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Variante regional – Enem 2014 Entre os excertos de estudiosos da linguagem

reproduzidos a seguir, assinale aquele que


Óia eu aqui de novo corrobora os comentários do post.
Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo para xaxar a) Numa sociedade estruturada de maneira
Vou mostrar pr’esses cabras complexa a linguagem de um dado grupo social
Que eu ainda dou no couro reflete-o tão bem como suas outras formas de
Isso é um desaforo comportamento. (Mattoso Câmara Jr., 1975, p. 10.)
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando b) A linguagem exigida, especialmente nas aulas de
Que eu aqui de novo xaxando língua portuguesa, corresponde a um modelo
Óia eu aqui de novo mostrando próprio das classes dominantes e das categorias
Como se deve xaxar sociais a elas vinculadas. (Camacho, 1985, p. 4.)
Vem cá morena linda
Vestida de chita c) Não existe nenhuma justificativa ética, política,
Você é a mais bonita pedagógica ou científica para continuar condenando
Desse meu lugar como erros os usos linguísticos que estão firmados
Vai, chama Maria, chama Luzia no português brasileiro. (Bagno, 2007, p. 161.)
Vai, chama Zabé, chama Raquel
Diz que eu tou aqui com alegria d) Aquele que aprendeu a refletir sobre a linguagem
é capaz de compreender uma gramática – que nada
BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: www. mais é do que o resultado de uma (longa) reflexão
luizluagonzaga.mus.br. Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento). sobre a língua. (Geraldi, 1996, p. 64.)

1- A letra da canção de Antônio de Barros Variante social – Enem 2013


manifesta aspectos do repertório linguístico e
cultural do Brasil. O verso que singulariza uma 3- Até quando?
forma característica do falar popular regional é Não adianta olhar pro céu
a) “Isso é um desaforo” Com muita fé e pouca luta
b) “Diz que eu tou aqui com alegria” Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
c) “Vou mostrar pr’esses cabras” E muita greve, você pode, você deve, pode crer
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia” Não adianta olhar pro chão
e) “Vem cá morena linda, vestida de chita” Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque
Variante social – Unicamp 2017 Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
2- No dia 21 de setembro de 2015, Sérgio Rodrigues,
crítico literário, comentou que apontar um erro de GABRIEL, O Pensador. Seja você mesmo (mas não seja sempre o
português no título do filme Que horas ela volta? mesmo). Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).
“revela visão curta sobre como a língua funciona”. E
justifica: As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem
“O título do filme, tirado da fala de um personagem, ao texto
está em registro coloquial. Que ano você nasceu? a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da
Que série você estuda? e frases do gênero são internet.
familiares a todos os brasileiros, mesmo com alto b) cunho apelativo, pela predominância de imagens
grau de escolaridade. Será preciso reafirmar a esta metafóricas.
altura do século 21 que obras de arte têm liberdade c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
para transgressões muito maiores? d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
Pretender que uma obra de ficção tenha o mesmo e) originalidade, pela concisão da linguagem.
grau de formalidade de um editorial de jornal ou
relatório de firma revela um jeito autoritário de 4- De domingo
compreender o funcionamento não só da língua, — Outrossim?
mas da arte também.” — O quê?
— O que o quê?
(Adaptado do blog Melhor Dizendo. Post completo disponível — O que você disse.
em http:// www melhordizendo.com/a-que-horas-ela-volta-em- — Outrossim?
que-ano-estamos-mesmo/. Acessado em 08/06/2016.)
—É.
— O que que tem?
—Nada. Só achei engraçado. (E) contraste cultural.
— Não vejo a graça.
— Você vai concordar que não é uma palavra de 6-
todos os dias. PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.
— Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo. BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora
— Se bem que parece uma palavra de segunda-feira. e quer falar com você.
— Não. Palavra de segunda-feira é óbice. EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que
— “Ônus. ele está lá fora, mas não quero falar com ele.
— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”. BENONA: Mas, Eurico, nós lhe
— “Resquício” é de domingo. devemos certas atenções.
— Não, não. Segunda. No máximo terça. EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo
— Mas “outrossim”, francamente… foi meu. Esperava que Eudoro, com todo
— Qual o problema? aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado.
— Retira o “outrossim”. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o
— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás, é uma peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que
palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele,
“outrossim”. sedento, atacado da verdadeira hidrofobia. Vive
farejando ouro, como um cachorro da molest’a,
(VERÍSSIMO. L.F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas
LP&M, 1996). ele está enganado. Santo Antônio há de proteger
minha pobreza e minha devoção.
No texto, há uma discussão sobre o uso
de algumas palavras da língua portuguesa. Esse (SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José
uso promove o (a): Olimpyio, 2013)

