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DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS NA VISÃO DA PSICANÁLISE

PSYCHOSOMATIC ILLNESSES FROM THE PERSPECTIVE OF


PSYCHOANALYSI 24

Gessica Campos dos Santos1


Graciane Di Mario Ekermann2
Mateus Henrique De Campos3
Natalia Mendes Pesch4
Flávia Nunes Flores5

RESUMO: Ao longo dos séculos, surgiram diversos conceitos, caracterizados por diferentes formas de
pensar, que se manifestaram e se sucederam ao longo do tempo e ainda persistem. Diante disso, o
objetivo geral do presente trabalho é analisar a atuação do psicólogo frente as doenças psicossomáticas.
Utiliza-se a pesquisa bibliográfica para fornecer informações sobre a psicossomática e a psicanálise.
Conclui-se que o tratamento psicanalítico das doenças psicossomáticas busca investigar os conflitos
inconscientes e as emoções reprimidas que estão relacionados aos sintomas físicos. O objetivo é trazer à
consciência esses conteúdos reprimidos, permitindo que o indivíduo trabalhe emocionalmente com eles e
encontre formas mais adaptativas de lidar com seus conflitos. É importante destacar que a abordagem
psicanalítica é apenas uma das perspectivas para entender as doenças psicossomáticas. Existem outras
abordagens, como a psicossomática clínica, a medicina psicossomática e a psicologia da saúde, que
também oferecem contribuições valiosas para a compreensão e o tratamento dessas condições.
Palavras-chave: Psicanálise; Psicossomática; Doenças; Psicologia.

ABSTRACT: Over the centuries, several concepts have emerged, characterized by different ways of
thinking, which have manifested and succeeded over time and still persist. In view of this, the general
objective of the present work is to analyze the performance of the psychologist in the face of
psychosomatic illnesses. Bibliographical research is used to provide information on psychosomatics and
psychoanalysis. It is concluded that the psychoanalytic treatment of psychosomatic illnesses seeks to
investigate unconscious conflicts and repressed emotions that are related to physical symptoms. The
objective is to bring these repressed contents to consciousness, allowing the individual to work
emotionally with them and find more adaptive ways of dealing with their conflicts. It is important to
highlight that the psychoanalytic approach is just one of the perspectives for understanding
psychosomatic illnesses. There are other approaches, such as clinical psychosomatics, psychosomatic
medicine and health psychology, which also offer valuable contributions to the understanding and
treatment of these conditions.
Keywords: Psychoanalysi; Psychosomatics; Illnesses; Psychology.

1. INTRODUÇÃO

A psicossomática surgiu no século passado e vem sendo estudada e discutida


pelos mais diversos pesquisadores e cientistas em todo o mundo. Freud foi um de seus

1
Aluna da graduação de Psicologia do 2° período da UNIFATEB – gessicacostadossantos@outlook.com
2
Aluna da graduação de Psicologia do 2° período da UNIFATEB – gekermann@hotmail.com
3
Aluno da graduação de Psicologia do 3° período da UNIFATEB
4
Aluna da graduação de Psicologia do 2° período da UNIFATEB – nataliapesch@gmail.com
5
Docente de Psicologia na UNIFATEB campus sede. E mail flaflores18@gmail.com.
precursores quando começou os estudos sobre histeria e neuroses, contribuindo de
forma significativa para esse campo de estudo.
No período da antiguidade, considerava-se o “adoecer” como uma manifestação 24

de forças sobrenaturais, e a cura era buscada em rituais religiosos.


Na Grécia antiga, o primeiro pensador a construir uma corrente de pensamento
foi Hipócrates (460 a.C. - 370 d.C.) ele tinha um olhar dinâmico e integrador sobre as
doenças, observando-as como sendo em toda sua totalidade, mente doente corpo doente,
importante iterar nesse contexto que Hipócrates era contemporâneo de Sócrates (470 a
399 A.C.) e o pensamento desse filósofo em Atenas criou a concepção do homem ser
constituído não apenas de matéria – corpo e funções – mas, também de uma essência
imaterial fortemente vinculada aos sentimentos e emoções, acima de tudo, às atividades
de pensamento, nascia na Grécia antiga a ideia de “alma”. Hipócrates considerava o ser
humano como uma unidade organizada de tal forma que se tornaria impossível observar
o corpo sem considerar o cósmico e, quando essa parte sofria uma desorganização,
certamente apareceriam as doenças. Fonseca (2001) itera que para os gregos o cosmo e
a natureza eram perfeitos e ordenados por leis divinas, de tal maneira que se vivessem
em equilíbrio com essas leis, sentir-se-iam incólumes e plenos. Nesse contexto as
doenças para os gregos eram sempre uma representação do desequilíbrio do homem
com a natureza. Chauí (2000) traz à baila que Galeano foi quem primeiro descreveu a
medula espinhal, os nervos cranianos e a passagem de sangue pelas artérias. Chamava-
se “medicina Galênica” que tinha ações cosmocentradas com tratamentos à base de
repouso, boa alimentação, banhos para acalmar as dores permitindo que o corpo
retomasse o equilíbrio e pleno reestabelecimento.
No período da Idade Média o poder fundamentado no cristianismo, Áries (1997),
Goff (1985) e Volich (2000), trazem em recortes históricos que a igreja por meio da
difusão da crença da alma, influenciou de forma categórica a doença relacionada à alma.
Com Descartes, numa visão dualista, buscou elucidar a distinção do corpo e de suas
funções de forma a valorizar o corpo/matéria em detrimento ao subjetivo. Contudo,
mesmo nesse período de disseminação do método científico, ainda prevalecia o
Vitalismo da Escola de Montepellieri, oriundo do Aninismo, doutrina retomada de
Aristóteles que defendia a existência de uma força vital encontrada na origem das
sensações, das emoções, do movimento e da vida que, também, seria responsável pela
saúde e doença.
No final do século XVIII ocorre o reconhecimento da doença mental e o 24

sofrimento psíquico por Philippe Pinel.


