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Resumo

O objeto da sociologia desenvolve-se continuamente, tornando-se muitas vezes mais


complexo e provocando a recriação das suas configurações conhecidas. Em lugar de manter-
se semelhante, modifica-se todo o tempo. Além de que se aperfeiçoam continuamente os
recursos metodológicos e teóricos da sociologia, o que permite aprimorar os modos de refletir
sobre a realidade social, e é inegável que esta realidade transfigura-se de tempos em tempos,
ou continuamente.

Nesse sentido é que a sociologia ingressou na época do globalismo.

O seu campo de estudos apresenta relações, processos e estruturas novos, não só


desconhecidos, mas surpreendentes. Simultaneamente, as novas relações, os novos processos
e as novas estruturas de dominação e apropriação, envolvendo integração e fragmentação,
tensões e antagonismos, recriam as relações, processos e estruturas conhecidos. Isto significa
que o globalismo confere novos significados às realidades locais, nacionais e regionais, ao
norte e ao sul, orientais e ocidentais.

Epistemológico refere-se à reflexão sobre as formas da produção do conhecimento.


Globalismo é a denominação para a etapa atual de desenvolvimento das sociedades, que se
caracteriza pela afirmação do espaço global ou mundial e a crescente fragilização dos espaços
nacionais.
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Índice

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................3

1.1. Objectivos..........................................................................................................................3

1.2. Estrutura do trabalho.......................................................................................................4

2. FUNDAMENTOS DAS CIÊCIAS SOCIAIS.................................................................5

3. CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS................5

3.1. Ciências sociais descritivas.................................................................................................5

3.2. Ciências sociais analíticas...................................................................................................5

3.3. Ciências sociais sintéticas...................................................................................................6

4. CONCEITO DAS CIÊNCIAS SÓCIAS.........................................................................6

4.1. COMTE: Ordem e Progresso..............................................................................................7

4.2. DURKHEIM: a Preponderância Progressiva da Solidariedade Orgânica..........................7

4.3. MARX e ENGELS: a Concepção Materialista da Sociedade e da História.......................8

4.4. MAX WEBER: a Racionalização da Civilização Ocidental..............................................8

5. OBJECTO DE ESTUDO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS..................................................9

6. INTERDISCIPLINARIDADE DAS CIÉNCIAS SOCIAIS.........................................9

6.1. Antropologia Física...........................................................................................................10

6.2. Antropologia Social ou Sociologia...................................................................................10

6.3. Antropologia Política........................................................................................................10

6.4. Antropologia Aplicada......................................................................................................10

6.5. Antropologia Psicanalítica................................................................................................11

6.7. Antropologia Cultural.......................................................................................................11

6.8. Ramos da Antropologia Cultural......................................................................................12

7. CIÊNCIAS SÓCIAS E ROPTURA COM SENSO COMUM....................................13

8. CONCLUSÃO.................................................................................................................15

9. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................16
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1. INTRODUÇÃO

Todos os dias as pessoas, em qualquer parte do mundo, realizam atos bastante simples,
necessários à vida: consomem alimentos, cultivam a terra, vão e voltam do trabalho, levam os
filhos à escola, conversam com os amigos, fazem exercícios físicos, enfrentam o trânsito
caótico das metrópoles, a vida calma das pequenas cidades. São atos tão rotineiros que na
maioria das vezes são executados de forma mecânica, como se não tivessem consciência de
que os estão realizando.

Por um momento apenas vamos nos colocar como observadores de tais cenas cotidianas.
Pode ser que a nossa reação fosse de simples registro das pessoas e dos seus atos. Assim, não
perceberíamos nada de diferente no mundo dos homens. Pode ser, contudo, que por alguma
razão nos motivássemos a ir além da percepção mais imediata das pessoas e dos seus atos.
Por exemplo, perceber que embora os atos realizados sejam semelhantes – ir ao trabalho – as
pessoas que os realizam são diferentes; ou, ao contrário, que pessoas semelhantes realizam
trabalhos diferentes.

