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FACULDADE DE DIREITO
Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Márcia Lelo, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos e Sandra Fernandes.
Luanda, Novembro de 2019.
Grupo de Estudo "Estudando Ius"
Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Márcia Lelo, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos e Sandra Fernandes.
Luanda, Novembro de 2019.
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 6
1. PODER CONSTITUINTE............................................................................................................... 7
a) Poder Constituinte Originário ........................................................................................... 7
i. Inicial ............................................................................................................................. 7
ii. Autónomo ..................................................................................................................... 7
iii. Omnipotente ................................................................................................................. 7
b) Poder Constituinte Derivado ............................................................................................. 8
c) Poder Constituinte Decorrente ......................................................................................... 8
1.1. Limites da Revisão Constitucional .......................................................................................... 8
a) Limites Formais ................................................................................................................. 8
b) Limites Temporais ............................................................................................................. 9
c) Limites Materiais ............................................................................................................... 9
d) Limites Circunstanciais ...................................................................................................... 9
1.2. Teoria da Relevância Relativa dos Limites Materiais ......................................................... 9
1.3. Teoria da Irrelevância dos Limites Materiais ................................................................... 10
1.4. Teoria da Relevância Absoluta dos Limites Materiais ...................................................... 10
2. CONSTITUCIONALISMO ........................................................................................................... 10
2.1. Constituição...................................................................................................................... 11
2.2. Classificação da Constituição ........................................................................................... 11
2.2.1. Quanto ao Conteúdo ................................................................................................. 11
2.2.2. Quanto a Forma ........................................................................................................ 12
2.2.3. Quanto ao modo de Elaboração ............................................................................... 12
2.2.4. Quanto a Origem ....................................................................................................... 12
2.2.5. Quanto a Estabilidade ............................................................................................... 13
2.2.6. Quanto a Extensão e Finalidade ................................................................................ 13
2.3. Diferença entre a constituição e o Direito constitucional............................................ 14
2.4. Sentido da Constituição ............................................................................................... 14
3. CATÁLOGO TÍPICO DA INTERPRETAÇÃO JURIDICO – CONSTITUCIONAL ................................ 15
4. CONSTITUCIONALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE ........................................................... 16
4.1. Tipologias das Inconstitucionalidades.............................................................................. 17
4.2. Sistema de Fiscalização da Inconstitucionalidade............................................................ 18
4.3. Objecto da Fiscalização (227º Da CRA) ............................................................................ 19
Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Márcia Lelo, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos e Sandra Fernandes.
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4.4. Classificação da Fiscalização............................................................................................. 20
Quanto ao modo de impugnação ....................................................................................... 20
Quanto ao momento em que é feito .................................................................................. 20
4.5. Classificação dos Efeitos da decisão de Inconstitucionalidade ........................................ 20
a) Efeitos Gerais ou com força obrigatória geral............................................................. 21
b) Efeitos particulares...................................................................................................... 21
c) Efeitos retroactivos ou ex tunc ................................................................................... 21
d) Efeitos prospectivos ou ex nunc.................................................................................. 21
e) Inexistência.................................................................................................................. 21
5. TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ...................................................................... 22
5.1. Perspectiva histórica que estiveram na base da criação dos direitos humanos .............. 22
5.2. A Dupla Natureza dos Direitos Fundamentais ................................................................. 23
