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Psicologia e Aconselhamento
Ministerial
1. O Núcleo do Aconselhamento
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Como todos já sabem a Bíblia contém vários exemplos de necessidades
humanas. Consideremos Jó, por exemplo. Ele era um homem piedoso, conhecido,
rico e grandemente respeitado por seus contemporâneos. De repente as coisas
mudaram. Jó, perdeu toda a sua riqueza. Sua família inteira morreu exceto a sua
mulher que, sob pressão, mostrou-se queixosa e implicante. Ele perdeu a saúde, os
amigos pouco o ajudaram e Deus deve ter-lhe parecido muito remoto. Eliú, um dos
três amigos, foi o que teve melhor êxito, na tentativa de ajudar, pois ele teve uma
disposição humilde de nivelar-se a Jó, sem uma atitude negativa.
A igreja como uma comunidade terapêutica deve possuir grupos terapêuticos
em que os membros se ajudam uns aos outros provendo apoio, desafio, orientação
e encorajamento que não seria possível de outra forma. Os corpos locais de crentes
podem oferecer apoio aos membros, cura aos indivíduos perturbados e orientação
quando as pessoas tomam decisões e seguem em direção a maturidade.
2. Os Alvos do Aconselhamento
Certo dia em que Jesus ensinava a seus seguidores, contou a razão de sua
vinda à terra: dar-nos vida em abundância e em toda a sua plenitude. Jesus tinha,
portanto, dois alvos para os indivíduos: vida abundante na terra e vida eterna no
céu. Se levarmos a sério a grande comissão, desejaremos ansiosamente ver todos
os nossos aconselhados se tornarem discípulos de Jesus Cristo. Se levarmos a
sério as palavras de Jesus, provavelmente chegaremos à conclusão de que uma
vida plena e abundante só é concedida àqueles que buscam viver de conformidade
com os seus ensinos. É verdade que tem muitos bons discípulos de Jesus que terão
uma vida eterna nos céus, mas não gozam de uma vida abundante na terra. Essas
pessoas precisam de aconselhamento que envolva mais do que evangelização ou
educação cristã tradicional.
Citaremos alguns dos outros alvos do aconselhamento:
a) Auto-compreensão – Compreender a si mesmo é, no geral, o primeiro passo
para a cura. Muitos problemas são auto-impostos, mas a pessoa que está sendo
ajudada talvez não reconheça que suas percepções são preconceituosas, suas
atitudes prejudiciais e seu comportamento auto-destrutivos.
b) Comunicação – É bem conhecido que muitos dos problemas no casamento
estão relacionados com uma falta de comunicação entre os cônjuges. A
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comunicação deve envolver a expressão da pessoa e a capacidade de receber
mensagens corretas por parte de outros.
c) Aprendizado e Modificação de Comportamento – Quase todo, se não todo o
nosso comportamento é aprendido. O aconselhamento, portanto, inclui ajuda no
sentido de fazer com que o aconselhado desaprenda o comportamento negativo
e aprenda meios mais eficientes de agir.
d) Auto realização – Escritores humanistas recentes têm enfatizado a importância
do individuo aprender a alcançar e manter o seu potencial máximo. Já para o
cristão, um termo como “Cristo-realização” poderia ser substituído, indicando
que o alvo na vida se completa em Cristo, desenvolvendo nosso mais elevado
potencial mediante o poder do Espírito Santo que nos leva à maturidade
espiritual.
e) Apoio – Em qualquer que seja o tipo de ajuda é necessário o apoio, pois nele as
pessoas encontram a força que não tem para sobreviver diante das dificuldades
da vida.
4. Técnica de Aconselhamento
Para melhor equipar o ajudador, temos algumas ferramentas que devem ser
utilizadas no seu trabalho de aconselhar.
a) Atenção – O conselheiro deve tentar conceder atenção integral ao aconselhado.
