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PRÁTICAS INCLUSIVAS NO

ENSINO BÁSICO:

Transtorno do Espectro
do Autismo - TEA

Jacqueline Wanderley Marques Dantas*


**Doutoranda em Letras/Linguística (UFPI), Mestre em Letras (UFPI/2015);
Especialista em Linguística (UFPI/2006); Especialização em Especialização em Educação Especial e Inclusiva
(UNINTER); Graduação em Licenciatura Em Educação Especial (UNINTER).
Autismo
de acordo com o DSM-V

TEA – Transtorno do Compromete principalmente a


Espectro do Autismo interação social associada a
ou Transtorno do comunicação e apresenta
Espectro Autista padrões estereotipados e
restritos de comportamento

Transtorno do desenvolvimento
que geralmente é
diagnosticado antes dos 3 anos
Características
de acordo com o DSM-V
- Ausência de contato visual
- Reduzida o tempo de atenção
COMUNICAÇÃO - Déficit de aprendizagem
SOCIAL - Usos de gestos (imitativos ou antecipatórios)
- Expressões faciais e corporais
- Respostas atípicas a estímulos ambientais

- Movimento das mãos (estereotipias)


- Ecolalia (repete palavras e frases)
PADRÕES DE - Padrões ritualizados de comportamento
COMPORTAMENTO - Usos de gestos (imitativos ou antecipatórios)
- Hiporreatividade a estímulos sensoriais
- Preocupação anormal em intensidade e foco
Características
de acordo com o DSM-V

Algumas características clássicas do autismo,


como interesse em rodar, empilhar ou
enfileirar objetos, balanceio de corpo,
movimentos de dedos e mãos próximo ao
rosto ou dificuldade em fixar o olhar em
outra pessoa, podem não estar presentes
Classificação
de acordo com o DSM-V
NÍVEL DE GRAVIDADE

1 EXIGINDO
APOIO 2 EXIGINDO APOIO SUBSTANCIAL 3
EXIGINDO APOIO MUITO
SUBSTANCIAL

COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO

● Quando não tem apoio, apresenta dificuldade ● Sérias dificuldades nas habilidades de comunicação ● Prejuízos intensos na capacidade de
na comunicação social, com danos perceptíveis; social verbal e não verbal, comunicação social verbal e não verbal;
● Complicações para iniciar interações sociais, ● Prejuízos sociais notáveis mesmo com auxílio; ● Dificuldades severas em dar início às
além de respostas incomuns ou inexistentes a ● Limitação ao iniciar interações sociais; interações sociais;
aberturas das pessoas; ● Resposta anormal a aberturas sociais de outras ● Pouca resposta quando as pessoas dão
● Pouco interesse por interações sociais. pessoas. abertura para iniciar uma comunicação,

COMPORTAMENTO COMPORTAMENTO
COMPORTAMENTO
● Inflexibilidade de comportamento, interferindo ● Inflexibilidade de comportamento;
no funcionamento de um ou mais contextos; ● Relutância em lidar com mudanças e ações ● Inflexibilidade de comportamento;
● Dificuldade em trocar de atividade; restritas e repetitivas frequentes, sendo notadas por ● Dificuldade severa para lidar com
● Problemas de organização e planejamento, que observadores e interferindo em outros contextos; mudanças e ações restritas ou repetitivas;
interferem na conquista da independência. ● Sofrimento para mudar o foco ou ações. ● Sofrimento para mudar o foco ou ações.
Diagnóstico
No Brasil, via de regra o diagnóstico é feito através
de observações clínicas com os critérios do DSM-V e
O autismo não possui marcador classificado de acordo com o CID-10.
biológico nem exame
específico para diagnóstico CID-10 DSM-V
(Classificação (Manual Diagnóstico e
Internacional de Estatístico de Transtornos
Doenças 10°Ed.) Mentais 5º Ed.)

OMS – Organização APA – Associação Americana


Mundial de Saúde de Psiquiatria

F84 Transtornos Globais 299 Transtorno do Espectro


do desenvolvimento do Autismo (TEA)

F84.0 Autismo infantil 299.00 Transtorno do


Espectro do Autismo
Diagnóstico
NOVA NOMENCLATURA - CID 11
O QUE MUDOU NA CID 11?

 A CID-11 (Classificação Internacional de Doenças – 11a revisão) é


um documento organizado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), que entrou em vigor no mês de janeiro de 2022,
atualizando as categorias.

 A CID-11 é utilizada como linguagem comum entre profissionais


da saúde de diversas áreas. O número 11 se refere à sua última
revisão publicada.
Prevalência
 A última pesquisa de prevalência na população geral produzida
pelo CDC* encontrou uma criança com autismo a cada 68
nascimentos.
 80% dos casos de autismo no Brasil não tem diagnóstico.

