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All content following this page was uploaded by Sandra Ramos and Jorge A. Ramos on 09 May 2015.
ISCTE-IUL
Sandra Ramos (n.º 60164) e Jorge A. Ramos (n.º 60113) são discentes que pertencem
à turma PB1 do 2.º ano da Licenciatura em Psicologia no ISCTE-IUL em Lisboa, ano letivo
de 2013-2014.
Este trabalho faz parte da Unidade Curricular com o nome História da Psicologia
Avenida das Forças Armadas, Edifício I, Sala 1W6, 1649-026 Lisboa, Portugal.
BIOGRAFIA DE CARL R. ROGERS 2
Tabela de Conteúdos
Referências ............................................................................................................................... 15
BIOGRAFIA DE CARL R. ROGERS 3
Carl Rogers foi o psicólogo que escolhemos para este trabalho devido ao facto de
ambos pretendermos ser psicólogos clínicos e termos uma noção (embora muito pequena) da
doze páginas a enorme (e muito mais rica do que imaginávamos) quantidade de informação
que descobrimos sobre este grande psicólogo que nos deixou positivamente impressionados.
Síntese Biográfica
Segundo Hansenne (2003, p. 155) Carl Ransom Rogers nasceu no dia 8 de Janeiro de
1902 em Illinois (E.U.A.) numa família (onde tinha cinco irmãos) que fomentava a religião
(de forma fundamentalista) e o trabalho (como valor seguro). Rogers era uma criança solitária
interessada pela leitura, pela agricultura e pelos animais. Conforme Trull e Prinstein (2013, p.
372) Rogers entrou na Universidade de Wisconsin (nos E.U.A.) em 1919 (com 17 anos) e,
face ao seu interesse pelos assuntos religiosos, quando foi assistir a uma conferência em
Pequim (na China) ficou impressionado com a diversidade cultural e religiosa que lá
De acordo com Thorne e Sanders (2013, p. 131) Rogers casou (com 22 anos, em
1924) com Helen Elliot com quem teve dois filhos: David Elliott Rogers (em 1926) e Natalie
Rogers (em 1928). Uma semana depois de ter sido nomeado para o Prémio Nobel da Paz (em
28 de Janeiro, pelo congressista Jim Bates), Carl Rogers faleceu com 85 anos de idade (no dia
556), após uma paragem cardíaca durante uma cirurgia a uma fratura na anca.
Segundo Natalie Rogers (n.d.) o seu pai escreveu 16 livros (dois deles publicados
feito através de dezenas de prémios e de títulos que lhe foram atribuídos por instituições um
Em 1924, de acordo com Zimring (2010, p. 135), Rogers licenciou-se em História (na
União Teológica (em Nova Iorque) tendo chegado a realizar um estágio como pastor
substituto (num paróquia em Vermont), o que de acordo com Thorne e Sanders (2013, p. 131)
ocorreu já em 1925. Segundo Hergenhahn e Henley (2013, p. 555) “as dúvidas de Rogers
sobre se a abordagem religiosa era a forma mais eficaz de ajudar as pessoas, levou-o a
transferir-se [em 1926] para a Universidade de Columbia” onde (segundo Zimring, 2010, p.
Ainda segundo Zimring (2010, p. 135) Rogers trabalhou (em 1926) no Instituto de
Aconselhamento Infantil (em Nova Iorque) e após o seu mestrado (obtido em 1928 na
Universidade de Columbia) iniciou, um ano depois (também em Nova Iorque), o seu trabalho
de doze anos como diretor do Centro de Observação e Orientação Infantil da Sociedade para
555) com uma dissertação sobre a medição do ajustamento da personalidade das crianças.
Parece-nos também que a obra de Rogers não terá deixado de ser influenciada pela já
referida educação familiar (e pela sua viagem à China), tal como pelas políticas sociais de
Franklin D. Roosevelt (presidente dos E.U.A. entre 1933-1945) “que era otimista,
criatividade dos seus subordinados (Bohart, 1995)”. (Flanagan & Flanagan, 2004, p. 176)
(COI) onde Roger trabalhou era dominado por terapeutas formados na tradição psicanalítica,
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cujo objetivo era compreender as causas dos problemas para os partilharem com os pacientes.
optando por uma perspetiva mais pragmática de escuta dos clientes, numa posição que
2010, pp. 135-136). Em simultâneo, Rogers iniciou em 1935 um trabalho de docência nos
Columbia]. Em 1938 foi nomeado diretor do novo Centro de Aconselhamento (uma expansão
do COI) tendo sido neste período que surgiram as suas ideias psicoterapêuticas inovadoras.
