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RUTH LEVY SANTOS GOMES AMARANTE

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO


Unidade de Saúde da Santa Casa Dr. José Domingos
Barreiro

Orientadora Institucional: Dr.ª Clara Meireles

Orientadora Académico: Mestre Isabel Santos

Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias


Escola de Psicologia e Ciências da Vida

2º Ciclo em Psicologia Clínica e da Saúde

Lisboa

2018
RUTH LEVY SANTOS GOMES AMARANTE

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO


Unidade de Saúde da Santa Casa Dr. Domingos
Barreiro

Relatório de estágio apresentado para


obtenção do Grau de Mestre em
Psicologia Clínica e da Saúde no Curso
de Mestrado em Psicologia Clínica e da
Saúde, conferido pela Universidade
Lusófona de Humanidades e
Tecnologias.

Orientadora: Mestre Isabel Santos

Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias


Escola de Psicologia e Ciências da Vida

2º Ciclo em Psicologia Clínica e da Saúde

Lisboa

2018
Ruth Levy Amarante, Relatório Final de Estágio – Unidade de Saúde, Santa Casa Dr. Domingos Barreiro

AGRADECIMENTOS

É com alegria e orgulho que digo EBENEZER porque até aqui me ajudou o Senhor.

Quero agradecer a todos que fizeram parte desta caminhada, familiares, colegas,
amigos, professores. Agradeço pela confiança depositada em mim, pensei em desistir muitas
vezes, mas vocês foram os meus exemplos e o vosso apoio foram cruciais para continuar.
Agradeço à minha orientadora Isabel Santos pelo apoio em todas as horas, foram importante
para mim.

Aprendi desde muito cedo que em tudo devemos dar graças e agora mais do que
nunca devo ser grata por chegar onde estou, porque sem o vosso apoio não seria possível.

À minha amada igreja pelas orações e intercessões.

Um especial muito obrigada a minha orientadora de USSC, e a todas as pessoas


daquela instituição que me receberam com carinho.

A todos os utentes que me deram uma grande lição de vida e contribuíram para o
meu desenvolvimento pessoal.

Que Deus vos abençoe.

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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

RESUMO

O presente relatório se refere ao trabalho que foi realizado nos sete meses do estágio
académico na Unidade de Saúde da Santa Casa Dr. Domingos Barreiro (USSC), da Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa, que está localizado em Marvila, realizado no âmbito do
segundo ciclo de Psicologia Clínica e de Saúde. A importância desta Unidade manteve-se ao
longo do tempo e a sua capacidade de resposta foi aumentando, cada vez com mais consultas
de várias especialidades médicas. Esta não só presta cuidados de saúde primários, como
também disponibiliza um vasto leque de consultas de especialidade. Tem como objetivo
colocar em prática os conhecimentos teóricos, as competências, adquiriras ao longo do trajeto
académico. Ainda cooperar para desenvolver experiências profissionais e pessoais, permitindo
assim ponderar o aprendizado no contacto com a realidade, a formação ética existente com o
elemento teórico. Intento a esse objetivo, este relatório fundamenta-se na formulação e
descrição de dois casos clínicos propostos no local do estágio.

Palavras-chave: Estágio Curricular, Psicologia Clínica, Psicologia, Saúde de Cuidados


Primários.
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

ABSTRACT

This report refers to the work that was carried out in the 7 months of the academic
internship at the Santa Casa Dr. José Domingos Barreiro Health Unit (USSC), located in
Marvila, Santa Casa da Misericórdia, cycle of Clinical and Health Psychology. The
importance of this Unit has been maintained over time and its capacity for response has been
increasing, with more and more consultations from various medical specialties. It not only
provides primary health care, but also provides a wide range of specialty consultations. Its
objective is to put into practice the theoretical knowledge, the skills acquired during the
academic journey. Still cooperate to develop professional and personal experiences, thus
allowing to ponder the learning in contact with reality, the existing ethical training with the
theoretical element. Attempts to this end, this report is based on the formulation and
description of two clinical cases proposed at the stage site.

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Índice
SEÇÃO 1 – CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ................................................................... 1
1.1. Caracterização do contexto institucional ............................................................................ 2
1.2 População alvo ............................................................................................................................. 4
SEÇÃO 2 - O ESTÁGIO EM PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE ......................................... 5
2.1. Papel do psicólogo em Psicologia Clínica ................................................................................. 6
2.2 Papel do Psicólogo no Local de Estágio como Orientador ...................................................... 6
2.3 O Estágio em Psicologia Clínica e da Saúde ............................................................................. 7
2.4 Papel do estagiário no local de estágio ...................................................................................... 7
2.5. Cronograma de atividades......................................................................................................... 8
SEÇÃO 3 - ENQUADRAMENTO TEÓRICO .................................................................................. 9
3.1. Área de Intervenção no Local de Estágio.............................................................................. 10
3.2. Cuidados de Saúde Primário ............................................................................................... 11
3.3 Realidade Portuguesa ........................................................................................................... 11
3.4. Teorias atuais sobre Doença Menral....................................................................................11

3.4.1. Doença Mental.....................................................................................................................11

4. A Psicologia Clínica e da Saúde ............................................................................................. 12


4.1 História/Contextualização ................................................................................................... 12
4.2 Modelos Teóricos ................................................................................................................... 12
4.3. Metodologias de Intervenção .......................................................................................... 14
5. Avaliação Psicológica .............................................................................................................. 18
5.1. História Clínica..................................................................................................................... 18
5.2. Entrevista Clínica ............................................................................................................ 19
5.3. Medidas de Avaliação ..................................................................................................... 19
6. Atividades desenvolvidas ........................................................................................................ 23
6.1. Observação........................................................................................................................... 23
6.2. Avaliação psicológica ...................................................................................................... 23
6.3. Cursos/Formação ............................................................................................................ 23
6.4. Acompanhamentos .......................................................................................................... 24
7. Estudo do caso clínico ............................................................................................................. 24
7.2. Caso 1 ............................................................................................................................... 24
7.3. Caso 2 ............................................................................................................................... 33
Conclusão ............................................................................................................................................. 37
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Referências ........................................................................................................................................... 40
ANEXOS ................................................................................................................................................. I
ANEXO I - Avaliação qualitativa ..................................................................................................... I
ANEXO II – Folhas de registo de presenças ............................................................................... XXII
ANEXO III - Outros .................................................................................................................. XXVIII

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INTRODUÇÃO

O presente relatório foi desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de Estágio


em Psicologia Clínica e da Saúde, está enquadrado na obtenção do grau de Mestre em
Psicologia Clínica e da Saúde e tem por objetivo descrever o trabalho realizado no âmbito de
estágio, realizado na Unidade de Saúde Dr. José Domingos Barreiro, com início em 16 de
outubro de 2017 e encerrou no dia 14 de Junho de 2018. Este teve a duração de 335 horas, sob
a orientação da Dra Clara Meireles.

A primeira parte do relatório pretende contextualizar o estágio no qual é realizado a


caracterização da Unidade de Saúde Dr. José Domingos Barreiro, tanto a nível histórico,
organizacional e os serviços, nomeadamente Unidade de Saúde Mental, onde decorreu o
estágio curricular. Pretende ainda delinear o papel do psicólogo na instituição os objetivos do
estágio, papel tanto do psicólogo no local do estágio como do estagiário em Psicologia e o
respeitivo cronograma das atividades realizadas.

A segunda parte é apresentado o enquadramento teórico relativamente à área da


saúde primário e sua contextualização, estabelecendo também uma base teórica sobre terapia
cognitiva comportamental, população alvo do estágio, assim como Avaliação Psicológica,
História Clínica, Entrevista Clínica e as Medidas de Avaliação.

A terceira parte descrevem-se de forma permenorizada as atividades realizadas no


local do estágio, a observação, avaliação psicológica, acompanhamentos psicológicos,
discrições das sessões incluíndo análise de dois estudos de casos. Por fim, é apresentada a
conclusão que contém uma reflexão sobre o estágio.

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SEÇÃO 1 – CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

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1.1.Caracterização do contexto institucional


Em agosto de 1498, foi fundada a primeira das Santas Casas de Misericórdia de
Portugal. Nesta data, a Rainha D. Leonor instituiu a Irmandade de Invocação a Nossa Senhora
da Misericórdia de Lisboa. Mais de cinco séculos após a sua fundação, o seu funcionamento
em nada se compara com os pressupostos do século XVI, elaborados num simples documento
de 37 páginas, que enunciava princípios e valores de uma instituição que se mantém ativa,
presente e muitas vezes indispensável e que consegue sobreviver aos tempos, afirmando assim
a sua intemporalidade. Continua a afirmar-se dia após dia, ganhando a importância e o seu
papel ativo na sociedade portuguesa (Sá, 2017).
Durante vários séculos, muito dependente de doações, a SCML atravessou períodos
de grande dificuldade financeira. Para dar continuidade à realização das boas obras, em 1783,
a Rainha D. Maria I concedeu à instituição a exploração de uma lotaria anual, que passou a
ser uma das suas principais fontes de rendimento.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem como missão a promoção do Bem
Comum e atua principalmente junto das pessoas mais desfavorecidas. Mais conhecida pela
área da Ação Social, a SCML tem também uma intervenção significativa nas áreas da Saúde,
Educação e Ensino, Cultura, Inovação e iniciativas relacionadas com o setor da Economia
social (Sousa, 2012).
Os Serviços de Saúde da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa prestam cuidados à
população carenciada da cidade de Lisboa, quer na vertente preventiva, quer na vertente
curativa e de reabilitação. A SCML dispõe de 8 unidades e 3 extensões de saúde, dispersas
pela cidade. Tem unidades móveis, do Hospital de Sant'Ana, Centro de Medicina de
Reabilitação de Alcoitão, Unidade de Cuidados Continuados Integrados de Alcoitão e Escola
Superior de Saúde de Alcoitão.
As unidades de saúde são: Bairro da Boavista, Bairro Padre Cruz, Castelo, Vale de
Alcântara, Dr. José Domingos Barreiro, Bairro do Armador, Liberdade e três extensões de
saúde - Tapada, afeta à Unidade do Vale de Alcântara, Natália Correia, na dependência da
Unidade do Castelo, e Telheiras, ligada à Unidade do Bairro Padre Cruz.
A Unidade de Saúde Santa Casa da Misericórdia Dr. José Domingos Barreiro fica
localizada no Largo da Mitra, e abrange as freguesias de Beato, Marvila (zonas J, L, I),
Olivais, Parque das Nações e muitas vezes chegam pacientes de outras freguesias sinalizadas
por SCML.

