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GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto.

Não estou pensando em nada


E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o verão quente do dia.

5 Não estou pensando em nada, e que bom!

Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
10 O fluxo e o refluxo da vida...

Não estou pensando em nada.


Só, como se me tivesse encostado mal
Uma dor nas costas, ou num lado das costas,
Há um amargo de boca na minha alma:
15 É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada.
6-7-1935
Álvaro de Campos, in Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus,
(edição de Richard Zenith), Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, p. 425.

1. Caracterize o sujeito poético, considerando o estado emocional em que se encontra.

2. Explique o sentido dos versos 6 e 7.

3. Refira a expressividade decorrente do emprego da anáfora presente em “Não estou pensando em


nada” (v. 5).

1
B

Leia o excerto. Se necessário, consulte a nota.

Ah Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade! Quanto melhor me fora não
tomar a Deus nas mãos, que tomá-Lo tão indignamente! Em tudo o que vos excedo, peixes, vos
reconheço muitas vantagens. A vossa bruteza é melhor que a minha razão, e o vosso instinto melhor
que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com as palavras; eu lembro-me, mas vós
5 não ofendeis a Deus com a memória; eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento;
eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a vontade. Vós fostes criados por Deus, para servir ao
homem, e conseguis o fim para que fostes criados: a mim criou-me para O servir a Ele, e eu não
consigo o fim para que me criou. Vós não haveis de ver a Deus, e podereis aparecer diante Dele
muito confiadamente, porque O não ofendestes; eu espero que O hei de ver; mas com que rosto hei
10 de aparecer diante do Seu divino acatamento, se não cesso de O ofender? Ah quase que estou por
dizer que me fora melhor ser como vós, pois de um homem que tinha as mesmas obrigações, disse a
Suma Verdade1 que melhor lhe fora não nascer homem: Si natus non fuisset homo ille. E pois os que
nascemos homens, respondemos tão mal às obrigações de nosso nascimento, contentai-vos, Peixes,
e dai muitas graças a Deus pelo vosso.

Padre António Vieira, Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro Calafate),
tomo II, vol. X, Lisboa, Círculo de Leitores, 2014, pp. 164-165.

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1 Deus.

4. Indique duas razões justificativas da inveja que o orador diz ter dos peixes.

5. Apresente duas estratégias argumentativas utilizadas neste momento textual.

GRUPO II

Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Leia o texto.

Ser mais com menos

Se aquilo que possui traz danos à sua vida, a solução é simplificar e adotar princípios
minimalistas.

Por trás de cada grande decisão há sempre uma história. Imagine alguém que, aos 28 anos,
atinge o topo do sucesso no mundo empresarial e, nessa mesma altura, fica sem o casamento e
5 perde a mãe, questionando-se então acerca do que realmente conta na sua vida. Ou coloque-se na
pele de um jovem executivo exemplar, confrontado com o seu despedimento.
Dois cenários que podiam fazer parte da sinopse de um filme. Mas não são. Aconteceram mesmo
a dois amigos de infância. Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus tinham a mesma idade quando
passaram pelo avesso do sonho americano. Foi então que decidiram simplificar: reduziram ao
10 mínimo os hábitos de consumo, venderam ou doaram tudo o que não acrescentasse valor ao seu
quotidiano e as vidas deles mudaram. Tornaram-se mais ricas. O lema de Os Minimalistas, que
vivem em Missoula, no Estado de Montana, pode resumir-se a três ideias-chave:
− “Viver com menos é mais”
− “Desapegue-se e siga em frente”
15 − “Ame as pessoas e use as coisas porque o contrário não funciona”.

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Parece fácil mas não é. Eles explicam tudo numa conferência TED e no documentário lançado
este ano e intitulado Minimalism: A Documentary About the Important Things. Porque é que não é
fácil? Por ser preciso passar à prática e confiar que vai valer a pena. Por ser preciso reprogramar a
ideia que se tem de abundância.
15 O emprego milionário, a casa à altura com carro a condizer e outros sinais exteriores de riqueza
podem parecer uma meta cativante que todos querem alcançar (e que eles alcançaram). Só que,
pouco tempo antes de a vida ter surpreendido Joshua e Ryan, já eles tinham percebido que manter
esse estilo de vida não lhes dava a satisfação sonhada. E, para infelicidade de ambos, o consumo
compulsivo só ampliava a sensação de vazio e os níveis de stresse, medo, desgaste e depressão. Em
20 síntese, não era Vida. Não os tornava mais livres nem lhes fazia sentido. Seis anos passados, a dupla
tem um site, um blog, um podcast, alguns livros e mais de quatro milhões de seguidores.

Clara Soares, in Visão, edição online de 23 de novembro de 2016 (consultado em dezembro de 2016).

1. Nos dois parágrafos iniciais, referem-se


(A) duas situações hipotéticas.
(B) dois casos verídicos.
(C) hipóteses de vida distintas.
(D) soluções para minimizar danos.

2. Com a expressão “avesso do sonho americano” (l. 9), pretende-se salientar


(A) as dificuldades surgidas na vida dos dois amigos.
(B) a nacionalidade dos dois amigos de infância.
(C) a pobreza que se abateu sobre os americanos.
(D) a realidade de muitos jovens americanos.

3. De acordo com o sentido do texto, ser “minimalista” é


(A) mais fácil do que parece.
(B) a filosofia de vida dos pobres.
(C) mais complicado do que parece.
(D) alhear-se de tudo e de todos.

4. O termo “Se” que inicia o texto tem valor


(A) reflexo.
(B) recíproco.
(C) apassivante.
(D) condicional.

5. A oração subordinada presente na frase “Imagine alguém que, aos 28 anos, atinge o topo do
sucesso no mundo empresarial” (ll. 3-4) é
(A) adverbial consecutiva.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) adjetiva relativa explicativa.
(D) substantiva completiva.

6. O segmento frásico sublinhado “coloque-se na pele de um jovem executivo exemplar,


confrontado com o seu despedimento” (ll. 5-6) desempenha a função sintática de
(A) complemento oblíquo.
(B) complemento direto.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) modificador restritivo do nome.

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7. A afirmação “Dois cenários que podiam fazer parte da sinopse de um filme” (l. 7) exemplifica a
modalidade
(A) epistémica com valor de certeza.
(B) epistémica com valor de probabilidade.
(C) deôntica com valor de obrigação.
(D) deôntica com valor de permissão.

8. Indique o valor lógico do articulador que introduz o último período do primeiro parágrafo.

9. Classifique a oração “que vivem em Missoula” (ll. 11-12).

10. Identifique o processo de formação da palavra “ideias-chave” (l. 12).

GRUPO III

Viver a vida de forma minimalista foi a opção dos dois jovens cuja desgraça os fez apreciar a vida de
forma diferente.

Num texto de 170 a 200 palavras, produza um texto expositivo sobre o modo como podemos ou
devemos viver, considerando as consequências decorrentes da nossa opção de vida.

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