As sociedades humanas sempre têm um conjunto de ideias, valores e práticas sociais aceitas
pela maioria que organiza as ações e os comportamentos cotidianos das pessoas. Em
determinados momentos – como o atual – estabelece-se um processo de contestação das
idéias, dos valores e das práticas dominantes, que perdem gradativamente a condição de
servirem de “modelo” para as pessoas, iniciando-se a construção de um novo “modelo”.
Nesse sentido, pode-se afirmar que as sociedades humanas em permanente processo de
desconstrução-construção.

1.1. Objectivos

 Diante dessa questão de pesquisa, foram elaborados os objectivos apresentados na


sequência.

Objectivos Gerais

 A Antropologia Cultural e Social é uma disciplina visa atingir um conhecimento


global do homem.

Objectivos específicos
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 Descreve sobre o estudo de toda a extensão biológica, social, histórica e geográfica do


Homem, aspirando a um conhecimento aplicável ao conjunto do desenvolvimento
humano.
 Descreve sobre a constituição das ciências sociais e suas interdisciplinaridades.

1.2. Estrutura do trabalho

Este trabalho esta estruturado em cinco capítulos a saber:

Capítulo 1:

Exibe uma introdução, com seus objectivos e como esta estruturado o trabalho.

Capítulo 2:

Fala sobre fundamentos das ciências sociais, iniciando com uma contextualização e uma
visão geral do trabalho, definições e seu surgimento;

Capítulo 3:

Trata do referencial teórico, que aborda assuntos sobre os constituição e desenvolvimento das
ciências sociais e suas divisões.

Capítulo 4:

Aborda sobre o conceito das ciências sociais, seu surgimento de acordo com alguns autores
mencionados no trabalho.

Capítulo 5:

Fala sobre os objectos de estudo das ciências sociais.

Capítulo 6:

Fala sobre a Interdisciplinaridade das ciências sociais.

Capítulo 7:

Trata sobre a ruptura das ciências sociais com o senso comum.

Capítulo 8:

Este capítulo por final aborda sobre a conclusão e as referências bibliográficas que fizeram
parte na elaboração deste trabalho.
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2. FUNDAMENTOS DAS CIÊCIAS SOCIAIS

De modo geral, consideram-se Ciências Sociais, aquelas que têm como objecto de estudo os
fenómenos ligados à vida dos homens em sociedade. Ocupam-se das relações que os homens
formam entre si e das que estabelecem com as coisas. Procuram o entendimento das acções
dos homens e das representações que estes formam a respeito de si próprios e do mundo em
que vivem. São aquelas que se interessam especificamente pelos modos de actuar que andam
associados à vida em grupo, embora possam ser manifestadas por intermédio dos indivíduos.
Ou ainda, são aquelas ciências que se dedicam ao estudo das condições de vida em sociedade,
e principalmente dos laços por meio dos quais os homens se unem em múltiplas
colectividades.

3. CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

A criação da Sociologia é inserida entre os grandes eventos ocorridos no século 19. Ela
mudou profundamente o modo do homem entender o mundo e a si próprio. O homem
descobriu-se definitivamente como um ser cuja essência é a sua sociabilidade permanente.
Obviamente as ações humanas fundamentais têm sempre o sentido da reprodução da vida. O
que a Sociologia nos permitiu perceber é que não há possibilidade de que a reprodução possa
ser um ato individual e foi na época em que se começou o estudo dos comportamentos
humanos com a mesma preocupação de objectividade que exigiam as ciências naturais. A
vida humana desenvolve-se numa estrutura espaço temporal que passamos a chamar de
sociedade.

De modo geral, as ciências sociais se dividem em três agrupamentos:

3.1. Ciências sociais descritivas

De entre as ciências sociais descritivas destaca-se a;

 Estatística que se baseia na inventariação ou cálculo


 Etnografia que é a descrição dos usos e costumes de um povo
 Sociografia que é a descrição da realidade social, sendo diferente da etnografia
apenas por se reservar as sociedades ditas ‘quentes’ ou economicamente
desenvolvidas.
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3.2. Ciências sociais analíticas

Fazem parte das ciências sociais analíticas

 Economia Política, que é o estudo dos processos através dos quais os homens se
esforçam por diminuir a diferença existente entre as necessidades e os bens
susceptíveis de as satisfazerem;
 Demografia, que é a análise estatística das condições humanas: idade, sexo, estatuto
matrimonial
 Geografia Humana, que se dedica ao estudo do povoamento, um facto dependente
em grande parte das condições materiais: natureza do solo, clima, recursos
disponíveis
 Ciência Política, que é a análise dos comportamentos e das forças que tanto no plano
nacional como internacional, pretendem criar, orientar ou modificar as instituições e
os mecanismos de que os governos têm necessidade para exercerem suas funções num
determinado estádio de civilização.