livro (em 1939) designado The Clinical Treatment of the Problem Child, valeu a Rogers um
convite para um cargo académico na Universidade de Ohio (tinha 38 anos) onde legou as
suas ideias sobre o processo terapêutico no seu famoso livro (considerado revolucionário)
Counseling and Psychotherapy: Newer Concepts in Practice que foi, em 1942, a primeira
grande alternativa à psicanálise (dado que e.g., eliminou a busca das causas dos transtornos e
‘pacientes’). Esta publicação também ficou marcada por (segundo Flanagan & Flanagan,
2004, p. 177) ter sido pioneira no uso de gravações em cassete para o estudo das terapias.
Em 1945, segundo conta Zimring (2010, p. 137) Carl Rogers “tornou-se professor de
Terapêutico”, onde foi definindo o seu método mais conhecido, a terapia centrada na pessoa
(TCP). De acordo com Hergenhahn & Henley (2013, p. 556) Rogers foi presidente (em 1947)
entre 1945-1957 de onde se salienta o seu livro mais importante (publicado em 1951): Client-
Centered Therapy que (de acordo com Hergenhahn & Henley, 2013, pp. 555-556) mudou a
BIOGRAFIA DE CARL R. ROGERS 6
como docente de psicologia e de psiquiatria. No mesmo ano (segundo Zimring, 2010, p. 137)
publicou um dos seus mais importantes artigos: The Necessary and Sufficient Conditions of
Therapeutic Personality Change. Em 1961 publicou outro livro que se tornou rapidamente
Hergenhahn & Henley, 2013, p. 556) juntou-se ao Western Behavioral Sciences Institute
(WBSI) em La Jolla (na Califórnia) onde (segundo Zimring, 2010, p. 137) contatou com
outro grande psicólogo humanista: Abraham Maslow. Em 1968 Rogers e 75 dos seus colegas
da WBSI formaram o Center for the Studies of the Person (também em La Jolla) onde Rogers
Conforme Flanagan e Flanagan (2004, p. 178) durante os anos 70 e 80 (do século XX)
Rogers dedicou-se à paz mundial e publicou mais dois livros importantes: Carl Rogers on
Personal Power (em 1977) e A Way of Being (em 1980). De acordo com Hergenhahn e
Award (DPCA) fazendo dele o primeiro na história da APA a receber o DSCA e o DPCA.
moderna, onde (conforme refere Jesuíno, 1994, p. 89) se usam como critérios de periodização
as duas guerras mundiais: um primeiro período de formação das disciplinas, entre as origens
guerras e um terceiro que vai da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) aos nossos dias.
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Ora, tendo Rogers iniciado os estudos em psicologia nos anos 20 (do século XX) e
feito o seu doutoramento em 1931, parece-nos que o período entre guerras foi para ele
Flanagan, 2004, p. 176) estava inculcado o comportamentalismo (de John Watson) por isso
foi inicialmente orientado para uma corrente mais experimental da psicologia (o que terá
contribuído para o facto de Rogers ter sido o pioneiro da pesquisa em psicoterapia com as
gravações das suas consultas). Mais tarde, em 1929 quando trabalhou no Centro de
Observação Infantil (orientado pelas ideias do psiquiatra neo-freudiano Alfred Adler) Rogers
recebeu influências da psicanálise tendo sido então treinado para o diagnóstico, a prescrição e
Durante a Segunda Grande Guerra viveu uma fase de consolidação (marcada por dois
importantes livros) para um período de autorrealização após 1945. Foi aliás na fase de
consolidação que Rogers mais desenvolveu a TCP (1942-1945) para depois lhe dar grande
aplicabilidade (e maturá-la) uma vez que (segundo Hergenhahn & Henley, 2013, p. 613) após
Em 1944 Rogers estimou que cerca de 80% dos veteranos pediram apoio no reajustamento à
vida civil, desgostosos (porque a família não percebia os horrores da guerra) e manifestando
Conforme reconhece Hansenne (2004, p. 153) Rogers “é, sem sombra de dúvidas, o
maior representante da psicologia humanista (…) [uma nova corrente que se impôs] nos anos
Maslow (1962, 1968)” assim como do Jornal de Psicologia Humanista (criado em 1961).
