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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4

2 HISTÓRIA DA PSICILOGIA SOCIAL ...................................................................... 5

3 PSICOLOGIA SOCIAL ............................................................................................ 7

4 PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL ........................................................................ 9

5 INFLUÊNCIAS SOCIAIS E COMPORTAMENTOS ............................................... 11

5.1 Atitudes e disposições pessoais também moldam nosso comportamento .......... 15

6 O COMPORTAMENTO SOCIAL É BIOLOGICAMENTE ENRAIZADO ................ 16

6.1 Princípios da psicologia social são aplicáveis à vida cotidiana ........................... 17

7 PSICOLOGIA E VALORES HUMANOS ................................................................ 19

8 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA ...................................................... 21

9 COMUNIDADE ....................................................................................................... 24

10 PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA .............................................................. 26

11 IMPLICAÇÕES E ATRAVESSAMENTOS DA CRISE NA PSICOLOGIA


SOCIAL.... ................................................................................................................. 28

12 O PAPEL DO PSICÓLOGO................................................................................. 30

12.1 Psicólogo Clínico ............................................................................................... 32

12.2 Psicólogo do Trabalho ....................................................................................... 32

12.3 Psicólogo do Trânsito ........................................................................................ 32

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12.4 Psicólogo Educacional ...................................................................................... 32

12.5 Psicólogo Jurídico ............................................................................................. 33

12.6 Psicólogo Social ................................................................................................ 33

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 34

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.

Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa


disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.

A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser


seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 HISTÓRIA DA PSICILOGIA SOCIAL

Fonte: https://bit.ly/366dZjA

Segundo Lane os primórdios da psicologia social remontam ao século XIX, com


o filósofo francês Augusto Conte tido como o pai dessa ciência. Para Conte, a
psicologia social seria um “subproduto” não só da sociologia, mas também da ética
(moral), responsável por articular como o indivíduo pode ser causa e efeito da
sociedade. Porém, por volta de 1920 após a Primeira Guerra Mundial, foi que a
indústria se desenvolveu como um estudo sistemático e científico. Em um mundo
abalado por conflitos e grandes crises, os estudiosos encontraram uma base para
novas pesquisas, para encontrar maneiras de preservar os valores da liberdade e dos
direitos humanos em uma sociedade lenta e corporativa.

Os cientistas têm buscado compreender diversos fenômenos sociais como:


preconceito, liderança, propaganda, conflitos de valores e como os indivíduos se
comportam diante desses fenômenos. Nos Estados Unidos, este estudo busca
melhorar a vida dos homens em um contexto social, utilizando dados e conceitos de
anos de pesquisa no campo da psicologia. A sociedade era então seu principal objeto
de estudo, suas motivações, suas atitudes diante de determinadas situações, seus

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comportamentos, enfim, tudo o que expressava a dicotomia existente entre existência
e sociedade. Sabendo que, um não existe sem o outro e são fenômenos diferentes.

Durante algumas décadas, houve um otimismo sobre os resultados da


Pesquisa Psicossocial, mas diante dos resultados conflitantes da pesquisa e do
agravamento da crise global, a ciência entrou em declínio e passou por um período
chamado " crise da psicologia social". (LANE, 1981) Essa crise foi causada
principalmente, por pesquisas que careciam de conhecimento prático, e os resultados
que foram apresentados eram conflitantes e não apresentaram soluções concretas
para os problemas enfrentados pelos países. Psicólogos norte-americanos foram
criticados pela natureza ideológica de seu trabalho, que vinha sendo replicado em
países latino-americanos sem levar em conta as peculiaridades desses países. O
conhecimento dos Estados Unidos foi replicado em outros lugares, usando técnicas e
conceitos não inteiramente aplicáveis aos lugares mencionados.

Pesquisadores latinos organizaram uma reunião para com intuito de expor


quais eram as principais dificuldades encontradas na investigação (de cada país) e,
quais eram as possíveis soluções para solucionar os problemas que foram
apresentados. Desse modo, cientistas de diversos países inclusive o Brasil,
encontraram semelhanças em suas visões, que embora semelhantes, tinham a
mesma opinião porque todos possuíam as mesmas condições de trabalho. Desde a
reunião, os participantes decidiram dar um novo rumo às pesquisas, onde cada um
iria focar nas necessidades do seu país e não mais depender do indivíduo. Ou seja,
desde então as buscas focariam de fato, nas reais necessidades de cada país,
independentemente da dinâmica geopolítica ou econômica, sem influência de
contextos específicos de outros países.

