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Análise do poema "As Mãos" de

Manuel Alegre
Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu a 12 de Maio de 1936 em Águeda.
Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi um activo dirigente
estudantil. Apoiou a candidatura do General Humberto Delgado. Foi fundador
do CITAC – Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, membro do
TEUC – Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, campeão nacional
de natação e atleta internacional da Associação Académica de Coimbra. É um
poeta contemporâneo e ganhou 16 prémios ao longo da sua carreira.

AS MÃOS

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.


Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.


Não são de pedras estas casas mas de mãos. E estão no fruto e na palavra as
mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.


Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967

Estrutura interna
O assunto deste poema é o poder das nossas mãos, o poder que possuímos nas
nossas mãos e que muitas vezes nem nos damos conta disso. Pois com as mãos
tudo se faz e se desfaz. As mãos têm um valor expressivo, pois podem ser
consideradas um símbolo de ação/atividade e sobretudo de poder, neste caso
concreto.
Na 1ª estrofe o poeta refere exatamente o tema deste poema o poder que temos
em nossas mãos. Poder esse que pode ser para fazer o Bem ou o Mal (guerra vs.
paz; faz vs. desfaz);
Na 2ª estrofe é afirmado pelo poeta que as mãos são detentoras de tal força que
podem mesmo trabalhar o mar e a terra (“com as mãos e rasga o mar e se
lavra”), também têm a arte de construir/produzir algo saboroso, misto de
alimento e de prazer (“fruto”), assim como de comunicar (“palavra”).
Na 3ª estrofe, mais uma vez é dado grande poder às mãos, o de transformar e
sobretudo a esperança na luta pela liberdade (“verdes harpas”).
Na 4ª estrofe, o poeta remete-nos para dar valor ao poder das nossas mãos e à
responsabilidade em saber usá-lo, responsabilidade essa que é de cada um, e é
deveras grande, pois as mãos são o verdadeiro caminho para a liberdade (“nas
tuas mãos começa a liberdade.”
Divisão do poema
O poema divide-se em duas partes, elas são:

 1ª parte: é constituída pelas duas primeiras quadras e pelo primeiro


terceto- o poeta menciona o poder que as mãos possuem, como dito
anteriormente.
 2ª parte: é constituída pelo último terceto, em que o sujeito poético
apela à nossa responsabilização ao uso que damos às nossas mãos,
afirmando que são nelas que começa a nossa liberdade.

Estrutura externa
O poema é um soneto, formado por 4 estrofes (2 quadras e 2 tercetos).

Tipos de rima:

 Esquema rimático: abab // cdcd // efe // gfg


 Rima Cruzada, a 1ª e a 2ª estrofe.
 Rima Interpolada entre a 3ª e a 4ª estrofe.

Métrica:

  1ª Estrofe – 4 versos decassilábicos.


  2ª Estrofe – 3 versos decassilábicos.
  3ª Estrofe – 3 versos decassilábicos.
  4ª Estrofe – 3 versos decassilábicos.

LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA

 Domínio das potencialidades expressivas da língua


 Sintaxe invulgar

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