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O Ano da Morte de Ricardo Reis

Nome:____________________________________________________________________

Data: _____________ Docente: Ana Cláudia Cabral Classificação:_____________________

1. Atenta na seguinte passagem de O Ano da Morte de Ricardo Reis e seleciona a opção correta:
“Aqui o mar acaba e a terra principia. Chove sobre a cidade pálida, as águas do rio correm
turvas de barro, há cheia nas lezírias. Um barco escuro sobe o fluxo soturno, é o Highland
Brigade que vem atracar ao cais de Alcântara."

O conhecimento do contexto histórico-literário do romance permite-nos...

a. relacionar a descrição de Lisboa com a atualidade.


b. conhecer a perspetiva pessoal do autor sobre Lisboa.
c. associar a descrição de Lisboa com o regime político que ensombrava o país.
d. reconhecer as condições atmosféricas que assolaram o país em 1936.

2. Classifica as afirmações em verdadeiras ou falsas.


Ao chegar a Lisboa, Ricardo Reis depara-se com uma cidade ...
I. sem alma, cujos habitantes vivem numa rotina inconsciente.
II. reflexo de um regime político opressor.
III. pacata e ordenada, onde se respira liberdade.
IV. monótona e sombria, como que enclausurada sobre si própria.
V. completamente diferente do que se recordava, palpitante de vida social.

3. Lê o texto:

E há papéis para guardar, estas folhas escritas com versos, datada a mais antiga de doze de Junho de mil
novecentos e catorze, vinha aí a guerra, a Grande, como depois passaram a chamar-lhe enquanto não
faziam outra maior, Mestre, são plácidas todas as horas que nós perdemos, se no perdê-las, qual numa
jarra, nós pomos flores, e seguindo concluía, Da vida iremos tranquilos, tendo nem o remorso de ter
vivido. Não é assim, de enfiada, que estão escritos, cada linha leva seu verso obediente, mas desta
maneira, contínuos, eles e nós, sem outra pausa que a da respiração e do canto, é que os lemos, e a
folha mais recente de todas tem a data de treze de Novembro de mil novecentos e trinta e cinco, passou
mês e meio sobre tê-la escrito, ainda folha de pouco tempo, e diz, Vivem em nós inúmeros, se penso ou
sinto, ignoro quem é que pensa ou sente, sou somente o lugar onde se pensa e sente, e, não acabando
aqui, é como se acabasse, uma vez que para além de pensar e sentir não há mais nada. Se somente isto
sou, pensa Ricardo Reis depois de ler, quem estará pensando agora o que eu penso, ou penso que estou
pensando no lugar que sou de pensar, quem estará sentindo o que sinto, ou sinto que estou sentindo no
lugar que sou de sentir, quem se serve de mim para sentir e pensar, e, de quantos inúmeros que em

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O Ano da Morte de Ricardo Reis

mim vivem, eu sou qual, quem, Quain, que pensamentos e sensações serão o que não partilho por só
me pertencerem, quem sou eu que outros não sejam ou tenham sido ou venham a ser. Juntou os
papéis, vinte anos dia sobre dia, folha após folha, guardou-os numa gaveta da pequena secretária,
fechou as janelas, e pôs a correr a água quente para se lavar. Passava um pouco das sete horas.

SARAMAGO, José - O Ano da Morte de Ricardo Reis. 15ª ed. Lisboa:


Editorial Caminho, 2000. 972-21-0286-9. pp. 23-24

a. Classifica as afirmações em verdadeiras ou falsas.


Neste excerto ecoam versos de Ricardo Reis. A intertextualidade com a poesia de Reis contribui para ...

I. a identificação da personagem Ricardo Reis com o heterónimo de Fernando Pessoa.


II. desmistificação da filosofia de vida de Ricardo Reis, explicando detalhadamente o teor dos
seus versos.
III. o realce das linhas estruturais do pensamento de Reis.
IV. a compreensão da vitória da personalidade poética sobre a personalidade ficcional criada
por Saramago.
V. a caracterização física de Ricardo Reis.

b. Escolhe a opção correta:

Este excerto é um exemplo de paródia/paráfrase/intertextualidade no romance de Saramago. Os


diferentes versos de Caeiro/Reis/Pessoa, que surgem repetidamente/espaçadamente/uma única
vez ao longo do romance, permitem ao narrador/protagonista/poeta estabelecer a ligação entre a
personagem e o ortónimo/homónimo/heterónimo, completando a ilusão de uma vida
irreal/real/sonhada. É através dos versos de Pessoa/Caeiro/Reis que delineamos o perfil
emocional/psicológico/físico da personagem que domina qualquer
intencionalidade/inação/reação de normalidade rotineira.

