Você está na página 1de 24

9

TIPOS DE TESTES

1 - INTRODUÇÃO

Mediante a introdução da história da psicologia, sabe-se que, no Brasil, a


profissão teve seu exercício regulamentado em 1962 e a psicometria, apenas no fim dos
anos 80.
A avaliação psicológica tem um limite do que se pode prever, mas, mesmo
assim, continua sendo o método mais eficiente. Como descrito na cartilha de avaliação
psicológica disponibilizada pelo CFP (2013), “com os testes, pode-se ter amplo
processo de investigação, no qual se conhece o avaliado e a sua demanda, com o intuito
de programar a tomada de decisão mais apropriada para a situação”. Para Cronbach
(apud PASQUALI, 2001), um teste é um procedimento sistemático para observar o
comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas.
O processo consiste numa coleta de informações a partir dos resultados gerados
durante o processo. Segundo o artigo 4º da RESOLUÇÃO Nº 9, DE 25 DE ABRIL DE
2018, os testes têm como objetivo identificar, descrever e qualificar características
psicológicas por meio desses processos de observação e descrição do comportamento.
Desse modo, serão expostas as características de cada tipo de teste psicológico,
sua função e o que propõe analisar. Posteriormente, serão apresentados os seguintes
testes: MBTI (Myers Briggs Types Indicator), Escala de Stress Infantil-ESI e C.A.T.-A
Teste de Apercepção Infantil.
A apresentação do teste não tem como intuito o ensinamento de como a
ferramenta deve ser aplicada, mas sim um breve relato de sua contextualização histórica
e de seu conteúdo, bem como a forma e o que ele se propõe a analisar.

2 - OS TIPOS DE TESTES

Há um grande construto de tipos de testes a serem aplicados que estão


disponíveis como ferramentas completares para o trabalho do psicólogo.
10

Os testes psicométricos, também conhecidos como objetivos, se baseiam na


teoria da medida, através de uma análise numérica que irá analisar um comportamento e
as aptidões do indivíduo.
Já os testes impressionistas, além da utilização da análise numérica, usam da
descrição linguística e de respostas livres, sendo o julgamento dos resultados
dependentes da interpretação do avaliador.
Os testes psicotécnicos são geralmente mais utilizados para técnicas
admissionais e como parte de um processo para a habilitação da carteira de motorista.
Esse tipo de teste tem como finalidade observar os níveis de atenção e memória e se há
problemas psicológicos, transtornos de personalidade ou desvios de comportamento que
possam interferir na realização das atividades propostas.
Os testes projetivos se baseiam na hipótese projetiva. Os seus resultados
dependem dos aspectos da personalidade do indivíduo, que se apresentará através da
análise de fatores ambíguos, sendo verificado através de comportamentos espontâneos.
“Por sua vez, o teste projetivo é um tipo de teste livre onde o testando irá ter um
estímulo seja uma imagem, uma frase, algo que faça com que o testando crie uma
resposta consciente ou inconsciente para o estímulo dado. Essa resposta será
interpretada pelo psicólogo, mas este terá que seguir regras estabelecidas em manuais
para a correção dos testes projetivos”. (COUTINHO et al, 2013)
Os testes não projetivos avaliam comportamentos ou sintomas mais específicos.

Dentro das categorias desses testes, existem as suas subcategorias, que são
divididas em:

2.1 Aprendizagem

A escolha do teste deve partir de uma anamnese do contexto social, familiar e


econômico da criança ou do adolescente. Pode ser utilizados tanto nos estágios iniciais
quanto nos finais. São avaliados os mais variados contextos como atrasos temporais,
causalidade relacional e até situação socioeconômica afetiva. Conta com testes para
capacidade intelectual, como os de inteligência geral, Q.I, numérica, verbal, espacial,
provas educacionais, disfunções cerebrais neurológicas, psicomotricidade, etc.
11

2.2 Condutas sociais desviantes

Este tipo de teste analisa os diferentes contextos de socialização e convivência


do avaliado, sendo um processo complexo e dinâmico. Conta com as etapas de
observação, entrevistas e questionários e pode ser considerada uma rica maneira de
extração de informações sobre as circunstâncias a serem analisadas.

2.3 Desenvolvimento

Esses testes específicos visam o desenvolvimento cognitivo de crianças de 5 a


12 anos, com o teste de desenho da figura humana, Avaliação do desenvolvimento
cognitivo infantil (DFH IV) e o Teste de desenvolvimento do raciocínio indutivo
(TDRI) para crianças e adultos entre 5 e 86 anos, que avalia o desenvolvimento e
inteligência.

2.4 Habilidades/ competências

Tem como objetivo mensurar e identificar as habilidades para o processo de


seleção ocupacional, analisando as aptidões, competências e desempenho. São
utilizados para avaliar algumas áreas como: habilidades sociais gerais, habilidades
sociais e os problemas de comportamento e habilidades sociais para crianças nos
estágios escolares.

2.5 Inteligência

Tem como ideal medir os coeficientes intelectuais. São alguns deles: Escala de
Inteligência Wechsler, disponíveis para crianças e adultos, teste de inteligência (TI) e G-
36 teste não verbal de inteligência.

