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o Ano
Nome Ano Turma N.o
Teste de
(Fernando avaliação
Pessoa – 12.eo Os
– heterónimos AnoMaias)
Versão1 1
Versão
Educação Literária
PARTE A
Lê o poema e a nota.
1. Interpreta o sentido da anáfora presente na primeira estrofe (vv. 2-4), tendo em conta as
especificidades da poesia de Alberto Caeiro.
2. Relaciona a interrogação «Mas para que me comparo com uma flor, se eu sou eu / E a flor é a
flor?» (vv. 13-14) com o sentido dos versos 15 e 16.
PARTE B
Ega encolheu os ombros, deu um risco lento no chão com a bengala. E mais
lentamente ainda foi considerando que o inspirador da «Corneta» devia ser alguém
familiar com Castro Gomes; alguém frequentador da rua de S. Francisco; alguém
conhecedor da Toca; alguém que tinha, por ciúme ou vingança, um desejo ferrenho de
5 magoar Carlos; alguém que sabia a história de Maria; e enfim alguém que era um
cobarde...
− Estás a descrever o Dâmaso! − exclamou Carlos, pálido e parando.
Ega encolheu de novo os ombros, tornou a riscar o chão:
− Talvez não... Quem sabe! Enfim, nós vamos averiguá-lo com certeza, porque, para
10 terminar a negociação, fiquei de me ir encontrar com o Palma às três horas no
Lisbonense... E o melhor é vires também. Trazes tu dinheiro?
− Se for o Dâmaso, mato-o! − murmurou Carlos.
[…] Quando perto das quatro horas se apearam à entrada do Lisbonense, no largo
de Santa Justa, o Palma no portal, com um jaquetão de veludo coçado e calça de
15 casimira1 clara colado à coxa, acendia um cigarro. Estendeu logo rasgadamente a mão a
Carlos − que lhe não tocou. E Palma «Cavalão», sem se ofender, com a mão abandonada
no ar, declarou que ia justamente sair, cansado já de esperar em cima diante dum
grogue2 frio. De resto sentia que o sr. Maia se incomodasse em vir ali...
− Eu arranjava cá o negociozinho com o amigo Ega... Em todo o caso, se os senhores
20 querem, vamos lá para cima para um gabinete, que se está mais à vontade, e toma-se
outra bebida.
Subindo a escada lôbrega3, Carlos recordava-se de ter já visto aquela luneta de
vidros grossos, aquela cara balofa cor de cidra 4... Sim, fora em Sintra, com o
Eusebiozinho e duas espanholas, nesse dia em que ele farejara pelas estradas
25 silenciosas, como um cão abandonado, procurando Maria!... Isto tornou-lhe mais odioso
o sr. Palma. Em cima entraram num cubículo, com uma janela gradeada por onde
resvalava uma luz suja de saguão 5. Na toalha da mesa, salpicada de gordura e vinho,
alguns pratos rodeavam um galheteiro que tinha moscas no azeite. O sr. Palma bateu as
palmas, mandou vir genebra6. Depois dando um grande puxão às calças:
30 − Pois eu espero que me acho aqui entre cavalheiros. Como eu já disse cá ao amigo
Ega, em todo este negócio...
Carlos atalhou-o, tocando muito significativamente com a ponteira da bengala na
2 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano
borda da mesa.
− Vamos ao ponto essencial... Quanto quer o sr. Palma por me dizer quem lhe
encomendou o artigo da «Corneta»?
− Dizer quem o encomendou, e prová-lo! − acudiu o Ega, que examinava na parede
35 uma gravura onde havia mulheres nuas à beira de água. − Não nos basta o nome... O
amigo Palma, está claro, é de toda a confiança... Mas enfim, que diabo, não é natural
que nós acreditássemos se o amigo nos dissesse que tinha sido o Sr. D. Luís de Bragança!
Palma encolheu os ombros. Está visto que havia de dar provas. Ele podia ter outros
defeitos, trapalhão não! Em negócios era todo franqueza e lisura 7... E, se se
40 entendessem, ali as entregava logo, essas provas que lhe estavam enchendo o bolsinho
[…]! Tinha a carta do amigo que lhe encomendara a piada: a lista das pessoas a quem se
devia mandar a «Corneta»: o rascunho do artigo a lápis...
Eça de Queirós, Os Maias, Lisboa, Livros do Brasil, 2016, pp. 539-541.
1
casimira: tecido fino de lã.
2
grogue: aguardente.
3
lôbrega: escura, sombria.
4
cidra: fruto da cidreira, verde e maior do que um limão.
5
saguão: pequeno espaço aberto para iluminação e ventilação de espaços interiores.
6
genebra: aguardente com zimbro.
7
lisura: sinceridade, honestidade.
a) b) c)
1. «E Palma “Cavalão”, sem se 1.«lentamente» (l. 2) 1.«Estás a descrever o
ofender, com a mão abandonada Dâmaso!» (l. 7)
no ar, declarou que ia 2.«rasgadamente» (l. 15)
justamente sair» (ll. 16-17) 2.«vamos lá para cima para
3.«significativamente» um gabinete, que se está
2. «Sim, fora em Sintra, com o (l. 32) mais à vontade» (l. 20)
Eusebiozinho e duas espanholas,
nesse dia em que ele farejara 3.«O amigo Palma, está
pelas estradas silenciosas, como claro, é de toda a
um cão abandonado, procurando confiança...» (ll. 37-38)
Maria!» (ll. 23-25)
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua
experiência de leitura dos textos do heterónimo pessoano.
2. No dia em que passou diante de um espelho, Pessoa duvidou se a imagem que via de outra
pessoa
A. era verosímil, apesar de ter consciência do seu carácter ficcional.
B. era fruto da sua imaginação ou da sua atenção desmesurada.
C. era um mero engano ou uma falta de atenção momentânea.
D. era realmente verdadeira ou resultado do seu estado alucinado.
3. Com a expressão «dos dias sabemos nós que são iguais, mas não se repetem» (l. 5), José
Saramago refere-se ao caráter
A. concessiva.
B. condicional.
C. causal.
D. comparativa.
2. As orações subordinadas iniciadas por «que» nas linhas 5 («que são iguais») e 27 («que decidiu
morrer») classificam-se como
3. Em «que o último copo de aguardente lhe assentara mal no fígado e na cabeça» (ll. 8-9) está
presente a modalidade
4. No contexto em que ocorre, «lá» (l. 14) retoma «[a]o lábio superior» (l. 13) por
A. substituição (sinonímia).
B. substituição (pronome).
C. substituição (meronímia).
D. substituição (advérbio).
5. Todas as orações abaixo transcritas são subordinadas adjetivas relativas, exceto a oração
A. lexical.
B. gramatical frásica.
C. gramatical interfrásica.
D. gramatical referencial.
8. Indica o processo de coesão textual assegurado pelo vocábulo «Aliás» (l. 32).
Será que, nos nossos dias, se revive verdadeiramente momentos do passado ou se vive apenas
no vanguardismo de tudo o que é novo?
No teu texto:
explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
Fim
COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
Educação 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
Literária 30 30 20 30 30 30 30 200
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
Leitura
25 25 25 25 25 25 25 25 200
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
Gramática
25 25 25 25 25 25 30 20 200