil rural e com costumes arcaicos,
possuindo valores e comportamentos totalmente diferentes daqueles da corte.
@espaçodoaprovado

Os romances tinham como finalidade mostrar aspectos locais de um homem do interior.

Os romances regionalistas eram publicados e circulavam entre o público por meio dos
folhetins.
O público era composto pelas camadas médias da população dos centros urbanos.

No interior, aquelas obras eram vistas como ameaça aos costumes e aos valores locais.

LINGUAGEM
A linguagem dos romances regionalistas possuem adjetivação idealizada, a fim
de caracterizar os diferentes cenários brasileiros da obra.

Fig. 138
PRINCIPAIS AUTORES - JOSÉ DE ALENCAR
Ele escreveu quatro romances regionalistas: O gaúcho (1870), O tronco do Ipê
(1871), Til (1872) e O sertanejo (1875). @espaçodoaprovado

As mulheres, que antes ocupavam papéis importantes, davam espaço para homens
trabalhadores, rudes e ignorantes, que estavam ocupados em superar os obstáculos impostos
pelo ambiente que viviam.

Nesses romances regionalistas, as mulheres ocupam papéis submissos.


do
espaoçvoado
apr
78
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRINCIPAIS AUTORES - VISCONDE DE TAUNAY

ROMANCE REGIONALISTA
Fig. 139
A sua principal obra é Inocência, e nela se retrata os sertões do Mato Grosso,
sendo caracterizado como um local harmonioso, tranquilo e idealizado.

Essas características resgatam o locus amoenus clássico. @espaçodoaprovado

Nessa obra, se aborda uma linguagem com elementos da fala regional, para caracterizar os
diferentes personagens da trama.
Na estrutura, o autor utiliza a técnica do corte, que serve para escolher o momento certo de
terminar o capítulo a fim de segurar a curiosidade do leitor.

O Brasil representado na obra de Taunay é patriarcal, ou seja, onde o poder do pai era
dominante, até mesmo acima dos códigos sociais.

PRINCIPAIS AUTORES - FRANKLIN TÁVORA


O autor se tornou conhecido pela polêmica que se envolveu com José de Alencar, ao julgar que
o autor não produzia uma literatura realmente brasileira.

Távora acreditava nas diversas diferenças existentes entre o Norte e o Sul do país, passando
a produzir obras que enfatizassem essas diferenças.
Para isso, ele utiliza como cenário o estado de Pernambuco a fim de reconstituir algum evento
histórico da região.
O Cabeleira é a sua obra mais conhecida, contando a história de um bandido, José Gomes. Ele
possuía um amor inverossímil e vivido com Luisinha, sua amiga de infância, que permitiu a ele do
espaoçvoado
se regenerar. Porém, após a morte da sua amada, José decide se entregar à polícia. apr
79
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

A justiça executou o Cabeleira por crimes que tiveram


sua principal origem na ignorância e na pobreza.

ROMANCE REGIONALISTA
Mas o responsável de males semelhantes não será
Nos momentos finais desse
primeiro que todos a sociedade que não cumpre o dever
de difundir a instrução, fonte da moral, e de organizar o romance, percebe-se como o
trabalho, fonte da riqueza? narrador deixa claro o seu
Se a sociedade não tem em caso nenhum o direito de Fig
. 1
40 ponto de vista perante ao
aplicar a pena de morte a ninguém, muito menos tem o de ambiente em que José Gomes
aplicá- -la aos réus ignorantes e pobres, isto é, aqueles vivia: repleto de miséria e sem
que cometem o delito sem pleno conhecimento do mal, e educação, fatores que fizeram
obrigados muitas vezes da necessidade. [...]
de José um criminoso.
Condena-se à forca o escravo que mata o senhor, sem
se atender a que, rebaixado pela condição servil, paciente @espaçodoaprovado
do açoite diário, coberto de andrajos, quase sempre
faminto, sobrecarregado com trabalhos excessivos,
semelhante criatura é mais própria para o cego
instrumento do desespero, do que competente para o
exercício da razão.
TÁVORA, Franklin. O Cabeleira. 3. ed. São Paulo: Ática, 1977. p. 135..

PRINCIPAIS AUTORES - BERNARDO GUIMARÃES


Ele é o autor do primeiro romance regionalista, o ermitão de Muquém, de 1864.

Em suas obras, ele repete a mesma fórmula do romance de folhetim: o herói nobre e a heroína
se apaixonam, mas enfrentam vários conflitos até ficarem juntos.

A principal obra de Bernado Guimarães é Escrava Isaura, que conta a história de uma escrava
branca que sofria nas mãos do seu senhor, Leôncio.

do
espaoçvoado
apr
80
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

REALISMO
A Europa estava imersa, durante o século XIX, pela Revolução Industrial, que foi

Fig. 141
capaz de provocar profundas alterações na sociedade.
@espaçodoaprovado
Essas mudanças provocaram a divisão da sociedade: de um lado havia os eufóricos pelas
novidades tecnológicas, e do outro lado, o empobrecimento dos trabalhadores.
Durante o século XIX, ocorreu a duplicação da população europeia por conta da mecanização
da agricultura.

REALISMO
Isso ocorreu por conta dos trabalhadores irem tentar uma vida nas indústrias, acabando por
inchar as cidades.
O telégrafo e o trem, logo após serem inventados, proporcionaram o encurtamento de
distâncias.

Algumas doutrinas surgiram a fim de explicar o funcionamento do capitalismo

Fig. 142
vigente, como:

Adam Smith: defendia o liberalismo, apoiado na mínima intervenção do Estado @espaçodoaprovado


na economia.
Thomas Malthus: falava que a população crescia sob taxas mais altas do que a produção de
alimentos, ocasionando a pobreza e grande quantidade de pessoas famintas.

Karl Marx: abordou uma crítica ao sistema capitalista, passando a defender o seu ponto de
vista que a estrutura das sociedades era resultante das relações do trabalho com a produção.
Ao lado de Friedrich Engels, escreveram O manifesto comunista, uma obra que falava sobre os
do
trabalhadores se revoltarem contra o capitalismo. espaoçvoado
apr
81
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Por conta das realidades que assolavam a Europa permitiu que o subjetivismo e a emoção
darem lugar a uma postura mais objetiva e clara sobre as mazelas da sociedade.

Fig. 143
PROJETO LITERÁRIO
O início do Realismo ocorreu com a publicação da obra Madame Bovary, do autor
Gustave Flaubert.
Nessa obra, era retratado a vida de Emma Bovary, uma mulher influenciada por
@espaçodoaprovado
leituras românticas, e o autor passa a criticar, ao mesmo tempo, esse estilo

REALISMO
literário, e, posteriormente, a hipocrisia da sociedade burguesa daquela época.
A crítica do autor é feita com base na análise objetiva e racional da realidade.

AGENTES DO DISCURSO
O folhetim continuava sendo o principal meio de divulgação das obras literárias.

O público se mostrava em situações conflitantes: por um lado, os leitores gostariam de ler


obras com um enfoque mais racional da realidade, os levando a compreender a sociedade e
as transformações sociais; por outro lado, os leitores não se agradavam com as críticas nas
obras em relação ao seu modo de vida, como, por exemplo, o adultério.

Machado de Assis foi um autor que lidou muito bem com essa ambiguidade do público leitor,
passando a utilizar o diálogo constante em suas obras.

o
spa çvoaddo
eEDA
pro do
aespaço
aprovado
82
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Fig

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

. 1
44
O autor passava a analisar a sociedade com razão e subjetividade.

Entretanto, essa subjetividade do autor em suas obras não é algo absoluto, visto
@espaçodoaprovado
que o narrador instiga a própria interpretação do leitor de maneira indireta.
Dessa forma, o narrador conduz o leitor a tomar suas próprias opiniões a respeito do que está
acontecendo na obra.

REALISMO
Nas obras realistas, temos a presença de narrações que contam a respeito de eventos da época,
sempre acompanhando esses eventos com um olhar crítico.

Anatomia do caráter
Olhar do poeta . 14
5 Em muitas obras realistas, é possível
145 Fig
g.
O olhar do escritor realista para a encontrar uma estratégia que
Fi

compreendiam a sociedade por meio da


sociedade vigente era feito de modo a
análise dos comportamentos e das
considerar sua crítica para o tempo e as motivações dos personagens, passando
condições materiais que a estruturam, NÃO a relacionar tais fatores ao contexto e
aos sentimentos ou idealizações sociais. Fig. 146 aos problemas da época.
@espaçodoaprovado

Ao invés de abordarem histórias de amor avassaladoras e cômicas, os autores realistas


passaram a escrever tramas que abordassem o adultério.
No plano de fundo social, os autores realistas passaram a abordar temas como a corrupção,
o universo político e a superficialidade das elites.

Esses temas refletiam a realidade da sociedade vigente.


do
espaoçvoado
apr
83
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

A linguagem nas obras realistas é caracterizada de modo objetiva - aparentemente


sem juízo de valor - através da qual se realizavam descrições do cenário e das
personagens participantes.
Porém, como dito anteriormente, é possível notar que o narrador conduz

Fig. 149
indiretamente o olhar do leitor para as suas interpretações desejadas.

REALISMO EM PORTUGAL @espaçodoaprovado

Ainda na metade do século XIX, a Revolução Industrial estava longe de ser uma realidade para

REALISMO
aquele país, visto que ele ainda continuava com a economia e costumes agrários.

Por conta disso, o pouco de prosperidade que restava pertencia a uma


pequena burguesia rural, ocasionando uma significativa desigualdade social.

Fig. 150
Os principais fatores que proporcionaram a Portugal o surgimento de uma
literatura que denunciasse a realidade da sociedade foram:

A decadência econômica do país que foi uma das grandes potências europeias @espaçodoaprovado

A perda de diversas colônias


As difíceis condições sociais e políticas de Portugal

Mesmo que Portugal estivesse em crise, alguns jovens, como Antero de Quental e Eça de Queirós
discutiam os textos progressistas escritos em outros países mais desenvolvidos da Europa.

Esses jovens deram origem a Geração de 70, movidos com a crença de que a situação de
Portugal poderia ser transformada.
do
espaoçvoado
apr
84
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

As Conferências Democráticas, no ano de 1871, proporcionaram a presença do Realismo em


Portugal, promovendo debates e palestras para discutir a decadência de Portugal.

Numa dessas conferências, Antero de Quental apontou o catolicismo, o


absolutismo e o colonialismo como as principais causas da situação do país.

Eça de Queirós abordou que a literatura portuguesa deveria ser mais objetiva
e baseada na realidade, longe dos excessos românticos. Fig. 151

REALISMO
PRINCIPAIS AUTORES PORTUGUESES - ANTERO DE QUENTAL
Ao lado de Camões e Bocage, ele é considerado um dos maiores sonetistas da língua
portuguesa.
Algumas de suas obras possuem forte influência do Romantismo, abordando
uma mulher fortemente idealizada e um amor com perspectiva neoplatônica.
Há também em suas obras a presença de sonetos em que o eu-lírico é tomado

Fig. 152
a defender a razão como meio pelo qual o homem pode transformar o mundo
em que vive. @espaçodoaprovado

Alguns dos seus poemas possuem uma faceta introspectiva e pessimista, onde o eu-lírico
enxerga poucas saídas para os seus problemas existenciais.
Há também em suas obras a presença de sonetos em que o eu-lírico é tomado a defender a
razão como meio pelo qual o homem pode transformar o mundo em que vive.

Por fim, existem sonetos em que Antero aborda um eu-lírico buscando em Deus e na
espiritualidade a paz e as respostas para os seus questionamentos. do
espaoçvoado
apr
85
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Nos sonetos de Antero, percebe-se uma alternância entre tons mais otimistas e revolucionários
e outros mais pessimistas.

A um poeta

Tu que dormes, espírito sereno,


Posto à sombra dos cedros seculares, No soneto destacado, percebe-
Como um levita à sombra dos altares, se um aspecto revolucionário.
Longe da luta e do fragor terreno.
O eu-lírico se conecta ao

REALISMO
Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno interlocutor, caracterizado
3
. 15
Afugentou as larvas tumulares... Fig como o típico romântico dos
Para surgir do seio desses mares seus sonhos, mas passa a sair
Um mundo novo espera só um aceno... desse estado antigo e cria um
Escuta! É a grande voz das multidões! futuro baseado na razão,
São teus irmãos, que se erguem! São canções... representado no poema pela luz
Mas de guerra... e são vozes de rebate! do sol.

Ergue-te, pois, soldado do Futuro, @espaçodoaprovado

E dos raios de luz do sonho puro,


Sonhador, faze espada de combate!
QUENTAL, Antero de. Sonetos completos. Lisboa: Ulisseia, 2002. p. 163.

PRINCIPAIS AUTORES PORTUGUESES - EÇA DE QUEIRÓS

O principal objetivo de Eça de Queirós era escrever um conjunto de romances - As cenas da


vida portuguesa - que retratasse um papel social de Portugal na época.
É autor de romances realistas, como: O crime do padre Amaro, O primo Basílio e Os Maias, As do
espaoçvoado
cenas da vida portuguesa, obras que retratam a realidade de Portugal. apr
86
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O principal objetivo de Eça de Queirós era escrever um conjunto de romances - As cenas


da vida portuguesa - que retratasse um papel social de Portugal na época.
É autor de romances realistas, como: O crime do padre Amaro, O primo Basílio e Os
Maias, As cenas da vida portuguesa, obras que retratam a realidade de Portugal.
Na obra O crime do padre Amaro, temos o foco em críticas relacionadas a Igreja.
O personagem Padre Amaro se tornou religioso por conveniência e não por
vocação, acabando por se envolver num caso amoroso com a jovem Amélia, a

Fig. 154
engravidando. Amélia morre no parto e Amaro entrega o bebê para uma

REALISMO
“tecedeira de anjos”. A criança também morre e o padre prossegue @espaçodoaprovado
descaradamente a sua carreira.

O livro critica a proibição do casamento aos sacerdotes católicos e a religiosidade hipócrita dos
moradores do interior de Portugal.

Na obra O primo Basílio, temos a história de Luísa, uma jovem burguesa que é
casada com um engenheiro Jorge. Ela sonhava com um amor romântico, por
isso, acaba sendo uma presa fácil do seu primo sedutor Basílio. Os dois se

Fig. 155
envolvem num adultério, e Juliana, a sua empregada, guarda as cartas
trocadas entre os amantes e passa a chantagear a patroa. O final da história
@espaçodoaprovado
é trágico, resultando nas mortes de Juliana e Luísa.
O livro critica a influência da leitura de livros românticos, a hipocrisia do casamento e a
superficialidade da pequena burguesia, além de retratar a desigualdade social entre Juliana, a
criada, e Luísa, a patroa.
Na obra Os Maias, temos a história de Carlos Maia e Maria Eduarda, dois irmãos que forma
separados na infância, e quando se reencontram, não sabem desse parentesco e acabam se do
espaoçvoado
apr
apaixonando. Mesmo após descobrir a verdade, os dois continuam juntos.
87
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O livro critica a relação incestuosa entre os irmãos e a ociosidade de Carlos Maia,


que era médico por mero prazer e não por necessidade, passando a criticar a

6
Fig. 15
alta burguesia.

REALISMO NO BRASIL @espaçodoaprovado

No ano de 1850, ocorreu o fim do tráfico negreiro, gerando um término do sistema escravista e a
ruínas dos latifúndios de açúcar, já que eles dependiam do trabalho escravo.