No entendimento de Jacques sobre os resultados desta crise é que:

[...] originam-se múltiplos efeitos, sendo possível detectar, no contexto da


psicologia social atual, pluralizações diversas que apontam para um quadro
de fragmentação antes do que para a unidade. Novos espaços se constituem
pelas conjunções e disjunções realizadas. Implicações antigas são

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questionadas e descentramentos são propostos. Tornam-se vigorosos os
discursos da interdisciplinaridade e das conjunções, bem como o da ecologia
social e cognitiva que lhe é consequente, revelando um contexto propício à
análise cujos componentes se amalgamam, não se comportando como
configurações isoladas. Redes de saberes se propõem a interconexões,
possibilitando uma infindável trama de possibilidades de conhecer.
(JACQUES, p. 39, 2013)

3 PSICOLOGIA SOCIAL

Fonte: https://bit.ly/3J3uvzm

A psicologia social estuda os efeitos de nossas situações, ou seja, é uma


ciência com atenção especial à forma como influenciamos e percebemos uns aos
outros. Mais especificamente, é o estudo científico de como as pessoas pensam,
influenciam e se relacionam umas com as outras. A psicologia social está na fronteira
da psicologia e da sociologia. Comparada à sociologia, que é o estudo das pessoas
em grupos e sociedades, ela se concentra mais nos indivíduos. Relacionada à
psicologia da personalidade, a psicologia social se concentra menos nas diferenças
entre os indivíduos e mais em como eles percebem e influenciam uns aos outros.

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A psicologia social ainda é uma ciência jovem. Nesta área, os primeiros relatos
foram há mais de um século, mais ou menos por volta de 1898, e os primeiros textos
psicologia social apareceram por volta de 1900. Foi após a década de 1930 que a
psicologia social assumiu sua forma atual, e somente após a Segunda Guerra Mundial
que começou a emergir como a grande propriedade que é hoje. O estudo da psicologia
social é: a forma que pensamos, que influenciamos e nos relacionamos, se
questionando e fazendo perguntas que intrigam as pessoas.

Nós, humanos, sempre tivemos a necessidade de explicar o comportamento,


atribuí-lo a uma causa e, assim, fazê-lo parecer organizado, previsível e controlável.
É possível reagir de maneiras diferentes a situações semelhantes porquê de fato,
pensamos de maneira diferente. Como reagimos ao insulto de um amigo depende se
o vemos como hostilidade ou como um dia ruim.

Somos todos cientistas visuais (intuitivos). O comportamento das pessoas pode


ser interpretado com rapidez e precisão suficientes para atender às nossas
necessidades diárias. Quando o comportamento de alguém é consistente e diferente,
atribuímos esse comportamento à sua personalidade. Por exemplo, se você observar
que alguém costuma fazer comentários depreciativos, você pode inferir que essa
pessoa tem tendências maliciosas e você pode evitá-lo.

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Na literatura psicológica, a intuição é frequentemente explicada como uma ou
duas formas de pensar, juntamente com o raciocínio analítico, sendo que, o
pensamento “intuitivo” é descrito como: rápido, automático e subconsciente. No
entanto, o pensamento analítico é lógico, lento, deliberado e consciente. Os
pensamentos, as atitudes, as memórias, operam em dois níveis: consciente e
deliberado. Tendo também o inconsciente e automático, que é chamado pelos
pesquisadores de processamento dual.

4 PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL

Fonte: https://bit.ly/3CFtkUk

A psicologia no Brasil foi influenciada pelos norte-americanos. Nossos


professores e cientistas foram para a América justamente para aprimorarem seus
conhecimentos e para estudos. Mas, também vinham desses centros professores dos
Estados Unidos para lecionarem em nossas universidades.

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Em 1980 foi fundada a Associação Brasileira de Psicologia Social – ABRAPSO,
com a finalidade de intercâmbio entre cientistas de diferentes regiões para debater
sobre os problemas comuns. Vale ressaltar que a formação da ABRAPSO foi
importante na consolidação desse campo de estudos no Brasil.