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Foi em consequência da morte prematura de um jovem de 24 anos, José Bento


Domingos Barreiro, num violento acidente de viação e, em sua memória, que o seu pai
Acácio Domingos Barreiro, mulher e filha decidiram doar à Misericórdia de Lisboa, os
edifícios que possuíam junto ao palácio da Mitra, no Poço do Bispo, impondo apenas duas
condições: que batizassem o edifício com o nome do filho falecido e que existisse nos
serviços um jardim de infância. Assim nasceu o Centro de Saúde e Assistência Doutor José
Domingos Barreiro, concebido para poder servir de modelo a serviços polivalentes de
proteção sanitária preventiva (com predominância da higiene da maternidade e da primeira
infância) e de serviço social principalmente educativo. Foi a dois de julho de 1965, que aquela
unidade foi inaugurada pelo então Presidente da República, Américo Tomás, tendo esta
unidade comemorado no dia dois de julho, 52 anos de existência, precisamente no dia do
519.º aniversário da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (Sá, 2017)
Este centro ocupava um lugar de destaque na cidade de Lisboa, nos finais da década
de 50 em que se assistia a uma mudança de paradigma da medicina com maior enfoque na
saúde preventiva, em especial na formação da população.
A importância deste equipamento manteve-se ao longo do tempo e a sua capacidade
de resposta foi aumentando, cada vez com mais consultas de várias especialidades médicas.
Numa altura em que o Serviço Nacional de Saúde se debate com tantas dificuldades, esta
unidade tem conseguido responder a todos os desafios, prestando cuidados aos utentes da
instituição, desenvolvendo o apoio domiciliário e alargando a prestação de cuidados médicos
e de enfermagem. Esta não só presta cuidados de saúde primários, como igualmente
disponibiliza um vasto leque de consultas de especialidade.
Até ao momento, trabalham nesta unidade de saúde, 48 médicos, 14 enfermeiros e 8
psicólogos.
As valências existentes são: Saúde Infantil e Juvenil/Pediatria, Saúde Adultos/Idosos,
Saúde Mental Infantil e Juvenil – Pedopsiquiatria, Saúde Mental de Adultos/Idosos –
Psiquiatria, Saúde Materna/Planeamento Familiar/Ginecologia, Apoio Domiciliário,
Estomatologia, Higiene Oral, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Psicologia, Nutrição,
Urologia, Neurologia, Cardiologia e Medicina Interna.
Na equipa de Saúde Mental Adulto, nomeadamente na consulta de psicologia, os
utentes assistidos vêm sempre referenciados pela clínica geral, psiquiatria ou outras
especialidades médicas da Santa Casa da Misericórdia. Esta unidade é constituída por
psicólogos que se regem por um rigor científico e pelo respeito, pelo trabalho multidisciplinar
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nas suas intervenções e tem como principal objetivo prevenir as doenças e promover o bem-
estar e a saúde mental (Guimarães & Aerts 2011) dos utentes residentes na área geográfica de
Lisboa.
Na consulta de psicologia realiza-se, avaliação psicológica, avaliação
neuropsicológica e de personalidade, psicoterapia de apoio em situações de jovens e adultos
em contexto de institucionalização, bem como acompanhamento de pais de crianças e jovens
sinalizados pela CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens). Muitos destes pedidos
são feitos afim de dar resposta a processos de tribunal nomeadamente interdição, prestar
acompanhamento psicológico e intervenção na crise, na sequência de acontecimentos
stressantes da vida e ainda trabalhar em conjunto com a consulta da psiquiatria e restantes
especialidades.
A equipa de Saúde Mental Adulto/Idoso é composta por três psiquiatras,
nomeadamente Dr. Paulo Lima, Dr. Jacinto Nunes e Dr.ª Fátima Sá e duas psicólogas, Dr.ª
Sandra Ginó e Dr.ª Clara Meireles.

1.2 População alvo


Os utentes que frequentam a Unidade de Saúde Dr. José Domingos Barreiro são
referenciados pelos profissionais de outras especialidades como psiquiatria e clínica geral da
área de Lisboa. São caracterizados pelas carências económicas, percurso de vida com fraco
apoio familiar e social. Muitos apresentam perturbações do desenvolvimento, bem como
alterações ao nível de funcionamento cognitivo.

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SEÇÃO 2 - O ESTÁGIO EM PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE

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2.1. Papel do psicólogo em Psicologia Clínica


São diversas e complexas as funções do Psicólogo Clínico, mas ele dedica-se à
avaliação e à intervenção nos processos mentais e suas manifestações comportamentais.
Segundo Brito (2008), o psicólogo clínico tem de ter o domínio de teorias, técnicas, e
métodos compatíveis entre si, onde procura alcançar a ‘‘verdade’’ do indivíduo observando-o
direta ou indiretamente afim de traçar um plano de intervenção. Então, pode-se dizer que
diante das estratégias de intervenção o papel do psicólogo é fundamental na sua elaboração.
Perante esta situação, cabe ao psicólogo clínico compreender e apoiar o paciente no
decorrer da adaptação a situações que vão surgindo e desenvolver estratégias para ultrapassar
situações de crise, tornando a vida mais suportável.
Assim sendo, numa primeira sessão recorre à entrevista para recolha de dados, sobre
história pessoal, familiar, clínica e também a observação comportamental. Numa segunda
sessão pode optar por começar a realizar testes e utilizar instrumentos necessários para o
despiste de qualquer psicopatologia e, nas sessões seguintes dar apoio psicológico caso o
paciente necessite. É neste contexto que se insere uma das funções do psicólogo da Unidade
de saúde Dr. José Domingos Barreiro.
Para Cruz e Alchieri (2003), a avaliação psicológica é um procedimento básico para
qualquer psicólogo, possibilitando uma compreensão dinâmica dos casos tanto individual
como em grupo.
Nesta unidade o psicólogo tem ainda como função a gestão do caso, sendo assim
deve-se avaliar as necessidades psicossociais, ligar os serviços de apoios apropriados,
monitorizar o desenvolvimento dos planos de cuidados, assegurar a adesão à medicação,
estabelecer e manter a relação terapêutica.

2.2 Papel do Psicólogo no Local de Estágio como Orientador


Como psicólogo orientador o seu papel é de garantir um mínimo de competência na
formação do seu orientado e para Rangé, (1998) na psicologia clínica por causa das
divergências metodológicas e filosóficas entre vários ângulos psicoterápicos as dificuldades
são maiores.
Desta forma, é um desafio de muita importância e responsabilidade, porque deve formar
o estagiário e ao mesmo tempo garantir que o paciente receba um atendimento adequado.
Também é o seu papel acompanhar o desenvolvimento do estagiário, auxiliando-o no
crescimento das habilidades, para além de acolher, compreender e orientar diversos
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comportamentos: pensamentos, sentimentos e ações (Barreto & Barletta, 2010). Sendo a


primeira vez que o estagiário contacta com pacientes neste tipo de contexto e dinâmica, é
importante que o orientador seja um modelo profissional na teoria e técnica, como também no
ponto de vista relacional.

2.3 O Estágio em Psicologia Clínica e da Saúde


Quando chegam ao final do curso, os estagiários vão para o seu local de estágio com
muitas espectativas porque este é o momento transitório entre a função estudantil e
profissional. Neste ponto, todas as aprendizagens e teorias devem ser postas em prática afim
de facilitar uma postura ética e um raciocínio clínico.
O estágio académico é o primeiro passo para a inserção no trabalho profissional.
Pode-se dizer que é o momento de passagem na procura de novos papéis a serem assumidos.
A influência do estágio acontece através do enriquecimento e desenvolvimento de
competências (Barreto & Barletta, 2010).
O estágio clínico curricular tem como objetivo proporcionar o desenvolvimento ou
experiência profissional aos estudantes de psicologia, que lhes permita o contacto com a
realidade do trabalho de campo. Pretende ainda promover o desenvolvimento que permitam a
utilização de técnicas de avaliação, diagnóstico e intervenção psicológica em diferentes
contextos.
2.4 Papel do estagiário no local de estágio
O papel do estagiário não se diferencia muito do orientador uma vez que ele é aluno
do orientador e ao mesmo tempo profissional diante do seu paciente. Por esta razão é de
extrema importância o facto do estagiário ter um orientador.
Na qualidade de aprendiz o estagiário precisa de tempo para aprender a controlar as
suas reações, sentimentos relacionados com diversas situações do estágio, bem como entender
e aceitar as suas dificuldades (Rudnicki & Carlotto 2007).
Em primeira instância, a observação é o principal papel do estagiário para se
familiarizar com o ambiente e integrar-se, afim de construir e desenvolver relação terapêutica
com os utentes e também com outros profissionais, tentando por meio da observação
compreender e aprender.
É da responsabilidade do estagiário observar e participar nas atividades que são
realizadas na Consulta de Psicologia incluindo formações dadas pelo orientador. Deve

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igualmente fazer pesquisa de temas relacionadas com a problemática da consulta, ler artigos
científicos, livros dos temas e retirar notas. Após a fase de observação o estagiário terá o seu
caso para fazer acompanhamento, mas sempre com supervisão.

2.5. Cronograma de atividades

Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abril Maio Junho


Observação 28h 30h 27h 52h 21h 52h 35h 37h 24h

Formação 1h 1h 9h

Acompanhamento 5h 5h 4h 2h
Psicológico

Avaliação 3h 2h
Psicológico

Cotação Autónoma 4h

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SEÇÃO 3 - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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3.1 Área de Intervenção no Local de Estágio


A Unidade de Saúde Mental da Unidade de Saúde Dr. José Domingos Barreiro, tem
uma vasta área de intervenção, abrangendo os seus serviços aos utentes com características
diversas. Os cuidados prestados nesta unidade com mais prevalências são: acompanhamento
psicológico, psicoterapia da abordagem cognitiva e comportamental, avaliação psicológica e
da personalidade e neuropsicológica, funções cognitivas superiores e estimulação cognitiva.
3.2 Cuidados de Saúde Primário
Os Cuidados de Saúde Primários representam o contexto de saúde mais próximo da
vida das pessoas e o mais adequado para a educação em saúde, bem como para atender às
suas necessidades, de bem-estar físico e de cuidados psicológicos no contexto de outras
necessidades, através de medidas psicoeducativas (Costa & Lopez, 2010).
Nos cuidados de saúde primários, o bem-estar psicológico é a prioridade, em suma é
importante que a partir dos centros de saúde o desenvolvimento de programas que se destinam
a promoção e prevenção de doenças referentes ao comportamento, tendo também em conta
fatores psicológicos (Trindade & Teixeira, 2000).
No entanto, numa conferência da Organização Mundial de Saúde, (OMS) em 1978,
definiram cuidados primários como ‘’...cuidados essenciais de saúde apoiados em métodos e
tecnologias práticas e científicas bem fundamentadas e socialmente aceites, posto ao alcance
de todos os indivíduos e famílias da comunidade, mediante a sua plena participação, e a um
custo básico que a comunidade e o país possa manter em cada fase do seu desenvolvimento,
com o espírito de autoconfiança e autodeterminação. Fazem parte integrante do sistema de
saúde do país e representam o primeiro nível de contacto dos indivíduos, da família e da
comunidade, com o sistema nacional de saúde, devendo ser levados o mais próximo possível
dos lugares onde as pessoas vivem e trabalham, e constituindo o primeiro elemento de um
processo continuado de assistência à saúde.’’
Para Trindade e Teixeira, (2000) a psicologia exerce um grande contributo na
promoção e manutenção da saúde, prevenção e tratamento da doença e das disfunções ao
nível psicológico, de formas individuais e familiares.
3.3 Realidade Portuguesa
Em dois mil e cinco iniciou-se a Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em
Portugal que havia de fundamentar numa nova organização de resolução dos problemas de
saúde das populações, quer ao nível local, quer ao nível regional e nacional. Esta reforma de
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serviço público foi muito bem-sucedida em Portugal, executada pela Missão para os Cuidados
de Saúde Primários (MCSP), com a responsabilidade de conduzir este projeto global de
lançamento, coordenação e acompanhamento da estratégia de reconfiguração dos centros de
saúde e implementação das Unidades de Saúde Familiar (USF).
Atualmente o governo cumpre um programa, onde estabeleceu como prioridade a
defesa do Serviço Nacional de Saúde criando assim um sistema de reforço para a
concretização da expansão da capacidade de resposta através de todas as Unidades funcionais
que constituem o agrupamento de centros de saúde (SNS 2018).
3.4. Teorias Atuais sobre a Doença Mental
3.4.1 Doença Mental
A conceção de doença mental transformou-se com a finalidade de circunscrever o
isolamento e a exclusão do doente na sociedade. Durante muito tempo o conceito que fora
atribuída a doença mental, considerava uma natureza de “asilo” próprio de algo crónico,
constante e perigoso (Cordo, 2003).

