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Façam todo o possível para se manterem unidos no Espírito, ligados pelo vínculo da paz.
(Efésios 4:3)
Assim como a pandemia exacerbou o problema de os cristãos serem mais moldados por especialistas
online do que por pastores reais, ela também intensificou o tribalismo político. Com poucos lugares para
conversar além de nossas comunidades online, os níveis de vitríolo e desprezo subiram a níveis insuportáveis.
Tem sido doloroso ver a igreja seguir o discurso nacional. Em meus feeds de mídia social, tenho
testemunhado os membros da igreja se separando por causa da política, esquecendo que estamos cometendo
canibalismo espiritual ao escolhermos o partidarismo em vez da unidade em Cristo (João 17; Efésios 4:1-7).
Como pastor, é fascinante observar como a cultura cristã batista, antes apática em relação à política (pois
lançava mão do princípio – “Separação entre Igreja e estado), agora se transformou em uma caracterizada por
um discurso político feroz. Assistir velhos amigos de seminário - que nunca expressaram opiniões políticas
antes - de repente travando uma guerra virtual no WhatsApp, Twitter, Facebook em relação à política, justiça,
medicina (em ambos os lados) revela como a política se tornou desgastante.
Talvez a coisa mais preocupante que vejo é que muitos cristãos agora parecem mais certos de suas
opiniões políticas do que de Cristo e seu reino.
Falsa Certeza
O discurso político hoje - mesmo na igreja - é caracterizado pela confiança impetuosa que cada tribo ou
ideologia ostenta. É a certeza de que minhas visões políticas estão corretas e podem ser apoiadas nas Escrituras
(muitas vezes com alguma ginástica exegética), e as suas são heréticas e blasfemas. Mesmo na igreja, o aviso
do ex-editor de opinião do New York Times - Bari Weiss -, soa verdadeiro em pleno 2021: “A verdade [não é
mais] um processo de descoberta coletivo, mas uma ortodoxia já conhecida por uns poucos esclarecidos cujo
trabalho é informar todo mundo”.
À medida que cada campo acredita que seu ponto de vista é infalível, as percepções e acusações do
“outro lado” tornam-se cada vez mais descaradas, sem graça e sujeitas a uma caricatura sem nuances. Para
alguns da direita, qualquer pastor que fale sobre justiça social é imediatamente rotulado de marxista. Para
alguns na esquerda, a menor defesa do presidente Bolsonaro (ou melhor de sua política), ou mesmo apenas
inaugurar uma BR, ou distribuir moradias do programa “Minha Casa Minha Vida”, expõe sua supremacia
militar.
Falsos deuses
Como chegamos aqui? Como é que muitos cristãos parecem mais confiantes e francos sobre sua
ideologia política do que o evangelho cristão? Por que muitos cristãos parecem mais à vontade na “família” de
sua tribo política do que na família de Deus?
Em “Visões e Ilusões Políticas”, David Koyzis diz que os cristãos erroneamente veem seu campo
político como meramente uma opinião ou ideologia sobre como as políticas devem ser moldadas. Ao contrário,
porém, cada ideologia política é “baseada em uma soteriologia específica - isto é, em uma teoria elaborada que
promete libertação aos seres humanos de algum tipo de mal fundamental”. Em outras palavras, a política pode
muitas vezes se tornar uma religião substituta idólatra com zelo fundamentalista, como David aponta, está
ocorrendo em ambos os lados do espectro político brasileiro.
Embora as religiões políticas da esquerda e da direita possam contribuir com algumas observações
astutas sobre nosso momento cultural, a arrogância excessivamente confiante de ambas tende a ignorar a
realidade da infecção corruptora do pecado em cada indivíduo, cultura e sistema político - não importa o quão
certos nos sintamos. Soluções políticas não serão, em última análise, nossa salvação. Se começarmos a pensar
que sim, colocamos nossa confiança em um falso deus.
Humildade Política
Nada disso sugere que a política não seja importante ou que devemos “apenas pregar o evangelho” e
ignorar a injustiça racial, os bolsões de miséria, (que com certeza teremos, após essa pandemia), a situação dos
nascituros e outros males sociais que a ação política pode ajudar a corrigir. Só quero sugerir que os cristãos
devem abordar a política com “humildade radical”, protegendo-se contra a certeza impetuosa e o excesso de
confiança que levam à idolatria.
