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Resumo
Introdução
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Graduando em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo,
Polo Petrópolis. Matrícula 242320. Trabalho de Conclusão de Curso com vistas à obtenção de grau de
Bacharel em Teologia, sob a orientação do Prof. Eber Borges da Costa.
Graduando em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo,
Polo Petrópolis. Matrícula 228288. Trabalho de Conclusão de Curso com vistas à obtenção de grau de
Bacharel em Teologia, sob a orientação do Prof. Eber Borges da Costa.
Graduando em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo,
Polo Petrópolis Matrícula 228495. Trabalho de Conclusão de Curso com vistas à obtenção de grau de
Bacharel em Teologia, sob a orientação do Prof. Eber Borges da Costa.
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O tema deste estudo merece reflexão porque busca pontuar uma maneira
equilibrada no aconselhamento pastoral; uma visão teológica que poderá refletir num
ensinamento e num aprendizado dentro da comunidade de fé. Isso porque as pessoas
precisariam ser mais bem compreendidas e os/as conselheiros/as necessitariam de um
melhor preparo para compreender os/as aconselhandos/as, dentro das suas
complexidades, tornando-se desta forma, um aprendizado constante na comunidade de
fé.
Para tanto, o texto que se segue está organizado em três seções. A primeira: O
aconselhamento pastoral e a contribuição da poimênica, a qual se concentrará em
apresentar algumas definições, sua colaboração para a comunidade de fé, e, também
será exemplificada uma prática da poimênica, o aconselhamento preventivo.
Nesta perspectiva, Friesen destaca a necessidade que o ser humano (neste caso o
salmista) tem de ser pastoreado, remetendo-se ao Deus-pastor que se revela em cuidado,
assistência e proteção ao seu rebanho. Ao mesmo tempo, aponta “passos” a serem
seguidos, no aconselhamento pastoral, de modo a promover o bem estar, quer seja
físico, emocional ou espiritual, dos aconselhados/as.
Collins compreendeu que “[...] o aconselhamento pode e deve ser uma parte vital
da igreja em alcançar os outros” (COOLINS, 2002, p. 10). Por meio da fé cristã, o
aconselhamento pastoral deve propor se solidarizar com pessoas em situação de crise e
sofrimento através do diálogo, do estabelecimento duma relação de ajuda que vise
descobrir as causas estruturais que geram o sofrimento para o mesmo.
A poimênica possibilita, também, uma prática que pode ser compreendida como
um aconselhamento preventivo. Seria uma forma de preparar, preventivamente, o
indivíduo, contra possíveis problemas que possam se instalar em cada membro dentro
da comunidade de fé. Sob esse olhar, podem ser exemplificados os aconselhamentos
pré-nupciais1, escolas bíblicas dominicais, homilias, entre outros.
Com essa ênfase, Coolins definiu: “em primeiro lugar, a ajuda preventiva
procura evitar os problemas a fim de que não surjam em primeiro lugar” (COLLINS,
2002, p. 109). Como na medicina, onde o tratamento preventivo auxilia e, em até muitos
casos, previne o surgimento de doenças.
Gary Collins amplia mais o assunto dizendo: “[...] a ajuda preventiva procura
frear ou parar problemas existentes antes de ficarem piores. É chamada prevenção
secundária2 [...]” (COLLINS, 2002, p. 109). Essa ajuda preventiva é como um
reposicionamento de visão, uma renovação da mente, com um olhar mais amplo,
periférico, para aquela situação conflitante. De modo que o foco não esteja apenas no
problema, mas também nas circunstâncias que o cercam, com vista a sanar o mesmo.
Collins cita ainda “um terceiro tipo de ajuda preventiva, às vezes conhecida
como prevenção terciária3, que procura reduzir ou eliminar as influências dos problemas
anteriores” (COLLINS, 2002, p. 109). Seria, exemplificando, como as dificuldades de
um ex-presidiário enfrentando crises pelo preconceito sofrido pela sociedade, ao tentar
se inserir no mercado de trabalho, por causa do seu passado.
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Nesse aconselhamento “enquanto o casal ainda está considerando o casamento, as duas partes são
alertadas aos problemas em potencial entre o marido e a mulher, e recebem instruções acerca de como
evitar que tais problemas ocorram”. (COLLINS, 2002, p. 109).
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Prevenção secundária envolve a diminuição da duração e severidade de um problema que está se
desenvolvendo. Encontro de casais poderia ser um método de revitalização. (COLLINS, 2002, p.109).
3
Prevenção terciária – Suponhamos, por exemplo, que um ex-alcoólatra, doente mental ou encarcerado,
volte para sua cidade natal e procura emprego. Muitas vezes, tal pessoa encontra suspeita da parte doutras
pessoas, críticas, preconceitos, falta de aceitação e grande dose de desconfiança. (COLLINS, 2002,
p.109).
