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Sumário

1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA ABORDAGEM CENTRADA


NA PESSOA ...................................................................................................... 5

1.1 Confluências entre a Psicologia Humanista e a ACP ................................... 5

1.2 Percurso histórico da obra rogeriana: da não-diretividade à Abordagem


Centrada na Pessoa ........................................................................................... 7

1.3 Fases rogerianas: focos de interesse teórico e metodológico de Carl


Roger................................................................................................................... 9

1.4 Principais conceitos rogerianos: tendência atualizante e noção do “eu” .... 12

2 SER LIVRE PARA SER QUEM REALMENTE SE É .................................... 16

2.1 O Sentido de Ser Livre ............................................................................... 16

2.2 Ser Livre para Ser o que realmente Se É ................................................... 21

2.3 A pessoa que se torna o que realmente Se É ............................................ 24

3 CONDIÇÕES PARA O ATENDIMENTO CLÍNICO E FORMAÇÃO DE


TERAPEUTAS EM ACP .................................................................................. 26

3.1 Atitudes facilitadoras: condições necessárias e suficientes para a mudança


da personalidade no contexto terapêutico ........................................................ 26

3.2 A congruência na perspectiva rogeriana e seu papel central na


psicoterapia........................................................................................................27

3.3 Consideração positiva incondicional: a aceitação como necessidade


humana.............................................................................................................. 30

3.4 Compreensão empática: compreender a partir do referencial interno do


outro................................................................................................................... 33
3.5 Técnicas compreensivas: respostas para compreender e aceitar o cliente por
meio do diálogo ................................................................................................ 36

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 42


INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é


semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de
atendimento que serão respondidas em tempo hábil.

Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da


nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.

A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser


seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA ABORDAGEM
CENTRADA NA PESSOA

1.1 Confluências entre a Psicologia Humanista e a ACP

Na psicologia, Carl Rogers trabalhou no que é considerado a terceira força


da ciência - a psicologia humanista. O termo não se refere a uma única proposta
teórico-metodológica, mas a um conjunto de teorias e práticas psicológicas que
questionavam os pressupostos da Psicanálise e do Behaviorismo em outros
aspectos do contexto histórico, social, cultural e econômico dos anos 60.
(CAMPOS, 2006; CARPIGIANI, 2010; GOODWIN, 2010; BUYS, 2013)

Nesse sentido, a psicologia humanista reflete os movimentos políticos e


sociais ocorridos na década de 1960. No entanto, segundo Buys (2013), as
mudanças exigidas por esses movimentos vêm sendo sinalizadas ao longo das
últimas décadas, como a promulgação da Declaração dos Direitos Humanos,
1948, pelas Nações Unidas - ONU. O autor observa que a Declaração se baseia
na ideia de que os humanos têm a capacidade de superar qualquer decisão
biológica ou histórica, e de qualquer natureza, sendo, portanto, responsáveis por
suas ações.

Assim, a década de 60 foi um período de intensa crítica e debate na


sociedade acerca das formas de poder predominantes, principalmente lideradas
pela juventude da época (ROSA; KAHHALE, 2002; CAMPOS, 2006). Havia
preocupações sobre a forma como o indivíduo era entendido e tratado e em que
medida isso o privava de sua própria humanidade (CAMPOS, 2006). De acordo
com a Declaração dos Direitos Humanos, isso se aplicaria a todos, não apenas
a alguns (BUYS, 2013).

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Além disso, Rosa e Kahhale (2002) e Campos (2006) apontam que, além
de refletir todo o contexto, a psicologia humanista também colabora para atender
às necessidades dos jovens e responder às suas demandas de mudança.
Campos (2006) observou que os jovens da década de 1960 acreditavam que “a
transformação social é inevitável se se quer viver mais livremente. Esse
processo envolve principalmente uma mutação psicológica que acaba por
marcar a década como o evento central” (2006, p. 245). Assim sendo, para o
referido autor:

Os psicólogos que apoiam o programa procuram organizar e promover


tratamentos que enfatizem a liberdade de escolha, a responsabilidade
pessoal e as tendências de autorrealização, bem como consideração
na família, escola, trabalho, religião e outros ambientes sociais, com
base em questões atuais e na clima cultural da época. Para esses
psicólogos, o homem deve ser visto como intrinsecamente livre e
proposital, e deve ser entendido principalmente por meio de suas
dimensões de consciência, principalmente por meio de sua experiência
atual.(CAMPOS, 2006, p. 252).

Como tal, as teorias em que esses tratamentos se baseiam são diferentes


das visões dos seres humanos apresentadas pela Psicanálise e pelo
Behaviorismo. De acordo com Rosa e Kahhale (2002), Campos (2006) e
Goodwin (2010), psicólogos da época criticavam as sugestões de Freud para a
psicanálise, especialmente por sua crença na perversidade do inconsciente, bem
como nas pessoas. As críticas ao Behaviorismo da época centravam-se na
mecanização do organismo em relação aos estímulos ambientais e no fato de
os Behavioristas não acreditarem que a consciência pudesse ser estudada
cientificamente.

Nesse sentido, os psicólogos humanistas fundamentam-se teoricamente


em discussões sobre a compreensão do ser humano como potencialmente
desenvolvimentista, sempre buscando o sentido de sua existência e tornando-
se algo além do que já existe (CAMPOS, 2006; CARPIGIANI, 2010). Essa nova
forma de entender o indivíduo exige também uma nova epistemologia, meta
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contemplada pela terceira força da psicologia. Na consideração de Rosa e
Kahhale, o produto intelectual da psicologia humanista pode ser entendido como:

Primeiro, uma maior ênfase na consciência ajuda a aumentar o


reconhecimento de sua importância na psicologia acadêmica; depois,
considerar que há uma dinâmica na vida humana em que, em cada
etapa, deve-se atingir um certo grau de satisfação, para que se possa
construir a si mesmo como um homem inteiro e completo, entendendo
assim o homem como processo em evolução; preocupado em
compreender a vida humana como um todo e, finalmente, a
possibilidade de salvar a humanidade.[...] (ROSA e KAHHALE, 2002,
p. 247)

A psicologia humanista é, portanto, diferente na medida em que se afasta


do foco clínico dos tópicos de interesse para as duas forças atuantes nesse
período, para destacar a psicopatologia e a forma como os fenômenos humanos
são estudados. Assim, os psicólogos humanistas priorizam aspectos
relacionados ao desenvolvimento do potencial humano, bem como outros fatores
como saúde, bem-estar, autorrealização, liberdade de experiência, etc.,
colocando o ser humano em seu todo subjetivo como foco de pesquisa e
interesse pela psicologia.

Cronológica e oficialmente, o projeto humanista iniciou-se em 1961, com


a publicação da Revista de Psicologia Humanista. Em 1963, foi criada e
Associação Americana de Psicologia Humanista, em razão do grande sucesso
alcançado pela revista. A consolidação do movimento ocorreu em 1964, quando
houve um encontro em Old Saybrook, promovido por Abraham Maslow e
Anthony Suitch,

1.2 Percurso histórico da obra rogeriana: da não-diretividade à


Abordagem Centrada na Pessoa

Embora a década de 60 seja considerada um marco importante na


psicologia humanista, Rogers desenvolveu seu trabalho desde a década de 1930
como resultado de suas atividades psicológicas com crianças. Desde então, seu
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trabalho se concentrou particularmente em processos e métodos
psicoterapêuticos para validar a psicologia clínica e desenvolver teorias da
personalidade. No entanto, suas contribuições para a psicologia foram tão
expressivas que se espalharam para outros campos, tornando-o um dos
principais psicólogos do século XX e indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1987.

A Abordagem Centrada na Pessoa – ACP é o escopo da trajetória teórica


e metodológica de Rogers. Depois de especificar várias denominações para seu
trabalho, considerou que esta seria a melhor forma de se referir a qualquer
evento relacionado ao crescimento de pessoas, grupos e comunidades.
Portanto, não é apenas uma mudança de discurso, mas uma visão ampliada do
significado e alcance de seu trabalho. Na própria consideração de Rogers,
temos:

A mudança na terminologia utilizada é evidência do campo de


aplicação em expansão: o antigo conceito de "terapia centrada no
cliente" foi transformado em uma "abordagem centrada na pessoa". Em
outras palavras, não estou mais falando apenas de psicoterapia, mas
de uma perspectiva, de uma filosofia, de um modo de ver a vida, de um
modo de ser que se aplica a qualquer situação em que uma pessoa,
um grupo cresça em comunidade tornando-se parte do objetivo.
(ROGERS, 1987)

Assim, a ACP ganhou um nome mais profundo porque, além do interesse


pelo processo psicoterapêutico, Rogers se interessou e atuou em outras áreas
ao longo dos anos (FADIMAM; FRAGER, 2004). Além disso, ele entende que
sua compreensão da construção do relacionamento entre terapeuta e cliente
também se estende a relacionamentos em várias outras ordens. Em suas
palavras, Rogers (1987, p. 3) afirma: "O que funciona na relação entre terapeuta
e cliente também se aplica na relação entre casamento, família, escola, governo,
cultura ou nação".

