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Letras em dia, Português, 12 .

° ano

Sequência 1 • Fernando Pessoa – Poesia do ortónimo

Grupo I

Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

Parte A
Lê o texto. Se necessário, consulta a nota.

Não sei ser triste a valer


Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
5 Assim também, sem saber?

Ah, ante a ficção da alma


E a mentira da emoção
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
10 Florir sem ter coração!1

Mas enfim não há diferença.


Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
15 Em nós é ter consciência.

Depois, a nós como a ela,


Quando o Fado os faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E a ambos nos vêm calcar.

20 ‘Stá bem, enquanto não vêm,


Vamos florir ou pensar.

PESSOA, Fernando, 2008. Poesia do Eu.


2.ª ed. Lisboa: Assírio & Alvim (pp. 241-242)

1. Variantes do verso, noutras edições: «Dispensar o coração!»


ou «Ser minha sem coração!».

1 Explicita o significado dos três primeiros versos, tendo em conta a globalidade do poema.
LDIA12DP © Porto Editora
Letras em dia, Português, 12 .° ano

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2 Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada.

A interrogação retórica presente na primeira estrofe contribui para o processo de do


sujeito poético, estabelecendo uma aproximação entre o que o próprio reconhece ser e «as almas
sinceras» .
(A) autoanálise … de quem sente como ele
(B) autocrítica … com as quais de identifica
(C) autocomiseração … dos que se interrogam
(D) autoanálise … de quem o «eu» se sente diferente

3 Considerando a tensão sentir/pensar, comenta a relação entre a «flor» e a «gente» estabelecidas nas
segunda e terceira estrofes.

4 Demonstra a relevância do dístico final do poema, enquanto conclusão das reflexões do sujeito
poético.

Parte B
Lê o texto.
Despondency
Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade...
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram...

5 Deixá-la ir, a vela, que arrojaram


Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul se levantaram...

Deixá-la ir, a alma lastimosa,


10 Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa...

Deixá-la ir, a nota desprendida


Dum canto extremo... e a última esperança...
E a vida... e o amor... deixá-la ir, a vida!

QUENTAL, Antero de, 2016. Os Sonetos Completos. Porto: Porto Editora (p. 71)

5 Destaca a expressividade da repetição «Deixá-la ir», no início de cada uma das estrofes,
relacionando-a com as quatro imagens-símbolo referidas ao longo do poema.

6 Demonstra que o desalento do sujeito poético se intensifica ao longo do poema, refletindo a sua
angústia existencial.
Letras em dia, Português, 12 .° ano

Parte C

7 Nos poemas ortónimos de Fernando Pessoa, o «eu» revela-se incapaz de conciliar opostos.

Escreve uma breve exposição sobre a tensão sentir/pensar na poesia ortónima de Fernando
Pessoa.
A tua exposição deve incluir:
– uma introdução ao tema;
– um desenvolvimento no qual explicites a dicotomia sentir/pensar na poesia ortónima, fundamentando
as características apresentadas com, pelo menos, dois exemplos significativos;
– uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
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