5.3. As Gerações/Dimensões dos Direitos Fundamentais ...................................................... 23
1ª Geração ........................................................................................................................... 23
2ª Geração ........................................................................................................................... 24
3ª Geração:.......................................................................................................................... 24
4ª Geração:.......................................................................................................................... 24
5ª Geração:.......................................................................................................................... 24
5.4. As Funções dos Direitos Fundamentais ........................................................................... 25
5.5. Deveres Fundamentais ..................................................................................................... 25
5.6. Garantias de Protecção aos Direitos Fundamentais ........................................................ 26
a) Garantias jurisdicionais ou contenciosas .................................................................... 26
b) Garantias não Jurisdicionais ou administrativa∕graciosas .......................................... 26
c) Garantias Internacionais ............................................................................................. 26
5.7. Regime Jurídico dos Direitos Fundamentais .................................................................... 27
6. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO....................................................................................... 27
6.1. Princípio do Estado de Direito .......................................................................................... 27
6.1.1. Juridicidade ............................................................................................................... 28
i. Matéria, procedimento e forma ................................................................................. 28
6.1.2. Princípio da Constitucionalidade............................................................................... 29
6.1.3. Garantia da administração autónoma local ........................................................ 31
6.1.4. Sistema de direitos fundamentais....................................................................... 32
6.1.5. Divisão de poderes .............................................................................................. 32
6.2. Sub-princípios concretizadores do Princípio do Estado de Direito .................................. 32
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a) Princípio da legalidade da administração ................................................................... 32
b) Princípio da segurança jurídica e da protecção da confiança dos cidadãos ............... 32
c) Relativamente aos actos normativos: ......................................................................... 33
d) Princípio da proibição do excesso ............................................................................... 33
e) Princípio da protecção jurídica e das garantias processuais e procedimentais .......... 34
f) O Princípio da Garantia da via judiciária ..................................................................... 35
6.3. Caracterização do Princípio Democrático ........................................................................ 35
6.3.1. Princípio da Soberania Popular: ................................................................................ 35
6.3.2. Princípio da Representação Popular: ........................................................................ 35
6.3.2. Direito de Sufrágio: ................................................................................................... 36
7. ESTADO DE EXCEPÇÃO CONSTITUCIONAL .............................................................................. 37
7.1. Sistema Constitucional das Situações de Crise ................................................................ 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 39
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho resulta da iniciativa do grupo de estudo "Estudando Ius", que com
o objetivo de tornar mais fácil a compreensão das matérias jurídico-constitucionais
produziu este material de estudo, que além de manual interno do grupo sirva também
para a comunidade académica em geral.
Este material foi elaborado com alguma pressa tendo em conta a proximidade dos
exames, razão pela qual poderá encontrar, além de alguns erros ortográficos e outros,
uma falta de cientificidade.
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1. PODER CONSTITUINTE
É o poder de elaborar as normas constitucionais, a faculdade de um povo definir as
grandes linhas do seu futuro colectivo através da feitura da constituição.1
O Poder Constituinte reside no povo que não podendo exercê-lo directamente, fá-lo
através de representantes eleitos numa assembleia. É o poder que um povo tem de
elaborar a sua própria constituição.
i. Inicial: por não existir antes dele qualquer poder que lhe sirva de fundamento.
Uma crítica que tem se feito a esta característica é que na verdade não é ex-
novo, porque tem sempre uma ideia como base que só é formalizada.
ii. Autónomo: por ser independente, só a ele competirá decidir se, como e quando
elaborar a constituição.
iii. Omnipotente: por não estar subordinado a nenhuma regra de fundo ou de
forma. Há quem diz que não é omnipotente porque não pode tudo, tem algumas
pré-condições.
1
SOUSA, Marcelo Rebelo. Apud MAGALHÃES, Maria Manuela & ALVES, Dora Resende. Noções de Direito
Constitucional e Ciência Política.
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b) Poder Constituinte Derivado: é também conhecido como poder de revisão.
É o poder de alterar ou rever normas da constituição, ele respeita os limites
consagrados na constituição vigorante, não sendo inicial nem autónomo, mas
sim dependente e condicionado.
