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PSICOPEDAGÓGICO
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Sumário
Sumário ..................................................................................................................... 1
1.1 Prevenção........................................................................................................ 7
1.2 Avaliação e Intervenção Psicopedagógica .................................................... 10
3. DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM ................................ 19
4. ETAPAS DO DIAGNÓSTICO......................................................................... 22
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 35
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NOSSA HISTÓRIA
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1. PREVENÇÃO, INTERVENÇÃO E AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
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Desta forma se amplia a importância e a necessidade do desenvolvimento de
programas de intervenção. Os estudos e pesquisas sobre este tema também se expandem.
Como exemplo disto temos nos estudos de Albee e Joffe (1977) uma das mais significativas
contribuições. Eles resgatam a importância de se estabelecer diferentes níveis para um
trabalho preventivo. Assim, segundo estes autores, temos a prevenção primária, a
secundária e a terciária. A prevenção primária se constitui de ações a serem realizadas
visando a evitar as situações problemas. Elas ocorrem especialmente por meio do
desenvolvimento de programas educacionais. Esses programas são destinados a todos e
não somente a um determinado grupo da população. A prevenção secundária consiste em,
após o diagnóstico de um determinado problema, propor uma intervenção focalizada a um
determinado grupo. Com isto ela tem por objetivo proteger determinadas populações de
risco. A prevenção terciária é mais ampla que as anteriores, tendo por objetivo a
intervenção em populações ou grupos onde os problemas já estão instalados. Desta forma
ela visa a reduzir os efeitos, as conseqüências desses problemas. Diante disto, podemos
constatar a importância das ações de prevenção, em especial da prevenção primária, pela
possibilidade de se trabalhar de forma ampla, ou seja, com toda a população. Isto
contribuiria para evitar o surgimento de possíveis problemas, para impedir a instalação de
situações indesejáveis, antes mesmo que elas se manifestem concretamente.
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Programas como este também colaboram para o envolvimento e conseqüente
comprometimento da coletividade, o que certamente implicará melhorias sociais. Entretanto,
mesmo diante da constatação da importância do desenvolvimento dos projetos de
prevenção, muitas vezes essas intervenções se tornam esporádicas, pontuais ou mesmo
emergenciais. Entendemos que isto não se constitui em um trabalho preventivo, pois,
segundo Albee e Gullotta (1997), o verdadeiro trabalho preventivo assim como o seu
sucesso depende diretamente da sua regularidade, do seu acompanhamento e da
constância das ações preventivas. Assim, tomando como referencial as contribuições
explicitadas, em sentido geral, sobre prevenção, particularizaremos nosso enfoque para o
trabalho psicopedagógico preventivo. Desta forma resgataremos a concepção de alguns
autores, dentre eles Bossa (2000), Fagali e Vale (1994), Visca (2002), que relacionaram o
trabalho preventivo à psicopedagogia institucional. Diante dos níveis propostos, podemos
observar que o nível de maior abrangência para o desenvolvimento das ações
psicopedagógicas preventivas é o que vai atuar junto aos processos educativos no sentido
de evitar ou diminuir os problemas de aprendizagem. Considerando a importância da
psicopedagogia institucional preventiva, entretanto não chegando a abordar os diversos
níveis preventivos, Fagali e Vale (1994) afirmam que a psicopedagogia institucional
preventiva se refere às ações desenvolvidas junto à equipe escolar. Segundo essas autoras,
essa equipe deverá ser composta por pedagogos, orientadores e professores que deverão
relacionar o aspecto cognitivo ao afetivo e considerar as interferências disso no processo
de construção do conhecimento.