Há grandes nomes nacionais representantes da psicologia social que


influenciam as novas gerações de psicólogos e contribuem para importantes
pesquisas sobre a sociedade brasileira e os problemas que ela enfrenta. Três nomes
que têm grande influência no campo são os percussionistas Aroldo Rodrigues, Eliezer
Schneider e Sílvia Lane, que contribuíram muito para a formação da psicologia social
como ciência em nosso país.

Crítico da forma que os estudos eram geridos nos EUA, Schneider tinha uma
visão voltada para as problemáticas humanas, como foco principal nos problemas que
os brasileiros enfrentavam e, totalmente disposto a aceitar e entender visões de outros
cientistas, que não tinham como principal objeto o indivíduo, mas sim as influências
socioculturais como um todo.

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Porém, a partir de divergências entre novos métodos, eclodiu uma cisão e Silvia
Lane fundou a Associação Brasileira de Psicologia, cuja visão era conflitante com as
propostas de Aroldo Rodrigues.

Não só por esse motivo, Silvia é respeitada e vista como uma grande referência.
Ela era marxista e repreendeu fortemente o sistema socioeconômico capitalista pelo
fato de moldar a identidade, o que acabou contribuindo para muitas injustiças em

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nossa sociedade. Em seu livro "O que é psicologia social", ela apresentou diversas
dessas críticas, e hoje é referência em diversos cursos de psicologia no Brasil.

Pode-se dizer que a psicologia social estuda a adaptação social, sobrevindo de


um suposto modelo de “cidadão ideal” para uma psicologia crítica que defende
fortemente os movimentos sociais, para garantir o direito a todos. As ações ocorrem
de acordo com as necessidades de cada local, e de acordo com os interesses
psicólogos e organizações.

5 INFLUÊNCIAS SOCIAIS E COMPORTAMENTOS

Fonte: https://bit.ly/3CBI7iM

Como Aristóteles observou e tinha como pensamento, os seres humanos são


animais sociais. Isso porque aprendemos com os outros o que pensamos e falamos.
Aspiramos a estar conectados, pertencer e ser valorizados.

Influência diz respeito a capacidade de despertar comportamentos, desejos e


principalmente ações de consumo em outras pessoas. Esse fator social é uma base
de estratégia de Marketing que usa pessoas influentes para “representar” marcas,

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dando às empresas engajamento e gerando mais vendas. Já a influência social é um
processo de mudanças de comportamentos; atitudes, crenças, ou sentimentos da
forma que é interpretado e percebido o comportamento de outras pessoas.

Outras situações podem gerar compaixão e generosidade. Por exemplo, após


a tragédia de 11 de setembro, a cidade de Nova York recebeu uma grande quantidade
de alimentos, roupas e ajuda de voluntários.

A influência social é denominada também como prova social. Trata-se de um


fenômeno psicológico em que um indivíduo repete o comportamento de outra, usando-
o como referência para determinar como agir. E quanto mais você vê um
comportamento sendo repetido ou quanto mais você confia no modelo, mais provável
é que você copie esse comportamento.

A psicologia entende que ser influenciável, é o indivíduo que possui certo grau
de obediência perante regras que são instituídas por outro indivíduo, seja por religião,
por política ou até mesmo a sociedade.

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Estudos afirmam que há três fatores que afetam as pessoas influenciáveis e
que as mantêm nessa dependência:

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Muito se discute se as pessoas influenciáveis possuem problemas de
segurança, ou melhor, se há insegurança e medo no momento de manter suas
opiniões, de não agradar ou de não ser aceito pelas pessoas a sua volta.

5.1 Atitudes e disposições pessoais também moldam nosso comportamento

A força interior também é importante. Não somos folhas espalhadas,


simplesmente varridas aqui e ali pelo vento social. Nossa atitude interna influencia em
nossos comportamentos. Nossa opinião política influencia nosso comportamento nas
urnas. Nossa atitude em relação aos pobres afeta nossa disposição de ajudá-los.
Como veremos, nossas atitudes também estão enraizadas em nosso comportamento,
fazendo-nos acreditar firmemente nas coisas das quais participamos ou sofremos.

