O documento discute a linguística aplicada contemporânea e propõe uma abordagem transgressiva e indicsiplinar. Argumenta-se que a LA deve considerar perspectivas pós-coloniais e críticas para estudar problemas sociais relevantes, como identidade e desigualdade, e incluir vozes marginalizadas. A LA é vista como um campo híbrido em constante mudança para compreender melhor a vida social.
O documento discute a linguística aplicada contemporânea e propõe uma abordagem transgressiva e indicsiplinar. Argumenta-se que a LA deve considerar perspectivas pós-coloniais e críticas para estudar problemas sociais relevantes, como identidade e desigualdade, e incluir vozes marginalizadas. A LA é vista como um campo híbrido em constante mudança para compreender melhor a vida social.
O documento discute a linguística aplicada contemporânea e propõe uma abordagem transgressiva e indicsiplinar. Argumenta-se que a LA deve considerar perspectivas pós-coloniais e críticas para estudar problemas sociais relevantes, como identidade e desigualdade, e incluir vozes marginalizadas. A LA é vista como um campo híbrido em constante mudança para compreender melhor a vida social.
Fazer linguística aplicada em perspectiva sócio-histórica – Roxane Rojo -
2006
A LA tem buscado e praticado uma “leveza de pensamento”
(trandisciplinaridade) que a torna capaz de tentar enfrentar e modificar a precariedade da existência em sociedade ou a privação sofrida por sujeitos, comunidades e instituições. O fazer do linguista aplicado reitera-se um fazer compromissado com as “privações sofridas”, ou seja, com os problemas socialmente relevantes e contextualizados, para a elaboração de conhecimento útil a participantes sociais em contexto.
A LA busca em outras disciplinas seus fundamentos e métodos. É na
psicologia social de Vygotsky que vai buscar seus instrumentos iniciais de reflexão, principalmente para o ensino de língua e políticas linguísticas. LA tem natureza transdisciplinar em suas relações com a educação, psicologia, sociologia e entre outros. Para Moita Lopes, a trandisciplinaridade só possível em trabalhos de equipe de pesquisadores provenientes de várias áreas de investigação.
Segundo Moita Lopes, a LA é uma ciência social, já que seu foco é
em problemas de uso de linguagem, enfrentados pelos sujeitos do discurso no contexto social. Abrangeria entender, explicar, solucionar problemas e aprimorar as soluções já existentes. Busca-se problemas com relevância social que tragam ganhos e práticas sociais a seus participantes, no sentido de melhor qualidade de vida, no sentido ecológico.
Trata-se de identificar problemas discursivos em sala de aula que,
solucionados, podem contribuir para a construção de conhecimento, do dialogismo, dos decursos e vozes no ambiente escolar.
O fazer dos linguistas aplicados contemporâneos exige a reflexão
sobre seus métodos, alcance teórico e eficácia de seus resultados. A LA hoje tem definido seu objeto através de uma reinserção deste objeto nas redes de práticas, instrumentos e instituições que lhe dão sentido no mundo social.
Do ponto de vista teórico-metodológico em LA, o foco tem sido na
importância de estudar a vida social, a partir das práticas discursivas dos participantes mediadas pela linguagem e pelo acesso de sua compreensão da vida social. Investigar o individual e social, refletindo como as formas de ação e interação social humanas são capazes de reproduzir formas discursivas que refratam e refletem formas possíveis em momentos sócio- político-ideológico determinados em dados momentos.
A linguagem capacita o ser humano a conversar, ordenar, escrever, dar
aula, a fazer circular por escrito seu saber e entre outros. Linguagem como construção das formas de agir e de ser em sociedade.
ROJO, R. Fazer Linguística Aplicada em perspectiva sócio-histórica:
privação sofrida e leveza de pensamento. In: MOITA-LOPES, L. P. (Org.) Por uma Linguística Aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006
A linguística aplicada na era da globalização – Kumaravadivelu
As áreas da globalização, pós-colonialismo e pós-modernismo
representam três importantes discursos críticos que dominam a produção de conhecimento nas ciências social de hoje. A LA como campo de estudos não pode deixar de considerar a realidade emergente global.
É necessário a transformação disciplinar (TD) que envolva a
reestruturação dos aspectos da LA, tais como: a transformação para a formação autônoma, do moderno para o pós-moderno e do colonial para o pós-colonial.
Aqueles que fazem LA têm uma responsabilidade especial por que,
em grande parte lidam com uma língua que tem características tanto globais quanto coloniais. Os linguistas aplicados estão conscientes do papel desenvolvido pelo colonialismo na manutenção do domínio do ocidente na produção e disseminação do conhecimento.
A LA investiga os problemas reais nos quais a linguagem é uma
questão central.
A LA modernista preserva as macroestruturas da dominação
linguística e cultural. Já a filosofia pós-modernista celebra a diferença, desafia as hegemonias e procurar desconstruir os discursos dominantes nos limites da ideologia, poder, classe, gênero e entre outros. Levando em consideração a linguagem como discurso, produzido por meio de práticas sociais, ações e instituições. Os textos são políticos porque todas as formações discursivas são políticas. Analisar texto significa analisar formações discursivas essencialmente políticas e ideológicas por natureza.