2.6 Interesses/motivações/necessidades/expectativas

Esses tipos de teste têm como objetivo avaliar os interesses pessoais,


profissionais e emoções frutos de motivações, necessidades e expectativas. São eles:
12

avaliação dos Interesses Profissionais (AIP), Escala de avaliação da motivação para


aprender de alunos do ensino fundamental (EMA-EF).

2.7 Personalidade

Estes tem como finalidade a avaliação do indivíduo através da análise de suas


respostas contextuais, ou seja, seus níveis de atenção, desempenho, motivação,
persistência, autonomia, riscos e várias outras características que podem ser
investigadas. Pode ter como finalidade também a relação diagnóstica de processos
mentais e neurológicos, possibilitando estabelecer capacidades e limitações do
indivíduo.
Entre eles estão os mais conhecidos: o MBTI (Myers Briggs Types Indicator), O
Teste Palográfico na Avaliação da Personalidade e o HTP Casa- Árvore-Pessoa-
Técnica projetiva de desenho.

2.8 Processos afetivos/emocionais

Tem como intuito avaliar os desejos, concentração, interesses e motivações para


verificar se há a existência de algum fator patológico afetando tais processos. São eles:
Escala Baptista de Depressão - versão Infanto-Juvenil (EBADEP-IJ) e Teste de Zulliger
no sistema Escola de Paris: forma individual

2.9 Processos neuropsicológicos

Consiste na avaliação do desempenho das funções cognitivas, espaciais e


emocionais, da memória, linguagem e raciocínio. São alguns deles: Escala de
Maturidade Mental Colúmbia Edição Brasileira Revisada (CMMS), Teste Wisconsin de
Classificação de Cartas (WCST).

2.10 Processos perceptivos/cognitivos

Esses testes permitem interpretar o processo de aquisição de conhecimento,


memória, linguagem e processamento de informações ambientais, tais como estímulos
sonoros, olfativos e visuais. São alguns deles: Teste de Atenção Visual - TAVIS 4
13

(TAVIS 4), Teste de Zulliger no sistema Escola de Paris: forma individual e Teste
Infantil de Memória - Forma Reduzida (TIME-R).

2.11 Saúde mental e psicopatologia

Estes têm como objetivo o diagnóstico de problemas psiquiátricos, que auxilia


no diagnóstico e intervenção eficiente para o quadro clínico do paciente. São eles:
Escala Baptista de Depressão - versão Infanto-Juvenil (EBADEP-IJ), Escala Hare (PCL
- R ), Teste de Zulliger no sistema Escola de Paris: forma individual.

2.12 Técnicas projetivas

Esse tipo de teste trabalha com hipóteses projetivas, que são realizadas através
dos estímulos, atitudes e comportamentos gerados mediante uma situação. Estas podem
acessar os estados inconscientes, deixando vir à tona por meio da projeção as
fundamentais razões para a execução de tal resposta.
14

3 - Teste MBTI (Myers Briggs Types Indicator)

3.1 História

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e fundador da escola de Psicologia Analítica,


é um dos autores que mais estudou a personalidade humana. Em 1921, é publicado por
Jung o livro “Tipos Psicológicos”, que contém, em sua teoria, mais de 20 anos de
observação de pacientes de área clínica e psiquiátrica.
Tendo como referência a teoria dos tipos psicológicos de Jung, Isabel Briggs
Myers (1897-1980) e sua mãe, Kathrine Briggs (1875-1968), desenvolveram o teste
MBTI (Myers Briggs Types Indicator). Um dos principais motivos que fizeram com que
elas desenvolvessem o teste foi o grande desperdício de potencial humano no período da
segunda grande guerra. Dessa forma, o desenvolvimento inicial do projeto foi servir
como ferramenta para alocar trabalhadores em suas respectivas áreas de maior
desenvoltura. Em conjunto, o ponto crucial do desenvolvimento do MBTI se dá, então,
no intuito de beneficiar os indivíduos com o conhecimento de seus próprios tipos
psicológicos. Assim, terá um foco maior para áreas que o potencial individual será bem
aproveitado, proporcionando inúmeras vantagens tanto para a pessoa em seus
relacionamentos diários quanto para a atividade a ser realizada no mercado de trabalho.
Dessa forma, o MBTI pode ser utilizado para: autodesenvolvimento,
aconselhamento acadêmico, desenvolvimento organizacional, formação de equipes, etc.
A ideia central é a existência de oito maneiras diferentes de usar a mente, cada
qual com sua respectiva função, sendo as oito possíveis a todos os indivíduos; a
preferência de utilização está sob influência de herança genética, familiar e as próprias
experiências individuais. Contém então 16 tipos de personalidades, sendo oito
extrovertidas e oito introvertidas. Cada tipo de personalidade é definida minuciosamente
em classificações intuitivas ou sensoriais, emotivas ou racionais e julgadoras ou
perceptivas, em um contexto introvertido ou extrovertido, com compensação entre cada
atitude da tipologia.
Atitudes ou disposições representam a disposição da psique de agir ou reagir em
determinada direção. Como por exemplo, atitudes de introversão e extroversão.
Desastre as funções cognitivas são modos de processamento de informações que se
adequam ao indivíduo conforme seu estilo de vida e adaptação ao ambiente.
15