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efectividade de funções, ou seja, é uma competência orgânica, cabendo apenas
aos órgãos de decisão política (conferir artigo 233° da CRA).
b) Limites Temporais: Algumas constituições estabelecem que o seu texto não
pode ser alterado em um prazo pré-estabelecido. No contexto de Angola, a nossa
Constituição consagra dois períodos, um ordinário e um extraordinário (conferir
artigo 235° da CRA).
c) Limites Materiais: Determinados temas são intangíveis ou imodificáveis na
Constituição. São cláusulas pétreas, que não podem sofrer alteração,
modificação e, por isso, são também denominadas núcleos eternos da
constituição. Os limites materiais funcionam como o coração, o motor da
Constituição, por isso merecem uma atenção especial e não podem ser mexidos
à toa, por isso, qualquer alteração à constituição deve respeitar os limites
materiais consagrados no artigo 236° da CRA.
d) Limites Circunstanciais: a Constituição é o texto legal mais importante
existente no ordenamento jurídico. Por isso, só pode ser alterada se a sociedade
estiver estável. Não pode ser alterada nos momentos de intranquilidade, de
instabilidade. Estes limites trazem um conjunto de situações que perante elas
não pode haver revisão constitucional fruto da instabilidade que se vive, estando
assim perante uma situação de exceção constitucional (conferir artigo 237° da
CRA).
Esta teoria, defende que os limites materiais não podem por si só impedir alteração que
atinjam a si próprio. Obrigam a adopção de processos de revisão que se denomina dupla
revisão. Numa primeira fase, elimina-se o limite que impede o que se quer consagrar e,
na segunda revisão consagra-se o que se pretendia. Ex.: se quiséssemos alterar a forma
de Estado para um Estado complexo, fazíamos uma revisão que eliminaria a forma
unitária do Estado como limite material e na segunda revisão consagrava-se o Estado
complexo. Esta teoria é defendida pelo professor Jorge Miranda.
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1.3. Teoria da Irrelevância dos Limites Materiais
Essa teoria é defendida pelo prof. Marcelo Caetano, segundo o qual tudo que a
constituição escrita contém pode ser objecto de revisão. Não pode ser congelada num
dado momento histórico, não pode ser limitada pelo legislador que age num dado
momento histórico. Se assim fosse, teria de se apelar para um golpe de Estado sempre
que a constituição deixasse de responder a realidade.
Defendida pelo professor Joaquim Gomes Canotilho, segundo a qual deve se respeitar
na íntegra os limites materiais, sob pena de gerar uma nova ordem constitucional e
consequentemente um novo Estado.
2. CONSTITUCIONALISMO
É como se denomina o movimento social, político e jurídico e até mesmo ideológico a
partir do qual emergem as constituições nacionais.
1215 – A Magna Carta, de 15 de Julho impostas a João Sem Terra pelos barrões
ingleses;
1620 – O compacto celebrado a bordo do Mayflower;
1628 – A Petição do Direito de 07 de Junho de 1628, imposta pelo parlamento a
Carlos I° de Inglaterra;
1639 – As fundamental Ordens of Connecticut;
1689 – Bill of Right, ou declaração de direito, após a deposição de Carlos Stuart.
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Americanos. Em 1787 é aprovado a primeira constituição de Filadélfia. Posteriormente
chegou à Europa pela França em 1791.
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e da coerência gerais do ordenamento jurídico entende-se colocadas no topo
deste ordenamento jurídico.
iii. força jurídica própria ou superior: as normas formalmente constitucionais
gozam de um estatuto ou regime imposto por tais características pela função que
exerce, o que é notório na sua interpretação, integração e aplicação e garantia.
2
ARAÚJO, Raul. Introdução ao Direito Constitucional Angolano. p.40, 2018.
3
LUÍS, Pedro Manuel. Curso de Direito Constitucional Angolano. p.78, 2014
4
ARAÚJO, Raul. Introdução ao Direito Constitucional Angolano. p.40, 2018.
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c) Cesarista: é aquela formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado
por um imperador (plebiscito Napoleonicos) ou um ditador (plebiscito de
Pinochet). A participação popular, nesses casos, não é democrática, pois apenas
ratificar a vontade do detentor do poder;
d) Pactuadas: surgem através de um pacto, são aquelas em que o poder
constituinte originário se concentra nas mãos de mais de um titular. Ex.: a
Magna Carta de 1215.