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1.3 Fases rogerianas: focos de interesse teórico e metodológico de Carl
Rogers

Segundo Holanda (1994) e Moreira (2010), colaboradores de Rogers e


autores que discutem sua obra argumentam que a trajetória de Rogers pode ser
dividida em etapas de acordo com o foco de interesse de cada momento em sua
teoria e metodologia. Não há consenso sobre quantos e quais serão, mas a
literatura mais adotada estabelece três fases associadas à psicoterapia: Fase
Não-Diretiva (1940-1950), Fase Reflexiva (1950-1957) e Fase Experiencial
(1957-1970). Moreira (2010) propõe mais uma etapa, a Fase Coletiva ou Inter-
Humana (1970-1987), que abarca a ACP.

A Fase Não-Diretiva (1940-1950) começou com um discurso de Rogers


em dezembro de 1940, que ele designou como o nascimento de suas propostas
inovadoras para a psicoterapia. Uma referência para esse período é Conseling
and Psychotherapy, publicado nos Estados Unidos em 1942; no Brasil, foi
publicado em 1973 sob o título Psicoterapia e consulta psicológica (MOREIRA,
2010).

Neste ponto, Rogers está interessado nas posições que terapeutas e


clientes ocupam no processo de cura. O terapeuta deve dirigir a terapia, mas
não o cliente, que é entendido como um indivíduo com as condições necessárias
para orientar seu próprio processo de crescimento. Ao citar a autora Kinget,
Rudio (1999, p.30) resgata sua interpretação da diferença entre orientação
(direção ou sentido) e direcionalidade (sugestão, instrução, sugestão etc.).

É importante destacar que a terminologia não instrutiva é mal


compreendida, o que tem levado a mitos levantados por Rogers sobre a postura
do terapeuta na ACP. Segundo Holanda (1994), um desses equívocos tem a ver
com o fato de os terapeutas não falarem durante a terapia. Todavia, a proposta

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rogeriana era desconstruir a imagem autoritária dos psicoterapeutas na
psicologia da época. O clima deve ser uma tolerância, não uma negligência de
um psicólogo. Embora Rogers tenha parado de usar o termo não-diretividade na
década de 1950, seu pensamento ainda pertence a essa percepção falsa e
negativa do desempenho do terapeuta.

A Fase Reflexiva (1950-1957) recebeu esse nome porque o foco da


psicoterapia é refletir os sentimentos do cliente, dando mais ênfase à
centralidade do cliente no processo de tratamento. Autores como Hart,
Tomlinson e Wood (1970; 1983 apud HOLANDA, 1994) referem-se a essa fase
como "terapia centrada no cliente", referindo-se ao livro de 1951, Client-Centered
Terapy, publicado no Brasil sobre o tema psicoterapia. Centrada no cliente.
(MOREIRA, 2010)

Shlien e Zimring (apud HOLANDA, 1994) apontam que a mudança de não


diretivo para centrado no cliente representa uma grande mudança de perspectiva
sobre o papel do terapeuta, não apenas uma mudança de terminologia. A
postura não diretiva refere-se à tolerância do terapeuta como um catalisador para
o insight do cliente, mas a terapia centrada no cliente torna o terapeuta mais
ativo e o cliente o centro das atenções.

Durante esse tempo, Rogers estabeleceu suas considerações para


promover atitudes - compreensão empática, atenção positiva incondicional e
consistência - a forma como o terapeuta existe e se comporta, em vez das
técnicas usadas para o cuidado. Além disso, Rogers (1994 apud MOREIRA,
2010) também estabeleceu, na época, as condições necessárias para que o
atendimento psicoterápico se realizasse para poder mudar a personalidade do
cliente, como será visto adiante.

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A fase experiencial (1957-1970) refere-se ao momento em que Rogers
enfatiza o cliente, o terapeuta e a relação entre eles. A obra de referência é On
becoming a person, publicada em 1961, e no Brasil é intitulada Tornar-se
pessoa, publicada em 1976. O objetivo da psicoterapia é ajudar o cliente a usar
suas próprias experiências para alcançar e desenvolver maior auto consistência.
No entanto, a experiência do terapeuta também passou a ocupar um lugar de
maior destaque na relação terapêutica, que foi entendida como um encontro
existencial. É o destaque da consistência como atitude promotora (MOREIRA,
2010).

Holanda (1994) e Moreira (2010) observaram que este era um momento


em que Rogers aceitava conselhos e críticas à sua obra, especialmente a de
Eugene Gendlin, psicólogo e filósofo que discutia o conceito de experiência. Para
Morato (2009), a melhor tradução para o português é a experiência, pois está
mais próxima do processo original, fluidez, movimento, sentido de movimento.

Bastos (1985 apud Holanda, 1994. p. 8) destacou que o conceito se refere


a "um estado pré-lógico, empírico, um processo de viver organicamente".
Spiegelberg (1972 apud Moreira, 2010, p. 540), por sua vez, esclarece que
Gendlin "influenciou Rogers teoricamente no sentido de passar de uma
orientação positivista lógica para uma orientação existencialista, possibilitando
uma reinterpretação do termo "experiência".

Segundo Holanda (1994) e Moreira (2010), a fase coletiva ou interpessoal


(1970-1987) refere-se ao momento em que Rogers passou a utilizar uma
abordagem centrada na pessoa em 1976, após 1977 sobre o poder individual.
No Brasil, o livro recebeu o título de: Sobre o Poder Pessoal. Em 1980, foi
publicada a obra que poderia ser considerada uma referência àquele momento,
Um jeito de ser, que foi traduzido como jeito de ser na edição brasileira publicada
em 1983 (MOREIRA, 2010).
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Segundo Moreira (2010), essa etapa foi somada às três etapas
tradicionais por ela, e foi restaurada e confirmada na obra de comentadores
como Wood e Holanda (1983; 1998 apud MOREIRA, 2010). Este foi um período
em que Rogers se interessou por questões mais amplas, especialmente
atividade grupal e relações intergrupais, e se voltou para questões
transcendentais, holísticas e místicas.

1.4 Principais conceitos rogerianos: tendência atualizante e noção do


“eu”

Dois conceitos principais enquadram a obra de Roger: a tendência de


realização e o conceito de "eu" (ROGERS; KINGET, 1977). Ambos partem da
experiência prática pessoal e profissional de Rogers, especialmente da prática
clínica e da pesquisa, e o levam a pensar sobre o que seria o desenvolvimento
humano saudável e como isso se relaciona com sua compreensão da
personalidade. Para a capacidade de crescimento e, simultaneamente, de
autopreservação, Rogers denominou a tendência de renovação, conforme
definido e enfatizado por Rogers e Kinget (1977, p. 39), uma tendência que
decorre do que um indivíduo percebe ser valorizado e enriquecido:

A tendência à renovação é fundamental para todo o organismo. É


responsável por desempenhar todas as funções, tanto físicas quanto
experienciais. Procura sempre desenvolver as potencialidades do
indivíduo de forma a assegurar a sua proteção e enriquecimento, tendo
em conta as possibilidades e limitações do meio ambiente. [...] A
realização de tendências busca perceber o que o sujeito considera
valioso ou enriquecedor – não necessariamente o que é objetiva e
intrinsecamente enriquecedor. (ROGERS; KINGET, 1977, p. 39)

Portanto, é possível que cada indivíduo se guie para funcionar


adequadamente de acordo com sua compreensão de si mesmo. Daí a noção de
não diretividade do terapeuta na psicoterapia baseada na ACP. E a realização
desse poder está interligada às condições satisfatórias que as relações humanas
devem proporcionar. Nesse sentido, Rogers e Kinget apontam o seguinte:
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Os seres humanos têm a capacidade, tanto latente quanto aparente,
de compreender a si mesmos plenamente e resolver seus problemas
para alcançar a satisfação e a eficácia necessárias para funcionar
adequadamente. [...] O exercício dessa habilidade requer um fundo
interpessoal positivo propício à proteção e valorização do “eu”, ou seja,
requer relações que não ameacem ou desafiem o autoconceito do
sujeito. (ROGERS; KINGET, 1977, p. 39-40)

Por outro lado, o conceito de “eu” na obra de Roger refere-se à percepção


que o indivíduo tem de si mesmo, sua autoimagem, que também pode ser
chamada de self. Nesse sentido, o ego preocupa-se com a expressão pessoal
de sentido que dota os indivíduos de suas experiências com o ambiente e com
os outros, o que os leva a desenvolver seu próprio sentido subjetivo e específico
da realidade, que constitui essa autoimagem. (ROGERS; KINGET, 1977;
RUDIO, 1999).

