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Prezado aluno,
Bons estudos!
1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA ABORDAGEM
CENTRADA NA PESSOA
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Além disso, Rosa e Kahhale (2002) e Campos (2006) apontam que, além
de refletir todo o contexto, a psicologia humanista também colabora para atender
às necessidades dos jovens e responder às suas demandas de mudança.
Campos (2006) observou que os jovens da década de 1960 acreditavam que “a
transformação social é inevitável se se quer viver mais livremente. Esse
processo envolve principalmente uma mutação psicológica que acaba por
marcar a década como o evento central” (2006, p. 245). Assim sendo, para o
referido autor:
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1.3 Fases rogerianas: focos de interesse teórico e metodológico de Carl
Rogers
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rogeriana era desconstruir a imagem autoritária dos psicoterapeutas na
psicologia da época. O clima deve ser uma tolerância, não uma negligência de
um psicólogo. Embora Rogers tenha parado de usar o termo não-diretividade na
década de 1950, seu pensamento ainda pertence a essa percepção falsa e
negativa do desempenho do terapeuta.
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A fase experiencial (1957-1970) refere-se ao momento em que Rogers
enfatiza o cliente, o terapeuta e a relação entre eles. A obra de referência é On
becoming a person, publicada em 1961, e no Brasil é intitulada Tornar-se
pessoa, publicada em 1976. O objetivo da psicoterapia é ajudar o cliente a usar
suas próprias experiências para alcançar e desenvolver maior auto consistência.
No entanto, a experiência do terapeuta também passou a ocupar um lugar de
maior destaque na relação terapêutica, que foi entendida como um encontro
existencial. É o destaque da consistência como atitude promotora (MOREIRA,
2010).
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agiria assim sobre si mesmo, condicionado à forma como se vê, de modo que
sua experiência seja avaliada em relação aos padrões dos outros, não aos seus
próprios padrões de realização.
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2 SER LIVRE PARA SER QUEM REALMENTE SE É
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A liberdade no conceito rogeriano está relacionada à experiência das
pessoas, ou seja, aos seus processos internos. A pessoa é livre para identificar
e (re)enunciar experiências e sentimentos que compreende. Nesse sentido, a
liberdade existe a partir do momento em que o homem percebe que lhe é
permitido expressar suas experiências, seus pensamentos, emoções e desejos
à medida que os vivencia e independentemente de padrões e julgamentos
externos. Em outras palavras, uma pessoa é psicologicamente livre quando não
precisa negar ou distorcer suas experiências para ganhar afeto ou respeito
daqueles que são importantes para ela. (ROGERS, 1983)
O psicólogo existencial Rollo May, por sua vez, define a liberdade como a
capacidade de um indivíduo contribuir para sua própria evolução em seu livro “O
Homem a procura de si”. Uma capacidade de obedecer. Aberto e disposto a
evoluir. Liberdade significa ser flexível para mudar em apoio à expansão dos
valores humanos.
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Na psicologia humanista, o indivíduo é o detentor da força interior da
mudança. Enquanto houver vida e projetos para si, quer sempre renovar cada
vez mais o seu potencial. Afinal, o ser humano está sempre em busca de algo,
sempre iniciando algo, "se preparando para algo", de modo que há uma fonte
central de energia no organismo humano, não apenas para sua manutenção,
mas também para seu crescimento. (Rogers, 1983)
II. Quanto mais uma pessoa é julgada e guiada por padrões externos,
como as opiniões dos outros, mais suscetível ela fica ao sofrimento;
III. Quanto mais ansioso ele está, mais ele tende a negar ou distorcer
certos elementos de sua experiência para ajustá-los às necessidades
reais ou percebidas de seu ambiente;
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Assim, a liberdade que Rogers descreve é intrinsecamente íntima,
subjetiva e existencial. É um entendimento de que “posso escolher viver aqui e
agora” (ROGERS, 1978, p. 59). É o fardo que alguém decidiu ser responsável
por si mesmo. O homem reconhece que está em constante movimento, um
processo emergente, não um eu completo, um produto final e estático.
