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Apreciação e Redução de Risco

Apreciação de Risco - Exemplo

Apreciação de risco é fundamental para se ter uma máquina segura.

Demonstramos com o esquema acima, como é uma apreciação de risco e seu


funcionamento.

Uma apreciação de riscos é uma coisa que fazemos todos os dias.

Sempre pensamos que queremos fazer algo e nos perguntamos, “quero fazer isso?”, “É
possível que acabe em um desastre?”. Se não, nós fazemos, mas se for possível acabar
em desastre e aparecer no YouTube, aí então também fazemos. E às vezes decidimos
não fazer. Ou seja, fazemos essa apreciação, essa decisão a partir de uma apreciação de
riscos todos os dias.
Apreciação e Redução de Risco

PERIGO VERSUS RISCO

É qualquer fonte de um Possibilidade ou a


possível dano, de uma probabilidade de que uma
possível lesão ou de um pessoa termine ferida ou
efeito negativo para a nossa experimente esse efeito
saúde, para uma ou mais negativo em sua saúde
pessoas em uma quando for exposta a um
determinada circunstância. perigo. Por exemplo, nos
Por exemplo, em um dia vemos expostos à radiação
bonito, podemos ir até a solar e temos como resultado
praia, mas há um perigo, que uma QUEIMADURA SOLAR.
é a RADIAÇÃO DO SOL.

O perigo é a RADIAÇÃO DO SOL!

O risco é a QUEIMADURA SOLAR!


Apreciação e Redução de Risco

Algumas leis, como por exemplo a Diretiva de Máquinas Europeia 2006/42/CE a


seguir em seu ANEXO I, exigem que o fabricante de uma máquina realize e garanta
que seja feita uma apreciação de riscos, com a finalidade de determinar os
requisitos de segurança e saúde que devem ser aplicados à máquina.

Ou seja, primeiramente realizamos esta apreciação de risco e depois projetamos


a nossa máquina, considerando os resultados dessa apreciação.

”...
ANEXO I

Requisitos essenciais de saúde e de segurança relativos à concepção e fabricação de


máquinas

PRINCÍPIOS GERAIS

1. O fabricante de uma máquina, ou o seu mandatário, deve assegurar que seja


efectuada uma apreciação de riscos, a fim de determinar os requisitos de saúde e de
segurança que se aplicam à máquina. Em seguida, a máquina deverá ser concebida e
fabricada tendo em conta os resultados da apreciação de riscos

Através do processo iterativo de avaliação e redução dos riscos acima referido, o


fabricante ou o seu mandatário deve:

 determinar as limitações da máquina, o que inclui a utilização prevista e a má


utilização razoavelmente previsível,

 identificar os perigos que podem ser originados pela máquina e as situações


perigosas que lhes estão associadas,

 estimar os riscos, tendo em conta a gravidade de eventuais lesões ou agressões


para a saúde e a probabilidade da respectiva ocorrência,

 avaliar os riscos com o objectivo de determinar se é necessária a sua redução, em


conformidade com o objectivo da presente directiva,

 eliminar os perigos ou reduzir os riscos que lhes estão associados, através da


aplicação de medidas de protecção, pela ordem de prioridade estabelecida na
alínea b) do ponto 1.1.2.

...”
Apreciação e Redução de Risco

Estratégias de Apreciação e Redução de Riscos

1º Apreciação de risco – 2º Projeto da máquina

Para isso, existe uma norma ABNT NBR ISO 12100 que fala sobre a estratégia de
apreciação de riscos e de redução de riscos em máquinas.

O fabricante deverá agregar ao projeto de uma máquina medidas de proteção


para reduzir o risco que tem a máquina.

Depois, quando houver esgotado essas medidas, passa a ser o usuário dessa
máquina quem precisa usar medidas adicionais para reduzir os riscos residuais.
Apreciação e Redução de Risco

Processo Geral de Apreciação e Redução de Riscos

APRECIAÇÃO DE RISCOS

Esse processo é muito simples. Começa com a DETERMINAÇÃO DOS LIMITES DA


MÁQUINA, ou seja, onde se vai usar a máquina, quem a irá usar, como se irá usar,
quais tamanhos de ferramentas serão utilizados, quais tamanhos de produtos
serão produzidos.

Partindo dessas informações, teremos que IDENTIFICAR OS PERIGOS, ou seja,


reconhecer que perigos pode haver nessa máquina.

Perigos mecânicos, esmagamento, cisalhamento, corte, perigos elétricos,


eletrocussão, perigos térmicos, queimaduras e uma vez identificados todos os
perigos, faremos uma ESTIMATIVA DE RISCOS.

A determinação dos limites da máquina, a identificação dos perigos e a estimativa


dos riscos que estão ligados a esses perigos se denomina análise de riscos.