De acordo com Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-5), “Uma


Perturbação Mental é conjunto de sintomas caracterizado por perturbação clinicamente
significativa na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que
considera uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento
subjacente ao funcionamento mental. Perturbações Mentais estão frequentemente associadas a
sofrimento ou incapacidade significativa e que afetam atividades sociais, profissionais ou
outras atividades importantes. Uma resposta esperada ou aprovada culturalmente a um
estressor ou perda comum, como a morte de um ente querido, não constitui transtorno mental.
Desvios sociais de comportamento (por exemplo, de natureza política, religiosa ou sexual) e
conflitos que são basicamente referentes ao indivíduo e à sociedade não são perturbações
mentais a menos que o desvio ou conflito seja o resultado de uma disfunção no indivíduo,
conforme descrito” (DSM-5, p. 22) (American Psychological Association, 2013).

Ferreira (2008) define perturbação psicológica como uma disfunção cognitiva,


comportamental e emocional, relacionada a um sofrimento individual ou limitações
funcionais, que representa uma modificação de comportamento considerado normal.
A doença mental pode manifestar-se num determinado momento na vida do
indivíduo, onde até então não existia alterações relevantes, essas alterações acontecem de

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forma inesperada e abarca um conjunto de perturbações que modificam o comportamento


tanto a nível emocional, intelectual e social, podendo em alguns casos ser tratados. Para
compreender a pessoa com perturbação psicológica, é relevante a forma como o indivíduo
interpreta a sua realidade (Fazenda, 2006)
4. A Psicologia Clínica e da Saúde
4.1 História/Contextualização
A psicologia clínica era caracterizado por uma técnica direcionada para o indivíduo,
e baseada no modelo médico principalmente na década dos anos 30 e com a evolução
psicodiagonóstico nesta época, o maior objetivo era rotular o indivíduo com alguma patologia
principalmente porque os aspetos como a história clínica, a escuta empática e outras técnicas
não eram levados em conta (Teixeira, 2007).
Para Ribeiro e Leal (1996), a psicologia clínica tem por função estabelecer as
capacidades comportamentais e os atributos do comportamento de um indivíduo por meio de
métodos de observação, análise, medição e com alicerce numa agregação desses resultados
procedentes dos exames físicos e história social, prover recomendações naquilo que é
congruente ao ajuste do individuo.
Para Teixeira (2007) e Leal (2008), a psicologia desenvolveu e adquiriu presença na
sua contribuição para resolução de problemas focando em primeiro lugar as perturbações
mentais. No entanto, o desenvolvimento da psiquiatria elevou um olhar diferente para a
doença mental e com tal visão a psicologia clínica teve o seu lugar e papel, e foi reconhecida
como ciência.
4.2 Modelos Teóricos
Em psicologia clínica existem vários modelos teóricos, mas os que mais destacam
são: modelo Cognitivo-Comportamental, modelo Sistémico e modelo Psicodinâmico.
Modelo Cognitivo-Comportamental ganhou espaço a partir de trabalho de Pavlov,
Thorndike, Hulle Skinner que contribuíram para que a psicologia fosse compreendida na
década 30. No entanto, a partir de década de 50 começou a ser reconhecida como uma
abordagem sistemática de intervenção em saúde mental. A intervenção sob esse modelo foca
o comportamento a ser modifido e o ambiente onde ocorre (Guimarães, 2001).
Na década de 60 com o trabalho de Aaron, Lazarus, Magda Arnolde e Albert Ellis
emergiu a terapia cognitiva. O modelo propõe que a perturbação psicológica ocorre de uma
maneira disfuncional de entender os acontecimentos, influenciado a emoção e o

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comportamento. De acorco com esta teoria a informação adquirida é modificada e


armazenada até que seja recuperada e utilizada no comportamento (Falcone, 2001).
Modelo Sistémico, A Teoria Sistémica foi desenvolvida por Ludwing Von
Bertalanffy, na década de 30, e pretendia explicar de forma usual pela ciência da época os
eventos relevantes da realidade e defendiam que a realidade é feita de sistemas, que são
constituídos por elementos dependentes e que para entender o seu funcionamento não
podemos analizar seus componentes de forma isolada (Motta, 2008).
Na perspetiva sistémica ênfase se encontra na interação entra as partes. Todos os
constituintes estão dentro de um mesmo padrão, cada qual tem a sua infuência sobre os
outros, com quanto, essa ifluência muitas vezes não seja visível (Motta, 2008).
O pensamento sistêmico opera como base de reflexão para o profissional, flexibilizar
e contextualizar as suas práticas, permitindo que as mesmas retribuam de forma eficaz as
causas da atenção básica (Gomes, Bolze, Bueno & Crepaldi, 2014).
Na área da saúde a escuta ativa, segundo a perspectiva sistêmica é vista como
estratégia para considerar seres humanos em contexto de maneira que as ações sempre partam
do contexto e sejam conduzidas para o contexto. O profissional de psicologia, representa
intermediário e incentivador das potencialidades e dos recursos no individuo em si e no meio
envolvente, contribuindo na satisfação das necessidades e na melhoria da qualidade de vida
(Motta, 2008).
Modelo Psicodinâmico, também conhecidas como psicoterapias psicodinâmicas, são
abordagens terapêuticas baseadas nas contribuições teóricas da psicanálise clássica,
representada por Sigmund Freud (Gorgati, Holcberg & Oliveira, 2002).
O modelo psicodinâmico refere-se a uma compreensão do psiquismo em seu
processo dinâmico, está fundamentada nas teorias psicanalítica cuja a técnica tenciona
resolver conflitos intrapsíquicos a serviço reestruturação e desenvolvimento da personalidade,
esses conflitos expressam-se na relação terapêutica o que possibilita que o campo
transferencial seja uma vertente fundamental para as hipóteses do terapeuta (Benetton, 1991).
Outro aspecto central da teoria psicanalítica é o fato de que a personalidade é
formada durante a infância com base em como as necessidades básicas são atendidas. Como a
história pessoal é sempre única, cada pessoa é diferente das demais e requer um tratamento
individualizado (Benetton, 1991).
Aqueles que praticam essas terapias geralmente defendem que seu objetivo é que o
cliente conheça seu verdadeiro Eu; Para isso, é necessária uma análise profunda da
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personalidade. No entanto, as terapias psicodinâmicas em geral são caracterizadas por seu


maior foco nos problemas atuais da pessoa, em comparação com a cura do tipo psicanalítico
(Campos & David, 2011).
4.3.Metodologias de Intervenção
Os modelos e técnicas de aconselhamento psicológico em saúde tanto individual
como familiar as técnicas cognitivas tais como reestruturação cognitiva e as técnicas
comportamentais tais como relaxamento, automonitorização, a intervenção na crise, treinos de
competências sociais e psicoterapia de apoio são métodos de intervenção (Trindade &
Teixeira 1998). Estas metodologias proporciona ao psicólogo um conjunto de ferramentas
utéis no auxílio ao paciente, e em baixo está descrito algumas dessas metodologias.
Abordagem cognitiva comportamental
Embora a primeira das Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCC) tenha surgido no
início dos anos 1960, somente na década de 1970 surgiram os primeiros grandes textos sobre
“modificação cognitivo-comportamental”. O período intermediário foi de considerável
interesse na cognição e na aplicação da teoria cognitiva à mudança de comportamento
(Dobson & Dozois, 2010).
A intervenção sob essa abordagem focaliza o comportamento a ser modificado e o
ambiente onde esse comportamento ocorre em vez de investigar variáveis internas ou
associadas à personalidade (Guimarães, 2001).
Segundo os pressupostos da TCC as pessoas desenvolvem e mantêm crenças básicas
ao longo da vida, a partir das quais formam visão de si próprias, do mundo e do futuro. A
modificação de crenças que o indivíduo tem sobre si própria é o principal objetivo da terapia
cognitiva e os procedimentos dessa abordagem fazem uso de técnicas comportamentais e
incluem a identificação de pensamentos disfuncionais criadoras de sentimentos negativos e
comportamentos mal adaptativos; automonitorização de pensamentos negativos; identificação
da relação entre pensamentos, crenças e os sentimentos implícitos; identificação e
aprendizado de padrões de pensamentos funcionais e adaptativos em contrapartida aos
disfuncionais e testes de realidade dos pressupostos básicos preservados pelo indivíduo sobre
si mesmo, o mundo e o futuro (Williams, Chapman, Buckner & Durrett, 2016).
A terapia cognitiva comportamental é uma modalidade terapêutica adequada,
indispensável e eficaz na intervenção em várias perturbações, alicerçando-se em
procedimentos altamente estruturados, flexíveis, adaptando-se às especificidades de cada
caso. (lima 2014).
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Com esta terapia pode-se intervir na Psico-educação; gestão dos sintomas somáticos;
reestruturação cognitiva; resolução de problemas; exposição e prevenção da recaída. É
importante para o terapeuta e para o próprio paciente conhecer os seus estados fisiológicos e
afetivos perante determinada problemática (Cohen et al. 2014)
Para Heidt & Marx, (2009), a terapia cognitiva comportamental, ajuda o paciente e o
terapeuta a terem um sentido mais claro acerca da natureza do problema em questão como na
realização de um registo diário das cognições e comportamentos relacionados com as
dificuldades do paciente.
Entrevista
Em psicologia, a entrevista é um simultâneo de técnicas de investigação de tempo
determinado, conduzido por profissionais exercitados e com conhecimento, empregando
assim esses conhecimentos psicológicos profissionalmente, tendo como objetivo a avaliação e
a descrição dos aspetos pessoais, relacionais ou sistémicos num procedimento que intenta
construir orientação, recomendando algum tipo de intervenção em benesse dos entrevistados
(Leal 2008; Tavares 2000; Barcelos et al. 2006 & Cyssau 2005).
É ainda a recolha de informação, a partir da qual é possível confrontar ocorrências e
experiências, fazer deduções, designar conclusões e tomar decisões (Leal 2008).
Neste processo de entrevista, o entrevistador e o entrevistado têm papéis muito
diferenciados. Sempre com a visão de relação profissional, é do entrevistador a
responsabilidade de dar orientação ao processo, bem como o domínio das técnicas e
conhecimentos utilizados em prol das pessoas envolvidas. Arcar essas responsabilidades
profissionais pelo outro implica presenças éticas indispensáveis, ou seja, reconhecer a
desigualdade na relação, que, no entanto, dá uma posição favorecida ao entrevistador, mas
acima de tudo a sua maior preocupação é zelar pelo interesse do entrevistado (Tavares 2000).
Por outro lado, a primeira entrevista nunca é previsível porque à partida houve
acontecimentos que antecederam a entrada do paciente no gabinete do clínico, tais como
chamada telefónica, recomendação de algum médico ou colega, dossiês, marcação do
encontro. Portanto, o entrevistado vai aparecer com um contexto prévio e assim se dá inicio a
pesquisa da história clínica do paciente (Almeida, 2004).
Através da história clínica o psicólogo tem acesso às informações muito relevantes
sobre o paciente, por esta razão é o principal instrumento para o trabalho do psicólogo.
Através da história clínica podemos ter acesso a importantes elementos como identificação do
sujeito, antecedentes, tanto pessoais como familiares, principais queixas, valores e situação
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social, concedendo ao psicólogo, um conjunto de informações alargadas do indivíduo no seu