3.2 Atitude de Introversão e Extroversão

“A extroversão e a introversão são duas atitudes naturais, antagônicas entre si,


ou movimentos dirigidos, que já foram definidos por Goethe como diástole e sístole.
Em sucessão harmônica, deveriam formar o ritmo da vida. Alcançar esse ritmo
harmônico supõe uma suprema arte de viver.” Jung (1971:b51)

3.2.1 Introversão (I)

A atitude de introversão envolve uma preferência pelo mundo interior do


indivíduo. Este está o tempo inteiro analisando, abstraindo e calculando; o que, como e
porquê agir.
Introvertidos costumam ser:
Focados para o interior.
Preferir ambientes calmos.
Sentem-se confortáveis sozinhos.
Muita reflexão, pouca ação.

3.2.2 Extroversão (E)

Trata-se de uma atitude voltada para o mundo exterior, o foco é dado ao objeto,
pessoas e fatos que são observáveis. Algumas características a serem consideradas são:
Preferência por se comunicar verbalmente.
Focado para o exterior.
Age e depois pensa.
Sociáveis e expressivos.
Fácil adaptação ao ambiente.

Todavia, como fora citado o movimento de diástole e sístole, encontramos esta


compensação em um introvertido que, quando cercado de pessoas e objetos conhecidos
e familiares, age de forma extrovertida. O mesmo com um extrovertido que se vê
afastado de pessoas, objetos e só consigo mesmo, com tempo suficiente, agirá como um
introvertido.
16

3.3 Pensamento e Sentimento

Pensamento e sentimento são considerados funções racionais, ou seja, funções


que trabalham a partir de normas conscientes. Pensamento e sentimento não devem ser
confundidos com emoções ou inteligência, são apenas formas de lidar com o ambiente e
seus diversos aspectos.
Em casos que o valor sentimental se sobrepõe a lógica do pensamento, o valor
de uma relação não permite uma abordagem pela perspectiva do pensamento crítico a
cerca da situação. Esta lidaria de maneira objetiva, associando eventos passados e
futuros para chegar a uma conclusão. O inverso se dá em uma análise racional
extremamente crítica, que não permite a correlação de fatores que abarcam o
Sentimento, pessoas com críticas que contém poucos valores humanos ou extremamente
egocêntricos são muitas vezes consideradas “frias”.

3.3.1 Pensamento (T)

A função pensamento vê a realidade de uma maneira mais lógica. Frente à


situação de decisão, tende a ser mais justa e racional, avaliando a situação de maneira
imparcial. Pensamento é dirigido, subjugado pela vontade, racional. Pessoas que
utilizam o pensamento geralmente são:
Racionais na hora de tomada de decisão.
Críticos e objetivos.
Buscam explicações lógicas sobrepondo estas a fatores sociais e emocionais.

3.3.2 Sentimento (F)

Sentimento é utilizado de forma ampla para tomada de decisões e dentro desta


perspectiva consideram o sentimento como forma de atribuir valor em um sentido de
aceitação ou não aceitação das diversas manifestações do ambiente. Se estiver
emocionalmente envolvida com uma das partes, deixar-se-á levar muito mais pela
emoção do que pelos dados concretos. Pessoas que utilizam a função sentimento
costumam:
Colocar-se no lugar no outro na hora de tomar decisões.
Tendem a escolher valores e perspectivas humanas.
17

Não realizam análises lógicas de fatos.

3.4 Intuição e Sensação

A intuição e sensação são funções irracionais, perceptivas, são o acontecer em si,


não seguem nenhuma regra da razão. Uma forma de obtenção de informações que pode
ser direcionada a um dado inconsciente, que surge de forma espontânea e pronta
(Intuição), ou a obtenção a partir da abstração de conteúdo utilizando os cinco sentidos,
focalizando no real, visível no aqui e agora (Sensação).

3.4.1 Intuição (N)

Intuição aparece via inconsciente. Sendo uma função perceptiva e irracional. A


intuição não é um sentimento, pensamento ou uma sensação, mas pode se apresentar em
algum desses aspectos. Por meio da intuição, tem-se uma percepção que surge pronta,
sem um caráter de produção. A utilização da intuição pode caracterizar pessoas que:
Trabalham com ideias abstratas e teorias.
Atentam-se ao todo.
Idealista e visionário.
Pessoas muito criativas, mas com dificuldade de por em prática.

3.4.2 Sensação (S)

Caracteriza-se essencialmente pela informação recebida dos cinco sentidos. São


voltadas para o aqui e agora, real e concreto. As pessoas que têm uma predominância
maior para a função sensação tendem a ser:
Prática e realista.
Focada no presente.
Valorizam a estabilidade.
Tem uma forte relação com o corpo e os sentidos.
18

3.5 Julgamento e Percepção

A forma como o indivíduo orienta-se em relação ao mundo exterior pode se


caracterizar dentro de um aspecto que se encaixa mais em Julgamento (J) ou Percepção
(J), tendo um sentido que se relaciona a maneira como o ser atua frente às experiências
presentes e futuras.