4. Lê o texto:

Ricardo Reis para diante da estátua de Eça de Queirós, ou Queiroz, por cabal respeito da
ortografia que o dono do nome usou, ai como podem ser diferentes as maneiras de escrever, e o nome
ainda é o menos, assombroso é falarem estes a mesma língua e serem, um Reis, o outro, Eça,
provavelmente a língua é que vai escolhendo os escritores de que precisa, serve-se deles para que
exprimam uma parte pequena do que é, quando a língua tiver dito tudo, e calado, sempre quero ver
como iremos nós viver. Já as primeiras dificuldades começam a surgir, ou não serão ainda dificuldades,
antes diferentes e questionadoras camadas do sentido, sedimentos removidos, novas cristalizações, por
exemplo, Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia, parece clara a sentença, clara,

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O Ano da Morte de Ricardo Reis

fechada e conclusa, uma criança será capaz de perceber e ir ao exame repetir sem se enganar, mas essa
mesma criança perceberia e repetiria com igual convicção um novo dito, Sobre a nudez forte da fantasia
o manto diáfano da verdade, e este dito, sim, dá muito mais que pensar, e saborosamente imaginar,
sólida e nua a fantasia, diáfana apenas a verdade, se as sentenças viradas do avesso passarem a ser leis,
que mundo faremos com elas, milagre é não endoidecerem os homens de cada vez que abrem a boca
para falar. É instrutivo o passeio, ainda agora contemplámos o Eça e já podemos observar o Camões, a
este não se lembraram de pôr-lhe versos no pedestal, e se um pusessem qual poriam, Aqui, com grave
dor, com triste acento, o melhor é deixar o pobre amargurado, subir o que falta da rua, da Misericórdia
que já foi do Mundo, infelizmente não se pode ter tudo nem ao mesmo tempo, ou mundo ou
misericórdia.

SARAMAGO, José - O Ano da Morte de Ricardo Reis. 15ª ed. Lisboa: Editorial Caminho,
2000. 972-21-0286-9. pp. 59-60

a. Classifica as afirmações em verdadeiras ou falsas.

Ao percorrer as ruas de Lisboa, Ricardo Reis depara com a estátua de Camões. O hipotético verso que
caberia no seu pedestal ilustra...

i. a visão do narrador sobre o estado das letras em Portugal.

II. a intencionalidade crítica do narrador.

III. a perspetiva do narrador sobre a poesia de Camões.

IV. o contraste entre as glórias do passado, cantadas por Camões, e a tristeza do presente.

V.a melhor síntese da obra de Camões.

5. Escolhe a opção correta:

No romance, estão representadas duas conceções diferentes/semelhantes/próximas de amor; por um


lado, Neera/Marcenda/Lída representa um amor natural e convencional/espontâneo/calculista,
sujeito/ditado/alheio às convenções sociais, marcado pela sensualidade/promiscuidade/humildade;
por outro, Neera/Marcenda/Lída representa um amor idealizado/natural/espontâneo, sujeito às
convenções sociais e distante/contrário/próximo da atuação da filosofia/das musas/do sujeito poético
da poesia de Reis.

6. Ricardo Reis envolve-se romanticamente com Lídia de uma forma despreocupada, como que
isento de responsabilidades, isto deve-se à...

a. falta de interesse de Reis.

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O Ano da Morte de Ricardo Reis

b. entrega total de Lídia.

c. filosofia de vida de Reis.

d. condição social de Lídia.

7. Classifica as afirmações em verdadeiras ou falsas.


a. A relação entre Reis e Marcenda aproxima-se do fim, devido…
I. ao desinteresse amoroso de Ricardo Reis.
II. à diferença de idades que os separa.
III. à fragilidade física de Marcenda.
IV. à incapacidade de Marcenda em libertar-se das convenções sociais.
V.à instabilidade emocional de Ricardo Reis.

8. Escolhe a opção correta.


A mudança do Brasil/Hotel Bragança/consultório para casa no Alto de Santa Catarina/no Rossio/de
Lídia suscitou em Ricardo Reis um sentimento de satisfação/euforia/crise identitária. Em voz alta
procura conciliar/superar/ultrapassar este novo acontecimento com o entusiasmo/ a alegria/o vazio
que sente. Neste espaço, Reis tem o desafio de se afastar da personalidade literária/real/ficcional para
se fazer médico/poeta/homem, tendo de lidar com as atuações/as contradições/as respostas que daí
advêm.

9. A decisão de Reis em acompanhar Fernando Pessoa, no final da obra,


a. contradiz a sua postura ao longo do romance.
b. é coerente com a sua atuação ao longo do romance.
c. resulta surpreendente e chocante.
d. é imposta pela morte do próprio Fernando Pessoa.

10. Atenta na frase "Aqui, onde o mar se acabou e a terra espera." e seleciona a opção correta.
A última frase do romance complementa a que o inicia, ambas alusões a Os Lusíadas, no entanto o uso
do pretérito perfeito destaca...

a. o fim dos trabalhos e perigos esforçados para os portugueses.

b. os limites geográficos de Portugal.

c. o fim do período áureo de Portugal, mergulhado, agora, na ditadura.

d. a dimensão simbólica do mar.

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