3.3. Ciências sociais sintéticas.

As ciências sociais sintéticas, das quais se destacam-se,

 Linguística, que tem como perspectiva, fazer o estudo comparativo das diferentes
línguas, de forma a encontrar a origem comum de determinados povos; a História,
ciência que estuda as acções dos homens no tempo e espaço e;
 Etnologia ou Antropologia Cultural, e a ciência social que estuda e compara os
diferentes povos e culturas do mundo antigo até o moderno.

4. CONCEITO DAS CIÊNCIAS SÓCIAS

As ciências sociais surgiram na Europa do século XIX, mas foi no século XX, em
decorrência das obras de Marx, Durkheim e Weber que as ciências sociais se
desenvolveram. O carro-chefe foi a sociologia: neologismo criado pelo francês Comte, seu
primeiro professor.

Esses autores são considerados “clássicos”, pois foram os responsáveis pela fundação da
Sociologia, ou, mais precisamente, criaram as diferentes teorias que compõem a Sociologia.
A exposição será bastante genérica, procurando abordar os aspectos das teorias relativamente
consensuais entre os estudiosos. Além disso, foram empregadas citações dos autores em
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questão, para que cada leitor possa elaborar sua própria interpretação dos mesmos. É assim
que o conhecimento se desenvolve: pela capacidade de apreensão crítica do pensamento
constituído.

4.1. COMTE: Ordem e Progresso

Auguste Comte (1798-1857) é responsável pela elaboração da primeira reflexão consistente


sobre o caráter social do homem, como fato empiricamente observável. A sociedade humana
como dado objetivo pode ser compreendida por uma ciência particular que ele denomina
primeiramente de Física Social e posteriormente de Sociologia. Esta conclusão está
embasada na formulação da lei dos três estados, que explicita as formas evolutivas do
conhecimento humano: o teológico, o metafísico e o positivo. O estado positivo ou científico
representa o momento mais desenvolvido do processo de produção de conhecimentos, em
que a observação e a experiência predominam sobre a imaginação.

Os estágios que expressam o desenvolvimento do conhecimento estão relacionados com a


história da civilização. De acordo com Comte (In: Moraes Filho, 1978):

 A primeira é a época teológica e militar. Nesse estado da sociedade, todas as ideias


teóricas, tanto gerais como particulares, são de ordem puramente sobrenatural.
 A segunda época é a época metafísica e legista. Seu caráter geral consiste em não ter
nenhum bem acentuado. É intermediária e bastarda, opera uma transição. Sob o
aspecto espiritual (...) a observação é sempre dominada pela imaginação, mas lhe é
permitido modificá-la em certos limites. Estes limites vão sendo sucessivamente
recuados, até que a observação conquista enfim o direito de exame sobre todos os
pontos.
 A terceira época é a época científica e industrial. Todas as ideias teóricas e
particulares tornaram-se positivas, e as ideias gerais tendem a tornar-se. A observação
dominou a imaginação, quanto às primeiras, e a destronou, sem haver ainda hoje
tomado seu lugar, quanto às segundas.

4.2. DURKHEIM: a Preponderância Progressiva da Solidariedade Orgânica

Émile Durkheim (1858-1917), partindo do positivismo comteano, produz uma reflexão


decisiva para a constituição e a institucionalização da Sociologia como ciência da sociedade.
É o responsável direto pela criação da disciplina de Sociologia na Universidade de Sorbonne,
em 1910. Além da elaboração de uma teoria sobre a sociedade industrial, Durkheim produz
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uma importante contribuição sobre o método sociológico, isto é, sobre o objeto da Sociologia
e as regras necessárias para conduzir o processo de investigação dos fatos sociais.