Rogers acreditava que o verdadeiro “eu” é a imagem que a pessoa


realmente tem de si mesma, enquanto o “eu ideal” é a imagem que a pessoa
quer ser. Se a experiência vivida de uma pessoa corresponde à sua autoimagem,
há simbolismo na plena consciência e comunicação. Quando a experiência é
contrária ao eu ideal, ou seja, o oposto do que uma pessoa pensa de si mesma,
isso pode ser entendido como uma ameaça, fazendo com que ela negue ou
distorça suas percepções (ROGERS; KINGET, 1977a; RUDIO, 1999), essa
experiência, mesmo que seja dificultada, vai interferir no crescimento de uma
pessoa. Nas palavras de Rudio:

Uma condição fundamental para o nosso crescimento é a aceitação da


realidade do nosso aqui e agora. Não podemos nos ajudar
abstratamente fugindo de nós mesmos. Todo mundo tem que se
encontrar - na verdade todo mundo o faz - para entender quais
dificuldades tem em seu desenvolvimento e quais recursos deve ter
para se tornar melhor. (RUDIO, 1999, p. 59)

Além disso, o modo de vida experimentado, manifestado na consciência


e comunicado consigo mesmo e com os outros resulta no eu estar em estado de
conformidade ou discordância. Quando a experiência do organismo é
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consistente com a autoimagem da pessoa, a experiência é consistente com a
consciência, a comunicação interna será eficiente e a pessoa alcançará um
estado de congruência.

No entanto, se a experiência do organismo não é totalmente


representada na consciência, então há uma diferença entre experiência e
autoimagem. A simbolização pode ser rejeitada ou distorcida, impedindo ou
prejudicando a comunicação interna, bem como a comunicação com os outros,
resultando em um estado de dissonância.

Na visão rogeriana, o caminho para o desenvolvimento humano saudável


começa na infância, e é preciso proporcionar às crianças um ambiente familiar e
social propício, o que significa interagir com pessoas consistentes e que
respeitem a liberdade que vivenciam. Se isso acontecer, a criança também se
tornará um adulto consistente, capaz de atingir seu pleno potencial na vida,
mantendo suas tendências de crescimento. (ROGERS; KINGET, 1977)

No entanto, esse estado de incongruência também pode começar na


infância devido à forma como a criança desenvolve relacionamentos com
pessoas padrão - familiares, professores, amigos, ídolos etc. –, pessoas de
referência que dificultam ou prejudicam sua liberdade de experiência. Ao buscar
a aprovação dessas pessoas, ocorrem barreiras experienciais, o que significa
que as crianças são incapazes de simbolizar conscientemente suas experiências
orgânicas, emocionais e emocionais para aceitação. (ROGERS; KINGET, 1977)

Rogers concorda com o entendimento de que as pessoas precisam de


consideração incondicional de seus pares para desenvolver sua personalidade,
especialmente as pessoas padrão. Se a pessoa padrão é seletiva, aprovando
algumas experiências e invalidando outras, então a pessoa entende que será
apreciada apenas sob certas condições. De forma imperceptível, ele também

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agiria assim sobre si mesmo, condicionado à forma como se vê, de modo que
sua experiência seja avaliada em relação aos padrões dos outros, não aos seus
próprios padrões de realização.

Segundo Rudio (1999), se as pessoas entendem que é válido negar ou


distorcer suas experiências para se sentirem aceitas, passam a agir como um
modo de vida. Portanto, se a pessoa aprende a internalizar sentimentos e
desejos que não são seus e nega suas próprias experiências, não consegue se
ver como referência. Assim, temos o que Rogers e Kinget (1977a, p. 49)
apontaram:

O indivíduo perde a calma, a confiança e a eficiência. Ele sofre de uma


miséria geral que não sabe o que está pensando ou o que quer. Ele
não pode tomar decisões ou obter delas a satisfação esperada. Ela
carece de valores comprovados, está enraizada na experiência
pessoal e pode servir de base para um comportamento relativamente
estável, eficaz e satisfatório. (ROGERS e KINGET, 1977, p. 49)

Assim, segundo Freire (2010), o sofrimento psíquico de uma Abordagem


Centrada na Pessoa não é o “sintoma” de uma “doença” mental dissociado da
experiência e do comportamento pessoal. De fato, esses termos são usados
apenas em outros métodos da medicina e da psicologia clínica, considerando
que na ACP, a metáfora do crescimento é usada para se referir ao processo pelo
qual um cliente passa, não como nomenclatura para identificar um processo
patológico. Assim, o que se tem em vista é que a busca pela autorrealização traz
desafios e obstáculos externos e internos. Para superá-los, o indivíduo
estabelece uma luta consigo mesmo, e a dor psicológica é uma manifestação
desse conflito e não exatamente sintoma de uma doença. E "através de uma
experiência de aceitação incondicional, empatia e consistência, o terapeuta deve
torna-se um facilitador dessa jornada, entregando a confiança que o cliente
precisa para superar obstáculos, dor, medo, incerteza e caminhar em direção à
autossuficiência". (FREIRE, 2010, p. 16)

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2 SER LIVRE PARA SER QUEM REALMENTE SE É

2.1 O Sentido de Ser Livre

Dado o pressuposto humanista da autonomia, o homem tem certo poder


sobre as decisões que o afetam, e esse poder tem mais a ver com o crescimento
do homem do que com as próprias decisões. A autonomia pode ser entendida
como a capacidade de uma pessoa orientar sua vida de forma positiva para si e
para a comunidade (AMATUZZI, 2012).

Em um ensaio originalmente intitulado "O Conceito da Pessoa em


Funcionamento Pleno” em 1952-53, Rogers descreveu que uma das
experiências subjetivas mais importantes em um relacionamento
psicoterapêutico é que o cliente sente dentro de si o poder de escolha. Nesse
sentido, a pessoa é livre para escolher ser ela mesma ou se esconder atrás de
uma máscara ineficaz ou modelo público; escolher avançar ou retroceder; tratar
a si e aos outros de forma construtiva ou destrutiva; ser completamente livre
física e psicológica para viver ou morrer. (ROGERS & WOOD, 2010)

Para Carl Rogers, os seres humanos possuem liberdade e escolha.


Mesmo nas condições mais adversas, uma pessoa pode manter e desenvolver
um certo grau de autonomia e autodeterminação. Nessa perspectiva, pode-se
dizer que o indivíduo não se limita a reagir e ser guiado pelos acontecimentos e,
portanto, é um agente criativo.

Rogers acredita que o homem é a maior autoridade sobre si mesmo, e


desde que lhe sejam dadas as condições propícias ao seu crescimento, ele pode
realizar seu potencial. À medida que a experiência de uma pessoa se torna mais
aberta, ela pode viver mais livremente no processo de sentir e, ao mesmo tempo,
seus valores começam a mudar significativamente. (ROGERS, 1978)

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A liberdade no conceito rogeriano está relacionada à experiência das
pessoas, ou seja, aos seus processos internos. A pessoa é livre para identificar
e (re)enunciar experiências e sentimentos que compreende. Nesse sentido, a
liberdade existe a partir do momento em que o homem percebe que lhe é
permitido expressar suas experiências, seus pensamentos, emoções e desejos
à medida que os vivencia e independentemente de padrões e julgamentos
externos. Em outras palavras, uma pessoa é psicologicamente livre quando não
precisa negar ou distorcer suas experiências para ganhar afeto ou respeito
daqueles que são importantes para ela. (ROGERS, 1983)

O psicólogo existencial Rollo May, por sua vez, define a liberdade como a
capacidade de um indivíduo contribuir para sua própria evolução em seu livro “O
Homem a procura de si”. Uma capacidade de obedecer. Aberto e disposto a
evoluir. Liberdade significa ser flexível para mudar em apoio à expansão dos
valores humanos.

O autor defende que a liberdade é um aspecto da autoconsciência, “se


não tivermos consciência de nós mesmos, seremos movidos pelo instinto ou pelo
avanço automático da história” (MAY, 2012, p. 131). No entanto, quanto mais
autoconhecimento uma pessoa tem, mais livre ela é. Quando uma pessoa ganha
mais autoconsciência, maior é a sua liberdade e leque de escolhas.

Na prática psicoterápica, a pessoa torna-se capaz de examinar a si


mesma e refletir sobre suas experiências. Cada experiência começa a ter
significado e significado e começa a afetar a si mesmo de uma maneira diferente.
Descubra-se, na sua relação com o mundo e na sua visão de si e do mundo.
Com isso, ele é confrontado com a percepção do valor humano – sobretudo a
percepção da existência humana. Isso é humanismo (LIMA, 2008).