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Neste enfoque, as relações interpessoais adquirem um grande significado, na
medida em que elas passam a ser um elemento favorável na construção e no sucesso do
processo de ensino e aprendizagem. Valorizando também o desenvolvimento de projetos
psicopedagógicos preventivos na instituição escolar, temos as contribuições de Visca
(2002), ao propor somente dois níveis de prevenção. Na prevenção primária, ele enfatiza a
importância do desenvolvimento de um conjunto de medidas que, respeitando o
desenvolvimento cognitivo do aluno, tenha por objetivo manter as condições ideais de
aprendizagem. Na prevenção secundária se valoriza o desenvolvimento de ações para que
os deficits já existentes não se agravem. Neste sentido, a prevenção secundária apresenta
um caráter reparador dos deficits já existentes e, ao mesmo tempo, um sentido preventivo,
na medida em que pode prevenir o surgimento de outros problemas ou, mesmo, de
conseqüências de problemas já existentes. Assim, tendo como referencial algumas
concepções sobre prevenção e em particular sobre prevenção psicopedagógica, torna-se
evidente a importância de considerarmos esta possibilidade no desenvolvimento do
trabalho dos professores que também são psicopedagogo. Em especial quando partimos
do pressuposto de que são as intervenções de caráter preventivo realizadas junto a todos
os alunos que podem contribuir para evitar o surgimento de possíveis problemas de
aprendizagem.
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1.1 Prevenção
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detalhada dos conceitos, desenvolvendo atividades que ampliem as diferentes
formas de trabalhar o conteúdo programático. Nesse processo busca-se uma
integração dos interesses, raciocínio e informações de forma que o aluno atue
operativamente nos diferentes níveis de escolaridade. Complementa-se a esta
prática o treinamento e desenvolvimento de projetos junto aos professores; - criação
de materiais, textos e livros para o uso do próprio aluno, desenvolvendo o seu
raciocínio, construindo criativamente o conhecimento, integrando afeto e cognição
no diálogo com as informações.” (FAGALI e VALE 1994, p. 10 –11)
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Como podemos constatar, a proposta é a de que o psicopedagogo em primeira
instância desenvolva as ações psicopedagógicas com os docentes e em segunda instância
com os alunos. Ao priorizar as ações com alunos e se referir a propostas de intervenção
psicopedagógica junto a grupos de crianças, no interior da instituição escolar, Crema (1998)
propõe que se considere na intervenção a idade das crianças, a problemática em questão,
a história do grupo, a gravidade da situação, os episódios de reincidência do conflito, a
época do ano em que se deu o problema, os vínculos estabelecidos entre o(s) docente(s),
os alunos e o psicopedagogo. Questiona também a conveniência ou não da presença do
docente nos atendimentos, bem como a repercussão da situação em foco na instituição,
dentre outras questões, que direta ou indiretamente podem expor a situação à comunidade
educacional. Assim, entendemos que a proposta de intervenção, em questão, poderá ser
desenvolvida no interior da instituição escolar, em horários extra-aula com grupos
específicos de alunos e de docentes. Entendemos também que existe a proposta de que o
psicopedagogo entre em sala de aula e realize um trabalho conjunto com todos os alunos.
Já no caso do(s) professor (es) esse trabalho poderá ocorrer por meio de encontros
específicos ou mesmo em reuniões pedagógicas. Diante disto, ressaltamos que tanto as
ações a serem desenvolvidas com os alunos, como as ações a serem realizadas com os
docentes, devem ser previamente planejadas e previstas no cronograma de trabalho tanto
dos alunos como dos docentes. Ao analisar as propostas de intervenção apresentadas,
podemos observar que todas consideram a possibilidade de um trabalho psicopedagógico
institucional preventivo, tanto com alunos como com docentes. Nestas propostas, também
podemos encontrar, de forma direta ou mesmo indiretamente, a influência dos aspectos
curriculares, metodológicos, familiares, sociais, afetivo-emocionais, dentre outros, para o
sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
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Entretanto, torna-se oportuna a constatação de que as propostas apresentadas,
apesar de serem muito adequadas e pertinentes, nas ações que são sugeridas para a
intervenção psicopedagógica institucional, não consideram a possibilidade do professor ser
um psicopedagogo. Neste sentido partimos do pressuposto de que, em tese, o professor-
psicopedagogo, sendo um profissional especializado e estando diariamente inserido no
ambiente da sala de aula, poderia também intervir preventivamente. Esta nova configuração,
em princípio, oportunizaria a reflexão crítica e a possibilidade de revisão da prática do
professor-psicopedagogo e, talvez, até mesmo da proposta pedagógica da instituição.
