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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE DIREITO

1° Módulo do Material de apoio de Ciência


Política e Direito Constitucional
I semestre

Por: Grupo de Estudo "Estudando Ius"

Luanda, Julho de 2019.


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 6
1. DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................................................. 8
2. TEORIA GERAL DO ESTADO ................................................................................ 10
3. FINS E FUNÇÕES DO ESTADO ............................................................................. 12
3.1. Estado Soberano .................................................................................................. 13
3.2. Estado Não Soberano ........................................................................................... 16
3.3. Estados Semi-Soberanos ...................................................................................... 16
4. FORMAS DE ESTADO............................................................................................. 18
4.1. Forma de Estado da República de Angola ........................................................... 18
5. FORMAS EXTERNAS DOS ACTOS DOS ÓRGÃOS DO ESTADO ..................... 18
5.1. Hierarquia Normativa .......................................................................................... 19
6. PARTIDOS POLÍTICOS ........................................................................................... 22
6.1. Fins dos Partidos Políticos ................................................................................... 22
6.2. Funções dos Partidos Palíticos ............................................................................. 23
6.2.1. Funções políticas ............................................................................................... 23
6.2.2. Funções Administrativas................................................................................... 23
6.3. Tipos de Partidos Políticos .................................................................................. 25
6.4. Partidos Políticos de Quadros .............................................................................. 26
6.5. Partidos Políticos de Massas ................................................................................ 27
6.6. Partidos de Integração .......................................................................................... 28
6.7. Sistema dos Partidos Políticos ............................................................................. 28
6.7.1. Sufrágio ............................................................................................................. 30
6.7.2. Formas de Sufrágio ........................................................................................... 30
7. SISTEMAS ELEITORAIS ......................................................................................... 31
7.1. Circunscrições eleitorais ...................................................................................... 31
7.2. Tipos de Sufrágio ................................................................................................. 32
7.3. Modo de Escrutínio .............................................................................................. 32
7.3.1. Sistema de Escrutínio Maioritário .................................................................... 33
7.3.2. Sistema de Escrutínio de Representação Proporcional ..................................... 33
7.4. Regime jurídico do sistema eleitoral ................................................................... 34

Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos, Sandra Fernandes.
Luanda, Julho de 2019.
8. SISTEMA DE GOVERNO ........................................................................................ 35
8.1. Parlamentar .......................................................................................................... 35
8.2. Presidencial .......................................................................................................... 36
8.3. Misto = Semi-Presidencial = Presidencialismo Parlamentar ............................... 36
CONCLUSÕES .............................................................................................................. 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 40

Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos, Sandra Fernandes.
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho resulta da iniciativa do grupo de estudo "Estudando Ius", que com
o objetivo de tornar mais fácil a compreensão das matérias jurídico-constitucionais
produziu este instrumento de consulta, que além de manual interno do grupo sirva
também para a comunidade académica em geral.

O grupo "Estudando Ius" é composto por 10 elementos (homens e mulheres) que


formou-se, em primeiro, por iniciativa dos próprios estudantes e em segundo, por uma
orientação pedagógico-académica do corpo docente para com a turma.

O trabalho em apresentação é uma produção dos estudantes do primeiro ano do Curso


de Direito pós-laboral, turma única. Trata-se de um trabalho não acabado, que é
susceptível de erros, razão pela qual aconselhamos a todos os leitores a consultarem
outros manuais para além deste de modo a enriquecer os conhecimentos e a preencher
as possíveis lacunas de informação que podem encontrar ao longo do trabalho.

O Direito Constitucional é o ramo do direito público interno que se ocupa pelo estudo
da lei magna, a Constituição. É importante, para o estudante de direito e não só, estudar
o Direito Constitucional, pois permite perceber o que a Constituição consagra e o que é
desenvolvido nas leis, como está estruturado o Estado, quais são os tipos de Estados
existentes, sua estrutura, seus elementos, como o poder está distribuído e como é
exercido.

Neste trabalho também vai poder perceber qual a relação e diferença existente entre
Direito Constitucional e a Ciência Política.

É importante frisar que as matérias que aqui são expostas são apenas do primeiro
semestre do ano lectivo de 2019.

O documento em curso está organizado em oito capítulos:

No primeiro abordamos sobre o Direito Constitucional, seu conceito, características


principais e a relação e diferença existente entre as ciências auxiliares e afins.

No segundo capítulo abordamos sobre a teoria geral do Estado, refletimos em torno do


surgimento e evolução do Estado. Onde tratamos sobre os três elementos constituintes
do mesmo.

O terceiro capítulo deste trabalho trata a respeito dos fins e funções do Estado, neste
capítulo é possível encontrar ainda os tipos de Estado (Soberano, não Soberano e Semi-
Soberano) e uma explicação dos elementos constituintes de cada tipo de Estado.

No quarto que é o capítulo mais curto narra-se a respeito da forma de Estado com maior

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ênfase na forma de Estado angolano.

O quinto capítulo começa por explicitar sobre as formas externas dos actos dos órgãos
de Soberania e termina com a hierarquia normativa.

O sexto capítulo lança a discussão acerca dos partidos políticos, onde é possível
encontrar os seus elementos constituintes, fins, funções, tipos e o próprio debate sobre
os sistemas de partidos políticos.

No sétimo e penúltimo capítulo é possível encontrar a análise sobre os sistemas


eleitorais, onde a conversa vai desde as circunscrições eleitorais até ao sistema de
escrutínio maioritário e o proporcional.

No último capítulo abordamos sobre o sistema de governo, falámos um pouco sobre o


sistema parlamentar, presidencial e o misto. Por fim abordamos do sistema de governo
angolano.

Para elaboração deste material fizemos recurso às obras de alguns dos autores que são
de leitura obrigatória para todos aqueles que queiram perceber melhor sobre o Direito
Constitucional, autores como: Professor Bacelar Gouveia, Professor Silva Cunha,
Professoras Dora Alves e Maria Magalhães, Professor José Fernandes, Professor Raul
Araújo entre outros.

Para a elaboração deste mesmo documento usámos a técnica de consulta bibliográfica,


documental, tivemos acesso a alguns áudios das aulas de Ciências Política e Direito
Constitucional ministradas pelos Professores Agostinho António Santos (regente da
cadeira), Vitorino Mário (professor assistente) e do professor Caxixi (assistente). O
trabalho foi elaborado, também, fruto das notas que foram tomadas pelos estudantes do
grupo durante as aulas dadas pelos professores anteriormente já citados.

Bom proveito.

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1. DIREITO CONSTITUCIONAL

Direito Constitucional é um ramo do direito público interno, formado pelo conjunto de


normas constitutivas do estatuto jurídico político, ou seja, é um sistema de princípios e
normas jurídico-constitucionais que estabelecem a estrutura do Estado, a organização
dos seus órgãos, formas de aquisição do poder, forma de exercício, limites da sua
actuação, consagram e garantem os direitos e deveres fundamentais dos cidadãos, fixam
os regimes políticos e os fundamentos da ordem económica e social do Estado.

A Constituição é a lei fundamental de um determinado Estado e provém de um poder


Soberano (povo), que não podendo elaborá-la diretamente o faz através de
representantes eleitos reunidos em assembleia constituintes. Consiste na faculdade que
todo povo possui de fixar as linhas mestras e fundamentais sobre as quais deseja viver.
A Constituição é o objeto do direito constitucional. A Constituição vem do latim
Constiture e quer dizer estabelecer definitivamente. O direito público corresponde às
normas que regulam as atividades e funções do Estado, Servidores e Particulares; visa
regulamentar assuntos entre entidades públicas. Ex: Presidente da República, Deputados
e Assembleia Nacional.

As características do Direito Constitucional são:

1. Ramo do Direito público – porque visa definir os princípios


constitucionalmente estruturantes da vida do Estado;
2. Ramo do Direito público interno – porque em oposição ao Direito
Internacional público, só se aplica num determinado ordenamento territorial
(país - Estado);
3. Estatuto jurídico do político – porque define as competências dos políticos e as
atribuições dos órgãos de soberania;
4. Ramo do direito fundamental – o Direito Constitucional é considerado ramo
de Direito Fundamental, em virtude de gozar de uma posição hierárquico-
normativa superior em relação aos demais ramos de Direito, e isso pelos
seguintes elementos:
a) Ocupa uma posição lex superior (princípio da auto primazia normativa – elas
buscam fundamento jurídicos nelas mesmas);
b) As normas do direito constitucional são normas das normas (são as fontes de
produção jurídica das normas infraconstitucionais – porque elas ditam a forma
de produção e funcionamento de outras normas);
c) Há uma superioridade normativa das normas do Direito constitucional (implica
o princípio da conformidade de todos os actos dos poderes políticos com a
Constituição – os actos legislativos, executivos e outros devem estar em
conformidade com a Constituição sobe pena de violarem o princípio da

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constitucionalidade).

Ciências afins do Direito Constitucional, segundo Bacelar Gouveia, são aquelas que
cuidam do mesmo objeto regulado pelo Direito Constitucional. Enquanto que as
auxiliares, no caso de ostentando um outro objeto permitem fornecer elementos de
trabalhos úteis à ciência do Direito Constitucional.