O objeto da Sociologia é constituído pelos fatos sociais.

Estes são as manifestações humanas, regulares ou não, que existem de forma autônoma e
independente das manifestações individuais e exercem uma coerção exterior sobre os
indivíduos. Durkheim leva ao limite o conceito de fato social, como núcleo definidor da
sociabilidade humana, quando afirma que “um fato social não pode ser explicado senão por
um outro fato social”. Em outras palavras, é o núcleo instituinte da própria condição humana.
A leitura que se pode fazer dessa tese é que os fatos externos não determinam a natureza da
ordem e do movimento da sociedade; são apenas condicionantes da vida coletiva. Da mesma
forma, não se pode buscar a causa determinante de um fato social nos estados da consciência
individual.

4.3. MARX e ENGELS: a Concepção Materialista da Sociedade e da História

Deve-se a Karl Marx (1818-1883) e a Friedrich Engels (1820-1895) a elaboração de uma


teoria crítica da sociedade moderna, que, em função da sua radicalidade, transformou-se no
componente fundamental para a formação dos grandes movimentos políticos que povoaram o
século 20. As principais revoluções desse século tiveram o materialismo histórico (ou a
ontologia do ser social) como fundamento teórico e político, tanto que a dissolução da União
Soviética foi anunciada, pelos seus opositores ocidentais, como a derrota definitiva do
pensamento de Marx e Engels e obviamente dos seus seguidores.

Para compreender qualquer teoria é preciso buscar os seus fundamentos e o contexto social
em que eles estão sendo elaborados. As reflexões de Marx e Engels ocorrem num momento
histórico que se caracteriza pelo triunfo do capitalismo, modo de produção que já havia
completado seu aparecimento, tanto do ponto de vista econômico como político-ideológico,
sessenta anos antes de 1848. Segundo Eric Hobsbawm, “os anos de 1789 a 1848 foram
dominados por uma dupla revolução: a Revolução Industrial, iniciada e largamente confinada
à Inglaterra, e a transformação política associada e largamente confinada à França” (1977, p.
22). Dessa forma, o capitalismo é, ao mesmo tempo, o contexto e o objeto das investigações
de Marx e Engels.
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4.4. MAX WEBER: a Racionalização da Civilização Ocidental

Max Weber é o fundador de um modo de pensar a vida social profundamente diverso do


positivismo e do marxismo. A construção do seu método de investigação ocorre num
contexto intelectual marcado pelo debate sobre o estatuto das Ciências Humanas ou das
ciências do espírito. Reconhecendo a autonomia das Ciências Humanas em relação às
ciências da natureza, Weber incorpora, deste debate, um conceito básico para a investigação
das ações humanas: o conceito de compreensão.

O problema da compreensão é inteiramente diferente da explicação naturalística que procura


captar as leis naturais objetivas. O objetivo da compreensão é captar o sentido subjetivo
presente nas ações humanas. De acordo com Weber, “sentido” é o sentido subjetivamente
visado:

a) na realidade a, num caso historicamente dado, por um agente, ou b, em média e


aproximadamente, numa quantidade dada de casos, pelos agentes, ou

b) num tipo puro conceitualmente, construído pelo agente ou pelos agentes concebidos como
típicos.

Não se trata, de modo algum, de um sentido objetivamente “correto” ou de um sentido


“verdadeiro” obtido por indagação metafísica. Nisso reside a diferença entre as ciências
empíricas da ação, a Sociologia e a História, e todas as ciências dogmáticas, a Jurisprudência,
a Lógica, a Ética e a Estética, que pretendem investigar em seus objetos o sentido “correto” e
“válido” (1994, p. 4).