Diante disto, consideramos que este profissional estaria mais sensível a buscar propostas
de trabalho que, ao mesmo tempo em que atendessem aos interesses e necessidades
pessoais e sociais de seus alunos, propiciassem possíveis melhorias nos relacionamentos
e no próprio ato de ensinar e de aprender. No que se refere ao aluno, esse professor
especializado em psicopedagogia, por meio do convívio diário, poderia, dentre outras
questões, estar atento para melhor auxiliar no desenvolvimento cognitivo, afetivo,
emocional, psicomotor dos mesmos. Desta forma, o professor-psicopedagogo também
estaria trabalhando no sentido de fortalecer as relações do grupo, não deixando de
considerar a influência da escola, da família e da sociedade.
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A avaliação psicopedagógica é um dos componentes críticos da intervenção
psicopedagógica, pois nela se fundamenta as decisões voltadas à prevenção e solução das
possíveis dificuldades dos alunos, promovendo melhores condições para o seu
desenvolvimento.
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importância a ética e o respeito às particularidades de cada instituição, em função dos
objetivos que se deseja atingir.
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situações e tarefas acadêmicas, bem como déficits e preferências nas modalidades
percentuais etc;
Ela deve ser um processo dinâmico, pois é nela que são tomadas decisões sobre
a necessidade ou não de intervenção psicopedagógica. Ela é a investigação do processo
de aprendizagem do indivíduo visando entender a origem da dificuldade e/ou distúrbio
apresentado. Inclui entrevista inicial com os pais ou responsáveis pela criança, análise do
material escolar, aplicação de diferentes modalidades de atividades e uso de testes para
avaliação do desenvolvimento, áreas de competência e dificuldades apresentadas. Durante
a avaliação podem ser realizadas atividades matemáticas, provas de avaliação do nível de
pensamento e outras funções cognitivas, leitura, escrita, desenhos e jogos. Inicialmente,
deve-se perceber, na consulta inicial, que a queixa apontada pelos pais como motivo do
encaminhamento para avaliação, muitas vezes pode não só descrever o “sintoma”, mas
também traz consigo indícios que indicam o caminho para início da investigação. “A versão
que os pais transmitem sobre a problemática e principalmente a forma de descrever o
sintoma, dão-nos importantes chaves para nos aproximarmos do significado que a
dificuldade de aprender tem na família” (FERNÁNDEZ, 1991, p. 144).
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Assim, diante das
diversas possibilidades de
intervenção psicopedagógica,
podemos constatar que no
Brasil os recursos mais
utilizados para a avaliação na
instituição têm sido as
entrevistas, as observações, os
inventários, as pesquisas, as
dinâmicas grupais e em
especial os jogos pedagógicos.
Contudo, como ressalta
Campos (1994), a importância
da ação psicopedagógica
preventiva, a partir da avaliação do contexto da instituição, deverá sempre considerar a
subjetividade do aluno, bem como a subjetividade de cada situação, e a complexidade dos
fatores que a permeiam. Uma realidade diferente da brasileira, no que se refere à avaliação
e intervenção psicopedagógica, pode ser encontrada na Argentina. Neste país, é prática
comum o psicopedagogo utilizar, tanto na clinica como na instituição, diversos testes como
instrumento para a avaliação do aluno. Entretanto o referencial para o atendimento clínico
e institucional está na família e na escola. Desta forma, as propostas de intervenção, de
modo geral, iniciam-se a partir de entrevistas estruturadas ou semi-estruturadas com pais
ou familiares, com os docentes ou coordenadores das escolas e com o aluno. Essas
entrevistas se constituem em uma anamnese que, com os pais ou familiares, tem por
objetivo principal conhecer o histórico de vida do aluno e as relações que permearam essas
histórias. As entrevistas com os docentes, coordenadores ou orientadores, visam a obter
informações sobre o processo de ensino e aprendizagem, conhecer a proposta da
instituição, a metodologia, a avaliação, o material didático e especialmente as relações
professor e aluno e entre os alunos. A entrevista inicial com o aluno, dentre outros, tem por
objetivo o levantamento de hipóteses sobre os comportamentos, os relacionamentos, os
interesses, e até mesmo os possíveis silêncios do aluno diante de algumas questões.
