Sempre pensamos que queremos fazer algo e nos perguntamos, “quero fazer isso?”, “É
possível que acabe em um desastre?”. Se não, nós fazemos, mas se for possível acabar
em desastre e aparecer no YouTube, aí então também fazemos. E às vezes decidimos
não fazer. Ou seja, fazemos essa apreciação, essa decisão a partir de uma apreciação de
riscos todos os dias.
Apreciação e Redução de Risco
”...
ANEXO I
PRINCÍPIOS GERAIS
...”
Apreciação e Redução de Risco
Para isso, existe uma norma ABNT NBR ISO 12100 que fala sobre a estratégia de
apreciação de riscos e de redução de riscos em máquinas.
Depois, quando houver esgotado essas medidas, passa a ser o usuário dessa
máquina quem precisa usar medidas adicionais para reduzir os riscos residuais.
Apreciação e Redução de Risco
APRECIAÇÃO DE RISCOS
REDUÇÃO DE RISCOS
Mesmo assim, em muitos casos, veremos que será necessário adicionar medidas
de proteção nesse processo de redução de riscos, para que o risco residual que
restar na máquina seja suficientemente baixo para que possamos tolerá-lo.
Esse processo de redução de risco começa com uma melhora no PROJETO. Isso é
muito importante, porque um bom projeto, que se chama “INERENTEMENTE
SEGURO”, permite reduzir logo os custos, ao eliminar muitos dispositivos de
proteção.
E num segundo passo, quando já não se pode eliminar ou reduzir riscos por
métodos de projeto inerentemente seguro, vamos aplicar DISPOSITIVOS DE
PROTEÇÃO. Esses dispositivos de proteção vão reduzir o risco a um nível
determinado.
É bem possível que esse risco já seja suficientemente baixo, porém, o risco
continue sendo algo mais elevado do que nós necessitamos.
Para reduzir esse risco residual, vamos utilizar a informação para o usuário para
informar ao mesmo sobre o uso correto, o uso seguro dessa máquina e para que
o usuário conheça esse risco residual e possa tomar as medidas adequadas. Um
exemplo da INFORMAÇÃO DE USO seria dar a informação do ruído que emite uma
máquina para que o usuário saiba que precisa de proteção auditiva.
Às vezes, ao aplicar esse processo de redução de riscos e especialmente
ao aplicar dispositivos de proteção, poderemos ter, como resultado a
GERAÇÃO DE OUTROS PERIGOS. Por exemplo, temos uma máquina
fresadora que projeta partículas ao trabalhar o metal.
Podemos utilizar, naturalmente, uma proteção móvel que evita que essas
partículas projetadas alcancem o operador. O problema é que essa
proteção móvel pode ser muito pesada e ao abrir e fechá-la, o operador
pode ter um problema ergonômico ou lesionar-se. Nesse caso, vamos
utilizar um motor para motorizar essa porta, e nesse momento, criamos
um perigo novo, o perigo de cisalhamento e de esmagamento dos dedos
do operador na borda dessa porta.
A estimativa dos riscos define qual a gravidade provável dos danos e qual a
probabilidade de que esses danos ocorram.
A avaliação de riscos é um parecer, que se toma com base na análise de riscos e significa
simplesmente responder à pergunta, se alcançou ou não os objetivos de redução de
risco. Esses objetivos podem ser mais elevados ou mais baixos dependendo da
legislação de cada país.
A redução de riscos adequada é a redução que satisfaz os requisitos legais de cada país,
levando em conta o estado da técnica atual.
Análise de Riscos
Apreciação e Redução de Risco
Já vimos antes que, quando estávamos passeando pela praia, que tínhamos um
perigo que se originava pela radiação solar. Agora, se uma pessoa está na praia,
se combina o perigo com a exposição, já que existe a pessoa, e essa combinação
pode produzir um dano, a queimadura solar.
Esse dano, a queimadura solar, vai aparecer como dado na estimativa de riscos, e
assim, nós vamos saber o dano possível e vamos estimar a gravidade desse dano.
Pode ser uma queimadura muito extensa, pode ser uma pequena queimadura,
pode ser uma queimadura grande, larga e leve, pode ser uma queimadura grave.
Nós poderemos ter um dano muito pequeno, em uma máquina, em certa situação,
porém, sendo a probabilidade de ocorrer este dano, muito alta, nós teremos nesse
momento um risco elevado.
Apreciação e Redução de Risco
Para reduzir o risco teremos que fazer a estimativa deste risco, seu efeito e que
medida teremos de utilizar na máquina para reduzir esse efeito do dano.
Podemos ter um risco alto ou um risco baixo.
O risco sempre deverá começar a ser medido, conforme a estimativa de riscos,
antes de instalar alguma medida de proteção ou alguma medida de redução de
riscos. Geralmente, nós vamos medir esse risco em uma probabilidade, em uma
possibilidade por ano, uma possibilidade por dia, ou uma possibilidade por hora.