A tentativa de compreender e justificar as doenças não é nova. Diante de todas
as ideias em desenvolvimento e cada vez mais descobertas feitas, as abordagens teóricas
da psicologia apresentavam seus conceitos de acordo com o que acreditavam ser a base
para a compreensão do comportamento humano. Dessa forma, o significado de cada um
deles é revelado com explicações e teorias.
Considerando as análises de Fenichel (1981) e de Volich (2000), entende-se que
Freud marcou a história da psicossomática e psicanálise quando viu a relação entre
psique e soma, seu interesse pela histeria o levaram a crer que as manifestações dessa
doença não se relacionavam com a estrutura anatômica dos órgãos afetados.
A partir desse entendimento, Freud funda a psicanálise, buscando compreender
as relações entre as manifestações psíquicas e corporais. Como pai da psicanálise, Freud
apresentou o artigo “Luto e Melancolia” em 1915. Esta foi uma tentativa psicológica de
compreender as causas e a descrição do tratamento psicoterapêutico da depressão. Freud
aponta as semelhanças entre o estado normal de luto e a melancolia, afirmando que
ambos os estados são caracterizados por uma perda de interesse pelo mundo exterior.
No entanto, parece que no luto a perda do objeto é real e na melancolia o objeto não se
perde, mas se “perde como objeto de amor” (CORDÁS, 2002, p. 20). A partir daí, as
ideias de Freud foram disseminadas e aceitas por diversos outros pesquisadores.
Exemplos incluem: Abraham, René Spitz, Melaine Klein, Jacobson e Arrieti
(CORDÁS, 2002).
Freud (1917) disse que não somos senhores de nossas mentes e que somos
controlados, por processos mentais inconscientes, desejos, medos, conflitos e fantasias,
cuja existência nem sequer era suspeitada até descoberto da psicanálise. Desta forma,
ele comparou sua descoberta à apresentação das teorias de N. Copérnico e C. Darwin. A
partir disso, no livro A Origem das Espécies, publicado por Darwin no ano em que
Freud nasceu, e do heliocêntrico, onde defendia a ideia de que o mundo não é o centro
da criação, mas apenas um de inúmeros planetas que orbitam o sol. A teoria da evolução
coloca o homem em seu lugar do ponto de vista biológico. Ao contrário do que a Bíblia
diz que o homem nasceu para governar o mundo, o homem como espécie evoluiu ao
longo de bilhões de anos. Freud enfatiza muito em suas obras o papel do narcisismo, de 24

modo que ferir ou trair os sentimentos importantes de alguém leva à insatisfação, tal
qual sentimentos inconscientes de inferioridade e desamparo, originados muitas vezes
na infância, são despertados por qualquer conflito.
Considerando que o ser humano usa três formas para lidar com os
acontecimentos imprevisíveis da vida: o corpo, o aparelho mental e o controle sobre o
comportamento, e “quando uma exigência externa ultrapassa a disponibilidade do
aparelho mental, conjugado com o comportamento, é o somático que passa a
responder” (COSTA; ALVAREZ, 2015, p.142), assim, o conceito referido se articula
com as circunstâncias em que o sujeito não consegue se adaptar, e por isso busca atingir
o aparelho mental na tentativa de impedir a chegada da desorganização na esfera
somática.
A medicina moderna quase chegou a acreditar que poderia ater-se unicamente
aos aspectos biológicos e bioquímicos deste corpo, vendo o fundamentalmente como
organismo. A psicanálise veio demonstrar que este corpo era um corpo trabalhado pelas
pulsões, um corpo sexual, que existe na mente como corpo construído. A
psicossomática, filha abastarda da medicina com a psicanálise, veio demonstrar o
quanto esta mente é capaz de produzir manifestações no corpo biológico. Sintomas
nascem e desaparecem pela ação aparentemente exclusiva da mente (ÁVILA, 2002, p.
37).
É sabido que, na vida adulta, quando da emergência de conflitos, tendemos a
utilizar um funcionamento mais ou menos regressivo no enfrentamento da crise. Assim,
não podemos desconsiderar o uso do corpo como veículo de expressão do sofrimento,
quando circunstâncias internas ou externas ultrapassam os modos psicológicos de
resistência habitual, além de ser o meio através do qual estabelecemos as relações
(DIAS et al, 2007, p. 25).
A perspectiva do adoecer psicossomático remete-nos para uma falha relacional
precoce anterior à linguagem e à introjeção de um objeto interno securizante e contentor
considerando-se uma relação dual disfuncional e pouco organizadora da vida mental, na
medida em que a mãe constitui o primeiro contato do bebê com o mundo exterior.
(AURÉLIO, 2010, p. 14).
24
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Analisar a atuação do psicólogo frente as doenças psicossomáticas.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Conceituar a etimologia “Doenças psicossomáticas”.
 Descrever as causas das doenças segundo a psicanálise.
 Discorrer sobre os sintomas das doenças psicossomáticas.
 Explicar como é feito o tratamento das doenças psicossomáticas segundo a
psicanálise.
 Comparar as diferentes escolas psicossomáticas e autores do tema.

3. JUSTIFICATIVA
As doenças psicossomáticas são comuns em todo os países afetando uma grande
parcela da população mundial. Uma análise mais profunda do tema é fundamental para
entender melhor sua origem e impacto na saúde. Compreender as causas subjacentes e
seus mecanismos pode levar a intervenções mais eficazes para melhorar o bem-estar dos
pacientes. A psicanálise oferece uma visão impar sobre as doenças psicossomáticas
destacando a relação entre corpo e mente. Compreender as causas psicológicas das
doenças psicossomáticas pode levar a intervenções terapêuticas mais eficazes na busca
da melhor qualidade de vida dos pacientes o que resulta a redução de maiores problemas
de saúde. O presente artigo busca contribuir com a visão psicanalítica para a educação e
sensibilização do público em geral sobre essa importante área de saúde.

4. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica conforme Antônio Joaquim Severino


(2007)
(...) que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas
anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-
se de dados de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e
24
devidamente registrados.