dilema ou problemática (Cyssau 2005).
Seja qual for a entrevista realizada, existe um conjunto de técnicas que facilita a
recolha de informação, e as técnicas mais frequentementes utilizadas são o questionamento, a
reflexão, reformulação, clarificação, confrontação, auto-revelação, silêncio, exploração,
reestruturação, interpretação e humor e além destas técnicas é útil mesncionar outras de
também grande aplicabilidade na entrevista clínica e salientar que não são fechadas nem
exclusivas, pelo contrário, a grande maioria das vezes surgem interligadas nas intervenções
dos entrevistadores a técnica de generalização, focagem, ecoar, provocação, racionalização e
o esclarecimento (Leal, 2008).
As técnicas de entrevista tem dupla função que só no contexto se torna
compreensível, por um lado, procuram conteúdos, por outro, preocupam-se com alimentar a
relação. As técnicas de entrevista destinam-se simultaneamente a estas duas tarefas, construir
uma relação de confiança e a partir daí elaborar estratégias comuns de mudança ou
reorganização de sentido (Leal 2008).
Observação
Segundo Ferreira e Mousquer (2004), a observação pode ser utilizada em qualquer
área científica ou nível de complexidade, o que a diferencia é a finalidade conhecida
previamente. A sua importância está no benefício que a sociedade pode ter com a descrição
minuciosa do comportamento, o que permite que os profissionais de várias áreas possam se
comunicar relativamente a um fenómeno. A observação não está unicamente centrada no
sentido da visão, mas também se serve de outros sentidos para obtenção dos dados da
pesquisa (Cano & Sampaio, 2007).
É útil o uso da observação quando se quer identificar e obter evidências daquilo que
se quer envestigar quando os indivíduos não possuem consciência de elementos que, de
alguma forma orientam seu comportamento (Ferreira & Mousquer, 2004).
A observação tem muitas vantagens tais como: permite recolher dados sobre um
conjunto de atitudes comportamentais que difícilmente poderiam ser estudados de outra
forma, ainda permite a evidência de dados que não constam no roteiro do questionário, exige
menos do observado do que outras técnicas. Ainda facilita meios diretos para estudar uma
ampla variedades de fenômenos como comportamentos não intencionais ou inconsciente e
exlporar temas com que o indivíduo não se sente à vontade para responder (Ferreira &
Mousquer, 2004).
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Terapia breves
Na década de 80 e 90 houve um aumento considerável da importância em relação aos
tratamentos psicológicos breves e esta importância renovada representa a junção de diversas
influências fortes incluindo a procura de outros tratamentos psicológicos de grupo resistentes
à pronta prescrição de psicofármacos, a progressiva expectativa contemporânea de tratamento
rápida e eficazes e os prepotentes económicos dos cuidados de saúde (Hobbs 1999).
A psicoterapia breve de orientação dinâmica teve a sua origem na psicanálise. No
entanto, algumas das suas características relacionadas particularmente a brevidade e o foco,
representam discordância significativa com a psicanálise, a sua base teórica e métodos
centrais são inconfundivelmente psicanalíticos (Hobbs 1999; Gilliéron, 1998). Assim sendo as
psicoterapias breves de orientação dinâmica partilham os aspetos básicos das psicoterapias
psicanalíticas.
Apesar de ser breve, esta terapia segundo (Gilliéron, 1998) oferece ao paciente uma
oportunidade de levar a cabo uma averiguação reflexiva e uma procura de sentido na
experiência, promovendo assim a autoconsciência, a compreensão e o controlo pessoal, em
vez de resolução dos problemas.
Em todas as metodologias descritas em cima e outros não mencionadas aqui o
psicólogo deve regir sob a ética. No dia-a- dia da vida dos psicólogos, deparam com várias
situações e muitas delas podem envolver questões éticos, e quando isso acontece há um
conjunto de princípios das quais podem recorrer.
Ética
Segundo Mideiros (2002) e Carapeto (2018), a ética é o meio de organização dos
comportamentos que derivam do indivíduo para dar significação às suas ações, é o
discernimento que separa o bem e o mal o comportamento correto e incorreto. O código da
ética serve para orientar a prática, identificando princípios e promover raciocínio ético
segundo esses princípios.
Segundo Silva (2016), O Psicólogo deve respeitar as decisões e os direitos da pessoa
desde que enquadradas num exercício de racionalidade e de respeito pelo outro. Nesta
perspetiva não deve fazer distinções entre os seus clientes/pacientes por outros critérios que
não os relacionados com o problema apresentado, e deve promover o exercício da sua
autonomia. A Ordem dos Psicólogos redigiu alguns princípios gerais que passo a citar:

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Respeito pela dignidade e direitos da pessoa. O Psicólogo deve respeitar as decisões


e os direitos da pessoa desde que enquadradas num exercício de racionalidade e de respeito
pelo outro. Nesta perspetiva não deve fazer distinções entre os seus clientes/pacientes por
outros critérios que não os relacionados com o problema apresentado, e deve promover o
exercício da sua autonomia;
Competência. O psicólogo tem como obrigação exercer a sua atividade de acordo
com os pressupostos da profissão, promovendo uma formação pessoal adequada e uma
constante atualização profissional, de forma a não prejudicar o cliente/paciente e a não
contribuir para o descrédito da profissão;
Responsabilidade. O psicólogo deve ter consciência das consequências do seu
trabalho junto das pessoas, da profissão e da sociedade, em geral devendo contribuir e assumir
a responsabilidade pelas mesmas e promover e dignificar a sua atividade;
Integridade. O psicólogo deve ser fiel aos princípios de atuação da profissão
promovendo-os de uma forma ativa. Deve evitar os conflitos de interesse e contribuir para a
sua resolução, atuando de acordo com as suas obrigações profissionais;
Beneficência e não maleficência. O psicólogo deve ajudar o seu cliente/paciente a
promover e a proteger os seus legítimos interesses. Não deve interferir de modo a prejudicá-lo
ou a causar-lhe qualquer tipo de dano.
Para além dos princípios gerais existem os Princípios Específicos que são;
Consentimento Informado; Privacidade e Confidencialidade; Relações Profissionais;
Avaliação Psicológico; Prática e Intervenção Psicológicas; Ensino, Formação e Supervisão
Psicológicas; Investigação e Declarações Públicas.

5. Avaliação Psicológica
A Avaliação Psicológica refere-se a um conjunto de procedimentos, que permitem
aos profissionais considerar através de observação de comportamentos do indivíduo vários
aspetos relevantes para o diagnóstico ou prognósticos. Esta avaliação ainda permite a
conhecer fenómenos e processos psicológicos e através dela criar condições de aferição dos
fenómenos conhecidos. Então pode-se dizer que a Avaliação Psicológica é um processo
dinâmico, científico, de conhecimento do outro e também ajuda na obtenção de amostras do
comportamento (Machado & Morona, 2007).
5.1. História Clínica

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A história clínica é uma ferramenta que reúne todos os dados disponíveis que
explicam o curso de vida do paciente. A informação recolhida e ordenada na história clínica é
um registo de dados essencial para o desenvolvimento de atividades profissionais.
A história clínica psicológica é um conjunto de dados, informações que inclui dados
pessoais (biológicos, funcionais, emocionais, etc.) familiares, escolares, sociais, de trabalho,
etc. Esses dados formam a base do psicodiagnóstico e da orientação. Não é uma simples
recolha de dados, será completada ao longo das entrevistas e o tratamento com as informações
mais pertinentes e operativas para trabalhar com o paciente.
Dados pessoais serão preenchidos na primeira entrevista, o restante será completado
durante as sessões seguintes.
Os dados a serem registados são completados com as observações e entrevistas
realizadas. Bem como os resultados de técnicas psicológicas administradas e relatórios
profissionais.
5.2.Entrevista Clínica
Para fazer uma entrevista clínica o entrevistador numa relação profissional utiliza
conhecimentos psicológicos e um conjunto de técnicas de investigação de tempo limitado
com o intuito de avaliar e descrever aspetos pessoais, relacionais num processo com objetivo
de fazer recomendações, propostas de intervenção ou encaminhamento em prol das pessoas
entrevistadas (Leal, 2008).
A entrevista clínica invoca a utilização como teste psicológico (psicométrico e
projetivo) é por esse motivo que é considerada instrumento. A entrevista psicológica pode
alternar entre o mínimo e o máximo referente à sua estrutura, podendo ser classificada de
aberta, semiestruturada ou estruturada, contêm, ou não um conjunto de questões ou temas a
abordar. Existe uma diferença entre entrevistas psicológicas, tendo em conta os objetivos
propostos, promovendo assim uma categorização mais detalhada podendo considerar as
seguintes: Entrevista de recolha de dados; estudo de caso; avaliação do estado mental; pré e
pós teste; breve de avaliação; conclusão; e entrevista de investigação (Leal, 2008).
5.3.Medidas de Avaliação
Descreve-se em seguida os instrumentos utilizados no local do estágio para avaliação
dos pacientes acompanhados.
Quociente de Espetro Autista (QA), a versão original foi gerada por Baron-Cohen,
Wheelwright, Skinner, Martin & Chubley 2001), e a versão portuguesa do teste (Versão

