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Modernismo

O modernismo foi uma tendência artístico-cultural ocorrida na primeira metade


do século XX.

Se manifestou em diversos campos das artes, como a pintura, escultura,


arquitetura, literatura, dança e música.

No Brasil, a linguagem de maior destaque no movimento modernista foi a


literária e, assim como as demais, tinha como objetivo questionar e romper com
tradições passadas.

Origem do modernismo e contexto histórico


O movimento moderno se iniciou na primeira década do século XX, a princípio
na Europa, chegando posteriormente ao Brasil por volta dos anos 20.

Impulsionados por um contexto histórico conturbado, onde grandes


transformações estavam em curso, os artistas e intelectuais modernos passaram
a repensar a maneira de produzir arte e literatura. Eles cada vez mais
valorizavam um pensamento crítico.

Assim, o modernismo acontece em um cenário de conquistas tecnológicas,


progresso da indústria, aprofundamento do sistema capitalista e das
desigualdades.

Caraterísticas do modernismo
As características que podemos notar no modernismo de maneira geral estão
relacionadas à ruptura com os modelos artísticos-literários vigentes e a busca
por inovação.

Dessa forma, os modernistas passam a produzir obras transgressoras e com


maior liberdade criativa, sem seguir necessariamente regras e padrões.

Tanto na literatura como nas demais vertentes artísticas, podemos elencar como
particularidades das obras modernistas:

 Recusa aos moldes acadêmicos;


 Liberdade criativa e de expressão;
 Valorização da experimentação;
 Busca pela aproximação da linguagem popular;
 Espontaneidade e irreverência;
 Quebra de formalismos;
 Ironia e espírito cômico.
Modernismo no Brasil
No Brasil, o movimento modernista se consolidou com a Semana de Arte
Moderna, ocorrida em 1922 no Theatro Municipal, em São Paulo. O evento
contou com artistas de diversas áreas, com representantes da literatura, pintura,
música e dança.

A Semana de 22, como também é chamada, é considerada um marco da


vertente no país, entretanto, obras com características modernas já estavam
sendo produzidas anteriormente. O momento ficou conhecido como Primeira
Fase do Modernismo brasileiro.

Os artistas buscavam inspiração na arte que acontecia na Europa (as chamadas


vanguardas europeias) para produzir trabalhos com caráter inovador e ao
mesmo tempo nacional.

Também é importante destacar que a realidade brasileira nesse período


impulsionou o surgimento da arte e literatura moderna nacional.

O contexto social por aqui era bastante delicado, com a grande insatisfação
popular por conta da crescente alta dos preços, gerando manifestações e
paralisações de trabalhadores.

Assim, a intelectualidade brasileira passa a criar trabalhos com o intuito de


questionar os tradicionalismos e propor uma nova visão de mundo, baseada na
valorização de temas cotidianos e nacionais.

 modernismo no Brasil foi um movimento artístico, cultural e literário que se


caracterizou pela liberdade estética, o nacionalismo e a crítica social.

Inspirado pelas inovações artísticas das vanguardas europeias (cubismo,


futurismo, dadaísmo, expressionismo e surrealismo), o modernismo teve como
marco inicial a Semana de Arte Moderna, que se realizou entre os dias 11 e 18
de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo.

No país, o cenário era de insatisfação, pois muitas pessoas consideravam a


política, a economia e a cultura estagnadas. Parte disso estava relacionado com
o modelo político vigente baseado na política do café com leite.

Com o poder concentrado nas mãos de grandes fazendeiros, paulistas e


mineiros se revezavam no poder. Isso ocorreu até 1930, quando um golpe de
estado depôs o presidente Washington Luís, pondo fim à República velha.
Foi nesse cenário de incertezas que um grupo de artistas, empenhados em
propor uma renovação estética na arte, apresentam um novo olhar, mais
libertário, contrário ao tradicionalismo e ao rigor estético.

Assim, surge a Semana de Arte Moderna liderada pelo chamado “Grupo dos
cinco”: Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de
Andrade e Tarsila do Amaral.

Esse evento, que reuniu diversas apresentações e exposições, colaborou com o


surgimento de revistas, manifestos, movimentos artísticos e grupos com
experimentações estéticas inovadoras.

Tudo isso permitiu consolidar as ideias modernistas e inaugurar o movimento


no país.

Contexto histórico do modernismo no Brasil


O modernismo no Brasil surge logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-
1918), que levou a morte de milhares de pessoas, a destruição de diversas
cidades e a instabilidade política e social.

Assim, numa tentativa de reestruturar o país politicamente, e também o campo


das artes - estimulado pelas vanguardas europeias -, encontra-se a motivação
para romper com o tradicionalismo.

