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A Psicologia Transpessoal

Carlos Antonio Fragoso Guimarães1


Mestrando em Sociologia – PPGS - UFPB

De uma forma mais ou menos resumida, pode-se definir a Psicologia


Transpessoal como uma abordagem que tem como principal objetivo tratar o homem
como um ser integral, ou seja, um ente complexo que engloba aspectos biológicos,
mentais, sociais, ecológicos e, muito em especial, espirituais, o que amplia
grandemente o atual campo da pesquisa em psicologia.
A Psicologia Transpessoal tenta compor um quadro abrangente das
manifestações da percepção humana, apoiando-se tanto na ciência ocidental quanto
nas várias tradições e concepções de homem de vários sistemas filosóficos, muitos
dos quais de enorme interesse psicológico, não ocidentais. Isto implica na adoção,
pelos principais teóricos transpessoais, de uma visão de homem que adota, ao lado
de uma firme ênfase científica, baseada nos últimos progressos da ciência ocidental,
notadamente na Física Moderna, as chamadas dimensões transcendentes e/ou
espirituais da psiqué (Maslow, 1964, 1968, 1969; Fadiman & Frager, 1986; Grof, 1988).
Foi em meados da década de sessenta, basicamente nos Estados Unidos,
quando vários fatores levaram a Psicologia Humanista a se assentar definitivamente
como uma nova abordagem igualmente válida ante às visões de homem do
Behaviorismo e da Psicanálise, que alguns psicólogos e psiquiatras - muitos dos
quais haviam participado do desenvolvimento e delineação da Psicologia Humanista
– encontraram uma área e um clima intelectual propício para o estudo de uma série
de fenômenos psicológicos que, até então, eram negligenciados nos meios mais
tradicionais, ou entendidos como sintomas de sérios desajustes emocionais. Entre
estes estavam os chamados estados não ordinários de consciência, com fortes
características espirituais, que algumas pessoas apresentavam, quer ocorressem
espontaneamente, quer surgissem num contexto psicoterapêutico, quer ocorressem
como a resultante de usos de substâncias várias, como drogas, etc. Alguns destes,
até então considerados, estados “anômalos” de consciência traziam uma tal
corrente de dados que, simplesmente, não se encaixavam adequadamente em
nenhuma teoria da personalidade vigente, com a brilhante exceção das teorias de
Carl Gustav Jung e Roberto Assagioli, que, à época, eram muito pouco aceitas,
conhecidas ou adequadamente divulgadas. De tal forma cresceu o número de
observações a respeito destes fenômenos que muitos renomados pesquisadores,
dentre os quais se destacaram Abraham Maslow, Antony Sutich e Stanislav Grof,
empreenderam a tarefa de dar corpo ao que parecia ser o surgimento de uma nova
abordagem, ou uma nova Força em Psicologia, no dizer de Maslow, em uma nova
área de estudo e avaliação do que parecia ser, em muitos casos, amostras de
fascinantes e bem documentadas experiências de extensão ou expansão da
percepção e da identidade de sujeitos, indo muito além do que consideramos “os
limites de nossa pele”, ou de nosso ego: uma dimensão Transpessoal de
consciência.
Segundo Stanislav Grof (Grof, 1988), esta nova força surgia principalmente
dentro do círculo interno da Psicologia Humanística, porém, esta, que considerava o
auto-crescimento e a auto-atualização os limites de desenvolvimento humano,
acabava por restringir, em parte, os novos insights que surgiam diretamente das
pesquisas realizadas pelos psicólogos e psiquiatras.:
“(...) A nova ênfase residia no reconhecimento da espiritualidade e das necessidades
transcendentais como aspectos intrínsecos da natureza humana e no direito de cada
indivíduo escolher ou mudar seu caminho. Muitos renomados psicólogos
humanistas mostraram crescente interesse por várias áreas, antes negligenciadas, e
por tópicos de psicologia como experiências místicas, transcendência, êxtase,
consciência cósmica, teoria e prática da meditação ou sinergia inter-espécie e
interidividual” (Grof, 1988, p. 138).

De fato, esta tendência de desenvolvimento de uma psicologia além do ego


era tão clara, que Maslow chegou a escrever:

“Devo também dizer que considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força em


Psicologia, apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Força ainda mais
elevada, transpessoal, trans-humana, centrada mais no cosmos que nas
necessidades e interesses humanos, indo além da identidade, da individuação e
quejandos (...)” (Maslow, 1968, p. 12)