Depois da análise de riscos, vem uma AVALIAÇÃO DE RISCOS que simplesmente


pergunta se os riscos foram reduzidos adequadamente. Quando isso acontece, se
finaliza toda essa parte da apreciação de riscos.
Apreciação e Redução de Risco

REDUÇÃO DE RISCOS

Mesmo assim, em muitos casos, veremos que será necessário adicionar medidas
de proteção nesse processo de redução de riscos, para que o risco residual que
restar na máquina seja suficientemente baixo para que possamos tolerá-lo.

Esse processo de redução de risco começa com uma melhora no PROJETO. Isso é
muito importante, porque um bom projeto, que se chama “INERENTEMENTE
SEGURO”, permite reduzir logo os custos, ao eliminar muitos dispositivos de
proteção.

E num segundo passo, quando já não se pode eliminar ou reduzir riscos por
métodos de projeto inerentemente seguro, vamos aplicar DISPOSITIVOS DE
PROTEÇÃO. Esses dispositivos de proteção vão reduzir o risco a um nível
determinado.

É bem possível que esse risco já seja suficientemente baixo, porém, o risco
continue sendo algo mais elevado do que nós necessitamos.

Para reduzir esse risco residual, vamos utilizar a informação para o usuário para
informar ao mesmo sobre o uso correto, o uso seguro dessa máquina e para que
o usuário conheça esse risco residual e possa tomar as medidas adequadas. Um
exemplo da INFORMAÇÃO DE USO seria dar a informação do ruído que emite uma
máquina para que o usuário saiba que precisa de proteção auditiva.
Às vezes, ao aplicar esse processo de redução de riscos e especialmente
ao aplicar dispositivos de proteção, poderemos ter, como resultado a
GERAÇÃO DE OUTROS PERIGOS. Por exemplo, temos uma máquina
fresadora que projeta partículas ao trabalhar o metal.

Podemos utilizar, naturalmente, uma proteção móvel que evita que essas
partículas projetadas alcancem o operador. O problema é que essa
proteção móvel pode ser muito pesada e ao abrir e fechá-la, o operador
pode ter um problema ergonômico ou lesionar-se. Nesse caso, vamos
utilizar um motor para motorizar essa porta, e nesse momento, criamos
um perigo novo, o perigo de cisalhamento e de esmagamento dos dedos
do operador na borda dessa porta.

Ao criar um novo perigo, nós necessitamos, outra vez, de identificá-lo, estimá-


lo, e, naturalmente, aplicar um caso adequado de medidas de proteção. Todo
esse processo geral é o processo de apreciação de riscos.
Apreciação e Redução de Risco

Termos e Definições – ABNT NBR ISO 12100

Para falar corretamente, para utilizar corretamente os métodos, teremos que


utilizar as definições adequadas.

O processo geral de apreciação de risco contém a análise e a avaliação de risco.


Sendo que:

A análise de risco é a combinação da especificação dos limites da máquina, a


identificação dos perigos e a estimativa dos riscos.

A estimativa dos riscos define qual a gravidade provável dos danos e qual a
probabilidade de que esses danos ocorram.

A avaliação de riscos é um parecer, que se toma com base na análise de riscos e significa
simplesmente responder à pergunta, se alcançou ou não os objetivos de redução de
risco. Esses objetivos podem ser mais elevados ou mais baixos dependendo da
legislação de cada país.

A redução de riscos adequada é a redução que satisfaz os requisitos legais de cada país,
levando em conta o estado da técnica atual.

Análise de Riscos
Apreciação e Redução de Risco

O risco é a combinação de um perigo que origina um dano e a probabilidade que


esse dano ocorra.

O primeiro passo para realizar uma análise de risco é identificar os perigos. O


perigo é uma definição que nos dá a origem de um dano.

Já vimos antes que, quando estávamos passeando pela praia, que tínhamos um
perigo que se originava pela radiação solar. Agora, se uma pessoa está na praia,
se combina o perigo com a exposição, já que existe a pessoa, e essa combinação
pode produzir um dano, a queimadura solar.

Esse dano, a queimadura solar, vai aparecer como dado na estimativa de riscos, e
assim, nós vamos saber o dano possível e vamos estimar a gravidade desse dano.

Pode ser uma queimadura muito extensa, pode ser uma pequena queimadura,
pode ser uma queimadura grande, larga e leve, pode ser uma queimadura grave.

Depois teremos que combinar essa possibilidade da gravidade da falha com a


probabilidade de que esse dano ocorra. Quer dizer, agora vamos combinar a
gravidade do dano, toda a vermelhidão, a queimadura extensa, a queimadura
pequena, com a probabilidade de que isso ocorra.