A ausência de um histórico de
acidentes, um número pequeno
de acidentes ou uma menor
gravidade nos acidentes não
devem conduzir a presunção de
um baixo risco.
As funções de uma máquina são o que nos dá a definição de seus limites. Há limites
que pertencem à própria máquina e limites que estão ligados à interação da
máquina com as pessoas.
O espaço, ou seja, o tipo de movimento que uma máquina pode ter, o espaço que
é necessário para realizar uma manutenção, etc.
No ambiente, que temperatura, que umidade, que ruído, qual é a localização da
máquina, que vibrações pode haver. Se montamos uma máquina sobre um
caminhão, por exemplo, um guindaste, ele vai estar sujeito a vibrações muito
fortes durante o seu transporte em carreta. Porém, quando esse guindaste está
montado fixamente em uma área de construção, ele não vai ter esses problemas,
com o qual, não teremos de levar em conta essa situação.
O tempo é importante, enquanto em que sempre há partes da máquina que
podem envelhecer, que se desgastam, então temos que levar em conta a
manutenção, o desgaste de ferramentas, a alteração de fluídos, etc.
Tem que levar em conta o uso que é previsto pela máquina, assim como o uso
indevido previsível.
Os índices de produção, os tempos de ciclo, a pressão de manutenção da
produção, etc.
Os limites das pessoas são as suas habilidades físicas, a instrução ou a formação
que elas recebem, o equipamento de proteção individual que usam, etc.
Outro limite é aquele que define como se pode usar essa máquina e que perigos
aparecem.
Apreciação e Redução de Risco
A identificação de perigos é muito importante. Para isso, a ABNT NBR ISO 12100
tem exemplos de perigos que aparecem em um anexo. Nem todos os perigos que
existem aparecem em uma máquina, assim, o que podemos fazer é identificar se
um determinado perigo aparece na nossa máquina ou não.
Há normas que se chamam normas do tipo C, que são normas específicas para
certos tipos de máquina. Nessas normas, já teremos perigos identificados a priori
que podemos usar. São os perigos que se chamam perigos relevantes geralmente
identificados a uma certa máquina.
Apreciação e Redução de Risco
Assim, uma vez que começamos a analisar os riscos, veremos que desses perigos
identificados, que podem existir na máquina, algumas máquinas têm alguns
perigos e outras máquinas têm outros. Ou seja, desses primeiros três perigos que
temos identificado, talvez a nossa máquina tenha só dois perigos que são
relevantes.
Perigos relevantes são os perigos que estão diretamente relacionados com o
processo da nossa máquina. Porem nem todos os perigos relevantes que a nossa
máquina vai ter necessitam de uma redução de riscos. Vamos realizar a apreciação
de riscos para, depois, analisar o número de perigos relevantes que teremos que
reduzir. Esses são os perigos que se chamam perigos significativos.
Esses são os perigos que temos que levar em conta, e para os quais necessitará de
aplicar a redução de riscos. Essa primeira parte da análise de riscos e sua avaliação
é o que chamamos de apreciação de riscos, e é a que depois vai servir para
identificar os riscos significativos e começar a reduzir esses riscos mediante
medidas de projeto inerentemente seguras ou utilizando medidas de proteção.
ABNT NBR ISO 12100 – Apreciação de Risco – uso devido e uso indevido
razoavelmente previsível
Apreciação e Redução de Risco
Quanto a duração da exposição, pode ocorrer que tenhamos uma duração muito
longa, e então que seja muito provável que, durante esse tempo de interação,
essa exposição, leve a esse dano grave que nós estávamos avaliando.
Isso tem a ver, por exemplo, com a velocidade com que esse perigo aparece, com
a possibilidade física de evitar esse perigo, tendo o espaço adequado para mover
se fora da área de perigo, ou a possibilidade de reagir.
Teremos que levar em conta que muitas situações de perigo não ocorrem
constantemente, mas que são os resultados de alguns cenários que nós teremos
que identificar. E que, naturalmente, a probabilidade que este cenário ocorra não
é constante, se não, que tenha um parâmetro da mesma situação e da
possibilidade da pessoa poder interagir nesse mesmo momento.
Apreciação e Redução de Risco
Existem muitos métodos para estimar, para avaliar e analisar riscos. Existem
métodos de matrizes, existem métodos numéricos, existem muitos métodos, que
se usam atualmente.
Quando vocês utilizam algum método, tenham em conta que é necessário que
esse método tenha uma certa granularidade, ou seja, que para cada parâmetro
existam suficientes níveis diferentes, para poder de uma maneira mais fina, mais
detalhada, fazer uma apreciação de riscos.