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Juntamente com a entrevista, o psicopedagogo argentino, segundo Fernández (1990),
também utiliza com as crianças alguns instrumentos específicos de avaliação.
deve considerar:
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“ [...] o esquema conceitual e operativo que tenta integrar a teoria clínica
e experimental aos aportes das escolas de Genebra, a Psicanalítica e a de
Psicologia Social. Os estudos da escola de Genebra brindam-nos com os
fundamentos sobre as estruturas cognitivas e suas formas de funcionamento. Os
trabalhos da escola psicanalítica descrevem e explicam as organizações e
tendências afetivas, enquanto que os da psicologia social focalizam a cultura, os
processos grupais e a influência de ambos sobre o indivíduo. Entretanto, a prática
assistencial evidencia que nem as estruturas cognitivas, nem a afetividade, nem a
influência do meio, por si só, conseguem explicar os processos normais e
patológicos da aprendizagem, enquanto que a integração destes fatores oferece
uma ótica mais ampla e profunda.” (VISCA, 2002,p.82)
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além de outras disciplinas. Isto, dentre outros fatores, favorece a possibilidade da liberação
do uso de testes tanto para os psicólogos como para os psicopedagogos argentinos, além
de propiciar uma melhor possibilidade de preparação para o exercício profissional. No Brasil
a avaliação por meio do uso de testes psicológicos, de inteligência, projetivos e outros são
de uso exclusivo dos psicólogos. No nosso entender isto é muito coerente, especialmente
com os pressupostos que norteiam a formação do psicopedagogo no Brasil que, como já
abordamos, é muito diferente dos valorizados na Argentina. Outro fator muito significativo
na avaliação psicopedagógica reside na consideração de algum(s) referencial (is) teórico
(s). Desta forma o psicopedagogo poderá organizar seus instrumentos avaliativos e,
sobretudo os parâmetros de análises dos resultados obtidos a partir de referenciais
concretos. Na Argentina, a epistemologia convergente, inspirada nos estudos das escolas
de Genebra, psicanalítica e social norteiam os pressupostos e conseqüentemente as ações
avaliativas. No Brasil, segundo Rubinstein, Castanho e Noffs (2004), o referencial da
psicopedagogia tem sido, dentre outros, a psicologia piagetiana, os pressupostos
socioconstrutivistas, a psicologia social, a psicanálise, a psicolingüística, a neurociência.
Apesar da existência de referenciais teóricos, partimos do pressuposto de que a avaliação
psicopedagógica, em muitos casos, no nosso país, não se apresenta claramente definida.
Entendemos que isto facilita a passagem para a intervenção sem que se esgotem as
possibilidades de avaliação, ou mesmo as possibilidades de se continuar avaliando durante
o processo de intervenção. No que se refere às propostas de avaliação e intervenção
psicopedagógica institucional, Bossa e Oliveira (1996) apontam que o psicopedagogo
brasileiro, além de avaliar por meio do olhar e da escuta psicopedagógica, utiliza como
instrumentos de avaliação a observação das atividades espontâneas, os jogos, brinquedos,
desenhos, as produções escolares. Diante disto, partimos do pressuposto de que, apesar
da existência de vários instrumentos possíveis de serem utilizados pelo psicopedagogo
brasileiro, os procedimentos de avaliação psicopedagógica ainda se constituem em um dos
atuais desafios. Neste contexto, podemos explicitar a necessidade de se ampliar os estudos
visando a conhecer a realidade das propostas de avaliação e intervenção de
psicopedagogos brasileiros.
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institucional. Objetivos Diante do exposto são objetivos deste estudo descrever e analisar
a prática de professores que também são psicopedagogos, investigar seus possíveis limites
e possibilidades. São objetivos específicos:
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psicomotores; Lateralidade; Estruturas rítmicas... A autora não apresenta restrição quanto
ao uso dos testes, no entanto, alguns destes testes (Wisc, Teste de Bênder, CAT, TAT,
Testes Projetivos), aqui no Brasil, são considerados de uso exclusivo de psicólogos. Para
evitar atritos, o psicopedagogo pode ser criativo e desenvolver atividades que possibilitem
fazer as mesmas observações que tais testes.