Dessa forma, buscou-se estabelecer uma estratégia de pesquisa bibliográfica que


tanto facilitou a identificação dos principais trabalhos em meio a uma quantidade grande
de possibilidades que permeiam a produção científica nacional, como garantiu a
capacidade de estabelecer as fronteiras do conhecimento advindo dos achados
científicos. Para tanto, o uso de uma metodologia de avaliação por meio de um estudo
bibliográfico auxiliou a equacionar esses dilemas. Considera-se, portanto, que o
processo de pesquisa se constitui em uma atividade científica básica que, através da
indagação e (re)construção da realidade, alimenta a atividade de ensino e a atualiza
frente à realidade. Assim como vincula pensamento e ação já que "nada pode ser
intelectualmente um problema se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da
vida prática" (MINAYO, 2001, p. 17).

5. DESENVOLVIMENTO

5.1. CONCEITO
Conceitua-se como doenças psicossomáticas aquelas causadas por problemas
emocionais e que representam uma ligação direta entre a saúde emocional e a física. De
tal maneira que temos um sofrimento psicológico que, de alguma forma, ocasiona uma
doença física.
Certamente que essa ocorrência não é consciente e a confirmação do diagnóstico
não é simples, principalmente por se tratar de um diagnóstico de exclusão. Assim, todas
as demais causas devem ser investigadas e excluídas antes. Há também o registro de
transtorno de somatização, quando a o paciente apresenta múltiplas queixas físicas, sem
explicações por nenhuma doença ou alteração orgânica. É comum que tais sintomas se
intensificam quando o paciente se encontra em situações de estresse e/ou pressão
emocional.
Sobre o termo Psicossomático, surgiu no século passado, através de Heinroth,
com a criação das expressões psicossomática (1918) e somatopsíquica (1928) (MELLO
FILHO, 1992). Entretanto, houve somente a consolidação do movimento em meados
deste século com as contribuições de Franz Alexander e da Escola de Chicago.
Para Alexander, o termo psicossomático: 24

Deve ser usado apenas para indicar um método de abordagem, tanto em


pesquisa quanto em terapia, ou seja, o uso simultâneo e coordenado de
métodos e conceitos somáticos - de um lado e métodos e conceitos
psicológicos por outro lado. (ALEXANDRE, Franz,1989, p. 42)

Dias (1992, p. 31) apresenta uma crítica no termo psicossomático, quanto o que
entende entre o sujeito e linguagem. Ele afirma que é um termo já gasto, pois entrou no
domínio do psiquiátrico e da medicina com uma tal amplitude que, se bem que criando
um novo espaço de investigação, também o diluiu noutros espaços afins. Propõe ainda
que, “a partir de algumas indicações deixadas por Bion”, há necessidade de se interrogar
quanto à inespecificidade do termo psicossomático e sua pertinência.
O termo psicossomático, de forma simplista, refere-se tanto ao quesito da origem
psicológica de determinadas doenças orgânicas, quanto às repercussões afetivas do
estado de doença física no indivíduo, como até confundir-se com simulação e
hipocondria, onde toma um sentido negativo (CARDOSO, 1995).
Na medicina psicossomática é um estudo das relações mente corpo com ênfase
na explicação da patologia somática, uma proposta de assistência integral e uma
transcrição para a linguagem psicológica dos sintomas corporais (EKTERMAM, 1992,
p.77).
Com o conceito brevemente definido, passamos a desenvolver o que fundamenta
a abordagem multidisciplinar (no caso que nos envolve, psicológica/médica).
Importante trazer à tona a lembrança dos trabalhos de Franz Alexander [1891-
1964], médico e psicanalista, que a partir de 1930, atuando no campo da medicina
psicossomática, como principal representante da Escola de Chicago, realizou uma
tentativa de descrever os conceitos básicos em que se fundamenta a abordagem
psicossomática. Alexander buscou apresentar o a influência dos fatores psicológicos
sobre as funções do corpo e seus distúrbios.
Um postulado que recorta a obra é que os processos psicológicos não diferem de
outros processos ocorrentes no organismo, pois também são fisiológicos, diferindo das
expressões corporais por serem percebidos subjetivamente e poderem ser comunicados
verbalmente. Franz Alexander (1989) asseverava que o processo orgânico/físico estava
diretamente ou indiretamente sob influência das incitações psicológicas, posto que
corpo e mente são um organismo único. 24

O médico/pesquisador entendia que o paciente como um ser humano com


preocupações, temores, esperanças e desesperos, como um todo indivisível e não apenas
como um portador de órgãos doentes (ALEXANDER, 1989). As contribuições de Franz
Alexander em muito ajudaram a construir o campo da psicossomática.

5.2. CAUSAS

Com um olhar mais sociológico buscamos entender que o termo


“psicossomático” engloba a totalidade dos fenômenos que influenciam a saúde do ser
humano, considerando assim as questões relativas às suas instituições sociais como
familiares que regem suas questões primária sociais e culturais e como sugeriu
Perestrelo (1974), o termo “psicossomática” nesta seara está incompleto.

[...] o conceito alude à dificuldade de os pacientes somatizadores


conseguirem “ler” as suas emoções e, por isso, elas expressam-se pelo corpo.
Para os pesquisadores dessa escola, na causa da alexitimia existe um
substrato neurofisiológico às dificuldades de simbolização das vivências
emocionais, que resultaria de uma falha das conexões neuronais entre o
sistema límbico do cérebro (responsável pelas emoções) e o córtex cerebral
(responsável pela capacidade de síntese das percepções, julgamento e
antecipação das ações). (ZIMERMAN, 1999, p.241).