Algumas disciplinas afins do Direito Constitucional são:

História constitucional: estuda o percurso, os acontecimentos no âmbito das matérias


jurídico-constitucionais que ficam para trás ou que já não estão em uso. Pode dizer-se
que a História constitucional estuda os momentos de transitoriedade das matérias
jurídico-constitucionais. Permite ao legislador actual, antes de legislar, olhar para a
história e para as Constituições anteriores.

Direito Constitucional Comparado: faz o estudo de diferentes diplomas jurídico-


constitucional. Permite ao legislador ter uma visão de vários sistemas jurídico-
constitucionais.

Direito Constitucional Particular: significa nada menos e nada mais que o Direito
Constitucional é um ramo do Direito público interno e que visa estudar o texto
particular de um determinado sistema jurídico interno (a Constituição).

Direito Constitucional Geral ou Doutrina do Direito Constitucional: fornece os


conceitos da teoria geral do Direito Constitucional, cabe aos sistemas jurídicos a escolha
dos mesmos conceitos e consagrá-los. Ex: formas de Estado, de Governo, etc.

Filosofia Política: como parte da Filosofia, a Filosofia política pretende, no que


respeita ao fenómeno político, descobrir os seus limites no que toca os Direitos das
pessoas, sugerindo estudo dos limites do poder público positivo.

Sociologia Política: é o sector da sociologia que se dedica ao estudo das relações entre
o poder e a sociedade.

Ciência Política: o fenómeno político, diferentemente do Direito Constitucional, pode


ser visto como mero facto, pretendendo-se nesta ciência estudar os comportamentos das
instituições dos respectivos titulares, incluindo aspectos do sistema de partidos, do
sistema eleitoral, do sistema de governo e do regime político que aquele não pode
razoavelmente ignorar.

As ciências auxiliares diferentemente das ciências afins parecem-se menos com a


Ciência do Direito Constitucional, mas nem por isso lhe deixa de ser útil,
essencialmente numa veste informativa e são:

Ciência da linguagem: o alto nível proclamatório dos textos constitucionais, levando

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ao frequente aparecimento de metalinguagem, torna o estudo da linguagem
constitucional particularmente importante no relevo ordenador que se lhe passa atribuir.

Estatística e a Matemática: são evidentes os contributos destas ciências no campo dos


sistemas eleitorais ou a definição das maiorias deliberativas; sem cujos conceitos não é
possível a compreensão de algumas normas constitucionais, nem da sua lógica
subjacente.

História: na experiência do percurso dos povos, nas suas múltiplas formas de


organização, os acontecimentos económicos, sociais e religiosos, para além dos
elementos diretamente políticos, podem também justificar os acontecimentos
constitucionais.

A relação entre a Ciência Política e o Direito Constitucional é que ambas estudam a


organização política do Estado. Já a diferença entre elas, pode ser vista no quadro
abaixo de forma simplificada.

Ciência Política Direito Constitucional


Ciência dos factos Ciência da Constituição
Analisa numa perspectiva factual Analisa numa perspectiva normativa
Estuda as coisas ou fenómenos como são Define como devem ser
Estatuto jurídico do político

2. TEORIA GERAL DO ESTADO

A Teoria Geral do Estado tem a ver com a origem e o desenvolvimento dos conceitos e
tipos de Estados ao longo da história até aos Estados atuais.

O fim da Idade Média marcou o início do conceito de país e, por consequência, do


próprio Estado. A reunião de feudos sob um governo central determinou o surgimento
de uma mentalidade diferente, que fez com que o cidadão passasse a ter novos
sentimentos em relação à sua situação geográfica. O sentimento de pertencer a uma
cidade ou a um determinado local foi sendo suplantado por um mais abrangente que
envolvia o país. Dessa nova disposição surgiu o conceito atual de Estado. Estado é uma
palavra polissêmica e seu significado atual surgiu por volta do século XVI. Estado
deriva de status reipublicae, que era usado para designar a ordem permanente da coisa
pública e dos negócios de Estado na Roma antiga. A palavra tornou-se de uso corrente
através dos escritos de Maquiavel.

DE CICCO e GONZAGA ensinam que a palavra Estado vem do verbo stare, que
significa “estar firme”. Para eles, está relacionado etimologicamente com a palavra

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“estabilidade”. Definem Estado com uma instituição organizada política, social e
juridicamente, ocupa um território definido e, na maioria das vezes, sua lei maior é uma
Constituição escrita. É dirigido por um governo soberano reconhecido interna e
externamente, sendo responsável pela organização e controle social, pois detém o
monopólio legítimo do uso da força e da coerção.

A primeira noção ainda sem rigor técnico que se colhe do Estado é a de um povo fixado
num território de que é senhor, e que dentro das fronteiras deste território institui, por
autoridade própria, órgãos que elaboram as leis necessárias à vida colectiva e imponham
a respectiva execução.

O Estado caracteriza-se assim por ser uma sociedade política territorial, quer dizer,
fixado num território de que é senhor, na qual o poder, além de funcionalizado se
encontra despersonalizado: titular do poder é a colectividade e os governantes limitam-
se a exercê-lo, como suporte dos órgãos da mesma colectividade.

Nota-se que o Estado com que se tomou contacto na primeira parte e que constituirá o
objeto de estudo subsequente é o Estado Moderno, que surgiu na Europa com a idade
moderna sobre as ruinas do feudalismo. Teve por base o desenvolvimento da economia
mercantil e a libertação das sociedades civis do domínio temporal da igreja e assentou
na concentração de poder nas mãos do príncipe e no despertar da consciência nacional,
que permitiu encontrar um fundamento e um fim despersonalizado para o poder.

Como se depreende daquela primeira noção, a existência de um Estado depende de


haver um povo que tenha o senhorio de um território que seja dotado de poder de se
organizar politicamente. Por isso se diz que os elementos do Estado são: o Povo, o
Território e o Poder Político.

Povo: é o conjunto dos indivíduos que para a realização de interesses comuns se


constitui em comunidade política, sobre a égide de leis próprias e a direcção de um
mesmo poder (não podendo, portanto, confundir o conceito de povo com o de
população).

Como já ficou dito, o vínculo que liga os indivíduos a uma comunidade política e os
integra em certo povo chama-se nacionalidade ou cidadania e a essas qualidades
corresponde a certos direitos, e certas obrigações para com a colectividade e para com
os outros cidadãos.

Porque o povo é constituído apenas pelos nacionais, resulta que só estes podem intervir
no exercício do poder constituinte e que só estes em princípio gozam em geral de
direitos políticos, isto é, podem ser cidadãos activos.

Território: A colectividade que constitui um Estado há de estar fixado em certo

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território, tem de ser uma sociedade sedentária. Nem sempre a forma mais perfeita da
comunidade política, exigiu a sedentariedade: mas hoje as grandes sociedades políticas
a que chamamos Estado implicam necessariamente a existência de um território onde o
povo seja senhor de se reger segundo as suas leis, executadas por autoridade próprias
com exclusão da intervenção de outros povos.

O território do Estado é o espaço pelo qual os órgãos do Estado têm poder de impor a
sua autoridade: define assim o âmbito da competência no espaço dos órgãos supremos
do Estado. As leis são em princípio obrigatórias só dentro das fronteiras do Estado de
cuja autoridade dimanam.

Poder Político: Pode haver uma colectividade fixada num território e não ser um
Estado. O Estado só nasce desde que essa colectividade exerça o poder político. Assim,
a existência da colectividade do território são, nos nossos dias, condições para que surja
um poder político.

Poder Político é a faculdade exercida por um povo de, por autoridade própria, instituir
órgãos que exerçam o senhorio de um território e nele criem e impõem normas
jurídicas, dispondo dos necessários meios de coação.

3. FINS E FUNÇÕES DO ESTADO

Os fins são aquilo para que o Estado serve e as funções são os mecanismos que o Estado
utiliza para atingir estes fins.

Os fins do Estado são:

1. Segurança;
2. Bem-estar económico e social;
3. Justiça (por via do sistema de justiça – Procuradoria Geral da República e os
Tribunais).

As funções do Estado são:

1. Executiva/Governativa;
2. Legislativa;
3. Judicial/Jurisdicional.

Os tipos de formas de Estado são:

1. Soberano (Unitário/Simples e Complexos/Compostos).


2. Não Soberano (Federados);
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3. Semi Soberano (Protegidos, Neutrais, Exíguos e Neutralizados);

A palavra Soberania foi posta em voga por Jean Bodin nos finais do século XVI, no seu
trabalho intitulado "Les six livres de la République", publicado em 1580. Jean Bodin
definiu a Soberania como um poder que não tem igual na ordem interna nem superior na
ordem externa. O poder Soberano é, assim, um poder supremo que não está
internamente limitado por nenhum outro, e um poder independente, que não está
subordinado a nenhum outro.