3.5.1 Julgamento(J)

Julgamento corresponde a um estilo de vida estruturado e organizado. Vivendo


de maneira planejada e tentando estabelecer um controle de situações a curto e longo
prazo. Algumas características de pessoas que utilizando julgamento são:
Decisivos;
Sistemáticos;

3.5.2 Percepção(P)

Percepção delimita características de amplitude e receptividade para novas


informações e acontecimentos. Estando aberto a novas experiências e vivendo de
maneira flexível, sem buscar o controle metódico das coisas ao seu redor. Algumas
características de pessoas que utilizam a percepção são:
Dificuldades em lidar com cronogramas e planejamentos.
Flexíveis e adaptáveis.

3.6 Funções Cognitivas nos Tipos Psicológicos


Cada tipo psicológico possui quatro funções cognitivas (por exemplo, INTJ)
separadas e definidas especificamente para determinado tipo.
Todavia, existem oito funções no total, sendo quatro extrovertidas; Ne e Se
como perceptivas e Fe e Te, julgadoras. As outras quatro são funções introvertidas; Ni e
Si como perceptivas e Fi e Ti como julgadoras. Ressaltando que a função perceptiva é
focada em receber informações (Ne, Se ou Ni e Si) e a função julgadora é direcionando
para chegar a conclusões (Fe e Te ou Fi e Ti).
Assim, como citado anteriormente, todos possuem estas funções, o que
determina o tipo específico é a ordem e aplicação da utilização dessas funções.
19

A primeira função ou função dominante é a que caracteriza o tipo do indivíduo.


Esta função é a mais utilizada diariamente, de forma que se caracteriza por ser a mais
desenvolvida. Com o uso preferencial por esta função, ela torna-se um impulso natural
para a adaptação ao meio, à forma com que o ser lida com os aspectos ambientais.
Segundo Marie Louise Von Franz, a função dominante é observável desde o
início da infância:

“Por volta da idade do Jardim da Infância, já podemos detectar o


desenvolvimento da função principal, através da preferência por alguma
ocupação ou pela forma de relacionamento da criança com os seus colegas. A
unilateralidade vai aumentando com o desenvolvimento cronológico e o
meio, por sua vez, colaborando para reforçá-lo, verificando portando, o
aumento do desenvolvimento da função superior e a lenta degeneração da
inferior.” (Von Franz apud Elvina Lessa (1990:36))

A segunda função funciona como equilíbrio para a função dominante, auxiliando


de maneira que funcione como contra balanceamento da função dominante, fazendo
com que introvertidos ou extrovertidos se adaptem ao ambiente através da função
secundária. Por exemplo, um INTJ que possui função dominante intuição introvertida e
tem como função secundária pensamento extrovertido.
Função terciária é oposta à função secundária na forma em que o indivíduo se
orienta no mundo exterior (julgamento x percepção) e na atitude (introversão ou
extroversão). É uma das funções menos desenvolvidas que atua como balanço de
excessos e fraquezas das características.
A função inferior é a menos desenvolvida. Dessa forma, ela se contrapõe à
função dominante. Como por exemplo, um indivíduo com sensação dominante, este terá
intuição como função inferior. Sendo, então, a função menos desenvolvida nos
parâmetros da personalidade. A função inferior, segundo Marie Louise Von Franz:

“a função inferior representa a parte desprezada da personalidade –


ridícula, lenta e inadaptada – que constrói a conexão com o inconsciente e
que retém, portando, a chave secreta da totalidade inconsciente. Enfim, ela é
a ponte para o inconsciente e sempre dirigida para o mundo simbólico... a
função inferior faz a ponte para o inconsciente.” (Von Franz apud Elvina
Lessa (1990:19))
20

Determinados acontecimentos positivos ou negativos podem trazer a função


inferior à tona. Isso explica casos em que uma pessoa com alto desenvolvimento Ni e
Te pode, em determinadas situações, exasperar características Se (sentimento
extrovertido) de forma descontrolada.

3.7 Demonstração das características do tipo psicológico INTJ:

INTJ – Intuição introvertida com pensamento extrovertido


Funções: (Ni-Te-Fi-Se) Intuição introvertida, Pensamento extrovertido,
Sentimento introvertido e Sensação extrovertida.
A função sentimento introvertido é diretamente oposta a função secundária
pensamento extrovertido. Tem como papel auxiliar função dominante. Logo, a função
dominante sendo intuição introvertida, seu oposto que foi subjugado para que houvesse
uma dominante, é a sensação extrovertida diretamente oposta à intuição introvertida.
I – Introversão (I): Muito ligado a seu mundo interior.
Intuição (N): Obtém informações sobre o “todo” e relaciona os fatos entre si.
Pensamento (T): Prefere usar o pensamento para tomar decisões.
Julgamento (J): Lida com o ambiente de forma metódica, buscando controle de
situações.
21