Na mesma linha o pesquisador Mello Filho (2002) comentou, também, que o


termo “medicina psicossomática” - objeto de interesse na doença psicossomática junto à
multidisciplinariedade com à psicanálise - que o termo mais completo poderia ser
medicina “psicossociossomática”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta ótica definiu “Saúde” como:
“"saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e não apenas a
ausência de doença". Nesta ótica a OMS conceitua saúde com uma visão holística
considerando as influências biopsicossociais.
O filósofo/sociólogo Edgard Morin (2002) em sua obra em fragmentos de sua
celebrada obra “Ciência com Consciência” traz a luz o que somos: Se tentarmos pensar
o fato de que somos seres simultaneamente físicos, biológicos, sociais, culturais,
psíquicos e espirituais (2002). Ainda segundo o autor, o homem tem uma relação
intrínseca com o ecossistema e tanto sofre influências como a influência, assim respeitar
os processos biopsicossociais e culturais é fundamental (MORIN 2002; PENA-VEJA & 24

NASCIMENTO 1999)
Vasconcellos (1998) propõe a visão para dimensões espiritual e ecológica. O
autor entende que são abordagens recentes, novos paradigmas a serem quebrados e
aceitos no arcabouço metodológico ainda não existentes, mas, já há uma flexibilidade.
Importante enfim, entender que as doenças psicossomáticas, que são muitas, sofrem
constantemente influência de todas estas dimensões sociais, logo, não há uma única
etiologia, mas, há uma diversidade de dinâmicas que podemos trabalhar.

5.3. SINTOMAS

Para conceituar sintomas, buscamos eu significado na etimologia derivada do


grego que, significa aquilo que e mantém junto. A somatização envolve a falência da
capacidade de organizar o impacto da situação de stress, seja ela vinda de qualquer
influência biopsicosociocultural. Assim, quando o sujeito se depara com a angústia, o
medo, aflição, fúria, terror excitação, etc., todos de forma exacerbada e incomum, em
vez de serem reconhecidos e processados de forma adequada mentalmente, ele
submerge numa forma primitiva de ações e pensamentos de significantes são pré-
verbais (MCDOUGALL, 1997, p. 169).

Normalmente a sintomatologia de tais patologias leva o sujeito a não conseguir


expressar, verbalizar o seu sofrimento, ficar incapacitado de simbolizar e tal forma que
seu corpo de transforma do meio ou na via de expressão da dor psíquica na busca da
sobrevivência, mesmo que à custa de adoecimento das funções vitais, certamente de
forma inconsciente (FURTADO, 2017; STEINWURZ, 2017).
Na linha de Freud sabemos que ele acentuava que quando os afetos eram
desligados das representações, eles eram convertidos, deslocados ou transformados.
Nesta abordagem, muitos autores entenderam o destino pulsional da construção de
sintoma somático como uma falha no desenvolvimento da capacidade de simbolização.

6. DISCUSSÃO
No final do século XIX, Freud (1835-1930) resgata a importância dos aspectos
internos de uma pessoa ao desenvolver a teoria psicanalítica. Freud (1893) não
encontrou nenhum dano orgânico nos corpos dos histéricos que justificasse os sintomas 24

apresentados, e em seu livro "Alguns Aspectos do Estudo Comparativo das Paralisias


Motoras Orgânicas e Histéricas" afirma que o histérico se comporta como se a anatomia
não existisse, ou como se não tivesse conhecimento desta. A paralisia dos membros
inferiores ocorria mesmo com músculos e nervos íntegros, ou afasia sem
comprometimento da área de Broca. A hipnose podia eliminar temporariamente ou
mesmo reverter os sintomas, indicando que o organismo estava em um estado normal de
funcionamento. Tais exemplos desafiaram a medicina da época, pois até então não havia
explicação para esses acontecimentos, o que levou a histeria ao reino da encenação e da
teatralidade.
Com o método de associação livre, que se tornou a técnica psicanalítica por
excelência, a histérica dizia o que lhe vinha à cabeça e acabava lembrando da cena
traumática e que de alguma forma esse trauma estava relacionado aos sintomas. Essa
associação foi tal que, ao verbalizar a situação traumática, os sintomas foram aliviados.
Assim, possuem um significado construído pelo sujeito, uma motivação desconhecida
do indivíduo, é inconsciente, mas voltando à cadeia lógica, ao verbalizar e trazer à tona
esse evento traumático e reprimido, os sintomas foram amenizados (FREUD, 1895).
Apesar de Freud não estar familiarizado com questões relacionadas à
somatização, em seus estudos sobre a histeria, ele aponta a importância dos aspectos
psíquicos em algumas manifestações somáticas, o que fornece subsídios para pensar a
interação do psíquico e do somático na perspectiva da psicanálise.
A psicossomática moderna é a tentativa da psicanálise de intervir teórica e
clinicamente na patologia somática. Os fatos psicodinâmicos são organizados segundo
parâmetros simbólicos ou culturais, e são simbólicos, entendidos aqui como estando em
relação com o outro, produzindo consciência.
A psicossomática psicanalítica tem dois eixos de trabalho por trás de sua
reflexão, a teorização e a prática clínica. O primeiro eixo defende e adota a posição de
participação, compreensão, aceitação, que trabalha com o paciente a partir de sua
história, do significado de estar doente em seu contexto de vida, de sua demanda, ou
seja, do sintoma da doença. O segundo eixo explora os mecanismos, a relação entre a
psique e o corpo, que não é só o corpo biológico, anatômico, mas também o corpo
erótico, levando em consideração também sua linguagem, a capacidade de simbolizar, a 24