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Adulto para maior de 16 anos), adaptada por Castro e Lima, (2009). O AQ foi projetado para
ser curto, fácil de usar e fácil preenchimento. É composto por 50 questões, nos quais 10
questões avaliando 5 áreas distintas: habilidade social; troca de atenção; atenção aos detalhes;
comunicação e imaginação. É de ressaltar que o QA não é de diagnóstico, mas pode servir
como um instrumento útil para identificar a extensão das características autistas mostradas por
um adulto de inteligência normal. Uma pontuação maior que 32 parece ser um ponto de corte
útil para distinguir indivíduos que apresentam níveis clinicamente significativos de traços
autistas (Austin, 2005; Baron et al., 2001).
Symptom Checklist 90-Revised (SCL-90-R). É um instrumento construído para
avaliar a psicopatologia e o mal-estar psicológico. É constituída por 90 itens, avaliados numa
escala tipo de cinco pontos que se referem a diferentes níveis de mal-estar, variando entre 0
(“Nunca”) e 4 (“Muitíssimas vezes”). O SCL-90-R é cotado e interpretado através de nove
dimensões primárias de sintomas e três índices globais. As nove dimensões primárias são:
Somatização, Obsessões Compulsões, Sensibilidade Interpessoal, Depressão, Ansiedade,
Hostilidade, Ansiedade Fóbica, Ideação Paranoide e Psicoticismo. Na Somatização
identificamos 12 itens, em Obsessões Compulsões 10 itens, Sensibilidade Interpessoal 9 itens,
Depressão 13 itens, Ansiedade 10 itens, Hostilidade 6 itens, Ansiedade Fóbica 7 itens,
Ideação Paranóide 6 itens e Psicoticismo 10 itens.
A SCL-90-R tem sido usada em diferentes tipos de intervenção terapêutica devida à
sua capacidade de medir variações significativas nos níveis de mal-estar psicológico e
psicopatológico. A adaptação portuguesa foi feita por Batista (Batista, 1993 cit. in Almeida &
Machado, 2004).
Millon Multiaxial Inventory-II (MCMI-II). Avalia a personalidade e foi idealizado
para uso com pacientes que estão sob avaliação clínica. Este inventário é um questionário de
autorrelato composto por 175 itens organizados em 26 escalas nas quais os pacientes
respondem com “verdadeiro” ou “falso” (Millon & Ávila, 1998).
Estão agrupadas de seguinte forma: Escalas de distorção de resposta (Validade,
Revelação, Desejabilidade social, Desvalorização), Estilos básicos de Personalidade
(Esquizóide, Evitante, Dependente, Histriónico, Narcísico, Anti-social, Agressivo,
Compulsivo, Passivo-agressivo, Auto-derrotista), Perturbações Severas de Personalidade
(Esquizotípico, Borderline, Paranóide), Síndromes Clínicos Básicos (Ansiedade,
Somatização, Distimia, Dependência de álcool, dependência de drogas) e Síndromes Clínicos
Severos (Perturbação de pensamento, Depressão major, Delírio).
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SEÇÃO 3 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

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6. Atividades desenvolvidas
As atividades realizadas, divididas em 335 horas (anexoII) que foi o tempo da
duração do estágio curricular, foram de observação (302h) e por ter feito muitas observações
deixo descrição de alguns pacientes (anexo III), avaliações psicológicas (5h),
acompanhamento psicológico (16h), gestão de caso, cotação das provas (4h), formações (9h)
e apresentação de um trabalho sobre Cuidados Primários, no contexto da sala de aula (anexo
III).
6.1. Observação
A fase inicial do estágio consistiu num processo de observação das diversas
atividades realizadas, esta foi fundamental e pertinente na medida em que fui aprendendo e
desenvolvendo os meus conhecimentos. Foram, ao longo de aproximadamente três meses
(outubro-janeiro), observados o funcionamento, as avaliações dos utentes o acompanhamento
psicológico e terapia o que permitiu tomar conhecimento dos trabalhos realizados na Unidade
de Saúde. Tive a oportunidade de observar a Dra. Clara a aplicar a várias avaliações
psicológicas, a forma e a atitude dela diante dos pacientes foi de tal aprendizado que no futuro
pretendo seguir o exemplo que transmitiu.
6.2. Avaliação psicológica
No decorrer do estágio foram realizadas algumas avaliações de forma autónoma, de
personalidade com a medida MCMI, de sintomatologia com o SCL-90, de comportamento o
QA (Quociente de Espectro Autista). Além destas avaliações o centro conta ainda com outros
em que não tive a oportunidade de aplicar de forma autónoma, tais como a WAIS-III, e o
MINI-MUT. Os testes realizados de forma autónoma estão descritos em cima.
6.3. Cursos/Formação
Ao longo do estágio foram realizadas workshop, jornadas, pequenas formações da
qual tive o privilégio de assistir.
No local de estágio mais propriamente no dia nove de novembro realizaram uma
atividade na qual foi apresentada por uma psicóloga sob o tema tabagem, onde participaram
os utentes, os profissionais de saúde da instituição, no dia quatro de janeiro o tema
desenvolvido foi as vantagens de terapia de grupo e no dia nove de janeiro sob o tema
“memória” apresentado por uma Neuropsicóloga. A jornada foi realizada no dia três de maio
pela faculdade de Psicologia e Ciências da Vida da Universidade Lusófona com o tema
Intervenção em Psicologia Clínica e da Saúde: diversidade e complementaridade.

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6.4.Acompanhamentos
A Dra. Clara Meireles atribuiu-me dois casos que ao seu ver seriam uma mais-valia
para a minha aprendizagem, fiz os acompanhamentos de forma autónoma e regular durante a
minha estadia no estágio. A paciente “A” foi referenciada pelo tribunal, por violência
doméstica, aparenta estar ansiosa, dificuldade em falar de si, mostra sempre disponível e
interessada, aparecendo em todas as sessões e partilha sempre a vontade de continuar a ter o
acompanhamento psicológico.
A paciente “M” apresenta estar deprimida, tem ataque de pânico sentimentos de
revolta por crença negativa, autoestima baixo. Nesse sentido deveria ser feito uma terapia e
apoio psicológico tendo como objetivo aceitar e lidar com ataques de pânico, recuperar a
autoestima, ultrapassar o medo, e criar crenças saudáveis que levem a superação dessas
dificuldades. “M” apareceu somente a quatro sessões o que nos impossibilitou de traçar um
plano de tratamento.
7. Estudo do caso clínico
Intervenção
Após a fase de observação, surge a fase de intervenção, os seus objetivos como o
plano são definidos de acordo com a peculiaridade de cada caso e sua controvérsia.
A intervenção tem como objetivo auxiliar o paciente numa adaptação mais aceitável
do indivíduo ao contexto que se encontra, potencializar os seus recursos pessoais respeitando
o ritmo o seu próprio ritmo e funcionalidade afim de alcançar um ajustamento psicológico
aceitável, funcional e coerente.
A intervenção em casos clínicos é complexa e exigente, deve respeitar regras e
etapas diversas. No contexto do estágio, as intervenções tiveram por base o modelo cognitivo
comportamental que reflete a junção da terapia cognitiva e terapia comportamental em que o
objetivo é modificar comportamento e cognição e alterar condutas desadaptativas.
Segundo Rangé (2001) o processo terapêutico não consiste num único modelo e sim
no processo em que deve ser adequado a cada paciente em particular atendendo a sua
característica.
Para a consulta de avaliação psicológica utilizamos os seguintes recursos para apoio
ao diagnóstico, a entrevista clínica, o teste de avaliação de sintomas de desajustamento
emocional SCL 90-R, para identificar a extensão das características autistas o AQ e para
avaliar a estrutura de personalidade o MCMI-II.
7.2. Caso 1
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A senhora “A” tem 32 anos, casada, frequência universitária, começou a frequentar a


consulta de psicologia por ordem judicial, há um ano. Vive com marido e dois filhos que tem
diagnóstico de autismo.
Foram realizadas 12 sessões, com duração de uma hora cada que totalizou em 12
horas, nestas sessões foram aplicados dois testes: O SCL 90-R e também o QA, este último a
pedido da paciente e a razão do tal pedido é o reconhecimento de alguns sintomas
relacionadas com autismo.
7.2.1. História clínica/vida
É filha única, amava muito o avô falecido com insuficiência renal, que lhe deu todo o
suporte e ainda sente a falta dele.
Sente que o divórcio dos pais a afetaram muito e a relação com os pais não são boas,
passou a infância com os avós. Reagiu mal na entrada da pré-escolar, não falava com outros
colegas, gostava de ficar sozinha, batiam nela, no entanto, gostava de estar com os adultos.
Na infância a mãe chamava muito a atenção dela devido a atitudes diferentes da das
outras crianças da mesma idade. Na adolescência teve episódios tristes em diversas situações
com a madrasta por afastá-la do filho dela o que a afetou muito porque tratava o filho da
madrasta como irmão, “lembro-me como se fosse hoje dela fazer queixas ao meu pai e
permitia que o meu pai batia nele por coisas que nem tinha necessidade, e nós éramos
crianças”, apresentando lágrimas nos olhos ao recordar do ocorrido.
Aos 18 anos teve depressão, foi acompanhada pelo psicólogo durante um ano e vivia
com a mãe nesta altura quem a levou para consulta de psicologia, já foi submetida a uma
cirurgia ao joelho, fez duas cesarianas, neste momento está a espera do diagnóstico para
confirmação de colite.
Quando começou a consulta estava empregada, mas ao longo das consultas deixou o
emprego e só faz o serviço voluntário na linha SOS. Ao nível físico considera-se saudável,
mas, a agressão verbal proferida pelo marido em casa já a levou fazer várias denúncias contra
o marido, “não admito que fale mal à frente dos meus filhos”.
Por vezes sente muito stressada porque os filhos são autista e quando querem algo
fazem birras e sente que muitas fazes aquilo a deixa muito stressada e cansada
psicologicamente.
A senhora “A” devido a muita pressão tanto do trabalho como em casa com os filhos,
estava numa fase de muito stresse, só falava quando é solicitada e o seu discurso
maioritariamente era sobre os filhos, as dificuldades na inadaptação da escola, anda à procura
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de uma escola apropriada para as dificuldades do filho. No dia dois de março terminou a
ordem judicial, mas “A” mostrou interesse em continuar com o apoio psicológico.
7.2.2. Formulação clínica
A formulação clínica inicia pela identificação e mecanismos que contribuíram para a
vulnerabilidade da paciente mediante as suas dificuldades. A formulação do caso presume que
a área problemática diz respeito a perturbação depressiva não especificada ligeira, assim
sendo o caso irá ser formulado de acordo com a perspetiva cognitiva comportamental. Esta
perturbação cumpre com as especificações do DSM-5.
Os mecanismos que terão gerado tais circunstâncias pode ser a incerteza e o medo de perder
os filhos enquanto decorria o processo judicial. Tais circunstâncias terão desencadeado
formas desadaptativas.
O contexto familiar de “A” é vulnerável no que diz respeito a relação intrafamiliar
uma vez que reflete no nível psicológico de “A”. Como fatores precipitantes podemos
considerar acontecimentos e experiências significativas, tais como ambiente familiar
conflituoso.
Como fatores de manutenção do problema podemos acreditar na flexibilidade do
marido e a relação entre marido e esposa.
Considerando estes aspetos parece fundamental promover aspeto de gestão
comportamental com o marido, e trabalhar aspetos relacionados com assertividade (exprimir
sentimentos de forma adequada). Sendo assim, o objetivo terapêutico é corrigir os
pensamentos deformados, por meio das estratégias que geram mudanças e alívios das
perturbações emocionais (Rangé, 2008).
7.2.3. Plano de intervenção
Ao longo das sessões foi utilizado uma abordagem cognitiva comportamental. Os
objetivos terapêuticos foram baseados nas necessidades da paciente. A intervenção foi
baseada nos resultados das avaliações psicológica a partir da entrevista, do SCL90-R e o AQ.
O objetivo era levar a paciente “A” a falar das suas dificuldades, e medos afim de leva-la a
reconhecer, aceitar e ultrapassar essas dificuldades e medos. Desenvolver padrões cognitivos
saudáveis que a levem a superar essas dificuldades e medos.
7.2.4. Avaliação psicológica
A avaliação constou na aplicação de duas provas, o SCL90-R e o QA (Quociente de
Espectro Autista para maior que 16), para a Utente “A”.