A ala progressista ganha destaque nos debates e essa crise afeta a política, a economia e o

REALISMO
próprio D. Pedro II, já que sua autoridade é posta em questão com o início de ideias republicanas.

Nesse cenário, a sociedade do Segundo Império passa por fortes mudanças e ocorre o
enfraquecimento da classe dominante e o crescimento da classe média.

Nesse cenário, a literatura brasileira encontra uma saída para abordar as Fig.
1

questões mais realistas, e menos idealizadas da sociedade.

56
Machado de Assis foi, no Brasil, o principal porta-voz de uma literatura mais
racional.

PRINCIPAIS AUTORES BRASILEIROS - MACHADO DE ASSIS


@espaçodoaprovado
Os primeiros romances escritos pelo autor ainda possuíam características
típicas do Romantismo, mas, já anunciavam algumas características sociais.

Essas obras pertencem a Primeira Fase de obras do autor, trazendo histórias com o objetivo
de divertir, emocionar e ensinar valores morais aos leitores com as histórias de amor, sendo do
espaoçvoado
essas: Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878). apr
88
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Na Segunda Fase dos romances de Machado de Assis, temos uma literatura mais realista que
mostram a hipocrisia da infidelidade no casamento e as relações interesseiras entre as pessoas
da classe dominante da época.

Os principais romances são: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas


Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).

Fig. 158
Na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, tem-se uma literatura que rompe
com os padrões de narrativa romântica e marca no Brasil o início do Realismo. @espaçodoaprovado

REALISMO
Brás Cubas é o narrador do romance, se caracterizando como um “defunto autor”, decidindo
escrever a sua autobiografia após a morte.
Na obra, não existe uma sequência de início, meio e fim, assim como era nas obras românticas e
no enredo, há uma sequência aleatória da vida do protagonista.
Machado de Assis garante talento com a publicação dessa obra porque constrói uma
habilidade narrativa incomparável e crítica de forma engenhosa a elite brasileira,
características materializadas na figura arrogante e prepotente do personagem
Brás Cubas.

Na obra Dom Casmurro, temos a história de Bento Santiago, o narrador-

Fig. 159
protagonista que tenta provar ao leitor a sua amargura e solidão em detrimento
da traição de sua mulher, Capitu, com o seu amigo, Escobar. @espaçodoaprovado

O ciúme que perturba Bentinho leva o leitor a desconfiar do que é narrado e entrar num dos
maiores dilemas da literatura brasileira: Capitu traiu ou não traiu Bentinho?
A genialidade da obra reside no fato da espetacular construção dos personagens.
do
espaoçvoado
apr
89
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

As obras de Machado de Assis são caracterizadas pela conversa entre o narrador e o leitor.
Diferente do romantismo, o narrador machadiano possui a finalidade de fazer com que o leitor
se divirta, através de zombarias, ofensas e provocações constantes.

Há meio século, os escravos fugiam com frequência.


Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão.
No trecho em destaque, é
Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem

REALISMO
possível notar a construção de
todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte
era apenas repreendida; havia alguém de casa que narradores ambíguos e pouco
servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; Fig
. 16
0
confiáveis.
além disso, o sentimento da propriedade moderava a
ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, Nesse conto “O pai contra a
entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o mãe”, o narrador se revela
escravo de contrabando, apenas comprado no irônico em relação à escravidão.
Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da
cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas @espaçodoaprovado

ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel,


e iam ganhá-lo fora, quitandando.
ASSIS, Machado de. Contos: uma antologia. Sel., intr. e notas de John
Gledson. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v. II, p. 483-484.
(Fragmento)..

do
espaoçvoado
apr
90
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

NATURALISMO

Fig. 161
Na segunda metade do século XIX, o mundo ficou marcado por intensos
desenvolvimentos na área da tecnologia e palco de descobertas científicas. @espaçodoaprovado

Um dos maiores feitos científicos foi a publicação do livro de Darwin, o chamado A origem das
espécies, uma obra em que ele afirmava serem os seres humanos o resultado de um longo

NATURALISMO
processo de evolução, e não a criação divina.

Essa teoria passou a influenciar o surgimento da estética naturalista, já que ela afirmava que o
ser humano era um animal como qualquer outro e propunha a ideia de seleção natural, segundo
a qual os indivíduos mais adaptados sobrevivem ao meio.

A estética naturalista também foi influenciada por ideias de Auguste Comte e Hippolyte Taine.
Auguste Comte propôs o positivismo, ideia que considerava as ciências experimentais o único
fator para a construção do conhecimento humano.

Hippolyte Taine propôs o determinismo, uma ideia que considerava o


condicionamento do ser humano pela raça à qual pertence, pelo meio e pela
época em que vive.

Fig. 162
Os naturalistas passaram a enxergar, de acordo com a teoria naturalista, que o
ser humano estava submisso às leis naturais. @espaçodoaprovado

Dessa forma, nos romances naturalistas, o desejo sexual sempre vencia a razão.

do
espaoçvoado
apr
91
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PROJETO LITERÁRIO
No romance experimental de Émile Zola, o principal objetivo da obra é entender

Fig. 163
o ser humano e transformar a sociedade.
Esse estudo é conduzido com base na ótica determinista e na teoria da
@espaçodoaprovado
evolução, permitindo que a literatura se desdobre na ciência.

NATURALISMO
Ao sr. Émile Zola:
Não sou temerário, não tenho a pretensão de seguir
vossas pegadas; mas não é pretender seguir vossas pegadas
escrever um simples estudo naturalista.
Ninguém vos imita, todos vos admiram.
Autores como Júlio Ribeiro
“Nós nos inflamamos, diz Ovídio, quando se agita o deus
foram claramente influenciados
que vive em nós”: pois bem o pequenino deus que vive em
por Émile Zola.
mim, agitou-se e eu escrevi A carne. . 16
4
Fig
Não é L’assommoir, não é La curée, não é La terre;
mas... uma candeia não é o sol, e todavia uma candeia No romance A carne, o escritor
ilumina. Júlio Ribeiro escreveu a sua
Seja o que for, aqui está a minha obra. dedicatória ao escritor francês.
Aceitareis a dedicatória que dela vos faço? Por que não? @espaçodoaprovado
Os reis, embora cheios de riquezas, nem sempre desprezam
os presentes mesquinhos dos pobres camponeses.
Permiti que vos preste minha homenagem completa,
vassala, de servidor fiel, tomando de empréstimo as palavras
do poeta florentino: Tu duca, tu signore, tu maestro.
São Paulo, 25 de janeiro de 1888
Disponível em: <http:// www.dominiopublico.gov.br/>.
do
Acesso em: 28 dez. 2022 espaoçvoado
apr
92
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

No Naturalismo, ocorre a substituição das análises psicológicas dos textos

Fig. 165
realistas pela análise dos fenômenos coletivos.

Quando isso acontece, as obras dirigem o seu olhar para uma classe social
que, até aquele momento, não havia merecido destaque de abordagem: o
@espaçodoaprovado
proletariado.
Os romances naturalistas se configuram como literatura de tese, porque eles desenvolvem

NATURALISMO
uma estrutura pensada para comprovar ao leitor uma visão determinista da sociedade.

A tese mais comum nas obras realistas abordam a degradação do indivíduo que vive em
ambientes que contribuem para as suas péssimas condições de vida.

Os romances funcionavam quase como experimentos para comprovar que os personagens


exemplificavam comportamentos específicos, e os enredos e espaços eram estruturados para
reproduzir o conflito das classes sociais.

Era comum que os escritores se escandalizassem com os temas e com os


objetivo que alguns dos comportamentos dos personagens das obras eram
descritos.
@espaçodoaprovado
LINGUAGEM
Animalização do ser humano
67
A linguagem das obras naturalistas
Além da exploração da imensidão dos Fig
. 1
era escrita de forma racional e
66
personagens, era comum que os escritores objetiva, utilizando o foco narrativo
1
Fig.

naturalistas retratasse as pessoas que, em terceira pessoa.


68
Fig. 1
submetidas a péssimas condições de vida, @espaçodoaprovado

se viam subjugadas pelos seus instintos


animais. o
spa çvoaddo
eEDA
pro do
aespaço
aprovado
93
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRINCIPAIS AUTORES - ALUÍSIO AZEVEDO


Seus romances mais conhecidos são: O mulato (1881), Casa de pensão (1884) e O

Fig. 169
cortiço (1890).
@espaçodoaprovado
A obra O mulato inaugurou o Naturalismo no Brasil.
A obra O cortiço é a mais famosa do autor, e a principal intenção dessa obra é provar que o ser
humano é resultado do ambiente em que vive.

NATURALISMO
O livro traz a história de João Romão, um comerciante que se esforça para aumentar seu
patrimônio e ascender socialmente. Ele é dono de uma taverna e passa a ser proprietário de
um cortiço, alugando casas simples para trabalhadores pobres.
É interessante notar que o cortiço passa a adquirir condição de personagem a partir do
momento em que se expande e se multiplica dia após dia.
É no cortiço que ocorre a exploração do ser humano, a sexualidade em alta, e o cruzamento
das raças, elementos que passam a comprovar as teses deterministas e evolucionistas que
influenciaram os escritores naturalistas.

Passaram-se semanas. Jerônimo tomava agora, todas as para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-
manhãs, uma xícara de café bem grosso, à moda da Ritinha, se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de
e tragava dois dedos de parati “pra cortar a friagem”. guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e
Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, volvia- -se preguiçoso resignando-se, vencido, às imposições do
dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe sol e do calor, muralha de fogo com que o espírito
os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crisálida. A eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a pátria
sua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e contra os conquistadores aventureiros.
amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus
patenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutores hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-
que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de -se. A sua casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado que a
do
ambição; entristecia; já apareciam por lá alguns companheiros de espaoçvoado
estalagem, para dar dois dedos de palestra nas horas de apr
94
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

e aos domingos reunia-se gente para o jantar. A revolução


afinal foi completa: a aguardente de cana substituiu o vinho;
a farinha de mandioca sucedeu à broa; a carne-seca e o
O trecho destaca claramente o
feijão-preto ao bacalhau com batatas e cebolas cozidas; a
pimenta-malagueta e a pimenta-de-cheiro invadiram poder que o meio exerce sobre
vitoriosamente a sua mesa; o caldo verde, a açorda e o caldo os indivíduos, como é o caso de
de unto foram repelidos pelos ruivos e gostosos quitutes . 1
70 Jerônimo, um português correto
Fig

baianos, pela muqueca, pelo vatapá e pelo caruru; a couve à e trabalhador, que aos poucos

NATURALISMO
mineira destronou a couve à portuguesa; o pirão de fubá ao vai se transformando em
pão de rala, e, desde que o café encheu a casa com o seu alguém preguiçoso e indolente.
aroma quente, Jerônimo principiou a achar graça no cheiro @espaçodoaprovado
do fumo e não tardou a fumar também com os amigos. E o
curioso é que quanto mais ia ele caindo nos usos e costumes
brasileiros, tanto mais os seus sentidos se apuravam, posto
que em detrimento das suas forças físicas.
(...)
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Scipione, 1995. p. 60. (Fragmento).

PRINCIPAIS AUTORES - RAUL POMPEIA


É autor da obra O Ateneu, cuja história traz Sérgio, um menino que vai estudar no Ateneu, um
colégio interno cheio de rigores, e que narra a sua história quando adulto.

A história é narrada em primeira pessoa e possui bastante subjetividade, dando ênfase às


descrições de agonia e crueldade.

O autor aborda a escola como um ambiente onde o dinheiro é o valor maior.

do
espaoçvoado
apr
95
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PARNASIANISMO

Fig. 171
O movimento surgiu na França, no ano de 1866, com a publicação da obra O
Parnaso contemporâneo, uma coletânea de poemas que eram contrários ao
@espaçodoaprovado
subjetivismo e ao excesso da emoção dos românticos.
“Parnaso” significava uma montanha na Grécia, que servia de morada para Apolo e suas musas.

PARNASIANISMO
A referência a esse lugar resgatava a importância da beleza formal na poesia, através de um
trabalho delicado e cheio de detalhes.

A poesia parnasiana foi uma forma da literatura expressar as transformações que assolavam
a Europa na segunda metade do século XIX.
O Parnasianismo resgatou uma das características negligenciadas pelo Romantismo: o rigor
formal na poesia.

PROJETO LITERÁRIO
O principal objetivo do Parnasianismo era encarar a arte sendo justificada
pela própria arte, desvinculada de dimensões sociais ou morais.
O movimento buscava restabelecer o rigor formal à poesia e evitar os

Fig. 172
exageros sentimentais dos românticos.
@espaçodoaprovado
A circulação dos poemas parnasianos ocorria por meio de jornais e revistas.
A novidade de divulgação é que algumas pessoas decoravam os poemas e passavam a recitá-
los.
O Parnasianismo foi bem aceito pelo público porque a elite brasileira preferia os versos e ritmos espaço do
o
bem trabalhados, com construções de efeito bem feitas. aprovad
96
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O MODELO PARNASIANO
Os parnasianos seguiam uma série de regras a respeito da seleção dos poemas e

Fig. 173
da sua construção.
Era comum eles fazerem referência à mitologia ou a personagens históricos da @espaçodoaprovado
Antiguidade, sempre escrevendo uma poesia descritiva e imparcial.
Em relação à técnica, os parnasianos se preocupavam com a construção do verso para que o

PARNASIANISMO
ritmo, a rima e o metro fossem perfeitos.
Na estrutura, o autor utiliza a técnica do corte, que serve para escolher o momento certo de
terminar o capítulo a fim de segurar a curiosidade do leitor.
Os parnasianos utilizavam o preciosismo, uma técnica que selecionava as palavras que seriam
utilizadas no poema e buscavam um assunto objetivo e impassível.
A um poeta
No poema em destaque, além de fazer referência à
Longe do estéril turbilhão da rua, Antiguidade Clássica (“templo grego”), ainda ocorre
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego, a defesa do trabalho árduo e necessário que se tinha
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! para conferir a perfeição formal do poema.
Mas que na forma se disfarce o emprego 74 Esse trabalho árduo era destinado ao poeta, que
. 1
Do esforço; e a trama viva se construa Fig

De tal modo que a imagem fique nua


possuía a imagem como a de um monge, se
Rica mas sóbria, como um templo grego. dedicando ao máximo para construir um texto em
que não ficasse evidente o seu esforço.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade, No último terceto aparece duas principais
Sem lembrar os andaimes do edifício:
características do Parnasianismo: o valor dado à
Porque a Beleza, gêmea da Verdade, beleza (utilizando um substantivo próprio) e a noção
Arte pura, inimiga do artifício,
de arte pela arte, presente no verso “Arte pura,
É a força e a graça na simplicidade. o
BILAC, Olavo. Poesias. 29. ed. Rio de Janeiro: Civilização inimiga do artifício”. spa çvoaddo
eEDA
Brasileira, 1977. p. 320..
pro do
aespaço
@espaçodoaprovado
aprovado
97
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

A linguagem da estética parnasiana era marcada por um elaborado trabalho de

Fig. 175
jogos de palavras e a utilização de polissíndetos (repetição de conjunções
coordenadas adversativas).

