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ANTIBULLYING
APOSTILA N°1
Ilustrações:
1. Introdução
A escola é um dos ambientes em que crianças e jovens mais passam tempo e, por isso, cumpre um papel importante na formação
dos alunos. É na escola que os estudantes aprendem como trabalhar em equipe, desenvolvem a capacidade de tomar decisões,
aprendem a resolver problemas e conflitos, fortalecem o caráter e desenvolvem sua estabilidade emocional e consciência.
Quando existe um desequilíbrio no desenvolvimento dessas habilidades, diversos problemas acontecem, entre eles, a intimidação
sistemática. O bullying é um mal que afeta todos da comunidade escolar e, por sua gravidade, nos últimos anos vêm crescendo
muito a preocupação com esse tipo de violência.
Em fevereiro de 2016 entrou em vigor no Brasil a lei antibullying, que obriga escolas e clubes a adotarem medidas de prevenção e
combate a este problema. O projeto determina que seja feita a capacitação de docentes e equipes pedagógicas para implementar
ações de prevenção e solução do problema, assim como a orientação de pais e familiares, para identificar vítimas e agressores.
Também estabelece que sejam realizadas campanhas educativas e fornecida assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e
aos agressores.
Desenvolvemos este material para abrir um espaço de reflexão e debate sobre a convivência escolar dentro de cada instituição,
com o objetivo de ajudar gestores educacionais a combaterem este mal e a cumprirem a nova lei de forma clara, prática e
objetiva, com ideias, soluções, prevenções e boas práticas. Acreditamos que juntos podemos mudar a educação!
Esta apostila será dividida em dois passos: no passo 1, que é esse que você está lendo agora, vamos entender o que é o bullying,
onde ele acontece, os perfis das vítimas e dos agressores e a importância da conscientização no combate à violência. No passo 2,
vamos falar sobre como criar um estatuto para atender à nova lei antibullying e discutir e apresentar ações práticas que podem
ser adotadas na sua escola para que ela seja um espaço de igualdade e respeito.
Boa leitura
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O que é bullying
Bullying é uma palavra de origem inglesa adotada em muitos países para definir “o desejo consciente e deliberado de maltratar
uma outra pessoa e colocá-la sob tensão" (Tatum e Herbert, 1999). É um termo utilizado na literatura psicológica anglo-saxônica,
nos estudos sobre o problema da violência escolar, para designar comportamentos agressivos e anti-sociais.
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De acordo com a lei, caracteriza-se a intimidação sistemática (bullying) a violência de qualquer gênero, praticada por um
indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas, que ocorra de forma intencional e com objetivo de causar dor e sofrimento à
vítima.
I - ataques físicos;
II - insultos pessoais;
III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos;
IV - ameaças por quaisquer meios;
V - grafites depreciativos;
VI - expressões preconceituosas;
VII - isolamento social consciente e premeditado;
VIII - pilhérias (piadas ofensivas)
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É muito comum creditar todas as situações de violência ao bullying, porém, nem todos os atos violentos que ocorrem dentro do
ambiente escolar se enquadram na prática de intimidação sistemática. O que distingue a prática do bullying das desavenças
corriqueiras que acontecem entre os estudantes é a relação de poder entre os envolvidos e a incapacidade física ou emocional da
vítima de se defender.
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Onde o bullying acontece?
As intimidações sistemáticas podem ocorrer tanto na escola quanto em lugares nos quais os estudantes se encontram com
frequência, como os meios de transporte, por exemplo. O bullying pode ainda ocorrer pessoalmente ou nos ambientes digitais,
como via celular ou redes sociais. Quando acontece nos ambientes virtuais através de mensagens difamatórias ou ameaçadoras
enviadas através das redes sociais, e-mail, celular, entre outros meios digitais, a prática de intimidação é caracterizada como
cyberbullying.
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O bullying acontece com maior frequência nas escolas públicas ou privadas?
O bullying acontece em todas as escolas, classes sociais, localizações, turnos e países. É errado associar o bullying a classes
desvaforecidas. O que varia são os índices encontrados em cada realidade escolar, de acordo com a sua própria peculiaridade.
Pesquisas realizadas entre os anos de 2000 e 2003, no interior de São Paulo, em pequenas cidades mostram as seguintes
estatísticas:
Os Índices encontrados demonstram que a incidência de bullying em ambas as realidades era praticamente igual a uns 10 anos
atrás. No entanto, hoje, vale um alerta as redes privadas. Em pesquisas recentes, “as condutas mais sofisticadas de assédio e
maus-tratos, bem como de exclusão, têm maior incidência em escolas particulares”.
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Quais os problemas causados pelo Bullying
Os problemas causados pelo bullying são muitos, são graves e afetam tanto as vítimas quanto seus agressores e as testemunhas
das agressões.
No caso das vítimas, o bullying pode interferir na autoestima, concentração, motivação para os estudos e rendimento escolar,
causando muitas vezes a reprovação do aluno e até a saída dele da escola. Quando ocorre a longo prazo, a intimidação
sistemática pode ainda causar transtornos emocionais graves como: bulimia, anorexia, depressão, fobia social, ansiedade
generalizada e ideias suicidas.
As testemunhas das agressões também sofrem com o bullying e podem apresentar crises de ansiedade, constante sensação de
impotência, medo e tristeza por não conseguirem ajudar seus pares. Além disso, a banalização da violência pode fazer com que
ela seja naturalizada pelos espectadores, os tornando apáticos e distantes da dimensão real deste problema.