As mudanças de personalidade afetam também o comportamento. Diante da


mesma situação, pessoas diferentes podem reagir de formas diferentes. Após anos
de detenção política, exala amargura e busca vingança. Outro, como o sul-africano
Nelson Mandela, buscou reconciliação e integração com seus antigos inimigos.
Atitudes e personalidades influenciam o comportamento.

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6 O COMPORTAMENTO SOCIAL É BIOLOGICAMENTE ENRAIZADO

Fonte: https://bit.ly/3Igx6Fb

A psicologia social do século XXI nos dá uma compreensão cada vez maior dos
fundamentos biológicos de nossos comportamentos. Muitos de nossos
comportamentos sociais refletem uma profunda inteligência biológica.

Nos estudos iniciais de psicologia aprende-se que:

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Como os psicólogos evolucionistas nos lembram, nossa natureza humana
tende a se comportar de maneiras que ajudaram nossos ancestrais a sobreviver e se
reproduzir. Pegamos os genes de pessoas que têm características que permitem que
elas e seus filhos sobrevivam e se reproduzam. Assim, os psicólogos evolucionistas
se perguntam como a seleção natural pode predeterminar nossas ações e respostas
ao namoro e acasalamento, ódio e mágoa, carinho e compartilhamento. A natureza
também nos dotou de uma tremenda capacidade de aprender e se adaptar a
diferentes ambientes. Somos sensíveis e responsivos ao nosso contexto social.

Se todo evento psicológico, pensamentos, emoções, comportamentos; é


simultaneamente um evento biológico, então, podemos analisar a neurobiologia
subjacente ao comportamento social.

Os comportamentos sociais complexos não são reduzidos pelos


neurocientistas, tais como ferir e ajudar, a mecanismos moleculares simples ou
neurais. O principal é entender o comportamento social, tanto que, devemos
considerar as influências sob a pele “biológicas” como aquelas entre as peles
“sociais”. O corpo e a mente são um grande sistema. Já os hormônios do estresse
afetam por exemplo nos sentimos e como agimos. O ostracismo social abrange a
pressão arterial. O apoio social fortalece o sistema imune, responsável por combater
as doenças, somos organismos biopsicossociais.

6.1 Princípios da psicologia social são aplicáveis à vida cotidiana

Há de se destacar que a psicologia social tem a habilidade de iluminar sua vida,


de indicar influências sutis que orientam seus pensamentos e ações. Além disso,
como veremos, ele fornece muitas ideias sobre como entender melhor uns aos outros,
como fazer amigos e influenciar pessoas, como transformar punhos em braços
abertos.

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Como uma visão simplista da existência humana, a ciência psicológica não visa
resolver as questões fundamentais da vida: Qual deve ser o nosso objetivo? Qual é o
sentido da vida humana? Qual é o nosso destino final? No entanto, a psicologia social
nos fornece um método para perguntar e responder algumas perguntas muito
interessantes e importantes. A psicologia social é sobre a vida - sua vida: suas
crenças, suas atitudes, seus relacionamentos.

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7 PSICOLOGIA E VALORES HUMANOS

Fonte: https://bit.ly/3sZZQxo

A psicologia social não diz respeito à um conjunto de descobertas, e também


não é um conjunto de “estratégias” para responder perguntas. Na ciência, como no
tribunal, as opiniões pessoais são inaceitáveis. Quando as ideias são postas à prova,
a evidência determina o veredicto.

Os valores humanos são os princípios éticos e morais que orientam a vida de


uma pessoa. Fazem parte da formação da consciência e das formas de agir e se
relacionar em sociedade. Os valores humanos são padrões de comportamentos que
podem ditar decisões importantes e garantir que as pessoas vivam juntas de forma
pacífica, honesta e justa. Os valores são construídos socialmente e vão orientar as
decisões e garantir que determinados princípios governem as ações das pessoas e,
portanto, a vida.

