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A PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA E
OS CONCEITOS SOCIOLÓGICOS
APRESENTAÇÃO
C aro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a)!
Este módulo da disciplina Humanidades, nos levará a conhecer as especificidades da
sociologia e discutir alguns de seus conceitos fundamentais. Sua formação universitária
vai pedir de você o domínio de conceitos de diferentes áreas e área social é comum a
todos os cursos superiores. Qual profissão não está inserida em um contexto social e
não precisa de conhecimentos sólidos sobre este contexto? Não existe, não é? Em todas
as profissões precisamos compreender a lógica dos processos sociais nos quais ela será
praticada, bem como as questões mais amplas que envolvem a vida social.
Este módulo foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma, abordando conteúdos
especialmente selecionados e adotando uma linguagem que facilite seu estudo a distância.
Lembre-se, porém, de que você terá um acompanhamento constante em sua caminhada
nessa disciplina, sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.
Bons estudos!
OBJETIVOS
Ao final do módulo, espera-se que o aluno seja capaz de:
• Entender a perspectiva sociológica
• Ter domínio dos conceitos sociológicos fundamentais;
• Problematizar a realidade social com base científica
• Compreender a relação entre indivíduo e sociedade
É fácil supor que tamanha transformação tenha inquietado as pessoas da época que
ansiaram em encontrar respostas sobre o que lhes acontecia e sobre como seguir
em frente como sociedade. Na esteira dessas transformações surge a Sociologia, em
meados do século XIX, com a proposta de entender e explicar essas mudanças sociais
de modo científico e, além disso, proporcionar alguma previsibilidade com relação aos
rumos da sociedade.
TOME NOTA
O pensamento social tem origem com Saint-Simon (1760-1825), pensador e teórico social
francês, conhecido como um dos fundadores do socialismo cristão e em Auguste Comte
(1798-1857), filósofo francês que formulou a filosofia positivista e o provavelmente o primei-
ro a usar o termo sociologia. Saint-Simon e Comte são pensadores precursores da sociologia
que, à época, tinha um cunho de filosofia social, tendo como referência inicial os métodos
empregados pelas Ciências Naturais. Posteriormente, novos estudos definiram as especifici-
dades do campo, do objeto e da metodologia da sociologia, principalmente pelas teses de
Karl Marx (1818-1883), Émile Durkheim (1858-1917) e Max Weber (1864-1920).
IMPORTANTE
O conhecimento sociológico é importante para as mais diferentes profissões. Lembre-se de
que as atividades profissionais são desenvolvidas em contextos sociais específicos, nos quais
há tipos diversificados de interações sociais, e que isso interfere nas condições de trabalho.
Por exemplo, guiados por estudos prévios, ao observarmos as crenças das pessoas verifi-
camos a existência de elementos comuns entre elas e a partir desses elementos criamos
um conceito de religião: o conjunto de crenças ou dogmas relacionados à divindade que
implica em sentimentos de veneração e de obediência perante Deus ou deuses, normas
morais para a conduta individual e social e práticas rituais. Esse conceito engloba uma
grande diversidade de práticas que tenham as características descritas e serve de guia
para novas pesquisas sobre o tema.
SOCIEDADE
Designa um complexo de interações humanas, um sistema de inter-relações que articula
indivíduos por meio de normas e regras. A aplicabilidade desse conceito não se deve a
critérios quantitativos. Desse modo, pode-se falar em sociedade quando um complexo de
relações é suficientemente complexo para ser analisado como uma entidade autônoma.
É por meio do processo de socialização o mundo social – com seus diversos significados,
hábitos de vida, regras, normas e valores morais – é interiorizado pelo indivíduo e passa
a fazer parte, inclusive, daquilo a que chamamos de “consciência”. Os conteúdos e as
formas de socialização variam de sociedade para sociedade, uma vez que cada organiza-
ção social tem uma cultura específica e deseja um modo de agir, um tipo de comporta-
mento especifico para seus membros. Podemos identificar dois tipos de socialização: a
primária e a secundária.
Socialização Primária
A socialização primária prepara inicialmente o indivíduo para desenvolver os procedimen-
tos básicos da vida de sua sociedade, interiorizando regras, normas e valores morais de
uma organização social. Essa etapa inicial da socialização ocorre na infância e costuma
funcionar muito bem porque a criança tem com a pessoa que lhe apresenta o padrão
desejado de comportamento fortes vínculos afetivos, tais como os que se estabelecem
na família e na primeira escola. Na nossa sociedade, faz parte da socialização primária o
uso correto das famosas “palavrinhas mágicas”: Dá licença, faz favor, muito obrigado.
