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2. O tema do texto está relacionado com a busca de identidade ou o sentido da vida humana. O poeta
procura em vão a sua identidade no passado.
O sujeito poético procura o passado, o momento da infância, em busca da sua identidade, à procura
de se reencontrar com aquele ser que deixou lá atrás no tempo (“Se ao menos atingir neste lugar/Um
alto monte, de onde possa enfim/O que esqueci, olhando-o, relembrar / Na ausência, ao menos
saberei de mim/ E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar/ Em mim um pouco de quando era assim”),
uma vez que no momento presente se encontra perdido, desorientado, abúlico (sem vontade) – “Já
não sei de onde vim nem onde estou. / De o não saber, minha alma está parada” – e nostálgico (“ A
criança que fui chora na estrada”).
O poeta é hoje um homem insatisfeito, incompleto, que anda à procura de um ideal de existência:
o da permanente felicidade da infância.
4.
A poesia de Fernando Pessoa ortónimo caracteriza-se pela excessiva interioridade e subjetividade
como vemos neste poema.
De facto, este texto apresenta temas como a nostalgia de um bem perdido (nostalgia da infância),
a ansiedade do poeta pela procura de um ideal de felicidade, a permanente autoanálise (o poeta procura a
sua identidade) e a fragmentação do “eu” (“eu passado/“eu” presente).
A linguagem do texto é simples e límpida, mas revela toda a complexidade interior do poeta
(profundidade na simplicidade). Os principais recursos estilísticos são a alegoria da viagem pelo interior do
“eu” poético (primeira estofe); as metáforas - “de onde”, ”neste lugar”, “alto monte”… - para concretizar
outras abstrações como origem, destino, identidade, visão interior; a antítese (passado/presente) e as
aliterações (sons nasais e sibilantes) que denunciam a nostalgia do poeta.
Em suma, este soneto apresenta a faceta clássica de um modernista insatisfeito em busca de
ideais.