PRINCIPAIS AUTORES - OLAVO BILAC

Ele foi o maior poeta parnasiano do Brasil.

PARNASIANISMO
@espaçodoaprovado

O autor cultivava a perfeição da forma e utilizava as palavras e os versos como um ourives


lapida uma pedra preciosa.
Em suas obras, ele expressava bastante os seus sentimentos, utilizando um rigor e cuidado
formal, mas, ao mesmo tempo, não deixando de lado o lirismo.

PRINCIPAIS AUTORES - RAIMUNDO CORREIA


Ele ganhou destaque porque retratava a natureza com imagens fortes e

Fig. 176
sugestivas.
Em seu poema mais famoso, “As pombas”, ele aborda um bando de aves
voando, ao amanhecer, numa cena associada ao sonho. @espaçodoaprovado

Por conta desse poema, ficou conhecido como o “poeta das pombas”.

OUTROS AUTORES PARNASIANOS


Alberto de Oliveira foi um autor que tinha muita habilidade em compor retratos poéticos. A
sua obra mais famosa é o livro Meridionais.
Vincente de Carvalho escrevia poemas exaltando a natureza, especialmente o mar, ficando do
espaoçvoado
conhecido como o “poeta do mar”. apr
98
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O muro
No soneto em destaque, é
É um velho paredão, todo gretado,
possível notar algumas
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
características marcantes da
Deixou num cacto em flor ensanguentado
obra de Alberto de Oliveira,
E num pouco de musgo em cada fenda.
como as descrições objetivas,
sem a influência do lirismo ou
Serve há muito de encerro a uma vivenda;

PARNASIANISMO
77
. 1
Fig da preocupação formal, como,
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado;
por exemplo, através do uso de
Talvez consigo esta missão compreenda,
Sempre em seu posto, firme e alevantado. rimas ricas (formadas por
palavras de classes gramaticais
Horas mortas, a lua o véu desata, diferentes) (vivenda /
E em cheio brilha; a solidão se estrela compreenda; desata / prata;
Toda de um vago cintilar de prata; nua / lua).
@espaçodoaprovado
E o velho muro, alta a parede nua,
Olha em redor, espreita a sombra, e vela,
Entre os beijos e lágrimas da lua.
OLIVEIRA, Alberto de. O muro. In: BARBOSA, Frederico. Clássicos da poesia
brasileira. São Paulo: Klick, 1997. p. 143.

do
espaoçvoado
apr
99
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Fig. 178

SIMBOLISMO
A Europa, nas últimas décadas do século XIX, foi palco de competições entre as
potências do continente e também, de disputas envolvendo o movimento
operário. @espaçodoaprovado

Esse contexto foi o responsável pelas duas guerras mundiais e as diversas revoltas do século XX.

SIMBOLISMO
Todo esse cenário pessimista acaba por deixar os artistas sem encontrar, nem na razão e
nem nos sentimentos, um meio de suporte para compreender o mundo.
A realidade passa a ser encarada como ilusória e dessa forma, a razão não permite que se
vá além do real e que se alcance a essência.
O artista passa a representar esse período frustrante utilizando representações vagas,
imprecisas e abstratas.

Analogias IMPRESSIONISMO
. 179
Os artistas simbolistas possuíam a . 180
O Impressionismo vem para marcar a
Fig Fig
finalidade de buscar uma investigação do ruptura entre a arte acadêmica,

Fig. 181
passando a representar a realidade por
desconhecido através de símbolos e
meio de contornos imprecisos.
analogias, essas podendo evidenciar as
relações entre o mundo visível e o das @espaçodoaprovado

essências.

PROJETO LITERÁRIO
O Simbolismo tinha como objetivo retomar a visão platônica, se contrariando ao mundo sensível
do
e o mundo das ideias. espaoçvoado
apr
100
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Os textos do movimento simbolista valorizavam a linguagem e a forma como


elementos capazes de dar proporcionar experiências sensoriais no leitor.

Essa valorização da linguagem e da forma, atrelada com a postura


antirromântica, fez o Simbolismo se aproximar do Parnasianismo. Porém, o

Fig. 182
projeto literário do movimento simbolista ganhou destaque e diferença do
Parnasianismo porque ele deu lugar ao mistério no lugar da ciência, e deu @espaçodoaprovado

SIMBOLISMO
lugar a literatura e a arte ao invés da realidade e da vida.

Cada autor possuía o seu modo de realizar os princípios de arte absoluta.


É por isso que se encontra dificuldade em definir o movimento simbolista como um movimento
literário com programas claros e objetivos.

OS AGENTES DO DISCURSO
O Parnasianismo e o Simbolismo dividiram a ideia de condição de produção,
pelo fato de ambos defenderem a necessidade de valorização da

Fig. 183
criatividade, se opondo à crença na razão como única forma de
compreender o mundo.
@espaçodoaprovado
Na Europa, o Simbolismo repercutiu mais que o Parnasianismo.

Isso aconteceu porque o Simbolismo era uma estética literária que questionava a tecnologia,
a ciência e o desenvolvimento industrial, e não faria sentido ela repercutir num país que ainda
era majoritariamente agrário e tinha a sua literatura em formação.

Os simbolistas brasileiros não foram bem vistos e foram taxados de nefelibatas (aqueles que
vivem nas nuvens), e nenhum deles foi considerado na fundação da Academia Brasileira de do
espaoçvoado
Letras, no ano de 1816. apr
101
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Os poetas simbolistas desenvolveram seus projetos literários no Sul do país,


longe do Rio de Janeiro, onde lá predominava o Realismo e o Parnasianismo.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Os simbolistas se apoiaram na intuição e nos sentidos humanos nas suas obras.
Fig. 184

Os simbolistas iam contra o cientificismo, que predominava a mentalidade da época, e passaram

SIMBOLISMO
a revelar um misticismo próximo da tradição cristã.

Em seus poemas, era comum uma atmosfera misteriosa e fluída.


A atenção dos poetas simbolistas estavam na intuição, na sensibilidade e na descoberta do “eu”,
demonstrando pouco interesse pela sociedade.

A linguagem das obras simbolistas é bem trabalhada.


Um dos principais recursos utilizados por eles era enumerar imagens e palavras para produzir
um esvaziamento de sentidos e provocar sensações no leitor.
Eles também utilizavam muito a sinestesia, uma figura de linguagem responsável por aproximar
os diferentes sentidos humanos, como em “aroma azedo” (olfato + paladar).
É recorrente o uso de maiúsculas alegorizantes, que corresponde ao uso

Fig. 185
de letras maiúsculas para grafar os termos, a fim de personificá-los,
mesmo que não tivesse um real motivo para isso.
O objetivo de utilizar as maiúsculas alegorizantes era provocar um sentimento
@espaçodoaprovado
de estranhamento no leitor, para que esses termos fossem tidos como ainda
não revelados.
Por fim, era comum o uso de reticências, um recurso para enfatizar a sugestão e a imprecisão, do
espaoçvoado
apr
passando a criar um efeito de pausas musicais nos poemas.
102
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

SIMBOLISMO EM PORTUGAL
A obra Oaristas, publicada em 1890, por Eugénio de Castro, introduziu o Simbolismo em Portugal.
Essa obra está mais interligada aos recursos linguísticos e aos aspectos formais do que
com o aprofundamento da exploração das essências do mundo. É por isso que sua poesia
se torna mais a mais superficial do movimento simbolista
O autor António Nobre escreve em seus poemas o tema principal de saudade, utilizando bastante

SIMBOLISMO
a musicalidade, sinestesias, analogias inusitadas e sucessões de imagens que passam a estimular
os diferentes sentidos humanos.
Ele utiliza do saudosismo, da idealização da sua infância e da vida no campo como fatores para
atrair a atenção do público, já que eram temas muito abordados em sua época.

O autor Camilo Pessanha é o principal poeta do Simbolismo português e passou a desenvolver em


seus poemas, uma linguagem moderna e sem excessos, como era presente em outros poetas.
No único livro publicado por ele, Clepsidra, percebe-se a desolação e a angústia da vida,
sentimentos esses que, no poema, são representados por meio de imagens de desertos,
naufrágios e ruínas.
No soneto em destaque,
percebe-se o desconsolo
Passou o Outono já, já torna o frio... Ficai, cabelos dela, flutuando,
e a melancolia da poesia
— Outono de seu riso magoado. Álgido E, debaixo das águas fugidias, Fig
. 185
Inverno! Oblíquo o sol, gelado... Os seus olhos abertos e cismando... de Camilo Pessanha
— O sol, e as águas límpidas do rio. diante da passagem do
Onde ides a correr, melancolias? tempo, na desolação do
Águas claras do rio! Águas do rio, — E, refratadas, longamente ondeando, inverno e na imagem de
Fugindo sob o meu olhar cansado, Para As suas mãos translúcidas e frias...
uma mulher morta.
onde me levais meu vão cuidado?
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
Aonde vais, meu coração vazio? do
download/texto/ bv000065.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2022. @espaçodoaprovado
espaoçvoado
apr
103
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

SIMBOLISMO BRASILEIRO
O engajamento dos poetas simbolistas se deu em torno da questão da abolição

Fig. 187
da escravatura.
@espaçodoaprovado

Os simbolistas nacionais passaram a negar a visão romântica do mundo, mas, ao contrário do


parnasianos, os simbolistas não valorizavam a devoção à forma, e sim, no uso da literatura
como um meio de contato para uma dimensão maior do que a realidade humana.

SIMBOLISMO
Os principais simbolistas brasileiros foram: João da Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.

PRINCIPAIS AUTORES BRASILEIROS - CRUZ E SOUZA

A obra Missal (prosa) e Broquéis (poesia) iniciou o Simbolismo no Brasil.


O autor buscou transformar a percepção do real, utilizando reflexões filosóficas e a inquietude
diante dos sentidos da existência.
Em seu poema “Alucinação”, o mar agitado e o por do sol provocam no eu-lírico várias
sensações (visuais, auditivas, etc.) que o permitem questionar o propósito de estar no mundo.
Outra característica presente nas obras do autor é o uso constante de palavras que
remetessem a cor branca, utilizando termos como neve e palidez, usados para traduzir a ideia
do autor simbolista na busca do que é puro e essencial.

do
espaoçvoado
apr
104
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Mais claro e fino do que as finas pratas


o som da tua voz deliciava…
Na dolência velada das sonatas
como um perfume a tudo perfumava. No poema em destaque,
percebem-se diversas
Era um som feito luz, eram volatas características do Simbolismo
em lânguida espiral que iluminava, na obra de Cruz e Souza, como,
. 188
brancas sonoridades de cascatas… Fig por exemplo, a sinestesia (“som

SIMBOLISMO
Tanta harmonia melancolizava. feito de luz”), a presença da cor
branca (“brancura das sedas”) e
Filtros sutis de melodias, de ondas diversas sensações
de cantos volutuosos como rondas relacionadas aos sentidos
de silfos leves, sensuais, lascivos… humanos.
@espaçodoaprovado
Como que anseios invisíveis, mudos,
da brancura das sedas e veludos,
das virgindades, dos pudores vivos.
SOUSA, Cruz e. Obra completa. Rio de Janeiro: José
Aguilar, 1961. p. 442-443..

PRINCIPAIS AUTORES BRASILEIROS - ALPHONSUS DE GUIMARÃES


A perca da noiva do autor fez com que a morte fosse vista por ele como um meio de passagem
para a realidade.
O tom dos seus poemas são menos pessimistas e angustiados, muito embora esteja presente
os delírios sensoriais e o anseio pelo encontro com o absoluto, a esfera das essências.
Ismália é um dos seus poemas mais conhecidos, nele, temos a presença de uma moça, que,
num devaneio provocado pela lua, acaba se atirando de uma torre e morre no mar. Essa
imagem de delírio, na busca de algo que está além da realidade concreta, e o mergulho ao do
absoluto, são os principais símbolos do movimento simbolista. espaoçvoado
apr
105
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRÉ-MODERNISMO

Fig. 189
CONTEXTO HISTÓRICO

PRÉ-MODERNISMO
Com a Proclamação da República, no ano de 1889, não tivemos tantas mudanças @espaçodoaprovado

no cenário da economia brasileira.


Por conta disso, dois terços da população vivia no campo e a sua condição de vida era
determinada pelos grandes latifundiários.
Com a instauração da República, os centros políticos sofreram transformações e os espaços
urbanos passaram por um processo de “europeização”.
A reurbanização das grandes cidades causou o deslocamento de várias famílias pobres das
áreas centrais, para locais de difícil acesso. Com isso, passaram a existir as favelas.

Fig. 190
Esse cenário permitiu que os escravos libertos vivessem em total
abandono e descaso, não possuindo acesso à educação e não sendo mais
empregados pelos proprietários rurais, já que estes preferiam “importar”
os imigrantes europeus.
O Nordeste brasileiro enfrentava um grande problema da seca e muitas @espaçodoaprovado

pessoas, por viverem em condições precárias, aderiram à pregação messiânica


de Antônio Conselheiro.
Esse líder religioso se desentendeu com os poderes republicanos e ocorreram embates, que
acabaram se transformando num dos mais sangrentos confrontos internos do Brasil: a guerra
de Canudos.
do
espaoçvoado
apr
106
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Ainda no Nordeste brasileiro, tivemos palco de batalhas entre a polícia e grupos


de cangaceiros, os quais exigiam dos coronéis o pagamento de “taxas” de

Fig. 191
proteção para suas fazendas.

PRÉ-MODERNISMO
O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. @espaçodoaprovado

Na Amazônia, tínhamos a melhor fase da extração da borracha, material que fez prosperar as
cidades de Manaus e Belém.
Em São Paulo, ocorria a expansão econômica referente à cultura do café, passando a acelerar o
processo de urbanização e de industrialização.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Em detrimento das grandes mudanças políticas, sociais e econômicas do Brasil, a literatura
buscava um conhecimento mais real e profundo das condições de vida num país em
transformação.
Os autores passavam a escrever sobre diferentes temas: as diferentes regiões

Fig. 192
do país, os centros urbanos, os funcionários públicos, os sertanejos, os
caboclos, os imigrantes.
Os principais escritores do Pré-Modernismo foram: Euclides da Cunha, Monteiro
@espaçodoaprovado
Lobato, Lima Barreto, Graça Aranha e Augusto dos Anjos.

