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tema 02 - TEORIAS PSICANALÍTICAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO:

A PSICANÁLISE DE SIGMUND FREUD E A TEORIA PSICOSSOCIAL DE ERIK ERIKSON.


conteúdo: temas e conceitos da psicanálise, Freud e Erikson

- temas e conceitos
● A abordagem psicanalítica segundo S. Freud (1856-1939) procurou trazer resposta a
situações emotivas e mentais que não eram discutidas de maneira satisfatória pela
medicina da época. O autor foi o primeiro a desenvolver trabalhos que ofereciam
condições objetivas para relacionar abalos emocionais com sintomas (resíduos) de
distúrbios psíquicos. Segundo Freud, traumas psíquicos residentes no inconsciente
seriam os causadores das perturbações, inicialmente diagnosticadas como
neuroses. Para Freud, uma personalidade (ego) se efetiva e se realiza em função
da interação entre duas forças motrizes: a pulsão de satisfação (id) e os limites
impostos pelo ambiente social (superego). O mecanismo que condiciona a saúde e a
doença, nos termos do determinismo psíquico, está relacionado ao funcionamento
de duas forças internas: repressão e resistência. Neste sentido, resistência é vista
como a força exercida para impedir a passagem de determinados conteúdos
(inconscientes) à consciência. Por outro lado, repressão significa o movimento no
sentido de expulsar conteúdos (em geral “acidentes patogênicos”) do consciente
individual. O processo de cura para esse paradigma, ou o resultado sadio de uma
personalidade, está vinculado à capacidade de sublimação (catarse) por parte do
indivíduo, que porventura fora tolhido em seus desejos mais insondáveis. Quando o
paciente o procura, o terapeuta precisa recobrar o funcionamento adequado do
mecanismo da sublimação compensadora, normalmente pelo recurso da
transferência. O caminho privilegiado nesta abordagem é o da talking cure;
● O desenvolvimento da psicanálise no início do séc. XX provocou cisões na
comunidade científica nascente, como aquelas representadas na obra de Alfred
Adler (1870 - 1937). Das concepções desse autor emergiu um conceito de
sociedade subordinado à garantia de segurança e adaptação aos indivíduos - que
naturalmente encontram-se na chamada inferioridade. Nesse sentido, a abordagem
adleriana afastava-se da de Freud, buscando oferecer suporte ao conhecimento e à
reforma do homem tendo em vista sua posição dentro de um dado sistema social.
Sua perspectiva holística concebeu a alma sem isolamento (funcional ou
epistemológico) e ainda preservou a condição materialista, admitindo também que
as leis naturais influenciam nessa relação. A realização da natureza humana, física
ou psicológica, está portanto vinculada ao comportamento do seu chamado órgão
anímico. Com esse conceito Adler buscou integrar aspectos biológicos do
comportamento individual, relativos a sua fisiologia, com os elementos
característicos da realidade social circundante. O desenvolvimento adequado deste
órgão anímico resultaria numa personalidade com amplas chances de realização e
integração social sadia. Contribuem na compreensão desse movimento anímico o
entendimento do interesse vinculado a cada sujeito e os estilos de vida que esse
sujeito desenvolve para atingir esses fins;
● Uma abordagem psicológica referenciada em C. G. Jung (1875 – 1961) procura
estender conceitos tradicionais da psicanálise numa perspectiva generalista e
universal. Por exemplo, o inconsciente não seria apenas o locus dos conteúdos
reprimidos. Também reside nele o conteúdo simbólico forjado pela cultura, que é seu
conteúdo arquetípico. A relação compensatória entre consciente e inconsciente, no
trabalho de germinação de idéias que expressam mecanismos de realização
simbólica, ampliam a personalidade através da humanização e do
autoconhecimento. Segundo este autor, o inconsciente coletivo seria composto por
percepções, pensamentos e sentimentos subliminais que não são reprimidos devido
a sua incompatibilidade pessoal. Devido à intensidade insuficiente deste estímulo,
ou pela falta de atividade libidinal, esses conteúdos não alcançam de início o limiar
da consciência. O inconsciente coletivo também contém restos subliminais de
funções arcaicas, que foram compostas a priori e que podem ser acessados por
algum impedimento na libido. Haveria ainda, segundo Jung, combinações
subliminais com roupagem simbólica, que ainda não podem ser conscientizadas.
Além da noção de arquétipos (inconsciente impessoal) outros elementos contribuem
na constituição da personalidade segundo Jung: persona, que é o imago do objeto –
eu; anima, que o componente mais orgânico dessa composição; sombra, que são os
caracteres residuais, e propriamente o self, de onde emanam essas relações e para
o qual elas convergem.
● Os pioneiros europeus, principalmente radicados na Áustria, buscaram desde o
início de seus trabalhos divulgar o paradigma, especialmente com excursões para
eventos de Psicologia na América do Norte - no início do século XX. Antes que
fossem reconhecidas as divergências intransponíveis dentro do campo científico,
com o objetivo de difundir boas práticas em Psicanálise, foi criada a Associação
Psicanalítica Internacional (1902). Os principais objetivos foram descritos como:
preservar a Psicanálise dos abusos, promover o ensino da Psicanálise de acordo
com os cânones, bem como estimular o intercâmbio de informações e técnicas entre
os membros. C G. Jung (1875 – 1961) foi o primeiro presidente por indicação de
Freud. O primeiro congresso realizado pela associação ocorreu em Salzburg (1908),
seguido pelos que ocorreram em Nuremberg (1910), em Weimar (1911) e em
Munique (1913). Neste contexto, periódicos acadêmicos foram organizados para a
publicação dos primeiros artigos decorrentes da abordagem: “Ciência Mental
Aplicada” (1907), “Imago” (1912), Anuário de Pesquisas Psicanalíticas e
Psicopatológicas (1908), e “Revista Internacional de Psicanálise Médica” (1913).