3.8 Conclusão MBTI

Tratando-se de um teste psicológico, ressalta-se sua utilização como ferramenta


e complemento de avaliação. Há de se considerar testes online como pouco confiáveis
pelo método avaliativo pouco preciso e as inúmeras variáveis que podem surgir.
Destarte o conhecimento estudado da Psicologia Analítica aplicado à formação do teste
MBTI, que contribui significativamente para o conhecimento de características
individuais, pontos forte de desempenho individual e o conhecimento das funções
pouco desenvolvidas. Estas acabam manifestando-se em discussões e desentendimentos,
muitas vezes de forma inconsciente, sendo um aspecto da personalidade que não se
desenvolveu plenamente. A compensação desta função se dá através do cotidiano de
cada indivíduo, sendo projetado na busca por um parceiro com características
complementares ou no ódio generalizado a determinadas características.
A facilidade de acesso a um teste semelhante pela plataforma digital exige
ressalvas importantes para que não se considere com mesmo peso a avaliação realizada
de forma individual, pela internet, e a aplicação do teste em clínica psicológica, sendo
utilizado como forma de complemento à prática clínica, não apenas como rotulação com
informações que podem ser de pouco valor ou então carregadas de aspectos não
condizentes com a realidade.
22

4 - Escala de Stress Infantil-ESI

O stress infantil assemelha-se ao stress do adulto em diversos aspectos. Mudanças


decorrentes da própria fase de desenvolvimento, alterações físicas, psicológicas e
acontecimentos ambientais marcantes estão estritamente ligados ao desenvolvimento do
stress infantil (Lipp e Romano 1987).
Dessa forma, Lipp et al. (2002, p. 52) expõe alguns dos principais sintomas do
stress:

Os sintomas de estresse mais prevalentes em crianças são: aparecimento


súbito de comportamentos agressivos que não são representativos do
comportamento da criança no geral; desobediência inusitada; dificuldade de
concentração, depressão, ansiedade, enurese, gagueira, dificuldades de
relacionamento, dificuldades escolares, pesadelos, insônia, birras e até o uso
indevido de tóxicos. Dentre os problemas físicos relacionados ao estresse,
encontra-se: asma, bronquite, hiperatividade motora, doenças dermatológicas,
úlceras, obesidade, cáries, cefaleia, dores abdominais,
diarreia, tiques nervosos, entre outros.

O surgimento do stress pode colocar a criança em situações desconfortáveis para


o qual a mesma não sabe como reagir de maneira adequada. Por conseguinte, sem um
repertório verbal desenvolvido para a situação de stress, a criança toma atitudes
constantes de fuga ou esquiva, atuando de forma passiva ou agressiva, dependendo de
qual resposta foi instaurada como reforçador para determinado estímulo aversivo
(stress). A atitude de esquiva, segundo Whaley e Malott (1981), é uma circunstância na
qual o organismo sai de uma situação antes que ela ocorra. Posteriormente, Whaley e
Malott (1981) expõem que o comportamento de fuga ocorre quando o estímulo aversivo
já está presente no ambiente, sendo como resultado do comportamento de fuga a
diminuição dos reforçadores que provocam este comportamento.
A preocupação com o stress ainda na infância pode evitar casos mais severos de
depressão e doenças crônicas que, com o passar dos anos, se instaurarão no indivíduo
em conjunto de um repertório comportamental, que torna estressante o convívio com
determinados estímulos e, consequentemente, é generalizado de forma que reduz os
reforços “naturais” do convívio em sociedade.
23

A Escala de Stress Infantil –ESI tem como função o cálculo médio de stress com
base em uma vasta pesquisa com grupos experimentais que trouxeram um coeficiente
alpha de 0,90, uma alta precisão de atributos similares que podem ser encontrados em
crianças de 6 a 14 anos (Lipp e Lucarelli 1998).
Para que se obtenham os dados necessários da avaliação do stress, há dentro das
35 questões quatro fatores a serem considerados, estando estes atrelados com o tipo de
questão que deverá ser respondida utilizando o método Likert, onde há um total de 5
pontos. Sendo, então, o círculo dividido em quatro partes, conforme a frequência com
que determinado comportamento ocorre, a criança deverá colorir cada parte
respectivamente, e deixando em branco caso não ocorra nenhuma vez.

Os quatro fatores e suas exemplificações de questões:

4.1 Reações físicas;

Demora para conseguir usar o banheiro.


Tem diarreia.
Quando fica nervoso, fica com vontade de vomitar.
Pernas e braços doem.

4.2 Reações Psicológicas;

Sente-se assustado na hora de dormir.


Fica preocupado com coisas ruins que podem acontecer.
Fica nervoso com tudo.
Sente-se triste.

4.3 Reações Psicológicas com componente depressivo;

Sente que tem pouca energia para fazer as coisas.


De repente, passa a não gostar mais de estudar.
Pensa que é feio, ruim, que não consegue aprender as coisas.
Briga com a família em casa.
24

4.4 Reações Psicofisiologicas;

Está o tempo todo se mexendo e fazendo coisas diferentes.


Tem dificuldades de prestar atenção
Tem ficado tímido, envergonhado.
Tem dificuldade para respirar.