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De acordo com os resultados obtidos no SCL90-R a paciente apontou para o nível da


Depressão (1,30), os valores são elevados, o que nos aponta para identificão sintomas de
afecto e humor disfórico, sinais de isolamento, perda de interesse, falta de motivação e
diminuição de energia. Ansiedade Fóbica (0,71) e o Psicoticismo (1) se encontram
ligeiramente acima da média (anexo I), o que nos alerta para um contínuo graduado
isolamento interpessoal ligeiro.
Em relação ao resultado obtido com AQ, as pontuações foram baixas para todas as
escalas, na Habilidade Social, Comutação de Atenção, Comunicação assim como Imaginação
e Atenção aos Detalhes. A paciente “A” teve um total de 16, o que está muito abaixo do ponto
de corte 32 (Anexo I). Mesmo que a pontuação seja alta, não significa que “A” tem AQ, uma
vez que o diagnóstico só é merecido se o indivíduo estiver sofrendo um nível clínico de
sofrimento como resultado dos seus traços autistas.

7.2.5. Análise reflexiva das Sessões


No início das sessões “A” mostrou-se um pouco ansiosa, sempre disponível e
colaboradora o que permitiu a construção de uma relação empática e de confiança.
Ao longo das sessões “A” mostrou-se mais à vontade para falar sobre as suas dificuldades
e medo, vida pessoal, familiar e social.
Os objetivos terapêuticos foram baseados nas necessidades sentidas pela paciente e nos
resultados da avaliação psicológica.
Verificaram-se progressos uma vez que “A” parecia cada vez menos ansiosa e mais
tranquila ao longo das sessões.
O prognóstico da “A” é positivo, sendo que a mesma não apresenta nenhum sintoma de
perturbação psicológica.
Depois da discussão do caso, considerou-se que “A” podia ter um acompanhamento de
apoio psicológico.
7.2.6. Descrições das Sessões
A primeira Sessão realizou-se no dia 13/03/2018.
Objetivo: Recolher informações da história de vida e clínica, conhecer melhor e
reforçar a relação com a paciente, através da história clínica.
Breve descrição da sessão: Nesta sessão “A” mostrou-se sempre disponível,
interessada, no entanto, mostrou alguma dificuldade em falar de si. De cada vez que tentava
direcionar a pergunta sobre ela, fugia da conversa e falava sobre os filhos.
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Análise reflexiva: Nesta sessão eu estava muito apreensiva e com medo de fazer
alguma coisa errada, no entanto, “A” transmitiu-me confiança através das respostas as
perguntas que eu fazia, e assim ganhei mais confiança com o passar dos minutos ali sentada à
frente da paciente. Eu tinha uma ideia errada, pensei que os psicólogos é que tinham de
transmitir confiança e não ao contrário, mas a partir daquele dia vi que pode ser recíproca.
Senti que “A” não gosta de falar sobre ela, no entanto, estava disposta a colaborar.
Também senti que iamos ter uma boa relação profissional uma vez que estava muito desejosa
de iniciar a consulta comigo e que sentiu logo uma empatia muito grande em relação a mim.
Proposta para próxima sessão: Ficou combinado o dia e a hora que encontrariamos
a partir daquele dia e falaríamos sobre aquilo que mais a incomodava.
A segunda sessão (13/03/18).
Objetivo: continuar com a entrevista de recolha de dados para a história clínica.
Breve descrição da sessão: Nesta sessão “A” falou do ambiente familiar onde o marido é
bom pai para os filhos e cuidado que tem com o filho mais velho. Ela respondeu algumas
perguntas que eu fiz em relação do contexto familiar, mas a sua conversa era em torno dos
filhos e do casamento. No entanto falou um pouco sobre o motivo de estar na consulta de
psicologia. Disse que não foi por querer mas, por ter batido no filho e ficou marcado a escola
chamou a polícia e ela foi enviada para tribunal de família onde a pena foi, ter consultas de
psicologia durante um ano. Caso não comprisse lhe terariam os filhos dela. Pedi que refletisse
sobre aquele episódio, o que mais a incomodou.
Análise reflexiva: “A” mostrou ainda muito retraída em falar do motivo que lhe
levau à consulta, senti que o assunto ainda a magoa muito e que sente culpada por ter
permitido que aquele episódio acontecesse.
Proposta para próxima sessão: E assim no final da sessão combinamos que na
próxima sessão falaremos daquilo que mais a incomudava.
Terceira sessão (27/03/18)
Objetivo: identificar problemas.
Breve descrição da sessão: Depois de uma pequena conversa sobre o trabalho de
casa que passe, “A” refere que o principal problema é o medo que tem de perder os filhos por
causa do processo no tribunal, tem medo de tal forma que as vezes perde o sono a pensar
naquela situação. Sente muito zangada por deixar que aquela situação de agressão acontecesse
e sente que a culpa foi dela porque não devia perder paciência com o filho. No entanto,
perguntei se o ato foi propositado respondeu-me que não, que nunca na vida pensaria agredir
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o filho que aquilo foi um triste acidente, ama os filhos e defende-os a qualquer custo, é por
esta razão que tem medo de os perder. Perguntei se alguma vez falou com o filho sobre o que
tinha acontecido, respondeu-me que sim e que tiveram uma conversa onde pediu desculpas ao
filho e explicou-lhe que apesar do que aconteceu o ama muito.
Análise reflexiva: Sinto que “A” não gosta de falar sobre o assunto apesar de contar
o ocorrido sem muito pormenor. Deixando que “A” só deveria falar sobre ela quando sentisse
mais confiança em mim.
Porposta para a próxima sessão: combinamos que na próxima sessão seria terça à
mesma hora, que que “A” deveria refletir sobre tudo o que tinha ocorrido em relação ao filho
e na próxina falaríamos sobre o assunto.
A quarta sessão (12/04/18)
Objetivo: Continuar a conversar sobre o medo que a aflija.
Breve descrição da sessão: Esta sessão não foi muito frutífera com a presença do
filho na consulta, “A” disse que não tem onde deixar o filho e teve de leva-lo com ela. Não
conseguimos atingir o objetivo traçado para aquele dia e a consulta terminou antes do
previsto.
Análise reflexiva: Nesta sessão percebi que nem sempre é possível atingir os
objetivos traçados, e que estamos muito dependentes dos nossos nesse sentido.
Quinta sessão (17/04/18).
Objetivo: Conversar sobre o medo que a aflija e Traçar estratégias para superar o
medo.
Breve descrição da sessão: Nesta sessão, “A” chegou com a preocupação da
descompensação do marido, o quanto estava zangada com ele e que naquele dia iria passar o
dia na casa da avó para não ter de conversar com o marido. Então perguntei o que tem feito
cada vez que o marido descompensa, disse que saía de casa até ele se acalmar e que uma vez
saiu de casa por alguns dias e que aquela situação estava a incomodá-la muito. “A” esteve
toda sessão muito cabisbaixa e pensativa, também interrompia o discurso de vez em quando
fazendo pausa. Diz amar o marido, mas que já estava muito cansada e que já o pediu para
procurar ajuda. Perguntei se já pensou alguma vez em outras alternativas sem ser sair de casa
e respondeu-me que não.
Análise reflexiva: Senti-me um bocadinho frustrada por mais uma vez não cumprir o
objetivo traçado, porque se “A” estava tão aflita com um problema acho por bem dar atenção
ao sofrimento dela naquele momento, aprendi que muitas vezes por mais que queiramos fazer
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algo, temos de dar atenção ao que é mais importante, a nossa paciente. Dei atenção à
preocupação dela e não concentrar nos objetivos traçados.
Proposta para próxima sessão: Ficou combinado que durante semana pensaria no
assunto e que conversaremos numa próxima sessão. A próxima sessão ficou combinada para
próxima terça feira.
Sexta sessão (24/04/18)
Objetivo: aplicar o SCL 90-R
Breve descrição da sessão: Esta sessão foi destinada para recolha de mais
informação através de uma avaliação formal.
“A” respondeu as questões sem dificuldade, salvo uma dúvida ou outra que parava
para perguntar por exemplo “fiz uma cruz onde não queria como faço para anular”. Os
minutos que sobraram falamos sobre sobre a ordem judicial e como “A” estava sentindo em
relação ao marido.
Voltou a referir sobre as atitudes do marido e ficou claro que estava a dar pouca
atenção ao marido. Ao longo da sessão “A” chegou a conclusão que tiraria um tempo para
passar com o marido sem a presença dos filhos. Também disse que naquela semana as coisas
estão mais calmas em casa.
Referiu que a ordem judicial já terminou que agora as sessões não são por obrigação,
mas, sim por vontade própria.
Análise reflexiva: Esta sessão ajudou-me a perceber que muitas vezes as nossas
tendências é sempre colocar as culpas nos outros até termos a luz que nós é que estamos
errados, ou se mudarmos de atitude, as coisas também podem mudar, que as vezes não é pos
não sabermos de certas coisas mas sim precisamos de quem nos ajude a tomar consciência dos
nossos comportamentos. Com “A” nesta sessão aconteceu isto, ela sabe das decissões que tem
de tomar para mudar de comportamento, mas precisava de quem ajudasse a lembrar. Durante
a sessão ao falarmos e com a orientação certa, ela mesma chegou a conclusão daquilo que
deveria fazer.
Proposta para próxima sessão: Como trabalho de casa “A” teraria um tempo para
dedicar ao marido durante a semana. E assim combinamos a próxima sessão.
Sétima sessão, (07/05/18)
Objetivo fortalecer a relação com o marido.
Breve descrição da sessão: Neste dia ao contrário daquilo que era planeado, “A”
partilhou a tristeza de ter perdido o sogro naqueles dias. O quanto o sogro era importante para
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os netos, como falou com os filhos de que já não tem o avô e como está sendo difícil para o
marido. “A” mostrou preocupada, por até aquele momento o marido não deixou transparecer a
tristeza que estava sentindo, mas que no meio de tudo isto o relacionamento deles está indo
bem.
“A” diz sentir-se mais confiante e que o marido já tinha concordado em receber
ajuda psicológica. Nesta sessão falou que está a tirar sempre tempo para o marido que que
estão indo bem e que continuaria a tirar tempo para fazer programas com o marido. Nesta
Sessão “A” referiu que não está sentindo com tanto medo de perder os filhos como
antigamente, perguntei se sabe o que aconteceu para perder o medo, respondeu-me que não,
mas que estava mais confiante e que sente-se apoiada pelo marido e que em casa as coisas
estavam se endireitando.
Análise reflexiva: Nesta sessão senti que o problema do medo da “A” de perder os
filhos estavam mais relacionados com os sentimentos dela em relação aos acontecimentos em
casa, que o meu trabalho seria orientar na resolução dos conflitos familiares.
Proposta para a próxima sessão: Ficamos combinada que a próxima sessão seria
daquele dia a oito.
Oitava sessão (15/05/18)
Objetivo: aplicar avaliação psicológica do Autismo (AQ).
Breve descrição da sessão: “A” mostrou muito feliz por estar a fazer uma prova
que a muito ansiava. Manifestou a desejo de ter o resultado por escrito. Falamos da expetativa
do resultado, que o resultado pode não ser o esperado.
Análise reflexiva: “A” parece interessada em que o resultado seja positivo em
relação ao Autismo para mostrar a sua mãe que em todo tempo estava certa quanto ao
diagnóstico.
Nesta sessão deixei claro que o resultado será de acordo com o teste da AQ e que o
diagnóstico também.
Proposta para a próxima sessão: Na próxima sessão falaríamos sobre tudo o que
vem acontecendo desde a primeira sessão.
Nona Sessão, (22/05/18).
Objetivo: Refletir sobre tudo aquilo que foi feito até a data.
Breve descrição da sessão: Nesta sssão “A” disse que já não tem medo porque sabia
que não ia perder os filhos, mas, continuava a ter cuidado para não acontecer o que aconteceu
no passado, que gostava das sessões e que estava sempre muito ansiosa a espera da próxima
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sessão sendo que era um tempo que tinha para desabafar e falar tudo aquilo que a deixava
angustiada durante a semana.
Nesta semana tirou o filho mais velho da escola afirmando que, a situação estava
insustentável, ensinando-o em casa até encontrar, em conjunto com a assistente social, uma
escola com ensino especializado.
Proposta para próxima sessão: Como “A” não tinha onde deixar o filho ficou
combinado que traria o filho para a próxima sessão, porque não queria faltar a nehuma sessão.
Décima sessão (29/05/18).
Objetivo: deixar “A” falar o que acharia mais relevante.
Breve descrição da sessão: “A” mostrou muito preocupada com a família. Nesta
sessão chegou com boa disposição e com o filho porque não tinha ninguém naquele dia para
ficar com ele.
Deixei “A” falar sobre tudo que queria uma vez com o filho presente não sabia o que
queria ou não falar a frente dele.
Análise reflexiva: Durante esta sessão passaram muitas perguntas pela minha cabeça
que seriam relevantes fazer se o filho não estivesse presente, no entanto percebi que durante a
minha vida profissional teria que estar preparada para eventuais situações que podem surgir.
Não é fácil fazer uma sessão onde não podemos abordar questão relevantes que pensamos
serem úteis para o paciente.
Décima primeira sessão (05/06/18)
Objetivo: avisar que a próxima sessão seria a última comigo.
Breve descrição da sessão: Nesta sessão “A” diz que sentiu uma empatia comigo e
que no decorrer desse tempo sentiu muito bem, que não era uma pessoa de falar muito, mas,
que abriu o coração em todas as sessão. Que sempre sentia desejosa que chegasse a sessão
seguinte para entar comigo porque sentia sempre que era o tempo dela de falar e refletir nas
coisas da vida dela e da sua família.
Disse que em casa estava tudo bem, que o marido é bom homem, que teve um
acidente e estava em casa convalescendo. “A” diz-se sentir triste com a minha saída, que já
teve outros psicólogos, mas que a nossa relação foi diferente.
Análise reflexiva: Em todo o percurso académico sempre ouvi falar da empatia e até
fiz alguns trabalhos teórico sobre o tema, mas esperimentar ou seja viver a realidade é
completamente diferente, agora posso falar por experiência própria o que é a empatia, porque
é bom quando temos pacientes que confiam em nós afim de contar tudo o que os preocupam
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sem a restrinção de nada e como o passar do tempo a fortificação desse laço é cada vez mais
veminente e visível, a relação de empatia torna cada vez mais forte.
Décima segunda sessão (12/06/18)
objetivo: Transitar para a Dra. Clara Meireles os processos.
Breve descrição da sessão: Nesse dia “A” disse que na semana seguinte organizou
férias com a família, que seria um tempo para eles, longe das preocupações, os filhos
poderiam brincar e correr e também seria o tempo que daria mais atenção ao marido. O filho
encontrou uma escola especializada, já foram visitar o estabelecimento escolar e está com boa
expetativa quanto ao futuro.
Disse que o tempo que passamos foi de muito valia para ela, que o marido está sendo
seguido por um psicólogo, o que a deixa muito feliz. A próxima sessão ficou marcada com a
Dra. Meireles não com a mesma frequência, mas consoante a necessidade da “A”.
Observação: Ao longo das sessões realizadas, o estabelecimento da relação
empática e de confiança foi crucial para o decorrer deste processo, permitindo assistir
algumas mudanças no comportamento. A vida familiar é um desafio constante, mas “A”
mostra confiante e disposta a lutar e enfrentar os desafios que possam aparecer. Relativamente
ao medo que tinha em perder os filhos atinou-se, e sente-se que agora gere melhor a situação,
está aprendendo a ser paciente. Em relação ao autismo pode ser que quando era criança os
traços fossem mais acentuados, mas com o passar do tempo aprendeu a adaptar-se às
situações que apareciam. “A” mostra disponível manter o apoio psicológico que tem tido, por
benefício próprio.