Incidência
 Incidência maior no sexo masculino, cerca de 4 meninos para 1
menina.
* CDC é a sigla para “Centers for Disease Control and Prevention” e significa “Centros de
Controle e Prevenção de Doenças” dos Estados Unidos.
© Olhares do Autismo,2022
Autismo
CAUSAS

Conhecimento científico sobre isso ainda está em um estágio inicial

Genética desempenha um papel importante no

autismo: Mais pesquisas estão sendo realizadas para


encontrar outros fatores, como o ambiente, as
interações gene-ambiente, infecções, fatores
neurológicos, imunológicos e metabólicos.
Direitos
DA PESSOA COM TEA

CF/1988 ECA/1990 Lei 12.764/12


Art. 208. O dever do Estado Independente do Ter uma vida digna,
com a educação será Transtorno Espectro respeitada a sua integridade
efetivado mediante a garantia Autista, toda criança (até física e moral, o livre
de: 12 anos incompletos) e desenvolvimento da
I - educação básica adolescente (entre 12 e 18 personalidade, a segurança e
obrigatória e gratuita dos 4 anos de idade) têm direitos o lazer.
(quatro) aos 17 (dezessete) previstos em lei, como por Direito à saúde, incluindo o
anos de idade [...] exemplo: direito ao diagnóstico, atendimento
III - atendimento educacional desenvolvimento físico, multiprofissional, a nutrição
especializado aos portadores mental, moral, espiritual e adequada e a terapia
de deficiência, social, em condições de nutricional, os
preferencialmente na rede liberdade e de dignidade. medicamentos, entre outros
regular de ensino [...]
Direitos
DA PESSOA COM TEA NO ESTADO DO PIAUÍ

Lei Estadual 7.963/23 Lei Estadual 7.468/21


Lei Estadual 7246/19
Estabelece penalidades Obriga a realização de sessões
de cinema adaptadas a Institui a Carteira de
administrativas às pessoas físicas
ou jurídicas e agentes públicos crianças e adolescentes com Identificação do Autismo
que discriminem pessoas com TEA e suas famílias. Isso, (CIA) no âmbito do estado
Transtorno do Espectro Autista porque luzes e sons, em certa do Piauí.
(TEA) no estado do Piauí medida, incomodam pessoas
com autismo.

Lei Estadual 7.627/21 Lei Estadual 7.245/19


Determina que o prazo de Cria o Selo Empresa Amiga dos
validade do laudo médico pericial Autistas, destinado aos
que atesta o Transtorno do estabelecimentos comerciais
Espectro Autista passa a ter prazo que adotem política interna de
de validade indeterminado no inserção de pessoas com TEA
Estado. no mercado de trabalho.
Autismo e
Aprendizagem

“Temos o direito de sermos iguais sempre que a diferença nos inferioriza;


temos o direito de sermos diferentes sempre que a desigualdade nos
descaracteriza" (SANTOS, 2006, p. 27).
Escolarização e TEA
O estudante com TEA é capaz de realizar diversos progressos dentro do ambiente
escolar:
Ampliação de suas interações sociais;
Melhora nas condições cognitivas;
Interpretação de conteúdos mediados pela linguagem e pelo contexto social.

Na escola, o trabalho pedagógico é uma busca


constante de [...] "apreender fragmentos de produções,
fazendo circular o que os alunos trazem, tentando
fazer uma costura com o simbólico, dando uma
significação, ampliando para algo que tenha uma
função social" (ALVES, 2003, p. 70).
Escolarização e TEA

Afinal, quem são essas crianças que, por alguns


educadores, costumam ser adjetivadas como diferentes,
agressivas e inquietas, e que quando falam apresentam
uma linguagem tão incomum?

 As intervenções pedagógicas partem do pressuposto de que o processo de


construir símbolos, formas, conceitos e enunciados incide sobre o
desenvolvimento, mas é importante salientar que os professores devem ajudar
a pessoa com TEA a construir laços sociais amplos.
Equipe Multidisciplinar
 Cada pessoa com TEA exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado
que exige a participação dos pais, dos familiares e de uma equipe multidisciplinar
visando à reabilitação global do sujeito.

ED
NEU
FÍSICA
PED PSICOL PSICOP

FONO NUT

TO
Intervenções
PARA ESTUDANTES COM TEA

TEACCH ABA Early Start Denver


Floor Time
Model

A intervenção deverá ser traçada de acordo com as


especificidades de cada indivíduo, focando-se não só nas
manifestações sindromáticas, como também nas manifestações
não sindromáticas a fim de estabelecer objetivos segundo as
necessidades dos indivíduos nos seus diversos contextos.
SonRise
Intervenções
As crianças com TEA
apresentam grande
variabilidade, não existindo um
programa ou método específico
para todas as crianças e suas
famílias.

PROGRAMAS COMBINADOS
ABA
Análise do Comportamento Aplicada

 É um termo advindo do campo científico do Behaviorismo, que observa, analisa e explica a


associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem.

 Ivan Pavlov, John B. Watson, Edward Thorndike e B.F. Skinner foram os pioneiros que
pesquisaram e descobriram os princípios científicos do Behaviorismo. São considerados os
“Pais do Behaviorismo”.