Isto é feito mediante a: contatos de olhos-olhar sem arregalar os olhos, como um
meio de transmitir interesse e compreensão; postura, que deve ser relaxada e
não tensa, e que em geralmente envolve inclinar-se em direção ao aconselhado
e gestos naturais, mas não excessivos ou que provoque distrações. A ajuda às
pessoas é naturalmente difícil, sendo uma tarefa exigente que envolve
sensibilidade, expressões genuínas de cuidado e estar sempre vigilante para
atender a outrem.
b) Ouvir – Isto abrange mais do que uma recepção passiva de mensagens,
segundo Armand Nicholi, o ato de ouvir envolve:
Percepção suficiente e solução dos próprios conflitos a fim de evitar reagir de
modo a interferir com a livre expressão dos pensamentos e sentimentos do
aconselhado;
Evitar expressões verbais ou não-verbais dissimuladas de desprezo ou juízo
com relação ao conteúdo da história do aconselhado, mesmo quando esse
conteúdo ofenda a sensibilidade do conselheiro;
Aguardar pacientemente durante períodos de silêncio ou lágrimas, enquanto o
aconselhado se enche de coragem para aprofundar-se em assuntos penosos ou
faz pausas para reunir seus pensamentos ou recuperar a compostura;
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Ouvir não apenas o que o aconselhado diz, mas aquilo que ele ou ela está
tentando dizer ou deixou de dizer;
Usar os dois olhos e ouvidos para captar as mensagens transmitidas pelo tom
de voz, postura, e outras pistas não-verbais;
Analisar as próprias reações quanto ao aconselhado;
Evitar desviar os olhos do aconselhado enquanto ele fala;
Sentar-se imóvel;
Limitar o número de excursões mentais às próprias fantasias;
Controlar os sentimentos em relação ao aconselhado que possa interferir com
uma atitude de aceitação, simpatia, que não faz juízos antecipados;
Compreender que é possível aceitar plenamente o aconselhado sem aprovar ou
sancionar atitudes e comportamento destrutivos para o aconselhado ou para
outros.
c) Responder – Não se deve supor, porém, que o conselheiro nada faz além de
ouvir, Jesus era um bom ouvinte, mas a sua ajuda também se caracterizava pela
ação e respostas verbais e especificas.
d) Orientar ou liderar é uma habilidade mediante a qual o conselheiro prevê a
direção dos pensamentos do aconselhado e responde de maneira a redirecionar
a conversação.
e) Refletir – É um modo de permitir que os aconselhados saibam que “estamos
com eles” e podemos compreender seus sentimentos ou pensamentos. (você
deve sentir-se; tenho a certeza de que isso o frustrou; acho que foi mesmo
divertido). Essas frases refletem o que está acontecendo no aconselhamento.
Dê sempre o tempo necessário para que o aconselhado responda estas
questões.
f) Perguntar – Caso seja feito com muita habilidade poderá extrair bastantes
informações úteis. As melhores perguntas são aquelas que exigem pelo menos
uma sentença ou duas do aconselhado. As perguntas que começam com “por
quê?” são quase sempre evitadas.
g) Confrontar – Significa apresentar alguma idéia ao aconselhado, a qual ele ou
ela talvez não percebesse de outro modo. Os aconselhados podem ser
confrontados com o pecado em sua vida, inconsistência ou comportamento
derrotista, devendo ser encorajados a modificar o seu comportamento ou
atitudes. O confronte é mais bem aceito quando apresentado de forma suave,
cheia de amor, sem uma atitude de julgamento.
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h) Informar – Abrange a apresentação de fatos aos que precisam de informação.
Isto difere da idéia do conselheiro partilhar suas opiniões ou dar conselhos.
Informar é uma parte comum e aceita no aconselhamento. Toda vez que lhe
pedirem conselhos ou sentir-se inclinado a aconselhar, certifique-se de que
conhece bem a situação. Pergunte a você mesmo quais poderiam ser o
resultado dos seus conselhos. Você tem condições para enfrentar os
sentimentos que talvez venham a surgir no caso de sua orientação ser rejeitada
ou mostrar-se errada?
i) Interpretar – Envolve a idéia de explicar ao aconselhado o que o seu
comportamento ou outros eventos significam.
j) Apoiar e Encorajar – São partes importantes de qualquer situação de
aconselhamento, especialmente no início. Cuidado com uma pessoa empática
que mostre aceitação e lhe forneça uma sensação de segurança. O apoio inclui
a orientação do aconselhado no sentido de fazer uma avaliação de seus
recursos espirituais e psicológicos, encorajá-lo à ação e ajuda com quaisquer
problemas ou fracasso que possam resultar desta ação.
k) Ensinar – O conselheiro é um educador, ensinando através da instrução e
orientando o aconselhado à medida que ele ou ela aprende a enfrentar os
problemas da vida.