Os três tipos históricos de distribuição de poderes são:

1. Concentração de poderes;
2. Desconcentração de Poderes;
3. Descentralização de Poderes.

3.1. Estado Soberano


Os Estados Soberanos caracterizam-se por desfrutarem de um poder supremo (sem
igual) na ordem interna e de um poder independente (sem superior) na ordem externa.
Isso quer dizer que no interior do seu território não admite que nenhum outro poder se
sobreponha ao seu, e que gozam, na comunidade internacional, todos mesmos direitos
que são:

1. O direito de fazer a guerra e de negociar a paz (Ius Belli), ou seja, o direito de


usar a força para defender o seu território e proteger os seus cidadãos;
2. O direito de legação (Ius Legationis), isto é, o direito de enviar e de receber
agentes diplomáticos para a representação do Estado;
3. O direito de celebrar tratados internacionais (Ius Tractum);
4. O direito de reclamação internacional, quer dizer o direito de usar
internacionalmente certos meios, para defender os seus interesses e fazer valer
os seus direitos, tais como os protestos, os pedidos de inquéritos, os pedidos de
arbitragem e a jurisdição internacional. O direito de expor as suas ideias nos
grandes palcos internacionais como: SADC, ONU, UA...

Exemplos de alguns Estados Soberanos são: Angola, Brasil, E.U.A, Portugal, etc.

As formas de Estado Soberano são: Unitário/Simples e Complexos/Compostos.

- Unitário/Simples: é aquele em que existe um único centro de decisão política, um


conjunto único de instituições e governo e um único ordenamento jurídico originário ou
constituição. Há um só poder político para todo o território. O Estado unitário pode ser

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centralizado ou descentralizado.

1. Estado unitário centralizado: quando os fins públicos são prosseguidos apenas


pelo Estado e os seus órgãos estendem o poder de forma exclusiva a todo
território. E as diversas colectividade que a compõem não exercem autonomia.
Dentro da centralização vamos encontrar a desconcentração administrativa.
2. Estado unitário descentralizado: quando além do Estado há outras entidades
com personalidade jurídica própria prosseguindo os fins públicos. O Estado
Unitário Descentralizado caracteriza-se essencialmente pela autonomia
administrativa financeira.

A Descentralização pode ser Política e Administrativa.

Descentralização Administrativa: verifica-se quando existe uma transferência de


poderes administrativos para entidades locais de base territorial que são órgãos
autónomos do poder local (art. 213 e 217 da CRA). O poder local é exercido,
igualmente, pelas instituições do poder tradicional, constituídas de acordo com o Direito
Consuetudinário e que não contrariem a Constituição do país.

Tipos de descentralização Administrativa:

 Descentralização Administrativa de tipo Institucional – gera as empresas


públicas e institutos públicos com fins especializados. Ex.: a EPAL, ENDE,
INAC, etc.
 Descentralização Administrativa de tipo Associativa – que gera as
associações públicas e a sua tarefa é regular o modo de organização e
funcionamento das atividades profissionais. Ex.: Ordem dos Médicos, Ordem
dos Advogados etc.
 Descentralização Administrativa de população e território – que geram as
autarquias, que exercem competências de natureza administrativa, diferente das
regiões autónomas, pois têm competências regulamentar e administrativa para a
gestão das especificidades das suas populações, pois nas autarquias para além do
povo existe a população. Sem autarquias não há tutela, dentro das regiões
autónomas pode haver autarquias. Ex: no caso de Portugal (Lisboa).
 Descentralização Política - Nos Estados Unitários com Descentralização
Política, para além da descentralização administrativa, existe igualmente uma
transferência de poderes legislativos e governativos para entidades locais
(Estados Regionais), que acabam por ser distintas do Estado Central. O Estado
Descentralizado possui politicamente poderes próprios, pode aprovar leis e tem
uma ampla autonomia institucional com entidades políticas e administrativas
próprias, como por exemplo em Portugal (Açores e Madeira).

- Complexo/Composto: é aquele onde existe a integração de vários ordenamentos

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jurídico-constitucionais, vários conjuntos de autoridade e uma multiplicidade de centro
de decisões políticas. Há neste tipo de Estado, uma pluralidade de poderes políticos que
estendem aos vários territórios que o compõem. Este tipo de Estado pode apresentar-se
como Estado Federal (Federações), União Real, União Pessoal e Confederações.

1. Estado Federal (Federações): é a forma de Estado em que existe uma


pluralidade de poderes políticos e de ordenamento constitucionais (Estados
Federados) que podem assumir várias denominações, como sejam: Estados
federados como por exemplo, Nos E.U.A, Brasil e Índia. O Estado Federal é o
detentor da Soberania e os Estados federados, apesar de terem os elementos
típicos de um Estado (Povo, Território e Poder Político) não têm Soberania,
porque a transferiram para o poder federal. Estas entidades possuem
constituição, parlamento, o governo e os tribunais, mas estão sujeitas ao poder
central da federação.

As Federações podem ser perfeitas e imperfeitas.

 As Federações perfeitas: São aqueles que começaram por ser um Estado


Unitário e depois, por vontade própria estes Estados se unem e formam um
único Estado. Ex.: EUA.
 As Federações Imperfeitas: São aquelas que começaram por ser um Estado
Unitário que foi desconcentrado e descentralizado e foram se criando
verdadeiros Estados dentro de um Estado. Isto resulta de vários fatores: sociais,
econômicos, culturais, etc. Ex.: Brasil.
2. União Real: há um vínculo entre vários Estados, havendo uma fusão ou
aproveitamento comum de alguns órgãos próprios de cada Estado, passando,
assim, a existir vários órgãos que são comuns aos vários órgãos da união como é
o caso do Chefe de Estado. Os Estados da união possuem as suas especificidades
e alguma capacidade jurídica internacional; são exemplos a Inglaterra e a
Escócia depois de 1707.
3. União Pessoal: compreende um conjunto de Estados independentes que têm
apenas em comum o titular de um órgão (o Rei). Esta união é apenas pessoal e
não orgânica. Ex.: A Inglaterra e os países da Commonwealth que mantém a
fidelidade à Coroa Britânica.
4. Confederação: é uma associação de Estados que através de um tratado ou
acordo internacional, decidem exercer, através de um conjunto de órgãos
comuns, competências políticas no domínio da defesa e relações externas. Cada
um dos Estados da confederação exerce a sua soberania na sua plenitude. Há
apenas uma aliança entre os Estados da confederação. Ex.: Senegâmbia (já não
existe), OTAN, etc.

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3.2. Estado Não Soberano

São aqueles que não têm as características dos Estados Soberanos. O Estado não é
Soberano quando não tem personalidade jurídica internacional, isto ocorre quando
estamos diante duma Federação, porque dentro de uma Federação ou Estado Federal, há
os Estados Federados que admitem a interferência da personalidade jurídica
internacional do Estado Soberano. Exemplo de Estado Federal é E.U.A. e um exemplo
de Estado federado é Nova York.

3.3. Estados Semi-Soberanos

São aqueles que desfrutam de algumas daquelas prerrogativas soberanas externas, mas
reconhecem também um poder igual ou superior na sua ordem interna: São Estados
Semi-Soberanos – os Estados Protegidos, os Estados Exíguos e os Estados
Neutralizados.

1. Estados Protegidos: o Professor Silva Cunha definiu o Protetorado como uma


associação de Estados criada por um tratado em que um Estado soberano
(Estado protetor) assume a obrigação de proteger outro (Estado protegido)
recebendo em contrapartida a faculdade de dirigir, completa ou parcialmente a
gestão das relações internacionais do segundo, e em alguns casos mesmo a sua
política interna. Esta situação resulta de um acordo entre Estados soberanos e
não determina a perda total do Estado protegido, que sofre, no entanto,
importantes limitações na sua capacidade de agir na esfera internacional e
eventualmente na esfera interna. Ex: África do Sul e Lesoto, onde África do Sul
é o Estado protetor e o Lesoto é o Estado protegido;

2. Estados exíguos: são comunidades políticas que, pela sua diminuta extensão
territorial e escassa população, não estão em condições de exercer plenamente a
soberania (particularmente o Ius belli). A Europa Ocidental ainda hoje alberga
três dessas situações anacrônicas que se mantêm pela força da tradição, por
alguns privilégios de caráter fiscal que podem oferecer, e pelo seu próprio
caráter inofensivo: os principados do Mônaco e do Liechtenstein e a República
de San Marino. A esses acrescenta-se o principado de Andorra desde 1993.

Os Estados exíguos são à luz do direito internacional, Estados independentes e


sujeitos deste. Têm o direito de celebrar tratados internacionais, podendo ser
partes das convenções multilaterais e das organizações internacionais de carácter
técnico (participaram nas conferências de Helsínquia, Belgrado, Madrid, Viena,
e Paris, sobre segurança e cooperação europeia) têm, em princípio, o direito de
legação, embora normalmente não o exerçam, pois servem-se da representação

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diplomática dos Estados limítrofes, ou seja, têm o direito de reclamação
internacional e podem ser partes do estatuto do tribunal internacional de justiça.
Contudo, não têm o direito de fazer a guerra (Ius belli), entendendo-se que não
podem ceder o seu território para instalar bases militares de terceiras potências,
já que isso representaria um perigo para o Estado limítrofe, nem têm acesso às
organizações internacionais de caráter politico-militar: a assembleia da
sociedade das nações rejeitou em 1920 a candidatura de Liechtenstein, alegando
que se tratava de um Estado Soberano, mas sem exército, que delegou a certas
potências atribuições da sua Soberania e que não parece estar em condições de
cumprir todas as obrigações internacionais que lhe poderiam caber em virtude do
pacto.

