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ÁLCOOL E
OUTRAS DROGAS
DA COERÇÃO À COESÃO
Módulo
Atenção Psicossocial e Cuidado
FLORIANÓPOLIS
UFSC
2014
GOVERNO FEDERAL
Presidência da República
Ministério da Saúde
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)
Diretoria do Departamento de Gestão a Educação na Saúde
Secretaria Executiva da Universidade Aberto do SUS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitora Roselane Neckel
Vice-Reitora Lúcia Helena Pacheco
Pró-Reitor de Extensão Edison da Rosa
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Diretor Sérgio Fernando Torres de Freitas
Vice-Diretora Isabela de Carlos Back Giuliano
Chefe do Departamento de Saúde Pública Alcides Milton da Silva
Coordenadora do Curso Fátima Büchele
GRUPO GESTOR
Antonio Fernando Boing
Elza Berger Salema Coelho
Kenya Schmidt Reibnitz
Sheila Rubia Lindner
Rosangela Goulart
EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Alexandre Medeiros de Figueiredo
Ana Carolina da Conceição
Daniel Márcio Pinheiro de Lima
Felipe Farias da Silva
Graziella Barbosa Barreiros
Jaqueline Tavares de Assis
Mauro Pioli Rehbein
Mônica Diniz Durães
Patrícia Santana Santos
Pollyanna Fausta Pimentel de Medeiros
Roberto Tykanori Kinoshita
Equipe TÉCNICA DA UFSC
Douglas Kovaleski
Fatima Büchele
Marta Verdi
Rodrigo Otávio Moretti Pires
Walter Ferreira de Oliveira
ORGANIZAÇÃO DO MÓDULO
Túlio Franco
Magda do Canto Zurba
AUTORIA
Fernando Kinker (unidade 1)
Claudio Barreiros (unidade 2)
REVISORA INTERNA
Sonia Augusta Leitão Saraiva
Revisoras finais
Graziella Barbosa Barreiros
Jaqueline Tavares de Assis
Marcia Aparecida Ferreira de Oliveira
COORDENAÇÃO DE TUTORIA
Larissa de Abreu Queiroz
GESTÃO DE MÍDIAS
Marcelo Capillé
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL
Coordenação Geral da Equipe Marialice de Moraes
Coordenação de Produção de Material Andreia Mara Fiala
Design Instrucional Master Jimena de Mello Heredia
Design Instrucional Agnes Sanfelici
Design Gráfico Fabrício Sawczen
Design de Capa Rafaella Volkmann Paschoal
Projeto Editorial Fabrício Sawczen
REVISÃO
Revisão Ortográfica Flávia Goulart
Revisão ABNT Jéssica Natália de Souza dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS – UNASUS
DA COERÇÃO À COESÃO
Módulo
Atenção Psicossocial e Cuidado
FFLORIANÓPOLIS
FLORIANÓP
OR ANÓ
UFSC
2014
Catalogação elaborada na fonte
B271a Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Curso de Atualização em Álcool e Outras Drogas,
da Coerção à Coesão.
Atenção psicossocial e cuidado [Recurso eletrônico]/ Universidade Federal de Santa Catarina; Túlio Batista Franco, Magda
do Canto Zurba [orgs.]. - Florianópolis : Departamento de Saúde Pública/UFSC, 2014.
88 p.: il.,grafs.
Conteúdo do módulo: Ferramentas potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de Apoio à autonomia e o trabalho no
território. – Organização, competências, responsabilidades e Singularidades de cada ponto da Rede de Atenção Psicossocial
- RAPS.
Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-8267-057-6
1. Saúde mental. 2. Política de saúde. 3. Sistema Único de Saúde. 4. Educação a distância. I. UFSC. II. Franco, Túlio Batista.
III. Zurba, Magda do Canto. IV. Kinker, Fernando. V. Barreiros, Claudio. VI. Título.
CDU 616.89
Abertura do Módulo
Caro aluno,
Desejamos sucesso!
Túlio Franco
Magda do Canto Zurba
Objetivo do Módulo
Apresentar conceitos de rede e território e estabelecer estratégias para
a articulação dessas redes, além de descrever os fundamentos da Rede
de Atenção Psicossocial.
Carga Horária
15 horas.