Ele também pode organizar uma equipe multidisciplinar, de maneira a que se faça
uma avaliação de todos os aspectos sobre os quais recai nossa hipótese diagnóstica inicial.
Ex: teste de inteligência (psicólogos); testes de audição e de linguagem (fonoaudiólogos).
Os pedagogos especialistas em psicopedagogia, podem usar testes como o TDE,
Metropolitano, ABC, Provas Piagetianas, provas pedagógicas, etc.
O uso de jogos também é sugerido como recurso, considerando que o sujeito através
deles pode manifestar, sem mecanismos de defesas, os desejos contidos em seu
inconsciente.
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isso significa saber investigar os múltiplos fatores que levam está criança a não conseguir
aprender.
Diagnosticar nada mais é do que a constatação de que a criança possui algum tipo
de dificuldade na aprendizagem, fato que normalmente só é detectado quando ela é
inserida no ensino formal. Porém, uma vez realizada essa constatação, cabe à equipe
investigar a sua causa e, para tanto, deve-se lançar mãos de todos os instrumentos
diagnósticos necessários para esse fim. O diagnóstico psicopedagógico abre possibilidades
de intervenção e dá início a um processo de superação das dificuldades. O foco do
diagnóstico é o obstáculo no processo de aprendizagem. É um processo no qual analisa-
se a situação do aluno com dificuldade dentro do contexto da escola, da sala de aula, da
família; ou seja, é um exploração problemática do aluno frente à produção acadêmica.
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Durante o diagnóstico psicopedagógico, o discurso, a postura, a atitude do paciente
e dos envolvidos são pistas importantes que ajudam a chegar nas questões a serem
desvendadas.
É nesse momento que o psicopedagogo irá interagir com o cliente (aluno), com a
família e a escola, partes envolvidas na dinâmica do processo de ensino-aprendizagem.
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tarefa exclusiva dos especialistas, que analisavam algumas informações dos alunos,
obtidas através da família e às vezes da escola, e logo após devolviam um laudo
diagnóstico, quase sempre com termos técnicos incompreensíveis. A distância existente no
relacionamento entre os especialistas, a família e a escola impediam o desenvolvimento de
um trabalho eficiente com o aluno.
4. ETAPAS DO DIAGNÓSTICO
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família para a compreensão das relações familiares e sua relação com o modelo de
aprendizagem do sujeito; a avaliação da produção escolar e dos vínculos com os objetivos
de aprendizagem escolar; a avaliação de desempenho em teste de inteligência e viso-
motores; a análise dos aspectos emocionais por meio de testes e sessões lúdicas,
entrevistas com a escola ou outra instituição em que o sujeito faça parte; etc. Esses
momentos podem ser estruturados dentro de uma sequência diagnóstica estabelecida.
2) Entrevista de anamnese;
Estas etapas podem ser modificadas quanto a sua sequência e maneira de aplicá-
las, de acordo com cada prática psicopedagógica.
Visa a
compreensão da
queixa nas dimensões
da escola e da família,
a captação das
relações e expectativas
familiares centradas na
aprendizagem escolar,
a expectativa em
relação ao
psicopedagogo, a aceitação e o engajamento do paciente e de seus pais no processo
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diagnóstico e o esclarecimento do que é um diagnóstico psicopedagógico. Nesta entrevista,
pode-se reunir os pais e a criança. É importante que nessa entrevista sejam colhidos dados
relevantes para a organização de um sistema consistente de hipóteses que servirá de guia
para a investigação na próxima sessão.
É uma entrevista, com foco mais específico, considerada como um dos pontos
cruciais de um bom diagnóstico, visando colher dados significativos sobre a história do
sujeito na família, integrando passado, presente e projeções para o futuro, permitindo
perceber a inserção deste na sua família e a influência das gerações passadas neste núcleo
e no próprio.