Ele não vive mais apenas para atender às expectativas dos outros, mas
para se tornar um homem com seus próprios direitos, sentimentos, ideias e seus
próprios objetivos. Um cliente de Rogers colocou desta forma: "Tenho tentado
ser o que os outros acham que eu deveria ser, mas agora me pergunto se não
deveria tentar ser eu mesmo". (ROGERS, 1978, p.54)
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Portanto, a liberdade de existência constitui uma espécie de liberdade
responsável, pois é a liberdade de "existência", as pessoas também devem ser
responsáveis por seus próprios desejos, escolhas e ações. Em uma atmosfera
psicológica favorável, o cliente experimenta os aspectos ocultos de si mesmo e
gradualmente se livra da máscara defensiva que sempre enfrentou na vida.
Encontra algumas direções que não queira mais seguir. Ele não quer ser o que
"deveria" ser, não quer se moldar para ser aceito, não quer escolher o que é
imposto ou definido de fora (ROGERS, 2009). "Quando os clientes têm liberdade
de escolha, o que eles parecem estar procurando?"
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Autodireção responsável significa tomar decisões a cada momento sobre
quais atividades e comportamentos fazem sentido ou não para você. "Tornar-se
o seu verdadeiro eu" é tornar-se, apreciar-se como um processo contínuo e fluido
de transformação. Transformar-se em um ser que se quer ser, mas ainda não é,
ou transformar-se em um ser que já é, ao menos potencialmente, mas ainda não
assumido como ser (FONSECA, 2009).
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ações. Gradualmente, eles se movem em direção ao que desejam alcançar. Eles
começam a experimentar a liberdade de serem seus verdadeiros eus. Liberdade
cheia de responsabilidade. Nas palavras do autor, "autodireção responsável
significa escolher - e aprender com as consequências".
Quanto mais o cliente percebe o psicólogo como uma pessoa real que
pode compreendê-lo com simpatia e aceitá-lo incondicionalmente, menor é a
distância entre ele e o que ele quer ser, e mais inclinado ele está a ser. O
verdadeiro você, seja você mesmo. Dessa forma, o cliente se torna cada vez
mais ele mesmo, longe do que não é, longe da fachada submissa dos outros.
Ele não tenta ir acima dele, e não tenta ir abaixo dele. Em suma, em uma
atmosfera psicológica favorável, onde se respira segurança e liberdade, ocorre
um processo positivo, construtivo, realista e confiável de tornar-se um.
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torna os clientes mais realistas ao lidar com novas pessoas, novas situações e
novos problemas. (ROGERS, 2009)
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3 CONDIÇÕES PARA O ATENDIMENTO CLÍNICO E FORMAÇÃO DE
TERAPEUTAS EM ACP
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Dessa forma, as atitudes de facilitação não são técnicas de atendimento
psicológico, são condições integrais e autossuficientes vivenciadas pelo
terapeuta que possibilitam aos clientes vivenciar através da relação terapêutica
o que deveriam vivenciar em outras relações.
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ajustes psicológicos na comunicação e nas relações interpessoais consigo
mesmo.
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cliente deve ser consistente, o que é um aspecto fundamental de sua relação.
(RUDIO, 1999)
O que quero dizer quando falo sobre ficar em contato com o que está
acontecendo dentro de mim? Deixe-me explicar o que quero dizer
descrevendo o que às vezes acontece em meu trabalho como
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terapeuta. Às vezes, um sentimento que não parece ter uma conexão
especial com o que está acontecendo "de repente me ocorre". Aprendi
a aceitar e confiar nesse sentimento em meu nível consciente e tentar
comunicá-lo ao cliente. Por exemplo, às vezes, quando um cliente fala
comigo, me ocorre que ele é um garotinho suplicante com as mãos
cruzadas de maneira suplicante, dizendo: "Por favor, dê-me isso, por
favor, dê-me isso". Estou em um relacionamento com sinceridade, e se
eu puder expressar como me sinto, posso atingi-lo em pontos sensíveis
e nosso relacionamento progredirá. (ROGERS, 1987, p. 9)
O quarto fator para o qual gostaria de chamar a atenção é que ele não
estava fortemente presente no início da terapia centrada no cliente,
mas tornou-se uma característica muito proeminente. Reconhece-se
que relacionamentos profundos são uma das necessidades mais
importantes hoje. Talvez, em certo sentido, sempre tenha sido uma
necessidade profunda, mas nossa cultura hoje, por uma série de
razões que não posso aprofundar aqui, experimenta essa necessidade
de forma mais clara e intensa do que antes. Os seres humanos têm
uma profunda necessidade de serem plenamente reconhecidos e
plenamente aceitos. A terapia centrada no cliente, juntamente com
outros fatores da vida moderna, pode ajudar a identificar e atender a
essa necessidade. (ALMEIDA, 2009, p. 181)
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ponto de vista do cliente, isso já sugere uma compreensão diferente do senso
comum.
