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GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o poema.
X
«Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?»
1 Este poema consiste num diálogo entre alguém que passa na estrada e um «guardador de
rebanhos», interpelado pelo primeiro. Os dois têm maneiras distintas de ver a natureza.
1.1 Explique as diferentes visões da natureza dos interlocutores.
2 Segundo o «guardador de rebanhos», o vento «[…] passa / E […] já passou antes, / E […] passará
depois.» (versos 4 a 6).
2.1 Interprete a utilização das três formas do verbo «passar» na segunda estrofe do poema.
B
1 Leia o poema. Se necessário, consulte as notas.
Fernando Pessoa
NOTAS
debuxais (verso 3) — refletis.
concerto (verso 6) — harmonia.
ledos (verso 8) — alegres.
5 Explique em que medida a descrição desta paisagem natural contribui para evidenciar o atual
estado de espírito do sujeito poético.
Leia o texto.
Em toda a natureza que nos rodeia, principalmente nos espaços em que a intervenção do Homem é
menos percetível, são agora bem evidentes os sinais que dizem estarmos em pleno inverno. Entre as ima‑
gens mais expressivas associáveis a este período do ano, evidencia‑se a que é construída pela vegetação
natural, arbórea e arbustiva, maioritariamente despida da sua folhagem.
5 O inverno fica mais bem caracterizado se à paisagem desnudada acrescentarmos os tons cinzentos de
dias curtos e pouco luminosos, uma chuva que tende a ser persistente e o frio que, nalgumas montanhas
mais elevadas, a transforma em neve. Quando o vento sopra forte, estão reunidos os ingredientes para uma
invernia perfeita.
Esta convergência de fatores extremados torna‑nos mais relutantes em sair para o campo, em desfru‑
10 tar da natureza, especialmente agora, nestes primeiros dias do mês de fevereiro, no pico da estação.
Mesmo considerando uma menor atividade da vida selvagem, já pressentida e anunciada num texto
anterior, há animais que não se detêm perante o inverno, período invariavelmente duro para a maioria deles.
É que, além dos efeitos gravosos do tempo agreste que nesta época do ano se abate por todo o lado, as
espécies de fauna selvagem também se confrontam com um problema maior: a escassez de alimento,
15 realidade que é acentuada quando o estado de conservação dos habitats de que dependem se encontra
alterado e empobrecido.
Os bichos contrariam a adversidade decorrente da perda de biodiversidade, aproximando‑se dos
povoados onde se concentram os agentes destas alterações do meio, procurando alternativas para saciar a
fome, numa luta inadiável pela sobrevivência. Estes desvios forçados da sua conduta geram movimenta‑
20 ções, das quais resultam aproximações e encontros próprios do inverno. Esta é uma das razões por que
visão ou afetam, em termos de segurança ou proveito, uma maior progressão no terreno. São pormenores
que nos escapam nos meses mais propícios a grandes caminhadas, em que todos os nossos sentidos estão
dirigidos para o muito que se pode captar em cenários amplos e abrangentes, repletos de uma atividade
intensa e permanente. Nossa e dos seres selvagens que nos rodeiam.
30 As margens de pequenos cursos de água e a vegetação, normalmente discreta, que as reveste são um
excelente motivo para caminhar nesta altura do ano. Nos lamaçais e bancos de areia das suas margens,
confere‑se a presença de quem aí vive pelas pegadas e outros sinais no terreno.
A água é também uma fonte de atração para quem procura cenários maiores, ou até um lado mais
espetacular da natureza bravia. Por esta altura é expectável encontrar cascatas e quedas de água na sua
35 força maior, animando os troços mais acidentados dos rios que escaparam às diversas barreiras edificadas
resulta proveitoso despender tempo a observar, a identificar, a fotografar. Estuários e lagoas interiores são
espaços naturais especialmente indicados para visitar nesta época do ano. E, mesmo em espelhos de água
de parques e jardins criados em ambientes urbanos, vale a pena investir algumas horas. Em todos eles
poderemos encontrar espécies de aves que só nesta época estão entre nós.
1
45 O inverno deve ser vivido na natureza mesmo por aqueles que desejam que ele acabe depressa e que
aguardam com alguma impaciência a explosão primaveril e todo o tempo quente e longo que lhe suce‑
derá. Depois de um inverno intensamente sentido, a primavera e todas as mudanças que na Natureza a
Fernando Pessoa
8 Identifique a função sintática desempenhada pelo constituinte «à paisagem desnudada» (linha 5).
9 Classifique a oração «para, por exemplo, nos determos em pormenores do mundo natural»
(linhas 24 e 25).
10 Indique o valor da oração subordinada adjetiva relativa «que nos rodeiam» (linha 29).
Elabore um texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras, em que defenda um ponto de vista pessoal sobre as ideias expostas nestas citações.
Fundamente a sua opinião recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com,
pelo menos, um exemplo significativo.
Observações:
1. P
ara efeitos de contagem, considera‑se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /opôs‑se‑lhe/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos
algarismos que o constituam (ex.: /2016/).
2.
Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados — entre duzentas e trezentas palavras —, há que atender ao seguinte:
— um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
— um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
2
2.1
Ao utilizar formas do verbo «passar» no presente, no pretérito perfeito e no futuro — evidenciadas
pelo emprego pleonástico dos advérbios «antes» e «depois» —, quando se refere ao que «diz»/«é»
o vento, o «guardador de rebanhos» aponta para o carácter cíclico dos ritmos da Natureza e salienta
nesta um esquema circular que sugere a ideia de completude.
3
3.1
As repetições de vocábulos nestas estrofes — na enumeração polissindética e anafórica
(«[…] e que […] E que […] e que […], vv. 4‑ 6) e nas três formas do verbo «passar»,
na segunda estância, e das palavras «vento» e «mentira», na quarta estância — tornam
o discurso do «guardador de rebanhos» extremamente simples e pobre. (O seu discurso
revela uma maior pobreza vocabular do que o daquele que o interpela.) A grande simplicidade
da linguagem nestas duas estrofes está, pois, em consonância com a visão do «guardador
de rebanhos», também ela simples e objetiva, e salienta a simplicidade do que há
a compreender/ver em relação ao mundo.
B
4 A natureza é representada no poema de uma forma idealizada, segundo o ideal clássico do locus
amoenus: é uma suave paisagem natural, fértil e primaveril («Alegres campos, verdes arvoredos», v. 1;
«silvestres montes», v. 5; «verduras deleitosas», v. 10), variada («ásperos penedos, compostos em concerto
desigual», vv. 5‑ 6), serena e luminosa («claras e frescas águas de cristal», v. 2). É uma natureza mágica que
sugere e propicia felicidade («Alegres campos», v. 1; «verduras deleitosas», v. 10; «águas que correndo
alegres vêm», v. 11), como um paraíso terrestre.
10 Valor restritivo.
GRUPO III
Construção de um texto de opinião que respeite o tema, a estrutura e os limites propostos. Devem respeitar‑se
as principais características do género textual em causa:
• explicitação do ponto de vista;
• clareza e pertinência da perspetiva adotada, dos argumentos desenvolvidos e dos respetivos exemplos;
• discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).