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Na psicologia humanista, o indivíduo é o detentor da força interior da
mudança. Enquanto houver vida e projetos para si, quer sempre renovar cada
vez mais o seu potencial. Afinal, o ser humano está sempre em busca de algo,
sempre iniciando algo, "se preparando para algo", de modo que há uma fonte
central de energia no organismo humano, não apenas para sua manutenção,
mas também para seu crescimento. (Rogers, 1983)

É na relação de confiança, aceitação e autenticidade estabelecida com o


psicólogo que o cliente vivencia abertamente seus sentimentos e as atitudes que
fluem através dele naquele momento. O cliente desenvolve gradualmente uma
nova compreensão, uma realização preliminar, no sentido de que ele mesmo
escolhe. (Rogers, 1978)

O cliente começa a entender que não tem obrigação de ser criação do


outro, sujeito a expectativas e demandas que lhe são alheias. Cada vez mais
não é uma criatura afetada. Está cada vez mais se tornando seu próprio
arquiteto. Desejos e escolhas são livres. Aceitando sua individualidade, seu jeito
de ser, sua singularidade e potencial. (Rogers, 1978)

Rogers e Kinget (1977, p. 66) elencaram uma série de proposições sobre


o processo de ajustamento relacionado ao processo psicoterapêutico, a saber:

I. Quanto menos liberdade um indivíduo goza, mais inclinado ele está


a julgar e se posicionar de acordo com padrões externos;

II. Quanto mais uma pessoa é julgada e guiada por padrões externos,
como as opiniões dos outros, mais suscetível ela fica ao sofrimento;

III. Quanto mais ansioso ele está, mais ele tende a negar ou distorcer
certos elementos de sua experiência para ajustá-los às necessidades
reais ou percebidas de seu ambiente;

IV. Quanto mais involuntário ele trabalha, menos real é a compreensão


de seus dados empíricos;

V. Quanto menos verdadeira a compreensão dos dados empíricos,


menos adequado é o comportamento - porque se expressa em termos
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de dados empíricos, especialmente aqueles que envolvem o eu;

VI. Quanto mais o indivíduo se sente livre de qualquer ameaça, ou seja,


de qualquer julgamento externo, mais completa é sua compreensão de
sua própria experiência;

VII. Quanto mais completa a compreensão de sua experiência real e


viva, mais fácil, eficiente e satisfatório é operar. (ROGERS e KINGET,
1977, p. 66)

Sob essa égide do poder pessoal, a psicoterapia visa promover a


apropriação do indivíduo de si mesmo e as estratégias para alcançá-lo, a
localização do local de tomada de decisão e a responsabilidade pelas escolhas
e seus efeitos permanecem claramente no indivíduo. (ROGERS & KINGET,
1977)

Portanto, uma Abordagem Centrada na Pessoa:

Baseia-se na premissa de que o ser humano é basicamente um


organismo confiável, capaz de avaliar situações externas e internas,
compreender a si mesmo em seu contexto, fazer escolhas construtivas
sobre os próximos passos da vida e agir de acordo com essas
escolhas. (ROGERS, 1978, p.23)

A psicoterapia, no entanto, desempenha um papel importante na liberação


e promoção das tendências de crescimento do organismo, modos mais maduros
e plenos de funcionamento e um senso de eu mais elevado (ROGERS, 1983;
2009). No entanto, Rogers observou:

Na prática da psicoterapia, aprendemos sobre as condições


psicológicas que contribuem para a capacidade muito importante de
aumentar a autoconsciência. Com maior autoconsciência, torna-se
possível uma escolha mais sábia, uma escolha mais livre, uma escolha
consciente mais alinhada ao processo evolutivo. A pessoa pode estar
mais consciente não apenas dos estímulos, mas também dos
pensamentos e sonhos, do fluxo de sentimentos, emoções e respostas
fisiológicas internas. Quanto maior essa consciência, mais
seguramente se pode flutuar em uma direção consistente com o
processo evolutivo. (ROGERS, 1983, p. 46)

19
Assim, a liberdade que Rogers descreve é intrinsecamente íntima,
subjetiva e existencial. É um entendimento de que “posso escolher viver aqui e
agora” (ROGERS, 1978, p. 59). É o fardo que alguém decidiu ser responsável
por si mesmo. O homem reconhece que está em constante movimento, um
processo emergente, não um eu completo, um produto final e estático.

Os clientes usam corajosamente a liberdade para alcançar seu potencial.


A experiência da liberdade é um desenvolvimento extremamente importante que
os ajuda a cumprir a tarefa de ser humano, de relacionamento com os outros, de
ser pessoa.

Ao aprender as características do processo de liberdade, o cliente deixa


de temer e rejeitar seus sentimentos de intimidade, mas passa a permitir que
eles existam e existam nele como elementos aceitos. O cliente não baseia mais
suas escolhas de vida nos valores introvertidos dos outros, mas assume os
valores que sente no momento, em si mesmo.

Ele não vive mais apenas para atender às expectativas dos outros, mas
para se tornar um homem com seus próprios direitos, sentimentos, ideias e seus
próprios objetivos. Um cliente de Rogers colocou desta forma: "Tenho tentado
ser o que os outros acham que eu deveria ser, mas agora me pergunto se não
deveria tentar ser eu mesmo". (ROGERS, 1978, p.54)

Um fator significativo nessa experiência é que os clientes começam a


fazer as escolhas melhores e responsáveis. Mais importante ainda, passou a
confiar nos aspectos espontâneos e inconscientes de si mesmo, confiou em seus
sentimentos e em seu organismo, como uma ferramenta segura para enfrentar
a vida.

Outro aspecto que marca essa experiência é a forma paradoxal e


temerosa como as pessoas caminham em direção a essa liberdade responsável.
20
“Não é fácil ter coragem, os clientes procuram e evitam”. Em uma relação
terapêutica satisfatória, porém, o cliente vivencia um processo autônomo de
liberdade de aprendizagem.

Esse aprendizado consiste em movimento interno e movimento


exploratório. Eles não são mais pessoas movidas por forças internas
que não entendem, como esses sentimentos profundos e medo ou
desconfiança de si mesmos, eles vivem por valores que recebem dos
outros. Eles se tornam pessoas que aceitam e até apreciam seus
próprios sentimentos, valorizam e confiam nas profundezas de sua
natureza, encontram forças em sua singularidade e vivem pelos
valores que sentem. Esse aprendizado, esse movimento permite que
eles se tornem pessoas mais pessoais, mais receptivas e mais
responsáveis. (ROGERS, 1978, p.56)

Portanto, se o psicólogo proporcionar uma atmosfera estimulante no


cenário terapêutico que dê ao cliente maior liberdade para ser ele mesmo, para
ser quem ele realmente é, muitas vezes ele desenvolverá uma melhor
capacidade de escolher o comportamento que adotará. O cliente gradualmente
se torna mais capaz de ouvir a si mesmo e experimentar o que está acontecendo
com ele. Ele está mais aberto a novas experiências, ideias e conceitos, e novas
formas de ver e ser. E, com a liberdade de escolher qualquer direção, o cliente
escolherá um caminho construtivo e positivo. Os clientes ganham uma nova
compreensão de seus próprios pontos fortes, habilidades e poder. (ROGERS,
1978; 2009).

2.2 Ser Livre para Ser o que realmente se É

Até agora, observou-se que essa pessoa é a maior autoridade sobre si


mesma e que é capaz de atingir todo o seu potencial se forem dadas as
condições que promovam o crescimento. Na terapia centrada no cliente, o cliente
é livre para escolher. Ele é livre para falar ou calar, para sugerir, para expressar
seus vários sentimentos sem medo ou censura, ele é livre.

21
Portanto, a liberdade de existência constitui uma espécie de liberdade
responsável, pois é a liberdade de "existência", as pessoas também devem ser
responsáveis por seus próprios desejos, escolhas e ações. Em uma atmosfera
psicológica favorável, o cliente experimenta os aspectos ocultos de si mesmo e
gradualmente se livra da máscara defensiva que sempre enfrentou na vida.
Encontra algumas direções que não queira mais seguir. Ele não quer ser o que
"deveria" ser, não quer se moldar para ser aceito, não quer escolher o que é
imposto ou definido de fora (ROGERS, 2009). "Quando os clientes têm liberdade
de escolha, o que eles parecem estar procurando?"

Ao relatar o processo de tornar-se pessoa, Rogers (2009) argumenta que


por trás dos olhares, por trás das queixas trazidas pelo ambiente terapêutico,
cada um de seus clientes parece estar se questionando: "Quem sou eu,
realmente? entrar em contato com o verdadeiro eu que compõe todo o meu
comportamento superficial? Como posso ser quem sou?".

O que uma pessoa quer alcançar, conscientemente ou não, é ser quem


ela é, ser quem ela realmente é. Portanto, o destino do homem será (re)formar-
se momento a momento como processo e movimento, ser pessoa, prestar contas
a si mesmo (ROGERS, 2009).

Esse desejo de ser tudo de si mesmo em cada momento – em toda a


riqueza e complexidade, sem nada a esconder, nada a temer sobre si
mesmo – é comum a todos aqueles que parecem mostrar muito
dinamismo no desejo terapêutico. (ROGERS, 2009, p.196)

Assim, a ideia de "ser o seu eu autêntico" é um processo que envolve uma


pessoa assumindo a responsabilidade por si mesma e por suas ações. Seja fiel
a si mesmo, onde o padrão de vida parece ser o mais alto, quando você é livre
para seguir na direção que deseja (ROGERS, 2009).