A LA não pode escapar à ideologia, estudar a ideologia é estudar
modos pelos quais o significado serve para estabelecer e sustentar relações de dominação.
O objetivo da pesquisa em LA deve estar em busca do significado.
Construir a transformação disciplinar em LA não é só opção. É obrigação, apesar da resistência e do árduo caminho.
KUMARAVADIVELU, B. A Linguística Aplicada na Era da Globalização.
In: MOITA LOPES, L.P. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Editora Parábola, 2006.
Uma linguística aplicada transgressiva – Pennycook
A linguística aplicada crítica (LAC) é uma abordagem dinâmica para
as questões da linguagem e contextos múltiplos. É uma forma de conhecimento transgressivo, um modo de pensar e fazer sempre problematizador.
A LAC possibilita um novo conjunto de interesses e tópicos como
identidade, sexualidade, ética, desigualdade e outros. Ao tomar uma visão de conhecimento também política, a LA transgressiva nos conduz para além de uma concepção de LA como disciplina fixa ou como domínio de trabalho interdisciplinar.
A noção de teoria transgressiva tem como intenção transgredir, tanto
teoricamente quanto politicamente, os limites do pensamento e ação tradicionais. A teoria transgressiva tem o objetivo de atravessar as fronteiras e quebrar regras em uma posição reflexiva sobre o quê e por que atravessa, articula-se para a ação na direção de mudança.
A LA transgressiva estuda identidades, teoria queer, na qual aborda as
categorias de gênero e sexualidade, corpos e entre outros. Essa discussão fornece um modo de pensar as relações entre linguagem e a identidade que reivindica ser.
Em resumo, a abordagem transgressiva é pensada para a ação e
mudança. A LA transgressiva reconhece os embates na dominação, na diferença e no desejo. Ela está sempre engajada em práticas problematizadoras.
PENNYCOOK, A. Uma Linguística Aplicada Transgressiva. In: MOITA
LOPES, L.P. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Editora Parábola, 2006.
Linguística aplicada e vida contemporânea – Moita Lopes
Há em muitos linguistas aplicados contemporâneos uma preocupação
nos novos modos de entender a vida social, baseados nas críticas à modernidade, em teorias queer, teorias pós-modernas críticas, feministas, antirracistas e pós-coloniais.
A LA envolve um projeto de uma agenda ética de investigação,
defendendo a solidariedade e a responsabilidade para com o outro na vida social e em novas formas de conhecer. A LA tem como objetivo principal a problematização da vida social, na intenção de compreender as práticas sociais nas quais a linguagem tem papel crucial.
Uma LA precisa ter algo a dizer sobre o mundo como se apresenta,
como a LA está localizada nas ciências sociais, portanto, não pode ficar à parte das discussões em tais campos.
A LA como campo híbrido no seu posicionamento teórico e
metodológico, cada vez mais tem empréstimos com outras disciplinas, tornando as fronteiras sutis.
De acordo com Moita Lopes (2006), a LA como lugar de ensaio de
esperança precisa construir conhecimento que exploda a relação entre teoria e prática, contemplando as vozes do Sul, isto é, as vozes daqueles que são excluídos socialmente. Dessa forma, visões da linguagem e da produção do conhecimento colocam o sujeito em um vácuo social, e que sua sócio-história é apagada, são inadequadas para dar conta da visão de LA contemporânea.
As pesquisas têm apontado para a necessidade da inclusão dos
saberes dos indivíduos que vivem à margem da sociedade e que muito poderiam contribuir para o desenvolvimento da pesquisa em LA. Moita Lopes argumenta que a LA contemporânea precisa ter algo a dizer sobre o mundo para os sujeitos que o habitam, ou seja, a pesquisa em LA não pode estar dissociada da prática, ignorando as vozes dos que a vivem. Para o autor brasileiro, o grande desafio para pesquisadores da atualidade é produzir conhecimento que tenha relevância também para aquelas pessoas que sofrem às margens da sociedade, as Vozes do Sul, como ele as denomina – seguindo Boaventura de Souza Santos (2004) Assim, Moita Lopes entende que aqueles que vivem excluídos podem ter muito a contribuir para a construção de conhecimento sobre a vida social e até mesmo colaborar para a compreensão de questões pertinentes para a pesquisa. Posto isto, mister se faz a introdução de um novo paradigma para que a LA dialogue com o mundo contemporâneo em constante conflito e mudança. O objetivo desse novo paradigma seria o de estabelecer uma aliança anti-hegemônica e antiexcludente, contrariando a concepção tradicional de vida social que encara os sujeitos como homogêneos e os discursos como globalizados. E, para isso, a LA não pode ser encarada como uma disciplina fechada em si mesma, ignorando saberes de outras áreas do conhecimento, mas sim como uma área de estudos que pode e deve “beber de várias fontes” para que saberes diferentes possam ser articulados de forma a possibilitar uma visão mais abrangente e mais clara das questões investigadas.
MOITA LOPES, L.P. Linguística Aplicada e Vida Contemporânea:
Problematização dos Construtos que Têm Orientado a Pesquisa. In: MOITA LOPES, L.P. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Editora Parábola, 2006.