7.3. Caso 2
7.3.1. História clínica/vida
“M”, 37 anos, solteira, vive com os pais e dois irmãos mais novos em Lisboa.
Desempregada, pais reformados, tem 12º ano de escolaridade e alguns cursos livres. Segundo
“M” sofreu e ainda sofre de bullying com pessoas na rua e em casa com os irmãos. Gosta
muito de ler, escrever e sonha em lançar um livro. O relacionamento com o pai mesmo
vivendo sob mesmo teto é insustentável, com a mãe é boa.
Toma antidepressivos, já foi submetida a várias intervenções cirúrgicas ao pé boto e
internada por gastrite aguda.
Sofre de ataques de pânico desde os 17 anos, desde então é acompanhada na
psicologia. “M” diz de que tudo começou com a morte de uma amiga.
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Ouvir ou ler sobre morte mesmo que seja de pessoas que não conhece, desencadeia
os sintomas e muitas vezes já foi às urgências. Sente injustiçada, que ninguém a entende e o
maior sonho dela é sair deste país porque, sabe que 99,9% da cura dela está na sua saída do
país.
Sente que nos outros países não há tanto preconceito, que as pessoas a aceitariam
como ela é. Fala de vários assuntos ao mesmo tempo diz-se que não tem amigos porque já não
confia em ninguém, que as pessoas deveriam falar com ela para saberem que apesar de ser
feia é muito inteligente, ao contrário da maioria.
Nunca namorou, no entanto, perdeu a única amiga que tinha porque a amiga pensa
que “eu queria o namorado para mim por isso não me apresentou. Tinha medo que quando o
namorado falasse comigo e descobrisse que sou mais inteligente que ela”. Tem certeza que se
falasse com o namorado da amiga o rapaz apaixonaria por ela.
Sente que todos querem aproveitar dela e que sente cansada de pessoas interesseiras.
“M” devaneia no seu discurso e não tem uma sequência lógica.
7.3.2. Análise reflexiva das Sessões
No inicio da sessão “M” parece apresentar triste e pensativa, mostrou disponível para
iniciar comigo as sessões durante o tempo de estágio.
Na primeira e segunda sessão utilizamos para recolha de dados, na terceira sessão foi
destinada a avaliação psicológica. Nessa terceira sessão também aproveitamos sobre alguns
aspetos de termos da aparência física da “M”, onde sentiu que realmente deveria cuidar um
pouco mais da sua aparência. O que me deixou muito impressionada e feliz ao mesmo tempo
é constatar o quanto as nossas palavras podem fazer diferenças na vida dos outros, aquando
“M” chegou na última sessão com uma aparência completamente diferente do que era
habitual, toda arranjada. Por razões de saúde “M” não pode continuar as sessões, no último
dia do estágio compareceu para despedir e comprometendo com ela mesma que continuaria a
cuida-se, e ter as consultas com a Dra. Clara Meireles.
7.3.3. Avaliação Psicológica
Os instrumentos escolhidos para aplicação são: SCL90-R e MCMI-II trouxeram os
seguintes resultados:
No instrumento SCL90-R destacam-se na sensibilidade Interpessoal (1,66) e
Psicoticismo (1) que está ligeiramente acima da média, assim como a Depressão (1,38) e a
ansiedade (1,9). A Ideação Paranóide está muito acima da média (2,6) (anexoI).

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Na sensibilidade interpessoal são avaliados sentimentos de inferioridade ou