Sumário
Encerramento do módulo..................................... 75
Referências................................................................... 77
Minicurrículo..............................................................85
01
Ferramentas Potentes da
Atenção Psicossocial:
As Redes de apoio à autonomia
e o trabalho no território
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
1.1. Introdução
Nesta unidade, você está convidado a refletir sobre aspectos da práti-
ca cotidiana da atenção psicossocial que estão sempre presentes nas
relações que os profissionais de saúde estabelecem com os usuários
dos serviços: o trabalho em rede e as ações no território. Estão sempre
presentes porque o uso de drogas e suas consequências são questões
que não remetem apenas às pessoas que as utilizam, mas a determi-
nadas relações entre pessoas, determinadas condições de vida, mo-
dos de viver, valores e crenças e a diferentes formas das instituições
responderem às necessidades das pessoas, que acabam por contribuir
para a construção e a produção de sentido para essas situações. Então,
a existência de uma pessoa que tem uma relação de forte dependência
com a droga expressa muito de nossa vida social, representando de-
terminado desenho das relações sociais.
Mas o que seriam as redes de cuidado e qual sua relação com o tra-
balho no território? Convidamos você a dialogar conosco sobre essas
questões com base em algumas cenas.
14 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Reflexão
As situações apresentadas acima não são simples.
O que você faria diante delas, caso trabalhasse naque-
les serviços?
Provavelmente cada profissional e cada equipe teria
uma forma de abordar cada uma dessas situações, e
essa forma diz muito sobre o estilo da equipe, as con-
dições de trabalho, o lugar que o serviço ocupa no ter-
ritório, na rede de instituições e dos profissionais que
nelas trabalham. Esses são os operadores das redes.
Pense sobre o que faria ou proporia para cada situa-
ção, anote suas considerações e “reserve esse ingre-
diente” para que, ao final desta unidade, você “re-
visite” suas anotações e veja o que mudou nas suas
reflexões iniciais.
É difícil ter uma regra para todas as situações, embora seja uma ten-
dência das instituições e de seus operadores construírem seus pro-
tocolos e formas de agir, sua relação com as demais instituições res-
ponsáveis pelo cuidado à saúde, pela segurança, pela habitação, pela
educação e outros. E muitas vezes esses protocolos, diferentes em
cada instituição, dificultam que se trabalhe com as singularidades das
situações, pensando em estratégias flexíveis e potentes que as trans-
formem no sentido de produzir vida.
16 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Link
A respeito de sofrimento e exclusão, bem como so-
bre “ordem” ou “desordem” social, sugerimos que
você assista a dois filmes. O primeiro vídeo é um
curta-metragem: “Ilha das Flores” (JORGE FURTA-
DO, 1989) Disponível em: http://www.youtube.com/
watch?v=bVjhNaX57iA.
O outro vídeo é um longa-metragem: “Estamira”
(MARCOS PRADO, 2005). Disponível em: http://
www.youtube.com/watch?v=KFyYE9Cssuo.
Saiba Mais
Estudiosos da psicossomática têm apontado que as
experiências emocionais implicam registros no cor-
po, mesmo que muitas vezes esses registros não se-
jam percebidos. Perceba que um ato muito simples do
seu corpo, como por exemplo, a respiração, pode ficar
completamente alterado dependendo de seu estado
emocional. Respiramos profundamente ou trancamos
a respiração... A procura por substâncias químicas –
drogas lícitas ou ilícitas – bem como a dependência
ou não, tem relação direta com essas necessidades.
Saiba mais sobre psicossomática lendo a referência:
ZURBA, Magda do Canto. Psicossomática: gênese e
intervenção em psicologia da saúde. In: Encontro Pa-
ranaense, Congresso Brasileiro de Psicoterapias Cor-
porais, XVI, XI, 2011. Anais: Curitiba, Centro Reichia-
no, 2011 [ISBN -978-85-87691-21-7].
Disponível em: http://www.centroreichiano.com.br/
artigos/Anais%202011/ZURBA,%20Magda%20do%20
Canto.%20Psico.pdf
18 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Para ficar mais claro, podemos pensar em nosso cotidiano como tra-
balhadores da saúde. Nosso cotidiano implica uma rede de depen-
dências que pode se tornar mais rica ou mais pobre, dependendo das
circunstâncias da vida. Podemos ter uma vida muito restrita a apenas
algumas dimensões, sendo a do trabalho uma delas. Mas podemos ter
redes de dependência mais amplas, como aquelas ligadas a grupos de
afinidade, situações de lazer, espiritualidade, projetos comunitários,
políticos e outros.
Reflexão
Quais são suas redes de dependência? Elas estão muito
atreladas ao trabalho, ou tem também outras dimen-
sões? Como se dá sua inserção no trabalho em equipe?