A proposta desta Quarta Força foi logo divulgada em seminários, artigos e


correspondências entre vários integrantes da psicologia humanística e que logo
encontrou destacados defensores que, espontaneamente, formaram um comitê para
a organização de uma revista dedica ao tema do que eles chamavam, à esta época,
de Psicologia Trans-Humanística. Das várias discussões destes membros, que
incluíam além de Sutich e Maslow, nomes como James Fadiman, Michel Murphy,
Miles Vich e, logo depois, Viktor Frankl e Stanislav Grof, surgiu e foi adotado o título
Psicologia Transpessoal como sendo o mais característico para os objetivos desta
nova Força. Logo depois, em 1969, é lançado o primeiro número do Journal of
Transpersonal Psychology.
A temática da espiritualidade, ou da dimensão espiritual do homem, pois,
caracteriza a Psicologia Transpessoal como a primeira corrente contemporânea de
Psicologia, em grande parte apoiada nas pesquisas pioneiras de Jung, a se dedicar
de forma sistemática às dimensões subjetivas perceptuais que eram, até então,
ignoradas, negadas ou reduzidas a características ou sintomas de psicopatologia na
área da sexualidade, pela Psicanálise, por exemplo. O termo “espiritual” - fonte de
estranhas reações por parte de muitos psicólogos -, que foi tomado de empréstimo à
Religião e à Filosofia, é usado na falta de um outro termo técnico apropriado. Como
disse o próprio Maslow, “(...) é quase impossível falar em ‘vida espiritual’ (frase
desagradável para um cientista, em particular para os psicólogos) sem usar o
vocabulário da religião tradicional. Simplesmente não existe uma outra linguagem
satisfatória. Uma excursão pelos léxicos poderia demonstrá-lo com rapidez”
(Maslow, 1964, p.4). O fato é que a Psicologia Transpessoal toma como fundamento
o conceito de “auto-transcendência”, que vai além do conceito fudamental próprio
da Psicologia Humanista, de “auto-realização”, embora o primeiro, na maior parte
das vezes, só se manifeste após um desenvolvimento satisfatório do segundo.
Maslow, especialmente, com a sua teoria das necessidades, deixa claro que as
necessidades últimas, mais sutis e, acima de tudo, mais plenamente superiores – a
que ele chamou de metanecessidades -, só surgiriam – mais uma vez como padrão
geral, mas não como uma regra fixa – quando as necessidades mais básicas
(fisiológicas, de segurança, de amor e pertinência, de estima e de auto-atualização)
estivessem razoavelmente atendidas. Assim, dentro da abordagem da Psicoterapia
Transpessoal, a capacidade humana para a “auto-transcendência” – que Maslow
demonstrou magnificamente ocorrer em muitas das mais famosas pessoas auto-
realizadas que ele estudou – é uma etapa reconhecida e estimulada para o
desenvolvimento saudável e integral do homem.
O estudo da Consciência Humana, e das suas várias manifestações em
termos de percepção, fora abandonado por um longo tempo pela Psicologia desde
que a objetividade e o positivismo do Behaviorismo – em todos os pontos, muito
próximos da metodologia das ciências naturais – superou as propostas de William
James – que é igualmente considerado um dos precursores da Psicologia
Transpessoal – e dos gestaltistas alemães. Freud, por sua vez, embora tenha
deixado uma teoria que vai muito além da visão mecanicista estrita dos
behavioristas mais radicais e tenha atingido insights realmente geniais sobre muitos
dos mistérios que cercam a mente humana, criou uma teoria da personalidade que
está muito próxima de uma descrição “hidráulica” do comportamento humano,
sujeito à ações determinadas pela dinâmica de forças inconscientes sobre o qual a
pessoa, enquanto ego consciente, tem pouco ou nenhum controle direto. Sendo
assim, como nos fala Joseph Hart, “o behaviorismo e a psicanálise podem ser
colocadas juntos já que estes enfoques concordam basicamente em ver o homem
como um reagente; quando muito, um reagente adaptável, flexível. O psicólogo
humanista, por sua vez, desenvolve seus postulados e procedimentos a partir da
convicção de que o homem é um ator; na sua melhor condição, um ator criativo e
auto-realizador” (Hart, 1970, p. 580). Ou seja, com o Humanismo, com sua ênfase na
experiência consciente, o estudo da consciência começou a ser resgatado (na
verdade, ele sempre esteve presente, nas escolas européias, mais existencialistas).
Já a concepção Transpessoal admite claramente que existem outros estados de
consciência que vão além dos estados tradicionais de sono, sono profundo, vigília,
delírio e outros. Ela admite que existem estados supra-conscientes “cuja promoção
da saúde e crescimento superariam em muito as do estado normal de vigília e as
derivadas da análise das faixas infra-conscientes descobertas por Freud” (Boainain
Júnior, 1996, p. 30). Agora vejamos o que nos diz ainda Hart, um dos precursores da
Abordagem Transpessoal dentro da Abordagem Centrada no Cliente, de Rogers:

“Agora consideremos as posições do homem que atingiu insigths transcendentes,


radicalmente diferentes. Embora a maioria dos ‘místicos’ não negue o limitado valor
das idéias de homem como um reator ou ator – pois que o homem se comporta
assim em determinados níveis -, eles defendem que o homem plenamente realizado
vai além tanto da reação quanto da ação para fundir-se com algo muito maior, com o
mundo, numa forma, podemos dizer, ecológica. Na visão espiritual do místico, o
homem é potencialmente um agente receptor ou transmissor de uma consciência
mais elevada, da qual ele faz parte. Conforme o contexto em que a visão mística é
descrita, este estado de transcendência fala do homem como um veículo de Deus,
uma expressão da consciência cósmica, ou um ponto imerso no absoluto” (Hart,
1970, p. 580).