- Freud
● S. Freud nasceu na Morávia (República Tcheca) em 1856, formando-se em
medicina (1881) na cidade de Viena. Tem sua primeira fase profissional marcada
pela transição da Neurologia para a Psicologia Clínica (próximo à virada do século
XX), na busca de um método terapêutico;
● Segundo registra no início do texto “5 lições de psicanálise”, quem primeiro aplicou o
método psicanalítico foi o médico austríaco J. Breuer (1880-1882). Freud assevera
que embora não fosse pioneiro na aplicação do procedimento terapêutico, ele foi co-
autor na obra que formalizou a descrição do tratamento: “Studies on Hysteria
(1895)”. Em seguida, suas maiores preocupações recaíram sobre a busca do
modelo científico da Psicologia (objeto, método e conceitos);
● O amadurecimento da perspectiva original teve como consequências algumas
contribuições para campos de Psicologia relacionados a: teoria das neuroses,
psicologia das profundezas (sonhos, atos falhos), chegando na sua teoria da libido
(década de 1910);
● Nos momentos finais da carreira, Freud se dedicou a estudos de metapsicologia,
bem como tentativas de aplicar a Psicanálise ao mundo da civilização, da cultura, da
religião, da sociedade e da arte. As obras mais marcantes do período foram:
Introdução à Metapsicologia (1915) e Moisés e o Monoteísmo (1938);
● Freud conceituou duas forças basais para a vida individual: a libido (pulsão de
prazer) e a conservação (pulsão de morte). Essas forças são concebidas em
simetria com o mundo físico, onde forças apresentam-se com direção, sentido e
enfrentam a inércia e o atrito, além de poderem se dissipar. De acordo com a teoria,
a vida interior é marcada pelo intenso fluxo de forças, sendo que as circunstâncias
de quantidade e proporção entre as forças, terá como resultado a manifestação de
saúde, neurose ou sublimação compensadora;

- Erikson
● Erik Erikson (15/06/1902 – 12/05/1994) foi um psicólogo alemão pioneiro no campo
do desenvolvimento humano. Oriundo da vertente psicanalítica, os trabalhos dele
avançam sobre a categoria do desenvolvimento psicossocial;
● A formação técnica como psicólogo foi não-convencional e praticamente por acaso.
Especialmente em função das questões familiares, que o levaram mesmo a mudar
de nome, o jovem Erikson afastou-se das pretensões do padrasto (por formação em
medicina) e demonstrou inclinação para as artes. Na maioridade passou a viajar
pela Europa até que acabou por conhecer Anna Freud. A partir desse encontro foi
convidado para iniciar um curso no Instituto Psicanalítico de Viena, ao que
concordou imediatamente;
● Em revisão aos trabalhos de Freud, Erikson propôs duas principais divergências. Em
relação ao desenvolvimento propriamente do indivíduo, Erikson se opôs a Freud no
sentido de que o desenvolvimento ocorre em fases (oral, anal, fálica, latência e
genital) e que apresenta limites cronológicos de desenvolvimento (até a puberdade).
Outra cisão entre os autores se manifesta quando Erikson defende que o
desenvolvimento da personalidade é constante e perene, resultado mais da
interação entre indivíduo e ambiente do que propriamente das determinações
biológicas dos seres humanos;
● Nos termos de Erikson, a personalidade de um indivíduo é o produto da relação
entre ser humano e seu meio - que geralmente converge em crises de identidade.
Caso essa relação seja positiva, tanto mais fortalecida será a identidade e o ajuste
dela ao entorno. Caso a relação seja negativa, a identidade acaba por fragilizar-se e
compromete o relacionamento com o entorno social;
● O cerne da abordagem eriksoniana encontra-se no ego, visto de maneira diferente
em relação à perspectiva freudiana. Enquanto para Freud o ego é uma estrutura
psíquica (centro da personalidade), para Erikson ele é uma agência psíquica. É uma
força positiva e integrativa, que atua na unificação da personalidade, sendo
parcialmente consciente e parcialmente inconsciente. Dividido em três aspectos
(corporal, ideal e identidade), o ego funciona como consolidador das experiências
vividas;