Mas, a principal restrição à Soberania dos Estados Exíguos é a competência


especial do Estado limítrofe (a França para o Mônaco, a Itália para San Marino,
a Suíça para o Liechtenstein). De facto, o Estado limítrofe, em virtude de
convencções celebradas com o Estado Exíguo, exerce certas competências no
território deste, como a protecção militar, e normalmente assegura também a sua
representação diplomática, pelo menos em parte.

O Estado Exíguo, porém, não transfere para o Estado limítrofe todas as


prerrogativas Soberanas. Além daquelas que pode exercer no domínio externo,
mantém, no domínio interno, a faculdade de fazer leis de acordo com as regras
constitucionais, e de criar os órgãos necessários para a sua execução. É por isso
um Estado Semi-Soberano.

3. Estados Neutralizados

Os Estados neutralizados são aqueles que, por vontade própria e de acordo com
a vontade manifestada pelas principais potências internacionais, gozam de um
estatuto de neutralidade permanente. Pela aceitação do estatuto de
neutralidade permanente, o Estado neutralizado abdica do direito de fazer a
guerra, excepto em situação de legítima defesa. Normalmente, é aceite a
neutralização de um Estado, quando se pretende manter esse Estado fora das
lutas políticas e militares entre grupos de Estados e dispor de zonas de paz em
períodos de conflito militar generalizado. Ex.: Suíça durante a segunda guerra.

Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos, Sandra Fernandes.
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4. FORMAS DE ESTADO

É um conceito que procura traduzir a estruturação interna do poder estadual do


ordenamento jurídico-Constitucional que regem determinadas coletividade. Trata-se do
modo como o Estado dispõe o seu poder face a outros de igual natureza (em termos de
coordenação e subordinação), quanto ao povo e ao território (que ficam sujeitos a um ou
mais de um poder político)

Critério de Distinção das formas de Estado

 Se há num Estado um único poder político ou vários conjuntos de autoridades e


instituições e governo;
 Se há uma única constituição ou a integração de vários ordenamentos jurídico-
constitucionais;
 Se há um único centro de decisão política ou uma multiplicidade de centros.

4.1. Forma de Estado da República de Angola


A Constituição da República de Angola consagra a existência de um Estado unitário
desconcentrado e descentralizado administrativamente (art. 8 da CRA). A Constituição
prevê a implementação gradual dos órgãos do poder local, segundo um programa e
regras estabelecidas por lei.

5. FORMAS EXTERNAS DOS ACTOS DOS ÓRGÃOS DO ESTADO

Princípio da Reserva da Constituição – diz que só deve ser a constituição a consagrar


normas sobre a organização e funcionamento dos órgãos de soberania, ou seja, relação,
estatuto, competências, entre os vários órgãos que se encontram tipificados na
constituição. Esse princípio dá origem ao Princípio da Reserva de Lei, significa que o
seu estatuto ou as normas sobre a organização ou funcionamento daqueles órgãos, só
podem ser aprovados por lei.

A constituição consagrou um modo de exteriorização das competências dos órgãos de


soberania. A constituição confere competências, estabelece quando e em que
circunstâncias essas competências devem ser exercidas.

Formas externas dos actos é o modo de exteriorização das competências dos órgãos do
poder político que estão consagrados na constituição. Porém as Formas Externas dos
actos dos órgãos do Estado é um modo de repartição do poder dos órgãos do Estado
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que é hierarquizado.

As competências, na constituição, aparecem revestidas de alguns critérios, sendo:

Critério Nominal: é o nome do acto de um certo órgão de soberania.

Critério Formal: é a forma externa do acto que está colado ao nome (estrutura da lei,
regulamento, etc). A forma é o modo como o acto se apresenta. O critério formal, diz-
nos que: Actos Administrativos – Poder Executivo; Actos Legislativos – Poder
Legislativo (Assembleia); Actos Jurisdicional (Sentença, Acordão) – Poder Judicial
(tribunais).

Critério Material: aconselha-nos a ver o nome do acto, a estrutura exterior do acto e


posteriormente a ver a hierarquia do acto (se viola uma lei ou se viola a constituição).

Os critérios nos apresentam como mais forte, o material. Porque este critério pede para
confrontar o nome e a forma para ver se tudo está conforme a hierarquia normativa dos
actos.

5.1. Hierarquia Normativa

1. Constituição;
2. Lei de Revisão Constitucional;
3. Tratados Internacionais;
4. Acordos sobre a forma tipificada;
5. Tratados Governamentais.

Formas Externas dos Actos da Assembleia Nacional

No exercício das suas competências a assembleia nacional emite:

Leis de Revisão Constitucional: São aquelas que surgem com a finalidade de efectuar
determinadas correcções, acréscimo, ou seja, revisar a constituição. Os actos normativos
previstos na alínea a) do artigo 161 da CRA.

Leis Orgânicas: Visam regular e organizar um determinado segmento ou sector social


do Estado que exige certa estabilidade e consenso político. Ex: Lei Orgânicas das FAA,
Lei Orgânica do Tribunal Constitucional. Os actos normativos previstos na alínea a) do
artigo 160 e nas alíneas d), f), g) e h) do artigo 164 da CRA.

Leis de Enquadramento ou Lei Quadro: Visa detalhar como uma outra lei deve ser
elaborada, nela constam dias, mês e regras adjectivas. Ex: Lei de Orçamento Geral de
Estado.

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Att: Não encontramos esta lei fundamentada na nossa constituição.

Leis de Base: Essas leis fixam os princípios gerais do regime jurídico de determinada
matéria. É o oposto da lei de enquadramento. É uma lei de princípios, prevê em que
princípios o poder executivo deve andar, consagra as linhas mestras, determina os
parâmetros jurídicos do poder executivo que pode ter efeitos externos. Fruto delas
podem ser elaboradas disciplinas normativas, jurídicas com base nestes princípios e
fruto das disciplinas normativas podem surgir os regulamentos. Esses regulamentos
podem ser:

 Os necessários a boa execução da lei: O presidente só pode aprovar os


regulamentos para a lei funcionar devidamente, ou seja, aprovar os parâmetros.
 Regulamentos Internos: É uma regulamentação que não é matéria de nenhum
órgão de Soberania, mas o presidente pode regular se sentir que tem
interferência na sua execução técnica ∕ governativa (estes regulamentos já não
estão na CRA).

Essas leis são hierarquicamente superiores aos decretos-leis.

Os actos normativos previstos nas alíneas i), e j) do art. 164 e nas alíneas a), b), e), f), i),
l), p), q) e r) do número 1 do art. 165 todos da CRA.

Leis: Os demais actos normativos que versem sobre matérias da competência legislativa
da Assembleia Nacional e que não tenham que revestir outra forma nos termos da
constituição.

Lei de Autorização Legislativa: Cria os parâmetros para a criação de outros diplomas.


EX: decretos legislativos e presidenciais. Os actos normativos previstos na alínea c) do
artigo 161 da CRA.

Resoluções: Os actos previstos nas alíneas b) e c) do artigo 160; nas alíneas g), h), i), j),
k), l) e m) do artigo 161; nas alíneas b), c) e d) do artigo 162 e nas alíneas a), b), c), d) e
e) do artigo 163 e as demais deliberações em matéria de gestão corrente da atividade
parlamentar, bem como as que não requeiram outra forma, nos termos da constituição.

Formas Externas dos Actos do Presidente da República

Os actos externos que competem ao Presidente da República:

Decretos Legislativos Presidenciais: Revestem a forma de decreto legislativo


presidencial os actos do PR referidos na alínea e) do art. 120 da CRA.

Decretos Legislativos Presidenciais Provisórios: os actos previstos no art. 126 da


CRA.

Decretos Presidenciais: Revestem a forma de Decreto presidencial os actos do


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Presidente da República referidos nas alíneas a), d), e),f) até q) e t) e u) do art. 119 da
CRA; nas alíneas g) e l) do art. 120; na alínea d) do art.121; nas alíneas c) até j) do art.
122 da CRA.

Despachos Presidenciais: Revestem a forma de despacho presidencial os actos


administrativos do presidente da república.

A diferença entre o decreto presidencial e despacho presidencial é que o despacho


obedece a ordem do que é concreto e particular e os mesmos são para produzir actos
administrativos, enquanto o decreto obedece a ordem do que é abstrato e geral, e os
mesmos servem para produzir actos normativos.

