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FACULDADE: CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E SAÚDE – FACES

CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: ÉTICA PROFISSIONAL
PROFESSORA: MARILIA DE QUEIROZ DIAS JÁCOME
2º 2021 - 1ª PROVA – DATA DE ENTREGA: 04/10/2021
ALUNA: __Marina Monticeli__________________________________________ RA:
____21910437______________

Car@ alun@,
Esta é a primeira prova, a ser realizada de forma individual, com consulta à bibliografia da disciplina.
As datas de entrega serão:
TAGUATINGA, MATUTINO – 04/10/2021;
ASA NORTE, NOTURNO– 04/10/2021;
ASA NORTE, MATUTINO – 05/10/2021.
A prova será disponibilizada como atividade e deve ser postada até a data de entrega. Após a devolução
das provas corrigidas a vocês, não é preciso enviá-las para mim novamente, pois, o trâmite já estará
encerrado e a menção atribuída, embora fiquem como pendentes para vocês.
Utilizar a linguagem acadêmica, indicando as referências pesquisadas. As respostas devem ter no
mínimo 5 linhas e no máximo 20.

Obs.: Ao pedir a linguagem acadêmica, espera-se que a senhora também faça uso dela, respeitando,
inclusive, a norma gramatical vigente, e não a utilização de “@” no lugar de pronomes. Vale lembrar
que o uso do pronome “o” já é por si só neutro, abrangendo todas as pessoas e dispensando o uso de
acrobacias na linguagem. Obrigada.

O livro Tentativas de aniquilamento de subjetividades (CFP, 2019) traz vários relatos de


pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais sobre suas vivências de
intenso sofrimento, fruto de diversos tipos de preconceito, violência e exclusão, promovido
por diferentes pessoas, como familiares, membros de igrejas e profissionais de psicologia,
dentre outros. As duas primeiras questões apresentam relatos extraídos da obra.

QUESTÃO 1. Sou lésbica, mulher cis, branca e tenho 20 anos de idade. Minha mãe disse que o
pastor conhecia uma psicóloga que era uma irmã, ela era da igreja, sei lá o quê, e que tratava
de casos assim. Daí eu falei: “Beleza, então vamos lá.” Na primeira consulta, eu fiquei
resistente. Eu falei que era daquele jeito, que eu não ia abrir mão e que minha mãe tinha que
entender o que estava passando, que eu não via problema nisso. Eu fui nessa consulta, acho
que antes de eu receber aquela “resposta”. Daí, passou, eu tive essa “resposta” e eu fui lá de
novo, já com outra cabeça.
Ela conversou comigo que talvez fosse isso que Deus queria, sei lá o quê. Antes da sessão, a
gente fez uma oração, claro. Ela (a psicóloga) disse que era possível. Só que eu tenho amigos
que fazem psicologia e eu sei que isso não é possível. Eu conversava muito com eles também e
daí eu perguntava: “Teve gente que veio aqui, fez isso e agora é hétero?” Ela disse: “Sim, tem
pessoas, tem irmãos que se determinaram a obedecer a Deus e agora hoje são casados, têm
filhos.” Eu falei: “Eles são felizes?” e ela falou que sim, que para alguns é muito difícil, mas que

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eles têm a vida de casado e não sei o quê. Eu não acreditava nisso, eu sei que isso vai se
desfazer.

Conselho Federal de Psicologia. Tentativas de aniquilamento de subjetividades LGBTIs.


Brasília, DF: CFP, 2019, p. 107. Adaptada.

A partir do relato apresentado, analise do ponto de vista da ética profissional, a conduta da


psicóloga, indicando princípios e artigo(s) do Código de Ética Profissional do Psicólogo e de
resoluções pertinentes que devem ser obedecidos ou que proíbem este tipo de atuação.

R – A indução a convicções políticas, filosóficas, morais, religiosas, de orientação sexual ou a


qualquer tipo de preconceito é completamente vedado no exercício da função do psicólogo,
como é citado no artigo 2° tópico b do Conselho de Ética Profissional do Psicólogo. Logo, é
inadmissível que o profissional deixe que suas crenças e convicções de cunho religioso
interfiram ou tentem direcionar de qualquer forma o cliente que procura tratamento
psicológico para quaisquer que sejam suas questões, como foi feito no caso supracitado,
onde, além de oferecer soluções sem embasamento científico ao colocar Deus como sendo
uma dessas soluções.

QUESTÃO 2. Sou gay, homem cis, branco e tenho 32 anos de idade. A garota da igreja foi
passar por uma consulta com a psicóloga. Na hora que a psicóloga voltou para a igreja, ela
levou aquela situação, que a menina tinha aberto para ela no consultório, para o líder dos
jovens. Quando a menina descobriu isso, porque o líder de jovens veio querer conversar com
ela sobre aquilo, ela ficou maluca da vida. Ela falou: “Como assim? Que direito que ela
tinha? Eu não fui procurar a minha líder espiritual da igreja, eu fui procurar a psicóloga. Como
que ela abriu algo que eu conversei com ela no consultório para alguém da igreja?”