Os valores variam não apenas ao longo do tempo, mas também entre as


culturas. Na Europa, as pessoas têm orgulho da sua nacionalidade. Os escoceses
estavam mais conscientes de suas diferenças com os britânicos e os austríacos do

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que os alemães dos residentes de Michigan de residentes igualmente adjacentes de
Ohio. Assim, a Europa nos deu uma importante teoria da "identidade social", enquanto
os psicólogos sociais norte-americanos se concentraram mais no indivíduo como se
pensa nos outros, influenciados por outros, influenciados por eles e seus contatos. Os
psicólogos sociais australianos desenharam teorias e métodos da Europa e da
América do Norte.

Por fim, os valores auto evidentes são considerados o objeto da análise


psicossocial. Os psicólogos sociais estudam como os valores são formados, por que
mudam e como afetam atitudes e ações. No entanto, nenhum desses valores nos diz
qual é o "correto". Deixando que os valores influenciem a psicologia sem que
percebamos, reconhecemos as formas mais sutis pelas quais os compromissos com
os valores se disfarçam de verdade objetiva.

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8 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA

Fonte: https://bit.ly/3CylgVD

O termo psicologia comunitária foi aberto na Conferência de Swampscott, em


1965 e, desde então, tem sido utilizado para definir um conjunto de práticas e saberes
voltados ao estudo e desenvolvimento da psicologia social da comunidade. Para

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alguns, deturpação, sem sentido; para outros, é adequado porque se refere a uma
especificidade cada vez mais definida. Referimo-nos Psicologia da Comunidade,
Psicologia na Comunidade, Psicologia Social Comunitária ou simplesmente
Psicologia Social e Intervenção Psicossocial, mas, o termo Psicologia Comunitária é
o mais adequado ao que ouvimos (que pretendemos) transformar e estudar.

É uma divisão da Psicologia Social que afirma que o indivíduo é uma realidade
sócio histórica, fortemente influenciada por um processo cultural, e que ele reside em
um modo de vida social, em uma estrutura social de classes e em um contexto social,
cultural, histórico geográfica, econômica, simbólica, e, portanto, ideológica. Que vive
imerso em uma complexa teia de interações sociais (além de grupos e indivíduos) de
uma sociedade de classes bem definidas.

"Porém o homem fala, pensa, aprende e ensina, transforma a natureza; o


homem é cultura, é história. (...) O seu organismo é uma infraestrutura que
permite o desenvolvimento de uma superestrutura que é social e, portanto,
histórica. Esta desconsideração da Psicologia em geral, do ser humano como
produto histórico-social, é que a torna, senão inócua, uma ciência que
reproduziu a ideologia dominante de uma sociedade..." (Lane, p. 12, 1987).

A partir daí, é preciso algum direcionamento, uns mais comprometidos e outros


menos comprometidos com as realidades da comunidade; alguns têm uma visão mais
sócio histórica do indivíduo e outros uma visão mais idealista do comportamento ou

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comportamentos dos indivíduos; alguns são mais solidários e outros mais técnicos ou
políticos; alguns são mais clínicos e outros mais sociais ou educacionais.

Tendo como referência básica experiências e pensamentos, além dos estudos


de Leontiev, Sílvia Lane, Vigótski, Luria e Paulo Freire, entende-se a psicologia
comunitária como um campo de vida do lugar (comunidade). Seu sistema de relações
e representações, a identidade, percepção e relação dos indivíduos com o lugar, sítios
e grupos comunitários, visam o desenvolvimento de uma identidade comunitária e,
uma consciência mais profunda do modo de vida do lugar, por meio de um esforço
interdisciplinar na organização e desenvolvimento de grupos e comunidades, mas
sempre com foco na construção do tema comunitário.

Sua questão central não é a relação entre saúde e doença, prevenção e cura,
mas a construção do indivíduo como sujeito que emerge das atividades comunitárias
e das condições sócio históricas, associação daquele lugar e quem é responsável por
ele. Assim, o campo de ação é o espaço comunitário, geográfico, social, econômico,
político, simbólico, significativo e fundamental da vida em sociedade, tanto rural
quanto urbana.

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O estudo da Psicologia Comunitária é voltado para as condições da vida
comunitária sejam elas externas ou internas à pessoa, que previnem o indivíduo de
ser sujeito e as condições que o fazem sujeito na comunidade. Ao mesmo tempo que,
no ato de compreender e conviver, trabalhar com ele a partir dessas condições, na
construção de sua identidade e de uma nova realidade socioambiental para o lugar.