5. OBJECTO DE ESTUDO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

O objetivo das Ciências Sociais é estudar, analisar e interpretar as ações dos seres humanos
quando estes interagem com a sociedade. O curso tem como objetivo a compreensão e a
interpretação da origem da atual realidade social, através do estudo de conflitos e fenômenos
sociais, culturais e políticos e da aplicação de suas diversas técnicas e métodos de pesquisa
investigativa, obtendo desta forma, a construção de estruturas e identidades de indivíduos e
grupos humanos.
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6. INTERDISCIPLINARIDADE DAS CIÉNCIAS SOCIAIS

A interdisciplinaridade, nas Ciências Sociais, significa o intercâmbio de saberes com vista à


complementaridade do conhecimento, para melhor explicar os fenómenos sociais na sua
totalidade.

O real social é pluridimensional e, por isso, suscetível de ser abordado de diferentes maneiras
pelas diversas Ciências Sociais. Estas mantêm entre si relações de interdependência na
abordagem aos fenómenos sociais. As diferentes ciências analisam as mesmas realidades, os
mesmos fenómenos "sociais totais", embora privilegiando cada uma delas uma perspetiva
própria de análise. Este intercâmbio entre disciplinas leva a que as investigações realizadas
numa disciplina qualquer possam ser fundamentais para outra. "Assim, é precisamente a
mesma realidade humana e social que vai interessar às diversas Ciências Sociais. Temos,
portanto, que o social é único; as maneiras de o abordar, as dimensões a privilegiar é que
variam consoante os interesses que orientam e a partir dos quais se situa o investigador em
Ciências Sociais, com a sua específica abordagem da realidade social" (Marques).

Assim, destacam-se como ramos da Antropologia Geral:

6.1. Antropologia Física

Que estuda o homem como ser biológico. Quer dizer, determina o lugar que o homem ocupa
no reino da natureza, estudando as suas origens e trajectória no tempo, classificando os tipos
que existem segundo os seus caracteres específicos. Estuda certas características biológicas
do homem, as questões da raça, da hereditariedade, da nutrição, da diferenciação de sexos,
etc. Compreende, entre outras, a Anatomia Comparada, Fisiologia Comparada e a Patologia
Comparada.

6.2. Antropologia Social ou Sociologia

Que estuda o Homem como ser social. Ocupa-se mais particularmente em estabelecer leis
gerais de vida em sociedade que sejam válidas tanto nas sociedades tradicionais como nas
sociedades industrializadas ou modernas. Procura apreender mais sobre a sociedade quanto
ao seu funcionamento e aos seus actos.
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6.3. Antropologia Política

Aborda em particular os problemas do poder da autoridade, da chefia do governo, etc.,


assuntos que deram lugar a numerosas especulações filosóficas (sobre a origem e a natureza
do Estado, o aparecimento do Direito, etc).

6.4. Antropologia Aplicada

Faz a utilização prática das teorias e dos resultados do inquérito etnográfico, tendo em vista
manipular as sociedades, com o objectivo, quer de as administrar (como é o caso da política
colonial, da assimilação, aculturação "forçada"), quer de as ajudar a adaptarem-se à sociedade
etnológica moderna (como é o caso da aculturação "planificada", política de integração) ou o
desenvolvimento de uma originalidade cultural (procura de um sincretismo).

6.5. Antropologia Psicanalítica

Baseia-se essencialmente no estudo dos sonhos, dos mitos, dos contos, na análise de jogos,
das cerimónias, das práticas mágicas, de certos aspectos da vida quotidiana, das técnicas de
educação.

6.6. Antropologia Económica

Interessa-se pelas condições da produção material, as trocas, os direitos sobre os objectos, as


formas de utilização dos produtos, englobando os aspectos de ecologia e tecnologia.

6.7. Antropologia Cultural

Que se dedica mais a problemas de relativismo cultural (investigação da originalidade de


cada cultura); do estudo das relações que se estabelecem entre os diferentes níveis numa dada
sociedade e do fenómeno da transmissão da cultura. A Antropologia cultural apenas
apreenderia a sociedade nas suas obras e não nos seus actos e no seu funcionamento.
Portanto, quando se acrescenta a palavra cultura a Antropologia, a ciência limita os contornos
do seu saber, podendo ser definida como o ramo da Antropologia Geral que estuda o homem
como ser cultural.