Talvez o impacto destas palavras de Hart possam ser melhor “digeridas” se


nos voltarmos para outras disciplinas e vermos que esta idéia de um “algo
transcendente” é a mesma que está presente na Ecologia Profunda (Capra, 1986,
1997) e na Teoria Geral dos Sistemas, de von Bertalanffy e de Gregory Bateson, ou
seja, na ciência de vanguarda. É igualmente presente em várias proposições da
Física Moderna, em especial no Teorema de Bell (Capra, 1986; Grof, 1988) e na
Teoria da Ordem implicada, de David Bohm (Bohm, 1992). O caso seria, pois, de
entendermos o ser humano numa concepção holística e sistêmica, onde ele é, ao
mesmo tempo, autônomo em alguns níveis e, ao mesmo tempo, parte integrante de
outros níveis, mais elevados e sutis, como, por exemplo, a sociedade e a biosfera.
Esta mesma concepção holística está presente nestas palavras de Andras Angyal,
escritas em 1956:

“Visto sob este ponto de vista [ o desenvolvimento integral do self ], o ser humano
parece lutar basicamente para afirmar e expandir sua autodeterminação. É um ser
autônomo, uma entidade que cresce por si mesma e que se faz valer de modo ativo,
ao invés de reagir passivamente como um corpo físico aos impactos do mundo que
o rodeia. Essa tendência fundamental expressa-se na luta da pessoa para consolidar
e desenvolver seu autogoverno, em outras palavras, para exercer sua liberdade e
organizar os itens relevantes de seu mundo a partir do centro de governo autônomo
que é o seu self. Esta tendência – que chamei de ‘propensão para autonomia
crescente’ – expressa-se na espontaneidade, na auto-afirmação, no esforço pela
liberdade e pelo domínio de si.
“Vista sob outra perspectiva, a vida humana revela um padrão básico bastante
diferente do acima descrito. Sob este ponto de vista, a pessoa parece buscar um
lugar para si numa unidade maior, da qual ela se esforça para tornar-se parte. Na
primeira tendência nós a vemos lutando pela centralização em seu mundo, tentando
moldar e organizar os objetos e eventos de seu mundo, trazê-los para sua própria
jurisdição e controle. Na segunda tendência, pelo contrário, a pessoa parece
entregar-se voluntariamente à busca de um lar para si e tornar-se UMA PARTE
ORGÂNICA DE ALGO QUE CONCEBE COMO MAIOR DO QUE ELA (sic). A unidade
supra-individual da qual a pessoa se sente parte, ou deseja tornar-se parte, será
formulada de diferentes formas, de acordo com sua formação cultural e com
compreensão pessoal” (Fadiman & Frager, 1986. pp. 283-284).

Estes dois níveis, o da auto-atualização e o da auto-transcendência,


aparentemente antagônicos são, na verdade, expressões de uma dualidade que
forma uma unidade dinâmica e complementar. Aliás, estes níveis parecem se repetir
como uma constante na natureza. A própria Física Quântica admite paradoxos
semelhantes, e até ainda mais estranhos, como é o caso do princípio da
complementaridade onda-partícula de entes atômicos, de Bohr. E é exatamente na
área da Física Moderna que surge um grande apoio e incentivo para o
desenvolvimento da Psicologia Transpessoal (Capra, 1986; Grof, 1988; Walsh &
Vaughan, 1991). Desde que Albert Einstein publicou seus artigos sobre a Teoria da
Relatividade, em 1905, e que os estudos das características atômicas tomaram vulto,
nos anos vinte, que o quadro do mundo físico vem passando por uma mudança de
entendimento tão radical que os próprios fundamentos clássicos da ciência foram
abalados. Passamos a perceber que a realidade atômica é tão paradoxal, exigindo
uma nova forma de entender a natureza, que os teóricos mais importantes passaram
a questionar amplamente os pressupostos mais fundamentais das ciências e
filosofias do Ocidente, principalmente os que forma estabelecidos a partir de Bacon,
Descartes e Newton (Capra, 1986; Grof, 1988; Walsh & Vaughan, 1991). As
descrições tradicionais da realidade física tendiam a projetar um mundo mecânico,
atomístico, linear, rigidamente causal e não- relativo. Embora esta visão de mundo
ainda se mostrem como um modelo útil, dentro de limites bem definidos, atualmente
esta visão mecânica de mundo vem sendo complementado por modelos mais
sofisticados, que reconhecem uma realidade física holística, interligada, dinâmica,
relativista e, em certa medida, “orgânica”, e que é inseparável da consciência do
observador.
Embora nossa percepção e interpretação da realidade ainda tenham por
parâmetros as idéias newtonianas de um universo mecanicista – idéia que é
perpetuada pela educação formal -, essas grandes descobertas em Física Teórica
têm trazido uma luz extremamente benéfica à filosofia da ciência e à Psicologia. O
físico brasileiro Mário Schenberg declarou que “a Física e a Psicologia são aspectos
diferentes de uma mesma realidade, vista sob ângulos diferentes” (Guimarães, 1996,
p. 36), e que o trabalho de Carl Gustav Jung – um dos precursores mais importantes
da Psicologia Transpessoal – tem influenciado a muitos físicos teóricos.
Grof considera Jung o primeiro real psicólogo moderno (Grof, 1988, p. 138),
pois ele desafiou a essência básica da maioria dos pontos fundamentais da visão de
mundo da psicologia ocidental: a visão de mundo linear e rigidamente causal,
emprestada da física clássica, de Newton e Descartes, aplicadas à Psicologia.
Jung via a psique como parte atuante do organismo e, portanto,
extremamente sábia e criativa, com uma interação complementar entre seus
elementos, inclusive entre o consciente e o inconsciente. Para ele, a concepção do
inconsciente como um mero depósito psicobiológico de tendências pulsionais ou
instintivas rejeitadas ou reprimidas era mais uma tentativa de acomodar um modelo
conceitual de inconsciente aos parâmetros de uma concepção de mundo
mecanicista do que uma descrição acurada, ou plenamente psicológica, do mesmo.
Ele o via como tendo um importante papel no crescimento integral do organismo,
englobando até mesmo o pequeno ponto do ego consciente, de forma sábia. Ou
seja, o inconsciente era parte integrante e ativa do organismo, e este, em sua
globalidade, teria um “racionalismo” próprio, mais profundo, com (lembrando
Pascal) as “suas razões que a própria razão desconhece”. Em sua estrutura mais
profunda, ele ligaria o indivíduo a toda a humanidade, à natureza e a todo o universo,
como se fosse um tipo sofisticado de holograma. E mais, o inconsciente não seria
apenas governado pelo determinismo histórico, mas – e nisto Jung era
antecipadamente um psicólogo humanista – também teria uma função projetiva e
teleológica (Hall & Lindzey, 1984; Capra, 1986; Grof, 1988).

