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ROMANTISMO

(1836-1881)
Romantismo no Brasil
(1836-1881)

• Marco inicial: Publicação de "Suspiros


Poéticos e Saudades", de Gonçalves de
Magalhães , em 1836.

• Marco final: Publicação de "Memórias


Póstumas de Brás Cubas", de Machado de
Assis , em 1881, que inaugura o realismo.
Goya
Goya buscava
explorar a face
destrutiva e
obscura da
natureza
humana

Saturno devorando seu


filho (1824)
O fuzilamento de 3 de maio – Goya (1814)
Goya

O sonho da razão produz


monstros
Vertentes mundiais
do Romantismo

Poesia Social
Nacionalismo .
O nacionalismo
romântico floresce e Mal do século
propaga a ideia de que
O homem burguês
cada povo é único e
deu livre expressão a
criativo e expressa seu
seus sentimentos e
gênio na arte e tradições
emoções mais
populares.
íntimos
Pessimismo e
angústia em face dos
acontecimentos locais
Fatores históricos decisivos para as
transformações dos séculos XVIII e XIX

• A queda dos sistemas de governo tirânicos.

• Os ideais de liberdade e igualdade.

• Formação de uma mentalidade nacionalista.

• A consolidação do pensamento liberal.

• A revolução Francesa.

• A Revolução Industrial Inglesa.

• A Declaração Universal dos Direitos Humanos.


Características Românticas
• Valorização de elementos populares - Surgiu
de relação entre a burguesia e o Romantismo e
objetivava retirar o privilégio da elite
aristocrática. Intensificaram-se os temas
ligados á vida urbana; incentivou-se público a
participar de manifestações culturais.

• Imaginação Criadora - Libertação da arte


agora afastada das rígidas regras clássicas.
Liberdade para a forma e para o conteúdo.
Criação de mundos imaginários nos quais o
romântico acreditava.
Nacionalismo - louvor e exaltação de pátria,
resgatava as origens de cada nação, valorizações
dos elementos da terra natal, dos bens e das
riquezas nacionais, das paisagens naturais.
Exaltavam-se as personalidades e os heróis da
história, os valores gloriosos da pátria. No Brasil,
houve a valorização do passado colonial: o índio foi
tomado como herói nacional repleto de glórias que
só existiram nos ideários românticos. Outra forma
de nacionalismo brasileiro foi conhecida na terceira
fase do Romantismo, quando o escravo e os ideais
de liberdade ocuparam os versos condoreiros.
• Subjetivismo - atitude individual e única. A
poesia não assume mais os moldes clássicos e,
sim, a vontade do Eu criador.

• Egocentrismo - Houve o triunfo absoluto do EU;


o reinado da poesia confessional na qual o
sujeito lírico declarava seus sentimentos.

• Sentimentalismo - analisa e expressa a


realidade por meio de sentimentos; a emoção foi
valorizada em detrimento do racionalismo.
• Supervalorização do amor - O amor foi
considerado um valor supremo na vida.
Entretanto, a conquista amorosa era difícil: havia
o mito do amor impossível, o estigma da paixão
desesperadora. A perda ou não realização
amorosa levava o romântico ao desespero, à
loucura ou à morte.

• Idealização da Mulher - Mulher convertida em


anjo, musa, deusa, criatura pura, poderosa,
perfeita, inatingível, capaz de maravilhar a vida
do homem se lhe correspondesse. A mulher,
porém, tornava-se perversa, maligna, impiedosa,
quando pela recusa arruinava a vida do galante
que a cortejava.
• Byronismo (mal do século) - Na ânsia de
plenitude impossível, o artista sentia-se
desajustado e insatisfeito, além de decepcionado,
devido á falência da utopia revolucionária:
liberdade, igualdade, fraternidade. Assim, o
romântico passou a ver o homem da época como
um ser fragmentado, peça da engrenagem social,
sem individualidade ou liberdade. Os desajustes e
as insatisfações conduziram ao mal do século,
definido como a aflição e a dor dos descontentes
com o mundo. Era a influência do modo de vida
byroniano do poeta inglês Lord George Byron,
protótipo do herói romântico, sombrio, elegante e
desajustado.
As gerações românticas