Naturalmente, quando estamos falando da radiação solar, essa probabilidade tem


muito que ver com o tempo que ficamos expostos a radiação solar, com o vento
que ao resfriar nossa pele, evitará que sintamos a intensidade desta queimadura
e outros parâmetros.

Esses parâmetros fornecem, conjuntamente, essa probabilidade de que ocorra


um dano. E a combinação da gravidade com a probabilidade é o que se denomina
um risco.

Nós poderemos ter um dano muito pequeno, em uma máquina, em certa situação,
porém, sendo a probabilidade de ocorrer este dano, muito alta, nós teremos nesse
momento um risco elevado.
Apreciação e Redução de Risco

Redução Adequada do Risco – Valores de Probabilidade

Para reduzir o risco teremos que fazer a estimativa deste risco, seu efeito e que
medida teremos de utilizar na máquina para reduzir esse efeito do dano.
Podemos ter um risco alto ou um risco baixo.
O risco sempre deverá começar a ser medido, conforme a estimativa de riscos,
antes de instalar alguma medida de proteção ou alguma medida de redução de
riscos. Geralmente, nós vamos medir esse risco em uma probabilidade, em uma
possibilidade por ano, uma possibilidade por dia, ou uma possibilidade por hora.

Geralmente, como vemos no esquema acima, a probabilidade de morte natural


de uma pessoa está a cerca de uma em mil pessoas por ano. Depende também,
um pouco, de onde nos encontramos. A probabilidade de sofrer a morte devido a
um desastre natural está a cerca de uma em um milhão de pessoas por ano.
Apreciação e Redução de Risco
Isso significa que, quando estamos fabricando uma máquina em que podemos
definir a tecnologia, devemos projetá-la sempre com maior segurança possível, ou
seja, com uma probabilidade maior de sofrer uma morte natural.
É muito lógico pensar que a segurança da máquina tem que ser melhor ao ponto
de ter uma probabilidade maior de sofrer uma morte devido a um desastre
natural. Assim devemos testar num limite inferior a uma morte por milhão de
pessoas por ano.
Vamos, portanto, através do processo de redução de risco, reduzir o risco ao
ponto de chegar no risco aceitável. O nível que deve ter este risco aceitável
depende um pouco de cada país, de cada região e da situação social no momento.
Existem diferentes, leis em cada país, e, dependendo dessa lei, o nível de risco
aceitável ou não aceitável pode ser diferente. No momento em que a nossa
redução de riscos chega a esse risco aceitável pela legislação nacional, então
teremos alcançado a meta e teremos alcançado o fim necessário.

Apreciação de Risco – Processo Interativo

Essa apreciação de riscos é um


processo iterativo. Começa com
as funções da máquina, ou seja,
definindo os limites da máquina.
E uma vez definidos os limites da
máquina, identificamos os
perigos, estimamos os riscos que
estão unidos, ligados a cada
perigo, e avaliamos esses riscos.
Agora, a partir desse momento,
em que avaliarmos os riscos,
teremos que decidir se
necessitamos reduzir esses
riscos ou não.
Quando não é necessário, damos como finalizado o processo, mas em muitos
casos, será necessário começar com um processo novo, que é o processo de
redução dos riscos.
Esse processo de redução de riscos pode, às vezes, introduzir novos perigos que,
por sua vez, devem ser identificados.
Apreciação e Redução de Risco

A ausência de um histórico de
acidentes, um número pequeno
de acidentes ou uma menor
gravidade nos acidentes não
devem conduzir a presunção de
um baixo risco.

Apreciação de Risco – ABNT NBR 12100 – Informações necessárias

Especificações para o usuario e fases do ciclo de vida


DESCRIÇÃO DA
Desenhos estruturais e fontes de energía necessárias
MÁQUINA
Informações de uso segundo disponibilidade
Regulamentações aplicáveis
REGULAMENTAÇÕES Normas relevantes
E NORMAS Especificações técnicas relevantes
Fichas de dados de segurança
Acidentes, incidentes ou histórico de falhas no
EXPERIÊNCIA DE USO funcionamento
Máquinas em análise ou similares
PRINCÍPIOS
Princípios ergonômicos relevantes
ERGONÔMICOS

Para realizar uma apreciação de riscos, é necessário ter uma informação


preliminar. Por exemplo, uma descrição da máquina com a especificação para o
usuário, das fases do ciclo de vida, alguns desenhos, alguns esboços, alguns
esquemas elétricos, pneumáticos, descrição das fontes necessárias de energia e
informação de seu uso, caso ela já esteja disponível.
É muito lógico que, entre muitos fabricantes de máquinas, a informação para o
uso da máquina seja redigida ao final do processo de desenho, do processo de
projeto. Essa não é uma boa ideia. É muito mais fácil e muito menos custoso
começar a redigir a informação de uso da máquina durante o processo de projeto
e do processo de desenho da mesma.
Apreciação e Redução de Risco