22
Autodireção responsável significa tomar decisões a cada momento sobre
quais atividades e comportamentos fazem sentido ou não para você. "Tornar-se
o seu verdadeiro eu" é tornar-se, apreciar-se como um processo contínuo e fluido
de transformação. Transformar-se em um ser que se quer ser, mas ainda não é,
ou transformar-se em um ser que já é, ao menos potencialmente, mas ainda não
assumido como ser (FONSECA, 2009).

"Ser o seu verdadeiro eu" é um processo de viver o momento e estar


aberto à experiência e às respostas orgânicas. Envolve aceitar e experimentar a
abertura e a criatividade de cada novo momento, a fluidez e a própria mudança.
Ao contrário de alcançar uma identidade concreta, ser pessoa é abrir a porta
para a possibilidade de ser. Envolve a coragem de assumir as próprias
experiências e não as distorcer porque discordam das imagens pessoais que
foram formadas.

É nessa tentativa de se descobrir que os clientes usam a relação


psicoterapêutica para explorar e examinar suas experiências, reconhecer e
enfrentar os conflitos que encontram. Ele aprendeu como as ações e
sentimentos que estava experimentando não eram reais, não eram respostas
reais de seu organismo. Ele descobre até que ponto sua vida é guiada por quem
ele acha que deveria ser e não por quem ele realmente é. (ROGERS, 2009)

No entanto, é durante o processo de psicoterapia que a pessoa muda


enquanto está livre e não quer agradar aos outros, aos pais e à sociedade sendo
o que deveria ser. Ele não queria mais se apresentar como um estereótipo para
agradar os outros. A pessoa entende que escolher o que é imposto ou definido
de fora não tem valor. (ROGERS, 2009)

Os clientes aprendem a trilhar um caminho mais autônomo, a assumir a


responsabilidade por si mesmos e a tomar a direção de suas próprias vidas e

23
ações. Gradualmente, eles se movem em direção ao que desejam alcançar. Eles
começam a experimentar a liberdade de serem seus verdadeiros eus. Liberdade
cheia de responsabilidade. Nas palavras do autor, "autodireção responsável
significa escolher - e aprender com as consequências".

Ao trabalhar com clientes, Rogers observou que os clientes tendem a ser


mais abertos a ser um processo, um processo, uma mudança. Eles não ficam
chateados ao perceber que não são mais os mesmos e que os sentimentos
podem mudar com uma determinada pessoa ou experiência. Cada vez mais, "o
cliente torna-se um processo de possibilidades nascentes ao invés de ser ou ser
qualquer objetivo definido".

Quanto mais o cliente percebe o psicólogo como uma pessoa real que
pode compreendê-lo com simpatia e aceitá-lo incondicionalmente, menor é a
distância entre ele e o que ele quer ser, e mais inclinado ele está a ser. O
verdadeiro você, seja você mesmo. Dessa forma, o cliente se torna cada vez
mais ele mesmo, longe do que não é, longe da fachada submissa dos outros.
Ele não tenta ir acima dele, e não tenta ir abaixo dele. Em suma, em uma
atmosfera psicológica favorável, onde se respira segurança e liberdade, ocorre
um processo positivo, construtivo, realista e confiável de tornar-se um.

2.3 A pessoa que se torna o que realmente Se É

Na relação terapêutica, livre de todas as ameaças e da possibilidade de


escolha, o cliente está em processo de se mover em direção à autenticidade,
está constantemente se movendo em direção ao self livre, é o processo de
instabilidade e fluidez. Ele aprendeu a ouvir com sensibilidade, a ser um
observador e participante do processo contínuo da experiência do organismo.
Você se tornará mais consciente de seus próprios sentimentos e atitudes.
Rogers ressalta que essa capacidade cada vez maior de experimentar a abertura

24
torna os clientes mais realistas ao lidar com novas pessoas, novas situações e
novos problemas. (ROGERS, 2009)

O cliente aprende a confiar em seu próprio organismo, que constitui uma


ferramenta primitiva para descobrir qual comportamento é mais eficaz em cada
situação. Você tem menos medo de suas respostas emocionais. No entanto, a
experiência dos organismos não é infalível em suas escolhas. Assim, devido à
abertura à experiência, as pessoas têm uma consciência maior e mais imediata
das consequências da insatisfação e são capazes de corrigir escolhas erradas
mais rapidamente.

Outra característica do processo de se tornar o eu autêntico tem a ver com


a fonte ou foco das escolhas e decisões. Encare o fato de que o cliente é sua
própria peneira, e ele usa cada vez mais seu organismo. Cada vez mais clientes
estão começando a perceber que o foco dessa avaliação é ele mesmo. Além
disso, os clientes estão cada vez menos buscando aprovação ou desaprovação
de outros, padrões a seguir, decisões e escolhas. Nesse sentido; “Reconhecia
que cabia a ele escolher e que a única questão que importava era: "Vivo de uma
maneira que seja profundamente satisfatória e que me expresse
verdadeiramente?"(ROGERS, 2009, p.135). Essa é provavelmente a pergunta
mais importante para os criativos, acrescenta Rogers.

Ao tornar-se o que realmente é, na liberdade da relação psicoterapêutica,


o cliente tende a abandonar metas fixas e encontrar-se em um processo de devir
ao invés de um produto pronto, um número fixo de traços ou uma entidade fixa
e estática. Aceitar-se como um processo de formação, um sentimento de estar
em processo, “é um sentimento de orgulho crescente de ser uma espécie
humana sensível, aberta, realista, autônoma, com coragem e imaginação se
adapta à complexidade das situações em mudança”. (ROGERS, 2009, p.206)

25
3 CONDIÇÕES PARA O ATENDIMENTO CLÍNICO E FORMAÇÃO DE
TERAPEUTAS EM ACP

3.1 Atitudes facilitadoras: condições necessárias e suficientes para a


mudança da personalidade no contexto terapêutico

Segundo Almeida (2009), Rogers desenvolveu ao longo de sua obra


considerações sobre o que chamou de promoção das atitudes do terapeuta:
considerações positivas consistentes, incondicionais e compreensão empática.
Para o autor, Rogers já demonstrava esse interesse em 1940, pois nesse
período e em textos posteriores discutia como o terapeuta deveria agir, porém,
sem definir com precisão todas as atitudes e suas características específicas o
que é.

No entanto, ainda segundo Almeida (2009), em 1957, por preocupação


em testar sua hipótese, Rogers publicou o artigo "Condições Necessárias e
Suficientes para Alteração Terapêutica da Personalidade" no qual apresentava
de forma rigorosa e precisa Apresentada, sua teoria terapêutica e relação
terapêutica. Em seis pontos explícitos, Rogers enfatiza que a abordagem
pessoal do terapeuta é mais do que treinamento profissional, e aponta as
condições necessárias e suficientes que ele estabelece para que a mudança
construtiva de personalidade ocorra no setting terapêutico:

Duas pessoas estão psicologicamente conectadas; 2) a primeira, que


chamamos de cliente, está em estado de dissonância, vulnerabilidade
ou ansiedade; 3) a segunda, que chamamos de terapeuta, está
alinhada ou integrada na relação 4) A terapeuta experimenta atenção
positiva incondicional à experiência do cliente; 5) O terapeuta tem uma
compreensão empática do quadro de referência interno do cliente e se
esforça para comunicar essa experiência ao cliente; 6) Comunicação
com o cliente A compreensão empática do terapeuta e a atenção
positiva incondicional são pelo menos minimamente eficaz. (ROGERS,
2009, p.57).

26
Dessa forma, as atitudes de facilitação não são técnicas de atendimento
psicológico, são condições integrais e autossuficientes vivenciadas pelo
terapeuta que possibilitam aos clientes vivenciar através da relação terapêutica
o que deveriam vivenciar em outras relações.

A atenção positiva e a compreensão empática entrelaçadas e


complementares, consistentes, incondicionais, são projetadas para restaurar o
cliente à liberdade experiencial necessária para que ele se desenvolva: ajuste
psicológico facilitado por um estado de alinhamento, aceitação incondicional de
sua experiência, como o terapeuta. Assegurou que, a partir da compreensão
empática do terapeuta, o cliente possa ouvir sua própria voz e usar sua
referência interior para guiar sua vida.

3.2 A congruência na perspectiva rogeriana e seu papel central na


psicoterapia

O conceito de coerência de Rogers (também usou o termo autenticidade


para o mesmo processo) está relacionado a três outros fatores: experiência,
representação correta na consciência e comunicação (Rogers, 1987). A
confluência desses processos coloca o indivíduo em alinhamento, o que significa
uma boa comunicação consigo mesmo e com os outros. No mesmo sentido, a
inconsistência entre experiência e símbolo é chamada de incongruência.
(RUDIO, 1999)

Segundo Rudio (1999, p. 35), "dissonância psicológica é incoordenação.