Conselho Federal de Psicologia. Tentativas de aniquilamento de subjetividades LGBTIs.


Brasília, DF: CFP, 2019, p. 163.

Segundo o Art. 9º do Código de Ética Profissional do Psicólogo É dever do psicólogo respeitar o


sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas,
grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional. Além desse, outros
artigos tratam da disponibilização de informações pelo profissional, incluindo a quebra de
sigilo. Analise, no caso apresentado, a decisão de quebra de sigilo pela profissional. Para
responder, utilize como referência o Código de Ética Profissional do Psicólogo.

R – A profissional em questão, como foi evidenciado, corrompeu o Art. 9° do Código ao


quebrar o sigilo de sua cliente de maneira deliberada e impertinente. A quebra de sigilo é
justificada em alguns casos, como risco de vida a si e a terceiros e depoimentos jurídicos,
por exemplo. Ainda, no Art. 10°, é citado que nas situações em que se configure conflito
entre as exigências decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios
fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá
decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo. No
entanto, tendo em vista que não havia nenhuma necessidade da quebra do sigilo no caso
supracitado e que o cliente não permitiu a exposição do conteúdo para terceiros, a

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profissional desrespeitou integralmente os dois artigos discutidos do Código de Ética
Profissional do Psicólogo.

QUESTÃO 3. Discuta os conceitos de Ética, Moral e Bioética e a articulação entre eles.

R – A ética é um conceito primordial para se viver em sociedade, tendo em vista que ela
examina a base moral do comportamento humano e tenta determinar a melhor forma de
agir diante escolhas conflituosas, diferindo o “certo” do “errado” em cada ocasião, seguindo
o raciocínio pertinente para questões factuais, opinativas e de múltipla escolha. Já a moral,
se caracteriza por códigos de conduta que governam o comportamento, sendo uma
expressão de valores refletidos em ações e práticas. Apesar de possuírem conceitos
similares, as duas não se tratam da mesma coisa. A moral é fruto do padrão cultural
vigente, sendo a cristalização de costumes, valores, formas “corretas” de se agir, enquanto
a ética trabalha sob princípios que são mais universalmente aplicáveis levando em
consideração diversas, tendo, inclusive, o papel de investigar esses princípios por trás da
moral vigente. A bioética, que possui o objetivo de conhecer e discutir as dimensões éticas
da atividade científica, dá-se de forma plural e diversa, sempre levando em conta o
momento histórico e a sociedade em que se analisa e visa cumprir o papel de uma ética
prática, refletindo e direcionando o fazer científico com base em princípios, impedindo
qualquer forma de degradação dos indivíduos em prol da ciência.

QUESTÃO 4. Discuta a importância da psicologia como uma profissão regulamentada e o papel


do Sistema Conselhos no exercício profissional. Utilize na resposta as Lei 4119/1962 e o decreto
53464/1964, além da lei 5766/1971 e o decreto 79822/1977.

R – A Lei 4119 visa que a formação em Psicologia far-se-á nas Faculdades de Filosofia, em
cursos de bacharelado, licenciado e Psicólogo, conferindo-lhe o direito de ensinar Psicologia
nos vários cursos de que trata esta lei, observadas as exigências legais específicas, e a
exercer a profissão de Psicólogo, como explicita o Art. 13°. Além disso, o Decreto 53464
prevê funções privativas ao Psicólogo, como o uso de métodos e técnicas, cargos diretivos
de serviços de psicologia e ensino, após o devido cumprimento de uma formação em
faculdade reconhecida, condições de matrícula, conclusão e orientações posteriores. Ainda,
a Lei 5766 e o decreto 79822 foram responsáveis pela criação e regulamentação de CRP’s e
CFP’s, abrangendo finalidades, atribuições, contribuições, habilitação profissional,
orçamento, penalidades, entre outros aspectos que dizem respeito ao Conselho Regional e
Federal de Psicologia. A regulamentação da profissão e elaboração das leis supracitadas foi
de suma importância, levando em consideração toda a história da Psicologia. De acordo
com o Sistema Conselhos, a regulamentação estabelece os critérios legais e civis para o
desempenho da função, garantindo seu exercício e delimitando as práticas ao Psicólogo, no
intuito de impedir que pessoas sem formação na área possam manipular instrumentos e
técnicas sem o devido conhecimento, por exemplo. Além disso, a composição do Sistema
Conselhos também funciona como um tribunal de ética para os psicólogos, visando orientar
e fiscalizar as práticas, zelar pela observância dos princípios éticos e regulamentar a
profissão por meio de resoluções que instituem regras de conduta profissional, além de
contribuir para o desenvolvimento da ciência e profissão, tendo sempre como base a
garantia dos Direitos Humanos.

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