Segundo Aanstoos, Serlin e Greening (2000, pp. 6-11) em 1963 (em Filadélfia) ocorreu a
(Humanistic Psychology: A New Breakthrough) que serviu de base para a orientação da APH.
passou a ser a 32.ª Divisão da APA (com o nome Society for Humanistic Psychology).
social”. Myers (2013, p. 434) acrescenta que “uma coisa que se disse de Freud também pode
ser dito dos psicólogos humanistas: o seu impacto tem sido generalizado (…) influenciaram o
consultas) Rogers foi pioneiro na investigação do processo terapêutico dado que até então “a
inviolabilidade da sala de terapia era guardada firmemente. Rogers abriu a terapia e tornou-a
um objeto de estudo, em vez de um assunto misterioso”. (Trull & Prinstein, 2013, p. 378)
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psicologia foi a TCP, que (segundo Trull & Prinstein, 2013, p. 378) providenciou uma séria
terapeuta (que passou de um papel autoritário para uma posição positivamente colaborativa),
o que resultou numa terapia muito mais breve que a psicanálise e com menos requisitos de
formação (o que foi de encontro às grandes necessidades de saúde mental nos E.U.A).
Segundo Flanagan e Flanagan (2004, p. 179-182) a TCP inclui duas teorias: (1) uma
por isso lhe seja dada pouca atenção) e (2) uma sobre a psicoterapia onde se assume que se as
180) esta teoria é essencialmente sobre o self, o qual é uma porção do organismo (ou
verdadeiro self, cf. p. 181) englobando este toda a experiência psicológica. Por sua vez a
distinção entre self (uma parte) e organismo (o todo) abre a possibilidade de inconsistências
Rogers defendia ainda que o ser humano possui uma tendência atualizante ou
formativa (num sentido de uma maior realização, que envolve não só a manutenção como a
caracteriza a psicopatologia, por isso na TCP os clientes são estimulados a tornarem-se mais
introjetadas dos pais (para modificarem o seu autoconceito com base nas novas experiências).
Rogers advogava que se os terapeutas confiarem nos clientes e criarem uma relação
pessoal e saúde psicológica. Para isso é necessário considerar seis condições: (1) duas
pessoas (cliente e terapeuta) estão em contato psicológico; (2) o cliente está num estado de
(4) o terapeuta experiencia consideração positiva incondicional para com o cliente; (5) assim
para lhe comunicar esta experiência; (6) a comunicação com o cliente da compreensão
alcançado”. (Rogers, 1957, p. 95; citado por Flanagan & Flanagan, 2004, pp. 182-183)
Trull e Prinstein (2013, pp. 374-375) a congruência diz respeito à genuinidade do terapeuta
ao expressar os sentimentos que o cliente lhe estimula (ao invés de se esconder numa máscara
respeito do terapeuta pelo cliente, não o julgando mas aceitando-o e confiando na sua
capacidade de atingir o seu potencial interno (criando uma atmosfera onde solta as defesas e
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pode, na ausência de ameaças, começar a crescer como pessoa); a empatia implica que o
cliente sinta que o terapeuta se esforça para o compreender (sendo sensível às suas
Flanagan & Flanagan, 2004, pp. 184-185) a empatia é a condição terapêutica mais pesquisada
influenciados por Rogers foram: Eugene Gendlin (criador da terapia experiencial chamada
sobre a ludoterapia (que aplica a TCP a crianças), a qual foi considerada por Carl Rogers (no
A porta de entrada para o mundo interior da infância, sobre o qual tanto tem sido
escrito, mas que raramente é desvendado. Aqui as crianças são vistas de dentro, seus
temores, suas necessidades mais profundas, seus ódios mais amargos, suas emoções
mais remotas, seu desejo de crescer em espírito tanto quanto no físico. (1972, p. 13)
bloqueados por pressões externas cria-se uma área de resistência interior, não obstante, o
com menos esforço, pode satisfazer o seu desejo). Porém, quanto mais o sujeito se volta para
o seu interior, mais se separa da realidade (e mais difícil é ajudá-lo). A ludoterapia baseia-se
resolver; assim sendo, o terapeuta aceita os sujeitos, sem avaliações, instruções ou pressões
para mudarem, mas dando-lhes retorno empático, sendo congruente e demonstrando-lhes uma
consideração positiva incondicional, para que as crianças usem os brinquedos como um meio
frustrações, agressividades, medos e confusões (sem serem recriminadas por um adulto). Esta
Segundo esta autora (2008, pp. 159-169) a empatia é determinante no êxito da psicoterapia,