Não se comunica consigo mesma". Para o autor, os humanos são as únicas
criaturas que têm consciência de si mesmas. Quando você expressa sua
experiência corretamente, você pode entender a situação em que está e o que
isso significa nessa experiência. Para alcançar um equilíbrio psicossocial
biológico, confie em si mesmo e deixe que os outros confiem nele, ou seja, faça

27
ajustes psicológicos na comunicação e nas relações interpessoais consigo
mesmo.

Uma possibilidade para restabelecer a comunicação consigo mesmo e


com os outros é a psicoterapia, pois para Rogers (2009, p. 382) toda
necessidade de terapia remete a uma falha no processo de comunicação.
Primeiro, a comunicação consigo mesmo falha e, como resultado, outras
interações também falham. Em sua afirmação, ele nos diz:

Todo trabalho psicoterapêutico refere-se a falhas de comunicação. A


pessoa emocionalmente desregulada, "neurótica", tem dificuldades,
primeiro, porque sua comunicação consigo mesmo é interrompida e,
segundo, por causa dessa interrupção, a comunicação com os outros
fica prejudicada. (ROGERS, 2009, p. 382)

A interrupção desta comunicação deve-se ao impedimento do conteúdo à


consciência, uma vez que são diferentes da imagem que o indivíduo tem de si
mesmo. Essa imagem, como mencionado anteriormente, Rogers chamou de
ego. Portanto, quando a experiência ocorre, por exemplo, o sentimento está em
conflito com o que o indivíduo acredita, não há simbolismo adequado na
consciência e, portanto, não há comunicação com o eu. No entanto, mesmo na
ausência de representação, o conteúdo permanece e se torna ativo na dinâmica
psicológica, prejudicando o equilíbrio e o controle adequado da pessoa. (RUDIO,
1999)

A relação psicoterapêutica é considerada benéfica para a desobstrução


de conteúdos reservados, pois proporciona à pessoa as condições de ser ela
mesma, e a terapia em si é um ato de comunicação. Os psicoterapeutas
permitem que os clientes acessem experiências negadas ou distorcidas,
simbolizem e comuniquem adequadamente, proporcionando uma atmosfera de
total liberdade experiencial, por meio de atenção positiva incondicional e
compreensão empática. Além disso, a própria comunicação do terapeuta com o

28
cliente deve ser consistente, o que é um aspecto fundamental de sua relação.
(RUDIO, 1999)

Nesse sentido, considerando a consistência como uma atitude


facilitadora, Rogers acredita ser mais importante para o processo terapêutico,
focando no estado e no grau de consistência do psicoterapeuta para construir
relacionamentos autênticos com os clientes. Segundo Moreira (2010), a
importância da coerência como atitude promotora de Rogers ocorre durante a
fase vivencial, quando as experiências do cliente e do terapeuta se tornam
mutuamente importantes na relação psicoterapêutica, que passa, o que modifica
essa relação de unicentrada para bicentrada:

A autenticidade do terapeuta como uma atitude facilitadora é


enfatizada aqui. Os psicoterapeutas devem acreditar que seus
sentimentos são consistentes com suas próprias experiências, ou seja,
suas experiências começam a ser compreendidas como parte da
relação terapeuta-cliente. É nesse sentido que o relacionamento não é
mais entendido como cliente-cêntrico, mas como bicêntrico, pois
envolve o esforço de explorar dois mundos fenomenais, criando novos
significados que os façam funcionar em benefício do cliente. Ambos
experimentaram. O psicoterapeuta utiliza seus sentimentos como
ações para o cliente, engajando-se em um diálogo íntimo e
intersubjetivo entre eles. (CURY, 1987; 1988; MOREIRA, 2001; 2007
apud MOREIRA, 2010, p. 540)

Portanto, ao comunicar seus sentimentos de forma honesta, Rogers


acredita estar beneficiando o cliente, pois a psicoterapia é uma oportunidade
para o indivíduo estabelecer uma forma diferente e autêntica de se comunicar
com o terapeuta (RUDIO, 1999).

Ao exemplificar como ocorre a comunicação consistente de um


terapeuta, Rogers mostra a motivação e as consequências de expor seus
sentimentos:

O que quero dizer quando falo sobre ficar em contato com o que está
acontecendo dentro de mim? Deixe-me explicar o que quero dizer
descrevendo o que às vezes acontece em meu trabalho como

29
terapeuta. Às vezes, um sentimento que não parece ter uma conexão
especial com o que está acontecendo "de repente me ocorre". Aprendi
a aceitar e confiar nesse sentimento em meu nível consciente e tentar
comunicá-lo ao cliente. Por exemplo, às vezes, quando um cliente fala
comigo, me ocorre que ele é um garotinho suplicante com as mãos
cruzadas de maneira suplicante, dizendo: "Por favor, dê-me isso, por
favor, dê-me isso". Estou em um relacionamento com sinceridade, e se
eu puder expressar como me sinto, posso atingi-lo em pontos sensíveis
e nosso relacionamento progredirá. (ROGERS, 1987, p. 9)

Por meio da concordância, o terapeuta estabelece uma relação com o


cliente que difere das interações usuais geralmente formadas pelo uso de
"máscaras", disfarçando, omitindo ou distorcendo sentimentos, emoções e
opiniões. Em geral, busque a aceitação social, o que compromete a
comunicação autêntica. Ao vivenciar um relacionamento comunicativamente
consistente, os clientes podem expressar sua sensação de segurança dessa
forma em seu relacionamento com o terapeuta e em outros relacionamentos.
(RUDIO, 1999)

É importante enfatizar, entretanto, que Rogers não está aconselhando o


terapeuta a se engajar em uma comunicação irrestrita e acrítica ao falar com o
cliente sobre seus sentimentos. Segundo Pinto (2010), Rogers esclarece que um
dos critérios que utiliza para partilhar os seus sentimentos com os clientes é a
sua persistência.

Se surgem como sensações momentâneas, não há necessidade de retê-


las ou lembrá-las, porém, se persistirem, Rogers não hesita em comunicá-las
com vistas a cooperar no processo de tratamento, pois são sensações geradas
a partir da relação do terapeuta-cliente.

3.3 Consideração positiva incondicional: a aceitação como necessidade


humana

Em pesquisa bibliográfica sobre a consideração positiva incondicional no


referencial teórico de Carl Rogers, Almeida analisou como essa atitude foi
30
elaborada ao longo dos trabalhos rogerianos e a importância que tem para a sua
proposta de terapia. A autora destaca que, em 1945, Rogers nota que “sem a
aceitação compreensiva do conselheiro, a terapia não tem lugar” e, na década
de 70, ele pontua:

O quarto fator para o qual gostaria de chamar a atenção é que ele não
estava fortemente presente no início da terapia centrada no cliente,
mas tornou-se uma característica muito proeminente. Reconhece-se
que relacionamentos profundos são uma das necessidades mais
importantes hoje. Talvez, em certo sentido, sempre tenha sido uma
necessidade profunda, mas nossa cultura hoje, por uma série de
razões que não posso aprofundar aqui, experimenta essa necessidade
de forma mais clara e intensa do que antes. Os seres humanos têm
uma profunda necessidade de serem plenamente reconhecidos e
plenamente aceitos. A terapia centrada no cliente, juntamente com
outros fatores da vida moderna, pode ajudar a identificar e atender a
essa necessidade. (ALMEIDA, 2009, p. 181)

Almeida (2009) também esclarece que foi no artigo de 1957 “Condições


Necessárias e Suficientes para Mudança na Terapia da Personalidade” que
Rogers cunhou pela primeira vez o termo consideração positiva incondicional.
Em trabalhos posteriores, no entanto, ele se refere a essa atitude como
aceitação, e usa outros sinônimos como respeito e apreciação. Dessa forma, a
autora conclui que "a consideração positiva incondicional envolve aceitação,
respeito, valorização, confiança básica no organismo humano, disponibilidade
para com os outros, calor humano" (p. 188), conceitos que permeiam o mundo,
independentemente da terminologia do idioma.

Nesse sentido, para Rudio (1999), seguir alguém incondicionalmente


ativamente significa expressar aceitação, respeito e amor, acolhendo-o como
pessoa, independentemente de seus defeitos e qualidades. O contexto
terapêutico também exige que o terapeuta respeite a situação do cliente no aqui
e agora, em vez de esperar que ele seja diferente de si mesmo. No entanto, ele
ressalta que, como Rogers e Kinget (1977) fizeram, a consideração incondicional
não significa que o terapeuta irá concordar ou discordar. Indica que ele aceitará
31
e receberá do visitante o que ele expressou sobre suas experiências, suas
reflexões e sentimentos sobre o mundo e suas autopercepções.