20 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Reflexão
O que são, para você, as redes de cuidado?
22 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Saiba Mais
Para aprofundar a reflexão sobre a importância das
redes de cuidado, as formas e concepções que ela
pode assumir, uma leitura interessante é:
FRANCO, T.B. As Redes na Micropolítica do Processo
de Trabalho em Saúde, in Pinheiro R. e Mattos R.A.
(Orgs.), Gestão em Redes: práticas de avaliação, for-
mação e participação na saúde; Rio de Janeiro, CE-
PESC-IMS/UERJ-ABRASCO, 2006.
Reflexão
Tente recordar situações de sua prática profissional
em que você contribuiu para a construção de redes
maleáveis e flexíveis, aptas a responder com consis-
tência as necessidades dos usuários do serviço em
que trabalha. Quais foram os percursos e as ações que
você desenvolveu para ajudar a tecer essa rede?
24 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
É claro que essa “roupa” vestida pelos usuários de drogas, que se associa
a situações de marginalidade e ilegalidade, não parece ser a melhor opção
para quem quer questionar a ordem e os hábitos de nosso mundo. Mas é
uma forma, que pode ser transformada em outras formas de questiona-
mento e subversão, caso haja desvios e bifurcações nesse trajeto.
26 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Essa perspectiva de trabalho nega o próprio fato de que a vida das pes-
soas comuns, e dos profissionais de saúde, não é tão “normal” assim,
que nenhuma família é sempre harmoniosa, que os conflitos fazem
parte da vida, que também não gostamos de nos submeter ao que não
vemos sentido e reagimos de forma às vezes subterrânea ao que nos
oprime. Nega também que, de certo ponto de vista, todos somos um
pouco adictos, uma vez que dependemos mais ou menos de um sem
número de substâncias, sem dizer de pessoas, instituições e outros.
Às vezes dependemos em demasia de poucas coisas, e nem por isso
somos chamados de dependentes.
Boa Prática
A seguir, apresentamos exemplos cujas per-
sonagens, envolvidas numa rede, têm aber-
tas novas possibilidades de vida por meio da
multiplicação das relações , que produzem
novos sentidos. Acompanhe!
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Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
30 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Reflexão
Que lições podem ser tiradas dos casos relatados?
Descreva um caso que foi significativo para você e o
que você entende que aprendeu com ele.
Reflexão
Como profissional de saúde você poderia ser agente me-
diador para produção de sentidos no território do usuá-
rio? Como? O que é ser “mediador” neste caso? O que é
“produção de sentido” na existência de uma pessoa?
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Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Reflexão
O que é um território para você? Qual o seu território?
Quais são os territórios dos usuários do serviço em
que você trabalha?
Saiba Mais
Para um aprofundamento da noção de encontro tera-
pêutico e de diálogo com a experiência complexa do
sofrimento, a partir de uma perspectiva que considere
a ‘existência-sofrimento’ (ROTELLI, 1990), sugerimos
a leitura do texto:
KINKER, F.S. Encontro terapêutico ou processo-meta-
morfose: desafio dos serviços territoriais e comunitários.
Saúde em Debate. Revista do Centro Brasileiro de Estu-
dos de Saúde. Rio de Janeiro.v.36.n.95. Out/Dez 2012.
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Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
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Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
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Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Link
Leia o artigo de Zurba (2011), que tece contribuições
da Psicologia à saúde coletiva, relacionando os modos
de subjetivação com a produção de sintomas. Aces-
se: http://bit.ly/1hJ1dTY e leia o artigo de Magda do
Canto Zurba “Contribuições da psicologia social para
o psicólogo na saúde coletiva”.
Merhy (2002) aponta que o trabalho vivo em ato realizado pelos profis-
sionais de saúde é composto por vários tipos diferentes de tecnologia,
que se apresentam em graus diferentes a depender das funções e das
características de cada instituição que compõe a rede.
40 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
que a hospitalização oferece, pois estas não lidam com as situações que
geram os conflitos e que geram a necessidade de internação. Ao invés
de lidar com a complexidade da vida dos usuários, o hospital psiquiá-
trico sempre apresentou as respostas mais simples, menos complexas,
que necessitavam de pouca tecnologia: a contenção física, a conten-
ção química, o trabalho exclusivo sobre o sintoma e o comportamento.
