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O LÍDER E O MINISTÉRIO DO

ACONSELHAMENTO

A sociedade atual vive um momento de crise multidimensional, cujas

facetas afetam vários aspectos da vida, como a saúde e a qualidade de vida, as

relações sociais, a economia, a tecnologia e a política.

Trata-se de uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais, que

leva multidões, incluindo cristãos, a serem tomadas de preocupações,

cuidados, ansiedade, estresse, dúvidas e temores.

A busca por respostas, a luta pela sobrevivência e o caos social tornam essa

gente escrava da agonia e do desespero. Isso gera uma necessidade

proeminente de ajuda. Não é por acaso que, a cada dia, vem crescendo o

número de pessoas que frequentam consultórios de psiquiatras e psicólogos e

que participam das chamadas sessões de “cura interior”, realizadas, muitas

vezes, por pessoas neófitas, que aplicam técnicas de regressão, levando os

indivíduos a entrarem em contato com traumas de sua infância. Trata-se de

uma prática bastante perigosa para quem não tem conhecimento científico

acerca da personalidade e do comportamento humano, pois há o risco de uma

desintegração da personalidade do outro e, em muitos casos, sem caminhos

de retorno; além do fato de que não se pode brincar com sentimentos e

emoções alheios.

Diante dessa realidade, sendo nós ministros do evangelho, escolhidos por

Deus para uma tão sublime missão de apascentar o rebanho do Senhor Jesus,

o supremo pastor, como deixar as ovelhas de Cristo à mercê de seus próprios

problemas, que às vezes deixam o manancial de águas vivas e cavam para si


cisternas rotas, que não retêm água? (Jr 2.13).

A igreja de Cristo tem a missão de edificar, admoestar e ajudar

mutuamente os cristãos a permanecerem firmes na fé, evitando que os crentes

tenham seus corações endurecidos pelo pecado (Hb 3.13; 10.25).

1 – ACONSELHAMENTO CRISTÃO: ALGUMAS

DEFINIÇÕES

1. O Aconselhamento – Segundo o psicólogo e pastor Albert Friesen “é

um relacionamento interpessoal no qual o conselheiro ajuda o indivíduo a

ajustar-se consigo e com o meio em que vive, auxiliando-o a resolver seus

conflitos”.

2. Aconselhamento Noutético – NOUTÉTICO:Nouthesia e Noutheteo

– do grego Nouthetesis que significa: Admoestar; ensinar; exortar –

ACONSELHAR (cf. Rm 15.14; Cl 1.28; Cl 3.16). Admoestar, portanto, é

traduzido de “noutheton”, que significa “pôr na mente”.

O Novo Testamento presume que “confrontação noutética” seja uma

atividade em que todos os cristãos devam estar envolvidos, e não apenas os

ministros. Em Romanos 15.14, Paulo aconselha a todo cristão ser um

ajudador de pessoas, quando diz: “Meus irmãos, eu mesmo estou convencido

de que vocês estão cheios de bondade e plenamente instruídos, sendo capazes

de aconselhar-se uns aos outros.” (Nova Versão Internacional).

É claro que todo cristão, tanto homens quanto mulheres espirituais, devem

preocupar-se com os interesses e o bem-estar do próximo. Todos temos a

responsabilidade de admoestar uns aos outros, de encorajar os desanimados,

de ajudar os fracos e de ter paciência com as pessoas com quem convivemos

(1 Ts 5.11,14). Recebemos ordens para alegrarmo-nos com os que se alegram


e chorar com os que choram (Rm 12.15). É dever do cristão aconselhar com

amor tanto os que convivem conosco quanto os que ainda não se decidiram

por Cristo.

Entretanto, Jay Adams (1999, p. 56) diz: “Mas, enquanto todos os cristãos

devem aplicar-se a tal confrontação, a atividade noutética caracteriza

especialmente a obra do ministério”.