Rogers e Kinget (1977), discutindo a importância do abandono do


julgamento por parte do terapeuta, seja em situações em que os valores do
cliente se alinham ou não aos seus, enfatizam que o cliente não precisa se
preocupar, se aceito, ato de vontade pessoal de forma antissocial ou antiética.
Os autores sustentam essa afirmação, observando que, em mais de duas
décadas de observação e pesquisa, verificou-se que uma pessoa está disposta
a viver em harmonia se estiver em condições satisfatórias de segurança e
liberdade e, portanto, responsável, respeitá-los e ser respeitado.

Rogers e Kinget (1977, p.139) também adotaram a afirmação de Rogers


sobre os efeitos que uma recepção calorosa pode promover, vinculando esses
resultados ao processo de obtenção de tendências e desenvolvimento
consistente. Coincidentemente, em outro parágrafo do texto, os autores
confirmam que a consideração positiva incondicional do terapeuta reduz o nível
de angústia do cliente. Nas palavras de Rogers, temos:

Se eu provar que sou capaz de construir um relacionamento que, no


que me diz respeito, se caracteriza por uma autenticidade
transparente, uma recepção calorosa e sentimentos positivos diante
das coisas que diferenciam sua personalidade da minha, ver o mundo
e o capacidade do cliente de ser seu quando os vê. Então, a pessoa
com quem eu estava nesse relacionamento pôde ver e entender em
primeira mão os aspectos de sua consciência que até então vinha
rejeitando; ele foi evoluindo cada vez mais para quem queria ser,
trabalhando com mais facilidade e confiança, renovando-se como
Homem, ou seja, como ser único, pensa e age de uma forma que é
característica do indivíduo. Capacidade de resolver os problemas da
vida de maneira apropriada e emocionalmente de baixo custo.
(ROGERS, 1977, p.173)

Rudio (1999, p. 101), comentando a referência de Rogers ao aspecto


operacional da aceitação, afirmou que ela é vivenciada na relação terapeuta-
cliente sem preparo prévio, por meio de "o terapeuta aceitar e se envolver com
32
o cliente "de comunicação", ou seja, é validada por meio da comunicação
terapêutica, baseada no "modo específico de comportamento realizado pelo
terapeuta em contato com o cliente".

A esse respeito, Freire (2010, p.17) argumenta que as respostas reflexas


expressam não apenas a compreensão empática do terapeuta, mas também um
foco incondicionalmente positivo na experiência do cliente no aqui e agora. Ao
comunicar-se dessa forma, o terapeuta demonstra que a experiência do cliente
está livre de críticas e julgamentos que não sejam compreendidos, aceitos,
acolhidos e aceitos.

Para a autora, isso torna única a qualidade da relação terapeuta-cliente,


pois em sua relação ordinária o cliente não vivencia a "rendição da confiança
incondicional" que o terapeuta pode vivenciar.

3.4 Compreensão empática: compreender a partir do referencial interno


do outro

Na obra de Rogers, a compreensão empática é acompanhada pela


compreensão com um adjetivo qualificativo, indicando que é mais do que apenas
compreender o cliente. Além de buscar compreendê-lo, o terapeuta também
precisa fazê-lo com empatia, o que significa o duplo movimento de buscar a
compreensão e, ao mesmo tempo, se colocar no lugar do outro. No entanto, esta
atitude promotora nem sempre tem este significado pleno.

O conceito de compreensão empática estabelecido por Rogers foi


modificado de acordo com as fases em que seu trabalho pode ser dividido. Antes
da década de 1940, o problema da compreensão empática não era claro, mas
havia sinais disso. Rogers aponta que os clientes precisam entender seus
problemas e respostas, assim como os terapeutas fazem com a terapia, mas do

33
ponto de vista do cliente, isso já sugere uma compreensão diferente do senso
comum.

As autoras também esclarecem que a partir de 1940, quando Rogers


estabeleceu sua consideração da terapia não diretiva, ele não atribuiu mais a
interpretação do comportamento do cliente aos terapeutas. Agora, as condições
oferecidas pela terapia e a relação com o terapeuta são relevantes para que o
cliente se conheça. Nas palavras de Rogers:

É somente à medida que compreendo os sentimentos e pensamentos


que parecem tão terríveis tão fracos, tão sentimentais ou tão bizarros
para você - somente quando eu os vejo através de seus olhos e os
aceito como você. e recantos de sua experiência interna e muitas
vezes enterrada. Essa liberdade constitui uma condição importante da
relação. Está implícita aqui uma liberdade para explorar a si mesmo
em um nível consciente e inconsciente, se apenas alguém puder
começar essa perigosa exploração. (ROGERS, 2009, p. 38-39)

Além disso, foi nesse período que Rogers não mencionou diretamente o
termo transferência, mas aconselhou os terapeutas a não censurar, culpar e
superidentificar a importância do cliente, características que mais tarde
constituiriam o conceito de compreensão transferencial. Além disso, os autores
explicam que, a partir da década de 1950, Rogers buscou atitudes mais precisas
para promover atitudes, passando da empatia especificante para a compreensão
empática.

A supracitada não identificação foi posteriormente enfatizada por Rogers


ao definir a transferência e discutir que ele "parece" estar na posição do outro,
ou seja, essa identificação precisa ser equilibrada. Com a autora Kinget, Rogers
definiu a empatia da seguinte forma e expressa seu alerta sobre a diferença entre
empatia e identificação:

Inclui a percepção correta do ponto de referência de outra pessoa, bem


como as nuances subjetivas e os valores pessoais inerentes a ela. A
percepção empática é a percepção do mundo subjetivo de outra
pessoa "como se" fôssemos essa pessoa - porém, nunca se esqueça
34
de que se trata de uma situação semelhante, "como se". Assim, a
empatia significa, por exemplo, que uma pessoa sente a dor ou o
prazer dos outros quando sente a sua dor ou prazer, e que uma pessoa
percebe a causa disso da maneira como a percebe (ou seja, interpreta
os sentimentos ou percepções dos outros) ele as explica para si
mesmo) sem esquecer que elas se relacionam com as experiências e
percepções de outras pessoas. Se a última condição não existir, ou
nenhuma ação for tomada, não será mais empatia, mas identificação.
(ROGERS; KINGET, 1977a, p. 179).

Mais tarde, na década de 1970, segundo Moreira (2010. p. 73), Rogers


atualizou o que definiu como empatia, pois passou a entendê-la como um estado
e não como um processo:

Significa penetrar no mundo perceptual do outro e ficar completamente


à vontade nele. Requer sensibilidade constante às mudanças na
percepção de significado da pessoa, medo, raiva, ternura, confusão ou
o que quer que ela esteja passando. Isso significa viver sua vida por
um tempo, movendo-se suavemente por ela sem julgamentos,
percebendo significados que ela mal percebe, tudo isso sem tentar
revelar sentimentos que a pessoa desconhece, pois isso pode ser
muito ameaçador. Envolve comunicar como você se sente em relação
ao mundo dela enquanto examina imparcialmente e sem medo o que
a pessoa teme. Isso geralmente significa trabalhar com ele para avaliar
a precisão de nossos sentimentos, guiados pelas respostas obtidas.
Tornamo-nos um parceiro de confiança no mundo interior dessa
pessoa. Ao mostrar que significado é possível em seu fluxo de
experiência, ajudamos as pessoas a se concentrarem nesse padrão
útil de pontos de referência, experimentar o significado de forma mais
completa e progredir nessa experiência. Estar com os outros dessa
maneira significa deixar de lado suas próprias visões e valores neste
momento e entrar no mundo dos outros sem preconceito; em certo
sentido, colocar-se de lado. (MOREIRA, 2010. p. 73)

Freire (2010, p. 16) afirma que “a terapia centrada na pessoa é uma


jornada de autodescoberta, uma jornada de crescimento do cliente em busca de
autorrealização e satisfação”. Nesse sentido, o terapeuta é o facilitador do
processo e, por meio da compreensão empática, forma uma conexão com a
experiência orgânica do cliente, com o que ele está vivendo agora.

Para expressar e comunicar o que a autora acima chama de empatia, o


terapeuta estabelece um diálogo com o cliente por meio de respostas reflexas.
O conceito de reflexão tem a ver com a metáfora do terapeuta de "espelhar" o
35
que ele aprende com o significado do campo de experiência do cliente, onde o
cliente tenta se comunicar, retorna na forma de comentários e deve demonstrar
compreensão e consideração positiva.

As respostas reflexas são elaboradas de diferentes formas pelo terapeuta,


conforme descrito a seguir, mas todas são projetadas para ajudar o cliente a se
ouvir, ouvir sua voz interior, expandir sua conexão com a experiência orgânica,
integrá-las à consciência. (FREIRE, 2010)

3.5 Técnicas compreensivas: respostas para compreender e aceitar o


cliente por meio do diálogo

Segundo Rudio (1999), os terapeutas da ACP utilizam a tecnologia para


realizar o aconselhamento, mas não com uma padronização estrita do termo no
sentido usual. Nessa abordagem, técnica refere-se aos padrões
comportamentais que o terapeuta deve criar a todo momento, sem previsão e
predeterminação.