Ou seja, o hospital psiquiátrico sempre foi o recurso mais simples e
pobre, e durante muito tempo o único recurso, produzindo exclusiva-
mente a institucionalização, a falta de domínio das pessoas sobre seu
próprio corpo, a falta de projetos, a obediência anuladora que fez com
que muitos moradores de hospital perdessem até o sentido de utilizar
a fala, esquecessem a própria história, de onde vieram etc.
2 Cartografia: a cartografia
Esse trabalho conjunto depende essencialmen-
é tanto uma perspectiva
teórica como um modo de te dos mecanismos de comunicação, e da dis-
ação, que considera a ne- posição para certa horizontalidade nas relações
cessidade de acompanhar entre as equipes. Ele pode substituir o tradicio-
os percursos dos fenôme-
nos pesquisados, de forma nal e descompromissado encaminhamento pela
a dialogar com sua com- construção conjunta de uma cartografia2 das
plexidade e seus intensos e
situações a serem atendidas, implicando novas
maleáveis fluxos de movi-
mentação. Ela substitui osações e estratégias. O trabalho conjunto pode
modos de pesquisa linearesse dar por meio da discussão de situações com-
que aprisionam os fenô- partilhadas por várias instituições, propostas de
menos estudados, e que os
moldam conforme as expli- atendimento conjunto, co-responsabilização
cações previamente estabe-entre equipes, espaços de formação permanen-
lecidas antes da pesquisa.te em ato, construção de um projeto terapêutico
singular que se constitua num projeto de vida, e que tenha sobretudo os
usuários dos serviços, além das equipes, como principais atores.
42 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
Reflexão
Quais os maiores desafios que você enfrenta para cons-
truir uma boa comunicação com seus colegas de traba-
lho? Você percebe a existência de práticas profissionais
compartilhadas em seu município? Quais as estratégias
para desenvolver um trabalho mais cooperativo?
Reflexão
Como se dá a participação dos usuários na construção
das redes?
44 Fernando Kinker
Ferramentas Potentes da Atenção Psicossocial: As Redes de apoio à autonomia e
o trabalho no território
2.1. Introdução
Por tudo que vimos até aqui, já é possível dimensionar o tamanho do
desafio que é construir uma estratégia pública de Atenção em Saúde
Mental para substituir o modelo de tratamento manicomial, cultural-
mente arraigado e vigente no Brasil desde a metade do século XIX.
Reflexão
Antes mesmo que você prossiga na leitura, é impor-
tante que você reflita mais detidamente sobre alguns
termos e ou conceitos contidos nas diretrizes da RAPS.
Isto é importante para que se tenha um bom entendi-
mento delas. Por exemplo: cidadania; autonomia; cui-
dado integral; atenção humanizada; redução de danos;
controle social; projeto terapêutico individual. Certa-
mente você já ouviu e comentou muitas vezes sobre es-
ses conceitos. Por isso mesmo, uma revisão cuidadosa
é demasiadamente necessária para que não se tornem
clichês. Ou seja, palavras que são repetidas tantas vezes
que passam a ser utilizadas mecanicamente, e assim,
acabam perdendo seu sentido. Então vejamos: Qual
seu entendimento sobre: cidadania; autonomia; cui-
dado integral; atenção humanizada; redução de danos;
controle social; projeto terapêutico individual? Como o
trabalho na sua equipe de saúde aplica esses conceitos?
Localize no texto abaixo outros termos que também se
tornaram clichês.
Reflexão
Como você percebe o estigma em pessoas usuárias de
drogas? Você reconhece a inclusão de estratégias di-
versificadas e intersetoriais nos projetos terapêuticos
de que tem participado? Você percebe, em seu cotidia-
no de trabalho, ações de saúde no território que tem
fortalecido a cidadania dos usuários? Por que é difícil
implementar esse tipo de prática? Quais os desafios
da sua região?
Reflexão
Como o serviço que você desempenha cumpre esses
primeiros objetivos? De qual modo o usuário é inte-
grado à rede? Há acompanhamento do usuário ou ar-
ticulação com outros serviços da rede?
Reflexão
Você reconhece ou identifica práticas de redução de
danos em seu município ou serviço em que trabalha?
Reflexão
O serviço que você desenvolve participa ou promove
algum projeto específico para grupos vulneráveis?
Reflexão
A proposta de inclusão pelo trabalho da política na-
cional de saúde mental entende que as Iniciativas de
trabalho devem promover a mobilização do usuário e
familiares com processos produtivos que objetivem a
comercialização do produto ou serviço realizado. Você
entende que esse objetivo é possível? Quais passos
devem ser percorrido para alcançá-lo?