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Programas de poimênica fortalecem a comunidade de fé. Nesse contexto, seria necessário avaliá-los e,
também, reciclá-los, dentro das necessidades da igreja, conforme a sua conjuntura. Clinebell exemplifica
algumas causas que poderão criar o ponto de uma crise: “casais cujo primeiro filho acaba de nascer,
casais cujos filhos já saíram de casa e pessoas que se aposentaram recentemente. (CLINEBELL, 1987, p.
202).
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O termo HOLÍSTICO é usado por CLINEBELL no sentido de integral, no seu todo.
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Entende-se por bloqueio emocional como sendo “uma barreira psicológica que colocamos para
nós mesmos e que nos impede de perceber com clareza alguns aspectos da vida.” Disponível em:
http://psico.online/blog/bloqueio-emocional-o-que-e-isso/. Acessado em 24/09/2017.
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INSIGHT – “Compreensão profunda dos seus sentimentos e seus relacionamentos, libertando-os
da dominação que experiências passadas exercem no presente”. Surge dentro de um relacionamento de
confiança e empatia em que a pessoa em dificuldade sente-se segura o suficiente para conscientizar-se
desses dolorosos resíduos do passado e explorá-los. Ao elaborarem a níveis cada vez mais profundos
essas forças interiores construtoras de vida, as pessoas reduzem gradativamente bloqueios interiores de
vitalidade e auto aceitação. Elas lidam com os sentimentos obsoletos e impróprios e resolvem conflitos
interiores do passado que bloqueiam o crescimento. (CLINEBELL, 1987, p. 368, 370).
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Collins diz: “Não devemos lidar somente com a parte espiritual e esquecer-nos
das necessidades psicológicas ou físicas; todas elas fazem companhia entre si, e o
ajudador que se esquece disto faz um desserviço ao seu auxiliado e ao seu Senhor”
(COLLINS, 2002, p. 49). Da mesma maneira, o autor ainda afirma:
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O livro de provérbios 18.19 diz que o irmão ofendido resiste mais que uma fortaleza; suas
contendas são ferrolhos (empecilhos para uma relação amigável) de um castelo. BÍBLIA. Português.
Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2. Ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
Edição revista e atualizada no Brasil.
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A base para saber lidar com os fracassos e frustações, começa na infância. Ela
pode ser moldada, aprendida, exercitada. Assim, é necessário saber que muitas
depressões manifestadas em adultos têm as suas raízes encravadas em experiências e
traumas do passado, da infância tais como: experiência, de perdas, desamparos, traumas,
abandonos, separações, violações. Diante disto, Titus enfatiza: “O fracasso da
paternidade é um motivo crucial para a desintegração das famílias, o crescimento das
pragas sociais, o desrespeito à autoridade e todos os males que assolam a sociedade
como um todo” (TITUS, 2011, p. 62).
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Conforme expressa Friesen, a palavra assistir recebe aspas, provavelmente, para chamar atenção do
leitor, em relação à presença, ao auxílio, à ajuda e ao favor dado pelo/a conselheiro/a ao aconselhando/a,
de acordo com a sua própria explicação dada em seu livro. (FRIESEN, 2012, p. 19ss).
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Empatia – essa palavra tem sua origem no grego e quer dizer “sofrimento com”. É a
sensibilidade do terapeuta para com os sentimentos existentes, e é também a facilidade para comunicar
esses sentimentos ao aconselhando de maneira reflexiva, verbal e analógica. E essa devolução dos
sentimentos percebidos é sintonizada com os sentimentos atuais do aconselhando. Empatia no fundo é
amor “ágape”. (FRIESEN, 2012, p. 96).
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Portanto, para uma ajuda eficaz, é saudável obter uma percepção de aprendizado
contínuo, visto que há uma infinidade de personalidades nos seres humanos, ou seja,
cada pessoa é única, e se manifesta de forma particular a cada conjuntura. É necessário
encontrar-se pessoalmente com os indivíduos e suas feridas.
Nesse entendimento, Clinebell nos ensina que o ministério pastoral precisa “[...]
empregar dimensões diferentes de sua personalidade multifacetada, em resposta às
necessidades variáveis de aconselhandas12 diferentes” (CLINEBELL, 1987, p. 18).
Podemos lembrar-nos de alguns exemplos citados por Friesen, a cada situação13 “abuso
sexual, medos e fobias que não possuem causas racionais e evidentes, um sonho que
angustia14, uma depressão que se instalou, tentações sexuais difíceis de vencer, [...]
violência familiar, dificuldades na educação dos filhos [...] e muitos outros” (FRIESEN,
2012, p. 46-47).
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Explicação importante de Clinebell a respeito do seu livro que inclui o detalhe da expressão
“aconselhanda”: “Para corresponder à intenção do autor, que utiliza uma linguagem inclusiva (isto é, que
inclui ambos os sexos empregando sempre as formas masculina e feminina “he or she”, ao referir-se ao
pastor ou à pastora, p. ex.), e, ao mesmo tempo, para simplificar o texto em português, resolvemos utilizar
as formas masculina e feminina alternadamente ao longo do texto (com algumas exceções). Isto significa
que, em um ou mais blocos ou seções, é empregado apenas o feminino ou o masculino (pastora ou pastor,
p. ex.) para referir-se tanto a mulheres quanto a homens. Exceções constituem as passagens em que o
autor se refere somente a homens ou somente a mulheres. Estes casos estão assinalados explicitamente ou
são evidentes a partir do contexto imediato. Em outros casos, utilizamos, para maior clareza, ambas as
formas”. (CLINEBELL, 1987, p. 11).