Como segunda fonte de informação, podemos utilizar


regulamentos e normas.
Regulamentos aplicáveis, como, por exemplo, a NR-12, normas
relevantes, como as normas ABNT NBR, especificações técnicas
relevantes quando as normas nacionais não existem, e listas com
informações de segurança, que os fabricantes de componentes, e
de elementos podem deixar à nossa disposição.
Outra fonte muito importante de informação é a experiência de uso. Temos que
levar em conta acidentes, incidentes ou o histórico de falhas de funcionamento
de máquinas e similares. Como últimos aspectos teremos de levar em conta os
princípios ergonômicos relevantes.
Sabemos por larga experiência que uma boa observação dos princípios
ergonômicos sempre leva a uma melhor máquina, a uma máquina mais produtiva
e a uma máquina mais segura.

O que é muito importante é saber que a ausência de um histórico de acidentes,


de um número muito baixo de acidentes, ou acidentes com pouquíssima
gravidade, não podem ser tomados como presunção de que a máquina tem um
risco reduzido, tem um risco baixo. Não é possível. Só significa, em muitos casos,
que, até o momento, nós tivemos muita sorte operando esse tipo de máquina.
Apreciação e Redução de Risco
Funções de uma Máquina – definição de limites

As funções de uma máquina são o que nos dá a definição de seus limites. Há limites
que pertencem à própria máquina e limites que estão ligados à interação da
máquina com as pessoas.
O espaço, ou seja, o tipo de movimento que uma máquina pode ter, o espaço que
é necessário para realizar uma manutenção, etc.
No ambiente, que temperatura, que umidade, que ruído, qual é a localização da
máquina, que vibrações pode haver. Se montamos uma máquina sobre um
caminhão, por exemplo, um guindaste, ele vai estar sujeito a vibrações muito
fortes durante o seu transporte em carreta. Porém, quando esse guindaste está
montado fixamente em uma área de construção, ele não vai ter esses problemas,
com o qual, não teremos de levar em conta essa situação.
O tempo é importante, enquanto em que sempre há partes da máquina que
podem envelhecer, que se desgastam, então temos que levar em conta a
manutenção, o desgaste de ferramentas, a alteração de fluídos, etc.
Tem que levar em conta o uso que é previsto pela máquina, assim como o uso
indevido previsível.
Os índices de produção, os tempos de ciclo, a pressão de manutenção da
produção, etc.
Os limites das pessoas são as suas habilidades físicas, a instrução ou a formação
que elas recebem, o equipamento de proteção individual que usam, etc.
Outro limite é aquele que define como se pode usar essa máquina e que perigos
aparecem.
Apreciação e Redução de Risco

Identificação de Tarefas – Exemplo: prensa de vulcanização de pneus

Aqui vemos um pequeno esquema de uma típica prensa de vulcanização de


pneus, e vamos utilizar esse esquema para o segundo passo, que é a identificação
das tarefas.
Nesta máquina, o que ocorre é que o usuário da máquina, o operador, vai carregar
os pneus de borracha, que ainda estão úmidos, que ainda não estão curados e
colocá-los dentro da máquina, que é uma autoclave, e então ao se fechar a
mesma, se iniciará o processo de vulcanização, usando vapor quente e pressão.
Logo a máquina descarrega o pneu, que já está curado, digamos que está quase
em sua forma final, e é posto sobre um sistema de transporte. E vemos que é
muito claro que teremos uma zona de carga e de descarga, que é o posto de
trabalho do operador. É aí que o operador vai estar continuamente.
Logo teremos várias áreas de serviço, nas quais, às vezes, dependendo muito da
qualidade da borracha, de algumas temperaturas e de situações aleatórias, será
necessário realizar pequenas intervenções para manter a produção.
Então, teremos a área onde funciona o fluxo de materiais, que é uma área em que
também pode, de vez em quando, haver uma intervenção humana quando há,
digamos, muito material que tenha se acumulado, quando há problemas com a
logística, etc. Então nós vemos que, ao identificar tarefas, podemos já ir
reconhecendo as zonas em que alguns perigos vão aparecer.
Apreciação e Redução de Risco