Dessa forma, segundo o Manual de Escala de Stress Infantil – ESI, a apuração se dá


através de quatro aspectos:

1- Aparecem círculos completamente cheios (pintados) em sete ou mais itens da


escala total, ou
2- A nota igual ou maior que 27 pontos for obtida em qualquer dos três fatores a
seguir: reações físicas (itens 2, 6, 12, 15, 17, 19, 21, 24 e 34); reações psicológicas
(itens 4, 5, 7, 8, 10, 11, 26, 30 e 31); e reações psicológicas com comportamento
depressivo (itens 13, 14, 20, 22, 25, 28, 29, 32 e 35), ou
3- A nota igual ou maior que 24 pontos for obtida no fator reações
psicofisiológicas (itens 1, 3, 9, 16, 18, 23, 27 e 33), ou
4- A nota total da escala é maior do que 105 pontos.

4.5 - Conclusão Escala de Stress Infantil – ESI


Destaca-se ainda que nenhum dos sintomas analisados de forma isolada pode ser
único fundamento para um diagnóstico da criança. Para a realização do diagnóstico,
torna-se necessário a verificação do quadro como um todo, sem tomar decisões de
enquadramento de sintomas apenas para diagnóstico clínico. Um conglomerado de
respostas estritamente direcionado a um campo específico deve ser apurado em clínica
como indicador de vulnerabilidade não estritamente ligada ao stress, mas a outro tipo de
patologia ou distúrbio.
Dessa forma, é importante considerar o stress em pelo menos dois fatores da
escala, tais são eles: físico e psicológico. Se os sintomas pertencerem a apenas um
desses aspectos, prioriza-se uma avaliação direcionada para um possível diagnóstico de
patologia orgânica ou distúrbio psicológico. Tratando-se de sintomas de ordem física,
ressaltam-se possíveis causas como úlcera, que podem desencadear as queixas
apontadas pela criança.
25

5. Teste de apercepção infantil C.A.T.-A

O C.A.T.-A, Teste de Apercepção Infantil, é um instrumento utilizado para


diagnóstico psicológico. Criado no ano 1949, por Leopold Bellak e Sonya Sorel Bellak,
este teste foi desenvolvido para crianças entre três anos e dez anos, de ambos os sexos.
A partir dele são avaliados os desenvolvimentos cognitivos e sua dinâmica de relações
interpessoais, natureza, força dos impulsos e tendências, assim como as defesas
organizadas contra eles.
Objetivo do CAT-A é eliciar a projeção de conteúdo que proponha a
investigação da dinâmica da personalidade da criança em sua singularidade, de modo a
compreender o seu mundo e sua estrutura afetiva.
Através do método projetivo, é possível analisar reações e resultados
provocados por conflitos internos e externos. As ferramentas são compostas por um
livro de instruções, um bloco sendo ele para avaliações, dez cartões de aplicações para a
criança e sendo estes as ilustrações de animais em situações cotidianamente humanas e
não humanas. A partir da apresentação das imagens a criança deverá contar uma história
de forma livre, envolvendo diversos aspectos que serão interpretados posteriormente.

5.1 História do teste C.A.T.-A

O Teste de Apercepção Infantil (C.A.T.-A) baseia-se em protocolos de


aproximadamente 200 crianças entre 3 e 10 anos. O teste conta com amostragem
pequena por se tratar de um teste projetivo, não necessitando de uma validação com
ampla amostragem, pelo fato de que as operações utilizadas não são tão rígidas quanto
um teste intelectual poderia exigir.
A técnica projetiva utiliza-se da aceitação da hipótese básica do fenômeno
projetivo individual. Dessa forma, colocado “moldes” coletivos que representam
situações gerais, mas que com a projeção, tornam-se únicas no aspecto da própria
individualidade do sujeito. Tornando possível o trabalho com queixas que
possivelmente seriam demandas clínicas ou projeções que levariam a uma sequência de
conflitos internos.
Dessa forma, C.A.T.-A compreende-se por um teste projetivo para crianças de 3
a 10 anos e atua como uma ponte para possíveis demandas de conteúdos internos que
afetam a criança.
26

Segundo Leopold Bellak:

Desde sua criação, o CAT-A é um instrumento bastante utilizado em


avaliações psicológicas, principalmente na clínica com crianças. Tendo como
fundamento a teoria psicanalítica, vem sendo geralmente analisado com base
nesses pressupostos teóricos sem que, durante muito tempo, houvesse
interesse específico na comprovação da validade das interpretações atribuídas
ao material fornecido pela criança. Tal realidade se refletiu num investimento
restrito em pesquisas de validação, além dos primeiros estudos realizados por
L. Bellak e S. S. Bellak (1949/1991).

O Teste de Apercepção Infantil é intrinsicamente ligado ao teste Apercepção


Temática-TAT, de Henry Murray. Através deste foi oficialmente criado o teste CAT-A.
Apercepção Temática-TAT é focado na avaliação de processos psicológicos de
indivíduos adultos. O teste T.A.T. possui dez cartões, sendo eles imagens de indivíduos
do sexo masculino e feminino. Todavia, tornou-se claro que as imagens apresentadas no
T.A. T eram impróprias para serem apresentadas para crianças. Dessa forma,
procedendo do mesmo princípio do T.A.T., elaboraram-se imagens com uma temática
voltada crianças, partindo do pressuposto de que elas se identificariam facilmente com
figuras de animais.
A imagem a seguir apresenta lhe um dos cartões do teste TAT:
27