Na outra ponta estão os praticantes de bullying que, apesar de serem vistos como os grandes vilões, também sofrem com essa
prática. De imediato, eles se distanciam dos objetivos escolares, sofrem queda no rendimento escolar, podem deixar de
frequentar as aulas e perdem a motivação para estudar. Além disso, crianças e adolescentes que intimidam seus pares
sistematicamente podem tender à delinquência e costumam desenvolver problemas nas relações profissionais e sociais e até nos
relacionamentos afetivos e amorosos.
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Como identificar uma vítima de bullying
Não existe uma receita para identificar as vítimas de bullying, até mesmo pelo fato de que cada criança ou jovem reagirá de
maneira diferente quando submetido a uma agressão. Contudo, de acordo com as recorrências dos casos, podemos traçar alguns
perfis que estão mais suscetíveis a este tipo de abuso.
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Além disso, aqueles que demonstram insegurança, têm coordenação motora pouco desenvolvida, são mais passivos ou
submissos, têm extrema sensibilidade, baixa autoestima, dificuldade de autoafirmação e de autoexpressão, ansiedade, irritação e
aspectos depressivos também são mais propensos a serem vítimas desse mal.
Isso não significa, entretanto, que apenas por apresentar algumas dessas características um aluno venha a ser vítima de bullying,
mas sim que os professores e pais devem estar mais atentos aos alunos que se enquadram nestes perfis.
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• Ambiente familiar sem diálogo, carinho e participação dos pais
• Condutas parentais extremamente permissivas e falta de supervisão
• Ambiente familiar conturbado, com muitos desentendimentos
• Maus-tratos, disciplina rígida e intimidação ou abuso físico
• Naturalização de comentários ou atitudes discriminatórias e intolerantes
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• Incentivar o diálogo aberto e mostrar que a escola está
cuidando do caso com pulso firme
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O que sua escola pode fazer para prevenir o Bullying
Promover a política da boa convivência precisa fazer parte do dia a dia das
instituições e deve envolver todos os atores deste cenário. Valores como
respeito às diferenças, espírito de grupo, caráter e empatia devem ser
trabalhados logo nas primeiras séries com fluidez e naturalidade para que
as crianças cresçam com eles enraizados e fortes dentro de si.
Fortalecer esses valores nas crianças fará com que elas sejam capazes de
reconhecer as consequências negativas e destrutivas da violência, tanto
para ela quanto para os outros, e se tornam mais aptas para resolver
problemas, ter controle emocional, conviver pacificamente e controlar a
raiva.
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Capacitar os docentes: Conscientizar
Professores e educadores têm extrema importância na formação pessoal das crianças e jovens,
afinal convivem com eles diariamente. Por isso, para desenvolver um programa antibullying que
seja, de fato, efetivo, as escolas precisam contar com o forte apoio destes profissionais.
Os docentes são os olhos dos gestores dentro da sala de aula e são as pontes que unem a
comunidade escolar, por isso é muito importante que se mantenham engajados em acabar com
quaisquer manifestações de violência, principalmente as sistemáticas.
Em contrapartida, a gestão deve se manter ao lado dos professores e auxiliá-los sempre que
necessário, dando todo o suporte que precisarem, mostrando que a intimidação sistemática é um
problema real e que todos o enfrentarão juntos.
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Parceria com a Família
Outra ação valiosa para acabar com o bullying tanto nas instituições quanto fora delas é manter um contato direto e constante
com as famílias, tornando os pais e responsáveis pelos alunos verdadeiros parceiros nessa tarefa.
É importante que a escola mostre aos pais como sua atuação faz diferença
na vida dos filhos e que, apesar da correria do dia a dia, eles precisam
acompanhá-los de perto e estar sempre atentos à mudanças de
comportamento, rotinas e hábitos para evitar que se envolvam em
problemas como a intimidação sistemática.
Trazer os pais mais para perto da escola não contribui apenas para
combater o bullying. Através de uma comunicação eficaz e bem
estruturada, outros problemas como inadimplência e evasão escolar
também podem ser minimizados e até resolvidos.
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Acompanhar
Como abordamos ao longo deste material, a conscientização é a peça chave para combater o bullying, mas, para conscientizar, as
instituições precisam de informação. Por isso, os gestores escolares devem buscar investir em ferramentas que facilitem o
levantamento de dados como o controle de faltas, acompanhamento de notas, índices de desempenho escolar e quaisquer outros
que possam mostrar indícios que algo de errado está acontecendo com estudantes.
Pode parecer difícil acompanhar todos esses dados, mas hoje em dia ferramentas como os sistemas de gestão escolar já
disponibilizam essas informações rapidamente e de forma bastante simplificada.
Como vimos também, o diálogo é a base para que todas as trocas de experiências funcione e, por isso, investir na gestão da
comunicação também deve ser prioridade para os gestores. Fornecer informações aos pais sobre a vida escolar dos filhos, como
por exemplo o controle de tarefas de casa, rendimento escolar e atividades da instituição é uma boa forma de mantê-los
engajados e participantes do processo de ensino-aprendizagem.
Sabemos que o dia a dia dos pais e das escolas estão cada vez mais atarefados e corridos, mas com o apoio de tecnologias
educacionais como os aplicativos de comunicação, essas informações podem ser trocadas apenas com alguns toques na tela do
celular, enriquecendo muito o relacionamento entre todos da comunidade escolar.
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Nessa primeira apostila falamos sobre algumas ações simples, mas que têm grande
potencial para transformar a escola em um espaço mais humano, dinâmico e
acolhedor, onde as diferenças sejam respeitadas.
Na parte dois desse material, trataremos de forma mais prática sobre como se
adequar à lei antibullying, construir regras de convivência e apresentar propostas de
prevenção para serem implantadas em sua instituição.
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