B.F. Skinner
John B.
Watson Edward
Ivan Pavlov Thorndike
ABA
Análise do Comportamento Aplicada
 ABA é um termo “guarda-chuva”, descreve uma abordagem científica que pode ser usada
para tratar muitas questões diferentes e cobrir muitos tipos diferentes de intervenções.
Educação, especificamente Educação Especial para crianças com autismo, é uma das
aplicações dessa ciência.

Como ABA é usada para ensinar crianças com


autismo?

ABA é usada como base para instruções


intensivas e estruturadas em situação de um-
para-um. Embora ABA seja um termo “guarda-
chuva” que englobe muitas aplicações, as
pessoas usam o termo “ABA” como abreviação,
para referir-se apenas à metodologia de ensino
para crianças com autismo.
DDT
Ensino por Tentativas Discretas
O que é DTT?
 O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching – DTT) é uma das metodologias de
ensino usadas pela ABA.

 Ivar Lovaas é um psicólogo que foi a primeira pessoa a aplicar os princípios


da ABA e DTT para ensinar crianças com autismo. Por isso muitas pessoas
falam do “método Lovaas” quando se referem sobre o ensino de crianças com
autismo.
Qual a maneira correta de usar a ABA?

 Apesar de Lovaas ter sido o primeiro a usar as metodologias da ABA para ensinar crianças com
autismo, desde então muitos psicólogos vêm fazendo muitas contribuições e refinamentos a
essa abordagem. Como com qualquer ciência, a ABA continua a evoluir. Muitas técnicas têm
sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais eficiente e efetivo ainda. Essas “práticas
melhoradas” serão incorporadas no Programa “Ajude-nos a aprender” (“Help Us Learn”).
Modelo ABA
 O método ABA pode intencionalmente ensinar a
criança a exibir comportamentos mais
adequados no lugar dos comportamentos
inapropriados.
Proposta de Intervenção para
pessoas com autismo

A.Ensino Estruturado

B.Sistemas de Comunicação Aumentativa Alternativa

C.Análise do Comportamento Aplicada

D.Ensino pedagógico por meio de materiais concretos e sensoriais


Orientações
 Todo trabalho pedagógico com alunos com TEA deve estar voltado para
promover o desenvolvimento de independência, de autocuidado e de
autonomia.

 As modificações na sala de aula envolvem vários aspectos como: a


localização favorável do aluno nas primeiras carteiras da sala e o uso de
linguagem acessível com explicações claras e objetivas.

 O trabalho pedagógico precisa ocorrer a partir de ações pedagógicas


dinâmicas, colaborativas e flexíveis, com a criação de mecanismos que
contribuam para a evolução do aluno em seu processo educacional e
inclusivo.
Orientações
 A comunicação é a primeira tarefa a ser proposta no processo de
interação com alunos com TEA. Estabelecer formas de comunicação
efetivas permite que este aluno possa expressar para os outros suas
emoções e necessidades.

 É importante salientar que todo trabalho pedagógico com alunos com


TEA deve ocorrer de forma a manter o equilíbrio destes alunos,
reduzindo seu nível de medo, ansiedade e frustração.

 É preciso conhecer o aluno, estabelecer um bom vínculo e levantar suas


necessidades para, assim, planejar as adaptações possíveis. Vale a pena
buscar todos os meios necessários para sua inclusão efetiva. O aluno
conta com você!
Referências
 ALVES, I. M. Efeitos da psicanálise na instituição dando lugar aos desejos. In: FOLBERG, M. N.; CHARCZUK, M. S. B.
(Org.). Crianças Psicóticas e Autistas: a construção de uma escola. Porto Alegre: Mediação, 2003, p. 63-71.
 LEAR,Kathy. Help Us Learn: A Self-Paced Training Program for ABA. Part I: Training Manual. Toronto, Ontario – Canadá,
2ª edição, 2004.
 OLHARES DO AUTISMO. Entenda a CID 11 e saiba o que ela muda na questão do autismo | Olhares do Autismo. 2022.
Disponível em:
https://olharesdoautismo.com.br/2018/08/22/entenda-a-cid-11-e-saiba-o-que-ela-muda-na-questao-do-autismo/
 Revista Ler e Saber Autismo, ano 2, nº 2, 2016, p.22. In: DANTAS, J.W.M. A escrita como uma possibilidade de
comunicação para a criança com TEA: analisando um caso. Revista Educação Inclusiva - REIN,, v. 02, p. 98-114, 2018.
 REGO, Israell Martins. Conheça cinco leis do Piauí voltadas a pessoas com autismo. Portal Todo dia.com. 2022.
Disponível em: https://todopiaui.com.br/noticia/9693/conheca-cinco-leis-do-piaui-voltadas-a-pessoas-com-autismo.
Acesso em: Março/2023
 SANTOS, B. S. A gramática do tempo: para uma nova cultura politica. São Paulo: Editora Cortez, 2006.

 TAMANAHA, Ana Carina [et al]. Acessibilidade para estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo. Orientações.
Volume 1. 1ª edição. Coleção Transtorno do Espectro do Autismo. UNIFESF, 2020.

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