Um dos principais motivos para a não utilização do T.A.T. para crianças é o


conteúdo adulto de algumas de suas imagens. No exemplo acima, a projeção para o
adolescente ou adulto seria em aspectos relacionados ao sofrimento, abuso sexual,
situação de impotência e/ou arrependimento.
Dessa forma, torna-se justificável o desenvolvimento de 10 novas imagens que
proporcionam uma projeção adequada, direcionada a situações cotidianas de crianças e
relacionadas ao desenvolvimento físico, psicológico e social, trazendo, ainda, aspectos
psicodinâmicos naturais e esperados para determinada idade.
O teórico Bellak que da início ao teste C.A.T. - A é um psicanalista e
desenvolve seu foco de estudo na dinâmica das relações interpessoais. As imagens
ilustradas em cada prancha, cada qual composta por uma figura animal, referem-se aos
aspectos e desenvolvimentos da criança, tal qual como as fases do complexo de Édipo
criado por Sigmund Freud.

5.2 Aplicação do teste Apercepção Temática para Crianças (CAT-A) :

Bellak (1991) expõe brevemente o conteúdo tratado por cada prancha:

A primeira prancha traz três pintinhos sentados ao redor de uma mesa com
uma grande tigela de comida e atrás a figura vagamente esboçada de uma
galinha ou galo. Explora os problemas da fase oral, ou seja, o quanto a
criança se sente suficientemente alimentada por um ou outro pai, a comida
podendo ser vista como recompensa, ou sua ausência como castigo e ainda
podendo surgir temas de competição entre os irmãos. A prancha dois traz a
figura de um urso puxando uma corda de um lado, enquanto outro urso e um
filhote puxam do outro lado, podendo ser percebida como luta, temor à
agressão ou, de uma forma mais branda, um jogo - cabo de guerra. Pode
evocar a cooperação com um dos ursos, a rivalidade, a angústia de castração,
medo do triunfo e assim por diante. A próxima prancha contém a figura de
um leão com cachimbo e bengala sentado em uma cadeira, no canto
aparecendo um ratinho num buraco. Geralmente o leão é visto como a figura
paterna e a bengala, às vezes, é usada para torná-lo velho - a quem não se
precisa temer - como defesa. Se o leão for percebido como figura paterna
forte, é importante observar se é bom ou mau. A maioria das crianças se
identifica com o ratinho, mas pode acontecer de se identificarem com o leão,
ou ainda alternam essa identificação, o que pode indicar conflito entre
submissão e autonomia. A prancha quatro tem como estímulo a imagem de
28

um canguru fêmea com chapéu, carregando uma cesta com uma garrafa de
leite, acompanhada por um filhote de bicicleta e levando um bebê na bolsa.
Surgem em geral temas de rivalidade fraterna e preocupações relativas ao
nascimento de outros filhos. É importante observar se a criança se coloca de
forma regressiva ou manifesta desejo de crescimento e autonomia. Pode
ainda surgir temas relacionados à relação materna e paterna. A prancha cinco
mostra um quarto na penumbra com uma cama de casal ao fundo e dois
ursinhos num berço. Favorece histórias referentes à cena primária, ou seja, à
observação mais ou menos fantasiada das relações sexuais entre os pais. As
duas crianças no berço podem desencadear temas de manipulação e
exploração mútua. Observa-se na prancha seis uma caverna com dois ursos
vagamente delineados ao fundo e um menor deitado em primeiro plano. Esta
figura favorece novamente histórias relacionadas à cena primária, como na
prancha anterior, acrescentando-se o aparecimento de problemas edipianos e
situações referentes à masturbação noturna. Quanto à prancha sete percebe-se
a figura de um tigre mostrando dentes e garras saltando em cima de um
macaquinho que também está saltando no ar, num ambiente de mata. Este
estímulo pode mobilizar o medo da agressão, mostrando como a criança lida
com essa situação. Na prancha seguinte aparece a gravura de dois macacos
adultos tomando chá, um terceiro falando com um macaquinho e na parede
um quadro de uma macaca mais velha. É possível observar o papel que a
criança atribui a si na constelação familiar, sua relação com o mundo dos
adultos, aspectos da educação e como são percebidos a mãe e o pai, se
permissivos ou punitivos. A prancha nove mostra um quarto na penumbra
visto através de uma porta aberta de um cômodo iluminado. Há um coelhinho
sentado numa cama de criança olhando pela porta. Pode revelar medo do
escuro, da solidão, do abandono ou curiosidade em relação ao outro quarto,
novamente a situação edipiana e de como percebe a relação entre os pais.
Finalmente a prancha dez traz um cachorrinho deitado sobre os joelhos de um
cachorro maior, ao lado do banheiro, sendo que ambas as figuras apresentam
um mínimo de expressão.
29

5.3 Interpretações das Figuras C.A.T.-A

Figura 1: Representa figuras protetoras que cuidam e alimentam das crianças.