Identificação de Perigos – Relevantes versus Significativos

A identificação de perigos é muito importante. Para isso, a ABNT NBR ISO 12100
tem exemplos de perigos que aparecem em um anexo. Nem todos os perigos que
existem aparecem em uma máquina, assim, o que podemos fazer é identificar se
um determinado perigo aparece na nossa máquina ou não.
Há normas que se chamam normas do tipo C, que são normas específicas para
certos tipos de máquina. Nessas normas, já teremos perigos identificados a priori
que podemos usar. São os perigos que se chamam perigos relevantes geralmente
identificados a uma certa máquina.
Apreciação e Redução de Risco
Assim, uma vez que começamos a analisar os riscos, veremos que desses perigos
identificados, que podem existir na máquina, algumas máquinas têm alguns
perigos e outras máquinas têm outros. Ou seja, desses primeiros três perigos que
temos identificado, talvez a nossa máquina tenha só dois perigos que são
relevantes.
Perigos relevantes são os perigos que estão diretamente relacionados com o
processo da nossa máquina. Porem nem todos os perigos relevantes que a nossa
máquina vai ter necessitam de uma redução de riscos. Vamos realizar a apreciação
de riscos para, depois, analisar o número de perigos relevantes que teremos que
reduzir. Esses são os perigos que se chamam perigos significativos.
Esses são os perigos que temos que levar em conta, e para os quais necessitará de
aplicar a redução de riscos. Essa primeira parte da análise de riscos e sua avaliação
é o que chamamos de apreciação de riscos, e é a que depois vai servir para
identificar os riscos significativos e começar a reduzir esses riscos mediante
medidas de projeto inerentemente seguras ou utilizando medidas de proteção.

ABNT NBR ISO 12100 – Apreciação de Risco – uso devido e uso indevido
razoavelmente previsível
Apreciação e Redução de Risco

É muito importante levar em conta o uso previsto e o uso indevido


razoavelmente previsível.
Sabemos que muitas pessoas fazem um uso indevido de equipamentos, de
materiais, mas é uma coisa que conhecemos e que sabemos.
Nesse momento, o fabricante da máquina precisa levar isso em conta e precisa
tomar medidas para evitar que esse uso indevido, mas razoavelmente previsível,
leve a um acidente, leve a um dano para o operário.
Vamos primeiramente usar simplesmente uma divisão. Ou seja, nós temos que
dividir os usos da máquina.
Primeiro é o uso conforme foi previsto, que é o uso comum que está
normalmente de acordo com o projeto da máquina, com a sua construção e com
a sua função, ou seja, o projeto que está pertinente ao uso dessa máquina.
Temos, também, o uso indevido razoavelmente previsível, que pode ser muitas
coisas. O uso indevido previsível podem ser centenas de maus usos. Porem, a
norma nos dá uma direção, nos dá um guia, e nos diz para levarmos em conta o
que é razoavelmente previsível.
Razoavelmente previsível pode ser a perda do controle da máquina por parte do
operador.
Imaginemos que estamos utilizando uma máquina para
cortar a grama do jardim, e nós tropeçamos, caímos,
soltamos a máquina e, se nesse momento a máquina
continua cortando a grama, pode provocar um perigo para
outras pessoas. Nesse momento, teremos que tomar
alguma medida.
E nós vemos na prática que muitas das máquinas para
cortar grama foram projetadas de tal maneira que quando
o operador solta a máquina, a máquina se desliga
imediatamente.
Pressões para manter a máquina em funcionamento em todas as situações. Essa
é uma maneira de expressar as pressões econômicas. Às vezes, teremos situações
em produção em que é necessário manter a função da máquina durante o tempo
mais longo possível. E, às vezes, ocorre que disso leva à manipulação, a burla de
dispositivos de proteção.
Essa é uma coisa que o fabricante da máquina deve prever, e deve tomar
medidas para evitar isso.
Apreciação e Redução de Risco
Ou seja, tentar fabricar, tentar projetar a máquina de tal maneira que o número
de situações, em que manter a máquina em funcionamento possa levar a uma
situação perigosa, seja minimizado ao máximo.
Outra situação é o descuido normal. É um comportamento incorreto, não é um
uso indevido, mas é uma coisa que pertence à nossa vida cotidiana.
É muito claro que, se estamos trabalhando durante oito horas, não vamos
conseguir ficar totalmente concentrados nessas oito horas. E, a partir da quarta,
quinta, sexta hora de trabalho, a nossa capacidade de concentração, nossa
capacidade de reação vai diminuindo, o nosso cansaço vai aumentando, e então é
muito provável que cometamos erros muito típicos.
Isso tem que ser levado em conta, quer dizer, o fabricante da máquina deve,
obrigatoriamente, projetar a máquina de tal maneira que qualquer erro por
parte do operário não leve a um acidente.
Naturalmente temos que também levar em conta o que se chama de
comportamento reflexo, comportamento não intencional, por falha de
funcionamento, por incidente, por defeito.
Imaginemos que teremos uma pessoa que está carregando e descarregando
uma prensa mecânica todos os dias, oito horas por dia, durante cinco horas, e,
cinco dias por semana, durante cinquenta semanas por ano, e está realizando
um movimento muito monótono.
Pode ser que ocorra, um dia, que essa pessoa introduza uma peça incorreta, uma
peça ruim dentro da máquina.
Nesse momento, ao perceber a irregularidade, essa pessoa vai ter um
comportamento reflexo, vai mover muito rapidamente seu braço na direção da
zona de perigo. É uma coisa que a pessoa não vai poder evitar. É como se eu me
aproximasse pelas costas de um soldado muito bem treinado e lhe desse um
toque nas costas. Ele vai reagir com um comportamento reflexo e tentar me dar
um golpe de karate ou me atacar por puro reflexo.
Então, isso também tem que se levar em conta quando se projeta as máquinas.
Naturalmente, existe a conveniência de um ser humano, de se tomar a linha de
mínima resistência, o caminho mais fácil.
Somos pessoas que não gostamos de trabalhar duro. Naturalmente, todo mundo
gosta de ter um trabalho simples, um trabalho cômodo, e essa comodidade, essa
conveniência, nos leva a pautas incorretas, a comportamentos incorretos, a
buscar a linha mais cômoda, e isso às vezes significa burlar dispositivos de
proteção.
Apreciação e Redução de Risco
Então, também o fabricante de máquina tem que pensar nisso, e a solução mais
fácil é projetar a máquina de tal maneira que seu uso, sua manutenção, sua
operação sejam convenientes, sejam cômodas para a pessoa que tem que
realizar essa tarefa.
Por último, o comportamento de determinadas pessoas, por exemplo, crianças ou
pessoas com deficiências.
Sempre há queixa de muita gente que diz, “senhores, não temos pessoas, não
temos crianças e nem pessoas com deficiência, nas áreas de trabalho”.
Isso não é verdade, nós temos cada vez mais pessoas com deficiência que estão
integradas ao ambiente de trabalho.
Temos crianças visitando fábricas, temos pessoas com estaturas reduzidas.
E também teremos que levar em conta que cada vez mais aparecem máquinas em
ambientes públicos. Temos os elevadores, temos as escadas rolantes, temos as
esteiras de bagagem nos aeroportos.
Teremos cada vez mais máquinas que estão no ambiente público, onde que não
poderemos evitar a presença de pessoas como crianças, como pessoas de idade
ou pessoas com deficiência física.
Considerar Riscos Razoavelmente Previsíveis – identificação de perigos