inadequação pessoal, particularmente nas comparações com outros, sendo as suas
manifestações mais características a auto-depreciação, a timidez, o embaraço nas relações
com os outros e as expectativas negativas relativas a essas relações; No psicotessismo o
isolamento interpessoal ligeiro é evidente. Quanto a depressão identifiquei sinais de
isolamento, perda de interesse, falta de motivação e diminuição de energia por parte da “M”.
A mais preocupante é a ideação paranoide que nos aponta para o comportamento paranóide,
fundamentalmente, o modo perturbado de pensamento, que se traduz principalmente ao nível
do pensamento projectivo, hostilidade, egocentrismo, medo da perda de autonomia e delírios,
todos estes pontos ou seja sintomas são evidentes no comportamento da “M”.
No instrumento MCMI-II destacaram-se o Paranóide (86), o Delírio (87), que se
encontra muito acima da média, o Esquivo (77), Autodestrutivo (76) e o Narcísico (75)
ligeiramente acima da média (anexoI).
7.3.4. Formulação Clínica “M”
A partir da análise da informação recolhida e de acordo com o diagnóstico do DSM-
5, poder-se-á considerar que “M” apresenta diagnóstico de Perturbação Paranoide, isto reflete
nas dúvidas injustificadas acerca de lealdade de amigos, suspeita sem bases suficientes, de
que outros tiram partido dela, a prejudicam ou enganam e não consegue esquecer ofensas. Em
alguma altura da vida da “M” em determinadas circunstâncias poderá ter ocorrido
experiências significativas que auxiliou para essas crenças disfuncionais aos quais poderiam
ser apontados como fatores precipitantes do quadro clínico apresentado, no entanto, não
consegui identificar nenhum durante o pouco tempo que tivemos. O estabelecimento de uma
relação empática e de confiança seria fundamental no caso da “M” uma vez que tem
dificuldade muita dificuldade em confiar nos outros.
7.3.5. Plano de intervenção
Se “M” continuasse as sessões os objetivos terapêuticos seriam incrementados em
função dos resultados da avaliação psicológica e da problemática apresentada pala paciente.
O objetivo seria auxiliar a utente a alcançar um ajustamento psicológico funcional e
harmonioso. Esse objetivo teria por base o modelo cognitivo comportamental, e um dos
objetivos principal deste modelo já mencionado neste relatório consiste em modificar
distorções cognitivas que afeta o indivíduo, isso seria implementado de modo que “M”
desenvolva estratégias para combater o problema. O plano de intervenção debruçaria em
diminuição das sintomatologias que mais afeta a “M”. Faríamos o uso da técnica de
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relaxamento para que a “M” fizesse uso nas crises de ataque de pânico e de cada vez que
sentir necessidade.
Descrição das sessões
Primeira sessão (15/03/18)
Objetivo: Recolher informações.
Breve descrição da sessão: Esta sessão foi distinada à recolha de informação sobre a
história clínica da “M”. Nesta primeira sessão “M” mostrou disposta a colaborar.
Durante a sessão “M” parecia triste, mas respondia todas as perguntas que eu fazia.
Análise reflexiva: Nesta primeira sessão tive problemas em gerir o tempo uma vez
que “M” falava muito e saía de um assunto para outro e eu não conseguia faze-la mudar de
assunto mesmo que tentasse. Nesta sessão aprendi que tenho de aprender a arranjar outro tipo
de estratégia para prender “M” a assuntos que são mais relevantes.
Proposta para a próxima sessão: Para a próxima sessão ficou combinada que
quinzenalmente teríamos a nossa sessão.
Segunda sessão, (12/04/18)
Objetivo: Continuar a recolha de dados para história clínica.
Breve descrição da sessão: A sessão decorreu normalmente “M” respondeu as
perguntas, e nesta sessão “M” falou de como está sofrendo em casa e que a única pessoa que a
apoia é a mãe. Estava triste porque foi para uma entrevista e não a aceitaram. Falamos um
pouco sobre a aparencia física, o cuidado que devemos ter com a aparencia. “M” disse que
cuidaria mais da sua aparencia.
Análise reflexiva: Nesta sessão senti de que a “M” sente injustiçada que ninguém
gosta dela nem aqueles que a deveriam proteger.
Proposta para a próxima sessão: Na próxima sessão marcamos aplicar o SCL90-R
e o MCMI-II.
Terceira sessão, (26/04/18).
Objetivo: Aplicar SCL90-R e o MCMI-II.
Breve descrição da sessão: A sessão decorreu conforme o planejado, “M” pareceu
estar muito concentrado em responder os questionários.
Proposta para próxima sessão: A sessão seguinte ficou combinada para o dia 10 de
Maio.
Observação: O tempo que passei com “M” foi insuficiente para fazer um
acompanhamento adequado, mas sentia que se continuássemos com as sessões seriam muito
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benéficas tanto para “M” como para mim, para o meu aprendizado e desenvolvimento como
pessoa e como futura profissional. Nas poucas sessões que tivemos “M” parecia disposta a
colaborar e a criação do laço terapêutico e empatia era eminente. Em pouco tempo aprendi
muito com “M”, aprendi que um ser humano não é a aparência física, mas, sim um todo,
corpo, mente e essência. Comecei a ver a pessoa que precisava de ajuda e de ser ouvida apesar
dos suas crenças disfuncionais.

Conclusão
Quando iniciei a licenciatura o meu único sonho era terminar e ir embora para o meu
país de origem, no entanto, o meu sonho de estagiar num centro de saúde superou a vontade
de ir embora. Lembro-me do dia em que fui convocada e receberia a notícia que o meu sonho
tornar-se-ia realidade. O medo e a alegria se misturaram numa só. Medo de falhar e alegria
por ver o meu sonho realizado.
Na Unidade de Saúde Dr. José Domingos Barreiro fui bem acolhida, principalmente
pelos pacientes que nunca negaram a minha presença durante as consultas com a Dra. Clara
Meireles.
Quando chegamos a um local de estágio a nossa maior preocupação é a empatia que
podemos estabelecer com os pacientes, mas eu penso que a empatia da orientadora com a sua
orientada é importante porque pode transmitir segurança naquilo que esperamos aprender
durante o decorrer do estágio. A Dra. Clara transmitiu-me aquilo que é mais importante no
mundo dos psicólogos, o devido cuidado que devemos ter com o nosso paciente, a empatia, a
postura, tudo isto e muito mais que não é ensinado na sala de aula, aprendi no local de estágio.
A utilidade do estágio supera qualquer sonho de um estagiário, porque nos ajuda a
iniciar a nossa profissão, é onde “limamos as arrestas”, adquirimos a confiança e lutar para
uma vida profissional de sucesso.
Contudo, as dificuldades no ato da aprendizagem vão surgindo, ao mesmo tempo,
que são superadas e isto tem sido motivo de orgulho. A minha maior dificuldade foi o medo
do desconhecido. Medo de fazer tudo errado ou de não fazer aquilo que era esperado.
Na primeira consulta que fiz a observação, no final da consulta quando o paciente
despedia e me chamou de doutora, aquilo soou estranho no meu ouvido e pensei até que ele
estava dirigindo à outra pessoa no entanto quando estendeu a mão para mim, experimentei
uma sensação que até então nunca tinha vivenciado.
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Na primeira intervenção autónoma com o paciente o medo de falhar era tanto que
disse tudo o que tinha para dizer e quando olhei para o relógio só tinham passados 10
minutos, no entanto, conforme passa o tempo de estágio assim o tempo passado com os
pacientes tornam menos longos e no final tinha que tomar cuidado para não passar da hora.
Tive a confirmação que a Psicologia é a área certa para mim, porque na psicologia
posso ir para além das quatros paredes dum consultório, e também aprendi que o que faz a
psicologia são os nossos pacientes, sem eles não há psicologia. Ainda há muito por fazer e
posso dizer que faço parte daqueles que estão pronto para dar continuidade ao que falta.
Os pacientes da Unidade de Santa Casa ensinaram-me que o respeito pelas pessoas
estão para além das doenças ou patologias, cada um com a sua individualidade, história,
percurso de vida, experiências de vida, mas também capacidade de superação e acima de tudo
é a pessoa que está por detrás da doença.
Nessa Unidade deparei com pessoas com capacidade de superação extraordinárias
que me levou a repensar no grande e extraordinário papel do psicólogo. Certo dia um paciente
disse-me “já fui a muitos doutores e nenhum deles fizeram o que vocês psicólogos fizeram
por mim, se não fosse a vossa ajuda não saberia o que seria da minha vida hoje”. Não
menospresando os outros, mas estou orgulhosa da nossa profissão.
Hoje penso que o medo de errar ainda continua, mas com a única diferença que
posso superar e fazer de novo e de forma correta, afinal os psicólogos também são pessoas.
Lembro o que disse a minha professora e orientadora do estágio no início, “vocês são
as minhas alunas e sei que não vão me dececionar, mas em qualquer caso estou aqui” e ela
esteve sempre.
O estágio curricular permitiu que os objetivos traçados fossem concluídos, no sentido
em que o meu desenvolvimento dos conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da vida
académica foram alargados.

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ANEXOS

I
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ANEXO I - Avaliação qualitativa

I
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II
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III
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

IV
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V
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VI
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VII
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VIII
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IX
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X
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XI
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

XII
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

XIII
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

XIV
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XV
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XVI
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XVII
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

XVIII
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

XIX
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

XX
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

XXI
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ANEXO II – Folhas de registo de presenças

XXII
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XXIII
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XXIV
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

XXV
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Ruth Levy Amarante, Relatório final de Estágio

XXVI
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XXVII
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ANEXO III - Outros

XXVIII
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XXIX
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XXX
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XXXI
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XXXII
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XXXIII
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XXXIV
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XXXV
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XXXVI
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Breve discrição de alguns casos observados

Motivo da consulta: Depressão

Senhor, 49 anos, casado, um filho, mora com a esposa, o filho e os sogros. Problema
familiar, muito submisso, não tem autoridade em casa. O relacionamento com o sogro não é
bom. Trabalha na limpeza, o filho é seguido por psicólogo e o relacionamento com o filho
está diferende de quando começou a consulta de psicologia. O relacionamento com os pais
sempre foi muito difícil.

Tem dificultade em falar e fala muito baixo que para se ouvir temos de chegar muito
perto dele ou então pedir-lhe que fale mais alto durante toda a sessão.

Caso B.

Motivo da consulta: Ansiedade

Senhora 64 anos, passou por violência doméstica, tem três filhos, submetida a várias
cirurgias na anca. Sente muito stresse só de pensar nos afazeres da casa e do restaurante que
gere com o marido. Alegou que agora o marido já não lhe bate mas que nunca fez nenhuma
denúncia contra o marido por ser violento com ela.

Durante a sessão a senhora não conseguia parar de mexer as mãos mas alega que
agora sente-se mais calma e que não sente tão ansiosa como antigamente, isto é, antes de
começar a fazer terapia. Agora vai à consulta para desabafar.

Caso C

Motivo da consulta: Ansiedade

Senhora, 30 anos, separada, o marido batia-lhe muito e ainda estão em processos de


restrinção judicial, em que o marido tem de parmanecer longe dela 500 metros. Mora com os
filhos. Por ter sofrido tanto e por estar a passar momentos de muita ansiedade, o tribunal
achou por bem que passasse por um periodo de consultas psicológicas. É acompanhada
quinzenalmente no centro e diz estar a sentir apoiada e que ainda tem muito medo do marido e
toda vez que tem que ir ao tribunal pede ajuda ao policia, porque não sente segura em andar
na rua sozinha.

Ainda sente muito ansiosa e tem medo que o seu estado de saúde continua assim.
XXXVII
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Caso D

Motivo da consulta: Depressão

Menina 26 anos, tem atraso mental ligeiro, agi como criança de 12 anos, foi violada
pelo pai, ainda evidencia algum trauma pelo sucedido por isso, precisa de acompanhamento,
vive com a mãe e um irmão menor no centro de acolhimento, antes era seguida num outro
centro mas quando o tribunal descobriu que o pai sabia do lugar onde estão sendo seguidos,
mudaram de psicólogo e do lugar.

Tem medo de estar sozinha, e passa a maior parte do tempo em casa. Quando fala
não levanta os olhos quando fala, parece que carrega um peso muito grande em cima dos
ombros. Ao falar do sofrimento qua ainda sente do acontecido, chorou muito.

Caso E

Motivo da consulta: Ataque de pânico.

Senhor, 50 anos, sofre de ataque de pânico à um ano. Não consegui sair, nem andar
sozinho de transporte sozinho.

Vive com o companheiro mas, alega que, sente que o companheiro está com ele
porque não tem onde morar. Mas, depende do companheiro para sair e tratar dos assuntos
pessoais ou ir à consulta, não trabalha desde que que começou a sofrer ataque de pânico e
vive com dinheiro de segurança social. Tem irmã mas diz que neste momento já não conta
com apoio dela. Diz sofrer muito porque sente que está perdendo a sua autonomia de
trabalhar, sair ou mesmo se divertir, que até sair para esparecer tornou uma tarefa impossível
para ele.

XXXVIII
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