O Pré-Modernismo não se configura como uma escola literária porque ele possuía uma
multiplicidade de focos e de interesse.
O Pré-Modernismo é considerado um período de transição, pois ele conserva algumas
tendências de estéticas, como o Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo, ao mesmo do
espaoçvoado
tempo que antecipa outras estéticas que serão aprofundadas no Modernismo. apr
107
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

No Pré-Modernismo, não se tinha um critério estético para definir sua produção.

Fig. 193
Por isso, é considerado o princípio cronológico de obras produzidas entre 1902, o
ano de publicação da obra Os sertões, e o ano de 1922, ano em que se realizou a
Semana de Arte Moderna.

PRÉ-MODERNISMO
@espaçodoaprovado

O PROJETO LITERÁRIO
O principal objetivo do Pré-Modernismo era revelar o “verdadeiro” Brasil” para os brasileiros.

Passam a surgir personagens que ainda não ganharam espaço na literatura brasileira, como
o pequeno funcionário público, o caboclo e os imigrantes.
Os sertanejos, que antes possuíram atenção nos romances regionalistas de José de Alencar e
Franklin Távora recebiam uma nova abordagem, passando a ser mais objetivo e distanciado
das idealizações românticas.

Naquela época, as pessoas dos grandes centros estavam interessadas nas notícias diárias.

Por isso, autores como Euclides da Cunha e Monteiro Lobato passaram a escrever
em jornais e falavam sobre os problemas nacionais.

Fig. 194
Por conta das inovações tecnológicas, os textos passaram a ser circulados mais
rapidamente. @espaçodoaprovado

O telégrafo, por exemplo, permitiu que os correspondentes referentes a Canudos servissem de


testemunhas do conflito, proporcionando maior veracidade aos fatos notificados para os
leitores.
A fotografia exerceu papel importante na busca pelo real.
Como consequência da aproximação da literatura com a realidade, a linguagem dos textos se do
espaoçvoado
tornava mais direta, mais objetiva e mais próxima do texto jornalístico. apr
108
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRINCIPAIS AUTORES - EUCLIDES DA CUNHA


Fig. 195

O autor foi responsável por aproximar a literatura da história.

PRÉ-MODERNISMO
@espaçodoaprovado

O principal livro do autor, Os sertões, possui difíceis e elaboradas características:


Possui características do texto literário, já que aborda em suas descrições, como ocorreu
o combate e como se caracterizava a alma do sertanejo.
Possui características do tratado científico, já que analisa o solo e se preocupa em
descrever minuciosamente o sertanejo e explica a gênese de Antônio Conselheiro, como
um líder messiânico.
Possui características de matéria jornalística, já que registra em diversos detalhes as lutas
entre as tropas oficiais e os revoltosos.
Essa obra, mesmo que misture alguns estilos, apresenta uma visão totalmente determinista,
já que liga o Naturalismo á visão do ser humano como produto do meio em que vive.
Euclides dividiu a sua obra em três partes:
A Terra (primeira parte): faz uma apresentação detalhada das características do sertão
nordestino, trazendo informações como o clima, o solo, o relevo e a vegetação.
O Homem (segunda parte): aborda o retrato do sertanejo, procurando demonstrar o
impacto do meio sobre as pessoas.
A Luta (terceira parte): passa a narrar os embates entre as tropas oficiais e os seguidores
de Conselheiro. O livro finaliza descrevendo a queda do Arraial de Canudos e a destruição
das casas do local.
O estilo de Euclides de Cunha é revelado na sua linguagem, pois nela se tem o uso constante
de expressões que sugerem um conflito interior que não pode ser solucionado, fazendo com do
espaoçvoado
que muitos críticos categorizaram os textos de Euclides com marcas barrocas. apr
109
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Em seus textos também é possível notar a busca pela precisão científica e o desejo do autor em
trazer um realismo absoluto do que está sendo narrado.

PRÉ-MODERNISMO
PRINCIPAIS AUTORES - LIMA BARRETO

O autor trouxe para suas obras parte dos centros urbanos que eram

Fig. 196
ignorados pela elite cultural do país: os subúrbios cariocas.
Eram nesses espaços que viviam a pequena classe média, composta de
funcionários públicos, professores, e diversos outros personagens. @espaçodoaprovado

Os romances do autor foram decisivos para trazer os verdadeiros


mecanismos de relacionamento social do Brasil no início do século XX.

ISAÍAS CAMINHA

Fig. 197
Foi o seu primeiro romance, intitulado como Recordações do escrivão Isaías
Caminha, trazendo temáticas de denúncia do preconceito. O livro possui caráter
autobiográfico, já que, assim como Isaías, o autor sofreu preconceito por ser @espaçodoaprovado

mulado e, também como sua personagem, conseguiu relativo sucesso por conta
da sua carreira jornalística.

No livro Clara dos Anjos, temos um romance inacabado que trata sobre o preconceito racial,
focado numa moça que é seduzida por um suburbano, Cassi Jones. O romance denuncia a
impossibilidade de viver numa sociedade que é marcada em determinar o valor de uma
pessoa pela cor da pele.

do
espaoçvoado
apr
110
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

POLICARPO QUARESMA

Fig. 198
O romance mais conhecido de Lima Barreto é Triste fim de Policarpo Quaresma,

PRÉ-MODERNISMO
uma história que traz o protagonista, Policarpo Quaresma, um major que
trabalha como subsecretário do Arsenal de Guerra, estudioso das coisas do @espaçodoaprovado
Brasil, marcado pelas tradições do povo brasileiro.
O protagonista é ridicularizado por conta do seu patriotismo exacerbado, e assim, o
personagem passa a conviver com o embate entre o real e o ideal.
O “triste fim” de Policarpo Quaresma acontece pela perda de todos seus ideais quando ele
percebe que dedicou toda a sua vida para uma causa inútil.

A desilusão de Policarpo também é a desilusão de Lima Barreto.

O novo Brasil que os textos sugeriam era marcado por grandes desigualdades sociais, não se
caracterizando como um país que desse orgulho aos leitores, mesmo assim, era um país real.

PRINCIPAIS AUTORES - MONTEIRO LOBATO

Ele é autor de livros como Urupês, com o qual passou a traçar um detalhe
minucioso do caboclo que vivia no interior de São Paulo.

Fig. 199
O principal ponto literário marcante de suas obras é a denúncia social de problemas
que marcavam as pessoas do interior.
@espaçodoaprovado
Nos seus contos da obra Cidades mortas, ele caracteriza a desolação provocada pelas
pequenas cidades.
do
espaoçvoado
apr
111
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRINCIPAIS AUTORES - AUGUSTO DOS ANJOS

O autor possui fortes influências de diferentes estéticas do século XXI.

PRÉ-MODERNISMO
Fig. 200
Do Simbolismo, o autor resgata o gosto pelas imagens fortes e a preocupação
com a construção formal dos poemas.
Do Naturalismo, o autor resgata o uso de termos científicos. @espaçodoaprovado

Do Parnasianismo, o autor resgata a preferência pelo soneto.

Augusto dos Anjos é visto como um fenômeno isolado.


As características mais fortes dos seus poemas são as divagações metafísicas e as expressões
de angústia existencial.
A linguagem dos seus textos é surpreendente, pois recorre à ciência para definir de forma
concisa as suas preocupações perante a origem da angústia moral, sentimento que
atormenta a humanidade.
O poeta utiliza termos fortes e chocantes, associados às funções corporais. Esse fator faz
com que muitos críticos da época destacassem o “mau gosto” do vocabulário como um dos
defeitos da poesia de Augusto dos Anjos.

do
espaoçvoado
apr
112
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

VANGUARDAS EUROPEIAS

VANGUARDAS EUROPEIAS
Fig. 201
CONTEXTO HISTÓRICO
O início do século XX foi marcado por diversas turbulências no campo político, já @espaçodoaprovado

que diversas crises e conflitos de vários países resultaram na Primeira Guerra


Mundial.
A Europa da época teve acesso a uma série de descobertas tecnológicas e científicas,
proporcionando a mudança das pessoas em sua forma de pensar.
Dentre essas inovações, temos o telefone, o cinema, o automóvel, a teoria da relatividade e a
microbiologia.
Outro marco importante foi o surgimento da psicanálise a partir dos estudos de Sigmund Freud.

Esses fatores permitiram ao século ser palco de incertezas e relatividades.

PRINCIPAIS CONCEITOS

Fig. 202
O termo vanguarda teve origem militar e significava, inicialmente, que as tropas
deveriam se posicionar à frente das outras durante o ataque.
@espaçodoaprovado

Já no século XX, essa palavra passou a significar movimentos que tinham como objetivo
provocar transformações radicais nas artes.
As principais vanguardas, também conhecidas como “ismos’, foram: o Cubismo, o Futurismo, o
Expressionismo, o Dadaísmo e o Surrealismo.
A maior parte desses movimentos lançaram manifestos que continham seus princípios e
do
propostas. espaoçvoado
apr
113
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

O PROJETO ARTÍSTICO

Fig. 203

VANGUARDAS EUROPEIAS
O principal objetivo das vanguardas era romper com os valores artísticos do
passado e criar novas alternativas à representação figurativa da realidade.
@espaçodoaprovado
Esse propósito de ruptura refletia as mudanças que ocorriam num mundo cada vez mais
dinâmico e marcado por diversas invenções e descobertas, que passaram a transformar a vida
das pessoas.
As vanguardas possuíram demasiado sucesso porque chocavam as expectativas do público em
propor diferentes abordagens para representar um mundo em transformação.

OS AGENTES DO DISCURSO
A maior parte das vanguardas surgiram em Paris.

Fig. 204
Para divulgar suas propostas, os grupos intelectuais publicavam manifestos
em jornais e expunham suas obras. @espaçodoaprovado

No início, o público não aceitou muito bem as vanguardas e teve uma reação de repulsa, a
princípio. Porém, conforme o tempo passava, os parisienses que frequentavam aquele circuito
de artes passaram a aceitar a “nova arte” e reconhecer as diferentes formas de se abordar
as ideias das vanguardas.

CUBISMO
A exposição do quadro As senhoras de Avignon, em 1907, deu início ao Cubismo.
Pablo Picasso estava ao lado de Georges Braque e Juan Gris para promover uma revolução na
pintura, representando a realidade através de um modo totalmente novo, passando a romper do
espaoçvoado
apr
com os conceitos de arte do passado.
114
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Os pintores do Cubismo se baseavam na técnica de sobreposição de diversos


planos, a fim de representar diferentes pontos de vista.

VANGUARDAS EUROPEIAS
Fig. 205
Assim, o observador se forçava a pensar na realidade como algo multifacetado
e passível de diversas interpretações.
@espaçodoaprovado

No ano de 1913, o poeta Guillaume Apollinaire publicou o manifesto da literatura cubista, que
tinha como finalidade conciliar os procedimentos desse movimento artístico com a
destrutividade dos futuristas.
Na literatura, o Cubismo se mostrou presente especialmente na poesia, influenciando
diversos autores, como o brasileiro Oswald de Andrade.
Cocktail Rapidez
HOTEL RESTAURANTE BAR Alegria
A cadeira guincha Poema
Garçon Arte moderna
No espelho “Experimente nosso COCKTAIL” COCKTAIL PARA UM!
Champagne cocktail Não; para todos
Gin cocktail Vinde encher o copo do coração com o meu cocktail sentimental
Álcool Sentimental?!
Absinto ARANHA, Luís. Cocktails: poemas. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 66-67.

Açúcar
Aromáticos
Sacode num tubo de metal Nesse poema em destaque,
É frio estimulante e forte temos a enumeração de
Cocktail Cocteau elementos e situações de certa
Cendrars Rimbaud cabaretier forma desconexos, que
Espontaneidade compõem uma situação que
Simultaneísmo lembra o Cubismo.
do
O só plano intelectual traz confusão espaoçvoado
@espaçodoaprovado apr
Associação
115
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

FUTURISMO

VANGUARDAS EUROPEIAS
Foi uma vanguarda liderada por Filippo Tommaso Marinetti, e surgiu na

Fig. 206
Europa no ano de 1909, através da publicação de um manifesto chamado Le
@espaçodoaprovado
Figaro.
Marinetti propunha destruir o passado e passava a glorificar tudo que fosse moderno, como
os carros, aviões e automóveis.
A guerra e a violência são vistas pelos futuristas como elementos purificadores, já que
proporcionam a eliminação com símbolos do passado, como as bibliotecas e os museus.
Marinetti tinha como objetivo uma literatura mais dinâmica, a fim de provocar o leitor para
reagir.

Destruição
O futurismo defendia a destruição da FASCISMO
7
sintaxe e passava a privilegiar os
20

O futurismo, por defender a guerra e a


Fig.

208
substantivos, que eram utilizados de forma F ig. violência, fez com que, a partir de 1919,

Fig. 209
o movimento se aliasse ao fascismo.
aleatória, além da preferência por verbos
@espaçodoaprovado
no infinitivo, rejeitando a pontuação, os
adjetivos e os advérbios.

EXPRESSIONISMO
Surgiu na Alemanha, no ano de 1910, passando a sugerir uma realidade ligada a transformação
em expressão, sem existir uma consciência para intermediar o processo de criação da obra.
A Primeira Guerra Mundial exerceu influência nesse movimento, já que os retratados são do
espaoçvoado
marcados pela agonia e medo. apr
116
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

A literatura expressionista possui uma postura pessimista, objetivando


representar um mundo em crise, sem esperança, retratando esses fatores

VANGUARDAS EUROPEIAS
Fig. 210
por meio de pinturas distorcidas e grotescas.

@espaçodoaprovado
DADAÍSMO
É a vanguarda mais radical de todas, nascida no ano de 1916.
Ela tinha como objetivo romper com qualquer possibilidade de lógica e racionalidade no fazer
artístico, passando a defender a total liberdade e espontaneidade de produção.

O nome do movimento diz que “Dadá não significa nada”.


Na literatura, o Dadaísmo se configura com sensações de gratuidade e absurdo em relação à
realidade.

