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1. Atenta na seguinte passagem de O Ano da Morte de Ricardo Reis e seleciona a opção correta:
“Aqui o mar acaba e a terra principia. Chove sobre a cidade pálida, as águas do rio correm
turvas de barro, há cheia nas lezírias. Um barco escuro sobe o fluxo soturno, é o Highland
Brigade que vem atracar ao cais de Alcântara."
3. Lê o texto:
E há papéis para guardar, estas folhas escritas com versos, datada a mais antiga de doze de Junho de mil
novecentos e catorze, vinha aí a guerra, a Grande, como depois passaram a chamar-lhe enquanto não
faziam outra maior, Mestre, são plácidas todas as horas que nós perdemos, se no perdê-las, qual numa
jarra, nós pomos flores, e seguindo concluía, Da vida iremos tranquilos, tendo nem o remorso de ter
vivido. Não é assim, de enfiada, que estão escritos, cada linha leva seu verso obediente, mas desta
maneira, contínuos, eles e nós, sem outra pausa que a da respiração e do canto, é que os lemos, e a
folha mais recente de todas tem a data de treze de Novembro de mil novecentos e trinta e cinco, passou
mês e meio sobre tê-la escrito, ainda folha de pouco tempo, e diz, Vivem em nós inúmeros, se penso ou
sinto, ignoro quem é que pensa ou sente, sou somente o lugar onde se pensa e sente, e, não acabando
aqui, é como se acabasse, uma vez que para além de pensar e sentir não há mais nada. Se somente isto
sou, pensa Ricardo Reis depois de ler, quem estará pensando agora o que eu penso, ou penso que estou
pensando no lugar que sou de pensar, quem estará sentindo o que sinto, ou sinto que estou sentindo no
lugar que sou de sentir, quem se serve de mim para sentir e pensar, e, de quantos inúmeros que em
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O Ano da Morte de Ricardo Reis
mim vivem, eu sou qual, quem, Quain, que pensamentos e sensações serão o que não partilho por só
me pertencerem, quem sou eu que outros não sejam ou tenham sido ou venham a ser. Juntou os
papéis, vinte anos dia sobre dia, folha após folha, guardou-os numa gaveta da pequena secretária,
fechou as janelas, e pôs a correr a água quente para se lavar. Passava um pouco das sete horas.
4. Lê o texto:
Ricardo Reis para diante da estátua de Eça de Queirós, ou Queiroz, por cabal respeito da
ortografia que o dono do nome usou, ai como podem ser diferentes as maneiras de escrever, e o nome
ainda é o menos, assombroso é falarem estes a mesma língua e serem, um Reis, o outro, Eça,
provavelmente a língua é que vai escolhendo os escritores de que precisa, serve-se deles para que
exprimam uma parte pequena do que é, quando a língua tiver dito tudo, e calado, sempre quero ver
como iremos nós viver. Já as primeiras dificuldades começam a surgir, ou não serão ainda dificuldades,
antes diferentes e questionadoras camadas do sentido, sedimentos removidos, novas cristalizações, por
exemplo, Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia, parece clara a sentença, clara,
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O Ano da Morte de Ricardo Reis
fechada e conclusa, uma criança será capaz de perceber e ir ao exame repetir sem se enganar, mas essa
mesma criança perceberia e repetiria com igual convicção um novo dito, Sobre a nudez forte da fantasia
o manto diáfano da verdade, e este dito, sim, dá muito mais que pensar, e saborosamente imaginar,
sólida e nua a fantasia, diáfana apenas a verdade, se as sentenças viradas do avesso passarem a ser leis,
que mundo faremos com elas, milagre é não endoidecerem os homens de cada vez que abrem a boca
para falar. É instrutivo o passeio, ainda agora contemplámos o Eça e já podemos observar o Camões, a
este não se lembraram de pôr-lhe versos no pedestal, e se um pusessem qual poriam, Aqui, com grave
dor, com triste acento, o melhor é deixar o pobre amargurado, subir o que falta da rua, da Misericórdia
que já foi do Mundo, infelizmente não se pode ter tudo nem ao mesmo tempo, ou mundo ou
misericórdia.
SARAMAGO, José - O Ano da Morte de Ricardo Reis. 15ª ed. Lisboa: Editorial Caminho,
2000. 972-21-0286-9. pp. 59-60
Ao percorrer as ruas de Lisboa, Ricardo Reis depara com a estátua de Camões. O hipotético verso que
caberia no seu pedestal ilustra...
IV. o contraste entre as glórias do passado, cantadas por Camões, e a tristeza do presente.
6. Ricardo Reis envolve-se romanticamente com Lídia de uma forma despreocupada, como que
isento de responsabilidades, isto deve-se à...
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O Ano da Morte de Ricardo Reis
10. Atenta na frase "Aqui, onde o mar se acabou e a terra espera." e seleciona a opção correta.
A última frase do romance complementa a que o inicia, ambas alusões a Os Lusíadas, no entanto o uso
do pretérito perfeito destaca...