Além disso, foi nesse período que Rogers não mencionou diretamente o
termo transferência, mas aconselhou os terapeutas a não censurar, culpar e
superidentificar a importância do cliente, características que mais tarde
constituiriam o conceito de compreensão transferencial. Além disso, os autores
explicam que, a partir da década de 1950, Rogers buscou atitudes mais precisas
para promover atitudes, passando da empatia especificante para a compreensão
empática.
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expressar compreensão ou falta de julgamento, ou quando o cliente for apenas
descritivo.
Esta resposta tem pouco valor como uma declaração direta. No entanto,
ajuda a aumentar a consciência, pois ajuda a criar uma atmosfera de segurança
e tranquilidade que reduz as barreiras defensivas do "eu" e, assim, expande o
campo de percepção.
Esse tipo de resposta pode ser pensado como tendo um caráter mais
dinâmico do que a repetição, em termos gestálticos, tornando claro o "contexto"
do conteúdo comunicado, o que ajuda o cliente a perceber se há naquele
conteúdo facilmente integrável ao "diagrama", para modificá-lo ou reavaliá-lo.
Por serem inferências, muitas vezes o que o cliente está dizendo já está
em seu campo perceptivo, mas ainda não em seu foco perceptivo, o que o faz
negar ou rejeitar o que o terapeuta traz. Portanto, os autores acima recomendam
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o uso de expressões que confirmem o entendimento: "O que você quis dizer?",
"Diga-me se eu estava errado?", Foi isso que você quis dizer? etc.
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passaram a ordenar o ensino para garantir a diversidade teórica e metodológica
da ciência psicológica. A vertente prática da formação do psicólogo clínico refere-
se aos estágios supervisionados que compõem a grade curricular do curso de
psicologia.
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Nesse sentido, a supervisão é a etapa da formação profissional em que a
orientação teórica, prática e supervisória para o desenvolvimento de
competências e habilidades profissionais se conjuga com a ética exigida pelos
psicólogos clínicos. Sobretudo, na Clínica Rogeriana, a supervisão desempenha
um papel fundamental, pois, além do suporte supracitado, deve-se considerar
neste momento a dimensão da experiência do terapeuta, dada a base da ação
psicoterapêutica na ACP.
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os terapeutas de ACP porque as relações construídas na supervisão são
semelhantes às que ocorrem na psicoterapia. Dessa forma, o supervisor entende
o estagiário como capaz de agir de forma autônoma, sem a necessidade de uma
figura de autoridade para orientá-lo, devendo aprender a se abrir para suas
próprias experiências e as dos outros. Além disso, cabe ao supervisor facilitar o
processo coerente de desenvolvimento do estagiário e facilitar a descoberta de
seus caminhos como terapeutas.
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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Praticando a abordagem centrada na pessoa: dúvidas e perguntas mais
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quantitativa: esta é a questão? Psicologia: Teoria e pesquisa, Brasília, v. 22,
n. 2, 2006.
MEIRA, Cláudia Hyala Mansilha Grupe; NUNES, Maria Lúcia Tiellet. Psicologia
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SCHUCH, Maria Alice Castilho. Mulher aonde vais? Convém? Porto Alegre:
Editora do Autor, 2013.
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