● https://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=9424
● https://www.youtube.com/watch?v=0QsY7Pf8v8Q
● chatGPT

Hope, Confiança Básica vs. Desconfiança Básica - Essa fase cobre o período da infância,
de 0 a 1,5 anos, que é a fase mais fundamental da vida, pois é a fase em que todas as
outras se constroem. Se o bebê desenvolve confiança básica ou desconfiança básica não é
apenas uma questão de cuidado. É multifacetado e tem fortes componentes sociais.
Depende da qualidade do relacionamento maternal. A mãe realiza e reflete suas
percepções internas de confiabilidade, um senso de significado pessoal, etc. no filho. Uma
parte importante desta fase é fornecer cuidado estável e constante do bebê. Isso ajuda a
criança a desenvolver confiança que pode ser estendida a relacionamentos além do
parental. Além disso, as crianças desenvolvem confiança em outras pessoas para apoiá-las.
Se bem-sucedido nisso, o bebê desenvolve um senso de confiança, que "forma a base da
criança para um senso de identidade." A falta de desenvolvimento dessa confiança resultará
em um sentimento de medo e uma sensação de que o mundo é inconsistente e
imprevisível.
Will, Autonomia vs. Vergonha - Essa fase cobre a primeira infância, por volta de 1,5 a 3
anos de idade, e introduz o conceito de autonomia versus vergonha e dúvida. A criança
começa a descobrir o início de sua independência, e os pais devem facilitar o senso da
criança de fazer tarefas básicas "sozinha". O desencorajamento pode levar a criança a
duvidar de sua eficácia. Durante esta fase, a criança está geralmente tentando dominar o
treinamento do banheiro. Além disso, a criança descobre seus talentos ou habilidades, e é
importante garantir que a criança possa explorar essas atividades. Erikson afirma que é
essencial permitir às crianças liberdade para explorar, mas também criar um ambiente
acolhedor para falhas. Portanto, os pais não devem punir ou repreender a criança por falhar
na tarefa. Vergonha e dúvida ocorrem quando a criança se sente incompetente na
habilidade de completar tarefas e sobreviver. A vontade é alcançada com o sucesso desta
fase. Crianças bem-sucedidas nesta fase terão "autocontrole sem perda de autoestima".
Propósito, Iniciativa vs. Culpa - Essa fase cobre crianças pré-escolares de três a cinco
anos de idade. A criança tem a capacidade de fazer coisas por si só, como se vestir? As
crianças nesta fase estão interagindo com colegas e criando seus próprios jogos e
atividades. Crianças nesta fase praticam independência e começam a tomar suas próprias
decisões. Se permitidas a tomar essas decisões, as crianças desenvolverão confiança em
sua capacidade de liderar outros. Se a criança não puder tomar certas decisões, então um
senso de culpa se desenvolve. A culpa nesta fase é caracterizada por uma sensação de ser
um fardo para os outros, e a criança, portanto, geralmente se apresentará como seguidora,
já que lhes falta a confiança para fazer o contrário. Além disso, a criança faz muitas
perguntas para construir conhecimento sobre o mundo. Se as respostas forem críticas e
condescendentes, a criança também desenvolverá sentimentos de culpa. O sucesso nesta
fase leva à virtude do propósito, que é o equilíbrio normal entre os dois extremos.
Competência, Indústria vs. Inferioridade. Esta área coincide com o período de "latência" da
psicanálise e abrange crianças em idade escolar antes da adolescência. As crianças
comparam o seu valor próprio com o dos outros ao seu redor. Os amigos podem ter um
impacto significativo no crescimento da criança. A criança pode reconhecer grandes
disparidades nas habilidades pessoais em relação a outras crianças. Erikson enfatiza a
importância do professor, que deve garantir que as crianças não se sintam inferiores.
Durante esta fase, o grupo de amigos da criança aumenta em importância em sua vida.
Muitas vezes, durante esta fase, a criança tentará provar sua competência com coisas
recompensadas na sociedade e também desenvolverá satisfação com suas habilidades.
Encorajar a criança aumenta os sentimentos de adequação e competência na capacidade
de atingir metas. A restrição dos professores ou dos pais leva à dúvida, questionamento e
relutância nas habilidades e, portanto, pode não atingir todo o seu potencial. Competência,
a virtude desta fase, é desenvolvida quando um equilíbrio saudável entre os dois extremos
é alcançado.
Fidelidade, Identidade vs. Confusão de Papéis - Esta seção trata da adolescência, ou seja,