5. A Motivação do Conselheiro
6. A Eficácia do Conselheiro
7. O Papel do Conselheiro
8. A Vulnerabilidade do Conselheiro
9. A Sexualidade do Conselheiro
II - QUESTÕES PESSOAIS
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1. Ansiedade
2. A Bíblia e a Ansiedade
3. Causas
4. Os Efeitos da Ansiedade
5. Depressão
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Depressão não é uma doença. Embora em certos casos disfunções orgânicas
possam desencadear sentimentos depressivos, muitos sintomas e distúrbios
(temporários ou crônicos) definidos como depressão são conseqüências de hábitos
não-bíblicos e ou reações pecaminosas para com circunstâncias e pessoas. Lidando
biblicamente com os seus pecados e decidindo viver de modo agradável ao Senhor,
você pode vencer a depressão que tem origem numa vida em desacordo com a
Bíblia (Gn. 4:3-7; Sl. 32:1-5; 42:11; 55:22; João 15:10,11; II Cor. 1:3-6).
6. Como é?
1. A sua esperança
2. A sua mudança
3. A sua prática
Princípio bíblico (7) Trace planos de acordo com a Bíblia para cumprir as
responsabilidades que Deus lhe confiou, e siga a sua agenda a despeito de qualquer
sentimento depressivo que você possa experimentar (Ef. 5:15-17; Tg. 4:17). Cumpra
todas as suas responsabilidades e tarefas de coração, como para agradar ao
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Senhor (Mt. 5:16; I Cor.10:31; Col. 3:17,23,24). Se você pecar, confesse os seus
pecados a Deus (I João 1:9) e, seguindo as diretrizes bíblicas, confesse-os também
àqueles contra quem você pecou (Tg. 5:16).
Sentir-se deprimido não é um fenômeno novo, pois os sintomas atualmente
definidos como “depressão” caracterizou a experiência de alguns personagens
bíblicos. A Palavra de Deus não apenas o ajuda a enfrentar o problema da
depressão, mas também mostra como você pode ser mais que vencedor mesmo em
meio a sentimentos depressivos (Sl. 19:7-14; 119:165; I Cor. 1:25; 3:18-20; 10:13; II
Tm. 3:16,17; II Pd. 1:2-10; I João 5:4,5).
4. O que é a “depressão”?
5. Entendendo a depressão
8. Vencendo a depressão
9. O Aconselhamento e a Depressão
Ira e amargura são dois sinais evidentes de que você está se concentrando
em si mesmo e deixando de confiar na soberania de Deus para dirigir a sua vida.
Crendo que Deus faz com que todas as coisas cooperem juntamente para o bem
daqueles que lhe pertencem e o amam, você pode reagir às aprovações com alegria
em vez de ira ou amargura (João 14:15; Rom. 5:3-5; 8:28,29; Ef. 4:31; Tg. 1:2-4; I
Pd. 1:13-16; I João 5:3).
Propósito – Apresentar o ponto de vista bíblico sobre ira e amargura;
desenvolver um plano para vencer Ira e Amargura.
Nota: Ira e amargura são terrivelmente prejudiciais ao amor bíblico, aos
relacionamentos harmoniosos e à maturidade em Cristo. Fracassar em despojar-se
da ira e da amargura entristece o Espírito Santo, dá oportunidade a Satanás para
agir na sua vida, enfraquece o seu testemunho diante de outros e rompe a unidade
no corpo de Cristo. Lidar biblicamente com a ira e a amargura requer obediência
completa à Palavra de Deus em todas as circunstâncias e com todas as pessoas,
ainda que os seus sentimentos ordenem o contrário (Mt. 5:16; Rom. 14:19; I Cor.
13:4,5; II Cor. 2:10,11; 5:14,15; Gal. 5:17-26; Ef. 4:1-3,26,27,31,32; 6:11; Col. 3:8-15;
Hb. 12:15).
1. A sua esperança
Visto que a Palavra de Deus ordena que você abandone a ira e a amargura
(Sl. 37:8; Ef. 4:31; Col. 3:8), é possível fazê-lo (I Cor. 10:13; Hb. 2:17,18; 4:15,16).
Você não precisa defender ou proteger aquilo que você entende ser os seus
“direitos” (Sl. 37:23; 84:11,12; I Pd. 2:19-25), porque Deus faz com que todas as
coisas cooperem juntamente para o bem daqueles que lhe pertencem e o amam
(Rom. 8:28,29).