Formas Externas dos Actos dos Tribunais

Art. 174 (Função Jurisdicional)

1. Os tribunais são o Órgão de Soberania com competência de administrar a


justiça em nome do povo.
2. No exercício da função Jurisdicional, compete aos tribunais dirimir
conflitos de interesses públicos ou privados, assegurar a defesa dos
direitos e interesses legalmente protegidos, bem como os princípios do
acusatório e do contraditório e reprimir as violações da legalidade
democrática.
3. Todas as entidades públicas e privadas têm o dever de cooperar com os
tribunais na execução das suas funções, devendo praticar, nos limites das
suas competências, os actos que lhes forem solicitados pelos tribunais.
4. A lei consagra e regula os meios e as formas de composição extrajudicial
de conflitos bem como a sua constituição, organização, competências e
funcionamento.
5. Os tribunais não podem denegar a justiça por insuficiência dos meios
financeiros.

As formas externas dos actos dos Tribunais estão expressos no Art. 176, 177, 178 e 179
da CRA.

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6. PARTIDOS POLÍTICOS

Segundo Dora Alves e Maria Magalhães, são as organizações de cidadãos de carácter


permanente, autónomas constituídas com o objetivo fundamental de participar
democraticamente na vida politica do país, concorrer livremente para a formação e
expressão da vontade popular e para a organização do poder político de acordo com a
lei constitucional e os seus estatutos e programas intervindo, nomeadamente, no
processo eleitoral mediante a apresentação ou patrocino de candidaturas.

São organizações que têm um carácter permanente e de duração razoável e com objetivo
principal a conquista, o exercício e a manutenção do poder politico através de formas
lícitas (eleições).

Lei dos Partidos Políticos é a lei 22∕10 de 3 de Dezembro.

Elementos que constituem os Partidos Políticos:

Carácter duradouro e não temporário – o agrupamento deve ser dotado de carácter


duradouro e não meramente temporário;

Participação no funcionamento das Instituições políticas – o exercício do poder


político, bem como a influência do partido no exercício do poder equivale a esta
participação;

Formação e expressão da vontade popular – representação política global dos


cidadãos, quer esta representação se enquadre num regime democrático, quer
corresponda num regime ditatorial (em que o partido assume uma representação
carismática ou no plano dos princípios da vontade popular);

Acesso, exercício e manutenção do poder político – Uma das principais funções dos
partidos políticos. Mas muitas vezes o partido não pode espirar a mais do que tentar
influenciar o poder sem nunca o conseguir exercer, como acontece num sistema
multipartidário de partido dominante (ex: Angola). Daí que não é rigorosamente
necessário o exercício efectivo, basta a sua influência neste exercício;

6.1. Fins dos Partidos Políticos


São aqueles objetivos pelos quais foram legalmente constituídos são:

 Participar no funcionamento das estruturas político-institucional;


 Representação política do povo – que pode ser perfeita (quando há democracia –
existência de Assembleia) ou imperfeita (quando estamos nos regimes
ditatoriais);

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6.2. Funções dos Partidos Palíticos

São as atividades que o partido leva a cabo para desempenhar os seus objetivos. As
funções dos partidos políticos variam de acordo com a situação económica e social do
Estado em que estamos. As funções podem dividir-se em dois tipos que são as funções
políticas e administrativas.

6.2.1. Funções políticas

Função representativa: em países democráticos permitem aos partidos políticos


formar os seus quadros para que quando chegar as eleições apresentarem candidaturas
que satisfação as aspirações do povo. Função essencial dos partidos em democracia
representativa e consiste na apresentação de candidatura às eleições dos titulares dos
órgãos do poder político do poder local.

Função de titularidade e exercício do poder político: reconduz-se à preparação de


quadros aptos a desempenhar o poder político e a criação de estruturas de apoio aos seus
dirigentes, militantes ou simpatizantes que exerçam o poder político.

Função de definição da política interna: prevê a definição do partido perante os


problemas da colectividade e a designação dos titulares dos seus órgãos políticos
internos.

Função pedagógica: informar e formar os militantes e simpatizantes e o eleitorado em


geral acerca das principais questões da vida colectiva e das proposições programáticas e
concretas do partido sobre tais questões.

Função de criação e apoio a estruturas paralelas: traduz-se na criação e apoio a


estruturas políticas, económicas e sociais nos mais diversos domínios da vida colectiva
(faz uma espécie de governo sombra que analisa o que o governo está a fazer e
identificar as dificuldades, sobre as dificuldades elabora propostas de resolução ou
mudança).

Funções de relações externas: é o estabelecimento e manutenção de laços de amizades


e cooperação afins e assessoriamente com entidades com órgãos do poder político
estrangeiro e organizações internacionais.

6.2.2. Funções Administrativas


São atividades de organização interna do partido, em todos os seus escalões, criando
infra-estruturas para o desenvolvimento das funções políticas, incluindo o local que
permita contatos entre as cúpulas e unidades de base. Refere-se também as formas de
aquisição de fundos e gestão da máquina administrativa interna do partido.

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Função financeira: consiste na gestão dos recursos partidários.

Para que haja partido político é necessário que haja:

Substrato pessoal: que são as pessoas que se juntam para formar os partidos políticos
tendo como fim a tomada, o exercício e manutenção do poder político nos órgãos
estaduais como o Presidente da República, Assembleia Nacional ou no âmbito
intraestadual como as autarquias e regiões autónomas, em função do poder que tomam,
em regra, têm a possibilidade de serem titulares por inerência nos palcos internacionais
como na SADC, ONU, União Africana, etc.

Fim: o fim dos partidos políticos é a tomada, exercício e manutenção do poder político.

Duração: Partido Politico não é uma organização efêmera, pois, existe para participar
regularmente na vida política e partidária.

Os partidos políticos são organizações de longa durabilidade, ou seja, deve ir além da


vida dos seus fundadores. Ex.: UNITA, FNLA, Embora os seus fundadores já estejam
mortos, os partidos continuam existindo.

Exclusividade de filiação dos seus membros e militantes: os partidos políticos não


permitem que um membro ou militante pertença a dois partidos em simultâneo.

Âmbito: os partidos políticos são de âmbito nacional, e a sede do partido deve estar
obrigatoriamente na capital (artigo 17 número 2 alínea a) da CRA) Uma vez que os
partidos têm como objetivo acesso, exercício e manutenção do poder politico.

Diferenças entre partidos políticos e associações politicas

Partidos Políticos Associações Políticos


Devem ser de âmbito nacional. Podem ser de âmbito nacional, regionais e
locais.
Exclusividade de filiação. Pode-se fazer parte de várias associações
políticas ao mesmo tempo.
Fins duradouros. Fins limitados, ou seja, podem extinguir-
se após alcance dos seus fins. Há a
possibilidade de virem a tornar-se em
Partido Político.
Propõem-se a representar politicamente a Visa essencialmente a representação de
sociedade na sua globalidade exprimindo sectores determinados da colectividade.
a vontade popular na realização das
opções da colectividade.

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Propõem-se a exercer o poder político ou Limita-se a participar na actividade de
influenciar diretamente o seu exercício. instâncias sociais e a tentar influenciar o
exercício do poder político. Exerce a sua
influência através dos meios de
comunicação ou dos próprios partidos
políticos.

No entanto, por vezes a distinção entre partido político e associação política torna-se
difícil porque há casos em que as associações políticas podem concorrem nas eleições
legislativas e obtém lugares na assembleia. Por outro lado, quando há partido
dominante, existem partidos que são autênticas associações. Há também partidos
políticos que se qualificam de associações, limitando-se a influenciar o poder político.

Grupos de Pressão: É uma associação (que pode ser Partidos Políticos, Associações
Política ou não), formais ou informais, que pelos meios públicos geram pressão sobre os
actores que tomam decisões políticas. São entidades que agem do exterior sem a
pretensão de assumir o poder apenas influenciá-lo. (Ex.: OMA, JMPLA, JURA)

Grupos de Interesse: Correspondem a grupos de pressão com interesses específicos,


(normalmente pelos lobbys) os grupos de interesses identificam-se mais com atividade
económicas. Dentro desses grupos encontramos as sociedades secretas. (Ordem dos
Médicos, Ordem dos Advogados, etc.).

 Sociedades Secretas: São associações que influenciam no andamento e


funcionamento de várias instituições (sabe o que lá se faz, quem lá está).

A diferença entre grupos de pressão e grupos de interesses, é que os grupos de interesse


são mais específicos, o grupo de pressão pode reunir vários interesses.

6.3. Tipos de Partidos Políticos

Os partidos políticos são organismos dotados de organização, sem a qual não


poderiam durar, não poderiam influir e implantar-se no corpo eleitoral, por falta de
eficácia.

Segundo Duverger citado pelo Professor José Fernandes no seu livro Introdução
à Ciência Política, a tipologia mais divulgada, e a sua utilidade é geralmente
reconhecida, com correcções ou complementos que resultam das perspectivas de cada
autor ou de necessidades suscitadas pela análise de modelos concretos. (FERNANDES,
2008).

Eles podem agrupar-se em três tipos:

 Partidos Políticos de Quadro;


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 Partidos Políticos de Massa;
 Partidos Políticos de Integração.

6.4. Partidos Políticos de Quadros

Os partidos políticos de quadros caracterizam-se por não visarem um número de


aderentes muito elevados, mas tentarem reunir quadros bem preparados de pessoas com
prestígio moral, social e económico, quer pela influência que exercem no eleitorado
quer pelo apoio económico que podem fornecer para as campanhas eleitorais. Interessa-
lhes mais a qualidade dos seus membros do que a sua quantidade.