SURREALISMO
Tinha o objetivo de valorizar o conhecimento do ser humano, procurando explorar o inconsciente
através da fantasia, do sonho e da loucura, deixando de lado a razão.
Esses fatores revelam a influência do movimento com a psicanálise de Freud.
Pré-história
Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos. No poema em destaque,
Uma noite abriu as asas 211 percebe-se a sucessão de
g.
Fi
Cansada de tanto som, imagens inusitadas, dando ao
Equilibrou-se no azul, texto um caráter onírico
De tonta não mais olhou
@espaçodoaprovado
Para mim, para ninguém!
do
Cai no álbum de retratos. espaoçvoado
.
MENDES, Murilo. In: GUIMARÃES, Júlio Castañon. A invenção do contemporâneo. apr
São Paulo: Brasiliense, s.d. p. 44. (Coleção Encanto Radical).
117
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO EM PORTUGAL
MODERNISMO EM PORTUGAL

Fig. 212
A revista Orpheu, publicada em 1915, marcou o primeiro momento do Modernismo
em Portugal.
@espaçodoaprovado

Ela continha com o principal tema o saudosismo, ou seja, as lembranças dos feitos marítimos
que tornaram Portugal uma das potências mundiais no século XVI.
Além do saudosismo, também era presente o tema da lamentação do desconcerto que dominou
o país após o sumiço de Dom Sebastião.
Autores como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e José de Almada Negreiros surgiram
para inaugurar uma época onde o principal objetivo era fazer uma reflexão crítica sobre as
causas da decadência e da estagnação intelectual de Portugal.

PRINCIPAIS AUTORES - ALMADA NEGREIROS


O autor ficou responsável pela publicação da obra “Ultimatum futurista”, na qual
abordava um apelo para que os jovens assumissem uma posição de liderança

Fig. 213
para recuperar a pátria e o espírito português.
@espaçodoaprovado

PRINCIPAIS AUTORES - MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO


O autor tinha na prosa e na poesia o maior drama do homem no século XX: a fragmentação da
identidade.

Em todos os seus textos, era possível notar uma grande sensibilidade, atrelada com a angústia
existencial.
do
espaoçvoado
apr
118
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO EM PORTUGAL
PRINCIPAIS AUTORES - FERNANDO PESSOA

Fig. 214
Quando se estuda as obras do autor, é necessário fazer uma distinção de poemas
em que ele assinou com seu nome verdadeiro, se caracterizando como uma
poesia ortônima, e todos os outros que ele assinou com diferentes heterônimos.
@espaçodoaprovado

POESIA ORTÔNIMA DE FERNANDO PESSOA

Os principais temas presentes eram o questionamento do eu e a sinceridade do fingimento.


Sua principal obra ortônima é Mensagem.
Na obra citada anteriormente, temos uma releitura do destino de Portugal, com base no
fenômeno das navegações, a ligação entre os portugueses e o mar e o mito do encoberto,
associado ao desaparecimento de Dom Sebastião.

Fig. 215
Mensagem é dividida em três partes (“Brasão”, “Mar português” e “O encoberto”)
e Fernando Pessoa acaba por reinterpretar os principais símbolos históricos e
marítimos de Portugal, a fim de enfatizar a vocação do povo em superar
obstáculos.
O principal elemento dos poemas de Mensagem é o uso do mar oceano como um @espaçodoaprovado
símbolo de transcendência que seria alcançada pela provação individual e coletiva
do povo português.
Prece
Senhor, a noite veio e a alma é vil. Dá o sopro, a aragem – ou desgraça ou ânsia –
Tanta foi a tormenta e a vontade! Com que a chama do esforço se remoça,
Restam-nos hoje, no silêncio hostil, E outra vez conquistaremos a Distância
O mar universal e a saudade. – Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Mas a chama, que a vida em nós criou, PESSOA, Fernando. Mensagem. São Paulo: Martin Claret, 2006. p. 50.
Se ainda há vida ainda não é finda.
do
O frio morto em cinzas a ocultou: espaoçvoado
A mão do vento pode erguê-la ainda.
apr
119
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO EM PORTUGAL
POESIA HETERÔNIMA DE FERNANDO PESSOA

Fig. 216
Heterônimos significa autores que foram imaginados por Fernando Pessoa, e
essa ferramenta serve como um método para o autor resolver uma questão
que lhe assolava: a constante necessidade de desdobramento do “eu”,
ocasionando a multiplicação de identidades. @espaçodoaprovado

Os principais heterônimos de Fernando Pessoa são: Bernardo Soares, autor do Livro do


desassossego, e os poetas Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis.

Fernando Pessoa deu diferentes modos de olhar o mundo para cada um dos heterônimos,
fazendo com que eles possuíssem personalidade e estilo próprios.

ALBERTO CAEIRO
Sua poesia é de caráter simples, mas possui uma complexidade filosófica.

Fig. 217
Se define como “homem do campo”, “o guardador de rebanhos”.
A sua produção poética está baseada na sua percepção de mundo, na
tendência do ser humano interpretar as coisas que vê com outros símbolos. @espaçodoaprovado

Segundo Caeiro, esse é o motivo pelo qual os seres humanos não conseguem compreender
que as coisas são o que são e isso é o verdadeiro significado de tudo.
Pensar em Deus é desobedecer a Deus, Porque
Deus Quis que o não conhecêssemos, Caeiro se vê diante do desafio de vida,
Por isso se nos não mostrou...
como ele aborda que precisamos
218
Sejamos simples e calmos, Fi
g. “desaprender” o olhar definido pela
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós cultura ocidental, já que ela insiste em
Belos como as árvores e os regatos, tomar a natureza como símbolo das
E dar-nos-á verdor na sua primavera, do
E um rio aonde ir ter quando acabemos...
emoções humana espaoçvoado
@espaçodoaprovado apr
PESSOA, Fernando. Poesia completa de Alberto Caeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 26.
120
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO EM PORTUGAL
RICARDO REIS
Ele é o heterônimo clássico de Fernando Pessoa.

Fig. 219
Em todos os seus poemas, ele aborda a influência dos poetas clássicos
gregos e latinos.
Possui uma visão pagã, claramente influenciada por Caeiro. @espaçodoaprovado

Em seus textos, temos uma sintaxe com várias inversões, o uso de regência desusadas e um
vocabulário raro.

ÁLVARO DE CAMPOS
É um heterônimo de caráter futurista, também conhecido por sua expressão de
uma angústia intensa, que passa a suceder o seu entusiasmo com as conquistas
da modernidade.

Fig. 220
Em sua fase de “amargura angustiada”, o poeta escreve vários poemas em
que está atingido por um grande desencanto existencial.
@espaçodoaprovado

do
espaoçvoado
apr
121
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO EM PORTUGAL
MODERNISMO NO BRASIL: PRIMEIRA FASE

Fig. 221
CONTEXTO HISTÓRICO
@espaçodoaprovado
O início dos anos 1920 no Brasil foi repleto de insatisfações e revoltas militares, liderado
principalmente pelos tenentes, por conta dos baixos salários e insatisfações com o treinamento.

A quebra da Bolsa de Nova York causou significativa instabilidade no Brasil, já que ele era
dependente da exportação de café.

Além disso, o país estava imerso na recusa da oligarquia política paulista em continuar
alternando o poder com mineiros, gerando insatisfações que acabou levando a deposição de
Washington Luís e à posse de Getúlio Vargas.

O café foi responsável pela transformação de São Paulo num estado rico e passando pelo
processo de industrialização.

Fig. 222
No âmbito cultural, o Rio de Janeiro era influenciado pela Belle Époque e pelo
Parnasianismo, enquanto em São Paulo havia insatisfações artísticas por conta
das vanguardas europeias.

No ano de 1917, Anita Malfatti expõe alguns dos seus quadros que foram
@espaçodoaprovado
influenciados pelas vanguardas europeias, como o Cubismo e o Expressionismo.
O escritor Monteiro Lobato publicou um artigo, no jornal O Estado de S. Paulo, criticando a
exposição e a classifica como “arte anormal”.
Como defesa, Mário de Andrade passa a escrever um texto expondo os princípios que serão
adotados pelos modernistas brasileiros, como a liberdade artística, a aceitação de diferentes do
espaoçvoado
apr
padrões de beleza e a espontaneidade criativa.
122
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 1ª FASE


A SEMANA DE ARTE MODERNA

Fig. 223
Um grupo de intelectuais se reuniram para comemorar o centenário da
Independência do Brasil e promoveram um evento para publicar as ideias
através de palestras, exposições e apresentações musicais. @espaçodoaprovado

O grupo era formado por Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Di
Cavalcanti e Mário de Andrade, que posteriormente se juntaram com Sérgio Buarque de Holanda,
Heitor Villa-Lobos e Manuel Bandeira (que enviou um poema por não poder comparecer).

A abertura da conferência se deu com Graça Aranha, no dia 13 de fevereiro, com o


comparecimento da elite brasileira, sendo uma abertura tranquila.

A segunda noite foi bastante tumultuada e a plateia se manifestava, já que vaiava textos
como “Os sapos”, uma dura crítica ao Parnasianismo.

A terceira noite deixou o público ofendido, visto que o maestro Villa-Lobos entrou
com um par de chinelos (por conta de um calo), e passou a ser confundido com

Fig. 224
uma atitude “futurista” e provocadora.
@espaçodoaprovado
Depois da Semana de Arte Moderna, surgiram os primeiros livros inspirados
pelos princípios que foram defendidos no Teatro.

As principais obras publicadas foram: Pauliceia desvairada (1922), de Mário de Andrade;


Memórias sentimentais de João Miramar (1923), de Oswald de Andrade; e O ritmo dissoluto
(1924), de Manuel Bandeira.

do
espaoçvoado
apr
123
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 1ª FASE


CARACTERÍSTICAS DA PRIMEIRA GERAÇÃO MODERNISTA
O movimento modernista não tinha como finalidade inaugurar uma escola estética.

Fig. 225
Sua maior preocupação era libertar a arte dos valores passados, incorporar os
feitos das vanguardas europeias e buscar compreender a identidade nacional
brasileira. @espaçodoaprovado

Nesse poema de Ribeiro Couto,


Brincadeira percebe-se a crítica modernista aos
Poetas há poetas parnasianos por seguirem
Que não compreendem nada fora do que eles chamam escola. cegamente as regras de composição
Fazem versos como remendões batem sola. dos seus poemas, e que “não
Batem sola! Batem sola! compreendem nada fora do que eles
chamam de escola”.

Fig. 226
E começam: “O céu, imenso, a arder, é uma imensa corola.
Ta ra ta ra ta ti, ta ra ta ra ta tá”. A comparação é feita entre o fazer
poético desses autores e o trabalho dos
COUTO, Ribeiro. In: BANDEIRA, Manuel. Poesia do Brasil. Porto Alegre: Ed. do Autor, 1963. p. sapateiros “batem sola”, ironizando o
392..
aspecto essencialmente técnico dessa
poesia.
@espaçodoaprovado

O Manifesto do Futurismo foi publicado no ano de 1909, num jornal da Bahia, mas foi somente no
ano de 1912, após ser republicado por Oswald de Andrade, que as suas ideias passaram para
discussão entre os jovens escritores brasileiros.
Essas novas ideias utilizaram revistas e manifestos como o principal meio de propagação. As
principais revistas foram: Klaxon (1922), Estética (1924), A Revista (1925), Terra Roxa e Outras
Terras (1926) e Verde (1927).
No país, mesmo com o apoio das elites, as propostas modernistas demoraram para ser acolhidas espaço do
o
pelo público. aprovad
124
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 1ª FASE


MANIFESTOS
O primeiro manifesto lançado foi o Manifesto pau-Brasil, no ano de 1924, pelo

Fig. 227
autor Oswald de Andrade.
As principais propostas do manifesto era: conciliar a arte popular e a erudita,
@espaçodoaprovado
“ver com os olhos livres”, e utilizar uma linguagem popular e coloquial.

O manifesto Nhengaçu verde-amarelo, também conhecido como Manifesto do verde-amarelismo


ou de Escola da Anta), do ano de 1929, foi considerado conservador.
Isso aconteceu porque ele era um manifesto a favor de um estado centralizador e possuía um
caráter ufanista e primitivista.
Os principais divulgadores desse manifesto foram Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo e Plínio
Salgado. Este último passou a liderar o integralismo, anos mais tarde, movido sob inspiração
fascista.

Como reação ao manifesto do verde-amarelismo, Oswald de Andrade lançou, no ano de 1928, o


Manifesto antropófago.
Nele, haviam ideais que defendiam a incorporação de influências externas,
que deveriam ser “digeridas” para dar origem a uma arte verdadeiramente

Fig. 228
brasileira.

LINGUAGEM @espaçodoaprovado

O nacionalismo que era defendido pelos modernistas estava presente na linguagem.

O escritor Mário de Andrade, por exemplo, propôs um português mais brasileiro, passando a
incorporar palavras que refletissem a maneira como o povo falava. do
espaoçvoado
apr
125
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 1ª FASE


Ainda como inovações da linguagem, temos na prosa uma linguagem mais ágil,
composta de cenas curtas e movimentadas, lembrando fotogramas cinematográficos.

PRINCIPAIS AUTORES - OSWALD DE ANDRADE


O autor publicou diversas obras, como Os condenados (1922), Memórias sentimentais de João
Miramar (1924), Pau-Brasil (1925), Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927),
Serafim Ponte Grande (1933), A morta (1937), O rei da vela (1937) e Marco zero (1943-1946).

Sua poesia é marcada por uma visão, ao mesmo tempo, crítica, bem-humorada e apaixonada
do Brasil.

9 Poemas-piadas 30
LINGUAGEM
22

.2
Ele utilizou poemas-piadas, que se Fig
Sua prosa é marcada por uma
Fig.

configuram como textos curtos com jogos linguagem simples e ágil.


Fig. 231
de palavras produzindo efeitos de humor.
@espaçodoaprovado

Nos dois romances que ele escreveu, Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte
Grande, ele utiliza uma estrutura inovadora, utilizando capítulos onde a realidade nacional é
abordada em rápidos flashes.
Na obra Memórias sentimentais de João Miramar, temos a história de um

Fig. 232
escritor, filho de cafeicultores ricos, abordando uma crítica severa à sociedade
brasileira. A obra é escrita com linguagem clara.
Na obra Serafim Ponte Grande, temos um romance mais radical, pelo fato dos @espaçodoaprovado

fragmentos componentes do livro não possuírem uma lógica evidente. do


espaoçvoado
apr
126
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 1ª FASE


Com isso, o foco narrativo varia ao longo da história.
O enredo aborda os feitos do personagem-título num navio onde os tripulantes
pretendem fundar uma sociedade ideal.

Fig. 233
PRINCIPAIS AUTORES - MÁRIO DE ANDRADE @espaçodoaprovado

Sua poesia possui uma tentativa de conciliar a liberdade formal (presente nos versos livres, por
exemplo), com as cenas do cotidiano e reflexões íntimas.

Seus principais livros de poemas são: Pauliceia desvairada (1922), Losango cáqui (1926), Clã do
jabuti (1927), Remate de males (1930) e Lira paulistana (1946).