E.F.E.S é uma entrevista realizada com a criança e a família. Pode ser realizada
primeiramente objetivando abordar assuntos relacionados as expectativas, as queixas nas
dimensões familiares, as relações e expectativas familiares com relação à aprendizagem e
terapeuta; a aceitação e engajamento da família no diagnóstico; esclarecer o que é um
diagnóstico psicopedagógico; criação de um clima de segurança. Um ambiente atrativo
(lúdico) facilitará o retorno da criança ao terapeuta contribuindo para que ela fique a sós
com o mesmo. É também durante a E.F.E.S, que o psicopedagogo fará o registro
juntamente aos pais ou responsáveis sobre os horários, quantidades de sessões e a
importância da frequência. De acordo com Guimarães, Rodrigues e Ciasca (2003), na
primeira consulta deve-se perceber que a queixa trazida pelos pais como o motivo do
encaminhamento para a avaliação às vezes não descreve só o “sintoma”, como traz
também indícios da direção para o início da investigação.
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Na anamnese, são levantados dados das primeiras aprendizagens, evolução geral
do sujeito, história clínica, história da família nuclear, história das famílias materna e paterna
e história escolar. O psicopedagogo deverá deixá-los à vontade “... para que todos se
sintam com liberdade de expor seus pensamentos e sentimentos sobre a criança para que
possam compreender os pontos nevrálgicos ligados à aprendizagem” (Weiss, 1992, p. 62).
A história vital nos permitirá “... detectar o grau de individualização que a criança tem
com relação à mãe e a conservação de sua história nela” (PAÍN, 1992, p. 42).
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É interessante perguntar se foi uma gravidez desejada ou não, se foi aceito pela
família ou rejeitado. Estes pontos poderão determinar aspectos afetivos dos pais em
relação ao filho.
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criança, tornando as precoces. Dando continuidade ao processo investigatório, o
psicopedagogo por meio da Anamnese também abordará a história clinica da criança,
abordando as possíveis doenças, como foram diagnosticadas e tratadas, se resultaram em
alguma consequência.
Se a mãe não permite que a criança faça as coisas por si só, não permite também
que haja o equilíbrio entre assimilação e acomodação. Alguns pais retardam este
desenvolvimento privando a criança de, por exemplo, comer sozinha para não se lambuzar,
tirar as fraldas para não se sujar e não urinar na casa, é o chamado de hipoassimilação
(PAÍN, 1992), ou seja, os esquemas de objeto permanecem empobrecidos, bem como a
capacidade de coordená-los.
Saber sobre a história clínica, quais doenças, como foram tratadas, suas
consequências, diferentes laudos, sequelas também é de grande relevância, bem como a
história escolar, quando começou a frequentar a escola, sua adaptação, primeiro dia de
aula, possíveis rejeições, entusiasmo, porque escolheram aquela escola, trocas de escola,
enfim, os aspetos positivos e negativos e as consequências na aprendizagem.
Todas estas informações essenciais da anamnese devem ser registradas para que
se possa fazer um bom diagnóstico.
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São fundamentais para a compreensão dos processos cognitivos, afetivos e sociais,
e sua relação com o modelo de aprendizagem do sujeito. A atividade lúdica fornece
informações sobre os esquemas do sujeito. Winicott expressa assim sua opinião entre o
brincar e a autodescoberta: “é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança
ouadulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo
que o indivíduo descobre o eu” (1975, p. 80). Neste tipo de sessão, observa-se a conduta
do sujeito como um todo, colocando também um foco sobre o nível pedagógico, contudo
deve-se ter como postulado que sempre estarão implicados o seu funcionamento cognitivo
e suas emoções ligadas ao significado dos conteúdos e ações. Para Paín (1992), podemos
avaliar através do desenho, a capacidade do pensamento para construir uma organização
coerente e harmoniosa e elaborar a emoção.
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compreender os pontos nevrálgicos ligados á aprendizagem.” (Weiss, 1992,p.62).