Representando, então, a dinâmica familiar que envolve as figuras paternas ou
dominantes. As respostas mais frequentes para essa imagem perpassam as regras
familiares, controle e rivalidade entre seus respectivos membros e também a
alimentação, ser ou não alimentado, suprir os desejos da fase oral.
30

Figura 2: Representando o conflito edípico pela localização em que a criança se


coloca; estando cooperando com o urso ou não. As respostas mais frequentes envolvem
a luta da criança e/ou seu fracasso, sendo representado algumas vezes pelo arrebentar da
corda.

Figura 3: Neste cartão o leão representa costumeiramente a figura paterna.


Reconhecendo então o cachimbo e a bengala como símbolos fálicos de autoridade e
poder. O leão também representa símbolo de poder e desejo, sendo que em alguns casos
a criança se identifica com ele ou então se identifica com o rato e coloca o leão como
inferior e subordinado ao rato, indicando confusão de papeis. O rato na maioria dos
casos é a figura de identificação da criança, indicando inferioridade e subjugação.

Figura 4: Essa imagem tende a representar a figura materna, muitas vezes


indicando relação entre mãe e filho. Trazendo conteúdos de rivalidade fraterna,
gravidez, fuga e/ou perigo que podem ser associados a proteção da mãe e a ausência do
pai.

Figura 5: Costuma estar relacionado a medo do escuro, rejeição e fantasias com


o que os pais fazem na cama, associado a barulhos e uma visualização do escuro, sem
entender o que está acontecendo.

Figura 6: Pelo fato do urso estar afastado dos pais, muitas vezes esta figura é
associada a castigos, ciúmes e medo de ficar sozinho.

Figura 7: Traz a tona conteúdos relacionados à agressividade, revelando medo e


associando a figura hostil ao tigre. Momentos de agressão física ou verbal podem ser
expostos pela identificação com o macaco sendo perseguido pelo tigre.

Figura 8: Intrinsicamente ligado a relações familiares, esta figura pode trazer


projeções que levam ao papel da criança no ambiente familiar, sendo orientado por um
membro da família que pode ser identificado como uma figura de autoridade para a
criança dentro da constelação familiar.
31

Figura 9: Esta figura, diferentemente da de número cinco, está mais associada ao


medo do escuro e castigos. Por ser um quarto em que a criança se encontra só, pode
estar relacionado a eventos recentes de independência do quarto dos pais.

Figura 10: Figura associada a questões morais e punição da mãe. A imobilização


como forma de controle pode associar a temas ligados à fase anal. Esta etapa do
desenvolvimento em que a aquisição de novos comportamentos é mediada pela resposta
da mãe que pune o erro. Associada também ao histórico de carinho para com a figura
materna.

5.4 Conclusão C.A.T.-A

O teste aplicado com figuras animais apresentou vantagens ao eliciarem a


fantasia com maior facilidade, funcionando de forma inibidora para o conteúdo
inconsciente, vindo a ser expresso facilmente por meio dos contos de fadas e fábulas
observados no cotidiano da criança.
As diversas situações em que os animais se encontram proporcionam a
investigação de aspectos interpessoais, força dos impulsos e defesas, compreensão da
dinâmica familiar e do próprio desenvolvimento do indivíduo.
Todavia, se tratando de um teste de projeção, a interpretação do C.A.T. encontra
dificuldades no âmbito de análise de interpretação de conteúdo infantil, tendo uma base
a história narrada em contraste com parâmetros psicanalíticos e funções do ego. Dessa
forma, em geral, devem-se considerar alguns aspectos de análise para garantir o melhor
empenho da criança de fronte a narração de uma história. Um dos principais aspectos é
o estabelecimento de um bom rapport; que nada mais é do que a garantia da criança
sentir-se familiarizada com o aplicador. Justifica-se então a não utilização do teste em
um primeiro encontro, utilizando-o como ferramenta para coleta de dados no final de
um atendimento ou após a preparação da criança para receber o teste de forma natural.
Torna-se essencial um balanço de estratégias que garantirão o encorajamento da
narrativa sem induzir conteúdo projetivo para uma coleta significativa de dados.
32

6 - Conclusão Final

A necessidade de medir, comparar e analisar caracterizam os diversos tipos de


testes que funcionam como excelentes ferramentas para guiar diversos aspectos que
formam a decisão de uma intervenção clínica. Todavia, considerando a dinâmica
cultural na qual estamos inseridos, ressalta-se a importância de não utilizar o teste como
único critério de verdade, impondo, classificando e rotulando seres humanos a partir de
uma medida estatística variável.
Dessa forma torna-se importante a busca pelo critério de validade do teste antes
de sua utilização. O SATEPSI, foi desenvolvido pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP) com o objetivo de avaliar a qualidade técnico-científica das ferramentas de uso
profissional do psicólogo, a partir da verificação objetiva de um conjunto e requisitos
técnicos.
A escolha do teste para aplicação deve ser feita seguindo os parâmetros expostos
pela Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018, que delimita alguns aspectos para
orientação das(os) psicólogas(os). Sendo definida a avaliação psicológica como um
processo estruturado de investigação, o teste psicológico, método, técnica ou
instrumento que será utilizado na avaliação psicológica é escolha da(o) psicóloga(a)
seguindo os parâmetros do CFP e da demanda específica. Ressalta-se a escolha por
métodos, técnicas, instrumentos e testes reconhecidos cientificamente para uso.

Você também pode gostar