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e consequentemente são mais volumosas. Ex.: A constituição de Angola de 2010
que tem 244 artigos.
b) Sintética ou Curtas: quando abrange apenas princípios gerais ou enuncia regras
básicas de organização e funcionamento do sistema jurídico estatal, deixando a
parte de pormenorizar à legislação complementar ou orgânica. São aquelas
enxutas, veiculadoras apenas dos princípios fundamentais e estruturais do
Estado. Não descem às minúcias, motivo pelo qual, são mais duradouras, na
medida em que os seus princípios estruturais são interpretados e adequados aos
novos anseios pela atividade da suprema corte. Ex.: A constituição Americana
de 1787 que possui apenas 7 artigos e ainda continua em vigor.
Tem a ver com a forma que olhamos para um determinado ordenamento, face ao modo
de produção, execução das normas, em função do contexto que elas nasceram.
1- Sentido Formal: tem a ver com o modo de solidificação das forças normativas.
Ou seja, estamos a nos referir daquelas nações que têm uma constituição,
estando num único documento. A que considerar aqui factores como a
intencionalidade constituinte, ou seja, as pessoas que aprovam essa constituição
devem estar conscientes do acto; a que considerar também a força normativa
superior e por fim a consistência própria das normas constitucionais.
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2- Sentido Material: O seu interesse prático é mais abrangente em relação ao
sentido formal, pois este engloba um conjunto de documentos que têm validade
constitucionais. Ex.: Lei dos Partidos Políticos, Lei da Nacionalidade etc.
3- Sentido Instrumental: Do latim Instrumentum, que tem a ver com o suporte
que assegura a constituição, ou seja, estabilizada numa base a que se pode
indicar como sendo constituição.
É o princípio pelo qual o sentido da norma constitucional deve ter a mais ampla
efetividade social. Pois, a uma norma constitucional deve ser atribuido o sentido que
maior eficacia lhe der. É hoje, sobretudo, invocado no âmbito dos direitos
fundamentais, sendo que nem todas as normas são perceptivas, podendo algumas serem
programáticas.
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4º - Princípio da Justeza ou da conformidade
4. CONSTITUCIONALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE
A constitucionalidade é a conformidade de uma norma ou um acto praticado por
órgãos do poder político com o texto da constituição (conferir artigo 226º da CRA).
5
MAGALHÃES, Silva & ALVES, Resende. Noções de Direito Constitucional e Ciência Política. p.173, 2011.
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Entretanto, se uma norma regulamentar violar directamente a lei, estamos em presença
de um vício de ilegalidade. E se uma norma jurídica violar directamente a constituição
estamos perante a um vício da inconstitucionalidade.
Para se verificar uma Inconstitucionalidade tem que haver, uma violação a uma norma
constitucional. As inconstitucionalidades, nunca vêm em tese, em geral, há sempre um
enquadramento exacto, e só faz sentido falar de inconstitucionalidade quando na relação
jurídica em causa um dos sujeitos em causa for um órgão de soberania ou um órgão
público que exterioriza um acto que não devia, ou deixa de exteriorizar o que devia.
Implica dizer, que sempre que se verificar uma inconstitucionalidade, a que saber, qual
o tipo e por quê? Entretanto, a inconstitucionalidade pode se verificar das seguintes
maneiras:
Indirecta: quando uma norma viola normas interpostas (formalmente não são
constitucionais, materialmente são, ou seja, tem matéria que interessa a constituição).
Uma norma infraconstitucional contraria a constituição pelo facto de contrariar uma
norma a que a Constituição atribui um valor superior ao da primeira.
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Por Acção: verifica-se quando a desconformidade resulta de uma actuação de um órgão
do Estado, nos termos do artigo 226° da CRA. Portanto a inconstitucionalidade
material, formal e orgânica são inconstitucionalidade por acção.
Originária: surge quando uma norma infraconstitucional contraria uma norma de uma
constituição que lhe é anterior.