Nosso campo político favorito pode estar certo ao identificar os problemas da época, mas os cristãos
devem ser cautelosos com a certeza rígida de que nosso campo político está totalmente correto - e o outro lado
totalmente errado - em suas soluções propostas. Como Jonathan Leeman escreve em “How the Nations Rage”
(Como as Nações de Enfurecem), “Como cristãos, devemos ser os primeiros a parar de nos auto-justificar e os
primeiros a nos auto-acusar quando necessário. Nossos preconceitos e discriminações são tão naturais que o
arrependimento deles é um projeto para toda a vida”.
À medida que as eleições de 2022 se aproximam, em vez de seguir o mundo em colocar nossa confiança
na política, vamos colocar nossa confiança em Cristo. Em vez de gritarmos alto um com o outro com certeza
desanimadora de nossa correção e da idiotice do outro lado, vamos atender ao chamado de Paulo para “andar
de uma maneira digna do chamado para o qual você foi chamado, com toda humildade e gentileza, com
paciência, suportando uns aos outros em amor, desejosos de manter a unidade do Espírito pelo vínculo da
paz” (Ef 4: 1-3).
Se o apóstolo Tiago estivesse escrevendo em 2021, ele poderia ter considerado adicionar “postagem”
entre parênteses em Tiago 1:19. Em vez de correr para a mídia social para reclamar de injustiça, reforma
policial, votos impressos ou digital ou qualquer que seja o problema do dia, o que aconteceria se primeiro nos
voltássemos para a oração e meditação nas Escrituras? Uma maneira de nos proteger contra a idolatria política é
permitir que o discurso político nos indique a simplicidade e a sanidade das disciplinas espirituais - permitindo
que a Palavra e o Espírito, em vez das mídias sociais e das feeds de notícias, guiem nossas respostas às crises de
nosso tempo.
É uma tentação constante no mundo partidário de hoje pensar o pior absoluto sobre nossos oponentes e
presumir que podemos ler melhor suas motivações do que eles. Como Arnold King observa em “The Three
Languages of Politics” (As Três Linguagens da Politica), “Nós [frequentemente] chegamos ao ponto de
acreditar que entendemos nossos oponentes melhor do que eles próprios. A única pessoa que você está
qualificado para declarar irracional é você mesmo”.
Em vez de adotar uma postura de promotor em relação a nossos oponentes, Jesus nos convoca a
primeiro investigar a nós mesmos (Mt 7: 1-5). Como cristãos, devemos ser os primeiros e mais ruidosos a
apontar falhas internas, mesmo que isso nos marque como “desleais” a uma tribo política. Esteja mais certo de
suas próprias deficiências; estenda graça para aqueles que diferem.
Para não cairmos em todas as tentações descritas acima. Muitas vezes por colocar certezas em uma
ideologia política. Que tal buscar uma certeza robusta em Cristo. Este período de pandêmico (Covid-19 – 2020-
2021) nos convida, não apenas a pesar argumentos, notícias, políticas públicas e candidatos, mas também a
avaliar, em última instância, o estado de nossa fé. Nossa certeza é encontrada em nosso Salvador? Ou estamos
mais certos de nossa certeza da política? Somos mais leais a Jesus e animados por sua missão do que a um
candidato, partido e sua ideologia e animados por sua campanha?
Para o bem do nosso testemunho cristão durante (e após) a temporada de pandemia, não sejamos
lembrados como porta-vozes de uma ideologia política, profetas do caos, pastores médicos (cientistas), mas um
povo humilhado “sob a poderosa mão de Deus” (1 Pedro 5: 6–8).
Que possamos falar mais alto sobre a proclamação de Cristo, o Senhor sobre todas as tribos terrestres.
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O que Abrão fez para merecer deixar o Egito um homem mais rico do que
quando chegou? Nada. Na verdade, menos do que nada! E ainda, Abrão
partiu com grande riqueza, porque Deus é fiel à sua promessa. As
promessas de Deus são tão certas que nem mesmo o povo de Deus pode
confundi-las.
Abrão migra para o Egito por causa de uma fome. A família de Jacó, no
final de Gênesis, descerá para o Egito por causa de uma fome.
Não sei o que Deus está fazendo em sua igreja, sua cidade, sua
denominação ou seu país, mas podemos estar absolutamente certos disso:
Cristo será fiel à sua palavra. Os dons e a vocação de Deus são
irrevogáveis ( Rom. 11:29 ). Nada pode desviar total e finalmente ou
destruir as promessas de Deus. Nem o mundo, nem a carne, nem o
diabo. Nem mesmo nós. Jesus Cristo fará o que quer. Ele vai cumprir suas
promessas. Ele abençoará seu povo. Ele construirá sua igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela.