Você está na página 1de 81

Psicologia Comportamental

AULA 06

Docente:
MARIJONES DIAS GUEDES PINHEIRO
“Fernanda falta ao trabalho sem justificativa. Como consequência, o gestor
desconta a remuneração de 1 dia de trabalho do seu salário e a adverte que,
caso isso aconteça da próxima vez, precisará colocar outro profissional no seu
lugar. O efeito disso faz com que diminua a probabilidade da funcionária faltar
ao emprego novamente”.

Nesse caso, podemos dizer que se trata de uma punição positiva, visto
que Fernanda foi advertida sobre o que pode acontecer caso ela repita o
mesmo comportamento.  

Fique ligado:
A punição positiva acontece quando surgem maus efeitos.
Já a punição negativa acontece com o término de bons
efeitos.
A punição positiva pode ser considerada a redução da
frequência de um comportamento, causada pelo acréscimo de
alguma coisa como consequência dessa ação. Assim, podemos
dizer que ela ocorre como um estímulo aversivo que tende a
suprir o comportamento.

Na punição negativa, é notada a redução da frequência de um


comportamento, causado pela retirada ou ausência de alguma
coisa como consequência desse ato. Isso significa que ela
acontece quando o término de um estímulo reforçador
consegue suprir o comportamento.
De acordo com a teoria de Skinner (1953/2003), punição ocorre
quando, após a realização de um comportamento, é oferecida
uma consequência que pode ser a apresentação de um estímulo
aversivo (desagradável) ou a retirada de alguma coisa que a
pessoa valoriza.

Exemplos:

Quando o menino mexe nas plantas, o pai grita com ele.

Após um menino falar palavrão, sua mãe tira o seu videogame


por uma semana.
No momento em que a pessoa é punida, ela apresenta reações
emocionais que a motivam a tentar eliminá-las, o que aumenta a
chance de se comportar de forma a fugir da punição.

Ao punir, portanto, não se ensina exatamente a forma correta, e


sim a desenvolver maneiras de evitar a punição, e o que não se
fazer temporariamente na presença da origem da punição.
Outro ponto importante a se pensar são os efeitos colaterais
do uso de punição, são eles: tendência a contra-atacar o
punidor; reações emocionais desagradáveis (como paralisação
e ansiedade) e aumento do comportamento violento (Mayer;
Gongora, 2011).
Como alternativa, é possível utilizar um método de ensino que
se baseie majoritariamente em recompensar
comportamentos adequados, ao invés de punir os
inadequados.

Quando um comportamento adequado aumenta de


frequência, a probabilidade de agir de forma inadequada
diminui, uma vez que com frequência eles são incompatíveis.
SÍNTESE DA VISÃO DE SKINNER

DETERMINISMO
As pessoas são influenciadas por estímulos ambientais.

GERAÇÃO ESPONTÂNEA
O comportamento das pessoas são resultados de variáveis
ambientais, genéticas e culturais, inclusive suas capacidades
de reletirem. Não acredita no acaso.
SÍNTESE DA VISÃO DE SKINNER

OTIMISMO
O comportamento humano é moldado pelos princípios do
reforçamento.

Resultados mais satisfatórios tendem a se repetir no futuro.

Acredita numa sociedade melhor.

As pessoas não são boas e nem más, há limites na


hereditariedade. As pessoas são flexíveis a se adaptarem ao
ambiente.
As pessoas podem ser ensinadas a alterarem as variáveis
ambientais.
SÍNTESE DA VISÃO DE SKINNER

CAUSALIDADE
São causados pelas histórias de reforçamento vividas por
cada pessoa, pela genética e pela evolução cultural.

Mesmo os comportamentos que não podemos ver como


pensamentos e emoções, são determinados por esses
fatores.

Nenhum comportamento surge espontaneamente.


SÍNTESE DA VISÃO DE SKINNER

GENÉTICA E AMBIENTE
A genética desempenha uma funcão importante na
personalidade, mas sustenta que a personalidade é
fortemente moldada pelo ambiente, particularmente o
ambiente social.

Ambiente social: estrutura familiar, experiências vividas,


sistemas educacionais, organizações governamentais, igrejas,
e outras forças sociais em geral.

Personalidade ideal: confiável, compreensiva, calorosa e


empática.
COMPORTAMEN
TO VERBAL
COMPORTAMENTO VERBAL

Segundo Skinner (1957/1992), o comportamento verbal é comportamento


operante, agindo sobre o ambiente e sofrendo as consequências da alteração
que provoca nele.

Estas consequências – como o reforço e a punição – determinarão a


probabilidade de emissão futura da classe de respostas que integram o
operante.

O que individualiza o comportamento verbal frente aos outros operantes é


que, em seu caso, as relações entre a consequência provida pelo ambiente e
a resposta são reguladas por práticas culturais.

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-554520030002000
09
COMPORTAMENTO VERBAL

A função do comportamento verbal relaciona-se à vida do homem em


sociedade.

Mais do que vantajoso para o indivíduo, ele o é para a comunidade como um


todo e, por isto, esta dispõe de práticas específicas para sua modelagem.

Para Skinner (1981/1984), as culturas se modificam porque alguma prática


(por exemplo, a construção de uma ferramenta, uma técnica de ensino, etc.),
originalmente surgida no comportamento de um indivíduo, torna o grupo
mais capaz de resolver seus problemas.

Assim como ocorre com as outras práticas culturais, é no efeito sobre a vida
do grupo, mais do que sobre a do indivíduo, que devemos buscar as razões
pelas quais o comportamento verbal é modelado e mantido.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-554520030002000
09
COMPORTAMENTO VERBAL

• Skinner defende que o comportamento verbal é


comportamento operante.

• Segundo Skinner, os conceitos elaborados no estudo do


comportamento operante podem ser utilizados na análise do
comportamento verbal.

• Os processos que podem ocorrer em relação ao


comportamento operante (reforço, punição, generalização,
reforçamento, extinção ou discriminação) podem ocorrer
quando esse comportamento operante for verbal.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


COMPORTAMENTO VERBAL

• Assim nenhum conceito básico novo no âmbito do


comportamento operante será necessário para descrição e
explicação do comportamento verbal.

• O comportamento verbal, como qualquer comportamento


operante, tende a ocorrer apenas no contexto em que tem
probabilidade de ser reforçado.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


COMPORTAMENTO VERBAL

Segundo Skinner (1957), o comportamento verbal é um tipo


de comportamento operante, o que significa que é
determinado pelas consequências que produz no ambiente
e ocorre em função de determinados estímulos
antecedentes.

A diferença básica entre o comportamento verbal e os outros operantes


(não-verbais) está no fato de que o comportamento verbal é um
operante cujas consequências não guardam relações mecânicas com a
resposta a que são contingentes.
Contingência

Pode significar qualquer relação de dependência entre eventos


ambientais ou entre eventos comportamentais e ambientais.

Trata-se de um termo técnico para falar sobre a probabilidade de um


evento que pode ser afetado ou causado por outro evento.

A prática do analista do comportamento é estudar contingências em seu


efeito cumulativo sobre o desempenho de um organismo.

Contingência tríplice: Estímulos (Sd) : Resposta (R) Consequência (Sr)


Exemplo de Contingências

Exemplo 1:

Quem fez a lição de casa pode sair para o recreio.

O que representa ter feito a lição de casa?


Ir para o recreio?

Exemplo 2:

A lista de espera será aberta uma hora antes do vôo.

O que representa fazer a reserva?


O que representa comparecer 1h antes?
O que representa voar?
Exemplo de Contingências

Exemplo 1:

Quem fez a lição de casa pode sair para o recreio.

O que representa ter feito a lição de casa? Comportamento R


Ir para o recreio? Consequência Sr

Exemplo 2:

A lista de espera será aberta uma hora antes do vôo.

O que representa fazer a reserva? Comportamento R1


O que representa comparecer 1h antes? Comportamento R2
O que representa voar? Consequência Sr
Comportamento Verbal

De acordo com Matos (1991), sob certas circunstâncias, falar,


escrever, digitar um texto usando um computador, usar
códigos podem ser exemplos de comportamentos verbais,
desde que a característica de comportamento, mediado por
um ouvinte especificamente treinado, seja clara. É muito
importante, contudo, considerar o contexto em que o
comportamento ocorre, para confirmar sua definição como
verbal ou não-verbal.

Exemplo: o comportamento de assobiar, por exemplo, pode ser um


comportamento verbal, dependendo do efeito que tem sobre o ouvinte.
Assobiar pode fazer parte de um código verbal e, neste caso, seria um
comportamento verbal.
Exemplo:
A temperatura ambiente da sala de aula em que Adryele se encontra está muito baixa, em virtude do
aparelho de ar condicionado estar ligado na temperatura 18 graus.

Ação 1: Adryele então resolve desligar o ar.


Nessas condições antecedentes (estimulação discriminativa), a resposta operante de desligar o ar
seria negativamente reforçada pela remoção da estimulação aversiva provocada pela temperatura
excessivamente baixa. A resposta elimina o estímulo aversivo, sendo, assim, uma resposta de fuga.

Ação 2: Adryele pede, por favor para a professora desligar o ar.


Essa resposta resultaria nas mesmas alterações no ambiente (remoção do estímulo aversivo)
produzidas pela resposta de desligar o aparelho pressionando diretamente o botão que o desliga, se a
professora de Adrielly partilham do mesmo idioma, e fizerem parte da mesma comunidade verbal.

Ambas seriam respostas operantes, porque proveria as modificações no ambiente que reforçariam o
comportamento de Adryele.

Diferença: a primeira resposta produz resposta mecânica e a segunda resposta não mantém relações
mecânicas com a consequência que a afeta. A reação mecânica, que é a consequência é promovida
através de um ouvinte treinado pela comunidade verbal e que, pelo menos em alguma medida, tem
um repertório verbal semelhante ao de Adryele.
É exatamente isso que caracteriza a segunda resposta operante mencionada como um operante
verbal, logo um comportamento verbal.
COMPORTAMENTO VERBAL

Relação entre o Falante e Ouvinte

Falante Ouvinte

Para ocorrer o comportamento verbal o Falante gera uma consequência no


Ouvinte, ou seja, a consequência (resposta do ouvinte) é o reforçador para
o falante. (Baum, 2006)
Skinner identificou
Seis Operantes
Verbais:
Mando, Tato,
Ecóico, Textual,
Transcrição e
Intraverbal.
(Sério, 2016)
COMPORTAMENTO VERBAL – OPERANTES VERBA

Mando:
Um operante verbal é chamado de mando quando a resposta verbal é emitida sob
controle de condições específicas de privação ou da presença de estimulação aversiva.

Frequentemente, são exemplos de mando respostas verbais tradicionalmente chamadas


de ordens, pedidos e avisos.

Nesse tipo de operante a resposta verbal especifica o reforçador (por favor, um copo de
água) ou o comportamento do ouvinte (por favor, feche a janela).

Diferentemente de outros operantes verbais, a resposta não tem uma relação específica
com um estímulo antecedente, mas, sim, com uma condição de privação ou estimulação
aversiva do falante.

Skinner sintetiza essas características, salientando que.o repertório verbal de mandos,


em geral, opera em benefício do falante, uma vez que produz como consequência, um
reforçador específico (positivo ou negativo).
(Sério, 2016)
COMPORTAMENTO VERBAL – OPERANTES VERBA

Tato:
Um operante verbal é chamado de tato quando a resposta verbal é emitida sob controle
de um estímulo antecedente específico não verbal (um objeto, um evento ou
propriedade de um objeto ou evento) e produz como consequência reforço
condicionado generalizado ou um conjunto de estímulos reforçadores distintos (não
específicos).

(...) o Tato nada mais é que todo o ambiente físico – o mundo das coisas e eventos de que
se dia o falante "fala a respeito“.

Em geral, opera em benefício do ouvinte, uma vez que permitiria ao ouvinte "acesso" a
informações sobre o mundo (os eventos que controlam o comportamento do falante) ou
mesmo a informações sobre o próprio falante.

O comportamento verbal sob controle desses estímulos é tão importante que,


(Sério, 2016)
frequentemente, é com ele que se trabalha exclusivamente no estudo da linguagem com as
teorias do significado. (Skinner1992, p. 81)
COMPORTAMENTO VERBAL – OPERANTES VERBA

Ecóico: o estímulo antecedente é um estímulo verbal vocal (sonoro) e a


resposta verbal, também vocal, reproduz o estímulo, sem o que não há
reforçamento (por exemplo, diante do som "au-au", repetir "au-au« , muito
comum quando ensinando as crianças a falar – repete-se para aprender).

Textual: o estímulo antecedente é um estímulo verbal impresso ou escrito e


a resposta é uma resposta vocal. Há entre o estímulo e a resposta uma
correspondência formal, arbitrariamente estabelecida (por exemplo, diante da
palavra impressa "operante", dizer "operante").

Transcrição: é um operante verbal no qual o estímulo antecedente é vocal


ou escrito e a resposta verbal é sempre escrita. Em qualquer dos casos, assim
como no caso do comportamento textual, a correspondência entre o estímulo e
a resposta é uma correspondência formal, arbitrariamente estabelecida. Um
exemplo bastante comum do operante verbal transcrição são as atividade de
cópia e ditado realizados pelas crianças na escola.

(Sério, 2016)
COMPORTAMENTO VERBAL – OPERANTES VERBA

Intraverbal:
É caracterizado por uma relação na qual uma resposta verbal - vocal ou escrita -
fica sob controle de estímulo antecedente - vocal ou escrito.

Nesse caso, a relação entre estímulo e resposta, no entanto, obedece a uma


correspondência temática.

Ex: numa relação de perguntas e respostas, uma entrevista dirigida numa


entrevista clínica com a criança.

O alfabeto é adquirido como uma série de respostas intraverbais, assim como


contar, adicionar, multiplicar e reproduzir tabelas matemáticas em geral.

Requer uma aprendizagem operante primária, mas a sequência é correta


porque desencadeia o que foi aprendido.
Operantes Verbais Temáticos X Formais
Tipos Operantes Verbais Razão
Temáticos Tato Base de
Mando comportamento
Intraverbal mais complexos:
encadeia ideias,
sentimentos,
desejos, criatividade
etc.
Formais Ecóico Há similaridade
Textual formal entre o
Transcrição estímulo e a
resposta.
OPERANTES VERBAIS l Secundário

Autoclítico:
São respostas verbais, vocais ou motoras, controladas pelo próprio comportamento
verbal (antecedente, simultâneo ou concorrente) do emitente e as quais articulam,
organizam ou modificam as respostas verbais que as controlam.

A ocorrência de comportamentos autoclíticos, pois, depende da ocorrência de outros


comportamentos verbais do próprio emitente sobre os quais os autoclíticos atuarão.
Matos (1991) resume a peculiaridade do comportamento autoclítico como o falar sobre
o falar (p.340).

Portanto, o comportamento autoclítico consiste de unidades de comportamento verbal


que comentam, qualificam, enfatizam, ordenam, coordenam e alteram a função de
outros comportamentos verbais.

Exemplo: “ Você é tão competente!!” pode ser o Tato, mas se


em tom de ironia, é o autoclítico..
COMPORTAMENTO VERBAL

Comportamento Verbal X Comunicação


Comportamento Verbal X Fala
Comportamento Verbal X Linguagem

(Baum, 2006)
COMPORTAMENTO VERBAL

Comportamento Verbal X Comunicação

A comunicação é a categoria mais ampla, pois todo comportamento


verbal poderia ser chamado de comunicação, porém o contrário não é
verdadeiro, já que padrões fixos de ação dependem apenas de
antecedentes (estímulos-sinal), ao passo que o comportamento
verbal, por ser um tipo de comportamento operante, depende de suas
consequências.

(Baum, 2006)
COMPORTAMENTO VERBAL

Comportamento Verbal X Comunicação

• Comunicação é uma categoria mais ampla e inclui os comportamentos que


dependem apenas dos estímulos antecedentes a padrões fixos da espécie.

• A comunicação ocorre quando o comportamento de um organismo gera


estímulos que afetam o comportamento de outro organismo.

Ex. Quando um pássaro emite um chamado de alarme e todos os outros


pássaros do bando se escondem do predador, pode-se dizer que
ocorreu um ato de comunicação.

(Baum, 2006)
Exercitando:
Melissa está tentando estimular o comportamento verbal vocal de
Manu, sua primeira filha. Toda vez ao entregar a mamadeira com leite,
de manhã, a mãe repete a filha ‘’mama’’, na esperança de escutar
alguma resposta verbal. Em um certo dia, a mãe fala para a criança
“mama” e ela repete a palavra da mesma forma dita pela mãe. Melissa
fica muito contente, e beija muito a Manu.
Esse operante verbal da Manu é:
(a) Mando

(b) Intraverbal

(c) Tato

(d) Ecóico

(e) Imitação
Sobre comportamento verbal é CORRETO afirmar:

(a) É um comportamento operante especial que depende apenas do seu consequente.

(b) Independe de reforço para sua aquisição e manutenção.

(c) É diferente da comunicação, pois nessa exige apenas antecedente, enquanto que
o comportamento verbal exige antecedente e consequente.

(d) Não pode ser extinto.

(e) Independente da cultura.


Identifique o tipo de operante verbal, nos exemplos abaixo:
Exemplos Operante Verbal

Adelmo escreveu o conceito de um renomado teórico em seu


trabalho.
Ricardo leu a bula de um remédio antes mesmo de dar o
remédio para seu paciente.
Solange falava a receita em voz alta e sua ajudante anotava
todos os detalhes.
Isaú repetia todo o juramento feito por Rian durante a
solenidade de sua formatura.
Os alunos anotavam todas as observações que estavam nos
slides.
Na entrevista de emprego, Euclides, respondia todas as
perguntas com bastante objetividade.
Assinale V para Verdadeiro e F para Falso. Em seguida, marque a alternativa
CORRETA.

I) Todo comportamento operante é comportamento verbal.


II) Todo comportamento verbal é comportamento operante.
III) Toda comunicação é comportamento verbal.
IV) Todo comportamento verbal é comunicação.
V) Todo comportamento verbal exige um antecedente e um consequente.

(a) FVVVV
(b) VFFVV
(c) FVFVF

(d) VFVVV
(e) VFVFV
Em relação ao comportamento verbal podemos afirmar:

a) todo comportamento verbal é também vocal.


b) como comportamento operante, o comportamento verbal exige a presença
do ouvinte para ser reforçado.
c) como qualquer comportamento operante, o comportamento verbal não
exige reforço intermitente para ser mantido.
d) o comportamento verbal exige mais reforço para se manter do que para ser
adquirido.
e) o comportamento operante de abrir a porta ou dirigir um carro pode ser
chamado de comportamento verbal.
Comportamento verbal não é apenas fala

O comportamento verbal compreende mais do que o vocal.

O comportamento vocal apenas pode não ser verbal.

Nosso comportamento verbal não necessariamente é composto


topograficamente por palavras, como é o caso da linguagem de sinais e
mesmo dos gestos, que, em alguns casos, podem ser considerados
comportamento verbal (Baum, 2006).

O comportamento verbal é modelado por membros de uma cultura e o


ponto-chave na questão vai ser o comportamento do ouvinte no episódio
verbal – como ele provê consequências para o falante?

Se este tiver sido preparado de forma especial para reagir ao falante pela
cultura, então pode-se falar em comportamento verbal (Sério e Andery,
2010).
COMPORTAMENTO VERBAL

Comportamento Verbal X Fala


• O falar tem consequências.

• Ex. Pensamos em dois amigos (A e B) jantando, as batatas de B estão


sem sal, e saleiro está perto de A, B diz: A me dá o sal, por favor. A
consequência após a frase é que A passe o sal. B se comporta
movimentando a laringe, os lábios, a língua, e assim por diante, isso gera
um estímulo auditivo, que A ouve. Assim a fala de B me dá o sal, por
favor é reforçada pela entrega do sal.

• Fala é um termo restrito, esta modalidade destaca apenas o


comportamento vocal e dificilmente pode ser aplicado em situações em
que uma pessoa é afetada por outra forma de estímulo (visual) (Skinner,
1957).
(Baum, 2006)
Para Skinner (1957/1992), o comportamento verbal de um
falante caracteriza-se principalmente por ter sua
consequência mediada por um ouvinte especialmente
treinado por uma comunidade verbal.

Participam da mesma comunidade falante e ouvinte.


COMPORTAMENTO VERBAL

• Considerando a ideia de mediação presente no conceito de


comportamento verbal, só é possível estudar o comportamento
verbal pressupondo-se a existência de outra pessoa (mediação).
– Falante - respostas verbais, que serão estímulos discriminativos
verbais para o ouvinte.
– Ouvinte - modificam o ambiente a partir do controle exercido pelos
estímulos discriminativos.

A relação entre o falante e ouvinte se caracteriza o episódio verbal –


unidade de análise para se investigar o comportamento verbal.

(Baum, 2006)
Comportamento verbal não é apenas linguagem

“A linguagem tem um caráter de coisa, algo que a pessoa adquire e


possui. Os psicólogos falam em ‘aquisição de linguagem’ por parte
da criança. As palavras e as sentenças que compõem uma língua são
chamadas instrumentos usados para expressar significados,
pensamentos, ideias, proposições, emoções, necessidades, desejos e
muitas outras coisas que estão na mente do falante. Uma concepção
muito mais produtiva é a de que o comportamento verbal é
comportamento” (Skinner, 1974, p. 79).
Comportamento verbal não é apenas linguagem

O comportamento verbal, como operante que é, é definido então em função


do contexto em que ocorre e das suas consequências.

Dizer que comportamento verbal é “uso de linguagem” apenas não nos diz
nada sobre relações funcionais.
A mesma coisa acontece com o conceito de “comunicação”: dizer que alguém
“emite” uma mensagem que depois é decodificada por alguém que “recebe”
não ajuda. Isso que é comunicado, onde está?
E a linguagem que é usada, onde são guardadas as suas ferramentas?
Por isso o caráter mentalista da ideia, que padece então dos mesmos
problemas que Skinner apontou na rejeição ao mentalismo no Behaviorismo
Radical.
COMPORTAMENTO VERBAL

Comportamento Verbal X Linguagem


• O conceito de Comportamento Verbal refere-se a eventos concretos,
enquanto que linguagem é uma abstração.

• O Comportamento Verbal substitui a ideia tradicional sobre fala e


linguagem.

• A linguagem não se restringe apenas a fala, incluindo outros


comportamentos.

• No entanto este conceito refere-se muito mais as práticas de uma


determinada comunidade verbal, não destacando o comportamento
do falante enquanto indivíduo.
(Skinner, 1957, Baum 2006).
COMPORTAMENTO VERBAL
Episódio Verbal

• Comportamento do Falante (verbal)

Estímulo Comportamento do
Resposta do falante
Discriminativo ouvinte

• Comportamento do Ouvinte (não-verbal)

Estímulo Modificação do
Discriminativo–verbal Resposta do Ouvinte
ambiente - direta

(Baum, 2006)
COMPORTAMENTO VERBAL

Variáveis controladoras do comportamento verbal

• Como qualquer outro operante o comportamento verbal sofre o


efeito das consequências.

• Dependendo das circunstâncias (partes do ambiente – estímulos)


as respostas podem ser mais ou menos prováveis.

• As variáveis de contexto além de tornarem uma resposta mais ou


menos provável também podem modificar as funções que as
respostas do falante (significado das palavras).
(Baum, 2006)
COMPORTAMENTO VERBAL

Classe de Respostas Verbais

• Respostas verbais diferentes que possuem a mesma função, não


importando a topografia, intensidade, frequência, etc.
­ Diferentes formas de se pedir “água”.

• A análise funcional do comportamento verbal deve considerar a


função e não as diferenças estruturais da resposta.

• A função de uma resposta só pode ser compreendida a partir das


circunstâncias e seus efeitos.

(Baum, 2006)
COMPORTAMENTO VERBAL

Variáveis controladoras do Falante

Históricas.
Relacionadas a privação ou condição aversiva.
Estímulos verbais e não verbais....

Variáveis controladoras para o Ouvinte

Consequências sociais.
Efeito de história ambiental – ambiente social.
Antecedentes verbais fornecidos pelo falante – estímulos verbais.
Consequências verbais e não verbais....

(Baum, 2006)
COMPORTAMENTO VERBAL

Reforço do Comportamento Verbal

• Depende de reforço social.


• Requer mais reforço para ser adquirido do que para ser mantido.
• Existem consequências imediatas e consequências que podem ser
atrasadas.
• É sensível a mudanças no reforço, favorecendo a modelagem ou a
extinção.
• O papel do ouvinte – comunidade verbal (pessoas que falam entre si e
que reforçam as verbalizações umas das outras).

(Baum, 2006)
Pensamento é um
COMPORTAMENTO VERBAL?

O pensamento/pensar foi definido por alguns analistas do


comportamento como comportamento verbal encoberto; por
outros foi definido como comportamento que torna outro
comportamento (ou comportamento adicional) possível.

Pensamento/pensar é, para Skinner, uma categoria desnecessária e que


muitos processos e contingências envolvidos nas circunstâncias de emissão
desta resposta verbal seriam melhor conhecidos caso se abandonasse este
rotulo.
Revisando
GENERALIZAÇÃO

O processo de generalização permitem responder de forma similar a estímulos


diferentes. Exemplo: se há vários aparelhos de celular, bem diferentes uns dos
outros, e se precisarmos fazer uma ligação, tentaremos fazê-la do mesmo
modo que fomos reforçados no passado.

•Um ponto relevante com relação a generalização é que ela é mais provável de
ocorrer quanto mais parecido o novo estímulo for e quanto maior for a
similaridade física entre os estímulos, maior será a probabilidade de a
generalização ocorrer. (MOREIRA & MEDEIROS,2007)
GENERALIZAÇÃO

• O fenômeno da generalização permite dar conta de aprendizagens complexas e


múltiplas;
• A generalização é um processo comportamental muito importante para nossa
adaptação ao meio;
• A generalização é um processo importante porque permite que novas respostas
sejam aprendidas de forma muito mais rápida;
• No gradiente de generalização operante, quanto mais diferente for o estímulo,
menor serão as chances da resposta aprendida ocorrer.
(MOREIRA & MEDEIROS,2007)
DISCRIMINAÇÃO
• São processos de aprendizagem que vinculam a atividade, de forma
diferenciada a aspectos relevantes do meio (os estímulos).

• Condicionam uma resposta na presença de um estímulo e a extingue na


presença de outro.
• Discriminar é aprender a estabelecer relações funcionais entre a própria
atividade e parâmetros externos.
• Os estímulos que sinalizam que uma dada resposta será reforçada são
chamados de estímulos discriminativos ou SD.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


DISCRIMINAÇÃO

O estímulo discriminativo é como um informante


sobre se performar determinado comportamento
em certa situação é conveniente ou não ("agora
você pode fazer a coisa certa", "o reforço virá").

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


DISCRIMINAÇÃO

Dizemos que o organismo esta discriminando quando


responde na presença dos estímulos discriminativos (SD) e
não emite a resposta na presença dos estímulos delta (S▲).
ATENÇÃO

• Os processos de discriminação e generalização se alteram e constituem a


base de aprendizagens relevantes.

Já não se trata mais de frequência de respostas, mas de estabelecer novas


relações entre a atividade do sujeito, o ambiente e suas atividades prévias.

• São importantes para a formação de conceitos, transferências de


aprendizagem, construção de significados, estabelecimento de relações,
abstrações, etc.
ESQUEMA DE REFORÇAMENTO

Esquema de reforçamento diz respeito, justamente, a que


critérios uma resposta ou conjunto de respostas deve atingir
para que ocorra o reforçamento.

Em outras palavras, descreve como se da a contingência de


reforço, ou seja, a que condições as respostas devem obedecer
para ser liberado o reforçador.

Existem dois tipos de esquemas de reforçamento: o contínuo e


o intermitente.
(MOREIRA & MEDEIROS,2007)
ESQUEMA DE REFORÇAMENTO I
TIPO DE REFORÇO
No esquema de Reforço Contínuo: toda resposta é seguida do reforçador.
Em experimentação, o esquema é chamado de continuous reinforcement, mais
conhecido pela sigla CRF.

Exemplos:

Num carro novo com bateria nova e tanque cheio: toda vez que giramos a chave,
este começa a funcionar.

É o caso também daquele namorado amoroso que aceita todos os convites de sua
namorada.

Nesses exemplos, dizemos que as respostas (girar a chave e convidar para sair)
sempre são seguidas de seus reforçadores, ou seja, são continuamente
reforçadas.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


ESQUEMA DE REFORÇAMENTO
Esquemas de Reforçamento Intermitente

A característica definidora dos esquemas de reforçamento intermitente é o


fato de que nem todas as respostas são seguidas de reforço, ou seja, apenas
algumas respostas são seguidas de reforço.

Exemplos:

Nem sempre escapamos de fazer compras com nossos pais sábado à tarde
dizendo que temos de estudar.
Fazer a barba envolve várias passadas da lâmina na face.
Todos os exemplos banais envolvem reforçamento intermitente, em que apenas
uma parte das respostas emitidas é reforçada.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


ESQUEMA DE RAZÃO

Esquemas de razão: Caracterizam por exigirem um certo número


de respostas para a apresentação do reforçador. Isto é, o
organismo deve emitir o comportamento mais de uma vez para
ser reforçado. Existem dois tipos principais de esquemas de razão:
razão fixa e razão variável.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


RAZÃO

Razão fixa: neste caso, o número de comportamentos exigidos para a


apresentação de cada reforçador é sempre o mesmo.

Exemplo:
Um professor corrigindo provas também esta sob o controle do esquema de
razão fixa. Supondo que cada prova tenha 10 questões, o reforço para o
comportamento de corrigir a prova (isto é, término da correção de uma prova)
tem o contingente a emissão de 10 respostas.

Concluímos, então, que o comportamento de corrigir provas, nesse caso, esta


em razão fixa de 10.
(MOREIRA & MEDEIROS,2007)
RAZÃO

Razão variável (VR): Neste esquema que é muito mais comum em


nosso cotidiano, o número de comportamentos necessários entre
cada apresentação do reforço se modifica, isto é, tem variação.

Vários comportamentos nossos estão sob controle do esquema de


VR, como fazer a barba, escovar os dentes, pentear o cabelo, fazer
pedidos, dar ordens.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


INTERVALO

Esquemas de Intervalo: Nos esquemas de intervalo, o número


de respostas não é relevante, bastando apenas uma resposta
para a obtenção do reforçador. O tempo decorrido desde o
último reforçador é o principal determinante de uma nova
resposta ser ou não reforçada. De forma similar aos esquemas
de razão, os esquemas de intervalo podem ser fixos ou
variáveis.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


ESQUEMA DE INTERVALO

Intervalo fixo: No esquema de intervalo fixo, o requisito para que uma


resposta seja reforçada é o tempo decorrido desde o último
reforçamento. O período entre o último reforçador e a disponibilidade do
próximo reforçador é sempre o mesmo para todos os reforçamentos.
Por isso, o nome intervalo fixo, ou seja, os reforçadores estarão
disponíveis depois de transcorridos intervalos fixos desde o último
reforçador. Ex: eventos regulares, como programas de TV diários ou
semanais.

Esquema de Intervalo Fixo: como o próprio nome diz "intervalo fixo" - nos
remete a tempo -, é quando a resposta é recompensada somente após
determinado período de tempo. Tal esquema produz poucas respostas no início
do experimento e altas taxas de respostas no final.
ESQUEMA DE INTERVALO

Intervalo variável: o esquema de intervalo variável É similar ao intervalo


fixo, com a diferença de que os intervalos entre o último reforçador e a
próxima disponibilidade não são os mesmos, ou seja, são variáveis.
Exemplos desse esquema são muito mais fáceis do que os de intervalo
fixo. Achar uma música boa no rádio mudando de estação esta sob
controle desse esquema.