Trata-se de escolher o modo pelos quais os órgãos competentes vão policiar as normas
constitucionais. Os sistemas de fiscalização da constitucionalidade podem ser:
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1º Sistema Difuso: em que a competência para fiscalização é atribuída a vários órgãos.
É o modelo americano, significa que qualquer juíz, ou qualquer tribunal pode recusar
uma norma que considere inconstitucional num letígio que tenha que dirimir, porém as
suas decisões não são definitivas, pois têm sempre recurso aos tribunais da mesma
jurisdição ou a um tribunal superior.
3º Sistema Misto: em alguns países como Portugal e Angola, por exemplo, vigora um
sistema misto de controlo da constitucionalidade. Os Tribunais de jurisdição comum
podem, sempre que surja um incidente de inconstitucionalidade, decidir sobre o mesmo,
sem prejuízo do recurso para o tribunal constitucional. Este, por sua vez, conhece e
decide, em regime de monopólio, os processos de fiscalização abstrata preventiva e
sucessiva da constitucionalidade, para além de decidir, em última instância, os
processos de fiscalização sucessiva concreta da constitucionalidade.
É a opção de modelo escolhido por Angola, fundamentado legalmente nos artigos 177º
e 180º da CRA.
a) os actos normativos;
c) a revisão constitucional;
d) o referendo.
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4.4. Classificação da Fiscalização
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5. TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Direitos fundamentais nascem de uma base que se chama, direitos humanos. Não se
pode falar de direitos fundamentais sem falar de direitos humanos, aquele que é inerente
a pessoa humana desde que tenha nascido.
1ª Geração: abarca uma perspectiva histórica que veio proporcionar ideias mais abertas
que mudaram a vida das pessoas nas épocas da segunda guerra mundial. Nascem como
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consequências das práticas vistas no tempo do iluminismo. Estes direitos são aplicados
directamente, são as chamadas normas prossecutivas. Alguns direitos de primeira
geração são:
Direito à vida;
Direito à Lliberdade;
Direito à Propriedade;
Direito ao trabalho;
Direito à habitação;
Direito à saúde;
Direito à paz;
Direito ao cuidado e amor;
Direito a todas as formas de vida;
Direito de defesa contra a dominação biofísica.
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5.4. As Funções dos Direitos Fundamentais
1ª- Função de prestação social: que visa exige que o Estado adote medidas
económicas e sociais para garantir os direitos sociais e económicas e culturais de cada
cidadão.
2ª Função de prestação perante terceiro: esta visa exigir que o Estado garanta a
protecção do cidadão perante acto de terceiros na relação interpessoal.
2º- Deveres Fundamentais autónomos: São deveres fundamentais que estão implícitos
ao cidadão, mas não necessita de os exercer. Aqui, o exercício do direito não exige
necessariamente um dever. Ex.: O cidadão tem o direito à liberdade religiosa e não
deve necessariamente ir à igreja.
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5.6. Garantias de Protecção aos Direitos Fundamentais
Como o Estado não comete crimes, por isso, existe mecanismos para a defesa dos
direitos que esse representante violou e um dos mecanismos é a garantia não
jurisdicional ou administrativa.
Ela pode ser: o Direito a Resistência – Artigo 67º da CRA, Direito de Petição artigo 69º
da CRA, Reclamação, Recurso Hierárquico, Recurso Hierárquico Impróprio. Essas
também chamadas garantias graciosas; são as garantias que ocorrem junto da
administração pública.