No país, o movimento modernista surgiu na segunda fase da República velha


(1889-1930), chamada de República das Oligarquias ou República do café com
leite.

Nesse contexto, o poder era revezado entre paulistas e mineiros, e dominado


por aristocratas fazendeiros.

Em decorrência disso e do aumento da inflação, que fazia aumentar a crise e


propulsionava greves e protestos, o momento era de insatisfação.

Ao mesmo tempo, o movimento tenentista ganhava força e tentava derrubar o


esquema das oligarquias, cujo poder estava concentrado nas mãos das elites
agrárias tradicionais.

Algumas revoltas que aconteceram nesse momento pelos tenentistas foram:

 Revolta do forte de Copacabana, em julho de 1922, no Rio de Janeiro;


 Revolta paulista de 1924, que ocorreu na cidade de São Paulo;
 Coluna Prestes (1925-1927).

Todos elas reivindicavam o fim da República Velha e do sistema oligárquico.


A crise econômica gerada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em
1929, acelerou esse processo e essa mudança foi alcançada com a Revolução de
30.

Assim, um golpe de estado depôs o presidente Washington Luís e marcou o fim


da República velha. Começa, então, a Era Vargas, que durou até 1945, ano que
termina da Segunda Guerra Mundial.

Fases do modernismo no Brasil


O modernismo no Brasil foi um longo período (1922-1960), que reuniu diversas
características e obras, por isso, esteve dividido em três fases, também
chamadas de gerações:

 Primeira fase modernista (1922-1930) - a fase heroica ou de destruição


 Segunda fase modernista (1930-1945) - a fase de consolidação ou geração de 30
 Terceira fase modernista (1945-1960) - a geração de 45

Primeira fase modernista no Brasil (1922-1930)


A primeira fase do modernismo esteve voltada para a busca de uma identidade
nacional.

Nesse momento, diversos artistas aproveitaram a agitação causada pela Semana


de Arte Moderna para romper com os modelos preconcebidos que, segundo
eles, eram limitados e impediam a criatividade.

Inspirado nas ideias das vanguardas artísticas europeias, os artistas buscam uma
renovação estética. Por esse motivo, ela é conhecida como a "fase heroica",
sendo a mais radical de todas.

É também chamada de "fase de destruição", pois propunha a destruição dos


modelos que vigoravam no cenário artístico-cultural do país.

A consolidação de uma arte genuinamente brasileira possibilitou a valorização


da cultura e do folclore. Junto a isso, os artistas estabelecem a liberdade formal,
rompendo com a sintaxe e utilizando uma linguagem mais coloquial para se
aproximar da fala cotidiana.

Muitas revistas e manifestos foram criados, o que fez surgir alguns movimentos,
dos quais se destacam:

 Movimento pau-brasil;
 Movimento antropofágico;
 Movimento regionalista;
 Movimento verde-amarelo.
Características da primeira fase modernista

 fase mais radical e nacionalista;


 busca de uma identidade nacional;
 maior liberdade formal com rupturas da sintaxe;
 presença de regionalismos e linguagem informal;
 valorização do folclore, arte e cultura popular brasileira;
 uso de versos livres, que não possuem métrica (medida);
 uso de versos brancos, com ausência de rimas;
 utilização do sarcasmo e da ironia.

Autores e obras da primeira fase modernista


Os escritores e as obras mais relevantes da primeira geração modernista, foram:

 Mario de Andrade (1893-1945) - Obras: Paulicéia Desvairada (1922), Amar, Verbo


Intransitivo (1927) e Macunaíma (1928).
 Oswald de Andrade (1890-1954) - Obras: Os condenados (1922), Memórias
Sentimentais de João Miramar (1924) e Pau Brasil  (1925).
 Manuel Bandeira (1886-1968) - Obras: A cinza das horas (1917), Carnaval (1919)
e Libertinagem (1930).

Segunda fase modernista no Brasil (1930-1945)


A segunda fase do modernismo, chamada de fase de consolidação ou geração
de 30, começou em 1930 e durou até 1945, quando terminou a Segunda Guerra
Mundial.

Diferente da primeira fase, que apresentava um caráter mais destrutivo e radical,


na segunda geração, os artistas demonstram maior equilíbrio e racionalidade
em seus escritos.

Esse momento de amadurecimento da literatura brasileira é caracterizado por


temáticas nacionalistas, regionalistas e de caráter social, com predomínio de
uma literatura mais crítica e revolucionária.

Além da prosa de ficção, a poesia brasileira se consolida, o que significa o maior


êxito para os modernistas.

Esse é um momento muito fértil da literatura brasileira onde encontramos uma


vasta produção de textos poéticos em verso e prosa.