(A) marcação temporal, evidenciada pela presença Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o
de palavras indicativas dos dias da semana. peste” e “cachorro da molest’a” contribui para
(B) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência
de palavras empregadas em contextos formais. (A) marcar a classe social das personagens.
(C) caracterização da identidade linguística (B) caracterizar usos linguísticos de uma região.
dos interlocutores, percebida pela recorrência de (C) enfatizar a relação familiar entre
palavras regionais. as personagens.
(D) distanciamento entre os interlocutores, (D) sinalizar a influência do gênero nas escolhas
provocado pelo emprego de palavras vocabulares.
com significados poucos conhecidos. (E) demonstrar o tom autoritário da fala de uma
(E) inadequação vocabular, demonstrada pela das personagens.
seleção de palavras desconhecidas por parte de um
dos interlocutores do diálogo. 7- S.O.S PORTUGUÊS
Por que pronunciamos muitas palavras de um
5- Mandinga — Era a denominação que, no período jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre
das grandes navegações, os portugueses davam esse aspecto da língua com base em duas
à costa ocidental da África. A palavra se tornou perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são
sinônimo de feitiçaria porque dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao
os exploradores lusitanos consideram bruxos os código. Daí vem o entendimento de que a escrita é
africanos que ali habitavam — é que eles mais complexa do que a fala, e
davam indicações sobre a existência de ouro na seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras
região. Em idioma nativo, manding designava terra gramaticais, sem a preocupação com situações de
de feiticeiros. A palavra acabou virando sinônimo uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças
de feitiço, sortilégio. como um produto distinto de duas modalidades da
língua: a oral e a escrita. A questão é que nem
(COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, sempre nos damos conta disso.
2009. Fragmento)
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº
No texto, evidencia-se que a construção do 231, abr. 2010 (fragmento adaptado)
significado da palavra mandinga resulta de um (a)
(A) contexto sócio histórico. O assunto tratado no fragmento é relativo à língua
(B) diversidade técnica. portuguesa e foi publicado em uma revista
(C) descoberta geográfica. destinada a professores. Entre as características
(D) apropriação religiosa.
próprias desse tipo de texto, identificam-se as Sobre o fragmento do texto de Marcos Bagno,
marcas linguísticas próprias do uso podemos inferir, exceto:
a) A língua deve ser preservada e utilizada como um
(a) regional, pela presença de léxico de determinada
instrumento de opressão. Quem estudou mais
região do Brasil.
define os padrões linguísticos, analisando assim o
(b) literário, pela conformidade com as normas da
que é correto e o que deve ser evitado na língua.
gramática.
(c) técnico, por meio de expressões próprias de b) As variações linguísticas são próprias da língua e
textos científicos. estão alicerçadas nas diversas intenções
(d) coloquial, por meio de registro de informalidade. comunicacionais.
(e) oral, por meio do uso de expressões típicas da
oralidade. c) A variedade linguística é um importante elemento
de inclusão, além de instrumento de afirmação da
8- "Todas as variedades linguísticas são estruturadas identidade de alguns grupos sociais.
e correspondem a sistemas e subsistemas
adequados às necessidades de seus usuários. Mas o d) O aprendizado da língua portuguesa não deve
fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura estar restrito ao ensino das regras.
social e aos sistemas de valores da sociedade conduz e) Segundo Bagno, não podemos afirmar que exista
a uma avaliação distinta das características das suas um tipo de variante que possa ser considerada
diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. superior à outra, já que todas possuem funções
A língua padrão, por exemplo, embora seja uma dentro de um determinado grupo social.
entre as muitas variedades de um idioma, é sempre
a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como
norma, como ideal linguístico de uma comunidade.
Do valor normativo decorre a sua função coercitiva
sobre as outras variedades, com o que se torna uma
ponderável força contrária à variação."
Celso Cunha. Nova gramática do português
contemporâneo. Adaptado.

A partir da leitura do texto, podemos inferir que


uma língua é:
a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as
quais uma alcança maior valor social e passa a ser
considerada exemplar.
b) sistema que não admite nenhum tipo de variação
linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
c) a modalidade oral alcança maior prestígio social,
pois é o resultado das adaptações linguísticas
produzidas pelos falantes.
d) A língua padrão deve ser preservada na
modalidade oral e escrita, pois toda modificação é
prejudicial a um sistema linguístico.

9- “Contudo, a divergência está no fato de existirem


pessoas que possuem um grau de escolaridade mais
elevado e com um poder aquisitivo maior que
consideram um determinado modo de falar como o
“correto”, não levando em consideração essas
variações que ocorrem na língua. Porém, o senso
linguístico diz que não há variação superior à outra,
e isso acontece pelo “fato de no Brasil o português
ser a língua da imensa maioria da população não
implica automaticamente que esse português seja
um bloco compacto coeso e homogêneo”. (BAGNO,
1999, p. 18)

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