partir da qual é possível representações e sintomas do trabalho e da mudança


(CASTRO, 2013).
O objetivo do tratamento psicanalítico é, por meio do encontro entre analista e
analisando, criar condições favoráveis e necessárias para que o paciente expanda sua
capacidade egóica de lidar com sua angústia, bem como sua capacidade de sonhar,
simbolizar e reformular. sofrimento e construir novas formas de alcançar seus desejos.
Este é o campo da psicossomática psicanalítica: ela promove uma abordagem centrada
nas patologias decorrentes de falhas do processo de simbolização. Quanto mais
desenvolvido o sistema representacional e maior a capacidade de simbolizar, maior o
arsenal de defesas que o alvo possui para lidar com movimentos regressivos diante de
uma situação traumática atual ou de uma perda significativa (BEJAR, 2017).
O trabalho de análise permite ao paciente criar um espaço transicional por meio
do vínculo com o analista, que visa perceber, discriminar, nomear, expressar
sentimentos e sua capacidade de restaurar a capacidade de integrar psique e soma, o que
ressignifica sua capacidade de Integrar psique e soma. representações e simbolizações
(o que não era possível em estágios anteriores de desenvolvimento). Nesse processo,
alguns objetos podem perder sua materialidade e adquirir o status de fantasias
inconscientes, passando para o corpo erógeno, que está no corpo biológico. Isso
significa converter um sintoma localizado no nível orgânico em um sintoma neurótico.
Santos Filho (1994) afirma que no tratamento de um paciente somático, o
analista deve tentar restaurar o próprio corpo do paciente com o auxílio da empatia e da
sensibilidade em um processo criativo de adaptação às necessidades reais. Apresenta
algumas recomendações ao analista para o tratamento desses pacientes: com base em
entrevistas preliminares, tentar reconstruir cronologicamente o surto somático na
história de vida do paciente; as sessões são preferencialmente presenciais; as
interpretações são mais explicativas do que simbólicas. Nomear e traduzir o sintoma e
desconstruí-lo contribuem para a desconstrução do que aparece como sintoma. Os
corpos são agora abordados como o caminho real para a compreensão da dinâmica
psíquica. Portanto, pode-se dizer que o trabalho do psicanalista é interpretar os sintomas
dos pacientes.
O analista pode encontrar cinco tipos de resistência: resistência à repressão; à 24

transferência; do benefício secundário da doença, que representa a relutância em abrir


mão de qualquer satisfação ou alívio obtido. Dejours (2019) observa que os outros vêm
do superego e parecem advir de um sentimento de culpa ou de uma necessidade de
punição, resistindo a cada movimento de cura.

7. PRECURSORES CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE

A psicossomática e a psicanálise estão ligadas históricamente, Freud (1895), em


seus estudos sobre a histeria, aborda a componente somática do sintoma de um ponto de
vista econômico e conceitua o fenômeno de conexão, a que atribui o sentido de
expressão simbólica do conflito (A. Dias 1976 cit. Cardoso, 1995, op. cit.). Ao tentar
articular o somático e o psíquico, Freud faz a distinção entre as psiconeuroses e as
neuroses atuais, contribuindo sobremaneira a algumas teorias psicossomática (Sami-Ali,
1992, op. cit.).

Vemos que, os contributos da psicanálise para a teoria psicossomática são


valiosos, uma vez que, qualquer que seja o momento de sua elaboração, a teoria
psicossomática permanece estreitamente ligada à psicopatologia e mais especialmente à
noção de psiconeurose, o que continua sendo a norma mesmo quando dela nos
afastamos deliberadamente (Sami-Ali, 1993, p.86).

7.1 ESCOLA PSICOSSOMÁTICA AMERICANA

Na América, o interesse pela psicossomática nasce nos idos dos anos 30,
consolidando-se com Alexander e Dunbar da Escola de Chicago. Tais autores
consideram que os transtornos psicossomáticos seriam consequência de estados de
tensão crônica, relativa à expressão inadequada de determinadas vivências, que seriam
derivadas para o corpo (Cardoso, 1995, p.10). Essa linha de pensamento defende a
questão da especificidade da doença psicossomática numa visão psicogenética.
Conforme os estudos hipotéticos de especificidade, as diferentes doenças
psicossomáticas corresponderiam diferentes fatores psicológicos, que para Dunbar
seriam os tipos de personalidade e para Alexander os conflitos ou situações de vida
significantes (Cardoso, 1995, loc. cit.) 24

A. Dias (1992), criticando os dois grandes ramos da psicossomática (Escola


Americana e Escola de Paris), enfatiza que o modelo de Alexander e os que dele partem
é um modelo médico que, entreabrindo as portas à neurose de órgão, lhes fechara
imediatamente pela imposição do anatômico que exigia uma explicação do
localisacional fisiológico (A.Dias, 1992, p.39).
Alexander (1989, p.37), em sua análise ao conceito Freudiano de histeria
conversiva em psicossomática distingue entre sintoma conversivo e neurose vegetativa.
Para ele, o sintoma conversivo é uma expressão simbólica de um conteúdo psicológico
emocionalmente definido para expressar e aliviar tensões emocionais, através dos
sistemas neuromuscular voluntário ou perceptivo. Já a neurose vegetativa é uma
resposta fisiológica dos órgãos vegetativos a estados que podem ser ou não constantes.
Do ponto de vista psicodinâmico, Alexander (1989, p.11), divide os distúrbios
emocionais das funções vegetativas em duas categorias, sendo que correspondem a duas
atitudes emocionais específicas. A primeira categoria se refere às atitudes emocionais de
preparação para luta ou fuga e a segunda à retirada da atividade dirigida para o exterior.
A teoria da especificidade4 norteia todos os pontos de vista de Alexander. Para
ele, a especificidade orgânica seria responsável pela fragilidade de determinados órgãos.
Está aliada a questões emocionais dos sujeitos e que a par de conflitos inconscientes
específicos organizaria modos de defesa também específicas, poderia levar ao
aparecimento de determinadas doenças, servindo a situação exterior de desencadeante
(Cardoso, 1995, loc. cit.).

7.2 ESCOLA PSICOSSOMÁTICA DE PARIS

Em uma reversão de perspectiva das escolas americanas, no final dos anos 50, a
França, a partir de nomes com o P. Marty, M de M. Uzan, M. Fain e C. David, inicia
uma investigação em psicossomática. Para estes autores, o termo psicossomático se
refere à designação de uma abordagem de pacientes, de uma técnica psicoterápica e de
uma teoria, (Rocha, 1989, p.104) cujo interesse é a compreensão do que ocorre na
mente dos sujeitos que respondem aos conflitos e aos acontecimentos somatizando.
24
Para esses autores determinadas manifestações verbais perversas ou agressivas,
que surgem de repente desconectadas do contexto, denunciam uma certa ligação com o
inconsciente. Apesar da existência dessa ligação, o contato estabelecido entre eles
ocorre "en el nível, mas boyo, el menos elaborado, mas acá de las primeiras
elaboraciones integradoras de la vida pulsional". (Marty y M.Uzan, 1963, p.719).