daqueles entre doze e dezoito anos de idade. Isso ocorre quando começamos a nos
questionar e a fazer perguntas relevantes sobre quem somos e o que queremos alcançar.
Quem sou eu, como me encaixo? Para onde estou indo na vida? O adolescente está
explorando e buscando sua própria identidade única. Isso é feito olhando para as crenças
pessoais, metas e valores. A moralidade do indivíduo também é explorada e desenvolvida.
Erikson acredita que se os pais permitirem que o adolescente explore, eles determinarão
sua própria identidade. Se, no entanto, os pais continuamente os pressionarem para se
conformar com suas opiniões, o adolescente enfrentará confusão de identidade. O
adolescente também está olhando para o futuro em termos de emprego, relacionamentos e
famílias. Aprender os papéis que eles desempenham na sociedade é essencial, já que o
adolescente começa a desenvolver o desejo de se encaixar na sociedade. A fidelidade é
caracterizada pela capacidade de se comprometer com os outros e aceitar as diferenças. A
crise de identidade é o resultado da confusão de papéis e pode fazer com que o
adolescente experimente diferentes estilos de vida.
Amor, intimidade versus isolamento - Esta é a primeira fase do desenvolvimento adulto.
Este desenvolvimento geralmente ocorre durante a juventude adulta, que é entre as idades
de 18 a 40 anos. Esta fase marca uma transição de apenas pensar em nós mesmos para
pensar em outras pessoas no mundo. Somos seres sociais e, como resultado, precisamos
estar com outras pessoas e formar relacionamentos com elas. Namoro, casamento, família
e amizades são importantes durante esta fase da vida. Isso se deve ao aumento do
crescimento de relacionamentos íntimos com outras pessoas. É importante notar que o
desenvolvimento do ego mais cedo na vida (adolescência média) é um forte preditor de
quão bem a intimidade para relacionamentos românticos ocorrerá na idade adulta
emergente. Ao formar relacionamentos amorosos com outras pessoas com sucesso, os
indivíduos são capazes de experimentar amor e intimidade. Eles também se sentem
seguros, cuidados e comprometidos nesses relacionamentos. Além disso, se os indivíduos
forem capazes de resolver com sucesso a crise da intimidade versus isolamento, eles são
capazes de alcançar a virtude do amor. Aqueles que não conseguem formar
relacionamentos duradouros podem se sentir isolados e sozinhos.
Cuidado, generatividade versus estagnação - A segunda fase da idade adulta ocorre entre
as idades de 40 a 65 anos. Durante esse tempo, as pessoas geralmente estão
estabelecidas em suas vidas e sabem o que é importante para elas. Uma pessoa está
fazendo progresso em sua carreira ou andando levemente em sua carreira e não tem
certeza se é isso que deseja fazer pelo resto de sua vida profissional. Também durante este
tempo, uma pessoa pode estar criando seus filhos. Se eles são pais, então estão
reavaliando seus papéis na vida. Esta é uma maneira de contribuir para a sociedade
juntamente com a produtividade no trabalho e o envolvimento em atividades e organizações
comunitárias. Indivíduos que exercem o conceito de generatividade acreditam na próxima
geração e procuram nutri-los de maneiras criativas através de práticas como paternidade,
ensino e orientação. Ter um senso de generatividade pode ser considerado significativo
tanto para o indivíduo quanto para a sociedade, exemplificando seus papéis como pais
efetivos, líderes de organizações, etc. Se uma pessoa não está confortável com a forma
como sua vida está progredindo, geralmente está arrependida das decisões que tomou no
passado e sente uma sensação de inutilidade.
Sabedoria, integridade do ego versus desespero - Esta fase afeta o grupo etário de 65
anos ou mais. Durante este tempo, um indivíduo alcançou o último capítulo de sua vida e a
aposentadoria está se aproximando ou já ocorreu. Indivíduos nesta fase devem aprender a
aceitar o curso de sua vida ou olharão para trás com desespero. Integridade do ego
significa a aceitação da vida em sua plenitude: as vitórias e as derrotas, o que foi realizado
e o que não foi realizado. A sabedoria é o resultado de realizar completamente esta tarefa
do desenvolvimento final. Wisdom is defined as "informed and detached concern for life
itself in the face of death itself." Having a guilty conscience about the past or failing to
accomplish important goals will eventually lead to depression and hopelessness. Achieving
the virtue of the stage involves the feeling of living a successful life.

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