Ao considerar os riscos razoavelmente previsíveis, teremos que identificar os


perigos. Isso é muito importante e, para isso, a norma ABNT NBR ISO 12100, nos
fornece uma listagem de perigos.
Quem se utiliza de listas, também, é a aviação. Por segurança, o piloto e o copiloto,
Apreciação e Redução de Risco
antes de iniciarem um voo, verificam uma lista, ou várias listas, para se assegurar
de que estão seguindo os procedimentos adequados e que o avião vai voar de
uma maneira segura.
Seguir estas listas de verificação é uma coisa muito importante, e aqui a norma
também nos dá uma lista de verificação para poder controlar, para poder verificar,
passo a passo, e poder estar seguro de que não cometemos um erro e não
esquecemos de alguns perigos.
Teremos perigos mecânicos, como esmagamentos, cisalhamento, arrastamentos,
cortes, impactos, perfurações, injeção, abrasões. Um dos acidentes graves, típicos,
é a injeção de líquido hidráulico, de óleo hidráulico em acidentes ocorridos por
perdas de líquidos hidráulico em instalações.
Temos os perigos elétricos, queimaduras, eletrocussões, efeitos químicos
secundários de queimaduras graves.
Os perigos térmicos, que originam queimaduras ou congelamentos, ou
escaldaduras quando estamos falando, por exemplo, de vapor de água
superaquecido.
Os perigos acústicos, que significam perda de capacidade de audição, perda do
equilíbrio, estresse psicológico. Temos que levar em conta que, segundo a
Organização Mundial da Saúde, o fator mais importante para doenças
cardiovasculares é o ruído. As pessoas que vivem perto de aeroportos, perto de
áreas com muito ruído, são as pessoas mais propícias à doenças cardiovasculares.
Perigos por radiação, danos na pele, nos tecidos, nos olhos, mutações genéticas.
Perigos por vibrações, que podem provocar estresse, dor lombar, traumatismos,
no sistema musculoesquelético.
Perigos por materiais ou substâncias que provocam envenenamentos, infecções,
explosões, cânceres.
Perigos ergonômicos, que originam incômodo, fadiga, estresse, que tiram o nosso
bem-estar.
Perigos relativos ao ambiente, que originam escorregões, quedas, asfixias.
Combinação de perigos, por exemplo, perigo térmico, algum que possa causar
uma insolação, uma desidratação, perda de consciência, etc.
Vemos que, há muitas coisas para pensar, porém, não se trata de uma lista que
não tem fim. É uma lista que está bem fechada, e, de momento, por muito que
consideremos, descobrimos que existem outros perigos que não podemos
categorizar dentro das categorias já mencionadas.
Apreciação e Redução de Risco