“Jung não imaginava o ser humano como se fosse uma máquina biológica.
Reconhecia que o processo de individuação [ maturação integral ] dos humanos
pode transcender os estreitos limites do ego e do inconsciente pessoal e ligar-se ao
Self, que é proporcional à humanidade toda e ao cosmos inteiro. Jung pode ser,
então, considerado o primeiro representante da orientação transpessoal em
Psicologia” (Grof, 1988, p. 139).

É interessante observar que foi Jung o primeiro a usar a palavra


Transpessoal (Hall & Lindzey, 1984), e seus conceitos de sincronicidade e arquétipo
têm não só chamado a atenção de físicos teóricos, como Einstein, Pauli, Bohm e
outros, como a de psicólogos como Carl e Natalie Rogers, John K. Wood, Stanislav
Grof e Pierre Weil (Boainain Júnior, 1996; Grof, 1988; Weill, 1978). Foi o próprio
Einstein quem encorajou Jung a se aprofundar no conceito de sincronicidade, e
Wolfgang Pauli publicou um artigo conjunto com Jung sobre sincronicidade e sobre
os arquétipos na obra do físico Johannes Kepler (Grof, 1988, p. 146).
Segundo Walsh e Vaughan, “nos níveis mais fundamentais e sensíveis da
ciência moderna, o quadro emergente da realidade lembra o quadro mais
fundamental que as disciplinas da consciência revelam” (Walsh &Vaughan, 1991, p.
26). Isto posto, já não nos parece mais concebível que a Psicologia Transpessoal
ainda seja vista com desconfiança por parte de muitos psicólogos brasileiros. Suas
sólidas bases teóricas e conceituais, amparada num leque transdisciplinar
riquíssimo, a tem posto na vanguarda da pesquisa da consciência. Nos Estados
Unidos e Europa já existem instituições oficiais de pesquisa na área, com cursos a
nível de Mestrado e Doutorado. A Associação Americana de Psicologia Transpessoal
tem em suas fileiras nomes mundialmente reconhecidos, como Daniel Goleman e
Ken Wilber. No Brasil, nomes como Pierre Weil, Roberto Crema, Márcia Tabone e
Eliana Bertolucci se inscrevem definitivamente na história do movimento
transpessoal nacional, bem como a Associação Transpessoal da América do Sul –
ATAS – e a Associação Luso-Brasileira de Transpessoal.
Vários dos fenômenos transpessoais são largamente descritos na literatura
junguiana e humanista, este última, principalmente, nos últimos 25 anos, devido ao
trabalho com Grandes Grupos (Rogers, 1983; Boianain Júnior, 1996), e na literatura
psiquiátrica não faltam relatos que apontam para os níveis de transcendência da
consciência a partir de certos dados clínicos com o uso de medicamentos (Grof,
1988), e o acompanhamento com pacientes graves ou em estado terminal revelam
dimensões de percepção transcendente que escapam ao enquadramento nas teorias
da personalidade vigentes. O estudo e pesquisas clínicas, na área médica, com
biofeedeback e com a hipnose revelam sólidos argumentos para algumas das
proposições básicas da Psicologia Transpessoal (Fadiman & Frager, 1986; Grof,
1988), e os estudos de antropologia cultural e da religião demonstram que os
chamados fenômenos místicos, ou de êxtase, são encontrados em todos os povos
em todos os períodos da história, com semelhanças desconcertantes em termos de
conteúdo e relato (Jung, 1986; Grof, 1988; Gaarder, 1995).
Neste ponto é conveniente lembrar que “a atitude da psiquiatria e da
psicologia tradicionais sobre religião e misticismo é determinada pela orientação
mecanicista e materialista da ciência ocidental. Num universo em que a matéria [ tal
como é concebida na visão clássica de mundo ] tem primazia, e a vida e consciência
são seus produtos acidentais, não pode haver um reconhecimento genuíno da
dimensão espiritual da existência” (Grof, 1988, p. 242). É ainda Grof quem nos
explica que sendo a Psiquiatria clássica e a Psicologia acadêmica tradicional
governadas por uma visão mecanicista de mundo, são incapazes de fazer, por
questão de referenciais teóricos básicos, qualquer distinção significativa entre
crendices e superficialidades supersticiosas das grandes correntes filosóficas das
maiores tradições religiosas da humanidade (Grof, 1988). Dessa maneira, estas
disciplinas, em suas ramificações mais tradicionais, inclinam-se a descartar
qualquer forma de espiritualidade como elementos não científicos, mesmo que
sejam extremamente refinados e tenham uma importância fundamental na vida de
bilhões de seres humanos. No contexto da Psiquiatria tradicional, e da Psicanálise
ortodoxa, “a espiritualidade é equiparada a superstições primitivas, falta de cultura
ou psicopatologia clínica” (Grof, 1988, p. 242). O entendimento psicanalítico e
psiquiátrico – que se baseia na psicanálise - sobre tais questões é muito conhecido:

“(...) as origens da religião provêm de conflitos irresolutos da infância e da meninice:


o conceito de deidade reflete a imagem infantil das figuras parentais; a atitude de
seus seguidores é sinal de imaturidade e dependência infantil; as atividades rituais
indicam uma luta com impulsos psicossexuais ameaçadores, comparável à de um
neurótico compulsivo.
“Algumas experiências espirituais diretas são encaradas como grosseiras
distorções psicóticas da realidade e indicativas de sério processo patológico ou
doença mental. Entre elas encontram-se sensações de unidade cósmica (...), visões
de luzes de beleza sobrenatural, memórias de encarnações passadas ou encontros
com personagens arquetípicos. Até a publicação da pesquisa de Maslow [ sobre as
experiências de transcendência de pessoas consideradas as mais saudáveis ], a
psicologia acadêmica não reconhecia nenhuma outra maneira de interpretar tais
fenômenos. As teorias de Jung e Assagioli, apontando na mesma direção,
distanciavam-se muito da corrente principal da psicologia acadêmica para que
pudessem causar um impacto sério”
“(...) Os grandes xamãs de várias tradições aborígines foram descritos como
esquizofrênicos ou epilépticos e alguns dos mais importantes santos, profetas e
mestres religiosos receberam diversos rótulos psiquiátricos. (...). Esses critérios
psiquiátricos são aplicados sem distinção, rotineiramente, mesmo a grandes
mestres das religiões como Buda e Jesus (...)” (Grof, 1988, pp. 242-243).

