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Antes de nó s nos mesmos arvoredos

O poema que eu vou apresentar é o “Antes de nó s nos mesmos


arvoredos”. Este poema foi escrito por Ricardo Reis, um dos
heteró nimos de Fernando Pessoa.

Na primeira e segunda estrofes, o poeta estabelece uma ligaçã o entre


um sujeito colectivo que é o “nó s” (referindo-se aos homens) e
determinados elementos da natureza, em relaçã o à s marcas que todos
eles deixam no mundo.

Quando o sujeito poético escreve “Antes de nó s nos mesmos


arvoredos/ Passou o vento, quando havia vento” (versos 1 e2)
pretende mostrar que a Natureza, corporizada nos arvoredos, assiste
indiferente à passagem dos homens, havendo como que uma oposiçã o
entre a permanência da Natureza e a efemeridade e transformaçã o da
vida humana. Por outro lado, a segunda estrofe, refere que o ruído das
folhas das á rvores e da passagem do vento é tã o
irrelevante/insignificante como a agitaçã o do homem. É também de
referir a distinçã o entre dois aspetos: a consciência da inutilidade do
esforço humano e da passagem do tempo e o facto de os elementos
naturais nã o relevarem essa consciência.

Uma das ideias filosó ficas em que assenta a poesia de Ricardo Reis é a
atitude racional de abandono do desejo que leva a uma tranquila
satisfaçã o dos prazeres da vida.

Nos versos “Tentemos pois com abandono assíduo/Entregar nosso


esforço à Natureza” o poeta apela à fruiçã o da Natureza. Nos versos
seguintes desta mesma estrofe, o sujeito poético releva intençã o de
aceitar passivamente as leis da vida, vivendo serenamente, indiferente
à agitaçã o do mundo numa atitude semelhante à da pró pria natureza.

As primeiras quatro estrofes sã o uma reflexã o do poeta sobre o tempo


e os efeitos da sua passagem, daí que utilize a estas expressõ es
destacadas por se referir a todos os seres humanos.

Já na ú ltima estrofe, o poeta passa a reflectir sobre si pró prio, sobre o


valor da sua breve existência e das marcas deixadas pelo tempo.
Apesar de ser uma reflexã o pessoal sobre o seu pró prio percurso, o
poeta remete a questã o “Que fará na alta praia/ Em que o mar é o
Tempo?” para os efeitos da passagem do tempo na existência humana.

A interrogaçã o retó rica marca o contraste entre a pequenez do homem


e a força universal suprema que é o Tempo, já que tanto as pegadas
como a existência do homem se tornam passageiras e irrelevantes
perante o poder de foças superiores.

Este poema é composto por cinco quadras de versos brancos, com


regularidade métrica, em que os primeiros dois primeiros versos de
cada estrofe sã o decassílabos e os dois ú ltimos octossílabos.

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