No condicionamento operante, um esquema de intervalo variável é um esquema


de reforço, onde uma resposta é recompensada depois que uma quantidade
indeterminada de tempo passou. Este esquema produz um ritmo lento e
constante de resposta.
ESQUEMA DE INTERVALO

Tempo de disponibilidade: cotidianamente os reforçadores não ficam


disponíveis por todo o tempo, se demorarmos a ligar a TV no domingo,
perderemos a votação do paredão no BBB.

Um recurso metodológico adotado em experimentos para aumentar a


disponibilidade entre a situação cotidiana e a situação experimental, é o
tempo de disponibilidade, o qual representa um limite de tempo até o
comportamento ser emitido.

Caso o comportamento não seja emitido o reforço deixa de estar


disponível, reiniciando a contagem do intervalo para a próxima
disponibilidade.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


EXTINÇÃO
• Quando suspende-se (encerra) o reforço de um comportamento, verifica-se
que a probabilidade desse comportamento ocorrer diminui , ou seja, retorna ao
seu nível operante, isto é, a frequência do comportamento retoma aos níveis de
antes de o comportamento ter sido reforçado.

• Esse procedimento suspensão do reforço e o processo dele decorrente, o


retorno da frequência do comportamento ao nível operante são conhecidos
como Extinção Operante.

•Portanto, a suspensão do reforço o procedimento de extinção do


comportamento operante, tem como resultado a gradual diminuição da
frequência de ocorrência do comportamento, ou seja, processo de extinção do
comportamento operante.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


EXTINÇÃO

De acordo com Moreira e Medeiros (2007) se a


suspensão do reforço produz uma diminuição na
frequência de um comportamento é possível concluir
que: os efeitos do reforço são temporários.
RESISTÊNCIA À EXTINÇÃO

• Nas situações em que o reforço é suspenso, a frequência do comportamento


diminui , mas por quanto tempo ele se mantém após a suspensão do reforço?

Uma pessoa telefona quase todos os dias para o celular de um amigo


(comportamento) e conversa com ele (reforço), o amigo muda o número do
celular e não avisa. A pessoa liga e não é atendida
(suspensão do reforço: extinção). Quantas vezes ela ligará para o amigo antes
de desistir?

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


RESISTÊNCIA À EXTINÇÃO
Fatores que influenciam a Resistência à Extinção

Número de reforços anteriores: o número de vezes em que um determinado


comportamento foi reforçado ate haver quebra da contingencia de reforço
(extinção), ou seja, ate que o reforço fosse suspenso. Quanto mais um
comportamento e reforçado, mais resistente a extinção ele será. È muito mais
fácil diminuir a frequência de birras de uma criança logo quando essa atitude
começar a aparecer.

Custo da resposta: Quanta mais esforço é necessária para emitir um


comportamento, menor será a sua resistência a extinção. Ex: "Se for mais difícil,
desisto mais rápido".

Esquemas de reforçamento: quando um comportamento as vezes e reforçado


(MOREIRA e
& MEDEIROS,2007)
as vezes não o é , ele se tornara bem mais resistente a extinção do que um
comportamento reforçado continuamente ( CRF: reforço continuo).
O principal efeito da Extinção Operante é o retorno da frequência do
comportamento aos níveis prévios (nível operante). No entanto, além de
diminuir a frequência da resposta até o nível operante, a extinção produz
outros três efeitos muito importantes no início do processo:
• Aumento na frequência da resposta no início do processo de extinção,
• Aumento na variabilidade da topografia (forma) da resposta,
• Eliciação de respostas emocionais.

(MOREIRA & MEDEIROS,2007)


Trabalho

Duas etapas:

1) Fazer uma simulação de uma cena, onde possa conter consequências aos
comportamentos, mas deve estar representados: os reforços positivos e
negativos e as punições positivas e negativas.

2) Apresentar simulação, apresentar a explicação das cenas com os respectivos


conceitos.

3) Grupo de até 06 pessoas.

4) Poderá valer até 1 ponto. Só pontuará quem estiver presente em sala.

5) Tempo total: 10 minutos por grupo.


COMPORTAMENTO VERBAL

Comportamento Verbal X Linguagem

• Linguagem é comportamento verbal quando:

• As palavras não são coisas, são comportamentos.


• A linguagem referente ao ambiente.
• Direcionamento da linguagem para o ambiente.
• A linguagem controlada pelo ambiente.
• Linguagem emitida na presença de aspectos do ambiente.

(Baum, 2006)

Você também pode gostar