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Mensagem

Português| 12.º Ano

Primeiro

D. Sebastião

D. SEBASTIÃO

Esperai! Caí no areal e na hora adversa

Que Deus concede aos seus

Para o intervalo em que esteja a alma imersa

Em sonhos que são Deus.

Que importa o areal e a morte e a desventura

Se com Deus me guardei?

É O que eu me sonhei que eterno dura,

É Esse que regressarei.

Exercícios

1. Relacione o apelo do herói (“Sperai!”) com a caracterização que faz de si na primeira estrofe.

Com a forma verbal “Sperai”, herói apela a um interlocutor plural, incentivando-o à fé, à crença
no regresso simbólico de um messias que virá para salvar a pátria. Com efeito, o herói histórico
sucumbiu na “hora adversa”, mas a sua alma está “imersa/Em sonhos que são Deus.” Assim, o
momento presente corresponde apenas a um intervalo, isto é, um momento transitório que se
posiciona entre a queda e o regresso.

2. Explicite os efeitos de sentido produzidos pela interrogação retórica (vv.5-6).

A interrogação retórica, presente nos versos cinco e seis, intensifica a desvalorização dos
aspetos associados à figura histórica de D. Sebastião, “o areal e a morte e a desventura”,
realçando, por contraste, a dimensão mítica e excecional do herói, por estar guardado “com
Deus”. Deste modo, são valorizadas a essência e a espiritualidade como aspetos capazes de
estimular o homem à ação.
3. Explique de que modo o conteúdo dos dois últimos versos do poema evoca o mito
sebastianista.

Os dois últimos versos constituem a manifestação da crença no regresso simbólico do salvador,


assente na ideia de permanência da essência e dimensão mítica de D. Sebastião, “É O que eu
me sonhei que eterno dura”. O tom profético e mítico é confirmado pelo uso de maiúsculas e do
futuro do indicativo do verbo “regressar”. Intensifica-se, assim, a convicção no regresso do rei e
na transcendência da sua condição humana.

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