Estimativa de Riscos – elementos de risco

*Na estimativa de riscos os elementos de risco são muito fáceis de definir*

O risco relacionado a um perigo identificado é sempre o resultado da combinação


da gravidade dos possíveis danos com a probabilidade de acontecer o dano que
nós determinamos como possível.
É provável que, fazendo uma estimativa de riscos, descubramos que há uma certa
probabilidade de um dano muito grave e outra probabilidade de um dano leve.
Neste caso, a norma nos pede que tenhamos em conta o dano mais grave com a
sua probabilidade, mesmo que ela seja mais baixa.
Apreciação e Redução de Risco

A probabilidade de um dano tem três parâmetros fundamentais:

FREQUÊNCIA E POSSIBILIDADE DE PROBABILIDADE DE


DURAÇÃO À EVITAR OU LIMITAR QUE OCORRA UMA
EXPOSIÇÃO DANOS SITUAÇÃO DE PERIGO

Primeiro, a frequência e a duração à exposição. Se teremos uma máquina na qual


o operário tem que carregar e descarregar continuamente um material e para isso
realizar uma interação na zona de perigo, é natural que, neste caso, a
probabilidade de que este risco ocorra devido a uma situação de perigo, seja
muito alta.

Quanto a duração da exposição, pode ocorrer que tenhamos uma duração muito
longa, e então que seja muito provável que, durante esse tempo de interação,
essa exposição, leve a esse dano grave que nós estávamos avaliando.

Como segundo parâmetro, temos a possibilidade de evitar ou de limitar os danos.


Naturalmente, nem sempre que acontecer uma situação perigosa, isso vai resultar
em um acidente. De vez em quando, pode haver a possibilidade de evitar ou a
possibilidade de limitar um dano.

Isso tem a ver, por exemplo, com a velocidade com que esse perigo aparece, com
a possibilidade física de evitar esse perigo, tendo o espaço adequado para mover
se fora da área de perigo, ou a possibilidade de reagir.

E, por último, a probabilidade de que ocorra uma situação de perigo.

Teremos que levar em conta que muitas situações de perigo não ocorrem
constantemente, mas que são os resultados de alguns cenários que nós teremos
que identificar. E que, naturalmente, a probabilidade que este cenário ocorra não
é constante, se não, que tenha um parâmetro da mesma situação e da
possibilidade da pessoa poder interagir nesse mesmo momento.
Apreciação e Redução de Risco

Método Escalável para Análise e Apreciação de Risco – tabela de estimativa de


riscos – Método SCRAM

Existem muitos métodos para estimar, para avaliar e analisar riscos. Existem
métodos de matrizes, existem métodos numéricos, existem muitos métodos, que
se usam atualmente.
Quando vocês utilizam algum método, tenham em conta que é necessário que
esse método tenha uma certa granularidade, ou seja, que para cada parâmetro
existam suficientes níveis diferentes, para poder de uma maneira mais fina, mais
detalhada, fazer uma apreciação de riscos.
Aqui vocês veem, como exemplo, um método que desenvolvemos, chamado
método SCRAM, e nele, a gravidade do dano tem quatro níveis: um dano
insignificante, um dano leve, um dano grave e um dano muito grave ou mortal,
nos quais a frequência de exposição pode denominar-se alta ou baixa.
E nele a possibilidade de evitar, pode ter dois parâmetros: de ser possível evitar
ou ser praticamente impossível, e que a incidência, a probabilidade de ocorrência,
tem três parâmetros, três níveis, que são: incidência baixa, média e alta.
O que é muito importante, quando vocês escolherem um método para estimar os
riscos, é ter em conta que o método deve aproximar-se do sistema que vocês vão
utilizar para reduzir esse método e que o método tenha níveis adequados à
maneira de trabalhar dessa máquina.
Apreciação e Redução de Risco

Processo de Redução de Riscos – Método dos 3 Passos

E por último, uma vez que tenhamos realizado essa estimativa, essa avaliação de
riscos, podemos começar com o processo de redução. O processo de redução de
riscos é um processo que está sempre muito unido à apreciação de riscos.

Para cada perigo significativo, que precisa ser reduzido, vamos tentar utilizar
medidas de projeto seguro, como por exemplo, evitar arestas cortantes na
máquina ou projetar as peças que se movem de uma maneira que não produzam
aberturas que permitam introduzir partes do corpo.