2. A sua mudança
Você deve ter domínio próprio (Pv. 25:28), ser tardio para se irar (Tg. 1:19) e
rápido em lidar com a ira (Ef. 4:26,27), despojando-se de toda raiva, amargura,
exaltação, dissensão, fala abusiva e contenda. Você não deve levar em conta as
injustiças sofridas (Mt. 5:21,22; I Cor. 13:5; Ef. 4:31; Col. 3:8; I Tm. 2:8; Tito 1:7), mas
se revestir de paciência, bondade, humildade, tolerância para com os outros,
compaixão, perdão, amor e domínio próprio (Ef. 4:31,32; Col. 3:12-14).
3. A sua prática
6. A ira de Deus
Ainda que as Escrituras descrevam a ira de Deus (Ex. 4:14) Ele permanece
santo (Lev. 11:45) e isento do pecado (Jó 34:10).
Deus é tardio para se irar e ao mesmo tempo misericordioso, gracioso,
compassivo, perdoador e cheio de bondade e verdade (Nem. 9:17; Naum 1:3).
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A ira de Deus dirigi-se sempre contra a rebeldia ou desobediência às suas
ordens santas e justas (Dt. 29:14-21,24-28; Lam. 3:42,43; Sof. 2:2,3; Rom. 2:5;
Hb. 3:7-11).
7. A ira de Jesus
9. A ira pecaminosa
1) As Escrituras afirmam que a ira do homem não pode produzir a justiça de Deus
(Tg. 1:20). A sua ira, seja em forma de expressão explosiva ou disposição
interior, deve ser decididamente abandonada se você tem o desejo de ser
conformado à imagem de Jesus Cristo (Ef. 4:31; Col. 3:8,10).
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2) Explosões de ira são parte das obras da carne (Gal. 5:19,20) e características
do estudo (Pv. 29:11). Além de evidenciar a ausência do fruto do Espírito (Gal.
5:22,23), a pessoa explosiva multiplica as transgressões (Pv. 29:22) e não está
apta para assumir responsabilidades na liderança da igreja (Tito 1:7).
3) Com frequência, a ira é um prelúdio para pecados mais graves e está aliada a
estes (Gn. 4:5-8). A ira dirigida a outros é condenada pelo Senhor (Mt. 5:22), e
mostra uma falta de amor bíblico (I Cor. 13:4-8).
O seu coração se revela por meio dos seus sentimentos, palavras e ações (Mt.
12:34,35), de modo que a ira pecaminosa mostra que você tem vivido para
agradar a si mesmo (II Cor. 5:15; Gal. 5:16-21; Col. 1:10).
Com freqüência, o fracasso em lidar biblicamente com a própria ira revela-se
quando você julga outros pelo mesmo pecado (Rom. 2:1).
Ira e amargura costumam estar numa vida sem Jesus Cristo. Estes hábitos
pecaminosos não devem fazer parte da nova vida em Cristo. Seguindo no caminho
de Deus, você pode vencer estas práticas pecaminosas do homem natural, ainda
que a ira e a amargura tenham dominado a sua vida durante anos (João 15:3-5;
Rom. 6:12-14; II Cor. 5:17; Ef. 4:22-24,31,32; I Ped. 1:13-16)
Não se detenha em difamação, mexerico, discussão, nem use palavras que não
sejam para edificação (Pv. 10:18; Ef. 4:29,31; 5:4; Col. 3:8; II Tm. 2:24; I Pd.
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2:1). O seu falar deve ser verdadeiro e gracioso, de acordo com a necessidade
do momento, sabendo como responder a cada pessoa (Ef. 4:15, 25, 29; Col.
4:6).
Não traga à tona o pecado alheio de modo acusador ou vingativo, seja diante
dos outros, de você mesmo ou da pessoa que pecou (Col. 3:8; Ef. 4:29)
Confesse os seus pecados ao Senhor e àqueles contra quem você falhou na
prática do amor bíblico, incluindo os pecados relacionados ao fracasso em
cumprir as suas responsabilidades. Confesse qualquer pecado de que possa se
lembrar e que ainda não tenha confessado (Tg. 5:16; I João 1:9)
Conceda perdão aos outros assim como Deus o concedeu a você (Ef. 4:32; Col.