Aqui vocês veem, como exemplo, um método que desenvolvemos, chamado
método SCRAM, e nele, a gravidade do dano tem quatro níveis: um dano
insignificante, um dano leve, um dano grave e um dano muito grave ou mortal,
nos quais a frequência de exposição pode denominar-se alta ou baixa.
E nele a possibilidade de evitar, pode ter dois parâmetros: de ser possível evitar
ou ser praticamente impossível, e que a incidência, a probabilidade de ocorrência,
tem três parâmetros, três níveis, que são: incidência baixa, média e alta.
O que é muito importante, quando vocês escolherem um método para estimar os
riscos, é ter em conta que o método deve aproximar-se do sistema que vocês vão
utilizar para reduzir esse método e que o método tenha níveis adequados à
maneira de trabalhar dessa máquina.
Apreciação e Redução de Risco
E por último, uma vez que tenhamos realizado essa estimativa, essa avaliação de
riscos, podemos começar com o processo de redução. O processo de redução de
riscos é um processo que está sempre muito unido à apreciação de riscos.
Para cada perigo significativo, que precisa ser reduzido, vamos tentar utilizar
medidas de projeto seguro, como por exemplo, evitar arestas cortantes na
máquina ou projetar as peças que se movem de uma maneira que não produzam
aberturas que permitam introduzir partes do corpo.
O ideal é quando esse projeto seguro permite eliminar o risco, ou seja, o risco
desaparece totalmente. Nesse momento, a nossa máquina já pode ter um risco
aceitável ao ser eliminado, mas é possível que alguma medida de projeto seguro
não elimine totalmente o risco, mas que apenas o reduza.
Nesse caso, vamos utilizar o segundo passo desse método, que é o uso de
dispositivos de proteção. Ao usar um dispositivo de proteção, vamos reduzir outra
vez o risco e vamos voltar a perguntar se esse risco se tornou um risco aceitável
ou não.
Apreciação e Redução de Risco
Se o risco é aceitável, ou seja, o risco que restou na máquina ficou abaixo do risco
que a lei permite, então nós temos uma máquina com um risco aceitável. Se o
risco que restou na máquina ficou acima do risco que a lei permite, teremos que
utilizar o terceiro passo do método, que é o de informar ao usuário, ao operador,
a quem vai ficar interagindo com a máquina, sobre os riscos residuais que
restaram nela e que não puderam ser eliminados no projeto com a aplicação de
dispositivos de proteção.
Nesse momento em que informamos a quem de direito os riscos residuais que não
puderam ser eliminados, podemos dar como finalizada a redução do risco desta
máquina a qual chegou num risco aceitável.
Quando isto não for possível, quando nem a aplicação de projeto seguro, nem de
proteções, nem de informação forem suficientes, teremos que pensar se não
precisamos mudar o desenho, ou projeto dessa máquina.
Vamos observar que essa redução de riscos tem a ver com os dois elementos
fundamentais que são a gravidade dos danos e a probabilidade de que se produza
esse dano, e que essa probabilidade vem de diferentes parâmetros.
Com base na figura acima, nós vamos definir o risco com esse pequeno raio no
retângulo azul, a gravidade dos danos, na seta do retângulo verde, e a
probabilidade que se ocorram, na seta do retângulo amarelo.
Apreciação e Redução de Risco
Vamos imaginar que temos um zoológico onde os visitantes podem ver os leões.
Claro, isso significa que os leões estão perto dos visitantes, e quando os leões
ficarem com fome, eles vão comer alguns dos visitantes.
Então, o risco que nós temos, o risco que provém dessa possibilidade de dano, é
um perigo significativo.
Então, através de uma mudança de projeto já reduzimos muito o risco. O risco que
vem do parâmetro da gravidade de dano, já está reduzido, porque o lince pode
morder uma mão, um dedo, mas não pode comer as pessoas totalmente.
Para reduzir corretamente esse risco, vamos evitar que esse lince se movimente
livremente e vamos colocar o lince atrás de uma jaula com grades, para impedir o
contato do lince com as pessoas.
Nesse momento, não vamos mais reduzir o parâmetro do risco que vem da
gravidade do dano, o que nós vamos reduzir é a probabilidade de que ocorra.
Como já temos uma separação física entre o perigo e as pessoas, é muito
improvável que uma interação leve a esse dano, porque a interação diminuiu
muito.
Pode ser que o risco residual, seja ainda muito elevado. Vemos que o tamanho das
malhas da grade da jaula, permite que alguém introduza um ou dois dedos. Se o
lince estiver com muita fome, talvez morda esses dedos.
Para evitar isso, nós vamos utilizar uma informação para o usuário. Ou seja, uma
placa contendo o seguinte aviso, “cuidado, não introduza os dedos, mantenha
distância”.
CUIDADO
NÃO INTRODUZA OS DEDOS
MANTENHA DISTÂNCIA