AMAR, VERBO INTRANSITIVO

O livro traz traços da prosa de Mário de Andrade: o questionamento das


convenções do romance do século XIX. Na obra, temos experimentações feitas
pelo autor, como a não separação de capítulos e adotar um narrador, e
mesmo que este fosse em terceira pessoa, parece atuar como um personagem.

Fig. 234
O enredo do livro gira em torno da família Sousa Costa, ricos e paulistanos.
@espaçodoaprovado
Felisberto, o pai da família, contrata uma governanta alemã, a Fräulein, para
educar os seus filhos e cuidar da casa. Porém, a verdadeira intenção de Felisberto
é que a governanta promova a iniciação sexual do seu filho, Carlos Alberto.
O livro critica os valores hipócritas de uma família burguesa, que colocam o
dinheiro e a aparência acima de sentimentos verdadeiros.

do
espaoçvoado
apr
127
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 1ª FASE


MACUNAÍMA
O romance apresenta uma nova proposta do herói brasileiro, onde o
personagem-título é o protagonista da história e é a mistura de diversas etnias
que deram origem ao povo brasileiro (índio, negro e europeu).
A malandragem constante de Macunaíma faz com que ele fosse definido como “o
herói sem nenhum caráter”.

PRINCIPAIS AUTORES - MANUEL BANDEIRA


A vida pessoal do autor teve grande influência em suas obras.

Fig. 235
A sua infância no Recife, o cotidiano no Rio de Janeiro e o fantasma da morte
e tuberculose foram os principais temas de suas obras. @espaçodoaprovado

Uma das suas principais características é o lirismo, que trata de situações mais prosaicas, sendo
transformadas em poesia através de uma linguagem simples, sendo capazes de proporcionar
ao leitor uma reflexão sobre as angústias que afligem o ser humano.

PRINCIPAIS AUTORES - ALCÂNTARA MACHADO


Ganhou destaque por retratar a vida dos imigrantes italianos em São Paulo.

Fig. 236
A sua obra mais famosa é Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), que conta os
típicos personagens paulistas em situações cotidianas da cidade.
Essa obra utiliza o cruzamento de diferentes gêneros, como o conto, a crônica @espaçodoaprovado
e o texto jornalístico.
do
espaoçvoado
apr
128
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 2ª FASE


MODERNISMO NO BRASIL: SEGUNDA FASE

Fig. 237
CONTEXTO HISTÓRICO @espaçodoaprovado

Os paulistas estavam inconformados por terem perdido poder político, após Getúlio Vargas ter
assumido o poder, e por isso, no ano de 1932, causaram a Revolução Constitucionalista, não
tardando em ser derrotados.
No ano de 1934, após promulgar uma nova Constituição, Getúlio Vargas assumiu o cargo de
presidente.

No ano de 1937, Getúlio fechou o Congresso e deu início à ditadura do Estado Novo.
O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) perseguiu vários escritores, os
acusando de subversão.

Fig. 238
Nesse período ocorria a Segunda Guerra Mundial, iniciada no ano de 1939, com a
invasão da Polônia pela Alemanha. A guerra findou em 1945 e deixou milhares de
mortes. @espaçodoaprovado

CARACTERÍSTICAS DA SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA


O início da segunda geração modernista ocorre no ano de 1930, com a publicação de Alguma
poesia, de Carlos Drummond de Andrade, e o fim do período vai até o ano de 1945.
A segunda fase do modernismo brasileiro ficou marcada em abordar questões sociais, a fim de
refletir a tensão social do período em questão.
Os escritores deram continuidade ao processo de renovação da linguagem.
do
espaoçvoado
apr
129
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 2ª FASE


A novidade na circulação dos textos, é que surgia no período novas editoras

Fig. 239
brasileiras, facilitando a publicação das obras.
Os temas abordados pela segunda geração modernista, como aqueles relacionados @espaçodoaprovado

ao ser humano, permitiu uma maior aceitação dos textos pelo público leitor.

A linguagem da segunda geração modernista é marcada pela liberdade no uso, ou seja, o poeta
poderia utilizar versos livres e brancos ou versos rimados e metrificados conforme desejasse.

Os versos dos poemas apresentam uma estrutura sintática mais elaborada.

PRINCIPAIS AUTORES - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


O “Poema de sete faces” é importante porque dá início a temas presentes em sua poesia, como:
o sentimento de inadequação num mundo, o questionamento de si mesmo, a família e a função
social do poeta.

Denúncias
0 Temas Além dessa temática, também é
41
24

.2
Em diversos poemas, Drummond retrata o Fig recorrente um tom político através
Fig.

Fig. 242
seu passado através de lembrança da de denúncias das injustiças e o seu
família e de sua terra natal, numa desejo de construir um mundo novo.
tentativa de compreender a si mesmo. @espaçodoaprovado

Seus poemas possuem um caráter reflexivo, dedicado a compreender o ser humano e a relação
do “eu” com o mundo.
Drummond também possui poemas metalinguísticos, os quais abordam a sua preocupação como
do
fazer poético, assumindo duas faces: a “material” (a escolha de palavras, rimas, etc.) e a do espaoçvoado
apr
conteúdo, trazendo os principais temas que o autor aborda em suas obras.
130
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 2ª FASE


PRINCIPAIS AUTORES - CECÍLIA MEIRELES
Assumiu o papel de primeira mulher a ocupar um cargo importante na poesia brasileira.

Em seus poemas, é possível notar uma preocupação espiritual.

Sua principal característica nos poemas é a sua capacidade de compreender

Fig. 243
que a vida é breve e passageira.
@espaçodoaprovado

Ilustrações
4 Temas Fig
.2
45
Seus poemas também trazem
imagens da natureza, como a água,
24

Assim, o tema da fugacidade das coisas,


Fig.

o mar, o vento, espaço, etc., e

Fig. 246
aliado ao amor e ao tempo, é abordado
imagens do infinito, caracterizando
pela autora num lirismo sensível e sutil. uma atmosfera de fuga.
@espaçodoaprovado

O seu poema mais conhecido é o Romanceiro da Inconfidência (1953), que aborda uma nova
perspectiva da Inconfidência Mineira.

PRINCIPAIS AUTORES - VINÍCIUS DE MORAES


Sua produção literária possui influências do Simbolismo, ao abordar temas como a religiosidade
e a angústia atrelada a matéria e ao espírito.

Também produziu poemas amorosos, com forte influência do poeta português Luís de Camões.

O autor possui a característica de buscar compreender a natureza do amor. do


espaoçvoado
apr
131
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 2ª FASE


Fig. 247
Em relação à forma, ele utiliza o soneto e abusa das antíteses, características
natas da obra camoniana. @espaçodoaprovado
Nos sonetos de Moraes, o amor é abordado como um sentimento forte e poderoso.

Suas antíteses servem para expressar a fugacidade do amor e a perda do ser amado.
Balada dos mortos dos campos de concentração
[...] Ah, doces mortos atônitos
Quebrados a torniquete
Vossas louras manicuras
Arrancaram-vos as unhas
No requinte de tortura
Da última toalete...
A vós vos tiraram a casa No poema em destaque,
A vós vos tiraram o nome percebe-se a preocupação do
Fostes marcados a brasa 8 autor com questões
. 24
Fig
Depois vos mataram de fome! contemporâneas, como o
Vossas peles afrouxadas impacto trazido pela Segunda
Sobre os esqueletos dão-me Guerra Mundial.
A impressão que éreis tambores –
@espaçodoaprovado
Os instrumentos do Monstro –
Desfibrados a pancada:
Ó mortos de percussão!
Cadáveres de Nordhausen
Erla, Belsen e Buchenwald!
Vós sois o húmus da terra
De onde a árvore do castigo
Dará madeira ao patíbulo
E de onde os frutos da paz do
Tombarão no chão da guerra! espaoçvoado
apr
MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 191. (Fragmento).
132
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MODERNISMO NO BR: 2ª FASE


PRINCIPAIS AUTORES - MURILO MENDES
Suas obras possuem temas como religiosidade e espiritualidade, trazendo
relações do eu-lírico sobre si mesmo e sobre o mundo.

Fig. 249
Suas obras mais importantes são: A poesia em pânico (1938), O visionário (1941)
e As metamorfoses (1944).
@espaçodoaprovado

PRINCIPAIS AUTORES - JORGE DE LIMA


Suas obras são conhecidas pela forte relação com o catolicismo.

Nessas obras, temos o ensinamento de que a poesia está presente nas coisas simples, baseada
na perspectiva cristã de que: tudo pode ser considerado uma manifestação divina, sendo
matéria de construção poética para o eu-lírico.
Além do tema cristão, também está presente temáticas que abordam a denúncia do preconceito
contra os negros.
O sono antecedente
Parai tudo que me impede de dormir: No poema em destaque,
esses guindastes dentro da noite, percebe-se a indagação
esse vento violento, espiritual presente na segunda
0
. 25
o último pensamento desses suicidas. Fig
geração modernista, em que a
Parai tudo que me impede de dormir:
religião ocupa o papel de fuga
esses fantasmas interiores que me abrem as pálpebras,
para as mazelas do mundo.
esse bate-bate de meu coração,
esse ressonar das coisas desertas e mudas. @espaçodoaprovado

Parai tudo que me impede de voltar ao sono iluminado


que Deus me deu
do
antes de me criar. espaoçvoado
apr
LIMA, Jorge de. Antologia poética. Seleção de Paulo Mendes Campos. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. p. 67.
133
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ROMANCE DE 1930

Fig. 251
Entre os anos de 1930 e 1945, a literatura brasileira ficou conhecida como “a era
do romance brasileiro”. @espaçodoaprovado

Os romances escritos a partir do ano de 1930 passaram a retratar dois momentos anteriores

ROMANCE DE 1930
da prosa de ficção: o regionalismo romântico e o Realismo do século XIX.

Por isso, essa geração é conhecida como regionalistas ou neorrealistas.

O romance de 1930 passa a trazer novas perspectivas das relações sociais e do impacto do
meio sobre o indivíduo.

CARACTERÍSTICAS DO ROMANCE DE 1930

Fig. 252
Tinha como projeto literário trazer a influência do subdesenvolvimento
na vida dos brasileiros.
@espaçodoaprovado
Os autores buscavam criar enredos a fim de relacionar o contexto socioeconômico
do país e o espaço.

A maioria dos escritores trouxe a realidade nordestina em suas obras.

Os enredos eram dinâmicos e possuíam linguagem simples.


Uso de termos
Maceió 54
Nas obras, também era comum
.2
25
3
O eixo de ficção brasileira na década de 1930 Fig trazer termos regionais para auxiliar
.
Fig

o leitor a compreender uma


se direcionou para Maceió, capital alagoana
representação mais fiel da região
em que moravam José Lins do Rego, Rachel
Fig. 255 abordada nos romances. do
de Queiroz e Graciliano Ramos. espaoçvoado
@espaçodoaprovado apr
134
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRINCIPAIS AUTORES - GRACILIANO RAMOS


Os principais romances do autor que ganharam destaque são Vidas secas e
São Bernardo.

Fig. 256
O autor possui um cuidado com as palavras, economizando o uso de adjetivos e

ROMANCE DE 1930
advérbios, preferindo escolher cuidadosamente os substantivos, para trazer ao @espaçodoaprovado
leitor a experiência de um “realismo bruto”, definindo o olhar neorrealista do
autor sobre o mundo.

Os personagens de Graciliano são homens atormentados, solitários e destruídos pela vida.

SÃO BERNARDO
O protagonista, Paulo Honório, é um órfão criado por uma negra analfabeta, e
ele luta para vencer na vida. Quando o protagonista conquista a fortuna que

Fig. 257
deseja, ele se depara triste por perceber que é solitário.
Nesse processo, Paulo Honório faz uma análise da sua vida, e aqui surge
traços marcantes da personalidade moldada pelo contexto socioeconômico
em que vive. @espaçodoaprovado

Na autoanálise, o protagonista casa com Madalena, uma professora de origem pobre, e essa
união representa, para Paulo Honório, como uma negociação.
As diferenças de Paulo Honório para Madalena são grandes e o conflito entre os dois traz a
abordagem de Graciliano sobre a tentativa do protagonista crescer economicamente, mas, ao
mesmo tempo, não conseguir se integrar à elite.
No romance, surge uma luta de classes, onde a burguesia falida aceita novos-ricos, como
Paulo Honório, mas não aceita a sua integração socioeconômica. do
espaoçvoado
apr
135
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

VIDAS SECAS
O livro é o único romance do autor escrito em terceira pessoa.
A obra não foi planejada como romance, na verdade, surgiu de um conto “Baleia”.

ROMANCE DE 1930
Os capítulos foram escritos fora de ordem.
Não possui aprofundamento de análise psicológica, como aconteceu na obra São Bernardo.
O livro aborda a dura existência no cenário nordestino.

Fig. 258
A narrativa traz Fabiano, sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorrinha Baleia
que buscam um lugar melhor para viver. Após longas caminhadas pela
caatinga, chegam a uma fazenda abandonada e se instalam ali.
A aridez do cenário vai além da narrativa e alcança o comportamento dos
personagens, os quais passam a falar de forma monossilábica e com @espaçodoaprovado

gestos direcionados para a sobrevivência imediata.


Ocorre no romance a animalização dos personagens, como, por exemplo, nas crianças que se
quer são nomeadas, passam apenas a serem referidas como “menino mais novo”, “menino
mais velho”, e assim como os animais, os personagens agem conforme a necessidade de
sobreviver.
A obra relaciona o indivíduo com a sociedade e aborda a seca, que domina os indivíduos e
traz uma condição de vida péssima, tornando as pessoas vítimas de “patrões” inescrupulosos.

PRINCIPAIS AUTORES - JOSÉ LINS DO REGO

Fig. 259
Nas obras que compõem o ciclo da cana-de-açúcar, temos a recriação de uma
realidade de trabalhadores de uma região canavieira pernambucana, a partir
das recordações da infância do autor. @espaçodoaprovado

A linguagem das obras traz a preocupação do autor perante a veracidade das cenas e dos do
espaoçvoado
personagens. apr
136
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Na obra Menino de engenho, temos um romance que inaugura o ciclo da cana-


de-açúcar. O livro aborda a rotina de um engenho por meio da junção da

Fig. 260
descrição do espaço e da fala das personagens. O leitor é imerso numa
narrativa a fim de sofrer junto ao menino, que anda triste e “por debaixo das
@espaçodoaprovado
árvores da horta, ouvindo sozinho a cantoria dos pássaros”.

ROMANCE DE 1930
PRINCIPAIS AUTORES - RACHEL DE QUEIROZ
A autora era prima de José de Alencar, por parte de mãe.
Foi a primeira escritora a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras,
no ano de 1977.

