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Testes de avaliação 39

2 TESTE DE AVALIAÇÃO
SEQUÊNCIA 2

Nome ____________________________________________________________ Turma __________ Data __________

GRUPO I
A

Lê o texto a seguir transcrito.

D. FERNANDO
INFANTE DE PORTUGAL
Deu-me Deus o seu gládio1, por que2 eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me3 seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
5 Por sobre a fria terra.

Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me


A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer grandeza são seu nome
10 Dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá


Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois, venha o que vier, nunca será
15 Maior do que a minha alma.

n Mensagem, Fernando Pessoa

1 espada.
2 para que.
3 consagrou-me; escolheu-me.

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Explicita os elementos textuais que remetem para a ideia da predestinação da figura histó-
rica destacada.
2. Refere cinco traços caracterizadores do “eu”, fundamentando-te no texto.
3. Apresenta uma possível explicação para o verso 3: “Sagrou-me seu em honra e em des-
graça.”
4. Expõe duas razões para a utilização do futuro verbal, na última estrofe.
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B
Num texto coerente e bem estruturado, entre 80 e 130 palavras, expõe a tua opinião fun-
damentada sobre o assunto abordado nos excertos das duas obras estudadas, Mensagem e
Os Lusíadas, estabelecendo aproximações/afastamentos.

“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, “No mais, Musa, no mais que a Lira tenho
Define com perfil e ser Destemperada e a voz enrouquecida,
Este fulgor baço da Terra E não do canto, mas de ver que venho
Que é Portugal a entristecer – Cantar a gente surda e endurecida.
(...) O favor com que mais se acende o engenho
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...” Não no dá a pátria, não, que está metida
É a hora! No gosto da cobiça e na rudeza
n in “Nevoeiro”, Mensagem, Fernando Pessoa Dh~ua austera, apagada e vil tristeza.”
n Os Lusíadas (canto X – 145), Luís de Camões

GRUPO II

Lê atentamente o texto seguinte.


Pessoa é para os portugueses como o mar. Está em frente dos olhos e permanece desconhecido e
com zonas inexploradas, denso e sem luz nas profundidades. Perigoso para mergulhadores inexperien-
tes e cientistas zelosos. Apesar dos milhares, milhões de palavras que já se escreveram sobre Fernando
António Nogueira Pessoa, nascido no Dia de Santo António de Lisboa, 13 de junho de 1888, apesar dos
5 cultos e das apreciações, das exegeses e das alucinações, das devoções e das sapiências, Pessoa é um
mistério. Ou, como diria Eduardo Lourenço, é da ordem do prodígio. Como tal, foi mitificado, mais con-
tribuindo para o desconhecimento da sua vida enquanto homem. Não homem casado, fútil, quotidiano
e tributável e sim homem como os outros, roído pela dúvida, marcado pela cicatriz da ironia, cego para
toda a paisagem do mundo que não fosse mental; incapaz de amar e de se ligar aos outros, sofrendo a so-
10 lidão como uma condenação intelectual.
Pessoa esteve sempre sozinho, herói de uma vida a preto e branco. Pessoa sabia que havia uma vida
maior, a technicolor, se conseguisse escapar ao tédio, ao “ennui” de uma existência num país, e mais do
que num país, numa cidade, onde o perímetro autorizado era curto e monótono, igual todos os dias, com
a lâmina metalizada do Tejo a cortar uma fronteira. Obrigando Bernardo Soares a fazer de Lisboa seu lar,
15 Pessoa tentou uma forma de redenção. Na verdade, creio que este país lhe pareceu estreito cais desde
o dia em que deixou Durban e a língua inglesa, onde até aí se educara e se expressara, para reencarnar por-
tuguês escrevendo em português numa terra estranha. (…)
Prevenido, inventou para si uma língua e uma literatura, um conjunto de escritores a que chamou he-
terónimos. Os heterónimos vinham de trás, dos dias de Durban em que se via como Alexander Search ou
20 Charles Robert Anon, mas não eram nesse tempo da adolescência mais do que um divertimento ou um
subterfúgio de anonimato. Em Lisboa, que deve ter detestado tanto como detestou o curso de Letras
que nunca acabou, Pessoa viu-se obrigado a reinventar uma lenda, a de um Portugal messiânico com um
supra-Camões profético. Foi a sua escolha de armas para enfrentar em duelo o único poeta da sua al-
tura, Luís Vaz, o épico lusíada. O único interlocutor.
n João Gaspar Simões, Fernando Pessoa – Ensaio Interpretativo da sua Vida e da sua Obra
Coleção: A minha vida deu um livro, 2011, Texto Editores
Testes de avaliação 41