Socialização Secundária
A socialização secundária diz respeito aos aprendizados posteriores que ocorrem quando
entramos em “novos mundos” que não somente o da família ou da escola fundamental
como grupos de interação no trabalho, na igreja, na universidade, nas associações etc. O
processo secundário de socialização é voltado para a aquisição de conhecimentos ligados
a funções, condutas e rotinas próprias às instituições. Assim, através de múltiplos proce-
dimentos, treinamentos e processos de identificação, um estudante de pedagogia, por
exemplo, ao entrar na universidade e iniciar sua vida profissional, precisa assimilar regras,
normas e valores que caracterizam a profissão escolhida.
Hoje, cada vez mais as qualificações exigidas para os postos de trabalho em engenharia
pedem que a formação do profissional atenda a determinados requisitos, além dos estri-
tamente técnicos, e as universidades precisam incluir essas demandas nos currículos:
O exercício do controle de forma coercitiva é ineficaz como meio único de controle social.
Mais importante é o processo de socialização mediante o qual pessoas aprendem a se iden-
tificar com o sistema social e seus valores e, dessa maneira, adquirem interesse na manu-
tenção dos mesmos, bem como o senso de pertencer ao sistema. É
também importante o induzimento à culpa, conseguido por meio
da internalização de padrões morais durante a socialização.
Coercitividade, uma vez que para ser aceita socialmente e garantir seu funciona-
mento precisa se impor;
É importante ressaltar que o caráter histórico não é evidente para as pessoas, as institui-
ções são dotadas de uma aparente característica de inevitabilidade, parecem ter existido
sempre e parecem eternas, imutáveis. Isso não é verdade: as instituições foram criadas
pelos homens e por isso podem ser por eles modificadas! O Estado, a economia, a famí-
lia, o sistema educacional, os presídios, os manicômios, os sindicatos são exemplos de
instituições sociais.
A linguagem também é a instituição básica para a vida em sociedade. Por meio dela se
estabelecem inúmeras relações com o mundo desde a infância; ela é primordial para obje-
tivação e significação da realidade.
Peter Berger e Thomas Luckmann (1978) mostraram que a sociedade Papéis Sociais
é fruto de um processo circular de exteriorização, objetivação e interio- O papel social diz respeito ao
rização. No processo de socialização, interiorizamos a realidade social tipo de ação que a sociedade
espera dos seus membros ao
objetiva, assimilamos aquilo que nos foi ensinado, agimos com base
ocuparem certas posições
no que foi aprendido e assim nos tornamos membros da sociedade. sociais. Exemplificando: o
Incorporamos as regras, aprendemos a exercer nossos papéis sociais estudante deve estudar, a
(de filho(a), estudante, profissional), identificamos os papeis dos outros mãe cuidar de seus filhos e o
professor ensinar seus alunos.
(mãe, professor, chefe) e aprendemos a nos relacionar com eles.
Tudo aquilo que aprendemos no processo de socialização primária (família, escola) será
levado às interações que estabeleceremos nas instâncias de socialização secundária
(empresas, ambiente profissional, universidade, clubes, igrejas). Ao entrar em contato
com novos mundos podemos questionar nossa existência, passar por crises, duvidar do
que foi aprendido. Isso cria a possibilidade de proposição e criação de outros mundos, de
mudança social. Nos processos de socialização secundária, há tanto a possibilidade de
reproduzir, sem questionar, tudo aquilo que nos foi ensinado como a de reelaborar aquilo
que aprendemos. Portanto, fica claro que os indivíduos (no plural, repare bem) são respon-
sáveis pela produção, reprodução e transformação social.
Observamos que a Sociologia é capaz de criar um novo sentido para fenômenos que expe-
rimentamos em nosso cotidiano, dando-nos meios de enxergar a dinâmica das relações
sociais de um modo não visível ao senso comum. A Sociologia ajuda a ampliar nossos
horizontes e ultrapassar o nível de nossas visões individuais.
Referências
BERGER, Peter L. Perspectivas Sociológicas. 6. ed. Petrópolis, Vozes, 1983.
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