O financiamento é feito por grandes capitalistas, são partidos flexíveis, pois


caracterizam-se pela ausência de disciplina de voto nos respectivos grupos
parlamentares. Têm uma função eleitoral, parlamentar e de conquista de eleitores, com
actividade periódica e uma estrutura descentralizada.

O elemento base deste tipo de partido é o comité, caracterizado pela sua apresentação
restrita e fechada descendente directo dos comités eleitorais da pré-história partidária.

Em geral, os parlamentares destes partidos desfrutam de uma independência pessoal


razoável na sua acção, onde a máquina partidária é flexível, e o número de
intervenientes na tomada de decisão é elevado.

Os partidos de Quadros tradicionais no estado liberal no séc. XIX assentavam


essencialmente nos notáveis burgueses (Partidos Liberais) ou aristocráticos (Partidos
Conservadores) e os novos partidos de Quadros podem ser:

De tipo europeu - cuja actividade está virada para as eleições legislativas, tentando
assim formar correntes eleitorais transitórias, com fraca organização e fraca disciplina
interna. Tendem a ser ultrapassados, apesar dos esforços para aperfeiçoarem a
organização interna e garantir um número mais elevado de aderentes;

De tipo americano – Privilegiando eleições presidenciais, com forte implantação local


e a fraca organização central, flexíveis, sempre em contacto com o eleitorado. A
disciplina a nível local é também muito mais exigente do que a dos partidos europeus,
sendo a disciplina nos grupos parlamentares.

Assim, o reforço organizativo e a maior disciplina local são as principais distinções


entre os partidos de quadros europeus e norte-americanos.

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6.5. Partidos Políticos de Massas

Os partidos políticos de massas englobam um grande número de aderentes,


demonstrando um grande interesse por estes e por militantes, manifestam interesses
extraparlamentares, como a formação política das populações, a criação e o apoio às
estruturas económicas e sociais de massas. Recebem como financiamento as
quotizações pagas pelos seus militantes, tendo em vista a substituição do financiamento
capitalista pelo financiamento popular. São partidos de origem exterior. São partidos
rígidos, ou seja, dispõem de uma estrita disciplina de voto no parlamento e são
altamente centralizados. Possuem um programa adequado aos seus interesses.

O seu aparecimento coincide com o nascimento do sufrágio universal, com o


desenvolvimento das teses do socialismo e comunismo. São partidos operários, em que
a organização conta muito, sendo portadores de um ideal que contradiz a ordem social
vigente, e têm que manter uma coesão apreciável entre os seus militantes e uma acção
constante, junto dos eleitores. Apresentam como modalidades diferenciadas os partidos
socialistas (que os inventaram no início do século XX), os partidos comunistas e os
partidos fascistas, de acordo com um critério estrutural.

O que pretendemos dizer é que, os partidos de massa surgiram para canalizar as


demandas políticas de um eleitorado específico, ou seja, as classes trabalhadoras.
Exemplos do aparecimento de partidos políticos de massa são os partidos dos
trabalhadores e os partidos socialistas, especialmente na Europa.

No transcurso do século XX, sobretudo nos países da Europa Ocidental e da América do


Norte, os partidos de massa, cujo conteúdo programático compunha-se de interesses
classistas, transmutaram em partidos eleitorais, cuja função passou a ser a de canalizar
as demandas de um eleitorado cada vez mais amplo e diversificado.

Nesse contexto, os partidos de massas assumiram formas organizacionais ainda mais


burocratizadas, compondo-se de quadros de profissionais especializados na propaganda
e na competição eleitoral.

A progressiva expansão dos direitos políticos resultou na integração de sectores cada


vez mais amplos da sociedade civil no sistema político.

A emancipação e a inclusão política das massas populares foram acompanhadas de


transformações económicas e sociais provocadas pela modernização das sociedades, ou
seja, à medida em que o eleitorado se alargava, e os cidadãos passivos de regime liberal
se transformam em extros sociais reivindicativos e participantes na vida pública, criam-
se os partidos de massa, cuja organização assume feição distinta. Já não se trata de uma
organização difusa e temporária, tal como os partidos elitistas, mas uma organização
altamente burocratizada, constituída de funcionários e de programas políticos definidos.

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Sua função principal é competir nas eleições para conquistar votos e exercer o poder
governativo, possuindo programas claramente delineados e procuram recrutar e formar
o máximo de militantes.

Os seus elementos essenciais são as secções de base territorial através das quais se
dedicam a educação política e a formação de uma nova elite política.

A ideologia deste tipo de partido é completamente o contrário a apresentada pelo


partido de quadros. A secção chama a si a responsabilidade de ser uma organização que
tem funções de educação e socialização política, apresentando um carácter amplo. O
recrutamento é quantitativo quando comparados com o qualitativo nos partidos de
quadros, a actividade é permanente e responde como sendo um organismo de expressão
das massas.

6.6. Partidos de Integração

São aqueles que integram os de massa e os de quadro. Virados essencialmente para as


eleições, visando alcançar o máximo denominador comum entre as diferentes classes, e
privilegiando, na sua actuação o pragmatismo (grandes partes dos partidos do mundo
são de integração, como é o caso de Angola).

As suas características são: redução drástica da base ideológica; redução do papel do


militante individual no partido; diminuição da importância dada a uma certa classe
social ou a uma plateia religiosa ou confessional, passando-se a recrutar entre a
população em geral; abertura entre diversos grupos de interesses.

6.7. Sistema dos Partidos Políticos

Falar de sistemas de partidos políticos, é falar da forma como num dado Estado se
definem, inter-relacionam e actuam sobre o poder político, os diversos partidos
existentes. Eles podem ser:

Sistema Monopartidário ou de Partido Único: É quando há um regime de


concentração de poderes, monopartidarismo, significa que a lei (a constituição e a
legislação ordinária), só permite um único partido, apesar de, por ventura, existir outras
sensibilidades políticas. Aqui há uma união do partido-Estado. Ou seja, estamos perante
este sistema quando só permite a existência de um único partido político, embora hajam
outros, a lei não os permite.

Sistema Bipartidário: Em que há uma tendência de aproximação ideológica dos dois


maiores partidos, isto é, são dois grandes partidos que alternam na governação do

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Estado. Pode ser:

a) Perfeito: Em que os dois maiores partidos obtêm cerca de 90% dos votos do
eleitorado, ou seja, o bipartidarismo só se torna perfeito quando esta alternação é
constante em todas as eleições.
b) Imperfeito: Em que os dois maiores partidos, não alcançam, somado,
percentagem superior a 75 ou 80%, o que confere a um terceiro pequeno partido
um papel essencial no equilíbrio político global, daí a designação de dois
partidos e meio.

São dois os critérios para distinguir se o sistema de partido numa democracia é


bipartidarismo perfeito ou imperfeito, ou então se é um multipartidarismo. Dentre eles:

 A lei permite que haja vários partidos políticos (pluralismo de expressão


política) com regras;
 Eleições regulares e fruto delas estamos diante de um Bipartidarismo, quando
num determinado país, dois partidos alternam ganhando as eleições. O
bipartidarismo só se torna perfeito quando esta alternação é constante em todas
eleições ou seja quando ganha, ora o partido A, ora o partido B, basta que em
algum momento o partido A ou o partido B não tenha ganho com maioria
suficiente para formar governo e fazer passar a sua política perdendo para um
partido C, se tornará imperfeito.

Maioria Absoluta Maioria Qualificada Maioria Relativa ∕Simples


Metade dos votos mais um É a necessária para aprovar É quando as percentagens
voto. (50% +1 voto) é a e rever a constituição e não distanciam muito umas
maioria necessária para superar o veto político do das outras, ou seja, quando
manter o Governo. Presidente da República não são absolutas ou
(2∕3 ou 3∕5 que é igual a qualificadas. (Onde os
75%). partidos que perdem,
podem fazer uma coligação
pós eleitoral).
Ex.: A=35%; B=45%;
C=20%, onde o partido B e
o C fazem uma coligação
pós-eleitoral.

Sistema Multipartidário: quando a legislação admite vários partidos num determinado


país. Só há multipartidarismo, quando em função dos resultados eleitorais há uma ampla
representação partidária no parlamento, mas há um que vence, pois a quantidade de
votos de outros partidos não lhes catapulta a exercer o poder, mas com esses votos

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conseguem eleger deputados. Ex.: Angola.

a) Perfeito ou Integral: quando existem três ou mais partidos que entre si


distribuem de forma aproximada as percentagens eleitorais. Ex.: Bélgica,
Luxemburgo, Holanda e em Portugal, após 1885.
b) Imperfeito ou de partido dominante: quando existem três ou mais partidos,
mas um desses avulta devido o facto de alcançar pelo menos 35% dos votos do
eleitorado, o que lhe permite ocupar uma posição dominante no aparelho de
Estado.

Sistema Sem Partido Organizado: Que é quase só uma realidade histórica,


correspondendo à monarquia absoluta. Ex.: Arábia Saudita.