Fig. 261
Na sua obra, O quinze, a narrativa é construída sob dois planos diferentes: no
primeiro plano, temos a história de Conceição, a protagonista do livro, e uma
personagem que foi desenvolvida para afirmar o papel social da mulher numa
sociedade machista e que funcionava sob os coronéis. No segundo plano,
temos a vida do vaqueiro Chico Bento e a sua família que fogem da seca do
nordeste. @espaçodoaprovado

O romance possui o papel de retratar uma realidade brutal, caracterizada por filhos dos
retirantes numa época de seca, ocupam o espaço de covas abertas pelo solo duro do sertão.
A linguagem da obra de Rachel era voltada para reproduzir a fala que a autora ouvia nas
ruas.

do
espaoçvoado
apr
137
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PRINCIPAIS AUTORES - JORGE AMADO


O autor passou a exercer um estudo das relações humanas, construindo um perfil multicultural
e multirracial do povo brasileiro.
Um dos seus principais romances é: Terras do sem-fim (1943), uma obra que

ROMANCE DE 1930
Fig. 262
aborda a vida na região cacaueira de Ilhéus.
O romance é caracterizado pela opressão que viviam os trabalhadores rurais
num contraste com os grandes coronéis que enriqueciam com o cultivo do cacau.
@espaçodoaprovado

Outro romance de destaque do autor é Capitães de Areia (1937), um romance pertencente a


fase dos romances urbanos de Salvador, contando a história de um grupo de meninos que
viviam na rua.
Uma característica importante que aparece em todas as obras de Jorge Amado é a
sensualidade brasileira, formada por morenas, como Gabriela, Tieta e Tereza Batista.

PRINCIPAIS AUTORES - ERICO VERISSIMO


Um dos seus romances abordam um painel da burguesia gaúcha.
Nessas obras, é possível notar o tema da crise moral e espiritual do homem na sociedade em
que vive.

PRINCIPAIS AUTORES - DYONELIO MACHADO


Sua principal obra, publicada em 1936, é Os ratos, que traz a narrativa de 24 horas da vida de
um funcionário público.
Naziazeno, aflito por não ter omo pagar a conta do leiteiro, traz um cenário de agonia e proporciona
do
ao leitor uma experiência angustiante de um homem comum, cujo salário não é suficiente para espaoçvoado
apr
oferecer o básico a sua família.
138
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

GERAÇÃO DE 45 E CONCRETISMO
GERAÇÃO DE 45 E CONCRETISMO

Fig. 263
CONTEXTO HISTÓRICO @espaçodoaprovado

A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim, e a Europa estava em destroços, passando por um
lento processo de reconstrução.
A Guerra Fria passava a dividir o mundo em dois blocos: o capitalista, liderado pelos Estados
Unidos, e o socialista, liderado pela União Soviética.

O Brasil se aliava ao bloco capitalista, e o Partido Comunista entre em ilegalidade, passando a


perseguir os intelectuais de esquerda, como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e Jorge Amado.

Getúlio Vargas retorna ao poder em 1951, e por conta de pressões sociais, acaba cometendo
suicídio.

A nova eleição elege Juscelino Kubitschek ao poder.

O governo de JK proporciona um acelerado crescimento industrial e urbano,

Fig. 264
e diversas pessoas migram do campo para a cidade a fim de encontrar
novas oportunidades de vida.
@espaçodoaprovado
Nesse contexto surge o Pós-Modernismo, com a função de marcar a ruptura de algumas certezas
que sustentavam diversas atividades humanas.
Esse movimento tem como finalidade romper com as fronteiras que definiam o belo e o feio, o
bem e o mal, e faz dessas distinções uma linha tênue, proporcionando os artistas questionarem
os modelos modernos.
Nesse contexto, o ser humano é posto como o centro do mundo contemporâneo, em nome do do
bem-estar social. espaoçvoado
apr
139
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

GERAÇÃO DE 45 E CONCRETISMO
Dessa forma, surge a ideia de ponto de vista, um ideal pelo qual a arte pode ser vista,
transformada ou subvertida a depender do ponto de vista de quem a interpreta.

PRINCIPAIS CAMINHOS ESTÉTICOS DO PÓS-MODERNISMO


Valorização da matéria: Aqui, os objetos de arte podem ser tocados, cheirados, ouvidos, etc.
Experimentação: Aqui ocorre a exploração de diferentes formas de criação e interação da obra
de arte com o público.
Construção do sentido: O sentido da arte passa a ser construído no próprio processo de leitura
do público.
Arte aliada à mídia: Um exemplo é a pop art de Andy Warhol, que recria a imagem de produtos
domésticos. Outro exemplo é o cinema de Godard, o qual explora as associações e sobreposições
de imagens. Além disso, merece destaque a arquitetura urbana que se submetia ao capitalismo,
transformando as cidades em verdadeiros corredores de compras.

A POESIA PÓS-MODERNA

Fig. 265
Os principais fatores valorizados pelos autores da época eram o trabalho com
a materialidade textual e a retomada de formas fixas e de modelos poéticos @espaçodoaprovado
clássicos.
Esses fatores eram explorados a fim de delinear os limites entre o poético (o trabalho com a
forma) e o não poético (o elemento prosaico do cotidiano).
Os principais autores dessa época são: Péricles Eugênio da Silva Ramos, Ledo Ivo, Geir Campos,
José Paulo Paes e João Cabral de Melo Neto.
De acordo com o artista João Cabral de Melo Neto, era importante realizar o planejamento e a do
espaoçvoado
reflexão sobre o fazer poético. apr
140
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

GERAÇÃO DE 45 E CONCRETISMO
Os seus metapoemas (assim chamados por retratarem o fazer poético em si), tratam da
importância em articular a forma e o conteúdo.
A obra mais famosa do autor é Morte e vida severina, um auto de Natal.

6
26
Nessa obra citada, temos uma cena bíblica do nascimento de Cristo, se

g.
Fi
passando num manguezal do rio Capibaribe, em Recife. @espaçodoaprovado

O cão sem plumas


No trecho em destaque, percebe-se a repetição da
Na paisagem do rio
expressão “onde começa”.
difícil é saber
Os substantivos rio, lama, terra, homem e pele atravessam a
onde começa o rio;
expressão, como se estivessem cortando o meio.
onde a lama
Além disso, o efeito que se provoca através desses cortes é a
começa o rio;
exclusão dos limites entre o homem e o rio: a sua pele, a
onde a terra
lama e a terra se fundem.
começa a lama;
Na segunda parte do trecho, percebe-se a repetição do
onde o homem,
verso “mais aquém do homem”, destacando a condição
onde a pele
desumana daqueles que “roem os ossos do ofício”, ou seja,
começa a lama;
que lutam para sobreviver.
onde começa o homem
Dessa forma, a cena passa a detalhar as péssimas condições
naquele homem
de vida dos catadores de caranguejo do Capibaribe. João
Difícil é saber
Cabral aborda nesse trecho o seu modo de extrair apenas o
se aquele homem
essencial de casa palavra: não utiliza ornamentos (repare
já não está
que no trecho quase não existem adjetivos) ou fala dos
mais aquém do homem
sentimentos do eu-lírico. Na verdade, os verbos são usados
mais aquém do homem
de forma breve, como uma “faca de uma só lâmina”,
ao menos capaz de roer
trazendo a realidade do homem nordestino.
os ossos do ofício.
@espaçodoaprovado do
MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de
espaoçvoado
Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 110. (Fragmento).
apr
141
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

GERAÇÃO DE 45 E CONCRETISMO
O CONCRETISMO
Sob influência do capitalismo, na década de 1950, a poesia passou a abordar a ideia de
multiplicidade, materialidade e fragmentação da sociedade pós-moderna.
Os temas que mais ganham destaque são relacionados a uma percepção crítica da realidade,
apresentando estruturas semelhantes aos códigos utilizados nos meios de comunicação de
massa (como cores, símbolos, etc.).
Os principais recursos utilizados pelos concretistas são:

A valorização da disposição gráfica das palavras. O uso de elipse.


A exploração poética do espaço da página.

PRINCIPAIS MOVIMENTOS POÉTICOS DECORRENTES DO CONCRETISMO

NEOCONCRETISMO (1959)
Atribuía importância do leitor na construção do poema: o poema se configura

Fig. 267
como um “não objeto”, só se realizando na leitura.
Os neoconcretistas utilizavam dobras e recortes na página para produzirem
efeitos do poema-objeto, a fim de abordar a importância da interação do leitor @espaçodoaprovado

com o texto. Um exemplo disso eram os cubos de encaixe.


Os principais nomes que participaram do movimento foram: o poeta Ferreira Gullar e os
artistas plásticos Lígia Clark e Hélio Oiticica.

do
espaoçvoado
apr
142
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

GERAÇÃO DE 45 E CONCRETISMO
POEMA-PROCESSO (1967)
Se opõe a discursividade da poesia: para eles, o poema significava algo tão amplo que poderia
se referir a uma performance ou até mesmo, um objeto gráfico sem palavras.
No lugar das letras e palavras são utilizados signos gráficos (figuras geométricas, perfurações,
etc.).
O principal fundador do movimento é Wlademir Dias-Pino.

Na obra Caixa Preta, do autor Augusto de Campos, percebe-se a sequência


das letras da palavra código, formadas em círculos concêntricos umas dentro
das outras, se configurando como o próprio poema.
Da mesma forma que um logotipo, o código e o poema se transformam num
signo visual.
@espaçodoaprovado

FERREIRA GULLAR
O principal objetivo do autor era ampliar os sentidos do poema.

A partir de 1960, Gullar aborda em seus poemas o tema político, procurando o equilíbrio entre a
expressão dos sentimentos e a comunicação com o mundo.

do
espaoçvoado
apr
143
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

PROSA PÓS-MODERNA

Fig. 268
Os grandes nomes que deram início a prosa pós-moderna, foram o irlandês

PROSA PÓS-MODERNA
James Joyce e a inglesa Virginia Woolf. @espaçodoaprovado

Esses autores passaram a explorar o mundo interior dos indivíduos, propondo novas relações
de tempo e espaço narrativos em suas obras, com novos papéis para os personagens e para o
narrador.
No Brasil, os principais nomes são: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
Para ambos os autores, a principal forma de criação literária era o trabalho com a linguagem.
Nas obras de Guimarães Rosa, percebe-se a forma como ele aborda a sua experimentação de
forma radical, usando termos arcaicos, neologismos, fala do interior de Minas, etc.). Já em
Clarice Lispector, percebe-se a experimentação da linguagem por meio da estrutura da
narrativa, utilizando a técnica do fluxo de consciência.

JOÃO GUIMARÃES ROSA


Suas obras são conhecidas por conta das marcas regionais, que passam a explorar
grandes questões universais, como: os limites entre o bem e o mal, a sanidade e a
69
loucura, o acaso e o destino, etc. Fig
.2

O narrador rosiano, às vezes, se confunde com o personagem. @espaçodoaprovado

Em sua obra Grande sertão: veredas, o único romance do autor, temos a história de Riobaldo,
contada sob um viés monólogo.
O protagonista foi criado por seu padrinho numa fazenda no interior de Minas Gerais. Numa
viagem que ele faz com jagunços pelo interior do sertão, o personagem traz histórias das
pessoas que habitam a região e possibilita, na narrativa, a expansão de um sertão, a fim de
espa ço ddoo
possibilitar a busca por grandes questões humanas, como a dúvida do que seria o bem e o mal. aprova
144
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Nessa viagem, o protagonista aprende a beleza da paisagem e afirma que viver é sempre
estar em situação de risco.

A fama do autor se deu com a publicação do livro de contos Sagarana, no ano de 1948.

PROSA PÓS-MODERNA
A obra travava da recriação da língua portuguesa, abordando a fala regional com o papel de
língua literária.

CLARICE LISPECTOR
A literatura da autora é marcada pela compreensão de uma consciência individual, marcada
pela introspecção dos personagens.

A epifania nas obras da autora representa o momento em que as personagens descobrem a sua
própria identidade, por meio de um estímulo externo, capaz de causar um abalo na estrutura das
suas vidas.
Nos contos de Clarice, percebe-se o uso constante de animais representando o
“coração selvagem da vida”, passando a simbolizar a busca dos personagens
pela individuação e a libertação das amarras sociais.

Fig. 270
@espaçodoaprovado

do
espaoçvoado
apr
145
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Lista de Ilustrações
Fig. 01 - © ivector via Canva.com Fig. 29 - © ivandesign via Canva.com Fig. 57 - © heyrabbiticons via Canva.com
Fig. 02 - © jemastock2 via Canva.com Fig. 30 - © nosarch via Canva.com Fig. 58 - © olgakos via Canva.com
Fig. 03 - © vectortwins via Canva.com Fig. 31 - © bnpdesignstudio via Canva.com Fig. 59 - © heyrabbiticons via Canva.com
Fig. 04 - © pavelkonovalovicons via Canva.com Fig. 32 - © vecstock via Canva.com Fig. 60 - © creativevaluation via Canva.com
Fig. 05 - © mimsiri via Canva.com Fig. 33 - © pixabay via Canva.com Fig. 61 - © yagudina-tatyana via Canva.com
Fig. 06 - © olgakos via Canva.com Fig. 34 - © nosarch via Canva.com Fig. 62 - © elena-istomina via Canva.com
Fig. 07 - © mimsiri via Canva.com Fig. 35 - © justiconstudio via Canva.com Fig. 63 - © robuart via Canva.com
Fig. 08 - © redreal via Canva.com Fig. 36 - © flowicon via Canva.com Fig. 64 - © jemastock2 via Canva.com
Fig. 09 - © nosarch via Canva.com Fig. 37 - © mimsiri via Canva.com Fig. 65 - © gstudioimagen2 via Canva.com
Fig. 10 - © mimsiri via Canva.com Fig. 38 - © redreal via Canva.com Fig. 66 - © uigodesign via Canva.com
Fig. 11 - © vectortradition via Canva.com Fig. 39 - © pixabay via Canva.com Fig. 67 - © olgakos via Canva.com
Fig. 12 - © fusionbooks via Canva.com Fig. 40 - © vasabii via Canva.com Fig. 68 - © heyrabbiticons via Canva.com
Fig. 13 - © sketchify via Canva.com Fig. 41 - © sparklestroke via Canva.com Fig. 69 - © sensvector via Canva.com
Fig. 14 - © puckung via Canva.com Fig. 42 - © sparklestroke via Canva.com Fig. 70 - © olgakos via Canva.com
Fig. 15 - © sketchify via Canva.com Fig. 43 - © bnpdesignstudio via Canva.com Fig. 71 - © ovidiutimplaruportfolio via Canva.com
Fig. 16 - © pavelnaumov via Canva.com Fig. 44 - © olgakos via Canva.com Fig. 72 - © mimsiri via Canva.com
Fig. 17 - © sketchify via Canva.com Fig. 45 - © olgakos via Canva.com Fig. 73 - © olgakos via Canva.com
Fig. 18 - © artbynytlyts via Canva.com Fig. 46 - © klodengm via Canva.com Fig. 74 - © angychan0982 via Canva.com
Fig. 19 - © nakatadoji via Canva.com Fig. 47 - © 4zevar via Canva.com Fig. 75 - © olgakos via Canva.com
Fig. 20 - © sketchify via Canva.com Fig. 48 - © olgakos via Canva.com Fig. 76 - © ninasitkevich via Canva.com
Fig. 21 - © elenasedova via Canva.com Fig. 49 - © olgakos via Canva.com Fig. 77 - © fafarumba via Canva.com
Fig. 22 - © berry-art via Canva.com Fig. 50 - © jemastock2 via Canva.com Fig. 78 - © heyrabbiticons via Canva.com
Fig. 23 - © patrimonio2 via Canva.com Fig. 51 - © mimsiri via Canva.com Fig. 79 - © vectortradition via Canva.com
Fig. 24 - © olgakos via Canva.com Fig. 52 - © redreal via Canva.com Fig. 80 - © ponizeothoxicons via Canva.com
Fig. 25 - © olgakos via Canva.com Fig. 53 - © vectorium via Canva.com Fig. 81 - © mimsiri via Canva.com
Fig. 26 - © gstudioimagen2 via Canva.com Fig. 54 - © mimsiri via Canva.com Fig. 82 - © olgakos via Canva.com
Fig. 27 - © mimsiri via Canva.com Fig. 55 - © olgakos via Canva.com Fig. 83 - © stanislavpotapov via Canva.com
Fig. 28 - © redreal via Canva.com Fig. 56 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 84 - © ingkadjiw via Canva.com
Fig. 85 - © cocobeach21 via Canva.com