Primeira geração romântica - primeiro


grupo (1836-1840)- nacionalismo

O início do romantismo brasileiro


caracterizou-se por religiosidade,
misticismo, antilusitanismo, nacionalismo.
Eu te amo meu Brasil

https://www.youtube.com/watch?
v=bwr992jLxzw
https://www.youtube.com/watch?v=JE_i-
icOQew
Primeira geração romântica – segundo
grupo (1840-1850)- indianismo

Surgiu o índio, um herói visto com espírito da


civilização nacional e da luta contra a tradição
lusitana. Contudo, o indígena que se pintou à
moda romântica tinha seu próprio modelo
importado da França. Os franceses Cooper e
Chateaubriand, entusiasmados com o
selvagem da América, levaram-no para a sua
literatura e pintaram os aborígenes com as
tintas heroicas, inspirados nos heróis de
cavalaria medieval.
•O Mito do Bom Selvagem, do filósofo francês
Rosseau : O homem nasce puro, belo, bom e
assim permanece enquanto estiver em
contato com a natureza.

•Os autores principais dessa fase foram


Gonçalves Dias, José de Alencar, Joaquim
Manoel de Macedo e Bernardo Guimarães.
(https://www.dailymotion.com/video/x24glh5)
Segunda geração romântica – byronismo
ou ultrarromantismo (1850-1860)
• A geração contaminada pelo “mal do século”:
individualismo, negativismo, pessimismo,
insatisfação com o mundo, angústia,
desespero, crise existencial (herança do
Barroco).
A influência satânica do poeta inglês Lord
Byron tem seu maior exemplar brasileiro no
poeta Álvares de Azevedo em sua obra.
https://www.youtube.com/watch?v=NQ5j2BoK1Vo
https://www.youtube.com/watch?
v=CDfrY62cCEM&feature=emb_logo
Garçon
Reginaldo Rossi
Garçon, aqui nessa mesa de bar Garçon, eu sei
Você já cansou de escutar que eu estou enchendo o saco
Centenas de casos de amor
Garçon, no bar Mas todo bebum fica chato
todo o mundo é igual Valente e tem toda a razão
Meu caso é mais um é banal Garçon, mas eu, eu só quero chorar
Mas preste atenção por favor Eu vou minha conta pagar
Saiba que o meu grande amor
Por isso eu lhe peço atenção
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar Saiba que o meu grande amor
Deixou em pedaços meu coração Hoje vai se casar
E para matar a tristeza Mandou uma carta pra me avisar
Só mesa de bar Deixou em pedaços meu coração
Quero tomar todas
E para matar a tristeza
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono Só mesa…
Me deite no chão
Os autores principais são:
Na poesia:
•Gonçalves Dias;
•Álvares de Azevedo;
•Casimiro de Abreu;
•Junqueira Freire;
•Fagundes Varela;
•Laurindo Rabelo;
Na prosa:
•José de Alencar; romantismo nacionalista, burguês, indianista.
• Manuel Antônio de Almeida, resistência ao romantismo
burguês. Em Memórias de um Sargento de Milícias, que
focaliza a sociedade suburbana e desmoraliza a corte
amorosa.
Terceira geração romântica –
condoreirismo (1860-1880)

• Os condoreiros praticaram um
nacionalismo de ordem diversa, pois não
exaltavam as maravilhas da pátria, mas
reivindicavam liberdade, igualdade das
condições sociais e independência
política.
• Os assuntos centrais ligam-se à Guerra
do Paraguai, à Abolição da Escravatura, à
luta pela Proclamação da República. O
homem negro transformou-se em
personagem real e sofrida no canto
eloquente dos condoreiros (condor é uma
ave altaneira).