A atividade noutética (ou o aconselhamento) pressupõe a confrontação

verbal pessoa a pessoa, cujo propósito é o de efetuar mudança de

comportamento e de caráter de quem está sendo aconselhado.

O líder Jesus Cristo é o centro de todo o aconselhamento cristão. Quem

exerce a atividade de aconselhar, deve buscar conhecimento em Cristo e sua

Palavra e descobrir as orientações que Ele dá a seus servos para lidar com os

que apresentam problemas pessoais simples e complexos.

1. Não há neutralidade na confrontação ou aconselhamento

noutético

O pastor foi chamado por Deus para ser conselheiro — “colocar-se ao lado

de outrem e ajudá-lo com seu conselho”. Ele tem o compromisso de “julgar”

e orientar, ou seja, oferecer soluções bíblicas para os problemas espirituais,

bem como para as condutas pecaminosas surgidas entre os membros que, de

modo algum, podem ficar sem solução.

O julgamento, no entanto, deve ser legítimo, não precipitado, nem sem

evidências ou com a finalidade de condenar o outro para exaltar-se a si

próprio, mas deve ser feito com amor e ter a finalidade de provocar as

mudanças necessárias para uma conduta correta, tanto para benefício do

aconselhando quanto da igreja.


Estejamos certos de que é o Espírito Santo quem promove as mudanças

necessárias para um viver correto de acordo com a Palavra de Deus. Ele “é a

fonte de todas as mudanças genuínas de personalidade, mudanças essas que

envolvem a santificação do crente, tão certamente (...) que só Ele é quem traz

vida ao pecador espiritualmente morto”. (Jay Adams, 1999, p. 38).

O que não é aconselhamento


• Aconselhamento não é dar conselhos;

• Aconselhamento não é encorajamento;

• Aconselhamento não é dar respostas prontas;

• Aconselhamento cristão também não é psicoterapia, embora

muitos conselheiros cristãos exerçam atividades nas áreas de

psiquiatria, psicologia ou outras profissões de ajuda. O conselheiro

cristão não faz, necessariamente, uso das técnicas profissionais

para o desempenho dessa tarefa, e sim das habilidades ou técnicas

básicas do aconselhamento.

O que significa aconselhar?


O aconselhamento cristão significa algo mais que dar conselhos, algo mais

que encorajamento, algo mais que dar respostas prontas.

• Aconselhar é infundir esperanças no aconselhando, levando-o a

encontrar as respostas de Deus para os seus problemas.

• Aconselhamento é mais do que um encorajamento. É injetar

esperança, é providenciar acesso às respostas de Deus para os

problemas da vida.

• É, sobretudo, a implementação de um padrão de mudanças na vida

do aconselhando.
II– EXERCENDO O MINISTÉRIO DO

ACONSELHAMENTO

Ninguém melhor do que o pastor para atuar como um conselheiro. O

Senhor Jesus deu-lhe autoridade para presidir e admoestar o seu rebanho (1

Ts 5.12,13; Hb 13.7,17). Por essa razão, faz-se necessário o ministro ocupar

parte do seu tempo no trabalho do aconselhamento.

A Igreja é o centro do propósito divino. Sua existência deve-se à soberana

vontade de Deus. Não existe nesse mundo uma organização semelhante à

Igreja, visto que ela não é apenas uma organização social, mas também um

organismo vivo, espiritual, que tem como função espiritual ser, na pessoa de

Cristo, o centro do propósito redentor em benefício do mundo. Dentre as suas

responsabilidades, compete a ela evangelizar o mundo — cumprir a grande

comissão — desempenhar o ministério de ajuda, alcançando as famílias,

promovendo edificação e proporcionando estabilidade social, emocional e

espiritual.

O ministro evangélico precisa ocupar a sua posição designada por Deus

para ministrar a Palavra, não apenas na pregação, mas também no

aconselhamento, ajudando as ovelhas feridas, machucadas, cansadas ou

desviadas a serem reabilitadas.

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