Anamnese permite a obtenção e analise de dados desde a concepção até a vida escolar
atual do aluno, considerando que se trata de uma investigação profunda e detalhada. Leva
em consideração como foi o processo gestacional, se a gravidez foi desejada ou não por
ambos os pais assim como por toda a família, qual opção de parto, posteriormente analisar
sobre as primeiras aprendizagens como usar mamadeira, copo, a colher, quando aprendeu
a sentar, engatinhar, a andar, controlar seus esfíncteres, com objetivo de descobrir como a
família possibilita e participa do desenvolvimento cognitivo da criança. Se os pais não
permitem o descobrimento ou bloqueiam novas experiências da criança por si só evitando
por exemplo, comer sozinha para não se sujar, não tiram a fralda para não urinar em casa,
também não permitem que haja o processo de desenvolvimento do equilíbrio entre
assimilação e acomodação, causando o processo chamado de hipoassimilação, onde os
pais acabam retardando o desenvolvimento da criança. Por outro lado, existem pais que
forçam as crianças a realizarem sozinhas atividades para as quais ainda não possuem
maturidade em seu organismo, não estando portando a criança pronta para assimilar, é o
chamado hiperassimilação, que acaba desrealizando negativamente o pensamento da
criança, tornando as precoces. Dando continuidade ao processo investigatório, o
psicopedagogo por meio da Anamnese também abordará a história clinica da criança,
abordando as possíveis doenças, como foram diagnosticadas e tratadas, se resultaram em
alguma consequência.
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Existem diversos testes e provas que podem ser utilizados num diagnóstico, como
as provas de inteligência (WISC é o mais conhecido, porém de uso exclusivo de psicólogos,
CIA, RAVEN); provas de nível de pensamento (Piaget); avaliação do nível pedagógico
(atividades com base no nível de escolaridade, E.O.C.A.); avaliação perceptomotora (Teste
de Bender, que tem por objetivo avaliar o grau de maturidade visomotora do sujeito); testes
projetivos (CAT, TAT, Desenho da família; Desenho da figura humana; Casa, árvore e
pessoa
“As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição
de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo, detectando o nível de
pensamento alcançado pela criança” (WEISS, 1992, p. 106).
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Existem diversos tipos de testes e provas para serem atrelados a um diagnóstico, como as
provas de inteligência (WISC é o mais conhecido, porém de aplicação exclusiva por
psicólogos), avaliação perceptomotora (Teste de Bender, cujo objetivo é avaliar o grau de
maturidade visomotora do sujeito também só podendo ser aplicado por psicólogos); testes
projetivos (CAT, TAT, desenho da família, desenho da figura humana, também de uso
apenas para psicólogos). Os psicopedagogos devem ser criativos e desenvolver atividades
que atendam a mesma propositura dos testes apenas administrados por psicólogos, ou
trabalhar em conjuntos com uma equipe multidisciplinar objetivando levantar todos os
aspectos que envolvem a hipótese do diagnostico inicial lembrando sempre que a
psicopedagogia não é um ramo da medicina, mas sim da educação acoplado com a saúde.
Dessa forma prioriza-se o conhecimento sobre o qual o processo que se dá a aprendizagem.
Lembrando também que algo padronizado não vai servir para todos os “aprendentes”, os
testes são apenas umas das alternativas de uso.
“Uma vez recolhida toda a informação (...) é necessário avaliar o peso de cada fator
na ocorrência do transtorno da aprendizagem” (PAÍN, 1992, p. 69).
É a resposta mais direta à questão levantada na queixa. Faz-se uma síntese de todas
as informações levantadas nas diferentes áreas. É uma visão condicional baseada no que
poderá acontecer a partir das recomendações e indicações.
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4.6 Entrevista de devolução e encaminhamento
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Depois, deverão ser mencionados os pontos causadores dos problemas de
aprendizagem. Posterior a esta conduta deverá ser mencionada as recomendações como
troca de escola ou de turma, amenizar a super proteção dos pais, estimular a leitura em
casa etc; e as indicações que são os atendimentos que se julgue necessário como
fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista etc.
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5. CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia clinica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia clinica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. 14ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2012.
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