Dentre as definições da Antropologia Cultural destaca-se a de Júlio Caro Baroja que afirma, é
“a ciência que trata, de certo modo, o homem como ser social e produtor da cultura ou
civilização através do espaço e do tempo”;
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Para Bronislaw Malinowski definiu a Antropologia cultural como sendo a ciência que estuda
o “aparelho instrumental que permite ao homem resolver da melhor maneira os problemas
concretos e específicos que deve enfrentar no seu meio, quando tem de satisfazer às suas
necessidades”

Segundo Wilhem Muhlman que refere, “é a ciência das formas e dos processos diversos
como os povos e os indivíduos são obrigados a orientar-se no sentido da expansão no espaço
e no tempo, segundo o seu ambiente natural, social e cultural”.

Outro termo utilizado como sinónimo do termo Antropologia Cultural é a Etnologia que
deriva do grego ethnos que significa povo, raça e logos, ciência. A distinção que se esboça
entre a Antropologia Cultural e Etnologia como ramos da mesma ciência é a seguinte:

enquanto a Antropologia Cultural estuda o homem no seu aspecto totalista e universal,


estabelecendo as suas semelhanças e diferenças, isto é, um homem singular, numa visão
unitária e total do homem, a Etnologia, visa o estudo dos diversos homens nos vários grupos,
o que implica uma visão pluralista e diversificada, ou seja, estuda as expressões regionais da
cultura do homem.

6.8. Ramos da Antropologia Cultural

A Antropologia Cultural divide-se em:

 Ergologia que se ocupa da cultura material;


 Folclore, que estuda a tradição oral (adivinhas, contos, lendas, estórias, ditos,
provérbios, rifões, etc.) e, Etno-musicologia que estuda a música popular e
tradicional.

A Antropologia Cultural centra-se na cultura. A partir da observação e inventariação das


obras produzidas pelo homem, o antropólogo chega às condutas e aos comportamentos que
tais realidades objectivas implicam. Portanto, estuda a cultura como realidade objectiva,
descrevendo os objectos culturais e, ao descrever, produz explicações servindo-se do seu
discurso antropológico.

Actualmente, com o desaparecimento das ditas sociedades e culturas primitivas devido a


expansão da tecnologia do tipo ocidental, a Antropologia voltou-se também ao estudo da
cultura ocidental tendo traçado alguns postulados que a seguir descrevemos:
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 O Homem é o único animal com capacidades de adaptar e modificar objectos, ideias,


crenças ou costumes dos seus semelhantes vivos ou mortos;
 Não existem culturas superiores, mas sim culturas diferentes;
 Todos os grupos humanos possuem costumes próprios e, tais costumes são respostas
peculiares à problemas e necessidades humanas universais;
 A variação das condutas humanas não é pautada por causas geneticamente herdadas,
mas, sim, por padrões ou modelos sócio-culturalmente aprendidos;
 Todas as sociedades possuem os seus quadros de referência e os padrões de
comportamentos específicos de tal ordem institucionalizados que qualquer membro da
sociedade sabe perfeitamente quais as reacções que uma sua conduta suscita;
 As culturas, embora formando sistemas abertos, os seus elementos e padrões
constituem um tecido com uma textura e configuração bem específicas. Qualquer
efeito produzido num dos padrões, terá consequências noutro padrão e no sistema
cultural global;
 Os sistemas culturais são dinâmicos e nunca estáticos, embora exista graus de
dinamismo entre os diversos sistemas espalhados pelo mundo;
 A experiência pessoal de cada um é função do sistema sócio-cultural que influencia os
juízos e as valorações; daí a tendência para pensarmos o outro ou os outros segundo
parâmetros da nossa própria cultura.
 O grande drama da Antropologia é a objectividade, não só a nível da compreensão,
mas também da explicação da cultura do outro, pois é difícil ser o outro na sua
totalidade.

7. CIÊNCIAS SÓCIAS E ROPTURA COM SENSO COMUM

O senso comum é uma forma de entender o mundo por meio de saberes da experiência de
vida cotidiana, que é transmitido de uns para os outros sem nenhum rigor, indo do hábito à
tradição. Refere-se aos saberes práticos que orientam nosso dia a dia, que se norteiam por
"mini-teorias" simplificadas que produzem um específico entendimento.