Assim, o psicólogo centrado na pessoa visa decodificar, decifrar o que o


cliente traz para o ambiente terapêutico, e tenta expressar o que é dito com suas
próprias palavras, porém, sem acrescentar elementos ao âmbito da experiência
do cliente. Dessa forma, os terapeutas interagem por meio de respostas
sintéticas, e esse diálogo assume três formas: reiteração ou simples reflexão,
reflexão de sentimentos e atitudes e esclarecimento.

Repetição, como o nome sugere, é quando o terapeuta simplesmente


repete o que o cliente diz, mas com suas próprias palavras, para que não haja
ecos mecânicos. O conteúdo da expressão não é adicionado, o diálogo não é
original e não altera o domínio percebido do cliente. Use-o quando quiser
enfatizar algo para chamar a atenção do cliente, quando o terapeuta quiser

36
expressar compreensão ou falta de julgamento, ou quando o cliente for apenas
descritivo.

Esta resposta tem pouco valor como uma declaração direta. No entanto,
ajuda a aumentar a consciência, pois ajuda a criar uma atmosfera de segurança
e tranquilidade que reduz as barreiras defensivas do "eu" e, assim, expande o
campo de percepção.

Reflexões sensoriais "destacam elementos que parecem estar ocultos,


obscurecidos ou em segundo plano". Portanto, tem como objetivo conscientizar
o cliente sobre o que está em seus pensamentos e sentimentos, mas não
apresentado de forma explícita, proporcionando-lhe a oportunidade de ampliar e
mudar suas percepções.

Esse tipo de resposta pode ser pensado como tendo um caráter mais
dinâmico do que a repetição, em termos gestálticos, tornando claro o "contexto"
do conteúdo comunicado, o que ajuda o cliente a perceber se há naquele
conteúdo facilmente integrável ao "diagrama", para modificá-lo ou reavaliá-lo.

O objetivo da descrição é destacar sentimentos e atitudes que não são


expressos diretamente pelo cliente, mas podem ser inferidos a partir do que é
comunicado. Por se tratar de uma dedução, a elaboração verbal do terapeuta
pode conter elementos alheios à percepção do cliente e tornar-se ameaçadora,
o que exige cautela. Como a elucidação está relacionada ao raciocínio, que a
aproxima mais das explicações do que delas, seu uso na terapia rogeriana é
menos comum.

Por serem inferências, muitas vezes o que o cliente está dizendo já está
em seu campo perceptivo, mas ainda não em seu foco perceptivo, o que o faz
negar ou rejeitar o que o terapeuta traz. Portanto, os autores acima recomendam

37
o uso de expressões que confirmem o entendimento: "O que você quis dizer?",
"Diga-me se eu estava errado?", Foi isso que você quis dizer? etc.

Portanto, para atuar na clínica sob os pressupostos da ACP, é necessário


que o terapeuta compreenda a psicoterapia e as teorias da personalidade
propostas por Rogers, que se entrelaçam e são consistentes para que o
tratamento alcance seus resultados. Essa manifestação não se limita ao âmbito
teórico, na verdade, é um modo de ser do terapeuta (Rogers, 1987), mas é
importante para o psicólogo apreender os fundamentos que orientam sua
relação com o cliente.

Assim, no que diz respeito à formação de terapeutas na graduação, o


acesso inicial a essa contribuição se deu por meio de disciplinas que envolvem
o trabalho de Rogers. Na sequência do curso, há estágios que permitem a prática
clínica baseada nos pressupostos do trabalho rogeriana, incluindo a supervisão,
que é um momento fundamental do estágio. Nos tópicos a seguir, esse processo
de treinamento é descrito.

Formação de terapeutas em ACP: aspectos teóricos e práticos e o papel


da supervisão na formação em humanidades. Após a formatura, a formação
clínica dos estudantes de psicologia ocorre de forma teórica e prática. Por meio
de disciplinas específicas, os alunos são apresentados a referências teóricas a
métodos como psicanálise, análise comportamental e humanismo e, como
prática clínica, os alunos são solicitados a realizar psicoterapia com base nessas
contribuições, geralmente na própria clínica-escola do centro de formação.

Segundo Alves e Lima (2012), até a década de 1990, as instituições de


ensino não eram obrigadas a oferecer disciplinas relacionadas ao humanismo,
apenas a psicanálise e o behaviorismo eram considerados. No entanto, com a
introdução das novas diretrizes curriculares em 1999, as três forças da psicologia

38
passaram a ordenar o ensino para garantir a diversidade teórica e metodológica
da ciência psicológica. A vertente prática da formação do psicólogo clínico refere-
se aos estágios supervisionados que compõem a grade curricular do curso de
psicologia.

Blanco et al. (2017, p. 83), ao contrastar os modelos tradicionais de


formação técnica em ambientes acadêmicos com a formação vivencial alinhada
às perspectivas humanista, fenomenológica e existencial, discutem como esses
modelos de formação podem tanto formar técnicos, como realizar uma série de
intervenções, ou condicionais, os profissionais atuam com base na experiência
de cada indivíduo para atingir todo o potencial do terapeuta. Nas palavras dos
autores:

Ao afastar-se dos modelos tradicionais de formação médica, a


formação humanista emergiu de uma configuração relacional mais
humanista e lateral que critica a neutralidade profissional e o
reducionismo psicopatológico (Carvalho et al., 2015). Portanto, é
preciso compreender em que sentido o processo de formação pode ser
um guia indispensável para a construção de dispositivos interventivos,
ao mesmo tempo em que forma o aluno e o conscientiza sobre a
importância de estar atento à experiência do outro, sobre si mesmo e
sobre o social. realidades que envolvem essa relação. […] A educação
humanista, portanto, entende que a palavra “formação” não se refere
ao que foi feito, mas ao que não é feito, e está em constante processo
de contato com a experiência. (Branco et al., 2017, p. 83)

Assim, segundo Blanco et al. (2017) e Vieira et al. (2018), Rogers se


concentra na formação e supervisão de psicoterapeutas. Suas afirmações sobre
como a psicoterapia deve ser conduzida também levanta a questão de como o
processo formativo do psicólogo deve ser configurado para que ele possa
desenvolver uma relação que promova a mudança na personalidade do cliente,
que é o objetivo da terapia rogeriana. Nessa relação, as áreas de experiência do
terapeuta e do cliente são destacadas e igualmente importantes.

39
Nesse sentido, a supervisão é a etapa da formação profissional em que a
orientação teórica, prática e supervisória para o desenvolvimento de
competências e habilidades profissionais se conjuga com a ética exigida pelos
psicólogos clínicos. Sobretudo, na Clínica Rogeriana, a supervisão desempenha
um papel fundamental, pois, além do suporte supracitado, deve-se considerar
neste momento a dimensão da experiência do terapeuta, dada a base da ação
psicoterapêutica na ACP.

Este é o momento em que o estagiário relata ajuda ao supervisor e demais


colegas, e é o momento em que ele consegue expressar seu campo orgânico,
emocional e emocional de experiência. Com uma primeira experiência clínica,
muitas vezes é necessário saber se estão sendo tratados corretamente, se estão
de acordo com os pressupostos teóricos, e precisam falar sobre seus medos,
ansiedades, inseguranças, alegrias, satisfação, dúvidas, etc., como terapeuta
em formação.

De modo geral, o supervisor é um substituto de alguém que sabe melhor


do que o estagiário que decide como realizar o serviço. Na formação em
humanidades, no entanto, os mentores possuem atributos diferenciados,
proporcionando disponibilidade e acolhimento aos estagiários, tendo a
experiência do estagiário como foco de formação e supervisão:

Em poucas palavras, esse tipo de supervisão proporciona um espaço


de acolhimento diante de experiências inusitadas e desconhecimento
de outras pessoas (clientes). Embora a palavra "supervisão" evoque
etimologicamente o conceito de "ponto de vista avançado", não
devemos entender o que legitima a posição de um supervisor como
mero disseminador e supervisor de conhecimentos técnicos
relacionados à intervenção do aluno. do tutor, assume-se que a
experiência do aluno é o recurso mais importante para a compreensão
de sua formação. (SÁ, 2010)

Além disso, Vieira et al. (2018) De acordo com Rogers e um revisor de


seu trabalho, os supervisores são entendidos como os mesmos facilitadores que

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os terapeutas de ACP porque as relações construídas na supervisão são
semelhantes às que ocorrem na psicoterapia. Dessa forma, o supervisor entende
o estagiário como capaz de agir de forma autônoma, sem a necessidade de uma
figura de autoridade para orientá-lo, devendo aprender a se abrir para suas
próprias experiências e as dos outros. Além disso, cabe ao supervisor facilitar o
processo coerente de desenvolvimento do estagiário e facilitar a descoberta de
seus caminhos como terapeutas.

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