7.3 ESCOLA DE BOSTON E CONCEITO DE ALEXITIMIA

Jonhn Nemiah e Peter Sifneos, dois terapeutas americanos, nos anos 70,
realizaram pesquisas sobre a forma peculiar de se comunicar dos pacientes
psicossomáticos e, constataram por meio de entrevistas psiquiátricas gravadas com
pacientes que apresentavam alguma doença psicossomática clássica, que dezesseis
desses pacientes apresentaram uma impressionante dificuldade de expressar suas
emoções através da palavra.

A esta diferente maneira de se comunicar desses pacientes, Sifneos(1972)


denominou de alexitimia, sendo que a etimiologia da palavra alexitimia é de origem
grega (a = falta de, lexis = palavra, thymos = emoção), significando falta de palavras
para as emoções (Taylor, 1990)
A alexitimia, apesar de a princípio ter sido relacionada a perturbações
psicossomáticas clássicas, na atualidade, encontra-se em um grande número de pessoas
que padecem de diversas perturbações físicas e psicopatológicas, quer como um estilo
peculiar do funcionamento mental, quer como resposta do sujeito às suas vivências
ameaçadoras pela difícil contenção psíquica das emoções dolorosas (Teixeira e col.,
p.381).
De acordo com Mc Dougall (1974, cit. Taylor 1990), diferente do que ocorre na
histeria, onde o corpo se rende à dramatização simbólica do conflito intra-psíquico, na
alexitímia o corpo segrega seus próprios pensamentos. Para tal autora, o fenômeno
alexitímico acontece em decorrência de perturbações conflituosas da relação mãe-filho,
sendo esse fenômeno uma patologia pré-neurótica extremamente precoce dominada
pelos mecanismos de defesa de clivagem e de identificação projetiva (Mc Dougall,
1980, 1982 cit. Taylor, 1990).
Krystal (1973, cit. Silva e Caldeira, 1992) realizou pesquisas em toxicômanos, 24

vítimas de holocaustos e indivíduos psicossomáticos, e concluiu que a alexitimia é mais


que uma defesa, como postulou Mc Dougall, é uma interrupção do desenvolvimento
afetivo decorrente de um traumatismo infantil, ou uma regressão da “fonction
affetictive-cognitive après un traumatisme catastrophique à lagê adulte” (Krystal,
1979,1982-1983 cit. Taylor, 1990, p. 778).
De acordo com o exposto anteriormente, a alexitimia é um constructo derivado
da clínica baseado em observações e minuciosos estudos das entrevistas de consultas
psiquiátricas em pacientes com doenças psicossomáticas clássicas.

7.4 SÍNTESE E REFLEXÃO A PARTIR DOS DIVERSOS MODELOS

Sem dúvidas o maior legado vem de Sigmund Freud (1894) para as


investigações psicossomáticas e se deve ao conceito de conversão ii individual. A
expressão “conversão” foi empregada por Freud para esclarecer a “transposição de um
conflito psíquico na tentativa de resolvê-lo em termos de sintomas somáticos, motores
ou sensitivos”. (Laplanche e Pontalis, 1995, p.103). No fim do século XIX, essa
compreensão dilata o desenvolvimento das investigações psicossomáticas,
reinaugurando “o campo da psicossomática, que se veio a estender por dois grandes
ramos de investigação” (Cardoso, 1995, p.37).

Certamente que o primeiro ramo da história da psicossomática se refere à Escola


Americana, representada por Franz Alexander e Dunbar, cuja via de investigação tem
como ponto de partida o modelo médico, onde exploram e contrapõem determinados
tipos de personalidades com doenças orgânicas peculiares. Nessa mesma ótica, porém
outra área de investigação, também se desenvolveu muito nos anos 30 e que muito
colaborou com os avanços nas investigações psicossomáticas, concerne às
“investigações experimentais acerca das variáveis fisiológicas das emoções, em torno
das descobertas de Walter Cannon e Hans Selye” (Dantzer, 1989, cit. Cardoso, 1995,
op. cit.).
Nessa época, esses dois movimentos se aproximam, contudo, as investigações
não excedem os dados estatísticos e discordantes em relação “a descrição das
diferentes personalidades acopladas ao órgão e sua doença”. (A. Dias, 1992, op. cit.). 24

Em consequência do não ampliar os dados estatísticos e da não valorização da história


pessoal do indivíduo e da gênese inconsciente das doenças, esse projeto se esgotou em
“seu próprio processo descritivo”. (Cardoso, 1995, op. cit.). Entretanto, as
contribuições da Escola Psicossomática Americana, particularmente de Alexander e
Dunbar, e as de Cannon e Selye foram essenciais para a consolidação do movimento
psicossomático. Todavia, ao buscar o entendimento holístico dos fenômenos, essa
percepção “também se descaracterizou e o que ganhou em extensão parece ter perdido
em profundidade” (Cardoso, 1995, loc. cit.).

O segundo grande ramo das investigações psicossomáticas deferência àqueles


que “tentaram e em grande parte conseguiram - unificar o discurso e o modo de
relação de objecto subjacentes à doença psicossomática” (A. Dias, 1992, p. 39).
Refere-se a Escola Psicossomática de Paris, que propõe uma nova forma de ouvir o
indivíduo, possibilitando uma nova leitura do sintoma e do sofrimento emocional ao
atribuir um valor positivo aos fenômenos, “mesmo se a natureza própria dos fenômenos
assenta numa negatividade simbólica e sintomática” (A. Dias, 1992, cit., Cardoso,
1995, op. cit.).

Neste mesmo diapasão, outros autores contribuíram de maneira valiosa para o


movimento psicossomático. Entretanto, tais contribuições não propiciaram resolução
quanto à fundamentação epistemológica da psicossomática. Nesse sentido, A. Dias
(1994, cit. Cardoso, 1995, op. cit.), no domínio das contribuições epistemológicas de
Bion, assenta o adoecer psicossomático no contexto da relação entre pensamento,
emoção e aparelho de pensar o pensamento, onde o fenômeno alexitímico é visto como
demonstração da separação entre o pensamento e aparelho de pensar o pensamento.