Naturalmente, embora o estudo da consciência, em geral, em todas as suas


manifestações, interesse à Psicologia Transpessoal, seu foco de interesse principal
reside nestes “estranhos” estados espirituais de percepção e consciência,
entendidas como potencialmente saudáveis pela abordagem transpessoal. Aliás,
William James, ainda no século passado, já dizia isso. Autores como Lawrence
LeShan, Fritjof Capra, Pierre Weil, Hernani Guimarães Andrade e muitos outros
endossam esta perspectiva. O estranho relacionamento de espaço, tempo e
consciência parecem ter atingido quadros conceituais análogos nas descrições de
físicos modernos e místicos (Capra, 1985; Fadiman & Frager, 1986). As mais
recentes pesquisas sobre a consciência “sugerem que a natureza e a gênese da
consciência podem ser mais realisticamente descritas por místicos e físicos
modernos do que pela mais estável concepção utilizada dentro da psicologia
contemporânea” (Fadiman & Frager, 1986, p. 168).
A. Weil sugere fortes evidências “de que os assim chamados ‘estados
alterados’ são não só naturais como também necessários para o bem-estar e a
saúde continuada da pessoa. Ele acredita que a menos que tenhamos oportunidade
de mudar nosso estado de consciência, podem desenvolver-se sintomas emocionais
graves. Ele vê o impulso para alterar a percepção consciente – tal como expressa no
uso de exagerado de drogas, bebedeiras públicas, práticas religiosas, o ligar-se a
alguma coisa dos adolescentes e a dança em êxtase – como reflexo de um impulso
fisiológico inato que se origina da estrutura do cérebro. Da mesma forma que
sabemos que há um impulso para a experiência sexual, pode haver um impulso
equivalente para a mudança de níveis de percepção” (Fadiman & Frager, 1986, p.
169). Maslow fala o mesmo, com respeito às metamotivações.
De um modo geral, a gama de possibilidades de manifestação da
consciência humana pode ser entendida como em um espectro de padrões mais ou
menos definidos, cujas características marcantes parecem ter sido
convenientemente estudas, cada um em sua especificidade, pelas várias escolas
(aparentemente antagônicas) da personalidade, quer ocidentais, quer orientais.
Um dos sistemas didáticos, em psicologia, que procura integrar os
diferentes insights das várias escolas psicoterapêuticas do ocidente entre si, e estas
com as várias abordagens orientais, é a Psicologia do Espectro, proposta por Ken
Wilber (Wilber, 1990), como um modelo da compreensão transpessoal das
diferenças entre psicoterapias. Nele, cada uma das diferentes escolas é vista como
uma faixa que se dedica a um aspecto específico do total a que se pode apresentar a
consciência humana. Cada uma dessas escolas aponta para um estado de
consciência que se caracteriza por possuir um diferente senso de identidade, indo
da pequena identidade restrita ao ego até à suprema identidade com todo o
universo, que é o nível extremo da consciência transpessoal. Este espectro pode ser
entendido, a grosso modo, a partir de quatro níveis: o do ego, o biossocial, o
existencial e o transpessoal.
No nível do ego, a pessoa não se identifica, a rigor, com o seu organismo,
mas com uma representação mental, ou com um conceito restrito do mesmo, como
uma auto-imagem construída. É, pois, um problema de identificação com um modelo
que a pessoa aceita, num investimento intelectual e emocional, como sendo seu
"eu". Existe - para ela – um "eu" egóico que é diferente e independente de tudo e de
todos. A pessoa não se interessa muito em cultivar relações interpessoais sem que
haja alguma vantagem específica para o ego, e muito menos se preocupa ou leva em
consideração aspectos ecológicos ou sociais.
O nível biossocial já envolve a consciência e a preocupação com o nível e
com os aspectos do ambiente social da pessoa. A influência preponderante é a de
padrões culturais e sociais. A pessoa sente como fazendo parte - e tendo alguma
responsabilidade - pelo seu meio-ambiente social e natural. É nesta área que os
alguns dos estágios de desenvolvimento moral, tal como estudado por Kohlberg,
atinge seu maior patamar em alguns indivíduos.
O nível existencial é o nível do organismo total, caracterizado por um senso
de identidade corpo/mente auto-organizador. É o nível dos ideais humanistas e do
despertar ecológico, e do pensamento mais sofisticado, em termos de filosofia de
vida. Emoção e razão estão mais ou menos associadas para o crescimento e o
desenvolvimento das potencialidades do homem, desde que os meios sejam
razoavelmente propícios. Quando não, ainda assim a pessoa luta para se auto-
atualizar e a ajudar seus semelhantes. Um alto grau de desenvolvimento de
consciência moral altruística é normalmente associado a alguns indivíduos mais
destacados associados a este estágio.
O nível transpessoal é o nível da expansão da consciência para além das
fronteiras do ego, correspondendo a um senso de indentidade mais amplo. Ele pode
envolver percepções do meio ambiente, onde tudo está - de uma forma sutil, mas
muito presente - ligado - de forma não necessariamente linear - a tudo. É o nível do
inconsciente coletivo e dos fenômenos que lhe estão associados, tal como descritos
por Jung e seguidores. É uma forma extremamente sofisticada e não ordinária de
consciência em que a pessoa não aceita mais a crença numa separação rígida entre
ela e todo o universo, a não ser como um modelo e uma forma de atuar, de forma
prática, sobre o meio em que vive com outras pessoas. Essa forma de consciência
transcende, e muito, o raciocínio lógico convencional, e aproxima-se das assim
chamadas experiências místicas. É este um pico de percepção em que, num sentido
ecológico, nos fala Arne Ness:

“O cuidado flui naturalmente se o ‘eu’ é ampliado ou aprofundado de modo que a


proteção da Natureza livre seja sentida e concebida como proteção de nós mesmos
... Assim como não precisamos de nenhuma moralidade vinda de um nível
intelectual para nos fazermos respirar, do mesmo modo se o seu ‘Eu’, no sentido
mais amplo desta palavra, abraça um outro ser, você não precisa de advertências
morais ou linearmente intelectuais para demonstrar cuidado e afeição... você o faz
por si mesmo, sem sentir nenhuma pressão moral para fazê-lo... Se a realidade é
experimentada pelo Eu ecológico, nosso comportamento, de maneira natural e bela,
segue espontaneamente as normas da ética ambientalista" (Capra, 1997, p.29).