Um Psicólogo Comunitário não é um profissional que apenas diagnostica e


intervém. O mesmo, analisa o modo de vida da comunidade e como ele se transforma
e se reflete na mente de seus habitantes, para que possa reaparecer em suas
atividades cotidianas concretas. Constitui também, abranger as necessidades da
comunidade e o compromisso do psicólogo comunitário.

9 COMUNIDADE

Desde meados do século passado, o conceito de "comunidade" tem sido


controverso, e ao longo deste século até os dias de hoje, a crescente complexidade
da vida social reforçou a dificuldade de chegar a um denominador comum. Há algumas
características utilizadas na tentativa de se encontrar uma conceituação,
especialmente aquelas que ao longo da nossa experiência temos utilizadas:

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A comunidade é entendida como expressão da sociedade ou da vida de um
povo ou nação que a reflete com sua própria dinâmica; é um local de residência,
estabilidade e permanência, desenvolvimento, orientação e proteção do indivíduo
perante a natureza e a sociedade.

O termo “comunidade” se expressa tanto como um estado, no sentido do que


é idêntico ou comum, quanto como um lugar, pressuposto como um sentido de
coletividade, de uma agência social. Assim, a comunidade é considerada como uma
identidade harmoniosa e homogênea, e como um todo, uma união de sujeitos com
interesses semelhantes: nação, povo, cultura. (ARENDT, 1997).

Para a psicologia social, comunidade designa um espaço criativo de identidade,


um espaço de relações e história, onde cada membro pode expressar a totalidade.
Comunidade, para a psicologia social e as ciências sociais, ocupa um campo de
paisagem cuja existência só é possível enquanto seus membros mantêm uma certa
unidade.

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Assim, a comunidade assume o caráter de uma invenção que conduz à clareza
teórica. Para a pesquisa comunitária, há o compromisso de identificar o objeto de
estudo com a paisagem em que se insere, levando em consideração a diversidade de
vida desses sujeitos e a flexibilidade de limites em que existem.

Como menciona Arendt (1997), os contemporâneos levaram à transitoriedade


da vida, com uma constante passagem entre a residência, acabando por existir de
forma limitada, muitas vezes apenas um dormitório e um local de trabalho, dando lugar
à invenção de novas formas de existir em o mesmo espaço. Afinal, no ambiente de
trabalho existem normas e regras que conflitam com a legitimidade de cada uma.

Podemos, assim, refletir sobre o conceito de comunidade nos tempos


modernos, onde a flexibilidade entre os limites da comunidade, cada vez mais elástica,
permite a criação de novos poderes. Por exemplo, se pensarmos em uma
comunidade, uma vez fechada, completamente imersa em sua própria atividade,
muitas vezes em detrimento de seus membros, seja pela violência, miséria, falta de
higiene, maus hábitos, entre outros, ela pode não permitir romper os ciclos de
destruição, regeneração e repetição, perpetuando uma atividade não lucrativa. Hoje,
com trânsito e fluxo cada vez mais frequentes, a informação pode chegar aos
membros das comunidades, que a utilizam como ferramenta para quebrar hábitos
disfuncionais ou disseminar métodos, e o direito pode beneficiar a todos.

A comunidade pode então ser permanente, habitação e trânsito. Ocupando um


espaço em que seus membros residem e transitam, com um fluxo perpétuo para
construir continuamente seu crescimento.

10 PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA

Foi a partir da crise na psicologia social que surgiu a Psicologia Social


Comunitária, em conflito com o posicionamento neutro, respaldado pelo método
empírico-analítico.

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A psicologia comunitária oferece a oportunidade de uma estrutura equilibrada
de relacionamentos, unindo os membros para a superação do individualismo, em
práticas autogovernadas (CAMPOS, 2001). E usa a diversidade intelectual de seus
membros e seu potencial produtivo para formar o desenvolvimento da autonomia
comunitária.

Enfatizando intervenções em grupo, a psicologia social comunitária destaca a


construção de relacionamentos entre indivíduos e entre grupos. Melhorando o
desenvolvimento politizado e crítico-ético à vida na comunidade. Esta é a grande área
mediadora da psicologia comunitária, estimulando-a na construção de capacidades
de mudança e consciência das suas potencialidades.