7.5 DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS NA VISÃO DOS GRANDES


PSICANALISTAS
Considerando que "Doenças Psicossomáticas" são aquelas que têm origem na
mente, todavia, se manifestam no corpo, afetando o funcionamento dos órgãos e
causando sintomas físicos. Considerando que a psicossomática é uma ciência que estuda 24

as relações entre a mente e o corpo, levando em conta o ser humano como um todo.

Considerando que em sendo ciência a psicossomática sustenta que as emoções,


os sentimentos e os pensamentos influenciam diretamente na saúde do corpo, causando
desequilíbrios e doenças quando são negativos ou frustrados.
Considerando que a psicossomática considera a história de vida, os traumas, os
conflitos e as resistências de do ser humano como fatores que contribuem para o
nascimento de doenças psicossomáticas.
Pontua-se no arcabouço dos grandes nomes da Psicanálise as diferentes visões
acerca do conceito "Doenças Psicossomáticas", tais como Freud (1856 - 1939), já citado
amplamente no presente artigo, considerava que doenças psicossomáticas eram
causadas pela conversão de conflitos psíquicos em sintomas corporais, como uma forma
de defesa do ego. Ele também relacionava as doenças psicossomáticas com a regressão
à fase oral do desenvolvimento psicossexual. Carl Gustav Jung (1875 - 1961), psiquiatra
e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica, uma abordagem psicológica
que se distinguiu da psicanálise de Sigmund Freud e ao longo da sua vida foi, inclusive
um grande opositor ao pensamento freudiano. Sobre doenças psicossomáticas, Jung
acreditava que eram expressões simbólicas do inconsciente coletivo. Jung enfatizava a
importância da individuação e da integração dos opostos para a cura das doenças
psicossomáticas. Em París, Jacques Lacan (1901 - 1981) foi um psicanalista e psiquiatra
francês, a princípio um grande entusiasta da visão Freudiana, desempenhou um papel
significativo no desenvolvimento da psicanálise no século XX. Ele é conhecido por suas
contribuições teóricas à psicanálise, bem como por sua abordagem única e complexa
para o estudo da mente humana, em se tratando do tema em estudo, Lacan salientava
que as doenças psicossomáticas eram resultado de uma falha na simbolização do real,
que escapava à linguagem e ao significado. Melanie Klein (1882 - 1960) foi uma
psicanalista austríaca que desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da
psicanálise infantil e fez contribuições significativas para a teoria psicanalítica em geral,
também seguidora do pensamento freudiano, tinha sua ótica acerca de doenças
psicossomáticas, levando em conta à projeção de impulsos agressivos sobre o próprio
corpo, como uma forma de evitar a culpa e a angústia decorrentes da posição
depressiva. Para Donald Winnicott (1896 - 1971) um renomado pediatra e psicanalista 24

infantil inglês conhecido por suas contribuições importantes no campo da psicanálise


em relação ao desenvolvimento infantil entendia que as doenças psicossomáticas eram
uma forma de comunicação não-verbal do sofrimento psíquico, que se originava na
falha do ambiente suficientemente bom na infância. Ele propunha a importância do
brincar e da criatividade para a prevenção e o tratamento das doenças psicossomáticas.
Já para Karen Horney (1885 - 1952) que foi uma psicanalista notável que fez
importantes contribuições para o campo da psicanálise, fundamentalmente no que se
refere à psicologia feminina, associava as doenças psicossomáticas à busca neurótica
por segurança e afeto, que levava o indivíduo a desenvolver estratégias de adaptação
baseadas na submissão, na agressividade ou na indiferença. Horney defendia que as
doenças psicossomáticas podiam ser superadas pelo desenvolvimento do eu real e da
auto aceitação. Sobre o tema importante trazer a visão de Erik H. Erikson (1902 - 1994)
que foi um psicanalista de origem alemã e se tornou uma figura proeminente no campo
da psicologia do desenvolvimento. Ele é mais conhecido por sua teoria do
desenvolvimento psicossocial, que expandiu e modificou as ideias de Sigmund Freud
sobre o desenvolvimento humano, a respeito de doenças psicossomáticas pontuava
Erikson que são relativas às crises existenciais decorrentes dos estágios do ciclo vital,
que exigiam do indivíduo uma redefinição de sua identidade e de seu papel social.
Enfatizava a importância da confiança básica e da esperança para a resolução das
doenças psicossomáticas. Por fim, Viktor Frankl (1905 - 1997) um renomado psiquiatra
e neurologista austríaco, não era um psicanalista no sentido tradicional, mas sim um
psiquiatra e psicoterapeuta austríaco compreendia as doenças psicossomáticas como
uma forma de protesto existencial diante da falta de sentido e de valores na vida. Ele
também propunha que as doenças psicossomáticas podiam ser curadas pela busca de um
sentido autêntico e de uma responsabilidade pessoal pela própria existência.

8 CONCLUSÃO
Ficar doente é uma experiência muito significativa na vida de qualquer pessoa.
Inclui experiências subjetivas de mudanças físicas ou emocionais e a confirmação
dessas mudanças por outras pessoas. O ser humano sente isso não apenas em seu corpo, 24

mas em toda a sua subjetividade. Ninguém é o mesmo depois de uma doença.