Características da segunda fase modernista

 fase de consolidação do modernismo no Brasil;


 vasta produção literária em poesia e prosa (poesia de 30 e romance de 30);
 valorização do regionalismo e da linguagem popular;
 utilização de versos livres, sem métrica, e brancos, sem rimas;
 crítica à realidade social brasileira;
 valorização da diversidade cultural do país;
 temática cotidiana, social, histórica e religiosa.

Autores e obras da segunda fase modernista


Os poetas e as obras que se destacaram na chamada “poesia de 30” foram:

 Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) - Obras: Alguma poesia (1930), A Rosa do


povo (1945) e Claro Enigma (1951).
 Murilo Mendes (1901-1975) - Obras: Poemas (1930), A poesia em pânico (1937) e As
metamorfoses (1944).
 Jorge de Lima (1893-1953) - Obras: Novos poemas (1929), O acendedor de
lampiões (1932) e O anjo (1934).
 Cecília Meireles (1901-1964) - Obras: Espectros (1919), Romanceiro da
Inconfidência (1953) e Batuque, Samba e Macumba (1935).
 Vinicius de Moraes (1913-1980) - Obras: Poemas, Sonetos e Baladas (1946), Antologia
Poética (1954), Orfeu da Conceição (1954).

Já na prosa da segunda geração, ou “romance de 30”, os escritores e as obras


que se destacaram foram:

 Graciliano Ramos (1892-1953) - Obras: Vidas Secas  (1938), São


Bernardo  (1934), Angústia (1936), Memórias do cárcere (1953).
 José Lins do Rego (1901-1957) - Obras: Menino do
Engenho  (1932), Doidinho (1933), Banguê  (1934) e Fogo morto (1943).
 Jorge Amado (1912-2001) - Obras: O País do Carnaval (1930), Mar
morto (1936) e Capitães da areia (1937).
 Rachel de Queiroz (1910-2003) - Obras: O quinze (1930), Caminho das
pedras (1937) e Memorial de Maria Moura (1992).
 Érico Veríssimo (1905-1975) - Obras: Olhai os lírios do campo (1938), O Tempo
e o Vento - 3 volumes (1948-1961) e Incidente em Antares (1971).

Terceira fase modernista no Brasil (1945-1960)


Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o processo de redemocratização do
país, em 1945, a arte brasileira produzida na terceira fase do modernismo ganha
novos contornos e linguagens.

Muitos críticos literários defendem que essa fase terminou em 1960, enquanto
outros acreditam que ela perdura até o presente.

Esse momento, que ficou conhecido como “Geração de 45”, reuniu um grupo
de escritores, muitas vezes chamados de neoparnasianos, que buscavam uma
poesia mais equilibrada e objetiva.
Assim, a liberdade formal, característica das fases anteriores, é deixada de lado
para dar lugar à métrica e ao culto à forma, com produções inspiradas no
Parnasianismo e Simbolismo.

Além da poesia, há uma diversidade grande na prosa com a prosa urbana,


intimista e regionalista.

Características da terceira fase modernista

 linguagem mais objetiva e equilibrada;


 influência do Parnasianismo e Simbolismo;
 oposição à liberdade formal;
 forte preocupação com a estética e a perfeição;
 valorização da métrica e da rima;
 temática social e humana.

Autores e obras da terceira fase modernista


Os escritores que se destacaram nessa fase, na poesia e na prosa, foram:

 Mario Quintana (1906-1994) - Obras: Rua dos cataventos (1940), Canções (1946) e Baú


de espantos (1986).
 João Cabral de Melo Neto (1920-1999) - Obras: Pedra do sono (1942), O cão sem
plumas (1950) e Morte e vida severina (1957).
 Guimarães Rosa (1908-1967) - Obras: Sagarana (1946), Primeiras Estórias (1962)
e Grande Sertão: Veredas (1956).
 Clarice Lispector (1920-1977) - Obras: Perto do coração selvagem (1942), A paixão
segundo G. H (1964) e A hora da estrela (1977).

Modernismo literário brasileiro


O modernismo literário foi uma vertente bastante forte no Brasil, sendo que a
Segunda Fase modernista no país foi marcada pela produção da literatura, com
destaque para a prosa e poesia.

Os escritores passam a usar as palavras de maneira mais flexível, abusando de


versos livres, linguagem sarcástica e cômica e renúncia à métrica e à rima.

Alguns dos escritores de maior destaque no período são: Oswald de Andrade,


Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília
Meireles, Rachel de Queiroz.

A partir de 1945, surge um novo momento na literatura do país, com a Terceira


Fase do Modernismo, na qual os escritores buscavam integrar novamente
recursos formais com características intimistas, regionalistas e urbanas. Os
representantes dessa fase são considerados também como “neoparnasianos”.

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