6.7.1. Sufrágio

É um direito público subjectivo de natureza política que tem o cidadão, de eleger e ser
eleito por um lado e por outro de participação na organização e na actividade do poder
estatal.

6.7.2. Formas de Sufrágio

Quanto a Extensão:

 Universal: é o concedido a todas as pessoas reputadas no Estado com as


condições mínimas, genéricas de maturidade, sanidade de espírito e dignidade
cívica: assim, só ficam excluídos os menores, os loucos e os criminosos ou
condenados a perda ou suspensão dos direitos políticos.
 Objectivo: é de tornar elegíveis os órgãos eletivos (P.R., Assembleia Nacional,
Autarquias).

Restrito (Censitário, compensatório, masculino, aristocrático): ao contrário do


sufrágio universal, o restrito impõe algumas condições especiais para que os indivíduos
possam usufruir do direito de votar.
.

Quanto a Igualdade:

 Igual;
 Desigual (Plural, Múltiplo e Familiar).

Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
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7. SISTEMAS ELEITORAIS

É um conjunto de normas reguladoras dos actos eleitorais que têm por objectivo a
designação ou provimento dos titulares dos órgãos electivos. É uma das maneiras ou
técnicas que existem para o povo eleger os seus candidatos, isto é, conjunto de leis que
são consagradas na constituição e na lei ordinária.

Os órgãos providos por sistemas eleitorais são: Presidente da República, Deputados -


Assembleia Nacional, Autarquias.

Quando falamos dos órgãos dos sistemas eleitorais, se levantam três questões:

1. Circunscrições Eleitorais (144° CRA);


2. Tipo de Sufrágio (143, N°1 da CRA);
3. O modo de Escrutínio (143° n°2 da CRA).

7.1. Circunscrições eleitorais

São as áreas do território de um determinado Estado pelos quais são eleitos


representantes quer de todo país, quer de uma área específica de um determinado país.

No Mandato Imperativo: (A primeira forma de representação dos eleitos), o deputado


não poderia votar nem a favor, nem contra, sem consultar os seus eleitos. Ou seja,
obrigava os deputados a consultar a sua base representativa antes de tomar a sua posição
no parlamento.

No Mandato Representativo: a maioria dos países do mundo o aplicam. É


representativo na medida em que as pessoas elegem um representante e durante o
período de representação, os cidadãos que o elegeram respeitam e confiam nas decisões
que o mesmo tomará em nome de todos.

As modalidades das circunscrições eleitorais acontecem em duas formas (artigo 144° da


CRA):

Círculo Nacional: É que existe apenas um para todo país.

Círculos Provinciais: São círculos que a constituição aprova e autoriza para as


províncias.
Nós (Angola), adoptamos o princípio da igualdade, de todas as circunscrições, ou seja,
todas as províncias elegem para a assembleia nacional 5 deputados. Isto é para
contrapor o princípio da circunscrição nacional.

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No fundo, cada país atende a realidade que os permite diferenciar-se de outros países.
Os factores de determinação das circunscrições eleitorais são:

 Diferenciação Sociológica;
 Autonomia Regional;
 Adaptação Demográfica;
 Número de eleitores e eleitos.

7.2. Tipos de Sufrágio

Plurinominal: significa que há vários nomes que concorrem às eleições e podem ser
nomes de partidos ou nomes de cidadãos. A lista já é predeterminada. Ou seja, é
possível que num determinado país se apresente para as eleições vários nomes (partidos
ou cidadãos) e esses nomes podem ser por listas, sendo fechadas, serradas (caso de
Angola) e abertas.

Na lista aberta não tem nenhum fim, é longa.


Na fechada tem que ter um fim, deve fechar, tanto que a dada altura pode se dar o caso
dos deputados terminarem e precisarem de eleições novas.

Uninominal: aqui, acontece quando há vários nomes, mas só escolhemos um nome


como, por exemplo, nas autarquias.

Individual: cada um apresenta-se individualmente, ou seja, auxílio do partido a que


pertence, aqui ele é o centro da votação pese embora esteja a liderar uma lista.

7.3. Modo de Escrutínio

É o processo de como o exercício do voto se realiza. Também pode ser chamado de


procedimento eleitoral.

Por exemplo, o processo de colocar todos os votos em uma urna e o processo de


apuração e contagem de votos, posterior à recolha deles também podem ser chamados
de escrutínio.

Os escrutínios podem ter fases automatizadas ou manuais, realizando-se de formas


distintas em função dos diferentes territórios e sistemas eleitorais.

Quando ele é realizado de maneira aberta, é chamado de escrutínio público. Já quando


ele é realizado secretamente, é chamado de escrutínio secreto.

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Sistemas Eleitorais: é um modo por intermédio do qual escolhemos de um modo ou de
outro os nossos representantes políticos (artigo 143° da CRA) que é feito de várias
maneiras como:

7.3.1. Sistema de Escrutínio Maioritário

Em que ganham os candidatos que obtenham maior número de votos. Compatibiliza-se


com um sufrágio uninominal ou plurinominal, individual ou por listas.

 Sistema eleitoral maioritário de uma volta: em que cada círculo elege o


candidato com maior número de votos, independentemente da percentagem.
Prevalece a maior votação, numa maioria simples ou relativa. Os candidatos
eleitos são os que obtiverem o maior número de votos, independentemente da
maioria alcançada, num sistema de pluralidade de votos.

 Sistema eleitoral maioritário de duas voltas: em que se considera eleito o


candidato que obtiver maioria absoluta na primeira volta. Se nenhum obtiver
realiza-se uma segunda volta só com os dois candidatos mais votados e
considera-se eleito o que alcançar uma maioria relativa, sendo este escrutínio de
desempate. Na primeira volta escolhe-se e na segunda elimina-se. Porque na
segunda volta a escolha do eleitor encontra-se forçadamente limitada.

7.3.2. Sistema de Escrutínio de Representação Proporcional

Só compatível com um sufrágio plurinominal e, em regra, pretende assegurar a


representação das diferentes correntes de opinião, em termos que correspondam ao seu
peso na sociedade (universo eleitoral), garantindo a expressão das minorias, a partir de
um determinado limiar de representatividade. Cada partido obtém uma representação
proporcional ao número de votos que alcança. O primeiro Estado a consagrar este
sistema foi a Dinamarca em 1855.
A representação proporcional tem dois modelos: Integral e de Victor D'Hondt

 Modelo de Representação Proporcional Integral: serve para eleger os


deputados no ciclo nacional (144° n°2 alínea a)).

 Modelo de Representação Proporcional Método de Victor D'Hondt: Serve


para eleger os deputados a nível de cada província, que na CRA (144° n°2 alínea

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b)), corresponde a 5 lugares para os deputados.

É um método belga e que permite apurar numa única etapa os deputados


atribuídos a cada lista. Funciona assim:

1º: apura-se em separado, o número de votos recebidos por cada lista em cada
círculo eleitoral;

2º: divide-se o número de votos obtido por cada lista por 1, 2, (…), “n”, em que
“n” representa o número de deputados a eleger;

3º: Ordena-se de seguida os quocientes obtidos por ordem decrescente até que o
número de quocientes seja igual ao número de deputados a eleger;

4º: Os mandatos pertencem às listas a que correspondem os quocientes mais


elevados da série estabelecida pela regra anterior;

Em Angola, o sistema é usado nas eleições gerais para a distribuição dos 220
assentos na Assembleia Nacional (nos termos dos artigos 143° e 144° da CRA) e
no art.º 24° da LOEG (Lei Orgânica das Eleições Gerais), obedecendo a listas
plurinominais de partidos políticos ou de coligações de partidos.

7.4. Regime jurídico do sistema eleitoral


Art. 106°; 109°; 143°; 144° da C.R.A

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8. SISTEMA DE GOVERNO

É a forma política através da qual se procura expressar as diferentes modalidades de


relacionamento entre os órgãos encarregados do exercício do poder político, ou seja, é o
modo de relacionamento existente entre o Presidente e o Parlamento (Assembleia). Não
podendo, portanto, ser comparado com a forma de relacionamento entre o Presidente e
os Tribunais porque os tribunais não exercem a função política.

Podem ser:

 Parlamentar;
 Presidencial;
 Misto = Semi-Presidencial = Presidencialismo Parlamentar.

8.1. Parlamentar

Toma como referência o exemplo britânico, em que o governo parlamentar é exercido


por um gabinete, formado de acordo com as indicações do parlamento e foi
historicamente a primeira modalidade a surgir.

A moção de censura e o voto de confiança são características exclusivas do sistema de


governo parlamentar.

O Parlamentarismo é um sistema político de governo que se caracteriza essencialmente


pelas seguintes regras jurídicas fundamentais comuns:

 Responsabilidade do Governo perante o Parlamento;


 Reconhecimento do Parlamento como fonte de todos os poderes;
 Ausência de democracia directa;
 Não eleição do Chefe de Estado por sufrágio universal;
 Direito de dissolução do Parlamento pelo Chefe de Estado;
 Acumulação de poderes e funções.