Reflexão
Sobre estes 2 últimos objetivos, especificamente: há
no serviço de saúde em que você trabalha instrumen-
tos claros de organização da demanda (dentro do ser-
viço e no vínculo com outros pontos de atenção da
rede)? Como é monitorada a qualidade da atenção?
É importante lembrar que:
Pontos de Atenção:
Ponto de Atenção:
Pontos de Atenção:
Pontos de Atenção:
•• Unidade de Acolhimento;
•• Serviço de Atenção em Regime Residencial.
Componente da Atenção Hospitalar de Referência
Pontos de Atenção:
Estratégias de Desinstitucionalização
Pontos de Atenção:
Reflexão
Em sua região você tem notado a ampliação da RAPS
com a implantação de algum dos serviços que a com-
põe? Quais serviços são necessários e possíveis para
que se alcance uma rede de serviços diversificados
para atender às necessidades da população?
ver qualidade de vida. Por isso a Atenção Básica, que atua de maneira
privilegiada nesse cenário, é um campo de atuação indissociável da
Saúde Mental e imprescindível na RAPS.
Saiba Mais
Para saber mais sobre matriciamento em saúde men-
tal, ver “Guia prático de Matriciamento em Saúde
Mental” Disponível em: http://www.unisite.ms.gov.
br/unisite/controle/ShowFile.php?id=101002
Reflexão
Muitas vezes, não se estabelece uma relação imediata
entre as práticas já realizadas pelas equipes da aten-
ção básica e a saúde mental. Como você percebe a rede
de atenção básica em sua região? É possível perceber
ações voltadas ao campo da saúde mental? O que mais
pode ser feito?
2.6.1. CAPS I
Atende pessoas com sofrimento ou transtornos mentais graves e per-
sistentes e também com necessidades decorrentes do uso de crack, ál-
cool e outras drogas de todas as faixas etárias. Após a republicação da
Portaria n. 3.088 está indicado para municípios com população acima
de 15.000 habitantes.
2.6.2. CAPS II
Atende pessoas com sofrimento ou transtornos mentais graves e per-
sistentes, podendo também atender pessoas com necessidades decor-
rentes do uso de crack, álcool e outras drogas, conforme a organização
da rede de saúde local; indicado para municípios com população aci-
ma de 70.000 habitantes.
2.6.4. CAPS AD
Atende adultos ou crianças e adolescentes com necessidades decor-
rentes do uso de crack, álcool e outras drogas. É um serviço de saúde
mental aberto e de caráter comunitário indicado para municípios ou
regiões com população acima de 70.000 habitantes. No que se refere
ao atendimento de crianças e adolescentes, a Portaria n. 3.088 chama
a atenção para que os procedimentos do CAPS AD sejam orientados
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
2.6.6. CAPS i
Atende crianças e adolescentes em sofrimento e transtornos mentais
graves e persistentes e os que fazem uso de crack, álcool e outras dro-
gas. Serviço aberto e de caráter comunitário que, após a republicação
da Portaria n. 3.088 está indicado para municípios ou regiões com po-
pulação acima de 70.000 habitantes.
Reflexão
Como os CAPS podem atuar, a partir da lógica do ma-
triciamento, estabelecendo interfaces com a atenção
básica em sua região? Como você percebe essas rela-
ções no seu cotidiano de trabalho?
Enfatiza-se que, tal qual ocorre com os demais pontos de atenção, este
ponto não se constitui como um serviço isolado, mas com funciona-
mento em rede, articulado com os outros pontos de atenção.
Link
É importante que você saiba que 6% dos habitantes
entre 10 a 19 anos correspondem ao percentual de es-
tudantes que fizeram uso de qualquer droga no último
mês de coleta de dados do Centro Brasileiro de Infor-
mações sobre Drogas Psicotrópicas - CEBRID. Dispo-
nível em: http://www.cebrid.epm.br/index.php).
Você saberia informar qual é a população de crianças
e adolescentes em risco para uso de drogas segundo
os parâmetros aqui mencionados?
Você poderá buscar outros detalhes dessa equação a
partir do anexo I da Portaria n. 121 de 2012. Disponível
em: http://bit.ly/1ndrbmD.
Os SRT podem ser constituídos nas modalidades Tipo I e Tipo II, defi-
nidos pelas necessidades específicas de cuidado do morador.
SRT Tipo I
Moradias destinadas a pessoas com transtorno mental em processo de
desinstitucionalização, devendo acolher no máximo oito moradores.
