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3° Geração do Romantismo

Condoreirismo
Prof. Evelyn Assis De Souza
O Condoreirismo é o nome atribuído à Terceira
Geração da Poesia Romântica, a qual utilizou a
produção literária como instrumento de denúncia às
injustiças sociais, principalmente, sobre
o abolicionismo.
Os poetas condoreiros foram inspirados pelos
ideais libertários defendidos por Victor Hugo.
Segundo o mestre francês, “a arte não deve
buscar apenas o belo, mas sobretudo o bem”.
Como um dos pilares do bem é a liberdade, os
poetas condoreiros criticaram e refletiram
sobre as condições sociais dos escravos negros.
A origem do nome Condoreirismo deve-se ao
símbolo de liberdade escolhido por Victor
Hugo, o Condor, um pássaro típico da
Cordilheira dos Andes capaz de sobrevoar
grandes altitudes.
No Brasil
A partir de 1860, o cultivo do café propiciou grandes
avanços na economia e na infraestrutura de algumas
cidades, sobretudo no estado de São Paulo, o qual se
beneficiou com a chegada da energia elétrica, das redes de
água e de esgoto e com a construção de vias para a
exportação do café. Nesse período, muitas fazendas
brasileiras utilizavam a mão de obra escrava e foi nesse
contexto que surgiu a poesia condoreira, como instrumento
de denúncia às injustiças sociais, principalmente com
relação à libertação dos escravos.
Diferentemente dos poetas ultrarromânticos da segunda
geração, os quais se isolavam da realidade social e
utilizavam a poesia para expressarem,
exacerbadamente, sentimentos subjetivos, os poetas
condoreiros engajavam-se nos debates sociais e
mostravam-se conscientes do contexto brasileiro da
época.
Divulgação dos poemas
Para isso, além dos locais nos quais circulavam a produção
literária das gerações anteriores, como bailes, saraus,
quermesses, praças públicas, teatros e associações estudantis, os
autores contavam com outro grande meio de comunicação, os
jornais impressos. Desse modo, poetas como Castro Alves,
Tobias Barreto, Victoriano Palhares e Joaquim de Sousa
Andrade procuraram atingir grande variedade e número de
leitores, os quais eram conclamados nos poemas a saírem do
campo das ideias e partirem para o campo das práticas, das
ações sociais e efetivas
Características das gerações do romantismo
Indianismo Ultrarromantismo Condoreirismo

Nacionalismo e ufanismo Profundo subjetivismo Erotismo

Sentimentalismo e
Sentimentalismo exacerbado Pecado
religiosidade

Índio-herói idealizado Pessimismo e melancolia Liberdade

Egocentrismo e
Retorno ao passado histórico Abolicionismo
individualismo

Exaltação da natureza e do
Fuga da realidade Realidade social
folclore

Medievalismo romântico Saudosismo Negação do amor platônico


Características do Condoreirismo
Abolicionismo Negação do amor platônico
e erotismo
A poesia desse período volta-se Diferentemente das gerações
para a defesa da República e do anteriores, a relação amorosa
abolicionismo e, com isso, o foco acontece de fato. Os autores dão
das produções está concentrado forma e sensualidade à mulher, que,
nos pobres, marginalizados e anteriormente, era vista como um ser
negros escravizados; intocável, angelical, impossível de
ser alcançado;
Liberdade
Munidos de um sentimento de revolta ante as injustiças sociais,
os autores acreditavam que , assim como o condor, tinham a
capacidade de olhar de um ponto mais alto as questões sociais e,
por isso, informar a sociedade sobre a realidade em que viviam
de forma a conscientizá-la do ideal de liberdade, ou seja, eles se
sentiam capazes de influenciar a forma de pensar e colaborar para
mudanças sociais.
Autores Brasileiros
01
Joaquim de
Sousa
Andrade
(1833-1902)
Em 1857, publicou seu primeiro livro de
poesia “Harpas Selvagens”(1857). Sua obra
mais destacada é o poema narrativo: O
Guesa (1871) baseado na lenda indígena
Guesa Errante.
Autores Brasileiros
02
Tobias Barreto
de Meneses
(1839-1889)
Suas obras: Glosa (1864),
Amar (1866), O Gênio da
Humanidade (1866), A
Escravidão (1868).
Autores Brasileiros
03
Joaquim Aurélio
Barreto Nabuco
de Araújo (1849-
1910)
Os principais temas de sua obra: abolição
da escravatura e liberdade religiosa. Suas
obras: Abolicionismo (1883), Escravos
(1886), Minha formação (1900).
Autores Brasileiros
04
Sílvio Vasconcelos
da Silveira Ramos
Romero (1851-
1914)
Possui uma vasta obra nas áreas da:
filosofia, política, sociologia,
literatura, folclore, etnologia, direito,
poesia, cultura popular e história.
Destacam-se: A poesia
contemporânea (1869), Cantos do
fim do século (1878) e Últimos
harpejos (1883).
Autores Brasileiros
05
Antônio Frederico
de Castro Alves
(1847-1871)
O "Poeta dos Escravos” apresenta uma poesia
dividida em duas temáticas: a poesia social e a poesia
lírico-amorosa.
Dentre elas podemos destacar: O Navio
Negreiro (1869), Espumas Flutuantes (1870), A
Cachoeira de Paulo Afonso (1876), Os Escravos
(1883).
O navio negreiro
V
Senhor Deus dos desgraçados! Quem são estes desgraçados
Dizei-me vós, Senhor Deus! Que não encontram em vós
Se é loucura... se é verdade Mais que o rir calmo da turba
Tanto horror perante os céus?! Que excita a fúria do algoz?
Ó mar, por que não apagas Quem são? Se a estrela se cala,
Co'a esponja de tuas vagas Se a vaga à pressa resvala
De teu manto este borrão?... Como um cúmplice fugaz,
Astros! noites! tempestades! Perante a noite confusa...
Rolai das imensidades! Dize-o tu, severa Musa,
Varrei os mares, tufão! Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto, São mulheres desgraçadas,
Onde a terra esposa a luz. Como Agar o foi também.
Onde vive em campo aberto Que sedentas, alquebradas,
A tribo dos homens nus... De longe... bem longe vêm...
São os guerreiros ousados Trazendo com tíbios passos,
Que com os tigres mosqueados Filhos e algemas nos braços,
Combatem na solidão. N'alma — lágrimas e fel...
Ontem simples, fortes, bravos. Como Agar sofrendo tanto,
Hoje míseros escravos, Que nem o leite de pranto
Sem luz, sem ar, sem razão. . . Têm que dar para Ismael.

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