As doenças podem ser vistas como mensagens que os pacientes enviam em sua
busca para superar a dor. O desafio de viver e abraçar o próprio corpo surge do trabalho
de percepção, refinamento, resignação e força do ego. Mais do que possuir um corpo ou
viver em um corpo, entender estar em um corpo e conhecer o corpo é a tarefa da vida.
Você sente fome, raiva, prazer, ódio, amor, dor, sono, dor... e o que fazer com eles?
Engolir? Expressar? De que maneira? A quem? Ou melhor, por quem? Estas são as
questões que a psicanálise e a psicossomática psicodinâmica abordam ao buscar
relacionamentos e vínculos que permitam ao paciente desenvolver sua capacidade de
lidar com seus desejos, conflitos e expressá-los de forma equilibrada.
A psicanálise tem ajudado a criar as condições psíquicas para que pacientes e
analistas tenham um contato mais interno e consciente com sensações e sentimentos,
além de poder julgar o que é um sentimento "bom ou ruim", e construir legitimidade
para que eles possam ser sentidos, registrados, simbolizados, desenvolvidos,
interpretados, possibilitando a realização do principal trabalho psíquico: formar-nos em
seres encarnados, presentes e vivos.
Na psicanálise, as doenças psicossomáticas são entendidas como manifestações
físicas de conflitos e angústias emocionais não resolvidos. Segundo essa abordagem, o
corpo e a mente estão intimamente ligados, e os processos psíquicos podem se expressar
através de sintomas físicos.
A psicanálise considera que as doenças psicossomáticas surgem como uma
forma de expressão simbólica de conteúdos emocionais e conflitos inconscientes. Os
sintomas físicos são vistos como uma tentativa do indivíduo de lidar com seus conflitos
internos de uma maneira que evite a tomada de consciência direta desses conflitos.
Para entender as doenças psicossomáticas, é necessário compreender o conceito
de somatização. A somatização é o processo pelo qual os conteúdos psíquicos não
resolvidos se manifestam no corpo. Ou seja, as emoções reprimidas e os conflitos não
expressos encontram uma forma de se manifestar através de sintomas físicos.
Na visão psicanalítica, as doenças psicossomáticas podem ser compreendidas
como uma forma de defesa do indivíduo contra a angústia emocional. Ao converter a
angústia em sintomas físicos, o indivíduo consegue evitar o enfrentamento direto dos 24

conflitos internos. Isso pode ocorrer devido a mecanismos psíquicos, como a repressão,
a negação e a formação de sintomas.
É importante ressaltar que a psicanálise não nega a existência de componentes
orgânicos nas doenças psicossomáticas. Pelo contrário, reconhece que fatores biológicos
podem estar envolvidos. No entanto, a ênfase recai sobre a compreensão dos aspectos
psíquicos e emocionais subjacentes aos sintomas físicos.
O tratamento psicanalítico das doenças psicossomáticas busca investigar os
conflitos inconscientes e as emoções reprimidas que estão relacionados aos sintomas
físicos. O objetivo é trazer à consciência esses conteúdos reprimidos, permitindo que o
indivíduo trabalhe emocionalmente com eles e encontre formas mais adaptativas de
lidar com seus conflitos.
É importante destacar que a abordagem psicanalítica é apenas uma das
perspectivas para entender as doenças psicossomáticas. Existem outras abordagens,
como a psicossomática clínica, a medicina psicossomática e a psicologia da saúde, que
também oferecem contribuições valiosas para a compreensão e o tratamento dessas
condições.

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i
A escola de medicina de Montpellier

Desde seu estabelecimento na Idade Média (as primeiras menções datam do século X), leva o nome de sua localização
“Montpellier” uma cidade portuária. Por tal motivo, a circulação expressiva de pessoas e a mistura étnica/cultural ali
foram acentuadas pela intensa atividade comercial. Como capital da região de Languedoc, foi e ainda é um importante
centro urbano, do ponto de vista político-administrativo, econômico, religioso e também educativo, entre várias outras
esferas.

Montpellier foi conhecida como uma 'cidade médica', pois lá havia intensos intercâmbios comerciais desde a Idade
Média, o que tornou uma referência importante para peregrinos, cruzados e outros viajantes. Essa impar combinação
oportunou demandas particulares de atendimento médico, originando diversas instituições de caridade e hospitalares,
bem como sua escola de medicina (Williams, 1996, p.205-207).

Não há registro claro, mas médicos árabes e judeus com grandes conhecimentos procedentes da Espanha e recebidos
pelos condes de Montpellier começaram a ensinar medicina na localidade. No início do século XIII, a Faculdade de
Medicina já era um dos quatro maiores centros de ensino médico na Europa Ocidental, posição que manteve ao longo
dos cinco séculos seguintes. Para se ter uma ideia da reputação dessa escola, entre 1610 e 1752, seis entre os dez
Primeiros Doutores (os médicos do rei da França) foram formados em Montpellier, e entre 1803 e 1806, quase a metade
dos médicos franceses (45,9%) era graduada pela instituição (Raynaud, 1998, p.726; Williams, 1996, p.218). Entre os
mais aclamados históricamente, cabe selecionar Laurent Joubert (1529-1682), Lazare Rivière (1589-1655), Joseph
Pitton de Tournefort (1656-1708), Théodore Turquet de Mayerne (1573-1654 ou 1655), Jean Astruc (1684-1766),
Pierre-Jean-George Cabanis (1757-1808), Philippe Pinel (1745-1826) e Marie François Xavier Bichat (1771-1802).

Desde a Idade Média, a Faculdade de Medicina de Montpellier teve feições próprias e originais. Assim, por exemplo,
nem mesmo nesse primeiro período o ensino foi livresco: nos anos 1200, os estatutos da universidade estabeleciam que
os alunos deveriam se afastar da cidade e interromper suas atividades em sala de aula para realizar prática clínica, sendo
esta uma parte do programa de estudos (Nance, 2001, p.68).

A aura e reputação ilibada de Montpellier como centro de ensino médico inovador, que atualizava continuamente seus
equipamentos e contratava professores progressistas se manteve no decorrer dos séculos. Coleman (1974, p.400)
observou que tal processo se deu em um contexto intelectual que colocava o ser humano como parte do mundo natural,
importante ressaltar, um 'animal racional', cuja saúde podia ser conservada pela medicina. Todavia, a partir do século
XVII, os médicos de Montpellier priorizaram os dados obtidos através da senso-percepção (Nance, 2001, p.68).

ii
Este termo foi empregado por Freud pela primeira vez no artigo sobre As Neuropsicoses de defesa (1894) Edição
Standard Brasileira (1994), vol. III, p.56, Imago Editora. No entanto parece haver uma certa imprecisão quanto o
verdadeiro autor deste termo - Freud ou Breuer. (1914) Edição Standard Brasileira (1994), vol. XIV, p.19, Imago
Editora. Freud utiliza este termo no caso da Sr.ª. Emy von N. para designar a transformação da excitação psíquica em
sintomas somáticos crônicos, cujo sentido primordial é econômico. (1893) Edição Standard Brasileira (1994), vol. II,
p.116, Imago Editora

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