Freire nos aponta a importância da comunicação no desenvolvimento e


construção do conhecimento. O trabalho do psicólogo social comunitário se
desenvolve no decorrer do diálogo. Porque, como apontou Freire, sem comunicação
baseada no diálogo, a interação e a expressão são limitadas, dificultando o
aprendizado. O desenvolvimento do pensamento crítico tenta perceber a realidade em
que a comunidade vive e se insere. Como pensa Freire, o pensamento crítico organiza
os sujeitos para refletir, aprimorar seus olhares sobre as diferenças e a evolução do
aprendizado e da mudança. A psicologia social comunitária visa abrir a diversidade
de conhecimento e confiança em sua extensão, por meio de trocas trocadas no
diálogo. Todo sujeito tem dentro de si uma multiplicidade de poderes criativos que, se

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estimulados, irão promover habilidades, e é essa crença na comunidade psicossocial
que o torna único e promotor de mudanças.

11 IMPLICAÇÕES E ATRAVESSAMENTOS DA CRISE NA PSICOLOGIA SOCIAL

Fonte: https://bit.ly/3JVoSUe

Uma abordagem da psicologia social que utiliza o método empírico analítico é


a psicologia social experimental empírico-analítica, usada como ferramenta para
estudar fenômenos observáveis dos comportamentos da sociedade e do sujeito. E
que também restringe o desenvolvimento dos seus conhecimentos, criando conceitos
apenas por meio da observação de fatos que possam ser estimáveis e mensuráveis.

Esse rigor científico é estabelecido pela psicologia social experimental


empírico-analítica, fixado por métodos de pesquisa quantitativa, estruturados a partir
de um problema a ser estudado, bem como de hipóteses. A teoria que norteou as
observações, justamente esse ponto de instabilidade, finalmente despertou uma nova
abordagem em psicologia social, psicologia comunitária.

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Surgiu como uma crítica à abordagem norte-americana, onde o psicólogo social
se afastou do objeto de pesquisa e reforçada pelos movimentos de análise
institucional latino-americana, colocando o pesquisador no centro da pesquisa, como
pode ser observado na pesquisa-ação e na pesquisa participante também visa
resolver o problema da posição por excelência da psicologia, até então marginalizada
nos problemas da periferia e do campo das cidades, deixando para trás as favelas, a
pobreza, os trabalhadores, a violência, etc.

Contudo, a partir dessa nova visão da Psicologia Social e na ânsia de


posicionamento e atuação que esta abordagem convoca, fez da concepção reflexiva
uma “urgência prática” dessa psicologia que estava a nascer. Assim, implantando
como campo, para o psicólogo comunitário: o ativismo; a militância; a postura
politizada e engajada, no lugar que antes era ocupado pela neutralidade.

Com isso, na psicologia social a crise foi superada pela necessidade de criar
um domínio do problema, onde se tornou indispensável na presença de uma luta de
forças que configuravam a demanda da realidade. Dessa forma, a psicologia social,
na perspectiva da comunidade, busca construir um espaço de diálogo contínuo, com

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o objetivo de criar territórios que incluam discussões para desenvolver estratégias de
mudança.

Sob essa nova lente, elaborada pela autoanálise do conhecimento e do


funcionamento efetivo da psicologia social, torna-se necessária a formulação de novas
metodologias, bem como a estruturação de novos objetos teóricos. A crise
psicossocial implicada pela ampliação da percepção da performance e da ampliação
do campo de visão e audição transformou um campo antes conhecido como “lugar
antropológico”, para um novo significado, podendo ser chamado de “Comunidade”.

12 O PAPEL DO PSICÓLOGO

Fonte: https://bit.ly/3uCFEBb

Os psicólogos, no âmbito de sua profissão, atuam na educação, saúde,


recreação, trabalho, segurança, justiça, comunidade e mídia, com o objetivo de
promover em seu trabalho, a integridade da pessoa presente e o respeito à dignidade.