O ideal é quando esse projeto seguro permite eliminar o risco, ou seja, o risco
desaparece totalmente. Nesse momento, a nossa máquina já pode ter um risco
aceitável ao ser eliminado, mas é possível que alguma medida de projeto seguro
não elimine totalmente o risco, mas que apenas o reduza.

Nesse caso, vamos utilizar o segundo passo desse método, que é o uso de
dispositivos de proteção. Ao usar um dispositivo de proteção, vamos reduzir outra
vez o risco e vamos voltar a perguntar se esse risco se tornou um risco aceitável
ou não.
Apreciação e Redução de Risco

Se o risco é aceitável, ou seja, o risco que restou na máquina ficou abaixo do risco
que a lei permite, então nós temos uma máquina com um risco aceitável. Se o
risco que restou na máquina ficou acima do risco que a lei permite, teremos que
utilizar o terceiro passo do método, que é o de informar ao usuário, ao operador,
a quem vai ficar interagindo com a máquina, sobre os riscos residuais que
restaram nela e que não puderam ser eliminados no projeto com a aplicação de
dispositivos de proteção.
Nesse momento em que informamos a quem de direito os riscos residuais que não
puderam ser eliminados, podemos dar como finalizada a redução do risco desta
máquina a qual chegou num risco aceitável.
Quando isto não for possível, quando nem a aplicação de projeto seguro, nem de
proteções, nem de informação forem suficientes, teremos que pensar se não
precisamos mudar o desenho, ou projeto dessa máquina.

Redução de Risco – elementos de risco

Vamos observar que essa redução de riscos tem a ver com os dois elementos
fundamentais que são a gravidade dos danos e a probabilidade de que se produza
esse dano, e que essa probabilidade vem de diferentes parâmetros.

Com base na figura acima, nós vamos definir o risco com esse pequeno raio no
retângulo azul, a gravidade dos danos, na seta do retângulo verde, e a
probabilidade que se ocorram, na seta do retângulo amarelo.
Apreciação e Redução de Risco

Risco Residual – todas as medidas de proteção implementadas

E agora vamos mostrar uma pequena aplicação dessa redução de riscos e da


estimativa de riscos, em um exemplo que não tem muito a ver com máquinas, mas
que é um exemplo muito fácil de compreender.

Vamos imaginar que temos um zoológico onde os visitantes podem ver os leões.
Claro, isso significa que os leões estão perto dos visitantes, e quando os leões
ficarem com fome, eles vão comer alguns dos visitantes.

Então, o risco que nós temos, o risco que provém dessa possibilidade de dano, é
um perigo significativo.

O que podemos fazer? Podemos mudar o projeto, podemos mudar o zoológico.


Em vez de ter um zoológico de animais africanos, vamos ter zoológico de animais
europeus. E em vez de ter um leão, teremos um lince, que é muito menor e não
come seres humanos.

Então, através de uma mudança de projeto já reduzimos muito o risco. O risco que
vem do parâmetro da gravidade de dano, já está reduzido, porque o lince pode
morder uma mão, um dedo, mas não pode comer as pessoas totalmente.

Estamos reduzindo simplesmente o risco, mudando o projeto por um projeto


inerentemente seguro.
Apreciação e Redução de Risco

Mesmo assim, a parte amarela do risco, que é a probabilidade de que ocorra,


ainda está igual, uma vez que o lince está solto, está livre.

Para reduzir corretamente esse risco, vamos evitar que esse lince se movimente
livremente e vamos colocar o lince atrás de uma jaula com grades, para impedir o
contato do lince com as pessoas.

Nesse momento, não vamos mais reduzir o parâmetro do risco que vem da
gravidade do dano, o que nós vamos reduzir é a probabilidade de que ocorra.
Como já temos uma separação física entre o perigo e as pessoas, é muito
improvável que uma interação leve a esse dano, porque a interação diminuiu
muito.

Pode ser que o risco residual, seja ainda muito elevado. Vemos que o tamanho das
malhas da grade da jaula, permite que alguém introduza um ou dois dedos. Se o
lince estiver com muita fome, talvez morda esses dedos.

Para evitar isso, nós vamos utilizar uma informação para o usuário. Ou seja, uma
placa contendo o seguinte aviso, “cuidado, não introduza os dedos, mantenha
distância”.

CUIDADO
NÃO INTRODUZA OS DEDOS
MANTENHA DISTÂNCIA

Se o usuário utilizar essa informação e se essa informação que recebeu for,


implementada e aproveitada para evitar o acidente, então o nível de risco ao qual
vamos chegar será o risco aceitável, que todo mundo aceita quando visita um
zoológico.

*Este foi um exemplo sobre a introdução do conceito de apreciação de riscos*

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