Uma das ideias básicas do parlamentarismo é a existência de uma estreita ligação entre
o Governo e o Parlamento, que se traduz num equilíbrio de poderes e na ideia de
colaboração entre estes dois órgãos. Como elementos caracterizadores
fundamentalmente, temos:

 Ausência do poder político significativo por parte do Chefe de Estado;


 Responsabilidade política do Governo perante o Parlamento.

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8.2. Presidencial

Tem a sua origem há mais de duzentos anos nos Estados Unidos da América.

O exercício de poderes importantes pelo Chefe de Estado e a ausência de


responsabilidade política do executivo perante o parlamento são as características
genérica que distinguem o sistema presidencialista.

O Chefe de Estado é eleito por sufrágio universal normalmente directo. O Chefe de


Estado pode formar livremente o seu governo, não respondendo perante o parlamento,
mas apenas perante o país. Não existe dualidade entre o Presidente da República e o
Primeiro Ministro porque o Chefe de Estado é simultaneamente o Chefe de Governo. O
Presidente da República não dispõem do poder de dissolução do parlamento. O Chefe
de Estado dispõem de veto suspensivo em relação às leis do Parlamento, isto é, pode
sujeitar a nova apreciação do Parlamento às leis que, por razões políticas recusar
promulgar.

Neste sistema, existe separação de poderes e interdependências de funções, porque quer


o Congresso quer o Executivo, têm poderes e cada um desempenha as suas funções,
mas um órgão depende do outro. Ex.: A promulgação de uma lei, o congresso elabora
uma lei e depois levam para o executivo promulgar, a esta relação é que chamamos
interdependência.

8.3. Misto = Semi-Presidencial = Presidencialismo Parlamentar

Resume-se na quantidade de órgãos Soberanos na vida política.

Os três caracterizadores:

 Presidente da República;
 Governo;
 Parlamento.

Este sistema teve origem na França e ganhou notoriedade com a Constituição francesa
de 1958. Nesse sistema, quer o presidente, quer o primeiro Ministro têm competências
na vida política do Estado, o Presidente da República e do Governo, são os órgãos mais
importantes do Sistema Misto.

O Presidente é eleito pelo sufrágio universal, e a constituição dá-lhe competências e


pode dissolver o Parlamento, tem o direito de veto, quanto a legislação o Presidente tem
acção directa na vida política e ele é quem traça os objetivos.

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Quando o Presidente exonera o Primeiro Ministro, automaticamente o Governo também
é exonerado e o Presidente nomeia outro Primeiro Ministro e ele por sua vez forma o
seu Governo. O Parlamento pode dissolver o Governo quando se verifica uma anomalia
(aprovação de uma moção de sensura e a rejeição do voto de confiança perante o
Parlamento).

Nesse sistema o Governo responde praticamente pelo Presidente e também responde


pelo Parlamento.

No sistema de Governo Misto existe a interdependência por coordenação (negaciação


entre o Parlamento e o Presidente quando a Assembleia não consegue maioria
qualificada para romper o veto Presidencial).

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CONCLUSÕES
Após o término deste trabalho conseguimos notar que há uma diversidade de
perspectivas acerca dos assuntos constitucionais, por isso é aconselhável, sempre que
estudarmos consultar mais de um livro e de preferência de autores diferentes para maior
enriquecimento e poder ver um mesmo assunto a partir de diferentes ângulos.

Tanto a Ciência Política como o Direito Constitucional estudam a organização política


do Estado e diferem pelo facto de uma, neste caso a Ciência Política, ser factual, ou
seja, estudar os fenómenos tal como são, já o Direito Constitucional tem como objeto de
estudo a Constituição e estuda os factos numa perspectiva normativa.

As ciências afins do Direito Constitucional diferem das ciências auxiliares pelo simples
facto de partilharem o mesmo objeto de estudo material, neste caso a Constituição, mas
ainda assim as auxiliares também fornecem informações úteis ao Direito Constitucional.

Sobre a teoria geral do Estado podemos entender que refere-se ao surgimento e


desenvolvimento dos diferentes tipos de Estados no decorrer do tempo. O Estado como
tal surgiu na idade moderna, mas o sentimento de pertença sobre um determinado
território surgiu na idade média.

Aprendemos também que através das funções o Estado atinge os seus fins, ou seja, as
funções são vias, caminhos ou mecanismos para a atingir os fins. Os fins do Estado são
a segurança, o bem-estar económico e social e a justiça. Já as funções são as Legislativa,
Executiva e Judicial, ou seja, cada função representa um Órgão de Soberania.

Sobre os tipos de formas de Estado vimos os Estados Soberanos, não e Semi-Soberanos,


nos quais encontramos os Estados federados (não Soberanos), Protegidos, Exíguos e
neutrais (Semi-Soberanos) e os unitários e compostos (Soberanos).

A Constituição da República de Angola consagra a existência de um Estado unitário


desconcentrado e descentralizado administrativamente no seu artigo 8° e prevê a
implementação gradual dos órgãos do poder local, segundo um programa e regras
estabelecidas por lei.

Quando estamos a falar da forma dos actos externos dos órgãos de Soberania, estamos a
nos referir das competências e permissões previstas na Constituição, enquanto estatuto
jurídico político.

Podemos concluir que os partidos políticos são organizações voluntárias, com carácter
permanente e durável, cujo objetivo é lutar pela obtenção e exercício do Poder, através
de meios legítimos e democráticos. O professor Marcelo Rebelo de Sousa identifica
dois fins fundamentais dos partidos políticos: a representação política global da
coletividade e a participação no funcionamento do sistema de governo

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constitucionalmente instituído, agrupando as funções em políticas e administrativas.

Norberto Bobbio, citando Riggs, conceitua sistema de partidos como sendo: “qualquer
sistema que legitime a escolha de um poder executivo através de votações e que
compreenda eleitores, um ou mais partidos e uma assembleia”. , sendo que deste
sistema a competitividade é apenas uma das características possíveis. São reconhecidos
3 (três) tipos de sistemas de partidos, o sistema de partido único (monopartidarismo); o
bipartidarismo e o multipartidarismo.

De acordo com Jorge Miranda, o sistema eleitoral é o conjunto de regras, de


procedimentos e de práticas, que com a sua coerência, e a sua lógica interna, sujeitam a
eleição em qualquer país e que condicionam (juntamente com elementos de ordem
social, cultural económica e política) o exercício do direito de sufrágio. Os sistemas
eleitorais podem ser de vários tipos, variando de acordo com a história política do país
em que é praticado. Por outro lado há uma correlação entre o sistema eleitoral e o
sistema político, identificando-se com facilidade que os sistemas maioritários tendem a
ser bipartidários, enquanto os sistemas proporcionais tendem ao pluripartidarismo.

Quanto ao sistema de Governo é a forma de Governo de acordo com a separação de


poderes ou pode ser entendido como a relação existente entre o Presidente da República
ou Governo e o Parlamento. Existem três formas históricas de Governo, nomeadamente:
O Presidencial, onde o Presidente tem um poder absoluto e a sua responsabilidade
política é apenas perante o povo, não há disciplina partidária, o Presidente é o Chefe do
Governo e pode apresentar um veto (não promulgando uma lei) caso não concorde com
uma proposta de lei da Assembleia. A segunda forma é o Parlamentar que teve seu
início na Inglaterra, é caracterizado pela disciplina partidária, o Chefe do Governo é o
Primeiro Ministro que é o cabeça de lista do partido mais votado, a sua responsabilidade
política é perante o parlamento que pode demitir o Governo em caso de perda de
confiança política. A terceira e última forma de Estado é o Misto, que pode abarcar
várias denominações como: neoparlamentarismo, parlamentarismo híbrido, sistema
semiparlamentar ou semipresidencial. A forma de governo misto, tal como o nome,
refere-se a uma integração de alguns elementos das duas primeiras formas de Governo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Constituição da República de Angola, 2010.

SILVA, Maria Manuela Magalhães & ALVEZ, Dora Resende. Nocões de Direito
Constitucional e Ciência Política, Rei dos Livros-Editora, Porto. 2011.

FERNANDES, José António. Introdução à Ciência Política. Porto-Editora, Porto. 2008.

MIRANDA, J. (2004). Manual de Direito Constitucional, Teoria Geral do Estado.


Coimbra: Coimbra Editora.

MIRANDA, J. (2007). Manual de Direito Constitucional. Tomo VII. Lisboa: Coimbra


Editora.

MIRANDA, J. (s.d.). A Constituição de Angola de 2010, Ano 142.º, 2010 – I. In: O


Direito, pp. 9-38.

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gian Franco. Dicionário de


Política. 4. ed. Brasília: Edunb Universidade de Brasília, 1992.

BESSA, Diogo Jorge Sebastião. Sistema Eleitoral angolano: a consolidação


democrática através da garantia das eleições livres (Dissertação para Obtenção do grau
de Mestre em Direito), Lisboa. Julho, 2014.

SANTANO, Cláudia Ana. Os partidos políticos (BuscaLegis.ccj.ufsc.Br).

CAETANA, Marcello. Manual de Ciência Política e Direito Constitucional (TOMO 1),


Almedina Coimbra. Sn data.

ARAÚJO, Carlos Vasques Raul. Introdução ao Direito Constitucional angolano.


CEDP∕UAN, 2018.

Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
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