• O grande condoreiro do Brasil chamava-se


Antônio Frederico de Castro Alves, dono
de uma poesia vibrante que evocava o
liberalismo idealizado e repelia a vergonhosa
escravidão, denunciando as condições
desumanas em que os escravos viviam.
Principais autores e obras em prosa
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães (1825-1884)

•Obras principais: Lendas e Romances (histórico);


•Lendas e Tradições da Província de
Minas Gerais;
•O Ermitão da Glória (regionalista);
•O Garimpeiro;
•O Seminarista;
•A Escrava Isaura.

•O Seminarista é sua obra mais notável na qual


se critica o celibato clerical e apresenta o apelo ao sexo
contrário à corte amorosa de Romantismo.

•Temas característicos
a) Romances basicamente regionalistas, com uma intriga amorosa indispensável,
desenvolvida entre personagens boas ou más ao extremo.
b) Paisagens minuciosamente descritas e hábitos regionais do povo mineiro.
Alfredo D'Escragnolle Taunay (1843-1899)

•Visconde de Taunay é o autor de um dos melhores


romances regionalistas do Romantismo.
•Obras principais: Inocência; A Retirada de Laguna; O
Encilhamento; Manuscritos de uma Mulher; Mocidade
de Trajano.
•Temas característicos:
a) Em Inocência, uma das obras mais importantes de
Visconde de Taumay, utilizou-se uma linguagem
adequada para descrever a paisagem do sertão
(sudeste do Mato Grosso) e ainda ficou a fala popular.
b) A fim de envolver o leitor e de acordo com a
mentalidade romântica, inventou em sentimento de
amor impossível entre a bela Inocência e Cirilo. O caso
amoroso tem um final trágico, pois o rapaz é
assassinado, e a moça morre consumida pelo
desespero da paixão.
José Martiniano de Alencar (1820-
1877)
• Foi o ficcionista que mais agradou o gosto do publico
burguês, consolidando o romance nacional brasileiro

•Retratou posturas políticas e burguesas em sintonia com a


mentalidade de homem conservador em todos os parâmetros:
monarquista, escravocrata, político (senador do império de
Pedro II), proprietário de terras.

•Era um nacionalista fiel que atacava as formas literárias


importadas e a timidez verbal dos poetas que se propunham
a cantar o Brasil, como escreveu a Carta sobre a
Confederação dos Tamoios, em que criticou a obra épica de
Gonçalves de Magalhães por sua falta de energia e de
brasilidade.

•Sempre com linguagem requintada, Alencar inventou um


passado glorioso para o Brasil, com um índio herói fantástico.
Retratou a vida urbana em meio às intrigas amorosas mais
instigantes: conflitos sentimentais marcados por um final feliz
(Senhora - Diva) ou interrompidos com uma morte trágica
(Lucíola).
Manuel Antônio de Almeida (1830-1861)

•Obra principal: Memórias de um


Sargento de Milícias.

•Temas característicos: O romance


apresenta elementos que contradizem as
convenções literárias da época; tem como
cenário as ruas e os casebres do Rio de
Janeiro. A linguagem revela absoluta
“molecagem” (desmoraliza a corte
amorosa, tratando satiricamente a intriga
sentimental). Descreve cenas populares,
com um toque de realismo. È um
documentário mais real da sociedade do
século XIX, aproxima-se do que seriam as
narrativas do realistas / naturalistas.
Poesia no Romantismo
A característica principal da Poesia Romântica
é a expressão plena dos sentimentos
pessoais, com os autores voltados para o
seu mundo interior e fazendo da literatura um
meio de desabafo e confissão. A vida passa
a ser encarada de um ângulo pessoal, em
que se sobressai um intenso desejo de
liberdade.

O estilo romântico revela-se inicialmente


idealista e sonhador, depois, crítico e
retórico, mas sempre sentimental e
nacionalista.
Antônio Gonçalves Dias

•Foi ele quem consolidou o


Romantismo brasileiro, com sua poesia
de alta qualidade.

