Você está na página 1de 4

PALAVRAS 12

Teste de avaliação – 12.º ano

Educação literária
Grupo I (100 pontos)
A (70 pontos)

Lê atentamente o seguinte poema de Fernando Pessoa.

Não sei ser triste a valer


Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber?

Ah, ante a ficção da alma


E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
Florir sem ter coração!

Mas enfim não há diferença.


Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.

Depois, a nós como a ela,


Quando o Fado a faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E a ambos nos vêm calcar.

‘Stá bem, enquanto não vêm


Vamos florir ou pensar.
3-4-1931
Fernando Pessoa, Poesia 1931 – 1935 e não datada, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Freitas, Madalena Dina,
Lisboa: Assírio e Alvim, 2005, p. 46.

1. Tendo em conta a globalidade do poema, explicita o significado dos três primeiros versos,
fundamentando a resposta com transcrições textuais.
2. Indica a(s) relação(ões) entre a “flor” e a “gente” estabelecida(s) na segunda e terceira estrofes,
tendo em conta a tensão sentir/pensar.
3. Explica a relevância do dístico final, enquanto conclusão das reflexões do sujeito poético.

1
PALAVRAS 12

B (30 pontos)

ESPARSA

sua ao desconcerto do mundo


Os bons vi sempre passar
no mundo grandes tormentos;
e, pera mais m’ espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau, mas fui castigado:
Assi que, só para mim
anda o mundo concertado1.
Luís de Camões, Rimas, Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, apresentação de Aníbal
Pinto de Castro, Coimbra: Almedina, 2005, pp.102

1. Explicita a visão antitética do mundo presente no poema.


2. Demonstra a atualidade da temática desta esparsa.

Grupo II (50 pontos)

Leitura | Gramática

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Lê o texto seguinte.

A hora do esplendor
Romancista de vastos recursos, Lídia Jorge também se aventura pelo conto. Nas prosas
curtas, porém, ficamos quase sempre com a sensação de que está fora do seu elemento. A escrita
da autora de O Vale da Paixão é por natureza expansiva, densa, cheia de meandros, pelo que o
confinamento da forma breve acaba sendo, as mais das vezes, uma espécie de espartilho que não
deixa os textos respirarem; ou os deixa ofegantes, sobrecarregados, em esforço. O Amor em
Lobito Bay, quarto volume de contos, confirma este diagnóstico. O que não quer dizer que Lídia
Jorge não atinja, nalgumas das nove histórias, um grau altíssimo de conseguimento literário.
É o caso do conto que dá título ao volume. A história vai sendo contada por um professor
durante uma refeição com os seus alunos. Eles convidaram-no para que “falasse de beleza”, mas
acabam assistindo ao lento desenrolar de uma parábola sobre a raiz da violência e sobre o perto
que ficam as nascentes do bem e do mal. Evocando a infância em Lobito Bay, o professor
deambula pelo labirinto da memória até ao cerne de uma experiência-limite, que põe em causa a
ordem familiar e depois a restitui, não sem antes descrever a pura liberdade de um grupo de
rapazes em corrida solta, com ecos da guerra ao longe, e esse estranho rumor de que algo de
grandioso estaria reservado a quem comesse o coração de uma andorinha apanhada em pleno
voo. (…)
1
Certo.
2
PALAVRAS 12

Numa citação da autora, escolhida para o topo da contracapa, podemos ler: “Em termos
de género, o conto é um híbrido. Ele promove os dotes copiosos da narrativa, mas dirige-se para
a forma sucinta do poema”.
José Mário Silva, A Revista do Expresso, 23 de julho de 2016, p. 70.

1. Lídia Jorge é uma exímia


(A) escritora de contos.
(B) escritora de romances.
(C) escritora de vários géneros textuais.
(D) escritora de poemas.

2. O Amor em Lobito Bay é o título de


(A) uma coletânea de contos.
(B) um conto de Lídia Jorge.
(C) de um conto e de um volume de contos.
(D) de quatro volumes de contos.

3. O professor-narrador de um dos contos


(A) recorda episódios da sua infância.
(B) parodia o tema da beleza.
(C) deambula por Lobito Bay.
(D) põe em causa a ordem familiar.

4. Na opinião de Lídia Jorge, o conto


(A) copia as características do romance.
(B) promove a leitura de poemas.
(C) apresenta características de diversos géneros textuais.
(D) é tão grandioso como o romance.

5. “Lídia Jorge” (l.1), “a autora de O Vale da Paixão” (l. 3) e “a autora” (l. 16), neste texto,
(A) são sinédoques.
(B) são exemplos de perífrase.
(C) constituem formas diferentes de referir a mesma entidade.
(D) são expressões antagónicas.

6. Os vocábulos “parábola” (l. 10) e “palavra” provêm de PARABOLA, por isso,


(A) são palavras convergentes.
(B) são palavras divergentes.
(C) são palavras idênticas.
(D) são palavras sinónimas.

7. O termo “contracapa” (l. 16) designa um elemento


(A) textual.
(B) intertextual.
(C) com citações.
(D) paratextual.
3
PALAVRAS 12

8. Identifica no texto duas expressões que designem “conto”.


9. Completa as frases seguintes.
a) No contexto em que se insere, a expressão “cheia de meandros” significa __________
b) O recurso expressivo presente na frase “uma espécie de espartilho que não deixa os
textos respirarem” é __________

Grupo III (50 pontos)

Redige um texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de


300 palavras, em que te posiciones face à viagem como melhor escola de vida.
Para fundamentares o teu ponto de vista, recorre a dois argumentos, ilustrando cada um
deles com um exemplo significativo.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta
como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2012/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de


trezentas palavras –, há que atender ao seguinte:
- um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
- um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

Você também pode gostar