3:13)
Identifique todos os sinais de perigo – tais como situações, lugares e contatos
pessoais que resultam em tentação – e tome providências imediatas para evitá-
los, fugir deles ou resistir à tentação (Sal. 1:1; Pv. 27:12; I Cor. 10:13; 15:33; II
Tm. 2:22; Tg. 4:7; I Pd. 5:8,9).
Corrija os erros cometidos e busque reconciliar-se com aqueles que você
ofendeu. Lembre-se de que embora você já tenha confessado os seus pecados,
você precisa mostrar ativamente a seriedade do seu propósito de mudar.
Com bondade e sensibilidade justamente para com aquelas pessoas com que
você costuma ficar irritado (EF. 4:31,32).
Desenvolva um plano de emergência para lidar com situações típicas em que
você se vê tentado a pecar por meio de ira e amargura, considerando as
seguintes diretrizes:
1) Peça ajuda a Deus sem demora (I Tes. 5:17; Hb. 4:15,16; Tg. 1:5)
2) Aplique o seu plano de emergência logo que você perceber que está sendo
tentado a pecar cedendo à ira ou à amargura (I Tes. 5:22; II Tm. 2:19-22)
IV - PROBLEMAS CONJUGAIS
“Deixa o homem pai e mãe, e se una à sua mulher, tornando-se os dois uma
só carne” (Gn 2:24). A análise dos três verbos é importante. Deixar, envolver sair da
família que estava, para constituir nova família; unir, o termo hebraico tem
significado de aderir, juntar, colar; e tornar-se uma só carne, tem um significado
muito profundo: o casal não compartilha somente seus corpos, mas seus bens
materiais, pensamentos e emoções, alegrias e sofrimentos, esperanças e temores,
sucessos e fracassos. Podemos comparar o casal aos braços direito e esquerdo,
nunca se agredindo, sempre se apoiando; ou às pernas, quando a direita está no ar
lá está a esquerda dando seu apoio, e vice-versa. Isto não implica em que as duas
personalidades sejam esmagadas ou suprimidas. As peculiaridades permanecem e
são combinadas com as do outro cônjuge a fim de tornar completo o
relacionamento. Quando o relacionamento de uma só carne está ausente o casal
tem um casamento incompleto.
Os problemas no casamento surgem porque o marido e a mulher desviaram-
se de alguma forma dos padrões bíblicos descritos em Gênesis 2:24 e detalhados
em partes posteriores das Escrituras. A moderna psicologia, sociologia e disciplinas
relacionadas esclarecem algumas das maneiras em que os indivíduos se desviam
dos padrões bíblicos para o casamento.
1) Comunicação Defeituosa: É a mais comum causa de conflitos. A comunicação
é defeituosa quando a mensagem enviada não é a mesma recebida.
Num livreto de muito discernimento, Judson Swigart identificou oito maneiras
em que as pessoas dizem “eu te amo”. Se o marido diz “eu te amo” comprando
presentes, mas a esposa quer ouvir essas três palavras expressas verbalmente,
existe falta de comunicação entre eles. A mensagem enviada não é a recebida.
As mensagens são enviadas verbalmente (com palavras) e não-verbal (com
gestos, tom de voz, expressões faciais, etc..). Quando as mensagens, verbais e não-
verbais se contradizem, surge uma mensagem dupla que leva à incerteza e quebra
da comunicação. Consideremos, por exemplo, a mulher que diz verbalmente: “Não
me importo que você viaje a negócios”, mas cujo tom resignado de voz e falta de
entusiasmo deixam entrever o sentimento: “Na verdade não quero que você vá”. Na
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boa comunicação, a mensagem verbal corresponde à não-verbal e a mensagem
enviada é aquela recebida.
É preciso acrescentar que a comunicação é uma interação aprendida. Aquilo
que não é bom pode ser transformado e aperfeiçoado.
1) Atitudes Egocêntricas Defensivas: Há uma tendência de se culpar os outros
para defender-se ou justificar-se de algumas atitudes. Na tentativa de proteger-
se e desejando manter uma posição predominante, menospreza-se ou
manipula-se de modo sutil o cônjuge. Marido e mulher que não reconhecem
essas atitudes defensivas e egocêntricas provocam tensão; e aqui está o maior
mal, porque esse tipo de defesa é tão forte que chega a impedir que marido ou
mulher reconheçam que estão ou também estão errados.