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5.7. Regime Jurídico dos Direitos Fundamentais
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O Estado de Direito apresenta como pressupostos formais e materiais os seguintes
princípios:
6.1.1. Juridicidade
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6.1.2. Princípio da Constitucionalidade
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constitucional expressa e nos casos previstos pela constituição (conferir artigos
29º; 33º; 34º; 57º; 58º; 164º; 186º alínea d); 174º; todos da CRA).
e) Força normativa da constituição: O sentido prático deste princípio é o que
quando existe uma normação jurídico-constitucional ela não pode ser postergada
(deixar pra trás) quaisquer que sejam os pretextos invocados. Assim, o princípio
da constitucionalidade postulará a força normativa da constituição contra a
dissolução político-jurídica eventualmente resultante: (1) da pretensão (é o
direito de exigir de outrem, que faça ou deixa de fazer certo ato) de prevalência
de «fundamentos políticos», de «superiores interesses da nação», da «soberania
da nação», do «realismo financeiro» sobre a normatividade jurídico-
constitucional; (2) da pretensão de, através do apelo ao «direito» ou à «ideia de
direito», querer neutralizar a força normativa da constituição, material e
democraticamente legitimada, e substituir-lhe uma superlegalidade ou legalidade
de duplo grau ancorada em «valores» ou princípios transcendentes revelados por
instâncias desprovidas de legitimação política e jurídica (conferir artigo 6º e 28º
da CRA).
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6.1.4. Sistema de direitos fundamentais
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iii. Princípio da proporcionalidade em sentido restrito: significa que depois
de prevista a medida, ainda não executada, a administração deve avaliar se
os possíveis resultados desta medida são justas, ou seja, medir se a força que
vai aplicar não é desproporcional com o particular.
Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Márcia Lelo, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos e Sandra Fernandes.
Luanda, Novembro de 2019.
f) O Princípio da Garantia da via judiciária
Assim sendo, apenas podem exercer o poder político os que foram eleitos pelos
cidadãos através de processos eleitorais livres e periódicos. A Constituição considera
ilegítimo e criminalmente punível o exercício do poder político com base em meios
violentos ou por outras formas não previstas e conformes com a CRA e a lei (conferir
artigo 4º CRA com maior profundeza no nº2 do artigo 52 da CRA), e determina que o
poder político apenas pode ser exercido por quem obtenha legitimidade mediante
processo eleitoral livre mediante processo eleitoral livre e democraticamente exercidos,
nos termos fixados da CRA e na lei.
Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Márcia Lelo, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos e Sandra Fernandes.
Luanda, Novembro de 2019.
6.3.2. Direito de Sufrágio: manifesta-se no direito de voto para a escolha de
representantes que exercem o poder político. O sufrágio nos termos da Constituição
(artigo 3º da CRA) e da lei é universal, livre, igual, directo, secreto e periódico.
Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Márcia Lelo, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos e Sandra Fernandes.
Luanda, Novembro de 2019.
4. O princípio democrático como princípio informador do Estado e da sociedade;
1. O Estado democrático e de direito tem por objectivo limitar o livre arbítrio dos
órgãos públicos e fazer com que os mesmos sigam a Constituição (princípio da
legalidade e o princípio da constitucionalidade);
2. Evitar que os poderes públicos aproveitam as situações de crise para violar os
direitos fundamentais dos cidadãos.
Tudo isso tem a ver com a segurança jurídica dos administrados (direitos e garantias
fundamentais).
Tendo presente estes dois pressupostos, as crises podem ser de natureza económica
(crises financeiras), de natureza natural (catástrofes naturais), ameaças externas
(situações de guerra). Essas são algumas situações chamadas de situação de crise.
Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Márcia Lelo, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos e Sandra Fernandes.
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2. Inverter a ordem a ordem política constitucionalmente instituída;
3. Crises económico-financeiras.
Achamos que essa classificação deixa de fora as crises que têm a ver com as crises
físicas (da mãe natureza – seca, catástrofes, etc).
Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Márcia Lelo, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos e Sandra Fernandes.
Luanda, Novembro de 2019.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7a edição.
Coimbra editora, Outubro, 1997.
Elaboarado pelo grupo de estudo "estudando Ius", constituído por: Aires Munhingana,
Danilson de Castro, Daniel Matetele, Honoré Kangala, Joaquim Vicente, Ismael Job, Marinela
Brandão, Márcia Lelo, Telmo Tchitanga, Santos dos Santos e Sandra Fernandes.
Luanda, Novembro de 2019.