1. Seleciona, em cada um dos itens de 1.1 a 1.7, a única alternativa que permite obter uma afir-
mação adequada ao sentido do texto.

1.1. A ideia-chave do segmento textual compreendido entre as linhas 1 e a 6 é a de que há


a) zonas inexploradas do poeta Fernando Pessoa.
b) mistério e desconhecimento do poeta Pessoa.
c) múltiplos escritos sobre o poeta Pessoa e a sua obra.
d) múltiplas apreciações subjetivas sobre o poeta.

1.2. O facto de Fernando Pessoa ter sido um prodígio contribuiu para


a) a sua afirmação/projeção mundial.
b) o seu destaque enquanto poeta nacional.
c) o desconhecimento da sua vida pessoal.
d) a sua transformação em mito.

1.3. Como fuga ao tédio da cidade de Lisboa, Pessoa


a) fez nascer Bernardo Soares, um citadino por imposição do seu criador.
b) adaptou-se ao modo de vida dessa cidade.
c) continuou a escrever em inglês.
d) começou a criar laços intelectuais.

1.4. No primeiro período do texto é utilizada uma forma verbal que pertence a um verbo
a) transitivo direto.
b) transitivo indireto.
c) transitivo predicativo.
d) copulativo.

1.5. A frase “Obrigando Bernardo Soares a fazer de Lisboa seu lar…” (linha 14) apresenta
uma oração não finita
a) gerundiva.
b) participial.
c) adjetiva.
d) substantiva.

1.6. O elemento sublinhado em “… creio que este país lhe pareceu estreito cais…” (linha 15)
assegura o processo de coesão
a) temporal.
b) lexical.
c) referencial.
d) frásica.
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1.7. Na expressão “Em Lisboa, que deve ter detestado tanto como detestou o curso de Letras que
nunca acabou, …” (linhas 21-22), configura-se a modalidade…
a) … epistémica de certeza.
b) … epistémica de probabilidade.
c) … apreciativa.
d) … deôntica de permissão.

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B,


de modo a obteres afirmações corretas.

Coluna A Coluna B

1. … o enunciador emprega uma oração


a) No segundo período do texto, subordinada substantiva completiva.

2. … o enunciador recorre a um complemento


b) Com a locução “Apesar d(os) milhares indireto.
(linha 3),
3. … o enunciador utiliza dois verbos copulativos.

4. … o enunciador serve-se de uma oração


c) No segmento sublinhado em “Pessoa é um subordinada substantiva relativa.
mistério.” (linhas 5-6),
5. … o enunciador expressa uma ideia de
finalidade.
d) Na afirmação “Pessoa sabia que havia uma
6. … o enunciador pretende transmitir uma lógica
vida maior…” (linhas 11-12),
de concessão.

7. … o enunciador serve-se de um predicativo do


e) No segmento “… para enfrentar em duelo…” sujeito.
(linha 23),
8. … o enunciador expõe uma ideia de causa.

GRUPO III

No texto que leste no grupo II, afirma-se que “Pessoa esteve sozinho” e foi “herói de uma vida a
preto e branco (…) sofrendo a solidão…”.

Num texto de 200 a 300 palavras, apresenta uma reflexão sobre a solidão e os seus efeitos.
Fundamenta o teu ponto de vista, recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

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