A composição da equipe é mais simples nessa modalidade, podendo
contar com um cuidador de referência em tempo integral.
SRT Tipo II
Modalidades de moradia destinadas às pessoas com transtorno men-
tal e acentuado nível de dependência, especialmente em função do
seu comprometimento físico, que necessitam de cuidados permanen-
tes específicos, devendo acolher no máximo dez moradores.
Reflexão
Você conhece alguma experiência desse tipo? Quais as
dificuldades práticas de implantar projetos de desins-
titucionalização? Quais potencialidades sua região
apresenta para a implantação deste tipo de projetos?
Saiba Mais
Para saber mais, leia as publicações da Área Técnica
de Saúde Mental: “Saúde Mental e Economia Soli-
dária: Inclusão Social pelo Trabalho”; “Saúde Men-
tal e Economia Solidária: Relatório Final do Grupo
de Trabalho”; “Caderno da Conferência Temática de
Cooperativismo Social”; Disponível em: http://por-
tal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.
cfm?idtxt=24364&janela=1
Procure saber mais sobre Economia Solidária em:
http://portal.mte.gov.br/ecosolidaria/secretaria-
nacional-de-economia-solidaria/
Reflexão
Por que integrar estratégias cooperativistas e da Eco-
nomia Solidária à política de reabilitação psicossocial
em saúde mental? Os documentos sugeridos acima
podem ajudá-lo nessa reflexão. Pense também, e dis-
cuta com seus pares – colegas, usuários e comunida-
de, quais propostas podem ser apresentadas para plei-
tear os recursos pontualmente disponibilizados pelo
Ministério da Saúde.
77
_______. Portaria n. 130, De 26 de janeiro de 2012. Redefine o Centro
de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas 24 h (CAPS AD III)
e os respectivos incentivos financeiros. Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0130_26_01_2012.html>.
Acesso em: 20 jan. 2014.
78
_______. Portaria n. 256, De 11 de março de 2013. Estabelece novas
regras para o cadastramento das equipes que farão parte dos Núcleos
de Apoio à Saúde da Família (NASF) Sistema de Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (SCNES). Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2013/prt0256_11_03_2013.html>.
Acesso em: 20 jan. 2014.
79
_______. Portaria/gm n. 3.088, De 23 de dezembro de 2011. Insti-
tui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou
transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack,
álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde. Dispo-
nível em: <http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/gm/111276-3088.
html>. Acesso em: 20 jan. 2014.
80
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saú-
de. Portaria n. 336 De 27 de junho de 2005. Disponível em: <http://
dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2005/PT-336.htm>.
Acesso em: 20 jan. 2014.
81
CASTEL, R. La contradicción psiquiátrica. In: BASAGLIA, F.; BASA-
GLIA, F. O. (Orgs.). Los crímenes de la paz: Investigación sobre los
intelectuales y los técnicos como servidores de la opresión. Trad. Juan
Diego Castillo con la colaboración de Maria Elena Petrilli y Marta E.
Ortiz. Revisión técnica de Armando Suárez. Madrid: Siglo Veintiuno
de España Editores, 1977. p. 151-166.
82
_______. Microfísica do poder. 26. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2008.
83
ROTELLI, F. A instituição inventada. Trad. Maria Fernanda de Silvio
Nicácio. In: NICÁCIO, M. F. S. (Org.). Desinstitucionalização. São
Paulo: Hucitec, 1990. p. 89-100.
84
Minicurrículo
Túlio Batista Franco (Organizador)
85
ria da Psicologia, Abordagem Gestáltica, Psicologia Clínica, Psicopa-
tologia, Saúde Coletiva e Educação Comunitária. Realiza atendimen-
tos clínicos individuais, familiares e de grupos no contexto da saúde
coletiva, na perspectiva da reforma psiquiátrica. Atua amplamente no
campo da saúde mental, apoiando familiares e pacientes atendidos na
atenção primária (Postos de Saúde), na média complexidade (CAPs)
e em psicologia hospitalar. Orientadora em Pós-Graduação junto ao
Mestrado Profissional em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da
UFSC/CCS. Realiza Pós-Doutorado em Psicologia Social pela PUC-SP
desde 01/08/2013, junto ao Laboratório de História da Psicologia, sob
a orientação da professora Dra. Maria do Carmo Guedes.
86
Claudio Antonio Barreiros (Autor Unidade 2)
87
Governo
Federal