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UNIBRA

PSICOLOGIA

Teoria Pós-Psicanalítica

PROFA. CLAUDIA GOUVEIA

AS ESCOLAS DE PSICANÁLISE

Psicanálise
é um movimento com mais de 100 anos; com milhares de psicanalistas pelo mundo; e
uma genealogia relativamente complexa...

Gênese das escolas

Viena – Áustria
FREUD, S. –
1º formou ao seu redor um grupo pequeno de discípulos conhecido como a reunião das
quartas e depois Sociedade Psicanalítica de Viena;
2º trocou correspondência atraindo interessados e futuros discípulos de lugares
diferentes.

Berlin - Alemanha
ABRAHAM, Karl. –
um dos primeiros e mais importantes seguidores; psiquiatra, psicanalista, trabalho no
hospital de Burghölzli (Zurique); despertou para Freud através de Jung, mas depois se
tornaram rivais.
1910 - funda Associação Psicanalítica de Berlin.
1924 - presidente da Associação Psicanalítica Internacional.
Estilo literário simples e acessível.
Escritos preliminares sobre mitos, esquizofrenia, autoerotismo e luto.
Estudos aprofundados e sistematizados sobre: 1. etapas pré-genitais da libido; 2.
conceito de objetos parciais; 3. definição dos processos de introjeção (absorção oral) e
projeção (expulso por pulsões canibalísticas, agressivas, sádico-destrutivas, orais e
anais; 4. estudo sobre pacientes pseudocolaboradores com caráter narcisista descrito no
artigo “uma forma particular de resistência neurótica contra o método psicanalítico”
(1919), conferindo importância às pulsões sádicas ocultas.
Influenciou Melanie Klein e foi analista didata de E. Glover e K. Horney.
Introduziu noção de psicopatologia psicanalítica – fixação em momentos do
desenvolvimento.
Patrocinou o 1º Instituto de formação – Policlínica de Berlin – 1920.
Fez a psicanálise se infiltrar na cultura alemã até a 2ª Guerra.

Budapeste - Hungria
FERENCZI, Sandor. –
Foi ministro da saúde; tentou trazer psicanálise para saúde mental.
Um dos primeiros e mais importantes colaboradores de Freud, com quem trocou mais
de 1.200 cartas. Apesar de não haver uma dissidência forma o convívio ficou
estremecido porque criticava o dogmatismo psicanalítico.
]
Entre 1914 e 1916 foi analisado por Freud, mas depois o acusou de ter falhado na
análise da transferência negativa (na qual predominam pulsões agressivas e derivados,
inveja, ciúme, rivalidade, voracidade, ambição desmedida e formas destrutivas,
incluindo eróticas), mas esta também pode ser positiva se paciente estiver revivendo
agressividade que pais não contiveram.

1906 apresenta texto na Sociedade Médica de Viena, defendendo os homossexuais.

Contribuições:
Lançou a semente da teoria das relações objetais e do conceito de introjeção (“enquanto
paranoico expulsa do ego tendências desagradáveis, o neurótico faz entrar no ego a
maior parte possível do mundo exterior, fazendo dele aspecto de fantasia”).
15 anos antes de Spitz afirmou que a criança recebida com aspereza e falta de amor
morre fácil e voluntariamente.
1933 escreve sobre “trauma da sedução real” no trabalho confusão de línguas entre
adulto e criança – teoria sobre violência sexual a qual criança pode ser submetida:
criança brinca com adulto por brincar para ter prazer, mas sem genitalidade, o trauma é
que adulto pode responder com genitalidade a algo que na criança é pré-genital,
confundindo a criança que não tem condições para processar.
1º analista a considerar personalidade do analista como instrumento de cura.
Não acredita em critério para analisando, defendia que todo paciente que solicitasse
ajuda deveria recebê-la.
Precursor postulou que regressão do paciente proporciona que o analista complemente
falhas primitivas parentais.
1º discípulo a mostrar que técnica do mestre não era a única a ajudar o paciente;
Interesse pela técnica, clínico mais talentoso.
1908 lança semente sobre importância e descoberta da contratransferência
(desenvolvida por Freud em 1910).
1928 descreve fato psicológico necessário ao analista em “Elasticidade da técnica
analítica” (empatia) depois também usada por Freud.
Segundo Jones terminou psicótico com delírio paranoico, falando mal de Freud, mas se
descobriu que doença era consequência de anemia perniciosa que o matou em 1933.

Zurique - Suiça
Importante até 1914.
Foi a origem de BLEULER, Eugen fundador da psiquiatria psicodinâmica, introduz
noção de esquizofrenia, mestre de Jung, um dos primeiros a articular psicanálise e
fenomenologia, levou a psicanálise para a psiquiatria e psicopatologia.

No início do século XX chama de esquizofrenia a então chamada “demência precoce”.

Esquizofrenia – mente cindida contendo conceito psicopatológico de fragmentação


psíquica, perturbação que abala os alicerces da personalidade e a integridade da pessoa.

Contribuiu para a psicopatologia, originalidade resulta da busca da síntese entre o


método clínico e a psicanálise.
Considerava que os conteúdos psicóticos podiam ser decifráveis através dos
mecanismos psíquicos que a psicanálise usou para desvendar o inconsciente.
Reconheceu patogenia orgânica nas esquizofrenias, mas para ressaltar sintomas e
evolução heterogêneos, seu conceito é mais psicopatológico do que clínico, ou seja,
psicologizou a esquizofrenia.
Psiquiatria psicodinâmica – compreender a manifestação da doença e sua relação com a
personalidade, os desejos, as aspirações, o recalcamento. Diagnóstico não pode se
basear em um único sintoma, deve-se considerar a relação com as condições de vida da
pessoa.
Avaliação psicopatológica = descrever sintomas mais a síntese da psicopatologia
fenomenológica porque a pessoa não é um objeto, é um sujeito.

Londres - Inglaterra
E. Jones, R. Fairbairn - inicialmente interessados e leitores de Freud.
J. Strachey – tradutor para o inglês das obras.
Escola forte após a 2ª Guerra devido à imigração de psicanalistas.
Formada por três grupos:

Grupo de Anna Freud* – ênfase no papel da educação com psicanálise; psicanálise com
crianças prática que deve compor com educação; estudo da pulsão e dos mecanismos de
defesa – descendência direta de Freud se expande nos EUA na Psicologia do Self, na
Psicologia do Ego e nas correntes psicossomáticas.

Grupo de Melanie Klein* – esta analisada por Abraham e Ferenczi; propõe ludoterapia;
nova teoria da fantasia; teoria das relações de objeto.

Grupo dos independentes* – representado por Winnicott, Bion e Masoud Khan, forte
presença no Brasil. Característica fundamental foi tentar compor exigências dos dois
grupos e formular um terceiro entendimento sobre o que é o tratamento psicanalítico,
que tipo de teoria da subjetividade envolve, que tipo de teoria da simbolização. Várias
reformulações da técnica e da metapsicologia. Winnicott trabalhou na reconsideração do
papel da sexualidade, retomada do papel da ternura (Ferenczi).

Escolas se dividem entre teoria das relações de objeto e teoria da angústia, do ego, da
formação do eu.
E estes três grupos de Londres foram matrizes para a psicanálise ir para o mundo, sendo
as escolas americanas desdobramentos deles.

* informações nos próximos fichamentos.

Paris - França
Chegada tardia da psicanálise.
Psicanálise no início ligada ao surrealismo, vanguardas estéticas, antropólogos,
filósofos.
Reformulação acontece com LACAN J., que influenciou após a 2ª Guerra e a partir da
década de 1970; questionou sobre o modelo rígido de formação, modelo genealógico e
esquecimento de Freud; foi crítico das escolas vigentes, propõe psicanálise a partir da
linguagem, dialética e reconstrução da teoria do sujeito.
Então se têm escolas fundamentais que geraram descendência e ramificações pelo
mundo, tanto que Roudinesco disse que se está saindo da era das escolas porque hoje a
formação é mais eclética e o entendimento e a filiação fechada a uma escola estão sendo
relativizados, assim como diferentes pressupostos, teorias e métodos.

REFERÊNCIA

DUNKER, C. As escolas de psicanálise. Falando nisso. 2017.

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