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Clinebell traz também algumas situações vividas por muitos que bloquearam o crescimento em
direção à integralidade. (CLINEBELL, 1987, p. 29).
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Devemos lembrar que há dois tipos de angústia: real e neurótica. Enquanto a real é desencadeada por
um conflito real e representa um sinal adequado à situação para um acontecimento a ser esperado de fato,
a angústia neurótica emerge de um conflito neurótico de um modo totalmente inadequado à situação do
momento e leva de roldão o ego da pessoa em questão. (RAUCHFLEISCH, 2014, p. 69).
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Para o/a pastor/a cria-se uma segurança, na medida em que a Bíblia Sagrada
torna-se seu principal fundamento. Para o/a aconselhando/a as Escrituras Sagradas
podem potencializar as forças dos enfraquecidos e redimensioná-los a uma nova
perspectiva de visão. Titus desperta sobre os cuidados sancionados por Deus, através de
uma nova identidade16, relatando que “compreender como Deus vê você e como
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Bootz alerta sobre a importância da aplicação dos recursos espirituais, os quais justificam a prática do
aconselhamento pastoral, dentro dessa visão cristã. “A inclusão de outros recursos é positiva e auxilia a
prática do aconselhamento pastoral, na medida em que os recursos espirituais, essenciais ao Evangelho,
não se tornam escamoteados”. (BOOTZ, 2003, p. 312ss).
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Seria importante concordarmos com o autor, quando ele diz: “você deve concordar com o Senhor
e saber o quanto é especial. Na verdade, o Pai projetou sua vida antes da fundação do mundo”.
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valoriza é a chave para mudar a maneira como você se vê e se avalia” (TITUS, 2011, p.
13).
Poderíamos, então, compreender uma nova identidade espiritual e enxergar como Deus acolhe e se
importa com o ser – humano. Essa visão colaboraria com a prática da sessão de aconselhamento. (TITUS,
2010, p. 10ss).
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Dentro desse assunto há um livro bastante promissor que discorre sobre toque significativo.
TRENT, John; SMALLEY, Gary. A bênção: O poder das palavras abençoadoras na família. Rio de
Janeiro: Central Gospel, 2013. O livro proporciona conselhos sólidos e práticos, bem como uma nova
perspectiva sobre como transformar esse ato, em uma parte maior de nossa família. A bênção expressa,
poderosamente, esses elementos baseado na Bíblia como algo necessário à preparação de crianças para
relacionamentos positivos no futuro, inclusive no relacionamento delas com um Deus amoroso. E se
perdermos, contudo, a chance de ganhar a bênção em nossa vida? O livro traz esperança para reverter às
circunstâncias e ajudar os leitores a encontrarem a bênção mesmo em situações de divórcio, morte,
abandono, adoção e família com filhos de outros casamentos.
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Bootz enfatiza dois tipos de oração: a oração meditativa e a contemplativa. O diferencial está na
maneira de nutrir esta harmonia com o Espírito Santo; na oração meditativa, a sintonia é mediada por
objetos, exigindo certo uso da mente racional. Na oração contemplativa não há intermediários. (BOOTZ,
2003, p. 160). Clinebell pontua: “oração e meditação são disciplinas devocionais complementares que
podem enriquecer-se mutuamente. É claro que há muitas formas de oração”. (CLINEBELL, 1987, p.
123).
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Como podemos entender, “A oração é a ligação direta com Deus, aquele que
conhece o mais profundo da existência do aconselhando. E é a Ele que se deve recorrer
diante de qualquer problema e opressão” (FRIESEN, 2012, p. 157). Um recurso
indispensável e uma das características imprescindíveis dentro de uma sessão de
aconselhamento, principalmente nos momentos de dificuldade.
Considerações finais
Esse artigo possibilitou a reflexão do aconselhamento pastoral através de uma
perspectiva holística. Nessa visão, pode-se direcionar os cuidados pastorais por meio
desse viés, porque as dimensões dos seres humanos estão inter-relacionadas. Um
cuidado holístico que possibilite um amadurecimento, dentro da comunidade de fé.
COLLINS, Gary R. Ajudando uns aos outros pelo aconselhamento. São Paulo:
Edições Vida Nova, 2002.
BOOTZ, Everton Ricardo; HOCH, Lothar Carlos (Orient.). “Consultei a Deus, ele me
respondeu, e me livrou de todos os temores”: O uso de recursos espirituais no
aconselhamento pastoral. 2003. Dissertação (Doutorado em Teologia) – Escola Superior
de Teologia, São Leopoldo (texto eletrônico). Disponível em: <http:
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//www3.est.edu.br/biblioteca/btd/Textos/Doutor/bootz_er_td34>. Acesso em 10 de
setembro 2017.