pois os clínicos mais eficazes (independentemente da sua formação teórica) são os que
conseguem empatizar (sem confundir os seus sentimentos com os do cliente) o que parece ser
das situações sociais” (Besche-Richard, 2008, p. 161); o de Abu-Akel et al. (2004) onde se
Mehrabian (1997) onde foram comparados psicopatas com sujeitos com esquizofrenia
paranoide (com comportamentos violentos) e se concluiu que quanto menos empáticos mais
agressivos são; a meta-análise feita por Jolliffe et al. (2004) sugerindo que a delinquência
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está inversamente relacionada com a empatia; e o de Palmeri Sans et al. (2004) concluindo
que “uma fraca capacidade de empatia aumenta a tendência para comportamentos agressivos,
as influências das correntes da psicologia cognitiva e da forma (ou gestalt). Refere também
Moghaddam que apesar das várias escolas diferirem nas suas orientações, todas buscam as
causas do comportamento, daí que se possam dividir em duas grandes ciências: causal (com
foco nas relações de causa-efeito entre pensamento e ação) e normativa (com foco nas
características culturais”. 2005, p. 7). Observa-se então que a obra de Rogers se espraia nas
Todavia Moghaddam refere ainda que uma forma de reconcetualizar a distinção entre
diversos graus de liberdade, dado que em algumas circunstâncias fica disponível uma ampla
liberdade é baixo); assim, “o estudo do comportamento com menos graus de liberdade tem
sido mais rigoroso e representativo do lado da psicologia mais próximo das ciências duras”
(2005, p. 9) ou seja, da psicologia causal. Então, teremos de relocalizar Rogers com um maior
peso na psicologia normativa, dado que para além da investigação a TCP permite altos graus
Apreciação global
Face ao supraexposto e com base na questão de Moghaddam (2005, p. 2): “O que
produz uma grande ideia?” No âmbito da psicologia e nos critérios que lhe dão resposta,
afere-se que Carl Rogers teve uma grande ideia com a sua TCP uma vez que influenciou a
perceção sobre o comportamento humano (e.g., na relação terapêutica onde o cliente é visto
de outra forma), continua a ser eficaz na sua aplicação prática (não só na psicoterapia como
World Association for Person Centered & Experiential Psychotherapy & Counseling, que
Ainda assim Trull e Prinstein (2013, p. 381) advogam que a linguagem Rogeriana
quase possui uma função publicitária; palavras como não-diretiva e centrada-no-cliente além
semântica. Menos discutível é o facto de Rogers (conforme Thorne, 1992; citado em Gross,
2009, p. 24) ter feito entre 1940 e 1960 “a investigação mais intensiva da psicoterapia tentada
em qualquer parte do mundo até aquele momento” deixando claro que a psicoterapia poderia
e deveria ser submetida ao rigor da investigação científica, o que está alinhado com a genuína
palavras de Rogers (2009, p. 29): “nenhuma ideia de qualquer outra pessoa, nem nenhuma
das minhas próprias ideias, tem a autoridade de que se reveste a minha experiência.” E é
cientes de que a experiência de estudar a vida e a obra do Professor Doutor Carl Ramson
Rogers foi para nós muito enriquecedora, que lhe dedicamos uma última palavra: gratos.
BIOGRAFIA DE CARL R. ROGERS 15
Referências
Aanstoos, C. Serlin, I., & Greening, T. (2000). History of Division 32 (Humanistic
Association.
American Psychological Association, About Us. (2013). Report of the APA Task Force on
http://www.apadivisions.org/division-32/about/index.aspx
Interlivros.
Flanagan, J. S., & Flanagan, R. S. (2004). Counseling and Psychotherapy Theories in Context
Gross, R. (2009). Psychology: The Science of Mind and Behaviour. Londres: Hodder
Education.
Hergenhahn, B. R., & Henley, T. B. (2013). An Introduction to the History of Psychology (7.ª
Myers, D. G. (2013). Exploring Psychology (9.ª ed.). Nova Iorque: Worth Publishers.
1961).
http://www.nrogers.com/carlrogersbio.html
Thorne, B., & Sanders, P. (2013). Key Figures in Counselling and Psychotherapy, Series
Editor: Windy Dryden: Carl Rogers. (3.ª ed.). London: SAGE Publications Ltd.
Trull, T. J., & Prinstein, M. J. (2013). Clinical Psychology (8.ª ed.). Belmont, CA: Cengage
Learning
World Association for Person Centered & Experiential Psychotherapy & Counseling (2013).
us/organizational-members.html
Zimring, F. (2010). Carl Rogers. Recife: Fundação Joaquim Nabuco / Editora Massangana.