do
espaoçvoado
apr
146
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Fig. 86 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 121 - © vectorsmarket via Canva.com Fig. 157 - © gettyimages via Canva.com
Fig. 87 - © notionpic2 via Canva.com Fig. 122 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 158 - © chiaroillustrations via Canva.com
Fig. 88 - © jemastock2 via Canva.com Fig. 123 - © bsd-studio via Canva.com Fig. 159 - © goodstudio via Canva.com
Fig. 89 - © bubblebeanie via Canva.com Fig. 124 - © xinhstudio via Canva.com Fig. 160 - © olgakos via Canva.com
Fig. 90 - © jemastock2 via Canva.com Fig. 125 - © 4zevar via Canva.com Fig. 161 - © gambar-ahmad-wahyu-kurniawan via
Fig. 91 - © mimsiri via Canva.com Fig. 126 - © olhasaiuk via Canva.com Canva.com
Fig. 92 - © olgakos via Canva.com Fig. 127 - © atamun523140286 via Canva.com Fig. 162 - © kerismaker via Canva.com
Fig. 93 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 128 - © drawlab19 via Canva.com Fig. 163 - © goodstudio via Canva.com
Fig. 94 - © mejorana via Canva.com Fig. 129 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 164 - © olgakos via Canva.com
Fig. 95 - © olgakos via Canva.com Fig. 130 - © clairev via Canva.com Fig. 165 - © gstudioimagen2 via Canva.com
Fig. 96 - © deemakdaksina via Canva.com Fig. 131 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 166 - © mimsiri via Canva.com
Fig. 97 - © mimsiri via Canva.com Fig. 132 - © mimsiri via Canva.com Fig. 167 - © olgakos via Canva.com
Fig. 98 - © olgakos via Canva.com Fig. 133 - © olgakos via Canva.com Fig. 168 - © maybealiceportfolio via Canva.com
Fig. 99 - © sensvector via Canva.com Fig. 134 - © popcornarts via Canva.com Fig. 169 - © klyaksun via Canva.com
Fig. 100 - © olgakos via Canva.com Fig. 135 - © jemastock2 via Canva.com Fig. 170 - © olgakos via Canva.com
Fig. 101 - © lastspark2 via Canva.com Fig. 136 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 171 - © litaindri via Canva.com
Fig. 102 - © vectorium via Canva.com Fig. 137 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 172 - © vectortradition via Canva.com
Fig. 103 - © flubafb via Canva.com Fig. 138 - © grmarc2 via Canva.com Fig. 173 - © mariial via Canva.com
Fig. 104 - © olgakos via Canva.com Fig. 139 - © vectorsmarket via Canva.com Fig. 174 - © olgakos via Canva.com
Fig. 105 - © olgakos via Canva.com Fig. 140 - © olgakos via Canva.com Fig. 175 - © chipolla via Canva.com
Fig. 106 - © vintage-illustrations via Canva.com Fig. 141 - © eucalyp via Canva.com Fig. 176 - © djvstock2 via Canva.com
Fig. 107 - © mimsiri via Canva.com Fig. 142 - © stediaco via Canva.com Fig. 177 - © olgakos via Canva.com
Fig. 108 - © olgakos via Canva.com Fig. 143 - © maxicons via Canva.com Fig. 178 - © jemastock2 via Canva.com
Fig. 109 - © macrovector via Canva.com Fig. 144 - © bsd-studio via Canva.com Fig. 179 - © mimsiri via Canva.com
Fig. 110 - © eyewave via Canva.com Fig. 146 - © mimsiri via Canva.com Fig. 180 - © olgakos via Canva.com
Fig. 111 - © alphavector via Canva.com Fig. 147 - © olgakos via Canva.com Fig. 181 - © ilona-illustrations via Canva.com
Fig. 112 - © dapaimages2 via Canva.com Fig. 148 - © dekart001 via Canva.com Fig. 182 - © antonshaparenko via Canva.com
Fig. 113 - © navalnyi via Canva.com Fig. 149 - © pensmasher via Canva.com Fig. 183 - © andrew-rybalkos-images via
Fig. 114 - © mimsiri via Canva.com Fig. 150 - © vectorikart via Canva.com Canva.com
Fig. 115 - © olgakos via Canva.com Fig. 151 - © lastspark2 via Canva.com Fig. 184 - © mybeautifulfiles via Canva.com
Fig. 116 - © leremygan via Canva.com Fig. 152 - © poocho via Canva.com Fig. 185 - © drawlab19 via Canva.com
Fig. 117 - © olgakos via Canva.com Fig. 153 - © olgakos via Canva.com Fig. 186 - © olgakos via Canva.com
Fig. 118 - © theimg via Canva.com Fig. 154 - © justiconstudio via Canva.com Fig. 187 - © eyewave via Canva.com
Fig. 119 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 155 - © goodstudio via Canva.com Fig. 188 - © olgakos via Canva.com
Fig. 120 - © olgakos via Canva.com Fig. 156 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 189 - © canva via Canva.com

do
espaoçvoado
apr
147
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Fig. 200 - © goodstudio via Canva.com Fig. 235 - © maybealiceportfolio via Canva.com
Fig. 201 - © patrimonio2 via Canva.com Fig. 236 - © lopesstudio via Canva.com
Fig. 202 - © mspoint via Canva.com Fig. 237 - © vintagio via Canva.com
Fig. 203 - © sparklestroke via Canva.com Fig. 238 - © wanicon via Canva.com
Fig. 204 - © olegtokaart via Canva.com Fig. 239 - © vectorjuice via Canva.com
Fig. 205 - © icons8 via Canva.com Fig. 240 - © mimsiri via Canva.com
Fig. 206 - © drawlab19 via Canva.com Fig. 241 - © olgakos via Canva.com
Fig. 207 - © mimsiri via Canva.com Fig. 242 - © macrovector via Canva.com
Fig. 208 - © olgakos via Canva.com Fig. 243 - © icons8 via Canva.com
Fig. 209 - © ivandesign via Canva.com Fig. 244 - © mimsiri via Canva.com
Fig. 210 - © icons8 via Canva.com Fig. 245 - © olgakos via Canva.com
Fig. 211 - © olgakos via Canva.com Fig. 246 - © eyewave via Canva.com
Fig. 212 - © aryo-hadis-images via Canva.com Fig. 247 - © smartstartst via Canva.com
Fig. 213 - © millering via Canva.com Fig. 248 - © olgakos via Canva.com
Fig. 214 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 249 - © spencer-fritschs-images via Canva.com
Fig. 215 - © dapaimages2 via Canva.com Fig. 250 - © olgakos via Canva.com
Fig. 216 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 251 - © heyrabbiticons via Canva.com
Fig. 217 - © notionpic2 via Canva.com Fig. 252 - © bnpdesignstudio via Canva.com
Fig. 218 - © olgakos via Canva.com Fig. 253 - © mimsiri via Canva.com
Fig. 219 - © brand299371348 via Canva.com Fig. 254 - © olgakos via Canva.com
Fig. 220 - © valentina-lev via Canva.com Fig. 255 - © liarastudio via Canva.com
Fig. 221 - © jemastock2 via Canva.com Fig. 256 - © sketchifyedu via Canva.com
Fig. 222 - © vectorsmarket via Canva.com Fig. 257 - © yindeeicons via Canva.com
Fig. 223 - © lastspark2 via Canva.com Fig. 258 - © djvstock2 via Canva.com
Fig. 224 - © aryo-hadis-images via Canva.com Fig. 259 - © deemakdaksina via Canva.com
Fig. 225 - © studiog via Canva.com Fig. 260 - © pavelnaumov via Canva.com
Fig. 226 - © 4zevar via Canva.com Fig. 261 - © geneo-inara via Canva.com
Fig. 227 - © mimsiri via Canva.com Fig. 262 - © vprotas84 via Canva.com
Fig. 228 - © lastspark2 via Canva.com Fig. 263 - © jemastock2 via Canva.com
Fig. 229 - © mimsiri via Canva.com Fig. 264 - © studiog2 via Canva.com
Fig. 230 - © olgakos via Canva.com Fig. 265 - © yupiramos via Canva.com
Fig. 231 - © roundiconspro via Canva.com Fig. 266 - © hnh-nh-ca-mo-mo-le via Canva.com
Fig. 232 - © joyimage via Canva.com Fig. 267 - © vectorsmarket via Canva.com
Fig. 233 - © millering via Canva.com Fig. 268 - © sketchifyedu via Canva.com
Fig. 234 - © heyrabbiticons via Canva.com Fig. 269 - © memednrh via Canva.com
Fig. 270 - © eyewave via Canva.com

do
espaoçvoado
apr
148
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

Referências Bibliográficas

MAGALHÃES, Tereza Analia Cochar; CEREJA, William Roberto. Conecte literatura - Volume único. São Paulo: Editora Saraiva
Didáticos, 3 de dezembro de 2019.

BILAC, Olavo. A alvorada do amor. Antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 1997. p. 11. (Fragmento).

ALBANO, José. In: FARACO, Sérgio (Org.). Livro dos sonetos: 1500-1900. Porto Alegre: L&PM, 1996. (Fragmento).

ALBANO, José. In: FARACO, Sérgio (Org.). Livro dos sonetos: 1500-1900. Porto Alegre: L&PM, 1996. (Fragmento).

PESSOA, Fernando. Ficções de Interlúdio; O eu profundo e outros eus: seleção poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 98.
(Fragmento).

MIRANDA, Sá de. In: LAPA, Rodrigues (Sel., pref. e notas). Sá de Miranda: poesias escolhidas. Lisboa: Seara Nova, 1970. p. 1.

CAMÕES, Luís de. In: TORRALVO, Izeti Fragata; MINCHILLO, Carlos Cortez (Sel., apres. e notas). Sonetos de Camões: sonetos,
redondilhas e gêneros maiores. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. p. 152.

CAMÕES, Luís de. In: TORRALVO, Izeti Fragata; MINCHILLO, Carlos Cortez (Sel., apres. e notas). Sonetos de Camões: sonetos,
redondilhas e gêneros maiores. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. p. 74.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 289.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 290.

VIEIRA, Antônio. In: PÉCORA, Alcir (Org. e intr.). Sermões: padre Antônio Vieira. São Paulo: Hedra, 2000. p. 60. (Fragmento).

do
espaoçvoado
apr
149
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 203.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 31.

BOCAGE, M. M. In: ALMEIDA, F. (Org.). Sonetos/Bocage. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. p. 39.

BOCAGE, M. M. In: ALMEIDA, F. (Org.). Sonetos/Bocage. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. p. 81.

AZEVEDO, Álvares de. In: FACIOLI, Valentin; OLIVIERI, Antônio Carlos (Orgs.). Poesia brasileira: Romantismo. São Paulo: Ática, 2000. p.
60

ABREU, Casimiro de. In: FACIOLI, Valentin; OLIVIERI, Antônio Carlos (Orgs.). Poesia brasileira: Romantismo. São Paulo: Ática, 2000. p.
43. (Fragmento).

AZEVEDO, Álvares de. In: CANDIDO, Antonio. Melhores poemas. 4. ed. São Paulo: Global, 2001. p. 76. (Fragmento).

ALVES, Castro. O navio negreiro. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf.> Acesso em: 22


dez. 2023.

ALVES, Castro. O gondoleiro do amor. Espumas flutuantes. São Paulo: Ateliê Editorial, 1997. p. 104. (Fragmento).

MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. São Paulo: Klick, 1997. p. 113. (Fragmento).

TÁVORA, Franklin. O Cabeleira. 3. ed. São Paulo: Ática, 1977. p. 135.

QUENTAL, Antero de. Sonetos completos. Lisboa: Ulisseia, 2002. p. 163.

do
espaoçvoado
apr
150
Licenciado para - Luana Aparecida dos Reis - 43068891817 - Protegido por Eduzz.com

ASSIS, Machado de. Contos: uma antologia. Sel., intr. e notas de John Gledson. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v. II, p. 483-
484. (Fragmento).

RIBEIRO, Júnior. A carne. Disponível em: <http:// www.dominiopublico.gov.br/>. Acesso em: 28 dez. 2022

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Scipione, 1995. p. 60. (Fragmento).

BILAC, Olavo. Poesias. 29. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977. p. 320.

OLIVEIRA, Alberto de. O muro. In: BARBOSA, Frederico. Clássicos da poesia brasileira. São Paulo: Klick, 1997. p. 143.

PESSANHA, Camilo. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/ download/texto/ bv000065.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2022.

SOUSA, Cruz e. Obra completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1961. p. 442-443.

ARANHA, Luís. Cocktails: poemas. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 66-67.

MENDES, Murilo. In: GUIMARÃES, Júlio Castañon. A invenção do contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, s.d. p. 44. (Coleção Encanto
Radical).

PESSOA, Fernando. Mensagem. São Paulo: Martin Claret, 2006. p. 50.

COUTO, Ribeiro. In: BANDEIRA, Manuel. Poesia do Brasil. Porto Alegre: Ed. do Autor, 1963. p. 392.

MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 191. (Fragmento).

LIMA, Jorge de. Antologia poética. Seleção de Paulo Mendes Campos. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. p. 67.

MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 110. (Fragmento).

do
espaoçvoado
apr

Você também pode gostar