É este estado de consciência holística que é objeto mais íntimo e


aprofundado de estudo da Psicologia Transpessoal. E não é sem sentido que alguns
pensadores, particularmente o filósofo Warwick Fox, tenha cunhado o termo
“Ecologia Transpessoal” para expressar uma conexão profunda entre a psicologia e
a consciência ecológica (Capra, 1997).
Como dissemos anteriormente, a psicoterapia transpessoal propriamente
dita, baseada na concepção de homem holístico próprio da Psicologia Transpessoal,
visa – como na Psicologia Humanista – facilitar o crescimento humano, em todas as
suas potencialidades, e, indo mais além, ajudar a expandir a consciência para além
dos limites estabelecidos na maioria dos modelos ocidentais mais tradicionais de
saúde mental (Walsh & Vaughan, 1991), desde que o cliente esteja caminhando para
estas áreas transcendentes de percepção da realidade. Como a Psicologia
Transpessoal surgiu do desenvolvimento da Psicologia Humanista e,
posteriormente, atraiu a atenção de psicólogos e psiquiatras de linha junguiana,
muitas das técnicas próprias de ambas as abordagens são largamente utilizadas na
psicoterapia transpessoal. Além disso, como o estudo Transpessoal inclui várias
correntes filosóficas orientais, o terapeuta transpessoal habilitado pode, igualmente,
usar exercícios próprios de tradições orientais, como a Yoga, a meditação e outros,
que têm sua contrapartida ocidental em teorias neo-reichianas ou outras de
orientação psico-corporal.
Como o objetivo básico é ajudar o cliente a obter níveis ótimos de saúde e
bem-estar mental, atingindo-se mesmo certos patamares perceptuais que excedem o
que costuma ser aceito como normal, pode-se definir algumas metas básicas a
serem trabalhadas no ambiente clínico. A primeira, e a mais fundamental, “é
desenvolver a capacidade de assumir a responsabilidade por si mesmo no mundo e
nos relacionamentos pessoais” (Walsh & Vaughan, 1991, p. 204). Isso pode se
construir à medida que a pessoa entende que é capaz de experienciar toda uma
gama de emoções de modo maduro ao mesmo tempo que começa a estar menos
apegada com rotulações sociais ou comportamentos que se restringem à
determinadas situações, sem identificar-se com estas ou acreditar que elas são
medidas valorativas do “Eu”, ou self, que é muito mais profundo que a pequena
janela do ego. Uma outra meta “é a de possibilitar a cada pessoa o atendimento
adequado de necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais, segundo as
preferências e predisposições individuais. Assim, não se pode esperar que um
mesmo caminho seja apropriado a todas as pessoas. Na psicoterapia transpessoal,
os impulsos direcionados ao crescimento espiritual são considerados básicos para
a humanização completa da pessoa. Supõe-se que, além das necessidades básicas
de sobrevivência – de alimentação, abrigo e relacionamento -, devem ser atendidas
necessidades de ordem superior, ligadas à auto-realização, para um pleno
funcionamento em níveis ótimos de saúde (Walsh & Vaughan, 1991, p. 204).
Estas metas são, em grande parte, similares aos objetivos
psicoterapêuticos das abordagens humanistas (principalmente a rogeriana) e
junguianas. Em todas, o terapeuta não cura uma enfermidade, mas ajuda o cliente a
se capacitar para descobrir em si mesmo os recursos interiores que permitam ao
organismo entrar, da forma mais livre possível, no fluxo natural de auto-cura e
crescimento. “O reconhecimento [ pelo cliente ] da natureza subjetiva das suas
crenças [ e identificações mentais ] e o submetê-las a um exame mais acurado
podem permitir ao cliente a saída de limitações e constrições da percepção auto-
impostas. À medida que as identificações parciais com visões limitadas são
descartadas ou transcendidas, o processo de cura de divisões psicológicas
imaginárias, de reintegração de partes rejeitadas da psique, de resoluções de
conflitos interiores pode ser acelerado” (Walsh & Vaughan, 1991, p. 205). O conteúdo
da terapia transpessoal, e o seu processo, é determinado pelo cliente e pelo material
que ele traz, consistindo em todos os tipo de problemas, experiências e
preocupações. O terapeuta não insiste na ocorrência dos níveis transpessoais, mas
trabalha com o cliente dentro do enquadramento em que ele está em cada momento
da terapia. Embora reconhecendo o valor terapêutico da experiência transpessoal,
chegar a ela não é o alvo básico da terapia transpessoal em si. Elas podem ocorrer,
e freqüentemente ocorrem até mesmo em outras abordagens, e ai está a vantagem
do processo transpessoal, pois o terapeuta estará preparado para apoiar o cliente
nestas dimensões estranhas e maravilhosas, cuja principal conseqüência é facilitar
na desidentificação de papéis superficiais e de uma auto-imagem distorcida.
É interessante observar que o contexto terapêutico transpessoal pode ser
catalisado através do trabalho com Grandes Grupos. E foi exatamente ai que a
temática transpessoal passou a ser percebida em abordagens várias, porém
principalmente na Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers (Boainain Júnior,
1996, p. 105). Vejamos o que nos diz Rogers a este respeito:

“Tenho a certeza que este tipo de fenômeno transcendente [ sincronicidade,


telepatia, sentimentos de empatia extrema, apreensão da presença e ação de
instâncias transpessoais específicas ] às vezes é vivido em alguns grupos com que
tenho trabalhado, provocando mudanças na vida de alguns participantes. Um deles
colocou de forma eloqüente: ‘Acho que vivi uma experiência espiritual profunda,
senti que havia uma comunhão espiritual no grupo. Respiramos juntos, sentimos
juntos, e até falamos uns pelos outros. Senti o poder da força vital que anima cada
um de nós, não importa o que isso seja. Senti sua presença sem as barreiras usuais
do eu e do você – foi como uma experiência de meditação, quando me sinto como
um centro de consciência, como parte de uma consciência mais ampla, universal’ ”
(Rogers, 1983, pp. 47-48).
“O outro aspecto importante do processo de formação de comunidades [ Grande
Grupos ] com que tenho tido contato é a sua transcendência e espiritualidade. Há
alguns anos eu jamais empregaria estas palavras. Mas a extrema sabedoria do
grupo, a presença de uma comunicação quase telepática, a sensação de que existe
um ‘algo mais’, parecem exigir tais termos” (Rogers, 1983, p. 62).
“Tenho certeza de que nossas experiências terapêuticas e grupais lidam com o
transcendente, o indescritível, o espiritual. Sou levado a crer que eu, como muitos
outros, tenho subestimado a importância da dimensão espiritual ou mística”
(Rogers, 1983, p.53).

Portanto, nos parece que, pelo menos em parte, já ocorre, através da ACP e
da Psicologia Analítica Junguiana, no Brasil, um conjunto de psicoterapias de
aspecto transpessoal. O que parece agora ser necessário é o reconhecimento que
muitos dos eventos transcendentes que ocorrem nestas abordagens podem agora
ser devidamente enquadrado num campo coerente e mais desenvolvido para a
pesquisa e o estudo destes fenômenos em si. Este campo, ou abordagem, é a
Psicologia Transpessoal.
Resumo:

Psicologia Transpessoal. – Abordagem que tem como principal objetivo ampliar o


campo de pesquisa em psicologia para incluir certas áreas da experiência perceptual
e do comportamento humano, que estão associadas a um grau máximo de saúde e
de bem-estar subjetivos, com repercussões a níveis individuais e psicossociais.

Psicoterapia Transpessoal. - Trabalho terapêutico que objetiva facilitar o


crescimento humano e a expandir – desde que atingido e sedimentado um estado
psicológico favorável - os limites de compreensão da realidade para além dos limites
aceitos pelos principais modelos teóricos ocidentais sobre saúde mental.

Origens. – Considerável gama de fenômenos clínicos envolvendo temas como


expansão da percepção da consciência para além dos limites do ego passam a ser
estudados a partir da década de 60. Fenômenos antes negligenciados como
patológicos, passam a ser encarados como válidos. Desenvolvimento da Psicologia
Humanista. Maslow, Sutich e Fadiman organizam a publicação do Journal of
Transpersonal Psychology. Resgate das teorias de Carl Gustav Jung e Roberto
Assagioli. Abertura aos sistemas psicológicos não-ocidentais, como Budismo e
Taoísmo. Contribuições da Física Teórica sobre a percepção e da Antropologia ao
estudo das várias manifestações culturais místicas.

O Estudo da Consciência Humana.- William James, Carl Jung, Carl Pribram, Stanilav
Grof são alguns dos nomes mais conhecidos.

O Behaviorismo e a Psicanálise podem ser colocados em um mesmo nível em


relação à visão de homem, já que seus enfoques concordam basicamente em que o
ser humano é um reagente a estímulos ou a forças, quer de ordem externa
(Behaviorismo), quer de ordem interna (Psicanálise), cujo controle é pouco ou nada
exercido pela volição consciente. O Humanismo considera o homem como um ator
criativo. O paradigma Transpessoal considera todas estas dimensões válidas dentro
da gama de ação e complexidade do ser humano, mas também considera que
existem, potencialmente, outros estados de consciência, alguns supra-conscientes,
cuja promoção da saúde e do crescimento superariam a dos estados de vigília,
sono, delírio e outros, e dos estados derivados da análise das faixas infra-
conscientes descobertas por Freud.

Aspectos complementares do desenvolvimento humano.- Tendência à autonomia


individual e tendência à integração sistêmica, psicossocial. Complementaridade
entre o individual e o social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Boainain Júnior, E. (1996). Transcentrando: Tornar-se Transpessoal. Tese de


Mestrado. São Paulo, USP.

Capra, F. (1986). O Ponto de Mutação. São Paulo, Editora Cultrix.


_______ (1997). A Teia da Vida. São Paulo, Editora Cultrix.

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Fadiman, J. & Frager, R. (1986). Teorias da Personalidade. São Paulo, Harbra.

Gaarder, J. (1995). O Mundo de Sofia. São Paulo, Companhia das Letras.

Grof, S. (1988). Além do Cérebro. São Paulo, McGraw-Hill.

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Hall, C.S. & Lindzey, G. (1984). Teorias da Personalidade. São Paulo, EPU.

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Rogers, C. R. (1983). Um Jeito de Ser. São Paulo, EPU.

Walsh, R. N. & Vaughan, F. (Orgs.). (1991). Além do Ego: Dimensões Transpessoais


em Psicologia. São Paulo, Editora Cultrix.

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Petrópolis, Vozes.

1 Psicólogo clínico.

In: http://yesod.sites.uol.com.br/cadernos/edicao1/psico.htm, em 16/08/2011.

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