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O Psicólogo colabora na produção do conhecimento científico na área da
psicologia por meio da observação, análise e descrição dos processos de
aprendizagem, personalidade, desenvolvimento, inteligência, entre outros aspectos
do comportamento humano. Analisa a influência de fatores genéticos, psicossociais e
ambientais sobre os sujeitos em sua dinâmica neuropsicológica e em suas relações
sociais, a fim de orientar o diagnóstico. Promove o cuidado psicológico, da saúde
mental na prevenção e tratamento dos transtornos mentais, trabalhando para
promover amplo desenvolvimento psicossocial; desenvolver e aplicar técnicas de
testes psicológicos, utilizando conhecimentos e práticas metodológicas específicas,
para compreender as condições de desenvolvimento da personalidade, processos
mentais internos e relações entre os indivíduos, realizar ou encaminhar cuidados
adequados, conforme necessário. Ele está envolvido no desenvolvimento, adaptação
e construção de ferramentas e técnicas psicológicas por meio de pesquisa, em
instituições acadêmicas, associações profissionais e outras organizações
cientificamente reconhecidas. Troca de experiências e também promove divulgação
em eventos da profissão e da comunidade científica e, ao mesmo tempo, dá a
conhecer ao público as possibilidades de utilização dos seus recursos.

Estes profissionais exercem suas funções e deveres em grupos


multidisciplinares ou individualmente; em instituições públicas ou privadas; em
organizações sociais formais ou informais; em clínicas, centros e postos médicos,
hospitais, consultórios, incubadoras, associações comunitárias, escolas, empresas,
sindicatos, tribunais de menores, organizações, justiça juvenil, tribunais de família,
sistemas prisionais, associações profissionais ou desportivas, clínicas especializadas,
e outras áreas com problemas relacionados com a sua profissão e os resultados das
suas atividades.

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12.1 Psicólogo Clínico

Atua principalmente na área da saúde, orientando na compreensão dos


processos internos e entre indivíduos, usando precauções ou objetivos de cura,
isoladamente ou em um grupo multiprofissional em organizações formais e informais.
Este profissional, visa também a realização de pesquisas, diagnósticos,
monitoramento psicológico e intervenções ou grupo psicoterapia, através de
diferentes métodos teóricos.

12.2 Psicólogo do Trabalho

Atua em equipe multidisciplinar ou individualmente, onde quer que as relações


de trabalho ocorram em organizações sociais formais ou informais, a fim de aplicar os
conhecimentos da Psicologia para compreender, intervir e desenvolver relações e
processos internamente e entre indivíduos, dentro e entre grupos, aspectos políticos,
econômicos, sociais e culturais.

12.3 Psicólogo do Trânsito

É uma área do conhecimento que estuda o comportamento humano no


contexto do uso do trânsito, estudando os fatores internos e externos que, consciente
e inconscientemente, motivam, influenciam e modificam esses comportamentos.

12.4 Psicólogo Educacional

Atua no setor de educação, em ambientes formais ou informais. Ajuda a


compreender e mudar o comportamento de educadores e educandos, no processo
ensino-aprendizagem, nas relações interpessoais e nos processos interpessoais,

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sempre remetendo aos aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. Realizar
pesquisas, diagnósticos e intervenções pedagógicas, individualmente ou em grupo.
Também está envolvida no desenvolvimento de planos e políticas relacionadas ao
sistema educacional, visando à promoção da qualidade, valorização e democratização
da educação.

12.5 Psicólogo Jurídico

Atua no judiciário, em organizações governamentais e não governamentais,


colaborando no planejamento e implementação de políticas de direitos civis, direitos
humanos e prevenção da violência. Sua atuação está, portanto, focada em direcionar
dados psicológicos a serem veiculados não apenas aos juristas, mas também aos
sujeitos carentes dessa intervenção, contribuindo na revisão, formulação e
interpretação da lei.

12.6 Psicólogo Social

Os psicólogos sociais são profissionais que entende o tema de uma perspectiva


histórica com a integração permanente entre pessoa e sociedade. Dessa forma, para
atuar como psicólogo social é necessário desenvolver um trabalho dessa perspectiva
sobre sociedade e homem, permitindo a ação em qualquer campo psicológico.
Podemos citar como exemplo do escopo de estudos: estacionar em vagas especiais
mesmo sabendo que é proibido, dirigir após consumo de bebida alcoólica mesmo
conhecendo as consequências, entre outros.

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13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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constituição. São Paulo: Unimarco, 1999.

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