•Obras principais: Primeiros Cantos;


Segundos Cantos, Sextilhas do Frei
Antão – Último Cantos.

•Temas característicos:
a) Lirismo Amoroso
b) Indianismo
c) Exílio
Manuel Antônio Álvares de
Azevedo

•É o poeta brasileiro que mais


autenticamente representou o
byronismo, sendo o mais
individualista, subjetivo e sofrido
poeta do Romantismo. Autor de
uma poesia confessional que
exprime sentimentos, dores e
emoções do eu lírico
ultrarromântico. Morreu aos 21
anos.

•Obras principais: Pedro Ivo, Lira


dos Vinte Anos, Conde Lopo.
Teus negros olhos uma vez fitando
Senti que luz mais branda os acendia,
Pálida de langor, eu vi, te olhando,
Mulher do meu amor, meu serafim,
Esse amor que em teus olhos refletia...
Talvez! - era por mim?

Pendeste, suspirando, a face pura,


Morreu nos lábios teus um ai perdido...
Tão ébrio de paixão e de ventura!
Mulher de meu amor, meu serafim,
Por quem era o suspiro amortecido?
Suspiravas por mim?...

Mas... eu sei!... ai de mim? Eu vi na dança


Um olhar que em teus olhos se fitava...
Ouvi outro suspiro... d´esperança!
Mulher do meu amor, meu serafim,
Teu olhar, teu suspiro que matava...
Oh! não eram por mim.
LEMBRANÇAS DE MORRER 
Eu deixo a vida como deixa o tédio 
Do deserto, o poento caminheiro,  Só tu à mocidade sonhadora 
- Como as horas de um longo pesadelo  Do pálido poeta deste flores. 
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;  Se viveu, foi por ti! e de esperança 
De na vida gozar de teus amores. 
Como o desterro de minh’alma errante, 
Onde fogo insensato a consumia:  Beijarei a verdade santa e nua, 
Só levo uma saudade - é desses tempos 
Verei cristalizar-se o sonho amigo. 
Que amorosa ilusão embelecia. 
Ó minha virgem dos errantes sonhos, 
Só levo uma saudade - é dessas sombras  Filha do céu, eu vou amar contigo! 
Que eu sentia velar nas noites minhas. 
De ti, ó minha mãe, pobre coitada, 
Que por minha tristeza te definhas! 

Se uma lágrima as pálpebras me inunda, 


Se um suspiro nos seios treme ainda, 
É pela virgem que sonhei. que nunca 
Aos lábios me encostou a face linda! 
Joaquim de Sousa Andrade

•Obras principais: Guesa Errante; Obras


Poéticas

•Temas característicos: Sousândrade era


adepto das causas republicanas e
abolicionistas. Sua poesia é marcada por
originalidade, inovadora e revolucionária,
afastadas dos modelos românticos. A
linguagem ousada aproxima da
realidade. O vocabulário é diversificado
com neologismos, palavras em inglês,
expressões indígenas.
Antônio Frederico de
Castro Alves
https://www.youtube.com/watch?v=TDzNSWT3258

Nutria um grande amor patriótico,


acreditava representar o espírito nacionalista
do povo brasileiro, tendo escrito poemas de
louvor para exaltar os feitos populares. É um
dos mais expressivos talentos da poesia
brasileira, apesar de ter morrido aos 24 anos
de tuberculose. Encarou a morte com
realismo e amargura.
• Obras principais: Espumas Flutuantes.
Poemas mais famosos: Vozes d’África e Navio Negreiro.

• Temas característicos:
a) Poesia da Natureza: personificou a natureza que aparece em todos os
enfoques
b) Lirismo Amoroso
c) Poesia Social Condoreira.
A canção do africano

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...

De um lado, uma negra escrava


Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!

"Minha terra é lá bem longe,


Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
(...)
Castro Alves

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