Há uma grande diferença entre o saber do senso comum e o saber científico, o saber do senso
comum se detêm no cotidiano, costuma partir de premissas simples e por alguns poucos fatos
ou coincidências, elaborando assim suposições sem uma reflexão aprofundada. Esses
entendimentos não são submetidos a testes ou experiências, e quando são, há uma grande
falta rigorosidade.
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A ciência é um saber que vai muito além do senso comum, propondo um certo afastamento
da realidade que nos parece clara, óbvia e verdadeira, para tomar esta como um objeto de
investigação. Isso possibilita a construção de um conhecimento mais apurado sobre o que
temos por realidade ou por verdade

Esse distanciamento é necessário para que possamos questionar nossas crenças e costumes e
seus fundamentos, de modo que nos afastamos do que temos por hábito para questionar seus
fundamentos. O que antes tínhamos por verdadeiro e tão habitual passa então a ser
problematizado, de modo a repensarmos nossas certezas e crenças.

Para isso, a ciência se utiliza de uma linguagem precisa e rigorosa, onde seus conhecimentos
vão sendo constituídos de maneira organizada, sistemática e controlada, de modo que possa
ser verificado sua validade por meio de experiências. Seu conhecimento pode ser
reproduzido, utilizado, desenvolvido e refutado por outras pessoas. Além disso, a ciência é
caracterizada por sua continuidade e transformação, um novo conhecimento é produzido a
partir de algo anteriormente desenvolvido, questionado, criticado, e até mesmo contrariado.

A ciência é, portanto, um processo que avança e se modifica. Por sua rigorosidade, pelo uso
de métodos e técnicas específicas, inclusive por ser passível de refutação, a ciência é
caracterizada por ser uma forma de conhecimento que está muito além da espontaneidade do
saber do senso comum. São justamente essas características que compõem o conhecimento
científico.
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8. Conclusão

As questões abordadas nesse trabalho de pesquisa dizem respeito ao processo de formação e


desenvolvimento das ciências sociais, considerado ao mesmo tempo como um processo social
e intelectual.

A Sociologia, que produz conhecimentos sobre a sociedade, atua também na produção da


própria sociedade. Por isso, analisamos o contexto social, histórico e intelectual de formação
da Sociologia, supondo a ação da Sociologia sobre esse contexto, de modo que a situação
atual de transição social foi produzida também pelos conhecimentos sociológicos gerados nos
últimos 200 anos. Empregamos na análise a metodologia desenvolvida pela Sociologia, da
relação dialética entre parte e todo.

A Sociologia é produto das grandes transformações sociais – a Revolução Industrial e as


revoluções políticas – que ocorreram no final do século 18 e início do século 19. Como a
Sociologia propõe-se a produzir um discurso científico sobre a sociedade, recuperamos, em
termos bastante genéricos, o processo de constituição da ciência moderna, do qual a Física é a
expressão mais desenvolvida. Assim, é possível entender o fato de as Ciências Naturais terem
constituído o paradigma científico.

As Ciências Sociais expressam discursos científicos – com a relatividade que os caracteriza –


que se fundamentam numa realidade evidente por si mesma: a sociedade. É certo que autores
como Alain Touraine têm enfatizado a perda da centralidade das categorias sociais, ou seja, a
própria sociedade. O que talvez Touraine não tenha percebido, no entanto, é que o “fim da
sociedade” é apenas o fim de um determinado tipo de sociedade e que está em gestação um
novo tipo, com estruturas tão flexíveis que se pode duvidar que sejam ainda expressão da
categoria sociedade.

Enfim, essas razões indicam a vitalidade do pensamento sociológico. O desafio da Sociologia


é ser sempre um fenômeno contemporâneo. Além disso, há a questão do caráter sociológico
da Sociologia que não pode ser esquecido. Como observa Florestan Fernandes (1999, p. 156),
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9. Bibliografia

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RICHARDSON, Roberto Jerry e colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3ed.


rev. E ampl. S. Paulo, Atlas, 1999.

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