2) Tensão Interpessoal: As pessoas levam para o casamento duas ou mais
décadas de experiências, modo e perspectiva de vida diferentes. Essas
diferenças devem ser resolvidas mediante a tolerância. A má vontade em
modificar-se gera tensão. Muitas vezes o casal quer resolver seus conflitos, mas
não sabe como agir. As tensões originárias podem estar associadas aos
seguintes pontos:
a) Sexo: A maior parte dos casais têm problemas sexuais, de tempos em tempos, e
que causam outros. Não é objetivo deste comentário, discutir as origens dos
problemas sexuais, mas, incluem falta de conhecimento correto, expectativas
irreais, medo de um mau desempenho, diferenças no impulso sexual, atitudes
repressivas quanto ao sexo e privacidade insuficiente. A impaciência, a frigidez
(e a infidelidade, principalmente para as pessoas do mundo), são, talvez, os
problemas sexuais mais comuns, que prejudicam o desempenho sexual e geram
tensão.
b) Papéis: A Bíblia especifica com clareza os papéis do homem e da mulher. Mas,
atualmente, a reavaliação desses papéis, em virtude das mudanças culturais, dá
margem a conflitos e tensões.
c) Religião: A Bíblia adverte sobre os problemas quando um crente e um incrédulo
tentam viver juntos na sociedade conjugal. Inúmeros conselheiros observaram
tensões quando existem diferenças no grau de interesse religioso ou dedicação,
preferências denominacionais e perspectivas quanto à educação de amigos,
ponto de vista ético, a quem fazer doações de caridade ou uso do tempo aos
sábados ou domingos. A religião pode ser uma força unificadora e forte no
casamento, mas pode igualmente mostrar-se destrutiva.
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d) Valores: O que é realmente importante na vida? Como gastar nosso tempo?
Quais nossos objetivos? Essas questões referem-se aos valores. O centro dos
conflitos e das tensões conjugais acha-se na preferência e escolha dos valores.
e) Necessidades: Por quase um século, os psicólogos vêm discutindo sobre a
existência das necessidades humanas. A maior parte deles concorda que cada
um de nós precisa de alimento, descanso, ar e libertação do sofrimento, mas
existem também as necessidades psicológicas tais como necessidade de amor,
segurança e contato com outros. Além disso, é possível que haja necessidades
pessoais singulares, tais como necessidade de dominar, controlar, possuir,
realizar ou ajudar. Se um dos cônjuges tem necessidade de dominar, enquanto o
outro deseja ser controlado, haverá compatibilidade. Mas se ambos querem
dominar, isto cria o potencial para o conflito.
f) Dinheiro: Quanto e em quê gastar? O que acontece quando há falta de dinheiro,
para se adquirir o que se deseja? E o que acontece quando não há dinheiro para
as necessidades básicas? Quando marido e mulher têm respostas diferentes os
conflitos podem aparecer.
3) Pressões Externas: Algumas vezes as tensões conjugais são estimuladas por
pressões externas, como: parentes que fazem exigências ou criticam o casal;
exigências profissionais que pressionam, criando fadiga; filhos, em diversas
situações...
4) Tédio: Com o passar dos anos, o casal se estabelece na rotina; acostumam-se
um ao outro; algumas vezes deslizam sem perceber para a auto-absorção, auto-
satisfação e auto-piedade, coisas que podem fazer desaparecer o prazer da vida
a dois.
É difícil separar os efeitos das causas dos problemas conjugais. Por exemplo,
dificuldades sexuais geram tensões e provocam problemas na cama. Mas, o
conselheiro deverá observar os vários efeitos específicos da tensão conjugal. Os
principais efeitos, que o autor identifica, dos problemas conjugais são:
1) Confusão e Desespero: "não há mais conserto...nada vai melhorar...por que
tentar?"
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2) Afastamento: vivem juntas, até na mesma cama, mas, emocionalmente,
divorciadas. Pelo afastamento emocional, evitam o sofrimento e o estigma do
divórcio por parte da sociedade.
3) Abandono: Quando as pressões ficam muito intensas, alguns vão embora,
deixando atrás de si sentimentos feridos, incertezas, confusão e famílias
esfaceladas.
4) Divórcio: É uma solução radical, permanente e legal de um relacionamento
antes satisfatório. Muitas vezes deixando de lado as diretrizes bíblicas para o
mesmo.
1) Observe-se a Si Mesmo
5) Como disciplinar?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ajudando uns aos Outros pelo Aconselhamento - Gary R. Collins. Vida nova, São
Paulo, 2013.